abacaxi-producao

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ABACAXI Produção Aspectos Técnicos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Mandioca e Fruticultura Ministério da Agricultura e do Abastecimento Domingo Haroldo Reinhardt Luiz Francisco da Silva Souza José Renato Santos Cabral Organizadores Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia Brasília - DF 2000

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  • ABACAXIProduo

    Aspectos Tcnicos

    Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaEmbrapa Mandioca e FruticulturaMinistrio da Agricultura e do Abastecimento

    Domingo Haroldo ReinhardtLuiz Francisco da Silva Souza

    Jos Renato Santos CabralOrganizadores

    Embrapa Comunicao para Transferncia de TecnologiaBraslia - DF

    2000

  • Srie Frutas do Brasil, 7

    Copyright 2000 Embrapa/MA

    Exemplares desta publicao podem ser solicitados a:

    Embrapa Comunicao para Transferncia de TecnologiaSAIN Parque Rural - W/3 Norte (final)Caixa Postal: 040315CEP 70770-901 - Braslia-DFFone: (61) 448-4236Fax: (61) [email protected]

    CENAGRIEsplanada dos MinistriosBloco D - Anexo B - TrreoCaixa Postal: 02432CEP 70849-970 - Braslia-DFFone: (61) 218-2615/2515/321-8360Fax: (61) [email protected]

    Responsvel pela edio: Jos Mrcio de Moura SilvaCoordenao editorial: Embrapa Comunicao para Transferncia de TecnologiaReviso, normalizao bibliogrfica e edio: Vitria RodriguesPlanejamento grfico e editorao: Marcelo Mancuso da Cunha

    1 edio1 impresso (2000): 3.000 exemplares

    Todos os direitos reservados.A reproduo no autorizada desta publicao, no todo ou em parte,

    constitui violao do Copyright (Lei n.9.610).

    CIP-Brasil. Catalogao-na-publicao.Embrapa Comunicao para Transferncia de Tecnologia.

    Abacaxi. Produo: aspectos tcnicos / organizado por Domingo HaroldoReinhardte; Luiz Francisco da Silva Souza; Jos Renato Santos Cabral;Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA). Braslia: EmbrapaComunicao para Transferncia de Tecnologia, 2000.77 p. ; il ; (Frutas do Brasil ; 7).

    Inclui -bibliografiaISBN 85-7383-084-0

    1. Abacaxi - Cultivo. 2. Abacaxi - Produo. I. Reinhardt, Domingo Haroldo,org. II. Souza, Luiz Francisco da Silva, org. III. Cabral, Jos Renato Santos, org.IV. Embrapa Mandioca Fruticultura (Cruz das Almas, BA). V. Srie.

    CDD 634.774

    Embrapa 2000

    Embrapa Mandioca e FruticulturaRua Embrapa, s/nCaixa Postal 007CEP 44380-000 - Cruz das Almas-BAFone: (75) 721-2120Fax: (75) [email protected]

  • AAUTUTORESORES

    Antnio da Silva SouzaEngenheiro Agrnomo, Dr. em Biotecnologia Vegetal, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

    Aristteles Pires de MatosEngenheiro Agrnomo, PhD em Fitopatologia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

    Carlos Estevo Leite CardosoEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em Economia Agrria, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

    Ceclia Helena Silvino Prata RitzingerEngenheira Agrnoma, PhD em Nematologia, Pesquisadora da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

    Dilson da Cunha CostaEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em Nematologia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

    Domingo Haroldo ReinhardtEngenheiro Agrnomo, PhD em Fisiologia Vegetal, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

    Getlio Augusto Pinto da CunhaEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em Fitotecnia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

    Jos da Silva SouzaEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em Economia Rural, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

    Jos Renato Santos CabralEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em Fitotecnia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

    Luiz Francisco da Silva SouzaEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em Cincia do Solo, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

  • Nilton Fritzons SanchesEngenheiro Agrnomo, M.Sc. em Entomologia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

    Otvio Alvares de AlmeidaEngenheiro Civil, M.Sc. em Recursos Hdricos, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

    Paulo Ernesto Meissner FilhoEngenheiro Agrnomo, D.Sc. em Virologia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e FruticulturaCaixa Postal 007. CEP 44380-000 - Cruz das Almas - [email protected]

  • APRESENTAPRESENTAOAO

    Uma das caratersticas do Programa Avana Brasil a de conduzir os empreendi-mentos do Estado, concretizando as metas que propiciem ganhos sociais e institucionaispara as comunidades s quais se destinam. O trabalho feito para que, ao final daimplantao de uma infra-estrutura de produo, as comunidades envolvidas acrescen-tem, s obras de engenharia civil requeridas, o aprendizado em habilitao e organizao,que lhes permita gerar emprego e renda, agregando valor aos bens e servios produzidos.

    O Ministrio da Agricultura e do Abastecimento participa desse esforo, com oobjetivo de qualificar nossas frutas para vencer as barreiras que lhes so impostas nocomrcio internacional. O zelo e a segurana alimentar que ajudam a compor umdiagnstico de qualidade com sanidade so itens muito importantes na competio comoutros pases produtores.

    Essas preocupaes orientaram a concepo e a implantao do Programa de Apoio Produo e Exportao de Frutas, Hortalias, Flores e Plantas Ornamentais FRUPEX.O Programa Avana Brasil, com esses mesmos fins, promove o empreendimentoInovao Tecnolgica para a Fruticultura Irrigada no Semi-rido Nordestino.

    Este Manual rene conhecimentos tcnicos necessrios produo do abacaxi. Taisconhecimentos foram reunidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Embrapa em parceria com as demais instituies do Sistema Nacional de PesquisaAgropecuria, para dar melhores condies de trabalho ao setor produtivo, preocupadoem alcanar padres adequados para a exportao.

    As orientaes que se encontram neste Manual so o resultado da parceria entre oEstado e o setor produtivo. As grandes beneficiadas sero as comunidades para as quaisas obras de engenharia tambm levaro ganhos sociais e institucionais incontestveis.

    Tirem todo o proveito possvel desses conhecimentos.

    Marcus Vinicius Pratini de Moraes

    Ministro da Agricultura e do Abastecimento

  • SUMRIOSUMRIO

    1. INTRODUO .................................................................................................................................... 9

    2. ASPECTOS SOCIOECONMICOS ............................................................................................... 10

    3. EXIGNCIAS EDAFOCLIMTICAS ............................................................................................ 11

    4. A PLANTA E O SEU CICLO ........................................................................................................... 13

    5. VARIEDADES.................................................................................................................................... 15

    6. MANEJO E PRODUO DE MUDAS ........................................................................................ 19

    7. PREPARO DO SOLO E CORREO DE ACIDEZ................................................................... 23

    8. PLANTIO ............................................................................................................................................ 25

    9. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS..................................................................................... 28

    10. ADUBAO ..................................................................................................................................... 30

    11. IRRIGAO ..................................................................................................................................... 35

    12. MANEJO DA FLORAO ............................................................................................................ 41

    13. DOENAS E SEU CONTROLE ................................................................................................... 45

    14. NEMATIDES E SEU CONTROLE ........................................................................................... 51

    15. PRAGAS E SEU CONTROLE ....................................................................................................... 56

    16. MURCHA ASSOCIADA COCHONILHA ................................................................................ 62

    17. COLHEITA, ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE...................................................... 66

    18. MANEJO DA SOCA (SEGUNDO CICLO) ................................................................................. 68

    19. COMERCIALIZAO .................................................................................................................... 69

    20. CUSTOS DE PRODUO E RECEITAS ESPERADAS ........................................................ 71

    21. REFERNCIAS ................................................................................................................................ 75

  • 99Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    1 INTRODUOLuiz Francisco da Silva Souza

    Jos Renato Santos CabralDomingo Haroldo Reinhardt

    O abacaxizeiro , provavelmen-te, originrio da regio com-preendida entre 15 N e 30S de latitude e 40 L e 60 W de longitude,o que inclui as zonas central e sul do Brasil,o nordeste da Argentina e o Paraguai. Estu-dos de distribuio do gnero Ananas indi-cam que o seu centro de origem a regioda Amaznia compreendida entre 10 N e10 S de latitude e entre 55 L e 75 W delongitude, por se encontrar nela o maiornmero de espcies consideradas vlidasat o momento. Assim, a regio Norte doBrasil pode ser considerada um segundocentro de diversificao desse gnero.

    O abacaxi um fruto tropical bastantedemandado no mercado de frutas, comuma produo mundial de 12,3 milhes detoneladas, em 1998, o que lhe confere ele-vada importncia econmica e social. NoBrasil, o abacaxizeiro cultivado pratica-mente em todos os estados, observando-se, nos ltimos anos, um crescimentosignificativo da produo nacional (1,6milhes de toneladas em 1998), que colo-ca o pas como segundo produtor mundialdessa fruteira.

    No obstante sua importncia, a pro-dutividade brasileira dessa cultura ainda considerada baixa (25 t/ha a 35 t/ha), quan-do comparada com pases produtores quetm alcanado produtividades entre 45 t/hae 55 t/ha. Fatores ambientais adversos,problemas fitossanitrios, prticas cultu-rais inadequadas, organizao incipientedos produtores, dentre outros, tm contri-budo para a baixa produtividade daabacaxicultura nacional.

    A produo brasileira de abacaxi , emsua maioria, destinada ao mercado internode frutas frescas (menos de 1% do totalproduzido exportado). O crescimentonas exportaes brasileiras de frutos deabacaxi ser favorecido pelo aperfeioa-mento dos sistemas produtivos praticadosno pas, com a utilizao de tecnologias quepromovam a melhoria quantitativa e quali-tativa da produo, e pela regularidade daoferta a preos competitivos no mercadointernacional.

    Espera-se que este Manual contribuapara melhorar a posio brasileira no rankingdos pases exportadores de abacaxi.

  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo1010

    2 ASPECTOSSOCIOECONMICOSJos da Silva Souza

    Luiz Francisco da Silva Souza

    O continente asitico , na atu-alidade, o principal produtorde abacaxi, respondendo, em1999, por cerca de 51% (6,9 milhes detoneladas) da produo mundial de 13,4milhes de toneladas de frutos. Tailndia eFilipinas destacam-se como principais pa-ses produtores desse continente, partici-pando, respectivamente, com 17% e 11%,do que produzido no mundo. Em segui-da, vem o continente americano, que res-ponde por 31% da produo mundial, comdestaque para o Brasil, segundo produtordo mundo, com uma contribuio de 13%em relao ao total produzido. O continen-te africano, terceiro colocado, produziu em1999 cerca de 2,2 milhes de toneladas, oque representou 16% do global. A Nigria o seu maior produtor, com 6,5% doabacaxi produzido no mundo.

    O abacaxizeiro , praticamente, culti-vado em todos os estados brasileiros. Nadcada de 90, a abacaxicultura brasileiraexperimentou um crescimento expressivo,tanto na rea plantada como no volumeproduzido, expandindo-se, tambm, emregies que antes no se caracterizavamcomo grandes produtoras, como o casoda regio Norte, onde se destacaram osestados do Par e Tocantins. No ano de1998, os maiores produtores de abacaxiforam Minas Gerais, Par, Paraba e Bahia,que juntos responderam por 68% da pro-duo nacional. Considerando as regiesfisiogrficas, as maiores produes ocorre-

    ram no Sudeste, Nordeste e Norte, quenaquele ano contriburam, respectivamen-te, com 39%, 31% e 23% da produobrasileira.

    Um outro aspecto que merece sermencionado a significativa expanso ob-servada nos ltimos anos, na abacaxiculturairrigada do pas, tanto em regies onde acultura do abacaxi tradicionalmenteconduzida sob condies de sequeiro, comoem novas reas, sobretudo no semi-rido.Mesmo sem estatsticas oficiais sobre oassunto, estima-se que cerca de 10% dos50.000 ha colhidos, em 1998, foram cultiva-dos sob irrigao.

    Independentemente da sua importn-cia econmica, a cultura do abacaxi merecedestaque pela sua condio de atividadeabsorvedora de mo-de-obra no meio ru-ral, contribuindo para a gerao de empre-gos. Na abacaxicultura irrigada, assentadaem bases tecnolgicas melhor estabelecidas,tais perspectivas sociais tornam-se maisevidentes, na medida em que a irrigaopode viabilizar a sua expanso para reas notradicionais, ampliando sobremaneira as al-ternativas de ocupao de mo-de-obra,mormente em regies semi-ridas, ondeso reduzidas as alternativas de trabalho.Esses reflexos positivos podem tambmser estendidos mo-de-obra ocupada pe-las indstrias de beneficiamento e trans-formao de produtos de abacaxi, tantopara o mercado interno como para o deexportao.

  • 1111Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    CLIMACLIMA

    O abacaxizeiro uma planta de climatropical, apresentando timo crescimentoe melhor qualidade do fruto na faixa detemperatura de 22C a 32 C e com ampli-tude trmica, entre dia e noite, variando de8C a 14C. Temperaturas acima de 32Creduzem o crescimento da planta e, quandocoincidem com elevada insolao, podemcausar queimas em frutos na fase dematurao final. Temperaturas abaixo de20C tambm afetam o crescimento daplanta e, quando combinadas com pero-dos de dias mais curtos e/ou insolao maisbaixa e nebulosidade mais alta, so propcias ocorrncia de floraes naturais precocesdas plantas, o que pode levar perda defrutos e dificultar o manejo da cultura. Aplanta seriamente prejudicada por geadas,mas suporta perodos com temperaturasreduzidas, porm, superiores a 0C.

    A planta exigente em luz, desenvol-vendo-se melhor em locais com alta inci-dncia de radiao solar. A insolao anualtima de 2.500 a 3.000 horas, ou seja 6,8a 8,2 horas de brilho solar por dia (tempo deincidncia direta da luz solar, isto , semencobrimento do sol por nuvens). Notolera sombreamento, o que deve ser con-siderado na escolha dos locais para o seucultivo e no plantio consorciado com ou-tras culturas.

    O abacaxizeiro tem muitas caracters-ticas de vegetais adaptados a clima seco. Noentanto, maiores rendimentos e frutos dequalidade so obtidos quando a cultura bem suprida com gua. Chuvas de 1.200 mma 1.500 mm anuais, bem distribudas, so

    adequadas para a cultura. Em regies queapresentam perodos secos prolongados, aprtica da irrigao torna-se, muitas vezes,indispensvel.

    Umidade relativa do ar mdia anual de70% ou superior desejvel, mas a plantasuporta bem variaes moderadas destefator climtico. Perodos de umidade muitobaixa (menos de 50%) podem causarfendilhamento e rachaduras em frutos du-rante a sua fase de maturao.

    O porte baixo das plantas e o seuplantio em densidades elevadas tornam acultura pouco suscetvel a danos causadospor ventos fortes. Granizos podem causardanos maiores, mas estes so, em geral,menores do que em outras culturas, dada aalta fibrosidade e resistncia das folhas doabacaxizeiro.

    SOLSOLOSOS

    O abacaxizeiro muito sensvel aoencharcamento do solo, que pode prejudi-car o seu crescimento e a sua produo.Portanto, boas condies de aerao e dedrenagem do solo so requisitos bsicospara o seu cultivo, por favorecerem odesenvolvimento do sistema radicular daplanta, normalmente frgil e concentradonos primeiros 15 cm a 20 cm do solo.

    Alm de comprometerem diretamen-te o desenvolvimento do abacaxizeiro, ascondies de m drenagem tambm favo-recem o apodrecimento de razes e a mortede plantas, causados por fungos do gneroPhytophthora.

    Os solos de textura mdia (15% a 35%de argila e mais de 15% de areia), sem

    3 EXIGNCIASEDAFOCLIMTICASDomingo Haroldo ReinhardtLuiz Francisco da Silva Souza

    Getlio Augusto Pinto da Cunha

  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo1212

    impedimentos a uma livre drenagem doexcesso de gua, so os mais indicados paraessa cultura. Os solos de textura arenosa(at 15% de argila e mais de 70% de areia),que no apresentam problemas deencharcamento, so tambm recomenda-dos para a abacaxicultura, requerendo qua-se sempre a incorporao de resduos vege-tais e adubos orgnicos, que melhorem assuas capacidades de reteno de gua e defornecimento de nutrientes. Essa culturapode tambm desenvolver-se bem em so-los argilosos (mais de 35% de argila), desdeque apresentem boa aerao e drenagem.

    Considerando os aspectos abordadossobre a sensibilidade da planta doabacaxizeiro ao excesso de umidade narizosfera, conveniente que o lenol freticoou zonas de estagnao de gua no sesituem a menos de 80 cm a 90 cm dasuperfcie do solo.

    A topografia outro fator a ser consi-derado na escolha da rea. Terrenos planosou de pouca declividade (at 5% de declive)devem ser preferidos porque, alm de faci-

    litarem a mecanizao e os tratos culturais,so menos suscetveis eroso. Conse-qentemente, a utilizao de solos maisdeclivosos requer a adoo de prticasconservacionistas.

    O abacaxizeiro considerado umaplanta bem adaptada aos solos cidos, sen-do a faixa de pH de 4,5 a 5,5 a maisrecomendada para o seu cultivo. umaplanta que exige quantidades de nutrientesque a maioria dos solos cultivados noconsegue suprir integralmente (exceo paraalguns solos virgens, recm-desmatados ouem pousio prolongado). Este nvel elevadode exigncias resulta na quase obriga-toriedade da prtica da adubao, nos plan-tios com fins econmicos.

    Alm dos aspectos relativos s carac-tersticas edficas e nutricionais, na esco-lha da rea devem-se levar em considera-o a sua localizao em relao a centrosconsumidores e indstrias de pro-cessamento, a disponibilidade e o custo demo-de-obra, as vias de acesso e a existn-cia de fontes de gua.

  • 1313Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    ASPECTASPECTOS BOOS BOTNICOSTNICOS

    O abacaxizeiro (Ananas comosus L.,Merril) uma planta monocotilednea,herbcea perene, da famlia Bromeliaceae,cujas espcies podem ser divididas, em re-lao a seus hbitos, em dois grupos distin-tos: as epfitas, que crescem sobre outrasplantas, e as terrestres, que crescem no solo custa das prprias razes. Os abacaxispertencem ao segundo grupo, mais preci-samente aos gneros Ananas e Pseudananas,mesmo apresentando algumas caracters-ticas das epfitas, como por exemplo, acapacidade de armazenar gua tanto notecido especial de suas folhas como nasaxilas destas.

    Aproximadamente, 50 gneros e 2.000espcies de Bromaliaceae so conhecidos.Algumas espcies tm valor ornamental;outras produzem excelentes fibras paracordoaria e fabricao de material rstico(sacaria), de tecidos finos etc. A maioriadessas espcies encontrada nas condi-es naturais de regies tropicais da Am-rica; apenas algumas so vistas em zonastemperadas.

    O abacaxizeiro compe-se de um cau-le (talo) curto e grosso, ao redor do qualcrescem as folhas, em forma de calhas,estreitas e rgidas, e no qual tambm seinserem razes axilares. O sistema radicular fasciculado (em cabeleira), superficial efibroso, encontrado em geral profundida-de de zero a 30 centmetros e, raras vezes amais de 60 cm da superfcie do solo. Aplanta adulta das variedades comerciaismede 1,00 m a 1,20 m de altura e 1,00 m a1,50 m de dimetro.

    As folhas so classificadas, segundoseu formato e sua posio na planta, em

    A, B, C, D, E e F, da mais velha e externapara a mais nova e interna. A folha D amais importante do ponto de vista do ma-nejo da cultura; sendo a mais jovem dentreas folhas adultas e, metabolicamente, a maisativa de todas, , por conseguinte, usada naanlise do crescimento e do estadonutricional da planta. Em geral, a folha Dforma um ngulo de 45 entre o nvel desolo e um eixo imaginrio que passa pelocentro da planta, apresenta os bordos daparte inferior perpendiculares base, e fcil de ser destacada da planta.

    No caule insere-se, tambm, opednculo que sustenta a inflorescncia e ofruto da resultante. um fruto compostoou mltiplo chamado sincarpo ou sorose,formado pela coalescncia dos frutos indi-viduais, do tipo baga, numa espiral sobre oeixo central, que a continuidade dopednculo. Compe-se de 100 a 200 floresindividuais arrumadas em espiral em voltade um eixo.

    Os rebentos, ou mudas, desenvolvem-se a partir de gemas axilares localizadas nocaule (rebentes) e no pednculo (filhotes).

    CICLCICLO DO DA PLANTA PLANTAA

    O ciclo do abacaxizeiro dividido emtrs fases. A primeira, a fase vegetativa oude crescimento vegetativo (folhas), vai doplantio ao dia do tratamento de induofloral (TIF) ou da iniciao floral natural.Tem durao varivel, mas corresponde aoperodo de 8 a 12 meses. A segunda, a fasereprodutiva ou de formao do fruto, temdurao bastante estvel para cada regio,sendo de 5 a 6 meses. O primeiro ciclocompleto da cultura dura, portanto, de 13 a18 meses, na regio tropical brasileira.

    4 A PLANTAE O SEU CICLODomingo Haroldo Reinhardt

  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo1414

    A terceira fase do ciclo, denominada depropagativa, de formao de mudas (filho-tes e rebentes), sobrepe-se, parcialmen-te, segunda fase. A fase propagativa temdurao varivel de 4 a 10 meses paramudas tipo filhote, cuja formao se iniciano perodo pr-florao, e de 2 a 6 mesespara mudas do tipo rebento. Essas mudasdo origem ao segundo ciclo da planta,chamado de soca que tambm passa portrs fases. A primeira mais curta (6 a 7

    meses) que no primeiro ciclo, determinan-do um segundo ciclo com durao total deapenas 11 a 13 meses. Caso seja permitidoo desenvolvimento de rebento da soca, aplanta poder passar por um terceiro cicloou segunda soca, e, assim, sucessivamente,mostrando que o abacaxizeiro , sob oaspecto botnico, uma planta perene. Noentanto, do ponto de vista comercial, ex-ploram-se no Brasil, via de regra, apenas uma dois ciclos da cultura.

  • 1515Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    Todas as variedades de abacaxide interesse da fruticultura per-tencem espcie Ananas comosus(L.) Merril. Mais recentemente, alguns clonesde Ananas lucidus, Ananas ananassoides eAnanas bracteatus esto sendo cultivadospara produo de fibra ou com fins orna-mentais.

    Na escolha de uma variedade de aba-caxi, deve-se considerar a adaptao aolocal de plantio s exigncias do mercado, adisponibilidade e a qualidade da muda.

    CARACARACTERSTICAS VCTERSTICAS VARIETARIETAISAIS

    As principais caractersticas desejadasem uma variedade de abacaxi so: cresci-mento rpido; folhas curtas, largas e semespinhos; produo precoce de rebentolocalizado na base da planta prxima aosolo; produo de filhotes situados a maisde dois centmetros da base do fruto; frutode casca de cor amarelo-alaranjada, olhosplanos, polpa amarela, firme mas no fibro-sa, teor de acar elevado, acidez modera-da; coroa mdia a pequena. Associadas aessas caractersticas, procuram-se aindavariedades que proporcionem altos rendi-mentos e que sejam resistentes e/ou tole-rantes s principais pragas e doenas queocorrem nos locais de plantio.

    difcil encontrar uma variedade deabacaxi que rena todas essas caractersti-cas. Assim, recomenda-se a escolha devariedades para usos especficos, conside-rando-se o destino da produo e a adapta-o aos locais de plantio. A diversificaode variedades importante para asustentabilidade da cultura.

    CLASSIFICAO EM GRUPOSCLASSIFICAO EM GRUPOS

    As variedades de abacaxi mais conhe-cidas no mundo foram classificadas em

    cinco grupos distintos: Cayenne, Spanish,Queen, Pernambuco e Perolera (Mor-dilona), de acordo com um conjunto decaracteres comuns, relativos ao porte daplanta, forma do fruto e caractersticasmorfolgicas das folhas. Essa chave declassificao, utilizada por diversos autorespor razes prticas, apresenta limitaes doponto de vista gentico. A noo de grupono consistente e no leva em considera-o diversas variedades de interesse local,que no se enquadram bem em nenhumdesses grupos. Dessa forma, seria mais con-veniente a utilizao da terminologia clssi-ca usada em fruteiras de propagaovegetativa, formada pelo nome da varieda-de acompanhado do nome ou cdigo doclone, como por exemplo: CayenneChampaka, Queen Mc Gregor, Prola Jupi.

    PRINCIPPRINCIPAIS VAIS VARIEDARIEDADESADES

    A produo comercial de abacaxi baseada nas variedades Smooth Cayenne,Prola, Queen, Singapore Spanish, EspaolaRoja e Perolera. Contudo, estima-se quecerca de 70% da produo mundial deabacaxi provm de Smooth Cayenne. NoBrasil e em outros pases da Amrica Latina,ocorrem diversas variedades locais e popula-es silvestres de abacaxi pertencentes aognero Ananas. Alguns desses materiais po-deriam ser recomendados diretamente comovariedades ou utilizados em programas demelhoramento gentico, uma vez caracteri-zados e avaliados adequadamente.

    O predomnio do plantio de SmoothCayenne, nos principais pases produtoresdo mundo; o uso de poucas variedades paraplantios comerciais e a substituio de vari-edades locais por Smooth Cayenne vmprovocando o desaparecimento de varieda-des de interesse local ou regional.

    5 VARIEDADESJos Renato Santos Cabral

  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo1616

    Smooth CayenneSmooth Cayenne

    Conhecida vulgarmente como abacaxihavaiano, a variedade mais plantada nomundo, tanto em termos de rea, quantoem faixa de latitude, sendo considerada,atualmente, a rainha das variedades de aba-caxi, porque possui muitas caractersticasfavorveis. uma planta robusta, de portesemi-ereto, cujas folhas no apresentamespinhos, a no ser alguns encontrados naextremidade apical do bordo da folha. Ofruto atraente, ligeiramente cilndrico, pesade 1,5 kg a 2,5 kg, apresentando casca de coramarelo-alaranjada quando maduro, polpaamarela, rico em acares (13Brix a 19 Brix)e de acidez maior do que as outras varieda-des (Figura 1). Essas caractersticas a tor-

    nam adequada para a industrializao e aexportao como fruta fresca. A coroa relativamente pequena e a planta produzpoucas mudas do tipo filhote. Em condi-es de clima mido e quente, produz frutofrgil para transporte e processamento in-dustrial. bastante suscetvel murchaassociada cochonilha Dysmicoccus brevipes e fusariose Fusarium subglutinans. Foiintroduzida no Brasil, em So Paulo, nadcada de trinta e, posteriormente, difun-dida para outros estados, como Paraba,Minas Gerais, Esprito Santo, Gois e Bahia,onde a partir de 1960 tambm assumiucrescente importncia econmica.

    Singapore SpanishSingapore Spanish

    a segunda variedade em importnciapara a industrializao, sendo amplamentecultivada na Malsia, porque adaptada aossolos turfosos desse e de outros pases dosul da sia.

    A planta apresenta porte mdio, comfolhas verde-escuras cujo comprimentovaria de 35 cm a 70 cm. A espinescncia varivel, ocorrendo clones completamentesem espinhos e outros com poucos espi-nhos nas extremidades dos bordos das fo-lhas. O fruto pequeno, pesando de 1,0 kga 1,5 kg, cilndrico, com baixo teor deacar (10 Brix - 12Brix) e baixa acidez.

    A planta vigorosa, com produoregular de mudas dos tipos filhote e reben-to. freqente a ocorrncia de coroamltipla. Apresenta alguma resistncia apragas e doenas.

    QueenQueen

    Variedade amplamente cultivada nafrica do Sul e na Austrlia. A planta pequena, com 60 cm a 80 cm de altura,vigorosa, com folhas prateadas, pequenas ecom ocorrncia de espinhos densos. Pro-duz grande nmero de rebentes, porm aquantidade de filhotes varivel e sopouco desenvolvidos. O fruto pequeno(0,5 kg a 1,0 kg) com casca amarela, olhosFigura 1. Figura 1. Cultivar Smooth Cayenne.

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  • 1717Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    pequenos e proeminentes. A polpa ama-rela e doce (14Brix a 16Brix), pouco cida,de excelente sabor e longo tempo de vidaps-colheita. Essa cultivar tem potencialpara ser explorada no Brasil, em razo deapresentar algumas caractersticas semelhan-tes variedade Prola.

    Espaola RojaEspaola Roja

    Conhecida tambm como RedSpanish, suas plantas so de tamanho m-dio, vigorosas, com folhas verde-escuras,espinhos pequenos e curtos, podendo serespinhosas ou parcialmente espinhosas.Fruto de tamanho mdio (1,2 kg a 2,0 kg)em forma de barril, polpa branca ou amare-lo-plida, sucosa, de sabor adocicado (sli-dos solveis totais em torno de 12 Brix) ebaixa acidez, com agradvel aroma. Produznormalmente poucos filhotes e rebentes.

    ProlaProla

    Cultivada amplamente no Brasil, tam-bm conhecida como Pernambuco ou Bran-co de Pernambuco. A planta possui portemdio e crescimento ereto; vigorosa, comfolhas com cerca de 65 cm de comprimentoe espinhos nos bordos. O pednculo dofruto longo (em torno de 30 cm). Produzmuitos filhotes (5 a 15) presos ao pednculo,prximos da base do fruto, o qual apresentaforma cnica, casca amarelada (quandomaduro), polpa branca, sucosa, com sli-dos solveis totais de 14 Brix a 16 Brix,pouca acidez, sendo agradvel ao paladardo brasileiro. O fruto pesa de 1,0 kg a 1,5 kg,possui coroa grande e tem sido pouco uti-lizado para a exportao in natura e industri-alizao sob a forma de rodelas (Figura 2).Apresenta tolerncia murcha associada cochonilha Dysmicoccus brevipes e suscetvel fusariose, doena causada pelo fungoFusarium subglutinans.

    PeroleraPerolera

    Variedade plantada comercialmente naColmbia e na Venezuela, adaptada a altitu-des de at 1500 m. Em estudos efetuados

    Figura 2.Figura 2. Cultivar Prola.

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    pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, essacultivar comportou-se como resistente fusariose. A planta apresenta uma altura(distncia do solo base do fruto) de 51,0 cm,pednculo longo com 29,2 cm de compri-mento, folha de cor verde-escura e bordoinerme, evidenciando faixa prateada poucopronunciada, produo de um a dois reben-tes e oito a dez filhotes. Fruto de formacilndrica, com peso mdio de 1,8 kg, decasca e polpa amarelas, com teor de slidossolveis totais ao redor de 13Brix, acideztitulvel em torno de 10,0 meq/100 ml ealto teor de cido ascrbico vitamina C.Nessa cultivar pode ocorrer tombamentode frutos, em razo de possuir pednculolongo.

  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo1818

    OUTRAS VOUTRAS VARIEDARIEDADESADES

    Outras variedades so plantadas emescala reduzida para os mercados locais eregionais, especialmente nos pases daAmrica Latina. No Brasil, uma variedadedenominada Jupi, que se assemelha muitocom a Prola, da qual difere apenas peloformato cilndrico do fruto, pode ser en-contrada em plantios nos estados daParaba e Pernambuco. Esta variedade,atualmente, est sendo difundida noTocantins e em Gois.

    A predominncia do plantio de Prolae Smooth Cayenne no Brasil tem ocasiona-do o desaparecimento do plantio de varie-dades como Boituva e Rondon, outroraplantadas em vrias regies do pas.

    Qualquer que seja a variedade utiliza-da, o agricultor deve preocupar-se com amanuteno das suas caractersticasmorfolgicas e agronmicas. Apesar de o

    abacaxizeiro ser uma planta de propagaovegetativa, o uso contnuo do mesmo ma-terial de plantio pode proporcionar adegenerescncia do clone pelo acmulo depragas e doenas, e o surgimento de plantascom caractersticas diferentes do padro davariedade. Por esta razo, o agricultor deveselecionar suas mudas antes de instalar no-vos plantios, colhendo somente mudasoriundas de plantas vigorosas, com as mes-mas caractersticas da variedade, e eliminaraquelas provenientes de plantas que apre-sentam baixo vigor, com anomalias, pragase doenas. Na variedade Smooth Cayenne, comum o aparecimento de plantas comfolhas totalmente espinhosas e de frutoscom coroa fasciada e, em Prola, plantasque produzem frutos sem coroa. Mudasoriundas dessas plantas devem ser elimina-das para que a variedade mantenha seupadro varietal.

  • 1919Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    TIPOS DE MUDTIPOS DE MUDAS E SUAS E SUASASCARACARACTERSTICASCTERSTICAS

    Os plantios de abacaxi so feitos commudas de vrios tipos (Figura 3), tais comocoroa (brotao do pice do fruto), filhote(brotao do pednculo, que a haste quesustenta o fruto), filhote-rebento (brotaoda regio de insero do pednculo nocaule ou talo) e rebento (brotao do cau-le). Cada tipo possui as seguintes caracters-ticas, vantajosas ou no, que devem serconsideradas quando da escolha e manejodo material de plantio.

    podrido-negra (Chalara paradoxa), mais uni-forme em tamanho e peso, gerando tam-bm plantios com plantas de porte e desen-volvimento mais uniformes.

    Filhote ou muda-de-cachoFilhote ou muda-de-cacho

    Muda de vigor e ciclo intermedirios,menos uniforme que as coroas, porm maisque os rebentes, de fcil colheita e grandedisponibilidade, no caso da variedade Pro-la, a mais cultivada no Brasil.

    RebentoRebento

    Muda de maior vigor, ciclo mais curto,de colheita mais difcil, menor uniformida-de em tamanho e peso, baixa disponibilida-de na variedade Prola e mais usada no casoda variedade Smooth Cayenne. mais sus-cetvel ocorrncia de floraes naturaisprecoces.

    Filhote-rebentoFilhote-rebento

    Muda de reduzida expresso, pois deproduo limitada, apresenta caractersti-cas intermedirias entre filhote e rebento,podendo ser usada indistintamente com osdois ltimos tipos de mudas apresentados.

    Alm desses tipos de mudas geradasna prpria planta, existem as produzidasem viveiro ou laboratrio, por meio detcnicas de multiplicao apropriadas, con-forme mencionadas a seguir.

    Muda de seccionamento do cauleMuda de seccionamento do caule

    Muda produzida em viveiros, a partirde pedaos do talo (caule) das plantas,caracterizando-se pela melhor sanidade,sobretudo em relao fusariose; pelo vigor

    6MANEJO EPRODUODE MUDAS

    Domingo Haroldo ReinhardtAntnio da Silva Souza

    Figura 3.Figura 3. Tipos de mudas convencionaisdo abacaxizeiro.

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    CoroaCoroa

    Muda pouco disponvel, pois perma-nece nos frutos vendidos nos mercados defrutas frescas; menos vigorosa, de ciclo(do plantio colheita) mais longo, mais fa-cilmente afetada por podrides, sobretudo

  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo2020

    e pelas demais caractersticas (ciclo, grau deuniformidade) prximos s mudas do tipocoroa.

    Muda produzida Muda produzida in vitroin vitro

    Muda obtida em laboratrio por meiode tcnicas de cultura de tecidos, de exce-lente sanidade, mais cara, uso mais restrito,porm importante para a multiplicao r-pida de novas variedades geradas em pro-gramas de melhoramento gentico.

    H ainda as mudas obtidas por mto-dos que quase no tm tido aplicao noBrasil, como o da destruio do meristemaapical (olho) de abacaxizeiros para estimu-lar a emisso precoce e em maior nmerode mudas do tipo rebento, e o do trata-mento qumico, com a finalidade de trans-formar flores em mudas pela aplicao defitorreguladores do grupo das morfactinas,logo aps o tratamento de induo floraldas plantas. Tais tcnicas, desenvolvidasem pases como Cte dIvoire, frica doSul e Austrlia, para aumentar a disponibi-lidade de material de plantio da cultivarSmooth Cayenne, no so aplicadas noBrasil devido s suas limitaes quanto sanidade das mudas obtidas. Essas tcnicasno oferecem a segurana desejada comrelao ao controle da fusariose, doenaeminentemente brasileira e sem maior rele-vncia naqueles pases.

    OBTENO E MANEJO DEOBTENO E MANEJO DEMUDMUDAS CONVENCIONAISAS CONVENCIONAIS

    A muda de boa qualidade a base parao sucesso de qualquer cultura. Da a impor-tncia da utilizao de mudas de boa proce-dncia, isto , que sejam sadias (livres dafusariose e de cochonilhas) e vigorosas,colhidas em plantios em bom estadofitossanitrio, onde o nmero de plantas efrutos doentes (podres) tenha sido mnimo.As mudas colhidas em plantas sadias de-vem ser isentas de pragas, doenas e danosmecnicos, devendo-se descartar rigorosa-mente aquelas que apresentarem o menorsinal de goma ou resina.

    Os tipos de mudas mais usados noBrasil so os filhotes ou mudas-de-cacho,que aparecem logo abaixo da base do fruto,e os rebentes, que brotam do talo da planta.

    Aps a colheita dos frutos, as mudasdo tipo filhote devem permanecer aderidas planta-me para continuarem o seu cres-cimento e atingirem o tamanho adequado(mnimo de 30 cm) para o plantio. Essaetapa chamada de ceva, que pode ter adurao de dois a seis meses.

    Para melhorar o vigor e o estadofitossanitrio das mudas durante a cevapodem ser recomendadas as seguintes pr-ticas culturais: continuao da irrigao, emreas irrigadas; pulverizao com insetici-da-acaricida para o controle das cochonilhase dos caros que infestam a cultura; aduba-o suplementar, via pulverizao foliar,com uria a 3% e cloreto de potssio a 2%.

    A colheita das mudas deve ser feitaquando a maioria delas atingir o tamanhoadequado. Corta-se o pednculo com todoo cacho, o que facilita o transporte e au-menta o rendimento do trabalho. Em se-guida, os filhotes so destacados do cacho,fazendo-se, nesta ocasio, uma seleo pre-liminar. Eliminam-se todas as mudas doen-tes, com presena de goma, murchas emuito pequenas. Algumas vezes, aparecena base da muda tipo filhote um fruto emminiatura, que deve ser arrancado nestafase, para evitar que se constitua em foco depodrido da muda aps o plantio.

    Para reduzir a perda de boas mudas, aoutiliz-las como embalagem natural para otransporte do fruto (no caso da Prola),deve ser feita a sangria no cacho, ou seja, umcorte parcial que permita deixar a maiorparte das mudas na planta para ser aprovei-tada posteriormente. A colheita de reben-tes mais difcil e mais exigente em relao mo-de-obra necessria, haja vista esta-rem firmemente ligados ao talo da planta-me, sendo necessrio um puxo lateralantes de arranc-los.

    A etapa seguinte, chamada de cura,consiste na exposio das mudas ao sol,

  • 2121Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    com a base virada para cima, sobre asprprias plantas-me ou espalhando-as so-bre o solo em local prximo ao do plantio,durante trs a dez dias. A cura visa cicatrizara ferida que ocorre quando a muda desta-cada da planta, alm de diminuir a popula-o de cochonilhas. Essa prtica tambmelimina o excesso de umidade das mudas,reduzindo a ocorrncia de podrides, so-bretudo em perodos de clima mido.

    As mudas curadas devem serselecionadas por tipo (separando os filho-tes dos rebentes) e faixas de tamanho (30 cma 40 cm; 40 cm a 50 cm, 50 cm a 60 cm), paraplantio em talhes separados. Durante aseleo deve ser efetuado um descarte rigo-roso de mudas defeituosas (com podrido,exsudao de resina ou leses mecnicas)ou com caractersticas diferentes do padroda cultivar. Mudas contaminadas pelafusariose devem ser queimadas ou enter-radas, para reduzir os focos dessa doena.Entretanto, mudas que possuem apenasfolhas basais com seus bordos ou picessecos no devem ser eliminadas, desdeque o cartucho central esteja em perfeitoestado.

    Caso se observe alta infestao dasmudas com cochonilhas, recomendado oseu tratamento por meio de imerso, du-rante trs a cinco minutos, numa calda cominseticida-acaricida fosforado. Esse proce-dimento no eficaz para o controle dafusariose no material de plantio, uma vezque mudas j doentes no podem mais serrecuperadas por meio da aplicao dosfungicidas disponveis, que no tm efeitocurativo.

    No caso da cultivar Smooth Cayenne,que, com freqncia, produz nmero redu-zido de mudas do tipo filhote, os rebentestm que ser aproveitados como material deplantio, tornando o seu manejo muito im-portante. Em geral, apenas um percentualrelativamente pequeno (inferior a 40%) dasplantas apresenta um ou, raras vezes, doisrebentes em formao. Aps essa fase, osrebentes continuam seu crescimento, atin-

    gindo tamanho adequado para plantio apsperodo bastante varivel, com durao dedois a dez meses. Podem-se uniformizar eacelerar a emisso e o desenvolvimento dosrebentes, efetuando-se um corte das plan-tas altura da base do pednculo (haste quesustenta o fruto e as mudas tipo filhote),com faco ou roadeira (Figura 4). Talprtica, feita aps a colheita do fruto e dasmudas do tipo filhote, facilita, ainda, acolheita dos rebentes.

    Figura 4.Figura 4. Mudas do tipo rebento, emitidas aps o corteda planta altura da base do pednculo.

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    PRODUO DE MUDPRODUO DE MUDASASSADIAS EM VIVEIROSSADIAS EM VIVEIROS

    Esta forma de propagao do abacaxiconsiste na produo de mudas (plntulas)a partir de gemas existentes nas axilas dasfolhas, inseridas no talo (caule) das plantas.As gemas brotam e crescem quando o talo cortado em pedaos, contendo pelo me-nos uma gema cada uma, cujas seces detalo so adequadamente cultivados em vi-veiros. O seccionamento do talo permite oexame visual das suas partes internas e, por-tanto, o descarte de todo o material afetado

  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo2222

    pela fusariose e por outras podrides.

    Esta tcnica pode ser uma atividadealtamente rentvel, permitindo a oferta demudas de qualidade e sanidade excelentesao longo de todo o ano. , tambm, auxiliarno estabelecimento de um sistema deviveiristas credenciados e fiscalizados, basepara a produo e disponibilizao de ma-terial de plantio de primeira qualidade.

    Aps o arranquio da planta, o desbastedas folhas e a eliminao do sistema radiculare da parte apical, o caule cortado empedaos longitudinais ou em discos (porguilhotina, faco ou serra circular motori-zada), descartando-se, rigorosamente, to-dos os pedaos com sintomas internos ouexternos de fusariose. Depois deseccionados, mas ainda no mesmo dia, ospedaos so submetidos a tratamentofungicida-inseticida por imerso. Esse m-todo fundamental para a produo demudas sadias livres sobretudo da fusariose destinadas a plantios em novas reas e/ouregies produtoras. Informaes mais de-talhadas sobre esta tcnica podem ser en-contradas em publicaes da EmbrapaMandioca e Fruticultura.

    PRODUO DE MUDPRODUO DE MUDAS EMAS EMLABORALABORATRIOTRIO

    Para aumentar e acelerar a taxa demultiplicao e, ao mesmo tempo, diminuiro potencial ou at mesmo evitar a dissemi-nao de pragas e patgenos por meio demudas convencionais, tcnicas de culturade tecidos tm sido empregadas para apropagao in vitro do abacaxizeiro. Emlaboratrio, num espao fsico reduzido esob condies de temperatura eluminosidade controladas, pode-se produ-

    zir rapidamente grandes quantidades demudas de abacaxizeiro, geneticamente uni-formes e de excelente qualidadefitossanitria, sejam de cultivares recomen-dadas ou de novos hbridos gerados.

    No entanto, apesar dessas vantagens,dois aspectos devem ser considerados comrespeito produo das mudas: o custoelevado e o surgimento de variaessomaclonais. Efetivamente, o alto custo deproduo ainda no permite que uma gran-de parte de agricultores tenha acesso smudas produzidas in vitro. O preo de umamuda de aproximadamente R$ 0,40, querepresenta quase que o valor de venda deum fruto por parte do agricultor. Quanto svariaes somaclonais, ou seja, o surgimentode caractersticas indesejveis que propiciama formao de plantas anormais doabacaxizeiro, a mais freqente a presenade espinhos nas extremidades das folhas devariedades inermes. Entretanto, outras va-riaes j foram encontradas, referentes forma, colorao e arquitetura e den-sidade das folhas, altura das plantas e, aopeso e colorao dos frutos. A freqnciae a distribuio dessas variaes somaclonaisparecem estar relacionadas com a varieda-de, a fonte de explante, o nmero desubcultivos e as quantidades de reguladoresde crescimento no meio de cultura.

    Empregando-se a metodologia ade-quada e a depender da variedade, podem-seobter, num perodo de 18 meses, a partir deuma planta, aproximadamente, 50.000mudas, enquanto seriam necessrios 7 anose 6 meses para se conseguir cerca de 32.000plantas, partindo-se tambm de uma plantaque produza em mdia 8 mudas, mediantea aplicao do mtodo de propagaovegetativa tradicional.

  • 2323Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    PREPPREPARO DO SOLARO DO SOLOOUm bom preparo do solo funda-

    mental para a cultura do abacaxi, a fim defavorecer o desenvolvimento e oaprofundamento do sistema radicular daplanta, normalmente limitado e superficial.Em reas virgens, deve-se primeiro remo-ver a vegetao, mediante o desmatamento,a roagem, a destoca, o encoivaramento e aqueima. Em seguida, fazer a arao e duasgradagens, realizadas nos dois sentidos doterreno, procurando atingir uma profun-didade de 30 cm, para facilitar o desenvol-vimento das razes. Em razo de dificulda-des operacionais, alguns produtores, prin-cipalmente os pequenos, no fazem adestoca, o que dificulta os trabalhos sub-seqentes do preparo do solo, instalao econduo da cultura.

    Em reas j cultivadas, dispensa-se adestoca, mantendo-se as demais operaes.No caso de reas anteriormente plantadascom abacaxi, deve-se de incio proceder eliminao dos restos culturais, mediante asua incorporao ao solo, aps a decompo-sio parcial do material. Mesmo trabalho-sa, essa operao tem a vantagem de incor-porar ao solo um grande volume de massavegetal (60 t/ha a 100 t/ha), restituindo-lheos nutrientes remanescentes na vegetao econtribuindo para melhorar o seu teor dematria orgnica e as suas caractersticasfsicas. Muitos produtores fazem a opopura e simples pela queima dos restosculturais, por ser menos onerosa. Talopo tecnicamente recomendvel emreas com histrico de elevada incidnciade pragas e doenas.

    CORREO DE ACORREO DE ACIDEZCIDEZ(CALA(CALAGEM)GEM)

    No obstante o reconhecimento do

    abacaxizeiro como planta acidfila, exis-tem situaes em que a calagem se faznecessria. sempre recomendvel, por-tanto, uma avaliao sobre a necessidade decalcrio (NC), normalmente definida a par-tir da anlise do solo, que deve ser provi-denciada antes do estabelecimento da cul-tura, de modo que a aplicao e a incorpo-rao do corretivo, se indicadas, possam serfeitas com uma antecedncia de 30 a 90 diasem relao ao plantio.

    A maioria dos estados brasileiros pro-dutores de abacaxi conta com recomenda-es oficiais para a efetivao de calagempara a cultura, conforme exemplificado naTabela 1.

    Se for conveniente para o produtor, aaplicao e a incorporao do corretivorecomendado podem ser feitas durante asoperaes de preparo do solo (antes dasaraes e/ou gradagens), o que contribuipara melhor distribuio do material emprofundidade. Deve-se dar preferncia aoscalcrios dolomticos, considerando a de-manda do abacaxizeiro pelo magnsio. muito comum, em algumas regies, a ocor-rncia de sintomas foliares de deficincia deMg (as folhas velhas se tornam amarelas,principalmente ao longo da parte centraldo limbo, permanecendo verdes apenas asreas sombreadas por folhas mais jovens(Figura 5).

    A calagem em excesso pode elevar opH do solo a valores acima da faixa maisadequada para a cultura (4,5 a 5,5), concor-rendo para limitar a disponibilidade e aabsoro de alguns micronutrientes, comozinco, cobre, ferro e mangans, e para favo-recer o desenvolvimento de microorga-nismos prejudiciais cultura, como fungosdo gnero Phytophthora.

    7 PREPARO DO SOLOE CORREO DEACIDEZ

    Luiz Francisco da Silva Souza

    Getlio Augusto Pinto da Cunha

  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo2424

    Tabela 1. Tabela 1. Recomendaes de calagem para o abacaxizeiro, em estados produtores do Brasil.

    Figura 5.Figura 5. Sintomas de deficincia de magnsio emfolhas de abacaxizeiro. A faixa verde na folha estavasombreada pela folha mais acima.

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    (*) 0,5 meq/100cm3 eqivale a 0,5 cmolc/dm3 e a 5 mmolc/dm

    3.

    Estado Recomendao Referncia

    BahiaNC(t/ha)=[2,5-(meqCa+2+Mg+2/100cm3)] x f, onde f=100/PRTN. Calcrio dolomtico, se o Mg +2 no solo for inferiora 0,5 meq/100cm3 (*)

    Souza, 1989

    Esprito SantoElevar a saturao por bases (V 2) a 60%, quando esta (V 1)for inferior a 50%, mediante a frmula:

    Prezotti, 1992

    NC (t/ha)=(V

    2-V

    1) CTC

    PRNT

    Minas GeraisNC(t/ha)= Y x Al + [X - (Ca + Mg)], onde Y varia de 1 a 3, emfuno da textura do solo, e X = 2,0 para a maioria dasculturas

    Comisso deFertilidade do

    Solo - MG, 1989

    Rio Grande do Sule SantaCatarina

    Utilizar as indicaes de calagem segundo o ndice SMPpara pH 5,5. Consultar tabela especfica, elaborada para ossolos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina

    Comisso deFertilidade doSolo - RS/SC,

    1995

    So Paulo

    Aplicar calcrio para elevar a saturao por bases a 50% eo teor de magnsio a um mnimo de 5 mmol

    c/dm3.

    Quantidades acima de 5 t/ha requerem cuidados especiais,com incorporao profunda ao solo.

    Spironello &Furlani, 1996

  • 2525Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    O plantio das mudas pode serfeito em covas, abertas comenxada ou enxadeta, ou emsulcos, dando-se preferncia aos sulcos,quando se dispe de sulcador. Aps a aber-tura das covas ou sulcos, faz-se a distribui-o das mudas, para o plantio propriamentedito (Figura 6). A profundidade das covasou dos sulcos e, portanto, do plantio devecorresponder, aproximadamente, teraparte do comprimento da muda, toman-do-se o cuidado de evitar que caia terra noseu olho.

    O plantio deve ser efetuado em qua-dras, separadas de acordo com o tipo e otamanho das mudas, para facilitar os tratosculturais. No plantio em terrenos de decliveacentuado, devem-se usar curvas de nvel eoutras prticas de conservao do solo.

    Quanto ao posicionamento do plan-tio, deve-se dar preferncia exposioleste, evitando-se a exposio oeste quefavorece a ocorrncia de queima solarnos frutos.

    SISTEMA DE PLANTIO ESISTEMA DE PLANTIO EESPESPAAMENTAAMENTOSOS

    Os espaamentos utilizados na culturado abacaxi variam bastante de acordo coma cultivar, o destino da produo, o nvel demecanizao e outros fatores.

    Os plantios podem ser estabelecidosem sistemas de filas simples ou duplas(Figura 7). Para permitir a obteno de boasprodutividades, fundamental para alcanarrenda adequada, devem ser usadas densida-des de plantio elevadas, com um nmeromnimo de 37.000 plantas por hectare. Oplantio em filas duplas deve ser associadoao uso de herbicidas para o controle dasplantas daninhas, uma vez que este sistemadificulta a capina manual entre as filas quecompem cada fila dupla. Recomenda-seque o plantio em filas duplas seja alternado(plantas descasadas), isto , as plantas deuma fila colocadas na direo dos espaosvazios da outra fila (Figura 7).

    8 PLANTIODomingo Haroldo Reinhardt

    Getlio Augusto Pinto da Cunha

    Figura 6.Figura 6. Mudas distribudas para o plantio, ao lado de mudas recm-plantadas.

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  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo2626

    So recomendados os seguintesespaamentos: a) filas simples: 0,90 m x 0,30 me 0,80 m x 0,30 m, correspondendo a 37.030e 41.660 plantas/ha, respectivamente. B)filas duplas: 0,90 m x 0,40 m x 0,40 m ou0,90 m x 0,40 m x 0,35 m ou 0,90 m x 0,40 mx 0,30 m, isto , 38.460, 43.950 e 51.280plantas/ha, respectivamente. Para a cul-tivar Smooth Cayenne e plantios comirrigao, recomendam-se densidades maisaltas.

    De maneira geral, os plantios maisadensados tendem a proporcionar maioresprodues por rea, ainda que individual-mente os frutos alcancem pesos mdiosmenores.

    POCAPOCA

    A escolha da melhor poca de plantio crucial para o cultivo de abacaxi desequeiro. A poca de plantio mais indicada aquela relativa ao perodo de final daestao seca e incio da estao chuvosa.Isto corresponde ao perodo de janeiro amaio em regies com chuvas de inverno, a

    exemplo dos tabuleiros costeiros do Nor-deste e Sudeste do Brasil, e ao perodo deoutubro a dezembro na regio do Cerradobrasileiro. No entanto, em plantiosefetuados no segundo semestre do ano,deve-se atentar para executar o tratamentode induo floral antes do ms de junho doano seguinte, para evitar a ocorrncia daflorao natural precoce em altas percenta-gens de plantas e a colheita dos frutos emperodo de elevada oferta e, portanto, bai-xos preos (final de novembro a meados dejaneiro).

    Como a disponibilidade de umidadeno solo, que favorece o estabelecimento dosistema radicular e, portanto, o crescimen-to inicial mais rpido das plantas, no fator limitante para a cultura irrigada, nes-sas condies o plantio do abacaxi pode serfeito durante todo o ano, de acordo com adisponibilidade de mudas e a poca em quese deseja colher o fruto. Devem-se evitar,porm, os perodos de chuvas muito inten-sas, que dificultam trabalhar o solo e podempropiciar a incidncia de doenas.

    Figura 7.Figura 7. Sistemas de plantio em filas simples e duplas.

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  • 2727Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    CONSORCIAOCONSORCIAO

    A consorciao do abacaxi com outrasculturas uma opo vivel, sobretudo,para pequenos agricultores que faam usomuito limitado da mecanizao na proprie-dade e que tenham interesse em ter umaproduo adicional para a subsistncia ou omercado. No entanto, as culturas consorci-adas devem ser de baixo porte para evitar osombreamento excessivo do abacaxi, terciclo curto (no superior a 120 dias) edevem ser cultivadas nas entrelinhas, depreferncia em filas alternadas e apenas nafase inicial do ciclo do abacaxizeiro, restritaaos primeiros trs a cinco meses. FeijoPhaseolus, feijo Vigna e amendoim so

    Figura 8.Figura 8. Plantio de abacaxi consorciado com milho, nas entrelinhas de pomar ctrico,em pequena propriedade.

    algumas culturas adequadas ao consrciocom abacaxi.

    O plantio do abacaxi nas entrelinhasde pomares de citros, manga, coco, abacatee de outras fruteiras de porte arbreo, deciclo longo ou perene, uma boa opopara a explorao mais intensiva da terradisponvel, servindo para custear a instala-o da cultura principal. Um cuidado im-portante neste tipo de consrcio a manu-teno de uma distncia adequada entre asfruteiras perenes e as linhas adjacentes doabacaxi, a qual no deve ser inferior a 1,50m no caso da laranjeira (Figura 8). Almdisso, o manejo do abacaxi tem que seguir asrecomendaes tcnicas para esta cultura.

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  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo2828

    Planta de crescimento lento e desistema radicular superficial, oabacaxizeiro ressente-se bastan-te da concorrncia de plantas daninhas, quecontribuem para atrasar o desenvolvimen-to da cultura e reduzir a sua produo. Porisso, recomenda-se manter a cultura sem-pre limpa, principalmente nos primeiroscinco a seis meses aps o plantio.

    As plantas daninhas devem ser con-troladas por meio de capinas manuais (en-xada), o mtodo mais comum, ou deherbicidas. Uma alternativa, ainda poucoempregada, a cobertura morta (mulch).Desde que disponvel na propriedade ou naregio, a palha seca de diversos produtos(milho, feijo, capins etc.) ou os restosculturais (folhas) do prprio abacaxi devemser uniformemente distribudos sobre asuperfcie do solo, sobretudo nas linhas deplantio. Essa cobertura morta, alm de re-duzir o aparecimento de plantas daninhas,minimiza a eroso, diminui a perda de nu-trientes por lixiviao, aumenta o teor dematria orgnica e conserva a umidade dosolo, evitando ou reduzindo as perdas porevaporao.

    Dependendo da intensidade deinfestao e do tipo de plantas daninhas,so necessrias de oito a doze capinas ma-nuais, durante o ciclo da cultura, o que exigebastante mo-de-obra. Durante as capinasmanuais e logo aps as adubaes, deve-sechegar terra s plantas (amontoa), o queajuda a sustent-las e aumentar a rea deabsoro de nutrientes. Evitar que caia ter-ra no olho das plantas.

    O controle de plantas daninhas comherbicidas boa alternativa, especialmenteem plantios grandes e em perodos chuvo-sos, quando o mato cresce rapidamente,

    alm de exigir menos mo-de-obra. Entre-tanto, a aplicao tem que ser feita comcuidado para evitar que o abacaxizeiro sofraos eventuais efeitos txicos dos produtosqumicos. Um dos pontos bsicos acalibrao do pulverizador, para garantir aaplicao da dose correta de herbicida narea de plantio.

    tambm importante ressaltar que osherbicidas indicados para a cultura do aba-caxi so fitotxicos para outras culturas, aexemplo do feijo, o que impossibilita o seuuso em plantios consorciados.

    Os herbicidas mais usados, com suasrespectivas formulaes e doses, so apre-sentados na Tabela 2.

    Alguns cuidados adicionais devem serobservados ao usar tais herbicidas:

    1. No usar quantidades totais deherbicidas (princpio ativo) acima dos se-guintes valores: 7,2 kg/ha/ano de Diuron+ Bromacil; 10 kg/ha/ano de Ametryn,Simazine, Ametryn + Simazine. Doses aci-ma desses valores podem causar danos aossolos.

    2. Aplicar os herbicidas, de prefern-cia, em pr-emergncia (em solo limpo) ou,no mais tardar, em ps-emergncia precoce(com o mato em fase inicial de desenvolvi-mento), sempre em pulverizao uniformesobre o solo mido, utilizando-se 500 a1.000 litros de calda por hectare. Usar bicosem leque (por exemplo, bicos Teejet 80.02a 80.04), mantidos de 30 cm a 50 cm dealtura do solo. Quando for efetuada aplica-o em ps-emergncia, adicionar umespalhante-adesivo calda.

    3. A primeira aplicao de herbicida deveser feita logo aps o plantio, em toda a rea.

    9 CONTROLE DEPLANTAS DANINHASDomingo Haroldo Reinhardt

  • 2929Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    Aplicaes posteriores devem ser dirigidass entrelinhas, evitando-se atingir a rosetafoliar central das plantas. O nmero total deaplicaes no deve passar de trs duranteo primeiro ciclo da cultura. Uma aplicaocorreta de herbicida pode controlar o matopor dois a quatro meses, facilitando, ainda,as capinas posteriores.

    4. Suspender as irrigaes por um pe-rodo de dois a trs dias, aps a aplicaodos herbicidas.

    5. Em reas infestadas por plantasdaninhas de difcil controle (tiririca, capim-

    sap, grama-seda etc.), recomenda-se a apli-cao de herbicida base de glifosate, 3 a 6litros do produto comercial/ha, sobre asplantas daninhas, uma a duas semanas antesdo preparo do solo.

    6. Mesmo que a opo seja pelo con-trole qumico do mato, capinas manuaiscomplementares so necessrias, visandolimpar o solo para as aplicaes de herbicida,a cobertura de adubos e a amontoa.

    7. O equipamento para distribuiodo herbicida tem que ser calibrado antes decada aplicao.

    Tabela 2. Tabela 2. Principais herbicidas usados na cultura do abacaxi.

    * Usar as doses baixas em solos arenosos e as mais altas em solos argilosos ou com alto teor de matria orgnica. Quandoas aplicaes se restringem s entrelinhas, as doses tm que ser reduzidas proporcionalmente reduo da rea cobertapelo herbicida (em geral, cerca de 50% da rea total).

    ** Para cada princpio ativo (nome qumico) mencionado nesta relao existem, na maioria dos casos, vrios produtos eformulaes no mercado, no havendo preferncia na recomendao para algum deles.

    Nome Comercial Nome Qumico FormulaoDose*

    (kg ou litros do produtocomercial por ha)

    Karmex 800 ou similar** Diuron PM 80 % 2,0 - 4,0

    Karmex 500 SC ousimilar

    Diuron SC 50 % 3,2 - 6,4

    Krovar ou similar Diuron + Bromacil PM 80 % 2,0 - 4,0

    Top Z SC 500 ou similarAmetryn +Simazine

    SC 50 % 4,0 - 8,0

    Gesapax 500 ou similar Ametryn SC 50 % 4,0 - 6,0

    Simazina 800 ou similar Simazine PM 80 % 2,5 - 5,0

    Herbazin 500 BR ousimilar

    Simazine SC 50 % 4,0 - 8,0

  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo3030

    ANLISE QUMICA DO SOLANLISE QUMICA DO SOLOOE RECOMENDE RECOMENDAO DEAO DEADUBOSADUBOS

    A utilizao de adubos na cultura doabacaxi constitui prtica quase que obriga-tria, nos plantios com fins comerciais, emface do elevado grau de exigncia da planta.Deve-se levar em conta, porm, que exis-tem situaes em que parte pondervel dasnecessidades nutricionais da planta podeser suprida pelo prprio solo, razo pelaqual recomendvel que se faa sempre aanlise do solo da rea destinada ao plantio,como forma de obter subsdios valiosospara a orientao do programa de aduba-o. Lembrando a orientao contida notpico sobre correo de acidez, as amostrasde solo devem ser coletadas e enviadas aolaboratrio antes da implantao da cultura.

    Alm das exigncias nutricionais daplanta e da capacidade de suprimento denutrientes pelo solo, fatores como: nvel

    tecnolgico adotado na explorao, desti-no da produo e rentabilidade da culturadevem ser considerados para a definiodas quantidades de fertilizantes a seremaplicadas na cultura do abacaxi. As varia-es que podem ocorrer neste conjunto defatores, quando se examinam as caracters-ticas de produo de diferentes regies,evidenciam claramente que as recomenda-es de adubao devem ter, como situaoideal, abrangncias no mximo regionais,dentro de cada estado.

    Na maioria das situaes, consideran-do-se tambm outros pases produtores deabacaxi no mundo, verifica-se que a aduba-o nitrogenada tem variado de 6 g a 10 gN/planta, a fosfatada de 1 g a 4g P

    2O

    5/

    planta e a potssica de 4 g a 15 g K2O/

    planta. A Tabela 3 contm recomendaesde adubao para o abacaxizeiro, com baseem resultados analticos de solo. Conside-rar, contudo, que elas tm carter bastantegeneralizado, demandando, por conseguinte,

    10 ADUBAOLuiz Francisco da Silva Souza

    Tabela 3.Tabela 3. Recomendao da adubao para o abacaxizeiro, com base em resultados analticos dosolo.

    Em cobertura - Aps o plantioNutriente 1 ao 2 ms 5 ao 6 ms 8 ao 9 ms

    N (kg/ha)Nitrognio 80 110 130

    P2O5 (kg/ha)Fsforo no solo (Mehlich) mg P/dm3

    At 5 80 6 a 10 60 11 a 15 40

    K2O (kg/ha)

    Potssio no solo (Mehlich) mg K/dm3

    At 30 120 160 200 31 a 60 80 110 130 61 a 90 60 80 100

  • 3131Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    ajustes/adaptaes para atender adequada-mente s diferentes peculiaridades dos sis-temas produtivos de cada regio produtora.Grande parte dos estados brasileiros pro-dutores de abacaxi dispe de recomenda-es para a adubao da cultura, baseadasem resultados analticos de solo.

    Deve-se considerar que as influnciasdo nitrognio e do potssio so antagnicasem relao maioria das caractersticas dequalidade do fruto, o que dever determi-nar a necessidade de opo por diferentesrelaes potssio/nitrognio, nas aduba-es, para atender a situaes diversas, re-lacionadas sobretudo com o destino daproduo. Quando, por exemplo, o objeti-vo produzir para o mercado externo, oumesmo para mercados internos distantes, conveniente que a relao K

    2O/N na adu-

    bao situe-se numa faixa mais ampla (en-tre 1,5 a 2,5), no s para ajustar a relaoSST/acidez da polpa a valores mais identi-ficados com a preferncia dos pases im-portadores, mas tambm buscando confe-rir ao fruto maior resistncia ao transportede longas distncias. Igual amplitude deveter a relao K

    2O/N quando o destino da

    produo for a indstria de rodelas (fatias),visto que polpas mais consistentes poderoser cortadas mais facilmente e de formamais apropriada. Entretanto, se a produodestina-se a mercados menos exigentes,

    prximos da rea produtora, a relao K2O/

    N na adubao pode situar-se em faixasmais estreitas (at mesmo ser igual ou me-nor do que 1,0).

    ANLISE FOLIARANLISE FOLIARA avaliao do estado nutricional da

    planta, aps o estabelecimento da cultura,pode ser feita mediante anlises foliares.Para a efetivao da diagnose foliar noabacaxizeiro, coleta-se, normalmente, a fo-lha D (Figura 9), considerada como aque melhor representa o estado nutricionalda planta. Pode-se utilizar, para as anlises,o tero mediano no clorofilado da zonabasal (tcnica havaiana) ou a folha inteira(tcnica francesa).

    Recomenda-se, na amostragem, a co-leta de um mnimo de 25 folhas tomadas aoacaso, para cada talho uniforme de produ-o, considerando-se uma folha por planta.O momento da induo do florescimento(com variaes de 15 dias) tem sidoadotado como o estdio principal para acoleta das folhas. Contudo, em funo doobjetivo da avaliao, a poca de coletapode variar ao longo do ciclo vegetativo daplanta (do plantio induo floral).

    A Tabela 4 rene informaes de dife-rentes autores/instituies, sobre a inter-pretao dos resultados da diagnose foliarem abacaxi.

    Figura 9.Figura 9. Distribuio das folhas do abacaxizeiro, de acordo com a idade (A - maisvelha, F - mais jovem).

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    e: P

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  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo3232

    MODOS DE APLICAO DOSMODOS DE APLICAO DOSADUBOSADUBOS

    As adubaes podem ser feitas tantopor meio slido como por meio lquido.Sob a forma slida, os fertilizantes podemser aplicados nas covas ou nos sulcos deplantio (opo mais utilizada para os adu-bos orgnicos e adubos fosfatados), ou emcobertura, junto das plantas ou nas axilasdas folhas basais, opo preferida para osadubos nitrogenados e potssicos, poden-do tambm ser utilizada essa forma para osfertilizantes fosfatados solveis em gua(Figura 10). Adaptaes podem ser desen-volvidas para a adubao por via slida,incluindo-se o uso de adubadeiras, paraaumentar o rendimento da operao e/outorn-la mais confortvel. O funil acopladoa um tubo plstico rgido de, aproximada-mente, 80 cm, desenvolvido no estado daParaba (Figura 11), um bom exemplodessas adaptaes, que contribuem parareduzir o contato direto das mos e braosdo operador com os espinhos das folhas.Deve-se sempre evitar que os adubos caiam

    nas folhas superiores (mais novas) ou noolho da planta, em razo dos danos quepodem causar. conveniente, aps as adu-baes em cobertura, que se faa uma amon-toa, para cobrir os fertilizantes. Essa opera-o contribui para reduzir a perda denutrientes e para fixar a planta no solo.

    Tabela 4. Tabela 4. Concentraes adequadas de nutrientes na folha D do abacaxizeiro, indicadas pordiferentes autores/instituies.

    Fontes: Pinon ,1978; Malavolta, 1982; Lacoeuilhe,1984.

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    : Alm

    ira

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    ndra

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    Figura 10.Figura 10. Aplicao de adubo pela viaslida, utilizando uma colher.

    AutoresDalldorf &

    LangeneggerIRFA Pinon Malavolta Malavolta

    Amostragem

    Folha "D" inteira Tero mdio daparte basal dafolha D, aos 5

    meses

    Na emergnciada inflorescncia

    No momentoda induo

    floral

    Ao longo dociclo

    Aos 4meses

    Nutrientes N - % 1,50 a 1,70 > 1,20 1,30 a 1,50 1,50 a 1,70 2,00 a 2,20 P - % 0,10 > 0,08 0,13 0,23 a 0,25 0,21 a 0,23 K - % 2,20 a 3,00 > 2,80 3,50 3,90 a 5,70 2,50 a 2,70 Ca - % 0,80 a 1,20 > 0,10 0,14 0,50 a 0,70 0,35 a 0,40 Mg - % 0,30 > 0,18 0,18 a 0,25 0,18 a 0,20 0,40 a 0,45

    Zn - ppm 10 17 a 39 Cu - ppm 8 5 a 17 9 a 12 Mn - ppm 50 a 200 90 a 100 Fe - ppm 100 a 200 600 a 1000 B - ppm 30

  • 3333Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    A adubao foliar pela forma lquida mais utilizada para a aplicao de nitrognio,potssio e micronutrientes, podendo tam-bm ser uma alternativa para a aplicao demagnsio. Para as pulverizaes foliares,podem-se utilizar os pulverizadores costaisou barras de pulverizao, acopladas a tan-ques tracionados mecanicamente. Quandodas pulverizaes foliares com adubos, de-vem-se evitar as horas mais quentes do dia,assim como o escorrimento excessivo e oacmulo das solues nas axilas das folhas,para que no ocorram queimas. aconse-lhvel, tambm, que a concentrao totaldos adubos na soluo no ultrapasse 10%.Em plantios irrigados, pode-se recorrer ainda fertiirrigao para a aplicao de nutrientespor meio lquido (exceo para o fsforo, quedeve ser aplicado sob a forma slida).

    POCAS DE APLICAO EPOCAS DE APLICAO EPPARCELAMENTARCELAMENTOO

    A adubao do abacaxizeiro deve serrealizada na fase vegetativa do ciclo daplanta (do plantio induo doflorescimento), perodo em que h um apro-veitamento mais eficiente dos nutrientes

    aplicados. Os fertilizantes fosfatados so,na maioria das situaes, aplicados de umanica vez, por ocasio do plantio ou naprimeira adubao em cobertura. Em plan-tios no irrigados, adubados pela via slida,recomenda-se o parcelamento dos adubosnitrogenados e potssicos em no mximotrs vezes, no perodo compreendido entreo plantio (na maioria das vezes 30 a 60 diasaps) e os 30 dias que antecedem o trata-mento de induo floral, devendo-se sem-pre fazer coincidir as adubaes com per-odos de boa umidade no solo. Em plantiosirrigados, ou quando se utiliza a opo daaplicao pela forma lquida, promove-seum parcelamento maior da adubao.

    No recomendvel a aplicao defertilizantes para o abacaxizeiro aps ainduo do florescimento. Existem, contu-do, situaes especiais (por exemplo: plan-tas induzidas em ms condiesnutricionais), em que tal adubao poderesultar em algum efeito positivo para opeso e/ou qualidade do fruto. Nestas cir-cunstncias, melhor que a aplicao defertilizantes seja feita por meio de pulveri-zao foliar, logo aps a induo.

    Figura 11. Figura 11. Funil acoplado a tubo plstico rgido, para a adubao slida doabacaxizeiro. Adaptao desenvolvida no estado da Paraba.

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  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo3434

    FONTES DE NUTRIENTESFONTES DE NUTRIENTES

    Na escolha dos adubos importanteconsiderar o seu custo em relao s suasconcentraes em nutrientes (custo porunidade de N, P

    2O

    5, K

    2O etc.) e o modo de

    aplicao previsto. Em geral, as aplicaespor via slida apresentam menores exign-cias quanto s caractersticas dos produtos.Quando, porm, se pretende utilizar a vialquida, deve-se ter o cuidado de avaliar,alm da solubilidade do material, aspectosoutros inerentes s suas caractersticas in-trnsecas e qualidade, para evitar possveisproblemas, como elevada corroso de equi-pamentos, excessivo entupimento de tubu-laes e bicos, e incompatibilidades comoutros produtos.

    As alternativas mais freqentes para aadubao nitrogenada so a uria (45% N)e o sulfato de amnio (20% N). Outrasfontes de nitrognio, como o nitrato depotssio (13% N) e o nitrato de amnio(33% N), assim como os fertilizantes org-nicos (estercos animais, tortas vegetais etc.)podem ser utilizados na abacaxicultura,desde que economicamente viveis. Comofontes de fsforo, tm sido mais utilizadosos adubos fosfatados solveis em gua,como o superfosfato triplo (42% P

    2O

    5), o

    fosfato monoamnico-MAP (48% P2O

    5),

    o fosfato diamnico-DAP (45% P2O

    5) e o

    superfosfato simples (18% P2O

    5), sendo

    que este ltimo tambm pode suprir asdeficincias de enxofre (10-12% S) das plan-tas. Os termofosfatos magnesianos (17%P

    2O

    5) tm sido tambm utilizados como

    fonte de fsforo na abacaxicultura, consti-tuindo-se ainda em fonte de magnsio (9%Mg). A adubao potssica pode ser supri-da com o cloreto de potssio (58% K

    2O),

    sulfato de potssio (50% K2O), sulfato du-

    plo de potssio e magnsio (20% K2O) e o

    nitrato de potssio (44% K2O), sendo que

    as trs ltimas fontes so menos encontra-das no comrcio e mais caras.

    APLICAO DEAPLICAO DEMICRONUTRIENTESMICRONUTRIENTES

    A aplicao de micronutrientes na cul-tura do abacaxi pode ser feita por via slidaou por via lquida, sendo esta ltima a maisutilizada. Para as pulverizaes foliares,podem-se utilizar frmulas comerciais quecontenham os micronutrientes pretendi-dos, ou os sais dos respectivos nutrientes(sulfato de zinco a 1%; sulfato de cobre de1% a 2% ou oxicloreto de cobre a 0,15%;brax a 0,3%; sulfato ferroso de 1% a 3%).As aplicaes do sulfato de cobre devemser feitas no solo, perto das plantas, consi-derando que a pulverizao direta sobre asfolhas pode causar fortes queimaduras ne-las. Quanto ao sulfato ferroso, recomen-dvel a proteo contra a oxidao (utilizaro cido ctrico em quantidade correspon-dente a 20% do peso do sal de ferro). Demodo geral, a adio de uria s soluesfavorece a absoro dos micronutrientes.

    Para as aplicaes pela via slida exis-te a alternativa da utilizao de xidos efritas (silicatos sinterizados) dos respecti-vos nutrientes, alm dos sais citados nopargrafo anterior.

  • 3535Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    NECESSIDNECESSIDADES HDRICAS DOADES HDRICAS DOABAABACAXIZEIROCAXIZEIRO

    O abacaxizeiro uma planta com ne-cessidades hdricas relativamente reduzi-das, se comparado com outras plantas cul-tivadas. A sua adaptao a condies dedeficincia hdrica decorre de uma srie decaractersticas morfolgicas e fisiolgicastpicas de plantas xerfilas, tais como: a) acapacidade de armazenar gua na hipodermedas folhas; b) capacidade de coletar guaeficientemente, incluindo o orvalho, porsuas folhas em forma de canaleta; c) capa-cidade de reduzir consideravelmente asperdas de gua (transpirao) por meio devrios mecanismos.

    A demanda de gua do abacaxizeirovaria ao longo do ciclo da planta e, depen-dendo do seu estdio de desenvolvimentoe das condies de umidade do solo, podeser de 1,3 a 5,0 mm/dia. Um cultivo comer-cial de abacaxi exige em geral uma quantida-de de gua equivalente a uma precipitaomensal de 60 mm a 150 mm. A faixa ideal deprecipitao anual, para que ocorra sucessona explorao da cultura, situa-se entre1.000 mm e 1.500 mm bem distribudos,tornando-se necessria a irrigao nos lo-cais onde tal situao no alcanada.

    MTMTODOS DE IRRIGAOODOS DE IRRIGAO

    No h informaes sobre restriesde mtodos de irrigao para a cultura doabacaxizeiro. Entretanto, a escolhacriteriosa de um sistema de irrigao parauma determinada rea envolve uma ade-quada caracterizao dos recursos hdricos,solos, topografia, clima e do prprio ele-mento humano. Todos esses fatores asso-ciados determinam as condies que deve-ro ser atendidas pelo sistema de irrigao,

    permitindo estabelecer as alternativas quemelhor se adaptem a elas e, pelas anlisestcnica e econmica apropriadas, conduzira uma escolha plenamente satisfatria.

    Existem, basicamente, quatro formasde aplicao de gua que caracterizam osprincipais mtodos de irrigao:subsuperfcie, superfcie, localizada e as-perso.

    De modo geral, os sistemas de irriga-o por subsuperfcie e por superfcie noso utilizados na cultura do abacaxi.

    Dos sistemas de irrigao localizadade alta freqncia, o gotejamento o maisutilizado na cultura do abacaxi, sobretudoonde a disponibilidade de gua limitada,os custos de mo-de-obra so altos e astcnicas culturais so avanadas. utiliza-do comumente no Hava, associado ao usode filme de polietileno para a cobertura dosolo nas linhas de plantio visando reduzir aevaporao. Tem como principal inconve-niente o custo excessivamente elevado, emfuno da alta densidade de plantio dacultura do abacaxi, visto que, para um hec-tare de abacaxi plantado em fileira dupla noespaamento de 0,90 m x 0,40 m x 0,30 m,seriam necessrias 77 linhas de gotejadoresespaados de 0,30 m, totalizando 7.700metros/ha.

    J o sistema de irrigao pormicroasperso, mesmo tendo tambm amesma faixa de eficincia e oferecendomelhores condies de adaptabilidade cultura que a irrigao por gotejamento,tem como inconvenientes a necessidade deelevao das hastes suportes dosmicroaspersores a fim de aspergir guasobre as plantas de uma rea maior e,tambm, a necessidade de filtragem da guacomo no gotejamento.

    11 IRRIGAOOtvio Alvares de Almeida

  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo3636

    Sobrepondo-se ao gotejamento, a irri-gao por asperso adapta-se melhor aoabacaxizeiro devido ao formato e distri-buio de suas folhas, o que possibilita umamelhor captao de gua, aumentando aabsoro pelas plantas atravs das razesadventcias superiores.

    Os sistemas de irrigao por aspersomais representativos so: asperso conven-cional, linhas laterais autopropelidas comdeslocamento linear (lateral rolante) ou ra-dial (piv central), aspersores autopro-pelidos (com ou sem cabos de trao) emontagem direta.

    No existem restries utilizao denenhum dos sistemas de irrigao por as-perso supracitados desde que sejamdimensionados corretamente, evitando-secom isso que por meio dos respingos aspartculas do solo atinjam a roseta foliar(olho da planta), o que poder resultar nainibio do desenvolvimento e at na suamorte. Quando utilizam equipamentos depiv central, alguns produtores costumamrebaixar as bengalas dos aspersores, aproxi-mando-os mais das plantas (Figura 12).

    MANEJO DMANEJO DA IRRIGAOA IRRIGAO

    O manejo da irrigao corresponde determinao de quando e o quanto de guadeve ser aplicada para maximizar a produ-tividade e a eficincia de uso da gua, eminimizar custos, quer seja de mo-de-obra,quer de capital, mantendo as condies deumidade do solo e de fitossanidade favor-veis ao bom desenvolvimento da culturairrigada.

    Quando o tcnico irrigacionista elabo-ra um projeto de irrigao, ele fixa, deacordo com a capacidade de reteno degua do solo, da evapotranspirao da cul-tura e da eficincia do mtodo de irrigao,a quantidade de gua a ser aplicada em cadairrigao e o intervalo ou freqncia dasaplicaes. Geralmente, isso fixado deacordo com o estdio de maior exignciahdrica do ciclo da cultura. Tal exignciadepende tambm das condies climticas,por afetar diretamente a evapotranspiraoda cultura.

    Um bom programa de irrigao podebeneficiar a cultura do abacaxi de muitos

    Figura 12.Figura 12. Utilizao do sistema de irrigao por piv central, com rebaixamento dasbengalas dos aspersores.

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  • 3737Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    modos, a saber: a) aumentando a produtivi-dade; b) reduzindo o ciclo; c) permitindo aprogramao do cultivo de modo que pos-sibilite a obteno de frutos na entressafra;d) proporcionando a introduo da culturaem reas onde a precipitao pluviomtrica insuficiente, com decrscimo do risco deinvestimento; e) possibilitando maior efici-ncia no uso de fertilizantes.

    Quando irrigar o abacaxizeiro?Quando irrigar o abacaxizeiro?

    Uma vez conhecidos os perodosfenolgicos mais importantes da cultura,deve ser definida a freqncia com que seraplicada a irrigao, a fim de que a culturaatinja o seu potencial mximo de desenvol-vimento e produtividade.

    Os perodos de diferenciao floral e deenchimento do fruto foram considerados aspocas mais crticas durante o ciclo da plan-ta, em relao aos efeitos negativos do estressehdrico sobre o rendimento da cultura.

    Clculo da lmina de irrigaoClculo da lmina de irrigao

    Tanto a falta quanto o excesso de guaprejudicam o bom desenvolvimento dacultura do abacaxi. Da, para um bom ma-nejo da irrigao e uma boa conduo doabacaxizeiro, devem ser determinadas e/ou conhecidas as caratersticas fsicas dosolo, como capacidade de campo, ponto demurcha e densidade global do solo; a pro-fundidade efetiva do sistema radicular; e aeficincia do sistema de irrigao, a fim deque a cultura tenha a mxima disponibilida-de de gua que o solo possa reter, e que deveser aplicada no incio do plantio, calculadapela seguinte equao:

    em que:

    Li = Lmina de irrigao necessria, emmm;

    Cc = Capacidade de campo, em % peso;

    Pm = Ponto de murcha, em % peso;

    Ds = Densidade global do solo, em g/cm3;

    Pr = Profundidade efetiva do sistemaradicular, em cm, (0,20 m para o abacaxi) e,

    Compensando as perdas ocasionadaspela eficincia do sistema, tem-se que:

    em que:

    Lb = Lmina bruta ou lmina total deirrigao necessria, em mm;

    Ef = Eficincia do sistema de irrigao, emdecimal.

    MTMTODOS PODOS PARA MANEJO DARA MANEJO DAAIRRIGAOIRRIGAO

    Dentre os mtodos conhecidos paramanejo da irrigao, os mais comumenteutilizados so os baseados no turno de rega,na evaporao do tanque classe A e natenso de gua no solo.

    Clculo do turno de regaClculo do turno de rega

    Quando no se dispem de dados e/ou equipamentos que permitam a utilizaode um mtodo mais eficiente, define-se oturno de rega (TR) por meio do fator dedisponibilidade de gua no solo (f), que sempre menor que 1 e varia de 0,2 a 0,8, adepender da cultura, sendo os valores me-nores usados para culturas mais sensveisao dficit de gua no solo e os maiores paraas culturas mais resistentes.

    Relacionando-se o valor de (f) com osvalores conhecidos da umidade de capaci-dade de campo e do ponto de murcha, a fimde determinar a umidade do solo no mo-mento da reposio da gua, tem-se que:

    em que:

    Ui = Umidade do solo no momento dairrigao, em % peso seco.

    O produto deste fator pela lmina deirrigao necessria (Li), descontando-seou no as precipitaes efetivas, permitedeterminar a lmina de manuteno (Lm)

    (1)

    (2)

    (3)

  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo3838

    para a cultura, utilizando-se a equao:

    Substituindo-se o valor de (f) pelaequao 3, tem-se que:

    Dividindo-se a lmina de manutenopela evapotranspirao potencial da cultu-ra, obtm-se o turno de rega pela equao:

    em que:

    TR = Turno de rega, em dia;

    ETPc = evapotranspirao potencial da cul-tura, em mm/dia.

    Substituindo-se Lm pela equao 5,tem-se:

    Ainda, substituindo-se (f) pelo valor ado-tado para a cultura de abacaxi (0,50) e o valorde Li da equao 1, na equao 4, tem-se:

    para o caso de irrigao suplementar,tem-se:

    em que:

    Pe= Precipitao efetiva ou precipitao pro-vvel, em mm.

    Define-se ento a lmina de manu-teno da cultura, ou seja, a lmina quedever ser aplicada em cada rega, pelasequaes 4 e 5 ou ainda:

    Com base na evaporao doCom base na evaporao dotanque Classe A .tanque Classe A .

    Tendo o produtor um tanque Classe Ainstalado na fazenda ou mesmo uma esta-o agroclimatolgica nas cercanias ondepossa obter os dados dirios da evaporaoe de posse da Tabela 5, que contm oscoeficientes do tanque, alm de conheceros coeficientes da cultura nos seus vriosestdios de desenvolvimento, pode facil-mente manejar a gua de irrigao utilizan-do a equao:

    em que:Kp = Coeficiente do tanque Classe A ;

    Et = Evaporao do tanque Classe A (mm);

    Kc = Coeficiente da cultura.

    Adotando-se a freqncia de irrigaoou turno de rega fixo ou mvel, a lmina dereposio definida pelo somatrio daevapotranspirao potencial da cultura, nodecorrer do intervalo entre duas irrigaes.Conseqentemente, a irrigao deve serefetuada com a lmina determinada pelaequao:

    Compensando-se as perdas ocasiona-das pela eficincia de aplicao de gua dosistema de irrigao, tem-se:

    (4)

    (5)

    (6)

    (7)

    (8)

    (9)

    (10)

    (11)

    (12)

    (13)

    (irrigao total)

    (irrigao suplementar)

    (irrigao total)

    (irrigao suplementar)

    (14)

    (15)

  • 3939Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7 Abacaxi ProduoAbacaxi Produo

    A fim de facilitar a estimativa da preci-pitao efetiva para fins de irrigao demaneira aproximada, haja vista ser extre-mamente difcil e trabalhosa de ser determi-nada, na prtica, para perodos de um dia,toma-se como base a precipitaopluviomtrica (Pp) e a lmina de gua ne-cessria para que a umidade do solo retorne capacidade de campo na camada corres-pondente ao sistema radicular da cultura(Lm

    1). Para tanto, deve-se assumir que,

    quando a precipitao pluviomtrica forinferior deficincia de gua no solo, serconsiderada como sendo a precipitao efe-tiva. No caso de chuvas intensas, assume-se que a precipitao pluviomtrica ocorri-da capaz de elevar a umidade do solo capacidade de campo. Nesse caso, tem-se:

    se Pp < Lm1,

    ento Pe = Pp;

    se Pp Lm1, ento Pe = Lm

    1.

    Utilizando o tensimetroUtilizando o tensimetroO manejo da irrigao por meio deste

    mtodo relativamente simples, desde quese disponha da curva de reteno de guado solo. O controle da umidade do solo feito com o auxlio de tensimetro commanmetro de mercrio ou metlico(vacumetro) e as irrigaes efetuadas atodo momento que a tenso atingir umvalor mximo que no prejudique o desem-penho da cultura.

    O tensimetro no mede diretamenteo potencial matricial do solo, e sim, indicao estado de umidade do solo. Quando sealcana o equilbrio com o terreno, o poten-cial hdrico Y ser igual no ponto de leiturae no solo.

    No tensimetro com vacumetro, opotencial hdrico lido diretamente nomanmetro; e para se obter o potencialmatricial subtrai-se, do valor lido, o potencialgravimtrico (Yg). Na prtica, obtm-se opotencial matricial da seguinte maneira:

    Tabela 5.Tabela 5. Coeficiente Kp, do tanque Classe A, para diferentes tipos de cobertura do solo e nvel deumidade relativa e ventos durante as 24 horas.

    Nota: Para extensas reas de solo nu, reduzir os valores de Kp em 20%, em condies de alta temperatura e ventos fortes,e de 5% a 10%, em condies de temperatura, vento e umidade moderados.* Maior distncia do centro do tanque ao limite da bordadura, na direo predominante do vento.

    Fonte: Doorembos & Pruitt,1994; FAO, 1977.

    Posiodo

    TanqueR(m)*

    Exposio ATanque circundado

    por gramaUR% (mdia)

    Posiodo

    TanqueR(m)*

    Exposio BTanque circundado

    por solo nuUR% (mdia)

    Vento(km/dia)

    Baixa70

    Baixa70

    Leve700

    110

    1001000

    0,400,450,500,55

    0,450,550,600,60

    0,500,600,650,65

    110

    1001000

    0,500,450,400,35

    0,600,500,450,40

    0,650,550,500,45

  • Frutas do Brasil, 7Frutas do Brasil, 7Abacaxi ProduoAbacaxi Produo4040

    Potencial matricial do solo = com-primento do tensimetro leitura domanmetro

    em que:

    Ym = potencial matricial, em cb (centibares);

    l = comprimento do tensimetro, emcm;

    Yg = leitura do manmetro, em cb.

    Uma leitura zero (0) indica que o soloest saturado e que as plantas podem atparalisar suas atividades fisiolgicas devido falta de oxignio no solo:

    De zero a 10 cb indica que ainda h umexcedente de gua.

    De 10 cb a 20 cb indica umidade etambm ar no solo, necessrios para ocrescimento e desenvolvimento das plan-tas. Para a grande maioria dos solos, essafaixa de umidade representa a capacidadede campo, no requerendo irrigao nemos solos argilosos nem os de textura mdia.J nos solos arenosos, as plantas podemcomear a ter dificuldades para absorvergua a partir de 15 cb.

    De 20 cb a 40 cb indica gua dispon-vel e grande aerao para as plantas. Aindano necessrio irrigar os solos argilosos ede textura mdia. Entretanto, os solos are-nosos de textura grossa devem ser irrigadosna faixa de 20 a 30 cb e os de textura fina de30 cb a 40 cb.

    De 40 cb a 60 cb, indica que o soloainda tem umidade e grande aerao para asplantas em solos argilosos, de textura fina.Nos solos de textura mdia deve ser inicia-da a irrigao.

    De 60 cb a 80 cb indica que h poucaumidade para todos os tipos de solos, exce-tuando-se os argilosos bastante pesados.

    J para os tensimetros commanmetro de mercrio, determina-se opotencial matricial em que a planta no terproblemas para absoro de gua,