a responsabilidade civil nas relações de consumo
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A responsabilidade civil nas relaçõesde consumo
MÓDULO II - A RESPONSABILIDADE CIVIL NASRELAÇÕES DE CONSUMO
Site: Instituto Legislativo Brasileiro - ILB
Curso: Introdução ao Direito do Consumidor (parceria ILB/ANATEL) - Turma06 B
Livro: A responsabilidade civil nas relações de consumo
Impressopor: Maria da Penha dos Anjos Alves
Data: sexta, 31 Jul 2015, 13:18
SumárioMódulo II - A Responsabilidade Civil nas Relações de Consumo
Unidade 1 - A responsabilidade pelo fato do produto e do serviço
Pág. 2 - Fato e vícioPág. 3 - Exemplos
Pág. 4Pág. 5
Pág. 6 - Profissionais liberaisSíntese
Unidade 2 - A nova disciplina do vício
Pág. 2 - VícioPág. 3 - Tipos de vícios
Pág. 4Síntese
Unidade 3 - As responsabilidades subsidiária do comerciante e solidária do fornecedor
Pág. 2Pág. 3Pág. 4Síntese
Unidade 4 - Excludentes de Responsabilidade Civil
Pág. 2 - Exclusão da responsabilidade do fornecedorSíntese
Exercícios de Fixação - Módulo II
Módulo II - A Responsabilidade Civil nas Relações deConsumo
Identificar os tipos de responsabilidades civis nas
relações de consumo e suas principais diferenças;
conceituar e diferenciar "fato" de "vício" do produto e
do serviço;
identificar a figura dos responsáveis pelo fato e pelo
vício do produto e do serviço, entendendo os seus
alcances;
reconhecer as hipóteses de exclusão da
responsabilidade civil nas relações de consumo.
Unidade 1 - A responsabilidade pelo fato do produto edo serviço
.
Como vimos no módulo anterior, foi na Constituição de 1988 que a defesa do consumidor passou a ser
considerado um direito fundamental e um princípio geral da ordem econômica.
Com o zelo de não permitir qualquer descuido infraconstitucional, foi elaborado o código de defesa do
consumidor (CDC), que prevê duas espécies de responsabilidade civil nas relações de consumo, vejamos:
a primeira, pelo fato do produto ou serviço, com regramento previsto nos arts. 12 a 17;
e a segunda, pelo vício do produto ou serviço, com previsão legal nos arts. 18 a 25.
Antes de estabelecer as principais diferenças entre as modalidades de responsabilidades, vejamos o que o
CDC versa sobre a matéria:
“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados
aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem,
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.”
Pág. 2 - Fato e vício Vamos entender primeiramente o que caracteriza o fato
Fato significa ocorrência, acontecimento, evento. O CDC fala em fato acompanhado de defeito; é,
portanto, o fato que apresenta um defeito causador de um dano.
Como diferenciar “fato” de “vício”?
No vício, o problema encontrado no produto ou no serviço frustra o consumidor tão somente pelo erro
encontrado neles próprios, acarretando o mau ou impossível funcionamento. No fato do produto ou do
serviço, por outro lado, este “erro” é externalizado, saindo do domínio do produto ou serviço para atingir
a esfera particular do consumidor, causandolhe um dano material, físico ou moral.
Sérgio Cavalieri Filho (2011, p. 208) define que:
“A palavrachave neste ponto é o defeito. Ambos decorrem de um defeito do produto ou do serviço
só que no fato do produto ou do serviço o defeito é tão grave que provoca um acidente que atinge
o consumidor, causandolhe dano material ou moral. O defeito compromete a segurança do
produto ou serviço. Vício, por sua vez, é defeito menos grave, circunscrito ao produto ou serviço
em si; um defeito que lhe é inerente ou intrínseco, que apenas causa o seu mau funcionamento ou
não funcionamento”.
Pág. 3 - Exemplos Fato x Vício
Observe a foto ao lado um carro que esquenta demais e pega fogo.
Tratase de vício ou de fato?
Vejamos como é fácil identificar quando se lida com o vício e quando é o fato que atinge o consumidor,
por meio dos seguintes exemplos:
1. O seu refrigerador parou de gelar
Vício: Foi inserido pouco gás refrigerante no refrigerador de ar, que, por isso, para de gelar.
Fato: Ao invés do gás refrigerante normal, foi colocado um gás letal no refrigerador de ar, intoxicando as
pessoas que ali estavam.
2. Um cosmético que promete eliminar rugas
Vício: Simplesmente não faz qualquer efeito.
Fato: O cosmético que promete eliminar rugas causa dilacerações na pele.
3. Um carro cujo motor esquenta demais
Vício: O motor do carro esquenta demais e para de funcionar.
Fato: O motor do carro esquenta demais e pega fogo.
4. Serviço de limpeza contratado
Vício: A empresa que deixa partes sujas.
Fato: O mesmo serviço de limpeza usa um produto que causa fortes náuseas nas pessoas que ali habitam.
Pág. 4 Estando clara a noção de fato, é hora de conhecer os possíveis responsáveis.
Nesse ponto, em vez de simplesmente imputar a responsabilidade aos fornecedores, quis o CDC restringir
os personagens. Então, de acordo com seu art. 12, são responsáveis pelo fato do produto e do serviço:
o fabricante aquele que fabrica e coloca no mercado de consumo produtos industrializados;
o produtor aquele que fabrica e coloca no mercado de consumo produtos não industrializados;
o construtor, nacional ou estrangeiro aquele que introduz produtos imobiliários no mercado de
consumo, através de fornecimento de bens ou serviços;
o importador aquele que faz circular produto estrangeiro dentro do país.
Atenção
Logo se percebe a ausência do comerciante, contudo sua exclusão
não é absoluta, há exceção, conforme se verificará mais à frente.
Pág. 5 A responsabilidade pelo fato do produto ou serviço é objetiva e solidária:
Objetiva, porque independe da demonstração de culpa (imprudência, imperícia ou negligência)do responsável. Basta, portanto, a demonstração de que houve um dano, e o nexo causal entre
este e o defeito no produto ou serviço que o gerou. Assim, a simples colocação no mercado de
determinado produto, ou prestação de serviço, ao consumidor, já é suficiente para ensejar a
responsabilização.
Solidária, uma vez que havendo mais de um responsável pela colocação do produto, ou serviço,
defeituoso à disposição dos consumidores, todos podem ser demandados, e a responsabilidade de
um não exclui a do outro.
Em todos os casos, concorre solidariamente o fabricante da peça ou do componente do produto fabricado,
produzido, construído ou importado, assunto a ser abordado mais detalhadamente na Unidade 3.
Ver jurisprudência: Fato do produto e do serviço
Pág. 6 - Profissionais liberais Haveria alguma diferença no entendimento das responsabilidades dos profissionaisliberais?
“Art. 14 (...)
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a
verificação de culpa.”
O CDC incluiu a possibilidade de responsabilização dos profissionais liberais (médicos, advogados,
dentistas etc.), conforme o § 4º do art. 14, acima descrito. Entretanto, nesse caso em particular, há uma
quebra da regra da objetividade e, assim, sua responsabilização será verificada mediante verificação de
culpa. Em outras palavras, não basta o dano e o nexo causal com o defeito no serviço do profissional
liberal: há que se verificar a existência de negligência, imperícia ou imprudência do profissional, com o
fim de responsabilizálo pessoalmente.
Veja jurisprudência: Profissionais Liberais
.
Há, na doutrina, quem defenda que o termo “fato” do produto e do serviço não sinônimo
de acidente de consumo e que, portanto, assim não deveria ser tratado, como define
Rizzato Nunes (2011, p.317), quando afirma que “Digase, de qualquer maneira, que se
tem usado tanto “fato” do produto e do serviço, quanto “acidente de consumo”, para
definir o defeito. Porém, o mais adequado é guardar a expressão “acidente de consumo”
para as hipóteses em que tenha ocorrido mesmo um acidente: queda de avião, batida do
veículo por falha do freio, quebra da roda gigante no parque de diversões, etc., e deixar
fato ou defeito para as demais ocorrências danosas.”
Síntese
Síntese
Vimos nesta unidade que fato do produto pode ser explicado pelo
"erro" apresentado no produto ou no serviço, que extrapola o simples
problema de funcionamento, causando ao consumidor um dano
material, físico ou moral. Certamente, agora você já está apto a
identificar os possíveis responsáveis, de acordo com a norma legal
vigente.
Seguiremos buscando compreender a nova disciplina do vício. Bons estudos!
Ver jurisprudência: Fato do produto e do serviço
Unidade 2 - A nova disciplina do vícioVamos relembrar.
Na unidade anterior, vimos que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) prevê duas espécies de
responsabilidade civil nas relações de consumo:
a primeira, pelo fato do produto ou serviço; e
a segunda, pelo vício do produto ou serviço, com previsão legal nos arts. 18 a 25, que veremos a
seguir.
Então, analisemos o que o CDC versa sobre a matéria:
“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de
sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.”
Pág. 2 - Vício O que é o vício do produto e serviço?
Quando falamos em vício do produto ou do serviço, estamos nos referindo a qualquer problema
relacionado ao produto ou ao serviço que, de alguma forma, prejudique sua funcionalidade e os tornem
imperfeitos para o fim ao qual se destinam.
No vício, ao contrário do que vimos em relação ao fato, a falha não extrapola a esfera do produto ou
serviço. Não atinge pessoalmente a figura do consumidor, de forma a lhe causar um dano material, físico
ou moral. É a falha sem acidentes ou consequências graves.
Podese dizer que o fato é um vício com algo a mais?
Sim, esse algo a mais seria o dano pessoal. Dizse também que todo fato por origem é um vício, uma vez
que para gerar o dano ao consumidor, o produto ou serviço tem necessariamente que apresentar uma
falha antecessora e causadora do dano. Já a recíproca, obviamente, não é verdadeira.
Pág. 3 - Tipos de vícios Quais são os tipos de vícios?
Além dos “vícios ocultos” previstos no Código Civil de 1916 pelos chamados “vícios redibitórios”, o CDC
inovou acrescentando os “vícios de qualidade” e “vícios de quantidade”, ainda que aparentes ou de fácil
constatação, quando tornam os produtos impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhe
diminuam o valor.
Acrescentese, ainda, que o CDC facultou ao consumidor uma gama de possibilidades de
reparação mais abrangente que o Código Civil, incluindo a substituição do produto por
outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; a restituição imediata da quantia
paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos, o
abatimento proporcional do preço, a complementação do peso ou medida.
Pág. 4 Vejamos os seguintes tipos de vícios:
1. Vícios redibitórios
Os vícios redibitórios são os defeitos ocultos da coisa, que fazem com que o negócio jurídico de compra evenda não produza um dos efeitos ao qual se destina, qual seja a perfeição do bem alienado.
Além da exigência de que o vício seja oculto, nos vícios redibitórios a coisa recebida deve originarse de
uma relação contratual e possuir defeito grave e contemporâneo à celebração do contrato. A nova
disciplina do vício derrubou essas amarras. A responsabilização quanto ao vício, como previsto no CDC,
independe de um contrato entre as partes, não há distinção quanto à gravidade, e pode ocorrer antes,
durante ou depois da realização do negócio.
Exemplos: comprar um cavalo manco ou estéril; alugar uma casa que tem muitas goteiras;
receber em pagamento um carro cujo motor aquece nas subidas.
2. Vícios de qualidade
Apresentamse nos produtos ou serviços com erros que diminuem as
funções ou o valor que é normal se esperar deles. A qualidade que se
encontra é inferior à corretamente presumida pelo consumidor.
Exemplos: televisão cujo som não funciona, carro com problemas de
aquecimento, ferro de passar roupa que esquenta pouco, roupa
descosturada, serviço de limpeza mal executado, prazo de validade vencido etc.
Ver jurisprudência: Vício de Qualidade
Síntese 3. Vícios de quantidade
Nos produtos ou serviços em que a prestação pode ser quantificada, o consumidor recebe menos do que o
que lhe foi ofertado. Decorrem das disparidades com as indicações constantes do recipiente, embalagem,
rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, que se dá
quando a perda de certo conteúdo durante o processo distributivo já é esperada como consequência
natural do produto.
Ainda, produtos com peso ou, quando divisíveis, em número menor que o anunciado. Está diretamente
ligado ao dever do fornecedor de informar.
Exemplos: frango congelado cuja quantidade de água eleva o peso real do produto; vidro de
mostarda de 200ml que só tem 150ml; caderno de 100 páginas com apenas 80; serviço de tevê
por assinatura que retira canais de sua programação sem o prévio aviso ao consumidor etc.
Ver jurisprudência: Vício de Quantidade
Síntese
Nesta unidade, vimos que vício do produto e do serviço pode ser
caracterizado por qualquer problema relacionado a eles que, de alguma
forma, prejudique sua funcionalidade e os tornem imperfeitos para o
fim ao qual se destinam. Ainda aqui, percebemos o alcance do Código
de Defesa do Consumidor, que permitiu ao consumidor uma gama de
possibilidades de reparação , mostrandose bem mais abrangente e
pormenorizado que o Código Civil.
Unidade 3 - As responsabilidades subsidiária docomerciante e solidária do fornecedor
Agora que já identificamos as diferenças entre fato e vício do produto e do serviço, vamos estudar os
principais conceitos e a abrangência das responsabilidades dos agentes da relação de consumo.
Iniciaremos por conhecer as responsabilidades subsidiárias do comerciante.
Por responsabilidade subsidiária, para efeito do estatuído no CDC, entendase aquela em que B passa a
ser responsável quando A não pode ser identificado. Já na responsabilidade solidária, tanto A quanto B
são responsáveis, e é uma faculdade do consumidor escolher se vai demandar A, B ou ambos. Vejamos:
“Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor
ou importador;
III não conservar adequadamente os produtos perecíveis.”
Pág. 2
Com a imputação da responsabilidade subsidiária do comerciante, o CDC previne duas situações que
poderiam gerar falhas no processo de responsabilização pelo fato:
1. Com a retirada do comerciante da regra de responsabilização porque com isso evitase que elepague por erro que não cometeu. O que se quer nos casos em que a segurança do consumidor
está sob risco é punir e educar aquele que de fato deu causa para a ocorrência do dano.
2. Ao prever a responsabilidade do comerciante nos casos em que os responsáveis originários nãopuderem ser identificados com precisão. Nada mais justo. Afinal, ao colocar o produto em
circulação sabendo que o responsável pela sua fabricação, construção, produção ou importação
não pode ser identificado com clareza, o comerciante assume o risco e atrai para si, então, essa
responsabilização. É como se o comerciante dissesse: “Ok, esse produto não é identificável, mas
eu o garanto”.
Ver jurisprudência: Responsabilidade subsidiária do comerciante
Pág. 3 Vamos agora à responsabilidade solidária do fornecedor:
“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de
sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.” (Grifos
nossos.)
O termo “solidariamente” que remete diretamente ao princípio da solidariedade, em que
mais de uma pessoa pode ser titular de um direito ou dever, está presente, no CDC, em
vários artigos além do acima citado, ao imputar responsabilidade comum àquelas pessoas
que contribuíram para a colocação, no mercado, de produto ou serviço defeituoso.
→ Consulte: CDC arts. 7º, parágrafo único; 19; 25, §§ 1º e 2º; 28, § 3º; e, 34.
Pág. 4
No vício do produto ou serviço, a solidariedade é a regra. Porém, há duas exceções. São elas:
1. Produtos in natura, isto é, produtos artesanais, que não sofreram processo de industrialização.Nesse caso, quando não identificado claramente o seu produtor, o responsável será o fornecedor
imediato. Art. 18, § 5º do CDC.
2. Produtos pesados ou medidos na presença do consumidor utilizando instrumento (balança, trena
etc.) não aferido segundo os padrões oficiais. Igualmente, responsabilidade do fornecedor
imediato. Art. 19, § 2º do CDC.
Exemplo:
João compra um carro e ao dirigilo à noite percebe que os faróis subitamente se apagam e voltam a
acender algum tempo depois. João, nesse caso, pode demandar o fabricante do carro, assim como aquele
que fornece a peça para o fabricante e, ainda, tendo ocorrido somente o vício e não o fato, o comerciante
que vendeu o carro para João. Caso seja impossível identificar o fabricante do carro e o fornecedor da
peça, João pode demandar o comerciante inclusive quando o defeito gerou um dano passível de
configuração do fato do produto, como já vimos na responsabilidade subsidiária do comerciante.
Ver jurisprudência: Responsabilidade Solidária do Fornecedor
.
Síntese
Síntese
Nesta unidade pudemos perceber a diferença entre a responsabilidade
subsidiária e a solidária. Exemplificando, à luz do CDC, a primeira é aquela
em que B passa a ser responsável quando A não pode ser identificado, e a
segunda, tanto A quanto B são responsáveis e é uma faculdade do
consumidor escolher se vai demandar A, B ou ambos.
Unidade 4 - Excludentes de Responsabilidade Civil
Entendendo a responsabilidade subsidiária do comerciante e a solidária do fornecedor, passaremos,
agora, aos casos de exclusão da responsabilidade do fornecedor, de acordo com o CDC. Analise atentamente o caput do art. 12 do CDC e seu § 3º:
“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados
aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem,
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
(...)
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado
quando provar:
I que não colocou o produto no mercado;
II que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.”
Pág. 2 - Exclusão da responsabilidade do fornecedor Como se percebe, são três as hipóteses de exclusão da responsabilidade do fornecedor:
1. Quando provar que não colocou o produto no mercado: Naturalmente, estando o produtono mercado presumese que o fornecedor o colocou. Cabe, porém, a este, rebater essa presunção,
quando puder demonstrar através de provas que não foi o responsável. Tal situação pode ocorrer
quando, por exemplo, há produtos falsificados em circulação ou quando o fornecedor foi vítima de
furto ou roubo de produto ainda incompleto para ser colocado no mercado.
2. Inexistência do defeito: Ainda que posto em circulação normal, o fornecedor prova que na
verdade não há defeito. Aqui, sendo provado que o defeito inexiste, o próprio fato gerador da
responsabilidade é fulminado. Tratase do caso em que há uma percepção equivocada por parte do
consumidor quanto ao defeito questionado. É o caso, por exemplo, da pessoa que pensa ter
passado mal por causa da ingestão de um queijo, quando percebe que este se encontra mofado.
Eis que o fornecedor demonstra que o bolor encontrado nesse queijo não só é tolerado como
desejado, que é uma característica intrínseca daquele tipo de queijo e que o passar mal do
consumidor, portanto, não teve qualquer ligação com um defeito naquele laticínio, sendo tal
defeito, assim, inexistente.
3. Culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro: Igualmente à inexistência do defeito, mais umavez, caso provada pelo fornecedor a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, o fato gerador
da responsabilidade, qual seja, o defeito, é desconstituído. Pois se há culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiro, não há o que se falar em defeito do produto. Este foi posto em
circulação pelo fornecedor em sua perfeição; porém, ao alcançar seu destinatário (o consumidor)
ou o terceiro, estes provocam o problema, seja por descuido, mau uso ou até mesmo
intencionalmente. Tal condição pode ser verificada, por exemplo, quando a despeito de aviso claro
no medicamento sobre a posologia, o indivíduo toma o dobro da dose recomendada. Ou seja, não
há defeito no medicamento e sim culpa exclusiva daquele que tomou dose superior à que se
indicou.
Síntese
Síntese
Constatado o vício ou fato do produto ou serviço, verificamos que as
hipóteses nas quais o fornecedor é eximido de responsabilidade são: quando
ele provar que não colocou o produto no mercado, quando da inexistência
do defeito ou quando provada a culpa do consumidor ou de terceiro.
Ver jurisprudência: Excludentes de Responsabilidade Civil
Exercícios de Fixação - Módulo II
Parabéns! Você chegou ao final do Módulo II do curso Introdução ao Direito
do Consumidor (parceria ILB e ANATEL).
Como parte do processo de aprendizagem, sugerimos que você faça uma
releitura do mesmo e resolva os Exercícios de Fixação. O resultado não
influenciará na sua nota final, mas servirá como oportunidade de avaliar o
seu domínio do conteúdo. Lembramos ainda que a plataforma de ensino faz
a correção imediata das suas respostas!
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