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Abordagens Integrativas e

Planos Terapêuticos

Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas

Universidade Federal do Espírito Santo

Centro de Estudos e Pesquisas sobre Álcool e outras Drogas

Centro Regional de Referência sobre Drogas do Espírito Santo

Psic. Esp. Fernanda Dadalto Garcia

Enfª. Rayane Cristina Faria de Souza

Membros da Equipe Técnica CEPAD-UFES

VITÓRIA

2014

O que é Plano Terapêutico?

• É um conjunto de ações terapêuticas que são

determinadas a partir da análise de cada caso.

• Apresenta enfoque multiprofissional e

interdisciplinar

• Permite obter:

Controle de quadro agudo;

Controle de risco;

Remissão ou redução de sintomas;

Preparação para a alta hospitalar.

Cabe Lembrar:

De acordo com o art. 4º da Lei 12.216/01:

A internação hospitalar para pacientes com

transtorno mental, em qualquer de suas

modalidades, só será indicada quando os

recursos extra-hospitalares se mostrarem

insuficientes.

Muitos estudos relatam um número significativo de

internações determinadas pelo o uso/abuso do álcool.

Intensidade de beber entre adultos brasileiros

I Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira- SENAD, 2007.

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Álcool- Depressor do SNC

Dose dependente

Difunde-se pelos lipídios

Altera proteínas

Diminue função bomba NaK/ATPase

Altera condução elétrica

Estrutura do Receptor GABA

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Receptores GABA – Canais de Cl Função: inibição das vias nervosas

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Acrescentado álcool- Aumenta Cl: célula menos excitável

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Glutamato:

•Maior neurotransmissor excitatório do SNC

• Principal receptor NMDA (N-Metil-D-Aspatato)

•Álcool interage diretamente com os receptores NMDA, inibindo a ação do glutamato, com isso diminuindo entrada íons positivos ( cél menos excitáveis)

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Sistema Dopaminérgico

• Opióides endógenos e dopamina são liberados no hipotálamo, na área tegumentar ventral e no núcleo accumbes

• Relacionada à regulação da ansiedade, humor e sensação de prazer

• Álcool aumenta os níveis de beta opióides, e estes estimulam a liberação de Dopamina

EFEITO REFORÇADOR POSITIVO

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Canais de cálcio

• Desempenham importante função na despolarização e repolarização celular

• Regulam a liberação de neurotransmissores

•ÁLCOOL – inibe a abertura dos canais • Torna célula menos excitável

• Inibe liberação de neurotransmissores

Como estão mais no cerebelo explica a incoordenação marcha, alteração na atenção e sono.

GRAUS DE INTOXICAÇÃO ALCOÓLICA

• LEVE: EUFORIA,

INCOORDENAÇÃO MOTORA

• MODERADO: HUMOR INSTÁVEL,

JULGAMENTO PREJUDICADO

• GRAVE: DEPRESSÃO DOS CENTROS NERVOSOS

• MUITO GRAVE: COMA E MORTE.

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Diretrizes Diagnóstica de Alcoolismo, segundo CID-10

F-10

• F10.0 – Intoxicação aguda

• F10.1 – Uso nocivo

• F10.2 – Síndrome de dependência

Prevê a presença de pelo menos 3 dos seguintes itens:

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Diretrizes Diagnóstica de Alcoolismo, segundo CID-10

F-10

• Forte desejo de consumir o álcool.

• Dificuldade de controlar o início e término do

consumo

• Sinais de síndrome de abstinência

• Tolerância

• Prazer apenas no uso do álcool

• Persistência do uso do álcool, a despeito de

consequências nocivas

• F10.3 – Estado de abstinência

F 10.3.0 = Não complicado

F 10.3.1 = Com convulsões

• F 10.4 - Estado de abstinência com delirium tremens

• F10.5 – Transtorno psicótico

• F10.6 – Síndrome amnésica

• F10.7 – Transtorno psicótico residual de início tardio

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Principais Sinais e Sintomas da SAA.

• Taquicardia

• Hipertensão arterial

• Náuseas, vômitos

• Piloereção

• Tremores

• Aumento da temperatura corporal

• Sudorese

• Insônia

• Pesadelos

• Ansiedade

• Inquietação

• Depressão

• Confusão mental

• Alucinações

• Convulsões

Avaliação

Anamnese +último consumo

Diagnóstico SAA Co-morbidades

Ambulatório Internação

Clínica Psiquiátrica Nível I Nível II

Consenso sobre a Síndrome de Abstinência do Álcool (SAA) e o seu tratamento. Laranjeira e cols, Revista Brasileira de Psiquiatria, 2000

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Nível I - Ambulatório

• Leve agitação, tremores finos, sudorese

discreta, náuseas,

• Orientado no tempo e espaço, juízo crítico

mantido, ansiedade,

• Ter respaldo familiar, ter rede social

• Sem complicações clínicas ou psiquiátricas

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Nível II- Internação

• Agitação psicomotora intensa, tremores

generalizados, vômitos, hipersensilidade visual

• Desorientado, juízo crítico prejudicado, ansiedade

intensa, episódios de violência, com delírio,

alucinações

• Sem apoio social

• Com complicações clínicas ou psiquiátricas graves

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Avaliação Laboratorial

Hemograma (VCM)

Enzimas Hepáticas

Magnésio, sódio e potássio

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Tratamento

Objetivos:

1) Aliviar os sintomas

2) Prevenção de Delirium tremens e

convulsões

3) Vinculação ao tratamento de

dependência.

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Tratamento não farmacológico

• Esclarecimento sobre a SAA

• Monitorização frequente do paciente

• Ambiente tranquilo

• Limitação de contatos pessoais

• Hidratação adequada

• Cuidados com a nutrição

• Encorajamento positivo

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Tratamento Farmacológico

• Reposição de tiamina

• Benzodiazepínico - (prescrição

baseada em sintomas) - com retirada

gradual ao longo de 1 semana

• Casos graves: reposição de magnésio

Haloperidol

Tratamento: grande desafio clínico

• Desenvolver estratégias de curto e de longo prazo,

baseada em medicações;

• Aprimorar suporte psicossocial;

• Melhorar o tratamento da síndrome de abstinência;

• Monitorização contínua.

Classificação de alcoolismo (tipos)

• O quadro clínico dos alcoolistas é heterogêneo.

• Diferentes fatores de riscos: hereditariedade,

cultura, raça, psico-sociais.

• Variabilidade: na intensidade da Síndrome de

Abstinência, resultados terapêuticos e genética.

LESCH e cols, 1988; CARDOSO e cols, 2006

• Síndrome de Abstinência ao Álcool grave, muitas vezes com crises convulsivas e alucinações.

• Boa adaptação social.

• Não apresenta história de crimes. • Participa das atividades de lazer.

• Boa relação com familiares.

• Não apresenta distúrbios na infância.

Tipo I Modelo de alergia

Meta→ abstinência total

Tipo II Modelo de ansiedade

• Não apresenta comprometimento somático.

• Pode ser considerado como beber controlado, pois apresenta

aparentemente um beber apropriado.

• Tem boa atividade social.

• Menor atividade de lazer.

• Boa parceria com os pais, porém com domínio materno.

• Comportamento passivo.

• Quando alcoolizado muda o comportamento.

Uso de álcool pode ser fator de “tratamento” para as dificuldades enfrentadas no desenvolvimento psíquico.

Psicoterapia e tratamentos alternativos

Tipo III Modelo de depressão

• Comprometimento psiquiátrico.

• Bebem sozinhos.

• Com vários problemas sociais relacionado ao uso do álcool,

envolvendo, principalmente, sua família.

• Agressões com e sem álcool.

• Crimes relacionados ao álcool.

• Desemprego freqüente.

• Situação social ruim.

Tratamento das desordens psiquiátricas

Modelo de adaptação

Tipo IV

• Danos cerebrais neonatal ou até 14 anos.

• Complicações somáticas importantes: deteriorização cerebral, epilepsia,

polineuropatia, etc.

• Expectativa de vida pequena.

• Não conseguem uso apropriado de álcool.

• Grande dificuldade de interromper uso de bebidas.

• Dificuldade escolar.

• Sem atividades de lazer.

• Geralmente desempregados.

• Envolvem-se com crimes.

• Enurese noturna, gaguejar.

• Na relação familiar - mãe dominante e relacionamento pai difícil.

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Distribuição dos alcoolistas pela classificação da Tipologia

de Lesch (n= 170).

36

50 49

35 Lesch I - 21,2%

Lesch II - 29,4%

Lesch III - 28,8%

Lesch IV -20,6%

Zago-Gomes MP, Nakamura-Palacios EM. Alcohol Alcohol. 2009

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O que não fazer

•Administração empírica de glicose sem

reposição de tiamina

•Uso rotineiro de difenil-hidantoina.

•Administração de clorpromazina (pode

induzir a convulsões)

• Contenção física inadequada

Isto pode parecer engraçado...

Mas é uma DOENÇA e precisa de tratamento

O Alcoolismo é Tratável

• Estabelecer como meta viver a vida com prazer, sem o álcool