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A REPRESENTAÇÃO DO JUDEU NA IMPRENSA OITOCENTISTA SERGIPANA:
UMA ANÁLISE DO FOLHETIM “ESMERALDA, A APÓSTATA” (1883-1884)
Nelson Santana Santos1
Resumo:
Inspirado na abordagem característica da micro-história italiana, o presente estudo consiste
em uma microanálise acerca da conjugação entre literatura e jornalismo como locus de
reprodução de ideias de teor racista no Brasil do século XIX. Mais especificamente:
empreende uma análise da representação dos judeus no folhetim intitulado “Esmeralda, a
apóstata”. Trata-se de um texto de autoria de F.M. de Moraes, dividido em 10 capítulos, e
publicado no jornal aracajuano “O Guarany”, entre os anos de 1883 e 1884. O foco da análise
são os traços negativos de personalidade atribuídos aos personagens judeus presentes no
enredo. Baseado nas noções da literatura como fonte histórica e do jornalismo como
instrumento de construção e reprodução de identidades e representações identitárias, o
presente trabalho busca evidenciar como no texto em análise verificam-se indícios da
representação – ainda que literária – dos judeus em moldes típicos dos estereótipos elaborados
pelo pensamento antissemita e reforçados pelos ideais do Darwinismo Social então vigente.
Palavras-chave: Antissemitismo. Literatura. Sergipe. Século XIX.
INTRODUÇÃO:
A relação existente entre a atividade da imprensa e a divulgação de ideologias e
preconceitos não chega a ser exatamente uma surpresa para os estudiosos da História do
Brasil Oitocentista. Apesar do discurso tradicional da imprensa contemporânea reivindicar
para si a pecha de tratar-se de uma leitura da realidade o mais objetiva e imparcial possível, o
contato com os periódicos oitocentistas revela ao historiador uma realidade na qual muitas
vezes o direcionamento ideológico encontrava-se estampado já no título da publicação2. O
presente texto parte do pressuposto de que a escrita jornalística se constitui em fonte
privilegiada de acesso às ideologias e preconceitos vigentes numa dada sociedade e numa
dada época. Tal pressuposto se mostra especialmente válida quando se trata de uma sociedade
na qual o jornal desempenhava uma função informativa tão preponderante quanto era o caso
da sociedade do século XIX – tanto brasileira, quanto sergipana.
1 Mestrando em Ciências da Religião e graduado em História e Direito, todos pela Universidade Federal de
Sergipe. E-mail: [email protected]. 2 O que dizer sobre a imparcialidade de jornais com nomes tais como O Conservador, O Liberal, A Reforma,
Folha Trabalhista, Gazeta Socialista, O Republicano? - todos circulantes no Sergipe dos anos oitocentos.
2
O estudo, do qual este artigo constitui um dos passos iniciais, envereda por um filão
bastante utilizado pela historiografia brasileira contemporânea qual seja o recurso à literatura
jornalística como fonte privilegiada para a identificação dos processos de formação,
divulgação e massificação de ideologias ou ideários preconceituosos ao longo do tempo.
Mais especificamente, trata-se de identificar possíveis indícios de antissemitismo em
um folhetim publicado em um jornal sergipano do século XIX. O folhetim em questão se
intitula “Esmeralda a apóstata” e sua publicação ocorreu no jornal aracajuano “O Guarany”,
entre os anos de 1883 e 1884.
O antissemitismo é definido por um dos mais festejados dicionaristas brasileiros
(HOLANDA, 1986, p. 136) como uma “doutrina ou movimento contra os judeus”. Sandro
Ortona, no Dicionário de Política de Norberto Bobbio, por sua vez, esclarece que de tal
conceito deve ser entendido, de maneira mais precisa, como “a hostilidade direta contra os
hebreus considerados como comunidade complexa, nas suas conotações étnicas de povo e de
religião” (ORTONA, p. 40).
A busca pelas origens do termo “antissemitismo” revela que seu uso inicial é atribuído
ao alemão Wilhelm Marr, por volta de 1880 (muito próximo da temporalidade aqui estudada,
portanto) (STIVELMAN, 2006, p. 73), embora o fenômeno descrito seja bem mais antigo e
remonte mesmo até a Antiguidade. É preciso destacar também que o uso corrente que se faz
do termo “antissemitismo” revela uma imprecisão semântica. Semita refere-se a povos cujo
idioma pertence ao ramo linguístico semita, do qual podemos citar as línguas hebraica e
árabe. Portanto, ao pé da letra, o antissemitismo significaria um padrão de atitudes hostis
contra povos de língua de origem semítica e não contra indivíduos oriundos de uma dada
etnia. Para comprovarmos a imprecisão do uso de tal termo basta lembrar que nem todos os
judeus falam hebraico (ou outra língua qualquer de origem semítica), circunstância essa que
não garante a tais indivíduos a segurança de estarem livres de serem alvos das atitudes
nomeadas como antissemitas. A despeito de tais cautelas linguísticas, o fato é que na
linguagem do senso comum e até mesmo na Academia, o antissemitismo é visto como a
hostilidade direcionada contra os judeus.
1 ANTISSEMITISMO E RACISMO
A questão do racismo é um tema que já há algum tempo tem despertado a atenção de
historiadores e cientistas sociais brasileiros. A este respeito, Maria Luiza Tucci Carneiro
3
(2005, p. 9) destaca que “desde a década de 1980, as pesquisas sobre o racismo no Brasil vêm
aumentando consideravelmente nas mais variadas disciplinas das Ciências Humanas.
Assumindo um caráter científico, esses estudos têm se preocupado em avaliar os conflitos
raciais com o objetivo de refutar as ideologias racistas divulgadas, principalmente, a partir das
últimas décadas do século XIX e a primeira metade do século XX”.
Não por acaso, uma das conexões importantes do antissemitismo desde seu
nascedouro refere-se a sua relação com as teorias e ideologias racistas. Assim como estas, o
antissemitismo também atribui características negativas a determinados elementos em função
de sua origem ou pertença étnica.
No caso do Brasil do século XIX, esta conexão ganha relevo ainda mais especial a
partir do momento em que se leva em conta que boa parte da intelectualidade brasileira de
finais do referido século encontrava-se em processo de assimilação e defesa de ideias de
cunho racista – então tomadas sob o estatuto da mais alta novidade científica. Um olhar mais
acurado sobre os intelectuais oitocentistas embevecidos com o “racismo científico”
(intimamente ligado ao darwinismo social) permite identificar com relativa facilidade que a
intelectualidade sergipana também tomou parte no processo de apropriação de tais ideologias
(hoje pseudo) científicas. Um dos nomes mais representativos deste processo foi o lagartense
Sílvio Romero. Tal posto – já à época – e até hoje é nacionalmente reconhecido.
Vale destacar, no entanto, que o principal eixo de discussão destes intelectuais, em
finais do século XIX, sobretudo a partir dos estertores do Império brasileiro, era a questão do
“branqueamento”. Convencidos de que a presença de índios e negros no cadinho étnico
brasileiro poderia representar uma impossibilidade da Nação brasileira fazer parte da elite
étnica e intelectual (branca e europeia), tais pensadores chegaram a formular soluções que aos
olhos de observadores do século XXI podem parecer bastante quiméricas e que contudo foram
discutidas à época no mais alto nível da elucubração científica positivista. Uma dessas
soluções seria justamente o “branqueamento”, a ser obtido através da inserção de elementos
oriundos da Europa a fim de que, através do processo de miscigenação, tal etnia pudesse
futuramente predominar sobre as demais e promover a inserção do Brasil no mundo “branco”.
Dentro de tal contexto de debates, o antissemitismo não se encontrava na ordem do
dia. Sob certo ponto de vista, é possível conjecturar que talvez até fosse desejável a presença
de alguns judeus entre os brasileiros, afinal de contas em comparação com os “mestiços”
brasileiros eles seriam facilmente considerados como brancos.
4
Apesar disto, mesmo não estando na ordem do dia, algumas fagulhas de
antissemitismo podem ser encontradas esporadicamente na literatura da época. Cabe a elas,
em pequenas doses, consolidar imperceptivelmente a referida doutrina de maneira a torná-la
um lugar-comum. Algo que se aprende e se repete mesmo sem saber ou perceber. O texto
aqui discutido é um exemplo disso. Com um agravante: salvo melhor juízo, a presença judaica
em Sergipe, nos anos dos mil e oitocentos, era se não nula, ao menos numericamente
insignificante3. Estaríamos diante de um caso de disseminação do antissemitismo mesmo
onde seu objeto – o judeu – , ao menos do ponto de vista formal, não mais existe ou nunca
existiu?4
2 O FOLHETIM “ESMERALDA A APÓSTATA”
O texto que serve como fonte principal para o estudo do qual este artigo faz parte foi
publicado no jornal aracajuano “O Guarany”5. O referido periódico circulou entre os anos de
1878 e 1884, e no ano de 1887. Era um jornal produzido no formato 0,40 x 0,26 m. Contava
com quatro páginas nas quais eram dispostas inicialmente cinco colunas de textos e depois
quatro. Sua impressão se dava na Tipografia do Diário de Sergipe . O proprietário do jornal
era João Belisário Junqueira, o qual diga-se de passagem, era simultaneamente proprietário do
jornal “O Cansanção”, também fundado em 1878 (GUARANÁ, p. 781-782) .
Quanto ao texto em si, sua publicação se deu em edições dadas a lume entre os dias 12
de outubro de 1883 e 18 de abril de 1884. Quanto à divisão, constava de dez capítulos, os
quais foram publicados ao longo de nove edições do jornal (quase sempre um capítulo por
edição). Quase todos os capítulos possuíam títulos, sendo o primeiro a única exceção. Apesar
de numerosos esforços no sentido de obter maiores informações sobre o autor – F. M. de
Moraes – não foi obtido êxito neste sentido, até o momento. Este é um dos pontos deste
estudo que ainda precisam ser aprofundados.
3 Em seu estudo sobre os judeus no Brasil Imperial, o casal Egon e Frieda Wolff (1975) reuniram documentos
comprobatórios da presença judaica em diversas províncias do norte do Império, tais como Pernambuco, Bahia,
Alagoas, sem que no entanto obtivessem o mesmo êxito em relação a Sergipe. 4 Embora haja registros da presença de cristãos-novos em solo sergipano durante o período colonial, ainda que
alguns destes praticassem o judaísmo em secreto, em termos formais não há como computá-los formalmente
como representantes do povo judeu em Sergipe, já que no Brasil colônia, à exceção do período de domínio
holandês, a única religião permitida era o catolicismo. 5 Ao longo do século XIX, mais precisamente em sua primeira metade, outro periódico intitulado “O Guarany”
circulou em terras sergipanas. Trata-se do homônimo laranjeirense, publicado entre 1847-1848 (GUARANÁ, p.
800).
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2.1 A HISTÓRIA DE ESMERALDA, A APÓSTATA
Apresentadas as coordenadas gerais do texto em análise, é de bom tom apresentar um
breve resumo do enredo do folhetim. Ao longo desta sucinta apresentação aproveitamos para
tecer alguns comentários sobre as passagens mais relevantes para os propósitos deste estudo.
2.1.1 Capítulo I:
[Foi publicado na edição de nº 34, saída em 12 de outubro de 1883, à página 2]. A
trama tem seu início no período em que, segundo o narrador, a “terrivel epidemia, – o cholera
morbus, invadia algumas provincias do norte do Imperio”. Um dos protagonistas da história,
Henrique, tornou-se órfão em razão de seus pais terem sido vitimados pela referida doença.
Em consequência disto, o menino órfão foi adotado por “uma senhora hebréa, casada com um
judeu natural da Palestina, mas dotada de bondoso coração” (itálicos nossos). A mãe adotiva
de Henrique chamava-se “Rachel”, seu esposo “Izaac”, e sua filha, quase da mesma idade que
o órfão, atendia pelo nome de “Esmeralda”. As duas crianças crescem juntas e desenvolvem
um sentimento recíproco que se inicia no âmbito fraternal mas posteriormente transforma-se
em paixão – também recíproca. O pai de Esmeralda manifesta clara oposição a este
sentimento e às suas eventuais consequências – das quais a mais drástica seria o casamento
entre os quase irmãos. A este respeito, Izaac já tinha planos para sua filha: pretendia casá-la
com seu primo (sobrinho de Izaac, portanto) chamado Ismael. No entanto, além do sentimento
que nutria por Henrique, Esmeralda assim descrevia seu primo e pretendente, Ismael: “o sr.
meu primo mais se parece com um judas, dos que se queima no Sabbado da Aleluia […] tem
uns olhos de coruja, um nariz de arara, umas soiças abertas no queixo, é um typo mesmo de
Judas” (itálicos nossos). Temeroso com a possibilidade de não conseguir por em execução o
plano de casamento previsto para Esmeralda, Izaac decide enviar Henrique para combater na
Guerra do Paraguai.
Já no primeiro capítulo é possível evidenciar alguns indícios do que hoje chamaríamos
de discurso antissemita. Segundo o narrador, a senhora Rachel era hebreia mas dotada de bom
coração. O uso da conjunção adversativa leva, no mínimo, à dedução de que, sob o ponto de
vista do narrador, ter um bom coração não era uma característica muito comum entre os
hebreus/judeus.
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O principal personagem judeu – Izaac, o pai da protagonista – desde o início é
apresentado como o maior adversário à felicidade dos protagonistas apaixonados. Não custa
lembrar que durante o período em análise a estética romântica ainda ditava moda, sobretudo
entre o público leitor dos folhetins. Neste contexto, o personagem Izaac – o pai judeu –
aparece como antagonista e quase como vilão. Além disto, o autor-narrador atribui a Izaac
uma das características mais arrogadas contra os judeus pelo discurso antissemita: a pecha de
conspirador. Assim como aos olhos do antissemita clássico/tradicional/típico o judeu está
sempre a tramar planos para prejudicar os cristãos (nem que para isso seja necessário
envenenar fontes ou espalhar a peste), também para o autor de “Esmeralda, a apóstata”, é o
judeu Izaac que elabora o ardil de enviar seu filho adotivo para a Guerra do Paraguai com o
claro objetivo de impedir o casamento do jovem com sua filha de sangue.
Além disso, a fala da própria protagonista, Esmeralda, revela indícios de
antissemitismo. Ela atribui a seu primo – judeu – Ismael a aparência de um Judas. Aqui a
semelhança específica com “aquele que traiu Jesus” guarda extrema proximidade semântica
com a acusação mais geral proferida contra os judeus de constituírem “um povo deicida”.
Note-se ainda que Esmeralda atribui a seu primo qualidades animalescas. Ele tem “olhos de
coruja” e “nariz de arara”. Em princípio tais características poderiam ser atribuídas a qualquer
personagem. Caso isto se confirmasse não se trataria de declarações de cunho antissemita. No
entanto, para não deixar nenhuma margem a tal interpretação, logo após a caracterização feita
por Esmeralda acerca de seu primo, a protagonista encerra o raciocínio com a seguinte
conclusão: “é um typo mesmo de Judas”.
2.1.2 Capítulo II: “O Embarque”
[O segundo capítulo foi publicado na edição de nº 36, datada de 31 de outubro de
1883, à página 2]. Inicia-se com a notícia de que Esmeralda convertera-se ao cristianismo. Ao
receber tal informação, o pai da jovem exclama o seguinte impropério: “Minha filha, essa
prenda que eu tanto amava, renegar a nossa doutrina para abraçar a seita de um impostor filho
do carpinteiro José!... Oh! Mil vezes a morte do que consentir em semelhante loucura!”. De
acordo com o autor, “desde então, Izaac olhava para sua filha como para uma creatura
extranha; mas os duzentos contos promettidos pelo seu sobrinho, o fascinavam a ponto
mesmo de cometter infamias”. Uma dessas infâmias consistiu em inserir em um jornal uma
notícia falsa acerca de Henrique e sua atuação na Guerra do Paraguai. Para tanto, Izaac
“dirigiu-se a administração de um jornal, noticioso, e pôde, à custa de dinheiro, subornar um
empregado, para que ao numero das victimas daquelle tremendo combate incluisse tambem o
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nome do capm. Henrique”. A reação da protagonista da história ao saber da (falsa) notícia é
assim descrita:
Esmeralda leu a notícia!. E com os olhos cheios de lágrimas, disse: – É
impossível!. Izaac apresentou um sentimento hypocrita, e enxugou uma falsa
lagrima. Esmeralda ficou alterada... momentos depois, ardia em febre. A
noticia do jornal produziu-lhe um effeito mortal. Izaac esperava isso mesmo.
No entanto, algum tempo depois Henrique consegue uma licença e desembarca na
terra onde fora criado e recebe de seu pai adotivo a notícia acerca do falecimento de sua mãe,
Rachel. A informação de sua chegada foi sonegada por Izaac a sua filha.
O principal escopo narrativo do segundo capítulo é a demonstração do aumento da
gravidade dos ardis intentados pelo personagem Izaac contra o amor de Henrique e
Esmeralda. Além de implantar em um jornal a falsa notícia sobre a morte de Henrique, Izaac
não se condói com o “efeito mortal” que tal comunicado causa em sua filha – na verdade
“esperava isso mesmo” – e, além disso, quando toma ciência do retorno do jovem das
trincheiras da guerra faz questão de manter tal circunstância longe do conhecimento de sua
filha. De extrema força semântica também é o fato de o autor atribuir a um personagem
adepto de outra religião (o judaísmo, no caso em análise) a descrição do cristianismo como
uma “seita de um impostor filho do carpinteiro José”. Não é preciso ser dotado de profunda
empatia histórica para perceber o potencial de ódio que uma assertiva desta poderia gerar
entre leitores educados num país onde o catolicismo era a religião oficial – como era o caso
do Império Brasileiro.
2.1.3 Capítulo III: “A Prisão”
[Saiu na edição de nº 39, publicada em 22 de novembro de 1883, também à página 2].
A mando de Izaac, Henrique é preso em um local desconhecido, cercado por quatro vigilantes
armados e com ordens para atirar em caso de fuga. O responsável pelo cárcere de Henrique
(um ex-escravo de Izaac, cuja alforria lhe fora concedida por seu antigo amo) revela-lhe quem
são seu inimigos: Izaac e Ismael. Acrescenta ainda que em alguns dias, o último casaria com
Esmeralda, a qual dava Henrique como morto. Ao saber de toda a trama e meditar sobre sua
situação, Henrique profere a seguinte promessa: “Ah... judeu do inferno! Permitta Deus que
eu possa escapar daqui, porque havemos de ajustar as nossas contas!”.
As “infâmias” dos judeus continuam. Chegam ao ponto de sequestrar o protagonista e
mantê-lo em uma verdadeira prisão particular. Diante de tantas maquinações arquitetadas
contra si só resta a Henrique descarregar toda a sua fúria contra Izaac através de uma frase
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que associa seu pai adotivo ao lugar mais temido e indesejado por todo e qualquer cristão:
“Ah...judeu do inferno”.
2.1.4 Capítulo IV: “A Surpresa”
[Publicado na edição de nº 42, saída em 13 de dezembro de 1883, página 2].Este
capítulo descreve a reclusão de Esmeralda em seu quarto, em parte por imposição de seu pai,
e em parte em razão de sua tristeza pelos falecimentos de sua mãe e de Henrique (ainda que
este último não tivesse efetivamente ocorrido). A postura mais comum dela em tal situação
era a oração. Numa destas ocasiões de oração, seu primo Ismael entra no quarto e profere a
seguinte sentença:
Esmeralda... Esmeralda! Para que te entregaste a religião falsa desse Messias
impostor? … Para que te tornaste apostata, abandonando a nossa religião, e
seguiste a desse embusteiro, que os nossos antepassados conheceram nas
ruas de Jerusalém feito um mendigo?
Através da esposa do mulato Manuel (o escravo de Izaac), Esmeralda acaba
descobrindo que Henrique estava vivo e encontrava-se aprisionado a mando de seu pai na
mesma propriedade em que residiam. Esmeralda, então, de forma escondida, consegue falar
com Henrique (sem conseguir vê-lo) e informa que um homem o libertaria posteriormente e
que ele reconheceria este personagem através do uso da senha “Golgotha”.
Mais uma vez, da boca de um personagem judeu é proferida uma agressão direta
contra a religião cristã, numa descrição da figura central do cristianismo nos moldes típicos
daquilo que os cristãos consideram como um sacrilégio. As falas de Ismael e de Isaac (esta
última referida algumas linhas atrás) coadunam-se perfeitamente com o estereótipo criado
pelo antissemitismo no sentido de que os judeus são inimigos e detratores da fé cristã.
2.1.5 Capítulo V: “Nova Traição”
[Iniciado na mesma edição que o capítulo IV e finalizado na edição de nº 43, saída em
20 de dezembro de 1883, à página 2].O portador da senha “Golgotha”, que na verdade era
Manuel, o responsável pela custódia, consegue cautela libertar Henrique, este no entanto, em
sua fuga, acaba sendo atingido por um tiro e, por ordem de Izaac, retorna ao mesmo cativeiro
onde se encontrava antes da fuga. Diante de tais fatos “o velho judeu, que não perdia occasião
de desvanecer sua filha do amor de Henrique, contou-lhe com toda a hypocrizia aquelle fatal
acontecimento, e disse-lhe que Henrique havia sucumbido”.
2.1.6 Capítulo VI: “O Sacrifício”
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[Publicado na edição de nº 43, saída em 20 de dezembro de 1883, à página 2]Izaac e
Esmeralda mudam de residência, em razão de recomendação médica para que a mesma
pudesse espairecer. Na nova residência, Esmeralda passa a contar com a companhia de uma
amiga chamada Luiza.
2.1.7 Capítulo VII: “A Fuga”
[Publicado na edição de nº 45, saída em 03 de fevereiro de 1884, à página 2] Izaac
visita Henrique em seu cativeiro e em meio a uma conversa muito tensa revela que o
casamento entre os dois primos se dará em um dia e acrescenta que Esmeralda consentiu em
sua união com Ismael. No dia marcado para o casamento, Henrique recebe mais uma vez a
ajuda de Manuel e desta feita a fuga é exitosa. Os dois se dirigem até a casa de Manuel.
2.1.8 Capitulo VIII: “O Suplício”
[Publicado na edição de nº 47, saída em 22 de fevereiro de 1884, à página 2] Durante a
cerimônia de casamento, Esmeralda comportava-se de forma estranha, com risadas incomuns
que levavam os convidados a acreditarem que estava louca. A certa altura da festa, Esmeralda
perde os sentidos e um médico profere o seguinte diagnóstico: “está morta; não do corpo, mas
do espirito! Para salvar aquella infeliz a medicina é impotente”. Ao ser levada para o quarto
por amigas, Esmeralda revela-lhes que não tem problema de saúde algum. Na verdade estava
muito feliz com a alegria que sentia naquele dia. Com a saída das demais amigas, conta a
Luiza que irá praticar suicídio através da ingestão de veneno, com o o objetivo de provar “no
ceo, que não fui perjura, que não fui falsa ao meu Henrique”. O veneno é ingerido e
Esmeralda dirige-se ao cemitério onde acreditava estar Henrique enterrado.
2.1.9 Capítulo XIX: “A Ressuscitada”
[Publicado nas edições de 08 e 22 de março de 1884, em ambos os casos à página 2]A
ausência da noiva começa a ser notada pelos presentes e sua tentativa de suicídio e sumiço é
revelado aos presentes. Izaac e Ismael se dirigem ao cemitério e lá encontram Esmeralda,
morta (ao menos ao que tudo indicava). No cemitério também aparecem Manuel e Henrique
que igualmente ficam sabendo da tragédia. Os dois judeus “abandonaram Esmeralda e
fugiram como dois assassinos perseguidos pela polícia”. Henrique diante do suposto cadáver
de sua amada vaticina: “- Judeus do inferno, haveis pagar-me caro”. Luzia, a amiga de
Esmeralda revela que esta não está morta mas apenas adormecida por um narcótico, cujo
antídoto ela possui. Revela ainda a Henrique que “aquelles infames judeus o enterraram
phantasticamente”. para fazer Esmeralda crer na morte dele e que o casamento dela com
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Ismael deu-se apenas para que seu pai pudesse saldar uma dívida através dos 200 contos que
recebeu do noivo pelo casamento.
Mais uma vez o texto reitera o uso do adjetivo “infernais” aos personagens judeus
assim como os define textualmente como “assassinos”. É nítido também, nesta passagem do
texto, reforço do estereótipo do judeu como elemento que atribui à questão financeira uma
importância maior que a dada aos valores interpessoais tais como os familiares a ponto de
casar sua filha em troca de certa quantia em dinheiro.
2.1.10 Capítulo X: “A Felicidade”
[Publicado na edição de nº 53, saída em 18 de abril de 1884, à página 2] Henrique e
Esmeralda vivem felizes em sua residência, já possuem um filho e desfrutam da companhia de
Manuel e de sua esposa Maria. Certo dia, aparece em sua residência um mendigo pedindo
esmola e agasalho por uma noite. Seu nome é Jozafat. Manuel desconfia que Jozafat na
verdade é Izaac o sogro/pai adotivo de Henrique. Henrique chega à mesma conclusão que
Manuel e decide perdoá-lo e convida-o para um almoço durante o qual filha e pai se
reconhecem e se reconciliam. Izaac pede perdão à sua filha e a seu genro e profere a seguinte
enunciação:
É o meu castigo! Creio que Jesus é o victorioso. É o verdadeiro Deus dos
homens. Estou sinceramente arrependido […] Ah! Deus seja testemunha do
meu arrependimento. Desde já juro ser fiel a lei de Christo e desprezar essa
religião falsa em que tantos annos vivi.
Além de tais sinais de conversão ao cristianismo, Izaac também “beijou a imagem do
Crucificado” e declarou que naquele mesmo dia queria ser batizado. O folhetim termina com
o seguinte desfecho:
No dia seguinte, Izaac deixava de ser judeu para ser christão. Estava
baptisado pelo nome de João. Desapparecram os resentimentos e antigos
odios. O velho Izaac continuou a viver no meio de seus filhos com a maior
harmonia e intimidade invejáveis. FIM.
Ao final da história, como em todo bom folhetim, quase todos os personagens
terminam felizes para sempre. Até Izaac que atribuíra a sua filha o epíteto de apóstata, em
atitude similar à de sua herdeira, descobre a verdadeira religião – o cristianismo – e abjura de
sua antiga seita – o judaísmo. Seus deslizes praticados no passado são perdoados e inicia-se o
reino da “harmonia e da intimidade invejáveis”.
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3. O ANTISSEMITISMO COMO TEMA HISTORIOGRÁFICO:
Os estudos sobre o antissemitismo constituem um dos temas mais abordados pelos
pesquisadores interessados na história e na cultura judaica no Brasil. Esta tendência é
confirmada por especialistas como Marcos Chor Maio e Carlos Eduardo Calaça. Para este
autores, “o anti-semitismo é um locus privilegiado de estudo sobre a presença de cristãos-
novos e judeus no Brasil” (MAIO; CALAÇA, 2005, p. 425). No entanto uma ressalva feita
pelos mesmos autores e que ganha significância especial em relação ao tema abordado neste
artigo é que “a literatura sobre o tema concentra-se em dois períodos: entre os séculos XVI e
XVIII e no decorrer da década de 1930” (MAIO; CALAÇA, 2005, p. 425). No primeiro
período, os alvos principais são os cristãos-novos, os quais apesar de legalmente proibidos de
praticar qualquer outra religião que não o catolicismo acabavam sendo alvo de discriminação
e perseguição (ou até de condenação pela Inquisição) em razão de sua judaicidade real ou
imaginada. No segundo momento, o alvo são os imigrantes judeus que começam a chegar ao
Brasil, em sua maior parte devido ao avanço do nazismo e do fascismo na Europa. Nota-se,
portanto, que o século XIX constitui-se em um hiato nos estudos acerca do antissemitismo no
Brasil. Curiosamente, é dentro deste exato recorte temporal que se situa o objeto por nós ora
estudado. Se em termos de Brasil, a presença de judeus ou cristãos-novos parece ter minguado
neste período, o que dizer então de Sergipe, a menor das províncias imperiais brasileiras?
Em sua trilogia História do Antissemitismo, Léon Poliakov estabelece uma tipologia
consistente em duas formas de antissemitismo, por ele definidas como “antissemitismo em
estado puro” e “antissemitismo ativado”. À primeira categoria corresponderiam as
manifestações antissemíticas ocorridas na ausência dos judeus. O último conceito, por sua
vez, abarcaria as reações “suscitadas pela presença dos judeus” (POLIAKOV, 1979, p. 147-
148). Se seguirmos a tipologia pensada por Poliakov enxergaremos em “Esmeralda a
apóstata” um claro indício literário do “antissemitismo em estado puro”.
Um dos principais mecanismos de difusão deste “antissemitismo em estado puro” é
justamente a literatura. Sobre este aspecto, Raquel Stivelman (2006, p. 75, itálicos no
original) cita como exemplos dessa fenômeno:
A descrição dos judeus como assassinos rituais de jovens crianças cristãs no “Contos
da Abadessa” de Chaucer, no livro Os Contos de Canterbury, alguns séculos após a
expulsão de todos os judeus da Inglaterra e a caracterização dos judeus como agiotas
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que queriam colher seus juros no Mercador de Veneza de Shakespeare, 300 anos
após a expulsão dos judeus.
Como foi possível ver, em “Esmeralda a apóstata”, os judeus Izaac e Ismael são
retratados tanto como assassinos quanto como descaradamente ávidos por dinheiro.
A historiadora e psicanalista Elisabeth Roudinesco (2010, p. 15) esclarece que “como
muito bem apontou Hannah Arendt, devemos evitar confundir o antissemitismo, ideologia
racista que surgiu no fim do século XIX, e o antijudaísmo, que se desenvolveu no Ocidente
cristão depois que o cristianismo se tornou religião de Estado”. Ao passo que este apresenta
seu fundamento na diferença religiosa do judeu, o primeiro se trata de uma ideologia racial e
política. Ao passo que o antijudaísmo pretendia a conversão do judeu, o antissemitismo
desemboca no desejo de sua eliminação. Apesar disto, a própria pesquisadora francesa
reconhece que “o antissemitismo acabou integrando, na sua própria definição, os principais
significantes do ódio ao judeu. Por isso é que a palavra pode ser conservada como termo
genérico que permite designar todas as formas de discurso antijudeu” (ROUDINESCO 2010,
p. 23).
Tratando das consequências do movimento iniciado por Marr, Elisabeth Roudinesco
(2010, p. 53) esclarece que “em poucos anos, e até a Primeira Guerra Mundial, o
antissemitismo se difundiu por toda a Europa sob inúmeras variantes: biológica, higienista e
racialista na Alemanha, nacionalista e católica na França. Seus partidários formaram ligas por
toda a parte e criaram uma imprensa especializada na denúncia e na injúria, visando um
amplo público em busca de bodes expiatórios. Publicaram vários panfletos contra o espírito
iluminista, retomando, em diversos graus, os principais componentes do antijudaísmo cristão
para reintegrá-los a um programa político contestatário, antiliberal, monarquista, antimarxista,
populista, xenófobo, antiuniversalista, antimoderno, antiemancipador e antiprogressista”.
Em 1886, três anos após a publicação de “Esmeralda, a apostatha”, portanto, o
jornalista francês Édouard Drumont publica La France juive, considerada uma das obras mais
claramente antissemitas de toda a literatura mundial. Neste livro, que Roudinesco (2010, p.
54) descreve como “verdadeiro manual fundador do antissemitismo constituído”, o semita é
descrito como “uma criatura vil, gananciosa, ardilosa, feminina, escrava dos instintos,
nômade” (ROUDINESCO, 2010, p. 54). Acreditamos que as grandes semelhanças entre o
semita descrito por Drumont e os judeus retratados por Moraes não são de forma alguma mera
coincidência.
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Em seu estudo sobre o preconceito racial em Portugal e no Brasil colônia, Carneiro
resume como o preconceito racial opera uma estereotipagem dos integrantes de um
determinado grupo étnico como portadores de determinadas características que lhe seriam
próprias. Neste modo de classificação/estigmatização, por exemplo “os negros são
apresentados como brutais e estúpidos, sujos e imorais. Os judeus são vistos como
exploradores, sujos ou desonestos; enquanto os ciganos são vagabundos, trapaceiros,
imundos, vadios e ladrões” (CARNEIRO, 2005, p. 14, itálicos nossos).
Um dos instrumentos de pesquisa utilizados por Maria Luiza Tucci Carneiro foi o
recurso à ferramentas oriundas da linguística com o objetivo de apreender dos pontos de vista
quantitativo e qualitativo como o preconceito racial se manifesta através da linguagem. Entre
os termos explicitados pela pesquisadora da USP, merecem destaque, para os objetivos deste
texto, os vocábulos “judeu” e “apóstata”. De acordo com Carneiro (2005, p. 264-265, itálicos
no original), “no século XIX judeu é definido apenas como sendo aquele indivíduo que segue
a lei de Moisés, por inteiro, e os ritos e costumes judaicos. […] As palavras apóstata e
apostasia mantiveram o mesmo significado do século XVIII ao XX, referindo-se sempre
àquele indivíduo que se afastou da 'Nossa Santa Fé Católica', negando tudo o que ela ensina”.
De fato todo o enredo de “Esmeralda a apóstata” transcorre um meio a um pano de fundo que
opõe a religiosidade “falsa” dos judeus Izaac e Ismael à religião verdadeira das personagens
cristã e criptocristã, respectivamente, Esmeralda e Rachel.
Em um importante ensaio acerca das relações entre literatura e história na
historiografia brasileira recente, Virgínia Camilotti e Márcia Regina Naxara (2009, p. 14)
vislumbram um quadro marcado por pelo menos duas posturas ou modos de operação
bastante diferentes os quais consistem resumidamente em “uma historiografia do literário” e
“uma historiografia a partir do literário”. Para as referidas historiadoras:
Num extremo, o literário é tomado como substrato de inquirição pelo
historiador, tendo em vista a reconstituição do que é identificado pelo nome
de História, como algo que o antecede; no outro, o literário é tomado como
substrato para o escrutínio de percepções, representações, figurações, por
meio das quais se busca os movimentos de instituição de imaginários e da
própria temporalidade enquanto tal (CAMILOTTI, NAXARA, 2009, p. 14).
A abordagem da qual mais nos aproximamos neste texto corresponde ao segundo caso
enunciado pelas autoras. A utilização que fizemos da fonte literária, neste trabalho, procura
encontrar ali reverberações de imaginários característicos da temporalidade em questão.
Buscamos, acima de tudo, encontrar no substrato literário os ecos de crenças e valores típicos
da sociedade que produzia e consumia tal literatura. No entanto, como em história (ou
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qualquer outra ciência humana) nenhum tipo de compartimentação é completamente estanque,
vale dizer que não podemos vislumbrar no texto literário apenas o reflexo das representações
elaboradas pela sociedade oitocentista. É preciso enxerga-lo também como um instrumento de
construção e reprodução destas representações. Representações estas que contribuem para a
perpetuação de ideários preconceituosos e discriminatórios como os característicos do
antissemitismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
No presente texto apresentamos algumas proposições ainda iniciais acerca da relação
entre literatura, história e ideologia aplicadas a um caso histórico concreto. As ideias aqui
apresentadas são frutos de um estudo ainda em estágio meramente exploratório. Há
procedimentos e questões mais profundas que não são passíveis ainda de serem abordadas
adequadamente nesta fase inicial de desenvolvimento. Apesar disto, o olhar sobre o texto
publicado por F.M. de Moraes já permite estabelecer importantes observações acerca das
intrincadas relações entre imprensa, jornalistas, literatos e a circulação e ideologias de cunho
racista – como é o caso do antissemitismo.
Mais importante, ainda, esta aproximação ante tal texto lança um questionamento
acerca de quais as motivações para a publicação de um texto (que acreditamos ter provado se
tratar) de natureza claramente inspirada por ideias antissemitas em uma província do Império
brasileiro na qual a presença de judeus era se não nula ao menos muito próxima disto.
Independentemente da funcionalidade ou não de tal texto, a sua proximidade cronológica com
o desenvolvimento de ideias racistas no seio da intelectualidade europeia provoca também a
reflexão acerca de quão integrada estava a intelectualidade sergipana oitocentista em relação a
seus congêneres europeus e de outras províncias brasileiras.
Por fim, a difusão de um texto de tendência antissemita em um jornal (que precisava
de leitores interessados naquilo que era publicado para atingir suas vendas) divulgado em um
local como a Província de Sergipe de fins do século XIX provoca a reflexão sobre o potencial
de disseminação das ideias racistas, em geral, e antissemitas, em particular, as quais são
difundidas a tal ponto de chegarem a ser espalhadas por locais onde simplesmente seus alvos
não existem – ou não existem mais.
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REFERÊNCIAS
CAMILOTTI, Virgínia; NAXARA, Márcia Regina C. História e Literatura: fontes literárias
na produção historiográfica recente no Brasil: In: História: Questões & Debates, Curitiba:
Editora UFPR, n. 50, p. 15-49, jan./jun. 2009. Disponível em:
<http://revistas.ufpr.br/historia/article/viewFile/15670/10411>. Acesso em 19 out. 2016.
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cristãos-novos e o mito da pureza de sangue. São Paulo: Perspectiva, 2005.
GUARANÁ, Manoel Antônio Armindo Cordeiro. Estado de Sergipe – Jornais, Revistas e
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WOLFF, Egon e Frieda. Os judeus no Brasil Imperial: uma pesquisa nos documentos e no
noticiário carioca da época. São Paulo: Centro de Estudos Judaicos, 1975.