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ADALGIZA AMIN RECHENE A VIOLÊNCIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ENTRE OS ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE 5° A 8° SÉRIES DA ESCOLA ESTADUAL JOSÉ BONIFÁCIO Macapá 2007

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1

ADALGIZA AMIN RECHENE

A VIOLÊNCIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ENTRE OS ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE 5° A 8° SÉRIES DA ESCOLA ESTADUAL JOSÉ

BONIFÁCIO

Macapá

2007

2

ADALGIZA AMIN RECHENE

A VIOLÊNCIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ENTRE OS ALUNOS DO ENSINO

FUNDAMENTAL DE 5° A 8° SÉRIES DA ESCOLA ESTADUAL JOSÉ BONIFÁCIO

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador: Profª. Ms. Demilto Yamaguchi da Pureza

Macapá – Ap

2007

3

RECHENE, Adalgiza Amin A violência nas aulas de educação física entre os alunos do ensino fundament

de 5° a 8° séries da Escola Estadual José Bonifácio. Macapá, 2007.

Monografia (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007.

1. Violência 2. Educação Física Escolar

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ADALGIZA AMIN RECHENE

A VIOLÊNCIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ENTRE OS ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE 5° A 8° SÉRIES DA ESCOLA ESTADUAL JOSÉ

BONIFÁCIO

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores: Prof. Ms. Demilto Yamaguchi da Pureza, Universidade Federal do Amapá e pelo Prof. Ms. Álvaro Adolfo Duarte Alberto, Universidade Federal do Amapá.

Presidente: Professor Mestre DEMILTO YAMAGUCHI DA PUREZA,

Universidade Federal do Amapá.

Membro: Professor Mestre ÁLVARO ADOLFO DUARTE

ALBERTO, Universidade Federal do Amapá.

Macapá (AP), 28 de junho de 2007.

5

DEDICATÓRIAS

Os pais podem dar alegria e satisfação para um

filho, mas não há como lhes dar felicidade. Os pais

podem aliviar sofrimentos enchendo-os de

presentes, mas não há como lhe comprar felicidade.

Os pais podem ser muito bem sucedidos e felizes,

Mas não há como lhes emprestar felicidade. Mas os

pais podem aos filhos dar muito amor, carinho,

respeito, ensinar tolerância,solidariedade e

cidadania, exigir reciprocidade, disciplina e

religiosidade, reforçar a ética e a preservação da

Terra. Pois é de tudo isso que se compõe a auto-

estima. É sobre a auto-estima que repousa a alma, e

é nesta paz que reside a felicidade.

ICAMI TIBA

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, nosso Pai Glorioso, fonte de vida e sabedoria que me deu força e

discernimento para que eu pudesse vencer os obstáculos e alcançar meus objetivos.

Ao meu orientador Demilto por suas palavras de tranqüilidade e precisão nas horas de aflição.

Aos meus pais Abdon (in memoriam) e Nair, o meu eterno amor e gratidão pela criação que me

deram.

Aos presentes que ganhei de Deus, meu filhos Mayck, Rauan e Carolina - amo amar vocês.

Aos meus irmãos, Amin e Jamile (in memoriam) e Nagib, Samia, Amélia, Latife e Gibran pela

amizade e carinho de sempre.

Aos meus sobrinhos Elaine, Caroline, Naiara, Nagib Jr. e Amin Jr., pela dedicação e

solidariedade oferecidas nos momentos mais difíceis.

A minha amiga Roberta pala sua amizade solidária e demais amigos que entenderam minha

ausência.

Ao meu amor Corrêa Neto pela compreensão e companheirismo.

Por fim, a todas as pessoas que contribuíram para a construção desta pesquisa.

7

RESUMO

Este trabalho teve como principal objetivo identificar o índice de violência durante as aulas de educação física entre os alunos de 5ª a 8ª séries da Escola Estadual José Bonifácio que fazem parte da comunidade quilombo, Curiaú. O estudo foi alicerçado na compreensão conceitual, tomando como base à realidade sócio-cultural dos analisados ao qual estavam inseridos. A abordagem foi realizada de forma quantitativa, por intermédio de uma pesquisa de campo, com aplicação de questionários, compostos de perguntas objetivas. Os dados coletados e analisados permitiram diagnosticar sobre o índice de violência entre os alunos nas aulas de Educação Física, os fatores que contribuem para essa realidade. Dentre os resultados encontrados, verificamos que 95% dos alunos avaliados gostam das aulas de Educação Física, entretanto, 70% não consegue conter seus impulsos de raiva quando saem derrotados de alguma atividade nas aulas. Além disso, 30% dos alunos afirmaram já ter brigado durante as aulas, 65% não desculpam os colegas quando são ofendidos e o mesmo percentual já sofreram algum tipo de violência nas aulas de Educação Física e que destes a maioria são do gênero masculino. Vale ressaltar, ainda que 90% dos alunos entrevistados sofrem algum tipo de violência dos pais ou responsáveis e 85% presenciaram cenas de violência entre seus familiares. A constatação dessas atitudes pode ser decorrente da própria condição econômica do vilarejo, que tem toda sua história presa a um passado de sofrimento, revolta, indignação, por tudo que passou seus ancestrais, quando na época da escravidão. Contudo, vale considerar, que a escola deve manifestar-se à cerca dos resultados sobre a violência de aluno com aluno e pais com filhos e fornecer subsídios e contribuições a serem desenvolvidas sobre a ótica de que é possível reverter esse quadro. Portanto, compreendendo que a educação física escolar é considerada uma ação pedagógica relevante para o desenvolvimento do aluno em suas diversas dimensões, especificamente o sócio-cultural, sugere-se implementar projetos sócio-educativos e culturais estendendo às famílias, com palestras educativas para pais e alunos com temáticas correlatas, atividades sócio-recreativas com significado compartilhado voltado para a educação moral e ética incluindo direitos e deveres, reflexão, limites, disciplina, respeito etc.

Palavras chaves: família, escola, cultura, educação, violência.

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.: Idade dos alunos avaliados da Escola Estadual José Bonifácio..................................40 Tabela 2: Número de alunos por gênero......................................................................................40

Tabela 3: Número de alunos por séries........................................................................................41

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Pesquisa acerca do gosto pelas aulas de Educação Física..........................................41

Gráfico 2: Alunos que conseguem ou não controlar seus impulsos de raiva quando perdem em

alguma das atividades nas aulas de Educação Física...................................................................42

Gráfico 3: A- Alunos que já brigaram alguma vez durante as aulas de Educação Física. B -

número de alunos por gênero que já brigaram e não brigaram nas aulas de Educação

Física.............................................................................................................................................43

Gráfico 4: A- Alunos que desculpam quando são ofendidos nas aulas de Educação Física. B-

número de alunos por gênero que desculpam ao serem ofendidos nas aulas de Educação

Física.............................................................................................................................................45

Gráfico 5: A- Alunos que sofreram algum tipo de violência durante as aulas de Educação Física.

B- número de alunos por gênero que já sofreram algum tipo de violência nas aulas de Educação

Física.............................................................................................................................................46

Gráfico 6: Alunos que se consideram calmo ou agressivo...........................................................47

Gráfico 7: Alunos que sofreram algum tipo de violência dos pais...............................................47

Gráfico 8: Alunos que presenciaram algum tipo de violência entre seus familiares....................49

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..........................................................................................................................11

1.1. Objetivos...............................................................................................................................13

1.1.2. Objetivo Geral....................................................................................................................13

1.1.3. Objetivo Específico............................................................................................................13

1..2. Fundamentação teórica........................................................................................................14

1.2.1. A comunidade do Curiaú...................................................................................................14

1.2.2. Influência sócio-cultural como fator determinante no comportamento e no relacionamento

humano........................................................................................................................................17

1.2.3. Importância da família para estruturação do indivíduo na sociedade...............................19

1.2.4. A Violência........................................................................................................................26

1.2.5. Função da Escola...............................................................................................................27

1.2.6. Família e Escola: unidas por um ideal...............................................................................31

1.2.7. Educação Física como fenômeno sócio-cultural................................................................33

2. MÉTODOS..............................................................................................................................39

2.1. População e Amostra.............................................................................................................39

2.2. Instrumentos de coletas de dados..........................................................................................39

2.3. Estratégias para a coleta e análise de dados..........................................................................39

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................................40

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................51

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................53

6. APÊNDICE.............................................................................................................................55

11

INTRODUÇÃO

A sociedade brasileira vem enfrentando nas últimas décadas, violação aos direitos

humanos, evidenciando o processo de inversão de valores onde a solidariedade, humildade,

companheirismo, respeito, tolerância e a disciplina não expressam mais seu verdadeiro sentido.

A escola vem sendo tomada por manifestações de violência, preconceito e discriminação.

Muito se tem discutido a cerca da educação no país. Tudo leva a um certo

descontentamento geral, por tantos problemas como: a falta de emprego, fortalecendo a pobreza;

a corrupção enriquecendo ilicitamente; a família se esfacelando; êxodo escolar.Todos esses

fatores sociais conduzem á violência, crianças roubando para se alimentar, adolescentes

viciados virando homicidas, as casas de detenção super lotadas. Está ficando cada vez mais

distante o sonho de se viver em paz no mundo. Parece que as pessoas já se acostumaram com a

agressividade, tudo está banalizado, incorporou-se na cultura brasileira a indiferença entre as

pessoas, à violência rompeu os muros das escolas. E a educação, nada pode fazer?

Por considerar a situação preocupante, efetivou-se um estudo de pesquisa, com

questionários contendo perguntas objetivas. Dentro de uma concepção empírica permitiu-se

diagnosticar, não somente a violência existente no contexto vivenciado na escola campo, mas

também, detectar os possíveis fatores que levam aos conflitos e sugerir propostas educativas e

preventivas que possam estimular à reflexões sobre as atitudes comportamentais negativas no

cotidiano escolar dos alunos de quinta à oitava séries do ensino fundamental da Escola Estadual

José Bonifácil, situada em uma área quilombola, constituída por negros afros descendentes.

Este estudo centra-se especialmente na perspectiva psicopedagógica, a partir de

concepções de teóricos como: Jaime Pinsky, Maria Luíza Teles, Isami Tiba, João Paulo Subirá

Medina, Tânia Zagury e outros.

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Como essência para fundamentar a pesquisa ressalta-se na primeira parte um breve

histórico sobre a comunidade do Curiaú, influência sócio-cultural como fator determinante no

comportamento e no relacionamento humano, importância da família para estruturação do

indivíduo na sociedade, a violência, função da escola, família e escola - unidas por um ideal e

educação física como fenômeno sócio-cultural.

Na segunda parte, estrutura-se com os métodos e análises dos dados coletados junto

a unidade de ensino onde foi efetuada a pesquisa, considerações finais, referenciais

bibliográficos e apêndices.

De certo, a violência é um problema que enfocada na família, provoca traumas

marcantes, refletindo no comportamento do aluno na escola, dificultando o processo de

aprendizagem e nas relações interpessoais.

Deve-se levar em consideração, o fato de que as condições sócio-econômicas e

culturais da comunidade, na qual os alunos pesquisados estão inseridos, são desfavoráveis,

reproduzindo desequilíbrio nos relacionamentos sociais e afetivos.

.

13

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Geral:

- Diagnosticar o índice de violência dos alunos da Escola Estadual José Bonifácio do ensino

fundamental das 5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries, nas aulas de Educação Física.

1.1.2. Específico:

- Detectar a partir de questionário possíveis fatores dos conflitos que ocorrem nas aulas de

Educação Física;

- Sugerir propostas educativas preventivas que possam levar os alunos a uma reflexão dos

comportamentos agressivos nas aulas de educação Física.

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1.2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.2.1. A comunidade do Curiaú

Os negros vieram para o Brasil no período colonial, trazidos pelos portugueses para

trabalhar como escravos nas lavouras e nas minas, uma vez que os índios não se adaptaram ao

trabalho fixo. Além da aptidão, os negros mostravam-se dóceis e passivos, facilitando o seu

controle. Logo, a mão-de-obra escrava predominou em todas as áreas da economia, trabalhavam

pesado na lavoura, e a eles eram destinados tratamentos violentos e cruéis. A exploração e a

violência sexual também marcaram as relações entre senhores e mulheres escravas, resultando

uma prole de mestiços. Os senhores atribuíam esses “deslizes” ao mau caráter das escravas,

embora as submetessem a seus desejos sexuais depravados e pervertidos.

Os açoites, os grilhões, violência sexual e as atribuições negativas aos negros faziam

parte de um conjunto de instrumentos e “técnicas” de tortura e castigo para domar e sub-julgar

os escravos. Além do castigo físico, o escravo introjetava uma idéia negativa de si mesmo e de

sua raça.

Eram expostos e comercializados como nas feiras de gado. Seus dentes eram

examinados como se fazem com os cavalos, examinavam seus corpos como se fossem animais.

Não se pode afirmar a passividade dos negros da época, pois muitos diante de tanta humilhação

utilizavam o suicídio como forma de protesto e resistência, muitos se deixavam morrer de

tristeza e outros fugiam.

Os negros não vieram pra cá porque quiseram. Não passaram pelo sofrimento e

humilhação de serem tratados como animais porque assim preferiam., não receberam chicotadas

15

porque gostavam, mas porque resistiam. Assim, foram jogados à liberdade. Mas que liberdade

foi está? Qual é a verdadeira situação do negro hoje?

De acordo com o relato de um dos mais antigos moradores da comunidade do Curiaú

Senhor Raimundo Sérgio Ramos, conhecido como Seu Men, em entrevista ao pesquisador e

jornalista Hélio Penafort, conta que sua origem deve-se ao Senhor Miranda, que com o desejo

de encontrar boas terras para criar gado, trouxe consigo do nordeste sete irmãos negros,

escravos de sua propriedade, os quais chegou a Macapá pelo rio Pedreira. Francisco Inácio, um

dos escravos, quando a procura de alimentos, descobriu um lago farto de peixes, e garantidos

que o lugar era ideal para sobrevivência e para criação de animais, construíram seus abrigos.

O nome Curiaú originou dos termos CRIA (de CRIAR) e MÚ (de GADO),

convergindo o vocábulo para CRIA-MÚ a Vila do Curiaú.

O quilombo do Curiaú situa-se a 8Km da cidade de Macapá, Estado do Amapá, em

área de 3.218.93 hectares, reconhecida pela União como comunidade oriunda de remanescentes

de quilombos, constituem atualmente o povoado com 278 famílias aproximadamente.

Considerando a extensão da área e a riqueza de fauna e flora existente, foi criada

uma Lei Estadual, através do Decreto 1417, em 28 de setembro de 1999, transformando a região

do Curiaú em Área de Proteção Ambiental – APA, a fim de garantir a segurança, evitando

invasões indevidas das terras, apropriação inadequada dos recursos naturais, depósitos de lixos,

pesca e caça predatória. Além da Comunidade, essa área de preservação agrega outras

comunidades, como: São Francisco da Casa Grande, Mocambo, Pescado e Fugido.

O Curiaú é constituído por dois núcleos populacionais intitulados: Curiaú de Dentro

e Curiaú de Fora, e estão distantes um do outro, a menos de mil metros, mas percebe-se

nitidamente certa desunião entre os dois vilarejos, apesar de terem, de alguma forma uma

ligação de parentesco.

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O primeiro a ser formado foi o Curiaú de Dentro, às margens do lago e suas

edificações eram de palhas e as paredes de buriti e urubá, materiais nativos farto na área.

O acesso à comunidade melhorou nos últimos tempos consideravelmente, por contar

com uma rodovia pavimentada que corta o vilarejo e uma linha regular de ônibus.

Essa comunidade é considerada um sítio histórico e ecológico, pela riqueza cultural

contida na população de negros remanescentes de escravos, que ainda mantém acesa a chama e

arraigada suas raízes africanas.

A sustentabilidade econômica provém da agricultura de subsistência e do

extrativismo vegetal e animal.

O historiador amapaense Estácio Vidal Picanço, reconhece o Curiaú como um

celeiro histórico pela sua cultura popular, pelas suas festas tradicionais e por representar uma

parte do complexo cultural do Estado do Amapá.

De acordo com relatos de alguns moradores (pediram para não citar seus nomes),

existe uma rivalidade que vem de décadas atrás, entre as famílias Miranda e Ramos, provocada

por pose de bens materiais, isto é, a família Miranda possuir mais gado que a outra família

Miranda. Até mesmo as casas da família Ramos estão localizadas na beira do lago. Lugar

privilegiado pela esplendorosa beleza natural, existente no lugar.

Constata-se, após seis anos de observação, que o fato das pessoas que integram esse

quilombo serem afros descendentes, e terem sofrido muita repressão e os maus tratos da

escravidão herdaram uma revolta que vem sendo absorvido e repassado de pais para filhos.

A escola atende hoje a quarta ou quinta geração e eles apresentam uma característica

muito peculiar; são muito carrancudos e de curto diálogo. Suas ações demonstram que

acreditam realmente, que a violência seria a melhor maneira de resolver quaisquer problemas ou

corrigir um filho ao cometer um ato indisciplinar.

17

Todavia, essas atitudes de impulsividade que o aluno-adolescente reproduz no

âmbito escolar, especificamente, nas aulas de educação física, são reflexos de tudo que ele

vivência na vida cotidiana.

1.2.2. Influência sócio-cultural como fator determinante no comportamento e no

relacionamento humano.

Segundo TELES, Maria (l975, p. 21) ao nascer, o individuo não é apenas uma pessoa

com o potencial que lhe foi fornecido pela hereditariedade, faltando-lhe ainda à organização

característica dos sistemas psicofísicos. Não desenvolveu até então, modos próprios de

pensamentos e comportamento. É apenas um ser com múltiplas necessidades fisiológicas e

algumas poucas carências psicológicas. Pouco a pouco, entretanto, vai aprendendo a satisfazer

essas necessidades e desenvolvendo maneiras de ajustamento e domínio do meio, delineando,

assim, a sua personalidade.

A estrutura da personalidade é a base que organiza e une entre si as diferentes

condutas e disposições do individuo, é a organização global que dá consistência e unidade à

conduta. No geral, a personalidade refere-se ao modo relativamente constante e peculiar de

perceber, pensar, sentir e agir do indivíduo. A definição tende a ser ampla e acaba por incluir:

habilidades, atitudes, crenças, emoções, desejos; o modo de comporta-se, e inclusive, os

aspectos físicos do indivíduo. A definição da personalidade engloba também a maneiras como

todos esses aspectos integram, organizam, conferindo peculiaridades e singularidade ao mesmo

(BOCK, Ana; FURTADO Odair; TEIXEIRA, Maria;1993, p.114:115).

As essenciais características da natureza do ser humano são relativamente limitadas,

variando-se de acordo com a limitação estabelecida.

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Os estudiosos da personalidade estão basicamente interessados em explicar o por que das diferenças existentes entre as pessoas. Por que algumas são bem-sucedidas e outras não? Por que algumas desenvolvem uma capacidade de ver o mundo com toda sua riqueza, variedade e encanto, enquanto outras apresentam comportamento explosivo, inquietação geral, preocupação excessiva com a opinião dos outros, recusando-se a participar de situações sociais? Por que algumas são tão talentosas e outras não conseguem desenvolver suas potencialidades, impondo-se limitações que as levam ao conformismo e a possibilidade? (SABINI, Maria, 1986 p. 90).

Na busca incessante de sua identidade, o adolescente, vive entre o mundo da criança

e o mundo do adulto. Nessa transição fica desnorteado, pois agora vai cortar o “cordão

umbilical” que o manteve ligado cerca de doze anos, os quais cultivavam uma relação com a

família concreta e estreita. Os valores e desejos de seus pais eram os seus. Sentia ser o lar, o seu

“porto seguro”.

Agora, encontra-se submetido a tomar suas próprias decisões e assumir as

conseqüências, efetivar laços emocionais com pessoas de sua idade. Todavia, este deve

canalizar suas capacidades rumo à reestruturação do seu mundo interior e de seu relacionamento

com o mundo em sua volta.

Na puberdade, mudanças ocorrem nos ideais, valores e sentimentos que são

selecionados criticamente pelo adolescente. Confronta-se com dúvidas que o levam ao medo,

provocando uma dicotomia dos fatos ocorridos no passado, buscando construir novos valores.

Nessa fase, eles passam a rejeitar os valores assimilados entendendo-o como autoritarismo e

humilhação de seus pais, impondo-se com rebeldia, ostensividade, agressividade, incoerência

instabilidade. Lamentavelmente, a criança e o adolescente nesta fase apresentam uma

complexidade conflitante provocada pela incompreensão e desajustes dos próprios educadores,

como também, pelo conflito de gerações. Muitas são as causas que provocam as oscilações de

humor, temperamento, história da infância, influência do ambiente, e principalmente a familiar e

19

escolar. Assim, percebe-se que os problemas podem ser enfrentados com tranqüilidade e

conduzidos com confiança, compreensão, amizade, serenidade, firmeza e equilíbrio emocional.

Para LUIZA, Maria (1994, p.97), uma infância ajustada em um ambiente de compreensão, amor, confiança e comunicação, são indícios certos de que a crise não será violenta, e de que o individuo, ao atingir a fase adulta, terá, realmente, alcançado a maturidade emocional e social, indispensáveis ao seu ajustamento futuro.

Questionamentos dessa natureza são constantes. Há muitos anos tenta-se encontrar

respostas sobre a complexidade que envolve a constituição e afirmação da personalidade,

ressaltando a influência que se estabelece no aprendizado e relação social.

Considerando então, todos as interrogações, a qual, o ser humano é submetido com

relação a sua existência criam-se algumas ideologias, como: religião, crenças, mitos costumes,

tornando mais difíceis, encontrar respostas para tantas indagações.

1.2.3. Importância da família para estruturação do indivíduo na sociedade

A família é indiscutivelmente essencial para auxiliar o desenvolvimento do

indivíduo. Exerce fundamental importância, não só pela sobrevivência física, mas também as

aprendizagens básicas indispensáveis ao desempenho dos valores, da comunicação, do controle

de impulsividade, estabelecendo limites que possam nortear as características psicológicas da

criança durante o tempo que permanecer sob a convivência familiar.

Estruturalmente a família funciona como um eixo de referência pelos quais seus

integrantes elaboram e determinam suas relações sociais, pode-se dizer que é a base de

sustentação que dá suporte e equilíbrio, influenciando decisivamente na educação informal e

20

formal. No aconchego do lar são adquiridos basicamente normas e valores éticos, morais,

humanitários, e outros.

Os pais podem e devem auxiliar os filhos na formação de sua personalidade, no

desempenho cognitivo e na relação interpessoal. Para isso, devem manter uma relação com os

filhos de afeto e diálogo, sempre esclarecendo toda e qualquer atitude que exijam restrições e

punições aos mesmos, permitindo-lhes que argumentem e expliquem os motivos que os levaram

a tais atitudes, e ainda, excitar a reflexão para que atinjam um nível de amadurecimento com

responsabilidade, autonomia e respeito.

Segundo GOLEMAM (1995), a família é sem sombra de dúvida nossa primeira

escola de aprendizado emocional. Nesse espaço íntimo aprendemos como nos sentir em relação

a nós mesmos e entender como os outros reagem diante de nossos sentimentos. Esse

aprendizado emocional atua não somente por meio das ações e comunicações orais, mas

também nas possíveis formas de como lidar com os próprios sentimentos.

Compreende-se que o procedimento educacional possui papel fundamental na

construção e reconstrução cultural e social que acorre no seio familiar, lugar onde se aprende a

cuidar do físico e psíquico (higiene, alimentação, descanso, afetividade), aspectos que compõem

as condições necessárias básicas para toda a vida social e produtiva.

Além disso, os pais decidem a hora com quem e onde o seu filho irá interagir. A

inter-relação absorve os hábitos culturais que poderão repercutir positiva ou negativamente. Daí

a importância de conduzir os filhos por caminhos que solidifique uma boa educação com o

proposito de se obter resultados satisfatórios na educação.

(...) Portanto, devemos levar em consideração que a família funciona como um sistema, ou seja, como uma estrutura que engloba uma rede de influência recíproca entre os diferentes elementos que a compõem (COLL,César; 1995; p. 192).

21

Os pais não podem ter dois pesos e duas medidas, devem estabelecer o que é

coerente e o que não. Ao tomar alguma resolução referente aos filhos, esta deverá estar pautada

sempre na justiça, sinceridade, respeito e lealdade.

Referente à repreensão e castigo, não se pode deixar de mencionar a sabedoria do

Padre Vasconcelos, (citado no livro TELES, Maria, 1994, p. 119), em que aborda o assunto,

dizendo: “Tendo que intervir e castigar fuja de exageros. Nada que humilhe (...). Tenhamos

primeiro o coração em paz, para depois ditar leis e impor castigos (...). Se a vida nos fere, não

temos o direito de passar as feridas para diante (...). Ensinemos, em vez de proibir (...).Vigiar de

mais é duvidar, é querer supri, é ajudar atrapalhando (...). Criança ameaçada é criança nervosa

(...). Sondemos nosso mundo interior, na hora de aplicar castigos. Nunca o façamos em estado

alterado, com raiva ainda quente, nervos em ebulição.

Não é tarefa fácil educar, ensinar um ser anti-social a viver equilibradamente num

mundo cheio de contradições. Muito pelo contrário, é uma missão que requer infinita paciência

e uma super dose de fé e amor. Nesse lancinante afã, não se pode esquecer que, crianças e

adolescentes, necessitam sentir uma mão forte e amiga que, os guiem. Apesar de demonstrarem

muitas vezes que não precisam, mas é sempre bom que se sintam protegidos por seus pais. Sem

abdicar, porém, sua verdadeira posição de pais-educadores, guias, condutores, disciplinadores.

Sobre o assunto TELES, Maria (1994, p. 119), enfatiza: Ao repreender é preciso que

saibamos escolher o tom, a hora e o modo. É importante falar com firmeza e convicção, mas

com suavidade e amor. Algumas vezes é necessário punir. Sempre que uma má ação puder ser

reparada, a reparação substituirá com vantagem qualquer tipo de castigo.

Os pais devem manter uma relação afetuosa com os filhos, expressar interesse por

tudo que a criança faz ou fala, ou seja, considerar os aspectos que favorecem o bem estar físico

22

e emocional, atentando às necessidades, desejos e preocupações, edificando a valorização e

respeito mútuo entre pais e filhos.

A convivência harmoniosa dos pais é o melhor exemplo que eles podem dar aos

filhos, o lar é a maior escola da vida. Por intermédio das experiências reais, a criança e o

adolescente constroem com mais consistência e mais facilidade os valores básicos essenciais à

vida, do que conselhos e punições.

A adolescência, fase que medeia a infância e a fase adulta intensifica o

desenvolvimento dos diversos campos biológicos, psíquicos e sociais instalando-se um drama

profundo de inquietude, insatisfação, curiosidade, angustia, revolta, que muitas vezes

surpreendem os pais, os quais, ficam sem saber o que fazer diante de determinadas situações

conflitantes. Pois esse período compreende as modificações, que se sucedem rapidamente. Na

sua maioria, antecede o preparo psicológico conveniente a essa etapa da vida, onde surgem as

primeiras manifestações da consciência e dos primeiros sentimentos de amor e ódio.

Contudo, nossos jovens tornam-se mais dependentes de amparo e esperança. Os

laços familiares precisam ser reatados para solidificar a educação, absorvendo os sentimentos

mais profundos que envolvem o ser humano. Não podemos perder de vista a construção de

ambientes confiáveis que servirão para estabelecer o desenvolvimento em toda sua amplitude

Historicamente, o termo família originou-se do latim “famulus” que significa:

Conjunto de servos e dependentes, de um chefe ou senhor, que vivem sob um mesmo teto

(HOUAISS, 2001).

Em regras gerais, a família constitui-se de pai, mãe e filhos. Na concepção patriarcal,

pai era o chefe e os demais membros eram seus comandados, inclusive a mulher. Nessa

formatação, ainda existem famílias com resquícios desse autoritarismo, mantendo um

23

significado errôneo, sobre a forma de como educar. Neste sentido, o pai abusa desta condição,

valendo-se de uma tirania autoritária, deixando frustrações e seqüelas, algumas, por toda vida.

O núcleo familiar deve ser para o indivíduo seu abrigo, lugar de bem-estar, onde se

refugia para o descanso e vida íntima. Por se constituir de seres humanos com toda sua

complexidade, as relações e trocas de experiências envolvem esse espaço com conflitos,

passando muitas vezes a refletir diretamente dúvidas, aspirações e questões pessoais. Os filhos e

demais membros integrantes, sentem nesse espaço, garantida a sua sobrevivência, o seu

desenvolvimento, sua proteção integral.

A partir do relacionamento entre homens e mulheres a família reconstrói a dinâmica

pela qual estrutura sua identidade social e constrói os seus valores Todavia, nas últimas décadas

essa estruturação foi sofrendo alterações institucionais, como o desquite, divórcio, formando

uma outra composição na estruturação familiar. A mulher vem absorvendo e assumindo todas as

atribuições que antes pertenciam ao chefe de família. Nos dias atuais, constata-se a inversão dos

conceitos e os reflexos na educação, porque a mulher emergiu da condição de submissa e mãe-

doméstica, para assumir potencialmente, em todos os aspectos, a condição de “chefe de

família”.

Necessitando trabalhar fora, sentiu-se obrigada a distanciar-se dos filhos, o que

inviabilizou o tempo para dedicar-se aos mesmos, principalmente o concernente à educação.

Nesses propósitos, foi transferida a função a parentes, babás, domésticas. Na maioria das

ocasiões ficam sozinhos em casa o dia todo, refugiando-se na rua em busca de companhia,

acabam muitas das vezes, fazendo amizade com outros jovens, cuja companhia não é muito

recomendável. E quando chega a perceber, a situação encontra-se fora de controle. Sem

compreender, perguntam-se os pais: Por que o esfacelamento da família? O que ocasiona esse

24

desequilíbrio, tornando a relação um caos? Quem será o real culpado? O que fazer para reverter

essa situação?

Ao crescer, a criança e o adolescente, em famílias desestruturadas, onde as práticas

sociais como: respeito, limite, fé, solidariedade, caráter entre outros, que não são ensinados.

Pois viver em sociedade, pressupõe regras que cabe aos pais inserir na educação de seus filhos

desde os primeiros dias de vida, para que enriquecidos desses valores criem o hábito de viver

em harmonia, respeitando seus pais, baseados nos limites e regras estabelecidas por estes no

seio familiar e conseqüentemente na sociedade.

Com essa concepção, MINUCHIM, (1982, p. 215), defende que a família é uma

união social, desempenhando seqüências de papeis fundamentais para a maturação psicológica

da criança, diferenciando os parâmetros culturais (...). A família tem uma organização de apoio,

proteção, limite, ética e socialização que compõem o seu conceito, com proposta de auto-

perpetuação. A idéia conceitual é que seja, preservado e conservado no grupo os valores,

padrões éticos, econômicos, políticos, culturais, ideológicos, como parte do processo de

desenvolvimento de uma sociedade.

É óbvio que o ritmo de vida estabelecido pelo sistema, mudou a trajetória da

instituição familiar, causando transformações, as quais efetivaram os problemas acima

referendados.

Vale ressaltar, ainda, que influenciado pela mídia, o homem de hoje encontra-se

inebriado com tantas opções tecnológicas, que chegou a ponto de perder a consciência de seus

limites. Vive-se num mundo chamado “mundo de comunicações”. Entretanto, as numerosas

possibilidades técnicas, levaram o homem a encontrar-se cada vez mais só. Talvez seja o maior

meio de isolamento que o ser humano já experimentou. Nos últimos anos, mais ainda com o

25

aparecimento da televisão, do computador, do celular. Os quais escravizam o homem em um

universo sonoro ouvindo e falando com a máquina.

Não há mais diálogo entre as famílias, as mães, em sua maioria, ligam o televisor e

exigem que seus filhos assistam aos filmes bem comportados. Muitas das vezes, extremamente

violentos e inadequados às crianças, mas não importa o teor do programa, o que interessa

mesmo, é que não dêem problemas e fiquem dentro de casa sob os cuidados de uma babá

eletrônica, que em sua maioria ensina somente violência. Enfim, os pais não conseguem mais

dialogar, por conta dos aparelhos eletrônicos.

Com a técnica, instalou-se então, uma inquietante inversão de valores. O homem

passa a ser substituído pela máquina, despersonalizou-se e esvaziou-se dos bons sentimentos,

não são mais considerados os valores íntimos da pessoa, mas sim o que ela é, ou pode fazer.

ARESI, Frei (1970, p. 14), enfatiza a grande contradição da tecnologia “Ela aperfeiçoa as

comunicações, diminuindo sempre mais as distâncias, porém os homens se distanciam cada vez

mais, conhecendo-se cada vez menos”.

Com a invasão tecnológica, nossa cultura nas últimas décadas, sofreu uma ruptura

dos valores básicos inerentes à democracia e aos direitos humanos. E tudo isso, pode ser

percebido no cotidiano de crianças e adolescente crescentemente rebelando-se contra tudo e

contra todos.

As próprias crianças e adolescentes durante a pesquisa, fizeram relação sobre a

questão e atribuíram uma grande parte dessa sobrecarga de agressividade aos programas

violentos de televisão que invadem os lares e todos ficam a mercê deles.

A mídia também foi mencionada, quanto à liberação total da censura, como um dos

fatores determinantes para o crescimento compulsivo, por ser uma fase, que são facilmente

influenciáveis, gostam de copiar tudo o que vêem, principalmente coisas que estão na “moda”.

26

Muitos dos problemas existentes atualmente, advêm da avalanche de informações

que o individuo em idade escolar é submetido. Os veículos de comunicação, como: a televisão,

a Internet e outros atrativos meios que com o pretexto de entreter, informam e formam opiniões.

Ocupando a cada dia mais espaço na vida das pessoas.

Pais e professores competindo com a mídia é uma luta desigual. A televisão,

principalmente, é um veículo de comunicação poderosíssimo por estar presente em quase todas

as residências, nas mais diferentes camadas sociais e fornecer um variado leque de informações

boas e ruins. Restam aos educadores, colaborar com esses telespectadores a desenvolver o senso

crítico, para assimilar somente as informações benéficas para si e para a vida social.

1.2.4. A Violência

Nos últimos anos, os problemas mais inquietantes que a população brasileira

enfrenta é a violência urbana que vem tomando proporções gigantescas, fugindo ao controle dos

órgãos responsáveis em manter a ordem. Resultando na falência da instituição familiar afetando

os jovens adolescentes que se encontrarem em fase de formação, cheia de curiosidades,

rebeldias e fragilidades, deixando-os vulneráveis às drogas. Na dependência química tornam-se

desequilibrados, desajustados e conseqüentemente, ao mundo da criminalidade.

A criminalidade foi se expandindo a tal ponto, que agora já estão organizados

hierarquicamente, como se fosse uma verdadeira empresa com regras, normas e éticas,

dificultando a atuação da polícia que existe com objetivo de garantir a integridade física e os

respeitos à condição humana, dando-lhe o indivíduo direito de ir e vir com segurança

A estúpida violência que assola o país vem deixando toda a sociedade atônita, diante

de tanta atrocidade, que infelizmente hoje está inserida em nosso dia-a-dia, principalmente nas

27

grandes cidades. Lamentavelmente as estatísticas indicam, que 90% dos atos violentos que são

cometidos, são gerados por jovens adolescentes, vítimas também do sistema.

A violência é uma coação física ou moral de caráter individual ou coletiva exercida pelo homem, na medida em que é sofrida como um ataque de um exercício reconhecido como fundamental ou uma concepção de desenvolvimento possível num dado momento (GOULART, Íris Barbosa; 2000).

Dentre os parâmetros dos direitos humanos, a violência é certamente todo ação que

vai chocar e violar esses direitos. Partindo desse pressuposto, pode-se então dizer que existem

diversas formas de transgredir. Não é apenas; danos físicos, verbal ou psicológico. A fome, a

miséria, a discriminação, posse de bens alheios, etc. São tipos de violência que originam as

demais que são mais comuns e freqüentes e graves, como: roubar, ferir, matar.

A violência seria uma resposta que o sujeito dá no momento que é tolhido no seu Eu, na busca de seus objetivos, dos seus impulsos, no sentido de suprir suas necessidades. Ela não surge do nada, mas de motivos frustrantes, de abandono primitivo, de perdas irreparáveis, de sonhos desfeitos (...). Mas do que conceito, ela é uma expressão patológica do impulso agressivo desproporcionado. É uma forma descontrolada da agressividade contra o indivíduo e sociedade. (FACHINI, 1992, p. 49).

Vale ressaltar que todo ato violento é resultante do processo estrutural social,

surgindo de acordo com a especificidade de cada realidade.

1.2.5. Função da Escola

A escola como instituição distinta da família, constituiu-se no Brasil, no século XIX,

voltada para atender somente as elites intelectuais sociais. Organização esta, que tinha como

objetivo a formação física, moral e mental dos indivíduos, missão difícil de ser concretizada no

28

seio familiar. A escola diferia profundamente da família e propiciaria a formação de crianças e

adolescente, uma educação que não poderia jamais ser oferecida por outra instituição.

As políticas públicas educacionais vêm atualmente construindo um cenário social

que compõem um projeto político, o qual destacam total desinteresse pela construção do

processo de cidadania de adolescentes, oriundos de famílias de classe baixa. Pois todos sabem

que a sociedade é excludente e discriminatória, e possuem indiscutivelmente umas das mais

injustas distribuições de renda do mundo. Projetando precárias condições de vida, resultando na

miséria, desnutrição, e conseqüentemente, a um alto índice de violência, que mantém toda a

sociedade refém do medo e a mercê dos perigos.

Diante desta problemática compete à escola e educador assumir o seu verdadeiro

papel, colaborando para uma consciência crítica da cidadania.

Vive-se atualmente uma outra realidade, bem mais complexa, adversa e angustiante;

enfrentando muitos desafios ao domínio do conhecimento, que em ritmo acelerado e constante

mudanças, transformam-se; tendo a escola que acompanhar essa evolução dos tempos,

ajustando às reais necessidades do aluno. Tudo isso perpassa por questões de diferentes

naturezas, mas, o mais agravante de todos os conflitos, resulta da exclusão social.

A exclusão social implica em privações, falta de recursos ou de uma outra forma

mais abrangente, falta de cidadania, ou seja, participação plena do indivíduo na sociedade,

(ambiental, cultural, econômico, político e social). Pode-se também dizer que a exclusão social

se apresenta em cinco dimensões: ser, estar, fazer, criar e ter.

A Constituição Federal de 1988 no Art. 5º - “in verbis”. Prevê: “Todos são iguais

perante a Lei sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à desigualdade, à

segurança e à propriedade”.

29

A realidade social explicita visivelmente que o cumprimento das leis e dos direitos

individuais e coletivos são tratados de forma desigual, desumana, excludente, o que estimula,

muitas vezes, comportamentos agressivos.

No ensino todos os bons educadores vislumbram o desejo, e preocupam-se em

propiciar aos alunos, oportunidades de aprender, num clima de satisfação, movido pela

motivação que deve estar sempre presente nesse fazer. Para que isso possa ser possível, será

necessário que o educador apresente alternativas que viabilizem, adequadamente, as ações

educativas, aliadas a outros conteúdos.

Nessa perspectiva educacional, a educadora OFÉLIA BOISSON, (1993) fala que “a

infância precisa de certas regras em que se apóie; mas não de código rígido que a enquadre

como tropa e exerça sobre ela pressões, inibindo-lhe completamente a espontaneidade (...). É

preciso saber o que é certo e o que é errado, mesmo porque a expectativa e a incerteza geram

angústia. Mas fiscalização, policiamento e código rígidos são nocivos; reprimem e transformam,

emocionalmente”.

As propostas pedagógicas devem ser recheadas de ações que valorizem a liberdade

de construção do conhecimento, bem como, o desenvolvimento bio-psico-social da criança,

relacionado à natureza do indivíduo (ROUSEAU, 2004) (...) quer que o homem seja educado

para si mesmo. Assim ver-se-á necessidade de repensar a educação, considerando para tanto

uma nova forma de compreender a infância, a adolescência e a fase adulta. A partir disto chega-

se aos diferentes modos de educar segundo as diferentes etapas de formação humana.

Etapa infantil, período que ocorre continuamente o desenvolvimento físico e as

faculdades naturais do ser humano, um clima de liberdade, respeitando á fase que está vivendo.

30

De certo, será indispensável propiciar uma educação libertária, onde o indivíduo ao

ser educado intelectualmente não seja persuadido pelos outros e interfira na maneira como este

deve se comportar na convivência grupal.

Segundo PINSKY, Jaime (1998), efetivamente, para se construir uma verdadeira

escola democrática, onde todos, indistintamente possam conviver com respeito e direito de

expressão, é preciso libertar a todos desse pesadelo assustador que vem se arrastando e

crescendo a cada ano, reproduzindo a deficiência no processo ensino-aprendizagem e

conseqüentemente, o alto índice de reprovação e evasão escolar.

O professor na sua maioria não conhece e nem se interessa conhecer a realidade de

seus alunos, a fim de estabelecer necessária relação entre o patrimônio cultural da humanidade e

o saber do grupo que deve educar.

Todos esses entraves implicam em indivíduos despreparados intelectualmente e

desajustados psicologicamente.

Esses problemas cabem ao educador e aos políticos conscientes considerar e definir

uma política educacional coerente, adequar à era da informática, manter os professores

atualizados, integrar o saber universal ao universo regional, sem descaracterizar suas

especificidades, manter aceso o interesse do aluno na escola.

De certo, esse desejo não é apenas um sonho distante, é perfeitamente viável se as

alterações forem tomadas em comum acordo entre docentes, discentes e pais, os quais convivem

diretamente e conhecem as reais e conflitantes situações.

O objetivo da escola é sem dúvida, formar cidadãos. É preciso chegar a um nível de

compreensão, que a educação se processa indiscutivelmente com diálogos abertos, reflexivos. A

escola deve auxiliar a compreensão do aluno sobre o verdadeiro significado da cidadania, visto

31

que, a mesma apresenta várias facetas, porém deve centrar as atenções às relações cotidianas,

discutindo e refletindo em busca de atenuar uma força contida, o preconceito e a discriminação.

1.2.6. Família e Escola: unidas por um ideal

Tanto a escola quanto a família necessitam possuir o mesmo ideal de homem, de

mundo e, conseqüentemente de educação, para que a criança decodifique as informações

provenientes dessas instituições.

A escola desvenda para a criança os fundamentos e procedimentos do contexto que

ela está inserida. Ao identificar-se com a família ela se diferencia em sua turma e nesse processo

interacionista acaba se integrando na escola.

Garantida pela Lei 9394/96 - diretrizes e bases da educação nacional art. 2°. “in

verbis”:

A educação é dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana e que tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Escola e família (professores, pais e filhos) devem manter um relacionamento

homogêneo buscando incessantemente equilíbrio, para convivência saudável, num clima

harmônico e prazeroso. Todos unidos, ajudando-se mutuamente, ou seja, os pais devem estar

sempre de prontidão, para quando solicitada ajuda dos professores, colaborarem para resolução

de problemas que suscitam normalmente, sem negligenciar em nenhum momento e tampouco

interferir no desenrolar dos trabalhos pedagógico. Em contrapartida o educador deverá ter

maturidade e humildade suficiente para reconhecer a ajuda dos pais na escola que é

32

fundamentalmente preciosa, uma vez que o seu comportamento é resultado das relações

intrínsecas das duas entidades.

Estabelecem parâmetros das características dos meios às condutas cognitivas e escolares das crianças, considera árdua pela complexidade dos padrões sociais e familiares. As práticas evidenciam com exatidão, quando se têm como base estrutural uma educação flexível, torna-se favorável o desenvolvimento cognitivo e o sucesso escolar. (FOULIN, Jean-Noel; MOUCHON, Serge; 2000, p. 119).

O grande problema é que a família ao aplicar as normas da boa educação, ao fugir

dos padrões do autoritarismo, perdeu o senso de valorização ao cumprimento das regras e o

respeito às limitações, causando uma certa confusão na cabeça da criança e do adolescente, que

ficou sem clareza para o discernimento do “certo” e “errado”. É preciso ter cuidado para não dar

liberdade total, pois poderá levá-lo à perda de referenciais significativos, o que trará implicações

ao crescimento e ao amadurecimento psicológico.

Situação esta que reflete na escola. Em uma matéria publicada na Revista Veja

(1996), sobre problemas de disciplina na escola, afirma que a indisciplina na escola é resultado

da educação orientação inadequada que recebeu no lar. Se não for ensinado à criança, as regras

básicas para um relacionamento saudável pautado em respeito, esta será indisciplinada e mal

educada.

Decorrente dessas falhas na educação de base, à família e a escola, hoje parecem

estar enfraquecidas, se distanciando cada vez mais de seus ideais. É fácil perceber esse

distanciamento no dia-a-dia da criança. Os pais efetivamente não participam da vida escolar de

seus filhos, não apóiam as diretrizes norteadoras do processo ensino aprendizagem. É evidente,

que de certo forma há uma contradição entre escola e família, formando um abismo. Ao meio

um fogo cruzado, como fica a educação da criança e jovens?

33

Sem dúvida, quando a escola, o pai e a mãe falam a mesma língua e tem valores

semelhantes, a criança aprende sem grandes conflitos e não quer jogar a escola contra os pais e

vice-versa. Por este motivo, a escola deve realizar ações que sinalizem a integração entre

direção, corpo técnico, professores, alunos e comunidade em geral.

Evitar a violência ou minimizá-la é possível, desde que família, escola e comunidade

se unam em prol deste ideal. Isoladamente, não conseguem solucionar por conta da

complexidade do problema. Entretanto, é urgente e emergente a tomada de decisão mediante

situações indesejadas recorrentes. Deve-se então recorrer ao esporte escolar por tratar-se uma

atividade que os alunos adoram, como forma de conter esses sentimentos maléficos contidos nos

jovens adolescentes, produtos de uma sociedade politicamente injusta, constituindo esse quadro,

assustados e angustiante, que se encontra nosso país.

1.2.7. Educação Física como fenômeno sócio-cultural

O “ser”, ao ser fecundado no útero da mãe, começa seus primeiros movimentos

“batimentos do coração”. Pouco a pouco, os outros órgãos vão se compondo e entrando em

funcionamento também. Assim, a “máquina humana” se constitui. Ao nascer, começa a

manifestar-se através de movimentos diversificados com o propósito de chamar a atenção sobre

o que está sentindo, como por exemplo: o choro é indicativo de que está com fome ou que algo

não está bem. Ou ainda prenuncio de “xixi” ou “coco”. Os gestos são fundamentalmente

importantes para a formação geral do ser humano, o bebê utiliza os movimentos como

linguagem corporal para comunicar-se com os adultos.

TELES, Maria (1975, p.91), cita que: (...) essa fase, ele não pensa, nada sabe, nada

conhece, pois sem referência torna-se apenas um pequeno animal com sensações, emoções e

34

necessidades. Atrás de si, está o “nada” e, além, um mundo imenso com um aglomerado de

coisas, pessoas, técnicas, instituições, um universo no qual deverá se inserir, sem perder sua

individualidade e sua essência.

Educação Corporal, necessidade da vida humana - durante a infância a Escola

propicia possibilidades da criança movimentar-se através de brincadeiras e atividades lúdicas,

como: correr, pular, espreguiçar-se sem censura alguma. Após o ingresso na 1ª série os

professores concebem uma outra postura para a criança de seriedade e acomodação centrada a

atenção aos conteúdos, totalmente diferenciada, não introduzindo mais ações recreativas. Ao

corpo, os movimentos ficam restritos a hora do recreio e as aulas de Educação Física.

Assim, percebeu-se que o homem não era apenas vida física, mas existência

composta de vida biológica, fundamentada na coerência, sentidos, valores, significados,

experiências, os quais nos mantêm vivos. Agora não é apenas vida física, mas “existência”. O

homem era capaz de transformar as coisas a si próprio. Capaz de transformar qualquer

experiência nova num símbolo, isto é, de compreender seu significado, torná-lo inteligível,

explicável, através dos sentidos verbais.

O homem desde os primórdios sentiu a necessidade de se agrupar como forma de

sobrevivência. E em conjunto, ficavam mais fortalecidos e maior era facilidade de defesa das

forças e perigos que a natureza impunha ao homem. Em ações cooperativas foram

desenvolvendo uma linguagem de comunicação e consciência da coletividade, que deram ao

homem uma postura sociável. De fato, o processo de conhecimento humano compreende um

“jogo”, entre vivenciar e simbolizar. O pensamento é a maneira de se estabelecer uma idéia

conceitual de mundo.

O amadurecimento pleno de todas as potencialidades do individuo, é estar pronto para a grande tarefa do homem, só será possível quando aqueles que educam têm o sentido do respeito, da justiça, da liberdade e são capazes de

35

aceitar o ser humano com ele é, sem querer enquadrá-lo em moldes utópicos (TELES, Maria; 1994, p. 72).

Portanto, na medida que a criança é conduzida e incorporada ao meio social, vai se

estruturando até se tornar uma pessoa com hábitos, valores próprios, filosofia de vida,

identidade inconfundível. São os educadores, equilibrados ou neuróticos, de mentalidade aberta

ou fechadas, livres ou escravos, otimistas ou pessimistas, crentes ou descrentes, criam os

referenciais para que a criança construa seu mundo psíquico e social. Viver então, pode ser uma

aventura fascinante ou uma aventura trágica, dependendo daqueles que amparam e as conduzem

nos primeiros passos.

O desenvolvimento motor ocorre quando se inicia o processo seqüencial e

continuidade (relativo à idade) de mudanças pelas quais as potencialidades de um indivíduo se

desdobram e aparecem como novas qualidades, habilidades, traços e características co-relatas ao

crescimento. Ao homem deve ser dado direito de externar seus sentimentos.

De modo em geral, os conteúdos, devem ser conduzidos de maneira saudável,

porque estão atrelados ao desenvolvimento físico, social, cognitivo, permitindo ao aluno

enfrentar desafios e ultrapassar obstáculos. As atividades competitivas devem ser benéficas,

propiciando o simples prazer pela participação e não pela vitória. Deve então, o professor

estimular a participação do aluno, dando-lhe oportunidade de escolher às atividades atrelada a

autonomia, desafio, coragem, ordem, respeito, lealdade, solidariedade, companheirismo, espírito

competitivo e as habilidades.

É importante envolver a criança a participar de atividades lúdicas as quais permitam

liberdade de expressão, fazendo com que se sinta útil, alegre, que possa resolver situações de

forma criativa. O ato de ”jogar” faz parte da vida do ser humano, transforma a realidade de

acordo com seu interesse e desejos, de forma dinâmica para o exercício das habilidades e

36

principalmente, ao estimulo do convívio interpessoal. A crescente importância do uso do lúdico

no processo ensino-aprendizagem estimula a participação, a critica, o interesse em novidades e a

ousadia, sem desprezar a importância do respeito e da cooperação entre os componentes de um

grupo, pois a disciplina e a obediência fazem parte dos princípios de qualquer ação da educação

Física.

É durante a fase escolar que os ensinamentos constituem substancialmente a

expansão do cognitivo, tornando atuante o psíquico. Se forem dados à criança seus direitos de

acordo com as reais necessidades, o processo evolutivo da educação se concretizará a contento.

Todo e qualquer criança sente prazer em participar de brincadeiras, jogos, dança, e

outras que envolvem o físico e o emocional. Essas experiências são ajustadas a determinadas

situações pré-concebida, levando-o ao autocontrole de suas ações, evitando impulsos agressivos,

mantendo igualdade. É isso que impulsiona a participação, cultivando a magia e seriedade que

este propõe. Cria-se uma memória atravessando gerações e culturas.

A educação física é reconhecida como uma área do conhecimento e prática social,

que envolve o bem estar físico, mental e sócio-cultural, voltado para a formação de cidadãos na

sua verdadeira essência.

Nesse contexto, deve-se indubitavelmente, construir uma práxis pedagógica

fundamentada com referenciais de base na área de educação física, visando construir uma

identidade, em busca de resoluções de problemas, autonomia, integrando-os às propostas

emancipatórias, compreendendo as nuances do esporte participativo presente no cotidiano

escolar. È essencialmente necessário, que o educador através de suas ações sócio-esportivas,

conduza o seu alunado a experiências positivas, elevando a auto-estima, confiança, reflexão

sobre seus direitos e deveres.

37

No processo educativo acontecem transformações positivas que elevam a

compreensão e ressignificação nas relações, cuja cumplicidade contribuirá para a produção do

conhecimento. Estamos diante de uma lamentável realidade ascendente, na qual os jovens

adolescentes se enveredam pelos caminhos das dependências químicas, criminalidade, violência

no seio familiar e na escola. Situação esta, que solicita dos responsáveis pela educação, urgentes

providencias dentro de cada área dos conhecimentos, com intuito de minimizar essas

desigualdades sociais e favorecer o processo evolutivo do indivíduo.

É sem dúvida, direito de toda criança e adolescente em fase de formação da

personalidade, sem distinção, acesso as atividades físicas, ministrados nas aulas de Educação

Física, considerando a relevância de suas ações pedagógicas, na descoberta das potencialidades

e habilidades, na construção da dignidade, no agregar dos valores morais e éticos, onde

elevamos, as normas de conduta, regras, disciplina respeito, autonomia, responsabilidade, como

elementos indispensáveis na formação humana.

O processo de mudança social, a hipótese de que os homens podem fazer a sua própria história, criar seus próprios meios ambientes, só se tornará realidade quando os seres humanos compreenderem que a sociedade não é uma coisa que existe independentemente deles, mas é uma criação dos homens, pela qual eles são ou poderão ser responsáveis. (GOULART, Iris Barbosa; 2000, p. 65).

Vale ressaltar, a importância das atividades lúdicas que deverão ser contempladas

como norteadoras das atividades didático-pedagógicas, favorecendo a significação dos

movimentos corporais e viabilizando as inteligências múltiplas para compreensão dos aspectos

criativos, senso crítico, cooperação, enfim, apresenta-se como veículo para atender as diversas

combinações que um jogo pode desencadear; o que facilita abordagem de conteúdos de forma

interdisciplinar, e sobre tudo, a adesão e participação dos educandos.

38

Daí, a experiência do lúdico na escola e fundamental ao indivíduo em formação, uma

vez que viabiliza maior intimidade com a aprendizagem através elaboração de respostas,

interpretação e compreensão do mundo.

Assim, o teórico PIAGET, Jean (1976), afirma ser a ludicidade um fator fundamental

para o desenvolvimento da criatividade, iniciativa e autonomia, como também imprescindível

para apropriação dos diversos saberes produzidos historicamente pela humanidade. Portanto, é

importante, pois além de ser essencialmente terapêutico e prazeroso, a criança pode incorporar

valores morais e culturais, elaborando uma auto-imagem, uma auto-estima, um auto-

conhecimento, avançando para o cooperação mútua, elevando a imaginação, fantasia,

criticidade, fomenta a participação ativa na sala de aula.

39

2- MÉTODO

2.1. População e Amostra

Foram entrevistados alunos de 5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries do ensino fundamental, sendo

10 alunos de cada turma (5 meninas e 5 meninos), escolhidos de maneira aleatória,

perfazendo um total de 40 alunos, na faixa-etária de 10 a 15 anos, alunos estes da Escola

Estadual José Bonifácio, localizada a 8 km de Macapá, capital do Estado do Amapá, em

uma comunidade quilombola, intitulada Curiaú.

2.2. Instrumentos de coletas de dados

Foi aplicado um questionário com perguntas fechadas para obtenção dos dados

sobre o assunto em pesquisa, por alunos que se dispuseram voluntariamente a colaborar

com a mesma (Apêndice A).

2.3. Estratégias para a coleta e análise de dados

Os alunos foram esclarecidos sobre a pesquisa e responderam voluntariamente e

individualmente o questionário sobre a investigação em questão. Os dados foram analisados

por meio de estatística descritiva.

40

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 1. Idade dos alunos avaliados da Escola Estadual José Bonifácio.

Idade N %

10 1 2,5

11 5 12,5

12 10 25

13 11 27,5

14 10 25

15 3 7,5

total 40 100

A idade dos avaliados da Escola Estadual José Bonifácio variou de 10 a 15 anos de

idade, sendo que a maioria dos alunos encontrava-se na faixa etária de 12 a 14 anos (77,5 %)

(Tabela 1).

Tabela 2. Número de alunos por gênero

Gênero N %

M 20 50

F 20 50

Total 40 100

Em relação ao gênero dos alunos pesquisados que estudam e moram na comunidade

quilombola do Curiaú, foram 50% feminino, e 50% masculino (Tabela 2).

41

Tabela 3. Número de alunos por séries

Séries N %

5ª 10 25

6ª 10 25

7ª 10 25

8ª 10 25

Total 40 100

O estudo foi realizado através de entrevista, entre alunos da comunidade do Curiaú,

estudantes das 5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries, sendo entrevistado 10 alunos de cada série (25%) (Tabela3).

Gráfico 1: Pesquisa acerca do gosto pelas aulas de Educação Física. 38

20

10

20

30

40

Sim Não

n

.

Entre os alunos que participaram do estudo, constatou-se que a aula de Educação

Física é uma das disciplinas que mais desperta interesse, com uma aceitação de 38 alunos dos

40 em estudo, atingindo um percentual de 95% (Gráfico 1). Isto mostra uma grande participação

dos alunos de 5ª a 8ª séries nas aulas de Educação Física da Escola avaliada. Pelas próprias

características de suas ações, que propiciam ao participante, liberdade de expressão,

entretenimento, prazer e alegria. Ratificando estas afirmações, ressalto TEIXEIRA, Hudson

42

(1978), que defende que a aula de Educação Física é movimento, e o gesto é uma das primeiras

manifestações de expressões, e por conseguinte, de comunicação entre o ser e o meio em que ele

vive, mantendo-se participativo nas aulas.

Além disso, vale ressaltar o caráter lúdico de algumas atividades nas aulas de

Educação Física. Percebe-se o grande interesse dos alunos aos conteúdos aplicados nas aulas e a

participação efetiva dos mesmos.

Gráfico 2: Alunos que conseguem ou não controlar seus impulsos de raiva quando perdem em

alguma das atividades nas aulas de Educação Física.

12

28

0

10

20

30

40

Sim Não

n

O resultado aponta que 70%, ou seja, 28 alunos não conseguem conter seus impulsos

ao “perder” em alguma atividade nas aulas (Gráfico 2), identificando a necessidade de reforçar a

importância da participação, independente de “ganhar” ou “perder” que são conseqüências da

disputa. A busca da vitória é estimulante, mas não pode ser colocada em plano absolutamente

superior, importante sim, é a doação de cada um. Se os alunos tiverem convencimento disso,

será provável atingir o equilíbrio e controlar os impulsos. IÇAMI, Tiba (1996, p. 128), refere-se

sobre o assunto, comentando que o professor pode estimular a rivalidade e a competitividade

entre os alunos para melhorar o aprendizado, mas jamais permitir que discutam de forma

destrutiva. A discussão acalorada pode ser educativa desde que a possibilidade de aprendizagem

supere a de destruição.

43

É preciso ter cuidado para não permitir que se excedam, do contrário, poderá estar

contribuído para incentivar ainda mais esse sentimento incontido do desejo de vencer. Ainda,

TIBA, Içami (1996, p. 131), afirma ser a adolescência a etapa do desenvolvimento em que, o

corpo se torna muito vulnerável. Qualquer esbarrão ou cutucão pode ser entendido como

provocação irresistível a uma bela briga. Enquanto estiver no plano verbal, geralmente os

envolvidos ainda conseguem ouvir alguém. Uma vez no plano físico pouco adianta gritar com

eles, é necessário intrometer no corpo a corpo para separá-los. Corpo atende corpo, não voz.

Sem dúvida, os jogos/brincadeiras/jogos competitivos são estimulantes para a participação dos

alunos, porém não se deve esquecer da proposição dos objetivos de toda e qualquer atividade

dessa natureza.

Gráfico 3: A-Alunos que já brigaram alguma vez durante as aulas de Educação Física. B - número de alunos por gênero que já brigaram e não brigaram nas aulas de Educação Física

12

28

0

10

20

30

40

Sim Não

n

A

3

17

911

0

5

10

15

20

Brigaram Não Brigaram

n

FemininoMasculino

B

.

44

Quando perguntados acerca de brigas nas aulas de Educação Física, 30% dos alunos

tiveram resposta positiva (Gráfico 3A). Destes a maior parte está relacionada ao gênero

masculino (75%) (Gráfico 3B). A questão da violência nesta população avaliada reflete uma

questão cultural de uma comunidade negra, remanescente de escravos, onde muitas vezes os

conflitos são expostos em lutas corporais. O controle dessa situação passa pela família antes de

chegar à escola. TELES, Maria (1975, p. 130) considera: “A socialização exige o entrave da

agressividade, entretanto, nenhuma força pode ser contida sem aumentar-lhe o dinamismo, não

se pode, pois, ignorá-la e sufocá-la. É função da educação canalizar essa energia, transformá-la

e aproveitá-la, dando-lhe um exercício aceitável. E quanto maior o potencial agressivo da

criança, tanto maior a necessidade do uso de recursos para dar-lhe vazão. E quais são estes

recursos? Os esportes de um modo geral, os jogos, a pintura, a música, etc”.

Haja vista, que as atividades de educação física favorecem a liberdade de expressão

ao aluno, permitindo extravasar as energias acumuladas no cotidiano familiar oriunda da

repressão e violência que os impedem de quaisquer manifestações de sentimentos. É importante

que essas manifestações possam realmente ser canalizadas em direção ao bem, influenciando

positivamente para que o espaço escolar seja destinado à aprendizagem, inclusão social e

convivência da diversidade, e tornem-se fortalecidos pelos valores e regras que regem o

equilíbrio do individuo na sociedade.

Neste sentido, é importante mostrar que existem outras formas de resolver

divergências, sendo as aulas de Educação Física um bom momento para estes refletirem sobre

suas atitudes.

45

Gráfico 4: A- Alunos que desculpam quando são ofendidos nas aulas de Educação Física. B- número de alunos por gênero que desculpam ao serem ofendidos nas aulas de Educação Física.

19

1

14

6

0

5

10

15

20

Desculpam Não desculpam

n

FemininoMasculino

No Gráfico 4A estão representados as respostas dos alunos em relação ao ato de

desculpar, mostrando que uma grande parcela (82,5%) tem o hábito de desculpar o colega.

Dentre os que menos desculpam estão os avaliados do gênero masculino (85,7%) quando

comparados ao feminino (Gráfico 4B). Expressões como “vou te pegar” ou outras ameaças são

comuns em crianças e adolescentes, decorrentes de um desentendimento qualquer. E se não

houver intervenção a ameaça se transforma em briga. Para os meninos e meninas, está em

menor proporção, pedir desculpas é um ato de covardia.

O homem existe e seu destino no mundo moderno é profundamente conflitante, vive

sempre em busca de algo. Ele não só existe, mas está num constante devir, daí o estado de

inquietação, de indeterminação e de tensão entre os sentimentos contraditórios. Porém, ele

precisa abastecer-se de afetividade, dinâmica profunda e mais complexa de que o individuo

33

7

0

10

20

30

40

Sim Não

n

A

B

46

possa experimentar, atribuição que a família deve fundamentalmente exercer na formação de

seu filho. Fortalecidos nesse principio de amor fraternal, constituirá um mundo de perdão; sem

raiva, sem ressentimentos e sem ódio.

Gráfico 5:A. Alunos que sofreram algum tipo de violência durante as aulas de Educação Física. B. número de alunos por gênero que já sofreram algum tipo de violência nas aulas de Educação.

Física

26

14

0

10

20

30

40

Sim Não

n

A

10 10

16

4

0

5

10

15

20

Sofreram algumtipo de violêmcia

Não sofreramnenhum tipo de

violência

n

FemininoMasculino

B

Analisando as respostas do número de alunos que já sofreram algum tipo de

violência, verifica-se que 65% dos mesmos já sofreram algum tipo de violência (Gráfico 5A) e

que a maioria destes são do gênero masculino (Gráfico 5B). As respostas confirmam os

resultados anteriores. A violência está presente na escola, nas famílias, nas ruas e em

praticamente todos os lugares. Tirar isso da escola ajudaria o restante, como pacificar os demais

ambientes ajudaria muito a escola. O trabalho feito na base escolar, desde os primeiros anos,

com insistência pode formar novas gerações, com comportamentos diferentes.

47

Gráfico 6: Alunos que se consideram calmo ou agressivo.

37

3

calmaviolento

O gráfico 6 mostra a auto-avaliação que os alunos fazem de si em relação a ser

calmo ou agressivo. Dos alunos avaliados, 92,5% se considera calmo, contrastando com o

índice de manifestação de violência mostrado nos dados anteriores. Visto que, por exemplo, ao

perguntar se o estudante já havia brigado nas aulas, 30% respondeu positivamente.

Os dados controversos apontam para questões como: a falta de uma auto-avaliação mais

consciente por estes educandos, haja vista, que a sociedade impõe aos indivíduos que ser calmo

é “correto”; questões culturais, sendo que, a maioria destes sofrem ou já sofreram agressões em

suas casas e as reproduzem naturalmente no âmbito escolar, não se dando conta dos seus atos

agressivos.

Gráfico 7: Alunos que sofreram algum tipo de violência dos pais.

36

4

0

10

20

30

40

Sim Não

48

Em relação ao comportamento dos pais ao ato de violência, verifica-se que 90% dos

pais são violentos com seus filhos (Gráfico 7). O que chama atenção para os dados apontados

nos questionamentos feitos aos educandos anteriormente, visto que detectou também

significativo índice de agressões entre os alunos durante as aulas e a falta de admissão desses

quanto a seus comportamentos.

A violência na família, por exemplo: se expressa de diversas maneiras. A mais

freqüente é o abuso físico, perpetrada por algum adulto, que insira dano corporal à criança ou ao

adolescente. Caso este dano seja abusivo poderá até levar a vítima à morte. Todavia, esses atos

abusivos são considerados normais, pela família acreditar que faz parte do método de educar.

Os pais são mais duros com os filhos do sexo masculino, estes recebem mais duras e

freqüentes punições. O senso comum indica que o índice de maior agressividade está contido

nas famílias de baixa renda e escolaridade. Entretanto a realidade é contrária a esse senso. Os

estudos realizados com vista a diagnosticar indicam que, tanto os pais de nível universitário,

quanto os sem escolaridade, utilizam os atos mais comuns de punição, por exemplo, podemos

destacar: bater, jogar objetos, empurrar, agarrar violentamente, chutar, dar murros espancar,

ameaçar ou usar facas ou revólver. Assim também, como podem provocar pressão psicológica,

abuso sexual, negligência, abandono e a violência simbólica.

A pedagoga e mestre em Metodologia do Ensino, Adriana Friedmann, em entrevista

a revista “Pátio Educação Infantil”, nº 11 (jul / out – 2006, p.6), aborda sobre o tema: “No

âmbito familiar observa-se maus-tratos, falta de negociação, de diálogo, castigos físicos ou falta

de limites, desestruturação e falta de tempo para os filhos. A violência familiar ocorre pelo

abuso de poder disciplinar dos pais, o que viola diretamente a essência da criança. Os pais

tornam-se os principais protagonistas da violência”.

49

Contudo, pode-se perceber que esta atitude que, muitas vezes torna-se rotineira, é um

ato de intolerância, falta de diálogo por parte dos pais com seus filhos no ambiente familiar, mas

que reflete no comportamento do menor com os colegas de escola, no seu dia-a-dia, na sua

formação como cidadão.

Gráfico 8: Alunos que presenciaram algum tipo de violência entre seus familiares.

34

6

0

10

20

30

40

Sim Não

Em relação à violência entre os familiares (pais, irmãos, tios, etc), verifica-se que

85% dos alunos já presenciaram algum ato de violência entre seus familiares (Gráfico 8).

A forma mais comum é a agressão de irmão contra irmão (os mais velhos contra os

menores), de mãe contra os filhos, esta supera as agressões dos pais. Ainda assim, não

ultrapassa a praticada pelos irmãos.

A brutalidade cometida contra crianças e adolescentes no âmbito familiar é uma

realidade existente desde a antiguidade. Entretanto, tratar desse assunto requer uma reflexão

sobre a evolução histórica da família e os referenciais que a levaram a prática da violência.

O alto índice de agressividade no cotidiano dos alunos, e, por vez chama atenção

para as condições morais nas quais estão sendo formados tais cidadãos e para os problemas que

possam ocorrer na construção do caráter destes. Problemas estes, que influenciam na ascensão

da violência, pois se sabe que a família é extremamente indispensável na formação de cidadãos

justos e equilibrados, com todos os valores morais e éticos. E, os jovens ao verem seus

50

familiares tratando-se de forma agressiva, muitas vezes serão “espelho” dessas atitudes e

praticarão nas suas vidas ações copiosas dos mesmos. Por tanto, a escola, sozinha, não será

capaz de solucionar estas situações conflituosas.

51

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do presente estudo foi de diagnosticar entre os alunos de 5ª a 8ª séries nas

aulas de Educação Física da Escola Estadual José Bonifácio o índice de violência, com

indagações pertinentes ao assunto através de questionário, como: já brigou com algum colega na

escola? Sabe controlar os impulsos? Considera-se uma pessoa calma? Já presenciou ou sofreu

violência em casa?

Os resultados indicam que a maioria dos alunos (95%) gosta das aulas de Educação

Física e que nas aulas muitos não conseguem conter seus impulsos de raiva ao serem derrotados

nas atividades propostas. Além, disso percebe-se que 30% dos avaliados já se envolveram em

algum ato de violência nas aulas e que destes a maioria é do gênero masculino. Vale ressaltar,

ainda, que além do ambiente da escola 90% dos alunos entrevistados sofrem algum tipo de

violência dos pais ou responsáveis e 85% presenciaram cenas de violência entre seus familiares,

mostrando que a violência não ocorre apenas no ambiente familiar.

A constatação dessas atitudes pode ser decorrente da própria condição econômica do

vilarejo, que tem toda sua história presa a um passado de sofrimento, revolta indignação, por

tudo que passou seus ancestrais, quando na época da escravidão. Contudo, vale considerar, que

a escola deve manifestar-se à cerca dos resultados sobre a violência de aluno com aluno e pais

com filhos e fornecer subsídios e contribuições a serem desenvolvidas sobre a ótica de que é

possível reverter esse quadro, como forma integradora de toda comunidade escolar provocando

discussões sobre a necessidade de refletir a questão da educação e relacionamento familiar e o

papel da escola quanto instituição responsável pelo desenvolvimento e formação de cidadão

críticos e solidários.

52

Pode se perceber através dos resultados do referido estudo, que a violência escolar é

um reflexo sócio-cultural e principalmente familiar na escola analisada, por ter havido um alto

índice de ocorrência de violência nas próprias famílias dos alunos. A cultura da violência segue

regras próprias, ao expor as crianças a situações que agridam sua integridade física e morais,

começa a gerar expectativas a favorecer padrões de respostas. Episódios truculentos e situações

limites passam a ser imaginados e repetidos com o fim de estabelecer a idéia de que só a força

resolve conflitos.

Portanto, compreendendo que a educação física escolar é considerada uma ação

pedagógica relevante para o desenvolvimento do aluno em suas diversas dimensões,

especificamente o sócio-cultural, sugere-se implementar projetos sócio-educativos e culturais

estendendo às famílias, com palestras educativas para pais e alunos com temáticas correlatas,

atividades sócio-recreativas com significado compartilhado voltado para a educação moral e

ética incluindo direitos e deveres, reflexão, limites, disciplina, respeito etc.

53

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ZAGURY, Tânia. Limites sem trauma. 20ª. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.

55

APÊNDICE

56

APÊNDICE A

IDENTIFICAÇÃO:

( ) 5° série ( ) 6°série ( ) 7° série ( ) 8° série

SEXO: ( ) Masculino ( )Feminino

IDADE: _____ anos

Instrumento de pesquisa campo, destinado à conclusão de Pós-Graduação -

Especialização em Esporte Escolar, com objetivo de diagnosticar como é o convívio social

dos alunos da Escola Estadual José Bonifácio.

O preenchimento deste formulário será de suma importância para a efetivação

desta pesquisa.

1. Você gosta das aulas de Educação Física?

( ) Sim ( ) Não

2. Você consegue controlar seus impulsos de raiva quando é derrotado em alguma atividade

durante as aulas de Educação Físcia?

( ) Sim ( ) Não

3. Você já brigou alguma vez durante as aulas de Educação Física?

( ) Sim ( ) Não

4. Quando alguém lhe ofende você costuma desculpar?

( ) Sim ( ) Não

5. Você já sofreu algum tipo de violência nas aulas de Educação Física?

( ) Sim ( ) Não

6. Você se considera uma pessoa:

( ) Calma ( ) Agressiva

7. Você já sofreu algum ato de violência de seus pais ou responsáveis?

( ) Sim ( ) Não

8. Você já presenciou algum tipo de violência entre seus familiares?

( ) Sim ( ) Não