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NRP ARPÃO O REGRESSO A CASA Revista da ARMADA Nº 501 • ANO XLV NOVEMBRO 2015 MENSAL • €1,50 NRP ALM GAGO COUTINHO MISSÃO NOS AÇORES NRP D. FRANCISCO DE ALMEIDA SNMG1 OPERAÇÃO «MAR VERDE»

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NRP ARPÃO O REGRESSO A CASA

Revista da ARMADANº

501

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MEN

SAL

• €1

,50

NRP ALM GAGO COUTINHOMISSÃO NOS AÇORES

NRP D. FRANCISCO DE ALMEIDASNMG1

OPERAÇÃO«MAR VERDE»

FOTOGRAFIASANTIGAS, INÉDITAS OU CURIOSAS

A sétima edição do Campeonato Europeu de Futebol (Euro 84) realizou-se em França entre 12 e 27 de junho de 1984. A seleção nacional preparou-se para este torneio nas instalações do Centro de Educação Física da Armada e contou com o apoio do

Gabinete Médico na sua vertente de Medicina Desportiva, a essa data com capacidade para realizar provas de esforço e ecocardio-gramas (fotografia).

A equipa portuguesa chegou pela primeira vez à fase final de um campeonato da europa, jogando uma das meias-finais com a con-génere francesa, seleção que viria a sagrar-se campeã europeia.

De acordo com a UEFA, o melhor onze do Euro 84 incluiu quatro jogadores lusos: o guarda-redes Manuel Bento, o defesa Eurico, o médio Fernando Chalana e o avançado Rui Jordão.

Santos Henriques1TEN MN

ceFA nA cAmpAnhA dO euRO 84

REVISTA DA ARMADA | 501

NOVEMBRO 2015 3

Publicação Oficial da MarinhaPeriodicidade mensalNº 501 / Ano XLVNovembro 2015

Revista anotada na ERCDepósito Legal nº 55737/92ISSN 0870-9343

SUMÁRIO

DiretorCALM Carlos Manuel Mina Henriques

Chefe de RedaçãoCMG Joaquim Manuel de S. Vaz Ferreira

Redatora1TEN TSN - COM Ana Alexandra G. de Brito

Secretário de RedaçãoSMOR L Mário Jorge Almeida de Carvalho

Desenho GráficoASS TEC DES Aida Cristina M.P. Faria

Administração, Redação e PublicidadeRevista da Armada - Edifício das InstalaçõesCentrais da Marinha - Rua do Arsenal1149-001 Lisboa - PortugalTelef: 21 159 32 54

E-mail da Revista da [email protected]@marinha.pt

Paginação eletrónica e produçãoMX3 Artes Gráficas, Lda.

Tiragem média mensal4000 exemplares

Preço de venda avulso: € 1,50

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NRP ALM GAGO COUTINHOMISSÃO NOS AÇORES

RELEMBRAR A OPERAÇÃO “MAR VERDE”

17NRP D. FRANCISCO DE ALMEIDA – SNMG1

020406112223252628293031323334cc

Fotografias Antigas, Inéditas ou Curiosas

Strategia 16

NRP Arpão. O Regresso a Casa

Golfo da Guiné. A Criminalidade Organizada

Tomadas de Posse

Entregas de Comando

Escola Naval

Notícias

Estórias (16) / Dia Nacional do Mar

Novas Histórias da Botica (47)

Vigia da História (78)

Saúde para Todos (29)

Desporto

Quarto de Folga

Notícias Pessoais / Saibam Todos

Símbolos Heráldicos

capaNRP Arpão em doca seca – KielFoto CTEN Paulo S. Garcia

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GUERRA HÍBRIDA

Stratεgia 16

InTROduÇÃO

No artigo anterior, foram apresentadas algumas tecnologias com potencial para determinar os empenhamentos marítimos e

navais do futuro. Porém, importa lembrar que o elemento funda-mental em qualquer guerra é o humano. De facto, os inimigos (do passado, do presente e do futuro) são pessoas com capacidade de escolher as linhas de ação mais adequadas aos seus propósitos. Daí que os conflitos tenham evoluído para formas cada vez mais com-plexas, em que os contendores selecionam as modalidades de ação que melhor servem os seus interesses. É esta combinação de mo-dalidades de ação (por vezes, completamente distintas) que se tem convencionado adjetivar com o termo híbrido/a (dando origem a expressões como ameaça híbrida, guerra híbrida ou estratégia hí-brida, entre outras).

A GueRRA híbRIdA AO lOnGO dA hISTóRIA

O Grande Dicionário da Língua Portuguesa define híbrido como o “que provém de duas espécies diferentes”. Assim, no âmbito dos estudos da guerra, o termo híbrido emprega-se quando existe uma combinação de meios convencionais e não-convencionais (ou irre-gulares).

A utilização deste adjetivo em matérias de segurança e defesa popularizou-se no início dos anos 2000, muito por ação de Frank Hoffman, militar e analista americano. Segundo ele, a guerra híbri-da consiste no emprego, em simultâneo e de forma adaptativa, de uma combinação complexa de armas convencionais, guerra irregu-lar, terrorismo e criminalidade, visando atingir objetivos políticos. Para Hoffman, esta é uma nova forma de condução da guerra, que vem quebrar a tradicional separação binária rígida entre guerras convencionais e irregulares.

Contudo, a ideia de associar meios convencionais com meios ir-regulares para a prossecução de objetivos estratégicos não é nova. Como afirmou recentemente o Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, a primeira guerra híbrida terá sido a de Tróia, com o célebre Cavalo de Tróia a constituir-se como o elemento não-con-vencional que acabaria por decidir a contenda. Ao longo da história, várias são as guerras que se enquadram nesta caracterização. No âmbito internacional, pode referir-se a Guerra da Independência dos EUA (1775-83), em que além do Exército Continental, coman-dado por George Washington, se envolveram numerosas milícias populares, que contribuíram para a derrota das tropas britânicas. No âmbito nacional, pode referir-se a Guerra Peninsular (1807-14),

em que a ação do Exército regular anglo-português se combinou com a dos movimentos de guerrilha portugueses, para expulsar as tropas de Napoleão de Portugal.

Nos últimos anos, alguns contendores têm vindo a refinar esta forma de aproximação aos conflitos, com estratégias multidimen-sionais bastante difíceis de contrariar.

O primeiro conflito recente usualmente referido como um exem-plo de guerra híbrida foi o que opôs Israel ao Hezbollah em 2006 (Segunda Guerra do Líbano). Nesse conflito, o Hezbollah usou um arsenal de armas convencionais em ações de guerrilha, além de guerra psicológica, terrorismo e atividades criminosas. Além disso, desenvolveu uma campanha de propaganda, que tentou criar a per-ceção (errada) de que estava a vencer a guerra. Hassan Nasarallah, líder do Hezbollah, afirmou que o seu grupo “não era um exército regular, mas também não era uma guerrilha, no sentido tradicional; era algo intermédio”, acrescentando que esse era “o novo modelo”.

Entretanto, desde 2013 o mundo tem assistido a mais uma guer-ra híbrida, com a ascensão do autodenominado Estado Islâmico no Iraque e na Síria. São por demais conhecidas as técnicas empregues por esse grupo, que combinam de forma sinérgica operações mili-tares convencionais com terrorismo, crime organizado e utilização extensiva do ciberespaço (para propaganda, recrutamento e guerra cibernética). O próprio presidente dos EUA, Barack Obama, reco-nheceu que o autodenominado Estado Islâmico é “uma espécie de híbrido [entre] uma rede terrorista (…) e um exército”.

Todavia, foi o confronto na Ucrânia que trouxe a guerra híbrida para a primeira linha do debate securitário internacional. Com efei-to, a Rússia tem usado, neste conflito, ações nas seguintes dimen-sões:

Cavalo de Tróia

“Cada era teve as suas formas peculiares de guerra”, Clausewitz

“Temos um registo perfeito na previsão das guerras futuras (…) e esse registo é de 0%”, General H. R. McMaster

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• Política: acusações de falta de legitimidade do governo ucrania-no e promoção do separatismo;

• Social: acentuação das clivagens étnicas e apoio declarado à população de etnia russa;

• Económica: chantagem com o fornecimento de gás;• Militar: fornecimento de armamento às milícias pró-russas,

infiltração dos célebres homenzinhos verdes (ou little green men)1 e concentração de forças militares convencionais junto à fronteira russo-ucraniana; e

• Informacional: campanhas de propaganda, ciberataques, des-vio de tráfego da internet e ataques físicos a infraestruturas dos sistemas de comunicação e informação.

Estas ações estão ao serviço de uma estratégia ambígua, em que é difícil discernir quais as verdadeiras intenções. Tal ambiguidade corresponde a uma prática conhecida nos meios militares russos como maskirovka2, que pode ser definida como a arte da deceção e do engano.

AlGumAS cARAcTeRíSTIcAS dA GueRRA híbRIdA ATuAl

Em todos os casos descritos se verifica o envolvimento de atores irregulares não-estatais, tais como milícias, grupos criminosos e re-des terroristas, apoiados por um ou mais Estados. Nos casos apre-sentados, os atores não-estatais foram/são o Hezbollah, o autode-nominado Estado Islâmico e os separatistas ucranianos, apoiados respetivamente por Irão, alguns Estados sunitas e Rússia.

Esta mescla entre atores convencionais e irregulares é, como já foi referido, a principal característica de qualquer guerra híbrida, a qual – repete-se – não é uma solução estratégica nova. No entanto, os casos mais recentes evidenciaram algumas importantes inova-ções na aplicação deste conceito, nomeadamente:

• Associação ao ter-rorismo e a atividades criminosas, como contra-bando, proliferação e tra-ficâncias;

• Grande enfoque na dimensão informacional, evidenciada pela utiliza-ção sofisticada do ciberes-paço e da comunicação social.

A GueRRA híbRIdA em AmbIenTe mARíTImOEsta aproximação aos conflitos tem também efeitos na condu-

ção de operações navais, designadamente na capacidade de operar em segurança no litoral, mesmo quando o nível de ameaça con-vencional percebida é baixo. Por exemplo, na Segunda Guerra do Líbano a corveta israelita “Hanit” foi atingida por um míssil anti--navio, alegadamente fornecido pelo Irão ao Hezbollah. Bem mais recentemente (em 16 de Julho deste ano), um grupo afiliado do autodenominado Estado Islâmico reivindicou um ataque de rocket (ou míssil anti-carro) contra um navio da Guarda Costeira Egípcia, na península do Sinai. Estes ataques expuseram muitas das vulne-rabilidades das forças navais no ambiente litoral, que se acentuam na presença de ameaças híbridas.

Isso tem obrigado a repensar alguns procedimentos operacio-nais, cabendo aqui recordar que a Marinha Portuguesa esteve na origem da doutrina tática da NATO para lidar com este tipo de ame-aças (ATP-74 - Force Protection against Asymmetric Threats) e é custódia de parte dos desenvolvimentos táticos em curso nesta ma-téria. Além disso, Portugal, através da Marinha, tem vindo a liderar, no seio da NATO, um projecto intitulado NATO Harbour Protection, que tem por objectivo desenvolver a capacidade de defesa portu-ária em operações expedicionárias. Concretamente, pretendem-se desenvolver doutrinariamente os princípios e as práticas destina-dos a incrementar a proteção de navios e de infraestruturas críticas em ambiente marítimo-portuário, assim como as especificações técnicas e de interoperabilidade que sustentem a edificação desta capacidade.

cOnSIdeRAÇõeS FInAIS

Face ao exposto, conclui-se que as guerras híbridas incorporam um leque cada vez mais alargado de formas de coação, que incluem força militar, guerrilha, sabotagem, terrorismo, criminalidade, pres-são económica, guerra cibernética e propaganda. Isso dá lugar a combinações quase infinitas, que tornam bastante difícil prever como serão as guerras híbridas do futuro. Dependendo da situação, os atores híbridos selecionarão – como se escolhe num menu – as formas de coação que melhor contribuam para o enfraquecimento físico e psicológico do inimigo e para a consecução dos seus objeti-vos, com os efeitos a serem potenciados pela utilização de novas tec-nologias e pela exploração do ciberespaço e da comunicação social.

No futuro, este será o modelo de referência da maior parte das guerras. Daí a necessidade de se conhecer e estudar esta nova for-ma de aproximação aos conflitos, que não pode ser encarada como um assunto estritamente militar, pois a guerra híbrida consiste numa estratégia de largo espectro, que visa sobretudo os líderes políticos e as populações em geral, procurando afetar e condicionar a sua ca-pacidade e a sua vontade de decidir e de atuar3. Dessa forma, só através de estratégias holísticas e multidimensionais, que façam uso de todos os elementos do poder nacional, se conseguirá enfrentar as guerras híbridas do futuro.

Sardinha MonteiroCFR

Notas

Corveta “Hanit” após o ataque perpetrado pelo Hezbollah

1 Soldados mascarados, envergando uniformes sem qualquer distintivo ou insígnia, que surgiram na Crimeia e no leste da Ucrânia a partir do início de 2014.2 Significa literalmente disfarce.3 Essa é, aliás, a grande diferença entre guerras assimétricas e híbridas: é que as primeiras visam diretamente as forças militares, enquanto as segundas visam so-bretudo os líderes políticos e as populações civis.

Homenzinhos verdes

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Na edição de maio relatou-se o trânsito do NRP Arpão para Kiel, onde se situa o estaleiro construtor dos submarinos da

classe Tridente – a TKMS1. O NRP Arpão iria aí permanecer de fevereiro a julho de 2015, para a execução de uma ação de manu-tenção planeada que incluía docagem. Após terminada, regres-samos agora com o relato do referido período de docagem e o trânsito de regresso a Lisboa deste nosso submarino.

Após a atracação no dia 9 de fevereiro na doca nº 5 da TKMS, deu-se início aos extensos trabalhos planeados pela DN-DS2 e contratados ao estaleiro de Kiel, tendo terminado a 3 de julho no porto de Kristiansand, na Noruega, com a conclusão das pro-vas de mar. Foram praticamente cinco meses de trabalhos, na sua maioria realizados com o navio a seco. As manutenções re-alizadas foram bastante extensas, contemplando ações como a substituição do veio, verificação de todas as passagens de casco, intervenções no sistema de TCM3, substituição de 45 elementos da bateria principal4, abertura e limpeza dos diversos tanques de bordo (aguada, combustível e de regulação do navio), subs-tituição de um dos módulos da fuel cell, substituição da cabeça do periscópio e muitos outros. Para acompanhar as equipas do estaleiro nas várias áreas técnicas, parte da guarnição permane-ceu a totalidade do período deslocada em Kiel. Liderados pelo comandante e imediato do navio, a equipa da guarnição incluiu um total de 19 militares, essencialmente das áreas técnicas, dos 33 que constituem a guarnição do submarino. Durante todo este período, esteve também presente uma delegação da DN-DS para coordenar, supervisionar e garantir o crucial controlo de quali-dade e inspeção técnica das ações de manutenção executadas pelo estaleiro.

Havendo a necessidade de manter a guarnição treinada durante este período sem atividade operacional, aproveitou-se a proximi-dade do Submarine Training Centre da Marinha Alemã5 e as exce-lentes relações entre as esquadrilhas de submarinos dos dois paí-ses para adestrar parte da guarnição no cumprimento de diversas missões em simulador. Com uma equipa constituída pelos vários operadores do sistema de combate (tanto da área do sonar, como da de comando e controlo), oficial de quarto e comandante, foram executadas mais de 15 missões, com diferentes objetivos e inten-sidades, tendo-se disparado um total de 18 torpedos. Foram duas semanas de elevado empenho, ainda mais se se considerar que as manutenções no estaleiro continuavam em elevado ritmo, mas de extrema utilidade para manter o elevado nível de desempenho que todos os submarinos exigem das suas guarnições.

Um dos dias mais aguardados pelos elementos que se encon-travam em Kiel, foi o do regresso da restante guarnição passados quatro meses6, ficando o Arpão novamente com a sua guarnição

reunida. Já com toda a guarnição, havia que voltar a apetrechar o navio com tudo o que foi retirado aquando da chegada ao esta-leiro, tarefa que nem sempre se revelou fácil, tendo em conta os trabalhos ainda em curso por parte do estaleiro e que obrigaram a uma complexa coordenação.

Ao longo destes últimos 15 dias, a ansiedade crescia juntamen-te com o esforço de aprontamento do navio, culminando no dia da largada a 30 de junho. Não deixou de ser uma partida com al-guma emotividade, tanto pelos cinco meses de intenso trabalho a viver na cidade que viu nascer o Arpão, como pelo regresso do “nosso navio” ao seu ambiente natural.

Seguiram-se as indispensáveis provas de mar para a obtenção da necessária garantia que todos os sistemas estavam em perfei-tas condições de funcionamento, levando alguns militares da DN--DS e da TKMS embarcados. No entanto, uma vez que as águas do fiorde de Kiel, do Kattegat7 ou do Mar Báltico não possuem a batimetria adequada à execução de todas as provas necessárias a um submarino, havia que fazer a navegação à superfície até ao Skagerrak. Nesta área, além da disponibilidade de águas pro-fundas, fica também o porto de Kristiansand, que dispõe de um ponto de apoio logístico e oficinal da TKMS: o cais de Marvika, já conhecido das primeiras guarnições que aí fizeram base durante o treino de mar aquando da receção do navio em 2010.

Os três dias seguintes foram também de intensa atividade para cumprir o planeamento das provas aos diversos sistemas, tendo--se resolvido com sucesso todos os problemas e avarias naturais de um prolongado período de inatividade. Depois das provas concluídas, tendo o Arpão superado todas com distinção, a ter-ceira e última atracação no cais de Marvika, em Kristiansand, ser-viu também para desembarcar os militares da DN-DS e técnicos da TKMS, dando-se por concluídas as provas de mar no final da tarde do dia 3 de julho. A largada final da Noruega, às 23h00 des-se dia, ainda com o sol pouco abaixo do horizonte, marcou o final da ação de manutenção e o início de nova e derradeira etapa da já longa missão do Arpão: o trânsito rumo a Lisboa. Expectante face às condições meteorológicas que Neptuno iria oferecer nas respeitadas águas do Mar do Norte e da Biscaia, a guarnição ra-pidamente tratou de sacudir o pó de seis meses longe do mar re-tomando as rotinas do submarinista: rigor nos procedimentos e treino intenso. O trânsito no Mar do Norte fez-se calmo e sereno, com mar chão e vento de feição, embora numa condição pouco apreciada pelo submarinista: navegar à superfície, por força das reduzidas profundidades desta região geográfica.

Rapidamente o navio avistou as encostas do estreito de Dover, depois de ultrapassados os checkpoints8 de navegação mercante das SLOC9 do German Bight e do porto de Roterdão. Depois de

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um dia e meio de La Manche, ainda houve tempo, antes da ansia-da entrada em imersão, para sofrer as agruras do Atlântico norte: ventos fortes e mar grosso, provocando o típico desconforto de um submarino à superfície, que proporcionou 40 graus de banda, alguns enjoos e banhos de mar àqueles que, na ponte, garantiam a segurança do submarino.

Com a entrada em imersão tudo se relativizou, dando início à travessia do Golfo da Biscaia. Nesta travessia de 4 dias, a opor-tunidade de treino com a Marinha Francesa, com a realização de exercícios de luta antissubmarina contra a aeronave de patrulha marítima Atlantique 2, entusiasmaram o que poderia ter sido uma pernada menos interessante. Ao demandar o cabo Finister-ra, o Arpão finalmente guinou para o rumo 180, pouco antes de entrar em águas portuguesas. Culminando esta navegação de 13 dias com um último fim de semana de mar, na madrugada de segunda-feira, dia 13 de julho, foi dada a ordem de “ar a todos, vamos para cima”10, permitindo ao primeiro homem a chegar à ponte contemplar a magnífica vista de Lisboa com a primeira luz do dia. Já com a boia nº 2 da barra sul do porto de Lisboa à vista, o Arpão demandou o saudoso porto de Lisboa, acolhendo o tão desejado clima português. Passando cabos às 09h00 ao atracar em frente à Esquadrilha de Submarinos, no cais nº 6 da BNL11, reuniu-se novamente com o irmão Tridente, aguardando com de-sejo a sua próxima missão.

Foram 168 dias de missão que deixaram o Arpão pronto para mais um período operacional que se espera cheio de atividades no mar, contribuindo para a missão da nossa Marinha.

Colaboração do COMANDO DO NRP ARPÃO

Notas1 Thyssen-Krupp Marine Systems, anteriormente designada por HDW.2 Direcção de Navios – Divisão de Navios.3 Torpedo Counter Measures.4 De um total de 384 que constituem a bateria desta classe de submarinos.5 Este centro de treino, a cerca de 30km a norte de Kiel, na cidade de Eckernförde, dispõe de um conjunto de sistemas de simulação para o treino das guarnições dos seus submarinos, nomeadamente a réplica dos centros de operações dos submari-nos U-212 Bach 1 e 2, sendo este último muito semelhante aos da classe Tridente.6 Estes 14 elementos da guarnição que permaneceram em Portugal, além de reali-zar o necessário trabalho administrativo de bordo, frequentaram diversos cursos de formação e desempenharam diversas tarefas na Esquadrilha de Submarinos.7 Mar limitado a sul pela Alemanha, a leste pelo mar Báltico, a oeste pela penínsu-la da Jutlândia (onde se situa grande parte do Reino da Dinamarca) e a norte pelo Skagerrak, mar que, por sua vez, banha a costa norte da Jutlândia, o sudeste da No-ruega e o sudoeste da Suécia.8 Zonas de convergência de diversas rotas marítimas predominantes, normalmente presentes próximas de portos comercialmente importantes, e caracterizadas por uma muito elevada densidade de navegação.9 SLOC – Sea Lines of Communication.10 Ordem que o Oficial de Quarto dá para levar o navio à superfície. “Ar a todos” os tanques de lastro, que permite ao submarino ganhar a reserva de flutuabilidade necessária para se manter à superfície.11 Base Naval de Lisboa.

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InTROduÇÃO

O NRP Almirante Gago Coutinho largou da BNL no dia 22 de junho rumo aos Açores, tendo completado cinco semanas

de mar. A missão compreendia duas principais tarefas:a) Nas primeiras semanas, foram realizados levantamen-

tos hidrográficos para atualização das cartas náuticas. O na-vio transportou a lancha de sondagem Mergulhão, utilizada pela Brigada Hidrográfica (BH) na execução de levantamentos topo-hidrográficos nos portos da Horta, Madalena, São Roque do Pico e no Parque Arqueológico da Caroline. Já no final da missão, foi novamente utilizada no porto da Vila da Povoação.

b) De 6 a 20 de julho, participou no exercício Recognized Environmental Picture (REP) 2015. Este exercício enquadra-se no âmbito do Protocolo assinado entre a Marinha e a Faculda-de de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e tem-se realizado desde 2010, sendo um evento de referência na área dos veículos autónomos (submarinos, de superfície e aéreos). O exercício deste ano foi dividido em duas fases, a primeira vocacionada para caracterização das condições oceanográfi-cas (Acoustic Doppler Current Profiler (ADCP) e Conductivity, Temperature and Depth (CTD)) e implementação de uma rede de comunicações na área do exercício e a segunda orientada para operacionalização dos Unmanned Aerial Vehicle (UAV) e Autonomous Underwater Vehicle (AUV) projetados a partir do

navio e a integração destes autómatos com a rede de comuni-cações existente.

levAnTAmenTOS hIdROGRáFIcOS (lh) - GRupO cenTRAl

O objetivo desta tarefa era colmatar falhas de cobertura batimé-trica. Para tal, o IH forneceu modelos batimétricos da área coberta até 2014, devendo o navio sondar as áreas circundantes das ilhas do Faial e Pico até à batimetria dos 50 metros.

Para caracterizar a velocidade do som na coluna de água uti-lizou-se o MVP rapid SV da Valeport acoplado ao sistema Un-derway Profiling System. Este equipamento permitiu manter atu-alizado o perfil da propagação do som na água sem necessidade de parar o navio, aumentando assim a rentabilidade e a qualida-de dos dados.

Este LH teve algumas particularidades, das quais se destaca:• O peculiar relevo submarino, com acentuados declives junto

às ilhas, variações abruptas de profundidade dos inúmeros mon-tes submarinos, a variação da velocidade de propagação do som na água, o trânsito dos navios locais e as rápidas alterações das condições meteorológicas exigiram um planeamento dinâmico, de forma a rentabilizar o tempo de trabalho e a assegurar as me-lhores condições de sondagem.

NRP ALM GAGO COUTINHOMISSÃO NOS AÇORES

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• A imprevisibilidade do fundo e a desconfortável aproximação a terra, na tentativa de sondar a isobatimétrica dos 50 metros, exigiram de todos os elementos envolvidos cuidados redobrados. O navio nas zonas mais próximas a terra conduzia-se sempre pela área sondada dos feixes exteriores de uma fiada anteriormente realizada, fazendo assim uma aproximação segura a terra até al-cançar uma batimetria próxima dos 50 metros.

No grupo central foi sondada uma área total de 3412 km2 para uma distância total percorrida de cerca de 2469 km.

exeRcícIO Rep15A edição de 2015 está enquadrada no programa de atualiza-

ção e apetrechamento dos sistemas SEACON e na sua operacio-nalização, integrando ainda outros projetos nacionais e inter-nacionais. Participaram o NRP Almirante Gago Coutinho, o NRP João Roby e o Destacamento de Mergulhadores Sapadores nº 3.

As operações decorreram em São Miguel, Faial e Pico. Das entidades nacionais e internacionais, civis e militares, partici-pantes destacam-se o Centre for Maritime Research and Ex-perimentation (CMRE) da NATO, o Undersea Warfare Center (NUWC) da Marinha norte-americana, a Norwegian University of Science and Technology da Agência de Investigação de De-fesa da Noruega, o Royal Institute of Technology da Suécia, o Instituto do Mar/Departamento de Oceanografia e Pescas da

Universidade dos Açores, o Instituto Hidrográfico (IH) e as em-presas nacionais OceanScan Marine Systems & Technology, Lda. e UAVision.

O navio ficou incumbido de ações a nível da hidrografia, ocea-nografia e colaborou com as operações das equipas embarcadas, participando nas duas primeiras fases do exercício.

FASe 1 – 6/12 julhO

Incluiu uma componente de levantamentos hidro-oceanográfi-cos, pelo pessoal de bordo e equipa do IH, e uma componente de comunicação e localização submarinas com recurso a boias e aos sistemas não tripulados AUV e Wave Gliders, operados a partir do navio pelo CMRE.

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Os levantamentos correntométricos no canal do Faial serviram para caracterizar as condições hidro-oceanográficas, que permi-tiram apoiar os equipamentos autónomos do CMRE.

No dia 8 iniciou-se o estabelecimento dos equipamentos do CMRE para implementar a rede de comunicações na área de exercício.

Durante a manhã de 10 de julho, o Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia, Dr. Fausto Brito e Abreu, acompanhado pelo Inspetor Regional das Pescas, Dr. Rogério Ribeiro Ferraz, foi rece-bido a bordo pelo Comandante de Zona Marítima, CALM Coelho Cândido.

No seguimento da colaboração que tem vindo a ser desenvol-vida entre o IH e a UAVision foram efetuados com sucesso vários testes a bordo com um Drone da classe Spyro, constituindo um importante avanço na preparação das futuras operações embar-cadas. Destacam-se:

• Missão de localização e identificação de equipamentos cien-tíficos (Wave Gliders e Boias) do CMRE mediante últimas coorde-

nadas recebidas, realizada em modo automático e possibilitando testar os procedimentos de descolagem/aterragem automática no navio.

• Missão de seguimento automático de embarcação. O dro-ne efetuou o seguimento com sucesso, permitindo identificar os ocupantes da lancha utilizando eletróticos visíveis e térmicos.

FASe 2 – 13/19 de julhO

Decorreu, a partir do navio, no banco de São Mateus, com a fi-nalidade de realizar seguimento de cetáceos, com recurso a UAV e AUV, e a caracterização das condições ambientais das suas áre-as de alimentação, feita através de AUV e CDT.

Nesta segunda fase do exercício foi restabelecida a rede de comunicações do CMRE, para o que foram colocados diversos equipamentos na água. Esta rede foi focada na integração das soluções de comunicação subaquáticas do CMRE com os veículos da FEUP. Isto permitirá, no futuro, lançar veículos das duas insti-tuições em operação integrada.

A equipa da FEUP testou um UAV de asa fixa, operações rea-lizadas em articulação com a torre de controlo do aeroporto da Horta. Em paralelo, aprontaram-se os UAV da NTNU para voo, tendo em vista a especificidade da operação a partir do navio.

A descolagem dos UAV foi efetuada a partir da popa e a aterra-gem pelo través. Os necessários procedimentos de coordenação com o navio foram refinados de modo a reduzir o impacto nas outras tarefas em curso, realizando descolagens e aterragens com diversas orientações de vento.

A FEUP utilizou AUV da classe Xplore para recolha de dados na coluna de água, registando dados hidro-oceanográficos reco-lhidos dos vários sensores acoplados (CTD, LISST-HOLO e fluoró-metros).

Estes equipamentos foram projetados e recolhidos em pe-ríodos aproximados de 4 horas e percorreram uma média de 4 km por missão, caracterizando os parâmetros oceanográficos da área de exercício.

Após as operações dos AUV e UAV e durante todo o período noturno, a equipa do IH realizou a cobertura de 42 estações de CTD/Lowered Acoustic Doppler Current Profiler (LADCP) no do-mínio definido para a Fase II do exercício, visando, após proces-samento dos dados, a sua utilização no modelo de previsão ope-

racional. Este modelo, Harvard Ocean Prediction System (HOPS), tem a capacidade de simular uma caracterização oceanográfica de uma área de exercício. Foi utilizado o CTD Neil Brown que, para além dos sensores temperatura, pressão e condutividade, tem também acoplado sensores de turbidez e clorofila.

No dia 20 de julho, atracado no porto da Horta, realizou-se a bordo o VIP DAY reunindo todas as equipas envolvidas no REP15 e realizando um debriefing das atividades desenvolvidas durante o exercício. Foram ainda exibidos às entidades convida-das os sistemas e equipamentos utilizados no REP15. Estiveram presentes o Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia e o Presidente da Câmara da Horta, Humberto Manuel Goulart, entre outros, que foram recebidos pelo ALM Comandante de Zona Marítima.

cOncluSõeS

Todos os parceiros envolvidos salientaram o profissionalismo e o excelente nível de cooperação com a guarnição do navio e ficaram amplamente satisfeitos com o trabalho realizado a bordo durante toda a missão.

Colaboração do COMANDO DO NRP ALMIRANTE GAGO COUTINHO

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A globalização veio transformar o mundo numa grande aldeia glo-

bal com melhor qualidade de vida, de um modo geral; contudo, também veio contribuir de forma decisiva para o de-senvolvimento de atividades muito ne-fastas como a criminalidade organizada transnacional. Esta tem vindo a ganhar força e proeminência nos últimos anos, afirmando-se já como uma realidade incontornável dos nossos tempos. O crime organizado engloba, entre ou-tros, os tráficos de seres humanos, de drogas, de armas e de órgãos huma-nos, o despejo de lixo tóxico no mar, a pirataria marítima, a pilhagem de recursos naturais, o bunkering (abas-tecimento ilegal de petróleo), os con-trabandos de tabaco e de álcool, a con-trafação de medicamentos e a lavagem de dinheiro. As redes transnacionais de criminalidade organizada atingiram uma dimensão tal que conseguem hoje influenciar a organização política, eco-nómica e social de muitos países, po-dendo no limite pôr em causa a própria sobrevivência do Estado de direito. O crime transnacional está hoje espalha-do pelos quatro cantos do mundo, o que vem dificultar muito a capacidade dos Estados, por si só, de o combater. Um dos locais onde ele está presente, nos seus mais diversos tipos, é o Golfo da Guiné.

Este golfo fica situado1 entre a Costa do Marfim e o Gabão2, contudo, por vezes considera-se que ele é mais abrangente e se estende desde o Senegal até Angola3, localizando-se, grosso modo, entre os paralelos 15o0´0´´N e 15o0´0´´S.

A presença do crime organizado num dado país ou região está sempre associada à fragilidade do(s) Estado(s) que lhe dá(ão)

guarida e, em geral, não está diretamente relacionada com uma única causa, mas sim com um conjunto delas, as quais, quando se conjugam, proporcionam as condições ideais para que ele possa surgir e disseminar-se. O crime transnacional serve-se da globali-zação para proliferar e normalmente estabelece-se em países es-trategicamente localizados, politicamente instáveis, com baixos índices de desenvolvimento e com fracos recursos financeiros, o que faz com que exista uma fácil aceitação destas práticas ilícitas

PARTE 1

GOLFO DA GUINÉA CRIMINALIDADE ORGANIZADA

Geopolítica de África (Fonte: www.algerie-watch.org)

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por parte das comunidades locais. Estas veem muitas vezes nes-tas práticas uma forma de obter dinheiro fácil, por vezes apenas para o sustento das suas famílias, pois a miséria em que vivem é tanta que as atividades ilícitas acabam por ser vistas como um recurso normal para a sua subsistência. Não nos podemos es-quecer que grande parte da população africana vive abaixo do limiar da pobreza, por vezes com menos de 1 dólar por dia. Por outro lado, as elevadas taxas de desemprego fazem com que seja relativamente fácil recrutar voluntários para o mundo do crime.

OS váRIOS TIpOS de cRIme ORGAnIzAdODesde meados da primeira década do século XXI, as Nações

Unidas têm vindo a evidenciar uma constante preocupação com a criminalidade organizada, em geral, e com a do Golfo da Guiné, em particular. Nesta região predomina quase todo o tipo de crime organizado, sendo os tráficos de droga, de migrantes e de armas, juntamente com a pirataria marítima, os mais relevantes.

O tráfico de droga – essencialmente de cocaína – tem dado o mote a muitos países para a necessidade premente de combater as diversas formas de crime organizado. Estima-se que o tráfico de estupefacientes a nível mundial poderá estar a movimentar, anualmente, mais de 322 000 milhões de dólares. O tráfico de cocaína continua a ser um negócio muito rentável na região do Golfo da Guiné, contudo, tem vindo a decrescer desde o seu auge entre 2005 e 2007. A droga que chega a esta região é normalmen-te proveniente da Colômbia, do Peru e da Bolívia e o seu tráfico faz-se via Brasil, Venezuela, Equador ou mesmo a partir do Peru. É transportada por mar, em contentores, ou por via aérea, nos voos tradicionais ou em jatos comerciais, utilizando passageiros (cor-reios aéreos) ou serviços postais. É depois enviada para a Europa diretamente, através de correios aéreos, contentores, barcos de pesca ou embarcações de recreio, ou então indiretamente, através

do norte de África, utilizando aviões ultraleves ou lanchas rápidas. Na Europa, os principais mercados para a cocaína são o Reino Uni-do, a Espanha e a Itália. Foi o grande aumento da procura no velho continente, que duplicou na última década, associado ao controlo mais apertado nos acessos a estes mercados, que levou os contra-bandistas a procurarem novas rotas para as suas mercadorias e a escolherem a região do Golfo da Guiné como alternativa viável.

As comunidades nigerianas no Brasil e nos vários países do Golfo, juntamente com os traficantes do sudeste da Nigéria, têm dominado os mercados e são os principais responsáveis pelo trá-fico na região. Os valores associados a este negócio, nesta área do globo, andam na ordem dos milhões de dólares por ano, o que faz com que seja fácil atrair altos membros dos governos de países mais pobres para esta cooperação. O contrabando é muitas ve-zes conseguido pela via da corrupção, mais do que por atividades clandestinas. A Guiné-Bissau é um bom exemplo desta situação, com os valores monetários associados às apreensões de droga neste país a superarem com facilidade o produto da economia nacional. Este país vive uma permanente convulsão interna desde que o fluxo de cocaína começou a intensificar-se neste, existindo já uma panóplia de políticos, militares e jornalistas, entre outros, que foram intimidados, raptados ou assassinados por causa do seu envolvimento neste tráfico. A espelhar esta situação está a detenção do CALM Bubo Na Tchuto, em águas internacionais jun-to a Cabo Verde, em abril de 2013, pela agência americana Drug Enforcement Agency (DEA). Este militar estava indiciado pelos EUA, desde 2010, como um “Barão da Droga” e foi extraditado de imediato para aquele país após ter sido detido. Na altura es-tava em curso uma alegada transação de 4 toneladas de cocaína da Colômbia para a Guiné-Bissau. Ao que parece, o pagamento da mercadoria (droga) seria efetuado em armas, ou seja, o for-necedor, representado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, fornecia a droga e as entidades guineenses envolvidas

Submarino utilizado para tráfico de droga (Fonte: csnbbs.com)

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forneceriam as armas, nas quais estariam incluídos alguns mísseis terra-ar, comprados legitimamente pelo Estado guineense.

Esta região não se debate apenas com o tráfico de cocaína, mas também, a uma escala inferior, com o de drogas produzidas local-mente em laboratórios, como a metanfetamina. Em 2011 e 2012 foram descobertos dois locais de produção na Nigéria. Esta droga destina-se essencialmente ao mercado asiático e à África do Sul, sendo transportada em mão para países como o Japão, a Repúbli-ca da Coreia, a Malásia e a Tailândia, entre outros.

Os milhões gerados pelo tráfico de droga na região do Golfo da Guiné e em alguns dos países vizinhos, poderão também estar a contribuir para armar grupos rebeldes extremistas no Sahel e no Magreb Islâmico.

Outro dos problemas desta região é o tráfico de migrantes com destino à Europa, contudo este êxodo tem vindo a reduzir-se nos últimos anos. Mesmo assim, o número de pessoas que migram ile-galmente desta região do Golfo ainda é da ordem dos milhares, e fazem-no, na sua grande maioria por avião, quer utilizando vistos verdadeiros – limitando-se estes migrantes apenas a não regressar após a expiração da validade dos mesmos – quer com recurso a vistos falsos. Outros, porém, fazem os trajetos por terra, auxiliados normalmente por grupos nómadas, como os tuaregues, no Níger e no Mali, os toubou, no Chade e na Líbia, ou os zaghawa, no Chade e no Sudão, que recebem dinheiro em troca dos seus serviços.

Nem todos os migrantes são obrigatoriamente gente pobre. Muitos deles até têm alguma formação escolar e optam por par-tir na esperança de uma vida melhor. Contudo, largas centenas, senão mesmo milhares, perdem a vida todos os anos durante as suas viagens.

Em 2009 e 2010, o fluxo predominante de migrantes proveio da África Oriental, sobretudo do Egito, atendendo à relativa faci-lidade – fiscalização menos efetiva – em atravessar o Mediterrâ-neo com destino à Grécia ou em seguir por terra para a Turquia.

O conflito na Líbia, em 2011, assim como as quedas dos regimes da Tunísia e do Egito, fez aumentar substancialmente o tráfico de migrantes para Lampedusa – Itália. A Espanha, por outro lado, graças ao rigor das suas ações de vigilância, tem conseguido mini-mizar o tráfico de migrantes para o seu país.

Em 2013, atravessaram o Mediterrâneo, com destino a Espa-nha (zona do Estreito de Gibraltar), Itália (Lampedusa), Malta e Grécia, cerca de 39 420 migrantes, provenientes sobretudo do continente africano. Entre 1998 e 2013, chegaram ilegalmente à Europa por mar cerca de 632 118 migrantes, ou seja, perto de 40 000 por ano.

A Parte 2 deste artigo irá abordar outros tipos de crimes or-ganizados nesta região do globo, como o tráfico de armas e a pirataria marítima.

Portela GuedesCFR

Notas1 De acordo com a International Hydrographic Organization (IHO).2 Inclui, além destes países, o Gana, o Togo, o Benim, a Nigéria, os Camarões, a Gui-né Equatorial e S. Tomé e Príncipe.3 Inclui, para além destes países e os considerados pela IHO, a Gâmbia, a Guiné--Bissau, a Serra Leoa, a Libéria, a República do Congo e a República Democrática do Congo.

Bibliografia

- Criminalidade Organizada Transnacional na África Ocidental: Avaliação da ameaça. Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) [2013].- Global Report on Trafficking in Persons 2014. United Nations Office on Drugs and Crime – Vienna.- PIRES, Raúl M. Braga – Maghreb/Machrek: Olhares Luso-Marroquinos sobre a Pri-mavera Árabe. 1.ª Ed. Lisboa; Diário de Bordo, Lda. 2013. ISBN 978-989-8554-21-5.- Piracy and Armed Robbery Against Ships: Annual Report 2014. United Kingdom: ICC International Maritime Bureau [2015].- International Maritime Bureau. Disponível em: <http://www.icc-ccs.org>. Acesso em: 10FEV2015.

Migrantes a caminho de Lampedusa (Fonte: Mondo24.it)

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Em setembro de 2014 faleceu o Comandante Alpoím Calvão, que idealizou, planeou e comandou a realização da operação

“Mar Verde” em 1970 na Guiné Conacri, durante a Guerra de África 1961-1974. Oficialmente negada pelo Estado Português, esta operação já foi alvo de vários livros e reportagens televisi-vas. O próprio Alpoím Calvão a contou na primeira pessoa di-versas vezes, uma das quais tive o prazer de assistir durante a realização do Curso Geral Naval de Guerra.

A operação “Mar Verde” terá sido a última operação militar realizada por Portugal cujo desfecho poderia ter mudado o cur-so da História. Nunca saberemos o que teria acontecido se os objetivos estratégicos desta ação tivessem sido atingidos, e as opiniões são várias e muitas vezes antagónicas. A reconstituição desta operação foi realizada com base em três referências pu-blicadas, os relatórios sobre a operação “Mar Verde” existentes no Arquivo Histórico da Marinha e uma entrevista ao CMG FZE Raúl Cunha e Silva, realizada em dezembro de 2012.

OS ObjeTIvOS

Em 1970 foi realizado, pelas Forças Armadas, um ataque an-fíbio a Conacri, a capital da República da Guiné. Como referi-do, esta operação foi idealizada, planeada e comandada pelo Capitão-tenente Alpoim Calvão. Os objetivos pretendidos com este ataque podem enquadrar-se em três âmbitos distintos: es-tratégicos, operacionais e táticos. O objetivo estratégico desta operação era desarticular e fragilizar política e militarmente o movimento independentista da Guiné Portuguesa e Cabo--Verde, Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), atacando a cúpula do poder rebelde, ao pon-to de ganhar uma superioridade moral e militar que ditasse o fim da guerra da independência na Guiné, a favor de Portugal e no curto prazo. Em termos práticos seria necessário capturar Amílcar Cabral, líder do PAIGC, e mudar o regime político da Guiné-Conacri, que apoiava a todos os níveis os independentis-tas, através da captura ou eliminação de Sekou Touré, o Presi-dente do país, e da realização de um golpe de Estado por forças opositoras ao regime vigente, que fossem favoráveis a Portugal.

Por outro lado, mesmo que o golpe de Estado não fosse bem sucedido, um ataque à Guiné-Conacri poderia implicar a ne-cessidade do PAIGC colaborar na defesa deste país, deslocando efetivos em direção a Conacri, aliviando, desta forma, a pressão e os ataques às forças nacionais no sul da Guiné portuguesa.

Os objetivos operacionais consistiam na degradação das ca-pacidades militares do PAIGC e na recuperação e repatriamen-to de prisioneiros de guerra portugueses, 26 militares, um dos quais era desertor das fileiras nacionais, cativos em instalações do PAIGC em Conacri. A materialização destes objetivos passa-ria pela destruição das instalações do PAIGC em Conacri, usadas como Estado-Maior e centro de formação de combatentes e de dirigentes políticos, pela destruição das vedetas torpedeiras do PAIGC e da Guiné Conacri, que poderiam ameaçar o total domínio do mar que Portugal detinha na altura, e finalmente pela libertação dos prisioneiros portugueses. Os objetivos tá-ticos consistiam no estabelecimento do controlo do espaço marítimo, do espaço aéreo e do espaço terrestre, e no ataque, na destruição e na desativação de diversos meios, sistemas e estruturas militares e civis em Conacri, de forma a conseguir concretizar os objetivos estratégicos e operacionais anterior-mente indicados.

Por razões de política internacional, um dos pressupostos da realização desta operação era que não poderia ser imputada a Portugal a responsabilidade da sua autoria, principalmente se os seus objetivos estratégicos não fossem concretizados. Assim, foi adquirido armamento de fabrico estrangeiro, produzido far-damento incaracterístico para equipar a força invasora, e des-caracterizados os meios navais envolvidos. Uma vez que se pre-tendia materializar um golpe de Estado, foram contactados lí-deres guineenses exilados, opositores ao regime do presidente Sekou Touré, para encabeçar o processo político de deposição e arregimentar potenciais combatentes para dar corpo à força invasora que seria mista de combatentes nacionais e guineen-ses exilados. Este processo de mobilização de força guineense implicou diversas ações de resgate de indivíduos no Senegal, na Zâmbia, na Serra Leoa, na Libéria e na Costa do Marfim, princi-palmente por via marítima, que anuíram em dar corpo a uma

PARTE 1

RELEMBRAR A OPERAÇÃO

“MAR VERDE”

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revolução, sem na realidade saberem em que cir-cunstâncias o iriam fazer.

A dissimulação da operação consistia em fazer crer a terceiros que as forças nacionais envolvi-das eram meros mercenários, contratados pela oposição guineense para fazer um golpe de Esta-do. Na realidade, as forças nacionais iam atacar objetivos específicos e de topo do PAIGC, usando o golpe de Estado como diversão, podendo bene-ficiar política e militarmente caso este resultasse. A questão do objetivo principal desta operação é ainda assunto em aberta discussão. O General Spínola, que era o responsável máximo pela situ-ação militar da Guiné, só concebia que o objetivo principal fosse o golpe de estado. Todos os outros objetivos teriam carácter secundário. Alpoím Cal-vão sempre afirmou que a sua motivação inicial e principal era libertar os prisioneiros portugueses, principalmente o furriel piloto-aviador Lobato, então cativo há sete anos, planeando-se depois uma grande operação com diversos objetivos de oportunidade e grande interesse nacional. Este oficial testemunhou que, durante a conversa que teve com Marcelo Caetano, então presidente do Conselho de Ministros, imediatamente antes da operação, lhe perguntou se caso apenas se con-seguisse a libertação dos prisioneiros se já teria valido a pena realizar a operação? o que lhe terá sido anuído que sim. Esta divergência de opinião quanto ao real objetivo primário da operação “Mar Verde” levou alguns analistas a considerá-la um grande sucesso, enquanto outros manifestaram uma opinião totalmen-te contrária.

FORÇAS e meIOS

Para a execução da operação foram utilizadas quatro lanchas de fiscalização grandes e duas lanchas de desembarque gran-des. Todos estes meios navais transportavam botes de borracha com motor, para desembarque do pessoal em terra.

A força de combate foi constituída por 72 militares do Des-tacamento de Fuzileiros Especiais nº 21 (Marinha Portuguesa), 150 militares da 1ª Companhia de Comandos Africanos (Exérci-to Português), cerca de 150 a 200 elementos da Frente de Liber-tação Nacional Guineense (FLNG) (elementos de oposição ao regime da Guiné-Conacri), elementos guia da Direção-Geral de Segurança (ex-PIDE), e alguns militares com valências especiais de combate, face à operação a realizar, das forças especiais dos três ramos das Forças Armadas (Fuzileiros, Comandos, Rangers e Paraquedistas). Os elementos revolucionários foram isolados e treinados durante sete meses na ilha de Soga, no arquipéla-

go dos Bijagós, pelo 2TEN FZE (fuzileiro especial) Rebordão de Brito e pelo 2SAR Comando Marcelino da Mata, a que se junta-ram mais alguns instrutores especiais, nomeadamente o 2TEN FZE Lopes de Abreu, o Cabo FZE Lopes Rossa, o Marinheiro FZE Luís Tristão, o Marinheiro FZE Augusto da Silva, o Marinheiro C (especializado em comunicações) Moita, o Alferes Ferreira e o Furriel Teixeira. Foi desta ilha que foi lançada a operação em novembro de 1970.

A AÇÃO TáTIcA

Atendendo à grande necessidade de obtenção de informa-ções atualizadas sobre alguns dos espaços críticos de ação, foi realizada uma missão de reconhecimento do porto de Conacri, em 17 de setembro de 1970. Esta missão contou com a partici-pação do próprio comandante da operação, tendo sido levada a cabo por uma lancha de fiscalização grande descaracterizada.

No detalhe do plano de ação para o ataque anfíbio, foram ini-cialmente identificados 52 potenciais alvos que, depois de prio-rizados e enquadrados com a dimensão das forças atacantes, foram reduzidos para 25 objetivos táticos principais.

Projeção de força da ilha de Soga para Conacri.

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A força naval largou da ilha de Soga ao final do dia 20 de no-vembro (6ª feira), tendo sido apoiada, durante a navegação, por uma aeronave de patrulha marítima Lockheed P2V-5 da Força Aérea, que foi reportando o panorama marítimo, por forma a garantir que os navios manobravam com antecipação e não eram avistados por embarcações ou navios indesejados. Nes-ta época, a União Soviética mantinha uma frota de navios de “pesca” espiões ao largo da costa africana pelo que, a bem do segredo e surpresa da operação, era necessário evitar o contac-to com estes navios. Esta aeronave já tinha realizado, nos dias anteriores, diversas missões de reconhecimento de potenciais alvos do PAIGC a bombardear no território da Guiné indepen-dente, caso o golpe de Estado planeado fosse efetivamente concretizado.

Os navios chegaram a uma posição de dispersão da força na-val próximo de Conacri no dia 21 de novembro (sábado) já de-pois do pôr-do-sol.

O plano de ataque tinha como principais linhas de ação, vi-sando a sustentação no tempo, a necessidade de garantir: o do-mínio dos espaços marítimo, terrestre e aéreo. Por outro lado, era necessário rentabilizar, ao máximo, o fator surpresa. Para isso, os navios foram preposicionados e as forças foram desem-barcadas por forma a chegarem a terra ou aos seus objetivos praticamente em simultâneo.

O dOmínIO dO mAR

No plano da operação “Mar Verde” a força nacional foi divi-dida em várias equipas, que foram nomeadas com uma letra do alfabeto, e distribuídas pelos meios navais utilizados de acordo com as ações táticas a realizar. A cada equipa foram atribuídos objetivos específicos a conquistar.

O domínio do espaço marítimo implicava destruir ou tornar inoperativos os navios de guerra do PAIGC e da República da Guiné, que se encontravam no porto de Conacri. Desta forma, os navios nacionais poderiam operar com relativa liberdade no espaço adjacente à cidade. O 2TEN FZE Rebordão de Brito lide-rou a equipa “V” de 14 militares que, transportados em 3 botes, largaram da LFG Orion em direção ao molhe “La Prudence” onde aguardaram a ordem de ataque. No molhe, o 2º Tenente FZE Rebordão de Brito observou, com binóculos, o cais bananeiro. O perfeito alinhamento proa-popa de duas vedetas torpedeiras deram-lhe a sensação de estar a ver uma fragata (soviética). Esta nova realidade tornava a sua missão suicida face à des-vantagem numérica e à capacidade combatente das guarnições soviéticas. Ainda assim, não hesitou e à ordem do comandante da operação incentivou a sua equipa a provocar o máximo de danos possíveis no grande navio que se lhes opunha. Largados do molhe, foi com agrado que percebeu ter sofrido uma ilusão de ótica. Em vez de uma fragata estavam oito navios mais pe-quenos atracados ao cais. Em ação continuada, com recurso a armamento ligeiro, granadas e minas lapa, aniquilaram as sen-tinelas e afundaram ou destruíram 3 vedetas lança mísseis do tipo Komar da Guiné-Conacri e 4 vedetas torpedeiras P-6 e uma lancha de desembarque do PAIGC. As vedetas torpedeiras do tipo P-6 (designação NATO para os navios soviéticos do projeto 183 Bolshevik) tinham 25 metros de comprimento, 6.2 metros de boca, 67 toneladas de deslocamento e podiam atingir uma velocidade de 44 nós. As vedetas do tipo Komar eram uma evo-lução das P-6, em que os dois tubos lança torpedos tinham sido substituídos por 2 lançadores de mísseis.

Bessa PachecoCFR

Plano geral do ataque a Conacri.

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InTROduÇÃO

O presente artigo pretende reproduzir os primeiros dois meses da integração e da participação do NRP D. Francisco de Al-

meida na Standing NATO Maritime Group 1 (SNMG1).Tendo em consideração o período total desta integração, 7 de

junho a 20 de dezembro de 2015, o atual artigo será posterior-mente complementado por mais dois textos alusivos à missão em apreço.

Neste primeiro artigo abordaremos, de forma breve, o âmbito da SNMG1, a constituição e a integração do estado-maior do Co-mando da SNMG1 e os primeiros dois meses de missão do navio.

Comecemos, assim, pelo início desta missão, isto é, pelo apron-tamento do navio que, pela sua natureza e abrangência, levou mais de um ano a ser concretizado e envolveu diversos projetos e organismos na Marinha.

O ApROnTAmenTO dA GuARnIÇÃO

Em termos quantitativos, o aprontamento da guarnição envol-veu um total de 184 militares. Para além dos elementos previstos na lotação do navio (157), também foram aprontados 13 milita-res do destacamento de helicópteros Hooters, 10 fuzileiros per-tencentes a 2 equipas de abordagem, 2 mergulhadores, 1 médico e 1 controlador de helicópteros.

PARTE 1

NRP D. FRANCISCO DE ALMEIDA

SNMG1

As primeiras alterações da guarnição, conforme previsto, ocor-reram logo após a conclusão do processo de certificação efetu-ado no Operacional Sea Training e da participação no exercício Noble Mariner 14, respetivamente em maio/junho e outubro de 2014, marcando assim o início do processo de rendições do pes-soal para a integração na SNMG1.

Paralelamente, integrado com o processo de rendições foi de-senvolvido um plano de formação, no âmbito do PAFM II, que envolveu aproximadamente 60% dos elementos da guarnição.

No âmbito do aprontamento médico-sanitário, realça-se a re-alização de um conjunto de testes e exames médicos em que se incluíram o RX ao tórax, as análises sanguíneas, o eletrocardio-grama, a revisão médico-dentária, incluindo ortopantomografia, e a administração de vacinas.

No que concerne à execução das provas de aptidão física (PAF), verificou-se, no espaço de um semestre, uma taxa de realização das mesmas na ordem dos 100%. Com esta taxa de execução, pretendeu-se garantir que os militares de bordo estavam prepa-rados em termos físicos e que não seriam impedidos de concor-rer a qualquer concurso que surgisse durante a missão.

Em jeito de resumo, o aprontamento dos 184 militares do NRP D. Francisco de Almeida, com cerca de um ano de antecedên-cia relativamente à data prevista para o início da integração na SNMG1, foi assim possível graças ao inexcedível apoio de diver-

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sas entidades da Marinha e fora desta, entre as quais se contam a Direção do Pessoal, a Direção de Formação, o Centro de Medi-cina Naval, a Escola de Tecnologias Navais, o Centro de Educação Física da Armada, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e o Insti-tuto de Apoio Social das Forças Armadas.

Na área do material foram identificadas mais de 300 ações de manutenção, distribuídas em ações preventivas e corretivas e di-vididas entre os 1º, 2º e 3º escalões. Paralelamente, foram identi-ficados mais de 1300 artigos divididos entre a aplicação imediata, a sustentação da missão e a reposição do lote de bordo.

Destacam-se como principais trabalhos as alterações na capa-cidade de alojamento, nos espaços de serviço e nas capacidades dos sistemas de informação, aspetos fundamentais para o navio receber o COMSNMG1 e o respetivo estado-maior.

Definidas as ações prioritárias, os esforços foram concentrados nas ações de manutenção identificadas como no go e críticas, incluindo os respetivos sobressalentes associados à sua manu-tenção e sustentação.

No final, com o empenho das diversas entidades envolvidas e, em particular, dos seus representantes, foi possível iniciar a missão sem deficiências operacionais e com as capacidades ine-rentes ao flag ship.

No que diz respeito às comunicações e sistemas de informa-ção, o grande desafio deste aprontamento passou por dotar e in-crementar o navio com uma infraestrutura capaz de cumprir com todas as necessidades do estado-maior do comando da SNMG1.

Apesar da infraestrutura de bordo ter sido construída obe-decendo a requisitos nacionais, aquando da entrega do navio à

Marinha, a mesma não foi preparada para uma missão desta envergadura.

Para além das redes e serviços normais, foi necessá-rio criar novas redes e garantir o acesso a novos servi-ços, nalguns casos em duplicado, mas, no final do pro-jeto, a estrutura desenvolvida permitiu o acesso eficaz a todos os sistemas necessários, com garantia do ade-quado apoio ao comando e controlo durante a missão.

Após a conclusão do Plano de Treino Básico (reali-zado entre os meses de março e abril de 2014), sob a égide do CITAN, o navio foi sujeito ao Portuguese Ope-rational Sea Training, durante os meses de maio e ju-nho, sob a égide do Flag Officer Sea Training (FOST), em Plymouth, Inglaterra.

Como é do conhecimento geral, o FOST é um treino multidisciplinar que, ao construir cenários de elevada complexidade no âmbito do espectro da guerra, abran-ge as áreas da batalha externa e interna e expõe o navio e a sua guarnição a situações extremas e muito próxi-mas da realidade.

Após a conclusão destes planos de treino, a manu-tenção das proficiências da guarnição foi complemen-tada, nos meses subsequentes, com o Plano de Treino de Porto (PTP), mas também com exercícios no mar que permitiram consolidar os padrões de prontidão alcançados durante o processo de certificação do na-vio, designadamente, o Noble Mariner 14 e o Instrex 01-15.

A ReATIvAÇÃO OpeRAcIOnAl dA SnmG1

A função principal da SNMG11 é prover a NATO de uma capa-cidade naval permanente nos espaços de interesse da NATO e de disponibilidade imediata para a condução das operações no âmbito da NATO Response Force (NRF).

Portugal tem vindo a participar de forma regular, desde o iní-cio da criação das SNMG, designadamente através do empenha-mento de uma unidade naval por períodos variáveis, de pessoal para o estado-maior, do Comandante da força e do respetivo navio-almirante.

Para esta ativação, Portugal assumiu o comando da força tendo para tal nomeado Comandante da SNMG1 o CALM Alberto Sil-vestre Correia, a respetiva componente nacional do seu estado--maior embarcado e o navio-almirante, neste caso concreto o NRP D. Francisco de Almeida.

A par da componente nacional do estado-maior embarcado, também foi designada uma componente internacional consti-tuída por sete oficiais dos seguintes países: Holanda, Espanha, Inglaterra, Noruega, Polónia e Canadá. Na componente nacional destaca-se a participação de dois oficiais (respetivamente com funções nas áreas das relações públicas e das informações), 8 sargentos e uma praça, perfazendo um total de 19 militares.

Na cerimónia de reativação realizada a 8 de junho, presidida pelo Comandante do Maritime Command (MARCOM), o CALM Alberto Silvestre Correia tomou posse do Comando da SNMG1. Na cerimónia estiveram presentes diversas entidades e persona-lidades da Marinha, entre as quais o VALM VICE-CEMA e o VALM COMNAV, bem como os ex-COMSNMG1, designadamente o ALM Melo Gomes, o VALM Pereira da Cunha e o VALM Reis Rodrigues.

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Terminada a cerimónia de reativação da SNMG1, a guarnição do NRP D. Francisco de Almeida iniciou de imediato os prepa-rativos para a primeira missão, designadamente o Operational Training Programme (OTP), seguindo-se na semana seguinte o Contex-Phibex, na companhia da fragata holandesa Tromp.

OpeRATIOnAl TRAInInG pROGRAmme e cOnTex-phIbex

De 10 a 12 de junho realizou-se um programa dedicado à inte-gração dos navios da força, designado por Operational Training Programme (OTP). Neste programa foram realizados exercícios de comunicações, exercícios de defesa aérea, com a participação de meios da FAP, nomeadamente F-16 e P-3C, exercícios de guerra an-tissubmarina e de superfície, operações de voo com os helicópte-ros orgânicos dos dois navios (Lynx Mk95, do NRP D. Francisco de Almeida, e NH-90, do HNLMS Tromp), treino de tiro com a peça de 76MM e com a Goalkeeper e treino com as equipas de abordagem.

Com o OTP, pretendeu-se garantir as proficiências necessárias, ao nível dos procedimentos, e a interoperabilidade dos navios, antes do início do Contex-Phibex 15. Ainda durante este período, o FS Courbet, navio francês da classe Lafayette, também partici-pou em algumas das séries previstas para o OTP.

Após o OTP seguiu-se de imediato o exercício Contex-Phibex 2015, o primeiro grande exercício que contou com a participação dos navios da SNMG1. Sendo o exercício de maior envergadura da Marinha, a expectativa era elevada, para além de permitir a interoperabilidade desejada antes da força iniciar o seu trânsito para a área de operações no mar Negro.

A SnmG1 nO mAR neGROFinda a participação no Contex-Phibex ao largo do território lu-

sitano, o NRP D. Francisco de Almeida, na companhia do HNLMS Tromp, marcaram as derrotas com destino ao Mar Negro, sem

deixarem de cumprir, por motivos de ordem logística, as tradicio-nais passagens pelos portos de Rota e de Souda Bay.

A paragem por terras espanholas e gregas, mesmo sendo ape-nas por um dia respetivamente, permitiu aos navios garantirem o apoio logístico necessário e proporcionar às suas guarnições o gozo do calor do verão e das águas quentes do Golfo de Cádis e do mar Mediterrâneo.

A permanência no Mar Negro era esperada com grande ex-petativa por diferentes ordens de razão. A primeira prendia-se com questões de natureza operacional, nomeadamente a opor-tunidade de operar com outras marinhas, tais como a búlgara, a romena, a turca e a ucraniana também, que era antevista com natural interesse.

A segunda razão convocava questões de natureza cultural e so-cial. Com efeito, para a guarnição da fragata D. Francisco de Al-meida, a permanência no Mar Negro, para além de constituir uma novidade em termos da geografia, era também uma oportunidade para conhecer a realidade social e cultural da Bulgária e da Romé-nia, dois Estados-membros recentes da NATO e da União Europeia, e, naturalmente, da Turquia, rica em história, tradição e cultura.

Este trânsito ficou ainda marcado pela passagem, durante a noite, do Estreito do Bósforo e da cidade de Istambul. Por entre palácios, mesquitas, minaretes, pontes, hotéis e arranha-céus, temperados pela religião, a história secular da cidade e a vida dos seus cerca de vinte milhões de habitantes, esta travessia revelou uma fotografia inesquecível da cidade de Istambul à noite.

Terminada a passagem pelo Estreito do Bósforo, as fragatas da SNMG1 entraram no mar Negro na madrugada do dia 5 de julho e de imediato foram interpeladas por um navio russo que se en-contrava nas imediações.

A presença de navios e aviões russos no mar Negro fez-se sen-tir de forma regular, porém, nunca existiu qualquer tipo de inte-ração entre estes meios e as fragatas da SNMG1.

Durante os 19 dias em que a força permaneceu no mar Negro, foram visitados os portos de Varna, de Constança e de Istambul.

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Estas visitas, para além do programa seriado previsto para estes portos e que envolveu os preparativos para os exercícios Breeze 2015 e Sea Shield 2015, também contemplaram eventos despor-tivos, culturais e sociais. Realce-se o empenho e elevado cuidado dos países visitados, no planeamento dos exercícios e na receção proporcionada aos navios durante as estadias.

Assim, em Varna, por exemplo, foram efetuados campeonatos de natação, voleibol e tração à corda, entre os militares de diver-sas marinhas, incluindo a portuguesa, a holandesa, a turca, a búl-gara e a norte-americana. No porto seguinte, em Constança, foi realizado um torneio de futebol com a participação das equipas dos navios estacionados na base, nomeadamente, a portuguesa, a romena, a ucraniana, a holandesa e a turca.

Neste âmbito, apraz registar em geral o bom desempenho dos militares da D. Francisco de Almeida e, em particular, durante a prova de natação, onde alcançaram o primeiro e o terceiro lu-gares, e o torneio de futebol, onde garantiram o primeiro e o segundo.

Para além dos eventos desportivos, a atividade social foi bas-tante intensa, tendo cada um dos países hospedeiros promovido diversos eventos protocolares e uma grande divulgação junto dos média, com a realização de diversas conferências de imprensa no exterior e a bordo do navio.

A seguir a Constança, seguiu-se o por-to de Istambul, considerado como o mais interessante do ponto de vista cultural e histórico. Esta visita permitiu identificar um autêntico encontro de civilizações. Naturalmente, não se perdeu a oportuni-dade de se visitar monumentos tais como Haghia Sophia (a igreja da sabedoria di-vina) e a Mesquita Azul, e de se fazer as tradicionais compras no Bazar das Espe-ciarias e no Grande Bazar (com milhares de lojas).

Terminada a visita a Istambul, a força largou no dia 28 de julho em direção ao Mediterrâneo, onde efetuou exercícios com a SNMG2, patrulha e vigilância em apoio associado à Operação Active Endea-

vour (OAE), seguindo para um período de manutenção e descan-so da guarnição, com prontidão de 5 dias, em Lisboa, até ao dia 24 de agosto.

pARTIcIpAÇÃO nO bReeze e nO SeA ShIeld 2015

No que concerne à atividade operacional, regista-se, no perío-do de 5 a 10 de julho, a realização do exercício naval, coordenado pela marinha búlgara, Breeze 2015. Neste exercício, participaram duas das quatro forças navais permanentes da NATO (SNMG1 e SNMCMG2), aonde se incluíram navios das marinhas búlgara, norte-americana, holandesa, romena, grega, turca (incluindo um submarino), uma aeronave de patrulha marítima da marinha norte-americana e caças SU-25K da força aérea búlgara.

A fase de terra do exercício decorreu em Varna, de 5 a 7 de julho, havendo a destacar neste período as reuniões setoriais de planeamento do exercício e os momentos de socialização carac-terísticos das visitas nos portos.

A fase de mar decorreu no período de 8 a 10 de julho, tendo sido realizados exercícios de ameaça assimétrica, defesa aérea, guerra de superfície, guerra anti-submarina, comunicações, tiro com a peça de 76MM, manobras e evoluções, aproximações RAS,

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reboque, busca e salvamento e vistoria no mar (com realização de boarding).

Relativamente ao treino interno, foram efetuados exercícios para a brigada de intervenção rápida, treinos de emergência médica, carregamento de armas (Goalkeeper, peça de 76MM e SRBOC), exercícios de máquinas e estabelecimento da condição geral 1 (postos de combate).

No decurso do exercício, realça-se ainda a permanência na área das operações de um navio da federação russa, da classe Tarantul, junto aos navios da NATO, não tendo interferido, no en-tanto, com o normal decurso dos exercícios. Para o NRP D. Fran-cisco de Almeida fica o registo de uma situação inusitada, porém, episódios como este passaram a ser rotina no Mar negro.

Após o exercício Breeze 2015, a SNMG1 atracou no porto de Varna, tendo largado no dia 13 de julho, de forma a efetuar pre-sença naval no Mar Negro, na companhia do HNLMS Tromp e do ROS Regele Ferdinand (ex-HMS Coventry), enquanto cumpria com o programa de treino operacional determinado pelo COMS-NMG1 e participava em apoio associado na OAE.

No período de 17 a 23 de julho decorreu o exercício naval romeno Sea Shield 2015. Neste exercício, para além dos navios atribuídos à SNMG1, participaram unidades navais da Roménia, Bulgária, Turquia (incluindo um submarino), Ucrânia e Grécia. Participaram, ainda, aeronaves MIG 21 da Força Aérea romena.

A fase de terra decorreu em Constança, no período de 17 a 19 de julho. Nesta fase do exercício, ocorreram diversas reuni-ões preparatórias que se revelaram de grande importância para o bom desenrolar do exercício.

No dia 20 de julho, iniciou-se a fase de mar do exercício Sea Shield 2015, o qual incluiu um programa seriado, em muito si-milar ao executado no exercício Breeze 15, havendo a realçar a inclusão de uma fase de TACEX e a participação de uma unidade naval Ucraniana o UPS Sagadaichny.

Durante todo o exercício, um AGI russo (da classe Moma) per-maneceu junto às unidades participantes. A distância mínima ao NRP D. Francisco de Almeida foi de 1,8 milhas náuticas. O AGI não interferiu, no entanto, com o normal desenrolar dos exercícios.

Em jeito de balanço, considera-se que a participação nos exer-cícios Breeze 2015 e no Sea Shield 2015 foi proveitosa para a força naval, uma vez que constituiu uma boa oportunidade para treinar técnicas, táticas e procedimentos com vista a incrementar a interoperabilidade entre as várias unidades participantes, em representação de marinhas da NATO e não-NATO.

O ReGReSSO A lISbOA

Os primeiros dois meses de participação na SNMG1 estavam terminados e o sentimento geral era de missão cumprida. Com efeito, desde o trabalho efetuado durante o aprontamento do pessoal e do navio, passando pelo treino realizado e culminando com a integração e a participação na SNMG1, na companhia de um estado-maior embarcado e de vários navios de guerra de di-ferentes nacionalidades, foram vários os momentos em que, ao longo de um ano e meio, o profissionalismo e a generosidade dos militares, em particular, do NRP D. Francisco de Almeida e, em geral, da Marinha, foram evidenciados.

Concretamente, nestes primeiros dois meses de missão subli-nha-se, sobretudo, o empenho, a dedicação e a união da guarnição, a interoperabilidade com as diferentes marinhas e a perceção de que a Aliança Atlântica pode ser uma plataforma de aproximação de povos e de culturas e, por último, os desafios colocados pelo trabalho desenvolvido num flag ship, com o respetivo estado- -maior embarcado.

Com a chegada a Lisboa prevista para o dia 4 de agosto, apro-ximava-se a passos largos o reencontro com as famílias e o me-recido gozo de um summer dispersal, de modo a retemperar as energias para os quatro meses seguintes.

Colaboração do COMANDO DO NRP D. FRANCISCO DE ALMEIDA

Notas1 A SNMG1 substituiu a STANAVFORLANT e a SNMG2 substituiu a STANAVFORMED e, embora continuem a atuar de forma independente, estes grupos fazem ambos parte da NATO Response Force.

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como do contributo de Portugal para um mundo moderno e sem frontei-ras marítimas, iniciado com os Descobrimentos, mais propriamente há 600 anos com a conquista de Ceuta. (…) É ainda impor-tante para que cada um sinta a Marinha como sua, motivando um melhor de-sempenho profissional, aumentando a sua capa-cidade de iniciativa e de inovação. Dirigindo-se aos que trabalham na CCM, re-

feriu a honra e privilégio em trabalhar com todos, de forma a cumprirmos inte-gralmente a missão atribuída.

O ALM CEMA/AMN, por sua vez, re-feriu a relevância do Setor Cultura para a afirmação interna e externa da Ma-rinha e a nomeação do VALM Mourão Ezequiel para o desempenho do cargo reflete essa relevância.

contrato de modernização dos helicópteros LYNX, o programa de modernização das fragatas das classes “Bartolomeu Dias” e “Vasco da Gama”, a opera-cionalização do novo simula-dor de ação tática do CITAN e a construção de mais dois na-vios da Classe “Viana do Cas-telo”. Referiu a apresentação a breve trecho ao ALM CEMA/ /AMN da versão atualizada do estudo “Marinha a 20 anos”.

Realçou ainda a importância estratégica da relação da Marinha com a Arsenal do Alfeite, SA.

Por sua vez, o ALM CEMA/AMN enu-merou de seguida os grandes desafios da área do material, que começando nas fortes restrições financeiras, passam pela operação e manutenção regular dos navios, a modernização de capacidades existentes, a adaptação às necessidades dos meios recentemente adquiridos e o acompanhamento da construção do se-gundo par de NPO´s.

O VALM RES Augusto Mourão Ezequiel ingres-sou na Escola Naval em 1971 e especializou-se em Hidrografia no NAVOCEANO, Bay St. Lou-is, EUA, frequentou o “Master of Science” em Ciências Hidrográficas na “Naval Postgraduate School”, Monterey, EUA, o Curso Geral Naval de Guerra e o Curso de Promoção a Oficial General.

Serviu em várias Unidades Navais, tendo co-mandado o NRP Águia e sido o Oficial Imediato do NRP Zambeze.

Em terra, no IH, foi Chefe do Serviço de Infor-mática Científica, Chefe da Divisão de Cartogra-fia Náutica e Chefe da Divisão de Levantamentos Hidrográficos e Diretor Técnico. Foi Professor de Hidrografia e Oceanografia e Chefe do Serviço de Informática na EN, Comandante do Agrupamen-to de Navios Hidrográficos, Adido de Defesa jun-to da Embaixada de Portugal em Londres, Adido de Defesa, não residente, junto das Embaixadas de Portugal em Dublin e em Haia. No IESM foi Coordenador da Área de Ensino de Operações, Sub-diretor, Diretor do Departamento de Cursos e do Departamento de Investigação e Doutrina. Foi Coordenador da estrutura de projeto para o acompanhamento e monitorização dos traba-lhos decorrentes do Acordo de Cooperação para a Proteção das Costas e das Águas do Atlântico Nordeste contra a Poluição, vogal do Conselho Superior de Disciplina da Armada e Comandante Operacional dos Açores. É Presidente da Comis-são do Domínio Público Marítimo.

O VALM António Maria Mendes Calado nas-ceu em Cabeço de Vide, entrou na EN em 1974 e foi promovido a G/M em 1 de outubro de 1978.

Especializou-se em Artilharia e possui, entre outros, os CGNG, o CCNG e o Curso de Promo-ção a Oficial General. Frequentou o Internatio-nal Defence Management Course no Defense Resources Management Institute, em Monterey, Califórnia, e o Maritime Warfare Course, na HMS Dryad School, em Portsmouth.

Navegou cerca de vinte mil horas. Foi Chefe do Serviço de Navegação e de Comunicações dos NRPs João Coutinho e Afonso Cerqueira, Imedia-to do NRP Lagoa, Chefe do Serviço de Artilharia do NRP Cte João Belo e do Departamento de Operações do NRP Vasco da Gama. Foi ainda ofi-cial de EM embarcado e comandou o NRP Cor-te Real (19JUL2002/05DEZ05), durante o qual participou no treino no Flag Officer Sea Training (FOST), em exercícios internacionais, chefiou a força tarefa (crise da Guiné-Bissau em 2004) e integrou a SNMG1 em 2005. Foi Instrutor e Di-retor de Instrução da EAN, chefiou o Gabinete de Operações ASuW/AAW do CITAN, a Secção de Exercícios do CN e a Secção de Treino do De-partamento Operacional da Flotilha, acumulan-do as funções de oficial de ligação ao FOST. Foi oficial adjunto do EMA, Adido de Defesa junto da Embaixada de Portugal em Varsóvia e, em Kiev, Ucrânia, Bratislava, Bucareste e Budapeste.

Terminado o Curso de Promoção a Oficial Ge-neral (2007/08) foi Chefe da Divisão de Pessoal e Organização do EMA. Promovido a CALM, foi Comandante da Zona Marítima dos Açores e Subchefe do EMA.

dIReTOR dA cOmISSÃO culTuRAl de mARInhA

SupeRInTendenTe dO mATeRIAl

TOmAdAS de pOSSe

Acerimónia, presidida pelo ALM CEMA/AMN, realizou-se em 25 de

setembro. O VALM Mourão Ezequiel substituiu o VALM Oliveira Viegas. Nas breves palavras que proferiu, o empos-sado referiu a importância da divul-gação do acervo cultural da Marinha para o conhecimento, da sociedade em geral, da identidade da Marinha bem

APresidida pelo ALM CEMA/AMN, rea-lizou-se no dia 14 de outubro, na Casa

da Balança, a cerimónia de tomada de posse do VALM Mendes Calado no cargo de Superintendente do Material (SM).

No uso da palavra, o novo SM apresen-tou as linhas de ação para o seu mandato, em linha com a Diretiva de Planeamento da Marinha e com os objetivos da Diretiva Setorial do Material.

Elencou os programas no topo das suas preocupações, o aprontamento dos navios da classe “Tejo”, a assinatura do

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O CALM Luís Filipe Cabral de Almeida Car-valho nasceu em Lisboa, ingressou na EN em 1976 e foi promovido a GM em 1981.

Foi oficial imediato do NRP Limpopo e chefe do serviço de comunicações dos NRP Afonso Cerqueira e Comandante Hermenegildo Ca-pelo.

Como oficial superior, serviu no então CINCIBERLANT e na Missão Militar Portugue-sa junto da NATO, em Bruxelas. Em 1994 foi nomeado Capitão do Porto de Porto Santo e Diretor da ex-ERN de Porto Santo. Entre 1997 e 2000 esteve colocado no EMA e no Gabine-te do CEMA. Entre 2002 e 2005 prestou nova comissão de serviço no comando NATO em Oeiras. Entre 2005 e 2008 regressa ao EMA para chefiar a Divisão de Comunicações e Sis-temas de Informação do EMA. Após o CPOG, foi nomeado coordenador da Área de Ensino de Estratégia no IESM.

Promovido a oficial general, foi colocado no EMGFA onde, entre 2010 e 2015, exerceu as funções de Chefe de Estado-Maior do COC e de Chefe da DIPLAEM.

Da sua folha de serviços constam diversos louvores e condecorações.

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Em 30 de setembro rea-lizou-se a cerimónia de

entrega de comando da Uni-dade de Apoio às Instalações Centrais da Marinha (UAICM), presidida pelo VCEMA, VALM Bonifácio Lopes. Releva-se, a presença do Presidente do Tribunal da Relação, do Presi-dente da Junta de Freguesia de Sta. Maria Maior e de re-presentantes da Santa Casa da Misericórdia. O Coman-dante cessante, CMG Noronha de Bra-gança, agradeceu a todos os organismos e entidades que, apoiando a sua ação de comando, permitiram a concretização de variadas ações e a cooperação com as vá-rias entidades externas, como o Tribunal da Relação, a Câmara Municipal, o Cofre de Previdência do Ministério das Finan-ças, o Gabinete Nacional de Segurança, Bombeiros Sapadores, a PSP e a Santa Casa da Misericórdia. O novo Coman-dante, CMG Conceição Lopes, enalteceu a importância da UAICM e da sua guar-nição no apoio às unidades sediadas nas ICM: “ao cumprir a sua missão, a UAICM

garante que os 28 organismos da Marinha aqui sediados cumpram eficiente e eficaz-mente também a sua missão”. O VALM VCEMA, no seu discurso, definiu algumas prioridades para a ação do novo coman-dante, como sejam, a conclusão do Plano Diretor da Unidade, a reabilitação de es-paços das ICM, a continuação do proces-so de centralização na UAICM de serviços afins das Instalações Navais de Alcântara, o acompanhamento das obras de conser-vação e restauro da Capela de S. Roque e os processos de requalificação da frente ribeirinha e de relocalização do Comando Geral da Polícia Marítima.

O CMG Paulo Jorge da Conceição Lopes nasceu e estudou em Lisboa. Concluiu a li-cenciatura em Ciências Militares Navais da EN em 1989. Frequentou o primeiro curso de pi-lotos de helicópteros da Marinha, recebendo o Brevet de piloto em junho de 1991 e serviu durante 2 anos como piloto na Esquadra 552 (Allouette III) da FAP. Em 1993-4, integrou a primeira guarnição da Esquadrilha de Heli-cópteros e concluiu a qualificação de piloto e coordenador tático no helicóptero Lynx. Durante 1995 integrou o 2º destacamento de helicópteros. Realizou o primeiro OST com helicóptero orgânico, servindo 6 meses no NRP Álvares Cabral, navio-almirante da STA-NAVFORLANT. Entre 1996 e 2003 desempe-nhou diversos cargos na Esquadrilha de Heli-cópteros (EH) e a bordo, destacando-se o seu embarque em 1998 na Operação Crocodilo, na Guiné-Bissau, o comando do Destacamen-to de Helicópteros nº 8 (1999-2002) que, a bordo do NRP Álvares Cabral, acumulou du-rante 6 meses com a função de Helicopter Element Coordinator da STANAVFORLANT. De 2007/09 foi 2º Comandante da EH. Desde 2010 foi Comandante da EH e Diretor do Cen-tro de Instrução de Helicópteros da Marinha. Frequentou diversos cursos, destacando-se o Maritime Warfare Course na HMS Dryad, em Portsmouth, no Reino Unido, e o Naval Command Course no United States Navy War College, em Newport, Rhode Island.

SubcheFe dO eSTAdO-mAIOR dA ARmAdA

enTReGAS de cOmAndO

Em 1 de outubro tomou posse como Subchefe do Estado-Maior da Armada

(SCEMA), o CALM Almeida Carvalho, em cerimónia que decorreu na Biblioteca do Estado-Maior da Armada (EMA), presidi-da pelo VCEMA, VALM Bonifácio Lopes, tendo assistido diversos oficiais generais bem como outros oficiais, sargentos, pra-ças e civis.

A cerimónia iniciou-se com a leitura de louvor e a imposição da medalha militar de Serviços Distintos grau Prata ao SCEMA

cessante, CALM Mendes Ca-lado. Após a leitura da Or-dem, usou da palavra o SCE-MA empossado, referindo-se aos pilares de sustentação da ação do EMA e às linhas de ação essenciais que tenciona prosseguir no futuro, mani-festando o seu propósito e disponibilidade permanentes para procurar contribuir para uma adequada articulação e

coordenação quer com os diversos órgãos da Marinha, quer com órgãos e entida-des exteriores à Marinha, assegurando a consistência dos processos de decisão e de planeamento. O VALM VCEMA tomou a palavra para agradecer publicamente o trabalho desenvolvido pelo CALM Men-des Calado, referindo-se seguidamente à responsabilidade do cargo e às áreas que devem merecer especial atenção e que considera essenciais na ação futura do novo SCEMA.

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nRp d. cARlOS I

Em 15 de setembro, rea-lizou-se no NRP D. Car-

los I, na BNL, a cerimónia de entrega de comando do navio, presidida pelo Comandante Naval, VALM Pereira da Cunha, que contou com a presença do Diretor Geral do IH, CALM Seabra de Melo, antigos comandantes, vários con-vidados civis, comandan-tes e representantes de diversos organismos da Marinha.

A cerimónia iniciou-se com o discurso do comandante cessante, CTEN Silva Ba-rata, referindo o orgulho que foi coman-dar o NRP D. Carlos I e salientando que, para além das tradicionais missões de na-tureza científica, é também empenhado num conjunto de novas missões relacio-nadas com o apoio à esquadra e às ope-rações militares.

Seguidamente, fez uso da palavra o co-mandante empossado, CFR Albuquerque e Silva, referindo a honra e o orgulho em assumir funções de comandante do NRP

D. Carlos I e felicitando a guarnição do navio pelo aspeto cuidado que o mesmo apresenta e que conta com a dedicação e empenhamento da guarnição para as exigentes, mas aliciantes, missões que os esperam.

Por fim, o Comandante Naval proferiu uma breve alocução, sublinhando a im-portância do navio para o Instituto Hidro-gráfico e para a Marinha e desejando sor-te e muito sucesso ao novo comandante.

Terminada a cerimónia, seguiu-se um Porto de Honra.

O CFR António José Henriques de Albu-querque e Silva nasceu em Sátão, tendo concluído a EN em 1992.

Prestou serviço no NRP Limpopo, como Terceiro Oficial e depois como Oficial Ime-diato, comandou o NRP Hidra e especiali-zou-se em Hidrografia e Oceanografia, no IH.

De 1997 a 2001, serviu na BH Nº2 e até 2005 no NRP Almeida Carvalho. Em 2005/06, na DN, desempenhou as funções de consul-tor interno para a área de manutenção, no projeto SIGDN-(Sistema Integrado de Gestão da Defesa Nacional).

Em seguida serviu na DAGI, inicialmente como Administrador de Dados na Divisão de Qualidade, Normalização e Segurança e pos-teriormente como chefe desta.

De 2009 a 2012 foi Capitão do Porto da Nazaré e Comandante Local da Polícia Marí-tima, a que se seguiram as funções na área da Análise, Prospetiva e Controlo da Divisão de Planeamento do EMA.

Frequentou diversos cursos, destacando--se o CGNG; o Mestrado em Gestão de Sis-temas de Informação no ISEG – UTL, o CCNG IESM e o de Aperfeiçoamento em Autorida-de Marítima.

É co-autor do livro “A Marinha na Investi-gação do Mar 1800-1999”. Foi representan-te da Marinha no NATO Data Administration Group e, posteriormente, no NATO Data Management Services Working Group.

nRp álvAReS cAbRAl

Presidida pelo Comandante Naval, VALM Pereira da Cunha, realizou-se

no dia 28 de setembro a cerimónia de en-trega de comando do NRP Álvares Cabral, na qual o CFR Gonçalves Simões rendeu o CFR Gamurça Serrano. Estiveram presen-tes ex-comandantes do navio, convidados de órgãos e entidades da Marinha e ainda o Presidente do Conselho de Administra-ção da Arsenal, S.A..

Na despedida, o CFR Gamurça Serra-no agradeceu a todos os órgãos e entida-des que contribuíram com o seu apoio para o cumprimento das missões e, pela última vez à sua guarnição, o empenho e dedicação postos diariamente no NOSSO navio.

O novo Comandan-te, agradeceu a con-fiança em si deposita-da e a enorme satisfa-

ção e orgulho em assumir as funções de comandante, estando convicto que, para o cumprimento das missões, com rigor e profissionalismo, apanágio da Marinha, poderá contar com o apoio de todos os setores da Organização.

O Comandante Naval felicitou o CFR Ga-murça Serrano pela forma eficaz e eficien-te como soube gerir os recursos materiais e humanos ao seu dispor, salientando a

O CFR Paulo Jorge Gonçalves Simões nas-ceu em Luanda, em 1968, e concluiu o curso da EN em 1993. Especializado em Artilharia, a maior parte da sua carreira desenvolveu-se na área das operações.

Prestou serviço nos NRP´s Augusto Cas-tilho, Afonso Cerqueira, Vasco da Gama e Álvares Cabral, neste último como chefe do departamento de operações. Efetuou diversas missões de interesse nacional, como a Inter-fet, em Timor-Leste, e integrou a STANAVFOR-LANT e a SNMG1, com uma circum-navegação ao continente africano.

Prestou serviço na EEO, na Flotilha e no CI-TAN, na área do Treino e Avaliação e no STAFF da POTG. Foi ainda representante nacional no Estado-Maior de uma força NATO sediada em Rota, Espanha. Exerceu funções no EMA – Di-visão de Planeamento. Frequentou diversos cursos profissionais e académicos, sendo atu-almente mestrando em Estratégia no ISCSP.

forma louvável como cumpriu as missões. Da mesma forma, manifestou confiança no novo Comandante para os compromis-sos a atribuir ao navio no ano operacional de 2016, com especial enfoque no Opera-tional Sea Training e na SNMG1.

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enTReGA de eSpAdAS e juRAmenTO de bAndeIRA

ESCOLA NAVAL

Decorreu no dia 25 de setembro, na Escola Naval, a Ceri-mónia de Juramento de Bandeira e Entrega de Espadas

ao Curso “VALM Mendes Cabeçadas Júnior” e Entrega de Espadas ao Curso de Formação de Oficiais do Serviço Téc-nico (CFOST) do curso 2011/2014, presidida pelo Almirante CEMA/AMN. A cerimónia iniciou-se com a Imposição de Con-decorações a militares e civis da Marinha que se realçaram no desempenho das suas funções, a que se seguiu a entrega do Prémio de Aprumo Militar, que se destina a galardoar o aluno finalista que revele um conjunto de qualidades que o distingam como exemplo de aprumo militar, servindo de inspiração e motivação a todos os cadetes. Este prémio foi entregue ao ASP M Emanuel da Costa Dias.

Seguiu-se a entrega de espadas que simbolizam a autori-dade que é conferida aos futuros oficiais, e a entrega de um exemplar de “Os Lusíadas” aos aspirantes do Curso “VALM Mendes Cabeçadas Júnior”. Antecedendo o juramento de bandeira, o Comandante do Corpo de Alunos proferiu uma exortação aos alunos finalistas, enfatizando o lema do Infan-te D. Henrique e patrono da Escola Naval – Talant de Bien Faire – para os desafios que se aproximam e a assunção de responsabilidades como futuros oficiais. Após a leitura dos deveres militares e da fórmula de juramento, a Banda da Ar-mada executou o Hino Nacional devidamente entoado pelo Corpo de Alunos.

De realçar que terminaram os cursos 7 alunos do CFOST e 41 alunos do mestrado integrado, dos quais 4, das classes de engenheiros navais ramos de mecânica e de armas e electró-nica, da Argélia, tendo a respetiva Embaixadora assistido à cerimónia, 1 aluno de Cabo Verde e 1 de São Tomé e Prínci-pe, ambos da classe de administração naval.

Marcaram presença convidados civis e militares, sendo de destacar a presença do Comandante da Academia Naval de Angola, VALM António Miranda, que se encontrava em visita oficial à Escola Naval.

A cerimónia terminou com o desfile do Corpo de Alunos, seguido do tradicional Porto de Honra.

Colaboração da ESCOLA NAVAL

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NOTÍCIAS

eScOlA nAvAl | PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO

No início do mês de junho, foi assina-do o protocolo de cooperação entre

a Escola Naval (EN), a Faculdade de Di-reito da Universidade de Lisboa (FDUL), o Instituto Superior Técnico da Universi-dade de Lisboa (IST) e o Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS). O documento foi assinado pelo Comandante, CALM Ed-gar Marcos de Bastos Ribeiro (EN), pelo

Professor Doutor Jorge Duarte Pinheiro (FDUL), pelo Professor Doutor Arlindo Oliveira (IST) e pelo ALM José Torres So-bral (CNCS) e estabelece os termos de cooperação académicos e científicos no âmbito do desenvolvimento de iniciati-vas de ensino e da realização conjunta de projetos de investigação entre as quatros entidades.

InSTITuTO hIdROGRáFIcO | FEIRA INTERNACIONAL DE LUANDA

A Feira Internacional de Luanda (FILDA) concretizou a sua 32ª edição entre 21

e 26 de julho, contanto com a presença de 39 países, numa área de 5 ha de capaci-dade para 1000 expositores. Portugal teve uma participação expressiva, com cerca de 10% dos expositores, o país com maior representatividade empresarial. Sob o tema “Dinamismo, Criatividade e Compe-tência na Produção Nacional, um Pressu-posto para Diversificação e Industrializa-ção da Economia Angolana, e um Desafio para Juventude Empreendedora”, este certame é a maior bolsa de negócios de Angola (volume de cerca de 11 milhões de dólares). A Feira foi inaugurada pelo Mi-nistro da Economia, Dr. Abrahão Gourgel.

Como nos dois anos anteriores, o IH, em parceria com a firma angolana So-ciedade Nacional de Desenvolvimento e Investimento, Lda. (SONADI), esteve pre-sente marcando presença no mercado an-golano e divulgando as suas valências nas atividades relacionadas com as ciências e técnicas do mar.

O expositor IH/SONADI, no Pavilhão do Petróleo, Ambiente e Energia, acolheu vi-sitantes de diferentes setores, desde po-pulação jovem, procurando informação sobre oportunidades de formação espe-

cializada, nomeadamente na Escola de Hi-drografia e Oceanografia do IH, até visitas de entidades governamentais de Portugal e Angola, passando pelas portuguesas em comissão de cooperação.

Salienta-se as visitas do Vice-primeiro--ministro (Dr. Paulo Portas) e do Presiden-te da AICEP (Dr. Miguel Frasquilho) e, de Angola, do Ministro dos Petróleos (Eng.º Botelho de Vasconcelos), do Secretário--geral da Presidência da República (Dr. Manuel Neto), do Presidente da Bolsa de Valores de Angola (Dr. Archer Mangueira), do Presidente da Administração Geral Tri-butária (Dr. Valentim Manuel), do CEMGFA (General Sachipengo Nunda), do Inspetor--geral do Estado-Maior General das Forças

Torna-se agora necessário con-jugar esforços no sentido de ren-tabilizar os recursos próprios e especializados de cada uma das instituições, quer humanos quer materiais, com vista a um maior aprofundamento e interligação e a uma gestão mais eficaz dos referidos recursos em função da prossecução do interesse público.

Com este protocolo pretende--se aproveitar as sinergias criadas,

nomeadamente no âmbito do Mestrado em Segurança de Informação e Direito no Ciberespaço atualmente a decorrer. O mestrado pauta pela sua inovação, alian-do os aspetos relacionados com ques-tões doutrinárias e tecnológicas com o direito no ciberespaço.

Colaboração da ESCOLA NAVAL

Armadas (General Hendrick Vaal da Silva) e do Instituto de Hidrografia e Segurança Marítima de Angola (entidade congénere, pertencente à estrutura do Ministério dos Transportes, com quem o IH mantém já longa atividade de cooperação).

Esta deslocação permitiu estreitar o relacionamento com diversos órgãos da Marinha de Guerra de Angola, como a Academia Naval e a Direção de Hidrogra-fia e Navegação, e ainda a Comissão Inter-ministerial de Delimitação e Demarcação dos Espaços Marítimos de Angola (CID-DEMA) e o Sistema Nacional de Vigilância Marítima (SINAVIM).

Colaboração do INSTITUTO HIDROGRÁFICO

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clube dO SARGenTO dA ARmAdA

No dia 24 de março, o Clube do Sar-gento da Armada (CSA) apresentou

cumprimentos ao Almirante CEMA/AMN, em nome dos Órgãos Sociais recente-mente eleitos.

O Presidente da Direção, Rui Marica-to, acompanhado pelo Presidente do Conselho Fiscal, Carlos Alves, e do Pre-sidente da Assembleia Geral, Carlos Ca-pela, agradeceu a ajuda que tem vindo a dar aos clubes militares da Marinha, em particular ao CSA e desejando-lhe felicidades pessoais e profissionais. O Al-mirante CEMA/AMN felicitou o CSA pelo que representa para os seus associados

nOvOS TeleFOneS dA RevISTA dA ARmAdADiretor - 211 593 250 / 305150Chefe de Redação - 211 593 252 / 305152Redatora - 211 593 253 / 305153Secretário de Redação - 211 593 255 / 305155

Redação - 211 593 256 / 305156Secretaria - 211 593 254 / 305154Receção Assinantes - 211 593 251 / 305151

pOlícIA mARíTImA | CONTROLO DE FRONTEIRAS NA GRéCIA

Correspondendo a um pedido da Agên-cia Europeia de Gestão da Coopera-

ção Operacional nas Fronteiras Externas dos Estados-Membros da EU – FRONTEX – a Polícia Marítima (PM) vai integrar, de 1OUT a 31DEZ15, a Operação Conjunta POSEIDON SEA 2015, no mar Egeu, com o objetivo de cooperar no controlo e vi-gilância das fronteiras marítimas gregas e no combate ao crime transfronteiriço.

Nesta operação, em que a PM é empe-nhada pela 4ª vez (01-30ABR14; 01NOV--31DEZ14; 01JAN-28FEV15) participam, para além da Grécia, mais 17 estados membros da UE, 2 países terceiros (Al-bânia e Ucrânia) como observadores e diversas organizações europeias (EURO-POL – European Police Office; EFCA – Eu-ropean Fisheries Control Agency; EASO – European Asylum Support Office; EMSA – European Maritime Safety Agency; CeCLAD-M – Centre opérationnel inter-national d´enquêtes et de coordination de lutte anti-drogue dénommé en Médi-terranée).

O objetivo desta missão é contribuir para o esforço de patrulhamento da fron-teira marítima externa da União Europeia,

em Lesbos, junto à costa da Turquia, em cooperação com a Guarda Costeira grega.A equipa é constituída por:— 1 Agente da Polícia Marítima como ofi-

cial de ligação no International Coordi-nation Center (ICC) no Pireu;

— 1 Subchefe e 5 Agentes da Polícia Ma-rítima como guarnição da embarcação;

— 1 Sargento-Chefe Maquinista Naval para apoio técnico e manutenção do 1º esca-lão da embarcação.A área de operações será próxima da

ilha de Lesbos, num setor de 20X20 mi-lhas náuticas, onde a PM fará patrulhas diárias de 6 horas.

O meio operacional será a embarcação semirrígida cabinada Tejo, com 10,8 me-tros de comprimento, 3,8 metros de boca, dois motores diesel interiores, com auto-nomia de 300 milhas náuticas e uma velo-cidade máxima de 32 nós.

A embarcação está apetrechada com meios eletrónicos de navegação e diversa instrumentação apropriada ao cumpri-mento das tarefas de controlo da fronteira, de combate à emigração irregular e, sem-pre que necessário, de busca e salvamento.

Colaboração do COMANDO GERAL DA POLÍCIA MARÍTIMA

e para a Marinha Portuguesa, e re-alçou o trabalho desenvolvido pelo Clube no atual quadro de restri-ções orçamentais impostas ao país. Manifestou vonta-de de continuar a apoiar, dentro do possível, a nossa “Família Militar Naval”, reforçando assim a convivência e solida-riedade intergeracional dos seus mem-bros.

No final, desejou a todos os associados e dirigentes votos de um bom mandato.

Colaboração do CSA

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O VALOR DAS COISASESTÓRIAS 16

Claro que já sou velho! Nem podia deixar de não ser, uma vez que o tempo nos vai enfeitando com patine, pondo sombras

nos olhos, algodão nos ouvidos e música no coração.Mas esse facto não implica que tenhamos de todo perdido a me-

mória das coisas, a noção do tempo ou dos tempos e, sobretudo, dos valores por que nos regemos.

Nem sequer sou saudosista, entendendo que a vida corre como um rio para a foz e não ao contrário.

Como marinheiro que ainda me lembro de ter sido, sei que os “ventos de contra” impõem pano latino p’ra que possamos bolinar.

Depois desta introdução, que não teve outro fim que não fos-se tentar demonstrar a sanidade mental de que ainda me julgo portador, vou direitinho ao meu “guarda-factos” sacar, dum cabide carcomido pelo bicho-carpinteiro, um dos ditos, que merece regis-to especial.

Corria o final dos anos sessenta e tinha acabado de ser promo-vido a primeiro-tenente. Julguei oportuno adquirir um carro, pois que as perspectivas de nova comissão em África abriam-me a pos-sibilidade de suportar os encargos do empréstimo que tinha que fazer.

Optei pelo mais baratinho do mercado – um MINI –, que custava a fortuna de 42.000$00, se pago a pronto.

Um dos bancos comerciais da nossa praça rejeitou o meu pedido de empréstimo individual de 50 contos, que apregoavam na altura como acessível a qualquer cidadão. Este facto levou-me a dirigir ao CEMA uma carta onde dava conta do crédito que um oficial da Armada tinha no mercado de valores de então.

Fui aconselhado a dirigir-me ao banco com quem a Marinha tra-balhava e lá me foi concedido o dinheiro, com o qual fui a correr

comprar o meu carro novo.Bom, esta historieta só serve para introduzir o valor relativo das

coisas e do próprio dinheiro com que diariamente tentamos fazer face às nossas necessidades e compromissos.

Hoje fui ao Multibanco e em dois levantamentos, necessários para pagamento de despesas rotineiras, levantei nada mais, nada menos, do que dois MINIS dos anos 60.

A partir deste momento passei a registar as minhas despesas em MINIS, constatando também que o crédito que merecemos no mercado de valores atual não é muito diferente do de então.

Ferreira JúniorCMG

N.R. O artigo não respeita o novo acordo ortográfico.

D.R.

Em 16 de novembro de 1994 entrou em vigor a “Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar” (CNUDM). Em

1998, pela RCM nº 83/1998, foi escolhida aquela data para co-memoração do Dia Nacional do Mar.

A Marinha decidiu associar-se a esta efeméride, com um con-junto de atividades nos seus Órgãos de Natureza Cultural, dias 15 e 16 de novembro.Dia 15● Entrada Gratuita: Aquário Vasco da Gama, Fragata D. Fernan-

do II e Glória, Museu de Marinha e Planetário Calouste Gul-benkian;

● Inauguração, no Pavilhão das Galeotas do Museu de Marinha, de Mostra, organizada pela Biblioteca Central da Marinha, evocativa dos 140 Anos do lançamento à água das corvetas

Mindelo, Rainha de Portugal e do couraçado Vasco da Gama;● Concerto pela Banda da Armada no Pavilhão das Galeotas -

17:00h;● Museu de Marinha: Atividade para famílias: “Descoberta das

especiarias”.Dia 16● Entrada Gratuita: Aquário Vasco da Gama, Fragata D. Fernan-

do II e Glória, Museu de Marinha e Planetário Calouste Gul-benkian;

● Museu de Marinha: Atividade para escolas: “Descoberta das especiarias”.

A partir desta data, o Museu de Marinha e a Fragata D. Fer-nando II e Glória passam a estar abertos à 2ª feira.

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NOVAS HISTÓRIAS DA BOTICA 47

OS ReFuGIAdOS... e pORTuGAl

A crise dos refugiados não deixa ninguém indiferente. As ima-gens que, de forma pungente, se fixam na nossa alma, bem

como o sofrimento de famílias inteiras são impressionantes. A tarefa de ajudar refugiados já tocou, especialmente, a Marinha.

Desde que, eu próprio, com a Marinha, trabalhei em países tão distantes como Timor Leste e conheci as realidades, no que diz respeito à Saúde, de países africanos e sul-americanos, percebi, de forma clara, que existem dois mundos muito diferentes no que ao bem-estar diz respeito. Um mundo ao qual, com maior ou menor dificuldade, Portugal pertence da Europa com Saúde Pública e hospitais diferenciados e o outro… Neste último grupo, para a maioria das pessoas, a saúde vem em segundo lugar. O principal objetivo de cada dia é a simples sobrevivência… sim, a alimentação de todos os dias, o abrigo, a água potável…

Percebi que nesses lugares (que são a maioria dos países do nosso conturbado mundo) a doença é vista como um acidente, a resolver com “uma rápida injeção”, ou pela imediata aceitação da incapacidade e da morte. Ninguém acha que tem direito a saúde garantida, porque também não se lhes atribuem outros direitos que consideramos garantidos entre nós. Assim, quando vejo esta migração maciça às portas da Europa, penso que estes povos pertencem seguramente a este mundo, o mundo dos “sem direitos”.

Continuam a chegar cheios de sonhos. Procuram refazer (… e o termo é largamente utilizado) a sua vida na Europa presente, fortemente empobrecida e ela própria com menor capacidade para suprir as necessidades sociais dos seus povos. Uma Europa que, precisamente, tem cada vez menos empregos para fornecer, menos segurança no trabalho e, por todo o lado, apresenta uma crise de valores sociais (… pela falta de suporte económico, para os suportar).

Escreve-se muito sobre os prós e contras da “Grande Migra-ção”, contudo pouco parece claro. Por exemplo, não se explicou inteiramente o porquê atual dos avassaladores números da mi-gração (já que os conflitos na região são endémicos e mesmo o recente conflito Sírio já leva anos1), nem a não fixação em países mais próximos e, em teoria, com maiores afinidades culturais e linguísticas. Ao contrário, os migrantes parecem muito bem in-formados. Muito poucos procuram o empobrecido Sul da Euro-pa, em que nos encontramos. Procuram, isso sim, o Norte, que se admite rico e pleno de oportunidades.

Ora, morando eu, por certo, na cidade mais exótica e cos-mopolita de Portugal, a Amadora, sei que Portugal recebe bem quem precisa. Na paróquia da Amadora reúnem-se facilmente, num qualquer domingo, 15 a 20 nacionalidades distintas. Já exis-

“Mendes Pinto regressou a Portugal, tendo ido viver para junto do rio Tejo, na margem oposta a Lisboa. Tornou-se presidente da Misericórdia local, que era

então (…) a principal instituição de caridade do país. Foi aí que escreveu o seu livro…”

In A Primeira Aldeia Global. Como Portugal Mudou o Mundo, Martin Page, 2008

te na cidade uma Mesquita e a comunidade integrou, sem ób-vio conflito, toda aquela diversidade. Contudo, existem cada vez mais jovens desempregados entre os migrantes que connosco vivem, como sinal da crise, que ainda não passou. Por outro lado, nem todas as pessoas atingiram o desiderato desejável de obter uma vida condigna. Disso é testemunho gritante o número de pessoas que ainda vive em bairros degradados, cujas condições têm vindo, todavia, a melhorar. No seu todo, Portugal – um país verdadeiramente Universal – tem a tradição de ajudar. Está na nossa génese da qual as Misericórdias dão testemunho mundial.

Ora na presente migração teremos que, como é da maior obrigação, cumprir o nosso dever moral e (porque não dizê-lo), cristão… Se existem famílias com fome devem ser ajudadas, se precisam de abrigo, devem ser abrigadas. Não parece haver volta moral para este facto. A deportação – como acontece noutras zo-nas do mundo – não é a alternativa. Não se enviam pessoas para a guerra (… ou mesmo para a miséria extrema). O que devemos porfiar por fazer é, por certo, ajudar as pessoas a ajudarem-se a si próprias, integrá-las condignamente. Este desiderato nem sempre foi conseguido com os nossos próprios pobres, de modo que também aqui teremos que melhorar…

Já o disse noutros escritos. As Forças Armadas têm sido um exemplo de integração a vários níveis. Existem nas fileiras da Mari-nha militares, em todos os postos, das mais variadas etnias – ago-ra todos Portugueses. Também leio com orgulho todas as entre-vistas já publicadas a militares que prestaram serviço em missões como o “Frontex”2… Estou certo que outros sentirão o mesmo, pois são missões como estas que definem uma instituição.

Sempre que fui médico no estrangeiro longínquo obtive mais do que dei em amizade em agradecimento. Na verdade, há muito que sei que quem nunca teve nada sabe agradecer melhor que ninguém. Os novos médicos navais têm cumprido a portuguesa tradição humanitária de forma exemplar e são para mim particu-lar fonte de orgulho. Não é em vão que Portugal se agiganta em momentos de dificuldade. Sim, e é também verdade que, como Mendes Pinto, sempre ligámos bem a universalidade à ajuda aos outros, para nossa grande glória.

Doc

Notas1 Ao melhor do meu conhecimento, desde 2011 e sem fim imediato à vista.2 Frontex – Operação conjunta para o apoio aos migrantes no Sul da Europa, em que

Portugal e a Marinha participaram.

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VEDETA H

VIGIA DA HISTÓRIA 78

É bem possível que a grande maioria dos que actualmente servem na Marinha nunca tenham conhecido, ou sequer ouvi-do falar, a vedeta H, do Serviço Portuário de Transportes, que no século passado, penso que já no fim da sua vida útil, fazia a ligação do Grupo nº 2 de Escolas da Ar-mada com a Doca da Marinha. Julgo não estar enganado mas estou em crer que essa carreira só era efectuada aos sába-dos, pelo menos foi nesses dias, por umas duas vezes, que a utilizei.

No tempo em que nela naveguei, já lá vão mais de 50 anos, já a vedeta era clas-sificada como “Calhordas”(1), apesar de aparentar um respeitável ar de “velha se-nhora”, é certo que com algumas mazelas, quase todas fruto da sua longa idade.

O trajecto para Lisboa, que como al-guém que agora não recordo referia, não poderia ser medido pelo relógio, mas sim pela folha do calendário, tal era a sua du-ração normal; recordo-me que numa das vezes a distância entre o terminal dos barcos da CP e a Doca da Marinha foi per-corrida em quase meia hora. É por demais evidente que tão longos períodos possi-bilitavam um vasto leque de actividades, desde o retemperador descanso, à leitura e, como é natural, numa qualquer reunião mesmo que acidental de homens do mar, ao escárnio e mal dizer.

Foi no decurso de uma dessas viagens que por um camarada, muito mais antigo, me foi contado um episódio ocorrido com a vedeta H, que deu origem a uma expres-são que rapidamente entrou na gíria na-val, episódio esse que, não pretendendo lucrar algo com ele, o “vendo” pelo exacto preço por que o comprei.

Dizia-me o camarada em causa, e nada me fez supor que não fosse verdade o que relatava, que no decurso de uma dessas carreiras, quando a vedeta já se encontra-va relativamente perto do cais do Grupo nº 2, se terá declarado um incêndio a bor-do, o qual originou um certo pânico entre os passageiros, havendo inclusive alguns que, pela proximidade de terra, se terão

atirado à água. Entre os que tal procedi-mento tiveram encontrava-se um cabo si-naleiro que, só após ter saltado de bordo, se terá apercebido que a sua proficiência na disciplina de natação não era das mais adequadas, levando até que se encontras-se bastante atrapalhado com a situação. Foi então que avistou um grumete seu co-nhecido que seguia agarrado a uma bóia, que da vedeta lhe haviam atirado, e ao qual ordenou “Larga a bóia, que eu sou mais antigo”(2).

Com. E. Gomes

P.S. – É bem possível que a estória que me foi contada não tenha ocorrido mesmo as-sim, ou até mesmo que não tenha chegado a ocorrer; convirá no entanto o eventual leitor que, seja qual for o caso, foi uma agradável e bem disposta maneira de ajudar a superar o longo trajecto.

N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico.

Notas(1) Antigamente, na gíria naval, designava-se por Calhor-

das qualquer embarcação velha e muito lenta.(2) A expressão continua a ser utilizada sempre que al-

guém recorre à antiguidade como forma de obter algo que em nada está com ela relacionada, e de ela me lembrei quando, vai para pouco tempo atrás, em Évo-ra, a ouvi dizer a um pai dirigindo-se a um filho.

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NOVEMBRO 2015 31

PRESBIACUSIASAÚDE PARA TODOS

Segundo dados da Direção-geral da Saúde, existem atualmente em todo o mundo cerca de 360 milhões de pessoas a sofrer de problemas auditivos. As causas são diversas: doenças infeciosas, questões genéticas, trauma, uso de fármacos ototóxicos, excesso de ruído e envelhecimento. A perda de capacidade auditiva que cursa com o processo de envelhecimento e, tal como ele, surge de forma lenta e tem evolução gradual, denomina-se presbiacusia. Como ocorre progressivamente, é muitas vezes desvalorizada, não se procurando ajuda médica. Estima-se que a sua prevalência seja de 30%, na população com mais de 65 anos de idade. Dado que causa dificuldades na comunicação oral, bem como na interação familiar e social, cada vez mais os estudos científicos apontam para uma associação entre a presbiacusia e o desenvolvimento/agravamento da depressão e demência.

29

como ouvimos As ondas sonoras que se propagam pelo ar

são captadas pelo pavilhão auricular (orelha), percorrem o canal auditivo e, quando che-gam ao fim, batem no tímpano. O tímpano é uma membrana rígida e fina que vibra com estas ondas sonoras, fazendo mexer uns ossos muito pequenos – primeiro o martelo, depois a bigorna e, por último, o estribo. Os ossos transportam a vibração pelo ouvido médio até à cóclea (ou caracol, devido à sua forma), que não é mais que um tubo ósseo preenchido com líquido, enrolado em espiral, com células ciliadas sensitivas no seu interior (semelhan-tes a pequenos pêlos). Através da vibração do líquido, as células ciliadas responsáveis pela sensação da audição vão-se movimentar e en-viar impulsos nervosos para o cérebro, através do nervo auditivo, ao qual estão ligadas. O cé-rebro transforma esses impulsos nervosos nos sons que ouvimos.

O que é a presbiacusiaA presbiacusia corresponde à perda da ca-

pacidade auditiva que se produz gradualmen-te com a idade, normalmente a partir dos 50 anos, como consequência do envelhecimento progressivo do órgão da audição.

epidemiologiaEstima-se que a presbiacusia afete aproxi-

madamente 30% da população com mais de 65 anos de idade. Esta prevalência sobe para 60-75% acima dos 75 anos de idade. Afeta igualmente homens e mulheres.

causasCom a passagem dos anos, os elemen-

tos responsáveis pela audição localizados na cóclea do ouvido interno sofrem uma subtil e progressiva atrofia, com uma contínua per-da de células sensoriais. Também o tímpano e os ossículos se tornam mais rígidos. Isto vai determinar uma diminuição da capacidade auditiva, embora com diferentes níveis de repercussão na população. O défice auditivo habitualmente é mais marcado em pessoas

que foram submetidas a mais fatores de risco ao longo da vida, tais como: poluição sonora ambiental ou laboral, medicação tóxica para o ouvido (ototóxica), inflamações crónicas ou história de trauma do ouvido, doenças sisté-micas tais como diabetes ou aterosclerose. Pode, em alguns casos, existir uma compo-nente hereditária. Torna-se, assim, difícil de definir a proporção de perda auditiva em cada pessoa que se deve a cada um dos fatores in-dividuais. Já em 1966 o Dr. Rosen concluiu no seu estudo epidemiológico que a presbiacusia tem origem multifatorial.

Sintomas e sinaisÉ uma perda simétrica, bilateral e lentamen-

te progressiva. Inicialmente apenas se perdem as frequências mais agudas, nomeadamente acima de 2000Hz (ex: campainhas e apitos). Com a evolução da doença vai haver pertur-bação da conversação, por dificuldade na compreensão da fala, particularmente se exis-tir ruído de fundo. Também o falar num tom mais elevado que o normal e colocar o som do televisor/rádio/telemóvel excessivamente elevado são característicos deste problema e devem ser valorizados para se poder fazer um diagnóstico precoce. A longo prazo, a perda auditiva não tratada pode levar a isolamento social e depressão. Recentemente surgiram es-tudos que associam a surdez com a demência.

diagnósticoQuando a perda auditiva é detetada pelo

próprio, ou por familiares (já que os doentes muitas vezes desvalorizam esta situação e criam resistência à procura de ajuda especiali-zada), deve ser marcada uma consulta no mé-dico de família ou médico otorrinolaringolo-gista. Além da história clínica e da observação médica, o exame de eleição para o diagnóstico é o audiograma. Contudo, é crucial excluir ou-tras causas de surdez, por isso, se necessário, podem ser pedidas análises e exames de ima-gem, como a tomografia computorizada ou a ressonância magnética.

TratamentoA presbiacusia é irreversível pois não existe

nenhum tratamento capaz de restabelecer a audição normal da pessoa. Contudo, é possí-vel retardar a sua progressão, através da elimi-nação/redução dos fatores de agravamento, bem como é possível atenuar o défice auditivo através do uso de próteses de amplificação sonora (vulgarmente conhecidos como apare-lhos auditivos).

A primeira meta é tratar todas as possíveis causas que estejam a contribuir para acelerar o processo de envelhecimento. O controlo dos fatores metabólicos (ex: diabetes, hipercoles-terolemia, hiperuricemia, alterações hormo-nais) e fatores vasculares (ex: hipertensão ar-terial e aterosclerose) deve ser realizado.

A reabilitação auditiva por meio de próteses de amplificação sonora é a medida fundamen-tal para a manutenção da sociabilidade do indivíduo. Deve ser proposta precocemente durante o curso evolutivo da perda auditiva (imediatamente após o diagnóstico de uma perda auditiva de grau leve e/ou moderado), pois é mais eficaz quando ainda existe alguma função auditiva residual. Com a idade avança-da também se perde a plasticidade cerebral, pelo que a adaptação à prótese é mais difícil acima dos 80 anos.

Ana Cristina Pratas1TEN MN

www.facebook.com/[email protected]

NOVEMBRO 2015 32

REVISTA DA ARMADA | 501

DESPORTOcAmpeOnATO euROpeu de kARATé

No dia 26 de setembro, o Guarda de 2ª classe da Polícia dos Es-tabelecimentos de Marinha João Videira Pereira, conquistou a me-dalha de ouro na disciplina de combate durante o18º Campeonato da Europa de Karaté Wado-Ryu, organizado pela Wado Internatio-nal Karaté-Do Federation na Dinamarca, onde participaram cerca de 450 atletas. Mais um sucesso depois de ter ficado em 3º lugar no campeonato do mundo em 2013, na mesma categoria.

O Guarda Pereira, atualmente a prestar serviço no Aquário Vas-co da Gama, mais uma vez alcançou uma brilhante marca despor-tiva, numa modalidade tão exigente quanto o karaté, distinguindo--se como um atleta de elite que muito prestigia a Marinha e o País.

vOleIbOl de pRAIA

Disputou-se nos dias 3 e 4 de junho, no CEFA, mais um Tor-neio de Marinha de Voleibol de Praia, que contou com a par-ticipação de 12 duplas masculinas e 2 femininas. Desta com-petição sairá a futura seleção que irá disputar o Campeonato Nacional Militar no próximo mês de Junho na Base Aérea Nº 6 do Montijo.Vencedores por escalões:Dupla Masculina: 1SAR A Rocha (NRP Álvares Cabral/AGENTE 2CL-PM Reis (Capitania de Faro)Dupla Feminina: STEN TSN Luís (ETNA)/1SAR EMQ Câmara (ENP)

mARInheIRO pOR 5 dIAS

Numa pareceria entre a Marinha e as Juntas de Freguesia de Almada, Cacilhas, Cova da Piedade e Pragal, jovens das redondezas rumaram ao CEFA para, durante cinco dias, serem integrados num programa de ocupação dos tempos livres. Assim, de 27 a 31 de julho, foram disponibilizadas atividades como técnicas de salvamento aquático e peddy paper em orien-tação, naquela que foi a 4ª edição desta iniciativa.

Melo e SousaCFR REF

Com a colaboração do CEFA

ARmA cuRTA de RecReIO 1ª PROVA

Integrado no calendário de provas da Federação Portu-guesa de Tiro, realizou-se em 27 de junho, na Carreira de Tiro do CEFA, a 1ª Prova de Arma de Recreio, numa ini-ciativa do Clube de Praças da Armada (CPA), que registou a presença de 20 atiradores.

Vencedores:Homens Seniores: Francisco Algarvio (CPA) – 281 pontos.Homens Veteranos: José Robalo (JSR Clube de Tiro) – 286 pontos.Por equipas a vitória coube à Sociedade de Tiro Nº 2, com 823 pontos.

REVISTA DA ARMADA | 501

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QUARTO DE FOLGA

JOGUEMOS O BRIDGE problema nº 187

SOLUÇÕES: PROBLEMA Nº 187

♠ ♥ ♦ ♣ R A v 5 8 R 7 4 3 7 3 2 2

♠ ♥ ♦ ♣ d 9 A A 5 6 6 R 4 3 5 d 9

♠ ♥ ♦ ♣ A 8 d 10 v 4 10 7 7 8 3 2 4

♠ ♥ ♦ ♣ 10 d R v 9 v 9 8 6 10 2 6 5

NORTE (N)

SUL (S)

OESTE (W) ESTE (E)

Nunes MarquesCALM AN

SUDOKU

SOLUÇÕES: PROBLEMA Nº 19

problema nº 19

FÁCIL

FÁCIL DIFÍCIL

DIFÍCIL

PALAVRAS CRUZADAS

SOLUÇÕES: PROBLEMA Nº 469

problema nº 469HORIZONTAIS: 1– HALA; LOCURI. 2– UNIRA; CANOA. 3- NESTOR; GIGS. 4- OL; EREO; DAS. 5– ASTA; SARI. 6 – ADIANTADA. 7- AREA; IRRE. 8– ION; AMIA; CL. 9– PASO; ANIMAL. 10– IRARA; OVARI. 11– MURICE; ALAS.VERTICAIS: 1– HUNOS; AIPIM. 2- ANEL; AROARU. 3– LIS; ADENSAR. 4- ARTESIA; ORI. 5– AORTA; AC. 6- REANIMA. 7– OC; TRINO. 8- GAG; SARAIVA. 9– UNIDADE; MAL. 10– ROGARA; CARA. 11– IASSI; ELLIS.

1

123456789

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2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Carmo Pinto1TEN

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A carta de saída e informação prestada permitem-lhe saber, pela “regra dos 11” já referida em problemas anteriores para análise das saídas em ST, que existem fora 7 cartas de valor superior à da saída (11-4=7), e como NS têm 5, logo E terá só 2; não tendo cartas intermédias de interesse deverá jogar o V do morto para a a hipótese de W ter saído com RD; E cobre naturalmente com o R, metendo o 9 caso o carteador jogasse pequena, conforme tecnicamente seria recomendado, e S deixa fazer; E volta com o 9 e S faz agora de A; joga então os 4♣ e AR♥ perfazendo 7 vazas. Temos, assim, a 5 cartas do fim a seguinte situação: S – ♠D54 ♥3 ♦5, W – ♠AV7 ♦D10, N - ♠R83 ♥7 ♦3 e E sem interesse, em que coloca a mão em W com o ♦; este faz os 2♦ e terá de jogar ♠ para as 2 últimas vazas que faltam a S para cumprir o seu contrato. Trata-se, portanto, de mais um exemplo da utilização da técnica de carteio “eliminação e colocação em mão”, como mais uma ferramenta/hipótese a que deveremos estar atentos para a resolução de problemas.

Ninguém vuln. S joga 3ST com a saída a ♦4, informado que as saídas em ST eram às 4ªs. Apesar dos 26 pontos nas 2 mãos e da boa distribuição dos ♣, só contamos 8 vazas (1♠+2♥+1♦+4♣). Como deverá S jogar para encontrar a vaza que lhe falta?

HORIZONTAIS: 1 – Cidade da Alemanha, nas margens do Saale; árvore silvestre, cuja madeira se aplica a frechais e vigotas. 2 – Ligara; pequena embarcação. 3 – Homem velho e prudente, por alusão ao sábio Nestor; falta uma para ser giges. 4 – No meio e no fim de rol; que é de bronze; entregas. 5 – Interjeição para fazer recuar os bois jungidos; vestido indiano. 6 – Antecipada. 7 – Medida de superfície; apre. 8 – O mesmo que ião; planta da família das apiáceas semelhante à cenoura e pertencente à flora açorense e mediterrânea (Masc.); símb. quím. do cloro. 9 – Sapo na barafunda; cavalo (Bras.). 10 – Nome vulgar de um mamífero carnívoro a que também se dá o nome de papa-mel (Bras.); falta uma para ser ovário. 11 – Molusco gastrópode, purpurífero; fileiras de pessoas.

VERTICAIS: 1 – Relativo aos Hunos; planta (Bras.). 2 – Aro; aurora na confusão. 3 – Lírio; condensar. 4 – Antiga província do Norte da França, cuja capital era Arras e palco de três grandes batalhas durante a guerra de 1914-1918; eiró (Inv.). 5 – Grande artéria que sai do coração e leva o sangue a todas as partes do corpo; antes de Cristo. 6 – Restitui a vida. 7 – Partícula afirmativa do dialecto provençal; terminado. 8 – No início de cágado; granizo. 9 – Princípio de todo o número; moléstia. 10 – Suplicara; rosto. 11 – Cidade da Roménia, antiga capital da Moldávia; distinto naturalista inglês que morreu em 1776 (AP).

8 6 5 2 4 7 9 1 3 3 7 9 1 8 5 6 2 4

Fácil 4 1 2 9 6 3 8 5 7

1 5 4 7 3 8 2 9 6 6 2 3 5 1 9 7 4 8

9 8 7 6 2 4 5 3 1

2 4 1 8 9 6 3 7 5 7 9 8 3 5 1 4 6 2

5 3 6 4 7 2 1 8 9

6 8 1 7 5 2 9 3 4 7 9 2 6 4 3 5 8 1

Difícil 5 3 4 9 8 1 2 7 6

2 1 5 3 9 8 4 6 7 9 6 8 1 7 4 3 5 2

3 4 7 2 6 5 1 9 8

8 5 6 4 1 9 7 2 3 1 7 3 5 2 6 8 4 9

4 2 9 8 3 7 6 1 5

8 6 5 2 4 7 9 1 3 3 7 9 1 8 5 6 2 4

Fácil 4 1 2 9 6 3 8 5 7

1 5 4 7 3 8 2 9 6 6 2 3 5 1 9 7 4 8

9 8 7 6 2 4 5 3 1

2 4 1 8 9 6 3 7 5 7 9 8 3 5 1 4 6 2

5 3 6 4 7 2 1 8 9

6 8 1 7 5 2 9 3 4 7 9 2 6 4 3 5 8 1

Difícil 5 3 4 9 8 1 2 7 6

2 1 5 3 9 8 4 6 7 9 6 8 1 7 4 3 5 2

3 4 7 2 6 5 1 9 8

8 5 6 4 1 9 7 2 3 1 7 3 5 2 6 8 4 9

4 2 9 8 3 7 6 1 5

NOVEMBRO 2015 34

REVISTA DA ARMADA | 501

NOTÍCIAS PESSOAIS

SAIBAM TODOSbeneFIcIáRIOS Adm

● O DL nº 167/2005, de 23 de setembro, que estabelece o regime jurídico da assistência na doença aos militares das Forças Armadas (ADM), foi re-centemente alterado pelo DL nº 81/2015, de 15 de maio, que estabeleceu a criação dos beneficiários “associados”.● Deste modo, e de acordo com o DL nº 167/2005, existem atualmente os beneficiários titulares (Artº 4º), os beneficiários familiares (Artº 5º), os be-neficiários extraordinários (Artº 5º - A) [beneficiários titulares da ADSE, côn-juges ou que vivam em união de facto com beneficiários titulares da ADM que optem pela sua inscrição como beneficiários extraordinários da ADM] e os beneficiários associados (Artº 5º - B).● Podem ser beneficiários associados os cônjuges não separados de pesso-as e bens, os cônjuges sobrevivos, os unidos de facto e os unidos de facto sobrevivos, dos beneficiários titulares, e que não se encontrem numa das seguintes situações:— sejam beneficiários titulares ou familiares deste ou de outro subsistema público de assistência na doença;— tenham anteriormente renunciado à qualidade de beneficiário titular de outro subsistema público de assistência na doença.● Foi assim extinta a figura de “beneficiário protocolado”, garantindo-se um período transitório de inscrição como beneficiário associado (garantidas as condições exigidas).● Cada beneficiário é identificado através de um número, que consta no cartão. Os números atribuídos são compostos por letras e algarismos. Sem

ser exaustivo, as letras mais à esquerda são determinadas pelo Ramo a que pertence (ou pertenceu) o beneficiário titular (A - Marinha, E - Exército e F - Força Aérea) e a que se segue, à direita dessa letra, é determinada pelo esta-tuto do beneficiário (por exemplo: Q - Quadros Permanentes, A - Associado, E - Extraordinário, G - Grande Deficiente, S - Pensionista de Sobrevivência). ● Até fins de setembro, os beneficiários extraordinários tinham a letra A atribuída. Com a criação dos beneficiários associados, foi-lhes atribuída a letra E.● Os beneficiários associados têm agora a letra A. ● Para evitar conflitos na base de dados ADM, todos os beneficiários extraor-dinários foram “transferidos” da letra A para a letra E.● Só depois dessa “transferência” foi permitida a inscrição dos beneficiários associados na base de dados.● Por questões logísticas da ADM, apenas têm sido emitidas credenciais, que são enviadas para a morada do beneficiário. Em situações urgentes, o be-neficiário deve solicitar para o mail [email protected] ou [email protected] o envio da credencial para o endereço mail que disponibilizar para o efeito.● Alerta-se todavia que, temporariamente, não estando ainda a situação dos beneficiários atualizada na base de dados, caso estes tenham necessidade de fazer prova da sua qualidade de beneficiário ADM junto de terceiros, de-vem efetuar a confirmação da sua inscrição junto da DAS, para os seguintes endereços: [email protected] ou [email protected]

COMANDOS E CARGOS

● VALM RES Augusto Mourão Ezequiel, Diretor da Comissão Cultural de Marinha ● VALM António Maria Mendes Calado, Superintendente do Mate-rial ● VALM RES José Alfredo Monteiro Montenegro, Presidente do Conselho Superior de Disciplina da Armada ● CALM Luís Filipe Cabral de Almeida Car-valho, Subchefe do Estado-Maior da Armada.

RESERVA

● VALM Álvaro José da Cunha Lopes ● CMG Joaquim Manuel Malhadas Tei-xeira ● CFR SEE Raúl Manuel dos Santos Gomes ● SMOR FZ Horácio de Matos Rodrigues Ferreira ● SCH L Carlos José Carvalho Pereira ● SAJ H António Ma-nuel Soares Crespo ● SAJ FZ Luís Miguel Gregório Borges ● CAB CCT Hum-berto Manuel Carvalheiro ● CAB CRO António Manuel Costa Soares ● CAB CM José Francisco Raimundo Ferreira ● CAB CM José Carlos Pires Gimenez Monteiro ● CAB FZ José Manuel Pereira Vieira ● CAB L Carlos Dias Carmona ● CAB TFH José Domingues Cintrão.

REFORMA

● VALM RES José Manuel Penteado e Silva Carreira.

FALECIDOS

● 5242 CMG M REF Armando da Silva Saturnino Monteiro ● 139238 CMG M REF Armando António Pimentel Saraiva ● 22954 CFR M REF Manuel Ri-beiro Melo e Cunha ● 516358 1TEN OTS REF Fernando Escaninha Bento ● 447953 1TEN OT REF Carlos Alberto Barrocal dos Vales ● 951663 SCH L REF An-tónio João Ferreira Requeixa ● 298141 SAJ A REF Manuel Domingos Campina ● 349353 SAJ CM REF Manuel Martins Pedro ● 391555 SAJ V REF Abílio de Jesus Lopes ● 357050 1SAR E REF Domingos Cabaço Gardete ● 266377 1SAR CM REF Victor Manuel Raposo Gavanha ● 670160 1SAR FZ REF Manuel José Braz ● 197242 1SAR H REF João Carvalho de Almeida e Melo ● 244772 CAB FZ REF Manuel Custódio Rodrigues ● 193648 CAB Q REF José Duarte de Matos ● 260450 CAB CM REF Joaquim dos Reis Cravinho ● 165 1MAR TFH REF Ma-nuel António Alves.

● As regras de prescrição de medicamentos na Marinha mudaram.● Os serviços de saúde da Marinha, para efetuar a prescrição de re-ceituário, utilizam um programa informático que apenas permite re-alizar a pesquisa de utente através do Número de Utente do Serviço Nacional de Saúde (SNS).● Para além de constar no cartão de utente do SNS, também pode

ser encontrado no Cartão de Cidadão.● A falta deste número de identificação impede a prescrição de me-dicamentos.● Por esse motivo, quando recorrerem aos serviços de saúde, os militares deverão conhecer e fornecer mais este número de iden-tificação.

ReGRAS de pReScRIÇÃO de medIcAmenTOS

SÍMBOLOS HERÁLDICOS

CAPITANIA DO PORTO DA HORTA

deScRIÇÃO heRáldIcAEscudo de púrpura com torre torreada de prata, com duas guaritas laterais no eirado inferior, aberta e lavrada de negro, rematada por âncora de ouro e assente em ponta de cinco coticas ondadas de prata e verde. Coronel naval de ouro forrado de vermelho. Sotoposto listel ondulado de prata com a legenda em letras negras maiúsculas, tipo elzevir, «CAPITANIA DO PORTO DA HORTA».

SImbOlOGIAO brasão integra elementos que constam no quarto quartel das armas municipais da Horta e o ondado de prata e verde simboliza o mar envolvente. A âncora, sinónimo de perseverança, firmeza e segurança, sublinha a ligação ao mar e à Autoridade Marítima.

SÍMBOLOS HERÁLDICOS

CAPITANIA DO PORTO DE LAGOS

deScRIÇÃO heRáldIcAEscudo de azul com esfera armilar de ouro, acantonada de duas âncoras de prata. Chefe de prata carregado com banco de pinchar de azul com três pendentes, cada um sobrecarregado com três flores-de-lis de ouro alinhadas em pala. Coronel naval de ouro forrado de ver-melho. Sotoposto listel ondulado de prata com a legenda em letras negras maiúsculas, tipo elzevir, «CAPITANIA DO PORTO DE LAGOS».

SImbOlOGIAA esfera armilar constitui uma referência ao legado do Infante D. Henrique e o banco de pinchar alude às suas armas pessoais, que também se encontram no brasão municipal de Lagos. As âncoras, sinónimo de perseverança, firmeza e segurança, sublinham a ligação ao mar e à Autoridade Marítima.