abraão nasceu na cidade de ur

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Abraão nasceu perto ou mesmo na cidade de Ur no sul da Mesopotâmea. O pai de Abraão, Tera tinha 2 outros filhos, Nacor e Haran o pai de Ló (Gn 11:27). O relato de Génesis não menciona Deus aparecer a Abraão antes da partida de Ur, mas At 7:2-4>> claramente aplica a ordem de Gn 12:1-3 à altura em que a família ainda vivia em Ur. A vida de Abraão pode ser subdividida em quatro períodos principais: (1) Sua vida antes da sua jornada até Canaã, à idade de 75 anos. (2) Desde o inicio da sua residência em Canaã até o nascimento do seu filho Isaque, um período de 25 anos. (3) A sua vida desde o nascimento de Isaque até a morte de Sara e o casamento de Isaque com Rebeca, cerca de 40 anos. (4) Os seus últimos dias, velhice e morte, cerca de 35 anos. Apesar das fragilidades que são comuns aos homens, Abraão perseverou no seu propósito de uma vida de seguir onde quer que Deus o guiasse, quer fosse no longo caminho de Ur para Canaã ou para o Monte Moriá para oferecer o seu único filho, o filho da promessa, em sacrifício. Através das provas da sua vida, a sua fé foi aperfeiçoada, tanto assim que ele se tornou "o amigo de Deus" (Tg 2:23). A alta estima que os seus descendentes lhe tinham eventualmente degenerou quase ao ponto em que eles o adoravam acima de Deus. Mas o brilho da sua fé e longa vida de devoção à vontade de Deus perdura através das gerações. Abraão nasceu na cidade de Ur, antiga Mesopotâmia, entre a Arábia e a Pérsia, aproximadamente 2.000 anos antes de Cristo. Foi o primeiro patriarca hebreu, que quer dizer, chefe de uma antiga família do povo hebreu. Abraão significa: "Pai de uma multidão." Viveu numa época, em que as pessoas eram selvagens e ignorantes. Seus contemporâneos adoravam muitos ídolos e acreditavam que estes faziam inclusive milagres. Sacrificavam pessoas aos ídolos, queimando-as vivas. Taré, pai de Abraão, foi um comerciante de ídolos e toda Sua família era idolatra (adorador de ídolos), considerando os ídolos como se fossem deuses. Abraão é qualificado como homem sublime, por suas grandes qualidades: muito amável, de coração puro, de majestade espiritual, de dignidade e valor, próprios de um verdadeiro rei. Possuía um grande sentido de retidão e de justiça, que o diferenciava dos demais, e não participava da crença geral daquela época: a adoração dos ídolos. Deus escolheu a Abraão e O tornou Seu Mensageiro, para instruir Seu povo e elevar seu nível de espiritualidade e de cultura. Começou a ensinar Sua Revelação que Lhe veio de Deus e exortava as pessoas a abandonarem a supersticiosa crença de que os ídolos eram deuses e que deviam, isto sim, adorar ao Deus único e invisível. Abraão abertamente combateu e procurou destruir todos os ídolos que pôde: "Pôs-se em luta com Seu povo, com Sua tribo e até mesmo com Sua família", o que lhe atraiu a inimizade de todos. Furiosos contra Ele, fizeram-lhe tremenda oposição, indignados que estavam contra os novos ensinamentos. A missão de Abraão foi sumamente difícil, pois teve que convencer as pessoas mostrando a diferença entre o poder dos ídolos de barro e o poder do verdadeiro e único Deus. Naquele tempo governava o rei Nimrod, que se opôs cruelmente a Abraão e decidiu destruir o novo

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Page 1: Abraão nasceu na cidade de Ur

Abraão nasceu perto ou mesmo na cidade de Ur no sul da Mesopotâmea. O pai de Abraão, Tera tinha 2 outros filhos, Nacor e Haran o pai de Ló (Gn 11:27). O relato de Génesis não menciona Deus aparecer a Abraão antes da partida de Ur, mas At 7:2-4>> claramente aplica a ordem de Gn 12:1-3 à altura em que a família ainda vivia em Ur. A vida de Abraão pode ser subdividida em quatro períodos principais: (1) Sua vida antes da sua jornada até Canaã, à idade de 75 anos. (2) Desde o inicio da sua residência em Canaã até o nascimento do seu filho Isaque, um período de 25 anos. (3) A sua vida desde o nascimento de Isaque até a morte de Sara e o casamento de Isaque com Rebeca, cerca de 40 anos. (4) Os seus últimos dias, velhice e morte, cerca de 35 anos. Apesar das fragilidades que são comuns aos homens, Abraão perseverou no seu propósito de uma vida de seguir onde quer que Deus o guiasse, quer fosse no longo caminho de Ur para Canaã ou para o Monte Moriá para oferecer o seu único filho, o filho da promessa, em sacrifício. Através das provas da sua vida, a sua fé foi aperfeiçoada, tanto assim que ele se tornou "o amigo de Deus" (Tg 2:23). A alta estima que os seus descendentes lhe tinham eventualmente degenerou quase ao ponto em que eles o adoravam acima de Deus. Mas o brilho da sua fé e longa vida de devoção à vontade de Deus perdura através das gerações.

Abraão nasceu na cidade de Ur, antiga Mesopotâmia, entre a Arábia e a Pérsia, aproximadamente 2.000 anos antes de Cristo. Foi o primeiro patriarca hebreu, que quer dizer, chefe de uma antiga família do povo hebreu.

Abraão significa: "Pai de uma multidão." Viveu numa época, em que as pessoas eram selvagens e ignorantes. Seus contemporâneos adoravam muitos ídolos e acreditavam que estes faziam inclusive milagres. Sacrificavam pessoas aos ídolos, queimando-as vivas. Taré, pai de Abraão, foi um comerciante de ídolos e toda Sua família era idolatra (adorador de ídolos), considerando os ídolos como se fossem deuses. Abraão é qualificado como homem sublime, por suas grandes qualidades: muito amável, de coração puro, de majestade espiritual, de dignidade e valor, próprios de um verdadeiro rei. Possuía um grande sentido de retidão e de justiça, que o diferenciava dos demais, e não participava da crença geral daquela época: a adoração dos ídolos. Deus escolheu a Abraão e O tornou Seu Mensageiro, para instruir Seu povo e elevar seu nível de espiritualidade e de cultura. Começou a ensinar Sua Revelação que Lhe veio de Deus e exortava as pessoas a abandonarem a supersticiosa crença de que os ídolos eram deuses e que deviam, isto sim, adorar ao Deus único e invisível. Abraão abertamente combateu e procurou destruir todos os ídolos que pôde: "Pôs-se em luta com Seu povo, com Sua tribo e até mesmo com Sua família", o que lhe atraiu a inimizade de todos. Furiosos contra Ele, fizeram-lhe tremenda oposição, indignados que estavam contra os novos ensinamentos. A missão de Abraão foi sumamente difícil, pois teve que convencer as pessoas mostrando a diferença entre o poder dos ídolos de barro e o poder do verdadeiro e único Deus. Naquele tempo governava o rei Nimrod, que se opôs cruelmente a Abraão e decidiu destruir o novo movimento, ordenando que Abraão fosse queimado vivo. Mas Abraão foi salvo. Triunfou pelo poder de Deus, "apesar de Sua aparente impotência sobre as forças de Nimrod", e outros inimigos, demonstrando firmeza sobrenatural. Decidiram desterrá-lo, "para que fosse destruído e não restasse nem sombra de idade." Deus ordenou a Abraão que deixasse Sua pátria e Sua família para ir viver em outra terra e lhe prometeu grandes bençãos, para Ele e para toda a Sua descendência. Abraão obedeceu ao mandato de Deus e saiu de Ur com Sua esposa Sara e Seu sobrinho Lot e partiram para a Terra Santa. Abraão tinha, então 75 anos de idade. " Deus transformou esse desterro em glória eterna para Ele, porque estabeleceu a Unidade de Deus (a crença em um só Deus) em meio a uma geração politeísta (crença em muitos deuses). Como consequência de Seu desterro, os descendentes de Abraão chegaram a ser poderosos e a Terra Santa lhes foi dada. O resultado foi que os ensinamentos de Abraão se estenderam pelo mundo. Várias vezes Deus apareceu a Abraão em visões e lhe confirmou a mesma grande promessa: "Porque toda a terra... darei a Ti e a Tua descendência como o pó da terra; que se alguém puder contar o pó da terra, também Tua descendência será contada." Gênese, 13:15, 16. "E o levou para fora e lhe disse: Olha agora os céus e conta as estrelas, se as puderes contar. E lhe disse: Assim será Tua descendência." Gênese 15:5.

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Abraão foi casado três vezes e desses casamentos surgiram três linhas de Mensageiros de Deus: de Isaac, filho de Sara, descenderam Moisés e Jesus; de Ismael, filho de Agar, descenderam Maomé e o Báb; e de Cetura descendeu Bahá’u’lláh. Não existe uma religião que leva o nome de Abraão, porém foi Ele quem trouxe a base da crença em um só Deus, sobre a qual o Judaísmo foi estabelecido mais tarde, por Moisés.

Quem foi Abraão

Abraão, que em hebraico significa ab (pai) + raham (multidão) = pai da multidão, é o

primeiro patriarca da Bíblia e dele se reclamam filhos todos os crentes das três grandes

religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo.

Segundo o livro do Génesis, Abraão era natural da cidade de Ur na Caldeia, uma

localidade da Baixa Mesopotâmia e terá nascido no séc. XIX ou XVIII a.C., altura em que

a Baixa Mesopotâmia e o Médio Eufrates eram dominados pelos Amorreus e a Alta

Mesopotâmia pelos Urritas. De Ur terá partido com a sua família para norte, tendo-se

fixado em Harran, principal cidade da Alta Mesopotâmia. Respondendo ao chamamento de

Deus, seguiu daí para Canaã na Palestina, a "Terra Prometida". Foi por essa altura que se

deu nele uma grande transformação religiosa, tendo deixado de adorar o deus "Elohim" e

passado a adorar "El-Chadai", que significa o "Todo Poderoso".

Teve dois filhos, Isaac e Ismael, o primeiro da sua esposa Sara e o segundo da sua escrava

Agar, dos quais se consideram descendentes os povos judeu, árabe e cristão. A sua fé

inabalável, colocada à prova com o pedido de Deus para que sacrificasse o seu filho Isaac

(impedido no último momento pelo Anjo do Senhor), fizeram dele o patriarca de todos os

crentes.

A História de Abraão - Origem familiar e História Inicial

Abraão era a décima geração de Noé mediante Sem. Nasceu 352 anos após o Dilúvio, em

2018 AC. Embora seja alistado primeiro entre os três filhos de Terá, em Gênesis 11:26,

Evidentemente, Abraão é alistado primeiro entre os filhos de seu pai devido à sua notável

fidelidade e proeminência nas Escrituras, prática seguida no caso de vários outros notáveis

homens de fé, tais como Sem e Isaque. – Gen 5:32; 11:10; 1Cr 1:28.No tempo de Abraão,

a cidade de Ur estava mergulhada na idolatria babilônica e na adoração de seu deus-lua

padroeiro, Sin. (Jos 24:2, 14, 15) Todavia, Abraão mostrou ser homem de fé em Deus,

assim como seus antepassados, Sem e Noé; e, em conseqüência, granjeou a reputação de

“pai de todos os que têm fé”. Visto que verdadeira fé se baseia em conhecimento exato.

Abraão talvez obtivesse seu entendimento pela associação pessoal com Sem (suas vidas

coincidiram durante 150 anos). Abraão conhecia e usava o nome de Deus; para citá-lo:

“Levanto a mão para o Senhor, Deus Altíssimo, criador do céu e da terra”, “e jura-me pelo

Senhor Deus dos Céus e o Deus da terra”. – Gên 14:22; 24:3.

Page 3: Abraão nasceu na cidade de Ur

Enquanto Abraão ainda vivia em Ur, “antes de fixar residência em Harã”, Deus ordenou que se

mudasse para uma terra estranha, deixando para trás amigos e parentes. (At 7:2-4; Gen 15:7; Ne

9:7) Lá naquele país que Ele mostraria a Abraão, Deus disse que faria dele uma grande nação.

Nessa época, Abraão, era casado com sua meia-irmã, Sara, mas não tinham filhos e ambos já

eram idosos. Assim, era preciso grande fé para obedecer, mas ele deveras obedeceu.

Tara, então com cerca de 200 anos e ainda o chefe patriarcal da família, concordou em

acompanhar Abraão e Sara nesta longa jornada, e é por este motivo que se atribui a Terá, como

pai, a mudança em direção a Canaã. (Gên 11:31) Parece que o órfão Ló, sobrinho de Abraão

fora adotado por seu tio e sua tia sem filhos, e, assim acompanhou-os. A caravana se moveu em

direção ao noroeste, por uns 960 km, até alcançarem Harã. Abraão permaneceu ali até a morte

de seu pai, Tera.

DEUS CHAMA ABRÃOTaré, descendente de Sem, teve três filhos: Abrão, Nacor e Aran.

Tendo partidode Ur, na Caldéia, com seu filho Abrão, seu neto Lot e Sarai, esposa de Abrão,foi

viver em Haran, na Mesopotâmia.Um dia, Deus disse a Abrão: Sai da tua terra e da casa de teu

pai e vai paraa terra que eu te mostrar. Em ti serão benditas todas as nações da terra.Abrão

obedeceu. Foi com Sarai, sua mulher, e seu sobrinho Lot para a terra deCanaan. Aí lhe apareceu

o Senhor e lhe disse: Darei esta terra aos teusdescendentes.MELQUISEDEC ABENÇOA

ABRÃOAconteceu que uns reis estrangeiros invadiram aquela terra, saquearam ascidades e

levaram muitos cativos. Abrão reuniu 318 servos e, à frente deles,perseguiu os inimigos,

venceu-os e retomou todo o saque. No regresso, passoupela cidade de Salém. Então

Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho parao sacrifício porque era sacerdote do

Altíssimo. E abençoou Abrão, dizendo: "Benditoseja Abrão pelo Deus Altíssimo, Criador do

céu e da terra!". Depoisdisto, Abrão deu-lhe o dízimo de todos os seus bens.DEUS PROMETE

DESCENDÊNCIA A ABRAÃOAbrão não tinha filhos. Uma noite, Deus disse-lhe: Levanta os

olhos e conta,se podes, as estrelas do céu! A tua descendência será tão numerosa como

elas.Abrão acreditou em Deus e Deus imputou à justiça a sua fé.Aos 99 anos de idade, Abrão

teve outra aparição em que o Senhor lhe disse: "Daquiem diante não te chamarás Abrão mas sim

Abraão, porque te destinei oara pai demuitas gentes. Para o futuro, não chamarás a tua mulher

de Sarai mas de Sara.Eu a abençoarei e ela terá um filho ao qual chamarás Isaac. Concluirei

com eleuma aliança perpétua em favor da sua posterioridade".DEUS EXPERIMENTA

ABRAÃODeus cumpriu a sua promessa. Sara teve um filho na sua velhice e Abraão deu-lheo

nome de Isaac.Sendo este já crescido, Deus experimentou Abraão e disse-lhe: Toma Isaac,teu

filho único a quem amas, para me ofereceres em sacrifício na montanha queeu te

designar .Abraão levantou-se antes de amanhecer, preparou o jumentinho, cortou a

lenhanecessária para o sacrifício e pôs-se a caminho com Isaac e dois servos. Aoterceiro dia,

avistou de longe a montanha do sacrifício. Disse então aosservos: Esperai aqui com o jumento

Page 4: Abraão nasceu na cidade de Ur

enquanto eu e meu filho vamos lá em cimaadorar o Senhor. Pôs a lenha sobre os ombros de

Isaac e ele mesmo levou ofogo e o cutelo.Enquanto subiam, Isaac disse: Meu pai!. Abraão

perguntou: O que queres, meu filho?. Isaac respondeu:"Levamos o fogo e a lenha, mas onde

está o cordeiro para osacrifício?". Abraão disse: "Deus tratará disso, meufilho".Quando

chegaram, Abraão levantou o altar, dispôs nele a lenha, amarrou o filhoe o colocou em cima.Em

seguida, agarrou no cutelo para imolar a criança.DEUS POUPA ISAACEntão, do alto do céu,

gritou o anjo do Senhor: Abraão! Abraão! Não façasmal ao menino. Agora sei que temes a Deus

pois não poupaste teu filho únicopara me obedeceres. Abraão levantou os olhos e viu um

cordeiro preso numespinheiro. Foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto em lugar do filho.

Então oanjo do Senhor disse pela segunda vez: Já que para me obedeceres nãopoupaste o teu

filho único, eu te abençoo. Dar-te-ei uma posterioridade tãonumerosa como as estrelas do céu e

a areia na praia marítima. Em um dos teusdescendentes serão benditas todas as nações da

terra..Abraão viveu até a idade de 175 anos. Seu filho sepultou-o em Mambré, juntode Sara, sua

esposa.

ABRAAO

Um dos profetas que recebe mais atenção no Alcorão é o profeta Abraão.  O Alcorão fala dele e de sua inabalável crença em Deus, que primeiro o levou a rejeitar seu povo e sua idolatria e que mais tarde se provou verdadeira através dos vários testes que Deus colocou diante dele.

No Islã Abraão é visto como um monoteísta estrito que chama seu povo para a adoração de Deus somente.  Por essa crença ele suporta grandes dificuldades, inclusive se dissociando de sua família e povo através da migração para várias terras.  Ele cumpriu vários mandamentos de Deus com os quais foi testado.

Devido a essa força de fé o Alcorão nomeia a única religião verdadeira como o “Caminho de Abraão”, apesar dos profetas antes dele, como Noé, chamarem para a mesma fé.  Por causa de seu incansável ato de obediência a Deus, Ele lhe deu um título especial de “Khalil”, ou servo amado, que não foi dado a nenhum outro profeta antes.  Devido a excelência de Abraão, Deus fez profetas de sua descendência, dentre eles Ismael, Isaque, Jacó (Israel) e Moisés, que guiaram seu povo para a verdade.

O status elevado de Abraão é compartilhado pelo Judaísmo, Cristianismo e Islã.  Os judeus o vêem como o epítome da virtude uma vez que cumpriu os mandamentos antes de serem revelados, e foi o primeiro a se dar conta do Único e Verdadeiro Deus.  É visto como o pai da raça escolhida, o pai dos profetas através dos quais Deus começou Sua série de revelações.  No Cristianismo é visto como o pai de todos os crentes (Romanos 4:11) e sua confiança em Deus e sacrifício são tomados como um modelo para os santos posteriores (Hebreus 11).

Uma vez que Abraão tem tamanha importância, vale à pena estudar sua vida e investigar aqueles aspectos que o elevaram ao nível que Deus lhe deu.

Embora o Alcorão e a Sunnah não dêem os detalhes de toda a vida de Abraão, eles mencionam certos fatos dignos de nota.  Como acontece com outras figuras corânicas e bíblicas, o Alcorão e a Sunnah detalham aspectos de suas vidas como esclarecimento de algumas crenças desencaminhadas de religiões previamente reveladas, ou aqueles aspectos que contém certos lemas e morais dignos de nota e ênfase.

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Seu Nome

No Alcorão, o único nome dado a Abraão é “Ibrahim” e “Ibraham”, todos compartilhando a raiz original b-r-h-m. Embora na Bíblia Abraão seja conhecido a princípio como Abrão e seja dito que Deus mudou seu nome para Abraão, o Alcorão mantém silêncio sobre esse assunto, sem afirmá-lo ou negá-lo.   Estudiosos judaico-cristãos modernos duvidam, entretanto, da história da mudança de seu nome e seus respectivos significados, chamando-a de “anedota popular”.  Assiriólogos sugerem que a letra hebraica Hê (h), no dialeto mineano, é escrita no lugar do ‘a’ longo (ā) e que a diferença entre Abraão e Abrão é meramente dialética.[1] O mesmo pode ser dito dos nomes Sarai e Sara, uma vez que seus significados também são idênticos.[2]

Sua Terra Natal

Estima-se que Abraão nasceu 2.166 anos antes de Jesus na cidade mesopotâmia[3] de Ur[4] ou nos seus arredores, 322 km a sudeste da atual Bagdá[5].  Seu pai era ‘Aazar’, ‘Terá’ ou ‘Terakh’ na Bíblia, um idólatra, que descendia de Sem, o filho de Noé.  Alguns estudiosos de exegese sugerem que ele pode ter recebido o nome de Azar por causa de um ídolo do qual era devoto.[6] É provável que tenha sido um acadiano, um povo semita da Península Árabe que se estabeleceu na Mesopotâmia em algum momento do terceiro milênio AEC.

Parece que Azar migrou junto com alguns de seus parentes para a cidade de Haran durante a infância de Abraão antes do confronto com seu povo, embora algumas tradições[7] judaico-cristãs digam que isso ocorreu em um período posterior em sua vida, depois de ele ser rejeitado em sua cidade natal.  Na Bíblia é dito que Haran, um dos irmãos de Abraão, morreu em Ur, “na terra de sua natividade” (Gênesis 11:28), mas ele era muito mais velho que Abraão, uma vez que seu outro irmão Nahor toma a filha de Haran como sua esposa (Gênesis 11:29).  A Bíblia também não menciona a migração de Abraão para Haran e o primeiro comando para migrar é para sair de Haran, como se tivessem se estabelecido lá antes (Gênesis 12:1-5).  Se tomarmos o primeiro mandamento como sendo a emigração de Ur para Canaã, parece não haver razão para que Abraão morasse com sua família em Haran, deixando seu pai lá e prosseguindo para Canaã depois, sem mencionar a improbabilidade geográfica [Ver mapa].

O Alcorão menciona a migração de Abraão, mas o faz depois de Abraão se dissociar de seu pai e tribo devido a sua descrença.  Se ele estivesse em Ur naquela época, parece improvável que seu pai fosse com ele para Haran depois de descrer nele e torturá-lo com seu povo.  Com relação ao motivo pelo qual escolher migrar, evidência arqueológica sugere que Ur era uma grande cidade que viu seu apogeu e declínio durante o tempo de vida de Abraão[8], e pode ser que tenham sido forçados a partir devido a dificuldades ambientais.  Podem ter escolhido Haran devido ao fato de compartilharem a mesma religião que em Ur[9].

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O capítulo 12 começa uma nova divisão no livro de Gênesis. Os primeiros onze capítulos costumam ser chamados de “história primitiva”. Os últimos capítulos são conhecidos como “a história dos patriarcas”. Enquanto o efeito do pecado do homem se torna cada vez mais abrangente, o cumprimento da promessa de Deus de Gênesis 3:15 se torna cada vez mais seletivo. O Redentor devia vir do descendente da mulher (Gênesis 3:15), depois dos descendentes de Sete, de Noé e agora de Abraão (Gênesis 12:2-3).

Teologicamente, Gênesis capítulo 12 é a chave para as passagens do Velho Testamento, pois contém aquilo que é chamado de a Aliança Abraâmica. Esta aliança é a linha que une todo o Velho Testamento. É vital para o correto entendimento das profecias da Bíblia.

Em Gênesis capítulo doze não só chegamos a uma nova divisão e à uma importante aliança teológica, mas, principalmente, a um grande e piedoso homem - Abraão. Aproximadamente um quarto do livro de Gênesis é devotado à vida deste homem. São feitas mais de 40 referências a Abraão no Velho Testamento. É interessante notar que, no Islamismo, Abrão é o segundo homem mais importante depois de Maomé, sendo que o Alcorão se refere a ele 188 vezes.128

O Novo Testamento de forma nenhuma diminui a importância da vida e do caráter de Abraão. Há aproximadamente 75 referências a ele no Novo Testamento. Paulo escolheu Abraão como o melhor exemplo do homem que é justificado diante de Deus pela fé e não pelas obras (Romanos 4). Tiago se refere a Abraão como um homem que demonstrou sua fé aos homens por meio das obras (Tiago 2:21-23). O escritor aos Hebreus aponta Abraão como exemplo de um homem que andava pela fé, dedicando mais espaço a ele do que a qualquer outro indivíduo no capítulo onze (Hebreus 11:8-19). Em Gálatas capítulo 3 Paulo escreveu que os cristãos são “filhos de Abraão” pela fé, e assim, justos herdeiros das bênçãos a ele prometidas (Gálatas 3:7-9).

Ao voltarmos nossa atenção para Gênesis capítulo 12, vamos ficar de olho em Abraão como exemplo de quem anda pela fé. Em especial, quero ressaltar o processo empregado por Deus para fortalecer a fé de Abrão e torná-lo o homem temente que ele foi. Muitos erros tão comuns nos círculos cristãos a respeito da natureza de uma vida de fé podem ser corrigidos pelo estudo da vida de Abraão.

As Circunstâncias que Envolveram o Chamado de Abrão(Josué 24:2-3, Atos 7:2-5)

Moisés não nos deu o panorama necessário para compreendermos completamente a importância do chamado de Abrão, mas isto está registrado na Bíblia para nós. Estêvão esclarece a época em que Abrão recebeu o primeiro chamado de Deus. Não foi em Harã, como uma leitura casual de Gênesis pode nos levar a crer, mas em Ur. Quando Estêvão esteve diante de seus incrédulos irmãos judeus, ele recontou a história do povo escolhido de Deus, começando com o chamado de Abraão:

Estêvão respondeu: Varões, irmãos e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu à Abraão, nosso pai, quando estava na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã, e lhe disse: Sai da tua terra e da tua parentela e vem para a terra que eu te mostrarei. (Atos 7:2-3)

Apesar de nem todos os estudiosos da Bíblia concordarem com a localização de Ur129, a maioria concorda que seja a Ur da Mesopotâmia meridional, na qual costumava ficar a costa do Golfo Pérsico. O sítio da grande cidade foi descoberto em 1854, e desde aquela época tem sido

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escavado, revelando muitas coisas sobre a época de Abrão.130 Ainda que o verdadeiro período em que Abrão viveu em Ur possa ser matéria de discussão, podemos dizer com certeza que era justa sua ostentação de ser uma civilização altamente desenvolvida. Há amplas evidências de grandes fortunas, arte trabalhada e ciência e tecnologia avançadas.131 Tudo isso nos fala acerca da cidade que Abrão recebeu ordem para deixar. Nas palavras de Vos,

Sem levar em consideração a época em que Abraão partiu de Ur, ele deu as costas a uma grande metrópole, iniciando sua jornada de fé para uma terra sobre a qual pouco ou nada sabia e que, provavelmente, muito pouco lhe ofereceria do ponto de vista de benefícios materiais.132

Se a cidade que Deus disse a Abrão para deixar era grande, o lar que ele deixou prá trás parece ter sido menos que religioso. Poderia supor que Terá fosse um homem crente, que educou seu filho, Abrão, para crer num único Deus, diferente das pessoas de seus dias, mas isto não foi bem assim. Josué, em suas palavras de despedida no final de sua vida, nos dá uma compreensão melhor do caráter de Terá:

Então, disse Josué a todo o povo: Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Antigamente, vossos pais, Terá, pai de Abraão e de Naor, habitaram dalém do Eufrates e serviram a outros deuses. (Josué 24:2)

Podemos então dizer que Terá foi idólatra, tal como aqueles de seus dias. Não é de se estranhar que Deus ordenasse a Abrão para deixar a casa de seus pais (Gênesis 12:1)!

A idade de Abrão tampouco foi um fator favorável para partir de Ur e ir para alguma terra desconhecida. Moisés nos diz que Abrão tinha 75 anos quando entrou na terra de Canaã. Pense nisso. Abrão já estaria no seguro social há mais de dez anos. Para ele a “crise da meia idade” era coisa do passado. Em vez de pensar numa nova terra e uma nova vida, a maioria de nós estaria pensando numa cadeira de balanço e numa casa de repouso.

Não somos levados a ficar impressionar pela idade de Abrão por causa do longo tempo de vida dos homens primitivos, mas Gênesis capítulo onze nos informa que a longevidade do homem dos tempos antigos era muito maior que na época de Abrão. Abrão morreu com a idade de 175 anos (25:7-8), um pouco mais do que Sem (11:10-11) ou Arfaxede (11:12-13). Um dos propósitos da genealogia do capítulo onze é o de nos informar que os homens estavam vivendo vidas mais curtas, e tendo filhos mais jovens. Abrão não era, em nossa linguagem, nenhum “frangote” quando deixou Harã e partiu para Canaã.

Tudo isto nos leva a pensar nas objeções e empecilhos que deviam estar na cabeça de Abrão quando recebeu o chamado de Deus. Ele partiu de Harã, não porque fosse a coisa mais fácil a fazer, mas porque Deus o levou a isso. Assim dizendo, não estou querendo glorificar a fé de Abrão, pois, como veremos, inicialmente sua fé foi muito fraca. Os obstáculos foram totalmente superados pela iniciativa de Deus logo nas primeiras fases da vida de Abrão. Isto resta ser provado.

A Ordem de Deus

O chamado de Abrão está registrado em Gênesis 12:1 “Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei.”

Uma tradução melhor da primeira sentença deste chamado é encontrada nas versões King James e Nova Versão Internacional, onde se lê: “O Senhor dissera a Abrão...”

A diferença é importante. Sem ela somos levados a pensar que o chamado de Abrão veio em Harã, não em Ur. Mas sabemos, pelas palavras de Estêvão, que o chamado de Abrão veio em Ur

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(Atos 7:2). O passado mais que perfeito (dissera) é tanto gramaticalmente correto quanto exegeticamente necessário. Ele nos diz que os versos 27 a 32 do capítulo 11 são um parênteses133, não seguindo rigorosamente uma ordem cronológica.

O chamado de Abrão veio junto com uma aparição de Deus.134 Embora Moisés tenha mencionado a aparição de Deus depois que Abrão já estava em Canaã (12:7), Estêvão nos informa que Deus apareceu a Abrão ainda em Ur (Atos 7:2). À luz de todas as objeções que poderiam ser levantadas por Abrão, tal aparição não deveria ser incomum. Deus também apareceu a Moisés na época de seu chamado (Êxodo 3:2, etc.).

Em certo sentido, a ordem de Deus para Abrão foi muito específica. Foi dito a Abrão, em detalhes, o que ele deveria deixar prá trás. Deveria deixar sua terra, seus parentes e a casa de seu pai. Deus iria fazer uma nova nação, não simplesmente revisar alguma já existente. Pouco da cultura, religião ou filosofia do povo de Ur deveria fazer parte daquilo que Deus planejou fazer com Seu povo, Israel.

Por outro lado, a ordem de Deus foi deliberadamente vaga. Enquanto aquilo que devia ser deixado prá trás era muito claro, aquilo que estava à frente era angustiantemente desprovido de detalhes “... para a terra que eu te mostrarei.”

Abrão não sabia nem mesmo onde habitaria. Como o escritor de Hebreus colocou: “...e partiu sem saber para onde ia.” (Hebreus 11:8)

A fé à qual somos chamados não é uma fé nalgum plano, mas numa pessoa. Muito mais do que onde ele estava, Deus se preocupava com quem ele estava, e em Quem confiava. Deus não está preocupado tanto com geografia quanto o está com santidade.

A relação entre a ordem de Deus a Abrão no verso um e o incidente em Babel no capítulo onze não deveria passar despercebida. Em Babel os homens preferiram desprezar a ordem de Deus de se dispersar e povoar a terra. Eles se empenharam em encontrar segurança e renome ao se unir e construir uma grande cidade (11:3-4). Eles procuraram bênção no fruto de seu próprio labor em vez de procurarem na promessa de Deus.

A ordem de Deus a Abrão é, com efeito, uma reversão daquilo que o homem tentou fazer em Babel. Abrão estava seguro e confortável em Ur, uma grande cidade. Deus o chamou para deixar aquela cidade e trocar sua casa por um tenda. Deus prometeu a Abrão um grande nome (aquilo que as pessoas de Babel procuravam, 11:4) por sair de Ur, deixando a segurança de sua parentela, e confiando somente em Deus. Quão diferentes são os caminhos do homem dos caminhos de Deus!

A Aliança com Abrão(12:2-3)

Tecnicamente, a aliança com Abrão não está no capítulo 12, mas nos capítulos 15 (verso 18) e 17 (versos, 2, 4, 7, 9, 10, 11, 13, 14, 19, 21), onde aparece a palavra aliança. É lá que seus detalhes específicos são pronunciados. Aqui no capítulo doze são introduzidas suas características gerais.

As três promessas principais estão contidas nos versos 2 e 3: terra, descendência e bênção. A terra, como já dissemos, está implícita no verso 1. Na época do chamado de Abrão, ele não sabia onde era esta terra. Em Siquém Deus prometeu lhe dar “esta terra” (12:7). Até o capítulo 15 não havia uma descrição completa da terra que seria dada:

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“Naquele mesmo dia, fez o Senhor aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates...” (Gênesis 15:18)

Esta terra jamais pertenceu a Abrão em vida, conforme Deus mesmo dissera (15:13-16). Quando Sara morreu, ele teve que comprar um pedaço de terra para sua sepultura (23:3 e ss). Aqueles que primeiramente leram o livro de Gênesis estavam prestes a tomar posse da terra que foi prometida a Abrão. Que emoção deve ter sido para as pessoas do tempo de Moisés ler esta promessa e perceber que a época da posse chegara.

A segunda promessa da aliança Abraâmica era que uma grande nação viria de Abrão. Já mencionamos a importância do Salmo 127 com relação aos esforços do homem em Babel. Bênçãos verdadeiras não vêm do trabalho árduo e torturantes horas de labor, mas do fruto da intimidade, chamado filhos. A bênção de Abraão deveria ser vista mais amplamente em seus descendentes. Eis aqui a base para o “grande nome” que Deus daria a Abrão.

Esta promessa exigia fé por parte de Abrão, pois era óbvio que ele já era idoso, e que Sarai, sua esposa, era incapaz de ter filhos (11:30). Passar-se-iam muitos anos antes que Abrão entendesse inteiramente que este herdeiro que Deus prometera viria da união dele com Sarai.

A última promessa era a bênção - bênção para ele, e bênção através dele. Muitas das bênçãos de Abrão viriam na forma de sua descendência, mas havia também a bênção que viria através do Messias, que traria salvação ao povo de Deus. Sobre esta esperança, nosso Senhor disse: “Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se.” (João 8:56)

Além disso, Abrão estava destinado a se tornar uma bênção para os homens de todas as nações. A bênção viria através de Abraão de muitas maneiras. Aqueles que reconhecessem a mão de Deus em Abrão e seus descendentes seriam abençoados por seu contato com eles. Faraó, por exemplo, foi abençoado ao exaltar José. Os homens de todas as nações seriam abençoados pelas Escrituras que, em grande parte, vieram através da instrumentalidade do povo judeu. Finalmente, o mundo inteiro foi abençoado pela vinda do Messias, que veio salvar homens de todas as nações, não apenas os judeus:

“Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos. De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão.” (Gálatas 3:7-9)

A Obediência de Abrão(Gênesis 11:31-32, 12:4-9)

Fico extremamente preocupado com a exaltação de heróis, especialmente pelos cristãos. Os gigantes da fé parecem ser personagens excelentes sem nenhuma falha evidente, como uma máquina de disciplina, e fé infalível. Não encontro tais pessoas na Bíblia. Os heróis da Bíblia são homens “sujeitos a paixões” (Tiago 5:17) e pés de barro. Esse é o meu tipo de herói. Posso me identificar com homens e mulheres como este. E, o mais importante, posso encontrar esperança para uma pessoa como eu. Pouco se admira de que homens como Pedro e não Paulo, sejam nossos heróis, pois podemos nos ver neles.

Abrão foi um homem como você e eu. O relato de Moisés desses primeiros passos da fé deixa evidente que muito mais deveria ser desejado e desenvolvido nele. Deus o chamou em Ur, mas Abrão não deixou a casa de seu pai ou de sua parentela. Agora realmente Abrão deixou Ur e foi para Harã, mas me parece que isto foi apenas porque seu pai pagão decidiu deixar Ur. Pode muito bem ter havido fatores econômicos ou políticos que tornaram a mudança oportuna, fora de qualquer consideração espiritual.

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Muitas das primeiras mudanças de Abrão não foram nem propositais, nem piedosas, antes foram mais reações passivas a forças externas. Deus providencialmente levou Terá a arrancar as raízes de Ur e mudar para Canaã (11:31). Por alguma razão, Terá e sua família parou próximo a Canaã, e permaneceu em Harã. Desde que Abrão não teve disposição ou foi incapaz de deixar a casa de seu pai, Deus levou o pai de Abrão à morte (11:32). Então Abrão obedeceu a Deus pela fé e entrou na terra de Canaã, mas somente após consideráveis passos preparatórios serem tomados por Deus.

Não estou dizendo que Abrão não obedeceu a Deus pela fé, mas foi uma fé muito fraca, e muito tardia. No entanto, será que tal afirmação contradiz as palavras das Escrituras? É inconsistente com as palavras do escritor aos Hebreus?

“Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia.” (Hebreus 11:8)

Pelo menos duas coisas devem ser ditas em resposta a esta questão. Primeiro, a ênfase de Hebreus 11 está na fé. O escritor desejava ressaltar os aspectos positivos do caminhar dos cristãos, não suas falhas. Assim, as falhas não são mencionadas. Segundo, coerentemente com esta abordagem, o autor não ressalta o quanto demorou a obediência de Abrão. Ele simplesmente escreveu “...Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir.” Lembremos que Abrão realmente foi para Canaã, exatamente como Moisés foi para o Egito, mas não sem uma considerável pressão por parte de Deus.

Não deveríamos achar isto desanimador, mas coerente com nossa própria relutância em colocar nosso futuro em linha com uma fé ativa, agressiva e inquestionável. Abraão foi um homem de grande fé - depois de anos de provações dadas por Deus. Mas na época do chamado de Abrão, ele era um homem cuja fé era muito pequena; verdadeira, mas pequena. E se formos honestos conosco mesmos, isso é justamente como a maioria de nós é. Em nossos melhores momentos, nossa fé é vibrante e vigorosa, mas nos momentos de provação, é fraca e escassa.

Uma vez na terra de Canaã, a rota tomada por Abrão é algo digno de nota. Antes de mais nada deve ser dito que foi uma rota que qualquer um esperaria que ele tivesse tomado se estivesse indo naquela direção. Uma olhadela no mapa do mundo antigo da época dos patriarcas indicaria que Abrão viajou por estradas bem movimentadas de sua época.135 Esta rota era aquela comumente usada por aqueles que estavam engajados no comércio daquele tempo.

Creio que esta é uma observação importante, pois muitos cristãos parecem sentir que o jeito de Deus é um jeito bizarro ou incomum. Não esperam que Deus os conduza de forma normal e previsível. A lição que precisamos aprender é esta: muitas vezes a maneira como Deus nos mandaria ir é, de qualquer forma, a mais lógica que teríamos escolhido. Somente quando Deus deseja nos afastar daquilo que é esperado é que devemos procurar por algo espetacular ou incomum.

Cassuto lembra que os lugares mencionados (Siquém, Betel, Neguebe) são muito importantes. Ele crê que a terra foi assim dividida em três regiões: a primeira, que se estendia desde o norte até Siquém, a segunda de Siquém até Betel, e a terceira de Betel até o limite ao sul.136

Jacó, após seu retorno de Padã-Harã, veio primeiramente a Siquém (33:18). Mais tarde foi instruído a subir até Betel (35:1, cf. verso 6). Tanto em Siquém quanto em Betel ele edificou altares, como Abrão, seu avô. (33:20, 25:7).

Quando Israel entrou em Canaã, para possuí-la sob a liderança de Josué, estas mesmas cidades chaves foram capturadas.

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Assim Josué os enviou, e eles se foram à emboscada, colocando-se entre Betel e Ai, ao ocidente de Ai; porém Josué passou aquela noite no meio do povo. (Josué 8:9)

Então, Josué edificou um altar ao Senhor, Deus de Israel, no monte Ebal. (Josué 8:30)

Cassuto conclui que a jornada incerta de Abrão delineou o território que pertenceria a Israel, e que os lugares onde ele parou previram simbolicamente a conquista da terra.137 Num comentário a parte, Cassuto acrescenta o fato de que esses lugares também foram os centros religiosos da adoração cananita.138 De fato, os atos de Abrão ao erigir os altares e proclamar o nome do Senhor profetizaram a época vindoura quando a verdadeira adoração sobrepujaria a religião pagã dos cananeus. Apesar de não ser conhecido o significado exato da expressão “invocou o nome do Senhor”, esta certamente é uma descrição de adoração. É difícil crer que o ato público de adoração de Abrão não fosse notado ou visto com especial interesse pelos cananeus. Pessoalmente, creio que haja algum tipo de papel missionário sendo desempenhado por Abrão. Como tal, teria sido um ato decorrente da fé.

Conclusão

Características de uma Vida de Fé

Desses primeiros acontecimentos do amadurecimento de Abrão na graça de Deus são encontrados muitos princípios que descrevem o andar da fé em todas as épocas, e, certamente também na nossa.

(1) A fé de Abrão foi ativada pela iniciativa de Deus. A soberania de Deus na salvação é belamente ilustrada no chamado de Abrão. Abrão veio de um lar pagão. Pelo nosso conhecimento, ele não tinha nenhuma qualidade espiritual que atraísse a Deus. Deus, em Sua graça eletiva, escolheu Abrão para segui-lO, enquanto ele ainda estava em seus próprios caminhos. Abrão, como Paulo, e os verdadeiros crentes de todas as épocas, reconheceria que foi Deus Quem o procurou e o salvou, com base na Sua graça.

(2) A obra soberana de Deus continuou ao longo da vida espiritual de Abrão. Deus não é soberano somente na salvação, mas soberano no processo de santificação. Tivesse a vida espiritual de Abrão dependido somente de sua dedicação, a história de Abrão teria terminado muito rapidamente. Tendo chamado Abrão, foi Deus quem providencialmente o levou ao ponto de deixar sua casa e sua terra e entrar em Canaã. Graças a Deus que nossas vidas espirituais são, no final das contas, dependentes de Sua fidelidade e não da nossa!

(3) A caminhada cristã é uma peregrinação. Abrão viveu como peregrino, procurando a cidade de Deus:

Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador. (Hebreus 11:9-10)

Nosso lar permanente não será encontrado nesse mundo, mas naquele que está por vir, na presença de nosso Senhor (cf. João 14:1-3). Essa é a mensagem do Novo Testamento (cf. Efésios 2:19, I Pedro 1:17, 2:11).

A tenda, então, é um símbolo de peregrinação. Ele não investe naquilo que não vai durar. Não ousa ficar atado àquilo que não pode levar com ele. Nesta vida não podemos esperar possuir plenamente aquilo que está reservado para o futuro, mas apenas vislumbrá-lo. A vida cristã não é conhecer exatamente o que o futuro reserva, mas conhecer Aquele que reserva o futuro.

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(4) A caminhada cristã está alicerçada na confiabilidade da Palavra de Deus. Quando você para pensar sobre isso, Abrão não tinha nenhuma prova concreta, tangível, de que uma vida de bênçãos estava à sua frente, fora de Ur, longe de sua família. Tudo com o que ele podia contar era Deus, O qual se revelara a ele.

No final das contas, isso é tudo o que qualquer um pode ter. Há, claro, evidências para uma fé racional, mas no fundo, no fundo, simplesmente devemos crer naquilo que Deus nos diz em Sua Palavra. Se a Sua “Palavra não é verdadeira e confiável, então, nós, de todos os homens, somos os mais miseráveis.”

Mas isso não é suficiente? O que mais podemos querer além da Palavra de Deus? Outro dia ouvi um pregador colocar isso de forma muito explícita. Ele citou o tão batido: “Deus falou. Eu creio. Tá falado.” O pregador disse que poderia ser até mais conciso: “Deus falou, tá falado, creia você ou não.” Gosto disto. A Palavra de Deus é suficiente para a fé do homem.

Deus disse que todos os homens são pecadores, merecedores e destinados à punição eterna. Deus mandou Seu filho Jesus Cristo, Aquele a quem Abrão aguardava no futuro, morrer na cruz para sofrer a penalidade pelo pecado do homem. Somente Ele oferece ao homem a justificação necessária para a vida eterna. Deus disse. Você crê?

(5) A caminhada cristã é simplesmente fazer aquilo que Deus nos diz para fazer e crer que Ele está nos guiando para tal. Deus disse a Abrão para partir sem saber aonde o caminho da obediência o levaria, mas, crendo que Deus o guiava, ele foi. Não espere que Deus indique cada curva da estrada com uma sinalização clara. Faça aquilo que Deus lhe diz para fazer da maneira mais consciente que você conheça. A fé não é desenvolvida por viver uma vida com alguma espécie de mapa, mas pelo uso da Palavra de Deus como bússola, apontando-nos a direção certa, embora desafiando-nos a andar pela fé e não pela vista.

À medida que Abrão ia de um lugar para outro, a vontade de Deus deve ter parecido um enigma. Mas, quando olhamos para o caminho trilhado por ele, podemos ver que Deus o esteve guiando o tempo todo. Se parou ou não ao longo da jornada foi irrelevante ou sem propósito. Tal será o caso quando pudermos olhar para trás em nossas vidas com a vantagem do ponto de vista do tempo.

(6) A caminhada cristã é um processo de crescimento na graça de Deus. Muitas vezes lemos sobre Abraão, um homem de fé, supondo que ele sempre foi esse tipo de homem. Espero que nosso estudo do período inicial de sua vida indique outra coisa. Há quanto tempo você é cristão, meu amigo? Um ano? Cinco anos? Vinte anos? Você percebe que, provavelmente, foram anos desde a época do chamado de Abrão até ele terminar em Canaã? Você sabe que depois dele entrar em Canaã foram outros 25 anos até ele ter seu filho Isaque? Você pode imaginar o fato de que depois de partir de Harã para Canaã, Deus trabalhou na vida de Abrão durante uma centena de anos? A fé cristã cresce. Cresce com o tempo e com as provações. Tal foi verdade na vida de Abrão139. Tal é o caso com todos os crentes.

O Chamado de Abraão

Gênesis é o livro das origens. Ali aprendemos como surgiu o universo, como a humanidade foi criada e como o pecado entrou no mundo. Uma vez que a salvação do pecado, conforme o ensino de Jesus, "vem dos judeus" (Jo 4.22) , em Gênesis também aprendemos como se originou aquele povo, a partir da chamada de Abrão, o grande patriarca de Israel.

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A história de Abrão começa em Gênesis 11, onde é narrada a sua saída de Ur dos caldeus, na Mesopotâmia, rumo a Harã. No capítulo 12, a Bíblia diz que quando Abrão estava em Harã, Deus falou com ele e lhe disse o seguinte: "Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção. Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados" (Gn 12.1-3) .

Obediente à ordem divina, Abrão, aos 75 anos de idade, juntou todos os seus bens e partiu para Canaã, atual Palestina, onde chegou com Sarai, sua mulher, com Ló, seu sobrinho, e com outras pessoas de sua casa. Ali o Senhor lhe falou de novo, dizendo: "À sua descendência darei esta terra" (Gn 12.7) . Então, Abrão edificou um altar ao Senhor e seguiu viagem. Fixou-se por algum tempo entre Betel e Ai, onde construiu outro altar e, então, continuou sua jornada, sempre rumo ao sul.

Duas lições importantesA história da chamada de Abrão serve como base para duas lições importantes. Em primeiro lugar, por ela aprendemos que, no relacionamento entre o homem e Deus, é sempre Deus quem toma a iniciativa. De fato, no livro de Josué, aprendemos que Abrão pertencia a uma família pagã, que adorava falsos deuses (Js 24.2). Somente por iniciativa do Deus verdadeiro aquele homem virou as costas para a religião de sua família e se tornou obediente ao Senhor.

Aliás, o Novo Testamento também mostra que é Deus quem dá o primeiro passo na busca do homem perdido já que, como ensina Paulo, "não há quem busque a Deus" (Rm 3.11). Lembremos ainda que Jesus ensinou isso claramente quando disse: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair..." (Jo 6.44). Assim, aqueles que buscam a Deus e andam com ele devem reconhecer com humilde e gratidão que só fazem isso porque o próprio Senhor, por sua graça e misericórdia, um dia os impulsionou.

Em segundo lugar, a história da chamada de Abrão nos ensina algo sobre a fé. De fato, o autor da carta aos Hebreus diz: "Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como herança, embora não soubesse para onde estava indo" (Hb 11.8). Nesse texto, vemos a forte conexão entre fé e obediência. Não uma obediência qualquer, mas uma obediência que se realiza mesmo quando aquele que crê não entende o que Deus tem em mente.

Assim, o homem de fé é aquele que obedece mesmo sem compreender as razões ou os propósitos das orientações de Deus. Ele obedece porque sabe que Deus é Deus e que seus caminhos não podem ser submetidos ao julgamento da limitada mente humana. Esse traço da fé genuína está em falta na vida dos cristãos modernos. Hoje, os homens separam a fé da obediência incondicional. Não têm a fé de Abraão. Será, então, que têm a aprovação do Deus de Abraão?

A história de Abraão (cerca de 1800 a.C.), o maior dos patriarcas hebreus da antiguidade, está no primeiro livro do Antigo Testamento da Bíblia. É a história de um homem que adquire

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sabedoria através da submissão à vontade de Deus, mesmo quando isso pode significar o sacrifício do próprio filho.

Abraão era conhecido originalmente como Abraão. Cresceu em Ur, cidade suméria situada à margem ocidental do Rio Eufrates, no atual Iraque. Eventualmente, Abraão mudou-se para Haran, onde passou a morar com a mulher, Sarai.

Abraão era monoteísta – acreditava em um ser supremo que está por trás de todas as forças da natureza e do acaso -, ao passo que, naquela época, muitos eram politeístas. Certo dia, Deus falou a Abraão. Mandou que tomasse sua mulher e seus pertences e fosse para uma terra chamada Canaã, que prometeu dar a Abraão e seus descendentes. Obedecendo a palavra de Deus, Abraão se mudou para Canaã, onde construiu diversos altares e templos para Ele.

Abraão ascende o Menorah, 1278. Museu Britânico, Londres.

Quando a fome atingiu Canaã, Abraão e Sarai foram para o Egito, mas depois voltaram. Como não tinham filhos e Sarai já havia passado da idade de conceber, a esposa insistiu que Abraão tomasse sua criada Hagar como concubina. Hagar logo deu à luz um filho, Ismael.

Pouco depois, Deus apareceu novamente a Abraão e o informou que Sarai iria conceber um filho. Ordenou que, em sinal de sua fé, Abraão e Sarai mudassem seus nomes para Abraão e Sara. Eles assim fizeram, e em um ano, Sara deu à luz Isaac. O casal obediente caiu nas graças de Deus. Ainda assim, a presença de Ismael, um filho que não era seu, pesava sobre Sara. Enfim, conseguiu convencer Abraão a expulsar Ismael e Hagar para o deserto.

Entretanto, Deus não havia terminado de testar Abraão, que logo depois recebeu uma nova ordem para levar seu filho ao Monte Moriá e lá sacrificá-lo, numa demonstração de sua fidelidade a Deus. Abraão bradou com todas as forças contra o comando, mas decidiu que deveria obedecer a Deus. Assim, levou Isaac para o monte e estava prestes a matá-lo quando um anjo interveio e ordenou que ele sacrificasse um carneiro em lugar do filho. Abraão havia passado em seu último e maior teste; sua obediência a Deus estava confirmada.

Abraão viveu longamente; após a morte de Sara, casou-se novamente e foi pai de muitos filhos, que lhe deram inúmeros netos. Quando morreu, o comando desse novo clá hebreu passou para Isaac. O filho mais velho de Abraão, Ismael, tornou-se o legendário pai dos árabes.

Uma vida de fé - AbraãoFonte: Revista Família Cristã

Abraão é um personagem central na compreensão da aliança de Deus com a humanidade. Não se pode ler nada na Bíblia, sem que o seu perfil se desenhe no horizonte. Não pelo poder que teve nem por façanhas que praticou, mas simplesmente porque acreditou.

A fé de Abraão anima toda a Bíblia. Ao lermos a sua história, no livro do Gênesis a partir do capítulo 12 vemos que sua grandeza vem do fato de que foi fiel ao chamado de Deus, que fez com ele uma aliança. Foi esta fidelidade à aliança proposta por Deus que o tornou um elo decisivo na história da salvação, um justo, pai de uma multidão inumerável de fiéis e patriarca do povo em que veio a nascer o Salvador.

Abrão estava bem instalado em Ur. na Mesopotâmia, quando ouviu de Deus que deveria deixar sua terra e partir, para cumprir uma grande missão.

Apesar dos 75 anos, Abrão topou. Acreditou. O gesto de Abrão se repetirá através da história da salvação. Se o homem não souber deixar as comodidades da vida, a busca exclusiva do que parece útil ou lhe pode trazer vantagem imediata, não será jamais fiel à aliança. Quem não crê e se agarra às seguranças ilusórias da vida, ao conforto e ao poder, não fará nunca nada de grande. A gente custa a compreender que não é Deus que entra na nossa vida, mas nós é que precisamos sair dela, convertermo-nos, para ir ao seu encontro, como Abrão teve de deixar família, bens e sua própria pátria para acolher o

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chamado de Deus e com ele fazer aliança.

Aí pêlos anos de l600 antes de Cristo, Abrão, já na terra de Canaã, precisou defender seu sobrinho Ló, que estava com todos seus familiares e bens sob os domínios de um vizinho.

Abrão libertou-os e a seus bens, mas se recusou a ficar com as riquezas do adversário vencido ou escravizá-lo, como era de praxe. Fez, vitorioso, um acordo de paz com os outros reis da região. A Bíblia menciona especialmente o misterioso Melquisedec, que significa meu rei é justiça, senhor de Salem, que significa paz. Melquisedec traz pão e vinho, como sacerdote do Deus Altíssimo, e abençoa Abrão, cuja vida se resume em justiça e paz.

como de todo homem que crê. A aliança comporta sempre uma exigência de justiça e de paz. Não há outro caminho para alcançá-la.

Como sinal da aliança que faz com Abrão, fiel e justo, Deus lhe promete então um filho e, através dele, uma posteridade numerosa, mudando-lhe o nome: "De hoje em diante te chamarás Abraão". A mulher de Abraão já havia passado da idade, mas ele acredita. A esterilidade nunca foi um obstáculo na realização do desígnio de Deus. Como nossos obstáculos e nossos limites que, se aceitos na fé, são convertidos em ocasiões de louvor a Deus e de reconhecimento de sua justiça.

A história de Abraão prossegue, marcada ainda por dois grandes acontecimentos.

Abraão ora pêlos pecadores de Sodoma e Gomorra. e consegue salvar o sobrinho na destruição das cidades. Teria salvo a todos, se houvessem ao menos dez justos na região! A oração da fé, unida à justiça, é fonte de salvação para todos.

Mas o grande acontecimento da vida de Abraão se dá quando Deus lhe faz o mais terrível pedido: sacrificar-lhe o próprio filho. O sacrifício de Isaac é um dos pontos culminantes da Bíblia, voltaremos a falar dele no próximo número.

Ninguém pode ter a pretensão de ser como Abraão, mas todos podemos admirar seu testemunho e colocar a fidelidade ao chamado de Deus e a busca da justiça acima de tudo, em nossa vida.