a Ética aristotÉlica o caminho para a felicidade …

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3 Revista Filosofia Capital ISSN 1982 6613 Vol. 5, Edição 11, Ano 2010. Revista Filosofia Capital – RFC ISSN 1982 6613, Brasília, vol. 5, n. 11, p. 03-12, jul/2010. A ÉTICA ARISTOTÉLICA: O CAMINHO PARA A FELICIDADE COMPLETA THE ARISTOTELIAN ETHICS: THE WAY TO HAPPINESS COMPLETE PINTO, Elias Fernandes. 1 RESUMO No presente texto, realizou-se uma reflexão sobre a ética no pensamento de Aristóteles, tendo como referência a obra Ética a Nicômaco. Também apresenta uma abordagem sobre o filósofo e o seu tempo. Pode-se observar que a filosofia de Aristóteles, em relação à ética, está relacionada à felicidade que é o fim supremo do homem, e a relacionar de forma justa e agradável com os outros. Para isso, é necessário viver, segundo a razão, que é uma atividade da alma, em consonância com as virtudes intelectuais e morais, e ter uma vida completa para assim chegar à contemplação. A virtude encontra-se entre os extremos; os bens materiais, as honras e os prazeres não podem ser vistos como a essência da felicidade, mas como meios, pois, eles em si não a trazem, dependem de algo a mais. Não basta apenas conhecer esses princípios, mas possuí-los e usá-los. Tal atividade é difícil para o homem, já que ela é digna dos deuses, mas não podemos viver como simples mortais, à medida do possível, procuremos buscar a imortalidade, vivendo de acordo com o que há de melhor em nós, ou seja, a razão de superar os instintos. Palavras-chave: Aristóteles. Ética a Nicômaco. Felicidade. ABSTRACT In the present text, a reflection was become fullfilled on the ethics in the thought of Aristotle, having as reference the workmanship Ethical the Nicômaco. Also it presents a boarding on the philosopher and its time. It can be observed that the philosophy of Aristotle, in relation to the ethics, is related to the happiness that is the supreme end of the man, and to relate of form pleasant joust and with the others. For this, it is necessary to live, according to reason, that is an activity of the soul, in accord with the intellectual and moral virtues, and to have a complete life thus to arrive at the contemplation. The virtue meets enters the extremities; the corporeal properties, the honors and the pleasures cannot be seen as the essence of the happiness, but as half, therefore, they in itself do not bring it, depend more on something. It is not only enough to know these principles, but to possess them and to use them. Such activity is difficult for the man, since it is worthy of gods, but cannot live as simple mortals, to the measure of the possible one, let us look for to search immortality, living in accordance with what it has of better in us, that is, the reason to surpass the instincts. Word-key: Aristotle. Ethics the Nicômaco. Happiness. 1 Bacharelando em Filosofia pelo ITEOFIC – Instituto Teológico e Filosófico de Caratinga / Seminário Diocesano Nossa Senhora do Rosário. Email: [email protected] .

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3 Revista Filosofia Capital ISSN 1982 6613 Vol. 5, Edição 11, Ano 2010.

Revista Filosofia Capital – RFC ISSN 1982 6613, Brasília, vol. 5, n. 11, p. 03-12, jul/2010.

A ÉTICA ARISTOTÉLICA: O CAMINHO PARA A FELICIDADE COMPLETA THE ARISTOTELIAN ETHICS: THE WAY TO HAPPINESS COMPLETE PINTO, Elias Fernandes. 1

RESUMO

No presente texto, realizou-se uma reflexão sobre a ética no pensamento de Aristóteles, tendo como referência a obra Ética a Nicômaco. Também apresenta uma abordagem sobre o filósofo e o seu tempo. Pode-se observar que a filosofia de Aristóteles, em relação à ética, está relacionada à felicidade que é o fim supremo do homem, e a relacionar de forma justa e agradável com os outros. Para isso, é necessário viver, segundo a razão, que é uma atividade da alma, em consonância com as virtudes intelectuais e morais, e ter uma vida completa para assim chegar à contemplação. A virtude encontra-se entre os extremos; os bens materiais, as honras e os prazeres não podem ser vistos como a essência da felicidade, mas como meios, pois, eles em si não a trazem, dependem de algo a mais. Não basta apenas conhecer esses princípios, mas possuí-los e usá-los. Tal atividade é difícil para o homem, já que ela é digna dos deuses, mas não podemos viver como simples mortais, à medida do possível, procuremos buscar a imortalidade, vivendo de acordo com o que há de melhor em nós, ou seja, a razão de superar os instintos. Palavras-chave: Aristóteles. Ética a Nicômaco. Felicidade.

ABSTRACT

In the present text, a reflection was become fullfilled on the ethics in the thought of Aristotle, having as reference the workmanship Ethical the Nicômaco. Also it presents a boarding on the philosopher and its time. It can be observed that the philosophy of Aristotle, in relation to the ethics, is related to the happiness that is the supreme end of the man, and to relate of form pleasant joust and with the others. For this, it is necessary to live, according to reason, that is an activity of the soul, in accord with the intellectual and moral virtues, and to have a complete life thus to arrive at the contemplation. The virtue meets enters the extremities; the corporeal properties, the honors and the pleasures cannot be seen as the essence of the happiness, but as half, therefore, they in itself do not bring it, depend more on something. It is not only enough to know these principles, but to possess them and to use them. Such activity is difficult for the man, since it is worthy of gods, but cannot live as simple mortals, to the measure of the possible one, let us look for to search immortality, living in accordance with what it has of better in us, that is, the reason to surpass the instincts. Word-key: Aristotle. Ethics the Nicômaco. Happiness.

1 Bacharelando em Filosofia pelo ITEOFIC – Instituto Teológico e Filosófico de Caratinga / Seminário

Diocesano Nossa Senhora do Rosário. Email: [email protected].

4 Revista Filosofia Capital ISSN 1982 6613 Vol. 5, Edição 11, Ano 2010.

Revista Filosofia Capital – RFC ISSN 1982 6613, Brasília, vol. 5, n. 11, p. 03-12, jul/2010.

INTRODUÇÃO

O texto a seguir retrata a ética aristotélica na obra Ética a Nicômaco. Tem como objetivo inicial descobrir qual é o bem, o fim supremo, que o ser humano busca para sua realização, segundo o estagirita. Pode-se, dessa forma, contribuir para as relações humanas, voltando ao princípio da ética, ressaltando os valores que o filósofo grego anunciou.

A problemática é apresentada devido à complexidade da vida humana, mostrando o que é a felicidade e em que ela consiste. Como o homem é um ser racional, para se chegar à felicidade, deve-se viver segundo sua razão, mas não apenas, pois o ser humano também é composto de carne e sentidos e sua natureza precisa, também, dos bens exteriores como meio para se chegar ao objetivo final que é ser feliz.

Baseado no pensamento do filósofo, de alguns historiadores da filosofia, e em conclusões próprias, a pesquisa apresenta a importância de se estudar os valores morais e intelectuais na filosofia humana, as virtudes que são frutos dos hábitos e do ensino que são de suma importância para uma vida agradável e realizada.

O trabalho se divide em duas partes: inicialmente, aborda-se sobre a vida, obras, contexto histórico e filosofia de Aristóteles, e, na sequência, o tema sobre a ética, na visão do estagirita. Como metodologia, foram realizadas pesquisas em livros e na biblioteca virtual (eletrônica), seguidas de leitura, interpretação, escrita e organização do texto. Método Analítico Dedutivo.

Por fim, pretende-se apresentar a importância do pensamento do filósofo grego Aristóteles, para a vida pessoal e comunitária, mostrando que não somos perfeitos, mas podemos ser cortados e modelados para alcançar a vida ideal. Notas Biográficas

Segundo Bini (2005), Aristóteles nasceu em 384/383 a.C, em Estagira, na

Calcídia região dependente da Macedônia. Filho de Nicômaco e Féstias; seu pai, de pura raiz Jônica, era médico, tendo servido ao rei Amintas II da Macedônia, avô de Alexandre.

Assim, deve-se supor que Aristóteles, com sua família, tenha morado em Pela sede do reinado de Amintas, e frequentado a corte. Os relatos sobre sua adolescência e juventude são escassos e dúbios. Presume-se que durante este tempo em que conviveu com seu pai, tenha se iniciado nos rudimentos da medicina.

Philippe (2002) diz que Aristóteles, depois da morte de seus pais, foi adotado por certo Próxeno de Atárnea. Mais tarde, com a morte de Próxeno, em sinal de gratidão, ele adota, por sua vez, o filho de seu benfeitor, Nicanor; a quem Aristóteles futuramente deu sua filha em casamento como consta, em seu testamento.

Uma vez alcance minha filha a idade necessária, que seja concedida como esposa a Nicanor. Se algum mal abater sobre ela, prazam aos deuses que, não antes ou depois de seu casamento, antes de ter filhos, caberá a Nicanor deliberar sobre meu filho e sobre meus bens, conforme ele pareça digno de si e de mim. Nicanor assumirá o cuidado de minha filha e de meu filho Nicômaco, zelando para que nada lhes falte. (BINI apud ARISTÓTELES, 2005, p. 14).

Pessanha (1987) afirma que em meados dos anos 366 a.C. e 365 a.C, com dezoito anos, Aristóteles chega a Atenas, o grande centro intelectual e artístico da Grécia, atraído pela intensa vida cultural que a cidade oferecia. Desde início, demonstrava aptidão pelas ciências naturais, mas Platão, com seu ideal filosófico ao homem, a contemplação e a política marcou a inteligência do grande jovem.

Reale e Antiseri (2003) dizem que ao

5 Revista Filosofia Capital ISSN 1982 6613 Vol. 5, Edição 11, Ano 2010.

Revista Filosofia Capital – RFC ISSN 1982 6613, Brasília, vol. 5, n. 11, p. 03-12, jul/2010.

ingressar na academia platônica fundada em 387 a.C, Aristóteles consolidou sua vocação filosófica de modo definitivo, tanto que permaneceu na Academia mais de vinte anos, ou seja, até a morte de Platão. É certo que em todo esse tempo, Aristóteles conheceu muito bem os princípios platônicos em sua substância como afirma Philippe:

Durante estes vinte anos na academia, Aristóteles não foi sempre o aluno que escuta o ensino do mestre. Chegou um dia em que ele próprio teve de começar a ensinar. Em que época? Não sabemos. Geralmente se reconhece que, estando Platão ainda vivo o Estagirita já escrevia diversos diálogos, e que deu um curso sobre retórica. [Também chegou a defender Platão em alguns escritos, e ao mesmo tempo criticá-lo, tentando fazer com que sua visão mudasse de direção.] (PHILIPPE, 2002, p. 11).

Bini (2005) afirma que nesse período de Academia, Aristóteles foi casado com Pítia, e esta lhe deu uma filha e o filho Nicômaco, o qual uma de suas principais obras Ética a Nicômaco é dedicada.

Reale e Antiseri (2003) dizem que, com a morte de Platão em 347 a.C, Aristóteles não se sentiu em condições de continuar na Academia, pois a direção da Escola tinha sido tomada por Espêusipo, que coordenava uma das correntes filosóficas mais distantes das convicções que, ao longo de sua vida, Aristóteles já havia amadurecido. Com isso, ele viaja para Assos, na Ásia Menor, juntamente com seu colega de academia Xenócrates, onde fundou uma escola com os platônicos Erasto e Corisco da cidade de Scepsis e estudou as disciplinas mais propriamente filosóficas.

O Estagirita permaneceu em Assos durante três anos, depois foi para Mitilene, na ilha de Lesbos, terra de Teofrasto que provavelmente estava destinado, mais tarde,

a tornar-se sucessor do próprio Aristóteles. Neste período, realizaram pesquisas sobre as ciências naturais que mais tarde teve um relevante papel nos destinos do Liceu.

Segundo Pessanha (1987), em 343/342 a.C, Felipe confia a Aristóteles a educação do filho Alexandre Magno, que no momento tinha treze anos de idade. Infelizmente, temos poucos registros do relacionamento entre o personagem que revolucionou a história grega e o grande filósofo e político.

Para Philippe (2002), Aristóteles, ao aceitar ser o educador de Alexandre Magno, mostra ser verdadeiramente discípulo de seu amigo e mestre Platão, que considerava como um dos grandes deveres dos filósofos a formação dos futuros legisladores e dos chefes das cidades.

Reale e Antiseri (2003) confirmam que Aristóteles permaneceu na corte macedônica, até a morte de Felipe II e o início do reinado de Alexandre, em 336 a.C. Também é possível que, em 340 a. C., ele tenha voltado para Estagira, pois Alexandre já havia ingressado na vida política.

Chegando a Atenas, Aristóteles alugou alguns prédios próximos ao templo dedicado a Apolo Lício, de onde provém o nome Liceu dado à sua escola. E como Aristóteles ministrava seus ensinamentos, caminhando pelo jardim ao lado dos prédios, a escola foi também chamada de Perípato.

Ao contrário da academia platônica, voltada para a investigação matemática, o Liceu transformou-se num centro de estudos dedicado principalmente às ciências naturais. De terras distantes conquistadas em suas expedições, Alexandre enviava ao ex-preceptor, exemplares da fauna e da flora que iam enriquecer a coleção do Liceu. (PESSANHA, 1987, p. 4).

Segundo Goldfarb (2001), com a

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morte de Alexandre, em 323 a.C, seguiu-se uma violenta reação antimacedônica, particularmente em Atenas, que vivia um forte sentimento de patriotismo. Os vínculos de Aristóteles com a corte macedônica, em especial, com o vice-rei, Antipater, o tornou impopular aos olhos dos Atenienses, que o acusaram de impiedade, acusação clássica que esconde as garras políticas.

Para Reale e Antiseri (2003), esta acusação seria por Aristóteles ter sido mestre do grande soberano. Formalmente foi réu, por ter escrito, em honra a Hérmias, um poema que só seria digno de um Deus. Para fugir de seus inimigos e para impedir que Atenas pecasse mais uma vez contra a filosofia, Aristóteles foi para Cálcis, onde possuía bens imóveis maternos, deixando Teofrasto na direção do Liceu. Em 322 a.C. morre depois de poucos meses de exílio. Principais Obras

Segundo Reale e Antiseri (2003), os escritos de Aristóteles dividem-se em dois grupos: Os exotéricos, destinados ao grande público e, os esotéricos, destinados apenas para os discípulos alunos do Liceu.

Bini (2005) diz que muitos dos escritos de Aristóteles se perderam completamente, alguns restam apenas os títulos ou fragmentos, outros, embora estruturalmente íntegros, apresentam lacunas ou mutilações. É certo que boa parte dessa perda se deva ao criminoso incêndio da biblioteca de Alexandria, ocorrido por volta do ano 200 a.C.

Suas obras podem ser classificadas em: Escritos sob a influência de Platão, como: Poemas, Eudemo, Da Monarquia, Protrépticos, Da Colonização, Constituições, Da Filosofia, Ética a Eudêmo, Política, Do Céu, Física. E escritos da Maturidade, produzidos durante o Liceu, como: Organon, Física, Ética a Nicômaco, Política, Poética, Metafísica e Retórica. E um vasto número de livros, como: Justiça, Político, Gênero e Espécies, Artes, Matemáticas.

Pessanha (1987) afirma que as obras acromáticas, que formam o Corpus aristotelicum, apresentam uma distribuição sistemática: Primeiro, os tratados de lógica, cujo conjunto recebeu a denominação de Organon, depois, os Tratados da Natureza, os Tratados da Alma, a Filosofia Teórica e a Filosofia Prática. Contexto Histórico

Philippe (2002) revela que, em 345 a.C, os persas destroem Assos, o que provoca a separação de Aristóteles de seu amigo Hérmias, que foi morto em uma emboscada tramada por cidadãos de Assos comprados pelos persas. O próprio Aristóteles nos conta esse fato, pela inscrição da estátua que ele faz erigir em Delfos.

Conforme Pessanha (1987), no ano 338, tempo em que Aristóteles estava na corte macedônica, os gregos foram derrotado pelo exercito de Felipe, na célebre batalha de Queronéia, e chega ao fim a autonomia das cidades-estados, que caracteriza a Grécia do período Helênico. A partir daí houve a integração de amplos organismos políticos, que diluíram suas fronteiras e distinções culturais.

Bini (2005) diz que, com a morte de Felipe II, Alexandre sobe ao trono em 336 a. C, expande seu território e derrota os persas na batalha de Granico, em 334 a.C, em Arbela 331 a.C, e, em 300 a.C, implica-lhes um grande castigo, encerrando e dominando esta expedição aos persas.

Segundo Schmidt (2005), após a conquista do império persa, Alexandre dominou a Fenícia, a Palestina e o Egito. Suas conquistas estenderam-se até o começo da índia. Em 323 a.C, morre Alexandre, prematuramente. Em conseqüência, o grande império foi divido entre os generais de maior destaque. Por volta dos séculos I e II a.C., o império acabou sendo conquistado por Roma. Situação Filosófica

Para Philippe (2002), Sócrates faz

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uma violenta reação no pensamento filosófico, que estava em decadência em sua época, deixando de interrogar o universo e sua origem, o cosmo, os fenômenos celestes, a astronomia e a matemática, para dedicar-se, unicamente, ao conhecimento da alma e da virtude: “conheça a ti mesmo.”

Platão, o discípulo amado de Sócrates, ultrapassa a intenção de seu mestre. Faz uma unificação dos diversos conhecimentos filosóficos, e, para fundamentar o mundo sensível e a instabilidade, ele busca as realidades imutáveis e perfeitas.

Com isso, sem deixar o conhecimento de si mesmo, graças às formas ideais, Platão considera as realidades físicas e dá uma nova explicação do universo, criando uma nova visão de mundo. Entre as formas ideais e as coisas sensíveis, Platão coloca como intermediárias as formas matemáticas “os números ideais” e forma os diversos níveis de conhecimentos. Mais tarde chega a contemplação do Uno, do Bem e do Belo.

Segundo Pessanha (1987), no período em que Aristóteles chegou a Atenas, duas grandes instituições educacionais disputavam a preferência dos jovens, que buscavam se preparar para ascender na vida pública, por meio dos estudos.

De um lado Isócrates, também seguindo a trilha dos sofistas, propunha-se a desenvolver no educando a aretê política, ou seja, a virtude ou capacitação para lidar com os assuntos relativos à pólis, transmitindo-lhe a arte de emitir opiniões prováveis sobre coisas úteis. Ao contrário de Isócrates estava Platão o qual Aristóteles escolheu como mestre, e prolongou e instituiu novos conhecimentos filosóficos.

Mora (2000) diz que Aristóteles desenvolveu seu pensamento em extensão, não apenas para abranger todos os saberes, mas se preocupa com a necessidade de estudar o individual, o contingente e o fato de que somente um saber universal pode ser verdadeiro, levando para a explicação do mundo. Procura entender, e não apenas

explicar vagamente a gênese antológica do objeto.

A filosofia de Aristóteles, que se inicia com a descoberta de um instrumento para a ciência e culmina numa metafísica a qual subordina a teologia, a teoria do mundo físico e a doutrina da alma como enteléquia do corpo, é complementada por uma doutrina ética e política cujo intelectualismo não representa, todavia, o império da razão, mas do razoável. (MORA, 2000, p.183).

Philippe (2002) assegura que

Aristóteles esteve sempre atento a todos que filosofaram antes dele. Sempre que aborda novas questões filosóficas, considera o que seus predecessores disseram a respeito da problemática, mas isto não leva a ele ser um historiador da filosofia, mas testemunha do pensamento de sua época. A Felicidade como Fim Supremo do Homem

Aristóteles (1973) diz que toda ação, arte e investigação, tem como objetivo um bem qualquer, por isto tudo tende ao bem. Como são muitas as ações, artes e ciências, muitos são os fins. Todo este conjunto de ações e fins está subordinado ao fim último, o sumo bem que podemos chamar de felicidade.

Mas o que é a Felicidade? Os primeiros pensam que seja alguma coisa simples e óbvia, como o prazer, a riqueza ou as honras, muitos embora também discordem entre si; e não raro o mesmo homem a identifica com diferentes coisas, com a saúde quando está doente, com a riqueza quando é pobre. Cônscios da sua própria ignorância, não obstante, admiram aqueles que proclamam algum grande ideal inacessível à sua compreensão. Ora, alguns têm pensado que, à parte desses numerosos bens, existe outro que é auto-subsistente e também é a causa da bondade de todos os demais.

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(ARISTÓTELES1973, p. 251).

Philippe (2002) conclui que estas diversas opiniões que os gregos do século IV a.C disseram sobre a felicidade que Aristóteles relata, muitas vezes representa também as opiniões dos homens atuais dada a complexidade da vida humana sensível e espiritual.

Sobre esta problemática, Aristóteles (1973) explica que o homem vulgar que coloca sua felicidade no prazer, leva uma vida de gozo. A honra é muito superficial, pois depende mais de quem confere que de quem a recebe. E o bem é algo próprio de um homem e que dificilmente lhe poderia ser arrebatado.

A mais absurda é a vida consagrada ao ganho, pois é uma vida forçada. A riqueza é algo útil, nada mais, e ambicionado no interesse de outra coisa, é amada por si mesma. Não podemos vê-la como um fim, mas como um meio.

Nos aspectos expostos, Aristóteles (1973) diz que há coisas boas em si mesmas e coisas úteis que dependem de algo mais. O que é o bem?

Voltemos novamente ao bem que estamos procurando e indaguemos o que é ele. Ele se mostra diferente nas diversas ações e artes: é diferente na medicina, na estratégia, e assim em todas as demais artes. O que é, então, o bem de cada uma delas? Será aquilo em cujo interesse se fazem todas as outras coisas? Na medicina, ele é a saúde; na estratégia, a vitória; na arquitetura, uma casa; e assim sucessivamente em qualquer outra esfera de atividade, ele é a finalidade em todas as ações e propósitos, pois é por sua causa que os homens realizam tudo o mais. Se, pois, existe uma finalidade visada em tudo que fazemos, tal finalidade será o bem atingível pela ação, e se há mais de uma, serão os bens atingíveis por meio dela. (ARISTÓTELES, 2007, p. 8).

Para dizer que a felicidade é o sumo bem, já que tudo tem sua finalidade, precisamos determinar a função do homem. Pois este não pode levar somente uma vida comum e perceptível, por que até os vegetais e animais vivem assim. O que é peculiar “Resta, portanto, a atividade do elemento racional do homem; desta, uma parte tem esse princípio racional no sentido de ser obediente a ele, e a outra, no sentido de possuí-lo e de pensar.” (ARISTÓTELES, 2009, p. 9).

Então, de acordo com Aristóteles (1973), o homem que quer viver bem deve levar uma vida segundo a razão que é uma atividade da alma, em consonância com a virtude, ajuntando-se numa vida completa.

Assim Aristóteles proclama os valores da alma, como valores supremos, embora com seu forte senso realista, reconheça também uma utilidade aos bens materiais [honra e prazer] em quantidades necessárias, já que eles, mesmo não estando em condições de dar felicidade com sua presença, podem em parte comprometê-la com sua ausência. (REALE; ANTISERI, 1991, p. 204).

As Virtudes Morais como ponto equidistante entre os extremos

Segundo Aristóteles (1973), as virtudes se dividem em duas espécies: intelectuais e morais. Sendo que, as virtudes intelectuais nascem e crescem por meio do ensino, e, as morais, são resultados do hábito e não da natureza. Só adquirimos virtudes por meio do exercício, assim como a arte.

O que é a virtude?

A virtude é, então, uma disposição de caráter relacionada com a escolha de ações e paixões, e consistente numa mediania, isto é, a mediania relativa a nós, que é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática. É um meio-termo entre dois vícios, um por excesso e outro por falta, pois nos

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vícios ou há falta ou há excesso daquilo que é conveniente no que concerne às ações e às paixões, ao passo que a virtude encontra e escolhe o meio-termo. (ARISTÓTELES, 2007, p.17)

Este meio termo em que se encontra a

virtude é essencial para a pessoa que quer ter uma vida saudável e feliz, pela razão que, os extremos não são dignos de louvores, mas de corte. Por exemplo, o homem não pode se envergonhar de tudo, e nem ser despudorado, e sim modesto. Em relação ao dinheiro, não pode ser pródigo nem mesquinho, mas, sim, livre ou magnificente.

Porém, nem toda paixão e ação admitem um meio termo, pois algumas já implicam maldade em si, como: despeito, despudor, inveja, adultério, furto, assassínio e outras. Nelas, jamais pode haver retidão, e, sim, o erro.

Conforme Reale e Antiseri (1991), a mediania não é uma espécie de mediocridade, mas, sim, uma culminância, um valor considerado a vitória da razão sobre os instintos. Assim, apresenta uma síntese de toda sabedoria grega dos poetas gnômicos, nos sete sábios, e também na justa medida que apresentou um papel importante em Platão.

Segundo Aristóteles (1973), as virtudes, além de disposição do caráter, tendem por natureza para a prática dos atos que a produzem; dependendo de nós são voluntárias e agem de acordo com as regras da justiça.

Porém, as ações e as disposições de caráter não são voluntárias do mesmo modo, porque do princípio ao fim somos senhores de nossos atos se conhecemos as circunstâncias particulares, mas, embora tenhamos o controle do despontar de nossas disposições de caráter, o desenvolvimento de cada estágio de tais disposições não é óbvio, como não o é também nas doenças; porém, como dependia de nós agir ou não

agir de tal maneira, as disposições são voluntárias. (ARISTÓTELES, 2007, p. 25).

De acordo com Aristóteles (1973), são várias as virtudes morais. Vejamos algumas delas: a Coragem, como o meio termo entre o medo e a confiança; a temperança, como justo meio entre os prazeres e as intemperanças; a liberalidade, como justa medida entre a prodigalidade e a avareza; a magnificência, como meio caminho entre a vulgaridade e a mesquinhez; a calma, como meio termo entre a cólera e o despeito.

A justiça é a justa medida, segundo a qual se distribuem os bens, as vantagens, os ganhos, e administra-se a política. “A justiça é muitas vezes considerada a maior das virtudes, e "nem Vésper, nem a estrela-d'alva são tão maravilhosas" '; e, proverbialmente, na justiça se resumem todas as virtudes” (ARISTÓTELES, 2007, p. 39). As Virtudes Intelectuais

De acordo com Aristóteles (1973), a alma é composta de duas partes: a do princípio racional, e a privada de razão. E ainda possui três elementos que controlam a ação e a verdade: sensação, razão e desejo. Mas, das três, a sensação não é princípio de nenhuma ação, pois até os animais a sentem. Como acontece a ação?

A origem da ação, sua causa eficiente, não final é a escolha, e a origem da escolha é o desejo e o raciocínio dirigido a algum fim. Eis o porquê de não poder a escolha existir sem a razão e o intelecto, nem sem uma disposição moral, pois as boas e as más ações não podem existir sem uma combinação de intelecto e de caráter. (ARISTÓTELES, 2007, p. 48).

Reale e Antiseri (1991) esclarecem que, ao relacionar os processos psíquicos pressupostos pelo ato moral com a psicologia, Aristóteles chamou a atenção

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para a escolha que vinculou ao ato da deliberação. Quando queremos chegar a um fim, traçamos as metas para chegar até ele, assim a escolha trata-se apenas dos meios, não do fim. Aquilo que Aristóteles tentou encontrar é o livre-arbítrio. Afirmou que o homem virtuoso vê o verdadeiro em toda coisa, mas não explicou como o homem torna virtuoso. Nenhum filósofo Greco resolveu essas aporias só o pensamento cristão consegue esta explicação mais tarde.

De acordo com Aristóteles (1973), as disposições, pelas quais a alma possui, são cinco: a arte, como idêntica a uma capacidade de produzir envolvendo o reto raciocínio, o conhecimento científico, como um estado que nos torna capaz de demonstrar, além de conhecer os pontos de partida, a sabedoria prática, como uma capacidade verdadeira e raciocinada de agir com respeito às coisas que são boas ou más para o homem, a razão intuitiva que consiste no fato último e variável, e a sabedoria filosófica, como conhecimento científico, combinado com a razão intuitiva daquelas coisas que são mais elevadas por natureza.

Para Reale e Antiseri (1991), estas virtudes intelectuais se resumem em duas: a sabedoria (Phrónesis), que consiste em adquirir bem a vida do homem, ou seja, deliberar corretamente aquilo que é bom ou mau para sua vida, e a Sapiência (Sophía), que é o conhecimento daquelas realidades que já foram já abordadas neste estudo. A Amizade

Segundo Aristóteles (1973), a amizade é uma virtude ou implica a uma virtude, e, além disto, é de suma necessidade na vida humana. Muitos a definem como afinidade, ou seja, as pessoas semelhantes são amigas, o igual com o igual. Outros, pelo contrário, dizem que dois do mesmo ofício nunca estão de acordo.

Existem três tipos de amizade, e, em cada uma delas, existe um amor mútuo. A mais inferior é considerada a amizade útil,

pois os que amam por utilidades não amam por si mesmos, mas em virtude de algum bem que recebe um do outro. Logo, este ama o que é bom para ele mesmo. Esta amizade é própria das pessoas de espírito mercantil e não é permanente, pois seu fim é mutável.

Em segundo, temos a amizade por prazer, isto é, tem um prazer natural no convívio com os amigos. Este tipo de amizade acontece com mais frequência entre os jovens, pois eles são guiados pela emoção e buscam o que é satisfatório e que está diante dos olhos, mas este tal prazer se altera facilmente, é por isso que fazem e desfazem suas amizades rapidamente.

A amizade perfeita é a dos homens que são bons, e buscam a virtude, por que estes desejam igualmente o bem uns aos outros enquanto bons. Consequentemente, sua amizade dura enquanto são bons e a bondade é durável. Da mesma forma são agradáveis e úteis uns aos outros, por isto é a amizade completa. É uma relação de amor mútuo, amante e amado e vice versa.

A amizade é um tema de muita importância para Aristóteles, por isso ele dedica dois livros a ela. Para Philippe (2002), o amor de amizade é o amor humano por excelência. A preocupação principal, filosoficamente falando, em relação à amizade é descobrir sua estrutura original e analisar suas propriedades, para descobrir o lugar exato entre as perfeições humanas, para manifestar a finalidade do homem como homem. A Felicidade Perfeita

De acordo com Aristóteles (1973), a felicidade é algo que todo ser humano procura, ela é desejada em si mesma, pois nada lhe falta: é auto-suficiente. É uma atividade, segundo a natureza humana, conforme a virtude, no seu grau mais alto, isto é o que existe de melhor em nós, tornando-se nosso dirigente em encargo as coisas nobres e divinas, será a felicidade perfeita, a atividade contemplativa.

A felicidade tem uma mistura de

11 Revista Filosofia Capital ISSN 1982 6613 Vol. 5, Edição 11, Ano 2010.

Revista Filosofia Capital – RFC ISSN 1982 6613, Brasília, vol. 5, n. 11, p. 03-12, jul/2010.

prazer, mas a atividade da sabedoria filosófica é reconhecida como a mais importante das demais virtudes, pois a auto-suficiência deve pertencer à atividade contemplativa. O homem justo ou que possui qualquer outra virtude precisa de outro para completar sua ação, já o filósofo mesmo sozinho, pode contemplar a verdade, e fará melhor quando for mais sábio. Mesmo com colaboradores ele é o mais auto-suficiente.

A atividade da razão é contemplativa e a razão é o homem. Todas as qualidades, as virtudes são atribuídas ao homem sumamente feliz, esta será a felicidade completa. Tal vida é difícil, pois não será enquanto homem que ele viverá assim, mas quando estiver em si algo de divino.

Se, portanto a razão é divina em comparação com o homem, a vida conforme a razão é divina em comparação a vida humana. Mas não devemos seguir os que aconselham a ocupar-nos com coisas humanas, visto que somos homens, e com coisas mortais, visto que somos mortais; mas na medida em que isso for possível, procuremos tornar-nos imortais e envidar todos os esforços para viver de acordo com o que há de melhor em nós; porque ainda que seja pequeno quanto ao lugar que ocupa, supera a tudo o mais pelo poder e pelo valor. (ARISTÓTELES, 1973. p. 429).

Segundo Aristóteles (1973), o homem feliz, também necessita de prosperidade exterior como a riqueza, honras, prazeres, pois sua natureza não basta a si mesma para atingir a contemplação. O corpo precisa gozar da saúde, de ser alimentado e cuidado.

Mas, homem feliz não necessita de muitas ou grandes coisas, só por que não pode ser supremamente feliz sem os bens exteriores. “A auto-suficiência e a ação não implicam excesso, e podemos praticar atos nobres sem sermos donos da terra e do mar”. (ARISTÓTELES, 1973. p. 431).

Para Reale e Antiseri (1991), Aristóteles afirma de modo acentuado todo seu pensamento em torno do homem e de sua ética nesta passagem:

Com efeito, enquanto a vida inteira dos deuses é bem-aventurada e a dos homens o é na medida em que possui algo dessa atividade, nenhum dos outros animais é feliz, uma vez que de nenhum modo participam eles da contemplação. A felicidade tem, por conseguinte, as mesmas fronteiras que a contemplação, e os que estão na mais plena posse desta última são os mais genuinamente felizes, não como simples concomitantes, mas em virtude da própria contemplação, pois que esta é preciosa em si mesma. E assim, a felicidade deve ser alguma forma de contemplação. (ARISTÓTELES, 1973, p. 431).

Ainda Reale e Antiseri (1991) teorizam que esta é a formulação mais típica do ideal dos velhos filósofos da natureza, e que Sócrates já havia iniciado a explicação do ponto de vista conceitual e que Platão já havia teorizado. Mas Aristóteles mostra tematização da tangência da vida contemplativa com a vida divina, que faltava em Platão, pois o conceito de Deus como mente suprema, Pensamento de Pensamento, só surge com Aristóteles.

Conforme Aristóteles (1973), o homem que quer se tornar bom deve ser adestrado e acostumado, passando o seu tempo em ações dignas e não praticando ações más e voluntárias ou involuntárias. Quanto às virtudes, não basta conhecê-las, precisamos possuí-las e usá-las ou experimentar outros meios que se nos antepare de nos tornarmos pessoas melhores e boas.

Para uma boa formação ou adestramento, Aristóteles (1973) propõe as leis, pois a maioria das pessoas obedece mais a necessidade do que os argumentos, e aos castigos mais que os sentimentos nobres. Por isso os legisladores deveriam estimular os homens à virtude e instigá-los

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Revista Filosofia Capital – RFC ISSN 1982 6613, Brasília, vol. 5, n. 11, p. 03-12, jul/2010.

com o motivo do nobre.

CONSIDERAÇÕES FINAIS O tema sobre a ética no pensamento

de Aristóteles merece atenção e apresenta um valor muito grande para a história da filosofia. Tratou-se, neste estudo, de questões humanas, levando-nos a refletir sobre a problemática da relação entre os indivíduos dentro da pólis, hoje cidade, que é a preocupação do filósofo.

Como pudemos observar, Aristóteles atribuiu uma importância muito grande à felicidade e em que esta consiste, já que ela é o bem supremo que o homem busca. E o bem é a finalidade de cada coisa atingível pela ação.

Toda ação está ligada a uma escolha, logo, o homem é totalmente responsável pelos seus atos. O homem que quer chegar à felicidade não pode viver como um simples ser perceptível, mas, deve escolher viver segundo sua razão, virtudes e ter sabedoria, para assim chegar à contemplação.

Com isso, Aristóteles não diz que os sentimentos, riquezas, honras e prazeres são inúteis, mas que eles não estão em condição de trazer a felicidade em si, logo, são meios para se chegar até ela.

As disposições de caráter, juntamente com a escolha, dão origem às virtudes, que podem ser divididas em duas partes: intelectual e moral sendo que a primeira é adquirida através do ensino e a segunda nasce do hábito. A virtude consiste no meio termo entre os extremos.

Também a amizade é de suma importância para o filósofo, já que ela é uma virtude ou implica virtude e, além disso, é de suma necessidade a vida humana para se relacionar com a polis e se chegar à felicidade.

Com base nas informações pesquisadas, e contextualizando o pensamento do estagirita, surgem alguns questionamentos: em que consiste nossa felicidade? Ser feliz significa acima de tudo

ser racional? A política, a medicina, a ciência, em fim, toda sociedade vive segundo os valores éticos? Nossas amizades são completas? Temos nos preocupado em aprimorar e adquirir virtudes? Temos dado o devido valor ao social? Nossas escolhas são realmente sábias? REFERÊNCIAS

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