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ACADEMIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HEMATOLOGIA E BANCO DE SANGUE DANIELLA APARECIDA ALVIM SILVEIRA DIAGNÓSTICO DA ANEMIA FALCIFORME Uberlândia-MG, 2012

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ACADEMIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HEMATOLOGIA E BANCO DE SANGUE

DANIELLA APARECIDA ALVIM SILVEIRA

DIAGNÓSTICO DA ANEMIA FALCIFORME

Uberlândia-MG, 2012

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DANIELLA APARECIDA ALVIM SILVEIRA

DIAGNÓSTICO DA ANEMIA FALCIFORME

Trabalho de Conclusão do Curso apresentado

ao Curso de hematologia e Banco de Sangue

da Academia de Ciência e Tecnologia de São

José do Rio Preto-SP, para obtenção do título

de Especialista em Hematologia e Banco de

Sangue.

Uberlândia-MG, 2012

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DANIELLA APARECIDA ALVIM SILVEIRA

DIAGNÓSTICO DA ANEMIA FALCIFORME

Trabalho de Conclusão do Curso apresentado

ao Curso de hematologia e Banco de Sangue

da Academia de Ciência e Tecnologia de São

José do Rio Preto-SP, para obtenção do título

de Especialista em Hematologia e Banco de

Sangue.

Uberlândia-MG, ____ de _______________ de 2012.

Aluna: Daniella Aparecida Alvim Silveira

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Dedico este trabalho à Deus por ter me

oferecido a oportunidade de viver e evoluir a

cada dia. À minha mãe e demais familiares

pelo apoio e carinho oferecidos em todo

momento de minha vida e principalmente

neste.

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AGRADECIMENTOS

À Deus em primeiro lugar, por minha vida família e amigos.

Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

A todos os professores da Academia de Ciência e Tecnologia pelos inúmeros ensinamentos e

orientação.

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“Quem procura ter sabedoria ama a sua vida,

e quem age com inteligência encontra a

felicidade.”

(Provérbio: 19,8)

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RESUMO

A anemia falciforme é a doença genética e hereditária monogênica mais comum no Brasil. A

causa da doença é uma mutação de ponto (GAG>GTG) no gene da globina beta da

hemoglobina, originando uma hemoglobina anormal, denominada hemoglobina S(HbS).

Esta pequena modificação estrutural é responsável por profundas alterações nas propriedades

físico-químicas da molécula da hemoglobina no estado desoxigenado que se denominam

falcização. Os sintomas da anemia falciforme são crises vaso oclusivas provocadas pelo

bloqueio do fluxo sanguíneo e pela falta de oxigenação nos tecidos, dores articulares, fadiga

intensa, úlceras nas pernas,palidez e icterícia. O diagnóstico da anemia falciforme envolve

análises comuns da rotina laboratorial, exames de imagem como raios X simples, tomografia

computadorizada, ressonância magnética e cintiligrafia, e técnicas específicas como a

eletroforese de hemoglobina e o teste de falcização.

PALAVRAS-CHAVE: Anemia falciforme. Doença. Sintomas. Diagnóstico.

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ABSTRACT

Sickle cell anemia is a genetic disease and monogenic hereditary most common in Brazil. The

cause of the disease is a point mutation (GAG> GTG) in the beta globin gene of hemoglobin,

causing an abnormal hemoglobin, called hemoglobin S(HbS). This small structural

modification is responsible for profound changes in the physicochemical properties of the

hemoglobin molecule in deoxygenated state that denominate sickling. Symptoms of sickle

cell vaso-occlusive is caused by blockage of blood flow and lack of oxygen in tissues, joint

pain, intense fatigue, leg ulcers, jaundice and pallor. The diagnosis of sickle cell anemia

involves common analyzes in our laboratory, imaging tests such as X-rays simple, computed

tomography, magnetic resonance and cintiligrafia, and specific techniques such as

hemoglobin electrophoresis test and sickling.

KEYWORDS: Anemia sickle. Disease. Symptoms. Diagnosis.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Ressonância magnética de coluna lombar de paciente com anemia

falciforme 14

Figura 2. Ressonância magnética de coxas 15

Figura 3. Ressonância magnética de joelho esquerdo 15

Figura 4. Ressonância magnética de coluna lombar 16

Figura 5. Radiografias simples da coluna lombar (Antero-posterior e torácica

(perfil)) 16

Figura 6. Ressonância magnética do quadril direito 17

Figura 7. Síndrome de mão-pé 18

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 10

2 FISIOPATOLOGIA 11

3 DIAGNÓSTICO 13

3.1 Diagnóstico Laboratorial 13

3.2 Diagnóstico por imagem 14

3.3 Diagnóstico Diferencial 18

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 20

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1 INTRODUÇÃO

A presença de uma hemoglobina anormal – hemoglobina S(HbS) – implica

necessariamente numa alteração estrutural da molécula hemoglobínica , que modifica a

morfologia do eritrócito quando submetido a condições específicas “in vitro” ou “in vivo,”

apresentando-o com aspecto de meia lua ou foice. A presença de HbS poderá constituir uma

situação patológica definitiva , dependendo de hetero ou homozigotia.Ao configurar entidade

patológica definida, caracteriza-se por anemia hemolítica de evolução crônica , hereditária

,peculiar aos negros,embora presente em mestiços e indivíduos de cor branca.Manifestada

clinicamente por sinais de anemia de tipo hemolítico, crises dolorosas osteo-articulares e

abdominais, manifestações circulatórias centrais e periféricas e úlcera de perna.

A HbS, característica das desordens falciformes, é o resultado de uma mutação que

ocorre no gene regulador da seqüência de aminoácidos que formam a cadeia globínica beta.

Na posição 6 da cadeia o aminoácido ácido glutâmico é substituído pelo aminiácido

valina.Esta mutação faz com que a HbS formada apresente características físicas e químicas

diversas da HbA que, em determinadas condições, resultarão no processo de falcização.

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2 FISIOPATOLOGIA

Em nível molecular, a simples substituição do ácido glutâmico pela valina na posição

6 da cadeia globínica beta resulta num marcado decrécimo da solubilidade de HbS, quando

ela é desoxigenada, levando a formação de polímeros.

A HbS polimerizada distorce o eritrócito. Da forma originalmente bicôncava ele se

torna alongado, assume a forma característica de foice e produz uma série de eventos que

encurtam a sobrevida da célula e impedem seu fluxo na microcirculação.

Esta alteração estrutural da molécula da hemoglobina altera a sua carga elétrica, a

qual quando desoxigenada forma cristais alongados (tactóides) que levam a forma em foice do

glóbulo vermelho, voltando ao normal quando reoxigenada. Esses cristais estirados no sentido

longitudinal provocam rididez e distorção dos eritrócitos, fazendo com que os mesmos sejam

retirados da circulação pelas células retículo-endoteliais, diminuindo assim a sua média é,

conseqüentemente, aparecendo o quadro de anemia. A forma alterada do eritrócito facizado

também dificulta sua passagem na microcirculação, podendo levar à obstrução de pequenos

vasos e a conseqüente hipóxia e necrose do tecido adjacente, principalmente quando em

tecidos com pouca circulação colateral e vasos com circulção término-terminal.

É uma doença encontrada na áfrica Central e Ocidental, com muita freqüência na

raça negra, mas tem distribuição cosmopolita. Tem caráter genético autossômico recessivo e é

comum em ambos os sexos.

O nome de doença falciforme é usado genericamente para os casos de anemia

falciforme, forma homozigótica (HbSS) ou párea as formas heterozigóticas mistas, em

combinação com outras hemoglobinas (HbAS, HbSC, HbSD, HbSO e com a beta-talassemia).

A forma homozigótica da doença é chamada anemia falciforme e é representada pelo

genótipo HbBs/HbBs. O quadro anêmico se inicia durante os primeiros meses de vida,

quando a hemoglobina F passa a ser substituída pela hemoglobina S. Há aparecimento de uma

anemia hemolítica crônica, com icterícia de grau variado, ocorrendo “crises” de modo

imprevisível, mas muitas vezes desencadeadas por infecções intercorrentes. Os tipos de

“crises” mais comuns são:

→ Crise Oclusão Vascular

→ Crise de Sequestração

→ Crise Aplástica

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Outras complicações como síndromes como a síndrome da dor torácica aguda,

devem ser lembradas, além das úlceras nas pernas, micro-infartes nas retinas e insuficiência

renal.

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3 DIAGNÓSTICO

O quadro clínico da doença homozigótica é característico e leva rapidamente a

suspeita disgnóstica. A anemia é do tipo hemolítico e o exame do esfregaço sanguíneo,

mostrando hemácias falciformes, confirma o diagnóstico. É importante a identificação do tipo

de hemoglobina alterada, principalmente em algunas casos para diagnóstico de síndrome

mista.

Nos exames laboratoriais encontra-se anemia, reticulocitose, presença de corpos de

Howell- Jolly nos eritrócitos, eritroblastos orto e policromáticos, além de hemácias falcizadas,

leucocitose, plaquetose, elevação das bilirrubinas (principalmente do tipo indireto) e

hemoglobina S (em níveis de 85-100%)

A hemoglobina situa-se entre 5 e 11 g/dl. A anemia é normocítica e normocrômica,

mas com grande variabilidade no tamanho e na forma das células.

A eletroforese da hemoglobina documentará a presença de HbS. Apesar do

predomínio da HbF, a presença de HbS já é notada ao nascimento, inclusive no teste do

pezinho com a tecnologia atual.

O diagnóstico pré-natal é feito pelo exame do DNA de uma biópsia de vilosidade

coriônica ou de células obtidas à amniocentese.

No estudo radiográfico dos ossos, pode-se encontrar lesões típicas da doença.

3.1 Diagnóstico Laboratorial

Baseia-se nos achados do hemograma, que mostra a presença de anemia do tipo

hemolítico, na prova de falcização dos eritócitos e na eletroforese de hemoglobina, que revela

a variante HbS.

Em geral, o mielograma mostra hipercelularidade, com aumento da série vermelha

muito acentuada. Nas crises de aplasia medular, há hipocelularidade global do material

medular.

O hemograma pode revelar aumento de leucócitos e de plaquetas, dependendo da

presença de infecção. Há alterações qualitativas dos eritrócitos como policromasia,

poiquilocitose, anisocitose, pontuação basófila, corpúsculos de Howell-Jolly, eritroblastos

circulantes e hemácias alongadas, lembrando já as formas de foice.

É importante o diagnóstico pré-natal dessa hemoglobinopatia, feito durante o

primeiro trimestre de gestação. É utilizada a técnica de recombinante ADN em células do

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líquido amniótico ou das vilosidades coriônicas, que permite o reconhecimento dos genes da

cadeia beta da globina (beta A, normal ou beta S da anemia falciforme). Desse modo pode ser

evitado o nascimento de indivíduos homozigótico (HbSS).

3.2 Diagnóstico por Imagem

Os exames de raios X simples, a tomografia computadorizada e a ressonância

magnética são importantes para o estudo e o diagnóstico de lesões ósseas ou viscerais nos

pacientes.

O fenômeno de falcização, que leva ao infarto ósseo (Figuras 1 e 2) e à osteonecrose,

é responsável pelas principais alterações ósseas descritas na anemia falciforme. Essas

alterações podem ser observadas na radiografia simples já na faixa dos 6 meses aos 2 anos de

idade. Em torno dos 6 anos de idade esses infartos passam a ocorrer na porção tubular dos

ossos longos.

Figura 1. Ressonância magnética de coluna lombar de paciente com anemia falciforme

Fonte: YANAGUIZAWA, 2008

Na Figura 1 é demonstrada a ressonância magnética de uma coluna lombar de

paciente com anemia falciforme, seqüência em T1 no plano sagital. Hipossinal difuso da

medula óssea dos corpos vertebrais compatível com hiperplasia medular reativa, e depressões

centrais de alguns platôs vertebrais (“vértebra em H”).

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Figura 2. Ressonância magnética de coxas

Fonte: YANAGUIZAWA, 2008

A Figura 2 apresenta a ressonância magnética de coxas, sequências ponderadas em

T2 nos planos axial e coronal. Aumento do sinal (edema) dos músculos vasto lateral e bíceps

femoral da coxa esquerda, além de alteração do sinal da medula óssea do fêmur deste lado,

caracterizando infarto muscular e infarto ósseo.

O infarto crônico aparecerá, na radiografia simples, como calcificações grosseiras na

medula óssea (Figuras 3, 4 e 5) e em órgãos parenquimatosos como o baço.

Figura 3. Ressonância magnética de joelho esquerdo

Fonte: YANAGUIZAWA, 2008

A ressonância magnética de um joelho esquerdo é demonstrada na Figura 3, tendo

sequência ponderada em T2 no plano sagital e em T1 pós-contraste axial. Área geográfica

com hipossinal central e alto sinal perifericamente na metáfise distal do fêmur, que não sofre

realce após injeção endovenosa do meio de contraste, compatível com infarto medular.

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Figura 4. Ressonância magnética de coluna lombar

Fonte: YANAGUIZAWA, 2008

A Figura 4 apresenta a ressonância magnética de coluna lombar, sequências

ponderadas em T1, T2 e T1 pós-contraste no plano sagital. Hipossinal difuso da medular

óssea dos corpos vertebrais na sequência ponderada em T1. Áreas focais nos corpos vertebrais

de L3 e L4 com hipossinal em T1, hipersinal em T2 e sem realce após injeção endovenosa do

meio de contraste, compatíveis com infartos medulares.

Figura 5. Radiografias simples da coluna lombar (Antero-posterior e torácica (perfil))

Fonte: YANAGUIZAWA, 2008

É evidenciado na Figura 5 radiografias simples da coluna lombar (Antero-posterior)

e torácica (perfil) e depressão central dos platôs vertebrais (aspecto denominado “vértebra em

H”).

A necrose epifisária (Figura 6), mais comum na cabeça do fêmur e do úmero no

adulto, só será notada na radiografia simples em fase mais avançada. Na radiografia de coluna

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vertebral, um achado característico da anemia falciforme é a chamada vértebra em “H”, em

que se observa achatamento da porção central dos platôs vertebrais.

Figura 6. Ressonância magnética do quadril direito

Fonte: YANAGUIZAWA, 2008

A ressonância magnética do quadril direito na Figura 6 demonstra seqüências

ponderadas em T1, T2 e T1 pós-contraste no plano coronal. Hipossinal difuso na medular

óssea na sequência ponderada em T1. Área geográfica de hipossinal em T1, hipersinal

heterogêneo em T2, com realce periférico após injeção do meio de contraste endovenoso,

compatível com osteonecrose da cabeça femoral.

Em crianças com menos de 4 anos de idade (particularmente entre 1 e 2 anos), as

crises vasooclusivas, freqüentemente, ocorrem nos pequenos ossos das mãos e dos pés

(síndrome mão-pé).

As radiografias iniciais são freqüentemente normais. Em aproximadamente 10 dias,

periostite com neoformação óssea subperiosteal é tipicamente evidente (Figura 7). Há também

afilamento cortical e uma aparência moteada da medular óssea.

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Figura 7. Síndrome de mão-pé

Fonte: Fonte: YANAGUIZAWA, 2008

A Figura 07 se depara com uma radiografia simples de uma criança com 11 meses,

portadora de anemia falciforme e com queixa de dor e edema nas mãos e pés que demonstram

períostite nos metacarpos e metatarsos.

Atualmente, a Ressonância Magnética (RM) é o método de escolha para a pesquisa

de osteonecrose em fase aguda, identificando essas alterações ósseas muito mais

precocemente do que o Rx.

O exame por cintilografia pode, precocemente, detectar osteonecrose e infarto

ósseo, utilizando-se do tecnécio 99m. A cintilografia com gálio ou leucócitos marcados pode

detectar focos de osteomielite, diagnóstico diferencial do infarto agudo à RM.

3.3 Diagnóstico Diferencial

É importante o diagnóstico diferencial da HbSS, homozigótica, com a forma

heterozigótica HbAS, assim como associações da variante S com outras hemoglobinas

anormais – HbSC, HbS/thal (talassemia), HbS-D.

O diagnóstico diferencial entre as hemoglobinopatias com teste de falcização positivo

(síndromes falcêmicas ou falciformes) não é fácil. Baseia-se na morfologia dos eritrócitos

circulante e, principalmente, no estudo eletroforético da hemoglobina.

Eritrócitos alongados e células em alvo são freqüentes na forma homozigótica HbSS.

Na associação HbSS/thal chama a atenação o grande número de hemácias em alvo e a

hipocromia acentuada destas.

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A eletroforese de hemoglobina, feita rotineiramente em ph alcalino, mostra a variante

HbS, com mobilidade diferente da hemoglobina A. Outras hemoglobinas anormais podem ter

migração eletroforética semelhante à da HbS, sendo necessária a realização do teste em

condições técnicas diferentes, para se obter a diferenciação.

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4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LICHTMAN, M. A.; BEUTLER, E. J., THOMAS, et al. Manual de Hematologia de

Williams. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.

LORENZI, T. F. Manual de Hematologia: Propedêutica e Clínica. 4ª ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2006.

NAOM, P. C. Hemoglobinopatias e Talassemias. São Paulo: Sarvier, 1997.

VERRASTRO, T; LORENZI, T. F.; NETO, S. W. Hematologia e Hemoterapia:

Fundamentos da morfologia, fisiologia, patologia e clínica. São Paulo: Atheneu, 2005.

YANAGUIZA, W. A. M.; TABERNER, G. S.; CARDOSO, F. N. C; NATOUR, J.;

FERNANDES, A. R. C. Diagnóstico por imagem na avaliação da anemia falciforme.

Revista Brasileira de Reumatologia, v. 48 nº 2, São Paulo, 2008. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-

50042008000200007&lang=pt.> Acesso em: 10 mar. 2012.