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B r o c h u r a p u b l i c a d a p e l a C o m i s s ã o E u r o p e i a Debates, exposições, eventos A UE, que celebra este ano os seus 50 anos, consagra anualmente 46 mil milhões de euros a esta matéria, o que a coloca no primeiro lugar da comunidade de dadores. O desenvolvimento é a cha- ve do mundo de amanhã, o mundo dos mil milhões de jo- vens de 15 a 24 anos de idade que existem no planeta, 10% na Europa e mais de 80% na Ásia, na África e na América Latina. Diz o provérbio, “A boa vontade faz de longe perto”. A título de comparação, a ajuda prestada pelos Estados Uni- dos ascende a 20 mil milhões de dólares. Achas que a ajuda europeia não é muito visível? A União Europeia intervém em 160 países do mundo, e não ape- nas em situações de crise mediatizadas pelas imagens chocantes que nos chegam a partir dos noticiários televisi- vos. Intervém para ajudar as vítimas de conflitos esqueci- dos, que matam em silêncio por já não haver quem fale deles (Uganda, Nepal, Darfur, etc.). Na zona do oceano Índi- co, as populações continuam a esforçar-se por relançar a sua economia após o terrível tsunami que assolou a região. Em 2006, a República Demo- crática do Congo organizou eleições livres pela primeira vez em 40 anos. E o Líbano dá os primeiros passos para a reconstrução. Estas são algu- mas das 50 histórias reais que te queremos dar a conhecer. Também poderíamos falar-te do Afeganistão, da Palesti- na, do Iraque... e de milhares de outros projectos levados a cabo em todo o mundo. É claro que a União Europeia pode – e deve – fazer ainda melhor. Cabe-te a ti, enquan- to jovem, lembrar-lhe o seu papel e instigá-la a agir. Não tarda, serão os jovens a assu- mir os destinos do planeta! Sabias que 56% das ajudas públicas concedidas no mundo inteiro para desenvolvimento provêm da União Europeia? Lisboa, 8 de Novembro de 2007 Participe no dia aberto ao público Jornadas Europeias do Desenvolvimento desde 1957 Esta publicação conta 50 histórias de sucesso. 50 anos de solidariedade da União Europeia e dos europeus com aqueles que, para lá das nossas fronteiras, mais necessitam. A União Europeia e os seus Estados-Membros são, em conjunto, o principal doador do mundo. Esta história é sobre pessoas cujas vidas foram transformadas pela solidariedade europeia. É uma grande conquista dos últimos 50 anos e um grande desafio para os próximos 50. Esta solidariedade levou-nos a reunir em Lisboa os principais protagonistas do desenvolvimento para debater os efeitos dramáticos das alterações climáticas nos países vulneráveis. Trata-se de uma responsabilidade partilhada, à escala planetária. A nossa proposta de uma aliança mundial para fazer face às alterações climáticas é uma nova resposta coerente e solidária da Europa. José-Manuel Barroso Presidente da Comissão Europeia Actualidade 23 Educação 45 Saúde 67 Infra-estruturas 89 Comércio 1011 Ambiente 1213 Direitos do Homem 14 Cultura 14 Questionário/Mapa 15 Ajuda orçamental/Sociedade civil 16 anos histórias de solidariedade A União Europeia no mundo Edição especial “Clima e desenvolvimento: que alterações?” www.eudevdays.eu

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B r o c h u r a p u b l i c a d a p e l a C o m i s s ã o E u r o p e i a

Debates, exposições, eventos

A UE, que celebra este ano

os seus 50 anos, consagra

anualmente 46 mil milhões de

euros a esta matéria, o que

a coloca no primeiro lugar

da comunidade de dadores.

O desenvolvimento é a cha-

ve do mundo de amanhã, o

mundo dos mil milhões de jo-

vens de 15 a 24 anos de idade

que existem no planeta, 10%

na Europa e mais de 80% na

Ásia, na África e na América

Latina. Diz o provérbio, “A boa

vontade faz de longe perto”. A

título de comparação, a ajuda

prestada pelos Estados Uni-

dos ascende a 20 mil milhões

de dólares.

Achas que a ajuda europeia

não é muito visível? A União

Europeia intervém em 160

países do mundo, e não ape-

nas em situações de crise

mediatizadas pelas imagens

chocantes que nos chegam a

partir dos noticiários televisi-

vos. Intervém para ajudar as

vítimas de confl itos esqueci-

dos, que matam em silêncio

por já não haver quem fale

deles (Uganda, Nepal, Darfur,

etc.). Na zona do oceano Índi-

co, as populações continuam

a esforçar-se por relançar a

sua economia após o terrível

tsunami que assolou a região.

Em 2006, a República Demo-

crática do Congo organizou

eleições livres pela primeira

vez em 40 anos. E o Líbano

dá os primeiros passos para a

reconstrução. Estas são algu-

mas das 50 histórias reais que

te queremos dar a conhecer.

Também poderíamos falar-te

do Afeganistão, da Palesti-

na, do Iraque... e de milhares

de outros projectos levados

a cabo em todo o mundo. É

claro que a União Europeia

pode – e deve – fazer ainda

melhor. Cabe-te a ti, enquan-

to jovem, lembrar-lhe o seu

papel e instigá-la a agir. Não

tarda, serão os jovens a assu-

mir os destinos do planeta!

Sabias que 56% das ajudas públicas concedidas no mundo inteiro para desenvolvimento provêm da União Europeia?

Lisboa, 8 de Novembro de 2007Participe no dia aberto ao público

Jornadas Europeiasdo Desenvolvimento

desde 195 7

Esta publicação conta 50 histórias de sucesso. 50 anos de solidariedade da União Europeia e dos europeus com aqueles que, para lá das nossas fronteiras, mais necessitam.

A União Europeia e os seus Estados-Membros são, em conjunto, o principal doador do mundo. Esta história é

sobre pessoas cujas vidas foram transformadas pela solidariedade europeia. É uma grande conquista dos últimos 50 anos e um grande desafi o para os próximos 50.

Esta solidariedade levou-nos a reunir em Lisboa os principais protagonistas do desenvolvimento para debater os efeitos dramáticos das alterações climáticas nos países vulneráveis. Trata-se de uma responsabilidade partilhada, à escala planetária. A nossa proposta de uma aliança mundial para fazer face às alterações climáticas é uma nova resposta coerente e solidária da Europa.

José-Manuel BarrosoPresidente da Comissão Europeia

Actualidade 2–3

Educação 4–5

Saúde 6–7

Infra-estruturas 8–9

Comércio 10–11

Ambiente 12–13

Direitos do Homem 14

Cultura 14

Questionário/Mapa 15

Ajuda orçamental/Sociedade civil 16

anos histórias desolidariedade

A União Europeia no mundo

Edição especial

“Clima edesenvolvimento:que alterações?”

www.eudevdays.eu

europeaid_50_50_V07_p1.indd 1europeaid_50_50_V07_p1.indd 1 10/25/07 11:09:25 AM10/25/07 11:09:25 AM

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?Mas em queconsiste a ajuda comunitária?

Existe a ajuda humanitária e de

urgência para casos de catástrofes

naturais e de guerras. Mas essa é apenas

uma parte (talvez a mais conhecida) das

actividades da União Europeia. Na verdade, a

parte essencial da ajuda comunitária

acompanha os esforços dos países em

desenvolvimento, dia após dia, ano após ano.

Financia programas ligados à educação, saúde,

vias de comunicação, abastecimento de água,

comércio, direitos do Homem, protecção

ambiental e outros sectores vitais, a longo

prazo, em cerca de 160 países do mundo. Do

maior projecto ao mais pequeno.

Não se trata apenas de construir poços em

aldeias, mas garantir a estabilidade de um país

e contribuir para o respeito dos direitos do

Homem. Os projectos são por vezes levados a

cabo por organizações não governamentais

(ONG). Por trás das ONG, estão muitas vezes os

financiamentos da União Europeia.

P a r a d o x oA fome afecta diariamente800 milhões de pessoas.

No mínimo, são necessárias2400 calorias diárias para que

um ser humano possa levar uma vida activa.

O valor energético da produçãoalimentar mundial chega às

2700 calorias por dia e por pessoa.Percebemos, por isso, que a fome

e a pobreza não são umafatalidade, mas um flagelo que

pode ser evitado se forem tomadasas decisões certas no que dizrespeito à gestão do planeta.

Metade da população mundial temmenos de 25 anos de idade.

Em 57 países em desenvolvimento,os jovens com menos de 15 anos

de idade representam mais de 40% da população.

O Sudeste Asiático, o Líbano,o Congo e a Rússia estão na ordem do dia. E em cadauma destas regiões, a União Europeia está presente...

Uma Europa debruçada sobreomundo

2 A União Europeia no mundo Actual idade

Recomeçar após o tsunami

Tailândia

O desafio da reconstruçãoHá 50 anosNesse ano, em 1957, nascia também oprimeiro computador com disco rígido, o Fiat500, o disco “frisbee”... a URSS lançava parao espaço o seu primeiro satélite, Sputnik, e aamericana Althea Gibson sagrava-se aprimeira campeã negra do torneio de ténis deWimbledon... Alec Guiness ganhava o Óscarde melhor actor pelo seu desempenho nofilme “A ponte sobre o rio Kwai” e faleciaHardy, o companheiro de Laurel em “Bucha eEstica”...

Debruçada sobre uma armação, Kornica Tchukaeow, de45 anos, passa diligentemente uma grande agulha demadeira através das malhas. Está a fazer uma armadilhapara lulas. Está familiarizada com as redes e as armadilhas.Filha e esposa de pescador, tem dedicado toda a sua vidaao fabrico das mesmas, na pequena aldeia de Ban LaemPakarang. Mas tudo foi destruído pelo tsunami. “Perdemostudo: pais, amigos, vizinhos, casas, barcos e material”,conta. “A nossa aldeia de 40 habitantes tinha sidoconstruída ao longo da praia, no meio de um grande golfo.Nesse dia, vimos ondas mais altas do que palmeirasabaterem-se contra as barreiras do golfo e só tivemostempo para avisar algumas pessoas que corressem para as

zonas mais interiores.” O tsunami, que matou 200 000 pessoas em Dezembro

de 2004, foi uma das piores catástrofes que assolaramo Sudeste Asiático. Um dia após a tragédia, a UniãoEuropeia começou a fornecer alimentos, água

potável, tendas, equipamento sanitário, bens de primeiranecessidade e ajuda médica. Passada a fase de urgência, asua acção centrou-se no apoio psicológico e nas ajudas àreconstrução das zonas devastadas. Através da organização “Terre des Hommes”, a UEdisponibilizou, entre outros bens, ajuda material eprofissional que permitiu que um milhar de habitantes das20 aldeias situadas nas províncias mais afectadasreconstruísse os seus barcos e os seus equipamentos. EmBan Laem Pakarang, os sobreviventes viveram num campoprovisório financiado por donativos. Sem as ajudasexternas, estariam condenados. Graças à ajuda europeia,Kornica e os restantes aldeãos são remunerados por cadaarmadilha que fabricam. Podem assim reconstituir o seustock de artes de pesca e, pouco a pouco, deixar dedepender dos donativos e reconquistar a sua autonomia.

Até hoje, a UE despendeu cerca de 2 mil milhões de euros em ajudasa todas as vítimas do tsunami (incluindo da Tailândia)

Em 2000, os dirigentes mundiaiscomprometeram-se a reduzir até 2015 a pobreza

extrema para metade, ou seja o número de pessoas quevive com menos de um dólar por dia. Este é um dos oito

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, adoptados pelasNações Unidas. Para concretizá-los, a comunidade internacional deve

estender a sua acção a vários sectores: saúde, educação, emprego,trocas comerciais, direitos do Homem, protecção ambiental e igualdade

entre homens e mulheres. A União Europeia encabeça as acções. De umponto de vista global, a União canaliza, actualmente, 0,42% da sua riqueza(rendimento nacional bruto) para ajudas públicas ao desenvolvimento, ouseja, mais do dobro do esforço efectuado pelos Estados Unidos (0,16%)e mais do que a média dos doadores (0,22%). O seu objectivo é atingir

os 0,7% em 2015. A partir de 2010, contribuirá com uma verbasuplementar anual de 20 mil milhões de euros (em relação a 2005),

o que significa que cada cidadão europeu contribuirá commais 49 euros por ano para ajudar os países em

desenvolvimento. É o mesmo que atestar umdepósito de gasolina ou comprar 2 DVD…

•Objectivo

para 2015

Comissária europeia Benita Ferrero-Waldner visita Banda Aceh depois do tsunami

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A União Europeia é um dos financiadores mais

activos no Líbano. Após o conflito que, no Verão

de 2006, opôs este país a Israel, a UE distribuiu

mais de 100 milhões de euros para ajuda humani-

tária, evacuação de populações bloqueadas no

sul do Líbano e para fazer face a necessidades

prementes do Governo libanês. Na conferência

internacional de doadores do Líbano, realizada

em Paris em Janeiro de 2007, a União Europeia

avançou com uma verba suplementar que eleva a

500 milhões de euros a totalidade da sua ajuda e

que servirá para financiar, não só os trabalhos

imediatos de reconstrução, mas também o

relançamento da economia libanesa.

O Líbano quer viver

Os congoleses participaram massivamente nas eleições presidenciais

Rússia

Querida Babushka

De qualquer forma, não vemos resultados, continuam pobres! E

porquê ajudar os outros quando existem tantos sem-abrigo e pobres

no nosso país? É escandaloso ver pessoas a morrer à fome nas

nossas ruas e, ao mesmo tempo, observar os nossos políticos a

“distribuir” somas avultadas em países longínquos…

A União Europeia ajuda as suas próprias populações em dificuldade.

Esse é o objectivo da sua política social, que de forma alguma se

incompatibiliza com a sua política de ajuda ao desenvolvimento. O

desenvolvimento é uma luta que leva tempo, mas o que é certo é

que, graças à ajuda europeia, milhões de crianças podem ir à escola,

milhares de bebés são vacinados, quilómetros de estradas são cons-

truídos e milhares de empresas são melhor geridas em todo o

mundo. Países como a Índia, o Brasil, a África do Sul, a Maurícia

começam, gradualmente, a ganhar o seu combate à pobreza. Ajudar

os países em desenvolvimento é, acima de tudo, um dever de justiça

e de solidariedade. É também do nosso interesse. A miséria e as

desigualdades conduzem à violência e ao extremismo que acabam

por se repercutir na Europa. O desenvolvimento permite também ofe-

recer um futuro aos jovens nos seus países. É a resposta mais eficaz

face ao drama da imigração clandestina.

Com um milhão de habitantes, a cidade de Saratov situadanas margens do rio Volga, no sul da Rússia, é a capital daregião com o mesmo nome. A “Kirova Prospekt” é hoje agrande e moderna rua pedonal da cidade. Mas a maior partedas fábricas teve de fechar depois do desmantelamento daURSS. Como noutras regiões da Rússia, a crise económicamergulhou muitas pessoas na miséria e a ajuda social revelou--se insuficiente, mal adaptada às novas realidades. Primeirasvítimas: os idosos, incapazes de viver sem ajudas, psicologi-camente fragilizados ou vítimas da violência das pessoasmais próximas. É provável que tenhas visto algumas reporta-gens televisivas sobre este assunto. A União Europeia ajudaestes idosos através de um programa que luta pelos seusdireitos e pelo desenvolvimento dos serviços sociais. No total, a União Europeia financiou 59% das ajudas sociais concedidas na região de Saratov durante a última década

A crise económica russa atirou muitos idosospara a miséria

O país dos cedros, onde antigamente eraagradável viver, foi duramente abalado nasúltimas décadas. Quinze anos de guerracivil, as ocupações israelita e síria e osassassinatos políticos levaram ao limite osnervos da população e fizeram subir vertigi-nosamente o custo de vida, num contextode graves tensões regionais. Longe vai otempo em que o Líbano era conhecido comoa Suíça do Médio Oriente. Mas os libanesessempre recusaram deixar-se abater. As mu-lheres são as que mais sofrem. Hoje em diasão elas que engrossam os grupos dos maisdesfavorecidos, dos mal remunerados e dosdesempregados. “Não sabia como ajudar omeu marido a sustentar a nossa família”,afirma uma beneficiária do projecto, habi-tante de uma aldeia no sul do Líbano. “Umdia, tive a sorte de conseguir um empréstimo

bonificado, algo que seria impossível atra-vés do regime bancário normal.” O emprés-timo proveio do Fundo de DesenvolvimentoEconómico e Social do Líbano, implemen-tado no âmbito de um programa financiadopela União Europeia. As mulheres devemcontabilizar, pelo menos, 20% dos seusdestinatários. Permitiu melhorar as con-dições de vida das populações das regiõesmais pobres e criar empregos facilitando oacesso ao crédito. “O empréstimo transfor-mou a minha vida”, conta esta beneficiá-ria. “Permitiu-me abrir um pequeno salão decabeleireiro e fazer planos para o futuro.”Ao todo, foram concedidos 1135 emprésti-mos e foram criados 924 postos de trabalho.Contribuição da UE: 25 milhões de euros(80% do total)

República Democrática do Congo

Quanto custa a democracia?No dia 30 de Julho de 2006, as mesas de voto de Kinshasa viramchegar os primeiros eleitores ainda mal tinham soado as 6 horas damanhã – queriam ter a certeza de poder votar. Mas a maioria sócomeçou a afluir a partir das 9-10h, com traje domingueiro, após amissa. Os congoleses tiveram uma participação massiva naseleições presidenciais e legislativas, as primeiras eleições verdadei-ramente livres desde há mais de quarenta anos. Ao perguntarem auma idosa que acabava de entregar o seu boletim de voto o queesperava destas eleições, ela respondeu: “Tudo!”. O seu vizinho,Badi Bonga Ngoy, “biscateiro” de profissão, esperava a sua vez numbanco de escola. Acreditava na democracia. Num país com cerca de 24 milhões de eleitores espalhados por umaárea 25 vezes superior à de Portugal, desprovido de verdadeirasvias de comunicação, com 1080 toneladas de boletins de voto,boletins de grande dimensão e resultantes da realização de doisescrutínios em simultâneo, essas eleições constituíram um quebra--cabeças em termos de logística e levaram a uma extraordináriamobilização do povo congolês. A União Europeia foi o principalfinanciador destas eleições e enviou uma missão de paz, a EUFOR,para evitar, com a ajuda dos capacetes azuis da ONU, a ocorrênciade eventuais distúrbios durante o processo.Já contribuiu com 165 milhões de euros desde 2001

Actual idade 50 anos, 50 histórias de solidariedade 3

IndignaçõesAJUDA AO DESENVOLVIMENTO,

PARA QUÊ?

“Um empréstimo bonificado transformou a minha vida”

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S a b i a s ? Nos países em desenvolvimento, sãomuitas as crianças que sonham em ir à escola, mas quesão obrigadas a trabalhar para ajudar ao sustento dafamília. As raparigas, especialmente, têm de ficar emcasa ocupando-se das tarefas domésticas. Ora, é aeducação que nos permite escolher o nosso futuroe singrar na vida. É um direito que nos permiteaceder a outros direitos e é também umacondição necessária (ainda que insuficiente)para responder às necessidades dedesenvolvimento de um país. Um jovemescolarizado torna-se, muitas das vezes,também ele um educador, em primeirolugar da sua família e, por vezes, de todoum grupo de pessoas. É ele que permitedisseminar a educação sanitária básica.Um dia, também as mães de família hão-dequerer ser alfabetizadas. “A aldeia faz aescola e a escola acaba por fazer a aldeia”,diz um ditado africano. Em todo o mundo, 115 milhões de criançascontinuam sem acesso à escola primária, dasquais 60% são raparigas. E metade daquelasque começam a escola primária não a acabam.Boas not íc ias . A comunidade internacionalestabeleceu o objectivo de criar, até 2015, condiçõesque permitam que todas as crianças, rapazes eraparigas, de todo o mundo, possam concluir um ciclocompleto de ensino primário.

Em2004, a União Europeia criou o

programa Erasmus Mundus. Tem sido umsucesso. Foi preciso alargar o âmbito do programa para

fazer face a todas as solicitações. As universidades europeiasatraem hoje muitos estudantes diplomados e docentes de renome

provenientes de todo o mundo. O programa de mestrado Erasmus Mundusoferece cursos de excelência

em 57 disciplinas, tendo atraídoquase 6000 pedidos de bolsas de

estudo. Para o ano de 2006-2007,a Comissão Europeia seleccionou

1377 estudantes e 231 professoresuniversitários oriundos de umacentena de países. Está agora a ser preparada a “segunda geração” deste programa, intitulada“Janela de Cooperação Externa Erasmus Mundus”. Visa reforçar a compreensão mútua entrea União Europeia e os países parceiros através do intercâmbio de pessoas, conhecimentos ecompetências na área do ensino superior. Visa também desenvolver, a prazo, as relaçõespolíticas, culturais e económicas. Um novo sistema de bolsas facilitará a mobilidade dosestudantes e do pessoal universitário. Permitirá aos estudantes prosseguir os seusestudos noutro país ao nível de licenciatura, mestrado, doutoramento ou pós-

doutoramento e aos professores deslocar-se para participarem em acções de ensino,formação e investigação. O programa promove uma verdadeira cooperação a

nível mundial entre universidades. Visa também a formação de uma geraçãode jovens competentes, de espírito aberto, dotados de experiência de

nível internacional. Por fim, contribuirá para melhorar as competênciase a qualificação do pessoal universitário no estrangeiro.

Educação para todos, a chave do desenvolvimento

do trabalho infantil à escolarização

4 A União Europeia no mundo Educação

“Barriga com fome não tem ouvidos”. Na escola de Dédougou,a cozinha funciona com a ajuda de duas grandes garrafas degás de campismo assentes num tripé. O gás é mais caro do quea madeira, mas contribui para evitar a desflorestação.Enquanto se prepara o arroz e o molho de tomate para oalmoço, as crianças recebem uma refeição ligeira pela manhã:uma fatia de pão barrada com margarina. Antes de a irem bus-car e de se sentarem à volta das mesas dispostas sob o te-lheiro, as crianças fazem fila para lavar as mãos. A higiene éum princípio bem enraizado na escola. As crianças mostram-secontentes por frequentarem a escola. O número de alunosaumentou consideravelmente quando começaram a ser distri-buídas as refeições, que evitaram que os alunos tivessem depercorrer longos trajectos a pé, sob um sol escaldante, pararegressarem a casa. É essencial num país normalmente asso-lado pela fome e onde as escolas estão frequentemente muitoafastadas das aldeias. A União Europeia financiou a construção de 908 salas de aula,de 321 escolas primárias e a criação de cantinas em trêsregiões muito pobres do país. Resultado: a taxa de escolari-zação subiu de 29% para 41%. Com a ajuda da União Europeia,o Governo do Burquina Faso quer esforçar-se por atingir, emtodo o país, uma taxa de escolarização de 70% e uma taxa dealfabetização de 40% até 2010.Contribuição da UE: 10 milhões de euros (74% do montante total)

Erasmus MundusPortas abertasentre culturas

Raparigas numa oficina de leitura, na província de Dédougou, no Burquina Faso

Cerca de 246 milhões de criançastrabalham, em violação das convençõesinternacionais de protecção da infância.

8 milhões de crianças são vítimas deescravatura, prostituição e exploração.

Calcula-se em 300 000 o número decrianças-soldado existentes em todo o mundo.

Apesar da tendência de adiar a idade do casamento que se verifica em várioslocais do mundo, 82 milhões deraparigas oriundas de países emdesenvolvimento, e que hoje têm 10 a17 anos de idade, estarão casadas antesde atingirem o seu 18.° aniversário.

Ô

Burquina Faso

Cantinas para estudar

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Imagina que:Quem se instrui

sem agir,trabalha

sem semearDITADO ÁRABE

“Aprendo, logo existo”

L’EUROPE EN ACTION • Des projets et des histoires

Educação 50 anos, 50 histórias de solidariedade 5

O maior bairro de lata (100 000 habitantes) de Banguecoquefica em Klong Toey, um distrito localizado junto ao porto, asul da capital. A simpática marioneta de madeira e narizextensível deu o seu nome a um projecto educativo finan-ciado pela União Europeia e implementado na escola deSoonruamnamjai, em pleno coração do bairro de lata. Oprojecto “Casa di Pinocchio” destina-se às crianças de rua,abandonadas à sua sorte. Incentiva-as a participar em acti-vidades artísticas e teatrais, ajuda-as a expressar os seustalentos ocultos, e pouco a pouco, a adquirirem confiançaem si mesmas, sentido de responsabilidade e gosto pelotrabalho em equipa. O projecto colou! As crianças encon-traram uma alternativa à droga, à violência e às másinfluências da rua. Nong Manao é uma das vedetas de“Pinóquio vai a Klong Toey”, um espectáculo da escola queela interpreta em público. “Consegui à custa de muitotreino”, explica do alto dos seus nove anos. As criançasadoram passar o seu tempo livre no clube de arte daescola, para depois repetirem os seus papéis em casa. Eservem também de modelo aos seus irmãos e irmãs, paragrande alívio dos pais, que deixam de os ver a vaguearpelas ruas.

Gansu, às portas do deserto de Gobi, na regiãonoroeste da China, estende-se por 450 000 km2

e tem 25 milhões de habitantes. A província éuma das mais pobres do país e não tem meiossuficientes para garantir a escolarizaçãoobrigatória de todas as crianças. A UniãoEuropeia tomou a seu cargo a distribuição de104 000 bolsas de estudo às famílias maiscarenciadas (tendo em conta que um ano noensino primário custa 15 euros por aluno) e aformação de 90 000 professores.Contribuição da UE: 15 milhões de euros

(88% do montante total)

Légende

Zhang Rui, feliz beneficiário de uma bolsa deestudo

Com 1,03 mil milhões de habitantes, a Índia é osegundo país mais povoado do mundo, depoisda China. Apesar de o Governo ter decretado aescolaridade obrigatória, 20% das crianças entre6 e 14 anos de idade continuam sem frequentara escola. Nas regiões mais pobres, a UniãoEuropeia apoia um programa governamental quejá permitiu construir 77 000 escolas e reduzir o número de crianças não escolarizadas de 25 para 14 milhões, sobretudo raparigas. Uma vez que há falta de mobiliário, as criançassentam-se em círculo no chão e os professorescirculam no meio delas.Contribuição da UE: 200 milhões de euros (19% do montante total)

A alegria de irem à escola

Em certas regiões desfavorecidas de Marrocos,a ajuda europeia permitiu recuperar mais de mil edifícios e construir 12 000 cantinas quealimentam cerca de um milhão de alunos. Em quatro anos, o número de criançasescolarizadas duplicou. Até a distribuiçãogratuita de malas escolares foi um estímulo paraque tal acontecesse. “A presença de professorase a construção de cantinas e de instalaçõessanitárias incentivaram-nos a enviar as nossasfilhas para a escola”, explicaram alguns pais.Contribuição da UE: 40 milhões de euros (100% do montante total)

Não são precisos bancos para estudar

Quando, em 2001, foram eliminadas aspropinas no ensino primário, o número decrianças escolarizadas na Tanzânia passou, em quatro anos, de 800 000 a 1,6 milhões. A ajuda da União Europeia ao sector daeducação contribuiu, entre outras coisas, para a construção de 13 000 salas de aula e para o recrutamento de 12 000 professores, dos quais metade são mulheres.Contribuição da UE: 25 milhões de euros (mais 43 milhões de euros numa segunda fase)

ChinaÍndiaTanzânia

Grupo de professores em frente à escola primária de Morogoro

Tailândia

Pinóquio ama as crianças de rua

Multiplicação por 2

Aprender sentado no chão Raparigas ao quadro

15 euros é o preço de um aluno

Aïcha, de 10 anos, tinha um sonho: ir à escola para um dia se tornar médica. Um sonho impossível, pen-sava ela. É uma rapariga e os seus pais são aldeãos com poucas posses. Ainda que o Governo egípciotenha estabelecido como objectivo oficial o “acesso de todos à escola primária” e apesar de todos os pro-gressos realizados durante estes últimos anos, são ainda muitos os problemas por resolver. Hoje, o sonhoda pequena Aïcha tornou-se realidade, pelo menos no que diz respeito à primeira parte. Em cerca dequinze regiões rurais pobres, a União Europeia co-financiou a construção de 160 escolas, o fornecimentode material escolar a 15 000 alunos, incluindo livros, uniformes, malas e mobiliário escolar, e o forneci-mento de material moderno a 300 escolas. Também graças a esta ajuda, foram recrutados 11 500 novosprofessores e foram formados 55 000 directores de escola. E a taxa de escolarização das raparigas aumen-tou nitidamente!Contribuição da UE: 100 milhões de euros (10% do montante total)

Egipto

A escola no campo

Marrocos

Queres aprender mas não há escola. Há uma escola mas não podes frequentá-la porque tens de trabalhar.A tua escola foi destruída pela guerra.Há uma escola mas os professores morreram com sida.

Raparigas numa sala de aula Estudantes participando num recital de canto

O grupo de Pinóquio

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Com apenas 10% da população mundial edois terços das pessoas infectadas, a Áfricasubsariana é a região mais afectada pela sida.A Índia é o país que tem o maior número dedoentes com sida (5,7 milhões, ou seja, quase1% da população entre os 15 e os 49 anos deidade). “Dos 38,6 milhões de pessoas com sida, cercade 6,8 milhões vivem em países pobres e

precisam urgentemente de receber medica-mentos”, afirma Kevin De Cock, da Organi-zação Mundial de Saúde. “Mas apenas 20%têm acesso a estes medicamentos. Apesar damelhoria registada nos países em desenvolvi-mento no que diz respeito aos medicamentos,continuam a existir desigualdades na sua dis-tribuição. Não existem genéricos para osmedicamentos de ‘segunda linha’, as molécu-las que utilizamos quando começam a apare-cer sinais de resistência aos tratamentos

antiretrovirais de ‘primeira linha’ ”.Dez milhões de jovens dos 15 aos 25 anos deidade são seropositivos e é precisamentenesta faixa etária que surgem metade dosnovos casos de contaminação. Mais de2 milhões de crianças são portadoras do vírus(a maioria por transmissão mãe/filho). Semtratamento, não atingirão os dois anos devida. A sida fez também vários milhões deorfãos no mundo inteiro. O Zimbabué é o paíscom o maior número de casos.

Pacientes demasiado pacientes

Prioridade - saúde.“Action now!”

6 A União Europeia no mundo Saúde

“Quando temos 30 tratamentos e 120 doentes em lista de espera, sabemos que temos de fazer opções.Já tiveste de escolher alguém para receber um tratamento?” Dra. Marie-Josée Mbuzenakamwe da ANSS(Associação Nacional de Apoio aos Seropositivos e Doentes com SIDA, do Burundi).O Burundi, o Haiti e a Guiné têm em comum a enorme falta de meios para cuidar dos seus doentes comsida. Dos 640 000 seropositivos, 95 000 precisam de tratamentos antivirais, mas menos de 11 000 sãoefectivamente tratados. Estas pessoas também são discriminadas no acesso ao emprego. Face a estasituação, os seropositivos organizaram-se. Foram criadas associações, frequentemente dirigidas porpessoas também portadoras da doença. Asseguram os cuidados médicos e o acompanhamento dosdoentes, prestam-lhes apoio psicológico e criam actividades para lhes proporcionar um emprego remu-nerado. Estas associações agiram, muitas vezes, como precursoras no acesso aos tratamentos. E conti-nuam a sê-lo quando implementam programas de cuidados infantis. Beneficiam da ajuda da AEDES, aassociação europeia para o desenvolvimento e a saúde, que colabora com a ANSS (Burundi), a ONGConcern (Haiti) e o centro de desenvolvimento da saúde de Conacri (Guiné), no âmbito de um programafinanciado pela União Europeia. Este incluiu também a formação de pessoal de saúde e um melhoracesso aos medicamentos em 5 a 7 clínicas de cada país.Contribuição da UE: 3,8 milhões de euros (90% do montante total)

Mianmar/Birmânia

Uma questão de honra

O Sulna primeira linha

Conacri. Diálogo entre os diversos intervenientes na área da saúde

Burundi-Haiti-Guiné

Os doentes mobilizam-se

Em 1981, o Centro de Controlo de Doenças de Atlanta, nos EstadosUnidos, regista a morte de alguns pacientes vítimas de uma rara forma de pneumonia na Califórnia e em Nova Iorque. Dois anos mais tarde, duas equipas de investigadores, uma francesa, a outra americana, isolam o agente da doença, o VIH (vírus da imunodeficiência humana). Em 1987, é colocado no mercado o AZT, o primeiro medicamento contra a sida. Em 1996, surgem as triterapias, tratamentos que interrompem a progressãodo vírus no organismo.

Em 2001, a comunidade internacional cria o Fundo Mundial de Luta contra a Sida, a Tuberculose e a Malária. Desde 1981, a epidemia da sida matou25 milhões de pessoas em todo o mundo! Segundo a ONUSIDA (programadas Nações Unidas de luta contra a sida), quase 40 milhões de pessoas nomundo vivem com o VIH. Mas, pela primeira vez desde o seu aparecimento,a epidemia parece não aumentar.

Dá-lhe gásDe artistas como Bono, o carismático vocalistados U2, ou como o rapper americano SnoopDogg, a homens de negócios como Bill Gates, o patrão da Microsoft, ou Bob Geldof, todos semobilizam a favor das vítimas da sida, damalária e da luta contra a pobreza no mundo. Estratégia publicitária? Empenho humanitário?Os dois ao mesmo tempo? O importante é que a sua notoriedade permita passar a mensagem eaumentar os meios à disposição da investigaçãoe da luta contra estes flagelos. Que pensas tudeste assunto?

Após a morte do marido, vítima de sida, Thwee, uma mãede família de 33 anos, deixou as suas três filhas e a suaaldeia em Mianmar para ir trabalhar clandestinamente naTailândia, no comércio do camarão. No início, ainda

conseguiu enviar algum dinheiro às suas filhasmas tudo acabou quando ficou doente. O

seu pai, por suspeitar que tivesse sida,proibiu-a de voltar ao país e ordenou-

-lhe que morresse na Tailândia,para não envergonhar a família.

Uma equipa da organizaçãobritânica “Save the Children”interveio para que o paiautorizasse a filha a voltarpara junto da família. Ohomem acabou por ceder.No regresso a Thwee, umteste sanguíneo confirmouque era seropositiva. Foi

tratada e o seu estado melhorou rapidamente. Hoje em dia,leva uma vida normal. Na sua aldeia, as situações de discri-minação diminuíram desde que os habitantes viramvoluntários e enfermeiros aproximarem-se sem medo dosdoentes e desde que constataram que estes podiam vivernormalmente se tivessem tratamento adequado.A história de Twee é exemplar. A ignorância, a ausência dedireitos humanos elementares, a falta de acesso aos cuida-dos de saúde e a miséria em que vivem inúmeros imi-grantes são factores que levam a que certas regiões deMianmar, na fronteira da China e da Tailândia, registemuma das mais elevadas taxas de seropositividade do Sul daÁsia. Aí, a sida ainda é tabu. A ONG “Save the Children”opera numa dezena de zonas fronteiriças, com o apoio daUnião Europeia. Objectivo: sensibilizar e educar os jovenspara a realidade da sida, distribuir cinco milhões de preser-vativos e cuidar dos doentes. “Antigamente, os meus ami-gos não usavam preservativos. Acreditavam que se umarapariga tivesse sida, o seu corpo estaria muito quente.

Se não fosse esse o caso, podiam ficar descansados. Hoje,sabem que a única forma de se saber se alguém é seropo-sitivo é através do teste sanguíneo”, explica Salman, umaldeão de 20 anos.Contribuição da UE: 725 000 euros (60% do montante total)

Como utilizar um preservativo

Quando um jovem africano

nos diz: “os fios eléctricos

não foram cortados”, não

está necessariamente a falar

da corrente eléctrica, mas sim

dos que andam por aí sem

tomar precauções e transmi-

tem o vírus da sida, por-

que “têm uma corrente

que mata”.

Umpouco dehistória ...

Fala-me de amor

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Saúde 50 anos, 50 histórias de solidariedade 7

Por mais estranho que pareça, os laboratórios indianos exportam grandes quanti-dades de genéricos a baixo preço, mas apenas 7% dos doentes do país têm acessoa eles. Um paradoxo que se explica pela falta de infra-estruturas de saúde. Cercade 5,7 milhões de indianos vivem com o VIH/sida. “A situação neste país é comouma bomba de retardamento”, explica um responsável da ONG “Alternativa para oDesenvolvimento da Índia”. A Europa financia vários programas de luta contra a epidemia dirigidos aos jovense às populações vulneráveis das regiões mais pobres. Kuni é uma prostituta de 32 anos. Depois de ter recebido formação sobre a sida,assumiu a função de “educar” as restantes prostitutas sobre a matéria. Mostra--lhes a importância do preservativo e o que fazer para convencer o cliente a utilizá--lo. Kuni sabe do que está a falar. Casada aos 17 anos, ficou viúva quatro anos maistarde, quando o marido morreu de tuberculose. De regresso com o filho pequenoà casa familiar, foi forçada a partir depois de ter sido maltratada pelos irmãos. Parasobreviver, tornou-se prostituta. Depois de várias infecções graves e repetidas,teve de se submeter a uma histerectomia (remoção do útero) mas continua a tra-balhar como prostituta em Sonaposi, na região de Orissa, no leste da Índia.Contribuição da UE: 640 000 euros (75% do montante total)

Na Ásia e na zona do Pacífico, 850 milhõesde jovens não dispõem de nenhum serviço de planeamento familiar e de saúde sexual.O projecto “Reproductive Health Initiative for Youth in Asia” faz chegar a informação e serviços de saúde adequados em matériasexual a jovens dos 10 aos 24 anos de setepaíses da região (Bangladeche, Camboja, Laos, Nepal, Paquistão, Sri Lanca e Vietname).Contribuição da UE: 18,5 milhões de euros (82% do montante total)

Oficina de educação sexual no Laos

Marlène (29 anos), Ami (20) e Bea (18) são“empregadas de bar” num conhecido bairro deUagadugu, a capital do Burquina Faso. Vítimasde discriminação, estas trabalhadoras do sexonão ousavam entrar nos centros de saúde. Um programa da União Europeia implementadopelos “Médicos do Mundo” colocou umaunidade móvel de cuidados de saúde no bairro.Marlène, Ami e Bea fazem agora testessanguíneos e estão mais bem informadas sobrea forma de se protegerem. “Hoje em dia, obrigoos meus clientes a usar preservativo”, explicaMarlène. “E se recusarem, sei que encontrareioutros mais cooperantes”... A uma escala maisalargada, o programa visa sensibilizar50 000 mulheres em idade fértil ou grávidas.Fornece também ajuda alimentar aos filhos demães seropositivas.Contribuição da UE: 2 milhões de euros (90% do montante total)

Béatrice, com um dos seus protegidos

Béatrice Nyiranzayino participa na iniciativaNkundabana. Com o apoio da União Europeia,Nkundabana (a palavra significa “amo ascrianças”) reúne voluntários para ajudar osórfãos da sua comunidade. No Ruanda, váriascrianças perderam os seus pais durante ogenocídio de 1994 e algumas delas nasceram deviolações. Completamente abandonadas à suasorte e frequentemente estigmatizadas, têm deaprender a sobreviver sozinhas. As mais velhassão responsáveis pelos seus irmãos e irmãs,assumindo as funções de chefes de família. “Aceitei porque sou mãe. Se desaparecesse,quereria que outra mulher tomasse conta dosmeus filhos”, explica Béatrice. A iniciativaNkundabana ajuda estes órfãos extremamentevulneráveis, dá-lhes apoio psicológico, informa-os sobre os riscos ligados à sida,permite-lhes frequentar a escola primária eseguir uma formação que lhes permita ganhar a vida. Contribuição da UE: 725 500 euros (50% do montante total)

Curso de formação sobre os perigos da sida

“Antes do lançamento do projecto, os jovenstinham medo e vergonha de pedir preservativos.Desde então, procuram-me regularmente paralhes fornecer alguns”, explica Fechardo Martins.O projecto de luta contra a sida, apoiado pelaUnião Europeia, chega a 650 000 pessoas quevivem nas zonas de corredor (zonas decirculação de mercadorias e pessoas) que ligam o oceano Índico ao Malawi, através deMoçambique. A propagação do VIH/sida éparticularmente alarmante nestas zonas depassagem fundamentais para a economia detoda a região.Contribuição da UE: 3,8 milhões de euros (77% do montante total)

Ásia RuandaBurquina FasoMalavi e Moçambique

Alguns pacientes aguardam diante do hospitalda aldeia de Ribaué, em Moçambique

A zona de saúde de Kisantu, na província do Baixo-Congo, é pobre e essencial-mente agrícola. Os seus habitantes recorrem aos centros de saúde e ao HospitalGeral de Referência (HGR), onde também compram os seus medicamentos. Osmedicamentos baratos são extremamente difíceis de encontrar e, quando seencontram, podem ser de qualidade e origem duvidosa. Antigamente, não haviagarantias de que os medicamentos comprados pelos centros de saúde e pelo HGRtivessem sido controlados e cumprissem as normasinternacionais de qualidade. Graças à ajuda da União Europeia, foi construída umacentral de distribuição regional (CDR). A central abas-tece os centros de saúde e o HGR em medicamentosgenéricos essenciais de qualidade e a um preço razoá-vel. Um fundo de maneio permite evitar as rupturas destock. Foram formados agentes para gerir a central,supervisionar as necessidades reais, controlar as enco-mendas e evitar o consumo excessivo. A populaçãoestá agora sensibilizada para o consumo de medica-mentos de qualidade. E o Governo elevou a central deKisantu a estabelecimento de interesse público.Contribuição da UE: 1 milhão de euros

República Democrática do Congo

Medicamentos de qualidade,acessíveis a todos

Preservativos para proteger a economia

Ajudar as prostitutas a proteger-se

Nkundabana e os órfãos

Educação sexual

Pacientes esperam pelos seus medicamentos no dispensário do hospital

Índia

Bomba de retardamento

Muitas vezes, um simplestratamento ou uma vacinapodem ser suficientes parasalvar vidas. A malária e a

tuberculose são doençascuráveis, mas milhões de

pessoas continuam sem acesso aos medicamentos. E 6000 criançasmorrem todos os dias de diarreia,enquanto que nos nossos paíseso problema é facilmente curável.

Ô

Kuni, prostituta e vítima de sida, tornou-se educadora das restantes prostitutas.

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Estradas, água, energia, tecnologias da informação Sem vias de comunicação e sem infra-estruturas, não hádesenvolvimento possível. Sem estradas, uma criança não pode ir à escola, nem um doente ao hospital; os agricultores nãopodem escoar os seus produtos para a cidade, nem as mercadorias podem ser transportadas até aos portos de exportação.A União Europeia lançou um vasto programa de parceria Europa-África no domínio das infra-estruturas e das vias decomunicação. O objectivo consiste em ajudar África a desenvolver redes transafricanas de caminhos-de-ferro, infra-estruturasde redução do isolamento, portos, aeroportos, vias navegáveis, energia, água e telecomunicações. Consiste também em dotartodo o continente das artérias vitais à circulação de mercadorias, pessoas e conhecimentos.

O grande puzzle 8 A União Europeia no mundo Infra-estruturas

Para os aldeãos, a economia contra a fome.Desde a sua construção, há 16 anos, a estrada que liga Niamey à fronteira doBurquina Faso, passando por Torodi, vê passar 40% do tráfego total da Nigéria.Desempenha um papel essencial no desenvolvimento da economia nigeriana.Por um lado, assegura o trânsito internacional de mercadorias e constitui umtroço do eixo de 2700 km que liga Niamey ao porto de Dacar (Senegal), viaUagadugu (Burquina Faso) e Bamaco (Mali). Por outro lado, a estrada permiteaos camponeses nigerianos escoar os seus produtos para os mercados dacapital. Tem também um papel fundamental em tempos de fome, permitindofazer chegar ajuda alimentar às populações. Mas, em 16 anos de existência, aestrada nunca tinha sido sujeita a qualquer trabalho de manutenção, pelo quese encontrava muito deteriorada. Consequência: acidentes mortais em cadeia.A União Europeia financiou integralmente a sua recuperação e estima-se emmais de um milhão o número de pessoas que a utilizarão.Contribuição da UE: 19 milhões de euros (100% do montante total)

A Tanzânia dispõe de reservas de água de 2700 m3/pessoa/ano. Em teoria, é mais que

suficiente para satisfazer as necessidades de toda a população. Na prática, o objectivo

está longe de ser alcançado. Em Dar es Salam, 2/3 da população deveriam ter acesso a

água potável canalizada (em casa, em casa dos vizinhos ou através de um ponto de

abastecimento público de água) mas metade da distribuição perde-se devido a fugas ou

é desviada por ligações ilegais. Nas zonas rurais, onde vive a maioria da população, a

situação é bem pior. A cobertura de água é inferior a 50% e as perdas são muito eleva-

das devido ao mau estado da rede de distribuição. Além disso, a contaminação entre

canalizações contribui para a propagação de doenças. Com o apoio da União Europeia,

foi levada a cabo uma primeira experiência de abastecimento dos centros regionais de

Mwanza, a segunda cidade mais importante do país, nas margens do lago Vitória, bem

como de Mbeya e Iringa (800 000 habitantes no total).

“Constatámos que não era possível satisfazer as necessidades de água potável das

populações mais pobres destas três cidades”, conta um responsável do projecto. “E a

maioria das pessoas que tinham a sorte de ter acesso à água, só o tinham durante algu-

mas horas por dia, com água cujo tratamento deixava muito a desejar, o que implicava

sérios problemas de higiene. A qualidade da água do lago Vitória e do rio Mbeya tam-

bém tem vindo a deteriorar-se, pois é cada vez maior a quantidade de água suja e não

tratada que aí é despejada”. A saúde de centenas de milhares de pessoas encontra-se

assim à mercê de doenças transmitidas através da água, como a febre tifóide e a cólera.

O programa financiado pela União Europeia já permitiu construir três reservatórios e um

sistema de adução de água. Só na cidade de Mbeya, foram ligados à rede de distribuição

500 a 700 novos utentes por mês.

Contribuição da UE: 34 milhões de euros (77% do montante total)

l Cerca de mil milhões de pessoas em todoo mundo não têm acesso a água potável. l Mais de dois mil milhões e meio de pes-soas, ou seja, duas em cada cinco, não têmmeios higiénicos de eliminação de excremen-tos, pois vivem, ainda hoje, sem ligação aesgotos públicos e a latrinas. Deixar os paísesdo Sul de forte crescimento demográficoembrenhar-se nos seus problemas depoluição é aceitar que, a prazo, a grandemaioria da população mundial viva em lixeiras.Nem mais, nem menos.l Calcula-se que cerca de um terço dasdoenças mundiais se deva a problemasambientais como a contaminação da água.As crianças são as maiores vítimas.

Boas not íc ias A comunidade interna-cional tomou finalmente consciência da gra-vidade do problema e comprometeu-se areduzir para metade, até 2015, o número depessoas que, no mundo, não têm acesso aágua potável nem a saneamento básico.Neste contexto, a União Europeia lançouuma iniciativa especial, a “Facilidade para aÁgua”, a favor das populações pobres dospaíses de África, das Caraíbas e do Pacífico.

Tanzânia

Para onde foi a água?

A água é vidaA água potável é o bem mais essencial à vida.Contudo...

50% da água canalizada é perdida devido a fugas e ligações ilegais

Garantir a segurança nas estradas

Na Europa, desde que acorda-mos, podemos abrir a torneira,tomar banho, beber, puxar oautoclismo… mas mais de umsexto da Humanidade não temacesso a esses gestos simples.

Contudo, dois terços do planeta estão cober-tos de água. A priori, deveria haver água suficiente paratodos. Mas a água dos oceanos e dos mares (98% daágua do planeta) é demasiado salgada para ser bebidae para ser utilizada pelo ser humano. A dessalinização eo transporte da água são operações dispendiosas. Porisso, o ser humano depende da água doce dos lagos,dos rios e dos lençóis subterrâneos, ou ainda da águada chuva. Além disso, não basta ter água, é preciso queseja potável, pois uma água imprópria para consumo éperigosa e pode causar doenças graves.

As dificuldadesligadas à água

A água lava tudo

mas é muito difícillavar a água

PROVÉRBIO DA ÁFRICA OCIDENTAL

Nigéria

Uma estrada fundamental

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Ligar Libreville a Iaundé em qualquer estação do ano

das infra-estruturasInfra-estruturas 50 anos, 50 histórias de solidariedade 9

Os três países estão localizados na região africana com maiscarências a nível de transportes e as estradas existentes ficaminutilizáveis na estação das chuvas. Para romper o isolamento e facilitar o tráfego, era preciso criar uma boa rede rodoviária,condição sine qua non para o desenvolvimento económico. A União Europeia co-financiou a construção de duas pontes sobreo rio Ntem, em Eboro, e 81 km de estrada. Consequência: pelaprimeira vez, uma estrada contínua de alcatrão liga Libreville(Gabão) a Iaundé (Camarões). Construir estradas é positivo. Mas a sua manutenção é que coloca por vezes alguns problemas.O projecto prevê um acompanhamento sob a forma de trabalhosde manutenção. Direccionado para os habitantes da região,engloba também medidas sociais e de protecção do ambiente(prevenção da sida, apoio à agricultura e luta contra a caça furtiva).Contribuição da UE: 14 milhões de euros

Camarões, Gabão e Guiné Equatorial

Duas pontes e três fronteiras

No sul do continente africano, a distribuição dos recursoshídricos é muito desigual ao longo do ano e consoante a região.É uma fonte potencial de conflitos e instabilidade. A urbanização,as alterações climáticas, o aumento demográfico e asnecessidades crescentes da indústria também contribuíram para criar situações de escassez que, por vezes, resultaram em motins ligados à água. A União Europeia apoiou um programa de cooperação entre dezpaíses da região, visando recolher e trocar informações fiáveissobre os recursos hidráulicos, as previsões de chuva e de seca e a evolução das necessidades de consumo. Para isso, foi criadauma rede regional de bases de dados digitais, regularmenteactualizados. Foram formados peritos em meteorologia ehidráulica. E 43 estações hidrometeorológicas dos dez paísesestão ligadas ao satélite METEOSAT.Contribuição da UE: 1,9 milhões de euros

A água não conhece fronteiras e tem de ser partilhada

Não basta construir estradas. É também preciso tratar delas.Sem manutenção, podem deteriorar-se rapidamente. A causa é o carregamento excessivo dos camiões, que é um graveproblema na maior parte dos países em desenvolvimento e que desgasta e acelera a deterioração das estradas. O númerode mortos e feridos, vítimas de acidentes rodoviários, atinge,nestes países, níveis muito superiores aos da Europa. Com aajuda da União Europeia, os Camarões lançaram-se numambicioso programa de manutenção periódica de 6600 km deestradas. Este programa é ainda mais importante pelo facto de o sector dos transportes desempenhar um papel importante naluta contra a pobreza, contribuindo com 20% do produto internobruto do país.Contribuição da UE: 52 milhões de euros (68% do montante total)

Camarões

Boa viagem!

“Já não acreditávamos”, afirma Zourab, apontando para um ponto no horizonte. Construída em 1984, a cen-tral hidroeléctrica de Enguri, junto à Abkhazia, era antigamente responsável por quase metade da produçãoenergética da Geórgia, ou seja, 4,5 milhões de kilowatts por ano. Possui a barragem abóbada mais alta domundo. Anos de negligência, a falta de manutenção e a guerra na Abkhazia afectaram gravemente o sectorenergético. A população habituou-se a viver às escuras. As avarias eléctricas e os repetidos racionamentosmarcam há muito tempo o dia-a-dia dos georgianos, inclusive na capital. Em Enguri, tudo precisava de sersujeito a obras de reabilitação. A União Europeia concedeu 9,5 milhões de euros para a realização de repa-rações em larga escala, incluindo a substituição do “stoplog” (portas metálicas que fecham as saídas daágua) na barragem e a substituição de um dos cinco geradores. Uma vez que a barragem fica localizada naGeórgia e os geradores na região da Abkhazia, o programa contribui também para reaproximar as duas popu-lações, que dependem uma da outra no que toca à energia. Hoje em dia, a central de Enguri fornece 40% daelectricidade do país. Este programa é ainda mais importante pelo facto de a pequena república do sul doCáucaso procurar a todo o custo reduzir a sua dependência energética da Rússia.

Geórgia

Electricidade sob alta tensão

Nicarágua

Casas-de-banho e reservatórios

Sabias que, até há pouco tempo, as chamadas telefónicas de Kinshasa a Brazzaville(separadas apenas por 7 km de cada lado do rio Congo) tinham de passar por Paris?

Uma ligação de alta velocidade foi estabelecida entre as duas cidades por umoperador móvel regional, o que permitiu reduzir as tarifas internacionais em

70%. Contudo, noutras regiões africanas, as chamadas continuam apassar pela Europa e pelos Estados Unidos. Isso significa que a África

perde actualmente 400 milhões de dólares por ano por falta deinfra-estruturas e de redes telefónicas.

Em África, continuam a não existir boas redes telefónicas, mas o número de telemóveis temaumentado vertiginosamente. A África do Sul, a Tunísia e o Botsuana são os países africanoscom maior número de telemóveis por habitante. Na Nigéria, o número de assinantes aumentou105,3% no ano passado! É evidente que nem toda a gente tem um telemóvel colado à orelhaou ao pescoço, pois estes aparelhos não são baratos. Mas pelas ruas de Abidjan, Lomé ouBamaco, é possível encontrar “cabinas” improvisadas (aluguer de telemóveis) que permitemrealizar chamadas ou enviar SMS por uma quantia relativamente pequena…

Ô

A população rural da Nicarágua vive em condições sanitáriasdesastrosas. Daí resultam doenças infecciosas que já quasedesapareceram nos países ricos. O Governo implementou emtrês municípios um programa co-financiado pela União Europeia,com o objectivo de reduzir o número de mortes de crianças víti-mas de doenças transmitidas por águas sujas e diarreia, daracesso à água a 52 000 habitantes, ligar 145 000 pessoas asistemas de saneamento, permitir que 80% das habitaçõestenham acesso a latrinas, dotar as escolas e os espaços públi-cos de casas-de-banho públicas, reservatórios de água dachuva e pequenos aquedutos… Pablo, um dos 60 000 estudantes que frequentou uma acçãode formação sobre higiene no âmbito do programa, explica:“Hoje em dia, a população já age por conta própria. Foram cria-dos cerca de 300 ‘comités de água potável’ em toda a regiãopara preservar o sistema e velar pela manutenção de boas con-dições sanitárias”.Contribuição da UE: 11 milhões de euros

Está lá?

Finalmente, casas-de-banho nas escolas

Deus dá-nosas mãos,

mas não constróias pontesPROVÉRBIO ÁRABE

Em Enguri (Geórgia), a mais alta barragem abóbada do mundo

África Austral

Aliança meteorológica

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“Por um lado, ajudam os países mais pobres. Por outro lado,

subsidiam a agricultura europeia que faz concorrência des-

leal aos países pobres e exporta produtos mais baratos. A

Política Agrícola Comum (PAC) absorve 40% do orçamento e

custa à União Europeia 45 mil milhões de euros por ano,

exactamente o montante da sua ajuda ao desenvolvimento.

Além disso, os agricultores do Sul são travados pelas barrei-

ras alfandegárias dos países ricos quando aí querem vender

os seus produtos. É o que se passa com o algodão! No sul do

Sara, 15 milhões de pessoas dependem desta cultura para

sobreviver, mas são ameaçadas pelos produtores de algodão

dos países ricos!”.

A União Europeia é, de longe, o principal destino das expor-

tações dos países pobres. Abriu o seu mercado a quase

todos os produtos provenientes dos países de África, das

Caraíbas e do Pacífico (ACP) e, através da iniciativa “Tudo

menos Armas”, aos 49 países menos avançados do planeta.

A UE importa, sozinha, mais produtos agrícolas de países em

desenvolvimento do que os Estados Unidos, o Japão e o

Canadá juntos. Mas não basta facilitar o acesso ao mercado.

A UE ajuda os países em desenvolvimento a melhorar a qua-

lidade e a competitividade dos seus produtos para aprovei-

tar as possibilidades de intercâmbio de que dispõem.

E reformou a sua Política Agrícola Comum, reduzindo forte-

mente os subsídios atribuídos. Mesmo produzindo apenas

2,6% do algodão mundial, a UE reduziu as suas ajudas à

produção, convidando os Estados Unidos, responsáveis pela

produção mundial de 20% do algodão a custo de sub-

venções mais agressivas, a seguir-lhe o exemplo.

Indignações

Comércio e desenvolvimento:

a fórmula certa

10 A União Europeia no mundo Comércio

A Etiópia é o país africano com maior número de cabeças de gado (vacas, ovelhas e cabras). O couro, umsubproduto da indústria da carne, era um sector potencialmente importante para a economia do país. A“Dire Industries” quis provar que a Etiópia podia produzir calçado de couro de boa qualidade a preçoscompetitivos e exportá-los para todo o mundo. Com a ajuda do Centro de Desenvolvimento Empresarialda União Europeia, a empresa produz hoje 2500 pares por dia, em comparação com os 150 pares que pro-duzia em 2004. As suas vendas aumentaram 1600% em 18 meses! E o número de trabalhadores foi mul-tiplicado por cinco. “A indústria do calçado ajudará a reduzir significativamente a pobreza no nosso país”,afirma Alias Bedada, Director-Geral adjunto da Dire Industries.

O comérciojusto não é

nenhum acto de caridade

Etiópia

O calçado à conquista do mundo

O comércio justo e solidário consiste em comprar directamente aos produtorespobres, evitando ao máximo os circuitos intermediários. De acordo com o últimorelatório “Fair Trade 2005”, estas “compras inteligentes” estão a começar a teralguma visibilidade, principalmente na Europa, onde já existem 79 000 postos dedistribuição e um crescimento das vendas de 20% desde 2000. O logótipo MaxHavelaar, pioneiro do comércio justo, tem um volume de negócios anual de660 milhões de euros, duas vezes e meia aquilo que realizou em 2001. Será umatendência passageira? Aparentemente não. As pessoas estão cada vez maisinclinadas a comprar produtos “limpos”, mais justos e respeitadores dos direitosdos trabalhadores e do ambiente, ainda que tenham de pagar um pouco maispor isso… Mesmo que continue marginal, o comércio justo criou uma relação deintercâmbio satisfatória para todos, do produtor ao consumidor.

S a b i a s ? A União Europeia conta também com ocomércio para impulsionar o desenvolvimento,abrindo os seus mercados às exportações dos paí-ses do Sul e incentivando-os a intensificar as trocasentre si. O comércio e a ajuda são inseparáveisquando se trata de ajudar estes países a lutar con-tra a pobreza e a integrar-se na economia mundial.Ao longo dos anos, a UE financiou milhares de pro-jectos de desenvolvimento para os ajudar a produzirartigos comercializáveis no exterior e a desenvolvero seu comércio. As ajudas financeiras, ainda quemodestas, podem ter um grande impacto. Nas grandes negociações comerciais multilaterais(como o ciclo de Doha), a União Europeia e os paí-ses em desenvolvimento de África, das Caraíbas edo Pacífico criaram “parcerias estratégicas” parafazerem face, por exemplo, aos Estados Unidos.

S a b i a s ?

O etíope Abebe Bikila foi o primeiro africano

a receber uma medalha de ouro olímpica.

Em 1960, venceu, descalço, a maratona de Roma.

O relançamento da produção de baunilha dá alento a 70 000 trabalhadores

Madagáscar

O gosto da baunilha Sabias que a baunilha pertence à família das orquídeas ?Maior exportador mundial de baunilha desde 1924,Madagáscar viu as suas vendas caírem no final doséculo passado para proveito da Indonésia. Na origemdo problema estão os anos de má gestão e a intro-dução de uma taxa penalizadora sobre as expor-tações. A União Europeia concedeu quase cincomilhões de euros para o relançamento da produção deMadagáscar. Levados a cabo por associações deexportadores locais, os projectos visam melhorar aprodutividade e aumentar as plantações. Foi criadoum rótulo de origem e de qualidade, com o nome“Baunilha de Madagáscar”, que hoje já é reconhecidoa nível internacional.Contribuição da UE: 5 milhões de euros

O gado etíope garante um futuro risonho à indústria do calçado

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«Made in Tunisia»

Comércio 50 anos, 50 histórias de solidariedade 11

A CYMOD é uma empresa tunisina de vestuáriolocalizada na zona industrial de Ksar Saïd, em Manouba. A sua actividade, essencialmentebaseada na exportação de vestuário para aEuropa, beneficiou de uma ajuda importante doprograma Entreprise euro-tunisino. Através desteprograma, a União Europeia apoia os esforçosdo Governo tunisino de reforçar a competitividadee a integração da sua indústria no comérciomundial, preparando-a simultaneamente para osdesafios e oportunidades decorrentes da futurazona de comércio livre com a UE. O projecto,centrado nas pequenas e médias empresas,ajudou a CYMOD a adquirir novos equipamentos,incluindo máquinas de costura, a ampliar a suafábrica e a dar início a um ambicioso programa de formação do pessoal. Tudo isso, combinadocom a implementação de melhores métodos detrabalho e de um sistema de gestãoinformatizado, contribuiu para aumentar, em 12 meses, o volume de negócios da CYMODem 50%, levando também a um aumento dopessoal de 40 para 80 trabalhadores. De uma forma geral, graças ao programa euro-tunisino, o número de empresas tunisinas queintegram parcerias com empresas europeiaspassou de 18% a 34%, levando a um aumento do volume de negócios e impulsionandofortemente as exportações. Financiamento comunitário para o programaEntreprise euro-tunisino: 20 milhões de euros

Comércio justo café, tortilhas e mel

Principal ponto de controlo alfandegário em Zagreb, Croácia

Em certos países, é normal depararmo-nos comfilas de camiões e viaturas bloqueados nasfronteiras devido ao arcaísmo das formalidadesalfandegárias e dos equipamentos de controlo.Este problema é um entrave às trocaseconómicas. A União Europeia ajuda váriospaíses dos Balcãs a modernizar os seusserviços alfandegários, e já conseguiu umsucesso notável na Bósnia-Herzegovina. Aí, os funcionários das alfândegas receberamuma formação aprofundada, foi criado umsistema informático em rede e foram claramentemelhorados os procedimentos alfandegáriose a legislação. A União Europeia criou igualmente gabinetesde apoio alfandegário e fiscal na Sérvia eMontenegro, na antiga República jugoslava da Macedónia, e está a tentar fazer o mesmo na Albânia.

Alfândegas sem filas?

Balcãs

Um forte impulso às exportações

Tunísia

A tecelagem manual da seda é uma tradição ancestral no Camboja. Apesar dos anos de guerra civil,os cambojanos tudo fizeram para preservá-la. Cerca de 10 000 pessoas, sobretudo mulheres,exercem hoje em dia esta actividade e transmitem os seus conhecimentos aos seus filhos. Vivemessencialmente no sul do país, na província de Takeo. A União Europeia ajuda os tecelões amelhorar a sua produção em qualidade e quantidade, disponibilizando-lhes novos métodos eequipamentos modernos. O projecto pretende permitir-lhes exportar os seus produtos para alémdo mercado local. Foi criada uma associação, “O Fórum da Seda”, para promover a venda deprodutos de alta qualidade (estolas, écharpes, pacheminas e almofadas em seda) em todo o paíse além fronteiras. Resultado: o salário médio dos tecelões aumentou 40% e as suas condições devida melhoraram substancialmente. Hoje em dia, um tecelão pode ganhar 10 vezes mais do que um trabalhador agrícola

Camboja

Seda suave: da aldeia ao mercado mundial

No Belize, crescem duas espécies botânicas muito procuradas no mercado mundial da madeira:o mogno das Honduras e o pinheiro das Caraíbas. Contudo, apenas 15% da enorme superfícieflorestal do país são propícios à produção destas madeiras. Além disso, esta fraca percentagemestá ameaçada pela exploração intensiva, pelos repetidos ciclones e pelos ataques de parasitas,que resultaram num grave problema de desflorestação. O Centro de Desenvolvimento Empresarial(CDE), financiado pela União Europeia, procura agora inverter essa tendência. Apoia as empresasque possuem uma política de gestão respeitadora da floresta e de produção racional. É o caso da“Wood Depot”, uma empresa familiar especializada no fabrico de postes telegráficos em pinhodas Caraíbas. Após um início modesto, a empresa desenvolveu-se rapidamente graças,nomeadamente, às ajudas comunitárias. A empresa emprega hoje cerca de 2000 pessoas eproduz artigos de qualidade, incluindo móveis de jardim e estruturas pré-fabricadas.

Caraíbas

Tesouros a preservar

Era uma vez, no México, um grupo deagricultores e organizações não governamentaisque representavam 120 000 pequenosagricultores. Um dia resolveram criar duasorganizações, uma de rotulagem “comérciojusto” e a outra de comercialização dos seusprodutos. Após o sucesso da primeira marca solidária de café mexicana “Fértil”, alguns produtores demilho e de feijão lançaram a sua própria marcasolidária de tortilhas, que hoje em dia já évendida em todo o país. Também o comérciojusto de mel se tornou num sector promissor. Com o apoio da União Europeia, os agricultoresganharam a aposta e pretendem agora exportaros seus produtos solidários para os EstadosUnidos e para a Europa. Contribuição da UE: 670 000 euros

Ao comprar “solidário” ajudamosa reduzir a pobreza

Safari de rosas

Nos elevados planaltos de Nairobi, a vista éadmirável. A rosa, rainha de África, é cultivadaem todo o lado e a sua produção encontra-seem constante crescimento. É o terceiro sectorde actividade (depois do chá e do turismo) noque toca à entrada de divisas no país. A UniãoEuropeia, que desbloqueou verbas importantespara permitir o alinhamento do sector com asnormas internacionais, absorve a quasetotalidade das exportações de flores cortadasdo Quénia.

Um terço das flores cortadas existentes na Europa provém do Quénia

QuéniaMéxico

A madeira, um pilar da economia do Belize

P o r q u e S e r á ? :

na China e na Ásia, foram

criadas indústrias que imitam o

artesanato africano e exportam

os seus produtos para a Europa.

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Terra 12 A União Europeia no mundo Ambiente

A primeira migração é a das aldeias para as cidadesAs cidades não param decrescer, pois são cada vez mais

as pessoas que trocam o campopela cidade em busca de melhores

empregos e de condições de vidamenos difíceis. Hoje em dia, mais de

metade da população mundial vive em cidadese, em 2050, ela representará dois terços. A título de comparação, em 1800, apenas2% da população mundial vivia em cidades. Em 1950, os números já se elevavam a 30%. Nos países em desenvolvimento, calcula-se que 60 milhões de pessoas migrem todos osanos para as cidades. Daqui a 15 a 20 anos, a população de muitas cidades asiáticase africanas terá duplicado.

Gorilas. Para observar e filmar. Não para caçar

Ô

Os glaciares recuam e o nível do mar sobe. Aolongo do último século, o nível do mar subiu15 cm e, segundo os investigadores, esta

situação será ainda mais acentuada até 2100. Os desertos avançam. AChina e a Nigéria, os dois países mais povoados da Ásia e da África,

perdem, por ano, mais de 3000 km2 de terrenos agrícolas ou cul-tiváveis e de pastagens, devido à desertificação. Ao longo dos

últimos dez anos, as catástrofes naturais relacionadas com oclima (inundações, secas, vagas de calor) triplicaram, em

comparação com a década de 60. E em todo o mundo,diminui a biodiversidade, ou seja, a variedade e a diversi-dade das espécies vivas, animais e vegetais. É precisotomar medidas urgentes. A comunidade internacional jápercebeu. No início de 2007, foram realizadas váriasconferências importantes durante as quais se procu-raram soluções para salvar o planeta – o FórumSocial de Nairobi, o Fórum Económico de Davos e aConferência de Paris sobre as alterações climáticas.

A Terra tem mais de três mil milhões de anos, mas, devido à sua acção excessiva e desordenada, o homemdesarruma e desfaz os preciosos equilíbrios ecológicos. Em suma, comporta-se como um elefante numa

loja de cristais. O homem é responsável por uma grande parte das alterações climáticas, as quais são principalmentecausadas, nos nossos países, pelas emissões de CO2 resultantes do estilo de vida actual (transportes, habitações,indústrias, etc.). Para combater o aquecimento global do planeta, a Europa terá de reduzir as suas emissões de gases

com efeito de estufa e modificar os hábitos diários ao nível dos transportes e das habitações (aquecimento, electro-domésticos, etc.). A destruição dos poços naturais de carbono que constituem os ecossistemas,

sobretudo as florestas, contribui também para as alterações climáticas.

O Protocolo de Quioto propõeum calendário para a redução das emissões

de gases com efeito de estufa, considerados os princi-pais responsáveis do sobreaquecimento climático e do buraco

da camada de ozono. Entre 2008 e 2012, os 37 países mais industria-lizados que aderiram ao protocolo comprometeram-se a reduzir as suas

emissões de gases com efeito de estufa em 5% relativamente aos valores de1990. Foi a adesão da Rússia que possibilitou, em 2005, sete anos após a sua

adopção, a entrada em vigor do protocolo, pois era obrigatório que este fosse ratificadopor 55 países que representassem 55% da totalidade das emissões de gases com efeito

de estufa. Hoje em dia, 141 países já aderiram ao protocolo. Contudo, os Estados Unidos (omaior poluidor do planeta, responsável por um quarto das emissões de gases com efeito de

estufa) e a Austrália continuam a recusar-se a ratificar o protocolo. Países como a China e a Índia,que na altura não estavam vinculados a quaisquer compromissos, apresentam hoje um crescimento

económico fortíssimo. A China faz hoje parte dos grandes países poluidores, podendo mesmo vir a

ultrapassar os EUA, mas recusa efectuar qualquer redução das suas emissões. O debate sobre o“pós-Quioto” já começou. A Europa está na primeira linha de batalha para limitar as emissões deCO2 e melhorar a eficiência energética das suas instalações industriais e outras. No cenário inter-nacional, um dos seus principais desafios dos próximos anos será convencer os americanos eos chineses a participar num sistema obrigatório de redução dos níveis de poluição atmosfé-

rica. Este assunto encontrava-se já no cerne de uma primeira série de negociações entrea União Europeia e a China em Janeiro de 2007. O dióxido de carbono (CO2), que

representa 80% dos gases com efeito de estufa, provém da combustão de carbo-nos fósseis como o carvão, o petróleo ou o gás natural. Os gases com efeito

de estufa são libertados pelos sectores dos transportes, da indústria e daagricultura, pelas lixeiras públicas, pelos electrodomésticos, etc.

Protocolo de Quioto contra o sobreaquecimento global

Com 263 espécies de mamíferos, 708 espécies de pássaros e mais de 10 000 variedadesvegetais, a África Central possui a mais vasta floresta tropical do mundo, depois da Amazónia.Mas a floresta e a sua fauna estão ameaçadas pela degradação causada pelas empresas deexploração florestal e pelo comércio da carne de animais selvagens. A União Europeia levou a cabo um vasto programa (ECOFAC – Ecossistemas Florestais daÁfrica Central) que permitiu criar áreas protegidas em sete países da região através daconstrução de pistas e observatórios, da formação de guardas, da vigilância contra a caçailegal e de iniciativas de protecção da fauna e das árvores. O programa procura tambémsoluções alternativas para ajudar a população local, que depende dos recursos florestaispara sobreviver. Por exemplo, no Congo, desenvolveu o ecoturismo, criando, na zona deLossi, uma reserva de gorilas onde a caça é proibida, pois a população compreendeu quea observação dos gorilas pelos visitantes e a presença de empresas cinematográficasgerava mais receitas do que a caça.

África Central

Vamos salvar a floresta tropical

O bairro de Cato Manor é o testemunho de um dos maiores sucessos de desenvolvimentourbano da África do Sul. O bairro e os seus habitantes (pessoas carenciadas, negras,indianas e mestiças) encontravam-se marginalizados por altura do apartheid na periferiade Durban. Hoje em dia, Cato Manor faz parte integrante da cidade. Com a participaçãodos seus 150 000 beneficiários, o projecto permitiu construir milhares de novashabitações e oferecer alojamentos condignos a famílias pobres que viviam em barracas.Permitiu também construir escolas, estradas, centros de saúde, mercados, centros denegócios, bibliotecas, espaços de lazer e criar postos de trabalho e oferecer bolsas deestudo. Contribuição da UE para o projecto de Cato Manor: 21,7 milhões de euros (40% do montante total)

África do Sul

Uma cidade dentro de outra cidadeA história de Cato Manor

Adeus às barracas, os habitantes de Cato Manor vivem hoje em casas verdadeiras

S a b i a s ?• Os dez anos mais quentes foram regista-

dos a partir do início dos anos 90. • Os cientistas prevêem um aumento da

temperatura média a nível mundial entre1,4 e 5,8°C antes do fim do século XXI.

S u o r e s f r i o sOs países costeiros e insulares estãodirectamente ameaçados pelas alteraçõesclimáticas e a subida do nível do mar. As ilhas Maldivas, por exemplo, nãoultrapassam em mais de dois metroso nível do mar.

Todos no mesmo barco

magnífica e frágil

As maiores cidades do mundoCidade População (milhões-2005)

1 Tóquio 35,22 México 19,4 3 Nova Iorque 18,7 4 São Paulo 18,3 5 Bombaim 18,2 6 Delhi 15,0 7 Xangai 14,5 8 Calcutá 14,3 9 Jacarta 13,2 10 Buenos Aires 12,611 Daca 12,4 12 Los Angeles 12,3 13 Karachi 11,6 14 Rio de Janeiro 11.515 Osaka-Kobe 11.316 Cairo 11.117 Lagos 10.918 Pequim 10.719 Metro Manila 10.7

Fonte: Nações Unidas, Departamento de Assuntos

Económicos a Sociales, Divisão População.

Em 1950, Nova Iorque era a única cidade do mundo com mais de 10 milhões dehabitantes.

Caos

Consequênciasdas alteraçõesclimáticas

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Ambiente 50 anos, 50 histórias de solidariedade 13

A população da região de Río Hurtado, nocentro-norte do Chile, é principalmenteconstituída por ameríndios. A região estende-sepor cerca de 2200 quilómetros ao lado da zonamais árida do mundo: o deserto ocupa mais de55% das terras. Na região, a percentagem depessoas que vivem abaixo do limiar de pobrezaduplicou na viragem do século passado. Umfórum regional lançou então um projecto de lutacontra a pobreza e a desertificação apoiadopela União Europeia. O projecto inclui areintrodução de espécies vegetais indígenas, a criação de pequenas e médias empresas e odesenvolvimento de novos mercados para osprodutos locais. Contribuição da UE: 850 000 euros.

Parar o deserto para parar o êxodo dos jovens

A Tailândia produz anualmente quase22 milhões de toneladas de resíduos. Sozinha,a cidade de Nonthaburi, 20 quilómetros a nortede Banguecoque, produz cerca de300 toneladas de resíduos sólidos por dia. Os desadequados sistemas de recolha e detratamento originaram graves problemas depoluição dos solos e da água potável, decontaminação dos alimentos e de propagaçãode doenças. A União Europeia financia umprojecto destinado a melhorar a gestão e areciclagem dos resíduos e a incentivar à suatriagem nos mercados, restaurantes e hotéis.Graças a esta iniciativa, foi construída umaestação de transformação de resíduosorgânicos em adubos e a quantidade deresíduos sólidos nos depósitos provisórios foireduzida em 20%. As condições de vida de42 000 habitantes melhoraram nitidamente. Contribuição da UE: 423 000 euros (65% do montante total)

Com os seus 19 milhões de habitantes, a cidade do México faz parte do projecto URB-AL

Quase 77% da população da América Latina edas Caraíbas vive em cidades.A evolução demográfica e a urbanizaçãoacelerada da América Latina resultaram emgraves problemas de pobreza, poluição ehigiene. Com conhecimento na matéria, a UniãoEuropeia financia a cooperação entre quase2000 cidades europeias e da América Latina.Na cidade de Málaga (Espanha), por exemplo, a população duplicou em 20 anos, passando de250 000 habitantes em 1960 para 503 000 em1980. Foi uma das primeiras cidades europeiasa criar uma agenda de crescimento harmonioso,em concertação com os seus habitantes. Este estatuto de pioneira valeu-lhe serseleccionada para dirigir um dos programasURB-AL. Contribuição da UE: 64 milhões de euros (70% do montante total)

Recolha de resíduos em Nonthaburi

A monção na África Ocidental sofreu fortesalterações ao longo dos últimos cinquentaanos. Desde finais da década de 60, esta regiãotem vindo a sofrer importantes e contínuosperíodos de seca, com consequências por vezesdramáticas para as populações: diminuição dosrecursos hídricos, diminuição do rendimentodas culturas, redução de 50% do gado emcertas regiões do Sahel. A União Europeia apoiaum projecto de Análise Multidisciplinar daMonção Africana (AMMA) gerido pelo CentroNacional de Investigação Científica (CNRS)francês, em colaboração com outras instituiçõese universidades da Europa e da ÁfricaOcidental. Os seus objectivos são reforçar a observação climatológica e melhorar asprevisões de monção e de seca e do seuimpacto sobre os recursos hídricos e asegurança alimentar. Contribuição da UE: 11,7 milhões de euros

Chile URB-ALTailândiaÁfrica Ocidental

Em busca da monção

Montanhas de resíduos Criar cidades humanas

Parar o deserto

A China é um dos países mais ricos do mundoem termos de biodiversidade, abrigando cercade 10% das espécies do planeta. Contudo,estas têm vindo a desaparecer. A UniãoEuropeia participa num programa em grandeescala, para ajudar a China a inverter essatendência. Contribuição da UE: 30 milhões de euros

Cerca de 1600 pandas vivem ainda em estado selvagem nas zonas montanhosas da China

A União Europeia financia programas de lutacontra a desertificação em duas regiões muitovulneráveis do centro de Marrocos (OuledDlim) e da Tunísia (Imada de Skhiret), onde a plantação de arbustos forrageiros, como a acácia e a figueira-da-barbária,permitiu assegurar uma reserva de forragemverde para os períodos de seca.

Uma das várias equipas de “jardineiros” do projecto

O recife de corais é o sistema ecológico maiscomplexo depois da floresta tropical e ohabitat natural de várias espécies de peixesque alimentam os habitantes das ilhas e daszonas costeiras. Os corais são tambémindispensáveis à formação de ilhas. Estima-seque mais de 10% dos 600 000 km2 de recifesde corais foram definitivamente destruídos aolongo dos últimos 50 anos e a ameaçaaumenta com o aquecimento global, apoluição, a pesca excessiva, etc. A iniciativa“Jardins de Corais” financiada pela UniãoEuropeia visa recuperar e proteger os recifesde corais de todo o mundo, do Pacífico Sul àsCaraíbas, aproveitando os conhecimentos decertos países, como as ilhas Fiji.

A figueira-da-barbária, uma alternativa valiosa à forragem em caso de seca

O manatim, uma espécie ameaçada

60% do território indiano está susceptível asismos de grande magnitude. De uma formageral, a Índia está particularmente exposta atremores de terra, ciclones e secas, mas amaior parte das construções em zonas urbanasmuito povoadas não é suficientementeresistente e as populações não estãopreparadas para enfrentar os riscos. Em cercade 300 cidades do país, a União Europeiafinancia um programa que ensina a populaçãoa agir em situações de catástrofes naturais.Contribuição da UE: 10 milhões de euros (92% do montante total)

ChinaPacíficoMagrebeÍndia

Exercício de salvamento

Protecção contra os desastres naturais

Uma pincelada de verde no deserto

SOS jardins de corais

Espécies ameaçadas

Os caprichos da monção põem em perigo as colheitas

África. A reserva WA reserva W é património mundial da humanidade e deve o seu nome à forma do rio Níger. Liga os parquesnaturais situados ao longo das fronteiras comuns do Benim, do Burquina Faso e do Níger. Com a ajuda da União Europeia e do programa ECOPAS, os três países gerem em conjunto os 50 000 km2 de naturezaselvagem e riqueza excepcional. A reserva associa uma grande variedade de paisagens de floresta seca ede savana, onde crescem baobás e bambus, e uma formidável biodiversidade. Abriga várias manadas deelefantes, leões, crocodilos e hipopótamos e é mesmo o último refúgio do cão-selvagem africano, da chitae do manatim. Ao todo, “existem aqui mais de 70 espécies de mamíferos e mais de 260 espécies de avesmigradoras”, afirma orgulhosamente o responsável pela reserva.Contribuição da UE: 20 milhões de euros

Uma geração planta árvores,

a outra aproveita a sombra

PROVÉRBIO CHINÊS

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14 A União Europeia no mundo Dire i tos do homem • Cultura

A cultura não é para as vacas...“A cultura não é de forma alguma uma prioridade para vários países africanos, onde se pensa que está reservadaa uma elite e às sociedades que já têm o mínimo necessário. Ora, é um erro grave pensar apenas nasnecessidades vitais. Limitar-se a fornecer às populações alimento e cuidados de saúde é o mesmo que reduzi-lasà condição de animais. As vacas só precisam de pastagens, água e vacinas contra as doenças. A cultura énecessária, nem que seja para nos garantir que somos seres humanos e que as nossas necessidades não podemreduzir-se a encher o estômago”. (Marie-Clémence Paes, realizadora de filmes malgaxe).

Mahaleo em malgaxe significa livre,independente e de cabeça levantada. Este é onome da banda mais popular de Madagáscar,sete colegas de escola que, no início dos anos70, se encontravam nos fins-de-semana parafazer música. Em 1972, Madagáscar viu nasceruma grande revolta de estudantes,massivamente apoiada pelos liceus, paraprotestar contra o controlo de França sobre ajovem república, incluindo a sua vida cultural.Os sete rapazes animavam as longas jornadasde greve e as suas canções, cantadas em coro,

Madagáscar

Mahaleo canta a liberdade Entrevista a Marie-Clémence Paes

Cartaz do filme.

deram ânimo à revolução. Pela primeira vez hámuito tempo, contavam-se em malgaxe osproblemas da vida quotidiana, com uma músicana linha de Leonard Cohen e Bob Dylan. Trinta e cinco anos mais tarde, os Mahaleo continuama actuar em estádios com lotação para 15 a30 000 pessoas. Os seus membros não podemviver da sua arte (é um paradoxo recorrente emÁfrica) mas têm profissões ligadas aos seusideais de juventude. O grupo é composto pordois cirurgiões de hospitais públicos, ummédico de medicina geral, dois sociólogos emmeios rurais, um deputado da assembleianacional e um antigo funcionário público que se tornou agricultor. Os realizadores César eMarie-Clémence Paes fizeram sobre eles umfilme musical em 2005, que traça um retratoactual de Madagáscar através do quotidiano edas canções de intervenção dos sete músicos. O filme Mahaleo foi co-financiado pela UniãoEuropeia. O grupo tem agendado um concertono Olympia de Paris em 2007. O filmecontribuiu certamente para este sucesso. Contribuição da UE: 70 000 euros (15% do montante total).

Porque é tão difícil aosartistas africanos viverda sua arte?Essa é uma matéria de grandeconfusão para o grande público.Como ouvem música e vão aocinema ou ao teatro nos seustempos livres, pensam que

os artistas também criam as suas obras quandonão estão a trabalhar… Não admitem verdadeiramente que sejam pagospelo que fazem. Além disso, existe muitapirataria. Porquê comprar um CD ou um DVD ao seu preço real se pode ser comprado 90%mais barato? E se tudo é pirateado, como viverda arte? Como financiar filmes de qualidadeque saem caro?

Como conseguiu financiar o filme Mahaleo? Conseguimos assinar contrato com o canalpúblico malgaxe e, na Europa, com o Canal Pluse Arte, mas isso não é suficiente. Obtivemosum financiamento comunitário através de um programa promovido pelo Secretariado do Grupo dos Estados de África, das Caraíbas e

do Pacífico. Aproveito para precisar que quandose pede um financiamento comunitário,recebemos um formulário com algumas páginas,acompanhado de um volumoso dossiê queexplica o formulário. O mais curioso é que acolocação da assinatura no local certo é, no limite, mais importante do que o conteúdodo próprio projecto. Por outras palavras,podemos ter um projecto fantástico mas se nos esquecermos de o assinar, por exemplo, no fim da página 24, ele é recusado. É incompreensível, mesmo compreendendo que os serviços possam receber montanhasde papéis ...

De qualquer forma, é importante a ajuda da União Europeia?Claro. Sobretudo pelo facto de assistirmosà crescente imposição da liberalização. Há a tendência para pensar que com a privatização, tudo correrá melhor. Para osnossos governantes, a cultura é algo poucoimportante, que não necessita de ajudaspúblicas. Temos de dar à volta à situaçãosozinhos! Como criar nestas condições? A ajuda da União Europeia é fundamental pelofacto de já não encontrarmos nos nossos paísesos meios que nos permitem levar a bom termoos nossos projectos.

Gincana para conseguir um financiamentocomunitário

Na região das colinas de Chittagong, nafronteira entre a Índia e Mianmar (Birmânia),vivem populações de cerca de dez etniasdiferentes, na sua maioria sino-tibetanas.Calcula-se que a sua população total se eleve a 1,3 milhões de habitantes. A região viveu,durante um quarto de século, fora dos circuitosde ajuda, devido aos conflitos armados entre ospovos indígenas e o governo. O acordo de pazde Chittagong, assinado em 1997, alterou porcompleto a situação e criou perspectivas dedesenvolvimento que agora devem serconcretizadas. A União Europeia financia umprograma destinado a ajudar o governo a tomarmedidas que restaurem a sua credibilidade,condição indispensável para consolidar a paze resgatar os povos indígenas da situação degrande pobreza em que vivem.Contribuição da UE: 7,5 milhões de euros (mais 16 milhões de euros numa segunda fase)

Jovem Arakan, um grupo étnico minoritário no Bangladeche

O movimento sindicalista colombiano encontra-se na vanguarda da luta pelos direitos Humanose pela justiça social no país. Devido às suasactividades, os dirigentes e membros dossindicatos são alvo de tentativas de homicídio,de perseguições e agressões por parte dasforças de segurança e paramilitares. Ao longodos últimos 12 anos, foram assassinados2030 sindicalistas. A Colômbia é, de longe, o país com maior número de sindicalistasmortos no mundo. Através da “IniciativaEuropeia para a Democracia e os Direitosdo Homem”, a União Europeia financia umprograma de defesa dos direitos sindicaisimplementado pela organização “EscuelaNacional Sindical”. A UE apoia campanhasde sensibilização para os direitos Humanos esindicais através dos meios de comunicaçãosocial e das acções de lobbying (representaçãode grupos de interesse), do apoio jurídico àsfamílias das vítimas e do reforço dacoordenação no seio do movimento sindicalcolombiano.Contribuição da UE: 300 000 euros (76% do montante total)

Em Junho de 2006, após intensos debatesparlamentares, as Filipinas aboliramoficialmente a pena de morte. As actividadesfinanciadas pela “Iniciativa Europeia para a Democracia e os Direitos do Homem”contribuíram para este sucesso. A UniãoEuropeia apoiou a associação FLAG, um grupode apoio jurídico gratuito, e o Movimento para uma Justiça de Reinserção, plataforma que reúne todas as organizações filipinasdos direitos do Homem e as Igrejas, quedesempenharam um papel essencial nacampanha pela abolição da pena capital.Financiou igualmente um projecto lançado pela universidade das Filipinas para promover a utilização dos testes de ADN. Este testepermitiu inocentar e libertar um condenado à morte, o que incentivou à mobilização contraa pena capital. Contribuição da UE: 805 000 euros

BangladecheColômbiaFilipinas

A decapitação da pena de morte

Deter os ataques contra sindicalistas

Melhor protecção dos povos indígenas

Em todo o mundo, cerca de 70 países aplicamainda a pena de morte

A cultura é a alma e a palavra

de um povo

Na Colômbia, são constantes as perseguiçõesaos sindicalistas

A União Europeia tem um papelfundamental no apoio aos paísesem desenvolvimento, ajudando-os

na criação gradual de sistemasdemocráticos, respeitadores

dosdireitos do Homem e na organizaçãode eleições livres e transparentes. Através,por exemplo, da sua “Iniciativa Europeiapara a Democracia e os Direitos do Homem”(IEDDH), apoia inúmeras organizações nãogovernamentais de defesa dos direitos doHomem.

Apesar de a abolição da pena de morte ser uma das condições de adesão à UniãoEuropeia, a pena capital ainda é praticadaem 68 países do mundo. O enforcamento deSaddam Hussein é prova recente deste facto.Segundo a Amnistia Internacional, 94% das 2150 execuções realizadas em 2005ocorreram em quatro países: China, Irão,Arábia Saudita e EUA.

A União Europeia defende a abolição da pena de morte em todo o mundo e esforça-se,nos países onde esta ainda é aplicada, por obter moratórias ou limitar a suaaplicação e fazer respeitar determinadasnormas mínimas (proibição de executarmenores de 18 anos de idade, mulheresgrávidas e pessoas com deficiência mental).

Ô

Os direitos do Homem impacientam-se...

Olho por olho… e o mundo acabará cego

MAHATMA GANDHI

“”

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Quest ionár io • Mapa 50 anos, 50 histórias de solidariedade 15

1 > Os objectivos do Milénio para o desenvolvimento foram adoptados pelospaíses membros das Nações Unidas para : A. Melhorar as trocas comerciais internacionais B. Reduzir a pobreza extrema no mundo C. Aumentar o número de empréstimos

aos países em desenvolvimento

2 > Quantas pessoas no mundo vivem commenos de 1 dólar por dia?m100 milhões m540 milhões m1,2 mil milhões

3 > Em 2004, quantas crianças do mundointeiro morreram antes de atingir os cincoanos de idade? m1,5 milhões m4 milhões m10,5 milhões

4 > Quantas pessoas no mundo são portadoras do VIH/sida?m5 milhões m20 milhões m38,6 milhões

5 > Para reduzir a pobreza no mundo, a comunidade internacional comprometeu-sea aumentar a sua ajuda ao desenvolvimento,consagrando para esse fim uma percentagemdo seu PIB. Qual?m0,5% m0,7% m1%

6 > 70% dos 800 milhões de pessoas com fome no mundo…A. Vive na ÁsiaB. Vive em zonas rurais C. Não possui terrasD. Não trabalha

7 > Quem disse: “Sê tu mesmo a mudança que gostarias de ver no mundo”?A. Nelson MandelaB. Martin Luther KingC. Mahatma Gandhi

8 > Em todo o mundo, quantos jovens têm actualmente entre 12 e 24 anos?m800 milhões m1 mil milhões m1,5 mil milhões

9 > Em 2000, o mundo tinha 6 mil milhõesde habitantes. Quais são as previsões para2015? m6,5 mil milhõesm7 mil milhõesm10 mil milhões

10 > Em que região do mundo existem mais crianças (com menos de 15 anos) a trabalhar?A. Ásia do SulB. Médio Oriente e África do NorteD. África subsariana

11 > Quantas crianças nunca foram à escola?m70 milhões m90 milhões m 115 milhões

12 > Em 2005, qual era a percentagem de bebés infectados com o VIH através das suas mães?m 12% m 26% m 52%

13 > A quantidade de água própria paraconsumo no mundo aumenta ou diminui em cada continente?

14 > Quantas pessoas no mundo não têm acesso a latrinas? m 1 milhãom 1 mil milhõesm mais de 2 mil milhões

15 > Que aumento registaram as emissõesde dióxido de carbono (CO2) nos países emdesenvolvimento desde 1960?m 121% m 440% m 550%

16 > No Gana, país da África Ocidental, qual é a percentagem de médicos que emigram para trabalhar no estrangeiro?m 30% m 50% m 75%

17 > Em Cotonu, no Benim, foi assinado em 2000 um acordo de parceria muitoimportante entre :A. O Benim e os países vizinhos B. A União Europeia (UE) e 77 países de África,

das Caraíbas e do Pacífico (ACP)C. Todos os países do continente africano

18 > Estou indeciso entre o comércio justo e ocomércio normal. Porque motivo devo preferirprodutos provenientes do comércio justo? A. Para ter a certeza que os produtores dos

bens que consumimos vivem condignamenteB. Para estar na modaC. Porque é mais saudável

19 > Qual é o 2.º produto mais vendido no mundo depois do petróleo?m açúcar m carvão mcafé

20 > Concretamente, que posso fazer para participar na luta contra a pobreza e apoiar os objectivos do Milénio para o desenvolvimento?A. Informar-meB. Falar do assunto aos meus amigos, à minha

família e aos meus colegasC. Consumir produtos solidáriosD Ir com a minha escola a um local abrangido

por um projecto de desenvolvimentoE. Visitar o sítio da internet do EuropeAid

(http://ec.europa.eu/europeaid) e de outras organizações

F. Escrever ao deputado competente do meu país reclamando a concretização dos objectivos do Milénio

G. Todas estas respostas

1 > Resposta: reduzir a pobreza extrema no mundo. As trocas comerciais internacionais não recaem na alçada das Nações Unidas, mas na de outras instâncias internacionais, tais como a Organização Mundial do Comércio.

2 > Resposta: 1,2 mil milhões (ou seja, um quinto das pessoas do mundo inteiro).

3 > Resposta: em 2004, morreram 10,5 milhões de crianças antes de atingirem os cinco anos de idade. A maior parte dessas mortes poderia ter sido evitada. Todos os anos,morrem 1,8 milhões de crianças vítimas de doenças relacionadas coma diarreia. O 4.º objectivo do Milénio é reduzir em dois terços amortalidade infantil.

4 > Resposta: 38,6 milhões.O número de pessoas portadoras do VIH passou de 36,2 milhões, em 2003, para 38,6 milhões, em 2005. O 6.º objectivo do Milénio é combater o VIH/sida, a malária e outras doenças.

5 > Resposta: 0,7%No início dos anos 70, os países ricos comprometeram-se a consagrar0,7% do seu PIB a iniciativas de ajuda internacional. Hoje, apenas a Dinamarca, o Luxemburgo, os Países Baixos, a Noruega e a Suécia o fazem.

6 > Resposta: São aqueles que vivem em zonas rurais as primeiras vítimasda fome.

7 > Resposta: Mahatma Gandhi.

8 > Resposta: 1,5 mil milhões.

9 > Resposta: 7 mil milhões.

10 > Resposta: Ásia do Sul.

11 > Resposta: 115 milhões.

12 > Resposta: 26%.

13 > Resposta: diminui.Explicação: são várias as razões invocadas pelo Programa das NaçõesUnidas para o Ambiente: um nítido aumento da procura de água,resultante do estilo de vida moderno e do crescimento demográfico, e razões ecológicas como a desflorestação e o avanço dos desertos.

14 > Resposta: 2,6 mil milhões. Cerca de duas pessoas em cada cinco (2,6 mil milhões, segundo as estimativas) ainda vivem sem ligação a qualquer sistema público de esgotos, a fossas sépticas, a latrinas com autoclismo ou a latrinasde fossa.

15 > Resposta: 550%.

16 > Resposta: 75%.

17 > Resposta: entre a UE e os países ACP.

18 > Resposta: A

19 > Resposta: o café.Segundo a Organização Internacional do Café, o volume de negóciosestimado do sector eleva-se a 70 mil milhões de dólares, dos quaismenos de 8% chegam aos países produtores. O mercado funciona,desde os anos 90, em sobreprodução, provocando uma redução dospreços que não permite que os pequenos agricultores cubram as suasdespesas de produção. Compreende-se, então, porque motivo o caféfoi o primeiro produto integrado no comércio justo (1991) a ser vendidona Europa.

20 > Resposta: todas estas respostas.

50 históriasno mapa do mundo

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Cada ponto corresponde à zona geográfica abrangida por cada um dos 50 projectos descritos nesta brochura. 50 exemplos entre os milhares de projectos financiados pela UE em 160 países.

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16 A União Europeia no mundo Ajuda orçamental • Sociedade c iv i l

Independentemente da nossa origem, idioma ou nível de vida, todos nóspartilhamos a mesma herança. Somos todos cidadãos deste planeta, e a ajuda

ao desenvolvimento é uma resposta ao desejo de viver num mundo mais justoe mais seguro. “50 histórias de solidariedade” dão o título a esta brochura.

Contudo, chegado à última página, apenas terás encontrado 49. Não é um erro. Aluta contra a pobreza no mundo é a história de um grande combate a longo prazo,

longe de estar terminado. Deve ser levado até ao fim. O combate continua e, comotal, cabe aos jovens escrever a quinquagésima história ! Como? Informando-se e

participando em debates sobre os desafios da ajuda ao desenvolvimento e nas acçõesde solidariedade direccionadas para os países em desenvolvimento. Exigindo que os

responsáveis políticos respeitem os compromissos adoptados no âmbito dos objectivosdo Milénio para o desenvolvimento. Partindo à descoberta destes países com a escola ou

com organizações de jovens que participam directamente em acções de desenvolvimentoimplementadas pelas ONG que trabalham em parceria com a União Europeia. Assim, poderás

experimentar intercâmbios culturais e humanos inesquecíveis, compreender melhor asrealidades deste mundo e participar em projectos concretos de solidariedade!

Visita o sítio http://ec.europa.eu/world/index_en.htm

A 50.ª história

Esta brochura conta-te, em 50 histórias, de queforma a União Europeia contribui para melhoraras condições de vida das populações dos paísesem desenvolvimento. A maioria dos artigos des-creve um determinado projecto e revela osesforços dos governos e das organizações dasociedade civil para tornar a sua acção eficaz alongo prazo.

Até hoje, mais de 70% da ajuda europeia serviupara financiar projectos específicos. Um bomprojecto pode transformar a vida de todos osseus beneficiários. Este tipo de ajuda é frequen-temente uma ferramenta eficaz. Contudo, exis-tem limites. Como se procede quando, porexemplo, vários doadores (europeus, america-nos, Banco Mundial, etc.) desenvolvem simulta-neamente as suas acções no mesmo país pobre?E se a administração desse país não tiver capaci-dade para gerir os vários projectos desenvolvi-dos por esses doadores, cada um dos quais comdiferentes procedimentos a seguir? A adminis-tração acaba por sucumbir perante uma cargademasiado pesada. Além disso, a ajuda a projectos específicos não seadapta, muitas vezes, a objectivos ambiciosos.Suponhamos que o nosso objectivo é melhorar osector da educação. Mais vale lançar um programaalargado através do sistema existente, para che-gar simultaneamente ao maior número de escolaspossível, do que lançar um projecto separadopara cada escola. Nos últimos dez anos, os paísesem desenvolvimento e os doadores procurarammeios de melhorar a gestão da ajuda.

Existirá uma fórmula mágica para a ajuda orçamental?A União Europeia estudou novas formas de fazerchegar a sua ajuda. Nestes últimos anos, tem

recorrido cada vez mais à ajuda orçamental. Issosignifica que o dinheiro vai directamente para oscofres do Estado, que o utiliza para financiar oseu plano de luta contra a pobreza, nomeada-mente as suas despesas prioritárias de educaçãoe de saúde, e para desenvolver a economia. Esteé, sob certas condições, um modo de ajuda sim-ples, eficaz e adaptado às necessidades dos paí-ses do Sul. Entre outras vantagens, permite umamelhor previsão dos seus orçamentos e assegu-rar o pagamento regular dos salários de profes-sores e enfermeiros. A ajuda orçamental é geralmente concedida porum grupo de doadores e não por cada um delesseparadamente, o que a torna mais fácil de gerir.Contudo, também é por vezes encarada comalguma desconfiança, pois parece mais propensaa desvios. Além disso, o doador não pode mostrara estrada ou a escola que “ele” construiu. Que não haja dúvidas quanto a isto. Não se tratade um cheque em branco. A ajuda orçamental sóé fornecida em certas condições. Dá primaziaaos governos responsáveis e que já deram pro-vas em matéria de reformas económicas esociais. A sua gestão de fundos deve ser transpa-rente e eficaz. Os governos devem provar que asverbas foram utilizadas com competência e pres-tar contas das mesmas perante a assembleiaparlamentar e os cidadãos, consequentemente,também perante os doadores. Por outras pala-vras, existe a obrigação de apresentar resultados.Nos próximos anos, a União Europeia espera ele-var a sua percentagem de ajuda orçamental a50% da sua ajuda total.

Contrato de confiançaMais precisamente, os governos que benefi-ciam de uma ajuda orçamental devem colocarem prática uma estratégia eficaz de luta contra

a pobreza. Está evidentemente fora de questãofinanciar o orçamento de um país que se opõe,por exemplo, à escolarização das raparigas ouprivilegia despesas de luxo (estilos de vidaluxuosos dos ministros, situações de osten-tação, etc.) às custas da prestação de cuidadosde saúde. O equilíbrio das finanças é outra condição funda-mental. A União Europeia não concede verbas aum orçamento que se assemelhe a um poço semfundo, onde as despesas ultrapassam sempre asreceitas. O país beneficiário deve provar também que écapaz de gerir correctamente as suas finanças elutar contra a corrupção. Assim, ao conceder umaajuda orçamental, a União Europeia passa a ter umdiálogo muito mais estreito com o beneficiário. Em aumento constante desde a década de 90,este tipo de apoio representa actualmente 30%da totalidade das ajudas comunitárias aospaíses de África, das Caraíbas e do Pacífico. Estaé apenas uma média. Em Moçambique e noRuanda, por exemplo, a percentagem rondaquase os 50%. A União Europeia espera privilegiar cada vezmais a concessão de ajuda orçamental nos paí-ses que satisfazem as condições de confiança.Nos restantes, continuará a ajudar através deprojectos específicos.

Primeiros resultadosPara verificar se as condições estão preenchidas,a União Europeia verifica se há uma melhoria realao nível dos serviços sociais, como a vacinaçãoou a escolarização das raparigas. Colabora com oFundo Monetário Internacional, o Banco Mundiale outros doadores para avaliar os resultadosobtidos.Por exemplo, no Burquina Faso, este controlo

permitiu detectar, em 1999, uma redução nonúmero de pessoas que se deslocavam aos cen-tros de saúde. A União Europeia iniciou debatesaprofundados com o Governo do Burquina Fasopara compreender com ele o problema e definiruma solução. Resultado: a partir de 2001, a fre-quência dos centros de saúde (bem como dasescolas primárias nas regiões desfavorecidas)voltou claramente a aumentar. De uma formageral, os apoios orçamentais da Comissão Euro-peia contribuíram para aumentar os recursosfinanceiros destinados à educação e à saúde. Oacesso à educação primária foi também alar-gado, beneficiando milhões de crianças. É esse,por exemplo, o caso do Níger, onde a taxa deescolarização evoluiu de 37% para 52% (emborauma parte da população permaneça nómada),ou do Uganda, que atingirá o seu objectivo de“escola para todas as crianças”. Foram tambémregistados progressos importantes nas taxas devacinação infantil do Benim, de Moçambique(90%) e da Zâmbia (82%). A União Europeia não considera ter descobertouma fórmula mágica. Mas acredita que a ajudaorçamental é um dos melhores meios para per-mitir aos países do Sul participarem directa-mente no seu próprio desenvolvimento. Meiosque terão de continuar a ser inovados e melhora-dos. Os jovens desempenharão um papel funda-mental neste combate.

E amanhã? Os novos caminhos da ajuda

A sociedade civil é o conjunto dos cidadãos deuma região, de um Estado ou de um conjunto deEstados como a União Europeia, além dos gover-nos e das administrações públicas. Por outraspalavras, somos nós mesmos. Na prática, asociedade civil exprime-se através dos meiosassociativos que a representam: organizaçõesnão governamentais (ONG), sindicatos, asso-

ciações profissionais (embora a sociedadecivil nada tenha a ver com o mundo dos

negócios), igrejas, associações huma-nitárias, grupos de mulheres, etc.

Durante as últimas déca-

das, a sua capacidade de influnciar as políticaspúblicas aumentou de forma espectacular.Quando bem organizada, a sociedade civil obrigao Estado a prestar contas e faz com que a voz daspopulações pobres e marginalizadas seja ouvidapelos governos, que os seus pontos de vistasejam considerados nas decisões dos poderespúblicos. A sociedade civil tornou-se um interve-niente importante na luta contra a pobreza e nadefesa de uma democracia participativa. Muitoactiva na Europa, a sociedade civil está acomeçar a organizar-se um pouco por todo omundo, apesar dos esforços dos regimes autori-tários para anular a sua força. A União Europeiaencoraja o seu reforço e apoia as próprias activi-dades nos conhecimentos que as organizações

têm do terreno. Uma parte importante da ajudaeuropeia ao desenvolvimento passa pelas orga-nizações da sociedade civil, centrando-se emdomínios como a reconstrução após conflitos ecatástrofes naturais, a saúde, a protecção doambiente, o desenvolvimento rural, a educação eos direitos das mulheres.

É o caso de vários projectos descritos nesta bro-chura. Os programas de ajuda aos idosos na Rússia(p.3), às vítimas de sida no Burundi, no Haiti, naGuiné e em Mianmar (p.6), à mobilização contraa pena de morte nas Filipinas (p.14) ou aos sindi-calistas em perigo na Colômbia (p.14), entreoutros, foram levados a cabo por organizaçõesda sociedade civil.

Nós, sociedade civil Comissão EuropeiaServiço de cooperação EuropeAid Rue de la Loi 41 – B-1049 BruxelasFax: (32-2) 299 64 07E-mail: [email protected]://ec.europa.eu/europeaid

A Comissão Europeia declina qualquer responsabilidade, bem comode qualquer pessoa que actue em seu nome, pela utilização quepossa ser feita das informações constantes da presente brochura.

Textos: Anne-Marie MouradianDesenhos: Pierre KrollConcepção/pré-impressão: Mostra Communication e ASCii

© Fotografias:Histórias 2, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 21, 24,25, 28, 29, 30, 35, 37, 38, 39, 42, 44, 46: CEHistória 1: CE/ECHO/Pedro Luis RojoHistória 2: CE/ECHO/Daniela CaviniHistórias 20, 34: CE/EuropeAid/François LefèbvreHistória 22: CE/EuropeAid/Annie Martinez AlonsoHistória 23: CE/EuropeAid/Jairo CajinaHistória 32: CE/EuropeAid/Almin ZrnoHistória 36: Bruce DavidsonHistórias 3, 4, 19, 27, 40, 47, 48: Panos

Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiaisdas Comunidades EuropeiasISBN 978-92-79-04840-1© Comunidades Europeias, 2007Reprodução autorizada mediante indicação da fonteImpresso em Portugal, Novembro de 2007Brochura número: KQ-77-07-050-PT-C

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