a visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (unopar), mestrado em...

25

Upload: others

Post on 15-Jun-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no
Page 2: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

Graduada em Pedagogia (UEL-1994), Especialização em Educação Especial: “Deficiência Mental” (UEL-1997), “Atendimento Educacional Especializado” (UEM-2012), “Mídias na Educação” (UNICENTRO-2015). Professora de Educação Especial, atuando no Colégio Conselheiro Carrão - Assai-Pr. ²Graduado em Ciências (1991-Atual UENP), Licenciado em Matemática (1993-Atual Unifil), Licenciado em Pedagogia (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no curso de Pedagogia na área de Docência, Coordenador do Curso de Pedagogia e Coordenador Institucional do (PIBID).

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE

DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

A visão do professor do ensino regular em relação à depressão: Uma formação

necessária

Autora: Izovania Aparecida Andrade¹ Orientador: Prof. Dr. Flávio Rodrigo Furlanetto²

RESUMO

O presente artigo relata o projeto que foi desenvolvido em 2016 para o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, intitulado “A visão do professor do ensino regular em relação à depressão: Uma formação necessária”. O projeto teve como objetivo principal, apresentar aos educadores a “depressão na adolescência” e seus possíveis sinais de risco, contribuindo na formação e no esclarecimento desses profissionais. Através dos encontros de formação e das trocas de experiências, os professores adquiriram novos conceitos e informações a respeito do transtorno depressivo que lhes proporcionaram condições para identificar esses sintomas mais cedo em seus alunos e ajustar o atendimento às suas necessidades. Como método, foi utilizado encontros de formação, subsidiado por materiais teóricos e atividades práticas auto avaliativas com temas referentes à depressão na adolescência: desenvolvimento humano na visão de Freud; transtornos depressivos e os sinais de risco na adolescência; saúde mental e o papel do professor diante da depressão. Portanto, como resultado, entende - se que o objetivo foi alcançado no momento em que os professores se sensibilizaram a refletir sobre a depressão, e a buscar nos encontros de formação instrumentos de capacitação, na ânsia de desenvolver um trabalho de identificação precoce da doença mental, em prol da saúde deste aluno. Palavras- chave: aluno; professor; formação; depressão.

Page 3: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

INTRODUÇÃO

É de fundamental importância explicar que este projeto foi desenvolvido

com o intuito de apresentar aos professores da rede publica estadual de ensino, o

transtorno depressivo na adolescência e seus possíveis sinais de risco. Objetivando

contribuir com a informação e formação dos professores a respeito dos sintomas da

depressão como transtorno psiquiátrico, para intervenção nos problemas de saúde e

de aprendizagem dos alunos. Em consequência o trabalho foi desenvolvido em

encontros de formação, subsidiado por materiais teóricos e atividades práticas

reflexivas inerentes a ação pedagógica do professor. Este trabalho teve por

finalidade a identificação precoce dos sinais dessa doença mental que muitas vezes

inicia com a apresentação do transtorno do humor para somente então encaminhar

para a depressão, com a intervenção necessária o professor oportuniza ao aluno

condições melhores no desenvolvimento escolar e no desempenho emocional,

proporcionando assim melhor qualidade de vida.

A ideia de desenvolver um trabalho envolvendo os professores do ensino

fundamental nasceu da convivência no interior das escolas por onde passei. Neste

longo período de atuação na educação em escolas públicas, desenvolvendo

trabalhos com crianças e adolescentes que apresentavam dificuldades diversas de

aprendizagem, foi possível verificar problemas de várias ordens na alfabetização, na

área da deficiência e dos transtornos psiquiátricos; todos esses problemas

comprometiam diretamente a aprendizagem destes alunos. Nos últimos anos foram

vários os atendimentos a adolescentes com comportamentos de auto agressividade,

tentativa de suicídio, sintomas psiquiátricos graves, dificuldades de aceitação de si

próprio, etc. Grande parte desses adolescentes sofriam calados outros se

expressavam na rebeldia e na indisciplina por medo de serem descobertos e de não

serem aceitos ou compreendidos pelos seus pares e professores. Na maioria das

vezes este era o quadro que se apresentava, e o pior é que apesar de tudo, hoje em

grande parte das escolas ainda é o mesmo quadro que se apresenta. Tendo

professores que ainda não compreendem o diferente, apresentando sérias

dificuldades em atender aquele aluno que foge do comportamento padrão, faltando a

habilidade para distinguir preguiça de apatia, indisciplina de pedido de ajuda. É difícil

Page 4: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

estabelecer padrão para as pessoas, uma vez que se trata de seres inteligentes que

carregam consigo uma bagagem de conhecimentos e crenças singulares, adquiridas

em seu meio social antes de chegarem à escola, além do que, agem e reagem

conforme suas emoções e seu adiantamento moral; essa dificuldade é explícita com

maior intensidade para com as crianças e adolescentes que estão na fase das

descobertas, da formação de conceitos a respeito de si mesmo e do mundo que os

rodeia.

As normativas que orientam a Educação Especial enfatiza a importância

dos professores obterem informações a respeito do desenvolvimento humano para

assim poderem identificar alterações comportamentais que comprometam a

aprendizagem e o desenvolvimento intelectual e psicológico dos alunos. Porém, a

realidade percebida no dia-a-dia da escola se destoa completamente daquela que

deveria estar sendo vivenciada.

Segundo Boarati (2011), alguns estudos tentam demonstrar o que é

peculiar na depressão do adolescente, que estes apresentam sintomas mais

acentuados que as crianças, assim como sono exagerado e dificuldades de

concentração.

Por isso, a grande necessidade de profissionais atuantes na educação que

queiram ser mais que meros transmissores de conteúdos, que queiram se envolver

com a educação e compreender melhor o ser humano em formação e o seu

desenvolvimento; esse conhecimento é essencial ao professor para o sucesso deste

trabalho que não é somente pedagógico, mas um processo de humanização do

indivíduo para ser desenvolvido em conjunto, almejando o bem estar e a dignidade

dos seres humanos envolvidos nesta ação. Não há aqui pretensão de tornar o

professor um avaliador capaz de diagnosticar a doença mental, mas sim de torná-lo

bem informado, em condições de identificar sinais que reclame o encaminhamento

para avaliação por profissionais da saúde mental. Se o professor recebe informação

de qualidade, pode contribuir no combate à medicamentação desregrada e ao

preconceito, focando a atenção nos sintomas do transtorno depressivo para aplicar a

intervenção necessária de acordo com cada caso no intuito de prevenir o

desenvolvimento da doença mental e os prejuízos na aprendizagem desses alunos.

Atualmente pesquisas demonstram que no Brasil, o número de crianças e

adolescentes que sofrem com algum tipo de transtorno psiquiátrico vem aumentando

consideravelmente, embora se fale de depressão e ansiedade, a maioria dos

Page 5: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

educadores não percebe que se trata de quadros de doença mental, que necessitam

de acompanhamento e tratamento para não se agravar. Estudos científicos

demonstram que os fatores que envolvem a aprendizagem, a evasão escolar e o

envolvimento precoce com drogas, afetam psicologicamente tanto a criança quanto

o adolescente, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento dos transtornos

mentais. Segundo pesquisas e apontamento da Organização Mundial de Saúde, a

questão relacionada a problemas psiquiátricos na infância e adolescência chega a

10% da população mundial. No Brasil, segundo a Associação Brasileira de

Psiquiatria, aproximadamente 12,6% de crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos

de idade, apresentam algum tipo de transtorno mental. Estudos epidemiológicos

brasileiros apontam que 1 a cada 8 alunos apresentam algum tipo de dificuldade

relacionada à saúde mental e que necessita do atendimento educacional

especializado nesta área. O transtorno psiquiátrico é considerado, entre as doenças

de incapacidade, a mais nociva entre a população de 10 a 24 anos; a demanda de

crianças e adolescentes com algum tipo de problema comportamental ou emocional

vem aumentando cada vez mais a ponto de causar preocupação e desconforto aos

professores que não sabem o que fazer. Esse contexto demonstra que falta ao

professor informações e orientações que o ampare no trabalho a ser desenvolvido,

porém, essa falha acaba acarretando um olhar distorcido do professor em relação ao

transtorno mental.

Porém, se devidamente preparado, o professor terá condições melhores

que qualquer outro profissional para detectar os problemas que envolvem as

crianças e os adolescentes na escola. Por isso, o professor é um personagem

essencial para que essas questões sejam abordadas e trabalhadas no interior da

escola, mas é preciso que tenha preparo e sensibilidade para realizar intervenções

que venham contribuir com o desenvolvimento escolar e psicológico desses alunos.

Para estanislau & Bressan (2014, p. 25).

O educador tem importante papel e real responsabilidade em

relação ao processo de aprendizagem de seus alunos, torna-se

extremamente importante que ele esteja atento para identificar

o mais rápido possível qualquer problema que possa

comprometer o aprendizado da criança e do adolescente.

Page 6: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

O espaço escolar é o ambiente propício para a avaliação emocional dos

alunos por se tratar de um espaço de interação, mediador entre a família e a

sociedade. Por isso é importante compreender o aluno na sua singularidade como

pessoa única na maneira de ser e desenvolver sua personalidade.

Cabe à escola o dever de iniciar um trabalho consciencioso a respeito do

transtorno mental, evitando em seu meio à segregação e a exclusão social que

colocam essas pessoas à margem de tudo que a Lei propõe como direito,

desrespeitando-as como sujeito integrante da sociedade em que vive e também

como ser humano.

REVISÃO DE LITERATURA

Em detrimento a um movimento universal, o Brasil vem trabalhando na

questão de um modelo educacional inclusivo onde o conhecimento seja uma

construção coletiva, com respeito à diversidade, por isso, independente da condição

que esse aluno apresente para a aprendizagem, deve ser aceito pela escola. A ideia

atual de educação especial na perspectiva inclusiva é a universalização da

educação com reconhecimento e valorização das diferenças, sem discriminação,

partindo do principio de que qualquer aluno que necessite de atenção especial seja

atendido, tendo como panorama os Direitos Humanos, garantindo a todos o acesso

e a participação. Para que esta etapa se realize, são necessárias

aprovações/mudanças de leis que contemplem os direitos dos educando e a

formação do educador. Neste trajeto histórico vivenciado pela educação especial e

pela saúde mental, as histórias são análogas, principalmente no que diz respeito ao

preconceito à pessoa deficiente ou com transtorno mental. Atualmente é

presenciado resquícios dessa exclusão no meio escolar devido ao conservadorismo

reincidente dos serviços públicos educacionais, que mantém a escola aprisionada a

mecanismos elitistas de promoção dos melhores alunos em desigualdade aos que

apresentam problemas de aprendizagem e de comportamento. Segundo o Ministério

da Educação, é preciso que os professores desenvolvam a capacidade de

observação para perceberem nos alunos os indícios de um comportamento

inadequado, portanto:

Page 7: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

Uma avaliação funcional dos problemas de comportamento

pode ajudar os professores a lidar com a avaliação do

comportamento e adequações curriculares. Esta avaliação

funcional envolve o estudante, pais, outros profissionais, para

os quais serão questionados os aspectos de ambiente físico,

interações sociais, ambiente educacional e fatores não

acadêmicos. (MEC/SEEP, 2002, p.25).

No contexto educacional, as dificuldades de aprendizagem do aluno é o

fator mais complexo e marcante que existe independente da causa, mas são os

comportamentos inadequados que muitas vezes impedem esse aluno de ter acesso

aos conteúdos; por isso, só saber a causa de tal comportamento não resolve o

problema, pois, o que vai contribuir para o sucesso do trabalho do professor é

aprender a observar e lidar com tais comportamentos, tendo claro o objetivo

pedagógico para assim intervir em cada situação, quando necessário.

É sabido que qualquer pessoa independente da idade, em qualquer

época da vida, pode vir a apresentar sinais de um transtorno mental, porém, os mais

acometidos são as crianças e os adolescentes. Nenhuma pessoa possui saúde

mental perfeita o tempo todo, mas, para algumas pessoas, em especial para os

adolescentes, controlar o humor para garantir o bem estar é algo muito difícil,

podendo aí ter inicio uma série de problemas escolares, como dificuldade de

concentração, fraco rendimento, agressividade ou apatia; são sinais que tanto

professores como familiares confundem com desinteresse, má vontade, preguiça,

entre outros. Neste contexto, Estanislau & Bressan (2014) colocam que “a falta de

informações confiáveis e de orientação especializada vem causando insegurança,

que, por sua vez, é um fator relevante para a distorção do olhar do professor, que

passa a considerar como transtorno mental o que não é, e vice-versa”. Portanto,

cabe a todos os professores o repensar seus paradigmas e sair em busca de novos

conhecimentos, de atitudes inovadoras, que auxiliem uma reflexão sobre o a ação

docente diante da diversidade de alunos inseridos atualmente nas escolas, podendo

assim abordar essas dificuldades, para melhorar o jeito de ensinar, alcançando

todos os sujeitos sem distinção.

Page 8: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

Transtorno Mental

Segundo Estanislau & Bressan (2014), transtorno mental se caracteriza

pela perturbação clinicamente significativa da cognição, da regulação emocional ou

do comportamento do indivíduo, produzindo disfunção nos processos psicológicos,

biológicos, genéticos, sociais e ambientais que, nem sempre, necessita de uma

situação específica para se desencadear.

Neste contexto estão incluídas as doenças depressivas, muitas vezes

encaradas de certo ponto vista como algo comum na adolescência. Período que

podem apresentar humor deprimido ou irritabilidade, podendo ganhar ou perder

peso, apresentar insônia ou sono excessivo, desinteresse pelas coisas que gostam

e grande probabilidade ao uso de drogas.

Em Estanislau & Bressan (2014) apud CID-10 (1993), “o termo

“transtorno” tem sido utilizado em detrimento do termo “doença”. Essa escolha

reflete uma mudança do sistema classificatório que se concentrava mais nas causas

das “doenças” e passou a concentrar-se mais na descrição dos “transtornos”.

Os transtornos mentais se apresentam em condições diversas, podendo

acontecer de alguém passar por um transtorno mental e prosseguir com a vida, se

adaptando aos sintomas, pois, um transtorno mental pode oscilar o suficiente para

apresentar um período de ausência de sintomas entre as crises. Há também os

transtornos incapacitantes que geram prejuízos não só ao indivíduo, mas também à

família e à comunidade onde vive; por serem os transtornos mentais uma complexa

interação de fatores, podem surgir sem nenhuma causa aparente de stress ou de

acontecimento traumático na vida do indivíduo, por isso não necessita de uma

situação específica para ocorrer.

Transtorno Depressivo

Para compreender melhor o transtorno depressivo é preciso entender o

que é humor, palavra utilizada para demonstrar o estado emocional de uma pessoa.

São diversos tipos de humor e cada individuo pode identificá-lo em si e nos outros

dependendo do sentimento aparente. Quando uma pessoa fica triste por algo ruim

que aconteceu, seu humor não se entristece para sempre, o cérebro é quem

Page 9: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

mantém as emoções em equilíbrio, por isso, depois de um tempo, devolve o seu

humor ao estado normal; se o cérebro apresentar problemas para devolver o humor

ao seu estado normal, a pessoa pode se tornar triste por muito tempo e/ou oscilar

entre euforia e tristeza, o que acarretará sérios danos para a vida pessoal com a

família, com os amigos e na escola, neste caso, a pessoa poderá estar passando

por período de depressão.

Para definir melhor o que é depressão, Teodoro (2010, p.20) faz a

seguinte colocação: “Depressão é um transtorno mental, causado por uma complexa

interação entre fatores orgânicos, psicológicos, ambientais e espirituais,

caracterizado por angústia, rebaixamento do humor e pelas perdas de interesse,

prazer e energia diante da vida”.

A depressão pode surgir numa pessoa em qualquer momento da sua

vida, desaparece e ressurge durante esses momentos, é um transtorno comum que

pode afetar qualquer pessoa, independente da idade ou sexo; em proporção, ela

afeta mais os adolescentes, e cerca de duas vezes mais, nas meninas. Quando a

depressão afeta as crianças, estas apresentam tristeza, às vezes acompanhada de

irritação e/ou apatia, demonstrando desinteresse a qualquer estímulo, inclusive para

as atividades extracurriculares.

Quanto ao adolescente deprimido, este, na maioria das vezes sabe

relatar seus sentimentos de tristeza, inclusive o desânimo, a dificuldade em se

concentrar, e misturado a esses sentimentos ainda podem apresentar irritabilidade e

hostilidade. A crença e a sensação de que nada mais vai dar certo em sua vida

podem levar esses adolescentes a intentar contra a própria vida, em busca de uma

forma para sanar a dor. Com pouca expectativa para a vida e o futuro, muitas vezes

buscam o álcool e outras substâncias narcóticas ou psicoativas para aliviar o

sofrimento depressivo.

Adolescência

A palavra “adolescência” é derivada do verbo latino adolescere que

significa crescer ou crescer até a maturidade, seu conceito social é relativamente

recente, porém, esse período de transformações que separa a infância da vida

adulta existe desde os tempos mais remotos em uma diversidade de culturas. É um

Page 10: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

período de transformação na vida do indivíduo que ultrapassa a esfera biológica,

causando mudanças no psiquismo que reflete nuances diferentes, ou seja,

peculiares a cada época, sociedade, cultura e família. Neste período de

transformação os comportamentos manifestados podem ser confundidos como

transtorno mental ou comportamento inadequado. Para tanto, é necessário

conhecimento e cautela para avaliar o comportamento na adolescência; exemplo

disso é o uso de drogas que pode ser um refugio para o sofrimento de transtorno

depressivo ou simplesmente curiosidade e o desejo de experimentar. Na

adolescência a pessoa se descobre como um ser independente dos pais, o que gera

por um lado o desejo de novas descobertas e bem estar, e pelo outro o sentimento

de medo do desconhecido; não é fácil se tornar adulto, para tanto, é preciso se

preparar e assumir as responsabilidades específicas, por isso, o adolescente busca

um modelo ideal, alguém em quem ele possa se espelhar para construir seu caráter

e comportamento.

Albuquerque (2014), apud Aberastury e Knobel (1986) apresenta que

essa fase diz respeito à construção de sua nova identidade, pois, o adolescente se

encontra exposto à angústia decorrente da necessidade de sua independência e da

determinação de suas aspirações, movimentos esses que ocorrem em um meio que

não domina e não conhece e que, muitas vezes, considera ameaçador. Nessas

condições, surgem as demandas internas que operam sobre todas as manifestações

de conduta do adolescente; a perda dos privilégios da infância o segura em seu

avanço e a aventura e o desafio da vida adulta o impulsiona.

Na busca pela identidade e autonomia, o adolescente se sente

impulsionado a romper esse elo que o liga aos seus pais, nesta tentativa

desenfreada de ser diferente acaba demonstrando um comportamento opositor ao

dos pais, discordando das ideias e opiniões (conselhos) que lhe são dadas,

causando uma imensa confusão em seus sentimentos e comportamentos, ao ponto

de não saber mais como agir. Por isso, cabe destacar a importância da ajuda da

família e da escola durante este processo que vive o adolescente em busca de sua

identidade e de ser adulto, porque mesmo não sendo uma constituição de transtorno

mental, ainda assim, pode trazer muito sofrimento para o adolescente.

Teodoro (2010, p.46-47), afirma que:

Page 11: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

Trata-se de uma fase carregada de conflitos provocados por

fatores que envolvem alterações biológicas, psicológicas e

sociais. Tais conflitos têm bases prováveis na relação de

dependência com os pais, nas transformações corporais, no

despertar da sexualidade, nas alterações hormonais, na

insegurança diante do mundo, nas cobranças sociais pelo

amadurecimento e aquisição de responsabilidades, além do

reflexo que essas questões têm sobre a auto-estima.

Para o autor, o resultado de tantas mudanças corporais e psicossociais

em uma fase delicada de transformações, entre a infância e o ser adulto, é chamada

de “crise de identidade”, a qual ele define como sendo um conjunto de conceitos,

percepções e crenças que o individuo tem acerca de si próprio.

Durante todo esse processo vivenciado pelo adolescente em busca de

uma identidade pessoal, ele busca também uma identidade grupal, pois tem a

necessidade de pertencer a algum grupo que tenha características específicas;

neste período de busca e conflitos internos é preciso que o adolescente saiba

suportar as pressões internas e externas da vida para não desenvolver um

transtorno depressivo.

Papel do Educador diante do Transtorno Depressivo

O trabalho desenvolvido pelo professor no caso de alunos em risco no

desenvolvimento psíquico é de suma importância uma vez que, segundo Rabelo

(2013), a obra educativa, contexto desse ensaio, deve oportunizar o

desenvolvimento psíquico saudável e ser capaz de ofertar apoio à criança, ao

adolescente e ao jovem integrando-o e acolhendo-o no mundo escolar por meio da

atenção a diferentes instâncias facilitadoras do processo de socialização: confiança,

autonomia, iniciativa empatia e autoestima.

Atualmente no Brasil, o número de crianças e adolescentes que sofrem

com algum tipo de transtorno psiquiátrico vem aumentando consideravelmente,

embora se fale de depressão e ansiedade, a maioria dos educadores não se dá

conta de que se trata de quadros de doença mental, que necessitam de

Page 12: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

acompanhamento e tratamento para que não se agrave a situação. Segundo

pesquisas, os fatores que envolvem a aprendizagem, a evasão escolar e o

envolvimento precoce com drogas, afetam psicologicamente tanto a criança quanto

o adolescente, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento dos transtornos

mentais. No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria,

aproximadamente 12,6% de crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos de idade,

apresentam algum tipo de transtorno mental. Estudos epidemiológicos brasileiros

apontam que 1 a cada 8 alunos apresentam algum tipo de dificuldade relacionada à

saúde mental e que necessita do atendimento educacional especializado nesta área.

O transtorno psiquiátrico é considerado, entre as doenças de incapacidade, a mais

nociva entre a população de 10 a 24 anos; a demanda de crianças e adolescentes

com algum tipo de problema comportamental ou emocional vem aumentando cada

vez mais a ponto de causar preocupação e desconforto aos professores que não

sabem o que fazer. Esse contexto demonstra que falta ao professor informações e

orientações que o ampare no trabalho a ser desenvolvido, porém, essa falha acaba

acarretando um olhar distorcido do professor em relação ao transtorno mental.

Porém, se devidamente preparado, o professor terá condições melhores

que qualquer outro profissional para detectar os problemas que envolvem as

crianças e os adolescentes na escola, podendo agir antecipadamente na busca do

beneficio emocional de seu aluno. Por isso, o professor é um personagem essencial

para que essas questões sejam abordadas e trabalhadas no interior da escola, mas

é preciso que tenha preparo e sensibilidade para realizar intervenções que venham

contribuir com o desenvolvimento escolar e psicológico desses alunos. Para

Estanislau & Bressan (2014, p. 25).

O educador tem importante papel e real responsabilidade em

relação ao processo de aprendizagem de seus alunos, torna-se

extremamente importante que ele esteja atento para identificar

o mais rápido possível qualquer problema que possa

comprometer o aprendizado da criança e do adolescente.

O espaço escolar é o ambiente propício para a avaliação emocional dos

alunos por se tratar de um espaço de interação, mediador entre a família e a

Page 13: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

sociedade. Por isso é importante compreender o aluno na sua singularidade como

pessoa única na maneira de ser e desenvolver sua personalidade.

Estanislau & Bressan (2014, p.140,141,142). Apresentam sugestões de

como o professor pode agir em sala de aula.

1. Utilize um tempo do seu contato com os alunos para perguntar “como vão

vocês?”. Dessa maneira, você abre a porta para a interação afetiva.

2. Se desconfiar de algo não está indo bem com algum aluno, não tenha

receio de perguntar. De preferência, faça isso individualmente.

3. Não menospreze o sofrimento do aluno. Para ele, uma desilusão amorosa

ou uma briga em casa podem assumir uma proporção maior do que para você.

Escutar com atenção, afeto e sem julgamentos é fundamental para ajudar.

4. Não deduza que um aluno quieto não está com problemas.

5. Tente compreender a irritabilidade do seu aluno. Ela pode ser um sinal de

diversas coisas, entre elas tristeza ou até depressão.

6. Durante os momentos difíceis, enalteça as qualidades do aluno, visando

manter sua autoestima. Seja criativo e valorize as habilidades dele (saber

editar filmes ou gostar de musica são habilidades que podem ser utilizadas na

sala de aula ou em trabalhos de casa). Estimule os pais a fazerem o mesmo.

A postura de critica e cobrança que se estabelece em períodos de dificuldade

sempre prejudica o dialogo, enfraquecendo a parceria com o professor, que

passa a ser identificado de forma negativa.

7. Em casos em que o aluno está isolado, proponha atividades em grupo, com

alguns cuidados. Estabeleça os grupos a serem formados (não sorteie ou

deixe a vontade da classe) e insira o aluno em questão em um grupo de

colegas mais receptivos. Se possível, incentive os colegas a recepcionarem o

aluno. O acolhimento do grupo de iguais tem grande impacto de autoestima do

jovem.

8. Esteja alerta para sinais de evasão escolar. Caso isso ocorra, entre em

contato com os pais para compreender o que está acontecendo.

9. Considere que muitas vezes os pais do aluno podem estar necessitando de

suporte também. O bom vinculo entre a escola e a família é sempre o caminho

Page 14: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

mais rápido para a resolução das dificuldades.

10. Em casos em que o aluno foi diagnosticado com depressão, avalie a

necessidade de adaptações das atividades, favorecendo o bom desempenho

(p.ex., propor, por um período, tarefas mais curtas ou com nível de dificuldade

adaptado). Lembre-se de que a capacidade de atenção e concentração da

criança está prejudicada em episódios depressivos mais graves.

11. Elogie os passos que o aluno da em direção a uma meta e recompense as

tentativas de resolução de tarefas e trabalhos.

12. Tente conciliar o currículo aos interesses do aluno, quando possível.

13. Identifique atividades extracurriculares em que o aluno possa conviver com

colegas que tenham interesses em comum.

14. Estabeleça uma hierarquia de pessoas que o aluno possa contatar em

casos de necessidade (como em caso de pensamentos suicidas).

15. Incentive as atividades físicas na escola.

16. Encoraje a criança a pedir esclarecimentos sobre as atividades que não

tenha compreendido e evite a competição e a comparação entre trabalhos.

17. Se a criança ou o adolescente afirmar que ninguém gosta dela, ofereça a

responsabilidade de ajudar algum colega com mais dificuldade.

18. Reforce positivamente os alunos que demonstram comportamento de

apoio em relação ao colega em dificuldade.

19. A criança ou o adolescente com depressão tende a fazer avaliações

negativas das situações. Encoraje-a a observar aspectos positivos dessas

mesmas situações. Raciocínios mais positivos vão ser de modo geral,

acompanhados de sentimentos e comportamentos mais positivos.

20. Auxilie o aluno a contestar pensamentos negativos. Utilize perguntas como

“será que isso é verdade?”, “que provas você tem de que o que está pensando

é verdade?”, “será que existe uma explicação diferente para isso que você

está pensando?”. Reflita com o aluno sobre as respostas.

21. É comum que o aluno deprimido tenha uma percepção aumentada de

possíveis consequências negativas de suas ações. Isso se chama

catastrofização. Nesses casos discuta com ele qual a probabilidade de esse

desfecho negativo realmente acontecer sempre oferecendo dados de

realidade para que o jovem possa desenvolver um raciocínio mais realista

Page 15: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

sobre os fatos (fale das vezes em que ele já passou pela situação com

sucesso, por exemplo).

INTERVENÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA

Com o intuito de informar e formar os professores da escola

estadual Walerian Wrosz a respeito do transtorno depressivo na vida de crianças e

adolescentes e os prejuízos causados pelo mesmo no campo emocional e de

aprendizagem, considerando também que qualquer um de nós pode desenvolver a

depressão e que os índices de sofrimento psíquico no meio escolar vêm crescendo

gradativamente, é que se pensou como proposta para o PDE utilizar se de encontros

para formação dos professores a respeito da depressão em adolescentes e as

intervenções que cada um pode realizar diante de tais ocorrências. Esta formação

contou com carga horaria de 32 (trinta duas horas) presenciais, distribuídas em 10

(dez) encontros, com a participação efetiva de 9 (nove) professores contando com a

pedagoga da escola, que oportunizaram a implementação do projeto de forma

bastante satisfatória. Para a efetivação real dos encontros, foram utilizados os

seguintes recursos: Palestras, textos, trabalhos em equipe, filmes, vídeos, slides e

questionários, subsidiada por materiais teóricos e atividades práticas auto-avaliativas

referentes ao tema proposto, em auxilio ao professor, contribuindo também para a

sensibilização deste a respeito dos sintomas da depressão como transtorno

psiquiátrico. A apresentação do projeto ocorreu na primeira quinzena de fevereiro no

período vespertino, os professores aprovaram o tema que seria desenvolvido no

decorrer dos dias, fazendo destaques a respeito do mesmo e a importância deste

em trazer a tona um assunto que é tão pouco discutido no interior das escolas e que

tem causado grandes prejuízos à vida emocional e acadêmica de muitos jovens.

Destaca-se que, no inicio dos trabalhos os professores participaram de uma

pesquisa em forma de questionário para investigar o conhecimento que estes tinham

sobre a depressão na adolescência e assim, fosse programada as intervenções

necessárias na formação que ocorreria a seguir, com as respostas foi possível

detectar que a maioria tinha dúvidas em relação ao tema como também muito

interesse em saber como intervir em casos como este. Para lançar esses

Page 16: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

professores a luz do conhecimento sobre a depressão em um ambiente dinâmico

com a participação efetiva e critica dos caros colegas que passariam a interagir

entre eles e mais tarde com o meio que os rodeia, é que se dividiu os trabalhos da

seguinte forma:

- Elaboração do caderno pedagógico com todo o conteúdo trabalhado na

formação, contendo a fundamentação teórica com ilustrações, atividades com

indicações de vídeos, textos, sites e livros para o aprofundamento do tema

abordado. O caderno pedagógico teve os conteúdos divididos em três unidades.

Unidade I: Desenvolvimento da personalidade humana; Unidade II: O educador

frente à identificação de indicadores de risco no desenvolvimento do transtorno

depressivo; Unidade III: Promoção à saúde mental e prevenção do transtorno

depressivo.

- Os conteúdos do caderno foram transmitidos através de palestras com a

participação de um psicólogo, atividades para reflexão referentes ao tema proposto,

e ao final outro questionário desta vez para avaliar o quanto cada participante havia

compreendido ou aprimorado com os encontros de formação.

A seguir uma síntese do caderno pedagógico que foi utilizado na formação

dos professores.

SÍNTESE DO CADERNO PEDAGÓGICO

Unidade I: Desenvolvimento da Personalidade Humana

Freud apresentou o inconsciente como o primeiro conceito a ser

desenvolvido por ele, instância esta onde se acumula a energia fundamental para o

desenvolvimento humano, reduzindo mais tarde essa grande potência energética em

impulso sexual. Freud explica que todo evento mental é influenciado por uma

intenção do consciente ou do inconsciente. Desta forma Freud explora o

inconsciente através da teoria psicossexual e nos apresenta as fases do

desenvolvimento humano, considerando a importância da primeira infância nas

questões afetivas e cognitivas como instrumentos fundamentais para a adaptação

psíquica do individuo no mundo exterior.

Segundo Freud, para desenvolver a sexualidade, o homem busca aquilo

que lhe promove o prazer e a satisfação de maneiras diversificadas, demonstrando

Page 17: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

não ser uma função simplesmente instintiva e que supera as necessidades

fisiológicas fundamentais, pois a sexualidade tem seu inicio no nascimento do

individuo que a utiliza como fonte de prazer não como o adulto que foca na genital, a

criança se compraz com partes distintas de seu corpo. A sexualidade segundo a

psicanálise é necessária para o desenvolvimento psíquico do ser na apropriação do

meio que o cerca e nas relações emocionais, nas trocas afetivas, porém na fase

adulta, o individuo a tem voltada totalmente ao órgão genital.

A fase oral inicia com o nascimento e tem duração até por volta de um

ano de idade, neste estágio a zona erógena é a boca a criança sente prazer no ato

de degustar e chupar, sentindo amparada por quem cuida e confortada pela

estimulação oral. Neste período a maior dificuldade ou conflito vivenciado pela

criança é o desmame, se nesta fase o ser se tornar afixado, segundo Freud o

indivíduo pode vir a ser uma pessoa dependente ou agressiva.

A fase anal tem inicio no primeiro ano de vida e se encerra no terceiro

ano, nesta fase a zona erógena está no esfíncter, o maior conflito para a criança é

aprender a controlar os esfíncteres, ter o controle de suas necessidades demonstra

independência inclusive em relação ao outro.

Na fase fálica, a faixa etária está entre 3 a 6 anos de idade e a zona

erógena são as genitais. È nesta fase que a criança percebe as diferenças básicas

entre o sexo feminino e o sexo masculino, gerando caminhos distintos tanto para a

menina quanto para o menino, onde cada um protege seu narcisismo. Por isso a

forma como vão enxergar e viver o meio em que vive, é através de seu próprio corpo

e se algo abalar ou ameaçar sua integridade, isso poderá perturbar a maneira que a

criança tem de perceber a realidade a sua volta. È nesta fase que surge o complexo

de Édipo, ou seja, período em que o menino passa a desenvolver um sentimento de

atração pela mãe e de rivalidade com o pai.

O período de latência vai dos 6 anos de idade até a puberdade, zona

erógena os impulsos sexuais são inativos, é neste período que a criança inverte o

foco do convívio prevalecendo o interesse pelos seus pares em vez de um convívio

restrito a família. Os interesses da libido são anulados, passam a se importar mais

com as relações entre os colegas principalmente os da escola, com os hobbies e

outros, o amor reprimido que sentia pelos pais como sendo as únicas figuras

amorosas da vazão a um sentimento mais brando, mais sereno, por tanto a energia

sexual é direcionada para outras áreas.

Page 18: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

Esta fase inicia na puberdade e segue até a vida adulta do ser humano, a

zona erógena é o amadurecimento de interesses sexuais, esta é a ultima fase do

desenvolvimento psicossexual é aqui que inicia um grande interesse do sujeito pelo

sexo oposto, enquanto que aumenta também o interesse pelo bem estar do próximo,

nesta fase o individuo busca um equilíbrio entre as diferentes áreas da sua vida.

Enquanto na adolescência, vai à busca de tornar ativa a sexualidade que

estava inativa na fase da latência, procura ampliar suas relações com o mundo

externo, se afastando um pouco mais do convívio familiar, neste momento o

adolescente procura fora do convívio familiar um novo amor. Na adolescência o

período de mudanças e transformações é intenso no sentido da perda da identidade

infantil e do amor incondicional dos pais, tendo que assumir de uma vez por todas

uma identidade adulta.

Em cada fase do desenvolvimento psicossexual o indivíduo deve aprender

a conviver e a resolver os conflitos que surgirem em cada etapa da vida, conflitos

estes que não passam de situações originadas no convívio com o meio e no

desenvolvimento natural do ser, seja ele, físico ou emocional. O elemento mais

importante de cada fase é a superação, só assim o individuo poderá seguir para a

próxima fase, se isso não acontecer, a pessoa poderá ficar presa a uma situação de

fixação. Podendo também sofrer uma regressão, voltando à fase anterior. A pessoa

pode vencer todas as fases psicossexuais e desenvolver uma personalidade

saudável ou ficar presa fixada em uma das fases do desenvolvimento psicossexual.

Unidade II: O Educador Frente à Identificação de Indicadores de Risco no Desenvolvimento do Transtorno Depressivo Para melhor compreensão do tema, faz-se necessário uma abordagem dos

conceitos sinal e fatores de risco. De acordo com o dicionário Michaelis (2014), sinal

é tudo o que faz lembrar ou representar uma coisa, um fato ou um fenômeno

presente, passado ou futuro, é a característica de uma doença ou de um estado. No

conceito médico, sinal é aquilo que pode ser percebido por outra pessoa sem o

relato ou comunicação do paciente.

Para o melhor entendimento dos educadores, fatores de risco são

ameaças à saúde de uma pessoa. Eles podem aumentar as chances de uma

Page 19: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

pessoa desenvolver um transtorno, assim como podem piorar o quadro de alguém

que já tem um transtorno. (Estanislau & Bressan, 2014, p.39).

Para compreender melhor o transtorno depressivo é preciso entender o

que é humor, palavra utilizada para demonstrar o estado emocional de uma pessoa.

São diversos tipos de humor e cada individuo pode identificá-lo em si e nos outros

dependendo do sentimento aparente. Quando uma pessoa fica triste por algo ruim

que aconteceu, seu humor pode entristecer por um período curto ou longo de tempo,

o cérebro é quem mantém as emoções em equilíbrio, por isso, depois de um tempo,

devolve o seu humor ao estado normal; se o cérebro apresentar problemas para

devolver o humor ao seu estado normal, a pessoa pode se tornar triste por muito

tempo e/ou oscilar entre euforia e tristeza, o que acarretará sérios danos para a vida

pessoal com a família, com os amigos e na escola, neste caso, a pessoa poderá

estar passando por período de depressão.

Para definir melhor o que é depressão, Teodoro (2010, p.20) faz a

seguinte colocação: “Depressão é um transtorno mental, causado por uma complexa

interação entre fatores orgânicos, psicológicos, ambientais e espirituais,

caracterizado por angústia, rebaixamento do humor e pelas perdas de interesse,

prazer e energia diante da vida”.

A depressão pode surgir numa pessoa em qualquer momento da sua

vida, desaparece e ressurge durante esses momentos, é um transtorno comum que

pode afetar qualquer pessoa, independente da idade ou sexo; em proporção, ela

afeta mais os adolescentes, e cerca de duas vezes mais, nas meninas. Quando a

depressão afeta as crianças, estas apresentam tristeza, às vezes acompanhada de

irritação e/ou apatia, demonstrando desinteresse a qualquer estímulo, inclusive para

as atividades extracurriculares.

Quanto ao adolescente deprimido, este, na maioria das vezes sabe relatar

seus sentimentos de tristeza, inclusive o desânimo, a dificuldade em se concentrar,

e misturado a esses sentimentos ainda podem apresentar irritabilidade e hostilidade.

A crença e a sensação de que nada mais vai dar certo em sua vida podem levar

esses adolescentes a intentar contra a própria vida, em busca de uma forma para

sanar a dor. Com pouca expectativa para a vida e o futuro, muitas vezes buscam o

álcool e outras substâncias narcóticas ou psicoativas para aliviar o sofrimento

depressivo. A depressão não tem apenas uma causa aparente, a genética exerce

um papel fundamental, em crianças cujo, os pais apresentam depressão terão maior

Page 20: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

chance de serem acometidas pela doença; há outros fatores como situações de

estresse, meio familiar conturbado, entre outros. A depressão nos adolescentes é

diferente dos adultos na maneira de expressá-la, o humor triste geralmente é

demonstrado com irritabilidade, exemplo disso é que muitos adolescentes

deprimidos não recebem auxilio por serem considerados “aborrecentes”. Outro fator

intrigante que leva algumas pessoas a confundir ou a criar certos preconceitos é o

fato dos adultos e adolescentes deprimidos, demonstrarem períodos de melhoras do

humor em ocasiões positivas, mascarando assim a depressão, o que pode ser um

risco. Por isso é de extrema importância à compreensão do professor em relação ao

aluno que sofre com a doença mental, por tanto a proposta deste trabalho é ofertar a

oportunidade de sensibilização para aqueles que se dedicam a tarefa de ensinar, ao

mesmo tempo propondo uma reflexão ao professor diante dos fatos expostos para

perceber as mudanças comportamentais dos seus alunos, no sentido de se

atentarem a possíveis alterações no desenvolvimento psíquico.

Unidade III: Promoção da Saúde Mental e Prevenção do Transtorno Depressivo

Vamos nesta unidade, apresentar alguns caminhos para prevenção e

promoção em saúde mental que podem ser aproveitados pela escola como subsidio

para desenvolver um trabalho de intervenção junto aos alunos com objetivo de

prevenir, orientar e sensibilizar a comunidade escolar a respeito da saúde mental e

da prevenção do transtorno depressivo.

Conforme Estanislau & Bressan (2014 apud World Health Organization, 2005), a

Organização Mundial da Saúde definiu saúde mental na infância e na adolescência

como:

[...] a capacidade de se alcançar e se manter um

funcionamento psicossocial e um estado de bem estar em

níveis ótimos. [...] Ela auxilia o jovem a perceber, compreender

e interpretar o mundo que está à sua volta, a fim de que

adaptações ou modificações sejam feitas em caso de

necessidade [...].

Por outro lado, os transtornos mentais também foram comparados com a

dificuldade da criança em poder alcançar um estágio ótimo de competência e

Page 21: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

funcionamento. Para tanto não se pode pensar em saúde e transtornos como coisas

totalmente opostas, sendo que um indivíduo tido como saudável pode demonstrar

sentimentos e pensamentos negativos a qualquer época de sua vida, enquanto que

a pessoa que apresenta um transtorno pode se apresentar com bom estado de

saúde, impossibilitando assim o ato de se rotular essa condição.

A promoção de saúde mental acontece em ações que

estimulam as potencialidades de uma pessoa (ou de um grupo

de pessoas) em busca de fortalecimento de aspectos

saudáveis. Como todos, temos núcleos de saúde, a promoção

da saúde mental pode ser realizada inclusive com quem está

convivendo com um transtorno mental. Alguns exemplos de

iniciativas de promoção da saúde mental podem incluir

treinamentos de habilidades sócioemocionais ou campanhas

de estímulo à atividade física, já que a saúde do corpo está

diretamente ligada à saúde da mente. (ESTANISLAU &

BRESSAN, 2014).

Segundo pesquisas na área da saúde mental o espaço escolar tem sido

visado como um espaço privilegiado para se implementar as políticas de saúde

pública para jovens, adolescentes e crianças, sendo cogitado até mesmo como

espaço fundamental de promoção e prevenção de saúde mental, cabendo assim à

escola destaque especial para o desenvolvimento de trabalhos sistematizados e

contínuos que possibilita uma flexibilização para adaptação, por nela se concentrar a

maior parte da parcela juvenil de nossa população, por pelo menos um período do

dia, onde o professor tem o privilégio de observar o comportamento de seus alunos

nas diversas situações, podendo intervir em relação à criatividade, ao bom senso e

outros temas relacionados à saúde mental.

Algumas sugestões do autor para a escola que quer ser

promotora de saúde entre seus alunos:

1. Ter visão ampla de todos os aspectos da escola, promovendo um ambiente

saudável e que favorece a aprendizagem.

2. Dar importância à estética da escola, assim como ao efeito psicológico

direto que ela tem sobre professores e alunos.

Page 22: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

3. Fundamentar-se em um modelo de saúde que inclua a interação dos

aspectos físicos, psíquicos, socioculturais e ambientais.

4. Promover a participação ativa de alunos e alunas.

5. Reconhecer que os conteúdos de saúde devem ser necessariamente

incluídos nas diferentes áreas curriculares.

6. Entender que o desenvolvimento da autoestima e da autonomia pessoal é

fundamental para a promoção da saúde.

7. Valorizar a promoção da saúde na escola para todos.

8. Ter visão ampla dos serviços de saúde que tenham interface com a escola.

9. Reforçar o desenvolvimento de estilos saudáveis de vida que ofereçam

opções viáveis e atraentes para a prática de ações que promovam a saúde.

10. Favorecer a participação ativa dos educadores na elaboração do projeto

pedagógico da educação para a saúde.

11. Buscar estabelecer inter-relações na elaboração do projeto escolar.

Fonte: Estanislau & Bressan (2014, p.18)

Todo o esforço é no sentido de viabilizar a escola condições para que

desenvolva um trabalho preventivo de orientação aos alunos e de auxilio àquele que

apresenta transtorno depressivo, cuja identificação precoce possa amenizar os

sintomas do problema e possibilitar ao aluno o devido encaminhamento a um

atendimento especializado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho do professor frente à depressão e as intervenções necessárias

ao educando é um processo, uma conquista diária, que vai exigir de cada envolvido

disciplina e compromisso incessantes, na busca de caminhos que possam ser

percorridos para o êxito do trabalho mesmo que signifique a transformação de sua

prática, pois na área educacional é preciso aprender sempre. É imprescindível

também que o sistema proporcione aos professores, espaço e tempo para essas

reflexões e para formação profissional. Esse encontro de formação proporcionou ao

grupo de professores participantes condições para analisarem sua ação diária e a

forma de ver o aluno, esse tempo dedicado ao estudo foi de muita importância para

Page 23: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

iniciar um processo de sensibilização do professor em relação ao aluno que

apresenta sinais de depressão, tudo isso reflete a melhoria na qualidade do ensino.

Afinal, o enfrentamento as situações vividas no cotidiano escolar exige por parte dos

envolvidos, reflexão, análise, fundamentação teórica e troca de experiências.

Durante os nossos encontros trocas de experiência foi o que não faltou,

enriquecendo nossos dias com exemplos da vida real, foram ótimas as experiências

compartilhadas tanto no grupo de formação da escola Walerian Wrosz quanto no

Grupo de Trabalho em Rede (GTR).

No GTR as participações foram excelentes, contribuindo

maravilhosamente com o meu trabalho de intervenção escolar e também com as

minhas reflexões sobre o tema do projeto, além da participação enquanto cursista, o

mais importante foi às experiências compartilhadas e as sugestões de sites e vídeos

que podem ser utilizados na escola pelos professores. O diário como a 5ª atividade

do GTR foi a que mais contribuiu com o meu trabalho, foram ótimas sugestões de

trabalho que pode ser desenvolvido por qualquer professor. Pela participação dos

cursistas do GTR e pela participação dos professores da escola onde houve os

encontros de formação, acredito que o objetivo do projeto inicial foi alcançado,

levando a informação aos professores enquanto que se trabalhava essa formação

de opinião e de conceitos formados com o conhecimento anterior e com as

informações que foram repassadas, desta junção subtraímos sujeitos que se

sensibilizaram com os acontecimentos diários das escolas, com uma diferença

significante, agora todos os participantes sejam da escola ou do GTR, sabem o que

pode e o que deve ser feito para auxiliar o aluno com sofrimento psíquico.

REFERENCIAS

ALBUQUERQUE, E. K. O olhar do educador para alunos com risco no

desenvolvimento psíquico. PDE - Universidade Federal do Paraná, p.11-12.

Curitiba, 2014.

ALVES, H. C. de O. Educação inclusiva de alunos com transtorno mental: uma

exclusão velada. 2015 . Disponível em http://www.portaleducacao.com.

Page 24: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

br/pedagogia/artigos/67703/educacao-inclusiva-de-alunos-com-transtorno-mental-

uma-exclusao-velada. Acesso em: 5/6/2016.

BASSOLS, A. M. et al. Saúde mental na escola: uma abordagem multidisciplinar

Porto Alegre: Mediação, 2003. 2v.

CHERRY, K. As 5 fases do desenvolvimento psicossexual segundo Freud Postado em 27, abril de 2016. http://psicoativo.com/2016/04/as-5-fases-do-desenvolvimento-psicossexual-de-freud.html

Acesso em 04/08/2016.

BOARATI, M. Depressão na Adolescência – Postado em 17, janeiro de 2011.

http://www.viversaude.com.br/depressao-na-infancia-e-adolescencia/ Acesso em

03/07/2016.

BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial. Estratégias e

Orientações para Educação de Alunos com dificuldades Acentuadas de

Aprendizagem Associadas às Condutas Típicas. Brasília: MEC/SEESP, 2002.

ESTANISLAU, G. M.; BRESSAN, R. A. (Org). Saúde mental na escola: O que os

educadores devem saber. Porto Alegre: Artmed, 2014.

KOCH, A. S.; ROSA, D. D. Transtornos Mentais na Adolescência. ABC da Saúde

https://www.abcdasaude.com.br/profissional.php?568 – Acesso 22/04/2016.

LIRA, S. A. Saúde mental na educação especial: abordagem para educadores.

PDE - UEM, P.17-19. Loanda, 2011.

PORTAL EDUCAÇÃO. Inclusão escolar um desafio entre o ideal e o real. 2008.

Disponível em http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/ - Acesso em

06/06/2016.

Page 25: A visão do professor do ensino regular em relação à ...€¦ · (UNOPAR), Mestrado em Educação (UEL-2004) e Doutorado em Educação (USP-2013). Professor Adjunto da UENP no

PORTAL EDUCAÇÃO. Teoria de Sigmund Freud acerca do Desenvolvimento

Humano. Disponível em 2013.

https://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/26809/teoria-de-sigmund-freud-acerca-

do-desenvolvimento-humano - Acesso em 08/11/2016

RABELO, M. K. O. Saúde mental na escola: “Na experiência do diálogo

constitui-se entre mim e o outro um terreno comum”. Artigo. 2013. Acesso em

03/07/2016.

http://download.rj.gov.br/documentos/10112/1453344/DLFE-61901.pdf/ArtigoJulho2013.pdf

RIBEIRO, M. C. F. Teorias psicológicas do desenvolvimento – UNIP. Universidade Paulista Interativa. 2011 http://unipvirtual.com.br/material/2011/licenciatura/teorias_psic_des/unid_1.pdf

SIQUEIRA, C. M.; GIANNETTI, J. G. Mau desempenho escolar: uma visão atual.

Belo Horizonte, MG. Revista Associação Medica Brasileira, 2011. (P. 80). Acesso em

06/06/2016.

SOARES, A. G. S. et al. Percepção de professores de escola pública sobre

saúde mental. Revista Saúde Pública vol.48 nº.6 São Paulo Dec. 2014

http://dx.doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048004696 Artigos Originais. Acesso em

05/06/2016.

TEODORO, W. L. G. Depressão: corpo, mente e alma. Uberlândia –MG, 2010.

(p. 20-46- 47) ISBN: 978-85-61353-01-8. 3ª Edição.