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informação Revista da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Assessoria de Comunicação Social – Ano XXVIII Nº 124 – Maio-Junho/2005 Entrevista com Claude Geffré PÁGINA CENTRAL A Universidade coloca-se na vanguarda realizando dois procedimentos que podem servir de modelo para o tratamento de acidente vascular cerebral e lesões de nervo fora da coluna A REVOLUÇÃO DAS CÉLULAS-TRONCO A REVOLUÇÃO DAS CÉLULAS-TRONCO PÁGINAS 6 A 10 PÁGINAS 6 A 10 PÁGINA 3 PÁGINA 34 Concurso Vestibular terá mudanças PÁGINA 3 PUCRS prepara volta ao Rondon PÁGINA 34 Capa: Marcos Colombo e Gilson Oliveira

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informaçãoRevista da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do SulAssessoria de Comunicação Social – Ano XXVIIINº 124 – Maio-Junho/2005

Entrevista comClaude GeffréPÁGINA CENTRAL

A Universidade coloca-se na vanguardarealizando dois procedimentos que podemservir de modelo para o tratamentode acidente vascular cerebrale lesões de nervo fora da coluna

A REVOLUÇÃO DASCÉLULAS-TRONCOA REVOLUÇÃO DASCÉLULAS-TRONCO

PÁGINAS 6 A 10PÁGINAS 6 A 10

PÁGINA 3

PÁGINA 34

Concurso Vestibularterá mudançasPÁGINA 3

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45EU LECIONEINA PUCRS

2 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

NESTA EDIÇÃO

ReitorJoaquim ClotetVice-ReitorEvilázio Teixeira

Diretor-Editor daPUCRS InformaçãoCarlos Alberto Carvalho([email protected])

Editora ExecutivaMagda Achutti

([email protected])Repórteres

Ana Paula Acauan([email protected])

Bianca Garrido([email protected])

Carine Simas([email protected])

Mariana Vicili([email protected])

EstagiáriosCaroline Eidt

Marina TodeschiniMatheus BonezFotógrafosGilson Oliveira

([email protected])Marcos Colombo

([email protected])Arquivo Fotográfico

Cléo Belicio([email protected])

RevisãoJosé Renato

Schmaedecke([email protected])

CirculaçãoMirela Vieira

da Cunha Carvalho([email protected])

Relações PúblicasSandra Becker

([email protected])

DocumentaçãoLauro Dias

Web MasterRodrigo Ojeda

([email protected])Conselho Editorial

Ir. Elvo Clemente,Délcia Enricone e

Solange Medina KetzerImpressãoEpecê-Gráfica

Projeto Gráfico eEditoração Eletrônica

Pense Design([email protected])

PUCRS Informaçãoé editada pela Assessoriade Comunicação Social

da Pontifícia UniversidadeCatólica do Rio Grande do Sul

Avenida Ipiranga, 6681,Prédio 1, 5º andar,

CEP 90619-900Porto Alegre – RS

Fone: (51) 3320-3500,ramais 4446 e 4338Fax: (51) [email protected]

www.pucrs.br/pucinformacaoTiragem: 45 mil exemplares

A PUCRS é uma Instituiçãofiliada à ABRUC

13 Pelo Campus – Vestibular de inverno terá novidades

14 Espaço do Leitor

15 Panorama – Pratos e lanches especiais para estudantes

11 Radar – Oriente Antigo: patrimônio e memória

12 Pesquisa – Envelhecer bem: autonomia e relações interpessoais

13 Pesquisa – Estudo determina captura de carbono por lagoa

14 Pesquisa – Livro traça panorama da exclusão social

15 Saúde – Orientação ajuda idosos com déficit de memória

18 Saúde – Nova esperança para a esquizofrenia

19 Novidades Acadêmicas – Novo curso ensina Chinês

20 Tecnologia – Grupo cria softwares com Língua Brasileira de Sinais

21 Tecnologia – Hidrogênio vai gerar energia em Pelotas

22 Ambiente – Gestão pesqueira beneficiaria Lagoa do Casamento

23 Ciência – PUCRS comemora Ano Mundial da Física

26 Em Foco – A psicologia na sociedade do consumo

27 Debates – O romance de milhões de leitores

28 Alunos da PUCRS

32 Lançamentos da Edipucrs

33 Mercado de Trabalho – Pedagogia – Pedagogo facilita aprendizagem

34 Universidade Aberta – PUCRS prepara volta ao Rondon

35 Bastidores – Gráfica Epecê é destaque nacional na área

36 Pelo Rio Grande – Centro do Leite lançará linha light

37 Ação Comunitária – Campus Vila Fátima completa 25 anos

38 Gente – Carreira: quando mudar é a melhor opção

39 Cultura – Universidade preserva acervo de Luft

40 Sinopse

44 Perfil – Urbano Zilles: fé e ciência

46 Social – Cidadania construída na sala de espera

47 Opinião – João Paulo II cumpriu sua missão – P. Manoel Augusto dos Santos

6 CAPA

16SAÚDEOBESIDADE:sobramquilos,falta saúde

24ENTREVISTA

A religião como caminho para a paz –Claude Geffré, considerado um dos maiores

pensadores da Europa na área de teologia

Dom CláudioHummes ganhadestaque mundial

Tratamento comCÉLULAS-TRONCOpromove qualidade

de vida

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PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 3

PELO CAMPUS

VESTIBULAR DE INVERNO terá novidades

OVestibular da PUCRS passa aser realizado no final de sema-

na (sábado e domingo) a partirdo próximo concurso, que ocorre em 25 e26 de junho. A mudança torna o processomais confortável para os candidatos semperder a qualidade. A redação se mantémcomo um texto opinativo, com três opçõesde temas, e as questões conservam a for-ma objetiva, passando, entretanto, de 15para dez por disciplina.

“Os conteúdos continuam sendo umapanorâmica do que o aluno aprende noEnsino Médio, apresentados de forma in-tegrada”, destaca a Pró-Reitora de Gra-duação, Solange Ketzer. Para promover amudança, um estudo do Setor de Vestibu-lares comparou os resultados dos classi-

ficados no verão de 2005com os de uma nova corre-ção considerando um gaba-rito de dez questões porprova. A pesquisa mostrouque 93% continuariamclassificados.

Apesar de o concursoter um dia a menos, o tem-po para realizar cada ques-tão aumentou. Nos outrosvestibulares, os candidatostinham três horas para fa-zer a primeira prova (15questões de Língua Portu-guesa e uma de Redação) e

três horas e trinta minutos para as outrasduas (cada uma com 60 questões). Na novamodalidade, o tempo da prova passa paraquatro horas, ocorrendo das 14h às 18h, e asdisciplinas estarão agrupadas do seguintemodo:

• Sábado: Física, Biologia (dez questõesobjetivas cada) e Língua Portuguesa (dezquestões objetivas e a Redação).

• Domingo: Química, Geografia, História,Literatura Brasileira, Matemática e LínguaEstrangeira – opções Inglês e Espanhol (dezquestões objetivas cada).

O peso das provas também será mantido.Língua Portuguesa continua tendo peso 2,5para todos os cursos e as demais disciplinasvariam entre 0,5 e 2,0, de acordo com as es-pecificidades do curso pretendido.

APUCRS, por meio da Comissão Pró-pria de Avaliação (CPA) e ComissãoTécnica de Avaliação (CTA), apre-

sentou à comunidade acadêmica o processode auto-avaliação institucional, proposta peloSistema Nacional de Avaliação da EducaçãoSuperior, do Ministério da Educação. A auto-avaliação da Universidade contempla dez di-mensões, entre elas a missão e o plano dedesenvolvimento institucional, políticas para oensino, pesquisa, pós-graduação e extensão,responsabilidade social da Instituição, políti-cas de pessoal, organização e gestão, infra-estrutura física, políticas de atendimento aosestudantes e a sustentabilidade financeira. Asdimensões serão avaliadas pela CTA e pelas

Comissões Setoriais de Avaliação (CSAs). Ou-tros esclarecimentos quanto ao processo deauto-avaliação que se inicia podem ser obti-dos pelo e-mail [email protected].

O presidente da Comissão Nacional deAvaliação da Educação Superior (Conaes),Hélgio Trindade, esteve na PUCRS apresen-tando objetivos e características do processode avaliação da educação superior implanta-do pelo MEC. A reunião ocorreu com a partici-pação do Vice-Reitor, Evilázio Teixeira, dospró-reitores e integrantes da Comissão Pró-pria de Avaliação.

Trindade respondeu a questões apresenta-das e fez proposições para o trabalho avaliativoem desenvolvimento pela Universidade. O pre-

sidente da Conaes também manifestou reco-nhecimento pela história da PUCRS e pela con-vicção em sua competência para a conduçãodo processo avaliativo proposto pelo MEC.

PUCRS APRESENTA PROCESSO DE AUTO-AVALIAÇÃO

Trindade esteve na Universidade

Campus Viamãoconta com novo curso

Bacharelado em Direito é o novocurso do Campus Viamão da PUCRS,que será oferecido pela primeira vezneste Vestibular de Inverno. Serão 60vagas, para o turno da noite.

SERVIÇOCAMPI CENTRAL, ZONA NORTE E VIAMÃO

INSCRIÇÕES: 19 de maio a 9 de junho• Via internet (www.pucrs.br), 24h por dia• Campus Central (Av. Ipiranga, 6681),saguão do prédio 11, das 8h às 21h• Campus Viamão (Av. Senador SalgadoFilho, 7000 – Viamão), das 8h às 21h• Campus Zona Norte (Av. Baltazar deOliveira Garcia, 4879), das 14h às 21h• Campus Uruguaiana (BR 472, km 7 –Uruguaiana), das 8h30min às 11h30mine das 14h às 21h45min

ÚLTIMO DIA PARA PAGAMENTO DA TAXADE INSCRIÇÃO: 10 de junho (sexta-feira)REALIZAÇÃO DO CONCURSO: 25 e 26 dejunho (sábado e domingo), das 14h às 18hDIVULGAÇÃO DO RESULTADO: 29 de junhoMAIS INFORMAÇÕES: www.pucrs.br/vestibular e (51) 3320-3557

Provas serão no final de semana

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4 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

ESPAÇO DO LEITOR

Acabo de ler, integralmente, a revista PUCRS In-formação. É uma publicação primorosa, sob todos osaspectos. Faz jus ao crescimento da Universidadenestas últimas três décadas. Gostei de saber sobre otrabalho na Assessoria de Comunicação Social e dafoto que mostra toda a equipe. Que organização! Bar-riuonuevo, Rochemback, Olivar Mattia foram colegasque ocuparam a residência de estudantes, no finaldos anos 60, oriundos de seminários (Viamão, SantaMaria). “Bons tempos aqueles”, disse com proprieda-de o colega de Gaurama.

Renan Carvalho Rodrigues – Porto Alegre/RS

Recebo regularmente o excelente trabalho produ-zido por vocês desde 2004. Sou muito grato por pos-sibilitarem a satisfação que sinto em participar doseleto grupo de leitores, na condição de bacharel for-mado na PUCRS, em Administração de Empresas, doque muito me orgulho. Tenho 71 anos e lembro dosaudoso Ir. José Otão, um dos maiores empreendedo-res de todos os tempos. Difícil referir qual reporta-gem, artigo, informação mais importante já publica-do. Leio todos com atenção, emocionado com a qua-lidade do material produzido. Peço a Deus que conti-nue a iluminá-los no caminho da boa e produtiva in-formação a todos nós, seus fiéis leitores.

Gerson Costa – Rio Grande/RS

Parabéns à revista PUCRSInformação e sua equipe pelo ex-celente trabalho que vem fazen-do. A última edição, com as boni-tas modificações gráficas, estámuito boa. Mesmo com a limita-ção imposta pelo número de pá-ginas e a periodicidade, a revistaconsegue abordar o que de maisimportante acontece na Universi-dade, abrindo espaço para todasas áreas. PUCRS Informação tor-nou-se leitura obrigatória para acomunidade acadêmica.

Alexander GoulartCentro de Pastoral da PUCRS

Recebi a revista com a repor-tagem Aluno virtual, aprendiza-gem real, na qual fui entrevista-do pela repórter Mariana Vicili.Ficou muito legal! Recebi elogiosde colegas da escola onde douaula e de amigos que estudamna PUCRS. Quando cheguei nocolégio em que trabalho, a repor-tagem estava no mural.

Rangel Barbosa de LimaFrederico Westphalen/RS

Parabenizo pela excelente re-portagem editada na revistaPUCRS Informação sobre o nos-so trabalho com o biodiesel. A di-vulgação nesse meio de comuni-cação da Universidade nos trarámaior apoio. Gostaria, mais umavez, de agradecer pela oportuni-dade e por acreditarem nesteprojeto que, mesmo sem incenti-vos, é uma realidade.

Eduardo GoldaniGrupo Tchê Química

A revista PUCRS Informação,em si, também é um case desucesso. A publicação da repor-tagem Projetos viram produtos,idéias se tornam ações estátendo uma grande repercussãona empresa em que trabalho, aInfraero. A revista e a matériasobre o trabalho que desenvolviforam citadas no jornal da em-presa.

André Luiz BobsinPorto Alegre/RS

ESCREVA PARA A REDAÇÃO:Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 1 – 5º andar

CEP 90619-900 – Porto Alegre – RSE-mail: [email protected]

Fone: (51) 3320-3500, r. 4446 e 4338Fax: (51) 3320-3603

Aproveito o recebimento da revista PUCRSInformação para elogiar a qualidade desteveículo de comunicação e colocar-me à disposi-ção aqui na Câmara Municipal de Porto Alegre.

Vereador Adeli SellPorto Alegre/RS

En nombre de la Oficina de Bibliotecasde la Universidad de La Salle agradecemosel envio de la revista PUCRS Informação.Es para nosotros de gran interes en seguircontando con sus publicaciones.

Luis Carlos Ramirez C. – CoordinadorHemerotecas Universidad de La Salle

Bogota, D.C. Colombia

Agradezco vuestra gentileza y quedo ala espera de vuestras próximas publicacio-nes. Ruego efectuar los próximos envíos ala que suscribe.

Prof. María Elena Azeves de Cha-matrópulos – Directora de Publicacio-nes y Canje Universidad del Norte

Santo Tomás de AquinoTucumán – Argentina

Sou mestranda da UniversidadeCatólica Dom Bosco, Campo Grande(MS), em Desenvolvimento Local(Mestrado Acadêmico) e tenho inte-resse em receber a revista PUCRSInformação. Sou formada em Eco-nomia e também sindicalista, porisso, a revista contribuiria muitopara meu projeto de mestrado. Fi-caria imensamente agradecida seobtivesse resposta positiva paraminha solicitação.

Leila Cristina G. de OliveiraCampo Grande/MS

Formei-me pela PUCRS em2002 e não recebi mais os exempla-res da revista PUCRS Informação.No entanto sempre gostei muito deler e me manter informada sobre osacontecimentos da Universidade.Seria possível continuar a receber arevista em casa? Posso assiná-la?

Letícia WeizenmannPorto Alegre/RS

N.R.: O conteúdo da revistaPUCRS Informação está disponívelno site www.pucrs.br/revista, na ín-tegra. A agenda semanal de eventosda Universidade e outras notíciastambém podem ser acessadas nosendereços www.pucrs.br/boletim ewww.pucrs.br/imprensa.

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PANORAMA Profissionais fazemESTÁGIO NO MCT

OPrograma de Estágios para Profissionais de Mu-seus e Centros de Ciências, promovido pelo Mu-

seu de Ciências e Tecnologia (MCT) e pela Vitae, tevecontinuidade, em março, nas dependências do museu.O programa contou com a participação de membros de11 instituições de todo o País.

O diretor do MCT, Jeter Bertoletti, ministrou o módu-lo Organização administrativa e sua execução em umMuseu de Ciências e Tecnologia com multiatividades,que tem como objetivo proporcionar uma visão da com-plexidade da organização, manutenção e administraçãode um museu interativo.

A vivência com os trabalhos desenvolvidos nos se-tores do MCT, contando principalmente com o históricoda criação, a transformação de setores, a análise doorganograma, o conhecimento detalhado da estrutura,a organização e a capacitação de pessoal para a rea-lização de pesquisas básicas e aplicadas e a organiza-ção de coleções científicas foram algumas das ativida-des propostas pelo programa.

Parceria qualificaCOMÉRCIO DE PORTO ALEGREOconhecimento focado no trabalho está ajudando

a qualificar o comércio varejista da Capital. Poruma parceria entre a Faculdade de Administração,Contabilidade e Economia e o Sindicato dos Lojistas dePorto Alegre (Sindilojas), associados ao Sindilojas par-ticipam da segunda turma do curso superior, em for-mato seqüencial, Gestão Estratégica e Marketing deVarejo, com ingresso sem vestibular e valor diferen-ciado. As aulas começaram em abril.

Entre os conteúdos estão tecnologia da informa-ção, e-commerce, logística, pensamento lógico mate-mático e planejamento estratégico. O egresso tem di-ploma de curso superior reconhecido pelo Ministérioda Educação.

Além de levarem dúvidas e dificuldades para asala de aula, os alunos têm a chance de observar me-lhor a sua empresa, já que as atividades práticas docurso são realizadas no seu local de trabalho. Esseformato diferenciado dá características de uma con-sultoria à iniciativa. Outra vantagem é a uniformidadeda turma, pois os integrantes têm vivência na área euma faixa etária mais avançada do que os calourosque ingressam na Universidade.

As entidades interessadas em avaliar parceriacom a PUCRS podem entrar em contato com a Facul-dade, pelo telefone (51) 3320-3547.

Pratos e lanches especiaispara estudantes

Atendendo à solicitação anti-ga dos alunos, expressa peloDiretório Central dos Estu-

dantes (DCE), a Pró-Reitoria de As-suntos Comunitários e a Pró-Reitoriade Administração e Finanças, emparceria com lanchonetes e restau-rantes da Universidade, oferecemdesde março o Prato Especial, compreço mais acessível. São cardápiosdiferenciados no valor fixado em R$3,50, até julho deste ano. O númerode refeições oferecidas é limitado. Osalunos interessados retiram o cartão-senha diariamente no local escolhido,apresentando a carteira estudantil da

PUCRS. As senhas são entregues das11h30min às 13h30min ou até termi-narem.

As lanchonetes também oferecemlanches com preços alternativos, quevariam de R$ 1,50 a R$ 2,30, comohambúrguer, prensado e cachorro-quente. Para o segundo semestre,com a ampliação de restaurantes doCampus Central, será possível aten-der a um maior número de alunos,bem como funcionários e professo-res. O cardápio semanal e a lista daslanchonetes participantes podem seracessados pelo site www.pucrs.br/prac/pratoespecial.

Equipe de 11 instituições do País

PRISCILLA BONATTOOdontologia

“Comer na PUCRS é caro, principalmente paraquem almoça sempre na Universidade. EssePrato Especial é bom, completo, a comida é

caseira, além de ser barata. Os lanches são bemsimples, mas quebram o galho.”

CARLOS HEININGeografia“É uma boa, mais barato, e a comida é muitonutritiva, não deixou a desejar. Podia baixarainda mais o preço. Para quem é estudante e

come todo dia aqui acaba sendo pesado.”

RENATA RAUBERAdministração

“Tem sido muito bom. Estudo e trabalho todosos dias aqui, então tenho que comer algo mais

barato, como esse prato e os lanches.”

VINÍCIUS LOPES DA SILVAHotelaria“Fiquei sabendo do prato lendo o boletim PUCRSNotícias. Estou achando superlegal. A comida éde ótima qualidade. Para mim que sou estudante

e ainda não tenho renda é bem vantajoso.”

VOCÊ ESTÁ GOSTANDO?VOCÊ ESTÁ GOSTANDO?

Foto: Divulgação

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CAPA

6 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

por Ana Paula Acauan

APUCRS coloca-se na vanguarda dapesquisa com células-tronco adul-tas. Foram realizados dois procedi-mentos que poderão servir de

modelo para o tratamento de acidente vascularcerebral (AVC) isquêmico e lesões de nervo pe-riférico (fora da coluna). Os pacientes estão emprocesso de recuperação ágil e eficaz com ouso de células extraídas do seu próprio orga-nismo. O Hospital São Lucas (HSL) também in-tegra um projeto do Ministério da Saúde quepretende ser o mais amplo feito em Cardiologiano mundo.

Por ser considerado um “caso perdido” namedicina, os resultados alcançados tornam in-contestável a terapêutica utilizada no pacien-te com AVC. Ele foi submetido ao transplanteno início de março, cinco dias depois de sofrero AVC, quando o risco de seqüelas aumenta enão há mais indicação terapêutica formal – o

uso de trombolíticos para desobstruir e reca-nalizar as artérias é eficaz nas primeiras seishoras. O homem, de 64 anos, chegou ao hos-pital com extensas áreas isquêmicas (insufi-ciência de irrigação sangüínea) no lobo fron-tal, temporal e parietal esquerdo. Havia perdatotal dos movimentos do lado direito e da fala,além de comprometimento do estado de cons-ciência. Agora apresenta rápida recuperaçãoda motricidade, caminha com auxílio e estácomunicando-se.

“Não podemos afirmar categoricamenteque as células-tronco aceleraram a recupera-ção, mas avanços como o desse paciente nãocostumam ocorrer em lesões destrutivas tãoextensas”, destaca o coordenador do Progra-ma de Doenças Neurovasculares do HSL, neu-rologista Maurício Friedrich. Há boa perspecti-va de que o transplante regenere o tecido le-sado. Nesta primeira fase a equipe testará oprocedimento em mais 19 pessoas com AVCisquêmico.

O acidente vascular cere-bral (AVC) é a obstrução deuma ou mais artérias do cére-bro, interrompendo o fluxo san-güíneo que leva oxigênio para otecido cerebral (isquemia).Quando não tratado, pode levara uma grande área de isque-mia, inchaço do cérebro e riscode morte. O uso de trombolíti-cos para desobstruir e recana-lizar as artérias deve ser feitonas primeiras horas após oAVC. Quando isso ocorre, de40% a 50% dos pacientes têm melhoraneurológica. Na primeira hora, há de cincoa seis vezes maior chance de recuperaçãocompleta. O HSL tem a maior experiência

O QUE É AVC

sul-americana com o uso da droga e é oúnico hospital no Rio Grande do Sul querealiza o tratamento com trombolíticos peloSistema Único de Saúde.

Font

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línica

May

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Coáguloalojadonuma

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Coágulo naartéria carótida

se rompe emigra até o

cérebro

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Essas pesquisas são exem-plos do pioneirismo da Univer-sidade na sistematização douso de células-tronco adul-tas para tratar diversas do-enças. “O conhecimento obti-do numa área se transferepara outra”, destaca odiretor do Instituto dePesquisas Biomédicas(IPB) da PUCRS e um dos responsáveis pelotransplante no paciente com AVC, neurolo-gista Jaderson Costa da Costa. O IPB reúnepesquisadores de diferentes campos do co-nhecimento, representando grande partedas Faculdades.

Com essas pesquisas e aplicações clí-nicas, a Universidade passa a interagir coma comunidade diretamente, revertendo o co-nhecimento gerado em benefícios à saúde.“A população se aproxima da ciência, per-cebendo que as pesquisas podem trazercura ou aliviar seu problema”, diz o neuro-logista, lembrando que os recursos estarãodisponíveis para todos, sem distinção. Osgastos com os transplantes são cobertospor verbas de agências de fomento à pes-quisa e da PUCRS. Segundo o Pró-Reitorde Pesquisa e Pós-Graduação, Jorge Audy,a Universidade destina parte de seus re-cursos de pesquisa na montagem de infra-estrutura e contratação de pesquisadoresvisando a criar condições para se consoli-dar como centro de referência nos estudoscom células-tronco, analisando, contínua ecriticamente, as repercussões jurídicas eéticas envolvidas. A área de Saúde, Ciên-cias Biológicas e de Biotecnologia é uma

ESPECIALISTAS UNEMCONHECIMENTOS

das prioridades nos próximosanos, acompanhando ummovimento mundial de in-vestimentos, e devido aoseu potencial de contri-buição à sociedade.

Apesar dos progressosindiscutíveis dos pacientes,

a PUCRS adota postura cau-telosa para não gerar falsas

esperanças, aguardando que novas pesqui-sas corroborem os resultados. A tradição daInstituição na discussão dos aspectos éticosvem de mais tempo, com a implantação, pi-oneira no País, do Comitê de Ética em Pes-quisa (CEP), em 1990, vinculado à Pró-Rei-toria de Pesquisa e Pós-Graduação, aindacom o nome de Comitê de Ética em Pesquisana Área da Saúde. Todos os protocolos daspesquisas com células-tronco obtiveramaprovação do CEP/PUCRS e da ComissãoNacional de Ética em Pesquisa (Conep).Houve ainda o consentimento informado dospacientes ou de seus representantes legais.

O coordenador do Escritório de Ética naPesquisa, ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa ePós-Graduação e ao qual são vinculados osComitês de Ética em Pesquisa da PUCRS ede Bioética do HSL/Faculdade de Medicina,Ricardo Timm de Souza, diz que a condutada Universidade deve ser de prudência, vir-tude da ponderação, evitando que a euforiadas descobertas possa ocasionar processosindesejáveis. “Os estudos são realizadospaulatinamente, sem prometer milagres esem seguir clamor popular.” O imaginário daonipotência deve ser evitado, argumentaTimm de Souza, para não haver frustrações.

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 7

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CAPA

8 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

A PUCRS baseou-se em argumentos éticos ecientíficos para usar as células-tronco adultas au-tóctones (do próprio paciente) e descartar o uso deembriões na pesquisa. “O embrião é uma vida quemerece respeito à sua dignidade”, destaca o coor-denador do Comitê de Ética em Pesquisa, pediatraDélio Kipper. Segundo ele, há vida desde a concep-ção, uma informação genética diferenciada única.Cita o Reitor Ir. Joaquim Clotet, especialista emBioética, para quem não se justifica o término deuma vida para salvar ou melhorar a qualidade deoutra. Na Lei de Biossegurança, aprovada peloCongresso Nacional, está autorizada no Brasil apesquisa com embriões congelados há três anosou mais. Kipper lembra que existem embriões con-gelados há dez anos que geraram bebês.

O CEP tem o cuidado para que não se come-tam procedimentos considerados eticamente in-corretos. Para aprovar o protocolo de pesquisa, oComitê avalia se o profissional e a instituição têmcompetências técnicas para realizar os procedi-mentos com segurança e de forma adequada. OCEP é composto por 22 integrantes de diversasáreas da saúde, das ciências humanas e exatase dois representantes dos usuários, que são es-colhidos pela Comissão Municipal de Saúde. Osprotocolos passam inicialmente por uma comis-são científica que avalia se a metodologia estáadequada. Depois vai para o coordenador do CEP,que escolhe um, dois relatores ou um consultor ex-terno, dependendo do caso. Eles elaboram o pa-recer que é discutido pelos membros do comitê edepois votado.

Integrante do CEP, vice-diretora da Faculdadede Biociências e geneticista, Clarice Alho conside-ra precipitada a aprovação da Lei de Biosseguran-ça. Acredita que em curto prazo a única possibili-dade é a de se utilizar as células-tronco adultas,empregadas com sucesso em ensaios clínicos se-gundo parâmetros de segurança e eficácia. “A leifoi aprovada sob o argumento de que as células-tronco embrionárias seriam usadas para os finsterapêuticos, mas isso não tem se mostrado pos-sível.” Pondera que em estudos com linhagensembrionárias de animais e humanas não se con-segue controlar a capacidade de proliferar das cé-lulas-tronco, gerando teratomas (tumores forma-dos por diferentes tipos celulares). “Os resultadosterapêuticos das células-tronco embrionáriasapresentam baixa efetividade. Ainda se está longede dominar essa tecnologia.” Considera que antesde se iniciar ensaios com seres humanos, deveriahaver resultados com animais que sustentassem ouso terapêutico das células-tronco embrionárias.Também as células-tronco provenientes de em-briões geneticamente diferentes podem trazer re-jeição imunológica.

Clarice aponta que a partir da fertilização já hápotencial biológico e genético de vida. Um embriãogeneticamente saudável tem o mesmo status devida de uma pessoa adulta, apenas necessita deum lugar para crescer e se alimentar, no caso oútero. As clínicas de fertilização seguem uma re-solução determinando que haja um número ape-nas suficiente de embriões para serem implanta-dos. “Haverá cada vez menos excedentes”, diz a

No IPB, Denise Machado iniciou há qua-tro anos e meio as pesquisas com células-tronco de medula óssea humana, inicial-mente in vitro (cultura de células) visando àindução da diferenciação dessas células emcélulas ósseas, em colaboração com a Fa-culdade de Odontologia. Depois começaramas investigações em animais, envolvendolesões de nervo periférico, neurológicas, epi-lepsias e isquemias cerebrais.

Os resultados em roedores têm sidosurpreendentes. Mas as descobertas nãopodem ser transferidas diretamente para asintervenções com seres humanos, pois o ci-clo biológico do animal é mais rápido e suareação pode ser diferente. Em doençascomo a epilepsia, por exemplo, são neces-sários testes com células-tronco em mode-

Centro deTerapia Celular

O IPB criou o Centro de Tera-pia Celular para tratar especifica-mente dos estudos. Em maio ficapronta a obra que conta com umasala especial para a purificação epreparo das células a seremtransplantadas. Um dos seus la-boratórios será o de SinalizaçãoCelular, que terá como função ve-rificar as características das célu-las. Nos dias 5 e 6 de agosto serárealizado na PUCRS o 1º SimpósioNacional sobre Terapia com Célu-las-Tronco para discutir os resul-tados nacionais e internacionaisna área.

O Centro de Memória, queserá inaugurado dia 6 de maio,também fará alguns testes em ra-tos para ver se o efeito compor-tamental e bioquímico de lesõesno hipocampo (a área que pro-cessa memórias) pode ser rever-tido por células-tronco. O traba-lho será feito pelos professoresIván Izquierdo e Martin Camma-rota, contando com a participa-ção de Myriam Perrenoud comoaluna de doutorado.

Outro paciente foi beneficiado no HSL coma aplicação de células-tronco em nervos perifé-ricos (fora da coluna), em fevereiro. O médicoJefferson Braga Silva, especialista em cirurgiada mão e microcirurgia, e a equipe do Centro deTerapia Celular do IPB aplicaram a terapia numpaciente com lesão no antebraço. Pedreiro ecom 22 anos, ele sofreu um acidente com o vi-dro de uma janela em casa. Morador do interiorde Pelotas, está liberado para trabalhar.

O objetivo foi restabelecer a estrutura donervo usando células-tronco retiradas da cris-ta ilíaca (localizada na bacia do paciente), me-lhorando suas capacidades funcionais, de sen-sibilidade e motricidade. As duas extremida-des do nervo do antebraço são ligadas por umtubo de silicone, usado em microcirurgia des-de 1995. “O paciente está bem clinicamente, arecuperação parece mais rápida e de melhorqualidade do que a dos pacientes submetidos

Paciente recPesquisas começaram há 4 anos e meiolos diversos com grande número de ani-mais, fazendo com que leve mais tempopara a aplicação segura em humanos.

Para essas pesquisas, o IPB conta, alémda Universidade, com recursos do ConselhoNacional para o Desenvolvimento Científico eTecnológico, Fundação de Amparo à Pesquisado Rio Grande do Sul e Coordenação de Aper-feiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

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A transformaçãoCélulas-tronco da medula óssea, em processo de transdiferenciação, podemtransformar-se em vários tecidos do organismo humano. Alguns exemplos:

MÚSCULOSANGUE

NEURÔNIO

professora, apostando no re-finamento das técnicas de re-produção assistida. Cita queapós o congelamento menosde 50% dos embriões são ca-pazes de chegar ao estágio doblastocisto e há ainda a de-pendência da autorização dosgenitores. “Pode ser que nãoexista número suficiente. A al-ternativa será trabalhar comlinhagens de células embrio-nárias, mas essas estão nomercado desde 1998, não ha-vendo necessidade da criaçãode novas linhagens.”

O legislador antecipou-se ao aprovar aspesquisas com células embrionárias, concor-da o professor da Faculdade de Direito PauloVinícius de Souza, estudioso da área de Bio-ética e Direito Penal. “Isso pode resvalar paraexperimentações mais audazes e reprová-veis”, destaca, referindo-se à eventual comer-cialização de embriões humanos, clonagemreprodutiva e engenharia genética.

Para a professora da Faculdade de Far-mácia Patricia Pranke, a terapêutica com cé-lulas embrionárias vem se mostrando pro-missora. Ela foi uma das especialistas queprestou assessoria aos parlamentares paraa elaboração da Lei de Biossegurança. Se-gundo a professora, os embriões que estãocongelados podem ter um destino mais dig-

no se forem usados na pesquisa com o intuitode salvar vidas no lugar de permitir que se-jam descartados.

Patricia argumenta que as células-troncoembrionárias têm grande capacidade de divi-são celular e provocam menor rejeição do queas células da medula óssea nos casos emque não se pode usar as células do mesmopaciente (doenças genéticas). Sobre o riscode as células-tronco embrionárias formaremteratomas, a professora diz que pesquisado-res de todo o mundo não as usam diretamen-te nos animais em laboratório, mas as dife-renciam antes no tecido que se quer. Os trêsanos como prazo estipulado para o uso deembriões congelados, segundo Patricia, é o mí-nimo adequado para que os pais pensem oque fazer com os excedentes.

à microcirurgia reconstrutiva sem aplicaçãode células-tronco”, garante Braga Silva.

O médico foi um dos três pesquisadoresselecionados no País pelo Conselho Nacionalde Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq) para continuar os estudos com célu-las-tronco. Entre as perspectivas da pesqui-sa está o atendimento de necessidades numPaís onde as pessoas não conseguem assis-tência imediata após o trauma, fazendo comque o nervo se retraia. Há perda de movi-mentos e de sensibilidade. A microcirurgiareconstrutiva proporciona resultados satisfa-

tórios, dependendo da idade do paciente, tipode trauma e gravidade da lesão. “A capacidadede regeneração do organismo é limitada, masas células-tronco adicionam um fator de rege-neração nervosa”, destaca Braga Silva.

Esses dados foram apresentados em trêscongressos, sendo dois internacionais. Nospróximos anos, Braga Silva e os pesquisadoresdo IPB continuarão os trabalhos experimentaise clínicos utilizando a terapia com células-tron-co em pacientes com lesões dos nervos perifé-ricos. A aplicabilidade das células-tronco demedula óssea para o tratamento de lesões me-

O QUE SÃO AS CÉLULAS-TRONCO: Sãocélulas imaturas, sem forma nem função de-finidas, com grande capacidade de prolifera-ção e de originar diferentes tipos celulares.São primordiais, pois, quando embrionárias,dão origem a todos os outros tipos de célulasque formarão o corpo. Estão presentes nosprimeiros momentos do desenvolvimento,tendo sido formadas a partir das primeiras di-visões mitóticas do zigoto (a primeira célulado indivíduo, gerada pela união do óvulo e doespermatozóide). As células totipotentes (po-dem dar origem aos tipos celulares que for-marão o embrião, a placenta e outros anexos,como o âmnio e o córion) aparecem quando oembrião tem de 16 a 32 células (três ou qua-tro dias após a fertilização). A partir do quintodia, quando o embrião atinge a fase de blas-tocisto (de 32 a 64 células), as células-troncopassam a ser pluri ou multipotentes e podemoriginar qualquer tipo celular presente nos216 tecidos que formam o ser humano.

PARA QUE SERVEM AS ADULTAS: Res-tam nos tecidos formados porções de célu-las-tronco não completamente diferenciadasque servirão como fonte celular ao longo detodo o desenvolvimento do adulto. Um exem-plo é a célula-tronco hematopoiética, quetambém se localiza na medula óssea, respon-sável pela geração das células do sangue. Éusada ainda na reconstituição de algumasporções de tecidos afetados por lesões.

USO TERAPÊUTICO: As pesquisas comas células-tronco vêm ocorrendo desde a dé-cada de 1980 com modelos animais. São atéhoje testados três tipos de células-tronco:embrionárias, de sangue de cordão umbilicale retiradas de tecidos adultos. As primeiraslinhagens de embrionárias obtidas a partir deblastocistos humanos foram anunciadas em1998. O seu uso está aprovado em muitospaíses, entre eles o Brasil, com embriõesobtidos in vitro. As células-tronco adultas ede cordão umbilical são as únicas que têmsido transplantadas em pacientes.

Fonte: Clarice Alho, da Faculdadede Biociências da PUCRS

cupera movimento da mão

dulares está sendo investigada em ratos. O es-tudo tem como objetivo avaliar a eficácia dotransplante de células-tronco em pacientes pa-raplégicos e com lesões degenerativas de me-dula espinhal. Para isso foi desenvolvido ummodelo experimental de paraplegia em ratos.

Pedreiro de 22 anos... recuperou capacidades... de sensibilidade e motricidade

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CAPA

Na área das doenças cardíacas,o HSL é uma das instituições gaú-chas selecionadas para atuar noestudo com células-tronco adultas.O Ministério da Saúde escolheu 40centros em todo o País. "Não hápesquisas a longo prazo dessa na-tureza, que envolverá 1,2 mil paci-entes brasileiros", destaca o coor-denador do projeto e chefe do Servi-ço de Cardiologia do São Lucas, LuizCarlos Bodanese. No HSL, a cardio-miopatia dilatada, uma enfermida-de sem causa bem definida, quepode desenvolver-se de maneiraprogressiva, será o alvo de estudo.Entre as possíveis causas, incluem-se infecções virais no passado, al-coolismo e diabetes. É uma doençaestrutural do músculo cardíaco, emque diminui a capa-cidade de contraçãodo coração e resultaem cansaço progres-sivo e significativaperda da capacidadefuncional.

Os resultados dapesquisa serão ob-servados em seismeses e um ano,quando haverá com-paração com os re-sultados obtidos pe-los outros centros doPaís. A pesquisa doHSL consiste na retirada de células-tronco da medula óssea do própriopaciente. Após a coleta, será feita aseleção das capazes de restaurar omúsculo cardíaco. Por fim, essascélulas serão injetadas no coraçãopor meio de um cateter especial co-locado diretamente nas artérias docoração. O objetivo é restaurar ostecidos comprometidos, substituin-do as células danificadas. "O resul-tado esperado é o aumento da ca-pacidade contrátil do coração, queresulta em melhora clínica do paci-ente, tendo menos falta de ar e ummelhor desempenho físico. A pes-quisa também avaliará o efeito daterapêutica sobre a expectativa devida de quem se submeter ao pro-cedimento", explica Bodanese. O

chefe da Unidade Hemodinâmica,Paulo Caramori, será responsávelpelo procedimento intervencionista,que consiste na aplicação das célu-las-tronco no coração. O chefe doServiço de Oncologia, Bernardo Ga-ricochea, retira as células da medu-la óssea do paciente, as quais sãopurificadas e preparadas para otransplante por Denise Machadonos laboratórios do IPB. A terapiacom células-tronco demonstrou be-nefícios em estudos experimentaiscom animais e em seres humanos,que necessitam melhor comprova-ção, o que justifica a pesquisa. "Osmedicamentos não restauram total-mente a função do coração, e a te-rapia celular poderá trazer vanta-gens adicionais", espera Bodanese.

Os medicamentos e marca-pas-sos atualmente disponíveis fazemcom que os pacientes tenham maisconforto e tolerem melhor o esfor-ço, mas não resolvem o problema.Como uma doença degenerativa, acardiomiopatia dilatada causa o en-fraquecimento do coração e abreviaa vida, em geral, de 10 a 20 anos,dependendo de cada paciente.

Há previsão de que entre 10 e20 pessoas sejam incluídas na pes-quisa a partir de maio pelo HSL. Aseleção já começou entre os paci-entes assistidos pelo Ambulatóriode Cardiologia e encaminhados pelaSecretaria de Estado da Saúde.Além da Cardiologia, participam doestudo os Serviços de Hematologia,Hemodinâmica e o IPB.

Uso do cordão umbilicalPatricia realiza pesquisa básica sobre as células do sangue

do cordão umbilical para o conhecimento de sua biologia. Estãosendo usadas para as mesmas doenças tratadas com o trans-plante das células da medula óssea, como as leucemias e asaplasias. Ela realizou parte de sua tese de doutorado no primeirobanco público de sangue de cordão umbilical de Nova Iorque. Con-seguiu expandir as células in vitro, o que aumenta mais ainda achance de uso para os doentes, principalmente para adultos. Até

o momento foram realizados mais deseis mil transplantes com sangue decordão umbilical proveniente dos ban-cos públicos. Segundo o boletim Opi-nion of the European Group on Ethics inScience and New Technologies to theEuropean Commission, apenas cincopacientes se beneficiaram com o usodo seu próprio cordão umbilical.

Há a chance de apenas 25% doscandidatos ao transplante de medulaóssea terem parentes como doadorescompatíveis, geralmente um irmão, de-vido à incompatibilidade de HLA (antí-genos leucocitários humanos). Patricia

diz que o cordão umbilical é uma fonte ilimitada de células-tronco,provoca menor rejeição e é mais fácil encontrar doador. “Temos depensar num banco público de sangue de cordão umbilical comohoje é um hemocentro. Quando uma pessoa precisa fazer umatransfusão, não precisaria ter guardado anteriormente porque sebeneficiará usando o sangue de outra pessoa”, diz, informandoque o Estado deverá ter um banco público de sangue de cordãoumbilical até o final do ano. Em doenças como leucemias e gené-ticas (os principais usos do cordão umbilical) é melhor usar as cé-lulas de outra pessoa, desde que compatíveis, pois o seu sanguecongelado não seria apropriado para tratar da própria doença.

Como são preparadas as células-troncoDepois da retirada da medula do paciente, o tempo de

preparação das células-tronco para o posterior transplan-te leva de duas horas e meia a três horas. Oprocedimento, atualmente realizado nos la-boratórios do Instituto de Pesquisas Biomédi-cas será feito no Centro de Terapia Celular apartir de maio. As células da medula ósseasão purificadas e suspensas em solução fisi-ológica quando estão prontas para o trans-plante no paciente.

Fonte: Denise Cantarelli Machado, da Facul-dade de Medicina e do Instituto de PesquisasBiomédicas da PUCRS

O que prevê a Lei de BiossegurançaA PUCRS não realizará pesquisas com células-tronco

embrionárias, liberadas com a aprovação da Lei de Bios-segurança pelo Congresso Nacional. Com a nova legisla-ção, fica permitida, para fins de pesquisa e terapia, a uti-lização de células-tronco obtidas de embriões humanosproduzidos por fertilização in vitro não usados nesse pro-cedimento. É necessário que sejam embriões inviáveis,estejam congelados há três anos ou mais e se tenha oconsentimento dos genitores. A pesquisa também deveser aprovada por comitê de ética. A comercialização domaterial biológico fica proibida. A pena para esse crime éde três a oito anos de prisão.

HSL INTEGRA PROJETONACIONAL INÉDITO

Doenças cardíacas serão tratadas

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RADAR

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 11

Simpósio debatequalidade

de software

APUCRS será sede, de 6 a 10 de ju-nho, do 4º Simpósio Brasileiro de

Qualidade de Software, que reunirá acomunidade científica e a indústria desoftware para compartilhar experiên-cias, discutir problemas, soluções e es-tabelecer parcerias. Serão premiadosartigos científicos nas categorias Traba-lho Técnico e Relato de Experiência. Asinscrições já se encerraram. O evento éorganizado pela Comissão Especial deEngenharia de Software, da SociedadeBrasileira de Computação, e pelo Pro-grama Brasileiro da Qualidade e Pro-dutividade em Software. Outras infor-mações no www.pucrs.br/eventos/sbqs.

Inscriçõespara ingressoextravestibular

APUCRS recebe, até 31 de maio,inscrições para pedidos de trans-

ferência de alunos de outras institui-ções, reopção de curso por estudantesda Universidade e ingresso de diploma-dos. As solicitações para os cursos deDireito, Administração, Contabilidade,Economia e Secretariado Executivo po-dem ser realizadas na Coordenadoriade Registro Acadêmico (CRA) e para osdemais na secretaria de cada unidade.Informações sobre os cursos que ofere-cem vagas e a documentação neces-sária no site www.pucrs.br/cra, peloe-mail [email protected] ou telefone (51)3320-3573. A CRA localiza-se na sala108 do prédio 1 do Campus Central (Av.Ipiranga, 6681).

Grupo de estudossobre Estado

e sindicalismo

AFaculdade de Direito organiza umgrupo de estudos sobre Estado e

Sindicalismo, com a coordenação doprofessor Gilberto Sturmer. Os encon-tros vão até dia 5 de julho. Inscriçõesna sala 201 do prédio 40 no CampusCentral da Universidade. O número devagas é limitado. Outras informaçõespelo telefone (51) 3320-3680 ou [email protected].

APUCRS realizará, nos dias 17 e 18 dejunho, a 11ª Jornada de Estudos doOriente Antigo que tem como tema

central O mundo antigo: patrimônio e memó-ria. Promovida pelo curso de História, serárealizada no teatro do prédio 40, no CampusCentral, voltada a pesquisadores acadêmicos,professores, estudantes e comunidade.

O evento apresentará três espaços dife-renciados de produção de conhecimento. Oprimeiro é um curso pré-jornada, no dia 17de junho. As aulas serão ministradas por pro-fissionais da PUCRS e de instituições do RSe de outros estados. No mesmo dia haverá

espaço para a apresentação de comunica-ções de alunos e de pesquisadores sobreegiptomania, egiptologia, narrativas da anti-güidade, pensamento mágico, linguagens eformas de poder.

Para falar sobre O mundo antigo: patri-mônio e memória, especialistas brasileiros eda Argentina vão abordar a representação deelementos e a memória da antigüidade no pa-trimônio histórico do mundo contemporâneo,guardados por registros gráficos e visuais,que nem todos enxergam, mas se apresentamno cotidiano, potencializando um tom lúdicoao olhar e ao fazer dos historiadores.

OCentro de Tecnologia XML (CTXML) dePorto Alegre, parceria da Microsoft e

Dell com a PUCRS, completou dois anos deatividades. Marcando a data, foi realizada afinal regional do concurso Microsoft ImagineCup 2005, na categoria Projeto de Software. OImagine Cup é uma competição mundial deinovação tecnológica, com final decisiva emYokohama, no Japão, em 27 de julho. A equipeclassificada nesta etapa regional, com con-correntes do Rio Grande do Sul e Santa Cata-rina, participa da final brasileira, em São Pau-lo (SP), na primeira semana de maio.

Com sede no Tecnopuc, o CTXML temcomo função principal a capacitação de pro-fissionais focada no conjunto de tecnologiasdesenvolvidas pela Microsoft associadas aoframework .NET. As atividades estão agrupa-das em três grandes linhas de ação: as Provasde Conceito (POCS), que são cursos com teo-ria e prática organizados a partir das necessi-dades das empresas; a formação de profis-sionais – desenvolvedores e gerentes de pro-jeto – com competências diversas oriundas doMicrosoft Solution Framework (MSF); e o de-senvolvimento de um “ecossistema” entre a

academia e o mercado para con-solidar a troca e transferência deconhecimento e tecnologias dedesenvolvimento de software. In-formações sobre a operação doCTXML são encontradas no sitewww.ctxml.org.br.

ORIENTEANTIGO:

patrimônioe memória

ORIENTEANTIGO:

patrimônioe memória

CENTRO DE TECNOLOGIA XML completa dois anos

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ENVELHECER BEM:autonomia e relações interpessoais

PESQUISA

12 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

Autonomia, independência para ati-vidades da vida diária e satisfaçãonos relacionamentos são fatores

associados ao envelhecimento bem-sucedi-do de homens e mulheres. Mas, para elas,também têm destaque aspectos como con-forto material, sentir-se bem, imagem cor-poral e aparência, auto-estima, apoio social,sexualidade, participação em atividades re-creativas e espiritualidade. As conclusõesconstam de estudo realizado pelo professordo Departamento de Estatística da Faculda-de de Matemática João Feliz Duarte de Mo-raes para a sua tese de doutorado defendidano Programa de Pós-Graduação em Geron-tologia Biomédica do Instituto de Geriatria eGerontologia da PUCRS.

Moraes, que também integra o Comitêde Ética em Pesquisa da Universidade, vali-dou e avaliou duas escalas de qualidade devida, a de Flanagan e a da OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS), dirigidas à socie-dade em geral. O diferencial da sua pesqui-sa foi voltar-se somente a idosos social-mente ativos. Analisou questionários de 400pessoas entre 60 e 94 anos, inseridas nomercado de trabalho ou integrantes de gru-pos de convivência.

A tese concluiu que a escala de Flana-gan, de fácil utilização e com apenas 15itens, pode servir para avaliar a qualidadede vida dos idosos socialmente ativos, me-diante modificações na sua estrutura fatori-

al. Para Moraes, poderiam ser excluídas 12das 100 questões relativas ao modelo daOMS visando à melhoria na consistência.

O professor lembra que o conceito deenvelhecimento bem-sucedido consiste nacombinação de baixa probabilidade de doen-ça e de deficiências relacionadas às enfer-midades, na manutenção ou no fortaleci-mento das funções físicas e cognitivas e noengajamento pleno com a vida, incluindo ati-vidades produtivas, relações interpessoais,resiliência (capacidade para recuperar-se,amoldar-se e readaptar-se às perdas), sa-bedoria e espiritualidade.

Dos entrevistados, 73,8% eram mulhe-res. A faixa etária mais freqüente foi de 60 a69 anos, e a média de idade estava em68,4. Do total dos entrevistados, 72,3% ti-nham, no máximo, o primeiro grau de instru-ção. Eram casados ou viviam como se fos-sem 47,3%, e 37,7% se declararam viúvos.Os fatores casamento e grau de instruçãonão apresentaram relação com o envelheci-mento bem-sucedido. A saúde percebida(como o entrevistado avalia o seu estado enão uma medida objetiva), crenças pessoais(sentido à vida), idade, depressão, ativida-des sociais, capacidade funcional e relaçõesfamiliares e de amizade mostraram associa-ção com o envelhecimen-to bem-sucedido.

Foi possívela classifica-

ção dos idosos em dois grupos: um comqualidade de vida superior (envelhecimentobem-sucedido) correspondendo a 53,3% e ooutro com qualidade de vida inferior (enve-lhecimento normal ou usual). Verificou-seque no idoso com uma percepção de saúdeboa ou muito boa a chance de ser classifica-do como bem-sucedido ficou multiplicadapor 5,12. Quando afirma que as crençaspessoais dão sentido à sua vida, a chancede ser classificado como bem-sucedido foimultiplicada por 10,41.

Segundo Moraes, os fatores determinan-tes para o envelhecimento bem-sucedidotambém dependem da participação de fami-liares e profissionais da saúde, da psicologiae da gerontologia. “Os idosos devem ser ori-entados na procura de alternativas para sa-nar ou amenizar suas deficiências. A ilumi-nação da casa, a facilitação no acesso a ob-jetos de uso diário e a retirada de tapetespara tornar o ambiente seguro são alguns dosexemplos.” O professor sugere a realizaçãode novas pesquisas para o estabelecimentodos indicadores da resiliência. Doenças crô-nicas e declínios de capacidades cognitivas eperceptuais exigem que os idosos busquemmecanismos de compensação, realizem ati-vidades produtivas e tenham suporte social.Moraes completa: “Envelhecer com êxito éum desafio, não um evento aleatório”.

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PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 13

Acaptura de carbono – tema rele-vante quando se fala em aqueci-mento do planeta e efeito estufa –

foi abordada num projeto envolvendo as Fa-culdades de Biociências e de Filosofia e Ci-ências Humanas, por meio do Departamentode Geografia. Os estudos apontam que a La-goa do Araçá, localizada no braço Nordesteda Laguna dos Patos, com uma superfície de20,77km2, seqüestra 13 toneladas de carbo-no por ano. Essa quantificação é importantepara avaliação e monitoramento do efeitoestufa. A análise também serve como mode-lo em escala reduzida da bacia hidrográficada Laguna dos Patos, uma das maiores ba-cias sedimentares do mundo.

A pesquisa foi conduzida pelas equipesdos Laboratórios de Dinâmica PopulacionalAplicada a Ecossistemas Aquáticos, coorde-nado pelo professor Nelson Fontoura, e deTratamento de Imagens e Geoprocessamen-to, conduzido pelo professor Regis Lahm. Ospesquisadores coletaram amostras de 86pontos do fundo da lagoa, quantificando oteor de matéria orgânica, perfil granulométri-co (método de análise que classifica as par-tículas de uma amostra pelos tamanhos) ebatimetria (avaliação da profundidade). Osprocessos sedimentares são os responsá-veis pela retenção de carbono orgânico, ser-vindo de indicadores para o seqüestro degás carbônico da atmosfera. Da matéria or-gânica precipitada e incorporada nos sedi-mentos de fundo, 35% constituem-se emátomos de carbono.

Foi realizada nos EUA uma datação deamostras sedimentares por meio do métododo Carbono14. Houve a adaptação geocrono-lógica dos sedimentos da lagoa, indicandoque ela tem 7.420 anos. A estimativa dataxa de sedimentação média para a lagoa érelativamente baixa, podendo indicar que acolmatação (depósito de sedimentos) na re-gião de estudo ocorre de maneira lenta, sen-

do de apenas 0,09 milímetros por ano. Secontinuarem as condições atuais, a Lagoado Araçá terá uma sobrevida estimada em27 mil anos, quando estará completamentecolmatada, transformando-se em um sim-ples banhado. Atualmente, na Lagoa do Ara-çá são retidas 0,64g de carbono por m2 acada 12 meses. No Lago Curai, no baixoAmazonas, o seqüestro de carbono vai de100g a 250g por m2 ao ano, enquanto que noLago Baikal, na Ásia, o carbono é acumuladonos sedimentos a uma taxa de apenas 0,1gpor m2 ao ano. O professor Fontoura explicaque isso depende basicamente da produtivi-dade primária da própria lagoa, a quantida-de de matéria orgânica sintetizada pelo fito-plâncton, e a biomassa orgânica produzidanas áreas de entorno, basicamente folhas,galhos e frutas, carregadas pelo vento outransportadas pelas chuvas.

Outros fatores que influenciam nas ta-xas de sedimentação são a morfologia defundo e a circulação hídrica, controladaspelo regime dos ventos, responsáveis pelageração de ondas e correntes, principaisagentes de transporte e deposição do mate-rial sedimentar. Para desenvolver o trabalho,foram elaborados produtos cartográficos noLaboratório de Tratamento de Imagens eGeoprocessamento, como mapas de sedi-mentos de fundo, de carbono orgânico retidoe de sistemas de correntes geradas pelosventos dominantes.

Segundo o professor Lahm, embora ossistemas lagunares também respondampelo seqüestro de carbono, são as regiõesoceânicas, ao representarem 70% da super-fície da Terra, os sistemas mais importantesna captura de carbono, uma vez que oscombustíveis fósseis consumidos hoje (pe-tróleo e carvão) foram formados pela lentaprecipitação de sedimentos orgânicos mari-nhos em tempos remotos. A pesquisa origi-nou a tese de doutorado de Lahm no Institu-to de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS. Foifinanciada pela Fundação de Amparo à Pes-quisa do Rio Grande do Sul e pela PUCRS.

PROTOCOLO DE KYOTOEm vigor desde 16 de fevereiro, o

Protocolo de Kyoto impõe limites e metaspara os países reduzirem as emissõesde gases de efeito estufa (carbônico emetano) em todo o planeta. O protocolofoi assinado por 140 países membros daOrganização das Nações Unidas. As na-ções industrializadas (responsáveis por55% da emissão de gás carbônico nomundo) devem reduzir 5,2% da emissãono período de 2008 a 2012.

Conforme o Protocolo de Kyoto, jáforam liberadas desde a revolução in-dustrial cerca de 270 bilhões de tonela-das de gases na atmosfera, destacando-se o CO2. Hoje esses mais variados ga-ses formam um manto que por vezes al-cança 20 quilômetros de espessura.Esse manto contribui de maneira signifi-cativa para que o calor do Sol irradiadopela Terra não se disperse de maneiraapropriada, configurando o que se deno-mina de efeito estufa.

Estudo determinacaptura de

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PESQUISA

14 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

Livro traça panorama daEXCLUSÃO SOCIAL

Olivro As múltiplas formas de exclu-são social traça um amplo panorama

sobre os moradores de rua em Porto Alegre.Publicada pela Edipucrs e organizada pelasprofessoras Leonia Bulla, Jussara Mendese Jane Prates, a obra é resultado de umestudo de quatro anos em parceria com aFederação Internacional de UniversidadesCatólicas (Fiuc). As instituições associadasfazem um intercâmbio de metodologias depesquisa, formação de profissionais e es-tratégias de abordagem da população estu-dada. Estão contemplados no projeto, ensi-no, pesquisa e intervenção com populaçõesvulnerabilizadas e trabalhadores de insti-tuições voltadas a esse público. O papel daUniversidade é dar visibilidade a essa pro-blemática, subsidiando os governos naadoção de políticas públicas.

Na Colômbia o assunto estudado foi aviolência pelo tráfico de drogas e na Ar-gentina, o adolescente e o uso de subs-tâncias psicoativas. No Brasil o tema maisrelevante, na avaliação da equipe daPUCRS, é a exclusão social, vista de for-ma ampla. “Conforme a autora Ximena Ba-raibar, há múltiplos fatores que levam apessoa à rua, como as situações social,política e econômica. A exclusão não ocorreapenas pelo fato de não se ter casa”, des-taca a professora Jane, exemplificando comuma senhora que fingia ser moradora derua para ficar num albergue com outrosidosos. A exclusão também ocorre com jo-

vens que não conseguem espaço no mer-cado de trabalho.

Os pesquisadores, vinculados ao Labo-ratório Internacional Universitário de Estu-dos Sociais (Labinter), Centro Coordenadorde Investigações da Fiuc, trataram sobrepessoas que têm história de vida nas ruasda Capital gaúcha, em geral mais solitárias,e outras que acabam nessa realidade, mastentam reproduzir a vida privada no espaçopúblico, relacionando-se com grupos comose fossem sua família. No início a popula-ção costuma solidarizar-se com essas pes-soas, mas depois muitas são expulsas dolocal por apresentarem sofrimento psíquicoou abusarem de álcool, juntarem sujeira ecausarem barulho. A rua é um atrativo,mas a liberdade que buscam pode ser ilu-são. “Fogem da violência de casa, da ex-ploração, mas comem apenas na hora querecebem doação”, afirma Jussara.

Participaram do projeto alunos de gra-duação e pós-graduação e profissionais dediferentes especialidades, além do ServiçoSocial, como Direito, Medicina, Nutrição eSociologia. “Nenhuma área pode dar contasozinha da complexidade dos fenômenossociais”, destaca a professora Leonia, dire-tora do Labinter na PUCRS. Foram defendi-das três dissertações específicas sobre apopulação de rua no período de realizaçãodo estudo. Duas instituições que atendem aesse público, uma estatal e outra privada,tiveram a assessoria da equipe da PUCRS.

Foram realizadas oficinas com os trabalha-dores desses locais e moradores de rua so-bre cidadania, direitos e rede de apoio. “Pre-paramos alunos para as abordagens, cons-cientizando-os do respeito que devem tere evitando que corram riscos. Sempre umprofissional acompanha”, explica Leonia.

Muitos dos carentes resistem às regrasestabelecidas pelos albergues, como a de-finição de horários para as atividades e aproibição de uso de álcool. Segundo pes-quisa de 2000, 69,1% dos entrevistadosmoradores de rua bebem diariamente. Des-se número, 31% reconhecem ter adquiridoo alcoolismo depois que foram morar narua. Quando perguntados, 71,05% se di-zem satisfatoriamente atendidos nos alber-gues, mas se são questionados a daremsugestões falam em melhorar a comida,flexibilizar os horários, higiene nos banhei-ros, poder fumar e tomar refrigerante, entreoutras. Quanto ao atendimento de direitos,46% acham satisfatória a assistência so-cial. O item trabalho é o que tem o menoríndice, com 5% se considerando satisfato-riamente atendidos.

DOENÇA MENTAL ENTRE MORADORESDE RUA ADULTOS DA CAPITAL

MASC. FEM. TOTALSem diagnóstico 53,5% 20,8% 51,2%Síndrome de humor 22,6% 43,8% 22,2%Síndrome psicótica 13,8% 31,3% 17,9%Uso de álcool diário 75,5% 31,3% 69,1%Uso de drogas 5% 0% 3,9%Deficiência mental 1,3% 0% 1%Síndrome mental 3,8% 4,2% 3,9%orgânica

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Fonte: Paulo Abreu, 2000

FALAS DE MORADORES DE RUA“Às vezes Deus manda água

e a febre sobe e eu fico meio morto,mas depois passa.”

“Sou uma pessoa muito carente pelo jeitoque fui criada, não tive carinho de mãe

nem de pai, sempre fui agredida.”

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PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 15

Odéficit de memória contextual resul-tante do envelhecimento pode ser

revertido pela utilização de orienta-ções específicas que induzam ao estabeleci-mento de um vínculo entre o evento e o con-texto no qual ele ocorre, tornando os idososcapazes de atingir índices de desempenho emtarefas de memória contextual comparáveisaos de jovens. As conclusões fazem parte dadissertação de mestrado da terapeuta ocupa-cional Rosane Freire no Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica doInstituto de Geriatria e Gerontologia (IGG) daPUCRS. A orientadora, professora do IGG e daFaculdade de Biociências Elke Bromberg,acredita que esses achados são importantespara auxiliar no desenvolvimento de progra-mas de estimulação e reabilitação cognitivas,pois a possibilidade de manutenção e restau-ração de aspectos relacionados à memóriaem idosos é fundamental para a qualidade devida na terceira idade.

Participaram do estudo 21 jovens (entre 20e 25 anos) e 26 idosos (de 60 a 75 anos) inte-grantes de grupos de convivência cadastradosno Conselho Municipal do Idoso de Porto Ale-gre. Aspectos como alterações neurológicas,uso de medicamentos ou substâncias psicoa-tivas que comprometam a atividade do siste-ma nervoso, depressão e demência foramusados como critérios de exclusão do estudo.

O teste de memória utilizado no trabalhofoi desenvolvido com o objetivo de permitir oestudo da memória contextual em populaçõesde países emd e s e n v o l v i -mento, pois dife-rentemente dastarefas pree-xistentes e

amplamente utilizadas em nações desenvol-vidas, ele pode ser aplicado também em indi-víduos com baixo grau de escolaridade. A ta-refa consiste de uma série de eslaides de ob-jetos localizados em dois ambientes distintos(uma sala de visitas e um escritório) e exige amemorização do ambiente onde o objeto seencontra.

Os participantes do estudo foram submeti-dos a uma fase de treino, onde observarameslaides de objetos dispostos na sala ou noescritório, e uma fase de teste, na qual os ob-jetos eram reapresentados na sala e no escri-tório. Nessa etapa deveriam responder emqual dos ambientes o objeto estava na fase detreino. A verificação do grau de deficiência dosidosos nesse tipo de memória contextual e apossibilidade de minimização do déficit foramavaliados utilizando-se dois tipos de instruçãona fase de treino: julgar o grau em que utiliza-vam os objetos em seu cotidiano ou julgar ograu de adequação do objeto ao ambiente.

Os resultados obtidos demonstraram queo tipo de instrução da fase de treino nãoaltera o desempenho de jovens na tarefa,mas os idosos que não são explicitamentelevados a relacionar o objeto ao ambienteapresentam déficit de memória contextual decurta duração. Isso foi revertido com a utili-zação da segunda instrução, a que estimulao estabelecimento de um vínculo entre item(objeto) e contexto (ambiente). “Estes resul-tados sugerem que os idosos têm dificulda-de de ativar espontaneamente os processos

que vinculam evento econtexto”, diz

Elke.

Futuramente a professora pretende anali-sar se esses efeitos ocorrem também na me-mória contextual de longa duração, um alvoextremamente interessante em termos dereabilitação. “Se constatarmos que o quadroé reversível, as estratégias de memorizaçãotornam-se ainda mais interessantes.” A pes-quisa prosseguirá também com a análise dainteração entre fatores relacio-nados ao envelhecimento ediferentes quadros clíni-cos, entre os quais adepressão.

Orientação ajuda idososcom DÉFICIT DE MEMÓRIA

ALTERAÇÕES DE MEMÓRIAA imagem refere-se à área lobo frontal,

que é ativada quando a pessoa realiza umatarefa de memória contextual. A literatura trazevidências de que nos jovens o frontal esquer-do atua na fase de aquisição de informações eo frontal direito na fase de evocação. O cére-bro dos idosos pode apresentar dois padrõesde atividade: a manutenção da assimetria fun-cional ou a ativação simultânea dos lobosfrontais. Esse último padrão está associado aidosos que mostram um melhor desempenhoem tarefas de memória contextual, sugerindoque poderia funcionar como uma espécie decompensação.

O QUE É A MEMÓRIACONTEXTUAL?

É a memória capaz de integrar umevento ao contexto no qual se insere,definindo onde e quando determinadofato ocorreu e de que forma foi adquiri-do o conhecimento. Um dos sinaismais consistentes do envelhecimentocognitivo normal é o déficit na evoca-ção consciente de eventos recentemen-te vividos, o qual está relacionado a al-terações de memória contextual. Exem-plos: lembrar quem contou algo, quan-do foi lida determinada notícia e deonde se conhece uma pessoa.

SAÚDE

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SAÚDE

16 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

OBESIDADE:sobram quilos,falta saúde

Por Mariana Vicili

Durante séculos o homem enfren-tou a fome, pragas e doenças

sem remédios nem tratamentos.Nesses tempos, em muitas culturas, agordura foi sinônimo de saúde, riqueza eaté beleza. Os tempos mudaram, a medi-cina avançou, a ciência trouxe confortos,a oferta de alimentos gordurosos tornou-se fácil, abundante e atraente, e a expec-tativa de vida aumentou, assim como opeso da população mundial. A obesida-de, recentemente chamada pelos espe-cialistas de globesity, ou globesidade,hoje é uma epidemia mundial, com forteimpacto social e econômico, atingindomais de 1,7 bilhão de pessoas. As mu-lheres são as mais afetadas.

No ranking de 2004 das doençasmais mortais do planeta, a OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) colocou-a em10º lugar. O problema tem crescido emtodo o mundo. No Brasil, um levanta-mento recente do IBGE mostrou que 40%da população brasileira está acima dopeso ou é obesa.

A pessoa considerada obesa é aque-la que tem o Índice de Massa Corporal(IMC) entre 30 e 35 (veja tabela ao lado),e obesa mórbida a partir de 40 ou 35,com doenças associadas, como hiper-tensão e diabetes. Segundo o coordena-dor cirúrgico do Centro da ObesidadeMórbida (COM) do Hospital São Lucas(HSL) da PUCRS, Cláudio Mottin, as cau-sas dessa doença são basicamente ge-néticas, também podendo agravar-sepelo comportamento, cultura, circunstân-cia e idade. “Há uma grande dificuldadede conscientizar a população de que afartura alimentar e a gordura não são si-nônimos de saúde e que a magreza tam-bém é doença”, observa Mottin.

Mudança no Fazer dieta é uma rotina para a ven-

dedora Mônica Gonçalves, 47 anos,desde sua infância. “Tentei duranteanos vários tipos de tratamentos, masum dia cansei de tomar remédios queme deixavam estressada e com com-portamento alterado”, conta.

Em janeiro de 2002, pesando 100kg, Mônica submeteu-se à cirurgia dotipo Fobi-Capella no COM. Com a opera-ção, exercícios físicos e uma dieta ba-lanceada, que faz até hoje, reduziu seu

O Centro da Obesidade Mórbida do HSLfunciona desde 2000 e é um dos únicos cen-tros de referência do Ministério da Saúde noSul do País, com trabalhos publicados no Brasile no exterior. A equipe é multidisciplinar, for-mada por cirurgiões, endocrinologistas, fisiote-rapeutas, enfermeiras, nutricionistas, psiquia-tras, psicólogos, ortopedistas, gastroenterolo-gistas, cardiologistas, endoscopistas, pneumo-logistas e anestesiologistas e conta com oapoio das Faculdades de Medicina, Enferma-gem, Fisioterapia e Nutrição e Educação Física.

Além das intervenções cirúrgicas, que che-gam a cinco por semana, somando mais de 500até hoje, também é oferecido aos pacientesum acompanhamento completo, com reeduca-ção alimentar, atendimento psicológico e orien-tação para atividades físicas, entre outros.

O coordenador clínico do COM, GiuseppeRepetto, comemora o desempenho. “O nossoCentro foi o primeiro melhor montado em ter-mos de aparelhagem e equipe no Sul do Bra-sil. Atendemos obesos, obesos com outras do-enças associadas, como a diabetes, e obesosmórbidos. Quando fazemos uma cirurgia,transformamos a obesidade mórbida em des-nutrição crônica. O paciente precisa fazer, du-rante toda a vida, reposição de vitaminas,sais minerais e manter acompanhamento mé-dico e nutricional. A cirurgia é um instrumen-to”, explica.

As técnicas utilizadas podem ser de trêstipos: para restringir a capacidade do estôma-go de receber o alimento, diminuir a absorçãoou um misto das duas, o que é o mais comum(veja quadro).

Centro da Obesidade Mórbida,

GASTROPLASTIA DE FOBI-CAPELLARedução do estômago na partesuperior, dimuindo em até 80%seu tamanho. É a mais indicadapela Sociedade Brasileira de Ci-rurgia Bariátrica. Depois de umano, o paciente perde em torno de80% do excesso de peso inicial.

BANDA GÁSTRICAColoca-se uma espécie deanel de silicone em volta doestômago, que limita aquantidade de alimento queo órgão pode receber.

BALÃO INTRAGÁSTRICO –TRATAMENTO NÃO-CIRÚRGICO

Prótese de silicone introduzida noestômago e preenchida com líqui-do. Sua função é ocupar espaço eproduzir sensação de saciedade,sendo de uso temporário.

Fonte: Cláudio Mottin, coordenador cirúrgico do COM

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PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 17

Alguns meses antes de completar 40anos, a advogada Shirley Nunes, que pesa-va 123 kg, tomou uma decisão radical:“Não quero chegar aos 40 obesa! Chega!”,conta Shirley. Sua história é semelhante àde muitos obesos que fazem de tudo paraemagrecer, tentando desde os dez anos deidade medicamentos, dietas prescritas pornutricionistas, dietas da moda ou indicadaspor amigas, todas sem sucesso. “Houveuma época em que eu comia alface com sale água para ver se emagrecia. A única coi-sa que não tentei foi um SPA por causa docusto. Nada dava certo e a insatisfaçãoaparecia a cada tentativa”, lembra a advo-gada.

Shirley sempre foi muito curiosa e liaem revistas nacionais e estrangeiras sobrecirurgias para obesos mórbidos, realizadascom sucesso em outros países. Imaginandoque o procedimento poderia ajudá-la, pas-sou os últimos quatro meses de 1999 con-versando com especialistas da área quefaziam a cirurgia em Porto Alegre. “Ligueipara o doutor Mottin, meu gastroenterolo-gista na época, com o qual eu estava sem-pre comentando sobre a cirurgia, e pedi aopinião dele. Ele então me contou que esta-vam começando as atividades do COM eme convidou para ser a primeira pacienteoperada”, conta.

Em março de 2000 ela fez a cirurgia dotipo Fobi-Capella. Cinco anos e muita dedi-cação depois, Shirley desfila seus orgulho-sos 61 kg. “No pós-operatório o mais difícilfoi me alimentar direito na correria do dia-a-dia. Sempre trabalho muito e almoço

estilo de vidapeso para 65 kg. Além da aparência física, seurelacionamento com o mundo e com os outrostambém mudou: “Hoje tenho um tipo de vida di-ferente e a minha relação com a comida é outra.O modo como as pessoas me vêem modificou, oque ajudou a aumentar minha auto-estima.Com isso resolvi ousar mais. Mudei tambémminha maneira de vestir, meu cabelo, mudei ge-ral e estou muito bem”, afirma Mônica, que sóse confessa um pouco relapsa com os exercí-cios físicos, que fazem parte do seu tratamentopós-operatório.

Antes: em 2002, com 100 kg Depois: hoje Mônica pesa 65 kg

A primeira paciente do COMfora, mas nem todos os restaurantes estãopreparados para quem come pouco, princi-palmente os por-quilo. Há muita oferta decomida gordurosa. Algumas vezes leveisopa numa garrafa térmica para tomar notrabalho”, revela.

Acompanhamento com nutricionista ecaminhadas fazem parte da atual rotinade Shirley. “Não existe mágica. A cirurgiapara mim foi o primeiro grande passo, masé preciso muito trabalho e disciplina. Seique precisarei me cuidar a vida inteira”,observa.

Shirley emagreceu 62 kg

COMO CALCULARpesoaltura2

O RESULTADOMenos de 20: magroEntre 20 e 25: normal/saudávelEntre 25 e 30: excesso de pesoEntre 30 e 35: obesidadeEntre 35 e 40: obesidade +

doenças associadasEntre 40 e 50: obesidade mórbidaEntre 50 e 60: superobesidadeMais de 60: super/super

Centro Clínico da PUCRS, conj. 302 eAmbulatório de Cirurgia do Hospital SãoLucas, sala 216 – Av. Ipiranga, 6690(51) 3320-5002 / 3336-0890www.centrodaobesidademorbida.com.br

um aliadoA cirurgia geralmente é realizada

em obesos mórbidos, mas em algunscasos está sendo feita em pessoas comIMC entre 32 e 35, consideradas obe-sas, mas com doença grave relaciona-da, como hipertensão e diabetes. O tra-tamento no COM pode ser por meio deconvênio, particular ou pelo SUS.

Como parte do tratamento, mensal-mente, o Centro da Obesidade Mórbidatambém promove encontros com paci-entes operados, candidatos e familia-res. Nessas ocasiões recebem informa-ções sobre a doença, tratamento cirúr-gico e podem trocar idéias.

“O objetivo é a mudança comporta-mental, já que a obesidade é uma doen-ça crônica incurável, mas que pode sermuito bem controlada”, afirma Mottin.

COMO ENTRAR EM CONTATO

ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)

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18 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

SAÚDE

Nova esperança para aESQUIZOFRENIA

Pesquisa realizada na PUCRS iden-tificou uma substância que podeamenizar a esquizofrenia refratá-

ria – caracterizada por ser resistente aosantipsicóticos. O professor de Psiquiatriae Bioquímica Diogo Lara, que coordenouo estudo, verificou a eficácia do alopuri-nol no tratamento da doença. Quarentapor cento dos pacientes que receberam adroga, além dos antipsicóticos, melhora-ram significativamente dos sintomas. Oremédio é utilizado há mais de 30 anosem pacientes com gota (elevação de áci-do úrico no sangue que pode causar sur-tos de artrite aguda).

O trabalho foi publicado na revistanorte-americana Journal of ClinicalPsychiatry, considerada a sexta melhordo mundo na área. Os primeiros casosem que o remédio foi usado com sucessohaviam sido publicados em 2001. Confir-mando o experimento, um grupo indepen-dente verificou os benefícios do remédio,constatando melhoras no quadro clínicodos esquizofrênicos. “Essa descobertapoderá mudar a prática mundial paraesse tipo de pacientes”, afirma Lara.

Também participaram do estudo odocente da Faculdade de Biociências,Eduardo Ghisolfi, a aluna de doutoradoMiriam Brusntein e a acadêmica de Me-dicina Fernanda Ramos. O levantamentodos dados foi realizado no Hospital SãoLucas da PUCRS.

ENTENDA A DOENÇAA esquizofrenia é uma doen-

ça do cérebro com manifesta-ções psíquicas. Causa desorga-nização ampla dos processosmentais. A pessoa perde a noçãoda realidade e fica incapaz dedistinguir experiências verdadei-ras das imaginárias. Entre ossintomas estão delírios, alucina-ções e alterações de comporta-mento.

Osoftware Sistema de Informaçõesem Saúde Mental (SISMe), coorde-

nado pelo professor Dinarte Ballester, daFaculdade de Medicina, recebeu premia-ção do Programa de Apoio à Pesquisa emEducação à Distância da Capes/MEC. OSISMe é um software livre programadoem linguagem PHP e HTML numa parce-ria da PUCRS com a Fundação FaculdadeFederal de Ciências Médicas de PortoAlegre e Universidade Católica de Pelo-tas. Funciona em servidor de bancos de

dados MySQL e é usado no programa deEducação à Distância da Universidade.

A finalidade do sistema é capacitarprofissionais da área da saúde com seteestudos de casos mais freqüentes nodia-a-dia dos atendimentos de serviçosbásicos de saúde. Depressão, psicoses,alcoolismo, drogas, distúrbios do sono,ansiedade e demências são alguns dostemas, acompanhados de questões paraexercitar o raciocínio clínico e a soluçãode problemas.

Cientista dinamarquêsalerta sobre ASMA

Ocientista do Comitê Global de Inicia-tiva contra a Asma (Gina), Soren Pe-

dersen, esteve na PUCRS para co-nhecer o Serviço de Pneumologia Pediátrica daUniversidade, um dos maiores pólos brasilei-ros de pesquisa sobre o assunto.

Pedersen, chefe do Departamento de Pe-diatria do Hospital de Kolding e professor deMedicina Pulmonar Pediátrica da Universidadede Kolding (Dinamarca), veio ao Brasil paraesclarecer a classe médica sobre a importân-cia de se reforçar junto aos pais e responsá-veis os conceitos e as implicações da asmadurante a infância, além da necessidade dotratamento contínuo.

A área de pneumopediatria do HospitalSão Lucas está entre as mais equipadas paradiagnóstico, atendimento e pesquisa do País,atendendo por convênios, particulares e peloSistema Único de Saúde (SUS). Um dos estu-dos realizados pelo Hospital apontou que 25%das crianças porto-alegrenses têm asma e amaioria melhora com o passar da idade. Se-gundo o coordenador do Laboratório de Pedia-tria do Instituto de Pesquisas Biomédicas daPUCRS, Renato Stein, as que registram sinto-mas alérgicos nos primeiros anos de vida, in-clusive alergias na pele, e têm familiares combronquite ou asma possuem mais chances dedesenvolver a doença. “Essas devem começara usar medicação preventiva o quanto antespara evitar que os brônquios sofram alteraçãodefinitiva”, afirma o médico.

As crianças são as mais atingidas pelaasma. No Brasil, mais de 7 milhões são asmá-ticas. O Sul do País é o mais atingido. Somenteentre maio e outubro, meses consideradosmais frios, o atendimento em emergências dePorto Alegre aumenta em até 70% dos casosdevido a problemas respiratórios.

SOFTWARE SOBRE SAÚDEMENTAL GANHA PRÊMIO

O Grito (1893) – Edvard Munch

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PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 19

NOVIDADES ACADÊMICAS

Direito lança novaESPECIALIZAÇÃO

P rofissionais da área do Direito, História,Relações Internacionais, Comunicação,Economia e Ciências Sociais estão en-

tre o público-alvo do novo curso de especia-lização em Direito e Relações Internacionais.Promovido pelo Núcleo de Estudos Interna-cionais (NEI) e pelo Departamento de DireitoPúblico da Faculdade de Direito, tem duraçãode 17 meses, incluindo o período de elabora-ção do trabalho de conclusão. A admissão éfeita por meio de análise do currículo e históri-co escolar.

Entre as disciplinas estudadas estão His-tória das Relações Internacionais, Economia

Internacional, Comunicação Internacional eIntercultural, União Européia, Cooperação Pe-nal Internacional e Política Externa Brasileira eALCA. Além do conteúdo regular, haverá ativi-dades complementares de extensão, como de-bates, seminários e mesas de diálogo. A plura-lidade dos enfoques e abordagens são o dife-rencial do curso, que é a primeira iniciativa naárea da Pós-Graduação do NEI.

A primeira turma foi selecionada. No próxi-mo ano, as inscrições serão abertas no primei-ro semestre. Informações podem ser obtidaspelo telefone (51)3320-3537 ou [email protected].

NEPAD renovasite e amplia

linhas de pesquisa

Novo curso de ChinêsAChina é atualmente um dos princi-

pais mercados econômicos e umaexcelente oportunidade de negócios nocenário mundial. Tendo em vista essecrescente interesse na economia e nacultura dos chineses, a PUCRS está lan-çando novidades que aproximam a Uni-versidade desse país. A primeira delas éo curso de Língua Chinesa. As aulas co-meçaram em abril e vão até julho, quan-do iniciam novas turmas, sempre às ter-ças e quintas-feiras à noite, com duraçãode 1h30min. Informações pelo fone (51)3320-3680 ou e-mail [email protected].

Está também em processo de elabo-ração na Universidade o Instituto de Cul-tura Chinesa. Dentre as atividades ofere-cidas estão previstas, a princípio, aulasde culinária e história chinesa, tai chichuan (arte marcial milenar chinesa queutiliza movimentos flexíveis e lentos) eintercâmbios de alunos. Além disso, serámontada uma biblioteca. A previsão é deque o Instituto inicie seus trabalhos nosegundo semestre deste ano.

LABORATÓRIODE HOSPEDAGEM

Os alunos dos cursos de Hotelaria e Turis-mo já estão utilizando o recém-inaugura-

do Laboratório de Hospedagem. Localizado notérreo do prédio 41, dispõe de modernas insta-lações e programas de computador que simu-lam um hotel verdadeiro. Dentre as áreas cons-truídas fielmente estão um apartamento com-pleto, lobby, recepção e escritórios. No Labora-tório são ministradas disciplinas práticas e ad-ministrativas, juntando a teoria à prática dosfuturos profissionais dentro da Universidade.

ONúcleo de Estudo e PesquisaAmbiente e Direito (Nepad),

da Faculdade de Direito, passa aoferecer a linha de pesquisa em Di-reito Indígena, que atuará em con-junto com o Núcleo de Estudos ePesquisa em Cultura Indígena daPUCRS. O objetivo é realizar pesqui-sas sobre o direito indígena, seu de-senvolvimento, evolução e funda-mentos.

O Nepad também conta agoracom um novo site (www.pucrs.br/direito/nepad), com todas as infor-mações referentes ao núcleo, even-tos, princípios e linhas de pesquisa,entre outras.

Para o segundo semestre estáprevisto o início das aulas da se-gunda turma do curso de especiali-zação em Direito Ambiental, ofereci-do como curso à distância em par-ceria com a PUCRS Virtual. O grupotambém planeja oferecer em breveum curso semelhante transmitidopara países da América Latina e al-guns da África. A idéia faz parte deum convênio estabelecido com aONU no final de 2004.

A interação com outros paísesnão é novidade para o Nepad, queem abril reuniu centenas de partici-pantes no 2º Congresso Internacio-nal Transdisciplinar Ambiente e Di-reito, discutindo temas como direitoambiental em evolução; direitoshumanos, guerra e ambiente; ma-triz energética e desenvolvimento ealterações climáticas. Informaçõessobre o núcleo, eventos, atividades ecursos pelo telefone (51) 3320-3634ou e-mail [email protected].

Foto: Gori Pon / Stock.xchng

Área simula lobby de hotel

Apartamento é completo

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TECNOLOGIA

Grupo cria softwares comLÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

20 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

Para facilitar a educação e comunicaçãode surdos pela internet, um grupo depesquisa da Faculdade de Informática

desenvolve softwares especiais utilizando aLíngua Brasileira de Sinais (Libras). O Grupode Informática na Educação de Surdos (GIES),formado em 1996 e coordenado pela profes-sora Márcia Campos, conta com o trabalho debolsistas de iniciação científica, voluntários ealunos que estão concluindo os cursos de Ci-ência da Computação e Pedagogia, Multimei-os e Informática Educativa.

Segundo Márcia, o diferencial dessetipo de programa é o respeito à línguamaterna dos surdos, no caso do Brasil,a Libras. Ela é formada por todos oscomponentes de línguas orais, e seussinais são estabelecidos de acordo como formato e movimento das mãos emcombinação com o ponto do corpo ouespaço em que são feitos. “No inícioprecisávamos de um registro escrito dalíngua de sinais. Não queríamos usarum vídeo ou fazer desenhos, pois issodificultaria o trabalho. Pesquisando en-contramos o sistema Signwriting, que éuma representação escrita de sinais, e outilizamos em nossos softwares”, contaa professora. Esses sinais mostram otipo de expressão facial, se usa ombroou não, a posição e formato da mão,tipo de movimento e tipo de toque.

Entre as ferramentas desenvolvidasque podem possibilitar melhor inclusãodigital e social dos surdos estão oSigned, editor de texto parecido com oWord que utiliza a Libras; o Signsim,sistema de tradução da Língua Portu-

guesa para a Libras e vice-versa; Signhtml,editor html para a construção de sitescom suporte à escrita de Língua de Sinais;Signtalk, ferramenta para bate-papo;Signmail, software para o envio e recebimentode e-mails, e o Signhq, ferramenta que per-mite a confecção de histórias em quadrinhosem Libras.

O editor de html foi formulado de maneiraque todas as páginas criadas possam seracessíveis também por internautas cegos, que

utilizam programas especiais de leitura detela. Além de orientar o usuário, dá dicas dedesign e detecta erros antes que a página sejacolocada na internet.

O grupo pretende disponibilizar gratuita-mente as ferramentas e seus manuais paradownload a partir do segundo semestre, pormeio do site http://gies.inf.pucrs.br. Futura-mente também deve lançar versões on-linedos softwares, sem a necessidade de que se-jam salvos no computador do usuário. Estão

previstos, ainda, módulos para inclusão dedicionários em outras línguas, como o inglêse a Língua de Sinais Americana.

Todos os programas utilizam uma basede dados em comum, contendo os sinaissalvos, que podem ser, inclusive, criadospor quem os utiliza e compartilhados comoutros usuários quando estão conversandopor bate-papo pelo Signtalk, por exemplo.Essas conversas também podem ser salvascom os horários em que cada pessoa digi-tou a mensagem.

A aluna do curso de Pedagogia e Multi-meios Dircelene Evaldt, bolsista do grupo, fezo curso básico de Libras na PUCRS para seaprimorar. “Considero muito importante nãoapenas fazer o curso como também procurarmanter o contato com a comunidade surda,pois caso contrário corre-se o risco de setrabalhar em um projeto destinado a um gru-po de pessoas sem se conhecer suas reaisnecessidades”, observa a estudante, que fazplanos de cursar mestrado na área.

MANTENEDORA É DESTAQUE EM INOVAÇÃO

AUnião Brasileira de Ensino e Assistência (Ubea), mantenedorada PUCRS, ocupou a 36ª posição no Ranking da Inovação,entre as 50 instituições mais inovadoras da região Sul do

País, sendo a primeira dentre as instituições de ensino superior do RioGrande do Sul. O ranking é publicado pela Revista Amanhã. Para aclassificação, foram considerados os pedidos de Patente de Invençãoe Modelo de Utilidade solicitados pela PUCRS ao Instituto Nacional dePropriedade Intelectual (INPI) entre os anos de 1993 e 2003.

Com o objetivo de auxiliar os alunos, professores, pesquisadores efuncionários da Universidade no processo de depósito de patente, a

PUCRS criou, em 1999, a Agência de Gestão Tecnológica e de Proprie-dade Intelectual (AGT). As solicitações feitas por meio do Núcleo dePropriedade Intelectual têm seus custos relativos à proteção e manu-tenção da patente cobertos pela Instituição.

Outra distinção de destaque recebida pela Universidade foi o PrêmioAnprotec de Parque Tecnológico do Ano, em 2004. Na ocasião, o ParqueTecnológico da PUCRS (Tecnopuc) foi homenageado por representar umcomplexo industrial de base científico-tecnológica planejado, além depromover cultura e inovação. O prêmio foi concedido pela Associação Na-cional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores.

Signed: editor de texto

Signsim: tradução de sinais ENTRE EM CONTATO COM O GIES(51) 3320-3558 ou [email protected]

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PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 21

HIDROGÊNIOvai gerar energia em Pelotas

Por Carine Simas

Apossibilidade de iluminar a casa aoanoitecer enche de expectativas adona de casa Orondina Costa Teixei-

ra, de 73 anos. Moradora da Ilha da Feitoria,localizada a uma hora de barco da zona urba-na de Pelotas e onde a rede de luz elétrica nãoalcança, Orondina deverá ser a primeira be-neficiada por um projeto de pesquisa que estádesenvolvendo células combustíveis a hidro-gênio capazes de gerar energia. O trabalho éuma parceria entre a PUCRS e a CompanhiaEstadual de Energia Elétrica (CEEE) e faz par-te do Programa de Pesquisa e Desenvolvi-mento da Agência Nacional de Energia Elétri-ca (Aneel).

As células combustíveis (ou fuel cells)geram energia por uma reação eletroquímica,sem emitir poluentes e de forma silenciosa.Uma das grandes vantagens é a geração nolocal, a partir de gás hidrogênio armazenadoem cilindro e oxigênio do ar. Assim, pode-sedescentralizar a sua geração, implantandounidades de tamanho adequado ao consumoe facilitando a instalação de energia em co-munidades distantes, nas quais o alto inves-timento dificulta a instalação das linhas detransmissão convencionais.

O protótipo de uma célula a hidrogênioestá sendo desenvolvido na Faculdade deQuímica, num trabalho coordenado pelos pro-fessores Vicente Mariano Canalli (Faculdadede Engenharia) e Marçal Pires (Química) en-volvendo uma equipe multidisci-plinar de professores e cincomestrandos, com o apoio de ou-tras unidades da PUCRS.

O trabalho começou em 2003como uma monografia de gradua-ção e teve continuidade com oapoio financeiro da Universidadee da CEEE, que destinou R$277,38 mil à pesquisa no anopassado. O montante foi usadopara adquirir os equipamentos emateriais necessários e no paga-mento de recursos humanos.

Agora, busca-se parcerias emPelotas para a concretização doprojeto. Um empresário da cidademanifestou o interesse em ceder

um terreno na Feitoria onde deve ser instala-da uma pequena central para a geração daenergia.

A potência máxima fornecida na Ilha seráde um quilowatt, o suficiente para atender asnecessidades básicas de uma residência po-pular. A intenção é que ainda este ano a ener-gia elétrica para a dona de casa Orondina Tei-xeira seja uma realidade.

O engenheiro Carlos Eduardo Raposo, de-signado pela CEEE para gerenciar o projetoem nome da empresa, interessou-se tantopela pesquisa que optou por fazer mestradona PUCRS sobre o tema, abdicando a gerên-cia da pesquisa para Paulo Renato Soares.Uma das etapas previstas para a sua disser-tação é a análise econômico-financeira dainstalação de células a hidrogênio comparadacom a rede comercial. “Hoje, por ser uma tec-nologia nova, as células a combustível aindatêm um custo elevado. Porém, é uma tecnolo-gia auto-sustentável, renovável e não agrideo meio ambiente”, observa Raposo.

A geração de energia com células de com-bustível a hidrogênio tem boa eficiência emrelação aos motogeradores tradicionais. Aspesquisas na área são feitas hoje principal-mente nos países europeus e nos EUA. Essatecnologia possibilita também diminuir a de-pendência de combustíveis fósseis, como opetróleo, poupando as reservas e diminuindoas emissões de gás carbônico, uma formade se adequar às diretrizes do Protocolo deKyoto. Existem inclusive automóveis e ônibus

elétricos experimentais empregando célulacombustível na Europa.

Canalli explica que a idéia de gerar ener-gia com células de hidrogênio é antiga, masa aplicação técnica difundiu-se a partir dadécada de 50, nos projetos da Agência Espa-cial Norte-Americana (Nasa). Para ampliar ostrabalhos na área, está em construção, naPUCRS, um laboratório de estudo e teste decélulas a combustível, o HRS PUCRS. “Gran-de parte dos módulos necessários à pesqui-sa foram importados. Pretendemos trabalharna construção desses equipamentos para ba-ratear os custos”, diz Canalli. O grupo tam-bém já começou a estudar células a combus-tível empregando metanol e etanol.

Outro benefício que a Universidade develevar até à Ilha da Feitoria é o tratamento daágua. O líquido disponível no local é compro-vadamente impróprio para o consumo. A in-tenção é instalar uma estação de purificação

de água empregando ozônio, fabri-cada pela OZ Engenharia. O protó-tipo do equipamento foi imple-mentado a partir de uma disserta-ção de mestrado em EngenhariaElétrica da PUCRS, orientada porCanalli e co-orientada por Pires,com o auxílio da professora Adrie-ne Pereira. Atualmente, o tema se-gue em estudo no Laboratório deProcessos Ambientais da Enge-nharia Química.

Todos os equipamentos doprojeto instalados na Ilha serãomonitorados desde o continentepor um sistema de comunicação aser desenvolvido por alunos e pro-fessores da PUCRS.Soares e Canalli visitam a Ilha da Feitoria

Gerador de energia a hidrogênio

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Foto: Carlos Eduardo Raposo

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AMBIENTE

Macacossofrem ameaça

de extinçãoO 11º Congresso Brasileiro

de Primatologia, o primeiro naárea realizado no Sul do Brasil,teve a PUCRS como sede. Maisde 400 participantes, entre pro-fissionais e estudantes de todasas regiões do Brasil, além depersonalidades da primatologiamundial, debateram o tema cen-tral Desafios para a conservaçãoem paisagens fragmentadas. OBrasil é o número um do mundoem diversidade de primatas com103 espécies das cerca de 350existentes no planeta. Muitosmacacos brasileiros, no entanto,encontram-se ameaçados de ex-tinção, principalmente devido àperda de hábitat.

Entre as atividades do con-gresso foi realizado um curso deextensão gratuito sobre Introdu-ção à Primatologia e à Biologiada Conservação oferecido paraprofessores do Ensino Médio eFundamental da rede pública eprivada da Grande Porto Alegre.A Sociedade Brasileira de Prima-tologia também aprovou em as-sembléia geral uma lista das dezespécies de primatas brasileirosmais ameaçadas de extinção.

22 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

Considerada a principal atividade econômi-ca em várias regiões do Brasil, a pescaainda sofre com a falta de informações

sobre as formas mais eficazes de gerenciá-la. In-teressado em amenizar o problema, o biólogoPaulo Milani sugere na sua dissertação de mes-trado, recém defendida na Faculdade de Biociên-cias, implementar uma gestão específica para aLagoa do Casamento, localizada na região nor-deste da Laguna dos Patos, no Rio Grande do Sul.

O trabalho Diagnóstico da pesca artesanalna Lagoa do Casamento, sistema nordeste daLaguna dos Patos: uma proposta de manejo, ori-entado pelo professor Nelson Fontoura e finan-ciado pela Fapergs, integra o Projeto de GestãoAmbiental da Região de Palmares do Sul, distante96 km de Porto Alegre.

A coleta de dados começou em 2002. Milanifez o diagnóstico da pesca artesanal no municí-pio. Verificou os tipos de malha de rede adequa-dos para cada espécie, possibilitando preservar oestoque reprodutor das mesmas. Com o empregode redes de malhas de 30 mm a 140 mm o pes-quisador pôde confirmar o tamanho da primeiramaturação assim como a quantidade capturadapor malha de rede.

As análises apontaram que a atividade volta-se para 18 tipos de peixes, dentre os quais desta-cam-se cinco: viola, traíra, jundiá, tainha e bagremarinho. O estudo também identificou que umadas espécies com maior desembarque na região,a tainha, não reproduz na Lagoa do Casamentonem no período correspondente ao defeso –quando a pesca é proibida pelo Instituto Brasilei-ro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis (Ibama). Esse dado possibilitaria aliberação da captura da espécie na região. “Ospescadores sentem-se injustiçados pelo impedi-mento. Isso acaba incentivan-do a ilegalidade”, destaca oorientador Nelson Fontouraque também coordena o La-boratório de Dinâmica Popula-cional na PUCRS.

Liberar a pesca da tainhano período correspondente aodefeso nas águas com profun-didade superior a dois metrose com redes de emalhar de nomínimo 100 mm entre nósopostos estaria entre as alter-nativas encontradas para

atender às solicitações dos pescadores. Dessamaneira, o trabalho não seria interrompido aolongo do ano, podendo ser suspenso o seguro de-semprego para os pescadores.

A comunidade que exerce a atividade é cons-tituída em média por 89 pessoas. No entanto,apenas 37 delas encaixam-se no segmento pro-fissional, sugerindo que nem todos sobrevivemessencialmente do ofício.

Os resultados foram encaminhados para aSuperintendência Regional do Ibama. A responsá-vel pelo ordenamento pesqueiro da entidade, Da-niela Gelain, diz que os dados levantados por Mi-lani serão extremamente úteis. Para ela, a pes-quisa científica é fundamental para a obtençãode êxito no plano de uso sustentável dos recursospesqueiros. “As propostas do biólogo deverão serapresentadas e discutidas com a comunidade lo-cal e demais envolvidos”, destaca.

O Ibama pretende implementar, em outras lo-calidades, gestões específicas no uso dos recur-sos pesqueiros. “Nosso objetivo é trabalhar porbacias”, diz Daniela. Segundo a bióloga, existemestudos iniciados e em andamento na Lagoa dosPatos, Lagoa Mirim, Lagoa Mangueira, na BaciaHidrográfica do Rio Tramandaí, Rio Uruguai e RioTaquari-Antas. “Seria muito bom poder contar,nesses es-tudos, comin f o rma-ções comoas encon-tradas not r a b a l h osobre aLagoa doCasamen-to”.

Gestão pesqueira beneficiariaLAGOA DO CASAMENTO

Pescaartesanal(acima) ea equipeda PUCRS

Fotos: Aloísio Braun

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CIÊNCIA

PUCRS comemora Ano Mundial da FísicaEm 1905 um jovem de 26 anos, funcionário do

Serviço de Patentes de Berna, na Suíça, publi-cou na revista alemã Annalen der Physik, desetembro, quatro trabalhos que o tornariam um

dos mais famosos cientistas da história. Para homena-gear o centenário da divulgação dos estudos de AlbertEinstein e mostrar o impacto e a importância da Físicano mundo contemporâneo, a Organização das NaçõesUnidas (ONU), atendendo sugestões de sociedades inter-nacionais da área, escolheu 2005 como o Ano Mundialda Física. Atividades gratuitas serão realizadas ao longodo ano na PUCRS para marcar a data.

A grande contribuição trazida pelos trabalhos deEinstein à Física moderna esteve entre os motivos quelevaram as entidades a escolhê-lo como um símbolo.“Toda a tecnologia atual está baseada em conceitosfísicos. Os artigos de Einstein ajudaram muito na evolu-ção do conhecimento sobre a área”, destaca a profes-sora Izete Zanesco, do Núcleo Tecnológico de EnergiaSolar, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento emFísica da PUCRS.

De acordo com a diretora da Faculdade de Física,Maria Emília Bernasiuk, as pesquisas do físico foramfundamentais para o desenvolvimento da Física Nuclear,dos semicondutores, do laser, entre outros.

Os trabalhos publicados por Einstein referiam-se aoefeito fotoelétrico, ao movimento browniano, à teoria darelatividade especial e à relação massa-energia. No pri-meiro, que lhe rendeu o Prêmio Nobel, em 1921, foi re-definida a natureza da luz. A hipótese levantada por MaxPlank, “pai da Física Quântica”, de que a luz seria irra-diada de forma descontínua inspirou a interpretação de Einsteinsobre a mesma propagar-se, também, descontinuamente na formade pacotes de energia ou fótons, cuja existência não era presumidapela Ótica e Eletromagnetismo da época.

O Movimento Browniano foi descoberto em 1827 pelo botânicoRobert Brown quando este observou, através de um microscópio,movimentos pequenos e rápidos dos grãos de pólen na água. Noentanto, Brown não encontrou uma explicação para o fenômeno.Décadas depois, Einstein detalhou a idéia de que tudo a nossa voltaé formado por átomos e moléculas em movimento e que a colisãodeles ocasionava a agitação dos grãos de pólen.

O trabalho que lhe rendeu maior visibilidade em âmbito interna-cional foi a da Relatividade Especial (sobre a eletrodinâmica doscorpos em movimento). Com ela, pode-se explicar o comportamentodos corpos a velocidades extremamente altas, admitindo-se que otempo e o espaço não são absolutos.

A relação massa-energia (E=mc2) foi publicada num pequenoartigo intitulado A inércia de um corpo será dependente do seuconteúdo energético? junto à Teoria da Relatividade e teve comomérito simplificar e dar a visão mais geral sobre a necessidade deassociar massa a uma onda eletromagnética, já que a mesmatransfere quantidade de movimento quando é refletida ou absor-vida.

A genialidade de Einstein também esteve associada a anos deintenso estudo, observações minuciosas e conversas com outrosespecialistas. Segundo o professor da Faculdade de Física DélcioBasso as teorias físicas são desenvolvidas de forma coletiva e ba-seiam-se em idéias elaboradas por muitos pesquisadores. “Nin-guém faz tudo sozinho”, salienta.

Perceber o que os outros não notavam foi uma das maioresvirtudes do gênio. “Einstein era um grande observador. Construíaexperimentos mentais que o ajudavam a ordenar o pensamento”,observa a diretora da Faculdade de Física.

Destacar os aspectos humanísticos e culturais da ciência, alémde valorizar suas contribuições para a sociedade, está entre os obje-tivos das comemorações que ocorrerão na PUCRS durante o ano.“Queremos estimular a criatividade dos nossos alunos, fazer comque eles não se conformem com as soluções prontas. Ao mesmotempo, pretendemos refletir sobre o ensino da Física”, afirma MariaEmília.

O dia da Física, comemorado em 19 de maio, contará comdestaques na programação: Física sem mistérios: atividades expe-rimentais, a partir das 17h, e a palestra O impacto da Física nomundo contemporâneo, com início às 20h, ambas no auditório doprédio 10 do Campus Central. As demais atividades podem ser en-contradas no site www.pucrs.br/fisica.

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 23

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ENTREVISTA

CLAUDE GEFFRÉ

A religião comocaminho para a paz

Por Bianca Garrido

Odiálogo inter-religioso é um dosmaiores desafios da humanidadeneste século 21, entremeado por

discussões religiosas, fundamentalismo, con-flitos étnicos, nacionais e sociais. A PUCRS or-ganizou e sediou o 1º Fórum Mundial de Teo-logia da Libertação, evento paralelo à quintaedição do Fórum Social Mundial. Na atividade,os cerca de 200 teólogos presentes, de dife-rentes religiões cristãs e diversas regiões domundo, discutiram temas como o engajamen-to das igrejas cristãs com as causas sociais, opapel da religião no atual mundo complexo erepleto de conflitos e a Teologia da Libertação.A revista PUCRS Informação conversou com ofrei dominicano francês Claude Geffré, 78anos, considerado um dos maiores pensado-res da Europa. Durante 29 anos, foi professorde Teologia em Paris, onde lecionou TeologiaFundamental e Teologia Hermenêutica e diri-giu a Escola Bíblica de Jerusalém. Geffré crêno diálogo entre as religiões como uma possi-bilidade da modernidade e uma responsabili-dade histórica das religiões, idéia que torna-ria o mundo mais justo. Na opinião do teólogo,existe hoje uma banalização de riquezas deordem religiosa, um “supermercado religio-so” que propõe a consumidores produtos, mi-tos, símbolos, doutrinas, técnicas mentais evirtudes diversas. Atualmente Claude Geffréministra cursos de Teologia na Suíça (Fribur-go) e no Canadá (Quebec) e é doutor honoris-causa pela Universidade de Chebuk. Entre asobras do frei dominicano estão O Cristianis-mo ao risco da Interpretação (1988), Comofazer teologia hoje: hermenêutica teológica(1989), Paixão do homem e paixão de Deus(1991), Crer e interpretar: o momento decisi-vo hermenêutico da Teologia (2001). Nestaentrevista Geffré ajuda a entender um pouco oporquê de tantos conflitos religiosos e se há,em algum lugar do futuro, espaço para a pazentre as religiões.

CONFLITOS RELIGIOSOS EXISTENTES HOJE,COMO ENTRE ÁRABES E JUDEUS, FORAM,EM OUTROS TEMPOS, PIVÔS DE TANTA VIO-LÊNCIA, GUERRA E MORTES?

A partir da criação de Israel, a força e aviolência são utilizadas para manter o Estado.Há uma certa “tentação” no judaísmo em serfundamentalista, o que acredito ser uma gra-ve crise de identidade. Já o Islamismo assu-me a “tentação” do fundamentalismo. NaFrança fala-se do islamismo radical, que emnome do Islã, de Deus, legitima utilizar a vio-lência. Pelo Islã, justifica-se a mortandade, osuicídio, os atentados contra pessoas inocen-tes. O Ocidente é considerado capitalista, li-beral, decadente. A luta do islamismo é contraos que eles chamam de infiéis (os ocidentais).Isso só pode ser chamado de uma coisa: con-flito de civilizações.

OS EUA INFLUENCIAM DE ALGUMA FORMAA EVOLUÇÃO DO CONFLITO?

Os EUA acreditam que têm a vocação delevar a democracia ao mundo. É uma certavocação messiânica que Israel também pos-sui. Há uma ligação entre os EUA e Israel,além da união entre judeus e cristãos não-fundamentalistas, em divulgar a religião deDeus por meio da força, daí a guerra preventi-va. Para eles, a guerra torna-se justa quandobusca a democracia.

QUAL O PONTO DE VISTA DE QUEM DEFEN-DE O FUNDAMENTALISMO E QUAL O DEQUEM DEFENDE O DIÁLOGO, JÁ QUE UMACORRENTE CONTRAPÕE A OUTRA?

O diálogo conduz à liberdade do outro,respeitando sempre sua diferença. A fé é aexpressão livre de si mesma. Não pode

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PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 25

haver conflito entre religião e modernida-de. A modernidade é principalmente a ra-cionalidade e a democracia. Da moderni-dade européia, com a racionalidade e ademocracia, derivam os critérios mais im-portantes para a reorganização do mun-do. Todas as religiões devem buscar umconsenso universal, em matéria de aspi-rações fundamentais, igualdades do ho-mem e da mulher, o caráter inviolável daconsciência, o direito ao trabalho, à saú-de e à felicidade. Tudo isso são aspiraçõesfundamentais, da consciência humana. Seas religiões não escutam esses princípi-os, correm o risco de perecer. O critério deuma verdadeira religião é não sacrificar overdadeiro humano. A religião deve estara serviço do desabrochar do homem. Creiotambém que é necessário banir a idéia degrandes religiões opostas a pequenas por-que sob o ponto de vista da história issonão é relevante. A Igreja não pratica essadistinção. Na África, na Oceania ou naAmérica, a noção de diálogo continua aser válida.

QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE A TEOLO-GIA DA LIBERTAÇÃO?

Um movimento muito importante paratodo o mundo. A Teologia da Libertaçãoobrigou a teologia cristã a refletir sobre te-mas como a salvação, já que ela crê nasalvação como a libertação das pessoasque sofrem. Uma perspectiva hoje para aTeologia da Libertação é a preocupaçãocom as causas ambientais. Nesse Fórumhouve muitos teólogos falando sobre apreservação do meio ambiente, sobre aecologia, o que é de extrema importância.Atualmente a Teologia da Libertação nãopensa só na libertação das pessoas.

HOJE EXISTE UMA NOVA FORMA DE FA-LAR DE DEUS. TEMOS UMA NOVA IMA-GEM, MAIS PLURAL E INTEGRADA.COMO O SENHOR A DEFINE PERANTE OPLURALISMO DE INTERPRETAÇÕES RE-LIGIOSAS? QUAL É O VERDADEIRODEUS? ONDE ESTÁ A VERDADE?

Existem vários deuses em nós. O plu-ralismo religioso não é um pluralismo aca-bado, ele é inseparável do pluralismo dasculturas e indissociável de uma humani-dade plural. Se crermos que Deus existe,devemos pensar que Deus criou o ho-mem como um ser plural, genética e fisi-camente. As culturas religiosas abençoa-

das por Deus têm diferentes formas e en-riquecem os entendimentos sobre o Seumistério. Não existe uma verdade e nemuma não-verdade. Há, sim, uma plurali-dade de verdades que se referem ao mis-tério de Deus. A verdade revelada cristãé singular. As grandes religiões históricascontinuam vivas, cada qual na sua ver-dade. Grandes religiões monoteístas,como o hinduísmo, budismo e as sabe-dorias chinesas, como o taoísmo e o con-fucionismo, têm demonstrado uma novavitalidade. O cristianismo é a primeira re-ligião do mundo com mais de 2 milhõesde fiéis. O hinduísmo e o budismo man-têm influência sobre milhões de asiáticose possuem membros na Europa e na Amé-rica do Norte. A maior parte da sociedadetornou-se plurirreligiosa. Assistimos auma inversão do antigo mapa missioná-rio. Enquanto a expansão missionária co-lonizava de Norte para o Sul, hoje é ne-cessário falar de uma nova influência dastradições religiosas do Oriente sobre omundo ocidental.

QUE ESPAÇO EXISTE HOJE PARA O DIÁ-LOGO INTER-RELIGIÕES? EM QUE ESFE-RA E HIERARQUIA DA SOCIEDADE ESTEDIÁLOGO OCORRE?

Em todas as partes do mundo ocorremassembléias, conferências e discussõespara a busca do diálogo. Não são encon-tros de confrontação, mas de colocação depensamentos em comum face às urgên-cias do mundo. O mundo pede paz, prote-ção da natureza, fim das guerras e dasdiscriminações de castas, da mulher. Éisso que se passa entre as religiões mes-mo que elas não tenham o mesmo concei-to de Deus.

O FÓRUM MUNDIAL DE TEOLOGIA E LI-BERTAÇÃO É UM EXEMPLO?

Sim, é uma forma de buscar o diálogoentre as religiões cristãs.

É POSSÍVEL QUE UM DIA TENHAMOS APAZ ENTRE AS RELIGIÕES. QUAL É OMELHOR CAMINHO?

A paz é uma absoluta utopia, mas asurgências do mundo são tais que as religi-ões ultrapassarão as suas intrigas e colo-car-se-ão a serviço da sobrevivência.Quando chegarem à conclusão de que apaz é uma necessidade, haverá a paz, elaserá imposta pela própria história.

O mundo pede paz,

proteção da

natureza, fim das

guerras e das

discriminações de

castas, da mulher. É

isso que se passa

entre as religiões

mesmo que elas não

tenham o mesmo

conceito de Deus.

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26 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

EM FOCO

A psicologiana sociedadedo consumoO ato de

consu-mir dei-

xou de estar ape-nas relacionado àesfera econômicapara se tornar umhábito cada vezmais influente nasrelações humanas.Grifes se confun-dem com identida-des, desejos sãotransferidos paraobjetos e descartá-vel passa a ser si-nônimo também dealguns relaciona-mentos.

A compreensãoe a análise do fe-nômeno do consu-mo, seus efeitosna sociedade e ainfluência da mídia nesse contexto foram temas amplamente debati-dos no 1º Congresso Brasileiro de Psicologia do Consumidor – A mídiae os Direitos Humanos, promovido pelo Programa de Pós-Graduaçãoem Psicologia, com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e do ConselhoRegional de Psicologia.

Na abertura, o professor Pedrinho Guareschi, um dos organizado-res do congresso, ressaltou que muitos produtos da mídia estão des-respeitando os direitos humanos:

– Na Publicidade e Propaganda há um paradoxo. Os comerciaissão mais caros e funcionam mais quanto menos consciência as pes-soas têm da sua mensagem. Isso é uma forma de tirar a sua liberda-de. Usa-se técnicas como sugestão, imitação, persuasão, pressãomoral e a percepção subliminar que, aliás, é crime. Precisamos de leispara restringir certos tipos de comerciais, principalmente quando en-volvem crianças, como se fez na Suécia, onde foram banidas propa-gandas dirigidas a crianças e comerciais adultos exibidos depois deprogramas infantis. Elas não têm mecanismos de defesa.

O congresso contou com a participação especial da professoraSandra Jovchelovitch, diretora do Departamento de Psicologia da Lon-don School of Economics, uma das maiores autoridades na área derepresentações sociais, e da coordenadora do Serviço de Orientaçãodo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Márcia Feltrin. Márciaacredita que o consumidor brasileiro está evoluindo, com uma posturamais crítica, ativa e de caráter coletivo, tentando evitar que outraspessoas passem pelas mesmas dificuldades que tiveram.

Consumidor está mais crítico

ANÁLISE DO ATO DE CONSUMIRANÁLISE DO ATO DE CONSUMIRTrechos da palestra da professora

Sandra Jovchelovitch, da London School of Economics

O ATO DE CONSUMIR E O PRAZERConsumir é uma rela-

ção, não uma ação isolada.Envolve sujeitos sociais en-contrando-se com outrossujeitos e existem normasque estabelecem como arelação entre eles vai ocor-rer. Nossas ligações com osobjetos são como nossosrelacionamentos com osoutros, ou seja, uma tenta-tiva de preencher carênci-as, necessidades, desejos.Mas o consumo traz umprazer relativo, pois em vez de preencher acaba deixando umenorme vazio. Somos convidados a construir desejos que nuncaconseguimos saciar e a mídia colabora muito com isso.

A SEDUÇÃO DA IMAGEMA questão da imagem é central. Consumimos o que vemos e

não o que realmente nos é necessário. A linguagem da imagemé sedutora, emocional, lida com os não-ditos muito bem.

SOCIEDADE DE CONSUMO E FETICHISMO DE OBJETOSVivemos atualmente numa sociedade de consumo, mais do

que nunca. Há consumo exagerado de objetos e uma fetichiza-ção deles. Ou seja, eles adquirem características humanas. Pre-ciso declarar minha identidade através do carro que tenho, dagrife que visto. Acabamos ficando dependentes desses objetosque declaram quem somos e quando não possuímos o que de-sejamos nos sentimos angustiados.

AS CRIANÇAS CONSUMIDORASÉ importante que a criança se apegue a algumas coisas que

a cercam, a algum brinquedo. Mas o que acontece na sociedadede consumo atual é o inverso disso por um exagero de ofertas.As crianças em geral não se apegam a nada, pois há um des-carte rápido do que consomem. Pela compulsividade se impedeo desenvolvimento de uma relação mais aprofundada. As expec-tativas quanto aos objetos são transferidas para suas relaçõesinterpessoais futuramente, que tendem a ser superficiais, con-sumidoras e descartáveis, de acordo com suas necessidades.

CONSUMO SOLIDÁRIOA imagem está tão ligada ao produto que quando é consta-

tado que uma marca se envolve com algo ilícito as pessoas serecusam a usá-la. Há algum tempo, por exemplo, descobriu-seque os produtos da marca de roupas GAP eram confeccionadoscom mão-de-obra semi-escrava na Ásia. Documentários de-sencadearam o boicote à grife na Europa. A GAP teve de darexplicações e hoje tem um forte trabalho de relações públicas,tentando reconstruir sua imagem. Observa-se o crescimento doconsumo solidário, a procura de marcas que se preocupam comseus funcionários, com a sociedade e com o meio ambiente.

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PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 27

DEBATES

O romance demilhões de leitores

Por Magda Achutti

Sucesso editorial estrondoso e polêmico,O Código Da Vinci, de Dan Brown, su-perlotou um auditório da PUCRS onde

foi tema do primeiro debate do ano promovidopelo Projeto Fé e Cultura. Dezenas ficaram defora querendo acompanhar a análise do ro-mance – que vendeu mais de 20 milhões deexemplares ao redor do mundo – feita pelosprofessores Ir. Evilázio Teixeira, doutor emteologia e filosofia e Vice-Reitor da Universi-dade, e Luiz Antonio de Assis Brasil, escritor evice-diretor da Faculdade de Letras.

Lançada em 2004, no Brasil, pela editoraSextante, a obra é uma trama policial de fic-ção que pode ser re-sumida numa pala-vra: conspiração.Suscita controvérsiaao colocar em xequea divindade de Jesuse afirmar que MariaMadalena casou-secom Ele dando ori-gem a uma linhagem,a qual foi protegidapor seitas secretas,perdurando até hoje.

Ao inflamável as-sunto romanescoalia-se o mérito datécnica literária deBrown. Em quase 500páginas, a narrativadesenrola-se em rit-mo vertiginoso. Todaa história se passa numa ação veloz, em me-nos de 24 horas. De um capítulo a outro, comgrande suspense e linguagem acessível, aspersonagens solucionam mistérios milenaresem torno de Cristo prendendo o leitor até ofim.

Intrigado como as “revelações” do livrotêm sido confundidas com a realidade, Ir. Evi-lázio enfatizou quanto são irrelevantes. “Asafirmações do autor sobre Jesus e a Igreja sãoas de um romancista, portanto não pretendemser levadas a sério”. E continuou: “A repre-sentação do real cabe à história ou ao jorna-lismo. Não se pode exigir isso de uma obra deficção. Ao escritor é concedida a licença poé-

tica, que faculta a possibilidade de transgre-dir em relação ao real”.

Evilázio lembrou que, embora Dan Brownressalte a exatidão de suas informações noinício da obra, o texto apresenta grandes er-ros, como datas e fatos. “É falho, por exem-plo, referir-se ao Vaticano como sede do pa-pado em qualquer época. E os dados relativosao Priorado de Sião não passam de falsifica-ções encontradas na Biblioteca NacionalFrancesa na década de 1950”, contesta oVice-Reitor.

Quanto ao fato de Jesus ter sido casado, oteólogo afirma não haver nenhuma prova ex-plícita e cita o consenso entre pesquisadoresde que Cristo era solteiro. “Se tivesse sido ca-

sado, ‘teoricamente’isso não diminuiriasua divindade, masreafirmaria sua hu-manidade”, defendeEvilázio.

Apesar do alertaque romancistas nãosão necessariamentebons historiadores,Evilázio reconhecevalor na publicação,comparando-a a umaespecialidade culiná-ria. “Há cozinheirosque conseguem ver-dadeira magia ao uniringredientes atraen-tes. Esse livro reuniuuma série de fatoresque o fez um best-

seller, misturando religião com pitadas de ci-ência e de história da arte, produzindo umcaldo interessante”.

Extremamente crítico em relação à quali-dade literária de O Código Da Vinci, AssisBrasil chegou a profetizar que Dan Brown jácomeça a ser esquecido. “Como sempreacontece em nossa época, o feitiço destruiráo feiticeiro. A novidade que ele trouxe se tor-nou velha, e o livro que lançou na esteira nãofaz o mesmo sucesso. Em dez anos ninguémsaberá quem foi Dan Brown”, arriscou o es-critor.

Na opinião de Assis Brasil, a obra apre-senta problemas literários graves como “inve-

Luiz Antonio de Assis Brasil aponta osmotivos:

Utilização de uma história policial,gênero muito respeitado.Recurso ao místico e ao oculto, quecorresponde à moda intelectual.Apelo às lendas e tradições celtas,muito prestigiadas hoje.Feminismo. Explicação dos evange-lhos por esta óptica.Miscelânea cultural da era pós-mo-derna.Moda atual de dizer que a Igreja Ca-tólica tem segredos pavorosos e re-volucionários.Tendência pós-moderna de trazeralgo novo numa época em que a ci-ência, teoricamente, já teria respon-dido tudo.

rossimilhanças e coincidências ridículas; faltade densidade psicológica das personagens(especialmente Sophie, uma perfeita patetana história), que não possuem vida própria, eestão ali a serviço da trama; reviravoltasinexplicáveis: personagens bonzinhos na ver-dade são vilões e vice-versa; obviedades;tendência a usar clichês do cinema policial:perseguições, mistérios, início com um cadá-ver”, entre outras.

Enquanto isso, o cardeal italiano TarcisioBertone, arcebispo de Gênova, propõe um boi-cote ao O Código Da Vinci: “não leiam nemcomprem o livro”, pediu em entrevista à Rá-dio Vaticano. Definiu a obra como um “castelode mentiras” e sustenta que existe uma es-tratégia mundial para divulgá-la.

RAZÕES DO SUCESSODE PÚBLICO

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28 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

Os destaques do 5º SALÃO DA PUCRS

Arevista PUCRS In-formação continuadivulgando, nesta

edição, os trabalhos dos 15alunos que foram desta-ques na 5ª edição do Salãode Iniciação Científica daUniversidade. Esta ediçãoteve 709 estudos elabora-dos por 2.943 graduandosde diversas instituições doPaís. Foram condecoradosno evento Eduardo Feltes(Lingüística), EduardoFonseca-Born (Ciência daComputação), EduardoPedrazza (Farmacologia),Erika Soares (CiênciasSociais Aplicadas) FelipeVecchia (Engenharia deMateriais e Metalúrgica),Fernanda Vianna (Genéti-ca), Gabriela Ferreira (Odon-tologia), Guilherme Felippe(História), Juliane Picanço(Zoologia), Karina Santos(Morfologia), LeandroCampos (Enfermagem),Marina Jahns (Farmácia),Paula Ortmann (Literatu-ra), Rafaela Moura (Medi-cina) e Tiago Benetti (En-genharia Mecânica).

Pesquisa analisa Conselhode Assistência Social

Erika Soares, do 7º semestre de Serviço So-cial, recebeu destaque no 5º Salão de IniciaçãoCientífica da PUCRS com o trabalho A represen-tatividade do Estado no espaço democrático doConselho de Assistência Social, orientado peloprofessor Jairo Araújo. A acadêmica analisouquais interesses processam a indicação dos con-selheiros estatais, investigou se eles estão cien-tes da responsabilidade de assumir tal função ese compreendem a assistência social como direi-to do cidadão. “Há muitas correlações político-partidárias”, afirma Erika, destacando que essefator prejudica o funcionamento do órgão.

O Conselho de Assistência Social é compostopor representantes da sociedade civil e do poderexecutivo. Sua função consiste em encaminhar,após discussão e análise, questões refe-rentes ao atendimento das necessi-dades dos idosos, crianças, ado-lescentes, moradores de rua, por-tadores de necessidades especi-ais e famílias em estágio de vul-nerabilidade social. Proporcionarcapacitação contínua e revisaros critérios utilizados hoje para oingresso dos conselheiros na enti-dade são algumas sugestões da alu-na para o aperfeiçoamento do sistema.

Nova alternativa aumentarigidez de superfície

Em muitas aplica-ções industriais é ne-cessário que as peçasde aço tenham a su-perfície dura e, aomesmo tempo, o nú-cleo tenaz e dúctil,para resistir ao des-gaste. Felipe Vecchia,da Engenharia Meca-trônica, estudou for-mas eficazes e comcustos reduzidos desuprir essas necessidades. Na pesquisa Ava-liação do desempenho da cementação gasosacom o uso de uma nova mistura de gases ele

aponta uma alternativa diferente para au-mentar a concentração de carbono das

peças e, assim, deixar rígida sua su-perfície. O estudo foi orientado pelaprofessora Eleani da Costa e des-tacou-se no Salão de IniciaçãoCientífica da PUCRS.

Com a combinação do monó-xido de carbono, dióxido de carbo-

no, metano na proporção de 49%,1% e 5% e nitrogênio, o estudante

conseguiu diminuir pela metade o tempodo processo normal de cementação com gases,realizado atualmente em oito horas. “Propus amistura para dar maior eficiência ao processo”,destaca. “Há possibilidade de reduzir essetempo ainda mais”.

cou seis meses no Boston College (EUA). Apossibilidade de estudar nesses países surgiupor intermédio de seus orientadores e doscontatos que eles tinham com pesquisadoresdas respectivas insti-tuições. Aprofundar co-nhecimentos, trocaridéias e conhecer teóri-cos que conheciamapenas dos livros estão

Doutorandasconquistam bolsa sanduícheSandra Montardo e Adriana Ama-

ral, doutorandas em Comunica-ção, foram as primeiras contem-

pladas do Programa de Pós-Graduaçãoda Faculdade de Comunicação Social combolsas de doutorado sanduíche no exteriorconcedidas pelo CNPq. As acadêmicasapresentaram suas experiências na pri-meira edição do evento Sexta Cultural, orga-nizado pela comissão coordenadora do Pós.

Sandra passou sete meses na Univer-sidade de Sorbonne (França), de dezem-bro de 2003 a junho de 2004. Adriana fi-

entre os aspectos mais apreciados pelasdoutorandas. “Fizemos contatos muitobons. Até mesmo para conseguir um pos-sível pós-doutorado”, diz Adriana.

Sandra (esq.) e Adriana:experiência no exterior

ALUNOS DA PUCRS

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PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 29

Apresentar a Universidadepara os “bixos”, proporcio-nando um espaço de convi-

vência onde é possível cantar, pintar,jogar sinuca, degustar sucos e docese tocar instrumentos musicais estáentre os objetivos do Stand Calouros.Na abertura da 12ª edição, o eventoteve a presença do Reitor, Ir. JoaquimClotet, que deu boas-vindas aos no-vos alunos e contou um breve histó-rico da Instituição.

Os alunos do curso de FarmáciaNeiva Zardo e Felipe Krug elogiaram a

CYBERFAM presente no5º Fórum Social MundialUm grupo de alunos da Faculdade de Comunica-

ção Social atuou voluntariamente durante asférias na cobertura do 5º Fórum Social Mundialpara a revista on-line cyberfam.pucrs.br. O trabalho daequipe, composta por 13 pessoas, foi supervisionadopelos professores André Pase e Lucilene Breier.

Essa não foi a primeira vez que o site fez uma co-bertura do estilo. “Realizamos reportagens sobre o Fó-rum também em 2003”, lembra Pase. “O evento é umaexcelente chance para os alunos praticarem o jornalis-mo. Eles têm a oportunidade de trabalhar ao lado deprofissionais da Reuters, GloboNews e Agência Brasil. Éuma experiência única”, acredita.As matérias abordaram temas variados. Destaca-ram-se o pedido de socorro da Chechênia por causa doforte terrorismo existente no país, as discussões sobre oconflito palestino-

israelense, as pa-lestras com os mi-nistros GilbertoGil, da Cultura, eMarina Silva, doMeio Ambiente e acaminhada pelapaz. As reporta-gens e fotografiasestão disponíveisna página on-line.

Ex-aluno participade estágio no Chile

Bruno Henriques, recém formado no curso deAdministração de Empresas com ênfase emAnálise de Sistemas, é o único porto-alegrense

a participar do estágio profissional da América LatinaTecnologia (Altec), o primeiro centro de serviços compar-tilhados do Santander. Foram selecionados para o trei-namento 16 brasileiros de instituições parceiras do siteUniversia Brasil (www.universiabrasil.net), que viabili-zou o recrutamento dos estudantes.

O programa está sendo realizado no Chile. O objetivoé capacitar os brasileiros, durante três meses, paraatuarem na manutenção e desenvolvimento dos siste-mas de bancos locais. Depois haverá um período de 30dias para aplicação prática dos conhecimentos adquiri-dos. Aqueles que se sobressaírem têm a possibilidadede assinar contrato de trabalho com a Altec Chile.

Henriques considera grande a relevância desse está-gio. “Vários fatores estão sendo agregados a minha ‘em-pregabilidade’. Como conhecer uma cultura diferente,adquirir experiência internacional e trabalhar numa em-presa com qualidade superior”, ressalta.

Entre os cinco estudantes vence-dores do Prêmio Caixa IAB 2004,

está a acadêmica Cassandra Cora-din, da Faculdade de Arquitetura,que irá apresentar seu trabalho no12º Congreso de la UniónInternacional de Ar-quitectos (UIA), emIstambul (Turquia).Cassandra anali-sou o tema dareurbanização emelhoria dos es-

STAND CALOUROS:espaço de integração

e conhecimento

iniciativa. “É realmente uma recep-ção, um convite caloroso de integra-ção à Universidade, diferente. Faz agente se sentir em casa”, destacouNeiva, também formada em Pedago-gia pela PUCRS. Felipe disse que nãoesperava tal recepção. “Gostei muito.É válido mostrar aos alunos a possibi-lidade de interagir com as unidades.”

A recepção aos novos universi-tários, promovida pelo Centro dePastoral e Pró-Reitoria de AssuntosComunitários, também foi realizadanos campi Zona Norte e Viamão.

Projeto de arquiteturaapresentado na Turquia

paços de moradia na Vila Nossa Se-nhora de Fátima, localizada na re-gião metropolitana de Porto Alegre.Criar e ampliar as áreas de lazer, re-tirando apenas as casas em situa-

ção de risco, está entre aspropostas apresenta-

das pela estudante.“Quis melhorar aambiência do lugaradequando às ca-racterísticas daVila”, assegura.

Reitor Joaquim Clotet deu boas-vindas aos novos alunos

Foto: André Pase

Cobertura foi variada

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ALUNOS DA PUCRS

30 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

CARENTES recebematendimento odontológico

Os moradores debaixa-renda de

Rosário do Sul,município localizado a386 km de Porto Alegre, fo-ram beneficiados pelasações voluntárias de oitoestudantes do último anoda Faculdade de Odontolo-gia que participaram doProjeto Litoral 2005. Sob asupervisão dos professoresEdgar Erdmann, coordena-dor do Programa de AçõesComunitárias de Extensãoda Universidade, e MárciaRejane Brücker, os alunos realizaram 2.200procedimentos.

Foram feitas extrações e restaurações,além de dicas sobre higiene, aplicação deflúor e orientações sobre as maneiras deprevenir a cárie por meio de dietas referen-tes ao açúcar.

Destaques naARQUITETURA

Rodrigo Gamboa, recém formadono curso de Arquitetura, conquis-

tou o 3º lugar no Prêmio IAB/RS paratrabalhos finais de graduação do se-gundo semestre de 2003 e primeiro de2004. A distinção foi entregue no jantarcomemorativo aos 57 anos da entida-de. Participaram do evento dez univer-sidades do Estado, representadas pelassuas respectivas Faculdades de Arqui-tetura e Urbanismo. Na 7ª edição doPrêmio Arquitetando Docol, categoriaestudante, modalidade docolarte, foramagraciadas as arquitetas e ex-alunasda PUCRS, Fernanda Kionka e Claú-dia Carpes.

Aluna conquista faixapreta de KARATE

Shaine Rodrigues, aluna e profes-sora assistente do curso de Karate-

Do Wado-Ryu (caminho da paz) do Ins-tituto de Cultura Japonesa, obteve ograu máximo no conceito de avaliaçãodo exame de faixa preta internacional.A atleta, que passou para o 1º Dan, étricampeã estadual nas categoriaskata/perfomance e kumite/luta.

A vocação de Shaine para a artemarcial vem de família. Ela começou apraticar com o pai aos sete anos. “Des-de pequena o via treinar. Isso fez comque me interessasse pela luta”, conta.

O Karate-Do Wado-Ryu é a personi-ficação resumida de todas as artesmarciais do Budo – filosofia de vidacriada a partir do Bushido (código éticonão-escrito, desenvolvido pelos samu-rais, que fornecia parâmetros para seviver e morrer com dignidade).

Apresentar os projetos de comunicaçãorealizados e implementados pelos for-

mandos do curso de Relações Públicas, daFaculdade de Comunicação Social, é o objeti-vo da 24ª Mostra de Talentos em RRPP. A ex-

Mostra revela talentos em RELAÇÕES PÚBLICASposição é organizada pelos alunos do 7º nívelsob a supervisão da professora Ana LuisaBaseggio. O evento será realizado em 15 dejunho, a partir das 18h30min, no Centro deEventos do prédio 41.

Para o acadêmico Juliano Dani a iniciativaé extremamente importante: “Nós nos prepara-mos para o mundo real do trabalho. No projetopodemos adaptar o atendimento a condiçõesnão tão ideais como as encontradas na Facul-dade”, avalia. “Ganhamos o aprendizado clíni-co”, destaca o colega Leonardo Barcellos.

De 11 a 14 de maio, a turma de formandos

da Faculdade de Odontologia (ATO 2005)

promove a 18ª Jornada Odontológica, cujo tema

será Tecnologia: a realidade na clínica odon-

tológica. O evento terá uma ampla e diversifi-

cada feira comercial e oportuniza que os con-

gressistas entrem em contato com as novida-

des na indústria e serviços referentes à área.

Nessa edição, também serão oferecidos cursos

internacionais. A jornada ocorre no Centro de

Eventos da PUCRS (prédio 41). Mais informa-

ções pelo site www.pucrs.br/jornadaodonto.

Formandos organizam18ª JORNADA

ODONTOLÓGICA

Alunos fizeram 2.200 procedimentos

Foto: Divulgação

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PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 31

BRAGA colecionavitórias na nataçãoRafael Braga, acadêmico do 5º

semestre da Faculdade de Medi-cina, conquistou sete meda-

lhas no 4º Campeonato Sudamericanode Natación Master-Lima, no Peru. Oacadêmico recebeu a medalha de ourono revezamento 4 x 50m medley e 100mcostas. Nas categorias 50m costas,200m e 400m livre e no revezamento4 x 50m livre conseguiu as de prata. Ade bronze veio com os 100m livre.

A paixão pelo esporte surgiu quan-do o estudante ainda era criança. Aosoito anos começou a freqüentar escoli-nhas de natação. Com dez, participoudas primeiras competições. Um anodepois, em 1996, era o 13º melhor na-dador do Estado na categoria juvenil na

prova 50m livre. “A na-tação é minha vida.Treino todo o dia”, as-segura.

Para o acadêmi-co, o esporte trazdiversos benefíciose, alguns deles, o aju-daram no vestibular.“Aprendi a manter acalma e ter mais con-centração”, destaca.“Quando estou num campeonato preci-so mostrar o treinamento de um anonum único momento. No vestibular é amesma coisa, precisamos concentrartodos os nossos estudos nos dias dasprovas”, compara.

Contribuir para um Chile mais solidário, unidoe fraterno esteve entre as metas dos 30estudantes da PUCRS que participaram da

Misión País, desenvolvida pela Pontificia Univer-sidad Católica de Chile. A missão é oferecida peloPrograma Universidade Missionária, do Centro dePastoral. O tema do encontro foi Em comunhãoconstruamos com Cristo a alma do Chile.

Durante 15 dias, os alunos dedicaram-se atrabalhos comunitários e de espiritualidade. Fo-ram realizadas visitas a famílias e oficinas comcrianças, jovens e adultos. Os acadêmicos tam-bém participaram de momentos de integração, nosquais discutiram os temas abordados nas visitasdomiciliares.

Uma das integrantes da equipe, Jordana Fer-nandes, do 5º semestre de Fisioterapia, desta-cou a importância do projeto. “Foi uma das me-lhores experiências da minha vida”, acredita. “Fuipara a missão imaginando que apenas ajudariaas pessoas carentes, mas acabei recebendo mui-to deles”, conta.

Flávia Andrade, ex-aluna do curso de Admi-nistração de Empresas com ênfase em Análisede Sistemas, acredita que o intercâmbio ajuda naformação humana do próprio universitário. “Muitasvezes os estudantes não conhecem a realidade daspessoas mais necessitadas. Na missão, eles pas-sam a valorizar mais a vida”, destaca.

O Centro de Pastoral da PUCRS está organizan-do, de 5 a 10 de julho, o projeto Missão Butiá, mu-nicípio localizado a 81km da Capital gaúcha. Tam-bém está programado de 25 a 31 de julho o projetoMissão Porto Alegre, que será realizado na Vila Fá-tima. As inscrições podem ser feitas até 20 de maiono prédio 17, sala 101 do Campus Central. Infor-mações pelo telefone (51) 3320-3576 ou no sitewww.pucrs.br/pastoral/missionaria.

Alunos desenvolvem missãosolidária no CHILE

Acadêmicos da PUCRS em passeata

CULTURAL SOCIAL HOURintegra estrangeiros

Na segunda edição do CulturalSocial Hour, promovido pela As-

sessoria de Assuntos Internacionais eInterinstitucionais (AAII), os acadê-micos estrangeiros da PUCRS se reu-niram para um momento de confra-ternização e troca de informaçõesculturais. Na ocasião, também parti-ciparam brasileiros interessados emfazer intercâmbio para o exterior.

O encontro contribui para a in-tegração e inserção dos estrangei-ros na cultura brasileira, contandocom jogos sobre conhecimentosgerais, históricos, geográficos elingüísticos, coordenados pela pro-fessora de português para estran-geiros Valéria Raymundo.

Entre as atividades realizadasesteve a explicação da razão de

21 de abril ser feriado no Brasil.Mostrou-se quem foi Tiradentes equal foi sua importância para a his-tória nacional. Os alunos estrangei-ros foram convidados a apresentaraos colegas um feriado existente noseu país no mês de abril, com a fi-nalidade de explicar um pouco dacultura de cada um.

O francês Xavier Lachenal, daÉcole Nationale de Saint’Étienne ealuno da Engenharia Mecânica daPUCRS, apresentou no evento a via-gem que fez com outros estrangeirospara o município de Cambará do Sul,localizado a 180 km de Porto Alegre.Na ocasião, apontou as diferenças na-turais entre o Brasil e a França. A viagemfoi organizada pela AAII e teve a orienta-ção de um aluno e de um recém-formado

no curso de Geografia.Interessados em par-

ticipar de intercâmbios noexterior podem entrar emcontato com a Assessoria(prédio 40, sala 512) pelotelefone (51) 3320-3660ou no e-mail [email protected].

Foto: Divulgação

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LANÇAMENTOS DA EDIPUCRS

32 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

PSICOLOGIA COMUNITÁRIANO RIO GRANDE DO SUL –

REGISTROS DA CONSTRUÇÃODE UM SABER-AGIRHelena B. K. Scarparo

304p.Os movimentos sociais e epistemoló-gicos a partir dos quais a PsicologiaComunitária se inseriu no Rio Grandedo Sul são focalizados neste trabalho,que mostra documentos e publicaçõesde cunho histórico, relacionados com osurgimento da Psicologia Comunitáriano Estado.

FIDES RATIO AUCTORITASO ESFORÇO DIALÉTICO

NO ‘MONOLOGION’DE ANSELMO AOSTA –

AS RELAÇÕES ENTRE FÉ,RAZÃO E AUTORIDADE

Manoel Luís Cardoso Vasconcellos264p.

Propõe-se o autor a desvendar a relaçãoentre fé, razão e autoridade na reflexãode Anselmo Aosta, no contexto de deba-te sobre o estatuto da dialética.

CRÍTICA DA RELIGIÃO E SISTEMA EM

KANT – UM MODELO DE CONSTRUÇÃORACIONAL DO CRISTIANISMO

Jair Antônio KrassuskiColeção Filosofia 189 – 278p.

Elaborado com base numa tese de doutorado em

Filosofia, defendida na PUCRS, o livro faz um

estudo profundo da obra de Kant A religião den-

tro dos limites da simples razão. Permite co-

nhecer mais do que os interesses pessoais, his-

tóricos e culturais de Kant e seu tempo, propor-

cionando uma apurada compreensão do mais im-

portante conceito que a Modernidade construiu:

a idéia de liberdade.

PROPRIEDADEE DEMOCRACIA LIBERAL –UM ESTUDO ESTRIBADO EM

CRAWFORD BROUGHMACPHERSON

Neiva Afonso OliveiraColeção Filosofia 185

312p.

O pensamento político de Macpherson é otema desta obra, resultado de doutorado doPrograma de Pós-Graduação em Filosofiada PUCRS. A autora acompanha o proces-so de aprimoramento metodológico do filó-sofo canadense, desde o relacionamentoentre Estado e movimentos sociais, até seudiagnóstico sobre a democracia liberal.

GLOBALIZAÇÃO & JUSTIÇA IIDraiton Gonzaga de Souza

Nikolai Petersen (Orgs.)Coleção Filsofia 186 – 117p.

O volume reúne os trabalhos apresentados por re-

nomados intelectuais alemães durante o II Fórum

Social Mundial, realizado em Porto Alegre em

2002, dentro da programação do Instituto Goethe.

Tendo como tema o complexo fenômeno da globa-

lização, o livro contribui para o esclarecimento de

questões relevantes e atuais, como a problemática

do trabalho na sociedade global, a exploração do

meio ambiente, o estado de bem-estar social e a

situação financeira mundial.

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MERCADO DE TRABALHO

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 33

PEDAGOGIAPedagogo facilita aprendizagem

Uma das principais dificuldades en-contradas nas escolas brasileirasé o desinteresse dos alunos em re-

lação ao aprendizado. Ajudar os professo-res a adequar as aulas à realidade ondeestão inseridos é a função do pedagogo. Elecria métodos de ensino objetivando melho-rar o processo de aprendizagem.

Gostar de lidar com a formação do serhumano, ter criatividade e sensibilidadesão características que os interessados emseguir a carreira precisam ter. É essencialtransitar por todas as áreas do conheci-mento, sempre aliando teoria e prática.

O mercado de trabalho caracteriza-sepela abrangência. Os acadêmicos que op-tam pela docência podem escolher entre aeducação infantil (de zero a seis anos) ouséries iniciais do Ensino Fundamental (de1ª a 4ª série). A primeira enfoca os aspec-tos socioafetivos e as múltiplas linguagensexistentes no universo dos pequenos. A se-gunda lida com a alfabetização formal,além dos conceitos básicos de disciplinascomo a matemática.

Outra área existente é a da educaçãoespecial. O ritmo apresentado pelo grupode alunos portadores de deficiência indicaqual será a melhor metodologia. Quem es-colhe esse ramo pode atuar em hospitais,escolas especializadas e nos colégios quetenham turmas destinadas exclusivamentepara este ensino.

A orientação educacional, a supervisãoescolar, a psicopedagogia e o curso de mul-timeios e informática educativa – no qual oprofissional especializa-se em metodolo-gias de ensino, expondo para os docentesas melhores formas de oferecer o conteúdo– integram as demais especialidades.

Nos últimos anos, a tendência mostrouque um número expressivo de profissionaisestá criando seu próprio espaço de atua-ção. “Muitos dos nossos alunos procuramformas de atuar como pedagogo no contex-to onde estão estabelecidos”, destaca aprofessora da Faculdade de Educação daPUCRS Maria Inês Vitória.

Conforme o Sindicato dos Professoresdo Rio Grande do Sul (Sinpro/RS), o pisosalarial para 20 horas/semanais na educa-ção infantil das escolas regulares que ofe-

recem outros níveis e do ensino fundamen-tal, considerando o repouso remunerado, éde R$ 721,35. A Convenção de Trabalhopara 2005 está sendo negociada pelo Sin-dicato dos Estabelecimentos do Ensino Pri-vado no Estado do Rio Grande do Sul (Sine-pe/RS) em conjunto com o Sinpro/RS. Paraas demais áreas a remuneração varia deacordo com a localidade.

A Faculdade de Educação da PUCRStem longa experiência, com mais de 60anos de atividades. O curso de Pedagogiada Universidade, com duração de quatroanos, dispõe de diversas especialidades,facilitando a escolha dos que pretendemtrabalhar na área da educação.

O incentivo à prática desde os primei-ros semestres é a característica principaldo curso. Os acadêmicos estagiam em es-colas municipais, estaduais e particulares.O Colégio Marista Champagnat, pela suaforte relação com a Universidade, contrataboa parte dos acadêmicos.

A Universidade oferece Programa dePós-Graduação completo, com especializa-ção nas áreas de Educação Especial, Orien-tação Educacional e Supervisão Escolar eMBA em Gestão Educacional. Todos são rea-lizados por intermédio da PUCRS Virtual, se-diada no 9º andar do prédio 40. Há tambémo mestrado e doutorado em Educação.

ONDE CURSARFaculdade de Educação – CampusCentral – Av. Ipiranga, 6681, prédio 15Informações: (51) 3320-3527,[email protected] ouwww.pucrs.br/faced

ONDE CURSARFaculdade de Educação – CampusCentral – Av. Ipiranga, 6681, prédio 15Informações: (51) 3320-3527,[email protected] ouwww.pucrs.br/faced

A educaçãoque traz novasoportunidades

Katiuscha Lara Bins, graduada emEducação Especial e mestranda em Edu-cação, sempre quis ser professora. As-sistir à aula dos mestres incentivou-apela escolha da carreira. Quando aindaestava na Faculdade, interessou-se pelotrabalho voluntário no Núcleo de Educa-ção de Jovens e Adultos (Neja). Por inter-médio da Universidade, fez viagens aonordeste do País pelo Programa Alfabeti-zação Solidária, do governo federal.

Depois de formada decidiu continuarno Neja. Foi para o Rio Grande do Norteensinar educadores sobre as melhoresformas de passar o conteúdo para os alu-nos, adequando os métodos de ensino àrealidade da região. “O Brasil tem grandenúmero de analfabetos. Esse tipo de tra-balho é fundamental para o nosso País.É uma forma de dar outra oportunidadepara os que moram lá”, destaca.

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UNIVERSIDADE ABERTA

34 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

Qualificação da gestão municipal.

Regularização fundiária.

Qualificação de profissionais de saúde,incluindo agentes comunitários.

Saneamento do Igarapé Esperança.

Exame da cadeia produtiva da pisci-cultura e fruticultura.

PUCRS prepara volta ao RONDONDepois de 16 anos sem atividades,

o Projeto Rondon deverá ser reto-mado em julho. Universitários e

professores estão preparados para desen-volver projetos sociais em comunidades ri-beirinhas da fronteira do Brasil com a Co-lômbia e o Peru. A PUCRS foi uma das 40instituições de ensino superior seleciona-das a participar da iniciativa, que come-çou com o diagnóstico realizado em janeirono município de Benjamin Constant, regiãodo Alto Solimões, no Amazonas. Falta pou-co para voltar a atuar na Amazônia – aUniversidade manteve o Campus Avança-do Alto Solimões de 1974 a 1989. “É grande aexpectativa de alunos e pais, especialmenteos ex-rondonistas, para que o projeto volte aocorrer em breve”, destaca o professor daFaculdade de Odontologia Denis Dockhorn,coordenador do grupo que foi ao Amazonas noinício do ano.

Além de Dockhorn, participaram o coorde-nador do Centro Pastoral, Ir. Édison Hüttner, eos acadêmicos Miele Ribeiro, da Faculdade deFilosofia e Ciências Humanas; José Guaranha,da Educação Física e Ciências do Desporto; e

obter documentos. Constatou mais organi-zação dos indígenas em relação às popu-lações ribeirinhas e urbanas.

Na maior parte dos domicílios nãoexistem serviços básicos. Não há rede deágua nem de tratamento de esgoto. É pre-ciso esperar a água da chuva para utiliza-ção na alimentação, higiene e limpeza.Mesmo na sede urbana, onde existe com-panhia responsável pela rede de trata-mento e distribuição de água, alguns de-pendem de vizinhos concederem a exten-são de canos.

O acesso à matrícula nas escolas ésatisfatório, na faixa de 98%, mas existemelevados níveis de evasão e repetência. Ospais indígenas reivindicam um currículo di-ferenciado. O barco é o principal meio detransporte escolar, destinado aos professo-res e não aos alunos, como ocorre em outrosestados. Na área da saúde, inexistem umarede municipal e unidades de atenção bási-ca. Muitas vezes falta uma política de sane-amento, ocasionando mau cheiro, contami-nação de mananciais e igarapés, prolifera-ção de vetores e doenças.

Propostas para BENJAMIN CONSTANT a curto prazoCurso pré-vestibular para indígenas.Sistema de coleta e armazenamento dolixo urbano.Expansão do sistema de distribuição daságuas de abastecimento público.Auto-sustentabilidade das comunidadesindígenas com o cultivo de frutas e a pro-dução de mel por abelhas sem ferrão.

Treinamento realizado na selva

População em condições precárias Situação pitoresca no local

Cristiano Rovedder, da Biociências. O gruporealizou diagnóstico em Benjamin Constant,apontando necessidades da população. Elabo-rou um relatório que servirá de base para asações previstas na nova fase do projeto. Aequipe foi acompanhada pelo Centro Universi-tário do Norte e Universidade Federal do MatoGrosso. A definição das universidades queatuarão juntas, seleção de alunos e prazo ca-berá aos Ministérios da Defesa e da Educação.

Durante o tempo em que permaneceu noAmazonas, o grupo realizou visitas e interagiucom habitantes. Segundo Dockhorn, a comu-nidade demonstrou saudade das atividadesdesenvolvidas pela Universidade. O alunoJosé Mateus Guaranha sentiu-se orgulhosopela forma como se referiam ao trabalho daPUCRS. Impressionou-se com a força da na-tureza na Amazônia e a diversidade cultural.Chegou a provar o suco de pupunha (fruto depalmeira) numa comunidade indígena, feito apartir da mastigação. Detectou ainda que apopulação está insatisfeita e tem condiçõesprecárias de vida.

As famílias são compostas, geralmente,por um casal com quatro filhos. O grupo iden-tificou a enorme dificuldade de a população

PERFIL do municípioBenjamin Constant está situado a

Oeste do Estado do Amazonas e integra aregião do Alto Solimões, ocupando umaárea de 8.742,0 km2. A população indíge-na é de 6.159, representando um percen-tual sobre a população total de 27,17%.As etnias indígenas presentes no muni-cípio são ticuna e cocama. A densidadedemográfica é de 2,67 habitantes porkm2, com total de 23.211 pessoas, se-gundo o IBGE. Na zona urbana são14.158 habitantes e na zona rural, 9.053.A temperatura varia de 40ºC a 15ºC.

Fotos: Divulgação

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BASTIDORES

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 35

Num momento em que a utilizaçãode computadores e novas tecno-logias apresenta crescimento sem

precedentes, uma atividade desenvolvidahá mais de 500 anos é essencial dentro daPUCRS. A Gráfica Epecê, localizada noprédio 33 do Campus Central, é responsá-vel pela impressão de revistas, jornais, li-vros, periódicos diversos, cartazes, fôlde-res, impressos administrativos, provas dovestibular, manual do candidato e guiaacadêmico, entre outras diversas publica-ções da Universidade.

Em 21 de janeiro de 1941 surgia a As-sociação Champagnat, criada para dar su-porte gráfico aos impressos da Provínciado Brasil Meridional, hoje Província Maris-ta do Rio Grande do Sul, de seus colégios esecretarias. Mais tarde, passou a chamar-se Tipografia Champagnat.

A atual Epecê, nome que vem de Esco-la Profissional Champagnat, iniciou suasatividades numa antiga residência dentroda chácara onde hoje está a Universidade.Aos poucos a Gráfica foi se modernizando,com a compra de máquinas impressorastipográficas manuais, guilhotina e da pri-meira Linotipo, máquina muito avançadana época, pois permitia maior velocidadeàs impressões. Tão importante que teveinauguração solene em 4 de dezembro de1949, com a presença de autoridadescomo o então governador do Estado, IldoMeneghetti.

A Epecê, desde então, não pára deinvestir na modernização do seu parquegráfico, sendo atualmente considerada a

gráfica universitária melhor equipada doPaís. Com a aparelhagem atual, tem acapacidade de realizar cerca de 27 mi-lhões de impressos por mês, de dois ti-pos: impressão tipográfica, praticamenteextinta, e offset, usando de uma a quatrocores.

A preocupação com o meio ambienteestá sempre presente no dia-a-dia da grá-fica. De acordo com o diretor da Epecê,Antoninho Muza Naime, diminuiu-se pra-ticamente a zero o residual de químicos etintas, com o Programa de Controle deResíduos Químicos, e muito se está con-seguindo economizar com chapas do ta-manho exato das publicações. Além dis-so, a Gráfica recebeu recentemente o cer-tificado do Programa de Produção MaisLimpa, concedido pelo Centro Nacional deTecnologias Limpas do Senai. O caso apre-sentado, da impressão da revista PUCRSInformação, apresentou economia de cin-co toneladas de papel durante um anocom a eliminação de sobras. Entre outrosdiplomas de reconhecimento estão o doPrograma Gaúcho de Qualidade e Produ-tividade, nos últimos três anos, e da As-sociação Brasileira da Indústria Gráfica –Rio Grande do Sul.

Muza lembra que uma parte do traba-lho da Gráfica, que conta atualmente com28 funcionários, às vezes tem de ser feitaartesanalmente, o que exige muita paciên-cia e dedicação. “Aqui nada se perde e es-tamos sempre com bastante trabalho, tan-to da PUCRS como de outros clientes ex-ternos”, observa.

GRÁFICA EPECÊ éGRÁFICA EPECÊ édestaque nacional na área

Quantidade de papel utilizado: 240 toneladasQuantidade de chapas offset: 12,1 milQuantidade de tinta seleção: 2,4 toneladasVeículo de maior tiragem impresso: JornalMundo Jovem (1,5 milhão de exemplares)

ESTATÍSTICAS DE 2004

Como um livroé impresso?

Uma das atividades da Epecê é a impres-são de livros publicados pela Edipucrs. Saibao que acontece quando o material do livrochega à gráfica:

Montagem de um fotolito,organizando as páginasem papel vegetal

1Montagem é passada parauma chapa de aço inox2É tirada uma grandefotografia dessa chapa3A foto é revelada4Chapa vai para amáquina de impressão5Páginas são impressas6Equipamento dobra as páginas7Livro é coladoe depois revisado8

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PELO RIO GRANDE

36 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

Campus Uruguaianaouve comunidade

OCampus Uruguaiana contou comrepresentantes da comunidade

para selecionar 19 projetos e 24 bolsas deiniciação científica do Programa de Bolsa/Pesquisa da PUCRS nas áreas de meioambiente, arroz irrigado, piscicultura,agropecuária e melhoramento genético,prioritárias para a região. Também foramescolhidos oito projetos, com uma bolsapara cada um, do Programa Institucionalde Iniciação Científica da Fapergs, relati-vos a campos diversos de conhecimento.“A avaliação conjunta, precedida de aná-lise técnica e metodológica de doutoresda PUCRS, aproxima das demandas dasociedade e reforça a qualidade da pes-quisa que a Universidade desenvolve emUruguaiana”, destaca o Pró-Reitor dePesquisa e Pós-Graduação, Jorge Audy.

O presidente da Associação dos Ar-rozeiros e vice-presidente do SindicatoRural do município, Júlio Alberto SilveiraFilho, ex-aluno de Zootecnia da PUCRS,ressalta que essa iniciativa pode trazerfrutos, com a seleção de projetos passí-veis de serem executados. Para o diretorexecutivo da Agência de Desenvolvimen-to, Feliciano Saucedo, que representou aSecretaria Municipal de Indústria, Co-mércio, Turismo e Trabalho, as entidadesconvidadas podem ser multiplicadorasjunto à sociedade nos esforços de atuara favor da cidade e da região.

A necessidade de buscar oportunida-des e diversificar a economia é apontadapelo presidente do Núcleo Fronteira-Oestede Hereford Bradford, Ricardo Pereira Duar-te. Uruguaiana caracteriza-se principal-mente pela monocultura do arroz e pecuá-ria. “A comunidade não pode ficar presaaos efeitos da crise que atinge o País.” Oengenheiro agrônomo João Carlos Battas-sini, da Emater, acredita que a iniciativa daPUCRS será um marco de envolvimentocom a comunidade, possibilitando quesuas demandas sejam atendidas, especial-mente em relação ao setor primário.

Por Ana Paula AcauanENVIADA A URUGUAIANA

Depois de ter conquistado o mercadode Uruguaiana, o Centro Tecnológicodo Leite da PUCRS inovará. Em

agosto será lançada a linha light, com menosteor de gordura. A qualidade dos produtos fazcom que a Rede So-nae seja a principalcliente, revendendo40% da produção.Para levar ao consu-midor a marca DoCampus, cerca de1,3 mil litros de leitesão processados di-ariamente. Duas ve-zes por dia são or-denhadas 28 vacasda raça holandesa,das 58 existentes no local. O coordenador doCentro do Leite, professor Douglas Thomp-son, diz que o queijo colonial, por exemplo,faz tanto sucesso que é levado para Paso deLos Libres, na Argentina, conhecida pelaqualidade do produto.

Além de um espaço para as aulas da Fa-culdade de Zootecnia, Veterinária e Agrono-mia, o Centro ajuda na capacitação dos pro-dutores. Como contribui para o desenvolvi-mento da região, a estrutura, com ordenha-deiras, resfriadores e pasteurizadores, entreoutros equipamentos, foi montada via Pólo deModernização Tecnológica da Fronteira-Oes-te, executado pelo Campus Uruguaiana. Sãooferecidos cursos de extensão e treinamen-tos. Alunos de escolas técnicas estagiam noCentro do Leite, que tem quatro funcionários.“Ensinamos como criar o gado, os cuidados

com a higiene, a tecnologia e noções de in-dústria e comércio”, destaca Thompson,também coordenador do Pólo em Uruguaiana.

Todos os supermercados da cidade ven-dem os produtos. A marca é comercializadaainda no Quiosque do Campus. Professores,funcionários e alunos, principais clientes,começam a notar a presença cada vez mais

expressiva de pessoasda comunidade embusca dos produtos,20% mais baratos queno mercado.

A partir do governoRigotto, a comunidadeprecisa mobilizar-separa que as verbasdestinadas ao Pólo se-jam aprovadas na Con-sulta Popular. Os proje-tos passam pelo Con-

selho Municipal de Desenvolvimento (Comu-de) e Conselho Regional de Desenvolvimento(Corede). Em 2003 o Corede da Fronteira-Oeste foi o que registrou a maior participação,com 52 mil votantes, 5% dos eleitores. Umdos projetos que a PUCRS apresentará nesteano será o de alimentação de bovinos.

Centrodo Leitelançarálinha light

Centrodo Leitelançarálinha light

Produção da Do Campus em 2004

Leite B ........................... 246.784 litrosIogurte polpa frutas ......... 15.920 litrosIogurte natural ................... 5.090 litrosBebida Láctea ................... 8.690 litrosDoce de leite ..................... 5.425 quilosQueijo Minas Frescal ...... 16.120 quilosQueijo Tipo Colonial ........ 63.100 quilosQueijo Ricota .................... 1.163 quilos

Vacas holandesas na ordenha

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AÇÃO COMUNITÁRIA

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 37

Campus Vila Fátimacompleta 25 anos

Sabrina dos Santos chega com sua filhaCaroline, de oito dias, para fazer o testedo pezinho. O bebê chora, e ainda não

sabe que aquela é a primeira das várias ve-zes que irá com a mãe ao Campus Aproxima-do Vila Fátima (CAVF) da PUCRS, onde suasaúde será acompanhada por alunos, profes-sores e funcionários da Universidade, assimcomo ocorre com sua família. Este é um dosmais de cem casos atendidos diariamente noCampus, que comemora 25 anos.

O CAVF é um órgão suplementar daPUCRS, criado para desenvolver programasde extensão universitária. O local atende cer-ca de oito mil moradores da Vila Nossa Se-nhora de Fátima, zona leste de Porto Alegre.

A multidisciplinaridade é a principal ca-racterística do trabalho no Campus, que contacom a atuação de diversos cursos da Univer-sidade e de funcionários do Hospital São Lu-cas (HSL). Só em 2004, 867 alunos fizeramestágios curriculares ali, sempre supervisio-nados por professores.

Entre os serviços prestados à populaçãoestão os de saúde, como a assistência médi-ca, realizada pela Faculdade de Medicina,Instituto de Geriatria e Gerontologia e HSL,médicos e enfermeiros. Os dados dos pacien-tes são armazenados em prontuários de famí-lia, com uma lista de problemas, folhas deevolução e resultados dos exames. Além deconsultas, são feitas ações de educação paraa saúde. Uma das áreas presentes desde oinício é a pediatria, fazendo o acompanha-mento das crianças da região, atividades deprevenção e atendimentos em geral. A profes-sora Brasília Ache, uma das responsáveispela pediatria, lembra que todos os alunos daMedicina realizam, em algum momento, ativi-dades no local. “Eles aprendem a atender cri-anças que representam a maior parte da po-pulação brasileira, vão encontrar casos comoesses pelo resto de suas vidas”, observa.

Junto com a Medicina, os alunos de Nutri-ção desenvolvem várias atividades, como aassistência a crianças desnutridas, cujas fa-mílias integram o programa Bolsa Família. Anutricionista Andréia Teixeira conta que tam-bém são atendidos adultos com doençascomo obesidade, diabetes e hipertensão, háorientação em grupos de idosos, de pais emães e são promovidas oficinas culinárias,

ensinando a aproveitar os alimentos de formaintegral. “Além disso, realizamos duas vezespor mês, com alunos da Medicina, o projetoSala de Espera, orientando quanto a doençase alimentos. O trabalho interligado com outrasáreas tem dado bons resultados”, afirma.

Os estudantes de Odontologia tambématendem grupos especiais de idosos, hiper-tensos e diabéticos. São feitas ainda visitasdomiciliares e a escolas, encaminhando parao Campus crianças que precisam de atendi-mento, desenvolvem atividades de promoçãoe educação para a saúde, entre outras.

Não é apenas a área da saúde que estápresente no CAVF. Alunos da Faculdade de Le-tras atuam no Centro de Literatura Interativada Comunidade (Clic). O objetivo é incentivara leitura e contato da criança com os livros.Junto com a literatura, são trabalhados temascomo computação, música e imagem. Com oacervo de mais de mil obras infantis e infan-to-juvenis, semanalmente também é simula-do um ambiente de biblioteca. Entre outrosprojetos realizados estão a Mala de Leitura,que circula pela comunidade com um acervode livros, e encontros culturais com escritorese ilustradores.

Estão presentes ainda no Campus áreascomo a de Direito, com atendimentos de Direi-to Familiar; Psicopedagogia, com o auxílio acrianças com dificuldade de aprendizagem;Psicologia, por meio do acompanhamento degrupos, assistência a creches e escolas daárea; Arquitetura e Urbanismo, com propostasde melhorias das habitações e ruas da comu-nidade, e Serviço Social, muito atuante noCampus. As assistentes sociais e estudantesrealizam diversas atividades, sempre em con-junto com outras áreas, como o acompanha-mento de portadores do HIV, orientações a gru-pos de pais e mães, idosos, crianças com ris-co nutricional e trabalhos em escolas para aprevenção da AIDS. A assistente social Ariad-ne Rolim acredita que o espaço é muito ricopara o aluno do curso, que precisa lidar comsituações de pobreza, violência e doença, rea-lizando trabalhos preventivos e educacionais.

O diretor do Campus, professor José Fran-cisco Bergamaschi, conta que estão previstosainda para este ano o início das obras de am-pliação do CAVF e atividades de comemora-ção do aniversário da unidade, em agosto.

Crianças têm contato com os livros

Boca saudável: orientação dos alunos

Caroline fez o teste do pezinho

Grupo de planejamento familiar

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GENTE

38 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

CARREIRA: quando mudaré a melhor opção

Escolher a carreira é uma das escolhasmais difíceis e angustiantes dos jo-vens. Decidir para qual curso prestar

vestibular, na maioria das vezes precocemen-te, influenciados pela família e amigos, semrefletir sobre sua real vocação e habilidades,leva muitos estudantes universitários a troca-rem de curso, como foi o caso da aluna Alinedos Santos Frasson, de 20 anos.

Acadêmica de Turismo, Aline tentoufazer Arquitetura, mas não foi aprovadano vestibular. Pelo remanejo entrou naFaculdade de Matemática, pensando emaproveitar algumas disciplinas para maistarde pedir transferência. Acabou cursan-do dois semestres e decidiu optar peloTurismo. “Eu vi que gostava de pesquisar,ler e o curso tinha muito cálculo, não meproporcionava isso. Acabei me decepcio-nando. Havia pensado em fazer Turismoquando estava no colégio, mas com otempo desisti da idéia. Agora estou ado-rando, é bem o que eu queria”, conta.

Na PUCRS, entre 0,39% e 0,89% dosalunos fazem a reopção de curso por se-mestre, geralmente no início da Faculda-de. Um deles foi o estudante de ProduçãoAudiovisual – Cinema e Vídeo Fernando deOliveira Nemoto, de 22 anos. Durante doisanos, Fernando, que havia tentado Medici-na e Artes Plásticas, foi aluno da Faculda-de de Psicologia, mas desistiu por acharque não tinha o perfil para a profissão. “Eusou um artista, não um psicólogo. Trabalhohá algum tempo com arte, pinturas em su-porte tradicional, alternativo e digital.Quando o curso de Audiovisual foi implan-tado na PUCRS percebi que poderia meajudar no que eu faço. Estou amando ocurso, é a minha vida”, afirma o aluno.

Segundo a professora Ana Maria Pe-reira, da Faculdade de Psicologia, muitosjovens confundem prazer com escolhaprofissional na hora de prestar vestibular.“Quando vou decidir qual carreira seguir,tenho que saber se quero trabalhar ou so-mente me divertir com aquilo. Não é sóporque gosto de bichos, por exemplo, quetenho que trabalhar como veterinária”,alerta a professora.

A Pró-Reitora de Graduação, SolangeKetzer, lembra não ser significativo o núme-

ro de estudantes que fazem reopções de cursonos últimos semestres. Neste sentido, tambémcolaboram as mudanças propostas pelas di-retrizes curriculares que procuram aproximar arealidade do mundo do trabalho aos novosprogramas de ensino. “Evitamos que se crieum fosso entre a formação acadêmica e as ne-cessidades próprias de ambientes de trabalho”.

A estudante Kátia Aparecida Almeida, 22anos, gostava muito de matemática no colégio.Fez quatro semestres do curso de CiênciasContábeis, sem se informar muito sobre a pro-fissão. “Quando comecei o estágio na área vique não era com isso que queria trabalhar. Sem-pre quis atuar com pessoas e ali lidava maiscom papéis. Depois de um período de muita

dúvida decidi trocar de curso”, lembra Ká-tia. Desde o início de 2004 ela é estudantede Educação Física. “Sempre amei espor-tes, principalmente vôlei e futebol, e estouadorando”, conta a colorada fanática.

Em alguns casos a vontade de trocarde Faculdade surge de repente, conver-sando com um amigo, ou até mesmo influ-enciado por um professor, como aconte-ceu com André Martins, de 26 anos. Dan-do seqüência ao curso de eletrotécnicafeito no Ensino Médio, e influenciado pelafamília, André fez quatro semestres de En-genharia Elétrica. Sua rotina seguia tran-qüilamente até cursar uma disciplina naárea de Humanas com o professor Osval-do Biz. “Percebi o quanto eu gostava deler, escrever e como aquilo me fazia bem.Conversei com alguns professores da Fa-mecos e jornalistas da Zero Hora sobre ocurso e a profissão para saber se estaria fa-zendo a escolha correta”. André formou-se em Jornalismo no segundo semestre de2004 e hoje está cursando a Faculdade deLetras para se aprimorar na área, pois pre-tende trabalhar com jornalismo cultural.

Nem todos têm a mesma atitude debuscar informações como fez André. Aprofessora Ana Maria Pereira observa quea maior causa da decepção com os cursosé a desinformação antes do vestibular.“Grande parte não se informa sobre o cur-rículo, sobre o mercado de trabalho e nun-ca conversou com profissionais da áreapara conhecer o seu dia-a-dia”, revela aprofessora, apontando uma diminuição dainfluência da família. Mesmo assim essaainda está presente, principalmente porparte de pais que têm um negócio monta-do ou consultório e acreditam que podemfacilitar a entrada dos filhos no mercadode trabalho se estes escolherem a mesmaprofissão. Nem sempre, no entanto, issocorresponde à vontade dos jovens.

André: a Engenharia pelo Jornalismo

Fernando: troca por Cinema e Vídeo

Kátia: Contábeis por Educação Física

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CULTURA

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 39

Universidade preservaacervo de LUFT

Arte ecultura

indígenadestacadasem mostra

AFaculdade de Letras da PUCRS terá umasala com o nome de Celso Pedro Luft no4º andar do prédio 8 do Campus Cen-

tral, onde preservará o acervo de um dos maisimportantes estudiosos da Língua Portuguesa,dicionarista e gramático. O material foi doadopela família à Universidade, que o organiza paraque possa estar disponível a alunos, professorese pesquisadores.

A nova sala ficará junto ao espaço destinadoao Projeto de Variação Lingüística Urbana do Suldo Brasil (Varsul). No acervo, chamam a atençãoos manuscritos de Luft, que escrevia principal-mente sobre questões de linguagem. Também há acoleção completa de artigos da coluna diária Mun-do das Palavras, que publicou entre 1970 e 1984no jornal Correio do Povo. A família doou os livroscolecionados por Luft, entre eles muitos autogra-fados, em geral sobre Língua Portuguesa, Gramá-tica, Língua Espanhola e Língua Inglesa. “O mate-rial mostra o pesquisador que ele foi, produtivo eatualizado”, avalia a professora Cláudia Brescan-cini, responsável pela organização do acervo.

Para o filho Eduardo Luft, que coordena oPrograma de Pós-Graduação em Filosofia daPUCRS, a família pretende que o trabalho do pro-fessor não fique restrito e sirva especialmente aestudiosos de lingüística. “Quando as suas ano-tações forem disponibilizadas, será como se eleainda estivesse ensinando”, destaca EduardoLuft. A Universidade foi escolhida porque a famí-lia confia no trabalho realizado na área, permitin-do o acesso e o cuidado do material.

A catalogação, feita por quatro bolsistas deiniciação científica, inclui elementos como estadode conservação da obra, se há comentários sobrea leitura e autógrafos, além dos itens autor, edito-ra e título. O trabalho deverá encerrar-se emmaio. Depois será feito o tombamento, apontandoo conteúdo do acervo. “Essa organização tem oobjetivo de fazer com que as informações reuni-das por ele circulem e estimulem estudos”, afir-ma Cláudia. Por motivos de preservação, o mate-

Formado em Letras Clássicas pela PUCRS,Celso Luft dedicou mais de 50 anos ao estudo eà pesquisa da Língua Portuguesa. Lecionou naUniversidade, na UFRGS e na Faculdade Porto-Alegrense de Educação, Ciências e Letras. Pu-blicou diversos livros, entre eles Novo Guia Or-tográfico, Dicionário de Literatura e LínguaPortuguesa e Brasileira e Grande Manual deOrtografia Globo. Luft morreu em dezembro de1995. Uma de suas preocupações era discutir opapel da gramática e valorizava as contribui-ções da língua falada. “O livro Literatura e li-berdade despertou-me, por exemplo, para umasérie de questões quando aluna de graduaçãoem Letras”, comenta Cláudia Brescancini, res-ponsável pela organização do acervo.

AMostra de Arte e Cul-tura Indígena, realiza-da em abril no prédio

11 da PUCRS, foi uma mani-festação da cultura e da artede indígenas do Rio Grande doSul e convidados charruas doUruguai. Estiveram expostosartesanatos, pinturas, pratosculinários e danças dos povoscaingangue, charrua e guarani.Houve ainda a apresentaçãode trabalhos e fotografias dealunos da PUCRS e da Univer-sidade Federal de Santa Mariaque foram à Amazônia em ja-neiro fazer um diagnósticopara implantação do ProjetoRondon. Participaram alunosdo Colégio Marista Champag-nat, da Ilha Grande dos Mari-nheiros e crianças indígenas.Organizada pelo Núcleo de Es-tudos e Pesquisa Indígena eCentro de Pastoral, com oapoio do Banrisul e da Pró-Reitoria de Assuntos Comuni-tários, o evento também pro-porcionou um espaço interati-vo para representantes de co-munidades indígenas.

rial não poderá ser retirado, mas consultado nolocal. A catalogação segue o Manual de Organiza-ção do Acervo Literário de Erico Verissimo, publi-cado pela professora Maria da Glória Bordini nosCadernos do Centro de Pesquisas Literárias doPrograma de Pós-Graduação em Letras daPUCRS, em 1995.

SAIBA MAIS

Cláudia organiza o material

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40 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

SINOPSE

CENTRODE PASTORALO Centro de Pastoral publicou,

pela Editora Paulinas, a obra Compre-ender para crer – universitários ca-minham na fé. O livro, com formatode manual, propõe 19 encontros deformação onde são destacadas a obrade Jesus, o dom do espírito à Igreja, obatismo, a eucaristia, a crisma, amorte e o sentido da vida. Participamo Vice-Reitor, Ir. Evilázio Teixeira, osprofessores Érico João Hammes, LuizCarlos Susin e Pedro Alberto Kunrath ea agente de pastoral Elaine Faccin.

CIÊNCIASAERONÁUTICASA Faculdade de Ciências Aeronáuticas

participou da entrega de duas aeronaves detreinamento (PR-CSG e PR-TRF) para o Ae-roclube do Rio Grande do Sul. Os monomoto-res, de modelo AMT-600 “Guri”, considera-dos os mais modernos para a instrução devôo elementar, poderão ser utilizados paraas aulas práticas dos acadêmicos do curso.Os aviões são fabricados pela empresa por-to-alegrense Aeromot.

PORTALDE BENEFÍCIOS

Os alunos da PUCRS têm um lugar espe-cífico para se informar sobre os programasde apoio especial oferecidos pela Universi-dade. No Portal de Benefícios (www.pucrs.br/beneficios) são descritos os programas eserviços oferecidos, a exemplo do Procred eCredpuc. Mais informações na Pró-Reitoriade Assuntos Comunitários, sala 109 do pré-dio 1 ou pelo telefone (51) 3320-3500, ra-mais 4350 e 4355.

GSM – COMUNICAÇÃO GLOBALConvênio de cooperação científica e tecnológica entre a PUCRS e a Siemens tornou

possível a realização de curso de extensão na área de telecomunicações sobre a tec-nologia GSM (global system for mobile communications). Pela primeira vez, dentro deuma universidade do RS, foram abordados os mais modernos e avançados conheci-mentos tecnológicos na área de telecomunicações. Participaram da primeira ediçãoaproximadamente 30 alunos. A Faculdade de Engenharia e a Pró-Reitoria de ExtensãoUniversitária promoveram o evento com apoio da TIM Celular de Porto Alegre.

ATLAS DO ESPORTENO BRASIL

Os professores da Faculdade deEducação Física e Ciências do Des-porto Nelson Todt e Roberto Mesquitasão autores de três capítulos do AtlasNacional do Esporte no Brasil. O pro-jeto é fruto de uma pesquisa retratan-do a situação de quase dois terços dapopulação brasileira que têm relaçõesdiretas ou indiretas com práticas físi-cas, voltadas para o lazer, a saúde e aeducação, entre outros aspectos. Otrabalho caracterizou as atividadesesportivas e seus suportes institucio-nais e comunitários como um dosprincipais meios de desenvolvimentosocial e econômico. Para dezembro de2005 está previsto o lançamento doAtlas do Esporte no Rio Grande doSul. Todt e Mesquita são os coordena-dores adjuntos da obra. A PUCRStambém estará representada pelosdocentes Alessadra Scarton, Jader doAmaral, Luciano Castro e por alunosde diferentes grupos de pesquisa.

ENGENHARIAOs alunos da Faculdade de Engenharia

Ana Patrucco, Caroline Carvalho, ViníciusBidinoto e Alice Rubatino embarcaram paraa França, em fevereiro, para estudar duranteum ano na École Nationale de Saint-Étienne.O intercâmbio tornou-se possível por inter-médio de um convênio entre a PUCRS e ainstituição francesa, com auxílio do Progra-ma Franco-Brasileiro Capes/Brafitec. O pro-fessor Eduardo Giugliani, coordenador doPrograma na Universidade, acompanhou osestudantes.

CRÔNICASIr. Elvo Clemente, assessor da Rei-

toria, lançou pela Edipucrs o livroQuando a crônica floresce. Para o au-tor, a crônica atravessa os séculos, vi-brátil, fugaz, ora ingênua ou matreira,espelhando sempre a face escondidada vida que se tenciona revelar. A obraapresenta uma seleção de crônicas pu-blicadas em jornais. Entre os capítulos,Cambiantes da crônica; Crônica e cul-tura; Cultura e humanismo latino; Por-tugueses: além dos mares, escritoresde África; Academia e escritores do RioGrande doSul; Uni-versidade,h is tór ia ,mestres eidéias; Natrilha deMarcel i -no Cham-pagnat eC r ô n i c a– vida esentido deviver.

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PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 41

O Vice-Reitor, Ir. Evilázio Tei-xeira, e o assessor da Reitoria Ir.Armando Bortolini participaram doEncontro Internacional de Insti-tuições Maristas de EnsinoSuperior, realizado na

PUC-PR, em Curitiba. Participa-ram do evento 40 representantesde 21 instituições da Austrália,Argentina, Brasil, Espanha, EUA,

Itália, Filipinas, México,Peru e Timor Leste.

Maristas realizam encontro internacionalACORDO NA QUÍMICAA PUCRS e as Tintas Killing assinaram acordo de coo-

peração técnica e científica visando a desenvolver novastecnologias ecologicamente corretas para as áreas de tin-tas, adesivos e acabamentos para couros, além do trata-mento de efluentes. Os produtos serão com base-água enão utilizarão solventes orgânicos. Dessa forma pretende-se diminuir o impacto ambiental. O trabalho será realizadopor pesquisadores, alunos de graduação e pós-graduaçãoda Faculdade de Química com profissionais da empresa.

SESSÃO DIDÁTICA NOTRIBUNAL DE JUSTIÇA

Os alunos da Faculdade de Direito, especial-mente os da disciplina de Prática Jurídica, participa-ram de sessão didática da 5ª Câmara Criminal doTribunal de Justiça do Estado. Durante o julgamento,os desembargadores fizeram interrupções paraapresentar esclarecimentos aos estudantes.

SERVIÇO CATÓLICODE INTERCÂMBIO

ACADÊMICOO coordenador do departamento

responsável pelo fomento de bolsistasda América Latina do Serviço Católicode Intercâmbio Acadêmico (KAAD), Tho-mas Krüggeler, visitou a PUCRS paraanunciar os novos dirigentes do Conse-lho de Porto Alegre para os próximoscinco anos. O professor Urbano Zilles foiescolhido presidente e o docente Drai-ton Souza, secretário. O Ir. Elvo Clemen-te, que presidiu a entidade durante 15anos, foi nomeado presidente de honra.O KAAD é um serviço mantido pela Con-ferência Episcopal da Alemanha comoórgão de fomento que concede bolsaspara estudantes católicos que queiramfazer mestrado, doutorado ou pós-dou-torado na Alemanha.

ENGENHARIAA obra Iluminação Econômica, de auto-

ria do professor Gilberto Costa, da Faculdadede Engenharia, conquistou o Prêmio Nacio-nal da General Electric. A premiação ocorreuno mês de maio, no Rio de Janeiro. O livro foieditado pela Edipucrs.

O Projeto Museu Itinerante (Promusit)do Museu de Ciências e Tecnologia daPUCRS foi uma das atrações da Expo-Interativa: Ciência para Todos, realizadano Rio de Janeiro. O evento integrou o 4ºCongresso Mundial de Centros de Ciên-cia. É uma mostra internacional deprodutos, serviços e tecnologiaspara museus e centros de ciência,que visa ac o n t r i b u i r

para um maior conhecimento e atualiza-ção dos profissionais, comunidades es-colares e programas educativos. Naocasião, o Promusit apresentou cerca de60 experimentos interativos, além deshows e oficinas pedagógicas num es-

paço de 800m², noRiocentro.

Promusit vai ao Rio de Janeiro

CAMERATA VOCALISO Coral de Câmara dos Estudantes da

Universidade de Tübingen (Alemanha), apre-sentou-se no Salão de Atos da PUCRS. O gru-po, formado por dois corais e uma orquestraacadêmica, realiza concertos regionais, na-cionais e internacionais desde a sua funda-ção, no século 19. A Camerata Vocalis temum repertório a-capella variado, abrangendoestilos da Renascença até o Modernismo.

Foto: Divulgação

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SINOPSE

42 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

PUCRS INFORMAÇÃOA revista PUCRS Informação está com nova pá-

gina na internet desde a edição 124, correspondenteaos meses de março e abril de 2005. O novo layout,disponível no endereço www.pucrs.br/revista, foi de-senvolvido em sintonia com o projeto gráfico da pu-blicação e permite ao leitor visualizar, na íntegra, asprincipais reportagens já na capa do site. Há linkspara todas as seções. É possível ter acesso às edi-ções anteriores da revista, no formato PDF. RogérioFraga é o webdesigner e Rodrigo Ojeda, o webmas-ter, com o apoio da Gerência de Web.

DIAGNÓSTICO DE SAÚDEAs Faculdades de Medicina e

Serviço Social realizaram, entre2003 e 2004, o Diagnóstico de Saú-de do Distrito Leste de Porto Alegre.A idéia é melhorar a condição desaúde e a qualidade dos serviçosprestados à população da região,que integra as vilas Nova Brasília,Pinto, Mato Sampaio, Bom Jesus,Jardim, Morro Santana, Jardim Car-valho e a área do Campus Aproxi-

mado Vila Fátima. O projeto, defini-do em conjunto pelas duas Facul-dades e a Secretaria Municipal deSaúde, integra o Programa de In-centivo a Mudanças Curricularesnos Cursos de Medicina. Aproximara formação médica à realidade so-cial do Distrito e ao trabalho no âm-bito do Sistema Único de Saúde estáentre as propostas da Faculdade deMedicina.

CAMPANHA DE MATERIAL ESCOLARO Centro de Pastoral, por meio

do Projeto Solidariedade, promoveuuma campanha para arrecadaçãode material escolar, com o objeti-vo de colaborar com o ensino decrianças carentes na volta do anoletivo. Nos campi Zona Norte (CZN)e Central foram arrecadados maisde 13 mil itens, entre cadernos, lá-pis, canetas, estojos e mochilas.O material recolhido no CZN foi entregue para o Centro Social Marista.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIABeatriz Tavares Franciosi, professora da

Faculdade de Informática e da PUCRS Vir-tual, passa a integrar o Grupo de Trabalho deEducação a Distância para a Educação Su-perior, que se caracteriza por oferecer subsí-dios para a formulação de ações estratégicasreferentes à educação superior. A docente foidesignada pelo Ministério da Educação.

PARCERIA PUCRS E SOFTSULA PUCRS e a Softsul lançaram, em Porto

Alegre, o Projeto Melhoria de Processo doSoftware Brasileiro (mpsBr). A parceria reú-ne a Universidade, para atuar na avaliação eacompanhamento de projetos de certifica-ção, e a Softsul, na consultoria e implanta-ção do modelo mpsBr. A iniciativa envolveinstituições de ensino, grupos de pesquisa eempresas, coordenados pela Sociedade paraPromoção da Excelência do Software Brasi-leiro. O objetivo é organizar um grupo de 10empresas para a implantação das práticasprevistas no modelo mpsBr, buscando au-mentar a capacidade e maturidade dos pro-cessos de desenvolvimento de software.

ENADEOs professores Gilberto

Cunha (Engenharia de Produ-ção), Marcelo Yamaguti (Com-putação), Márcia Dias (Ciên-cias Sociais), Nara Basso(Química) e Rubem Vargas(Engenharia Química) foramos selecionados para integrarcomissão de especialistas doExame Nacional de Desempe-nho de Estudantes (Enade),em 2005.

CONCURSO DE FOTOSOs alunos vencedores do concurso de

fotos Cantos e Recantos, promovido pelaPró-Reitora de Assuntos Comunitários, Ca-roline Eidt, Felipe Rosa, Lara Ely, RamomBarbosa, Rhaoni Rückheim e Vinicius Cru-xen, foram homenageados com um almoçocomemorativo, durante o qual receberamprêmios. Estiveram presentes a Pró-ReitoraJacqueline Moreira e a comissão de seleçãodos melhores trabalhos.

FAMILYFEST 2005O Movimento dos Focolares, com apoio do Cen-

tro de Pastoral, realizou o Familyfest 2005. O evento,sediado na PUCRS, é um multicongresso internacio-nal dirigido a famílias de todos os países. Foramapresentados testemunhos, espaços de debate emomentos artísticos. O Movimento dos Focolaressurgiu em 1943 no Norte da Itália e hoje está em143 países. É formado principalmente por leigos, jo-vens, adultos, famílias e profissionais, mas tambémpor religiosos e sacerdotes.

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PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 43

EPILEPSIAO diretor do Instituto de Pesquisas

Biomédicas, neurologista Jaderson Cos-ta da Costa, foi eleito embaixador daLiga Internacional Contra Epilepsia. Onome do médico da PUCRS foi indicadopela Liga Brasileira de Epilepsia. A en-trega do prêmio ocorrerá durante o 26ºCongresso Internacional de Epilepsia,em agosto, na cidade de Paris (França).

MEDICINAJosé Spolidoro, professor do Depar-

tamento de Pediatria da Faculdade deMedicina, recebeu prêmio no Congressoda American Society of Parenteral andEnteral Nutrition, realizado na Flórida(EUA). O trabalho, agraciado com oAbstract of Distinction, é um inquéritonacional sobre alergia à proteína do lei-te de vaca em crianças. Participaramdo estudo 30 gastroenterologistas pe-diátricos de 12 estados brasileiros.

INTERVALO

O boletim semanal PUCRS Notícias,órgão de divulgação interna da Univer-sidade, lançou o encarte mensal Inter-valo. A publicação, de duas páginas,abre mais espaço para a participaçãodo leitor, que pode sugerir temas ou en-viar fotografias, ilustrações e textos. Oencarte é dividido em quatro seções:Destaque, Por Dentro da PUCRS, SabeTudo e Classipuc. A última recebeanúncios, sem custo, de venda, troca eprocura de livros usados e material di-dático. Somente alunos, funcionários eprofessores da Universidade podemparticipar. Contatos podem ser feitospelo e-mail [email protected] oupelo (51) 3320-3500, ramal 4338.

TRANSPESSOALA Rede Transpessoal Sul, com o

apoio da Faculdade de Psicologia pro-moveu o 1º Fórum Sul-Brasileiro deTranspessoal. No evento, sediado naUniversidade, foi debatido o paradigmatranspessoal e suas práticas nas áreasda educação, clínica e organizacional.Os temas abordados trataram do resga-te e integração da essência vida, o pro-cesso de morte e renascimento, a ciên-cia transcendência, entre outros.

TECNOPUCEM PERSPECTIVA

O evento Tecnopuc em Perspectiva tevesua primeira edição. Serão reuniões bimes-trais com palestras, troca de informações eexperiências e apresentação dos projetos depesquisa. A palestra de abertura foi proferi-da pelo Reitor Ir. Joaquim Clotet, no Centrode Convivência do Tecnopuc. A promoção éda Agência de Gestão Tecnológica (AGT),com apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa ePós-Graduação.

Debates sobre a asmaO professor Renato Stein, coordenador

do Laboratório de Pediatria do Instituto dePesquisas Biomédicas (IPB), foi convidadopela American Thoracic Society para ser pa-lestrante no Congresso Americano de Pneu-mologia, em San Diego (EUA). O docente co-ordenou a mesa de debates sobre a Pers-pectiva Global da Asma e apresentou dadosde pesquisa feita pelo IPB em escolaresgaúchos. Stein foi o único representante bra-sileiro no evento.

FISIOTERAPIAEm janeiro foi realizada a formatu-

ra da primeira turma do curso de Fisio-terapia da Faculdade de Enfermagem,Fisioterapia e Nutrição. Na ocasião, 45acadêmicos tornaram-se bacharéis.Entre eles estava o estudante PauloSchenkel, que conquistou a primeiracolocação no processo seletivo de mes-trado na área das Ciências Biológicas-Fisiologia da UFRGS.

TURISMOLeandro Lemos, professor do curso de

Economia da Faculdade de Administração,Contabilidade e Economia, foi escolhido coor-denador do Plano Nacional de InventariaçãoTurística pelo Ministério do Turismo. O docentetem doutorado na área. Será feito um projeto-piloto no Rio Grande do Sul que servirá como mo-delo para mais de três mil cidades brasileiras.

INCUBADORARAIAR

A Incubadora Multissetorial deBase Tecnológica Raiar abre oportu-nidade para novos empreendedoresdo RS serem donos do seu próprionegócio. Os interessados terão o su-porte da Universidade e atuarão jun-to ao Tecnopuc. O edital lançado pelaIncubadora está selecionando quatroempresas. As propostas devem serapresentadas até 27 de maio. Maisinformações no site www.pucrs.br/agt.

PUCRS RECEBE DISTINÇÃOA pesquisa Marcas de quem deci-

de, em sua sétima edição, destacou aPUCRS como a mais lembrada (Top ofMind) e a preferida (Top of Preference)entre as Instituições de Ensino Superiorprivadas do Rio Grande do Sul. No estu-do, realizado anualmente pelo Jornal doComércio em conjunto com o InstitutoQualidata Survey, a Pontifícia Universi-dade Católica do Rio Grande do Sulconfirmou a posição alcançada no anopassado, embora com índices superio-res aos registrados em 2004.

Foto: Divulgação

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PERFIL

44 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

URBANO ZILLES:fé e ciência

Por Mariana Vicili

Poliglota, multitarefas, comunicati-vo e estudioso. Urbano Zilles, di-retor da Faculdade de Teologia,não pára, e ainda quer mais.

Nascido em 1937 na cidade de Nova Petró-polis, Rio Grande do Sul, aos 13 anos foipara Salvador do Sul iniciar seu caminhoreligioso, ingressando no seminário. O pa-dre Balduíno Rambo, dedicado à ciência,foi uma de suas principais influências.

Em Salvador do Sul sua paixão pelacomunicação era evidente, quando traba-lhou na revista A Conquista. Anos maistarde, para pagar as Faculdades de Filoso-fia e Pedagogia, que cursou em Viamão,trabalhou como fotógrafo, fazendo fotos deformaturas e outros eventos pelo Estado.

O curso de Pedagogia não foi concluído,mas nem por isso sua vida acadêmica tor-nou-se menos ativa. Na época era o únicopadre envolvido com política estudantil,sendo inclusive eleito presidente do centroacadêmico.

Em 1962 seguiu para a Alemanha a fimde estudar Teologia, no mosteiro de Buron,mais conhecido como Benediktbeuern, ondetambém especializou-se em arte sacra, es-pecificamente pinturas e escritos. Tentouaprender violino e órgão, mas desistiu.

Na Universidade de Münster, além defazer doutorado em Teologia e Filosofia, le-cionou Teologia Sistemática durante um se-mestre. Na ocasião, hospedou por três diaso Papa João Paulo II, na época arcebispo deKrakóvia. Uma das lembranças curiosas doencontro é a do notável bom humor e gostopor contar piadas, um lado pouco conheci-do do falecido Pontífice. Anos depois, Zillesrecebeu do Papa o título honorífico de Mon-senhor e foi nomeado seu capelão, junta-mente com outros religiosos. Recebeu tam-bém o convite para ser secretário do Vati-cano, cargo que recusou. “Queria dedicar-me à pesquisa, mas sempre fui conduzidopara a administração”, confessa.

Ainda na Alemanha, Urbano Zilles nãodeixou de lado o gosto pelo Jornalismo.

Apresentou programas de rádio em portu-guês e alemão na Deutsche Welle e auxiliouna produção de atrações de televisão. Em1967, atuou, por acaso, como capelão doexército norte-americano em Ludwigsburg.“Era o período da Guerra Fria, muito tenso,cheguei até a conhecer instalações secre-tas deles. Como era padre, ninguém quisme barrar”, conta rindo.

Retornou para o Brasil em 1969 paralecionar Teologia na PUCRS. Em 1973 foinomeado coordenador do departamento eda pós-graduação em Filosofia. De 1988a 2004 ocupou o cargo de Pró-Reitor dePesquisa e Pós-Graduação. “Essa fase mepôs na vanguarda dos conhecimentoscientíficos, tanto daqui como de outras ins-tituições, algo de que gosto muito. Quandoentrei, a PUCRS tinha a figura de um colé-gio, até mesmo pelos prédios. Criamos en-tão um plano de capacitação docente, la-boratórios de pesquisa e conseguimos in-cluir consultores em vários órgãos de fo-mento. Mudamos a imagem da Universi-dade, que hoje é referência em pesquisa”,conta. Zilles também considera a criaçãoda Edipucrs um dos marcos como Pró-Reitor.

O trabalho na PUCRS não o afastou daprodução literária. Além de ter escrito, du-rante alguns anos, artigos para jornaiscomo O Estado de São Paulo e Jornal doBrasil, publicou 46 livros, principalmen-te na área da religião e filosofia. O temaque mais gosta de debater é a relaçãoentre a fé e a razão. “Por isso estudeiFilosofia e Teologia. A racionalidadecientífica é fundamental, mas nãodevemos viver só em função disso,somos emoção também, sentimento.A fé e a razão devem andar semprejuntas, e um católico não deve nun-ca ter medo da ciência”, observa.

Ler é um dos seus passa-tempos preferidos. Nas horas va-gas, gosta de dedicar tempo àleitura e corrigir traba-lhos de alunos. Alíngua dificil-

mente é um empecilho, já que domina, alémdo português, aramaico, grego, latim, ale-mão, inglês, francês, italiano e espanhol.“Perdi o gosto por assistir a filmes quandovi como são feitos, os truques que utilizam,nunca mais levei a sério”, conta.

Atualmente, além de dirigir a Teologia,Zilles leciona nos cursos de Pós-Graduaçãoem Filosofia e Letras e ainda encontra tem-po para celebrar missas. Na Paróquia Ma-ronita de Porto Alegre, reza missas no ritocatólico oriental.

O próximo objetivo é tornar o cursode Teologia da PUCRS referência. “Gosta-ria que o curso dialogasse com outrasáreas, com não-cristãos e com a ciência.Para isso estamos promovendo um con-tato maior com outras Faculdades. O reli-gioso hoje tem que saber usar a lingua-

gem dos nossosdias para se co-municar melhor

e entenderos avançosda ciência”,

afirma.

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EU LECIONEI NA PUCRS

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 45

O cardeal-arcebispo de SãoPaulo, Dom Cláudio Hummes,70 anos, ganhou destaque

mundial por ter sido um dos cotadospara a sucessão do Papa João Paulo II.Para muitos, tem uma postura interme-diária e conciliadora, não é conservadornem progressista, além de poliglota eex-integrante de vários organismos doVaticano. “Ele é equilibrado, avalia osfatos com uma visão histórica e defendeo desenvolvimento da ciência”, destacao padre Anuncio João Caldana, professordo Campus Viamão da PUCRS. Mas ad-verte: quem esperasse muitas mudan-ças na Igreja Católica estaria iludido.“Acredito que apenas iniciaria reformase daria importância ao ecumenismo”,diz o padre, ainda esperançoso de queDom Cláudio se torne Papa depois dopontificado de Bento XVI.

Dom Cláudio defende que a IgrejaCatólica precisa dar novas respostasnum mundo com outras perguntas.Acredita que o novo Papa deve continuaro diálogo com as ciências, as religiões, asociedade, a biotecnologia e a bioética,áreas em grande ebulição. “É necessá-rio procurar sempre soluções que res-peitem a ética e o ser humano”, desta-cou em entrevistas concedidas a jorna-listas de todo o mundo que estiveram noVaticano para o conclave.

O padre Caldana conheceu DomCláudio em 1968. O cardeal lecionou naFaculdade de Teologia da PUCRS, na dé-cada de 70, no Seminário Maior de Via-mão e dirigiu, de 1969 a 1972, a extintaFaculdade de Filosofia Nossa SenhoraImaculada Conceição (Fafimc), localonde a Universidade instalou o CampusViamão. Padre Caldana diz que o Carde-al é bondoso, inteligente e de conversaagradável. Seguidamente eles se encon-tram nas férias na Casa de Tiberíades,em Cidreira, no Litoral Norte gaúcho. Naépoca da ditadura militar passaram pordificuldades em relação às autoridadese aos alunos mais rebeldes. “Mas DomCláudio sempre foi moderado”, comentapadre Caldana.

A atuação do religioso nesse perío-do também foi marcante quando mu-dou-se para Santo André, em São Pau-lo. Como bispo diocesano, entre 1975e 1996, protegeu operários na regiãodo ABC Paulista. Acolheu líderes per-seguidos pela Polícia e organizou cole-tas de dinheiro e alimentos para os ma-nifestantes e suas famílias. Escondeuda Polícia o então dirigente sindical LuizInácio Lula da Silva, na Igreja de SantoAndré, em 1979, durante a maior grevede metalúrgicos, que durou 41 dias. Osindicato da categoria estava sob in-tervenção e os seus dirigentes haviamrecebido ordem de prisão. Desse epi-sódio vem a amizade entre o cardeal eo presidente.

Ainda hoje preocupa-se com asquestões sociais. Desde 2003, dirige oCentro de Atendimento ao Trabalhador,uma organização não-governamentalque procura colocar desempregados nomercado de trabalho. Ao ser escolhidoArcebispo, disse: “Continuamos a de-nunciar os problemas sociais, mas combase no Evangelho e não em ideolo-gias”. Em 1996 assumiu em Fortalezae dois anos depois em São Paulo. Emjaneiro de 2001 foi nomeado cardeal, osegundo título mais alto na hierarquiada Igreja. No mês seguinte, foi a Romareceber do próprio João Paulo II a con-firmação do cardinalato. No final do anopassado, foi nomeado 2º membro daPrefeitura dos Assuntos Econômicos daSanta Sé.

DOM CLÁUDIO HUMMESganha destaque mundial

Conheceu o então arcebispoKarol Wojtyla, o futuro Papa JoãoPaulo II, quando fez doutorado emFilosofia, de 1962 a 1966, em Roma.Ficaram amigos e trocavam cartas.Formado em Filosofia e Teologia, DomCláudio também fez especializaçãoem Ecumenismo em Genebra.

Nasceu no município de Brochier,então distrito de Montenegro. Depois, afamília foi para Salvador do Sul, hojetambém cidade emancipadade Montenegro, de onde DomCláudio partiu para o seminá-rio, aos nove anos. Foi or-denado sacerdote em Di-vinópolis (Minas Gerais)em 1958.

Entre os hobbies,Dom Cláudio gosta depescar e tocar vio-lino. Com 10 anos,ao passar asférias com afamília, levou oinstrumento quehavia recebido dospadres franciscanos ecantou Noite Feliz paraa mãe. Volta ao interiorgaúcho todos os anos parareunir-se com a família. Opai, Pedro Adão, falecidohá dois anos, disse em2002, quando Dom Cláu-dio foi nomeado carde-al: “Ele será Papa”.

O religioso lecionou na PUCRS nos anos 70

Fotos: Arquidiocese de Fortaleza

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SOCIAL

46 PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005

Quem observa os usuários na sala deespera do Serviço de Assistência

Jurídica Gratuita (Sajug) do CampusCentral percebe muitas vezes a preocupaçãocom as relações familiares, a busca de cami-nhos e a falta de perspectivas. Como o assis-tente social trabalha com esse tipo de proble-mática, pode orientar sobre a tomada de deci-sões, informar acerca de serviços e esclare-cer dúvidas. Esse é o objetivo do Projeto Salade Espera, uma das formas de atuação dealunos e professores da Faculdade de ServiçoSocial (FSS) no Sajug.

O trabalho representa a acolhida do Ser-viço à comunidade. Depois de uma apresen-tação, o estagiário ou professor discorre so-bre temas relativos a alcoolismo, drogadiçãoe violência. “Estatisticamente esses assun-tos são muito recorrentes. As informaçõesimportam para todos, pois podem servir paraalguém que precisa de ajuda”, explica a co-ordenadora do Serviço Social no Sajug, AnaMaria Ferlauto. O mais relevante, diz, é ofato de se construir cidadania por meio dainformação. O bate-papo ocorre entre 10 e12 minutos.

A aluna Gislaine Caldas, do 7º semestredo curso de Serviço Social, diz que a maio-ria dos presentes à sala de espera mostraretorno por meio de gestos, olhares e per-guntas. Ao divulgar o trabalho do ServiçoSocial, o projeto Sala de Espera leva muitosa solicitarem atendimento individual. “De

dois anos para cá, as pessoas também vêmse dando conta de que precisam de umassistente social”, relata Ana Maria. Suza-na Reus, que veio à PUCRS para fazer oinventário do marido, elogiou a iniciativa daFSS. “As pessoas são muito desinformadas,precisam de orientação.”

O Sajug fará 46 anos em 2005, 11 dosquais conta com uma equipe da FSS. Ligadoao Departamento de Prática Jurídica da Fa-culdade de Direito, atende gratuitamente acomunidade carente de Porto Alegre e Alvo-rada (com renda de até dois salários míni-mos). As áreas de abrangência são Cível (en-volvendo Família), Penal, Trabalho e Previ-dência Social. Os dois campos de atuação –Serviço Social e Direito – se complementame os profissionais trocam informações sobreas situações quando envolvem a outra área.“O Serviço Social complementa a atuação ju-rídica, pois visa ao fortalecimento da clien-tela, no que diz respeito à sua identidade,autonomia e cidadania”, afirma a superviso-ra do Sajug, Maria Cristina Martinez.

A professora Dora Venturini, da área deDireito da Família, diz que a presença doServiço Social facilita o encaminhamento doscasos, propondo acordos e tornando a situa-ção menos traumática. “Há processos de se-paração judicial que poderiam ser litigiosose se tornam consensuais, por exemplo”.

O pessoal do Direito e do setor adminis-trativo encaminham os usuários quando iden-

tificam aspectos psicossociais. No atendi-mento individual, o estagiário ou o professorda FSS ouve a problemática do usuário eidentifica os recursos que ele pode contar nomomento (como apoio da família e amigos,situação financeira, entre outros). Há aindavisitas domiciliares para verificar as condi-ções de vida.

Dez alunos do Serviço Social atuam acada semestre (por nove horas semanaiscada) divididos em três disciplinas de estágio.Na primeira, o foco é o planejamento, quandoeles entendem o funcionamento e conhecem aclientela. Na segunda, preocupam-se maiscom a execução. A terceira disciplina é dedi-cada à avaliação. Mas nos três níveis os alu-nos planejam, executam e avaliam as ativida-des no serviço jurídico. Os estagiários sãoacompanhados por supervisoras pedagógi-cas. Há três semestres no Sajug, Gislaineconta que passou a buscar mais conhecimen-tos na área de legislação, além do que é ensi-nado na FSS, para estar melhor preparada.

O Serviço Social atua no Sajug do Cam-pus Central (Avenida Ipiranga, 6681, prédio8, sala 140). O atendimento é das 8h às 12he das 14h às 22h, de segunda a sexta-feira.Informações: (51) 3320-3532. A supervisãodo Sajug deseja ampliar o número de esta-giários da FSS e a atuação de equipes noServiço de Assistência Jurídica do CampusZona Norte da PUCRS e do Campus Aproxi-mado Vila Fátima.

QCidadania construída na sala de esperaCidadania construída na sala de espera

SAJUG EM NÚMEROSSAJUG EM NÚMEROS

• Em 2004, foram atendidas 7.717pessoas no Serviço. Estiveram emandamento nos foros locais 1.557processos e houve 931 audiências.

• Há 10 estagiários de Serviço Sociale 248 de Direito no Campus Central.

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OPINIÃO

PUCRS INFORMAÇÃO Nº 124 – MAI-JUN/2005 47

JOÃO PAULO IIcumpriu sua missãoPor que a enorme repercussão da

morte do Papa João Paulo II? Porquefoi Papa, um Papa especial num

momento especial da História. E soubeaproveitar os modernos meios de transpor-te e de comunicação, dos quais seus ante-cessores não dispunham, para cumprir omandato de Jesus: “Ide pelo mundo intei-ro” (Mt 28).

Clamou por paz, justiça e dignidadehumana, denunciou a cultura de morte e asimoralidades de todo tipo, mostrou o cami-nho da santidade, da verdade e do amor. Enão cedeu frente aos apelos de uma men-talidade paganizada.

Afinal, a Igreja deve submeter tudo aojuízo da cruz e da ressurreição de Jesus.Em nome de sua finalidade maior, ela de-verá ser subversiva e crítica em relação atodas as realizações deste mundo: presen-te em todas as situações humanas, nãopode identificar sua esperança com umadas esperanças da História. Assume as es-peranças humanas e avalia-as no crivo doEvangelho que, de um lado, sustenta todoempenho autêntico de libertação do ho-mem e, do outro, contesta toda absolutiza-ção de projetos terrenos. Em nome de suaesperança maior, a Igreja não pode identifi-car-se com nenhuma ideologia, com ne-nhuma força partidária, com nenhum siste-ma, mas, em relação a todos, deve serconsciência crítica.

A Igreja oferece maneiras de ser e deagir diferentes das do mundo e da moda.Oferece outras perspectivas para a vida hu-mana, porque vem “de outro lugar”: não éproduto humano, mas é fruto da iniciativadivina. Cristo a instituiu e lhe confiou a mis-são de anunciar e estabelecer o Reino de

Deus. Quem quiser medi-la e defi-ni-la com os esquemas de idéias eideologias deste mundo não serácapaz de entendê-la.

A Igreja combate corajosamente,sem medir sacrifícios para defender osseus filhos da mentira e do erro: “Procla-ma a palavra, insiste, no tempo oportuno eno inoportuno, refuta, ameaça, exorta comtoda paciência e doutrina. Pois virá umtempo em que alguns não suportarão a sãdoutrina; pelo contrário, segundo os seuspróprios desejos, como que sentindo comi-chão nos ouvidos (...). Tu, porém, faze otrabalho de um evangelista, realiza plena-mente o teu ministério” (2 Tm 4).

Nascem, mudam e morrem os perso-nagens e as ideologias, e a Igreja permane-ce. Se fosse só humana já teria acabado.Em tempos de S. Agostinho, os inimigos daIgreja declaravam: “A Igreja vai morrer, oscristãos tiveram a sua época”. Ao que osanto bispo respondia: “No entanto, sãoeles que morrem todos os dias e a Igrejacontinua de pé, anunciando o poder deDeus às gerações que se sucedem”. Ataca-da, cercada de dificuldades e atraiçoada,prossegue com serenidade e confiança amissão que lhe foi dada pelo seu Fundador:“As portas do inferno não prevalecerãocontra ela” (Mt 16).

João Paulo II foi acusado de ser conser-vador. Mas o que é um Papa? Certamentenão é um animador de auditório que depoisde cada atração quer saber como vai a au-diência. O compromisso do Papa é paracom Deus, não pode agir segundo as ver-dades provisórias da sociedade. A verdaderevelada não pode ser colocada periodica-mente em leilão para saber o que agradaria

mais aos homens ou o que é consideradomais moderno. Já os apóstolos responde-ram que importa mais obedecer a Deusque aos homens.

Cabe à Igreja custodiar, guardar, defen-der e propagar a doutrina revelada porDeus. O Papa lidera uma Igreja que atra-vessa mais de vinte séculos de dificulda-des internas e externas e que se consideradepositária da verdade religiosa sobre avida e a morte, sobre a fé, a esperança e oamor, sobre a moral de cada pessoa e dasociedade. O Papa é guardião de algo quenão pode trair, por mais antipático ou atra-sado que possa parecer.

O Papa nunca agradará a todos. Afinal,o discípulo não é maior que o Mestre. Es-perávamos que apenas elogiassem e acei-tassem a Igreja? Se nem Jesus agradou eagrada a todos, não seria o Papa João Pau-lo II a agradar tanto assim. Aliás, ele nuncaesteve preocupado em agradar, mas emcumprir sua missão diante de Deus.

P. MANOELAUGUSTOSANTOS

Coordenador do Programa dePós-Graduação em Teologia da PUCRS

João Paulo II foi acusado de ser conservador.

Mas o que é um Papa? Certamente não é um animador de auditório

que depois de cada atração quer saber como vai a audiência.

O compromisso do Papa é para com Deus, não pode agir segundoas verdades provisórias da sociedade.

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