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1 ABERTURA ECONÔMICA E DEMANDA DE MÃO-DE-OBRA NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO DO ESTADO DE PERNAMBUCO 1986/1996 Filipe Reis Melo Resumo Atualmente o Neoliberalismo defende a abertura comercial nos países em vias de desenvolvimento como condição necessária para que estes países consigam superar seu atual estado de subdesenvolvimento. Baseados em pressupostos científicos da teoria econômica como o Teorema de Heckscher-Ohlin, e respaldados por investigações empíricas que corroboram sua teoria, os defensores da liberalização econômica asseguram que a abertura comercial suscita o aumento relativo da demanda de trabalho não qualificado nos países em vias de desenvolvimento, beneficiando desta forma, a maioria de sua força de trabalho que está constituída precisamente por trabalhadores de baixa qualificação. O objetivo deste trabalho é analisar a evolução da demanda de trabalho qualificado e não qualificado na indústria do estado de Pernambuco durante o período 1986-1996 e concluir se, tendo como pano de fundo a liberalização comercial brasileira, a abertura comercial possibilitou o aumento do emprego da mão-de-obra de baixa qualificação na indústria daquele estado. Já que a economia pernambucana apresenta uma abundante oferta de mão-de-obra não qualificada e uma escassez de mão-de-obra qualificada, a hipótese que se apresenta é a de que à medida que o processo de liberalização comercial se leve a cabo, exista um incremento relativo do emprego de trabalhadores de baixa qualificação no setor industrial. Palavras-Chave: Teorema de Heckscher-Ohlin, neoliberalismo, abertura econômica, Pernambuco, mão-de- obra. ECONOMIC OPENESS AND LABOUR DEMAND IN INDUSTRY OF PERNAMBUCO STATE 1986/1996 Abstract Neoliberalism defends the commercial opening in developing countries as an essential condition to overcome their underdeveloped state. Those who defend economic openness state that liberalization increases the demand of unskilled work in developing countries. They draw on scientific data of economic theory such as Heckscher- Ohlin Theorem, as well as empiric investigations which confirm that theory. In developing countries, the economic openness means benefits to the majority of labour force which is formed basically by unskilled workers. This paper sets out to analyze the evolution of skilled and unskilled work in the industry of Pernambuco State covering the period 1986-1996. The paper also examines whether the commercial opening increases unskilled labour. As long as the economy of Pernambuco is mostly formed by unskilled work as well as by a lack of skilled work, the expectation is that the commercial liberalization in process will result in a relative increase of unskilled work in the industrial sector. Keywords: Heckscher-Ohlin Theorem, neoliberalism, economic openness, Pernambuco, labour. Filipe Reis Melo é Economista, Especialista em Estudos Europeus e Doutor em Ciência Política e Sociologia.

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ABERTURA ECONÔMICA E DEMANDA DE MÃO-DE-OBRA NA INDÚSTRIA DE

TRANSFORMAÇÃO DO ESTADO DE PERNAMBUCO 1986/1996

Filipe Reis Melo∗

Resumo

Atualmente o Neoliberalismo defende a abertura comercial nos países em vias de desenvolvimento como

condição necessária para que estes países consigam superar seu atual estado de subdesenvolvimento. Baseados

em pressupostos científicos da teoria econômica como o Teorema de Heckscher-Ohlin, e respaldados por

investigações empíricas que corroboram sua teoria, os defensores da liberalização econômica asseguram que a

abertura comercial suscita o aumento relativo da demanda de trabalho não qualificado nos países em vias de

desenvolvimento, beneficiando desta forma, a maioria de sua força de trabalho que está constituída

precisamente por trabalhadores de baixa qualificação. O objetivo deste trabalho é analisar a evolução da

demanda de trabalho qualificado e não qualificado na indústria do estado de Pernambuco durante o período

1986-1996 e concluir se, tendo como pano de fundo a liberalização comercial brasileira, a abertura comercial

possibilitou o aumento do emprego da mão-de-obra de baixa qualificação na indústria daquele estado. Já que a

economia pernambucana apresenta uma abundante oferta de mão-de-obra não qualificada e uma escassez de

mão-de-obra qualificada, a hipótese que se apresenta é a de que à medida que o processo de liberalização

comercial se leve a cabo, exista um incremento relativo do emprego de trabalhadores de baixa qualificação no

setor industrial.

Palavras-Chave: Teorema de Heckscher-Ohlin, neoliberalismo, abertura econômica, Pernambuco, mão-de-

obra.

ECONOMIC OPENESS AND LABOUR DEMAND IN INDUSTRY OF PERNAMBUCO STATE

1986/1996

Abstract

Neoliberalism defends the commercial opening in developing countries as an essential condition to overcome

their underdeveloped state. Those who defend economic openness state that liberalization increases the demand

of unskilled work in developing countries. They draw on scientific data of economic theory such as Heckscher-

Ohlin Theorem, as well as empiric investigations which confirm that theory. In developing countries, the

economic openness means benefits to the majority of labour force which is formed basically by unskilled

workers. This paper sets out to analyze the evolution of skilled and unskilled work in the industry of

Pernambuco State covering the period 1986-1996. The paper also examines whether the commercial opening

increases unskilled labour. As long as the economy of Pernambuco is mostly formed by unskilled work as well

as by a lack of skilled work, the expectation is that the commercial liberalization in process will result in a

relative increase of unskilled work in the industrial sector.

Keywords: Heckscher-Ohlin Theorem, neoliberalism, economic openness, Pernambuco, labour. ∗ Filipe Reis Melo é Economista, Especialista em Estudos Europeus e Doutor em Ciência Política e Sociologia.

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Desde os anos oitenta, com o esgotamento do modelo de desenvolvimento chamado de Substituição

de Importações, alguns países latino-americanos começaram a pôr em prática políticas de

liberalização comercial, seguindo os planos de ajuste estrutural propostos pelo Fundo Monetário

Internacional (FMI), conhecidos como o Consenso de Washington. Por trás deste movimento existe a

crença de que o livre comércio pode elevar o bem-estar da população e gerar um círculo virtuoso de

crescimento. O Brasil não ficou à margem deste processo, ainda que tenha iniciado a sua experiência

na década de noventa.

Após várias décadas de crescimento baseado num modelo relativamente protecionista, o governo

brasileiro abandonou esta estratégia e iniciou a partir de começos da década de noventa reformas

neoliberais. Os anos noventa são por tanto, um marco na história econômica brasileira. O Brasil, que

até o final da década de oitenta, era um país fechado ao fluxo de comércio internacional, com uma

forte presença do Estado como produtor de bens e serviços, passou a ser uma economia aberta, com

pouca proteção comercial. A busca por aumentos de produtividade que possibilitasse melhores

condições num mercado cada vez mais internacionalizado suscitou várias mudanças nas estruturas

produtivas e na organização das empresas. O governo brasileiro empreendeu um amplo processo de

privatização de empresas públicas, fazendo com que o Estado reduzisse substancialmente sua

presença na economia. Estas transformações tiveram grande efeito não só sobre o ritmo de

crescimento da economia, mas também sobre o mercado de trabalho.

Definição do Problema

Atualmente o Neoliberalismo defende a liberalização comercial como condição necessária para que

países como o Brasil superem sua condição de subdesenvolvimento. Fundamentados em supostos

científicos da teoria econômica e respaldados por investigações empíricas que corroboram sua teoria,

os defensores do Neoliberalismo argumentam que a abertura comercial suscita um aumento da

demanda de trabalho pouco qualificado nos países em vias de desenvolvimento, beneficiando desta

forma, a maioria da sua força de trabalho que está constituída precisamente por trabalhadores de baixa

qualificação.

O problema reside no fato de que a partir da década de noventa, apareceram algumas investigações

cujos resultados contradizem o previsto pela teoria neoliberal no que se refere aos efeitos sobre a

demanda de trabalho qualificado e não qualificado.

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Trabalhos Precedentes

A maioria dos estudos que relaciona a abertura comercial à variação da demanda de trabalho realizada

sobre os países do continente asiático, se refere aos chamados Tigres Asiáticos (Hong Kong,

Singapura, Coréia e Taiwan). Muitos estudiosos citam estes países como exemplos de casos onde uma

abertura comercial significou o aumento relativo da demanda de trabalho pouco qualificado. E de fato,

os resultados destes estudos são consistentes com a hipótese de que a abertura comercial é responsável

pelo incremento relativo da demanda de mão-de-obra pouco qualificada em países em vias de

desenvolvimento, o que vem reforçar a credibilidade e a notoriedade do Teorema de Heckscher-Ohlin.

Além dos estudos realizados para os quatro Tigres Asiáticos, Robbins (1994a) analisou o

comportamento dos salários na Malásia entre 1973 e 1989, período no qual as exportações de

manufaturas cresceram rapidamente, e os relacionou com o nível de estudo da mão-de-obra,

concluindo que houve um persistente aumento da demanda de trabalho pouco qualificado

(trabalhadores sem nível superior), cuja tendência continuou até princípios dos anos noventa, como

conseqüência do aumento da demanda desta categoria de trabalhadores pelo setor exportador,

intensivo em mão-de-obra pouco qualificada. Marouani (2000), num estudo sobre a Tunísia, concluiu

que a abertura comercial durante os anos noventa provocou um forte incremento da demanda de

trabalho medianamente qualificado e também, porém em menor medida, um aumento da demanda de

trabalho não qualificado, enquanto houve uma diminuição da demanda de trabalho muito qualificado.

São resultados que reforçam a credibilidade do Teorema de Heckscher-Ohlin.

Robbins (1994b, 1995a, 1995b, 1996), Robbins e Gindling (1997) e Robbins et al (1995) estudaram os

casos da Argentina, Chile, Colômbia, Uruguai e Costa Rica. O estudo da experiência argentina está

limitado a um período de sete anos, durante o qual a hiperinflação foi determinante e não se pôde

chegar a uma conclusão segura. Nos quatro outros países, os períodos estudados coincidem com a

liberalização comercial, e se concluiu que houve um aumento da demanda de trabalho qualificado. No

Chile, o incremento da demanda de trabalho qualificado se verificou durante quase todo o período

estudado, entre 1975 e 1992. A esta mesma conclusão chegou Caire (1998). Já na Colômbia e na

Costa Rica, se verificou um aumento da demanda de trabalho não qualificado da metade dos anos

setenta até meados dos anos oitenta, comprovando assim o Teorema de Heckscher-Ohlin. Mas nesses

países, esta tendência se inverteu em meados dos anos oitenta. No Uruguai, entre 1990 e 1995, a

demanda de trabalho qualificado se elevou após a queda das tarifas aduaneiras. No México, a partir

dos anos oitenta, houve um aumento da demanda de trabalho qualificado durante a liberalização

comercial. Os estudos realizados por Feenstra e Hanson (1995) e por Revenga e Montenegro (1995)

concluíram que a diferença salarial entre trabalhadores qualificados e não qualificados no setor das

manufaturas aumentou fortemente entre 1984 e 1990, como resultado do aumento relativo da demanda

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de trabalho qualificado, especialmente na zona fronteiriça com os Estados Unidos, onde se concentra a

maior parte dos investimentos estrangeiros.

A relação entre abertura comercial e emprego na economia brasileira foi estudada por autores como

Barros et al (1996) e Amadeo e Szkurnik (1997), que se limitaram a analisar o impacto sobre o

emprego industrial sem levar em conta a qualificação da mão-de-obra. Entre as conclusões mais

relevantes, encontra-se a de que a abertura comercial foi responsável pela perda de emprego industrial,

concentrada nos setores Têxtil, Mecânica, e Material Elétrico e Comunicação. Já na investigação de

Moreira e Correa (1996), se estudou o período 1989-1995 para todo o país e se concluiu que houve

uma perda de participação da economia nacional dos setores intensivos em trabalho com relação aos

setores intensivos em tecnologia, ao mesmo tempo em que se constatou um aumento dos setores

intensivos em recursos naturais. Machado (1997) analisou o padrão de comércio internacional

brasileiro do ano de 1980 e constatou que, para aquele ano, a economia brasileira respondia aos

padrões de comércio previstos no modelo de Heckscher-Ohlin.

A investigação de Moreira e Najberg (1997) avaliou as relações entre o comércio internacional e o

emprego durante o período 1990-1996 para toda a economia brasileira. Essa investigação classificou a

mão-de-obra em três categorias: alta, média e baixa, consoante o nível salarial. Os resultados

encontrados estão de acordo com o modelo Heckscher-Ohlin, mas não são relevantes. Ferreira e

Machado (2001) utilizaram correlações para estudar as diferentes variáveis que compõem a cadeia de

causalidade do Teorema de Heckscher-Ohlin. As conclusões não foram claras, já que algumas

variáveis se comportaram segundo o previsto no Teorema, mas outras apresentaram um

comportamento oposto ao previsto. Em Gonzaga et al (2001), se estudou o comportamento de duas

variáveis: trabalho qualificado e trabalho não qualificado. Mais uma vez, se encontram conclusões

contraditórias que por um lado corroboram o Teorema e por outro o contradizem. Menezes-Filho e

Rodrigues Jr. (2001) estudaram a demanda de mão-de-obra qualificada no setor industrial brasileiro.

Concluíram que a demanda de trabalhadores com onze ou mais anos de estudo aumentou entre 1981 e

1997. Arbache (2001) crê que os efeitos da abertura comercial sobre o mercado de trabalho dos países

em vias de desenvolvimento são muito complexos de se quantificar e medir, mas segundo os mais

recentes estudos empíricos, os efeitos sobre a demanda de trabalho naqueles países são bastante

similares ao que vem ocorrendo nos países desenvolvidos. Barros, Mendonça e Foguel (1996), Hay

(1997) e Mattoso e Pochmann (1998) concluíram que a liberalização comercial brasileira foi

responsável por grande parte da diminuição do emprego industrial nos anos noventa. Arbache e

Conseuil (2001) concluíram que o incremento da importação afetou especialmente o emprego das

indústrias intensivas em trabalho menos qualificado.

Em resumo, as experiências de liberalização comercial empreendidas em países em vias de

desenvolvimento, especialmente aquelas durante as décadas de sessenta e setenta, corroboram o

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Teorema de Heckscher-Ohlin, mas há uma minoria não menosprezável de experiências,

principalmente a partir dos anos oitenta, que contradiz o previsto no Teorema. O mesmo ocorre nos

estudos da experiência brasileira, cujos resultados mais recentes parecem indicar que a abertura

comercial beneficia mais a mão-de-obra qualificada do que a mão-de-obra não qualificada.

Objetivo do Trabalho

O objetivo desta investigação é analisar a evolução da demanda de trabalho qualificado e não

qualificado na indústria de transformação do estado de Pernambuco durante o período 1986-1996 e

concluir se, durante os primeiros anos da liberalização comercial brasileira, a abertura comercial

possibilitou o incremento do emprego da mão-de-obra de baixa qualificação no setor industrial do

estado de Pernambuco. O período escolhido foi a partir de 1986, um ano após o governo civil suceder

o governo militar, até 1996, seis anos após o início efetivo da implementação de reformas neoliberais.

Hipótese

Sendo a economia pernambucana uma economia em vias de desenvolvimento, onde há uma abundante

oferta de mão-de-obra pouco qualificada e uma escassez de mão-de-obra de alta qualificação, a

hipótese que se apresenta é a de que à medida que o processo de liberalização comercial avance, exista

um aumento relativo do emprego de trabalhadores de baixa qualificação no setor industrial

pernambucano, corroborando, desta forma, o previsto no modelo teórico neoliberal.

Proposta de Trabalho

A primeira parte deste trabalho traz uma das teorias mais utilizadas para explicar os efeitos do

comércio internacional sobre o mercado de trabalho numa determinada economia, o Teorema de

Heckscher-Ohlin. Ainda que este Teorema explique as transformações experimentadas por economias

desenvolvidas e subdesenvolvidas, esta explanação se limita àquelas que dizem respeito a economias

subdesenvolvidas.

Em seguida, expõe-se como a corrente de pensamento neoliberal, no que se refere ao comércio

internacional, se fundamenta cientificamente em grande medida no Teorema de Heckscher-Ohlin, cuja

principal percepção é a de que os países têm vantagens comparativas naqueles produtos cuja

fabricação é intensiva nos fatores produtivos nos quais estão relativamente melhor dotados; e, por

outro lado, deveriam importar bens cuja fabricação é intensiva em fatores que são escassos no seu

mercado interno. Finalmente se analisa a evolução do emprego no setor industrial pernambucano

durante o período 1985-1996.

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Metodologia e Fonte de Dados

O estudo das conseqüências do comércio sobre o emprego enfrenta vários obstáculos metodológicos,

principalmente dada a dificuldade de isolar os efeitos das diferentes variáveis implicadas no processo.

A principal fonte de dados deste trabalho é do Ministério do Trabalho, derivada da Relação Anual de

Informações Sociais (RAIS). Refere-se à totalidade das empresas do estado de Pernambuco, a partir

das informações fornecidas anualmente pelas empresas. Isto significa que estes dados não levam em

conta os trabalhadores informais empregados nas empresas, mas cujo número se sabe não é

insignificante.

O primeiro passo na análise foi analisar a estrutura de proteção tarifária brasileira para precisar quais

setores tiveram a estrutura tarifária desmantelada mais rapidamente. Em seguida se analisou quais os

setores mais afetados pelos aumentos das importações. Para tal, utilizou-se o resultado da investigação

de Haguenauer, Markwald e Pourchet (1998), na qual se mediu o coeficiente de penetração das

importações para os diferentes setores do setor industrial.

As investigações que tratam de quantificar o trabalho qualificado e não qualificado costumam

encontrar alguns problemas de definição de trabalho qualificado e não qualificado. A tradicional

divisão de mão-de-obra entre trabalhadores administrativos (white-collar) e trabalhadores da cadeia de

produção (blue-collar) é pouco confiável porque a composição da qualificação muda ao longo do

tempo. O uso de dados salariais classificados por nível educacional talvez fosse mais satisfatório, mas

há algumas limitações e nem sempre estão disponíveis.

Uma vez que ainda não se estabeleceu um critério preciso que defina o termo qualificação, o uso de

anos de estudo é ainda o critério mais utilizado por comodidade e por não se encontrar um critério

mais preciso, já que o mecanismo pelo qual a escola transfere habilidade às pessoas é bastante

discutível.

Como não existe um método único para classificar a mão-de-obra entre qualificada e não qualificada,

alguns autores como Berman, Bound e Griliches (1994), Sachs e Shatz (1994) e Lawrence e Slaughter

(1993), identificaram os trabalhadores que não estão vinculados diretamente à linha de produção como

trabalhadores qualificados, enquanto os trabalhadores ligados diretamente à linha de produção, como

trabalhadores não qualificados. Carvalho e Haddad (1997) utilizaram uma ferramenta mais refinada

para determinar o nível de qualificação. Estimaram uma equação a partir de duas variáveis: anos de

escolaridade e anos de trabalho. Outros autores como Machado (1997), utilizam o número de anos de

estudo para identificar o nível de qualificação do trabalhador. A eleição deste último método neste

trabalho deveu-se mais pela disponibilidade de dados.

Em trabalhos como este, independentemente do método adotado para classificar a mão-de-obra, é

muito importante ter em conta as variáveis internas que podem ter influência sobre as alterações da

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demanda de trabalho e desta forma, condicionar os resultados. Se não se leva isto em consideração, há

o risco de apontar o comércio como causador de mudanças que na realidade não lhe correspondem, ou

ainda, de não detectar a real influência dos fluxos comerciais sobre o mercado de trabalho.

No caso deste presente trabalho, classificou-se a mão-de-obra empregada na indústria de Pernambuco

segundo os anos de estudo do trabalhador. Dividiu-se em dois grandes grupos: o primeiro é

considerado o grupo de trabalhadores qualificados e está composto por trabalhadores que têm curso

superior; o segundo é o conjunto dos trabalhadores que não se encaixam no primeiro grupo e, por

tanto, são considerados trabalhadores não qualificados. Este segundo grupo foi dividido em cinco

subcategorias: Analfabetos, Primeiro Grau Menor Incompleto, Primeiro Grau Menor, Primeiro Grau

Maior e Segundo Grau. Em seguida, através do método estatístico de correlação, se calculou a

correlação entre demissão de trabalhadores e emprego de trabalho qualificado em cada setor industrial

do estado de Pernambuco.

Marco Teórico

Atualmente uma das teorias mais utilizadas para explicar os efeitos do comércio sobre o mercado de

trabalho é o Teorema de Heckscher-Ohlin. Este modelo foi bastante utilizado nos anos sessenta e

setenta e foi adaptado ao contexto dos anos noventa do final do século XX por vários autores, entre os

quais se destacam Wood (1994, 1995a 1995b, 1997, 1998, 1999) e Arbache (1998a, 1998b, 1999) que

protagonizaram um debate sobre a validade deste modelo para explicar as conseqüências da abertura

comercial sobre o mercado trabalhista dos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento.

Segundo este modelo teórico, a abertura comercial nos países em vias de desenvolvimento se traduz

num benefício geral para a economia do país e para a grande maioria de seus trabalhadores porque

expande a demanda de trabalho pouco qualificado. Isto se explica porque como há uma grande oferta

deste tipo de mão-de-obra nos países em vias de desenvolvimento, estes países aproveitam este fator

abundante para se especializarem naqueles produtos e serviços que utilizam este fator de produção de

forma intensiva. Experiências de vários países em vias de desenvolvimento que empreenderam o

caminho da liberalização comercial confirmam esta teoria. Não obstante, há um conjunto de países

que, ao empreender as mesmas reformas econômicas, não obtiveram os mesmos resultados. Por tanto,

questiona-se: por que o Teorema de Heckscher-Ohlin funcionou de acordo com o previsto no modelo

em alguns casos e em outros não?

Primeiro Modelo

Neste modelo há dois países (um em vias de desenvolvimento e outro desenvolvido), dois fatores de

produção (trabalho não qualificado e trabalho qualificado), dois bens comerciáveis (um intensivo em

trabalho não qualificado e outro intensivo em trabalho qualificado) e um serviço não comerciável

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intensivo em mão-de-obra não qualificada. O país desenvolvido é relativamente melhor dotado em

trabalho qualificado, enquanto que o país em vias de desenvolvimento é mais bem dotado em trabalho

não qualificado. O país em vias de desenvolvimento tem uma oferta relativamente maior de mão-de-

obra não qualificada, o que lhe dá uma vantagem comparativa em bens intensivos em mão-de-obra

não qualificada e o país desenvolvido possui uma oferta relativamente maior em mão-de-obra

qualificada, o que lhe dá uma vantagem comparativa em bens intensivos em trabalho qualificado.

Neste modelo, o comércio e os salários estão vinculados através dos preços dos produtos. Desta

forma, se houver uma queda no preço do produto intensivo em trabalho não qualificado com relação

ao preço do produto intensivo em trabalho qualificado, o resultado é uma redução relativa do salário

dos trabalhadores pouco qualificados em relação ao salário dos trabalhadores qualificados.

Sob estas condições, e se as preferências dos consumidores são as mesmas em ambos os países, os

bens intensivos em trabalho não qualificado apresentam preços relativos mais baixos no país em vias

de desenvolvimento; e os bens intensivos em trabalho qualificado têm um preço relativo mais baixo

no país desenvolvido. Uma abertura comercial seguida de uma expansão do comércio entre os dois

países provoca no mercado interno do país em vias de desenvolvimento o aumento da demanda dos

bens intensivos em trabalho não qualificado como resultado da importação destes bens por parte do

país desenvolvido. Ao mesmo tempo, o preço do bem intensivo em trabalho qualificado cai como

resultado do aumento da oferta deste bem procedente do país desenvolvido.

No Gráfico 1 o eixo vertical representa o quociente [salário de trabalho não qualificado/salário de

trabalho qualificado], enquanto que o eixo horizontal representa o número de trabalhadores não

qualificados em relação ao número de trabalhadores qualificados. A linha diagonal dd representa a

curva de demanda de trabalho não qualificado para uma economia fechada ao comércio exterior.

Neste caso, os salários são determinados pela interseção da linha dd com a curva de oferta relativa de

trabalhadores não qualificados (aqui assumida como perfeitamente inelástica para simplificar), cuja

posição depende da disponibilidade da mão-de-obra qualificada e não qualificada que tem o país. Com

uma curva de oferta S2, como num país bem dotado de trabalhadores não qualificados, o quociente

[salário de trabalho não qualificado/salário de trabalho qualificado] se situa no ponto W0.

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Gráfico 1: Modelo com um bem e dois países

Fonte: WOOD, Adrian (1995b): Does trade reduce wage inequality in developing countries? Brighton, Institute of Development Studies, University of Sussex, p. 4a.

A curva de demanda para um país aberto ao comércio exterior é a linha DD, que se compõe de dois

segmentos descendentes unidos por um segmento central horizontal. Esta corta a linha dd no ponto B

do eixo horizontal. Se um país apresenta esta proporção de trabalhadores qualificados e não

qualificados, não obtém nenhum benefício do comércio, mesmo que tenha uma economia aberta. Os

países em vias de desenvolvimento que geralmente apresentam um número muito maior de

trabalhadores não qualificados do que o de trabalhadores qualificados, costumam situar-se à direita do

ponto B; ao contrário, os países desenvolvidos normalmente se situam à esquerda deste ponto. Desta

forma, para um país em vias de desenvolvimento (curva de oferta S2), o comércio beneficia os

trabalhadores não qualificados, já que a curva DD (caso de uma economia aberta ao comércio

internacional) está por cima da curva dd (caso de uma economia fechada ao comércio internacional).

Com uma curva de oferta S2, o quociente [salário de trabalho não qualificado/salário de trabalho

qualificado] sobe do ponto W0 até o ponto W2, diminuindo assim a disparidade salarial entre os

trabalhadores qualificados e os não qualificados.

Para um país em vias de desenvolvimento, situar-se à direita do ponto B tem dois significados: se

estiver no segmento horizontal da curva de demanda DD e apresentar uma curva de demanda S1, o

país tem uma economia diversificada porque produz bens intensivos em trabalho qualificado e não

qualificado. Porém, se sua curva de demanda for S2, esta corta a curva de demanda DD no segmento

descendente, o que significa que tem uma proporção de trabalhadores não qualificados muito alta e

Salário de

trabalho não qualificado salário de trabalho

qualificado

Trabalhadores não qualificados /trabalhadores qualificados

d

d S2 S1 BS3

D

W1

W2

W0 D

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praticamente não produz bens intensivos em trabalho qualificado. Neste caso, o país se especializa em

bens intensivos em mão-de-obra não qualificada e em produtos e/ou serviços não comerciáveis. Outro

caso extremo é o do país desenvolvido cuja curva de demanda é S3 e se especializa em bens intensivos

em trabalho qualificado.

Segundo modelo

O primeiro modelo pode, grosso modo, ser aplicado a casos em que se incluam vários bens e vários

países, sem que se mude a conclusão básica do teorema que é a de que a demanda dos trabalhadores

não qualificados aumenta relativamente nos países em vias de desenvolvimento quando aqueles abrem

suas economias ao comércio internacional.

O Gráfico 2 apresenta o mesmo princípio do Gráfico 1, exceto que representa seis bens em vez de

dois. Por isso, a curva de demanda DD contém cinco segmentos horizontais. Quanto mais produtos

forem incluídos na análise, mais curtos serão os segmentos horizontais até o extremo de que se o

número de bens tende a infinito, os segmentos horizontais tendem a se converterem num único

segmento diagonal [como nos modelos de Dornbusch, Ficher e Samuelson (1980), e nos de Feenstra e

Hanson (1995)]. Os países cuja curva de oferta S, corta a curva DD em algum segmento horizontal

produzem dois bens com diferentes intensidades no que se refere ao nível de qualificação de mão-de-

obra. Já os países cuja interseção da curva de oferta com a curva de demanda estiver num segmento

diagonal da curva DD, produzem um único bem comerciável. Supõe-se que todos os países estão

especializados na produção de determinados bens e que nenhum deles produz todos os bens. Neste

caso, pequenas mudanças na oferta de trabalho não são suficientes para alterar os salários, já que sua

curva de oferta corta a curva DD num segmento horizontal. Só mudanças mais bruscas têm a

capacidade de mover o ponto de interseção entre a curva de oferta e de demanda ao longo da linha

DD, transferindo este ponto de interseção a outro segmento da linha DD.

Os efeitos sobre os salários relativos podem ser apreciados quando se compara a curva de demanda de

uma economia aberta DD com a curva de demanda de uma economia fechada dd. Para países em vias

de desenvolvimento, ou seja, para países cuja curva de oferta está à direita do ponto B, uma redução

das barreiras comerciais provoca um aumento da demanda de trabalho não qualificado e,

conseqüentemente, uma diminuição da disparidade salarial.

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Gráfico 2: Modelo com vários bens e vários países

Trabalhadores não qualificados/trabalhadores qualificados

Fonte: WOOD, Adrian (1995b): Does trade reduce wage inequality in developing countries? Brighton, Institute of Development Studies, University of Sussex, p. 4a.

Assim, quanto maior for a proporção da mão-de-obra não qualificada em relação à mão-de-obra

qualificada, isto é, quanto mais à direita do ponto B estiver a curva de oferta do país, maior será o

impacto de uma abertura comercial sobre os salários relativos. Países de desenvolvimento intermédio

que apresentam quantidades de mão-de-obra qualificada e não qualificada mais aproximadas estarão

bem próximos ao ponto B. Nestes casos, estes países se especializam em produtos de uso de

tecnologia e qualificação intermediária, enquanto importam bens de mais alto e mais baixo nível no

que se refere ao uso da qualificação profissional.

O Teorema de Heckscher-Ohlin supõe a existência de uma relação direta entre o preço dos bens e o

salário dos trabalhadores. Mas nas economias dos países em vias de desenvolvimento há uma grande

oferta de mão-de-obra não qualificada, o que faz com que a oferta de trabalhadores não qualificados

seja muito elástica. Desta forma, mesmo que haja um aumento da demanda de mão-de-obra não

qualificada, não é suficiente para forçar uma subida no salário desta categoria.

Apesar da grande probabilidade de encontrar economias em vias de desenvolvimento com mercados

de trabalho que apresente esta característica, o Teorema de Heckscher-Ohlin continua sendo válido

como marco de análise, uma vez que a composição relativa do emprego da mão-de-obra qualificada e

não qualificada se alteraria mesmo nestas condições. Por tanto, este Teorema conserva sua utilidade

como marco teórico tanto nos casos em que ser quer estudar o preço relativo dos salários, como

também o efeito sobre a composição do emprego, o que é o caso deste trabalho.

Salário de

trabalho não qualificado salário de trabalho

qualificado

d

S2 S1BS3

D

D

d

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Teorema de Heckscher-Ohlin como Fundamento do Neoliberalismo

Não vale a pena aqui discorrer sobre os conceitos existentes sobre o Neoliberalismo para não se

extrapolar os limites deste trabalho. No entanto, no que se refere ao comércio internacional, o

Neoliberalismo o promove largamente como sendo um meio através do qual os países alcançam um

bem-estar geral de suas populações. Segundo esta corrente de pensamento, como nenhum país é capaz

de produzir um leque de produtos tão diversificado como o mercado internacional, o comércio

promove o bem-estar dos consumidores, bem como permite aos produtores o acesso a insumos e bens

de capital mais especializados e a melhores preços.

Hidalgo (1998b) ratifica o Teorema de Heckscher-Ohlin argumentando que o livre comércio, em

sintonia com o princípio das vantagens comparativas, tende a aumentar a remuneração do fator

abundante na economia e a diminuir a remuneração do fator de produção escasso. Isto terá efeitos

benéficos sobre a distribuição de renda. O conhecimento das vantagens comparativas permite saber

quais os setores onde o país, ou região, tem melhores condições de competir. Nesta mesma linha de

pensamento, Fitoussi (1999) considera que os intercâmbios internacionais incitam os países a se

especializarem em produções que utilizam de maneira preferente os fatores de produção dos quais

dispõem com relativa abundância e a importar bens cuja produção requeira a utilização de fatores dos

quais dispõem com menor abundância.

Mão-de-Obra na Indústria do Estado de Pernambuco e Abertura Comercial

O comportamento da economia do estado de Pernambuco reflete os movimentos da economia

nacional, já que faz parte de uma unidade político-administrativa inserta no contexto de uma

federação. A indústria de Pernambuco experimentou notáveis mudanças após as reformas econômicas

a partir de 1990. A estrutura do emprego foi uma das variáveis atingidas tanto qualitativa quanto

quantitativamente. O emprego no setor industrial do estado de Pernambuco acusou uma forte

diminuição entre 1986 e 1996, principalmente a partir de 1990, ano em que se iniciou a efetiva

abertura comercial brasileira. A maior exposição da indústria à competência estrangeira induziu as

empresas pernambucanas a modernizarem seus processos produtivos a fim de reduzir seus custos e

manter-se no mercado. A reestruturação industrial se traduziu numa diminuição de 32% da quantidade

de trabalhadores empregados na indústria.

O Gráfico 3 mostra a evolução do número de trabalhadores empregados na indústria entre os anos

1985 e 1998. Em 1985 a indústria empregava 178.685 trabalhadores, mas em 1998 só empregava

128.990 trabalhadores. É principalmente a partir de 1989-1990, quando o governo iniciou as reformas

econômicas, que se nota uma tendência à redução do número de trabalhadores. Apenas entre 1993 e

1995, este número aumentou ligeiramente.

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Gráfico 3: Número de trabalhadores empregados na indústria de Pernambuco (1985-1998)

Fonte: Elaboração própria; Dados: Ministério do Trabalho (RAIS).

Como se vê na Tabela 1, no que concerne à produtividade do trabalhador, apenas três setores

apresentaram uma produtividade por trabalhador negativa: Minerais não metálicos, Madeira e Móveis,

e Têxtil. Os demais setores experimentaram um aumento de produtividade.

Quanto ao número de trabalhadores, há quatro setores que se destacam por haver reduzido em mais da

metade o número do pessoal empregado: Calçados, Mecânica, Metalúrgica e Química. A maior

redução se deu no setor Calçados, com uma diminuição de 79% dos trabalhadores entre 1986 e 1996.

050.000

100.000150.000200.000250.000

1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998

Anos

Nº d

e Tr

abal

hado

res

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Tabela 1: Percentagem de Trabalhadores Empregados em 1996 e Percentagem de Produção Industrial de

1996 para a Indústria do Estado de Pernambuco

No que se refere ao grau de qualificação dos trabalhadores, a Tabela 2 e o Gráfico 4 mostram como,

de forma generalizada, houve um aumento do emprego de uma mão-de-obra com mais anos de estudo,

ou seja, houve uma melhoria na qualificação dos trabalhadores. Esta tendência obedece à mesma

tendência detectada por Néri et al (2000) num estudo para todo o território nacional. O conjunto da

indústria de Pernambuco, entre 1986 e 1996, apresentou um aumento relativo dos trabalhadores com

mais anos de estudo, principalmente nas três categorias superiores: Curso Superior, 2º Grau e 1º Grau

Maior, passando de 2,2% a 3,1%; de 8,8% a 11,9% e de 11,7% a 15,7% respectivamente. A quarta

categoria que apresentou um aumento relativo foi 1º Grau Menor Incompleto que passou de 21,7% a

24,2%. Já as categorias Analfabetos e 1º Grau Menor registraram uma diminuição, passando de 25,6%

para 18,2%, e de 30,0% para 26,9% respectivamente.

Setores

Percentagem de Trabalhadores Empregados em 1996 como

percentagem dos empregados em 1986 (base: 1986=100)1

Produção em 1996 como percentagem da produção de 1986 (base: 1986=100)2

Minerais não metálicos 77 55,9Metalurgia 42 100,3Mecânica 33 n.d.

Material elétrico e comunicação 91 114,3Material de transporte 82 n.d.

Madeira e móveis 76 44,2Papel e gráfica 77 98

Borracha, fumo e couro 53 105Química 49 75,4

Têxtil 61 39,5Calçados 21 55,5

Alimentos e bebidas 74 83,73 / 107,84

Total da indústria 68 82,8Fonte: Elaboração própria.

n.d.=dados não disponíveis.

2) Dados da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco.3) Dado para o sub-setor Alimentos.4) Dado para o sub-setor Bebidas.

1) Dados do Ministério do Trabalho (RAIS).

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Tabela 2: Percentagem de trabalhadores na indústria de Pernambuco por anos de estudo

em 1986 e em 1996

Os setores Minerais não Metálicos, e Borracha/Fumo/Couro registraram um pequeno retrocesso na

sua qualificação de trabalhadores, apesar de terem diminuído o emprego de trabalhadores analfabetos.

Os setores Material Elétrico e Comunicação, e Transporte não apresentaram uma tendência definida,

exceto na categoria Curso Superior, cujos níveis descenderam. Os demais setores apresentaram uma

melhoria geral no nível de qualificação. Os setores Madeira e Móveis, e Alimentos e Bebidas

registraram uma melhoria nos níveis de qualificação menos acentuada do que a apresentada pelos

setores Papel e Gráfica, Calçados, Mecânica, Têxtil, Química e Metalurgia.

1986 1996 1986 1996 1986 1996 1986 1996 1986 1996 1986 1996Minerais não metálicos 11 8,1 32,5 34,1 33,8 33,5 9,7 13,1 9,6 8,9 3,4 2,3

Metalurgia 1,7 2,1 26,5 12,3 37,9 35,3 17,3 25,3 13,3 21,5 3,3 3,5Mecânica 1,5 2 18,9 4,7 36 26,2 22,1 25,7 18 32,6 3,5 9

Material elétrico e comunicação 1,5 0,5 16,5 7,2 34,3 26,2 18,8 31,4 22,4 30 7 4,5Material de transporte 0,6 2,2 21,1 12,5 40,6 30 19,6 27,2 14,1 22,3 4 2,8

Madeira e móveis 9,7 3 19,3 19,1 44,2 44 17,6 21,9 8,3 10,5 0,9 1,6Papel e gráfica 3 1,1 8,6 4,5 40 25,1 24,8 24,3 18,7 25 5 20

Borracha, fumo e couro 5,3 2,1 13,6 18 37,3 44,1 24,8 21,4 14,7 12,3 4,3 2,2Química 5,5 2,1 17 11,6 31,9 32,5 18,2 21 21,6 25,8 5,8 7

Têxtil 2,6 1,6 13,7 9,2 58,6 46,9 17,2 27 6,8 13,7 1 1,4Calçados 1,2 0,8 16,9 10,6 56,3 35,4 20,3 31,8 4,8 18,4 0,5 2,8

Alimentos e bebidas 45,3 30,1 25 31,1 17,7 19,4 5,9 10,8 5 6,8 1,1 1,8Total da indústria 25,6 18,2 21,7 24,2 30 26,9 11,7 15,7 8,8 11,9 2,2 3,1

Fonte: Elaboração própria.Dados do Ministério do Trabalho (RAIS).

Setores

Anos de estudo

AnalfabetosDe 3 a 6:

1ºG.Menor incompleto

De 7 a 10: 1ºG. Menor

De 11 a 13: 1ºG. Maior

De 14 a 17: 2º Grau

18 ou mais: Curso

Superior

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0%5%

10%15%20%25%30%35%

Analfabetos 1º G.MenorIncompleto

1º G. Menor 1º G. Maior 2º Grau CursoSuperior

1986 1996

Gráfico 4: Análise Comparativa por Anos de Estudo dos Trabalhadores da Indústria de

Pernambuco (1986 e 1996)

Fonte: Elaboração própria. Dados do Ministério do Trabalho (RAIS).

A Tabela 3 apresenta o valor da correlação entre a porcentagem de trabalhadores com curso superior

empregados em cada setor (variável X) e o total dos trabalhadores empregados em cada setor (variável

Y) para o período 1986-1996. O objetivo foi averiguar se existe algum grau de relação entre as duas

variáveis, ou seja, entre o emprego de trabalhadores de alta qualificação e a demissão de

trabalhadores. Estas duas variáveis podem apresentar uma correlação positiva, negativa ou nula. Será

positiva quando as duas variáveis tendem a variar conjuntamente no mesmo sentido. Será negativa

quando as variáveis variam em sentido opostos e será nula quando a variação das variáveis não

depende uma da outra.

Para o conjunto da indústria de Pernambuco se obteve um coeficiente de correlação de –0,37, o que

significa que não há uma correlação significativa entre as duas variáveis. Mas, para os seis primeiros

setores que aparecem na Tabela 3, o resultado foi significativo. Isto significa que para estes setores,

enquanto se diminuía a quantidade de pessoal empregado, aumentava a participação relativa dos

trabalhadores com curso superior. Além disto, os setores Calçados, Metalurgia, Mecânica e Química

foram os quatro setores que mais perderam pessoal, conforme os dados da Tabela 1. Os dados

parecem indicar que, para estes setores, o fator mão-de-obra qualificada é importante. Há cinco

setores para os quais o coeficiente não é significativo e apenas o setor Borracha/Fumo/Couro

apresentou um coeficiente significativo positivo, o que significa que enquanto se diminuía o número

de trabalhadores, também diminuía a quantidade relativa de mão-de-obra qualificada. Apesar da

indústria como um todo não apresentar um coeficiente de correlação significativo, o fato de que a

metade dos setores apresente uma correlação negativa significativa, já é suficiente para indicar que a

indústria de Pernambuco não reagiu à abertura comercial segundo o Teorema de Heckscher-Ohlin.

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Tabela 3: Coeficiente de Correlação entre a Porcentagem dos Trabalhadores com curso superior em cada

Setor Industrial (variável X) e o Total dos Trabalhadores Empregados em cada Setor (variável Y) para o Período 1986-1996

Ao se considerar a categoria 2º Grau como mão-de-obra de média qualificação e ao se refazer o

cálculo do coeficiente de correlação utilizando o peso da mão-de-obra qualificada (Curso Superior)

somada à mão de obra de média qualificação (2º Grau), os resultados são um pouco diferentes do

anterior.

A Tabela 4, a seguir, mostra como para o conjunto da indústria se obtém um coeficiente de correlação

de -0,86, o que significa que há uma forte correlação negativa entre as duas variáveis. Neste caso,

enquanto se diminuía a quantidade de trabalhadores empregados, se aumentava a quantidade relativa

de trabalhadores das duas categorias superiores (Segundo Grau e Curso Superior). Dentre os doze

setores da indústria, sete apresentaram uma correlação negativa significativa.

Chama a atenção o fato de que os quatro setores que perderam mais de 50% dos trabalhadores entre

1986 e 1996 (Calçados, Mecânica, Metalurgia e Química) estejam entre os seis setores (Papel e

Gráfica, Calçados, Mecânica, Têxtil, Química e Metalurgia) que apresentaram a mudança mais

significativa no que ser refere à composição da mão-de-obra. E esta mudança na composição foi no

sentido do aumento da quantidade relativa de trabalhadores com mais anos de estudo.

Houve um incremento relativo de trabalhadores com mais anos de estudo durante o período no qual a

indústria pernambucana se viu afetada pelo aumento da concorrência a conseqüência da abertura

comercial. Durante este período as empresas que se mantiveram no mercado optaram por manter a

mão-de-obra melhor qualificada.

Setores Coeficiente de Correlação (r)Alimentos e Bebidas -0,89

Química -0,83Metalurgia -0,74Calçados -0,66

Têxtil -0,58Mecânica -0,56

Papel e Gráfica -0,47Madeira e Móveis -0,47

Material Elétrico e Comunicação -0,09Material de Transporte 0,03Minerais não Metálicos 0,39Borracha, fumo e couro 0,59

Total da Indústria -0,37Fonte: Elaboração própria.Dados do Ministério do Trabalho (RAIS).

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Tabela 4: Coeficiente de Correlação entre a Porcentagem dos Trabalhadores com curso superior mais os

Trabalhadores com 2º Grau Empregados em cada Setor Industrial (variável X) e o Total dos Trabalhadores Empregados em cada Setor (variável Y) para o

Período 1986-1996

Os novos processos incorporados passaram a exigir um trabalhador mais preparado e mais

qualificado. O trabalhador menos qualificado tem-se convertido em não apto para exercer as novas

tarefas no seio da produção industrial, como o diz Cardoso Jr. (1999, p.8) ao analisar a indústria

brasileira durante os anos noventa:

A reconversão produtiva promoveu investimentos em modernização tecnológica que dispensou

grande parte dos trabalhadores menos qualificados, em nome de racionalização de custos e conquista

de produtividade e competitividade internacional. Por sua vez, a reestruturação organizacional

eliminou inúmeros postos de trabalho intermediários e de baixo conteúdo técnico exigido, mantendo

empregado um conjunto de trabalhadores mais qualificado e de remuneração média mais elevada nos

estratos inferiores (…).

Por tanto, as mudanças enfrentadas pela indústria pernambucana, principalmente a partir da década de

noventa, parece encaixar num modelo de fenômeno mundial que é a maior exigência aos

trabalhadores quanto ao seu nível técnico e educativo. A capacidade de autonomia é cada vez mais

requerida, assim com uma maior capacidade de aprendizado permanente.

Conclusão

A primeira e mais importante conclusão a que se chega uma vez vistos estes resultados é a de que o

setor industrial da economia pernambucana não reagiu à abertura comercial segundo o previsto no

Setores Coeficiente de Correlação (r)Metalurgia -0,97

Alimentos e Bebidas -0,97Química -0,8

Têxtil -0,8Papel e Gráfica -0,74

Madeira y Móveis -0,66Calçados -0,66

Material Elétrico e Comunicação -0,37Mecânica -0,33

Borracha, fumo e couro -0,09Minerais não Metálicos 0,12Material de Transporte 0,63

Total da Indústria -0,86Fonte: Elaboração própria.Dados do Ministério do Trabalho (RAIS).

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Teorema de Heckscher-Ohlin, já que se verificou um aumento da mão-de-obra qualificada (Curso

Superior) em seis dos doze setores industriais.

Constatou-se um incremento da demanda de trabalhadores com maiores níveis de qualificação,

confirmando assim uma tendência nacional já ressaltada em anteriores trabalhos sobre a mão-de-obra

brasileira (Menezes-Filho e Rodrigues Jr., 2001). Este aumento do nível de qualificação se refletiu de

forma mais clara ao considerar as duas categorias de qualificação superiores em conjunto (Segundo

Grau e Curso Superior).

A dispensa de trabalhadores atingiu em maior medida os trabalhadores menos qualificados. O

coeficiente de correlação entre o número de empregados e a porcentagem de trabalhadores das

categorias Curso Superior Completo e Segundo Grau Completo para o conjunto da indústria

pernambucana foi de -0,86, o que significa uma forte correlação entre as duas variáveis.

Para o conjunto da indústria de Pernambuco se obteve um coeficiente de correlação de -0,37 entre o

número total de empregados e a porcentagem de trabalhadores qualificados, o que significa que não há

uma correlação significativa entre as duas variáveis. Por outro lado, a metade dos setores industriais

apresentou um coeficiente negativo significativo: Alimentos e Bebidas, Química, Metalurgia,

Calçados, Têxtil e Mecânica. Para estes setores, à medida que se demitiam trabalhadores, aumentava o

peso relativo de trabalhadores mais qualificados. Os dados indicam que o fator mão-de-obra

qualificada é importante para estes setores. O conjunto da indústria pernambucana experimentou um

ligeiro aumento da demanda de trabalhadores de uma qualificação média ou alta. Isto parece indicar

que a incorporação de novos processos produtivos mais avançados tecnologicamente exigiu a

substituição de uma mão-de-obra mais qualificada (mais anos de estudo) por uma mão-de-obra menos

qualificada (menos anos de estudo).

Em resumo, apesar de que a indústria como um todo não apresenta um coeficiente de correlação

significativo, o fato de que seis dos doze setores industriais apresentem uma forte correlação negativa

entre o peso da mão-de-obra qualificada (Curso Superior) e o total de trabalhadores, já é suficiente

para indicar que a indústria pernambucana não reagiu segundo o previsto no modelo de Heckscher-

Ohlin.

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