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8/6/2019 açao belarmino http://slidepdf.com/reader/full/acao-belarmino 1/15 EXCELENTÍSSIMO (a) SENHOR (a) DOUTOR (a) JUIZ (a) DE DIREITO DO  __ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA CAPITAL.  JOSÉ BELARMINO DA SILVA, brasileiro, casado, portador da Carteira de Identidade RG n.º 98001181166 SSP/AL, inscrito no CPF/MF sob o n.º042210524-49, residente e domiciliado na Rua Boa Vista, n°70, Clima Bom I, Tabuleiro, Maceió- AL, representado pelo Escritório Modelo de Assistência Jurídica (EMAJ), vem perante a elevada autoridade de Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO DE REVISÃO DE DÉBITO DE CONTRATO C/C ANULAÇÃO DE INCLUSÃO INDEVIDA NO SERASA c/c CONDENAÇÃO A INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E PEDIDO DE LIMINAR  em desfavor do BANCO BGN S/A pelas razões fáticas e  jurídicas que passa a expor: 1) DA RESENHA FÁTICA_____________________________   No mês de março do ano de 2005 o autor realizou um empréstimo com consignação em folha, junto ao Banco BGN S/AL, no valor de aproximadamente R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), devendo este ser pago em 48 (quarenta e oito) prestações de aproximadamente R$ 196,00 (cento e noventa e seis reais).

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EXCELENTÍSSIMO (a) SENHOR (a) DOUTOR (a) JUIZ (a) DE DIREITO DO

 __ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA CAPITAL.

 

JOSÉ BELARMINO DA SILVA, brasileiro, casado, portador 

da Carteira de Identidade RG n.º 98001181166 SSP/AL,

inscrito no CPF/MF sob o n.º042210524-49, residente e

domiciliado na Rua Boa Vista, n°70, Clima Bom I, Tabuleiro,

Maceió- AL, representado pelo Escritório Modelo de

Assistência Jurídica (EMAJ), vem perante a elevada autoridade

de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE REVISÃO DE DÉBITO DE CONTRATO C/CANULAÇÃO DE INCLUSÃO INDEVIDA NO SERASA c/c

CONDENAÇÃO A INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS EPEDIDO DE LIMINAR 

 em desfavor do BANCO BGN S/A pelas razões fáticas e

 jurídicas que passa a expor:

1) DA RESENHA FÁTICA_____________________________  

 No mês de março do ano de 2005 o autor realizou um empréstimo com

consignação em folha, junto ao Banco BGN S/AL, no valor de aproximadamente R$ 3.500,00

(três mil e quinhentos reais), devendo este ser pago em 48 (quarenta e oito) prestações de

aproximadamente R$ 196,00 (cento e noventa e seis reais).

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Salienta-se que como o autor era aposentado, o desconto das parcelas

referente ao empréstimo era realizado diretamente em folha salarial.

O desconto teve início a partir do mês de agosto de 2005, conforme segue

tabela abaixo ( contracheques em anexo):

ANO MÊS (PARCELA) VALOR (R$)

2005 AGOSTO (048) 67,43SETEMBRO (048) 150,28OUTUBRO (046) 197,71

 NOVEMBRO (045) 197,71DEZEMBRO (044) 197,71

2006 JANEIRO (119) 119,49FEVEREIRO (-) Não houve descontoMARÇO (-) Não houve descontoABRIL (-) Não houve desconto

MAIO (118) 70,16JUNHO (-) Não houve descontoJULHO (117) 48,88AGOSTO (116) 122,45SETEMBRO (115) 122,45OUTUBRO (114) 199,49

 NOVEMBRO (113) 199,49DEZEMBRO (112) 199,49

2007 JANEIRO (111) 199,49FEVEREIRO (110) 199,49MARÇO (109) 199,49ABRIL (108) 199,49

MAIO (107) 199,49JUNHO (106) 199,49JULHO (105) 199,49AGOSTO (104) 199,49SETEMBRO (103) 199,49OUTUBRO (102) 199,49

 NOVEMBRO (101) 199,49DEZEMBRO (100) 199,49

2008 JANEIRO (099) 199,49FEVEREIRO (098) 199,49MARÇO (097) 199,49

ABRIL (096) 199,49MAIO (095) 199,49JUNHO (-) Não houve descontoJULHO (-) Não houve descontoAGOSTO (-) Não houve descontoSETEMBRO (-) Não houve descontoOUTUBRO (-) Não houve desconto

 NOVEMBRO (-) Não houve descontoDEZEMBRO (-) Não houve desconto

2009 JANEIRO (-) Não houve descontoFEVEREIRO (-) Não houve desconto

MARÇO (-) Não houve descontoABRIL (-) Não houve desconto

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MAIO (-) Não houve descontoJUNHO (-) Não houve descontoJULHO (-) Não houve descontoAGOSTO (-) Não houve descontoSETEMBRO (-) Não houve desconto

OUTUBRO (060) 199,49 NOVEMBRO (059) 199,49DEZEMBRO (058) 199,49

2010 JANEIRO (057) 199,49FEVEREIRO (056) 199,49MARÇO (055) 199,49ABRIL (054) 199,49MAIO (053) 199,49JUNHO (052) 199,49JULHO (051) 199,49AGOSTO (001) 199,49SETEMBRO (049) 199,49OUTUBRO (048) 199,49

 NOVEMBRO (047) 199,49DEZEMBRO (046) 199,49

2011 JANEIRO (045) 199,49FEVEREIRO (044) 199,49MARÇO (045) 199,49

ABRIL (046) 199,49

MAIO (047) 199,49

JUNHO (048) 199,49

Total Parcelas adimplidas: 51 parcelas ( 71 descontos e 20 nãodescontados)

Valor pago: R$ 9403,17 (nove mil quatrocentos e três reais e dezessetecentavos) 

 No início dos descontos observa-se conforme o contracheque do autor (em

anexo), que os descontos eram realizados em nome da pessoa jurídica “ SOC CAXIEN MUT

SOC-EMPRESTIMO” e a partir do mês de outubro passaram a ser descontados em nome de

“BGN- EMPRÉSTIMO”. Outro fato relevante é que no ano de 2005, a contagem das parcelasiniciou-se corretamente, em 48 (quarenta e oito). Entretanto, em janeiro de 2006, começou-se

uma nova contagem, iniciada agora em 119 (cento e dezenove), sugerindo, pois, uma alteração

unilateral do contrato, pois em momento algum o autor quis ou autorizou uma alteração no

negócio jurídico em questão. Após sustarem os descontos por 16 (dezesseis) meses

consecutivos a partir de junho de 2008, em outubro de 2009, recomeçou-se uma nova contagem,

agora iniciando em 60 (sessenta) parcelas. Observou-se ainda outro erro, em agosto de 2010,

quando no contracheque figura a parcela de número 001 (um), mas no mês seguinte a parcela

aparece como 049(quarenta e nove). Ressalta-se que até o mês de março, os descontos permanecem sendo efetuados no valor de R$ 199,49 (cento e noventa e nove reais e quarenta e

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nove centavos), totalizando 37 (trinta e sete) parcelas adimplidas neste valor, sendo 25

consecutivas, e as demais após um lapso temporal de 16 (dezesseis) meses, totalizando

aproximadamente o valor pago de R$ 9403,17 (nove mil quatrocentos e três reais e

dezessete centavos).

No mês de março de 2010, o autor da presente ação descobriu que estava

com restrições ao crédito por ser encontrar no SERASA. Insta lembrar que não fora comunicado

 previamente em momento algum pelo banco BGN S/A que seu nome seria incluso no órgão, já

sendo informado, pois, pelo banco que seu nome já tinha sido incluso pelo débito referente ao

empréstimo desde o ano de 2007 (documento comprovante da consulta em anexo).

Foi a partir daquele mês que o mesmo passou a observar a forma como

haviam sido efetuados os descontos, e notou as irregularidades contidas na contagem das

 parcelas, bem como, as alterações contratuais sem o seu consentimento.

Ao procurar o referido banco na ocasião para efetuar o pagamento, este se

negara a receber o valor constante no documento atualizado do SERASA no valor de

aproximadamente R$ 1994,90 (mil novecentos e noventa e quatro reais e noventa centavos),

cobrando-lhe, pois, a importância aproximada de R$ 3.000 (três mil reais).

Observe-se que durante todo o ano de 2007 a até maio de 2008, os

descontos foram efetuados continuamente, e retomou-se os descontos em outubro de 2009 até a

 presente data, inexistindo, pois, razão para que o autor fosse incluído no órgão SERASA por 

 pendência bancária com o referido banco e permanecesse lá até o seu descobrimento em 2010.Indignado com a situação, o autor procurou o PROCON (AL), mas o Banco

BGN S/A não quis acordo e não apresentou nenhuma proposta, não ocorrendo a resolução legal

e satisfatória da lide em questão devido “ a resistência infundada da empresa reclamada”, sendo

o autor orientado a busca a “Tutela Jurisdicional do Estado através dos Juizados Cíveis da

Capital”, conforme a ata da audiência em anexo.

O autor esclarece ainda que até a presente data não foi tomada nenhuma

 providência pelo réu.

Frise-se, todavia,   jamais realizou ou autorizou qualquer alteração

contratual em relação ao negócio originário, e o BANCO BGN S/A recusou-se a enviar o

contrato original, como também a apresentar os “supostos” contratos realizados

posteriormente de renegociação da dívida.

Em conseqüência, gerou este ato do banco um grande abalo ao crédito e à

imagem do demandante. Como se verifica nos autos, a desídia da ré em relação ao autor lhe

causa um mácula imensa, que agora merece indenização. Esgotados todos os meios amigáveis

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  para que o Requerido se abstenha de efetuar a referida cobrança, bem como quanto ao

recebimento do valor constante no SERASA, bem como o ressarcimento pelos danos morais

causados, pois o autor já é uma pessoa idosa e padece de vários males de saúde, o mesmo vê-se

compelido a ingressar com a presente medida judicial.

2) DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA__________________ 

Verifica-se in casu a negligência da ré perante o requerido, vez que,

ocasionou um enorme abalo em sua imagem, pois agora o mesmo vê-se compelido a ingressar 

com ação judicial visando a reparação de seu dano sofrido.

O Código Civil assim determina:

" “art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ouimprudência, violar direito e causas dano a outrem, ainda que

exclusivamente moral, comete ato ilícito”;

 Art. 927. Aquele que por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a

outrem, fica obrigado a repara-lo”.

A reparação que obriga o ofensor a pagar e permite ao ofendido receber é

 princípio de justiça, com feição, punição e recompensa.

"Todo e qualquer dano causado à alguém ou ao seu patrimônio, deve ser indenizado, de tal obrigação não se excluindo o mais importante deles,

que é o dano moral, que deve automaticamente ser levado em conta."

(V.R. Limongi França, "Jurisprudência da Responsabilidade Civil, Ed.

 RT, 1988).

Segundo J.M. de Carvalho Santos, in Código Civil Brasileiro

Interpretado, ed. Freitas Bastos, 1972, pag 315:

“Em sentido restrito, ato ilícito é todo fato que, não sendo fundado em

direito, cause dano a outrem”.(grifo nosso)

Carvalho de Mendonça, in Doutrina e Prática das Obrigações, vol. 2,

n. 739, ensina quais os efeitos do ato ilícito:

"o principal é sujeitar seu autor à reparação do dano. Claramente isso

 preceitua este art. 186 do Código Civil, que encontra apoio num dos

 princípios fundamentais da equidade e ordem social, qual a que proíbe

ofender o direito de outrem - neminem laedere". (grifo nosso).

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Maria Helena Diniz, in Curso de Direito Civil, vol. 7, ed. Saraiva, 1984, diz:  

"...o comportamento do agente será reprovado ou censurado, quando,

ante circunstâncias concretas do caso, se entende que ele poderia ou

deveria ter agido de modo diferente" (grifo nosso).

Como se pode observar, é notória a responsabilidade OBJETIVA da

requerida, uma vez que, ocorreu uma falha na abertura de conta em nome do requerido, sendo

 passível de reparação.

2.2) DA CONDENAÇÃO A INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

A garantia da reparabilidade do dano moral, é absolutamente pacífica

tanto na doutrina quanto na jurisprudência. Tamanha é sua importância, que ganhou

texto na Carta Magna, no rol do artigo 5º, incisos V e X, dos direitos e garantias

fundamentais faz-se oportuna transcrição:

“Inciso V: é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,

além da indenização por dano material, moral ou à imagem:”(grifo

nosso).

“Inciso X: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra ea

imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano

material ou moral decorrente de sua violação”(grifo nosso)

O objetivo maior desta peça exordial, é o restabelecimento do

equilíbrio jurídico defeito pela lesão, traduzido numa importância em dinheiro, visto

não ser possível a recomposição do  status quo ante, pois em decorrência da cobrança

indevida, o autor teve seu nome inscrito nos órgãos de recuperação de crédito, não

 podendo assim contrair qualquer tipo de empréstimo, decorrentes de erro certo e notóriodo Banco BGN S/A.

Enfim o autor viu-se em uma situação constrangedora e humilhante.

A respeito do assunto, aplaudimos a lição doutrinária de Carlos Alberto

Bittar, sendo o que se extrai da obra “Reparação Civil por Danos Morais”, 2ª ed., São

Paulo – RJ, 1994, pág. 130;

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“Na prática, cumpre demonstrar-se que pelo estado da pessoa, ou por 

desequilíbrio, em sua situação jurídica, moral, econômica, emocional ou

outras, suportou ela conseqüências negativas, advindas do fato lesivo. A

experiência tem mostrado, na realidade fática, que certos fenômenos

atingem a personalidade humana, lesando os aspectos referidos, de sorteque a questão se reduz, no fundo, a simples prova do fato lesivo.

 Realmente, não se cogita, em verdade, pela melhor técnica, em prova de

dó, ou aflição ou de constrangimento, porque são fenômenos ínsitos na

alma humana como reações naturais a agressões do meio social.

 Dispensam pois comprovação, bastando no caso concreto, a demonstração

do resultado lesivo e a conexão com o fato causador, para

responsabilização do agente” 

“Nesse sentido, como assinalamos alhures, a) são patrimoniais os

 prejuízos de ordem econômica causados pela violação de bens materiais

ou imateriais de seu acervo; b) pessoais, os danos relativos ao próprio ente

em si, ou em suas manifestações sociais, como, por exemplo, as lesões ao

corpo, ou parte do corpo (componentes físicos), ou ao psiquismo

(componentes intrínsecos da personalidade), como a liberdade, a imagem,

a intimidade; c) morais, os relativos a atributos valorativos, ou virtudes, da

 pessoa como ente social, ou seja, integrada à sociedade, vale dizer, dos

elementos que a individualizam como ser, de que se destacam a honra, a

reputação e as manifestações do intelecto.

 Mas, atingem-se sempre direitos subjetivos ou interesses juridicamente

relevantes, que à sociedade cabe preservar, para que possa alcançar os

respectivos fins, e os seus componentes as metas postas como essenciais,

nos planos individuais, familiar e social”.

Por derradeiro, na lição do eminente jurista Caio Mário da Silva

Pereira (REsp. Cível, RJ, 1980, pág. 338)

“...na reparação do dano moral estão conjugados dois motivos, ou duas

concausas: I) punição ao infrator pelo fato de haver ofendido um bem

 jurídico da vítima, posto que imaterial; II) pôr nas mãos do ofendido uma

  soma que não é ‘pretium doloris’, porém o meio de lhe oferecer a

oportunidade de conseguir uma satisfação de qualquer espécie, seja de

ordem intelectual ou moral, seja mesmo de cunho material...” 

Enfim, quando se trata de reparação de dano moral como no caso em

tela, nada obsta a ressaltar o fato de ser este, tema pacífico e consonante tanto sob o prisma legal, quanto sob o prisma doutrinário. Por conseguinte, mera relação de causa e

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efeito seria falar-se em pacificidade jurisprudencial. Faz-se patente, a fartura de

decisões brilhantes em consonância com o pedido do autor, proferidas pelos mais

ilustres julgadores em esfera nacional.

2.2.1) DO VALOR DA CONDENAÇÃO A INDENIZAÇÃO PELOS DANOSMORAIS

A lei não estabelece ou fixa um parâmetro previamente definido para

se apurar o valor em indenizações por dano moral. Justo por isso, as balizas têm sido

traçadas e desenhadas, caso a caso, por nossas Cortes de Justiça, em especial, pelo

Superior Tribunal de Justiça, órgão responsável pela missão de uniformizar a aplicação

do direito infraconstitucional.

O STJ recomenda que as indenizações sejam arbitradas segundo

 padrões de proporcionalidade, conceito no qual se insere a idéia de adequação entre

meio e fim; necessidade-exigibilidade da medida e razoabilidade (justeza). Objetiva-se,

assim, preconizando o caráter educativo e reparatório, evitar que a apuração do quantum

indenizatório se converta em medida abusiva e exagerada.

Por isso, a jurisprudência tem atuado mais num sentido de restrição de

excessos do que, propriamente, em prévia definição de parâmetros compensatórios a

serem seguidos pela instância inferior. Contudo, por sua importância como linha de

razoabilidade indenizatória, merecem menção os seguintes julgados da aludida Corte

Superior:

- Inscrição indevida em cadastro restritivo, protesto incabível, devolução

indevida de cheques e situações assemelhadas – 50 salários mínimos

(REsp 471159/RO, Rel. Min. Aldir Passarinho)

- Manutenção do nome de consumidor em cadastro de inadimplentes após

a quitação do débito – 15 salários mínimos (REsp 480622/RJ, Rel. Min.

 Aldir Passarinho)

- Inscrição indevida no SERASA – 50 salários mínimos (REsp 418942/SC,

 Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar)(grifo nosso)

 Nota-se, portanto, que a casuística do STJ revela que a Corte tem

fixado como parâmetros razoáveis para compensação por abalo moral, indenizações

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que, na sua maioria, raramente ultrapassam os 50 salários mínimos, importe reputado

como justo e adequado.

Conforme atual doutrina sobre o tema, Carlos Alberto Bittar acentua:

“A indenização por danos morais deve traduzir-se em montante que

represente advertência ao lesante e à sociedade de que não se aceita o

comportamento assumido, ou o evento lesivo advindo. Consubstancia-se,

  portanto, em importância compatível com o vulto dos interesses em

conflito, refletindo-se, de modo expresso, no patrimônio do lesante, a fim

de que sinta, efetivamente, a resposta da ordem jurídica aos efeitos do

resultado lesivo produzido. Deve, pois, ser quantia economicamente

 significativa, em razão das potencialidades do patrimônio do lesante (in

 Reparação Civil por Danos Morais, Editora Revista dos Tribunais, 1993,

 p. 220).”(grifo nosso)

 Não divergindo, Regina Beatriz Tavares da Silva afirma:

Os dois critérios que devem ser utilizados para a fixação do dano

moral são a compensação ao lesado e o desestímulo ao lesante.

  Inserem-se nesse contexto fatores subjetivos e objetivos,

relacionados às pessoas envolvidas, como análise do grau da culpa

do lesante, de eventual participação do lesado no evento danoso, da

 situação econômica das partes e da proporcionalidade ao proveito

obtido como ilícito.

Em suma, a reparação do dano moral deve ter em vista possibilitar ao

lesado uma satisfação compensatória e, de outro lado, exercer função de desestímulo a

novas práticas lesivas, de modo a "inibir comportamentos anti-sociais do lesante, ou de

qualquer outro membro da sociedade", traduzindo-se em "montante que representeadvertência ao lesante e à sociedade de que não se aceita o comportamento assumido,

ou o evento lesivo" (in Novo Código Civil Comentado, São Paulo, Saraiva, 2002, p. 841

e 842).

Sobre o tema, colhe-se da jurisprudência:

[...] O valor da indenização do dano moral deve ser arbitrado pelo juiz de

maneira a servir, por um lado, de lenitivo para o abalo creditício sofrido

  pela pessoa lesada, sem importar a ela enriquecimento sem causa ou

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estímulo ao prejuízo suportado; e, por outro, deve desempenhar uma

 função pedagógica e uma séria reprimenda ao ofensor, a fim de evitar a

recidiva [...] (TJSC, AC n. 2001.010072-0, de Criciúma, rel. Des. Luiz 

Carlos Freyeslebem, Segunda Câmara de Direito Civil, j. em 14-10-04).

E por fim, sobre o tema, a atual jurisprudência do Tribunal de Justiça

do Estado de Santa Catarina, tem-se decidido satisfatória a quantia de R$ 9.100,00

(nove mil e cem reais), devida referente a indenização pelos danos morais sofridos , in

verbis;

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA COM

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - NEGATIVAÇÃO NOS

ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO - ATO ILÍCITO

CARACTERIZADO - DANO MORAL PRESUMIDO - DEVER DE

INDENIZAR - MAJORAÇÃO DO QUANTUM  INDENIZATÓRIO -

ADEQUAÇÃO AOS LIMITES DA RAZOABILIDADE E DA

PROPORCIONALIDADE - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS -

MODIFICAÇÃO DESNECESSÁRIA - RECURSO PARCIALMENTE

PROVIDO

 A indenização por danos morais deve ser fixada com ponderação,

levando-se em conta o abalo experimentado, o ato que o gerou e a

 situação econômica do lesado; não podendo ser exorbitante, a ponto de

 gerar enriquecimento, nem irrisória, dando azo à reincidência.

  Conforme precedentes da Terceira Câmara de Direito Civil deste

Tribunal, a indenização por dano moral em R$ 9.100,00 (nove mil e cem

reais) apresenta-se satisfatória para compensar o abalo sofrido pela

negativação do nome nos órgãos de proteção ao crédito.[...](TJSC,

 Apelação Cível n. 2006.043326-9, de Joinville, Relator: Des. Fernando

Carioni, 27/02/2007 .)

Frise-se que o requerente buscou a solução da lide pela via

administrativa, procurando, pois, o PROCON-AL. Destarte, a tentativa foi frustrante,

haja vista a empresa não apresentou sequer uma proposta de acordo, nem tampouco quis

fazê-lo mediante conversa amigável (ver pauta da audiência em anexo).

Diante de todo exposto, atribui-se o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil

reais) a título dos danos morais e materiais sofridos pelo autor.

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2.3) DA APLICAÇÃO DO C.D.C – INVERSÃO DO ONUS DA PROVA

Em regra, o ônus da prova incumbe a quem alega o fato gerador do

direito mencionado ou a quem o nega fazendo nascer um fato modificativo, conforme

disciplina o artigo 333, incisos I e II do Código de Processo Civil.

O Código de Defesa do Consumidor, representando uma atualização do

direito vigente e procurando amenizar a diferença de forças existentes entre pólos

 processuais onde se tem num ponto, o consumidor, como figura vulnerável e noutro, o

fornecedor, como detentor dos meios de prova que são muitas vezes buscados pelo

 primeiro, e às quais este não possui acesso, adotou teoria moderna onde se admite a

inversão do ônus da prova justamente em face desta problemática.

Havendo uma relação onde está caracterizada a vulnerabilidade entre

as partes, como de fato há, este deve ser agraciado com as normas atinentes na Lei no.

8.078-90, principalmente no que tange aos direitos básicos do consumidor, e a letra da

Lei é clara.

Ressalte-se que se considera relação de consumo a relação jurídica

havida entre fornecedor (artigo 3

º

da LF 8.078-90), tendo por objeto produto ou serviço,sendo que nesta esfera cabe a inversão do ônus da prova quando:

“ O CDC permite a inversão do ônus da prova em favor do consumidor,

sempre que foi hipossuficiente ou verossímil sua alegação. Trata-se de

aplicação do princípio constitucional da isonomia, pois o consumidor,

como parte reconhecidamente mais fraca e vulnerável na relação de

consumo (CDC 4º,I), tem de ser tratado de forma diferente, a fim de que

seja alcançada a igualdade real entre os participes da relação de

consumo. O inciso comentado amolda-se perfeitamente ao princípio

constitucional da isonomia, na medida em que trata desigualmente os

desiguais, desigualdade essa reconhecida pela própria Lei.” (Código de

Processo Civil Comentado, Nelson Nery Júnior et al, Ed. Revista dos

Tribunais, 4ª  ed.1999, pág. 1805, nota 13). 

Diante exposto com fundamento acima pautados, requer o autor a

inversão do ônus da prova, incumbindo o réu à demonstração de todas as provas

referente ao pedido desta peça.

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2.5) DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE – ART. 330, I, CPC

O julgamento antecipado da lide é uma decisão conforme o estado do

 processo e se dá por circunstâncias que autorizam o proferimento de uma sentença

antecipada (questão de mérito somente de direito ou que não se precise produzir provasem audiência; ocorrência de revelia).

 No caso em tela, existe prova inequívoca de ameaça ao direito do

requerente, não é apenas um fums boni júris, mas sim, uma prova-titulo do direito

ameaçado.

A respeito do tema Nelson Nery Junior, assim explica:

“...o julgamento antecipado da lide (CPC 330). Neste, o juiz julga o

  próprio mérito da causa, de forma definitiva, proferindo sentença de

extinção do processo com apreciação da lide...”(grifo nosso)

Por fim, onde presente as condições que ensejam o julgamento

antecipado da causa, é dever do juiz, e não mera faculdade, assim proceder.

Conforme artigo 330 do Código de Processo Civil, ipsis verbis;

 Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença:

I  – quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de

direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência;

(grifo nosso)

Verifica-se, MM. Juiz(a), que a situação do Autor atende perfeitamente a todosos requisitos esperados para a concessão da medida antecipatória, pelo que se busca,antes da decisão do mérito em si, a ordem judicial para sustação dos descontosrealizados em folha, a retirada de seu nome junto ao SERASA e a exibição do primeirocontrato realizado em 2005, juntamente com a autorização do autor para a alteraçãocontratual em janeiro de 2006 e outubro de 2009; para tanto, requer-se de V.Exa., sedigne determinar a expedição de Ofício à empresa-Ré, nesse sentido.

Diante o exposto, requer a antecipação dos efeitos da tutela, por tratar-

se de matéria eminentemente de direito.

2.6) DO REQUERIMENTO DA JUSTIÇA GRATUITA

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 O autor faz jus à concessão da gratuidade de Justiça, haja vista que o

mesmo não possui rendimentos suficientes para custear as despesas processuais e

honorárias advocatícios em detrimento de seu sustento e de sua família.

O autor junta com a presente peça declaração de pobreza (vide anexo),

afirmando que não possui condições para arcar com as despesas processuais.

De acordo com a dicção do artigo 4º do referido diploma legal, basta

a afirmação de que não possui condições de arcar com custas e honorários, sem prejuízo

 próprio e de sua família, na própria petição inicial ou em seu pedido, a qualquer 

momento do processo, para a concessão do benefício, pelo que nos bastamos do texto

da lei, in verbis:

 Art. 4º A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante

 simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições

de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo

 próprio ou de sua família.(grifo nosso)

 § 1º Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição

nos termos da lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais.

(grifo nosso)

 

Ou seja, nos termos da lei, apresentado o pedido de gratuidade e

acompanhado de declaração de pobreza, há presunção legal que, a teor do artigo 5º do

mesmo diploma analisado, o juiz deve prontamente deferir os benefícios ao seu

requerente (cumprindo-se a presunção do art. 4º acima), excetuando-se o caso em que

há elementos nos autos que comprovem a falta de verdade no pedido de gratuidade,

caso em que o juiz deve indeferir o pedido.

Entender de outra forma seria impedir os mais humildes de ter acesso à

Justiça, garantia maior dos cidadãos no Estado de Direito, corolário do princípio

constitucional da inafastabilidade da jurisdição, artigo 5º, inciso XXXV da Constituição

de 1988.

Veja-se que as normas legais mencionadas não exigem que os

requerentes da assistência judiciária sejam miseráveis para recebê-la, sob a forma de

isenção de custas, bastando que comprovem a insuficiência de recursos para custear o

 processo, ou, como reza a norma constitucional, que não estão em condições de pagar 

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custas do processo sem prejuízo próprio ou de sua família, bem como as normas de

concessão do benefício não vedam tal benesse a quem o requeira através de advogados

 particulares.

Ora, como já afirmado, decorre da letra expressa do parágrafo 1º, do

artigo 4º, da Lei 1.060/50, que se presumem pobres, até prova em contrário, quem

afirmar essa condição nos termos desta lei.

 

Sobre o tema, bastam os ensinamentos do Doutor Augusto Tavares

Rosa Marcacini (  Assistência Jurídica, Assistência Judiciária e Justiça Gratuita,

Forense, Rio de Janeiro, 1996, p. 100):

" Nos termos do art. 4º, § 1º, da Lei nº 1.060/50, milita presunção de

veracidade da declaração de pobreza em favor do requerente da

  gratuidade. Desta forma, o ônus de provar a inexistência ou o

desaparecimento da condição de pobreza é do impugnante."(grifo nosso)

 

 No mesmo sentido a jurisprudência do STJ:

" EMENTA: Assistência judiciária. Benefício postulado na inicial, que se

 fez acompanhar por declaração firmada pelo Autor. Inexigibilidade de

outras providências. Não-revogação do art. 4º da Lei nº 1.060/50 pelo

disposto no inciso LXXIV do art. 5º da constituição. Precedentes. Recurso

conhecido e provido.

1. Em princípio, a simples declaração firmada pela parte que requer o

benefício da assistência judiciária, dizendo-se 'pobre nos termos da lei',

desprovida de recursos para arcar com as despesas do processo e com o

 pagamento de honorário de advogado, é, na medida em que dotada de

 presunção iuris tantum de veracidade, suficiente à concessão do benefício

legal ." [STJ, REsp. 38.124.-0-RS. Rel. Ministro Sálvio de Figueiredo

Teixeira.] (grifo nosso)

Diante o exposto, requer o deferimento da justiça gratuita por não

 possuir condições de arcar com as custas processuais.

3) DO REQUERIMENTO FINAL_______________________ 

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a) a citação o requerido, na pessoa de seus representantes legais, no endereço declinadono preâmbulo desta para, querendo, no prazo da lei, responder aos termos da presenteação, sob pena de revelia e confissão;

 b) que seja recebida a presente peça no rito sumário;

c) em razão da verossimilhança dos fatos ora narrados, conceder , liminarmente, atutela antecipada, de forma “initio littis” e “inaudita altera pars”, para os fins de aRequerida ser obrigada, de imediato, a tomar as providências administrativasnecessárias, para sustação dos descontos em folha salarial, bem como a exclusão donome do autor dos cadastros do SERASA, ilidindo qualquer negativação que venha sereferir a débitos decorrentes do já citado empréstimo

d) que, ao final, julgue totalmente procedente os pedidos desta peça vestibular paraentão;

d.1) declarar a inexistência dos supostos contratos realizados em 2006 e 2009;

d.2) condenar a requerida ao pagamento de indenização pelos danos morais e materiaissofridos a importância de R$ 20.000,00

e) a condenação do requerido ao pagamento do ônus da sucumbência;

f) o julgamento antecipado da lide com fulcro no art. 330, I, do CPC;

g) a concessão do benefício da prioridade de tramitação;

h) a concessão do benefício da justiça gratuita;

i) que seja determinada a inversão do ônus da prova, conforme art. 6º, VIII, da Lei.8.078, de 11 de setembro de 1990;

 j) a produção de todas as provas necessárias à instrução do feito, principalmente a juntada dos documentos que instruem a inicial;

Atribui-se a causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Maceió, 15 de junho de 2011.

  _____________________________ ALANNA LIMA – ESTAGIÁRIO EQUIPE

 __________________________ Advogado(a)