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Revista FACID: Ciência & Vida, Teresina, v. 11, n. 2, Setembro 2015 Página 1 a revista do conhecimento humano publicada pela FACID Teresina - PI Semestral ISSN 2358-3142

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    a revista do conhecimento humano publicada pela FACID

    Teresina - PI

    Semestral

    ISSN 2358-3142

  • Revista FACID: Cincia & Vida, Teresina, v. 11, n. 2, Setembro 2015

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    a revista do conhecimento humano publicada pela FACID

    Teresina-PI

    As opinies e artigos expressos aqui so de inteira

    responsabilidade dos autores.

    Periodicidade Semestral

    Rua Veterinrio Bugyja Brito, 1354 - Horto Florestal

    CEP: 64052-410 Teresina (PI) Brasil

    Fone: (086) 3216-7900 / 3216-7901

    www.facid.edu.br

    http://www.facid.edu.br/
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    Revista Facid

    http://www.facid.edu.br

    [email protected]

    Editor - responsvel

    Maria Helena Chaib Gomes Stegun

    Projeto Grfico

    Castino Martins da Silveira e Luiz Carlos dos Santos Jnior

    Reviso

    Antonia Osima Lopes, Maria Helena Chaib Gomes Stegun, Maria Rosilndia Lopes de Amorim.

    Jornalista Responsvel

    Marcos Svio Sabino de Farias - MTB 1005

    Impresso

    Grfica

    Capa

    Amanda Paiva e Silva Martins

    Catulo Coelho dos Santos

    George Mendes Ribeiro Sousa

    Juciara Freitas Ribeiro

    (Egressos do Curso de Publicidade e Propaganda da FACID)

    Revista Facid: Cincia & Vida / Faculdade Integral Diferencial.

    V. 11, N. 2, 2015 / Teresina: FACID, 2015.

    Semestral

    ISSN 2358-3142

    1. Pesquisa cientfica. 2. Desenvolvimento cientfico.

    CDD 509

    CDU 001.891

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    a revista do conhecimento humano publicada pela FACID

    Teresina-PI

    FACID - Faculdade Integral Diferencial

    Integral - Grupo de Ensino Superior do Piau S/C Ltda.

    Maria Josec Lima Cavalcante Vale

    Diretora Geral

    Lucia Cristina Gauber

    Coordenadora Geral Acadmica

    Maria Helena Chaib Gomes Stegun

    Coordenadora de Pesquisa e Ps-Graduao

    Conselho Editorial da Revista

    Antonia Osima Lopes

    Maria Helena Chaib Gomes Stegun

    Hilris Rocha e Silva

    Isabel Cristina Cavalcante Moreira

    Maria do Carmo Bandeira Marinho

    Maria Josec Lima Cavalcante Vale

    Nivea Maria Ribeiro Rocha da Cunha

    Thais Barbosa Reis

    Valria de Deus Leopoldino de Ara Leo

    Bibliotecria Marijane Martins Gramosa Vilarinho - CRB/3 1059

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    EDITORIAL

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    EDITORIAL

    O ensino, a pesquisa, bem como a extenso, fazem parte do cotidiano acadmico de qualquer

    instituio de ensino superior, uma vez que so partes indissociveis do ensino de qualidade. A

    DeVry/FACID tem como propsito a integrao dessas trs atividades visando a formao de

    profissionais de excelncia, alm do mais, a pesquisa possui uma relevncia estratgica na produo

    de conhecimentos para o desenvolvimento cientfico e tecnolgico da nao.

    Com o crescimento acelerado do conhecimento e o acesso rpido informao nos ltimos

    anos, tornou-se impraticvel o ensino baseado exclusivamente na transmisso de conhecimentos. A

    pesquisa cientfica est presente em todos os currculos das instituies de ensino, demonstrando

    assim sua importncia no meio profissional. O mercado de trabalho est exigindo cada vez mais do

    profissional, que tenham no s conhecimentos tericos, mas que possam realizar uma prtica

    buscando a produo de novas ideais e conhecimentos.

    Partindo do princpio que o conhecimento no algo acabado, mas em construo, uma vez

    que o mundo no esttico e o prprio homem est em permanente transformao, modificando

    assim a prpria sociedade, muitas descobertas esto sendo feitas para atender as necessidades da

    populao. O desafio das instituies de ensino superior hoje formar indivduos crticos que sejam

    capazes de buscar conhecimentos e de saber utiliz-los, buscando respostas as suas dvidas quando

    estas respostas no esto disponveis, utilizando a pesquisa como meio.

    Assim, o ensino superior tem como pressuposto a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e

    extenso, objetivando a construo de solues individuais e coletivas conscientemente posicionadas

    em favor do desenvolvimento sociocultural da humanidade e esse conhecimento no poder ficar

    guardado dentro da instituio, mas o trabalho produzido deve se disseminado atravs de

    apresentaes em congressos, semanas cientificas e publicaes em Anais , Jornais e Revistas

    cientficas, para que possa contribuir com a sociedade.

    Com esse propsito, a Revista FACID Cincia & Vida mantm, na sua 2 edio do ano de

    2015 o compromisso com a divulgao de estudos e pesquisas e tem como enfoque os dados gerados

    atravs dos trabalhos de concluso de curso e o Programa de Iniciao Cientfica e Tecnolgica

    (PICT). Com esse compromisso, no volume 12, edio n 2 de 2015, contamos com dezessete artigos,

    dentre eles artigos originais e artigos de reviso. Esta edio conta com artigos nas reas de

    Psicologia, Medicina, Fisioterapia, Farmcia e Odontologia.

    Dentre os artigos da rea da sade, podemos identificar discusses de temas complexos e de

    diferentes contextos, desde esclarecimentos da comunidade sobre o uso adequado de plantas

    medicinais no trato das enfermidades pesquisa sobre o uso indiscriminado de benzodiazepnicos,

    trazendo uma reflexo para a necessidade do treinamento dos mdicos a respeito.

    A Fisioterapia e a Medicina nos presenteiam com pesquisas experimentais e de campo que

    tratam de temas atuais, como a verificao da eficcia do mtodo de eletroestimulao na constipao,

    estudos sobre incontinncia urinria feminina, Acidente Vascular Cerebral. A constatao da

    ocorrncia de infeco do trato urinrio, sobretudo em gestantes primparas, e a identificao do tipo

    de infeco mais prevalente, assim como identificao de complicaes em transplantes renais, dentre

    outros artigos.

    Podemos tambm adentrar a uma reviso bibliogrfica sobre o uso do retalho fasciocutneo

    sural como opo teraputica para a reconstruo cirrgica de leses com exposio de reas pouco

    vascularizadas.

    Essa edio apresenta tambm uma pesquisa experimental com ratos, chamando a ateno do

    uso de suplementos a base de protena do soro do leite, o que abre espao para a utilizao indevida

    dos mesmos, pelos esportistas podendo traduzir-se em riscos para a sade.

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    A Psicologia vem nos presentear com um estudo atual sobre a parentalidade, discutindo o

    exerccio dos papis dos pais dentro de uma sociedade contempornea.

    Diversos artigos produzidos pelos alunos de Odontologia relatam pesquisas na rea de

    ocluso, uso de drogas e infiltrao, com pesquisas de campo que vm contribuir para o avano na

    rea.

    Os temas so vastos e de grande relevncia para a sociedade, mostrando cada vez mais a

    qualidade da produo dos alunos e o interesse por pesquisa.

    Boa leitura!

    Maria Helena Chaib Gomes Stegun

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    SUMRIO

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    SUMRIO

    ARTIGOS

    ABORDAGEM FISIOTERAPUTICA DE MULHERES COM

    INCONTINNCIA URINRIA DE ESFORO: UMA REVISO SISTEMTICA

    Thainara Valente de Amorim Alves, Evandro Nogueira Barros Filho ...........................

    AVALIAO FUNCIONAL E MORFOESTRUTURAL DO RIM DE RATOS

    WISTAR APS O USO DE SUPLEMENTO ALIMENTAR A BASE DE

    PROTENA

    Andressa Alves de Andrade Silva1, Antnio Gonalves Rodrigues Junior2.......................

    O CONHECIMENTO DOS MDICOS DA ATENO PRIMRIA DE SADE

    SOBRE OS BENZODIAZEPNICOS

    Karoline Cruz Silva , Marlia Ione Futino2........................................................................

    DROGAS LCITAS E ILCITAS E SUAS PRINCIPAIS MANIFESTAOES

    BUCAIS

    Giselle da Silva Oliveira; Eliana Camplo Lago .............................................................

    OS EFEITOS DA ELETROESTIMULAO EM MULHERES COM

    CONSTIPAO

    Kelly Serejo Machado , Veruska Cronemberger Nogueira Reblo2...................................

    INFECO URINRIA EM GESTANTES QUE REALIZARAM O PR-NATAL

    DE ALTO RISCO EM UMA MATERNIDADE DE REFERNCIA

    Luanna Dias dos Reis Crisanto Leo, Isabel Cristina Cavalcante Carvalho Moreira......

    INFLUNCIA DO ESTADO NUTRICIONAL NAS ATIVIDADES DE VIDA

    DIRIA (AVDS) EM IDOSOS

    Daniel Fialho de Oliveira Sampaio , Adeildes Bezerra de Moura Lima2............................

    O USO DO RETALHO FASCIOCUTNEO SURAL REVERSO: UMA REVISO

    DE LITERATURA

    Joassan Perys Antonio de Arajo, Edison de Arajo Vale, Marcella Silva Marcos.......

    MICROCORRENTE GALVNICA E PEELING QUMICO DE CIDO

    GLICLICO PARA TRATAMENTO DE ESTRIAS ALBAS

    Raphaela Gonalves Silva , Juara Gonalves de Castro2 .................................................

    INFILTRAO MARGINAL EM RESTAURAES DE RESINA COMPOSTA

    APS CLAREAMENTO DENTAL COM PERXIDO DE HIDROGNIO 35%

    Natrcya Brenda de Arajo Cavalcante, Conceio de Maria Probo de Alencar Batista..

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    26

    39

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    OCORRNCIA DE BACTRIAS MULTIRRESISTENTES EM UMA UNIDADE

    DE TERAPIA INTENSIVA PEDITRICA DE HOSPITAL PBLICO DE

    TERESINA-PI

    Ylara Liza Porto de Carvalho1 , Carlos Leonardo Evangelista Bento dos Santos2 ,

    Guilherme Henrique Mendes Leal de Sousa Martins3 , Maria Clara Pimentel Lopes 4 ,

    Gssica Kelly de Sousa Andrade5 ......................................................................................

    USO DE PLANTAS MEDICINAIS POR USURIOS DE UM AMBULATRIO

    ESCOLA EM TERESINA-PI

    Robson de Carvalho da Silva 1 , Jairelda Sousa Rodrigues2 , Rosemarie Brandim

    Marques3..............................................................................................................................

    ABORDAGEM FISIOTERAPUTICA DE MULHERES COM

    INCONTINNCIA URINRIA DE ESFORO: UMA REVISO SISTEMTICA

    Thainara Valente de Amorim Alves, Evandro Nogueira Barros Filho.............................

    PROPORES DE IGUALDADE E UREA EM MEDIDAS CRNIO-FACIAIS

    DE INDIVDUOS EM FASES DISTINTAS DO CRESCIMENTO

    Mrcia Valria Martins 1, Edmundo Mdici Filho 2.............................................................

    SER PAI NA CONTEMPORANEIDADE: A VISO DO HOMEM SOBRE A

    PARENTALIDADE

    Marcelle Beatriz Moraes Sousa1 , Milene Martins2 .............................................................

    TRANSPLANTE RENAL EM UM HOSPITAL PRIVADO DE TERESINA:

    INCIDNCIA DE COMPLICAES CLNICAS E CIRRGICAS NOS

    PRIMEIROS SEIS MESES PS-OPERATRIO

    Denise Sampaio Mendes Freire1, Avelar Alves da Silva2....................................................

    O PERFIL CLNICO-FUNCIONAL E DEMOGRFICO DE PACIENTES

    ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFLICO

    Ana Flvia Machado de Carvalho, Gabriela Feitosa da Silva ..........................................

    NORMAS EDITORIAIS ................................................................................................

    106

    117

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    ARTIGOS

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    ABORDAGEM FISIOTERAPUTICA DE MULHERES COM INCONTINNCIA

    URINRIA DE ESFORO: UMA REVISO SISTEMTICA

    PHYSIOTHERAPY APPROACH FOR WOMEN WITH STRESS URINARY

    INCONTINENCE: A LITERATURE REVIEW

    Thainara Valente de Amorim Alves,

    Evandro Nogueira Barros Filho

    RESUMO

    A incontinncia urinria de esforo (IUE) definida pela perda involuntria de urina ocasionada por

    um aumento de presso e enfraquecimento da musculatura do assoalho plvico (MAP). a forma de

    incontinncia urinria que apresenta maior prevalncia, sendo responsvel por 60% de todos os casos

    de incontinncia urinria feminina, ocorrendo quando h um aumento da presso intra-abdominal por

    esforos tais como: tosse, espirro, sorrir, saltar, caminhar ou orgasmo. Alguns fatores de riscos podem

    facilitar o desenvolvimento dessa afeco, como a idade avanada, raa branca, partos traumticos,

    multiparidade, diminuio do estrgeno, alm de cirurgias que podem lesionar e enfraquecer o

    assoalho plvico desencadeando essa doena. A fisioterapia uma rea da sade, integrante da equipe

    multidisciplinar, que atravs de algumas modalidades proporciona o fortalecimento da MAP, afim de

    restabelecer a continncia urinria, prestando assistncia aos pacientes com essa afeco. O objetivo

    desse estudo foi identificar na literatura os tratamentos fisioteraputicos em mulheres com

    incontinncia urinria de esforo. Para o alcance do objetivo, optou-se pelo mtodo de reviso

    sistemtica. O levantamento dos artigos ocorreu nas bases de dados do Google Acadmico e de

    portais como Bireme, Lilacs e Scielo. Aps a busca, foram encontrados 43 resultados e,

    posteriormente aplicao dos critrios de incluso, 11 artigos foram selecionados. Os recursos e

    tcnicas fisioteraputicas no tratamento da IUE mais utilizados nos artigos selecionados foram,

    cinesioterapia (54%), seguido de eletroestimulao transvaginal e uso de cones vaginais (27%),

    ginstica hipopressiva (15%) e Biofeedback (8%). Conclui-se que a fisioterapia mostrou-se como

    parte fundamental no tratamento conservador da IUE, proporcionando maior controle na perda de

    urina e um aumento significativo na qualidade de vida das mulheres. Mas devido escassez de

    trabalhos encontrados na literatura, e a quantidade de mulheres acometidas por tal doena, faz-se

    necessrio uma maior investigao e pesquisa acerca desse assunto, com o objetivo de esclarecer e

    observar os efeitos proporcionados e quais mtodos so mais eficazes no tratamento da IUE.

    Palavras-chave: Fisioterapia. Incontinncia urinria. Sade da mulher.

    __________________ Aluna do Curso de Fisioterapia da Faculdade Integral Diferencial FACID/DeVry

    Email: [email protected]

    Professor do Curso de Fisioterapia da Facid. Email: [email protected]

  • Revista FACID: Cincia & Vida, Teresina, v. 11, n. 2, Setembro 2015

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    ABSTRACT

    Stress Urinary incontinence (SUI) is defined as the involuntary loss of urine caused by increased

    pressure and weakening of the pelvic floor muscles (PFM). It is the most common kind of urinary

    incontinence, accounting for 60% of all cases of female urinary incontinence. It occurs when there is

    an increase of intra-abdominal pressure by efforts such as coughing, sneezing, smiling, jumping,

    walking or orgasm. Some risk factors such as advanced age, white race, traumatic births, multiparity

    and decreased estrogen can make it easier for the disease to appear as well as surgeries that can

    damage and weaken the pelvic floor triggering this disease. Physiotherapy, which is a member of a

    multidisciplinary team belonging to the health area, can restore urinary incontinence and assist

    patients with this condition through some modalities that provide the strengthening of PFM. This

    study aimed to identify physiotherapy treatments in women with stress urinary incontinence in

    literature. It used the systematic review method. The survey of articles occurred in database such as

    the Google Scholar, Bireme, Lilacs and Scielo. After the search, 43 results were found and, by the

    inclusion criteria, 11 articles were chosen. Physical therapy has an important role in the treatment of

    stress urinary incontinence and makes use of a series of techniques and resources. Among them, the

    most used one in the selected articles were kinesiotherapy (54%), followed by transvaginal

    electrostimulation and the use of vaginal cones (27%), hypopressive gymnastics (15%) and

    Biofeedback (8%). Physical therapy proved to be a key part in the conservative treatment of stress

    urinary incontinence, providing greater control in the loss of urine and a significant increase in

    womens quality of life. But, due to the scarcity of studies in literature and the number of women

    affected by this disease, there is the need of further investigation and research on this subject in order

    to clarify and observe the effects provided and which methods are most effective in SUI treatment.

    Keywords: Physiotherapy, Urinary Incontinence, Women's Health.

    1 INTRODUO

    Para manter uma boa continncia urinria, devem-se ter alguns fatores em boa funcionalidade,

    como presso intrauretral maior que a intravesical, integridade da musculatura do assoalho plvico

    (MAP), uma boa sustentao anatmica do trato urinrio, alm da funo normal dos esfncteres

    (DUMONT, 2013).

    De acordo com Silva (2012), o assoalho plvico uma estrutura complexa formada por

    msculos, fscias e ligamentos que engloba a pelve e sua funo suportar os rgos plvicos, manter

    a continncia urinria e fecal, alm da funo sexual. A musculatura que o compe representada

    pelo esfncter anal, msculos perineais superficiais, diafragma urogenital e diafragma plvico. Um

    assoalho plvico (AP) saudvel e funcional tem um bom tnus e elasticidade.

    Segundo Rodrigues (2008) um assoalho plvico com funo deficiente ou inadequada um

    fator etiolgico relevante na ocorrncia da incontinncia urinria de esforo (IUE).

    Segundo a "International Continence Society" (ICS), incontinncia urinria de esforo (IUE)

    a perda involuntria de urina pela uretra, que pode ocorrer quando a presso intravesical exceder a

    presso uretral mxima na ausncia de contrao do msculo detrusor. A forma de incontinncia

    urinria que apresenta maior prevalncia a IUE, sendo responsvel por 60% de todos os casos de

    incontinncia urinria feminina, ocorrendo quando h um aumento da presso intra-abdominal por

    esforos tais como: tosse, espirro, risada, saltar, caminhar ou orgasmo (ABRAMNS et al., 2003).

    No Brasil, so poucos os estudos sobre a prevalncia de incontinncia urinria ou mesmo sobre

    seus fatores de risco. Em mulheres idosas (maiores de 60 anos) com domiclio no municpio de So

    Paulo, a prevalncia de IU registrada por meio de entrevistas foi de 26,2%. Fatores de risco citados

    para o desenvolvimento de incontinncia urinria de esforo incluem: idade avanada; raa branca;

    obesidade; partos vaginais quando, na passagem do feto, podem ocorrer danos musculatura e

  • Revista FACID: Cincia & Vida, Teresina, v. 11, n. 2, Setembro 2015

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    inervao locais; partos traumticos com o uso de frceps e/ou episiotomias; multiparidade e gravidez

    em idade avanada, deficincia estrognica, condies associadas a aumento da presso

    intraabdominal; tabagismo; diabetes, doenas do colgeno; neuropatias e histerectomia. No Brasil,

    apesar de muitas mulheres no relatarem a presena de IUE, estima-se que 11 a 23% da populao

    feminina sejam incontinentes e em idosas essa prevalncia pode variar entre 8 a 35% (OLIVEIRA;

    ZULIANI, 2010).

    De acordo com Maggi (2011), o exerccio do assoalho plvico uma forma de tratamento para

    pacientes com incontinncia urinria de esforo (IUE). Tal abordagem, adequadamente conduzida e

    supervisionada, alcana resultados satisfatrios.

    Segundo Knorst et al. (2013) h tempos sabe-se que o tratamento fisioteraputico por meio da

    cinesioterapia, eletroestimulao vaginal, reforo com cones vaginais, biofeedback, reeducao

    comportamental e ginstica hipopressiva, apresenta resultados expressivos na melhora dos sintomas

    de IUE em at 85% dos casos. Essas modalidades podem ser usadas de forma isolada ou associadas

    e o tratamento pode ser individual ou em grupo.

    Desta maneira, o problema de pesquisa objetivou saber quais os tratamentos fisioteraputicos

    da incontinncia urinria de esforo em mulheres relatados na literatura. Com isso, o objetivo geral

    foi identificar na literatura os tratamentos fisioteraputicos em mulheres com incontinncia urinria

    de esforo. Apresentando como os objetivos especficos: descrever a incontinncia urinria de

    esforo; descrever os tipos de tratamento fisioteraputico apontados no tratamento de mulheres com

    incontinncia urinria de esforo; analisar a eficcia dos efeitos proporcionados e a melhora na

    qualidade de vida dessas mulheres.

    Essa pesquisa justifica-se, pois mesmo a fisioterapia sendo indicada como a primeira opo no

    tratamento de IUE (ABRAMS et al., 2003), existe pouca assistncia voltada preveno e tratamento

    de mulheres incontinentes no Brasil, considerando o alto ndice dessa patologia e com um grande

    nmero de mulheres afetadas. Faz-se necessria a investigao de novas tcnicas propeduticas, alm

    do cirrgico e o medicamentoso, afim de observar os efeitos proporcionados, e a melhora na qualidade

    de vida dessas mulheres, possibilitando medidas preventivas e tratamento especializado.

    2 METODOLOGIA

    O levantamento dos artigos ocorreu nas bases de dados do Google Acadmico e de portais como Bireme, Lilacs (Literatura Latino-Americana em Cincias da Sade) e Scielo (Scientific

    Electronic Library Online). Os descritores utilizados foram: fisioterapia, incontinncia urinria, sade

    da mulher. As buscas foram realizadas no perodo de fevereiro a junho de 2015, limitando-se aos

    artigos que foram publicados retrospectivamente at o ano de 2008.

    Os critrios de incluso elegveis corresponderam aos seguintes itens: ensaios clnicos, estudo

    caso-controle, estudos descritivos, experimental de caso nico, sries de casos, relato de caso e

    abordando algum recurso fisioteraputico no tratamento da incontinncia urinria de esforo. Foram

    excludos aqueles com outro desenho metodolgico e os que no discriminavam os resultados por

    tipo de recurso fisioteraputico, bem como os artigos sem possibilidade de acesso gratuito e que

    estavam disponveis apenas em formato de resumo simples.

    A anlise dos dados foi feita aps apurao dos estudos includos na pesquisa, atravs da

    estatstica descritivas utilizando o software Microsoft Excel 2010, onde foram calculados os

    percentuais dos recursos e elaborados um grfico e um quadro.

    3 RESULTADOS E DISCUSSO

    Depois do levantamento dos dados, 43 artigos foram encontrados que, aps a aplicao

    dos critrios de incluso, resultou em 11 estudos selecionados envolvendo as modalidades

    fisioteraputicas e que apresentaram uma maior significncia para identificar as formas mais

    relevantes no tratamento da incontinncia urinria de esforo em mulheres. O Quadro 1 apresenta a

  • Revista FACID: Cincia & Vida, Teresina, v. 11, n. 2, Setembro 2015

    Pgina 20

    distribuio dos artigos que fundamentaram este estudo, indicando-se os autores, ano de publicao,

    ttulo do trabalho e abordagem metodolgica.

    Quadro 1 Distribuio dos artigos conforme autores, ano de publicao, ttulo do trabalho e

    abordagem metodolgica

    Autores/Ano Ttulo Metodologia e

    Amostragem

    Varivel Concluso

    Dreher et al.

    2009

    O fortalecimento do

    assoalho plvico com

    cones vaginais:

    programa de

    atendimento

    domiciliar.

    Estudo de caso com

    uma paciente de 60

    anos submetida ao uso

    dos cones vaginais.

    3x na semana

    realizado protocolo

    de exerccios 2x ao

    dia.

    Aps a interveno

    observou-se uma

    significativa melhora na

    qualidade de vida.

    Honrio et

    al. 2009

    Anlise da qualidade

    de vida em mulheres

    com incontinncia

    urinria antes e aps

    tratamento

    fisioteraputico.

    Pesquisa do tipo

    intervencionista com

    10 pacientes que

    foram submetidas a

    cinesioterapia e

    eletroestimulao

    endovaginal.

    10 sesses

    realizadas

    individualmente, 2x

    na semana com

    protocolo de

    exerccios de kegel

    associadas a EE.

    Os resultados foram: na

    percepo geral da sade

    5,3 ( 1,64) e 3,0 ( 1,05) e

    p=0,001. Apresentaram

    declnio bem como o uso de

    proteo diria que passou

    de 50% para 10%.

    Santos et all.

    2009

    Eletroestimulao

    funcional do assoalho

    plvico versus terapia

    com os cones vaginais

    para o tratamento de

    incontinncia urinria

    de esforo.

    Estudo randomizado

    com 45 mulheres

    divididas em dois

    grupos, sendo um

    utilizado a

    eletroestimulao e o

    outro a utilizao dos

    cones vaginais.

    2x na semana, com

    durao de 20 min,

    em um perodo de 4

    meses, divididas em

    GElet e GCon.

    Diminuio do peso do

    absorvente (em gramas)

    nos dois grupos (28,5 g e 32

    g versus 2,0 g e 3,0 g, para

    GElet e GCon,

    respectivamente)

    (p

  • Revista FACID: Cincia & Vida, Teresina, v. 11, n. 2, Setembro 2015

    Pgina 21

    apresentando aumento da

    funo muscular do

    assoalho plvico

    Glisoi;

    Girelli, 2011

    Importncia da

    fisioterapia na

    conscientizao e

    aprendizagem da

    contrao da

    musculatura do

    assoalho plvico em

    mulheres com

    incontinncia

    urinria.

    Estudo experimental

    quantitativo com 10

    mulheres submetidas

    a cinesioterapia,

    treino funcional e

    Biofeedback.

    8 sesses 2x por

    semana submetidas

    a protocolo de

    exerccios

    assoaciados.

    Biofeedback em relao

    mdia inicial (11,22 para

    19,040) com p

  • Revista FACID: Cincia & Vida, Teresina, v. 11, n. 2, Setembro 2015

    Pgina 22

    Fonte: Dados da pesquisa (2015).

    Segundo Oliveira e Garcia (2011) e a totalidade dos artigos afirmaram que a maioria da

    populao acometida por tal afeco, so mulheres idosas e que muitas vezes erroneamente

    interpretada como parte natural do envelhecimento o que leva a um pequeno nmero dessas mulheres

    a procurarem uma ajuda profissional. Embora possa ocorrer em todas as faixas etrias, a incidncia

    da incontinncia urinria aumenta com o decorrer da idade. Calcula-se que 8 a 34% das pessoas acima

    de 65 anos possuam algum grau de incontinncia urinria, sendo mais prevalente em mulheres.

    Aproximadamente 10,7% das mulheres brasileiras procuram atendimento ginecolgico queixando-se

    de perda urinria.

    A incontinncia urinria repercute na qualidade de vida, no que diz respeito ao trabalho e vida

    social, acarretando perdas funcionais, psicossociais e emocionais e levando essas mulheres a

    isolamento social e mudana nos hbitos de vestimenta e da vida diria, como forma de evitar

    situaes constrangedoras (DREHER et al., 2009). As alteraes que comprometem o convvio social

    como vergonha, depresso e isolamento, que frequentemente fazem parte do quadro clnico, causando

    grande transtorno aos pacientes e familiares foi outro apontamento visto em todos os artigos.

    Independentemente do tipo de IU, os prejuzos para a qualidade de vida so inmeros e, por

    isso, a ICS tem recomendado a aplicao de um questionrio para melhor avaliar esse problema.

    Existem vrios questionrios que podem ser utilizados em mulheres incontinentes com esse objetivo,

    podendo ter um carter genrico ou especfico. Dentre os especficos destaca-se o Kings Health

    (KHQ), por investigar tanto a presena de sintomas de IU quanto seu impacto relativo, levando a

    resultados mais consistentes (SOUSA et al., 2011).

    Segundo Camillato, Barras e Silva Junior (2012), a patognese da IUE comea com a perda de

    suporte da musculatura do assoalho plvico (AP), o treinamento desses msculos eficaz. O

    treinamento da musculatura do assoalho plvico (TMAP) atravs da fisioterapia, leva hipertrofia

    das fibras dos msculos e maior recrutamento de neurnios motores ativos, promovendo elevao

    permanente da musculatura do AP e melhor suporte para as vsceras dentro da pelve.

    O TMAP proporciona contrao muscular rpida e forte do AP, que sustenta a uretra e aumenta

    a presso intrauretral, evitando perda de urina durante aumentos da presso intra-abdominal. Alm

    disso, a coordenao e o tempo exato da contrao muscular do AP podem impedir a descida da uretra

    durante o aumento abrupto da presso intra-abdominal. O TMAP a opo menos invasiva para o

    tratamento e no causa efeitos colaterais, o que o torna o nico mtodo sem restries para qualquer

    paciente (CAMILLATO; BARRAS; SILVA JUNIOR, 2012).

    O fortalecimento da MAP, atravs da cinesioterapia perineal, foi descrito pela primeira vez em

    1948, por Arnold Kegel. Seu tratamento constitudo por exerccios que promovem o fortalecimento

    Grfico 1 - Diviso dos recursos fisioterapeuticos encontrados nos artigos selecionados

    Cinesioterapia Eletroestimulao e Cones Vaginais Ginstica Hipopressiva Biofeedback

    54

    23%

    15

    8

  • Revista FACID: Cincia & Vida, Teresina, v. 11, n. 2, Setembro 2015

    Pgina 23

    e a melhora do tnus muscular, atravs da contrao voluntria do assoalho plvico. O principal

    objetivo da cinesioterapia perineal o reforo da resistncia uretral e a melhora da sustentao dos

    rgos plvicos (OLIVEIRA; GARCIA, 2011).

    Os mesmos autores supracitados, realizaram um estudo envolvendo 11 mulheres com mdia

    etria 74.2 anos, divididas em dois grupos com sesses uma vez por semana durante 3 meses,

    compostas de exerccios especficos para a musculatura do assoalho plvico, realizados nas posies

    sentada, deitada, de p e andando, com durao de 30 minutos cada sesso. Ao final do tratamento,

    observaram reduo na mdia de frequncia de mices noturnas na presena de noctria (3 versus

    1,5) e na mdia do nmero de situaes de perda urinria aos esforos (3,72 versus 1,45) com p=0,02.

    Comparando o estudo anterior com a pesquisa de Fitz et al. (2012), estes autores propuseram

    para 36 mulheres, com idade mdia de 55,2 anos ( 9,1), a realizao de contraes rpidas e lentas

    em diversas posies, porm com o mesmo tempo de durao; observaram que tambm houve um

    aumento da fora e endurance muscular, com consequente diminuio da perda urinria e alm disso,

    ainda houve a reduo da noctria.

    Berbam (2011), em um estudo realizado com uma paciente, 1x ao dia durante 30 dias

    consecutivos, com protocolo de exerccios de Kegel intercalados com exerccios da ginstica

    hipopressiva, mostrou resultados satisfatrios. Desta forma, o treinamento da MAP com a

    cinesioterapia perineal (exerccios de Kegel) de forma isolada ou associada a ginstica hipopressiva

    ser capaz de promover o incremento da fora, endurance muscular, a reduo da noctria, a

    diminuio da perda involuntria de urina e ainda a melhora no perfil emocional das pacientes, o que

    corrobora com os efeitos encontrados nos estudos de Fitz et al (2012) e Oliveira e Garcia (2011).

    A fisioterapia dispe de outros recursos que podem ser associados ao tratamento da IUE, dentre

    eles o Biofeedback, um aparelho que auxilia na mensurao e demonstrao da contrao muscular,

    ajuda a potencializar os efeitos do fortalecimento da MAP, atravs de estmulos visuais e/ou

    auditivos, que vo conscientizar a mulher, de quando deve contrair e relaxar a musculatura (GLISOI;

    GIRELLI, 2011).

    O Biofeedback demonstra ser um recurso eficaz para a propriocepo do assoalho plvico e

    melhor controle desta regio atravs dos resultados de um estudo que teve em relao mdia inicial

    (11,22 para 19,040) com p

  • Revista FACID: Cincia & Vida, Teresina, v. 11, n. 2, Setembro 2015

    Pgina 24

    As pesquisas demonstraram que os exerccios propostos por Kegel, associados ginstica

    hipopressiva, em mulheres que apresentam uma boa conscientizao corporal, de forma

    supervisionada, foram capazes de trazer relevante reduo das perdas involuntrias de urina, na

    diminuio da frequncia urinria, reduo da noctria e ainda melhora no perfil emocional das

    pacientes.

    Os resultados alcanados pelos tratamentos com o Biofeedback tambm foram positivos, e

    indicaram que um importante aliado quando associado ao treinamento de contraes rpidas e lentas

    da MAP, proporcionando mudana significativa na conscincia perineal, ganho de fora muscular,

    reduo da perda urinria e melhora na qualidade de vida das mulheres.

    A eletroestimulao transvaginal e o uso dos cones vaginais, destacaram-se como outros

    recursos fisioteraputicos eficazes no tratamento da IUE, sendo melhor utilizados quando as pacientes

    no possuem uma conscientizao corporal adequada, proporcionando ativao nas conexes

    neuromusculares, facilitando o reconhecimento da MAP pelas pacientes.

    4 CONCLUSO

    Foi possvel identificar que a fisioterapia se mostra como parte fundamental no tratamento

    conservador da IUE, onde vem demonstrando bons resultados, especialmente, nos casos em que h

    correta indicao mdica e realizado um trabalho em equipe. As pesquisas evidenciaram que a

    cinesioterapia o recurso mais utilizado, representando mais da metade das modalidades citadas pelos

    artigos. Essa terapia associada ou no ginstica hipopressiva, de forma supervisionada, so capazes

    de trazer relevante reduo das perdas involuntrias de urina, na diminuio da frequncia urinria,

    reduo da noctria e ainda melhora no perfil emocional das pacientes.

    Os resultados alcanados pelos tratamentos com o biofeedback, a eletroestimulao

    transvaginal e os cones vaginais, tambm foram positivos, principalmente, quando a paciente no

    apresentava uma adequada conscientizao corporal, proporcionando mudana significativa na

    conscincia perineal, ativando as conexes neuromusculares, ganho de fora muscular, reduo da

    perda urinria, mas que raramente pode trazer alguns efeitos adversos.

    Os estudos mostraram que os recursos fisioteraputicos relatados, proporcionaram melhora

    significativa dos sintomas da IUE, o que levaram, consequentemente, ao aumento da qualidade de

    vida das mulheres acometidas por tal afeco, como tambm evidenciaram a escassez de trabalhos

    relacionados a essa temtica, visto o grande nmero de mulheres acometidas, sendo necessrio novas

    investigaes e estudos sobre tal rea da sade, afim de apontar e esclarecer qual seria a melhor

    propedutica no tratamento da incontinncia urinria de esforo..

    REFERNCIAS

    ABRAMS, P. et al. Standardisation of terminology of lower urinary tract function: report from the

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  • Revista FACID: Cincia & Vida, Teresina, v. 11, n. 2, Setembro 2015

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    AVALIAO FUNCIONAL E MORFOESTRUTURAL DO RIM DE RATOS WISTAR

    APS O USO DE SUPLEMENTO ALIMENTAR A BASE DE PROTENA

    FUNCTIONAL AND MORPHOSTRUCTURAL ASSESSMENT OF WISTAR RATS KIDNEYS

    AFTER USING THE DIETARY PROTEIN SUPPLEMENT

    Andressa Alves de Andrade Silva1,

    Antnio Gonalves Rodrigues Junior2

    RESUMO

    Os esportistas vm tornando-se cada vez mais adeptos ao uso de suplementos a base de protena do

    soro do leite, o que abre espao para a utilizao indevida dos mesmos, podendo traduzir-se em riscos

    para a sade. O objetivo foi avaliar as alteraes de filtrao glomerular, funes tubulares renais e

    histopatolgicas relacionadas ao uso de suplemento alimentar base de protena no rim de ratos

    Wistar. Foi realizada uma pesquisa experimental com 12 ratos Wistar divididos em dois grupos

    aleatrios: Grupo I (controle) e Grupo II (com interveno). O grupo II recebeu o suplemento por um

    perodo de quatorze dias. Foram coletadas amostras de urina dos animais para realizao de sumrio

    de urina e amostras de sangue para dosagem de uria, creatinina, sdio, potssio e cloro. Ao final do

    experimento, os animais foram eutanasiados e os rins foram coletados para estudo histopatolgico.

    Aps a suplementao observou-se no Grupo II uma reduo nos nveis de uria (p = 0,00930) e

    aumento da densidade urinria (p = 0,4645). A grande maioria dos animais (67%) do grupo II tiveram

    proteinria significativa (p = 0,040); a presena de clulas epiteliais e cilindros creos ocorreu em

    50% e 67%, respectivamente. A anlise histolgica dos rins mostrou a presena de reas com

    dilatao dos vasos sanguneos peritubulares e glomrulos congestos. Conclui-se que o uso do

    suplemento proteico provocou alterao na filtrao glomerular e tubular, representada somente pelo

    aumento significativo da proteinria, congesto glomerular e vascular peritubular anlise

    histopatolgica.

    Palavras-chave: Leso renal aguda. Sobrecarga proteica renal. Suplementos base de protena

    derivada do soro do leite.

    ABSTRACT

    Sportsmen have used whey protein supplements more and more, which can cause their misuse and

    health risks. This paper aimed to evaluate the glomerular filtration, renal tubular and histopathological

    changes regarding the use of protein supplement in the Wistars kidney. 12 Wistar rats were divided

    into two random groups: Group I (control) and Group II (with intervention). Group II received the

    supplement for fourteen days. Animal urine samples were collected to conduct summary of urine and

    blood samples for levels of urea, creatinine, sodium, potassium and chlorine. At the end of the

    experiment, the animals were euthanized and kidneys were collected for histopathology. After

    supplementation, a reduction in urea levels (p = 0.00930) and increased urinary density (p = 0.4645)

    was observed in group II. Most animals (67%) had significant proteinuria (p = 0.040), the presence

    ___________________ 1Aluna do Curso de Medicina da Faculdade Integral Diferencial FACID. Email: [email protected]

    2Mdico nefrologista. Professor de Nefrologia da Faculdade Integral Diferencial. Email: [email protected].

  • Revista FACID: Cincia & Vida, Teresina, v. 11, n. 2, Setembro 2015

    Pgina 27

    of epithelial cells and CREOS cylinders occurred in 50% and 67%, respectively. The kidney

    histological examination revealed the presence of areas peritubular glomeruli extension and

    congested blood vessels. The use of protein supplement caused change in glomerular and tubular

    filtration, represented only by the significant increase in proteinuria and glomerular and vascular

    peritubular congestion at the histopathological analysis.

    Keywords: Acute renal injury. Kidney protein overload. Whey Protein Supplements.

    1 INTRODUO

    O uso de suplementos alimentares a base de protena do soro do leite transformou-se em uma

    verdadeira epidemia, principalmente, entre os praticantes de atividades fsicas, em virtude da busca

    implacvel pela beleza corporal a qual cultiva a sociedade moderna. Os esportistas vm tornando-se

    cada vez mais adeptos ao uso de suplementos nutricionais, o que abre espao para a utilizao

    indevida dos mesmos, podendo traduzir-se em riscos para a sade (ARAJO; SOARES, 1999).

    A protena do soro do leite um dos suplementos alimentares mais populares dentre os

    praticantes de atividades fsicas. A utilizao de suplementos a base de protenas e aminocidos

    comerciais por atletas e esportistas, possui como principais objetivos a substituio de protenas da

    dieta, aumento do valor biolgico das protenas da refeio e seus efeitos anti catabolizantes e

    anabolizantes (KREIDER; MIRIEL; BERTUN,1993).

    Apesar das inmeras pesquisas mostrando efeitos fisiolgicos benficos das protenas e

    peptdeos do soro de leite, particularmente, em experimentos com animais, o conhecimento ainda

    muito limitado sobre esses efeitos no organismo humano. Muito h que se pesquisar sobre os

    verdadeiros mecanismos de ao dessas protenas e peptdeos e das quantidades que devem participar

    da dieta para produzir seus efeitos benficos (SGARBIERI, 2004).

    Segundo Paiva, Alfenas e Bressan (2007), a sobrecarga proteica associada ao uso de tais

    suplementos tem sido associada a repercusses orgnicas. No existe, entretanto, consenso a respeito

    dos efeitos sobre a morfologia e funo renal.

    O presente estudo teve como objetivo avaliar alteraes de filtrao glomerular, funes

    tubulares renais e histopatolgicas ocasionadas pelo uso do suplemento alimentar Whey Protein Gold

    Standard no rim de ratos Wistar.

    2 MATERIAL E MTODOS

    Aps aprovao da Comisso de tica no Uso em Animais CEUA/FACID, sob Protocolo n

    056/14, realizou-se o estudo no Laboratrio de Fisiologia da FACID DeVry, respeitando os princpios

    ticos estabelecidos pela Lei n. 11.794/08, conhecida como Lei Arouca. Todo o experimento

    obedeceu aos princpios ticos em experimentao animal, preconizados pelo Colgio Brasileiro de

    Experimentao Animal (COBEA).

    Trata-se de um estudo experimental, longitudinal, intervencionista, tipo caso-controle com

    abordagem quantitativa. O estudo foi realizado no Laboratrio de Fisiologia da Faculdade Integral

    Diferencial (FACID), localizada em Teresina, Estado do Piau, regio nordeste do Brasil.

    Populao estudada e procedimentos experimentais

    Foram utilizados 12 ratos machos adultos (Rattus norvegicus) da linhagem Wistar, pesando

    aproximadamente 256,17g 21,94, mantidos no Biotrio do Laboratrio de Fisiologia da FACID,

    confinados em gaiolas plsticas, em ambiente com temperatura, umidade, luminosidade e rudo

    controlados, em ciclo claro-escuro de 12 horas e alimentados com rao balanceada tipo Purina e

    gua ad libitum.

  • Revista FACID: Cincia & Vida, Teresina, v. 11, n. 2, Setembro 2015

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    Os animais foram distribudos aleatoriamente em dois grupos: o Grupo I (controle; n=6), foi

    mantido com rao e gua filtrada, oferecidos ad libitum, durante quatorze dias. O Grupo II (com

    interveno; n=6), alm de receber sua alimentao habitual e gua filtrada, recebeu suplementao

    diria, seis dias por semana, do suplemento alimentar Whey Protein Gold Standard diludo em gua

    filtrada, durante quatorze dias, na dose de 1 g/kg de peso corporal, administrada por gavagem.

    O suplemento alimentar foi adquirido de fonte comercial, e composto por protena do soro do

    leite isolada, protena do soro do leite concentrada, peptdeos do soro do leite, cacau, sal, aroma

    natural e artificial, estabilizante lecitina de soja, edulcorantes artificiais sucralose e acessulfame K.

    Os animais foram mantidos em gaiolas metablicas por 24 horas, antes do incio da

    suplementao e aps administrao da ltima dose do suplemento alimentar, para coleta de urina,

    para posterior avaliao fsica, qumica, dos elementos anormais e sedimentos urinrios, com o

    objetivo de avaliar funo glomerular e renal, atravs do mtodo tira reativa, do fabricante Bioeasy.

    Aps a coleta da urina, os animais foram submetidos anestesia com uma soluo de cloridato de

    cetamina 100 mg/kg (Cristlia) + cloridato de xilazina 20mg/kg (Anasedan), por via intraperitoneal.

    Aps completa anestesia, os animais foram submetidos a uma traco-laparotomia mediana e coleta 5

    a 8 ml de sangue atravs da puno da veia cava inferior.

    O sangue retirado foi acondicionado em tubos de vidro e submetido a centrifugao, por 15

    minutos a 2000 rotaes por minuto, para obteno do soro. As amostras de soro foram

    acondicionadas em frascos de vidros com tampa e armazenadas em freezer para determinao

    bioqumica de uria, creatinina, sdio, potssio e cloro, com o objetivo de avaliar funes glomerular

    e tubular renal. Uria e creatinina foram determinadas, respectivamente, por mtodo cintico-

    enzimtico e cintico-calorimtrico, atravs de kits do fabricante Biosystems, pelo equipamento A15.

    Sdio, potssio e cloro plasmticos foram determinados pelo mtodo do eletrodo on-seletivo, pelo

    equipamento AVL.

    Aps coleta de sangue, os animais foram submetidos eutansia, de acordo com os princpios

    ticos adequados (COBEA), atravs da seco do diafragma, provocando pneumotrax, o que levou

    morte do animal por hipxia. Posteriormente foi realizada nefrectomia bilateral, os rgos foram

    fixados em formalina a 10% e processados histologicamente para obteno de cortes transversais de

    5 micrmeros de espessura, corados com hematoxilina e eosina (HE) e avaliados em microscpio de

    luz da marca Nikkon.

    Atravs de fotomicrografias dos cortes histolgicos dos rins foram realizadas anlises

    histolgicas. Nos rins, a normalidade obedeceu aos quesitos: bem conservados, apresentando

    corpsculos renais e tbulos contorcidos proximais e distais ntegros; os glomrulos formados por

    capilares, podcitos, clulas endoteliais e mesangiais sem alteraes histolgicas. Na regio medular,

    analisaram-se as alas de Henle junto aos capilares e tbulos coletores, estes com citoplasma bem

    delimitado e ncleo esfrico, quando dentro da normalidade. Outros itens avaliados: cpsula de

    Bowman ntegra, presena de clulas cbicas ou polidricas, apresentando citoplasma eosinfilo e

    ncleo arredondado.

    Anlise estatstica

    Os dados das variveis aleatrias contnuas foram submetidos ao teste de

    normalidade D'Agostino & Pearson, para averiguao da distribuio normal do dados, seguindo a

    anlise dos dados atravs do estudo das diferenas mdias dos grupos atravs do teste t de student.

    Na anlise da correlao dos dados de variveis aleatrias discretas entre classes foram submetidos

    ao teste Qui-quadrado onde os mesmos foram transferidos para o programa estatstico SPSS 19,0. Em

    todos os testes foram utilizados Intervalo de Confiana de 95% e significncia estabelecida em

    p

  • Revista FACID: Cincia & Vida, Teresina, v. 11, n. 2, Setembro 2015

    Pgina 29

    3 RESULTADO E DISCUSSO

    Estudou-se 12 animais (ratos Wistar) no perodo de 14 dias. Resultados expressos na Tabela 1

    mostram os valores de massa corprea e da dosagem bioqumica do soro dos animais.

    Tabela 1 - Valores da massa corprea e dosagem bioqumica no plasma de 12 animais (ratos

    Wistar), aps o uso de suplemento alimentar Whey Protein Gold Standard.

    A mdia de peso dos animais do grupo I (controle) foi de 274,5g ( 22,12), com peso mnimo

    de 240g e mximo de 300g. O peso mdio do grupo II (com interveno) foi de 256,17g ( 21,94),

    com peso mnimo de 250g e mximo de 300g.

    Observou-se uma reduo nos nveis de uria [41,77%(4,62) versus 31,83%(5,42)]

    estatisticamente significativa (P = 0,0093) entre os grupos I e II, respectivamente. Houve elevao

    dos nveis de creatinina srica do grupo II em comparao ao grupo I, porm em nveis no

    estatisticamente significativos (P = 0,2563).

    A funo tubular renal dos animais no presente estudo foi avaliada atravs da dosagem de sdio,

    potssio e cloro sricos e atravs da anlise urinria. Como mostra a Tabela 1 no houve alteraes

    estatisticamente significativas nas dosagens destes eletrlitos entres os grupos I e II (P = 0,1392; P =

    0,1372 e P = 0,096, respectivamente).

    O consumo diettico de protena pode modular a funo renal, no havendo consenso na

    literatura quanto ao seu papel na patogenia da doena renal. No centro da controvrsia encontra-se a

    preocupao de que o consumo habitual de protena diettica acima das quantidades recomendadas

    promove doena renal crnica devido hiperfiltrao por aumento da presso glomerular, contra o

    fato de que a pesquisa em indivduos saudveis no apoia esta ideia e de que hiperfiltrao constitui

    uma resposta fisiolgica, ou seja, um mecanismo adaptativo normal (WADA et al., 2014).

    No presente estudo, mesmo aps suplementao com elevado teor de protenas no grupo II, no

    houve um aumento desse analito no soro dos animais experimentais. Os resultados da presente

    pesquisa corroboram com o estudo de Martin, Armstrong e Rodriguez (2005), que descreveram que

    o impacto renal secundrio a uma dieta hiperproteica por um curto perodo de tempo diferente do

    impacto causado por um consumo crnico deste tipo de dieta, desta forma, o perodo de

    suplementao de 14 dias no foi suficiente para causar uma alterao significativa no metabolismo

    proteico e aumento deste metablito.

    Segundo Menezes (2010), a uria srica geralmente no aumenta at que mais de 60% dos

    nfrons estejam sem funo, tratando-se, portanto, de um marcador de alta especificidade e baixa

    sensibilidade.

    Os estudos avaliando o papel da ingesto proteica na filtrao glomerular, realizados por Bosch

    et al. (1983) tiveram como consequncia inicial a introduo do conceito de reserva funcional renal,

    que consiste na diferena de TFG que ocorre entre o estado basal e aps alimentao. Segundo estes

    autores, a creatinina no somente aumenta a sua excreo renal devido a maior secreo tubular aps

    Variveis Controle Caso

    P M DP M DP

    Massa corprea (g) 256,17 21,94 274,50 22,12 0,1801

    Uria (mg/dL) 41,17 4,62 31,83 5,42 0,0093**

    Creatinina (mg/dL) 0,50 0,07 0,56 0,10 0,2563

    Sdio (mmol/L) 138,92 1,10 137,70 1,50 0,1392

    Potssio (mmol/L) 5,12 0,32 6,75 2,45 0,1372

    Cloreto (mmol/L) 169,18 29,52 146,18 9,59 0,0996

    M: mdia; DP: desvio padro; P: teste T de Student com IC 95% e significncia em p

  • Revista FACID: Cincia & Vida, Teresina, v. 11, n. 2, Setembro 2015

    Pgina 30

    ingesto proteica, levando assim a um aumento da TFG numrica, mas tambm devido a ingesto de

    creatinina que acompanha a ingesto de protena.

    Vegetarianos saudveis so conhecidos por possurem uma linha de base estatisticamente

    reduzida de TFG, mas a capacidade de aumentar a taxa de filtrao glomerular aps dieta rica em

    protenas ainda mantida, ao contrrio de pacientes com um reduzido nmero de nfrons cuja reserva

    funcional renal pode ser diminuda ou ausente (LOHSIRIWAT, 2013).

    Outro mecanismo sugerido para o aumento da TFG foi a diminuio da sensibilidade do balano

    tbulo glomerular. Esta hiptese se basea no fato de que ocorre aumento da reabsoro de sdio pelo

    tbulo proximal aps ingesto de dieta hiperproteica. O aumento da reabsoro de sdio na poro

    proximal do nfron acarretaria menor carga de sdio na mcula densa e, assim, poderia ocorrer

    aumento da filtrao glomerular por nfron (HARRIS; SEIFTER; BRENNER, 1984).

    Embora o efeito de hiperfiltrao na funo renal em indivduos com doena renal e fatores de

    riscos pr-existente esteja bem documentada, a aplicao destes achados para pessoas saudveis com

    funo renal normal, no apropriada. At a presente data, nenhuma pesquisa clnica ou experimental

    correlacionou a hipertrofia ou hiperfiltrao renal induzida por protena para a iniciao da doena

    renal em indivduos saudveis (MARTIN; ARMSTRONG; RODRIGUEZ, 2005). Um coorte

    prospectivo de dez anos que estudou mulheres de meia idade no encontrou nenhuma relao entre

    dietas de alto teor proteico e um risco aumentado de declnio de funo renal (KNIGHT, 2003).

    A funo tubular renal dos animais no presente estudo foi avaliada atravs da dosagem de sdio,

    potssio e cloro sricos e atravs da anlise urinria. Como mostra a Tabela 1, no se observou

    alteraes estatisticamente significativas nos nveis destes eletrlitos entres os Grupos I e II.

    Contrariamente aos resultados do presente estudo, Singer (2003), aps realizar estudo em

    animais de espcies variadas com implementao de uma dieta rica em protenas, e objetivando

    avaliar a funo excretora renal induzida por tal mudana alimentar, concluiu que, em geral, os

    animais respondem a um aumento da ingesto de protena com uma alterao na funo excretora

    renal, de modo a aumentar a eliminao dos principais produtos finais azotados do metabolismo de

    protenas. Os componentes desta resposta incluem uma redistribuio de perfuso regional com

    aumento do fluxo sanguneo renal, aumento da taxa de filtrao glomerular e apuramento de amnia,

    aumento da depurao renal de uria tubular, alteraes no transporte de protena e hipertrofia renal.

    O catabolismo de aminocidos com a gerao de amnia parece ser um pr-requisito necessrio para

    esta resposta excretora ocorrer, visto que a amnia uma molcula reguladora e um sinal importante

    para comunicao entre o catabolismo de aminocidos na sequncia de um aumento na ingesto de

    protena e para a sequncia de eventos que levam a uma mudana na funo excretora.

    Outros estudos, corroborando com os resultados da presente pesquisa, mostram que dietas

    hiperproteicas podem no alterar ou alterar ligeiramente os nveis sricos dos eletrlitos, mas sem

    manifestaes clnicas (NANKIVELL, 1994).

    Na anlise fsica da urina dos animais do presente estudo, observou-se aumento da densidade

    aps a interveno, entretanto no estatisticamente significativo (Tabela 2). A densidade um teste

    muito til para a avaliao da capacidade de diluio e concentrao renal. A perda da capacidade de

    concentrao costuma ser o primeiro sinal de doena tubular renal (REINE; LANGSTON, 2005).

    Tabela 2 - Anlise fsica da urina de 12 animais (ratos Wistar) antes e aps o uso do

    suplemento alimentar Whey Protein Gold Standard

    Variveis Controle Caso

    X n % n %

    Cor

    Antes*

    mbar 6 100% 6 100%

    ___ Outra cor 0 0% 0 0%

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    Depois**

    mbar 6 100% 6 100%

    ___ Outra cor 0 0% 0 0%

    Aspecto

    Antes*

    Turvo 6 100% 6 100%

    ___ Outros 0 0% 0 0%

    Depois**

    Turvo 6 100% 6 100%

    ___ Outros 0 0% 0 0%

    Densidade Antes*

    0,1577

    1000 3 50% 2 33%

    1010 1 17% 1 17% 1015 0 0% 3 50% 1020 2 33% 0 0%

    Depois** 0,4645

    1020 3 25% 2 17%

    1025 2 17% 1 8%

    1030 1 8% 3 25%

    M: mdia; DP: desvio padro; X: teste Qui-quadrado com IC 95% e significncia em p

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    Pgina 32

    interveno. Os cilindros granulares e creos representam estgios sucessivos na degenerao dos

    cilindros celulares medida que avanam pelos nfrons. Alm de representar restos celulares, os

    grnulos presentes nesses cilindros tambm podem representar agregados de protenas plasmticas,

    ou seja, os cilindros granulares podem aparecer em qualquer patologia que curse com proteinria

    (GREENBERG, 1998).

    No presente estudo, no se encontrou alteraes histolgicas nos rins do Grupo I (Figura 1). No

    Grupo II, na maioria dos rins (62%), observou-se reas com dilatao dos vasos sanguneos

    peritubulares e alguns glomrulos congestos (Figura 2).

    Figura 1 - Fotomicrografia do rim de animal do Grupo I (controle) demonstrando glomrulos,

    tbulos e interstcio normais

    Fonte: Dados da pesquisa (2015).

    Figura 2 - Fotomicrografia do rim de animal do Grupo II (com interveno) demonstrando

    congesto vascular peritubular e leve congesto glomerular

    Fonte: Dados da pesquisa (2015).

    Estudos realizados em seres humanos e animais mostraram que a ingesto proteica tem

    influencia na hemodinmica intra-renal, aumentando de forma aguda a taxa de filtrao glomerular

    (TFG) e o fluxo sanguneo renal (FSR) em at 100% em relao ao nvel basal (BRENNER; MEYER;

    HOSTETTER, 1982).

    Brenner, Meyer e Hostetter (1982) postularam a hiptese de que a ingesto de protenas

    determinava uma vasodilatao glomerular com consequente aumento da presso hidrosttica capilar

  • Revista FACID: Cincia & Vida, Teresina, v. 11, n. 2, Setembro 2015

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    e aumento da TFG. Estas alteraes hemodinmicas renais ocorreriam aps cada refeio que

    contivesse protenas e manteriam um estado de vasodilatao renal crnica que favoreceria o

    desenvolvimento de leses glomerulares em pacientes que j apresentassem algum grau de leso

    renal. De acordo com estes autores, alteraes da hemodinmica renal seriam importantes para o

    incio e a progresso da glomeruloesclerose. O aumento da presso hidrosttica intracapilar e o

    aumento da TFG alterariam a seletividade da membrana glomerular, favorecendo o maior fluxo de

    protenas plasmticas que se acumulariam no mesngio, servindo como um estmulo para a produo

    de matriz mesangial, contribuindo para o processo de glomeruloesclerose.

    O efeito hemodinmico a longo prazo de uma dieta de alto teor proteico no rim saudvel no

    bem compreendido. Ratos alimentados com uma dieta rica em lactoprotenas durante seis meses no

    apresentaram manifestao alguma de doena renal no exame histolgico, apesar de terem

    apresentado mudanas dramticas a nvel de composio corporal em relao ao grupo controle

    (LACROIX et al., 2004).

    Condies experimentais apontam para o fato de que dietas hiperproteicas induzam aumentos

    significativos na TFG e no FSR, e que essas alteraes tenham efeitos deletrios na funo renal. No

    entanto, o impacto de uma dieta hiperproteica no rim de um indivduo saudvel, que adere a este tipo

    de dietas por perodos relativamente curtos, no est bem estabelecida (RODRIGUEZ-ITURBE;

    HERRERA; GARCIA, 1988).

    Em discordncia com Harris, Seifter e Brenner (1984), no presente estudo, no se observou

    alteraes de celularidade tubular e glomerular, nem hipertrofia de pores dos nfrons dos rins dos

    animais aps suplementao proteica. Segundo os autores supracitados, uma dieta hiperprotica,

    aumenta a reabsoro proximal de sdio, com aumento da atividade do trocador Na+-H+ no tbulo

    proximal. O aumento da carga protica na dieta causa hipertrofia de todo o nfron, mas em especial

    da poro espessa da ala de henle, com aumento da atividade da bomba de Na-K-ATPase na

    membrana basolateral deste segmento.

    4 CONCLUSO

    O presente estudo concluiu que o uso do suplemento alimentar Whey Protein Gold Standard

    no rim de ratos Wistar durante curto perodo de dias, provocou alterao na filtrao glomerular e

    tubular, representada somente pelo aumento significativo da proteinria. Na avaliao

    histopatolgica, a dieta hiperproteica ocasionou congesto glomerular e vascular peritubular.

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    APNDICE A

    Tabela 3 - Anlise qumica da urina de 12 animais (ratos Wistar) antes e aps o uso do

    suplemento alimentar Whey Protein Gold Standard

    Variveis Controle Caso X

    n % n %

    Reao

    Antes* cida 0 0% 0 0% ___ Alcalina 6 100% 6 100%

    Depois** cida 0 0% 0 0% ___ Alcalina 6 100% 6 100%

    Protenas

    Antes* + 4 67% 1 17%

    0,0465*

    ++ 0 0% 4 67%

    +++ 0 0% 0 0%

    ++++ 0 0% 0 0%

    Ausente 2 33% 1 17%

    Depois** + 3 50% 0 0%

    0,0404*

    ++ 1 17% 1 17%

    +++ 0 0% 4 67%

    ++++ 0 0% 1 17%

    Ausente 2 33% 0 0%

    Hemoglobina

    Antes* Presente 0 0% 0 0%

    ___ Ausente 6 100% 6 100%

    Depois** Presente 0 0% 0 0%

    Ausente 6 100% 6 100%

    Glicose

    Antes* Presente 0 0% 0 0%

    ___ Ausente 6 100% 6 100%

    Depois** Presente 0 0% 0 0%

    Ausente 6 100% 6 100%

    Corpos cetnicos

    Antes* Presente 0 0% 0 0% ___

    Ausente 6 100% 6 100%

    Depois** Presente 0 100% 1 17% 0,2962

    Ausente 6 100% 5 83%

    Continua.......

    Tabela 3. Continuao

    Bilirrubina

    ___ Antes* Presente 0 0% 0 0%

    Ausente 6 100% 6 100%

    Depois** Presente 0 0% 0 0%

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    Ausente 6 100% 6 100%

    Urobilinognio

    Antes* Presente 0 0% 0 0%

    ___ Ausente 6 100% 6 100%

    Depois** Presente 0 0% 0 0%

    Ausente 6 100% 6 100%

    M: mdia; DP: desvio padro; X: teste Qui-quadrado com IC 95% e significncia em p

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    Tabela 4. Continuao

    Depois** Alguns de

    fosfato

    triplo

    4 67% 1 17%

    0,2087

    Vrios de

    fosfato

    triplo

    1 17% 3 50%

    Alguns de

    oxalato de

    clcio

    0 0% 0 0%

    Vrios de

    oxalato de

    clcio

    0 0% 0 0%

    ___

    Ausentes 1 17% 2 33% ___

    Cilindros

    Antes* Creos 3 50% 2 33% 0,5581

    Ausente 3 50% 4 67%

    Depois** Creos 1 17% 4 67% 0,0789

    Ausente 5 83% 2 33%

    M: mdia; DP: desvio padro; X: teste Qui-quadrado com IC 95% e significncia em p

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    O CONHECIMENTO DOS MDICOS DA ATENO PRIMRIA DE SADE SOBRE OS

    BENZODIAZEPNICOS

    THE KNOWLEDGE OF THE PRIMARY HEALTH CARE PHYSICIANS ON

    BENZODIAZEPINES

    Karoline Cruz Silva1,

    Marlia Ione Futino 2

    RESUMO

    Em 1960, ocorre a "Revoluo dos Benzodiazepnicos" e com isso tem incio o uso indiscriminado

    desse tipo de medicao. Por serem medicamentos seguros, eficazes e bem tolerados conquistaram a

    classe mdica e passaram a ser "objeto de desejo" dos pacientes tendo como resultado um excesso de

    prescrio por parte do profissional. O presente trabalho tem como objetivo analisar o nvel de

    conhecimento dos mdicos da Ateno Primria de Sade sobre a indicao dos benzodiazepnicos;

    alm de avaliar a capacitao do profissional mdico para a prescrio dos benzodiazepnicos e

    descrever o entendimento dos mdicos sobre possveis riscos com o uso inadequado dos

    benzodiazepnicos. Trata-se de uma pesquisa descritiva, de campo, com abordagem qualitativa. O

    estudo foi realizado de acordo com a Resoluo 466/2012 sobre as Diretrizes e Normas Reguladoras

    que trata de pesquisa com seres humanos, aprovada pelo Comit de tica em Pesquisa da Faculdade

    Integral Diferencial. A pesquisa foi realizada em Unidades de Ateno Primaria de Sade que so

    gerenciadas pela Fundao Municipal de Sade no municpio de Teresina PI. Foram includos na

    pesquisa mdicos que trabalham na Estratgia de Sade da Famlia. Os dados foram coletados no

    perodo de fevereiro a abril de 2015, atravs de questionrio elaborado e organizado em planilhas do

    programa Excel 2010. A presente pesquisa mostrou que 100% dos mdicos entrevistados nunca

    receberam treinamento sobre os benzodiazepnicos, 75% encaminham os pacientes ao servio de

    sade mental por apresentarem critrios de dependncia medicao e 60% mantm a prescrio

    para manuteno do tratamento. Existem indicativos de dificuldade do mdico em relao ao tema e

    a pouca adeso ao tema da pesquisa pode indicar a proteo contra a exposio indesejada da

    fragilidade do conhecimento mdico, observando tambm uma falta de preocupao da gesto local

    no aprimoramento contnuo de seus profissionais e na deteco da dependncia, a maioria encaminha

    para um servio especializado.

    Palavras-chave: Benzodiazepnicos. Uso indiscriminado. Ateno Primria de Sade.

    ABSTRACT

    1 Aluna de graduao (10 perodo) do Curso de Medicina da Faculdade Integral Diferencial FACID

    Email: [email protected]

    Endereo: Av. Presidente Kennedy, n2680, Apartamento 103 Bloco: Osona, Condomnio Catalunya Residence, Bairro:

    Horto, CEP: 64052-675 Teresina-PI.

    Tel.: (86) 99928-9686

    2Prof. Esp. da FACID.

    Email: [email protected]

    Endereo: Rua Lino Correia Lima, n 2425, Bairro: Planalto Ininga.

    Tel.: (86) 86 98126-9222

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    In 1960, the "Revolution of Benzodiazepines" began and, thus, the indiscriminate use of this type of

    medication takes place. Once they are safe, effective and well tolerated medicine, they have

    conquered the medical class and become the patients object of desire, which made professionals

    prescribe them excessively. This study aims to analyze the level of knowledge of Primary health care

    physicians about the prescription of benzodiazepines as well as to assess the doctors qualification to

    prescribe those medicines and to describe the doctors understanding about possible risks regarding

    the improper use of benzodiazepines. It is a descriptive, field research with a qualitative approach.

    This study was based on resolution 466/2012 concerning the guidelines that deal with human beings

    research and approved by the Ethics and Research Committee at Integral Diferencial College. The

    survey was carried out in Primary Attention health units that are managed by the Municipal Health

    Foundation in the city of Teresina PI. The doctors who work in family health strategy were included

    in the research. The data were collected from February to April 2015, through a questionnaire

    previously prepared and organized in worksheets in the Excel 2010 program. This survey showed

    that 100% of doctors surveyed have never received training on benzodiazepines, 75% refer patients

    to mental health service because they show dependence to medication and 60% keep the prescription

    to maintain the treatment. It could be observed some doctors difficulties regarding the theme and the

    little complaince to the research theme may indicate the protection against unwanted exposure on the

    fragility of medical knowledge. It could also be observed the lack of concern of the local management

    in continuous improvement of its professionals and on the dependence detection; most refer them to

    a specialized service.

    Keywords: Benzodiazepines. Indiscriminate use. Primary health attention.

    1 INTRODUO

    Conforme definio do Ministrio da Sade, a Ateno Bsica caracteriza-se por um conjunto

    de aes de sade, no mbito individual e coletivo, que abrange a promoo e a proteo da sade, a

    preveno de agravos, o diagnstico, o tratamento, a reabilitao, reduo de danos e a manuteno

    da sade com o objetivo de desenvolver uma ateno integral que impacte na situao de sade e

    autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de sade das coletividades (MS, 2011).

    No Brasil, no ano de 2.014, foram realizados 651.104.498 procedimentos mdicos. Destes,

    303.988.255 (46,7%) foram realizados no mbito da Ateno Bsica de Sade, dos quais 179.059.884

    (58,9%) foram realizados por mdicos da Estratgia de Sade da Famlia ESF, destacando-se a

    grande abrangncia do trabalho mdico na Ateno Bsica ou Ateno Primria Sade, termos

    considerados equivalentes pelo Ministrio da Sade (MS, 2015).

    Os servios da Ateno Bsica devem cumprir a funo de porta de entrada da Rede de

    Assistncia Sade, de coordenador do cuidado, elaborando, acompanhando e gerindo projetos

    teraputicos singulares bem como acompanhando e organizando o fluxo dos usurios entre os pontos

    de ateno das redes de ateno sade e de ordenador das redes (STARFIELD, 2002).

    Destaca-se, a grande importncia da Ateno Bsica na observncia e acompanhamento do uso

    racional de medicamentos, incluindo o uso dos benzodiazepnicos (TELLES et al., 2011).

    Os benzodiazepnicos (BDZs) foram sintetizados em meados da dcada de 1950 pelo Doutor

    Leo H. Sternbach, sendo o clordiazepxido o primeiro medicamento a ser desenvolvido. Na sua fase

    de experimentao observaram-se poderosos efeitos anticonvulsivantes, antiagressivos e que

    reduziam significamente a ansiedade. Aps exaustivos estudos clnicos o clordiazepxido foi lanado

    no mercado em 1960, momento conhecido como o incio da "Revoluo dos Benzodiazepnicos"

    (ANDRADE, 2010).

    Os BZDs no so antipsicticos, antineurticos ou anti-insnia como pensam muitos clnicos e

    pacientes. Portanto, devido a um estado de ansiedade por estmulos exagerados em determinadas

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    reas cerebrais, os BZDs exercem efeito contrrio, inibindo os mecanismos de estimulao exagerada

    e produzindo uma depresso da atividade cerebral que se caracteriza por diminuio da ansiedade,

    induo do sono, relaxamento muscular, reduo do estado de alerta (BALLONI; ORTOLANI,

    2012).

    O presente trabalho props como problema de pesquisa, a seguinte indagao: Qual o

    conhecimento dos mdicos sobre a indicao de uso dos benzodiazepnicos aos pacientes da Ateno

    Primria de Sade? Propondo ainda como hiptese primria que o uso de benzodiazepnicos por

    tempo prolongado causa prejuzos sade dos usurios, e est sendo utilizados na Ateno Primria

    de Sade sem a adequada indicao clnica aos pacientes; como hiptese secundria que houve um

    aumento da prescrio de benzodiazepnicos pelos profissionais da Ateno Primria de Sade, sem

    levar em conta que seu uso inadequado e/ou mau indicado pode trazer malefcios para a sade dos

    usurios a longo prazo.

    O presente trabalho possuiu como objetivo geral analisar o conhecimento dos mdicos da

    Ateno Primria de Sade sobre a indicao dos benzodiazepnicos; e como objetivos especficos

    avaliar a capacitao do profissional mdico para a prescrio dos benzodiazepnicos e descrever o

    entendimento dos mdicos sobre possveis riscos com o uso inadequado dos benzodiazepnicos.

    2 MATERIAL E MTODOS

    2.1 Procedimentos ticos

    O presente estudo foi realizado de acordo com a Resoluo 466/2012 sobre as Diretrizes e

    Normas Reguladoras que trata de pesquisa com seres humanos.

    A pesquisa foi submetida ao do Comit de tica em Pesquisa (CEP) da Faculdade Integral

    Diferencial FACID DEVRY e aps sua aprovao foram iniciadas as atividades.

    Solicitou-se dos participantes da pesquisa a assinatura do Termo de Consentimento Esclarecido

    (TCLE) em 02 vias, no qual foi declarada a participao por livre e espontnea vontade e garantindo

    o anonimato dos participantes.

    2.2 Mtodo da Pesquisa

    Trata-se de uma pesquisa descritiva, de campo, com abordagem quantitativa.

    2.3 Cenrio e Participantes do Estudo

    A pesquisa foi realizada em unidades de Ateno Primaria de Sade que so distribudas em 3

    zonas da cidade e pertencentes a Fundao Municipal de Sade do municpio de Teresina PI.

    O municpio de Teresina PI conta com uma populao de 234 equipes de Estratgia de Sade

    da Famlia e cada equipe possui um mdico. Utilizando a Equao de Proporcionalidade, com

    intervalo de confiana de 95%, um erro absoluto de 2%, se obteve uma amostra de 58 mdicos que

    participariam da pesquisa, entretanto, apesar da distribuio de 58 questionrios, somente 20 mdicos

    se dispuseram a participar, fato que impossibilitou que a seleo dos participantes fosse estratificada

    por regio.

    A escolha do local da pesquisa foi realizada pelo motivo da Ateno Primria de Sade ser a

    porta de entrada do servio de sade.

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    2.4 Coleta de Dados

    Os dados foram coletados atravs de questionrio elaborado, no perodo de fevereiro a abril de

    2015, nas segundas, quartas e sextas feira.

    2.5 Organizao e Anlise de Dados

    Aps a coleta, os dados foram organizados por planilhas do programa Excel 2010. Os resultados

    obtidos foram apresentados em modo de grficos e tabelas.

    3 RESULTADOS E DISCUSSO

    Os resultados do presente estudo foram analisados conforme os dados consolidados das

    informaes colhidas nos questionrios. Para melhor analisar os dados e atender aos objetivos desse

    estudo, dividiu-se o trabalho em duas partes. Inicialmente foi abordada a caracterizao da populao

    entrevistada atravs do perfil socioprofissional, e em seguida foi analisado a situao de indicao de

    benzodiazepnicos, a reavaliao e a utilizao de substncias alternativas.

    Tabela 1 Perfil socioeconmico dos mdicos que trabalham na Ateno primria

    entrevistados

    Profissionais Perfil

    Faixa etria 20 a 25 anos 5%

    26 a 30 anos 20%

    31 a 35 anos 5%

    36 a 40 anos 5%

    41 anos ou mais 55%

    Sexo Feminino 25%

    Masculino 75%

    Tempo de formao 1 a 5 anos 15%

    6 a 10 anos 30%

    11 a 15 anos 15%

    16 a 20 anos 20%

    21 anos ou mais 20%

    Tempo em que

    trabalha no ESF

    Menos de 1 ano 20%

    1 a 5 anos 20%

    6 a 10 anos 40%

    11 a 15 anos 20%

    Residncia Mdica Sim Sade Pblica 10%

    Cardiologia 30%

    Cirurgia Geral 20%

    Pediatria 10%

    Medicina do Trabalho 5%

    Ginecologia 20%

    No 5%

    Observa - se 06 profissionais so do sexo feminino (25%), e 14 profissionais do sexo masculino

    (75%). Vale destacar que 55% profissionais possuem mais de 10 anos de formao na rea.

    Visto a adeso do municpio de Teresina Estratgia de Sade da Famlia, os mdicos que

    desenvolvem seus trabalhos na Ateno Bsica so denominados Mdicos de Sade da Famlia apesar

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    da incipiente realizao de atividades de educao permanente e de os mesmos no se colocarem

    como tal na indicao de sua especializao.

    Tabela 2 Situao clnica na qual o mdico entrevistado utiliza Benzodiazepnicos

    Situao clnica Percentual de indicao

    Manuteno do tratamento 60%

    Ansiedade 25%

    Insnia inicial 10%

    Depresso 5%

    De acordo com os dados 60% dos mdicos entrevistados optam pela manuteno do tratamento,

    enquanto 25% utilizam Benzodiapnicos em casos de ansiedade, ao passo que 10% utilizam em

    situaes de insnia inicial, e apenas 5% em casos de depresso.

    Em um estudo realizado por Firmino et al., (2012) foram avaliadas as indicaes de

    benzodiazepnicos no Servio Municipal de Sade de Coronel Fabriciano MG, e observou-se que

    50% das indicaes relatadas pelos mdicos foram como hipntico ou ansioltico, 21,9% para "uso

    crnico/dependncia" e o restante para outras indicaes. Das receitas que atenderam aos critrios de

    incluso para anlise da adequao da indicao (1618), cerca de 70% foram consideradas no

    adequadas, tendo em vista a indicao e o tempo de tratamento.

    Tabela 3 Reavaliao do uso de Benzodiazepnicos em paciente que j utilizam de modo

    constante pelos mdicos entrevistados da Ateno Primria.

    Reavaliao do uso de Benzodiazepnicos Percentual de indicao

    Sim 80%

    No 20%

    Conforme os dados 80% dos mdicos entrevistados realizam a reavaliao do uso de

    benzodiazepnicos.

    Conforme Andrade, Silva e Santos (2010), o uso prolongado de BZDs ultrapassando perodos

    de 4 a 6 semanas pode levar ao desenvolvimento de tolerncia, abstinncia e dependncia. A

    possibilidade de desenvolvimento de dependncia deve ser considerada na vigncia de fatores de

    risco para a mesma, como o uso em mulheres idosas, poliusurios de drogas, alvio de estresse,

    doenas psiquitricas e distrbios do sono, tambm sendo comum a observao de overdose de BZDs

    nas tentativas de suicdio associadas ou no a outras substncias.

    Tabela 4 Dose-limtrofe de seguridade do Clonazepam indicada pelos mdicos entrevistados

    da Ateno Primria

    Dose-limtrofe de seguridade do

    Clonazepam

    Percentual de indicao

    0,5 mg/dia 25%

    1,0 mg/dia 15%

    2,0 mg/dia 40%

    4,0 mg/dia 20%

    10,0 mg/dia 0%

    Conforme os dados coletados 40% dos mdicos entrevistados consideram 2,0mg/dia como a

    dose limtrofe de seguridade do Clonazepam, enquanto 25% indicam 0,5mg/dia, 20% indicam como

    4mg/dia, e 15% recomendam 1mg/dia.

    Quanto dosagem, a maioria dos autores no possuem conhecimento sobre a dose-limtrofe,

    enquanto Ballone e Ortolani (2012) afirmam que os BZDs so bastantes seguros, uma vez que apenas

    doses altas (20 40 vezes mais altas que as habituais) podem produzir efeitos mais graves, como, por

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    exemplo, a hipotonia muscular, dificuldade grande de ficar em p e andar, hipotenso, perda da

    conscincia, e com doses mais elevadas pode levar ao coma e morte.

    Tabela 5 Prescrio de substncias alternativas mais seguras em relao aos

    Benzodiazepnicos pelos mdicos entrevistados da Ateno Primria

    Prescrio de substncias alternativas

    mais seguras

    Percentual de indicao

    Sim 35%

    No 65%

    De acordo com os dados pesquisados 65% dos mdicos entrevistados no prescrevem

    substncias alternativas mais seguras em relao aos Benzodiazepnicos, ao passo que apenas 35%

    utilizam substncias alternativas.

    Ferreira et al., (2014) afirma que a buspirona consiste em uma alternativas aos

    benzodiazepnicos no caso de pacientes com transtornos ansiosos, e que utilizam os BZDs como

    antidepressivos e antipsicticos em baixas dosagens.

    Tabela 6 Encaminhamento para o Servio de Sade Mental pelos mdicos entrevistados da

    Ateno Primria

    Encaminhamento para o Serv