a3p - agenda ambiental da administração pública - ufrrj

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Apostila elaborada pelos alunos do curso de Administração Pública da UFRRJ.

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Licitação Sustentável O governo brasileiro despende anualmente mais de 600 bilhões de reais com a aquisição de bens e

contratações de serviços (15% do PIB). Nesse sentido, direcionar o poder de compra do setor público para

a aquisição de produtos e serviços com critérios de sustentabilidade implica na geração de benefícios

socioambientais e na redução de impactos ambientais, ao mesmo tempo que induz e promove o mercado de

bens e serviços sustentáveis. Por isso, este trabalho trata sobre a importância da licitação sustentável, a

especificação do conceito de sustentabilidade, a desmistificação de alguns conceitos errados sobre licitação

sustentável, apresentação de algumas maneiras de acrescentar critérios sustentáveis na licitação bem como

ferramentas que podem facilitar o processo e apresentação de alguns aspectos legais. O objetivo com isso é

oferecer um direcionamento inicial para a implementação de uma política sustentável capaz de acrescentar

valores na cultura organizacional administrativa.

Uso Racional dos Recursos A economia brasileira é caracterizada por elevados níveis de desperdício de recursos naturais. A

Administração Pública, como grande consumidora de recursos naturais, bens e serviços precisa dar o exemplo

das boas práticas em suas atividades. Sendo assim, este eixo temático da Agenda Ambiental na Administração

Pública se propõe:

Contribuir com idéias práticas sobre o uso racional dos recursos naturais no dia a dia, como por

exemplo, papel e energia, evitando desperdícios;

Multiplicar idéias para o uso de forma econômica de recursos como: água, copos plásticos e outros

materiais de expediente;

Sensibilizar os gestores públicos quanto à utilização consciente dos bens públicos;

Outro ponto é a diminuição significativa dos custos de produção e dos gastos.

Resíduos Sólidos

Uma das grandes preocupações ambientais atualmente é o descarte dos resíduos sólidos gerados

pela sociedade moderna e consumista. A Política Nacional de Resíduos Sólidos busca a prevenção e a geração

de resíduos para a adoção de práticas de hábitos de consumo sustentável. Os entes federativos devem tratar os

resíduos por meio de uma Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos. Segundo a Associação Nacional de Órgãos

Municipais do Meio Ambiente, apenas 10% dos quase 3 mil municípios com lixões conseguiram solucionar o problema

da coleta seletiva, reciclagem, inclusão social e participação da sociedade na criação de metas para a eliminação dos

lixões. A própria Administração Pública tem seu papel na questão dos resíduos - embora negligenciada por muitos

municípios. Neste sentido, o objetivo deste projeto é provocar uma reflexão no manejo adequado dos resíduos sólidos

gerados em suas atividades, estimulando a inserção de ações de sustentabilidade e integrando as ações sociais e

ambientais com o interesse público em servidores públicos da esfera municipal.

LICITAÇÃO SUSTENTÁVEL

Licitação Sustentável

5

Muito se fala em ecoeficiência e sustentabilidade. E muitas empresas

comercializam produtos que ganham o nome de ecoeficientes ou sustentáveis.

Mas, afinal, o que esses conceitos significam?

O termo foi criado pelo Conselho Mundial de Negócios para o

Desenvolvimento Sustentável (World Business Council for Sustainable

Development), em 1992, no livro Changing Course. Para que uma ação seja

considerada ecoeficiente é preciso que tenha um preço competitivo, satisfaça

as necessidades humanas, proporcione qualidade de vida, consuma recursos

naturais de forma reduzida e respeite a capacidade de sustentação do planeta.

A ecoeficiência permite que as empresas sejam ambientalmente

responsáveis e, ao mesmo tempo, lucrativas. Favorece a reciclabilidade e a

durabilidade do produto.

Exemplos de produtos ecoefiecientes são alguns carros com menor

índice de poluentes. Para contribuir para com o consumo sustentável e também

para estimular o setor automotivo a buscar tecnologias ambientalmente mais

adequadas para o desenvolvimento de motores, veículos e combustíveis, o

IBAMA criou um programa chamado Nota Verde – que classifica automóveis

novos analisando os níveis de emissão de poluentes. Os modelos de carros

recebem de uma a cinco estrelas.

Outro exemplo de produto ecoeficiente são as chamadas telhas de caixa

de leite. A Tetra Pak produz telhas ecológicas, que são feitas com o material

das embalagens longa vida recicladas. O resultado é uma telha duradoura,

impermeável e barata, além da redução do impacto ao meio ambiente, já que o

material desse tipo de embalagem pode levar 180 anos para se decompor.

Jaqueline Baumel1

1 http://www.oquevocefezpeloplanetahoje.com.br/ecoeficiencia-o-que-e-isso/

Licitação Sustentável

6

O que é Sustentabilidade?

Sustentabilidade pode ser definida como a capacidade do ser humano

interagir com o mundo, preservando o meio ambiente para não comprometer

os recursos naturais das gerações futuras. É um conceito que gerou dois

programas nacionais no Brasil. O Conceito de Sustentabilidade é complexo, pois

atende a um conjunto de variáveis interdependentes, mas podemos dizer que

deve ter a capacidade de integrar as Questões Sociais, Energéticas, Econômicas

e Ambientais. Em outras palavras, podemos entender sustentabilidade como

uma cosmovisão que envolve aspectos sociais, ambientais e econômicos, e que

não apenas redunda, mas é imprescindível para que haja preservação do meio

ambiente, recursos naturais e da vida humana e para a melhoria da qualidade

de vida.

Como bem salienta Leonardo Boff, autor do livro “Sustentabilidade: o

que é e o que não é”:

“Sustentabilidade é toda ação destinada a manter as condições energéticas,

informacionais, físico-químicas que sustentam todos os seres, especialmente a

Terra viva, a comunidade de vida e a vida humana, visando a sua continuidade

e ainda a atender as necessidades da geração presente e das futuras de tal

forma que o capital natural seja mantido e enriquecido em sua capacidade de

regeneração, reprodução, e coevolução.”

O que é licitação?

Licitação é o procedimento administrativo formal para contratação de serviços

ou aquisição de produtos pelos entes da Administração Pública direta ou

indireta. No Brasil, para licitações por entidades que façam uso da verba

pública, o processo é regulado pelas leis 8.666/932 e 10.520/023.

2Congresso Nacional Brasil. Lei Nº 8666 de 21 de junho de 1993 (em português). Página visitada em 01 de junho de 2014.

3Congresso Nacional Brasil. Lei N 10.520 de 17 de Julho de 2002 (em português). Página visitada em 01 de junho de 2014.

Licitação Sustentável

7

De acordo com a legislação existente, atualmente a Administração

Pública direta e indireta, não possui autonomia para celebrar contratos de

aquisição, vendas, concessão, locação ou contratação de obras ou serviços,

pois esta não trabalha com recursos próprios ou disponíveis, mas sim com

recursos públicos. Por este motivo, a Administração deverá sempre prestar

contas, observando uma série de princípios e procedimentos previstos em leis.

Quando a Administração pública tem uma necessidade pública a ser

atendida por meio de licitação, inicia-se a fase interna desta licitação, que é

planejar o que e como comprar. É nessa fase onde as condições do ato

convocatório são delimitadas e determinadas.

Depois disso vem a fase externa, que começa com a publicação do edital

ou com a entrega do convite. A fase externa termina com a compra ou

contratação do serviço, onde a proposta mais vantajosa, menos onerosa e de

melhor qualidade é selecionada.4

Todo o processo licitatório é direcionado e regido por alguns princípios:5

Moralidade: “comportamento escorreito, liso e honesto da Administração. ”

Impessoalidade: “proibição de qualquer critério subjetivo, tratamento

diferenciado ou preferência, durante o processo licitatório para que não seja frustrado o

caráter competitivo desta. ”

Legalidade: “disciplina a licitação como uma atividade vinculada, ou seja, prevista

pela lei, não havendo subjetividade do administrador. ”

Probidade: “estrita obediência às pautas de moralidade, incluindo não só a

correção defensiva dos interesses de quem a promove, bem como as exigências de

lealdade e boa-fé no trato com os licitantes.”

Publicidade: “transparência dos atos da Administração Pública.”

Julgamento objetivo: “vedação da utilização de qualquer critério ou fator

sigiloso, subjetivo, secreto ou reservado no julgamento das propostas que possa elidir a

igualdade entre os licitantes. Artigo 44, da Lei 8666/93.”

4 http://www.licitacao.net/valores.asp#melhor_tecnica_e_preco. Página visitada em 01 de junho de 2014. 5 http://www.infoescola.com/direito/licitacao/. Página visitada em 01 de junho de 2014

Licitação Sustentável

8

Vinculação ao Instrumento Convocatório: “respeito às regras

estabelecidas no edital ou na carta-convite – artigo 41, Lei 8666/93”

Sigilo das propostas: “é um pressuposto de igualdade entre os licitantes. O

conteúdo das propostas não é público, nem acessível até o momento previsto para sua

abertura, para que nenhum concorrente se encontre em situação vantajosa em relação

aos demais.”

Competitividade: “o procedimento de licitação deve buscar o melhor serviço pelo

menor preço.”

A licitação pode ser realizada por modalidades e tipos, são elas:6

Concorrência – A concorrência é a modalidade de licitação que se

realiza, com ampla publicidade, para assegurar a participação de

quaisquer interessados que preencham os requisitos previstos no edital

convocatório.... Deve ser adotada nos seguintes casos: compra de bens

imóveis; alienações de bens imóveis para as quais não tenha sido

adotada a modalidade leilão; concessões de direito real de uso, serviço

ou obra pública; licitações internacionais.

Tomada de preços – A tomada de preços é a modalidade de licitação

realizada entre interessados previamente cadastrados ou que preencham

os requisitos para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do

recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. É a

licitação para contratos de valor estimado imediatamente inferior ao

estabelecido para a concorrência.

Concurso – O concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer

interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico,

mediante a instituição de prêmio ou remuneração aos vencedores,

segundo critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial. É

comumente utilizado na seleção de projetos, onde se busca a melhor

técnica, e não o menor preço.

6 http://www.ufrgs.br/dcf/index.php/perguntas-e-respostas/20-licitacao/49-quais-as-modalidades-de-licitacao. Página visitada em 15 de

junho de 2014

Licitação Sustentável

9

Convite – É a modalidade de licitação entre, no mínimo, três

interessados do ramo pertinente a seu objeto, cadastrados ou não,

escolhidos e convidados pela unidade administrativa. Podem também

participar aqueles que, mesmo não sendo convidados, estiverem

cadastrados na correspondente especialidade e manifestarem seu

interesse com antecedência de 24 horas da apresentação das propostas.

Leilão - É modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a

venda de bens móveis inservíveis para a Administração ou de produtos

legalmente apreendidos ou penhorados, ou ainda para a alienação de

bens imóveis cuja aquisição haja derivado de procedimento judicial ou

de dação em pagamento”

Pregão – É a modalidade licitação em que disputa pelo fornecimento de

bens e serviços comuns é feita em sessão pública. Os licitantes

apresentam suas propostas de preço por escrito e por lances verbais,

independentemente do valor estimado da contratação

“A concorrência é a modalidade de licitação que se realiza, com ampla publicidade,

para assegurar a participação de quaisquer interessados que preencham os requisitos

previstos no edital convocatório.... deve ser adotada nos seguintes casos: compra de

bens imóveis; alienações de bens imóveis para as quais não tenha sido adotada a

modalidade leilão; concessões de direito real de uso, serviço ou obra pública; licitações

internacionais.”

Além disso, existem 3 tipos de critérios que a Administração Pública pode

utilizar para selecionar a proposta mais vantajosa, são eles:

Menor Preço – Onde o critério para decidir qual proposta será a mais

vantajosa é o menor preço;

Melhor técnica – Onde o critério para decidir qual proposta será a mais

vantajosa é de ordem técnica;

Melhor técnica e Preço – Onde o critério para decidir qual proposta

será a mais vantajosa é a média obtida pelas notas de menor preço e

melhor técnica.

Licitação Sustentável

10

O que é Licitação Sustentável?

A licitação sustentável é o procedimento administrativo formal que

contribui para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável, mediante

a inserção de critérios sociais, ambientais e econômicos nas aquisições de bens,

contratações de serviços e execução de obras.7 De acordo com a definição

disponibilizada no site do Ministério do Meio Ambiente, “licitação sustentável é o

procedimento administrativo formal que contribui para a promoção do

desenvolvimento nacional sustentável, mediante a inserção de critérios sociais,

ambientais e econômicos nas aquisições de bens, contratações de serviços e

execução de obras”

Usar critérios sustentáveis no processo licitatório é não apenas permitido,

mas exigido pela lei. A lei 8666 de 21 de Junho de 1993, que regula as

licitações que ocorrem no âmbito Federal, estadual e municipal, recebeu em

seu terceiro artigo uma nova redação em 2010, dada pela lei n º 12.349 que

afirma que a licitação destina-se a garantir entre outras coisas a ”promoção do

desenvolvimento nacional sustentável“.

Tento em vista que a própria lei, define que as licitações devem ser

sustentáveis e promover o “desenvolvimento nacional sustentável”, cabe ao

próprio Governo em toda as esferas e em todas as organizações da

Administração Pública cumprir e fomentar, o que esta descrito na lei. Como

disse Delfino Natal de Souza ex-secretário de logística e tecnologia da

informação:

“A gestão pública deve promover uma cultura institucional que sirva de

exemplo para a sociedade”.

Existem movimentos nessa direção que já estão ocorrendo. Das compras

realizadas pelo Governo Federal no primeiro semestre de 2012, 83% foram

sustentáveis. Os produtos mais adquiridos, de acordo com informações

disponibilizadas no site “Portal das Compras Sustentáveis”, foram:

7http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p/eixos-tematicos/item/526.Página visitada em 01 de junho de 2014.

Licitação Sustentável

11

computadores (39%), papel (16,4%), aparelhos de ar condicionado (15,7%).

Os órgãos de maior destaque, representando 79% das contratações

sustentáveis deste período, foram os Ministérios da Justiça, da Educação e da

Defesa.8

Quais questões sustentáveis devemos levar em

conta nas Licitações?9

Segundo o Manual de Compras Públicas da FGV, a sustentabilidade tem 5

atributos que podem ser utilizados como princípios norteadores nas licitações

sustentáveis, são eles:

Ambiental: Usar avaliação de ciclo de vida para verificar impactos

ambientais de produtos e embalagens; reduzir o material de

embalagens; incentivar a concepção de produtos recicláveis ou

reutilizáveis; considerar a toxicidade de materiais e produtos; matéria-

prima renovável, eficiência energética, uso de água, redução de

emissões de gases e desperdícios.

Segurança: Garantir o transporte seguro de insumos e produtos;

garantir que as instalações dos fornecedores sejam operadas com

segurança.

Diversidade: Comprar de empresas pertencentes a mulheres e a

minorias, como quilombolas e indígenas.

Direitos Humanos: Visitar instalações dos fornecedores para garantir

que eles não estejam usando trabalho análogo ao escravo; assegurar

que os fornecedores cumpram com as leis de trabalho infantil; solicitar

aos fornecedores a pagarem um salário digno.

Compras de pequenas empresas locais: Comprar de micro e

pequenas empresas, comprar de fornecedores locais.

8 http://comprassustentaveis.com/editais-sustentaveis/ . Págia visitada em 13 de junho de 2014 9Betiol, Luciana Stocco., Uehara, Thiago Hector Kanashiro., Laloë, Florence Karine., Appugliese, Gabriela Alem., Adeodato, Sérgio.,

Ramos, Lígia., Neto, Mario Prestes Monzoni. Compra Sustentável: a força do consumo público e empresarial para uma economia verde e inclusiva. São Paulo: Biblioteca Karl A. Boedecker da Fundação Getulio Vargas, 2012. p. 110

Licitação Sustentável

12

O princípio da sustentabilidade aplica-se a um único empreendimento, a

uma pequena comunidade, até o planeta inteiro. Para que um empreendimento

humano seja considerado sustentável, é preciso que seja:

• Ecologicamente correto

• Economicamente viável

• Socialmente justo

• Culturalmente diverso

Por que optar pela licitação sustentável?

O governo brasileiro despende anualmente mais de 600 bilhões de reais

com a aquisição de bens e contratações de serviços (15% do PIB). Nesse

sentido, direcionar o poder de compra do setor público para a aquisição de

produtos e serviços com critérios de sustentabilidade implica na geração de

benefícios socioambientais e na redução de impactos ambientais, ao mesmo

tempo que induz e promove o mercado de bens e serviços sustentáveis.

O consumo público tem que ser sustentável, ou seja, precisa respeitar

não somente os critérios econômicos referentes a preço e oferta, deve levar em

consideração critérios ambientais relativos à ecoeficiência de como os produtos

e serviços contratados são produzidos e comercializados, e suas consequências

ao serem consumidos. Desta forma, é interessante refletir sobre a possibilidade

de pautar as aquisições públicas tem a partir de num instrumento

ecologicamente correto que efetive este consumo sustentável; apresentando-

se, assim, como um meio para esta efetivação as denominadas licitações

sustentáveis.

Ou seja, Administração Pública, em suas licitações, em respeito aos

critérios ecológicos e sociais deve, na mesma proporcionalidade, promover os

benefícios à sociedade, mitigando os impactos ambientais através da

estipulação de critérios de sustentabilidade. No entanto, os fornecedores que

Licitação Sustentável

13

desejam participar do procedimento das licitações deverão observar os

referidos critérios.10

Além disso, se as compras públicas forem direcionadas pela

sustentabilidade, o impacto poderá chegar também no setor produtivo,

influenciando-o em uma produção mais sustentável.

“Ao se engajar em uma proposta de desenvolvimento sustentável, o poder

público deve interceder para transformar padrões produtivos e as formas de se

comprar e consumir. Para isso, pode promover estilos de vida e

comportamentos mais sustentáveis, remodelar sua própria infraestrutura,

elaborar normas e criar incentivos econômicos favoráveis à conservação dos

recursos naturais e à felicidade humana. ” 11

Diante do que foi exposto não apenas nesta sessão, mas em todo o

trabalho, percebe-se que a licitação sustentável deve ser uma prática comum

no meio da Administração Pública. Realizar compras e contratações que

considerem padrões sustentáveis é exigido pela lei, e por tanto uma obrigação,

já que a função administrativa do Estado pertence ao Executivo e este é

também responsável por executar as leis. Ora, aquele que é responsável por

executar as leis deve ser também, exemplo para toda a sociedade como

cumpridor dessas leis em todas as suas esferas administrativas.

Além disso, respeitar os critérios sustentáveis nas licitações, é a

demonstração de que Administradores Públicos se preocupam com a

preservação do meio ambiente e com o futuro da população. Este fato deve

ser considerado com a devida relevância que ele possui, uma vez que o

objetivo principal da Administração Pública é atender aos interesses da

população. Portanto, como não atentar para aquilo que gerará um bem

imensurável, para aqueles cujos interesses e acolhimento destes interesses, são

a principal finalidade da Administração Pública?

10

http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10603 Página visitada em 01 de junho de

2014. 11

Betiol, Luciana Stocco., Uehara, Thiago Hector Kanashiro., Laloë, Florence Karine., Appugliese, Gabriela Alem., Adeodato, Sérgio.,

Ramos, Lígia., Neto, Mario Prestes Monzoni. Compra Sustentável: a força do consumo público e empresarial para uma economia verde e inclusiva. São Paulo: Biblioteca Karl A. Boedecker da Fundação Getulio Vargas, 2012. p.24 Apud: WOLFF, F.; SCHÖNHERR, N. The impact evaluation of sustainable consumption policy instruments. J Consum Policy, 34, 43-66, 2011.

Licitação Sustentável

14

PARA REFLETIR... Gargalos da licitação pública são destacados em palestra da 70ª Soea

A regulamentação das licitações e o Sistema Tributário Nacional foram tratados na palestra proferida pelo

engenheiro civil e professor Luís Roberto Andrade Ponte, que compôs a programação da 70ª SOEA. Autor

da Lei 8.666/93, que dispõe sobre as exigências do processo licitatório nos órgãos públicos, e do livro

Capitalismo Sem Miséria, o palestrante defendeu que um governo bom “é aquele que arrecada

honestamente e com racionalidade, aplicando corretamente os recursos naquilo que a sociedade almeja”.

De acordo com Ponte, existe uma vontade permanente no Brasil em contratar empresas de pessoas

conhecidas e, consequentemente, favorecer um amigo ou até parente. Segundo ele, essa irregularidade

leva muitas pessoas a criticarem ou difamarem a legislação, que possui como fundamentos: contratação

mediante licitação pública, direito isonômico de participação, obrigação do pagamento e manutenção das

condições efetivas da proposta.

O professor explicou que antes da Lei 8.666, existiu o Decreto-lei 2.300, que não obrigava a publicação

dos editais. “Vi concorrências nas quais metade dos participantes ficou de fora porque estava com o

preço 50% superior. Alguns empresários fechavam o preço antecipadamente com o governo”, declara.

Ponte ainda colocou que a partir desta inconformidade começou-se a discutir o que, até então, era

chamada de Carta de Belo Horizonte, primeira crítica a esta deformação, ainda na gestão do ex-

presidente Fernando Collor.

A falta de punições severas pelo descumprimento contratual de contratado e contratante foi criticada por

Luís Roberto Ponte. Segundo ele, existem condições diferenciadas para bancos e empresas de

construção, por exemplo. Existe um favorecimento aos bancos, enquanto que as demais organizações

são penalizadas. “A lei é clara, são 30 dias para pagar. É necessário fazer correções e propor

penalizações que a lei ainda não definiu, como multas e juros”, afirma.

Dispositivos possibilitando diversas interpretações da lei relacionadas ao financiamento junto ao governo

foi outro ponto destacado pelo palestrante, que vem dedicando (desde 1993) grande parte do seu tempo

à regulamentação. Como resposta às críticas da regulamentação, disparou: “É um engodo acreditar que a

8.666 é complexa. Querem desmoralizá-la para fazer valer a dispensa de licitação”.

Fonte: http://www.mutua.com.br/beneficios/reembolsaveis/apoio-flex/item/6526-gargalos-da-licitacao-publica-sao-destacados-em-

palestra-da-70-soea. Página visitada em 16 de Junho de 2014.

Desmistificando a licitação sustentável:

Muitos pensam que tomar a decisão de se realizar uma licitação sustentável,

não é a opção mais vantajosa por muitas vezes tornar a compra mais cara,

porém isso é um erro. A adesão ao conceito de sustentabilidade por meio da

Licitação Sustentável

15

Licitação Sustentável não implica, necessariamente, em maiores gastos de

recursos financeiros. Isso porque nem sempre a proposta vantajosa é a de

menor preço e também porque deve-se considerar no processo de aquisição de

bens e contratações de serviços aspectos que vão além dos tradicionais preço-

prazo-qualidade, são eles:

a. Custos ao longo de todo o ciclo de vida: É essencial ter em conta os

custos de um produto ou serviço ao longo de toda a sua vida útil – preço

de compra, custos de utilização e manutenção, custos de eliminação.

No Estado de São Paulo, foi aprovado em 2001, o Decreto Nº 45.643,

que obriga a aquisição pela Administração Pública Direta, Autárquica e

Fundacional de lâmpadas de alto rendimento, com o menor teor de

mercúrio dentre as disponíveis no mercado, e de cabos e fios de alta

eficiência elétrica e baixo teor de chumbo e policloreto de vinila (PVC).

b. Eficiência: as compras e licitações sustentáveis permitem satisfazer as

necessidades da administração pública mediante a utilização mais

eficiente dos recursos e com menor impacto socioambiental.

O Decreto Nº 42.836, de 02/02/98 do Estado de São Paulo, com redação

alterada pelo Decreto Nº 48.092, de 18/09/03, que impõe para a frota

do Grupo Especial da Administração Direta e Indireta a aquisição de

veículos movidos a álcool, admitida, em caráter excepcional,

devidamente justificado, a aquisição de veículos na versão bicombustível,

ou movidos a gasolina, quando não houver modelos na mesma

classificação, movidos a álcool (substituição de chumbo tetraetila por

álcool anidro).

c. Compras compartilhadas: por meio da criação de centrais de compras

é possível utilizar-se produtos inovadores e ambientalmente adequados

sem aumentar-se os gastos públicos. O município X pode se juntar ao Y

e Z....

Licitação Sustentável

16

Compra compartilhada é uma maneira de reunir essas compras e de

conseguir os seguintes benefícios: preços mais competitivos, condições

mais favoráveis e a introdução de políticas e critérios de compra

sustentável. A cidade de Santa Catarina iniciou juntamente com a cidade

do Paraná e do Rio Grande do Sul a compra de produtos alimentícios

orgânicos para serem servidos às crianças nas escolas públicas, os

chamados programas de merendas ecológicas.

d. Redução de impactos ambientais e problemas de saúde: grande

parte dos problemas ambientais e de saúde a nível local é influenciada

pela qualidade dos produtos consumidos e dos serviços que são

prestados.

No Pregão Eletrônico 59/2011, a Defensoria Pública da União (DPU),

realizou a contratação de serviços de limpeza, asseio e conservação, com

fornecimento de material e equipamentos, trazendo em suas obrigações

de contratação diversos procedimentos relacionados ao correto descarte

de materiais, dentre outras.

e. Desenvolvimento e Inovação: o consumo de produtos mais

sustentáveis pelo poder público pode estimular os mercados e

fornecedores a desenvolverem abordagens inovadoras e a aumentarem

a competitividade da indústria nacional e local.

No município de São Paulo, foi estabelecido através do Decreto Nº

42.318, de 21 de agosto de 2002, um Programa Municipal de Qualidade

Ambiental com o objetivo de promover mudanças nos padrões de

consumo e estimular a inovação tecnológica ecologicamente eficiente,

usando o poder de compra como política ambiental e fomentar a adoção

de critérios ambientais nas especificações de produtos e serviços a serem

adquiridos pela Administração Municipal, dentre outros objetivos.

Licitação Sustentável

17

f. Ganho reputacional e de imagem por atuar ativamente na proteção

Socioambiental;

A Caixa Econômica Federal, desde de 2011 em seus editais, faz constar

em anexo um “Termo de Compromisso de Responsabilidade

Socioambiental” e um “Termo de Destinação Ambientalmente Correta de

Resíduos em Geral”, que obriga as empresas contratada a efetuar o

descarte ambientalmente correto de materiais.

g. Ser exemplo no cumprimento da legislação.12

Destaca-se a Advocacia Geral da União (AGU) com o “Guia Prático de

Licitações Sustentáveis”, criado para assessorar seus órgãos, tratando-se

de um “compêndio de normas jurídicas que já estão em vigor e, por seu

efetivo vinculante devem ser obrigatoriamente cumpridas,

independentemente de quaisquer justificativas técnicas”.

Desta forma, percebemos que licitações sustentáveis, podem sim,

inicialmente, parecerem mais caras, mas a proposta é que com o passar do

tempo esse custo seja balanceado com a decorrente economia e durabilidade

que os produtos sustentáveis podem proporcionar.

12

Betiol, Luciana Stocco., Uehara, Thiago Hector Kanashiro., Laloë, Florence Karine., Appugliese, Gabriela Alem., Adeodato, Sérgio.,

Ramos, Lígia., Neto, Mario Prestes Monzoni. Compra Sustentável: a força do consumo público e empresarial para uma economia verde e

inclusiva. São Paulo: Biblioteca Karl A. Boedecker da Fundação Getulio Vargas, 2012. p. 104

Licitação Sustentável

18

PARA REFLETIR......

Sustentabilidade e competitividade

O art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal determina seja assegurada igualdade de condições a

todos os participantes de um procedimento licitatório e, portanto, sejam somente realizadas exigências

de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Assim, o primeiro questionamento a ser enfrentado está em saber se a inserção de critérios de

sustentabilidade ambiental nas licitações públicas viola o princípio da competitividade.

No plano teórico não se vislumbra qualquer violação ao princípio da competitividade, que, como já

sustentado em outra oportunidade, 20 não é um valor absoluto nas licitações, devendo ser delimitado

após a definição do objeto pelo administrador — cuja atuação deve ser balizada pelo princípio da

proporcionalidade.

Assim, apenas após a definição do objeto licitado, contemplando requisitos de sustentabilidade

ambiental, é que se poderá indagar a respeito das exigências de qualificação técnica e econômica

indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

O estudo dos mercados e dos benefícios ambientais, devidamente embasado em indispensável e

motivada fundamentação técnica que ampare as restrições à competição, tem papel fundamental na

averiguação de ocorrência de restrição excessiva à competição no bojo de uma licitação dita sustentável.

Em outros termos, toda restrição à competição que busque promover o valor da sustentabilidade deve

estar motivada, com a demonstração de que a exigência é dotada de razoabilidade.

Não bastam exigências vazias ou que não tenham por objetivo a produção de efetivos resultados

práticos. Indispensável, insista-se, o dever de o administrador público formular as exigências de natureza

ambiental de maneira objetiva e motivada, de modo a não inviabilizar a competição.

Questão interessante seria cogitar se, com a adoção de critérios de sustentabilidade, poderia a

restrição à competição tornar inexigível a licitação.

Ora, a inexigibilidade de licitação pública ocorre quando o quadro fático demonstra ser inviável a

competição. Aqui, mais uma vez, assume grande importância o princípio da proporcionalidade como

parâmetro para a definição do objeto a ser contratado.

Como a contratação por inexigibilidade deve ser devidamente justificada pelo administrador público,

isso servirá de parâmetro a determinar se, à luz do teste de proporcionalidade, atendia melhor ao

interesse público realizar as restrições de sustentabilidade ou se era possível fazer outras exigências que

permitiriam existir competição no caso.

Fonte: GARCIA, F; RIBEIRO, L. Licitações públicas sustentáveis. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, 241, maio/ago.

2012.

Licitação Sustentável

19

Exemplos de licitações sustentáveis:13

Banco da Amazônia: Aquisição de equipamentos de autoatendimento com a

adoção do sistema de “trade in”, onde as empresas desenvolvedoras dos

equipamentos ficam com a responsabilidade do descarte do equipamento

substituído, de forma segura e sustentável.

Câmara dos Deputados: A Câmara dos Deputados instituiu em 2011, o Ato

da Mesa nº 4, o qual trata especificamente das Compras Públicas Sustentáveis,

impondo aos gestores a observância dos critérios de sustentabilidade quando

da elaboração dos seus editais. Assim, cumpre mencionar os seguintes

certames:

• Na aquisição de lâmpadas, pilhas, pneus, óleos lubrificantes

introduzimos as exigências da logística reversa com base na Lei nº

12.305/2010, bem como nas resoluções do Conama para cada

produto.

• Na contratação de serviços de restaurante a exigência de um plano

de monitoramento dos resíduos;

• Na aquisição de papel, é exigida a comprovação da origem florestal;

• Exigência com selo de economia de energia – PROCEL, para

eletrodomésticos - ar condicionado, geladeiras.

• Na aquisição de madeira ou produtos derivados, a Câmara exige que

empresa fornecedora atenda aos seguintes critérios:

a. Possuir credenciamento ou registro junto ao IBAMA; Comprovar a

procedência legal da madeira por meio da emissão de DOF

(Documento de Origem Florestal), para o caso de fornecimento de

madeiras de espécies nativas.

b. Comprovar que a madeira não foi colhida em áreas florestais onde

ocorra violação dos direitos trabalhistas. Tal comprovação poderá

ser feita por meio de declaração da licitante, certificação (a

exemplo do CEFLOR – Certificação de Origem Florestal) ou

13

http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p/eixos-tematicos/item/9031 Página visitada em 01 de junho de 2014.

Licitação Sustentável

20

relatório de auditoria independente (emitido pelas entidades

credenciadas pelos órgãos governamentais competentes,

habilitadas pelo INMETRO) e estará sujeita à verificação de sua

validade pela Câmara dos Deputados.

• Aquisição de produtos que promovam a redução de gasto dos

recursos hídricos por meio da instalação de sistemas e aquisição de

instalações e equipamentos economizadores.

• Aquisição de computadores com critérios ambientais – TI verde.

• Exigências nos editais quanto à redução de embalagens.

• Solicitação das especificações constante das certificações ou qualquer

outra prova que comprove os critérios exigidos no edital;

• Os projetos de arquitetura e demais projetos complementares para as

obras e serviços da Câmara dos Deputados são elaborados segundo

princípios de qualidade e sustentabilidade, como à redução do

consumo de energia e água e à utilização de tecnologias e materiais

com critérios de sustentabilidade, que minimizam os impactos

ambientais.

• Locação de veículos biocombustível.

• Nos contratos de prestação de serviço de limpeza e conservação, a

exigência quanto à promoção da coleta seletiva.

Eletrobras/Eletronorte: Em todas as aquisições da empresa, nas plantas

certificadas com a ISO 14.001 há o anexo correlato ao aspecto e impacto

ambiental do fornecedor, e quando a Requisição de Compra é encaminhada

sem este anexo, é imediatamente devolvida a área solicitante, preconizado no

“chek-list da RC” item da Norma 9001, passível de auditoria interna e externa,

tanto da NBR ISO 9001 quanto da NBR ISO 14001.

IFT-GO - Campus Rio Verde: Aquisição de madeira com certificado de

regularidade.

IBRAM: Aquisição de sanitários móveis para serem instalados nos parques que

são de responsabilidade do Instituto. Esses sanitários possuirão mecanismo de

coleta de água da chuva e reuso da água destinada aos banheiros. A água dos

Licitação Sustentável

21

banheiros é tratada e pode ser reutilizada na limpeza dos sanitários e para

regar plantas, diminuindo o consumo de água. Os demais resíduos são também

tratados e podem ser reutilizados. Os sanitários diminuem o consumo de água

e a quantidade de resíduos gerados (processo em tramitação).

Para mais pesquisas:

Livro “Compras públicas” da FGV;

Cartilha de “Guia de Compras Públicas Sustentáveis para a Administração

Pública Federal”;

Site de Contratações Públicas -

http://cpsustentaveis.planejamento.gov.br/;

Bolsa Eletrônica do Estado de São Paulo -

http://www.bec.sp.gov.br/Publico/Aspx/Home.aspx;

Guia de Compras Públicas Sustentáveis realizado pelo ICLEI.

USO RACIONAL

DOS RECURSOS

Uso Racional dos Recurso

23

No nosso dia a dia será que estamos tendo ações sustentáveis?

Pequenas e simples atitudes diárias podem fazer uma grande diferença e,

embora possam parecer insignificantes, são importantíssimas no processo de

sustentabilidade. Neste capítulo propomos ideias práticas que, se executadas e

multiplicadas, podem trazer grandes benefícios à gestão pública.

Afinal, o que é o Uso Racional dos Recursos?

Segundo pesquisas realizadas pelo Ministério do Meio Ambiente, através da

Agenda Ambiental da Administração Pública, constatou-se que a cultura do

desperdício ganhou força devido aos atuais padrões de produção e consumo e

infelizmente tornou-se a marca do nosso tempo. A economia brasileira, bem

como, a Administração Pública é caracterizada por elevados níveis de

desperdício de recursos naturais, tais como: água, energia, plástico, papel,

dentre outros.

O Uso Racional de Recursos propõe pequenas mudanças nos hábitos diários de

consumo, influenciando não só na redução, mas na utilização de maneira

adequada desses recursos.

A Prefeitura Municipal de Vitória no Espírito Santo é um exemplo real, de que o

consumo sustentável dos recursos naturais é uma vantagem para a

Administração Pública. A prefeitura ganhou em primeiro lugar o 4º Prêmio

Melhores Práticas da A3P, uma das propostas adotadas foi à campanha “Adote

sua caneca”, que prioriza de imediato o uso sustentável para os copos

descartáveis.

Além da visibilidade positiva que a prefeitura obtém, a redução com a compra

desses materiais de consumo, proporciona o uso desse recurso financeiro em

outros setores gerando melhorias. A prefeitura também alcançou 1.200

Uso Racional dos Recurso

24

servidores, promovendo a conscientização e a capacitação dos mesmos,

tornando-os protagonistas dessas campanhas e multiplicadores dessas idéias.

Por que utiliza-lo na Administração Pública?

A Administração Pública, como grande consumidora de recursos naturais, bens

e serviços precisa dar o exemplo das boas práticas em suas atividades. Como

mostra o artigo 225 – “Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de

vida...”. E sendo um dos interesses da adm. pública promover o bem estar da

população, incentivar propostas de melhoria da qualidade da vida, através do

consumo inteligente dos recursos naturais, não só recupera a qualidade de vida

ambiental que propícia a vida, como fornece condições para o desenvolvimento

sócio-econômico, à segurança nacional e à proteção, como salienta a A3P.

A seguir, acompanhe

algumas dicas e idéias,

além de pequenos gestos

diários que podemos

mudar e que gerarão

grande impacto no Meio

Ambiente, refletindo na

nossa qualidade de vida.

Vejamos:

Uso Racional dos Recurso

25

CONSUMO DE ENERGIA

O Procel EPP (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica nos

Prédios Públicos) é um programa que tem por objetivo promover a eficiência

energética nas unidades públicas federais, estaduais e municipais. Pesquisas

realizadas por essas e outras instituições, como por exemplo, A3P e EGP

(Programa de Eficiência do Gasto), que objetivam a redução nos gastos com

energia, informam que a economia desse recurso nas repartições públicas

acontece primeiramente com as medidas de gerenciamento das instalações,

pois a maioria das edificações foi planejada de maneira não sustentável. Tal

gerenciamento, técnicas modernas e a utilização de equipamentos

tecnologicamente avançados contribuem para a redução de custos e

preservação do meio ambiente.

Além desses meios sustentáveis, a alteração de hábitos dos servidores contribui

significativamente para a redução de desperdício.

Pense no futuro, contorne pequenos hábitos e

contribua para um ambiente mais saudável, saiba

como:

Uso Racional dos Recurso

26

DE OLHO NAS DICAS:

- Utilize a luz natural nos ambientes, abra as janelas e as persianasquando for possível;

- Adotar as diretrizes propostas pelo programa Procel – Prédios Públicosque visam à utilização racional da energia nas edificações públicas;

- Propor implantação de sensores nos banheiros;

- Verificar as instalações elétricas e propor alterações necessárias paraque se evite o desperdício;

- Desligue as luzes nos ambientes vazios, evite o desperdício;

- Ao sair para o almoço, desligue os computadores, ou ao menos osmonitores;

- Desligue todos os equipamentos que não estiverem em uso;

- Ligue o ar condicionado somente quando necessário;

- Solicite a limpeza dos filtros dos aparelhos de ar condicionadoperiodicamente. Além de fazer bem a saúde o aparelho fica mais eficientee economiza energia elétrica;

- As paredes devem estar pintadas de cores claras. Por critério depadronização no serviço público;e

- Evite o uso de tomadas em sobrecarga (benjamins e extensõesamontoadas)

Uso Racional dos Recurso

27

PAPEL

Tem-se verificado que o

desperdício de papel nos

escritórios pode ser

facilmente observado nas

salas onde ficam as

impressoras e o “xérox”. Muitas vezes se vêem cópias minimamente defeituosas

ou folhas apenas com o nome do usuário da rede que mandou imprimir seus

relatórios ou trabalhos. (INFORMACIRP,2008).

A reutilização de papel na administração pública é uma forma simples e

eficiente de contribuir na redução de resíduos e impactos ambientais. A seguir,

vamos aprender algumas maneiras de como reaproveitar nosso papel, tornando

o que ia ser lixo em algo útil, conforme nos orienta também a cartilha da A3P:

Uso Racional dos Recurso

28

ÁGUA

Nós sabemos que a água é

um elemento vital para o

homem e necessária para

realização das atividades do

dia a dia. Por se tratar de um

recurso natural que se não

for preservado corretamente

pode vir a acabar, é

necessário que sejam

adotadas algumas medidas

que previnam o seu desperdício.

A economia de água nas empresas públicas e também privadas passa por

providências simples e que todos os membros da organização podem auxiliar.

Segue alguns exemplos:

Fechar as torneiras após o uso;

Verificar se existe a necessidade de manutenção

de descargas dos sanitários, torneiras que estejam

vazando e vazamentos visíveis;

Instalação de torneiras de fechamento automático (se possível);

Instalação de registros para regular a pressão da água;

Coloque ou sugira a colocação de adesivos com mensagens educativas

lembrando a todos da necessidade do bom uso da água no ambiente de

trabalho.

Fonte: aquafluxus ( Consultoria Ambiental em Recursos Hidricos)

Uso Racional dos Recurso

29

PLÁSTICO

Estudos realizados pelos Órgãos públicos, SAIC (Secretaria de Articulação

Institucional e Cidadania Ambiental), DCRS (Departamento de Cidadania e

Responsabilidade Ambiental), junto a A3P (Agenda Ambiental na Administração

Pública) identificaram que existem motivos pelos quais usamos o plástico,

dentre eles os mais comuns são: à questão do baixo custo, e por ser um

material inerte e atóxico. O plástico é um dos maiores vilões ao meio ambiente,

ele é um recurso natural não renovável, derivado do petróleo, que leva cerca de

500 anos para se decompor. Abaixo segue a origem deste recurso natural:

No site www.mma.gov.br/a3p,

você encontra um Manual

prático para o “Uso e

Conservação da Água em

Prédios Públicos”. Nele contém

orientações sobre medidas

práticas para o uso racional

desse recurso tão importante!

Uso Racional dos Recurso

30

Fonte: www.orcamentofederal.gov.br /eficiencia-do-gasto/Plastico_e_A3P

Nas empresas públicas e privadas, geralmente, a maior utilização de plástico

em suas atividades do dia a dia é através do uso de copos descartáveis. Para

evitar a criação de um lixo desnecessário de copos plásticos são necessárias

algumas medidas simples, como:

A substituição dos copos descartáveis por copos laváveis;

O uso racional de copos descartáveis;

A conscientização dos funcionários quanto à importância do uso racional

do plástico para a preservação do meio ambiente.

Uso Racional dos Recurso

31

BENS PÚBLICOS

Conforme cartilha da A3P, a madeira é empregada de diversas

formas nas atividades humanas desde matéria prima para utensílios

até estruturas de construções. A Administração Pública por sua vez é

grande consumidora desse recurso, principalmente na forma de mobiliário e

divisórias de escritórios.

Por se tratar de um material que apresenta maior sustentabilidade em sua

produção, sendo um recurso natural renovável, a madeira é totalmente

assimilável pelo ambiente. No entanto, esta sustentabilidade depende de um

manejo adequado, segue algumas dicas de como os gestores podem contribuir

para a sustentabilidade do manejo florestal. Isso pode ser feito das seguintes

formas:

Exigir que a madeira comprada por si tenha origem legal;

Na hora de adquirir bens públicos dar preferência

aos feitos de madeiras menos nobres ao invés

dos construídos de Mogno;

Na hora de trocar algum móvel, observar se há

realmente a necessidade de troca, se sim,

verificar se aquele bem não pode ser reaproveitado em outro setor ou

pra outra finalidade.

Concluímos através do estudo minucioso da A3P, que o Uso Racional dos

Recursos, bem como, toda Agenda Ambiental, demandam engajamentos

individuais e coletivos, a partir do comprometimento pessoal e da disposição de

incorporar conceitos preconizados, que objetivam a mudança de hábitos e a

difusão do programa.

SEJA VOCÊ TAMBÉM UM MULTIPLICADOR!!!

GESTÃO DE RESÍDUOS

SÓLIDOS

Gestão de Resíduos Sólidos

33

O problema ecológico e a saúde ambiental se tornaram grandes

preocupações a serem enfrentados seja a nível global e/ou local. É, portanto

um dos maiores desafios da humanidade que foram adiadas durante décadas

por omissão, descaso e ação inadequada no trato das questões ambientais.

Hoje nos deparamos com as consequências. É dito impacto ambiental, segundo

Barreto apud CONAMA (1986)1 : qualquer alteração das propriedades físicas,

químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de

matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou

indiretamente, afetem a saúde, a segurança e o bem

estar da população; as atividades sociais e econômicas; a

fauna e a flora; as condições estéticas e sanitárias do

meio ambiente; e a qualificação dos recursos ambientais.

No caso Brasileiro, a apropriação do Estado se

tornava inadiável e urgente o reconhecendo e o

enfrentamento da problemática e a busca de soluções

que minimizem os impactos ambientais e os gastos públicos. O Ministério do

Meio Ambiente, (A3P, 2007)2 se coloca diante dessa necessidade e as

instituições públicas têm sido motivadas a implementar iniciativas específicas e

desenvolver programas e projetos que promovam a discussão sobre

desenvolvimento e a adoção de uma política de Responsabilidade

Socioambiental do setor público.3

A A3P - Agenda Ambiental na Administração Pública foi criada em 1999

como um projeto do Ministério do Meio Ambiente e em 2001 surge o Programa

A3P que se tornou o principal Programa da administração pública de gestão

socioambiental.

1 CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente.

http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9925&revista_caderno5

2O que é o Programa Agenda Ambiental na Administração Pública? Disponível em:http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/agenda_ambiental/agenda_ambiental_na_administracao_publica_(a3p).html 3 Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P). Brasília: MMA – Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental e Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental, 4. ed. 2007. p. 10. Fonte: MMA – Ministério do Meio Ambiente.

AGENDA

“(...) Lista sumária, ou

conjunto de questões ou

assuntos a serem tratados,

ou de tarefas ou ações a

serem realizadas.”

(FERREIRA, 1999, p.69)

Gestão de Resíduos Sólidos

34

Enquanto cidadãos conscientes da intensidade dos impactos ambientais

em todos os segmentos da sociedade, este projeto tem o propósito de

sensibilizar os indivíduos quanto à percepção de impotência para mudar os

mandamentos da natureza e a urgência para redefinir os hábitos em relação ao

meio ambiente.

E, enquanto o papel de discentes do curso de administração pública, no

decorrer da disciplina de responsabilidade socioambiental e sustentabilidade, a

implantação desse projeto nos possibilitará exercer a função de formuladores

de opinião e de disseminadores de boas práticas adotando inserção nos órgãos

públicos o conceito de Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) com a

abordagem no eixo temático da Gestão adequada dos Resíduos Sólidos.

Responsabilidade Socioambiental no Setor Público: a Agenda

Ambiental na Administração Pública.

Especificamente em relação ao setor público, as instituições têm

conceituado a Responsabilidade Socioambiental – RSA - a partir de abordagem

ampla e conjunta que envolva os três pilares da sustentabilidade: social,

ambiental e econômico.

Há de se entender que a RSA é:

“um processo contínuo e progressivo de desenvolvimento de

competências cidadãs para avanço em direção à sustentabilidade no

âmbito da administração pública com a assunção de responsabilidade

sobre questões sociais e ambientais relacionadas a todos os públicos

com os quais a instituição interage: trabalhadores, consumidores,

governo, empresa, organizações da sociedade civil, comunidade e o

próprio meio ambiente”4.

O princípio da responsabilidade socioambiental requer um ato solidário e

de integração de esforços com o objetivo de minimizar os impactos sociais e

4 Como implantar a A3P – Ministério do Meio Ambiente – Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental – SAIC, pag. 6. Fonte: MMA

Gestão de Resíduos Sólidos

35

ambientais que refletem nas relações entre os indivíduos com o meio ambiente

e na qualidade de vida dos cidadãos.

A sustentabilidade nos órgãos públicos é um diferencial da nova gestão

pública, em que os administradores passam a ser os novos agentes de

mudança.

Pequenas atitudes quando realizadas cotidianamente, como a redução do

consumo de bens e produtos, o uso eficiente de água e energia elétrica, a

coleta seletiva, entre outras, contribuem para a sustentabilidade. Nas atividades

diárias, cada um pode fazer a sua parte, e, é essa ideia que tentaremos

multiplicar neste projeto de Gestão de Resíduos Sólidos.

O que é a Agenda Ambiental na Administração Pública- A3P?

A cartilha do Ministério do Meio Ambiente - MMA define a A3P como:

“Um programa que visa implantar a responsabilidade socioambiental nas

atividades administrativas e operacionais da administração pública”.¹

A Agenda ambiental foi estruturada em cinco eixos temáticos:

Fonte: elaborado pelos autores 5

5 Conteúdo Cartilha A3P.Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf.

Gestão de Resíduos Sólidos

36

Saiba mais sobre a A3P através do link:

https://www.youtube.com/watch?v=9jP-KObaMs8

Mais de 400 entidades da Administração Pública já aderiram à A3P,

segundo dados do MMA. A maioria, entretanto, informalmente, e, 178

instituições parceiras formais com a

assinatura do termo de adesão com a A3P. O

programa A3P propõe para a implantação

cincos passos, a saber:

1º) Criar a Comissão da A3P;

2º) Realizar um diagnóstico da instituição;

3º) Desenvolver projetos e atividades;

4) Promover a Mobilização e sensibilização;

5º) Realizar a avaliação e o monitoramento das ações.

Por meio do gráfico abaixo é possível visualizar como estão distribuídas

as instituições que já adotaram a agenda formalmente através do termo de

adesão a A3P:

Gráfico 1 – Distribuição das instituições que aderiram as práticas da A3P - 2012

Fonte: A3P/SAIC/MMA – 20126

Acesso em 01 de junho de 2014. 6Conteúdo MMA. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/item/9056>. Acesso em 17 de junho

de 2014.

Gestão de Resíduos Sólidos

37

O que diz a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10)?

A Lei nº 12.305/10 estabelece importantes ferramentas que possibilitam

o enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos

resultantes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Basicamente, a Política

Nacional de Resíduos Sólidos aborda sobre a prevenção de resíduos que assim

se têm a redução na geração de resíduos de sólidos.7

A geração de resíduos sólidos é um dos problemas mais graves da

sociedade contemporânea, ocasionado pelo crescimento gradativo e

desordenado da população, pela aceleração do processo de ocupação do

território urbano e pelo crescimento acentuado dos bens de consumo

popularizados pelo aumento da produção industrial. A política de gestão de

resíduos deve atuar de forma não só a garantir a coleta, o tratamento e a

disposição, masprincipalmente deve estimular a produção de uma menor

quantidade de resíduos desde a sua geração.8

Para combater a geração exagerada deve ser realizada a prevenção, ou

seja, a sensibilização, mudanças de hábitos e estimular o reaproveitamento e a

reciclagem e assim diminuir a utilização dos recursos naturais. Ex: a reciclagem

e o reaproveitamento do papel possibilita a redução de corte de árvores, a

utilização de água doce nos processos de produção, de energia no processo de

fabricação.

Para a geração de resíduos tendo como exemplo ainda o papel, a

reciclagem reduz a poluição do ar e dos rios, pois não implica na utilização de

certos procedimentos químicos, que geram impactos ambientais para obtenção

SAIC-Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental. 7 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2014. CARTILHA A3P. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf. Acesso em 01 de junho de 2014. 8VALERIO, Diogo; SILVA, Taís Carestiano da Silva; COHEN, Claude. Redução da geração de resíduos sólidos: uma abordagem econômica. Disponível em: <http://www.anpec.org.br/encontro2008/artigos/200807211417570-.pdf>. Acesso em 17 de junho de 2014.

Gestão de Resíduos Sólidos

38

de celulose; possibilita a inserção social dos catadores, bem como a geração de

trabalho e renda.

O que é a gestão de resíduos sólidos?

É a gestão adequada na destinação e na reutilização os resíduos. A

gestão de resíduos sólidos é realizada na maioria dos municípios, porém não de

forma adequada conforme dados do ano de 2008 do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística – IBGE, por intermédio da Pesquisa Nacional de

Saneamento Básico – PNSB, 99,96% dos municípios possuem serviços de

manejo de Resíduos Sólidos, mas 50,75% deles possuem seus resíduos em

vazadouros; 22,54% em aterros controlados; 27,68% em aterros sanitários9.

Esses mesmos dados demonstram que 3,79% dos municípios têm unidades de

compostagem de resíduos orgânicos10; 11,56% têm unidade de triagem de

resíduos recicláveis; e 0,61% têm unidade de tratamento por incineração11.12

A prática do descarte inadequado provoca sérias consequências:

i. À saúde pública provocando uma série de doenças e atraem baratas,

moscas, ratos, formigas e escorpiões, que podem transmitir de diarreias

a parasitoses e a proliferação de mosquitos, como o Aedes aegypti que

transmite a dengue;

ii. E ao meio ambiente, com o chorume – líquido produzido pela

decomposição dos resíduos sólidos – quando não é tratado polui o meio

ambiente e pode contaminar os rios, córregos e lençóis d´água.13

9 Aterros sanitários: técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais (IPT, 1995). 10 Compostagem de resíduos orgânicos: é o processo biológico de decomposição e reciclagem da matéria orgânica contida de restos de origem animal ou vegetal formando um composto orgânico, que pode ser aplicado ao solo para melhorar suas características, sem ocasionar riscos ao meio ambiente. (biomater – MMA, 2014). 11 Tratamento por incineração: é um processo de destruição a partir de alta temperatura térmica, utilizado para o tratamento de resíduos perigosos ou que necessitam de destruição completa e segura. 12 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. A Problemática “Resíduos Sólidos”. 2014. Disponível em <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/a3p/eixos-tematicos/gest%C3%A3o-adequada-dos-res%C3%ADduos>. Acesso em 16 de junho de 2014.

13 BRASIL. SEBRAE. Gestão de Resíduos Sólidos. p.17,2012. Disponível em: <http://envolverde.com.br/portal/wp-content/uploads/2013/09/Gestao-de-Residuos-Solidos.pdf>. Acesso em 16 de junho de 2014.

Gestão de Resíduos Sólidos

39

Quando se tem uma gestão adequada dos materiais descartados traz

melhorias na saúde pública e na expectativa de vida.

Segundo a cartilha A3P, para a gestão adequada dos Resíduos Sólidos

é necessário:

Promover a implantação da coleta seletiva (de acordo com a Resolução

CONAMA nº 275 de 25/04/2001);

Desde 1994 o CEMPRE14 reúne informações sobre os programas de

coleta seletiva, desenvolvidos por prefeituras, apresentando dados sobre

composição do lixo, custos de operação, participação de cooperativas de

catadores e parcela de população atendida. A pesquisa ciclosoft tem

abrangência geográfica em escala nacional, e possui periodicidade bianual de

coleta de dados.

Os dados de 2012 do CEMPRE na pesquisa ciclosoft apontaram (GRAF.2):

766 municípios brasileiros (cerca de 14% do total) operam programas de

coleta;

A maior parte dos municípios ainda realiza a coleta de porta em porta

(88%);

A coleta seletiva dos resíduos sólidos municipais é feita pela própria

Prefeitura em 48% das cidades pesquisadas;

Empresas particulares são contratadas para executar a coleta em 26% e

cerca de 65% delas apoiam ou mantém cooperativas de catadores como

agentes executores da coleta seletiva municipal. O apoio às cooperativas

está baseado em: maquinários, galpões de triagem, ajuda de custos com

14 CEMPRE é uma associação sem fins lucrativos, dedicada à promoção da reciclagem dentro do conceito de gerenciamento integrado do lixo. Uma das missões é promover o conceito de gerenciamento integrado do resíduo sólido municipal. Saiba mais em: http://www.cempre.org.br/

Gestão de Resíduos Sólidos

40

água e energia elétrica, caminhões, capacitações e investimento em

divulgação e educação ambiental.

Gráfico 2 – Regiões onde se localizam os municípios que realizam a coleta seletiva

Fonte: CEMPRE – 2012.

Promover a destinação correta dos resíduos;

Permite que todos os servidores que praticam ou desejam praticar a

separação de resíduos recicláveis como plástico, papel, metal e vidro, gerados

tenham maior facilidade em relação à destinação dos mesmos. Mas, como fazer

isso? Uma boa alternativa é a instalação de coletores apropriados para tipo de

resíduo em locais de fácil acesso. (FIG.1)

Figura 1- Coletores para a destinação dos resíduos

Fonte: Google Imagens – 2014.

Gestão de Resíduos Sólidos

41

Um único material desse pode

contaminar o solo por até 50 anos, já

que tem metais pesados, como mercúrio,

chumbo e zinco.

Fonte: http://g1.globo.com/bahia/atitude-

sustentavel/2013/noticia/2013/06/saiba-onde-fazer-

descarte-correto-de-pilhas-baterias-e-remedios-na-

bahia.html

LOGÍSTICA REVERSA

De acordo com Ministério do Meio

Ambiente trata-se de um instrumento de

desenvolvimento econômico e social

caracterizado por um conjunto de ações,

procedimentos e meios destinados a viabilizar a

coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao

setor empresarial, para reaproveitamento, em

seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou

outra destinação.

Realizar doação de materiais recicláveis para cooperativas de catadores

de lixo;

A coleta pode ser realizada pela própria prefeitura, ou através de

cooperativas ou empresas particulares. Mas normalmente ocorre através de

cooperativas, com isso a separação do lixo inicia-se com a sensibilização e a

capacitação dos servidores dando a destinação correta através de coletores;

que após será recolhido pelos catadores das cooperativas (parcerias dos

municípios). Estes farão o recolhimento, a separação, a prensa, o

empilhamento e a venda (FIG.2).

Figura 2 – recolhimento, separação realizada por catadores de cooperativas

Fonte: Google Imagens – 2014.

Direcionar corretamente os resíduos de saúde,

lâmpadas fluorescentes, pilhas, baterias,

etc;

O descarte desses resíduos deve ser de forma diferente por conter resíduos

tóxicos, e não devem ser colocados com resíduos domésticos. As pilhas e

baterias possuem um líquido tóxico que contaminam o solo e os

lençóisfreáticos. Descartar pilhas e baterias no lixo doméstico, assim como

qualquer produto nocivo ao meio ambiente configura crime ambiental (Lei nº

9605/1998).

Já existe uma resolução do Conselho Nacional

de Meio Ambiente - CONAMA (257/99) que se

tornou lei, em 22 de junho de 2000, e

posteriormente instituída na política nacional de

resíduos sólidos com a Lei nº 12.305, de

Gestão de Resíduos Sólidos

42

ADOTE ESSA IDEIA! Que tal trocar as lâmpadas incandescentes por lâmpadas

fluorescentes, ou melhor, por lâmpadas de led?! Apesar

de serem um pouco mais caras, compensam pela

durabilidade e economia de energia.

12/08/2010, obrigando as revendas e os fabricantes a receberem de volta

pilhas e baterias usadas e desta forma dar a elas o destino adequado.

Conforme disposto no art. 33 da política nacional de resíduos sólidos, que

aborda que os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes são

obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante

retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do

serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos.

Os seguintes resíduos que devem ser implementados a logística reversa:

Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos

cuja embalagem, após o uso constitua resíduo perigoso, observadas as

regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou

regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama15, do

SNVS16 e do Suasa17, ou em normas técnicas; (FIG.3)

Pilhas e baterias;

Pneus;

Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;

Produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

Quando esses tipos de materiais forem comprados pela prefeitura, o retorno para o comerciante ou fabricante já deve estar estabelecido.

Desde 2010 já existe a Política Nacional de

Resíduos Sólidos, que determina diretrizes de

como o país deve tratar o lixo recolhido.

A importância da coleta de lâmpadas fluorescente está na legislação. No entanto, ainda está em trâmite como isso deve ocorrer.18

15Sisnama – Sistema Nacional do Meio Ambiente. 16 SNVS – Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. 17 Suasa - Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária 18UOL - Saiba como descartar lâmpadas fluorescentes de forma adequada. 29/10/2013. Disponível em: http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/10/29/saiba-como-descartar-lampadas-fluorescentes-de-forma-adequada.htm.

Gestão de Resíduos Sólidos

43

Figura 3 – Lâmpadas, pilhas e baterias - exemplos de descarte desses materiais

Fonte: Google Imagens – 2014.

As ações decorrentes observando a Política dos 5R’s;

A política dos 5R´s é composta por cinco atitudes que se iniciam com a

letra “R”, são elas: Reduzir, Repensar, Reaproveitar, Reciclar e Recusar.

Através de seus ideais, estas atitudes proporcionarão a você uma reflexão

sobre o consumismo e quem sabe poderá levá-lo a mudanças de hábitos.

Vamos conhecer o que cada “R” diz no quadro abaixo?! (QUADRO 1).

Quadro 1 – O que é cada “R” e exemplos

POLÍTICA

DOS 5R’S COMO EXEMPLO

Reduzir

Evitar desperdícios, consumir em

menor quantidade, preferindo os

produtos que não gerem tantos

resíduos e que sejam mais duráveis.

Ter uma caneca ou copo

individual, evita que em todo

momento que o servidor

sinta a necessidade de beber

agua, seja utilizado um copo

descartável.

Repensar

Refletir sobre a necessidade de

consumo, dos padrões de produção

e descarte.

Antes de imprimir algum

documento, verificar se

realmente é necessário fazê-

lo e se sim, conferir a

exatidão das informações a

Gestão de Resíduos Sólidos

44

serem impressas e se existe

a possibilidade de utilizar o

verso ao invés de outra

página.

Reaproveitar

Usar novamente um material antes

de descartá-lo, e evitar que vá para

o lixo o que não é lixo.

O seu setor recebeu pastas

novas para substituir as

antigas. Só que essas antigas

estão em perfeito estado de

uso, ao invés de jogá-las

fora, ofereça a outros

setores.

Reciclar

Transformar materiais usados em

matérias-primas para outros

produtos.

Utilizar folhas que foram

usadas indevidamente e que

teriam como destino o lixo,

para a confecção de um

bloco de notas. Aprenda a

fazer o seu na página 15!

Recusar

Rejeitar as possibilidades de

consumo desnecessário, e de

comprar produtos que gerem

impactos ambientais.

Recusar produtos que

prejudicam a saúde e a ao

meio ambiente. Prefira

produtos de empresas que

tenham compromisso com

meio ambiente.

Fonte: Elaboração dos autores.19

19Conteúdo Cartilha A3P. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf.

Acesso em 01 de junho de 2014

Gestão de Resíduos Sólidos

45

Não se esqueça!

Combater o desperdício é conviver de

forma equilibrada com a natureza e

fazereconomia para os cofres públicos!

Conteúdo retirado da cartilha A3P. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3

p_36.pdf

Em meio a estes cinco conceitos, a atitude de reciclar se sobressai na

questão do trato de resíduos sólidos, pois,

além de contribuir com o meio ambiente,

exerce um importante papel social.

Em relação ao meio ambiente, o ato

de reciclar “reduz o consumo de recursos

naturais, poupa energia e água e ainda diminui o

volume de lixo e a poluição.”20. Quanto à sua função social, a reciclagem

quando realizada por meio de um processo de coleta organizado, pode afetar o

cenário socioeconômico de muitas pessoas, principalmente, “para as famílias de

catadores de materiais recicláveis, que devem ser os parceiros prioritários na

coleta seletiva”².

A reciclagem se inicia com o comprometimento individual de fazer o

descarte do resíduo no recipiente adequado para depois ter o recolhimento dos

catadores de material reciclável.

Que vantagens a Coleta Seletiva me oferece além de uma adequada

separação e recolhimento dos resíduos? (FIG.4)

Figura 4 – Vantagens da coleta seletiva

20 CONSUMO SUSTENTÁVEL: Manual de educação. Brasília: ConsumersInternational/ MMA/ MEC/ IDEC, 2005. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf.

Gestão de Resíduos Sólidos

46

Fonte: Elaboração dos autores21

Como fazer a coleta seletiva?

O Conselho Nacional Do Meio Ambiente – CONAMA, em 25 de abril de

2001, através da resolução nº 27522 estabeleceu cores para os diferentes tipos

de resíduos, cores estas que são utilizadas na identificação de coletores e

transportadores (FIG.5).

Figura 5 – Coletores de resíduos mais conhecidos.

Fonte: Google Imagens – 2014.

Existem cores que são menos conhecidas, porém, representam resíduos

importantes e que também merecem atenção na hora de seu descarte. São elas

(FIG.6):

Figura 6 - Representação dos resíduos por cores

Fonte: Elaboração dos autores

21Conteúdo encontra-se na Cartilha A3P. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2014. CARTILHA A3P. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf. Acesso em 01 de junho de 2014. 22RESOLUÇÃO N. 275 DE 25 DE ABRIL 2001. Conselho Nacional Do Meio Ambiente – CONAMA. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res01/res27501.html.

Gestão de Resíduos Sólidos

47

O que é e quais são os materiais não

recicláveis?

Materiais não recicláveis (FIG.7) são aqueles que não

podem ser reutilizados para a confecção de outros,

como, por exemplo, adesivos, papel carbono,

fotografias, papel toalha, papel higiênico, papéis e

guardanapos engordurados, papéis metalizados,

grampos, esponjas de aço, latas de tintas, latas de

combustível, pilhas, cabos de panela, tomadas, isopor, adesivos, espuma,

teclados de computador, cristal, ampolas de medicamentos, cerâmicas e louças.

Figura 7 – Materiais não recicláveis

Fonte: Google Imagens – 2014.

A reciclagem de papel reduz

a poluição do ar em 74%, a

poluição da água em 35% e

o consumo de energia em

71%!

Dados disponíveis em:

http://www.portaldap.ufrn.br/arq/program

as/programa1_2.pdf

Gestão de Resíduos Sólidos

48

Para produzir 1 tonelada de

papel é necessário que 40

árvores sejam cortadas.

Dados disponíveis em:

http://www.portaldap.ufrn.br/arq/programas/progr

ama1_2.pdf

A cada tonelada de papel

enviado para o processo de

reciclagem deixa de ocupar

uma área de 3,2m² nos

aterros sanitários.

Dados disponíveis em:

http://www.portaldap.ufrn.br/arq/programas/p

rograma1_2.pdf

Papel e copos descartáveis, os principais materiais consumidos na

administração pública. Como diminuir o consumo e o desperdício?

PAPEL

De acordo com a cartilha A3P23, o

papel A4 – 75 g/m2 faz parte do uso

diário nas instituições públicas: os envelopes, cartões de visita, agendas, papéis

de recado, entre outros.

Os problemas ambientais relacionados à produção e consumo de papéis

são de grande escala, estando os principais impactos relacionados ao alto

consumo de matéria prima – especialmente madeira, água e energia. Além de

usar intensivamente recursos florestais, o processo de produção do papel

demanda grandes quantidades de água e gera altos volumes de efluentes

líquidos, resíduos sólidos e emissões atmosféricas.

Imprimi e/ou fotocopiei o documento errado... O que fazer?

Temos duas opções:

Reciclagem e reaproveitamento.

Para reciclagem, é necessário

contar com uma

empresa/cooperativa que

desenvolva esse tipo de serviço,

no qual você poderá juntar um

montante de folhas a serem

23MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2014. CARTILHA A3P. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf.

Gestão de Resíduos Sólidos

49

descartadas e encaminhar para essas organizações.

Outra opção, mais simples e rápida é reaproveitar esses papéis na

confecção de bloco de notas, lembretes, entre outras aplicações – como aquele

que distribuímos para vocês que é fruto de um projeto dos alunos de

Administração Pública da UFRRJ.

Faça o seu bloco de notas!

Figura 8 – Passo a passo da montagem de um bloco de notas

Fonte: Elaboração própria24.

Nós adotamos essa ideia e fizemos o bloco de notas que você ganhou na palestra!

Figura 9 – Bloco de notas com papel reutilizado

Foto: Sabrina Gomes

24Conteúdo da imagem baseado no material disponível em: http://www.canelabox.com/faca-um-bloco-com-papel-

rascunho/.

Gestão de Resíduos Sólidos

50

10 dicas para diminuir o consumo de papel

Figura 10 – Dicas para diminuir o consumo de papel

Fonte: Elaboração própria25

25Conteúdo encontra-se na Cartilha A3P. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf. Acesso em 01 de junho de 2014

Gestão de Resíduos Sólidos

51

COPOS DESCARTÁVEIS

O plástico, presente na confecção de

copos descartáveis, diferentemente dos

papéis, não podem ser reaproveitados por

outras pessoas e tem curtíssima duração

devida, podendo, apenas, ser destinado à reciclagem. Uma medida simples é

promover a separação dos copos plásticos para reciclagem, através da

disponibilização pelos órgãos públicos de coletores de copos plásticos. Outra

forma de agir em relação a isso, é promover a conscientização dos usuários

para sua correta utilização.

Quais as formas de combater o desperdício de plástico?

Promover campanhas de conscientização para uso de copos individuais

não descartáveis;

Disponibilizar copos permanentes para todos os servidores, de

preferência, copos de vidro, pois trata-se de um material que pode ser

100% reciclado e sua matéria-prima, sílica, popularmente conhecida

como areia (sim, areia!) é encontrada de forma abundante e sua

extração gera impactos inferiores a extração do petróleo (matéria prima

do plástico). *Conteúdo retirado da cartilha A3P. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf

O plástico é o resíduo sólido

urbano menos reciclado em

todo o mundo, e seu índice

de reciclagem no Brasil chega

a 20%.

Dados disponíveis em:

www.santacruz.br/v4/links/consumo-

consciente.php

IMPORTANTE!

Seja qual for à função que você exerça na

Administração Pública, o resultado do comprometimento

com o uso racional de todo o tipode bem público será

bem visto e com certeza influenciará, em pouco tempo,

outros servidores a procederem da mesma forma.*