a vida mágica da sementinha_alves redol

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Prof.ª Ana Rita Vaz. Fonte da Parte I: Língua Viva 6 Põe-te à Prova, Areal Editores. Nome: ________________________________________________ Data: ___________________ Parte I Lê o texto seguinte. Consulta o vocabulário que te é apresentado a seguir ao texto. Em poder da feiticeira Sem ainda perceber o que lhe sucedera, a Sementinha, no meio das trevas e do silêncio, julgou-se metida numa cadeia, onde terríveis grilhetas lhe apertavam o corpo. E, lembrando-se das aventuras de que lhe falara o Amarelo de Barba Preta, achou que o velho era louco, pois faltava o juízo, por certo, a quem ansiava por uma vida prisioneira passada na escuridão. Decorreram horas, talvez dias, e a Sementinha começou a irritar-se, dando punhadas nas paredes, que pareciam ir esmagá-la de um momento para o outro. Mas não ouvia o som dos seus murros, nem a prisão cedia para lhe dar esperanças de libertação. Transtornada e receosa, pensou: «Quem seria essa tal feiticeira de que me falou?». Como se o pensamento tivesse voz, logo lhe responderam: Estás contente, rapariga? Contente sem ver o Sol e sem companhia, só se estivesse pataroca . Fazes um sacrifício que vale a pena… Achas que sim? Pois então ajuda-me a sair deste inferno. É isso mesmo que eu quero responderam-lhe. Para mentirosa nada te falta arriscou a Sementinha. Então queres ajudar-me e prendes-me? E, sempre curiosa, perguntou de seguida: Quem és tu afinal? Sou a feiticeira mais feiticeira que o Sol cobre. Tenho poderes mágicos que mais ninguém conhece… És talvez uma bruxa da floresta… Uma que passeia de noite a cavalo numa vassoura – disse a Sementinha a rir. Que disparate retorquiu, ofendida, a Feiticeira. Há, porventura, bruxas que montem vassouras? E, perante o silêncio da nossa amiga: Acreditas nessas histórias absurdas? A Sementinha deu um guincho, a querer suportar as gargalhadas. Se bruxas houvesse, com o progresso de hoje só cavalgariam aspiradores elétricos… Mas tu disseste que eras feiticeira respondeu a nossa amiga para ouvir a outra. Quem és, então?! Sou a Terra… A Terra?!... Sim. E estás no meu palácio. Lindo palácio, não há dúvida disse, com desprezo, a Sementinha. Nem dinheiro tens para comprar um reles candeeiro a petróleo… A Terra riu-se mais uma vez, enquanto a nossa amiga prosseguia no mesmo tom indignado: As visitas não se recebem com esta falta de atenção… Aí é que te enganas, rapariga. Tu não és minha visita. Estás prisioneira no meu palácio e só te libertarás quando trabalhares muito. Nada se consegue sem trabalho, minha amiga. Mas que queres tu que eu faça? gritou, desvairada, a Sementinha. Que te libertes como os teus companheiros, que já vão bem adiantados a esta hora. O Amarelo de Barba Preta e o Serrano também? Sim, também esses. Vais ser encantada como eles e passarás por transformações que te espantarão. Mas nunca deixes de trabalhar… Se o fizeres, apodrecerás num instante.

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A Vida Mágica Da Sementinha_Alves Redol

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Page 1: A Vida Mágica Da Sementinha_Alves Redol

Prof.ª Ana Rita Vaz. Fonte da Parte I: Língua Viva 6 – Põe-te à Prova, Areal Editores.

Nome: ________________________________________________ Data: ___________________

Parte I

Lê o texto seguinte. Consulta o vocabulário que te é apresentado a seguir ao texto.

Em poder da feiticeira

Sem ainda perceber o que lhe sucedera, a Sementinha, no meio das trevas e do silêncio, julgou-se

metida numa cadeia, onde terríveis grilhetas lhe apertavam o corpo. E, lembrando-se das aventuras de que

lhe falara o Amarelo de Barba Preta, achou que o velho era louco, pois faltava o juízo, por certo, a quem

ansiava por uma vida prisioneira passada na escuridão.

Decorreram horas, talvez dias, e a Sementinha começou a irritar-se, dando punhadas nas paredes,

que pareciam ir esmagá-la de um momento para o outro. Mas não ouvia o som dos seus murros, nem a

prisão cedia para lhe dar esperanças de libertação. Transtornada e receosa, pensou: «Quem seria essa tal

feiticeira de que me falou?».

Como se o pensamento tivesse voz, logo lhe responderam:

– Estás contente, rapariga?

– Contente sem ver o Sol e sem companhia, só se estivesse pataroca.

– Fazes um sacrifício que vale a pena…

– Achas que sim? Pois então ajuda-me a sair deste inferno.

– É isso mesmo que eu quero – responderam-lhe.

– Para mentirosa nada te falta – arriscou a Sementinha. – Então queres ajudar-me e prendes-me? –

E, sempre curiosa, perguntou de seguida: – Quem és tu afinal?

– Sou a feiticeira mais feiticeira que o Sol cobre. Tenho poderes mágicos que mais ninguém

conhece…

– És talvez uma bruxa da floresta… Uma que passeia de noite a cavalo numa vassoura – disse a

Sementinha a rir.

– Que disparate – retorquiu, ofendida, a Feiticeira. – Há, porventura, bruxas que montem

vassouras? – E, perante o silêncio da nossa amiga: – Acreditas nessas histórias absurdas?

A Sementinha deu um guincho, a querer suportar as gargalhadas.

– Se bruxas houvesse, com o progresso de hoje só cavalgariam aspiradores elétricos…

– Mas tu disseste que eras feiticeira – respondeu a nossa amiga para ouvir a outra. – Quem és,

então?!

– Sou a Terra…

– A Terra?!...

– Sim. E estás no meu palácio.

– Lindo palácio, não há dúvida – disse, com desprezo, a Sementinha. Nem dinheiro tens para

comprar um reles candeeiro a petróleo…

A Terra riu-se mais uma vez, enquanto a nossa amiga prosseguia no mesmo tom indignado:

– As visitas não se recebem com esta falta de atenção…

– Aí é que te enganas, rapariga. Tu não és minha visita. Estás prisioneira no meu palácio e só te

libertarás quando trabalhares muito. Nada se consegue sem trabalho, minha amiga.

– Mas que queres tu que eu faça? – gritou, desvairada, a Sementinha.

– Que te libertes como os teus companheiros, que já vão bem adiantados a esta hora.

– O Amarelo de Barba Preta e o Serrano também?

– Sim, também esses. Vais ser encantada como eles e passarás por transformações que te

espantarão. Mas nunca deixes de trabalhar… Se o fizeres, apodrecerás num instante.

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Prof.ª Ana Rita Vaz. Fonte da Parte I: Língua Viva 6 – Põe-te à Prova, Areal Editores.

– Isso não! – rogou a nossa amiga.

– Os mandriões não merecem dó – retorquiu a Terra num tom que não deixava dúvidas.

E a Terra calou-se, embora a nossa amiga a chamasse ainda para lhe pedir conselhos. Sem colher

resposta e sem outro remédio, a Sementinha aconchegou-se na prisão onde a tinham metido e, zás que

zás, vá de agatanhar as paredes da cela.

Alves Redol, A Vida Mágica da Sementinha, Caminho.

Vocabulário:

Grilhetas – argolas de ferro, com que prendem os prisioneiros.

Pataroca – parva, apatetado.

Reles – insignificante, de má qualidade.

Agatanhar – trepar à maneira de gato, agarrando-se com as unhas.

Responde ao que te é pedido sobre o texto que leste, seguindo as orientações que te são dadas.

1. Assinala com um X a opção que completa cada frase de acordo com o sentido do texto.

1.1 Sem perceber o que acontecera, a Sementinha deu por si:

a) Num esgoto imundo.

b) No meio das trevas e do silêncio.

c) No bico de um pássaro.

d) No laboratório de um cientista.

1.2 Vendo-se ali presa, achou que o Amarelo de Barba Preta:

a) Era um velho louco.

b) Era um brincalhão.

c) Era um jovem mimado.

d) Era um grão muito sábio.

1.3 Irritada, a Sementinha começou a:

a) Gritar.

b) Chorar.

c) Dormir.

d) Dar punhadas nas paredes.

1.4 A feiticeira, afinal, era:

a) Uma mulher.

b) Uma bruxa malvada.

c) A Terra.

d) A Lua.

2. Nos dois primeiros parágrafos, a Sementinha experimenta fortes emoções. Descobre-as, assinalando

com X as três opções corretas.

a) Receio

b) Alegria

c) Irritação

d) Vergonha

e) Aflição

f) Euforia

3. A feiticeira diz: “Fazes um sacrifício que vale a pena…”

3.1 Que sacrifício é esse? __________________________________________________________________

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3.2 Porque valerá a pena sacrificar-se? _______________________________________________________

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4. A Sementinha, tentando adivinhar quem está a falar consigo, compara a Feiticeira a uma bruxa na

floresta.

4.1 Indica a reação da Feiticeira, transcrevendo expressões do texto.

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Prof.ª Ana Rita Vaz. Fonte da Parte I: Língua Viva 6 – Põe-te à Prova, Areal Editores.

4.2 Caracteriza a atitude da Sementinha, apontando dois adjetivos.

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5. Indica a condição que a Feiticeira impõe à Sementinha para ganhar a liberdade.

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6. Refere o que acontecerá à Sementinha, assim como ao Amarelo de Barba Preta e ao Serrano.

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7. Transcreve a frase que explicita o que acontece à Sementinha, se for preguiçosa.

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8. Identifica as sensações presentes nestas passagens do texto (visuais, táteis ou auditivas).

SENSAÇÕES

a) “… no meio das trevas…”

b) “…dando punhadas na parede…”

c) “Mas não ouvia o som dos seus murros…”

d) “A Sementinha deu um guincho…”

e) “… vá de agatanhar as paredes da cela.”

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Parte II

Responde agora ao que te é pedido sobre Funcionamento da Língua.

1. Transforma em discurso indireto.

– Os feios também têm o seu préstimo – respondeu o Bicho de Conta, amuado. – E sem mim talvez não

vivesses por muito tempo.

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2. “A Sementinha lembrou-se das aventuras de que lhe falara o Amarelo de Barba Preta.”

2.1. Reescreve a frase com a forma verbal sublinhada no Pretérito Mais-Que-Perfeito Composto.

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3. “A Sementinha já tinha ouvido falar da Feiticeira.”

3.1 Identifica o complexo verbal presente na frase. ___________________________________________

3.2 Distingue o verbo auxiliar do verbo principal. ____________________________________________

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4. Indica o tempo verbal em que estão as seguintes formas verbais:

Formas Verbais Modo Indicativo. Tempo Verbal:

Sucedera (l.1)

Julgou-se (l.1)

Apertavam (l.2)

Decorreram (l.5)

Pareciam (l.6)

Estás (l. 10)

Quero (l. 14)

Sou (l. 17)

És (l. 19)

Libertarás (l. 35)

Espantarão (l. 40)

5. Classifica as palavras sublinhadas, dizendo a classe (determinante ou pronome) e respetiva subclasse.

a) “A Sementinha começou a irritar-se, dando punhadas nas paredes, que pareciam ir esmagá-la de um

momento para o outro.”

b) «Quem seria essa tal feiticeira de que me falou?».

c) “É isso mesmo que eu quero.”

d) “E estás no meu palácio.”

e) “(…)enquanto a nossa amiga prosseguia no mesmo tom indignado:”

f) “Tu não és minha visita. Estás prisioneira no meu palácio (…)”

g) “Que te libertes como os teus companheiros, que já vão bem adiantados a esta hora.

h) “Sim, também esses.”

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6. «A Terra riu-se mais uma vez, enquanto a nossa amiga prosseguia no mesmo tom indignado”

6.1 Indica o recurso estilístico presente. ________________________________________________

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Parte III

“…Passarás por transformações que te espantarão.”

Imagina que o Amarelo de Barba Preta consegue contactar a Sementinha. O teu texto deve conter:

- Um diálogo entre ela e o Amarelo de Barba Preta;

- As transformações por que passará a Sementinha;

- A opinião da Sementinha sobre se terá mesmo valido a pena o sacrifício, como diz a Terra.

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