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Governo do Estado do Paraná Secretaria de Estado da Educação Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná A reflexão sobre as funções sociais da instituição escolar como fator motivador da melhoria do processo ensino-aprendizagem de estudantes do ensino médio. Rosemari Oliveira Menck *1 Resumo Neste artigo apresentamos o trabalho desenvolvido e o resultado alcançado numa intervenção ocorrida com estudantes e professores do Ensino Médio de uma Escola Estadual, com a finalidade de alcançar um melhor desempenho nas ações acadêmicas por meio de reflexões sobre as funções sociais da escola e da história da instituição escolar, tendo como base a pedagogia histórico-crítica. Palavras-chave: Desempenho acadêmico; função social da escola; pedagogia histórico-crítica Abstract In this paper we present the work and result of an intervention that took place with students and teachers from high school in a state school, with the aim of achieving better performance in academic activities through reflections on the social functions of the school and the history of the institution school, based on the historical- critical pedagogy. * Este trabalho é a atividade final do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do Paraná 2007- 2008. 1 MENCK, Rosemari Oliveira. Professora integrante do PDE 2007-2008. E-mail: [email protected]. Orientador: Professor Edmilson Lenardão da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

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Governo do Estado do Paraná

Secretaria de Estado da Educação

Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná

A reflexão sobre as funções sociais da instituição escolar como

fator motivador da melhoria do processo ensino-aprendizagem de

estudantes do ensino médio.

Rosemari Oliveira Menck*1

Resumo

Neste artigo apresentamos o trabalho desenvolvido e o resultado

alcançado numa intervenção ocorrida com estudantes e professores do Ensino Médio

de uma Escola Estadual, com a finalidade de alcançar um melhor desempenho nas

ações acadêmicas por meio de reflexões sobre as funções sociais da escola e da

história da instituição escolar, tendo como base a pedagogia histórico-crítica.

Palavras-chave: Desempenho acadêmico; função social da escola;

pedagogia histórico-crítica

Abstract

In this paper we present the work and result of an intervention that

took place with students and teachers from high school in a state school, with the aim

of achieving better performance in academic activities through reflections on the social

functions of the school and the history of the institution school, based on the historical-

critical pedagogy.

* Este trabalho é a atividade final do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do Paraná 2007-

2008.

1 MENCK, Rosemari Oliveira. Professora integrante do PDE 2007-2008. E-mail: [email protected].

Orientador: Professor Edmilson Lenardão da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Key-words: Academic performance; social function of the school,

teaching historical-critical.

INTRODUÇÃO

Este artigo resulta de estudos teóricos e de intervenção

ocorrida numa escola pública do Ensino Médio com a participação de alunos e

professores, objetivando melhor desempenho acadêmico daqueles. Para atingir

tal finalidade foram realizados estudos e apreciações com o intento de

desmistificar os valores sociais dados a escola, refletir sobre a história da

instituição e suas múltiplas interferências no entorno.

O objetivo desse trabalho é estabelecer a relação que o

conhecimento formal coloca com a sociedade em que é socializada por meio

da história da educação; discute-se, portanto as funções sociais da instituição e

seu resultado na postura acadêmica e desempenho escolar dos alunos.

Um dos mecanismos utilizados foi, em grupo de estudos,

realizar reflexões com professores – aqui incluídos professores pedagogos e

professores de disciplinas especificas - e alunos, sobre a escola como

instituição social que espelha a sociedade de classes regida pelos interesses

do capital e, portanto, sobre a funcionalidade da escola para este modelo

social. De outro lado, refletir sobre a escola como fator de acesso ao saber

formal que contribua na formação de alunos participativos.

As reflexões sobre história da educação e sobre as funções sociais

atribuídas à escola possibilitam aos estudantes o entendimento de

que deter o saber formal é essencial para que sejam capazes de

compreender melhor o mundo em que vivem e modificá-lo. A

transformação da sociedade em uma sociedade mais justa que

socialize os grandes benefícios oriundos da produção humana

coletiva será mais factível se a escola cumprir sua função de

universalizar o conhecimento científico, artístico e filosófico formal.

Tal consciência, espera-se, fará com que os estudantes se tornem

mais interessados e participativos na sala de aula e em todo o

processo escolar (MENCK, 2008).

A escola é uma instituição com espaço e tempo específicos,

com método peculiar de ensinar o conhecimento produzido nos últimos

milhares de anos pelos seres humanos, por agentes específicos: os

professores. A escola básica é o local destinado “a desenvolver em cada

indivíduo humano a cultura geral ainda indiferenciada, o poder fundamental de

pensar e de saber se orientar na vida” (GRAMSCI, 1991, p. 117), Enfim é na

escola que se deve transmitir o conhecimento acumulado em séculos de

história humana de forma resumida e finalista.

Reconhecer o valor dos conteúdos específicos de cada

disciplina como a maneira de democratizar o conhecimento humano colocará o

professor como agente de transformação social, na medida em que ele garanta

aos alunos a apropriação destes conteúdos. Garantir que os conteúdos

realmente sejam assimilados pelos alunos é a grande tarefa do professor que

deste modo contribui singularmente para possibilitar a autonomia destes no

entendimento e intervenção social. Para os alunos, apropriar–se dos

conhecimentos clássicos pode fazer com que se tornem aptos a participar da

sociedade, planejar e alterar sua natureza, alterando a si mesmos. “Dominar o

que os dominantes dominam é condição de libertação” (Saviani, 1983 p.55).

AÇÕES DESENVOLVIDAS:

Esse trabalho se originou da percepção do grande

desinteresse escolar e da grande apatia dos alunos do Ensino Médio da

unidade escolar estudada. Os estudos aqui realizados buscam primeiramente

compreender este tipo de comportamento que pode levar à indisciplina,

evasão, repetência e não permite grande assimilação de conteúdos por parte

dos alunos constatando uma falha na instituição formadora; para em seguida

propor uma metodologia para superação deste problema.

Acreditando que a função da escola é efetivar a apropriação

dos conhecimentos produzidos historicamente a todos os alunos, desenvolveu-

se este trabalho no Ensino Médio do Colégio Estadual “Emílio de Menezes”, no

município de Arapongas, em dois momentos distintos, contudo vinculados.

No segundo semestre de 2007, foi composto um Grupo de

Apoio formado por alunos selecionados das cinco turmas dos segundos anos

do Ensino Médio, período matutino, para realização de encontros

extracurriculares no período vespertino. Foram selecionados alunos

“desinteressados” e “apáticos” com o objetivo de refletir com eles os valores

dados à escola e sua função. A seleção dos alunos para participar do curso

extracurricular levou em consideração o diagnóstico dos professores que se

pautaram pelas seguintes questões: desempenho inadequado para realizar

atividades em sala de aula; fazer tarefa extraclasse; manifestar-se sobres os

conteúdos durante as aulas; ter nota baixa (Média bimestral).

Trabalhou-se com leituras, debates e reflexões para expor o

seguinte tema: Função ideal e real da escola enquanto instituição histórica,

baseado na doutrina de Saviani.

Visando buscar informações sobre as concepções dos alunos,

utilizou-se da prática de provocar continuidade ao seguinte raciocínio: Eu vou à

escola porque.... Preliminarmente foi conduzido um dialogo que buscou a

reflexão dos alunos para um dos grandes problemas da educação hoje: o

desestímulo para freqüentar as escolas.

Com as respostas dos participantes, foi elaborado o seguinte

questionário a fim de verificar se elas representavam a idéia dos demais alunos

dos segundos anos do Ensino Médio.

Função Social da Escola na Visão dos Estudantes

1) Eu venho à escola...(enumere em ordem de prioridade–1°,2°,.....):

a) ( )porque sou obrigado/meus pais exigem que eu venha;

b) ( )porque eu quero ser alguém na vida;

c) ( )porque encontro meus amigos;

d) ( )porque não tenho o que fazer nesse horário;

e) ( )para estudar;

f) ( )para “ficar”/ namorar;

g)( )por outra razão? Qual?___________________________________________

2) Para mim, ser alguém na vida é...____________________________________

Acredita-se que, conhecendo o que a escola representa para

os alunos, e após um estudo sobre as possíveis formas históricas de

contribuição da Escola, os alunos se comprometerão mais com o estudo e se

tornarão sujeitos mais participativos no interior da instituição.

Após a pesquisa de campo com ajuda dos alunos do Grupo de

Apoio, realizou-se a tabulação dos dados, constatando-se o que já era previsto,

ou seja, os alunos não valorizam a escola por sua especificidade como local de

aquisição de conhecimentos “por si”. Na visão deles, a escola é um caminho

que os levará a ser alguém na vida, adquirir muito dinheiro, poder comprar

carro e casa, ou ainda completar o seu dia com prazer, com amigos e namoro.

Essa visão é própria dos valores da sociedade capitalista,

mercadológica atribui à escola a responsabilidade de preparar mão de obra

para o mercado de trabalho, “implanta” no estudante a idéia de que, uma vez

formado pela escola, será alguém na vida, com bom emprego, por exemplo, o

que foi confirmado pelas respostas apresentadas no questionário opção G(por

outras razões). Ou seja, quanto maior escolaridade maior salário. Desmistificar

os valores ideológicos que a sociedade e escolas capitalistas contribuíram no

imaginário popular como: responsabilizar a escola por uma boa colocação no

mercado de trabalho bom desempenho no vestibular e acesso ao ensino

superior exige a reflexão: Qual é a função da escola? O que é específico da

escola? Qual as razões pelas quais as pessoas vão à escola?

O entendimento de que a escola é um local para se ensinar,

repassar os conteúdos é generalizado, no entanto distorce-se esta finalidade

quando concepções utilitaristas: ajudar no vestibular, preparar para o mercado

de trabalho se impõem ao seu papel de transmitir o conhecimento e socializar o

mesmo.

Levamos o Grupo de Apoio a refletir sobre a racionalidade que

nos diferencia dos demais animais e que o ser humano avança continuamente

em seus conhecimentos, que as descobertas não acontecem por acaso, mas

no acúmulo de conhecimentos. O movimento histórico ocorre, e só ocorre, na

medida em que o homem tem que dominar a natureza e colocá-la a sua

disposição, planejando, construindo o que pretende. Ensina-se para as

gerações mais novas aquilo que já foi produzido, já foi construído enquanto

conhecimento válido. No entanto, um único homem não domina todo o saber

da humanidade. Por isso, a necessidade da escola com seu método

sistemático de ensino e seus agentes responsáveis por ensinar este saber. A

Escola é o lugar “resumido” de todo conhecimento que a humanidade

acumulou.

Analisando os resultados referentes ao questionário, verificou-

se as respostas mais recorrentes e buscou-se refletir sobre elas.

Eu vou à escola para estudar? A única certeza que se tem ao ir

a escola que ali se vai adquirir conhecimento, sendo essa sua principal função.

Estudar para quê? Este é o ideal, ou seja, estudar por estudar,

para dominar cada vez mais o conhecimento existente.

Desmistificar as funções contemporâneas atribuídas à escola,

conhecer a história da educação, acredita-se levará à ação imediata, por conta

da racionalidade, de mudança de comportamento perante às atividades

escolares e seus agentes, mudando para melhor o perfil acadêmico.

Em 2008, por sugestão dos alunos do Grupo de Apoio e da

Instituição escolar, sede da intervenção, foi desenvolvido um trabalho com um

grupo de professores do Ensino Médio visando as reflexões sobre o fazer

pedagógico, reconhecendo sua importância nessa tarefa, tratando o conteúdo

razão da existência da Escola e que este conteúdo não deve ser estabelecido

pela comunidade à qual a escola pertence.

O estudo realizado com os professores que participaram do

curso não envolveu o conhecimento científico de suas disciplinas, mas estudos

teóricos, reflexões e debates acerca das funções sociais atribuídas

historicamente à escola e sua real função social. Esse estudo foi realizado por

meio da história da educação, o que tornou possível entender alguns motivos

do atual comportamento de professores e o que os norteou a usar os atuais

critérios de avaliação.

Após alguns encontros os professores que participaram do

Grupo de Estudos passaram a instigar, por meio do questionário elaborado em

2007, os alunos do Ensino Médio para que debatessem e entendessem qual a

real função da escola. Nesses encontros, os alunos debatem o entendimento

que têm sobre a escola e a apontam como local de prazer, namoro, encontrar

com amigos, prática esportiva. Também se buscou desmistificar os valores que

lhe são atribuídos comumente, como passar no vestibular, conseguir um bom

emprego e ganhar dinheiro, esperando que passem a reconhecer a função real

da escola: ensinar os conteúdos, que só poderão ser adquiridos neste espaço.

As ponderações sobre a história da educação direcionaram o

curso para a crítica dos ideais dos anos 1960, quando a escola respondia às

necessidades da sociedade, qual seja, produzia mão de obra para a indústria,

separava e classificava os mais dotados de acordo com suas “capacidades”

físicas e intelectuais. Também se estudou a influência que a educação escolar

recebeu do sistema capitalista nas últimas décadas e que reina atualmente no

âmbito escolar, respondendo aos interesses da classe dominante,

reproduzindo a sociedade de classes. As pesquisas realizadas e as discussões

nos grupos de estudo da intervenção tornaram possível a verificação das

seguintes posições: a)o professor conserva a idéia saudosista de um aluno

ideal, b)reprovação como um mal necessário, c)a escola responde

favoravelmente à demanda por vida mais fácil (passar no vestibular, conseguir

um bom emprego).

Detalham-se a seguir as posições apontadas.

a) Aluno ideal nos moldes dos anos 60/70. O aluno que está

em sala de aula é o mesmo que vive fora dela, vem para a escola com todos os

problemas sociais, buscando por meio da educação escolar o progresso

pessoal na sociedade de capitalista.

De acordo com Mello (apud SAVIANI, 2008):

“a reivindicação dos dominados não se manifesta organizada e

explicitamente enquanto tal. Há que lê-la na rebeldia, na passividade,

na agressividade e na apatia das crianças pobres, que desafiam a

proposta curricular e programática da escola (p.30)”.

b) Escola mais atrativa. A serviço do conteúdo. Os recursos

disponíveis para nossas aulas são instrumentos que devem responder ao

currículo e, como aponta Saviani (2008), as atividades extracurriculares só têm

sentido se puderem enriquecer as atividades curriculares próprias da escola

(p.17).

c) Vida mais fácil. Espera-se que a escola responda às

necessidades utilitaristas da sociedade. Para Saviani (1983), a persistência da

crença ingênua no poder redentor da educação escolar. A escola deve sim se

preocupar com o que resistiu ao tempo, o clássico, para que as novas

gerações possam se apropriar do conhecimento sistematizado (p.33).

d) Reprovação como um mal necessário. É um grande mote.

Todos que freqüentam o Ensino Médio são capazes. Ainda há grande

preocupação em classificar e selecionar os alunos: a avaliação. Desenvolvendo

seu trabalho, o professor, alienado da política vigente, acredita na reprovação

como mal necessário.

Com o Grupo de Estudos foram realizados estudos de textos

que versam sobre temáticas afins, uns explicam como se chegou ao sistema

escolar atual e outros que criticam o mesmo.

Neste sentido, a partir de Echevarría (1974), para compreender

a origem dos traços da atual geração de professores, entende-se que o

professor é produto da ideologia meritocrática da escola capitalista e dos

mecanismos de controle sobre a escola, vistos como instrumentos da classe

dominante em sua luta pela manutenção e ampliação de seu domínio. Inicia-se

com um retrospecto da época do “milagre econômico”, passa-se pelo

Toyotismo (1950), pela Ditadura Militar (1964), pela política educacional dos

anos 60, e pela Conferência sobre Educação e Desenvolvimento Econômico e

Social na América Latina. (março de 1962).

A idéia de sociedade adiantada e moderna, sociedades

industriais, destaca a importância fundamental da educação nesta sociedade.

Para os países subdesenvolvidos a educação poderia contribuir no processo

de desenvolvimento formando os agentes consumidores e produtores, sendo

responsável pela formação de mão-de-obra. Faz parte da formação o

“investimento em capital humano” para obter aumento da produtividade,

ficando à função de formar meros “subprodutos” da aceleração da taxa de

desenvolvimento econômico, respondendo pelos interesses da elite/dominante.

Os gastos com serviços escolares e investimentos estiveram vinculados a

responder às pressões diretas das atividades produtivas e da educação para o

consumo (leia-se investimento como cooperação do setor privado).

Para que a educação contribua eficazmente ao progresso

cultural, tecnológico e social, a Conferência cita algumas recomendações, que

devem se adequar às peculiaridades e possibilidades de cada país:

� A orientação vocacional: deveriam ser exploradas, estimuladas e

desenvolvidas as aptidões de cada criança, sobre as quais deverão

assentar-se a futura formação especializada;

� Que a escola procure dar à criança conhecimento acerca de

diferentes atividades produtivas mediante contatos diretos ou indiretos

com profissões e ofícios, visitas a fábricas, a explorações agrícolas e

outras formas consideradas adequadas para que o aluno possa apreciar

as condições do trabalho e o que este oferece para a melhoria de vida;

� A formação de pessoal qualificado é resultado de um processo de

longa duração. Em conseqüência, as inversões em educação devem ser

planejadas e realizadas em tempo oportuno e no volume adequado

(PEREIRA, 1974).

A educação fica responsável pela demanda de recursos

humanos mais ou menos precisáveis, responsabilizando-se pela estratificação

social, ou seja, o educador passa a importar-se mais com a demanda que

sociedade capitalista necessita levando os estudantes a aceitarem os rótulos

que impostos por esta sociedade.

Em contraponto ao texto de Echevarría (1974), Salm (1979)

justifica a existência da escola para a formação da cidadania, defende a tese

de que a escola “não é capitalista” e o capital prescinde dela para a

qualificação da força de trabalho. O autor não encontra vínculo direto, o que

torna a escola improdutiva ao capital. Algumas conclusões deste autor:

� O crescente desemprego da mão-de-obra educada demonstra que não

há correlação entre renda e grau de escolaridade;

� As mudanças no modo de trabalho da grande indústria levam a

independência desta com relação à escola;

� A educação como um direito igualitário e democrático, afasta

correlações de outro tipo para a expansão da escola.

As discussões baseadas em Rossi (1980) colocam em debate

a ação messiânica da escola que pretende realizar todos os objetivos que a ela

se confia desvinculada da ideologia dominante:

� Antídoto aos problemas individuais e sociais;

� Instrumento de desenvolvimento econômico;

� Diminuição nas diferenças econômicas entre os indivíduos;

� Permeabilização entre as classes sociais;

� Estreitamento das distâncias entre os países desenvolvidos e

subdesenvolvidos;

Esse poder “mágico” da escola que o autor chamou de

"messianismo pedagógico" ’tornaria a educação um instrumento capaz de

corrigir as imperfeições humanas e sociais. Porém pretende fazer isto sem

reduzir as desigualdades nas relações sociais de produção, nem sanar as

diferenças econômicas. Sequer reconhece a relação entre dominantes e

dominados. A expansão das oportunidades escolares deste modo não

diminuiria as diferenças sócio-econômicas. A educação esclarece os incultos,

que assimilam os valores da sociedade vigente e se adaptam a ela.

A reflexão do texto de Young (2007) reforçou os objetivos de

promover a igualdade, conseguir a democratização por meio da transmissão

dos “conhecimentos poderosos” aos alunos.

O Grupo de Estudos encerrara suas reflexões com Saviani

(2008) que conclui:

“a compreensão da natureza da educação enquanto um trabalho não

material, cujo produto não se separa do ato de produção, permite-

nos situar a especificidade de educação como referida aos

conhecimentos, idéias, conceitos, valores, atitudes, hábitos, símbolos

sob o aspectos de elementos necessários à formação da

humanidade em cada indivíduo singular, na forma de uma segunda

natureza, que se produz, deliberada e intencionalmente, através de

relações pedagógicas historicamente determinadas que se travam

entre os homens(p.22”).

A escola como instrumento de transformação social, busca no

materialismo histórico alternativas para solucionar os problemas sociais e não

apenas apontá-los e criticá-los, desenvolve uma proposta pedagógica

articulada com os interesses populares de transformação da sociedade

REFERENCIAL TEÓRICO NORTEADOR

Como o objetivo da intervenção é valorizar a educação formal e

dessa maneira levar os alunos desinteressados a participarem das aulas com

maior qualidade, partiu-se para uma discussão sobre os elementos que

causam desinteresse e formas de motivação vinculadas à função intrínseca da

escola: estudar.

Por meio da analise histórica, verificamos as diferentes funções

atribuídas à escola no tempo. Saviani (1983) esclarece que a filosofia da

essência na antiguidade grega não era considera o escravo como ser humano.

Só ao homem livre se permitia aprender. Durante a Idade Média, a filosofia da

essência é articulada à criação divina para justificar as diferenças de classes. A

burguesia, classe em ascensão, com dinheiro, se coloca como revolucionária,

em defesa da igualdade entre os homens, e advoga escolarização para todos.

À medida que a burguesia se confirma como classe no poder propõe a

“pedagogia da existência”. Considera que os homens não são essencialmente

iguais, que há aqueles que têm maior capacidade e aqueles que têm menor

capacidade. Este caráter reacionário da pedagogia da existência vai legitimar

as desigualdades, a dominação, a sujeição e os privilégios. Agora a classe

revolucionária é explorada pela burguesia.

Na consolidação do sistema burguês predomina nas escolas, o

ensino tradicional. Por meio do método pedagógico expositivo, a escola se

torna instrumento de consolidação da sociedade dominante.

Os movimentos populares e as crises que acometeram o

mundo na década de 1920 utilizaram a escola como instrumento de

participação política, a escola passou de “democrática” para “técnica” e

pedagógica surgindo a Escola Nova que preocupada com a “qualidade” do

ensino. Aprimora o ensino destinado às elites e afrouxa a disciplina e a

transmissão de conhecimentos destinados às camadas populares.

Os interesses burgueses coincidem com a perpetuação da

sociedade capitalista. A ideologia dominante capitalista utiliza-se da escola

como instrumento de dominação.

Nos anos 1970 o capitalismo faz a educação responder às

necessidades do mercado de trabalho: preparar mão de obra qualificada e

produzir pesquisas controladas por grandes empresas. A escola passa a

responder à ideologia dominante. Por meio deste discurso reduz a

responsabilidade pelo ensino público e valoriza o ensino privado, alegando que

a concorrência nos levaria a escolas melhores, tornando a educação de

qualidade direito da elite brasileira. A conciliação da social democracia com o

neoliberalismo é um acordo que prolongará o poder do capitalismo reinante,

reduzindo, dessa forma, os direitos fundamentais ao mínimo.

Os cidadãos brasileiros vêm sendo subsidiados por bancos

internacionais (BM, BIRD, FMI, BID) que passam a orientar os caminhos do

país, determinar a ordem do crescimento, incutir e demarcar seus valores na

educação e saúde, privatizar e ampliar o capitalismo. O grande desastre dessa

intervenção na educação é que, hoje, o Brasil é comparado a países da África,

como Nigéria e Sudão, que têm índices elevados de evasão e repetência

escolar. Cria-se uma população pouco letrada, os alfabetizados funcionais

perfeitos para o consumo, ficando os ricos mais ricos e extinguindo-se a classe

média.

Para Octavio Ianni (2008):

“O Banco Mundial tem sido o agente principal na definição do caráter

economicista”, “privatista”, e “tecnocrático” da reforma dos sistemas

de ensino nos três níveis em curso na maioria dos países, desde os

anos de 1950 do século XX e entrando pelo século XXI. Reduzem-

se, ou mesmo abandonam-se, os valores e os ideais humanísticos

de cultura universal e pensamento crítico, ao mesmo tempo em que

se implementam diretrizes, práticas, valores e ideais pragmáticos,

instrumentais, mercantis. Tudo o que diz respeito à educação passa

a ser considerada uma esfera altamente lucrativa de aplicação do

capital; o que passa a influenciar decisivamente os fins e os meios

envolvidos; de tal modo que a instituição de ensino, não só privada

como também pública, passa a ser organizada e administrada

segundo a lógica da empresa, corporação ou conglomerado (p.32).

As Agências Internacionais utilizam as escolas de acordo com

seus interesses, diretamente na Política Educacional. Transformando a Escola

em um meio de deter doenças, diminuir a natalidade e proteger a mulher,

encobrem a real proposta da escola: trabalhar o conhecimento produzido pela

humanidade. Essa influência atinge até mesmo os elementos legais (LDB,

DECRETO 2208/97, DCN EM, DCENEP) que direcionam a escola, alterando

seu objetivo real e destacando atividades como formação de profissionais,

empregabilidade, ensino privatizado. O estado tem obrigação de ser provedor

do conhecimento. No entanto, torna-se mero gerenciador formando pessoas

subservientes.

Por meio do Projeto Político Pedagógico - PPP os professores

e professores pedagogos têm possibilidades de preparar o trabalho pedagógico

de acordo com suas especificidades, níveis e modalidades. É um documento

oficial que valoriza o professor. É o momento de fortalecer a escola como lugar

democrático visando o acesso e permanência do aluno. É uma ação coletiva de

reflexão que deve ser reavaliada anualmente e direcionar o ano letivo. Por

meio do PPP os papéis de função escolar são definidos, buscando as funções

de cada membro da escola no processo educativo.

Os professores têm que ter as políticas educacionais presentes

e inseridas no cotidiano e deixar transparecer aos alunos. Levá-los a crescer

politicamente por meio de grêmios estudantis, e outras formas é função do

professor, que estará contribuindo para a formação de uma sociedade

politicamente responsável e conseqüentemente mais justa. Saviani (2007)

afirma:

”O Educador tem nas mãos uma arma de luta capaz de permitir [aos

alunos] o exercício de um poder real, ainda que limitado (...) Do

ponto de vista prático trata-se de retomar vigorosamente a luta contra

a seletividade, a discriminação e o rebaixamento do ensino das

camadas populares. Lutar contra a marginalidade por meio da escola

significa engajar-se no esforço para garantir aos trabalhadores um

ensino da melhor qualidade possível nas condições históricas atuais”

(p.31).

O papel do professor é disseminar e manter vivo o

conhecimento e a cultura, ser responsável pela produção escolar, reconhecer

nos conteúdos a razão de ser da escola, ter certo nível de competência técnica

e política, reconhecer a escola como fator de equalização social e fazer uso de

seu trabalho na escola pública para democratizar o saber.

COLETA E ANÁLISE DE DADOS

A intervenção no CEEM em 2007, para os alunos do contra-

turno, ocorreu em 10 encontros de 2 horas, totalizando 20 horas, com a

participação de 10 alunos que se alternavam nas reuniões do Grupo de Apoio e

os demais alunos que cursavam os segundos anos do Ensino Médio.

Para responder o questionário formulado pelo Grupo de Apoio

não era necessário que o aluno respondesse a todas as questões eles

deveriam numerá-las de acordo com seu grau de importância (valor um para a

mais importante e 8 para a menos importante) ainda foi aberto o campo g)

onde os alunos poderiam elencar mais uma prioridade que não estivesse na

lista e ordená-la dentro da mesma seqüência de prioridade.

Aplicou-e o questionário a 151 alunos dos Segundos Anos do

Ensino Médio e obteve-se os resultados que foram compilados na tabela

apresentada abaixo com o intuito de ilustrar os posicionamento do grupo

avaliado:

TABELA 01

Verifica-se na tabela acima que 51,6% dos alunos

responderam como primeira prioridade a resposta b) do questionário (porque

eu quero ser alguém na vida). O que comprova que os alunos influenciados

pela sociedade vigente acreditam que a escola deve servir a interesses

imediatos e utilitaristas.

Por não existir o objetivo de eleger uma resposta e sim em

discernir as prioridades pode-se verificar na Tabela acima que as opções e)

(para estudar), que aparece na segunda posição, divide espaço de prioridade

com as alternativas c) e novamente a b), devido a uma proporção de votos

próxima (ANEXO).

TABULAÇÃO JUNHO DE 2007 Função social da escola na visão dos estudantes do CEEM

série: somatório 2º ano /2007

NUMERO DE ALUNOS QUE RESPONDERAM O FORMULÁRIO 151

1 2 3 4 5 6 7 respostas nulas

nº de repostas da questão

a) 3,9% 6,62% 11,9% 29,8% 15,9% 1,25% 0% 0% 100%

b) 51,6% 34,4% 5,96% 3,97% 2.64% 1,32% 0% 0% 100%

c) 8,6% 25,2% 47,6% 13,9% 2,64% 2,64% 0% 0% 100%

d) 1,9% 3,9% 4,6% 17,8% 35,7% 10,6% 0% 0% 100%

e) 32,4% 33% 13,2% 0,66% 5.29% 1,98% 0% 0% 100%

f) 5,96% 1,32% 5,29% 12,6% 11,2% 35,7% 0% 0% 100%

g) 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 100% 100%

Como já era previsto averiguou-se que os alunos não valorizam

a escola como local de estudo. Na visão deles, a escola é simplesmente um

caminho que lhes proporcionará conquistas utilitaristas: econômicas e sociais.

Tendo em vista estes interesses, os encontros com os

estudantes no Grupo de Apoio caminharam para a desmistificação das funções

atribuídas à escola pelo senso comum; esses alunos reconheceram outras

funções da escola e passaram a acreditar que esse trabalho deveria ser

repassado para os demais colegas da instituição.

Ao término do ano de 2007 os alunos do Grupo de Apoio

sugeriram que a participação do professores seria essencial para que estes

também reconhecessem a real função da escola e conseqüentemente

atingissem os demais alunos do colégio. Dessa forma organizou-se o Grupo de

Estudo formado por 27 professores de diferentes disciplinas e 05 professoras

pedagogas.

Com o início do ano letivo de 2008, iniciaram-se, também, os

encontros para estudos com professores, distribuídos em 40 horas, nos quais

se realizaram reflexões sobre as funções sociais da escola fazendo com que os

participantes do Grupo reconhecessem que a real função da escola é a

transmissão do conhecimento e instigando-os a repassar esta teoria para os

alunos aumentando, dessa forma, o desempenho acadêmico.

Formaram-se pares de professores que “apadrinharam” cada

turma dos primeiros e segundos anos, onde aplicaram o questionário Função

Social da Escola na visão dos Estudantes em suas respectivas turmas. Os

terceiros anos foram excluídos, pois os mesmo já haviam sido inquiridos em

2007.

Desta pesquisa obteve-se um resultado semelhante ao

aplicado no ano anterior, confirmando a visão utilitarista dos alunos frente à

escola, pois eles não vêem a escola como um local de estudo e sim como uma

escada para galgar classes sociais.

TABELA 02

TABULAÇÃO JUNHO DE 2008 Função social da escola na visão dos estudantes do CEEM

série: somatório 1º ano

NUMERO DE ALUNOS QUE RESPONDERAM O FORMULÁRIO 170

1 2 3 4 5 6 7 respostas nulas

nº de repostas da questão

a) 0% 6% 18% 35% 21% 15% 0% 6% 100%

b) 56% 41% 3% 0% 0% 0% 0% 0% 100%

c) 3% 9% 65% 24% 0% 0% 0% 0% 100%

d) 0% 6% 0% 21% 68% 9% 3% 0% 100%

e) 29% 47% 15% 3% 0% 6% 0% 0% 100%

f) 3% 3% 0% 15% 3% 62% 15% 0% 100%

g) 0% 0% 3% 0% 3% 9% 18% 68% 100%

Perante os alunos dos primeiros anos do Ensino Médio a

resposta mais recorrente foi novamente a constatação de que os alunos

acreditam ser a escola um instrumento para “ser alguém na vida”, com 56%.

Como se pode observar a resposta (e) para estudar fica na segunda posição

com apenas 47%. Apesar dos quantitativos de prioridade ainda serem maiores

para a resposta “ser alguém na vida” observa-se que nesta intervenção, houve

um número de votos significativo fixando uma maior força a resposta na

segunda posição diminuindo a dispersão da questão e) o que refere-se a uma

maior significância (ANEXO).

TABELA 03

TABULAÇÃO JUNHO DE 2008 Função social da escola na visão dos estudantes do CEEM

série: somatório 2º ano

NUMERO DE ALUNOS QUE RESPONDERAM O FORMULÁRIO 152

1 2 3 4 5 6 7 respostas nulas

nº de repostas da questão

a) 0% 6% 13% 32% 25% 14% 2% 8% 100%

b) 55% 39% 4% 1% 1% 0% 0% 0% 100%

c) 3% 11% 66% 19% 0% 0% 0% 0% 100%

d) 0% 1% 1% 23% 59% 10% 3% 4% 100%

e) 34% 44% 13% 4% 1% 4% 0% 0% 100%

f) 2% 2% 2% 12% 6% 58% 14% 4% 100%

g) 0% 0% 3% 3% 3% 9% 17% 65% 100%

Da mesma maneira, nos segundos anos, os alunos acreditam

que a escola é apenas um meio para se tornar “alguém na vida” essa

alternativa tem 55% das opções enquanto a alternativa “estudar” tem apenas

44% dos votos como segunda opção da Função da escola. Confirma-se uma

grande intensidade da resposta no segundo grau de prioridade com uma

dispersão pequena dessa resposta com uma significância maior nos primeiros

graus de importância.

Os “padrinhos” de turma, após diálogos nos encontros do

Grupo de Estudo, apresentaram com uma postura única os resultados da

pesquisa e refletiram com os alunos acerca da real função da escola. Numa

tentativa de reforçar esta postura os “padrinhos” elaboraram questões para

discutir as posições firmadas nas questões.

Frente às posições coletadas pelos questionários de forma

direta e pelas posições apresentadas pelos colegas era planejado o próximo

encontro do Grupo de Apoio, escolhendo, por meio desse critério, novo texto

para estudo e discussão que ocorria simultaneamente à discussão nas salas

de aula com os alunos.

Após o término das aulas do Grupo de Estudo e das

intervenções em sala de aula, aplicou-se novamente o questionário para

avaliação do desenvolvimento dos alunos após todas as discussões realizadas.

TABELA 04

TABULAÇÃO NOVEMBRO 2008 Função social da escola na visão dos estudantes do CEEM

série: somatório 1º ano

NUMERO DE ALUNOS QUE RESPONDERAM O FORMULÁRIO 77

1 2 3 4 5 6 7 respostas nulas

nº de repostas da questão

a) 3% 5% 9% 14% 14% 13% 3% 39% 100%

b) 68% 21% 6% 1% 0% 0% 0% 4% 100%

c) 3% 13% 53% 14% 6% 1% 0% 9% 100%

d) 0% 0% 3% 21% 23% 16% 0% 38% 100%

e) 21% 56% 16% 4% 0% 0% 0% 4% 100%

f) 0% 1% 4% 18% 13% 12% 4% 48% 100%

g) 3% 1% 3% 0% 4% 3% 4% 83% 100%

Nota-se mais uma vez, que houve uma concentração dos

resultados nos itens b) e e). As prioridades ainda apresentam-se trocadas,

mesmo após a intervenção do grupo de professores, mas as concentrações

dos resultados aumentaram o que explica uma tendência de mudança de

mentalidade dos entrevistados (vide intensidade das curvas nos gráficos de

barras em ANEXO).

TABELA 05

TABULAÇÃO NOVEMBRO 2008 Função social da escola na visão dos estudantes do CEEM

série: somatório 2º ano

NUMERO DE ALUNOS QUE RESPONDERAM O FORMULÁRIO 133

1 2 3 4 5 6 7 respostas nulas

nº de repostas da questão

a) 5% 3% 11% 25% 11% 8% 2% 37% 100%

b) 55% 38% 3% 2% 0% 0% 0% 2% 100%

c) 3% 10% 59% 13% 6% 0% 0% 10% 100%

d) 1% 2% 2% 17% 23% 16% 1% 40% 100%

e) 37% 44% 10% 5% 4% 0% 0% 2% 100%

f) 0% 1% 5% 8% 11% 24% 10% 42% 100%

g) 0% 1% 4% 8% 5% 8% 12% 62% 100%

A segunda avaliação dos segundos anos não apresentou

mudança significativa nas respostas, ou seja, estes alunos ainda não

conseguiram absorver a importância real da escola, podendo-se constatar,

mais uma vez, que os alunos acreditam que a escola é capaz de contribuir para

uma vida melhor, sem que o estudo apareça de modo destacado (vide

intensidade das curvas nos gráficos de barras em ANEXO).

TABELA 05

TABULAÇÃO NOVEMBRO 2008 Função social da escola na visão dos estudantes do CEEM

série: somatório 3º ano

NUMERO DE ALUNOS QUE RESPONDERAM O FORMULÁRIO 88

1 2 3 4 5 6 7 respostas nulas

nº de repostas da questão

a) 1% 3% 8% 24% 10% 9% 1% 43% 100%

b) 50% 33% 8% 3% 1% 0% 0% 5% 100%

c) 2% 25% 57% 3% 1% 0% 0% 11% 100%

d) 0% 2% 6% 13% 16% 9% 1% 53% 100%

e) 49% 30% 9% 5% 2% 0% 0% 6% 100%

f) 1% 3% 1% 7% 13% 14% 1% 60% 100%

g) 6% 1% 1% 6% 5% 5% 2% 75% 100%

O gráfico do terceiro ano mostra exatamente as finalidades dos

alunos nesta etapa da vida estudantil.

Percebe-se que a necessidade de vir a escola para encontrar

os amigos, resposta c) do questionário apresenta uma incidência maior que

nas demais turmas. Isso acontece porque estes alunos estão deixando o

Ensino Médio e possivelmente não terão mais uma convivência intensa no

próximo ano. Esse fato cria uma dispersão de valores nas primeiras prioridades

do gráfico.

Outro fato que cria tendências diversas neste gráfico é o fato

de que muitos alunos prestarão vestibular ou começarão na vida profissional.

Com isso é possível justificar o primeiro grau de prioridade como “para ser

alguém na vida”.

É necessário observar que apesar de não possuir as maiores

pontuações a resposta e) (para estudar), divide a pontuação da primeira

posição com a resposta b), com apenas 1 voto de diferença para primeira

pontuação.

Deve-se observar também que essa turma não possui uma

posição formada para o segundo grau de prioridade. Neste grau as resposta b),

c) e e) apresentam pontuações equilibradas, não definindo com grande

significância essa prioridade.

Esta avaliação desta última tabela foi realizada com o mesmo

grupo de alunos da tabela 1.

Esse grupo de alunos não recebeu intervenções com

professores treinados. É possível observar que sem as intervenções a falta de

resolução das respostas continua, ou seja, sem a condução dos professores os

alunos se sentem perdidos ao justificar o porquê vão à escola. E acabam se

justificando levados pelo momento e a intensidade das atividades que estão

realizando.

Há que se atentar para o fato de que houve mudanças no

entendimento do que é “ser alguém na vida”. Percebeu-se variação quanto a

este entendimento quando comparados os dois instrumentos de coleta de

dados. Pode-se inferir, neste sentido, que mesmo considerando este quesito

como a principal motivação para freqüentar a escola, a mudança no significado

que foi detectada pode representar certo grau de influência da reflexão feita em

sala de aula com professores e alunos. Assim, embora se marque a mesma

alternativa em ambos os registros, o significado da primeira coleta é

quantitativamente diferente do da segunda em que pese tratar-se da mesma

alternativa assinalada.

Os resultados obtidos não expressam que foi atingido o

objetivo final da intervenção. Para completar esse trabalho, e finalmente

conseguir que os alunos em sua maioria reconheçam como a maior prioridade

da escola “estudar”, é necessário uma aplicação global e intensa de todos os

fundamentos propostos neste estudo.

Para completar esse trabalho a intervenção deve ser realizada

no prazo mínimo de 3 anos estando os resultados sujeitos a alterações quanto

ao grau de prioridade em ir para escola para simplesmente estudar.

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NUMERO DE ALUNOS QUE RESPONDERAM O FORMULÁRIO 137

1 2 3 4 5 6 7respostas nulas

nº de repostas da questão

a) porque sou obrigado/ meus pais exigem que eu venha

9 6 25 34 30 25 6 2 137

b) porque eu quero ser alguém na vida

82 45 5 5 0 0 0 0 137

c) porque encontro meus amigos 7 12 73 42 1 2 0 0 137

d) porque não tenho o que fazer neste horário

1 1 5 26 69 25 7 3 137

e) para estudar 31 59 34 5 5 3 0 0 137

f) para "ficar"/ namorar 1 2 6 20 23 64 13 8 137

g) por outra razão 0 0 6 5 6 9 25 86 137

I TABULAÇÃO 2008

Professora: Rosemari Oliveira Menck série: somatório 1º ano

NUMERO DE ALUNOS QUE RESPONDERAM O FORMULÁRIO 126

1 2 3 4 5 6 7respostas nulas

nº de repostas da questão

a) porque sou obrigado/ meus pais exigem que eu venha

4 11 13 31 35 20 4 8 126

b) porque eu quero ser alguém na vida

66 44 11 4 1 0 0 0 126

c) porque encontro meus amigos 6 15 80 18 6 0 0 1 126

d) porque não tenho o que fazer neste horário

0 1 5 33 54 22 2 9 126

e) para estudar 51 52 9 5 6 1 1 1 126

f) para "ficar"/ namorar 0 1 6 18 14 63 16 8 126

g) por outra razão 0 1 3 7 4 9 22 80 126

I TABULAÇÃO 2008

Professora: Rosemari Oliveira Menck série: somatório 2º ano

NUMERO DE ALUNOS QUE RESPONDERAM O FORMULÁRIO 263

1 2 3 4 5 6 7respostas nulas

nº de repostas da questão

a) porque sou obrigado/ meus pais exigem que eu venha

13 17 38 65 65 45 10 10 263

b) porque eu quero ser alguém na vida

148 89 16 9 1 0 0 0 263

c) porque encontro meus amigos 13 27 153 60 7 2 0 1 263

d) porque não tenho o que fazer neste horário

1 2 10 59 123 47 9 12 263

e) para estudar 82 111 43 10 11 4 1 1 263

f) para "ficar"/ namorar 1 3 12 38 37 127 29 16 263

g) por outra razão 0 1 9 12 10 18 47 166 263

I TABULAÇÃO 2008

Professora: Rosemari Oliveira Menck série: somatório total

ANEXO

Tabulação de Dados

Questão a 1 2 3 4 5 6 7respostas nulas

porque sou obrigado/ meus pais exigem que eu venha

5% 6% 14% 25% 25% 17% 4% 4%

Questão a

12

3

4 5

6

7respostas nulas

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

porque sou obrigado/ meus pais exigem que eu venha

Questão b 1 2 3 4 5 6 7respostas nulas

porque eu quero ser alguém na vida

56% 34% 6% 3% 0% 0% 0% 0%

Questão b

1

2

34

5 6 7respostas nulas0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

porque eu quero ser alguém na vida

Questão c 1 2 3 4 5 6 7respostas nulas

porque encontro meus amigos 5% 10% 58% 23% 3% 1% 0% 0%

Questão c

12

3

4

5 6 7respostas nulas0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

porque encontro meus amigos

Questão d 1 2 3 4 5 6 7respostas nulas

porque não tenho o que fazer neste horário

0% 1% 4% 22% 47% 18% 3% 5%

Questão d

1 23

4

5

6

7respostas nulas

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

porque não tenho o que fazer neste horário

Questão e 1 2 3 4 5 6 7respostas nulas

para estudar 31% 42% 16% 4% 4% 2% 0% 0%

Questão e

1

2

3

4 56 7respostas nulas

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

para estudar

Questão f 1 2 3 4 5 6 7respostas nulas

para "ficar"/ namorar 0% 1% 5% 14% 14% 48% 11% 6%

Questão f

1 23

4 5

6

7

respostas nulas

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

para "ficar"/ namorar

Questão g 1 2 3 4 5 6 7respostas nulas

por outra razão 0% 0% 3% 5% 4% 7% 18% 63%

Questão g

1 23 4 5

6

7

respostas nulas

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

por outra razão

Questionamentob) porque eu

quero ser alguém na vida

e) para estudarc) porque encontro

meus amigos

a) porque sou obrigado/ meus pais exigem que

eu venha

d) porque não tenho o que fazer neste horário

f) para "ficar"/ namorar

Por outra razão ou questões anuladas

Prioridade 1 2 3 4 5 6 7

maiores votações 56% 42% 58% 25% 47% 48% 81%

Maiores votações

e) para estuda

r

c) porqu

e encon

tro meus am

igos

a) porque sou obrigad

o/ m

eus pa

is

exigem que

eu venha

d) po

rque

não tenho o que

fazer neste

horário

f) para "ficar"/ namorar

b) porque eu qu

ero ser alguém

na vida

Por ou

tra razão ou questões an

ulad

as

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

maiores votações