Erradicação Varíola América Latina

Ana Freitas Ribeiro

Introdução

Doença infecciosa aguda causada por vírus da família orthopoxvirus

Origem há 3.000 anos provavelmente Índia ou Egito

Epidemias importantes em toda história com impacto de morbi-mortalidade

30% de letalidade e 65% a 80% dos sobreviventes ficavam com seuquelas(marcas), principalmente na face (pockmarks). Outra complicação importante era a cegueira

1798 - Edward Jenner – inoculação com “cowpox” protegia contra varíola

Introdução

Formas clínicas: Major - letalidade - 30%

Minor - letalidade < 1%

Hemorrágica e maligna - fatais

Período de Incubação - 12 a 14 dias ( 7 a 17)

Síndrome gripal - febre, mialgia, cefaléia, prostração, dor nas costas em alguns casos dor abdominal e vômitos.

2 ou 3 dias após temperatura, aparece a erupção cutâneo primeiro na face, mãos e antebraços e depois para o tronco (centrífuga). Lesões também nas mucosas do nariz e da boca, com ulceração e liberação de vírus.

Máculas Pápulas Vesículas Pústulas. 8 a 14 dias após o início dos sintomas, as pústulas formam crostas

que deixam cicatrizes deprimidas e despigmentadas após a cura.

Introdução

Suscetibilidade geral

Não há reservatório animal

Transmissão respiratória pessoa-pessoa, por

aerossóis e gotículas, a partir da febre,em especial

na 1ª semana do “rash”, mas até a última crosta.

Transmissão por contato com roupas (risco baixo)

Epidemia lenta - intervalo de geração de casos 2 a

3 semanas - R0 - 5 a 10 casos a partir do índice

Não há tratamento específico

Fonte: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/smallpox/en/print.html

Introdução

Conceito

Erradicação da varíola é a extinção do vírus, a

partir da vacinação sincronizada, tornando a

doença inexistente e o controle não necessário.

Sem casos novos de varíola durante os 3 anos

após a conclusão da campanha de vacinação.

Estratégia

Centro Internacional para padronização da vacina

Altas coberturas vacinais

Vigilância epidemiológica

Busca ativa de caso notificação

Introdução 1950 - 50 milhões de casos no Mundo

1967 - 10 a 15 milhões (vacinação) 44 países (31 endêmicos) - 131.789 casos Brasil, países da África Sub Saariana, Afeganistão, Índia, Indonésia, Nepal

e Paquistão

1966 - $2,4 milhões/ano (ações de intensificação)

1967 - OMS iniciou o plano para erradicação

Sucesso da Campanha de Erradicação 1970 - Eliminação 20 países África

1971 – Eliminação Brasil

1972 – Eliminação Indonésia

1975 – Eliminação Continente Asiático

Último caso natural na Somália em 1978

1979 - Reino Unido 1 caso por transmissão laboratorial

1980- OMS

Certificado da Erradicação Global da Varíola

Introdução

Vacina Vírus vivo vaccinia (relacionado ao vírus da varíola)

1967 - Introdução de injetores no Brasil e África Central Agulha com bifurcação (Wyeth) - 1000/hora, inoculação

intradérmica

Imunidade – 10 anos

Eventos adversos Eczema, vaccinia progressiva, vaccinia generalizada e

encefalite

1 óbito/ 1 milhão de doses (1ª)

1 óbito / 4 milhões de doses (Revacinação)

Contra-Indicações Gestante, pessoas com deficiência imunitária.

Fonte: www.rightdiagnosis.com/phil/images/5665.jpg&imgrefurl=http://www.rightdia

Fonte: RN Basu et al. The Erradication of Smallpox from India- WHO 1979

Número de casos de Varíola na Índia e Mundo, 1950 a 1977.

0

200000

400000

600000

800000

1000000

12000001950

1951

1952

1953

1954

1955

1956

1957

1958

1959

1960

1961

1962

1963

1964

1965

1966

1967

1968

1969

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

Ano

Índia

Mundo

Erradicação

Mundo

1944 - 500.000 casos

1947 - 100.000 casos

1951 - 500.000 casos

1965 - 50.000 casos

1964 - Américas, três países endêmicos, Brasil, Peru

e Colômbia

Introdução

Campanha Nacional Contra Varíola Portaria nº 23 - 18/01/1962

Vacina liofilizada - Instituto Oswaldo Cruz

Iniciada a Campanha em Sergipe e Alagoas (teste)

Campanha de Erradicação da Varíola - CEV Decreto nº 59.153 – 31/08/1966

Unidades de Vigilância Epidemiológica - UVE (08/01/1970) investigar nas áreas já cobertas pela vacinação em massa, todos os

casos suspeitos e quando possível confirmar pelo laboratório para determinar sua origem;

instituir nas investigações epidemiológicas as medidas recomendadas de contenção e bloqueio;

promover medidas de manutenção e controle mediante a vacinação sistemática dos recém-nascidos e revacinação periódica de grupos da população

Foto: Museu Emílio Ribas – Foto: Cecília CCD

Foto: Museu Emílio Ribas – Foto: Cecília CCD

Introdução

08/01/1880, em São Paulo, é inaugurado o Hospital

dos Variolosos,,

1932, em homenagem ao ex-diretor do Serviço

Sanitário Paulista,é rebatizado como Hospital de

Isolamento Emílio Ribas.

1992, o hospital passa a ser denominado Instituto de

Infectologia Emílio Ribas (IIER).

Varíola - Município de São Paulo

Número de casos de Varíola, 1945 a 1969,

Município de São Paulo

0

100

200

300

400

500

600

700

1945

1946

1947

1948

1949

1950

1951

1952

1953

1954

1955

1956

1957

1958

1959

1960

1961

1962

1963

1964

1965

1966

1967

1968

1969

nº

Fonte: Anuário Estatístico Brasileiro - IBGE

População

1,7 milhões

População

6 milhões

Taxa 10,8

Taxa 12,1

Taxa/100.000 haabs

Inrodução

Seção de Epidemiologia e Imunização do

Município de São Paulo.

Notificações diárias reportadas pelo Hospital Emílio

Ribas e semanalmente de outros serviços de saúde

Para cada caso reportado todos os contatos

domiciliares eram vacinados

Objetivo

Descrever as internações por varíola, no Instituto de

Infectologia Emílio Ribas, no período de 1898 a

1970 evidenciando-se a origem da residência dos

pacientes da região metropolitana de São Paulo.

Metodologia

Estudo descritivo retrospectivo, mediante coleta de

dados secundários nos livros de registro de

internação do IIER no período de 1898 a 1970. As

internações foram analisadas segundo variáveis de

tempo, lugar e pessoa e agrupadas em períodos de

10 anos.

Resultados

Foram registradas 11.393 internações,

533 óbitos,

251 de pacientes de sexo feminino e 280 masculinos

Esses pacientes residiam em 139 localidades diferentes.

O município de São Paulo contribuiu com 7.915 (69,5%), seguido de Santo André, Mogi das Cruzes, Guarulhos, São Caetano do Sul, Osasco e Suzano.

Foram atendidos em trânsito 237 pacientes.

Para 994 internações ignora-se o município

Nº de internações de pacientes com varíola no IEER entre 1898 e 1970, segundo sexo, grupos

de idade, tempo de internação, letalidade e origem do domicílio.

Casos de varíola Década

1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 Total

Sexo

Feminino 65 532 81 134 320 628 906 2002 4668

Masculino 104 575 123 103 464 1041 1632 2674 6716

Ignorado 2 6 0 0 0 0 0 1 9

Grupos de idade

< 1 ano 5 49 15 10 18 66 88 286 537

1 a 4 anos 19 174 33 33 86 210 397 1070 2022

5 a 14 anos 19 197 39 61 179 339 498 1363 2695

15 a 29 anos 81 377 65 69 330 741 1135 1396 4194

30 a 44 anos 37 226 34 47 109 214 309 372 1348

45 e mais 10 89 17 17 62 99 110 167 571

Ignorada 0 1 1 0 0 0 1 23 25

Tempo de internação

Até 9 dias 154 357 41 54 114 438 836 1025 3019

10 a 19 dias 6 247 66 79 393 970 1472 2668 5901

20 a 29 dias 1 188 45 26 214 226 194 849 1743

30 dias e mais 10 318 52 77 63 35 34 135 724

Ignorado 0 2 0 1 0 0 2 0 6

Tempo médio (dias) 3 22 22 23 18 14 13 15 15

Letalidade

Cura 118 775 175 201 780 1653 2518 4636 10856

Óbito 52 338 29 36 4 16 20 38 533

Ignorado 1 0 0 0 0 0 0 3 4

Taxa % 30,4 30,4 14,2 15,2 0,5 0,9 0,8 0,8 4,7

Local de residência

São Paulo 160 1051 186 195 595 1267 1739 2722 7915

Outros municípios 7 23 13 34 169 279 610 1359 2484

Ignorado 4 39 5 8 30 123 189 596 994

Total 171 1113 204 237 784 1669 2538 4677 11393

A varíola em São Paulo: histórico das internações no Instituto de Infectologia Emílio Ribas entre 1898 e 1970.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

nº

1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960

Número de casos de Varíola segundo gênero,

Instituto de Infectologia Emílio Ribas, 1898 a 1970.

Masculino

Feminino

Fonte: SAME/IIER

61,5%

51,9%

60,3% 43,5%

59,2%

62,4%

64,3%

57,2%

Número de casos de Varíola segundo faixa-etária, Instituto de

Infectologia Emílio Ribas, 1898 a 1970

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960

nº

< 1 ano

1 a 4 anos

5 a 14 anos

15 a 29 anos

30 a 44 anos

45 e mais

47,4%

33,9%

31,9% 29,1%

42,1%

44,4%

44,7%

29,9%

15 a 29 anos

A varíola em São Paulo: histórico das internações no Instituto de Infectologia Emílio Ribas entre 1898 e 1970.

Fonte: SAME/IIER

Número de casos de Varíola, segundo tempo de intrenação,

Instituto de Infectologia Emílio Ribas, 1898 a 1970

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960

%

30 dias e mais

20 a 29 dias

10 a 19 dias

Até 9 dias

A varíola em São Paulo: histórico das internações no Instituto de Infectologia Emílio Ribas entre 1898 a 1970.

Fonte: SAME/IIER

Taxa de letalidade sexo e grupos etários segundo a década de internação,

segundo sexo e grupos de idade

Taxa de letalidade Década

1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 Total

Sexo

Feminino 27,7 31,0 11,1 17,9 0,9 0,8 1,2 0,8 5,4

Masculino 31,7 29,9 16,3 11,7 0,2 1,1 0,6 0,8 4,2

Grupos de idade

< 14 anos 27,9 31,4 13,8 9,6 1,1 1,3 1,5 1,0 4,2

>14 anos 31,3 29,8 14,7 19,5 0,2 0,8 0,3 0,5 5,1

Entre Mulheres

Em idade fértil 26,7 27,9 12,9 20,6 0,0 1,3 0,5 0,8 6,5

Em idade não fértil 30,0 35,3 10,0 15,2 1,8 0,3 1,8 0,8 4,6

Número de casos de Varíola, segundo ano de internação, IIER de 1898 a 1970.

Último caso 25 de

agosto

Taxa de letalidade entre os internados do

IIER segundo a década de internação

Origem dos pacientes internados no IIER residentes na região metropolitana de

São Paulo, segundo a década de internação

OBRIGADA

ANA FREITAS RIBEIRO Centro de Vigilância Epidemiológica

email:afribeiro@saude.sp.gov.br

Tel: (011) 30668741