a representação social do policial militar

5/8/2018 A representação social do Policial Militar - slidepdf.com

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A representação social do Policial Militar

Este trabalho tem o objetivo de trazer uma reflexão da percepção e a

representação social do policial militar perante a população do Estado do Riode Janeiro em dois ambientes, no ³asfalto´ e na ³favela´; tem também o

interesse em mostrar como a educação também pode fazer a diferença entre

este tema, e vice-versa, mas para isso, torna-se necessário conceituar as duas

teorias para melhor compreensão de nosso trabalho.

A Teoria das representações sociais aproxima-se mais de um estudo do ser

humano, que percebe a diversidade e a ³maleabilidade´ do pensamento

humano, da geração de opiniões e da formação ideológica. Dentro da

perspectiva das representações sociais, não existe o certo ou o errado, o

melhor ou o pior, mas o entendimento e o conhecimento das várias faces que

um único fato pode tomar e da análise das razões que estão por trás destas

representações. É mais do que entender a opinião do outro, no que diferencia

representações sociais de opinião, mas sim um entendimento da geração de

opiniões, assim como de imagens. MOSCOVICI (1978: 44-48)

Percepção é a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, a

partir de histórico de vivências passadas. Através da percepção um indivíduo

organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao

seu meio. Consiste na aquisição, interpretação, seleção e organização das

informações obtidas pelos sentidos. A percepção pode ser estudada do ponto

de vista estritamente biológico ou fisiológico, envolvendo estímulos elétricos

evocados pelos estímulos nos órgãos dos sentidos. Do ponto de vista

psicológico ou cognitivo, a percepção envolve também os processos mentais, a

memória e outros aspectos que podem influenciar na interpretação dos dados

percebidos.

Com isso, podemos perceber a complexidade de tal estudo já que a teoria das

Representações Sociais parte da premissa que existem formas diferentes para

se conhecer, se comunicar guiadas por objetivos diferentes e define duas delas

na nossa sociedade: a consensual e a científica, cada uma gerando seu próprio



universo. Porém cada uma com seu próprio universo e propósitos diferentes,

eficazes e indispensáveis para a vida humana. A forma consensual é a mais

freqüente, pois origina do senso comum (onde aparentemente não há

fronteiras), enquanto a científica é mais discutida pelo meio científico entre os

³experts´.

A fronteira entre a razão e o senso comum, a razão e a emoção, sujeito e

objeto. A realidade é socialmente construída e o saber é uma construção do

sujeito, mas não desligada da sua inscrição social. Assim, Moscovici propõe

uma psicossociologia do conhecimento, com forte apoio socioló gico, mas sem

desprezar os processos subjetivos e cognitivos.

A representação social, portanto, não é uma cópia nem um reflexo, uma

imagem fotográfica da realidade: é uma tradução, uma versão desta. Ela estáem transformação como o objeto que tenta elaborar. É dinâmica, móvel.

A representação, portanto, repito, não é cópia da realidade, nem uma instância

intermediária que transporta o objeto para perto/dentro do nosso espaço

cognitivo. Ela é um processo que torna conceito e percepção intercambiáveis,

uma vez que se engendram mutuamente, como no caso do inconsciente,

agitado ou do complexo visível a olho nu.

Introdução

Para termos uma melhor visão, é necessário saber como o Policial Militar

(passaremos a representá-lo pela sigla PM) se vê, dentro do seu contexto

social, profissional e pessoal, levando em conta o seu contato com o mundo,

sua história, sua vivência e porque não dizer, com sua visão e todos os

atravessamentos existentes.

As explicações relativas às nossas crenças e idéias que nos permitem evocar

um acontecimento, pessoa ou objeto e são resultantes da interação social, pelo

que são comuns a um determinado grupo de pessoas, importante também

ressaltar que para se definir ou entender a representação social de um PM,



devemos lembrar que a ação policial cotidianamente é posta em movimento

por três fontes:

- São prescritas de maneira imperativa pela hierarquia superior.

- São respostas quase obrigatórias às solicitações do público.

- São iniciativas do próprio policial.

A partir dessa observação podemos afirmar que o sistema policial é

indissociavelmente a um instrumento de poder que lhe dar ordens, um serviço

público que pode ser requisitado por todos e uma profissão que desenvolve

seus próprios interesses.

A sociedade se vê representada como violenta, uma vez que, as políticas

públicas de segurança estão referidas a esse conteúdo do imaginário social,

deixando emergir sentimentos ambíguos e até contraditórios. Por um lado a

exigência de que a impunidade seja enfrentada e combatida pelos poderes

competentes, de outro lado uma recusa da violência como forma de resolução

dos conflitos, tendo então, uma sociedade que aprova a violência contra alguns

setores e regiões sociais e contesta quando ultrapassa os limites sociais.

Será que o policial sabe se situar em meio a esse conflito ideológico social?

Pode ser que a sociedade ainda não tenha compreendido que os agentes de

segurança pública também são cidadãos, desse sistema de segurança e que,

por sua vez, necessitam da mesma segurança, que se reconheçam seus

limites e valores com todos os direitos como todo cidadão ser visto com limites

enquanto cidadãos e valores enquanto policiais.

Quando um policial, ao falar da função ou missão dos policiais, admite que a

natureza dessa função (PM) é ser alguém diferente do cidadão comum, pois

cumprir sua missão pode ser sinônimo de matar ou morrer, ele afirma que de

certa forma tem poder sobre a vida e a morte é o diferencial entre ser policial

ou cidadão comum e é com essa visão que ele tem de si mesmo que ele (o

PM) vai se relacionar com a sociedade: como cidadão e como policial.



Analisando o treinamento da Elite do BOPE, da Policia Militar do Rio de

Janeiro, observamos que o treinamento é muito rigoroso é muito tático e

puxado, pois os soldados têm que possuir: Força, Velocidade, Equilíbrio,

Disposição e muita Garra. Na triagem da corda os soldados precisão ter

agilidade nas mãos e pernas para subir na corda e tocar no ponto mais alto dabarra, pular um obstáculo que é (Muro de 2 metros de altura), e no último

treinamento os soldados são obrigados a carregar um saco de 70kg nas costa,

por 100 metros e não podem deixar cair para não serem eliminados.

O mais interessante é que todas as provas são eliminatórias, o soldado que

não atingir a meta, é automaticamente eliminado.

Esse treinamento do BOPE tem como meta, no combate ao tráfico de drogas

no Rio e em outras localidades do grande Rio. É um excelente treinamento,feito por eles, nós como cidadão precisamos de Policiais bem treinados com

competência, para proteger nosso país.

PM do Rio Cria ± ³Cidadela, treinamento tático (Cidade Cenográfica)

Policia Militar criou a Cidade Cenográfica, na zona oeste do Rio, para treinar

7.000 mil soldados, no combate ao tráfico de drogas nas vielas e becos dasfavelas, segundo a voz de comando do vídeo, os ³bandidos tem melhor visão´,

pois conhecem bem os becos e vielas, porque estão acostumados e fazem

parte do seu dia-a-dia.

ATIRADORES DE ELITE DO BOPE ± TREINAMENTO SNIPER BOPE

Observando o vídeo Atiradores de Elite, são policiais muito bem treinados para

determinadas abordagens com reféns. Em primeiro lugar eles observam o alvo,

por um bom tempo para não colocar o refém em risco; segundo eles contam

em ordem decrescente 5,4,3,2,1 e atira, no treinamento o alvo fica a 100

metros, os disparos precisam ser certeiro, no treinamento o alvo e cada vez

menor, o sargento se posiciona ao lado do alvo, o treinamento é de 4 horas por



dia sem interrupção na mesma posição, o atirador informa a situação do alvo e

observa dos riscos por causa do refém.

Avaliando esse treinamento pelo vídeo, gostei muito, todas as táticas

abordadas com precisão, cuidado, inteligência, criatividade. O que falta para

melhorar nossa policia militar é comprometimento não só por parte dos policiais

e sim órgãos competentes (Governo Estadual, Federal) e a nossa população.

³A Polícia Militar é o reflexo da nossa sociedade. O homem antes de ser

um policial é um cidadão´.

Introduziremos assim, para melhor compreensão alguns trechos da entrevista

feita com alguns PMs, para que possamos assim ter a oportunidade de ver com

os olhos deles.

...³Quando o homem começa a olhar muito para dentro do Mal, o Mal começa a

olhar muito para dentro do homem«´

1° pergunta: Como você vê a instituição da policia militar?

R: ...³Hoje a instituição está vendo o PM de uma forma mais humana, mas está

ainda muito há quem, EU NÃO ME SINTO APOIADO E ÀS VEZES ME SINTO

USADO, sei que é o meu dever, mas gostaria às vezes de escutar um

obrigado, (mas não sou frustrado por ser policial). A população e o governo

quer mais de nós mas também somos passíveis a cometer erros (colamos as

placas), vivemos constantemente estressados´...³A sociedade não reconhece

nosso trabalho e sempre pede uma resposta, seja em quaisquer

circunstâncias´...

...´Tenho 3 personas, mas às vezes sou só a instituição...´



2° pergunta: Como a sociedade vê o policial militar?

R: ...³A sociedade nos vê como um mal necessário« a sociedade não

consegue esperar a ação policial, ela quer uma ação imediata. Mas quando a

sociedade comete um ato ilegal ela nos descrimina por fazermos nosso

trabalho. Ex: uma pessoa que fura o sinal de trânsito. Oferecem-nos propina e

nós é que somos corruptos!´...

...³Ninguém quer o policial por perto, mas quando precisa« Ex: Eu costumo

comparar o policial há uma criança, que quando tá por perto incomoda, mas

quando tá longe faz FALTA´...

3° pergunta: Que impacto a forma que a sociedade te vê tem na sua vida

pessoal?

R:-...´Ah em tudo, em tudo sou policial militar 24 horas por dia, a sociedade não

me deixa esquecer isso, nos faz lembra, nos pede ajuda e ao mesmo tempo no

discrimina. Quando estou de folga eu só quero curtir a minha vida´...

4° pergunta: Você tem medo em andar com sua família aqui no Rio de Janeiro?

R: ...³Bom quando eu ³to´ de folga eu me lembro do medo que eu não tenho

quando estou de serviço e acabo tendo que andar com documentos que não

são os meus para tentar proteger a minha família e nem ando armado ³...

5° pergunta: O senhor acredita em heróis?

R: ...³Meu herói é Deus e a sociedade precisa é disso, e essa parte do limite

que falta na sociedade a religião faz isso, e a religião é uma coisa muito

importante para o homem, a sociedade precisa muito disso, por que senão o

homem não tem limite, você imagina a geração de hoje que foi criada ouvindo

Cazuza, dizendo: ³os meus heróis morreram de overdose´...



...³Infelizmente as pessoas tem esses caras como ídolos, uma total troca de

valores, eles vêem o policial como repressor, mas quem vai cuidar do estado,

manter a ordem se não for o policial militar´...

6° pergunta: O senhor acha que instituição policia militar recebi das

outras instituições governamentais o apoio e a consideração devida?

R: ...³Recebe quando é necessário receber« quando se fala de U.P.P aí eles

colocam a polícia lá em cima«Mas eles falam que o BOPE é tropa de elite da

polícia militar e os outros são os barrigas ³azuis´«então eu quero saber se fala

que uma parte é boa a outra«eu sou o que? Então eu sou ruim? A mesma

coisa é a U.P.P se o morro está bem protegido; quem então protege o

asfalto?...eles dizem que os policias da U.P.P não tem vícios; então eu sou

viciado?

A resposta da sociedade:

Qual é a sua visão da polícia militar?

R: ...³O morador de comunidade tem medo da polícia, pelo motivo, que elesfalam que lá 90% dos moradores são pessoas de bem« Mas será que eles

pensam assim? O policial faz discriminação na hora da abordagem é só ele ver

um negro ou um moreno que logo parte pra cima« ainda aqui na Zonal sul´«

Conclusão

A partir das entrevistas que não foram apresentadas na íntegra e sim nas

respostas que mais foram mais significativas e a partir de tantas respostas,

reflexões, divergências e igualdades podem ver quanto as nossas per cepções

nos fazem pensar de acordo com o que acreditamos e não como elas são na

verdade, uma vez que não temos o hábito de refletir, pensar, analisar e nos

colocar no lugar dos outros sem ao menos parar para ouvir sua versão.



Com isso, também podemos ver o quão é importante a nossa profissão, que

para ser um bom Psicólogo é de extrema importância a empatia, o ouvir o

outro, o saber de suas razões, para que possamos desconstruir os nossos

equívocos e reconstruir a partir da visão que reflete ao interesse de todos ou ao

menos da maioria.

Assim, muito trabalho ainda tem pela frente para conscientização da

necessidade da mudança, da empatia e da cumplicidade com o outro uma vez

que quando passarmos a nos colocar no lugar do outro, teremos mais

oportunidades de uma convivência mais justa, mais saudável e com mais

respeito.

a representação social do policial militar

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