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AVENIDA GUAXENDUBA, 1.490, BAIRRO DE FÁTIMA, SÃO LUÍS/MA CEP 65.015-560 FONE/FAX: (98) 3182 7618 [email protected] Página 1 de 21 EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL DA ___ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO MARANHÃO (PAJ: 2014/012-00893) EMENTA: SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. INEXISTÊNCIA DE EQUIPAMENTO PARA A REALIZAÇÃO DE CIRURGIAS ORTOPÉDICAS (MESA DE TRAÇÃO ORTOPÉDICA / MESA RETRÁTIL). EVIDENTE PREJUÍZO AOS USUÁRIOS DO SISTEMA. PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, por meio do Defensor Público Federal ao final signatário, no exercício de suas atribuições constitucionais e legais, atuando na defesa dos interesses coletivos da população dependente dos serviços públicos de saúde, em especial aos pacientes do Setor de Trauma-Ortopedia do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA), vem, perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, II, da Lei nº. 7.347/85 (com redação dada pela Lei nº. 11.448/07) e no artigo 4º, VII, da Lei Complementar nº. 80/1994 (com redação dada pela Lei Complementar nº. 132/2009), propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA com pedido de antecipação dos efeitos da tutela em face da UNIÃO FEDERAL, com endereço na Rua Oswaldo Cruz, nº 1618, Centro, São Luís/MA; do ESTADO DO MARANHÃO, com endereço na Avenida Professor

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AVENIDA GUAXENDUBA, 1.490, BAIRRO DE FÁTIMA, SÃO LUÍS/MA – CEP 65.015-560

FONE/FAX: (98) 3182 7618

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL DA ___ª VARA

FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO MARANHÃO

(PAJ: 2014/012-00893)

EMENTA: SISTEMA ÚNICO DE

SAÚDE. INEXISTÊNCIA DE

EQUIPAMENTO PARA A

REALIZAÇÃO DE CIRURGIAS

ORTOPÉDICAS (MESA DE

TRAÇÃO ORTOPÉDICA / MESA

RETRÁTIL). EVIDENTE

PREJUÍZO AOS USUÁRIOS DO

SISTEMA. PEDIDO DE TUTELA

ANTECIPADA.

A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, por meio do Defensor Público

Federal ao final signatário, no exercício de suas atribuições constitucionais e legais,

atuando na defesa dos interesses coletivos da população dependente dos serviços

públicos de saúde, em especial aos pacientes do Setor de Trauma-Ortopedia do Hospital

Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA), vem, perante Vossa

Excelência, com fundamento no artigo 5º, II, da Lei nº. 7.347/85 (com redação dada

pela Lei nº. 11.448/07) e no artigo 4º, VII, da Lei Complementar nº. 80/1994 (com

redação dada pela Lei Complementar nº. 132/2009), propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

com pedido de antecipação dos efeitos da tutela

em face da UNIÃO FEDERAL, com endereço na Rua Oswaldo Cruz, nº 1618, Centro,

São Luís/MA; do ESTADO DO MARANHÃO, com endereço na Avenida Professor

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Carlos Cunha, s/nº, edifício Nagib Haickel, 3º andar, Calhau, São Luís/MA;

do MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS, com endereço na Praça João Lisboa, nº 66, Centro,

São Luís; e do HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL

DO MARANHÃO (HUUFMA), representado pela FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE

FEDERAL DO MARANHÃO, fundação de Direito Público, com sede no Campus

Universitário do Bacanga, localizado na Av. dos Portugueses, s/n, São Luís/MA,

CEP:65085-580, a serem citados nas pessoas dos seus respectivos representantes legais,

com base nos argumentos fáticos e jurídicos adiante aduzidos.

1. DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA E DAS

PRERROGATIVAS DOS DEFENSORES PÚBLICOS FEDERAIS.

Inicialmente, requerem os autores os benefícios da Justiça Gratuita, por não

poderem arcar com as custas e despesas do presente processo sem prejuízo de seu

sustento próprio e de sua família, com esteio no artigo 4º da Lei nº. 1.060/50.

Ressalte-se, ademais, a necessidade de observância das prerrogativas dos

Defensores Públicos Federais previstas na Lei Complementar nº. 80/94 e demais

diplomas legais, especialmente no que tange à contagem em dobro dos prazos

processuais e à intimação pessoal, inclusive com carga dos autos, de todos os atos

do processo (LC 80/94, artigo 44, X).

2. DA LEGITIMIDADE ATIVA DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO

A Defensoria Pública tem por função institucional a orientação jurídica e a

defesa, em todos os graus, dos necessitados. É instituição essencial à função

jurisdicional do Estado justamente por garantir o direito fundamental à assistência

jurídica integral e gratuita aos necessitados, conforme assegura o art. 5º, LXXIV, da

Constituição Federal, umbilicalmente ligado ao direito fundamental do acesso à justiça,

consagrado no art. 5º, XXXV, da CF.

No intuito de abrigar a ideia inerente ao reconhecimento da

legitimidade para o ajuizamento de demandas coletivas pela Defensoria Pública, e

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harmonizar a aplicação do Código Consumerista, o legislador pátrio alterou a redação

do artigo 5º da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, que disciplina a ação civil pública,

legitimando explicitamente a propositura da ação pela Defensoria Pública da União.

Cumpre observar que o posicionamento de reconhecer a legitimidade ativa

na propositura de Ações Civis Públicas vem sendo consolidado doutrinária

e jurisprudencialmente, inclusive no âmbito das Cortes Superiores, como demonstrado a

seguir:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. LEGITIMIDADE DA

DEFENSORIA PÚBLICA PARA AJUIZAR AÇÃO CIVIL PÚBLICA.

ART. 134 DA CF. ACESSO À JUSTIÇA. DIREITO FUNDAMENTAL.

ART. 5º, XXXV, DA CF. ARTS. 21 DA LEI 7.347/85 E 90 DO

CDC. MICROSSISTEMA DE PROTEÇÃO AOS

DIREITOS TRANSINDIVIDUAIS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.

INSTRUMENTO POR EXCELÊNCIA. LEGITIMIDADE ATIVA DA

DEFENSORIA PÚBLICA PARA AJUIZAR AÇÃO CIVIL PÚBLICA

RECONHECIDA ANTES MESMO DO ADVENTO DA LEI 11.448/07.

RELEVÂNCIA SOCIAL E JURÍDICA DO DIREITO QUE SE

PRETENDE TUTELAR. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. A

Constituição Federal estabelece no art. 134 que "A Defensoria

Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado,

incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus,

dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV". Estabelece, ademais,

como garantia fundamental, o acesso à justiça (art. 5º, XXXV, da

CF), que se materializa por meio da devida prestação jurisdicional

quando assegurado ao litigante, em tempo razoável (art. 5º,

LXXVIII, da CF), mudança efetiva na situação material do direito a

ser tutelado (princípio do acesso à ordem jurídica justa). 2. Os arts.

21 da Lei da Ação Civil Pública e 90 do CDC, como normas de envio,

possibilitaram o surgimento do denominado Microssistema ou

Minissistema de proteção dos interesses ou direitos coletivos amplo

senso, com o qual se comunicam outras normas, como os Estatutos do

Idoso e da Criança e do Adolescente, a Lei da Ação Popular, a Lei de

Improbidade Administrativa e outras que visam tutelar direitos dessa

natureza, de forma que os instrumentos e institutos podem ser

utilizados para "propiciar sua adequada e efetiva tutela" (art. 83 do

CDC). 3. Apesar do reconhecimento jurisprudencial e doutrinário de

que "A nova ordem constitucional erigiu um autêntico 'concurso de

ações' entre os instrumentos de tutela dos

interesses transindividuais" (REsp 700.206/MG, Rel. Min. LUIZ

FUX, Primeira Turma, DJe 19/3/10), a ação civil pública é o

instrumento processual por excelência para a sua defesa. 4. A Lei

11.448/07 alterou o art. 5º da Lei 7.347/85 para incluir a Defensoria

Pública como legitimada ativa para a propositura da ação civil

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pública. Essa e outras alterações processuais fazem parte de uma

série de mudanças no arcabouço jurídico-adjetivo com o objetivo de,

ampliando o acesso à tutela jurisdicional e tornando-a efetiva,

concretizar o direito fundamental disposto no art. 5º, XXXV, da CF.

5. In casu, para afirmar a legitimidade da Defensoria Pública

bastaria o comando constitucional estatuído no art. 5º, XXXV, da

CF. 6. É imperioso reiterar, conforme precedentes do Superior

Tribunal de Justiça, que a legitimatio ad causam da Defensoria

Pública para intentar ação civil pública na defesa de

interesses transindividuais de hipossuficientes é reconhecida antes

mesmo do advento da Lei 11.448/07, dada a relevância social (e

jurídica) do direito que se pretende tutelar e do próprio fim do

ordenamento jurídico brasileiro: assegurar a dignidade da pessoa

humana, entendida como núcleo central dos direitos fundamentais. 7.

Recurso especial não provido (REsp 1106515/MG, Rel. Ministro

ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado

em 16/12/2010, DJe 02/02/2011) (grifou-se).

Verifica-se, portanto, que longe de estar ligada apenas a uma

questão meramente formal da previsão legal expressa que reconheça a legitimidade para

propositura do presente instrumento jurídico pela Defensoria Pública, tal

reconhecimento ganha força na necessidade de plena atuação na garantia do direito

fundamental de acesso à justiça, função precípua da instituição, como posto

inicialmente.

Aduz-se, ainda, que a defesa que aqui se põe se dá em nome dos interesses

coletivos da população do Estado do Maranhão dependente dos serviços públicos de

saúde, em especial dos pacientes do Setor de Trauma-Ortopedia da HUUFMA (Hospital

Universitário Presidente Dutra), tendo em vista a carência do equipamento para a

realização de cirurgias ortopédicas, a qual requer a atenção específica por parte do

Estado, relativa a demandas de saúde do setor.

Destaque-se a visível pertinência temática entre a pretensão dos assistidos

pela DPU nesta Ação Civil Pública e o exercício das funções típicas da Instituição, qual

seja a defesa de hipossuficientes (art. 5º, LXXIV, CF), dada a vulnerabilidade tanto da

condição social quanto dos meios para emprego de defesa técnico-jurídica e dado o

caráter de direito difuso e coletivo do objeto desta ação.

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3. DA LEGITIMIDADE PASSIVA DOS ENTES FEDERATIVOS E DA

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL

A Constituição Federal, em seu art. 196, atribui ao Estado, no

sentido genérico (União, Estados e Municípios), e não a uma esfera da Federação

específica, a obrigação de executar políticas econômicas e sociais destinadas à redução

dos riscos de doenças e outros agravos, bem como ao estabelecimento de condições que

permitam o acesso universal e igualitário às ações e serviços destinados à promoção, à

proteção e à recuperação da saúde1.

Demais disso, o Sistema Único de Saúde (SUS)1 constitui

uma rede hierarquizada de ações e serviços de saúde, que devem ser realizados pela

União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, bem como por suas

autarquias e fundações (art. 198, CF/1988, e art. 4º., da Lei 8080/90). Desse modo, há

de se convir que omissões e negligências perpetradas por Entes “subalternos” dentro

da rede hierarquizada do SUS implicam necessariamente no descumprimento do

dever de fiscalização dos Entes colocados em patamar superior, gerando, assim, uma

espécie de culpa in vigilando destes últimos, a atrair a responsabilidade solidária de

todas as esferas da Federação, a saber União e Estado e Município envolvidos2 3.

1 “O Sistema Único de Saúde é financiado pela União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios,

sendo solidária a responsabilidade dos referidos entes no cumprimento dos serviços públicos de saúde

prestados à população”. TRF1, 5. T, AC 200635000154575/GO, Rel. Des. Federal Selene Maria de

Almeida, e-DJF1 28.03.2008, p. 306.

2 “O funcionamento do Sistema Único de Saúde - SUS é de responsabilidade solidária da União,

Estados-membros e Municípios, de modo que qualquer dessas entidades tem legitimidade ad causam para

figurar no pólo passivo de demanda que objetiva a garantia do acesso à medicação para pessoas

desprovidas de recursos financeiros”. STJ, 2. T, REsp 878.080/SC, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ

20.11.2006, p. 296.

“A Carta Magna de 1988 erige a saúde como um direito de todos e dever do Estado (art. 196). Daí, a

seguinte conclusão: é obrigação do Estado, no sentido genérico (União, Estados, Distrito Federal e

Municípios), assegurar às pessoas desprovidas de recursos financeiros o acesso à medicação necessária

para a cura de suas mazelas, em especial, as mais graves. Sendo o SUS composto pela União, Estados e

Municípios, impõe-se a solidariedade dos três entes federativos no pólo passivo da demanda”. STJ, 1. T,

REsp 507205/PR, Rel. Min. José Delgado, DJ 17.11.2003, p. 213.

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Tendo por supedâneo todos esses fundamentos, resta impassível

de controversas que, no caso concreto, há a responsabilidade linear de todos os Entes

Políticos que compõem a Federação, tendo em vista tratar-se da aquisição de

equipamento indispensável para a realização de diversos tipos de cirurgias, voltadas a

procedimentos ortopédicos no quadril e também nos membros inferiores, tanto de

caráter degenerativo, quanto de caráter pós traumático (fraturas) e cuja ausência

obsta o tratamento adequado dos pacientes nessas circunstâncias.

Dessa feita, sendo os serviços e ações de saúde, conforme acima esboçado,

atribuições conjuntas da União, dos Estados e dos Municípios, devendo,

conseguintemente, o Ente Federal figurar como parte ré em ações que envolvam

matéria sanitária, patente a competência é da Justiça Federal, nos termos do art. 109,

I, da Constituição Federal.

Nesse sentido, iterativa diretriz jurisprudencial:

Agravo regimental no recurso extraordinário. Prestação de saúde.

Legitimidade passiva da União. Responsabilidade solidária dos

entes da Federação em matéria de saúde. Precedentes.

1. A jurisprudência da Corte pacificou entendimento no

sentido de que a responsabilidade dos entes da Federação, no que

tange ao dever fundamental de prestação de saúde, é solidária.

2. Agravo regimental não provido. (RE 575179 ES. DJ,

07.05.2013, Relator Min. Dias Toffoli, Primeira Turma) (grifou-se).

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. DIREITO À SAÚDE.

FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. UNIÃO FEDERAL.

LEGITIMIDADE PASSIVA. HEPATITE TIPO C. INTERFERON

PEGUILATO E RIBAVIRINA, INCLUÍDOS EM LISTA DE

MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS DE ALTO CUSTO.

3 “O Poder Público, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuação no plano da organização

federativa brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao problema da saúde da população, sob pena de

incidir, ainda que por censurável omissão, em grave comportamento inconstitucional”. STF,

2. T, AGRRE 271.286/RS, Rel. Min. Celso de Mello; “O Sistema Único de Saúde é financiado pela

União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, sendo solidária a responsabilidade dos referidos

entes no cumprimento dos serviços públicos de saúde prestados à população”; STJ, 1. T, REsp

828140/MT, Rel. Min. Denise Arruda, DJ 23.04.2007, p. 235; “No tocante à responsabilidade estatal para

o fornecimento gratuito de medicamento referente à doença do agravado, é conjunta e solidária a União,

Estados, ao Distrito Federal e ao Município”. TRF4, 1. T. S, AG 2006.04.00.001739-7/PR, Rel. Des.

Federal Fernando Quadros da Silva, DJ 28.06.2006, p. 742.

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RESTRIÇÃO A PACIENTES JÁ TRATADOS COM INTERFERON

CONVENCIONAL. MEDICAMENTOS MAIS RECENTES E

AVANÇADOS. TRATAMENTO RECOMENDADO POR

PROFISSIONAL DA REDE PÚBLICA HOSPITALAR. AUSÊNCIA

DE JUSTIFICATIVA CIENTIFICAMENTE COMPROVADA

SOBRE EVENTUAL INEFICIÊNCIA DO TRATAMENTO.

PORTARIA Nº. 863/2002 DO MINISTÉRIO DA SAÚDE.

ILEGALIDADE. I - A União Federal, solidariamente com os Estados,

o Distrito Federal e os Municípios, está legitimada para as causas que

versem sobre o fornecimento de medicamento, em razão de, também,

compor o Sistema Único de Saúde - SUS. Precedentes do STJ. [...]

III - Apelação e remessa oficial desprovidas. (AMS

200434000176129, DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA

PRUDENTE, TRF1 - SEXTA TURMA, 04/06/2007).

Esmiuçadas as questões preliminares atinentes à legitimidade passiva e

à competência, passemos às razões de mérito que assentam a presente demanda.

4. SINÓPSE FÁTICA. CASO PARADIGMA

Trata-se de Procedimento de Assistência Jurídica (PAJ no 2014/012-893) de

natureza coletiva, instaurado a partir do procedimento individual PAJ n0 2014/012-594

(ANEXOS I e II), no bojo do qual a assistida ANA RITA DOS SANTOS GOUVEIA,

que sofre de Osteocondromatose Sinovial, busca a realização de cirurgia

de artroscopia do quadril esquerdo. Ocorre que a assistida foi informada pelo Setor de

Ortopedia Hospital Universitário Presidente Dutra (HUUFMA), na pessoa do médico

que a atende, Dr. Raul Almeida (CRM 5702) e da coordenadora do Setor, Sra. Mary,

que a instituição não dispõe de equipamento imprescindível para a realização do

procedimento cirúrgico, qual seja, mesa de tração ortopédica / mesa retrátil.

Com o intuito de sanar dúvidas acerca do fato, o Setor de Serviço Social

deste núcleo da DPU/MA contatou o Setor de Ortopedia do HUUFMA, o qual

confirmou a indisponibilidade do equipamento e informou que o Hospital “já o

solicitou”, mas ainda não obteve sucesso, de maneira que não havia previsão para a

disponibilidade do equipamento para a realização de cirurgias (ANEXO III).

Ademais, dado o quadro clínico da assistida, sugeriram que ela realizasse a cirurgia em

outro hospital. Entretanto, a Secretaria de Estado de Saúde do Maranhão — SES/MA

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informou à assistida, quando orientada por este Núcleo a protocolar pedido de TFD —

Tratamento Fora de Domicílio, de que não poderia fazê-lo porque “existe o referido

tratamento no Estado do Maranhão”.

No entanto, como já fora citado, o HUUFMA, único hospital do Estado

onde o procedimento, em tese, pode ser realizado, por ser de alta complexidade,

não dispõe do equipamento indispensável, conforme já fora relatado.

Tendo em vista que a carência do equipamento para a realização das

cirurgias ortopédica não atinge apenas a assistida em tela, mas a um número

potencialmente expressivo de pessoas na mesma condição, que necessitam de

tratamento médico célere sob pena de violação ao seu direito à saúde, este núcleo da

DPU instaurou o PAJ no 2014/012-893 (coletivo) já citado.

Ainda na busca de esclarecimentos sobre o referido equipamento, bem como

das medidas adotadas para a aquisição do mesmo, esta Defensoria enviou o ofício de nº

847/2014, seguido do ofício de reiteração nº 1090/2014 (ofícios anexos), ao Hospital

Universitário Presidente Dutra (HUUFMA) (ANEXO IV).

Em resposta aos citados expedientes o HUUFMA reiterou, por meio do

ofício de nº 962/2014/SUPERINTENDÊNCIA, a indisponibilidade de Mesa de

Tração Retrátil e, reafirmando a imprescindibilidade do equipamento e a alta

demanda de cirurgias ortopédicas, também informou a abertura de Requisição de

Compra.

No expediente do HUUFMA referido, a pedido desta Defensoria, o

equipamento foi especificado da seguinte forma pelo Setor de Engenharia Clínica:

“MESA CIRÚRGICA ORTOPÉDICA QUE ASSEGURE

CONDIÇÕES IDEAIS PARA REALIZAÇÃO DE VÁRIOS

PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ORTOPÉDICOS TAIS

COMO: CIRURGIA DE MEMBRO INFERIOR POR TRAÇÅO,

CIRURGIA DE COLO DO FÉMUR, BRAÇO, JOELHO,

COLUNA, OMBRO, QUADRIS, TÍBIA, MÃO, ETC. POSSUI

TAMPO EM FIBRA DE CARBONO RADIO-TRANSPARENTE

E MOVIMENTOS SUAVES E PRECISOS, QUE INTERAGEM

COM OS MOVIMENTOS DO ARCO CIRÚRGICO, EM

TODAS AS POSIÇÕES. MESA CIRÚRGICA

MULTIFUNCIONAL ELETROHIDRÁULICA OU

TOTALMENTE ELETRÖNICA PARA PEQUENAS, MÉDIAS E

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GRANDES CIRURGIAS. DEVE POSSUIR KIT DE TRAÇAO

ORTOPÉDICO FABRICADOS EM AÇO INOX ASI

304COMPOSTO DE NO MINIMO DUAS BARRAS DE

EXTENSORES DE PERNAS COM REGULAGEM DE

DISTÂNCIA ACIONADAS POR MANIVELAS OU

DISPOSITIVOS. MESA COM ACIONAMENTO DOS

COMANDOS REALIZADO POR CONTROLE REMOTO

INFRAVERMELHO E NO PAINEL LOCALIZADO NA

PRÓPRIA ESTRUTURA; DOTADA DE SISTEMA DE

FIXAÇÃO E LIBERAÇÃO COM GARANTIA DE

ESTABILIDADE NA IMOBILIZAÇÃO; COM CAPACIDADE

DE ELEVAÇÃO DE NO MÍNIMO 250KG, DEVE

POSSIBILITAR A UTILIZAÇÃO DE EXTENSORES

LATERAIS QUE AMPLIEM O LEITO, PERMITINDO SUA

UTILIZAÇÃO EM PROCEDIMENTOS COM PACIENTES DE

OBESIDADE; COM SISTEMA DE EMERGÊNCIA QUE

PERMITA A CONTINUIDADE DOS PROCEDIMENTOS EM

CASO DE FALTA DE ENERGIA; TAMPO RÁDIO

TRANSPARENTE PARA A UTILIZAÇÃO DE RAIOS-X E DO

ARCO CIRÚRGICO SEM A NECESSIDADE DE

REPOSICIONAR O PACIENTE; POSSIBILIDADE DE

INVERSÃO DA CABECEIRA PELA PERNEIRA O QUE

PERMITE VERSATILIDADE NO POSICIONAMENTO

DO PACIENTE; DIVIDIDO EM, NO MINIMO AS SEÇÕES:

CABECEIRA, DORSO, ASSENTO, PROLONGADOR DE

PERNAS E SEÇÃO DE PERNAS; RODAS COMPATIVEIS

COM O PESO PARA MOVIMENTAÇÃO DA MESA E

IMOBILIZAÇÃO DA MESMA NO SOLO; MOVIMENTOS

ATRAVÉS DE SISTEMA SEGURO, SEM MOVIMENTOS

BRUSCOS E QUE SUSTENTE O PESO DA CABEÇA, DORSO

E SUPORTE DA PERNA, MOVIMENTOS DE ELEVAÇÃO,

LATERAL ESQUERDO E DIREITO, TRENDELEMBURG,

REVERSO TRENDELEMBURG, LONGITUDINAL E

ACIONAMENTO DO MECANISMO DE IMOBILIZAÇÃO NO

SOLO; BASE E COLUNA CONSTRUIDAS EM CHAPA DE

AÇO EM CHAPA DE INOX AISI 304; ACESSÓRIOS: ARCO

DE KU NARCOSE EM AÇO INOXIDÁVEL; PAR DE

OMBREIRAS EM AÇO INOXIDÁVEL REVESTIDO

EM POLIURETANO; PAR DE PORTA-COXAS COM

MOVIMENTOS CIRCULARES REVESTIDOS

EM POLIURETANO COM HASTE DE FIXAÇÃO EM AÇO

INOXIDÁVEL; PAR DE SUPORTES PARA

BRAÇO; JOGO DE ESTOFADO PARA O TAMPO EM

POLIURETANO MOLDADO; 5 FIXADORES RADIAIS EM

AÇO INOXIDÁVEL; ACESSÓRIOS RENAIS REVESTIDO EM

POLIURETANO; BANDEJA PORTA CASSETE DE RAIOS-X

EM AÇO INOXIDÁVEL; PAR DE SUPORTES LATERAL

HEPÁTICO EM AÇO INOXIDÁVEL REVESTIDO EM

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POLIURETANO; SUPORTE ILIACO COM 01 PAR DE

FIXADORES RADIAIS EM AÇO INOXIDÁVEL REVESTIDO

EM POLIURETANO; SUPORTE DE JOELHOS COM 01 PAR

DE FIXADORES RADIAIS EM AÇO INOXIDÁVEL

REVESTIDO EM POLIURETANO; SUPORTE PARA

CIRURGIA DE MENISCO EM AÇO INOXIDÁVEL

REVESTIDO EM POLIURETANO; SUPORTE PARA

BANDEJA DE INSTRUMENTAIS EM AÇO INOXIDÁVEL;

CORREIA PARA FIXAÇÃO DO PACIENTE EM NYLON COM

VELCRO; PROLONGADOR PARA CIRURGIA DE OBESO

EM AÇO INOXIDÁVEL REVESTIDO EM POLIURETANO;

PROLONGADOR PÉLVICO PARA MESA EM AÇO

INOXIDÁVEL REVESTIDO EM POLIURETANO.

DIMENSÕES. COMPRIMENTO DO LEITO: 2000 ± 10 0h;

LARGURA DO LEITO: 490 ± 10 0h; LARGURA MÁXIMA: 650

± 10 0/6; ALTURA MÁXIMA: 1000 ± 10 0/6; ALTURA MÍNIMA:

800 ± 10 0/0', MOVIMENTO LONGITUDINAL: 190 ± 10 0/0 OU

CONFIGURAÇÃO QUE PERMITA ARCO C SEM

NECESSIDADE DE REPOSICIONAR O PACIENTE;

ANGULOS:LATERAL DIREITA: MÍNIMO 180 E LATERAL

ESQUERDA: MINIMO 180, TRENDELEMBURG MINIMO

300;REVERSO DO TRENDELEMBURG MINIMO 300; DORSO

+550 MINIMO -100 NOMINAL; PERNA +300 NOMINAL, -

900 MINIMO; CABEÇA +450 MINIMO, -400 NOMINAL;

ALIMENTAÇÃO: 127/220 VOLTS - 60 HZ, REDE ELÉTRICA

MONOFÁSICA; EQUIPAMENTO DEVERÁ ESTAR EM

CONFORMIDADE COM A NBR IEC 60601.2.46 E GRAU DE

PROTEÇÄO DE LIQUIDOS IPX4 MANUAIS, GARANTIA DE

1 ANO PARA PECAS E SERVICOS, INSTALAÇÃO E

TREINAMENTO, REGISTRO NO MINISTÉRIO DA SAUDE,

CERTIFICADO DE BOAS PRATICAS DE FABRICAÇÃO.

LAUDO OU COMPROVANTE DA LIGA ASI DO AÇO

INOXIDÁVEL. EXIGÊNCIAS ADICIONAIS: TODOS OS

DISPOSITIVOS E ACESSÓRIOS NECESSÁRIOS AO

FUNCIONAMENTO DO EQUIPAMENTO; MANUAL DE

OPERAÇÃO EM PORTUGUÊS; MANUAL DE SERVIÇO COM

TODOS OS DIAGRAMAS CONSTRUTIVOS E ESQUEMAS

ELÉTRICOS E FUNCIONAIS E RELAÇÃO DE PEÇAS DO

EQUIPAMENTO OFERTADO. GARANTIA MINIMA DE 12

MESES PARA PEÇAS E SERVIÇOS; INSTALAÇÃO E

TREINAMENTO OPERACIONAL. ASSISTÊNCIA TÉCNICA

AUTORIZADA NO ESTADO”.

Quanto ao pedido formulado administrativamente de aquisição da mesa,

imperioso registrar que, ainda em 11 de agosto de 2014, o setor de Engenharia Clínica

do HUUFMA recebeu encaminhamento da Gerencia de Administração referente ao

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memorando 166/2014 do Serviço de Traumato Ortopedia/ HUUFMA para análise

quanto à solicitação de aquisição de uma mesa cirúrgica de tração ortopédica.

Feito isso, segundo o expediente, foi aberta a Requisição de Compra

no RC:EG-0035/20145 em 11/08/2014 e terminada a fase de análise e adequação

técnica da especificação do equipamento em 18/08/2014, iniciando-se o processo de

aquisição através de solicitação à Unidade de Compras de pesquisa de valores, do

referido equipamento, praticados no mercado, para posterior envio à Unidade de

Licitação com previsão de conclusão do certame em 120 (cento e vinte) dias.

Entretanto, em resposta à nova provocação da DPU, ofício nº 1745/2014,

que questionou acerca de realização da licitação e disponibilidade dos serviços à

população, o HUUFMA informou por meio do Ofício de nº 12/2015, de 6 de janeiro

de 2015, que não houve a conclusão da licitação e que o processo de compra ainda

se encontra em fase de aceite, conforme docs. anexados. Pelo exposto vê-se que o

prazo assegurado pelo referido hospital (120 dias) foi absolutamente descumprido,

a demonstrar a INVIABILIDADE DA RESOLUÇÃO DO PROBLEMA NA

SEARA ADMINISTRATIVA e, em consequência, restando prejudicada a

prestação do serviço que, repise-se, só é realizado no HUUFMA, nosocômio que

conta com alta demanda de cirurgias ortopédicas.

5. DO DIREITO

5.1 DIREITO À SAÚDE COMO COROLÁRIO DO DIREITO À VIDA.

PROTEÇÃO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

O direito à vida, assegurado no art. 5°, caput, da Constituição Federal,

aos brasileiros e estrangeiros residentes no país, está umbilicalmente ligado ao direito à

saúde, resguardado no art. 6°, bem como no art. 196 da Carta.

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A norma do art. 1964 da Constituição Federal enuncia direito público

subjetivo5 do cidadão, correspondente a um dever jurídico estatal. É, na classificação da

doutrina constitucionalista, norma de eficácia plena e aplicabilidade imediata, conforme

o disposto no art. 5º, §1º, da Constituição, não dependendo de qualquer ato legislativo

para que seja efetivada pela Administração Pública6.

O direito à saúde é, portanto, um direito fundamental7, de cunho social8,

e exigível perante o poder público, pois não se trata de mera norma programática, de

modo que merece efetividade por parte do Poder Judiciário, eis que malferido, no caso

vertente, pelo Poder Executivo.

4 “O caráter programático da regra inscrita no art. 196 da Carta Política - que tem por

destinatários todos os entes políticos que compõem, no plano institucional, a organização federativa do

Estado brasileiro - não pode converter-se em promessa constitucional inconseqüente, sob pena de o Poder

Público, fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima,

o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao

que determina a própria Lei Fundamental do Estado”. STF, 2. T, RE-AgR 271286/RS, Rel. Min. Celso de

Mello, DJ 24.11.2000, p. 00101.

5 “O direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível assegurada à

generalidade das pessoas pela própria Constituição da República (art. 196). Traduz bem jurídico

constitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder Público, a

quem incumbe formular - e implementar - políticas sociais e econômicas idôneas que visem a garantir,

aos cidadãos, o acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica e médico-hospitalar. - O direito à

saúde - além de qualificar-se como direito fundamental que assiste a todas as pessoas - representa

conseqüência constitucional indissociável do direito à vida. O Poder Público, qualquer que seja a esfera

institucional de sua atuação no plano da organização federativa brasileira, não pode mostrar-se indiferente

ao problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão, em grave

comportamento inconstitucional”. STF, 2. T, RE-AgR 393175/RS, Rel. Min. Celso de Mello, DJ

02.02.2007, p. 00140.

6 O legislador infraconstitucional, por meio do art. 2°, da Lei nº 8.080/1990, consignou que “a

saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao

seu pleno exercício”.

7 “Os direitos fundamentais à vida e à saúde são direitos subjetivos inalienáveis,

constitucionalmente consagrados, cujo primado, em um Estado Democrático de Direito como o nosso,

que reserva especial proteção à dignidade da pessoa humana, há de superar quaisquer espécies de

restrições legais”. STJ, 1. T, REsp 836913/RS, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 31.05.2007, p. 371.

8 “Os direito sociais são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente,

enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos,

direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais.” SILVA, José Afonso da.

Curso de Direito Constitucional Positivo. 20. d. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 285.

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Os direitos fundamentais à vida e à saúde são direitos subjetivos

inalienáveis, constitucionalmente consagrados, cujo primado, num Estado Democrático

de Direito como o nosso, que reserva especial proteção à dignidade da pessoa humana,

há de superar quaisquer espécies de restrições legais9.

No plano internacional, por seu relevo, cumpre destacar a Declaração

Universal dos Direitos Humanos10, em seu art. 25, §1º, o qual insere o direito à saúde

como um dos elementos que integram o piso mínimo existencial aquém do qual se torna

inimaginável o exercício de uma vida digna, e o Pacto Internacional dos Direitos

Econômicos, Sociais e Culturais11, art. 12, que estabelece, como dever dos Estados-

Parte, o reconhecimento do direito de todo cidadão a usufruir dos mais elevados níveis

de saúde física e mental.

Cite-se, ainda, no elenco de normas de direito internacional de fulcral

relevância para regulamentação do direito à saúde, a Constituição da Organização

Mundial de Saúde (OMS), que, em seu Preâmbulo, estabelece, como um de seus

princípios basilares, a concepção de saúde não como uma mera ausência de doenças e

enfermidades, mas, sim, como um estado completo de bem estar físico, mental e social,

e o Protocolo Adicional da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São

José da Costa Rica), o qual, no art. 10, define a saúde como um bem público que deve

ser resguardado por todos os Estados membros.

Em face de todos esses fundamentos normativos, que confirmam a

fundamentalidade material do direito à saúde e o dotam de fundamentalidade formal,

não há como se negar que, no ordenamento jurídico pátrio, tem ele natureza jurídica

de direito público subjetivo a uma prestação positiva do Estado. Trata-se de

prerrogativa político constitucional do cidadão de exigir do Poder Público o implemento

9 STJ, 1. T, AgRg no REsp 1002335/RS, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 22/09/2008.

10 Adotada e proclamada pela Resolução nº 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas

em 10 de dezembro de 1948. Assinada pelo Brasil na mesma data.

11 Adotado pela Resolução n.2.200-A (XXI) da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 16 de

dezembro de 1966 e ratificada pelo Brasil em 24 de janeiro de 1992.

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de políticas que materializem, através de medidas preventivas e curativas, o postulado

maior da dignidade da pessoa humana.

5.2 CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA RESERVA DO POSSÍVEL.

PREVALÊNCIA DO MÍNIMO EXISTENCIAL DO CIDADÃO

No que tange à necessidade de imediata compra do equipamento pelo poder

público, com a antecipação dos efeitos da tutela, é bom alvitre mencionar que não pode

haver limitação orçamentária que justifique o atraso na aquisição. Pois, em matéria do

mínimo existencial, a prioridade é sempre a satisfação do direito do cidadão, não

havendo espaço para ponderações acerca de restrições orçamentárias dos entes públicos

no âmbito de políticas públicas. Por isso, juridicamente irrelevante seria, neste caso, a

invocação da reserva do possível.

Assim, numa dogmática constitucionalmente adequada dos direitos

fundamentais, não cabe ao julgador avaliar as condições financeiras do Estado, se, no

caso concreto, configurada está a eficácia de índole positiva ou prestacional do direito

social fundamental. A dogmática jurídica atual dispõe de farto arsenal teórico para

verificar a concretude e definitividade de determinada posição jurídica no caso concreto.

Escolhemos, para tanto, as lições trazidas por Robert Alexy, quanto ao caráter prima

facie ou definitivo de direito fundamental à prestação material.

A princípio, cabe explicitar que, se “uma regra é uma razão para um

determinado juízo concreto – o que ocorre quando ela é válida, aplicável e infensa a

exceções -, então ela é uma razão definitiva” se o juízo concreto de dever-ser tem como

conteúdo a definição de que alguém tem determinado direito, então, esse direito é um

direito definitivo”. Por outro lado, “princípios, ao contrário, são sempre razões prima

facie”, até que, por meio de um juízo da ponderação, seja ele expressado como uma

razão definitiva para um juízo concreto de dever-ser, ganhando estrutura de regra.

Isso significa que os princípios, de início, não encerram definitividade (“a

prestação pode ser devida, dependendo das circunstâncias”) no comando que enunciam.

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No entanto, após o cotejo com os elementos concretos do caso, tomam ares de regra,

encerrando comando definitivo (“a prestação é devida”).

Ademais, conforme a lição de Alexy, “a cláusula de reserva do possível,

como aquilo que o indivíduo pode razoavelmente exigir da sociedade” - não pode levar

a um esvaziamento do direito, servindo a referida cláusula ao necessário sopesamento

desse direito.

O que se quer com isto dizer é: a relevância dos elementos do caso pode ou

não conferir a determinado direito prestacional o caráter de definitividade, tendo em

vista especialmente os princípios constitucionais colidentes, como o princípio formal de

vinculação às escolhas do Legislador, para delineamento legal de determinada prestação

jurídica, ou da Administração, para implemento fático de determinado direito social.

Nesse esteio, a tais princípios formais se contrapõe o princípio da liberdade

fática, que é a possibilidade fática de escolhas do indivíduo na vida prática, protegida

por garantias jurídicas (liberdade jurídica), as quais, por outro lado, não fariam sentido

se extirpada a condição mínima de possibilidades (destruída a existência fisiológica,

com a morte). Deveras, esse é o motivo pelo qual se fala com frequência que a vida é o

bem jurídico mais precioso: trata-se da condição mínima das possibilidade fáticas de

escolha do indivíduo.

Portanto, conforme a lição do jusfilósofo, há que se ponderar, entre a

liberdade fática do indivíduo, aqui refletida em seu direito à saúde e à vida, e outros

princípios de interesse da Administração e da coletividade, sendo certo que in casu, o

mínimo existencial do indivíduo deve prevalecer sobre os demais interesses.

Seguindo tal linha principiológica, adaptando as lições alexyanas ao

ordenamento brasileiro, a Professora Ana Paula de Barcellos identifica um mínimo

existencial extraível da própria Carta Magna, por meio uma interpretação sistemática

garantidora da unidade da Constituição. A este respeito, leciona12:

“Ao lado do campo meramente político, uma fração do princípio da

dignidade da pessoa humana, seu conteúdo mais essencial, está

12 BARCELLOS, Ana Paula de. A eficácia jurídica dos princípios constitucionais: o princípio da

dignidade da pessoa humana. 2 ed. Rio de Janeiro: Renovar, p. 282.

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contida naquela esfera do consenso mínimo assegurada pela

Constituição e transformada em matéria jurídica. É precisamente aqui

que reside a eficácia jurídica positiva ou simétrica e o caráter de regra

do princípio constitucional. Ou seja: a não realização dos efeitos

compreendidos nesse mínimo constitui uma violação ao princípio

constitucional, no tradicional “tudo ou nada”, podendo-se exigir

judicialmente a prestação equivalente. Não é possível ponderar um

princípio, especialmente a dignidade da pessoa humana, de forma

irrestrita, ao ponto de não sobrar coisa alguma que lhe confira

substância: também a ponderação tem limites”.

Esse mínimo existencial, de acordo com a mesmo autora, tem quatro eixos:

a educação fundamental, a saúde básica e urgente, a assistência aos desamparados e o

Acesso à Justiça (art. 5º, XXXVI). Tratando-se desse núcleo, não há que se falar em

ponderação ou princípios, mas em definitividade da prestação, que assume o caráter de

regra, não sendo a ela oponível o argumento da reserva do possível.

Nesses casos, fala-se em eficácia positiva ou simétrica das posições

jurídicas positivas decorrentes do mínimo existencial, segundo lição de Ana Paula de

Barcellos:

“Compete ao Judiciário, portanto, determinar o fornecimento do

mínimo existencial independentemente de qualquer outra coisa, como

decorrência de normas constitucionais sobre a dignidade humana e

sobre a saúde – eficácia positiva ou simétrica”.

A Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal endossa tais ensinamentos

doutrinários, conforme expõe o Ministro Celso de Mello, na decisão proferida na

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 45, a qual tratou da relação

entre “reserva do possível” e a da implementação judicial do mínimo existencial:

“[…] Não se mostrará lícito, no entanto, ao Poder Público, em tal

hipótese – mediante indevida manipulação de sua atividade financeira

e/ou político-administrativa – criar obstáculo artificial que revele o

ilegítimo, arbitrário e censurável propósito de fraudar, de frustrar e de

inviabilizar o estabelecimento e a preservação, em favor da pessoa e

dos cidadãos, de condições materiais mínimas de existência. Cumpre

advertir, desse modo, que a cláusula da “reserva do possível” –

ressalvada a ocorrência de justo motivo objetivamente aferível – não

pode ser invocada, pelo Estado, com a finalidade de exonerar-se do

cumprimento de suas obrigações constitucionais, notadamente

quando, dessa conduta governamental negativa, puder resultar

nulificação ou, até mesmo, aniquilação de direitos constitucionais

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impregnados de um sentido de essencial fundamentalidade. Daí a

correta ponderação de ANA PAULA DE BARCELLOS (“A Eficácia

Jurídica dos Princípios Constitucionais”, p. 245-246, 2002, Renovar):

“(...) A meta central das Constituições modernas, e da Carta de 1988

em particular, pode ser resumida, como já exposto, na promoção do

bem-estar do homem, cujo ponto de partida está em assegurar as

condições de sua própria dignidade, que inclui, além da proteção dos

direitos individuais, condições materiais mínimas de existência. Ao

apurar os elementos fundamentais dessa dignidade (o mínimo

existencial), estar-se-ão estabelecendo exatamente os alvos prioritários

dos gastos públicos. Apenas depois de atingi-los é que se poderá

discutir, relativamente aos recursos remanescentes, em que outros

projetos se deverá investir. O mínimo existencial, como se vê,

associado ao estabelecimento de prioridades orçamentárias, é capaz de

conviver produtivamente com a reserva do possível.”

Cabe ressaltar que como decorrência causal de uma injustificável inércia

estatal ou de um abusivo comportamento governamental, aquele núcleo intangível

consubstanciador de um conjunto irredutível de condições mínimas necessárias a uma

existência digna e essenciais à própria sobrevivência do indivíduo, aí, então, justificar-

se-á, como precedentemente já enfatizado – e até mesmo por razões fundadas em um

imperativo ético-jurídico –, a possibilidade de intervenção do Poder Judiciário, em

ordem a viabilizar, a todos, o acesso aos bens cuja fruição lhes haja sido injustamente

recusada pelo Estado.

No caso em tela, presentes estão as condições elencadas por Alexy, a fim

de que se verifique o caráter definitivo do direito prestacional da parte autora. Citemos:

(i) a necessidade emergencial da aquisição do equipamento MESA

TRAÇÃO ORTOPÉDICA/ MESA RETRÁTIL, e o imediato início

de sua utilização para a prestação dos serviços pleiteados, tendo em

vista a alta demanda e a crescente fila de espera que a falta do

equipamento causou;

(ii) a inexistência de concorrência com os princípios da

discricionariedade administrativa ou legislativa (princípios formais),

pois não se está desafiando as determinações da Administração ou do

Legislador, e sim se está pleiteando tratamento médico adequado e

essencial, cuja prestação é de obrigatoriedade do Poder Público,

conforme as disposições mesmas do Poder Legislativo; no caso

vertente, o que se verifica é a prestação deficitária do serviço; e

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(iii) a inexistência de lesão às finanças da seguridade social (princípio

do equilíbrio orçamentário da seguridade social), pois assegurada a

cada um dos entes a utilização de meios judiciais e administrativos

para eventuais compensações financeiras, conforme a distribuição de

competência no âmbito do SUS.

Definitivo é, pois, o direito prestacional da parte autora.

6. DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA: NECESSIDADE DA

AQUISIÇÃO DO EQUIPAMENTO COM A MÁXIMA URGÊNCIA

A situação de que cuida o presente petitório mostra-se induvidosamente

adaptada à moldura normativa do artigo 273 do CPC, porquanto presentes os seus

pressupostos autorizadores genéricos: a prova inequívoca da verossimilhança da

alegação e o periculum in mora.

A prova inequívoca da plausibilidade do direito vindicado encontra-se

consubstanciada no acervo documental reunido da assistida cujo caso foi aqui

apresentado como paradigma, que demonstra a necessidade de urgente realização da

cirurgia e da própria declaração do HUUFMA que comprova o alto índice de procura,

conforme descrito no ofício HUUFMA NO 962/2014/SUPERINTENDÊNCIA. In verbis:

“É de inquestionável conhecimento público que, pacientes vítimas de

acidente de trânsito, constitui-se em verdade problema de Saúde

Pública, com aumento assustadoramente crescente do número de

acidentados e da complexidade das fraturas associadas. Portanto, em

virtude desta realidade das filas do serviço pleiteado, restou

evidenciado a necessidade do uso do equipamento indicado e

defendido pelo profissional deste HU, proporcionado para a

realização de osteossíntese das fraturas do fêmur proximal,

proporcionando abordagem mais segura e efetiva. O uso do

aludido equipamento, implica em menor tempo cirúrgico, menor

tempo de internação hospitalar, reabilitação funcional precoce e

diminuição do número de recuperação por falha

de osteossíntese. (grifo nosso).

Em face do todo exposto, o dano de difícil reparação se apresenta cristalino.

Não está apenas no plano do perigo abstrato, encontrando concretude na própria

natureza da necessidade do equipamento e na sobrecarga decorrente do

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comprometimento cada vez maior da saúde das pessoas que necessitam se submeter a

procedimentos cirúrgicos, mas são impedidos pela falta do instrumento elementar.

Demais disso, os danos causados pela falta do referido equipamento,

somados as sua condições socioeconômicas dos usuários da rede pública de saúde,

conduzem à tranquila conclusão de que há extrema necessidade de adquiri-lo com o

máximo de urgência, circunstância que garante o direito da concessão imediata do

mesmo, pois o contrário colaboraria com a ineficácia da prestação de saúde pública.

Desta forma, a antecipação dos efeitos da tutela é medida de rigor, uma

vez comprovadas as condições necessárias, bem como devidamente circunstanciado

o periculum in mora.

7. DOS PEDIDOS:

Por todo o exposto, a DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO requer:

1. O benefício da gratuidade de justiça, consoante a Lei nº

1.060/50, e a observância das prerrogativas dos Defensores Públicos

Federais, como as intimações pessoais e a contagem em dobro de

todos os prazos, à luz do disposto no parágrafo 5º, do artigo 5º, da

Lei nº 1.060/50 e no artigo 44 da Lei Complementar nº 80/94;

2. A citação, na pessoa de seus respectivos representantes legais, da

UNIÃO FEDERAL, do ESTADO DO MARANHÃO, do

MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS e da FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE

FEDERAL DO MARANHÃO (HUUFMA), para, querendo,

apresentarem defesa no prazo legal, sob as penas da lei;

3. Intimação do MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, para

acompanhar o presente feito como fiscal da lei, conforme art. 5º,

parágrafo 1º, da Lei 7.347/1985;

4. A antecipação dos efeitos da tutela pretendida, consistente na

imputação da obrigação aos réus de comprar, instalar e garantir a

operacionalidade e a manutenção do equipamento MESA DE

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TRAÇÃO ORTOPÉDICA / MESA RETRÁTIL tecnicamente

descrito nas fls. 9 a 11 desta peça, com todas as especificações

necessárias, no prazo de até 30 (trinta) dias, ou em outro reputado

mais adequado por Vossa Excelência, fixando-se, ainda, multa diária,

para a hipótese de descumprimento total ou parcial do provimento

liminar, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a ser depositada em

conta bancária aberta por este MM. Juízo (art. 13, parágrafo único, da

LACP), e mantendo-se os efeitos da medida de urgência até o trânsito

em julgado da decisão final de mérito;

5. Sejam, ao fim, julgados totalmente procedentes os pedidos ora

deduzidos, confirmando-se a condenação dos réus na obrigação de

comprar, instalar e garantir a operacionalidade e a manutenção

do equipamento MESA DE TRAÇÃO ORTOPÉDICA / MESA

RETRÁTIL tecnicamente descrito nas fls. 9 a 11 desta peça, com

todas as especificações necessárias, no prazo de até 30 (trinta) dias,

ou em outro reputado mais adequado por Vossa Excelência, fixando-

se, ainda, multa diária, para a hipótese de descumprimento total ou

parcial da sentença, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a ser

depositada em conta bancária aberta por este MM. Juízo (art. 13,

parágrafo único, da LACP); e

6. A condenação dos réus ao pagamento das custas processuais e

dos honorários de sucumbência a favor da DPU;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos.

Dá-se valor à causa de 150.000,00 (cem e cinquenta mil reais)

Termos em que pede e aguarda deferimento.

São Luís, 28 de janeiro de 2015.

YURI COSTA

Defensor Público Federal

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