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A RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS NA EXECUÇÃO TRABALHISTA RESUMO: O artigo tem como tema a responsabilidade dos sócios na execução trabalhista sob o prisma da Justiça do Trabalho. Sua finalidade é discorrer sobre a responsabilidade dos sócios na execução trabalhista quando esgotada a localização de bens em nome da pessoa jurídica devedora. A execução trabalhista, apesar do seu caráter célere e simplista, muitas vezes torna-se frustrada em virtude da ausência ou da insuficiência de bens em nome da pessoa jurídica, prejudicando a satisfação dos créditos de natureza salarial. Diante disso, não obstante a autonomia patrimonial existente entre a pessoa jurídica e a pessoa dos sócios, a Justiça do Trabalho vem aplicando a teoria da desconsideração da personalidade jurídica com o intuito de responsabilizar os sócios pelo pagamento dos créditos trabalhistas. Essa responsabilização ocorre por causa do princípio da proteção ao trabalhador hipossuficiente, da verba de natureza alimentar e também porque o empregado não pode assumir os riscos da atividade econômica, que é exclusivo do empregador. Dessa forma, para alcançar a finalidade deste trabalho, adota-se, como método de abordagem, o dedutivo, baseando-se na técnica de pesquisa exploratória e teórica. Realiza-se a pesquisa bibliográfica e em julgados do Tribunal Superior do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho. Palavras-chave: Responsabilidade dos sócios. Execução trabalhista. Desconsideração da pessoa jurídica. Justiça do Trabalho. Créditos trabalhistas. ABSTRACT: The article is addressing the responsability of the partners in the implementation of labor through the prism of Justice Labor. Its purpose is to discuss about the responsibility of implementing partners in labor when the exhausted searchs of goods on behalf of the legal person responsible. The implementation labor, despite his character's quick and simplistic, often becomes frustrated because of lack or insufficiency of assets on behalf of the corporation, undermining the satisfaction of claims of a wage. Thus, despite the autonomy assets between the person and legal person of the members, the Justice Labor has been applying the theory of lack of personality with the aim of empowering the members to pay for labor claims. Such liability occurs because of the principle of protecting the worker, the

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A RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS NA EXECUÇÃO TRABALHISTA

RESUMO: O artigo tem como tema a responsabilidade dos sócios na execução trabalhista

sob o prisma da Justiça do Trabalho. Sua finalidade é discorrer sobre a responsabilidade dos

sócios na execução trabalhista quando esgotada a localização de bens em nome da pessoa

jurídica devedora. A execução trabalhista, apesar do seu caráter célere e simplista, muitas

vezes torna-se frustrada em virtude da ausência ou da insuficiência de bens em nome da

pessoa jurídica, prejudicando a satisfação dos créditos de natureza salarial. Diante disso, não

obstante a autonomia patrimonial existente entre a pessoa jurídica e a pessoa dos sócios, a

Justiça do Trabalho vem aplicando a teoria da desconsideração da personalidade jurídica com

o intuito de responsabilizar os sócios pelo pagamento dos créditos trabalhistas. Essa

responsabilização ocorre por causa do princípio da proteção ao trabalhador hipossuficiente, da

verba de natureza alimentar e também porque o empregado não pode assumir os riscos da

atividade econômica, que é exclusivo do empregador. Dessa forma, para alcançar a finalidade

deste trabalho, adota-se, como método de abordagem, o dedutivo, baseando-se na técnica de

pesquisa exploratória e teórica. Realiza-se a pesquisa bibliográfica e em julgados do Tribunal

Superior do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho.

Palavras-chave: Responsabilidade dos sócios. Execução trabalhista. Desconsideração da

pessoa jurídica. Justiça do Trabalho. Créditos trabalhistas.

ABSTRACT: The article is addressing the responsability of the partners in the

implementation of labor through the prism of Justice Labor. Its purpose is to discuss about the

responsibility of implementing partners in labor when the exhausted searchs of goods on

behalf of the legal person responsible. The implementation labor, despite his character's quick

and simplistic, often becomes frustrated because of lack or insufficiency of assets on behalf of

the corporation, undermining the satisfaction of claims of a wage. Thus, despite the autonomy

assets between the person and legal person of the members, the Justice Labor has been

applying the theory of lack of personality with the aim of empowering the members to pay for

labor claims. Such liability occurs because of the principle of protecting the worker, the

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amount of food nature and also because the employer can not assume the risks of economic

activity, which is the sole employer. So to achieve the purpose of this work, adopts, as method

of approach, the deductive, based on the technique of exploratory research and theoretical.

Held the literature search and tried in the Superior Labor Court and Regional Courts of Labor.

Keywords: Liability of partners. Implementation labor. Disregard legal person. Labor Justice. Labor claims.

1 INTRODUÇÃO

O tema a ser tratado neste artigo diz respeito à responsabilidade dos sócios na

execução trabalhista sob o prisma da Justiça do Trabalho.

No Brasil, uma das modalidades societária mais utilizada é a sociedade de

responsabilidade limitada. Esse fato ocorre em virtude da autonomia existente entre o

patrimônio da sociedade e o dos seus sócios, ou seja, as obrigações assumidas pela empresa

respondem, em princípio, somente os bens que fazem parte do seu patrimônio.

Essa independência patrimonial fez com que surgissem sociedades com a intenção

de acobertar manobras fraudulentas de seus sócios, os quais enriquecem ilicitamente, sem que

o seu patrimônio particular se exponha a riscos. Desse modo, os sócios praticam atos que

acarretam a impossibilidade de o patrimônio da sociedade ser suficiente para pagar as dívidas

contraídas.

Nesse contexto, a satisfação do crédito trabalhista torna-se prejudicada e o

empregado, embora tenha o seu direito reconhecido pelo Estado, não consegue executá-lo.

Assim, os sócios auferem os lucros da atividade empresarial, porém, sob a premissa de que

sua responsabilidade é limitada, tentam eximir-se do pagamento dos créditos trabalhistas.

Diante dessa situação, indaga-se: é possível recair a penhora sobre bens dos sócios

quando constatada a inexistência ou a insuficiência de bens em nome da pessoa jurídica,

devedora no processo de execução, a fim assegurar o crédito do empregado?

Dessa forma, o artigo tem como objetivo principal discorrer sobre a

responsabilidade dos sócios na execução trabalhista, quando esgotada a localização de bens

em nome da pessoa jurídica devedora.

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Com o intuito de alcançar esse objetivo, adotou-se, como método de abordagem, o

dedutivo, baseando-se na técnica de pesquisa exploratória e teórica. Realizou-se pesquisa

bibliográfica e em julgados do Tribunal Superior do Trabalho e dos Tribunais Regionais do

Trabalho.

2 A teoria da desconsideração da pessoa jurídica

A pessoa jurídica surgiu em meio à crescente exploração das atividades

produtivas e dos negócios, quando o homem percebeu que a aglutinação de esforços com

outros indivíduos facilitaria, sobremaneira, a criação e o controle das organizações de grande

porte econômico e administrativo. Contudo, para que a pessoa jurídica1 pudesse subsistir e

desenvolver-se no mundo jurídico sem depender das pessoas que as constituem, foi-lhe

concedida, por meio da lei, a personalidade2 (PINTO, 2006, p. 119).

A personalização da sociedade3 tem como característica a independência do

patrimônio, referente aos seus integrantes. Isso significa que a titularidade das relações

obrigacionais decorrentes da atividade econômica para a qual foi constituída, é somente da

sociedade, e não dos sócios. Portanto, a conseqüência fundamental da personalização da

sociedade consiste no princípio da autonomia patrimonial, segundo o qual os sócios não

respondem, em regra, pelas obrigações da sociedade (BARACAT, 2008a, p. 55).

Todavia, essa independência patrimonial tornou freqüente a realização de atos

abusivos ou ilícitos, pelos integrantes das sociedades, com o intuito de obter proveito próprio

em detrimento dos direitos de terceiros. Em virtude disso, verificou-se a necessidade de criar

alguma proposição jurídica para impedir essa prática, ou seja, que permitisse a

desconsideração dos efeitos da personalidade, a fim de atingir a responsabilidade dos sócios

(SOARES, 2007, p. 29).

1 A existência das pessoas jurídicas, e entre elas a das sociedades, começa com a inscrição de seus atos constitutivos no registro próprio e na forma da lei. A sociedade empresária possui um registro peculiar, que é o Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais (REQUIÃO, 2005, p. 393). 2 Tenha-se presente que a personalidade jurídica está relacionada à capacidade, seja ela de direito ou processual. A primeira significa a aptidão de ostentar direitos e obrigações; já a segunda consiste na possibilidade de figurar no pólo passivo ou ativo de uma relação processual (SILVA, 2007, p. 57). 3 A sociedade, de acordo com o conceito elaborado por Negrão (2005, p. 236), consiste no “[...] contrato celebrado entre pessoas físicas e/ou jurídicas, ou somente entre pessoas físicas (art. 1039 do CC), por meio da qual estas se obrigam reciprocamente a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilhar, entre si, os resultados”.

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Nesse contexto, foi concebida a teoria da desconsideração da pessoa jurídica, a

qual possui várias denominações, a saber: disregard doctrine, disregard of legal entity, lifting

the corporate veil que significam, respectivamente, doutrina da desconsideração,

desconsideração da personalidade jurídica e levantamento do véu corporativo, bem como

desestimação da personalidade jurídica, doutrina da penetração e descerramento do véu

corporativo (SOARES, 2007, p. 29).

Dallegrave Neto (2002, p. 175) conceitua o instituto da teoria da desconsideração

da pessoa jurídica como:

[...] a desconsideração, episódica e relativa, da personalidade jurídica da sociedade devedora como forma de executar diretamente os bens dos sócios que a compõe, sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo à satisfação de créditos de terceiros.

O surgimento da teoria da desconsideração da pessoa jurídica ocorreu com a

construção jurisprudencial dos países do sistema common law, sendo posteriormente

aperfeiçoada pela doutrina e, por fim, respaldada na norma legal. No entanto, existe

divergência a respeito do primeiro julgado que originou essa teoria (DALLEGRAVE NETO,

2002, p. 176, grifo do autor).

Para Sitta (2003, p. 75, grifo do autor), a primeira indicação sobre a superação da

personalidade jurídica foi com a jurisprudência norte-americana em 1809 no caso envolvendo

o Bank United States em face de Deveaux. O juiz Marshall manteve a jurisdição das cortes

federais sobre as corporations, visto que a Constituição Federal americana, no art. 3°, seção

2ª, reserva a tais órgãos judiciais as lides entre cidadãos de diferentes Estados. Ao estabelecer

a competência desconsiderou a personalidade jurídica, sob o fundamento de que não se

tratava de sociedade, e sim de sócios daquelas corporações.

Desse modo, a figura do sócio prevaleceu perante a personalidade jurídica, como

justificativa para o conhecimento da causa pela corte federal, pois sua jurisdição, conforme o

referido texto constitucional norte-americano, seria apenas para conhecer e julgar as lides

entre cidadão de Estados diversos (SITTA, 2003, p. 76).

No entanto, Dallegrave Neto (2002, p. 176) considera o caso inglês Salomon

versus Salomon, julgado em Londres no ano de 1897, o que efetivamente consagrou a teoria

da desconsideração da pessoa jurídica, a qual ocorreu da seguinte forma:

O comerciante Aaron Salomon constituiu uma empresa, colocando como sócios minoritários sua esposa e seus cinco filhos. As cotas foram assim distribuídas: 20.000 para Aaron e 1.000 para cada um dos demais integrantes. Em pouco mais de um ano a companhia encontrava-se endividada e sem patrimônio suficiente para saldar as obrigações. O liquidante dos credores quirografários, ao perceber que a empresa não tinha bens para honrar suas dívidas, alegou que a atividade da empresa

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se confundia com a atividade pessoal de Aaron, postulando a execução dos bens do sócio majoritário. Foi verificado, contudo, que no momento da integralização do capital, o preço da transferência do fundo de comércio da pessoa física de Aaron Salomon era superior ao valor das ações da company. Logo, pela diferença, Aaron Salomon permanecia como principal e privilegiado credor da Salomon & Co. Ltd., estabelecendo-se um inusitado litígio entre Aaron Salomon vs Salomon & Co. Ltd. com o objetivo de frustrar os crédidos de terceiros (DALLEGRAVE NETO, 2002, p. 176-177).

A primeira e a segunda instância condenaram Aaron a pagar aos credores da

Salomon & Co. Ltd., desconsiderando a separação do patrimônio da pessoa física e jurídica,

em virtude da constatação da manobra fraudulenta. A terceira instância, a House of Lords, por

sua vez, reformou essas decisões e reafirmou a distinção da personalidade dos sócios e da

companhia, desprezando a fraude cometida por Aaron. Apesar disso, as decisões de grau

inferior serviram de precedente jurisprudencial para a teoria da desconsideração da pessoa

jurídica (DALLEGRAVE NETO, 2002, p. 177).

No Brasil, confere-se a introdução dos estudos acerca da teoria da

desconsideração da pessoa jurídica ao trabalho de autoria de Rubens Requião, publicado na

Revista dos Tribunais em dezembro de 1969, que mereceu a atenção da Comissão Revisora

do Código Civil (CC), presidida pelo professor Miguel Reale, uma vez que, inspirado na

mencionada teoria, modificou o art. 49 do Anteprojeto (SITTA, 2003, p. 101).

Segundo Requião (2005, p. 391-392), o dispositivo aludido pretendia apenas

[...] a radical medida de dissolução da pessoa jurídica, quando for ela desviada dos fins que determinaram a sua constituição, enquanto a doutrina exposta objetiva somente que o juiz desconsidere episodicamente a personalidade jurídica, para coartar a fraude ou o abuso do sócio que dela se valeu como escudo, sem importar essa medida dissolução da entidade.

Nessa esteira, a teoria da desconsideração da pessoa jurídica desenvolveu-se não

no sentido de desprestigiar a pessoa jurídica, bem como sua autonomia patrimonial, mas sim

na intenção de preservá-la. Com efeito, a teoria impossibilita que haja o desvio do rumo para

qual a entidade foi criada e o abuso de direito praticado pelos seus sócios, porquanto acarreta

a desproteção dos bens destes, que tinham como amparo a sociedade limitada da pessoa

jurídica para a realização do próprio enriquecimento ilícito (SOARES, 2007, p. 29).

Assim, não se pode perder de vista que a pessoa jurídica continua existindo, pois

não se trata de anulá-la ou de reconhecer-lhe a ineficácia, e sim de buscar a efetividade do

crédito judicial, ignorando, mesmo que momentaneamente, a regra da separação patrimonial,

penetrando sobre o véu da pessoa jurídica para executar os bens de seus sócios

(DALLEGRAVE NETO, 2002, p. 175).

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Portanto, é equivocado o uso das expressões “despersonalização da empresa” ou

“desconstituição da pessoa jurídica”, já que o principal benefício decorrente da aplicação da

teoria da desconsideração da pessoa jurídica constitui a não extinção ou dissolução da pessoa

jurídica quando prejudicada por um ou mais de seus sócios. Estes responderão pessoalmente

pelos danos causados à sociedade e terceiros, preservando a entidade em pleno funcionamento

com o objetivo de evitar a dispensa em massa dos empregados e não piorar a economia de

mercado (DALLEGRAVE NETO, 2002, p. 206).

Cumpre salientar que a teoria da desconsideração só possui relevância quando,

além de haver uma sociedade personificada, a responsabilidade de seus integrantes seja

limitada. Nessa vereda, pode-se restringir a aplicação da teoria a somente dois tipos

societários: as sociedades anônimas e as sociedades limitadas. Para os demais tipos

societários, a doutrina não desperta maior interesse, pois, de qualquer forma, os sócios ou

dirigentes responderão ilimitadamente (LORENZETTI, 2003, p. 188).

Empós as noções acerca do instituto da desconsideração da pessoa jurídica,

necessário se faz o estudo de suas teorias, a fim de averiguar a tendência de sua aplicação na

execução trabalhista.

Nesse sentido, Coelho (2008, p. 36) explica que, no direito brasileiro, existem

duas teorias da desconsideração: a menor e a maior. Esta tem a característica de ser mais

elaborada e consistente, porquanto condiciona o afastamento episódico da autonomia

patrimonial das pessoas jurídicas à constatação de alguns pressupostos, dentre eles destaca-se

a fraude e o abuso do direito. Já para a teoria menor, o simples prejuízo ocasionado ao credor

possibilita a responsabilização do sócio, ou seja, o afastamento do princípio da autonomia

patrimonial acontece com a insatisfação de crédito perante a sociedade e com a solvência de

qualquer sócio.

Não obstante a teoria maior possuir como pressuposto subjetivo para o

afastamento da autonomia patrimonial da sociedade empresária o uso fraudulento ou abusivo

do instituto, deve-se atentar as dificuldades referentes à elaboração das provas em juízo pelo

demandante, o que, muitas vezes, acarreta a inacessibilidade do próprio direito. Assim, com a

finalidade de auxiliar na facilitação da prova, formulou-se a hipótese objetiva da teoria maior,

na qual se presume a fraude quando comprovada a confusão entre os patrimônios da pessoa

jurídica e de um ou mais de seus sócios (COELHO, 2008, p. 44 - 45).

Na opinião de Coelho (2008, p. 39 - 40), pelo fato de as sociedades anônimas e de

as sociedades limitadas serem as mais comuns no Brasil, e, por isso, são importantes para a

economia capitalista, o princípio da personalização das sociedades empresárias e o seu efeito

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quanto à limitação da responsabilidade patrimonial dos sócios não podem ser desprezados.

Logo, a desconsideração precisa ser realizada de modo excepcional, ou seja, o afastamento da

autonomia patrimonial da pessoa jurídica não se justifica somente pela insatisfação do crédito,

sendo fundamentais a deturpação e o uso indevido da personalidade jurídica.

Por outro lado, Soares (2007, p. 32 - 33) entende que, no âmbito do direito do

trabalho, a teoria maior não pode prosperar, pois é preciso interpretar esse ramo especializado

tendo em vista a hipossuficiência do trabalhador em relação à pessoa jurídica e a natureza

alimentar do crédito trabalhista. Nessa direção, impor ao credor trabalhista o ônus de provar a

fraude ou o abuso do direito lhe causaria um obstáculo ao exercício do direito.

Destarte, é sobremodo importante verificar os fundamentos para a aplicação da

desconsideração da pessoa jurídica na execução trabalhista para, em seguida, examinar a

respeito da responsabilidade dos sócios no âmbito da Justiça do Trabalho.

3 A aplicação da desconsideração da pessoa jurídica na execução trabalhista

O ordenamento jurídico possui a característica de ser polissistemático, pois as

normas são agrupadas e ordenadas de acordo com uma pluralidade de sistemas. Dentre eles,

destaca-se o direito societário, o direito do trabalho e o direito do consumidor, os quais têm

regras e princípios próprios, formando cada ramo um microssistema. Em se tratando de

desconsideração da personalidade jurídica, as regras do direito societário conflitam com as

regras e os princípios dos microssistemas trabalhista e do consumidor, porquanto são

inspirados em valores diferentes (BARACAT, 2008b, p. 315)

No direito societário predomina o princípio da autonomia patrimonial, decorrente

da personalização das sociedades empresárias, segundo o qual os sócios não respondem, em

geral, pelas obrigações da sociedade. Por outro lado, no direito trabalhista prevalece o

princípio da proteção do trabalhador, em que as normas devem ser interpretadas e aplicadas

no intuito de tutelar o trabalhador, por causa de sua sujeição e dependência econômica em

relação ao empregador. No direito do consumidor se sobressai o princípio da proteção ao

consumidor (BARACAT, 2008b, p. 315 -316).

Como se pode notar, a desconsideração da pessoa jurídica representa uma questão

polissistêmica, visto que envolve, ao mesmo tempo, interesses societários, consumeristas e

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trabalhistas, apresentando em cada um desses microssistemas características diferentes,

conforme os respectivos princípios. Como no microssistema trabalhista não existe lei expressa

autorizando a desconsideração da pessoa jurídica, deve-se fundamentar a sua utilização nos

outros microssistemas, em razão do disposto no art. 8°, parágrafo único, da Consolidação das

Leis do Trabalho4, naquilo em que não for incompatível com seus princípios (BARACAT,

2008b, p. 318).

Nessa direção, aplica-se o art. 28 do Código de Defesa do Consumidor ao

processo trabalhista, pois ambas as legislações são tuitivas, conseqüentemente, compatíveis.

A compatibilidade entre o direito trabalhista e o direito do consumidor acontece em virtude do

princípio de tutela ao demandante hipossuficiente, amplamente utilizado nesses dois ramos do

direito (DALLEGRAVE NETO, 2002, p. 193).

Impende ressaltar que o Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 28, foi a

primeira lei brasileira a prever a teoria desconsideração da pessoa jurídica. A normatização

expressa dessa teoria representou um significativo avanço, especialmente quanto ao disposto

no § 5° do referido artigo, ao autorizar sua utilização sempre que o uso da pessoa jurídica

impedir a satisfação do crédito do consumidor prejudicado (CRAVO; CORREIA, 2008, p.

352). O art. 28, § 5° do Código de Defesa do Consumidor estabelece: Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. [...] § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores (BRASIL, 1990).

No entanto, Dallegrave Neto (2002, p. 196, grifo do autor) adverte que a

enumeração contida no caput do art. 28 do Código de Defesa do Consumidor recebe crítica da

doutrina, visto que alguns institutos não poderiam estar inseridos como causas de aplicação da

desconsideração da pessoa jurídica, porquanto dizem respeito à categoria da responsabilidade

civil. É o caso do excesso de poder, infração da lei e violação dos estatutos ou do contrato

4 Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.

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social, os quais ensejam a responsabilização específica do agente causador, e não

desconsideração momentânea da sociedade, como ocorre na disregard doctrine.

Além disso, Silva (2007, p. 67) e Martins (2007, p. 669) lecionam que o art. 28, §

5° do Código de Defesa do Consumidor reporta-se exclusivamente às relações de consumo,

portanto, não há como aplicar analogicamente e extensivamente às relações de emprego.

Assim, segundo os autores, a utilização do artigo na execução trabalhista é arbitrária e

contrária ao sistema jurídico.

Na opinião de Martins (2007, p. 669), a regra que se poderia aplicar, por analogia,

ao processo do trabalho é a lei n° 8.884 de 1994, denominada de lei antitruste. Esta, em seu

art. 185, autoriza a desconsideração da pessoa jurídica no caso de infração à ordem

econômica, desde que caracterizado o abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato,

ou ato ilícito, ou violação dos estatutos ou contrato social (NAHAS, 2007, p. 100).

A referida lei objetiva compatibilizar os ditames constitucionais sobre a ordem

econômica, previstos no art. 1706 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,

entre eles, a repressão ao abuso do poder econômico, a valorização do trabalho humano, a

livre iniciativa e a defesa dos consumidores. Contudo, para tutelar os interesses envolvidos,

precisa utilizar mecanismos eficazes, que possibilitem a efetiva responsabilização dos autores

de infrações à ordem econômica (SITTA, 2003, p. 110).

Nesse sentido, um mecanismo importante, uma vez configurada a infração, é a

desconsideração da personalidade jurídica, quando não se conseguir responsabilizar

diretamente o sócio ou o administrador, pois, do contrário, não haverá necessidade para o

afastamento da autonomia patrimonial da pessoa jurídica. Para todos os efeitos, a atribuição

da responsabilidade será ao efetivo agente da conduta, o qual não poderá usar a pessoa

jurídica a fim de se abster das conseqüências do seu ato ilícito (SITTA, 2003, p. 111).

5 Art. 18 da lei n° 8.884 de 1994: A personalidade jurídica do responsável por infração da ordem econômica poderá ser desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. 6 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

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Na concepção de Sitta (2003, p. 111), a sistemática da lei antitruste não inovou a

disciplina criada pelo Código de Defesa do Consumidor, visto que, teoricamente, não existe a

desconsideração da personalidade jurídica, e sim a efetiva responsabilidade pessoal dos sócios

ou dos administradores, pela prática de atos ilícitos próprios.

A teoria da desconsideração da pessoa jurídica consolidou-se com o advento do

art. 50 do Código Civil, porém mais restrito que a norma referente ao direito do consumidor,

pois se baseia na igualdade entre as partes envolvidas no direito das obrigações e no princípio

da autonomia privada (CRAVO; CORREIA, 2008, p. 353). O art. 50 do Código Civil

determina: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica (BRASIL, 2002).

Como se depreende, o supracitado artigo adotou a teoria maior subjetiva e

objetiva da desconsideração da pessoa jurídica, já que estabeleceu o abuso da personalidade

jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, como requisito

para desconsiderar a personalidade jurídica (SILVA, 2007, p. 65).

Em virtude disso, Baracat (2008b, p. 319) alega que o art. 50 do Código Civil não

pode ser aplicado no direito trabalhista, pois permitiria a desconsideração somente nas

hipóteses de desvio de finalidade e confusão patrimonial, esquecendo, contudo, das situações

corriqueiras como, por exemplo, a falência da sociedade ou, simplesmente, o encerramento da

atividade empresarial. Dessa maneira, o artigo mostra-se restritivo, não satisfazendo

plenamente os direitos do trabalhador.

Não se pode olvidar que no direito do trabalho, um de seus princípios

fundamentais é o da proteção, o qual visa proteger o trabalhador hipossuficiente, considerado

a parte mais fraca na relação. Por conseguinte, esse princípio procura atingir a condição de

igualdade entre as partes no processo, compensando a inferioridade econômica do trabalhador

com a superioridade jurídica (CRAVO; CORREIA, 2008, p. 353).

Nesse diapasão, Almeida (1999, p. 154) afirma que o direito do trabalho é o ramo

que se mostra mais compatível com a teoria da desconsideração “[...] até porque os riscos da

atividade econômica, na forma da lei, são exclusivos do empregador”. É o que estabelece o

caput do art. 2° da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)7.

7 Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.

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Ademais, cumpre salientar que a Consolidação das Leis do Trabalho, em seu art.

2°, § 2°8, foi a pioneira a adotar a teoria da desconsideração da pessoa jurídica em se tratando

de grupo de empresas, reputando-as solidariamente responsáveis pelo adimplemento das

verbas decorrentes do contrato de trabalho (SITTA, 2003, p. 120).

Entretanto, Nahas (2007, p. 104) entende que o art. 2°, § 2° da Consolidação das

Leis do Trabalho diz respeito apenas à hipótese de obrigação solidária entre empresas do

grupo, não sendo necessária a desconsideração da pessoa jurídica a fim de alcançar a

obrigação solidária daquelas empresas. Com isso, a autora menciona que a desconsideração só

é cabível caso a responsabilidade do ato não puder ser imputada diretamente ao sócio,

administrador ou qualquer pessoa jurídica.

Nessa mesma linha, não está correto afirmar que as transformações, fusões,

incorporações ou cisões de pessoas jurídicas, hipóteses dos arts. 109 e 44810 da Consolidação

das Leis do Trabalho, são casos de desconsideração. Em todas essas situações ocorre a

preservação da responsabilidade, de maneira que se faz absolutamente desnecessário o uso do

instituto da desconsideração (NAHAS, 2007, p. 104 – 105).

Por derradeiro, cabe frisar que um dos princípios basilares da execução trabalhista

consiste na superioridade do exeqüente trabalhista11, extraído do art. 612 do Código de

Processo Civil (CPC). Este dispositivo aduz que a execução deve se realizar no interesse do

credor. Logo, como a teoria da desconsideração da pessoa jurídica objetiva o proveito do

exeqüente, em relação à satisfação de seu crédito judicial, não há dúvida de que na execução

trabalhista é possível aplicar a disregard doctrine (DALLEGRAVE NETO, 2002, p. 195,

grifo do autor).

Ao ensejo da conclusão deste item, constatou-se que a teoria da desconsideração

da pessoa jurídica na execução trabalhista deve ser aplicada em consonância, principalmente,

com os princípios que visam a proteção do trabalhador. Com efeito, a premissa de que os

sócios não respondem pelas obrigações da sociedade não pode ser absoluta no direito do

8 O art. 2°, § 2° da CLT dispõe: Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. 9 Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados. 10 Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. 11 No processo de execução a igualdade de tratamento entre as partes verifica-se em termos, visto que já houve o contraditório e a ampla defesa. Dessa forma, a posição do exeqüente é de superioridade, ou, como prefere Teixeira Filho (2005, p.115), de preeminência jurídica, em relação ao executado.

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trabalho, pois além do risco da atividade econômica pertencer ao empregador, se está diante

de créditos de natureza alimentar. Por tais razões, se faz necessário, no próximo tópico,

discorrer acerca da responsabilidade dos sócios para compreender como ela ocorre no âmbito

da justiça do trabalho.

4. A responsabilidade dos sócios na execução trabalhista sob o prisma da Justiça do

Trabalho

No tópico anterior verificou-se que a pessoa jurídica, uma vez constituída

regularmente, adquire a personalidade, tornando-se ente de direitos e obrigações nas relações

jurídicas que participa. Por conseguinte, a responsabilidade12 pelas obrigações sociais recai,

em princípio, sobre o patrimônio da pessoa jurídica, gerando para os indivíduos que a

compõem a irresponsabilidade pelos negócios por ela praticada (NAHAS, 2007, p. 85).

No entanto, essa autonomia patrimonial da pessoa jurídica só possui aplicação

ampla nas sociedades em que a responsabilidade dos seus integrantes for limitada, pois nas

outras sociedades os sócios respondem de forma ilimitada com o seu patrimônio. Desse

modo, para o presente trabalho, interessa examinar a responsabilidade dos sócios na sociedade

limitada, porquanto, nas demais formas societárias é indubitável que os sócios respondam

pelas obrigações sociais (LORENZETTI, 2003, p. 167).

A importância da análise da responsabilidade dos sócios consiste, principalmente,

no fato de a sociedade de responsabilidade limitada ser a modalidade societária mais utilizada

no Brasil. Nesse sentido, deve-se frisar que a limitação da responsabilidade foi uma maneira

de estimular a exploração da atividade econômica, porque seria difícil alguém organizar novas

empresas se o insucesso da iniciativa pudesse resultar na perda de todo o patrimônio

(COELHO, 2008, p. 402).

Como salienta Silva (2007, p. 60), resguardar os bens do empreendedor não

constitui o único fundamento da limitação da responsabilidade. O outro argumento é a

incapacidade do Estado em absorver toda a mão-de-obra disponível no mercado de trabalho,

12 A responsabilidade, conforme assinala Lorenzetti (2003, p. 21) significa “[...] a sujeição do patrimônio de alguém ao cumprimento de uma ou mais prestações em favor de outrem”.

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logo, as empresa são as responsáveis pela maioria dos empregos. Diante dessa incapacidade

do Estado, lhe resta incentivar a criação e o crescimento das empresas como forma de

promover o emprego e a justiça social.

Assim, o legislador consignou expressamente no art. 1.05213 do Código Civil a

limitação da responsabilidade do sócio ao montante do capital social subscrito e não

integralizado. Com isso, quando o sócio declarar, em contrato social, ter integralizado a quota

social subscrita sem que tenha efetuado a subscrição, ele responderá pessoalmente pela

diferença não integralizada14 (COELHO, 2008, p. 404).

Nestes termos, se o capital social não estiver totalmente integralizado, a

responsabilidade do sócio será subsidiária15 em relação a terceiros, inclusive no que concerne

ao cumprimento das dívidas de natureza trabalhista, ou seja, somente será atingido se a

sociedade não saldar as obrigações assumidas. Entretanto, entre os sócios da sociedade

limitada, a responsabilidade pela integralização do capital social será solidária16, já que todos

concorrem individualmente pela integralização do restante que falta para completar o capital

social (SILVA, 2007, p, 63).

Todavia, ocorre situação peculiar quando, mesmo integralizado totalmente o

capital social, o patrimônio da empresa não é suficiente para pagar os créditos trabalhistas. A

Consolidação das Leis do Trabalho não possui enunciado que resolva essa problemática,

conseqüentemente, resta aplicar a desconsideração da pessoa jurídica (SILVA, 2007, p. 64).

Nesse sentido é a decisão do Tribunal Superior do Trabalho: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. DA PENHORA SOBRE BEM DE SÓCIO. APLICABILIDADE DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. Em sede de Direito do Trabalho, em que os créditos trabalhistas não podem ficar a descoberto, vem-se abrindo uma exceção ao princípio da responsabilidade limitada do sócio, ao se aplicar a teoria da desconsideração da personalidade jurídica. Em conseqüência, o julgamento, em última análise, tem motivação fundada no artigo 28 da Lei nº 8.078/90, sem importar em afronta direta à Constituição. Óbice do artigo 896, § 2º, da CLT. Agravo conhecido e desprovido (TST, 2006, p.1, AIRR - 478/1999-016-15-40.1).

13 Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. 14 Cumpre assinalar que quando os sócios negociam a formação da sociedade, uma das questões sobre a qual precisam chegar a um acordo consiste no montante de recursos necessários à implantação da empresa. Se a totalidade desses recursos for promovida pelos próprios sócios, esse montante é o capital subscrito, que é a soma de dinheiro, bens ou crédito prometidos individualmente pelos sócios para a formação do capital social. Já o momento da entrega desse capital prometido pelo sócio, diz respeito à integralização, ou seja, pagar a obrigação à sociedade conforme o acordado no contrato social (COELHO, 2008, p. 398-399). 15 A responsabilidade subsidiária caracteriza-se pelo seu caráter secundário, ou seja, só pode ser invocada pelo credor caso o cumprimento da obrigação pelo responsável principal for inviável, por não ter condições econômicas para adimplir a divida (LORENZETTI, 2003, p. 22). 16 A responsabilidade solidária é definida por Lorenzetti (2003, p. 22) como “[...] a vinculação de vários sujeitos à satisfação de uma obrigação jurídica, permitindo ao credor escolher de qual ou quais deles pretende obter, total ou parcialmente, a prestação a que tem direito”.

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No presente julgado, os bens dos sócios foram penhorados em virtude da

desconsideração da pessoa jurídica, devedora principal. Isso ocorreu devido a prioridade dos

créditos trabalhistas que não podem ficar sem proteção, abrindo, com isso, uma exceção ao

princípio da responsabilidade limitada do sócio.

Convém ressaltar que, ao assumir uma obrigação, o devedor responde com seus

bens presentes e futuros (art. 591 do Código de Processo Civil), ou seja, os bens que estão em

seu patrimônio no momento da negociação, bem como aqueles adquiridos posteriormente,

salvo as exceções legais17. Dessa forma, o devedor, que é o titular da obrigação de prestar,

torna-se responsável primário pela obrigação assumida, a qual deverá ser cumprida

espontaneamente (NAHAS, 2007, p. 86).

Contudo, se a obrigação não é cumprida espontaneamente, o credor tem a

prerrogativa de pedir ao Estado que retire do patrimônio do devedor o montante suficiente

para satisfazer a obrigação ajustada e frustrada. Entretanto, caso não haja bens suficientes, a

execução poderá recair sobre pessoas que conservam a responsabilidade dos atos praticados

pelo devedor. Nessa direção, se a pessoa jurídica, devedora principal, não possuir patrimônio

necessário para adimplir suas dívidas, os sócios serão responsabilizados, ficando os seus bens

sujeitos à execução, conforme estabelece o art. 592, inc. II, do Código de Processo Civil18

(NAHAS, 2007, p. 86).

Segundo Nahas (2007, p. 87), essa situação em que os sócios respondem por

obrigações, as quais, em princípio, seriam das pessoas jurídicas, refere-se à responsabilidade

secundária19 ou subsidiária (art. 596 do Código de Processo Civil).

Nessa linha é o posicionamento do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região: SÓCIO. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA PELAS DÍVIDAS TRABALHISTAS DA SOCIEDADE. Está pacificado pela jurisprudência, pela doutrina e pela própria legislação pátria que os sócios, na mesma proporção em que detêm a titularidade do direito societário, detêm também a obrigação e a responsabilidade dele decorrente, razão pela qual não logram dispor de todo o seu patrimônio eficazmente a ponto de frustrar a execução contra a sociedade, como decorrência natural e direta da participação e responsabilidade pessoal por ela, ainda que subsidiária (TRT da 12ª Região, 2008, p. 1, AP 00169-2000-017-12-00-4).

17 As exceções legais dizem respeito aos bens impenhoráveis. Para Redondo e Lojo (2007, p. 82), os bens impenhoráveis possuem três categorias: bens absolutamente impenhoráveis, bens relativamente impenhoráveis e bens de residência. A impenhorabilidade absoluta é quando os bens não se submetem à penhora em qualquer hipótese (art. 649 do CPC)17. Já a impenhorabilidade relativa consiste nos bens que podem ser penhorados quando inexistentes outros bens do devedor (art. 650 do CPC)17. Há também a impenhorabilidade de bem de residência, a qual é regulada pela Lei n° 8.009 de 1990. 18 Art. 592. Ficam sujeitos à execução os bens: II - do sócio, nos termos da lei; 19 A responsabilidade secundária, segundo Negrão (2005, p. 249), consiste naquela em que “[...] sujeita outras pessoas e respectivos patrimônios às obrigações do responsável primário”.

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Na supramencionada decisão a relatora – Juíza Águeda Maria Lavorato Pereira –

entendeu que os sócios respondem subsidiária e ilimitadamente, em decorrência da

desconsideração da pessoa jurídica. Assim, primeiro deve-se executar os bens da empresa e,

se estes não forem suficientes, o patrimônio dos sócios é penhorado, porquanto se

beneficiaram da força de trabalho do empregado, como também do sucesso do

empreendimento.

Portanto, o sócio pode pedir que sejam excutidos primeiramente os bens da

empresa executada, bastando para isso o preenchimento do requisito do art. 596, §1°, do

Código de Processo Civil 20, o qual dispõe que cabe ao sócio nomear bens da empresa livres e

desembaraçados para a satisfação do débito. No entanto, se a pessoa jurídica não possuir bens

livres e desembaraçados, a responsabilidade pelos créditos trabalhistas é dos sócios (NAHAS,

2007, p. 87).

Nessa direção, transcreve o agravo de petição do Tribunal Regional do Trabalho

da 9ª Região: DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL DO SÓCIO. A teoria da desconsideração da pessoa jurídica, introduzida em nosso ordenamento jurídico no artigo 28 da Lei n.º 8.078-1990, permite que seja desconsiderada a personalidade jurídica das sociedades de capitais, para buscar a responsabilidade patrimonial de seus sócios, sempre que esta personalidade for, de alguma forma, obstáculo à satisfação de créditos de terceiros. Por conseguinte, a ausência de bens livres e desembaraçados pertencentes à sociedade sujeita os sócios a responderem com seu patrimônio pelo débito em execução, a teor do disposto nos artigos 592, inciso I, e 596 do Código de Processo Civil. Agravo de petição conhecido e desprovido (TRT da 9ª Região, 2007, p.1, AP 03634-2001-021-09-00-5-ACO-10077-2007).

No caso em tela aplicou-se a desconsideração da personalidade jurídica, em razão

da ausência de bens livres e desembaraçados da sociedade. Como se pode notar, a

responsabilidade dos seus sócios decorreu da simples insuficiência de patrimônio da pessoa

jurídica, o que causou um obstáculo à satisfação dos créditos trabalhistas. Nesse diapasão,

adotou-se a teoria menor da desconsideração da pessoa jurídica, pois, para afastar a autonomia

patrimonial, bastou o inadimplemento da sociedade empregadora, a qual não dispôs de

patrimônio suficiente para suportar a execução.

O agravo de petição da 10ª Região corrobora com esse entendimento:

20 Art. 596. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade senão nos casos previstos em lei; o sócio, demandado pelo pagamento da dívida, tem direito a exigir que sejam primeiro excutidos os bens da sociedade. § 1o Cumpre ao sócio, que alegar o benefício deste artigo, nomear bens da sociedade, sitos na mesma comarca, livres e desembargados, quantos bastem para pagar o débito.

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EXECUÇÃO. TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. BENS DO SÓCIO. APLICABILIDADE. A teoria da desconsideração da personalidade jurídica autoriza o juiz a responsabilizar os sócios pelo pagamento da dívida, à mingua de apresentação de bens pela executada passíveis de constrição e suficientes à satisfação do crédito obreiro (TRT da 10ª Região, 2008, p.1, AP 00800-1999-016-10-00-5).

Oportuno se torna dizer que nas sociedades de responsabilidade limitada é comum

a existência de sócios majoritários, os quais interferem na gestão da empresa, e de sócios

minoritários, que integralizam pequeno capital e, em tese, não possuem qualquer influência

sobre o destino da atividade econômica. Por esta razão, o sócio minoritário deveria responder

somente no limite da quota integralizada (BARACAT, 2008a, p. 66).

A despeito disso, para a Justiça do Trabalho é irrelevante a participação societária,

como pode ser verificado na decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região: EXECUÇÃO. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO MINORITÁRIO. Não deve ser limitada a responsabilidade do sócio, ainda que minoritário, à sua participação societária quando verificada a insuficiência do patrimônio da sociedade e aplicada a teoria da desconsideração da personalidade jurídica da empresa executada (TRT da 12ª Região, 2007, p. 1, AP 01929-2005-046-12-00-0).

Nesse julgado foi dado provimento ao agravo de petição para executar os bens do

sócio minoritário de forma ilimitada, até o pagamento integral dos créditos executados. Com

isso, o entendimento jurisprudencial dominante na Justiça do Trabalho é o de que a

desconsideração deve atingir não só os bens do sócio majoritário, mas também do sócio

minoritário, indiscriminadamente, bastando apenas o inadimplemento de dívidas trabalhistas.

Com relação ao ex-sócio, é mister destacar que o Código Civil estipulou uma

limitação à responsabilidade, só podendo ser invocada até dois anos após a averbação da saída

do sócio. Assim, passados dois anos de sua saída, o sócio não pode mais ser cobrado pelas

obrigações referentes ao período em que integrava a sociedade (art. 1.032 do Código Civil) 21.

Mesmo que o sócio somente transfira parte de suas quotas a terceiro, sem se retirar da

sociedade, continua responsável pelas obrigações anteriores à cessão, segundo o art. 1.003,

parágrafo único22 do Código Civil (LORENZETTI, 2003, p. 228).

Nessa esteira é o julgado do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região:

21 Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação. 22 Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes e à sociedade. Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio.

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RESPONSABILIDADE DO SÓCIO. A ausência de bens da empresa suficientes a garantir o pagamento dos créditos trabalhistas determina o redirecionamento da execução aos bens particulares dos sócios – inclusive aqueles que já se retiraram da sociedade, mas ostentavam essa condição à época do contrato de trabalho – em virtude da desconsideração da personalidade jurídica da executada (TRT da 4ª Região, 2008, p.1, AP 00906-2007-732-04-00-9).

A responsabilidade dos sócios retirantes, portanto, precisa observar dois

requisitos, quais sejam: a) que a prestação do serviço tenha ocorrido antes da saída do sócio; b) que o ajuizamento da ação ocorra dentro de dois anos após o desligamento, considerada a data da averbação, mesmo que proposta aquela apenas em face da sociedade. O que deve ser levado em conta, pois, para a aferição da responsabilidade dos sócios retirantes, é a composição societária ao tempo em que se originou o crédito, não o tempo em que este foi reconhecido pela justiça (LORENZETTI, 2003, p. 228-229).

Impende salientar que, se os sócios, retirantes ou não, ingressaram na sociedade

depois do serviço ser prestado por determinado empregado, ainda assim são responsabilizados

pelos créditos trabalhistas. Nesse caso, a responsabilidade do sócio retirante decorre do

benefício auferido dos frutos de um esforço que não foi devidamente remunerado. Com

relação aos novos sócios, respondem, pois, ao ingressarem na sociedade, parte do esforço do

trabalhador já estava incorporada ao patrimônio social (LORENZETTI, 2003, p. 230).

Na opinião de Lorenzetti (2003, p. 230), se a constituição do crédito dos

trabalhadores aconteceu antes do ingresso do sócio, significa que este não avaliou bem o que

o que pagou pelas quotas, porquanto a sociedade possuía dívidas trabalhistas. Por

conseguinte, qualquer benefício ou lucro obtido após a constituição do crédito ocorreu em

detrimento da satisfação do trabalhador.

Ademais, se não houve o lucro, o prejuízo não pode ser transferido ao trabalhador,

uma vez que, se os resultados fossem positivos, a ele não seriam acarreados. Embora o

empregador seja a pessoa jurídica, ela consiste na extensão dos sócios, efetivos beneficiários

dos lucros resultantes da atividade empresarial. Portanto, o sócio não pode eximir-se da

responsabilidade porque, para conseguir o lucro, foi necessária a força de trabalho

(LORENZETTI, 2003, p. 231-232).

Corroborando com esse entendimento, Almeida (2006, p. 899) explica que os

riscos do empreendimento econômico não podem ser transmitidos para os trabalhadores.

Assim, cumpre aos sócios responder, com seu patrimônio, pelo ônus do fracasso da empresa

e, conseqüentemente, pela satisfação dos créditos trabalhistas.

Para Almeida (2006, p. 898-900), a segurança do investimento em uma sociedade

de responsabilidade limitada não se sobrepõe à segurança do trabalhador, que tem no seu

trabalho a única fonte de sobrevivência. Nesse sentido, a desconsideração da pessoa jurídica,

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a fim de penhorar os bens do sócio para satisfazer o crédito oriundo da relação de emprego,

não depende de fraude ou abuso de direito (como determinam os arts. 50 do Código Civil e o

28 do Código de Defesa do Consumidor). A insuficiência de bens da sociedade executada

para saldar o crédito trabalhista é o bastante para a penhora recair sobre os bens dos sócios,

caracterizando a responsabilidade objetiva23 destes.

Nessa direção Cravo e Correia (2008, p. 354) afirmam que, no direito do trabalho,

a fraude ou o abuso de direito não precisam ser provados pelo credor, restando presumidos

sempre que a ausência de patrimônio da pessoa jurídica acarretar na inadimplência de crédito

trabalhista, gerando um obstáculo à satisfação de crédito privilegiado. Desse modo, o desvio

de finalidade da pessoa jurídica se revela quando a autonomia patrimonial é utilizada para não

cumprir com as obrigações junto a seus empregados, não havendo patrimônio suficiente para

o pagamento da dívida.

Inadequado seria esquecer que o princípio da proteção do empregado também

possibilita responsabilizar os sócios pelos créditos trabalhistas para além das limitações

impostas pelos arts. 592, inc. II do Código de Processo Civil, 50 do Código Civil e 28 do

Código de Defesa do Consumidor. A propósito, o juiz deve tornar efetivo o direito

reconhecido ao trabalhador no título executivo. Com isso, concedido um direito ao

trabalhador, o juiz precisa praticar atos necessários à sua realização concreta, atribuindo a

responsabilidade, por meio da desconsideração da pessoa jurídica, pelos créditos trabalhistas a

todos os que se beneficiaram da sua força de trabalho (ALMEIDA, 2006, p. 899).

Como adverte Nahas (2007, p. 89), é necessária a citação do sócio para o processo

executivo, caso ele vier a ser responsabilizado. A sua inclusão na relação processual mostra-se

indispensável, visto que ele pode indicar bens da sociedade e defender o seu patrimônio.

Na concepção de Lorenzetti (2003, p. 244) incluir o sócio no pólo passivo

significa não só uma questão de celeridade, mas também permite o reconhecimento da fraude

à execução24. Conforme o entendimento da jurisprudência majoritária, para caracterizar a

fraude à execução não basta o ajuizamento da ação, sendo necessária a citação do sócio, pois

23 A responsabilidade objetiva é aquela que independe de pré-requisitos, configurando-se de maneira automática por simples determinação da lei e independentemente da intenção ou culpa do agente; já a responsabilidade subjetiva consiste naquela que necessita cumprir certos requisitos estabelecidos pela lei para que possa existir como, por exemplo, o abuso de direito, a ação ou omissão ilícita, a fraude e a má-fé. 24 O art. 59324 do CPC estabelece como hipóteses caracterizadoras da fraude à execução a alienação ou oneração de bens: “I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real; II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência; III - nos demais casos expressos em lei” (BRASIL, 1973).

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é a partir do momento da sua inclusão no pólo passivo da relação jurídica que o terceiro

adquirente do bem possui condições de averiguar se existe alguma demanda contra o sócio25.

Destarte, citada a pessoa jurídica para pagar a dívida ou indicar bens à penhora,

passado o prazo legal sem nenhuma providencia de sua parte, será realizada a penhora26. Não

encontrando bens da executada, nem indicando esta onde possam ser encontrados, nada

impede que o juiz, de oficio27, inclua os sócios no pólo passivo da execução, citando-os para

que efetue o pagamento, sob pena de prosseguir a execução em face deles (LORENZETTI,

2003, p. 244).

Com efeito, o não cumprimento da obrigação com o empregado e a ausência ou a

insuficiência de patrimônio da pessoa jurídica para adimplir os créditos trabalhistas apresenta-

se como fundamentos suficientes para responsabilizar os sócios e direcionar a execução

trabalhista contra os seus bens. Nesse diapasão, a responsabilidade dos sócios na execução

trabalhista, sob o prisma da Justiça do Trabalho, é objetiva, pois não precisa demonstrar a

presença da fraude e do abuso de direito.

Ademais, a responsabilidade dos sócios é subsidiária, porquanto a execução

deverá recair primeiramente sobre os bens da empresa para, em seguida, nos dos sócios,

independentemente se estes forem majoritário, minoritário ou retirante.

Portanto, apesar de a sociedade ser de responsabilidade limitada e possuir

autonomia patrimonial, os sócios respondem pelo crédito trabalhista, por este ter natureza

alimentar e também porque o direito do trabalho tem como principio basilar a proteção do

empregado.

25 É o que diz o seguinte julgado do Tribunal Superior do Trabalho: EMBARGOS - REQUISITOS À CONFIGURAÇÃO DE FRAUDE À EXECUÇÃO - ALIENAÇÃO DE BEM DE SÓCIO DA PESSOA JURÍDICA OCORRIDA QUANDO AINDA NÃO PENDIA CONTRA ELE DEMANDA CAPAZ DE REDUZI-LO À INSOLVÊNCIA - NECESSIDADE DE RESGUARDAR O ATO JURÍDICO PERFEITO E O DIREITO DE PROPRIEDADE DOS ADQUIRENTES DE BOA-FÉ. 1. O bem penhorado foi vendido na pendência do processo de conhecimento, quando não havia contra o alienante, sócio de uma das pessoas jurídicas Rés, demanda capaz de reduzi-lo à insolvência. 2. Resulta inconteste a boa-fé dos Terceiros-Embargantes, adquirentes do imóvel penhorado. Qualquer consulta aos cartórios trabalhistas de distribuição, à época, teria como conseqüência a emissão de certidão negativa. 3. Inarredável a conclusão de que não estão configurados os requisitos objetivo e subjetivo à decretação da fraude à execução, pelo que a penhora do imóvel licitamente adquirido pelos Terceiros-Embargantes afronta diretamente os incisos XXII e XXXVI do artigo 5º da Constituição. Embargos não conhecidos (TST, 2006, p.1, E-RR - 1795/2001-110-03-00.1). Desse modo, como destaca a decisão acima, não poderia a Justiça do Trabalho emitir certidão negativa ao interessado na compra do imóvel e depois surpreender o comprador com a penhora do bem e a decretação da fraude à execução, pois geraria a mais absoluta insegurança jurídica. Portanto, somente restaria configurada a fraude à execução se, após a inclusão dos sócios das pessoas jurídicas executadas no pólo passivo da demanda, mediante a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, os adquirentes tivessem faltado com o cuidado mínimo de consultar os cartórios de distribuição da Justiça do Trabalho. 26 O devedor será citado para, em quarenta e oito horas, pagar a obrigação pecuniária declarada no título judicial ou garantir a execução, sob pena de penhora (CLT, art. 880) (BRASIL, 1943). 27 A desconsideração da pessoa jurídica poderá ser determinada de ofício, a requerimento da parte ou do Ministério Público do Trabalho que tenha de intervir no processo (ALMEIDA, 2006, p. 899).

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5 CONCLUSÃO

O objetivo principal desta pesquisa foi discorrer acerca da responsabilidade dos

sócios na execução trabalhista, quando esgotada a localização de bens em nome da pessoa

jurídica devedora.

A pessoa jurídica surgiu com a finalidade de facilitar a criação e o controle dos

grandes empreendimentos. No entanto, em virtude da autonomia patrimonial existente entre o

patrimônio da sociedade e dos seus sócios, estes começaram a usar a pessoa jurídica para

praticar atos abusivos ou ilícitos com o intuito de obter proveito próprio em detrimento dos

direitos de terceiros. Nesse contexto, foi concebida a teoria da desconsideração da

personalidade jurídica a fim de afastar essa autonomia patrimonial e responsabilizar

diretamente os bens dos sócios.

Destacou-se que no direito brasileiro há duas teorias da desconsideração, quais

sejam: a maior e a menor. Todavia, no âmbito da Justiça do Trabalho, as decisões são no

sentido de aplicar a teoria menor, porquanto o simples prejuízo ocasionado ao trabalhador

possibilita a responsabilização dos sócios, sem ser necessária a presença da fraude e do abuso

do direito. Portanto, verificou-se que, para aplicar a teoria da desconsideração, são necessários

apenas dois requisitos: a ausência ou a insuficiência de bens da pessoa jurídica e a existência

de débitos trabalhistas

Com efeito, a despeito de a sociedade possuir responsabilidade limitada, é

possível a penhora recair sobre os bens dos sócios, quando constatadas a ausência ou a

insuficiência de patrimônio da pessoa jurídica para adimplir os créditos trabalhistas. Nessa

direção, observou-se, com base nas decisões apresentadas na pesquisa, que a responsabilidade

dos sócios na execução trabalhista é objetiva, pois prescinde da demonstração da fraude e do

abuso de direito, e também subsidiária, visto que a execução deverá recair primeiramente

sobre os bens da empresa para, em seguida, nos dos sócios, independentemente se estes forem

majoritário, minoritário ou retirante.

Dessa forma, a falta de bens em nome da empresa não pode ser um obstáculo ao

direito do empregado, que contribui com o seu esforço para a construção do patrimônio da

pessoa jurídica e, conseqüentemente, dos seus sócios. Diante disso, a Justiça do Trabalho tem

aplicado freqüentemente a teoria da desconsideração da pessoa jurídica para responsabilizar

os sócios pelo pagamento dos créditos trabalhistas, devido à natureza de caráter alimentar

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dessa verba, ao princípio do trabalhador hipossuficiente e ao fato dos riscos da atividade

econômica pertencerem ao empregador.

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