acção socialista n.º 1371

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www.ps.pt N. O 1371 DIRETOR MARCOS Sá SETEMBRO 2012 VASCO CORDEIRO REAFIRMA VIA AçORIANA // PáG. 6 PáGS. 4 A 7 “Há UMA LINHA QUE SEPARA A AUSTERIDADE DA IMORALIDADE” António José Seguro exclui qual- quer possibilidade do Partido So- cialista voltar ao poder sem que os portugueses queiram, garan- tindo que o PS não pretende fa- zer nenhum acordo com o PSD no que toca ao Governo endos- sando para este partido e para o CDS as responsabilidades relati- vas a uma eventual rutura na co- ligação. // PáG. 3 JORGE FERREIRA

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Acção Socialista 1371, Europa 82, Jovem Socialista 513

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www.ps.pt

N.o 1371 diretor marcos sáSETEMBRO 2012

vasco cordeiro reafirma via açoriana // PáG. 6

PágS. 4 a 7

“Há uma linHa que separa a austeridade da imoralidade”

António José Seguro exclui qual-quer possibilidade do Partido So-cialista voltar ao poder sem que os portugueses queiram, garan-tindo que o PS não pretende fa-zer nenhum acordo com o PSD no que toca ao Governo endos-sando para este partido e para o CDS as responsabilidades relati-vas a uma eventual rutura na co-ligação. // PáG. 3

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a escaldaro aviso do ps

No primeiro debate quinzenal após as férias parlamentares com a presença do primeiro-ministro, antónio José Seguro marcou bem a posição do PS quanto à possibilidade de privatização da CgD, um velho anseio da direita. Determinado, com a força da razão, e o dedo indicador apontado a Passos Coelho, Seguro afirmou: “Olhe bem para mim, senhor primeiro-ministro: terá o PS pela frente se ousar privatizar a Caixa geral de Depósitos”.O PS demonstra, mais uma vez, a sua forte oposição às privatizações que o governo insiste pôr em andamento, indo também aqui mais longe que a troika.

quenteassim não

Foi no passado dia 13 de setembro que antónio José Seguro fez uma declaração ao país. Não só revelou que o PS irá votar contra o Orçamento de Estado para 2013, como também anunciou que irá apresentar uma moção de censura, caso o governo insista em manter a proposta da TSU.Num discurso curto e assertivo, o líder socialista garantiu que o partido nunca será “cúmplice de uma política sem futuro que nos vai conduzir ao empobrecimento e a mais desemprego. Já o disse e repito: assim não”.

friotão amigos que eles são

Com a coligação a abanar por todos os lados, depois das trapalhadas causadas pelas declarações de Portas sobre a TSU e um milhão de portugueses na rua contra este governo, delegações do PSD e CDS reuniram-se para mostrar que estão unidos. Depois das punhaladas, uma encenação.

geladoÚnica Hipótese é recuar

após o anúncio de mais medidas de austeridade, nomeadamente a mexida na TSU, feito pelo primeiro-ministro, têm chovido críticas ao atual governo. Esta proposta imoral e inaceitável não tem o apoio nem dos portugueses, nem dos parceiros sociais, nem sequer de algumas personalidades dos partidos que apoiam a coligação, que já fizeram ouvir as suas vozes.a teimosia só faz com que o primeiro-ministro fique isolado. O governo tem de deixar de parte a política de austeridade excessiva do custe o

que custar e resta-lhe, apenas, uma hipótese: recuar.

secção

aCÇÃo SoCiaLiSTa HÁ 30 aNoS

16 de Setembro de 1982Milton Friedman – Liberdade para explorar

a primeira página do “acção Socialista” de 16 de Setembro de 1982 dava destaque a um artigo de opinião de Vasco Franco sobre uma série de programas que a RTP transmitia, da responsabilidade do “mentor” do neoliberalismo, Milton Friedman, “Liberdade para escolher”. O artigo do socialista, intitulado “liberdade para explorar”, desmontava as soluções radicalmente conservadoras deste Prémio Nobel, o inspirador das políticas macroeconómicas de Pinochet, Reagan e agora de Passos Coelho/Vítor gaspar. J.C.C.B.

fLÁvio foNTe (1944-2012)um militante exemplar

Socialista, laico e republicano, Flávio Fonte, secretário-coor-denador da Secção de Campo de Ourique, faleceu recentemente. Contava 68 anos. Flávio Fonte foi durante vários anos secre-tário da Junta de Freguesia dos Prazeres e membro da Comis-são Política Concelhia de Lis-boa. Pertenceu ainda à Comis-são Nacional do PS. Para além da sua atividade de autarca, foi

ainda membro da Comissão de Trabalhadores da CEIG. A igual-dade, liberdade e fraternidade marcaram sempre a sua acção política, pautada por uma forte determinação. Um exemplo de militância. J.C.C.B.

Jorge afonso costa (1928-2012)

Morreu no passado dia 17 de setembro o nosso camarada Jorge afonso Costa, militante da Sec-ção do Bairro alto, em Lisboa. Contava 84 anos.Ex-funcionário do PS, Jorge afonso Costa destacou-se sempre pela militância ativa e empenhada.

ps/santarém tem nova casaNo âmbito da nova dinâmica que o camarada António Ga-meiro está a imprimir nestes primeiros três meses à frente da estrutura, a Federação do PS de Santarém inaugurou as no-vas instalações, que vai parti-lhar com a concelhia da capital do distrito. A iniciativa contou com a presença do secretário nacional Álvaro Beleza.Na sua intervenção, o dirigente nacional Álvaro Beleza elogiou o trabalho desenvolvido pela Federação e apelou à unidade

dos militantes. E defendeu a ne-cessidade de “termos um parti-do transparente, dinâmico, mo-derno, voltado para as pessoas e trabalhador, que se possa ver do lado de fora das paredes da nova sede”. Já o camarada António Gameiro reafirmou o empenho da equi-pa que lidera em ajudar o par-tido a “Ganhar 2013” este é o slogan do Secretariado Distrital e explicou que quer “uma ima-gem renovada, moderna, eficaz, que transmita os nossos valores

e maneira de estar na política clara, aberta e que apela à par-ticipação de todos". Para isso, adiantou, a Federação pretende organizar exposições e outros eventos no seu próprio espaço, bem como atrair utilizadores da estrutura, que tanto pode ser-vir de espaço para consulta à in-ternet, como espaço de convívio ou mesmo de leitura.Além da nova sede, a Federação apresentou também o seu no-vo site e a nova página no Face-book.

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assim não!PS CoNTra auSTeridade imoraL

Na sequência do anúncio ao país do agravamento da Taxa Social Única, da divulgação das conclusões nada alentadoras da quinta avaliação da troika e de serem conhecidas as linhas orientadoras do Orçamento de Estado para 2013, o secretário-geral do PS tornou pública a decisão de votar contra a proposta orçamental do governo e de apresentar uma moção de censura.

A advertência de António José Seguro foi transmitida numa declaração a partir da sede na-cional do PS, em reação às me-didas de austeridade anuncia-das pelo Executivo de direita.“Tudo faremos para impedir que o Governo retire dinheiro aos trabalhadores para dar às empresas. O aumento da TSU dos trabalhadores em sete pontos percentuais, que reti-ra mais do que um salário por ano a cada trabalhador, é uma decisão que nos indigna pro-fundamente”, declarou o líder socialista.António José Seguro susten-tou depois que a medida do Governo sobre a TSU “quebra o contrato social, que está pa-ra além de qualquer Orçamen-to do Estado”.“Há uma linha que separa a austeridade da imoralidade – e essa linha foi ultrapassada. Ou o primeiro-ministro recua e retira a proposta, ou então o PS tomará todas as iniciati-vas constitucionais à sua dis-posição para impedir a sua en-trada em vigor. Se para tal for necessário, o PS apresentará uma moção de censura ao Go-

verno”, disse.Apesar de o primeiro-minis-tro se ter apressado a ameni-zar o brutal golpe que preten-dia desferir, mais uma vez, na vida dos portugueses falando numa “modelação” nas medi-das relativas à Taxa Social Úni-ca, António José Seguro escla-receu mais adiante que apenas o recuo do Executivo nesta ma-téria evitará a apresentação de uma moção de censura pelo PS.Estas declarações do líder so-cialista foram feitas à saída de uma reunião com o presidente da Cáritas, na qual foi aborda-da a situação social e económi-ca do país, ocasião que apro-veitou para relançar o repto ao Governo para recuar nas alte-rações à TSU.Interrogado se espera que Pas-sos Coelho acabe por ceder na sequência da reunião, em São Bento, com os parceiros so-ciais, Seguro afirmou não per-ceber do que é que o primei-ro-ministro está à espera para retirar a sua proposta de au-mentar as contribuições dos trabalhadores para a Segu-rança Social em sete pontos percentuais.

Por outro lado, António José Seguro deixou claro que o PS não quer abrir uma crise polí-tica em Portugal.Dias antes, em entrevista à RTP, assegurou que o PS não voltará ao poder “sem que os portugueses queiram”.Perante as câmaras do canal público de televisão, António José Seguro excluiu qualquer possibilidade de entendimen-to com o PSD no que toca ao Governo e endossou para o PSD e CDS responsabilidades relativas a uma eventual rutu-ra na coligação.Em entrevista à RTP, o secretá-rio-geral confirmou que o “PS voltará ao Governo por von-tade dos portugueses” e isso nunca acontecerá “sem que os portugueses queiram”.“No ano passado, os portugue-ses decidiram que o PS devia ser partido da oposição e o PS tem sido partido de uma opo-sição séria, construtiva e res-ponsável”, acrescentou.Seguro garantiu ainda que pretende continuar neste caminho e que o “PS conti-nue a ser uma oposição útil ao país”. M.R.

“Percebo agora por que dizias que nunca te passava pela cabeça que o futuro para Portugal seria acabarmos no caos que se aproxima a Passos largos do caos que era gerido pelo António de Santa Comba”

carta a

um Homem

caríssimo

Casimiro Silva Militante N.º 32.019

Peço-te desculpa pelo abuso de, nesta altura da minha vida, te es-tar a apoquentar, mas sinto uma enorme necessidade de desaba-far contigo. E tu aí estás sossegado, sem as agruras destruidoras

dos que destroem o nosso país.Não, não me digas nada!, estou farto do país do primeiro-ministro Passos, estou farto das ilusões que o senhor debitou há um ano e pouco e que enganou tantos portugueses. arrogância e incompetência já chegam!Sabes por que te estou a incomodar? É que fizeste tudo na tua vida para que o meu futuro fosse melhor que o teu. Lutaste em grande. Destruindo o corpo e a tua saúde. E eu tinha, até há bem pouco tempo, uma vida boa. Só que agora estou triste; sinto-me um miserável por não ser capaz de dar aos meus filhos um futuro digno; um futuro, pelo menos, igual ao que deste.É o caos; o fim? Não. Mas suplico-te: não é possível uma ajuda desse lado para que o nosso país não entre no precipício e no silêncio total, pelas mãos ofensivas de Passos?Obrigado por me teres mostrado um tempo em que a felicidade da soli-dariedade, da luta pelas coisas e o desejo permanente de uma sociedade mais justa e igualitária eram um destino. E logo tu que comeste pão de cevada, num tempo em que se saía – com todas as dores, ainda! – da guerra! Percebo agora por que dizias que nunca te passava pela cabeça que o futuro para Portugal seria acabarmos no caos que se aproxima a Passos largos do caos que era gerido pelo antónio de Santa Comba.agora o tormento de Passos, o senhor que mata a cada instante o nosso país, atacou-me em cheio. agora, sabes?, já nem sei como sair desta frágil realidade que já é a minha sobrevivência. Deixa que te diga ainda que agora no nosso país o medo destrói o nosso futuro. Por isso, es-tou triste, desiludido, mas não quero deixar de ser português; de ser um cidadão que luta contra as injustiças galopantes que os seguidores de Passos nos impõem. ajudas-me?Não me feches a porta; são tão poucas as saídas neste país de Passos.

O P I N I Ã O D O S M I L I T A N T E S

casimirosilvacasimirosilva.blogspot.com

casimirosilva

NOTA DO DIRETOR Quero agradecer, em nome do “Acção Socia-lista”, a resposta pronta que tiveram os nossos militantes ao desafio que lançamos no Facebook e no Twitter e que se traduziu no envio de várias dezenas de artigos de opinião. Decidimos publicar nesta edição quatro artigos de opinião, apesar de termos prometido ape-nas a publicação de um. Neste número não haverá o meu habitu-al editorial para dar espaço a mais um excelente artigo de opinião dos nossos militantes. Este jornal é feito especialmente para si, mas mais do que isso, quero torná-lo verdadeiramente seu!

Marcos Sá marcos.sa.1213 @marcossa5

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Na sua intervenção, o líder do PS enumerou os resultados das políticas levadas a cabo pe-lo Executivo de coligação PSD/CD, apontando que este tem “falhado em toda a linha.“O Governo falhou quando pre-viu 13,4% de desemprego para este ano e a taxa ficará acima dos 15,5%, quando disse que a economia cairia menos 2,8% e vai regredir mais de 3% e, so-bretudo, quando se comprome-teu a reduzir o défice para 4,5% no final do ano”, disse, questio-nando de seguida a razão para tanto sofrimento, tanta dor e tanta angústia”.Agora, apontou, “soou mais

uma campainha de alarme: a derrapagem de 3600 milhões de euros nas contas públicas”.Para o secretário-geral socialis-ta, a correção orçamental não deve ser feita à custa de mais austeridade, mas de um adia-mento do prazo para o país cumprir as metas relativas ao défice das contas públicas, à se-melhança do que foi consegui-do por Espanha e Irlanda.Reiterando que o PS não pac-tuará com mais austeridade injusta, ressalvou porém que a aprovação do Orçamento de Estado para 2013 não depen-de dos socialistas, uma vez que o Governo tem maioria absolu-

ta na Assembleia da República.Seguro foi categórico ao garan-tir: “Não cedo a pressões, ve-nham de onde vierem”.E reafirmou o compromisso do PS com as metas do memoran-do, mas não com as medidas, sublinhando não haver “dra-ma nenhum quando não há consenso político nacional", sendo, isso sim, “muito im-portante que haja alternativa política”.No final da sua intervenção, o líder socialista falou das priva-tizações, em especial da RTP.“O Governo não pode vender a TAP, a ANA ou os Estaleiros Navais de Viana do Castelo co-

mo se fossem propriedade sua. Tal como não pode dispor da RTP a seu bel-prazer, porque está em causa o serviço públi-co de rádio e televisão, a políti-ca da língua, a ligação às comu-nidades portuguesas, a afirma-ção de Portugal e a estratégia de internacionalização da eco-nomia portuguesa”, frisou, acrescentando que “o Estado não se pode confundir com o Governo ou com o PSD.Refira-se que a Universida-de de Verão do PS, uma jorna-da de trabalhos de quatro dias na qual foram abordados os te-mas Economia justa, Socieda-des coesas, Europa das pesso-

as e Democracia ativa, contou também com a participação de dirigentes, autarcas e militan-tes socialistas, tendo sido abri-lhantada ainda por personali-dades independentes.Na lista de convidados estive-ram Viriato Soromenho Mar-ques, Maria do Carmo Fonse-ca, Costa e Silva, Sandro Men-donça e Adelino Maltez, que se juntaram aos eurodeputa-dos socialistas Elisa Ferrei-ra, Vital Moreira, Correia de Campos e Ana Gomes. Maria João Rodrigues (da Comissão Europeia) e João Proença (se-cretário-geral da UGT) tam-bém participaram. M.R.

Perante os dados disponíveis e pelo “andar da carruagem”, Ba-sílio Horta, deputado indepen-dente eleito nas listas do Par-tido Socialista, não espera nem melhoras nem “nada de bom ou positivo” do Orçamento de Estado (OE) para 2013.Lembra que o PS, ao invés do primeiro-ministro, defende há mais de um ano uma agen-da para o crescimento e o em-prego, políticas que as instân-cias europeias começam aliás a acarinhar, sendo exemplo a re-cente deliberação aprovada pe-

lo Banco Central Europeu.Para o eleito socialista, o Go-verno dispôs do tempo e de condições suficientes para in-verter a sua política de empo-brecimento do país, desde lo-go, como reconhece, porque dispõe com uma maior absolu-ta tendo ainda contado com a preciosa “postura responsável dos socialistas”.Lembra a propósito que o dé-fice orçamental para 2012, ao contrário das previsões do Go-verno, que apontavam para 4,5%, “deverá ultrapassar os 6

pontos percentuais do produ-to”, que a taxa do desempre-go não ficará como o Governo afirmava nos 12,13% mas nos 16% ou um pouco mais, núme-ros a que se juntam os prejuí-zos das empresas públicas que derraparam num ano quase 700 milhões de euros, um au-mento exponencial dos impos-tos para valores nunca vistos

pelos portugueses, que se tra-duziram em menos receitas fis-cais (menos IVA e menos IRC) que caíram 5,3%, a que se deve acrescentar ainda a subida da despesa em mais 3,5% face ao mesmo período do ano ante-rior. A estes números, lembra, acrescente-se ainda “outra der-rota do Executivo” ao não ter conseguido controlar a dívida

externa, que passou de 90 para os actuais 120%, a mais alta de sempre em Portugal.O deputado do PS lembra a confusão em que o Governo se enredou, desde logo pela total inação em avançar com a refor-ma administrativa, “que eles reclamavam veementemente na oposição, mas que até agora não mexeram uma palha”, pas-sando “por esta coisa extraor-dinária” que é descer os salá-rios dos trabalhadores em 7% e entregar esse valor nos bolsos dos patrões, uma medida que classifica como “absolutamen-te indigna” de um Estado civi-lizado e democrático.“Estamos perante uma agen-da ideológica”, diz, constituin-do mais esta medida um corte óbvio entre o país e o Governo.O deputado socialista garante, por fim, que enquanto este Go-verno insiste em fazer a com-petitividade pela queda dos sa-lários, o anterior Executivo do PS apostava em fazer essa com-petitividade com o valor acres-centado da oferta. R.S.A.

governo falhou em toda a linha“Se a diminuição do custo do trabalho fosse o fator-chave para sair vencedor da competição internacional, então o Haiti e o Bangladesh seriam os grandes campeões da globalização”, afirmou ao “L’Express” em 2011, o economista Jacques Attali, antigo conselheiro de François Mitterrand, referindo-se aos “adeptos da globalização feliz”.

ps condena mexida imoral na tsuSob o lema “Há outro caminho”, os socialistas fizeram a sua “rentrée” política na Universidade de Verão realizada em Évora. a iniciativa encerrou com o contundente discurso do secretário-geral, antónio José Seguro, no qual ficou expressa a mensagem socialista ao país e ao Executivo de direita: “O PS não está para mais austeridade”.

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democratas dos eua demonstram alternativa à austeridade cegaao questionarem a viabilidade de políticas de austeridade, a Convenção do Partido Democrata dos Estados Unidos da américa e as eleições presidenciais de novembro são “importantes para Portugal”, como foram as francesas. Este o entendimento do Partido Socialista português, que se fez representar recentemente neste evento realizado em Charlotte, Carolina do Norte.

O secretário nacional do PS para as Relações Internacio-nais, João Ribeiro, partici-pou nesta convenção que reu-niu 350 convidados de 100 pa-íses, reafirmando que o PS se “revê muito facilmente” no re-cente discurso de Bill Clinton, no qual o ex-presidente atri-buía às políticas económicas liberais estragos dos quais os Estados Unidos se ressentem ainda hoje.“Depois de estarmos tan-tos anos a lidar com uma so-lução conservadora na Euro-pa, mais uma vez [depois de François Hollande, em Fran-ça] uma visão alternativa vai a votos”, apontou João Ribei-ro, para de seguida sublinhar que este “é um sinal de espe-rança para Portugal”, uma vez que ficou claro que “há alter-nativas que podem ir a votos e ganhar”.O secretário nacional do PS, que esteve na Convenção De-mocrata em representação do secretário-geral, António José Seguro, adiantou que, na Eu-ropa e nos Estados Unidos, os fundamentos do debate são os mesmos, opondo “quem quer

diminuir a capacidade do Es-tado e Governo para agir”, com políticas de austerida-de, e quem, como os socialis-tas, entende que “os governos têm um papel na promoção do crescimento económico, fundamental na igualdade de oportunidades”.Na sua intervenção, o dirigen-te socialista fez questão de deixar claro que é a própria re-alidade que está a “desmentir” os defensores da austerida-de. “Já o fez no passado e fá-lo agora”, rematou.Depois, fez notar que aten-dendo à actual conjuntura glo-bal, estas eleições nos EUA e o papel do Partido Democrata são “muito importantes” para o nosso país.

criar emprego é possívelJoão Ribeiro defendeu os re-sultados da Administração Obama, evocando os 4,5 mi-lhões de postos de trabalho privados criados desde 2010, número que, contudo, não re-flete a perda de empregos du-rante o primeiro ano de man-dato, em 2009.“Quando na Europa nos con-

frontamos com um drama de desemprego descontrolado, haver um Governo que conse-gue criar um número de em-pregos no atual contexto é ob-viamente muito importante”, salientou.Nos corredores da Convenção, afirma, há “um grande consen-so de que os problemas de Por-tugal e da zona euro têm de re-solver-se com mais integração económica e política”, visão que entra em choque com a do Governo português.De referir que que o Partido Socialista português esteve duplamente presente na con-venção democrata com a par-ticipação da eurodeputada Ana Gomes.Ana Gomes, que foi convi-dada na qualidade de coor-denadora da Aliança dos So-cialistas e Democratas do Parlamento Europeu da Co-missão dos Assuntos Exter-nos, participou num debate sobre “Demografia, diversi-dade e representação no es-paço transatlântico”, que co-locou frente a frente deputa-dos europeus e congressistas americanos. M.R.

-Colocar o interesse nacional e as pessoas como elementos centrais de toda a acção política;

- Honrar os compromissos inscritos e subscritos no memorando de ajuda financeira internacional, no poder e na oposição;

- Não assumir compromissos na oposição que não possam ser cumpridos quando tivermos a confiança dos portugueses para governar. Valorizar a palavra dada;

- Não assumir comportamentos de participação política e cívica diferentes dos que são assumidos no exercício do poder. PS é um partido de poder e de alternativa, não uma mera caixa de ressonância dos descontentamentos ou um catalisador das mo-vimentações sociais;

- Manifestar disponibilidade para contribuir com propostas para o cumprimento das metas previstas no memorando;

- apresentar alternativas quando se discorda de uma proposta política. Num ano apresentámos 357 propostas. a maioria ab-soluta PSD/CDS chumbou a esmagadora maioria

- Manter com a Presidência da República, com os partidos políti-cos na assembleia da República e com os parceiros sociais uma relação permanente de diálogo;

- Desenvolver uma estratégia de contactos internacionais que contribuam para a defesa do interesse nacional;

- Dizer Não quando as propostas políticas são contrárias aos valores e princípios do Partido Socialista, violentam as neces-sidades básicas das pessoas, são contrárias à defesa do inte-resse nacional e à construção de um país que combate as de-sigualdades, promove a igualdade de oportunidades e fomenta um desenvolvimento equilibrado do território, com soluções sustentáveis;

- Dizer Não quando o governo persiste em não ter em conta as propostas do PS para um outro caminho no cumprimento das metas do memorando e apresenta como solução para o maior número de desempregados do Portugal democrático, para a re-cessão da economia portuguesa e para as dificuldades que os portugueses sentem no seu dia-a-dia, mais austeridade, mais sacrifícios, mais da mesma receita;

Foi isto que fizemos ao longo do último ano, em respeito pelos com-promissos assumidos com os militantes do PS na Moção Política de Orientação Nacional “O novo ciclo para cumprir Portugal”.

“Responsabilidade é dizer Não quando as propostas políticas são contrárias aos valores e princípios do Partido Socialista, violentam as necessidades básicas das pessoas”

responsabilidade

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António Galambaantonio.galamba.9galamba

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“Sou defensor de uma verdadeira Via Açoriana que considera que não necessitamos de mais austeridade sobre a austeridade que já temos e que não podemos continuar a subjugar a economia ao ditame cego das finanças públicas”

Vasco Cordeiro Candidato do PS à presidência do Governo Regional dos Açores

apesar de diariamente assistirmos a anún-cios de mais austeridade para o país com maior injustiça na repartição de sacrifícios,

nos açores continuamos a acreditar e a prosse-guir um caminho de esperança, estímulo e co-esão, em nome das famílias e das empresas da Região. Uma via que tem a marca impressiva da governação do PS e que terá no meu futuro go-verno Regional um continuador convicto e empe-nhado, renovado em determinação e firmeza. Sou, por isso, defensor de uma verdadeira Via açoriana que considera que não necessitamos de mais austeridade sobre a austeridade que já te-mos e que não podemos continuar a subjugar a economia ao ditame cego das finanças públicas. a solução é fazer exatamente o contrário e criar condições para que através do fomento do em-prego, do apoio adicional ao tecido empresarial e às pessoas em dificuldade e da promoção de uma política social atenta e efetiva se dinamizem os sectores produtivos mais aptos, com capacidade de gerar mais valor acrescentado e maior rendi-mento e, por essa via, se estimule a recuperação da atividade económica, ela própria alicerce fun-damental para o equilíbrio das contas públicas e privadas.Para ultrapassarmos a atual crise, não se devem sacrificar, como se não houvesse alternativa, as famílias, as pequenas e médias e empresas, os funcionários públicos, os trabalhadores, os jovens e os reformados e pensionistas.O caminho para sair da austeridade, segundo o nosso projeto, não é o de sacrificar a juventude dizendo-lhes que emigrem em busca de melhor futuro; não é o de sacrificar as famílias para ar-recadar receita em vez de cortar despesa supér-flua; não é o de sacrificar as pequenas e médias empresas sobrecarregando-as com encargos incomportáveis; não é o de sacrificar os profis-sionais da Função Pública, os trabalhadores, não é o de sacrificar os idosos, os pensionistas e os reformados.O caminho certo, o da Via açoriana, é fazer das finanças públicas um auxílio adicional à economia das famílias, como se faz hoje nos açores, man-tendo e reforçando o Complemento Regional de Pensão e os apoios aos idosos para aquisição de medicamentos, e reforçando ainda o Comple-

mento Regional de abono de Família para Crian-ças e Jovens. É fazer da ação dos poderes públi-cos uma ajuda acrescida às empresas, mantendo os impostos mais baixos e implementando, como hoje acontece na Região, um conjunto específico de linhas de financiamento e de crédito que, em condições muito favoráveis, procuram na rees-truturação das dívidas bancárias e a fornecedo-res, na valorização do emprego ou no reforço das condições de liquidez das empresas.Sou candidato à Presidência do governo Regio-nal dos açores por tudo isto e, ainda, com o ob-jetivo de fazer um governo que orgulhe todos os açorianos, que acompanhe as conquistas que o povo açoriano, espalhado por todo o mundo al-cança, e que em coligação com todos açorianos projete diariamente passos decisivos para o fu-turo: o nosso, o dos nossos filhos e o dos nossos netos.assumo como principal objetivo do nosso projeto o desafio da criação do emprego e do crescimento económico, consubstanciado na criação de con-dições para que as empresas açorianas possam afirmar-se, cada vez mais, como geradoras de emprego sustentável e, por essa via, os trabalha-dores açorianos tenham cada vez melhores con-dições para assegurar o seu rendimento, o seu futuro e o das suas famílias.Uma coisa damos por garantida: não sairemos da presente situação sacrificando uns para salvar os outros, pelo que não deixar ninguém para trás é o nosso objetivo ideal e a certeza absoluta de que o trajeto será de todos e para todos.Somos herdeiros de uma governação inclusiva e que sempre soube harmonizar as exigências de uma sociedade solidária com uma gestão respon-sável e equilibrada das contas públicas. Sabemos que para conjugar desenvolvimento e justiça é necessário zelar pelo rigor das finanças públicas e foi isso que permitiu aos governos regionais do PS serem impulsionadores de políticas públicas de apoio das famílias e das empresas em tempos de austeridade cega.Seremos agora, com uma nova energia, própria de quem quer renovar para ganhar e inovar para vencer novos desafios, obreiros de um futuro de progresso, de um novo ciclo de desenvolvimento, de uma nova ambição para os açores.

vasco cordeiro na apresentação da proposta de programa de governo, em ponta delgada

“O próximo governo dos açores, liderado por mim, continuará uma política de apoio ao rendimento dos idosos, através do aumento do Complemento Regional de Pensão e do apoio à aquisição de Medicamentos – COMPaMID”

“É absolutamente determinante uma aposta redobrada na criação de condições para o reforço da nossa capacidade exportadora. E para a realização desse objetivo contribui a criação, quer do Programa de Reforço da Competitividade das Empresas açorianas, quer da Via Verde das Exportações, quer ainda da Linha de Crédito à Exportação”

“É essencial criar as condições para que o empreendedorismo possa, a par da educação e da formação, assumir o papel de motor eficaz para o surgimento de mais riqueza e de mais postos de trabalho”

“Há uma via açoriana para o desenvolvimento que coloca as finanças públicas ao serviço dos que mais precisam”

uma via açoriana

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antónio José seguro eleito vice-presidente da isO secretário-geral do PS, antónio José Seguro, foi recentemente eleito vice-presidente da Internacional Socialista (IS) no Congresso desta organização mundial, que decorreu na Cidade do Cabo, na áfrica do Sul.

“Sinto-me honrado com a elei-ção. Exercerei os meus manda-tos em nome dos nossos va-lores de sempre”, disse Segu-ro numa mensagem escrita no Facebook.De salientar que o líder dos socialistas portugueses foi o mais votado dos candidatos europeus (a eleição faz-se por continente), a par de Ségolène Royal, ambos com 74 votos em 81 possíveis.Ségolène Royal (ex-candidata à presidência de França), Élio di Rupo (primeiro-ministro belga), Vítor Ponta (primeiro--ministro romeno) e Jacob Zu-ma (Presidente da África do Sul) foram outros nomes elei-tos para a vice-presidência da IS, num total de 32 vice-presi-dentes de todo o mundo.António José Seguro é o quar-to secretário-geral do PS a as-sumir tal cargo na IS, depois de Mário Soares, António Gu-terres e José Sócrates.O ex-primeiro-ministro gre-go Georgios Pundreou foi ree-leito presidente da IS para um novo mandato de quatro anos.Neste XXIV Congresso da In-ternacional, que teve por le-

ma “Por um novo internacio-nalismo e uma nova cultura de solidariedade”, a delega-ção do PS foi chefiada pelo se-cretário nacional para as Re-lações Internacionais e Co-operação, João Ribeiro, que esteve acompanhado pe-lo presidente do PS/Madei-ra, Victor Freitas, e pelo líder do Grupo Parlamentar do PS na Assembleia Legislativa da Madeira, Carlos Pereira.Ao discursar na Cidade do Cabo, João Ribeiro centrou--se na ideia de um novo internacionalismo.“Um internacionalismo com democracia, instituições inter-nacionais fortes, cooperação na segurança, com solidarie-dade coletiva para solucionar os problemas e com mercados abertos, mas com regras, regu-lação e valores, e com as pes-soas no centro da economia”, explicou, sublinhando ser im-perativo que os socialistas se-jam para o mundo “o farol do otimismo”.“Nós acreditamos que os Esta-dos podem ultrapassar cons-trangimentos e cooperar para resolver questões de seguran-

ça, para prosseguir ações co-letivas e para criar e abrir um sistema internacional estável”, vincou.O dirigente socialista portu-guês frisou ainda que tem de se prosseguir por três fren-tes políticas: um Governo Mundial com políticas mun-diais, uma reforma das insti-tuições internacionais (FMI, Banco Mundial, Organiza-ção Mundial do Comércio) e uma agenda global para a transparência.João Ribeiro relembrou igual-mente que não pode haver in-ternacionalismo sem federa-lismo regional (Europa, Amé-rica Sul, Africa) e que é preciso abdicar do poder nacional pa-ra o poder internacional, sem-pre com controlo democrático pelos cidadãos.“Nós precisamos de ser cida-dãos do mundo. Nós precisa-mos de ser partidos do mun-do”, concluiu.Refira-se que o congresso que teve lugar na Cidade do Cabo é o primeiro em África da Inter-nacional Socialista, que reúne 162 partidos políticos e orga-nizações. M.R.

“Hoje, mais do que ontem, com as dificuldades cada vez mais generalizadas na população, temos que reinventar soluções, recuperar as redes de vizinhança, as redes de apoio efetivas, transmitir o sorriso com esperança”

autárquicas

2013

Alexandra Moura Militante N.º 37506

Imagino que possam sentir que este assunto não deve ser proposto para reflexão no momento político atual. a situa-ção económica e social do país é, de facto, a nossa prioridade.

Mas todos sabemos (as redes sociais mostram-nos isso mesmo) que, cada vez se levantam mais vozes quanto aos representantes dos partidos políticos nos diferentes órgãos. Por isso vos propo-nho a reflexão sobre este tema.apesar de ser geralmente aceite que o Poder Local foi uma das grandes conquistas do 25 de abril, e que foi através das autar-quias que o país mais se desenvolveu, tal consideração não impe-diu que, nos últimos anos, fosse lançada, em várias frentes, uma campanha contra os autarcas em geral.É compreensível que, em mais de um milhar de eleitos locais em exercício de funções por todo o país, se encontrem uns quantos que não reúnem as características, capacidades ou qualidades exigíveis para desempenhar cargos de tal responsabilidade, exi-gência e pressão.Mas recuso a desconfiança generalizada (como parece decorrer do discurso de alguns políticos, comentadores, ou órgãos de co-municação social) de que todos os autarcas são incompetentes, esbanjadores e abusadores.O PS sabe que garantir a democracia passa, também, por desmon-tar esta imagem, assim contribuindo para aproximar as pessoas da política. Este é um objetivo claro do momento atual.a política mudou.Os militantes já não colam cartazes; os militantes já não se des-locam quilómetros para participar em comícios; o dia a dia, carre-gado de preocupações e contas para pagar, não permite a mesma disponibilidade emocional para participar em atividades politicas… E o que move a coesão das listas candidatas nem sempre é trans-parente para a população.as campanhas têm sofrido cortes financeiros grandes; não seria justificável que, no momento atual, se fizessem campanhas abso-lutamente poluidoras e gastadoras.Nas próximas eleições, os resultados vão ser conseguidos na rua, no contato com as pessoas, no saber ouvir e no saber sentir das suas preocupações.Hoje, mais do que ontem, com as dificuldades cada vez mais gene-ralizadas na população, temos que reinventar soluções, recuperar as redes de vizinhança, as redes de apoio efetivas, transmitir o sorriso com esperança.Por isso, tão importante se torna que a escolha dos candidatos seja cuidadosa. Não há pressão ou pressões que possam ser mais fortes do que as razões pelas quais estamos no PS: o seu Ideário!

O P I N I Ã O D O S M I L I T A N T E S

alexandra.tavaresdemoura

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secção

uNiverSidade de verÃo

Jorge Seguro Sanches Secretário Nacional do PS

uma etapa na construção da alternativaa Universidade de Verão foi mais um ponto da maratona que o PS está a percorrer para merecer a confiança dos portugueses, afirma o secretário nacional Jorge Seguro Sanches, um dos principais obreiros desta iniciativa, que, na sua opinião, é uma semente de debate que continuará a produzir frutos para o PS e Portugal. J. c. castelo branco

O que ficou de mais significa-tivo da Universidade de Ve-rão, em termos de contribu-tos e ideias, para a alternati-va que o PS está a construir?Esta edição de 2012 foi apenas o retomar de uma iniciativa do PS lançada nos anos 90 e retomada há oito anos quando o secretário--geral, António José Seguro, era o responsável pelo Gabinete de Es-tudos. Tenho a expetativa de que depois desta edição o PS irá reto-mar anualmente esta iniciativa. Talvez por isso acho que o mais relevante desta Universidade é a semente de debate que foi lan-çada e que continuará a produzir frutos para o PS e para Portugal

A Universidade Verão do PS decorreu sob o lema “Há ou-tro caminho”. Em síntese, que caminho é esse? O país está obrigado a um obje-tivo para os próximos anos: cum-prir o memorando da troika, que como sabemos foi assumido pelo PS no Governo em 2011. Temos contudo um caminho para cum-prir esse objetivo muito diferen-te daquele que a direita nos quer fazer crer que é o único caminho. Onde a direita só vê austeridade,

o PS entende que deve haver ra-cionalidade e distribuição jus-ta dos sacrifícios. Onde a direita quer fazer crer que o caminho é pela diminuição das garantias de quem trabalha, o PS vê que o ca-minho passa antes pela aposta na tecnologia e na economia ver-de. Onde a direita escolhe o em-pobrecimento dos portugueses, o PS vê um país só pode cum-prir os seus compromissos se ti-ver forma de criar riqueza. On-de a direita entende que única solução é privatizar, o PS enten-de que a solução é gerir melhor e com maior exigência.

De que forma a Universida-de serviu para ficar mais cla-ro para todos que o PS tem efectivamente outro cami-nho alternativo ao neolibera-lismo puro e duro seguido pe-la direita? Penso que os alunos da Univer-sidade de Verão do PS aprofun-daram o debate sobre esse ca-minho. Passa seguramente pelo reforço da nossa posição po-litica na Europa, sem subserviência mas com respon-sabilidade.

Mas passa também pela ética, ca-da vez mais necessária, na políti-ca, e também pela sustentabili-dade dos nossos comportamen-tos económicos e ambientais.

De que forma a Universida-de de Évora mostrou a que o PS continua empenhado em aprofundar o processo de en-volver no processo de solu-ções progressistas persona-lidades independentes de vá-rias áreas, num processo de abertura do partido? A nossa escolha para este ano foi trazer a sociedade civil, a acade-mia e as empresas à Universida-de. Penso que o balanço é muito positivo como sempre foram to-das as experiências em que o PS juntou a si o melhor da sociedade portuguesa: Mas, no fundo, esta opção é uma opção do secretário--geral: o PS tem de ser capaz de estar com a socie-dade e de re-f o r -

çar as su-as ligações à sociedade portuguesa. Foi isso que fizemos.

A que se de-ve o êxito em toda a linha que constituiu a Universidade de Verão?Não sei se foi um êxi-to em toda a linha. Es-sa avaliação cabe ser fei-ta pelos alunos. Acima de tudo acho que correu bem, especialmente se tiver-mos em conta que a equipa que organizou a Universidade de V e - P10

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uNiverSidade de verÃo

Álvaro Beleza Secretário Nacional do PS

rigor e trabalhode equipa

álvaro Beleza, secretário nacional do PS, faz um balanço positivo da Universidade de Verão, em Évora, de que foi um dos principais impulsionadores, sublinhando que é cada vez mais claro que existe outro caminho às políticas do

atual governo. J. c. castelo branco

A Universida-de de Verão, que marcou a rentrée política do PS, foi marcada por um grande dis-curso do secre-tário-geral. Não acha que ficaram definitivamen-te caladas as vo-zes residuais que ainda criticavam

a forma de lide-rança de António

José Seguro?Enquanto o Passos Co-

elho fala de improviso, não está preparado e é de-

pois leviano nas propostas que faz, o António José Se-guro estuda tudo o que diz

e propõe, é rigoroso, mede as pa-

l a -

vras. E no atual momento em que está o país, é preciso al-guém que tenha sentido de Es-tado e bom senso. António José Seguro é um líder político, é um candidato a governar o país, irá ser primeiro-ministro. Estamos num momento em que a políti-ca não é para brincar, isto é pa-ra gente séria.

Que balanço faz da Universi-dade de Verão no que respei-ta aos contributos e ideias para a alternativa que o PS está a construir?Houve uma tónica muito im-portante ao longo da Universi-dade de Verão que foi o PS as-sumir-se, sem hesitações, co-mo um partido que defende o federalismo europeu, o apro-fundamento da união política europeia.Mas também o reafirmar da co-esão social como fazendo parte desde sempre do ADN do PS e

ainda a ideia do sentido ético do poder,

ou seja,

que a política é para todos os ci-dadãos e que os políticos estão transitoriamente a servir o pa-ís, a causa pública. Em que medida a Universi-dade de Verão mostrou que o PS continua empenhado num processo de abertura, envolvendo personalidades independentes na procu-ra de soluções progressistas para Portugal? A Universidade de Évora foi um grande sucesso nesse processo de abertura, porque vieram ter connosco grandes personalida-des à nossa esquerda e à nos-sa direita e próximas do PS. E é um sinal também de que quan-do o PS abre a porta estas per-sonalidades com intervenção cívica estão disponíveis para colaborar connosco.

A Universidade de Verão de-correu sob o lema “Há ou-tro caminho. Que caminho é esse?É cada vez mais claro que tem de haver outro caminho. O ca-

minho deste Governo é do abismo, suicídio. O nosso é o ca-minho da social--democracia, de políticas equili-bradas, com so-briedade nos

atos. Temos de pôr as contas públicas em ordem, mas tudo tem de ser feito com conta, pe-so e medida, de maneira a não matar a economia portuguesa, e é isto que está a ser feito com o experimentalismo económico e social. É preciso acima de tudo uma es-tratégia clara, um rumo de res-ponsabilidade, rigor, bom sen-so, falar verdade. E nesse cami-nho a Universidade de Verão dá um forte contributo ao envol-ver de forma ativa os quadros do partido e dar mais formação política.

A que se deve o êxito em toda a linha que constituiu a Uni-versidade de Verão?A Universidade de Verão ultra-passou as nossas expectativas. Nós tivemos pouco tempo pa-ra organizar, os meios foram escassos, o PS conseguiu orga-nizar esta Universidade com 1/4 do orçamento de outras universidades. E tudo isto se deveu ao empenho, profissionalismo e militância de uma pequena, mas grande equi-pa. Não poderia, no entanto, de deixar uma palavra especial pa-ra um dos grandes impulsionado-res da Universidade, o camarada Jorge Seguro Sanches, que foi a última aquisição para o meu gru-po restrito de amigos. É P10

jorge ferreira

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universidade de verãoO Partido Socialista promo-veu, de 30 de Agosto a 2 de Se-tembro, em Évora, a Univer-sidade de Verão. Com o lema “Há outro caminho”, a inicia-tiva foi um espaço de reflexão, discussão, criação de ideias, formação de quadros e de aler-ta para os erros do Governo e da sua receita de austeridade a qualquer preço.

marx e aristóteles em évoraSão 22 os títulos que os orga-nizadores da Universidade de Verão sugeriram como leitu-ra aos alunos. Obras diversi-ficadas que vão de Aristóteles, “Política”, a Jaime Nogueira Pinto, “A Direita e as Direi-tas”, passando por Tocquevil-le, “Da Democracia na Améri-ca” e Marx e Engels, “Manifes-to do Partido Comunista”.“É nossa obrigação num even-to com estas características dar sugestões de leitura que tenham a ver com as nossas ra-ízes ideológicas e nosso pensa-mento político. Não é por aca-so que começa com o Marx e o Engels porque a raiz ideoló-gica do PS é o marxismo. Mas também de conservadores. Pa-ra haver um certo contrapon-to”, explica Álvaro Beleza. E Jorge Seguro Sanches su-blinha que “discutir e refle-tir aquilo que muitas vezes, do ponto de vista ideológico, temos como assumido é um exercício estimulante”.

temasA Universidade de Verão teve os seguintes temas distribuí-dos por quatro painéis:Economia Justa

Sociedades CoesasEuropa das PessoasDemocracia Ativa

Jantares-debateOs jantares-debate foram su-bordinados aos temas: A EuropaInvestigação e Desen vol vi mentoCrescimento Sustentável

110NÚMERO DE ALUNOS

29NÚMERO DE HORAS DE DEBATE

fúria privatizadoraÀ margem da universidade de verão, o “acção socialista” questionou o dirigente socialista Jorge seguro sanches sobre a fúria privatizadora que tem marcado a ação do atual governo.

rão era estreante. Na ver-dade só o secretário-geral tinha organizado uma outra Univer-sidade de Verão. De qualquer forma é justo que se tenha uma palavra de agradecimento a to-dos os que colaboraram na or-ganização: os voluntários, os funcionários do PS, a Concelhia e a Federação de Évora, os nos-sos eurodeputados, o grupo de moderadores do PSE, os confe-rencistas (professores) e tam-bém o Álvaro Beleza que com o seu entusiasmo foi o expoente máximo desta organização que

deu o melhor de si.Mas o maior sucesso deve-se, sem dúvida, aos alunos. Foram eles a razão de ser da Universi-dade e o resultado deve-se a eles.

Como definiria em duas pa-lavras a Universidade de Ve-rão no âmbito da alternati-va de governo que o PS está a construir’?Duas palavras? É difícil… Direi que foi mais um ponto da ma-ratona que estamos a percorrer para merecer a confiança dos portugueses.

uma pessoa extraordinária, por quem tenho muita estima e admiração. Fizemos um bom tra-balho em conjunto.

Que ambiente se viveu em Évora ao longo dos três dias?Este espaço de reflexão, discussão e criação de ideias e propostas decorreu ao longo dos qua-tro dias num ambiente livre, leve, de convívio e entusiasmo entre todos os participantes. Esta Universidade mostrou que temos quadros mui-to melhores, juventude mais preparada, e, por-tanto, um partido mais preparado para os difí-ceis desafios que se colocam.Sai desta Universidade mais otimista?Sim, porque, apesar das dificuldades do atu-

al momento, Portugal tem uma longa histo-ria e vai sair desta crise. E o PS vai como nou-tros momentos da história ter aqui um papel decisivo. O PS será Governo com políticas in-teligentes adequadas aos tempos, para o sé-culo XXI. E devolvendo a esperança aos por-tugueses com as suas marcas como, por exem-plo, o Serviço Nacional de Saúde, a Segurança Social pública, o ensino público para todos, as novas tecnologias, a economia verde. Estamos a construir uma alternativa que faça de Por-tugal um país mais forte, mais coeso, menos desigual.

Como definiria a Universidade de Verão?Rigor, trabalho e espírito de equipa.

A fúria privatizadora do atu-al Governo não configura um PREC ao contrário?É o que parece… utilizei es-sa frase muito recentemen-te numa entrevista ao sema-nário “Sol”. Portugal parece vi-ver um momento em que mais do que sermos racionais, sepa-rando o trigo do joio, o Gover-no assumiu apenas desígnios ideológicos.Dou-lhe um exemplo: cabe na cabeça de alguém que se tenha permitido que o maior acio-nista da empresa que fiscali-za a produção de energia nas grandes barragens seja o mes-mo que é detentor das conces-sões das grandes barragens? Foi o que este Governo permi-tiu com a privatização da REN e da EDP. Quem perde com is-so? O Estado e os consumidores portugueses.

Não acha que é tempo de a so-cial-democracia retomar os seus valores e pensar que o Estado não pode abdicar de ter sob o seu domínio os prin-cipais sectores estratégicos da economia?Os exemplos são mais que mui-tos… Mas dou-lhe o exemplo do sector das águas. O atual Gover-no insiste na privatização das Aguas de Portugal ao arrepio de tudo. E já nem falo dos princípios da social democracia. Falo-lhe até antes do Conselho Pontifício Jus-tiça e Paz que considera a água “um direito natural e inviolável” e não apenas um bem “meramente mercantil” mas sim “público” ou mesmo da Directiva Quadro da Água que define a água como não sendo “um produto comercial co-mo outro qualquer, mas um pa-trimónio que deve ser protegido, defendido e tratado como tal”.

Jorge Seguro Sanches Álvaro Beleza

FACTOS & NÚMEROS

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“O liberalismo económico toma conta do poder político. Existirá a democracia quando a economia controla a geopolítica e a geofinança? Haverá justiça social e coesão social quando os interesses privados imperam sobre o Estado e o bem comum?”

a democracia abrange o interior do nosso país?

João Pavão Militante N.º 112011

a democracia, o termo que define o poder do povo, existe mesmo? Viveremos nós numa democracia onde o povo vive numa pólis igua-litária e agilizada para o bem global? Ou numa democracia em que

o homem maçónico – no seu conjunto - controla a máquina eleitoral e o consequente poder legislativo, administrativo e judicial? Será que no atu-al contexto geopolítico a democracia é justa? O Estado serve o homem no pleno estado social ou somente serve as minorias que controlam e gerem? O caciquismo prolífera sem o povo se aperceber. Os agentes déspotas e o nepotismo puro e duro prevalecem sobre a meritocracia e sobre a opinião geral do povo. O liberalismo económico toma conta do poder político. Existi-rá a democracia quando a economia controla a geopolítica e a geofinança? Haverá justiça social e coesão social quando os interesses privados impe-ram sobre o Estado e o bem comum?Pergunto-me muitas vezes se o atual panorama do nosso país represen-ta uma democracia plena que somente favorece a minoria e as elites que vivem no litoral do nosso país, esquecendo constantemente o interior. O in-terior que padece das atuais políticas governativas. a pólis, onde o homem vive, interage e procura o bem social, não está atualmente a ser destruída por interesses de neoliberalismo financeiro e por políticas de destruição de serviços de ação pública que abrange as áreas da segurança social e da justiça? Que democracia existe quando parte do povo não tem acesso a condições básicas de serviço público? Que democracia existe quando um indivíduo para ter acesso a condições básicas de saúde necessita de pagar 70 euros de táxi para se deslocar, enquanto no litoral esse acesso é rápi-do e menos dispendioso (muito menos!). O Estado somente toma decisões governativas para controlar a despesa e beneficiar as elites capitalistas e determinadas regiões do país. Onde está a democracia aqui? O governo português tem levado a cabo cortes nas áreas sociais, prejudicando assim o interior e as pessoas que vivem no meio rural. O encerramento de tribu-nais, centros de saúde, a própria – e anunciada – retirada do helicóp-tero do INEM de Macedo de Cavaleiros e o próprio deslocar de ambulâncias para outros concelhos prejudicam gravemente o bem-estar social do povo. Isto é democracia? Para os gurus liberalistas económicos, o bem-estar social não interessa, mas sim o corte na despesa e os interesses privados. as privatizações que este governo anuncia dias após dia deixam-me ató-nito, porque este corpo governativo viola incansavelmente as leis. Ou seja, vivemos num ano inconstitucional, onde os subsídios da Função Pública fo-ram retirados e a privatização da RTP é um cenário possível. Isto é incons-titucional! Privatizações, Poupança, Reajustamento? O fundamentalismo ideológico visa somente a racionalidade económica e não o interes-se público. É verdade que estamos sobre a vigilância da troika, mas este governo já vai mais além do memorando! Este governo deve, assim como a troika, esclarecer os portugueses sobre estes cortes, porque o esforço do povo é enorme e a qualidade de vida, assim como o acesso a serviços públicos, diminuiu. Não adianta este governo vir com a desculpa da con-juntura externa, porque esta mesma maioria PSD-CDS, não aceitava essa explicação para o anterior governo. Podemos estar pobres, mas não somos estúpidos, o povo vive e tem de decidir!

O P I N I Ã O D O S M I L I T A N T E S

“governo está a criar um deserto na oferta da felicidade”assumir uma nova atitude perante a cultura, que passe por um novo paradigma de financiamento e desenvolvimento, é a ideia central defendida pelo ator e encenador Paulo Matos, numa entrevista ao “acção Socialista”, na qual alerta para os dramas que se vivem no sector e condena o governo de direita pela incapacidade para construir uma dinâmica de crescimento. marY rodrigues

A cultura desapareceu do dis-curso e da agenda política e até mesmo do elenco mi-nisterial. Que outras conse-quências tem tido a austeri-dade do ‘custe-o-que-custar’ para os agentes culturais?Esta excessiva e cega austeridade estabeleceu alguns sectores, co-mo a cultura, como sendo aque-les para os quais nada está dis-ponível para ser investido. Tudo, desde teatros, museus, patrimó-nio, investigação, está tudo blo-queado e reduzido à sua dimen-são e capacidade mínimas.Esta paralisia na generalidade das instituições é um absurdo absolutamente dramático. Como entende que pode e de-ve gerir-se a cultura no atual contexto nacional?A cultura não pode continuar a ser encarada como um desper-dício, como um supérfluo. Ela é mobilizadora, por si só, de mi-lhares de empregos e de um enorme conjunto de atividades paralelas que giram à sua volta.Sendo um factor-chave para o desenvolvimento económico de todos os sectores a ela associa-dos, economicamente rentável, é imperativo encará-la transver-salmente e multiplicar as suas formas e meios de financiamen-to, percebendo que é potencia-dora do seu próprio investi-mento. O Estado terá de assu-mir a sua obrigação de garante do funcionamento de estrutu-ras centrais e, ao mesmo tem-po, um forte incentivador de uma real participação de toda a sociedade na sustentação de um bem que reverte, em múl-tiplas dimensões, para os pró-prios cidadãos.Essa é a mudança de paradigma que eu defendo: o financiamento da cultura deverá contar sempre com o Estado, mas também com a participação na produção cul-tural de uma renovada e abran-gente lei do mecenato e de uma forte associação das atividades culturais aos cidadãos, à econo-mia, às exportações, à presen-

ça e dinamismo da língua por-tuguesa no mundo, à criação de emprego, à educação e aos jo-vens, etc. Face ao momento em que vi-vemos, qual é ou quais são os seus principais receios?O principal receio é, desde logo, o desemprego. Associada à acen-tuada produção cultural nacio-nal nos anos 90 e início de 2000 está uma enorme massa huma-na e a situação atual está a criar uma tragédia geral ao nível do desemprego. Oito em cada dez colegas meus estão literalmen-te na miséria. Isto não é exagero, é uma realidade escondida que muitas vezes não encontra ex-pressão estatística comprovável.O problema é que não só esta-mos a perder várias gerações, as mais bem formadas para realizar bens culturais de grande quali-dade e de forte potencial de ren-tabilidade, mas estamos tam-bém a empobrecer de uma for-ma inestimável o nosso país e a sua capacidade de se projectar para fora.O Governo está a gerar uma tra-gédia e um deserto na oferta da felicidade para as pessoas.

Qual ou quais as medidas im-postas pelo actual Governo mais o chocaram e por quê?Todos temos no inconsciente que, depois daquela crise política inventada pela direita ao chum-bar o PEC IV, gerou-se uma grave rutura financeira no país e que ela nos levou a pensar que, mal

que bem, um poder estável aju-daria a equilibrar os mercados.E quando agora aparecem estas novas medidas de austeridade, o escândalo social que está a pro-duzir-se é totalmente legítimo. O que mais choca é esta incapa-cidade evidente no atual Gover-no de afirmar que o país é capaz de crescer, não só economica-mente, principalmente na ima-gem e na presença.O que mais choca é que o Gover-no se coloca, e nos coloca a to-dos, numa posição de subalter-nidade social inadmissível. Se António José Seguro fos-se agora primeiro-ministro, o que esperaria dele em ma-téria cultural?Sei que António José Seguro tem a consciência nítida de que a Cultura é um factor de desen-volvimento para o país e não uma espécie de desperdício. As-sim, estou certo de que reuniria as pessoas capazes de refletirem e implementarem um novo mo-delo de desenvolvimento para a Cultura.Independentemente de retomar o Ministério da Cultura ou man-ter a Secretaria de Estado, estou convencido de que ele vai criar um caminho activo de constru-ção de uma multiplicidade de fi-nanciamentos que permitam re-colocar a cultura no centro de um dos motores de desenvol-vimento do país. Esta é a atitu-de nova que, estou certo, Antó-nio José Seguro vai seguir e que é preciso implementar.

jor

ge

fer

rei

ra

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“é cada vez mais difícil ter salário”a violência doméstica não é um fenómeno que possa ser circunscrito a uma região em particular, garante em entrevista ao “acção Socialista” a presidente federativa das mulheres socialistas de Viseu. Para Helena Rebelo, certo é que com este governo o objetivo de salário igual para trabalho igual está cada vez mais distante. rui solano de almeida

Quais as prioridades do de-partamento que lidera?A candidatura a este departa-mento teve como slogan “Mais mulheres na política, capacitar para intervir mais”. Esta é a sua premissa, captar mais mulheres para a política ativa e sua capaci-tação para uma participação mais efetiva em todos os domínios da vida pública. No fundo, im-plementar estratégias que criem uma dinâmica apelativa, para um maior envolvimento das mulhe-res na política ativa.

Que iniciativas já foram to-madas e quais as que estão programadas?Começámos com uma ativida-de designada de literacia digital, cujo objetivo foi motivar e capa-citar os participantes para a utili-zação regular das novas tecnolo-gias de informação e comunica-ção. Ainda se verificam grandes assimetrias culturais e outras, co-mo o acesso à informação e até o interesse e procura pela mesma. No Dia Internacional da Mu-lher visitámos uma empresa fa-bril, cuja mão de obra é essen-cialmente feminina, mais de 200 mulheres que pretendemos ho-menagear, sabendo como é difícil esse meio laboral, ao qual acres-ce o trabalho doméstico e cuida-dos à família. Visitámos ainda um Centro de Acolhimento Tem-porário em Viseu, para situações de emergência social, nomeada-mente mulheres e crianças víti-mas de violência doméstica. Privilegiámos a ligação à impren-sa local, quer através de comuni-cados, quer através de artigos de opinião, que pretendemos man-ter e potenciar.Iniciativas descentralizadas foi um compromisso assumido, ao qual demos início e ao qual pre-tendemos dar continuidade. A curto prazo está previsto um de-

bate subordinado ao tema “Cres-cimento Económico em tempo de Crise” e um fórum, “Mulheres na Política Autárquica”.

Portugal é um país violento para as mulheres ou trata-se de um fenómeno socialmente localizado? A violência contra as mulheres não é um fenómeno circunscrito nem geograficamente, nem so-cialmente. É um grave problema, transversal, que tem nos últimos anos sido alvo de uma atenção especial, a ní-vel nacional e internacional.Em Portugal verificou-se um esforço para aumentar a aju-da institucional para as mulhe-res em situação de violência, com o forte contributo do Partido So-cialista e dos próprios departa-mentos de mulheres socialistas, que ajudaram a trazer para a or-dem do dia esta problemática.A situação de crise que o país atravessa potencia situações de violência. Manter a coesão so-cial, reduzir as assimetrias, as desigualdades sociais, tem que ser uma prioridade governati-va. É imprescindível promover a equidade, cujo conceito este Go-verno, todos os dias demonstra desconhecer.

Sente que existem resistên-cias na sociedade portugue-sa em relação à igualdade de género?Diria que ainda há algumas bar-reiras a derrubar, sobretudo cul-turais. É sempre oportuno lem-brar que foram precisamente os governos socialistas os que mais assumiram como prioridade polí-tica a promoção da igualdade de

género e de combate a todas as formas de discriminação, atra-vés de medidas concretas como, a Lei da Paridade, a despenaliza-ção da Interrupção Voluntária da Gravidez, a Lei da Violência Do-méstica, casamento entre pesso-as do mesmo sexo, as alterações ao Código de Trabalho no âmbito da parentalidade, enfim, um con-junto de normativos, cruciais pa-ra uma mudança de paradigma e eliminação de estereótipos cultu-

rais, que penalizavam sobretudo as mulheres.

Com um Governo de direita é mais difícil atingir o objetivo de salário igual para trabalho igual?Com este Governo de direita já percebemos que difícil mesmo é ter salário! Mas parece-nos evidente que, quando temos um Governo cen-trado numa governação obsti-nadamente economicista, uma questão como esta não é de todo uma prioridade, infelizmente.

Com o desemprego a subir de forma exponencial são as mu-lheres as mais penalizadas?O aumento massivo das mulhe-res no mercado de trabalho le-va a que as repercussões do de-semprego se verifiquem de forma mais acentuada nas mulheres, com a agravante de que o traba-lho não pago, mas socialmen-te útil, continua a ser largamen-te assegurado pelas mulheres, o que também contribui para a

sua situação de pobreza face aos homens. Outro especto que penaliza mais as mulheres e que é agravado pe-lo desemprego é a alteração do quadro da vida familiar no nos-so país. As famílias monoparen-tais têm ganho expressão, destas o tipo de núcleo mais comum é a mãe com filhos, questão que tem vindo a ser apontada como uma das causas para a feminização da pobreza.

É sabido que a baixos ren-dimentos cor-responde, ha-bitualmente, menor aces-so a outros re-cursos, como a saúde, a edu-cação e a frui-

ção de bens culturais ou tempos de lazer. Cria-se um ciclo vicioso que tende a perpetuar-se. Estas são questões que o atual Gover-no não valoriza, mas que são ful-crais para uma sociedade que se diz desenvolvida.

Em sua opinião, justifica-se a existência no PS de um de-partamento especificamen-te dedicado à problemática da mulher?De facto não deixa de ser paro-doxal que um partido que criou a Lei da Paridade tenha um de-partamento que inviabiliza es-sa mesma paridade, no entanto, pelo que mencionei, percebe que as desigualdades entre homens e mulheres aos vários níveis ainda justificam uma atenção especial a estas matérias. Até porque o re-sultado dos departamentos está à vista, hoje há muito mais mu-lheres na política ativa.

Hoje o número de mulheres com licenciatura é superior ao dos homens. Porque é que

esta realidade não se traduz em lideranças políticas ou nas empresas da mulher?Essa questão é uma das que atu-almente mais justificam a exis-tência deste departamento, di-ria que este é o seu atual desíg-nio, aumentar a participação das mulheres nas lideranças partidárias ou empresariais, au-mentar a participação das mu-lheres nos processos de toma-da de decisão. Não é uma situa-ção exclusivamente de Portugal como todos sabemos. Relembro as resoluções aprovadas no Par-lamento Europeu, que defen-dem a introdução de quotas pa-ra aumentar a participação das mulheres na vida política e eco-nómica e em cargos executivos.Verificamos por exemplo que a participação das mulheres na política autárquica, de 1982 a 2005, mais que triplicou, o que é notável e que nos poderia dei-xar satisfeitas, não fosse a bai-xíssima participação em 1982, de 5,1%. No entanto, podemos verificar que dos 308 municí-pios, apenas 23 têm como pre-sidente uma mulher (10 do PS). Há ainda 376 juntas de fregue-sia que não têm mulheres na sua composição.Pugnar pelo cumprimento da Lei da Paridade continua a ser um dos objetivos deste departamento.

Portugal avançou muito na igualdade do género nos úl-timos anos, sobretudo com o Governo do PS. Pensa que com o atual Executivo de direita o cenário é de retrocesso?Como já referi, não creio que es-tas matérias sejam uma priori-dade ou sequer uma preocupa-ção deste Governo. Acredito que pode haver um retrocesso o que exige de todos nós socialistas, ho-mens e mulheres, uma atenção redobrada.

“a SITUaçãO DE CRISE QUE O PaíS aTRaVESSa POTENCIa SITUaçõES DE VIOLêNCIa”

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“Está a ser cometido um poderoso ‘Crime do Eduquês’ sobre a Escola Pública em Portugal. Foi planeado, metódica e pormenorizadamente, e está a ser concretizado, sem contemplação nem hesitações”

o “crime do eduquÊs”

Bravo Nico

Primeiro, aumentaram o número de alunos por turma. De-pois, no currículo, fundiram algumas disciplinas, reduziram o horário de outras e eliminaram as áreas curriculares não

disciplinares que ajudavam os alunos com mais dificuldades de aprendizagem. Continuaram, diminuindo, drasticamente, as ofer-tas vocacionais no ensino secundário e encarcerando, em ‘ofertas profissionalizantes’, os jovens alunos do ensino básico com episó-dios de insucesso escolar. Para que só alguns jovens conseguissem sobreviver no sistema, diminuíram os apoios sociais escolares. Por fim, para expulsar os adultos da qualificação, desativaram toda a rede de cursos de educação e formação de adultos e decidiram desmantelar centenas de Centros Novas Oportunidades. Para completar a cena deste “Crime do Eduquês”, só falta mesmo re-ferir que, enquanto tudo isto aconteceu, milhares de professores ficaram com horários zero e muitos mais ficaram desempregados. O que resultou do “Crime do Eduquês”?: (i) menor oferta edu-cativa; (ii) menos tempo de aprendizagem formal e escolar; (iii) maiores dificuldades escolares para os jovens com famílias mais carenciadas e, consequentemente, maiores probabilidades de insucesso e abandono escolares para estes jovens; (iv) redução drástica do número de adultos nos sistemas de qualificação; (v) redução, objectiva, do exercício do Direito à Educação.Mas, observando-se, com mais detalhe, eis que se revela uma pro-va que pode desvendar as motivações do “Crime do Eduquês”: em cima da realidade atrás descrita, o autor moral do crime despejou, a eito, exames e mais exames. Muita avaliação, para garantir a ‘qualidade’, a ‘exigência’ e o ‘rigor’ do sistema educativo. avalia-ção ‘em todas as esquinas’ para avaliar os que a ela chegam em circunstâncias, cada vez mais desiguais. E, assim sendo, esta ava-liação fará a ‘selecção natural’ dos que sobreviverem e cumprirá a, antiga, retrógrada e inaceitável, função de reprodução social de uma escola que, não contribuindo para a Igualdade de Oportuni-dades, a Justiça Social e a Coesão Social, não serve a Democracia nem a Liberdade.Está a ser cometido um poderoso “Crime do Eduquês” sobre a Escola Pública em Portugal. Foi planeado, metódica e pormeno-rizadamente, e está a ser concretizado, sem contemplação nem hesitações. Os seus autores revelam sangue frio e ausência de qualquer arrependimento. Temos a responsabilidade de revelar e evitar o “Crime do Eduquês” que está a ser cometido contra o nosso país e o nosso futuro, sob pena de se concretizar o maior retrocesso no exercício do Direito à Educação de que há memória em Portugal.

* texto escrito de acordo com a antiga ortografia

direita tem agenda de destruição da escola públicaOs cortes na educação são reveladores da estratégia do governo de “destruição” da escola pública, denuncia a vice-presidente do gP/PS e da Comissão parlamentar de Educação e Ciência, Odete João, que arrasa a política de “retrocesso” do sistema de ensino levada a cabo pela direita. J. c. castelo branco

Odete João afirma que o Or-çamento de Estado deste ano perpetrou na educação um dos maiores cortes face a 2011, que “vão muito para além daquilo que constava no memorando de entendimento e que aponta-va para uma redução de 195 mi-lhões de euros em 2012”.Para além da redução dos apoios sociais a alunos oriundos das fa-mílias mais carenciadas, a vice--presidente do GP/PS alerta que “os cortes estão a ser feitos em todas as frentes: apoios educati-vos, organização e gestão esco-lar, organização curricular, re-cursos humanos, equipamen-tos, requalificação do parque escolar”. E conclui que “ desinvestimen-to em educação conduz-nos ine-vitavelmente a mais insucesso e mais abandono escolar”, acres-centando que “os patamares de qualidade alcançados, reconhe-cidos a nível internacional por entidades credíveis, estão agora fortemente ameaçados”.A vice-presidente da Comissão parlamentar da Educação e Ci-ência desmonta ainda a ideia de que a redução maciça de do-centes é uma inevitabilidade. “O número recorde de profes-sores não colocados este ano letivo configura o maior des-pedimento na Função Pública”, sublinha. Segundo Odete João, “o pro-blema não é como diz o minis-tro Crato que ‘há professores a mais’, o problema é termos res-postas educativas a menos”.

Continuando o seu diagnóstico das políticas seguidas pela 5 de Outubro, a deputada do PS não tem dúvidas que a agenda ideo-lógica da direita está a pôr em causa a igualdade de oportuni-dades. E isto porque, explica, “a politica economicista deste Go-verno condiciona fortemente a criação de condições para que nenhum alunos seja deixado para trás”, já que se “reduziram drasticamente os apoios sociais e os apoios curriculares, assim como, as ofertas educativas pa-ra alunos com percursos esco-lares de insucesso, em risco de abandono ou que demonstram incapacidade para acompanhar o currículo normal”.

incerteza e desconfiançaOdete João afirma que “a des-truição da imagem pública de rigor e qualidade da escola pú-blica tem sido uma constan-te no último ano”, consideran-do que os resultados alcançados nos últimos anos em educação, “reconhecidos e elogiados in-ternacionalmente por entida-des credíveis e idóneas”, são ho-je colocados em causa pelo atu-al Governo.“Assistimos a um ímpeto legis-lativo, tudo se quer alterar. A in-certeza e a desconfiança sobre as escolas estão instaladas”, diz, apontando o facto de as escolas se verem, num ano, com altera-ções “na gestão e organização curricular, nas cargas horárias, disciplinas divididas em duas, retiradas disciplinas, no sistema

de avaliação dos alunos com os exames a partir do 4º ano, na re-de escolar com os mega-agrupa-mentos, no sistema de créditos a atribuir às escolas, no diplo-ma da autonomia das escolas, no estatuto da aluno, no nº de alunos por turma”, entre mui-tas outras. Para a deputada socialista, a “permanente desconfiança” com que o Ministério age sobre a escola pública “mina a credibi-lidade das instituições”. Por outro lado, Odete João diz que “não faz sentido” a inten-ção do ministério de enviar as crianças com mais dificuldades de aprendizagem para o ensi-no profissional. “O ensino pro-fissional tem de ser uma opção livre e informada, não uma pe-nalização”, afirma, defenden-do que “às escolas, através dos seus profissionais e em diálo-go com os alunos e as famílias, compete fazer a orientação es-colar e o encaminhamento dos alunos”.Esta postura do Executivo em relação ao ensino profissional faz parte, segundo a deputada do PS, da “agenda ideológica do governo de direita” e constitui “um retrocesso”. Já a opção que o Executivo quer tomar “configura a construção de uma escola que reproduz e acentua as assimetrias sociais”. Por tudo isto, a vice-presidente do GP/PS não tem dúvidas em classificar como “destruição” a política do Governo da direita para a educação.

bravo.nico

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esquerda e direitaNorberto Bobbio

Andando na contramão das ten-dências contemporâneas nas Ci-ências Políticas, Norberto Bob-bio elenca quais são os critérios para se dizer que alguém é de di-

reita ou de esquerda e demonstra a atualidade da distinção entre uma e outra. O ponto de rutura encontra-se na diversidade dos modos de enca-rar o problema da desigualdade social e de tra-çar seus diagnósticos e prognósticos. Com isso, revela-se a permanência de antigos conflitos por trás de novas situações socioeconómicas.

as cruzadas vistas pelos árabesamin Maalouf

Não se trata de um romance his-tórico ou ficcional. Este é antes um relato puro e duro das várias invasões com o objectivo de con-quistar Jerusalém em nome do Papa, entre os séculos XI e XIII,

apresentando uma visão algo diferente das que es-tamos acostumados, a dos invadidos por um povo que consideram bárbaro quando comparado cien-tífica e culturalmente. Os cristãos são vistos como “bárbaros”, desconhecedores das regras mais ele-mentares de honra, dignidade e ética social.

a riqueza das naçõesadam Smith

“Uma Investigação sobre a Nature-za e as Causas da Riqueza das Na-ções”, mais conhecida como “A Ri-queza das Nações”, é a obra mais famosa de Adam Smith, que nela

procurou diferenciar a economia política da ciên-cia política, a ética e a jurisprudência.Composta por cinco partes, este clássico do pen-samento contém, além de análises teóricas sobre o funcionamento das chamadas sociedades co-merciais e os problemas associados à divisão do trabalho, ao valor, à distribuição da renda e à acu-mulação de capital, considerações históricas e far-to material empírico.Nesta obra, a teoria principal defendida por Smi-th é a de que o desenvolvimento e o bem-estar de uma nação advêm do crescimento económico e da divisão do trabalho.

introdução ao estudo da moedaTeixeira RibeiroDa autoria do professor universi-tário José Joaquim Teixeira Ribei-ro, esta compilação de oito lições de um curso sobre moeda, o valor da moeda, a criação da moeda, os

câmbios, padrão-ouro, papel-moeda, perspecti-vas monetárias internacionais e situação monetá-ria portuguesa da Associação Comercial do Porto (1947-48). Uma obra interessante e invulgar, ca-da vez mais atual.

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O POEMa Da VIDa DE...

pedro delgado alves

Venham leis e homens de balanças,mandamentos d’aquém e além mundo.Venham ordens, decretos e vinganças,desça em nós o juiz até ao fundo.Nos cruzamentos todos da cidadea luz vermelha brilhe inquisidora,risquem no chão os dentes da vaidadee mandem que os lavemos a vassoura.A quantas mãos existam peçam dedospara sujar nas fichas dos arquivos.Não respeitem mistérios nem segredosque é natural os homens serem esquivos.Ponham livros de ponto em toda a parte,relógios a marcar a hora exacta.Não aceitem nem queiram outra arteque a proeza do registo, o verso acta.Mas quando nos julgarem bem seguros,cercados de bastões e fortalezas,hão-de ruir em estrondo os altos murose chegará o dia das surpresas.

UM LIVRO POR SEMaNa SUgESTõES DE LEITURa DE Jamila madeira

ouvindo beethoven José Saramago

por dentro de uma jotadaNieL BaSToS

Procurando retratar e refle-tir sobre o quotidiano e o pa-pel de uma juventude partidá-ria, o jovem historiador Da-niel Bastos socorreu-se das suas vivências durante o pe-ríodo em que liderou a JS de Fafe, entre 2006 e 2011, para nos oferecer a sua mais recen-te obra: “Por dentro de uma jota – Uma experiência de in-tervenção cívica e política em Fafe”, que conta com prefácio de António José Seguro e pos-fácio de Pedro Delgado Alves.No prefácio da obra, o secre-tário-geral do PS escreve que o livro “faz um balanço dos últimos anos na concelhia da Juventude Socialista de Fa-fe, reflecte o importante tra-balho desenvolvido pelas ju-ventudes partidárias a nível local” e atesta que “a dinami-zação política das comunida-des locais é muitas vezes em-preendida e bem, como Da-niel Bastos testemunha, pelos jovens”.Apontando que “a sociedade actual apresenta desafios sem precedentes na nossa demo-cracia de Abril”, Seguro afir-ma que o livro de Daniel Bas-tos “é um exemplo de como se pode mudar a vida dos outros e de afirmar que em política ninguém é dispensável e que todos contam”, consideran-do-o “um legado para todos os que vierem e deve inspirar os jovens que hoje dão os pri-meiros passos na militância

da família socialista”.Em “Por dentro de uma jota – Uma experiência de interven-ção cívica e política em Fafe", o antigo secretário coordena-dor da JS de Fafe e presiden-te da Associação Nacional de Jovens Autarcas Socialistas, num período marcado pelo pretenso alheamento da ju-ventude da Res Publica, dá a conhecer um conjunto diver-sificado de iniciativas cívicas e políticas que contribuíram para a formação política, para o exercício da cidadania ativa e para a envolvência e partici-pação de jovens cidadãos na vida pública.Nas palavras de Pedro Delga-do Alves, que compõem o pos-fácio do livro, “a diversidade dos temas e iniciativas desen-volvidas pela concelhia de Fa-fe ao longo dos últimos anos é reveladora de que, mais do que acantonada num nicho de matérias, a JS Fafe soube abraçar toda a riqueza (e com-plexidade) da nossa contem-poraneidade, não se eximindo de participar e provocar os de-bates que se impunham”.Para o líder nacional da JS, “o balanço dos mandatos do Da-niel Bastos à frente dos des-tinos da concelhia da Juven-tude Socialista de Fafe é um excelente e eloquente exem-plo do potencial das organiza-ções partidárias de juventude, da sua relação com os jovens e com a realidade local”. M.R.

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lei dos compromissos está a paralisar os municípiosassociações representativas do Poder Local e de muitas comunidades intermunicipais, para além de todos os partidos da oposição, já manifestaram a sua discordância em relação à Lei dos Compromissos. O clamor já chegou ao procurador-geral da República, que pediu ao Tribunal Constitucional a declaração de inconstitucionalidade.

A Lei dos Compromissos do Esta-do, aprovada pelo Governo e em vigor desde junho último, com os votos contra dos restantes grupos parlamentares, constitui “um es-partilho” à gestão das autarquias locais.Câmaras municipais e restan-tes instituições, designadamen-te o sector empresarial local, estão a sofrer um assinalável retroces-so na sua gestão com a aprovação desta lei, correndo o risco de “pa-ralisia total” na opinião de Rui So-lheiro, secretário nacional para as Autarquias e presidente da Câma-ra Municipal de Melgaço.Não é com burocracia avulsa e exi-gências do tipo que estão consig-nadas nesta Lei dos Compromis-sos que o Governo deve relacio-nar-se com os municípios, defende ainda Rui Solheiro.Trata-se de uma iniciativa, ainda segundo o autarca socialista, que não ajudará ao crescimento da economia ou a colmatar “as gravís-simas taxas de desemprego”.

uma lei ferida de legalidadeTambém o vice-presidente da Câ-mara Municipal de Leiria, Gonçalo Nuno Lopes, não tem dúvida tra-tar-se de uma lei “que viola a auto-nomia das autarquias”, facto que, em sua opinião, levará inevitavel-mente o Tribunal Constitucional “a considerá-la inconstitucional”.Para o autarca, trata-se de uma norma que já está a paralisar a ati-

vidade quotidiana das câmaras municipais, porque é “incompe-tente e impreparada” e porque não foi “como devia” debatida atempa-damente com os eleitos locais.

Igualmente para o presidente da Câmara Municipal de Ourém, Pau-lo Fonseca, depois de realçar tra-tar-se de uma lei que foi imposta pelo Governo, e “não pedida pela troika” garante tratar-se de uma iniciativa que “está a matar a de-mocracia e a asfixiar as popula-ções”, retirando-lhes qualidade de vida. Trata-se, como salienta, de uma lei que está já a custar um “incalculá-vel prejuízo diário por tudo o que se tem deixado de concretizar”.Igual opinião tem o deputado Pe-dro Farmhouse, que vai mais lon-ge e não hesita em classifica esta lei “como um bom exemplo da políti-ca de paralisia a que Governo tem votado o país”.Lamentando que o Executivo de Passos Coelho esteja a tratar as autarquias locais “como se fos-sem meras repartições públicas”, Pedro Farmhouse lembra que o Poder Local há muito que tem a sua autonomia “consagrada na Constituição”.A Lei dos Compromissos e dos Pa-gamentos em Atraso, ainda na opi-nião do eleito do PS, impede que as autarquias cumpram com “as suas mais elementares funções”, como sejam a aquisição de combustíveis e de alimentos para os bombeiros no seu trabalho de combate aos in-cêndios florestais, ou o “simples assegurar de serviços de transpor-te ou fornecimento de refeições es-colares”. R.S.A.

“ESTa LEI CONSTITUI UM ESPaRTILHO à gESTãO DaS aUTaRQUIaS LOCaIS”Rui Solheiro

“UMa NORMa QUE Já ESTá a PaRaLISaR a aTIVIDaDE QUOTIDIaNa DaS CâMaRaS MUNICIPaIS”Gonçalo Nuno Lopes

“TRaTa-SE DE UMa INICIaTIVa QUE ESTá a MaTaR a DEMOCRaCIa E a aSFIxIaR aS POPULaçõES, RETIRaNDO-LHES QUaLIDaDE DE VIDa” Paulo Fonseca

“UMa LEI QUE É UM BOM ExEMPLO Da POLíTICa DE PaRaLISIa a QUE O gOVERNO TEM VOTaDO O PaíS”Pedro Farmhouse

“Que país é este que tira aos que menos têm, para dar aos que mais têm, sem lhes pedir que devolvam em troca ao país, mais e melhor”

11 de

setembro

de 2012

Hoje ouvi dos meus pais as palavras que mais doem, mas que maior prova de amor podem dar a um filho que está emigrado. “Não voltes Inês, não voltes. Nos vamos tentar

ir-te visitar mais vezes”.

Que país é este que leva uns pais que me amam a dizer-me para não voltar ao meu país.

Que país é este que depois de ter tirado a esperança a milhares de jovens que cresceram a ouvir para lutarem pelos seus sonhos, para estudarem e se esforçarem por ter um trabalho honesto, que cresceram a ouvir que o esforço, a dedicação e o trabalho traz recompensas, tira agora também toda a esperança às gerações mais velhas de que os seus filhos terão um futuro melhor.

Que país é este que tira aos que menos têm, para dar aos que mais têm, sem lhes pedir que devolvam em troca ao país, mais e melhor.

Que país é este que volta a pedir aos mais velhos que trabalharam anos a fio, que honestamente descontaram, e que agora apenas querem com as suas reformas viver um pouco da vida enquanto têm saúde e que voltaram a ter de ajudar os filhos já crescidos, mas que afinal ainda vai ser menos do que pensavam.

Que país é este em que estando eu emigrada, e sempre que digo que sou de Portugal, e que perante a reação das pessoas, me leva com orgulho, mas com luta, a defender o meu país e a dizer que somos um povo de trabalhadores, que nos esforçamos todos os dias para sermos melhores, me deixou hoje, depois das declara-ções do governo e das suas medidas, sem vontade de continuar a convencer que estávamos a tentar. Que país é este que deixou de olhar para os rostos das pessoas, para o seu trabalho, para a sua honestidade e que apenas lhes atribui um número de contribuinte.

Num dia como o de hoje apenas pergunto: O que é que estão a fazer ao meu país? O quê?

minesmauricio

Maria Inês Maurício Militante N.º 72919

O P I N I Ã O D O S M I L I T A N T E S

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foTografiaS Com HiSTÓria

debate constâncio-gama(1986)

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diretor Marcos Sá // conselho editorial Joel Hasse Ferreira, Carlos Petronilho Oliveira, Paula Esteves, Paulo Noguês // chefe de redação Paulo Ferreira // redação J.C. Castelo Branco, Mary Rodrigues, Rui Solano de almeida // colunistas permanentes Maria de Belém presideNte do ps, Carlos César presideNte do ps açores, Victor Freitas presideNte do ps madeira, Carlos Zorrinho presideNte do grupo parlameNtar do ps, Rui Solheiro presideNte da aNa ps, Ferro Rodrigues deputado, Catarina Marcelino presideNte das mulheres socialistas, João Proença teNdêNcia siNdical socialista, Jamila Madeira secretariado NacioNal, Eurico Dias secretariado NacioNal, álvaro Beleza secretariado NacioNal, Pedro alves secretário-geral da juveNtude socialista // secretariado ana Maria Santos // layout, paginação e edição internet gabinete de Comunicação do Partido Socialista - Francisco Sandoval // redação, administração e expedição Partido Socialista, Largo do Rato 2, 1269-143 Lisboa; Telefone 21 382 20 00, Fax 21 382 20 33 // [email protected] // depósito legal 21339/88 // issn 0871-102ximpressão grafedisport - Impressão e artes gráficas, Sa

Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos autores. O “Acção Socialista“ já adotou as normas do novo Acordo Ortográfico.

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este jornal é impresso em papel cuja produção respeita a norma ambiental iso 14001 e é 100% reciclável. depois de o ler colabore com o ambiente, reciclando-o.

O que sentiu, do ponto de vis-ta político mas também emo-cional, ao ver que mais de um milhão de portugueses par-ticipou, no passado dia 15 de setembro, numa das maiores manifestações de que há me-mória em Portugal?Senti-me reconfortado, por-que o povo português, ao con-trário do que se tem apregoa-do, não é conformista e, quan-do abusam da sua paciência, é capaz de se levantar e dar mais força à democracia.

Como interpreta o facto de esta manifestação ter fugi-do à lógica dos partidos ou das organizações sindicais?Há o espaço dos partidos e há o espaço da cidadania. Esta ma-nifestação inorgânica, de uma grande autenticidade, veio de-monstrar que há muita gen-te que não se sente representa-da. Foi uma lição para os parti-dos, como sublinhou António José Seguro. Se os partidos se fe-cham, as pessoas encontram ou-tras formas de se fazerem ouvir.

Depois desta significativa demonstração popular de desagrado pelas políticas seguidas, pensa que este Governo ainda tem futu-ro ou, pelo contrário, está ferido de morte?O Governo destruiu a con-fiança das pessoas na sua po-lítica. É preciso que não mine a confiança no sistema polí-tico. Pode permanecer, mas o vínculo com o país está que-brado. R.S.A.

TrêS PerguNTaS a

manuel alegre

Numa iniciativa do “acção Socialista”, órgão oficial do PS, os camaradas Vítor Constâncio e Jaime gama, candidatos à liderança do PS em 1986, encontraram-se na sede do jornal, sediado nas instalações da gráfica CEIg, no Dafundo, para um debate moderado pelo ca-marada Raul Rego. E a edição de 15 de Maio

publicava na íntegra este debate onde os can-didatos falaram das suas propostas para o PS e para o país, tendo como pano de fundo as res-petivas visões sobre o socialismo democrático. Em Congresso, Vítor Constâncio acabaria por suceder a Mário Soares na liderança do nosso partido. J.c.c.b.

“A ‘gula’ fiscal esbarrou na economia; os portugueses padeceram todos os sacrifícios e o Governo falhou”

orçamento

de estado 2012:

porque falHou?

Eurico Dias

a elaboração do OE 2012 teve uma premissa central: cum-prir o défice de 4,5% do PIB ‘custe o que custar’. ‘Custe o que custar’ repetia o sr. primeiro-ministro na assembleia

da República, mesmo quando questionado pelo PS sobre o au-mento do desemprego (mais 150.000 desempregados do que o estimado em Novembro de 2011), sobre o escalar das falências e das insolvências, sobre a redução acentuada do crédito às PMEs, sobre a paralisação do QREN, entre outros aspetos.Durante o ano o frenesim contabilístico foi-se apoderando do go-verno, as contas não batiam certo. Os dados da DgO desde janeiro mostravam o erro da receita; e perante o erro o governo lançou mão das suas ‘folgas’. Sim, folgas ou margens como dizia o PS; aquelas que garantiam um perímetro de segurança à execução or-çamental; no fundo, aquela despesa que se sabia sobreorçamen-tada, e que os mais optimistas, no Terreiro do Paço, diziam para si próprios: ‘Deve ser suficiente, mesmo que a coisa corra mal.’Mas não foi. E não foi porque o governo tomou uma decisão er-rada: decidiu que podia fazer a consolidação orçamental sem a economia. Quando guardou para si mais de 1000 milhões de eu-ros de folga, retirando rendimentos às famílias, em particular aos pensionistas e aos funcionários públicos, fez diminuir para lá do necessário o consumo das famílias; quando paralisou o QREN, re-duziu o investimento público e privado; quando não deu seguimen-to à proposta do PS de apoiar a tesouraria das PME’s, através de um Linha contratualizada com o BEI (no valor de 5 mil milhões de euros), alavancou o incumprimento contratual entre agentes económicos e destes com um ator muito especial: a banca. E acresce a isto um aumento do prazo médio de pagamentos do SEE – Sector Empresarial do Estado, que só no sector da saúde passou de 250 dias para 359 dias. as empresas sem crédito, com mais dívidas incobráveis ou com prazos de ressarcimento cada vez maiores, esgotaram a sua capacidade de resistência. Mais in-solvências, mais falências e mais desemprego. E como corolário, naturalmente, mais défice orçamental. a ‘gula’ fiscal esbarrou na economia; os portugueses padeceram todos os sacrifícios e o go-verno falhou. É hora de mudar de rumo. Há outro caminho.

eurico.b.dias

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Nº 82 • setembro De 2012Suplemento Informativo dos Deputados Socialistas no Parlamento Europeu

Edite Estrela "Há outro caminho" foi o lema da Univer-sidade de Verão (UV) do PS, que decorreu entre os dias 28 de agosto e 3 de setembro, em Évora, a mesma cidade onde António José Seguro tinha organizado, em 2003, a última edição da tradicional Universidade Política de Verão. Desta feita, tratou-se de uma iniciativa conjunta da Direção Nacio-nal do PS e da Delegação dos socialistas portugueses no Parlamento Europeu.As conferências em formato de aula e os jantares-debate versaram os temas agen-dados para o Congresso do Partido Socia-lista Europeu de finais de setembro: Eco-nomia Justa, Sociedades Coesas, Europa das Pessoas e Democracia Ativa. Temas que foram introduzidos por professores de reconhecido mérito como Viriato Sorome-nho Marques, João Proença, Maria Carmo--Fonseca, Maria João Rodrigues, Adelino Maltez, comentados pelos deputados eu-ropeus Capoulas Santos, Luís Paulo Alves, Elisa Ferreira, Vital Moreira, Correia de Campos e Ana Gomes e debatidos com os cem alunos inscritos (de diferentes idades e proveniências).No discurso de abertura, a propósito da gestão da crise, responsabilizei os partidos conservadores que governam a maior par-te dos países da União Europeia, porque,

no passado, endeusarem os mercados, combateram os serviços públicos e promo-veram as desigualdades. Depois da crise, essa mesma maioria de direita demorou a enfrentar as dificuldades e a tomar as me-didas adequadas à situação. Em relação ao que se está a passar em Portugal, denunciei o oportunismo daque-les que, no tempo do governo Sócrates, consideravam que a natureza da crise era exclusivamente interna e que agora enfa-tizam as condicionantes externas. E recor-dei o argumento do então líder do PSD para chumbar o PEC: O PSD chumbou o PEC4

porque tem de se dizer basta: a austeri-dade não pode incidir sempre no aumen-to de impostos e no corte de rendimento. Precisamente aquilo que o governo está a fazer: a aumentar os impostos e a cortar no rendimento da classe média. Ou seja, a penalizar ainda mais os do costume: os trabalhadores por conta de outrem. E, ape-sar do aumento dos impostos e da redução dos salários, o défice real para este ano pode chegar aos 7% (em vez dos previstos 4,5%). Tanto sacrifício por causa da redu-ção do défice e o défice não baixa, porque o governo quis "ir além da troika" e sujeitou

os portugueses a uma overdose de auste-ridade que deprimiu a economia e matou o emprego. Foi um enorme erro estratégico, como repetidamente tem sido denunciado por António José Seguro e que a quinta avaliação da troika veio confirmar. Em vez de reconhecer o erro e arrepiar caminho, o governo confrontou os portugueses com um novo pacote de austeridade, contra o qual se manifestaram centenas de milha-res de pessoas de norte a sul do país. A fa-mosa taxa social única (TSU), que tira aos trabalhadores para dar aos patrões, pro-vocou uma inusitada unanimidade: todos contra um. Estão contra os sindicatos e as confederações patronais, os trabalhadores e os empresários, os jovens e os idosos, os comentadores de esquerda e de direita, os partidos da oposição e até o partido da co-ligação, o CDS. O PS não põe em causa a necessidade de sanear as contas públicas, mas não to-lera que sejam impostos mais sacrifícios a quem já está no limite da resistência. Qualquer pessoa sabe que um erro de diag-nóstico e uma overdose de medicação pode ser fatal. O governo tem de perceber que este não é o caminho e que, se continuar, vai destruir a economia e a coesão social. Por isso o PS diz: "Não, não vou por aí! Só vou por onde / Me levam meus próprios passos..." e propõe " outro caminho".

Vital Moreira A crise orçamental e económica que afec-ta de forma grave vários países da União Europeia tem tido consequências devas-tadoras a nível social. O desemprego ma-ciço, especialmente entre os mais jovens, o corte na duração e valor dos subsídios de desemprego, a quebra de salários, a re-dução das prestações sociais e o aumen-to da pobreza e da exclusão social têm provocado o empobrecimento geral das sociedades, o aumento das desigualdades dentro dos Estados, e entre os Estados membros. A desagregação social em vários países da União é hoje uma evidência. A crise congrega o descontentamento de amplos sectores das sociedades de vários países europeus como, aliás, demonstram as manifestações em Portugal do passado sábado. A coesão social é um objetivo primordial

da União desde o protocolo social do Tra-tado de Maastricht (1992), depois incor-porado no Tratado de Amesterdão (1997). A coesão social é um pilar constitucional da União Europeia. A União aprovou no iní-cio do ano um Pacto Orçamental. O Con-selho Europeu antes do Verão aprovou um

Pacto para o Crescimento. Neste contex-to, é responsabilidade da esquerda demo-crática na tradição da social-democracia europeia propor caminhos que salvaguar-dem a coesão social, tanto a nível nacio-nal, como a nível da própria União. É, por isso, fundamental a adopção de um Pacto para a Coesão Social, ao nível da União, que inclua nomeadamente: - Reforço dos programas de luta contra a pobreza e a exclusão;- Reforço dos meios de ação do Fundo So-cial Europeu (FSE); - Apoio aos programas nacionais de for-mação profissional e às políticas ativas de emprego; - Definição de padrões mínimos de prote-ção social a nível da União, incluindo salá-rio mínimo e pensão mínima; - Promoção do diálogo social a nível nacio-nal e da União. A proposta de um Pacto para a Coesão So-cial já mereceu o apoio público de Hannes

Swoboda, líder do grupo dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu, que na sequência do último debate do estado da União referiu que a Europa precisa de um pacto social que complete o pacto or-çamental e o pacto de crescimento que já temos. Este é o momento e a oportunidade para exigir e colocar a questão da coesão social no debate político no Parlamento Europeu e fora dele e avançar decididamente com a ideia de um Pacto para a Coesão Social. O aprofundamento da integração orça-mental, económica e política é essencial, mas também o é o reforço da integração social. Precisamos de uma união económi-ca, monetária e orçamental, mas também de uma união social, baseada na economia social de mercado, no estado social e na coesão social. É responsabilidade e tra-dição dos socialistas a defesa da coesão social, quer ao nível dos Estados quer no âmbito da União.

Universidade de Verão do PS

Por um pacto para a coesão social

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Luís Paulo Alves A Conferência de Presidentes das Regiões Ultraperiféricas tem constituído o espaço privilegiado e insubstituível onde as nossas Regiões, em conjunto, construíram e têm aprofundado um quadro mais favorável à nossa inserção e à promoção do nosso de-senvolvimento no seio da União Europeia.A XVIII Conferência que se realizou na Horta sob a Presidência da Região Autó-noma dos Açores, e em que tive a oportu-nidade de ser orador na sessão de encer-ramento, ocorreu num momento em que a União e muitos dos seus Estados Membros atravessam um contexto particularmente difícil, mas em que igualmente vamos to-mar opções decisivas para a construção do nosso futuro, com a definição das novas politicas europeias e do próximo Quadro Financeiro Plurianual 2014-2020. E neste particular têm-se desenhado nas últimas semanas dificuldades preocupantes ao nível do novo quadro orçamental introdu-zidas pelos Estados Membros, que a per-sistirem, considero virem a comprometer irremediavelmente os objetivos da Estra-tégia Europeia 2020 e a ameaçar substan-cialmente as futuras politicas comunitá-rias em que todos temos empenhadamente vindo a trabalhar.A Presidência Cipriota tem, é verdade, a missão hercúlea de chegar a um acordo nesta matéria antes do final do ano. Mas das posições que têm vindo a público

sobre os cortes à proposta da Comissão Europeia, quer no nível global do Quadro Financeiro, quer nas reduções da políti-cas de Coesão, da Agricultura e de todas as outras de uma maneira geral, são to-talmente inaceitáveis e incompreensíveis à luz das próprias conclusões do Conse-lho Europeu de 28/29 de junho de 2012, e revelam uma trajetória sinuosa e uma falta de compreensão preocupantes, pelo indispensável papel supletivo que assume o orçamento Comunitário e as suas poli-ticas, para a promoção do crescimento e

do emprego, sobretudo quando os orça-mentos nacionais se apresentam sujeitos a maiores constrangimentos.Nós vivemos numa união económica e mo-netária, e se é verdade que a discussão mais visível se tem feito em torno da parte monetária, o Euro, os nossos problemas radicam profundamente nos desequilíbrios macroeconómicos e nas assimetrias com-petitivas que existem no interior da União, principais responsáveis pela formação dos défices externos que conduzem ao endivi-damento. É por isso que a Politica de Coe-

são é uma peça central da viabilidade do Projecto Europeu e não pode ser amputada com cortes orçamentais, no seu papel de promover a convergência das Regiões europeias, em particular das nossas Regiões Ultraperiféricas.Não percebo como pode o Conselho afirmar no comunicado das suas con-clusões da reunião de 28/29 de Junho: “A nossa prioridade essencial continua a ser um crescimento forte, inteligen-te, sustentável e inclusivo” se depois em 20 de Agosto, no documento saí-do da Reunião Informal de Ministros e Secretários de Estado de Assuntos Europeus se afirma, “A Presidência re-conhece que é..., inevitável que o nível total das despesas (QFP)...terá que ser corrigido em baixa”. “A Presidência con-sidera que todas as rubricas têm de ser submetidas a esforço de redução”.Estas posições não são aceitáveis, es-

tou certo que, no Parlamento Europeu, os deputados tudo farão para as contrariar. Estamos a definir uma nova estratégia para as Regiões Ultraperiféricas, susten-tada numa parceria para o crescimento inteligente, sustentável e inclusivo e pre-cisamos de construir os instrumentos e de reunir os meios adequados para conseguir os resultados que as nossas Regiões tanto precisam alcançar. Esta receita de provocar crescimento com cortes, reduções e mais cortes, já todos conhecemos bem o resultado. NÃO!

Elisa Ferreira No passado dia 12, o Presidente da Co-missão Europeia, Durão Barroso, apre-sentou-se perante o Parlamento Euro-peu para avaliar o “Estado da União”. O discurso recebeu elogios, porque não é de facto vulgar um Presidente em exercício pedir uma Europa mais federal, sobretu-do sabendo-se o quanto esta ideia colide com as convicções mais profundas de diversas forças políticas dominantes e de alguns Estados Membros. Ao fazê-lo, Barroso reconheceu implicitamente dois factos: primeiro, que se falasse sobre o estado da União hoje, teria de reconhecer que a Europa se transformou num espa-ço de recessão económica, crise social e desilusão para grande parte dos seus cidadãos; segundo, que os mecanismos de que a União dispõe para se defender de crises externas e, acima de tudo, para garantir a sua coesão interna, são mani-festamente insuficientes ou ineficazes.Olhar para o futuro parece, pois, a única saída política possível. Mas será uma vi-são de médio prazo concretizável dadas as cicatrizes com que partimos? Podere-mos pedir aos cidadãos – gregos, irlande-ses, espanhóis, italianos, cipriotas, por-tugueses... – que aceitem transferir mais poder de decisão para o nível “comunitá-rio” quando é, a partir desse mesmo nível, que lhes têm sido impostas receitas que

os empurram inexoravelmente para um beco sem saída?As manifestações dos portugueses no passado dia 15 são a resposta mais sá-

bia e honesta ao diag-nóstico subjacente ao discurso de Barroso. Portugal cumpriu à ris-ca as recomendações mas, ainda assim, não atingiu nenhum dos ob-jetivos previstos. Exa-tamente como ocorreu na Grécia e na Irlanda, nenhuma das previ-sões se revela correta e nenhuma das metas é cumprida, trate-se da dívida, do défice, do crescimento ou do de-semprego. Mas a recei-ta não muda...Perante a ameaça que paira sobre a Europa devido à fragilização da Espanha e da Itália, o BCE fez finalmente aquilo que muitos de nós vínhamos pedindo desde o início da crise: anunciou-se disponível para tomar as primei-ras medidas estrutu-rantes no sentido da

defesa do Euro a ataques dos especu-ladores (decisão do passado dia 6). Pa-ralelamente, o Tribunal Constitucional alemão dava luz verde ao Mecanismo de

Estabilização Europeu e os holandeses reforçavam o voto pró-europeísta, en-quanto Van Rompuy delineava uma visão multipolar para a Europa (incluindo a união bancária em termos de supervisão, o resgate de bancos problemáticos e uma garantia de depósitos)... Tudo no sentido certo, tudo boas notícias...Parecem estar assim a formar-se ondas de fundo que interessam enormemente a Portugal. Sendo que elas se vão mate-rializando, apesar do Governo português – recorde-se, com efeito, que este se ma-nifestou contra a defesa em comum da dívida soberana (“eurobonds”) e contra “mais tempo ou mais dinheiro para cum-prir as metas do défice”. Ou seja: quando o confronto com a realidade vai impon-do – pelas piores razões, reconheça-se – ajustamentos sucessivos na agenda ideológica que domina a Europa, Portugal opta por não a tentar influenciar, entrin-cheirado no autismo primário que cara-teriza os verdadeiros intérpretes de uma fé... Até quando?Sem uma nova agenda de convergência real, centrada no crescimento e no em-prego, isto é, sem a afirmação de uma autêntica perspetiva alternativa, a pro-posta de uma visão federalista não passa de uma quimera todos os dias destruída pela violência imposta aos cidadãos pe-los verdadeiros detentores do poder e seus intérpretes.

ActUALidAdENº 82 | setembro 2012 | 2

discurso e realidade

Em defesa do futuro dos Açores e das RUP

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ActUALidAdE Nº 82 | setembro 2012 | 3

Redes transeuropeias de Energia António correia de campos Em meados de setembro, foi aprovado, na comissão de Indústria, Energia e In-vestigação do Parlamento Europeu, o relatório sobre as Redes Transeuropeias de Energia, de que o signatário é relator, destinado a garantir a constituição de um mercado interno da energia eléctrica e do gás. Seguir-se-á a negociação a três (trílogo) entre o Parlamento e Conselho (co-decisores) e a Comissão (iniciadora do processo). Um mercado transeuropeu de energia permite aproveitar as vanta-gens comparativas de cada região e es-tado membro, fazendo circular a energia eléctrica e o gás entre produtores e con-sumidores, satisfazendo as crescentes necessidades de energia em condições de maior competitividade e menor cus-to para o consumidor. Pretende-se obter maior eficiência na produção, transporte e distribuição, a integração de energia originada em diversas fontes (hídrica, térmica, eólica, foto-voltaica), e a sua distribuição por consumidores a quem serão facultadas condições e meios tec-nológicos para melhor gerirem a sua fac-tura de energia, através dos chamados contadores inteligentes. Este mercado visa ainda garantir a segurança do abas-tecimento do gás e do petróleo a todos os países da União, incluindo a reversibi-lidade dos fluxos para evitar a mono-de-pendência, libertando-os das servidões geográficas (proximidade da Rússia) e tecnológicas (velhas e inseguras cen-trais nucleares), bem como evitar o iso-lamento em que se encontram as ilhas e as regiões ultraperiféricas. Finalmente e talvez o não menos importante, o regu-

lamento visa assegurar o crescimento deste mercado com redução programada das emissões de carbono, contribuindo para o controle crescente das alterações climáticas, das quais a mais preocupante é o aquecimento global. Estas redes têm objetivos complexos. Elas representam, afinal, o planeamento energético de toda a União, o qual até ao presente quase só tem existido a nível de Estados Membros. Criou-se o conceito de Projeto de Interesse Comum, inte-ressando a mais de um Estado-Membro, a partir de uma definição geográfica de grandes corredores, correspondendo à história passada e recente dos grandes fluxos de energia. Este planeamento de-pende de três elementos essenciais: (a) uma correta seleção dos projetos priori-tários; (b) mecanismos de licenciamento de infraestruturas que satisfaçam os requisitos nacionais e regionais e me-

reçam aprovação rápida, para manter os empreendedores interessados nos projetos e finalmen-te, (c) alguma ajuda financeira da União àqueles projetos que não tenham viabilida-de comercial direta, ou cujas vantagens se meçam por exter-nalidades positivas, beneficiando não apenas os seus pro-motores diretos, mas também outros Esta-dos Membros.O Parlamento impri-

miu ao regulamento proposto pelo Con-selho mais rigor, mais realismo e mais operacionalidade, sobretudo acrescen-tando-lhe um mecanismo de cooperação técnica entre as redes, com base no res-peito pelas normas e standards tecno-lógicos, e partilha de informação sobre fluxos, encargos e eventos anormais. Assim se poderão atenuar os efeitos de imprevistos picos de consumo e rupturas inesperadas, com dispêndios desneces-sários que a todos prejudiquem. O Relatório tem uma complexidade técni-ca anormal e determinou cerca de 1300 propostas de alteração, as quais se con-seguiram reduzir a mais de duas dezenas de propostas de compromisso. A partir de agora, o Conselho sob a presidência de Chipre iniciará negociações em trílo-go, para dar cumprimento ao processo de co-decisão legislativa até ao final do corrente ano.

A importância deste Regulamento para Portugal é considerável: apesar da espe-rada redução, nos últimos cinco anos, em -2% / ano, do consumo total de energia final, observa-se um aumento regular do consumo de eletricidade, da ordem de 1,9% / ano. Encontramo-nos em situação de plena satisfação desta procura cres-cente e até de exportação de excedentes, na produção de eletricidade. Estamos no bom caminho para alcançarmos em 2020 a meta, que fixámos em 31% de ener-gias renováveis no consumo final bruto de energia total. Todavia, a ainda forte componente de origem fóssil (45% em petróleo e 25% em gás natural), pesando enormemente nas nossas contas exter-nas (15,2% na balança comercial) e na nossa factura de carbono, exige-nos um reforço maior nas renováveis e na efici-ência energética, para baixarmos da mé-dia dos 85% entre 2000 e 2005, para a meta de 74% de dependência energética nacional (estávamos em 77% em 2010). No que respeita ao gás natural, dispo-mos de um óptimo terminal em Sines, faltando-nos apenas mais uma ligação a Espanha, entre a Beira Alta e Zamora, para termos uma rede completa e segu-ra, com as redundâncias exigidas pela independência energética. O nosso se-gundo grande problema, comum a Espa-nha, consiste na dificuldade em estabe-lecer ligações mais fluidas com o centro da Europa, através ou em volta do istmo pirenaico. Esta legislação cria novas condições para evitar o nosso isolamen-to energético e podermos exportar com vantagens económicas e funcionais a energia que produzimos para países de maior consumo.

Estão os Estados Unidos da América a sair da crise?

Ana Gomes No início do mês, assisti em Charlotte, Carolina do Norte (EUA), aos trabalhos da Convenção que nomeou Barack Obama candidato oficial do Partido Democrático (PD) às presidenciais americanas. Oba-ma e o PD propõem-se reinventar lide-rança estratégica, governação, regula-ção, justiça e diplomacia contra a crise, fazendo reviver as instituições democrá-ticas nos EUA e a nível global.A Convenção teve, como não podia dei-xar de ser, por pano de fundo a crise económica. Todos nos EUA percebem que é determinante a avaliação feita pela classe média sobre as políticas da Administração Obama para o país saír da crise e voltar a criar emprego: e, assim, foi para a classe média que a Convenção martelou que Obama herdou o país no pico de uma crise financeira global sem precedentes, em resultado da viciação das regras do mercado pela desregulação desenfreada. Nesta linha, O ex-Presidente Clinton, em magistral

intervenção, sublinhou como o país já estava superar a crise e recordou as me-didas tomadas por Obama contra o re-gabofe da financeirização da economia e o gangsterismo instalado na banca e no “big business” que haviam estado na origem da crise.Muitos outros oradores desfilaram a evo-car os valores da classe média - que não é quem “acumula dinheiro em contas nas

Ilhas Caimão para evitar pagar impostos”, como observou a candidata ao Senado Elizabeth Warren, que também denun-ciou Romney por advogar mais cortes nos impostos “para os bilionários já taxados abaixo do que pagam as suas secretá-rias”. E foram sobretudo para a classe média os discursos do Vice Presidente Joe Biden e do Presidente Obama: o primeiro, resumindo o balanço da Admi-nistração na frase “A General Motors está viva e Bin Laden está morto!”; e o segundo, mais

voltado para o futuro e a procurar incutir esperança, sem deixar de sublinhar que o caminho ainda ia ser duro, mas apelando ao sentido de responsabilidade e resiliên-cia do povo americano.A Convenção realçou o fosso ideológico que separa Democratas dos Republi-canos e uniu e galvanizou o PD para o combate eleitoral. Mas, no dia seguinte, as estatísticas revelavam que no mês an-

terior haviam sido criados apenas 90.000 postos de trabalho, quando é sabido se-rem precisos 130.000 para corresponder às necessidades.... Isto é, encerrada a Convenção, cá fora o desafio persiste: como convencer a classe média de que o copo já vai meio-cheio, Ou seja, trata--se de converter o velho slogan: “it is the economy, stupid!” na pergunta: “is the middle class stupid?” e tudo fazer para que o povo americano entenda que com Obama está no caminho da recuperação e com Romney ficará muito pior.E é aqui que entra a Europa, significativa-mente. A UE que tem de tomar medidas para travar a escalada depressiva e co-meçar, ela própria, a recuperar da crise, porque dela depende também a recupe-ração nos EUA, tal a interpenetração das duas economias. À margem da Conven-ção, responsáveis do PD não se coibiam de frisar aos convidados estrangeiros a responsabilidade que também incumbe e interessa aos europeus de viabilizar a vitória de Obama, “getting their act toge-ther” contra a crise.

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FICHAtÉCNICA

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ActUALidAdENº 82 | setembro 2012 | 4

Reformar a PAc em contexto de crise capoulas Santos O processo de Reforma da PAC para o pe-ríodo 2014/2020 entrou numa fase decisi-va. Depois da Comissão Europeia ter apre-sentado as suas propostas legislativas em outubro de 2011 e de, em julho deste ano, os Deputados Europeus terem apre-sentado as suas emendas às propostas da Comissão, inicia-se agora um intenso período de negociação no Parlamento, ao mesmo tempo que idêntico processo ne-gocial decorre no Conselho dos Ministros da Agricultura.Recorde-se que, nos termos do Tratado de Lisboa, a agricultura passou a estar in-cluída nas matérias objeto de codecisão, pelo que qualquer decisão final terá de ser objeto de um acordo que obtenha maioria nas duas instituições.Tive a honra de ter sido designado Rela-tor do PE para os dois mais importantes Regulamentos, os "Pagamentos Diretos" e o "Desenvolvimento Rural", que repre-sentam mais de 90% do orçamento da PAC que, por sua vez, segundo as propos-tas da Comissão, no próximo período de programação ainda representará quase 40% do orçamento total da UE. As minhas próprias propostas de alteração e as que os demais deputados apresentaram tota-lizam cerca de 4500 emendas ao articu-lado da Comissão, cabendo-me agora, na qualidade de Relator, procurar encontrar o ponto de equilíbrio entre elas visando a obtenção de uma posição maioritária do PE que constitua o mandato de negocia-ção com o Conselho.Das inúmeras questões a regulamentar na nova PAC, resultam como mais contro-versas a distribuição dos envelopes finan-ceiros entre Estados-membros, a fixação dos montantes a pagar aos agricultores no interior de cada Estado-membro, os novos critérios a utilizar para lhes conferir direito ao recebimento desses montantes e as elegibilidades para o financiamento de novos regadios.

A nova arquitetura proposta para a PAC assenta num reforço do papel do mercado e numa redução do apoio público, em linha com os compromissos que vêm sendo as-sumidos nos últimos anos pela UE no seio da OMC.As novas ajudas diretas deverão assim, em principio, ser desligadas da produção e atribuídas por hectare, baseadas es-sencialmente em critérios de natureza ambiental, como compensação pelo papel dos agricultores, enquanto "produtores de bens públicos" que o mercado não remu-nera e de que toda a sociedade beneficia. Contudo, na proposta de distribuição dos recursos financeiros, a Comissão apre-senta valores médios por hectare para cada Estado-membro que pouco alteram os montantes atuais, que foram calcula-dos tendo por base critérios absolutamen-te diferentes. Continuarão assim, caso a proposta da Comissão prevaleça, a existir pagamentos de cerca de 500€/ha para os agricultores de uns países e de menos de 100€/ha para outros. Atualmente, a me-dia comunitária ronda os 250€/ha e Por-tugal recebe cerca de 180€/ha.No meu Relatório, proponho uma reparti-ção um pouco mais equitativa mas tenho--me deparado com enormes resistências, em particular dos que, por receberem uma fatia maior, sofrerão maiores redu-ções para compensar aqueles que se en-

contram abaixo da média comunitária em termos de pagamentos por hectare.No entanto, a ambição que falta à Comissão Europeia no que diz respeito à jus-tiça distributiva entre pa-íses, sobra-lhe no que diz respeito à distribuição por agricultor dentro de cada Estado-membro, dado que preconiza que, até 2019, o valor por hectare deve-rá ser igual para todos os agricultores.

A adopção de tal mecanismo, aparente-mente justo à primeira vista, em países de agricultura diversificada como é o caso do nosso país liquidaria sectores tão impor-tantes como o tomate o leite ou o arroz, onde os pagamentos por hectare cairiam de mais de cerca de 1300€, 770€ e 700€ respectivamente, para cerca de 200€/ha, neste curto lapso de tempo.Tive por isso o cuidado de introduzir nas minhas propostas um mecanismo de cor-reção que permitirá aos Estados-mem-bros que o queiram utilizar, controlar essa redução até um máximo de 30% do valor atual. Não estou totalmente tranquilo quanto á sua aceitação por um Parlamen-to, uma Comissão e um Conselho onde prevalecem maioritariamente concep-ções liberais.A questão que irá, contudo, ocupar mais horas de negociação será seguramente o "greening", ou seja os critérios "verdes" que os agricultores terão de cumprir para ter acesso aos pagamentos diretos por hectare. A Comissão propõe, entre as exigências mais polémicas, a obrigatorie-dade de todas explorações que não sejam constituídas por pastagens permanentes, deixarem por cultivar 7% da sua superfí-cie, destinando-a à criação de santuários para a biodiversidade, ou de diversifica-rem a produção através de, pelo menos, 3 culturas diferentes.

Proponho, em alternativa, que culturas permanentes como os pomares, vinhas ou olivais sejam equiparados às pastagens e que os 7% de "superfície de interesse ecológico" possam ser cultivados com plantas fixadoras de nitrogénio, dados os benefícios ambientais e os efeitos econó-micos positivos indiretos uma vez que se trata de produções em que a Europa é de-ficitária. Para além disso, são introduzidos mecanismos de articulação entre os dois pilares, visando reforçar a componente "verde" e introduzir maior coerência entre os principais instrumentos da PAC.No 2º Pilar, o "Desenvolvimento Rural", a principal questão, para além da omissão referente às regras de repartição do orça-mento entre Estados-membros, é a sur-preendente e mal explicada proposta da Comissão segundo a qual, apenas terão acesso a cofinanciamento comunitário para novos regadios os Estados-membros do alargamento pós-2004. A prevalecer tal proposta que, obviamente, pretendo anular, implicaria que o Alqueva e outros projetos de regadio em Portugal jamais seriam concluídos, pois ficariam total-mente dependentes de financiamento nacional.O Parlamento Europeu adoptará assim a sua posição muito provavelmente até ao final deste ano ou principio do próximo, após o que se iniciarão as negociações com o Conselho e a Comissão, o chamado "trilogo", visando um acordo global até ao fim do primeiro semestre de 2013.Apesar da conjuntura económica e finan-ceira desfavorável, do quadro negocial complexo e de menos dinheiro no orça-mento da PAC - a proposta da Comissão é cerca de 10% inferior ao orçamento atual - tenho esperança e não é irrealista admi-tir que Portugal possa sair deste proces-so um pouco melhor do que se encontra neste momento. Assim seja bem sucedida a dura negociação que me espera no PE e que espera a Ministra portuguesa no Conselho.

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Director Igor Carvalho Directores-Adjuntos André Valentim, João Correia e Susana GuimarãesEquipa Responsável Alexandra Domingos, Bruno Domingos, Guido Teles, Mariana Burguette, Marta Pereira, Richad Majid e Vasco Casimiro

ÓRGÃO OFICIAL DA JUVENTUDE SOCIALISTA

SocıalistaJovem nº 513 SeTeMBRo 2012

Semana Federativa Algarveentre 26 de Julho e 2 de Agosto decorreu no

Algarve mais uma preenchida semana federativa

Encontro de Jovens Autarcas>Teve lugar em Cifães, nos dias 14 e 15 de Julho, o Encontro Nacional de Jovens Autarcas Socialistas

>A iniciativa de formação foi bastante vasta, tendo contado com painéis subordinados a temas diversificados

>Sábado, dia 14, elegeram-se os órgãos sociais da Delegação Regional de Viseu da Associação Nacional de Jovens Autarcas Socialistas (DRV-ANJAS)

Fórum dos Movimentos Sociais>JS organizou, no passado dia 28 de Julho de 2012, o I Fórum dos Movimentos Sociais, na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Lisboa

>Focos: Reforço da articulação com os movimentos sociais · Direitos fundamentais · Desafios em torno do ambiente, ordenamento do território e política energética · Precariedade e combate ao desemprego · Defesa do Estado social e reforço de diálogo com os movimentos sociais

MArChA LGBT PorTo>> JS marca presença na 7ª

Marcha do Orgulho LGBT >> Deputados apresentam projecto de co-adopção

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SocıalistaJovem

por André Valentim›› [email protected]

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A Conselho de EstadoO órgão reuniu na passada sexta-feira e pronunciou-se sobre a austeridade, tendo como tema principal a discussão da TSU. Ao que tudo indica, a maioria dos conselheiros foi clara nas suas posições em relação a esta medida. Ao longo das últimas semanas foram muitos os membros deste órgão a pronunciarem-se contra as intenções do governo.

Contestação SocialEstamos a assistir a uma verdadeira contestação social em relação à linha política do governo, cuja solução para os problemas é mais austeridade. Estará este executivo atento ao facto destas manifestações serem uma demonstração clara de uma ruptura entre mundo político e o mundo social?

Remodelação GovernamentalSão muitas as opiniões favoráveis a uma eventual remodelação governamental. Existem até correntes de opinião que o afirmam como fundamental para a continuação deste governo em funções. A grande questão que se impõe é: Se Passos ainda não o fez, com todos os escândalos e más prestações até agora, porque é que o haveria de fazer no futuro? Tapar meio buraco só faz com o navio se afunde mais devagar…

Romney, o Relvas lá do sítio…Depois de tantas gaffes e tantas questões mal esclarecidas em relação ao seu passado empresarial, a última do candidato republicano pode-lhe mesmo ter ditado a sentença. Ao ser publicado um vídeo sobre declarações suas, em tom pejorativo, em relação ao eleitorado que ele considerava como subsidio dependentes, as sondagens em relação à sua prestação baixaram de forma abrupta.

›› Vários militantes da JS estiveram presentes na 7ª Marcha do Orgulho LGBT Porto

A 7ª Marcha do Orgulho LGBT Porto, que

ocorreu a 7 de Julho, contou este ano

com a presença, pela primeira vez, do

Secretário-Geral. A Federação Distrital

do Porto da JS voltou a integrar a organização do acon-

tecimento, tendo desfilado com uma faixa com uma

mensagem em defesa da legalização da adopção por

parte de casais do mesmo sexo.

Em conjunto com mais dez Depu-

tados do Grupo Parlamentar do PS

(Isabel Moreira, Elza Pais, Maria

Antónia Almeida Santos, Jorge

Lacão, Pedro Nuno Santos, Duar-

te Cordeiro, Sérgio Sousa Pinto,

Ana Catarina Mendes, Inês de

Medeiros e Maria Helena André),

a JS apresentou um projecto de

lei que consagra a possibilida-

de de co-adopção por casais

do mesmo sexo, permitindo

aos cônjuges ou unidos de

facto a adopção do filho do seu

companheiro, dando protecção

jurídica a muitas famílias já existentes.

Não sendo para já possível consagrar a possibilidade

de acesso de todos à adopção, uma vez que a maioria

parlamentar rejeitou os projectos já discutidos nesta

sessão nesse sentido, a presente iniciativa permite

pelo menos acautelar a urgência da situ-

ação de fragilidade em que se encontram muitos casais

e o seus filhos, protegendo os muitos casos reais aos

quais a lei não oferece garantias de protecção.

Js marca presença na LGBt do Porto...

...e promove projecto de co-adopção

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O nível de contestação em relação às medidas apresentadas pelo governo, sobe de dia para dia.

As declarações de políticos, empresários e membros destacados da sociedade civil sobre o aumento da austeridade e da transferência directa do dinheiro dos trabalhadores para os patrões é um reflexo claro do fosso entre classes que está cada vez mais profundo.

Escrever sobre tudo o que tem sido dito nas últimas semanas em relação a esta questão, seria um exercício absurdo e sem re-levância nenhuma, que serviria apenas para constatar o óbvio (coisa que pelos vistos toda a gente sabe fazer, menos o governo).

As perguntas que nós jovens, precisamos de fazer são: O que é que nos está a ser proposto? Que respostas é que este governo tem para os problemas que atravessamos? Qual é a alternativa a uma mão cheia de nada e uma porta aberta para a emigração?

Onde é que está a emancipação jovem? O direito ao trabalho? O acesso à habitação?

São perguntas legítimas que todos os jovens neste momento fazem…

Esta é uma crise económica e financeira. Alguns membros do governo através de mensagens directamente do Brasil sugerem que não se junte a estas, uma crise política. O que os senhores membros do governo não entendem é que o que realmente deveria ser a sua preocupação genuína, é uma crise demográfica. A nossa taxa de natalidade é absurdamente baixa e assistimos a um envelhecimento alarmante da nossa popula-ção. Ao juntarmos a estes dois factores, uma política que apenas se preocupa em cumprir um calendário externo cuja finalidade é baixar o custo de trabalho, e uma geração de jovens qualificados que não aceitam trabalhar por um salário que não lhes per-mite sequer equacionar uma independência financeira, temos a receita completa para nos tornarmos um estado exíguo1…

Sinceramente, e analisar pelo “Estado” a que chegámos, talvez até já o sejamos.

1 Adriano Moreira concebe como Estado exíguo, aquele que não consegue oferecer à sua população as condições básicas de bem-estar.

Igor CarvalhoDirEctOr DO JOvEm SOciAliStA

›› igorcarvalho

@juventudesocialista.org

EditorialDe Porta Aberta…

›› O Algarve foi o palco de mais uma preenchida semana federativa, realizada entre os dias 26 de Julho e 2 de Agosto.

N uma primeira

ronda, dedicada

aos concelhos

do Barlavento, o

Secretário-Geral reuniu com os

autarcas de Vila do Bispo, Lagos

e Aljezur, e visitou investimentos

relevantes na área da educação,

conhecimento e cultura com

destaque para o centro Ciência

Viva de Lagos, para o Museu de

Portimão e para a Casa Manuel

Teixeira Gomes. Ainda nesta ronda inicial, a Semana

Federativa marcou presença em Silves e em Monchique, onde rea-

lizou contactos com militantes das estruturas do PS e da JS.

De seguida, a jornada pelo Algarve centrou-se num contacto

de maior proximidade com as actividades económicas do distri-

to, com passagem pela Adega Cooperativa de Lagoa, pelo Porto

de Pesca de Quarteira (Loulé) e por encontros com empresários,

com a Associação de Restaurantes do Algarve (ARESTA) e com

a Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Al-

garve (AHETA), ambas em Albufeira.

Seguidamente, e para além de recepções nas Câmaras Muni-

cipais de Olhão, Tavira e São Brás de Alportel, o Secretário-Geral

pôde visitar a Casa da Juventude de Olhão o

projecto de parque empresarial ATIVAR TAVIRA e contactar as-

sociações desportivas e culturais em São Brás de Alportel. No

penúltimo dia do percurso, no concelho de Faro, a delegação da

JS reuniu com o Reitor da Universidade do Algarve, com a Dele-

gação Regional do IEFP, com o Núcleo Regional da Associação

Nacional de Jovens Empresários e com a Associação Académi-

ca, tendo reservado a última etapa para contactos com autar-

cas do PS na Freguesia de Altura (Castro Marim) e em Vila Real

de Santo António, e para uma reunião com jovens agricultores

do concelho de Alcoutim.

Realizou-se nos dias 14 e 15 de Julho, em Cinfães, o Encon-

tro Nacional de Jovens Autarcas Socialistas. A iniciativa de

formação foi bastante vasta, tendo contado com painéis

subordinados a temas como as finanças locais, a participa-

ção política e a democracia local, as políticas autárquicas de

juventude e a reforma autárquica.

O evento contou com a presença de diversos autarcas

do PS (José Manuel Pereira Pinto, Presidente da Câmara

Municipal de Cinfães, António Borges, Presidente da Câmara

Municipal de Resende, Gonçalo Rocha, Presidente da

Câmara Municipal de Castelo de Paiva, e Teresa Fernandes,

vereadora da Câmara Municipal da Trofa), bem como Daniel

Magueta, docente na Universidade de Aveiro e José Junquei-

ro, Deputado à Assembleia da República e antigo Secretário

de Estado da Administração Local.

No sábado dia 14, foi ainda possível contar com a presen-

ça de Francisco Assis, Deputado à Assembleia da República,

para uma conferência subordinada aos desafios próximos da

União Europeia.

Durante a manhã de sábado, elegeram-se ainda os órgãos

sociais da Delegação Regional de Viseu da Associação Na-

cional de Jovens Autarcas Socialistas (DRV-ANJAS), os quais

estavam a funcionar com uma Comissão Instaladora, sendo

agora a delegação regional presidida por Luís Soares.

Secretário-Geral em Semana Federativa no Algarve

EnContro nACIonAl DE JovEnS AutArCAS SoCIAlIStAS tEm luGAr Em CInFãES

Page 24: Acção Socialista n.º 1371

SocıalistaJovem

›› A JS organizou, no passado dia 28 de Julho de 2012, o I Fórum dos Movimentos Sociais, na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Lisboa.

JS realizou primeiro Fórum dos Movimentos Sociais em Lisboa

D epois de uma sessão de abertu-

ra que contou com a presença do

Presidente da Concelhia de Lisboa

do PS, Rui Paulo Figueiredo, que

deu nota da importância do reforço da articulação

com os movimentos sociais, os trabalhos da manhã

prosseguiram dedicados à temática dos direitos

fundamentais, num painel que contou com Elza

Pais, Deputada do PS e presidente da Subcomissão

de Igualdade, Paulo Côrte-Real, presidente da ILGA

Portugal, Vasco Malta, jurista na área da imigração

e minorias étnicas e José Falcão, da SOS Racismo.

Da parte da tarde, João Joanaz de Melo, do GE-

OTA, focou a sua intervenção no segundo painel

do dia nos desafios dos próximos anos em sede

de ambiente, ordenamento do território e política

energética, enfatizando a necessidade de maior

debate e aprofundamento do confronte de ideias

dentro dos partidos.

Finalmente, a sessão final focou-se nas ques-

tões da precariedade e combate ao desemprego,

com intervenções de Paula Gil (activista do movi-

mento 12 de Março), que relatou muita da experi-

ência de mobilização recente para esta causa, de

Tiago Gillot (Associação contra a precariedade),

que analisou as principais fontes de trabalho pre-

cário e a dificuldade de construção de estratégias

que o contrariem e de Jorge Franco (Jovens da

UGT), que fez o balanço das recentes alterações

na lei laboral e sublinhou o relevo da formação e

dos futuros debates em torno da sustentabilida-

de da segurança social à escala europeia.

Jamila Madeira, secretária nacional do PS para

os movimentos sociais, participou no encerra-

mento da sessão, sublinhando o compromisso

do PS com a defesa do Estado social e de reforço

de diálogo com os movimentos sociais.

AFederação da Juventude Socialista de Bragança, em

parceria com as Juventudes Socialistas de Zamo-

ra, realizou em Miranda do Douro o IV Encontro

Transfronteiriço de jovens socialistas de Bragança

e Zamora nos dias 20, 21 e 22 de Julho. Para além de reforçar

a relação entre as estruturas juvenis socialistas do distrito de

Bragança e da província de Zamora, a iniciativa permitiu cimentar

o conhecimento mútuo entre os dois territórios fronteiriços que

apresentam problemas de desenvolvimento e de interioridade

semelhantes e que podem beneficiar da definição de uma estra-

tégia política conjunta. O evento contou com a participação do

Secretário-Geral da JS, bem como de diversos dirigentes socialis-

tas de ambos os lados da fronteira, com destaque para o autarca

de Miranda do Douro, Artur Nunes.

A Comissão Nacional da

Juventude Socialista, reu-

nida em Lisboa, na sede

nacional do Partido So-

cialista, no Largo do Rato,

marcou o XVIII Congresso

Nacional da organização

para os dias 2, 3 e 4 de

Novembro e aprovou o

respectivo Regulamento.

A Comissão Nacional

elegeu ainda a Comis-

são Organizadora do

Congresso, que será pre-

sidida por João António

(FAUL) e integra ainda

Pedro Rebelo (Guarda),

Mafalda Serras-

queiro (Cas-

telo Branco),

Nuno Miran-

da (Bragança)

e Luís Soares

(Braga).

Miranda do Douro acolheu IV Encontro Transfronteiriço

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