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José Mário Fidalgo Lopes A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER Dissertação de Mestrado em Sociologia: “Políticas Locais e Descentralização” Coimbra, Setembro 2012

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José Mário Fidalgo Lopes

A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local

e do programa LEADER

Dissertação de Mestrado em Sociologia: “Políticas Locais e Descentralização” Coimbra, Setembro 2012

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José Mário Fidalgo Lopes

A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local

e do programa LEADER Dissertação de Mestrado em Sociologia:

“Políticas Locais e Descentralização” Orientador:

Professor Doutor Fernando Alberto Baetas de Oliveira Ruivo

Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Coimbra, Setembro 2012

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

1

ÍNDICE

Glossário de termos e abreviaturas ................................................... 3

Nota prévia /Agradecimentos ............................................................ 5

Sumário .............................................................................................. 6

Summary ............................................................................................ 7

I. Apresentação do trabalho e notas algumas metodológicas .......... 8I. 1. Âmbito e objetivos .................................................................................... 8

I. 2. Estrutura e organização do trabalho ...................................................... 14

II. Enquadramento conceptual do Estudo ....................................... 16II. 1. Introdução ............................................................................................. 16

II. 2. Associativismo ...................................................................................... 16

II. 3. Desenvolvimento .................................................................................. 21

II. 4. Desenvolvimento Local ......................................................................... 24

II. 5. Políticas e Serviços Públicos ................................................................ 26

II. 6. Parcerias ............................................................................................... 30

III. Programa LEADER ..................................................................... 32III. 1. Enquadramento na Europa do Programa LEADER ............................. 32

III. 2. LEADER em Portugal .......................................................................... 41

III. 2.1. LEADER I (1991-1993) ................................................................. 42III. 2.2. LEADER II (1994-1999) ................................................................ 45III. 2.3. LEADER + (2000-2006) ................................................................ 47III. 2.4. PRODER – Eixo 3: Abordagem LEADER (2007-2013) ................. 49III. 2.5. LEADER em Portugal …Caminho e Caminhantes ........................ 51

IV. Associações de Desenvolvimento Local (ADL) ......................... 54IV. 1. Uma Visão Nacional ............................................................................ 54

IV. 1.1. Enquadramento ............................................................................ 54IV. 1.2. Localização e território .................................................................. 59IV. 1.3. Parcerias / composição ................................................................. 60IV. 1.4. Características formais ................................................................. 62IV. 1.5. Atividades ..................................................................................... 65

IV. 2. Uma Visão Territorial ........................................................................... 69

IV. 2.1. AD ELO ......................................................................................... 69IV. 2.1.1. Enquadramento ...................................................................... 69

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

2

IV. 2.1.2. Localização e território ........................................................... 71IV. 2.1.3. Recursos humanos e materiais .............................................. 72IV. 2.1.4. Atividades ............................................................................... 72IV. 2.1.5. Parcerias e redes ................................................................... 77

IV. 2.2. ADRAT .......................................................................................... 80IV. 2.2.1. Enquadramento ...................................................................... 80IV. 2.2.2. Localização e território ........................................................... 81IV. 2.2.3. Recursos humanos e materiais .............................................. 82IV. 2.2.4. Atividades ............................................................................... 83IV. 2.2.5. Parcerias e redes ................................................................... 84

IV. 2.3. ADICES ......................................................................................... 86IV. 2.3.1. Enquadramento ...................................................................... 86IV. 2.3.2. Localização e território ........................................................... 87IV. 2.3.3. Recursos humanos e materiais .............................................. 89IV. 2.3.4. Atividades ............................................................................... 89IV. 2.3.5. Parcerias e redes ................................................................... 91

IV. 2.4. Terras Dentro ................................................................................ 92IV. 2.4.1. Enquadramento ...................................................................... 92IV. 2.4.2. Localização e território ........................................................... 94IV. 2.4.3. Recursos humanos e materiais .............................................. 95IV. 2.4.4. Atividades ............................................................................... 96IV. 2.4.5. Parcerias e redes ................................................................... 97

V. As ADL e o Programa LEADER – Um olhar crítico .................... 98V. 1. Em jeito de balanço .............................................................................. 98

V. 2. Um olhar sobre as Associações de Desenvolvimento Local ................ 99

V. 3. O Programa LEADER as ADL e o território ........................................ 112

Conclusões .................................................................................... 116

Bibliografia ..................................................................................... 120

Documentos consultados na Internet ............................................ 126

Sítios na Internet consultados e referenciados ............................. 128

Anexo I – Fichas Resumo das ADL ............................................... 130

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GLOSSÁRIO DE TERMOS E ABREVIATURAS

ADL – Associação de Desenvolvimento Local AGRIS -Programas operacionais regionais de agricultura Animar – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local CEE – Comunidade Económica Europeia CLDS - Contratos Locais de Desenvolvimento Social CNIS Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade CNO - Centro de Novas Oportunidades CRVCC - Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências DGPA - Direção Geral de Planeamento e Agricultura DLD – Desempregados de Longa Duração DOP - Denominação de origem protegida EAPN – European Anti-Poverty Network EFA – Educação e Formação de Adultos ENRD – European Network for Rural Development ENVIREG – Ambiente (IC) EQUAL – Combate às discriminações no acesso e no mercado de trabalho (IC) EUROFORM – Novas qualificações (IC) FC - Fundo de Coesão FEADER - Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural FEAGA - Fundo Europeu Agrícola de Garantia Agrícola FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional FEOGA - Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola FEP - Fundo Europeu das Pescas FINICIA – Programa de apoio para soluções financeiras para pequenas empresas FSE - Fundo Social Europeu GAC - Grupos de Acão Costeira GAL - Grupos de Acão Local GIP - Gabinete de Inserção Profissional GRUNDVIG - Programa Europeu de Aprendizagem ao Longo da Vida (Adultos) HORIZON - Acesso ao mercado de trabalho para pessoas com deficiência e minorias (IC) IC – Iniciativa Comunitária ICN – Instituto de Conservação da Natureza. IDARC - Instituto para o Desenvolvimento Agrário da Região Centro IEADR - Instituto de Estruturas Agrárias e Desenvolvimento Rural IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional IFOP - Instrumento de Financiamento de Orientação das Pescas IG - Indicação Geográfica IGP- Indicação Geográfica Protegida ILE – Iniciativas Locais de Emprego INE – Instituto Nacional de Estatística INTERREG - Cooperação Transnacional (IC) IPSS – Instituições Particulares de Solidariedade Social LEADER – Ligação Entre Ações de Desenvolvimento da Economia Rural NOW – Igualdades de oportunidades da mulher no mercado de trabalho (IC) OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico OCM - Organização única de mercado ONG – Organização Não Governamental ONGA - Organização Não Governamental para o Ambiente ONGD - Organização Não Governamental para o Desenvolvimento ONU – Organização das Nações Unidas PAC – Política Agrícola Comum PAL - Plano de Acão Local PAMAF – Programa de Apoio à Modernização Agrícola e Florestal PDR – Programa de Desenvolvimento Regional PIB – Produto Interno Bruto

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PNLCP - Programas Nacionais de Luta Contra a Pobreza PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento POEFDS – Programa Operacional de Emprego, Formação e Desenvolvimento Social PRISMA - Serviços de negócios ligados ao mercado único (IC) PRODER - Programa de Desenvolvimento Rural do Continente PRODERAM - Programa de Desenvolvimento Rural da Madeira PROMAR - Programa Operacional de Pescas 2007-2013 PRONORTE – Programa Operacional Regional do Norte PRORURAL - Programa de Desenvolvimento Rural dos Açores PROVE – Projeto – Promover e Vender (Comercialização de produtos agrícolas) PROVERE - Programas de Valorização Económica de Recursos Endógenos QCA – Quadro Comunitário de Apoio QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional RECHAR - Diversificação de zonas mineiras (IC) REGEN - Redes de energia (IC) REGIS - Apoio a regiões ultraperiféricas (IC) RENAVAL - Reconversão de zonas de construção naval (IC) RESIDER – Reconversão de zonas de ferro e aço (IC) RIME – Regime de Incentivo às Micro Empresas RSI – Rendimento Social de Inserção STAR – Telecomunicações (IC) STRIDE - Investigação e desenvolvimento (IC) TELEMATIQUE - Serviços avançados de telecomunicações (IC) UE – União Europeia UMP - União das Misericórdias Portuguesas VALOREN – Energias renováveis (IC) ZI - Zona de Intervenção

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NOTA PRÉVIA /AGRADECIMENTOS

A tese que se apresenta, “A (re) invenção do Local: o papel das Associações

de Desenvolvimento Local e do programa LEADER” insere-se na conclusão do

Mestrado em Sociologia, “Políticas locais e descentralização”, da Faculdade de

Economia da Universidade de Coimbra. Este processo, iniciado no ano letivo

de 2001, foi interrompido por motivos profissionais, tendo só no corrente ano

reunido as condições para a sua concretização.

Dirijo um primeiro sinal de agradecimento aos coordenadores do Mestrado,

Professores Pedro Manuel Teixeira Botelho Hespanha e Fernando Alberto

Baetas de Oliveira Ruivo pela motivação e apoio que sempre prestaram e que

permitiu a conclusão deste ciclo de estudos. Na última fase do trabalho, registo

um agradecimento redobrado ao Professor Fernando Ruivo pois, apesar das

limitações de tempo e as circunstâncias da sua realização, encontrou

disponibilidade para orientar a tese.

Sem desejar entrar em muitas referências particulares, por natureza, sempre

incompletas, não posso deixar de assinalar o prestável contributo de todos os

técnicos e diretores que, nas diferentes ADL e na Federação “Minha Terra”,

criaram as condições no fornecimento e disponibilização das informações

essenciais para a realização deste estudo.

Por último, um agradecimento especial para a Lena que, para além do espírito

crítico e do incentivo constante, deu pistas importantes que serviram de reforço

e orientação do sentido geral do trabalho.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

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SUMÁRIO

Nas últimas décadas assistiu-se em Portugal ao desenvolvimento de

movimentos associativos, de natureza muito diversificada, que ocuparam um

espaço na estrutura complexa de intervenção social, cultural e económica de

base territorial. Este processo assumiu especial relevância no contexto dos

espaços rurais, onde a dispersão e a fragilidade das relações institucionais

criaram as condições para a consolidação de Associações de Desenvolvimento

Local (ADL), enquanto estruturas que promovem a participação das

comunidades no sentido do seu próprio desenvolvimento.

A adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE) permitiu a

sua integração nos processos de desenvolvimento definidos à escala europeia,

através da extensão ao território nacional do alcance das medidas de política e

dos programas de apoio comunitário. Neste quadro assumiu especial

relevância o Programa de Iniciativa Comunitária LEADER (LEADER), cujos

principais objetivos se centravam na revitalização dos espaços rurais, através

do estímulo às atividades ligadas aos territórios, partindo da mobilização das

suas capacidades.

Partindo de uma visão global das ADL e tendo como referência principal a

leitura destas realidades à luz das linhas teóricas do conceito de

Desenvolvimento Local, o estudo focalizou a sua análise apenas naquelas que

estão associadas ao LEADER, procurando verificar em que medida este

programa contribuiu para a consolidação dessas entidades e por extensão para

o desenvolvimento dos territórios rurais em Portugal.

O estudo realizado deu pistas seguras para a confirmação das hipóteses

inicialmente enunciadas de que a intervenção das ADL, gestoras do LEADER,

tem contribuído, de forma significativa, para o desenvolvimento dos territórios

mais frágeis e de que o LEADER funcionou como inspiração e uma verdadeira

“escola” assente na dimensão dos seus recursos e principalmente, no seu

processo metodológico de intervenção.

Palavras-Chave: Associativismo; Associações de Desenvolvimento Local,

Programa de Iniciativa Comunitária LEADER, Desenvolvimento Local.

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7

SUMMARY

In recent decades we have attended the development in Portugal of associative

movements, very diverse in nature, which occupied a space in the complex

structure of social, cultural and economic territorial intervention. This process

took on special significance in the context of rural areas, where the dispersion

and weak institutional relationships created the conditions for the consolidation

of Local Development Associations (ADL), while structures that promote

community participation towards their own development.

The accession of Portugal to the European Economic Community (EEC)

allowed its integration into development processes defined at European level,

by extending to the national territory the reach of political measures and

community support programs. In this picture taken on particular relevance the

Community Initiative LEADER, whose main objectives were focused on the

revitalization of rural areas by stimulating activities linked to the territories, from

mobilizing its capabilities.

Starting with an overview of the ADL and having as main reference reading

these realities in the light of theoretical lines of the concept of Local

Development, the study focused its analysis only on those that are associated

with the LEADER, trying to check how far this program has contributed to the

consolidation of these entities and by extension for the development of rural

areas in Portugal.

The study gave clues to secure confirmation of the hypothesis initially stated,

that the intervention of the ADL, managing LEADER, has contributed

significantly to the development of the weaker areas and the Leader served as

inspiration and a true "school" based on the size of their resources and

especially in its local methodological process of intervention.

Keywords: Associations, Local Development Associations, Community Initiative

LEADER, Local Development.

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8

I. APRESENTAÇÃO DO TRABALHO E NOTAS ALGUMAS METODOLÓGICAS

I. 1. Âmbito e objetivos

A adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE) a partir de

1986, e sua integração no contexto das medidas de política estabelecidas ao

nível europeu, proporcionou oportunidades que contribuíram, de forma célere,

para que as estruturas locais se organizassem e estabelecessem novas formas

de intervenção. Neste âmbito e nas últimas décadas surgiram e consolidaram-

se as Associações de Desenvolvimento Local (ADL), enquanto realidades

associativas que procuraram assumir um papel de intervenção na arquitetura

institucional entre o Estado, o cidadão e o mercado num país que, após a

Revolução do 25 de Abril, assistiu ao “nascimento” de um Estado mais aberto e

democrata.

Esta realidade, presente pelo todo nacional, assumiu especial relevância no

contexto dos espaços rurais, onde a dispersão e a fragilidade das relações

institucionais contribuíam para a ausência de participação das comunidades no

desenvolvimento das opções estratégicas que se iam concretizando no seu

espaço. O exercício de poder centrava-se na dimensão da administração

central e local ficando reservada para a comunidade local, uma participação

circunscrita a associações locais de índole cultural, desportiva ou de respostas

sociais de proximidade.

Com a integração europeia, é assinalável o papel que os Fundos Estruturais e

as Iniciativas Comunitárias desempenharam neste processo de criação e

afirmação de estruturas locais que, de forma partilhada, introduziram novas

formas de organização e participação, assumindo um papel importante na

execução, a nível local, de políticas públicas nacionais e europeias.

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9

O Programa de Iniciativa Comunitária LEADER (LEADER)1

Os objetivos principais deste programa/metodologia centram-se na

revitalização dos espaços rurais, através do estímulo a atividades ligadas à

preservação do património histórico, cultural e ambiental, visando a promoção

do turismo, o apoio à instalação de pequenas empresas que pudessem

potenciar a produção local de produtos de qualidade, contribuindo para a

consolidação das identidades locais. O programa LEADER distinguiu-se de

forma substancial da construção programática de outros programas, porque

considerava, na sua aplicação, um conjunto de princípios

, criado no início

dos anos noventa do século passado, no contexto das reformas da Política

Agrícola Comum e dos Fundos Estruturais, assentava no reconhecimento do

caráter multifuncional dos territórios rurais europeus. Este programa, enquanto

iniciativa comunitária, teve 3 edições (LEADER I, II e +) que percorreram os

períodos de programação financeira denominados Quadros Comunitários de

Apoio (QCA) de 1991 a 2006. Após os processos de avaliação efetuados (nível

nacional e europeu), no atual período de programação (2007-2013), a

Comissão Europeia entendeu incorporar a abordagem LEADER nos programas

nacionais de desenvolvimento rural, concluindo que, estando consolidada e

validada esta metodologia de intervenção, deveria ser considerada, a partir de

2007, como fazendo parte dos processos de implementação nacional das

políticas públicas de apoio ao desenvolvimento rural.

2

que, sendo ainda

hoje importantes, assumiram na década de 1990 um papel inovador,

impulsionador de transformações evidentes em toda a Europa, mormente nos

espaços rurais mais frágeis.

São estes dois elementos - Associações de Desenvolvimento Local e

Programa de Iniciativa Comunitária LEADER que estarão presentes ao longo

desta reflexão, assentes num quadro conceptual em torno do Desenvolvimento

Local. A opção pela abordagem ao Programa LEADER justifica-se pela

importância que assumiu na construção de uma matriz de intervenção das

ADL, dado que na sua construção programática cruza os princípios do

1 Ver capítulo III. PROGRAMA LEADER. 2 Os 7 princípios da abordagem LEADER serão apresentados igualmente no capítulo III.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

10

Desenvolvimento Local, nomeadamente: territorialização da intervenção,

trabalho em parceria, recursos e autonomia próprios e intervenção integrada.

O pressuposto de que o local e as suas especificidades possuem dinâmicas

próprias e diferentes formas de conjugação dos seus atores e do poder (formal

e informal) num processo de pertença e de (re) invenção, levou-nos a formular,

sobre o universo e características das entidades denominadas Associações de

Desenvolvimento Local, algumas questões de partida:

• Quais as suas características, como estão organizadas e que

metodologias de intervenção prosseguem?

• Qual a sua legitimidade e poder (atribuído, conquistado, formal ou

informal)?

• Que recursos lhe são destinados? Quais aqueles que elas encontram?

• Que relação estabelecem com o Estado (central ou local) e com as

populações ou comunidades?

• Qual o seu contributo para a promoção das dinâmicas e inovação

territoriais?

• Qual a semelhança com experiências análogas no contexto europeu e

extraeuropeu?

O programa LEADER emergiu como uma referência constante enquanto

ferramenta metodológica e instrumento financeiro de apoio à concretização de

opções de base local, numa perspetiva de valorização dos recursos endógenos

e assente na promoção da participação local. No âmbito deste estudo também

se equacionaram algumas questões de partida sobre este programa:

• Em que contexto apareceu e que características assumiu?

• Qual a sua importância na criação e afirmação das políticas de

desenvolvimento e no reforço da capacidade de autonomia das ADL?

• Qual o seu contributo para a indução de processos inovadores de

carácter experimentalista em meio rural?

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

11

A definição prévia destas questões serviu como ponto de partida da reflexão e

linha orientadora do estudo, não limitando o surgimento de outras que

emergiram ao longo da análise. Perante o labiríntico circuito de questões, umas

de resposta mais simples outras de natureza mais complexa, a dissertação

ensaiará dar uma “pincelada” sobre esta realidade e simultaneamente apontar

algumas pistas que contribuam para clarificar as questões formuladas

inicialmente. Por conseguinte, dada a abrangência e amplitude do tema,

assumimos não poder apresentar uma resposta global e aprofundada a todas

as questões associadas, sob pena de desvirtuar e prolongar o sentido da

investigação. A possibilidade da realização de estudos de aprofundamento

deverá, doravante, ser encarada como incentivo para concretizar

posteriormente uma nova fase de investigação.

Como objetivo principal deste estudo, pretendeu-se verificar qual o papel das

Associações de Desenvolvimento Local na concretização de processos de

desenvolvimento de base territorial, que envolvam os indivíduos e as entidades

locais em diferentes processos de partilha de poder e execução das políticas

públicas. No processo de construção dos pressupostos de ação destas

entidades, procurou-se perceber qual a influência do LEADER, enquanto

instrumento orientador, descentralizado e entendido como um campo de ensaio

de formas de aproximação das decisões à população, indutor de uma matriz de

intervenção que inspirou e formatou as entidades que a ele estiveram ligadas.

Partindo de uma revisão da literatura, onde se efetuou uma análise a diversos

estudos sobre o tema, não descurando a recolha bibliográfica que aborda os

temas específicos que serviram de suporte teórico à investigação, encarámos a

reflexão como um processo dinâmico, não deixando de assumir, em

determinados momentos, um cunho pessoal.

Efetivamente em Portugal existem já alguns trabalhos de investigação sobre o

Desenvolvimento Local, quer no âmbito de estudos científicos (Mestrados e

Doutoramentos) quer nos processos de avaliação de projetos e programas.

Estes trabalhos, que mereceram a nossa especial atenção, permitiram

identificar o caminho e as pistas de abordagem que se pretendiam seguir.

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12

Dentro do universo desses estudos é importante sublinhar alguns dos que

contribuíram, de forma mais decisiva, para a reflexão desenvolvida, a saber:

• A tese de doutoramento de Luís Moreno (Moreno, 2002) denominada

“Desenvolvimento Local em Meio Rural: Caminhos e Caminhantes”, que

forneceu pistas fundamentais para o decurso da investigação e para o

conhecimento do desenvolvimento local em Portugal;

• A tese de mestrado de Marta Guerreiro “Associações de

Desenvolvimento Local: Que contributo para o desenvolvimento local? O

estudo de caso da ADPM” (Guerreiro, 2008) sob orientação de Professor

Doutor Rogério Roque Amaro do ISCTE, onde a temática do

desenvolvimento local foi abordada em aspetos particulares focalizando

a análise numa base de estudo de caso;

• A obra “Outras mediações Estado/Sociedade: as parcerias no programa

LEADER” de Maria do Rosário Serafim (Serafim, 1999) na sequência da

defesa da sua tese de mestrado intitulada “Mutações no espaço social

rural: limites e virtualidades”. Este documento constituiu-se como uma

das primeiras abordagens ao Programa LEADER e à sua

implementação no território nacional.

Na realização de processos de avaliação de iniciativas e programas têm vindo

a ser produzidos importantes documentos de reflexão sobre estas temáticas, e

que, pelas suas características técnicas por vezes não recolhem o devido

tratamento e análise. No entanto e dada a sua importância destacamos, entre

outros:

• o Ex-Post Evaluation of the Leader I Community Initiative 1989-1993,

promovido pela Comissão Europeia e que agregou mais de 60

especialistas independentes de 12 países3

• a “Avaliação intercalar, contínua e final do PIC LEADER II” elaborada

pelo consórcio GEOIDEIA, IESE e incluída no Relatório Final do

LEADER II

(Comissão Europeia, 1999);

4

3 Disponível em: http://ec.europa.eu/agriculture/rur/leader1/index_en.htm.

(DGDR, 2004);

4 Disponível em: http://www.leader.pt/leader2_rel_final.htm.

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13

• o trabalho realizado pelo Bureau Internacional do Trabalho, em 2003,

sobre a implementação dos programas de “luta contra a pobreza e a

exclusão social em Portugal” (BIT, 2003).

No que se refere à bibliografia consultada não podemos deixar de assinalar

duas das obras que, pela sua natureza, estiveram presentes de forma

marcante na reflexão e na abordagem aos assuntos. Referimo-nos aos livros

Um Estado Labiríntico: o poder relacional entre poderes local e central em

Portugal (Ruivo, 2000a) e O Poder Local Português e a Construção Europeia, o

Estado Labiríntico Revisitado (Ruivo, Francisco e Gomes, 2011).

Neste contexto, baseando-nos nos elementos recolhidos e na nossa

experiência pessoal ao nível deste movimento, partimos para esta investigação

construindo uma matriz de análise, assente em duas hipóteses:

• As Associações de Desenvolvimento Local ao longo destes 20 anos têm

vindo a assumir um papel relevante na implementação de políticas

públicas de apoio, numa metodologia de intervenção assente nos

princípios do Desenvolvimento Local;

• O programa de Iniciativa Comunitária LEADER, que surgiu na Europa no

contexto das políticas de apoio ao desenvolvimento rural, contribuiu de

forma decisiva para a criação e afirmação de Associações de

Desenvolvimento Local em Portugal, e por extensão para o

desenvolvimento dos territórios rurais.

As hipóteses supramencionadas refletem simultaneamente o âmbito deste

estudo e a consciência que temos sobre a importância de se desenvolver uma

análise centrada nesta área específica. A sustentação teórica, que um estudo

desta natureza exige, contextualizará o conhecimento pessoal, de natureza

empírica, que possuímos destas dinâmicas, fruto da nossa experiência.

Esperamos que desta dualidade teórico-prática surjam informações pertinentes

que permitam um maior conhecimento desta realidade e por conseguinte uma

melhoria no plano da intervenção local.

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14

I. 2. Estrutura e organização do trabalho

A escolha do tema central deste estudo justifica-se pelo facto do nosso

percurso profissional, ao longo das últimas duas décadas, se ter centrado no

processo de criação e consolidação de uma Associação de Desenvolvimento

Local – AD ELO, Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e

Mondego5

. Assim é de assinalar que este trabalho foi assumido, desde seu

início, como um processo de pesquisa e reflexão centrado numa visão mais

pragmática, participativa e circunscrita a situações observáveis, cruzando-se no

entanto, com conceitos e fundamentação teórica associados aos temas

abordados. Não tendo um pendor marcadamente teórico não deixamos, no

entanto, de remeter para conceitos e ideias que derivam da bibliografia, criando

um suporte teórico à investigação, em linha com o que muitos autores têm

produzido sobre estes assuntos. De acordo com estrutura preconizada para a

apresentação deste trabalho considerou-se que neste primeiro espaço

(Capítulo I) se contextualizaria a dissertação através da identificação sumária

do âmbito e dos objetivos do estudo, justificando a pertinência e motivação

associados à sua realização.

Os termos Associativismo, Desenvolvimento, Políticas Públicas e Parcerias

surgiram de forma constante ao longo desta reflexão, motivo que justificou uma

abordagem mais profunda de teor histórico-conceptual. No Capítulo II é

efetuado, por conseguinte, um enquadramento teórico destes conceitos através

de uma análise critica e da contextualização espácio-temporal dos assuntos.

Houve igualmente a intenção, assumida, de recuar no tempo histórico para

encontrar um fio condutor que ajudasse a compreender as dinâmicas e os

conceitos mais enfatizados nesta temática.

Após a definição do objeto e a conceptualização teórica realizou-se o trabalho

de recolha e sistematização de informação que permitiu uma caracterização

das componentes principais do estudo – Programa LEADER e as ADL, através

da interpretação da realidade numa vertente quantitativa e qualitativa. Assim,

no Capítulo III apresentamos o LEADER pretendendo-se dar uma visão global 5 Ver ponto IV. 2.1.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

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sobre a sua origem, filosofia, estrutura de ação e recursos. Para a

concretização deste ponto efetuámos uma recolha documental extensa,

utilizando as fontes oficiais associadas aos procedimentos de gestão, relatórios

de execução, planos nacionais e outros documentos enquadradores das

autoridades de gestão e das associações gestoras do programa. A pesquisa

empreendida permitiu-nos obter um manancial de dados que são apresentados

em síntese, numa tentativa de fornecer um quadro clarificador desta realidade.

A identificação e caracterização do movimento associativo em geral, e das ADL

em particular, constituíram-se como a fase central do trabalho, de natureza

mais complexa e morosa pela necessidade de cruzar informações obtidas por

via indireta (análise documental) e direta a partir de entrevistas livres com

intervenientes das associações. No Capítulo IV, partindo-se de uma visão

nacional e agregadora, apresentam-se quatro ADL numa “perspetiva” de

estudos de caso de carácter demonstrativo deste movimento associativo e da

sua filosofia de intervenção. Neste capítulo fornecemos também, em síntese,

as diversas informações recolhidas sobre as ADL em Portugal, pretendendo-se

traçar um quadro ilustrativo destas realidades com um pendor mais objetivo e

imparcial possível.

Reservamos o Capítulo V para uma análise crítica dos temas, através da

integração e cruzamento de toda a informação, manifestando, por vezes, uma

posição pessoal, justificada pela intervenção direta que desenvolvemos na área

do estudo, não deixando contudo de seguir a linha orientadora do trabalho e as

referências teóricas analisadas. Assim as questões associadas à consolidação,

legitimidade, limitações e dificuldades da ADL são abordadas numa perspetiva

analítica, procurando-se apresentar os argumentos e as evidências que

serviram de suporte às conclusões registadas.

No capítulo “Conclusões” são revisitadas as questões de partida e

apresentadas, em síntese, algumas observações sobre as ideias principais que

importa registar, com o objetivo de contribuir para consolidar a compreensão

destas realidades que se entrecruzam na (re) invenção do Local por parte das

Associações de Desenvolvimento Local.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

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II. ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL DO ESTUDO

II. 1. Introdução

No sentido de caminhar para uma melhor perceção das temáticas centrais

deste estudo, procuramos, de seguida, clarificar teoricamente os termos e

conceitos que cruzam de forma mais marcante a nossa reflexão. Paralelamente

procurar-se-á contextualizar, no plano histórico, sempre que oportuno, o

surgimento e desenvolvimento de algumas das realidades que se procuram

abordar e conhecer com mais profundidade.

II. 2. Associativismo

Quando falamos de associativismo em Portugal, no conceito de livre expressão

do indivíduo que, de forma espontânea ou organizada, entende participar num

processo coletivo, estamos a olhar para a sociedade civil que “pode ser

definida como correspondendo a um espaço social entre indivíduos e o Estado,

composto por associações organizadas na base do consentimento voluntário

entre cidadãos” (Monteiro, 2004:151). Enquanto elemento transversal no

âmbito deste trabalho importa enquadrar, ainda que de forma resumida, o

movimento associativo em Portugal, não esquecendo a natureza dos regimes

políticos que marcaram a sociedade portuguesa nos dois últimos séculos. Uma

forte presença da igreja, a existência de corporações profissionais coesas e

verticais, e o condicionamento a uma participação pública exercida livremente,

são características que contribuíram para um processo associativo formal lento,

de menor expressão. A distância ou ausência do Estado, em determinadas

situações e períodos, associada à persistência de mecanismos informais

possibilitou, em Portugal, a construção duma sociabilidade assente na

solidariedade e vizinhança, criando mecanismos duradouros que se podem

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caracterizar no que se designa por “Sociedade-Providência”, baseada numa

matriz de informalidade, em relações de proximidade, estabilidade, igualdade e

reciprocidade (Santos, 1995, i-vi).

Conhecer o movimento associativismo em Portugal pressupõe que recuemos

na nossa análise aos “movimentos revolucionários que ocorreram na Europa e

na América do Norte desde finais do século XVIII” e que com as diferenças de

adaptação a cada país e realidade “tinham-se encarregado de pôr em prática

(…) conceitos e valores políticos definidos pelo pensamento iluminista” como a

“liberdade, a igualdade, a segurança, a propriedade individual, os direitos e

deveres do cidadão” (Vargues, 1993:47), que consolidaram uma transformação

social e politica na Europa. No contexto da Revolução Liberal portuguesa (após

1820), a defesa dos direitos e liberdades do cidadão, a abolição dos forais,

ordens religiosas e Corporações e o início do tímido surto industrial, deram

origem a uma alteração significativa na área do movimento associativo como

forma inovadora de organização da vida pública, própria das sociedades

modernas.

Ao longo do século XIX, e fruto dum processo revolucionário profundo,

desmantelou-se a ordem tradicional e caminhou-se lentamente para a

construção de novas realidades de organização política, económica e social.

Assistimos assim, nesse período, ao surgimento, com algum significado, de

associações com fins económicos, culturais e recreativos, para além das que

existiam de carácter essencialmente assistencialista6

6 Alguns exemplos: Associação Industrial Portuguesa (1837), Associação Industrial Portuense (1849), Associação Central de Agricultura Portuguesa (1860), (Rosas e Brito, 1996:73-79).

. No entanto, esse

movimento associativo seria olhado com desconfiança e reservas, limitado na

sua concretização e dependente do Estado para a sua formalização.

Relembremos que o período que antecedeu o 1º Código Civil português (1867)

não existia um quadro legal adequado, estando dependentes de decretos e

portarias para a aprovação dos respetivos estatutos, que acontecia de forma

casuística. É de registar, no entanto, algum dinamismo em várias áreas

abrangendo a economia e a cultura, pois “a segunda metade de oitocentos foi

época de grandes e rápidas mudanças ao nível da vida quotidiana e das

práticas sociais. Neste tempo (…) surgem as primeiras formações políticas

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organizadas, expandem-se e democratizam-se as sociedades secretas,

promovem-se e valorizam-se os saraus literários e as conferências” (Cascão,

1993: 541).

Até ao advento da 1ª República (1910) o movimento associativo português

organizado era reduzido, sendo a expressão de uma sociedade onde os

espaços de participação se encontravam confinados a movimentos mais ou

menos controlados. Com a implantação da Republica assistiu-se a um impulso

significativo quer ao nível da criação de novas associações, quer em áreas

mais abrangentes (agricultura, educação, desporto, entre outras), pois a

propaganda republicana tinha alimentado fortemente as esperanças da

população no sentido da melhoria das suas condições de vida por via da

participação cívica. Assim após o processo revolucionário, e “fazendo uso das

novas possibilidades de intervenção na vida pública (…) as populações

organizaram-se nas mais diversas formas à volta dos seus interesses de classe

ou profissão, criando associações no seio das quais irão tentar encontrar os

caminhos que melhor sirvam à defesa dos seus direitos e à valorização das

suas condições de trabalho” (Vieira, 2005:27).

Com o advento do Estado Novo serão introduzidos mecanismos que, partindo

do movimento associativo existente ou criando outros com novas

configurações, têm como principal objetivo o alargamento da “sombra do

Estado” enquanto política de controlo e submissão do cidadão a uma

organização social e politica bastante rígida, pois “a sociedade portuguesa que

o Estado Novo quis moldar era uma sociedade dependente do líder e das

autoridades, cultural e politicamente enquadrada dentro dos valores e dos

princípios definidos pelo poder” (Oliveira, 1990:32).

O movimento associativo neste período irá ser moldado em torno de objetivos

políticos passando por uma maior “obrigação de pertença”, onde a adesão

obrigatória (ou condicionada), a criação de benefícios a quem pertencesse a

determinadas “associações” (Grémios da Lavoura, Casas do Povo, Casas de

Pescadores) confinaram o sentido voluntário característico das associações e

traduziram assim um processo de limitação do livre exercício de liberdade do

cidadão no quadro destas entidades:

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Mais eficazes, ainda, nesta função administrativamente redutora de

conflitualidade social, se podem considerar as Casas do Povo e as

Casas dos Pescadores, estruturadas com a maior pureza

corporativa, isto é, realizando elas próprias o enlace orgânico tanto

de assalariados como patrões da agricultura e da pesca

respectivamente, com proibição de constituição de sindicatos. (… )

uma e outra funcionariam essencialmente como instrumentos de

politica salarial e laboral do patronato de enquadramento politico-

ideológico da massa rural e piscatória e de uma embrionária e

paternalista assistência social para os seus associados (Matoso,

1993: 278,279)

Esta característica do corporativismo português e do controlo global da

sociedade, transformou o Estado num “disforme corpo de burocracia” que se

constitui como um dos fatores político-institucionais de resistência à

modernização do país (Matoso, 1993: 278,279).

Será após a revolução do 25 de Abril de 1974 que se abrem novos horizontes

ao movimento associativo português, num quadro de estímulo à participação

popular, de reconhecimento das liberdades e direitos de cidadania. Essa

abertura passou pela lenta transformação das estruturas existentes, e criação

de muitas outras, já de forma mais espontânea, voluntária e atingindo todos os

sectores da sociedade e economia. Fruto dessa alteração, encontramos hoje

em atividade registadas milhares de entidades associativas (Associações,

Fundações, Cooperativas, Centros Paroquiais, Sociais, Recreativos,

Misericórdias, Clubes) que envolvem muitos colaboradores, diretos e indiretos,

e desenvolvem a sua atuação em prol de uma comunidade, território ou

população. Neste contexto, podemos afirmar que se deram passos

significativos no sentido dos preceitos de livre associação, expressos na

Declaração Universal dos Direitos Humanos que consagra que “toda a pessoa

tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas” e na Constituição

Portuguesa “os cidadãos têm o direito de, livremente e sem dependência de

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qualquer autorização, constituir associações, desde que estas não se destinem

a promover a violência e os respectivos fins não sejam contrários à lei penal”7

.

A integração europeia, a partir de 1986, dá um impulso significativo no

aparecimento de uma malha associativa cada vez mais numerosa e complexa,

seguindo o princípio base, defendido no quadro europeu, de que a participação

da sociedade civil é o suporte para a tomada de decisão mais adequada numa

abordagem onde “os territórios infra-nacionais sejam considerados, não

realidades políticas estáticas [de carácter administrativo] subservientes a

directrizes exógenas (…) mas processos dinâmicos de relacionamento e

posicionamento colectivo” (Ruivo, Francisco e Gomes, 2011: 20).

A multiplicidade de oportunidades de participação da sociedade civil, através

das suas organizações é potenciada, deste modo, pelos programas de apoio

inscritos nos diferentes quadros de apoio financeiro da União Europeia, na

procura constante de soluções inovadoras, de carácter experimental que

procurassem diminuir as disparidades regionais. A intervenção, do ponto de

vista teórico, é equacionada numa lógica de “território projecto, construído pela

cooperação de actores que fazem algo comum” (Autès, 2001: 21 ss, Cit por

Ruivo, Francisco e Gomes, 2011: 20), incentivando assim o surgimento

“espontâneo” de realidades associativas da mais variada formatação

(associações, fundações, federações, cooperativas).

A “reconstrução dos territórios pertinentes para a acção pública” (Ruivo,

Francisco e Gomes, 2011:18), a necessidade de esbater a fronteira

público/privado e a convicção que um novo sector (3º sector) poderia dar, de

forma mais eficaz, as respostas que o Estado e o Mercado já não podiam ou

não queriam dar, apelaram assim ao reconhecimento da importância que as

organizações da sociedade civil desempenhariam no edifício complexo da ação

pública.

7 Nº 1 do Artigo 46.º da Constituição da República Portuguesa, VII REVISÃO CONSTITUCIONAL 2005, consultada em http://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublicaPortuguesa.aspx.

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II. 3. Desenvolvimento

A conceção de Desenvolvimento está particularmente ligada à ideia dinâmica

de mudança centrada no homem e nas suas estruturas, partindo do indivíduo

para a sociedade em que se insere, onde todas as áreas são suscetíveis de

transformação. Os pré-requisitos do desenvolvimento – iniciativa e

empreendedorismo – encontram-se não só nas áreas urbanas e dinâmicas

mas também em zonas periféricas onde esses pré-requisitos são

constantemente colocados à prova nos processos de sobrevivência8

(Stohr,

1992:2). No mundo ocidental o conceito de Desenvolvimento progressista de

cariz económico/industrial reporta a um período recente, onde as

transformações na sociedade e na economia sofreram uma aceleração

vertiginosa, colocando em causa equilíbrios sociais, ambientais e culturais.

Em primeiro lugar devemo-nos situar num período após a Revolução Francesa

e Revolução Industrial, ou seja, final do século XVIII e século XIX. Os avanços

tecnológicos, a sua incorporação nos meios produtivos, a consequente

modificação das relações de trabalho, o surgimento de alterações das relações

sociais e as alterações no seio das estruturas políticas modificaram os

princípios de base onde assentavam os modelos de organização das

sociedades, das economias e dos Estados. Os modelos de desenvolvimento

que imanam deste panorama assentam numa base económica racionalista,

que entendia o progresso económico como um processo contínuo e linear que

daria lugar a um desenvolvimento consolidado nas outras dimensões da

sociedade. Existe assim um primado claro de uma dimensão económica

positivista.

As rivalidades entre Estados na procura de recursos e mercados marcam um

período (fins do século XIX e inicio do século XX) onde as guerras foram uma

tentativa de legitimar o poder e fortalecer o seu domínio. Neste contexto, os

países dominantes impuseram o seu modelo de desenvolvimento considerando

que, por vezes, seria o único modelo a ser aceite. Este conceito de 8 Tradução adaptada do original em inglês.

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Desenvolvimento foi sendo consolidado ao longo do século XX, especialmente

após as 1ª e 2ª Guerras Mundiais, onde a base economicista é claramente

defendida e consubstanciada em medidas de política económica que marcaram

o período de reconstrução europeia e mundial. Neste contexto histórico

estamos perante um paradigma funcionalista, pressupondo que o crescimento

assentava na dimensão económica e que dessa forma se estendia

naturalmente a todas as outras dimensões humanas. Este paradigma do

desenvolvimento tem com principais características o economicismo, o

produtivismo, e o individualismo (Amaro, 1992: 10,11).

Na Europa, as décadas após a 2ª Guerra são marcadas por um crescimento

económico assinalável já que os diversos países industrializados criaram os

seus modelos de “capitalismo de bem-estar” através de políticas coerentes,

onde a macroeconomia se cruzava com políticas fiscais, salariais, industriais e

sociais” (Ferrera, 2000:10). Os fatores associados à reconstrução europeia, ao

Plano Marshall e à rivalidade da guerra-fria, introduziram níveis de

produtividade e progresso que pressupunham uma satisfação constante das

necessidades humanas. Nesta conceção, o desenvolvimento e o crescimento

económico são sinónimos, o progresso tecnológico corresponde à necessidade

crescente de consolidar o sistema produtivo e a acumulação de capital

possibilita dar resposta à crescente procura de bens e serviços.

A partir da década de 70 este conceito de Desenvolvimento vai sofrer

alterações significativas pelo facto de alguns dos princípios que o enquadravam

serem postos em causa. Os problemas económicos anteriores e posteriores à

crise do petróleo, a consciência ambiental de que o progresso económico sem

limites conduziria a uma eliminação dos recursos, a consciência de que a

secundarização das questões sociais tinha conduzido a assimetrias graves

entre os Estados, e que no seio dos próprios países mais desenvolvidos os

fenómenos de pobreza e exclusão social se tinham agudizado, são elementos

fundamentais que introduzem um novo paradigma na abordagem ao

Desenvolvimento – paradigma territorialista. Estamos assim em presença dum

paradigma que pressupõe que o desenvolvimento se “alcança através da

mobilização integral dos recursos das diferentes regiões para a satisfação

prioritária das necessidades das respectivas populações” (Henriques, 1990:51).

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Enquanto no paradigma funcionalista a definição das políticas e a sua

implementação partiam de um vetor macro, de natureza centralizadora e

concentradora, nesta nova abordagem defende-se mais o princípio bottom-up

“de baixo para cima” atendendo às especificidades das unidades territoriais

mais pequenas onde as assimetrias são evidentes. Por outro lado, para além

das componentes exclusivamente económicas, na visão territorialista outros

vetores ganham importância: o ambiente, a cultura, as comunidades e as

pessoas. A mobilização dos recursos visando a satisfação das necessidades

das populações, parte também, da necessidade de participação de todas

intervenientes, no sentido de se sentirem envolvidos no processo, contribuindo

para o delinear do seu próprio desenvolvimento. Nesta perspetiva o conceito

Desenvolvimento é sinónimo de pessoas e de investimento em capital humano

e de participação, emporwerment numa conceção de mobilização de todos os

recursos e potencialidades existentes numa comunidade territorialmente

organizada (Friedmann, 1996: xi).

As novas pistas de reflexão sobre este conceito de Desenvolvimento

introduziram novidades na visão e nas práticas que enquadram a intervenção.

Emerge uma multiplicidade de conceitos que correspondem a diferentes

abordagens de Desenvolvimento tendo em conta o enfoque que se privilegia.

Como síntese apresentamos, de forma muito sumária, algumas dessas

abordagens que, nas últimas décadas, têm marcado a reflexão e a intervenção:

• Desenvolvimento Sustentável (a solidariedade intergeracional na gestão

dos recursos naturais - a ideia de sustentabilidade);

• Desenvolvimento Local (o enfoque no território, nas comunidades locais

e nas suas capacidades endógenas de iniciativa);

• Desenvolvimento Participativo (a importância da participação, da

cidadania e do empowerment);

• Desenvolvimento Humano (as questões das necessidades

fundamentais, igualdade de oportunidades, equidade, segurança,

participação e sustentabilidade);

• Desenvolvimento Integrado (conceito integrador de todos os outros).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

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Como se depreende do exposto, o enfoque que se privilegia marca as

diferentes abordagens que o novos conceitos de desenvolvimento introduzem,

condicionando as estratégicas e as metodologias de intervenção.

II. 4. Desenvolvimento Local

O conceito de Desenvolvimento Local centra o seu enfoque no território, nas

comunidades locais e nas suas capacidades (endógenas) de iniciativa. O

território torna-se o elemento central. Não o território administrativo com

fronteiras definidas e estanques, mas o território como elemento de

solidariedade, de autonomia e de “procura - construção de raízes da

consolidação de imagens e do caminho para identidade” (Ruivo, 2000a:13). A

vantagem das intervenções de natureza local ou regional advém do facto de

assim ser mais fácil identificar, mobilizar e combinar os recursos e

potencialidades existentes. Citando Roque Amaro (Amaro, 2000a:48), falamos

de desenvolvimento local “como um processo de mudança centrado numa

comunidade que parte da constatação de que há necessidades por satisfazer”

e que, apostando na mobilização das suas próprias capacidades implica “uma

lógica de participação, cidadania e democracia”. Pela construção abrangente

que comporta, o Desenvolvimento Local é um conceito teórico mas

principalmente uma prática, que tem sido encarado de forma plural, dada a

variedade de abordagens e iniciativas que a ele se associam.

Recuando no tempo histórico, podemos situar em França, no contexto das leis

de descentralização de 1981, o surgimento das primeiras referências ao

Desenvolvimento Local enquanto conceção teórica e experimentação prática.

As leis de descentralização e os problemas económicos da época conduziram

à necessidade de se encontrar outros processos de valorização das economias

locais, através de novas formas de territorialização das políticas, traduzidas

numa maior descentralização dos poderes num conceito de governança onde

“se considere a acção pública como resultado da interdependência crescente

entre redes de actores públicos e privados” (Ruivo, Francisco e Gomes,

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2011:17). O impacto positivo da implementação dos princípios de

Desenvolvimento Local em França e a importância que este país tinha na

Comissão Europeia, possibilitaram um contágio frutuoso na construção de

medidas de política ao nível europeu. Em Portugal a utilização da expressão

Desenvolvimento Local, cujas raízes encontramos nestes processos é bastante

recente, embora se encontre atualmente bastante enraizada, quer no discurso,

quer nas práticas.

Para a melhor fundamentação desta abordagem será importante registar

alguns elementos gerais que na teoria e na prática sustentam a explicitação do

Desenvolvimento Local. Como ideias-força podemos apontar:

• O Desenvolvimento Local assenta numa base territorial demarcada,

privilegiando os valores de pertença e identificação comunitária de

carácter local (territorialização). O enfoque é um espaço geográfico

estruturado, de dimensão variável, no qual se constroem identidades e

cumplicidades, com dinâmica própria, e se mobilizam recursos e

vontades;

• Associada a um território, encontramos uma comunidade local. A

existência de uma comunidade local com laços próprios em torno de

uma identidade própria, com interações sociais variadas, torna-se o

centro dos processos de desenvolvimento;

• A valorização da participação da população através da mobilização das

suas capacidades e recursos constitui outra das referências principais

do Desenvolvimento Local. A participação, entendida como um processo

de cooperação para atingir objetivos comuns, mas também como uma

forma de aprofundamento de aptidões e de tomada de consciência

crítica de papel de cada individuo na responsabilização coletiva;

• Entendendo o “local” como um espaço complexo, onde se entrecruzam

as variáveis económicas, sociais, ambientais e culturais, a intervenção

integrada e interdisciplinar é privilegiada;

• Partindo de uma construção bottom-up, existe uma identificação dos

problemas e das suas soluções de forma partilhada, já que todo o

trabalho se deve realizar partindo de parcerias locais alargadas que

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envolvem entidades privadas e públicas, participações individuais e

coletivas.

Face ao exposto podemos assinalar que o conceito do Desenvolvimento Local

encerra em si virtualidades e vantagens que justificam a sua utilização na

definição de medidas de política e na estruturação de formas de intervenção,

mormente nas últimas décadas. Tendo o território, as populações e as suas

dinâmicas como objeto principal de atuação, quando falamos em

Desenvolvimento Local não podemos esquecer que a “territorialidade é pois um

factor constitutivo da realidade política” (Ruivo, 2000a: 141).

A valorização das pessoas e dos territórios, a restauração e manutenção das

heranças culturais, o aproveitamento e rentabilização dos recursos endógenos,

sendo ações concretas inseridas no contexto de Desenvolvimento Local, não

deixam de ser preocupações de ordem pública a que ao Estado cabe dar

resposta. Neste sentido, a “natureza do Desenvolvimento Local contemporâneo

resulta de uma junção original e complexa entre a mobilização cívica de cariz

identitário e formas de gestão pública exercidas descentralizadamente por

agentes associativos na base da contratualização com o Estado” (Reis,

1998:32,33).

II. 5. Políticas e Serviços Públicos

A filosofia do Desenvolvimento Local baseia-se num princípio de

responsabilização mútua entre o Estado e o cidadão relativamente ao

cumprimento dos objetivos da satisfação humana, assumindo o cidadão uma

parte ativa na construção das respostas que a sociedade necessita.

O Estado, enquanto garante da satisfação das necessidades coletivas,

organiza-se através da criação dos serviços públicos necessários à

prossecução desse objetivo. Numa definição global podemos referir que

serviço público é uma “actividade ou tarefa de prestação de bens e serviços

que satisfaz necessidades essenciais dos cidadãos e cujo exercício deve ser

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regulado por regras especiais e assegurado, de forma directa ou indirecta, por

entidades da Administração Pública” (Gonçalves, 1999:37). A forma como se

tem desenvolvido a prestação destes serviços públicos regista uma evolução,

marcada pela própria mudança da teoria política e da perceção do papel que

cabe ao próprio Estado. De facto, de um Estado intervencionista e protecionista

a um Estado Liberal existem vários cambiantes, quer a leitura se efetue a nível

nacional, quer num contexto internacional.

As linhas programáticas das revoluções liberais do século XIX assentavam

numa rutura com os níveis de poder absoluto que caracterizavam alguns

Estados nos séculos anteriores, preconizando uma organização política que

separava claramente os campos de atuação a cargo da sociedade e do Estado.

Numa dimensão mais liberal e assente na filosofia de “subsidiariedade de

intervenção pública o Estado só deveria assumir as tarefas de que a sociedade

se desinteressava ou que não podia ou conseguia executar em termos

satisfatórios” (Gonçalves e Martins, 2004:174). Nesta linha de pensamento

político a sua ação reduzir-se-ia às atividades administrativas de execução da

lei nas componentes de soberania nacional. Esta visão restritiva é logo posta

em causa durante o século XIX, pelas necessidades que se depararam aos

Estados nas componentes económicas e sociais derivadas da revolução

industrial e das mutações e exigências que neste período se colocaram em

termos de transportes, energia, construção de redes de infraestruturas e

regulação da atividade económica.

No início do século XX, e principalmente no contexto dos períodos após as

duas Guerras Mundiais, os Estados viriam a assumir uma intervenção direta

nas áreas económicas e sociais, situação justificada pela necessidade de

ultrapassar as sucessivas crises económicas, operando uma gestão dos

recursos, e criando os mecanismos de proteção social necessários. Ao longo

destas décadas, assistiu-se na maioria dos países Europeus a um reforço do

Estado e das suas administrações, assumindo-se como o responsável direto da

prestação dos serviços públicos na dimensão global da sociedade, nas áreas

da saúde, segurança social, educação, passando no sector económico por

processos de nacionalizações e monopólio. A prestação dos serviços públicos

era efetuada através de uma administração direta do Estado (Ministérios e

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Direções Gerais) ou através de instituições criadas para esse efeito (institutos,

empresas públicas e outros). Em Portugal, como na maior parte dos países

europeus, criou-se um “imenso” sector público que abrangia quase todos os

sectores de atividade e necessidades coletivas.

Especialmente a partir da década de 80 do século passado registaram-se

alterações significativas em vários países europeus, incluindo Portugal, onde

novos conceitos como “privatização, liberalização, desregulação, diminuição do

peso do Estado, redução da administração” (Marques e Moreira, 1999:2)

começam a ganhar expressão. As primeiras crises da sustentabilidade de um

Estado Social, a necessidade de recursos financeiros de forma exponencial

com a correspondente carga fiscal para esse financiamento e a ineficiência da

gestão pública são alguns dos fatores que podem justificar o processo de

liberalização dos serviços públicos, ocorrido com ritmos diferenciados ao longo

das três últimas décadas.

Por outro lado, no contexto dos estados europeus modernos e em Portugal em

particular, o “aumento das tarefas administrativas, a descentralização e a fuga

da administração directa, a proliferação de novos tipos de administração não

governamental, a participação das organizações sociais nas tarefas

administrativas (...) provoca a destruição da unidade primordial da

administração” (Moreira, 1997:31). O alcance destas mudanças foi diferenciado

de país para país, mas verificou-se, de forma clara, que o Estado tinha que

encontrar novas formas de satisfazer as necessidades dos cidadãos. As

dificuldades económicas e a crescente exigência dos cidadãos perante a

satisfação dos serviços básicos contribuíram de forma decisiva para esta

mudança. Desde a empresarialização dos serviços públicos à privatização total

dos mesmos, passando pelas parcerias público-privadas podemos encontrar

vários exemplos de novas formas de organização da administração e de

prestação dos serviços públicos em sentido lato.

Assiste-se à criação de mecanismos de desintervenção pública direta onde o

Estado se “desonera de tarefas no âmbito da actividade económica,

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

29

especialmente pela sua transferência, total ou parcial para entidades privadas”

(Marques e Moreira, 1999:3), que em síntese seriam:

• Privatização;

• Delegação ou concessão temporária de gestão;

• Contratação de serviços ou prestações pelas entidades públicas a

entidades privadas;

• Reconhecimento oficial e a credenciação de entidades privadas no

desenvolvimento de políticas públicas.

É este último mecanismo que, pela sua natureza, se pode identificar com as

atividades das associações privadas que prosseguem fins de Desenvolvimento

Local. Neste caso, o Estado, numa dimensão nacional ou local, por influência

ou apelo externo (Comissão Europeia), “reconhece” que outras entidades,

poderão estão melhor posicionadas para o desenvolvimento de respostas à

população, por se encontrarem mais perto da realidade e dos problemas e

poderem responder assim com maior eficiência (aproximação ao princípio da

subsidiariedade). Este reconhecimento é igualmente assumido na vertente

financeira, passando do Estado para as entidades privadas os meios

financeiros necessários à concretização dos seus objetivos, através de

“acordos de cooperação” ou de outras formas de financiamento ou

contratualização. Estamos na presença de uma relação formal entre o Estado e

entidades de configuração variável, que tem como objetivo principal a

satisfação do interesse de natureza coletiva, utilizando a melhor capacidade de

resposta do sector privado de carácter associativo.

Esta construção tem sido um processo dinâmico, pois “a partir de certo

momento era evidente que o Estado confiava a entidades privadas,

nomeadamente a associações constituídas ou criadas por particulares, funções

explicitamente qualificadas como públicas, munindo aquelas entidades com

instrumentos de actuação” (Moreira, 1997:43). No entanto este conceito de

governança local de “geometria variável” encerra em si uma complexidade tal

que “acabou por se multiplicar na prática social em fenómenos distintos, os

quais vão desde a real e efectiva participação territorial e cidadã no projecto

europeu, (…) até a um indesejável incremento da tendência de privatizar a

actividade política, instrumentalizando-a em prol de interesses não colectivos

e/ou democráticos” (Ruivo, Francisco e Gomes, 2011: 17).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

30

II. 6. Parcerias

Tendo um território e a sua população como pano de fundo, e pelo facto da

realidade ser demasiado complexa para ser apreendida na sua globalidade, a

intervenção de cariz local privilegia a ação no domínio das parcerias, quer na

sua dimensão institucionalizada, quer na dimensão pontual, que é aquela que

se define ao nível da execução de determinadas ações ou projetos. Podemos

dizer que trabalho em parceria poderá ser “(…) o processo pelo qual dois

agentes ou mais, de natureza distinta, conservando a sua especificidade, se

põem de acordo para realizar qualquer coisa num dado tempo, que é maior do

que a soma da sua acção ou que não poderiam fazer sós” (Estivill, 1993:33).

O termo parceria deriva da palavra “partnership” embora alguns autores

também a associem à expressão de origem francófona “partenariat”

partenariado. Deixando de lado essas diferentes posições etimológicas, mas

tendo em conta todas as abordagens teóricas que encerram, identificam-se

traços comuns que caracterizam o trabalho em parceria como a mobilização,

na sua maioria dos casos voluntária, de diferentes agentes que,

disponibilizando e partilhando recursos, definem estratégias e caminhos para

implementarem as ações que viabilizem os objetivos comuns.

Sobre o trabalho em parceria, ao nível das políticas públicas e dos programas

de apoio ao nível europeu, estabeleceu-se um consenso generalizado que,

pesando as suas vantagens e limitações, esta metodologia era a chave para a

resolução de muitos problemas e assim nas últimas décadas na Europa “policy-

makers are turning to new forms of partnership and seeking to include a wider

range of stakeholders in the design, planning and delivery of policies”

(McQuaid, 2009: 127).

Na mesma linha de abordagem e ao nível da intervenção territorial, a reunião

de organizações de origem diversa em torno de uma ação e/ou projeto,

procedendo a uma avaliação em conjunto dos processos e resultados, traduz-

se numa metodologia que tem granjeado níveis de sucesso assinaláveis, pois

assenta o desenvolvimento numa ação coletiva, que incorpora “um leque mais

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

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variado de entidades e protagonistas, emergentes na mediação entre o público

e o privado, o Estado e o individuo” (Ruivo, Francisco e Gomes, 2011: 16).

Num quadro mais generalizado de análise é possível sintetizar os elementos

principais que diferentes autores sublinham relativamente aos benefícios e

fatores de sucesso que estão associados ao conceito de parceria, e que

McQuaid (2009: 127-145) sintetiza:

• Faculta e implementação de soluções políticas flexíveis e serviços

coerentes;

• Facilita a inovação e a avaliação;

• Permite a partilha de conhecimentos e recursos;

• Valoriza a conjugação de recursos e sinergia;

• Melhora a eficiência, responsabilidade e permite ganhos de legitimidade.

Embora consensual, o trabalho em parceria também encerra em si problemas

diversos que advêm da fraca tradição em trabalhar desta forma, e pelo facto

de, numa parceria se poderem encontrar diferentes elementos com poderes e

visões distintas. Neste sentido é importante ter em conta aspetos como os

conflitos que se geram sobre recursos, metas e objetivos, e principalmente com

as relações de poder que se estabelecem no seio dessa parceria. Apesar disto,

a experiência dos últimos anos, tem demonstrado que a parceria foi assumida

com um dos vetores fundamentais do trabalho ao nível da dinamização de

projetos e intervenções de base local, passando por uma “recomposição do

Estado que passa por outras formas de mediação com a sociedade e pelo

restabelecimento de uma outra organização pública e privada local (…)

possibilitando intervenções mais inovadoras” (Serafim, 1999:93).

Pelo exposto reconhece-se existir vantagens acrescidas, dado que se parte de

uma visão sistémica da realidade, ao começar pelo diagnóstico partilhado onde

se identificam, por participação de todos, os problemas e as soluções. Por

outro lado, ao juntar os diferentes parceiros de um determinado território,

favorece-se a disponibilização de recursos e instrumentos, obtendo-se uma

maior eficiência das ações e projetos, garantindo-se por conseguinte uma

maior sustentabilidade.

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III. PROGRAMA LEADER

III. 1. Enquadramento na Europa do Programa LEADER

Ao longo deste trabalho muitas são as referências à Iniciativa Comunitária

LEADER enquanto instrumento de política que influenciou de forma marcante a

criação e consolidação das ADL e contribuiu positivamente para o

desenvolvimento das zonas rurais europeias. Sendo objetivo deste estudo a

abordagem ao papel das ADL na concretização de processos de

desenvolvimento de base territorial em Portugal, importa contextualizar a

criação de um programa de natureza inovadora com o objetivo de intervir no

contexto das comunidades rurais para além da intervenção direta que a Politica

Agrícola Comum (PAC) pressupunha.

A PAC consagrada desde o Tratado de Roma (1957) apresenta-se como a 1ª

política de natureza integrada a nível europeu ficando assumido, desde então,

um peso importante no orçamento comunitário:

Artº 39

1. A política agrícola comum tem como objectivos:

a) Incrementar a produtividade da agricultura, fomentando o

progresso técnico, assegurando o desenvolvimento racional da

produção agrícola e a utilização óptima dos factores de produção,

designadamente da mão-de-obra;

b) Assegurar, deste modo, um nível de vida equitativo à população

agrícola, designadamente pelo aumento do rendimento individual

dos que trabalham na agricultura;

c) Estabilizar mercados;

d) Garantir a segurança dos abastecimentos;

e) Assegurar preços razoáveis nos fornecimentos aos consumidores.

(Tratado de Roma -1957:24,25)

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33

Saída dos escombros das duas Guerras Mundiais, onde as questões de

abastecimento alimentar se colocaram de forma primordial, a Europa entendeu

que a modernização dos processos agrícolas, a garantia de abastecimento, a

estabilização de preços e mercados e a garantia de rendimentos dos

agricultores pressupunham uma intervenção direta e integrada das

organizações comunitárias na construção do que seria o Mercado Comum,

assente em três princípios fundamentais:

• Unicidade de Mercado: criação de uma organização única de mercado

(OCM) para cada produto abrangido, através de preços institucionais,

regras de concorrência comuns e eliminação de barreiras comerciais;

• Preferência comunitária: garantia de preços assente num protecionismo

aos produtos internos;

• Solidariedade Financeira: os custos destas políticas seriam suportados

de forma comum através do Fundo Europeu de Orientação e Garantia

Agrícola (FEOGA).

A PAC, na sua versão inicial, tendia então em garantir que os três pilares

fundamentais viessem a ser concretizados pelos Estados membros iniciais e

por aqueles que passassem a integrar a CEE, através do apoio substancial à

produção agrícola, reduzindo a dependência externa e aumentando o

rendimento disponível dos agricultores europeus. Logo nos primeiros anos de

execução desta política (inicio da década de 60) a produtividade agrícola por

hectare subiu de forma substancial. Exemplo paradigmático é o rendimento dos

agricultores franceses, que “no primeiro ano de funcionamento desta política

(…) subiu 40% em termos reais” (Thirion e Cavaco, 2003: 14). As décadas de

50 a 70 são na Europa caracterizadas por um desenvolvimento económico

assinalável que atinge os vários sectores da atividade.

No que respeita à agricultura regista-se uma modernização significativa dos

sistemas produtivos, com impacto direto no nível global de produção,

respondendo à procura e aos mercados. Consequentemente este aumento da

produção dá origem a problemas de natureza ambiental (degradação dos solos

e da água) e a desequilíbrios espaciais e demográficos (redução da população

ativa ligada à agricultura e fenómenos mais ou menos generalizados de êxodo

rural). A incorporação desta população ativa nos sistemas produtivos industriais

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

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e de serviços, também em pleno desenvolvimento, anularam o efeito negativo

que a modernização agrícola originou em termos de emprego e atividade. No

entanto, em termos espaciais, ambientais e culturais, os desequilíbrios

começaram a evidenciar-se através do crescimento substancial dos espaços

urbanos em detrimento de um esvaziamento das zonas rurais europeias.

Nas décadas de 70 e 80, com o surgimento da crise económica tornou-se

evidente que, devido a este modelo de desenvolvimento, as zonas rurais

tinham sofrido impactos negativos que se tornaram mais evidentes. A crise

económica, industrial e de emprego não permitia a absorção da população

ativa excedentária do sector agrícola, e a falta de um política regional europeia,

que equilibrasse estas forças de pressão, demonstrou que os espaços mais

frágeis tinham sofrido alterações significativas que condicionariam as décadas

seguintes.

Na década de 80 estas preocupações impelem as organizações europeias a

repensarem os modelos de apoio ao desenvolvimento, através da

consciencialização de uma Europa com espaços muito diferenciados e com

dinâmicas próprias, tornando-se claro que na definição das políticas públicas

esta diversidade teria que ser tida em conta. Alguns exemplos demonstram

esta atenção, nomeadamente: a criação do Fundo Europeu de

Desenvolvimento Regional (FEDER); a reforma dos fundos estruturais e a

definição de objetivos específicos para cada região; a preocupação

demonstrada com o futuro do mundo rural através de documentos e

campanhas públicas centradas na evidência dos graves problemas que estes

espaços atravessavam. Estas novas circunstâncias vão-se consolidando dando

origem ao surgimento de novas abordagens relativas às zonas rurais, onde a

preocupação de integrar todas as vertentes das políticas públicas se assume

como o vetor estrutural. Assiste-se assim a um novo conceito de

desenvolvimento rural integrado, onde as politicas agrícolas só por si não

respondem aos problemas, sendo necessário integrar ações de natureza

complementar, como a diversificação da economia rural, as preocupações de

natureza ambiental, a manutenção da identidade e das potencialidades locais.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

35

Estas transformações conceptuais de encarar o espaço europeu, e em

particular o mundo rural, são espelhadas nos documentos orientadores que

dão origem à reforma dos fundos estruturais e à criação de Iniciativas

Comunitárias e nesse sentido à definição das medidas de política no quadro da

comissão europeia9. O território europeu é entendido na sua diversidade, e nos

diferentes estádios de desenvolvimento, sendo consensual que, para cada

espaço, as medidas de política teriam que ser diferenciadas e tendentes a

eliminar as disparidades, sendo para o efeito estabelecidos diferentes

objetivos10

Os fundos estruturais, FEDER, Fundo Social Europeu (FSE), Fundo Europeu

de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA), Instrumento de Financiamento de

Orientação das Pescas (IFOP) e o Fundo de Coesão constituíram-se como

suporte de financiamento e de implementação das reformas estruturais no

sentido de reduzir as assimetrias dos territórios no espaço europeu.

Negociados entre a comissão e os diferentes Estados, os fundos estruturais

tendem a suprir as desigualdades num contexto de coesão territorial, onde as

medidas de política europeia são conjugadas com as opções estratégicas de

cada Estado membro.

associados a medidas de política específicas.

Num quadro mais específico de intervenção e tendo em conta as diferentes

problemáticas, a Comissão Europeia criou, de forma complementar, as

Iniciativas Comunitárias (IC) que, embora se situem no seio dos fundos

estruturais, tendem a dar uma resposta mais incisiva e eficaz às regiões com

atrasos significativos de desenvolvimento. O princípio fundamental subjacente

às IC é o seu carácter de rutura e de inovação associado a uma área

9 Os exemplos mais evidentes foram “The future of the rural community in Europe” apresentado pelo Conselho da Europa (24 de Outubro de 1986), “Campanha Europeia para o Mundo Rural” (1987-88), comunicação da Comissão das comunidades europeias “O futuro do Mundo Rural – [COM (88) 501 final] de 21 de Outubro de 1988 (Serafim, 1999: 75,76). 10 O objectivo geral de coesão económica e social na europa, essencialmente a partir de 1986 com o “Acto Único Europeu”, direciona as políticas europeias prioritariamente para a redução das disparidades regionais, (http://eur-lex.europa.eu/pt/treaties/index.htm#other) tendo sido identificados para regiões desfavorecidas os seguintes objectivos de desenvolvimento: Objectivo nº 1 – zonas onde o PIB por habitante é inferior a 75% da média comunitária e onde se pressupõe uma intervenção urgente que permita ultrapassar os factores de atraso; Objectivo nº 2 - reconversão de zonas em declínio industrial; Objectivo nº 3 – dirige-se ao combate o desemprego de longa duração e factores de exclusão; Objectivo nº4 destina-se a regiões prejudicadas pela reconversão industrial, Objectivo nº 5a, dirigido à adaptação das estruturas agrícolas e de pesca, Objectivo nº 5b, dirigido a zonas rurais vulneráveis. Esta divisão sofreu uma evolução sendo a Europa atualmente dividida em Regiões da “Convergência” (mais desfavorecidas) e Regiões da “Competitividade e Emprego”.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

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específica, onde a experimentação se assume como vetor metodológico de

intervenção. A primeira decisão da Comissão relativa às IC específicas foi

tomada em 22 de Novembro de 1989, tendo decorrido a sua execução no

período de 1989-1993 traduzindo-se numa experiência que recolheu opinião

positiva da maior parte dos processos de avaliação que foram realizados

(quadro 1).

2º pacote 3º pacote(1.700 M.ECUS) (2.100 M.ECUS) (2.000 M.ECUS)

STAR – Telecomunicações ENVIREG - Ambiente REGEN - Redes de energia

VALOREN – Energias renováveis INTERREG - CooperaçãoTransnacional

TELEMATIQUE - Serviços avançadosde telecomunicações

RESIDER – Reconversão de zonasde ferro e aço

RECHAR - Diversificação de zonasmineiras

PRISMA - Serviços de negócios ligados ao mercado único

RENAVAL - Reconversão de zonasde construção naval

REGIS - Apoio a regiõesultraperiféricas

INTERREG - CooperaçãoTransfronteiriça

STRIDE - Investigação edesenvolvimento

EUROFORM – Novas qualificações

NOW – Igualdades de oportunidadesda mulher no mercado de trabalhoHORIZON - Acesso ao mercado detrabalho para pessoas com deficiência

LEADER - Desenvolvimento Rural

Quadro 1 – Iniciativas Comunitárias do período 1989-199311

Este 1º ciclo de IC assumiu um valor global de aproximadamente 5.800 milhões

de ecus, distribuídos em três pacotes, representando quase 10% do orçamento

global dos fundos estruturais para o mesmo período, o que demonstra a

intenção firme que a Comissão Europeia introduziu na concretização destas

políticas. A forma como as IC foram concebidas, traduziu o sinal de que a

Comissão pretendia acelerar os processos de coesão, em torno da resolução

dos problemas específicos. No entanto esta política assentava no compromisso

dos Estados membros para a concretização desses objetivos com a

participação dos cidadãos, consolidando-se assim o princípio da

subsidiariedade, que posteriormente será consagrado no tratado de

Maastricht12

11 Fonte:

. Nos posteriores ciclos de programação financeira a Comissão irá

http://ec.europa.eu/green-papers/pdf/green_paper_on_community_initiatives_1994_1999_c0m_93_282.pdf:pag 6-8. 12 O Tratado sobre a União Europeia (TUE), assinado em Maastricht em 7 de Fevereiro de 1992, entrou em vigor em 1 de Novembro de 1993: “Artigo A: (…) O presente Tratado assinala uma nova etapa no processo de criação de uma união cada vez mais estreita entre os povos da Europa, em que as decisões serão tomadas ao nível mais próximo possível dos cidadãos” Disponível em: http://europa.eu/legislation_summaries/institutional_affairs/treaties/treaties_maastricht_pt.htm

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considerar montantes assinaláveis para o suporte destas IC, sujeitas no

entanto a ligeiras alterações na sua conceção e aplicação.

O Programa de Iniciativa Comunitária LEADER (acrónimo de origem francesa

de “Liaisons Entre Actions de Développement de l’ Economie Rurale”), integra-

se neste processo de intervenção que a Comissão Europeia preconizava para

as zonas rurais13

, direcionando-se para processos de diversificação de

atividades económicas, reforço do tecido económico local, onde as áreas do

turismo, lazer e produtos locais se assumiam como estruturantes.

Os princípios subjacentes ao LEADER pressupunham um programa que estava

para além de medidas fechadas e comuns e que privilegiaria a metodologia de

intervenção e a mobilização dos diversos agentes territoriais em torno do seu

próprio desenvolvimento.

A grande inovação, implícita na criação do LEADER, era a rutura que

preconizava em termos de organização e implementação ao considerar que era

na dimensão local que a planificação e gestão se deveriam exercer. Partindo

do reconhecimento que cada território rural europeu tem a sua especificidade,

definia como metodologia de intervenção a construção bottom-up de

estratégias locais de natureza territorial, flexíveis e integradas que

aproveitassem as capacidades endógenas. A definição dos 7 princípios da

abordagem LEADER traduz a forma e os objetivos que esta iniciativa

preconizava:

• Abordagem territorial na definição de uma estratégia local associada a

um território identificado, com massa critica e homogeneidade;

• Abordagem ascendente (bottom-up) na elaboração e execução de uma

estratégia local com recursos e autonomia;

• Participação dos atores locais, constituídos em parcerias locais

multissectoriais envolvendo os diversos sectores de atividade e

mobilizando as entidades públicas e privadas em torno de objetivos

comuns - Grupos de Ação Local;

13 A comunicação aos estados membros nº 91/C 73/14 de 19 de Março de 1991 instituía assim o programa de Iniciativa Comunitária LEADER.

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• Intervenção integrada multissectorial onde o tecido económico poderia

ser revitalizado partindo das especificidades e potencialidades locais,

assente numa valorização dos aspetos caracterizadores de uma

identidade territorial;

• Trabalho em redes de natureza local, regional, nacional e europeia

partilhando experiências, trocando metodologias e introduzindo

processos de inovação;

• Cooperação entre atores e territórios na construção de ações comuns de

resposta a problemas e necessidades semelhantes;

• Inovação partindo do estímulo a abordagens novas e inovadoras ao

desenvolvimento das zonas rurais.

A filosofia e construção metodológica de intervenção subjacente ao programa

LEADER assentavam, em resumo, em três pilares estruturais:

• Zona de Intervenção (ZI): identificação de um território demarcado,

contínuo de acordo com limites regulamentares;

• Grupo de Acão Local (GAL): apresentação e organização de uma

parceria, constituída por entidades locais, que se assume como

responsável pela elaboração e execução de uma estratégia local,

reunindo vontades, recursos e competências;

• Plano de Ação e Financiamento: atribuição a uma ZI e a um GAL de

recursos financeiros e competências para implementar, com autonomia,

as ações previstas na sua Estratégia Local através de processos

descentralizados e simplificados de receção, análise e aprovação de

projetos dos agentes do território.

Sendo esta a matriz global do LEADER, o processo de implementação teve

várias cambiantes de acordo com a leitura que cada estado membro efetuou,

cruzando as realidades administrativas e políticas existentes ao longo dos

diferentes períodos de execução. Por outro lado a maior ou menor expressão

financeira, grau de autonomia local ou intervenção das administrações públicas

deram origem a diferentes abordagens e resultados, mas não modificaram os

princípios base desta iniciativa. O crescente reforço financeiro e de

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abrangência, ao longo das diferentes fases de implementação do LEADER, foi

justificado pelos processos de avaliação externa que concluíram dessa

necessidade (quadro 2).

Iniciativas LEADER Número de Grupos de Acção Local

Superfície abrangida (km2)

Financiamento UE (Milhões de euros)

LEADER I 217 367.000 442

LEADER II 906 1.375.144 1.755

LEADER + 893 1.577.386 2.105

Abordagem LEADER - 2007-2013 2 200 -- 5.500

Quadro 2 – Abordagem LEADER na Europa – 1991-201314

Em 2003, após um processo longo de reflexão, os Ministros da Agricultura da

União Europeia adotaram uma reforma profunda da PAC que alterou a forma e

a filosofia inerentes aos apoios destinados ao sector agrícola. Como linhas

principais de atuação a “nova PAC” deveria orientar-se mais para as

necessidades dos consumidores e preocupação dos contribuintes, deixando

aos agricultores a liberdade de adaptarem a sua produção às necessidades do

mercado. Paralelamente seria reforçada a política de Desenvolvimento Rural,

dotada de mais recursos financeiros comunitários. No âmbito desta reforma, e

para o financiamento da PAC, estabeleceram-se as medidas de apoio que se

estruturaram em dois pilares15, e foram criados respetivamente dois fundos

específicos, o Fundo Europeu Agrícola de Garantia, (FEAGA), que substitui

Fundo Europeu de Orientação e de Garantia Agrícola (FEOGA – Garantia) e o

Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural, (FEADER) que substitui

Fundo Europeu de Orientação e de Garantia Agrícola (FEOGA – Orientação)16

.

14 Fonte (Comissão Europeia, 2006): disponível em: http://www.environ.ie/en/Publications/Community/RuralDevelopment/FileDownLoad,29632,en.pdf:pag 7. 15 O primeiro pilar corresponde ao apoio à produção agrícola e o segundo pilar corresponde ao apoio do Desenvolvimento Rural. 16 REGULAMENTO (CE) Nº 1290/2005 DO CONSELHO, de 21 de Junho de 2005, relativo ao financiamento da política agrícola comum, (Comissão Europeia, 2005a).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

40

Na organização do período de programação (2007-2013) a União Europeia

estruturou o apoio ao desenvolvimento rural no âmbito do FEADER tendo

alterado o nível de prioridades:

…a política de desenvolvimento rural deve acompanhar e

complementar as políticas de apoio ao mercado e aos rendimentos

aplicadas no âmbito da política agrícola comum e, em consequência,

contribuir para a realização dos objectivos desta política

estabelecidos no Tratado. A política de desenvolvimento rural deve

igualmente ter em conta os objectivos gerais da política de coesão

económica e social estabelecidos no Tratado e contribuir para a sua

realização, integrando simultaneamente as outras prioridades

políticas importantes expostas nas conclusões dos Conselhos

Europeus de Lisboa e de Gotemburgo relativas à competitividade e

ao desenvolvimento sustentável17

.

A abordagem LEADER passava a estar integrada na nova política de

Desenvolvimento Rural da UE, deixando de ser considerada como Iniciativa

Comunitária. No entendimento da Comissão, os pressupostos de base da

criação da Iniciativa Comunitária LEADER, processo de experimentação e de

carácter piloto de um modelo de intervenção, estavam cumpridos:

…após três períodos de programação, a iniciativa LEADER atingiu

um nível de maturidade que permite às zonas rurais executar a

abordagem LEADER no quadro mais vasto da programação geral

relativa ao desenvolvimento rural. Por conseguinte, devem ser

adoptadas disposições relativas à transferência dos princípios

básicos da abordagem LEADER para os programas que integrem

um eixo específico e à definição dos grupos de acção local e das

medidas a apoiar, incluindo a capacidade de parceria, a execução

de estratégias locais, a cooperação, a ligação em rede e a aquisição

de competências18

.

17 REGULAMENTO (CE) n.º 1698/2005 DO CONSELHO, de 20 de Setembro de 2005, relativo ao apoio ao desenvolvimento rural pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER), (Comissão Europeia, 2005b: Considerando nº 1). 18 Idem: (Comissão Europeia, 2005b: Considerando nº 50).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

41

O financiamento para os eixos LEADER, a partir de 2007, foi integrado nas

dotações globais que cada Estado membro recebeu (rá) da UE no âmbito do

FEADER, sendo no período de 2007-2013 mais de 2.200 Grupos de Ação

Local a implementam a abordagem LEADER na Europa, num orçamento

previsto de 5.500 milhões de euros.

Atualmente na União Europeia encontra-se em curso uma reflexão profunda

sobre a próxima reforma da PAC, com efeitos a partir de 2013. Nos primeiros

documentos postos à discussão pela Comissão Europeia é evidente a intenção

de manter a abordagem LEADER enquanto instrumento metodológico de

implementação de medidas dirigidas ao desenvolvimento rural do espaço

europeu:

The LEADER approach for local development has, over a number of

years, proven its utility in promoting the development of rural areas

by fully taking into account the multi-sectoral needs for endogenous

rural development through its bottom-up approach. LEADER should

therefore be continued in the future and its application should remain

compulsory for all rural development programmes. 19

III. 2. LEADER em Portugal

O programa LEADER surgiu na Europa num contexto de mudança do discurso

político em direção a um conjunto de princípios de reforço do desenvolvimento

rural, como combate aos problemas que tinham eclodido nas décadas de 70 e

80 nas estruturas económicas e sociais dos espaços rurais. O desenvolvimento

rural surgia como um desafio importante visando a procura de soluções

inovadoras que combatessem o processo de desertificação das zonas rurais,

através da valorização daquilo que era endógeno, numa dimensão

verdadeiramente local 19 Proposta sobre o próximo regulamento do FEADER que se encontra em discussão pública: “Proposal for a REGULATION OF THE EUROPEAN PARLIAMENT AND OF THE COUNCIL on support for rural development by the European Agricultural Fund for Rural Development (EAFRD)” disponível em: http://ec.europa.eu/agriculture/cap-post-2013/legal-proposals/com627/627_en.pdf: (Comissão Europeia, 2011: Considerando nº 38).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

42

Em Portugal o LEADER apresentou-se ainda no contexto do processo de

integração europeia (1986) que tinha gerado muitas expectativas e do qual se

esperava grandes resultado para o desenvolvimento económico e social do

país. Ao nível do desenvolvimento rural a expectativa era ainda maior, já que a

implementação de intervenções neste âmbito eram muito escassas e as que

existiam se mantinham individualizadas e sectorializadas20

. Para a perceção do

processo de implementação do programa LEADER em Portugal passaremos a

identificar as diferentes fases, correspondendo ao LEADER I, LEADER II,

LEADER + e atual programação 2007-2013.

III. 2.1. LEADER I (1991-1993)

A comunicação aos estados membros nº 91/C 73/14 de 19 de março de 1991

lançou as bases para que os diferentes Estados membros se organizassem no

sentido de implementar o programa. Portugal apresentou a candidatura

nacional ao LEADER I onde se incluía as prioridades e o modelo de gestão,

tendo sido aprovado pela Comissão a atribuição de uma Subvenção Global

(num montante próximo de 9 milhões de contos, aproximadamente 45 milhões

de euros) ao Organismo Intermediário que, em Portugal, foi inicialmente a

Direção Geral de Planeamento e Agricultura (DGPA) e posteriormente o

Instituto de Estruturas Agrárias e Desenvolvimento Rural (IEADR), sob a tutela

do Ministério da Agricultura. Nessa altura muitas das instituições portuguesas

desconheciam os objetivos e a metodologia que se pretendia iniciar com este

programa.

Foi no seio do Ministério da Agricultura que se procedeu a uma ampla

campanha de divulgação, sensibilização e dinamização do processo de

apresentação de candidaturas por parte dos Grupos de Ação Local (GAL), que

em Portugal assumiram, na sua maioria, a figura de Associações de

20 A integração Europeia de Portugal ocorrida em 1986 não permitiu que o país tivesse beneficiado dos apoios substanciais que a agricultura europeia recebeu nas décadas de 1950 a 70, não se tendo operado em Portugal a modernização da agricultura como se verificou espaço comunitário europeu.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

43

Desenvolvimento Local (ADL)21

. Constituídas num princípio de parceria, estas

entidades envolveram os diferentes agentes de um território, como as

autarquias, associações profissionais ou recreativas e outros agentes de

desenvolvimento. No âmbito deste processo para o período de 1991-1993

foram credenciados como entidades LEADER vinte GAL, distribuídos pelas

diferentes regiões do país, apenas com a exceção da Região Autónoma dos

Açores (quadro 3).

Entre Douro e Minho

Trás-os-Montes Beira Litoral Beira Interior

ADER SOUSA ADRAT ACIBEIRA ADRACES

ADRIL DESTEQUE ADICES ADRUSE

ATAHCA PORTUCALE (Douro Histórico)

ADRIMAG RUDE

PROBASTO ADSICÓ

Ribatejo e Oeste Alentejo Algarve Região Autónoma da Madeira

ADIRN LEADER SOR IN LOCO ACAPORAMA

APRODER TERRAS DENTRO

Quadro 3 – GAL gestores do LEADER I em Portugal – 1991-199322

Os GAL tiveram autonomia para a conceção e desenvolvimento de uma

estratégia organizada num documento denominado Plano de Ação Local (PAL)

onde se inscreviam as medidas de apoio e os montantes a aplicar que, em

resumo, se dividiam em:

• Apoio técnico ao desenvolvimento rural;

• Formação profissional e ajudas à contratação;

• Turismo rural; 21 A legislação europeia previa a constituição de um Grupo de Ação Local (GAL) que deveria ter na sua constituição os atores locais representativos do território, que se envolveriam na concretização duma estratégia suportada pelo LEADER, não havendo obrigatoriedade de ter personalidade jurídica. No entanto, em Portugal, os GAL que se apresentaram a concurso evoluíram para a sua constituição formal, na sua maioria, como Associação sem fins lucrativos, tendo como associados entidades públicas, privadas e pessoas individuais. Assim a referência a GAL ou a ADL por vezes gera confusão de entendimento. GAL é o grupo formal associado ao LEADER, ADL é a entidade que gere o LEADER e outros programas. 22 Fonte: Relatório de execução LEADER I (documento impresso).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

44

• Pequenas e médias empresas, artesanato, e serviços de apoio;

• Valorização e comercialização da produção agrícola, silvícola, e da

pesca local;

• Outras medidas;

• Cooperação;

• Funcionamento.

Os GAL desenvolveram os seus processos locais de receção, análise e

financiamento de projetos que se inscreviam na estratégia definida, tendo, em

resumo, sido apoiados 2.217 projetos, num montante de investimento perto dos

85 milhões de euros, com um apoio público de cerca de 45 milhões de euros.

De acordo com o Relatório Final do LEADER I terão sido criados mais de 2.500

postos de trabalho diretos nesse período.

Os aspetos inovadores introduzidos pelo LEADER e que não eram

característicos das políticas de desenvolvimento rural convencional foram

identificados e valorizados nos processos de avaliação realizados pela

Comissão. A abordagem de base local, bottom-up approach, o carácter

inovador das ações, a sua natureza multissectorial, a natureza dos GAL, o

trabalho em rede e a modalidade de financiamento através de uma subvenção

global, constituíram-se como elementos de referência deste programa, que

potenciaram o desenvolvimento dos territórios:

The quantifiable impacts of LEADER I appear to be extremely

positive in terms of employment, diversification of activities and

endogenous entrepreneurship (…). The upgrading of local human

resources in terms of missing skills, well adapted to the specific

needs of new activities23

.

Das avaliações efetuadas pela comissão e organismos externos, conclui-se

ainda que esta experiência, pioneira em Portugal como na Europa, tinha

atingido os objetivos pretendidos sendo de salientar o reforço dos processos de

autonomia e decisão a nível local: 23 Ex-Post Evaluation of the Leader I Community Initiative (Executive Summary), disponível em: (http://ec.europa.eu/agriculture/rur/leader1/index_en.htm): (Comissão Europeia, 1999:12).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

45

There seems to be general agreement at all institutional levels that

LEADER [I] was an excellent idea, which worked quite efficiently and

effectively for the promotion of rural development, taking into account

the diversity of needs at local level (…) the value added of LEADER

at European level has been a major change in relation to classical

approaches (we finally dealt with real people)24

.

Apesar do sucesso também ficou evidente que o LEADER “has remained a

separate and limited experience in relation to mainstream rural and agricultural

policies”25 e que seria necessário ter em conta o reforço das parcerias locais,

numa base de equilíbrio onde “truly mixed partnerships (public and private)

should be clearly privilegied in relation to exclusively private or public ones”26

, o

que não se tinha verificado totalmente nesse período de execução.

III. 2.2. LEADER II (1994-1999)

A Iniciativa comunitária LEADER II, organizada para o período de 1994 a 1999,

surgiu num contexto nacional muito diferente do descrito para o LEADER I. O

conhecimento, por parte dos diferentes agentes, do sucesso do programa

anterior gerou uma onda de expectativa muito significativa nos territórios

abrangidos pelo LEADER I e em todos os outros que não tinham sido

contemplados nesta primeira iniciativa.

Do ponto de vista formal o processo desenrolou-se de igual forma. A Comissão

Europeia através da Comunicação nº 94/C 180/12 de 1 de Julho de 1994

definiu as regras fundamentais da implementação do programa, e os Estados

membros através dos seus Organismos Intermediários apresentaram a

respetiva candidatura nacional. Por Portugal a Candidatura Nacional foi

apresentada à União Europeia pelo IHERA, através da elaboração de um Plano

24 Ex-Post Evaluation of the Leader I Community Initiative (Executive Summary), disponível em: (http://ec.europa.eu/agriculture/rur/leader1/index_en.htm): (Comissão Europeia, 1999:20). 25 Idem: (Comissão Europeia, 1999:25). 26 Ibidem.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

46

Nacional de Enquadramento, tendo sido aprovada uma subvenção global de

aproximadamente 133 milhões de Euros27

.

O lançamento no terreno, mercê de fatores diversos, decorreu de forma mais

complexa e demorada relativamente ao LEADER I. Partindo da expectativa

criada, do nível de informação existente e de alguma competição, foram

apresentadas muitas candidaturas por parte das Associações de

Desenvolvimento Local, sobrepondo-se algumas em termos de zonas de

intervenção. Tornou-se necessário encontrar a respetiva compatibilização de

todos os interesses nacionais, tendo-se concluído este processo só em 1997,

com o reconhecimento de 48 Zonas de Intervenção, geridos por outros tantos

GAL, cobrindo cerca de 86% do território nacional, incluindo as regiões

autónomas dos Açores e da Madeira (quadro 4).

Entre Douro e Minho

Trás-os-Montes Beira Litoral Beira Interior Ribatejo e Oeste

ADER SOUSA ADRAT ADICES ADRUSE ADIRN

ADRIL DESTEQUE Terras de Sicó ADRACES APRODER

ATAHCA Douro Histórico ADAE RUDE LEADER OESTE

PROBASTO CORANE AD ELO Pinhal Maior TAGUS

ADRIMAG Douro Superior ADDLAP ADERES Charneca

ADRIMINHO Beira Douro ADIBER Raia Histórica

DOLMEN ADD PRORAIA

SOL DO AVE DUECEIRA

Alentejo Algarve Região Autónoma da Madeira

Região Autónoma dos Açores

LEADER SOR IN LOCO ACAPORAMA ADELIAÇOR

TERRAS DENTRO Vicentina ADRAMA ASDREP

ESDIME GRATER

Rota do Guadiana ARDE

ADER-AL

Monte, ACE

Quadro 4 – GAL gestores do LEADER II em Portugal – 1994-199928

27 Decisão da Comissão C (95) 441, de 29 de Março de 1995, disponível em: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:1994:180:0048:0059:pt:pdf, (Comissão Europeia, 1995)

28 Fonte: Relatório de execução LEADER II (DGDR, 2004).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

47

No final da execução (aprovação em 1999 e execução final em 2001) todo o

montante da subvenção global foi comprometido e executado em cerca de

7.000 projetos nas diferentes áreas de apoio elegíveis, tendo sido criados e

preservados cerca de 5.000 postos de trabalho.

III. 2.3. LEADER + (2000-2006)

O processo de arranque da Iniciativa Comunitária LEADER + (2000-2006)

desenrolou-se de forma semelhante às anteriores. Após aprovação por parte

da comissão da nova regulamentação29

, Portugal apresentou o seu Programa

Nacional LEADER+ de acordo com as orientações comunitárias e as opções

estratégicas nacionais para a área do desenvolvimento rural, numa perspetiva

de utilização da subvenção global prevista nos regulamentos gerais dos fundos

estruturais.

É importante registar que, em todos os períodos de programação LEADER, se

desenrolou um processo de avaliação complexo, externo e obrigatório que

incluía pelo menos três fases – “avaliação ex-ante”, no momento de preparação

das iniciativas, “avaliação intercalar” durante a fase de implementação de forma

a monitorizar e introduzir ajustamentos à execução e “avaliação ex-post” de

avaliação final sobre todo o processo. Do ponto de vista teórico estes

processos constituíram-se como elementos fundamentais relativamente à

construção metodológica das iniciativas seguintes e determinantes para a

definição das estratégias e dos objetivos a atingir. Nesse sentido a proposta

portuguesa para o LEADER + referia de forma inequívoca que:

(…) os programas de iniciativa comunitária LEADER têm assumido,

em Portugal, um papel fundamental na definição e implementação

de estratégias de desenvolvimento rural. As Autoridades

Portuguesas desejam que o LEADER+ constitua mais um passo em

frente nesse processo, reforçando e consolidando a perspectiva de 29 (Regulamento (CE) nº 1260/1999, do Conselho, de 21 de Junho de 1999 (Comissão Europeia, 1999).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

48

articulação, integração e complementaridade com os restantes

instrumentos de política e estratégias e objectivos de

desenvolvimento económico e social ao nível local, nomeadamente

no que se refere às políticas de estruturação e desenvolvimento dos

territórios relacionadas com a organização, com o conhecimento e

com a inovação30

.

A implementação do programa em termos nacionais decorreu no formato de

concurso durante o ano de 2002, tendo sido credenciados 52 GAL

correspondendo a uma continuidade relativamente a todos os que executaram

o LEADER II (48) e o reconhecimento de mais 4 resultante de acertos

geográficos e de opções estratégicas locais31. De forma metodologicamente

semelhante aos anteriores períodos, os GAL apresentaram uma parceria, uma

estratégia e um Plano de Ação que, respeitando as orientações comunitárias e

nacionais, estabelecia um sistema de apoios ao desenvolvimento rural dos

seus territórios, traduzidos num montante global de ajuda pública de mais de

186 milhões de euros. A estrutura pré-definida de medidas era, em larga

medida, semelhante às outras edições, sendo no entanto integradas num tema

federador que agregasse o sentido principal da estratégia local. Em Portugal foi

escolhido o tema “Melhoria da qualidade de vida das zonas rurais”32

, pela

maioria dos GAL. Com data limite de aprovação de projetos o ano de 2006 e de

execução final dos mesmos em 2008, o programa LEADER + encerrou em

Portugal, nas medidas que eram da responsabilidade dos GAL, com uma

execução em investimento total de mais de 255 milhões de euros,

correspondendo a uma comparticipação em despesa pública de 186 milhões

de euros, num número de projetos superior a 7.600, nas diferentes áreas de

apoio elegíveis, tendo em termos de emprego sido criados e/ou preservados

cerca de 8.400 postos de trabalho.

30 LEADER + - Programa Nacional disponível em: http://www.leader.pt/., (DGDR, 2003:4). 31 Os 4 novos GAL são: ADL (Alentejo Litoral), Alentejo XXI (Baixo Alentejo), Terras do Baixo Guadiana (Alentejo e Algarve) e ADREPES (Península de Setúbal). 32 Os temas definidos eram: 1. Utilização de novos repositórios de saber fazer e de novas tecnologias; 2. Melhoria da qualidade de vida das zonas rurais; 3. Valorização dos produtos locais; 4. Valorização dos recursos naturais e culturais; 5. Promoção e reforço das componentes organizativas e das competências rurais, in Relatório Final LEADER + disponível em: http://www.leader.pt/, (DGDR, 2003:4).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

49

III. 2.4. PRODER – Eixo 3: Abordagem LEADER (2007-2013)

Como referido anteriormente, a Comissão Europeia entendeu que o ciclo de

experimentação e de intervenção da abordagem LEADER, enquadrada nas

iniciativas comunitárias, estava cumprido, e que a metodologia de intervenção

deveria passar para o quadro das políticas nacionais de apoio ao

desenvolvimento rural de cada Estado membro a ser financiadas pelo

FEADER, com uma obrigatoriedade de inscrever pelo menos 5% do orçamento

desse fundo para as estratégias locais LEADER. Esta opção estratégica, por

parte da comissão, possibilitou que cada Estado membro interpretasse a

regulamentação com um leitura de “banda larga” introduzindo diferenças

substanciais na forma, modelo e financiamento do eixo LEADER nos seus

programas nacionais de apoio ao desenvolvimento rural.

Na construção dos Programas Nacionais de Desenvolvimento Rural (em

Portugal o PRODER, PRODERAM e PRORURAL33

) para o período de 2007-

2013, ficou definido que um dos eixos de intervenção ficaria associado à

abordagem LEADER e que a sua implementação se verificaria no quadro dos

princípios metodológicos desta abordagem, ou seja, uma descentralização de

decisão, uma definição de territórios elegíveis e uma credenciação de

entidades (GAL) que assumiriam, por delegação de competências dos gestores

dos programas, um conjunto de atribuições de gestão com autonomia e

responsabilidades locais.

Com as aprovações finais dos programas nacionais – PRODER, PRODERAM

e PRORURAL ficou sob o desígnio da abordagem LEADER a implementação

do “Eixo 3 - Dinamização das Zonas Rurais” desses programas numa

programação em medidas de apoio que totalizam um valor superior a 460

milhões de euros.

33 Em Portugal, no quadro da programação para 2007-2013, no âmbito das políticas de apoio ao desenvolvimento rural foram criados 3 programas: PRODER – Continente; PRODERAM – Arquipélago da Madeira; PRORURAL – Arquipélago dos Açores.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

50

O processo de reconhecimento e aprovação das estratégias foi regulado por

um concurso público que decorreu nos anos de 2007 e 2008 tendo sido

reconhecidos 53 GAL34, que iniciaram a implementação dos referidos

programas em 2009, após a aprovação de toda a regulamentação específica

associada. Estando apenas no fim do 2º ano de execução não nos é possível

apresentar já dados quantitativos consolidados sobre o nível de implementação

das diferentes estratégias locais. Tendo como fonte os dados provisórios

referentes a 31 de Dezembro de 201135

, já tinham sido aprovados mais de

2.800 projetos, num montante de despesa pública de mais de 310 milhões de

euros de apoio, dos quais cerca de 110 milhões já teriam sido pagos aos

beneficiários. Estes dados provisórios denotam um processo de implementação

que terá recuperado de algum atraso inicial e que se mantém em linha com os

períodos anteriores.

A integração da abordagem LEADER como um eixo dos programas nacionais

provocou um grande número de mudanças metodológicas e limitações

regulamentares que têm condicionado, de forma expressiva, o ritmo e as

opções locais na implementação deste programa. A elaboração de legislação

geral, que abrange todos as medidas de apoio ao desenvolvimento rural, a

criação de circuitos de controlo e de verificação, que não têm em conta a

especificidade desta abordagem, e a complexidade administrativa criada à

volta destes apoios, têm levantado processos de reflexão, nacional e

comunitária, sobre se a decisão de integrar o LEADER nas políticas nacionais

sem precaver legislação especifica, não terá conduzido a um desvirtuamento

da própria iniciativa e dos seus princípios. Na preparação do novo período de

apoio (2014-2020) estas questões encontram-se em aberto, numa análise

profunda que atualmente a comissão e os Estados membros desenvolvem e

que será concluída provavelmente durante o ano de 2013.

34 Todos os GAL do LEADER + foram aprovados, tendo sido aprovado ainda mais 1 a ADRITEM (Valongo, Gondomar, Santa Maria da Feira, Oliveira de Azeméis e Albergaria – a – Velha). 35 Relatório de Execução do PRODER disponível em: http://www.proder.pt/conteudo.aspx?menuid=1535, (PRODER,2011).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

51

III. 2.5. LEADER em Portugal …Caminho e Caminhantes

Nos pontos anteriores tentámos fornecer elementos síntese sobre a

implementação do LEADER em Portugal desde 1991 aos dias de hoje. Os

dados apresentados cingiram-se a elementos factuais, quantificáveis na

dimensão financeira e de número de projetos, pretendendo-se assim, por essa

via, dar uma imagem da importância que esta iniciativa assumiu para os

territórios rurais portugueses e que em resumo se apresenta no seguinte

quadro (quadro 5).

LEADER I LEADER II LEADER +Eixo 3 -

Abordagem LEADER

TOTAL

1991-1993 1994-1999 2000-2006 2007-2013 1991-2013

3.457.268 € 14.200.372 € 35.198.267 € 35.636.563 € 88.492.470 €

35.443.361 € 59.778.409 € 44.456.860 € 217.475.258 € 357.153.888 €

2.551.426 € 30.563.457 € 57.393.164 € 141.462.943 € 231.970.990 €

3.158.698 € 15.199.898 € 13.143.176 € 31.501.772 €

4.081.439 € 29.169.806 € 33.972.012 € 53.454.845 € 120.678.101 €

45.533.494 € 136.870.742 € 186.220.201 € 461.172.785 € 829.797.222 €

Áreas

TOTAL

Cooperação

Aquisição de Competência e Funcionamento do GAL

Apoio ao investimento em actividades económicas

Preservação e Valorização do Património e Melhoria da Qualidade de Vida

Apoio Técnico ao Desenvolvimento Rural, animação, acções imateriais

Quadro 5 – LEADER em Portugal, 1991-201336

Analisando os dados apresentados podemos concluir que o LEADER canalizou

investimentos significativos para as zonas rurais, contribuindo positivamente

para a consolidação da dinâmica económica e da coesão social destes

espaços. No entanto, mais importante do que a dimensão financeira, revestiu-

se o processo de rutura metodológica de intervenção e de decisão que o

LEADER induziu. Mobilizar diferentes agentes, dar-lhe autonomia e

responsabilidade na definição das prioridades e das opções a tomar, constituiu

um desafio muito importante para as dinâmicas locais que se formaram. 36 Dados extraídos dos relatórios de execução das diversas iniciativas LEADER.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

52

Contudo, realizar uma avaliação na dimensão qualitativa de mudança de

mentalidades é bem mais difícil de efetuar dado que não se procedeu ainda em

termos nacionais a uma reflexão com a profundidade e distância que o tema

exige.

O resultado quantitativo que se apresentou também poderá ter sido atingido, de

forma equivalente e proporcional, por outros programas comunitários que, no

período em análise, foram também aplicados em Portugal e na Europa.

Teremos de procurar outras explicações, de natureza mais imaterial, para

entender a natureza mais emotiva e duradoura que está associada ao LEADER

e aos seus agentes.

À guisa de conclusão deste capítulo, apraz-nos sublinhar que todos os

processos humanos têm uma história, intervenientes e destinatários. Temos

tendência a avaliar os resultados, aquilo que se alcançou, dando-lhe uma

importância significativa, por vezes exagerada, esquecendo muitas vezes as

pessoas, os agentes e o caminho que se trilhou, na expressão feliz do título da

tese de Luís Moreno “(…) Caminho e Caminhantes” (Moreno, 2002), que em

muitas circunstâncias é tão ou mais importante que os resultados que se

atingiram.

Uma das razões que nos parece mais evidente no reconhecimento da

importância do LEADER é a marca pessoal, que advém das pessoas que

desde o início estão (estiveram) ligadas fortemente a este programa, onde se

inclui os elementos da administração, técnicos e dirigentes das associações

locais, mas também por muito dos beneficiários dos projetos. É um programa

que, para além dos números e da expressão financeira, está essencialmente

associado a pessoas, com rostos conhecidos, identificáveis que carregam o

legado positivo e negativo de uma intervenção com impacto de mais de duas

décadas.

Em lugar de destaque consideramos oportuno individualizar neste processo,

Manuel Goulart Carrinho que, na qualidade de primeiro Presidente da

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53

Comissão Nacional de Gestão do LEADER, soube transpor um programa

comunitário num programa de desenvolvimento local:

(…) é importante que os grupos e as entidades locais, ao partirem

para esta caminhada, tenham consciência de que o mais importante

no LEADER não são os milhões, que o mais importante no LEADER

são os objectivos. E isto estabelece logo a fronteira entre programas

de financiamento e os programas de desenvolvimento37

.

É consensual em todos os que de perto exerceram atividade no período do

LEADER I, que Manuel Goulart Carrinho superou largamente a componente

técnica que o programa pressupunha, criando uma dinâmica e um

envolvimento pessoal que ultrapassou muito o papel de gestor, impelindo os

GAL a ir muito além da simples execução de um conjunto de medidas de

financiamento. Este cunho pessoal veio a marcar de forma indelével a geração

de coordenadores do LEADER I e dos que se lhe seguiram.

Foi esta mesma filosofia que os GAL introduziram na sua ação tendo levado a

que as suas estruturas se tenham constituído em “redes de contacto e

conhecimentos, com bases de ancoragem uma vezes precisas outras difusas,

mas todas elas fazendo apelo a solidariedades partilhadas, com pontos-chave

e fileiras privilegiadas de acesso” (Ruivo, 2000a: 19) numa perspetiva de

“quase família” que, de forma consistente e partilhada, fizeram o caminho

conjunto nestes 20 anos de ação.

37 Tendo sido presidente da comissão nacional de gestão do LEADER I encontrava-se no processo de seleção dos GAL para o LEADER II quando subitamente faleceu. Estas palavras resultam de uma publicação a título póstumo publicada pela Animar, (Carrinho, 1996:16).

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54

IV. ASSOCIAÇÕES DE DESENVOLVIMENTO LOCAL (ADL)

IV. 1. Uma Visão Nacional

IV. 1.1. Enquadramento

Num contexto de limitações dos modelos centralizados de definição e

implementação de políticas públicas cresce, em alternativa, a perceção de que

a participação coletiva da população, e dos seus agentes, pode contribuir para

um maior alcance dessas políticas e dos seus efeitos. O aprofundamento de

uma maior descentralização institucional e a criação de mecanismos de

tomada de decisão, numa base local, foram sendo assumidos como passos

decisivos na lógica de uma “governança” mais próxima dos cidadãos e numa

territorialização das políticas públicas. Embora não se tenham verificado

alterações no plano administrativo, a passagem de um paradigma

“administração local”, nível administrativo dependente de um nível superior,

para a uma noção de “governo local”, ou seja o exercício de poder com

autonomia, introduz novas configurações na prática política e no envolvimento

institucional a nível local.

Em termos europeus reuniu-se o consenso em torno de um movimento

descentralizador que, de uma forma global, viria a “conduzir a uma melhor

realização da democracia, devido à difusão do poder e a acessibilidades assim

propiciadas” (Jones e Stewart, 1982:5 citado por Ruivo, 2000a:48). Da

definição programática desta ideia à sua concretização fica uma longa distância

e uma matriz diversificada de aplicação que encontra justificação nos planos

culturais, institucionais e políticos de cada Estado. Ao lado de um discurso

marcadamente descentralizador, subsiste por vezes uma prática que se orienta

no sentido inverso, numa procura de controlo por parte dos poderes centrais,

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

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por vezes de forma indireta utilizando variáveis legislativas, financeiras ou

outras.

No entanto, assente neste espírito descentralizador, as últimas décadas têm

sido caracterizadas por apelos constantes ao envolvimento das organizações

nos processos de construção e implementação de políticas em contexto local,

de que são exemplo alguns programas ou ações que se estruturaram no

contexto nacional e europeu. Exemplos como o LEADER, os Programas

Nacionais de Luta Contra a Pobreza38, a criação e desenvolvimento das Redes

Sociais Concelhias, a Agenda 2139

, entre muitos outros, dão um sinal claro da

necessidade de envolvimento institucional no sentido de uma “governança

local”. Efetuando uma leitura mais global, concluímos ser difícil distinguir,

nestes processos, a dimensão de partilha ou exercício indireto do poder, dado

que em muitas das situações o controlo das variáveis, como o financiamento

ou a tutela, não permitem um exercício livre e autónomo por parte das

entidades locais. Estaremos pois em presença “de uma matriz estrutural de

funcionamento, a qual, sendo embora predominantemente construída pelo

centro (através da definição dos limites estruturais do jogo), possibilita alguma

reconstrução (de regras e resultados desse mesmo jogo) por parte dos actores

a quem é emprestada a voz do sistema de locais” (Ruivo, 2000a:50).

Apesar de todas as circunstâncias, a linha condutora que subjaz à

implementação de algumas políticas públicas de apoio (especialmente aquelas

que assentam em financiamentos comunitários e assim induzidas pela UE)

orienta-se para uma maior aproximação e envolvimento das comunidades

locais no desenho e implementação de projetos e ações que localmente se

justificam. Este princípio passará pelo estabelecimento de “laços estreitos com

organizações, públicas ou privadas, susceptíveis de intervir na implementação

38 Os Programas Nacionais de Luta Contra a Pobreza pressupunham a construção de uma rede de parceiros envolvendo os municípios, os serviços desconcentrados da administração central e as associações locais que, em conjunto definiam um plano de ação e executavam os investimentos prioritários num território definido (BIT, 2003). 39 “A Agenda 21 Local (A21L) é um processo participativo, multi-sectorial, (…) dirigido às prioridades locais para o desenvolvimento sustentável. Cada poder local deverá entrar em diálogo com os seus cidadãos, organizações locais e empresas privadas e deverá adoptar uma “Agenda 21 Local”. Através de processos consultivos e de estabelecimento de consensos, os poderes locais deverão aprender com os cidadãos e com as organizações locais, cívicas, comunitárias, comerciais e industriais e adquirir a informação necessária para elaborar melhores estratégias. O processo de consulta deverá aumentar a consciencialização familiar em questões de desenvolvimento sustentável, disponível em: http://www.agenda21local.info/.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

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de políticas comunitárias” (Ruivo, Francisco e Gomes, 2011: 75). A consciência

de que os modelos de intervenção não se podiam restringir a gabinetes de

peritos e especialistas que planeavam e decidiam, assentes em matrizes

lógicas e princípios técnicos, mas possivelmente afastados da realidade

concreta, marcaram as orientações de política emanadas da Comissão

Europeia nas últimas décadas. A riqueza associada às diferentes visões dos

agentes locais acrescida do reforço técnico que essas entidades pudessem

obter, traduziu-se numa abordagem mais participativa, mais rica de conteúdo e

que caracterizou a intervenção local em Portugal e na Europa.

Em Portugal, nas últimas décadas, e inspiradas nestes modelos de

intervenção, surgiram inúmeras instituições denominadas Associações de

Desenvolvimento Local (ADL) que assumiram formatos diversos, quer em

termos de zona de intervenção, quer em termos jurídicos. Deparamo-nos com

entidades que definem como sua zona de intervenção e ação um município,

outras que se assumem como intermunicipais e outras ainda que apenas

abarcam um bairro, rua ou freguesia. Não tendo na sua designação o termo

Desenvolvimento Local mas atuando de acordo com esta filosofia, identificam-

se entidades de natureza muito diversa, nomeadamente: Associações sem fins

lucrativos, Instituições Particulares de Solidariedade Social, Fundações,

Cooperativas, entre outras. Estaremos perante uma realidade que em termos

numéricos abarca largas centenas ou milhares de instituições. Salientamos

como exemplo apenas três referências elucidativas desta realidade:

“Actualmente a União das Misericórdias Portuguesas integra e coordena

aproximadamente cerca de 400 Santas Casas de Misericórdia, em Portugal” 40;

a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) tem filiadas

2.509 entidades41, na Segurança Social estão registadas mais de 5.000

Instituições Particulares de Segurança Social”42

.

Perante a dificuldade em obter, de forma sistematizada, informação sobre o

número e características das entidades que consideram o desenvolvimento

40 Disponível em: http://www.ump.pt/ump/index.php?option=com_content&task=view&id=36&Itemid=97. 41 Disponível em: http://novo.cnis.pt/index.php?ToDo=read_page_2&what=240. 42 Disponível em: http://www2.seg-social.pt/preview_documentos.asp?r=35990&m=PDF.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

57

local como a sua matriz principal de intervenção, a “Animar”- Associação

portuguesa para o desenvolvimento”43 efetuou uma pesquisa que deu origem a

publicações denominadas “Guia das Organizações e Iniciativas de

Desenvolvimento Local”44

. Na última edição deste estudo (Moreno, et al, 2003)

estão identificadas 256 ADL em Portugal, distribuídas de forma global pelo

território nacional e integradas numa dinâmica urbana e rural. Analisando os

dados da publicação verificamos que, tendo em conta a data de constituição

destas entidades, dois períodos, 1990-1991 e 1994-1995, são aqueles que

registam um maior número, e que coincidentemente correspondem ao

lançamento do 1º e 2º QCA e das duas iniciativas LEADER (I e II).

Atendendo às características, composição, organização e intervenção das ADL

e perante a dificuldade de abarcar nesta reflexão todas as entidades que,

segundo esta filosofia, atuam no território nacional, a nossa abordagem

considerou como objeto de estudo um grupo mais restrito, nomeadamente as

entidades que assumissem as seguintes características:

• Associações de Desenvolvimento Local de base territorial significativa

(supramunicipal);

• Compostas por uma parceria alargada multissetorial;

• Tenham tido experiência no âmbito da gestão e implementação de

ações e projetos;

• Que tenham recursos humanos com experiência e formação

multidisciplinar;

• Gestoras do Programa LEADER.

Tendo em conta a decisão de delimitar o âmbito do objeto deste estudo,

conforme referido, identificamos um grupo de 53 ADL que correspondem aos

critérios enunciados e que se encontram associadas na “Minha Terra –

43 A “Animar” – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local, é uma associação constituída em 1993 por pessoas e organizações que defendem e promovem os princípios do desenvolvimento local, disponível em: http://www.animar-dl.pt/. 44 Foram elaboradas três edições do “Guia das Organizações e Iniciativas de Desenvolvimento Local”, que partiram de uma base de recolha por inquérito de dados sobre as entidades com posteriores actualizações. Utilizaremos informações constantes da última atualização (Moreno et al, 2003).

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Federação Portuguesa de Associações de Desenvolvimento Local”45

e que

territorialmente estão presentes em todo o continente e nos arquipélagos dos

Açores e Madeira (figura 1).

0

10

20

30

40

50

60

Norte Centro Lisboa e Vale do

Tejo

Alentejo Algarve Ilhas Total

ADL Gestoras do Programa LEADER I (1991-93) 7 6 2 3 1 1 20

ADL Gestoras do Programa LEADER II (1994-2000) 14 15 5 6 2 6 48

ADL Gestoras do Programa LEADER + (2000 - 200696) 14 15 6 8 3 6 52

ADL Gestoras do Programa LEADER -PRODER (2007-2013) 15 15 6 8 3 6 53

Figura 1 – ADL gestoras do Programa LEADER46

Ao focalizar a nossa análise pretendemos organizar informação e

simultaneamente contribuir para a compreensão do papel que, em conjunto,

estas organizações assumem numa intervenção de dimensão territorializada,

nomeadamente ao nível de:

• execução de políticas públicas/comunitárias de apoio ao

desenvolvimento;

• concretização de metas públicas de apoio à criação de emprego,

formação, animação, luta contra a pobreza e exclusão social,

desenvolvimento tecnológico, sociedade de informação, exercício da

cidadania, entre outras;

• exercício do poder (formal e informal).

45 “MINHA TERRA – Federação Portuguesa de Associações de Desenvolvimento Local” é uma entidade privada de interesse público e sem fins lucrativos que foi constituída no ano 2000, por iniciativa de um grupo de Associações de Desenvolvimento Local (ADL), disponível em: http://www.minhaterra.pt/. 46 Fonte: dados fornecidos pela Minha Terra e disponíveis em: http://www.minhaterra.pt/.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

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Sendo organizações de índole privada, pretende-se igualmente reunir

informações que demonstre se o desempenho destas entidades se encontra

condicionado pelos mesmos constrangimentos que globalmente afetam o

movimento associativo nacional: fragilidade, insuficiência de meios e recursos e

dependência excessiva de fatores externos. Com esse conhecimento decerto

poderemos contribuir para a criação de um quadro referencial de atuação e

definição do papel das ADL no contexto da realidade nacional e europeia.

IV. 1.2. Localização e território

As 53 ADL destacadas neste estudo abarcam no seu conjunto, em termos de

zona de intervenção, mais de 90% do território nacional (Continente e Regiões

Autónomas) representando, em termos populacionais, cerca de 4 milhões de

pessoas (figura 2).

Figura 2 – Localização das ADL em Portugal47

47 Informação cartográfica disponível em:

www.proder.pt e do www.leader.pt.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

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Analisados os mapas da figura 2 registamos que estas entidades têm uma

presença mais forte nas zonas rurais do país, onde a dispersão territorial

corresponde a uma baixa densidade populacional. Esta construção territorial

está estreitamente ligada à intervenção preconizada pelo programa LEADER,

atendendo a que os seus objetivos direcionavam a atuação das ADL para

zonas rurais, numa dimensão variável que conjugasse uma ação de

proximidade e uma área que em termos de escala e sinergias, pudesse

consubstanciar uma intervenção eficaz48

, no pressuposto que “a escala

microregional tem a dimensão suficientemente pequena para que as

identidades locais possam ser abordadas como factor determinante do

desenvolvimento local, sendo porém simultaneamente de dimensão suficiente

para obter uma agregação de capacidades que permite atingir a massa crítica

necessária à execução de projectos e uma actuação eficaz enquanto parceiro

de redes globais” (Lukesch, Schuh, 2008:27). Podemos concluir que as

capacidades de iniciativa e concretização destas entidades estão

essencialmente ao serviço dos habitantes das zonas rurais de baixa densidade

onde a dimensão dos problemas exige modelos de intervenção de proximidade

específicos.

IV. 1.3. Parcerias / composição

Todas as ADL são constituídas por uma parceria alargada que procura traduzir

a realidade institucional de um território, onde a junção de diversas entidades

e/ou pessoas se concretiza na procura de uma representatividade local que

expresse o dinamismo das forças vivas da sociedade civil, enquanto agentes

do seu próprio desenvolvimento.

48 Na diversa regulamentação do LEADER o intervalo, em termos populacionais, situava-se entre um valor mínimo de 10.000 pessoas e máximo de 150.000, considerando-se esta a dimensão territorial com massa crítica mais ajustada a uma intervenção integrada e de proximidade.

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61

Esta realidade traduz o envolvimento de mais de 2.000 pessoas coletivas e

individuais, cuja figura jurídica e objetivos são tão diversificados quanto são as

áreas a considerar no desenvolvimento local (figura 3).

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Sócios individuais

Assoc. e Coop. Agrícolas, Florestais, Pecuárias e afins

Assoc. Culturais, Recr., Despor. de Ambiente

Câmaras Municipais

Juntas de Freguesia

Empresas

Assoc. de Carácter Social, IPSS e Voluntariado

Asso. Comerciais, Industriais, de Artesanato e Turismo

Ensino e Investigação

Assoc. de Desenvolvimento e Formação

Administração Descentralizada

Banca

Assoc. de Municípios e afins

Outros

Figura 3 – Tipologia de Associados das ADL49

Como se pode inferir da análise do gráfico e da agregação dos seus dados, do

conjunto de associados das ADL (2.016) 45% são pessoas coletivas de direito

privado, 34% são pessoas individuais e 21% entidades públicas. O

envolvimento e peso institucional são evidenciados pela presença no corpo

associativo das ADL de mais de 2/3 dos municípios portugueses e das

principais entidades associativas de cada território. O carácter plurissectorial e

a natureza jurídica diversificada traduzem o posicionamento de base territorial

que estas entidades preconizam, enquanto matriz de desenvolvimento. A sua

capacidade de estimular e coordenar parcerias para a ação, abarcando

frequentemente outros atores, através de práticas de trabalho em rede, permite

gerar complementaridades, sinergias e ganhos de escala na resolução de

problemas locais.

49 Fonte: dados fornecidos pela Minha Terra e disponíveis em: http://www.minhaterra.pt/.

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62

IV. 1.4. Características formais

Não existindo no sistema legal português uma classificação jurídica específica,

as ADL regem-se, na maioria das vezes, pelas normas das associações sem

fins lucrativos em geral, que se encontram previstas nos artigos 157º a 184ª do

Código Civil50

. Resultantes da vontade dos cidadãos e das instituições as

associações prosseguem livremente os seus fins (desde que não contrários à

lei), sem interferência formal das autoridades públicas, não podendo ser

dissolvidas pelo Estado, ou suspensas das suas atividades, senão nos casos

previstos na lei e mediante decisão judicial.

Para o enquadramento formal destas associações são criados os estatutos, de

acordo com a lei geral, que definem o objeto, âmbito de ação, deveres, direitos

e funcionamento dos diversos órgãos sociais. Sendo elaborados já numa

perspetiva de parceria, os estatutos refletem claramente a necessidade de se

salvaguardarem os interesses e obrigações das entidades privadas e/ou

públicas que as compõem. Às ADL são aplicadas, de forma genérica, as

obrigações gerais, nomeadamente: adquirir personalidade jurídica através da

celebração de escritura pública e posterior publicação em Diário da República;

registo de início de atividade nas Finanças e Segurança Social. Formalmente

constituídas as ADL passam a desenvolver sua ação de forma autónoma de

acordo com o seu objeto, vontade dos seus associados e oportunidades

existentes, assumindo-se como parcerias institucionais que pretendem

implementar políticas públicas, através da concretização de projetos que têm

um território especifico e suas populações como destinatários.

A focalização territorial, as especificidades locais e a complexidade de

intervenção conduziu à necessidade de uma especialização e

profissionalização dessas entidades, assentes numa crescente adequação às

exigências – internas e externas, de resposta a problemas e oportunidades. 50 Disponível em: http://www.siapolicia.pt/downloads/pdf/codigo_civil.pdf.

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63

Assumindo este posicionamento, as ADL passaram de uma primeira fase, de

algum voluntarismo, para um movimento de criação de competências e

aptidões permanentes que permitissem uma continuidade na intervenção e

uma maior legitimação do seu trabalho. Este esforço conduziu à criação de

corpos técnicos capazes de concretizar atividades bastante exigentes e

diversificadas, e que pela sua natureza não tinham respostas pré-

estabelecidas. Atualmente (2011) as 53 ADL têm ao seu serviço 576 técnicos,

dos quais mais de 76% possuem habilitações ao nível do ensino superior

(figura 4).

Figura 4 – ADL Equipas técnicas: Habilitações51

Salientando-se o facto da presença destas entidades se situarem

maioritariamente em zonas mais desfavorecidas, contribui para a perceção de

que a existência, só por si, destas competências humanas e técnicas nestes

territórios, constituiu-se como um dos aspetos fundamentais na concretização

dos processos de alavancagem de um desenvolvimento de base local.

Em grande parte, como vimos, as ADL tiveram a sua origem na primeira

metade da década de 90 do século XX, estando a completar cerca de duas

décadas de existência. À sua natureza recente associa-se também a presença

de equipas relativamente jovens: cerca de metade dos colaboradores (44,94%)

51 Fonte: dados fornecidos pela Minha Terra e disponíveis em: http://www.minhaterra.pt/.

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têm entre 35 e 44 anos de idade e 78,03% de todos os colaboradores têm, no

máximo, 44 anos de idade (figura 5).

Figura 5 – ADL Equipas técnicas: Classes etárias52

Esta característica etária das equipas não condiciona a experiência profissional

dos recursos humanos, já que 61,38% dos colaboradores apresentam mais de

seis anos de experiência laboral nas respetivas entidades53

, mantendo

igualmente vínculos contratuais de alguma estabilidade face ao emprego,

garantindo-se assim alguma continuidade do trabalho e na prossecução dos

objetivos das ADL.

Num contexto generalizado de “sangria” dos recursos humanos das zonas

rurais para os meios urbanos, a presença e manutenção destas equipas é um

dos aspetos mais decisivos e marcantes da intervenção das ADL,

demonstrando que não estaremos em presença de situações mais ou menos

conjunturais, mas de um processo de construção contínua de intervenção

assente nas competências técnicas e humanas, como resposta aos desafios

territoriais.

52 Fonte: dados fornecidos pela Minha Terra e disponíveis em: http://www.minhaterra.pt/. 53 Existe um grande número de coordenadores e técnicos que desenvolvem a sua ação profissional desde a fase de criação da ADL, encontrando-se com 18/20 anos de trabalho consecutivo nessas entidades.

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65

IV. 1.5. Atividades

Ao longo de vinte anos de atividade muitos projetos, de forma direta ou indireta,

foram desenvolvidos por estas entidades. Dada a dificuldade de, neste

contexto, apresentar um quadro absoluto destas ações, podemos referir, a

título de exemplo, que no atual período de programação (2007-2013) e só na

implementação do Eixo 3 do PRODER, PRODERAM e PRORURAL, as ADL

são responsáveis pela aplicação de mais de 460 milhões de euros de despesa

pública em projetos a desenvolver nos 53 territórios acreditados54

.

A definição de uma matriz de intervenção de base territorial pressupõe a

abertura das ADL a múltiplas abordagens, assentes numa ação integrada que

obtenha as respostas mais adequadas a cada problema ou potencialidade. O

quadro geral dos programas de apoio, quer a nível nacional, quer europeu, não

têm refletido esta realidade, nem na sua maioria estão ajustados à diversidade

e complexidade dos territórios, assumindo na maior parte das vezes estruturas

de respostas sectoriais desligadas dos contextos circundantes55

. A natureza da

construção programática do LEADER (incluída no próprio nome) respondia

desde logo a este desafio, ao pressupor que, para o desenvolvimento de um

território, era fundamental a ligação entre as diversas atividades, numa

perspetiva integradora de natureza multissectorial.

A implementação do LEADER pelas ADL permitiu, desde logo, a aplicação nos

territórios de uma ação integrada, sendo entendida como uma abordagem

inovadora, pois incluía o apoio a áreas diferentes como a criação e

modernização de pequenas empresas, promoção da qualidade dos produtos

locais, valorização do território, recuperação do património, capacitação dos

recursos humanos, reforço dos laços culturais e das identidades locais. Apesar 54 Programas: PRODER (http://www.proder.pt) PRODERAM (http://www.sra.pt/proderam/) e PRORURAL (http://prorural.azores.gov.pt/). 55 Na sua maioria os programas de apoio são definidos para a formação, indústria, comercio, agricultura, através de equipas de gestão pertencentes a ministérios diferentes não permitindo a possibilidade de se construírem projetos onde se considerem ações horizontais subjacentes a uma abordagem integrada.

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desta abordagem já incluir uma prática de ação integrada, a maioria das ADL,

na elaboração das estratégias, equacionaram desde logo a necessidade de

obter para os seus territórios outros instrumentos de apoio complementar. De

forma factual e resultante do levantamento efetuado, referimos que a maioria

das ADL tem concretizado a sua intervenção suportada por inúmeros

programas nacionais e comunitários, numa lógica de financiamento de múltipla

origem, tendo sempre como objeto o seu território de intervenção (figura 6).

Figura 6 – Programas de apoio utilizados pela ADL56

Como se verifica, pela figura 6, esta ação ao não se restringir unicamente à

implementação do LEADER, permite-nos concluir que o montante de despesa

pública que as ADL gerem só no atual ciclo de programas comunitários e

nacionais (2007-2013), ultrapassará largamente os 500 milhões de euros em

benefícios dos territórios e das populações. O nível de grandeza deste

montante financeiro traduz a crescente responsabilização institucional e

legitimidade construída ao nível do reforço das competências técnicas e

políticas das ADL.

Reconhecendo a importância e virtualidades desta filosofia de ação, e partindo

da experiência inovadora que foi desenvolvida pela experiência LEADER e

pelos seus agentes, a Comissão Europeia está a equacionar, de forma séria,

proceder à aplicação de uma grande parte dos fundos inscritos no próximo

56 Fonte: dados recolhidos nas ADL e organizados no anexo 1. Referente às siglas ver páginas 3 e 4.

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período de programação 2014-2020, de acordo com esta matriz global de

intervenção, como se evidencia na seguinte referência:

A fim de promover uma abordagem integrada do desenvolvimento

territorial, a proposta de RDC [Regulamento de Disposições Comuns]

prevê dois mecanismos, de modo a facilitar o desenvolvimento das

abordagens locais e sub-regionais. São estes o desenvolvimento

promovido pelas comunidades locais e os investimentos territoriais

integrados para o FEDER, o FSE e o Fundo de Coesão. Ambos procuram

envolver os intervenientes regionais e locais e as comunidades locais na

execução programática.

(…) O desenvolvimento liderado pelas comunidades locais (com base na

experiência do LEADER, no âmbito do desenvolvimento rural) pode

complementar e promover os resultados das políticas públicas no âmbito

dos fundos QEC. Visa aumentar a eficácia e a eficiência das estratégias

de desenvolvimento territorial por delegação de tomada de decisão e por

execução de parcerias locais entre os intervenientes públicos, privados e

da sociedade civil. (…). Além disso, devem indicar de que modo os

fundos QEC serão utilizados em conjunto e explicar o papel que cada

fundo deverá desempenhar em diferentes tipos de territórios (rurais,

urbanos, etc.). O LEADER, a título do FEADER, continuará a ser um

elemento obrigatório de cada programa de desenvolvimento rural.57

Esta posição traduz um grau de reconhecimento externo que advém das

avaliações efetuadas ao desempenho da implementação do LEADER, ao longo

destas duas últimas décadas, onde se tem concluído que a natureza de

intervenção de base territorial não é compaginável com uma matriz de

programação rígida e sectorial sem comunicação nem coordenação

horizontais, pois onde “as intervenções sectoriais em zonas rurais falharam”

57 Proposta de trabalho da Comissão Europeia sobre os elementos de um Quadro Estratégico Comum (QEC) para 2014-2020 integrando o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, o Fundo Social Europeu, o Fundo de Coesão, o Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural e o Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas, disponível em: http://ec.europa.eu/regional_policy/sources/docoffic/working/strategic_framework/csf_part1_pt.pdf: (Comissão Europeia, 2012:9).

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68

foram desenvolvidas “abordagens [LEADER] bem sucedidas” Saraceno, 2008:

40).

Os objetivos associados às principais fontes de investimento da União

Europeia, na ajuda aos Estados-Membros no sentido de recuperar e promover

o crescimento, só serão possíveis de concretizar de forma eficaz “se os cinco

fundos forem coordenados estreitamente para evitar a duplicação de esforços e

maximizar as sinergias, se forem integrados plenamente na governação

económica da União Europeia e se contribuírem para a realização da estratégia

Europa 2020, através do envolvimento das partes interessadas ao nível

nacional, regional e local”58

.

Encontramo-nos em presença de uma alteração significativa nas estruturas

europeias, e principalmente em Portugal, no sentido de incorporarem este

desafio, já que implica alguma rutura com procedimentos cristalizados nas

estruturas nacionais, atendendo a que o Estado Central em Portugal tem-se

afirmado “como mediador exclusivo entre a sociedade portuguesa e as

instâncias europeias” (Ruivo, Francisco e Gomes, 2011:212). Sendo uma ideia

subjacente ao aumento da eficácia e eficiência na aplicação dos fundos

públicos de apoio, parece-nos que o aproveitamento do trabalho das ADL terá

que ser tido em conta, dado que, no quadro nacional, não encontramos outras

realidades que encerrem à partida as características necessárias para a

implementação destas políticas: envolvimento institucional maioritariamente

privado; promoção da participação conjunta da sociedade civil e Estado;

experiência acumulada e capacitação técnica que permita uma intervenção

integrada e multidisciplinar de carácter territorial.

58 Proposta de trabalho da Comissão Europeia sobre os elementos de um Quadro Estratégico Comum (QEC) para 2014-2020 integrando o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, o Fundo Social Europeu, o Fundo de Coesão, o Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural e o Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas, disponível em: http://ec.europa.eu/regional_policy/sources/docoffic/working/strategic_framework/csf_part1_pt.pdf: (Comissão Europeia, 2012:9)9.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

69

IV. 2. Uma Visão Territorial

Seria muito moroso efetuar uma análise pormenorizada e profunda sobre todas

as 53 ADL que constituem o universo deste estudo. Nos pontos anteriores

procedeu-se à análise dos elementos gerais que pudessem dar um retrato

factual deste movimento, numa visão nacional agregadora. Entendendo que a

leitura micro pode proporcionar pistas diferenciadoras, mas igualmente

pertinentes na caracterização destas entidades, centramos mais

profundamente a nossa atenção em quatro dessas ADL, com o objetivo de

podermos realizar uma análise mais próxima da realidade, em termos de

dinâmicas e de implementação nos respetivos territórios.

IV. 2.1. AD ELO

IV. 2.1.1. Enquadramento

A AD ELO - Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego59

é

uma associação privada sem fins lucrativos que tem sede em Cantanhede e

desenvolve a sua ação no Centro Litoral. Ao longo da sua atividade foi

reconhecida como “Pessoa Coletiva de Utilidade Pública”, credenciada como

“Agência de Desenvolvimento Regional” e obteve a certificação de qualidade

pela Norma NP EN ISSO 9001:2008 (Figura 7).

59 Estando ligado profissionalmente à AD ELO, desde a sua fundação, optámos por escolher esta entidade para realizar uma caracterização mais profunda do contexto e atividade das ADL. Esta opção coloca na primeira pessoa o fornecimento de dados, a leitura da realidade e o contexto evolutivo da associação.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

70

Designação: AD ELO

Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego

Apresentação: A AD ELO foi criada em 9 de Junho de 1994 tendo como objetivo o desenvolvimento local e regional da região Centro Litoral.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de: Cantanhede, Figueira da Foz, Mealhada, Mira, Montemor-o-Velho, Penacova e Vagos.

Contactos

Rua António Lima Fragoso, 22, 3060-216 Cantanhede Telefone.: 231 419 550 Fax: 231 419 559 E-mail: [email protected] Site: http://www.adelo.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Entidade Gestora do PROMAR - GAC Mondego Mar (2007-2013) Formação (EFA, Públicos Desfavorecidos) Programas Nacionais de Luta Contra a Pobreza INTERREG Centro Comunitário Canedo (respostas sociais)

Figura 7 – AD ELO – Ficha resumo60

A associação foi criada em 1994 na sequência da realização de um curso:

"Promotores de Formação para o Desenvolvimento"61. No âmbito deste curso

realizaram-se alguns trabalhos práticos no terreno com o objetivo de envolver

os formandos com as entidades locais, criando condições de emergência de

iniciativas que contribuíssem para o desenvolvimento desses territórios. Este

desafio foi aceite por quatro dos formandos do respetivo curso62

60 Informações recolhidas do site

que haviam

realizado, no território do Baixo Mondego, os respetivos trabalhos práticos de

caracterização, e posteriormente mobilizado as entidades locais para a ideia da

criação de uma entidade de abrangência intermunicipal, que pudesse contribuir

para o desenvolvimento da região. Esse envolvimento institucional agregou 17

entidades coletivas locais que representavam o sector público, através das

Câmaras Municipais e o sector privado através de entidades coletivas de

www.adelo.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades” da associação. 61 O curso "Promotores de Formação para o Desenvolvimento" foi promovido pelo Instituto para o Desenvolvimento Agrário da Região Centro (IDARC), com o apoio técnico da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro e IEFP tendo sido realizado entre Dezembro de 1992 e Dezembro de 1993. O curso teve uma duração de 1.486 horas apresentando-se dividido em quatro grandes áreas temáticas: Organização e Gestão, Desenvolvimento Regional, Formação Profissional e Métodos de Acção. 62 Dos quatro formados, dois são atualmente os Diretores Executivos da AD ELO, e um destes o próprio autor deste trabalho.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

71

natureza diferenciada, tendo consensualizado entre si a criação de uma

associação sem fins lucrativos.

IV. 2.1.2. Localização e território

Partindo de uma abrangência inicial de apenas quatro Municípios: Cantanhede,

Mealhada, Montemor-o-Velho e Penacova, a AD ELO, ao longo da sua ação e

fruto das especificidades e alcance dos diversos projetos, tem vindo a alargar

este espaço de influência, podendo referir-se que a sua intervenção se

desenvolve numa região mais lata – o “Centro Litoral” (figura 8).

Eixo 3 PRODER – LEADER AD ELO

Eixo 4 PROMAR – GAC Mondego Mar

Figura 8 – Zona de Intervenção da AD ELO63

Nesta região coexistem inúmeras atividades económicas que vão desde as que

se encontram ligadas aos recursos endógenos – agricultura, pecuária e pescas

– mas também de natureza mais indiferenciada, como o comércio e indústria.

Ao nível da paisagem e em termos gerais, encontramos uma forte presença da

vinha – Região Demarcada da Bairrada; dos arrozais e regadio – Baixo

Mondego; dos recursos florestais – Buçaco e Penacova; das dunas e mar –

faixa litoral da Figueira da Foz a Vagos.

63 Informações recolhidas do site www.adelo.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades” da associação.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

72

IV. 2.1.3. Recursos humanos e materiais

A intervenção integrada pressupõe a existência de uma equipa multidisciplinar

equilibrada onde a dimensão técnica se associa a uma capacidade de

adaptação constante a novos e diversificados desafios. A AD ELO,

inscrevendo-se nesse posicionamento ativo, criou um quadro de pessoal e

colaboradores que, nos últimos anos, permaneceu num número médio de 24

técnicos, dos quais mais de 76% têm formação superior, cobrindo áreas como:

Desenvolvimento Regional, Gestão; Economia; Psicologia; História; Sociologia,

Serviço Social; Animação Social, entre outros.

Em termos de recursos materiais a AD ELO tem vindo a criar as condições

para que a equipa desenvolva uma resposta eficaz às solicitações decorrentes

da execução dos diversos projetos. Neste sentido possui instalações próprias e

apetrechadas em Cantanhede e Mealhada, tendo nos outros municípios

acesso a instalações disponibilizadas pelos associados (figura 9).

Figura 9 – Instalações da AD ELO64

IV. 2.1.4. Atividades

O objeto consagrado nos estatutos da AD ELO identifica o sentido global de

intervenção da associação, que se direciona para:

(…) o desenvolvimento local e regional integrado, através de uma

dinamização socioeconómica e cultural, mediante o apoio às

actividades produtivas e prestação de serviços nos domínios da 64 Informações recolhidas do site www.adelo.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades” da associação.

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73

formação profissional, dos recursos humanos, da difusão de

informação, animação local, mediação entre entidades, apoio técnico

e avaliação de acções privilegiando (…)os meios rurais promovendo

e valorizando os recursos endógenos65

.

Partindo desta definição estatutária, o principal objetivo de intervenção,

aquando da sua criação em 1994, era a obtenção para o território dos apoios

enquadráveis no Programa LEADER II66

, o que se veio a verificar com a

aprovação da respetiva candidatura e a credenciação da AD ELO como

entidade gestora em 1997. Este reconhecimento estendeu-se por todos os

períodos de programação subsequentes da abordagem LEADER (LEADER + e

atual Eixo 3 – PRODER). A implementação deste programa no território

assumiu um valor financeiro muito significativo e que andará próximo dos 30

milhões de euros de investimento, tendo sido concretizados diretamente mais

de 320 projetos (quadro 6).

Programa: LEADER AD ELO Investimento Total Fundos Europeus / Nacionais

LEADER II (1994-1999) 3.559.032,73 € 2.355.458,35 €

LEADER + (2000-2006) 6.000.000,00 € 3.353.847,43 €

LEADER + Cooperação (2000-2006) 351.000,00 € 315.983,32 €

EIXO 3 PRODER - Abordagem LEADER (2007-2013) 19.552.982,70 € 11.394.738,34 €

EIXO 3 PRODER - Abordagem LEADER (Cooperação) (2007-2013) 325.415,00 € 292.873,50 €

TOTAL 29.788.430,43 € 17.712.900,94 €

Quadro 6 – Programa LEADER AD ELO (1994-2013)67

Sendo o LEADER o elemento de intervenção mais marcante e aquele que

mobilizou maiores recursos na fase inicial da AD ELO, não foi, no entanto

assumido a priori como o único instrumento de trabalho capaz de contribuir

para a prossecução dos objetivos e da sua estratégia. Numa lógica de

desenvolvimento local equacionaram-se outras abordagens que dessem

respostas às necessidades e especificidades locais. Neste contexto foram

65 Artigo 2º dos estatutos da AD ELO fornecidos em documento impresso. 66 Este território não beneficiou de apoios no âmbito do LEADER I (1991-93). 67 Informações recolhidas do site www.adelo.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades” da associação.

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74

avaliadas várias linhas de atuação: consolidação das estruturas económicas e

culturais, a atuação direta dirigida à população que se encontrava em riscos de

exclusão social, a promoção das dinâmicas territoriais e a qualificação dos

recursos humanos. Na impossibilidade de descrever todas as dinâmicas

empreendidas, identificaremos de seguida, em resumo, os principais projetos,

para além do LEADER, que, em certa medida, caracterizam a matriz de

intervenção da AD ELO (quadro 7).

Programas: Dinâmicas territoriais / Qualificação / Formação Investimento Total Fundos Europeus / Nacionais

PNLCP - Mealhada (1996-2001) 236.241,61 € 197.346,26 €PNLCP - Montemor-o-Velho (1997-2001) 417.361,90 € 415.646,05 €PNLCP - Penacova (1998-2003) 700.565,03 € 593.125,11 €PNLCP - Cantanhede (2000-2004) 1.137.657,53 € 1.138.596,90 €Centro Comunitário do Canedo (construção) - INTEGRAR (1997-1999) 430.592,41 € 428.484,33 €Centro Comunitário do Canedo - actividades e funcionamento (1999) 110.686,25 € 91.021,62 €Centro Comunitário do Canedo - actividades e funcionamento (2000-2006) 1.614.014,04 € 1.324.455,79 €Centro Comunitário do Canedo - actividades e funcionamento (2007-2010) 1.060.245,57 € 772747,25Intervenção Comunitária - INTEGRAR (1998 - 2000) 351.494,07 € 339.149,32 €Intervenção Comunitária - POEFDS (3º QCA 2000-2006) 1.297.808,28 € 1.297.808,28 €Intervenção Comunitária POPH (2007-2013) 125.563,08 € 125563,08Apoio à realização de eventos regionais e apoio ao desenvolvimento (1996-99) 780.387,07 € 683.905,70 €Apoio à realização de eventos regionais e apoio ao desenvolvimento (2000-2002) 870.422,36 € 833.754,70 €Qualificação Institucional - IQADE 213.938,36 € 172.981,90 €Formação - INTEGRAR (2º QCA 1994-1999) 987.249,89 € 987.249,89 €Formação (POEFDS: 3º QCA 2000-2006) 3.675.057,49 € 3.675.057,49 €Formação - POPH (2007-2013) 2.338.879,75 € 2.338.879,75 €Planos de Intervenção - AGRIS - 7.1 (2002-2005) 295.050,00 € 221.287,50 €Programa Operacional de Sociedade de Informação (2002-2003) 39.263,79 € 20.869,92 €NEA2 Náutica Espaço Atlântico - INTERREG (2009-2012) 238.429,00 € 154.978,85 €GAC Mondego Mar - PROMAR (2007-2013) 3.222.361,00 € 2.597.285,00 €

TOTAL 20.143.268,48 € 18.410.194,68 €

Quadro 7 – Projetos desenvolvidos entre 1994-201168

No contexto da reflexão efetuada no seio da parceria e da equipa técnica da

AD ELO e tendo como base o diagnóstico efetuado, no que respeita aos

obstáculos e potencialidades existentes, a área social emergiu desde logo

como um vetor de extrema importância, e que deveria ser objeto de uma

intervenção abrangente. Perante as opções em termos de políticas nacionais, a

AD ELO empreendeu uma estratégia de combate aos fatores proporcionadores

de níveis de pobreza e exclusão social, na procura das condições que

contribuíssem para a melhoria da qualidade de vida da população do território.

A abordagem integrada aos problemas sociais dos municípios onde a AD ELO 68 Informações recolhidas do site www.adelo.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades” da associação. Alguns projetos encontram-se em execução sendo previsível a sua conclusão em 2013/15.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

75

intervinha, veio criar e consolidar de forma sustentada uma consciência local,

no seio das diferentes entidades, de que a associação detinha as capacidades

técnicas e legitimidade institucional para concretizar uma intervenção social.

Este reconhecimento permitiu concretizar um conjunto de projetos inseridos no

Programa Nacional de Luta Contra a Pobreza (PNLCP)69, envolvendo parcerias

alargadas que, trabalhando de forma coordenada, concretizaram as ações

planeadas e obtiveram ainda mais abrangência de atuação na resolução dos

problemas sociais. Aproveitando as oportunidades dos quadros comunitários

foram ainda empreendidos outras ações, de âmbito social, tendo como

destinatários a população desfavorecida da região. Dos projetos identificados

no quadro 7 realçamos a construção e funcionamento do Centro Comunitário

do Canedo70

O processo de diagnóstico usado na caracterização deste território permitiu

identificar também, como um problema estruturante, o elevado abandono

escolar, traduzindo-se numa população adulta com baixos níveis de

qualificação profissional e escolar. Este conhecimento induziu na AD ELO,

desde 1998, a necessidade de contribuir para o aumento dos níveis de

qualificação, mediante a planificação e implementação de vários planos de

formação, quer na vertente profissional, quer na escolar, aproveitando as

oportunidades que os programas inseridos no QCA permitiam. O formato

destas ações foi sendo adaptado às exigências do território e às opções

regulamentares dos diferentes programas. Em resumo, afirmamos que foram

desenvolvidas mais de 30 ações envolvendo perto de 500 formandos. Destas

ações destacamos as que se enquadraram na política de Educação e

Formação de Adultos (EFA), que abrangeram mais de 200 formandos que, por

que, desde 1999, desenvolve a sua atuação no concelho de

Mealhada (Canedo) em torno das respostas sociais sob tutela da Segurança

Social.

69 O PNLCP surgiu em Portugal em 1990 “por um lado, da necessidade de dar respostas às situações de carência e desfavorecimento em que se encontravam vários indivíduos e grupos sociais, quer em zonas rurais quer em zonas urbanas e suburbanas e, por outro lado, da possibilidade e encorajamento para desenvolver essas respostas, a partir dos exemplos europeus” (BIT, 2003:59), na sequência da criação e implementação dos “Programa Europeus de Luta Contra a Pobreza” a partir de meados da década de 80 do século XX. 70 O Centro Comunitário do Canedo situa-se no lugar do Canedo, Freguesia da Pampilhosa, Concelho de Mealhada. A construção deste equipamento surgiu como resposta à necessidade de contribuir para a resolução dos problemas sociais desta freguesia, e foi planeado no âmbito do PNLCP que a AD ELO desenvolveu no Concelho da Mealhada. No entanto, o seu financiamento foi assegurado por uma candidatura ao Programa INTEGRAR, medida 5, tendo o seu funcionamento sido assegurado por um acordo com a Segurança Social nas valências de respostas sociais.

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76

esta via, concretizaram um plano de formação que lhe permitiu ver reconhecida

a certificação escolar71

.

Outra área inovadora, mais recente, de que a AD ELO foi pioneira em Portugal

e neste território corresponde à abordagem às comunidades piscatórias numa

lógica integrada. Inspirando-se na metodologia LEADER, o Fundo Europeu das

Pescas (FEP) criou um eixo de intervenção, no atual período de programação

(2007-2013), que possibilitou a criação de Grupos de Ação Costeira (GAC).

Estes grupos, constituídos numa base local, são envolvidos na gestão de

fundos que visam apoiar as comunidades piscatórias na melhoria da sua

qualidade de vida, contribuindo para o incremento da atratividade dessas

regiões e para a manutenção ou criação do emprego. A AD ELO, por via do

seu posicionamento multidisciplinar e da sua implantação regional, foi

reconhecida como entidade gestora do GAC Mondego Mar72

, para o período de

2007 -2013, sendo uma das 7 entidades que a nível nacional se encontram

ligadas a esta medida específica.

As dinâmicas locais de trabalho em parceria desenvolvem sinergias que

ultrapassam os objetivos específicos de cada projeto, criando-se verdadeiras

plataformas de discussão que permitem definir outros níveis de intervenção. A

cooperação surgiu como uma forma natural de encontrar abordagens

diferenciadoras para propagar o trabalho em rede na procura de soluções para

problemas ou necessidades comuns. Neste âmbito, a AD ELO integrou desde

o seu início esta filosofia de intervenção, tendo participado de forma contínua

em ações de cooperação que resultaram na criação de estruturas, de que são

exemplo, o “Espaço Portugal Rural”73 ou o Biocant Park74

71 De acordo com o nível de escolaridade inicial o formando desenvolvia um curso de mais de um ano, obtendo por essa via a certificação escolar correspondente ao ensino básico (6º, 9º 12º ano).

.

72 O GAC Mondego Mar envolve um território que abrange parte dos municípios de Cantanhede, Figueira da Foz, Mira e Montemor-o-Velho (http://www.adelo.pt/promar/index.php) e enquadra-se no Eixo 4: Desenvolvimento Sustentável das Zonas de Pesca do Programa Operacional das Pescas (PROMAR) financiado pelo Fundo Europeu das Pescas (FEP) para o período de 2007-2013, disponível em: http://www.dgpa.min-agricultura.pt. 73 Loja de comercialização de produtos locais situada em Lisboa - Campo de Ourique (http://www.lojaportugalrural.com/) 74 O BIOCANT Park é o primeiro parque de biotecnologia em Portugal, cujo objectivo é patrocinar, desenvolver e aplicar o conhecimento avançado na área das ciências da vida, apoiando iniciativas empresariais de elevado potencial. A entidade gestora do Parque é a Associação Beira Atlântico Parque da qual são associados, entre outros, o Município de Cantanhede e a AD ELO, disponível em: http://www.biocant.pt/.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

77

Efetuando uma análise cronológica dos dados recolhidos e organizando-os

numa lógica temporal associada aos períodos de programação comunitária,

vulgo QCA, podemos constatar, de forma global, uma linha de crescimento

contínuo (figura 10).

0,00 €

5.000.000,00 €

10.000.000,00 €

15.000.000,00 €

20.000.000,00 €

25.000.000,00 €

30.000.000,00 €

35.000.000,00 €

40.000.000,00 €

2º QCA -1994-1999

3º QCA -2000-2006

Programação 2007 - 2013

TOTAL GERAL

Fundos Europeus / Nacionais 6.091.386,62 € 12.354.643,22 € 17.677.065,77 € 36.123.095,62 €LEADER 2.355.458,35 € 3.669.830,75 € 11.687.611,84 € 17.712.900,94 €

Figura 10 – Evolução dos recursos obtidos entre 1994-201175

Como se verifica pela análise do quadro a progressão é linear e sustentada,

quer tendo em conta os valores globais, quer olhemos apenas para os recursos

LEADER incluídos no valor total. Sublinha-se ainda que para o período 1994-

2011, os recursos LEADER assumiram uma percentagem perto dos 50% do

total obtido para o território o que demonstra a importância que este programa

assumiu na consolidação institucional das ADL. No entanto é também de

assinalar que 51% dos fundos de suporte às atividades foram obtidos por

multiplicidade de projetos numa verdadeira dimensão integrada de intervenção.

IV. 2.1.5. Parcerias e redes

A AD ELO, como já foi referido, é composta por 17 associados de natureza

coletiva, representando o sector público local, o sector financeiro, a estrutura

cooperativa local e as entidades de natureza local de apoio à cultura, ensino e

apoio social (quadro 8).

75 Informações recolhidas do site www.adelo.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades”.

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78

Administração Local Sector Financeiro Local Entidades ligadas ao sector agrícola

Entidades de formação profissional, de apoio

social, cultural e recreativo

Municípo de Cantanhede Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Cantanhede e Mira

Adega Cooperativa de Cantanhede

Escola Profissional da Mealhada, Lda

Municípo de Mealhada Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Bairrada e Agueira

Meagri - Cooperativa Agrícola do Concelho da Mealhada

Associação Fernão Mendes Pinto

Municípo de Montemor-o-Velho

Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Baixo Mondego

Cooperativa Agrícola do Bebedouro

Centro de Convivio e Cultura de Zagalho e Vale do Conde

Municípo de PenacovaCooperativa Agrícola do Concelho de Montemor-o-Velho

Associação de Agricultores e Melhoramentos de Gavinhos

Cooperativa Agrícola de Produtores de Leite e Carne de Entre Mondego e Vouga

Grupo Recreativo do Casal

Quadro 8 – Associados da AD ELO76

De acordo com os seus estatutos, são eleitos, para mandatos de 2 anos, 9

associados que assumem lugares nos diferentes órgãos sociais: Direção,

Conselho Fiscal e Mesa da Assembleia Geral. À Direção eleita compete a

coordenação geral e a representação institucional da associação. Em 1998, e

devido a necessidade de operacionalizar os trabalhos de forma mais eficaz, foi

criada a figura de Direção Executiva (dois técnicos superiores da equipa

técnica) com competências e responsabilidades delegadas de gestão. A

organização e gestão da associação assentam no equilíbrio entre a Assembleia

Geral (definição das linhas estratégicas de atuação), a Direção (criação de

condições para a operacionalização dos trabalhos e aprovação dos

procedimentos de gestão) e Direção Executiva (operacionalização e

concretização dos objetivos da associação).

Como princípio associativo de base, a AD ELO assume-se numa lógica de

parceria entre os seus associados, pois mais do que responder exclusivamente

às suas necessidades, a sua preocupação vai no sentido de os envolver na

procura de recursos e legitimidade para a concretização da sua estratégia de

desenvolvimento, que beneficiará o território no seu todo. Por outro lado, no

quadro base de obtenção de apoios para a implementação de projetos que

beneficiem a região, a AD ELO participa atualmente em diversas entidades 76 Informações recolhidas do site www.adelo.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades” da associação.

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79

formais, parcerias e redes, que consolidam a intervenção da associação

(quadro 9).

Local Regional Nacional / Internacional

Rede Social do Concelho de Cantanhede

ABAP – Associação Beira Atlântico Parque

MINHA TERRA – Federação Nacional das Associações de Desenvolvimento Local

Rede Social do Concelho de Mealhada Willuso – Associação de Investigação, Longevidade e Saúde

ANADER – Associação Nacional de Agências de Desenvolvimento Regional

Rede Social do Concelho de Mira Associação “Rota da Bairrada” EAPN - Portugal – European Anti-Poverty Network

Rede Social do Concelho de Montemor-o-Velho

PROREGIÕES – Promoção de Regiões, LDA.

Rede Social do Concelho de Penacova Rede Nacional de Grupos de Ação Costeira

BAIMONDE – Serviços de Consultoria e Comércio de Produtos Regionais, UNIPESSOAL, LDA

ENRD - European Network for Rural Development

Quadro 9 – As entidades/estruturas participadas pela AD ELO77

Como se observa no quadro, esta participação, fruto de iniciativa própria ou de

convite, é fundamental no fortalecimento da integração da AD ELO no contexto

local, regional, nacional e transnacional, permitindo-lhe reforçar a partilha de

experiências e informação e a aquisição de competências.

Em suma, a descrição das atividades desenvolvidas pela AD ELO fornece

pistas que contribuem para caracterizar a entidade, possibilitando a obtenção

de uma imagem do seu posicionamento no contexto do território e das suas

dinâmicas. Os territórios e as entidades são diferentes mas é possível

encontrar alguns traços comuns. Neste sentido apresentaremos de seguida

uma breve caracterização de outras três ADL no sentido de reunir elementos

que possam ajudar a encontrar matrizes comuns de intervenção e diferenças

de abordagens. Foi de caracter geográfico o critério que esteve subjacente à

escolha destas ADL, tendo optado por escolher do Norte – ADRAT, do Centro

– ADICES e do Sul – Terras Dentro, no sentido de dar uma imagem

representativa do país no que diz respeito a estas dinâmicas associativas78

.

77 Informações recolhidas do site www.adelo.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades” da associação. 78 No anexo 1 apresentamos uma ficha resumos de todas as 53 ADL objeto de estudo.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

80

IV. 2.2. ADRAT

IV. 2.2.1. Enquadramento

A Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega (ADRAT) é uma

agência de desenvolvimento criada em 1990 por instituições do Alto Tâmega.

Ao longo da sua atividade tem vindo a congregar esforços no sentido de se

constituir como uma plataforma interinstitucional representativa da região,

agrupando as autarquias, associações empresariais, cooperativas agrícolas,

associações de produtores e outros importantes atores do Alto Tâmega. No

processo de consolidação institucional foi reconhecida, em 1994, como Pessoa

Coletiva de Utilidade Pública, estando ainda acreditada como entidade

formadora desde 2001 (figura 11).

Designação: ADRAT

Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega

Apresentação: A ADRAT surgiu em Outubro de 1990 assentando a sua atuação numa plataforma interinstitucional, com objetivos de criar condições que permitissem, de uma maneira integrada e coordenada, definir e planear estratégias para o desenvolvimento da Sub-Região do Alto Tâmega.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Chaves, Boticas, Montalegre, Ribeira de Pena, Vila Pouca de Aguiar e Valpaços

Contactos

Avenida da Cooperação, Parque Empresarial, Edif. INDITRANS, Lote A1, nº 2 5400-673 Outeiro Seco Chaves Telefone: 276 340 920 Fax: 276 340 929 e-mail: [email protected] Site: http://www.adrat.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) PROVERE, Leonardo da Vinci, “Europe Direct” Cooperação, INTERREG, Gabinete Inserção Profissional, Formação

Figura 11 – Ficha resumo da ADRAT79

79 Informações recolhidas do site

www.adrat.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades” da associação.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

81

IV. 2.2.2. Localização e território

A ADRAT desenvolve a sua ação em Trás-os-Montes, na Região do Alto

Tâmega, abrangendo os concelhos de Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de

Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar (figura 12).

Figura 12 – Zona de intervenção da Associação ADRAT

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

82

A zona de intervenção da ADRAT caracteriza-se pela forte ruralidade das suas

populações integradas nos férteis vales de Chaves e de Vila Pouca de Aguiar,

no Parque Nacional da Peneda - Gerês e nas zonas de planalto e montanha. A

cidade de Chaves constitui-se como o polo onde as dinâmicas urbanas existem

de forma mais expressiva.

As termas de Chaves, o Hotel Palace Vidago e o Parque das Pedras Salgadas

são referências incontornáveis do património local. A natureza rural e agrícola

da região deu origem a um conjunto bastante expressivo de produtos de

qualidade que são referência nacional e que identificam esta região,

nomeadamente:

• Carne Barrosã – (D.O.P.);

• Carne Maronesa (D.O.P.);

• Bovino Cruzado dos Lameiros do Barroso – (I.G.);

• Cabrito do Barroso - (I.G.P.);

• Cabrito Transmontano (D.O.P.);

• Cordeiro de Barroso (I.G.);

• Mel do Barroso (D.O.P.);

• Mel da Terra Quente da Região do Alto Tâmega;

• Castanha da Padrela - (D.O.P.).

Como característica comum a toda a região de Trás-os-Montes, ao longo das

últimas décadas, tem-se observado uma grande taxa de emigração com o

consequente processo de desertificação, envelhecimento populacional e o

abandono de áreas e atividades agrícolas.

IV. 2.2.3. Recursos humanos e materiais

Atualmente dispõem dum corpo técnico de cerca de 14 pessoas (valor médio

nos últimos 5 anos), sendo 71% de formação superior nas áreas de Economia,

Gestão, Agronomia, Desenvolvimento Local, entre outros.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

83

Ao nível de recursos temos que destacar o “Ninho de Empresas do Edifício

Inditrans” promovido pela ADRAT que foi concebido para funcionar como uma

infraestrutura que promove e facilita a criação de novas empresas e promove o

desenvolvimento socioeconómico da região.

IV. 2.2.4. Atividades

A situação de declínio populacional e económico do Alto Tâmega e a

oportunidade de, com a entrada de Portugal na CEE, poder ser canalizado para

a região recursos que contribuíssem para o recuo deste declínio, justificou o

“surgimento da - ADRAT - Associação de Desenvolvimento - transformando-se

de imediato em sua missão, definir, com base na sua plataforma

interinstitucional, uma estratégia que permitisse ao Alto Tâmega recuperar o

seu atraso e, solucionando os seus estrangulamentos, transformar-se numa

Região com reais qualidades de vida e de bem-estar”80

.

A criação de emprego (em áreas complementares à agricultura ou em novas

empresas de serviços e indústria), a melhoria do nível da qualidade de vida

(infraestruturas básicas, equipamentos de educação, desporto, lazer e

ambiente), a recuperação, dinamização e realização de ações ou iniciativas

que reavivassem os laços identitários da região foram definidos como os

vetores de intervenção da ADRAT, no âmbito de programas de apoio como:

LEADER (I, II e +), PRONORTE, INTERREG, Programa de Promoção do

Desenvolvimento Regional, Formação PME, AGRIS, Rede Regional de

Emprego, no Rendimento Mínimo Garantido, no Programa de Luta Contra a

Pobreza, numa lógica de intervenção integrada (quadro 10).

80 Informação disponível em: http://www.adrat.pt/

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

84

LEADER Área Social / Emprego / Formação Dinâmicas Territoriais

LEADER I (1991-1993) PNLCP "Aquae Flaviae" e "Rio Beça" Prog. PPDR (Centros Rurais de Salto/Vila Pequena e Rabaçal)

LEADER II (1994-1999) Prog. Rendimento Social de Inserção Prog. INTERREG LEADER + (2000-2006) Prog. Rede Nacional de Emprego Prog. ESSEN LEADER + Cooperação (2000-2006) Prog. EQUAL Prog. ECOS / OUVERTURE EIXO 3 PRODER - Abordagem LEADER (2007-2013)

Prog. FORMAÇÃO PME Prog. PROTAD

EIXO 3 PRODER - Abordagem LEADER (Cooperação) (2007-2013)

Medida 4.4 do POEFDS Prog. PRONORTE

Programa LEONARDO Prog. OUVERTURE Prog. LEDA Prog. SAPIC

Prog. SPEC Prog. AGRIS - Medida 7 Prog. Delos

Quadro 10 – ADRAT: projetos desenvolvidos entre 1991-201181

O seu posicionamento fronteiriço desde cedo criou as condições para um

trabalho permanente de envolvimento dos agentes económicos e institucionais

dos dois lados da fronteira, num forte sentido de cooperação. Advém desta

realidade a participação em iniciativas como a Comunidade de Trabalho Norte

de Portugal - Galiza e em redes Europeias de Agências de Desenvolvimento e

muitos outras ações de cooperação nacional e transnacional.

IV. 2.2.5. Parcerias e redes

O envolvimento institucional em torno da ADRAT agrega 37 entidades coletivas

locais que representavam o sector público, o sector privado e associativo do

território (quadro 11).

81 Informações recolhidas do site www.adrat.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades” da associação.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

85

Administração Local Sector Empresarial Entidades ligadas ao sector agrícolaEntidades de formação

profissional, de apoio social, cultural e recreativo

Câmara Municipal de Valpaços

ACISAT - Associação de Comércio, Indústria, Serviços e Agrícola do Alto Tâmega

Adega Cooperativa de Valpaços Ecomuseu de Barroso

Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar

Região de Turismo do Alto Tâmega e Barroso

Cooperativa Agrícola de Boticas, CRL - CAPOLIB

Santa Casa da Misericórdia de Chaves

Câmara Municipal de Boticas EHATB – Empresa Hidroeléctrica do Alto Tâmega e Barroso, S.A

Cooperativa Agrícola de Chaves TEF - Teatro Experimental Flaviense

Câmara Municipal de Chaves Naturbarroso – Promoção Organização de Eventos, Lda.

Cooperativa Agrícola do Norte Transmontano

TAMAGANI – Associação de Artistas Plásticos do Alto Tâmega e Val de Monterrei

Câmara Municipal de Montalegre

CVRTM – Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes

MONTIMEL - Cooperativa de Apicultores do Alto Tâmega

Casa do Povo de Vilarandelo

Câmara Municipal de Ribeira de Pena

TRASVINIS - Associação Produtores Engarrafadores de Trás-os-Montes

ANCABRA - Associação Nacional de Criadores de Cabra Bravia

INVENSOS – Associação Cultural

AMAT - Associação de Municípios do Alto Tâmega

ARATM - Associação Regional dos Agricultores das Terras de Montenegro

ADIRBA - Associação para o Desenvolvimento Integrado da Região do Barroso

Cooperativa de Olivicultores de Valpaços

Santa Casa da Misericórdia de Vila Pouca de Aguiar

COOPEAGUIARENSE - Cooperativa Agrícola de Vila Pouca de Aguiar

Santa Casa da Misericórdia de Boticas

AVITRA – Associação de Viticultores TransmontanosBIOPENA, Agropecuária Biológica, CRL

Centro de Gestão Agrícola de Valpaços

AATBAT – Associação Agricultores Terras Barroso e Alto TâmegaAGUIARFLORESTACooperativa a Cavada do Povo – Cooperativa de Agricultores de modo de produção biológica do concelho de Montalegre, Crl

Quadro 11 – Associados da ADRAT82

Como é visível, encontram-se representados na associação as entidades

coletivas que representam os diversos sectores de atividade ligados ao

desenvolvimento rural do território, o que traduz um posicionamento de

articulação entre os diferentes atores locais. Em sinal de reconhecimento da

sua ação, recebeu em 8 de Julho de 2001 a Medalha de Mérito Municipal –

Grau Cobre, pela Câmara Municipal de Chaves. Por outro lado, no

desenvolvimento da sua atividade e tendo em vista potenciar o lançamento de

novas atividades de cooperação que possam interessar à região, a ADRAT

integra outras organizações e redes nacionais e estrangeiras nomeadamente:

• MINHA TERRA – Federação Nacional das Associações de

Desenvolvimento Local;

• ANADER – Associação Nacional de Agências de Desenvolvimento

Regional;

• ANIMAR - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local em

Meio Rural; 82 Informações recolhidas do site www.adrat.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades” da associação.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

86

• EAPN - Portugal – European Anti-Poverty Network;

• Delos;

• Euromontana;

• ENRD - European Network for Rural Development.

IV. 2.3. ADICES

IV. 2.3.1. Enquadramento

A ADICES – Associação de Desenvolvimento de Iniciativas Culturais, Sociais e

Económicas – é uma associação de direito privado, sem fins lucrativos,

direcionada para o desenvolvimento local, com sede em Santa Comba Dão. A

Associação constituiu-se legalmente em 199183

, no contexto inicial da

integração de Portugal na CEE, dos desafios que esta colocava ao país e das

oportunidades que o QCA I suscitava. A associação teve como objetivo inicial

contribuir para a elevação dos níveis de desenvolvimento da sua zona de

intervenção e da qualidade de vida das comunidades residentes neste

território, tendo sido reconhecida como entidade de Utilidade Pública e

entidade formadora (figura 13).

83 A origem da associação está ligada com a realização de um curso denominado JADE: Jovens Agentes de Desenvolvimento em Regiões de Emigração, promovido pela OIT. Em Portugal este curso decorreu entre 1987-89 envolvendo cerca de 64 formandos, que estiveram posteriormente ligados à criação de várias ADL, de que é exemplo a ADICES.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

87

Designação: ADICES Associação de Desenvolvimento Local

Apresentação: A ADICES – Associação de Desenvolvimento de Iniciativas Culturais, Sociais e Económicas – é uma entidade de foro privado, sem fins lucrativos, direcionada para o desenvolvimento local, constituída legalmente em 1991 no contexto inicial da integração de Portugal na Comunidade Europeia.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Carregal do Sal, Mortágua, Santa Comba Dão e Tondela. Contactos

Av. General Humberto Delgado, n.º 19 3440-325 Santa Comba Dão T. (+351) 232 880 080 F. (+351) 232 880 081 E-mail geral: [email protected] Site: http://www.adices.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Centro de Novas Oportunidades, formação (EFA, Públicos Desfavorecidos) Programas Nacionais de Luta Contra a Pobreza, Cooperação, EQUAL, INTERREG

Figura 13 – Ficha resumo da ADICES84

IV. 2.3.2. Localização e território

A zona de intervenção da ADICES situa-se na NUT III de Dão Lafões (distrito

de Viseu) abrangendo os concelhos de Carregal do Sal, Mortágua, Santa

Comba Dão e Tondela, na Região Centro de Portugal (figura 14).

84 Informações recolhidas do site www.adices.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades” da associação.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

88

Figura 14 – Zona de intervenção da Associação ADICES

A ADICES intervém num território que tem como elementos dominantes da sua

paisagem a Serra do Caramulo, a Barragem da Aguieira, a mancha florestal e

as vinhas da Região Demarcada do Dão. Em termos demográficos destaca-se

de forma negativa o êxodo rural continuado e de grande expressão.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

89

IV. 2.3.3. Recursos humanos e materiais

Atualmente dispõem dum corpo técnico médio de cerca de 26 pessoas, das

quais mais de 95% possuem formação superior em áreas tão diversas como:

História, Gestão e Desenvolvimento Social, Organização e Gestão Turística,

Marketing e Publicidade, Relações Públicas, Economia, Serviço Social,

Sociologia, Ciências da Educação, entre outras.

Ao nível de recursos físicos mais importantes temos que destacar o edifício-

sede (em Santa Comba Dão) com cerca de 700 m2 dividido em dois pisos. Os

diferentes espaços estão organizados de acordo com os objetivos e atribuições

da associação e articulados com as necessidades dos diversos

órgãos/departamentos da estrutura orgânica em vigor, disponibilizando zonas

específicas: espaço técnico aberto à população e aos parceiros do território,

salas de formação, espaço internet e centro de recursos. Fora das suas

instalações, a ADICES dispõe de uma vasta rede de contactos/protocolos com

diversas entidades (escolas, juntas de freguesias, câmaras municipais e

outras), para cedência de espaços e equipamentos que lhe permite

desenvolver as suas atividades de forma descentralizada.

IV. 2.3.4. Atividades

Nos seus vinte anos de existência, a ADICES desenvolveu um conjunto

diversificado de atividades que se inscreveram na dinâmica local e se

concretizaram em “estudos, informação/divulgação, apoio técnico, mediação

em parceria, animação/sensibilização, dinamização, concepção, planificação,

formação, gestão, execução de programas e avaliação”85

85 Informações disponíveis em:

. Para a concretização

destes projetos e ações, a ADICES obteve recursos dos instrumentos

financeiros enquadrados nos três QCA, em que foi entidade gestora e

promotora de múltiplos planos de desenvolvimento elaborados no âmbito

http://www.adices.pt

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

90

LEADER I, II, e +, promovendo ainda vários projetos enquadrados no

INTERREG, NOW, EUROFORM, EQUAL, entre muitos outros (quadro 12).

LEADER Área Social / Emprego / Formação Dinâmicas Territoriais

LEADER I (1991-1993) Candidaturas das três escolas profissionais: Centros Rurais (Programa Operacional do Centro)

LEADER II (1994-1999)

EBA - Escola Beira Aguieira, em Mortágua; a PROFIACADEMUS – Escola Profissional de Santa Comba Dão; e a EPT – Escola Profissional de Tondela

IC-PME

LEADER + (2000-2006)Planos de Formação (formações modulares certificadas, cursos EFA, formação para a inclusão)

INTERREG

LEADER + Cooperação (2000-2006) NOW I e II Medida 7.1 do AGRIS EIXO 3 PRODER - Abordagem LEADER (2007-2013)

EUROFORM

EIXO 3 PRODER - Abordagem LEADER (Cooperação) (2007-2013)

Programa PESSOA

EQUALCentro Novas OportunidadesPrograma Escolas-OficinasProjectos de Luta Contra a Pobreza

Quadro 12 – ADICES projetos desenvolvidos entre 1991-2011

Como se observa da leitura do quadro e tendo em conta os objetivos de cada

projecto, ADICES tem vindo a privilegiar temas como a modernização da

economia local (agricultura, indústria, comércio, serviços, turismo), a

preservação e valorização do ambiente e da qualidade de vida, a preservação,

organização e valorização do património cultural local e o reforço das

competências dos recursos humanos e dos aspetos sociais que lhe estão

associados. Neste âmbito, assumiu especial relevância a concretização duma

estratégia ligada ao aumento das competências da população com a

concretização de elevado número de ações de formação no âmbito do

Programa Escolas-Oficinas, do Programa PESSOA, do POEFDS e do

Programa Operacional do Centro. Integrada na política nacional de Educação e

Formação de Adultos, a ADICES viu aprovada uma candidatura para a criação

de um Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências

(CRVCC), mais tarde denominado Centro de Novas Oportunidades (CNO). Na

área social participou na construção e implementação de Projetos de Luta

Contra a Pobreza, desenvolvendo parcerias ativas ao nível das Redes Sociais

Concelhias, das Comissões Locais de Ação Social e de Educação.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

91

IV. 2.3.5. Parcerias e redes

As entidades mais representativas do território estão presentes na estrutura

associativa que se mobilizou na criação e consolidação da ADICES, integrando

atualmente um total de 52 associados, entre os quais se encontram entidades

públicas e privadas, bem como pessoas singulares, representativas de

diferentes sectores de atividade, nomeadamente:

• Atividade Financeira (2 associados);

• Administração Local (4 associados);

• Agricultura e Produção Animal (3 associados);

• Educação (4 associados);

• Saúde e Ação Social (10 associados);

• Silvicultura e Exploração Florestal (2 associados):

• Outras Atividades de Serviços (8 associados);

• Outras Atividades (11 associados);

• Pessoas Singulares (8 associados).

A ADICES tem protagonizando um extenso conjunto de intervenções

mobilizando localmente parcerias bastante diversas na concretização dos seus

projetos, assente numa postura dinâmica de estabelecimento de pontes e

“pactos territoriais”. Dentro deste espírito de intervenção a ADICES participa e

faz parte das seguintes estruturas e redes (quadro 13).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

92

Local Regional Nacional / Internacional

Rede Social do Concelho de Carregal do Sal Região Solidária

“MINHA TERRA” – Federação Nacional das Associações de Desenvolvimento Local

Rede Social do Concelho de Mortágua Comunidades Intermunicipais - Dão Lafões e Baixo Mondego

PROREGIÕES – Promoção de Regiões, LDA.

Rede Social do Concelho de Santa Comba Dão

Conselho de Parceiros do Projecto - Da Escola Agarra a Vida

Clubiored

Rede Social do Concelho de Tondela Conselhos Gerais das Escolas Secundárias e Agrupamentos Union des Terres de Rivières

Rede Social do Concelho de Mortágua

Quadro 13 – Parcerias e entidades participadas pela ADICES

IV. 2.4. Terras Dentro

IV. 2.4.1. Enquadramento

A “Terras Dentro - Associação para o Desenvolvimento Integrado de Micro-

regiões Rurais” é uma associação privada de utilidade pública sem fins

lucrativos que tem sede em Alcáçovas. De acordo com as informações

recolhidas, o seu processo de criação ocorreu na sequência da planificação de

ações locais de um projeto de formação de combate ao desemprego em

1989/90. Nesse envolvimento sentiu-se ser necessário constituir uma entidade

associativa que organizasse o processo formativo, nascendo em 1991 essa

associação em Alcáçovas, com o envolvimento da Junta de Freguesia das

Alcáçovas, da Câmara Municipal de Viana do Alentejo e de um grupo de

cidadãos empenhados no desenvolvimento da sua terra (figura 15).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

93

Designação: TERRAS DENTRO

Associação para o Desenvolvimento Integrado

Apresentação: A Terras Dentro - Associação para o Desenvolvimento Integrado, entidade de Utilidade Pública, sem fins lucrativos, nasceu em 1991 na vila de Alcáçovas, concelho de Viana do Alentejo e tem como missão apoiar e promover o desenvolvimento integrado, sobretudo em meio rural.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de: Alvito, Alcácer do Sal, Cuba, Montemor-o-Novo, Portel, Vidigueira, Viana do Alentejo e Grândola.

Contactos

Rua do Rossio de Pinheiro 7090-049 Alcáçovas Telefone: +351 266 948 070 Fax: +351 266 948 071 Email: [email protected] Site: www.terrasdentro.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Centro de Novas Oportunidades, formação (EFA, Públicos Desfavorecidos) Programa Nacional de Luta Contra Pobreza AGRIS, Cooperação, CLDS

Figura 15 – Ficha resumo da Terras Dentro86

Ao longo da sua atividade foi consolidando os seus processos internos de

gestão, tendo obtido as seguintes reconhecimentos:

• Entidade declarada de Utilidade Pública por despacho do S. Exa. o Sr.

Primeiro-ministro em 10/04/97, publicado no Diário da República, III

Série, n.º 102 de 03/05/97, pág. 5217;

• Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD)

registada sob o nº 7331/99 no Ministério do Negócios Estrangeiros;

• Entidade Equiparada a Organização Não Governamental para o

Ambiente (ONGA) inscrita no Registo Nacional com o n.º 146/E;

• Entidade Formadora Acreditada pelo IQF.

86 Informações disponíveis em: www.terrasdentro.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades” da associação.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

94

IV. 2.4.2. Localização e território

A Terras Dentro desenvolve a sua ação no Alentejo principalmente nos

concelhos de Alcácer do Sal, Alvito, Cuba, Montemor-o-Novo, Portel, Viana do

Alentejo e Vidigueira. Em termos de Nut’s III, abrange as regiões: Alentejo

Litoral, Alentejo Central e Baixo Alentejo (figura 16).

Figura 16 – Zona de intervenção da Terras Dentro87

87 Informações recolhidas do site www.terrasdentro.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades” da associação.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

95

Neste território as principais atividades económicas estão estritamente ligadas

aos recursos endógenos e à agricultura, destacando-se:

• Agricultura (olival, vinha e florestas);

• Pecuária (regime extensivo, bovinos ovinos, caprinos e suínos);

• Comércios e serviços (unidades de retalho, turismo e restauração);

• Indústria extrativa de minerais não metálicos;

• Indústria transformadora ligada essencialmente à agricultura, silvicultura

e pecuária.

A existência de um vasto património histórico, arquitetónico e arqueológico e

uma identidade cultural, materializada através da música, cante, poesia,

gastronomia e saberes, são fortes marcas deste território, a par das ainda

preservadas características rurais da população.

IV. 2.4.3. Recursos humanos e materiais

A intervenção integrada defendida pelas Terras Dentro tem envolvido um

quadro de colaboradores, profissionais e voluntários, que têm correspondido às

solicitações e necessidades do território. Atualmente dispõem dum corpo

técnico de cerca de 31 pessoas, sendo 84% de formação superior nas áreas de

Sociologia, Gestão de Empresas, Psicologia, Informática, Direito, Serviço

Social, Engenharias, entre outros.

Ao nível de recursos físicos há a destacar o Centro de Documentação da

Terras Dentro, criado para organizar a informação resultante da recolha e

pesquisa de documentação sobre o mundo rural, disponibilizando a sua

consulta a todos os interessados (investigadores, técnicos, professores, alunos

população). Concentra os recursos técnicos na sua sede social em Alcáçovas,

concelho de Viana do Alentejo (figura 17).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

96

Figura 17 – Instalações da Terras Dentro88

IV. 2.4.4. Atividades

De acordo com a sua estratégia de atuação é visível que a associação apoia a

criação ou modernização de pequenas empresas locais, numa vertente de

inovação ou de manutenção de atividades tradicionais. A promoção da região,

a valorização dos produtos locais e a defesa dos valores culturais têm marcado

a sua intervenção, quer numa dinâmica local, quer no estabelecimento de

parcerias nacionais e transnacionais. Tendo como base a matriz

caracterizadora já efetuada, apresentamos de seguida, em resumo, as

principais intervenções da Associação Terras Dentro (quadro 14).

LEADER Área Social / Emprego / Formação Dinâmicas Territoriais

LEADER I (1991-1993) EQUAL INTERREG

LEADER II (1994-1999) Programa Escolas-Oficinas Centros Rurais

LEADER + (2000-2006) Projectos de Luta Contra a Pobreza Medida 7.1 do AGRIS

LEADER + Cooperação (2000-2006) CNO Cooperação Nacional e Transnacional

EIXO 3 PRODER - Abordagem LEADER (2007-2013)

Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (CRVCC) Intervenção Comunitária

EIXO 3 PRODER - Abordagem LEADER (Cooperação) (2007-2013)

Planos de Formação no âmbito do POEFDS, POPH (EFA e Outros)

Quadro 14 – Terras Dentro: projetos desenvolvidos entre 1991-201189

Como é visível pela análise do quadro a Associação assumiu desde 1991 até

aos nossos dias a gestão do Programa LEADER para o seu território. Outra 88 Informações recolhidas do site www.terrasdentro.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades” da associação. 89 Informações recolhidas do site www.terrasdentro.pt e da consulta dos documentos, “Relatório e Contas” e “Plano de Atividades” da associação.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

97

das áreas mais importantes que tem desenvolvido refere-se à qualificação dos

recursos humanos do seu território, quer na vertente formal EFA e CNO, quer

nos processos de animação local, nomeadamente os que assentam nas

manifestações de índole cultural que tem vindo a promover.

IV. 2.4.5. Parcerias e redes

Atualmente conta com 148 associados, dos quais 22 são coletivos e 126

singulares. Além da sua sede em Alcáçovas possui ainda 5 delegações, em

Alvito, Portel, Alcácer do Sal, Grândola e Santiago do Escoural. Na

implementação da sua estratégia a associação reconheceu ser necessário

contactar com outras realidades, para além da que se encontra estabelecida.

Nesse sentido, a Terras Dentro tem estimulado as relações de trabalho

internas e externas com associações, agências de desenvolvimento e ONG

vocacionadas para esta atividade, objetivo facilitado pela sua integração num

conjunto de organismos de carácter local, regional, nacional e internacional que

agregam muitas daquelas entidades, das quais se destacam:

• IDEIA Alentejo - Associação para a Inovação e Desenvolvimento

Integrado do Alentejo;

• Associação Pró-Montado;

• ADRAL - Agência Regional para o Desenvolvimento do Alentejo;

• Associação Nacional de Direito ao Crédito;

• ANIMAR - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local em

Meio Rural;

• “MINHA TERRA” – Federação Nacional das Associações de

Desenvolvimento Local;

• ACVER - Associação Internacional para o Desenvolvimento de

Comunidades Rurais;

• AIFM - Associação Internacional das Florestas Mediterrânicas.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

98

V. AS ADL E O PROGRAMA LEADER – UM OLHAR CRÍTICO

V. 1. Em jeito de balanço

Ao longo dos capítulos anteriores pretendeu-se dar uma visão factual, objetiva

e de carácter evolutivo sobre o contexto de criação e consolidação das ADL

que, em Portugal, estão associadas à implementação e gestão do Programa

LEADER. Sendo uma realidade observável, não existe ainda o distanciamento

temporal suficiente para uma abordagem mais profunda, em termos de impacto

e resultados para o território e no seu conjunto para o país. No entanto é

inegável o reconhecimento que é devido a estas entidades, pois ao longo dos

últimos 20 anos têm contribuído de forma positiva para o desenvolvimento dos

espaços mais frágeis, de menor densidade populacional e institucional que, por

esta via, têm tido a oportunidade de obter recursos com expressão e que

proporcionaram processos de desenvolvimento local. Neste sentido criamos

uma imagem gráfica para tentar traduzir, de forma global, o posicionamento

das ADL e do programa LEADER no contexto dos seus territórios (figura 18).

O “Local”: território de intervenção

Associações de Desenvolvimento

Local (ADL)

LEADER

PRODER

CNO

EFA

INTERREG

PRODERAM

PRORURAL

POPH

QREN

CLDS

Figura 18 – As ADL e o programa LEADER no contexto dos territórios

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

99

Em jeito de balanço e tendo por base a figura 18, importa encontrar alguns

traços comuns que traduzam uma visão crítica que se deve ter sobre estas

realidades. Por um lado, olhando para o interior destas entidades, vendo-as

como espaços de trabalho, locais de exercício de poder, instrumentos ao

serviço dos diversos atores, estruturas de sustentabilidade e garantia de

emprego. Por outro lado, observando o contexto externo, importa registar e

avaliar o resultado do seu trabalho para o território e para a estruturação de um

tecido institucional do qual as ADL fazem parte.

Tendo como orientação estes dois olhares, este estudo teve ainda como

objetivo verificar em que medida o LEADER contribuiu para a consolidação de

um legado de intervenção que conduziu à manutenção em atividade das ADL

que foram reconhecidas como entidades gestoras. Importa verificar então qual

o papel que assumiu na consolidação das ADL como estruturas e entidades

com legitimidade própria.

V. 2. Um olhar sobre as Associações de Desenvolvimento Local

Considerando a vertente do território e fazendo o LEADER parte da ação das

ADL será significativo reconhecer as vantagens deste programa para as

dinâmicas económicas, sociais e culturais dos espaços rurais. As 53 ADL

objeto deste estudo estão, em 2011, reconhecidas pela Estado português como

organismos intermédios de gestão das políticas públicas de apoio ao

desenvolvimento rural90

90 De acordo a legislação nacional, e após um processo de candidatura em 2007/2008 as autoridades de gestão dos 3 programas de Desenvolvimento Rural (PRODER – continente; PRODERAM – Madeira, PRORURAL – Açores) reconheceram os GAL como Entidades Intermédias de Gestão e por delegação de competências, atribuem-lhe funções de “análise, decisão e controlo administrativo dos pedidos de apoio” para a execução da Estratégias Locais de Desenvolvimento (Protocolos de articulação entre Autoridades de gestão e GAL, documento impresso consultado nas ADL).

. Para o período de 2007-2013 as ADL tornaram-se

responsáveis pela implementação do Eixo 3 – Dinamização das Zonas

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

100

Rurais91

, dos referidos programas de desenvolvimento rural, tendo para o efeito

uma dotação financeira aprovada que, seguindo a abordagem LEADER, lhes

permitem receber, analisar e aprovar projetos que, na respetiva zona de

intervenção, viessem a ser apresentados pelas entidades elegíveis. Para além

desta atuação a maior parte das ADL encontra-se igualmente acreditada como

entidade formadora, responsável por CNO, entidade gestora de Grupos de

Ação Costeira, responsável por equipamentos sociais e culturais, entre muitas

outras ações. Estamos perante uma intervenção integrada de cariz

diversificado, onde o principal vetor é o território – o “Local” focando-se a

abordagem no princípio de que “ cada local tem uma determinada configuração

sócio-cultural própria, a qual desagua numa determinada cultura política e

prática social própria aos seus actores mais destacados” (Ruivo, 1990:75). As

ADL (re) inventam assim o seu “local”, ultrapassando as fronteiras

administrativas, criando os laços e as cumplicidades que, numa intervenção, o

levam a considerar como “seu”, criando uma lógica de pertença, assumindo um

sentimento de reivindicação.

A situação atual resulta por conseguinte da consolidação, ao longo das duas

últimas décadas, destas entidades, sobretudo nas vertentes técnicas, de

animação territorial e de legitimidade institucional. Da caracterização efetuada

podemos inferir que a manutenção de uma equipa de trabalho composta por

elementos com níveis de formação superior tem permitido executar um modelo

de intervenção coerente, de elevado pendor técnico, político e de animação

local. Daqui advém uma primeira conclusão, atendendo a que se reconhece,

pela análise dos dados, que estamos em presença de entidades com grau de

profissionalismo elevado (76% de técnicos superiores), tendo-se afastado de

algum voluntarismo que caracteriza muitas das entidades privadas de cariz

associativo em Portugal. Esta situação, justifica-se, em parte, pela procura e

obtenção de recursos financeiros significativos no âmbito do Programa

LEADER e de muitos outros, que tem permitido a criação e manutenção de

equipas envolvidos em constantes processos de formação e aquisição de

91 Os programas de Desenvolvimento Rural (PRODER, PRODERAM e PRORURAL) estão estruturados em 4 eixos (Eixo 1: Competitividade, Eixo 2: Sustentabilidade dos Espaços Rurais, Eixo 3: Dinamização das Zonas Rurais, Eixo 4: Conhecimento e Competências):

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

101

competências, gerando-se a figura de “profissionais do desenvolvimento” (61%

dos técnicos têm mais de 6 anos de experiência ao serviço das ADL). Não

deixando de reconhecer nesta característica muitos aspetos positivos, não

deixa igualmente de ser objeto de algumas críticas, tendo como argumento um

certo pendor tecnocrata que estas entidades por vezes evidenciam, podendo

transformar-se num facto inibidor de ações de natureza mais participativa e

mobilizadora na comunidade. Hespanha (2000:19) refere a este propósito de

forma pertinente que “estudos realizados em algumas instituições mostraram já

que, seja pela excessiva profissionalização dos seus agentes, seja pela rigidez

da sua gestão administrativa, a relação próxima e espontânea com os utentes

tende a perder-se ao mesmo tempo que aumentam a proximidade e a

dependência relativamente à administração pública”.

Olhando para o todo nacional, uma das principais vantagens apresentadas por

estas entidades, relativamente a outras que desenvolvem ações no âmbito do

Desenvolvimento Local, é a afirmação de uma identidade própria, exercida

através de um legado de intervenção que resulta da permanência em contínuo

de recursos humanos conhecidos, que definem o seu percurso de vida

profissional em torno delas e deste modelo de intervenção92

Das informações recolhidas informalmente através de alguns contactos com

redes europeias, da mesma área de intervenção, verificamos que, nos países e

regiões onde a implementação do LEADER se efetuou através de entidades

autónomas com corpos técnicos estabilizados, foi possível garantir uma certa

continuidade de intervenção entre as diferentes fases do LEADER e das

. Este legado de

trabalho, individual e institucional, tem vindo a garantir um reconhecimento, por

parte dos agentes locais, pois as ADL disponibilizam “um quadro

organizacional de planeamento, execução, acompanhamento e avaliação dos

conceitos de desenvolvimento territorial a nível local (…) em benefício da

população” (Lukesch, Schuh, 2008:27), sendo estas dinâmicas de trabalho

acompanhadas e avaliados de forma constante por entidades internas e

externas ao território.

92 Quase todos as ADL têm entre 18 e 20 anos de trabalho contínuo na gestão de projetos de desenvolvimento, sendo elevado o número de técnicos e principalmente os coordenadores que contribuíram para a criação das entidades e que assim desde o inico permanecem nos seus corpos técnicos.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

102

políticas de apoio ao desenvolvimento rural93

, tendo algumas avaliações

independentes concluído que “(…) os GAL com uma boa implantação terão

capacidades para negociar e explorar regimes de apoio e financiamento

suplementares, com vista a consolidar a alargar o âmbito das suas actividades,

ao serviço das população local” (Lukesch, Schuh, 2008:30).

Na análise efetuada às ADL procurou-se identificar as características destas

entidades enquanto espaço de exercício de poder, reconhecido e aceite em

termos locais. Sob este aspeto a observação realizada não nos permite retirar

uma conclusão linear e transversal a todas as entidades. Estamos em

presença de uma área que não se verifica de forma explícita, dada a sua

natureza mais imaterial e associada a comportamentos, pelo que só um

acompanhamento de proximidade permitiria retirar conclusões mais

consistentes. Como elemento base para a análise desta vertente, temos a

registar a presença das entidades mais representativas de um território como

associados das ADL traduzindo a força institucional e política que estas

entidades carregam. A maior parte das ADL focadas neste estudo têm como

associados os respetivos municípios do território, as associações e

cooperativas de natureza profissional e sectorial, as instituições financeiras de

carácter mais local e as entidades sociais e culturais de maior importância e

com maior dinamismo local. Esta realidade induz ao reconhecimento de

estarmos em presença de entidades intermunicipais politicamente fortes,

atendendo a que são raras as instituições de natureza privada e local que

reúnam uma tão elevada representatividade (mais de 2.000 entidades coletivas

e individuais em todo o território nacional).

Não podemos esquecer, no entanto, que uma parceria sólida “deve ser

equilibrada tanto do ponto de vista de representação sectorial, como dos

pontos de vista geográfico, institucional e social para evitar a criação de elites

ou de processos de execução “não transparentes” da estratégia de

desenvolvimento” (Tvrdonova, 2008:33). Pela leitura do somatório dos

93 Em Portugal 19 das 20 ADL do LEADER I (1991) e todas as 48 do LEADER II mantêm atividade ligada à implementação deste programa no atual período de programação. Esta realidade não é comum nos restantes países da Europa. No entanto esta abordagem no contexto europeu não foi aprofundada no âmbito deste estudo, ficando em aberto para trabalho posterior.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

103

associados, e da sua participação nos órgãos sociais das ADL infere-se que

estas entidades se tornaram um espaço de exercício partilhado de poder, de

natureza local e regional, onde o equilíbrio de forças se estabelece num

escrutínio permanente e atento por parte dos diferentes atores. Sob este

aspeto também é importante realçar que a própria natureza do Programa

LEADER - existência de recursos financeiros para apoiar projetos locais - muito

contribuiu para esta congregação de entidades, não menosprezando, no

entanto, outras motivações mais particulares ou institucionais que possam ter

existido.

Uma das críticas mais recorrentes, nos processos de avaliação realizados ao

programa LEADER, relacionavam-se com a influência exagerada que os

municípios exerciam nas parcerias locais, quer pela via mais direta da sua

presença nos órgãos de decisão, quer pela via indireta da força política que de

forma implícita exercem no território94

Neste campo de análise a realidade das 53 ADL é muito diferenciada. Se

verificamos que em algumas ADL os municípios assumem e assumiram

sempre um papel predominante no quadro regulamentar estatutário de cada

entidade, outras há onde a sua presença não é assim tão significativa. Nos

territórios mais frágeis e de natureza mais rural (que é a maior parte do

território das ADL), os municípios assumem-se como os organismos de maior

importância, quer na vertente dos serviços e respostas que proporcionam às

populações, quer ainda na vertente direta de emprego e capacidade de

investimento. Correlativamente reconhece-se que este poder tende a ser

assumido também nalgumas ADL de forma mais explícita e noutras de forma

mais sub-reptícia.

. Para além de questões de ordem

técnica, encontramos neste processo a materialização de uma relação de (re)

construção do poder que caracteriza a relação do poder central e local que

neste caso se estende às ADL e que Fernando Ruivo caracteriza no livro “O

Estado Labiríntico” (Ruivo, 2000a).

94 Nestas avaliações e opiniões, é apontado como exemplo “o perigo de que o LEADER e os GAL passem a ser apenas um “apêndice” às estruturas hierárquicas existentes [onde a questão] dos municípios e da sua importância crescente na abordagem LEADER, era considerada como um enfraquecimento do espírito de parceria e da abordagem ascendente do LEADER” (Tvrdonova, 2008:36).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

104

O exercício de poder, por parte do município, personaliza-se na figura do seu

presidente que assume, na maior parte das vezes, esse mandato de

representação nas ADL, no sentido que Ruivo (2000a: 208) refere como a

“densidade dessa impregnação do eleito na vida comunitária”, após os atos

eleitorais. No entanto é de aludir que esta presença política se manifesta de

forma mais expressiva nos organismos do seu município, ou seja na sua base

de ancoragem eleitoral, mas que o caso das ADL, dada a sua natureza

intermunicipal, se esbate. Nesta participação, como noutras, as motivações que

justificam o envolvimento são das mais diversas, mais públicas ou de natureza

mais subjetiva, podendo conduzir a uma “cunhagem mais privatística dessa

actividade” no sentido de “uma contínua capitalização de bens de ordem

simbólica para a emblematização da personalidade do político” (Ruivo,

2000a:203). No entanto, neste comportamento, a natureza individual de cada

agente, a sua personalidade e filosofia de intervenção marcam muito o

exercício do poder.

A existência de vários municípios nos órgãos sociais de cada ADL,

conjuntamente com outras entidades representativas dos interesses locais (por

vezes antagónicos), conjugada com estruturas técnicas consolidadas dirigidas

por coordenadores com experiência profissional e política, atenuam a

tendência centralizadora e unipessoal que pudesse existir em cada um dos

elementos da parceria. Neste âmbito, e não ocultando a existência de alguns

casos mais extremados e característicos da matriz do nosso “sistema político

local [onde para alguns a preocupação fundamental será], a necessidade

permanente de inscrever, ou manter, o “seu” concelho na rota do investimento

público” (Ruivo, Francisco e Gomes, 2011:218), podemos afirmar que nas ADL

se afirma efetivamente um exercício de poder de natureza mais partilhada,

centrado nas áreas de trabalho e na procura de soluções em benefício de um

território, para as quais o consenso das partes é um fator fundamental. Esta

metodologia de partilha evidencia-se mais facilmente nestas entidades de

natureza mais coletiva, em detrimento de outras estruturas de carácter mais

individualista.

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105

No espaço territorial em que cada ADL se posiciona existe uma “malha

institucional” composta por entidades com fins e objetivos múltiplos, de

natureza e formato diversificado e com motivações e orientações de política

diferentes. Num quadro simples, num contexto espacial restrito, no “local”,

encontramos, para além do sector empresarial, a presença de entidades e

organismos do sector público, central e local, da sociedade civil (associações

culturais, recreativas, desportivas e de respostas sociais), de natureza

económica e profissional (associações empresariais, de produtores,

cooperativas), de ensino e transferência tecnológica (escolas profissionais,

centros de formação e parques de ciência e tecnologia) entre muitas outras

organizações. Apesar de se reconhecer que existem algumas diferenças ao

longo do país, esta “malha institucional” é de natureza fina, traduzindo o

dinamismo populacional e económico de cada região, cobrindo todas as áreas

e necessidades, estabelecendo uma redes de contactos e conhecimentos, no

sentido que Ruivo (2000a: 19) define como “fileiras privilegiadas de acesso”. É

nesta matriz institucional que se posicionam as ADL objeto deste estudo, numa

relação de complementaridade e articulação, mas também de conquista e

competição, (re) inventando laços de cumplicidade no processo de construção

do seu “local” numa lógica de “território projeto”.

Olhando em concreto para as dinâmicas das ADL, nomeadamente à

implementação do Programa LEADER, verificamos que não existe, a nível

local, outras entidades que promovam a mesma tipologia de ação. A

construção, no seu corpo associativo, de uma parceria representativa dos

diferentes sectores do território, contando com o sector público local mas com

uma maioria de entidades privadas, que define uma estratégia visando a

obtenção de meios/recursos financeiros e técnicos para serem colocados à

disposição das entidades/pessoas/empresas, constitui-se como especificidade

e ação identitária das ADL e da abordagem LEADER. Os recursos financeiros

obtidos não se destinam maioritariamente à subsistência das ADL ou à sua

parceria, mas os beneficiários diretos são as entidades e pessoas desse

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106

território95. As ADL ao elaborem previamente uma estratégia local para a

obtenção de recursos, que depois serão colocados à disposição das entidades

do seu território (empresas, IPSS, autarquias, associações), enquadram esta

ação nas especificidades de implementação do programa LEADER, que

defende a existência deste nível local de competências. Este posicionamento

tem contribuído para fortalecer a crescente legitimação local das ADL, durante

estas duas décadas, e simultaneamente para reforçar a perceção de que as

suas competências técnicas, possibilitaram a obtenção de outros recursos para

o território, que de outra forma não seriam investidos na região96

.

Nas ADL identificadas de forma mais pormenorizada, salientamos o seu

envolvimento nos processos de desenvolvimento local, quer nas vertentes

socias e de formação, quer ainda nos processos de reforço do tecido

económico local. Como refere Dubost (2008: 49) “o LEADER faculta-nos muitos

exemplos de GAL que se transformaram em organismos de desenvolvimento

local. Esta evolução proporciona a possibilidade das zonas elaborarem

estratégias de desenvolvimento integrado para além das fronteiras do LEADER

combinando várias oportunidades de planeamento e financiamento”.

A participação das ADL num elevado número de redes locais, regionais e

nacionais é sinal evidente da sua integração na definição e implementação de

políticas e projetos das diferentes áreas, sendo a constatação de uma

conquista do seu próprio espaço, não através da ocupação do pertencente a

outras estruturas, mas obtendo a sua própria legitimidade. No entanto, e pelo

grande alcance de ações que as ADL têm vindo a realizar, encontramos

também alguns pontos de competição pela obtenção de apoios a projetos de

implementação local, nomeadamente naqueles que ao nível dos destinatários

finais não têm uma especificidade identificada. Temos como exemplo, o

desenvolvimento de ações de formação (com certificação profissional ou

95 Por analogia, uma IPSS que obtém financiamento externo para a construção de uma resposta social, recebe esse financiamento que, em primeira linha beneficia a própria entidade, disponibilizando posteriormente esse serviço (pago na sua maioria das vezes) à população. Outro exemplo comparativo: uma empresa que recebe apoio externo para a sua modernização tecnológica, recebe um benefício próprio que lhe permite melhorar o sistema produtivo, obtendo assim mais rentabilidade. 96 O facto de um território não ter sido objeto de intervenção no LEADER I motivou uma procura elevada nas iniciativas seguintes, tendo sido recorrente a ideia que se o território não se organizasse perderiam esses e outros apoios.

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107

escolar) que podem ser promovidas por várias tipologias de entidades, numa

lógica de concursos nacionais. A aprovação dessas candidaturas, que obedece

a uma análise por entidades de gestão nacional, tem subjacente a sua

construção técnica, mas sobretudo uma boa adequação ao território. O maior

ou menor número de projetos desenvolvidos pelas ADL, assentará pois, na sua

capacidade técnica para elaborar dossiês de candidaturas, com elevado grau

de profissionalismo e adequados às especificidades locais.

Na sequência do exposto e no que concerne à realidade interna das ADL um

assunto recorrente, em todas as análises, é a sua sustentabilidade técnica,

económica e financeira, no curto e médio prazo. A sustentabilidade constitui-se

hoje, mais do que num passado recente, como um dos aspetos mais

inquietantes de todas as entidades, condicionando fortemente as opções e as

estratégias de atuação dos intervenientes97

A inexistência de autonomia financeira por parte das ADL leva-as a procurar os

recursos que o Estado possa disponibilizar para a concretização dos serviços

públicos que se lhe associam. Como característica da intervenção local e das

respostas de proteção social, esta dependência tem vindo a ser identificada,

por diversos autores, como um dos fatores de maior condicionalismo da sua

ação, pois “elas recebem deste (Estado) a maior parte das suas receitas e

atingiram um nível de dependência que as torna mais parte do Estado do que

da sociedade civil” (Hespanha, 2000:330).

.

Ao nível do mercado, das empresas e do sector económico a sobrevivência

financeira está sempre presente, e advém da sua própria natureza dinâmica

que exige uma constante adaptação e evolução sob pena de “mortes

prematuras”.

No Estado, enquanto garante de um conjunto de serviços básicos à população

e desempenho de funções de soberania, os acontecimentos dos últimos anos

97 Como conclusão empírica e do senso comum é frequente assumirmos que “hoje nada está garantido” mesmo em áreas onde até há pouco tempo estas questões não se colocavam, exemplo: “O Executivo já concluiu o levantamento da atual rede de serviços públicos em todo o território e vai dar prioridade à extinção de equipamentos nos grandes centros urbanos, a partir de Outubro, (…). Este levantamento (…) vai levar à reorganização e extinção de repartições de finanças, esquadras da PSP e da Polícia Municipal, tribunais e conservatórias, hospitais e centros de saúde, escolas, creches e centros de tempos de livres, lares de idosos, centros de emprego e postos dos CTT, entre outros serviços” (Rainho, 2012).

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

108

têm vindo a conduzir a uma perceção de que as opções de natureza política

são condicionadas fortemente pelas dificuldades financeiras, podendo por essa

via alterar significativamente os processos de gestão do serviço público direto,

devido à consequente redução da blindagem em termos de sustentabilidade

dos organismos e em última análise dos próprios funcionários.

Ao nível das instituições que se situam entre o Estado e o Mercado

denominado genericamente de 3º sector, onde as ADL se podem integrar, o

problema da sustentabilidade sempre existiu nas dimensões de curto e longo

prazo, atendendo a que a sua subsistência depende grandemente dos fatores

externos, proporcionados pelas políticas públicas existentes em cada

momento. Acresce-se ainda as dificuldades que se associam à filtragem, pelo

Estado, dos programas de apoio europeus, já que em Portugal estamos em

presença “de um estado que se afirma como mediador exclusivo entre a

sociedade portuguesa e as instâncias europeias” (Ruivo, Francisco e Gomes,

2011:217). Fruto destes condicionalismos, a capacidade interna das

instituições influencia menos do que a pressão e circunstâncias externas que

por vezes caminham num sentido único de insustentabilidade98

. Pelo exposto,

afigura-se-nos importante sublinhar que atualmente o princípio da

sustentabilidade é claramente um problema estrutural das pessoas, das

entidades e do próprio país enquanto defensor de um conjunto de princípios

básicos de um Estado moderno.

Fruto das características das ADL, o princípio da sustentabilidade foi sendo

assumido como um dos que mais condiciona a sua ação, sendo, em vários

momentos, objeto de alguma crítica relativamente às opções que assumiram

no sentido de encontrarem os patamares mínimos de solidez financeira,

correndo o risco de se afastarem, por vezes, “progressivamente dos objectivos

fundadores” e com isto “representar um risco elevado de rigidificação das

respostas e de desvinculação dos actores sociais envolvidos pela quebra das

98 Um exemplo relativo a 2011 e associado ao crescente aumento dos níveis de desemprego. Condicionado pelas políticas públicas de austeridade e controlo da despesa pública, verifica-se um menor apoio ao investimento com a consequente redução de atividade, consumo e rentabilidade das empresas que se traduz na redução de trabalhadores. Esta situação de desemprego e de carência económica exerce nas IPSS e outras entidades uma maior pressão de resposta, num contexto de menores disponibilidades de recursos (por via do Estado ou das próprias pessoas), que colocando em rutura essas entidades por não conseguirem cumprir os seus desígnios.

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proximidades relacionais” (Hespanha, 2000:19). Não tendo recursos do Estado

garantidos, nem capacidade de atuação concorrencial no mercado, as ADL

estão “emparedadas” entre a dimensão de recursos ao nível das políticas

públicas (nacionais ou comunitárias) que o Estado concede ou liberta, e o

mercado que poucas oportunidades proporciona ao nível das necessidades

das ADL, essencialmente nas entidades que se situam em zonas débeis do

ponto de vista económico.

Esta realidade coloca as ADL numa posição de aparente autonomia, mas de

grande dependência efetiva do Estado e das suas orientações de política, pois

este, tem sido “um activador, através da delegação de competências e

responsabilidades, mas também de um financiador indirecto e de orientador, na

medida em que fornece princípios e enquadramentos genéricos para a

prossecução da acção a ser legada a cabo” (Ruivo, Francisco e Gomes,

2011:212). Neste equilíbrio precário encontram-se muitas outras entidades,

nomeadamente aquelas que desenvolvem ação numa lógica de serviço público

às populações, quer na sua natureza mais organizada (respostas sociais como

creches, centros de dia, lar de idosos) quer numa vertente mais transversal

(atividades culturais, recreativas e de apoio ao desenvolvimento local) naquilo

que podemos afirmar como a permanência indireta e “transfigurada” da

“tradição de centralismo estatal” (Ruivo, Francisco e Gomes, 2011:212).

Colocando um olhar mais pormenorizado nas ADL é importante registar que,

devido à sua natureza associativa, é bastante reduzida a capacidade de gerar

autofinanciamento local que possibilite a sustentabilidade para o

desenvolvimento das diversas atividades que levam a curso. Neste sentido, a

aprovação dos projetos a que as ADL se candidatam, possibilita a obtenção

dos recursos necessários para a sua concretização e em última análise da

própria entidade. Pelo exposto verifica-se um ciclo dinâmico (candidaturas,

projetos, ação) que não pode ser interrompido sob pena da própria entidade

igualmente se extinguir. Há que referir ainda que, em algumas das

candidaturas, para além dos benefícios para o território, estará como motivação

a tentativa de garantir uma sustentabilidades institucional. Por outro lado, é

também verdade, que a existência de alguns projetos interessantes para o

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território fica condicionada pela ausência de recursos complementares relativos

ao necessário cofinanciamento das ações. A maior ou menor dinâmica

existente ao nível de cada ADL está muito ligada a estes processos que, não

sendo lineares, dependem muito da relação institucional existente ao nível de

cada território, tornando-se necessário conhecer e percorrer os “labirintos

inerentes aos procedimentos políticos” (Ruivo, 2000a:24) numa tentativa

sempre constante de “curto-circuitar o quadro normativo idealizado, quer pelo

legislador, quer pelos seus protagonistas mais salientes” (Ruivo, Francisco e

Gomes, 2011:219) em favor do seu “local”.

O LEADER (desde a fase inicial) tinha, de forma consensual, nos seus

pressupostos de ação o princípio de que o exercício de uma autonomia de

gestão só era possível se existissem recursos financeiros próprios, que

possibilitassem, durante o período de vigência do programa, a necessária

sustentabilidade técnica e financeira. Daí que, na construção das medidas de

apoio, foi sempre definido um montante comunitário para a formação e

funcionamento de uma equipa técnica que assegurasse, de forma permanente,

o adequado nível de implementação das ações com impacto no território. A

manutenção destas equipas, o mais estável possível, permitiria a concretização

dos objetivos do programa de forma coerente e com garantia de um fio

condutor. Por outro lado, o reforço constante ao nível de formação e aquisição

de competências dos técnicos das estruturas locais, permitiria o

aproveitamento das oportunidades existentes noutros programas, políticas e

financiamentos. Não estando asseguradas todas as necessidades inerentes ao

funcionamento de uma ADL por via do programa LEADER, estaria garantido

um nível mínimo que permitiria a consolidação destas entidades, dando suporte

ao desenvolvimento de esforços na procura de outras formas complementares

de ação e sustentabilidade. Esta situação permitiu que, nas duas últimas

décadas, as ADL se constituíssem como espaços de trabalho, de manutenção

e criação de emprego direto, com alguma estabilidade, como é demonstrado

pelo número de técnicos que no seio destas entidades desempenham a sua

atividade profissional principal há muitos anos. Apesar disso, o facto de a longo

prazo não existirem mecanismos financeiros de suporte, traduz-se num nível

de precariedade no emprego muito elevado, que alimenta a preocupação e a

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incerteza de todos os recursos humanos que optaram por esta área

profissional.

Face ao exposto e em jeito de síntese, podemos afirmar que as principais

características positivas que as ADL comportam são a existência de:

• uma estrutura com recursos humanos com capacidade técnica superior

e experiência de muitos anos de trabalho em contexto e processos de

desenvolvimento local;

• uma rede institucional expressiva em torno das parcerias que compõem

as ADL ou que com elas desenvolvem atividades e projetos;

• um legado de intervenção fruto deste posicionamento que ao longo das

duas últimas décadas consolidaram estas entidades como agentes

ativos que contribuem positivamente para os processos de

desenvolvimento dos territórios onde se inserem, não tutelando todas as

intervenções mas criando as condições para que outros agentes possam

participar;

• uma legitimidade própria, justificada pela especificidade de intervenção

em torno de um território, (re) inventado pela construção de laços

permanentes de cumplicidades e trabalho num sentido de pertença – o

seu “local”.

Tentando resumir as questões mais críticas, identificam-se, de seguida, as

principais limitações intrínsecas a estas entidades:

• Dificuldade de garantir uma sustentabilidade mínima permanente que

permitia ter um posicionamento mais ativo e envolvente;

• Existência de posicionamentos políticos e interesses individuais ou

institucionais que introduzem fatores inibidores de uma ação mais

abrangente;

• Dependência excessiva das orientações e opções das políticas públicas

e do seu financiamento que, não sendo coerentes e sempre no mesmo

sentido, conduzem a constantes variações dos níveis de intervenção das

ADL99

99 Como exemplo paradigmático podemos apresentar a evolução e concretização dos Centros de Novas Oportunidades (CNO). Respondendo a uma dimensão da política de educação e formação de adultos foi lançado pelo governo a criação de Centro de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências

.

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112

V. 3. O Programa LEADER as ADL e o território

No ponto anterior efetuou-se um balanço tendo como foco as ADL e o seu

posicionamento num território específico. Como complemento torna-se

essencial tecer algumas considerações sobre o impacto, para o território, da

concretização das ações destas entidades. Temos consciência que a tarefa de

efetuar uma análise de todos os territórios e avaliação do impacto das ações

das ADL para o seu desenvolvimento seria difícil de realizar no contexto deste

estudo. Como referido anteriormente, estamos perante dinâmicas complexas

onde os efeitos de cadeia e de sinergia são evidentes, mas nas quais não são

claras as fronteiras que demarcam o impacto da ação de cada entidade.

Perante esta circunstância e pelo facto da nossa participação ativa numa ADL

(AD ELO) ter permitido obter dados da realidade específica de uma

intervenção, apresentámos no ponto IV. 2.1 algumas notas de realização e

impacto, passíveis de demonstrar, numa análise empírica mas com algum grau

de razoabilidade, a ação de uma ADL. Como é visível nesse ponto a

intervenção da AD ELO no período de 1994-2011, teve (tem) uma expressão

financeira global na ordem de 50 milhões de euros de investimento, dos quais

35 milhões de euros de cofinanciamento externo (nacional e comunitário).

Deste montante mais de 17 milhões estiveram ligados ao programa LEADER, o

que implica como foi referenciado a sua disponibilização aos agentes do

território, tendo por esta via sido aprovados e financiados mais de 320 projetos.

Não nos podendo cingir apenas à sua dimensão quantitativa financeira,

contudo é de assinalar que estes montantes introduziram fatores de mudança,

modernização e consolidação dos tecidos económicos, sociais e culturais da (CRVCC), mais tarde denominado Centro de Novas Oportunidades (CNO) com o objectivo de reconhecer e certificar as competências dos adultos que tinham abandonado precocemente o sistema de ensino. Algumas ADL abarcaram esse desafio e durante alguns anos criaram equipas e procedimentos no sentido de responder aos objectivos pretendidos. Em Dezembro de 2011 por via da decisão unilateral de aprovação dos orçamentos do ano seguinte, foi decidido pelo Estado não dar continuidade a esta acção originando um processo de extinção quase imediata dos CNO, pondo em causa de forma unilateral todo o trabalho realizado e compromissos estabelecidos.

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região. A recuperação do património, a criação e modernização de pequenos

projetos empresariais locais, a criação e manutenção de emprego, o aumento e

melhoria das respostas sociais, são áreas de que o território beneficiou com a

intervenção promovida pela AD ELO. Desta ação assume especial relevância o

LEADER, não podendo contudo esquecer o contributo de outros sistemas e

políticas de apoio.

A complexidade e diversidade das economias rurais não tinham uma

correspondência no quadro geral das políticas, muito construídas nas lógicas

parcelares e sectoriais. “Porém, o programa LEADER soube dar resposta a

esta situação, através da sua abordagem não prescritiva, que deixa bastante

liberdade aos agentes do mundo rural no que se refere a identificarem as suas

necessidades e a definirem os seus objectivos e a sua estratégia” (Saraceno,

2008:39). A integração de atividades nas componentes agrícolas, silvícola,

artesanato, turismo, cruzando com uma abordagem mais imaterial nas

vertentes ambientais, culturais e identidades locais, sendo as matrizes

principais da ação LEADER e dos seus agentes conduziu à conclusão que

“esta abordagem holística contribuiu para modificar a imagem tradicional das

zonas rurais como regiões essencialmente agrícolas e desfavorecidas, criando

uma visão mais rica e realista das zonas rurais contemporâneas da Europa”

(Saraceno, 2008:40).

A implementação do programa LEADER nos territórios rurais, enquanto

exemplo de uma política comunitária de apoio ao desenvolvimento numa

construção ascendente, bottom-up, como já referido, traduziu-se em vantagens

específicas para os territórios rurais que dele beneficiaram. Funcionando como

laboratório de boas práticas, numa perspetiva de ação de proximidade, permitiu

a criação de serviços inovadores que correspondessem a uma necessidade ou

especificidade local, reforçando a imagem da região e valorizando os seus

recursos.

Por outro lado, ao assentar a sua gestão numa dimensão local, atribuía aos

agentes do território uma dimensão de poder e de responsabilidade nas opções

a tomar e nos recursos a mobilizar. Ao nível da articulação institucional, o

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movimento iniciado com o programa LEADER, no início da década de 1990,

permitiu introduzir nas entidades privadas e públicas um espírito de

colaboração mútua, estabelecendo e ampliando plataformas de entendimento,

com ganhos para todas as partes, e em diferentes áreas, num caminho

próximo da aplicação prática do princípio de subsidiariedade.

Não menosprezando a discussão sobre o facto de que o “princípio da

subsidiariedade incarna uma polissemia e plasticidade facilmente manipuláveis

pelos diversos actores (Comissão Europeia, Estados Membros e actores

subnacionais)” (Ruivo, Francisco e Gomes, 2011:216), a construção de uma

tomada de decisão de âmbito local introduziu um fator de afirmação das suas

elites (atores locais mais ativos), nesta “luta” sempre presente, mas

desequilibrada, entre o “centro” e o “local”. A resistência do “centro”, e dos seus

agentes através do papel tutelar que sempre assumiram e afirmaram, foi

levemente cortada pelas orientações das instituições europeias implícitas nas

primeiras gerações do LEADER, que “introduziu uma nova forma de

governação das zonas rurais em que colaboram muitos tipos diferentes de

intervenientes, ao mesmo nível e a níveis diferentes, e que combina um

pensamento e uma actuação estratégicos com uma gestão flexível dos

recursos” (Tvrdonova, 2008:32). Esta prática de intervenção permitiu um nível

local de poder que foi aproveitado pelas elites locais com uma ânsia, por vezes

exagerada e assim indutora de erros e más interpretações. Esta filosofia, que

se deve entender no contexto das orientações europeias de criar uma

verdadeira abordagem ascendente e de afirmação dos poderes dos agentes

locais, teve nestes, um campo frutífero para se consolidar, sendo uma das

primeiras medidas de política que, indo nesse sentido, contribuíram para uma

“adesão ao projecto comunitário [que nesta perspectiva significava] a

mobilização, a partir “de baixo”, das forças e dos valores que permitiriam

agilizar a eficácia, refrescar a legitimidade e recompor as ambições das

autoridades politicas locais” (Ruivo, Francisco e Gomes, 2011:21).

Não podemos, em consciência, concluir que este movimento teve como razão

única a ação das ADL ou do programa LEADER, mas podemos afirmar, com

alguma segurança e experiência própria, que através da ação e intervenção

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das ADL, este trabalho em parceria e rede foi sendo cultivado e apreendido por

todos os agentes locais, e que o ponto de chegada atual é muito diferente do

ponto de partida em 1991. O conhecimento, por vivência própria, apenas da

realidade da AD ELO não nos permite concluir que, em todos os territórios das

ADL, a evolução se verificou da mesma forma e que atingiu os mesmos

objetivos. No entanto, e como os fatores que permitiram esta mudança no

território da AD ELO são em grande parte análogos a outros pontos do território

nacional, podemos, sem grande margem de erro, inferir que esta mudança na

metodologia de intervenção e de encarar uma atuação a nível do

desenvolvimento local foi igualmente aplicada em muitos outros territórios,

nuns casos com menor impacto, e decerto noutros com maior alcance e

profundidade.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

116

CONCLUSÕES

Neste momento de balanço da nossa investigação, podemos concluir que

empreendemos com interesse um trabalho que nos levou pelos caminhos da

intervenção de entidades que se inscrevem na filosofia do Desenvolvimento

Local e que têm contribuído para a (re) invenção do Local, valorizando as suas

capacidades endógenas. Ao longo dos diferentes capítulos procurámos dar

contributos relevantes para a compreensão do papel das Associações de

Desenvolvimento Local e do programa LEADER na territorialização da

intervenção pública. No Capítulo V efetuámos uma análise crítica numa

perspetiva mais abrangente, onde tivemos a preocupação de apresentar,

desde logo, as principais conclusões associadas aos diferentes ângulos de

pesquisa. Não pretendendo cair em repetição, nesta fase do trabalho é

importante apenas revisitar as questões de partida no sentido de se apresentar

uma síntese geral, sublinhando apenas os traços fundamentais do estudo

realizado.

Como ponto de partida tínhamos a intenção de caracterizar, de forma

sistematizada, as ADL do país que têm tido responsabilidade de gestão do

programa LEADER, e de avaliar o seu papel na lógica da implementação,

numa base local, de políticas públicas de apoio ao desenvolvimento dos

territórios.

De forma factual e pelos dados recolhidos podemos sustentar que, no seu

todo, as ADL objeto de estudo são entidades coletivas de origem diversificada

mas com uma matriz identitária comum, pois organizaram-se a partir de uma

parceria alargada e multissectorial e focalizam a sua ação em prol de um

determinando território – o seu “local” - que, assumindo dimensão variável, tem

sempre uma área supramunicipal. Afirmaram-se nesse território, construído

pela sua ação, através da implementação dos mais variados projetos da sua

responsabilidade, em áreas tão diversas como a qualificação das pessoas, o

reforço das estruturas económicas e a promoção das dinâmicas territoriais.

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117

Enquanto entidades de cariz voluntário, e assim criadas por vontade dos seus

agentes, as ADL foram-se consolidando como estruturas permanentes com

competências técnicas e politicas passando por processos de reforço e

adaptação constantes.

Com o processo de integração europeia verificou-se uma aceleração

significativa no aparecimento e consolidação destas realidades associativas,

onde o apelo à participação da sociedade civil foi incentivado na procura de

soluções inovadoras em torno de uma intervenção de base local, numa lógia de

“território projecto” e tendo como motivação uma prática de subsidiariedade.

Potenciadas pelos programas comunitários, inspiradas na filosofia e orientação

metodológica do “Desenvolvimento Local”, que focaliza a intervenção nas

comunidades locais e na valorização das suas capacidades endógenas de

iniciativa, as ADL são hoje uma realidade presente nos territórios

(especialmente nos territórios rurais mais frágeis). O seu património/legado é o

resultado de uma história de intervenção de duas décadas, com altos e baixos

com aspetos positivos e negativos onde o respeito se ganha e perde na medida

do equilíbrio que se estabelece na complexa malha institucional dos territórios.

A natureza dinâmica do trabalho em parceria, ao nível dos territórios mais

frágeis, exigiu um esforço acrescido de articulação e a necessidade de

cimentar uma abordagem multifacetada, que, sendo uma das virtualidades

destas associações, encerra também em si o conjunto de problemas de

afirmação, de fronteira e de legitimidade que as envolve. Não estando

clarificado completamente o seu espaço de intervenção, as ADL foram

conquistando progressivamente o reconhecimento do seu papel ativo para o

desenvolvimento da ação pública num determinado território. Neste processo,

que pode ser caracterizado como um jogo, de ganhos e perdas constantes, a

fragilidade inicial tem-se vindo a esbater, embora com cambiantes significativas

em termos das 53 ADL do país e de acordo com as orientações políticas de

cada período.

O processo de construção europeia gerou uma expectativa elevada nas

instituições e na população portuguesa no sentido de um desenvolvimento

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mais acelerado do país, indo ao encontro dos indicadores europeus,

claramente mais favoráveis. Este processo abriu campo a novas experiências

nas metodologias de intervenção, das quais o programa LEADER se constituiu

como exemplo paradigmático. A grande inovação, implícita na criação do

LEADER, era a rutura que preconizava em termos de organização e

implementação, ao considerar que era na dimensão local que a planificação,

gestão e decisão se deveriam exercer. Partindo do reconhecimento que cada

território rural europeu tem a sua especificidade, definia como metodologia de

intervenção a construção bottom-up de estratégias locais de natureza territorial,

flexíveis e integradas que aproveitassem as capacidades endógenas,

reforçando os princípios de participação e envolvimento coletivo, na procura

das soluções que melhor respondessem às necessidades das populações.

Segundo este entendimento, a ação das ADL, fortemente influenciada pelos

princípios metodológicos do LEADER, caracteriza-se como um processo de

(re) invenção do local, “o seu local”, reforçando a consciência de que cada um

é ao mesmo tempo agente e destinatário das opções que em cada momento

assume.

Suportado pela avaliação positiva dos seus resultados e impacto, e

reconhecendo o papel dinamizador empreendido pelas ADL, a Comissão

Europeia considera atualmente a intenção de manter a abordagem LEADER

enquanto instrumento metodológico de implementação de medidas dirigidas ao

desenvolvimento rural do espaço europeu, no contexto da estruturação do novo

período de apoio comunitário (2014-2020). No entanto a característica

centralizadora de alguns Estados europeus, de que Portugal é exemplo, tem

vindo a introduzir limitações à livre mobilização da participação coletiva, criando

espartilhos administrativos e de controlo que não têm em conta as

especificidade desta abordagem, levando, em última análise, a um

desvirtuamento da própria iniciativa e dos seus princípios. Sendo uma

discussão em aberto e suscetível de comportar várias cambiantes de aplicação

no quadro europeu, não deixa de ser sintomático a preocupação dos agentes

comunitários em não deixar perder este património metodológico.

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119

Como conclusão final reafirmamos que a matriz de intervenção das ADL

absorveu de forma evidente a filosofia inerente aos princípios programáticos do

programa LEADER, tomando-os como seus e estendo-os a toda a sua ação, e

que em resumo são:

1. A abordagem territorial, alicerçada na proximidade das ADL aos espaços

geográficos em que operam e no sólido conhecimento que deles

possuem;

2. A abordagem local ou ascendente assente na proximidade com as

pessoas que habitam as áreas de intervenção e na capacitação do seu

potencial para planificarem e conduzirem o seu próprio processo de

desenvolvimento;

3. A gestão e o financiamento descentralizados, assente na autonomia de

decisão quanto à apreciação, seleção e gestão de projetos;

4. A abordagem integrada ou plurissectorial na construção de estratégias e

planos de desenvolvimento local coerente, que integrem as diversas

vertentes da vida de um determinado território;

5. O envolvimento na parceria local de diversos atores locais e sectoriais

de geometria variável, estimulando a partilha dos poderes e dos

saberes, a coordenação e a concertação;

6. A procura constante da inovação, definida pela procura de soluções e

respostas adequadas aos problemas concretos de cada espaço e

realidade;

7. O trabalho em rede e a cooperação na procura de ultrapassar os

constrangimentos e obstáculos comuns.

No plano teórico a afirmação do cumprimento destes princípios foi sendo

assumido pelos agentes que nas ADL desenvolvem a sua ação. No entanto é

evidente que o alcance e concretização de cada um destes princípios serão

sempre realizados de maneira muito diferenciada em cada uma das ADL,

ficando, em muitos casos, apenas no campo da intenção ou vontade. Contudo,

ao longo do estudo, foram apresentados traços marcantes que permitem

concluir que as ADL procuram, de forma contínua, caminhar nesse sentido e

assim, na medida das suas limitações, cumprirem os desígnios para os quais

foram criadas.

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em 12/09/2012) disponível em: http://eur-

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12/09/2012) disponível em: http://www.environ.ie/en/Publications/Community/RuralDevelopment/FileDownLoad,29632,en.pdf.

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PRODER, 2011, “Relatório de Execução PRODER” (consultado em

12/09/2012) disponível em: http://www.proder.pt/conteudo.aspx?menuid=1535.

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

128

SÍTIOS NA INTERNET CONSULTADOS E REFERENCIADOS

Agenda 21: http://www.agenda21local.info/

União das Misericórdias Portuguesas: http://www.ump.pt/ump/

Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS): http://novo.cnis.pt/

ANIMAR – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local http://www.animar-dl.pt/

“MINHA TERRA – Federação Portuguesa de Associações de Desenvolvimento

Local” http://www.minhaterra.pt/

PRODER: http://www.proder.pt

PRODERAM: http://www.sra.pt/proderam/

PRORURAL: http://prorural.azores.gov.pt/

AD ELO: http://www.adelo.pt/

ADRAT: http://www.adrat.pt/

ADICES: http://www.adices.pt

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

129

Terras Dentro: http://www.terrasdentro.pt/

ELARD: http://www.elard.eu/

Rede Europeia de Desenvolvimento Rural: http://enrd.ec.europa.eu/

Loja Portugal Rural: http://www.lojaportugalrural.com/

O BIOCANT Park: http://www.biocant.pt/

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A (re)invenção do Local: o papel das Associações de Desenvolvimento Local e do programa LEADER

130

ANEXO I – FICHAS RESUMO DAS ADL

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Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

131

Índice do Anexo 1:

Caracterização das 53 ADL objeto de estudo das ADL

ACAPORAMA ....................................................................................................................................... 132AD ELO ................................................................................................................................................ 132ADAE .................................................................................................................................................... 133ADD ...................................................................................................................................................... 133ADDLAP ............................................................................................................................................... 134ADELIAÇOR ......................................................................................................................................... 134ADER-AL .............................................................................................................................................. 135ADERES ............................................................................................................................................... 135ADER-SOUSA ...................................................................................................................................... 136ADIBER ................................................................................................................................................ 136ADICES ................................................................................................................................................ 137ADIRN .................................................................................................................................................. 137ADL ....................................................................................................................................................... 138ADRACES ............................................................................................................................................ 138ADRAMA .............................................................................................................................................. 139ADRAT ................................................................................................................................................. 139ADREPES ............................................................................................................................................ 140ADRIL ................................................................................................................................................... 140ADRIMAG ............................................................................................................................................. 141ADRIMINHO ......................................................................................................................................... 141ADRITEM ............................................................................................................................................. 142ADRUSE ............................................................................................................................................... 142ALENTEJO XXI .................................................................................................................................... 143APRODER ............................................................................................................................................ 143ARDE .................................................................................................................................................... 144ASDEPR ............................................................................................................................................... 144ATAHCA ............................................................................................................................................... 145ATBG .................................................................................................................................................... 145BEIRA DOURO .................................................................................................................................... 146CHARNECA ......................................................................................................................................... 146CORANE .............................................................................................................................................. 147DESTEQUE .......................................................................................................................................... 147DOLMEN .............................................................................................................................................. 148DOURO HISTÓRICO ........................................................................................................................... 148DOURO SUPERIOR ............................................................................................................................ 149DUECEIRA ........................................................................................................................................... 149ESDIME ................................................................................................................................................ 150GRATER .............................................................................................................................................. 150Associação IN LOCO ........................................................................................................................... 151LEADEROESTE ................................................................................................................................... 151LEADERSOR ....................................................................................................................................... 152MONTE ................................................................................................................................................ 152PINHAL MAIOR .................................................................................................................................... 153PROBASTO ......................................................................................................................................... 153PRÓ-RAIA ............................................................................................................................................ 154RAIA HISTÓRICA ................................................................................................................................ 154ROTA DO GUADIANA ......................................................................................................................... 155RUDE ................................................................................................................................................... 155SOL DO AVE ........................................................................................................................................ 156TAGUS ................................................................................................................................................. 156TERRAS DE SICÓ ............................................................................................................................... 157TERRAS DENTRO ............................................................................................................................... 157VICENTINA .......................................................................................................................................... 158

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Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

132

Designação ACAPORAMA

Associação de Casas do Povo da Região Autónoma da Madeira

Apresentação

A ACAPORAMA - Associação de Casas do Povo da Região Autónoma da Madeira, foi fundada a 5 de Abril de 1991. Trata-se de uma Associação sem fins lucrativos e de Utilidade Pública, que tem por objeto a representação de todas as Casas do Povo da Região, suas associadas e outras associações. Tem um total estimado de 7815 associados individuais distribuídos pelas 40 Casas do Povo da RAM.

Território

A área de intervenção abrange os concelhos rurais da zona leste da Ilha da Madeira e Porto Santo Contactos

Rua do Brasil, 110, Bloco 15, 9000-134 Funchal Tel: 291 761 460 Fax: 291 761 461 Email: [email protected]

atividades

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODERAM (2007-2013) Formação Prestação de serviços de apoio ao desenvolvimento de projetos

Designação: AD ELO

Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego

Apresentação: A AD ELO foi criada em 9 de Junho de 1994 tendo como objetivo o desenvolvimento local e regional da região Centro Litoral.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de: Cantanhede, Figueira da Foz, Mealhada, Mira, Montemor-o-Velho, Penacova e Vagos.

Contactos

Rua António Lima Fragoso, 22, 3060-216 Cantanhede Telefone.: 231 419 550 Fax: 231 419 559 E-mail: [email protected] Site: http://www.adelo.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Entidade Gestora do PROMAR - GAC Mondego Mar (2007-2013) Formação (EFA, Públicos Desfavorecidos) Programas Nacionais de Luta Contra a Pobreza INTERREG Centro Comunitário Canedo (respostas sociais)

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Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

133

Designação ADAE

Associação de Desenvolvimento da Alta Estremadura

Apresentação A ADAE - Associação de Desenvolvimento da Alta Estremadura, constituída em 1994 por diversas entidades da Região da Estremadura.

Território

A área de intervenção abrange os concelhos de: Batalha, Leiria, Marinha Grande, Ourém e Porto de Mós

Contactos

Edifício Maringá, Torre 2 - 2º andar Apartado 2904 2400-118 Leiria Telefone: 244 822 152 Fax: 244 822 796 e-mail: [email protected]

Atividades

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Centro de Novas Oportunidades, formação Formação Centro Europe Direct, FINICIA, Micro crédito

Designação: ADD

Associação de Desenvolvimento do Dão

Apresentação: A ADD - Associação de Desenvolvimento do Dão, é uma Associação de Direito Privado Sem Fins Lucrativos, de Utilidade Pública, constituída a 7 de Abril de 1994.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de: Aguiar da Beira, Sátão, Mangualde, Penalva do Castelo e Nelas

Contactos

Rua Rua D. Manuel I, Lote 2, Cave, Apartado 17 3550-147 Penalva do Castelo Telefone: +351 232642632 Fax: +351 232642669 Email: [email protected] Site: www.add.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Formação FINICIA

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Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

134

Designação: ADDLAP

Associação de Desenvolvimento do Dão, Lafões e Alto Paiva

Apresentação: A ADDLAP – Associação de Desenvolvimento Dão, Lafões e Alto Paiva é uma Associação sem fins lucrativos constituída a 22 de Julho de 1994.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de: Oliveira de Frades, São Pedro do Sul, Vila Nova de Paiva, Viseu e Vouzela

Contactos

Rua dos Loureiros, nº 16 – r/c – 3500-148 VISEU Telefone : (+351) 232 421 215 Fax : (+351) 232 426 682 Email: [email protected] Site: http://www.addlap.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Formação, AGRIS, Cooperação, INTERREG

Designação: ADELIAÇOR

Associação para o Desenvolvimento Local de Ilhas dos Açores

Apresentação: A ADELIAÇOR - Associação Para o Desenvolvimento Local de Ilhas dos Açores, é uma Associação privada sem fins lucrativos, criada em 1994, tendo atualmente 77 associados de diferentes naturezas jurídicas: entidades públicas e privadas (coletivas e individuais).

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos das ilhas de: São Jorge, Pico, Faial, Flores e Corvo, da Região Autónoma dos Açores

Contactos

Pasteleiro S/N, Angústias 9900-069 HORTA Telefone: +351 292 200 360 Fax: +351 292 200 365 Email: [email protected] Site: www.adeliacor.org

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária:

LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – LEADER – PRORURAL (2007-2013)

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Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

135

Designação: ADER-AL

Associação para o Desenvolvimento em Espaço Rural do Norte Alentejo

Apresentação:

ADER-AL foi constituída a 26 de Julho de 1996, possui natureza jurídica de associação de direito privado sem fins lucrativos e tem como âmbito geográfico todo o distrito de Portalegre. A atividade principal é a promoção e desenvolvimento do mundo rural do Norte Alentejano.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de: Nisa, Castelo de Vide, Marvão, Portalegre, Arronches, Campo Maior, Elvas, Monforte, Sousel e Crato.

Contactos

Avenida de Badajoz, Parque de Leilões Apartado 181 7301-901 Portalegre Telefone: +351 245 366 723 Fax: +351 245 366 680 Email: [email protected] Site: www.enidader-al.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária:

LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013)

Designação:

ADERES Associação de Desenvolvimento Rural Estrela-Sul

Apresentação:

A ADERES – Associação de Desenvolvimento Rural Estrela-Sul foi fundada em 03/10/1994 com o objetivo de definir e implementar ações e projetos de desenvolvimento integrado na sua área social que são as vertentes sul da Serra da Estrela. São ainda seus objetivos a renovação do tecido social e a melhoria das condições económicas, sociais e culturais das populações do território de influência.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange algumas freguesias dos concelhos de:

Covilhã e Fundão.

Contactos

Largo N. Senhora do Carmo, nº1 6215-136 Cortes do Meio Telefone: +351 275 970070 Fax: +351 275 970076 Email: [email protected] Site: www.aderes.com.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Formação

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Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

136

Designação:

ADER-SOUSA Associação de Desenvolvimento Rural das Terras

do Sousa

Apresentação: A ADER-SOUSA – Associação de Desenvolvimento Rural das Terras do Sousa é uma associação de direito privado de âmbito local tendo sido fundada em 20 de Setembro de 1991.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de: Paços de Ferreira, Felgueiras, Lousada, Paredes e Penafiel

Contactos

Rua Rebelo de Carvalho, 433 4610-212 Felgueiras Telefone: +351 255 311 230 Fax: +351 255 311 275 Email: [email protected] Site: www.adersousa.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) PROVE, PRONORTE; PAMAF; AGRIS, EQUAL; POEFDS; INTERREG

Designação: ADIBER

Associação de Desenvolvimento Integrado da Beira Serra

Apresentação:

A ADIBER – Associação de Desenvolvimento Integrado da Beira Serra é uma Associação de Desenvolvimento Local, fundada em 25 de Outubro de 1994, cujo objetivo é dinamizar iniciativas que contribuam para a melhoria da qualidade de vida das populações locais.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de: Arganil, Góis, Oliveira do Hospital e Tábua.

Contactos

São Paulo 3330-304 Góis Telefone:235 772 538 | 235 778 056 Fax: 235 778 057 E-mail: [email protected] http://www.adiber.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Formação (EFA, Públicos Desfavorecidos, Escola-Oficina) Igualdade de oportunidades, Escolhas

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Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

137

Designação: ADICES Associação de Desenvolvimento Local

Apresentação: A ADICES – Associação de Desenvolvimento de Iniciativas Culturais, Sociais e Económicas – é uma entidade de foro privado, sem fins lucrativos, direcionada para o desenvolvimento local, constituída legalmente em 1991 no contexto inicial da integração de Portugal na Comunidade Europeia.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Carregal do Sal, Mortágua, Santa Comba Dão e Tondela. Contactos

Av. General Humberto Delgado, n.º 19 3440-325 Santa Comba Dão T. (+351) 232 880 080 F. (+351) 232 880 081 E-mail geral: [email protected] Site: http://www.adices.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Centro de Novas Oportunidades, formação (EFA, Públicos Desfavorecidos) Programas Nacionais de Luta Contra a Pobreza, Cooperação, EQUAL, INTERREG

Designação: ADIRN

Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte

Apresentação:

A ADIRN - Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte foi constituída em 3 de Setembro de 1991 por dezanove entidades assumindo a figura de entidade de direito privado e sem fins lucrativos. A apoiada nos conhecimentos e experiência dos seus associados desenvolve projetos e iniciativas que têm em vista o desenvolvimento integrado e a melhoria das condições de vida da população residente.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Alcanena, Ferreira do Zêzere; Ourém; Tomar; Torres Novas e Vila Nova da Barquinha.

Contactos

Alameda 1 de Março C. C. Templário, 3º 2300-431 Tomar Tel.: +351 249310040/8 Fax: +351 249310049 Email: [email protected] Site: www.adirn.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Formação, Turismo Ativo, AGRIS, Cooperação, Comercialização de Produtos Locais, INTERREG

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Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

138

Designação: ADL

Associação de Desenvolvimento do Litoral Alentejano

Apresentação: A ADL - Associação de Desenvolvimento do Litoral Alentejano foi constituída em Dezembro de 1994, a partir de um conjunto da sub-região do Litoral Alentejano

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira,

Contactos

.Sede: Edifício ARBCAS Estrada Nacional 261/2 7565-014 Alvalade .Delegação de Santigo do Cacém: ZAM Lote 5 7540-235 Santiago do Cacém T. 269 827 233 F. 269 829 744 .Delegação de Odemira Rua Eng.º Arantes e Oliveira, n.º 1 7630-149 Odemira T. 283 386 295 F. 283 386 360 Email: [email protected] www.adl.litoralalentejano.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Formação, Cooperação, PROMAR

Designação: ADRACES

Associação para o Desenvolvimento da Raia Centro-Sul

Apresentação: A ADRACES - Associação para o Desenvolvimento da Raia Centro Sul é uma Associação Privada sem Fins Lucrativo, criada em 1992 com o objetivo de valorizar e implementar novas formas de intervenção ao nível das comunidades locais, através da prossecução de políticas de dinamização das zonas rurais.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Penamacor e Vila Velha de Ródão

Contactos

Rua de Santana, 277 6030-230 Vila Velha de Ródão Telef. +351-272 540 200 Fax. +351-272 540 209 E-mail: [email protected] http://www.adraces.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Formação, AGRIS, Cooperação, EQUAL, POEFDS

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Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

139

Designação:

ADRAMA Associação para o Desenvolvimento da Região

Autónoma da Madeira

Apresentação: A ADRAMA Associação para o Desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira foi constituída a 16 de Agosto de 1994 por 13 Casas do Povo. Esta Associação surge como reação ao envelhecimento das populações, ao êxodo dos jovens qualificados, ao abandono da agricultura e ao baixo investimento nas zonas rurais.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Ribeira Brava, Ponta do Sol, Calheta, Porto Moniz, São Vicente e Santana

Contactos

Centro de Formação Agrária, Pé do Passo, São Vicente 9240-039 Funchal Tel: 00351 291842358 Fax: 00351 291846301 Email: [email protected] Site: http://www.adrama.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODERAM (2007-2013)

Designação: ADRAT

Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega

Apresentação: A ADRAT surgiu em Outubro de 1990 assentando a sua atuação numa plataforma interinstitucional, com objetivos de criar condições que permitissem, de uma maneira integrada e coordenada, definir e planear estratégias para o desenvolvimento da Sub-Região do Alto Tâmega.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Chaves, Boticas, Montalegre, Ribeira de Pena, Vila Pouca de Aguiar e Valpaços

Contactos

Avenida da Cooperação, Parque Empresarial, Edif. INDITRANS, Lote A1, nº 2 5400-673 Outeiro Seco Chaves Telefone: 276 340 920 Fax: 276 340 929 e-mail: [email protected] Site: http://www.adrat.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) PROVERE, Leonardo da Vinci, “Europe Direct” Cooperação, INTERREG, Gabinete Inserção Profissional, Formação

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Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

140

Designação: ADREPES

Associação para o Desenvolvimento Rural da Península de Setúbal

Apresentação:

A ADREPES é uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, que tem como objetivo a promoção e a realização do desenvolvimento rural na Península de Setúbal, tendo sido fundada em 27 de Novembro de 2001 por um conjunto de onze entidades, públicas e privadas, representativas das populações e dos produtores locais.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange vinte e uma freguesias dos concelhos de:

Alcochete, Moita, Montijo, Palmela, Sesimbra e Setúbal Contactos

Estrada Nacional 379 Espaço Fortuna Artes e Ofícios 2950-807 Quinta do Anjo, Palmela, Portugal Apartado 91 2951-901 Palmela - Portugal Tel: + 351 212 337 930 Fax: +351 212 337 939 E-mail: [email protected] www.adrepes.pt

Atividades principais

Entidade Gestora do Programa de Iniciativa Comunitária: LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013)

PROMAR, EQUAL, PROVE, Cooperação

Designação:

ADRIL Associação de Desenvolvimento Rural Integrado

do Lima

Apresentação: A 17 de Julho foi assinada a escritura notarial da constituição da ADRIL - Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do Lima.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Ponte de Lima, e Viana do castelo.

Contactos

Praça da República 4990-062 Ponte de Lima Tel: (+351) 258 900 600 Fax: (+351) 258 900 609 Email: [email protected] http://www.adril.pt/

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) AGRIS, Cooperação, PROVERE, INTERREG

Page 143: A (re)invenção do Local: o papel das Associações de ... · Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural . FEAGA - Fundo Europeu Agrícola de Garantia Agrícola . FEDER –

Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

141

Designação:

ADRIMAG Associação de Desenvolvimento Rural Integrado

das Serras do Montemuro Arada e Gralheira

Apresentação: A ADRIMAG é uma associação de direito privado sem fins lucrativos, foi constituída em 27 de Agosto de 1991.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Arouca, Castelo de Paiva, Castro Daire, São Pedro do Sul, Sever do Vouga e Vale de Cambra.

Contactos

Praça Brandão Vasconcelos, 10 4540-110 Arouca Telefone: +351 256 940 350 Fax: +351 256 940 359 Email: [email protected] Site: www.adrimag.com.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Centro de Novas Oportunidades, formação (EFA, Públicos Desfavorecidos) CLDS, AGRIS, Cooperação, PROVERE, GRUNDVIG, EQUAL

Designação: ADRIMINHO

Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Vale Do Minho

Apresentação: A ADRIMINHO foi criada a 12 de Agosto de 1994 com o objetivo de fomentar e promover o desenvolvimento das zonas rurais do Vale do Minho. Assinaram a escritura de constituição cerca de 16 entidades consideradas representativas dos diversos sectores económicos e sociais da sociedade.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença, Vila Nova de Cerveira e Caminha.

Contactos

Av. Miguel Dantas, 69, 4930-678 VALENÇA Telefone: +351 251825811 Fax: +351 251825620 Email: [email protected] Site: www.adriminho.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013)

Cooperação, PROVERE, INTERREG

Page 144: A (re)invenção do Local: o papel das Associações de ... · Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural . FEAGA - Fundo Europeu Agrícola de Garantia Agrícola . FEDER –

Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

142

Designação: ADRITEM

Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Terras de Santa Maria

Apresentação: A ADRITEM - Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Terras de Santa Maria foi formalmente constituída a 16 de Outubro de 2007, e tem como missão a promoção do desenvolvimento da região numa perspetiva integrada, valorizando os seus recursos endógenos.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Valongo, Gondomar, Santa Maria da Feira, Oliveira de Azeméis e Albergaria – a – Velha Contactos

Largo Justino Portal, Centro Cívico Justino Portal – 1º andar, 3700-616 Cesar Oliveira de Azeméis Telefone: +351 256 878 230 Fax: +351 256 898 088 Email:[email protected] Site: http://adritem.sitesedv.com

Atividades principais

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Cooperação

Designação: ADRUSE

Associação de Desenvolvimento Rural da Serra da Estrela

Apresentação: A ADRUSE – Associação de Desenvolvimento Rural da Serra da Estrela é uma associação sem fins lucrativos de utilidade pública, constituída em Maio de 1991, que tem por objetivos a promoção das potencialidades endógenas da Serra da Estrela.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Seia; Gouveia, Celorico da Beira; Fornos de Algodres e Manteigas.

Contactos

Largo Dr. Alípio de Melo, S/N, 6290-520 GOUVEIA Telefone: +351 238 490 180 Fax: +351 238 490 188 Email: [email protected] Site: www.adruse.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Centro de Novas Oportunidades, formação (EFA, Públicos Desfavorecidos) Cooperação, Formação, INTERREG, Empreendedorismo

Page 145: A (re)invenção do Local: o papel das Associações de ... · Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural . FEAGA - Fundo Europeu Agrícola de Garantia Agrícola . FEDER –

Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

143

Designação: ALENTEJO XXI

Associação de Desenvolvimento Integrado do Meio Rural

Apresentação: A Associação Alentejo XXI - Associação de Desenvolvimento Integrado do Meio Rural, criada em 10 de Janeiro de 1995, é uma associação sem fins lucrativos, que tem por objeto a promoção e o apoio à criação de iniciativas que visam o desenvolvimento integrado do meio rural em articulação com os centros urbanos

Território de intervenção

A área de intervenção abrange aos concelhos de:

Aljustrel, Beja, Castro Verde, Mértola, Vidigueira

Contactos

Rua da Misericórdia, nº 10 7800-285 BEJA Telefone: +351 284 318395 Fax: +351 284 318394 Email: [email protected] Site: www.alentejoxxi.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) PROVE, Cooperação,

Designação:

APRODER Associação para a Promoção do

Desenvolvimento Rural do Ribatejo

Apresentação: A APRODER foi constituída em Dezembro de 1991 com o objetivo de valorizar os produtos locais e sensibilizar as populações para a criação de novas atividades que contribuam para uma melhor qualidade de vida e progresso económico e social.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Azambuja, Cartaxo, Rio Maior, e Santarém.

Contactos

Centro Nacional de Exposições, Quinta das Cegonhas Apt. 513 2001 - 906 Santarém Telefone: +351 243 333 894 Fax: +351 243 333 869 Email: [email protected] Site: www.aproder.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Cooperação

Page 146: A (re)invenção do Local: o papel das Associações de ... · Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural . FEAGA - Fundo Europeu Agrícola de Garantia Agrícola . FEDER –

Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

144

Designação: ARDE

Associação Regional para o Desenvolvimento

Apresentação: A ARDE – Associação Regional para o Desenvolvimento, constituída em Setembro de 1995, é uma pessoa coletiva de direito privado sem fins lucrativos e tem por objeto a promoção do desenvolvimento económico e social dos concelhos da sua área de atuação,

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Vila do Porto na Ilha de Santa Maria e ao de Ponta Delgada na Ilha de São Miguel. Contactos

Rua Manuel Inácio Correia nº 73 – 1º Esq. 9500-087 Ponta Delgada Telefone:+351 296281133/4 Fax: +351 296281135 Delegação - Vila do Porto Rua Dr Luís Bettencourt, 69 r/c 9580-529 Vila do Porto Telefone:+351296882600 Fax:+351296882609 Email: [email protected] Email: [email protected] Site: www.arde.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRORURAL (2007-2013) Cooperação

Designação: ASDEPR

Associação para o Desenvolvimento e Promoção Rural

Apresentação: A ASDEPR – Associação para o Desenvolvimento e Promoção Rural, é uma associação privada sem fins lucrativos, constituída a 4 de Julho de 1995, que tem como atividade a promoção e dinamização do mundo rural.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange seis concelhos da ilha de São Miguel:

Ribeira Grande, Lagoa, Vila Franca do Campo, Povoação e Nordeste, que correspondem à vertente Este da Ilha.

Contactos

Gaveto da Rua do Espírito Santo, n.º 11 B Rosário 9560-079 LAGOA Telefone: +351 296965768 Fax: +351 296965828 Email: [email protected] Site: www.asdepr.com.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRORURAL (2007-2013) Cooperação

Page 147: A (re)invenção do Local: o papel das Associações de ... · Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural . FEAGA - Fundo Europeu Agrícola de Garantia Agrícola . FEDER –

Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

145

Designação:

ATAHCA Associação de Desenvolvimento das Terras Altas

do Homem, Cávado e Ave

Apresentação: A ATAHCA- Associação de Desenvolvimento das Terras Altas do Homem, Cávado e Ave, entidade privada fundada em 1991 por um conjunto de entidades locais ligadas ao desenvolvimento rural desta região.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Amares, Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro e Vila Verde.

Contactos

Rua Condestável D. Nuno Álvares Pereira, 356/380, 4730-743 Vila Verde Telefone: +351 253 321130 Fax: +351 253 323966 Email: [email protected] Site: www.atahca.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Centro de Novas Oportunidades, formação (EFA, Públicos Desfavorecidos) INTERREG, AGRIS, Cooperação, EQUAL

Designação: ATBG

Associação Terras do Baixo Guadiana

Apresentação:

A Associação Terras do Baixo Guadiana (ATBG) foi constituída em Outubro de 2001, durante a parceria realizada para apresentação da candidatura ao Programa de Iniciativa Comunitária LEADER +. Esta parceria, envolveu as três Associações fundadoras (ADPM – Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural do Concelho de Mértola, a ALCANCE – Associação para o Desenvolvimento do Nordeste Algarvio e a ODIANA – Associação para o Desenvolvimento do Baixo Guadiana).

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Alcoutim, e Castro Marim, Mértola e Vila Real de Santo António,

Contactos

Rua de Timor, S/N, Centro de Artes e Ofícios e Desenvolvimento Local, 8970–064 Alcoutim Telefone: +351 281 546285 Fax: +351 281 546298 Email: [email protected] Site: www.atbaixoguadiana.pt

Atividades principais

Entidade Gestora do Programa de Iniciativa Comunitária: LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Cooperação

Page 148: A (re)invenção do Local: o papel das Associações de ... · Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural . FEAGA - Fundo Europeu Agrícola de Garantia Agrícola . FEDER –

Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

146

Designação: BEIRA DOURO

Associação de Desenvolvimento do Vale do Douro

Apresentação: A Beira Douro é uma associação de desenvolvimento local que centra a sua acção no desenvolvimento integral e integrado das populações da sua área de intervenção social, com base na divulgação e valorização dos bens culturais, do património e da economia local.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Armamar, Cinfães, Lamego, Moimenta da Beira, Penedono, Resende, S. João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço e Tarouca.

Contactos

Quinta de Stº António - Vivenda 1 – 5100-184 LAMEGO Telefone: +351 254611223 Fax: +351 254611225 Email: [email protected] Site: www.beiradouro.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Cooperação

Designação: CHARNECA

Associação para a Promoção Rural da Charneca Ribatejana

Apresentação: A CHARNECA foi constituída em 1994, com o objetivo de valorizar o património cultural e rural e promover a dinamização socioeconómica da Charneca Ribatejana.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de: Almeirim, Alpiarça, Benavente, Chamusca, Coruche, Golegã e Salvaterra de Magos.

Contactos

Rua 5 de Outubro, Edifício da Associação de Regantes do Vale do Sorraia 2100 - 177 Coruche Telefone: +351 243619060 Fax: +351 243619062 Email: [email protected] Site: www.charnecaribatejana.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Cooperação

Page 149: A (re)invenção do Local: o papel das Associações de ... · Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural . FEAGA - Fundo Europeu Agrícola de Garantia Agrícola . FEDER –

Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

147

Designação: CORANE

Associação de Desenvolvimento dos Concelhos da Raia Nordestina

Apresentação: A CoraNE é uma Associação de direito privado sem fins lucrativos, constituída em 12 de Julho de 1995, que tem por objetivo principal a promoção, apoio e realização de um aproveitamento mais racional das potencialidades endógenas da Terra Fria Transmontana.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Bragança, Miranda do Douro, Vimioso e Vinhais.

Contactos

Rua Padre António Vieira Apartado 1015 5301-907 BRAGANÇA Telef. : 351 273 332 925 Fax: 351 273 328 281 Email: [email protected] Site: www.corane.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Cooperação, INTERREG

Designação: DESTEQUE

Associação para o Desenvolvimento da Terra Quente

Apresentação: A Associação para o Desenvolvimento da Terra Quente - DESTEQUE é constituída por uma parceria público/privada de quinze organizações. O objetivo da DESTEQUE é a promoção do desenvolvimento local e melhoria das condições culturais e materiais das populações da Terra Quente Transmontana.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de: Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Vila Flor.

Contactos

Rua Dr. Jorge Pires, nº5- 1º 5370 - 430 MIRANDELA Telefone: +351 278201470 Fax: +351 278262389 Email: [email protected] Site: www.desteque.com

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Cooperação

Page 150: A (re)invenção do Local: o papel das Associações de ... · Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural . FEAGA - Fundo Europeu Agrícola de Garantia Agrícola . FEDER –

Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

148

Designação:

DOLMEN Cooperativa de Formação, Educação e

Desenvolvimento do Baixo Tâmega, CRL

Apresentação: A Dolmen foi constituída a 08/12/1993, sob a forma de cooperativa sem fins lucrativos e surgiu devido à necessidade de existir uma estrutura que fizesse a promoção de ações ao nível do desenvolvimento local.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Amarante, Baião, Cinfães, Marco de Canaveses, Penafiel e Resende. Contactos

Largo Sacadura Cabral, Edifício Asa Douro, Sala 4 | 4630-219 Marco de Canaveses Telefone: +351 255 521 004 Fax: +351 255 521 678 Email: [email protected] Site: www.dolmen.co.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013)

PROVERE, Cooperação

Designação: DOURO HISTÓRICO

Associação do Douro Histórico

Apresentação: A DOURO HISTÓRICO foi fundada em 1992 e tem por objetivo o desenvolvimento das populações rurais, criando condições para a sua fixação e, ao mesmo tempo, dotando-as de capacidades e meios.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Alijó, Armamar, Lamego, Mesão Frio, Murça, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, São João da Pesqueira, Tabuaço, Vila Real

Contactos

Rua das Eiras, S/N, Apartado 15 5060 - 320 SABROSA Telefone: +351 259 931 160 Fax: +351 259 931 161 Email: [email protected] Site: www.dourohistorico.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) CLDS, INTERREG, Cooperação, PRONORTE, AGRIS

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Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

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Designação: DOURO SUPERIOR

Associação de Desenvolvimento

Apresentação:

A DOURO SUPERIOR, é uma Associação privada sem fins lucrativos fundada em Julho de 1994, tem como objetivo promover o desenvolvimento da sua área de intervenção, melhorando o nível de vida e mantendo as características próprias da zona. O ambiente, a arqueologia e os recursos naturais e culturais do território são elementos centrais para a melhoria da capacidade organizativa do território e a dinamização socioeconómica com vista à criação de emprego.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa, Freixo de Espada à Cinta e Mogadouro.

Contactos

Av. Combatentes da Grande Guerra, Edifício GAT 5160-217 Torre de Moncorvo Telefone: +351 279200730 Fax: +351 279254056 Email: [email protected] Site :www.dourosuperior.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) AGRIS, PRONORTE, INTERREG, Cooperação

Designação: DUECEIRA

Associação de Desenvolvimento do Ceira e Dueça

Apresentação:

A Dueceira é uma associação de direito privado sem fins lucrativos, que foi constituída em 1994 e cujo principal objetivo se baseia na promoção do desenvolvimento integrado e autossustentado da sua zona de intervenção, Serra da Lousã. Foi credenciada como Entidade Local gestora do Programa LEADER, estabelecendo uma parceria com a Associação de Desenvolvimento Pinhais do Zêzere, criando o Programa “LEADER ELOZ Entre Lousã e Zêzere”.

Território de intervenção

A área de intervenção da Dueceira e do “ELOZ entre Lousã e Zêzere” abrange os concelhos de:

Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos, Lousã, Miranda do Corvo, Pampilhosa da Serra, Pedrogão Grande e Vila Nova de Poiares.

Contactos

Rua General Humberto Delgado, S/N 3200-909 Lousã Telefone: 00 351 239 99 52 68 Fax: 00 351 239 99 10 18 Email: [email protected] Site: www.dueceira.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Cooperação

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Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

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Designação: ESDIME

Agência para o Desenvolvimento Local no Alentejo Sudoeste

Apresentação: Com sede em Messejana, a Esdime, cooperativa de solidariedade social, foi criada em 1989 após um inovador Projeto de Formação para o Desenvolvimento levado a cabo nesta vila alentejana. Hoje é uma organização de intervenção regional - Baixo Alentejo e Alentejo Litoral.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Aljustrel, Almodôvar, Castro Verde, Ferreira do Alentejo, Odemira e Ourique.

Contactos

Rua do Engenho, 10 7600-337 Messejana Telefone: +351 284 650 000 Fax: +351 284 655 274 Email: [email protected] Site: www.esdime.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Centro de Novas Oportunidades, formação (EFA, Públicos Desfavorecidos) Igualdade de Género, AGRIS, Cooperação, Juventude em Ação, CLDS

Designação: GRATER

Associação de Desenvolvimento Regional

Apresentação: A GRATER – Associação de Desenvolvimento Regional foi criada em 21 de Julho de 1995 e é constituída por várias entidades no âmbito do desenvolvimento rural das ilhas Terceira e Graciosa, ambas localizadas no Grupo Central do Arquipélago dos Açores.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange as ilhas de Terceira e Graciosa, ambas localizadas no Grupo Central do Arquipélago dos Açores que incluem os concelhos:

Angra do Heroísmo, Praia da Vitória e Santa Cruz da Graciosa

Contactos

Rua do Hospital, n.º 19 Santa Cruz 9760 – 475 Praia da Vitória Telefone: +351 295 902 067/8 Fax: +351 295 902 069 Email: [email protected] Site: www.grater.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRORURAL (2007-2013) Cooperação

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Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

151

Designação: Associação IN LOCO

Intervenção, Formação, Estudos para o desenvolvimento local

Apresentação:

A associação IN LOCO foi criada legalmente em 26 de Agosto de 1988. Segundo os estatutos a sua atividade tem como objetivos: promover o desenvolvimento local entendido como processo de melhoria das condições culturais e materiais da vida das populações, através de iniciativas de base comunitária. A IN LOCO foi reconhecida em 1991 como associação de desenvolvimento pelo IEFP, acreditada como Entidade Formadora em diversos domínio de intervenção desde 1998 e considerada Pessoa Coletiva de Utilidade Pública em 2001.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange freguesias dos concelhos de:

Loulé; S. Brás de Alportel; Silves, Tavira, Albufeira e Faro

Contactos

Sítio da Campina / Av. da Liberdade Nº 101 8150-101 S. Brás de Alportel Telefone: +351 289 840860 Fax: +351 289 840879/78 Email: [email protected] Site: www.in-loco.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) PNLCP, AGRIS, EQUAL, Micro empreendedorismo, PROVE, Centro de Novas Oportunidades, Formação (EFA, Públicos Desfavorecidos), Cooperação

Designação: LEADEROESTE

Associação para o Desenvolvimento e Promoção Rural do Oeste

Apresentação:

A Leader Oeste é uma associação, constituída em 31 de Agosto de 1994, que visa promover o desenvolvimento do mundo rural da região Oeste, através da dinamização de iniciativas de apoio às atividades produtivas, culturais, sociais e de proteção do ambiente. A LeaderOeste é constituída por sócios coletivos, que intervêm de modo ativo nos processos de desenvolvimento local do Oeste.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Bombarral, Caldas da Rainha, Cadaval, Lourinhã, Óbidos, Peniche, Sobral de Monte Agraço, e Torres Vedras.

Contactos

Travessa do Hospital, 14 2550-168 CADAVAL Telefone: +351 262 691545 Fax: +351 262 691546 Email: [email protected] Site: www.leaderoeste.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Energias Renováveis, Cooperação

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Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

152

Designação: LEADERSOR

Associação para o Desenvolvimento Rural Integrado do Sôr

Apresentação: LEADERSOR - Associação para o Desenvolvimento Rural Integrado do Sôr, constituída a 22 de Agosto de 1991, é uma associação sem fins lucrativos e tem por objetivo o desenvolvimento rural integrado dos concelhos que integram a sua zona de intervenção.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Alter do Chão, Avis, Fronteira, Mora, Ponte de Sor e Gavião.

Contactos

Zona Industrial, Edifício Nuno Vaz Pinto, Rua E, Lote 79 7400-211 Ponte de Sor Telefone: +351 242 204 101 Fax: +351 242 204 101 Email: [email protected] Site: www.leadersor.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Cooperação

Designação: MONTE

Desenvolvimento Alentejo Central, A.C.E.

Apresentação:

O Monte é uma entidade privada sem fins lucrativos que reveste a forma jurídica de Agrupamento Complementar de Empresas (ACE) e que tem a sua sede em Arraiolos. É uma Organização Não Governamental para o desenvolvimento (ONGD) com Estatuto de Utilidade Pública. A sua criação resulta de uma aposta num projeto de desenvolvimento para a região do Alentejo Central de quatro Associações de Desenvolvimento Local: ALIENDE; A.D.I.M.- Associação de Defesa dos Interesses de Monsaraz; A.D.M.C. – Associação de Desenvolvimento Montes Claros e a TRILHO – Associação para o Desenvolvimento Rural.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de: Alandroal, Arraiolos, Borba, Estremoz, Évora, Montemor-o-Novo, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Vendas Novas e Vila Viçosa.

Contactos

Rua Joaquim Basílio Lopes, n.º 1 7040-066 Arraiolos Telefone: +351 266 490090 Fax: +351 266 419276 Email: [email protected] Site: www.monte-ace.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Formação (EFA, Públicos Desfavorecidos), PROVE, Cooperação, Microcrédito, EQUAL, Voluntariado, CLDS

Page 155: A (re)invenção do Local: o papel das Associações de ... · Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural . FEAGA - Fundo Europeu Agrícola de Garantia Agrícola . FEDER –

Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

153

Designação: PINHAL MAIOR

Associação de Desenvolvimento do Pinhal Interior Sul

Apresentação: A PINHAL MAIOR foi constituída em Maio de 1994, com o objectivo de revitalizar os espaços rurais, para assegurar um desenvolvimento harmonioso do Pinhal Interior Sul.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de: Oleiros, Proença-a-Nova, Sertã, Vila de Rei e Mação.

Contactos

Loteamento 7- Pinhal de Cima 6100 - 680 SERTÃ Telefone: +351 274600130 Fax: +351 274600139 Email: [email protected] Site: www.pinhalmaior.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Formação (EFA, Públicos Desfavorecidos) Programa Nacional do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social AGRIS, Cooperação, CLDS

Designação: PROBASTO

Associação de Desenvolvimento Rural de Basto

Apresentação: A Probasto, Associação de desenvolvimento Rural de Basto, foi fundada em Agosto de 1991 na sequência de um trabalho conjunto das entidades locais em volta da elaboração e implementação do Plano de Desenvolvimento Agrícola Regional (PDAR).

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Mondim de Basto e Ribeira de Pena.

Contactos

Edifício Multiusos – Lugar do Rio – Refojos 4860-408 Cabeceiras de Basto Telefone: +351 253662025 Fax: +351 253662026 Email: [email protected] Site: www.probasto.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Cooperação, EQUAL

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Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

154

Designação: PRÓ-RAIA

Associação de Desenvolvimento Integrado da Raia Centro Norte

Apresentação: A PRÓ-RAIA nasceu em 1994 com o objetivo de promover os espaços naturais e valores patrimoniais, a preservação do ambiente, o reforço da identidade local e o apoio à transformação e comercialização dos produtos locais.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Almeida, Figueira de Castelo, Rodrigo, Guarda e Sabugal

Contactos

R. General Póvoas, nº 28 6300- 714 GUARDA Telefone: +351 271210210 Fax: +351 271210212 Email: [email protected] Site: www.pro-raia.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Formação, Cooperação, Centros Rurais, Gabinete de Inserção Profissional (GIP)

Designação: RAIA HISTÓRICA

Associação de Desenvolvimento do Nordeste da Beira

Apresentação: A RAIA-HISTÓRICA é uma Associação sem fins lucrativos constituída em janeiro de 1996 com o objetivo de melhorar a qualidade de vida nas zonas rurais e contribuir para a fixação de população, especificamente a população jovem, e dinamização socioeconómica da zona de intervenção.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Almeida, Figueira de Castelo Rodrigo, Meda, Pinhel e Trancoso.

Contactos

Av. 1º de Dezembro, 10 6420-011 Trancoso Telefone: +351 271829040 Fax: +351 271829047 Email: [email protected] Site:www.raiahistorica.org

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Formação, AGRIS, Cooperação, Gabinete de Inserção Profissional (GIP)

Page 157: A (re)invenção do Local: o papel das Associações de ... · Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural . FEAGA - Fundo Europeu Agrícola de Garantia Agrícola . FEDER –

Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

155

Designação:

ROTA DO GUADIANA Associação de Desenvolvimento Integrado

Apresentação: A ROTA DO GUADIANA é uma entidade privada sem fins lucrativos constituída em 1992 por cerca de 60 associados com o objetivo de apoiar a realização de projetos em diversas áreas de intervenção como revitalização económica, cultura, património e ambiente, educação e formação.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Barrancos, Mértola, Serpa, Mourão e Moura

Contactos

Rua da Capelinha, 7 7830 – 405 SERPA Telefone: +351 284540220 Fax: +351 284540225 Email: [email protected] Site:www.rotaguadiana.org/

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Centro de Novas Oportunidades, formação (EFA, Públicos Desfavorecidos) Programa Nacional de Luta Contra Pobreza, Cooperação, CLDS, Igualdade de Oportunidades

Designação: RUDE

Associação de Desenvolvimento Rural

Apresentação: A RUDE é uma associação sem fins lucrativos que foi constituída através de Escritura Pública em 9 de Dezembro de 1991, com o objetivo de apoiar a revitalização da sua zona de intervenção.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Belmonte, Covilhã e Fundão. Contactos

Rua Conde da Ericeira - Antiga Casa dos Magistrados, 6200 - 086 COVILHÃ Telefone: +351 275 313016 Fax: +351 275 314470 Email: [email protected] Site: www.rude-adr.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Cooperação

Page 158: A (re)invenção do Local: o papel das Associações de ... · Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural . FEAGA - Fundo Europeu Agrícola de Garantia Agrícola . FEDER –

Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

156

Designação: SOL DO AVE

Associação para o Desenvolvimento Integrado do Vale do Ave

Apresentação:

A SOL DO AVE - Associação para o Desenvolvimento Integrado do Vale do Ave, surge em 1993. É uma associação de Direito Privado sem fins lucrativos, e tem vindo a assumir, gradualmente, um importante papel nas dinâmicas de desenvolvimento da região. Constituída como ILE, foi-lhe atribuída o prémio por parte da Comissão Europeia, pelo facto de ter considerado a Sol do Ave como um projeto inovador, principalmente, por ter permitido a criação de novos postos de trabalho, destinados a mulheres desempregadas.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Fafe, Guimarães, Póvoa de Lanhoso, Santo Tirso, Vieira do Minho, Vila Nova de Famalicão, Trofa e Vizela.

Contactos

Rua do Pombal, 386, Azurém 4800-023 Guimarães Telefone: +351 253512333 Fax: +351 253512419 Email: [email protected] Site: www.soldoave.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Centro de Novas Oportunidades, Formação, AGRIS, Cooperação, CLDS Gabinete de Inserção Profissional (GIP),

Designação: TAGUS

Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior

Apresentação:

Para dar resposta às necessidades de conceção e aplicação de uma estratégia para o Desenvolvimento Local dos concelhos de Abrantes, Constância e Sardoal, um conjunto de duas dezenas de entidades públicas e privadas uniram-se em torno de uma estrutura associativa. Nasceu assim a TAGUS - Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Abrantes, Constância, Gavião, Mação e Sardoal

Contactos

Edifício INOV’LINEA, Tecnopolo do Vale do Tejo, Rua José Dias Simão | 2200-062 Alferrarede Telefone: +351 241 372 180 Fax: +351 241 331 610 Email: [email protected] Site: www.tagus-ri.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Sistema de Informação Turística, PROVERE, Cooperação, PROVE

Page 159: A (re)invenção do Local: o papel das Associações de ... · Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural . FEAGA - Fundo Europeu Agrícola de Garantia Agrícola . FEDER –

Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

157

Designação: TERRAS DE SICÓ

Associação de Desenvolvimento

Apresentação:

Terras de Sicó, é uma Associação de Desenvolvimento, de âmbito local, e pessoa coletiva de direito privado, sem fins lucrativos e foi constituída em Março de 1995. Esta Associação tem como objetivo o apoio direto do desenvolvimento económico, social e cultural da sua zona de intervenção. Foi herdeira da anterior intervenção da ADSICÓ sob o mesmo território.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Alvaiázere, Ansião, Condeixa-a-Nova, Penela, Pombal e Soure.

Contactos

Largo dos Celeiros, 3 3105-326 Redinha Telefone:+351236 912113/114 Fax: +351 236 912 115 Email: [email protected] Site: www.terrasdesico.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) (Versão Inicial como ADSICÓ) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Formação, AGRIS, Cooperação, PROVERE

Designação: TERRAS DENTRO

Associação para o Desenvolvimento Integrado

Apresentação: A Terras Dentro - Associação para o Desenvolvimento Integrado, entidade de Utilidade Pública, sem fins lucrativos, nasceu em 1991 na vila de Alcáçovas, concelho de Viana do Alentejo e tem como missão apoiar e promover o desenvolvimento integrado, sobretudo em meio rural.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de: Alvito, Alcácer do Sal, Cuba, Montemor-o-Novo, Portel, Vidigueira, Viana do Alentejo e Grândola.

Contactos

Rua do Rossio de Pinheiro 7090-049 Alcáçovas Telefone: +351 266 948 070 Fax: +351 266 948 071 Email: [email protected] Site: www.terrasdentro.pt

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER I (1991- 1993) LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Centro de Novas Oportunidades, formação (EFA, Públicos Desfavorecidos) Programa Nacional de Luta Contra Pobreza AGRIS, Cooperação, CLDS

Page 160: A (re)invenção do Local: o papel das Associações de ... · Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural . FEAGA - Fundo Europeu Agrícola de Garantia Agrícola . FEDER –

Anexo 1: Caracterização das 53 ADL objeto de estudo

158

Designação: VICENTINA

Associação para o Desenvolvimento do Sudoeste

Apresentação: A Vicentina é uma associação sem fins lucrativos, constituída em 1992. Possui por objeto social o desenvolvimento local, a formação e a melhoria das condições culturais, sociais e materiais de vida das comunidades e áreas abrangidas, recorrendo a todas as iniciativas consideradas úteis à sua prossecução.

Território de intervenção

A área de intervenção abrange os concelhos de:

Odemira, Aljezur, Vila do Bispo, Lagos, Monchique, Portimão e Silves.

Contactos

R. Direita, 13 8600-069 - Bensafrim Telefone: +351 282680120 Fax: +351 282680129 Email: [email protected] Site: www.vicentina.org

Atividades principais

Entidade Gestora dos Programas de Iniciativa Comunitária: LEADER II (1994- 1999) LEADER+ (2000-2006)

Entidade Gestora LEADER – PRODER (2007-2013) Centro de Novas Oportunidades, Formação AGRIS, Cooperação, Gabinete de Inserção Profissional