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A RELAÇÃO ESCOLA E FAMÍLIA COMO ELO IMPORTANTE PARA O

PROCESSO EDUCATIVO SEM VIOLÊNCIA

Evelice Maria Bueno 1

. Sandra Regina Mantovani Leite 2

RESUMO: Ao observar a comunidade escolar, percebeu-se a realidade de violência com episódios que, por enquanto, foram contornados. Assim, busca-se encontrar formas de compreender e buscar uma união justa e honesta para que a realidade de violência possa ser transformada. A metodologia está pautada em grupos de estudo com as famílias dos alunos do quinto e sexto do Ensino Fundamental ll para compreender as causas e implicações do distanciamento entre escola e família para o fortalecimento da participação da família na vida escolar de seus filhos e na relação com os profissionais da educação. Portanto, a implantação deste projeto possibilitou olhar para o dia a dia do nosso colégio, no que se refere a relação escola e família como elo importante para o processo educativo sem violência. Desta forma, o primeiro passo foi dado: criar um vínculo entre a escola e a família. No entanto, se faz necessário, continuar a discussão sobre o tema, pensando que trabalhamos com pessoas com limitações, mas também com avanços e em constante processo de mudança e aperfeiçoamento.

Palavras-chaves: Escola. Família. Violência. 1. INTRODUÇÃO

Na área educacional e na área familiar o trabalho com os jovens e

adolescentes está se apresentando como um dos pontos mais difíceis de trabalho,

pois o tempo em que vivemos confronta os jovens com situações, dilemas,

facilidades, tentações, e oportunidades, sequer pensadas há uma geração. É no

ambiente escolar em que esses jovens se encontram. Convivem com as diferenças,

mas nem sempre respeitam ou aceitam o outro como ele é. Dessa forma,

consequentemente surgem conflitos, indisciplina, violência. Essa é a realidade

vivenciada por todos que fazem parte do contexto da escola.

Atualmente, é comum nos noticiários reportagens mostrando a realidade da

violência nas escolas de Londrina. No Colégio Estadual Professor José Carlos

Pinotti existem episódios que, por enquanto, foram contornados. Neste sentido, é

oportuna a fala de marques (2009, p. 11):

O coletivo da escola praticamente parou de observar guerras de papéis para conviver com guerras entre gangues. As tachinhas foram substituídas por

1 Aluna pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. E-mail

2 Professor orientador pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE.

armas “brancas” e, em alguns casos, pelas de “fogo”. Os atos de desobediência só em raros casos são expressões de amadurecimento crítico dos discentes, pois na maioria das vezes são puramente destrutivos. E as instalações, os professores e os funcionários passaram a conviver num constante clima de ameaças e de agressões. Por isso, as escolas adquiriram uma visão de insegurança, por grande parte de seu público, e como locais onde poucos querem estar. E esta visão tornou-as, de certa forma, impróprias à práxis educacional.

O ambiente escolar é um lugar em que as famílias deixam seus filhos para

serem educados, adquirir conhecimento e um espírito crítico e atuante no mundo

moderno. Porém, adquirir capacidade para enfrentar a vida é hoje o grande desafio,

porque a escola possui muitas dificuldades para estabelecer o diálogo que

dissemine o respeito entre as pessoas e exponha exemplos saudáveis na resolução

de conflitos.

A escola e a família, por essa razão, necessitam estarem próximas uma da

outra no processo de educação, precisam ser parceiras, e não rivais. Para isto, é

necessário construir um espaço em que exista diálogo. Esta conquista de espaço de

diálogo entre escola e família é primordial porque possibilita a clareza da função de

cada uma.

Rescia e Gentilini (2006) afirmam que as instituições família e escola

constituem-se em ambientes extremamente necessários para a vida do indivíduo,

podendo assim, buscar melhores condições de comunicação e de entendimento na

interação entre si, como forma de contribuir e de co-responsabilizar o

desenvolvimento social do aluno e da gestão escolar.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica – 9394/96 (LDB) deixa clara

a importância da família na escola quando afirma em seu artigo 2º: que a educação

é dever primeiramente da família e posteriormente do estado, e tem por finalidade o

pleno desenvolvimento do educando, e sua qualificação para o trabalho (BRASIL,

1996). Não se deve, a partir dessa colocação, pensar na família como educador,

somente no inicio da vida de um indivíduo, pois educação é um processo contínuo

que inicia com o nascimento e continua por toda vida. Ressalta-se que a presença e

a participação da família no processo educativo são obrigatórias.

No entanto, apesar de todos os esforços para uma gestão escolar que

contribua para uma educação de qualidade, se não houver a participação dos pais

no processo escolar, de nada vale os esforços para uma gestão escolar democrática

e de qualidade. Nesse sentido, compete à escola promover o diálogo e discussões

para que a comunidade escolar possa avaliar suas próprias atitudes, descobrindo

suas potencialidades e seus limites no intuito de fortalecer a relação entre escola e

família.

A relação entre escola e família é um elo importante para o processo

educativo dos alunos. De acordo com Marques (2009) é por intermédio da

educação, juntamente com a família, que conseguiremos diminuir e conscientizar os

alunos desta violência escolar, para assim, realizar uma educação para paz.

Portanto, cabe à escola a responsabilidade de estabelecer a ordem nesse cenário,

como não é possível para a instituição escolar reorganizar o quadro familiar. “Resta-

lhe abrir mais as portas para tentar uma parceria educativa com os pais de modo

que se possa instituir uma nova estabilidade” (BARBOSA, 2011, p. 16).

Por meio de Reuniões com a família, a instituição escolar pode trabalhar

para estabelecer vínculos com os conhecimentos necessários para uma melhor

participação dos pais juntos aos alunos, esclarecendo a família sobre as propostas

pedagógicas e filosóficas que a escola e seus educadores trabalham e acreditam

(MIRANDA; LEITE; MARQUES, 2010). Percebe-se nesta visão a possibilidade da

família contribuir para a disciplina na escola, e consequentemente a redução da

violência escolar.

O objetivo deste artigo foi propor às famílias do Colégio Estadual Professor

José Carlos Pinotti do quinto e sexto ano do Ensino Fundamental II, um grupo de

estudos para maior interação e a partir desses encontros discutir a formação da

família contemporânea, a omissão dos familiares frente a instituição escolar, e a

posição da escola como parte de uma rede de proteção social; analisar as causas e

implicações do distanciamento entre família e escola; fortalecer a participação da

família na vida escolar de seus filhos e na relação com os profissionais da educação,

favorecendo o diálogo entre as partes; discutir as diferentes responsabilidades que a

família e a escola possuem em relação à educação escolar dos adolescentes e

assumir que a aproximação entre a escola e a família faz parte do contexto escolar.

Portanto, a proposta de trabalho é encontrar formas de compreender e

buscar a união justa e honesta para transformar a realidade de violência.

2. DESENVOLVIMENTO

Para o desenvolvimento deste projeto foram analisados artigos e trabalhos

que trataram dos temas família, violência e importância da participação da família no

processo educativo que fundamentaram os resultados que serão descritos a seguir:

Conforme afirma Souza (2008) observa-se nas escolas crianças e

adolescentes cometendo infrações que se caracterizam por agressões verbais,

físicas, pichações, bullings, e furtos, sem causa aparente que seja capaz de justificar

estes comportamentos. A violência escolar vem despertando o interesse na

compreensão por parte das autoridades competentes, e vem exigindo dos

educadores e gestores um olhar mais atento e observador, em relação às

manifestações e consequências no cotidiano escolar.

Em todo o mundo, a violência na escola se tornou um tema cotidiano, um importante objeto de reflexão das autoridades e um foco de notícia na imprensa. No Brasil, este era um assunto invisível. A publicação da UNESCO detona um processo que torna pública a preocupação com este fenômeno. Chama a atenção, no entanto, o fato que o assunto ganha destaque nos debates públicos e na mídia sempre que ocorrem mortes ou outros incidentes mais graves nos arredores ou dentro das escolas

(ABRAMOVAY, Miriam; AVANCINI, 2004, p 10).

É possível perceber a indignação das autoras em relação à publicidade

sobre a violência acontecer somente quando não existe mais possibilidade de

resolução. Não seria interessante que a preocupação da mídia e das autoridades se

pautasse em contribuir para a não evolução da violência escolar, isto sim seria uma

gestão participativa.

Portanto, a escola necessita vencer um desafio em relação à violência

escolar e rever seus princípios e ações frente a uma gestão que necessite pensar

em seu aluno como um todo, sabendo respeitar suas necessidades e

particularidades. A compreensão de que a participação dos pais na escola é

fundamental, tem ocupado um espaço cada vez maior nas mídias e na literatura

científica. Para vencer este desafio e incentivar a participação dos pais no processo

de gestão da escola foram realizados encontros com os pais.

No primeiro encontro foi realizada a dinâmica “MÃOS QUE

COMPARTILHAM” que desinibiu os participantes, melhorou a capacidade de

comunicação, aumentou a coesão do grupo e possibilitou a reflexão sobre a

importância da participação de todos na resolução de problemas.

Para que a formação do indivíduo seja plena Pagnan (2008) afirma que é

fundamental que a família e a escola sejam parceiras, que caminhem lado a lado,

sendo ambas responsáveis pela educação. Mas para a interação entre a escola e a

família ocorra de maneira satisfatória é preciso dar o ponto de partida no trabalho

coletivo e na concretização de uma instituição democrática, envolvendo os alunos,

os pais e a comunidade em momentos de reflexão, com o objetivo de avaliar a

melhor forma de possibilitar a construção de alunos cidadãos, críticos e reflexivos.

Foi realizada também em um dos encontros uma pesquisa de campo por

meio de perguntas direcionadas aos pais dos alunos dos quintos e sextos anos do

Ensino Fundamental II do Colégio Estadual José Carlos Pinotti buscando saber a

opinião dos mesmos sobre como a família pode contribuir para o sucesso do

processo educativo.

Em relação à função da família no ambiente escolar todos os pais dos

alunos entrevistados foram categóricos em afirmarem que a família deve participar

das reuniões e eventos, e também do acompanhamento diário as atividades que

foram realizadas na escola e auxiliar nas tarefas de casa. Além disto, citaram a

necessidade de entrar em contato com a escola quando a nota do aluno não estiver

abaixo da média. Em relação à contribuição da família para o sucesso escolar dos

seus filhos, os pais afirmaram que devem olhar os cadernos todos os dias, incentivar

a leitura. Porém, somente um entrevistado citou haver necessidade de conhecer a

escola e participar da comunidade escolar.

Além disto, foi realizado no Colégio Estadual Professor José Carlos Pinotti

no ano de 2005 um trabalho investigativo com a comunidade escolar sobre a visão e

expectativas em relação ao colégio, e os alunos gostariam que os pais se

envolvessem mais na educação, comparecessem mais às reuniões, visitassem a

escola com mais frequência e reservassem um tempo para conversar e entender

seus filhos (PPP, 2012).

Em relação a isto Estevão (2003) afirma que a participação dos pais na

escola não deve ser vista como debilidade, ou ainda último recurso quando as

coisas não funcionam da maneira correta, ou quando existe mau comportamento ou

notas baixas), ou ainda nos eventos festivos promovidos pela escola. Esta interação

deve ser vista como uma possibilidade de enriquecimento mútuo e de ampliação do

espaço democrático no ambiente escolar.

Embora as diferenças entre a família e a escola sejam delimitadas, a cultura

vigente tem alimentado o distanciamento entre essas duas instituições, provocando

assim desestímulo nas aulas (ainda que de forma inconsciente), agressividade nas

relações entre professor-aluno e aluno-aluno. Sem dúvida esse contexto precisa ser

discutido de forma a compreender que o processo educativo precisa ser entendido

sob a perspectiva de um interacionismo recíproco nas relações pais-escola-alunos.

Quanto ao que os pais esperam da escola para seus filhos os pais

afirmaram que esperam que a escola possa oferecer educação de qualidade, com

professores e direção comprometidos com o processo ensino e aprendizagem

contribuindo para uma formação do aluno.

Não deve também, a escola, ser apenas um local de transmissão do saber e da construção de conhecimento e não deve seguir somente os programas oficias que lhe impõem, deve adaptar-se para trabalhar a realidade de sua comunidade. Na escola não se adquirem apenas conhecimentos, mas aprende-se nela também uma série de valores e de normas de comportamentos. Quando se aborda a palavra comportamento, deduz-se que a escola deve fornecer recursos e instrumentos aos alunos para que esses possam reagir ao seu meio e construir pouco a pouco as noções próprias ao seu desenvolvimento intelectual e sua cidadania (PIRES, 2007, p. 33).

Para fortalecer a parceria entre a escola e a família os pais sugeriram a

necessidade da participação em colegiados, das reuniões e dos momentos de

integração oferecidos pela escola. Portanto, é preciso uma parceria efetiva entre a

escola e a família para que o processo ensino aprendizagem seja bem sucedido.

Sobre isto, Reis (2010, p. 26) comenta que:

A escola deveria trabalhar a participação como proposta que oriente os caminhos que possam ser construídos e percorridos pela comunidade escolar, juntamente com a família e com outros grupos que podem apoiar o trabalho realizado por todos os envolvidos no desenvolvimento cognitivo, psicológico, afetivo do filho/aluno.

Nos encontros foram discutidas com os pais alunos do colégio a formação

da família contemporânea, sua omissão frente à instituição escolar, e a posição do

ensino escolar como parte de uma rede de proteção social.

A educação escolar sempre trabalhou a partir de relações de

complementaridade, correspondência ou reforço entre família e escola. A família

sempre teve algum tipo de participação no valor simbólico atribuído à escola e com

práticas de apoio ao seu funcionamento. No entanto, parece que tivemos um tempo

de “participação distanciada” e hoje enfrentamos necessidade “participação

engajada” como condição para o funcionamento eficaz da escola. A gestão escolar

passou a ser responsável por promover essa “participação engajada” (SILVA;

LOVISOLO, 2011).

Neste sentido a gestão escolar precisa trabalhar para abrir espaços para

participação efetiva das famílias no ambiente. Esta fala não é atual como é possível

observar que para Oliveira (1997) é necessário melhorar a qualidade da educação

vai além das reformas curriculares, implica, primeiramente na criação de novas

formas de organização do trabalho escolar, que não apenas se contraponham às

formas contemporâneas de organização e exercício do poder, mas que constituam

alternativas práticas possíveis de se desenvolverem e de se generalizarem,

pautadas não pela hierarquia de autoridade, mas sim, por laços de solidariedade,

que se consubstanciam formas coletivas de trabalho, instituindo uma lógica

inovadora no âmbito das relações sociais.

Buscar meios para que a família possa criar o hábito de participar da vida escolar dos seus filhos, percebendo o quanto a família é importante no processo Ensino Aprendizagem do aluno, através de ações previstas no Projeto Político Pedagógico, propor alteração no Projeto Político Pedagógico com o intuito de melhorar o processo ensino aprendizagem, despertar as famílias, fazendo com que possam perceber a importância da participação nas atividades escolares dos filhos, promover atividades que permitam o envolvimento das famílias, criar momentos de integração entre pais, alunos e comunidade escolar, mostrando-lhes o quanto eles são importantes na vida escolar de seus filhos (REIS, 2010, p. 08).

Em um dos encontros foi realizada uma palestra “A VIOLÊNCIA ENTRE OS

MUROS DO COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR JOSÉ CARLOS PINOTTI”. A

palestra estimulou a reflexão sobre como se manifesta o fenômeno da violência e

sua interferência no processo ensino aprendizagem.

A instituição escolar sempre foi sinônimo de aprendizado e um meio para a

evolução como ser humano, no entanto, atualmente, a violência tem manchado essa

reputação, pois nas salas de aulas e nos pátios ela se tornou presente na sociedade

conteporânea. Essa violência vai desde o desrespeito do aluno pelo professor até

furtos e tráfico (ROCHA, 2009).

Nos últimos anos é comum nos noticiários reportagens mostrando a

realidade da violência nas escolas de Londrina. No Colégio Estadual Professor José

Carlos Pinotti não é diferente, existem episódios que, por enquanto, foram

contornados.

Marques (2009) afirma que a violência escolar é a forma de indisciplina que

mais preocupa a práxis educativa porque simboliza a completa ruptura da

comunicação entre os atores sociais que compõem o universo escolar. A autora

ainda acrescenta que pode ser vista como um sintoma evidente da desvalorização

da educação em nossa sociedade e, consequentemente, do descompromisso com

os mais jovens dessa população.

Foi também projetado o filme “ENTRE OS MUROS DA ESCOLA” do diretor

Laurent Cantet que abordou um tema importante para os dias de hoje: como e para

que educar. O filme conta a experiência do professor de francês François Marin em

uma escola de Paris em enfrentar muitos desafios para ensinar a turma que tem

alunos de origens diversas. Com o filme os pais dos alunos perceberam que a

escola sozinha não consegue vencer as barreiras contra a violência escolar, pois os

conflitos no ambiente escolar são resultados da diferenças no espaço escolar. Para

superar estas diferenças é preciso uma parceria efetiva entre família e escola.

A família pode participar de várias formas no ambiente escolar e na própria

educação dos filhos. Para isto é preciso que a escola ofereça opções e dedique um

tempo para que isso aconteça. Esta não é uma tarefa fácil, uma vez que os

professores devem se envolver emocionalmente com seus alunos e famílias.

Famílias e escola têm a responsabilidade de educar as crianças, para isso precisam

estabelecer uma relação de parceria, aumentando as possibilidades de compartilhar

critérios educativos que possam minimizar as possíveis diferenças entre os dois

ambientes, escola e família (REIS, LIMA, 2012).

Em relação a opinião dos pais sobre como a família pode contribuir para o

sucesso do processo educativo sem violência foi possível tecer alguns comentários:

É papel da gestão escolar a conscientização da importância do envolvimento

da família no processo educativo. Reis (2010) acrescenta que a família e a escola

são pontos de apoio e sustentação de todo ser humano são marcos na referência

existencial, por isso, quanto melhor for a parceria entre ambas, mais positivos e

significativos serão os resultados na formação do sujeito.

O processo educacional é permeado por incertezas, no entanto, é preciso ter

consciência que a educação tem uma finalidade política e social de transformação

da sociedade. Um dos seus grandes objetivos é capacitar os educandos para a

reflexão crítica dos diversos problemas sociais. Em virtude disto, o combate à

violência escolar implica num trabalho conjunto, da reestruturação do ensino, análise

do currículo e das práticas desenvolvidas a fim de verificar como o trabalho

pedagógico pode contribuir para o enfrentamento desta situação.

Foi realizada também uma palestra com uma psicóloga que abordou “A

FUNÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA”. A palestra teve como objetivo diferenciar a

função da família e da escola na educação e desenvolvimento da criança e do

adolescente.

Conforme afirma (BERTAN, 2005) atualmente a instituição família está em

crise, pois grande parte delas enfrenta muitas dificuldades e ficam quase

impossibilitadas de educar como gostariam seus filhos. Muitas famílias, às vezes,

somente contam com a mãe, sendo forçadas diariamente a trabalhar para o sustento

da família, preocupar-se com a alimentação, a moradia e a saúde. Não é possível

diante desta realidade a participação da família na comunidade escolar. Nestes

casos, a escola deve cumprir a de suprimento e procurar, da melhor forma possível,

minimizar os sofrimentos, principalmente dos alunos. Não é possível solucionar

todos os problemas, mas, o caráter social precisa ser desenvolvido da melhor forma

possível.

Tradicionalmente a escola olhou para a família com certa desconfiança e, quando não teve alternativa, apenas suportou a participação dos pais na condição de ouvintes comportados dos relatos por eles produzidos, acerca da trajetória disciplinar e pedagógica dos alunos. Raramente essa participação superou os limites de ação beneficente, envolvendo-se com a parte organizacional do projeto curricular da escola. Para a escola, a família foi e é, o locus de construção de moralidade, base indispensável para a garantia do projeto moralizador e civilizacional representado pela escola (ROCHA; MACÊDO, 2002, p. 21).

Oliveira (2001) é enfático quando afirma que não há como a família transferir

seu papel, sua responsabilidade para a escola. Sua participação é fundamental no

processo educativo das crianças, devendo influenciá-lo positivamente. A família, que

transfere sua responsabilidade para outras, não contribui para o progresso e

amadurecimento do seu filho, provocando-lhe insatisfação e insegurança, podendo

levá-lo inclusive ao mau rendimento escolar.

Conforme afirma Rescia e Gentilini (2006) atualmente, é no cenário da

organização escolar que as modificações na área educacional podem ser

implementadas e se desenvolverem, criando, através de uma gestão escolar

democrática e participativa, condições organizacionais para que toda comunidade

escolar tenha a oportunidade de sugerir e opinar sobre as melhores formas de

trabalho para o ambiente escolar.

Quanto a palestra com um membro da Patrulha escolar que abordou o tema

foi “ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI E A ESCOLA” que teve como

objetivos abordar a construção histórica da idéia de adolescência, comparar as

medidas sócio educativas com as penas do Código Penal, e descrever o papel da

escola na aplicação dessas medidas. Neste sentido, a palestra primeiramente

abordou o papel da escola e da família na sociedade atual. Além disto, discutiu que

a organização hierárquica na escola é importante para posicionar os alunos quanto

ao respeito e ao cumprimento do regimento escolar. Esclareceu o papel de órgãos

como promotoria, conselho tutelar e os aspectos legais que poderão ser atribuídas

aos que praticam a violência na escola.

No sétimo encontro foi realizada a leitura e discussão do texto ”Século XXI:

Desafiando a família” de Armando Gabriele Filho que aborda a família como o

alicerce da sociedade.

A família é a primeira instituição social responsável pela formação do caráter

pessoal, da transmissão de valores éticos e morais de uma criança. A partir desta

compreensão do papel da família, são aprendidos os critérios, os valores e as

normas de convivência essenciais para o desenvolvimento e bem-estar da pessoa e

para a construção de uma sociedade mais digna. Assim por ser um grupo natural, a

instituição familiar é o lugar onde as pessoas começam seu caminho na vida, é base

da segurança interior de cada um. Vale salientar que é na família que as gerações

se unem: o passado, presente e futuro e convivem dando a todos aos seus membros

um sentido de segurança e tolerância.

Rocha e Macedo (2002) argumentam que a discussão sobre a participação

da família na escola não é recente. Há décadas que acontecem reflexões sobre

como envolver a família, promover a co-responsabilidade e torná-la parte do

processo educativo. Compor uma parceria entre escola e família é fazer com que

ambas as partes compreendam que a relação família-escola deve se manifestar de

forma que os pais não responsabilizem apenas a escola pela educação de seus

filhos e, por outro lado, a escola não deve eximir-se de ser co-responsável no

processo formativo do aluno.

Tendo em vista as estruturas familiares existentes na atualidade, é importante reafirmar que a função da família na educação dos filhos continua de muita importância e isto não pode ser transferido para outras instâncias da sociedade. A complementação dessa educação ocorre em outros segmentos da sociedade, mas o primeiro contato da criança é no seio familiar e com isso a família é seu primeiro ponto de referência (MIRANDA; LEITE: MARQUES, 2010, p. 07).

Nas reuniões realizadas durante a implementação do projeto os pais foram

estimulados a sugerir propostas práticas que pudessem auxiliar o enfrentamento da

violência na escola.

Primeiramente sugeriram a necessidade da de identificação e do

tratamento do problema em tempo hábil para que não adquira proporções que

prejudiquem o processo de ensino, e o primeiro passo deve ser dado pelo gestor

escolar. Portanto, só podemos pensar em dois caminhos a serem seguidos para

efetivar o trabalho preventivo, primeiramente a orientação por meio da educação, e

não podemos esquecer-nos da imposição de limites que devem ser estipulados

através do diálogo e do bom exemplo.

MELLO (2005) alerta para a necessidade de a escola inserir no currículo a

aprendizagem não apenas dos conhecimentos, mas também de atitudes para a vida

como, cooperação, ação positiva para a resolução de conflitos e problemas, postura

firme de resistência e segurança para a tomada de decisões. Para a autora o

educador precisar estar atento às atitudes de agressão, pois prejudica o

desenvolvimento propiciando com que as vítimas fiquem mais sujeitas a desenvolver

posturas menos ativas diante dos conflitos.

A seguir sugeriram que o foco de ações conjuntas deve ser a prevenção.

Pra isto, e preciso um trabalho de orientação e conscientização que pode ser

realizado por meio de atividades lúdicas, teatros, palestras com alunos, comunidade

escolar e famílias para trabalhar a prevenção e a redução dessa prática.

Para encerrar foi realizada a Dinâmica “NÓ” onde os participantes

formaram um círculo e cada participante gravou quem estava a sua direita e quem

estava a sua esquerda, depois ao som de uma música todos caminharam

aleatoriamente. Quando a música parou o participante deram as mãos para as

pessoas que estavam ao seu lado no início da dinâmica e sem soltar as mãos

desfizeram o nó. Com esta dinâmica foi possível descontrair o grupo e mostrar a

importância de um grupo unido e participativo.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O contexto da questão trabalhada por este projeto envolve vários compostos

que precisam ser trabalhados integrados através de ações que visem alterar

principalmente o comportamento. Tanto o poder público, através do Conselho

Tutelar e Promotoria; quanto os gestores da escola; órgãos deliberativos da escola

através do Conselho escolar, Associação de Pais Mestres e Funcionários, Grêmio

Estudantil, e a família, precisam agir em conjunto, discutindo e implementando ações

que realmente transformem a mentalidade de quem pratica a violência no ambiente

escolar.

Não se trata de uma situação nova a questão da violência escolar. O

ambiente escolar foi alvo especificamente da questão, por se tratar de um local

institucionalmente importante e que deve proporcionar de forma igualitária e

imparcial o ensino. Com os efeitos negativos observados por determinadas práticas

comportamentais nocivas entre estudantes passou-se a direcionar esforços para

estudos e tratamento da questão com mais importância por autoridades

interessadas.

Não há, portanto, como negar que a violência escolar atualmente existe e é

um problema que precisa ser tratado de maneira integrada pelos agentes que

envolvem o ambiente. É preciso atitude para mudar o comportamento nocivo de

estudantes que, seja agressor ou agredido, precisa ser amplamente trabalhado pela

boa vontade e bom senso através de abordagens de respeito às diferenças

incentivando ambientes de amizade e companheirismo da sociedade.

O que chama atenção é o fato que comparado com outros colégios o Pinotti

é privilegiado, pois os conflitos vivenciados são pequenos comparados com o que é

veiculado na mídia diariamente, e isto tem muito a ver como a gestão do colégio que

prioriza tratar a educação na sua integralidade focada aos aspectos de uma

educação comprometida com a formação do aluno de forma a privilegiar um espaço

que ele goste de frequentar e que se sinta bem.

Neste sentido, os gestores escolares, ou seja, aqueles que vão tratar

diretamente da implementação das ações pedagógicas e que estão mais próximos

dos alunos no contexto educacional e que podem favorecer o elo entre família e

escola, precisam estar cientes de sua responsabilidades nesta situação. É preciso

que esse entendimento exista por parte dos que estão à frente da administração

escolar. Os papeis para uma educação eficiente depende destas definições e de

uma boa execução destes papeis para que se cumpra este desenho de busca por

uma educação melhor e mais completa.

A violência é um termo que está presente em todos os espaços da nossa

sociedade e no âmbito escolar não seria diferente. Portanto, esta reflexão

possibilitou olhar para o dia a dia do nosso colégio, no que se refere a está temática.

Desta forma, o primeiro passo foi dado: criar um vínculo entre a escola e a família.

No entanto, se faz necessário, continuar a discussão sobre o tema, pensando que

trabalhamos com pessoas com limitações, mas também com avanços e em

constante processo de mudança e aperfeiçoamento.

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