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ISSN 2176-1396 A TABELA FD14: UMA NOVA FERRAMENTA PEDAGÓGICA ADAPTADA AO ENSINO DA QUÍMICA PARA ALUNOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA VISUAL, TRANSTORNOS E HÍGIDOS, COMO MATERIAL LÚDICO DE INCLUSÃO Rodrigo Pedroso da Silva 1 - UTFPR Grupo de Trabalho Comunicação e Tecnologia Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Segundo o Censo do IBGE:2010, possuímos cerca de 22,5% da população com algum tipo de deficiência, isto corresponde a cerca de 45 milhões de brasileiros, dos quais 48,1% são de deficientes visuais. Numa corrida para assegurar seus direitos em todas as áreas o Brasil ratificou A Convenção da ONU em 2007 sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, e autorizou ao Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONADE) a criar medidas que garantam qualidade de vida a esses. Na educação, várias ações foram tomadas como desburocratização do acesso, atendimento educacional especializado e fornecimento de Tecnologias Assistivas (TA), fundamentadas nos decretos 3.298/99 e o Decreto 5.296/04, e recentemente sancionado o Estatuto da Pessoa com Deficiente, lei nº 13.146, 06/07/2015. Dentro de uma nova Política Educacional, na Educação Inclusiva, com participação dos cidadãos interessados e profissionais, ou seja, a primazia do Plano Federal Viver sem Limites, “nada sobre nós, sem nós!” Acompanhamos a aplicação de uma TA de comunicação e informação, denominada de Tabela FD14 (tabela periódica adaptada para cegos). Com resultados positivos e o apoio das Instituições responsáveis e interessadas (ADEVIPAR, IPC, SEED/PR), somando as recomendações da 2° Comissão Temática, do Comitê de Apoio Técnico (CAT). Essa nova ferramenta traduz todas as principais informações necessárias para o aprendizado da disciplina de química, indispensável a todo profissional, especificamente o docente, mas limitados por tratar-se de uma coleta feita visualmente. Quando entre os discentes estão alunos com deficiência visual, a disciplina de química acaba sendo excludente, mas encontrou na Tabela FD14 o suporto ideal para a aprendizagem e avaliação dos portadores de necessidades visuais, fortalecendo a discussão sobre a educação inclusiva. Palavras Chaves: Educação Inclusiva. Tecnologia Assistiva. Química. Tabela FD14. 1 Professor/Pesquisador em Química pelo UTFPR; Supervisor da CAPES/PIBID/PUC/PR; Idealizador da TA Tabela FD14. E-mail: [email protected].

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ISSN 2176-1396

A TABELA FD14: UMA NOVA FERRAMENTA PEDAGÓGICA

ADAPTADA AO ENSINO DA QUÍMICA PARA ALUNOS

PORTADORES DE DEFICIÊNCIA VISUAL, TRANSTORNOS E

HÍGIDOS, COMO MATERIAL LÚDICO DE INCLUSÃO

Rodrigo Pedroso da Silva1- UTFPR

Grupo de Trabalho – Comunicação e Tecnologia

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Segundo o Censo do IBGE:2010, possuímos cerca de 22,5% da população com algum tipo de

deficiência, isto corresponde a cerca de 45 milhões de brasileiros, dos quais 48,1% são de

deficientes visuais. Numa corrida para assegurar seus direitos em todas as áreas o Brasil

ratificou A Convenção da ONU em 2007 sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, e

autorizou ao Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONADE) a criar

medidas que garantam qualidade de vida a esses. Na educação, várias ações foram tomadas

como desburocratização do acesso, atendimento educacional especializado e fornecimento de

Tecnologias Assistivas (TA), fundamentadas nos decretos 3.298/99 e o Decreto 5.296/04, e

recentemente sancionado o Estatuto da Pessoa com Deficiente, lei nº 13.146, 06/07/2015.

Dentro de uma nova Política Educacional, na Educação Inclusiva, com participação dos

cidadãos interessados e profissionais, ou seja, a primazia do Plano Federal Viver sem Limites,

“nada sobre nós, sem nós!” Acompanhamos a aplicação de uma TA de comunicação e

informação, denominada de Tabela FD14 (tabela periódica adaptada para cegos). Com

resultados positivos e o apoio das Instituições responsáveis e interessadas (ADEVIPAR, IPC,

SEED/PR), somando as recomendações da 2° Comissão Temática, do Comitê de Apoio

Técnico (CAT). Essa nova ferramenta traduz todas as principais informações necessárias para

o aprendizado da disciplina de química, indispensável a todo profissional, especificamente o

docente, mas limitados por tratar-se de uma coleta feita visualmente. Quando entre os

discentes estão alunos com deficiência visual, a disciplina de química acaba sendo excludente,

mas encontrou na Tabela FD14 o suporto ideal para a aprendizagem e avaliação dos

portadores de necessidades visuais, fortalecendo a discussão sobre a educação inclusiva.

Palavras Chaves: Educação Inclusiva. Tecnologia Assistiva. Química. Tabela FD14.

1 Professor/Pesquisador em Química pelo UTFPR; Supervisor da CAPES/PIBID/PUC/PR; Idealizador da TA

Tabela FD14. E-mail: [email protected].

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Introdução

Segundo o IBGE-2010, possuímos cerca de 45 milhões de brasileiros com algum tipo

de deficiência, o correspondente a 22,5% da população, dos quais 48,1% são especificamente

deficientes visuais, cegos e baixa visão. Multiplicados pelos direitos já conquistados e a nova

política de Inclusão, passamos a ter um imenso desafio: Capacitar nossos profissionais e

adaptar ferramentas pedagógicas para que sua educação possa ser satisfatória e realmente

inclusiva.

As mudanças e as adaptações das práticas educativas existentes são fundamentais para

um bom desenvolvimento do trabalho, pois conhecer e tentar entender o mundo no qual o

aluno está inserido é o primeiro passo a ser desenvolvido.

E nesse percurso proporcionar ferramentas que igualem suas condições no processo de

aprendizagem, promove sua interação, investigação e a participação na sua própria formação.

Portanto, são ferramentas concretas e bem fundamentadas que poderão guiar o professor a

desenvolver as capacidades de seus alunos, e alcançar êxito em seu papel, educador de

diversidades.

Abranger todas as limitações em uma única ação é impossível, por isso focamos o

grupo com maior contingente, a deficiência visual, e adotamos a melhor proposta técnica (a

Tabela FD14-Tabela periódica adaptada para deficientes visuais) para verificarmos e

discutirmos sua eficiência.

O Direito á Educação Básica

Segundo a LDB, na lei 9.394/96, o Ensino Médio é considerado como modalidade de

Educação Básica no exercício da cidadania, portanto, obrigatória a todos, preferencialmente

da rede pública, também para o aluno de inclusão, compreendendo a acessibilidade desse

alunado bem como a existência de um material apropriado, que facilitem a coleta dessas

informações.

A formação ética e o desenvolvimento intelectual e do pensamento crítico, desejando que os estudantes desenvolvam competências básicas que lhes permitam

desenvolver a capacidade de uma aprendizagem continuada (BRASIL, 2002).

Segundo a reforma curricular proposta pelos PCN para a área de Ciências da Natureza,

Matemática e suas tecnologias, os currículos terão por finalidade promover a investigação

científica e a assimilar princípios da ciência:

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O desenvolvimento de estratégias de trabalho centradas na solução de problemas de forma a aproximar o aluno, ao trabalho de investigação científica e tecnológicas,

como atividades institucionalizadas de produção de conhecimentos, bens e serviços.

Fazer com que o aluno compreenda os princípios da ciência e saber relacioná-la as

situações reais ou simuladas.

Contribuir para a compreensão do significado da ciência e da tecnologia na vida

humana e social com um papel principal diante das questões políticas e sociais para

as quais o entendimento e solução as Ciências da Natureza são uma referências

relevante (BRASIL, 2002).

As Orientações Curriculares Nacionais (OCN) tem-se de forma resumida,

competências desejadas a todo alunado:

... a autonomia intelectual e o pensamento crítico; a capacidade de aprender e continuar aprendendo, de saber de forma consciente às novas condições de ocupação

ou aperfeiçoamento, de contribuir significativamente sobre a realidade social e

política, de compreender o processo de transformação da sociedade e da cultura; o

domínio dos princípios e dos fundamentos científico-tecnológicos para a produção

de bens, serviços e conhecimentos (BRASIL, 2006).

Visto a responsabilidade de lecionar a Ciência, com o papel de compreensão do

mundo e suas transformações, é que ensinar seguindo esses parâmetros e orientações, torna-se

um imenso desafio, por isso, o primeiro passo é a contextualização dos conteúdos, tornando-o

mais interessante e, portanto, facilitando seu aprendizado. Paulo Freire já dizia ser necessários

à formação docente, numa perspectiva progressista, é que “ensinar não é transferir

conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”

(FREIRE, 1996).

Ao impasse que Vigotsky já salientava sobre a importância de assimilar as

informações, com algo real, no caso, a contextualização do conhecimento, dizendo:

O desenvolvimento cognitivo não pode ser entendido sem referências ao contexto

social e cultural no qual ele ocorre. Quer dizer, o desenvolvimento cognitivo não

ocorre independente do contexto social (MOREIRA, 1999, P. 109).

A Educação Inclusiva

Na verdade, sabemos que se limitando ao ensino na sua abordagem tradicional, não

contemplamos as muitas possibilidades para tornar, no caso a Química, mais “palpável” e

negligenciando a oportunidade de associá-la com avanços que afetam diretamente a sociedade

(CHASSOT, 1993).

O educador não precisa abandonar de vez as práticas tradicionais de ensino, porém,

pode sim adotar novas metodologias pedagógicas para promover junto ao educando o

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aprendizado, como de fato, o aluno de inclusão precisará, garantindo assim sua participação

ativa como cita Schatzman (apud Medeiros e Bezerra Filho, 2000,p.108):

A ciência não pode ser ensinada como um dogma inquestionável. Um ensino da ciência que não ensine a pensar, a refletir, a criticar, que substitua a busca de

explicações convincentes pela fé na palavra do mestre, pode ser tudo menos um

verdadeiro ensino da ciência. É antes de tudo um ensino de obediência cega

incorporado numa cultura repressiva.

A LDB trata em seu capítulo V, especificamente sobre a Educação Especial, onde toda

pessoa portadora de necessidades especiais possuem o direito à educação gratuita no ensino

regular da educação básica. Sendo este compromisso firmado também na Constituição

Federal através do artigo 208, inciso III, Decreto nº 6571 de 17 de setembro de 2008 em seu

primeiro artigo, que diz:

A união prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na forma deste Decreto, com a

finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos

com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou

superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular. (BRASIL, 2008).

Para apoiar os sistemas de ensino a Secretarias de Educação Especial (SEESP)

desenvolve também;

O programa de Formação Continuada de Professores na Educação Especial – presencialmente e a distância - , Programa de Implantação e Salas de Recursos

Multifuncionais, Programa Escola Acessível (adequação de prédios escolares para a

acessibilidade), Programa BPC na Escola e Programa Educação Inclusiva: Direito à

Diversidade, que forma gestores e educadores para o desenvolvimento de sistemas

educacionais inclusivos.

A Educação é um direito de todos, portanto, as instituições escolares tem por

obrigação, respeitar a diversidade dos seus alunos. Para tanto, os professores devem ter

consciência que os currículos devem ser flexíveis, podendo sofrer alterações, respeitando as

necessidades individuais dos alunos. Amparada pela lei, como já mencionado, a matrícula do

aluno com necessidades educacionais especiais é feita, preferencialmente no ensino regular,

assim como a existência de atendimento.

Precisamos respeitar as exigências de cada um, ofertando serviços e novos métodos,

fazendo com que os mesmos antes isolados, sejam agora alcançados pela educação inclusiva.

É errado enfatizar a deficiência e colocá-la em destaque, devemos valorizar suas habilidades

naturais no seu processo de aprendizado, no caso do D.V, o seu tato. Não se esquecendo de

respeitar seu tempo de exploração do mundo. Lembrando sempre na educação especial de que

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“estímulos feitos através dos sons se dão mais lentamente que os visuais, então, o deficiente

visual precisa usar o tato ou reproduzir o que ouviu” (MASINI, 1994).

A Disciplina de Química e o Deficiente Visual

A tabela periódica, é a principal ferramenta de apoio para a disciplina de química e seu

profissional, está organizada segundo o critério de Henry Moseley, utilizando como critério a

ordem crescente de número atômico, organiza cerca de 118 elemento químicos diferentes,

esta totalmente organizada e elaborada com características puramente visuais como formato,

distribuição, cor, símbolos, informações numéricas e propriedades com seguimentos distintos.

O aluno de inclusão, especificamente o deficiente visual, não conta com a mesma

capacitação, tornando tais atributos nulos! Sua compreensão baseia-se unicamente na

veracidade das explicações, tornando está disciplina totalmente excludente.

A ferramenta pedagógica conhecida como Tabela FD14, apresenta uma excelente

proposta para suprir está deficiência, onde o aluno portador de necessidades visuais poderá

coletar sem o auxílio de nenhuma outra pessoa, todas as informações contidas em uma tabela

periódica, antes limitada apenas ao hígido.

Quando em um processo de inclusão, este portador de necessidades especiais alcança

o Ensino Médio, possui sua deficiência evidenciada na ausência de recursos que possam

eliminar estas barreiras.

Por exemplo, a tabela periódica, que contem conceitos e informações dispostas de uma

maneira visual, com posição específica, formato característico, grupos, famílias, cores,

símbolos, nomes, número de massa e número atômico; Como uma pessoa portadora de

necessidades visuais, consegue compreender e assimilar tais conceitos e informações? É fato

de que não conseguem!

A tabela periódica como conhecemos, possuem todas estas informações de uma única

maneira (visual), através de símbolos, números, localizações, cores; fator este de acaba por

excluir de uma vez o D.V que tenta participar de uma maneira atuante no seu aprendizado.

Aprender química implica em compreender esta tabela, sua organização e suas

propriedades, sendo a mesma considerada, uma grande facilitadora no aprendizado dessa

disciplina. Agora decifrar e manusear a tabela periódica, necessita de orientações prévias do

educador que alcançará êxito no seu papel, todavia a mesma precisará de adaptações para que

possa atingir todos os alunos igualmente, sem exceção, não excluindo como faz os deficientes

visuais.

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A tabela periódica, ilustrada visualmente na figura 01, é um recurso indispensável para

o ensino de química na qual o “seu estudo se caracterizava por um sólido caráter teórico e não

só como uma ferramenta empírica de análises de fatos” (SEIXAS, ET.AL. 2001). A

compreensão das propriedades periódicas dos elementos permite que o desvendamento da

química e da matéria sejam realmente assimilados, sendo considerada ferramenta de apoio na

“visualização” de conceitos e propriedades outrora transmitidos oralmente.

A Lei Periódica é essencial à formação de uma concepção científica do mundo, da unidade e complexidade da “parte-todo” como expressão dialética dos fenômenos

químicos e naturais (SEIXAS ET. AL., 2001).

Figura 1: Tab. Periódica atual segundo a ordem crescente de número atômico de Henry Moseley

Fonte: http://parquedaciencia.blogspot.com.br/2013/04/obrigado-tabela-periodica.html.

Por isso, a principal ferramenta no aprendizado de química, precisa ser adaptada para

que os portadores de necessidades visuais possam aprender esta disciplina sem defasagem,

numa conquista já alcançada de inclusão.

O direito dos portadores de deficiências alcançou a educação e ao mercado de

trabalho, responsabilizando o estado por medidas que igualem suas oportunidades, agora

garantidas no recém-sancionado Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146, de

06/07/2015). A escola deve mudar sua abordagem pedagógica, excluindo o preconceito e

segregação, no momento em que os professores observam o cenário onde este processo ocorre

(escola) e propiciem condições para atendê-los.

A principal adaptação para D.V foi elaborada por Louis Braille, um sistema de

alfabeto “alternativo”, a partir de uma cela com seis pontos, num sistema de combinações,

gerando 63 caracteres diferentes em relevo, o que aflora a percepção tátil, integrando-o.

Conhecido como Sistema Braille e utilizado em todos os países, o Braille é considerado hoje

fundamental no ensino aprendizado do D.V (FERREIRA, 2007). O Sistema foi inaugurado

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no Brasil no ano de 1854, contemplando todo o nosso alfabeto alfanumérico e outros

caracteres que são interpretados normalmente da esquerda para a direita.

Agora correlacionar o sistema de alfabetização dos deficientes visuais com a

ferramenta química conhecida como Tabela Periódica é algo imensamente desafiador! Não dá

apenas para fazer uma tradução das letras e números existentes linearmente. Todo sujeito que

se dispõe a aprender química precisa entender suas periodicidades, agrupamentos,

disposições, comportamento eletrônicos, formato, etc. Realmente o que dá sentido ao estudo

dos elementos químicos.

A Tabela FD14

Constatada sua existência e necessidades, os deficientes visuais (D.V) formam um

grupo carente de ferramentas, apoio e compreensão. A falta de materiais, metodologias e

técnicas no auxílio de sua aprendizagem, torna o ambiente de sala de aula tão desafiador

quanto a qualquer outro ambiente desconhecido.

Torna-se fundamental a criação de ferramentas apropriadas para toda e qualquer

necessidade que a educação possa vir a enfrentar na adesão desse alunado especial, afim de

que o processo de inclusão seja verdadeiro (BERTALLI, 2008).

O processo de inclusão de educandos com deficiência visual requer criatividade,

conhecimento e trabalho, a inclusão de educandos deficientes visuais em classes

regulares, no que diz respeito aos conteúdos de Química, é perfeitamente possível,

desde que haja apoio para a produção de materiais adequados a essas pessoas. (DÉBORA LÁZARA ROSA, UFES, 2012).

A Tabela conhecida como FD14 é uma tabela periódica especial, criada para

sensibilizar o tato do deficiente visual, permitindo a interpretação de “TODAS” as

informações que uma tabela periódica comum proporciona a um hígido (visual), e consegue

este êxito explorando formatos, espessuras, massa, tamanhos, encaixes, níveis, pontos

cardeais e o Braille. Considerada a principal ferramenta para o químico e o ensino de sua

disciplina, sua utilização no contexto em que estamos vivendo, ou seja, no cumprimento dos

direitos humanos e na nova política de inclusão, é de fundamental importância para uma

formação digna, principalmente para o ensino de Química.

A compreensão das propriedades periódicas dos elementos, permite que o

desvendamento da química e da matéria sejam realmente assimilados, sendo considerada

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ferramenta de apoio na “visualização” de conceitos e propriedades outrora transmitidos

oralmente.

Torna-se muito vago para o aluno ouvinte, a assimilação de informações sem uma

organização espacial, muito mais ao D.V, por isso a Tabela FD14 participa também como

uma ferramenta Lúdica, dinamizando a aprendizagem a partir de algo concreto e tornando sua

assimilação muito mais “divertida”, um processo que também pode ser utilizado para o visual.

E para tanto, não é exigido muito, como MOURA acrescenta:

basta que os professores estejam preparados, “ para aprender realmente um

conteúdo é preciso saber adaptar materiais de modo que este aluno participe de alguma maneira, estando integrado no contexto da aula e não apenas em sala como

simples ouvinte”

... “ a importância é tamanha para sua adaptação, que devemos trazer todas as

informações contidas em uma tabela periódica, utilizada por um aluno vidente, a fim

de que os alunos cegos possam participar de maneira igualitária das aulas de

química” ( MOURA, BRASÍLIA, 2010).

È conhecida à má formação que nossos acadêmicos em licenciatura recebem no campo

prático, onde o período de estágio mostra-se insuficiente para um bom dinamismo

profissional. Muito mais ainda quando deparado com “obstáculos” ao ensino, mas precisamos

entender que a Educação inclusiva, está dentro de um campo em desenvolvimento, não

existindo, portanto ações prontas, cada docente precisa contribuir com suas adaptações na

construção desse processo.

A Tabela FD14 e sua proposta pedagógica

Figura 2: Logo da Tabela FD14

Fonte: O autor, 2014.

A Tabela FD14 trata-se de uma tabela periódica decodificada em sensores táteis,

criada para êxito do processo inclusivo, projetada para sensibilizar o principal sentido de um

portador de necessidades visuais (deficiente visual ou baixa visão), o seu tato. Trazendo como

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orientações na sua leitura e interpretação, características únicas como formato, espessura,

localização, encaixes, níveis, pontos de referências e relevos em Braille. Enquadrando-se

perfeitamente na definição proposta para Tecnologia Assistiva dentro das exigências de

Desenho Universal, sendo um material pedagógico indispensável na educação de deficientes

visuais.

A Tabela FD14 permitirá que o deficiente visual informe-se, compreendendo a

origem e significado dos dados químicos, ganhando independência e autonomia na busca por

seus próprios resultados, identificando sozinho conteúdos estruturantes da disciplina de

Química, como:

Formato característico (tetradecagonal);

Propriedades periódicas como raio, massa eletronegatividade, eletropositividade,

potencial de ionização e temperatura de fusão;

Símbolo e nome de cada elemento;

Seu período e família de origem;

Número atômico característico (critério de organização);

Massa atômica;

Composição atômica (isótopos, isótonos e isóbaros);

Números de elétrons livres (distribuição eletrônica);

Ligações Químicas (covalente, iônica e metálica);

Tabela periódica, formato, disposição, composição, localização de cada elemento

e sua utilização como “ferramenta”;

Ligações químicas, Iônicas e covalentes, distribuição eletrônica, número de

partículas fundamentais e composição do átomo;

Mols, concentração, peso molar e NOX.

Todos os conteúdos listados acima são fundamentais para a compreensão de

fenômenos químicos básicos para toda a disciplina de Química. O docente de posse desta

ferramenta poderá conduzir perfeitamente o aluno de inclusão em questão, a um aprendizado

realmente satisfatório, não precisando deter a este maior tempo de orientação do que a outros.

Naturalmente considerada ferramenta indispensável para um Químico, à tabela periódica

adaptada para cegos também agirá como ferramenta indispensável para o processo inclusivo,

ao passo que permitirá que o aluno enfrente problemas comuns discorridos pela disciplina e

supere-os.

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A Tabela FD14 proporcionará ao D.V toda independência na coleta e interpretação

desses dados, mesmo não sendo aluno e/ou estar cursando o Ensino Médio. Criada para

sensibilizar o tato, qualquer pessoas que possua esta carência, pode apoiar-se nesse material

para possuir suas condições de aprendizagem igualadas ao visual, participando socialmente

em sala de aula de uma forma prática e independente.

Após construção do cognitivo, o D.V realizará a assimilação do conteúdo e poderá

elaborar críticas e propostas, discutindo seus resultados com colegas e professores em um

mesmo nível de conclusão, tendo seus anseios satisfeitos! Seu formato e disposição serão

responsáveis por criar uma “visão” organizacional da tabela periódica, seus elemento,

propriedades e informações na mente do D.V, semelhante ao que ele cria em ambientes de sua

rotina, os quais lhe conferem segurança e domínio no enfrentamento dos desafios. O mesmo

ocorrerá na disciplina de Química, o que antes era tida como disciplina assustadora e

enigmática até mesmo por hígidos, agora se apresenta em uma disposição já desvendada!

Elaborado em formato de tabuleiro de montagem também visual, a Tabela FD14 traz a

condição de ser explorada na inclusão de crianças com transtornos e incapacidades físicas ou

cognitivas.

A contramão da inclusão, ou seja, levar o aluno “normal” ao mundo desafiador do

portador de necessidades, poderá ser explorada nessa nova TA também visual, interpretada

por crianças hígidas, assimilando o correspondente da informação em Braille. Possibilitando

aos nossos jovens a reformulação de suas opiniões de uma maneira positiva a respeito da

inclusão.

É conhecida a importância e os resultados obtidos através do lúdico no processo de

aprendizagem por nossas crianças, a Tabela FD14 soma este benefício quando oportuniza a

construção do conhecimento através do desafio de montagem, acerto e memorização das

peças móveis ao mesmo tempo em que materializa as informações com características já

dominadas no mundo concreto como massa, tamanho, cor e encaixes. Isso tudo confere uma

maior interação no processo de educação em sala, aumentando o rendimento de todos na

utilização como ferramenta lúdica, promovendo a interação e investigação dos dados.

Segundo a ISSO 9999:2007 sobre produtos assistivos para pessoas com deficiência, há

três níveis diferentes de classificação, na qual a Tabela FD14 é classificada como Produto de

Apoio para Comunicação e Informação, que são dispositivos criados para ajudar processar

informações.

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Avaliação do Trabalho

Após contato inicial e apresentação da nova ferramenta pedagógica de inclusão

denominada Tabela FD14, a então diretora da Escola de Educação Especial Prof. Osny

Macedo Saldanha (IPC), CEP 80250-220, localizado na Av. Visconde de Guarapuava, 4186,

Batel, Curitiba/PR, fone: (41) 3342-6690, a Professora Idamaris S. Costa, nos direcionou no

dia 10/10/2014 as 15h00min, sob supervisão da Especialista de Educação Especial a

professora Ana Paula de Oliveira Vieira, que em sua própria sala, avaliou a Tabela FD14

sendo ela mesma portadora de baixa visão e interprete de Braille. A professora de Educação

Especial avaliou a nova TA de comunicação e informação, de acordo com necessidades

básicas e primordiais, dentro de sua formação. Submeteu-se as perguntas do relatório de

avaliação, e ressaltou: Este ser um material excelente para um aluno com necessidades

visuais, mas que também cabe ao visual como uma ferramenta lúdica na promoção do

conhecimento. Seria interessante buscar uma “marcação” indicativa quanto ao

posicionamento correto para início da leitura do cubo.

Precisamos de toda ajuda que existir, não possuímos uma incapacidade cognitiva,

apenas um “probleminha” na coleta de informações, mas ficamos limitados quando

não nos oferecem as mesmas oportunidades. O material está ótimo, com

possibilidades para os totalmente cegos e conservando as mesmas chances para as pessoas com baixa visão.

Prof. Ana Paula O. Vieira, com Baixa Visão, IPC, 2014.

Após contato inicial e apresentação da nova ferramenta de comunicação e informação

para a disciplina de Química, denominada Tabela FD 14, para então diretora da Escola de

Educação Especial Orlando A. Chaves, representando a Associação dos Deficientes Visuais

do Paraná (ADEVIPAR), CEP 81900-180, localizada na rua Eurico Zytkievitz, 110, Sítio

Cercado, Curitiba/PR, fone: (41) 3349-1101, CNPJ/MF: 75.014.324./0001-88 a Professora

Jádina Marzall Fontana, nos direcionou no dia 09/10/2014 as 14h30min., sob sua própria

supervisão, em uma sala de aula da própria instituição para aplicação e avaliação dessa

ferramenta. Para esta proposta direcionou-nos um dos professores da Escola, que apresenta

deficiência visual, o professor Leonir Barbosa Bill. Apresentamos a Tabela FD14, que foi

contemplada e traduzida conforme pergunta a pergunta do relatório de avaliação. Embora não

tivesse conhecimento prévio de química, o professor Leonir traduziu todos os dados

decodificados no formato, encaixe, relevo, nível e Braille, revelando que para utilização da

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ferramenta não necessidade de conhecimento prévio em química, enquadrando-se

perfeitamente na exigência Internacional sobre o Desenho Universal.

Não é difícil trabalhar com um aluno cego, basta que o professor esteja disposto a preparar material diferenciado. No restante, todo deficiente visual compensará em

participação e aprendizado.

Prof. Leonir Barbosa Bill, ADEVIPAR, 2014.

A então vice-diretora do Colégio Estadual Eurídes Brandão, CEP 81450-480,

localizado na rua Jair Coelho, 260, CIC, Curitiba/PR, fone: (41) 3249-4443, a Professora

Ginevra Monteiro Dalberto, nos direcionou no dia 28/08/2014 as 9h30min., sob supervisão da

pedagoga, a uma sala de multimídia para aplicação e avaliação da Tabela FD14 por um aluno

do estabelecimento chamado João Victor Ferreira, com 15 anos, aluno do 1° ano do EM.

Após prévia explicação, o aluno concordou em promover a iniciativa participando, a Tabela

FD14 ficou em sua frente para que primeiramente conhecesse-a em uma investigação táctil.

Consecutivamente, uma a uma, as perguntas do relatório de avaliação, foram realizadas e

destacamos aqui algumas observações indispensáveis; Embora o aluno estivesse na segunda

metade do primeiro ano, referente a esta disciplina, nunca lhe fora apresentado nenhum

material para interpretação da tabela periódica, nem ao menos conheceu seu formato ou

composição. A oportunidade de investigação em uma nova ferramenta promoveu um estado

de euforia e êxtase no aluno, ao mesmo tempo em que não encontrou nenhuma dificuldade no

reconhecimento das informações decodificadas.

... eu gostei do modelo fabricado para utilizarmos, gostaria muito de aprender química com um desses! Na verdade não preciso e não quero que tenham dó de

mim, sou feliz sendo cego preciso apenas de material de apoio como está tabela!

João Victor Ferreira, aluno com D.V do 1°ano do Ens. Reg., 2014.

Após realizarmos apresentação do projeto e conferir a avaliação para a professora Ana

Paula O. Vieira, representando o IPC, o então presidente do Instituto Paranaense de Cegos

(IPC), Enio Rodrigues da Rosa, desejou conhecer a ferramenta em estudo, a qual foi lhe

apresentada no dia 27/10/2014 as 15h30min., com a presença da diretora da E.E.E Prof. Osny

Macedo Saldanha Idamaris S. Costa. O presidente, e também portador de deficiência visual,

ressaltou que apoiam e promovem toda iniciativa na busca por mais qualidade de vida ao

D.V. Lembrou e destacou que quando estudante nunca entendeu nada de química, sabia

apenas que existia e que uma de suas colegas também D.V deseja cursar Química, a mesma

era hostilizada mediante a impossibilidade, mas que se tivesse um material como a Tabela

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FD14, o caminho seria mais fácil. Parabenizou a iniciativa assim como se colocou a

disposição para apoio geral.

Pessoalmente eu não sou o mais indicado para avaliar o material, nunca entendi nada de Química, embora cursasse todo o Ensino Médio, e nunca reprovei na

disciplina, mas de química sabia apenas que existia. Talvez se tivéssemos um

material adaptado como esse teria aprendido! Mas não foi o caso, agora já passou,

temos que buscar mudanças para esta geração e que as futuras herdem estas

conquistas. Nós do IPC, apoiamos toda e qualquer iniciativa cujo objetivo é

contribuir para a qualidade de vida dos deficientes visuais.

Presidente do IPC, Enio Rodrigues da Rosa, 2014.

A Tabela também foi apreciada na Secretaria de Educação do Estado do Paraná

(SEED/PR), localizada na Av. Água Verde, 2140, Vila Izabel, Curitiba/PR, fone: (41) 3340-

1500, CEP 80240-900. Representando a SEED/PR, o Coordenador Estadual dos CAP’s e

também deficiente visual Ricardo José de Lima no dia 19/12/2014 as 14h30min., Ricardo é o

responsável internamente para avaliar toda proposta de inclusão e TA em desenvolvimento,

como lhe confere, a Tabela FD14 foi examinada detalhe por detalhe num reconhecimento

táctil, assim como o relatório de avaliação também lhe fora aplicado. Com a mesma eficiência

que se esperava, Ricardo destaca algumas observações como aproveitar os espaços vagos

existentes e aproveitar a tampa para informações adicionais e importantes. Ricardo agradeceu

a iniciativa e preocupação com o público alvo, no qual ele faz parte, e relembra dos desafios

existentes quando ele estudava, dizendo que não aprendia apenas decorava! Diz que como

responsável pela avaliação interna de todas as propostas, confirma sem medo de errar, que a

Tabela FD14 é promissora e uma das melhores propostas que já presenciou, e na disciplina a

única existente! Ricardo faz uma proposta de trabalho em conjunto a partir do ano letivo de

2015, no desenvolvimento de um projeto piloto com escolas de educação especial e algumas

regulares com alunos D.V para verificarmos sua eficácia ao mesmo tempo em que estudamos

os novos passos.

Quando estudava, possuía uma tabela periódica apenas traduzida em Braille

imensa, que ocupava o espaço de duas carteiras, e eu morria de vergonha de levar

aquilo para a escola e abrir no meio da sala de aula, passei a não levar. A Tabela

FD14 é compacta e permite o aluno trabalhar em sua própria carteira com uma rápida e fácil manipulação, de longe é uma excelente proposta para a educação

inclusiva.Ricardo José de Lima, funcionário D.V da SEED/PR.

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Foto 1: Aplicação prática da nova TA denominada Tabela FD14

Fonte: O autor, 2014.

Considerações Finais

Tornou-se claro que a utilização da Tabela FD14, que possui como objetivo

sensibilizar o tato dos deficientes visuais ou baixa visão, valendo-se de relevos, formatos,

espessuras, encaixes, pontos referências e o Braille, constituíram-se em uma excelente

ferramenta de inclusão.

Todas as competências proposta pelo material, foram alcançadas sem exceção, pelos

portadores de necessidades visuais, em diferentes estabelecimentos. As Instituições

escolhidas para aplicação do material são locais de educação e apoio técnico, das quais duas,

a ADEVIPAR (Associação dos Deficientes Visuais do Paraná) e o IPC (Instituto Paranaense

de Cegos), constituem–se fidedignas ao reconhecerem a veracidade dos dados prestados aqui.

Sendo ambas, os principais centros de referências de apoio e ajuda ao D.V em todo estado do

Paraná.

Não existe nenhuma outra ferramenta pedagógica, acessível e de baixo custo, que se

comprometa a alcançar os mesmos objetivos. O que possuímos são materiais que se propõe a

auxiliar o ensino-aprendizado dos alunos com deficiência visual. Todavia, nenhuma delas que

aflore com tanta eficácia o sentido mais aguçado desse nosso alunado, seu TATO!

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O novo formato de alunado que incorpora alunos de inclusão traz uma grande

necessidade para o docente, a existência de ferramentas e mecanismos para suprir a carência

que cada um possui. Ao utilizar este novo formato de tabela, as pessoas escolhidas puderam

ter um mecanismo que os igualou as demais pessoas visuais. Este sim é um legítimo processo

de inclusão.

REFERÊNCIAS

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educação nacional. Secretaria de educação e cultura: Brasília,1996.

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