aÇÃo sul america - obrigaÇÃo de fazer - 001

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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL – PE. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXx , brasileira, casada, devidamente inscrita no CPF do MF sob o nº 000.000.000-00, portadora da cédula de identidade de nº 0000000, expedida pela SSP/PE, com endereço residencial na Rua XXXXXXXXXXXXXXXXXXX, nº 00, apto. 000, bairro da XXXXXXXXXXX, Recife-PE, por seus advogados e procuradores devidamente constituídos conforme mandato em anexo (doc. 01), com fulcro no art. 282, 806 e seguintes do CPC, bem como nos termos do disposto no art. 186 do Código Civil Brasileiro, artigos úteis do Código de Defesa do Consumidor e artigos 196 e 197 da CF/88, vem perante V.Exa., para propor a presente AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, NULIDADE DE CLÁUSULA CONTRATUAL, COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA JURISDICIONAL, COM PEDIDO LIMINAR – INAUDITA ALTERA PARS nos termos do art. 273 do CPC, em face da SULAMÉRICA SAÚDE, pessoa jurídica de direito privado, com endereço onde deverá ser citada e intimada na Avenida Domingos Ferreira, nº 467, Boa Viagem, Recife- PE, CEP nº 51011-902, em razão dos relevantes fundamentos de fato e de direito adiante aduzidos: DOS FATOS. 1 1

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Page 1: AÇÃO SUL AMERICA - OBRIGAÇÃO DE FAZER - 001

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DA

CAPITAL – PE.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXx , brasi leira, casada,

devidamente inscrita no CPF do MF sob o nº 000.000.000-00, portadora da

cédula de identidade de nº 0000000, expedida pela SSP/PE, com endereço

residencial na Rua XXXXXXXXXXXXXXXXXXX, nº 00, apto. 000, bairro da

XXXXXXXXXXX, Recife-PE, por seus advogados e procuradores devidamente

constituídos conforme mandato em anexo (doc. 01), com fulcro no art. 282, 806

e seguintes do CPC, bem como nos termos do disposto no art. 186 do Código

Civi l Brasi leiro, art igos úteis do Código de Defesa do Consumidor e art igos 196

e 197 da CF/88, vem perante V.Exa., para propor a presente AÇÃO ORDINÁRIA

DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, NULIDADE DE CLÁUSULA CONTRATUAL, COM

PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA JURISDICIONAL, COM PEDIDO

LIMINAR – INAUDITA ALTERA PARS – nos termos do art. 273 do CPC, em face

da SULAMÉRICA SAÚDE, pessoa jur ídica de direito privado, com endereço

onde deverá ser citada e int imada na Avenida Domingos Ferreira, nº 467, Boa

Viagem, Recife-PE, CEP nº 51011-902, em razão dos relevantes fundamentos de

fato e de direito adiante aduzidos:

DOS FATOS.

A medida judicial ora impetrada visa a proteger direito inconteste

da AUTORA, consubstanciando-se na uti l ização de assistência médica –

hospitalar e auxi l iares de diagnóstico e terapia, objeto do contrato empresarial

f i rmado com a SULAMÉRICA SAÚDE.

A Autora é t i tular do contrato f irmado com a SULAMÉRICA SAÚDE,

plano ESPECIAL I , APARTAMENTO, com código de identi f icação nº

48565.0000.7621.0016 (doc. 02), por se tratar de t ípico contrato de adesão,

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cujas cláusulas foram elaboradas uni lateralmente pela empresa Ré, sem que

fosse dado ao mesmo o direito de discuti - las previamente, como de praxe o são

os contratos desta natureza.

Vale ressaltar que desde o início da vigência do presente contrato

em nenhum momento deixou a Autora de cumprir com a sua parte na avença.

Desta forma, não deu a Autora qualquer motivo para que a Seguradora Ré

l imitasse os seus direitos de consumidor/usuário, tampouco ocorreu qualquer

ruptura no referido pacto, ou interrupção parcial motivada pelo mesmo.

Ocorre que a Autora é portadora de SÍNDROME DE HIPERATIVIDADE

DE CÉLULA NK. As células NK são células de defesa do sistema imune que têm

como função, reconhecer células estranhas ao organismo, células infectadas

por vírus e que apresentam como característ ica induzir a morte celular quando

ativadas. Uma grande quantidade de células NK é encontrada na circulação

peri fér ica e no útero, sendo assim, um equi l íbr io adequado de sua função é

fundamental no processo de aceitação ou não do embrião. Estudos mostram

que quando a quantidade de células NK ativadas é aumentada, aumenta o r isco

de que elas venham a atacar o embrião, levando a quadros de abortamento.

Estudos recentes mostraram que o próprio embrião também part ic ipa do

processo de regulação da atividade NK, relatado pela Autora.

A Autora vem sendo acompanhada periodicamente para

tratamento da HIPERATIVIDADE DE CÉLULAS NK desde o seu descobrimento.

Esta síndrome caracteriza-se por alterações autoimunes múlt iplas,

identi f icadas em testes dinâmicos para atividades das células NK, presença de

autoanticorpos e de anticorpos anti fosfol ipideos. Devido à at ivação da sua

autoimunidade, a agressividade das células NK, e pelo alto r isco de

abortamento sol ic ito tratamento com imunoglobul ina humana (ENDOBULIN)

endovenosa em regime ambulatorial com acompanhamento médico e de

enfermagem e HEPARINA (Clexane 40mg).

A médica, a qual vem acompanhando a Autora, c iente da

gravidade do quadro cl ínico da mesma, sol ic itou autorização para a real ização

de ENDOBULIN 15g EV, a cada 21 (vinte e um) dias,a te a 16 (décima sexta)

semana de gestação, associada ao uso de HBPM (Clexane 40 UI) diar iamente.

A médica Dra. Rosa Arcuri , CRM 5059, fez a sol ic itação para a

ENDOBULIN 15g EV e HEPARINA (Clexane 40mg), como mostra a sol ic itação

preenchida pela mesma (doc. 03):

“Declaro para os devidos f ins, que a Sra. JUSSARA DOS ANJOS

RODRIGUES, é portadora de Síndrome de Hiperatividade de

células NK, esta síndrome caracteriza-se por alterações

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autoimunes múlt iplas, identi f icadas em testes dinâmicos para

atividades de células NK, presença de autoanticorpos e

anticorpos anti fosfol ipideos. Devido à at ivação da sua

autoimunidade, a agressividade das células NK e pelo alto

r isco de abortamento sol ic ito tratamento com imunoglobul ina

humana (ENDOBULIN) intravenosa em regime ambulatorial

com acompanhamento médico e de enfermagem.

Sol ic ito autorização para real ização de ENDOBULIN 15.000mg

EV e HEPARINA (CLEXANE 40mg).”

Porém, a Operadora Ré, SULAMERICA SAÚDE, não autorizou a

ENDOBULIN e nem a HEPARINA (Clexane 40mg), com a just i f icativa

inconsistente de que o procedimento é experimental , por este motivo não está

contemplado em seu contrato. Ora Douto Julgador, como pode a Ré ao seu

talante decidir , uni lateralmente, o que estará coberto do contrato sob comento,

quando O QUE ESTÁ EM RISCO É A VIDA DO FETO QUE A MESMA CARREGA NO

VENTRE, POIS É PORTADORA DE HIPERATIVIDADE DE CÉLULA NK.

Apesar de todas as sol ic itações feitas pela médica e da procura

para que tudo fosse autorizado devedemente da Autora à Operadora Ré,

SULAMÉRICA SAÚDE, não autorizou a ENDOBULIN 15g e nem a HEPARINA

(Clexane 40mg), JÁ QUE É A ÚNICA FORMA DA MESMA PRESERVAR A VIDA DE

SEU FILHO QUE AINDA ENCONTRA-SE NO VENTRE.

A ENDOBULIN, associado com a HEPARINA (Clexane 40mg), tem

diversas vantagens extremamente no caso da Autora, por ser jovem de apenas

41 (quarenta e um) anos de idade, pois o efeito é ef icaz na preservação da

vida de seu f i lho que ainda está em seu ventre.

Para rat i f icar a necessidade da ENDOBULIN associado com a

HEPARINA (Clexane 40mg) a médica, prescrevendo a NECESSIDADE PREMENTE

do procedimento, elaborou laudo médico já mencionado acima, o qual informa

que a paciente-Autora, necessita o quanto antes, pois disso depende a vida do

f i lho da Autora que está em seu ventre.

Todavia, apesar de toda a explanação e just i f icativas da médica,

competente para esse t ipo de procedimento, já que é Ginecologista, a

Operadora Ré negou a autorização para a ENDOBULIN, sem relevar que seja

preservada a vida, a saúde e o bem estar de seu filho, não corredo

nenhum risco de prejuízo a vida do mesmo .

No entanto, a Operadora Ré, apesar de toda a expl icação da

médica para a necessidade da real ização da ENDOBULIN associada com

HEPARINA (Clexane 40mg, não autorizou o procedimento indicado pela médica

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estando, portanto, a Autora desamparada sem poder real izar o procedimento,

pois não tem mais condições de arcar com os custos do procedimento, haja

vista que já arcou com algumas dessas injeções tentando zelar pela vida de

seu f i lho. A Autora gastou R$ 2.900,00 (dois mil e novecentos reais), com a

ENDOBULIN, conforme mostra documento em anexo (doc. 04), não podendo

mais arcar com tal despesa por ser muito oneroso.

Ora, Douto Julgador, como pode a Operadora Ré diante do caso

grave da Autora, PORTADORA DE SÍNDROME DE HIPERATIVIDADE DE CÉLULA NK,

a seu bel prazer se negar a autorizar e cobrir os custos desse procedimento, já

sol ic itado pela médica e também já fundamentado, considerando sem nenhum

respaldo legal que o procedimento é experimental e por este motivo não está

contemplado pela cobertura contratual.

Neste quadro, a DESOLAÇÃO e a PREOCUPAÇÃO da Autora é

DESESPERADORA, dada a incapacidade f inanceira de arcar mais de uma vez

com as despesas do procedimento, necessário para a sobrevivência de seu f i lho

ainda no ventre, que CORRE O RISCO DE TER SUA VIDA INTERROMPIDA

BRUTALMENTE POR NEGLIGÊNCIA DA OPERADORA RÉ em não autorizar o

procedimento autorizado pela médica o quanto antes. Sabendo a Autora do seu

direito como usuária, nesse momento crucial de sua vida, se vê numa situação

vexatória, constrangedora e humilhante, ante a negativa do respeito a este seu

direito negado pela Operadora Ré, desde que a VIDA tem que ser preservada

com dignidade até o últ imo momento, porquanto é um direito inconteste e

constitucional de qualquer ser humano.

Ademais, muito menos justo, ainda, é que a Ré, ao seu talante,

possa decidir , uni lateralmente, pelo não custeamento do procedimento que irá

recuperar a saúde da Autora, já sol ic itados e suf ic ientemente just i f icados pela

médica que prescreveu laudo médico, ao contrário da Operadora Ré, que sem

just i f icativas plausíveis, sem qualquer embasamento em opiniões médicas

competentes, no momento em que a mesma mais dela necessita, em verdadeira

situação de emergência, posto que é PÓRTADORA DE SINDROME DE

HIPERATIVIDADE DE VÉLULA NK, QUE PODE LEVAR AO COMPROMETIMENTO DA

VIDA DE SEU FILHO, deixou-a ao desamparo total .

Considerando, portanto, a PREMENTE NECESSIDADE DA AUTORA EM

SER SUBMETIDA AO TRATAMENTO DE IMUNOGLOBULINA HUMANA (ENDOBULIN),

ASSOCIADA COM HEPARINA (Clexane 40mg), COMO ATESTA A MÉDICA

ESPECIALIZADA, COMO ÚNICA FORMA DE QUE DISPÕE PARA A MELHORA DE SEU

QUADRO CLÍNICO, VISTO QUE É PORTADORA DE SÍNDROME DE HIPERATIVIDADE

DE CÉLULA NK, QUE PODE LEVAR AOP COMPROMETIMENTO DA VIDA DE SEU

FILHO, mas seu direito está cerceado pela Ré, faz-se necessário que a Empresa

Demandada, seja compelida a emit ir a guia de autorização para a cobertura de

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TODAS as despesas do procedimento, o mais rápido possível , sem qualquer

l imitação, restr ição ou exclusão, assim, como também, seja compelida a

Operadora Ré REPARAR DE FORMA PECUNIÁRIA POR DANOS MORAIS, pelo

constrangimento e frustração da Autora que no momento em que mais precisou

da Seguradora Ré não obteve o tratamento necessário.

Que seja a ordem dada urgentemente, tendo em vistam, o

constrangimento que passou a Autora, pois a Operadora Ré, não considerando

a urgência que o quadro demanda, desde que foi dada entrada na sol ic itação,

com o laudo médico necessário, nas várias vezes que a Autora procurou a

Operadora Ré em busca de respostas e a mesma comunicava que o

procedimento não era acobertado pela Operadora Ré, deixando a Autora sem

resposta satisfatória, medida esta que pleiteia junto ao Poder Judiciár io como

única via restante para garantir a dignidade e integridade do bem maior de

todo o ordenamento jur ídico que é a VIDA, devido ao ESTADO DELICADO em que

se encontra a Autora, PORTADORA DE SÍNDROME DE HIPERATIVIDADE DE

CÉLULA NK, QUE PODE LEVAR AO COMPROMETIMENTO DA VIDA DE SEU FILHO.

DO DIREITO.

A Lei 8.078, de 1990 – Código de Defesa do Consumidor – no seu

art. 83, assegura o ajuizamento de qualquer t ipo de ação, sempre que t iver em

jogo e em risco o direito de um consumidor.

O consumidor, pela necessidade de integrar-se a um plano de

saúde, há de f irmar contrato de adesão. É matéria esta da mais polêmica na

atual idade, pois, nesses contratos, não é dado à parte contratante a discussão

das condições assumidas.

Denota-se, que o contrato sob comento, é na verdade um

CONTRATO DE ADESÃO, bastante comentado nos dias atuais, em que o

Consumidor não toma conhecimento das cláusulas ou, pelo menos, não tem

condições de discuti - las previamente, ou seja, a Autora não tem condições de

fazer um estudo prévio do que tem direito ou não, tendo que assinar,

porquanto as questões já são elaboradas e del iberadas uni lateralmente e

previamente pela Empresa Ré.

Part indo do acima exposto, outro não é o entendimento pacif icado

pela jur isprudência que brota do nosso trato pretoriano, af irmando:

No contrato, a melhor interpretação é a que entende a conduta dos contraentes, ou seja, o modo pelo qual eles o vinha executando anteriormente, de comum acordo, pois a observância do ato negocial é uma das melhores formas de demonstrar a interpretação autêntica da vontade das partes,

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servindo de guia para solucionar dúvidas levantadas por qualquer delas (RT-166/815-RF-82/138).

DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL à SAÚDE DO CONSUMIDOR.

Os fatos relatados se apresentam como material ização de uma

relação jur ídica estabelecida entre as partes a part ir do contrato de prestação

de serviços de Assistência Médico-Hospitalar. Na l inguagem comum, trata-se de

contratação do chamado “seguro” de saúde pela Autora, no qual a Ré está

obrigada a prestar serviços necessários à saúde daquele, ou através de rede

credenciada de médicos e hospitais, ocasião em que a Ré paga diretamente aos

respectivos prof issionais e prestadores, ou mediante o reembolso dos despesas

efetuadas junto a médicos e/ou hospitais não credenciados.

Há de serem ressaltados, de início, disposições constitucionais

acerca do tema:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,

garantido mediante pol ít icas sociais e econômicas que visem

à redução do r isco de doença e de outros agravos e ao

acesso universal e igual itár io às ações e serviços para sua

promoção, proteção e recuperação.

Art. 197. São de relevância públ ica as ações e serviços de

saúde, cabendo ao Poder Públ ico dispor, nos termos da lei ,

sobre sua regulamentação, f iscal ização e controle, devendo

sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e,

também, por pessoa f ís ica ou jur ídica de direito privado.

Dessas normas expl ic itadas, subsume-se faci lmente ser a

prestação de serviços de saúde, uma atividade essencial . Assim sendo,

eventual solução de continuidade ou interrupção da execução em caso

específ ico, deverá atender a cr itér ios puramente técnicos nas circunstâncias, o

prof issional qual i f icado para tal anál ise é o médico que cuida do paciente. À

Contratada – empresa prestadora de serviço – não é dado o direito de

interromper a execução do serviço, porque não está tendo lucro ou porque a

despesa efetuada com o tratamento requerido pelo paciente – contratante –

extrapola as margens estabelecidas como aceitáveis pelo cálculo atuarial .

A Carta Magna estabelece ser a saúde essencial à pessoa humana,

cabendo ao Estado, ou a quem lhe substitua, a prestação adequada e

suf ic iente à el iminação do r isco. Dessa forma, é l ímpida a inconstitucional idade

da norma que impõe prévia e genericamente a l imitação de internamento em

tantos ou quantos dias por ano ou excluindo estes ou aqueles procedimentos,

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independentemente do estado de saúde do paciente ou do indicativo médico

para as circunstâncias respectivas.

É verdade que a prestadora privada de serviços de saúde não é

obrigada a operar sem lucros, até mesmo porque tal s ituação levanta à

extinção da empresa. Contudo, mesmo a atividade econômica, tem que

considerar o consumidor em posição privi legiada por expressa disposição

constitucional.

DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ÀS RELAÇÕES

CONTRATUAIS DECORRENTES DE PLANOS E SEGUROS DE SAÚDE.

Dispõe o Código de Defesa do Consumidor – Lei nº 8.078/90, no

seu art. 6º, que são direitos básicos do consumidor, dentre outros:

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os r iscos

provocados por práticas no fornecimento de produtos e

serviços considerados perigosos ou nocivos;

I I - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos

produtos e serviços, asseguradas a l iberdade de escolha e a

igualdade nas contratações;

I I I - a informação adequada e clara sobre os diferentes

produtos e serviços, com especif icação correta de

quantidade, característ icas, composição, qual idade e preço,

bem como sobre os r iscos que apresentem;

IV - a proteção contra a publ ic idade enganosa e abusiva,

métodos comerciais coercit ivos ou desleais, bem como contra

práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de

produtos e serviços;

V - a modif icação das cláusulas contratuais que estabeleçam

prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de

fatos supervenientes que as tornem excessivamente

onerosas;

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patr imoniais e

morais, individuais, colet ivos e difusos;

VI I - o acesso aos órgãos judiciár ios e administrat ivos, com

vistas à prevenção ou reparação de danos patr imoniais e

morais, individuais, colet ivos ou difusos, assegurada a

proteção jur ídica, administrat iva e técnica aos necessitados;

VI I I - a faci l i tação da defesa de seus direitos, inclusive com a

inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civi l ,

quando, a cr itér io do Juiz, for verossímil a alegação ou

quando for ele hipossufic iente, segundo as regras ordinárias

de experiências;

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IX - (Vetado);

X - a adequada e ef icaz prestação dos serviços públ icos em

geral .

Com tal disposit ivo, ao elencar os direitos fundamentais do

Consumidor, quis o referido diploma legal garantir a proteção dos

consumidores de serviços em geral , part icularmente dos serviços essenciais e

contínuos, englobando nste conceito, o respeito e proteção à vida, saúde e

segurança dos consumidores pelos prestadores de serviços, assegurando de

maneira correlata o direito à efetiva prevenção e reparação de danos

patr imoniais e morais decorrentes das ditas relações de consumo.

A prestação de serviços na área da saúde é, portanto, de

competência do Estado, que pode, todavia, delegar a sua execução a

part iculares que executam sob sua conta e r isco, mas sem descaracterizar a

natureza dos serviços prestados t idos como essenciais e contínuos.

Nesse contexto, insere-se a regra do art. 22 do Código de

Defesa do Consumidor, que alicerçando-se no que dispõe o §6º, do art.

37, da CF, prevê a responsabi l idade dos prestadores de serviços públ icos

( incluindo a saúde), ainda que por delegação, ns moldes seguintes:

Art. 22. Os órgãos públ icos, por s i ou suas empresas,

concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma

de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços

adequados, ef ic ientes, seguros e, quanto aos essenciais,

contínuos .

Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou

parcial , das obrigações referidas neste artigo, serão as

pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar

os danos causados, na forma prevista neste Código .

Assim, nos termos do disposit ivo legal supracitado, o

descumprimento de cláusula contratual pela Empresa Ré, prestadora de serviço

públ ico essencial e contínuo , por ter como objeto de seu comércio a saúde ,

fere o princípio da continuidade do serviço, acarretando danos irreparáveis

à parte consumidora, que no caso da Autora necessita da AUTORIZAÇÃO

PARA A SOLICITAÇÃO DO TRATAMENTO COM IMUNOGLOBULINA

(ENDOBULIN) INTRAVENOSA, ASSOCIADA COM HEPARINA (Clexane 40mg)

QUE PODE COMPROMETER A VIDA DE SEU FILHO QUE AINDA ESTÁ NO

VENTRE, SOLICITADA PELA MÉDICA, como ÚNICA FORMA DE QUE DISPÕE

PARA MELHORA DE SUA SAÚDE, QUE FOI NEGADA INCONSISTENTEMENTE,

ou seja, a Operadora Ré não autorizou, apesar de todas as sol ic itações.

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Caracterizada a prestação de serviços contínuo e essencial como é

a saúde pela Empresa Ré, bem como a lesão ao direito da Autora, não há como

negar a plena incidência do Código de Defesa do Consumidor à relação

contratual em tela.

Tendo a empresa Ré a obrigação de autorizar e arcar com o

custo referente ao procedimento de HIPERATIVIDADE DE CÉLULAS NK,

solicitado pela médica para realização do tratamento, arcando, desse

modo, com TODAS AS DESPESAS DO PROCEDIMENTO, que NÃO foi

autorizado, impossibilitando a realização do ÚNICO procedimento

EFICIENTE para o restabelecimento da saúde da Autora e do seu filho,

ainda no ventre, pois a mesma não possui mais condições de arcar com

os custos do procedimento, e NECESSITA RECEBER O TRATAMENTO

ADEQUADO, como ÚNICA OPÇÃO DE MELHORAR SUA SAÚDE, com a

máxima urgência.

A apl icação do Código de Defesa do Consumidor aos contratos

decorrentes de relações entre fornecedores de serviços de planos/seguros de

saúde e seus segurados (consumidores), constitui ponto pacíf ico na doutr ina

brasi leira, verbi gratia a opinião do Dr. Luis Mário P. S. Gomes , procurador

do Município de São Bernardo do Campo, SP, manifesta em excelente art igo

publ icado na Revista Literária de Direito, nº 18, julho/agosto de 1997, págs.

42/43, verbis :

“Mesmo quanto aos hospitais ditos particulares, a

regra do Código de Defesa do Consumidor é

diretamente incidente, já que se trata de serviço

público delegado pelo Estado.

A subsunção ao regime jurídico do consumidor resulta em

benefícios efetivos para todos aqueles que se submetem aos

tratamentos médico-hospitalares. Entre os mais importantes

desses benefícios estão:

a) a responsabi l idade objetiva dos hospitais quanto ao

serviço prestado, quer pelos seus efeitos (fato do serviço)

quer pela sua própria execução (vício do serviço). Esse

espécie de responsabi l idade não só encontra fundamento no

Código de Defesa do Consumidor, como também na

Constituição Federal;

b) a possibi l idade de tutelas cautelares e/ou antecipatórias,

para f im de resguardar tais direitos, bem como sanções

administrat ivas;

c) a inversão do ônus da prova quando tais demandas

versarem sobre temas atinentes a serviços hospitalares,

entre outros.

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Ante a inserção desses apl icativos específ icos do Código de

Defesa do Consumidor, muitas sãs as repercussões.

Pensemos, preliminarmente, a conseqüente

solidariedade legal entre hospitais e planos/seguros de

saúde (estes também integrantes das relações de

consumo ).

O expediente comum de remover o paciente (consumidor)

do hospital , quando vencidos os prazos contratuais, f i rmados

com os hospitais e planos/seguros de saúde, impl ica a

possibi l idade de responsabi l idade destes, a ser auferida na

hipótese de danos, ou até mesmo evitada tal remoção

cautelarmente.

Mais do que isso, os riscos a que submetem tais

contratantes (hospitais e planos/seguros de saúde) são

de natureza objetiva.

Outro aspecto prático é o saque prévio de t í tulos de crédito

a f im de garantir os débitos hospitalares.”

(. . . )

Assim, a negl igência quanto aos doentes esparramados nos

corredores dos hospitais, os hospitais despreparados, a

situação de omissão absoluta do Estado e a ânsia f inanceira

dos fornecedores de serviços médicos (hospital e

planos/seguros de saúde) devem servir de motivação para

apl icação dos instrumentos postos pelo Código de Defesa do

Consumidor à sociedade civi l . É o que se espera!”

E como é obvio NINGUÉM deseja, ou quer, celebrar um contrato de

seguro de saúde l imitado no tempo ao bel prazer de um das partes. E é

justamente isto o que faz a Ré no momento em que não AUTORIZA O

TRATAMENTO COM ENDOBULIN E HEPARINA (Clexane 40mg) PARA A MESMA, AO

QUAL PRECISA A AUTORA SER SUBMETIDA, APESAR DA CONSIDERAÇÃO MÉDICA,

SOLICITAÇÃO E LAUDO EMBASADO, NÃO OBTEVE A COBERTURA PARA O

PROCEDIMENTO. Portanto, não faz sentido que a Operadora Ré, a sua vontade,

s implesmente ache autorize o procedimento, discordando da médica que vem

l idando com o caso da Autora desde o início do diagnóstico, entendendo,

portanto, a necessidade de ser submetido ao tratamento necessário, para

poder viver dignamente com seu f i lho.

Daí ser nula de pleno direito, as cláusulas do contrato sob

comento que não estejam compatíveis com o art igo 51, IV, X, XV, § 1º e incisos

do CDC, in verbis :

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Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas

contratuais relat ivas ao fornecimento de produtos e serviços

que:

(. . . )

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas,

que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou

sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;

(. . . )

X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente,

variação do preço de maneira uni lateral;

( . . . )

XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao

consumidor;

( . . . )

§ 1º. Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem

que:

I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a

que pertence;

I I - restr inge direitos ou obrigações fundamentais inerentes à

natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou o

equi l íbr io contratual;

I I I - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor,

considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o

interesse das partes e outras circunstâncias pecul iares ao

caso.

O que se quer af irmar é que, ao prestar serviço de natureza

essencial e contínua, na área da saúde, or iginalmente de competência do

Estado, a empresa Ré deve fazê- lo integralmente, sem exclusões ou l imitações

injust i f icadas, inclusive temporais, sem que possa submeter ao consumidor

restr ições que não encontram fundamento legal, quiçá de cunho moral ou ético.

Não pode a empresa Ré ignorar as relevantes disposições legais

adiante transcritas, todas da Lei nº 8.078/90, verbis :

Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo

não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a

oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo,

ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a

dif icultar a compreensão de seu sentido e alcance.

Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de

maneira mais favorável ao consumidor.

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Page 12: AÇÃO SUL AMERICA - OBRIGAÇÃO DE FAZER - 001

E como é obvio, NINGUÉM deseja, ou quer, celebrar um contrato

de seguro saúde l imitado no tempo, ao bel prazer de uma das partes. E é

justamente isto o que faz a Ré, assim entendido o caso da Autora pela Ré.

DA JURISPRUDENCIA PÁTRIA.

Em várias decisões a casos semelhantes ao ora exposto, o Egrégio

Tribunal de Just iça do Estado de Pernambuco vêm decidindo de modo a manter

as decisões singulares que deferem medidas cautelares idênticas a aqui

requisitada.

A jur isprudência pátr ia tem se manifestado no sentido de não

admitir , por serem abusivas, as cláusulas de l imitação temporal para

internações urgentes. Destarte, pedimos vênia a Vossa Excelência para trazer a

colação as seguintes decisões:

“SEGURO-SAÚDE – Prazo de carência para internações

urgentes – Inadmissibilidade – Caracterização de

cláusula abusiva – Admissibi l idade de carência somente nas

hipóteses de internações normais.

Ementa da redação: nos contratos de seguro-saúde a

estipulação de prazo de carência para internações

urgentes constitui cláusula abusiva, pois a carência só

pode ser t ida como aceitável para as internações normais,

sob pena de se ter um desequi l íbr io na relação contratual.”

( in RT 744, pág. 224)

PROCESSO: 024940061419 – DESEMBARGADOR: FREDERICO

GUILHERME PIMENTEL – APELAÇÃO CÍVEL – ORIGEM: COMARCA

DA CAPITAL – JUÍZO DE VITÓRIA – Autores: UNIMED – RÉUS:

KEILE GIURIZATTO.

ACÓRDÃO: EMENTA: “CÍVEL – PLANO DE SAÚDE –

INTERNAÇÃO EM U.T.I. LIMITAÇÃO TEMPORAL –

CLÁUSULA ABUSIVA – NULIDADE – PRELIMINAR QUE SE

CONFUNDE COM O MÉRITO – NÃO CONHECIMENTO. A

ALEGAÇÃO DE QUE A INICIAL DA AÇÃO SERÁ INEPTAEIS QUE

CALCADA EM RESOLUÇÃO DO CONSELHO FEDERAL DE

MEDICINA QUE CONTRARIAVA A CF, É MATÉRIA DE MÉRITO,

DEVENDO SER APRECIADA NA OCASIÃO DEVIDA. CONSIDERA-

SE INEFICAZ A CLÁUSULA LIMITATIVA DE INTERNAÇÃO

EM UTI INSERIDAS EM CONTRATOS DE ADESÃO A PLANOS

DE SAÚDE. INTERPRETAÇÃO QUE SE COADUNA COM OS

PRINCÍPIOS DE PROTEÇÃO INSERIDAS NA LEI 8.078, DE

11 DE SETEMBRO DE 1990.”

12

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Page 13: AÇÃO SUL AMERICA - OBRIGAÇÃO DE FAZER - 001

AGRAVO DE INSTRUMENTO TUTELA ANTECIPADA SEGURO

SAÚDE DOENÇA NEUROLÓGICA INTERNAÇÃO HOSPITALAR

RECUSA INJUSTIFICADA Agravo.

Processo: 1999.002.07869

Ementa:

AGRAVO DE INSTRUMENTO TUTELA ANTECIPADA SEGURO

SAÚDE DOENÇA NEUROLÓGICA INTERNAÇÃO HOSPITALAR

INJUSTICADA Agravo. Ação de preceito cominatório.

Obrigação de fazer. Deferimento de tutela antecipada.

Presença dos requisitos legais. Verossimilhança do

direito e possibilidade de dano irreparável. Manutenção

da liminar. Art. 273 do CPC. Plano de saúde. Recusa por

parte da seguradora em cobrir as despesas e autorizar

a internação do segurado requerente portador do Mal

de Alzheimer. A cláusula contratual que excetua da

cobertura doenças de ordem psiquiátrica, nervosa ou

mental não exonera a recorrente de responder pela

moléstia de que padece o autor que é caracterizada

pela OMS como doença neurológica. (SCK)

DA OBRIGAÇÃO DA EMPRESA REQUERIDA DE CUSTEAR OS MATERIAIS

PARA O TRATAMENTO COM IMUNOGLOBULINA HUMANA (ENDOBULIN)

INTRAVENOSA DA AUTORA.

Impõe-se à Empresa Ré a obrigação de custear TODAS AS

DESPESAS REFERENTES AO PROCEDIMENTO, INCLUINDO TODOS OS

MATERIAIS, QUE SE FAÇA NECESSÁRIO, impossibi l i tando que a cirurgia

ocorra. Pois, a mesma foi sol ic itada por médico competente que tem se suas

razões embasamento mais que suf ic iente para real ização da cirurgia que a Ré

ao seu talante SIMPLESMENTE SE NEGA A AUTORIZAR.

Desse modo, é incoerente que apesar de todas as expl icações e

just i f icativas respaldadas em anál ises e acompanhamento especial izados,

assim como laudos prescritos, e também da cobertura contratual, possa a

Operadora Ré negar sem nenhuma just i f icativa plausível o uso dos materiais,

necessários para real ização do TRATAMENTO COM IMUNOGLOBULINA

HUMANA (ENDOBULIN) INTRAVENOSA, ASSOCIADA A HEPARINA (Clexane

40mg) para que não ponha em risco a INTEGRIDADE FÍSICA DA AUTORA E

DO SEU FILHO QUE AINDA ENCONTRA-SE NO VENTRE, uma vez que, seu

caso é delicado, correndo risco ao comprometimento da vida e de seu

filho.

13

13

Page 14: AÇÃO SUL AMERICA - OBRIGAÇÃO DE FAZER - 001

Restando portanto a obrigação à Operadora Ré de arcar com

TODAS AS DESPESAS REFERENTES AO TRATAMENTO COM

IMUNIGLOBULINA (ENDOBULIN) INTRAVENOSA, JUNTAMENTE COM

HEPARINA (Clexane 40mg) ASSIM COMO TODAS AS DEMAIS DESPESAS

PARA O PROCEDIMENTO REFERIDO, sejam elas: materiais necessários,

honorários de toda equipe médica, inclusive anestesistas e instrumentadores e

diárias de internação.

DO DIREITO à INDENIZAÇÃO PELO DANO MORAL SOFRIDO.

A Constituição da Repúbl ica Federativa do Brasi l de 1988, tornou

expresso o direito à honra e sua proteção, ao dispor, em seu art igo 5º, inciso

X:

X - são invioláveis a int imidade, a vida privada, a honra e a

imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo

dano material ou moral decorrente de sua violação;

Já o “caput” do art igo 186 do Código Civi l Brasi leiro, assim

prescreve:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,

negl igência ou imprudência, violar direito e causar dano a

outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato i l íc ito.

Neste mesmo sentido, o Código de Defesa do Consumidor, Lei nº

8.078/90, assegura ao consumidor de bens e serviços, efet iva prevenção e

reparação de danos patr imoniais e morais – a teor do seu art. 6º, inciso VI,

entre outros tantos direitos considerados básicos pelo Diploma Legal em foco,

in verbis :

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os r iscos

provocados por práticas no fornecimento de produtos e

serviços considerados perigosos ou nocivos;

I I – omissis:

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos

patrimoniais e morais , individuais, colet ivos e difusos;

VI I - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos,

com vistas à prevenção ou reparação de danos

patrimoniais e morais , individuais, colet ivos ou difusos,

assegurada a proteção jur ídica, administrat iva e técnica aos

necessitados;

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Page 15: AÇÃO SUL AMERICA - OBRIGAÇÃO DE FAZER - 001

VII I - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive

com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no

processo civil , quando, a cr itér io do Juiz, for verossímil a

alegação ou quando for ele hipossufic iente, segundo as

regras ordinárias de experiências;

Apenas para aprumo didático, transcreve aqui a Autora às

definições fornecidas por JOSE AFONSO DA SILVA 1 , para o vernáculo pátr io

“honra” e “moral”, in verbis :

“ A Honra é o conjunto de qual idades que CARACTERIZAM A

DIGNIDADE DA PESSOA, O RESPEITO DOS CONCIDADÃOS, O

BOM NOME, A REPUTAÇÃO.

A Moral individual s intetiza a honra da pessoa, o bom nome,

a boa fama, a reputação que integram a vida humana como

dimensão imaterial . Ela e seus componentes são atr ibutos

sem os quais a pessoa f ica reduzida a uma condição animal

de pequena signif icação.”

A exposição fát ica demonstra amplamente que houve o dano

moral, decorrente do prejuízo resultante de uma lesão a um bem juridicamente

tutelado pelo direito, “expressão especial do direito à honra” nas palavras

de ERNST HELLE 2.

Assim, a Autora, conforme os fatos narrados na anál ise fát ica

acima real izada, sofreu gritantes prejuízos de ordem moral, perceptíveis sem

muito esforço, sendo justa a sua reparação por parte da empresa Ré.

DA JURISPRUDENCIA PÁTRIA.

Inúmeras são as decisões dos tr ibunais pátr ios amparando os

direitos da personal idade e reconhecendo o ressarcimento do dano moral,

senão vejamos:

³”Direito à honra - Direito Constitucional - Dano moral – Os

direitos da personalidade estão agrupados em direito à

integridade f ís ica (direito à vida; direito sobre o próprio

corpo; e   o direito ao cadáver) e direitos a integridade

moral (direito à honra; direito à liberdade; direito ao

1 IN, Curso de Direito Constitucional Posit ivo, 11ª Edição, Revista, Malheiros Editora, págs. 197 e 204.2 IN, Der Schutz Der Persönl ichen Eher Und Des Wirtschft l ichen Rufes Im Privatrecht, 1, 2, Apud, Responsabi l idade Civi l e Sua Interpretação Jurisprudencial , de Rui Stoco, 3a Edição, 1997, Editora Revista dos Tribunais, pág. 537.

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Page 16: AÇÃO SUL AMERICA - OBRIGAÇÃO DE FAZER - 001

recato; direito a imagem; direito ao nome ; direito

moral do Autor.) A Constituição Federal de 1988

agasalhou nos incisos V e X do art. 5º os direitos

subjetivos privados relativos à integridade moral” .

(Original sem gri fos e/ou realces)

“O ressarcimento do dano moral é inteiramente

cabível, ainda porque albergado na nova Constituição

da República , e porque , em rigor, encontra guarida na

própria regra geral consagrada no art. 159 do Código Civi l .

Na espécie, foram atingidos direitos integrantes da

personal idade do apelante, TENDO OCORRIDO O ‘SOFRIMENTO

HUMANO’ , QUE RENDE ENSEJO À OBRIGAÇÃO DE

INDENIZAR . Potente a ofensa não só à integridade f ís ica,

como também ao sentimento de auto-estima da vít ima,

também merecedor da tutela jur ídica. Concretiza-se, em

resumo, a hipótese de ofensa a um direito, ainda que

dela não ocorrido prejuízo material” (Original sem gri fos

e/ou realces)

“O dano simplesmente moral , sem repercussão no

patr imônio, não há como ser provado. Ele existe tão

somente pela ofensa, e dela é presumido, sendo o

bastante para justificar a indenização .” (Original sem

gri fos e/ou realces)

   

                                           O Juiz de Direito Dr. Antônio Jeová Santos, na bri lhante obra “Dano

Moral Indenizável” (2ª Edição, Ed. Lejus, 1999) expl ica

   

“Intentando caracterizar o dano moral, Messinco

(Derecho Civi l , p. 566), aponta como lesão extrapatr imonial

passível de ressarcimento, o ato que atenta contra um direito

de personal idade moral ou espir itual ( l iberdade, dignidade,

respeitabi l idade decoro, honra, reputação social) , o que

ocasiona paixão de ânimo, gerando uma dor não f ís ica;

aquele ato que provoca uma alteração psíquica, ou uma

grave perturbação; a lesão a afetos e sentimentos.. . .”

 

O que caracteriza o dano moral é a conseqüência de

algum ato que cause dor, angústia, af l ição f ís ica ou espir itual

ou qualquer padecimento inf l igido à vit ima em razão de

algum evento danoso. É o menoscabo a qualquer direito

inerente à pessoa, como a vida, integridade f ís ica, a

l iberdade, a honra, a vida privada e a vida de relação”

( i tál ico no original) .

   

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Page 17: AÇÃO SUL AMERICA - OBRIGAÇÃO DE FAZER - 001

A Jurisprudência pátria, igualmente, consolidou-se e ratifica

a doutrina:

 

“Os danos puramente morais são indenizáveis” (RT 670/143).

 

“Para que se imponha o dever de indenizar basta o dano

moral, sem se cogitar de qualquer dano patr imonial”(RSTJ

106/227).

 

“Dano moral, Preterição do primeiro classif icado na colação

de grau por erronia da Universidade, privando-o de fazer jus

a bolsa de estudos. Dever de indenizar os danos decorrentes

da dor ante as frustrações.”(TJRS, 6ª Câm., 18.2.97, RJTJRS

182/360).

 

“Dano moral puro. Caracterização. Sobrevindo, em razão de

ato i l íc ito, perturbação nas relações psíquicas, na

tranqüi l idade , nos entendimentos e nos afetos de uma

pessoa, configura-se o dano moral, passível de indenização.

Recurso especial conhecido e provido.” (STJ, 4ª Turma, Resp.

nº8768-SP, DJ 06.04.1992, v.u.) .

   

Assim sendo, pode-se f irmar que a responsabi l idade civi l adotada

pelo Direito pátr io, baseia-se na existência do ato ofensivo, do dano

experimentado e do nexo causal entre ato e dano. Como já foi expl icado

anteriormente, não restam dúvidas que a mera exposição da AUTORA, ao

tormento. Porquanto é uma mãe que zela por sua vida pela vida de seu

filho, para que tenha possibilidade de acompanhar de perto o

crescimento de seu filho, porém v indo depois a receber a negativa da Ré

quanto à cobertura do procedimento.    

 

O dano moral, que a doutr ina e a jur isprudência já pacif icaram

independer de prova(prova in re ipsa, depende apenas da prova de fato),

outrossim, foi bastante claro. Foi menoscabo ao bem-estar emocional, à

dignidade, gerando angústia, humilhação, verdadeira lesão ao equi l íbr io

natural do psiquismo da autora.

 

                                         O nexo de causal idade entre o fato e dano moral, sem comprova a

part ir do instante em que toda a af l ição humilhação (que se seguiram às

negativas da Ré, discussões, telefonemas de esclarecimentos, contratação de

advogado), sofr idas pela Autora, decorrem única e exclusivamente por culpa da

RÉ, que negou de forma absurda autorização para a real ização do TRATAMENTO

COM IMUNGLOBULINA (ENDOBULIN) INTRAVENOSA, ASSOCIADA A HEPARINA

(Clexane 40mg), da forma prescrita pelo médico da Autora.

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Page 18: AÇÃO SUL AMERICA - OBRIGAÇÃO DE FAZER - 001

 

                                         O Judiciár io vem consol idando a previsão legal de que a empresa

prestadora de serviços ter a obrigação de indenizar o cl iente submetido a

demora, af l ição ou expectativa de forma desnecessária, a saber:

 

“Plano de saúde. Demora na autorização de internação em

CTI, acarretando piora no estado do paciente. Ação

objetivando reparação por danos materiais e morais.

Procedência. Apelação. – O simples fato de ter o autor

corr ido r isco de vida não enseja indenização por dano

material , eis que o dano hipotético não é indenizável.

Contudo, indiscutível é o sofrimento de quem é

submetido a injusta e   angustiosa espera, somente

vindo a ser removido para CTI por iniciat iva e

responsabi l idade da médica plantonista, ante a gravidade do

fato. Fazendo jus, ante a tal situação, a indenização por

dano moral. – No arbitramento da indenização, deve ser

levada em consideração a gravidade da ofensa e a

repercussão do dano. Havendo sucumbência recíproca,

impõe-se a observância da regra do art. 21 do Código de

Processo Civi l (TJRJ 5ª Câm. Cível , Rel .Des. Carlos Ferrari ,

Ementário   27/1997, nº 32, de 20.11.1997, Processo

1997.001.2178, Partes: Golden Cross Assist. Intern. de Saúde

e Evaristo José Aniceto, v.u.)

                                               

 

Oportunamente, traz-se a colação, decisão do tr ibunal de just iça

do Estado do Rio de Janeiro, prolatada nos embargos Infr ingentes na apelação

Cível nº 44.186, na qual foi Embargante a rede Ferroviária Federal S/A e

Embargado, Francisco Moreira da Si lva, in verbis:

 

“Todo e qualquer dano causado a alguém, ou ao seu

patr imônio, dever ser indenizado, de tal obrigação não se

excluindo o mais importante deles que o dano moral, que

deve autonomamente ser levado em conta.

   

O dinheiro possui valor permutativo, podendo-se, de

alguma forma, lenir a dor com a perda de um ente querido

pela indenização, que represente também punição e

desestimulo ao i l íc ito.

 

Impõe-se indenizabi l idade do dano moral para que

não seja morta o princípio neminem laedere”

 

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Infere-se dessa decisão que a indenização possui

uma dupla f inal idade, sendo a primeira de lenir o sofr imento

provocado e a Segunda de punir o ofensor, desist imulando-o

a repetir o ato danoso. É de se admitir , portanto, que tal

caráter punit ivo há de ser equacionado, levando-se conta

quão reprovável, ofensivo e constrangedor foi o ato.

 

A propósito do assunto, assim se expressa o festejado

NELSON NERY JÚNIOR:

 

“(. . . . . . . . . ) É suf ic iente que seja relação jur ídica de consumo

para que o negócio jur ídico receba proteção contra as

cláusulas abusivas ( . . . . . . . . ) . No regime jurídico do CDC as

cláusulas abusivas são nulas de pleno direito porque

contrariam a ordem públ ica do consumidor. Isso quer dizer

que as nul idades podem ser reconhecidas a qualquer tempo e

grau de jur isdição, devendo-se o juiz ou tr ibunal pronunciá-

las ex-of ic io, porque são normas de ordem públ ica,

insuscetível de preclusão (CDC, Ed. Universitár ia, 4º Ed.

Pag.306/308).  

   

DO VALOR DA CONDENAÇÃO

 

O valor a ser est ipulado em sede de sentença para f ins de

indenização, isto é, o quantum , a l iquidação o ser determinada em ação que

busca reparação para danos morais, exige do magistrado a observação de

parâmetros importantes, tanto quanto dist intos dos parâmetros uti l izados para

f ins de apuração do valor da indenização a ser apurada em ação que busque

indenização por danos materiais.

 

Assim é que na determinação da indenização por danos morais, os

parâmetros uti l izados pelo Magistrado devem observar entre outras tantas que

a caso concreto indicar, duas variáveis específ icas: 1) a condição financeira

do ofensor , sua saúde econômica: 2)a função compensatória  que deve a

quantif icação do valor indenizatório representar para o ofendido, in casu , a

Autora.

 

É que a indenização por danos morais, que muitas vezes causam

no ofendido dano de tal monta irreparável, que toda a fortuna colocada à sua

disposição mostra-se insufic iente para f ins da reparação pretendida, tem no

Estado o substituto direto, aqui de modo vis ivelmente solar, da just iça com

mãos próprias, que em priscas eras imporia fosse o ofendido buscar via vis-

autotutela, a reparação do dano moral sofr ido.

 

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Page 20: AÇÃO SUL AMERICA - OBRIGAÇÃO DE FAZER - 001

Desta sorte, o ofensor tem que efetivamente sentir o

constrangimento legal que lhe é imposto via condenação indenizatória por

perdas e danos morais causados ao ofendido. O ofensor tem que perceber,

via indenização, o caráter punitivo da mesma, sem o que estará pronto a

agredir, a desrespeitar a esfera moral de tantos quanto acredite que deva.

 

Por outro lado, a quantia a ser est ipulada para f ins de indenização

tem que ser de tal monta que cause no ofendido a prazer interior supostamente

equivalente ao constrangimento que tenha lhe causado a ato i l íc ito praticado

pelo ofensor. Só assim, estará   se dando pela via judicial a reparação

perseguida a t í tulo de dano moral.

       

Se os parâmetros uti l izados pelo Magistrado para f ins de

quantif icação do valor da condenação / indenização são efetivamente subjetivos

e variáveis caso a caso, isso não implica que em função da dif iculdade

aparente devam ser os mesmos ignorados, ao revés, devem ser levados na

mais alta conta, sem o que não se estará a fazer just iça.

 

A estipulação de um valor que não revele em si efet iva punição ao

ofensor, ainda que seja a sentença para considerar procedente a Ação

proposta, mais agravará os danos morais do que os reparará, pois que estará a

mostrar à sociedade, ao ofendido e principalmente ao próprio ofensor, o

desleixo e o pouco valor que foi dado aos direitos de personal idade do

ofendido, direito à honra e a moral, nas palavras de JOSÉ AFONSO DA SILVA,

“direitos fundamentais do homem” , quanto se sabe serem estes os direitos

mais caros a qualquer individuo.

 

Conclui-se que, a interpretação do nosso ordenamento jur ídico, é

de que a ofensa ao direito já é suf ic iente para que exista a proteção legal

obrigando a reparação, como vem demonstra o art. 159 do CC em consonância

com o art. 3º do CPC. Portanto, o sofr imento causado da Autora, quando teve

seu direito violado, evidentemente, trouxe enormes prejuízos para o mesmo.

 

DOS FUDAMENTOS DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA:

 

Ressalte-se, o art.273, inciso I do CPC, que preconiza a   mesmo

norma:

                       

“Art. 273. O Juiz poderá, a requerimento da parte,

antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela

pretendido no pedido inicial, desde que, existindo

provas inequívoca, se convença da   verossimilhança da

alegação e:

 

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I - HAJA FUNDADO RECEIO DE DANO IRREPARÁVEL OU

DE DIFÍCIL REPARAÇÃO ”(Original sem gri fos e/ou realces)

 

Diante de tudo o que acima se expôs, cumpre seja concedida,

inaudita altera pars , em caráter de urgência, MEDIDA LIMINAR a t i tulo de

antecipação da tutela pleiteada, para determinar seja a Ré compelida a emit ir

as guias autorizativas e arcar como TODOS MATERIAS NECESSARIOS AO

TRATAMENTO COM IMUNOGLOBULINA (ENDOBULIN) INTRAVENOSA e com

HEPARINA (Clexane 40mg), para real ização do procedimento necessário,

visto que tal procedimento é FUNDAMENTAL para o sucesso da

tratamento e conseqüentemente para o restabelecimento da saúde da

Autora e a vida de seu filho que ainda encontra-se no ventre, pois sem

os medicamentos acima descritos, põe em RISCO A INTEGRIDADE FISICA

DO FILHO DA AUTORA.

 

Dispõe, ainda, o CDC, em seu art. 84, parágrafo 3º, que:

 

“Art.84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da

obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela

específica da obrigação ou determinará providências

que assegurem o resultado prático equivalente ao do

adimplemento”

 

Parágrafo 1º e 2º omissis:

 

Parágrafo 3º - Sendo relevante o fundamento da

demanda e havendo justificado receio de ineficácia do

provimento final, é l ícito ao juiz conceder a tutela

liminarmente ou após justificação prévia, citado a réu.     

 

Idêntica disposição encontra-se no Código de Processo Civi l , Art.

461 parágrafo 3º, que discipl ina de forma idêntica a questão, exigindo apenas,

para a concessão da tutela antecipada, a presença da relevância do

fundamento, alem de justificado receio de ineficácia do provimento

final, nos termos:

 

“Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da

obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela

especif ica da obrigação ou, se procedente o pedido,

determinará providência que assegurem o resultado prático

equivalente ao do adimplemento.

               

Parágrafo 3º. Sendo relevante o fundamento da demanda e

havendo just i f icado receio da inef icácia do provimento f inal ,

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é l íc ito ao juiz conceder a tutela l iminarmente ou mediante

just i f icação prévia, c itado o réu. A medida l iminar poderá ser

revogada ou modif icada a qualquer tempo, em decisão

fundamentada” (gri fos nossos )

 

Ademais, impõe-se a concessão da medida l iminar, porque se não

bastassem os relevantes motivos acima descritos, basta ressaltar o simples

fato de que não dispõe a AUTORA de recurso para custear esses

materiais, o que pode ser faci lmente assumido pela RÉ, bem como constituir o

objeto do seu contrato e até   de sua existência como pessoa jur ídica, além do

fato de que a negativa do custeamento das despesas pela empresa RÉ

coloca a AUTORA em humilhante situação de desamparo total, uma vez

que contratou com a Empresa Ré justamente para se um dia precisasse,

pudesse contar com um tratamento de saúde digno, sem ter de recorrer

às humilhantes filas do serviço público de saúde, e, o que é pior

tomando a vaga daqueles que sequer têm condições de pagar um plano

de saúde.

 

Desta forma, não há dúvidas de que presentes, no caso em tela, a

fumaça do bom e cristalino direito , haja vista a farta documentação

comprobatória anexada pela AUTORA, a comprovarem a existência da doença, a

emergência que a medida requer, e a necessidade da cobertura do

procedimento cirúrgico, assim como DE TODOS OS MATERIAIS PARA A MESMA,

pela empresa demandada, bem como a f lagrante violação dos disposit ivos

legais supra invocados,  além do perigo da demora, que poderá resultar na

inef icácia do tratamento de saúde da AUTORA.

 

DAS PROVAS

A Autora protesta provar o alegado por todos os meios de prova

em direito permit idos, inclusive com a inversão do ônus da prova (art. 6º, I I do

CDC), sobretudo, juntada superveniente de documentos, depoimento pessoal da

parte e oit iva de testemunhas a serem oportunamente arroladas, provas que,

desde logo, f icam requeridas.

DO PEDIDO.

EX. POSITIS, requer o autor   a vossa excelência:

 

a) LIMINARMENTE, e sem audição da parte contrária,

conceder ANTECIPAÇÃO DE TUTELA JURISDICIONAL pleiteada, para que a

Operadora RÉ, autorize e seja compelida a arcar com todas as despesas

referentes ao TRATAMENTO DE IMUNOGLOBULINA (ENDOBULIN)

INTRAVENOSA E DE HEPARINA (Clexane 40mg), CONFORME PRESCRIÇÃO

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Page 23: AÇÃO SUL AMERICA - OBRIGAÇÃO DE FAZER - 001

MÉDICA, o qual NECESSITA SER SUBMETIDA A AUTORA VISTO QUE, É

PORTADORA POSSUINDO A SÍNDROME DE HIPERATIVIDADE DE CÉLULA DE

NK QUE PODE LEVAR AO COMPROMETIMENTO DA VIDA DO SEU FILHO QUE

ENCONTRA-SE EM SEU VENTRE, devido a gravidade do quadro cl ínico em que

se encontra, compelindo a Empresa Ré a emitir TODAS AS GUIAS

AUTORIZATIVAS PARA O PROCEDIMENTO SOLICITADO NOS MOLDES

PRESCRITOS PELA MÉDICA, até seu completo restabelecimento.

b) Ainda, l iminarmente e em sede de tutela antecipada, seja

determinado que a Seguradora Ré deposite em juízo, a importância de R$

2.900,00 (dois mil e novecentos reais), alusivo ao desembolso feito pela

Autora, ante a negativa da Ré em autorizar o procedimento sol ic itado pela

médica, conforme sol ic itação e recibo em anexo;

 

c)Após a concessão da medida l iminar pleiteada, requer a Autora

a Vossa Excelência, a citação da Seguradora Ré,  para que, querendo,

conteste a presente no prazo legal, sob as penas da lei .

 

 d)Determinar multa diária no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil

reais), para o caso do não cumprimento da decisão judicial por parte da Ré.

 

e)No Mérito seja julgada inteiramente PROCEDENTE a presente

AÇÃO, reconhecendo a responsabi l idade contratual da Empresa Ré a dar TOTAL

E IRRESTRITA cobertura Médico-Hospitalar para O TRATAMENTO COM

IMUNOGLOBULINA (ENDOBULIN) INTRAVENOSA, JUNTO COM HEPARINA

(Clexane 40mg) , CONFORME PRESCRITO PELA MÉDICA, OU SEJA,

AUTORIZAR E ARCAR COM TODOS OS CUSTOS DOS MATERIAIS

NECESSARIOS NO PROCEDIMENTO, QUE SE NÃO UTILIZADOS PÕE EM

RISCO A VIDA DO FILHO DA AUTORA QUE AINDA ENCONTRA-SE NO

VENTRE, devido a gravidade do quadro clínico em que se encontra,

porquanto, é PORTADORA DA SINDROME DE HIPERATIVIDADE DE CÉLULA

NK,   conforme foi prescrito pela médica, emitindo A GUIA AUTORIZATIVA

PARA O PROCEDIMENTO SOLICITADO NOS MOLDES PEÇO PELA MÉDICA,

até seu completo restabelecimento.

  f)Que seja confirmada a tutela antecipada que determina a

rest ituição do valor de R$ 2.900,00 (dois mil e novecentos reais) pago pela

Autora porquanto a negativa da empresa Ré em não autorizar o procedimento

sol ic itado pela médica conforme sol ic itação em anexo:

 g)E, ainda, seja a Empresa Ré condenada a indenizar a AUTORA,

por perdas e danos morais e materiais, decorrentes do ato i l íc ito perpetrado,

de acordo com o Art. 6º, VI do 14 do CDC, e/ou nos termos da art. 186 do CC,

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Page 24: AÇÃO SUL AMERICA - OBRIGAÇÃO DE FAZER - 001

cujo quantum debeatur há de ser apurado através de l iquidação por

arbitramento.

   

   h)Que , por f im seja a Ré, também, condenando nas custas

judiciais e honorários advocatícios, estes a base de 20% (vinte por cento),

sobre o valor da condenação.

 

 

Medidas estas que pleiteia a Autora junto ao Poder Judiciário como

única via restante para garantir a dignidade e integridade do bem

maior que é a sua saúde e, conseqüentemente, sua vida !!!

 

Dá-se a causa o valor de R$ 2.900,00 (Dois mil e novecentos reais).

 

Nestes termos

Pede deferimento.

Recife, 25 de setembro de 2009.

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