a responsabilidade civil nas relações de consumo

26
A responsabilidade civil nas relações de consumo MÓDULO II - A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO Site: Instituto Legislativo Brasileiro - ILB Curso: Introdução ao Direito do Consumidor (parceria ILB/ANATEL) - Turma 06 B Livro: A responsabilidade civil nas relações de consumo Impresso por: Maria da Penha dos Anjos Alves Data: sexta, 31 Jul 2015, 13:18

Upload: penha-alves

Post on 07-Dec-2015

215 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

curso direitos do consumidor

TRANSCRIPT

Page 1: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

A responsabilidade civil nas relaçõesde consumo

MÓDULO II - A RESPONSABILIDADE CIVIL NASRELAÇÕES DE CONSUMO

Site: Instituto Legislativo Brasileiro - ILB

Curso: Introdução ao Direito do Consumidor (parceria ILB/ANATEL) - Turma06 B

Livro: A responsabilidade civil nas relações de consumo

Impressopor: Maria da Penha dos Anjos Alves

Data: sexta, 31 Jul 2015, 13:18

Page 2: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

SumárioMódulo II - A Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo

Unidade 1 - A responsabilidade pelo fato do produto e do serviço

Pág. 2 - Fato e vícioPág. 3 - Exemplos

Pág. 4Pág. 5

Pág. 6 - Profissionais liberaisSíntese

Unidade 2 - A nova disciplina do vício

Pág. 2 - VícioPág. 3 - Tipos de vícios

Pág. 4Síntese

Unidade 3 - As responsabilidades subsidiária do comerciante e solidária do fornecedor

Pág. 2Pág. 3Pág. 4Síntese

Unidade 4 - Excludentes de Responsabilidade Civil

Pág. 2 - Exclusão da responsabilidade do fornecedorSíntese

Exercícios de Fixação - Módulo II

Page 3: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Módulo II - A Responsabilidade Civil nas Relações deConsumo

­ Identificar os tipos de responsabilidades civis nas

relações de consumo e suas principais diferenças;

­ conceituar e diferenciar "fato" de "vício" do produto e

do serviço;

­ identificar a figura dos responsáveis pelo fato e pelo

vício do produto e do serviço, entendendo os seus

alcances;

­ reconhecer as hipóteses de exclusão da

responsabilidade civil nas relações de consumo.

Page 4: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Unidade 1 - A responsabilidade pelo fato do produto edo serviço

.

Como vimos no módulo anterior, foi na Constituição de 1988 que a defesa do consumidor passou a ser

considerado um direito fundamental e um princípio geral da ordem econômica.

Com o zelo de não permitir qualquer descuido infraconstitucional, foi elaborado o código de defesa do

consumidor (CDC), que prevê duas espécies de responsabilidade civil nas relações de consumo, vejamos:

a primeira, pelo fato do produto ou serviço, com regramento previsto nos arts. 12 a 17;

e a segunda, pelo vício do produto ou serviço, com previsão legal nos arts. 18 a 25.

Antes de estabelecer as principais diferenças entre as modalidades de responsabilidades, vejamos o que o

CDC versa sobre a matéria:

“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador

respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados

aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem,

fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por

informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.”

Page 5: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Pág. 2 - Fato e vício Vamos entender primeiramente o que caracteriza o fato

Fato significa ocorrência, acontecimento, evento. O CDC fala em fato acompanhado de defeito; é,

portanto, o fato que apresenta um defeito causador de um dano.

Como diferenciar “fato” de “vício”?

No vício, o problema encontrado no produto ou no serviço frustra o consumidor tão somente pelo erro

encontrado neles próprios, acarretando o mau ou impossível funcionamento. No fato do produto ou do

serviço, por outro lado, este “erro” é externalizado, saindo do domínio do produto ou serviço para atingir

a esfera particular do consumidor, causando­lhe um dano material, físico ou moral.

Sérgio Cavalieri Filho (2011, p. 208) define que:

“A palavra­chave neste ponto é o defeito. Ambos decorrem de um defeito do produto ou do serviço

só que no fato do produto ou do serviço o defeito é tão grave que provoca um acidente que atinge

o consumidor, causando­lhe dano material ou moral. O defeito compromete a segurança do

produto ou serviço. Vício, por sua vez, é defeito menos grave, circunscrito ao produto ou serviço

em si; um defeito que lhe é inerente ou intrínseco, que apenas causa o seu mau funcionamento ou

não funcionamento”.

Page 6: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Pág. 3 - Exemplos Fato x Vício

Observe a foto ao lado ­ um carro que esquenta demais e pega fogo.

Trata­se de vício ou de fato?

Vejamos como é fácil identificar quando se lida com o vício e quando é o fato que atinge o consumidor,

por meio dos seguintes exemplos:

1. O seu refrigerador parou de gelar

Vício: Foi inserido pouco gás refrigerante no refrigerador de ar, que, por isso, para de gelar.

Fato: Ao invés do gás refrigerante normal, foi colocado um gás letal no refrigerador de ar, intoxicando as

pessoas que ali estavam.

2. Um cosmético que promete eliminar rugas

Vício: Simplesmente não faz qualquer efeito.

Fato: O cosmético que promete eliminar rugas causa dilacerações na pele.

3. Um carro cujo motor esquenta demais

Vício: O motor do carro esquenta demais e para de funcionar.

Fato: O motor do carro esquenta demais e pega fogo.

4. Serviço de limpeza contratado

Vício: A empresa que deixa partes sujas.

Fato: O mesmo serviço de limpeza usa um produto que causa fortes náuseas nas pessoas que ali habitam.

Page 7: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Pág. 4 Estando clara a noção de fato, é hora de conhecer os possíveis responsáveis.

Nesse ponto, em vez de simplesmente imputar a responsabilidade aos fornecedores, quis o CDC restringir

os personagens. Então, de acordo com seu art. 12, são responsáveis pelo fato do produto e do serviço:

o fabricante ­ aquele que fabrica e coloca no mercado de consumo produtos industrializados;

o produtor ­ aquele que fabrica e coloca no mercado de consumo produtos não industrializados;

o construtor, nacional ou estrangeiro ­ aquele que introduz produtos imobiliários no mercado de

consumo, através de fornecimento de bens ou serviços;

o importador ­ aquele que faz circular produto estrangeiro dentro do país.

Atenção

Logo se percebe a ausência do comerciante, contudo sua exclusão

não é absoluta, há exceção, conforme se verificará mais à frente.

Page 8: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Pág. 5 A responsabilidade pelo fato do produto ou serviço é objetiva e solidária:

Objetiva, porque independe da demonstração de culpa (imprudência, imperícia ou negligência)do responsável. Basta, portanto, a demonstração de que houve um dano, e o nexo causal entre

este e o defeito no produto ou serviço que o gerou. Assim, a simples colocação no mercado de

determinado produto, ou prestação de serviço, ao consumidor, já é suficiente para ensejar a

responsabilização.

Solidária, uma vez que havendo mais de um responsável pela colocação do produto, ou serviço,

defeituoso à disposição dos consumidores, todos podem ser demandados, e a responsabilidade de

um não exclui a do outro.

Em todos os casos, concorre solidariamente o fabricante da peça ou do componente do produto fabricado,

produzido, construído ou importado, assunto a ser abordado mais detalhadamente na Unidade 3.

Ver jurisprudência: Fato do produto e do serviço

Page 9: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Pág. 6 - Profissionais liberais Haveria alguma diferença no entendimento das responsabilidades dos profissionaisliberais?

“Art. 14 (...)

§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a

verificação de culpa.”

O CDC incluiu a possibilidade de responsabilização dos profissionais liberais (médicos, advogados,

dentistas etc.), conforme o § 4º do art. 14, acima descrito. Entretanto, nesse caso em particular, há uma

quebra da regra da objetividade e, assim, sua responsabilização será verificada mediante verificação de

culpa. Em outras palavras, não basta o dano e o nexo causal com o defeito no serviço do profissional

liberal: há que se verificar a existência de negligência, imperícia ou imprudência do profissional, com o

fim de responsabilizá­lo pessoalmente.

Veja jurisprudência: Profissionais Liberais

.

Há, na doutrina, quem defenda que o termo “fato” do produto e do serviço não sinônimo

de acidente de consumo e que, portanto, assim não deveria ser tratado, como define

Rizzato Nunes (2011, p.317), quando afirma que “Diga­se, de qualquer maneira, que se

tem usado tanto “fato” do produto e do serviço, quanto “acidente de consumo”, para

definir o defeito. Porém, o mais adequado é guardar a expressão “acidente de consumo”

para as hipóteses em que tenha ocorrido mesmo um acidente: queda de avião, batida do

veículo por falha do freio, quebra da roda gigante no parque de diversões, etc., e deixar

fato ou defeito para as demais ocorrências danosas.”

Page 10: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo
Page 11: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Síntese

Síntese

Vimos nesta unidade que fato do produto pode ser explicado pelo

"erro" apresentado no produto ou no serviço, que extrapola o simples

problema de funcionamento, causando ao consumidor um dano

material, físico ou moral. Certamente, agora você já está apto a

identificar os possíveis responsáveis, de acordo com a norma legal

vigente.

Seguiremos buscando compreender a nova disciplina do vício. Bons estudos!

Ver jurisprudência: Fato do produto e do serviço

Page 12: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Unidade 2 - A nova disciplina do vícioVamos relembrar.

Na unidade anterior, vimos que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) prevê duas espécies de

responsabilidade civil nas relações de consumo:

­ a primeira, pelo fato do produto ou serviço; e

­ a segunda, pelo vício do produto ou serviço, com previsão legal nos arts. 18 a 25, que veremos a

seguir.

Então, analisemos o que o CDC versa sobre a matéria:

“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem

solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou

inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por

aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da

embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de

sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.”

Page 13: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Pág. 2 - Vício O que é o vício do produto e serviço?

Quando falamos em vício do produto ou do serviço, estamos nos referindo a qualquer problema

relacionado ao produto ou ao serviço que, de alguma forma, prejudique sua funcionalidade e os tornem

imperfeitos para o fim ao qual se destinam.

No vício, ao contrário do que vimos em relação ao fato, a falha não extrapola a esfera do produto ou

serviço. Não atinge pessoalmente a figura do consumidor, de forma a lhe causar um dano material, físico

ou moral. É a falha sem acidentes ou consequências graves.

Pode­se dizer que o fato é um vício com algo a mais?

Sim, esse algo a mais seria o dano pessoal. Diz­se também que todo fato por origem é um vício, uma vez

que para gerar o dano ao consumidor, o produto ou serviço tem necessariamente que apresentar uma

falha antecessora e causadora do dano. Já a recíproca, obviamente, não é verdadeira.

Page 14: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Pág. 3 - Tipos de vícios Quais são os tipos de vícios?

Além dos “vícios ocultos” previstos no Código Civil de 1916 pelos chamados “vícios redibitórios”, o CDC

inovou acrescentando os “vícios de qualidade” e “vícios de quantidade”, ainda que aparentes ou de fácil

constatação, quando tornam os produtos impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhe

diminuam o valor.

Acrescente­se, ainda, que o CDC facultou ao consumidor uma gama de possibilidades de

reparação mais abrangente que o Código Civil, incluindo a substituição do produto por

outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; a restituição imediata da quantia

paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos, o

abatimento proporcional do preço, a complementação do peso ou medida.

Page 15: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Pág. 4 Vejamos os seguintes tipos de vícios:

1. Vícios redibitórios

Os vícios redibitórios são os defeitos ocultos da coisa, que fazem com que o negócio jurídico de compra evenda não produza um dos efeitos ao qual se destina, qual seja a perfeição do bem alienado.

Além da exigência de que o vício seja oculto, nos vícios redibitórios a coisa recebida deve originar­se de

uma relação contratual e possuir defeito grave e contemporâneo à celebração do contrato. A nova

disciplina do vício derrubou essas amarras. A responsabilização quanto ao vício, como previsto no CDC,

independe de um contrato entre as partes, não há distinção quanto à gravidade, e pode ocorrer antes,

durante ou depois da realização do negócio.

Exemplos: comprar um cavalo manco ou estéril; alugar uma casa que tem muitas goteiras;

receber em pagamento um carro cujo motor aquece nas subidas.

2. Vícios de qualidade

Apresentam­se nos produtos ou serviços com erros que diminuem as

funções ou o valor que é normal se esperar deles. A qualidade que se

encontra é inferior à corretamente presumida pelo consumidor.

Exemplos: televisão cujo som não funciona, carro com problemas de

aquecimento, ferro de passar roupa que esquenta pouco, roupa

descosturada, serviço de limpeza mal executado, prazo de validade vencido etc.

Ver jurisprudência: Vício de Qualidade

Page 16: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo
Page 17: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Síntese 3. Vícios de quantidade

Nos produtos ou serviços em que a prestação pode ser quantificada, o consumidor recebe menos do que o

que lhe foi ofertado. Decorrem das disparidades com as indicações constantes do recipiente, embalagem,

rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, que se dá

quando a perda de certo conteúdo durante o processo distributivo já é esperada como consequência

natural do produto.

Ainda, produtos com peso ou, quando divisíveis, em número menor que o anunciado. Está diretamente

ligado ao dever do fornecedor de informar.

Exemplos: frango congelado cuja quantidade de água eleva o peso real do produto; vidro de

mostarda de 200ml que só tem 150ml; caderno de 100 páginas com apenas 80; serviço de tevê

por assinatura que retira canais de sua programação sem o prévio aviso ao consumidor etc.

Ver jurisprudência: Vício de Quantidade

Síntese

Nesta unidade, vimos que vício do produto e do serviço pode ser

caracterizado por qualquer problema relacionado a eles que, de alguma

forma, prejudique sua funcionalidade e os tornem imperfeitos para o

fim ao qual se destinam. Ainda aqui, percebemos o alcance do Código

de Defesa do Consumidor, que permitiu ao consumidor uma gama de

possibilidades de reparação , mostrando­se bem mais abrangente e

pormenorizado que o Código Civil.

Page 18: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Unidade 3 - As responsabilidades subsidiária docomerciante e solidária do fornecedor

Agora que já identificamos as diferenças entre fato e vício do produto e do serviço, vamos estudar os

principais conceitos e a abrangência das responsabilidades dos agentes da relação de consumo.

Iniciaremos por conhecer as responsabilidades subsidiárias do comerciante.

Por responsabilidade subsidiária, para efeito do estatuído no CDC, entenda­se aquela em que B passa a

ser responsável quando A não pode ser identificado. Já na responsabilidade solidária, tanto A quanto B

são responsáveis, e é uma faculdade do consumidor escolher se vai demandar A, B ou ambos. Vejamos:

“Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:

I ­ o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;

II ­ o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor

ou importador;

III ­ não conservar adequadamente os produtos perecíveis.”

Page 19: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Pág. 2

Com a imputação da responsabilidade subsidiária do comerciante, o CDC previne duas situações que

poderiam gerar falhas no processo de responsabilização pelo fato:

1. Com a retirada do comerciante da regra de responsabilização porque com isso evita­se que elepague por erro que não cometeu. O que se quer nos casos em que a segurança do consumidor

está sob risco é punir e educar aquele que de fato deu causa para a ocorrência do dano.

2. Ao prever a responsabilidade do comerciante nos casos em que os responsáveis originários nãopuderem ser identificados com precisão. Nada mais justo. Afinal, ao colocar o produto em

circulação sabendo que o responsável pela sua fabricação, construção, produção ou importação

não pode ser identificado com clareza, o comerciante assume o risco e atrai para si, então, essa

responsabilização. É como se o comerciante dissesse: “Ok, esse produto não é identificável, mas

eu o garanto”.

Ver jurisprudência: Responsabilidade subsidiária do comerciante

Page 20: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Pág. 3 Vamos agora à responsabilidade solidária do fornecedor:

“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem

solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou

inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por

aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da

embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de

sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.” (Grifos

nossos.)

O termo “solidariamente” que remete diretamente ao princípio da solidariedade, em que

mais de uma pessoa pode ser titular de um direito ou dever, está presente, no CDC, em

vários artigos além do acima citado, ao imputar responsabilidade comum àquelas pessoas

que contribuíram para a colocação, no mercado, de produto ou serviço defeituoso.

→ Consulte: CDC ­ arts. 7º, parágrafo único; 19; 25, §§ 1º e 2º; 28, § 3º; e, 34.

Page 21: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Pág. 4

No vício do produto ou serviço, a solidariedade é a regra. Porém, há duas exceções. São elas:

1. Produtos in natura, isto é, produtos artesanais, que não sofreram processo de industrialização.Nesse caso, quando não identificado claramente o seu produtor, o responsável será o fornecedor

imediato. ­ Art. 18, § 5º do CDC.

2. Produtos pesados ou medidos na presença do consumidor utilizando instrumento (balança, trena

etc.) não aferido segundo os padrões oficiais. Igualmente, responsabilidade do fornecedor

imediato. ­ Art. 19, § 2º do CDC.

Exemplo:

João compra um carro e ao dirigi­lo à noite percebe que os faróis subitamente se apagam e voltam a

acender algum tempo depois. João, nesse caso, pode demandar o fabricante do carro, assim como aquele

que fornece a peça para o fabricante e, ainda, tendo ocorrido somente o vício e não o fato, o comerciante

que vendeu o carro para João. Caso seja impossível identificar o fabricante do carro e o fornecedor da

peça, João pode demandar o comerciante inclusive quando o defeito gerou um dano passível de

configuração do fato do produto, como já vimos na responsabilidade subsidiária do comerciante.

Ver jurisprudência: Responsabilidade Solidária do Fornecedor

.

Page 22: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Síntese

Síntese

Nesta unidade pudemos perceber a diferença entre a responsabilidade

subsidiária e a solidária. Exemplificando, à luz do CDC, a primeira é aquela

em que B passa a ser responsável quando A não pode ser identificado, e a

segunda, tanto A quanto B são responsáveis e é uma faculdade do

consumidor escolher se vai demandar A, B ou ambos.

Page 23: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Unidade 4 - Excludentes de Responsabilidade Civil

Entendendo a responsabilidade subsidiária do comerciante e a solidária do fornecedor, passaremos,

agora, aos casos de exclusão da responsabilidade do fornecedor, de acordo com o CDC. Analise atentamente o caput do art. 12 do CDC e seu § 3º:

“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador

respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados

aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem,

fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por

informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

(...)

§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado

quando provar:

I ­ que não colocou o produto no mercado;

II ­ que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;

III ­ a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.”

Page 24: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Pág. 2 - Exclusão da responsabilidade do fornecedor Como se percebe, são três as hipóteses de exclusão da responsabilidade do fornecedor:

1. Quando provar que não colocou o produto no mercado: Naturalmente, estando o produtono mercado presume­se que o fornecedor o colocou. Cabe, porém, a este, rebater essa presunção,

quando puder demonstrar através de provas que não foi o responsável. Tal situação pode ocorrer

quando, por exemplo, há produtos falsificados em circulação ou quando o fornecedor foi vítima de

furto ou roubo de produto ainda incompleto para ser colocado no mercado.

2. Inexistência do defeito: Ainda que posto em circulação normal, o fornecedor prova que na

verdade não há defeito. Aqui, sendo provado que o defeito inexiste, o próprio fato gerador da

responsabilidade é fulminado. Trata­se do caso em que há uma percepção equivocada por parte do

consumidor quanto ao defeito questionado. É o caso, por exemplo, da pessoa que pensa ter

passado mal por causa da ingestão de um queijo, quando percebe que este se encontra mofado.

Eis que o fornecedor demonstra que o bolor encontrado nesse queijo não só é tolerado como

desejado, que é uma característica intrínseca daquele tipo de queijo e que o passar mal do

consumidor, portanto, não teve qualquer ligação com um defeito naquele laticínio, sendo tal

defeito, assim, inexistente.

3. Culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro: Igualmente à inexistência do defeito, mais umavez, caso provada pelo fornecedor a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, o fato gerador

da responsabilidade, qual seja, o defeito, é desconstituído. Pois se há culpa exclusiva do

consumidor ou de terceiro, não há o que se falar em defeito do produto. Este foi posto em

circulação pelo fornecedor em sua perfeição; porém, ao alcançar seu destinatário (o consumidor)

ou o terceiro, estes provocam o problema, seja por descuido, mau uso ou até mesmo

intencionalmente. Tal condição pode ser verificada, por exemplo, quando a despeito de aviso claro

no medicamento sobre a posologia, o indivíduo toma o dobro da dose recomendada. Ou seja, não

há defeito no medicamento e sim culpa exclusiva daquele que tomou dose superior à que se

indicou.

Page 25: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Síntese

Síntese

Constatado o vício ou fato do produto ou serviço, verificamos que as

hipóteses nas quais o fornecedor é eximido de responsabilidade são: quando

ele provar que não colocou o produto no mercado, quando da inexistência

do defeito ou quando provada a culpa do consumidor ou de terceiro.

Ver jurisprudência: Excludentes de Responsabilidade Civil

Page 26: A Responsabilidade Civil Nas Relações de Consumo

Exercícios de Fixação - Módulo II

Parabéns! Você chegou ao final do Módulo II do curso Introdução ao Direito

do Consumidor (parceria ILB e ANATEL).

Como parte do processo de aprendizagem, sugerimos que você faça uma

releitura do mesmo e resolva os Exercícios de Fixação. O resultado não

influenciará na sua nota final, mas servirá como oportunidade de avaliar o

seu domínio do conteúdo. Lembramos ainda que a plataforma de ensino faz

a correção imediata das suas respostas!

Para ter acesso aos Exercícios de Fixação, clique aqui.