a sociedade industrial - protopia (importante)

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  • 7/24/2019 A Sociedade Industrial - Protopia (IMPORTANTE)

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    A Sociedade Industrial e seu Futuro

    De Protopia

    Manifesto Unabomber

    Theodore Kaczynski

    (Original em Ingls (http://www.time.com/time/reports/unabomber/wholemanifesto.html) - em Espanhol(http://www.sindominio.net/ecotopia/textos/unabomber.htmlVerso) )

    Tabela de contedo

    1 Introduo2 APSICOLOGIA DO ESQUERDISMO MODERNO3 SENTIMENTOS DE INFERIORIDADE4 SOBRESSOCIALIZAO5 OProcesso de Afirmao Pessoal6 DIAGRAMA DA ORIGEM DOS PROBLEMAS SOCIAIS7 COMO AS PESSOAS SO MOLDADAS

    8 Os MOTIVOS DOS CIENTISTAS9 A NATUREZA DA LIBERDADE10 ALGUNS PRINCPIOS DA HISTRIA11 A SOCIEDADE TECNOLGICO-INDUSTRIAL NO PODE SER REFORMADA12 A RESTRIO DA LIBERDADE INEVITVEL NA SOCIEDADE INDUSTRIAL13 AS PARTES MS DA TECNOLOGIA NO PODEM SEPARAR-SE DAS PARTESBOAS14 A TECNOLOGIA UMA FORA SOCIAL MAIS PODEROSA DO QUE AASPIRAO DE LIBERDADE15 Os Problemas Sociais Mais Simples se Revelam Insolveis

    16 Revoluo mais fcil que reforma17 Controle do Comportamento Humano18 A Raa Humana numa Encruzilhada19 Sofrimento Humano20 O Futuro21 Estratgia22 Dois Tipos De Tecnologia23 O Perigo do Esquerdismo24 Nota Final25 Notas do texto original

    Introduo

    1. A Revoluo Industrial e suas conseqncias foram um desastre para a raa humana. Aumentou

    http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://www.sindominio.net/ecotopia/textos/unabomber.htmlVers%C3%A3ohttp://www.sindominio.net/ecotopia/textos/unabomber.htmlVers%C3%A3ohttp://pt.protopia.at/wiki/Theodore_Kaczynskihttp://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://-/?-http://www.sindominio.net/ecotopia/textos/unabomber.htmlVers%C3%A3ohttp://www.time.com/time/reports/unabomber/wholemanifesto.htmlhttp://pt.protopia.at/wiki/Theodore_Kaczynski
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    enormemente a expectativa de vida daqueles que vivem em pases avanados, mas desestabilizou asociedade, tornou a vida um inferno, submeteu seres humanos a indignidades, provocou sofrimento

    psicolgico (no terceiro mundo sofrimento fsico) e infligiu um dano severo ao mundo natural. Ocontnuo desenvolvimento da tecnologia piorar a situao. Certamente submeter os seres humanos agrandes indignidades e infligir maior dano ao mundo natural, provavelmente conduzir a um grandecolapso social e sofrimento psicolgico, e pode incrementar o sofrimento fsico inclusive em pasesavanados.

    2. O sistema tecnolgico-industrial pode sobreviver ou pode fracassar. Se sobrevive, PODE conseguireventualmente um nivel baixo de sofrimento fsico e psicolgico, mas s depois de passar por um grandee penoso perodo de ajuste e apenas mediante o custo permanente de reduzir o ser humano e a outrosmuitos organismos vivos a produtos de engenharia e meras engrenagens da maquinaria social. Ademais,se o sistema sobrevive, as conseqncias sero inevitveis: no h como reformar ou modificar o sistemanem como preveni-lo de privar as pessoas de liberdade e autonomia.

    3. Se o sistema fracassar as conseqncias ainda sero muito penosas. Quanto mais o sistema crescermais desastrosos sero os resultados de seu fracasso, de forma que se vai fracassar, melhor fracassarlogo do que depois.

    4. Por isso advogamos uma revoluo contra o sistema industrial. Esta revoluo pode ou no usar aviolncia: pode ser sbita ou pode ser um processo relativamente gradual abarcando poucas dcadas.

    No podemos predizer nada disso. Tudo que podemos fazer delinear de uma forma geral as medidas

    que aqueles que odeiam o sistema industrial deveriam tomar para preparar o caminho para umarevoluo contra esta forma de sociedade. No deve ser uma revoluo POLTICA. Seu objeto no serderrubar governos, mas as bases econmicas e tecnolgicas da sociedade atual.

    5. Neste artigo abordamos apenas alguns dos acontecimentos negativos que engordaram demasiado osistema tecnolgico-industrial. Ademais, aqui apenas mencionamos tais acontecimentos resumidamenteou os ignoramos em sua totalidade. Isto no quer dizer que consideramos os demais acontecimentostriviais. Por razes prticas, tivemos que limitar nossas discusses a reas que no receberam suficiente

    atendimento do pblico ou nas quais temos algo novo que dizer. Por exemplo, na medida em que estobem reveladas as tendncias ambientais e a desertificao, escrevemos muito pouco sobre a degradaodo meio ambiente ou a destruio da natureza selvagem, embora consideremos tais coisas de grandeimportncia.

    A PSICOLOGIA DO ESQUERDISMO MODERNO

    6. Quase todo mundo concorda que vivemos numa sociedade profundamente nociva. Uma das

    manifestaes mais evidentes da loucura de nosso mundo o esquerdismo, de forma que uma discussosobre a psicologia do esquerdismo nos pode servir de introduo ao debate dos problemas da sociedademoderna em geral.

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    7. Mas, o que esquerdismo? Durante a primeira metade do sculo XX pde ser praticamenteidentificado com o socialismo. Hoje o movimento est fragmentado e no est claro quem pode serchamado propriamente de esquerdista. Quando neste artigo falamos de esquerdistas pensamos

    principalmente em socialistas, coletivistas, politicamente corretos, feministas, ativistas pelos direitosdos homossexuais, dos descapacitados, ativistas pelos direitos dos animais. Mas nem todos os que seassociam a algum destes movimentos um esquerdista. No se trata de um movimento ou de umaideologia mas de um tipo psicolgico, ou, melhor dito, uma coleo de tipos relacionados. Assim, o que

    queremos dizer com esquerdista aparecer com mais clareza no curso da discusso da psicologiaesquerdista. (Veja tambm pargrafos 227-230).

    8. Mesmo assim, nossa concepo ficar menos clara do que desejaramos, mas parece no ter remdiopara isto. Tudo o que tentamos fazer indicar de uma maneira tosca e aproximada as duas tendnciaspsicolgicas que cremos ser as principais foras condutoras do esquerdismo moderno. Com isto nopretendemos estar dizendo TODA a verdade. Ademais, nossa discusso abarca apenas o esquerdismomoderno. Deixamos aberta a questo sobre o esquerdismo do sculo XIX e princpios do XX.

    9. As duas tendncias psicolgicas que servem de base ao esquerdismo moderno chamamos desentimentos de inferioridade e sobressocializao. Enquanto os sentimentos de inferioridadecaracterizam todo esquerdismo, a sobressocializao caracteriza apenas um determinado segmento doesquerdismo moderno, mas este segmento altamente influente.

    SENTIMENTOS DE INFERIORIDADE

    10. Por sentimentos de inferioridade no nos referimos apenas aos sentimentos de inferioridade nosentido estrito, mas a todo espectro relacionado: baixa auto-estima, sentimentos de impotncia,tendncias depressivas, derrotismo, culpa, auto-aborrecimento, etc. Argumentamos que algunsesquerdistas modernos tendem a tais sentimentos (mais ou menos reprimidos) e como eles so decisivos

    para determinar a direo do esquerdismo moderno.

    11. Quando algum interpreta como depreciativo quase tudo o que se diz dele (ou a respeito de grupos

    com quem se identifica), conclumos que tem sentimentos de inferioridade ou baixa auto-estima. Estatendncia evidente entre os defensores dos direitos das minorias, independente de pertencerem ou no minoria cujos direitos defendem. So hipersensveis diante das palavras usadas para design-las. Ostermos negro, oriental, descapacitado, ndia para um africano, um asitico, uma pessoaimpossibilitada, uma mulher originria no tinham uma conotao depreciativa. Rapariga erasimplesmente o equivalente feminino para moa. As conotaes negativas foram agregadas a estestermos pelos prprios ativistas. Alguns defensores dos direitos dos animais foram to longe ao ponto derecusar a palavra mascote e fazer questo de sua substituio por animal de companhia.Antroplogos esquerdistas exageram ao ponto de evitar falar qualquer coisa a respeito de pessoas

    primitivas que possa ser interpretado como negativo: querem substituir a palavra primitivo poriletrado. Parecem quase paranicos sobre qualquer coisa que lhes sugira que alguma cultura primitivaseja inferior nossa. (No queremos dizer que as culturas primitivas SO inferiores nossa. Somenteapontamos a hipersensibilidade destes antroplogos).

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    12. Aqueles que so mais sensveis terminologia politicamente correta no so os negros mdioshabitantes do gueto, imigrantes asiticos, mulheres maltratadas ou pessoas deficientes, seno umaminoria de ativistas, muitos dos quais no pertencem a nenhum grupo oprimido, mas que provem deestratos sociais privilegiados. A correo poltica tem seu maiores intusiastas entre os professoresuniversitrios, os quais tm emprego seguro, salrios confortveis, e a maioria deles so vares brancosheterossexuais de famlias de classe mdia.

    13. Muitos esquerdistas tm uma intensa identificao com os problemas de grupos que tm umesteritipo de dbeis (mulheres), derrotados (ndios americanos), repelentes (homossexuais), ouaparentemente inferiores. Nunca admitiro em seu foro interno que tm tais sentimentos, mas

    precisamente por sua viso destes grupos como inferiores que se identificam com seus problemas. (Nosugerimos que mulheres, ndios, etc., SO inferiores s estamos fazendo uma anotao sobre a

    psicologia esquerdista).

    14. As feministas esto ansiosamente desesperadas por demonstrar que as mulheres so to fortes ecapazes quanto os homens. Elas esto claramente esmagadas pelo medo de que as mulheres possam

    NO ser to fortes e capazes quanto os homens.

    15. Os esquerdistas odeiam todo esteritipo de ser forte, bom e exitoso. Eles odeiam os Estados Unidos,odeiam a civilizao ocidental, odeiam aos vares brancos, odeiam a racionalidade. As razes que do

    para odiar o ocidente, etc. claramente no coincidem com seus motivos reais. DIZEM que odeiam oocidente porque guerreiro, imperialista, sexista, etnocntrico, mas quando as mesmas faltas aparecemem pases socialistas ou culturas primitivas, encontram desculpas para eles ou, quando muito, admitem-no RESMUNGANDO, enquanto destacam (muitas vezes exagerando muito) estas faltas quandoaparecem em civilizaes ocidentais. Assim, est claro que estas faltas no so os motivos reais paraodiar os Estados Unidos e ocidente: odeiam os Estados Unidos e o ocidente porque so fortes e exitosos.

    16. Palavras como autoconfiana, segurana, iniciativa, empreendimento, otimismo, etc.

    ogam um papel muito pequeno no vocabulrio liberal e esquerdista. O esquerdismo antiindividualista, procoletivista. Querem a sociedade para que ela resolva as necessidades de todo mundo, por eles e paracuidar deles. No a classe de pessoas que tm um sentido interior de confiana em suas prpriashabilidades para resolver seus prprios problemas e satisfazer suas prprias necessidades. O esquerdistaope-se ao conceito de competio porque, interiormente, sente-se perdedor.

    17. As formas de arte que apelam aos intelectuais do esquerdismo moderno tendem a enfocar-se nasordidez, na derrota e no desespero ou, por outro lado, tomam um tom orgistico, renunciando ao

    controle racional, como se no tivesse esperana de conseguir nada atravs do clculo racional e tudo oque ficou de fora deve submergir na sensao do momento.

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    18. Os filsofos esquerdistas modernos tendem a recusar a razo, a cincia, a realidade objetiva e fazemquesto de que tudo culturalmente relativo. justo que se faa perguntas srias sobre os fundamentosdo saber cientfico e sobretudo como o conceito de realidade objetiva pode ser definido. Mas bvio queestes filsofos no so simplesmente lgicos de cabea fria que sistematicamente analisam osfundamentos do conhecimento. Esto profundamente envolvidos emocionalmente em seu ataque verdade e realidade. Atacam estes conceitos por suas necessidades psicolgicas. Seu ataque umasada para a hostilidade, e ao ser exitoso, satisfaz o impulso pelo poder. Mais importante, os esquerdistas

    odeiam a cincia e a racionalidade porque classificam certas crenas como verdadeiras (isto , sucesso,superior) e outras crenas como falsas (isto , fracasso, inferior). Os sentimentos esquerdistas deinferioridade esto to profundamente arraigados que no podem tolerar nenhuma classificao de algocomo exitoso ou superior e outra coisa como fracassada ou inferior. Isto tambm sublinha a rejeio demuitos com relao doena mental e a utilidade das provas de inteligncia. So antagonistas dasexplicaes genticas das habilidades ou condutas humanas porque estas explicaes tendem a fazeraparecer algumas pessoas como superiores ou inferiores a outras. Preferem dar sociedade o mrito ou aculpa para uma habilidade ou carncia individual. Assim, se uma pessoa inferior no sua culpa,mas da sociedade, porque no foi educada corretamente.

    19. O esquerdista no a classe de pessoa cujos sentimentos de inferioridade fazem dela um bravo, umegosta, um valento, um promotor de si mesmo, um competidor cruel. Esta classe de pessoa no perdeutotalmente sua confiana. Tem um dficit em seu sentido de poder e em seu valor, mas ainda se podeconceber tendo a capacidade para ser forte, e seus esforos por fortalecer-se produzem seucomportamento desagradvel. Alegamos que TODOS, ou quase todos, os fanfarres e os competidorescruis sofrem sentimentos de inferioridade. Mas o esquerdista vai bem alm disso. Seus sentimentos deinferioridade esto to arraigados que no pode conceber-se como um indivduo forte e valioso. Da ocoletivismo do esquerdista: s pode sentir-se forte como membro de uma organizao grande ou de um

    movimento de massas com o qual possa identificar-se.

    20. Atendimento tendncia masoquista das tticas esquerdistas: protestam deitando na frente dosveculos, provocam intencionadamente polcia ou aos racistas para que os maltratem, etc. Estas tticascom freqncia podem ser efetivas, mas muitos as usam, no como meios para um fim, seno porquePREFEREM tticas masoquistas. O dio pelo dio caracterstica esquerdista.

    21. Podem reivindicar que seu ativismo motivado pela compaixo ou por princpios morais, e osprincpios morais exercem um papel nos esquerdistas do tipo sobressocializado, mas a compaixo e osprincpios morais no podem ser os principais motivos para seu ativismo. A hostilidade umcomponente que salta aos olhos no comportamento esquerdista, do mesmo modo que o impulso pelo

    poder. Ademais, muitos dos comportamentos esquerdistas no so racionalmente calculados para servirde benefcio queles a quem clamam estar tentando ajudar. Por exemplo, se algum cr que aesafirmativas so boas para o povo negro, faz sentido demandar aes afirmativas em termos hostis oudogmticos? Obviamente, implementar uma aproximao diplomtica e conciliadora mais produtivodo que fazer concesses verbais e simblicas a brancos que pensam e implementar aes afirmativas que

    os discriminem. Mas os ativistas esquerdistas no tomaro tais atitudes porque no satisfaro suasnecessidades emocionais. Ajudar negros no sua verdadeira finalidade. Em vez disso, os problemasraciais servem a eles como desculpa para expressar sua prpria hostilidade e frustrao diante de suanecessidade de afirmao. Fazendo isto eles realmente provocam dano ao povo negro, porque a atitudehostil dos ativistas para com a maioria branca tende a intensificar o dio racial.

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    22. Se nossa sociedade no tivesse nenhum problema social, teriam que INVENTAR problemas comobjetivo de mostrar uma desculpa para organizar um alvoroo.

    23. Enfatizamos que o precedente no pretende ser uma descrio exata de todo mundo que possa

    considerar-se um esquerdista. s uma indicao tosca de uma tendncia geral.

    SOBRESSOCIALIZAO

    24. Os psiclogos usam o termo socializao para designar o processo pelo qual os meninos sotreinados para pensar e atuar como manda a sociedade. Diz-se que uma pessoa est bem socializada seela obedece e cr no cdigo moral de sua sociedade e se encaixa bem como parte do funcionamentodesta. Pode parecer com pouco sentido dizer que muitos esquerdista esto sobressocializados, desde queo esquerdista percebido como um rebelde. No entanto, a posio pode ser defendida: muitos no soto rebeldes como parecem.

    25. O cdigo moral de nossa sociedade to exigente que ningum pode pensar, sentir e atuar de umaforma completamente moral. Por exemplo, supe-se que no podemos odiar a ningum, no entantoquase todo mundo odeia ou odiou algum alguma vez, quer admita ou no. Algumas pessoas esto toaltamente socializadas que tentam pensar, sentir e atuar moralmente, impondo um severo nus a simesmas. Com objeto de eludir sentimentos de culpa, continuamente tm que se enganar sobre seus

    prprios motivos e encontrar explicaes morais para sentimentos e aes que na realidade no tmorigem moral. Usamos o termo sobressocializado para descrever tais pessoas. Durante o perodoVitoriano muita gente sobressocializada sofreu srios problemas psicolgicos como resultado dereprimir ou tentar reprimir seus sentimentos sexuais. Freud aparentemente baseia suas teorias em gentedeste tipo. Hoje em dia o foco da socializao se transladou do sexo para a agresso.

    26. A sobressocializao pode conduzir a uma baixa autoestima, sentimentos de impotncia, derrotismo,culpa, etc. Um dos mais importantes recursos pelos quais nossa sociedade socializa os meninos

    fazendo-os sentir envergonhados do comportamento ou da fala que contrria s expectativas dasociedade. Se isto excessivo ou se um garoto em particular especialmente sensvel a tais sentimentos,acaba por sentir-se envergonhado de SI MESMO. Ademais o pensamento e o comportamento da pessoasobressocializada so mais restringidos pelas expectativas da sociedade do que da pessoa levementesocializada. A maioria das pessoas adota uma quantidade significativa de comportamento travesso.Mente, comete roubos desprezveis, viola normas de trfego, gazeteia o trabalho, odeia algum, dizcoisas rancorosas ou usa truques para levar vantagem sobre outros. A pessoa sobressocializada no podefazer tais coisas, se faz origina um sentimento de vergonha e autoaborrecimento. A pessoasobressocializada inclusive no pode experimentar, sem culpabilidade, pensamentos ou sentimentos queso contrrios moralidade aceita no pode ter idias impuras. E a socializao no s um

    problema de moralidade estamos socializados para confirmar muitas normas de comportamento que noesto sob o encabeamento da moralidade. Assim a pessoa sobressocializada est retida por uma correia

    psicolgica e passa sua vida correndo pelas trilhas que a sociedade abriu para ele. Em muita gentesobressocializada isto resulta num sentido de coao e impotncia que pode ser uma severa pena.

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    Sugerimos que a sobressocializao est entre as crueldades mais srias que os seres humanos infligemuns a outros.

    27. Deduzimos que um segmento muito importante e influente da esquerda moderna estsobressocializado e que sua sobressocializao de grande importncia na determinao da direo doesquerdismo moderno. Os esquerdistas do tipo sobressocializado tendem a ser intelectuais ou membrosda classe mdia alta. Note-se que os intelectuais universitrios, sem incluir necessariamente osespecialistas em engenharia ou cincia hard, constituem o segmento mais altamente socializado denossa sociedade e a ala mais esquerdista.

    28. O esquerdista do tipo sobressocializado trata de fugir de sua correia psicolgica e reafirmar suaautonomia rebelando-se. Mas normalmente no suficientemente forte ao ponto de rebelar-se contra osvalores mais bsicos da sociedade. Em termos gerais, as finalidades dos esquerdistas de hoje NO estoem conflito com a moral estabelecida. Quer dizer, a esquerda toma um princpio da moral estabelecida,

    adota-o a sua maneira e ento acusa a corrente majoritria da sociedade de violar esse princpio.Exemplos: igualdade racial, igualdade dos sexos, ajuda ao pobre, paz opondo-se guerra, pacifismogeneralizado, liberdade de expresso, amabilidade aos animais. Ainda mais fundamental, a obrigao da

    pessoa de servir sociedade e a obrigao da sociedade de estar a servio da pessoa. Todos estes foramvalores profundamente arraigados em nossa sociedade (ou ao menos por muito tempo em sua classemdia e alta). H bastante gente na classe mdia e alta que resiste a alguns destes valores, masnormalmente sua resistncia est mais ou menos encoberta. Tal resistncia aparece nos meios decomunicao de massa de uma forma bem limitada. O principal impulso da propaganda em nossasociedade a favor dos valores declarados. A principal razo para que tais valores prevaleam, porassim dizer, como valores oficiais de nossa sociedade que eles so teis ao sistema industrial. Aviolncia reprovada porque transtorna o funcionamento do sistema. O racismo reprovado porque osconflitos tnicos tambm o transtornam. A discriminao desperdia o talento dos membros de umgrupo minoritrio que pode ser til para o sistema. A pobreza deve ser curada porque a classe baixacausa problemas ao sistema e o contato com esta abate a moral das outras classes. As mulheres soanimadas a ter carreiras porque seu talento valioso para o sistema e, ainda mais importante, por meiodo trabalho regular as mulheres esto melhor integradas ao sistema e se atam diretamente a ele mais doque com suas famlias. Isto ajuda a debilitar a solidariedade familiar. (Os lderes do sistema dizem quequerem fortalecer a famlia, mas o que realmente querem dizer que almejam que a famlia sirva comoferramenta eficaz para socializar aos filhos de acordo com suas necessidades. Raciocinamos nos

    pargrafos 51, 52 que o sistema no pode permitir famlia ou qualquer outro grupo social de pequenaescala ser forte e autnomo). Estes valores so explicitamente ou implicitamente expressos ou oradosem muitos dos materiais apresentado pelos meios de comunicao de corrente de opinio majoritria e

    pelo sistema educativo. Os esquerdistas especialmente do tipo sobressocializado, normalmente no serebelam contra estes princpios, exceto quando justificam sua hostilidade sociedade afirmando (comalgum grau para valer) que esta no est vivendo de acordo com eles.

    29. Tenho aqui uma ilustrao da maneira como o esquerdista sobressocializado ao mesmo tempo em

    que adota uma afeio real s atitudes convencionais de nossa sociedade pretende estar em rebeliocontra elas. Muitos promovem aes afirmativas, para inserir negros em trabalhos prestigiosos, melhorara educao nos colgios negros e investir mais dinheiro em tais colgios enquanto que a forma de vidada classe baixa negra conservada como uma desgraa social. Querem integrar o homem negrodentro do sistema, fazer dele um executivo de negcios, um juiz, um cientista, simplesmente como gente

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    branca de classe mdia alta. Em ltima anlise querem mesmo fazer do homem negro uma cpia dohomem branco dizem tambm querer preservar a cultura afroamericana. Mas em que consiste esta

    preservao? Pode consistir simplesmente em comer o estilo de comida negra, escutar msica negra,vestir roupa ao estilo negro e ir a uma igreja ou mesquita negras. Em outras palavras, s podemexpressar-se nos problemas superficiais. Em todos os aspectos ESSENCIAIS os esquerdistas do tiposobressocializado querem mesmo harmonizar o homem negro aos ideais de classe mdia do homem

    branco. Querem fazer o pai negro responsvel, querem que gangues negras se tornem no violentas,

    etc. Mas estes so exatamente os valores do sistema tecnolgico-industrial. O sistema no quer saber quetipo de msica homem escuta, que tipo de roupa veste ou em que religio cr, desde que estude nocolgio, tenha um trabalho respeitvel, ascenda a escala social, seja um pai responsvel, seja noviolento e assim sucessivamente. Efetivamente, embora muitos possam neg-lo, o esquerdistasobressocializado quer integrar o homem negro no sistema para que ele adote os valores do sistema.

    30. Certamente no postulamos que os esquerdistas, inclusive do tipo sobressocializado, NUNCA serebelem contra os valores fundamentais de nossa sociedade. Claramente algumas vezes o fazem. Alguns

    esquerdistas sobressocializados chegaram ao ponto de rebelar-se contra um dos princpios maisimportantes da sociedade moderna pelo uso da violncia fsica. Por sua prpria conta, a violncia paraeles uma forma de libertao. Em outras palavras, cometendo violncia atravessam as restries

    psicolgicas que foram experimentadas em seu interior. Porque esto sobressocializados estas restriesforam mais limitantes para eles do que para outros portanto precisam liberar-se delas. Mas normalmenteustificam sua rebelio em termos de valores da corrente de opinio principal. Se se comprometem na

    violncia postulam estar lutando contra o racismo ou algo parecido.

    31. Compreendemos que podem haver objees ao pequeno esboo precedente. A situao real complexa, e algo como uma descrio completa ocuparia vrios volumes, mesmo que os dadosnecessrios estivessem disponveis. Apenas chamamos a ateno para as duas tendncias maisimportantes na psicologia do esquerdismo moderno.

    32. Os problemas do esquerdismo remetem aos problemas de nossa sociedade como um todo. Baixaautoestima, tendncias depressivas e derrotismo no se restringem esquerda. Embora sejamespecialmente notveis nesta, se estentem a toda nossa sociedade. E a sociedade de hoje trata desocializar-nos a um gru maior do que qualquer sociedade prvia. Os especialistas nos dizem comocomer, como fazer amor, como educar a nossos filhos e assim sucessivamente.

    O Processo de Afirmao Pessoal

    33. Os seres humanos tm necessidade (provavelmente biolgica) daquilo a que chamaremos o"processo de afirmao pessoal". Embora esteja intimamente ligado necessidade de poder (que geralmente reconhecida), no propriamente a mesma coisa. O processo de afirmao pessoal temquatro elementos. H trs melhor definidos que chamamos ter um objectivo, esforar-se para alcan-loe atingi-lo. (Todos precisam de ter objectivos que para serem atingidos requerem esforo, e precisam deconseguir atingir pelo menos alguns desses objectivos.) O quarto elemento mais difcil de definir e

    pode no ser uma necessidade para toda a gente. Chamamos-lhe autonomia e ser discutido mais frente[...].

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    34. Considere-se o exemplo hipottico de algum que passa a ter tudo o que quiser sem esforo. Emboratenha poder, essa pessoa h-de ficar com problemas psicolgicos graves. De incio ir divertir-se muito,mas aos poucos sentir-se- fortemente aborrecida e desmoralizada. Acabar at por ficar clinicamentedeprimida. A Histria demonstra que as aristocracias desocupadas tenderam a tornar-se decadentes [...]

    por no terem a necessidade de aplicar-se em nada geralmente aborreciam-se, tornavam-se hedonsticase desmoralizadas, mesmo que detendo o poder. Isto mostra que o poder por si s no suficiente. necessrio objectivos que orientem o exerccio desse poder.

    35. Todos tm objectivos se no for para mais nada, pelo menos para satisfazer as necessidades vitais:comida, gua, e roupas e abrigos de acordo com o clima. [...]

    36. A no-realizao de objectivos importantes resulta na morte se os objectivos forem necessidades

    vitais, e em frustrao se a no-realizao dos objectivos compatvel com a sobrevivncia. A falha emrealizar objectivos ao longo da vida resulta neste caso em derrotismo, fraca auto-estima ou depresso.

    37. Assim, para obviar problemas psicolgicos graves, os seres humanos precisam de ter objectivos cujarealizao exija empenhamento, e de terem uma certa taxa de sucesso nessa realizao.

    38. [...] Quando as pessoas no tenham de aplicar-se para satisfazerem as suas necessidades vitais frequente estabelecerem objectivos artificiais por si prprias. Em muitos casos acabam por esforar-secom a mesma energia e envolvimento emocionais que teriam posto para a satisfao de necessidadesvitais. [...]

    39. Usamos o termo "actividade de substituio" para designar actividades orientadas por objectivosartificiais e que as pessoas estabelecem por si prprias meramente para terem uma razo para seesforarem, ou seja, meramente pela "realizao" que resulta de tentarem atingir esses objectivos. Eis

    uma maneira de identificar actividades de substituio. No caso de uma pessoa que devota muito tempoe energia para atingir um objectivo X, se em vez disso tivesse de orientar a maior parte do seu tempo eenergia para a satisfao das suas necessidades biolgicas, com o empenho dos seus recursos fsicos ementais de uma maneira variada e interessante, ser que essa pessoa se sentiria gravemente carenciada

    por no atingir o objectivo X? Se se vir que a resposta no, ento o esforo dessa pessoa para realizar oobjectivo X uma actividade de substituio. [...] Por outro lado, a obteno de sexo e amor (porexemplo) no uma actividade de substituio, porque a maior parte das pessoas, mesmo que as suasexistncias fossem de resto satisfatrias, se sentiriam carenciadas se passassem por esta vida sem algumavez terem tido uma relao desta natureza. (Mas a busca de uma actividade sexual excessiva, para almdo que seriam as necessidades, pode j ser uma actividade de substituio.)

    40. Nas sociedades industriais modernas o esforo necessrio para satisfazer as necessidades vitais mnimo. Basta em princpio que se passe por uma fase de aprendizagem para atingir uma capacidade

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    44. Mas para a maior parte das pessoas atravs do processo de afirmao pessoal ter um objectivo,fazer um esforo AUTNOMO e atingir esse objectivo que se adquirem a auto-estima, a auto-confiana e uma sensao de poder. Quando no tenham a oportunidade de atravessarem o processo deafirmao pessoal as consequncias so (dependendo do indivduo e da maneira pela qual o processo deafirmao pessoal lhe bloqueado): aborrecimento, desmoralizao, fraca auto-estima, sentimentos deinferioridade, derrotismo, depresso, ansiedade, culpa, frustrao, hostilidade, opresso/ agresso doscompanheiros ou dos filhos, hedonismo insacivel, comportamento sexual fora do normal, perturbaesdo sono, problemas alimentares, etc. [nota 6]

    DIAGRAMA DA ORIGEM DOS PROBLEMAS SOCIAIS

    45. Qualquer um desses sintomas precedentes podem ocorrer em qualquer sociedade, mas na sociedadeindustrial moderna esto presentes massivamente. No somos os primeiros a mencionar que hoje o

    mundo parece estar enlouquecendo. Isso no normal nas sociedades humanas. H boas razes para crerque o homem primitivo sofria menos tenso e frustrao e estava mais satisfeito com sua forma de vidado que o homem moderno. verdade que nas sociedades primitivas nem tudo era um caminho de rosas.O abuso s mulheres era comum entre os aborgenes australianos, assim como a transexualidade entrealgumas tribos indgenas americanas. Mas parece que EM TERMOS GERAIS os problemasrelacionados no pargrafo precedente eram muito menos comuns entre os povos primitivos do que nasociedade moderna.

    46. Atribuimos os problemas sociais e psicolgicos das sociedades modernas exigncia imposta aosindvduos de viverem em condies radicalmente diferentes daquelas em que a espcie humana evoluiue de comportarem-se em conflito com os padres de comportamento que foram desenvolvidos nessascondies ancestrais. Ficou claro pelo exposto anteriormente que consideramos a falta de oportunidadede viver plenamente o processo de afirmao pessoal, entre as condies anormais a que as sociedadesmodernas sujeitam as pessoas, como a mais importante de todas. Mas no a nica. Antes de analisar-seo bloqueamento do processo de afirmao pessoal como causa de problemas sociais necessrio discutiralgumas das outras causas.

    47. Entre as condies anormais que caracterizam as sociedades industriais modernas contam-se a

    excessiva densidade populacional, o isolamento do Homem da natureza, o excesso de rapidez nasmutaes sociais e o desaparecimento das pequenas comunidades naturais como o cl, a aldeia ou atribo.

    48. [...] O grau de povoamento que v hoje e o isolamento do Homem da natureza so consequncias doprogresso tecnolgico. Todas as sociedades pr-industriais eram predominantemente rurais. ARevoluo Industrial aumentou enormemente o tamanho das cidades e a proporo da populao quenelas vive, e a tecnologia agrcola moderna tornou possvel obter da terra o necessrio para manter umadensidade populacional como nunca houve anteriormente. [...]

    49. Para as sociedades primitivas o mundo natural (que em geral s muda lentamente) constitua umareferncia estvel e por isso inspirava um sentimento de segurana. No mundo moderno a actividadehumana que domina a natureza e no o contrrio, e as sociedades modernas mudam muito rapidamentedevido s mudanas tecnolgicas. No existe uma referncia estvel.

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    50. Os conservadores iludem-se: enquanto se queixam da perda progressiva dos valores tradicionais,apoiam entusiasticamente o progresso e o crescimento da economia. Aparentemente nunca lhes ocorreuque no se pode mudar rpida e drasticamente a tecnologia e a economia da sociedade sem tambmcausar mudanas rpidas em todos os outros aspectos da sociedade, e que tais mudanas acabaminevitavelmente por sacrificar os valores tradicionais.

    51. A perda dos valores tradicionais implica de certa maneira a quebra dos elos que unem os pequenosagrupamentos tradicionais. A desintegrao destes grupos tambm promovida pelo facto de as pessoas,nas condies modernas, terem frequentemente de mudar-se (por exigncia ou tentao) para outrasterras, separando-se das suas comunidades. Alm disso, uma sociedade tecnolgica TEM DEenfraquecer os laos familiares e as comunidades locais para poder funcionar eficientemente. Nassociedades modernas a lealdade de cada indivduo tem de ser primeiro ao sistema e s secundariamente pequena comunidade, porque se as lealdades internas das pequenas comunidades fossem mais fortesdo que a lealdade ao sistema, essas comunidades actuariam para se favorecerem custa do sistema.

    52. Suponhamos que um servidor pblico ou um executivo de uma corporao prefira nomear seuprimo, melhor amigo ou correligionario para um cargo do que uma pessoa melhor qualificada para otrabalho. Permitir que a fidelidade pessoal substitua a fidelidade pelo sistema nepotismo oudiscriminao, pecados terrveis na sociedade moderna. Ser que as sociedades industriais fizeram um

    precrio trabalho na subordinao da fidelidade pessoal ou local fidelidade ao sistema, j que sonormalmente muito ineficientes? (Vide Amrica Latina). Assim, uma sociedade industrial avanada s

    pode tolerar comunidades de pequena escala que estejam castradas, domesticadas e convertidas emferramentas do sistema. Uma exceo parcial se pode fazer com uns poucos grupos fechados e passivos,tais como os *Amish, os quais tm poucas conseqncias na sociedade longnqua. Aparte destes, hojeem dia existem nos Estados Unidos algumas outras comunidades de pequena escala genunas. Por

    exemplo, ligas de jovens e cultos. Todo mundo os considera perigosos, e so, porque os membrosdestes grupos so mais leais uns aos outros do que ao sistema, portanto este no os pode controlar.Consideremos aos ciganos. Estes comumente escapam no roubo e na fraude porque suas lealdades sotais que sempre podem conseguir outros ciganos a depor provando sua inocncia. Obviamente osistema estaria num srio problema se muita gente pertencesse a tais grupos. Alguns pensadores chinesesdo incio do sculo XX interessados na modernizao da China reconheceram a necessidade de acabarcom grupos sociais de pequena escala como a famlia: (Segundo Sun Yat-sen) O povo chines precisavauma nova onda de patriotismo, na qual trasnferiria sua lealdade famlia para o Estado... (Segundo LiHuang) os apegos tradicionais, particularmente famlia, tinham que ser abandonados para que onacionalismo pudesse se desenvolver na China. (Chester C. To, Pensamento Poltico Chins no

    Sculo Vinte, pgina 125, pgina 297).

    53. O aglomerado, a mudana rpida e a decomposio das comunidades foram amplamentereconhecidos como origens dos problemas sociais, mas no cremos que sejam suficientes para explicar aamplitude dos problemas que hoje vemos.

    54. Algumas cidades pr-industriais foram grandes e densamente povoadas, e no entanto os seushabitantes no parecem ter sofrido de problemas psicolgicos como se verifica nas sociedades modernas.Hoje nos EUA ainda se encontram reas rurais pouco povoadas, nas quais se vem os mesmos

    problemas que nas eras urbanas embora menos agudamente nas reas rurais. Isto para dizer que osobrepovoamento no parece ser um factor decisivo.

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    55. Enquanto a fronteira dos EUA ia avanando durante o sculo XIX, provvel que a mobilidade dapopulao tenha feito desaparecer as pequenas comunidades de ento pelo menos tanto como hojeacontece. Na realidade, at houve famlias que escolheram viver em isolamento, sem vizinhos num raiode vrias milhas, nem pertencendo a comunidade alguma, e no consta que tenham desenvolvido

    problemas em resultado disso.

    56. Mais ainda, as sociedades fronteirias de ento mudavam muito rpida e profundamente. Um homempodia ter nascido e ser criado numa cabana de madeira, longe da alada da lei e de qualquer forma deorganizao, e alimentado com carne de animais selvagens esse mesmo homem, quando chegasse a umaidade avanada, encontrar-se-ia a trabalhar num emprego regular, vivendo numa comunidade organizadae com aplicao das leis. Sendo uma mudana mais profunda do que ocorre tipicamente na vida de umindivduo moderno, no consta que tenha acarretado problemas psicolgicos. Na verdade, a sociedadenorte-americana do sculo XIX era optimista e auto-confiante, bem ao contrrio da sociedade que lhesucede hoje. [...]

    57. A diferena, na nossa opinio, que o indivduo moderno tem a sensao (e com razo) que amudana lhe IMPOSTA, quando o habitante fronteirio do sculo XIX tinha um sentimento (tambmustificado) que era ele a criar a mudana, por sua prpria deciso. [...] O agricultor pioneiro participava

    como membro de um grupo relativamente pequeno na criao de uma nova comunidade organizada.Pode questionar-se se a criao desta comunidade era uma melhoria, mas em todo o caso isso satisfazia anecessidade desse pioneiro do seu processo de afirmao pessoal.

    58. [...] Mantemos que a mais importante causa dos problemas sociais e psicolgicos nas sociedadesmodernas reside no facto das pessoas no terem oportunidades suficientes para experimentarem o

    processo de afirmao pessoal de maneira normal. No queremos com isto dizer que as sociedadesmodernas so as nicas nas quais o processo de afirmao pessoal bloqueado. Provavelmente a maior

    parte seno todas as sociedades civilizadas interferem com o processo de afirmao pessoal em maior oumenor grau. Mas nas sociedades industriais o problema tornou-se especialmente gritante. [...]

    59. Dividimos as aspiraes humanas em trs grupos: (1) as que podem ser satisfeitas com esforomnimo (2) as que podem ser satisfeitas, mas s custa de esforo considervel (3) as que no podemser satisfeitas adequadamente, seja qual for o esforo que se faa para consegui-lo. O processo deafirmao pessoal um processo de satisfao de necessidades do segundo grupo. Quanto mais ashouver no terceiro grupo, maior ser a frustrao, a raiva, e por fim o derrotismo, a depresso, etc..

    60. Nas sociedades industrializadas modernas as aspiraes humanas naturais confinam-se aos primeiro

    e terceiro grupos, enquanto o segundo grupo tende cada vez mais a consistir de aspiraes criadasartificialmente.

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    61. Nas sociedades primitivas, as necessidades fsicas recaem em geral no grupo 2: podem ser obtidas,mas s com esforo considervel. Mas as sociedades modernas tendem a garantir as necessidades fsicasde todos [nota 9] custa de esforo mnimo, ou seja as necessidades fsicas so relegadas para o grupo 1.(Pode haver algum desacordo sobre se o esforo necessrio para aguentar um emprego "mnimo" mas usual, nos empregos das classes mdias a baixas, o esforo que se exige ser apenas o da obedincia.[...] Raramente algum tem de aplicar-se a srio, e mesmo assim praticamente no se tem autonomia notrabalho, da que este nunca sirva para desenvolver um processo de afirmao pessoal.)

    62. frequente as necessidades sociais, como o sexo, o amor e o status, ficarem no grupo 2 emsociedades modernas, dependendo da situao do indivduo. [nota 10] Mas, excepo dos indivduosque tm uma particularmente forte aspirao ao status, o esforo requerido para satisfazer as aspiraessociais insuficiente para satisfazer a necessidade do processo de afirmao pessoal.

    63. Assim, criaram-se certas necessidades artificiais que encaixam no grupo 2, que assim servem para a

    necessidade do processo de afirmao pessoal. Desenvolveram-se tcnicas de publicidade e marketingque fazem muitas pessoas sentir que necessitam de coisas que os seus avs nunca desejaram ou com asquais nem sonharam sequer. Sendo preciso considervel esforo para ganhar o dinheiro suficiente parasatisfazer estas necessidades artificiais, elas so do grupo 2. [...] Em larga medida, o homem modernotem de satisfazer a sua necessidade do processo de afirmao pessoal pela busca de necessidadesartificiais criadas pelas indstrias de publicidade e marketing [nota 11], e por actividades de substituio.

    64. Parece que para muita gente, talvez a maioria, estas formas artificiais do processo de afirmao

    pessoal no chegam. Um tema recorrente nos escritos dos observadores sociais da segunda metade dosculo XX a sensao de falta de objectivos de que sofre muita gente nas sociedades modernas. [...]Sugerimos que aquilo a que se chama "crise de identidade" na verdade uma busca de um rumo,frequentemente traduzida na dedicao a uma actividade de substituio. Pode ser que o existencialismoseja em grande parte uma reaco falta de objectivos da vida moderna. [...] Prevalece muito nassociedades modernas a busca de "realizao". Mas pensamos que para a maioria das pessoas umaactividade cujo objectivo principal a realizao (isto , uma actividade de substituio) acaba por notrazer realizao completamente satisfatria. Por outras palavras, no satisfaz completamente anecessidade do processo de afirmao pessoal. (ver pargrafo 41.) Essa necessidade pode ser satisfeitaapenas atravs de actividades que tenham algum objectivo exterior, como por exemplo as necessidadesfsicas, sexo, amor, status, vingana, etc..

    65. Alm disso, onde para atingir metas passe por ganhar dinheiro, subir na escala do status oufuncionando como parte do sistema de alguma outra maneira, a maior parte das pessoas no esto emcondies de dedicar-se a atingi-las AUTONOMAMENTE. A maior parte dos trabalhadores soempregados de outrm pois [...] tm de passar os seus dias fazendo aquilo que lhes dizem para fazerem eda maneira que lhes dito para o fazerem. At a maior parte das pessoas que trabalham em negcios porconta prpria tm uma autonomia limitada. Uma queixa crnica dos pequenos negociantes e empresrios

    que sentem as mos atadas com a excessiva regulamentao governamental. Alguns dessesregulamentos so sem dvida desnecessrios, mas na maior parte [...] so partes essenciais e inevitveisdas sociedades extremamente complexas em que vivemos. [...]

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    71. A gente tem muitos impulsos transitrios que so necessariamente frustrados na vida moderna, assimque correspondem ao grupo 3. Um pode enfadar-se, mas a sociedade moderna no pode permitir oconfronto fsico. Inclusive em muitas situaes no permite a agresso verbal. Indo a algum lugar um

    pode ter pressa, ou pode estar de humor para viajar devagar, mas geralmente no h eleio e tem demover-se com o trfico e obedecer os sinais. Um pode querer fazer seu trabalho de um modo diferente,mas normalmente s se pode trabalhar de acordo s regras impostas por seu chefe. De outras muitasmaneiras tambm, o homem moderno est subordinado rede de regras e regulaes (explcitas ouimplcitas) que frustram muitos destes impulsos e desta maneira interferem no processo de afirmao

    pessoal. A maioria destas regulaes no podem ser eliminadas, porque so necessrias para ofuncionamento da sociedade industrial.

    72. A sociedade moderna em certos aspectos extremamente permissiva. Naquilo que seja irrelevantepara o funcionamento do sistema podemos em geral fazer o que nos apetecer. [...] Mas em tudo aquilo

    que for IMPORTANTE o sistema tende cada vez mais a regular o nosso comportamento.

    73. O comportamento no s regulado por regras explcitas ou pelo governo. O controlo muitas vezesexercido atravs de coero indirecta, ou atravs de presso psicolgica ou manipulao, e pororganizaes que no o governo, ou pelo sistema como um todo. A maior parte das organizaes usaalguma forma de propaganda [nota 14] para manipular as atitudes pblicas ou o comportamento. A

    propaganda no se limita "publicidade" e anncios, s vezes nem sequer as pessoas que os concebempretendem conscientemente que o sejam. Por exemplo, o contedo da programao de entretenimento uma forma poderosa de propaganda. [...]

    74. Sugerimos que a obsesso do homem moderno pela longevidade, e com a manuteno do vigorfsico e o atrativo sexual at uma idade avanada, um sintoma da irrealizao resultante da privaocom respeito ao processo de afirmao pessoal. A crise dos cinquenta tambm um sintomasemelhante. Tal a falta de interesse por ter filhos que bastante comum na sociedade moderna masquase inacreditvel na sociedade primitiva.

    75. Nas sociedades primitivas a vida uma sucesso de fases. Estando as necessidades e os propsitosde uma fase satisfeitos, no h relutncia em passar-se fase seguinte. Um rapaz atravessa o processo deafirmao pessoal tornando-se um caador, caando no por desporto ou para realizar-se mas paraconseguir carne para comer. [...] Passada esta fase, o rapaz no tem relutncia em fixar-se sresponsabilidades de criar uma famlia. (Em contraste, alguns indivduos das sociedades modernasadiam indefinidamente terem filhos porque esto muito ocupados na demanda de alguma forma de"realizao". Sugerimos que a realizao de que precisam a experincia de um processo de afirmao

    pessoal adequado com objectivos verdadeiros em vez dos objectivos artificiais das actividades desubstituio.) Novamente, tendo criado com sucesso os seus descendentes, atravessando o processo deafirmao pessoal de assegurar-lhes as necessidades fsicas, o homem primitivo sente que j completou a

    sua tarefa e est preparado para aceitar a velhice (se l chegar) e a morte. Da outra parte, muitas pessoasmodernas sentem-se perturbadas pela pesrpectiva da morte, como demonstra a quantidade de esforoque investem na manuteno da boa forma fsica, aparncia e sade. Argumentamos que isto se deve insatisfao por nunca se terem servido das suas capacidades fsicas, isto , nunca passaram pelo

    processo de afirmao pessoal usando empenhadamente os seus corpos. No o homem primitivo, que

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    utilizou o seu corpo diariamente em tarefas prticas, quem receia a deteriorao da idade, mas sim ohomem moderno, que nunca fez um uso prtico do seu corpo para alm de deslocar-se do seu carro paraa casa. o homem cuja necessidade do processo de afirmao pessoal foi satisfeita durante a sua vidaque est melhor preparado para aceitar o fim dessa vida.

    76. [...] algum dir "a sociedade tem de encontrar maneira de dar a todos a oportunidade de atravessar oprocesso de afirmao pessoal". O valor da oportunidade seria assim destrudo pelo prprio facto dasociedade a assegurar. O que as pessoas precisam de encontrar ou criar as oportunidades para si

    prprias. Enquanto seja o sistema a DAR-lhes as oportunidades acaba por ter as pessoas por uma trela.Para conseguirem autonomia tm de escapar dessa trela.

    COMO AS PESSOAS SO MOLDADAS

    77. [...] Discutamos algumas razes pelas quais h diferenas to pronunciadas na maneira como aspessoas reagem s sociedades modernas.

    78. Primeiro, sem dvida h diferenas na intensidade do impulso por afirmao. Pessoas com umimpulso dbil podem ter relativamente pouca necessidade de atravessar o processo de afirmao pessoal,ou ao menos relativamente pouca necessidade de autonomia nesse processo. Por exemplo, escravosnegros do tipo dcil e feliz trabalhando antigamente nas fazendas escravocratas no Sul dos Estados

    Unidos. (No queremos dizer com isso que todos aqueles escravos negros eram dceis e felizes. Amaioria dos escravos NO estava contente com sua servido. Referimo-nos aos que ESTAVAMcontentes com a servido).

    79. H pessoas que podem ter alguma aspirao excepcional cuja obteno lhes satisfaa a suanecessidade para o processo de afirmao pessoal. Por exemplo, aqueles que tm uma nsia invulgar destatus social podem passar as suas vidas a escalarem os degraus sociais sem que alguma vez seaborream com esse jogo.

    80. As pessoas variam no grau de susceptibilidade diante dos anncios e tcnicas de mercado. Algunsso to susceptveis que mesmo tendo grande quantidade de dinheiro, so insaciveis mesmo diante dosnovos e reluzentes brinquedos que a indstria de mercado pe diante seus olhos. Sempre sentem-sefinanceiramente oprimidos, mesmo sendo portadores de grandes rendimentos. E seus desejos se vemfrustrados.

    81. Os que tem baixa susceptibilidade aos anncios e tcnicas de mercado so pessoas no muitointeressadas em dinheiro. Necessidades materiais no satisfazem sua necessidade de afirmao pessoal.

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    82. Os que tm uma susceptibilidade mdia aos anncios e s tcnicas de mercado so capazes de ganhardinheiro suficiente para satisfazer seus desejos de bens e servios, mas apenas ao custo de muito suor(fazendo horas extras, tendo um segundo trabalho, adquirindo promoes, etc). Assim, as aquisiesmateriais cumprem em parte sua necessidade de afirmao pessoal. Pode ser que no tenham suficienteautonomia no processo de afirmao (seu trabalho pode consistir em seguir ordens) e alguns de seusimpulsos podem ser frustrados (exemplo, segurana, agresso). (Somos culpados de simplificardemasiado nos pargrafos 80-82 porque assumimos que o desejo de aquisies materiais inteiramente

    uma criao dos anncios e das tcnicas de mercado. As coisas no so assim to simples). (Verpargrafo 63).

    83. Algumas pessoas satisfazem a sua necessidade de poder identificando-se com alguma organizaopoderosa ou um movimento de massas. Um indivduo sem objectivos ou poder adere a um movimentoou a uma organizao, adopta-lhe os objectivos como sendo seus, e depois esfora-se para o alcanardesses objectivos. Uma vez atingidos, esse indivduo, mesmo que sua contribuio pessoal fosseinsignificante, sente-se [...] como se tivesse atravessado o processo de afirmao pessoal. Este fenmeno

    foi aproveitado por fascistas, nazis e comunistas. A nossa sociedade tambm o faz, se bem que menosdeclaradamente. [...] um fenmeno que se v nos exrcitos, grandes empresas, partidos polticos,organizaes humanitrias, movimentos religiosos ou ideolgicos. [...] Mas, para a maior parte, aidentificao com uma grande organizao ou um movimento de massas no basta para satisfazer anecessidade de poder.

    84. Outra forma que as pessoas usam para satisfazer sua necessidade de afirmao pessoal atravs deactividades de substituio. [...] Por exemplo, no h motivao prtica para desenvolver msculosenormes, mandar uma pequena bolinha para dentro de um buraco ou adquirir uma srie completa deselos de correio. No entanto muita gente [...] devota-se com paixo ao culturismo, ao golfe ou filatelia.Algumas pessoas actuam muito em funo dos outros, e por isso facilmente daro importncia a umaactividade de substituio apenas porque as pessoas sua volta a consideram importante, ou porque asociedade lhes diz que importante. por isso que certas pessoas levam to a peito actividades triviaisna sua essncia, como so os desportos, o bridge, o xadrez, ou questes acadmicas abstrusas, emconstraste com outras que vm com maior clareza que estas coisas no passam de actividades desubstiuio, e em consequncia disso nunca lhes do importncia suficiente para chegarem a achar quetais actividades lhes servem para satisfazer as suas necessidades de afirmao pessoal. Resta apenasdizer que em muitos casos o prprio ganha-po tambm uma actividade de substituio. No

    PURAMENTE uma actividade de substituio, visto que parte da motivao por essa actividade assegurar as necessidades fsicas e (para alguns) um status social, assim como os luxos que a propagandalhes faz quererem alcanar. Mas muita gente pe no seu trabalho muito mais esforo do que necessrio

    para ganharem o dinheiro e status que pretendem, e este esforo extra constitui uma actividade desubstituio. Esse esforo extra, e o investimento emocional que o acompanha, uma das foras mais

    potentes actuando a favor do contnuo desenvolvimento e aperfeioamento do sistema, de consequnciasnegativas para a liberdade pessoal (ver pargrafo 131). Em particular para a maior parte dos cientistas eengenheiros criativos, o trabalho na prtica uma actividade de substituio. Este ponto to importanteque merecer discusso em separado (pargrafos 87 a 92).

    85. [...] explicmos como muitas pessoas satisfazem a sua necessidade do processo de afirmao pessoalem maior ou menor grau. Mas pensamos que para a maioria das pessoas a necessidade do processo deafirmao pessoal no est plenamente satisfeita. Em primeiro lugar, porque aqueles que tm um apetite

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    90. claro que no assim to simples. H outras motivaes com importncia para muitos cientistas.Por exemplo dinheiro e status. Alguns cientistas sero pessoas do tipo com um apetite insacivel pelostatus (ver pargrafo 79) e isso pode assegurar-lhes muita da motivao para o trabalho. Nem de terdvidas acerca da maior ou menor susceptibilidade da maioria dos cientistas, como da maior parte da

    populao em geral, publicidade e s tcnicas de marketing, por isso precisam de dinheiro parasatisfazerem a sua nsia de mercadorias e servios. Assim, a cincia no PURAMENTE umaactividade de substituio. Mas -o em grande medida.

    91. A cincia e a tecnologia constituem alm disso um movimento de massas, e muitos cientistaspreenchem a sua necessidade de poder pela identificao com este movimento de massas (ver pargrafo83).

    92. Assim a cincia caminha na cegueira, sem discernir o que realmente bom para a raa humana [...],obedecendo unicamente s necessidades psicolgicas de cientistas, de servidores pblicos do governo ede executivos de corporaes que fornecem fundos para investigaes.

    A NATUREZA DA LIBERDADE

    93. Nenhuma reforma da sociedade tecnolgico-industrial evitar o progressivo estreitamento da esferada liberdade humana. Liberdade uma palavra que pode ser interpretada de muitas maneiras,

    devemos antes de mais nada esclarecer a que liberdade nos referimos.

    94. Por liberdade nos referimos oportunidade de atravessar o processo de afirmao pessoal, comfinalidades reais e no com as finalidades artificiais das atividades substitutivas, sem interferncias,manipulaes ou superviso de ningum, especialmente de nenhuma grande organizao. Liberdadesignifica ter controle (tanto como pessoa como membro de um grupo PEQUENO) dos problemas queafetam nossa existncia, nossa vida e nossa morte comida, roupa, refgio e defesa contra qualquertemor que possa ter em nosso meio. Liberdade significa ter poder, no poder de controlar outras pessoas

    mas poder de controlar a prpria vida. Estars desprovido de liberdade se qualquer outro homem(especialmente uma grande organizao) tiver poder sobre ti, no importa a benevolncia, a tolerncia ea permissividade com que o poder possa ser exercido. importante no confundir liberdade com a mera

    permissividade (ver pargrafo 72).

    95. comum ouvirmos que vivemos numa sociedade livre porque temos determinado nmero dedireitos constitucionalmente garantidos. Mas isto no to importante como parece. O grau de liberdade

    pessoal que existe numa sociedade est mais determinado pela estrutura econmica e tecnolgica da

    sociedade do que por suas leis ou por sua forma de governo. [16] Muitas das naes ndias de NovaInglaterra eram monrquicas, e muitas das cidades da Itlia renascentista eram controladas por ditadores.Mas lendo sobre essas sociedades fica a impresso de que permitiam mais liberdade pessoal do que anossa. Em parte era porque faltavam mecanismos eficientes para executar a vontade do governante: notinha foras policiais modernas bem organizadas, comunicaes rpidas de longa distncia, cmaras de

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    vigilncia, dossis de informao sobre a vida dos cidados mdios. Portanto era relativamente fcilescapar do controle.

    96. Quanto a nossos direitos constitucionais, consideremos por exemplo o concernente liberdade deimprensa. Certamente no queremos acabar com esse direito: uma ferramenta muito til para limitar aconcentrao de poder poltico e manter aqueles que o detem sob controle para expor publicamentequalquer m conduta de sua parte. Mas a liberdade de imprensa de muito pouca utilidade para ocidado mdio enquanto individuo. Os meios de comunicao de massa esto em sua maior parte sob ocontrole de grandes organizaes que esto integradas ao sistema. Qualquer um que tenha um pouco dedinheiro pode imprimir algo, pode distribu-lo na Internet ou de alguma outra maneira, mas seja l o quediga estar submerso pelo vasto volume de material lanado pelos meios, portanto no ter um efeito

    prtico. por isso quase impossvel para muitas pessoas e grupos pequenos provocar um efeito nasociedade com palavras. Tomemos o (FC) como exemplo. Se no tivssemos feito nada violento etivssemos apresentado os presentes escritos a um editor, provavelmente no seriam aceitos. Mesmo sefossem aceitos e publicados, provavelmente no atrairiam muitos leitores, porque mais divertido ver o

    entretenimento lanado pelos meios do que ler um ensaio sbrio. Inclusive se estes escritos tivessemmuitos leitores, a maioria logo esqueceria o que tinha lido porque suas mentes esto atoladas na massade material exposta pelos meios. A fim de apresentar nossa mensagem ante o pblico com algumaoportunidade de criar uma impresso duradoura, tivemos que matar gente.

    97. Os direitos constitucionais so teis at certo ponto, mas no servem para garantir nada alm daquiloque pode ser chamado de concepo burguesa da liberdade. Segundo a concepo burguesa, um homemlivre essencialmente um elemento da maquinaria social e tem apenas uma determinada srie deliberdades prescritas e delimitadas liberdades que so designadas para servir mais as necessidades domaquinrio social do que da pessoa. Assim o homem livre burgus tem liberdade econmica porqueisso promove o crescimento e o progresso tem liberdade de imprensa porque a crtica do pblico serestringe m conduta por parte dos lderes polticos tem direito a um juzo imparcial porque a prisoao desejo do poderoso seria m para o sistema. Esta era claramente a atitude de Simn Bolvar. Para ele,as pessoas merecem liberdade desde que a use para promover o progresso (progresso como o concebemos burgueses). Outros pensadores burgueses adotaram um ponto de vista similar da liberdade, comomero meio para finalidades coletivas. Chester C. Tan, Pensamento Poltico Chins no Sculo XX,

    pgina 202, explica a filosofia do lder do Kuomitang, Hu Han-min: Uma pessoa tem garantia dedireitos porque membro da sociedade e a vida de sua comunidade requer tais direitos. Por comunidade

    Hu quer dizer a totalidade da sociedade da nao. E na pgina 259, Tan declara que, de acordo comCarsum Chang (Chang Chung-mai, cabea do Partido Socialista Estatal em China), a liberdade deve serusada em interesse do Estado e das pessoas como conjunto. Mas que espcie de liberdade essa que s

    pode ser usada na forma como outro a prescreve? A concepo de liberdade do FC no como a deBolvar, Hu, Chang ou outros tericos burgueses. O problema com tais tericos que fizeram dodesenvolvimento e da aplicao de teorias sociais sua atividade substitutiva. Consequentemente, asteorias so criadas para servir mais s necessidades dos tericos do que s necessidades de qualquer

    pessoa que no teve sorte suficiente para viver numa sociedade onde teorias so so impostas.

    98. Devemos levar em conta mais um ponto nesta seo: o simples fato de algum DIZER que temliberdade suficiente no significa que seja suficientemente livre. A liberdade em parte restringida porcontrole psicolgico do qual as pessoas no tm conscincia, e ademais muitas idias acerca do queconstitui a liberdade so determinadas mais pela conveno social do que por suas necessidades reais.

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    Por exemplo, provvel que muitos esquerdistas do tipo sobressocializado digam que muitas pessoas,inclusive eles mesmos, so menos socializadas do que deveriam, no entanto os esquerdistassobressocializados pagam um forte preo psicolgico por seu alto nvel de socializao.

    ALGUNS PRINCPIOS DA HISTRIA

    99. Pense a histria como a somatria de dois componentes: um errtico que consiste em eventosimprevisveis que seguem uma norma incompreensvel e outro regular que consiste em tendnciashistricas de perodos longos. Aqui nos interessa a segunda tendncia.

    100. PRIMEIRO PRINCPIO. Se uma PEQUENA mudana afeta uma tendncia histrica de longoperodo, ento o efeito da mudana ser quase sempre transitrio - a tendncia logo retroceder a seuestado original. (Exemplo: Um movimento de reforma no sentido de limpar a corrupo poltica numasociedade raramente ter mais do que um curto efeito de durao, cedo ou tarde os reformistas relaxam ea corrupo se instala novamente. O nvel de corrupo poltica numa determinada sociedade tende a

    permanecer constante ou muda paulatinamente apenas com a evoluo da sociedade. Normalmente, umalimpeza poltica s ser permanente se for acompanhada de mudanas sociais gerais, uma PEQUENAmudana na sociedade no ser suficiente). Se uma pequena mudana numa tendncia histrica de

    perodo longo se apresenta como permanente, apenas porque a mudana atua na direo em que atendncia estava se movendo, assim a tendncia no se altera, apenas empurrada socialmente um passoadiante.

    101. O primeiro princpio quase uma tautologia. Se uma tendncia no se mantm estvel com relaoa pequenas mudanas, vagaria a esmo antes de seguir uma direo definida em outras palavras, noseria uma tendncia de longo perodo.

    102. SEGUNDO PRINCPIO. Se ocorre uma mudana suficientemente grande altera permanentementeuma tendncia histrica de longo perodo, isso alterar a sociedade em seu conjunto. Em outras palavras,uma sociedade um sistema em que todas suas partes esto interrelacionadas, e no d para mudar

    permanentemente uma parte importante sem mudar tambm todas as outras.

    103. TERCEIRO PRINCPIO. Se ocorre uma mudana suficientemente grande altera permanentementeuma tendncia de longo perodo, ento as conseqncias para a sociedade como um todo no podem ser

    preditas. (A no ser que vrias sociedades tenham passado pela mesma mudana e tenhamexperimentado as mesmas conseqncias, em tal caso nico, pode-se predizer no terreno emprico quequalquer outra sociedade que passe pela mesma mudana provavelmente experimentar conseqnciassimilares).

    104. QUARTO PRINCPIO. Um novo tipo de sociedade no pode ser desenhada no papel. Isto , no dpara planejar um novo tipo de sociedade a priori. Podemos constru-la e esperar que funcione a contento.

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    105. O terceiro e o quarto princpio resultam da complexidade das sociedades humanas. Uma mudanano comportamento humano afetar a economia de uma sociedade e seu meio fsico a economia afetar omeio ambiente e vice-versa, e as mudanas na economia e no meio ambiente afetaro o comportamentohumano de uma maneira complexa e imprevisvel. A rede de causas e efeitos demasiado complexa

    para ser desmaranhada e entendida.

    106. QUINTO PRINCPIO. Ningum elege consciente e racionalmente a forma de sua sociedade. Associedades se desenvolvem atravs de um processo de evoluo social que no est sob o controleracional humano.

    107. O quinto princpio uma conseqncia dos outros quatro.

    108. Como ilustrao: pelo primeiro princpio, em termos gerais, uma tentativa de reforma social oufunciona no sentido que a sociedade j desenvolve (simplesmente acelerando a mudana que cedo outarde ocorrer) ou apenas ter um efeito transitrio, de maneira que a sociedade logo voltar a sua velharotina. Se a reforma insuficiente para uma mudana duradoura no sentido do desenvolvimento dequalquer aspecto importante de uma sociedade, a revoluo torna-se necessria. (A qual no envolvenecessariamente um levante armado ou a derrubada de um governo). Pelo segundo princpio, umarevoluo nunca muda apenas um aspecto da sociedade e pelo terceiro princpio ocorrem mudanas queos revolucionrios no esperavam nem desejavam. Pelo quarto princpio, quando os revolucionrios ou

    utpicos organizam um novo tipo de sociedade, ela nunca funciona conforme planejaram.

    109. A Revoluo dos Estados Unidos no proporciona um contraponto. A Revoluo dos EstadosUnidos no foi uma revoluo no sentido estrito da palavra, foi uma guerra de independncia seguida de,digamos, uma extensa reforma poltica. Os Pais Fundadores no mudaram a direo do desenvolvimentoda sociedade estadunidense, nem aspiraram faz-lo. Apenas libertaram o desenvolvimento da sociedadeestadunidense do efeito retardante do governo britnico. Sua reforma poltica no mudou nenhumatendncia bsica, apenas impulsionou a cultura poltica americana ao longo de sua direo natural de

    desenvolvimento. A sociedade britnica, da qual a sociedade estadunidense era um replique, moveu-sebastante tempo no sentido de uma democracia representativa. Antes da Guerra de Independncia osestadunidenses j a praticavam num grau significativo nas assemblias da colnia. O sistema polticoestabelecido pela Constituio foi modelado no sistema britnico e nas assemblias coloniais. Mas noh dvida que os Pais Fundadores subiram um degrau importante. Mas foi um degrau ao longo docaminho que o mundo de fala inglesa estava j fazendo. A prova que a Gr-Bretanha e suas colnias

    povoadas predominantemente por gente de descendncia britnica acabaram adotando sistemas dedemocracia representativa essencialmente similares aos Estados Unidos. Se os Pais Fundadores seacovardassem e recusassem assinar a Declarao de Independncia, nossa forma de vida hoje no teriasido significativamente diferente. O mesmo ocorreria se estreitassemos os laos com a Gr-Bretanha

    adotando Parlamento e Primeiro Ministro em vez de Congresso e Presidente. Nenhuma grande mudanaocorreria. Assim a Revoluo americana no nos proporciona um contraponto para nossos princpiosmas sim uma boa ilustrao deles.

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    110. No obstante, necessrio usar o sentido comum na aplicao dos princpios. So expressos numalinguagem imprecisa que permite as mais variadas interpretaes e admitem excees a eles. Assim, osapresentamos no como normas inviolveis mas como regras singelas, ou guias para se pensar, que

    podem proporcionar um antdoto parcial s idias ingnuas acerca do futuro da sociedade. Devemos terem mente constantemente tais princpios, e sempre que alguma concluso entrar em conflito com algumdeles, deve-se reexaminar cuidadosamente o pensamento e reter a concluso apenas se tiver boas eslidas razes para faz-lo.

    A SOCIEDADE TECNOLGICO-INDUSTRIAL NO PODE SERREFORMADA

    111. Os princpios precedentes ajudam a ver que reformar o sistema industrial to desesperadamentedifcil quanto impedi-lo em seu progressivo estreitamento de nossa esfera de liberdade. Houve umatendncia consistente, anterior Revoluo Industrial, no fortalecimento do sistema com ajuda datecnologia e com alto nus liberdade individual e local. Portanto qualquer mudana desenhada para

    proteger a liberdade da tecnologia contraria a tendncia fundamental no desenvolvimento de nossasociedade. Consequentemente, tais mudanas seriam transitrias -- logo seriam submersas pela correnteda histria -- ou, se fossem suficientemente grandes ppermaneceriam e alterariam a natureza de todanossa sociedade. Isto pelo primeiro e pelo segundo princpio. Alm disso, na medida em que a sociedadedesenvolve vertentes imprevisveis (terceiro princpio) no haveria grande risco. Mudanassuficientemente grandes ao ponto de fazer uma diferena duradoura em favor da liberdade no seriaminiciadas, uma vez que seriam fatais ao sistema. Portanto, quaisquer tentativas de reforma seriamdemasiado tmidas para serem eficazes. Mesmo se mudanas suficientemente grandes para fazer umadiferena duradoura fossem iniciadas, elas seriam estancadas quando seus efeitos perturbadores setornasse evidente. Assim, mudanas permanentes em favor da liberdade poderia ser alcanada apenas

    por pessoas preparadas para aceitar as radicais, perigosas e imprevisveis alteraes de todo o sistema.Em outras palavras, por revolucionrios, no por reformadores.

    112. Pessoas ansiosas por resgatar a liberdade sem sacrificar supostos benefcios da tecnologia sugeriroingnuos esquemas para algum novo tipo de sociedade que reconcilie liberdade com tecnologia. Apartedo fato de que aquele que faz sugestes raramente prope algum meio-termo prtico para que a novaforma de sociedade possa prevalecer, deduz-se do quarto princpio que mesmo prevalecendo a novaforma de sociedade pode entrar em colapso ou resultar bem diferente do esperado.

    113. Portanto, em termos bem gerais, parece improvvel que se encontre alguma forma de mudanasocial que concilie liberdade com moderna tecnologia. Nas prximas sees daremos razes maisespecficas no sentido de que liberdade e progresso tecnolgico so incompatveis.

    A RESTRIO DA LIBERDADE INEVITVEL NA SOCIEDADE

    INDUSTRIAL

    114. Como explicamos nos pargrafos 65-67, 70-73, o homem moderno est preso a uma rede denormas e regulamentos, e seu destino depende de aes de pessoas distantes em cujas decises no pode

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    influir. Isto no acidental nem resultante de arbitrariedades de burocratas arrogantes. necessrio einevitvel em qualquer sociedade tecnologicamente avanada. O sistema para funcionar TEM QUEregular necessariamente o comportamento humano. No trabalho, a gente tem que fazer o que nosmandam, de outra maneira a produo entraria no caos. As burocracias TM QUE estar organizadas deacordo com regras rgidas. A permisso de qualquer ponderao pessoal substantiva a burocratas denvel baixo desorganizaria o sistema criando uma srie de problemas relacionados s diferenas namaneira individual no exerccio do talento. verdade que poderiam ser eliminadas algumas restries

    nossa liberdade, mas EM TERMOS GERAIS a regulao de nossas vidas por parte das grandesorganizaes necessria para o funcionamento da sociedade tecnolgico-industrial. O resultado umsentimento de impotncia por parte das pessoas comuns. Pode ocorrer, no entanto, que as regulaesformais tendam a ser substitudas por ferramentas psicolgicas que nos faam atender quilo que osistema requer de ns (propaganda, tcnicas educacionais, programas de sade mental, etc.). (Ver

    pargrafo 73).

    115. O sistema TEM QUE forar pessoas a comportar-se de maneira cada vez mais distante do modelo

    natural de comportamento humano. Por exemplo o sistema precisa de cientistas, matemticos eengenheiros. No pode funcionar sem eles. Pressiona-se muito aos jovens para que se destaquem nestescampos. No natural para um ser humano adolescente passar a maior parte de seu tempo sentado diantede uma mesa absorvido pelo estudo. Um adolescente normal quer passar seu tempo em contato ativocom o mundo real. Entre as pessoas primitivas as coisas para as quais eram treinados estavam emharmonia com os impulsos humanos naturais. Entre os ndios americanos, por exemplo, os garotos eramtreinados em exerccios ao ar livre -- simplesmente o tipo de coisas que lhes agrada fazer. Mas em nossasociedade os meninos so empurrados a estudar matrias tcnicas, que a maioria faz resmungando.

    116. Devido constante presso que o sistema exerce para modificar o comportamento humano, h umincremento gradual no nmero de pessoas que no pode ou no podero ajustar-se s exigncias dasociedade: usurios de programas sociais, gangues juvenis, cultistas, rebeldes antigovernamentais,sabotadores, radicais defensores do meio ambiente, avessos escola e os mais variados tipos derebeldes.

    117. Em qualquer sociedade tecnologicamente avanada o destino das pessoas depende de decises queelas no podem influir pessoalmente em nenhum grande grau. Uma sociedade tecnolgica no pode serdividida em comunidades pequenas e autnomas, porque a produo depende da cooperao de umgrande nmero de pessoas e mquinas. Tal sociedade tem que ser altamente organizada e as decisesTM que ser tomadas para afetar a um grande nmero de gente. Quando uma deciso afeta, digamos, aum milho de pessoas, ento a cada uma das pessoas participa, em mdia, com apenas uma millonsima

    parte na tomada de deciso. O que normalmente ocorre na prtica que a deciso tomada porservidores pblicos, executivos de corporaes, ou por especialistas tcnicos, mas mesmo quando o

    pblico vota uma deciso o nmero de votantes comumente demasiado grande para que o voto dequalquer pessoa resulte significativo. Encontramos defensores do sistema que citam casos em que aseleies foram decididas por um ou dois votos, mas tais casos so raros. Assim muitas pessoas so

    incapazes de influenciar mesuravelmente a deciso majoritria que afeta a suas vidas. No h maneiraconcebivel de remediar isto numa sociedade tecnologicamente avanada. O sistema trata de resolvereste problema mediante o uso de propaganda para fazer pessoas QUERER as decises que foramtomadas para elas, mas mesmo se esta soluo fosse completamente exitosa fazendo gente sentir-semelhor, seria aviltante.

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    118. Os conservadores e alguns outros advogam uma maior autonomia local. Comunidades locaispodem at conseguir autonomia, mas isso torna-se cada vez menos possvel porque se tornaram maiscomplicadas e dependentes de sistemas de grande escala como servios pblicos, redes decomputadores, sistemas de auto-estradas, meios de comunicao de massa e sistemas modernos desade. Tambm opera na contramo da autonomia o fato de que a tecnologia aplicada numa localidademuitas vezes afeta gente de outras comunidades longnquas. Assim, pesticidas ou produtos qumicosusados perto de um riacho podem contaminar o fornecimento de gua a centenas de quilmetros rioabaixo, e o efeito estufa afeta todo o planeta.

    119. O sistema no existe e no pode existir para satisfazer necessidades humanas. Ao contrrio, ocomportamento humano que tem que ser modificado para satisfazer as necessidades do sistema. Isto notem nada que ver com qualquer ideologia poltica ou social que pretenda guiar o sistema tecnolgico. culpa da tecnologia, porque o sistema no guiado por ideologia mas por necessidades tcnicas. [18] claro que o sistema satisfaz muitas necessidades humanas, mas geralmente faz isto apenas na medida emque lhe til faz-lo. So as necessidades do sistema que so supremas, no as dos seres humanos. Porexemplo, o sistema prov a gente com comida porque no pode funcionar se todo mundo morrer defome atende as necessidades psicolgicas da gente sempre que CONVENIENTE faz-lo, porque no

    pode funcionar se muita gente se torna depressiva ou rebelde. Mas o sistema por boas razes, slidas eprticas, tem que exercer presso constante sobre a gente para moldar nosso comportamento paraatender suas necessidades. Demasiado lixo acumulado? Governo, meios de comunicao, sistemaeducacional, ambientalistas, todo mundo nos inunda com propaganda massiva sobre reciclagem. Precisamais pessoal tcnico? Um coro de vozes exorta os jovens para que estudem cincias. Ningum pra para

    perguntar se desumano forar adolescentes a gastar grande parte de seu tempo estudando matrias que

    a maioria odeia. Quando trabalhadores especializados so desqualificados por tcnicas avanadas, tendoque passar por reciclagens, ningum pergunta o quanto humilhante para eles serem manipuladosdessa maneira. D-se como ponto pacfico que todo mundo tem que reverenciar a necessidade tcnica e

    por boas razes: se as necessidades humanas fossem colocadas antes da necessidade tcnica haveriaproblemas econmicos, desemprego, escassez ou coisa ainda pior. O conceito de sade mental emnossa sociedade definido na medida em que o comportamento do indivduo se ajusta s necessidadesdo sistema e sem mostrar sinais de tenso.

    120. Os esforos por dar lugar sentimentos de propsito e autonomia no interior do sistema parecemuma piada. Por exemplo: uma companhia em vez determinar que cada um de seus empregados montasseapenas uma seo do catlogo, ordenou que cada um montasse o catlogo inteiro, e isto parasupostamente dar-lhes uma sensao de propsito e realizao. Algumas companhias tentaram dar a seusempregados mais autonomia em seu trabalho, mas por razes prticas isto normalmente s pode ser feitonum grau bem limitado e, em qualquer caso, ningum adota como finalidade proporcionar autonomia aempregados -- seus esforos autnomos no podem nunca funcionar de acordo com finalidades queelegem pessoalmente, mas apenas de acordo com as finalidades do chefe, tais como a manutenao e ocrescimento da companhia. Qualquer companhia logo sairia dos negcios se permitisse agir com seusempregados de outra maneira. Do mesmo modo, em qualquer empresa no interior de um sistema

    socialista, os trabalhadores tm que dirigir seus esforos de acordo com as finalidades da empresa, deoutra maneira esta no cumprir seu propsito como parte do sistema. Uma vez mais, por razespuramente tcnicas no possvel para muitas pessoas ou grupos pequenos ter muita autonomia nasociedade industrial. Inclusive o pequeno proprietrio de um negcio normalmente tem apenas umaautonomia limitada. Alm da necessidade de atender as regulaes do governo, restringido pelo fato de

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    que tem que se ajustar dentro do sistema econmico e submeter-se a suas exigncias. Por exemplo,quando algum desenvolve uma nova tecnologia, o pequeno empresrio muitas vezes forado a utilizardeterminada tecnologia quer queira quer no, para que continue competitivo.

    AS PARTES MS DA TECNOLOGIA NO PODEM SEPARAR-SE DAS

    PARTES BOAS121. Ademais, uma razo pela qual a sociedade industrial no pode reformar-se em favor da liberdade que a tecnologia moderna um sistema unificado no qual todas as partes dependem umas das outras.

    No d para descartar as partes ms da tecnologia e conservar apenas as partes boas. Consideremospor exemplo a medicina moderna. O progresso na cincia mdica depende do progresso na qumica,fsica, biologia, cincia de computadores e outros campos. O tratamento mdico avanado requerequipamentos caros e de alta tecnologia que s uma sociedade avanada tecnologicamente eeconomicamente rica pode disponibilizar. Claramente no d para ter muito progresso em medicina sema totalidade do sistema tecnolgico e todas suas implicaes.

    122. Mesmo se o progresso mdico pudesse ser mantido sem o resto do sistema tecnolgico, isso trariaem si certos males. Suponhamos por exemplo que se descobrisse uma cura para a diabete. Aqueles comtendncia gentica diabetes seriam capazes de sobreviver e reproduzir-se to bem como qualqueroutro. A seleo natural contra os genes da diabete pararia e se dispersariam pela populao. (Em certograu isto j pode estar ocorrendo, na medida em que a diabete, enquanto doena incurvel, pode sercontrolada mediante o uso de insulina). O mesmo ocorrer com muitas outras doenas, cujasensibilidade afetada pela degradao gentica da populao. A nica soluo seria algum programa de

    eugenia ou de engenharia gentica extensiva a seres humanos, pelo qual o homem no futuro no seriamais uma criao da natureza, da casualidade, ou de deus (dependendo das opinies religiosas oufilosficas), mas um produto manufaturado.

    123. Se acredita que um grande governo AGORA interfere demasiado em tua vida, simplesmente esperaat que comece a regular a constituio gentica de teus filhos. Tal regulao inevitavelmente ser o

    prximo passo depois da introduo da engenharia gentica de seres humanos, porque as conseqnciasde uma engenharia gentica no regulada seriam desastrosas. Simplesmente imagine um engenheiro

    gentico irresponsvel criando um monte de terroristas.

    124. A resposta habitual a tais assuntos falar de uma tica mdica. Mas um cdigo tico no serviriapara proteger a liberdade no aspecto do progresso mdico s pioraria o problema. Um cdigo ticoaplicvel engenharia gentica teria como resultado uma tentativa de regulao da constituio genticados seres humanos. Algum (provavelmente a classe alta e media, majoritariamente), decidiria que taisou quais aplicaes seriam ticas e outras no pelo que em conseqncia, estariam impondo seus

    prprios valores na constituio gentica da populao em liberdade. Inclusive se um cdigo tico fosse

    eleito em bases completamente democrticas, a maioria estaria impondo seus prprios valores a umaminoria que poderia ter uma idia diferente do que constitui um uso tico da engenharia gentica. Onico cdigo tico que verdadeiramente protegesse a liberdade seria aquele que proibisse QUALQUERengenharia gentica em seres humanos, e voc pode estar seguro que tal cdigo nunca ser aplicadonuma sociedade tecnolgica. Nenhum cdigo que reduza a engenharia gentica a um papel menor,

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    128. Enquanto o progresso tecnolgico IN TOTUM continuamente estreita nossa esfera de liberdade,cada novo avano tcnico considerado EM SI MESMO parece desejvel. Eletricidade, canalizao,comunicaes rpidas de longa distncia... como algum poderia argumentar contra qualquer destascoisas, ou contra qualquer outro dos inumerveis avanos tcnicos que fez a sociedade moderna? Seriaabsurdo resistir a introduo do telefone, por exemplo. Oferece muitas vantagens e nenhumadesvantagem. No entanto tal e como explicamos nos pargrafos 59-76, todos estes avanos tcnicostomados juntos criaram um mundo no qual o destino do homem comum j no est em suas prpriasmos ou de seus vizinhos e amigos. Seu destino est nas mos de polticos, executivos de corporaes ede distantes e annimos tcnicos e burocratas nos quais como indivduo no tem poder de influncia.[21] O mesmo processo continuar no futuro. Tomemos a engenharia gentica, por exemplo. Poucagente resistir introduo de uma tcnica gentica que elimine doenas hereditrias. Aparentemente inqua e previne muito sofrimento. Assim, esse grande nmero de melhoras genticas conjuntas tornaros seres humanos mais parecidos com um produto de engenharia do que com uma livre criao dacasualidade (de Deus, ou do que quer que seja, dependendo de tuas crenas religiosas).

    129. Outra razo da tecnologia ser uma fora social poderosa que no contexto de determinadasociedade, o progresso tecnolgico caminha numa nica direo nunca pode ser revertido. Quando seintroduz uma inovao tcnica, a gente normalmente se torna dependente dela, a no ser que sejasubstituda por alguma inovao ainda mais avanada. A gente no apenas se torna pessoalmentedependente de um novo produto tecnolgico, como tambm, e em maior gru, o sistema em seuconjunto se torna dependente dele. (Imagine o que ocorreria ao sistema atual se os computadores, porexemplo, fossem eliminados). Assim o sistema se move em uma nica direo, empurrado por umacrescente tecnologizao. A tecnologia repetidamente obriga a liberdade a dar um passo atrs, mas a

    tecnologia nunca pode dar um passo atrs sem derrubar todo sistema tecnolgico.

    130. A tecnologia avana com grande rapidez e ameaa a liberdade em muitos pontos ao mesmo tempo(aglomerados humanos, normas e regulaes, as pessoas ficam cada vez mais dependentes de grandesorganizaes, bombardeadas por propaganda e outras tcnicas psicolgicas, engenharia gentica,invaso da intimidade por meio de dispositivos de vigilncia e computadores, etc.). Reter qualquer UMAdessas ameaas liberdade requer uma luta social diferente. Aqueles que querem proteger a liberdadeesto estupefatos pelo surpreendente nmero de novos ataques e a rapidez com que se desenvolvem,como conseqncia, tornam-se apticos e desanimam. Lutar contra cada uma das ameaasseparadamente seria intil. O sucesso s vir pela luta contra o sistema tecnolgico como um todo masisto revolucionrio, no reformista.

    131. Os tcnicos (usamos este termo para descrever todos aqueles que realizam uma tarefa especializadaque requer treinamento) tendem a estar to comprometidos com seu trabalho (sua atividade substitutiva)que quando surge um conflito entre este e a liberdade, quase sempre optam pelo seu trabalho tcnico.Isto bvio no caso dos cientistas, mas tambm ocorre em outras partes: educadores, gruposhumanitrios, organizaes de preservao, no vacilam em usar propaganda ou outras tcnicas

    psicolgicas para ajudar a conseguir suas louvveis finalidades. As corporaes e agnciasgovernamentais, quando acham proveitoso, no vacilam em reunir informao sobre pessoas semrespeitar sua intimidade. As agncias de execuo das leis esto freqentemente em dificuldades com osdireitos constitucionais dos suspeitos e muitas vezes de pessoas completamente inocentes, e fazem o que

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    podem legalmente (ou algumas vezes ilegalmente) para restringir ou burlar esses direitos. Muitos desteseducadores, servidores pblicos governamentais e funcionrios do executivo acreditam na liberdade, na

    preservao da intimidade e nos direitos constitucionais, mas quando estes entram em conflito com seutrabalho, normalmente sentem que seu trabalho mais importante.

    132. bem sabido que geralmente as pessoas trabalham melhor e com mais gana quando lutam por umprmio do que quando tentam evitar um castigo ou um resultado negativo. Os cientistas e outros tcnicosso motivados principalmente pelos prmios que conseguem atravs de seu trabalho. Mas aqueles que seopem invaso tcnica da liberdade esto trabalhando para evitar um resultado negativo,conseqentemente so poucos aqueles que trabalham com persistencia e competencia nesta tarefadesalentadora. Se alguma vez os reformistas alcanarem uma vitria notvel que parea levantar uma

    barreira slida contra futuras eroses da liberdade atravs do progresso tcnico, muitos tendero arelaxar e desviar sua ateno para empenhos mais agradveis. Mas os cientistas permanecero atarefadosem seus laboratrios e a tecnologia em seu avano encontrar caminhos, a despeito de qualquer barreira,

    para exercer mais e mais controle sobre as pessoas e faz-las mais dependentes do sistema.

    133. Nenhum acordo social, sejam leis, instituies, costumes ou cdigos ticos, pode proporcionar umaproteo permanente contra a tecnologia. A histria ensina que todos os acordos sociais so transitriostodos mudam ou eventualmente fracassam. Mas os avanos tecnolgicos so permanentes dentro docontexto de uma determinada civilizao. Suponhamos por exemplo ser possvel chegar a algum acordosocial que previna a aplicao da engenharia gentica em seres humanos, ou previna de tal maneira queno ameace a liberdade e a dignidade. No obstante, a tecnologia permanecer esperando. Cedo ou tardeo acordo social fracassar. Provavelmente cedo, apressando a mudana em nossa sociedade. Ento aengenharia gentica comear a invadir nossa esfera de liberdade, e esta invaso ser irreversvel (exceto

    por um fracasso da prpria civilizao tecnolgica). Qualquer iluso acerca de conseguir algopermanente atravs de acordos sociais deveria dissipar-se diante do que atualmente ocorre com alegislao ambiental. H poucos anos parecia haver barreiras legais seguras prevenindo pelo menosALGUMAS das piores formas de degradao ambiental. Basta uma mudana no vento poltico para queessas barreiras desmoronem.

    134. Por todas as razes anteriores, a tecnologia