a varíola no brasil colonial

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Vol. 41 (4): 387-399. out.-dez. 2012 387 ATUALIZAÇÃO HISTÓRIA DA MEDICINA A VARÍOLA NO BRASIL COLONIAL (SÉCULOS XVI E XVII) Cristina Brandt Friedrich Martin Gurgel e Camila Andrade Pereira da Rosa 1 RESUMO Parte inseparável e tenaz da vida animal, as doenças infecciosas acompanharam e moldaram a história do homem na terra, sobretudo quando começou a viver em aglomerados. No Novo Mundo, com a chegada dos europeus, manifestaram-se como a “guerra biológica da conquista”. Atingindo uma população indígena imunologicamente incapaz de combatê-las, a gripe, o sarampo e a varíola selaram o destino de milhões. Neste estudo, objetivamos relatar a catástrofe que representou a varíola para o Brasil, visto que matou de 30% a 50% de suas vítimas indígenas, desestruturou toda a sociedade nativa, causou danos imensos à economia colonial e fomentou o tráfico negreiro. DESCRITORES: História da Medicina. Varíola. Indígenas. Brasil Colonial. ABSTRACT Smallpox in Brazilian Colonial Ages (16th and 17th Centuries) Infectious diseases, which are part and parcel of animal life, have accompanied and shaped human history on earth, especially since man began to live in clusters. In the New World, with the arrival of the Europeans, they manifested as a “biological war of conquest”. Hitting a native population immunologically incapable of resisting them, influenza, measles and smallpox sealed the fate of millions. The aim of this paper is to recount the catastrophe that smallpox represented in the early history of Brazil, where it killed 30 to 50% of native american victims, destroyed indigenous society, caused immense damage to colonial economy, and promoted slave traffic. KEY WORDS: History of Medicine. Smallpox. Indians. Brazilian Colonial Ages. 1 Centro de Ciências da Vida, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, São Paulo. Endereço para correspondência: Cristina B F M Gurgel, Rua MMDC, n 47, apto 101, Campinas, São Paulo, CEP 13025-139, Brasil. E-mail: [email protected] Recebido para publicação em: 15/5/2012. Aceito em: 30/10/2012. 10.5216/rpt.v41i4.21701

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Parte inseparável e tenaz da vida animal, as doenças infecciosas acompanharam e moldaram ahistória do homem na terra, sobretudo quando começou a viver em aglomerados. No Novo Mundo,com a chegada dos europeus, manifestaram-se como a “guerra biológica da conquista”. Atingindouma população indígena imunologicamente incapaz de combatê-las, a gripe, o sarampo e a varíolaselaram o destino de milhões. Neste estudo, objetivamos relatar a catástrofe que representou avaríola para o Brasil, visto que matou de 30% a 50% de suas vítimas indígenas, desestruturou toda asociedade nativa, causou danos imensos à economia colonial e fomentou o tráfico negreiro.

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    AtuAlizAo

    HiStRiA DA MEDiCiNAA VARolA No BRASil ColoNiAl

    (SCuloS XVi E XVii)

    Cristina Brandt Friedrich Martin Gurgel e Camila Andrade Pereira da Rosa 1

    RESUMO

    Parte inseparvel e tenaz da vida animal, as doenas infecciosas acompanharam e moldaram a histria do homem na terra, sobretudo quando comeou a viver em aglomerados. No Novo Mundo, com a chegada dos europeus, manifestaram-se como a guerra biolgica da conquista. Atingindo uma populao indgena imunologicamente incapaz de combat-las, a gripe, o sarampo e a varola selaram o destino de milhes. Neste estudo, objetivamos relatar a catstrofe que representou a varola para o Brasil, visto que matou de 30% a 50% de suas vtimas indgenas, desestruturou toda a sociedade nativa, causou danos imensos economia colonial e fomentou o trfico negreiro.

    DESCRITORES: Histria da Medicina. Varola. Indgenas. Brasil Colonial.

    ABSTRACT

    Smallpox in Brazilian Colonial Ages (16th and 17th Centuries)

    Infectious diseases, which are part and parcel of animal life, have accompanied and shaped human history on earth, especially since man began to live in clusters. In the New World, with the arrival of the Europeans, they manifested as a biological war of conquest. Hitting a native population immunologically incapable of resisting them, influenza, measles and smallpox sealed the fate of millions. The aim of this paper is to recount the catastrophe that smallpox represented in the early history of Brazil, where it killed 30 to 50% of native american victims, destroyed indigenous society, caused immense damage to colonial economy, and promoted slave traffic.

    KEY WORDS: History of Medicine. Smallpox. Indians. Brazilian Colonial Ages.

    1 Centro de Cincias da Vida, Pontifcia Universidade Catlica de Campinas, Campinas, So Paulo.

    Endereo para correspondncia: Cristina B F M Gurgel, Rua MMDC, n 47, apto 101, Campinas, So Paulo, CEP 13025-139, Brasil. E-mail: [email protected]

    Recebido para publicao em: 15/5/2012. Aceito em: 30/10/2012.

    10.5216/rpt.v41i4.21701

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    INTRODUO

    Desde os primrdios de sua existncia, os homens buscaram vencer os desafios que a fragilidade fsica lhes impunha. As doenas, consideradas como reflexos de crenas, costumes e da organizao social dos povos, por eles foram analisadas, sentidas e combatidas de maneiras diferentes (19). Em comum, existia um apurado senso de observao sobre as enfermidades: se eram autolimitadas ou crnicas, se contagiosas e passveis de alguma forma de controle e, sobretudo, se podiam ser combatidas. A teraputica, meramente emprica, era apenas uma consequncia desta percepo e valia-se de anlises legtimas sobre condutas de higiene ou do emprego de plantas medicinais at rituais mgicos.

    Misticismo, medo e superstio foram pontos convergentes para todos os povos que, diante da ignorncia quanto s causas das doenas, atribuam-nas ao sobrenatural. Por castigo diante de um mau comportamento de seus protegidos ou por mero capricho, deuses, semideuses e espritos eram considerados detentores do poder para provocar e curar as enfermidades (1). A expresso mxima da ira divina manifestava-se nas epidemias, conhecidas por pestes ou pestilentias, cujo devastador poder de matar grandes contingentes populacionais causava especial terror.

    A natureza de muitas das epidemias descritas na histria permanece incgnita pela falta de dados sobre sinais e sintomas, sobre a evoluo clnica e as condies do incio e trmino do surto que auxiliariam a elucidar o diagnstico. Este no foi o caso da maioria dos surtos de varola (em sua forma major), um dos flagelos de maior mortalidade que o homem conheceu e que marcou, definitivamente, a histria das Amricas, em especial a do Brasil.

    No presente estudo, objetivamos relatar a tragdia causada pela varola na populao colonial brasileira nos sculos XVI e XVII, partindo de uma viso voltada para a doena, para as formas de combat-la e suas consequncias para a sociedade. Portanto, foi realizada extensa reviso bibliogrfica em livros de histria e narrativas contemporneas, assim como pesquisas nas fontes Scielo, Medline e Lilacs entre os anos de 1996 e 2010. Os descritores utilizados foram: Histria da Varola, Histria da Vacina, Varola no Brasil, Varola/Erradicao.

    A DOENA: CAUSA, ORIGEM E DISSEMINAO

    Longo foi o caminho at que a cincia descobrisse o agente etiolgico da varola, um Orthopoxvirus. Um dos mais resistentes e maiores vrus conhecidos, ele suficientemente grande para ser visto como um ponto no microscpio ptico. Seu genoma uma molcula linear nica de DNA de fita dupla, cujo ciclo de multiplicao rpido e causa morte celular (21, 40). Desde a erradicao da varola em 1977, este micro-organismo est confinado em dois laboratrios, um nos Estados Unidos e outro na Rssia, mas ainda hoje ele incita a preocupao mundial sobre seus efeitos em uma populao no imunizada. A tragdia anunciada seria

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    deflagrada por sua reexposio ao meio ambiente em um suposto ataque terrorista; a escolha deste Orthopoxvirus seria factvel em razo de suas assustadoras e peculiares caractersticas (14).

    Uma das propriedades mais deletrias deste vrus sua capacidade de sobreviver em restos de crostas de pele conservadas por at um ano. Tal atributo confere-lhe uma espetacular infectividade, que no sofre influncia do clima e tampouco determina predileo sobre gnero ou idade de suas vtimas. Em um passado no to distante, determinou-se que no meio ambiente a contaminao interpessoal podia ocorrer tambm por contato com gotculas de saliva ou secrees respiratrias de algum indivduo infectado (42).

    O vrus penetrava pelas vias areas, multiplicava-se no local e, pelos vasos linfticos, alcanava e se multiplicava nos linfonodos regionais. Ao atingir a corrente sangunea, infectava bao, fgado, medula ssea e demais rgos ricos em tecido reticuloendotelial. Nesses rgos, multiplicava-se novamente para depois alcanar a circulao pela segunda vez (27, 43).

    Nessa fase, manifestavam-se os prdromos da molstia, caracterizados por febre alta, mal-estar intenso, cefaleias, dores musculares, nuseas e prostrao. Na forma clnica mais branda, conhecida como minor, as manifestaes clnicas eram frustas e o coeficiente de mortalidade girava em torno de 1%. Na forma major, de expresses clnicas exuberantes, a vtima poderia tambm apresentar dores abdominais e delrios. Somente durante a segunda viremia, o agente causal atingia a pele (27, 43).

    As leses pontuais na pele eram a manifestao mais notvel da doena; delas originou-se o nome varola, do latim varius, pela diversidade com que se apresentavam. Essas leses seguiam um curso evolutivo definido de mcula, ppula, vescula, pstula, crosta e cicatriz, sempre acompanhadas por toxemia. A molstia, tambm conhecida como bexiga, podia tambm revelar-se de uma forma fulminante, denominada prpura variolosa, manifestao em que as vtimas eram rapidamente levadas morte, sem que houvesse tempo para a erupo de leses varilicas propriamente ditas. A pele tornava-se frivel, descolava-se ou formava bolhas (27). Esta terrvel apresentao da varola estava relacionada falta de resposta imune do doente diante da infeco viral. possvel que, nestas ocasies, a doena tenha sido subdiagnosticada, j que no havia a presena das tpicas e milenarmente conhecidas manifestaes cutneas.

    Acredita-se que a varola tenha eclodido cerca de 10 mil anos a.C., quando surgiram os primeiros assentamentos agrcolas humanos (24). Possivelmente originria da ndia, espalhou-se pela sia e frica, tornou-se endmica em muitas regies e atingiu a Europa durante a Idade Mdia. Deixava um rastro de morte por onde passasse e, sem que fosse exceo regra, foi atribuda ao sobrenatural nas mais diversas sociedades por ela vitimadas.

    Diante de uma velha inimiga, comunidades da sia e frica adoravam divindades provocadoras ou protetoras, como Sitala Mata (ndia), Ma-Chen e Pan-Chem (China) e Sopona (frica yorubs; no Brasil foi introduzido com os

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    nomes de Omulu e Obalua) (25). Na Europa crist, Deus, irado pelos pecados cometidos pelos homens, foi responsabilizado pelo envio de surtos que dizimavam de mendigos a reis. Ele tambm faria sentir o peso de sua fria sobre as populaes amerndias pags.

    No sculo XVIII, quando finalmente surgiu a vacina, a doena havia sido uma das maiores causas da queda populacional nativa americana e era ainda responsvel pela morte de, aproximadamente, 400.000 europeus ao ano (3, 10).

    A VAROLA NAS AMRICAS E A SITUAO BRASILNDIA APS A DESCOBERTA

    Em sua marcha galopante, a varola acompanhou o ciclo das grandes navegaes e alcanou o Novo Mundo a bordo de caravelas e galees. A perda da populao nativa aps o descobrimento aconteceu em um curto espao de tempo. Se no existem dvidas a respeito deste decrscimo, sobram discusses sobre seus nmeros. Diferentes autores defendem uma diminuio de 25% at fastigiosos 96% no nmero de habitantes americanos de 1492 a 1650 (10). A despeito de no ser possvel responsabilizar apenas a varola por este tenebroso quadro, sem dvida ela exerceu um papel importante, corroborado por relatos de sucessivas tragdias em todo o continente.

    A Amrica do Sul foi integralmente contaminada at 1588 e supe-se uma mesma relao de morbimortalidade entre os nativos de ambos os lados dos Andes: 30% a 50% dos indgenas morriam logo nos primeiros dias aps o contgio (2, 17).

    As temerosas bexigas provavelmente chegaram ao Brasil a partir de 1555, trazidas ao Rio de Janeiro pelos calvinistas franceses que haviam ali fundado um pequeno ncleo populacional (17). O sonho da Frana Antrtica falhou por diversos e notrios motivos que no cabem ser discutidos neste artigo. Contudo, a pouco conhecida epidemia de varola, iniciada entre os franceses e seus aliados indgenas, contribuiu para tal fracasso por ter causado a morte de vrios guerreiros, um baque final para uma empreitada que j galgava o caminho do fracasso. No existem dados sobre a real gravidade do surto, mas reconhece-se que o pior ainda estava por vir.

    Uma epidemia iniciada em Portugal em 1562 teve repercusses inesperadas e trgicas em seus domnios do outro lado do Atlntico. O primeiro local atingido foi Itaparica e, em menos de um ano, a doena foi reintroduzida em Ilhus, na Bahia. Dali se espalhou por toda a costa brasileira, em especial nos aldeamentos e misses fundados pelos jesutas. Entre os anos de 1563 e 1564, calcula-se que nada menos de 30.000 brasilndios tenham morrido nos primeiros 90 dias aps a ecloso, mas como o surto se estendeu por vrios meses, possvel que a mortalidade tenha sido ainda maior (17).

    O jesuta Leonardo do Valle, em testemunho datado de 12 de maio de 1563, denunciou a grande mortalidade em aldeamentos no Recncavo Baiano, ao mesmo tempo em que frisava o carter punitivo que se atribua doena :

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    [...] seu pecado foi castigado por uma peste to estranha que por ventura nunca nestas partes houve outra semelhante [...] a mortandade era tal que havia casa que tinha 120 doentes e a uns faltavam j os pais, a outros os filhos e parentes e, o que pior , as mes, irms e mulheres, que so as que fazem tudo [...] faltando elas no havia quem olhasse pelos doentes [...] havia muitas mulheres prenhes que tanto que lhes dava o mal as debilitava de maneira que botavam a criana [...] e destas prenhes quase nenhuma escapava por toda a terra, nem menos as crianas [...] Finalmente chegou a coisa a tanto que j no havia quem fizesse as covas e alguns se enterravam [...]arredor das casas e to mal enterrados que os tiravam os porcos [...]e o que mais para doer, que muitos morriam sem confisso e sem batismo, porque era impossvel acudirem dois padres a tanta multido... se morriam 12, caiam 20 [...] Bem me parece que em cada uma daquelas trs aldeias morreria a terceira parte da gente porque s em Nossa Senhora da Assuno haver dois meses que ouvi dizer que eram mortas 1080 almas, e com tudo isso diziam os ndios que no era nada em comparao da mortalidade que ia pelo serto adentro [...]. (8)

    O episdio narrado por Vale, com um tom de frustrao por no ter havido tempo para a cristianizao de muitas vtimas, esteve longe de ser o nico. Medo, desespero e morte foram registrados em novo surto que atingiu o Esprito Santo em 1565. Ali os jesutas testemunharam uma mortalidade to alta que, segundo eles, uma mesma moradia podia servir como enfermaria para os doentes e cemitrio para os mortos (6).

    Em todos os relatos, havia o senso comum sobre o carter punitivo da doena e, por este motivo, atribua-se a ecloso das epidemias interferncia divina, fosse entre os indgenas, que andavam nus, alimentavam-se de carne humana e, sobretudo, eram pagos, ou entre os franceses que, apesar de cristos, representavam perigo aos domnios lusitanos.

    Em 1597, naus francesas teriam invadido e saqueado o castelo portugus de Arguim, na costa da frica, e roubado a sagrada imagem de Santo Antnio. Com seus inimigos vitimados pela varola, os portugueses apressaram-se em atribu-la como penitncia dos cus. Doentes e sob provaes a bordo de suas embarcaes, estes mesmos franceses aportaram em terras brasileiras. Assim, causaram um novo e avassalador surto, cujas maiores vtimas foram, novamente, os indgenas (37).

    A despeito de a varola atingir tambm a populao de origem europeia e africana, maiores ndices de mortalidade pendiam sempre para o lado nativo. Donos de um sistema imune incapaz de reconhecer e combater o vrus letal, muitos indgenas teriam sucumbido diante de formas clnicas graves da doena, como a major, ou particularmente a mais atroz e relacionada baixa imunidade - a prpura variolosa. Descries como a de Leonardo do Vale sugerem a presena

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    marcante da prpura, cujo quadro clnico estaria, muitas vezes, sobreposto a infeces bacterianas secundrias. Assim, na ausncia das tpicas leses variolosas, os religiosos no arriscavam um diagnstico definitivo: H de quando em quando entre eles [ndios] como aconteceu pouco tempo h, que pedaos lhes caam, com grandes dores e um cheiro peonhentssimo [...] (5).

    s epidemias seguia-se o drama da fome, pois no havia quem pudesse cultivar a terra, e a desnutrio atingia principalmente a populao brasilndia.

    A incapacidade dos pajs em combater os males trazidos pelos europeus e africanos foi uma das armas usadas pelos jesutas para a sua desmoralizao. Relegados a um segundo plano, desmistificados quanto s suas funes, os pajs passaram a ser desprezados e at expulsos pelos demais membros de sua tribo: [...] vs, sim, padres, viveis e no nossos feiticeiros que morrem como ns [...] (33).

    Os aldeamentos e misses jesuticas tiveram marcante participao na populao nativa por surtos epidmicos, apesar de involuntria. Ao passarem a viver em aglomeraes e por esta razo em condies comprometidas de higiene como eram as demais instalaes europeias da poca , os indgenas tornaram-se um alvo fcil para doenas infectocontagiosas (16). Assim, muitas destas misses resultaram em fracasso.

    Apenas durante o sculo XVI, os redutos jesuticos no Recncavo Baiano sofreram sensvel arrefecimento, como as aldeias de So Paulo (Brotas), Itaparica, So Miguel de Taperagu e de So Miguel de Tapepitanga (20). Nelas, a populao morreu pela varola ou fugiu de suas consequncias, como a fome e o medo de novos surtos. Os sobreviventes partiam para o interior e, invariavelmente, levavam consigo o vrus malfico.

    Desta forma, falhava todo um esquema para a incorporao dos nativos sociedade colonial. No interessava aos colonizadores, em especial Metrpole, a alta mortandade indgena pela varola ou qualquer outra doena que os levasse morte. Afinal, eles eram seus escravos para os mais diversos servios, sua mo de obra nas lavouras de cana, seus guias atravs dos sertes, seus soldados na defesa das fronteiras e sua redeno perante a Igreja e o Papa. A exceo estava nas ocasies em que a doena vitimasse alguma tribo inimiga que no pudesse ser dominada.

    As lutas travadas entre os portugueses e algumas tribos indgenas por eles no subjugadas foram sangrentas e resultaram em muitas mortes para ambos os lados. A situao para os colonizadores complicava-se particularmente quando se formavam confederaes. Numericamente superiores e lutando contra armas de fogo cujo poder de matar estava aqum das centenas de flechas que podiam ser lanadas ao mesmo tempo em que se disparava um tiro de arcabuz, os nativos apresentavam-se em notria vantagem. Contudo, tal qual acontecera com os demais indgenas americanos, surtos varilicos acabaram por alcan-los e o resultado foi a inverso do desfecho de muitas batalhas cuja vitria nativa parecia certa (20). Os maiores exemplos so encontrados em narrativas de acontecimentos no Nordeste do Brasil.

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    Ao invadir o territrio ocupado pelos Potiguares, que viviam espalhados em 50 aldeias da Paraba at o Maranho, os portugueses encontraram uma resistncia obstinada. Anos de lutas no foram suficientes para subjug-los e, em 1597, os colonizadores tiveram de enfrentar mais um entre seus numerosos problemas a varola. Com suas tropas desfalcadas, eles foram forados retirada e os sobreviventes voltaram Paraba deixando insepultas as vtimas da doena. O que de incio parecia uma imensa desvantagem foi crucial para a inverso do quadro. O contato com a pele, secrees ou roupas dos inimigos infectados foi suficiente para o contgio indgena. Em pouco tempo, os nativos, dizimados, desapareceram em extensas regies outrora consideradas seus redutos intransponveis. A seguinte investida militar portuguesa na barra de Natal (Rio Grande do Norte) mostrou-se surpreendentemente tranquila, o que em nada indicava a temida e tenaz ferocidade de seus ocupantes originais (23, 29).

    Aps resistirem militarmente por 25 anos, o povo Potiguar rendeu-se aos portugueses, aniquilado pela molstia. Os poucos sobreviventes exaustos, famintos e desorientados acabaram recrutados na luta contra outra tribo hostil, os Aimors (23, 29). Estes seguiram destino semelhante e tombaram, do mesmo modo, diante da varola.

    PROBLEMAS NA ECONOMIA COLONIAL: A VAROLA NOS CAMPOS E CIDADES

    Os jesutas cedo reconheceram que grandes faixas de despovoamento se formavam e que parte da culpa cabia escravizao em massa praticada pelos colonizadores, alm da alta mortalidade nativa pelas doenas infectocontagiosas. Da mesma forma, testemunharam a fuga para o interior procura de liberdade e sade e o abatimento geral que tomou conta das sociedades indgenas.

    [...] Pelo que os pobres brasis, como de sua natureza so tristes e coitados, entraram em tamanha melancolia, que os mais deles morreram e se consumiram, outros fugiram pela terra dentro e no pararam seno dali a cento e duzentas lguas, e deixaram a fralda do mar despovoada.

    (32)

    Durante a invaso holandesa, os batavos relataram que entre 1645 e 1646 dificilmente conseguiriam mobilizar 300 guerreiros na capitania do Rio Grande (do Norte), ao passo que 80 anos antes os nmeros seriam da ordem de 100 mil. O prprio Brasil holands assistiu impotente a uma das epidemias de bexigas que alcanou a Bahia em 1641 e logo depois o Rio de Janeiro. O surto teria comeado entre escravos importados do Quilombo dos Corvos, lugar da frica Central assim designado pelo grande nmero daquelas aves ali encontradas aps uma grande epidemia (2, 38).

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    A importao de escravos oriundos de regies endmicas era a principal via de chegada da varola nas Amricas. Apinhados em condies deplorveis nos navios negreiros, os africanos que conseguiam sobreviver travessia atlntica eram uma importante fonte de transmisso das mais diversas doenas infectocontagiosas. Formou-se, assim, um cruel crculo de causa e efeito: quanto mais indgenas morriam, maior se tornava a necessidade de mo de obra africana que, doente, disseminava no Novo Mundo epidemias avassaladoras (16).

    Para a empresa colonial, tamanha mortandade era inadmissvel. As lavouras de cana e a produo de acar nos engenhos espalhados pela costa paravam por causa da falta de mo de obra. A economia rua. Em 1617, um requerimento entregue ao governador D. Luis de Sosa pela Cmara de Olinda, em nome dos moradores, lavradores e senhores de engenho de Pernambuco, solicitava moratria do pagamento de suas dvidas por motivo da epidemia de bexigas que destrura as plantaes - uma clara aluso extenso da tragdia que se instalara (22).

    Outras atividades econmicas regionais igualmente rentveis tambm passavam a enfrentar dificuldades. So Paulo, cuja economia era baseada principalmente na captura de escravos indgenas, precisou mudar as tticas de apresamento: se no sculo XVI elas se restringiam s imediaes do rio Tiet (So Paulo), a partir da drstica diminuio no nmero de nativos, entradas e bandeiras alastraram-se pelos sertes procura dos Guaranis e, forosamente, passaram a integrar o circuito comercial intercapitanias (28). Em 1637, registravam-se invases paulistas na regio dos Patos (Rio Grande do Sul), com aprisionamento de 70.000 a 80.000 almas. Tais incurses resultavam na propagao de doenas a populaes que j haviam fugido de seus algozes e respectivos males. Na regio do Prata, apenas 1.000 dos 7.000 escravizados teriam sobrevivido ao apresamento (7).

    Sem controle sobre a doena, o sculo XVII testemunharia outros desastrosos surtos varilicos, como os de 1621, 1631, 1642, 1662-1663, 1665-1666 e 1680-1684, todos iniciados nas capitanias ao norte, ento o principal polo econmico do pas. Em 1695, descreveu-se a primeira epidemia em rea correspondente ao atual estado do Rio Grande do Sul, mas, em razo da grande extenso do mal em episdios anteriores, provvel que outras tenham acontecido antes desta (9, 17).

    A despeito de esses surtos serem sentidos principalmente nos campos, principal agente da economia colonial, as pequenas e incipientes vilas e cidades brasileiras tambm sentiam seus efeitos nefastos. Na grande epidemia que atingiu Salvador (Bahia) em 1666, descrita por Sebastio da Rocha Pitta (1660-1738), foi registrado que casas com 40 ou 50 moradores no continham uma s pessoa s. Crdula, rodeada por uma alta mortandade, a populao lotava as igrejas em busca de perdo pelos pecados cometidos e aumentava ainda mais a possibilidade de contgio (35).

    Nesta mesma epidemia de 1666 e em outras que a antecederam e sucederam, observava-se a total ineficcia das aes governamentais quanto ao

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    combate, ao amparo s vtimas e implantao de medidas profilticas eficazes. Quando chegou a Santos, a Cmara da vila de So Paulo alardeou sobre os perigos de contgio, pois a epidemia espalhara-se por toda a costa. Ordenou-se a formao de um cordo sanitrio em localidades prximas de Cubato e no Alto da Serra e foi preciso entrar em litgio com a Cmara de Mogi das Cruzes pelo no cumprimento das ordens preventivas. Tal contenda entre as Cmaras, que hoje pertenceriam ao estado de So Paulo, no foi exceo: as tentativas de implantar medidas profilticas para impedir epidemias que chegavam pelo mar resultavam em fracasso, descumpridas tanto por membros mais abastados da sociedade quanto pelo clero e povo. Cartas e gneros alimentcios, em especial o sal, eram contrabandeados entre o planalto e o litoral sem uma represso efetiva, apesar das tentativas de conter o incmodo intercmbio. As penas para aqueles que quisessem alcanar Cubato ou Santos era uma multa de 200 cruzados ou cadeia de 30 dias para os que no pudessem pag-la, mas at a ameaa de degredo de quatro anos para Angola chegou a ser aventada. Como medida extraordinria e em vo, guardas tinham ordens de atirar contra aqueles que pretendessem forar a passagem pelo Caminho do Mar. Diante do fracasso destas tentativas desesperadas, a varola irrompeu na vila de So Paulo e sua Cmara passou a aconselhar os vizinhos para que no a visitassem [...] pera que asin se evitassen os danos que podiam vir a esta dita vila [...] (41).

    Sem domnio sobre a varola, sem guarida e crente de sua culpa, a populao valia-se da proteo divina. Em cada casa se ouviam rezas e ladainhas sob a queima de velas e incensos, que tinham o inebriante efeito de acalmar os aflitos. Afinal, desde os seus primrdios, o Brasil no possua mdicos suficientes que atendessem sua espalhada populao e a falta de assistncia humana conduzia a um inevitvel apelo ao divino (16).

    AS TENTATIVAS DE TRATAMENTO E PREVENO

    Lutava-se contra a varola com as armas consideradas apropriadas, e o valor simblico da teraputica tomava ainda maior relevncia. Assim, nas receitas coloniais, de mdicos ou leigos, no faltavam grandes doses de excremento de cavalo, pulverizado e tomado com qualquer lquido, usado por ser proveniente de um animal que, pela sua constituio fsica, transmitia a ideia de fora e vigor (39). Nas Colees de Vrias Receitas, cuidadosamente elaboradas pelos jesutas e publicadas no sculo XVIII, alm de excremento equino fresco, recomendava-se a mistura de papoulas vermelhas (usadas como sudorfero, narctico e antiespasmdico), bezortico do Curvo (preparado que continha clculos extrados do sistema digestivo de animais), arrobe de bagas de sabugo (considerado sudorfero e contraveneno nas chamadas febres malignas) e gua comum (4).

    O uso de substncias estranhas e repugnantes foi muito comum na Europa at o advento da medicina cientfica. A origem desta peculiar teraputica remonta Antiguidade e era muito utilizada por sumerianos, assrios, egpcios e, em

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    menor proporo, por gregos e romanos. As formulaes teraputicas continham substncias muito diversas e incluam vegetais, animais (tecidos, rgos ou animais inteiros, que podiam ser triturados ou carbonizados), fezes e urina (de origem animal ou humana); poucos ou muitos desses elementos eram includos em uma s receita. Era a chamada Dreckapotheke (em alemo, farmcia de excrementos) que, trazida ao Brasil pelos colonizadores, associou-se tradicional medicina indgena, particularmente rica no uso de plantas medicinais (15). Havia uma peculiaridade na aceitao deste tipo de tratamento alm de seu valor simblico: a crena da cura punitiva. Como a culpa da doena era atribuda ao prprio doente, o uso de substncias abjetas justificava-se por promover o sofrimento por meio do qual este pecador se livraria de seus males. Desta forma, quanto mais amargo e doloroso fosse o remdio, melhor efeito ele teria (34).

    Contra a varola, a virulncia de suas manifestaes fazia com que o arsenal teraputico parecesse ainda mais limitado. Alm da Dreckapotheke e das sempre presentes rezas e sangrias, incluam-se os banhos quentes. Nos aldeamentos e misses jesuticos, as vtimas com febre e dores lancinantes eram submetidas remoo cirrgica da pele que se desprendia de seus corpos (16).

    No h indcios de que tenha sido praticada a variolizao no Brasil nos primeiros dois sculos aps o descobrimento. A despeito de ser de conhecimento milenar entre os povos orientais, esta tcnica chegou Europa somente no incio do sculo XVIII pelas mos de Lady Mary Montagu. A corte real inglesa interessou-se pelo mtodo, que passou a ser chamado de bizantino em aluso a Bizncio (Constantinopla, atual Istambul), local onde a nobre dama havia observado seus efeitos. Na variolizao, pessoas sadias eram expostas a material retirado de leses variolosas humanas, tal procedimento baseava-se na constatao de que os sobreviventes a esta forma de contgio no estavam sujeitos a novas infeces. A tcnica, entretanto, acarretava altos ndices de mortalidade, j que o inoculado poderia desenvolver diferentes manifestaes da doena, mesmo se o material das pstulas variolosas tivesse sido obtido de indivduos com a forma branda da varola (13).

    Diante da mortal ameaa da doena sobre seus protegidos, o padre carmelita Jos da Magdalena teria praticado a variolizao pela primeira vez no Brasil por volta de 1720. O religioso, superior das Misses do Rio Negro (Par) que incluam 26 povoaes, iniciou a prtica entre os indgenas. Desta forma, segundo informaes da poca, o religioso teria poupado a vida de um bom nmero de nativos (31). La Condamine, que testemunhou os efeitos nefastos da epidemia que atingiu o baixo Amazonas em 1743, lamentou que tal tcnica no tivesse sido usada entre os ndios cativos naquele momento e enfatizou:

    H 15 ou 16 anos antes um missionrio carmelita das cercanias do Par, vendo todos os seus ndios morrerem um aps o outro, e tendo sido informado pela leitura de um jornal do segredo da inoculao, que tanto

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    estardalhao fazia na Europa [...] ousou mandar inocular a varola em todos os ndios que ainda no haviam sido atacados e no perdeu um sequer [...]. (18)

    CONSIDERAES FINAIS

    Por centenas, seno milhares de anos, a varola foi um dos flagelos que mais atingiu a humanidade. Quando o vrus causador cruzou o Atlntico e se instalou no Novo Mundo, desencadeou uma das maiores tragdias conhecidas em toda a histria.

    De incio transmitida de maneira involuntria, a varola e suas nefastas consequncias entre os indgenas no interessavam ao governo portugus. Afinal, sua prpria populao era pequena, em nmero insuficiente para um grande projeto de colonizao, e sofria com surtos epidmicos de sarampo, tifo exantemtico, peste bubnica e a prpria varola (36).

    O territrio americano a conquistar e manter era enorme e, mais interessante que despovo-lo, era suprir sua necessidade de mo de obra para a agricultura (crises de fome eram recorrentes aps surtos epidmicos pela falta de mos nas lavouras), firmar alianas militares e garantir a posse das novas terras. Neste ltimo contexto, um parecer do Conselho Ultramarino de 1695 concedeu aos brasilndios a alcunha de Muralhas dos Sertes e os transformou em guerreiros a servio da Coroa lusitana (12).

    Contudo, a dura realidade dos trpicos e o conhecimento de que roupas de varilicos podiam transmitir a doena fizeram com que colonos utilizassem a varola como arma contra indgenas hostis. As roupas que continham restos de pele contaminados pelo vrus eram propositadamente expostas ao relento e recolhidas sob os curiosos olhares nativos (26, 30). O aniquilamento destas tribos ao mesmo tempo em que abria caminho para a colonizao europeia fomentava ainda mais o trfico de escravos negros.

    Na frica, a varola era endmica e, quando seu territrio era assolado por grandes secas, a desestruturao social e a fome que se seguiam propiciavam a captura mais fcil de escravos e o aparecimento de epidemias. Desta forma, um problema climtico no continente negro relacionava-se a perodos de maior trfico de africanos e maior transmisso da varola nas terras carentes de mo de obra (11).

    Trazida a bordo de embarcaes vindas da Europa e frica, usada como arma biolgica e causa de graves implicaes econmicas e sociais, a histria da varola confunde-se com a prpria histria das Amricas e, particularmente, do Brasil. As consequncias nefastas de sua presena constituram o derradeiro delineamento de todo o continente e uma das causas, seno a principal, de sua conquista. Afinal, diante da falta de imunidade indgena contra doenas trazidas de alm-mar, as guerras tencionadas ou de fato travadas contra os colonizadores j estavam perdidas, antes de iniciadas.

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