ação de revisão de contrato bancário - taxa média de mercado - capitalização - banco itaú

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA _______VARA CÍVEL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA ESPECIAL DE BRASÍLIA – DISTRITO FEDERAL. AUTO ___________________________________, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado firmatário, com fundamento nos artigos 844, inciso II e seguintes, CPC; ajuizar a presente AÇÃO DE REVISÃO DE CONTRATO DE CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO E ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA CORRENTE E REPETIÇÃO DE INDÉBITO contra o BANCO ITAÚ SA, pessoa jurídica de direito privado, com sede na SCRN 706/707, Bloco A, Loja 24 – Brasília-DF, por quem a represente ou na pessoa daquele que exerça a administração ou gerência, pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas. DOS FATOS 1. A Requerente é correntista do banco-réu, cuja conta foi aberta na 2. A Empresa Requerente celebrou com Réu, 2 (dois) contratos de outorga de crédito (cédulas de _________________________________________________________________________________ _____________

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EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DA 2 VARA DO TRABALHO DE GUARULHOS

EXCELENTSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA _______VARA CVEL DA CIRCUNSCRIO JUDICIRIA ESPECIAL DE BRASLIA DISTRITO FEDERAL.

AUTO ___________________________________, vem, respeitosamente presena de Vossa Excelncia, por intermdio de seu advogado firmatrio, com fundamento nos artigos 844, inciso II e seguintes, CPC; ajuizar a presenteAO DE REVISO DE CONTRATO DE CDULA DE CRDITO BANCRIO E ABERTURA DE CRDITO EM CONTA CORRENTE E REPETIO DE INDBITO

contra o BANCO ITA SA, pessoa jurdica de direito privado, com sede na SCRN 706/707, Bloco A, Loja 24 Braslia-DF, por quem a represente ou na pessoa daquele que exera a administrao ou gerncia, pelas razes fticas e jurdicas a seguir expostas.

DOS FATOS

1.

A Requerente correntista do banco-ru, cuja conta foi aberta na 2.

A Empresa Requerente celebrou com Ru, 2 (dois) contratos de outorga de crdito (cdulas de crdito bancrio) que foram movimentados na conta bancria de n _____________, nas modalidades de capital de giro e abertura de crdito em conta corrente:

1) Cdula de Crdito Bancrio n _______________ (Emprstimo para Capital de Giro), em 15/03/2010, no valor de R$ 200.000,00 (Duzentos mil reais), a ser pago em 24 (vinte e quatro) parcelas, no valor de R$ 11.359,59 (Onze mil trezentos e cinqenta e nove reais e cinqenta e nove centavos), cada, com juros de 2,50% ao ms e 34,49% ao ano (contrato anexo)2) Cdula de Crdito Bancrio (Abertura de Crdito em Conta Corrente), em 21/07/2009, com limite de crdito no valor de R$ 80.000,00 (Oitenta mil reais), com juros de 8,550% ao ms e 167,64% ao ano (contrato anexo)

DA POSSIBILIDADE DE REVISO CONTRATUAL SEGUNDO O CDIGO CIVIL

3.

O entendimento da Jurisprudncia dominante dos Tribunais Superiores pela possibilidade da reviso de clusulas contratuais abusivas luz da atual teoria contratual adotada pelo CC/2002, segundo a qual deve manter se o equilbrio contratual com primazia da funo social e da equidade.

4.

Os bancos tm o direito de cobrar juros pelo crdito que disponibilizam para remunerar o capital, todavia, no podem faz-lo de forma abusiva, ferindo os princpios que norteiam as relaes contratuais. Nesse sentido, transcrevo parte do voto da eminente Des. Carmelita Brasil:

(...) Contudo, apesar da no incidncia do cdigo consumerista ao caso, examinando as questes expostas pelos embargantes, relacionadas aos encargos incidentes no contrato em questo, quais sejam, correo monetria pela TR e comisso de permanncia, independentemente de se tratar de relao de consumo, entendo cabvel a reviso contratual, no caso de abusividade comprovada. (...) (TJDFT, 20030110643282APC, Rel. Carmelita Brasil, 2 T. Cvel, j. em 17/06/09, DJ 03/08/09)5.

Desta forma, constatada a existncia de encargos que oneram demasiadamente o contrato para uma das partes, seja qual for sua natureza (juros, multa, tarifas, etc) possvel a reviso judicial para que seja recuperado o equilbrio contratual.

6.

Ademais, o pedido de reviso contratual feito com base, tambm, em ofensa Constituio Federal no tocante capitalizao mensal de juros.

7.

Isto posto, passemos fundamentao do pedido em relao limitao dos juros de acordo com a taxa mdia do mercado.DA NECESSIDADE DE LIMITAO DOS JUROS CONTRATADOS SEGUNDO OS JUROS PRATICADOS NO MERCADO

8.

De incio, cumpre esclarecer que a jurisprudncia do C. STJ pacificou o entendimento no sentido da inexistncia de limitao dos juros remuneratrios no sistema financeiro nacional ao percentual de 12% ao ano, estabelecido pela Lei de Usura (Dec. 22.626/33)..

9.

Todavia, em que pese no estarem vinculados ao limite de 12% ao ano, devem os juros remuneratrios serem reduzidos quando forem abusivos e no respeitarem a taxa mdia de juros praticada no mercado. Nesse sentido, a jurisprudncia dominante do C. STJ:

(...) Segundo a jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia, os juros remuneratrios cobrados nos emprstimos bancrios so devidos taxa contratada; salvo se comprovado, in concreto, que so abusivos, assim entendidos aqueles que discrepem significativamente da mdia praticada no mercado (REsp 407.097, RS; REsp 1.061.530, RS). In casu, os juros remuneratrios foram limitados pelo Tribunal a quo, base da seguinte motivao: Sendo assim, tenho por certo que os juros remuneratrios insertos em contratos bancrios no esto adstritos aos limites legais seja os do Cdigo Civil, seja os da lei de Usura , mas devem estar de acordo com a taxa mdia de mercado (disponvel em HTTP://www.bcb.gov.br/TXCREDMES). No caso em comento, tendo em conta que o contrato foi firmado em julho de 2007, tendo sido avenados juros de 50,84% a.a. (fl. 80), quando, poca da contratao, a taxa mdia de juros remuneratrios praticada no mercado para tal espcie de operao era de 28,66% a.a, verifica-se a abusividade contratual. Nessa linha, tenho que a taxa previamente pactuada abusiva, devendo ficar limitada a taxa do Bacen antes referida (fl. 129). Conforme ressaltou a em. Min. Nancy Andrighi, no REsp 1.061.530, RS, a "perquirio acerca da abusividade no estanque, o que impossibilita a adoo de critrios genricos e universais. A taxa mdia de mercado, divulgada pelo Banco Central, constitui um valioso referencial, mas cabe somente ao juiz, no exame das peculiaridades do caso concreto, avaliar se os juros contratados foram ou no abusivos" (DJe, 10.03.2009). Na espcie, a instncia ordinria, examinando o caso concreto, concluiu pela abusividade dos juros remuneratrios pactuados. Desse modo, a reforma do acrdo recorrido demandaria o revolvimento do conjunto ftico-probatrio invivel em sede de recurso especial (Smulas 7/STJ). (...) Ante o exposto, nego provimento ao agravo. Intimem-se. Braslia-DF, 13 de outubro de 2010. (STJ, AGI N 1.310.710 - RS (2010/0090857-5) Rel. Min. Vasco Della Giustina Desembargador Convocado do TJ/RS, 20/10/10)

DA REVISO DO CONTRATO DE EMPRSTIMO PARA CAPITAL DE GIRO (CDULA DE CRDITO BANCRIO), PARA FIXAR OS JUROS PELA TAXA MDIA DO MERCADO.

10.

O contrato firmado entre as parte as partes em 15/03/2010, fixou juros remuneratrios anuais de 34,49%.11.

Em consulta ao site do Banco Central do Brasil, que disponibiliza a taxa mdia de juros remuneratrios praticada no mercado, pode ser contatado que a taxa mdia dos juros em MARO DE 2010, poca em que foi emitida autora a Cdula de Crdito Bancrio n 023285149-3 - emprstimo capital de giro - (15/03/2010), a taxa mdia dos juros para operaes com juros prefixados Capital de giro - era de 2,40% a.m. e 28,83%, a.a., enquanto o contrato previa taxa mensal de 2,50% e anual de 34,49%.12.

Desta forma, considerando que os juros contratados em referida Cdula (n 023285149-3) ficaram muito acima da taxa mdia de mercado, devem os juros praticados serem reduzidos 2,40% a.m., a fim de que respeitem a taxa mdia de juros de mercado, conforme exige a jurisprudncia dominante no STJ.

13.

J para a Cdula de Crdito Bancrio para Abertura de Crdito em Conta Corrente (LIS Recebveis), datado de 21/07/2009, em consulta ao mesmo site do Banco Central do Brasil, verifiquei que, em julho de 2009, poca em que aludida Cdula foi emitida autora (02/04/2008 fl. 49), a taxa mdia dos juros para operaes com juros prefixados Conta garantida - foi de 167,33% a.a., enquanto o contrato previa taxa anual de 167,64% e 08,550% ao ms.14.

Quanto referida Cdula, nota-se que a taxa mensal e anual de juros contratada no exorbita da taxa mdia para a mesma operao divulgada pelo BACEN, mesma poca. Contudo, a capitalizao mensal dos juros exorbitante e ser objeto de apreciao logo adiante.DA INCONSTITUCIONALIDADE DA CAPITALIZAO MENSAL DE JUROS

15.

Para as Cdulas de Crdito Bancrio, a capitalizao mensal de juros autorizada pelo art. 28, 1, I, da Lei n 10.931/04.

16.

No entanto, o art. 28, 1, I, da Lei n 10.931/04 foi declarado inconstitucional pelo Conselho Especial deste E. TJDFT, por afronta direta ao art. 192 da Constituio Federal, segundo o qual o sistema financeiro nacional ser regido por lei complementar. Confira-se:

(...) 1. Ao autorizar a capitalizao de juros em cdula de crdito bancrio, o inciso I, pargrafo primeiro, do artigo 28 da lei n. 10.931/2004 afronta diretamente o artigo 192, caput, da Constituio Federal de 1988, que determina caber lei complementar a regulamentao de matria afeta ao Sistema Financeiro Nacional. 2. Declarada, incidenter tantum, a inconstitucionalidade do inciso I, pargrafo primeiro, do artigo 28 da lei n. 10.931/2004. (20080020008608AIL, Rel. FLAVIO ROSTIROLA, Conselho Especial, j. em 20/05/08, DJ 05/09/08)

17.

No tocante aos contratos de Emprstimo para capital de Giro de 15/03/2010 e do Contrato de Abertura de Conta Corrente de 21/07/2009, resta clara a capitalizao mensal dos juros. Uma simples operao matemtica revela a capitalizao. No contrato de Emprstimo para Capital de Giro, a taxa de juros mensal registrada de 2,50% ao ms e, ao ser multiplicada por 12 meses, encontramos o resultado de 30,0% ao ano. Contudo, a taxa anual registrada no contrato de 34,49% ao ano.18.

A capitalizao dos juros no outro contrato (Abertura de Credito em Conta Corrente Cheque Especial) ainda mais aviltante. A taxa mensal registrada de 8,550% ao ms e, sem a capitalizao, ou seja, com os juros simples, a taxa anual seria de 102,6%. Contudo, a taxa anual registrada no contrato de 167,64%.19.

Com efeito, a incidncia de juros capitalizados matria eminentemente de direito, no havendo necessidade da prova pericial No mais, no se pode olvidar que a prova enderea-se ao julgador, a quem cabe velar pela rpida soluo do litgio e indeferir as diligncias inteis ou meramente protelatrias (CPC 125 II e 130).

DA INCONSTITUCIONALIDADE DA MP 1963-17 de 31/03/2000 REEDITADA PELA MP 2.170-36/2001

20.

Sem embargo, cumpre ressaltar, que a capitalizao mensal de juros autorizada no sistema financeiro nacional pela MP 1963-17 de 31/03/2000, reeditada pela MP 2.170-36/2001, tambm foi considerada inconstitucional pelo Egrgio Conselho Especial deste TJDFT.

21.

Embora o entendimento atual do C. STJ admita a capitalizao de juros, com periodicidade inferior a um ano, desde que pactuada, nos contratos firmados aps a Medida Provisria n 2.170-36/2001, o prprio STJ se exime de analisar o tema da inconstitucionalidade do art. 5 da MP 2.170-36/2001, por tratar-se de fundamento exclusivamente constitucional. 22.

Em contrapartida, pacfico perante nossos tribunais que a capitalizao de juros permitida em casos expressamente autorizados por lei, a exemplo da capitalizao anual, autorizada pelo artigo 591 do Cdigo Civil.

23.

O artigo 5, da Medida Provisria 2.170-36, de 23.08.2001, ostenta a seguinte redao:

Art. 5. Nas operaes realizadas pelas instituies integrantes do sistema Financeiro Nacional, admissvel a capitalizao de juros com periodicidade inferior a um ano.

24.

Por seu turno, o artigo 192, da Constituio Federal est assim redigido:

Art. 192. O Sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do Pas e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compem, abrangendo as cooperativas de crdito, ser regulado por leis complementares que disporo, inclusive, sobre a participao do capital estrangeiro nas instituies que o integram. (destaque nosso)

25.

Da disposio constitucional transcrita, percebe-se que o sistema financeiro nacional somente pode ser disciplinado por intermdio de leis complementares, sendo vedada a edio de medidas provisrias em matria reservado lei complementar, como se infere do inciso III do 1 do artigo 62 da Constituio Federal.

26.

A disposio constitucional em referncia ostenta a seguinte redao:

Art. 62. Em caso de relevncia e urgncia, o Presidente da Repblica poder adotar medidas provisrias, com fora de lei, devendo submet-las de imediato ao Congresso Nacional.

1 vedada a edio de medidas provisrias sobre matria:

I - omissis

II - omissis

III - Reservada lei complementar.

27.

Inegvel, portanto, que medida provisria no tem o poder de regulamentar matria que foi reservada pela Carta Magna aos limites da disciplina da lei complementar28.

A matria est sendo apreciada pelo STF, por meio da ADI 2316, na qual j foram proferidos quatro votos deferindo a suspenso cautelar do art. 5 da MP 2.170-36/2001.

29.

A questo tambm aguarda apreciao pelo STF em Recurso Extraordinrio, no qual foi reconhecida a repercusso geral.

30.

Assim, diante dos argumentos jurdicos acima demonstrados, deve ser acolhida a pretenso da autora para afastar a capitalizao mensal de juros nas Cdulas de Crdito Bancrio ns 023285149-3 de 15/03/2010 e da Cdula de Crdito Bancrio Abertura de Crdito em Conta Corrente LIS Recebveis), para que o dbito seja calculado mediante a utilizao de juros na forma simples.

DA ILEGALIDADE DA CUMULAO DA COMISSO DE PERMANNCIA COM JUROS MORATRIOS E MULTA NAS PARCELAS EM ATRASO (CLUSULA 10,0).31.

A finalidade da cobrana da comisso de permanncia aps o vencimento da obrigao manter, por meio dos juros remuneratrios, a base econmica do negcio; desestimular, mediante os juros de mora, a demora no cumprimento da obrigao; e reprimir o inadimplemento com a aplicao da multa contratual.

32.

Trata-se, portanto, de parcela admitida na fase de inadimplemento contratual, a qual abrange trs componentes, a saber: juros remuneratrios taxa mdia de mercado apurada pelo Bacen; e juros moratrios e multa contratual; da ser impossvel a sua cobrana cumulada com juros de mora e multa contratual, sob pena de incorrer em bis in idem. 33.

Alm disso, inadmissvel a sua cumulatividade com correo monetria, a teor da Smula n. 30/STJ.

34.

De todo o exposto, depreende-se que a instituio financeira, diante do inadimplemento contratual, deve cobrar unicamente a comisso de permanncia admitida como o somatrio dos encargos moratrios (juros remuneratrios calculados taxa mdia de mercado estipulada pelo Bacen, juros moratrios e multa moratria).

35.

Contudo, as clusulas 10 do Contrato de Emprstimo para Capital de Giro, datado de 15/03/2010 e a Clusula 9 do Contrato de Abertura de Credito em Conta Corrente, estipulam a cumulao da cobrana dos juros moratrios com a comisso de permanncia, verbis:10. Atraso de Pagamento e Multa Se houver atraso no pagamento ou vencimento antecipado, pagaremos juros moratrios de 12% (doze por cento) ao ano mais comisso de permanncia calculada taxa de mercado do dia do pagamento.

36.

A Clusula 10.3, tambm dispe que o Autor pagar despesas de cobrana, inclusive custas e honorrios advocatcios e multa de 2% (dois por cento).37.

A esse respeito, vejam-se os seguintes julgados: Terceira Turma, AgRg no REsp n. 1.016.657/RS, relator Ministro Ari Pargendler, DJ de 5.8.2008; e Terceira Turma, AgRg no REsp n. 986.508/RS, relator Ministro Ari Pargendler, DJ de 5.8.2008.

V - Juros e multa moratrios

As questes infraconstitucionais relativas violao dos arts. 52, 1, do CDC e 406 e 591 do CC no foram objeto de debate no acrdo recorrido, nem a respeito foram opostos embargos de declarao. Caso, pois, de aplicao da Smula n. 282/STF.

De acordo com entendimento desta Seo, ainda, a cobrana da comisso de permanncia no pode ser acrescida dos encargos decorrentes da mora, como os juros moratrios e a multa contratual (c.f. AgRg no REsp n 712.801/RS, Rel. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ 04.05.2005).

Assim, no obstante a licitude da cobrana da comisso de permanncia, necessrio para sua efetivao a existncia de clusula contratual especfica, pois trata-se de faculdade conferida s instituies financeiras, que, por gerar nus parte contratante, no auto-aplicvel. Inexistente a demonstrao de expressa pactuao referente cobrana do encargo, conforme disposto pelas Instncias ordinrias, vedada, por conseguinte, sua incidncia. nesta Turma no sentido de ser lcita a sua cobrana aps o vencimento da dvida. A comisso deve observar a taxa mdia dos juros de mercado, apurada pelo Banco Central do Brasil, limitada a taxa contratada para o perodo da normalidade. No pode, entretanto, ser cumulada com a correo monetria nem com os juros remuneratrios, nos termos das Smulas 30, 294 e 296 do STJ.38.

De outro lado, o Superior Tribunal de Justia tem entendimento assente no sentido de que " admitida a cobrana da comisso de permanncia no perodo da inadimplncia, desde que no cumulada com correo monetria, juros moratrios, multa contratual ou juros remuneratrios, calculada taxa mdia de mercado" (AgRg no REsp 1066206/MS, Rel. Min. SIDNEI BENETI, Terceira Turma, DJ de 10.09.2010).A propsito:"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO BANCRIO. AO REVISIONAL. DISPOSIES ANALISADAS DE OFCIO. IMPOSSIBILIDADE. JUROS REMUNERATRIOS. TAXAS. ABERTURA DE CRDITO. EMISSO DE CARN. DESEQUILBRIO CONTRATUAL. INEXISTENTE. COMISSO DE PERMANNCIA. LICITUDE DA COBRANA. CUMULAO VEDADA. SUCUMBNCIA RECPROCA.

1. Omissis.

2. Omissis.

3. admitida a cobrana da comisso de permanncia durante o perodo de inadimplemento contratual, calculada pela taxa mdia de mercado apurada pelo Bacen, limitada taxa do contrato, no podendo ser cumulada com a correo monetria, com os juros remuneratrios e moratrios, nem com a multa contratual.

4. Agravo regimental desprovido." (AgRg no REsp 1061477/RS, Rel. Min. JOO OTVIO DE NORONHA, Quarta Turma, DJ de 01.07.2010) "EMBARGOS DE DIVERGNCIA NO RECURSO ESPECIAL. AGRAVO REGIMENTAL. CONTRATO BANCRIO. COMISSO DE PERMANNCIA POSSIBILIDADE DE COBRANA DESDE QUE NO CUMULADA COM OS DEMAIS ENCARGOS MORATRIOS.

- admitida a cobrana da comisso de permanncia em caso de inadimplemento, taxa de mercado, desde que (i) pactuada, (ii) cobrada de forma exclusiva ou seja, no cumulada com outros encargos moratrios, remuneratrios ou correo monetria e (iii) que no supere a soma dos seguintes encargos: taxa de juros remuneratrios pactuada para a vigncia do contrato; juros de mora; e multa contratual (REsp n 834.968/RS, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, DJ de 7.5.07).

Agravo Regimental improvido." (AgRg nos EDcl nos EREsp 833.711/RS, Rel. Min. SIDNEI BENETI, Segunda Seo, DJ de 02.12.2009) No obstante, a cdula de crdito comercial no admite a cobrana da comisso de permanncia. Neste sentido:

"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AO REVISIONAL. CDULA DE CRDITO INDUSTRIAL. JUROS REMUNERATRIOS. LIMITAO. POSSIBILIDADE. COMISSO DE

1. Omissis.

2. Nos casos de cdula de crdito rural, comercial e industrial, esta Corte no admite a cobrana de comisso de permanncia em caso de inadimplncia.

3. Agravo regimental a que se nega provimento." (AgRg no REsp 784.935/CE, Rel. Min. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO (Desembargador Convocado do TJ/AP), Quarta Turma DJ de 22.03.2010)

DA ILEGALIDADE DA COBRANA DA TARIFA DE CONTRATAO (TAC) - CLUSULA 1.5 E 12 DO CONTRATO.

39.

Quanto ilegalidade da TARIFA DE CONTRATAO (TAC), o instrumento contratual fez inserir indevido encargo financeiro ao Autor.40.

A cobrana da TARIFA DE CONTRATAO, no valor de R$ 200,00 (Duzentos reais), fere o art. 51, IV do CDC, pois constitui nus do prprio banco a avaliao do cliente, a emisso do contrato e o seu processamento no banco de dados da instituio.

41.

abusiva a cobrana de TARIFA DE CONTRATAO. Tais despesas das operaes de crdito devem ser suportadas pela instituio financeira, sendo abusivo o repasse da incumbncia ao consumidor.

42.

De acordo com os termos do contrato (Clausula 12), foram cobradas tarifa de cadastro no valor de R$ 200,00 (Duzentos reais). A remunerao da instituio financeira advm do pagamento dos juros remuneratrios, que j esto embutidos nas prestaes, de modo que qualquer outra cobrana constitui abusividade, importando em vantagem exagerada para o fornecedor, consoante o art. 51, inc. IV, do CDC, in verbis:

Art. 51. So nulas de pleno direito, entre outras, as clusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e servios que:

(...)

IV - estabeleam obrigaes consideradas inquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatveis com a boa-f ou a eqidade;

43.

Sobre o tema, transcrevo ementas dos seguintes julgados, in verbis:

APELAO CIVIL. AO DE BUSCA E APRENSO. RECONVENO. FINANCIAMENTO DE VECULO. REVISO DE CLUSULAS CONTRATUAIS. CAPITALIZAO MENSAL DE JUROS. AFASTAMENTO. INAPLICABILIDADE DO ART. 5 MEDIDA PROVISRIA 2.170-36/01. REDUO DA TAXA DE JUROS. IMPOSSIBILIDADE. TAXA DE COBRANA DE ABERTURA DE CRDITO INDEVIDA.

..................................................................................................................

So nulas as clusulas contratuais que estipulam a cobrana da Taxa de Abertura de Crdito - TAC (art. 51, IV, do Cdigo de Defesa do Consumidor). (20080410075067APC, Relator NATANAEL CAETANO, DJ 09/11/2009 p. 99, g.n.)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PRELIMINAR DE INPCIA DA PETIO INICIAL. MATRIA AFETA AO MRITO. REJEIO. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA REJEITADA. PRODUO DE PROVA PERICIAL. ARTIGOS 130, 131 E 427 DO CDIGO DE PROCESSO CIVIL. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENA. RECONHECIMENTO DE OFCIO DE NULIDADE DE CLUSULAS CONTRATUAIS. REJEIO. COBRANA DE TARIFAS DE CADASTRO, INCLUSO DE GRAVAME E DESPESAS DE TERCEIROS. COMISSO DE PERMANNCIA. NUS SUCUMBENCIAIS. ART. 21, CAPUT DO CPC.

..................................................................................................................

A denominada tarifa de contratao ou tarifa de renovao de cadastro e incluso de gravame eletrnico cobre os custos das instituies financeiras com a consulta ao cadastro de devedores inadimplentes e com a anlise cadastral e tambm os custos do registro da garantia, o que se conclui serem despesas inerentes ao negcio.

A abertura de qualquer cadastro do pretendente ao financiamento obrigao do credor no devendo ensejar nus algum ao devedor, porque alm de atender interesse exclusivo do mutuante, essa clusula contratual contraria o disposto no art. 46, parte final, do Cdigo de Defesa do Consumidor, pois no fornece ao muturio todas as informaes sobre sua finalidade e alcance. Por no ser servio colocado disposio do consumidor, no razovel transferir a ele o custo da pesquisa e da cobrana. As Despesas de Servios de Terceiros, igualmente, mostram-se abusiva, pois sequer foram indicados quais seriam esses servios, pois na letra 'v' do contrato faz apenas genrica referncia a servios prestados pela correspondente arrendadora. (sentena proferida pela MM. Magistrada singular Maria de Ftima Rafael Ramos).

..................................................................................................................

Apelao conhecida e parcialmente provida. (20090110847867APC, Relatora ANA MARIA DUARTE AMARANTE BRITO, 6 Turma Cvel, julgado em 15/09/2010, DJ 23/09/2010 p. 150, g.n.)

44.

Ademais, ressalte-se, a abertura de cadastro so providncias tomadas para garantir apenas os interesses do credor (de verificao da solvabilidade do devedor e de constituio da propriedade fiduciria), no podendo as despesas da decorrentes serem imputadas ao consumidor.

DA REPETIO DO INDBITO

45.

Em relao repetio do indbito, este eg. Tribunal j decidiu pela sua admisso independentemente da prova de que o pagamento tenha sido realizado por erro, com o objetivo de vedar o enriquecimento ilcito do banco em detrimento do devedor, nos termos da Smula n. 322, in verbis: "Para a repetio de indbito, nos contratos de abertura de crdito em conta-corrente, no se exige a prova do erro".46.

A jurisprudncia do STJ est consolidada no sentido de admitir a compensao de valores e a repetio do indbito sempre que constatada cobrana indevida do encargo exigido, sem que, para tanto, haja necessidade de ser comprovado erro no pagamento. 47.

A ratio essendi da regra remete necessidade de ser evitado o enriquecimento ilcito da parte beneficiada. Confiram-se: Quarta Turma, AgRg no REsp n. 647.559/RS, relator Ministro Hlio Quaglia, DJ de 30.10.2006; REsp n. 842.700/RS, relator Ministro Humberto Gomes de Barros, 30.6.2006; REsp n. 837.226/RS, relator Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ de 30.6.2006; REsp n. 837.759/RS, relator Ministro Aldir Passarinho Junior, DJ de 30.6.2006.48.

Assim, cabvel a restituio dos valores que foram pagos a maior, na forma simples, a serem apurados em liquidao de sentena, em face da existncia de polmica em torno das matrias apreciadas, o que pode ensejar o engano justificvel do banco ru (CDC, 42, p. nico), admitida a compensao com eventual crdito a favor do banco ru. Nesse sentido a jurisprudncia:

(...) Quanto ao pleito de devoluo em dobro, ainda que luz das disposies do Cdigo de Defesa do Consumidor, esta Corte Superior j se pronunciou no sentido de que, salvo comprovada m-f, a restituio deve se dar de forma simples. Confira-se: (...) 8 - Esta Corte Superior j se posicionou na vertente de ser possvel, tanto a compensao de crditos, quanto a devoluo da quantia paga indevidamente, em obedincia ao princpio que veda o enriquecimento ilcito, de sorte que as mesmas devero ser operadas de forma simples - e no em dobro -, ante a falta de comprovao da m-f da instituio financeira. Precedentes (REsp 401.589/RJ, AgRg no Ag 570.214/MG e REsp 505.734/MA). 9 - Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 701406/RS, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 15/05/2006 p. 220. Diante do exposto, nego provimento ao agravo. Publique-se. Braslia (DF), 02 de agosto de 2010. (STJ, AGI n 02.124 - SP (2009/0127783-4), Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, 12/08/10)

49.

Assim, no caso dos autos, diante da reviso de clusulas contratuais abusivas, a repetio do indbito deve dar-se na forma simples, admitida a compensao de valores.

DA DESCARACTERIZAO DA MORA

50.

A autora pretende seja determinado o afastamento da mora, uma vez que restou demonstrado que houve cobrana de valores abusivos.

51.

Constatada a abusividade, no perodo de normalidade dos contratos, consubstanciada, no presente caso, pela cobrana de juros abusivos, no capitalizao diria de juros e cobrana ilegal da Taxa de Remunerao, resta descaracterizada a mora.

52.

Nos termos da jurisprudncia dominante do STJ:

(...) II - JULGAMENTO DO RECURSO REPRESENTATIVO (REsp 1.061.530/RS) (...)

Verificada a cobrana de encargo abusivo no perodo da normalidade contratual, resta descaracterizada a mora do devedor. Afastada a mora: i) ilegal o envio de dados do consumidor para quaisquer cadastros de inadimplncia; ii) deve o consumidor permanecer na posse do bem alienado fiduciariamente e iii) no se admite o protesto do ttulo representativo da dvida. (...) Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, provido, para declarar a legalidade da cobrana dos juros remuneratrios, como pactuados, e ainda decotar do julgamento as disposies de ofcio. nus sucumbenciais redistribudos. (REsp 1061530/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, 2 SEO, j. em 22/10/08, DJe 10/03/09)

53.

Assim, deve ser afastada a mora do autor, com relao ao dbito objeto da reviso.

DOS PEDIDOS54.

Ante o exposto, requer a Vossa Excelncia:

a) a PROCEDNCIA do pedido para REVISAR A CLUSULA DO CONTRATO que prev juros remuneratrios de 2,50% ao ms para determinar a reduo dos juros contratados na Cdula de Crdito Bancrio n _____________, taxa de 2,40% a.m., a fim de que respeitem a taxa mdia de juros de mercado, poca da contratao, conforme exige a jurisprudncia dominante no STJ;b) a PROCEDNCIA do pedido para REVISAR A CLUSULA DO CONTRATO PARA afastar a capitalizao diria/mensal de juros remuneratrios nas Cdulas de Crdito Bancrio de Emprstimo para Capital de Giro n __________, datado de 15/03/2010 e de abertura de Crdito em Conta Corrente datado de 21/07/2009, determinando a incidncia de JUROS SIMPLES sobre a taxa de juros remuneratrios do contrato diante da Inconstitucionalidade da MP 2.170-36/2001 e do art. 28, 1, I, da Lei n 10.931/04;

c) A PROCEDNCIA do pedido para afastar os efeitos da mora, uma vez que restou demonstrado que houve cobrana de valores abusivos;d) a PROCEDNCIA do pedido de repetio de indbito, determinando a restituio dos valores pagos a maior, na forma simples.

e) a PROCEDNCIA do pedido para declarar NULA AS CLUSULAS 1,5 e 12 do Contrato que prev a cobrana da TARIFA DE CONTRATAO (TAC) no Contrato de Cdulas de Crdito Bancrio de Emprstimo para Capital de Giro n ______________, no valor de R$ 200,00 (duzentos reais), por ser abusiva; f) a PROCEDNCIA do pedido para declarar NULA A CLUSULA 10.0 DO CONTRATO que prev a cumulao da comisso de permanncia com juros moratrios e multa nas parcelas em atraso (clusula 10,0), determinando a incidncia apenas dos Juros moratrios taxa contratual (12% ao ano).g) a DECLARAO DE INCONSTITUCIONALIDADE do artigo 5 da MP 2.170-36/2001 , quanto forma, por admitir a capitalizao de juros em perodo inferior a um ano pois apenas mediante lei complementar que se pode dispor sobre Sistema Financeiro Nacional (caput do art. 192 da Constituio Federal), operando-se o Controle Difuso de Constitucionalidade das normas infraconstitucionais.h) Requer-se ainda, a condenao da r, ao pagamento das despesas processuais e demais cominaes legais e de estilo, mais a verba honorria, conforme o artigo 20, pargrafo 4., do Cdigo de Processo Civil. i) Requer a expedio do competente mandado de CITAO da r para contestar a presente ao no prazo legal sob pena de serem admitidos como verdadeiros os fatos supra relatados.

Protesta pela produo de prova documental, testemunhal, pericial e inspeo judicial e de todos os meios probantes em direito admitidos, ainda que no especificados no CPC, mas desde que moralmente legtimos e obtidos de forma lcita, especialmente depoimento pessoal do representante legal ou preposto da r, sob pena de confisso se no comparecer, ou, em comparecendo, se negar a depor.

D presente, o valor de R$ 280.000,00 (Duzentos e oitenta mil reais), para meros efeitos fiscais, ante a impossibilidade de se apurar o real valor do saldo, se devedor ou credor.Termos em que, pede deferimento.

Braslia-DF, 07 de novembro de 2011.

ALDRIANO AZEVEDO

OAB/DF _________ CC, Art. 421. A liberdade de contratar ser exercida em razo e nos limites da funo social do contrato.

CC, Art. 411. Quando se estipular a clusula penal para o caso de mora, ou em segurana especial de outra clusula determinada, ter o credor o arbtrio de exigir a satisfao da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigao principal.

CC, Art. 412. O valor da cominao imposta na clusula penal no pode exceder o da obrigao principal.

CC, Art. 413. A penalidade deve ser reduzida eqitativamente pelo juiz se a obrigao principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negcio.

(...) 1. Esta Corte Superior entende que se aplica s instituies financeiras o Cdigo de Defesa do Consumidor, nos termos da Smula 321 do STJ. 2. A Segunda Seo desta Corte, na assentada do dia 22.10.2008, quando do julgamento do REsp n. 1.061.530/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, no sistema do novel art. 543-C do CPC, trazido pela Lei dos Recursos Repetitivos, pacificou o entendimento j adotado por esta Corte de que as instituies financeiras no se sujeitam limitao dos juros remuneratrios que foi estipulada na Lei de Usura (Decreto 22.626/33). (...) 8. Recurso especial provido em parte. (Resp. N 890.753 - RS (2006/0213455-0) REL. MIN. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO (DESEMB. CONVOCADO DO TJ/AP)

SM 382 STJ - A estipulao de juros remuneratrios superiores a 12% ao ano, por si s, no indica abusividade.

SM 283 STJ - As empresas administradoras de carto de crdito so instituies financeiras e, por isso, os juros remuneratrios por elas cobrados no sofrem as limitaes da Lei de Usura.

HYPERLINK "http://www.bcb.gov.br/ftp/depec/NITJ201011.xls" http://www.bcb.gov.br/ftp/depec/NITJ201011.xls, acesso em 11/10/2011.

HYPERLINK "http://www.bcb.gov.br/ftp/depec/NITJ201011.xls" http://www.bcb.gov.br/ftp/depec/NITJ201011.xls, acesso em 11/10/2011.

Lei 10.931/04, Art. 28. A Cdula de Crdito Bancrio ttulo executivo extrajudicial e representa dvida em dinheiro, certa, lquida e exigvel, seja pela soma nela indicada, seja pelo saldo devedor demonstrado em planilha de clculo, ou nos extratos da conta corrente, elaborados conforme previsto no 2.

1o Na Cdula de Crdito Bancrio podero ser pactuados: I - os juros sobre a dvida, capitalizados ou no, os critrios de sua incidncia e, se for o caso, a periodicidade de sua capitalizao, bem como as despesas e os demais encargos decorrentes da obrigao;

CF/88, Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do Pas e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compem, abrangendo as cooperativas de crdito, ser regulado por leis complementares que disporo, inclusive, sobre a participao do capital estrangeiro nas instituies que o integram.

ARGUIO DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 5 DA MEDIDA PROVISRIA N 2170-36. OPERAES REALIZADAS PELAS INSTITUIES INTEGRANTES DO SISTEMA FINANCEIRO. CAPITALIZAO DE JUROS COM PERIODICIDADE INFERIOR A UM ANO. MATRIA PREVISTA EM LEI COMPLEMENTAR. ART. 192, CAPUT, DA CONSTITUIO FEDERAL COM A REDAO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL N 40. A matria inserida em Medida Provisria que dispe sobre "a administrao dos recursos de caixa do Tesouro Nacional", consolidando e atualizando a legislao pertinente, no pode dispor sobre matria completamente diversa, cuja regulamentao prescinde (sic) de Lei Complementar. Declarada, incidenter tantum, a inconstitucionalidade do art. 5, da Medida Provisria 2170-36. (20060020017747AIL, Relator LCIO RESENDE, Conselho Especial, julgado em 04/07/2006, DJ 15/08/2006 p. 69)

(...) No que tange capitalizao mensal de juros, baseada no artigo 5 da Medida Provisria n 2.170-36/2001, o Tribunal de origem afastou sua aplicao em face do reconhecimento incidental de inconstitucionalidade do referido dispositivo legal, conforme se denota do seguinte excerto:"E relativamente Medida Provisria n. 2.170-36, evidentemente que inconstitucional, porque a capitalizao dos juros no se enquadra naquelas matrias consideradas urgentes, exigncia prevista no art. 62 da CF/88." (fl. 133). Torna-se, portanto, invivel o recurso especial, porquanto este no se presta a impugnar fundamento exclusivamente constitucional (ut AgRg no Ag 715606/RS, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito DJ 10.09.2007). E ainda: AgRg no REsp 908905 / DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 28.05.2007; AgRg no REsp 982698/RS, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, DJ 12.05.2008. (...) (RECURSO ESPECIAL N 1.000.386 - RS (2007/0253896-7) - Braslia (DF), 23 de junho de 2009. MINISTRO MASSAMI UYEDA Relator)

Retomado julgamento de medida liminar em ao direta ajuizada pelo Partido Liberal - PL contra o art. 5, caput, e pargrafo nico da Medida Provisria 2.170-36/2001, que admitem, nas operaes realizadas pelas instituies integrantes do Sistema Financeiro Nacional, a capitalizao de juros com periodicidade inferior a um ano v. Informativo 262. O Min. Carlos Velloso, em voto-vista, acompanhou o voto do relator, Min. Sydney Sanches, que deferiu o pedido de suspenso cautelar dos dispositivos impugnados (...) ADI 2316 MC/DF, rel. Min. Sydney Sanches, 15.2.2005. (INFORMATIVO N 413 TTULO - Cobrana de Juros Capitalizados)

(...) O Tribunal retomou julgamento de medida cautelar em ao direta ajuizada pelo Partido Liberal - PL, atual Partido da Repblica - PR, em que se objetiva a declarao de inconstitucionalidade do art. 5, caput, e pargrafo nico da Medida Provisria 2.170-36/2001 (...). A Min. Crmen Lcia, em voto-vista, abriu divergncia e indeferiu a cautelar. (...) Por sua vez, o Min. Marco Aurlio acompanhou o voto do relator para deferir a cautelar. (...) Aps o voto do Min. Menezes Direito, que acompanhava o voto da Min. Crmen Lcia, e do voto do Min. Carlos Britto, que acompanhava o voto do Min. Marco Aurlio, o julgamento foi suspenso para retomada com quorum completo. ADI 2316 MC/DF, rel. Min. Sydney Sanches, 5.11.2008. (INFORMATIVO N 527 TTULO - Cobrana de Juros Capitalizados)

REPERCUSSO GERAL CAPITALIZAO MENSAL DOS JUROS MEDIDA PROVISRIA N 2.170-36 ARTIGO 62 DA CONSTITUIO FEDERAL AFASTAMENTO NA ORIGEM. Admisso pelo Colegiado Maior. (RE 568396 RG, Relator(a): Min. MARCO AURLIO, julgado em 21/02/08, DJe-065 DIVULG 10-04-08 PUBLIC 11-04-08 EMENT VOL-02314-08 PP-01664).

CDC, Art. 42. Na cobrana de dbitos, o consumidor inadimplente no ser exposto a ridculo, nem ser submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaa.

Pargrafo nico. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito repetio do indbito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correo monetria e juros legais, salvo hiptese de engano justificvel.

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