a tribuna - março de 2013 - edição 3.891

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BOLETIM INFORMATIVO A TRIBUNA - ÓRGÃO OFICIAL DA ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS Um raio em céu sereno ANO 104 - EDIÇÃO 3.891 - MARÇO 2013 Assim definiu Cardeal Angelo Sodano, Decano dos Cardeais, sobre a renúncia do Papa Bento XVI, em 11 de fevereiro último. A Igreja, comovida, ora por Bento XVI e aguarda o Conclave, do qual sairá escolhido o novo Sumo Pontífice. Bento XVI renuncia. L’Osservatore Romano

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Boletim A Tribuna, Órgão Oficial da Arquidiocese de Campinas. Ano 104, Edição 3.891, Março de 2013.

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BOLETIM INFORMATIVO A TRIBUNA - ÓRGÃO OFICIAL DA ARQUIDIOCESE DE CAMPINAS

Um raio em céu sereno

ANO 104 - EDIÇÃO 3.891 - MARÇO 2013

Assim definiu Cardeal Angelo Sodano, Decano dos Cardeais, sobre a renúncia do Papa

Bento XVI, em 11 de fevereiro último. A Igreja, comovida, ora por Bento XVI e

aguarda o Conclave, do qual sairá escolhido o novo Sumo Pontífice.

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Boletim A TribunaPublicação do Setor Imprensa da Arquidiocese de Campinas – SP

Arcebispo Metropolitano:Dom Airton José dos SantosDireção: Padre Rodrigo Catini Flaibam Editora-chefe: Bárbara Beraquet (MTb 37.454)Jornalista: Wilson Antonio Cassanti (MTb 32.422) Editora-assistente:Carolina GrohmannApoio: Mariana IgnácioJoão do Carmo Costa

EXPEDIENTE

WWW.ARQUIDIOCESECAMPINAS.COM

[email protected]

RUA LUMEN CHRISTI, 02JARDIM DAS PAINEIRAS

13092-320 CAMPINAS, SP

Composição própriaDistribuição gratuitaImpressão: RIP Editores GráficosTiragem: 10 mil exemplares

Desconcerto, surpresa, admiração e comoção diante das palavras de Bento XVI, que comunicou a sua decisão de «renunciar ao ministério de Bispo de

Roma». Sentimentos que se viam nos rostos dos cardeais e dos prelados que — reunidos para o Consistório ordinário público na manhã de segunda-feira 11 de Fevereiro na sala do Consis-tório do Palácio Apostólico — ouviram diretamente do Papa o anúncio inesperado.

Os olhares de todos cruzaram-se, um leve murmúrio elevou-se na sala e a admiração transformou-se num lamento. Mas depois dos primeiros momentos de confusão, foi-se mani-festando nos presentes — entre os quais estavam também os mestres-de-cerimónias, os representantes das postulações, os cantores da Capela Sistina, os sediários pontifícios e os adidos técnicos — o reconhecimento unânime que o gesto realizado pelo Pontífice é um elevadíssimo ato de humildade.

Uma decisão que surpreendeu todos. E que o Pontífice – acompanhado pelos arcebispos Georg Gänswein, prefeito da Casa Pontifícia, e Guido Pozzo, esmoler, pelos monsenhores Leonardo Sapienza, regente da Prefeitura da Casa Pontifícia, e Alfred Xuereb, da Secretaria particular do Pontífice — quis comunicar pessoalmente quando, no final da celebração da Hora média e após o anúncio de que no dia 12 de Maio pró-ximo se realizarão as três canonizações na ordem do dia do Consistório, leu o texto em latim da Declaratio escrita com o seu próprio punho. Falando com voz firme e serena, enquanto os presentes o ouviam num silêncio quase irreal — explicou os motivos da sua decisão, tomada «com plena liberdade» e «depois de ter reiteradamente examinado a minha consciência diante de Deus».

“Uma decisão que surpreendeu todos”

Palavras do Cardeal Angelo Sodano, Decano dos Cardeais, após o Papa anunciar a renúncia, em 11 de fevereiro

BOLETIM A TRIBUNA - MARÇO 2013 - 02

BOLETIM A TRIBUNA - MARÇO 2013 - 03

De um momento de oração e de alegria, a atmosfera transformou-se em tristeza. Quem se fez porta-voz foi o cardeal AngeloSodano, decano do Colégio cardina-lício, que imediatamente tomou a palavra em nome de todos os purpurados. «Santidade, amado e venerado sucessor de Pedro, a sua mensagem comovida — disse — ressoou nesta sala como um raio em céu sereno. Ouvimo-lo com sentido de trepidação, quase total-mente incrédulos. Nas suas palavras pudemos sentir o grande afeto que Vossa Santidade sempre teve pela santa Igreja de Deus, por esta Igreja que Vossa Santi-dade tanto amou».

Agora, acrescentou, «permita que lhe diga em nome deste cenáculo apostólico, o Colégio cardinalício, em nome destes seus amados colaboradores, que estamos mais próximos do que nunca, como estivemos ao lon-go destes luminosos oito anos do seu pontificado».

O purpurado assegurou a Bento XVI que «antes de 28 de Fevereiro, como Vossa Santidade disse, dia em que deseja pôr a palavra fim a este seu serviço pon-tifical, prestado com muito amor e humildade, antes

de 28 de Fevereiro, poderemos expressar-lhe melhor os nossos sentimentos. Assim farão muitos pastores e fiéis espalhados pelo mundo, assim farão numerosos homens de boa vontade, juntamente com as autori-dades de muitos países». Depois, uma referência aos próximos compromissos do Pontífice. «Ainda este mês teremos a alegria de ouvir a sua voz de pastor, já na quarta-feira de Cinzas, e depois na quinta-feira com o Clero de Roma, nos Angelus destes domingos e nas audiências de quarta-feira. Portanto, haverá ainda mui-tas ocasiões para ouvir a sua voz paterna». Mas a sua missão, concluiu, «continuará. Vossa Santidade disse que estará sempre próximo de nós com o seu teste-munho e com a sua oração. Sem dúvida, as estrelas do céu continuarão a brilhar sempre e assim brilhará sempre no meio de nós a estrela do seu pontificado. Estamos próximos de Vossa Santidade, Santo Padre. Abençoe-nos!».

Fonte: L’Osservatore Romano

Cardeal Sodano com Bento XVI, logo após anúncio da renúncia.

L’Osservatore Romano

“Bento 16, em gesto de profunda humildade e desapego, renunciou ao pontificado, sen-tindo que suas forças físicas não lhe permitiam mais conduzir a Santa Sé. Desprendido que sempre foi das coisas terrenas, julgou ser melhor para a igreja que um novo pontífice seja escolhido. Ao contrário do poder humano, que quem o detém luta para nunca per-dê-lo, o poder na Igreja Católica é só o de servir, o que impõe a quem esteja no lugar de Pedro a disponibilidade total, porque o poder não é um bônus, mas um ônus, carregado de responsabilidade e dedicação”.

A Arquidiocese de Campinas recebeu, com surpresa, o anúncio do Santo Padre indicando sua renúncia. Nela o Sumo Pontífice diz claramente: “renuncio ao Ministério de Bispo de Roma, sucessor de

São Pedro, que me foi confiado por meio dos Cardeais em 19 de abril de 2005, de modo que, a partir de 28 de fevereiro de 2013, às 20 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro ficará vaga”.

Reconhecemos a grandiosidade na humilde decisão de renunciar e, mesmo comovidos, nos irmanamos a ele. Convidamos toda a Arquidiocese de Campi-nas para manifestar a comunhão com o Santo Padre nesse momento em que a Igreja mais precisa do seu Pastor. Ao mesmo tempo, sugerimos que se destaque, em nossas igrejas, capelas, comunidades e organismos a fotografia do Santo Padre o Papa Bento XVI. Peço a todos que, confiantes no Espírito Santo, que sempre conduz a Igreja de Cristo, rezem pelo Papa Bento XVI e por aquele que será eleito, sucessor do Apóstolo São Pedro.

Trecho do artigo “Bento XVI: profunda humildade e desapego” de Ives Gandra da Silva Martins, advogado, professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de Comando

e Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra.

Dom Airton esteve com Bento XVI para recepção do pálio, em junho de 2012. L’Osservatore Romano

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BOLETIM A TRIBUNA - MARÇO 2013 - 04

Dom Airton José dos Santos, Arcebispo Metropolitano de Campinas,logo após tomar conhecimento da renúncia de Bento XVI

Caríssimos Irmãos,

convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha cons-ciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avança-da, já não são idóneas para exercer adequa-damente o ministério petrino. Estou bem cons-ciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igual-mente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de cora-ção vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à so-licitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à ora-ção, a Santa Igreja de Deus.

Papa Bento XVI anuncia a decisão de deixar o cargo

BOLETIM A TRIBUNA - MARÇO 2013 - 05

Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.

BENEDICTUS PP. XVI

Fonte e foto: L’Osservatore Romano

A renúncia de Bento XVI

São CelestinoAo contrário do que se noticiou,

houve, sim, outros casos de papas que foram forçados a abdicar, mas

nenhum além de Celestino V e Bento XVI, renunciou por livre e expressa

vontade.São Celestino V que, na história da

Igreja, renunciou por motivos simi-lares aos de Bento XVI, encerrou seu

pontificado em dezembro de 1294.

Na foto de 2010, Papa Bento XVI visita o túmulo com as relíquias de

Celestino V, guardado na Catedral de Sulmona, colocando sobre a tumba seu pálio, em homenagem ao Papa

falecido.

Sé VacanteCardeal Camerlengo é quem coman-da a Igreja e o Estado do Vaticano na Sé Vacante. O atual Camerlengo é o Cardeal Tarcisio Pietro Evasio Bertone.

ConclavePara as 20h00 do próximo dia 28 de Fevereiro, momento final do papado de Bento XVI, a Igreja entrará em estado de Sé Va-cante. A partir deste momento estará então chefiando a mesma Igreja, por um breve e transitório período, uma pessoa que só assume esta posição cada vez que um papa morre ou renuncia ao papado, que é o Cardeal Camerlengo. Este tempo transitório serve para promover a eleição de um novo Papa a partir do Conclave.

O Brasão de um CamerlengoO estilo heráldico de um brasão de

Cardeal Camerlengo (que será o brasão da própria Santa Sé no tempo

da vacância) é tão único quanto o próprio brasão

de um papa. Executivamente

falando, o Car-deal Camerlengo é o Secretário de Estado do Vati-cano, cuidando

dos assuntos econômicos e

financeiros se-gundo a desig-nação do Papa. Por esta razão,

além do padrão próprio de um brasão de Cardeal, um

Camerlengo quando da Sé Vacante passa a ter a mais um timbre único sobre seu brasão, que é o conjunto

formado pelo”Ombrellino”ou ”Um-braculum”, e as Chaves do Vaticano.

Imagens de L’Osservatore Romano

Papa passa habitar no Mosteiro Mater EcclesiaeA partir do dia 28 de fevereiro, o Papa encerra seu pontificado e passa a habi-tar por dois meses na residência ponti-fícia de Castel Gandolfo, tempo neces-sário para que o restauro do mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano, seja finalizado e o Papa possa ser transferido.O Mater Eccle-siae surge na colina Vatica-na, atrás da Basílica, e se apoia na mu-ralha que Leão IV mandou er-guer em 847 para proteger a igreja dos ataques dos sarracenos e que hoje coincide em parte com o confim do pequeno Estado. Foi construído em 1992, durante o papado de João Paulo II para monjas de clausura e agora será a residência do Papa Emérito.

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Bento XVI preside liturgia de Cinzas, em 13 de fevereiro

Bento XVI entrará para a história como o ‘Papa do amor’ e o ‘Papa do Deus Peque-no’, que fez do Reino de Deus e da Igreja

a razão de sua vida e de seu ministério.Bento XVI surpreendeu o mundo inteiro com o anúncio de sua renúncia como bispo de Roma no próximo dia 28. “Bem consciente da gravi-dade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de bispo de Roma, su-cessor de São Pedro”, disse o Papa.Ao fim da carta, o Papa Bento XVI agradece,

“Estamos consternados pela notícia. Ele estava governando a Igre-ja, ocupado em atividades diárias. Contávamos com

a presença dele na Jornada Mundial da Juventude”. Cardeal Raymundo Da-

masceno Assis, arcebispo de Aparecida.

Um ato de coragem e humildadede forma especial aos cardeais, e pede perdão por seus defeitos. “Verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que car-regastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos”.Bispos de todo mundo tem demonstrado surpre-sa diante de tão surpreendente notícia. Um ato de coragem e humildade, assim assinalam os bispos. No Brasil, a repercussão tem sido muito grande. Diversos bispos comentaram sobre o anúncio da renúncia.

Em nota oficial divulgada na tarde do dia 11, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) acentuou que “Bento XVI entrará para a história como o ‘Papa do amor’ e o ‘Papa do Deus Pequeno’, que fez do Reino de Deus e da Igreja a razão de sua vida e de seu ministé-rio. O curto período de seu pontificado foi suficiente para ajudar a Igreja a intensificar a busca da unidade dos cristãos e das religiões através de um eficaz diálogo ecumênico e inter-reli-gioso, bem como para chamar a atenção do mundo para a necessidade de voltar-se ao Deus criador e Senhor da vida”.

“Este é um momento para a Igreja agradecer a Deus esse grande pon-tificado de Bento XVI

e, também, rezar por ele para que Deus o aben-

çoe e fortaleça”. Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emé-

rito de São Paulo.

“O Papa Bento XVI continuará levando sua missão de outra maneira e a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro agradece a Deus

pela sua vida, pelo seu trabalho e pela sua missão, e reza também

pelo seu sucessor”. Dom Orani João Tempesta, arce-

bispo do Rio de Janeiro.

“Esse foi um gesto de amor. Quan-do ele aceitou ser Papa, foi com a missão de servir à Igreja. Agora,

viu que lhe faltam forças e não tem condições de continuar exercendo

o ministério. Ele demonstra confiar em Jesus Cristo, que vai nos dar um

novo pastor para conduzir Seu rebanho”. Dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador e pri-

maz do Brasil.

“Como nós sabemos, o Papa é o Sucessor de Pedro, é o pastor da Igreja uni-versal e é o fundamento visível da Igreja, de modo que um fato como este é um

fato muito extraordinário e que vai ter consequências para o futuro da Igreja. Então recebi com perplexidade, mas a minha admiração pelo Papa aumentou

ainda mais”. Dom Benedito Beni dos Santos, bispo de Lorena.

BOLETIM A TRIBUNA - MARÇO 2013 - 07

Fontes: BBC, G1

Iniciamos, mais uma vez, o período da quaresma que nos prepara, para celebrar a Páscoa de nosso Senhor Jesus Cristo. É um tempo de graça em que

nos dispomos mais fervorosamente a ouvir a Palavra de Deus que nos revela seus planos de amor.

Na Quaresma, tempo de penitência, tempo em que a Igreja nos convida para estarmos mais atentos às dis-posições interiores, que nos fazem caminhar na direção do Cristo Ressuscitado que se entregou por nós, em seu gesto de amor supremo e total, a Igreja no Brasil nos convida para aprofundarmos nosso conhecimento, nos-sas atitudes e nosso compromisso com a Juventude.

A Igreja nos propõe com tema da Campanha da Fra-ternidade: “Fraternidade e Juventude”. O lema que nos é proposto para corroborar nossa reflexão e dar conteúdo de fé à nossa compreensão do tema, é uma citação do profeta Isaias, que diz: “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8).

O tema da Juventude já foi objeto da Campanha da Fraternidade no ano de 1992. Neste ano de 2013 a Igre-ja, ao repropor a juventude como tema para a Campanha

“Eis-me aqui, envia-me”

da Fraternidade, em um tempo em que vivemos uma mudança de época, deseja refletir e rezar com os jovens, reapresentando-lhes o Evangelho como sentido de vida e, ao mesmo tempo, como missão. O Evangelho é nossa vida, nossa existência. A Campanha da Fraternidade é um convite para nos convertermos a Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida (Jo 14,6) e, irmos ao encontro dos jovens, especialmente dos jovens que estão sendo empurrados para a margem da sociedade. É também um convite a milhares de jovens de nossas Paróquias, Comu-nidades, Movimentos, Associações, enfim, um convite a todos os jovens para que se deixem encontrar por Jesus Cristo. Deste encontro surgirá uma multidão de jovens que irão desejar anunciar Jesus Cristo aos outros jovens.

A Campanha da Fraternidade deste ano, também anuncia a Jornada Mundial da Juventude que aconte-cerá no próximo mês de julho no Rio de Janeiro. Este grande acontecimento da Igreja sintetiza a expectativa de todo jovem que se deixa encontrar pelo Senhor Jesus Cristo. Que todos os jovens sejam verdadeiros missioná-rios para levar aos outros jovens a Boa Nova do Reino; coloquem-se a serviço da evangelização utilizando os novos meios de comunicação para fazer chegar a todos os jovens o Evangelho de Cristo; Vivam e testemunhem com vigor, a alegria de ser cristãos; anunciem alegres, com a voz e o coração, as palavras do Profeta Isaias: Eis-me aqui, envia-me! (Is 6,8).

Queridos irmãos e irmãs! Motivados pela Campanha da Fraternidade deste ano, consideremos a realidade dos nossos jovens, acolhendo-os e compreendendo-os neste nosso tempo marcado por profundas transformações culturais e dos relacionamentos entre os indivíduos, cada vez mais, massificados e manipulados. Esta é a marca de uma sociedade que não se preocupa com o seu futuro, não investe na juventude para que seja protagonista na história, ao contrário, faz dela objeto de uso e de consu-

Dom Airton José dos SantosArcebispo Metropolitano de Campinas

Campanha da Fraternidade 2013

mo. Por isso, queremos, com esta Campanha da Frater-nidade, reavivar, nos jovens, o potencial de participação e transformação.

Queremos também, neste Ano da Fé, favorecer a todos os jovens que sejam reconhecidos, protegidos, le-vados a sério e ajudados a organizarem a vida a partir de opções fundamentais e a construírem projetos pessoais de vida com solidez e perspectiva para o futuro.

Queremos, olhar com maior atenção, para aquela mul-tidão de jovens que sofre, de modo violento os desvios da sociedade. São jovens que jogaram suas vidas nos vícios de todo tipo, na marginalidade, na violência… Queremos também olhar com atenção, para a quan-tidade de jovens que, por causa dessas condições, são dizimados numa verdadeira guerra onde os mais pobres são caçados e assassinados. Salientamos que dentre estes, a grande maioria é formada por jovens pobres e negros.

Irmãos queridos! Vamos caminhar com os jovens e refazer com eles a experiência dos discípulos de Jesus. Vamos todos nos esforçar para compreender e por em prática o objetivo geral desta Campanha da Fraternidade, a saber: “Acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz”.

Para realizar este objetivo geral, devemos nos esforçar para:

“Propiciar aos jovens um encontro pessoal com Jesus Cristo a fim de contribuir para sua vocação de discípulo missionário e para a elaboração de seu projeto pessoal de vida”; “Possibilitar aos jovens uma participação ativa na comunidade eclesial, que lhes seja apoio e sustento em sua caminhada, para que eles possam contribuir com seus dons e talentos” e, por fim, “sensibilizar os próprios jovens para serem agentes transformadores da sociedade, protagonistas da civilização do amor e do bem comum”.

Olhando para a juventude e para esta campanha da fraternidade, como seria bom se pudéssemos tomar nos braços nossos jovens e, em cada tempo, dizer como o velho Simeão: Agora, Soberano Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque meus olhos viram tua salvação (Lc 2, 29-30).

Que o Jejum a esmola e a oração, neste tempo quares-mal, nos transforme e nos faça mais atentos aos sinais de Deus em nosso tempo, especialmente através da juventude.

Que o tempo da Quaresma seja, para todos, um tempo de graça.

“Motivados pela Campanha da Fraternidade deste ano,

consideremos a realidade dos nossos jovens”

BOLETIM A TRIBUNA - MARÇO 2013 - 11

Jovens reuniram-se em flashmob em frente à Catedral Metropolitana, antes da Missa da Quarta-Feira de

Cinzas, em 13 de fevereiro.

Dom Airton José dos Santos preside Missa da Quarta-Feira de Cinzas. Fotos: Bárbara Beraquet

ARQUIDIOCESE EM DESTAQUE

1Padre Rafael Capelato foi no-meado Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Catedral (Campi-nas), sendo apresentado em 04 de novembro de 2012.

2 Padre José de Souza Primo (CSS) foi nomeado Pároco da Paróquia São Benedito (Campi-nas), tomando posse em no-vembro de 2012.

3Criação da Paróquia São Joa-quim e Sant’Ana, desmembrada da Paróquia Santa Luzia, no Par-que Residencial Vila União em Campinas. Padre Paulo Crozera foi nomeado o primeiro Pároco, tomando posse em 09 de no-vembro de 2012.

4Padre Gian Carlos foi nomea-do Administrador Paroquial da Paróquia Santa Mônica (Campi-nas), tomando posse em 29 de dezembro de 2012.

5Padre José Arlindo de Nadai laureou Jubileu de Ouro Sa-cerdotal no dia 06 de janeiro. A celebração festiva, ocorrida na Paróquia Divino Salvador (Campinas), contou ainda com o lançamento do livro “Semen-tes na Colheita: diálogos dos 50 anos de ministério presbiterial do padre José Arlindo de Nadai no anúncio do mistério de Cristo e da Igreja”.

6Criação da Quase-Paróquia Nossa Senhora da Piedade, des-membrada da Paróquia Santa Inês, na região do Aeroporto em Campinas. Padre Erisvaldo Pedro da Silva foi nomeado o Administrador Paroquial, toman-do posse em 27 de janeiro de 2013.

7Padre Osmar Hércules Padovan (SDB) foi nomeado Pároco da Paróquia Dom Bosco (Campi-nas), tomando posse no dia 31 de janeiro de 2013.

8Padre José Antônio Trasferetti foi nomeado Pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo (Campinas), tomando posse no dia 10 de fevereiro de 2013. Cônego José Júlio torna-se padre emérito residindo e atuando na mesma paróquia como colaborador do novo pároco.

9Padre Luís Augusto Ramos Vieira foi nomeado Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora das Dores (Campinas), sendo apre-sentado em 10 de fevereiro de 2013.

Destaques, eventos, nomeações

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BOLETIM A TRIBUNA - MARÇO 2013 - 12

BOLETIM A TRIBUNA - MARÇO 2013 - 13

10Nova Comissão de Formação do Seminário foi constituída em 18 de fevereiro de 2013. Foram nome-ados padres formadores: Mon-senhor Décio Ravagnani, Padre André Luiz Bordignon Meira, Padre Antonio Douglas de Moraes, Padre Carlos Donizete da Silva, Padre João Batista Cesário, Padre José Arlindo de Nadai, Padre José Edu-ardo Meschiatti, Padre Marcelo de Oliveira, Padre Rogério Canciam e Padre Victor da Silva Almeida Filho.

11Padre Antonio Douglas de Moraes foi nomeado Reitor do Seminário Arquidiocesano Imaculada Concei-ção. Monsenhor Décio Ravagnani foi nomeado Diretor Espiritual do mesmo Seminário. Padre João Ba-tista Cesário foi nomeado Diretor de Estudos do mesmo Seminário. Todos tomaram posse no dia 18 de fevereiro de 2013.

12Padre Marcelo de Oliveira foi no-meado Diretor e Formador do Se-minário Propedêutico. Padre Victor da Silva Almeida Filho foi nomeado Formador do mesmo Seminário. Padre Carlos Donizete da Silva foi nomeado Diretor Espiritual do mesmo Seminário. Todos tomaram posse no dia 18 de fevereiro de 2013.

13Padre Claudio Wilson Müller foi nomeado Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Evangelização, tomando posse em 24 de fevereiro de 2013.

14 Dom Airton José dos Santos, nosso Arcebispo Metropolitano, completará 11 anos de Ordena-ção Episcopal em 02 de março de 2013. Dom Airton foi ordenado bispo em 2002, por Dom Décio Pereira, Bispo de Santo André.

15 Padre Frei Fábio Teixeira dos Santos foi nomeado Pároco da Pa-róquia Santo Antônio (Campinas), e tomará posse em 10 de março de 2013.

16Criação da Paróquia Nossa Senho-ra do Perpétuo Socorro, desmem-brada da Paróquia Santa Cruz, no Jardim Nova Europa em Cam-pinas. Padre Bruno Alencar Ale-xandroni foi nomeado o primeiro Pároco, e tomará posse em 21 de abril de 2013.

17Padre Carlos Roberto Marassato de Moraes foi nomeado novo Pároco da Paróquia Santa Cruz (Campi-nas), e tomará posse em 28 de abril de 2013.

18Padre Dalmirio Djalma do Amaral foi nomeado Pároco da Paróquia São Sebastião (Valinhos), e tomará posse em 04 de maio de 2013.

19Padre Leonardo Henrique Piacente foi nomeado Pároco da Paróquia São Miguel Arcanjo – Matão (Su-maré), e tomará posse em maio de 2013. Padre Ronaldo Temoteo da Silva foi nomeado Vigário Paro-quial da mesma paróquia.

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10 Na ordem citada, da esquerda para a direita,

Comissão de Formação do Seminário

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A Renúncia do Ofício Eclesiástico

A recente notícia da renúncia do Santo Padre co-moveu a todos. Ao mesmo tempo, surgiu a ne-cessidade de visitarmos a legislação da Igreja

para verificar como o Código de Direito Canônico prevê tal ação. Realmente, nas leis da Igreja existe a possibilida-de de renunciar a todos aqueles que exercem um ofício eclesiástico, tendo em conta o bem do próprio anúncio do Evangelho, a missão confiada.

O Papa não tem superior terreno, por isso mesmo, sua renúncia não depende da aceitação ou recusa de ninguém (cân. 332); assim, renun-ciando livremente, o Papa disse, diante do Colégio Cardinalício: “Depois de ter examinado repetida-mente a minha consciência diante de Deus”. Isso justamente porque a missão do Papa não nasce da eleição dos Cardeais, mas da aceitação desta missão diante deles. É o próprio Deus que confia a missão singular-mente no momento da eleição. Ao Santo Padre não é imposto nenhum limite de idade ou de condição física, a sua própria consci-ência diante de Deus é o parâmetro para julgar, decidir e, por fim, declarar, se for o caso, a renúncia.O Papa, reco-nhecendo humildemente suas limitações físicas, nos deixa um grande exemplo de santidade.

Todavia, para as outras situações, em que o ofício ecle-siástico possui diretamente superior hierárquico, a Igreja prescreve e roga aos seus filhos a renúncia, sobretudo quando se completam os 75 anos de idade. Nesses casos os Cardeais que tem missão junto aos Institutos estáveis da Curia Romana (cân. 354); Para os Bispos Diocesanos e para os que a ele são equiparados (cân. 401, 1); Para os bispos coadjutores e auxiliares (cân. 411) e para os páro-cos e aos que a ele são equiparados.(cân. 538, 3).

Completado os 75 anos todos os que enumeramos acima são convidados a apresentar a seus superiores hierárquicos sua carta de renúncia. Nos casos dos padres, por exemplo, o superior imediato é o bispo diocesano que, uma vez tendo em mãos a renúncia, irá mensurar sobre todas as circunstâncias que envolvem a pessoa, o local e a necessidade pastoral. Com essa indispensável análise, o bispo diocesano julgará se aceita a renúncia imediatamente

ou se a posterga. A apresentação da renúncia não deve ser tratada como uma obrigação jurídica, pois implicaria na obrigatoriedade do superior em aceitá-la de imediato, mas mais do que isso, renunciar, em comunhão com o ordenamen-to da Igreja, é, sim, uma verdadei-ra obrigação moral.

Essa norma exortativa nasce do próprio Concílio Vaticano II, que diz “aos párocos que, em virtude da idade avançada ou por outras causas graves, já não podem de-sempenhar com perfeição e fruto

os próprios deveres, pede-se instantemente que renunciem ao cargo espontaneamente ou a convite do Bispo. E este proveja para que não falte aos renunciantes o sustento conveniente” (Decreto Christus Dominus, n.31).

Uma vez que a renúncia foi aceita pelo bispo diocesano, o pároco deverá ser amparado pela diocese em todas as suas reais necessidades (cân. 281, 2; 384). Recebe, ain-da, como reconhecimento de todo o esforço realizado em prol do Evangelho, o título de Emérito (cân. 185). É importante lembrar que o padre ao renunciar não deixa de ser padre, de celebrar missas, de atender confissões, entre tantas outras atividades. Mas deixará o ofício eclesiásti-co que o próprio bispo um dia lhe confiou como dileto colaborador.

“Todavia, para as outras situações, em que o ofício

eclesiástico possui diretamente superior hierárquico, a Igreja

prescreve e roga aos seus filhos a renúncia, sobretudo quando se completam os 75

anos de idade”

Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedec (Hb 7,17)

Padre Doutor Adriano BrolezeVigário Judicial

BOLETIM A TRIBUNA - MARÇO 2013 - 14

1.Cônego Carlos Menegazzi91 anos (09/10/1921)Padre Emérito

2.Padre Pedro João Tomazini 90 anos (30/06/1922)Padre Emérito

3.Monsenhor Valdemiro Caran 89 anos (11/02/1924)Padre Emérito

4.Cônego José Júlio81 anos (21/01/1932)Padre Emérito

5.Monsenhor Fernando de Godoy Moreira79 anos (06/05/1933)Pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia (Campinas)

6.Padre Waldemar Hermes Ramos Tinoco79 anos (04/01/1934)Pároco da Paróquia Sant’Ana (Valinhos)

7.Padre Raimundo Charles Masterson 77 anos (20/04/1935)Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Conceição (Campinas)

8.Cônego Antônio Teixeira Filho 77 anos (29/09/1935)Pároco da Paróquia da Imaculada (Campinas)

9.Cônego Álvaro Augusto Ambiel 76 anos (04/12/1936)Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição (Campinas)

10.Padre José Arlindo de Nadai 76 anos (29/01/1937)Pároco da Paróquia Divino Salvador (Campinas)

11.Cônego Luiz Carlos da Fonseca Magalhães75 anos (06/03/1937)Pároco da Paróquia Cristo Rei (Campinas)

12.Padre Paschoal Brazilino Canôas 74 anos (01/07/1938)Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes (Campinas)

13.Padre Francisco de Paula C. de Vasconcellos73 anos (11/10/1939)Pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia (Indaiatuba)

14.Cônego Pedro Piacente72 anos (28/09/1940)Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças (Campinas)

15.Cônego José Luiz Nogueira Castro71 anos (19/08/1941)Paróquia Santa Luzia (Campinas)

Não significa, ainda, que a renúncia a um ofício paroquial impedirá o “Pároco Emérito” de ser um fiel colaborador da Igreja com sua experiência e capacidade, mas continuará com seu amor ao chama-do de Cristo, sendo verdadeira testemu-nha no mundo, como bem nos lembrou o grande Papa Beato João Paulo II ao dizer: “Os presbíteros que, pela idade avançada, são designados como idosos... devem reservar-lhes gratidão pelos fiéis serviços que prestaram a Cristo e à Igreja e solidariedade concreta pela sua condi-ção...”(PASTORES DABO VOBIS, 71).

Em seu coração de bom pastor da Igreja, o Santo Padre decidiu em plena consciência e diante de Deus que deveria renunciar ao comando da “Barca de São Pedro.” Renúncia, neste sentido, nunca significará desistência. Assim também ocorre em todos os outros ofícios ecle-siásticos. Uma alma livre entende cada momento de sua vida e se coloca ge-nerosamente nas mãos de Deus: “EIS-ME AQUI, SENHOR, ENVIA-ME“ (Is 6,1-8). O Papa se recolherá em um mosteiro dentro da Cidade do Vaticano para dedicar seus dias à oração pela Santa Igreja, legando para a humanidade mais um valioso ensinamento: que renunciar também pode ser um grande sinal de amor!

Padres diocesanos com idade superior ou próxima aos 75 anos de vida“A apresentação da

renúncia não deve ser tratada como uma

obrigação jurídica... mas, sim, uma

verdadeira obrigação moral”

BOLETIM A TRIBUNA - MARÇO 2013 - 15

Padre Doutor Adriano Broleze

é pároco de Sant’Ana,

em Pedreira (SP)

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