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A RELAÇÃO ENTRE A ARITMÉTICA E A ÁLGEBRA NA MATEMÁTICA
ESCOLAR: A INFLUÊNCIA DA COMPREENSÃO DAS PROPRIEDADES DA
IGUALDADE E O CONCEITO DE OPERAÇÕES INVERSAS NA RESOLUÇÃO
DE EQUAÇÕES POLINOMIAIS DO 1º GRAU
Rosinalda Aurora de Melo Teles
UFPE
INTRODUÇÃO:
Este artigo relata as conclusões gerais de um estudo sobre a influência da
compreensão das propriedades da igualdade e do conceito de operações inversas com
números racionais, na resolução de equações polinomiais do 1º grau.
Nossa hipótese é que, na perspectiva de continuidade, pelo menos parcialmente, as
dificuldades apresentadas pelos alunos do ensino fundamental, na resolução de equações
são herdadas de uma compreensão insuficiente das operações inversas com números
inteiros. Enquanto a ruptura, refere-se à questões de “sintaxe” relacionadas aos diferentes
usos das letras e as diferentes funções do sinal de igual (=) na aritmética e na álgebra. Para
alcançarmos nosso objetivo, como também, articular esta interferência com escolhas
subjacentes à maneira de abordar o tema nos Livros didáticos, utilizamos uma
metodologia dividida em 4 etapas: análise transversal de duas coleções de livros didáticos
de Matemática para o ensino fundamental (5ª a 8ª séries); análise de forma diagnóstica, de
sete volumes da 6ª série; aplicação de testes de sondagem com alunos do ensino
fundamental e médio de escolas públicas para um estudo diagnóstico e entrevistas semi-
diretivas com alunos, selecionados em função dos erros cometidos no teste de sondagem.
Na etapa 1, buscamos identificar escolhas de Transposição Didática relativas a
continuidades e rupturas, subjacentes à maneira de abordar as letras como incógnitas na
Anais do VIII ENEM - Comunicação Científica GT 2 - Educação Matemática nas séries finais do Ensino Fundamental
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resolução de equações. Na 2ª etapa, afunilamos nossa investigação, desta vez centralizando
nosso olhar nos livros de 6ª série, onde há introdução formal da resolução das equações
polinomiais do 1º grau. Mapeamos nestes livros, sob o ponto de vista da Teoria dos
Campos Conceituais, os tipos de problemas, procedimentos e representações simbólicas
utilizados no estudo das equações polinomiais do 1º grau. Subsidiados pelas etapas
anteriores elaboramos um teste diagnóstico que foi aplicado a um grupo de alunos de uma
escola pública com o objetivo de identificar os tipos de erros cometidos na resolução de
equações polinomiais de 1º grau. E finalmente, na 4ª etapa, complementamos a 3ª, através
de entrevistas nas quais destacamos algumas justificativas para os erros cometidos na
resolução de equações polinomiais de 1º grau, enfatizando a influência das dificuldades
conceituais associadas às propriedades da igualdade e das operações inversas.
1. O Livro Didático de Matemática e o “saber a ensinar”
Os livros didáticos, os Parâmetros Curriculares Nacionais e as Propostas
Pedagógicas são referências no sentido de selecionar os conteúdos que deverão ser
ensinados, a forma como deverão ser organizados, as estratégias que serão utilizadas, ou
seja, designam “o saber a ensinar”. O processo de ensino resulta no objeto do saber
ensinado.
Um conteúdo do conhecimento, tendo sido designado como saber a ensinar, sofre então um conjunto de transformações adaptativas que vão torna-lo apto a tomar lugar entre os ‘objetos de ensino’. O ‘trabalho’ que, de um objeto de saber a ensinar faz um objeto de ensino, é chamado de transposição didática.” (CHEVALLARD, 1991:39).
O livro didático de Matemática, assim como os de outras disciplinas curriculares,
tem tido grande influência na determinação do saber escolar culturalmente valorizado
(MEC, 1999. PP. 235). Também é um dos principais recursos didáticos utilizados pelo
professor em sala de aula, refletindo verdadeiramente as escolhas metodológicas,
conceituais e organizacionais da sua prática, explicitando um modelo de ensino vivenciado
na escola (JUREMA, 1988). É, ainda, objeto familiar a todo aluno, podendo-se afirmar que,
muitas vezes, é um elemento tão presente na sala de aula quanto o próprio professor
(MOLINA, 1988).
Anais do VIII ENEM - Comunicação Científica GT 2 - Educação Matemática nas séries finais do Ensino Fundamental
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Partindo desses pressupostos decidimos mapear nos livros didáticos, sob o ponto de
vista da Teoria dos Campos Conceituais (VERGNAUD,1990), os tipos de problemas,
procedimentos e representações simbólicas utilizados no estudo das equações. Partindo,
também, do pressuposto que os livros didáticos reproduzem “o saber a ensinar”, sua análise
torna-se indispensável para conjeturarmos sobre que tipo de informação o aluno recebeu;
que escolhas de transposição didática estão subjacentes na maneira de abordar as letras
como incógnitas na resolução de equações.
2. Abordagem da Álgebra em duas coleções de Livros Didáticos de 5ª a 8ª série
Alguns autores, entre eles, Germi (1997), Souza e Diniz (1996), Usiskin (1995) e
PCNs (Brasil, 1998) construíram classificações para álgebra, com base nestes, elaboramos
um quadro que indicará categorias para mapear, através de uma leitura transversal, em duas
coleções de Livros de Didáticos de Matemática para o Ensino Fundamental:
1. onde as letras aparecem e com que função;
2. indícios de rupturas e continuidades entre aritmética e álgebra;
3. que situações são propostas em torno da álgebra.
Escolhemos as coleções Matemática na Medida Certa, de José Jakubovic e
Marcelo Lellis, editado pela Scipione no ano de 1994 e Matemática – Uma aventura do
pensamento, de Oscar Guelli, editado pela Ática em 1998, inscritas no Programa Nacional
do Livro Didático (PNLD), recomendadas pelos pareceristas do MEC.
Chamamos aqui Leitura Transversal a análise em todos os capítulos destes livros
didáticos, dos diversos aspectos da álgebra: como, onde, quando são enfocados; que papéis
a letra assume e indícios de rupturas e/ou continuidade da álgebra em relação à aritmética.
Nesta leitura, não nos preocupa justificar, mas apenas detectar e relatar.
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Categorias para Leitura Transversal dos Livros Didáticos:
Funções da letras ou dos símbolos
Conteúdos
Dimensões da álgebra à qual se associa
Designar objetos geométricos ou
grandezas associadas a estes objetos; Unidades de medidas
Geometria (pontos, retas, planos, ângulos)
Comprimento, área, volume perímetro
_________
Traduzir e generalizar padrões
numéricos
Propriedades das operações; Generalização de padrões aritméticos.
Aritmética generalizadora.
Expressar relações entre grandezas ou quantidades.
Variável: argumento ou parâmetro.
Funções lineares, quadráticas; tabelas e
gráficos; fórmulas, conceitos e procedimentos envolvendo variação de grandezas.
Funcional
Representar simbolicamente através de uma equação situações envolvendo um ou mais valores desconhecidos para em seguida simplificá-las e resolvê-las.
As letras são incógnitas.
Escrita e resolução de equações e
sistemas de equações.
Interpretativa e procedimental
As letras são símbolos abstratos, tratadas como marcas no papel, sem qualquer relação com um problema, ou função ou padrão a ser generalizado. Podem ser manipuladas através das regras das operações da aritmética ou de alguma estrutura algébrica mais complexa.
Polinômios, cálculo algébrico,
obtenção de expressões equivalentes. (álgebra abstrata)
Estrutural
Destacamos através desta leitura transversal, diferenças e
semelhanças entre as opções de transposição dos autores, identificando escolhas
metodológicas e estratégias subjacentes à textualização do saber algébrico
nestas coleções.
Em ambas há introdução explícita da simbologia na 5ª série. Ora as
letras ou símbolos desempenham o papel de incógnitas, ora de variável. Jakubo
e Lellis usam a figura do quadrado para trabalhar a noção de incógnita, antes de
usar letras, mas ainda na 5ª série introduzem as letras para simbolizar
incógnitas. Guelli, na 5ª série, usa as letras para designar conjuntos, generalizar
propriedades.
Vimos também que as dimensões da álgebra, quais sejam, aritmética
generalizadora, funcional, interpretativa e procedimental e estrutural permeiam
todos os volumes das duas coleções.
Indícios de rupturas e continuidades entre aritmética e álgebra estão
subjacentes à maneira como os autores introduzem determinados conteúdos
algébricos. Especialmente no volume da 7ª série, nas duas coleções, quando a
álgebra aparece no seu aspecto estrutural, pudemos verificar exemplos
numéricos sendo usados para introduzir operações com monômios ou
polinômios.
Na seqüência que os conteúdos são distribuídos nos livros dá a
impressão que há uma relação de continuidade: primeiro conteúdos
relacionados aos números, mesmo que na hora da generalização recorramos a
linguagem simbólica própria da álgebra; depois conteúdos relacionados à
álgebra: equações, polinômios, etc, mesmo que para isto recorramos a exemplos
numéricos e os cálculos sejam feitos com os coeficientes numéricos que
acompanham as letras.
As situações propostas em torno da álgebra são variadas. Enquanto
Guelli faz a opção de trazer referências à história da matemática e em
particular à história da simbologia, desta forma mostrando como uma suposta
linha de desenvolvimento histórico da álgebra pode ser retraçada seguindo o
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desenvolvimento das notações algébricas. Jakubo e Lellis, não mencionam
história da Matemática e além das letras, utilizam outras representações
simbólicas, destacando o uso de fórmulas.
Jakubo e Lellis utilizam o conceito de operação inversa na 6ª série,
por exemplo, para encontrar o valor de X numa equação inicialmente montada a
partir do equilíbrio de dois pratos numa balança, que aparecem, posteriormente,
como recurso para resolver uma equação. Há destaque para o fato de que toda
equação tem: pelo menos uma letra que indica um número desconhecido; e
um sinal = entre duas expressões e que resolver uma equação é encontrar as
suas soluções. Fica evidente, a utilização informal das propriedades da
igualdade para resolver uma equação.
Guelli, na 6ª série dá ênfase às propriedades da igualdade como forma
de solucionar equações do 1º grau, mas não fica claro o critério para determinar
o número que deve ser somado ou subtraído a cada membro da igualdade. As
operações inversas não são mencionadas.
A seguir, na 2ª etapa, afunilamos nossa investigação, desta vez
centralizando nosso olhar nos livros de 6ª série, onde há introdução formal da
resolução das equações polinomiais do 1º grau. Queríamos mapear nestes
livros, sob o ponto de vista da Teoria dos Campos Conceituais, os tipos de
problemas, procedimentos e representações simbólicas utilizados no estudo das
equações polinomiais do 1º grau.
3. A Introdução da Resolução de Equações em Livros Didáticos de 6ª
Série
O objetivo desta seção foi realizar uma análise diagnóstica em sete
volumes de 6ª série, nos tópicos referentes às equações polinomiais do 1º grau,
mapeando como os autores introduzem o conceito de equação, que estratégias
usam, que dificuldades estariam subjacentes, que outros conceitos os alunos
deverão mobilizar. Os conceitos, segundo Vergnaud (1990), envolvem um
conjunto de situações, que lhes dão significados, um conjunto de invariantes,
que podem ser vistos como as propriedades distintas do conceito, e um conjunto
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de símbolos, utilizados na representação do conceito. Na perspectiva de
identificar nos livros didáticos elementos relativos à Teoria dos Campos
Conceituais: invariantes, situações e representações simbólicas, relacionados
ao conceito de equação do 1º grau, elaboramos algumas categorias de análise.
Procuramos identificar:
I. o uso da metáfora da balança;
II. a presença no vocabulário de simbologias da teoria dos conjuntos;
III. funções das letras na resolução de equações
IV. as representações simbólicas utilizadas, tais como: letras, tabelas, diagramas
V. a exploração de procedimentos numéricos ( cálculo mental)
VI. os tipos de equações e valores numéricos dos coeficientes;
Analisamos os seguintes livros de 6ª série, indicadas pelo MEC, em 1999:
• BONGIOVANNI, Vincenzo; LEITE, Olímpio Rudini Vissoto e
LAUREANO, José Luiz Tavares. Coleção Matemática e Vida. São Paulo:
Ática, 1995.
• GIOVANNI, José Ruy e GIOVANNI JR., José Ruy. Coleção Matemática
Pensar e Descobrir. São Paulo: FTD, 1996.
• GUELLI, Oscar. Coleção Matemática – Uma aventura do pensamento. São
Paulo: Ática, 1998.
• BIGODE, Antonio José Lopes. Coleção Matemática Atual. São Paulo:
Atual, 1994.
• JAKUBOVIC, José e LELLIS, Marcelo. Coleção Matemática na Medida
Certa. São Paulo: Scipione, 1994.
• MORI, Iracema e ONAGA, Dulce Satiko. Coleção Matemática – Idéias
e Desafios. São Paulo: Saraiva, 1997.
• IMENES, Luiz Marcio e LELLIS,Marcelo.Coleção Matemática Imenes e
Lellis. São Paulo: Scipione, 1997
De forma geral, a estratégia utilizada para resolver equações nos livros
didáticos de 6ª série, refere-se à aplicação das Propriedades da Igualdade,
como sejam, o Princípio Aditivo (PA) e o Princípio Multiplicativo (PM). Há,
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algumas vezes, um enfoque simultâneo sobre as operações inversas,
estabelecendo uma “regra prática” para resolver equações; como também há
determinação das raízes mentalmente, por tentativa e substituição.
Em seis dos livros analisados, os autores recorrem à metáfora da balança
em equilíbrio para representar a equação, trabalhando simultaneamente no
texto o estudo das equações e a aplicação das propriedades da igualdade.
Apenas Bongiovanni, et alii 1995, não utiliza esta ilustração e apresenta as
propriedades da igualdade num tópico separado.
Mesmo utilizando, em alguns casos, o conceito de operações inversas,
ou basicamente os princípios de equivalência, nenhum dos autores justifica qual
o critério para escolher o número que deve ser adicionado, subtraído,
multiplicado ou dividido a cada um dos membros da equação, ou a cada prato
de uma balança. Apesar deste recurso: equilíbrio de pratos de balanças, a
escolha é totalmente implícita; quando muito, frisam que o 1º membro é o
escolhido para isolar a incógnita.
O conceito e a linguagem “Conjunto Universo” (U) e “Conjunto Solução” (S)
está presente em quatro dos sete volumes analisados. Porém, apenas 2
referem-se a equações indeterminadas (S = Q) e equações impossíveis (S =
∅) .
Na equação, a letra é tratada pela maioria dos autores como “termo
desconhecido” ou “incógnita”. Porém, o termo “variáveis” aparece em duas
coleções para designar as letras que aparecem numa “sentença matemática
aberta”, com o mesmo significado de incógnita. Fórmulas, como uma analogia
à utilidade e importância das equações, também aparecem em duas coleções,
representando fatos genéricos e problemas solúveis através de uma regra. Desta
forma, fica imbricado o aspecto generalizador, funcional e procedimental da
álgebra.
Sobre as representações semióticas utilizadas neste conteúdo
matemático, três livros (Imenes e Lellis,1997; Jakubovic e Lellis, 1994 e
Guelli, 1998), reservam algum espaço na explanação do conteúdo para falar
sobre a supressão do sinal de multiplicar (.) entre o coeficiente e a incógnita (a .
9
x), para, então, propor uma representação sincopada (ax). A maioria deles
utiliza a representação sincopada ax, apenas Mori e Onaga, 1997 usa a . x do
início ao fim do texto. Nenhum deles, porém, refere-se, no capítulo analisado,
ao significado da representação sincopada a/b ao invés de a ÷ b.
Nos sete livros, todas as situações concretas modelizadas por equações
do 1º grau, utilizando diferentes artifícios, tais como, balanças, diagramas,
esquemas gráficos, tabelas, máquinas de fazer operações especiais, cartas
enigmáticas, representam, sempre equações do tipo ax + b = c, com a ∈Ν* e b
e c∈ Z.
Quanto ao tratamento dado ao coeficiente a racional fracionário percebemos
em todos a ênfase na resolução através do m.m.c.
Bigode (1994) e Imenes e Lellis 1997) aplicam o princípio
multiplicativo, propondo que se multiplique os dois membros da igualdade por
um mesmo número, mas não deixam claro como deve ser feita esta escolha.
Segundo Giovanni (1196) e Mori e Onaga (1997) uma equação com
coeficiente fracionário resolve-se multiplicando os dois membros da equação
pelo m.m.c. dos denominadores e em seguida multiplicando os dois membros
da igualdade pelo inverso do coeficiente a , usando também, o princípio
multiplicativo.
Em todos os livros, os denominadores aparecem geralmente em vários
termos da equação e nos dois membros da igualdade, quase obrigando a solução
através do m.m.c.
Jakubovic e Lellis (1995) – Matemática na Medida Certa – se diferencia dos
outros ao sugerir que o coeficiente a sendo racional fracionário passe para o
segundo membro multiplicando. Diferenciam-se também, quando, ao
apresentar coeficientes fracionários recorrem à multiplicação em cruz, numa
aplicação da propriedade fundamental das proporções.
Ao todo, nos 7 livros analisados são apresentados 128 exemplos
resolvidos. Destes, em apenas 6 o coeficiente a é negativo, não fracionário, isto
é, a ∈ ( 4,7 % dos 128); em 15 (11,72% dos 128) o coeficiente a é −Z
10
fracionário não-negativo ( a ∈ ), sendo que entre os 15, em 10 o numerador
do coeficiente a é igual a 1 ( 66,7 % dos 15 e 7,8 % dos 128) e em 5 diferente
de 1 ( 33,3% dos 15 e 3,9 % dos 128). Em apenas 2, simultaneamente o a é
negativo, fracionário e com numerador diferente de 1 ( a ∈ ) ( 1,7 % dos 128
e 13, 3% dos 15). Entretanto, é possível, que em algumas coleções as equações
com coeficientes fracionários sejam exploradas em anos subseqüentes, como
por exemplo, Imemes e Lellis (1997), no volume da 7ª série destinam um tópico
ao estudo de “Equações com coeficientes fracionários”.
+Q
−Q
e
Ao todo, também, são propostas 759 equações para serem resolvidas.
Destas, 23 possuem a < 0 não fracionário( 3% em relação às 759); 94 a
racional fracionário ( 12,4 % em relação às 759); Na maioria destas 94 o
numerador do coeficiente a é igual a 1; em apenas 19 ( 20,2 % em relação às
94) o numerador do coeficiente a é diferente de 1. Em apenas 3
simultaneamente o a é negativo, fracionário e com numerador diferente de 1
(3,2 % em relação a 94 e 04% das 759).
Gráfico 1
77%
20% 3%
numerador docoeficiente a igual a 1
numerador docoeficiente a diferentde 1
coeficiente a <0,fracionário enumerador diferentede 1
A análise diagnóstica dos livros de 6ª série, sob a ótica da Teoria dos
Campos Conceituais, mostrou que implicitamente os autores fazem a opção de
modelizar situações concretas com equações simples e explicar a resolução de
equações utilizando as operações inversas.
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Os tipos de equações e valores numéricos dos coeficientes dão pistas de
possíveis dificuldades. Apesar dos livros didáticos optarem por introduzir o
conceito de equações usando a representação simbólica dos pratos da balança
em equilíbrio, este artifício parece não ser suficiente para favorecer a
compreensão e conseqüente aplicação da noção de operações inversas na
resolução de equações menos habituais, por exemplo, as que possuem o
coeficiente a racional fracionário.
3ª E 4ª ETAPAS: O TESTE DIAGNÓSTICO E A ENTREVISTA:
Com base nas análises de Livros Didáticos e após uma criteriosa
análise a priore, elaboramos um teste diagnóstico que foi aplicado para alunos
do ensino fundamental e médio de uma escola pública. Dentre os 62 alunos que
responderam o teste diagnóstico, selecionamos, em função dos erros cometidos,
5 alunos para serem entrevistados. Destacamos algumas justificativas para os
erros cometidos na resolução das equações polinomiais do 1º grau propostas
naquele teste. Enfatizaremos as dificuldades conceituais associadas às
propriedades da igualdade e das operações inversas, colhendo alguns indícios
para pensar sobre as filiações e rupturas entre aritmética e álgebra.
A entrevista foi individual, gravada em áudio e registrada num
protocolo (anotações, resolução de equações). Inicialmente foi proposto ao
aluno que resolvesse uma determinada equação. Em seguida, numa entrevista
semi-diretiva, pedia-se para que tentasse explicar como tinha resolvido aquela
equação. Após a exposição do aluno, era-lhe proposta outra equação e repetia-se
o processo dos questionamentos.
Numa segunda etapa o aluno era solicitado a operar numa máquina de
“fazer operações especiais1”. Queríamos observar se manipulando números o
aluno cometia erros análogos aos cometidos na resolução de equações.
1 Esta máquina foi inspirada em BIGODE, Antonio José Lopes. Coleção Matemática
Atual. São Paulo: Atual, 1994.
12
Procurou-se através delas verificar se erros cometidos na álgebra são herdados
da aritmética ou são frutos da ruptura entre elas.
Modelo da “máquina de fazer operações especiais”:
ALUNO:______________________ SÉRIE:____ DATA:_____/____/2001 Máquina:_______________________________
ENTRADA SAÍDA REGISTRE
AQUI
Foram propostos 5 tipos de máquinas:
1)Máquina que soma “n”; onde n representa um número natural fixo.
2) Máquina que subtrai “n”, onde n representa um número natural fixo.
3) Máquina que multiplica por “n”, onde n representa um número natural
fixo.
4) Máquina que divide por n, onde n representa um número natural fixo.
5) Máquina que multiplica por n e em seguida divide por m.
A opção pelo número natural deve-se ao fato que não queríamos
mobilizar neste momento outras dificuldades relacionadas com as operações
com inteiros ou racionais.
A máquina faz a interface entre a aritmética e a álgebra. Quando
propomos a entrada para que o aluno dê a saída, explicitamente deverá
mobilizar um raciocínio aritmético – fará a operação da máquina. Quando é
dada a saída e pede-se a entrada, embora estejamos tratando com números, ele
deverá utilizar implicitamente (ou explicitamente) as operações inversas da
máquina. Situamos este raciocínio na fronteira entre aritmética e álgebra.
13
Utilizamos em nosso estudo equações polinomiais do 1º grau do tipo ax +
b = c, sendo a, b, c ∈Q e a 0. Para facilitar a leitura, designamos de forma
arbitrária, coeficiente a como sendo o coeficiente do termo de 1º grau; coeficiente
b o termo independente e coeficiente c o segundo membro da equação.
Procuramos contemplar no universo dos entrevistados sete (7) tipos de erros,
destacados na análise qualitativa dos procedimentos de resolução dos alunos no
teste:
≠
E1)não aplicar a inversa da adição ou da subtração em relação ao coeficiente b;
E2) aplicar, em relação ao coeficiente a (a positivo, negativo, inteiro ou
racional fracionário) a inversa da adição ou da subtração, ao invés da
inversa da multiplicação;
E3)trocar o sinal do c, que já estava no segundo membro;
E4)ao aplicar a inversa da divisão ou da multiplicação em relação ao
coeficiente a, os alunos procedem a uma troca de sinal qualificativo;
E5) ao aplicar a inversa da multiplicação trocar o numerador e o
denominador do coeficiente a;
E6)multiplicar numerador pelo denominador do coeficiente a;
E7)o numerador e o denominador do coeficiente a, aparecem no 2º
membro sendo multiplicados, conservando ou não o sinal qualificativo e
aplicando ou não a inversa da adição ou da subtração.
Procedimentos dos alunos nas atividades com as máquinas
I. O predomínio dos procedimentos numéricos
O aluno Paulo, por exemplo, acertou todas as questões propostas, dando a
entrada ou a saída, operando sempre com um raciocínio numérico, não
mobilizando as operações inversas. Justifica seus procedimentos na “máquina
que soma 3”, na máquina que subtrai 6, máquina que multiplica por 5 e na
máquina que divide por 2, quando foram propostas as saídas 8, 10, -3, 24 e 30,
respectivamente, como sendo por tentativas, da seguinte forma:
“Procurei um número que somado com 3 desse 8”;
“Procurei um número que subtraindo 6 desse –3”;
14
“Procurei um número que multiplicado por 5 desse 25” e
“Procurei um número que dividido por 2 desse 30”, respectivamente.
II. O uso explícito das operações inversas
Dentre os cinco entrevistados, apenas dois alunos, Silvana e Breston,
mencionaram as operações inversas da adição e da divisão na explicação de
seus procedimentos nas máquinas e nenhum deles menciona as inversas na
resolução de equações.
Silvana, por exemplo, usa a operação inversa da adição na
“máquina que soma 3”. Quando foi proposta a saída 10 e pergunta-se qual
teria sido a entrada, ela responde corretamente, sete, e justifica quando
argüida sobre qual a operação realizada para encontrar o sete:
”_ Eu diminuí... do 10 tirei 3!”
Analogamente quando proponho a saída 1000, aluna justifica:
“_Porque a máquina soma 3. Se a máquina soma 3, eu tirei de 1000, 3”.
Porém, a aluna não mobilizou na “máquina que subtrai 5” a operação
inversa da subtração. Quando propus a saída 8, ela justifica assim sua
resposta:
“_Eu fui tentando ai cheguei ao número 13”.
Intuitivamente, sem muita convicção, também aplica a operação inversa
da divisão. Na máquina que divide por 2, quando proponho a saída 4, ela
justifica assim, a entrada 8: “_ porque 4 x 2 = 8! “. Ela não parece capaz
de explicar o que usa, nem porque, mas aplica propriedades matemáticas
relacionadas com as operações inversas, ou seja, usa o seguinte teorema-
em-ação:
Se .0,,, ≠∈ bNcba cbaba ×=⇔÷
Outro aluno, Breston, na máquina que soma 5, demonstrou ter usado a
inversa da adição. Quando propus a saída 999, ele escreveu 994. Então
perguntei: “_ qual foi o cálculo que você fez para encontrar este 994?”
“_ Eu coloquei 999 menos o 5 que a máquina soma e me deu o resultado
994, que seria a entrada dela.”
15
O aluno usou também a inversa da divisão na máquina que divide por 7,
quando propus a saída 6, ele justifica assim a entrada 42: “_ por que 6 x 7
dá 42”. E quando proponho a saída 13, justifica assim a entrada 91: “ _
eu fiz 13 x 7, aí deu 91”.
III. Os automatismos:
Podemos destacar que estes dois alunos, Silvana e Breston, apesar
de terem sinalizado para uma utilização das operações inversas da adição
e da divisão na aritmética, por ocasião da manipulação das máquinas, na
resolução das equações deixam claro o automatismo na manipulação dos
termos das equações, em momento algum fazendo referência às inversas.
Por exemplo, Silvana ao ser questionada sobre a passagem do
coeficiente b ( +1) na equação -3x + 1 = 0 para o segundo membro, que
ela chama “passar para depois da igualdade” , diz que o “ +1
transformou em –1” e justifica: “Quando a gente muda um número de
lugar ele muda o sinal, seja mais ou seja menos.” Ainda nas equações -
3x + 1 = 0 e 2x – 1 = 3, na passagem do coeficiente a , -3 e 2
respectivamente, para o 2º membro, aluna comete o erro 4, troca o sinal
qualificativo do a, quando aplica a inversa da multiplicação, mas justifica:
“vai tudo pro brejo por causa de um sinal... só sei que o ideal é a gente
trocar o sinal, já que ele está mudando de lugar”.
Já Breston, ao resolver a equação (7): 2/3x + 2 = 0, aplica
corretamente a inversa da adição em relação ao coeficiente b (2), a
inversa da divisão em relação ao denominador do coeficiente a (3) e a
inversa da multiplicação em relação ao numerador do coeficiente a (2).
Mas justifica assim seus procedimentos: “_ Eu resolvi a equação
16
primeiro ‘mudando os termos dos números’: letras no 1º membro e
números no 2º. Passando os números para o segundo membro, trocando
os sinais... com os sinais opostos e resolvi o resto da equação”. Pergunto
então: “_ O que levou você a pensar em passar para o segundo membro
com os sinais opostos?”.
_ Eu passei para o segundo membro com os sinais opostos por que
quando um número passa para o segundo membro, pro outro lado da
igualdade, ele muda de sinal.”
Breston também muda o sinal qualificativo do coeficiente a, ao
aplicar a inversa da divisão na equação 6: (-2x – 4 = 0) e 10: ( 4x – 1 = -4)
Mas justifica o erro na equação 6, assim: “_Porque no primeiro
membro ele (o coeficiente –2) estava negativo e quando passa para o
segundo membro, automaticamente troca de sinal.” E na 10 assim:
“_passei o 4 que estava multiplicando para o outro lado com o sinal
negativo e dividindo e deixei o –3 em cima dele.”
A aluna Fernanda, por exemplo, apesar de demonstrar segurança na
resolução de algumas equações, na equação 5: x/3 – 1 = 0, comete o erro
6, multiplica o numerador pelo denominador do coeficiente a.
17
E justifica: “−Esse x sobre 3 está dividindo, eu passei para multiplicar
pelo 3... botei o sinal de = e troquei o sinal do –1 que passou a ser +1.
Eu tive que inverter, trocar de posição”.
Outra evidência de automatismo ao lidar com a mudança de
membros dos termos de uma equação, constatamos com a aluna Kênia.
Ela apesar de demonstrar noção de redução de termos semelhantes e
comparação de inteiros, despreza o sinal de = nas sentenças que escreve
para solucionar a equação e repete dois dos erros categorizados no teste: o
número 1: não aplicar a operação inversa em relação ao coeficiente b e o
número 3: trocar o sinal do c que já estava no 2º membro.
Ao analisarmos a entrevista de Kênia, tivemos a impressão que
estes dois erros relacionam-se: ela sabe que precisa mudar um sinal e opta
pelo c, desta forma, em sua compreensão, satisfaz a aplicação da inversa
em relação ao b.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
De forma geral, confirmando a posição de Da Rocha Falcão (1993) e
Souza e Diniz (1996), pensamos que entre os erros que os alunos cometeram na
resolução de equações polinomiais do 1º grau há aqueles, numa perspectiva de
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continuidade herdados da aritmética; outros próprios da álgebra, incluindo
aqueles que são frutos da ruptura entre aritmética e álgebra.
No que se refere à resolução de equações polinomiais do 1º grau, uma
ruptura seria, por exemplo, a notação p/q, que na aritmética representa um
único número (racional fracionário), que deve ser trabalhado de uma só vez: p e
q, ao mesmo tempo; enquanto na álgebra quando este p/q é o coeficiente a de
uma equação polinomial do 1º grau, ele pode além de representar a relação
parte/todo, quociente, razão ou funcionar como um operador, assumir um
caráter de dois números distintos, ou seja, o p seria um número que multiplica a
incógnita x da equação, enquanto o q seria o número que dividiria este
resultado, portanto, esta notação p/q mobilizaria duas operações inversas: a
inversa da multiplicação em relação ao p e a inversa da divisão em relação ao q.
Em relação às continuidades, uma categoria de erros que se destacou na
análise dos testes e das entrevistas, está relacionada à extensão dos conjuntos
numéricos, ou seja, a passagem dos Naturais para os Inteiros e para os
Racionais. Como vimos na análise dos livros de 6ª série, a maioria dos autores
faz a opção de resolver equações com coeficientes fracionários tirando o m.m.c.
dos denominadores e quando o coeficiente a é negativo, multiplicar os dois
membros da equação por (–1), reduzindo assim a manipulação de números
negativos e fracionários.
Se partirmos da perspectiva da matemática escolar, onde aritmética
refere-se aos números e álgebra às letras, outro aspecto de continuidade da
álgebra em relação à aritmética seria, na resolução das equações polinomiais do
1º grau, todos os cálculos serem feitos com os números que acompanham as
incógnitas ou que aparecem independentes, na verdade se manipulam os
“números” para descobrir o valor da “letra”. Mas por outro lado para esta
manipulação exige a mobilização das operações inversas.
Finalmente, concluímos que a compreensão das propriedades da igualdade
e do conceito de operações inversas com números racionais na aritmética
interfere na apropriação da álgebra e mais especificamente na resolução de
equações polinomiais do 1º grau. Coerentes com pesquisas anteriores sobre o
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tema, os resultados desta investigação mostram que os erros cometidos pelos
alunos na resolução de equações polinomiais do 1o grau são parcialmente
herdados da aritmética, uma vez que o domínio das operações inversas com
números inteiros e racionais é instável nos alunos de ensino fundamental e
médio. Por outro lado, alguns erros parecem ser fruto da ruptura entre
aritmética e álgebra, e mais especificamente dos diferentes sentidos assumidos
pelos símbolos e da dificuldade dos alunos na manipulação de uma linguagem
simbólica centrada no referencial sintático. Ainda ao articular esta interferência
com escolhas subjacentes à maneira de abordar o tema nos Livros didáticos, o
cruzamento dos dados das quatro etapas aponta para a insuficiência do artifício
da balança em equilíbrio, amplamente utilizado nos livros didáticos, para
favorecer a compreensão das operações inversas e das propriedades da
igualdade na resolução de equações polinomiais de 1o grau com coeficientes
racionais. Observamos também que o uso de coeficientes inteiros negativos e
racionais fracionários é pouco explorado nos livros didáticos de 6a série e, ao
mesmo tempo, as equações destes tipos são aquelas com maiores índices de
erro.
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20
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São Paulo: Ática, 1998.
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JUREMA, Ana L. A. O que dá pra rir dá pra chorar: trabalho e ensino nos
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VERGNAUD, G. “Teoria dos Campos Conceituais”. IN: ANAIS do 1º
Seminário Internacional de Educação Matemática do Rio de Janeiro. Rio
de Janeiro: 1990.
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ANEXO: Modelo do teste diagnóstico:
ESCOLA:___________________________________
ALUNO:_______________________________________SÉRIE:___________
RESOLVA AS SEGUINTES EQUAÇÕES:
1)2x + 3 = 5
2)–3x + 1 = 0
3)2x – 1 = 3
4)x
52 1+ =
5)x
31 0− =
6)–2x – 4 = 0
7)2
32 0x+ =
8)− + =2
54 0x
9)− − =2
36 0x
10)4 x – 1 = -4
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A RELAÇÃO ENTRE A ARITMÉTICA E A ÁLGEBRA NA MATEMÁTICA
ESCOLAR: A INFLUÊNCIA DA COMPREENSÃO DAS PROPRIEDADES DA
IGUALDADE E O CONCEITO DE OPERAÇÕES INVERSAS NA RESOLUÇÃO
DE EQUAÇÕES POLINOMIAIS DO 1º GRAU
Rosinalda Aurora de Melo Teles
UFPE/ [email protected]
RESUMO
Analisamos a interferência da compreensão das propriedades da igualdade e do
conceito de operações inversas na aritmética na apropriação da álgebra, especificamente na
resolução de equações polinomiais de 1o grau. Observamos a possível influência de
escolhas subjacentes à maneira de abordar o tema em livros didáticos. Fizemos um estudo
em quatro etapas.
Identificamos escolhas de transposição didática referente aos usos das letras em
duas coleções de livros didáticos. Fizemos o mapeamento, sob o ponto de vista da Teoria
dos Campos Conceituais, de estratégias, tipos de problemas, procedimentos e
representações simbólicas utilizadas na introdução do conceito de equação. Aplicamos um
teste relativo à resolução de equações do 1o grau, com coeficientes racionais. E
entrevistamos 5 alunos. Os resultados mostram que erros cometidos pelos alunos na
resolução das equações são parcialmente herdados da aritmética, outros, porém, parecem
ser fruto da ruptura entre aritmética e álgebra.
PALAVRAS CHAVE: equações polinomiais do 1º grau; propriedades da
igualdade; operações inversas.