acção socialista n.º 1377

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www.ps.pt N. O 1377 DIRETOR MARCOS Sá ABRIL/MAIO 2013 ENTREVISTA ISABEL COUTINHO “POLÍTICA NEOLIBERAL NÃO É VOCACIONADA PARA AS PESSOAS” // PáGS. 10-11 COMISSÃO NACIONAL Portugal precisa de outras políticas “Este Governo está em desagregação e nem a cair é competente”, uma frase lapidar que António José Seguro deixou na sua intervenção perante os membros da Comissão Nacional, que reuniu no passado dia 18 de maio nas instalações do Instituto Politécnico de Setúbal, referindo-se à falta de rumo das políticas do Executivo. // PáG. 3 XIX CONGRESSO NACIONAL PS unido para dar novo rumo ao país “É tempo de mudar” foi o lema do XIX Congresso Nacional do PS, onde ficou patente o clima de unidade em torno da liderança de António José Seguro. E os socialistas saem da reunião magna de Santa Maria da Feira, realizada de 26 a 28 de abril, mais fortes, coesos e preparados para enfrentar os desafios do futuro e dar um novo rumo para Portugal. // PáGS. 6-9 A 19 de abril de 1973 na cidade alemã de Bad Münstereifel, militantes da Ação Socialista Portuguesa (ASP) decidiram, com 20 votos a favor e 7 contra, fundar o Partido Socialista (PS) português. // PáGS. 4-5 JORGE FERREIRA DR DR

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Suplemento novos órgãos internos Europa n.º 90

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Page 1: Acção Socialista n.º 1377

www.ps.pt

N.o 1377 diretor marcos sáabril/maio 2013

entrevista isabel Coutinho“PoLÍtica neoLiBeraL nÃo É vocacionaDa Para as Pessoas” // PáGs. 10-11

comissÃo nacionaL

Portugal precisa de outras políticas“Este Governo está em desagregação e nem a cair é competente”, uma frase lapidar que antónio José Seguro deixou na sua intervenção perante os membros da Comissão Nacional, que reuniu no passado dia 18 de maio nas instalações do instituto Politécnico de Setúbal, referindo-se à falta de rumo das políticas do Executivo. // PáG. 3

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Ps unidopara dar novo rumo ao país“É tempo de mudar” foi o lema do XiX Congresso Nacional do PS, onde ficou patente o clima de unidade em torno da liderança de antónio José Seguro. E os socialistas saem da reunião magna de Santa maria da Feira, realizada de 26 a 28 de abril, mais fortes, coesos e preparados para enfrentar os desafios do futuro e dar um novo rumo para Portugal. // PáGs. 6-9

a 19 de abril de 1973 na cidade alemã de bad münstereifel, militantes da ação Socialista Portuguesa (aSP) decidiram, com 20 votos a favor e 7 contra, fundar o Partido Socialista (PS) português. // PáGs. 4-5

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O PS Francês, o PSOE e o PS português comprometeram--se a "fazer um combate sério e urgente" para mudar as po-líticas europeias em favor do emprego e da economia. Estas as garantias saídas de um encontro tripartido que reuniu na sede do PS, no Lar-go do Rato, no dia 25 de abril, os líderes dos três partidos socialistas.Como salientou António José Seguro, "este não é um com-bate geográfico, mas um com-bate político e ideológico, pe-lo futuro e pela sobrevivência, não apenas da zona euro, mas da própria União Europeia". Seguro, que falava no final da reunião numa conferência de Imprensa, ladeado pelo secre-tário-geral do PSOE, Alfre-do Rubalcaba, e pelo primei-ro secretário do Partido So-cialista Francês, Harlem Désir, acrescentou ainda que o com-promisso assumido nesta reu-nião de trabalho “passa por

um compromisso de solidarie-dade" para trabalhar em con-junto no seio das famílias eu-ropeias socialistas e social-de-mocratas de forma a substituir as atuais políticas de austeri-dade por medidas de cresci-mento e de emprego.O principal problema das pes-soas, sublinhou Seguro, é o de-semprego, o “nosso é o com-promisso de mudar a Europa, para que ela coloque toda a sua força, energia, os seus instru-mentos, as suas políticas e os

seus tratados, em prol da cria-ção de emprego, do desenvol-vimento e da prosperidade".Iniciativas que, para o secre-tário-geral do PS, “não põem em causa nem o “rigor, nem as boas contas públicas, mas sim a ditadura da austeridade".Para os líderes socialistas reunidos em Lisboa, a zona euro é hoje apenas na sua es-sência “uma união monetá-ria, precisando de evoluir pa-ra uma governação económi-ca e política”. ^ RSA

a esCaldarseguro luta pelo país e Passos em véspera de festa

ao participar nas comemorações dos 150 anos do SPD alemão, em leipzig, o secre-tário-geral do PS, antónio José Seguro, aproveitou diversos encontros para reafirmar a necessidade de renegociar as condições de ajustamento de Portugal com metas e prazos credíveis e reiterar a sua defesa a favor do reembolso dos lucros obtidos pelo banco Central Europeu na sequência de opera-ções de compra da dívida soberana.Por cá, o pai do primeiro-ministro e ex-dirigente do PSD fez saber, em declarações ao jornal “i” que o seu filho “está morto por se ver livre disto”, referindo-se ao Governo. E, nesta senda, antónio Passos Coelho salienta que quando Pedro abando-nar o cargo, a “família fará uma festa”.Certos estamos de que o país fará eco absoluto dos festejos.

Quentehomossexuais podem coadotar

o Parlamento aprovou recente-mente, na generalidade, um projeto

de lei do PS para que os homossexuais possam coadotar os filhos adotivos ou biológicos da pessoa com quem estão casados ou com quem vivem em união de facto.mais um passo em frente na marcha lenta pela justiça, pela não discriminação, pelo humanismo e pela proteção eficaz das nossas crianças. mais uma marca na história do parlamentarismo português sob a chancela do Partido Socialista.

Frioreformados são alvo de tsu inconstitucional

o médico reformado antónio Passos Coelho, por sinal pai do primeiro-ministro, anteviu o que esperaria o seu filho e prevê agora que o Executivo irá perder as eleições “porque estes desígnios da austeridade são tramados”.aliás, o próprio assinala que qualquer dia não sabe como vai viver por causa do recuo de Portas e do avanço de Passos com a TSU sobre os pensionistas, aposentados e reformados do Estado.“Vivo da reforma e, a cortar, a cortar, não sei como vou viver”, avisa ao pai do “custe-o que-custar”… ah pois custa!

GeladoProfessores surpreendidos com surpresa de Crato

o ministro da Educação manifes-tou-se surpreendido com a marcação de greves dos professores sem que, antes, tivesse havido tentativa de negociação.Todavia, mais surpreendidos ficaram os docentes por esta afirmação ter sido proferida por Nuno Crato, que recusa habitualmente o diálogo.Surpresos estão também os agentes educativos, pais e até alunos, com a falta de credibilidade polí-tica de um governante que se comprometeu a não aplicar mobilidade especial aos professores, mas vai aplicar-se; se comprometeu a não aumentar o horário de trabalho para 40 horas, mas irá aumentar

e se comprometeu a vincular os professores com mais tempo de serviço, mas deixou de fora mais de 90% com 10 ou mais anos de serviço… É caso para

dizer: deixem trabalhar! ^ MarY rodriGues

siGa-nos no tWitter @PSoCialiSTasiGa-nos no tWitter @PSoCialiSTa

acÇÃo sociaLista Há 30 anos

21 abril de 1983VenCer a Crise e salVar PortuGal

“Vamos vencer a crise e salvar Portugal” era a manchete do “acção Socialista”, de 21 de abril de 1983, reproduzindo a frase dita pelo secretário-geral do PS, mário Soares, numa empolgante interven-ção feita na grande festa do 10º aniversário do nosso partido no Coliseu dos recreios.Nesta edição, o “aS” tinha uma completa reportagem sobre a cam-panha eleitoral para as legislativas, que acabariam por dar a vitória ao PS.

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novo líder da uGt exige políticas diferentesO novo secretário-geral da UGT, o camarada Carlos Silva, eleito no XII Congresso da cen-tral, realizado nos dias 21 e 22 de abril, afirmou que “é tempo de acabar com a insegurança no emprego, os falsos recibos verdes, o desespero das famí-lias”. Por isso, defendeu, “pre-cisamos de políticas diferentes para vencer a crise com coesão económica e social”.E garantiu que “hoje e sempre a UGT estará na primeira linha da defesa de um Portugal com futuro para todos”.Na sua intervenção, o novo

líder da UGT disse que a UGT aposta a sua ação em sete áreas fundamentais: o cresci-mento económico, o empre-go, a competitividade, a defe-

sa da Administração Pública, do Estado Social, do sector público empresarial, o Esta-do de Direito e a concertação social. ^ J. C. C. B.

líderes socialistas condenam ditadura da austeridade

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EDiTorial os Candidatos do GoVerno

Marcos Sá

Para corrermos rapidamente e com sucesso a “maratona” das le-gislativas, temos que nos empenhar com todas as nossas forças nas próximas eleições autárquicas. Desenganem-se aqueles que consideram esta eleição fácil! Esta campanha eleitoral tem que contar com o apoio e dedicação de todos os militantes de base, pois só assim conseguiremos fazer passar a nossa mensagem política e mobilizar a população da nos-sa terra para a importância do voto no nosso partido. Para além da realização de uma boa campanha eleitoral, a pre-paração de um bom programa e a constituição de boas equipas, convém estarmos atentos às manobras dos nossos adversários que no atual contexto político, económico e social pretendem en-ganar deliberadamente os eleitores fingindo que não são, aquilo que efetivamente são – os candidatos do Governo! Por este motivo, alertemos os nossos eleitores para dois factos indesmentíveis: a estratégia dos candidatos autárquicos do Governo é simples. Fingem que não são nem do PSD nem do CDS/PP. Fogem como o diabo da cruz da sua sigla partidária. o nosso adversário esconde deliberadamente a sua identidade. Durante a campanha só temos que recordar os eleitores que os nossos adversários são as esco-lhas do Governo. De repente a grande maioria dos candidatos escolhidos pelo Go-verno afirma-se “independente”, mas esqueceram-se que a lei já prevê a possibilidade de candidaturas verdadeiramente indepen-dentes às autarquias, pelo que teremos que os desafiar a demons-trar a sua independência com uma candidatura sem o apoio dos partidos do Governo. a verdade, pura e dura é que são candidatos do PSD e do CDS/PP, e como não poderia deixar de ser, candidatos autárquicos solidários com a atual governação do país. a verdade é que os nossos adversários escondem-se na mentira e nós damos com orgulho a cara pela nossa terra, em nome do PS! ^ nota: o Congresso do PS em finais de abril e a aprovação dos órgãos e dirigentes em maio levaram-nos a optar que esta edição do “acção Socialista” juntasse num único número as notícias rela-tivas aos meses de abril e maio.

“A estratégia dos candidatos autárquicos do Governo é simples. Fingem que não são nem do PSD nem do CDS/PP. Fogem como o diabo da cruz da sua sigla partidária”

comissÃo nacionaL

Portugal precisa de outras políticas“Este Governo está em desagregação e nem a cair é competente”, uma frase lapidar que antónio José Seguro deixou na sua intervenção perante os membros da Comissão Nacional, no passado dia 18 de maio nno instituto Politécnico de Setúbal, referindo-se à falta de rumo das políticas do Executivo.

Apesar do clima de caos po-lítico em que o Governo está mergulhado, nem por isso o secretário-geral do PS deixou de alertar para a importân-cia das próximas eleições au-tárquicas, salientando que, ao contrário do que alguns po-derão pensar, “não serão um passeio” exigindo, como de-fendeu, da parte do PS, um trabalho atento e redobrado.Na intervenção do líder socia-lista houve ainda lugar para uma comparação entre o cli-ma de “degradação e balbúr-dia” que se vive no Governo e a unidade a que se assiste no PS, com resultados claros e refletidos, como lembrou, quer nas sucessivas subidas do PS nas sondagens, quer no clima de grande adesão que se sente na rua às propostas socialistas.Depois de criticar o Governo por estar a preparar mais uma medida gravosa de ataque aos trabalhadores da Administra-ção Pública, propondo desta vez um corte médio de mais 4% nos seus salários, Seguro aconselhou o Executivo a pa-rar de lançar a incerteza e o medo sobre os portugueses, e

em particular sobre as classes mais vulneráveis, sublinhan-do que aqueles que trabalha-ram uma vida inteira mere-cem da parte dos governantes “sossego e tranquilidade”, re-cordando que em muitos ca-sos são eles o sustento dos seus filhos e netos.Para António José Seguro, medidas gravosas como es-ta, “que os portugueses e o PS souberam através dos jor-nais”, em nada ajudarão a ti-rar Portugal da crise em que se encontra, garantindo que numa altura em que se assiste diariamente à degradação do Governo e das suas políticas, os portugueses podem con-fiar no PS, “um partido uni-do”, que apresenta propostas adequadas, oferecendo uma alternativa forte e sustenta-da para a resolução dos pro-blemas do país.

Venham mais quatroNesta reunião, dirigida pe-la presidente do partido, Ma-ria de Belém, que encheu por completo o magnífico anfi-teatro do Politécnico de Se-túbal, para além da análise da situação política, da res-

ponsabilidade do secretário--geral, da apresentação e de-bate das moções sectoriais, levadas ao XIX Congresso Na-cional, apresentação, discus-são e aprovação do relató-rio e contas de 2012, decor-reram ainda as eleições para órgãos nacionais: Secretaria-do Nacional, Comissão Polí-tica Nacional e dos diretores dos órgãos da imprensa ofi-cial do PS.Quanto ao Secretariado Na-cional, obteve 91% de votos favoráveis, passando a partir de agora a contar com a con-tribuição de quatro novos ele-mentos: Francisco Assis, Idália Serrão, João Proença e Jorge Lacão. Também a lista para a Comissão Política Nacional foi votada, tendo recolhido 89% de votos a favor, manteve os 65 efetivos e passou a ser lide-rada pelo presidente da Câma-ra de Lisboa, António Costa. Foram ainda reconduzidos os diretores das duas publicações oficiais do PS, “Portugal Socia-lista” e “Acção Socialista”, res-petivamente, o deputado Pita Ameixa e o dirigente e candi-dato à presidência da Câmara de Oeiras, Marcos Sá. ^ R.S.A.

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4 aCoMPanhe-nos no FaCebooK SEDENaCioNalParTiDoSoCialiSTaaCoMPanhe-nos no FaCebooK SEDENaCioNalParTiDoSoCialiSTa

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Mas a corrente socialista este-ve presente no movimento de ideias e na vida política portu-guesa desde o século XIX, tendo existido, ainda sob a Monarquia e durante a República, um par-tido socialista que, embora mi-noritário, obteve alguma repre-sentação parlamentar.Dissolvendo-se em 1931, asfi-xiado pelas limitações à liberda-de de opinião e organização cria-das pela ditadura militar, nem por isso deixaram de existir nú-cleos de ativistas que se reclama-vam das ideias socialistas, en-quadrados nos movimentos po-líticos que espaçadamente se manifestavam durante o regime salazarista do Estado Novo.Mas foi apenas nos últimos me-ses do curto período em que o país foi governado por Marce-llo Caetano que o Partido So-cialista foi reconstituído, num congresso clandestino realizado na República Federal da Alema-nha, no qual participaram mili-tantes socialistas do interior e exilados, contando-se entre es-tes últimos aquele que viria a ser o seu militante número 1, Mário Soares.Derrubado o regime em 25 de abril de 1974, o PS organiza--se na legalidade. Mário Soa-res e outros exilados regressam prontamente.

a legalidadeEm dezembro desse ano realiza--se o I Congresso do PS na lega-lidade, em Lisboa, e a linha re-formista de Mário Soares sai vitoriosa.O Partido Socialista portu-guês legaliza formalmente a sua situação perante o Tribunal Constitucional a 1 de fevereiro de 1975.Soares, entre outros históricos socialistas, ocupa cargos gover-namentais em vários períodos do processo revolucionário e, em conjugação de esforços com outros partidos (nomeadamen-te o PPD dirigido por Francisco Sá Carneiro), bate-se contra a influência crescente do Partido Comunista Português e da ex-trema-esquerda durante o “ve-rão quente” de 1975.Pontos altos desse período con-turbado foi sem dúvida o caso do “Jornal República” que cul-minaria com o abandono por

parte dos socialistas e do PSD do IV Governo liderado por Vasco Gonçalves, precipitando a sua queda meses mais tarde.Em julho de 1975 o PS convo-ca dois comícios (nas Antas, no Porto, e na Fonte Luminosa, em Lisboa), que constituíram um êxito retumbante com centenas de milhares de pessoas.Lá fora, o caso “República” foi entendido pela maioria dos ór-gãos de comunicação social es-trangeiros à luz da tese socialis-ta: o PCP dominava quase total-mente os meios de comunicação em Portugal e o “Jornal Repú-blica” era a última esperança de se poder assistir à tão desejada liberdade de expressão.A 1 de outubro, depois dos ânimos serenarem o Governo manda desocupar as emissoras de rádio e televisão, à exceção da Rádio Renascença; no mes-mo dia o PS denuncia “a prepa-ração de um golpe de Estado de esquerda”, sendo apoiado por uma notícia saída nesse dia no jornal “O Século” que publica o chamado “plano dos coronéis”; no dia seguinte, o “Jornal Novo” que contém um comunicado do PS sobre uma tentativa de golpe de Estado, é impedido de sair.

soares versus CunhalNum debate televisivo e histó-

rico de quatro horas, a 6 de No-vembro, entre Mário Soares e Álvaro Cunhal confirma-se a profundidade das divergências que os separam, sendo o PS por uma evolução democrática do regime e o PCP declara-se pela adoção de uma via popular e re-volucionária tendo como objeti-vo a implantação de uma Repú-

blica Popular em Portugal.O VI Governo Provisório lidera-do por Pinheiro de Azevedo, no dia 20 de novembro, autossus-pende-se enquanto não lhe fo-rem dadas garantias para poder governar. Nesse dia é realizada uma manifestação em frente ao Palácio de Belém a favor do "Po-der Popular". Costa Gomes fala com os manifestantes, afirman-do ser indispensável evitar uma guerra civil.Um dia depois, o Conselho da Revolução destitui o general Otelo Saraiva de Carvalho do

comando da Região Militar de Lisboa e substitui-o pelo capi-tão Vasco Lourenço ligado à li-nha moderada do Grupo dos Nove e conotado com o PS.A 23 de novembro é realizado em Lisboa um comício do PS, em apoio ao VI Governo Provi-sório, no Terreiro do Paço, con-gregando milhares de pessoas.Mário Soares, Jorge Campinos e Mário Sottomayor Cardia, da Comissão Permanente do PS, temendo pela vida, saem clan-destinamente de Lisboa, na tar-de do dia 25, e seguem para o Porto, onde se apresentam no Quartel da Região Norte, ao moderado Pires Veloso e ao Es-tado-Maior General das For-ças Armadas através do Gene-ral piloto-aviador José Lemos Ferreira.Em conferência de imprensa, a 4 de dezembro, Mário Soares acusa o PCP de ter participado ativamente no 25 de novembro, utilizando a extrema-esquerda como ponta-de-lança e critica o PPD por “anticomunismo re-trógrado” ao pretender o afas-tamento do PCP, como condição da sua permanência no Gover-no. Nesse mesmo dia o PS a par do PPD e CDS defendem a revi-são do "Pacto MFA-Partidos".No dia 26 de fevereiro de 1976 é assinado o II Pacto Constitucio-

40 anos a fazer história democráticaa 19 de abril de 1973 na cidade alemã de bad münstereifel, militantes da ação Socialista Portuguesa (aSP) decidiram, com 20 votos a favor e 7 contra, fundar o Partido Socialista (PS) português, “ponderando os superiores interesses da Pátria, a atual estrutura e dimensão do movimento, as exigências concretas do presente e a necessidade de dinamizar os militantes para as grandes tarefas do futuro”. Quatro décadas volvidas, a história da democracia portuguesa exibe as marcas de modernidade progressista do PS.

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orGanizações assoCiadas

O Partido Socialista em Portugal possui diversas organiza-ções que cooperam em conjunto com o movimento, mas que apresentam uma estrutura própria, representando pela sua vez ao partido em vários organismos.Dentre eles, encontra-se a Juventude Socialista, que é a or-ganização que agrupa os membros mais jovens do partido.Existe igualmente o Departamento Nacional das Mulheres Socialistas, que funciona de maneira independente com re-presentação dentro do PS.De referir também a Associação Nacional dos Autarcas So-cialistas (ANA-PS), que representa o partido em diversos ór-gãos do poder local.Finalmente, os trabalhadores socialistas estão agrupados na Tendência Sindical Socialista, cuja influência no PS, na UGT e na na CGTP-IN é amplamente reconhecida.Relativamente às organizações socialistas internacionais, o Partido Socialista é membro da Internacional Socialista desde sua fundação, organização internacional onde Mário Soares é um dos seus presidentes honorários.Está também filiado no Partido Socialista Europeu e integra o Grupo Parlamentar da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu.

anteCedentes

A primeira organização partidária do movimento socialista em Portugal foi criada, em 1875, por Azedo Gneco, Antero de Quental e José Fontana, entre outros, com a criação do Partido Socialista Português.O golpe de 28 de maio de 1926 e a consequente ilegalização dos partidos políticos disfere um golpe numa estrutura in-capaz de se adaptar às condições da clandestinidade.Daí para a frente ensaiam-se diversas outras tentativas de criação de organizações socialistas, sem, no entanto, se con-seguirem afirmar no seio das correntes da oposição ao Es-tado Novo.Ainda assim, em 1953, constituía-se a Resistência Republi-cana e Socialista (1955-1964), grupo de reflexão e interven-ção política ao qual se seguiu a Ação Socialista Portuguesa (ASP), fundada em Genebra por Mário Soares, Manuel Ti-to de Morais e Francisco Ramos da Costa em novembro de 1964A ASP representou um novo esforço de estruturação do mo-vimento socialista, social-democrata e trabalhista interna-cional, que não logrou estabelecer as bases de implantação a que aspirava.Entre os momentos mais importantes da ASP estiveram a sua própria fundação e a discussão e aprovação da Declara-ção de Princípios e do Programa, bem como o comunicado conjunto de Tierno Galvan e Mário Soares (1964).Destaque também para a carta de Mário Soares solicitando a admissão da ASP na Internacional Socialista (1971) que se veio a concretizar em 1972.

ProtaGonistas da nossa história

SECRETÁRIOS-GERAISMário Soares 1973 - 1986Vítor Constâncio 1986 - 1989Jorge Sampaio 1989 - 1992António Guterres 1992 - 2002Ferro Rodrigues 2002 - 2004José Sócrates 2004 - 2011António José Seguro 2011 – presente

PRESIDENTESAntónio Macedo 1973-1986Manuel Tito de Morais 1986-1989João Ferraz de Abreu 1989-1992António de Almeida Santos 1992-2011Maria de Belém Roseira 2011 – presente

LíDERES PARLAMENTARESSalgado ZenhaJosé Luís NunesJorge SampaioJorge LacãoAntónio José SeguroAntónio Costa Alberto MartinsFrancisco AssisMaria de Belém Roseira (interina)Carlos Zorrinho

ELEITOS PARA SERVIR PORTUGAL

PRIMEIROS-MINISTROSMário Soares 1976 a 1978, 1983 a 1985António Guterres1995 a 2002José Sócrates2005 a 2011

PRESIDENTES DA REPúBLICAMário Soares 1986 a 1996Jorge Sampaio 1996 a 2006

nal, com um novo pacto "Pacto MFA-Partidos", subscrito pelo PS, PPD, CDS e PCP.A 13 e 14 de março desse ano realiza-se uma Cimeira Socia-lista Internacional no Porto, sob o lema "A Europa Connos-co", que contou com a presen-ça de delegações e líderes políti-cos de todos os países da Euro-pa Ocidental.

Cee e snsSempre com Mário Soares na li-derança, o PS formou governos monopartidários ou de coliga-ção, obtendo um número eleva-do de lugares nos atos eleitorais nacionais e conquistando nu-merosas autarquias.Momentos marcantes da demo-cracia portuguesa tiveram tam-bém a marca indelével do Parti-do Socialista. Neste ponto sa-liente-se o pedido feito a 28 de março de 1977 para adesão à CEE e a posterior assinatura do tratado de adesão em 1985.

PerFilFundação 19 de abril de 1973Ideologia Socialismo DemocráticoLíder António José Seguro - secretário-geralPresidente Maria de Belém Roseira - cargo honorário que preside aos congressos nacionaisSede Palácio Praia - Largo do Rato n.º 2 / 1269-143 LisboaPublicação “Acção Socialista”Organizações Juventude SocialistaMembros (2013) 88. 334Cores VermelhoSite www.ps.ptSímbolo

O Partido Socialista assinalou a 19 de abril de 2013 os seus 40 anos com a abertura da sede nacional ao público, um almoço entre o secretário-geral, António José Seguro, e o fundador Mário Soares, em Lisboa, e um jantar em Coimbra com os fundadores.

Internamente, destaque-se a preparação do Sistema Nacio-nal de Saúde pelo ministro An-tónio Arnaut, em 1979, que mais adiante veria, enquanto deputado, a sua aprovação na Assembleia da República.Posteriormente, Mário Soares será Presidente da República em dois mandatos sucessivos, com o seu termo em 1995, ano em que o partido, sob a lideran-ça de António Guterres, con-cretiza uma vitória estratégica em numerosos domínios: ob-tém a maioria em eleições para o Parlamento Europeu, para as autarquias e para o Parlamen-to, forma um Governo mono-color (embora com a participa-ção de independentes) e vê um seu militante – Jorge Sampaio – ser eleito para a Presidência da República.O PS manteve-se no governo sob a liderança de António Gu-terres até 1999 e, depois das eleições seguintes, até 2002, ano em que, em eleições ante-cipadas, foi sucedido pelo PSD.Guterres demitiu-se de secretá-rio-geral do partido, tendo-lhe sucedido o camarada Eduardo Ferro Rodrigues.Como após a demissão de Du-rão Barroso do governo coliga-do com o PP de Paulo Portas, a decisão presidencial não foi a de novas eleições, mas sim a de ser apresentado um suces-sor do então primeiro-minis-tro (Pedro Santana Lopes do PSD), Ferro Rodrigues demi-te-se do cargo. Em Guimarães, José Sócrates é eleito o novo lí-der socialista.Depois de uma grave crise eco-nómica e de falta de liderança no Executivo e no PSD, as elei-ções de 2005 dão vitória ao PS liderado por José Sócrates, com ampla maioria absoluta, sendo a primeira do PS desde o 25 de abril.Sócrates volta a vencer as elei-ções legislativas de 2009, mas desta vez sem maioria absoluta. Quando o PEC IV é chumbado na Assembleia da República, o Governo de José Sócrates é for-çado a demitir-se.O retorno à oposição dá-se ao serem convocadas eleições le-gislativas em 5 de Junho de 2011, que acabarão por ser gan-has pelo PSD de Pedro Passos Coelho.No plano interno, António José Seguro é eleito secretário-geral no XVIII Congresso do PS, em setembro de 2011, sendo recen-temente reeleito, na XIX reu-nião magna socialista realiza-da em Santa Maria da Feira, em abril passado, com 96,36% dos votos. ^ M.R.

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Ps unido para dar novo rumo ao país“É tempo de mudar” foi o lema do XiX Congresso Nacional do PS, onde ficou patente o clima de unidade em torno da liderança de antónio José Seguro. E os socialistas saem da reunião magna de Santa maria da Feira, realizada de 26 a 28 de abril, mais fortes, coesos e preparados para enfrentar os desafios do futuro e dar um novo rumo para Portugal. J. C. Castelo branCo

E isso ficou bem claro no dis-curso de encerramento do se-cretário-geral, que avançou com a realização de uma Con-venção aberta a todos os pro-gressistas e humanistas e ain-da com um conjunto de pro-postas em torno de objetivos como um pacto para o cresci-mento e emprego, a renegocia-ção do processo de ajustamen-to financeiro, a sustentabili-dade do Estado Social e uma Europa federal e solidária.Na sua intervenção, Seguro disse que o “PS é a alternati-va, a esperança que renasce de novo em Portugal”, sublinhan-do que deste Congresso “sai um novo rumo, com uma prio-ridade, o emprego”. E nesse sentido, frisou, “todas as nos-sas propostas convergem nessa prioridade – o emprego”.

travão à austeridadeReferindo que “é preciso pôr um travão à política de austeridade, aos cortes cegos a eito, ao em-pobrecimento, parar a espiral recessiva e mudar de direção”, o líder socialista apresentou vá-rias propostas com o objectivo

central de criar emprego. Nesse sentido, Seguro afirmou que é possível injetar cerca de 12 mil milhões de euros na eco-nomia, propondo, entre outras medidas, a descida do rácio da banca em pelo menos um pon-to percentual.Para além destas medidas, o se-cretário-geral do PS reafirmou que o Estado Português pode obter um financiamento de cer-ca de cinco mil milhões de euros junto do Banco Europeu de In-vestimentos (BEI).Por outro lado, o secretário--geral do PS indicou que cer-ca de três mil milhões de euros não foram utilizados pela ban-ca no âmbito do empréstimo da troika.“São 12 mil milhões de euros que podem ser colocados ao serviço da economia e não nos venham dizer que não é possí-vel. Não há magia, não há solu-ções fáceis, mas temos vontade política e propostas concretas”, defendeu.Na sua intervenção, o secretá-rio-geral do PS propôs também que empresas viáveis mas com dívidas ao fisco, segurança so-

cial e à banca, tenham uma so-lução financeira, em que a parte do Estado transforma esses cré-ditos em capital dessas próprias empresas.No caso das dívidas perante os bancos, Seguro defendeu que, através de uma operação con-junta, essas empresas possam

aceder a capital de risco. “isso pode resolver o problema de mi-lhares de empresas em Portugal e preservar muitos empregos”, salientou.Seguro propôs também que o fi-nanciamento da Segurança So-cial se estenda às mais-valias. “Há hoje empresas com 200 tra-balhadores e com um volume de negócios de cinco milhões de euros, mas há empresas com cinco ou dez trabalhadores que têm um volume de negócios de 100 ou 200 milhões de euros. Por isso, é altura de encontrar-mos novas soluções paar o fi-nanciamento da Segurança So-cial”, disse.Outra das propostas avança-das pelo líder socialista são a criação de um fundo de reden-ção para a dívida portuguesa na União Europeia. “Portugal po-deria receber 6 mil milhões de euros para abater à dívida públi-ca”, disse, reiterando um papel mais ativo do banco Central Eu-ropeu (BCE).Ainda no plano económico, Se-guro defendeu a criação de um banco de fomento e um trata-mento fiscal favorável para os lu-

cros reinvestidos nas empresas que criem postos de trabalho.

aumento do salário mínimo Já no plano social, mas com im-plicações na dinamização da eco-nomia, Seguro voltou a defen-der, conforme consta da sua mo-ção de estratégia, o aumento do salário mínimo nacional e das pensões mais baixas. Na sua intervenção o líder do PS anunciou que o PS vai promover uma “Convenção aberta a todos os humanistas e progressistas para dar um novo rumo a Por-tugal” e destinada a preparar o programa eleitoral que os socia-listas vão apresentar nas próxi-mas eleições legislativas. Seguro afirmou ainda que pedirá uma maioria absoluta nas pró-ximas eleições legislativas. “Va-mos pedir com clareza aos por-tugueses uma maioria absolu-ta para governar, uma maioria absoluta não para nós mas pa-ra Portugal”, disse, acrescentan-do que os tempos no país vão continuar difíceis e, por isso, o rigor e a contenção orçamental continuarão.

96% Percentagem de votos que reelegeu o secretário-geral, António José Seguro

74,85%Percentagem de votos que elegeu Isabel Coutinho presidente das Mulheres Socialistas

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o “novo rumo” que o PS pretende para o país “tem uma prioridade: o emprego”, sublinhou antónio José Segura, no discurso de abertura do XiX Congresso, onde defendeu a celebração de um “pacto para o emprego” até 2020.

Referindo que “o emprego é um elemento constitutivo da inte-gridade humana” e que “garan-te um desenvolvimento econó-mico sustentável”, o secretá-rio-geral do PS reiterou que “o emprego estará no coração das políticas e ação” de um Governo socialistas.E lembrou que “más políticas destroem emprego. Boas práti-cas protegem e criam emprego”.No seu discurso de abertura do Congresso, em Santa Maria da Feira, muito virado para os pro-

blemas do país e os anseios dos portugeses, Seguro disse que um Governo socialista adota-rá “um novo rumo” assente em três pilares: “Um novo desen-volvimento; uma nova Europa e um novo compromisso com o contrato social”.E sublinhou que “o novo rumo tem uma prioridade: emprego, emprego, emprego”.Quanto ao pacto para o empre-go que anunciou, referiu que deverá unir todas as forças po-líticas e todos os parceiros so-

ciais, concretizando “um novo acordo de concertação social de médio prazo em torno de políti-cas orientadas para o emprego e de medidas de combate à preca-riedade e à pobreza”. “Um pacto que mobilize os por-tugueses em torno de dois ob-jetivos para 2020: aumentar a taxa de emprego nacional para mais de 70% (da população ati-va 20-64 anos) e reduzir o de-semprego jovem para metade”, disse.Seguro defendeu uma “aposta

forte na economia do conheci-mento, tecnológica e verde”, sa-lientando que “este é o caminho para ganhar eficiência, para re-duzir as nossas dependências externas e para fortalecer a pre-sença internacional das nossas empresas”.O líder do PS disse ainda que “ novo compromisso” que defen-de tem por objetivo “uma polí-tica fiscal mais equitativa, pro-gressiva, transparente e inova-dora. Um combate sem tréguas à fraude e à evasão fiscal” e

“uma reforma fiscal amiga da recapitalização das empresas e da criação de emprego”.

austeridade fria e desumanaNa sua intervenção, não pou-pou também na denúncia dos males que a política de “auste-ridade sem limites” que o atual Governo tem feito ao país e aos portugueses sem quaisquer resultados.“Há sinais de pobreza devasta-dores. Meio milhão de crianças corre risco de pobreza. Há ido-sos sem dinheiro para medica-mentos. Há portugueses a vi-ver uma pobreza envergonha-da. Este é o resultado de uma austeridade fria e desumana”, afirmou António José Seguro. E acrescentou: “O Governo mere-ce ser substituído”.O líder dos socialistas consi-derou que Portugal vive “uma tragédia social” em resultado de “uma austeridade sem limi-tes”, lembrando que o PS avi-sou repetidamente o Gover-no e em devido tempo para as consequências. “Ignoraram, desvalorizaram e agora correm atrás das nossas propostas. Es-ta é uma reviravolta colossal”, disse. ^ J. C. CASTeLO BRANCO

ProPostas Para virar a Página

emprego será a prioridade de um Governo socialista

no Congresso de santa Maria da Fei-ra, antónio José seguro apresentou as linhas-mestras do novo rumo que pretende para o país virar a página. E que assentam num novo desenvol-vimento que aposte no valor acres-centado dos seus produtos e servi-ços e qualificação das pessoas; num novo compromisso para o Estado so-cial, que não é um custo, mas uma alavanca para o desenvolvimento do país; e numa nova Europa em que a União Económica e Monetária seja verdadeiramente completada.Eis as propostas do Ps par um novo rumo:

novo dEsEnvolviMEntoSe quiser ter futuro na zona euro, Por-tugal tem que virar a página. De uma vez por todas, a competitividade do nosso país não pode estar basea-da em baixos salários mas sim no va-lor acrescentado dos seus produtos e serviços e qualificação das pessoas.1. Tratamento fiscal favorável para

lucros reinvestidos em empresas com criação líquida de emprego

2. Tratamento Fiscal favorável para os suprimentos dos sócios

3. Criação de um Banco de Fomento para aproveitamento de fundos es-truturais e fundo do BEI

4. Fundo de Capitalização de PME (com o remanescente o resgate para a capitalização da banca)

Assim, entre meios disponíveis para injetar na economia através da desci-da do rácio da banca (4,5), financia-mento pelo Banco Europeu de Inves-timento (5) e linha de capitalização aproveitando do dinheiro da troika para os bancos (3), há 12,5 mil milhões de euros que poderiam ser injectados na economia.

novo CoMProMisso CoM Contrato soCial

O Estado Social não é apenas um cus-to, é um investimento e uma alavanca para o desenvolvimento do país.1. Separação das águas entre públi-

co e privado. Desde logo na saúde. Prevenir conflitos de interesse pa-ra maior equidade no acesso e au-mento de eficiência dos meios ins-talados nos serviços públicos. O PS não tolera listas de espera pa-ra operações ou listas de espera 1 ano para exames nos hospitais pú-

blicos. Por isso o PS propõe a sepa-ração de águas em que os médicos do público têm que estar nos hos-pitais públicos, ao serviço do SNS.

2. Proximidade dos serviços de Saú-de. Em vez dos cortes cegos deste Governo, o que é necessário é que se articulem os Centros de Saúde, os Hospitais e os Cuidados Conti-nuados. Por exemplo, não faz muito mais sentido que algumas consultas de especialidade, como, por exem-plo, Pediatria e Cardiologia, sejam feitas nos centros de saúde, deslo-cando um médico do hospital, em vez de fazer deslocar dezenas de pessoas a esse mesmo hospital?

3. Financiamento da Segurança So-cial: aprofundar e estudar. Para ga-rantir a sustentabilidade, o país tem que promover amplo debate que explore novas soluções. Por exem-plo, as contribuições sociais não têm que ser apenas definidas pe-la massa salarial mas podem levar em consideração o valor acrescen-tado global. Este é um dos debates que tem que ser plenamente inte-grado com vista ao novo acordo de concertação social de médio prazo.

nova EuroPaA crise da zona euro só pode ter solução se a União Económica e Monetária for verdadeiramen-te completada. Não há nenhuma união monetária no mundo que possa sobreviver se não for com-binada com uma verdadeira união económica, social, bancária, orça-mental e política. Há medidas que já estão em discussão e na qual Portugal tem que estar activo na sua definição final:1. Fundo de redenção para mutua-

lização de parte da dívida públi-ca europeia.

2. Perspetivas Financeiras 2014-2020, redirecionando para polí-ticas de convergência.

3. Papel mais activo do BCE.4. Participar na construção e uti-

lizar o Mecanismo de Solidarie-dade para o Crescimento e Em-prego, como instrumento para a convergência na zona euro.

5. Utilizar de forma muito mais ac-tiva todos os instrumentos dis-poníveis na UE, nomeadamente QREN, BEI e os mecanismos de gestão de dívida.

aCoMPanhe-nos no FaCebooK SEDENaCioNalParTiDoSoCialiSTaaCoMPanhe-nos no FaCebooK SEDENaCioNalParTiDoSoCialiSTa

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maria DE bElÉm

Crise não suspendeu a Constituição

“A crise não suspendeu a Constituição nem os tratados eu-ropeus”, defendeu a presidente do PS, Maria de Belém, na abertura da reunião magna de Santa Maria da Feira, onde considerou que a política do atual Governo de “empobre-cimento” tem como objetivo “destruir a proteção social”. Para Maria de Belém, “é preciso mudar”, mas alerta que o atual Governo “não pretende fazê-lo porque sempre encarou a crise e o acentuar do seu dramatismo como uma oportunidade para tentar fazer aceitar socialmente o que em condições diferentes nunca seria suportável. A presidente do PS afirmou ainda que o Governo de Pas-sos Coelho “não se assume como representante dos por-tugueses junto dos credores, mas antes como represen-tante dos credores junto dos portugueses”.Maria de Belém manifestou-se igualmente contra o rumo seguido pela União Europeia. “A Europa optou por auste-ridade em marcha forçada, acompanhada pelo aumento galopante de desemprego, estando assim a enfraquecer--se e enfraquecer a sua posição no mundo”, disse.

aNTóNio CoSTa

Juntos somos imbatíveis

“Juntos, somos fortes, juntos somos imbatíveis”, afirmou António Costa, na parte final da sua intervenção, onde de-fendeu que “construir a alternativa é a nossa responsabili-dade perante os portugueses, transformamndo a sua an-siedade em esperança”.Numa intervenção marcada por fortes críticas à estraté-gia do Governo de “empobrecimento do país”, numa “es-piral recessiva e destrutiva das empresas e empregos”, An-tónio Costa defendeu que a Constituição da República “é a base sobre a qual construímos o futuro dos portugueses”.“A nossa alternativa firma-se numa base sólida, uma op-ção firme. É na Europa que temos futuro” e ainda na “con-vicção firme que o futuro de Portugal não passa pelo empobrecimento”.António Costa defendeu “a urgência de se renegociar o me-morando com a troika”, acusando o Governo de ter “ajoe-lhado perante a banca” e ter ido para além do programa de ajustamento, “acrescentando austeridade à economia”, o que “teve um efeito devastador”. “Há mais Europa para além da troika e mais Alemanha pa-ra além da sra. Merkel”, disse.

FraNCiSCo aSSiS

esquerda contra o medo e fatalismo“Temos de afirmar por essa Europa e em Portugal que a luta da esquerda é a luta da confiança e esperança con-

tra o medo e todos os tipos de fatalismo”, afirmou Fran-cisco Assis na sua intervenção no XIX Congresso, onde alertou que “o medo serve os propósitos daqueles que querem pôr em causa verdadeiros avanços civilizacio-nais obtidos nas últimas décadas”.O antigo líder parlamentar do PS reafirmou que nós, socialistas, “não nos resignamos à ideia de um país pe-riférico, de um país condenado a viver com profundas desigualdades”. E acrescentou: “Somos por um país di-ferente. O PS tem de ser um partido de proposta, de de-senvolvimento para todos”.O PS, continuou, “é um partido do diálogo político e so-cial, um partido que avança, um partido do movimento, da transformação, um partido capaz de pôr ao seu lado os sectores mais dinâmicos da nossa sociedade”.A terminar a sua intervenção, Francisco Assis, que no último congresso disputou a liderança com António Jo-sé Seguro, reafirmou que irá “estar na primeira linha do PS”, relembrando o clima de unidade que hoje se vive no partido, no respeito pela diferença de opiniões que às vezes acontece, num partido de homens livres.

marTiN SChUlz

Mudar de direção na europa

O presidente do Parlamento Europeu, o socialista Mar-tin Schulz, defendeu que a Europa precisa de mudar de direção, recuperando valores como a solidariedade en-tre Estados, a aposta na coesão social e na criação de emprego.“Eu sou contra uma Europa dividida entre o sul e o nor-te, Portugal tem o mesmo valor que todos os outros paí-ses desta União", afirmou o ex-presidente do Partido Socialista Europeu e membro do Partido Social-Demo-crata alemão na abertura do segundo dia do XIX Con-gresso do PS.“A União Europeia foi sempre um sonho de tornar eter-na a democracia, no nosso país, como no vosso país, e a democracia tem de ser defendida, temos de lutar por mais justiça, por mais emprego para os nossos jovens”, disse.Martin Schulz afirmou que a “política unilateral de re-dução da dívida pública está esgotada” e que é preciso “mudar de direção na Europa”, nomeadamente através de medidas como a taxação das transações financeiras ou o encerramento dos paraísos fiscais.E considerou “inaceitável” que 50% dos jovens na Eu-ropa não tenham emprego. “Isso destrói a sociedade”.Schulz defendeu ainda que os responsáveis europeus devem lutar por recuperar “a ideia de Europa”, em que “os Estados e as nações trabalham para lá das suas fron-teiras, juntos em instituições comuns” para “enfrentar melhor os desafios do século XXI”.Na sua intervenção, o presidente do PE sublinhou ainda que o seu país, a Alemanha, partilha do valor da solida-riedade entre Estados e que “há muito que os alemães o dizem”, citando o escritor alemão Thomas Mann.

alFrEDo rUbalCaba

dizer basta a esta austeridade suicida

Convidado internacional do primeiro dia dos traba-lhos do Congresso, o secretário-geral do PSOE, Alfre-do Rubalcaba, pôs em evidência “as raízes muito pro-fundas” e as fortes convicções como a igualdade e a justiça social que unem os socialistas portugueses e espanhóis. E sublinhou que “agora sofremos jun-tos uma direita, a portuguesa e a espanhola, que es-tá a aproveitar a crise em que vivem os nossos paí-ses para ajustar contas com o Estado Social, que nun-ca quiseram”.Manifestado todo o apoio às teses defendidas por António José Seguro, nomeadamente é preciso dizer “basta” a esta “política de austeridade suicida”, Rubal-caba defendeu que “Portugal tem direito a renegociar os seus contratos, as condições dos empréstimos”.“O pior desta política é que sofrem os trabalhadores para nada. É uma austeridade que não nos está a aju-dar a sair da crise”, disse. “Os socialistas portugueses e espanhóis têm de di-zer que esta política não é a Europa, é a política de Merkel”, afirmou, reiterando que “há outra Europa em que merecemos viver, uma Europa Social”.

FEliPE GoNzálEz

É preciso mudar a política nacional e europeia

Felipe González também esteve presente no Con-gresso do PS através de uma mensagem-vídeo onde defendeu que “é preciso mudar a política dos nossos dois países e a política europeia”, salientando que só o socialismo democrático está em condições de ser um fator de esperança e de mudança.“Não podemos continuar a alimentar a crise”, dis-se o antigo primeiro-ministro espanhol, defendendo que “quatro, cinco anos de erros consecutivos têm de ser corrigidos para que se saia desta situação”.Para isso, frisou, “há que mudar a política nacional e a europeia, as duas, trabalhando aqui e na Europa, e a única esperança de mudança é que a social-demo-cracia possa fazer mais”.Nesse sentido, defendeu que “o socialismo democrá-tico tem de dar uma resposta, não um discurso ideo-lógico, mas uma resposta para o desemprego, uma resposta de subsistência do sistema de saúde, de manutenção do sistema de educação”.Para o antigo líder do PSOE e um dos “pais” da tran-sição democrática em Espanha, “este drama social que estamos a viver pressupõe um fracasso econó-mico e só nós, socialistas, é que podemos dar essa resposta”.^ J. C. CASTeLO BRANCO

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“Governo não tem políticas depromoção da igualdade de género”Eleita nas diretas para a liderança do Departamento Nacional das mulheres Socialistas (DNmS), isabel Coutinho não tem dúvidas que a promoção da igualdade de género, alcançada com o cunho dos anteriores governos do PS, tem sido remetida, pelo atual Executivo, para perdas dramáticas ao nível dos direitos das mulheres. acusa ainda o PSD e o CDS de estarem a conduzir o país, também a nível social, económico e financeiro, para um buraco sem fundo. rui solano de alMeida

Qual a principal prioridade do mandato que agora ini-cia à frente das mulheres socialistas?Na moção de candidatura que apresentei - “Tod@s Diferentes Somos Iguais” - abordei as prin-cipais prioridades de um projeto coletivo, que abrangia áreas di-versas no que respeita à afirma-ção da mulher nos contextos po-lítico e cívico, mas que, também, não esquecia a questão mais abrangente da desigualdade e da injustiça social que atingem de forma severa os grupos social-mente mais vulneráveis. Poderia afirmar de uma forma mais ge-nérica que o enfoque do trabalho que proponho concretizar esta-rá nos grupos minoritários (não em número mas no que se refe-re aos direitos). A prioridade se-rá sempre trabalhar com e para as

pessoas na afirmação dos direitos fundamentais e de uma socieda-de mais igualitária. Como pensa dinamizar o de-partamento, nomeadamente envolvendo em ações exterio-res as simpatizantes?Este é um projeto de todas, é an-tes de mais uma causa e uma mis-são que recusará dar protagonis-mo aos seus atores, porque as atenções estarão voltadas para as mudanças que conseguirmos produzir. O meu papel neste pro-cesso será o de promover a arti-culação entre as pessoas envol-vidas e dinamizar canais de co-municação entre as militantes, simpatizantes e sociedade civil, utilizando diferentes recursos de comunicação e estratégias. A título de exemplo, iremos abrir mensalmente a sede nacional e

as sedes federativas, no sentido de recolher contributos, e de pro-curar dar respostas a solicitações e pedidos de encaminhamento.

Qual o principal proble-ma com que se defrontam, na sua opinião, as mulheres portuguesas?Sabemos que nos últimos anos foram conseguidos progressos notáveis na promoção da igual-dade de género. Contudo, os obs-táculos a uma igualdade real e efetiva continuam infelizmente a existir, tendo-se agravado no atual contexto de crise que Por-tugal e a Europa vivem. Não po-demos esquecer que muitos dos grandes progressos e marcos civi-lizacionais foram alcançados com o cunho do Partido Socialista, porque neste partido a priorida-de de ação está voltada para o ser

humano na sua essência. Contu-do, a atual governação do país se-gue linhas bastante distintas, es-te contexto político com as suas medidas de austeridade dura e inconsequente é propício a re-trocessos conservadores que re-metem a mulher para os papéis que lhe eram tradicionalmen-te atribuídos, com consequentes perdas dramáticas ao nível dos direitos.

Como classifica a política do atual Governo em relação à promoção da igualdade de género?Na minha opinião este Governo não tem uma política de promo-ção da igualdade de género, o que não surpreende já que esta polí-tica neoliberal não é vocacionada para as pessoas. Uma grande par-te da intervenção estruturada e

implementada pelo anterior Go-verno neste domínio foi comple-tamente esquecida, muitos pro-jetos de intervenção social viram o seu financiamento termina-do, para além de que as institui-ções de solidariedade social atra-vessam momentos difíceis, fruto dos cortes no financiamento.

Qual é a principal discrimi-nação de que as mulheres são alvo?Qualquer forma de discrimina-ção é preocupante e tem de ime-diato o nosso cartão vermelho. Por isso, qualquer ato discrimi-natório deve merecer da nossa parte, mulheres e homens, uma atenção focalizada e uma atitude consistente.Os estudos dizem-nos que Portu-gal é o país onde a violência con-tra as mulheres provoca a maior

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“Governo não tem políticas depromoção da igualdade de género”Eleita nas diretas para a liderança do Departamento Nacional das mulheres Socialistas (DNmS), isabel Coutinho não tem dúvidas que a promoção da igualdade de género, alcançada com o cunho dos anteriores governos do PS, tem sido remetida, pelo atual Executivo, para perdas dramáticas ao nível dos direitos das mulheres. acusa ainda o PSD e o CDS de estarem a conduzir o país, também a nível social, económico e financeiro, para um buraco sem fundo. rui solano de alMeida

preocupação em toda a Europa. A discriminação salarial entre ho-mens e mulheres continua a ser o maior problema de igualdade de género no contexto europeu, seguindo-se a violência contra as mulheres e as dificuldades de conciliação entre a vida profissio-nal e a familiar, bem como a di-ficuldade de acesso ao topo e aos centros de decisão.

A violência doméstica é um fenómeno socialmente localizável?A violência doméstica configura uma grave violação dos direitos humanos, tal como é definida na Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, da ONU, em 1995, onde se considera que a violência contra as mulheres é um obstácu-lo à concretização dos objetivos de igualdade, desenvolvimento e

paz, e viola, dificulta ou anula o gozo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. Trata-se de um fenómeno que é, antes de mais, transversal à nos-sa sociedade, atinge todos os gru-pos e pessoas de todas as idades e de ambos os sexos. Em relação a este assunto a tolerância deve ser zero. É necessário prevenir, pro-teger e acabar com a impunidade. Apesar da visibilidade que a vio-lência doméstica vai adquirindo em Portugal, ainda se trata de um fenómeno dotado de uma grande opacidade. E, assim, irá permane-cer se não se promoverem estra-tégias diversificadas e adequadas de abordagem e intervenção.

Há mais mulheres licenciadas do que homens. Porque é que isto não se traduz em mais mulheres nas lideranças polí-ticas e nas empresas?Decorridas quase quatro déca-das sobre a revolução que quis unir todas as portuguesas e por-tugueses em torno de uma so-ciedade democrática e igualitá-ria, a discriminação das mulhe-res continua a marcar variados domínios da vida laboral, políti-ca e social.Na quase totalidade dos setores de atividade as mulheres conti-nuam a ganhar salários inferiores aos homens, mesmo desempe-nhando as mesmas funções pro-fissionais ou sendo mais qualifi-cadas e o acesso aos lugares de to-po ainda lhes é vedado.

De facto há muitas razões pa-ra estas realidades, mas irei des-tacar duas que considero impor-tantes. Por um lado, a conciliação entre a vida familiar e profissio-nal que condiciona o acesso às mulheres e, por outro, o “machis-mo subtil “de quem está nos cen-tros de decisão.

É possível atingir com este Governo de direita o objeti-vo de salário igual para traba-lho igual?Para a coligação que está no po-der esta não é uma questão prio-ritária. Este não é um assunto relevante para a agenda política. A prioridade é outra, este desgo-verno está obstinado em imple-mentar medidas de austerida-de, medidas essas que vão mui-to além do que estava previsto no memorando da troika, mes-mo sabendo que a receita e a do-se falharam em larga medida. E, desta forma, as pessoas são es-quecidas e caminhamos para uma rutura social, mesmo com os constantes avisos do Partido Socialistas. É curioso que para além das me-didas puramente assistencialis-tas, da “sopa dos pobres”, que não podem ser confundidas com intervenção social estruturada, a única iniciativa deste Governo no que respeita ao domínio social re-fere-se à inauguração de equipa-mentos, financiados pelo Progra-ma PARES, criado pelo Governo socialista. É importante salien-

tar que todas as respostas cria-das foram aprovadas pelo ante-rior Governo. Justifica-se, em sua opinião, um departamento no PS es-pecificamente vocacionado para tratar da problemática da mulher?Essa é uma questão fundamen-tal que ainda divide as pessoas e algumas mulheres socialistas. Na minha opinião, ainda se pode justificar porque no atual contex-to político e da participação cívi-ca, mulheres e homens não têm os mesmos direitos, não são co-locados em situação de igualda-de perante as mesmas situações. O desafio que se coloca ao pró-prio departamento é o de tentar desenvolver uma ação consisten-te que permita caminhar no sen-tido da sua própria extinção.

Como avalia, do ponto de vis-ta económico e social, o traba-lho deste Governo? A crise financeira despertada por um endeusamento dos princí-pios do mercado conduziu-nos a um contexto europeu e mun-dial preocupante. Não podemos esquecer que na génese da atual crise financeira e económica in-

ternacional encontra-se a viola-ção de princípios éticos no mun-do dos negócios, assim como a avidez do lucro fácil, a que se jun-taram deficiências na regulação e supervisão dos mercados e das instituições financeiras. Os cus-tos sociais traduzem-se hoje em perda de poupanças amealha-das com grande esforço, na des-truição de empregos, na emer-gência de novos pobres e na sen-sação generalizada de injustiça social. Estas injustiças sociais as-sociadas à falta de ética condu-zem, inevitavelmente, a uma fal-ta de confiança nas instituições e a efeitos nefastos para o futuro do nosso país.

então porque é que o Governo insiste nesta política?É uma questão que também colo-co. Depois de tantos esforços per-guntamos com todo o direito: “Se-rá este o caminho certo?”. E fica a dúvida: “Porque é que o Governo persiste numa receita que falhou em toda a medida?” Acredito que o esforço e o empenho dos portu-gueses são fundamentais, aliados ao rigor orçamental, mas também acredito que deve ser feita uma aposta consistente no crescimen-to económico e no emprego. ^

Eleita pela lista A, sob o lema “Todas Diferentes Somos Iguais”, Isabel Coutinho obteve 74,85 dos votos para o Departamento Nacional das Mulheres Socialista, enquanto a lista B, “Novas Ideias em Ação”, liderada por Graça Fonseca, recolheu 25,15% dos votos

“A DISCrIMINAçãO SALArIAL ENTrE hOMENS E MuLhErES CONTINuA A SEr O MAIOr PrOBLEMA DE IGuALDADE DE GéNErO”

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Mudar de Governo é urgenteNa reta final do périplo “as Pessoas Estão Primeiro”, que realizou durante um mês de norte a sul de Portugal, antónio José Seguro continuou a ouvir e constatar no terreno os dramas, preocupações e ansiedades de famílias e empresários, trabalhadores e pensionistas, apresentando propostas de esperança, concluindo que o país vive uma tragédia social e que precisa de mudar porque “este Governo não tem condições para continuar”. MarY rodriGues

No dia 10 de abril António Jo-sé Seguro avisou que é pre-ciso que Portugal mantenha apoios e acarinhe investimen-tos estrangeiros como o da Lundin Mining na mina de Neves-Corvo.Recorde-se que estas minas re-presentam mais de dois mil trabalhadores em termos de postos de trabalho diretos e um investimento previsto pa-ra os próximos cinco anos en-tre 300 a 700 milhões de euros.“É este investimento que nós precisamos de acarinhar, por-que é estruturante para esta re-gião e dá um contributo enor-me à economia do nosso país”, disse o líder socialista depois de visitar o complexo mineiro da Somincor, no concelho de Castro Verde.Nesta linha de raciocínio, Se-gurou defendeu, por um lado, a existência de “um quadro está-vel do ponto de vista fiscal, pa-ra que os investidores saibam com o que contam”.“E em segundo lugar é necessá-rio que o Estado não atrapalhe, isto é, que possa ter na Admi-nistração Pública pessoas que resolvam os problemas deste

investimento, bem como do in-vestimento português. Falo da necessidade de ser criada a fi-gura do gestor dedicado, para que em determinados níveis de investimento possa haver uma pessoa responsável no Estado que resolva todos os problemas nos diferentes departamentos do Estado”, acrescentou.De seguida, deixou claro ao Executivo de direita que diálo-go não é sinónimo de cumpli-cidade: “Não nos peçam o alto patrocínio para uma política de austeridade da qual discorda-mos. Se é para terem o nosso al-to patrocínio e sermos cúmpli-ces não”, disse, lembrando que o PS “defende uma estratégia diferente”, quer que Portugal honre “todos os compromissos” e “continue na zona euro”.Dias antes, o secretário-ge-ral do PS tinha insistido já na necessidade de mudar de governo.Durante a visita que realizou ao porto de pesca da Póvoa de Varzim, por ocasião da apre-sentação pública da candida-tura de Elvira Ferreira à Câma-ra Municipal, Seguro falou com os pescadores sobre o proble-

ma do desassoreamento e da Paragem Biológica, comprome-tendo-se a ajudá-los ainda an-tes de ser governo com o Parti-do Socialista.

incentivos fiscais para PMeJá em São Brás de Alportel (Fa-ro), o líder do PS considerou essencial criar incentivos fis-cais para as PME para ajudar país a ultrapassar a crise.Seguro esteve na empresa No-vacortiça, empresa de São Brás de Alportel que exporta gran-de parte da sua produção e fa-tura 4,5 milhões de euros por ano, e ouviu atentamente as ex-plicações dos responsáveis so-bre a laboração da fábrica, on-de trabalham cerca de meia cen-tena de pessoas e cuja principal produção são os discos de cor-tiça utilizados nas rolhas de champanhe.Na ocasião, António José Seguro frisou que tem “insistido muito na necessidade de apoiar as em-presas”, porque o principal pro-blema do país “é o desemprego” e “quem cria e preserva emprego são as empresas”.E voltou a dar como exemplos

de medidas a adotar a contrata-ção com o Banco Europeu de In-vestimento (BEI) de uma linha de crédito de cinco mil milhões de euros para a recapitalização das PME, objetivo que também poderia ser conseguido com a disponibilização de parte da verba de 12 mil milhões de eu-ros prevista no plano de ajusta-mento financeiro para a recapi-talização dos bancos.

apostar na reabilitação urbanaAo visitar a Central Hidroelétri-ca do Alqueva, em Portel (Évo-ra), o secretário-geral socialis-ta defendeu a implementação de um programa de reabilitação urbana no país, com a eficiência energética como prioridade, pa-ra estimular a economia e redu-zir as importações nessa área.“Esse programa de reabilita-ção urbana deve ter uma prio-ridade a eficiência energética” porque tal contribuiria para “a criação de postos de traba-lho, a criação de emprego, o di-namismo da nossa economia”, mas também para “reduzir as importações”.Segundo Seguro, que reu-

niu também com o presiden-te do Conselho de Administra-ção Executivo da EDP, António Mexia, o Alqueva é exemplo do tipo de projetos de que o país precisa.Na sua última deslocação de março, Seguro reuniu com mais de duas dezenas de per-sonalidades da vida cultural do Porto e do país.No debate com os agentes cul-turais foram abordadas diver-sas questões como a necessida-de de ter políticas e linhas cul-turais bem definidas, ensino artístico profissional, forma-ção nas escolas para as artes, cultura como agente criador de emprego.A lei do mecenato e o seu aces-so, excessivo centralismo e bu-rocracias do Estado que impe-dem a criação artística, finan-ciamento público nas artes, fundos comunitários e a auto-nomia artística dos museus e teatros nacionais e descentra-lização das artes, foram ou-tras das matérias abordadas no debate, no qual foi unânime a ideia de ter uma política cultu-ral estável, independentemen-te das legislaturas. ^

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Xi conGresso Da corrente sinDicaL sociaLista Da cGtP

um novo impulso sindical na luta contra a direita“Pelo Estado Social, combater a direita” foi o lema do Xi Congresso da Corrente Sindical Socialista da CGTP, nos dias 18 e 19 de maio, em lisboa, que contou com a presença na sessão de encerramento do dirigente socialista miguel laranjeiro. J. C. Castelo branCo

Na sua intervenção, o secretá-rio nacional do PS para a Or-ganização, Miguel Laranjeiro, afirmou que o atual Governo tem como uma das suas priori-dades “o ataque ideológico con-tra o factor trabalho, contra o sindicalismo, contra os direitos dos trabalhadores”, enquan-to o PS considera que “o mo-vimento sindical é fundamen-tal e estará sempre a favor do mundo do trabalho e ao lado dos que lutam contra a políti-ca de medo imposta pela direi-ta no poder”.Na sua intervenção, o dirigen-te socialista mostrou-se indig-nado com o facto de o Governo estar isolado na recusa de au-mento do salário mínimo nacio-nal. “Como é possível que todos os parceiros sociais estejam de acordo quanto à necessidade de acordo para aumentar o salário mínimo e só o Governo de direi-ta esteja contra esta proposta?”, perguntou. Miguel Laranjeiro recordou que

“esta política de austeridade” está a ter os resultados que o PS vem avisando desde há dois anos, com uma “crise social e económica gravíssima”, defen-dendo que é preciso “uma no-va política que aposte no cresci-mento e no emprego”.

direita unida contra os trabalhadoresAntes, o reeleito secretário-ge-ral da Corrente Sindical Socia-lista da CGTP, Carlos Trindade, começou por afirmar que o Con-gresso decorreu “num momen-to muito especial”, já que, fri-sou, “temos um Governo e um Presidente de direita em total harmonia e na Europa há uma maioria de governos de direita. Todos com uma estratégia de fazer recuar os direitos dos tra-balhadores e de ataque ao Esta-do Social”.Neste cenário de ataque ao Es-tado Social pela direita neoli-beral portuguesa e europeia, o líder da Corrente defendeu

que “é preciso muita luta so-cial, política e sindical de todos os que estão contra as políticas que levam a mais exploração e empobrecimento”.Carlos Trindade disse ainda que a “luta que travamos tem três dimensões: dentro da CGTP pe-la autonomia sindical, contra o sectarismo; na tendência sindi-cal socialista, para que o movi-mento sindical tenha uma pala-vra cada vez mais importante; e no plano nacional em defesa do Estado Social, contra a direita”.E tudo isto, sublinhou, tendo como horizonte “um país com mais bem-estar e justiça social”.

unidade sindicalNa sessão de encerramento, in-terveio ainda o líder da Tendên-cia Sindical Socialista e da UGT, Carlos Silva, que fez um discur-so empolgante de ataque à “po-lítica de tragédia” do atual Go-verno num país “dominado pelo capitalismo selvagem” e ape-lou à unidade na acção das duas

centrais sindicais.“Não concebo que as duas cen-trais estejam há dois anos de costas voltadas. É preciso que as duas centrais se entendam procurando a unidade e conver-gência. Temos de nos entender para arranjar formas de respon-der a esta tragédia social”, disse.“Eu não me conformo com o discurso do empobrecimento, da miséria e da desigualdade”, afirmou, acrescentando que es-tamos perante um Governo que “passou para além da dignidade e da democracia”.Carlos Silva afirmou ainda que “temos de dizer não curto e grosso” à intenção de Executi-vo de direita de eliminar 30 mil postos de trabalho na Adminis-tração Pública.Reinhard Naumann, da Funda-ção Friedrich Ebert, conside-rou “um grande feito” o traba-lho desenvolvido nos últimos 15 anos pelos sindicalistas so-cialistas da central da Vítor Cor-don. “A corrente cresceu e con-

quistou o respeito dentro do PS e na CGTP”, disse.E defendeu que “os socialistas na CGTP têm de se organizar ainda melhor para dar resposta à tentativa de instrumentaliza-ção da central pelo PCP”.

Combater a cegueira neoliberalJá o secretário-geral da JS, João Torres, defendeu que “va-lorizar o sindicalismo é mais atual do que nunca, é evocar os avanços civilizacionais no que respeita aos direitos dos trabalhadores”.E considerou que numa altura em que “a direita destrói os teci-dos económicos e sociais e pro-move a perda contínua de di-reitos laborais, urge unir esfor-ços para combater esta cegueira neoliberal”.João Torres disse ainda que po-dem contar com a JS para “os desafios do futuro. Juntos, con-seguiremos rasgar novos hori-zontes para Portugal”.

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a incrível e triste história de Cândida eréndira e da sua desalmada avóGabriel García Márquez

Bem ao estilo de Gabriel García Már-quez, este livro reúne sete histórias má-gicas que refletem a cultura sul-ameri-cana. As primeiras, um conjunto de seis contos fantásticos onde se misturam acontecimentos surreais e detalhes do quotidiano, contam-nos as alterações so-fridas por pequenas e pobres povoações após estranhos acontecimentos que mu-dam a vida de todos os habitantes. A úl-tima, a novela curta que dá título ao li-vro, conta a história de Eréndira, uma adolescente obrigada a prostituir-se pela própria avó para a recompensar das per-das decorrentes de um incêndio aciden-tal - um bizarro mas poderoso exemplo do realismo mágico de “Gabo”.

o que resta da esquerdaNick Cohen

Do acutilante jornalista Nick Cohen, esta obra é uma poderosa e irreverente disse-cação das agonias e compromissos da cor-rente de pensamento da esquerda liberal. Cohen vem da esquerda e em criança via a mãe escrutinar as prateleiras do supermer-cado à procura de sumo de limão politica-mente correto. Quando, com 13 anos, des-cobriu que a sua querida e preferida pro-fessora de Inglês votava nos conservadores quase caiu da cadeira: “Para se ser bom, ti-nha que se ser de esquerda.” Hoje, à me-dida que enumera absurdos, Cohen pe-de-nos que reconsideremos o que signifi-ca ser de esquerda nestes tempos turvos e confusos. Reclamando o regresso dos valo-res da democracia e da solidariedade que uniram um movimento que lutou contra o fascismo e perguntando o que resta afinal da esquerda?

baudolinoUmberto Eco

Na zona do baixo Piemonte onde, anos depois, virá a surgir Alexandria, Baudo-lino, um pequeno camponês fantasioso e aldrabão conquista o imperador Frederi-co Barbarroxa e torna-se seu filho adoti-vo. Baudolino vai fabulando e inventan-do mas, quase por milagre, tudo o que imagina produz História. Entre outras coisas, constrói a mítica epístola do Pres-tes João, que prometia ao Ocidente um reino fabuloso, no longínquo Oriente, governado por um rei cristão, que aba-lou a fantasia de muitos viajantes suces-sivos, incluindo Marco Polo… Assim, a partir do imaginário do seu protagonis-ta, Eco cria uma narração leve e hilarian-te, em que nada é absurdo, que narra os acontecimentos históricos como aventu-ras de um grande romance picaresco.

inteligência emocionalDaniel Goleman

O psicólogo que durante muitos anos trabalhou para a secção sobre ciências comportamentais e do cérebro do “New York Times”, Daniel Goleman, serve--nos de guia numa jornada através da visão científica das emoções de alguns dos mais confusos momentos das nos-sas próprias vidas e o mundo que nos ro-deia. O fim da jornada é compreender o que significa trazer inteligência à emo-ção, e como fazê-lo porque se as nossas paixões, quando bem exercidas, têm sa-bedoria, guiam o nosso pensamento, os nossos valores e a nossa sobrevivência, também podem facilmente desgovernar--se e fazem-no com frequência.

Um liVro Por SEmaNaSUGESTõES DE iSabEl CoUTiNho

a nova ordem internacional e a Crise europeiaA Fundação Mário Soares, em Lisboa, foi palco, no passado dia 17 de abril, da sessão de lan-çamento do ensaio “A nova or-dem internacional e a crise eu-ropeia – O neoliberalismo pode ser um totalitarismo?”, do juiz conselheiro José Maria Rodri-gues da Silva.Ao longo de 170 páginas, o au-tor questiona-se sobre as ver-dadeiras causas da crise que vivemos, inquirindo se esta se deve à ordem interna ou à internacional.Se acreditarmos no discurso po-litico partidário mediático, re-fere, “deve-se à ordem interna”.Critica Rodrigues da Silva que “a dialética da crise parece esgo-tar-se no combate ao défice. Na glorificação ou maldição da aus-teridade, no pinguepongue da culpa – a culpa foi de Sócrates versus a culpa é de Passos Coe-lho – e na inculpação dos por-tugueses que terão vivido acima das suas possibilidades”.

Mas, pergunta: “A culpa não se-rá também dos mercados finan-ceiros, que abusaram da sua condição de financiadores ex-clusivos dos estados exigindo--lhes juros elevadíssimos?”E lembra que há décadas os Es-tados se financiavam junto dos seus bancos centrais e não jun-to dos mercados financeiros on-de predominam os fundos sobe-ranos dos Estados exportadores de petróleo.Então, volta a questionar: Por-quê a mutação?Segundo o juiz conselheiro, os mercados financeiros são os principais atores da nova or-dem internacional, na econo-mia global neoliberal, que tem tudo para ser um totalitarismo dos “donos do mundo”.Foi para chamar atenção do lei-tor para a estreita relação que os liga que deu a este ensaio o título de “A Nova Ordem Inter-nacional e a Crise Europeia”, vincando a ideia segundo a qual

o neoliberalismo global não foi criado para os pequenos Esta-dos que, para se defenderem, aderiram a organizações regio-nais, criadas para serem uma resposta à globalização.“Infelizmente, a União Euro-peia, dominada pela Alemanha de Merkel, adota políticas mo-netaristas que visam a redução radical do défice e exige aos Es-tados em dificuldades orçamen-tos de grande austeridade que levam ao agravamento da dívi-da e à destruição da economia”.Neste livro-ensaio José Ma-ria Rodrigues da Silva aponta o que fazer: no plano da globali-zação, regular os mercados; no plano comunitário, lutar pela adoção de outras políticas; em geral, criar um projeto de futu-ro que dê sentido aos sacrifícios pedidos.“E se for necessário sair do eu-ro? Paciência, saímos embora a contragosto!”Imperdível! ^ M.R.

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o PoEma Da ViDa DE...

Vou-me embora pra PasárgadaLá sou amigo do reiLá tenho a mulher que eu queroNa cama que escolhereiVou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra PasárgadaAqui não sou felizLá a existência é uma aventuraDe tal modo inconsequenteQue Joana a Louca de EspanhaRainha e falsa dementeVem a ser contraparenteDa nora que nunca tive

E como farei ginásticaAndarei de bicicletaMontarei um burro braboSubirei no pau-de-seboTomarei banhos de mar!E quando estiver cansadoDeito na beira do rioMando chamar a mãe-d’aguaPra me contar as históriasQue no tempo de eu meninoRosa vinha me contarVou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudoÉ outra civilizaçãoTem um processo seguroDe impedir a concepçãoTem telefone automáticoTem alcalóide à vontadeTem prostitutas bonitasPara a gente namorar

E quando eu estiver mais tristeMas triste de não ter jeitoQuando de noite me derVontade de me matar– Lá sou amigo do rei –Terei a mulher que eu queroNa cama que escolhereiVou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora para PasárgadaManuel Bandeira

“Foi em nome deste Portugal renovado e moderno e do futuro das novas gerações que, há 39 anos, também Marques Júnior decidiu erguer-se, ao lado de outros jovens oficiais das Forças Armadas, para mudar o nosso destino, para nos resgatar um destino de liberdade”

joana.lima.9615

reCordar MarQues Júnior É FesteJar abril

Joana Lima

recordar hoje antónio alves marques Júnior, quando festeja-mos as conquistas de abril, é recordar um homem de causas, é homenagear um dos capitães de abril, um dos protagonistas

responsáveis pelo golpe de Estado de 25 de abril de 1974, que abriu novos mundos a Portugal.

Nesse dia, o povo saiu à rua e sonhou um país diferente, livre e demo-crático, um Portugal mais justo e solidário, uma nação mais desen-volvida em que a riqueza fosse melhor distribuída.

Foi em nome deste Portugal renovado e moderno e do futuro das novas gerações que, há 39 anos, também marques Júnior decidiu erguer-se, ao lado de outros jovens oficiais das Forças armadas, para mudar o nosso destino, para nos resgatar um destino de liberdade

hoje relembro com emoção os anos em que convivi com ele, des-cobrindo-o como um homem franco, lúcido, frontal e transparente, como uma personalidade de referência nacional, a que juntou sempre um coração aberto, generoso e afável.

Teve sempre uma forma de estar que cultivava o apoio a quem mais precisava, em que prezava o que é essencial, que é afinal o relaciona-mento humano e a sua insubstituível riqueza.

Foi ao longo da vida uma figura intensamente dedicada ao serviço público, com um profundo empenho e entusiamo que eu própria pude testemunhar, quando dividimos o gabinete durante quatro anos, na assembleia da república, período em que compartilhámos saudosos e agradáveis momentos de reflexão e de debate de ideias.

acompanhou-me assim, numa etapa crucial da minha vida e o seu exemplo, a sua simplicidade e generosidade marcaram a forma como encaro a política e o serviço público, e será sempre com respeito, re-conhecimento e agradecimento que o recordarei.

Com o seu desaparecimento, os portugueses perderam um patriota comprometido com a defesa dos valores da liberdade, da democracia e da justiça social.

Por isso, evocando a memória de marques Júnior, celebramos a es-perança dos que acreditaram e concretizamos enfim, a homenagem que se impõe e que lhe é devida, e que injustamente não lhe foi con-cedida em vida, principalmente pelo Partido Socialista, a quem tanto se dedicou, mas também pelo país que sempre defendeu.

É, pois tempo, de Portugal lhe reservar na história, o lugar que real-mente merece, e que é seu por direito. ^

os últimos Presos do estado novoCom a chancela da Oficina do Livro (LeYa), chegou, no dia 23 de abril, às prateleiras das livrarias a obra assinada pela jornalista do “Expresso” Joa-na Pereira Bastos: “Os últi-mos Presos do Estado Novo”.Apresentado por Manuel Ale-gre, o livro pretende comba-ter “um branqueamento da violência e do grau de sofisti-cação dos métodos da PIDE”, procurando assim “contrariar a tese de que a queda da di-tadura se deveu unicamente a um grupo de capitães” e de que a polícia do Estado Novo “era relativamente branda” na sua ação.Nas palavras da autora, a obra expõe o testemunho dos ho-mens e mulheres que sofre-ram na pele a brutalidade da PIDE enquanto, lá fora, a re-volução era preparada.Joana Bastos relata que a PI-DE recebeu formação da Ale-manha e dos Estados Uni-dos sobre técnicas de tortura a aplicar aos presos políticos durante o Estado Novo e que depois de uma curta “Prima-vera Marcelista”, o país as-

sistiu a uma escala-da da repressão con-tra os portugueses que enfrentavam a ditadura.Entre 1973 e 1974, refere o texto, mais de 500 pessoas, per-tencentes a vários movimentos po-líticos e oriundos de diferentes clas-ses sociais, do ope-rariado à alta bur-guesia, foram pre-sas e violentadas pela PIDE.No forte de Caxias, os presos eram sujeitos às mais sofisti-cadas formas de tortura, ensi-nadas à polícia política portu-guesa pela CIA.Depois de meses de sofrimen-to, os homens e mulheres en-carcerados em Caxias enfren-taram momentos de angústia e incerteza quando souberam que houvera um golpe militar em Lisboa – seria um golpe da esquerda ou, tal como aconte-cera pouco antes no Chile, da direita radical?Detrás das grades, privados

de infor-mação credível, os prisionei-ros enfrentaram essa dúvida insuportável durante horas a fio. Alguns temeram pela pró-pria vida, esperando que um pelotão de fuzilamento os viesse buscar às celas.Sofrendo até ao fim, os últi-mos presos políticos do Esta-do Novo só conheceram a li-berdade na madrugada de 27 de abril de 1974 – dois dias depois da Revolução que aca-bou com 48 anos de ditadura.A não perder! ^ M.R.

Maria antónia alMeida santos

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diretor marcos Sá // conselho editorial Joel hasse Ferreira, Carlos Petronilho oliveira, Paula Esteves, Paulo Noguês // chefe de redação Paulo Ferreira // redação J.C. Castelo branco, mary rodrigues, rui Solano de almeida // colunistas permanentes maria de belém presideNte do ps, Vasco Cordeiro presideNte do ps açores, Victor Freitas presideNte do ps madeira, Carlos zorrinho presideNte do grupo parlameNtar do ps, rui Solheiro presideNte da aNa ps, Ferro rodrigues deputado, Catarina marcelino presideNte das mulheres socialistas, João Proença teNdêNcia siNdical socialista, Jamila madeira secretariado NacioNal, Eurico Dias secretariado NacioNal, álvaro beleza secretariado NacioNal, João Torres secretário-geral da juveNtude socialista // secretariado ana maria Santos // layout, paginação e edição internet Gabinete de Comunicação do Partido Socialista - Francisco Sandoval // redação, administração e expedição Partido Socialista, largo do rato 2, 1269-143 lisboa; Telefone 21 382 20 00, Fax 21 382 20 33 // [email protected] // depósito legal 21339/88 // issn 0871-102Ximpressão Grafedisport - impressão e artes Gráficas, Sa

Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos autores. O “Acção Socialista“ já adotou as normas do novo Acordo Ortográfico.

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fotoGrafias com HistÓria

25 de abril 1974Uma foto que ilustra o que se passou no 25 de abril. Um chaimite com militares do mFa nas ruas de lisboa fazem o V da vitória, enquanto nas paredes um cartaz da acção Nacional Popular com marcello Caetano, que nesse dia deixava de ser o último presidente do Conselho da ditadura. ^ J.C.C.b.

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nunca houve tanto desemprego em Portugal“Este é o Governo que tem ma-nifestado uma insensibilidade social gritante”, disse o dirigen-te nacional do PS, Miguel Laran-jeiro, perante os milhares de tra-balhadores que participaram nas comemorações do 1º de maio or-ganizadas pela UGT, em Lisboa.Para Laranjeiro, que se encon-trava acompanhado de João Ri-beiro, Álvaro Beleza e Jamila Madeira, o país depara-se ho-je com um primeiro-ministro “desligado da realidade e inca-paz de apresentar soluções”, apontando o desemprego his-tórico, entre outros, como um dos exemplos da incompetên-cia e impreparação do Executi-vo PSD-CDS.As taxas de desemprego, salien-tou, são “absolutamente catas-tróficas”, ultrapassando, como lembrou, um milhão de portu-gueses sem emprego, sendo que metade “não têm qualquer tipo de apoio social” uma situação que para Migue Laranjeiro “está a levar ao caos social e ao deses-pero de milhares de famílias”.Não é com medidas de auste-ridade no valor de seis mil mi-lhões de euros que o Governo se prepara para apresentar, que o país poderá enfrentar este

flagelo social, garantindo que para os socialistas, ao contrá-rio do Governo, a prioridade é o emprego que deverá ser con-

substanciado por medidas al-cançadas através de uma con-certação estratégica com todos os parceiros. ^ R.S.A.

40 anos de Partido soCialistaUm almoço entre António José Seguro e Mário Soa-res na sede nacional do PS e um jantar em Coimbra assi-nalaram no passado dia 19 de abril os 40 anos da fun-dação do PS na cidade alemã de Munstereifel.Muitos foram os fundadores do PS que estiveram presen-tes neste jantar, juntando-se aos mais de mil militantes e simpatizantes que esgo-taram por completo o pavi-lhão do Olivais, na cidade do Mondego.Na azáfama de um jantar muito concorrido, no meio de intervenções de atuais e ex-dirigentes, de muitas conversas entre camaradas e de muitos cumprimentos, fomos ouvir alguns dos fun-dadores do PS, do que pen-sam sobre o 25 de Abril de 1974, do papel desempenha-do pelo partido nestes 39 anos de democracia e do que pensam sobre o futuro do PS. As entrevistas já estão no nosso site e no Youtube. Aqui, queremos apenas dei-xar algumas das frases di-tas por cada um dos nossos fundadores.

ANTóNIO COIMBRA MARTINS “O 25 de Abril representou o fim de um regime aberrante”CAROLINA TITO de MORAIS “O PS é o grande partido obreiro da democracia em Portugal”FeRNANdO ANTuNeS COSTA “O nosso partido desbravou os caminhos da liberdade”JOAQuIM dA SILVeIRA “O Serviço Nacional de Saúde e a liberdade política são duas das mais fortes bandeiras do PS”ANTóNIO ARNAuT “Foi o PS que criou o SNS, o Rendimento Social de Inserção, que fez a grande reforma da Segurança Social, introduziu os cuidados continuados e valorizou a escola pública”ANTóNIO PeReIRA “Mantenho-me fiel aos princípios que me levaram a aderir ao PS”ARONS de CARVALHO “Somos o partido mais marcante e influente da democracia portuguesa”JOSÉ LeITãO “ A fundação do PS em 1973 foi sobretudo um ato de lucidez”

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N.o 1377 diretor marcos sáabril/maio 2013

SUPLEMENTO

novos órgãos internos ps

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Mesa

presidente

Maria de Belém Roseira

vice-presidenteFernando Moniz

vice-presidenteJoão Azevedo

secretários

Eduardo VitorJosé Miguel MedeirosLurdes CastanheiraPaula Barros

MeMbros

Acácio PintoAdélia MelgoAfonso CandalÁlamo MenezesAlexandra Tavares MouraAlexandre SargentoÁlvaro BemAmadeu PortilhaAmílcar RomanoAna Catarina MendesAna GomesAna Maria RochaAna Maria SilvaAna PassosAna Paula VitorinoAna PereiraAna Susana SantosAndré FerreiraÂngela Pinto CorreiaAníbal Reis CostaAntónio BorgesAntónio BragaAntónio CostaAntónio Fonseca FerreiraAntónio João ParedesAntónio LeiteAntónio Luís LopesAntónio Matos PereiraAntónio MendesAntónio ParadaAntónio RodriguesAntónio Santinho PachecoAntónio Sotero FerreiraArmando PaulinoArménio MartinsArménio ToscanoArmindo AbreuArtur CascarejoArtur PenedosAvelino OliveiraBernardo TrindadeBrigite BazengaBruno VelosoCândida SerapicosCapoulas SantosCarla SousaCarla TavaresCarlos Casteleiro AlvesCarlos CésarCarlos CidadeCarlos MiguelCarlos Trindade

Carlos ZorrinhoCastro FernandesCatarina MarcelinoCélia PessegueiroClara QuentalClaudia LeitãoConceição Casa NovaCristina FigueiredoCristina JesusDalila AraújoDaniel LimaDavide AmadoDiniz CostaDomingos PereiraEdite EstrelaEduardo BragançaEduardo CabritaEduardo Vítor RodriguesEgídia MartinsElisa MadureiraElza PaisEma GonçaloEmanuel Jardim FernandesErica TelesEsmeralda SoutoEurídice PereiraFernanda AsseiceiraFernanda Gaia PintoFernando AnastácioFernando CabralFernando CerqueiraFernando JesusFernando José GomesFernando LopesFernando MedinaFernando Paulo FerreiraFernando RodriguesFilipe Neto BrandãoFlorbela FernandesFrancisco AssisFrancisco CésarFrancisco RibeiroGonçalo RochaGraça FonsecaHelena CardosoHortense MartinsHugo FerreiraHugo MartinsHugo XambreIdalina TrindadeInês DrummondIrene LopesIsaura MartinhoJacinto SerrãoJoana LimaJoão CunhaJoão GalambaJoão GouveiaJoão NunesJoão Paulo CatarinoJoão Paulo CorreiaJoão PinaJoão ReigotaJoão SequeiraJoão SoaresJoão Tiago HenriquesJoão Tiago SilveiraJoaquim BarretoJoaquim CoutoJoel Hasse FerreiraJorge BotelhoJorge Catarino

Jorge DantasJorge GonçalvesJorge RatoJorge Strecht RibeiroJosé AbraãoJosé AiresJosé Carlos PereiraJosé Carlos Reis CamposJosé Carlos San BentoJosé ContenteJosé FateixaJosé IgrejaJosé JunqueiroJosé Luís CarneiroJosé Luís CatarinoJosé Manuel CustódioJosé Manuel RibeiroJosé Maria CostaJosé Miguel MedeirosJosé MotaJosé Pedro MachadoJosé RibeiroJosé Rosa do EgiptoJosé Rui CruzJosélia CunhaLúcia LopesLúcia SilvaLucinda FonsecaLuís AntunesLuís CaritoLuís CatarinoLuís FerreiraLuísa SalgueiroLurdes CastanheiraMª Antónia Almeida SantosMª Céu AlbuquerqueManuel ClaroManuel LageManuel PizarroManuel SantosManuel SeabraMarco MartinsMarcos PerestrelloMargarida FreitasMaria Helena LimaMaria José GamboaMaria José GonçalvesMaria Luísa Dias GomesMaria Lurdes RuivoMaria Luz RosinhaMaria Manuela AugustoMaria Rosalina SantosMaria Salomé RafaelMaria Teresa AlmeidaMaria Teresa FernandesMário MourãoMarisa MacedoMarisabel Santos MoutelaMiguel AlvesMiguel CabritaMiguel CoelhoMiguel FreitasMiguel GinestalMiguel TeixeiraMiranda CalhaMota AndradeNathalie OliveiraNuno MoitaNuno SáOdete AlexandreOdete JoãoOlga Marques

Orlando GasparÓscar GasparPalmira MacielPaula AlvesPaula BarrosPaula Cristina DuartePaula Cristina OliveiraPaula EstevesPaulina Lira FernandesPaulo AlbernazPaulo CamposPaulo LopesPaulo NevesPaulo PereiraPaulo PiscoPaulo Sérgio BarbosaPaulo ValérioPaulo ViegasPedro CegonhoPedro Delgado AlvesPedro FarmhousePedro MarquesPedro Silva PereiraRicardo BarrosRicardo BexigaRicardo GonçalvesRicardo LeãoRicardo RodriguesRita MadeiraRui GriloRui MarqueiroRui PereiraRui RisoRui TerrosoRui VieiraSamuel CruzSandra AlmeidaSandra LameirasSérgio SantosSérgio Sousa PintoSílvia AndrezSilvino LúcioSónia FertuzinhosSónia NicolauSusana CorreiaTeresa DamásioValter LemosVassalo AbreuVieira da SilvaVitalino CanasVítor BatistaVítor Prada PereiraVítor SousaWalter ChicharroWanda GuimarãesZizina Moreira

Catarina LoboCarlos MadeiraAndré CaldasElsa TeigãoJorge CristinoJosé NicolauMaria da LuzDaniel LopesNélson BritoMaria Manuela NetoMiguel FontesPedro TomásCarla Costa TavaresRui VazMiguel Nascimento

coMissão nacionalsecretário-geralantónio José seguro

presidenteMaria de beléM roseira

presidente honorárioantónio de alMeida santos

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Margarida AfonsoJosé PaivaRenato AlvesMª Fernanda AraújoJosé Ribeiro NunesFernando CabodeiraHelena RebeloJosé LagiosaJoão Alberto Martins SobralCátia RosasPatrocínio AzevedoSérgio MonteMargarida MotaJoão MassanoLuís AzinheiraMaria Lídia ValeFrancisco RoloNobre dos SantosFátima RochaJosé TunesMarco FerreiraAna Isabel CorreiaJosé IglésiasLuís Filipe FernandesJosélia GonçalvesPaulo FerreiraAfonso AbrantesAdelina OrtigaDiogo CarvalhedaAgostinho Sousa PintoFilomena VenturaAlexandre AlmeidaRicardo FerreiraMaria Rosa OliveiraManuel MendesLuís Filipe AraújoRosa Freitas DuarteJoão Nunes SilvaFernando RamosDulce RamosCarlos BrazCarlos PereiraLurdes MiraNuno CruzAlfredo Carvalho TeixeiraArminda Oliveira MartinsAntero GasparMário CarvalhoPatrícia MonteFrancisco GiroJosé Pedro AmaralCristina SousaOrlando Soares GasparJoaquim BanhaMaria Dulce PereiraAlberto MesquitaManuel SaraivaMaria LourdesPaulo AntunesJoão Pedro TrovãoEstela CarneiroLuís Pedro MartinsAmérico RibeiroSofia Oliveira DiasLuís ParreirãoCarlos PortelaFrancisca ParreiraAdérito PiresPires da SilvaSandra PontedeiraTeixeira de SousaMiguel Pinto

Sílvia Cristina SantosJosé Fernando MoreiraLuís Filipe ReisRosalina VenâncioLuís ReisGaspar SantosCarina CâmaraJosé Carlos AlmeidaVítor CunhaAna Amélia CarvalhoAndré Fonseca SilvaMário Rui SilvaOlga NunesPaulo BernardoJosé PrataMafalda GonçalvesPedro DuarteNuno Miguel BartoloLurdes CunhaAugusto Henrique DominguesAntónio QuintasMaria José ArcosLuís RothesMárcio CorreiaMargarida AlfamaMicael CardosoNuno AlmeidaMaria José AzevedoPaulo César TeixeiraAntónio VilhenaAna Paula NogueiraAlbano António SantosMarco LeitãoAna Rosa GomesPaulo CarvalhoJuvenal SilvestreIsabel RodriguesJosé GraçaMiguel GamaSónia VieiraJaime LeandroSalvador Pereira SantosLurdes PeriquitoJorge Martins JesusBarbara BastoMiguel RamosAlfredo SousaMaria Olimpia RodriguesAndré RijoOrlando RodriguesCristina Maria MendesNuno DiasArtur Eduardo BorgesElvira TristãoAlfredo BarrosAntónio LouroSandra FortunaFernando FernandesJosé NogueiraMiriam Mills MascarenhasCarlos BatistaPaulo SilvaCláudia MirandaNuno LinharesMarco CardosoSuzel SilvaAvelino ConceiçãoLúcio FerreiraMaria José BatistaNuno LeitãoIvo Vale NevesMaria Leonor Ferreira

Mário BalsaCipriano CastroMaria Conceição LoureiroJorge BarrosoÂngelo SáMaria Céu LouroNuno CardosoJoão CastroVanda CarmoAlberto VasconcelosHélder GonçalvesCélia BritoPaulo RibeiroHélder Rui Matias RebeloMaria Ivone Costa AbreuHenrique António Castro SáAmândio SilvaDaniela LimaLuís CavacoVanessa PortoCarla Patrícia Marques SilvaJoaquim SilvaFernando OliveiraPatrocínia Vale CésarHerlander IsidoroAntónio MarreirosCatarina BeselgaJosé Alexandre Caldas RibeiroArménio CasalMaria do Céu AleixoAntónio AlvesMicael CamachoMaria Adelaide SousaBruno FerreiraSérgio AbreuGraça VazAntónio AlexandreDelfim AzevedoFátima PiresCarlos CatalãoRolando PimentaMara LagriminhaAntónio PaisJosé FerreiraNádia PereiraRui FreitasRodrigo OliveiraMaria Fernanda MacedoNuno FonsecaAntónio BrazAlcina MeirelesJosé TeixeiraLuís Gonzaga RodriguesLicínia AscensãoFernando Benjamim MartinsRenato LoureiroBarbara Cristiana PinhoArtur BragaVítor TavaresIsabel AndradeAbel GonçalvesHugo VieiraIsabel CarvalhoDiogo RodriguesRaul SilvaMaura CostaDavide MurtaJosé GonçalvesAna Carla SilvaIdalina RosárioCarla Massano

António CostaAfonso CandalAna Catarina MendesAntónio BorgesAntónio BragaAna Paula VitorinoAntónio Fonseca FerreiraCapoulas Santos Edite EstrelaCarlos CésarCarlos Filipe CameloHortense MartinsCarlos TeixeiraDomingos BragançaInês DrummondDomingos PereiraDuarte Cordeiro Isabel RaminhasFilipe Neto BrandãoHenrique FerreiraIsilda GomesJaime LeandroJoão Paulo PedrosaJoana Lima João SoaresJorge RisoLuísa SalgueiroJorge Strecht RibeiroJosé Abraão Lurdes CastanheiraJosé ContenteJosé Junqueiro Mafalda GonçalvesJosé Manuel RibeiroJosé Vera Jardim Maria Antónia Almeida SantosManuel dos SantosManuel PizarroMaria da Luz RosinhaManuel SeabraMarcos PerestrelloMaria Helena André Mário Almeida Mesquita MachadoMaria Salomé Rafael Miguel Ginestal Miguel TeixeiraMariana FrancoMiranda Calha Mota AndradeNatividade CoelhoOscar GasparPaulo FonsecaPaula Cristina DuartePedro Silva Pereira Rui Paulo FigueiredoPaula Nobre de Deus Rui RisoSérgio Sousa PintoRosa Maria Albernaz Vieira da Silva Vitor BaptistaRosalina MartinsVitor Ramalho Teresa Pedrosa

suplentes

Carla TavaresAntónio ParadaJoão GouveiaRita MendesRicardo BexigaRicardo LeãoMaria Teresa AlmeidaMarcelo MonizPedro RibeiroMaria de Lurdes RuivoLuis CatarinoCastro FernandesHelena DominguesRui PereiraJoaquim CoutoCarla MadeiraAlberto SoutoRicardo GonçalvesTeresa CoelhoOrlando Soares GasparJoão Tiago SilveiraNatalie OliveiraJosé PontesAntónio MendesAna Maria FerreiraJosé Apolinário Carlos LuísDora CruzLuis AntunesAntónio LeiteConceição CasanovaFrancisco CésarFernando MartinhoDalila AraújoLuis CaritoJoão PortugalAna Paula CostaCorreia da Luz Jorge CatarinoPalmira MacielAires FerreiraJosé Rui CruzSofia Oliveira DiasAcácio PintoJosé FateixaRita NevesJosé Pedro MachadoJoão CunhaAna CoutoJoão Paulo CorreiaLuis BernardoMaria BegonhaFernando CostaTeresa GagoJosé LagiosaCátia RodriguesManuel Oliveira Gertrudes MarçalFrancisco RochaMaria Cândida Cavaleiro MadeiraLuis Filipe AraújoAldemira PinhoJosé ArrudaMarisabel MoutelaNuno Ferreira da Silva

coMissão nacional coMissão polÍtica nacional

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secção

antónio José seguroSecretário-geral

alberto Martins

eurico dias

Francisco assis

idália serrão

JaMila Madeira

João proença

João ribeiro

Jorge lacão

Maria aMélia antunes

Miguel laranJeiro

rui solheiro

adJuntos

álvaro beleza

antónio galaMba

João serrano

JoaquiM raposo

Jorge seguro sanches

sónia sanFona

susana aMador

secretariado nacionalcoMissão nacional de Fiscalização econóMica e Financeira Domingues Azevedo Armindo Jacinto Alzira Henriques Pedro Malta Agostinho Gonçalves Ana Elisa Santos João Duarte Cruz Henrique Margarido La Sallete Marques José Arruda Pedro Caetano Rosa Fonseca Hermenegildo Galante

coMissão nacional de Jurisdição

António Ramos PretoAntónio Reis Telma Correia Vítor Pereira José Ferreira da Silva Cristina Bento Ricardo Saldanha Luís Filipe Pereira Anabela Estanqueiro Pedro Cabeça Hélder Ribeiro Sónia Bastos André Viveiros Isabel Raminhos Anabela Freitas

director do acção socialista

Marcos Sá

director do portugal socialista

Luis Pita Ameixa

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FICHATÉCNICA

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AtuAlidAdeNº 90 | MAIO 2013 | 4

Saúde sexual e reprodutiva edite estrela O que se entende por saúde sexual e reprodutiva? De acordo com a Or-

ganização Mundial de Saúde (OMS), no conceito de saúde reprodutiva, está implícito o direito de homens e mulhe-res decidirem se, quando e com que frequência devem ter filhos. E também o direito de acesso aos métodos de re-gulação da fertilidade da sua escolha, que devem ser eficazes, aceitáveis e a preço reduzido. E ainda o acesso a cuidados de saúde que permitam às mulheres ter uma gravidez e um par-to sem risco “e que proporcionem aos casais a melhor oportunidade de terem uma criança feliz”. Segundo a OMS, a saúde sexual implica que “os serviços de saúde a nível sexual devam centrar--se no enriquecimento da vida e das re-lações sexuais e não apenas no aconse-lhamento e nos cuidados relacionados com a procriação ou as doenças sexual-

mente transmissíveis”.As Conferências das Nações Unidas sobre a População e o Desenvolvimen-to (Cairo, 1994) e sobre as Mulheres (Pequim, 1995) marcam uma viragem nos modos de conceber a sexualidade e a reprodução. Antes, eram encaradas exclusivamente numa perspetiva de crescimento populacional e de políticas demográficas. Depois, passaram a ser consideradas na ótica dos direitos hu-manos. O planeamento familiar passou a conjugar os seguintes fatores: garan-tia de educação sexual; disponibilidade de serviços de planeamento familiar; disponibilidade de métodos de contra-ceção seguros e fiáveis e medidas ade-quadas e gratuitas de regulação volun-tária da fertilidade, em defesa da saúde e do bem-estar de todos os membros da família.O discurso político está centrado na crise e no programa de austeridade. As pessoas, por influência e por medo, con-formam-se com a perda de direitos para conservarem o emprego. Não é novidade

que a crise está a ser usada como álibi para alguns governos desinvestirem nas políticas sociais e reduzirem os direitos sociais e até os direitos humanos. O que representa um intolerável retrocesso civilizacional. Tais atropelos aos funda-mentos do projeto europeu e ao acquis comunitário devem ser denunciados. Na minha qualidade de relatora do Parla-mento Europeu (PE) do relatório “sobre direitos em matéria de saúde sexual e reprodutiva”, vou apresentar propostas para que essas situações sejam preve-nidas e corrigidas. Nos primeiros dias de maio, uma dele-gação da Comissão dos direitos da mu-lher e igualdade de género do PE esteve no nosso país para avaliar o impacte da crise e das medidas de austeridade na situação das mulheres. Durante dois dias, encontrámo-nos com membros do governo, deputados dos diferentes par-tidos, presidentes da CIG e da CITE e várias ONG. Foi-nos dito que há mulhe-res que não gozam a licença de mater-nidade com receio de perderem o posto

de trabalho. E que mulheres grávidas, puérperas e lactantes são despedidas sem qualquer subsídio suplementar. Tendo Portugal uma das mais baixas taxas de natalidade do mundo, é neces-sário criar condições para que os portu-gueses tenham os filhos que desejam e não serem penalizados quando decidem contribuir para o rejuvenescimento da população. No atual contexto, receio que as desi-gualdades na saúde se acentuem e que os jovens (os que não emigrarem) fi-quem também neste domínio entregues a si próprios, sem informação adequa-da nem educação sexual e sem acesso a serviços relacionados com a saúde sexual e reprodutiva. Um eventual au-mento da gravidez na adolescência, de casos de SIDA e de outras doenças se-xualmente transmitidas vai ter segura-mente mais impacte no erário público que continuar a investir nas políticas preventivas. Está provado que prevenir é mais eficaz e menos dispendioso que remediar.

Primavera Árabe – ue deve ajudar a recuperar bens roubados

Ana Gomes Duraram décadas os regimes ditatoriais de Ben Ali na Tunísia, Muammar Qadhafi na

Líbia e Hosni Mubarak, no Egito. Déca-das de opressão e miséria para as popu-lações destes países, com os direitos e liberdades fundamentais violados por Estados que desviavam milhares de mi-lhões dos cofres públicos em proveito das cliques opressoras. Estes regimes usaram o enriquecimento ilícito, o abuso de poder e o branqueamento de capitais para fazer as fortunas das famílias que controlavam o Estado e dos seus servi-dores mais fiéis.Com a onda de revoluções no norte de África, a União Europeia aplicou sanções contra certas pessoas ou categorias de pessoas na Tunísia, Líbia e Egito, incluin-do o impedimento de acesso a ativos financeiros por elas detidos na União Europeia: os antigos ditadores e seus acólitos tinham, e ainda têm, milhares de milhões investidos em propriedades, fundos, companhias e fundações ou es-condidos em bancos nos países da União Europeia, na Suíça, nos EUA e em diver-sas outras jurisdições por esse mundo fora. Na transição histórica que enfrentam, os povos dos países da nossa vizinhança a sul esperam agora da Europa coerên-cia e cooperação para os ajudar a recu-

perar estes ativos, o que é tido como in-dispensável para o restabelecimento da dignidade nacional e para o vingar das próprias revoluções democráticas. Esta questão tornou-se primordial para o su-cesso das revoluções, na perspectiva dos povos e novas autoridades na orla sul do Mediterrâneo. Este é um desafio que definirá a parceria entre os gover-nos de transição destes países e a União Europeia. A União Europeia tem a obrigação mo-ral e legal de apoiar este processo de recuperação e tudo fazer para que este dinheiro volte aos cofres dos países de origem, a fim de beneficiar os cidadãos destes mesmos países. A devolução dos ativos terá também real importân-cia económica e social nos países da Primavera Árabe: a recuperação dessa riqueza é necessária para estabilizar e fazer crescer as economias e para criar emprego – a prioridade em países de pressão demográfica crescente, eles próprios também confrontados com o impacto desastroso da crise na Europa que faz retrair os tradicionais fluxos migratórios. Acresce que um dos maio-res desafios políticos do pós-Primavera Árabe decorre das exigências de justiça social e de transparência na administra-ção pública para erradicar a corrupção – a capacidade de recuperar os bens rou-bados é um teste à confiança popular na competência e idoneidade dos novos governantes.

Consciente disto, o Grupo dos Socialistas e Democratas (S&D) no Parlamento Eu-ropeu apoiou a minha iniciativa de organi-zar um Seminário sobre "A Recuperação de Bens nos Países da Primavera Árabe", que teve lugar em Bruxelas, em janeiro deste ano. Representantes dos governos tunisino, líbio e egípcio, e também da Suí-ça, assim como alguns peritos europeus, descreveram a escassez de competên-cias técnicas das entidades requerentes e a extrema complexidade de procedi-mentos legais com que se defrontavam na floresta de enquadramentos jurídicos distintos nos países da UE e na Suíça. Era muito difícil identificar e depois acionar os mecanismos legais e políticos para a devolução dos bens roubados, tanto mais que, frequentemente, associados locais dos alegados proprietários árabes ori-ginais aproveitavam-se da embrulhada para apresentar reclamações a parte ou à totalidade desses bens, ainda mais difi-cultando a sua recuperação. Constatou--se que só com vontade política clara na União Europeia e apoio técnico especia-lizado se facilitaria a comunicação entre instâncias judiciais e políticas interve-nientes e a se promoveria a transmissão de capacidades às entidades represen-tantes dos países requerentes da devo-lução dos ativos. Com o apoio de Hannes Swoboda, líder do grupo S&D, assumi as rédeas da prepara-ção de uma resolução do Parlamento Eu-ropeu sobre a recuperação de bens nos

países da primavera Árabe em transição, o que incluiu extensas consultas com o Enviado Especial para Região do Mediter-râneo Sul da UE, Bernardino Leon. A re-solução prevê o estabelecimento de um mecanismo da União Europeia que agru-pará peritos jurídicos e financeiros espe-cialistas na recuperação de bens, prove-nientes de vários países, para garantir assistência técnica e legal às autorida-des dos países da Primavera Árabe e fa-cilitar os seus esforços de recuperação. A resolução vai ser debatida e aprovada esta semana, em sessão plenária do PE.As parcerias estratégicas que a União Europeia pode agora estabelecer com estes vizinhos em transição vão ser decisivas para a sua influência política e para os seus interesses económicos, sociais, culturais e de segurança na re-gião. É crucial para a credibilidade da Europa que os governos e instituições políticas europeias sejam vistos como atores sérios, realmente empenhados na devolução de bens aos espoliados povos da Tunísia, Egito e Líbia. No fu-turo o mesmo poderá aplicar-se à Síria e a outros países. Esta é também uma oportunidade para demonstrar o com-promisso europeu com o funcionamento do Estado de direito, o progresso demo-crático e o desenvolvimento sustentado nestes países, ajudando-os a recuperar os bens desviados pela corrupção em anteriores regimes. É tempo de passar das palavras aos atos.