abordagens violentas da policia 2º ano

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ASSUNTO: A VIOLÊNCIA NAS ABORDAGENS POLICIAIS ANTE A POPULAÇÃO REFLETINDO SOBRE O ASSUNTO 1. Por que a abordagem policial muitas vezes é apresentada de forma violenta e agressiva? É uma questão de formação do profissional, formação pessoal, necessidade da profissão, é um padrão institucional, é um comportamento fruto do ambiente com os quais os policiais têm que conviver diariamente? 2. Quais as consequências dessa abordagem agressiva da força do agente de segurança pública? 3. Essa postura agressiva contradiz o conceito de sua profissão? Por quê? 4. Vocês recordam e podem citar casos em que a violência policial foi notícia em telejornais? 5. O corporativismo e a impunidade corroboram para essa prática de violência? Como? 6. Esse tipo de atitude da força policial reflete fracasso da instituição? Por quê? 7. Como mudar essa realidade de violência policial? Texto 01 O fracasso de um modelo violento e ineficaz de polícia Os meninos começaram a chorar mal foram trancados na caçamba do carro de polícia.

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Page 1: Abordagens violentas da policia 2º ano

ASSUNTO: A VIOLÊNCIA NAS ABORDAGENS POLICIAIS ANTE A POPULAÇÃO

REFLETINDO SOBRE O ASSUNTO

1. Por que a abordagem policial muitas vezes é apresentada de forma violenta e agressiva? É uma questão de formação do profissional, formação pessoal, necessidade da profissão, é um padrão institucional, é um comportamento fruto do ambiente com os quais os policiais têm que conviver diariamente?

2. Quais as consequências dessa abordagem agressiva da força do agente de segurança pública?

3. Essa postura agressiva contradiz o conceito de sua profissão? Por quê?

4. Vocês recordam e podem citar casos em que a violência policial foi notícia em telejornais?

5. O corporativismo e a impunidade corroboram para essa prática de violência? Como?

6. Esse tipo de atitude da força policial reflete fracasso da instituição? Por quê?

7. Como mudar essa realidade de violência policial?

Texto 01

O fracasso de um modelo violento e ineficaz de polícia

Os meninos começaram a chorar mal foram trancados na caçamba do carro de polícia.

"A gente nem começou a bater em vocês e já tão chorando?", gritou um policial para os adolescentes negros capturados como suspeitos de praticar furtos na região central do Rio. O camburão subia as curvas da floresta da Tijuca, na capital fluminense.

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Para os garotos, aquele desvio de percurso, da delegacia para a mata, seria um passeio fúnebre, registrado por câmeras instaladas no veículo -determinação de lei estadual de 2009, criada para vigiar os vigilantes e fornecer provas tanto de ações policiais legítimas como das consideradas ilegais.

Em uma parada no morro do Sumaré, contudo, a gravação é interrompida. Dez minutos depois, câmeras religadas, as imagens mostram os oficiais sozinhos no carro, descendo as mesmas curvas.

"Menos dois", diz um deles ao parceiro. "Se a gente fizer isso toda semana, dá pra ir diminuindo. A gente bate meta, né?", completa.

Dias depois, o corpo de Matheus Alves dos Santos, 14, foi encontrado no local graças a informações de M., 15, que levou dois tiros, mas sobreviveu porque conseguiu se fingir de morto mesmo ao ser chutado por um dos policiais.

Só em 2013, 2.212 pessoas foram mortas pelas polícias brasileiras, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Isso quer dizer que ao menos seis foram mortas por dia, ou uma a cada 100 mil brasileiros ao longo do ano. No mesmo período, a polícia norte-americana matou 409 pessoas. Já as corporações do Reino Unido e do Japão não mataram ninguém.

O ano de 2014 promete elevar ainda mais o patamar dessa barbárie: mortes cometidas por policiais paulistanos subiram mais de 100% em relação ao ano anterior. No Rio, o aumento foi de 40%, na comparação com números de 2013.

No Brasil, como se sabe, não há pena de morte. O furto, infração não violenta que teriam cometido os meninos do Sumaré, tem como pena máxima oito anos de reclusão. Apenas juízes podem determinar as penas, após processo que contemple o direito de defesa.

O marco jurídico, porém, parece não coibir ações como a dos cabos Vinícius Lima e Fábio Magalhães: a naturalidade com que desaparecem com os dois adolescentes na mata deixa claro que o procedimento não

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era excepcional. A falta de pudor com que comentam a ação diante da câmera levanta outra hipótese perversa: a de que contavam com a impunidade.

"Não podemos dizer que esses sejam casos de desvio individual de policiais", avalia Renato Sérgio de Lima -professor da FGV-SP, ele integra o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que produz o anuário estatístico. "Trata-se de um padrão institucional. É uma escolha encarar o crime como forma de enfrentamento."

Para o coronel José Vicente da Silva, da reserva da Polícia Militar de São Paulo, o número de mortos por policiais não pode ser visto isoladamente. "É desonestidade intelectual dizer que a polícia brasileira mata cinco vezes mais que a dos EUA porque aqui temos seis vezes mais homicídios do que lá. E nossos policiais morrem mais que os de qualquer outro lugar do mundo", protesta ele, citando dados: só no ano passado, diz, 1.500 PMs pediram demissão motivados pelos baixos salários e pelo constante risco de morte.

Nessa dinâmica, 490 policiais civis e militares foram mortos em serviço ou durante folgas em 2013.

(...)

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/02/1586223-o-fracasso-de-um-modelo-violento-e-ineficaz-de-policia.shtml

Texto 02

FORA DE CONTROLESomam-se aos números estatísticas que ilustram a relação negativa

dos brasileiros com suas polícias: segundo o Índice Confiança da Justiça, realizado pela FGV em 2012, 70% da população do país não confia na instituição, e 63% se declaram insatisfeitos com a atuação da polícia.

O medo diante da polícia também é registrado em cifras: um terço da população teme sofrer violência policial, e índice semelhante receia

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ser vítima de extorsão pela polícia -os dados são da Pesquisa Nacional de Vitimização (Datafolha/Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais, 2013).

Especialistas em segurança pública dos mais diversos matizes ideológicos convergem em seus diagnósticos: salvaguardados alguns avanços pontuais e localizados, seja na diminuição de certos crimes, seja no aumento da coordenação e da transparência em um ou outro aspecto, a polícia mata demais, é ineficiente no atendimento à população e nas investigações, tem setores racistas e corruptos, além de outros que desprezam leis e regulamentos. Como se não bastasse, as corporações perdem tempo e desperdiçam recursos com rivalidades entre si.

"A polícia tem vícios e defeitos inegáveis", afirma José Mariano Beltrame, secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro. "Só que existe um reducionismo no conceito de segurança pública, que hoje é sinônimo de polícia, quando deveria englobar controle de fronteiras, Ministério Público, Tribunal de Justiça e sistema carcerário", afirma.

"A situação que vivemos é resultado de uma série de políticas descontinuadas e de uma tradição brasileira de falta de diálogo entre as instituições. É cada um na sua. E tudo vira jogo de poder e vaidade."

As polícias, de fato, não se encontram sós nesse quadro tenebroso, em cujo verso estão os baixos salários, o treinamento deficiente, a falta de equipamentos e o duro enfrentamento de criminosos cada vez mais organizados e armados, que não vacilam em atirar, na certeza de que, ao escaparem vivos de um cerco, dificilmente serão pegos por uma investigação.

O embrutecimento dessa polícia é também o da sociedade brasileira, um país em que se banalizaram o assassinato, o racismo, o desrespeito às leis e a corrupção. O que deveria causar assombro e repúdio virou folclore ou "coisa do Brasil".

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2015/02/1586223-o-fracasso-de-um-modelo-violento-e-ineficaz-de-policia.shtml

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Texto 03

Outro ponto destacável é a escassez, em nosso país, de outra filosofia de atuação policial que não seja a distante, ríspida e superficial relação com a população, com quem o policial só se encontra nos momentos de crise, reativamente. Pensando que violência gera respeito, seria complicado entender casos em que policiais sozinhos atuam em municípios interioranos, gerenciando conflitos sem sequer alterar o tom de voz. Salvo a atuação de forasteiros, essas verdadeiras autoridades (geralmente cabos ou sargentos da PM) conseguem criar uma complexa rede de respeito comunitário. Sem violência.

Também precisamos diferenciar violência de rigor, ou seja, embora as polícias sejam violentas (os números mostram isso), são ainda muito lenientes com muitas práticas. Muitos grandes e pequenos infratores cometem crimes por anos a fio, sem qualquer represália. Uma polícia que anulasse essa impunidade democrática certamente seria mais respeitada. A Polícia Federal Brasileira, apesar de também possuir seus problemas, é festejada e respeitada pela sociedade em suas atuações eficazes.

Certamente, muitos dos que dizem a frase que ora combatemos, o fazem irrefletidamente, sem sequer observar o significado de “respeito”, bem distante do que sentimos quando sofremos alguma violência. O abuso da força policial gera medo, revolta, desconfiança… Sentimentos bem distantes dos que devem pautar a relação entre polícia e sociedade.

http://abordagempolicial.com/2011/03/a-policia-so-e-respeitada-porque-e-violenta/

Texto 04

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Texto 05

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Texto 07

PM retira alunos que ocupavam Secretaria de Educação do RJPoliciais usaram spray de pimenta; estudantes chegaram a desmaiar.Escolas no RS, PR e CE continuam ocupadas por alunos.

A tropa de choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro retirou, à força, estudantes que ocupavam a Secretaria estadual de Educação.

A ação foi de madrugada e sem um pedido de reintegração de posse. Muitos alunos saíram carregados. A Polícia Civil está investigando agora o que teria acontecido lá dentro.

Quatro e meia da manhã. O Batalhão de Choque chega à sede da Secretaria estadual de Educação. E surpreende os alunos que ocupavam o prédio desde sexta-feira (20) à tarde.

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Do lado de fora, os PMs empurram o portão. Lá dentro, os estudantes tentam evitar a entrada dos policiais.

Até que um PM joga spray de pimenta. E a tropa arromba o portão.Os estudantes são jogados para fora.Um rapaz perde os sentidos e fica caído no chão. Outro sai carregado e

inconsciente.“A gente só falou: ‘A gente não vai sair’, e sentamos no chão. A gente

não tacou pedras, não tacou pau, a gente não fez nada. A gente só ficou parado. Aí, eles chegaram assim: mata-leão, spray de pimenta na cara. Isso é a polícia que a gente quer?”, reclamou o estudante Henrique Barreto.

Na noite de sexta-feira (20), os estudantes se reuniram com o secretário de Educação. O vídeo do encontro foi publicado na internet pelos alunos.

Eles pediram melhorias na estrutura das escolas e mudanças, como a eleição direta pra diretores e fim de um sistema de avaliação.

Também disseram que foram agredidos por seguranças na entrada do prédio, e queriam garantias de que não haveria violência na saída.

O secretário respondeu: “Não é prática nossa fazer qualquer tipo de violência, não é a prática recomendada. Até porque você viu que tanto que vocês até entraram”.

(...)

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2016/05/pm-retira-alunos-que-ocupavam-secretaria-de-educacao-do-rj.html

Texto 08

PM mata menor suspeito de furtar carro em suposto confronto em SP

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Polícia Militar alega que revidou e atirou em garoto de 10 anos, que morreu.Menino de 11 que estava no veículo foi detido suspeito de participação.

A Polícia Militar (PM) matou um menor de idade suspeito de furtar um carro durante suposto confronto na noite de quinta-feira (2) na Zona Sul de São Paulo. O garoto de 10 anos foi baleado e morreu. Um menino de 11 anos que estava dentro do veículo foi detido por suspeita de participar do furto e do tiroteio. De acordo com o Bom Dia São Paulo, uma arma calibre 38 foi apreendida.

Ainda segundo o Bom Dia SP, a versão dos policiais militares para o explicar o que aconteceu é a de que eles estavam patrulhando a Rua José Ramon Urtiza, na Vila Andrade, por volta das 19h, quando viram um veículo furtado ocupado por duas pessoas.

De acordo com os policias, durante o acompanhamento da viatura da PM ao carro furtado, um dos garotos que conduzia o veículo perdeu o controle e bateu em um ônibus.

Em seguida, os policiais disseram que foram recebidos a tiros pelos menores quando iam fazer a abordagem ao carro roubado. No revide, o garoto de 10 anos foi atingido e morreu.

O menino de 11 anos acabou detido e apreendido. Segundo a polícia, ele portava uma arma.

(...)

A polícia também informou que o menino admitiu que ele e o colega atiraram contra os policiais.

Como é menor de idade, o menino de 11 anos acabou liberado do DHPP na companhia da mãe. A idade mínima de internação na Fundação Casa é de 12 anos. A Fundação aplica medidas socioeducativas para menores infratores.

Sem gravar entrevista, a mãe do menino disse à equipe de reportagem que não consegue controlar o filho. A mulher já teria passagem pela polícia. O pai do garoto está preso.

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O dono do veículo furtado foi localizado pela polícia.

http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2016/06/pm-mata-menor-suspeito-de-roubar-carro-em-suposto-confronto-em-sp.html

Texto 08

CORPORATIVISMO

p.ext. defesa exclusiva dos próprios interesses profissionais por parte de uma categoria funcional; espírito de corpo ou de grupo

Texto 10

Corporativismo atrapalha ações da Ouvidoria da Polícia

Por Talita AlessandraDe São Paulo (SP)

De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a quantidade de pessoas mortas por policiais militares no Estado subiu 111% no primeiro semestre de 2014 comparado ao mesmo período do ano passado. Embora tal aumento não passe despercebido pela sociedade, que denuncia tais atrocidades, os canais públicos de denúncia continuam ineficientes.

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É o caso, por exemplo, da Ouvidoria da Polícia, órgão da comunidade civil, independente, cuja principal função, é “ser porta-voz da população em atos irregulares praticados pela Polícia Civil e pela Polícia Militar”.

O ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo, Julio Cesar Fernandes Neves, que também é advogado e membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, explica que a Ouvidoria recebe denúncias diariamente e, embora não tenha poder para apurar e investigar, é obrigação de quem assume o cargo de ouvidor sair em campo para conhecer as situações e se empenhar na busca por providências contra atitudes arbitrárias de policiais. Quando o crime é grave, no caso de homicídio, por exemplo, a Ouvidoria encaminha a denúncia ao Ministério Público.

Vítima vira réuO corporativismo existente nas polícias é apontado por Neves como

um fator que dificulta o trabalho desenvolvido pela Ouvidoria, pois quem pode punir os policiais, na maioria das vezes, são seus próprios superiores. “Com certeza tem corporativismo nas polícias civil e militar. Se não ficar em cima e não cutucar, o resultado nunca sai como deveria. Só há punição quando o crime está claríssimo. Essa é a realidade”.

Para o ouvidor há muitas distorções propositais quando policiais cometem crimes, como tentar forjar um homicídio, de doloso para culposo. “Das centenas de mortes, são poucas as que vão para o tribunal do júri, porque antes havia a ‘resistência seguida de morte’, principalmente quando o crime ocorria na periferia. Assim, milhares de mortes não foram julgadas. Depois de muita luta, foi mudado para ‘morte decorrente de intervenção policial’, mas o efeito é o mesmo. De repente, o inquérito policial não vai nem para o promotor e é arquivado. O próprio promotor, às vezes, vê o boletim de ocorrência e faz a vítima, que está morta, virar réu. Isso não é em um ou dois casos, mas em centenas. Tem situações em que me sinto impotente”, desabafa.

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Quando a autoria do crime praticado pelo policial é comprovada a punição varia de acordo com o ato. Pode ser desde advertência à prisão e expulsão. O ouvidor pontua que o aumento da violência policial também se deve ao posicionamento do governador Geraldo Alckmin, que elogia e incentiva a truculência em seu discurso.

“Quando qualquer autoridade age assim, o comando da polícia cria as diretrizes para fazer o que quiser e seus subordinados seguem as ordens. É uma postura errada de um político com expressão”, argumenta Neves, ao mencionar que a relação de Alckmin com a Ouvidoria é ruim e o governador sequer cita a existência do órgão em suas falas, apenas menciona a Corregedoria (órgão responsável pela apuração de infrações e irregularidades cometidas por policiais), o que dá respaldo para as ações ilegais das polícias. 

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