a proteÇÃo previdenciÁria prevista no acordo …

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA VANIA MASSAMBANI A PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA PREVISTA NO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL PONTA GROSSA 2011

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Page 1: A PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA PREVISTA NO ACORDO …

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

VANIA MASSAMBANI

A PROTECcedilAtildeO PREVIDENCIAacuteRIA PREVISTA NO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

PONTA GROSSA 2011

VANIA MASSAMBANI

A PROTECcedilAtildeO PREVIDENCIAacuteRIA PREVISTA NO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

Dissertaccedilatildeo apresentada como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Mestre pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Sociais Aplicadas da

Universidade Estadual de Ponta Grossa Paranaacute Orientadora Prof

a Dra Lucia Cortes da Costa

PONTA GROSSA 2011

RESUMO

A pesquisa aborda a proteccedilatildeo previdenciaacuteria dos trabalhadores dos paiacuteses signataacuterios do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL este que foi assinado em 15 de dezembro de 1997 e entrou em vigor em 1ordm de junho de 2005 No Brasil o referido Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo nordm 451 de 14 de novembro de 2001 e promulgado pelo Decreto nordm 5722 de 13 de marccedilo de 2006 O acordo Multilateral de Seguridade Social (AMSS) coordena as distintas legislaccedilotildees nacionais que tratam sobre Seguridade Social sem criar um direito ou regra comum aos Estados Partes apenas cria um procedimento para reconhecimento do tempo de contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria no trabalho realizado em qualquer dos Estados Partes A pesquisa objetivou discutir a garantia do direito a benefiacutecios previdenciaacuterios aos trabalhadores que circulam com suas famiacutelias nos paiacuteses integrantes do MERCOSUL tem como objetivo tambeacutem analisar os avanccedilos na aacuterea da seguridade social no contexto da integraccedilatildeo regional sob o ponto de vista da proteccedilatildeo previdenciaacuteria discutir os avanccedilos e limites da proteccedilatildeo previdenciaacuteria prevista no Acordo Multilateral de Seguridade Social e apresentar as normas vigentes para o acesso aos benefiacutecios atraveacutes do Acordo A pesquisa eacute qualitativa e os dados foram coletados em bases documentais e atraveacutes de pesquisa bibliograacutefica organizada em 3 capiacutetulos discorrendo sobre a integraccedilatildeo regional e a construccedilatildeo do MERCOSUL os acordos internacionais de Seguridade Social os organismos internacionais de Seguridade Social assim como as normas operacionais do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL

Palavras-chave Seguridade Social Previdecircncia Social MERCOSUL Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL

ABSTRACT

This research addresses the social security protection for workers from countries signatory to the MERCOSUL Multilateral Agreement on Social Security which was signed on 15th December 1997 and entered into force on 1st June 2005 In Brazil the agreement was approved by Legislative Decree No 451 of 14th November 2001 and promulgated by Decree No 5722 of 13th March 2006 The Multilateral Agreement on Social Security (AMSS) coordinates the various national laws that deal with Social Security without creating a common law or rule for the member states apart from creating a procedure for recognition of pension contributions on time worked in any of the member states This research discusses the guarantee of the right to social security benefits to workers who move with their families within the MERCOSUL countries and it also aims to examine the advances in the field of social security in the context of regional integration from the point of view of social security protection to discuss the strengths and weaknesses of social security protection under the Multilateral Agreement on Social Security and to present the standards for access to benefits through the agreement The research is qualitative and the data was collected in databases and through bibliographical research The research is organized into three chapters which discuss regional integration and the establishment of MERCOSUL the international agreements regarding international Social Security the international organizations relating to Social Security as well as the operational standards of MERCOSULrsquos Multilateral Agreement on Social Security Keywords Social Security Workersrsquo Rights MERCOSUL MERCOSUL Multilateral Agreement on Social Security

LISTA DE SIGLAS

ALADI ALALC ALCA AISS BENELUX BID CAJAI CISS CCSCS CE CECA CEE CEEA CEPAL CES CMC DAT DCB DDB DER DIB DIC DID DII DIP EFTA EUA EURES FCES FSE FOCEM GATT GMC INTAL IPEA MERCOSUL NAFTA OAB OEA OISS OIT ONU Pacto do ABC PESC PIB PICE POP RGPS RPPS

Associaccedilatildeo Latino-Americana de Integraccedilatildeo Associaccedilatildeo Latino-Americana de Livre Comeacutercio Aacuterea de Livre Comeacutercio das Ameacutericas Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social Uniatildeo Econocircmica formada pela Beacutelgica Paiacuteses Baixos e Luxemburgo BID ndash Banco Interamericano de Desenvolvimento Cooperaccedilatildeo no Acircmbito da Justiccedila e dos Assuntos Internos Conferecircncia Interamericana de Seguridade Social Coordenadoria das Centrais Sindicais do Cone Sul Comunidade Europeacuteia Comunidade Europeacuteia do Carvatildeo e do Accedilo Comunidade Econocircmica Europeacuteia Comunidade Econocircmica de Energia Atocircmica Comissatildeo Econocircmica das Naccedilotildees Unidas para a Ameacuterica Latina e Caribe Comitecirc Econocircmico e Social Conselho do Mercado Comum Data do Afastamento do Trabalho Data da cessaccedilatildeo do benefiacutecio Data do Despacho do Benefiacutecio Data da Entrada do Requerimento Data do iniacutecio do benefiacutecio Data do iniacutecio das contribuiccedilotildees Data do iniacutecio da doenccedila Data do iniacutecio da incapacidade Data do iniacutecio do pagamento Associaccedilatildeo Europeacuteia de Livre Comeacutercio Estados Unidos da Ameacuterica Rede Europeacuteia de Serviccedilos Foro Consultivo Econocircmico e Social Fundo Social Europeu Fundo para a Convergecircncia Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul Acordo Geral de Tarifas e Comeacutercio Grupo Mercado Comum Instituto para a Integraccedilatildeo da Ameacuterica Latina Instituto de Pesquisas Econocircmicas Avanccediladas Mercado Comum do Sul Acordo Norte-Americano de Livre Comeacutercio Ordem dos Advogados do Brasil Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Pacto do Brasil Argentina e Chile Poliacutetica de Exterior e Seguranccedila Comum Produto Interno Bruto Programa de Integraccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo Econocircmica entre Brasil e Argentina Protocolo de Ouro Preto Regime Geral de Previdecircncia Social Regime Proacuteprio de Previdecircncia Social

SIACI SUSS SGT TAUE TCE TCEE TEC TJCE TUE UE ZLC

Sistema de Acordos Internacionais Sistema Uacutenico de Seguridade Social Subgrupo de Trabalho Tratado do Ato Uacutenico Europeu Tratado da Comunidade Europeia Tratado da Comunidade Econocircmica Europeia Tarifa Externa Comum Tribunal de Justiccedila das Comunidades Europeias Tratado da Uniatildeo Europeia Uniatildeo Europeia Zona de Livre Comeacutercio

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1 Demonstrativo das autorizaccedilotildees de trabalhos concedidas a pessoas dos Estados Partes do MERCOSUL 28

Tabela 2 Resumo da anaacutelise dos sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL 43

Tabela 3 ndash Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social 52

Quadro 1 Demonstrativo de algumas assimetrias no bloco 25

Quadro 2 Organismos de Ligaccedilatildeo no Brasil para acordos com outros paiacuteses 66

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO 1 13 1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES 13 11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO 13 12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL 16

121 Fases da Integraccedilatildeo 16 122 Antecedentes Histoacutericos 18 123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais 21 13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL 24

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas 26 132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL 32 CAPIacuteTULO 2 44 2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 44

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL 48 23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE

SOCIAL 51 24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 53 241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral 56

CAPIacuteTULO 3 60

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL NO MERCOSUL 60

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 62

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS 64

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 69

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade Social 74

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios 74 333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo 76

CONCLUSAtildeO 80

REFEREcircNCIAS 83

ANEXOS 93

Ao Emerson pelo incentivo ao estudo Aos professores Marco Antocircnio Ceacutesar Villatore e Lenir Mainardes da Silva pela colaboraccedilatildeo tatildeo valiosa na conclusatildeo deste trabalho

Agrave minha orientadora Lucia Cortes da Costa pela disposiccedilatildeo atenccedilatildeo e rigor no acompanhamento e construccedilatildeo do trabalho

Ao meu pai matildee irmatilde e irmatildeo que satildeo fontes de estiacutemulos para continuar sempre lutando

10

INTRODUCcedilAtildeO

Com o desenvolvimento da sociedade internacional e a intensificaccedilatildeo das

relaccedilotildees entre os Estados os Tratados e os Acordos se converteram na fonte

principal do Direito Internacional e assumem atualmente a funccedilatildeo similar agrave que eacute

exercida pela legislaccedilatildeo interna dos Estados pois regula as relaccedilotildees legais mais

diversas entre paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais nos campos mais variados das

relaccedilotildees humanas

O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo econocircmica e o surgimento de sistemas

regionais de integraccedilatildeo fizeram crescer de forma acentuada o fluxo migratoacuterio de

matildeo de obra para os mais diversos paiacuteses em busca de boas oportunidades

profissionais e de melhores condiccedilotildees de vida

O Brasil conta com uma grande quantidade de cidadatildeos que natildeo habitam e

natildeo exercem suas atividades laborais em seu territoacuterio nacional da mesma forma

que recebe muitos trabalhadores provenientes de outros paiacuteses

Todo este movimento traz como consequecircncia o fato de que muitos

migrantes ao contribuir para sistemas previdenciaacuterios de diversos paiacuteses

eventualmente natildeo completem os requisitos para conseguir sua aposentadoria ou

para obter outros benefiacutecios contando somente o tempo de contribuiccedilatildeo de um dos

paiacuteses nos quais trabalhou

Na esfera da seguridade social temos que destacar a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) sobre igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros a qual foi aprovada pelo Brasil em 24 de agosto de 1968

No artigo 7ordm da Convenccedilatildeo se estabelece que os paiacuteses signataacuterios teratildeo de se

esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento de direitos de

seguridade social Este sistema deve principalmente prever a totalizaccedilatildeo dos

periacuteodos de trabalho para a contabilizaccedilatildeo previdenciaacuteria de trabalho ou residecircncia

os de aquisiccedilatildeo manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de direitos bem como para o caacutelculo

das aposentadorias Desta forma eacute indispensaacutevel por em praacutetica poliacuteticas puacuteblicas

para a consecuccedilatildeo de tais direitos

No presente trabalho apresenta-se um estudo sobre o Acordo Multilateral de

Seguridade Social no MERCOSUL em virtude da perspectiva da livre circulaccedilatildeo de

trabalhadores no bloco atraveacutes do desenvolvimento de sua dimensatildeo social e a

11

internacionalizaccedilatildeo dos sistemas de previdecircncia social que passam a ter um papel

importante para viabilizaccedilatildeo de todo esse processo

Na pesquisa o objeto problematizado foi a proteccedilatildeo previdenciaacuteria prevista

no Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL qual a garantia em

relaccedilatildeo agrave manutenccedilatildeo da renda para os trabalhadores que durante sua vida de

trabalho vinculem-se a mais de um sistema previdenciaacuterio dentro do bloco regional

Para desenvolver a pesquisa a metodologia utilizada foi qualitativa

pesquisa documental bibliograacutefica e baseada em decisotildees judiciais

O texto foi dividido em trecircs capiacutetulos o primeiro aborda as informaccedilotildees

referentes agrave integraccedilatildeo regional e seus impasses como a construccedilatildeo do

MERCOSUL e assimetrias no bloco regional Retrata as dificuldades do processo de

integraccedilatildeo ocorrido entre os paiacuteses que hoje compotildeem o MERCOSUL

Neste capiacutetulo a investigaccedilatildeo parte da anaacutelise do Tratado de Assunccedilatildeo

documento marco na constituiccedilatildeo do MERCOSUL abordando as fases de

integraccedilatildeo econocircmica para o Mercado Comum do Sul quais sejam a zona de livre

comeacutercio uniatildeo aduaneira e mercado comum

O segundo capiacutetulo apresenta o processo de celebraccedilatildeo de acordos

internacionais que tratam de mateacuteria previdenciaacuteria como um fruto do fenocircmeno da

globalizaccedilatildeo e do aumento do fluxo migratoacuterio Os acordos internacionais satildeo

instrumentos que expressam a vontade dos Estados em texto escrito com o

objetivo de originar efeitos juriacutedicos na aacuterea internacional onde constam os direitos

e as obrigaccedilotildees reciacuteprocas

Diante disso foi assinado o Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL no dia 15 de dezembro de 1997 e que entrou em vigor em 2005 cujas

legislaccedilotildees no Brasil satildeo o Decreto Legislativo nordm 451 de 15 de novembro de 2001

e o regulamento Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo de 2006

A importacircncia social deste Acordo desponta a partir do momento que o

trabalhador dificilmente tem a possibilidade de optar por um tipo de viacutenculo de

trabalho em regra tendo apenas a preocupaccedilatildeo de obter e manter um emprego O

problema de como manter a renda do trabalhador na inatividade apresenta-se na

hora de se aposentar momento em que natildeo sabe como proceder e nem a quem

recorrer principalmente se transitou por paiacuteses com diferentes sistemas

previdenciaacuterios

12

A partir daiacute apresentamos os Acordos bilaterais de Previdecircncia Social

realizados pelo Brasil e especialmente o Acordo Multilateral de Seguridade Social

no MERCOSUL

Jaacute a partir do terceiro capiacutetulo passamos a analisar a aacuterea previdenciaacuteria

dentro dos objetivos inicialmente aspirados por Brasil Argentina Paraguai Uruguai

a partir das normas operacionais para eficaacutecia do Acordo Multilateral de Previdecircncia

Social Analisamos o Regulamento administrativo abordamos os oacutergatildeos de ligaccedilatildeo

e os processamentos de informaccedilotildees sobre os trabalhadores cobertos pelo Acordo

assim como a forma de solicitaccedilatildeo de benefiacutecios totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de tempo

de contribuiccedilatildeo e as normas operacionais voltadas agraves empresas e aos trabalhadores

no deslocamento temporaacuterio de trabalhadores nos paiacuteses pertencentes ao bloco

13

CAPIacuteTULO 1

1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES

11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO

O Mercado Comum do Sul MERCOSUL desenvolveu-se por fases de

integraccedilatildeo e atualmente eacute uma Uniatildeo Aduaneira e seu objetivo eacute evoluir agrave condiccedilatildeo

de Mercado Comum Muito embora o Tratado de Assunccedilatildeo seja um acordo

internacional de cunho marcadamente econocircmico sua assinatura significou um

projeto estrateacutegico regional em que os alicerces que enquadram as relaccedilotildees entre

os Estados Partes representa acima de tudo um acordo poliacutetico

O MERCOSUL pode ser considerado um fator de estabilidade na regiatildeo

pois gera uma trama de interesses e relaccedilotildees que torna mais profundas as ligaccedilotildees

entre os paiacuteses tanto econocircmicas quanto poliacuteticas

Os responsaacuteveis poliacuteticos as burocracias estatais os trabalhadores e os

empresaacuterios tecircm no MERCOSUL um acircmbito de discussatildeo de muacuteltiplas e complexas

facetas em que podem ser abordados assuntos de interesse comum1

De acordo com More a regionalizaccedilatildeo pode ser compreendida como segue

Regionalizaccedilatildeo pode ser definida numa oacutetica econocircmica como o conjunto de medidas tomadas pelo Estado para aumentar ou diminuir os obstaacuteculos agraves trocas aos investimentos aos fluxos de capitais e aos movimentos de fatores entre os grupos de paiacuteses envolvidos Numa perspectiva juriacutedica eacute o fenocircmeno resultante da composiccedilatildeo dos interesses econocircmicos atraveacutes de acordos internacionais que visam delimitar e fixar positivamente os objetivos e os meios de realizaccedilatildeo destes interesses

2

Para Praxedes e Piletti3 regionalizaccedilatildeo e globalizaccedilatildeo satildeo dois processos

simultacircneos que estatildeo ocorrendo no mundo atual Enquanto a globalizaccedilatildeo consiste

no processo de dissoluccedilatildeo das fronteiras entre os paiacuteses para facilitar a atuaccedilatildeo

1 Sobre o MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwmercosurorguygt Acesso em 10032010

2 MORE Rodrigo Fernandes Fundamentos das Operaccedilotildees de Paz das Naccedilotildees Unidas e a

Questatildeo de Timor Leste Dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo de tiacutetulo de mestre em direito na Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo Biblioteca da Faculdade de Direito da USP 2002

3 PRAXEDES Walter PILETTI Nelson O Mercosul e a Sociedade Global 8 ed Satildeo Paulo

Aacutetica 1997 p 58

14

das empresas transnacionais a regionalizaccedilatildeo consiste na formaccedilatildeo de blocos

regionais para defender as empresas jaacute instaladas na regiatildeo contra a concorrecircncia

de empresas de outras regiotildees ou paiacuteses

Apesar de estes dois movimentos interagirem natildeo deixam de ser

contraditoacuterios jaacute que a globalizaccedilatildeo aposta na livre circulaccedilatildeo em niacutevel mundial

enquanto a regionalizaccedilatildeo une paiacuteses para fortalecer geralmente com praacuteticas

protecionistas quando se trata de comeacutercio exterior4

De acordo com Kol5 citado por More

6 observamos que existem pelo menos

trecircs modalidades de regionalismo em relaccedilatildeo ao desenvolvimento do comeacutercio

mundial formaccedilatildeo de blocos regionalismo e polarizaccedilatildeo

A formaccedilatildeo de blocos refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo do comeacutercio

internacional entre paiacuteses membros de um acordo formal de livre comeacutercio ou outro

acordo formal de integraccedilatildeo econocircmica O Regionalismo que expressa vontade

poliacutetica dos Estados refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo de comeacutercio

internacional entre paiacuteses que satildeo parte de um grupo de Estados com

predominacircncia do elemento de proximidade geograacutefica

Nesta perspectiva a regionalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno natural diretamente

ligado ao fator proximidade geograacutefica tal como ocorre entre zonas fronteiriccedilas E

finalmente a polarizaccedilatildeo apresenta-se como um caso especial de regionalismo

entre paiacuteses em diferentes estaacutegios de desenvolvimento Eacute uma relativa

concentraccedilatildeo de comeacutercio internacional de um grupo de estados em

desenvolvimento com um grupo de Estados industrializados em proximidade

geograacutefica

Percebe-se desta classificaccedilatildeo de Kol que o termo regionalizaccedilatildeo eacute distinto

do termo regionalismo Para a proposta de Kol o fenocircmeno de regionalizaccedilatildeo

explica movimentos naturais da economia que ao longo do tempo foram a proacutepria

razatildeo do aprofundamento e alargamento dos processos de integraccedilatildeo pelos de

4 PEREIRA Joseacute Adriano Mercosul em Movimento II In Liberalismo econocircmico e processo de

integraccedilatildeo na Ameacuterica Latina Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 p 100 5 Estudioso da Integraccedilatildeo Econocircmica Internacional na Universidade Erasmus de Rotterdan

6 KOL Jacob Regionalization Polarization and Blocformation in the World Economy Revista

Integraccedilatildeo e especializaccedilatildeo Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Coimbra 1996 p 17 apud MORE Rodrigo Fernandes Integraccedilatildeo econocircmica Internacional Jus Navigandi Teresina ano 6 n 59 outubro 2002 Disponiacutevel em lthttpjusuolcombrrevistatexto3307integracao-economica-internacionalgt Acesso em 24102010

15

acordos formais seja para formaccedilatildeo de aacutereas de livre comeacutercio bilaterais ou de

proacutepria formaccedilatildeo de blocos econocircmicos

No mesmo sentido Ana Maria Stuart entende regionalismo como construccedilatildeo

de uma nova dimensatildeo poliacutetica econocircmica e social na qual se processa a

transformaccedilatildeo do Estado-naccedilatildeo em especial de seus atributos de autonomia e

soberania e regionalizaccedilatildeo eacute a integraccedilatildeo com base crescente de interdependecircncia

econocircmica e na resoluccedilatildeo dos problemas colocados pelos mercados7

Soares aponta que a constituiccedilatildeo de um mercado comum afina as relaccedilotildees

comerciais poliacuteticas cientiacuteficas acadecircmicas culturais e tem como dentre outras

as seguintes vantagens

- maior variedade de bens finais agrave disposiccedilatildeo dos consumidores o que representa um incremento em seu bem estar maior concorrecircncia que implica entre outras coisas maior qualidade dos bens e serviccedilos oferecidos menores preccedilos e uma atribuiccedilatildeo de recursos mais eficiente uma importante economia de recursos que inicialmente se destinam agraves reparticcedilotildees aduaneiras - melhor atribuiccedilatildeo de recursos - reduccedilatildeo dos custos de transporte e comunicaccedilatildeo pela integraccedilatildeo fiacutesica dos Estados Partes que contempla o MERCOSUL

8

Ocorre que o processo de integraccedilatildeo natildeo pode se resumir a uma integraccedilatildeo

com conotaccedilatildeo apenas econocircmica pois para dar certo a economia haacute

envolvimento de trabalhadores e portanto o processo de integraccedilatildeo deve viabilizar

uma integraccedilatildeo em todos os seus aspectos econocircmico poliacutetico e tambeacutem e tatildeo

importante o aspecto social Neste sentido ainda comenta Soares9 que a

participaccedilatildeo dos Estados eacute decisiva para a integraccedilatildeo dos blocos econocircmicos

visando ao processo poliacutetico para a criaccedilatildeo do mercado dentro de paracircmetros

democraacuteticos

As relaccedilotildees poliacuteticas internacionais e a formaccedilatildeo dos blocos econocircmicos

vecircm a ser uma estrateacutegia organizada pelos Estados O MERCOSUL constitui-se

7 STUART Ana Maria A construccedilatildeo de um novo regionalismo In MENDES Jussara Maria Rosa

et al (Orgs) Mercosul em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 107

8 SOARES Maacuterio Luacutecio Quintatildeo MERCOSUL direitos humanos globalizaccedilatildeo e soberania Belo

Horizonte Del Rey 1997 p 86 9 Ibid

16

como um bloco intergovernamental que resulta de decisatildeo poliacutetica dos governos

dos Estados Partes na busca pela integraccedilatildeo regional10

Estudando a formaccedilatildeo e o desenvolvimento do MERCOSUL observamos

que para que uma integraccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria vontade poliacutetica nas questotildees de

desenvolvimento social promoccedilatildeo de intercacircmbio cultural e laboral preocupaccedilatildeo

quanto agraves questotildees de direitos humanos seguridade social entre outras

12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL

121 Fases da Integraccedilatildeo

No dia 30 de novembro de 1985 Argentina e Brasil inauguram um novo

esquema de integraccedilatildeo mediante a Declaraccedilatildeo de Iguaccedilu com a qual inicia uma

comissatildeo mista de alto niacutevel integrada por representantes dos governos e

instituiccedilotildees empresariais cujos trabalhos deram lugar agrave assinatura da Ata para

integraccedilatildeo argentino-brasileira de 29 de julho de 1986 A Ata estabeleceu um

programa de Integraccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo econocircmica entre as duas repuacuteblicas

Segundo Jaeger Junior11

ldquonascia nesse momento o embriatildeo do bloco regional do

Cone Sulrdquo

Em 1988 eacute assinado o Tratado de Integraccedilatildeo Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento entre Brasil e Argentina que se deve ao fato de buscar um espaccedilo

econocircmico comum a ser concretizado na eliminaccedilatildeo de todas as restriccedilotildees tarifaacuterias

e natildeo-tarifaacuterias ao comeacutercio de bens e serviccedilos A inflaccedilatildeo que accediloitou ambos os

paiacuteses em 1989 e 1990 e o fracasso de seus respectivos planos econocircmicos

austral e cruzado desembocaram para que uma vez mais as poliacuteticas comerciais

voltassem a ser restritivas estancando-se os avanccedilos da integraccedilatildeo regional12

10

COSTA Lucia Cortes da Poliacuteticas sociais no MERCOSUL desafios para uma integraccedilatildeo regional com reduccedilatildeo das desigualdades sociais In COSTA Lucia Cortes da (Org) Estado e democracia Pluralidade de questotildees Ponta Grossa Ed UEPG 2008 p 139

11 JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 1999 Disponiacutevel em ltwwwbuscalegisufscbrmercosul20e20a20livrelaccedilatildeogt Acesso em 20092010 p 30

12 KUME Honoacuterio PIANI Guida Mercosul o dilema entre uniatildeo aduaneira e aacuterea de livre-comeacutercio

Revista Economia Poliacutetica Satildeo Paulo v 25 n 4 OctDec 2005

17

Com as mudanccedilas de governo que se produziram e novos enfoques poliacutetico-

econocircmicos com objetivos similares entre os que cabiam a desregulaccedilatildeo e abertura

de suas economias o processo se revitalizou assinando-se a ata de Buenos Aires

em julho de 1990 que decide estabelecer um mercado comum entre os dois paiacuteses

Outro passo a mais foi a assinatura do Acordo de Complementaccedilatildeo

Econocircmica nuacutemero 14 que reuacutene num uacutenico corpo todos os acordos vigentes antes

celebrados entre os Brasil e Argentina adota o programa de rebaixas alfandegaacuterias

gerais lineares e automaacuteticas previsto e adota uma seacuterie de outras medidas

complementares recolhidas depois no Tratado de Assunccedilatildeo do qual o acordo

Argentina-Brasil eacute claro procedente imediato13

O Tratado de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 aproveita todos os

embasamentos estabelecidos no Acordo Argentina ndash Brasil somando-se aos

propoacutesitos de estabelecer um Mercado Comum do Sul Paraguai e Uruguai em

igualdade de direitos e de obrigaccedilotildees A integraccedilatildeo regional apresenta-se sob

diferentes fases como a zona de livre comeacutercio uniatildeo aduaneira mercado comum

uniatildeo econocircmica e monetaacuteria e integraccedilatildeo econocircmica total

Inicialmente no processo de integraccedilatildeo haacute a fase de Zona de Livre

Comeacutercio De acordo com Jaeger Junior14

a ldquozona de livre comeacutercio eacute a eliminaccedilatildeo

atraveacutes de um acordo dos obstaacuteculos tarifaacuterios e natildeo-tarifaacuterios agraves exportaccedilotildees e

importaccedilotildees comerciais dos produtos originaacuterios dos estados-membros integrantes

desta livre zonardquo Conforme o artigo 1ordm do Tratado de Assunccedilatildeo (1991) ldquoA livre

circulaccedilatildeo de bens serviccedilos e fatores produtivos entre os paiacuteses atraveacutes entre

outros da eliminaccedilatildeo dos direitos alfandegaacuterios e restriccedilotildees natildeo-tarifaacuterias agrave

circulaccedilatildeo de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalenterdquo

Em seguida haacute a fase da Uniatildeo Aduaneira em que os Estados Partes ao

reconhecerem as assimetrias entre as economias nacionais adotam uma tarifa

externa comum (TEC) em que ocorre a aboliccedilatildeo das tarifas alfandegaacuterias nas

relaccedilotildees comerciais no interior do bloco econocircmico que eacute aplicada aos paiacuteses fora

da uniatildeo15

13

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwreceitafazendagovbrlegislacaoacordosinternacionaisAcordosComplEconomicaDe

faulthtmgt Acesso em 10022011 14

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 38 15

Ibid

18

A fase posterior se daacute pela caracterizaccedilatildeo de Mercado Comum que aleacutem

da liberalizaccedilatildeo comercial estabelece a circulaccedilatildeo de pessoas serviccedilos e capitais

com liberdade fundamental sem barreiras para entrada ou saiacuteda dos cidadatildeos dos

Estados Partes Conforme Jaeger Junior16

eacute necessaacuteria nesta fase agrave adoccedilatildeo de

procedimentos quanto agrave

[] harmonizaccedilatildeo das questotildees trabalhistas e previdenciaacuterias incluindo a assistecircncia social Para os Estados Partes recebedores desse contingente de pessoas seratildeo necessaacuterias as garantias de manutenccedilatildeo da ordem da sauacutede e da seguranccedila puacuteblica

Essas liberdades eacute que permitiratildeo a consolidaccedilatildeo da integraccedilatildeo plena entre

os parceiros estatais envolvidos Neste mesmo contexto Costa17

afirma que eacute

preciso que se estabeleccedilam a harmonizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em diferentes aacutereas

entre as quais a legislaccedilatildeo trabalhista e a regulamentaccedilatildeo profissional e criar

mecanismos efetivos de aplicaccedilatildeo de direitos sociais os direitos trabalhistas e

previdenciaacuterios e tambeacutem a equivalecircncia nos diferentes niacuteveis de ensino como um

caraacuteter mais homogecircneo de serviccedilos educacionais

Ainda existe a fase da Uniatildeo Econocircmica e Monetaacuteria que ocorre quando o

mercado comum eacute combinado com a adoccedilatildeo de poliacutetica monetaacuteria e moeda uacutenica

Esta fase eacute caracterizada pela supressatildeo de restriccedilotildees sobre movimentos de

mercadorias combinada com a harmonizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas nacionais

tornando-as o mais semelhante possiacutevel18

Por fim a fase de Integraccedilatildeo Econocircmica

Total momento em que se passa a adotar uma poliacutetica monetaacuteria fiscal e social

para a unificaccedilatildeo de poliacuteticas de seguranccedila interior e exterior sendo a fase mais

profunda da integraccedilatildeo19

122 Antecedentes Histoacutericos

Apesar de jovem o MERCOSUL eacute o resultado de um processo lento de

16

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 357 17

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 33

18 JAEGER JUNIOR Op cit p 39

19 GOIN Marileacuteia O processo contraditoacuterio da educaccedilatildeo no contexto do MERCOSUL uma

anaacutelise a partir dos Planos Educacionais 2008 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Serviccedilo Social) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 45

19

amadurecimento histoacuterico que ao longo do tempo levou seus Estados Partes a

substituir o conceito de conflito pelo ideal de integraccedilatildeo20

Tal integraccedilatildeo

internacional de cunho significativamente econocircmico significou tambeacutem a coroaccedilatildeo

de um projeto estrateacutegico regional de natureza poliacutetica

Na deacutecada de 1980 o avanccedilo das ideias liberais a democratizaccedilatildeo dos

governos de vaacuterios paiacuteses por sendas constitucionais e o progressivo

desaparecimento dos governos militares geraram modificaccedilotildees importantes na

economia perderam terreno as poliacuteticas de auto-abastecimento e aumento do

comeacutercio sub-regional e introduziu-se em seu lugar a ideia de complementaccedilatildeo e

globalizaccedilatildeo das mesmas para otimizar a eficiecircncia no uso dos fatores e competir

melhor no comeacutercio mundial

Com a globalizaccedilatildeo e as expectativas no enfrentamento da nova realidade

econocircmica mundializada o Brasil a Argentina o Paraguai e o Uruguai

estabeleceram um pacto de se constituiacuterem em um bloco econocircmico regional

integrado por Estados da Ameacuterica do Sul formando o MERCOSUL

O MERCOSUL tem como fonte inspiradora algumas normas de instituiccedilatildeo

do Tratado de Montevideacuteu de 1960 criador da ALALC21

do Tratado de ROMA22

do

Tratado de Montevideacuteu de 1980 criador da ALADI23

e da Convenccedilatildeo do

BENELUX24

No Brasil a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 4ordm paraacutegrafo uacutenico

ao relacionar os princiacutepios que devem nortear as relaccedilotildees internacionais deixa clara

a intenccedilatildeo de buscar fortalecer a integraccedilatildeo dos povos na Ameacuterica Latina com o

intuito de formar uma comunidade latino-americana de naccedilotildees No entanto deixou

omisso qual o modelo de integraccedilatildeo a ser adotado ficando assim como uma mera

aspiraccedilatildeo poliacutetica do paiacutes em formar uma comunidade regional

20

Fonte extraiacuteda do site lthttpwwwclassificadosmercosulcombrmercosul_infomercosul01htmgt Acesso em 29022011

21 A Associaccedilatildeo Latino Americana de Livre Comeacutercio (ALALC) foi criada em fevereiro de 1960 e seu

Tratado encontra-se subscrito por Brasil Argentina Chile Uruguai Meacutexico Paraguai e Peru e posteriormente por Colocircmbia Equador e Venezuela tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

22 O Tratado de Roma assinado em 25 de marccedilo de 1957 influenciou na forma e nos propoacutesitos

estabelecidos na formaccedilatildeo do MERCOSUL 23

A Associaccedilatildeo Latino-Americana de Integraccedilatildeo (ALADI) foi constituiacuteda em substituiccedilatildeo agrave ALALC subscrita pelos paiacuteses membros dessa integraccedilatildeo em 12 de agosto de 1980 tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

24 A Convenccedilatildeo do BENELUX foi firmada em Londres em 5 de setembro de 1944 e ampliada pelo

Protocolo da Haia de 14 de marccedilo de 1947 entre os Estados da Beacutelgica Luxemburgo e os Paiacuteses Baixos os quais pretendiam atingir a etapa de uma integraccedilatildeo de uniatildeo econocircmica

20

A efetivaccedilatildeo do MERCOSUL se deu pela assinatura do Tratado de

Assunccedilatildeo em 26 de marccedilo de 1991 pelas Repuacuteblicas da Argentina do Brasil do

Paraguai e do Uruguai constituindo-se em uma estrateacutegia defensiva da Ameacuterica

Latina frente aos paiacuteses desenvolvidos objetivando o fortalecimento de sua

economia como mecanismo de defesa frente ao projeto da ALCA25

dando a estes

paiacuteses um melhor posicionamento no cenaacuterio mundial

Pelo consenso entre os Estados Partes o MERCOSUL busca adesatildeo de

novos membros com o objetivo de fortalecer o processo de integraccedilatildeo regional e

intensificar as relaccedilotildees com os paiacuteses membros da ALADI Associaccedilatildeo Latino-

Americana de Integraccedilatildeo Os Estados associados do MERCOSUL tecircm como

paiacuteses participantes a Boliacutevia o Chile o Peru a Colocircmbia e o Equador

Boliacutevia Equador Colocircmbia e Peru integram a Comunidade Andina (CAN)

bloco com que o MERCOSUL tambeacutem firmaraacute um acordo comercial26

O status de

membro associado se estabelece por acordos bilaterais denominados Acordos de

Complementacatildeo Econocircmica firmados entre o MERCOSUL e cada paiacutes associado

Em processo de inclusatildeo como membro efetivo do bloco estaacute a Venezuela mas

para que um paiacutes integre o bloco como membro efetivo eacute necessaacuterio que todos os

Estados Partes ratifiquem de maneira unacircnime a entrada deste no bloco

A Venezuela ratificou o protocolo de entrada em 4 de julho de 2006 Em

2005 na XXIX Conferecircncia do MERCOSUL em Montevideacuteu outorgou-se em status

de Estado membro em processo de adesatildeo que na praacutetica significa que tinha voz

mas natildeo voto27

Para a efetivaccedilatildeo da Venezuela no Bloco soacute falta a aprovaccedilatildeo do

Paraguai pois o Brasil a Argentina e o Uruguai jaacute aprovaram o protocolo de

adesatildeo28

25

ALCA ndash Aacuterea de Livre Comeacutercio das Ameacutericas As origens da ALCA remontam ao ano de 1990 quando o entatildeo presidente George Bush lanccedila a ldquoIniciativa para as Ameacutericasrdquo uma proposta de liberalizaccedilatildeo do comeacutercio hemisfeacuterico e de eliminaccedilatildeo das restriccedilotildees para os investimentos das mega-empresas norte-americanas que criaria um espaccedilo privilegiado de ampliaccedilatildeo das fronteiras econocircmicas dos Estados Unidos A ALCA eacute tambeacutem uma iniciativa que procura consolidar uma zona monetaacuteria para o doacutelar e contrabalanccedilar o impacto da formaccedilatildeo de outros grandes blocos regionais na Europa e na Aacutesia

26 Fonte extraiacuteda do site lthttpestudeonlinenetrevisao_detalheaspxcod=461gt Acesso em

29032011 27

Ibid 28

Conforme Folha Online (2009) o Paraguai natildeo aprovou a entrada da Venezuela por analisar que o Presidente Hugo Chaacutevez coloca em risco a democracia do bloco que se constitui como princiacutepio inerente para o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional conforme Protocolo de Ushuaia de julho de 1998 Disponiacutevel em lthttpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u666908shtmlgt Acesso em 20092010

21

Entretanto isto eacute uma questatildeo de tempo porque trecircs paiacuteses jaacute aceitaram

123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais

O MERCOSUL objetiva a integraccedilatildeo dos paiacuteses no sentido da expansatildeo do

mercado interno da ampliaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo da circulaccedilatildeo de riquezas

Com isso pretende o transbordamento das perspectivas de crescimento que deve

ocorrer em harmonia por meio das competiccedilotildees empresariais elevando o niacutevel de

emprego propiciando a melhoria das condiccedilotildees de vida e o desenvolvimento social

dos povos29

Em 1991 o Tratado de Assunccedilatildeo estabeleceu apenas uma estrutura

institucional provisoacuteria que natildeo conferia personalidade juriacutedica ao MERCOSUL uma

vez que seus oacutergatildeos eram totalmente dependentes dos Estados Partes Assim em

decorrecircncia das intensas negociaccedilotildees os Estado Partes decidiram a partir da

entrada em vigor do Protocolo de Ouro Preto assinado em dezembro de 1994

atribuir ao MERCOSUL personalidade juriacutedica de Direito Puacuteblico Internacional

conforme o previsto nos artigos 34 e 35 do referido protocolo30

Portanto o MERCOSUL dispotildee de personalidade juriacutedica de Direito

Internacional desde a assinatura do Protocolo de Ouro Preto (artigo 34) A

titularidade da personalidade juriacutedica do MERCOSUL eacute exercida pelo Conselho do

Mercado Comum (artigo 8ordm III) O Grupo Mercado Comum pode negociar por

delegaccedilatildeo expressa do Conselho do Mercado Comum acordos em nome do

MERCOSUL com paiacuteses terceiros grupos de paiacuteses e organismos internacionais

(artigo 14 VII)

Suas principais fontes juriacutedicas satildeo o Tratado de Assunccedilatildeo e instrumentos

adicionais ou complementares as Decisotildees do Conselho do Mercado Comum as

Resoluccedilotildees do Grupo Mercado Comum e as Diretrizes da Comissatildeo de Comeacutercio31

29

MAGALHAES Maria Luacutecia Cardoso de A harmonizaccedilatildeo dos Direitos Sociais e o MERCOSUL Belo Horizonte Editora Revista dos Tribunais 2000 p 59

30 Art 34 do Protocolo de Ouro Preto ldquoO Mercosul teraacute personalidade juriacutedica internacionalrdquo Art 35

ldquoO Mercosul poderaacute no uso de suas atribuiccedilotildees praticar todos os atos necessaacuterios agrave realizaccedilatildeo de seus objetivos em especial contratar adquirir ou alienar bens moacuteveis e imoacuteveis comparecer em juiacutezo conservar fundos e fazer transferecircnciasrdquo

31 Fonte extraiacuteda da Secretaria de Estado da Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do Mercosul ndash

SEIM Disponiacutevel em lthttpwwwseimprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=32gt Acesso em

10072010

22

O Protocolo de Ouro Preto definiu a estrutura do MERCOSUL da seguinte

forma

a) Conselho do Mercado Comum (CMC) eacute o oacutergatildeo maacuteximo do

MERCOSUL ao qual cabe a conduccedilatildeo poliacutetica do processo de

integraccedilatildeo e pela tomada de decisotildees para garantir o cumprimento dos

objetivos e prazos estabelecidos pelo ldquoTratado de Assunccedilatildeordquo O CMC eacute

formado pelos Ministros das Relaccedilotildees Exteriores e da Economia dos

paiacuteses membros

b) Grupo Mercado Comum (GMC) eacute o oacutergatildeo executivo do MERCOSUL

coordenado pelos Ministeacuterios de Relaccedilotildees Exteriores de cada paiacutes eacute o

principal oacutergatildeo de implementaccedilatildeo dos objetivos do MERCOSUL e de

supervisatildeo de seu funcionamento examinando as questotildees em niacutevel

mais profundo que o Conselho O Grupo Mercado Comum eacute

assessorado em suas atividades por Subgrupos de Trabalho Reuniotildees

Especializadas e Grupos ldquoAd Hocrdquo cada um desses foros auxiliares trata

de temas especiacuteficos

Subgrupos de Trabalho (SGT) SGT 01 - Comunicaccedilotildees SGT 02 -

Aspectos Institucionais SGT 03 - Regulamentos Teacutecnicos SGT 04 -

Assuntos Financeiros SGT 05 - Transportes SGT 06 - Meio Ambiente

SGT 07 - Induacutestria SGT 08 - Agricultura SGT 09 - Energia e Mineraccedilatildeo

SGT 10 - Assuntos Trabalhistas Emprego e Seguridade Social SGT 11

- Sauacutede SGT 12 - Investimentos SGT 13 - Comeacutercio Eletrocircnico SGT 14

- Acompanhamento da Conjuntura Econocircmica e Comercial

Reuniotildees Especializadas Ciecircncia e Tecnologia Cooperativas Turismo

Mulher promoccedilatildeo Comercial Municiacutepios e Prefeituras Infraestrutura da

Integraccedilatildeo e Drogas Prevenccedilatildeo e Reabilitaccedilatildeo de Dependentes

Grupos ldquoAd-Hocrdquo Accediluacutecar Relaccedilotildees Externas Compras Governamentais

e Concessotildees Integraccedilatildeo Fronteiriccedila Comitecirc de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica

Grupo de Serviccedilos Comissatildeo Soacutecio-laboral (Secretaria de Estado da

Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do MERCOSUL ndash SEIM)

c) Comissatildeo de Comeacutercio do MERCOSUL (CCM) eacute o oacutergatildeo encarregado

de assistir ao Grupo Mercado Comum na aplicaccedilatildeo dos instrumentos de

23

poliacutetica comercial comum para o funcionamento da uniatildeo alfandegaacuteria

(CEFIR 2010)32

d) Comissatildeo de Representantes Permanentes do MERCOSUL (CRPM)

que reuacutene as reapresentaccedilotildees diplomaacuteticas dos Estados membros

(CEFIR 2010)33

e) Parlamento do MERCOSUL eacute o que representa a legitimidade e

democracia em termos de representaccedilatildeo poliacutetica do processo o

Parlamento eacute o lugar ideal para o debate para a expressatildeo das

diferentes visotildees para a enunciaccedilatildeo da opiniatildeo da maioria mas tambeacutem

para a possibilidade de expressatildeo das minorias (CEFIR 2010)34

f) Foro Consultivo Econocircmico Social (FCES) eacute o oacutergatildeo de representaccedilatildeo

dos setores econocircmicos e sociais composto por representantes dos

setores empresariais sindicatos e entidades da sociedade civil Tem

funccedilatildeo consultiva elevando recomendaccedilotildees ao GMC

g) Secretaria Administrativa do MERCOSUL eacute o oacutergatildeo de assessoria e

apoio teacutecnico operativo aos outros oacutergatildeos do MERCOSUL Tem sua

sede permanente na cidade de Montevideacuteu

Os oacutergatildeos institucionais do MERCOSUL35

satildeo de natureza

intergovernamental cujas decisotildees tomadas estatildeo vinculadas a procedimentos

internos de cada Estado Parte do bloco portanto satildeo decisotildees tomadas por

governos nacionais que estatildeo sujeitos ao controle dos seus respectivos

parlamentos36

32

Fonte Curso ldquoTodos Somos MERCOSURrdquo ndash CEFIR ndash Plataforma de Integraccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpneccintwordpresscomdireito-internacionalarena-de-ideiasmercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulgt Acesso em 02012011

33 Ibid

34 Ibid

35 No Anexo 2 seraacute apresentado um organograma da estrutura Institucional do MERCOSUL

36 KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees

constitucionais 2000 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwbuscalegisufscbrarquivosMercosul20e20supranacionalidade20-202000pdfgt Acesso em 20092010 p 30

24

13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL

As assimetrias satildeo um dos principais

obstaacuteculos para o avanccedilo do processo de integraccedilatildeo

do MERCOSUL Os paiacuteses menos desenvolvidos

tendem a ter menor capacidade para se apropriar dos

benefiacutecios do processo de integraccedilatildeo Sobre as

assimetrias no bloco regional Costa37 aponta ldquoa

diversidade culturalrdquo entre os membros do

MERCOSUL de acordo com

[] o niacutevel de desenvolvimento da economia o tamanho da populaccedilatildeo a diversidade interna o grau de desigualdade entre os diferentes segmentos sociais o poder poliacutetico entre as classes sociais e entre os diferentes Estados que compotildeem o bloco

As assimetrias socioeconocircmicas em que se encontravam os paiacuteses apoacutes a

assinatura do Tratado de Assunccedilatildeo dificultaram a coordenaccedilatildeo das poliacuteticas

macroeconocircmicas que aliadas agrave vulnerabilidade externa das economias

oriundas das estrateacutegias neoliberais de financiamento privatizaccedilotildees e

abertura brusca de seus mercados ocasionaram aos Estados novamente um

endividamento externo devido agrave reprimarizaccedilatildeo das exportaccedilotildees38 Afirma

Vasconcelos39 que a falta de prioridade da integraccedilatildeo na formulaccedilatildeo das

poliacuteticas internacionais acabou gerando insatisfaccedilatildeo por parte dos soacutecios

menores a exemplo da ameaccedila do Uruguai em deixar o bloco eou realizar

um acordo bilateral com os EUA

37

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 30-31

38 VASCONCELOS Pedro Paulo Lima Indicadores soacutecio-econocircmicos do MERCOSUL um estudo

sob a Eacutegide da Economia Poliacutetica Internacional In SIMPOacuteSIO EM RELACcedilOtildeES INTERNACIONAIS DO PROGRAMA SAN TIAGO DANTAS I nov 2007 p 10 (UNESP UNICAMP e PUC-SP)

39 Ibid

25

Quadro 1 - Demonstrativo de algumas assimetrias no bloco

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwbrasilescolacomgt Dados referentes ao ano de 2010

40

Tambeacutem o IPEA41

vem estudando as assimetrias no bloco apresentando

dados estatiacutesticos e aspectos importantes relativos agraves desigualdades entre paiacuteses

integrantes do bloco De acordo com os dados do IPEA42

e reforccedilando a Figura 1

apresentada observa-se o desniacutevel existente entre o Brasil e os demais paiacuteses do

bloco em termos populacionais e econocircmicos

Com uma populaccedilatildeo que representa quase 80 daquela do MERCOSUL e um PIB superior a 75 do PIB do conjunto de paiacuteses do bloco o Brasil desponta agrave primeira vista como o gigante liacuteder do processo de integraccedilatildeo com indicadores que destoam de forma significativa do restante do bloco

Neste contexto e reconhecendo as assimetrias existentes foi criado em

2004 o Fundo de Convergecircncia Estrutural do MERCOSUL (FOCEM)43

pela decisatildeo

CMC nordm 4504 e nordm1805 e regulamentado pela decisatildeo nordm 2405 visando agrave reduccedilatildeo

das diferenccedilas entre os Estados Partes e com o seguinte objetivo

40

Fonte de pesquisa MERCOSUL e paiacuteses integrantes Disponiacutevel em lthttpwwwbrasilescolacomgeografiamercosul-paises-integranteshtmgt Acesso em 18102010

41 IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de

Integraccedilatildeo no MERCOSUL (Ver MELLO e SOUZA Andreacute de OLIVEIRA Ivan Tiago Machado GONCcedilALVES Samo Seacutergio IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de Integraccedilatildeo no MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrsites0002publicacoestdstd_1477pdfgt Acesso em 18102010)

42 Ibid

43 O FOCEM eacute um fundo para investimento conjunto dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL que

visa agrave diminuiccedilatildeo das assimetrias entre os Estados-Partes por meio de financiamento de projetos (MERCOSULCMCDEC nordm 2405)

BRASIL ARGENTINA PARAGUAI URUGUAI

EXTENSAtildeO TERRITORIAL

8514876 kmsup2 2766889 kmsup2 406752 kmsup2 177414 kmsup2

POPULACcedilAtildeO (habitantes)

193205783 40276376 6348917 3360854

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

16 trilhotildees de doacutelares

328 bilhotildees de doacutelares

16 bilhotildees de doacutelares

322 bilhotildees de doacutelares

PIB PER CAPTA 6060 doacutelares 6040 doacutelares 1710 doacutelares 6620 doacutelares

26

Financiar programas para promover a convergecircncia estrutural desenvolver a competitividade promover a coesatildeo social em particular das economias menores e regiotildees menos desenvolvidas e apoiar o funcionamento da estrutura institucional e o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo (MERCOSULCMCDEC Nordm 2405)

Nesse sentido entra em discussatildeo a possibilidade de estender a proteccedilatildeo

social para aleacutem dos limites do Estado nacional de acordo com o FOCEM

O Fundo derivou-se da premissa de que o Mercosul deve ser uma via para o desenvolvimento econocircmico e social de seus ldquoEstados-Partesrdquo Complementarmente tem-se por princiacutepio que a solidariedade internacional impulsiona a integraccedilatildeo regional favorecendo a formaccedilatildeo do mercado comum e que condiccedilotildees econocircmicas assimeacutetricas impedem o pleno aproveitamento das oportunidades geradas pela ampliaccedilatildeo dos mercados

44

Cria-se a partir de entatildeo o objetivo de promover a convergecircncia estrutural

dos Estados-Partes do MERCOSUL e principalmente o desenvolvimento da

competitividade econocircmica dos Estados-Partes com o favorecimento da coesatildeo

social no MERCOSUL aleacutem do fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional e

da estrutura institucional do bloco

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas

As experiecircncias de integraccedilatildeo por um imperativo da realidade tendem a

provocar muacuteltiplos efeitos entre os quais as consequecircncias sociais ocupam um

lugar preeminente Algumas dessas consequecircncias especialmente as mais

demoradas tendem a ser positivas expondo-se como resultados beneacuteficos das

transformaccedilotildees macroeconocircmicas o melhoramento das condiccedilotildees da economia de

cada um dos paiacuteses e maior defesa da produccedilatildeo integrada no mercado

internacional

Em funccedilatildeo disso uma vez consolidados os lucros econocircmicos o

desenvolvimento e o crescimento produtivo gerando um maior nuacutemero de empregos

a tendecircncia eacute a melhora dos salaacuterios e das condiccedilotildees de trabalho fortalecendo os

44

Manual para apresentaccedilatildeo de Estudos de Viabilidade Socioeconocircmica com vistas agrave apresentaccedilatildeo para a obtenccedilatildeo de recursos do Fundo de Convergecircncia Estrutural e Fortalecimento Institucional do MERCOSUL (FOCEM) Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos Disponiacutevel em lthttpwwwplanejamentogovbrsecretariasuploadArquivosspiprogramas_projetofocemFocem_Manual_02pdfgt Acesso em 20092010

27

atores sociais consolidando-se as relaccedilotildees trabalhistas como efeitos

transcendentes do processo de integraccedilatildeo

Acordos de livre circulaccedilatildeo beneficiam tanto os trabalhadores que buscam

novas oportunidades de emprego quanto as empresas que exploram novos

negoacutecios

Em 2009 foi promulgado o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos

Estados Partes do MERCOSUL45

assim como o Acordo sobre Residecircncia

MERCOSUL46

Boliacutevia e Chile Ambos permitem a solicitaccedilatildeo de residecircncia com

procedimentos simplificados e isenccedilatildeo de pagamento de multas e quaisquer outras

sanccedilotildees independentemente de estarem em situaccedilatildeo migratoacuteria regular ou

irregular47

Os estrangeiros no Brasil beneficiados com os Acordos ou os nacionais

nesses paiacuteses possuem igualdade de direitos civis no paiacutes de recepccedilatildeo Deveres e

responsabilidades trabalhistas e previdenciaacuterias satildeo tambeacutem resguardadas aleacutem do

direito de transferir recursos direito de nome registro e nacionalidade aos filhos de

imigrantes48

O visto MERCOSUL tem por objetivo facilitar a circulaccedilatildeo

temporaacuteria de pessoas fiacutesicas prestadoras de serviccedilos no territoacuterio do Bloco

viabilizando a ampliaccedilatildeo dos negoacutecios e do comeacutercio de serviccedilos A iniciativa

beneficia gerentes e diretores executivos administradores diretores ou

representantes legais cientistas pesquisadores professores artistas desportistas

jornalistas teacutecnicos qualificados ou especialistas e profissionais de niacutevel superior49

A aquisiccedilatildeo de residecircncia temporaacuteria assegura os direitos de entrar sair

circular e permanecer livremente no territoacuterio do paiacutes de recepccedilatildeo bem como o

direito de exercer qualquer atividade profissional nas mesmas condiccedilotildees

estabelecidas para os nacionais do paiacutes de recepccedilatildeo Os acordos de aquisiccedilatildeo de

residecircncia regulamentados pelos Decretos nordm 6964 e nordm 6975 ambos de 2009

estabelecem ainda a igualdade de direitos civis e de reuniatildeo familiar o tratamento

45

Decreto nordm 6964 de 29 de setembro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos Estados-Partes do MERCOSUL

46 Decreto nordm 6975 de 7 de outubro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais

dos Estados-Partes do Mercado Comum do Sul MERCOSUL Boliacutevia e Chile 47

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt Acesso em 02032010 48

Ibid 49

Informaccedilatildeo constante do livro BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Brasiacutelia MRE 2007

28

igualitaacuterio em mateacuteria trabalhista e os direitos de transferecircncia de remessas

pecuniaacuterias e de acesso agrave educaccedilatildeo puacuteblica

Neste sentido o Ministeacuterio do Trabalho e Emprego apresenta anualmente

desde 2006 no site oficial do oacutergatildeo as autorizaccedilotildees de trabalho concedidas para

pessoas signataacuterias dos Estados Partes do MERCOSUL conforme se a Tabela 1

Tabela 1 Demonstrativo das autorizaccedilotildees de trabalhos concedidas a pessoas dos Estados Partes do MERCOSUL

2006 2007 2008 2009 2010

ARGENTINA 661 653 671 571 482

URUGUAI 120 35 52 50 51

PARAGUAI 35 32 39 47 23

CHILE 202 243 327 347 241

BOLIVIA 74 103 170 118 67

VENEZUELA 259 299 360 374 433

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmtegovcomgt

50

Situaccedilatildeo em 30 de setembro de 2010

A Tabela 1 apresenta autorizaccedilotildees por parte do Ministeacuterio do Trabalho e

Emprego aos trabalhadores oriundos do MERCOSUL e paiacuteses associados

Observa-se que de maneira geral houve oscilaccedilatildeo das autorizaccedilotildees dos

paiacuteses integrantes do bloco de 2006 a 2010 Evidencia-se que a quebra de

barreiras aduaneiras demonstra avanccedilo econocircmico mas natildeo garante

proteccedilatildeo social de forma imediata Eacute preciso coordenar accedilotildees nas aacutereas

trabalhista e previdenciaacuteria para favorecer e dar seguranccedila aos trabalhadores

que circulam dentro do bloco

Diante disso observa-se que o progresso social natildeo constitui uma

consequecircncia automaacutetica da integraccedilatildeo econocircmica existem fatores como as

crises econocircmico-financeiras nos Estados Partes condicionadas por

problemas de distintas naturezas pagamento da diacutevida externa taxas altas

de inflaccedilatildeo elevaccedilatildeo de taxas de juros corrupccedilatildeo institucionalizada abalos nas

50

Site do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego Coordenaccedilatildeo Geral de Imigraccedilatildeo Disponiacutevel em ltwwwmtegovbrgt Acesso em 20112010

29

Bolsas valorizaccedilatildeo cambial baixo crescimento econocircmico os quais geraram

impactos poliacuteticos e sociais negativos que se manifestam mais imediatamente no

plano do emprego e da previdecircncia social51

Se os anos 1980 foram chamados de ldquodeacutecada perdidardquo os anos 1990

tambeacutem natildeo foram muito promissores e o iniacutecio do seacuteculo XXI manteacutem a sina

negativa52 Neste sentido inclusive segundo Simionato53 o avanccedilo natildeo foi

observado em termos de justiccedila social

[] com o Tratado de Ouro Preto assinado 1994 efetiva-se a regulamentaccedilatildeo juriacutedica da integraccedilatildeo regional proporcionando o avanccedilo das poliacuteticas comerciais aduaneiras e agriacutecolas natildeo se observando o mesmo em relaccedilatildeo agrave perspectiva de ldquojusticcedila socialrdquo e agrave dimensatildeo democraacutetica do processo

Sobre essa questatildeo Costa54 menciona que no MERCOSUL ldquoo que se

internacionaliza eacute a economia e natildeo a proteccedilatildeo socialrdquo diante disso a autora aponta

que ldquoproteccedilatildeo ao trabalho compotildee os custos da atividade econocircmica e que o tema

laboral natildeo pode ser ignoradordquo Apesar dessa afirmaccedilatildeo pode-se inferir que a

regionalizaccedilatildeo acarreta convergecircncia nos sistemas previdenciaacuterios Na organizaccedilatildeo

econocircmica um dos primeiros custos a serem atacados satildeo os trabalhistas por sua

incidecircncia no preccedilo final dos produtos ou serviccedilos Isso gera diferenccedilas das

condiccedilotildees de trabalho e dos salaacuterios em termos comparativos Vale frisar que os

custos previdenciaacuterios fazem parte dos custos trabalhistas em questatildeo

Trata-se de um ciacuterculo vicioso jaacute que ao diminuir a contribuiccedilatildeo por efeito

da reduccedilatildeo da populaccedilatildeo ocupada e do eventual descenso dos niacuteveis salariais (que

conformam a base da contribuiccedilatildeo) tende a crescer o desfinanciamento dos

sistemas de previdecircncia social

Eacute inevitaacutevel que toda integraccedilatildeo regional deva enfrentar a dimensatildeo social

tanto para administrar ordenar e redistribuir no longo prazo os benefiacutecios e

vantagens econocircmicas que se procura obter com tal processo como tambeacutem para

dar respostas imediatas e amortecer os efeitos negativos que se geram a partir da

51

WANDERLEY Luiz Eduardo W A construccedilatildeo de um MERCOSUL Social Revista Ponto-e-Viacutergula Satildeo Paulo PUC SP v 1 p90-104 2007 p94

52 Ibid

53 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis v0 n 5 2001 p1 54

COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais UEPG 18 e 19 de junho de 2009 p 2

30

transformaccedilatildeo das estruturas econocircmicas e da abertura ao comeacutercio internacional

dos paiacuteses que conformam um bloco

Diniz aponta a mundializaccedilatildeo da oferta de trabalho como um dos efeitos da

globalizaccedilatildeo O indiviacuteduo poderaacute ser facilmente transferido de um paiacutes para outro

orientado pela oferta de emprego Como fenocircmenos decorrentes dessa globalizaccedilatildeo

da matildeo de obra aparecem a constituiccedilatildeo de um exeacutercito de reserva com grandes

contingentes de trabalhadores transnacionais o aumento da rotatividade da matildeo de

obra nos empregos e nas regiotildees o alto nuacutemero de migraccedilotildees internas dentro

destes blocos a existecircncia de um proletariado altamente qualificado o crescimento

do desemprego e do subemprego em virtude da automaccedilatildeo acarretando aumento

da economia informal55

Natildeo se pode deixar de mencionar quando se fala em circulaccedilatildeo de pessoas

principalmente trabalhadores o fato de o MERCOSUL natildeo ter sufragado plenamente

ainda os estaacutegios anteriores de Zona de Livre Comeacutercio e Uniatildeo Aduaneira

pressupostos do estaacutegio de Mercado Comum quando entatildeo ao menos em tese

estaria consagrada a liberdade de circulaccedilatildeo de trabalhadores Eacute notoacuterio que a

questatildeo social natildeo eacute a prioritaacuteria quando se pensa em integraccedilatildeo econocircmica mas

ela surge agrave medida que haacute uma evoluccedilatildeo natural para os estaacutegios que pressupotildeem

maior grau de integraccedilatildeo56

Segundo Chiarelli a livre circulaccedilatildeo de trabalhadores eacute condiccedilatildeo para a

formaccedilatildeo de um Mercado Comum que soacute estaraacute perfeito ao garantir a livre

circulaccedilatildeo da forccedila de trabalho respaldada por normas juriacutedicas que balizem as

relaccedilotildees econocircmicas e sociais O trabalhador de cada um dos paiacuteses do

MERCOSUL deveraacute com o tempo assumir o papel de trabalhador comunitaacuterio com

a consolidaccedilatildeo da faculdade de deslocamento nos paiacuteses do bloco em busca de

ocupaccedilatildeo57

Eacute fato e haacute que se admitir que mesmo a passos lentos o MERCOSUL

desenvolveu ao longo dos anos mecanismos em prol da livre circulaccedilatildeo de

55

DINIZ Cleacutelio Campolina In SEMINAacuteRIO INTERNACIONAL GLOBALIZACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL CENAacuteRIOS PARA O SEacuteC XXI Painel Recife SUDENE 1997 p 64-65

56 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute PUC-PR Curitiba 2005 p206

57 CHIARELLI Matto Tota CHIARELLI Carlos Alberto Gomes (Coord) Temas de integraccedilatildeo com

enfoque no Mercosul v 1 Satildeo Paulo LTR 1997 p 149

31

trabalhadores Neste sentido Jaeger Junior58

anotou que ldquoo MERCOSUL jaacute esteve

diante de vaacuterias propostas com vistas ao incremento do processo de

estabelecimento de uma livre circulaccedilatildeo de trabalhadoresrdquo

No acircmbito do MERCOSUL para efetivar as poliacuteticas de mercado de trabalho

eacute necessaacuterio que se estabeleccedila um padratildeo para a qualificaccedilatildeo da forccedila de trabalho

sistemas de intermediaccedilatildeo de matildeo de obra aleacutem de apoio agraves pequenas empresas

que incentive medidas voltadas para a elevaccedilatildeo do niacutevel de investimento

econocircmico59

O Conselho do Mercado Comum CMC atraveacutes da DECCMCMERCOSUL

nordm 46 de 16 de dezembro de 2004 criou o Grupo de Alto Niacutevel para elaborar uma

Estrateacutegia MERCOSUL de Crescimento do Emprego O Grupo eacute integrado pelos

ministeacuterios responsaacuteveis pelas poliacuteticas econocircmicas industriais laborais e sociais

dos Estados Partes e tambeacutem com a participaccedilatildeo das organizaccedilotildees econocircmicas e

sociais que integram as seccedilotildees nacionais do Foro Consultivo Econocircmico e Social e

da Comissatildeo Sociolaboral do MERCOSUL

Tendo em vista a circulaccedilatildeo de pessoas especialmente trabalhadores no

interior do bloco a Previdecircncia Social vem recebendo atenccedilatildeo especial dos Estados

Partes O reconhecimento da importacircncia do tema tem sido acompanhado por accedilotildees

efetivas que garantem benefiacutecios sociais e melhores condiccedilotildees de vida aos

trabalhadores e trabalhadoras da regiatildeo O Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL em vigor desde 2005 jaacute permitiu que oito mil brasileiros60

que

mantiveram empregos em qualquer um dos quatro paiacuteses do Bloco ao longo da

vida se aposentassem e recebessem os benefiacutecios devidos

O Acordo permite que o tempo de contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria de quem tenha

trabalhado em mais de um paiacutes do MERCOSUL seja somado para fins de

aposentadoria Atualmente cerca de 700 mil brasileiros61

residem nos Estados-

Partes e poderatildeo se beneficiar do acordo

58

JAEGER JUNIOR A Temas de Direito da Integraccedilatildeo e ComunitaacuterioSatildeo Paulo LTr 2002 p 59

59 COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO

DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais Op cit p 28 60

BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Op cit p 104

61 Ibid

32

O ecircxito alcanccedilado com o Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL

estimulou a assinatura de Acordos Multilaterais Similares como por exemplo o

Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social62

firmado em 2007 quando ratificado

pelos parlamentos nacionais ele beneficiaraacute cerca de cinco milhotildees de

trabalhadores imigrantes da Argentina da Boliacutevia do Brasil do Chile da Colocircmbia

da Costa Rica de Cuba do Equador de El Salvador da Guatemala de Honduras

do Meacutexico da Nicaraacutegua do Panamaacute do Paraguai do Peru da Repuacuteblica

Dominicana do Uruguai da Venezuela de Portugal da Espanha e do Principado de

Andorra

O processo de globalizaccedilatildeo da economia fez crescer o movimento migratoacuterio

de trabalhadores e consequentemente trouxe reflexos na organizaccedilatildeo dos sistemas

previdenciaacuterios Indiviacuteduos que tecircm cobertura pelo sistema de previdecircncia social do

paiacutes de origem em que desenvolvem suas atividades e que faccedilam um movimento

migratoacuterio para outro paiacutes estaratildeo sujeitas agrave legislaccedilatildeo previdenciaacuteria do paiacutes de

destino onde estiverem exercendo nova atividade

132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL

O direito agrave seguridade social no Paraguai estaacute previsto no artigo 95 da

Constituiccedilatildeo com as informaccedilotildees

De la seguridad social El sistema obligatorio e integral de seguridad social para el trabajador dependiente y su familia seraacute establecido por la ley Se promoveraacute su extensioacuten a todos los sectores de la poblacioacuten ndash Los servicios del sistema de seguridad social podraacuten ser puacuteblicos privados o mixtos y en todos los casos es taraacuten supervisados por el Estado ndash Los recursos financieros de los seguros so ciales no seraacuten desviados de sus fines especiacuteficos estaraacuten disponibles para este objetivo sin perjuicio de las inversiones lucrativas que puedan acrecentar su patrimonio

63

No Paraguai natildeo existe um uacutenico sistema de seguridade social sendo

diversos sistemas administrados por intermeacutedio de ldquoCaixasrdquo de previdecircncia 62

Faremos um breve estudo sobre o acordo Ibero-Americano de Seguridade Social no item 22 do segundo capiacutetulo deste trabalho

63 Traduccedilatildeo livre A Seguridade Social O sistema obrigatoacuterio e integral de seguridade social dos

trabalhadores e de sua famiacutelia seraacute estabelecido por lei Iraacute promover a sua extensatildeo a todos os setores da populaccedilatildeo - Os serviccedilos do sistema de seguridade social pode ser puacuteblico privado ou misto em cada caso eacute supervisionado pelo Estado - Os recursos financeiros do seguro social natildeo seratildeo desviados de seus objetivos especiacuteficos e estaratildeo disponiacuteveis para esse efeito natildeo obstante os investimentos lucrativos que podem aumentar seu patrimocircnio

33

As instituiccedilotildees e normas de previdecircncia social estatildeo vinculadas aos

trabalhadores empregados ou seja aquelas que estatildeo vinculados ao

empregador Neste sentido Cristaldo64 declara que

Se entiende que la expresioacuten ldquoseguridad socialrdquo en El artiacuteculo 382 de coacutedigo Laboral estaacute utilizada en un sentido restringido limitada exclusivamente a la proteccioacuten del trabajador en relacioacuten de dependecircncia y sus derecho-habientes contra los riesgos de caraacuteter general y especialmente los derivados del trabajo mediante un sistema de seguros sociales De ahiacute lo adecuado en vez de ldquoseguridad socialrdquo hubiera sido utilizar en El Coacutedigo Laboral paraguaio la expressioacuten maacutes exacta y precisa de ldquoprevision socialrdquo para denominar El Libro IV de esse cuerpo legal

65

O Paraguai tem um sistema de previdecircncia social fragmentado com vaacuterias

instituiccedilotildees independentes que administram os fundos de pensatildeo O sistema eacute

organizado em oito instituiccedilotildees que natildeo tecircm viacutenculos entre si nem satildeo

supervisionadas por uma entidade superior do governo66

Natildeo foi encontrada na pesquisa realizada nenhuma informaccedilatildeo legislaccedilatildeo

ou referecircncia a reformas do sistema previdenciaacuterio paraguaio como os demais

Estados Partes entretanto eacute o uacutenico dos paiacuteses do MERCOSUL a organizar um

regime de previdecircncia privada complementar de aposentadorias parecido no seu

aspecto de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria ao Regime Geral de Previdecircncia Social

brasileiro de caraacuteter nacional obrigatoacuterio e legal67

O Instituto de Previdecircncia Social (IPS) principal oacutergatildeo previdenciaacuterio foi

criado em 1943 abrangendo atualmente duas aacutereas a) aposentadorias e pensotildees

b) sauacutede da populaccedilatildeo68

64

CRISTALDO M Jorge Dario La Seguridad Social y la Previsioacuten Social em el Paraguay In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 129

65 Traduccedilatildeo livre Entende-se que a expressatildeo seguridade social prevista no artigo 382 do coacutedigo

de trabalho eacute usado em sentido restrito limitado exclusivamente agrave proteccedilatildeo dos trabalhadores com relaccedilatildeo de emprego que tenham riscos ambientais de caraacuteter geral e especialmente do trabalho atraveacutes de um sistema de seguro social Desta forma o mais adequado em vez de seguridade social deveria ser utilizada no coacutedigo de trabalho paraguaio a expressatildeo mais exata e precisa de previdecircncia social no Livro IV do corpo legal

66 GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al

(Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 188

67 OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes

do MERCOSUL 2008 Tese (Doutorado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 145

68 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas n 3 p 128-137 juldez 2003

34

O sistema utilizado no Paraguai eacute um sistema de reparticcedilatildeo simples que eacute

regido pelo formato contributivo sendo pago pelo trabalhador e pelo empregador O

Paraguai eacute o paiacutes com menor cobertura previdenciaacuteria da Ameacuterica do Sul com uma

taxa que chega a apenas 25 de seus trabalhadores sendo inferior inclusive agrave

cobertura previdenciaacuteria da Boliacutevia A contribuiccedilatildeo para o sistema eacute muito baixa

apenas os que tecircm salaacuterios meacutedios ou altos eacute que contribuem e os trabalhadores

em atividades rurais natildeo estatildeo assegurados pela previdecircncia social tendo em vista

que natildeo haacute nenhuma forma de contribuiccedilatildeo69

Os benefiacutecios concedidos aos segurados satildeo auxiacutelio doenccedila benefiacutecio

pago ao trabalhador quando de sua incapacidade derivada de acidentes e doenccedilas

comuns e derivada de acidentes e doenccedilas do trabalho salaacuterio maternidade

aposentadoria por invalidez decorrente de acidente e doenccedilas do trabalho

aposentadoria por idade e pensatildeo por morte

No Uruguai o Banco da Previdecircncia Social foi criado em 1954 atendendo

grande parte da populaccedilatildeo exceto algumas caixas de aposentadorias e pensotildees

como a dos Estados dos militares dos professores universitaacuterios dos bancaacuterios e

dos policiais70

O sistema de Previdecircncia Social uruguaio apoacutes a reforma previdenciaacuteria

regido pela Lei nordm 16713 publicada em 3 de setembro de 1995 e conforme

estabelece o caput do artigo 4ordm da referida legislaccedilatildeo eacute misto compreendendo o

regime contributivo de reparticcedilatildeo administrado pelo Banco de Previdecircncia Social e

o regime de capitalizaccedilatildeo individual administrado por empresas privadas de forma

combinada71

A reforma em 1995 foi uma das mais importantes mudanccedilas da Seguridade

Social na histoacuteria do Uruguai e acontece em consonacircncia com o restante dos

paiacuteses da Ameacuterica Latina A reforma implicou num aumento das condiccedilotildees e das

exigecircncias ao acesso das prestaccedilotildees uma diminuiccedilatildeo discriminada nas mesmas e

69

GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 191

70 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

71 Ibid

35

criou um regime de arrecadaccedilatildeo individual administrado pelo setor privado e pelas

administradoras de fundos de arrecadaccedilatildeo previsional (AFAPs no Uruguai)72

Alejandro Castelo73

afirma

El sistema combina un componente puacuteblico basado en el reacutegimen de reparto denominado de solidariedad intergeneracional con un componente

privado organizado bajo el reacutegimen de capitalizacioacuten individual74

E ainda

El sistema combina varios pilares Um primer pilar que recoge las caracteriacutesticas del modelo puacuteblico de reparto y luego un segundo pilar de tipo privado basado em el ahorro individual cuyo objetivo es complementar las prestaciones provenientes del primer pilar La inclusioacuten en los distintos niveles de cobertura estaacute determinada por el niacutevel de ingresos del afiliado o maacutes precisamente por el monto de asignaciones computables que percibe el afiliado

75

No mesmo sentido para Murro76

tal sistema estaacute apoiado em trecircs pilares

quais sejam

1) Solidariedade intergeracional - Eacute administrado diretamente pelo Estado pelo BPS que continua sendo o organismo arrecadador Este niacutevel estabelece benefiacutecios definidos e os trabalhadores com suas contribuiccedilotildees financiam as aposentadorias dos inativos junto com as contribuiccedilotildees patronais com os tributos destinados ao sistema e a assistecircncia financeira estatal Ampara um amplo setor da populaccedilatildeo estimado entre 87 e 92 ateacute determinado niacutevel de renda 842 doacutelares Esse primeiro niacutevel eacute complementado por um modelo instrumental com objetivo redistributivo dirigido para os setores da sociedade de menor renda natildeo integrados a setores estruturados do mercado de trabalho Este complemento se consegue por meio de um modelo puacuteblico seletivo constituiacutedo pelos benefiacutecios assistenciais natildeo contributivos de idade avanccedilada e invalidez

72

MARCONDES Claudia Gamberine Sistemas Previdenciaacuterios Sulamericanos Brasil Uruguai

e Chile 2007 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Faculdade de Direito da Universidade Metodista de Piracicaba ndash UNIMEP Piracicaba 2007 p 83

73 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

74 Traduccedilatildeo livre O sistema combina um componente puacuteblico baseado em reparticcedilatildeo simples

denominado solidariedade intergeracional com um componente privado organizado sob um sistema de capitalizaccedilatildeo individual

75 Traduccedilatildeo livre O sistema combina vaacuterios pilares Um primeiro pilar o que daacute o desempenho do

modelo puacuteblico pago e depois um segundo pilar privado tipo de poupanccedila individual destina-se a complementar os benefiacutecios do primeiro pilar Em diferentes niacuteveis de inclusatildeo de cobertura eacute determinada pelo niacutevel de renda da filial ou mais precisamente o montante das verbas recebidas pelo membro computaacutevel

76 Ernesto Murro eacute atualmente presidente do Instituto de Seguridade Social do Uruguai

36

2) De poupanccedila individual obrigatoacuteria - Eacute administrado pelas Administradoras de Fundos de Aposentadoria (AFAP) que satildeo entidades privadas Haacute uma AFAP que eacute uma sociedade anocircnima de propriedade do Estado (BPS Banco Repuacuteblica e Banco de Seguros do Estado) as outras 5 satildeo de propriedade privada Inclui os que percebem rendas superiores aos equivalentes 842 doacutelares e ateacute 2563 doacutelares Tambeacutem se permite a pessoas com menos de 40 anos com rendas inferiores a 842 doacutelares a possibilidade de optarem pelo 2o niacutevel com 50 de sua renda obtendo-se assim um incentivo de 50 no caacutelculo de seu salaacuterio base no 1o niacutevel

3) De poupanccedila voluntaacuteria - Compreende aquelas pessoas que tenham rendas superiores a 2563 doacutelares na parte que exceda esse valor No que se refere agrave parcela superior a este niacutevel de renda se tem a liberdade de contribuir ou natildeo para o sistema [] Abrange obrigatoriamente todos os segurados que estejam com menos de 40 anos de idade agrave data de vigecircncia da lei (1496) e todas as pessoas que ingressaram no mercado de trabalho qualquer que seja a sua idade posteriormente a esta data Foram estabelecidas regras de transiccedilatildeo para os trabalhadores com mais de 40 anos de idade na data de entrada em vigor da lei que natildeo tinham direito agrave aposentadoria em 311296 Este regime vigora entre 1ordm de janeiro de 1997 e 1ordm de janeiro de 2003 e estabelece uma progressividade de idade no caso da mulher e nos tempo de serviccedilo []

77

O trabalhador alcanccedila sua carecircncia consoante uma tabela que levaraacute em

conta os anos de contribuiccedilatildeo e a idade do trabalhador78

A aposentadoria tornou-

se proporcional ao nuacutemero de anos trabalhados e agrave idade do trabalhador entretanto

todos os habitantes do Uruguai independentemente de sua renda ter-lhes-atildeo

assegurada essa aposentadoria

De acordo com a legislaccedilatildeo e o sistema de Previdecircncia Social ou

Seguridade Social como eacute denominado o sistema no Uruguai a avaliaccedilatildeo dos

efeitos econocircmicos da reforma da Previdecircncia Social no Uruguai parte do conceito

de equidade atuarial79

Calcula-se um iacutendice de rendimento no qual o valor dos

benefiacutecios seja equivalente e atualizado as contribuiccedilotildees efetivamente pagas um

iacutendice de atualizaccedilatildeo Os benefiacutecios concedidos satildeo aposentadoria por tempo de

serviccedilo aposentadoria por idade aposentadoria por invalidez auxiacutelio doenccedila e

pensatildeo por morte

77

MURRO Ernesto As Tendecircncias na Ameacuterica Latina e a Reforma Uruguaia da Previdecircncia Social 2001 Disponiacutevel em ltwwwredsegsocorguygt Acesso em 10112010 p 5

78 Ibid

79 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis Op cit p 40

37

Na Argentina a reforma previdenciaacuteria ocorreu na deacutecada de 90

alterando a concepccedilatildeo de Direito Constitucional para a mercantilizaccedilatildeo do

seguro social como estrateacutegia para fomentar o mercado de capitais80

A legislaccedilatildeo base sobre o Sistema Integrado de Aposentadoria e Pensotildees da Argentina eacute a Lei nordm 24241 de 13 de outubro de 1993 que cobre as aposentadorias por velhice invalidez e morte integrando-se ao Sistema

Uacutenico de Seguridade Social (SUSS) conforme seu artigo 1ordm ldquocaputrdquo81

O Sistema tambeacutem eacute considerado misto e possui um regime puacuteblico

fundamentado sobre a concessatildeo pelo Estado de benefiacutecios financiados por um

sistema de reparticcedilatildeo e um regime previdenciaacuterio baseado na capitalizaccedilatildeo

individual Este sistema natildeo beneficia apenas o governo mas e

principalmente os grupos econocircmicos e as corporaccedilotildees transnacionais pois

contribui para criar um importante mercado de capitais financiado pelos

trabalhadores82

Uma Comissatildeo especial para a reforma do Regime da Previdecircncia no acircmbito da Secretaria de Seguridade Social foi criada com o Decreto no 1934 de 30 de setembro de 2002 tendo por objetivos conforme seu artigo 1ordm a) elaborar linhas para uma reforma do Sistema Integrado de Aposentadorias e Pensotildees para que o mesmo cumpra com a finalidade de cobertura para velhice invalidez e tempo de serviccedilo b) a busca de consensos sobre as bases para se elaborar um anteprojeto de reforma da previdecircncia social c) preparar um ldquoAcordo para a Seguridade Socialrdquo orientado a elevar a prioridade poliacutetica e lograr a revalorizaccedilatildeo da Previdecircncia Social como instrumento necessaacuterio para a redistribuiccedilatildeo do ingresso e para a paz social

83

Como medida de proteccedilatildeo tambeacutem existe na Argentina como Seguridade

Social o seguro desemprego previsto na Lei nordm 2401393 que auxilia o trabalhador

em caso de desemprego involuntaacuterio financiado com contribuiccedilotildees a cargo dos

empregadores Entretanto em 2007 o novo sistema integrado de aposentadorias e

80

Ibid 81

VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

82 GAMBINA J Previdecircncia Social Fundos de Pensatildeo Empregos Puacuteblicos Reforma Administrativa

e Reforma da Educaccedilatildeo Jornal APUFSC Florianoacutepolis setout 2000 In SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social Revista Kataacutelysis v 0 n 5 2001 p39

83 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

38

pensotildees Lei nordm 2424193 foi alterado pela Lei nordm 262222007 estabelecendo a

livre opccedilatildeo do Regime de Aposentadoria O novo sistema misto de previdecircncia

social eacute integrado por dois componentes obrigatoacuterios e integrados e a partir da nova

legislaccedilatildeo promulgada Lei nordm 262222007 os afiliados (segurados) ao Sistema

Integrado de Aposentadorias e Pensotildees (SIJP) podem optar por mudar de regime ao

qual estatildeo afiliados (segurados) uma vez a cada cinco anos nas condiccedilotildees que tal

efeito estabeleccedila o Poder Executivo84

Em mateacuteria de sauacutede as previsotildees contam nas Leis nordm 2366093 e nordm

2366193 que regulamentam o Regime de obras Sociais e o Seguro Nacional de

Sauacutede administrados pelos sindicatos reconhecidos como tal que seraacute responsaacutevel

pela cobertura de sauacutede dos trabalhadores e de seus familiares

No Brasil a Seguridade Social de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 artigo 203 eacute um conjunto integrado de accedilotildees de iniciativa dos Poderes

Puacuteblicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos agrave sauacutede agrave

previdecircncia e agrave assistecircncia social

Seguridade Social eacute gecircnero da qual satildeo espeacutecies a Sauacutede a Previdecircncia

e a Assistecircncia Social e tem como meta proteger pessoas contra a doenccedila o

abandono e a impossibilidade de trabalho Ao Estado compete a organizaccedilatildeo e

administraccedilatildeo da Seguridade Social por meio de ministeacuterios entidades e

instituiccedilotildees que mantecircm seu funcionamento como o Ministeacuterio da Sauacutede o

Ministeacuterio da Previdecircncia Social e o Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (antigo Ministeacuterio da Assistecircncia Social) conforme Lei nordm

106832003 art 25

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 194 enumerou em sete

incisos os princiacutepios constitucionais que regem a Seguridade Social A seguir

analisam-se os referidos princiacutepios

I Universalidade da cobertura e do atendimento garante a disponibilizaccedilatildeo

da sauacutede assistecircncia e previdecircncia em todas as contingecircncias a que estejam

sujeitos os indiviacuteduos As accedilotildees e os benefiacutecios de que se constituem a sauacutede a

assistecircncia social e a previdecircncia social (este uacuteltimo de caraacuteter contributivo) se

84

OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes do MERCOSUL Op cit p 131

39

encontraratildeo disponiacuteveis e seratildeo oferecidos a todos os indiviacuteduos que deles

necessitarem

II - Uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees

urbanas e rurais a proteccedilatildeo social oferecida pela Seguridade Social deveraacute ser

disponibilizada de maneira uniforme e equivalente tanto aos indiviacuteduos da aacuterea

urbana quanto agravequeles da aacuterea rural Natildeo poderaacute haver distinccedilatildeo entre as

modalidades de benefiacutecios e serviccedilos oferecidos devendo ao contraacuterio existir

forma uacutenica ou semelhanccedila (uniformidade)

III Seletividade e distributividade na prestaccedilatildeo dos benefiacutecios e serviccedilos

os benefiacutecios e serviccedilos seratildeo oferecidos aos indiviacuteduos que deles necessitarem

atraveacutes de uma escolha fundamentada e criteriosa Natildeo existiraacute somente um uacutenico

benefiacutecio ou serviccedilo mas sim diversas modalidades aptas a atender exatamente a

necessidade do beneficiado A distributividade implica na distribuiccedilatildeo de renda e

proteccedilatildeo social Os serviccedilos e benefiacutecios seratildeo concedidos com equidade e justiccedila

o que natildeo significa que um contribuinte da Previdecircncia Social por exemplo

receberaacute integralmente tudo o que contribuiu aos cofres do sistema Todas as

contribuiccedilotildees satildeo convertidas em um caixa uacutenico (e natildeo individualizado) e o Estado

trabalha distribuindo com retidatildeo estes valores aos serviccedilos e benefiacutecios nas aacutereas

de sauacutede assistecircncia e previdecircncia social85

IV Irredutibilidade do valor dos benefiacutecios o princiacutepio da irredutibilidade

visa garantir ao indiviacuteduo que o benefiacutecio assistencial ou previdenciaacuterio que lhe for

concedido natildeo sofreraacute qualquer reduccedilatildeo de valor e natildeo poderaacute ser objeto de

desconto (salvo determinaccedilatildeo legal ou judicial) arresto sequestro ou penhora

V Equidade na forma de participaccedilatildeo no custeio este princiacutepio tem por

objetivo distribuir com justiccedila e retidatildeo o percentual de contribuiccedilatildeo cabiacutevel agrave

sociedade na manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade Social Toda a sociedade

contribui para a manutenccedilatildeo do sistema mas garante-se por este princiacutepio a

progressividade da contribuiccedilatildeo conforme a capacidade contributiva de cada um As

empresas por exemplo sofrem maior desconto em seu rendimento bruto para a

manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade em razatildeo de sua maior capacidade

85

VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios 2 ed Satildeo Paulo Editora LTr 2010 p 49

40

contributiva Os empregados contribuem conforme tabela progressiva sempre

condizente com o salaacuterio percebido86

VI Diversidade da base de financiamento determina o artigo 195 da

Constituiccedilatildeo Federal que a Seguridade Social seraacute financiada por toda a sociedade

de forma direta e indireta nos termos da lei mediante recursos provenientes dos

orccedilamentos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios e de

contribuiccedilotildees sociais obrigatoacuterias a empresas e trabalhadores

VII Caraacuteter democraacutetico e descentralizado da administraccedilatildeo mediante

gestatildeo quadripartite com a participaccedilatildeo dos trabalhadores dos empregadores dos

aposentados e do Governo nos oacutergatildeos colegiados os trabalhadores os

empresaacuterios os aposentados e o Governo participam da gestatildeo administrativa da

Seguridade Social que deveraacute possuir caraacuteter democraacutetico e descentralizado

Assim pode-se dizer que a gestatildeo dos serviccedilos e benefiacutecios de que se constitui a

Seguridade Social tem a participaccedilatildeo ativa da sociedade Esta participaccedilatildeo eacute

exercida atraveacutes dos oacutergatildeos colegiados de deliberaccedilatildeo quais sejam Conselho

Nacional de Sauacutede (Lei nordm 808090 e Lei 814290) Conselho Nacional de

Assistecircncia Social (Lei nordm 874293 art 17) e Conselho Nacional de Previdecircncia

Social (Lei nordm 821391 art 3ordm) que tecircm composiccedilatildeo paritaacuteria integrada por

representantes do Governo Federal representantes dos aposentados

representantes dos trabalhadores em atividade e representantes dos empregadores

Especificamente a Previdecircncia Social no Brasil eacute uma instituiccedilatildeo puacuteblica que

tem a finalidade de assegurar direitos aos seus segurados e dependentes jaacute que se

trata de um seguro social a aqueles que contribuem para ela Quando uma pessoa

natildeo tem mais capacidade para trabalhar a previdecircncia social substitui seu salaacuterio

pelo benefiacutecio previdenciaacuterio Essa incapacidade de trabalho pode ser classificada

como doenccedila invalidez idade avanccedilada maternidade e dois benefiacutecios de

concessatildeo para dependentes sendo pensatildeo por morte e auxiacutelio reclusatildeo

De acordo com Vianna87 a previdecircncia social no Brasil abrange somente

uma parcela da sociedade (face ao seu caraacuteter contributivo) deixando agrave margem de

seus benefiacutecios aqueles que natildeo exercem atividade remunerada (contribuintes

obrigatoacuterios) ou que manifestamente natildeo expressam seu desejo associativo

(contribuintes facultativos) A populaccedilatildeo mais carente e portanto natildeo contribuinte

86

Ibid p 51 87

Ibid p 62

41

usufrui somente das accedilotildees da sauacutede e das accedilotildees e benefiacutecios mantidos pela

Assistecircncia Social

Os empregados trabalhadores avulsos empregados domeacutesticos os

contribuintes individuais e os facultativos assim como seus dependentes tecircm por

benefiacutecios aposentadoria por invalidez especial idade e tempo de contribuiccedilatildeo

auxiacutelios doenccedilas acidente reclusatildeo pensatildeo por morte salaacuterios maternidade e

famiacutelia A previdecircncia eacute um sistema de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria no Brasil ou seja a

contribuiccedilatildeo eacute obrigatoacuteria Existem duas modalidades de contribuintes os

obrigatoacuterios que satildeo os trabalhadores de forma geral previstos no art 11 da Lei nordm

821291 e os facultativos que satildeo aqueles que podem contribuir de maneira

facultativa por natildeo trabalharem com fins lucrativos ou aqueles que natildeo tecircm renda

Apesar da existecircncia expressa na Constituiccedilatildeo Federal do princiacutepio da

uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees urbanas e

rurais (artigo 194 II) a previdecircncia social compreende trecircs regimes distintos O

artigo 6ordm do Decreto nordm 304899 (Regulamento da Previdecircncia Social) determina os

seguintes regimes

I Regime Geral de Previdecircncia Social Principal regime previdenciaacuterio

por abranger maior percentual da populaccedilatildeo brasileira trabalhadores

da iniciativa privada rural ou urbana empregados domeacutesticos

aprendizes empresaacuterios trabalhadores autocircnomos trabalhadores

avulsos produtores rurais etc Sua administraccedilatildeo eacute atribuiacuteda ao

Ministeacuterio da Previdecircncia Social sendo exercida pelo Instituto Nacional

de Seguridade Social ndash INSS autarquia federal responsaacutevel pela

concessatildeo dos benefiacutecios previdenciaacuterios (do Regime Geral)

II ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos servidores puacuteblicos os

servidores titulares de cargos efetivos da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios incluiacutedas suas autarquias e

fundaccedilotildees possuem tratamento diferenciado quanto ao sistema

previdenciaacuterio conferido pela proacutepria Constituiccedilatildeo Federal artigo 40

caput (redaccedilatildeo dada pela Emenda Constitucional nordm 412003) que

lhes assegura a existecircncia de regime proacuteprio

III ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos militares as Forccedilas Armadas

constituiacutedas pela Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica satildeo instituiccedilotildees

nacionais permanentes e regulares organizadas com base na

42

hierarquia e na disciplina sob a autoridade suprema do Presidente da

Repuacuteblica Os membros das Forccedilas Armadas satildeo denominados

militares e a Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 142 inciso X

combinado com o sect 20ordm do artigo 40 confere agrave lei ordinaacuteria a

competecircncia para a instituiccedilatildeo de sistema proacuteprio previdenciaacuterio

O regime geral de previdecircncia conhecido por RGPS se acha a cargo do

INSS o regime proacuteprio dos servidores puacuteblicos a cargo do respectivo ente da

federaccedilatildeo que pode para administraacute-lo instituir entidade autaacuterquica proacutepria

A previdecircncia social brasileira vem passando por inuacutemeras discussotildees sobre

uma reforma necessaacuteria pois atualmente a economia brasileira vai bem

considerando a capacidade de gerar empregos mas a previdecircncia social nem tanto

considerando os deacuteficits Enquanto registrou uma alta de 44688

de trabalhadores

com emprego formal no primeiro semestre de 2010 as contas da Previdecircncia Social

fecharam com um deacuteficit de 228 bilhotildees89

Contudo em notiacutecia divulgada no site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social o

deacuteficit do Regime Geral de Previdecircncia Social somou R$ 33 bilhotildees em fevereiro de

2011 o que representa uma queda de 176 em relaccedilatildeo ao rombo de R$ 402

bilhotildees registrado em fevereiro de 2010 Todos os nuacutemeros foram corrigidos pelo

INPC Em janeiro de 2011 o resultado negativo somou R$ 3 bilhotildees e no ano de

2010 o deacuteficit totalizou R$ 443 bilhotildees com queda de 45 frente ao ano

anterior90

No primeiro bimestre de 2011 ainda segundo dados do Ministeacuterio da

Previdecircncia o deacuteficit da Previdecircncia somou R$ 635 bilhotildees com queda de 205

em relaccedilatildeo ao mesmo periacuteodo do ano passado quando o resultado negativo (em

nuacutemeros jaacute corrigidos pelo INPC) somou R$ 799 bilhotildees91

A Comissatildeo Especial para Estudos do Sistema Previdenciaacuterio criada com o

objetivo de analisar e estudar o sistema brasileiro de previdecircncia reconheceu que

ldquosem reformas estruturais logo a previdecircncia sentiraacute os efeitos corrosivos de

benefiacutecios sem cobertura assegurada ou de fontes de financiamento esgotadasrdquo

(Anexo I da Mesa Diretora da Cacircmara de Deputados)

88

Fonte notiacutecia vinculada ao site JUSPREV ndash Previdecircncia dos promotores e da Justiccedila Brasileira Disponiacutevel em httpwwwjusprevcombr Acesso em 25072010

89 Ibid

90 Fonte notiacutecia vinculada ao site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social no dia 24032011 Disponiacutevel

em ltwwwmpsgovbrgt Acesso em 30032011 91

Ibid

43

As reformas previdenciaacuterias na Ameacuterica Latina satildeo base de grandes

discussotildees O Chile foi o primeiro paiacutes a implementar uma privatizaccedilatildeo do sistema

previdenciaacuterio de forma radical jaacute para os outros paiacuteses da mesma regiatildeo

determinados fatos ocorridos nos anos 1980 foram cruciais antes que as reformas

estruturais se tornassem politicamente viaacuteveis como 1) quebra dos sistemas de

seguridade social durante a crise econocircmica e financeira 2) o crescente interesse

por parte das instituiccedilotildees financeiras internacionais nos efeitos econocircmicos dos

sistemas de seguridade social e seu apoio agrave reforma de sistemas previdenciaacuterios no

acircmbito de programas de ajuste estrutural 3) a opccedilatildeo neoliberal na poliacutetica latino-

americana nos anos 1990 com forte orientaccedilatildeo para o modelo estatal regulatoacuterio-

subsidiaacuterio que introduz medidas como a privatizaccedilatildeo a liberalizaccedilatildeo e a

desregulaccedilatildeo e favorece reformas radicais que visam recuperar a credibilidade em

lugar de favorecer melhorias no acircmbito da loacutegica dos sistemas anteriores92

Analisando os sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do bloco

podemos chegar agrave Tabela 2 como forma simplificada de anaacutelise

Tabela 2 Resumo da anaacutelise dos sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL

Paiacutes Tipo de Sistema Benefiacutecios Reformas

Argentina Misto Aposentadoria por idade invalidez pensatildeo por morte e seguro desemprego

Lei nordm 2424193

Lei nordm2622207

Brasil Reparticcedilatildeo Simples

Aposentadoria por idade tempo de contribuiccedilatildeo invalidez especial auxiacutelio doenccedila pensatildeo por morte salaacuterio maternidade salaacuterio famiacutelia reclusatildeo auxiacutelio acidente reabilitaccedilatildeo profissional

EC 201998 e

EC 412003

Paraguai Reparticcedilatildeo Simples Aposentadoria por idade invalidez auxiacutelio doenccedila salaacuterio maternidade e pensatildeo por morte

--

Uruguai Misto Aposentadoria por tempo de serviccedilo por idade invalidez auxiacutelio doenccedila e pensatildeo por morte

Lei nordm 1671395 e Lei 1839508

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmpsgovcomgt

92

HUJO Katja Novos Paradigmas na Previdecircncia Social Liccedilotildees do Chile e da Argentina Revista Planejamento e Poliacuteticas Puacuteblicas n 19 Junho de 1999 p 158 e 159

44

CAPIacuteTULO 2

2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

21 ACORDOS INTERNACIONAIS CONCEITO E FINALIDADE

O Estatuto da Convenccedilatildeo de Viena definiu tratado em seu artigo 2ordm I

aliacutenea ldquoardquo como sendo um ldquoacordo internacional celebrado por escrito entre Estados

regido pelo direito internacional quer conste de um instrumento uacutenico quer de dois

ou mais instrumentos conexos qualquer que seja sua denominaccedilatildeo particularrdquo 93

Tratado eacute o ato juriacutedico pelo qual haacute a manifestaccedilatildeo de vontades de duas ou

mais pessoas internacionais visando estabelecer um acordo entendido como

expressatildeo de uso livre e de alta incidecircncia na praacutetica internacional94

Como

conceitua Wladimir Novaes Martinez ldquosatildeo fontes formais internacionais que regem a

previdecircncia social dos trabalhadores migrantes isto eacute tratados bilaterais sobre

previdecircncia social celebrados entre o Brasil e diversos paiacuteses da Ameacuterica Latina e

da Europardquo95

Eacute imprescindiacutevel um esforccedilo muacutetuo internacional no sentido de flexibilizar

regras de seguridade social para se tornarem viaacuteveis os acordos internacionais

Rocha destaca que no plano internacional fatores como a migraccedilatildeo de

trabalhadores a atuaccedilatildeo de empresas multinacionais e a criaccedilatildeo de mercados

comuns satildeo fatores que tecircm acentuado a tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo da

previdecircncia e seguridade social Deste contexto exsurge a necessidade de que as

legislaccedilotildees nacionais sejam integradas a fim de que os trabalhadores que transitem

entre os Estados e sujeitos a regimes previdenciaacuterios nacionais diferentes natildeo

93

Essa Convenccedilatildeo sistematiza conceitos juriacutedicos fundamentais sobre os tratados e foi adotada em 23051969 pela Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o direito dos tratados tendo entrado em vigor para os paiacuteses que a ratificaram natildeo incluindo o Brasil em 27011980 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdaidtrathtmgt Acesso em 12052008

94 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdai003htmlgt Acesso em 10052008

95 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio Tomo II previdecircncia social 2

ed Satildeo Paulo LTr 2007 p858

45

sejam prejudicados e privados da proteccedilatildeo previdenciaacuteria em razatildeo da falta de

articulaccedilatildeo estatal96

Natildeo obstante os acordos natildeo satildeo estabelecidos ocasionalmente Eacute

essencial que se analise a presenccedila de uma forte migraccedilatildeo internacional de

trabalhadores o incremento de importantes fluxos de investimentos externos e as

relaccedilotildees especiais de amizade existentes entre os paiacuteses com os quais se deseja

estabelecer um acordo internacional Os acordos podem ser bilaterais ou

multilaterais podendo ainda ser permanentes ou temporaacuterios As formalidades para

celebraccedilatildeo do acordo satildeo 1ordm negociaccedilatildeo 2ordm assinatura 3ordm troca de notas e 4ordm

ratificaccedilatildeo (promulgaccedilatildeo confirmaccedilatildeo) com intervenccedilatildeo das atividades diplomaacuteticas

inclusive

De acordo com o artigo 49 inciso I da Constituiccedilatildeo Federal os tratados

internacionais tecircm de ser ratificados pelo Poder Legislativo por meio de Decretos

Legislativos adquirindo forccedila de lei e regulamentados por Decretos do Poder

Executivo transformando-se em fontes formais do Direito Os tratados internacionais

satildeo atos complexos pois deve existir a vontade do presidente da Repuacuteblica que os

celebra e a do Congresso Nacional que os aprova logo consagra-se assim a

colaboraccedilatildeo do Executivo e do Legislativo na conclusatildeo de tratados internacionais97

Diante do atual cenaacuterio internacional caracterizado pelo intenso processo de

globalizaccedilatildeo o tracircnsito de pessoas em geral e especialmente de trabalhadores

tem aumentado constantemente e a expectativa98

eacute a de que com o aumento da

integraccedilatildeo econocircmica e a consolidaccedilatildeo de blocos poliacutetico-econocircmicos o tracircnsito de

trabalhadores aumente ainda mais

As migraccedilotildees internacionais constituem-se um fato com o qual os paiacuteses

por intermeacutedio de seus gestores de poliacuteticas de trabalho e previdecircncia social teratildeo

que lidar Eacute previsiacutevel que no contexto da integraccedilatildeo internacional crescente os

acordos e tratados de seguridade social sejam instrumentos importantes de

extensatildeo e garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios previstos na

96

ROCHA Daniel Machado da O direito fundamental agrave previdecircncia social na perspectiva dos princiacutepios constitucionais diretivos do sistema previdenciaacuterio brasileiro Porto Alegre Livraria do Advogado 2004 p 112

97 PIOVESAN Flaacutevia Direitos Humanos e Direito Constitucional e Internacional 5ed Satildeo

Paulo Max Limonad 2002 p 72 98

Cf os trabalhos publicados na coletacircnea BRASIL Migraccedilotildees Internacionais e a Previdecircncia Social Ministeacuterio da Previdecircncia Social Brasiacutelia MPAS 2006

46

legislaccedilatildeo de dois ou mais paiacuteses procurando prover fundamento legal comum

quanto aos direitos e obrigaccedilotildees

A integraccedilatildeo regional do MERCOSUL promove uma reestruturaccedilatildeo

competitiva das economias nacionais dos paiacuteses do bloco que impotildee novos

desafios econocircmicos e sociais aos paiacuteses

Em mateacuteria de previdecircncia os acordos internacionais que estatildeo inseridos

no contexto da poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores satildeo o resultado de esforccedilos do Ministeacuterio da Previdecircncia Social e de

entendimentos diplomaacuteticos entre governos e objetivam garantir aos respectivos

trabalhadores e dependentes legais residentes ou em tracircnsito no paiacutes os direitos de

seguridade social previstos nas legislaccedilotildees dos paiacuteses99

Os acordos internacionais de Previdecircncia Social estabelecem uma relaccedilatildeo

de prestaccedilatildeo de benefiacutecios previdenciaacuterios natildeo implicando na modificaccedilatildeo da

legislaccedilatildeo vigente no paiacutes cumprindo a cada Estado contratante analisar os pedidos

de benefiacutecios apresentados e decidir quanto ao direito e agraves condiccedilotildees conforme sua

proacutepria legislaccedilatildeo aplicaacutevel Esses acordos internacionais satildeo instrumentos juriacutedicos

que possibilitam aceitar a validade do trabalho prestado em outro paiacutes como tempo

de contribuiccedilatildeo para fins de aposentadoria permitindo assim que se reconheccedilam

os benefiacutecios de Seguridade Social nos paiacuteses participantes

Todavia natildeo se ignorem tambeacutem as imensas dificuldades legislativas entre

os quatro paiacuteses em mateacuteria previdenciaacuteria Este campo eacute de imprescindiacutevel

harmonizaccedilatildeo e principalmente estruturaccedilatildeo interna que visa num primeiro

momento agrave reduccedilatildeo do deacuteficit puacuteblico para em posterior momento criar as

condiccedilotildees agrave exportaccedilatildeo dos benefiacutecios ldquoTorna-se um imperativo pois caso contraacuterio

os trabalhadores natildeo arriscaratildeo novas oportunidades tampouco se beneficiaratildeo se

natildeo puderem contar com a assistecircncia dos sistemas previdenciaacuterios da contagem

do tempo de serviccedilo ou contribuiccedilatildeo e sobretudo da possibilidade de desfrutarem

de benefiacutecios em Estados estrangeirosrdquo100

A verdade eacute que no mundo contemporacircneo a preocupaccedilatildeo com a questatildeo

social na integraccedilatildeo regional natildeo pode ser tratada como faculdade e sim uma

necessidade derivada do proacuteprio instinto de preservaccedilatildeo de cada paiacutes Neste

99

Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_01aspgt Acesso em 25042009

100 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Op cit p 246

47

sentido Alicia Moreno ressalta a importacircncia de documentos como a Declaraccedilatildeo

Sociolaboral do MERCOSUL e do Acordo Multilateral de Seguridade Social para o

avanccedilo da questatildeo social no MERCOSUL ainda que caracterize o avanccedilo ainda

parcial101

Poreacutem faz criacutetica ao caraacuteter limitado do poder vinculante dos documentos

relativos a aacuterea social Eduardo Campos ao entender que a realidade social do

MERCOSUL traduz-se em debates e estudos que ateacute 2001 materializaram-se em

programas e praacuteticas de um pequeno nuacutemero de accedilotildees pontuais aqui e ali

[] o saldo ateacute o momento resume-se basicamente agrave vigecircncia comum de algumas normas da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho agrave celebraccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social sem grandes inovaccedilotildees em relaccedilatildeo ao quadro entatildeo existente e agrave assinatura da Declaraccedilatildeo Sociolaboral com importantes limitaccedilotildees em seu conteuacutedo e sem poder vinculante

102

Pode-se afirmar que os acordos internacionais satildeo mecanismos delicados

que precisam superar problemas complexos dentre os quais os sistemas de

seguridade social principalmente pelas variadas regras existentes em todo o

mundo sendo preciso superar as deficiecircncias internas para harmonizar as regras

bastante divergentes dos paiacuteses envolvidos nos acordos internacionais

Os acordos internacionais em mateacuteria previdenciaacuteria protegem os direitos

dos trabalhadores envolvidos em movimentos migratoacuterios com o objetivo de

garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios

Nesse sentido eacute necessaacuterio que os processos de integraccedilatildeo regional sejam

acompanhados de medidas tendentes agrave progressiva coordenaccedilatildeo natildeo somente das

poliacuteticas macroeconocircmicas senatildeo tambeacutem daquelas referentes agrave proteccedilatildeo social

Imerso neste desafio e com a ampliaccedilatildeo de demandas populares de poliacuteticas de

proteccedilatildeo social nos uacuteltimos anos foi habitual que o Brasil estabelecesse convecircnios

bilaterais de previdecircncia social com alguns paiacuteses da Ameacuterica Latina o que tornou

mais faacutecil a ratificaccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL

101

MORENO Alicia S La difusa Idea del espacio social em los procesos de integracioacuten In PIMENTEL L O (Coord) Mercosul Alca e Integraccedilatildeo Euro-Latino-Americana Curitiba Juruaacute 2001 p 74

102 CAMPOS E N O deacuteficit social da Comunidade Europeacuteia e do MERCOSUL In PIMENTEL L O

(Coord) Op cit p 210

48

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL

Os organismos internacionais de seguridade social tecircm o objetivo de garantir

a maior cobertura possiacutevel da proteccedilatildeo social aos trabalhadores e atuar na

facilitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse processo O Ministeacuterio da Previdecircncia Social

(MPS) manteacutem filiaccedilatildeo com trecircs organismos internacionais de seguridade social

Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social (AISS) Conferecircncia Interamericana

de Seguridade Social (CISS) e Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social

(OISS) O Brasil tambeacutem eacute parceiro em accedilotildees com a Organizaccedilatildeo Internacional do

Trabalho (OIT)103

A Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social eacute a principal organizaccedilatildeo

internacional do mundo a reunir as administraccedilotildees e os organismos nacionais de

seguridade social Fundada em 1927 a AISS eacute uma organizaccedilatildeo internacional sem

fins lucrativos composta por instituiccedilotildees oacutergatildeos governamentais entidades e outros

organismos gestores de ramos de seguridade social seu secretariado tem sede na

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra e atualmente conta com

340 organizaccedilotildees afiliadas em 150104

paiacuteses de todo o mundo

Os objetivos da AISS satildeo defender e promover a seguridade social

internacional no mundo inteiro colaborando com o aperfeiccediloamento teacutecnico-

administrativo e o intercacircmbio informativo gerencial assegurar o direito estabelecido

por lei aos acidentes de trabalho e doenccedilas profissionais desemprego maternidade

invalidez aposentadoria e reabilitaccedilatildeo a filhos e membros das famiacutelias fomentar

experiecircncias intercacircmbios e conhecimentos internacionais organizar reuniotildees sobre

seguridade social realizar intercacircmbio de informaccedilotildees e experiecircncias organizar

cursos de formaccedilatildeo e seminaacuterios de capacitaccedilatildeo efetuar investigaccedilotildees e pesquisas

em mateacuteria de seguridade social publicar e difundir trabalhos e documentos sobre

temas de seguridade social organizar reuniotildees internacionais perioacutedicas de seus

membros favorecer a troca de informaccedilotildees e a confrontaccedilatildeo de experiecircncias

orientando as atividades dos membros da Associaccedilatildeo e a ajuda teacutecnica muacutetua que

possam propor colaborar com a OIT e com outras organizaccedilotildees a fim de contribuir

103

Fonte Relatoacuterio Anual da AISS Disponiacutevel em ltwwwissaintannual-reviewgt Acesso em 20012011

104 Ibid

49

para a melhoria da situaccedilatildeo social e econocircmica dos povos com base na justiccedila

social para uma paz geral e duraacutevel

A Conferecircncia Interamericana de Seguridade Social eacute um Organismo

Internacional Especializado de caraacuteter permanente que foi iniciado pelos estados

membros da OIT os quais reunidos em uma conferecircncia de trabalho em 12 de

dezembro de 1940 na cidade de Lima Peru criou o Comitecirc Interamericano de

Iniciativas em Seguridade Social que serviu depois de base para criaccedilatildeo da

Conferecircncia Interamericana de Seguridade aprovada por unanimidade desde que

atue em conformidade com a OIT

Seus objetivos satildeo apoiar e contribuir para o desenvolvimento da

seguridade social nos paiacuteses americanos cooperando com as instituiccedilotildees e

administraccedilotildees nacionais adotar resoluccedilotildees e formular recomendaccedilotildees em

seguridade social e promover sua difusatildeo impulsionar a cooperaccedilatildeo e intercacircmbio

de experiecircncias entre as instituiccedilotildees de administraccedilotildees nacionais de seguridade

social e outras organizaccedilotildees internacionais orientar a capacitaccedilatildeo de recursos

humanos a serviccedilo da seguridade social e proporcionar meios para que se possa

fazecirc-lo de forma sistemaacutetica e permanente difundir os avanccedilos dos sistemas de

seguridade social em niacutevel nacional e internacional e editar as publicaccedilotildees de

estudos105

A Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social OISS tem como

finalidade promover o bem-estar econocircmico e social dos paiacuteses ibero-americanos

mediante a coordenaccedilatildeo intercacircmbio e troca de experiecircncias muacutetuas no acircmbito da

seguridade social Aleacutem de prestar assessoramento e ajuda teacutecnica a seus

membros colaborando para o desenvolvimento de seus sistemas tem-se

empenhado na promoccedilatildeo da universalizaccedilatildeo da Seguridade Social impulsionando a

modernizaccedilatildeo dos sistemas existentes mediante a coordenaccedilatildeo e o aproveitamento

de suas experiecircncias muacutetuas

A OISS eacute o primeiro registro na Ameacuterica para a Seguridade Social realizada

em Barcelona em 1950 no qual estabeleceu uma Secretaria para apoiar novas

reuniotildees a ser chamada Comissatildeo Americana de Seguranccedila Social mas foi no

Congresso Latino-Americano de Seguridade Social realizado em Lima Peru em

105

Ibid

50

1954 que com a presenccedila da maioria dos paiacuteses da regiatildeo juntamente com

representantes da OIT da OEA e ISSA foi aprovada a Carta da OISS

Seus principais objetivos satildeo promover accedilotildees para universalizar o direito agrave

seguridade social colaborar com o desenvolvimento de tratados de integraccedilatildeo

socioeconocircmica de caraacuteter sub-regional atuar como oacutergatildeo permanente de

informaccedilatildeo estudo investigaccedilatildeo e experiecircncia no desenvolvimento dos sistemas

internacionais promover meios para a realizaccedilatildeo de negociaccedilatildeo de acordos entre os

paiacuteses prestando assistecircncia teacutecnica e facilitando a execuccedilatildeo de programas na aacuterea

de proteccedilatildeo social desenvolver investigaccedilotildees estudos e pesquisas nos principais

ramos da seguridade social no mundo receber e divulgar publicaccedilotildees de diversos

trabalhos sobre temas de seguridade social e trocar experiecircncias entre as

instituiccedilotildees membro106

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho fundada em 1919 criada pela

Conferecircncia de Paz apoacutes a Primeira Guerra Mundial tem o objetivo de promover a

justiccedila social Eacute a uacutenica das Agecircncias do Sistema das Naccedilotildees Unidas que tem

estrutura tripartite na qual os representantes dos empregadores e dos trabalhadores

tecircm os mesmos direitos que os do governo

A OIT tem por princiacutepio que a paz universal e permanente soacute pode basear-

se na justiccedila A Organizaccedilatildeo Internacional Trabalho por ser uma agecircncia

especializada das Naccedilotildees Unidas eacute responsaacutevel por formular normas internacionais

do trabalho promover o desenvolvimento e a interaccedilatildeo das organizaccedilotildees de

empregadores e de trabalhadores prestar cooperaccedilatildeo teacutecnica principalmente nas

aacutereas de formaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo profissional poliacuteticas e programas de emprego e

de empreendedorismo administraccedilatildeo do trabalho direito e relaccedilotildees do trabalho

condiccedilotildees de trabalho desenvolvimento empresarial cooperativas previdecircncia

social estatiacutesticas e seguranccedila e sauacutede ocupacional

Ainda como objetivos estrateacutegicos promover os princiacutepios fundamentais e

direitos no trabalho por meio de um sistema de supervisatildeo e de aplicaccedilatildeo de

normas promover melhores oportunidades de empregorenda para mulheres e

homens em condiccedilotildees de livre escolha de natildeo discriminaccedilatildeo e de dignidade

aumentar a abrangecircncia e a eficaacutecia da proteccedilatildeo social e fortalecer o tripartismo e

o diaacutelogo social

106

Disponiacutevel em lthttpwww1previdenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_05aspgt Acesso em 20042011

51

Na seguridade social destaca-se a Convenccedilatildeo 118 da Organizaccedilatildeo

Internacional do Trabalho (OIT) que trata da igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros aprovada no Brasil em 24 de agosto de 1968 No artigo 7ordm

da Convenccedilatildeo estipula-se que os paiacuteses signataacuterios tecircm que participar de um

sistema de direitos de seguridade social e que este sistema teraacute que fornecer a

totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro trabalho ou residecircncia a manutenccedilatildeo ou a

recuperaccedilatildeo de direitos bem como o caacutelculo das contribuiccedilotildees dos trabalhadores

em circulaccedilatildeo Neste sentido eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica as iniciativas do

poder puacuteblico para alcanccedilar tais direitos

No Brasil o escritoacuterio da OIT atua na promoccedilatildeo dos objetivos estrateacutegicos

da Organizaccedilatildeo principalmente na implementaccedilatildeo de programas projetos e

atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica visando ao aperfeiccediloamento das normas e das

relaccedilotildees trabalhistas das poliacuteticas e programas de emprego formaccedilatildeo profissional e

de proteccedilatildeo social

23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE SOCIAL

Como jaacute visto os acordos internacionais de Previdecircncia Social inserem-se

no contexto de poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores mas no Brasil satildeo operacionalizados pelo Instituto Nacional do Seguro

Social de forma descentralizada mediante 14 Organismos de Ligaccedilatildeo vinculados agraves

Gerecircncias Executivas do INSS nas cidades de Manaus Salvador Fortaleza

Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto

Alegre Florianoacutepolis Satildeo Paulo aleacutem do Distrito Federal107

Esses Organismos satildeo

responsaacuteveis pela anaacutelise e concessatildeo dos benefiacutecios cabendo-lhes ainda

responder a solicitaccedilotildees dos segurados e dos Organismos de Ligaccedilatildeo estrangeiros

O Brasil reconhece a importacircncia significativa dos acordos internacionais

como um meio para assegurar os direitos de seguridade social dos cidadatildeos de

maneira que tem como objetivo ampliar cada vez mais as relaccedilotildees bilaterais e

multilaterais para a celebraccedilatildeo de novos acordos tendo como fator determinante

107

Fonte extraiacuteda do site ltwwwmpsgovbracordosinternacionaisgt Acesso em 03012011

52

relaccedilotildees especiais de amizade entre os paiacuteses e os fluxos importantes de comeacutercio

e investimentos

Atualmente o Brasil manteacutem acordo bilateral com Cabo Verde Espanha

Greacutecia Chile Itaacutelia Luxemburgo e Portugal Em fase de negociaccedilatildeo encontram-se

os acordos bilaterais com Japatildeo Alemanha Paiacuteses Baixos Coreacuteia e Estados

Unidos e o Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social108

Na maioria dos

Acordos haacute um Regulamento Administrativo para a sua aplicaccedilatildeo anexado junto ao

respectivo Acordo com exceccedilatildeo do Acordo Internacional entre Brasil e Cabo Verde

e Brasil e Luxemburgo

No acircmbito multilateral o Brasil tem acordo com os Estados Partes do

MERCOSUL (Argentina Paraguai e Uruguai) sendo o mais recente Acordo a entrar

em vigor

De acordo com o Ministeacuterio da Previdecircncia Social a uacuteltima tabela109 com a

quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais

publicada demonstra que no periacuteodo compreendido entre os anos de 2007 e 2009 a

quantidade de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo aos paiacuteses integrantes do

MERCOSUL aumentou em relaccedilatildeo a tabela do periacuteodo 2001 a 2003 tambeacutem

passam a aparecer benefiacutecios concedidos no acircmbito do Acordo Multilateral de

Seguridade Social e aparece na tabela paraguaios trabalhadores que natildeo estavam

na tabela 20012003

Tabela 3 ndash Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

Paiacuteses 20012003

Total de benefiacutecios

20072009

Total de benefiacutecios

Argentina 7 89

MERCOSUL - 32

Paraguai - 6

Uruguai 16 77

Fonte Organizado pela autora com base nas tabelas publicadas pelo Ministeacuterio da Previdecircncia Social

108

LAMERA Larissa Martins Acordos Internacionais de Previdecircncia Social Informe da Previdecircncia Social 1 2007 v 17 n 8 Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrdocspdfinforme202007-08pdfgt Acesso em 26042009

109 Tabelas em anexo

53

A tabela 20072009 trata-se de periacuteodo poacutes-entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social que apresenta uma movimentaccedilatildeo tiacutemida de

trabalhadores circulando dentro do bloco mas ao mesmo tempo jaacute demonstra um

aumento de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo a tabela anterior (20012003) e a

presenccedila do Paraguai Pode-se concluir que o Acordo Multilateral de Seguridade

Social do MERCOSUL jaacute esta atuando a favor do trabalhador no que tange agrave

previdecircncia social ao menos

24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e

seu Regulamento Administrativo foram efetivamente celebrados em Montevideacuteu em

15 de dezembro de 1997 pelos chanceleres da Argentina Brasil Paraguai e

Uruguai na ocasiatildeo da XIII Reuniatildeo do Conselho do Mercado Comum Os referidos

diplomas que encontram amparo no Tratado de Assunccedilatildeo e no Protocolo de Outro

Preto tecircm por objetivo o estabelecimento de normas que regulam as relaccedilotildees de

Seguridade Social entre os paiacuteses do MERCOSUL

Com vigecircncia fixada a partir do dia 1ordm de junho de 2005 o Acordo

Multilateral de Seguridade Social substituiu os acordos bilaterais existentes entre os

paiacuteses da regiatildeo estabelecendo um mecanismo estandardizado de coordenaccedilatildeo

dos sistemas previdenciaacuterios no acircmbito do MERCOSUL que era inexistente nos

instrumentos originaacuterios do bloco econocircmico Foi necessaacuteria portanto a celebraccedilatildeo

de um acordo que contemplasse as normas gerais para regular de maneira clara e

homogecircnea a seguridade social na regiatildeo

Seguindo o rito processual previsto para aprovaccedilatildeo de atos internacionais

no Brasil o Acordo e seu Regulamento foram encaminhados ao Congresso Nacional

e ratificados por meio do Decreto Legislativo nordm 451 publicado em 15 de novembro

de 2001 Este Decreto ressaltou que quaisquer ajustes complementares que

acarretassem encargos ou compromissos gravosos ao patrimocircnio nacional ficariam

sujeitos agrave aprovaccedilatildeo do Congresso Nacional

54

A mateacuteria objeto dos referidos diplomas internacionais envolve interesses

dos Ministeacuterios das Relaccedilotildees Exteriores da Previdecircncia Social Sauacutede e Trabalho e

Emprego uma vez que abrange a legislaccedilatildeo de seguridade social pertinente agraves

prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede aplicaacutevel aos trabalhadores e seus

familiares e assemelhados

O Acordo trata basicamente dos seguintes temas

I reconhecimento dos direitos agrave Seguridade Social aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer Estados

Partes sendo-lhes atribuiacutedos assim como a seus familiares e

assemelhados os mesmos direitos e estando sujeitos agraves mesmas

obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes

II submissatildeo do trabalhador agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo

territoacuterio exerccedila atividade laboral outorga das prestaccedilotildees de sauacutede ao

trabalhador deslocado temporariamente para territoacuterio de outro Estado

assim como para seus familiares e assemelhados desde que a

Entidade Gestora do Estado de origem assim autorize

III possibilidade de obtenccedilatildeo de prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada

invalidez ou morte pelos trabalhadores filiados a um regime de

aposentadoria e

IV pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecidas por algum dos

Estados Partes

A prioridade da diplomacia brasileira na Ameacuterica Latina em geral e no

MERCOSUL atribui especial relevacircncia ao Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL demandando a maior celeridade possiacutevel nos processos

necessaacuterios agrave sua efetiva aplicaccedilatildeo Entretanto a mesma dedicaccedilatildeo espera-se dos

paiacuteses signataacuterios do Acordo qual seja a necessidade de se estender proteccedilatildeo

social a todos os brasileiros que se encontram no exterior

Essa norma de coordenaccedilatildeo entre os paiacuteses natildeo implica a alteraccedilatildeo nos

respectivos sistemas previdenciaacuterios mas permite preservar os direitos adquiridos

ou em fase de aquisiccedilatildeo pelos trabalhadores ou seus dependentes quando se

encontrarem no territoacuterio dos paiacuteses signataacuterios aleacutem de natildeo prejudicar os direitos

adquiridos na vigecircncia dos acordos bilaterais

55

Hugo Roberto Mansueti110

lembra

Ello fue advertido en forma temprana con La aprobacioacuten Del Acordo Multilateral de Seguridad Social Del Mercosur y El respectivo regulamento administrativo suscritos em Montevideacuteo el 15 de diciembre de 1997 Ambos instrumentos ya se ecuentran en vigor de manera simultacircnea desde 01 de junio de 2002 Atraveacutes de estos Estados-Partes de latildes cotizaciones efectuadas por los trabajadores nacionales o extranjeros habitantes de manera tal que las prestaciones puedan ser otorgadas por El Estado donde El trabajador o beneficiaacuterio se encuentre

111

Nos termos do artigo 2ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL os direitos agrave seguridade social seratildeo reconhecidos aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer dos Estados Partes sendo-

lhes reconhecidos bem como a seus familiares e dependentes os mesmos direitos

estando sujeitos agraves obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes com

respeito aos especificamente mencionados no Acordo O Acordo tambeacutem deve

ser aplicado aos trabalhadores de qualquer outra nacionalidade residentes no

territoacuterio de um dos Estados Partes sempre que prestem ou tenham prestado

serviccedilos nos paiacuteses do bloco Por fim destaca-se que o objetivo do presente

Acordo eacute harmonizar e natildeo unificar as legislaccedilotildees previdenciaacuterias dos

integrantes do bloco essa eacute a diretriz prescrita no artigo 4deg ao declarar que ldquoo

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

exerccedila atividade laboralrdquo

Os primeiros esforccedilos para coordenar regimes de seguridade social por via

de acordos internacionais satildeo anteriores agrave Segunda Guerra Mundial Natildeo obstante

os acordos da forma como os conhecemos atualmente emergiram depois desse

conflito incorporando os paiacuteses de Europa Ocidental Tais paiacuteses perceberam que

sem uma coordenaccedilatildeo desta natureza os indiviacuteduos que contribuiacuteram para regimes

previdenciaacuterios em mais de um paiacutes natildeo poderiam reunir as condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo

das aposentadorias a que teriam direito

110

MANSUETI H R Contenidos de la Seguridad Social en el MERCOSUL In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 85

111 Traduccedilatildeo livre Isto foi advertido antecipadamente com a aprovaccedilatildeo do Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL e o respectivo regulamento administrativo subscritos em Montevideo em 15 de dezembro de 2002 Atraveacutes destes Estados-Partes das cotaccedilotildees efetuadas pelos trabalhadores nacionais ou estrangeiros residentes de forma que os benefiacutecios possam ser concedidos pelo Estado onde o trabalhador ou beneficiaacuterio de encontre

56

Os Governos da Repuacuteblica Argentina da Repuacuteblica Federativa do Brasil da

Repuacuteblica do Paraguai e da Repuacuteblica Oriental do Uruguai considerando o Tratado

de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 e o Protocolo de Ouro Preto de 17 de

dezembro de 1994 com o objetivo de estabelecer normas que regulem as relaccedilotildees

de Seguridade Social entre os Estados Partes do MERCOSUL decidiram promulgar

o Acordo Multilateral de Seguridade Social publicado no Brasil pelo Decreto

Legislativo nordm 451 de 14 de novembro de 2001 e Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo

de 2006

O acordo do MERCOSUL eacute o primeiro acordo internacional brasileiro em

mateacuteria previdenciaacuteria que tambeacutem beneficia os funcionaacuterios puacuteblicos pertencentes

aos Regimes Proacuteprios de Previdecircncia Social112

Como o acordo seraacute aplicado substancialmente pela uniformidade de

entendimento entre os paiacuteses membros estabeleceu-se a Comissatildeo Permanente

integrada por trecircs membros de cada paiacutes composta por grupos de trabalho nas

aacutereas da sauacutede legislaccedilatildeo e informaacutetica com o objetivo de verificar a aplicaccedilatildeo do

acordo e resolver as divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo desse instrumento

O Acordo Multilateral de Seguridade Social destacam Nilde Bravo Maria

Alliney e Graciela Victoriacuten113

representa a satisfaccedilatildeo de uma diacutevida que os Estados

Partes tinham com seus trabalhadores considerando que no aspecto do Acordo o

social havia sido relegado a um segundo plano Deste modo olvidou-se que a

economia se constroacutei tambeacutem com o trabalho do homem e eacute deste ndash trabalhador

migrante ndash que se deve proteger seus bens mais valiosos como sua sauacutede e as

contingecircncias sociais de velhice invalidez e morte

241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral

O trabalhador que transitar pelos diferentes sistemas previdenciaacuterios dos

paiacuteses integrantes do MERCOSUL e desde que preenchidos os requisitos para a

concessatildeo do benefiacutecio teraacute direito ao mesmo poreacutem nem todas as prestaccedilotildees

112

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1Ed)

113 BRAVO N de Las M ALLINEY M C AVENDANtildeO G V Un avance en el proceso de

integracioacuten social en el MERCOSUR el Acuerdo Multilateral de Seguridad Social In PIMENTEL L O Op cit p 406

57

estaratildeo cobertas pelo Acordo Multilateral Como o diploma natildeo prevecirc uma unificaccedilatildeo

da legislaccedilatildeo previdenciaacuteria dentro do bloco e sim uma harmonizaccedilatildeo cada Estado

Parte deve continuar prestando sua assistecircncia da forma como a legislaccedilatildeo interna

prever

As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes

tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo

pagas de acordo com as normas previstas no artigo 7ordm do Acordo Multilateral

Destarte ficam excluiacutedos do Acordo Multilateral os previstos no Brasil no art

18 da Lei ndeg 8213 de 24 de julho de 1991 que dispotildee sobre os planos de

benefiacutecios da previdecircncia social

a) para o segurado aposentadoria por tempo de serviccedilo aposentadoria

especial salaacuterio-famiacutelia salaacuterio-maternidade auxiacutelio-acidente

b) para o dependente auxiacutelio-reclusatildeo

c) para o segurado e dependente serviccedilo social reabilitaccedilatildeo profissional

Somente seratildeo analisadas as principais caracteriacutesticas requisitos de

concessatildeo e forma da renda inicial mensal dos benefiacutecios com os quais os

trabalhadores do MERCOSUL poderatildeo contar

No Brasil a autoridade competente a processar os pedidos de

concessatildeo de benefiacutecios envolvendo estrangeiros dos Acordos Internacionais

eacute o Instituto Social do Seguro Social e a Assessoria de Assuntos Internacionais eacute

o oacutergatildeo responsaacutevel pela celebraccedilatildeo dos Acordos e pelo acompanhamento e

avaliaccedilatildeo de sua operacionalizaccedilatildeo O requerimento de benefiacutecio inclusive

benefiacutecio da legislaccedilatildeo do outro Paiacutes deveraacute ser protocolizado na Entidade Gestora

do paiacutes de residecircncia do interessado No Brasil os requerimentos satildeo formalizados

nas UnidadesAgecircncias da Previdecircncia Social conforme a residecircncia do requerente

e encaminhados ao Organismo de Ligaccedilatildeo correspondente

Em relaccedilatildeo ao benefiacutecio de aposentadoria por idade podemos apresentar

uma particularidade do Brasil que natildeo se aplica ao Acordo Multilateral de

Seguridade Social que eacute a possibilidade de o trabalhador rural que vive em regime

de economia familiar poder se aposentar por idade sem ter a necessidade de

contribuiccedilatildeo com idade de 60 anos para o homem e 55 anos para a mulher

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR

58

IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA

114

1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3 A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

115

Portanto embora o trabalhador rural seja efetivamente um trabalhador no

sistema brasileiro de previdecircncia social conforme dispotildee a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 se houver comprovaccedilatildeo de que o segurado era trabalhador rural chamado de

segurado especial116

ser-lhe-aacute devido o benefiacutecio da aposentadoria o que natildeo

acontece com os paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social

114

A sentenccedila na iacutentegra poderaacute ser observada no anexo fls 136 115

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA TRF - 4ordf Regiatildeo

116 Segurado Especial para o sistema brasileiro de previdecircncia social eacute aquele que vive em regime

de economia familiar e caracteriza-se como produtor parceiro meeiro e o arrendataacuterio rural o pescador artesanal e seus assemelhados que exerccedilam suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar com ou sem auxiacutelio eventual de terceiros em sistema de muacutetua colaboraccedilatildeo e sem utilizaccedilatildeo de matildeo de obra assalariada bem como seus respectivos cocircnjuges companheiros e filhos maiores de 16 anos de idade ou a eles equiparados desde que trabalhem comprovadamente com o grupo familiar respectivo

A contar de 22112000 o parceiro outorgante proprietaacuterio de imoacutevel rural com aacuterea total de no maacuteximo quatro moacutedulos fiscais que ceder em parceria ou meaccedilatildeo ateacute 50 da aacuterea de seu imoacutevel rural desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a atividade individualmente ou em regime de economia familiar (VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios Op cit p57)

59

Ateacute porque como se analisaraacute veraacute no Capiacutetulo 3 os trabalhadores

assegurados pelo Acordo satildeo aqueles que tecircm viacutenculo de emprego ou seja os

trabalhadores empregados

60

CAPIacuteTULO 3

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE

SOCIAL NO MERCOSUL

O ecircxito dos Acordos Internacionais eacute em grande parte em razatildeo da parceria

entre o Itamaraty e o Ministeacuterio da Previdecircncia Social (MPS) com vistas a estender

proteccedilatildeo previdenciaacuteria aos brasileiros que vivem no exterior o que pressupotildee a

existecircncia de acordos nessa mateacuteria com governos de outros paiacuteses

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL eacute o primeiro

Acordo multilateral brasileiro em mateacuteria previdenciaacuteria em vigor Nele por exemplo

satildeo garantidos benefiacutecios que dependem de contribuiccedilotildees e contagem de tempo

como aposentadoria por idade (voluntaacuteria ou obrigatoacuteria) aposentadoria por

invalidez auxiacutelio-doenccedila e a pensatildeo por morte o que totalizaria os periacuteodos para

quem atua em mais de um paiacutes no acircmbito do Acordo

Outra proteccedilatildeo prevista eacute a manutenccedilatildeo da contribuiccedilatildeo ao paiacutes de origem

quando o deslocamento temporaacuterio for inferior a 12 meses prorrogaacutevel por igual

periacuteodo sempre que seja autorizado pelo paiacutes de destino Em tal periacuteodo o

trabalhador manteacutem seu viacutenculo e direitos sempre no paiacutes de origem natildeo

precisando portanto requerer esse tempo trabalhado na forma do Acordo Ademais

o Acordo tambeacutem beneficia aos servidores puacuteblicos pertencentes aos Regimes

Proacuteprios de Previdecircncia Social

Quanto aos atendimentos de sauacutede o Acordo prevecirc assistecircncia meacutedica

gratuita na rede hospitalar do governo ao trabalhador deslocado temporariamente

nos termos do inciso I Artigo 6 do referido Acordo bem como a seus dependentes

Natildeo obstante os atendimentos de sauacutede somente seratildeo outorgados ao trabalhador

deslocado temporariamente para o territoacuterio de outros Estados Partes bem como

para seus familiares e dependentes se a Entidade Gestora do Estado de origem

autorizar esse outorgamento Os custos que se originem dessa possibilidade seratildeo

cobertos pela mesma Entidade Gestora que autorizou a prestaccedilatildeo117

117

Decreto Legislativo n ordm 4512001 art 6ordm

61

Assim no Brasil o interessado deveraacute antes do deslocamento dirigir-se ao

Departamento Nacional de Auditoria do SUS dependente do Ministeacuterio da Sauacutede do

Brasil e solicitar o Certificado de Direito a Assistecircncia Meacutedica no Estado para onde

se deslocaraacute temporalmente

Os acordos internacionais na aacuterea de seguridade social satildeo instrumentos

juriacutedicos que os trabalhadores se utilizam para obter a validade do tempo de

contribuiccedilatildeo de Estados diferentes para todos os paiacuteses que satildeo membros e assim

permitem reconhecer os benefiacutecios previdenciaacuterios sendo desta forma a maneira

de se garantir os direitos dos trabalhadores que estatildeo envolvidos nos movimentos

migratoacuterios

Neste sentido eacute imprescindiacutevel o destaque para a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que trata acerca da igualdade de

tratamento entre nacionais e estrangeiros no seu artigo 3ordm cuja redaccedilatildeo eacute a

seguinte

Artigo 3

o

sect 1ordm - Qualquer Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor concederaacute em seu territoacuterio aos nacionais qualquer outro Membro para o qual a referida Convenccedilatildeo estiver igualmente em vigor o mesmo tratamento que a seus proacuteprios nacionais de conformidade com sua legislaccedilatildeo tanto no atinente agrave sujeiccedilatildeo como ao direito agraves prestaccedilotildees em qualquer ramo da previdecircncia social para o qual tenha aceitado as obrigaccedilotildees da Convenccedilatildeo sect 2ordm - No concernente agraves pensotildees por morte esta igualdade de tratamento deveraacute ademais ser concedida aos sobreviventes dos nacionais de um Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor independentemente da nacionalidade desses sobreviventes sect 3ordm - Entretanto no que concerne agraves prestaccedilotildees de um ramo de previdecircncia social determinado um Membro poderaacute derrogar as disposiccedilotildees dos paraacutegrafos precedentes do presente artigo com respeito aos nacionais de qualquer outro Membro que embora possua legislaccedilatildeo relativa a este ramo natildeo concede no referido ramo igualdade de tratamento aos

nacionais do primeiro Membro118

O artigo 7ordm tambeacutem da Convenccedilatildeo 118 estipula que os paiacuteses signataacuterios

tecircm que se esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento

de direitos de seguridade social119

Dessa forma eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica

as iniciativas do poder puacuteblico para garantir esses direitos Eacute importante destacar

118

Convenccedilatildeo Internacional 118 ratificada pelo Brasil pelo do Decreto Legislativo nordm 31 de 20 de agosto de 1968

119 Ibid

62

que ficou previsto no Acordo em seu artigo 16 uma Comissatildeo Multilateral

Permanente conforme se descreve

ARTIGO 16 1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com as disposiccedilotildees do Regulamento Administrativo 2 As Autoridades Competentes instituiratildeo uma Comissatildeo Multilateral Permanente que deliberaraacute por consenso e onde cada representaccedilatildeo estaraacute integrada por ateacute 3 membros de cada Estado Parte A Comissatildeo teraacute as seguintes funccedilotildees a) verificar a aplicaccedilatildeo do Acordo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares b) assessorar as Autoridades Competentes c) planejar as eventuais modificaccedilotildees ampliaccedilotildees e normas complementares d) manter negociaccedilotildees diretas por um prazo de 6 meses a fim de resolver as eventuais divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo do Acordo Vencido o teacutermino anterior sem que tenham resolvido as diferenccedilas qualquer um dos Estados Partes poderaacute recorrer ao sistema de soluccedilatildeo de controveacutersia vigente entre os Estados Partes do Tratado de Assunccedilatildeo 3 A Comissatildeo Multilateral Permanente reunir-se-aacute uma vez por ano alternadamente em cada um dos Estados Partes ou quando o solicite um deles 4 As Autoridades Competentes poderatildeo delegar a elaboraccedilatildeo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares agrave Comissatildeo Multilateral Permanente

A criaccedilatildeo de uma Comissatildeo Multilateral Permanente foi uma inovaccedilatildeo

interessante trazida pelo Acordo que tem responsabilidade entre outras coisas de

monitorar a aplicaccedilatildeo do acordo assessorar as autoridades competentes e planejar

eventuais modificaccedilotildees e complementaccedilotildees no mesmo

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

No MERCOSUL existe distinccedilatildeo entre os ordenamentos juriacutedicos internos e

externos embora ambos sejam vaacutelidos eles satildeo distintos e independentes Haacute total

independecircncia entre as normas e natildeo eacute possiacutevel afirmar que a norma interna estaacute

63

condicionada agrave norma internacional pois se caracterizam dois ordenamentos

juriacutedicos distintos120

Como caracteriacutestica do MERCOSUL as decisotildees tomadas no acircmbito dos

Acordos Internacionais fica condicionada aos procedimentos internos de cada paiacutes

integrante do bloco

De acordo com o Decreto Regulamentador ldquoo ldquoAcordo designa o Acordo

Multilateral de Seguridade Social entre a Repuacuteblica Argentina a Repuacuteblica

Federativa do Brasil a Repuacuteblica do Paraguai e a Repuacuteblica Oriental do Uruguai ou

qualquer outro Estado que venha a aderirrdquo121

De acordo com o Decreto Legislativo o mesmo tem duraccedilatildeo indefinida e o

Estado Parte que desejar se desvincular do presente Acordo poderaacute se desligar a

qualquer tempo atraveacutes da via diplomaacutetica natildeo afetando obviamente os direitos

adquiridos em virtude do Acordo ateacute entatildeo firmado Da mesma forma mas em

sentido contraacuterio o Acordo estaraacute aberto agrave adesatildeo mediante negociaccedilatildeo a aqueles

Estados que no futuro aderirem ao Tratado de Assunccedilatildeo como eacute o caso da

Venezuela por exemplo

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL a partir da sua

ratificaccedilatildeo nos paiacuteses integrantes do bloco pelo de seus ordenamentos juriacutedicos

internos aleacutem de prever questotildees ligadas agrave Previdecircncia Social tambeacutem trouxe

informaccedilotildees referentes agraves prestaccedilotildees de sauacutede

Conforme dispotildee os artigos 3ordm e 6ordm do Acordo ratificado no Brasil pelo

Decreto Legislativo nordm 4512001

ARTIGO 3

1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social referente agraves prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede existentes nos Estados Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo aqui estabelecidas

2 Cada Estado Parte concederaacute as prestaccedilotildees pecuniaacuterias e de sauacutede de acordo com sua proacutepria legislaccedilatildeo

3 As normas sobre prescriccedilatildeo e caducidade vigentes em cada Estado Parte seratildeo aplicadas ao disposto neste Artigo

E ainda

120

KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees constitucionais Op cit p 94

121 Decreto Regulamentador nordm 57222006 artigo 1ordm

64

ARTIGO 6

1 As prestaccedilotildees de sauacutede seratildeo outorgadas ao trabalhador deslocado temporariamente para o territoacuterio de outro Estado Parte assim como para seus familiares e assemelhados desde que a Entidade Gestora do Estado de origem autorize a sua outorga

2 Os custos que se originem de acordo com o previsto no paraacutegrafo anterior correratildeo a cargo da Entidade Gestora que tenha autorizado a prestaccedilatildeo

Portanto o trabalhador deslocado seus familiares ou assemelhados para

que possam obter as prestaccedilotildees de sauacutede durante o periacuteodo de permanecircncia no

Estado Parte em que se encontrarem deveratildeo apresentar ao Organismo de Ligaccedilatildeo

o certificado de Deslocamento Temporaacuterio e quando necessitarem de assistecircncia

meacutedica de urgecircncia deveratildeo apresentar perante a Entidade Gestora do Estado em

que se encontram o certificado expedido pelo Estado de origem

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS

De acordo com o artigo 2ordm do Regulamento do Acordo Multilateral de

Seguridade Social satildeo Autoridades Competentes122

os titulares na Argentina o

Ministeacuterio de Trabalho e Seguridade Social e do Ministeacuterio da Sauacutede e Accedilatildeo Social

no Brasil o Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social e do Ministeacuterio da Sauacutede

no Paraguai o Ministeacuterio da Justiccedila e do Trabalho e do Ministeacuterio da Sauacutede Puacuteblica

e Bem-Estar Social e no Uruguai o Ministeacuterio do Trabalho e da Seguridade Social

Satildeo Entidades Gestoras123

na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) as Caixas ou Institutos Municipais e Provinciais de

Previdecircncia a Superintendecircncia de Administradores de Fundo de Aposentadorias e

Pensotildees e as Administradoras de Fundos de Aposentadorias e Pensotildees no que se

refere aos regimes que amparam as contingecircncias de velhice invalidez e morte

baseadas no sistema de reparto ou no sistema de capitalizaccedilatildeo individual e a

122

Eacute o titular do organismo governamental que conforme a legislaccedilatildeo interna de cada Estado Parte tem competecircncia sobre o regime de Seguridade Social art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

123 Entidades Gestoras satildeo as instituiccedilotildees competentes para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

65

Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede (ANSSAL) no que se refere agraves

prestaccedilotildees de sauacutede no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o

Ministeacuterio da Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no

Uruguai o Banco de Previdecircncia Social (BPS)

Satildeo Organismos de Ligaccedilatildeo124 na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) e a Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede

(ANSSAL) no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Ministeacuterio da

Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no Uruguai o Banco

de Previdecircncia Social (BPS) Os Organismos de Ligaccedilatildeo comunicar-se-atildeo

diretamente entre si assim como com as pessoas interessadas que se encontrem

no seu respectivo territoacuterio e certificaratildeo para os fins do Acordo os periacuteodos de

seguro ou contribuiccedilatildeo recolhidos no Estado Parte ao qual pertencem

compreendidos em qualquer dos regimes de Seguridade Social do Estado Parte

contemplados na sua legislaccedilatildeo conforme jaacute estaacute previsto no Artigo 3deg do Acordo

A correspondecircncia entre as Autoridades Competentes Organismos de

Ligaccedilatildeo e Entidades Gestoras dos Estados Partes seraacute redigida no respectivo

idioma oficial do Estado emissor125

Ateacute a publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo do MPSINSS nordm

1362010 os organismos de ligaccedilatildeo no Brasil eram agecircncias da Previdecircncia

especificamente nos Estados de Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia

Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre

Florianoacutepolis e Satildeo Paulo por intermeacutedio das Gerecircncias Executivas

Entretanto com a entrada em vigor da norma acima citada em 31 de

dezembro de 2010 a operacionalizaccedilatildeo de cada Acordo de Previdecircncia Social ficou

em um uacutenico Organsimo de Ligaccedilatildeo no Brasil conforme Quadro 1 a seguir

124

Organismo de Ligaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos designados a efetuarem a comunicaccedilatildeo com os paiacuteses acordantes garantindo o cumprimento das solicitaccedilotildees formuladas no acircmbito dos Acordos Internacionais (Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 1ordm) e tem o objetivo de facilitar a aplicaccedilatildeo do Acordo adotando as medidas necessaacuterias para lograr sua maacutexima agilizaccedilatildeo e simplificaccedilatildeo administrativa

125 Decreto Legislativo n

o 4512001 art14

66

Quadro 2 Organismos de Ligaccedilatildeo no Brasil para acordos com outros paiacuteses

Fonte Anexo I da Resoluccedilatildeo MPSINSS 1362010

Observe-se que no acircmbito do MERCOSUL no Brasil a gerecircncia de

Florianoacutepolis (SC) eacute responsaacutevel atualmente para

I solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social brasileira de

estrangeiros em regime de deslocamento temporaacuterio no Brasil bem

como para os casos previstos nas regras de exceccedilatildeo e opccedilatildeo

II solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social relativa aos

paiacuteses acordantes para brasileiro que temporariamente preste serviccedilo

naqueles paiacuteses bem como para os casos que se enquadrarem nas

regras de exceccedilatildeo

III emitir os formulaacuterios de Ligaccedilatildeo Certificados de Deslocamento

Temporaacuterio e respectivas prorrogaccedilotildees informar aos paiacuteses

acordantes sobre as decisotildees proferidas resultantes da anaacutelise das

solicitaccedilotildees referentes aos processos de benefiacutecios no acircmbito dos

Acordos Internacionais e

IV encaminhar aos paiacuteses acordantes as informaccedilotildees sobre a situaccedilatildeo do

segurado junto agrave Previdecircncia Social brasileira quando requeridas bem

como prestar atendimento agraves demais solicitaccedilotildees apresentadas pelos

paiacuteses signataacuterios dos Acordos Internacionais126

A Resoluccedilatildeo esclarece em seu artigo 4ordm que os antigos Organismos de

Ligaccedilatildeo (Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte

Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre Florianoacutepolis e Satildeo Paulo)

126

Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 3ordm

Acordo do Brasil com Organismo de Ligaccedilatildeo Telefone

Portugal amp Cabo Verde Gerecircncia Satildeo Paulo Sul APS Vila Mariana

(11) 3503- 36073608

Espanha Gerecircncia Rio de Janeiro Centro APS Almirante Barroso

(21) 2272-35153438

Itaacutelia Gerecircncia Belo Horizonte APS Santa Efigecircnia

(31) 3249-42274228

MERCOSUL Argentina Paraguai e Uruguai

Gerecircncia Florianoacutepolis APS Florianoacutepolis Centro

(48) 3298-8125

Chile Gerecircncia Recife APS Santo Antocircnio

(81) 3412-55765492

Greacutecia amp Luxemburgo

Gerecircncia Distrito Federal APS Brasiacutelia Sul

(61) 3319-25042588

67

deveratildeo transferir os processos em anaacutelise que natildeo puderem ser concluiacutedos no

prazo de 120 dias contados da publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo (31122010) para os

novos Organismos de Ligaccedilatildeo constantes do Quadro 1 (Anexo 1 da Resoluccedilatildeo

1362010) considerando-se a nova distribuiccedilatildeo das atividades dos Acordos

Internacionais Informa ainda que os processos natildeo concluiacutedos no prazo de 120

dias por falta de respostas do Organismo estrangeiro deveratildeo ser encaminhados

ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente com coacutepia dos ofiacutecios expedidos ao exterior

Um dos grandes desafios para os paiacuteses-membros estaacute na coordenaccedilatildeo de

procedimentos administrativos que possibilitem de forma aacutegil a operacionalizaccedilatildeo do

acordo multilateral Para atingir esse objetivo as instituiccedilotildees em conjunto com a

Organizaccedilatildeo Ibero-Americana de Seguridade Social (OISS) entenderam ser de

extrema importacircncia a realizaccedilatildeo de projeto visando agrave criaccedilatildeo da Base Uacutenica de

Seguridade Social do MERCOSUL (BUSS)127

Por intermeacutedio da OISS recursos financeiros foram disponibilizados pelo

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aos Estados Partes exceto ao

Brasil128

para desenvolvimento do projeto Em contrapartida o Brasil por meio da

Empresa de Tecnologia e Informaccedilotildees da Previdecircncia Social (Dataprev) assumiu o

compromisso de desenvolver o sistema de intercacircmbio de informaccedilatildeo e validaccedilatildeo de

dados em mateacuteria de seguridade social129

No 5ordm Encontro de Cortes Supremas do MERCOSUL realizado nos dias 8 e

9 de novembro de 2007 em Brasiacutelia (no qual debates foram realizados no Supremo

Tribunal Federal e aleacutem dos ministros do STF o evento contou com a presenccedila de

presidentes das Cortes Supremas dos paiacuteses do MERCOSUL e associados aleacutem

de secretaacuterios da aacuterea previdenciaacuteria dos governos brasileiro argentino paraguaio e

uruguaio) foi divulgado pelo entatildeo secretaacuterio de Poliacuteticas de Previdecircncia Social do

Brasil Helmut Schwarzer a criaccedilatildeo de uma rede eletrocircnica com dados de

contribuintes da previdecircncia dos quatro paiacuteses para facilitar a concessatildeo dos

benefiacutecios a estrangeiros

127

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 p 33 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1ed)

128 Em razatildeo da legislaccedilatildeo interna o Brasil apresenta dificuldades em internalizar recursos do BID

129 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Loc cit

68

Segundo Helmut130

essa iniciativa poderaacute evitar que os tribunais dos paiacuteses

do MERCOSUL recebam accedilotildees sobre o assunto

O iniacutecio da operacionalizaccedilatildeo do Sistema de Transferecircncia e Validaccedilatildeo de

Dados dos paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL tem o intuito de permitir aos paiacuteses um acompanhamento mais raacutepido e

eficaz das informaccedilotildees dos trabalhadores que circulam no bloco O sistema criado

pelo corpo teacutecnico da Dataprev131

permite gerar formulaacuterios para preenchimento dos

dados pessoais do beneficiaacuterio dependentes e representantes legais e dos periacuteodos

de viacutenculos empregatiacutecios e contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria132

As informaccedilotildees circularatildeo simultaneamente entre os paiacuteses nos quais o

cidadatildeo trabalhou formalmente A utilizaccedilatildeo do sistema poderaacute ser estendida a

todos os paiacuteses com os quais o Brasil manteacutem acordo internacional para concessatildeo

de aposentadoria pensatildeo e auxiacutelios133

Pelo novo sistema que foi desenvolvido

utilizando-se tecnologia de ponta software livre e certificaccedilatildeo digital que garante o

alto niacutevel de seguranccedila da informaccedilatildeo os recursos seratildeo repassados ao sistema

previdenciaacuterio do paiacutes onde o trabalhador estaacute e a partir disso ele receberaacute

pessoalmente o valor do seu benefiacutecio

Segundo Joatildeo Donadon134

todo o tracircmite seraacute eletrocircnico e os recursos

seratildeo repassados ao outro paiacutes em remessa uacutenica Se algum benefiacutecio natildeo for

sacado pelo segurado o dinheiro seraacute devolvido ao oacutergatildeo responsaacutevel pela poliacutetica

previdenciaacuteria do paiacutes de origem135

O Sistema de Acordos Internacionais (Siaci) encontra-se em operaccedilatildeo

desde julho de 2008136

A ferramenta tem permitido a raacutepida transmissatildeo via

internet de formulaacuterios destinados agrave troca de informaccedilotildees de tempo de serviccedilo e

concessatildeo de benefiacutecios para os trabalhadores migrantes dos paiacuteses signataacuterios do

MERCOSUL

130

Disponiacutevel em lthttpogloboglobocomeconomiamat20071109327102998aspgt Acesso em 20072009

131 Empresa de Tecnologia que presta serviccedilos de tecnologia da informaccedilatildeo ao INSS

132 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Op cit p 33 133

Ibid 134

Diretor do Regime Geral de Previdecircncia Social do Brasil 135

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwnotadezcombrgt Acesso em 07042011 136

Disponiacutevel em lthttpportaldataprevgovbr20090726siaci-sistemas-de-acordos-internacionaisgt Acesso em 15082009

69

A qualquer momento eacute possiacutevel consultar e conferir as transaccedilotildees

efetuadas reduzindo-se progressivamente a utilizaccedilatildeo de documentos em papel

Pelo documento trabalhadores do Brasil Argentina Uruguai e Paraguai podem

incluir no caacutelculo de suas aposentadorias o tempo que trabalharam em outro paiacutes

aleacutem da concessatildeo de outros benefiacutecios137

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

Cidadatildeos originaacuterios de um dos paiacuteses signataacuterios que trabalhem em outro

paiacutes tecircm a garantia de em funccedilatildeo do Acordo Multilateral natildeo perder os diretos

previdenciaacuterios e o direito agrave sauacutede Isso significa que esses trabalhadores podem

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo assim como o tempo de contribuiccedilatildeo Eacute o que diz o artigo 7ordm do

Acordo138

ARTIGO 7

[] os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no Regulamento Administrativo

Um cidadatildeo uruguaio que trabalhe no Brasil por exemplo teraacute direito aos

benefiacutecios de sauacutede e da previdecircncia social de acordo com legislaccedilatildeo brasileira e

consideradas as contribuiccedilotildees efetuadas no Uruguai Diante disso constata-se que

o Acordo utiliza como regra geral o princiacutepio da territorialidade o que significa que

no momento do requerimento da prestaccedilatildeo ou benefiacutecio vale a legislaccedilatildeo do paiacutes

em que o trabalhador estiver exercendo sua atividade laboral139

Haacute algumas exceccedilotildees previstas no proacuteprio texto do Acordo como por

exemplo os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados Partes

Nesse caso eles permanecem sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio a

empresa tenha sua sede Conforme dispotildee os artigos 4ordm e 5ordm do Acordo o

137

Idem 138

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 7ordm 139

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 58

70

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio exerccedila

a atividade laboral com as seguintes exceccedilotildees140

ARTIGO 5 O principio estabelecido no Artigo 4 tem as seguintes exceccedilotildees a) o trabalhador de uma empresa com sede em um dos Estados-Partes que desempenhe tarefas profissionais de pesquisa cientificas teacutecnicas ou de direccedilatildeo ou atividades similares e outras que poderatildeo ser definidas pela Comissatildeo Multilateral Permanente prevista no Artigo 16 Paraacutegrafo 2 e que seja deslocado para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado por um periacuteodo limitado continuaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte de origem ateacute um prazo de doze meses suscetiacutevel de ser prorrogado em caraacuteter excepcional mediante preacutevio e expresso consentimento da Autoridade Competente do outro Estado Parte b) o pessoal de vocirco das empresas de transporte aeacutereo e o pessoal de tracircnsito das empresas de transporte terrestre continuaratildeo exclusivamente sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio a respectiva empresa tenha sua sede c) os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados-Partes continuaratildeo sujeitos agrave legislaccedilatildeo do mesmo Estado Qualquer outro trabalhador empregado em tarefas de carga e descarga conserto e vigilacircncia de navio quando no porto estaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja jurisdiccedilatildeo se encontre o navio 2 Os membros das representaccedilotildees diplomaacuteticas e consulares organismos internacionais e demais funcionaacuterios ou empregados dessas representaccedilotildees seratildeo regidos pelas legislaccedilotildees tratados e convenccedilotildees que lhes sejam aplicaacuteveis

Diante destas situaccedilotildees a Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de

Seguridade Social do MERCOSUL aprovou e publicou a Resoluccedilatildeo 12005 em

reuniatildeo realizada em Buenos Aires no ano de 2005 com o objetivo de estabelecer

criteacuterios para aplicaccedilatildeo do Acordo e tentar dirimir questotildees controveacutersias trazendo

em seu artigo 3ordm a informaccedilatildeo que reafirma a legislaccedilatildeo aplicaacutevel ao trabalhador que

se encontra nos Estados Partes

1 No caso dos trabalhadores transferidos para territoacuterio de outro Estado Parte previsto no art 5deg nuacutemero la) do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado no qual estaacute domiciliado o empregador ou a instituiccedilatildeo que dito Oacutergatildeo determine para tal fim remeteraacute coacutepia do certificado a que se refere o art 3deg do Regulamento Administrativo ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte a que se destina o trabalhador

2 Dito certificado constituiraacute a prova de que natildeo satildeo de aplicaccedilatildeo ao mencionado trabalhador transferido as disposiccedilotildees de Seguridade Social do lugar de destino

141

140

Decreto nordm 4512001 art 5ordm 141

Resoluccedilatildeo CMP n12005

71

Ainda o artigo 7ordm do Regulamento Administrativo mais uma vez ressalta a

regra aplicaacutevel informando que as prestaccedilotildees a que os trabalhadores tecircm direito

devem ter amparo na legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes de prestaccedilatildeo de

serviccedilos142

ARTIGO 7 As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo pagas de acordo com as normas seguintes 1 Quando se reuacutenam as condiccedilotildees requeridas pela legislaccedilatildeo de um Estado Parte para se ter direito agraves prestaccedilotildees sem que seja necessaacuterio recorrer agrave totalizaccedilatildeo de periacuteodos prevista no Titulo VI do Acordo a Entidade Gestora calcularaacute a prestaccedilatildeo em virtude unicamente do previsto na legislaccedilatildeo nacional que se aplique sem prejuiacutezo da totalizaccedilatildeo que possa solicitar o beneficiaacuterio 2 Quando o direito a prestaccedilotildees natildeo se origine unicamente com base nos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no Estado Contratante de que se trate a liquidaccedilatildeo da prestaccedilatildeo deveraacute ser feita tomando-se em conta a totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos outros Estados Partes 3 Caso seja aplicado o paraacutegrafo precedente a Entidade Gestora determinaraacute em primeiro lugar o valor da prestaccedilatildeo a que o interessado ou seus familiares e assemelhados teriam direito como se os periacuteodos totalizados tivessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo e em seguida fixaraacute o valor da prestaccedilatildeo em proporccedilatildeo aos periacuteodos cumpridos exclusivamente sob tal legislaccedilatildeo

Note-se que a norma legal traz em seu texto o termo trabalhador mas

quem seria este trabalhador a quem a norma se refere Tendo em vista que

empregado eacute espeacutecie do gecircnero trabalhador isso permite concluir que todo

empregado eacute trabalhador mas nem todo trabalhador eacute empregado143

Em face do que se observa no Acordo estaacute assegurado pelo Acordo

Multilateral de Seguridade Social o trabalhador empregado ou seja aquele que tem

viacutenculo empregatiacutecio com o empregador Os trabalhadores autocircnomos por exemplo

estatildeo fora da cobertura previdenciaacuteria se estiverem trabalhando nos Estados

Partes Esta informaccedilatildeo foi ressaltada no livro de estudos organizado pelo Ministeacuterio

da Previdecircncia Social quando assim informa

142

Decreto nordm 57222006 art 7ordm 143

Disponiacutevel em lthttpbuenoecostanzeadvbrindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=4642ampItemid=96gt

Acesso em 20032011

72

Cabe ainda ressaltar que o Acordo protege somente aqueles trabalhadores que estiverem prestando serviccedilo regularmente em um dos Estados Partes o trabalhador informal que natildeo possui filiaccedilatildeo previdenciaacuteria natildeo estaacute portanto incluiacutedo nessa proteccedilatildeo

144

Portanto uma vez considerado trabalhador empregado este poderaacute pleitear

benefiacutecios previdenciaacuterios observando os criteacuterios trazidos nos termos do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL Eacute importante destacar neste

sentido que o custo dos benefiacutecios concedidos em virtude do Acordo eacute rateado

entre os paiacuteses em que o trabalhador contribuiu proporcionalmente ao seu tempo

de contribuiccedilatildeo em cada um deles Ou seja eacute utilizada a sistemaacutetica da totalizaccedilatildeo

e o custo eacute rateado de forma diretamente proporcional ao tempo de filiaccedilatildeo em cada

sistema previdenciaacuterio de modo que natildeo haja desequiliacutebrio financeiro para o Estado

Parte que estiver concedendo o benefiacutecio145

Em se tratando de acordo internacional previdenciaacuterio a forma mais comum

eacute a divisatildeo de encargos entre os paiacuteses contratantes Haacute o estabelecimento de uma

relaccedilatildeo proporcional de encargo Cada paiacutes assume uma parte do total fazendo o

segurado jus a um benefiacutecio que resulta da soma das responsabilidades de cada

Estado O benefiacutecio eacute pago geralmente pelo paiacutes concessor sendo que haacute um

ajuste de contas entre os paiacuteses celebrantes do tratado146

As Entidades Gestoras pagaratildeo diretamente aos beneficiaacuterios as prestaccedilotildees

compreendidas no Acordo na forma determinada por cada Estado Parte

Para obter a concessatildeo das prestaccedilotildees os trabalhadores ou seus familiares

e assemelhados deveratildeo apresentar solicitaccedilatildeo em formulaacuterio especial ao

Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado em que residirem ou se residentes no territoacuterio de

outro Estado deveratildeo dirigir-se ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja

legislaccedilatildeo o trabalhador se encontrava assegurado no uacuteltimo periacuteodo de seguro ou

contribuiccedilatildeo

As solicitaccedilotildees dirigidas a Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras

de qualquer Estado Parte onde o interessado tenha periacuteodos de seguro contribuiccedilatildeo

ou residecircncia produziratildeo os mesmos efeitos como se tivessem sido entregues ao

Organismo de Ligaccedilatildeo previsto nos paiacuteses de residecircncia

144

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

145 Ibid p 59

146 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio 3 ed Satildeo Paulo LTr 2005 p

244

73

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras seratildeo

obrigadas a enviaacute-las ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente informando as datas

em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas147

O interessado que deseje solicitar os benefiacutecios previdenciaacuterios no Brasil ou

seja aqueles previstos no Acordo Multilateral deveraacute se dirigir agrave Agecircncia de

Previdecircncia Social mais proacutexima com a documentaccedilatildeo necessaacuteria para obter um

benefiacutecio comum aleacutem da documentaccedilatildeo que comprove sua atividade no paiacutes que

assinou o Acordo Tal documentaccedilatildeo seraacute enviada pelo organismo de conexatildeo

brasileiro para o organismo de conexatildeo do paiacutes membro do Acordo que

reconheceraacute ou natildeo o periacuteodo de contribuiccedilatildeo alegado pelo interessado naquele

paiacutes

O trabalhador ficaraacute sujeito ao regime previdenciaacuterio do paiacutes onde esteja

prestando serviccedilo exceto nos casos em que o trabalhador esteja sob a tutela do

Certificado de Deslocamento Temporaacuterio e sempre que esteja dentro do prazo

autorizado ainda que seja prorrogado Assim nos termos do inciso 1ordm do artigo 3ordm o

Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social

referente aos regimes tributaacuteveis pecuniaacuterios e de sauacutede existentes nos Estados

Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo que estipula148

Eacute importante ressaltar que o Acordo Multilateral do MERCOSUL inova ao

conceber tambeacutem disposiccedilotildees aplicaacuteveis a regimes de aposentadoria e pensotildees de

capitalizaccedilatildeo individual O Acordo seraacute aplicaacutevel tambeacutem aos trabalhadores filiados

a um regime de aposentadoria e pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecido

por algum dos Estados Partes para a obtenccedilatildeo das aposentadorias por velhice

idade avanccedilada invalidez ou morte149

Ademais os Estados Partes e os eventuais futuros aderentes ao Acordo

poderatildeo estabelecer mecanismos de transferecircncias de fundos para os fins de

obtenccedilatildeo das referidas aposentadorias e demais benefiacutecios sendo necessaacuterio que

as administradoras de fundos ou empresas seguradoras deem cumprimento aos

mecanismos que o Acordo Multilateral prevecirc150

Tais transferecircncias se daratildeo quando

o interessado comprove direito agrave obtenccedilatildeo das aposentadorias quando a

147

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

148 Ibid

149 Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 9ordm

150 Nota Teacutecnica nordm 202005 DRPSPSPSMPS

74

informaccedilatildeo aos filiados seraacute proporcionada nos termos da legislaccedilatildeo de cada Estado

Parte caso em que no Brasil natildeo ocorre

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade

Social

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) eacute uma autarquia do

governo federal do Brasil que recebe as contribuiccedilotildees para a manutenccedilatildeo do

Regime Geral da Previdecircncia Social sendo responsaacutevel pela concessatildeo dos

benefiacutecios previdenciaacuterios previstos na Lei nordm 821391 O INSS trabalha junto com a

Dataprev empresa de tecnologia que faz o processamento de todos os dados da

previdecircncia e estaacute subordinado ao Ministeacuterio da Previdecircncia Social

De acordo com o Regulamento Administrativo (art 2ordm) no Brasil a

instituiccedilatildeo competente e reconhecida para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo no acircmbito do acordo como Entidade Gestora e Organismo de Ligaccedilatildeo eacute o

INSS (para as prestaccedilotildees previdenciaacuterias) e o Ministeacuterio da Sauacutede (para as

prestaccedilotildees de sauacutede) Ou seja no Brasil o Oacutergatildeo Gestor eacute o INSS que

operacionaliza os Acordos pelos Organismos de Ligaccedilatildeo instruindo os processos

pela gerecircncia executiva responsaacutevel que no caso do MERCOSUL eacute a agecircncia com

responsabilidade da Gerecircncia Executiva de Florianoacutepolis ndash Santa Catarina

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios

As empresas que apresentam o intuito de deslocar temporariamente seus

empregados ao exterior devem fazecirc-lo mediante Certificado de Deslocamento

Temporaacuterio em que o segurado eacute isento de contribuir no paiacutes contratante aonde for

trabalhar na forma prevista em cada Acordo permanecendo sujeito agrave legislaccedilatildeo

previdenciaacuteria brasileira mas garantindo seus direitos no outro paiacutes Este seraacute o

documento haacutebil necessaacuterio para que o INSS averigue a documentaccedilatildeo da empresa

Durante o prazo do deslocamento temporaacuterio o trabalhador teraacute direito agrave

assistecircncia meacutedica da rede oficial do governo do Paiacutes Acordante O artigo 3ordm do

regulamento administrativo assim informa sobre o deslocamento temporaacuterio151

151

Decreto nordm 57222006 art 3ordm

75

ARTIGO 3

1 Para os casos previstos na aliacutenea ldquo1 ardquo do Artigo 5ordm do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo expediraacute mediante solicitaccedilatildeo da empresa do Estado de origem do trabalhador que for deslocado temporariamente para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado um certificado no qual conste que o trabalhador permanece sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado de origem indicando os familiares e assemelhados que o acompanharatildeo nesse deslocamento Coacutepia de tal certificado deveraacute ser entregue ao trabalhador

2 A empresa que deslocou temporariamente o trabalhador comunicaraacute ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado que expediu o certificado neste caso a interrupccedilatildeo da atividade prevista na situaccedilatildeo anterior 3 - Para os efeitos estabelecidos na aliacutenea ldquo1ardquo do Artigo 5 do Acordo a empresa deveraacute apresentar a solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo perante a Entidade Gestora do Estado de origem A Entidade Gestora do Estado de origem expediraacute o certificado de prorrogaccedilatildeo correspondente mediante consulta preacutevia e expresso consentimento da Entidade Gestora do outro Estado

4 - A empresa apresentaraacute as solicitaccedilotildees a que se referem os Paraacutegrafos 1 e 3 com trinta dias de antecedecircncia miacutenima da ocorrecircncia do fato gerador Em caso contraacuterio o trabalhador ficaraacute automaticamente sujeito a partir do iniacutecio da atividade ou da data de expiraccedilatildeo do prazo autorizado agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio continuar desenvolvendo suas atividades

Apenas nos Acordos BrasilEspanha e BrasilGreacutecia estaacute previsto

deslocamento Temporaacuterio para trabalhadores autocircnomos

O segurado deve levar consigo uma via do Certificado de Deslocamento152

O periacuteodo de deslocamento poderaacute ser prorrogado observados os prazos e as

condiccedilotildees fixados em cada Acordo No caso de solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo de

transferecircncias temporaacuterias esta deveraacute ser apresentada junto ao Oacutergatildeo de Ligaccedilatildeo

que concedeu o certificado de transferecircncia com a devida antecedecircncia em relaccedilatildeo

ao vencimento do periacuteodo de transferecircncia temporaacuteria que se houver concedido

Caso contraacuterio o trabalhador transferido ficaraacute automaticamente sujeito a partir do

vencimento do prazo original agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

continua prestando serviccedilos

Assim dispotildee o artigo 5ordm do Anexo II da Resoluccedilatildeo CMP nordm 012005

[] a) O prazo dos deslocamentos temporaacuterios previstos pelo inciso 1 do art 5 do Acordo Multilateral poderaacute ser prorrogado por um prazo total maior de doze meses previamente autorizado pela Autoridade Competente ou instituiccedilatildeo delegada do Estado receptor (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

152

Informaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwprevidenciasocialgovbrconteudoDinamicophpid=111gt Acesso em 10042011

76

b) Tanto o prazo original quanto o de prorrogaccedilatildeo poderatildeo ser utilizados de forma fracionada (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) c) Em virtude do caraacuteter excepcional do regime de deslocamentos temporaacuterios uma vez utilizado o prazo maacuteximo de vinte e quatro meses natildeo poderaacute ser concedido ao mesmo trabalhador um novo periacuteodo de amparo a este regime (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) 2 Para os fins da aliacutenea ldquoardquo do Art 5 do Acordo seratildeo consideradas como tarefas profissionais de pesquisa cientiacuteficas teacutecnicas ou de direccedilatildeo aquelas relacionadas a situaccedilotildees de emergecircncia transferecircncia de tecnologia prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia teacutecnica funccedilotildees de direccedilatildeo geral de gerenciamento de supervisatildeo de assessoramento a funccedilotildees superiores da empresa de consultoria especializada e similares (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

3 Eacute facultado ao Estado Parte receptor dos trabalhadores deslocados temporariamente solicitar que aleacutem do certificado previsto no Art 3 do Ajuste Administrativo seja apresentada documentaccedilatildeo que certifique que o trabalhador possui qualificaccedilatildeo ou as qualidades exigidas pela aliacutenea ldquoardquo do inciso 1 do Art 5 do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL assim como declaraccedilatildeo da empresa receptora relativa agrave atividade que seraacute desempenhada pelo trabalhador no territoacuterio do Estado Parte receptor (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

153

Os segurados seus familiares e assemelhados que desejem fazer valer

direitos agraves prestaccedilotildees deveratildeo apresentar a respectiva solicitaccedilatildeo junto agrave Entidade

Gestora competente do Estado Parte onde residam ou tenham realizado sua uacuteltima

atividade Os formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo

do Deslocamento Temporaacuterio encontram-se no Anexo 4

333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo

Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados

Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade

avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no

Regulamento Administrativo Assim dispotildee o Regulamento Administrativo sobre a

totalizaccedilatildeo do tempo de contribuiccedilatildeo154

153

Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 12005 da Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL atualizada pela Resoluccedilatildeo nordm 72007 da mesma comissatildeo

154 Decreto nordm 57222006 art 6

77

ARTIGO 6 1 De acordo com o previsto no Artigo 7 do Acordo os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no territoacuterio dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte observando as seguintes regras a) Cada Estado Parte consideraraacute os periacuteodos cumpridos e certificados por outro Estado desde que natildeo se superponham como periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo conforme sua proacutepria legislaccedilatildeo b) Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos antes do iniacutecio da vigecircncia do Acordo seratildeo considerados somente quando o trabalhador tiver periacuteodos de trabalho a cumprir a partir dessa data c) O periacuteodo cumprido em um Estado Parte sob um regime de seguro voluntaacuterio somente seraacute considerado quando natildeo for simultacircneo a um periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo obrigatoacuterio cumprido em outro Estado 2 Nos casos em que a aplicaccedilatildeo do Paraacutegrafo 2 do Artigo 7 do Acordo venha exonerar de suas obrigaccedilotildees a todas as Entidades Gestoras competentes dos Estado -Partes envolvidos as prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados Partes aonde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador em todos os Estados Partes

Caso o trabalhador natildeo tenha reunido a comprovaccedilatildeo do tempo miacutenimo de

12 meses somente seraacute computaacutevel os serviccedilos prestados em outro Estado que

tenha celebrado acordos bilaterais ou multilaterais de Seguridade Social com

qualquer dos Estados Partes E se somente um dos Estados Partes tiver concluiacutedo

um acordo de seguridade com outro paiacutes seraacute necessaacuterio que tal Estado Parte

assuma como proacuteprio o periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo cumprido neste terceiro

paiacutes155

A aplicaccedilatildeo desta norma pode vir a exonerar de suas obrigaccedilotildees todas as

Entidades Gestoras competentes dos Estados Partes envolvidos uma vez que as

prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados

Partes onde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com

preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos em

todos os Estados Partes156

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras de

solicitaccedilotildees de obtenccedilatildeo de concessatildeo por parte dos trabalhadores familiares e

assemelhados obrigar-se-atildeo a enviaacute-las sem demora ao Organismo de Ligaccedilatildeo

155

Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 7ordm 156

ALVES Carlos Marne Dias 2006 A Previdecircncia no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Direito das Relaccedilotildees Internacionais) UniCEUB Brasiacutelia 2006 p 162

78

competente informando as datas em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas157

Neste sentido os artigos 9ordm e 10ordm do Regulamento Administrativo assim

estabelecem158

ARTIGO 9 1 Para o tracircmite das solicitaccedilotildees das prestaccedilotildees pecuniaacuterias os Organismos de Ligaccedilatildeo utilizaratildeo um formulaacuterio especial no qual seratildeo consignados entre outros os dados de filiaccedilatildeo do trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados conjuntamente com a relaccedilatildeo e o resumo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador nos Estados Partes 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo avaliaraacute se for o caso a incapacidade temporaacuteria ou permanente emitindo o certificado correspondente que acompanharaacute os exames meacutedico-periciais realizados no trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados 3 Os laudos meacutedico-periciais do trabalhador consignaratildeo entre outros dados se a incapacidade temporaacuteria ou invalidez eacute consequumlecircncia de acidente do trabalho ou doenccedila profissional e indicaratildeo a necessidade de reabilitaccedilatildeo profissional 4 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado pronunciar-se-aacute sobre a solicitaccedilatildeo em conformidade com sua respectiva legislaccedilatildeo considerando-se os antecedentes meacutedico-periciais praticados 5 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo remeteraacute os formulaacuterios estabelecidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado ARTIGO 10 1 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado preencheraacute os formulaacuterios recebidos com as seguintes indicaccedilotildees a) periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo b) o valor prestaccedilatildeo reconhecida de acordo com o previsto no Paraacutegrafo 3 do Artigo 7 do presente Regulamento Administrativo 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo indicado no paraacutegrafo anterior remeteraacute os formulaacuterios devidamente preenchidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde o trabalhador solicitou a prestaccedilatildeo

Observa-se portanto que os trabalhadores e seus familiares poderatildeo

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo sendo computados tambeacutem o tempo de contribuiccedilatildeo do paiacutes de

origem e em alguns casos ateacute mesmo o tempo de contribuiccedilatildeo em paiacuteses natildeo

157

Regulamento Administrativo art 8ordm 158

Decreto 57222006 artigos 9 e 10

79

signataacuterios do acordo desde que esses tenham acordo com qualquer um dos

Estados Partes

Destaca-se no entanto que se o acordo do paiacutes natildeo signataacuterio for com

apenas um dos Estados Partes esse deveraacute reconhecer como proacuteprios os serviccedilos

prestados naquele159

Este instituto natildeo eacute nenhuma novidade para o INSS De

acordo com a Lei ndeg 97961999 adota-se procedimento semelhante com os

regimes proacuteprios de previdecircncia dos servidores puacuteblicos quando faz a totalizaccedilatildeo do

tempo de contribuiccedilatildeo e a divisatildeo proacute-rata do valor pago ao segurado chamando

este instituto de Contagem Reciacuteproca do Tempo de Contribuiccedilatildeo

159

Nota teacutecnica elaborada pela Coordenaccedilatildeo-Geral de Estudos Previdenciaacuterios da Secretaria de Poliacuteticas de Previdecircncia Social ndash CGEPSPS (NOTA TEacuteCNICA nordm 202005 DRPSPSPSMPS)

80

CONCLUSAtildeO

O objeto problematizado na presente dissertaccedilatildeo foi o Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL na garantia do direito agrave previdecircncia social aos

trabalhadores que tenham se vinculado a sistemas previdenciaacuterios de diferentes

paiacuteses durante sua vida laboral

Questotildees sobre integraccedilatildeo previdenciaacuteria acabam sendo necessaacuterias no

atual cenaacuterio de globalizaccedilatildeo da economia de formaccedilatildeo de blocos regionais e do

aumento do fluxo migratoacuterio principalmente da ampliaccedilatildeo da liberdade de circulaccedilatildeo

de trabalhadores para lhes assegurar seguranccedila na sua proteccedilatildeo social

previdenciaacuteria

A Previdecircncia Social espeacutecie do gecircnero Seguridade Social eacute um direito de

proteccedilatildeo social conferido ao trabalhador segurado e um mecanismo necessaacuterio para

manter o regime de trabalho assalariado

Surgiu como uma ferramenta do Estado garantir (aqueles que contribuem)

condiccedilotildees financeiras para periacuteodos de incapacidade de trabalho como doenccedila

invalidez ou velhice e diminuir os riscos de arcar futuramente com situaccedilotildees de

miseacuteria e pobreza como distribuidor de renda por este motivo impocircs contribuiccedilotildees

compulsoacuterias aos trabalhadores que de alguma forma prestam serviccedilos a pessoas

fiacutesicas juriacutedicas e por conta proacutepria

Na atual conjuntura a intervenccedilatildeo do Estado na sociedade a fim de

estruturar e garantir proteccedilatildeo previdenciaacuteria eacute imprescindiacutevel e com a globalizaccedilatildeo

natildeo eacute diferente o cocircmputo de tempo de serviccedilo desenvolvido no exterior para fins

de obtenccedilatildeo de benefiacutecio previdenciaacuterio no Brasil exige regramento particular no

acircmbito do direito internacional

A possibilidade de reconhecimento no Brasil do labor desenvolvido em

qualquer um dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL e vice versa tem assento

atualmente no Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul

assinado em 15121997 pelos representantes dos componentes originaacuterios do

bloco (Brasil Argentina Uruguai e Paraguai)

Entretanto eacute importante destacar que antes da entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social existiam acordos bilaterais de previdecircncia social

do Brasil com vaacuterios paiacuteses inclusive com paiacuteses integrantes do MERCOSUL

81

diante disso destacamos o disposto no artigo 8ordm do Acordo Multilateral de

Seguridade Social que informa que ldquoos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

cumpridos antes da vigecircncia do presente Acordo seratildeo considerados desde que

estes natildeo tenham sido utilizados anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees

pecuniaacuterias em outro paiacutesrdquo160

Houve no decorrer da pesquisa grandes dificuldades de obtenccedilatildeo de dados

especiacuteficos junto agrave autarquia federal (INSS) embora jaacute esteja sendo utilizado o

sistema de informaccedilotildees de acordos internacionais (SIACI) criado pela DATAPREV

empresa de tecnologia da Previdecircncia Social brasileira desde de julho de 2008

Mesmo assim a pesquisa nos levou a entender que a possibilidade de

reconhecimento de trabalho para fins de benefiacutecio previdenciaacuterio realizado nos

paiacuteses do MERCOSUL regulada pelo Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL internalizado pelo Decreto nordm 57222006 trata de garantir aos

brasileiros que trabalham nos Paiacuteses signitaacuterios do Acordo a mesma proteccedilatildeo que eacute

assegurada aos cidadatildeos daquele Paiacutes ou seja o brasileiro que trabalha na

Argentina por exemplo vai ter direito por conta daquela norma de perceber os

benefiacutecios que a legislaccedilatildeo previdenciaacuteria Argentina assegura aos demais

trabalhadores que tecircm aquela nacionalidade Por outro lado se o trabalhador quer

pleitear o benefiacutecio aqui no Brasil o aproveitamento do serviccedilo prestado naquele

Paiacutes somente eacute possiacutevel na forma em que prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do

Regulamento ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo

reconheccedila em face da sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo161

A proteccedilatildeo prevista no Acordo como a contagem do tempo de contribuiccedilatildeo

e as demais prestaccedilotildees previdenciaacuterias e de sauacutede apenas estatildeo garantidas para

trabalhadores empregados ou seja aqueles que possuem viacutenculo empregatiacutecio com

algum empregador os demais trabalhadores como autocircnomos domeacutesticos os

rurais que no Brasil satildeo tambeacutem chamados de segurados especiais natildeo estatildeo

protegidos pelo Acordo e natildeo podem se beneficiar do tempo de serviccedilo prestado

fora de seu paiacutes de origem mesmo que comprovam contribuiccedilatildeo do periacuteodo

Os acoacuterdatildeos encontrados sobre os aspectos previdenciaacuterios levados ao

judiciaacuterio no acircmbito do Acordo demonstram que o fato de o mesmo existir natildeo

160

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 8ordm 161

Decreto nordm 57222006 art 10ordm

82

implica reconhecimento automaacutetico de atividades laborais prestadas nos Estados

Partes eacute necessaacuterio a observacircncia do procedimento burocraacutetico estabelecido no

Regulamento Administrativo aprovado pelo Decreto nordm 57222006

Haacute que se observar tambeacutem que para os trabalhadores que vierem a

trabalhar nos paiacuteses integrantes do MERCOSUL apoacutes a entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL teratildeo a contagem de tempo de

contribuiccedilatildeo contada conforme o acordo Podemos observar conforme dados

coletados nos Acoacuterdatildeos que de acordo com o judiciaacuterio os periacuteodos de seguro ou

contribuiccedilatildeo cumpridos antes da vigecircncia do Acordo de que o trabalhador tenha

direito somente seratildeo considerados se o trabalhador natildeo tenha utilizado

anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees pecuniaacuterias em outro paiacutes

Observamos que o Acordo garante prestaccedilotildees previdenciaacuterias como

benefiacutecios e contagens de tempo de contribuiccedilatildeo aos trabalhadores que natildeo apenas

se encontrem trabalhando formalmente mas que estejam de acordo com as

formalidades estabelecidas no mesmo O trabalhador que quer pleitear benefiacutecio

somente eacute possiacutevel na forma prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do Regulamento

ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo reconheccedila em face agrave

sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo o trabalhador tem direito

Fica aiacute uma demonstraccedilatildeo que a Proteccedilatildeo Previdenciaacuteria prevista no Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL apresentou avanccedilos no acircmbito da

proteccedilatildeo social dos trabalhadores empregados que circulam no Bloco

Anteriormente com os acordos bilaterais a garantia de proteccedilatildeo

previdenciaacuteria aos paiacuteses signataacuterios era restrita aos dois paiacuteses que assinavam o

acordo Agora haacute uma ampliaccedilatildeo da proteccedilatildeo previdenciaacuteria fortalecendo os paiacuteses

do MERCOSUL no que tange a circulaccedilatildeo de trabalhadores e consequentemente

conhecimento tecnologia cultura assim como outros benefiacutecios decorrentes de uma

regionalizaccedilatildeo mas natildeo garante automaticamente o tempo de contribuiccedilatildeo sem que

o Estado em que trabalhou documente esse tempo como reconhecido

necessitando portanto de muitos ajustes para garantia completa deste e tambeacutem

outros trabalhadores que prestam serviccedilos no Brasil na Argentina no Paraguai e no

Uruguai e futuramente na Venezuela que natildeo foram assegurados no Acordo como

os contribuintes individuais domeacutesticos e segurados especiais

83

REFEREcircNCIAS

ACORDO multilateral de seguridade social do mercado comum do sul REGULAMENTO administrativo para a aplicaccedilatildeo de seguridade social do mercado comum do sul (Brasil) Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdaim_5722_2006htmlgt ALVES Carlos Marne Dias 2006 A Previdecircncia no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo

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Residecircncia para Nacionais dos Estados-Partes do Mercado Comum do Sul MERCOSUL Boliacutevia e Chile BRAVO N de Las M ALLINEY M C AVENDANtildeO G V Un avance en el proceso de integracioacuten social en el MERCOSUR el Acuerdo Multilateral de Seguridad Social In PIMENTEL L O (Coord) Mercosul Alca e Integraccedilatildeo Euro-Latino-Americana Curitiba Juruaacute 2001 BULMER-THOMAS V A Uniatildeo Europeacuteia e o Mercosul perspectivas de um tratado de livre comeacutercio e suas implicaccedilotildees sobre os Estados Unidos In REIS C N (Org) Ameacuterica Latina crescimento no comeacutercio mundial e exclusatildeo social Porto Alegre Dacasa EditoraPalmarica 2001 275 p CARVALHO A PARENTE A Impactos comerciais da aacuterea de livre comeacutercio das Ameacutericas Rio de Janeiro IPEA mar 1999 (Texto para Discussatildeo n 635) CASELLA Paulo Borba Mercosul exigecircncias e perspectivas Satildeo Paulo LTr 1996 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27 CASTRO Maria Silvia Portella de Reflexos do Mercosul no mercado de trabalho Satildeo Paulo em Perspectiva Fundaccedilatildeo Seade Satildeo Paulo v 9 n1 janmar 1995 CAVALCANTI M A F H Integraccedilatildeo econocircmica e localizaccedilatildeo sob concorrecircncia imperfeita Rio de Janeiro BNDES 20ordm Precircmio BNDES de Economia 1997 CHIARELLI Matto Tota CHIARELLI Carlos Alberto Gomes (Coord) Temas de integraccedilatildeo com enfoque no Mercosul v 1 Satildeo Paulo LTR 1997 COORDINADORA DE LAS CENTRALES SINDICALES DEL MERCOSUR La Centralidad del empleo y del trabajo para la integracioacuten Del Mercosur Documento de Anaacutelisis Buenos Aires 2004 COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007

85

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86

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87

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88

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MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio Tomo I Noccedilotildees de direito previdenciaacuterio 3ed Satildeo Paulo LTr 2005

______ Curso de direito previdenciaacuterio Tomo II Previdecircncia Social 2 ed Satildeo Paulo LTr 2007

MELO Adriane Claacuteudia Mercosul em movimento II In Supranacionalidade e intergovernabilidade no Mercosul Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 MELLO e SOUZA Andreacute de OLIVEIRA Ivan Tiago Machado GONCcedilALVES Samo Seacutergio IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Avanccediladas Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de Integraccedilatildeo no MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrsites0002publicacoestdstd_1477pdfgt Acesso em 18102010 MERCOSUL e paiacuteses integrantes Disponiacutevel em lthttpwwwbrasilescolacomgeografiamercosul-paises-integranteshtmgt Acesso em 18102010 MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwmercosurorguygt Acesso em 10032010 MINISTEacuteRIO da Previdecircncia Social Disponiacutevel em ltwwwmpsgovbrgt Acesso em 30032011 MERCOSUL Acordos e Protocolos na Aacuterea Juriacutedica Porto Alegre Livraria do Advogado 1996 (Seacuterie Integraccedilatildeo Latino-Americana) MINISTEacuteRIO do Trabalho e Emprego Coordenaccedilatildeo Geral de Imigraccedilatildeo Disponiacutevel em ltwwwmtegovbrgt Acesso em 20112010 MONTOYA M A Os custos e benefiacutecios da integraccedilatildeo econocircmica do grupo andino uma anaacutelise do comeacutercio intra-regional do setor agropecuaacuterio Anaacutelise Econocircmica ano 12 p74-92 marccedilo-setembro 1994 MORE Rodrigo Fernandes Integraccedilatildeo econocircmica Internacional Jus Navigandi Teresina ano 6 n 59 outubro 2002 Disponiacutevel em lthttpjusuolcombrrevistatexto3307integracao-economica-internacionalgt Acesso em 24102010

89

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90

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91

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93

ANEXOS

94

ANEXO 1

Estrutura Institucional do MERCOSUL

95

ANEXO 2

Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses

acordantes - 20072009

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20072009

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS

INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por

Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2007 482 293 33 54 88 14 TOTAL 2008 858 431 62 58 292 15 2009 1616 1052 79 131 335 19 2007 17 9 ndash 8 ndash ndash Argentina 2008 27 15 ndash 8 4 ndash 2009 45 30 1 10 4 ndash 2007 19 16 ndash 1 2 ndash Chile 2008 6 4 2 ndash ndash ndash 2009 1 1 ndash ndash ndash ndash 2007 121 87 9 12 11 2 Espanha 2008 239 127 16 14 79 3 2009 549 363 25 52 102 7 2007 2 ndash 1 ndash 1 ndash Greacutecia 2008 5 4 ndash ndash 1 ndash 2009 14 11 ndash 1 2 ndash 2007 46 39 1 ndash 6 ndash Itaacutelia 2008 80 69 1 2 7 1 2009 163 139 3 2 18 1 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2008 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2009 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Mercosul 2008 4 4 ndash ndash ndash ndash 2009 28 21 ndash 5 2 ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Paraguai 2008 2 2 ndash ndash ndash ndash 2009 4 4 ndash ndash ndash ndash 2007 259 136 22 22 68 11 Portugal 2008 470 195 43 26 196 10 2009 778 453 49 60 205 11 2007 18 6 ndash 11 ndash 1 Uruguai 2008 25 11 ndash 8 5 1 2009 34 30 1 1 2 ndash

FONTE MPSSEAssessoria de Assuntos Internacionais

96

Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo

paiacuteses acordantes - 20012003

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20012003

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2001 148 37 8 17 86 ndash TOTAL 2002 368 146 18 19 182 3 2003 444 232 25 25 162 ndash 2001 2 ndash 1 1 ndash ndash Argentina 2002 5 2 ndash 3 ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 2 2 ndash ndash ndash ndash Chile 2002 2 1 ndash ndash 1 ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash 2001 27 14 3 2 8 ndash Espanha 2002 106 71 5 4 26 ndash 2003 201 128 7 20 46 ndash 2001 1 ndash ndash ndash 1 ndash Greacutecia 2002 4 1 ndash 2 1 ndash 2003 7 5 1 ndash 1 ndash 2001 3 1 ndash ndash 2 ndash Itaacutelia 2002 17 16 1 ndash ndash ndash 2003 19 15 1 ndash 3 ndash 2001 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2002 3 3 ndash ndash ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 105 19 4 7 75 ndash Portugal 2002 224 52 12 3 154 3 2003 215 82 16 5 112 ndash 2001 8 1 ndash 7 ndash ndash Uruguai 2002 7 ndash ndash 7 ndash ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash

FONTE DATAPREV SUB

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ANEXO 3

JURISPRUDEcircNCIA

ACOacuteRDAtildeO 1

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20067110006064-5RS

RELATOR Juiz Federal GUILHERME PINHO MACHADO

APELANTE JUAN MARIO LOPES BARBOZA

ADVOGADO Jose Ricardo Caetano Costa

APELADO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria Regional da PFE-INSS

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilOCONTRIBUICcedilAtildeO ACORDO PREVIDENCIAacuteRIO ENTRE BRASIL E URUGUAI COcircMPUTO DE TEMPO DE SERVICcedilO ANTERIOR AO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 57222006 INCIDEcircNCIA DOS ARTS V E VII DO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 8524880 AUSEcircNCIA DE IRREGULARIDADE NA CONDUTA DO INSS RETARDO NO ATENDIMENTO DO PEDIDO DECORREcircNCIA DA NECESSIDADE DE OBTENCcedilAtildeO DE PARECER DA INSTITUICcedilAtildeO PREVIDENCIAacuteRIA ALIENIacuteGENA

1 Em 27 de janeiro de 1977 foi assinado em Montevideacuteu o Acordo de Previdecircncia Social entre os Governos do Brasil e do Uruguai que teve seu texto aprovado pelo Decreto Legislativo nordm 6778 e promulgado pelo Decreto Presidencial nordm 852481980 publicado em 15101980 2 Posteriormente foi celebrado em 15121997 o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum e seu Regulamento Administrativo contendo o respectivo Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o qual entrou em vigor no plano internacional em 01062005 tendo sido promulgado no Brasil por intermeacutedio do Decreto Presidencial nordm 57222006 publicado em 13032006 3 Sendo os periacuteodos controvertidos anteriores agrave vigecircncia do Acordo de Seguridade Social do Mercosul natildeo tem aplicabilidade por decorrecircncia tal regramento na espeacutecie na forma dos arts 8ordm e 17 do Decreto Presidencial nordm 57222006 4 O direito invocado pelo autor assim deve ser examinado agrave luz dos artigos V e VII do Decreto Presidencial nordm 8524880 que promulga o Acordo de Previdecircncia Social celebrado entre Brasil e Uruguai devendo o cocircmputo dos periacuteodos trabalhados nos signataacuterios ser regido pela legislaccedilatildeo do paiacutes onde tenham sido realizados os respectivos serviccedilos sendo que caberaacute agrave entidade gestora do paiacutes em que natildeo foi apresentado o pedido de aposentadoria informar se o interessado comprova os periacuteodos de atividades cumpridos em seu territoacuterio informaccedilatildeo essa a ser prestada agrave entidade similar do paiacutes em que feito o pedido de concessatildeo de benefiacutecio

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5 Nesse contexto natildeo haacute falar em desiacutedia ou ineficiecircncia do INSS no atendimento do requerimento do autor uma vez que o retardo para anaacutelise do pedido decorrente da necessidade de se obter a teor do acordo internacional que regula a mateacuteria parecer da respectiva instituiccedilatildeo de previdecircncia alieniacutegena

ACOacuteRDAtildeO 2

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 0000395-6720104049999SC

RELATOR Des Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO ARI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA PREVIDENCIAacuteRIO PROCESSUAL CIVIL AGRAVO RETIDO IMPROVIDO CONCESSAtildeO DE APOSENTADORIA POR IDADE RURAL SEGURADO ESPECIAL REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR EXERCIacuteCIO NO PARAGUAI CAREcircNCIA Segundo prevecirc o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o periacuteodo de labor rural exercido em outro paiacutes in casu no Paraguai natildeo eacute haacutebil para caracterizaccedilatildeo de lapso carencial quando ausente a certificaccedilatildeo do labor pelo outro Estado signataacuterio

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia 6ordf Turma do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por maioria negar provimento ao agravo retido extinguir o feito sem julgamento de meacuterito e julgar prejudicada a apelaccedilatildeo do INSS e a remessa oficial vencido o Juiz Federal Loraci Flores de Lima nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 10 de agosto de 2010

Desembargador Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA Relator

99

ACOacuteRDAtildeO 3

APELACcedilAtildeOREEXAME NECESSAacuteRIO Nordm 20047104009576-7RS

RELATOR Des Federal LUIacuteS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE

APELANTE ENRIQUE MANUEL EIRAS MAYO

ADVOGADO Igor Loss da Silva

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO (Os mesmos)

REMETENTE JUIacuteZO SUBSTITUTO DA 02A VF DE PASSO FUNDO

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilO CONCESSAtildeO RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL COMPROVACcedilAtildeO CONVERSAtildeO TEMPO DE SERVICcedilO NO EXTERIOR (REPUacuteBLICA ARGENTINA) ACORDO BILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL (DECRETO Ndeg 8791882) TEMPUS REGIT ACTUM ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL (DECRETO Ndeg 572206) APLICACcedilAtildeO A ATOS JURIacuteDICOS FUTUROS POSSIBILIDADE TOTALIZACcedilAtildeO DOS PERIacuteODOS DE CONTRIBUICcedilAtildeO POSSIBILIDADE CAacuteLCULO DE RMI PROPORCIONALIDADE BENEFIacuteCIO EVENTUALMENTE COMPOSTO DE DUAS PARCELAS SE SATISFEITOS OS REQUISITOS EM AMBOS OS PAIacuteSES DETERMINACcedilAtildeO DA CONCESSAtildeO DO BENEFIacuteCIO NA ARGENTINA IMPOSSIBILIDADE TRAcircMITE DE PEDIDO DE APOSENTADORIA PELOS ORGANISMOS DE LIGACcedilAtildeO 1 Uma vez exercida atividade enquadraacutevel como especial sob a eacutegide da legislaccedilatildeo que a ampara o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal e ao acreacutescimo decorrente da sua conversatildeo em tempo de serviccedilo comum no acircmbito do Regime Geral de Previdecircncia Social A Lei nordm 971198 e o Regulamento Geral da Previdecircncia Social aprovado pelo Decreto nordm 3048 de 06-05-1999 resguardam o direito adquirido de os segurados terem convertido o tempo de serviccedilo especial em comum ateacute 28-05-1998 observada para fins de enquadramento a legislaccedilatildeo vigente agrave eacutepoca da prestaccedilatildeo do serviccedilo 2 Ateacute 28-04-1995 eacute admissiacutevel o reconhecimento da especialidade por categoria profissional ou por sujeiccedilatildeo a agentes nocivos aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruiacutedo) a partir de 29-04-1995 natildeo mais eacute possiacutevel o enquadramento por categoria profissional devendo existir comprovaccedilatildeo da sujeiccedilatildeo a agentes nocivos por qualquer meio de prova ateacute 05-03-1997 e a partir de entatildeo e ateacute 28-05-1998 por meio de formulaacuterio embasado em laudo teacutecnico ou por meio de periacutecia teacutecnica 3 Nos termos do que preconiza a regra do tempus regit actum tendo o segurado laborado na Argentina entre a deacutecada de 60 e 70 bem como datando o requerimento administrativo de 2000 deve-se aplicar o Decreto ndeg 8791882 para

100

fins de verificaccedilatildeo do seu direito agrave contagem do tempo laborado no exterior bem como agrave concessatildeo de aposentadoria por tempo de serviccedilo no Brasil 4 Aplicaccedilatildeo do Decreto ndeg 572206 quanto a questotildees de procedimentos ainda pendentes ressaltando-se natildeo se tratar de aplicaccedilatildeo retroativa porque referente a atos ainda inocorridos estando desde jaacute ressalvados os direitos adquiridos 5 A verificaccedilatildeo do direito agrave aposentadoria em cada Estado Acordante se daraacute com a soma (totalizaccedilatildeo nos termos do Decreto ndeg 8791882) dos periacuteodos laborados em cada um dos paiacuteses como se os periacuteodos de seguro totalizados houvessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo (art VIII a do Decreto ndeg 8791882) Eacute possiacutevel que o segurado possua quando do requerimento de concessatildeo apenas direito agrave aposentadoria em um dos Estados Acordantes o que natildeo impede a concessatildeo proporcional 6 Os valores corresponde a cada entidade gestora (Brasil e Argentina) seratildeo resultantes da proporccedilatildeo estabelecida entre o periacuteodo totalizado e o tempo cumprido sob a legislaccedilatildeo de seu proacuteprio Estado vedada a concessatildeo de benefiacutecio com valor inferior a um salaacuterio miacutenimo (art XII a do Decreto ndeg 8791882 bem como do art 201 sect 2deg) 7 Natildeo eacute de competecircncia deste juiacutezo verificar o direito do autor agrave aposentadoria na Repuacuteblica Argentina pela impossiacutevel de sua condenaccedilatildeo ao pagamento em decorrecircncia das imunidades de jurisdiccedilatildeo e execuccedilatildeo insuperaacuteveis no caso O proacuteprio Acordo Bilateral de Seguridade Social do Brasil e da Argentina (Decreto ndeg 8791882) determina que o exame de meacuterito - do direito agrave aposentadoria - caberaacute independentemente a cada Estado Acordante natildeo se podendo questionar a decisatildeo de aposentadoria 8 O tracircmite do pedido de aposentadoria na Argentina deve ocorrer atraveacutes dos Organismos de Ligaccedilatildeo (Art 1 d do Decreto ndeg 572206 cc art 2 ndeg 3 da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) com o estabelecimento de regras para 9apresentaccedilatildeo por meio deles de solicitaccedilotildees ao outro paiacutes Acordante quanto agraves prestaccedilotildees pecuniaacuterias (Tiacutetulo VI da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade determinar a implantaccedilatildeo do benefiacutecio dar parcial provimento ao apelo do autor parcial provimento ao apelo do INSS e parcial provimento agrave remessa oficial nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 11 de fevereiro de 2010

Desembargador Federal Luiacutes Alberto dAzevedo Aurvalle Relator

101

ACOacuteRDAtildeO 4

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC

RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO NELSI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA 1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

Porto Alegre 12 de janeiro de 2010

LORACI FLORES DE LIMA

Relator

102

ANEXO 4

Formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo do

Deslocamento Temporaacuterio

103

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112

Page 2: A PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA PREVISTA NO ACORDO …

VANIA MASSAMBANI

A PROTECcedilAtildeO PREVIDENCIAacuteRIA PREVISTA NO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

Dissertaccedilatildeo apresentada como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Mestre pelo Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Sociais Aplicadas da

Universidade Estadual de Ponta Grossa Paranaacute Orientadora Prof

a Dra Lucia Cortes da Costa

PONTA GROSSA 2011

RESUMO

A pesquisa aborda a proteccedilatildeo previdenciaacuteria dos trabalhadores dos paiacuteses signataacuterios do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL este que foi assinado em 15 de dezembro de 1997 e entrou em vigor em 1ordm de junho de 2005 No Brasil o referido Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo nordm 451 de 14 de novembro de 2001 e promulgado pelo Decreto nordm 5722 de 13 de marccedilo de 2006 O acordo Multilateral de Seguridade Social (AMSS) coordena as distintas legislaccedilotildees nacionais que tratam sobre Seguridade Social sem criar um direito ou regra comum aos Estados Partes apenas cria um procedimento para reconhecimento do tempo de contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria no trabalho realizado em qualquer dos Estados Partes A pesquisa objetivou discutir a garantia do direito a benefiacutecios previdenciaacuterios aos trabalhadores que circulam com suas famiacutelias nos paiacuteses integrantes do MERCOSUL tem como objetivo tambeacutem analisar os avanccedilos na aacuterea da seguridade social no contexto da integraccedilatildeo regional sob o ponto de vista da proteccedilatildeo previdenciaacuteria discutir os avanccedilos e limites da proteccedilatildeo previdenciaacuteria prevista no Acordo Multilateral de Seguridade Social e apresentar as normas vigentes para o acesso aos benefiacutecios atraveacutes do Acordo A pesquisa eacute qualitativa e os dados foram coletados em bases documentais e atraveacutes de pesquisa bibliograacutefica organizada em 3 capiacutetulos discorrendo sobre a integraccedilatildeo regional e a construccedilatildeo do MERCOSUL os acordos internacionais de Seguridade Social os organismos internacionais de Seguridade Social assim como as normas operacionais do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL

Palavras-chave Seguridade Social Previdecircncia Social MERCOSUL Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL

ABSTRACT

This research addresses the social security protection for workers from countries signatory to the MERCOSUL Multilateral Agreement on Social Security which was signed on 15th December 1997 and entered into force on 1st June 2005 In Brazil the agreement was approved by Legislative Decree No 451 of 14th November 2001 and promulgated by Decree No 5722 of 13th March 2006 The Multilateral Agreement on Social Security (AMSS) coordinates the various national laws that deal with Social Security without creating a common law or rule for the member states apart from creating a procedure for recognition of pension contributions on time worked in any of the member states This research discusses the guarantee of the right to social security benefits to workers who move with their families within the MERCOSUL countries and it also aims to examine the advances in the field of social security in the context of regional integration from the point of view of social security protection to discuss the strengths and weaknesses of social security protection under the Multilateral Agreement on Social Security and to present the standards for access to benefits through the agreement The research is qualitative and the data was collected in databases and through bibliographical research The research is organized into three chapters which discuss regional integration and the establishment of MERCOSUL the international agreements regarding international Social Security the international organizations relating to Social Security as well as the operational standards of MERCOSULrsquos Multilateral Agreement on Social Security Keywords Social Security Workersrsquo Rights MERCOSUL MERCOSUL Multilateral Agreement on Social Security

LISTA DE SIGLAS

ALADI ALALC ALCA AISS BENELUX BID CAJAI CISS CCSCS CE CECA CEE CEEA CEPAL CES CMC DAT DCB DDB DER DIB DIC DID DII DIP EFTA EUA EURES FCES FSE FOCEM GATT GMC INTAL IPEA MERCOSUL NAFTA OAB OEA OISS OIT ONU Pacto do ABC PESC PIB PICE POP RGPS RPPS

Associaccedilatildeo Latino-Americana de Integraccedilatildeo Associaccedilatildeo Latino-Americana de Livre Comeacutercio Aacuterea de Livre Comeacutercio das Ameacutericas Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social Uniatildeo Econocircmica formada pela Beacutelgica Paiacuteses Baixos e Luxemburgo BID ndash Banco Interamericano de Desenvolvimento Cooperaccedilatildeo no Acircmbito da Justiccedila e dos Assuntos Internos Conferecircncia Interamericana de Seguridade Social Coordenadoria das Centrais Sindicais do Cone Sul Comunidade Europeacuteia Comunidade Europeacuteia do Carvatildeo e do Accedilo Comunidade Econocircmica Europeacuteia Comunidade Econocircmica de Energia Atocircmica Comissatildeo Econocircmica das Naccedilotildees Unidas para a Ameacuterica Latina e Caribe Comitecirc Econocircmico e Social Conselho do Mercado Comum Data do Afastamento do Trabalho Data da cessaccedilatildeo do benefiacutecio Data do Despacho do Benefiacutecio Data da Entrada do Requerimento Data do iniacutecio do benefiacutecio Data do iniacutecio das contribuiccedilotildees Data do iniacutecio da doenccedila Data do iniacutecio da incapacidade Data do iniacutecio do pagamento Associaccedilatildeo Europeacuteia de Livre Comeacutercio Estados Unidos da Ameacuterica Rede Europeacuteia de Serviccedilos Foro Consultivo Econocircmico e Social Fundo Social Europeu Fundo para a Convergecircncia Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul Acordo Geral de Tarifas e Comeacutercio Grupo Mercado Comum Instituto para a Integraccedilatildeo da Ameacuterica Latina Instituto de Pesquisas Econocircmicas Avanccediladas Mercado Comum do Sul Acordo Norte-Americano de Livre Comeacutercio Ordem dos Advogados do Brasil Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Pacto do Brasil Argentina e Chile Poliacutetica de Exterior e Seguranccedila Comum Produto Interno Bruto Programa de Integraccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo Econocircmica entre Brasil e Argentina Protocolo de Ouro Preto Regime Geral de Previdecircncia Social Regime Proacuteprio de Previdecircncia Social

SIACI SUSS SGT TAUE TCE TCEE TEC TJCE TUE UE ZLC

Sistema de Acordos Internacionais Sistema Uacutenico de Seguridade Social Subgrupo de Trabalho Tratado do Ato Uacutenico Europeu Tratado da Comunidade Europeia Tratado da Comunidade Econocircmica Europeia Tarifa Externa Comum Tribunal de Justiccedila das Comunidades Europeias Tratado da Uniatildeo Europeia Uniatildeo Europeia Zona de Livre Comeacutercio

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1 Demonstrativo das autorizaccedilotildees de trabalhos concedidas a pessoas dos Estados Partes do MERCOSUL 28

Tabela 2 Resumo da anaacutelise dos sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL 43

Tabela 3 ndash Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social 52

Quadro 1 Demonstrativo de algumas assimetrias no bloco 25

Quadro 2 Organismos de Ligaccedilatildeo no Brasil para acordos com outros paiacuteses 66

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO 1 13 1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES 13 11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO 13 12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL 16

121 Fases da Integraccedilatildeo 16 122 Antecedentes Histoacutericos 18 123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais 21 13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL 24

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas 26 132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL 32 CAPIacuteTULO 2 44 2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 44

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL 48 23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE

SOCIAL 51 24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 53 241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral 56

CAPIacuteTULO 3 60

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL NO MERCOSUL 60

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 62

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS 64

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 69

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade Social 74

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios 74 333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo 76

CONCLUSAtildeO 80

REFEREcircNCIAS 83

ANEXOS 93

Ao Emerson pelo incentivo ao estudo Aos professores Marco Antocircnio Ceacutesar Villatore e Lenir Mainardes da Silva pela colaboraccedilatildeo tatildeo valiosa na conclusatildeo deste trabalho

Agrave minha orientadora Lucia Cortes da Costa pela disposiccedilatildeo atenccedilatildeo e rigor no acompanhamento e construccedilatildeo do trabalho

Ao meu pai matildee irmatilde e irmatildeo que satildeo fontes de estiacutemulos para continuar sempre lutando

10

INTRODUCcedilAtildeO

Com o desenvolvimento da sociedade internacional e a intensificaccedilatildeo das

relaccedilotildees entre os Estados os Tratados e os Acordos se converteram na fonte

principal do Direito Internacional e assumem atualmente a funccedilatildeo similar agrave que eacute

exercida pela legislaccedilatildeo interna dos Estados pois regula as relaccedilotildees legais mais

diversas entre paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais nos campos mais variados das

relaccedilotildees humanas

O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo econocircmica e o surgimento de sistemas

regionais de integraccedilatildeo fizeram crescer de forma acentuada o fluxo migratoacuterio de

matildeo de obra para os mais diversos paiacuteses em busca de boas oportunidades

profissionais e de melhores condiccedilotildees de vida

O Brasil conta com uma grande quantidade de cidadatildeos que natildeo habitam e

natildeo exercem suas atividades laborais em seu territoacuterio nacional da mesma forma

que recebe muitos trabalhadores provenientes de outros paiacuteses

Todo este movimento traz como consequecircncia o fato de que muitos

migrantes ao contribuir para sistemas previdenciaacuterios de diversos paiacuteses

eventualmente natildeo completem os requisitos para conseguir sua aposentadoria ou

para obter outros benefiacutecios contando somente o tempo de contribuiccedilatildeo de um dos

paiacuteses nos quais trabalhou

Na esfera da seguridade social temos que destacar a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) sobre igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros a qual foi aprovada pelo Brasil em 24 de agosto de 1968

No artigo 7ordm da Convenccedilatildeo se estabelece que os paiacuteses signataacuterios teratildeo de se

esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento de direitos de

seguridade social Este sistema deve principalmente prever a totalizaccedilatildeo dos

periacuteodos de trabalho para a contabilizaccedilatildeo previdenciaacuteria de trabalho ou residecircncia

os de aquisiccedilatildeo manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de direitos bem como para o caacutelculo

das aposentadorias Desta forma eacute indispensaacutevel por em praacutetica poliacuteticas puacuteblicas

para a consecuccedilatildeo de tais direitos

No presente trabalho apresenta-se um estudo sobre o Acordo Multilateral de

Seguridade Social no MERCOSUL em virtude da perspectiva da livre circulaccedilatildeo de

trabalhadores no bloco atraveacutes do desenvolvimento de sua dimensatildeo social e a

11

internacionalizaccedilatildeo dos sistemas de previdecircncia social que passam a ter um papel

importante para viabilizaccedilatildeo de todo esse processo

Na pesquisa o objeto problematizado foi a proteccedilatildeo previdenciaacuteria prevista

no Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL qual a garantia em

relaccedilatildeo agrave manutenccedilatildeo da renda para os trabalhadores que durante sua vida de

trabalho vinculem-se a mais de um sistema previdenciaacuterio dentro do bloco regional

Para desenvolver a pesquisa a metodologia utilizada foi qualitativa

pesquisa documental bibliograacutefica e baseada em decisotildees judiciais

O texto foi dividido em trecircs capiacutetulos o primeiro aborda as informaccedilotildees

referentes agrave integraccedilatildeo regional e seus impasses como a construccedilatildeo do

MERCOSUL e assimetrias no bloco regional Retrata as dificuldades do processo de

integraccedilatildeo ocorrido entre os paiacuteses que hoje compotildeem o MERCOSUL

Neste capiacutetulo a investigaccedilatildeo parte da anaacutelise do Tratado de Assunccedilatildeo

documento marco na constituiccedilatildeo do MERCOSUL abordando as fases de

integraccedilatildeo econocircmica para o Mercado Comum do Sul quais sejam a zona de livre

comeacutercio uniatildeo aduaneira e mercado comum

O segundo capiacutetulo apresenta o processo de celebraccedilatildeo de acordos

internacionais que tratam de mateacuteria previdenciaacuteria como um fruto do fenocircmeno da

globalizaccedilatildeo e do aumento do fluxo migratoacuterio Os acordos internacionais satildeo

instrumentos que expressam a vontade dos Estados em texto escrito com o

objetivo de originar efeitos juriacutedicos na aacuterea internacional onde constam os direitos

e as obrigaccedilotildees reciacuteprocas

Diante disso foi assinado o Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL no dia 15 de dezembro de 1997 e que entrou em vigor em 2005 cujas

legislaccedilotildees no Brasil satildeo o Decreto Legislativo nordm 451 de 15 de novembro de 2001

e o regulamento Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo de 2006

A importacircncia social deste Acordo desponta a partir do momento que o

trabalhador dificilmente tem a possibilidade de optar por um tipo de viacutenculo de

trabalho em regra tendo apenas a preocupaccedilatildeo de obter e manter um emprego O

problema de como manter a renda do trabalhador na inatividade apresenta-se na

hora de se aposentar momento em que natildeo sabe como proceder e nem a quem

recorrer principalmente se transitou por paiacuteses com diferentes sistemas

previdenciaacuterios

12

A partir daiacute apresentamos os Acordos bilaterais de Previdecircncia Social

realizados pelo Brasil e especialmente o Acordo Multilateral de Seguridade Social

no MERCOSUL

Jaacute a partir do terceiro capiacutetulo passamos a analisar a aacuterea previdenciaacuteria

dentro dos objetivos inicialmente aspirados por Brasil Argentina Paraguai Uruguai

a partir das normas operacionais para eficaacutecia do Acordo Multilateral de Previdecircncia

Social Analisamos o Regulamento administrativo abordamos os oacutergatildeos de ligaccedilatildeo

e os processamentos de informaccedilotildees sobre os trabalhadores cobertos pelo Acordo

assim como a forma de solicitaccedilatildeo de benefiacutecios totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de tempo

de contribuiccedilatildeo e as normas operacionais voltadas agraves empresas e aos trabalhadores

no deslocamento temporaacuterio de trabalhadores nos paiacuteses pertencentes ao bloco

13

CAPIacuteTULO 1

1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES

11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO

O Mercado Comum do Sul MERCOSUL desenvolveu-se por fases de

integraccedilatildeo e atualmente eacute uma Uniatildeo Aduaneira e seu objetivo eacute evoluir agrave condiccedilatildeo

de Mercado Comum Muito embora o Tratado de Assunccedilatildeo seja um acordo

internacional de cunho marcadamente econocircmico sua assinatura significou um

projeto estrateacutegico regional em que os alicerces que enquadram as relaccedilotildees entre

os Estados Partes representa acima de tudo um acordo poliacutetico

O MERCOSUL pode ser considerado um fator de estabilidade na regiatildeo

pois gera uma trama de interesses e relaccedilotildees que torna mais profundas as ligaccedilotildees

entre os paiacuteses tanto econocircmicas quanto poliacuteticas

Os responsaacuteveis poliacuteticos as burocracias estatais os trabalhadores e os

empresaacuterios tecircm no MERCOSUL um acircmbito de discussatildeo de muacuteltiplas e complexas

facetas em que podem ser abordados assuntos de interesse comum1

De acordo com More a regionalizaccedilatildeo pode ser compreendida como segue

Regionalizaccedilatildeo pode ser definida numa oacutetica econocircmica como o conjunto de medidas tomadas pelo Estado para aumentar ou diminuir os obstaacuteculos agraves trocas aos investimentos aos fluxos de capitais e aos movimentos de fatores entre os grupos de paiacuteses envolvidos Numa perspectiva juriacutedica eacute o fenocircmeno resultante da composiccedilatildeo dos interesses econocircmicos atraveacutes de acordos internacionais que visam delimitar e fixar positivamente os objetivos e os meios de realizaccedilatildeo destes interesses

2

Para Praxedes e Piletti3 regionalizaccedilatildeo e globalizaccedilatildeo satildeo dois processos

simultacircneos que estatildeo ocorrendo no mundo atual Enquanto a globalizaccedilatildeo consiste

no processo de dissoluccedilatildeo das fronteiras entre os paiacuteses para facilitar a atuaccedilatildeo

1 Sobre o MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwmercosurorguygt Acesso em 10032010

2 MORE Rodrigo Fernandes Fundamentos das Operaccedilotildees de Paz das Naccedilotildees Unidas e a

Questatildeo de Timor Leste Dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo de tiacutetulo de mestre em direito na Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo Biblioteca da Faculdade de Direito da USP 2002

3 PRAXEDES Walter PILETTI Nelson O Mercosul e a Sociedade Global 8 ed Satildeo Paulo

Aacutetica 1997 p 58

14

das empresas transnacionais a regionalizaccedilatildeo consiste na formaccedilatildeo de blocos

regionais para defender as empresas jaacute instaladas na regiatildeo contra a concorrecircncia

de empresas de outras regiotildees ou paiacuteses

Apesar de estes dois movimentos interagirem natildeo deixam de ser

contraditoacuterios jaacute que a globalizaccedilatildeo aposta na livre circulaccedilatildeo em niacutevel mundial

enquanto a regionalizaccedilatildeo une paiacuteses para fortalecer geralmente com praacuteticas

protecionistas quando se trata de comeacutercio exterior4

De acordo com Kol5 citado por More

6 observamos que existem pelo menos

trecircs modalidades de regionalismo em relaccedilatildeo ao desenvolvimento do comeacutercio

mundial formaccedilatildeo de blocos regionalismo e polarizaccedilatildeo

A formaccedilatildeo de blocos refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo do comeacutercio

internacional entre paiacuteses membros de um acordo formal de livre comeacutercio ou outro

acordo formal de integraccedilatildeo econocircmica O Regionalismo que expressa vontade

poliacutetica dos Estados refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo de comeacutercio

internacional entre paiacuteses que satildeo parte de um grupo de Estados com

predominacircncia do elemento de proximidade geograacutefica

Nesta perspectiva a regionalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno natural diretamente

ligado ao fator proximidade geograacutefica tal como ocorre entre zonas fronteiriccedilas E

finalmente a polarizaccedilatildeo apresenta-se como um caso especial de regionalismo

entre paiacuteses em diferentes estaacutegios de desenvolvimento Eacute uma relativa

concentraccedilatildeo de comeacutercio internacional de um grupo de estados em

desenvolvimento com um grupo de Estados industrializados em proximidade

geograacutefica

Percebe-se desta classificaccedilatildeo de Kol que o termo regionalizaccedilatildeo eacute distinto

do termo regionalismo Para a proposta de Kol o fenocircmeno de regionalizaccedilatildeo

explica movimentos naturais da economia que ao longo do tempo foram a proacutepria

razatildeo do aprofundamento e alargamento dos processos de integraccedilatildeo pelos de

4 PEREIRA Joseacute Adriano Mercosul em Movimento II In Liberalismo econocircmico e processo de

integraccedilatildeo na Ameacuterica Latina Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 p 100 5 Estudioso da Integraccedilatildeo Econocircmica Internacional na Universidade Erasmus de Rotterdan

6 KOL Jacob Regionalization Polarization and Blocformation in the World Economy Revista

Integraccedilatildeo e especializaccedilatildeo Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Coimbra 1996 p 17 apud MORE Rodrigo Fernandes Integraccedilatildeo econocircmica Internacional Jus Navigandi Teresina ano 6 n 59 outubro 2002 Disponiacutevel em lthttpjusuolcombrrevistatexto3307integracao-economica-internacionalgt Acesso em 24102010

15

acordos formais seja para formaccedilatildeo de aacutereas de livre comeacutercio bilaterais ou de

proacutepria formaccedilatildeo de blocos econocircmicos

No mesmo sentido Ana Maria Stuart entende regionalismo como construccedilatildeo

de uma nova dimensatildeo poliacutetica econocircmica e social na qual se processa a

transformaccedilatildeo do Estado-naccedilatildeo em especial de seus atributos de autonomia e

soberania e regionalizaccedilatildeo eacute a integraccedilatildeo com base crescente de interdependecircncia

econocircmica e na resoluccedilatildeo dos problemas colocados pelos mercados7

Soares aponta que a constituiccedilatildeo de um mercado comum afina as relaccedilotildees

comerciais poliacuteticas cientiacuteficas acadecircmicas culturais e tem como dentre outras

as seguintes vantagens

- maior variedade de bens finais agrave disposiccedilatildeo dos consumidores o que representa um incremento em seu bem estar maior concorrecircncia que implica entre outras coisas maior qualidade dos bens e serviccedilos oferecidos menores preccedilos e uma atribuiccedilatildeo de recursos mais eficiente uma importante economia de recursos que inicialmente se destinam agraves reparticcedilotildees aduaneiras - melhor atribuiccedilatildeo de recursos - reduccedilatildeo dos custos de transporte e comunicaccedilatildeo pela integraccedilatildeo fiacutesica dos Estados Partes que contempla o MERCOSUL

8

Ocorre que o processo de integraccedilatildeo natildeo pode se resumir a uma integraccedilatildeo

com conotaccedilatildeo apenas econocircmica pois para dar certo a economia haacute

envolvimento de trabalhadores e portanto o processo de integraccedilatildeo deve viabilizar

uma integraccedilatildeo em todos os seus aspectos econocircmico poliacutetico e tambeacutem e tatildeo

importante o aspecto social Neste sentido ainda comenta Soares9 que a

participaccedilatildeo dos Estados eacute decisiva para a integraccedilatildeo dos blocos econocircmicos

visando ao processo poliacutetico para a criaccedilatildeo do mercado dentro de paracircmetros

democraacuteticos

As relaccedilotildees poliacuteticas internacionais e a formaccedilatildeo dos blocos econocircmicos

vecircm a ser uma estrateacutegia organizada pelos Estados O MERCOSUL constitui-se

7 STUART Ana Maria A construccedilatildeo de um novo regionalismo In MENDES Jussara Maria Rosa

et al (Orgs) Mercosul em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 107

8 SOARES Maacuterio Luacutecio Quintatildeo MERCOSUL direitos humanos globalizaccedilatildeo e soberania Belo

Horizonte Del Rey 1997 p 86 9 Ibid

16

como um bloco intergovernamental que resulta de decisatildeo poliacutetica dos governos

dos Estados Partes na busca pela integraccedilatildeo regional10

Estudando a formaccedilatildeo e o desenvolvimento do MERCOSUL observamos

que para que uma integraccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria vontade poliacutetica nas questotildees de

desenvolvimento social promoccedilatildeo de intercacircmbio cultural e laboral preocupaccedilatildeo

quanto agraves questotildees de direitos humanos seguridade social entre outras

12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL

121 Fases da Integraccedilatildeo

No dia 30 de novembro de 1985 Argentina e Brasil inauguram um novo

esquema de integraccedilatildeo mediante a Declaraccedilatildeo de Iguaccedilu com a qual inicia uma

comissatildeo mista de alto niacutevel integrada por representantes dos governos e

instituiccedilotildees empresariais cujos trabalhos deram lugar agrave assinatura da Ata para

integraccedilatildeo argentino-brasileira de 29 de julho de 1986 A Ata estabeleceu um

programa de Integraccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo econocircmica entre as duas repuacuteblicas

Segundo Jaeger Junior11

ldquonascia nesse momento o embriatildeo do bloco regional do

Cone Sulrdquo

Em 1988 eacute assinado o Tratado de Integraccedilatildeo Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento entre Brasil e Argentina que se deve ao fato de buscar um espaccedilo

econocircmico comum a ser concretizado na eliminaccedilatildeo de todas as restriccedilotildees tarifaacuterias

e natildeo-tarifaacuterias ao comeacutercio de bens e serviccedilos A inflaccedilatildeo que accediloitou ambos os

paiacuteses em 1989 e 1990 e o fracasso de seus respectivos planos econocircmicos

austral e cruzado desembocaram para que uma vez mais as poliacuteticas comerciais

voltassem a ser restritivas estancando-se os avanccedilos da integraccedilatildeo regional12

10

COSTA Lucia Cortes da Poliacuteticas sociais no MERCOSUL desafios para uma integraccedilatildeo regional com reduccedilatildeo das desigualdades sociais In COSTA Lucia Cortes da (Org) Estado e democracia Pluralidade de questotildees Ponta Grossa Ed UEPG 2008 p 139

11 JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 1999 Disponiacutevel em ltwwwbuscalegisufscbrmercosul20e20a20livrelaccedilatildeogt Acesso em 20092010 p 30

12 KUME Honoacuterio PIANI Guida Mercosul o dilema entre uniatildeo aduaneira e aacuterea de livre-comeacutercio

Revista Economia Poliacutetica Satildeo Paulo v 25 n 4 OctDec 2005

17

Com as mudanccedilas de governo que se produziram e novos enfoques poliacutetico-

econocircmicos com objetivos similares entre os que cabiam a desregulaccedilatildeo e abertura

de suas economias o processo se revitalizou assinando-se a ata de Buenos Aires

em julho de 1990 que decide estabelecer um mercado comum entre os dois paiacuteses

Outro passo a mais foi a assinatura do Acordo de Complementaccedilatildeo

Econocircmica nuacutemero 14 que reuacutene num uacutenico corpo todos os acordos vigentes antes

celebrados entre os Brasil e Argentina adota o programa de rebaixas alfandegaacuterias

gerais lineares e automaacuteticas previsto e adota uma seacuterie de outras medidas

complementares recolhidas depois no Tratado de Assunccedilatildeo do qual o acordo

Argentina-Brasil eacute claro procedente imediato13

O Tratado de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 aproveita todos os

embasamentos estabelecidos no Acordo Argentina ndash Brasil somando-se aos

propoacutesitos de estabelecer um Mercado Comum do Sul Paraguai e Uruguai em

igualdade de direitos e de obrigaccedilotildees A integraccedilatildeo regional apresenta-se sob

diferentes fases como a zona de livre comeacutercio uniatildeo aduaneira mercado comum

uniatildeo econocircmica e monetaacuteria e integraccedilatildeo econocircmica total

Inicialmente no processo de integraccedilatildeo haacute a fase de Zona de Livre

Comeacutercio De acordo com Jaeger Junior14

a ldquozona de livre comeacutercio eacute a eliminaccedilatildeo

atraveacutes de um acordo dos obstaacuteculos tarifaacuterios e natildeo-tarifaacuterios agraves exportaccedilotildees e

importaccedilotildees comerciais dos produtos originaacuterios dos estados-membros integrantes

desta livre zonardquo Conforme o artigo 1ordm do Tratado de Assunccedilatildeo (1991) ldquoA livre

circulaccedilatildeo de bens serviccedilos e fatores produtivos entre os paiacuteses atraveacutes entre

outros da eliminaccedilatildeo dos direitos alfandegaacuterios e restriccedilotildees natildeo-tarifaacuterias agrave

circulaccedilatildeo de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalenterdquo

Em seguida haacute a fase da Uniatildeo Aduaneira em que os Estados Partes ao

reconhecerem as assimetrias entre as economias nacionais adotam uma tarifa

externa comum (TEC) em que ocorre a aboliccedilatildeo das tarifas alfandegaacuterias nas

relaccedilotildees comerciais no interior do bloco econocircmico que eacute aplicada aos paiacuteses fora

da uniatildeo15

13

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwreceitafazendagovbrlegislacaoacordosinternacionaisAcordosComplEconomicaDe

faulthtmgt Acesso em 10022011 14

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 38 15

Ibid

18

A fase posterior se daacute pela caracterizaccedilatildeo de Mercado Comum que aleacutem

da liberalizaccedilatildeo comercial estabelece a circulaccedilatildeo de pessoas serviccedilos e capitais

com liberdade fundamental sem barreiras para entrada ou saiacuteda dos cidadatildeos dos

Estados Partes Conforme Jaeger Junior16

eacute necessaacuteria nesta fase agrave adoccedilatildeo de

procedimentos quanto agrave

[] harmonizaccedilatildeo das questotildees trabalhistas e previdenciaacuterias incluindo a assistecircncia social Para os Estados Partes recebedores desse contingente de pessoas seratildeo necessaacuterias as garantias de manutenccedilatildeo da ordem da sauacutede e da seguranccedila puacuteblica

Essas liberdades eacute que permitiratildeo a consolidaccedilatildeo da integraccedilatildeo plena entre

os parceiros estatais envolvidos Neste mesmo contexto Costa17

afirma que eacute

preciso que se estabeleccedilam a harmonizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em diferentes aacutereas

entre as quais a legislaccedilatildeo trabalhista e a regulamentaccedilatildeo profissional e criar

mecanismos efetivos de aplicaccedilatildeo de direitos sociais os direitos trabalhistas e

previdenciaacuterios e tambeacutem a equivalecircncia nos diferentes niacuteveis de ensino como um

caraacuteter mais homogecircneo de serviccedilos educacionais

Ainda existe a fase da Uniatildeo Econocircmica e Monetaacuteria que ocorre quando o

mercado comum eacute combinado com a adoccedilatildeo de poliacutetica monetaacuteria e moeda uacutenica

Esta fase eacute caracterizada pela supressatildeo de restriccedilotildees sobre movimentos de

mercadorias combinada com a harmonizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas nacionais

tornando-as o mais semelhante possiacutevel18

Por fim a fase de Integraccedilatildeo Econocircmica

Total momento em que se passa a adotar uma poliacutetica monetaacuteria fiscal e social

para a unificaccedilatildeo de poliacuteticas de seguranccedila interior e exterior sendo a fase mais

profunda da integraccedilatildeo19

122 Antecedentes Histoacutericos

Apesar de jovem o MERCOSUL eacute o resultado de um processo lento de

16

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 357 17

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 33

18 JAEGER JUNIOR Op cit p 39

19 GOIN Marileacuteia O processo contraditoacuterio da educaccedilatildeo no contexto do MERCOSUL uma

anaacutelise a partir dos Planos Educacionais 2008 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Serviccedilo Social) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 45

19

amadurecimento histoacuterico que ao longo do tempo levou seus Estados Partes a

substituir o conceito de conflito pelo ideal de integraccedilatildeo20

Tal integraccedilatildeo

internacional de cunho significativamente econocircmico significou tambeacutem a coroaccedilatildeo

de um projeto estrateacutegico regional de natureza poliacutetica

Na deacutecada de 1980 o avanccedilo das ideias liberais a democratizaccedilatildeo dos

governos de vaacuterios paiacuteses por sendas constitucionais e o progressivo

desaparecimento dos governos militares geraram modificaccedilotildees importantes na

economia perderam terreno as poliacuteticas de auto-abastecimento e aumento do

comeacutercio sub-regional e introduziu-se em seu lugar a ideia de complementaccedilatildeo e

globalizaccedilatildeo das mesmas para otimizar a eficiecircncia no uso dos fatores e competir

melhor no comeacutercio mundial

Com a globalizaccedilatildeo e as expectativas no enfrentamento da nova realidade

econocircmica mundializada o Brasil a Argentina o Paraguai e o Uruguai

estabeleceram um pacto de se constituiacuterem em um bloco econocircmico regional

integrado por Estados da Ameacuterica do Sul formando o MERCOSUL

O MERCOSUL tem como fonte inspiradora algumas normas de instituiccedilatildeo

do Tratado de Montevideacuteu de 1960 criador da ALALC21

do Tratado de ROMA22

do

Tratado de Montevideacuteu de 1980 criador da ALADI23

e da Convenccedilatildeo do

BENELUX24

No Brasil a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 4ordm paraacutegrafo uacutenico

ao relacionar os princiacutepios que devem nortear as relaccedilotildees internacionais deixa clara

a intenccedilatildeo de buscar fortalecer a integraccedilatildeo dos povos na Ameacuterica Latina com o

intuito de formar uma comunidade latino-americana de naccedilotildees No entanto deixou

omisso qual o modelo de integraccedilatildeo a ser adotado ficando assim como uma mera

aspiraccedilatildeo poliacutetica do paiacutes em formar uma comunidade regional

20

Fonte extraiacuteda do site lthttpwwwclassificadosmercosulcombrmercosul_infomercosul01htmgt Acesso em 29022011

21 A Associaccedilatildeo Latino Americana de Livre Comeacutercio (ALALC) foi criada em fevereiro de 1960 e seu

Tratado encontra-se subscrito por Brasil Argentina Chile Uruguai Meacutexico Paraguai e Peru e posteriormente por Colocircmbia Equador e Venezuela tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

22 O Tratado de Roma assinado em 25 de marccedilo de 1957 influenciou na forma e nos propoacutesitos

estabelecidos na formaccedilatildeo do MERCOSUL 23

A Associaccedilatildeo Latino-Americana de Integraccedilatildeo (ALADI) foi constituiacuteda em substituiccedilatildeo agrave ALALC subscrita pelos paiacuteses membros dessa integraccedilatildeo em 12 de agosto de 1980 tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

24 A Convenccedilatildeo do BENELUX foi firmada em Londres em 5 de setembro de 1944 e ampliada pelo

Protocolo da Haia de 14 de marccedilo de 1947 entre os Estados da Beacutelgica Luxemburgo e os Paiacuteses Baixos os quais pretendiam atingir a etapa de uma integraccedilatildeo de uniatildeo econocircmica

20

A efetivaccedilatildeo do MERCOSUL se deu pela assinatura do Tratado de

Assunccedilatildeo em 26 de marccedilo de 1991 pelas Repuacuteblicas da Argentina do Brasil do

Paraguai e do Uruguai constituindo-se em uma estrateacutegia defensiva da Ameacuterica

Latina frente aos paiacuteses desenvolvidos objetivando o fortalecimento de sua

economia como mecanismo de defesa frente ao projeto da ALCA25

dando a estes

paiacuteses um melhor posicionamento no cenaacuterio mundial

Pelo consenso entre os Estados Partes o MERCOSUL busca adesatildeo de

novos membros com o objetivo de fortalecer o processo de integraccedilatildeo regional e

intensificar as relaccedilotildees com os paiacuteses membros da ALADI Associaccedilatildeo Latino-

Americana de Integraccedilatildeo Os Estados associados do MERCOSUL tecircm como

paiacuteses participantes a Boliacutevia o Chile o Peru a Colocircmbia e o Equador

Boliacutevia Equador Colocircmbia e Peru integram a Comunidade Andina (CAN)

bloco com que o MERCOSUL tambeacutem firmaraacute um acordo comercial26

O status de

membro associado se estabelece por acordos bilaterais denominados Acordos de

Complementacatildeo Econocircmica firmados entre o MERCOSUL e cada paiacutes associado

Em processo de inclusatildeo como membro efetivo do bloco estaacute a Venezuela mas

para que um paiacutes integre o bloco como membro efetivo eacute necessaacuterio que todos os

Estados Partes ratifiquem de maneira unacircnime a entrada deste no bloco

A Venezuela ratificou o protocolo de entrada em 4 de julho de 2006 Em

2005 na XXIX Conferecircncia do MERCOSUL em Montevideacuteu outorgou-se em status

de Estado membro em processo de adesatildeo que na praacutetica significa que tinha voz

mas natildeo voto27

Para a efetivaccedilatildeo da Venezuela no Bloco soacute falta a aprovaccedilatildeo do

Paraguai pois o Brasil a Argentina e o Uruguai jaacute aprovaram o protocolo de

adesatildeo28

25

ALCA ndash Aacuterea de Livre Comeacutercio das Ameacutericas As origens da ALCA remontam ao ano de 1990 quando o entatildeo presidente George Bush lanccedila a ldquoIniciativa para as Ameacutericasrdquo uma proposta de liberalizaccedilatildeo do comeacutercio hemisfeacuterico e de eliminaccedilatildeo das restriccedilotildees para os investimentos das mega-empresas norte-americanas que criaria um espaccedilo privilegiado de ampliaccedilatildeo das fronteiras econocircmicas dos Estados Unidos A ALCA eacute tambeacutem uma iniciativa que procura consolidar uma zona monetaacuteria para o doacutelar e contrabalanccedilar o impacto da formaccedilatildeo de outros grandes blocos regionais na Europa e na Aacutesia

26 Fonte extraiacuteda do site lthttpestudeonlinenetrevisao_detalheaspxcod=461gt Acesso em

29032011 27

Ibid 28

Conforme Folha Online (2009) o Paraguai natildeo aprovou a entrada da Venezuela por analisar que o Presidente Hugo Chaacutevez coloca em risco a democracia do bloco que se constitui como princiacutepio inerente para o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional conforme Protocolo de Ushuaia de julho de 1998 Disponiacutevel em lthttpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u666908shtmlgt Acesso em 20092010

21

Entretanto isto eacute uma questatildeo de tempo porque trecircs paiacuteses jaacute aceitaram

123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais

O MERCOSUL objetiva a integraccedilatildeo dos paiacuteses no sentido da expansatildeo do

mercado interno da ampliaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo da circulaccedilatildeo de riquezas

Com isso pretende o transbordamento das perspectivas de crescimento que deve

ocorrer em harmonia por meio das competiccedilotildees empresariais elevando o niacutevel de

emprego propiciando a melhoria das condiccedilotildees de vida e o desenvolvimento social

dos povos29

Em 1991 o Tratado de Assunccedilatildeo estabeleceu apenas uma estrutura

institucional provisoacuteria que natildeo conferia personalidade juriacutedica ao MERCOSUL uma

vez que seus oacutergatildeos eram totalmente dependentes dos Estados Partes Assim em

decorrecircncia das intensas negociaccedilotildees os Estado Partes decidiram a partir da

entrada em vigor do Protocolo de Ouro Preto assinado em dezembro de 1994

atribuir ao MERCOSUL personalidade juriacutedica de Direito Puacuteblico Internacional

conforme o previsto nos artigos 34 e 35 do referido protocolo30

Portanto o MERCOSUL dispotildee de personalidade juriacutedica de Direito

Internacional desde a assinatura do Protocolo de Ouro Preto (artigo 34) A

titularidade da personalidade juriacutedica do MERCOSUL eacute exercida pelo Conselho do

Mercado Comum (artigo 8ordm III) O Grupo Mercado Comum pode negociar por

delegaccedilatildeo expressa do Conselho do Mercado Comum acordos em nome do

MERCOSUL com paiacuteses terceiros grupos de paiacuteses e organismos internacionais

(artigo 14 VII)

Suas principais fontes juriacutedicas satildeo o Tratado de Assunccedilatildeo e instrumentos

adicionais ou complementares as Decisotildees do Conselho do Mercado Comum as

Resoluccedilotildees do Grupo Mercado Comum e as Diretrizes da Comissatildeo de Comeacutercio31

29

MAGALHAES Maria Luacutecia Cardoso de A harmonizaccedilatildeo dos Direitos Sociais e o MERCOSUL Belo Horizonte Editora Revista dos Tribunais 2000 p 59

30 Art 34 do Protocolo de Ouro Preto ldquoO Mercosul teraacute personalidade juriacutedica internacionalrdquo Art 35

ldquoO Mercosul poderaacute no uso de suas atribuiccedilotildees praticar todos os atos necessaacuterios agrave realizaccedilatildeo de seus objetivos em especial contratar adquirir ou alienar bens moacuteveis e imoacuteveis comparecer em juiacutezo conservar fundos e fazer transferecircnciasrdquo

31 Fonte extraiacuteda da Secretaria de Estado da Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do Mercosul ndash

SEIM Disponiacutevel em lthttpwwwseimprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=32gt Acesso em

10072010

22

O Protocolo de Ouro Preto definiu a estrutura do MERCOSUL da seguinte

forma

a) Conselho do Mercado Comum (CMC) eacute o oacutergatildeo maacuteximo do

MERCOSUL ao qual cabe a conduccedilatildeo poliacutetica do processo de

integraccedilatildeo e pela tomada de decisotildees para garantir o cumprimento dos

objetivos e prazos estabelecidos pelo ldquoTratado de Assunccedilatildeordquo O CMC eacute

formado pelos Ministros das Relaccedilotildees Exteriores e da Economia dos

paiacuteses membros

b) Grupo Mercado Comum (GMC) eacute o oacutergatildeo executivo do MERCOSUL

coordenado pelos Ministeacuterios de Relaccedilotildees Exteriores de cada paiacutes eacute o

principal oacutergatildeo de implementaccedilatildeo dos objetivos do MERCOSUL e de

supervisatildeo de seu funcionamento examinando as questotildees em niacutevel

mais profundo que o Conselho O Grupo Mercado Comum eacute

assessorado em suas atividades por Subgrupos de Trabalho Reuniotildees

Especializadas e Grupos ldquoAd Hocrdquo cada um desses foros auxiliares trata

de temas especiacuteficos

Subgrupos de Trabalho (SGT) SGT 01 - Comunicaccedilotildees SGT 02 -

Aspectos Institucionais SGT 03 - Regulamentos Teacutecnicos SGT 04 -

Assuntos Financeiros SGT 05 - Transportes SGT 06 - Meio Ambiente

SGT 07 - Induacutestria SGT 08 - Agricultura SGT 09 - Energia e Mineraccedilatildeo

SGT 10 - Assuntos Trabalhistas Emprego e Seguridade Social SGT 11

- Sauacutede SGT 12 - Investimentos SGT 13 - Comeacutercio Eletrocircnico SGT 14

- Acompanhamento da Conjuntura Econocircmica e Comercial

Reuniotildees Especializadas Ciecircncia e Tecnologia Cooperativas Turismo

Mulher promoccedilatildeo Comercial Municiacutepios e Prefeituras Infraestrutura da

Integraccedilatildeo e Drogas Prevenccedilatildeo e Reabilitaccedilatildeo de Dependentes

Grupos ldquoAd-Hocrdquo Accediluacutecar Relaccedilotildees Externas Compras Governamentais

e Concessotildees Integraccedilatildeo Fronteiriccedila Comitecirc de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica

Grupo de Serviccedilos Comissatildeo Soacutecio-laboral (Secretaria de Estado da

Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do MERCOSUL ndash SEIM)

c) Comissatildeo de Comeacutercio do MERCOSUL (CCM) eacute o oacutergatildeo encarregado

de assistir ao Grupo Mercado Comum na aplicaccedilatildeo dos instrumentos de

23

poliacutetica comercial comum para o funcionamento da uniatildeo alfandegaacuteria

(CEFIR 2010)32

d) Comissatildeo de Representantes Permanentes do MERCOSUL (CRPM)

que reuacutene as reapresentaccedilotildees diplomaacuteticas dos Estados membros

(CEFIR 2010)33

e) Parlamento do MERCOSUL eacute o que representa a legitimidade e

democracia em termos de representaccedilatildeo poliacutetica do processo o

Parlamento eacute o lugar ideal para o debate para a expressatildeo das

diferentes visotildees para a enunciaccedilatildeo da opiniatildeo da maioria mas tambeacutem

para a possibilidade de expressatildeo das minorias (CEFIR 2010)34

f) Foro Consultivo Econocircmico Social (FCES) eacute o oacutergatildeo de representaccedilatildeo

dos setores econocircmicos e sociais composto por representantes dos

setores empresariais sindicatos e entidades da sociedade civil Tem

funccedilatildeo consultiva elevando recomendaccedilotildees ao GMC

g) Secretaria Administrativa do MERCOSUL eacute o oacutergatildeo de assessoria e

apoio teacutecnico operativo aos outros oacutergatildeos do MERCOSUL Tem sua

sede permanente na cidade de Montevideacuteu

Os oacutergatildeos institucionais do MERCOSUL35

satildeo de natureza

intergovernamental cujas decisotildees tomadas estatildeo vinculadas a procedimentos

internos de cada Estado Parte do bloco portanto satildeo decisotildees tomadas por

governos nacionais que estatildeo sujeitos ao controle dos seus respectivos

parlamentos36

32

Fonte Curso ldquoTodos Somos MERCOSURrdquo ndash CEFIR ndash Plataforma de Integraccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpneccintwordpresscomdireito-internacionalarena-de-ideiasmercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulgt Acesso em 02012011

33 Ibid

34 Ibid

35 No Anexo 2 seraacute apresentado um organograma da estrutura Institucional do MERCOSUL

36 KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees

constitucionais 2000 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwbuscalegisufscbrarquivosMercosul20e20supranacionalidade20-202000pdfgt Acesso em 20092010 p 30

24

13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL

As assimetrias satildeo um dos principais

obstaacuteculos para o avanccedilo do processo de integraccedilatildeo

do MERCOSUL Os paiacuteses menos desenvolvidos

tendem a ter menor capacidade para se apropriar dos

benefiacutecios do processo de integraccedilatildeo Sobre as

assimetrias no bloco regional Costa37 aponta ldquoa

diversidade culturalrdquo entre os membros do

MERCOSUL de acordo com

[] o niacutevel de desenvolvimento da economia o tamanho da populaccedilatildeo a diversidade interna o grau de desigualdade entre os diferentes segmentos sociais o poder poliacutetico entre as classes sociais e entre os diferentes Estados que compotildeem o bloco

As assimetrias socioeconocircmicas em que se encontravam os paiacuteses apoacutes a

assinatura do Tratado de Assunccedilatildeo dificultaram a coordenaccedilatildeo das poliacuteticas

macroeconocircmicas que aliadas agrave vulnerabilidade externa das economias

oriundas das estrateacutegias neoliberais de financiamento privatizaccedilotildees e

abertura brusca de seus mercados ocasionaram aos Estados novamente um

endividamento externo devido agrave reprimarizaccedilatildeo das exportaccedilotildees38 Afirma

Vasconcelos39 que a falta de prioridade da integraccedilatildeo na formulaccedilatildeo das

poliacuteticas internacionais acabou gerando insatisfaccedilatildeo por parte dos soacutecios

menores a exemplo da ameaccedila do Uruguai em deixar o bloco eou realizar

um acordo bilateral com os EUA

37

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 30-31

38 VASCONCELOS Pedro Paulo Lima Indicadores soacutecio-econocircmicos do MERCOSUL um estudo

sob a Eacutegide da Economia Poliacutetica Internacional In SIMPOacuteSIO EM RELACcedilOtildeES INTERNACIONAIS DO PROGRAMA SAN TIAGO DANTAS I nov 2007 p 10 (UNESP UNICAMP e PUC-SP)

39 Ibid

25

Quadro 1 - Demonstrativo de algumas assimetrias no bloco

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwbrasilescolacomgt Dados referentes ao ano de 2010

40

Tambeacutem o IPEA41

vem estudando as assimetrias no bloco apresentando

dados estatiacutesticos e aspectos importantes relativos agraves desigualdades entre paiacuteses

integrantes do bloco De acordo com os dados do IPEA42

e reforccedilando a Figura 1

apresentada observa-se o desniacutevel existente entre o Brasil e os demais paiacuteses do

bloco em termos populacionais e econocircmicos

Com uma populaccedilatildeo que representa quase 80 daquela do MERCOSUL e um PIB superior a 75 do PIB do conjunto de paiacuteses do bloco o Brasil desponta agrave primeira vista como o gigante liacuteder do processo de integraccedilatildeo com indicadores que destoam de forma significativa do restante do bloco

Neste contexto e reconhecendo as assimetrias existentes foi criado em

2004 o Fundo de Convergecircncia Estrutural do MERCOSUL (FOCEM)43

pela decisatildeo

CMC nordm 4504 e nordm1805 e regulamentado pela decisatildeo nordm 2405 visando agrave reduccedilatildeo

das diferenccedilas entre os Estados Partes e com o seguinte objetivo

40

Fonte de pesquisa MERCOSUL e paiacuteses integrantes Disponiacutevel em lthttpwwwbrasilescolacomgeografiamercosul-paises-integranteshtmgt Acesso em 18102010

41 IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de

Integraccedilatildeo no MERCOSUL (Ver MELLO e SOUZA Andreacute de OLIVEIRA Ivan Tiago Machado GONCcedilALVES Samo Seacutergio IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de Integraccedilatildeo no MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrsites0002publicacoestdstd_1477pdfgt Acesso em 18102010)

42 Ibid

43 O FOCEM eacute um fundo para investimento conjunto dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL que

visa agrave diminuiccedilatildeo das assimetrias entre os Estados-Partes por meio de financiamento de projetos (MERCOSULCMCDEC nordm 2405)

BRASIL ARGENTINA PARAGUAI URUGUAI

EXTENSAtildeO TERRITORIAL

8514876 kmsup2 2766889 kmsup2 406752 kmsup2 177414 kmsup2

POPULACcedilAtildeO (habitantes)

193205783 40276376 6348917 3360854

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

16 trilhotildees de doacutelares

328 bilhotildees de doacutelares

16 bilhotildees de doacutelares

322 bilhotildees de doacutelares

PIB PER CAPTA 6060 doacutelares 6040 doacutelares 1710 doacutelares 6620 doacutelares

26

Financiar programas para promover a convergecircncia estrutural desenvolver a competitividade promover a coesatildeo social em particular das economias menores e regiotildees menos desenvolvidas e apoiar o funcionamento da estrutura institucional e o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo (MERCOSULCMCDEC Nordm 2405)

Nesse sentido entra em discussatildeo a possibilidade de estender a proteccedilatildeo

social para aleacutem dos limites do Estado nacional de acordo com o FOCEM

O Fundo derivou-se da premissa de que o Mercosul deve ser uma via para o desenvolvimento econocircmico e social de seus ldquoEstados-Partesrdquo Complementarmente tem-se por princiacutepio que a solidariedade internacional impulsiona a integraccedilatildeo regional favorecendo a formaccedilatildeo do mercado comum e que condiccedilotildees econocircmicas assimeacutetricas impedem o pleno aproveitamento das oportunidades geradas pela ampliaccedilatildeo dos mercados

44

Cria-se a partir de entatildeo o objetivo de promover a convergecircncia estrutural

dos Estados-Partes do MERCOSUL e principalmente o desenvolvimento da

competitividade econocircmica dos Estados-Partes com o favorecimento da coesatildeo

social no MERCOSUL aleacutem do fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional e

da estrutura institucional do bloco

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas

As experiecircncias de integraccedilatildeo por um imperativo da realidade tendem a

provocar muacuteltiplos efeitos entre os quais as consequecircncias sociais ocupam um

lugar preeminente Algumas dessas consequecircncias especialmente as mais

demoradas tendem a ser positivas expondo-se como resultados beneacuteficos das

transformaccedilotildees macroeconocircmicas o melhoramento das condiccedilotildees da economia de

cada um dos paiacuteses e maior defesa da produccedilatildeo integrada no mercado

internacional

Em funccedilatildeo disso uma vez consolidados os lucros econocircmicos o

desenvolvimento e o crescimento produtivo gerando um maior nuacutemero de empregos

a tendecircncia eacute a melhora dos salaacuterios e das condiccedilotildees de trabalho fortalecendo os

44

Manual para apresentaccedilatildeo de Estudos de Viabilidade Socioeconocircmica com vistas agrave apresentaccedilatildeo para a obtenccedilatildeo de recursos do Fundo de Convergecircncia Estrutural e Fortalecimento Institucional do MERCOSUL (FOCEM) Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos Disponiacutevel em lthttpwwwplanejamentogovbrsecretariasuploadArquivosspiprogramas_projetofocemFocem_Manual_02pdfgt Acesso em 20092010

27

atores sociais consolidando-se as relaccedilotildees trabalhistas como efeitos

transcendentes do processo de integraccedilatildeo

Acordos de livre circulaccedilatildeo beneficiam tanto os trabalhadores que buscam

novas oportunidades de emprego quanto as empresas que exploram novos

negoacutecios

Em 2009 foi promulgado o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos

Estados Partes do MERCOSUL45

assim como o Acordo sobre Residecircncia

MERCOSUL46

Boliacutevia e Chile Ambos permitem a solicitaccedilatildeo de residecircncia com

procedimentos simplificados e isenccedilatildeo de pagamento de multas e quaisquer outras

sanccedilotildees independentemente de estarem em situaccedilatildeo migratoacuteria regular ou

irregular47

Os estrangeiros no Brasil beneficiados com os Acordos ou os nacionais

nesses paiacuteses possuem igualdade de direitos civis no paiacutes de recepccedilatildeo Deveres e

responsabilidades trabalhistas e previdenciaacuterias satildeo tambeacutem resguardadas aleacutem do

direito de transferir recursos direito de nome registro e nacionalidade aos filhos de

imigrantes48

O visto MERCOSUL tem por objetivo facilitar a circulaccedilatildeo

temporaacuteria de pessoas fiacutesicas prestadoras de serviccedilos no territoacuterio do Bloco

viabilizando a ampliaccedilatildeo dos negoacutecios e do comeacutercio de serviccedilos A iniciativa

beneficia gerentes e diretores executivos administradores diretores ou

representantes legais cientistas pesquisadores professores artistas desportistas

jornalistas teacutecnicos qualificados ou especialistas e profissionais de niacutevel superior49

A aquisiccedilatildeo de residecircncia temporaacuteria assegura os direitos de entrar sair

circular e permanecer livremente no territoacuterio do paiacutes de recepccedilatildeo bem como o

direito de exercer qualquer atividade profissional nas mesmas condiccedilotildees

estabelecidas para os nacionais do paiacutes de recepccedilatildeo Os acordos de aquisiccedilatildeo de

residecircncia regulamentados pelos Decretos nordm 6964 e nordm 6975 ambos de 2009

estabelecem ainda a igualdade de direitos civis e de reuniatildeo familiar o tratamento

45

Decreto nordm 6964 de 29 de setembro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos Estados-Partes do MERCOSUL

46 Decreto nordm 6975 de 7 de outubro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais

dos Estados-Partes do Mercado Comum do Sul MERCOSUL Boliacutevia e Chile 47

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt Acesso em 02032010 48

Ibid 49

Informaccedilatildeo constante do livro BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Brasiacutelia MRE 2007

28

igualitaacuterio em mateacuteria trabalhista e os direitos de transferecircncia de remessas

pecuniaacuterias e de acesso agrave educaccedilatildeo puacuteblica

Neste sentido o Ministeacuterio do Trabalho e Emprego apresenta anualmente

desde 2006 no site oficial do oacutergatildeo as autorizaccedilotildees de trabalho concedidas para

pessoas signataacuterias dos Estados Partes do MERCOSUL conforme se a Tabela 1

Tabela 1 Demonstrativo das autorizaccedilotildees de trabalhos concedidas a pessoas dos Estados Partes do MERCOSUL

2006 2007 2008 2009 2010

ARGENTINA 661 653 671 571 482

URUGUAI 120 35 52 50 51

PARAGUAI 35 32 39 47 23

CHILE 202 243 327 347 241

BOLIVIA 74 103 170 118 67

VENEZUELA 259 299 360 374 433

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmtegovcomgt

50

Situaccedilatildeo em 30 de setembro de 2010

A Tabela 1 apresenta autorizaccedilotildees por parte do Ministeacuterio do Trabalho e

Emprego aos trabalhadores oriundos do MERCOSUL e paiacuteses associados

Observa-se que de maneira geral houve oscilaccedilatildeo das autorizaccedilotildees dos

paiacuteses integrantes do bloco de 2006 a 2010 Evidencia-se que a quebra de

barreiras aduaneiras demonstra avanccedilo econocircmico mas natildeo garante

proteccedilatildeo social de forma imediata Eacute preciso coordenar accedilotildees nas aacutereas

trabalhista e previdenciaacuteria para favorecer e dar seguranccedila aos trabalhadores

que circulam dentro do bloco

Diante disso observa-se que o progresso social natildeo constitui uma

consequecircncia automaacutetica da integraccedilatildeo econocircmica existem fatores como as

crises econocircmico-financeiras nos Estados Partes condicionadas por

problemas de distintas naturezas pagamento da diacutevida externa taxas altas

de inflaccedilatildeo elevaccedilatildeo de taxas de juros corrupccedilatildeo institucionalizada abalos nas

50

Site do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego Coordenaccedilatildeo Geral de Imigraccedilatildeo Disponiacutevel em ltwwwmtegovbrgt Acesso em 20112010

29

Bolsas valorizaccedilatildeo cambial baixo crescimento econocircmico os quais geraram

impactos poliacuteticos e sociais negativos que se manifestam mais imediatamente no

plano do emprego e da previdecircncia social51

Se os anos 1980 foram chamados de ldquodeacutecada perdidardquo os anos 1990

tambeacutem natildeo foram muito promissores e o iniacutecio do seacuteculo XXI manteacutem a sina

negativa52 Neste sentido inclusive segundo Simionato53 o avanccedilo natildeo foi

observado em termos de justiccedila social

[] com o Tratado de Ouro Preto assinado 1994 efetiva-se a regulamentaccedilatildeo juriacutedica da integraccedilatildeo regional proporcionando o avanccedilo das poliacuteticas comerciais aduaneiras e agriacutecolas natildeo se observando o mesmo em relaccedilatildeo agrave perspectiva de ldquojusticcedila socialrdquo e agrave dimensatildeo democraacutetica do processo

Sobre essa questatildeo Costa54 menciona que no MERCOSUL ldquoo que se

internacionaliza eacute a economia e natildeo a proteccedilatildeo socialrdquo diante disso a autora aponta

que ldquoproteccedilatildeo ao trabalho compotildee os custos da atividade econocircmica e que o tema

laboral natildeo pode ser ignoradordquo Apesar dessa afirmaccedilatildeo pode-se inferir que a

regionalizaccedilatildeo acarreta convergecircncia nos sistemas previdenciaacuterios Na organizaccedilatildeo

econocircmica um dos primeiros custos a serem atacados satildeo os trabalhistas por sua

incidecircncia no preccedilo final dos produtos ou serviccedilos Isso gera diferenccedilas das

condiccedilotildees de trabalho e dos salaacuterios em termos comparativos Vale frisar que os

custos previdenciaacuterios fazem parte dos custos trabalhistas em questatildeo

Trata-se de um ciacuterculo vicioso jaacute que ao diminuir a contribuiccedilatildeo por efeito

da reduccedilatildeo da populaccedilatildeo ocupada e do eventual descenso dos niacuteveis salariais (que

conformam a base da contribuiccedilatildeo) tende a crescer o desfinanciamento dos

sistemas de previdecircncia social

Eacute inevitaacutevel que toda integraccedilatildeo regional deva enfrentar a dimensatildeo social

tanto para administrar ordenar e redistribuir no longo prazo os benefiacutecios e

vantagens econocircmicas que se procura obter com tal processo como tambeacutem para

dar respostas imediatas e amortecer os efeitos negativos que se geram a partir da

51

WANDERLEY Luiz Eduardo W A construccedilatildeo de um MERCOSUL Social Revista Ponto-e-Viacutergula Satildeo Paulo PUC SP v 1 p90-104 2007 p94

52 Ibid

53 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis v0 n 5 2001 p1 54

COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais UEPG 18 e 19 de junho de 2009 p 2

30

transformaccedilatildeo das estruturas econocircmicas e da abertura ao comeacutercio internacional

dos paiacuteses que conformam um bloco

Diniz aponta a mundializaccedilatildeo da oferta de trabalho como um dos efeitos da

globalizaccedilatildeo O indiviacuteduo poderaacute ser facilmente transferido de um paiacutes para outro

orientado pela oferta de emprego Como fenocircmenos decorrentes dessa globalizaccedilatildeo

da matildeo de obra aparecem a constituiccedilatildeo de um exeacutercito de reserva com grandes

contingentes de trabalhadores transnacionais o aumento da rotatividade da matildeo de

obra nos empregos e nas regiotildees o alto nuacutemero de migraccedilotildees internas dentro

destes blocos a existecircncia de um proletariado altamente qualificado o crescimento

do desemprego e do subemprego em virtude da automaccedilatildeo acarretando aumento

da economia informal55

Natildeo se pode deixar de mencionar quando se fala em circulaccedilatildeo de pessoas

principalmente trabalhadores o fato de o MERCOSUL natildeo ter sufragado plenamente

ainda os estaacutegios anteriores de Zona de Livre Comeacutercio e Uniatildeo Aduaneira

pressupostos do estaacutegio de Mercado Comum quando entatildeo ao menos em tese

estaria consagrada a liberdade de circulaccedilatildeo de trabalhadores Eacute notoacuterio que a

questatildeo social natildeo eacute a prioritaacuteria quando se pensa em integraccedilatildeo econocircmica mas

ela surge agrave medida que haacute uma evoluccedilatildeo natural para os estaacutegios que pressupotildeem

maior grau de integraccedilatildeo56

Segundo Chiarelli a livre circulaccedilatildeo de trabalhadores eacute condiccedilatildeo para a

formaccedilatildeo de um Mercado Comum que soacute estaraacute perfeito ao garantir a livre

circulaccedilatildeo da forccedila de trabalho respaldada por normas juriacutedicas que balizem as

relaccedilotildees econocircmicas e sociais O trabalhador de cada um dos paiacuteses do

MERCOSUL deveraacute com o tempo assumir o papel de trabalhador comunitaacuterio com

a consolidaccedilatildeo da faculdade de deslocamento nos paiacuteses do bloco em busca de

ocupaccedilatildeo57

Eacute fato e haacute que se admitir que mesmo a passos lentos o MERCOSUL

desenvolveu ao longo dos anos mecanismos em prol da livre circulaccedilatildeo de

55

DINIZ Cleacutelio Campolina In SEMINAacuteRIO INTERNACIONAL GLOBALIZACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL CENAacuteRIOS PARA O SEacuteC XXI Painel Recife SUDENE 1997 p 64-65

56 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute PUC-PR Curitiba 2005 p206

57 CHIARELLI Matto Tota CHIARELLI Carlos Alberto Gomes (Coord) Temas de integraccedilatildeo com

enfoque no Mercosul v 1 Satildeo Paulo LTR 1997 p 149

31

trabalhadores Neste sentido Jaeger Junior58

anotou que ldquoo MERCOSUL jaacute esteve

diante de vaacuterias propostas com vistas ao incremento do processo de

estabelecimento de uma livre circulaccedilatildeo de trabalhadoresrdquo

No acircmbito do MERCOSUL para efetivar as poliacuteticas de mercado de trabalho

eacute necessaacuterio que se estabeleccedila um padratildeo para a qualificaccedilatildeo da forccedila de trabalho

sistemas de intermediaccedilatildeo de matildeo de obra aleacutem de apoio agraves pequenas empresas

que incentive medidas voltadas para a elevaccedilatildeo do niacutevel de investimento

econocircmico59

O Conselho do Mercado Comum CMC atraveacutes da DECCMCMERCOSUL

nordm 46 de 16 de dezembro de 2004 criou o Grupo de Alto Niacutevel para elaborar uma

Estrateacutegia MERCOSUL de Crescimento do Emprego O Grupo eacute integrado pelos

ministeacuterios responsaacuteveis pelas poliacuteticas econocircmicas industriais laborais e sociais

dos Estados Partes e tambeacutem com a participaccedilatildeo das organizaccedilotildees econocircmicas e

sociais que integram as seccedilotildees nacionais do Foro Consultivo Econocircmico e Social e

da Comissatildeo Sociolaboral do MERCOSUL

Tendo em vista a circulaccedilatildeo de pessoas especialmente trabalhadores no

interior do bloco a Previdecircncia Social vem recebendo atenccedilatildeo especial dos Estados

Partes O reconhecimento da importacircncia do tema tem sido acompanhado por accedilotildees

efetivas que garantem benefiacutecios sociais e melhores condiccedilotildees de vida aos

trabalhadores e trabalhadoras da regiatildeo O Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL em vigor desde 2005 jaacute permitiu que oito mil brasileiros60

que

mantiveram empregos em qualquer um dos quatro paiacuteses do Bloco ao longo da

vida se aposentassem e recebessem os benefiacutecios devidos

O Acordo permite que o tempo de contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria de quem tenha

trabalhado em mais de um paiacutes do MERCOSUL seja somado para fins de

aposentadoria Atualmente cerca de 700 mil brasileiros61

residem nos Estados-

Partes e poderatildeo se beneficiar do acordo

58

JAEGER JUNIOR A Temas de Direito da Integraccedilatildeo e ComunitaacuterioSatildeo Paulo LTr 2002 p 59

59 COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO

DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais Op cit p 28 60

BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Op cit p 104

61 Ibid

32

O ecircxito alcanccedilado com o Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL

estimulou a assinatura de Acordos Multilaterais Similares como por exemplo o

Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social62

firmado em 2007 quando ratificado

pelos parlamentos nacionais ele beneficiaraacute cerca de cinco milhotildees de

trabalhadores imigrantes da Argentina da Boliacutevia do Brasil do Chile da Colocircmbia

da Costa Rica de Cuba do Equador de El Salvador da Guatemala de Honduras

do Meacutexico da Nicaraacutegua do Panamaacute do Paraguai do Peru da Repuacuteblica

Dominicana do Uruguai da Venezuela de Portugal da Espanha e do Principado de

Andorra

O processo de globalizaccedilatildeo da economia fez crescer o movimento migratoacuterio

de trabalhadores e consequentemente trouxe reflexos na organizaccedilatildeo dos sistemas

previdenciaacuterios Indiviacuteduos que tecircm cobertura pelo sistema de previdecircncia social do

paiacutes de origem em que desenvolvem suas atividades e que faccedilam um movimento

migratoacuterio para outro paiacutes estaratildeo sujeitas agrave legislaccedilatildeo previdenciaacuteria do paiacutes de

destino onde estiverem exercendo nova atividade

132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL

O direito agrave seguridade social no Paraguai estaacute previsto no artigo 95 da

Constituiccedilatildeo com as informaccedilotildees

De la seguridad social El sistema obligatorio e integral de seguridad social para el trabajador dependiente y su familia seraacute establecido por la ley Se promoveraacute su extensioacuten a todos los sectores de la poblacioacuten ndash Los servicios del sistema de seguridad social podraacuten ser puacuteblicos privados o mixtos y en todos los casos es taraacuten supervisados por el Estado ndash Los recursos financieros de los seguros so ciales no seraacuten desviados de sus fines especiacuteficos estaraacuten disponibles para este objetivo sin perjuicio de las inversiones lucrativas que puedan acrecentar su patrimonio

63

No Paraguai natildeo existe um uacutenico sistema de seguridade social sendo

diversos sistemas administrados por intermeacutedio de ldquoCaixasrdquo de previdecircncia 62

Faremos um breve estudo sobre o acordo Ibero-Americano de Seguridade Social no item 22 do segundo capiacutetulo deste trabalho

63 Traduccedilatildeo livre A Seguridade Social O sistema obrigatoacuterio e integral de seguridade social dos

trabalhadores e de sua famiacutelia seraacute estabelecido por lei Iraacute promover a sua extensatildeo a todos os setores da populaccedilatildeo - Os serviccedilos do sistema de seguridade social pode ser puacuteblico privado ou misto em cada caso eacute supervisionado pelo Estado - Os recursos financeiros do seguro social natildeo seratildeo desviados de seus objetivos especiacuteficos e estaratildeo disponiacuteveis para esse efeito natildeo obstante os investimentos lucrativos que podem aumentar seu patrimocircnio

33

As instituiccedilotildees e normas de previdecircncia social estatildeo vinculadas aos

trabalhadores empregados ou seja aquelas que estatildeo vinculados ao

empregador Neste sentido Cristaldo64 declara que

Se entiende que la expresioacuten ldquoseguridad socialrdquo en El artiacuteculo 382 de coacutedigo Laboral estaacute utilizada en un sentido restringido limitada exclusivamente a la proteccioacuten del trabajador en relacioacuten de dependecircncia y sus derecho-habientes contra los riesgos de caraacuteter general y especialmente los derivados del trabajo mediante un sistema de seguros sociales De ahiacute lo adecuado en vez de ldquoseguridad socialrdquo hubiera sido utilizar en El Coacutedigo Laboral paraguaio la expressioacuten maacutes exacta y precisa de ldquoprevision socialrdquo para denominar El Libro IV de esse cuerpo legal

65

O Paraguai tem um sistema de previdecircncia social fragmentado com vaacuterias

instituiccedilotildees independentes que administram os fundos de pensatildeo O sistema eacute

organizado em oito instituiccedilotildees que natildeo tecircm viacutenculos entre si nem satildeo

supervisionadas por uma entidade superior do governo66

Natildeo foi encontrada na pesquisa realizada nenhuma informaccedilatildeo legislaccedilatildeo

ou referecircncia a reformas do sistema previdenciaacuterio paraguaio como os demais

Estados Partes entretanto eacute o uacutenico dos paiacuteses do MERCOSUL a organizar um

regime de previdecircncia privada complementar de aposentadorias parecido no seu

aspecto de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria ao Regime Geral de Previdecircncia Social

brasileiro de caraacuteter nacional obrigatoacuterio e legal67

O Instituto de Previdecircncia Social (IPS) principal oacutergatildeo previdenciaacuterio foi

criado em 1943 abrangendo atualmente duas aacutereas a) aposentadorias e pensotildees

b) sauacutede da populaccedilatildeo68

64

CRISTALDO M Jorge Dario La Seguridad Social y la Previsioacuten Social em el Paraguay In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 129

65 Traduccedilatildeo livre Entende-se que a expressatildeo seguridade social prevista no artigo 382 do coacutedigo

de trabalho eacute usado em sentido restrito limitado exclusivamente agrave proteccedilatildeo dos trabalhadores com relaccedilatildeo de emprego que tenham riscos ambientais de caraacuteter geral e especialmente do trabalho atraveacutes de um sistema de seguro social Desta forma o mais adequado em vez de seguridade social deveria ser utilizada no coacutedigo de trabalho paraguaio a expressatildeo mais exata e precisa de previdecircncia social no Livro IV do corpo legal

66 GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al

(Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 188

67 OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes

do MERCOSUL 2008 Tese (Doutorado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 145

68 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas n 3 p 128-137 juldez 2003

34

O sistema utilizado no Paraguai eacute um sistema de reparticcedilatildeo simples que eacute

regido pelo formato contributivo sendo pago pelo trabalhador e pelo empregador O

Paraguai eacute o paiacutes com menor cobertura previdenciaacuteria da Ameacuterica do Sul com uma

taxa que chega a apenas 25 de seus trabalhadores sendo inferior inclusive agrave

cobertura previdenciaacuteria da Boliacutevia A contribuiccedilatildeo para o sistema eacute muito baixa

apenas os que tecircm salaacuterios meacutedios ou altos eacute que contribuem e os trabalhadores

em atividades rurais natildeo estatildeo assegurados pela previdecircncia social tendo em vista

que natildeo haacute nenhuma forma de contribuiccedilatildeo69

Os benefiacutecios concedidos aos segurados satildeo auxiacutelio doenccedila benefiacutecio

pago ao trabalhador quando de sua incapacidade derivada de acidentes e doenccedilas

comuns e derivada de acidentes e doenccedilas do trabalho salaacuterio maternidade

aposentadoria por invalidez decorrente de acidente e doenccedilas do trabalho

aposentadoria por idade e pensatildeo por morte

No Uruguai o Banco da Previdecircncia Social foi criado em 1954 atendendo

grande parte da populaccedilatildeo exceto algumas caixas de aposentadorias e pensotildees

como a dos Estados dos militares dos professores universitaacuterios dos bancaacuterios e

dos policiais70

O sistema de Previdecircncia Social uruguaio apoacutes a reforma previdenciaacuteria

regido pela Lei nordm 16713 publicada em 3 de setembro de 1995 e conforme

estabelece o caput do artigo 4ordm da referida legislaccedilatildeo eacute misto compreendendo o

regime contributivo de reparticcedilatildeo administrado pelo Banco de Previdecircncia Social e

o regime de capitalizaccedilatildeo individual administrado por empresas privadas de forma

combinada71

A reforma em 1995 foi uma das mais importantes mudanccedilas da Seguridade

Social na histoacuteria do Uruguai e acontece em consonacircncia com o restante dos

paiacuteses da Ameacuterica Latina A reforma implicou num aumento das condiccedilotildees e das

exigecircncias ao acesso das prestaccedilotildees uma diminuiccedilatildeo discriminada nas mesmas e

69

GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 191

70 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

71 Ibid

35

criou um regime de arrecadaccedilatildeo individual administrado pelo setor privado e pelas

administradoras de fundos de arrecadaccedilatildeo previsional (AFAPs no Uruguai)72

Alejandro Castelo73

afirma

El sistema combina un componente puacuteblico basado en el reacutegimen de reparto denominado de solidariedad intergeneracional con un componente

privado organizado bajo el reacutegimen de capitalizacioacuten individual74

E ainda

El sistema combina varios pilares Um primer pilar que recoge las caracteriacutesticas del modelo puacuteblico de reparto y luego un segundo pilar de tipo privado basado em el ahorro individual cuyo objetivo es complementar las prestaciones provenientes del primer pilar La inclusioacuten en los distintos niveles de cobertura estaacute determinada por el niacutevel de ingresos del afiliado o maacutes precisamente por el monto de asignaciones computables que percibe el afiliado

75

No mesmo sentido para Murro76

tal sistema estaacute apoiado em trecircs pilares

quais sejam

1) Solidariedade intergeracional - Eacute administrado diretamente pelo Estado pelo BPS que continua sendo o organismo arrecadador Este niacutevel estabelece benefiacutecios definidos e os trabalhadores com suas contribuiccedilotildees financiam as aposentadorias dos inativos junto com as contribuiccedilotildees patronais com os tributos destinados ao sistema e a assistecircncia financeira estatal Ampara um amplo setor da populaccedilatildeo estimado entre 87 e 92 ateacute determinado niacutevel de renda 842 doacutelares Esse primeiro niacutevel eacute complementado por um modelo instrumental com objetivo redistributivo dirigido para os setores da sociedade de menor renda natildeo integrados a setores estruturados do mercado de trabalho Este complemento se consegue por meio de um modelo puacuteblico seletivo constituiacutedo pelos benefiacutecios assistenciais natildeo contributivos de idade avanccedilada e invalidez

72

MARCONDES Claudia Gamberine Sistemas Previdenciaacuterios Sulamericanos Brasil Uruguai

e Chile 2007 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Faculdade de Direito da Universidade Metodista de Piracicaba ndash UNIMEP Piracicaba 2007 p 83

73 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

74 Traduccedilatildeo livre O sistema combina um componente puacuteblico baseado em reparticcedilatildeo simples

denominado solidariedade intergeracional com um componente privado organizado sob um sistema de capitalizaccedilatildeo individual

75 Traduccedilatildeo livre O sistema combina vaacuterios pilares Um primeiro pilar o que daacute o desempenho do

modelo puacuteblico pago e depois um segundo pilar privado tipo de poupanccedila individual destina-se a complementar os benefiacutecios do primeiro pilar Em diferentes niacuteveis de inclusatildeo de cobertura eacute determinada pelo niacutevel de renda da filial ou mais precisamente o montante das verbas recebidas pelo membro computaacutevel

76 Ernesto Murro eacute atualmente presidente do Instituto de Seguridade Social do Uruguai

36

2) De poupanccedila individual obrigatoacuteria - Eacute administrado pelas Administradoras de Fundos de Aposentadoria (AFAP) que satildeo entidades privadas Haacute uma AFAP que eacute uma sociedade anocircnima de propriedade do Estado (BPS Banco Repuacuteblica e Banco de Seguros do Estado) as outras 5 satildeo de propriedade privada Inclui os que percebem rendas superiores aos equivalentes 842 doacutelares e ateacute 2563 doacutelares Tambeacutem se permite a pessoas com menos de 40 anos com rendas inferiores a 842 doacutelares a possibilidade de optarem pelo 2o niacutevel com 50 de sua renda obtendo-se assim um incentivo de 50 no caacutelculo de seu salaacuterio base no 1o niacutevel

3) De poupanccedila voluntaacuteria - Compreende aquelas pessoas que tenham rendas superiores a 2563 doacutelares na parte que exceda esse valor No que se refere agrave parcela superior a este niacutevel de renda se tem a liberdade de contribuir ou natildeo para o sistema [] Abrange obrigatoriamente todos os segurados que estejam com menos de 40 anos de idade agrave data de vigecircncia da lei (1496) e todas as pessoas que ingressaram no mercado de trabalho qualquer que seja a sua idade posteriormente a esta data Foram estabelecidas regras de transiccedilatildeo para os trabalhadores com mais de 40 anos de idade na data de entrada em vigor da lei que natildeo tinham direito agrave aposentadoria em 311296 Este regime vigora entre 1ordm de janeiro de 1997 e 1ordm de janeiro de 2003 e estabelece uma progressividade de idade no caso da mulher e nos tempo de serviccedilo []

77

O trabalhador alcanccedila sua carecircncia consoante uma tabela que levaraacute em

conta os anos de contribuiccedilatildeo e a idade do trabalhador78

A aposentadoria tornou-

se proporcional ao nuacutemero de anos trabalhados e agrave idade do trabalhador entretanto

todos os habitantes do Uruguai independentemente de sua renda ter-lhes-atildeo

assegurada essa aposentadoria

De acordo com a legislaccedilatildeo e o sistema de Previdecircncia Social ou

Seguridade Social como eacute denominado o sistema no Uruguai a avaliaccedilatildeo dos

efeitos econocircmicos da reforma da Previdecircncia Social no Uruguai parte do conceito

de equidade atuarial79

Calcula-se um iacutendice de rendimento no qual o valor dos

benefiacutecios seja equivalente e atualizado as contribuiccedilotildees efetivamente pagas um

iacutendice de atualizaccedilatildeo Os benefiacutecios concedidos satildeo aposentadoria por tempo de

serviccedilo aposentadoria por idade aposentadoria por invalidez auxiacutelio doenccedila e

pensatildeo por morte

77

MURRO Ernesto As Tendecircncias na Ameacuterica Latina e a Reforma Uruguaia da Previdecircncia Social 2001 Disponiacutevel em ltwwwredsegsocorguygt Acesso em 10112010 p 5

78 Ibid

79 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis Op cit p 40

37

Na Argentina a reforma previdenciaacuteria ocorreu na deacutecada de 90

alterando a concepccedilatildeo de Direito Constitucional para a mercantilizaccedilatildeo do

seguro social como estrateacutegia para fomentar o mercado de capitais80

A legislaccedilatildeo base sobre o Sistema Integrado de Aposentadoria e Pensotildees da Argentina eacute a Lei nordm 24241 de 13 de outubro de 1993 que cobre as aposentadorias por velhice invalidez e morte integrando-se ao Sistema

Uacutenico de Seguridade Social (SUSS) conforme seu artigo 1ordm ldquocaputrdquo81

O Sistema tambeacutem eacute considerado misto e possui um regime puacuteblico

fundamentado sobre a concessatildeo pelo Estado de benefiacutecios financiados por um

sistema de reparticcedilatildeo e um regime previdenciaacuterio baseado na capitalizaccedilatildeo

individual Este sistema natildeo beneficia apenas o governo mas e

principalmente os grupos econocircmicos e as corporaccedilotildees transnacionais pois

contribui para criar um importante mercado de capitais financiado pelos

trabalhadores82

Uma Comissatildeo especial para a reforma do Regime da Previdecircncia no acircmbito da Secretaria de Seguridade Social foi criada com o Decreto no 1934 de 30 de setembro de 2002 tendo por objetivos conforme seu artigo 1ordm a) elaborar linhas para uma reforma do Sistema Integrado de Aposentadorias e Pensotildees para que o mesmo cumpra com a finalidade de cobertura para velhice invalidez e tempo de serviccedilo b) a busca de consensos sobre as bases para se elaborar um anteprojeto de reforma da previdecircncia social c) preparar um ldquoAcordo para a Seguridade Socialrdquo orientado a elevar a prioridade poliacutetica e lograr a revalorizaccedilatildeo da Previdecircncia Social como instrumento necessaacuterio para a redistribuiccedilatildeo do ingresso e para a paz social

83

Como medida de proteccedilatildeo tambeacutem existe na Argentina como Seguridade

Social o seguro desemprego previsto na Lei nordm 2401393 que auxilia o trabalhador

em caso de desemprego involuntaacuterio financiado com contribuiccedilotildees a cargo dos

empregadores Entretanto em 2007 o novo sistema integrado de aposentadorias e

80

Ibid 81

VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

82 GAMBINA J Previdecircncia Social Fundos de Pensatildeo Empregos Puacuteblicos Reforma Administrativa

e Reforma da Educaccedilatildeo Jornal APUFSC Florianoacutepolis setout 2000 In SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social Revista Kataacutelysis v 0 n 5 2001 p39

83 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

38

pensotildees Lei nordm 2424193 foi alterado pela Lei nordm 262222007 estabelecendo a

livre opccedilatildeo do Regime de Aposentadoria O novo sistema misto de previdecircncia

social eacute integrado por dois componentes obrigatoacuterios e integrados e a partir da nova

legislaccedilatildeo promulgada Lei nordm 262222007 os afiliados (segurados) ao Sistema

Integrado de Aposentadorias e Pensotildees (SIJP) podem optar por mudar de regime ao

qual estatildeo afiliados (segurados) uma vez a cada cinco anos nas condiccedilotildees que tal

efeito estabeleccedila o Poder Executivo84

Em mateacuteria de sauacutede as previsotildees contam nas Leis nordm 2366093 e nordm

2366193 que regulamentam o Regime de obras Sociais e o Seguro Nacional de

Sauacutede administrados pelos sindicatos reconhecidos como tal que seraacute responsaacutevel

pela cobertura de sauacutede dos trabalhadores e de seus familiares

No Brasil a Seguridade Social de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 artigo 203 eacute um conjunto integrado de accedilotildees de iniciativa dos Poderes

Puacuteblicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos agrave sauacutede agrave

previdecircncia e agrave assistecircncia social

Seguridade Social eacute gecircnero da qual satildeo espeacutecies a Sauacutede a Previdecircncia

e a Assistecircncia Social e tem como meta proteger pessoas contra a doenccedila o

abandono e a impossibilidade de trabalho Ao Estado compete a organizaccedilatildeo e

administraccedilatildeo da Seguridade Social por meio de ministeacuterios entidades e

instituiccedilotildees que mantecircm seu funcionamento como o Ministeacuterio da Sauacutede o

Ministeacuterio da Previdecircncia Social e o Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (antigo Ministeacuterio da Assistecircncia Social) conforme Lei nordm

106832003 art 25

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 194 enumerou em sete

incisos os princiacutepios constitucionais que regem a Seguridade Social A seguir

analisam-se os referidos princiacutepios

I Universalidade da cobertura e do atendimento garante a disponibilizaccedilatildeo

da sauacutede assistecircncia e previdecircncia em todas as contingecircncias a que estejam

sujeitos os indiviacuteduos As accedilotildees e os benefiacutecios de que se constituem a sauacutede a

assistecircncia social e a previdecircncia social (este uacuteltimo de caraacuteter contributivo) se

84

OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes do MERCOSUL Op cit p 131

39

encontraratildeo disponiacuteveis e seratildeo oferecidos a todos os indiviacuteduos que deles

necessitarem

II - Uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees

urbanas e rurais a proteccedilatildeo social oferecida pela Seguridade Social deveraacute ser

disponibilizada de maneira uniforme e equivalente tanto aos indiviacuteduos da aacuterea

urbana quanto agravequeles da aacuterea rural Natildeo poderaacute haver distinccedilatildeo entre as

modalidades de benefiacutecios e serviccedilos oferecidos devendo ao contraacuterio existir

forma uacutenica ou semelhanccedila (uniformidade)

III Seletividade e distributividade na prestaccedilatildeo dos benefiacutecios e serviccedilos

os benefiacutecios e serviccedilos seratildeo oferecidos aos indiviacuteduos que deles necessitarem

atraveacutes de uma escolha fundamentada e criteriosa Natildeo existiraacute somente um uacutenico

benefiacutecio ou serviccedilo mas sim diversas modalidades aptas a atender exatamente a

necessidade do beneficiado A distributividade implica na distribuiccedilatildeo de renda e

proteccedilatildeo social Os serviccedilos e benefiacutecios seratildeo concedidos com equidade e justiccedila

o que natildeo significa que um contribuinte da Previdecircncia Social por exemplo

receberaacute integralmente tudo o que contribuiu aos cofres do sistema Todas as

contribuiccedilotildees satildeo convertidas em um caixa uacutenico (e natildeo individualizado) e o Estado

trabalha distribuindo com retidatildeo estes valores aos serviccedilos e benefiacutecios nas aacutereas

de sauacutede assistecircncia e previdecircncia social85

IV Irredutibilidade do valor dos benefiacutecios o princiacutepio da irredutibilidade

visa garantir ao indiviacuteduo que o benefiacutecio assistencial ou previdenciaacuterio que lhe for

concedido natildeo sofreraacute qualquer reduccedilatildeo de valor e natildeo poderaacute ser objeto de

desconto (salvo determinaccedilatildeo legal ou judicial) arresto sequestro ou penhora

V Equidade na forma de participaccedilatildeo no custeio este princiacutepio tem por

objetivo distribuir com justiccedila e retidatildeo o percentual de contribuiccedilatildeo cabiacutevel agrave

sociedade na manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade Social Toda a sociedade

contribui para a manutenccedilatildeo do sistema mas garante-se por este princiacutepio a

progressividade da contribuiccedilatildeo conforme a capacidade contributiva de cada um As

empresas por exemplo sofrem maior desconto em seu rendimento bruto para a

manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade em razatildeo de sua maior capacidade

85

VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios 2 ed Satildeo Paulo Editora LTr 2010 p 49

40

contributiva Os empregados contribuem conforme tabela progressiva sempre

condizente com o salaacuterio percebido86

VI Diversidade da base de financiamento determina o artigo 195 da

Constituiccedilatildeo Federal que a Seguridade Social seraacute financiada por toda a sociedade

de forma direta e indireta nos termos da lei mediante recursos provenientes dos

orccedilamentos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios e de

contribuiccedilotildees sociais obrigatoacuterias a empresas e trabalhadores

VII Caraacuteter democraacutetico e descentralizado da administraccedilatildeo mediante

gestatildeo quadripartite com a participaccedilatildeo dos trabalhadores dos empregadores dos

aposentados e do Governo nos oacutergatildeos colegiados os trabalhadores os

empresaacuterios os aposentados e o Governo participam da gestatildeo administrativa da

Seguridade Social que deveraacute possuir caraacuteter democraacutetico e descentralizado

Assim pode-se dizer que a gestatildeo dos serviccedilos e benefiacutecios de que se constitui a

Seguridade Social tem a participaccedilatildeo ativa da sociedade Esta participaccedilatildeo eacute

exercida atraveacutes dos oacutergatildeos colegiados de deliberaccedilatildeo quais sejam Conselho

Nacional de Sauacutede (Lei nordm 808090 e Lei 814290) Conselho Nacional de

Assistecircncia Social (Lei nordm 874293 art 17) e Conselho Nacional de Previdecircncia

Social (Lei nordm 821391 art 3ordm) que tecircm composiccedilatildeo paritaacuteria integrada por

representantes do Governo Federal representantes dos aposentados

representantes dos trabalhadores em atividade e representantes dos empregadores

Especificamente a Previdecircncia Social no Brasil eacute uma instituiccedilatildeo puacuteblica que

tem a finalidade de assegurar direitos aos seus segurados e dependentes jaacute que se

trata de um seguro social a aqueles que contribuem para ela Quando uma pessoa

natildeo tem mais capacidade para trabalhar a previdecircncia social substitui seu salaacuterio

pelo benefiacutecio previdenciaacuterio Essa incapacidade de trabalho pode ser classificada

como doenccedila invalidez idade avanccedilada maternidade e dois benefiacutecios de

concessatildeo para dependentes sendo pensatildeo por morte e auxiacutelio reclusatildeo

De acordo com Vianna87 a previdecircncia social no Brasil abrange somente

uma parcela da sociedade (face ao seu caraacuteter contributivo) deixando agrave margem de

seus benefiacutecios aqueles que natildeo exercem atividade remunerada (contribuintes

obrigatoacuterios) ou que manifestamente natildeo expressam seu desejo associativo

(contribuintes facultativos) A populaccedilatildeo mais carente e portanto natildeo contribuinte

86

Ibid p 51 87

Ibid p 62

41

usufrui somente das accedilotildees da sauacutede e das accedilotildees e benefiacutecios mantidos pela

Assistecircncia Social

Os empregados trabalhadores avulsos empregados domeacutesticos os

contribuintes individuais e os facultativos assim como seus dependentes tecircm por

benefiacutecios aposentadoria por invalidez especial idade e tempo de contribuiccedilatildeo

auxiacutelios doenccedilas acidente reclusatildeo pensatildeo por morte salaacuterios maternidade e

famiacutelia A previdecircncia eacute um sistema de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria no Brasil ou seja a

contribuiccedilatildeo eacute obrigatoacuteria Existem duas modalidades de contribuintes os

obrigatoacuterios que satildeo os trabalhadores de forma geral previstos no art 11 da Lei nordm

821291 e os facultativos que satildeo aqueles que podem contribuir de maneira

facultativa por natildeo trabalharem com fins lucrativos ou aqueles que natildeo tecircm renda

Apesar da existecircncia expressa na Constituiccedilatildeo Federal do princiacutepio da

uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees urbanas e

rurais (artigo 194 II) a previdecircncia social compreende trecircs regimes distintos O

artigo 6ordm do Decreto nordm 304899 (Regulamento da Previdecircncia Social) determina os

seguintes regimes

I Regime Geral de Previdecircncia Social Principal regime previdenciaacuterio

por abranger maior percentual da populaccedilatildeo brasileira trabalhadores

da iniciativa privada rural ou urbana empregados domeacutesticos

aprendizes empresaacuterios trabalhadores autocircnomos trabalhadores

avulsos produtores rurais etc Sua administraccedilatildeo eacute atribuiacuteda ao

Ministeacuterio da Previdecircncia Social sendo exercida pelo Instituto Nacional

de Seguridade Social ndash INSS autarquia federal responsaacutevel pela

concessatildeo dos benefiacutecios previdenciaacuterios (do Regime Geral)

II ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos servidores puacuteblicos os

servidores titulares de cargos efetivos da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios incluiacutedas suas autarquias e

fundaccedilotildees possuem tratamento diferenciado quanto ao sistema

previdenciaacuterio conferido pela proacutepria Constituiccedilatildeo Federal artigo 40

caput (redaccedilatildeo dada pela Emenda Constitucional nordm 412003) que

lhes assegura a existecircncia de regime proacuteprio

III ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos militares as Forccedilas Armadas

constituiacutedas pela Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica satildeo instituiccedilotildees

nacionais permanentes e regulares organizadas com base na

42

hierarquia e na disciplina sob a autoridade suprema do Presidente da

Repuacuteblica Os membros das Forccedilas Armadas satildeo denominados

militares e a Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 142 inciso X

combinado com o sect 20ordm do artigo 40 confere agrave lei ordinaacuteria a

competecircncia para a instituiccedilatildeo de sistema proacuteprio previdenciaacuterio

O regime geral de previdecircncia conhecido por RGPS se acha a cargo do

INSS o regime proacuteprio dos servidores puacuteblicos a cargo do respectivo ente da

federaccedilatildeo que pode para administraacute-lo instituir entidade autaacuterquica proacutepria

A previdecircncia social brasileira vem passando por inuacutemeras discussotildees sobre

uma reforma necessaacuteria pois atualmente a economia brasileira vai bem

considerando a capacidade de gerar empregos mas a previdecircncia social nem tanto

considerando os deacuteficits Enquanto registrou uma alta de 44688

de trabalhadores

com emprego formal no primeiro semestre de 2010 as contas da Previdecircncia Social

fecharam com um deacuteficit de 228 bilhotildees89

Contudo em notiacutecia divulgada no site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social o

deacuteficit do Regime Geral de Previdecircncia Social somou R$ 33 bilhotildees em fevereiro de

2011 o que representa uma queda de 176 em relaccedilatildeo ao rombo de R$ 402

bilhotildees registrado em fevereiro de 2010 Todos os nuacutemeros foram corrigidos pelo

INPC Em janeiro de 2011 o resultado negativo somou R$ 3 bilhotildees e no ano de

2010 o deacuteficit totalizou R$ 443 bilhotildees com queda de 45 frente ao ano

anterior90

No primeiro bimestre de 2011 ainda segundo dados do Ministeacuterio da

Previdecircncia o deacuteficit da Previdecircncia somou R$ 635 bilhotildees com queda de 205

em relaccedilatildeo ao mesmo periacuteodo do ano passado quando o resultado negativo (em

nuacutemeros jaacute corrigidos pelo INPC) somou R$ 799 bilhotildees91

A Comissatildeo Especial para Estudos do Sistema Previdenciaacuterio criada com o

objetivo de analisar e estudar o sistema brasileiro de previdecircncia reconheceu que

ldquosem reformas estruturais logo a previdecircncia sentiraacute os efeitos corrosivos de

benefiacutecios sem cobertura assegurada ou de fontes de financiamento esgotadasrdquo

(Anexo I da Mesa Diretora da Cacircmara de Deputados)

88

Fonte notiacutecia vinculada ao site JUSPREV ndash Previdecircncia dos promotores e da Justiccedila Brasileira Disponiacutevel em httpwwwjusprevcombr Acesso em 25072010

89 Ibid

90 Fonte notiacutecia vinculada ao site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social no dia 24032011 Disponiacutevel

em ltwwwmpsgovbrgt Acesso em 30032011 91

Ibid

43

As reformas previdenciaacuterias na Ameacuterica Latina satildeo base de grandes

discussotildees O Chile foi o primeiro paiacutes a implementar uma privatizaccedilatildeo do sistema

previdenciaacuterio de forma radical jaacute para os outros paiacuteses da mesma regiatildeo

determinados fatos ocorridos nos anos 1980 foram cruciais antes que as reformas

estruturais se tornassem politicamente viaacuteveis como 1) quebra dos sistemas de

seguridade social durante a crise econocircmica e financeira 2) o crescente interesse

por parte das instituiccedilotildees financeiras internacionais nos efeitos econocircmicos dos

sistemas de seguridade social e seu apoio agrave reforma de sistemas previdenciaacuterios no

acircmbito de programas de ajuste estrutural 3) a opccedilatildeo neoliberal na poliacutetica latino-

americana nos anos 1990 com forte orientaccedilatildeo para o modelo estatal regulatoacuterio-

subsidiaacuterio que introduz medidas como a privatizaccedilatildeo a liberalizaccedilatildeo e a

desregulaccedilatildeo e favorece reformas radicais que visam recuperar a credibilidade em

lugar de favorecer melhorias no acircmbito da loacutegica dos sistemas anteriores92

Analisando os sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do bloco

podemos chegar agrave Tabela 2 como forma simplificada de anaacutelise

Tabela 2 Resumo da anaacutelise dos sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL

Paiacutes Tipo de Sistema Benefiacutecios Reformas

Argentina Misto Aposentadoria por idade invalidez pensatildeo por morte e seguro desemprego

Lei nordm 2424193

Lei nordm2622207

Brasil Reparticcedilatildeo Simples

Aposentadoria por idade tempo de contribuiccedilatildeo invalidez especial auxiacutelio doenccedila pensatildeo por morte salaacuterio maternidade salaacuterio famiacutelia reclusatildeo auxiacutelio acidente reabilitaccedilatildeo profissional

EC 201998 e

EC 412003

Paraguai Reparticcedilatildeo Simples Aposentadoria por idade invalidez auxiacutelio doenccedila salaacuterio maternidade e pensatildeo por morte

--

Uruguai Misto Aposentadoria por tempo de serviccedilo por idade invalidez auxiacutelio doenccedila e pensatildeo por morte

Lei nordm 1671395 e Lei 1839508

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmpsgovcomgt

92

HUJO Katja Novos Paradigmas na Previdecircncia Social Liccedilotildees do Chile e da Argentina Revista Planejamento e Poliacuteticas Puacuteblicas n 19 Junho de 1999 p 158 e 159

44

CAPIacuteTULO 2

2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

21 ACORDOS INTERNACIONAIS CONCEITO E FINALIDADE

O Estatuto da Convenccedilatildeo de Viena definiu tratado em seu artigo 2ordm I

aliacutenea ldquoardquo como sendo um ldquoacordo internacional celebrado por escrito entre Estados

regido pelo direito internacional quer conste de um instrumento uacutenico quer de dois

ou mais instrumentos conexos qualquer que seja sua denominaccedilatildeo particularrdquo 93

Tratado eacute o ato juriacutedico pelo qual haacute a manifestaccedilatildeo de vontades de duas ou

mais pessoas internacionais visando estabelecer um acordo entendido como

expressatildeo de uso livre e de alta incidecircncia na praacutetica internacional94

Como

conceitua Wladimir Novaes Martinez ldquosatildeo fontes formais internacionais que regem a

previdecircncia social dos trabalhadores migrantes isto eacute tratados bilaterais sobre

previdecircncia social celebrados entre o Brasil e diversos paiacuteses da Ameacuterica Latina e

da Europardquo95

Eacute imprescindiacutevel um esforccedilo muacutetuo internacional no sentido de flexibilizar

regras de seguridade social para se tornarem viaacuteveis os acordos internacionais

Rocha destaca que no plano internacional fatores como a migraccedilatildeo de

trabalhadores a atuaccedilatildeo de empresas multinacionais e a criaccedilatildeo de mercados

comuns satildeo fatores que tecircm acentuado a tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo da

previdecircncia e seguridade social Deste contexto exsurge a necessidade de que as

legislaccedilotildees nacionais sejam integradas a fim de que os trabalhadores que transitem

entre os Estados e sujeitos a regimes previdenciaacuterios nacionais diferentes natildeo

93

Essa Convenccedilatildeo sistematiza conceitos juriacutedicos fundamentais sobre os tratados e foi adotada em 23051969 pela Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o direito dos tratados tendo entrado em vigor para os paiacuteses que a ratificaram natildeo incluindo o Brasil em 27011980 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdaidtrathtmgt Acesso em 12052008

94 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdai003htmlgt Acesso em 10052008

95 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio Tomo II previdecircncia social 2

ed Satildeo Paulo LTr 2007 p858

45

sejam prejudicados e privados da proteccedilatildeo previdenciaacuteria em razatildeo da falta de

articulaccedilatildeo estatal96

Natildeo obstante os acordos natildeo satildeo estabelecidos ocasionalmente Eacute

essencial que se analise a presenccedila de uma forte migraccedilatildeo internacional de

trabalhadores o incremento de importantes fluxos de investimentos externos e as

relaccedilotildees especiais de amizade existentes entre os paiacuteses com os quais se deseja

estabelecer um acordo internacional Os acordos podem ser bilaterais ou

multilaterais podendo ainda ser permanentes ou temporaacuterios As formalidades para

celebraccedilatildeo do acordo satildeo 1ordm negociaccedilatildeo 2ordm assinatura 3ordm troca de notas e 4ordm

ratificaccedilatildeo (promulgaccedilatildeo confirmaccedilatildeo) com intervenccedilatildeo das atividades diplomaacuteticas

inclusive

De acordo com o artigo 49 inciso I da Constituiccedilatildeo Federal os tratados

internacionais tecircm de ser ratificados pelo Poder Legislativo por meio de Decretos

Legislativos adquirindo forccedila de lei e regulamentados por Decretos do Poder

Executivo transformando-se em fontes formais do Direito Os tratados internacionais

satildeo atos complexos pois deve existir a vontade do presidente da Repuacuteblica que os

celebra e a do Congresso Nacional que os aprova logo consagra-se assim a

colaboraccedilatildeo do Executivo e do Legislativo na conclusatildeo de tratados internacionais97

Diante do atual cenaacuterio internacional caracterizado pelo intenso processo de

globalizaccedilatildeo o tracircnsito de pessoas em geral e especialmente de trabalhadores

tem aumentado constantemente e a expectativa98

eacute a de que com o aumento da

integraccedilatildeo econocircmica e a consolidaccedilatildeo de blocos poliacutetico-econocircmicos o tracircnsito de

trabalhadores aumente ainda mais

As migraccedilotildees internacionais constituem-se um fato com o qual os paiacuteses

por intermeacutedio de seus gestores de poliacuteticas de trabalho e previdecircncia social teratildeo

que lidar Eacute previsiacutevel que no contexto da integraccedilatildeo internacional crescente os

acordos e tratados de seguridade social sejam instrumentos importantes de

extensatildeo e garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios previstos na

96

ROCHA Daniel Machado da O direito fundamental agrave previdecircncia social na perspectiva dos princiacutepios constitucionais diretivos do sistema previdenciaacuterio brasileiro Porto Alegre Livraria do Advogado 2004 p 112

97 PIOVESAN Flaacutevia Direitos Humanos e Direito Constitucional e Internacional 5ed Satildeo

Paulo Max Limonad 2002 p 72 98

Cf os trabalhos publicados na coletacircnea BRASIL Migraccedilotildees Internacionais e a Previdecircncia Social Ministeacuterio da Previdecircncia Social Brasiacutelia MPAS 2006

46

legislaccedilatildeo de dois ou mais paiacuteses procurando prover fundamento legal comum

quanto aos direitos e obrigaccedilotildees

A integraccedilatildeo regional do MERCOSUL promove uma reestruturaccedilatildeo

competitiva das economias nacionais dos paiacuteses do bloco que impotildee novos

desafios econocircmicos e sociais aos paiacuteses

Em mateacuteria de previdecircncia os acordos internacionais que estatildeo inseridos

no contexto da poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores satildeo o resultado de esforccedilos do Ministeacuterio da Previdecircncia Social e de

entendimentos diplomaacuteticos entre governos e objetivam garantir aos respectivos

trabalhadores e dependentes legais residentes ou em tracircnsito no paiacutes os direitos de

seguridade social previstos nas legislaccedilotildees dos paiacuteses99

Os acordos internacionais de Previdecircncia Social estabelecem uma relaccedilatildeo

de prestaccedilatildeo de benefiacutecios previdenciaacuterios natildeo implicando na modificaccedilatildeo da

legislaccedilatildeo vigente no paiacutes cumprindo a cada Estado contratante analisar os pedidos

de benefiacutecios apresentados e decidir quanto ao direito e agraves condiccedilotildees conforme sua

proacutepria legislaccedilatildeo aplicaacutevel Esses acordos internacionais satildeo instrumentos juriacutedicos

que possibilitam aceitar a validade do trabalho prestado em outro paiacutes como tempo

de contribuiccedilatildeo para fins de aposentadoria permitindo assim que se reconheccedilam

os benefiacutecios de Seguridade Social nos paiacuteses participantes

Todavia natildeo se ignorem tambeacutem as imensas dificuldades legislativas entre

os quatro paiacuteses em mateacuteria previdenciaacuteria Este campo eacute de imprescindiacutevel

harmonizaccedilatildeo e principalmente estruturaccedilatildeo interna que visa num primeiro

momento agrave reduccedilatildeo do deacuteficit puacuteblico para em posterior momento criar as

condiccedilotildees agrave exportaccedilatildeo dos benefiacutecios ldquoTorna-se um imperativo pois caso contraacuterio

os trabalhadores natildeo arriscaratildeo novas oportunidades tampouco se beneficiaratildeo se

natildeo puderem contar com a assistecircncia dos sistemas previdenciaacuterios da contagem

do tempo de serviccedilo ou contribuiccedilatildeo e sobretudo da possibilidade de desfrutarem

de benefiacutecios em Estados estrangeirosrdquo100

A verdade eacute que no mundo contemporacircneo a preocupaccedilatildeo com a questatildeo

social na integraccedilatildeo regional natildeo pode ser tratada como faculdade e sim uma

necessidade derivada do proacuteprio instinto de preservaccedilatildeo de cada paiacutes Neste

99

Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_01aspgt Acesso em 25042009

100 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Op cit p 246

47

sentido Alicia Moreno ressalta a importacircncia de documentos como a Declaraccedilatildeo

Sociolaboral do MERCOSUL e do Acordo Multilateral de Seguridade Social para o

avanccedilo da questatildeo social no MERCOSUL ainda que caracterize o avanccedilo ainda

parcial101

Poreacutem faz criacutetica ao caraacuteter limitado do poder vinculante dos documentos

relativos a aacuterea social Eduardo Campos ao entender que a realidade social do

MERCOSUL traduz-se em debates e estudos que ateacute 2001 materializaram-se em

programas e praacuteticas de um pequeno nuacutemero de accedilotildees pontuais aqui e ali

[] o saldo ateacute o momento resume-se basicamente agrave vigecircncia comum de algumas normas da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho agrave celebraccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social sem grandes inovaccedilotildees em relaccedilatildeo ao quadro entatildeo existente e agrave assinatura da Declaraccedilatildeo Sociolaboral com importantes limitaccedilotildees em seu conteuacutedo e sem poder vinculante

102

Pode-se afirmar que os acordos internacionais satildeo mecanismos delicados

que precisam superar problemas complexos dentre os quais os sistemas de

seguridade social principalmente pelas variadas regras existentes em todo o

mundo sendo preciso superar as deficiecircncias internas para harmonizar as regras

bastante divergentes dos paiacuteses envolvidos nos acordos internacionais

Os acordos internacionais em mateacuteria previdenciaacuteria protegem os direitos

dos trabalhadores envolvidos em movimentos migratoacuterios com o objetivo de

garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios

Nesse sentido eacute necessaacuterio que os processos de integraccedilatildeo regional sejam

acompanhados de medidas tendentes agrave progressiva coordenaccedilatildeo natildeo somente das

poliacuteticas macroeconocircmicas senatildeo tambeacutem daquelas referentes agrave proteccedilatildeo social

Imerso neste desafio e com a ampliaccedilatildeo de demandas populares de poliacuteticas de

proteccedilatildeo social nos uacuteltimos anos foi habitual que o Brasil estabelecesse convecircnios

bilaterais de previdecircncia social com alguns paiacuteses da Ameacuterica Latina o que tornou

mais faacutecil a ratificaccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL

101

MORENO Alicia S La difusa Idea del espacio social em los procesos de integracioacuten In PIMENTEL L O (Coord) Mercosul Alca e Integraccedilatildeo Euro-Latino-Americana Curitiba Juruaacute 2001 p 74

102 CAMPOS E N O deacuteficit social da Comunidade Europeacuteia e do MERCOSUL In PIMENTEL L O

(Coord) Op cit p 210

48

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL

Os organismos internacionais de seguridade social tecircm o objetivo de garantir

a maior cobertura possiacutevel da proteccedilatildeo social aos trabalhadores e atuar na

facilitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse processo O Ministeacuterio da Previdecircncia Social

(MPS) manteacutem filiaccedilatildeo com trecircs organismos internacionais de seguridade social

Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social (AISS) Conferecircncia Interamericana

de Seguridade Social (CISS) e Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social

(OISS) O Brasil tambeacutem eacute parceiro em accedilotildees com a Organizaccedilatildeo Internacional do

Trabalho (OIT)103

A Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social eacute a principal organizaccedilatildeo

internacional do mundo a reunir as administraccedilotildees e os organismos nacionais de

seguridade social Fundada em 1927 a AISS eacute uma organizaccedilatildeo internacional sem

fins lucrativos composta por instituiccedilotildees oacutergatildeos governamentais entidades e outros

organismos gestores de ramos de seguridade social seu secretariado tem sede na

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra e atualmente conta com

340 organizaccedilotildees afiliadas em 150104

paiacuteses de todo o mundo

Os objetivos da AISS satildeo defender e promover a seguridade social

internacional no mundo inteiro colaborando com o aperfeiccediloamento teacutecnico-

administrativo e o intercacircmbio informativo gerencial assegurar o direito estabelecido

por lei aos acidentes de trabalho e doenccedilas profissionais desemprego maternidade

invalidez aposentadoria e reabilitaccedilatildeo a filhos e membros das famiacutelias fomentar

experiecircncias intercacircmbios e conhecimentos internacionais organizar reuniotildees sobre

seguridade social realizar intercacircmbio de informaccedilotildees e experiecircncias organizar

cursos de formaccedilatildeo e seminaacuterios de capacitaccedilatildeo efetuar investigaccedilotildees e pesquisas

em mateacuteria de seguridade social publicar e difundir trabalhos e documentos sobre

temas de seguridade social organizar reuniotildees internacionais perioacutedicas de seus

membros favorecer a troca de informaccedilotildees e a confrontaccedilatildeo de experiecircncias

orientando as atividades dos membros da Associaccedilatildeo e a ajuda teacutecnica muacutetua que

possam propor colaborar com a OIT e com outras organizaccedilotildees a fim de contribuir

103

Fonte Relatoacuterio Anual da AISS Disponiacutevel em ltwwwissaintannual-reviewgt Acesso em 20012011

104 Ibid

49

para a melhoria da situaccedilatildeo social e econocircmica dos povos com base na justiccedila

social para uma paz geral e duraacutevel

A Conferecircncia Interamericana de Seguridade Social eacute um Organismo

Internacional Especializado de caraacuteter permanente que foi iniciado pelos estados

membros da OIT os quais reunidos em uma conferecircncia de trabalho em 12 de

dezembro de 1940 na cidade de Lima Peru criou o Comitecirc Interamericano de

Iniciativas em Seguridade Social que serviu depois de base para criaccedilatildeo da

Conferecircncia Interamericana de Seguridade aprovada por unanimidade desde que

atue em conformidade com a OIT

Seus objetivos satildeo apoiar e contribuir para o desenvolvimento da

seguridade social nos paiacuteses americanos cooperando com as instituiccedilotildees e

administraccedilotildees nacionais adotar resoluccedilotildees e formular recomendaccedilotildees em

seguridade social e promover sua difusatildeo impulsionar a cooperaccedilatildeo e intercacircmbio

de experiecircncias entre as instituiccedilotildees de administraccedilotildees nacionais de seguridade

social e outras organizaccedilotildees internacionais orientar a capacitaccedilatildeo de recursos

humanos a serviccedilo da seguridade social e proporcionar meios para que se possa

fazecirc-lo de forma sistemaacutetica e permanente difundir os avanccedilos dos sistemas de

seguridade social em niacutevel nacional e internacional e editar as publicaccedilotildees de

estudos105

A Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social OISS tem como

finalidade promover o bem-estar econocircmico e social dos paiacuteses ibero-americanos

mediante a coordenaccedilatildeo intercacircmbio e troca de experiecircncias muacutetuas no acircmbito da

seguridade social Aleacutem de prestar assessoramento e ajuda teacutecnica a seus

membros colaborando para o desenvolvimento de seus sistemas tem-se

empenhado na promoccedilatildeo da universalizaccedilatildeo da Seguridade Social impulsionando a

modernizaccedilatildeo dos sistemas existentes mediante a coordenaccedilatildeo e o aproveitamento

de suas experiecircncias muacutetuas

A OISS eacute o primeiro registro na Ameacuterica para a Seguridade Social realizada

em Barcelona em 1950 no qual estabeleceu uma Secretaria para apoiar novas

reuniotildees a ser chamada Comissatildeo Americana de Seguranccedila Social mas foi no

Congresso Latino-Americano de Seguridade Social realizado em Lima Peru em

105

Ibid

50

1954 que com a presenccedila da maioria dos paiacuteses da regiatildeo juntamente com

representantes da OIT da OEA e ISSA foi aprovada a Carta da OISS

Seus principais objetivos satildeo promover accedilotildees para universalizar o direito agrave

seguridade social colaborar com o desenvolvimento de tratados de integraccedilatildeo

socioeconocircmica de caraacuteter sub-regional atuar como oacutergatildeo permanente de

informaccedilatildeo estudo investigaccedilatildeo e experiecircncia no desenvolvimento dos sistemas

internacionais promover meios para a realizaccedilatildeo de negociaccedilatildeo de acordos entre os

paiacuteses prestando assistecircncia teacutecnica e facilitando a execuccedilatildeo de programas na aacuterea

de proteccedilatildeo social desenvolver investigaccedilotildees estudos e pesquisas nos principais

ramos da seguridade social no mundo receber e divulgar publicaccedilotildees de diversos

trabalhos sobre temas de seguridade social e trocar experiecircncias entre as

instituiccedilotildees membro106

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho fundada em 1919 criada pela

Conferecircncia de Paz apoacutes a Primeira Guerra Mundial tem o objetivo de promover a

justiccedila social Eacute a uacutenica das Agecircncias do Sistema das Naccedilotildees Unidas que tem

estrutura tripartite na qual os representantes dos empregadores e dos trabalhadores

tecircm os mesmos direitos que os do governo

A OIT tem por princiacutepio que a paz universal e permanente soacute pode basear-

se na justiccedila A Organizaccedilatildeo Internacional Trabalho por ser uma agecircncia

especializada das Naccedilotildees Unidas eacute responsaacutevel por formular normas internacionais

do trabalho promover o desenvolvimento e a interaccedilatildeo das organizaccedilotildees de

empregadores e de trabalhadores prestar cooperaccedilatildeo teacutecnica principalmente nas

aacutereas de formaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo profissional poliacuteticas e programas de emprego e

de empreendedorismo administraccedilatildeo do trabalho direito e relaccedilotildees do trabalho

condiccedilotildees de trabalho desenvolvimento empresarial cooperativas previdecircncia

social estatiacutesticas e seguranccedila e sauacutede ocupacional

Ainda como objetivos estrateacutegicos promover os princiacutepios fundamentais e

direitos no trabalho por meio de um sistema de supervisatildeo e de aplicaccedilatildeo de

normas promover melhores oportunidades de empregorenda para mulheres e

homens em condiccedilotildees de livre escolha de natildeo discriminaccedilatildeo e de dignidade

aumentar a abrangecircncia e a eficaacutecia da proteccedilatildeo social e fortalecer o tripartismo e

o diaacutelogo social

106

Disponiacutevel em lthttpwww1previdenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_05aspgt Acesso em 20042011

51

Na seguridade social destaca-se a Convenccedilatildeo 118 da Organizaccedilatildeo

Internacional do Trabalho (OIT) que trata da igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros aprovada no Brasil em 24 de agosto de 1968 No artigo 7ordm

da Convenccedilatildeo estipula-se que os paiacuteses signataacuterios tecircm que participar de um

sistema de direitos de seguridade social e que este sistema teraacute que fornecer a

totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro trabalho ou residecircncia a manutenccedilatildeo ou a

recuperaccedilatildeo de direitos bem como o caacutelculo das contribuiccedilotildees dos trabalhadores

em circulaccedilatildeo Neste sentido eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica as iniciativas do

poder puacuteblico para alcanccedilar tais direitos

No Brasil o escritoacuterio da OIT atua na promoccedilatildeo dos objetivos estrateacutegicos

da Organizaccedilatildeo principalmente na implementaccedilatildeo de programas projetos e

atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica visando ao aperfeiccediloamento das normas e das

relaccedilotildees trabalhistas das poliacuteticas e programas de emprego formaccedilatildeo profissional e

de proteccedilatildeo social

23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE SOCIAL

Como jaacute visto os acordos internacionais de Previdecircncia Social inserem-se

no contexto de poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores mas no Brasil satildeo operacionalizados pelo Instituto Nacional do Seguro

Social de forma descentralizada mediante 14 Organismos de Ligaccedilatildeo vinculados agraves

Gerecircncias Executivas do INSS nas cidades de Manaus Salvador Fortaleza

Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto

Alegre Florianoacutepolis Satildeo Paulo aleacutem do Distrito Federal107

Esses Organismos satildeo

responsaacuteveis pela anaacutelise e concessatildeo dos benefiacutecios cabendo-lhes ainda

responder a solicitaccedilotildees dos segurados e dos Organismos de Ligaccedilatildeo estrangeiros

O Brasil reconhece a importacircncia significativa dos acordos internacionais

como um meio para assegurar os direitos de seguridade social dos cidadatildeos de

maneira que tem como objetivo ampliar cada vez mais as relaccedilotildees bilaterais e

multilaterais para a celebraccedilatildeo de novos acordos tendo como fator determinante

107

Fonte extraiacuteda do site ltwwwmpsgovbracordosinternacionaisgt Acesso em 03012011

52

relaccedilotildees especiais de amizade entre os paiacuteses e os fluxos importantes de comeacutercio

e investimentos

Atualmente o Brasil manteacutem acordo bilateral com Cabo Verde Espanha

Greacutecia Chile Itaacutelia Luxemburgo e Portugal Em fase de negociaccedilatildeo encontram-se

os acordos bilaterais com Japatildeo Alemanha Paiacuteses Baixos Coreacuteia e Estados

Unidos e o Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social108

Na maioria dos

Acordos haacute um Regulamento Administrativo para a sua aplicaccedilatildeo anexado junto ao

respectivo Acordo com exceccedilatildeo do Acordo Internacional entre Brasil e Cabo Verde

e Brasil e Luxemburgo

No acircmbito multilateral o Brasil tem acordo com os Estados Partes do

MERCOSUL (Argentina Paraguai e Uruguai) sendo o mais recente Acordo a entrar

em vigor

De acordo com o Ministeacuterio da Previdecircncia Social a uacuteltima tabela109 com a

quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais

publicada demonstra que no periacuteodo compreendido entre os anos de 2007 e 2009 a

quantidade de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo aos paiacuteses integrantes do

MERCOSUL aumentou em relaccedilatildeo a tabela do periacuteodo 2001 a 2003 tambeacutem

passam a aparecer benefiacutecios concedidos no acircmbito do Acordo Multilateral de

Seguridade Social e aparece na tabela paraguaios trabalhadores que natildeo estavam

na tabela 20012003

Tabela 3 ndash Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

Paiacuteses 20012003

Total de benefiacutecios

20072009

Total de benefiacutecios

Argentina 7 89

MERCOSUL - 32

Paraguai - 6

Uruguai 16 77

Fonte Organizado pela autora com base nas tabelas publicadas pelo Ministeacuterio da Previdecircncia Social

108

LAMERA Larissa Martins Acordos Internacionais de Previdecircncia Social Informe da Previdecircncia Social 1 2007 v 17 n 8 Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrdocspdfinforme202007-08pdfgt Acesso em 26042009

109 Tabelas em anexo

53

A tabela 20072009 trata-se de periacuteodo poacutes-entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social que apresenta uma movimentaccedilatildeo tiacutemida de

trabalhadores circulando dentro do bloco mas ao mesmo tempo jaacute demonstra um

aumento de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo a tabela anterior (20012003) e a

presenccedila do Paraguai Pode-se concluir que o Acordo Multilateral de Seguridade

Social do MERCOSUL jaacute esta atuando a favor do trabalhador no que tange agrave

previdecircncia social ao menos

24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e

seu Regulamento Administrativo foram efetivamente celebrados em Montevideacuteu em

15 de dezembro de 1997 pelos chanceleres da Argentina Brasil Paraguai e

Uruguai na ocasiatildeo da XIII Reuniatildeo do Conselho do Mercado Comum Os referidos

diplomas que encontram amparo no Tratado de Assunccedilatildeo e no Protocolo de Outro

Preto tecircm por objetivo o estabelecimento de normas que regulam as relaccedilotildees de

Seguridade Social entre os paiacuteses do MERCOSUL

Com vigecircncia fixada a partir do dia 1ordm de junho de 2005 o Acordo

Multilateral de Seguridade Social substituiu os acordos bilaterais existentes entre os

paiacuteses da regiatildeo estabelecendo um mecanismo estandardizado de coordenaccedilatildeo

dos sistemas previdenciaacuterios no acircmbito do MERCOSUL que era inexistente nos

instrumentos originaacuterios do bloco econocircmico Foi necessaacuteria portanto a celebraccedilatildeo

de um acordo que contemplasse as normas gerais para regular de maneira clara e

homogecircnea a seguridade social na regiatildeo

Seguindo o rito processual previsto para aprovaccedilatildeo de atos internacionais

no Brasil o Acordo e seu Regulamento foram encaminhados ao Congresso Nacional

e ratificados por meio do Decreto Legislativo nordm 451 publicado em 15 de novembro

de 2001 Este Decreto ressaltou que quaisquer ajustes complementares que

acarretassem encargos ou compromissos gravosos ao patrimocircnio nacional ficariam

sujeitos agrave aprovaccedilatildeo do Congresso Nacional

54

A mateacuteria objeto dos referidos diplomas internacionais envolve interesses

dos Ministeacuterios das Relaccedilotildees Exteriores da Previdecircncia Social Sauacutede e Trabalho e

Emprego uma vez que abrange a legislaccedilatildeo de seguridade social pertinente agraves

prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede aplicaacutevel aos trabalhadores e seus

familiares e assemelhados

O Acordo trata basicamente dos seguintes temas

I reconhecimento dos direitos agrave Seguridade Social aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer Estados

Partes sendo-lhes atribuiacutedos assim como a seus familiares e

assemelhados os mesmos direitos e estando sujeitos agraves mesmas

obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes

II submissatildeo do trabalhador agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo

territoacuterio exerccedila atividade laboral outorga das prestaccedilotildees de sauacutede ao

trabalhador deslocado temporariamente para territoacuterio de outro Estado

assim como para seus familiares e assemelhados desde que a

Entidade Gestora do Estado de origem assim autorize

III possibilidade de obtenccedilatildeo de prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada

invalidez ou morte pelos trabalhadores filiados a um regime de

aposentadoria e

IV pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecidas por algum dos

Estados Partes

A prioridade da diplomacia brasileira na Ameacuterica Latina em geral e no

MERCOSUL atribui especial relevacircncia ao Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL demandando a maior celeridade possiacutevel nos processos

necessaacuterios agrave sua efetiva aplicaccedilatildeo Entretanto a mesma dedicaccedilatildeo espera-se dos

paiacuteses signataacuterios do Acordo qual seja a necessidade de se estender proteccedilatildeo

social a todos os brasileiros que se encontram no exterior

Essa norma de coordenaccedilatildeo entre os paiacuteses natildeo implica a alteraccedilatildeo nos

respectivos sistemas previdenciaacuterios mas permite preservar os direitos adquiridos

ou em fase de aquisiccedilatildeo pelos trabalhadores ou seus dependentes quando se

encontrarem no territoacuterio dos paiacuteses signataacuterios aleacutem de natildeo prejudicar os direitos

adquiridos na vigecircncia dos acordos bilaterais

55

Hugo Roberto Mansueti110

lembra

Ello fue advertido en forma temprana con La aprobacioacuten Del Acordo Multilateral de Seguridad Social Del Mercosur y El respectivo regulamento administrativo suscritos em Montevideacuteo el 15 de diciembre de 1997 Ambos instrumentos ya se ecuentran en vigor de manera simultacircnea desde 01 de junio de 2002 Atraveacutes de estos Estados-Partes de latildes cotizaciones efectuadas por los trabajadores nacionales o extranjeros habitantes de manera tal que las prestaciones puedan ser otorgadas por El Estado donde El trabajador o beneficiaacuterio se encuentre

111

Nos termos do artigo 2ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL os direitos agrave seguridade social seratildeo reconhecidos aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer dos Estados Partes sendo-

lhes reconhecidos bem como a seus familiares e dependentes os mesmos direitos

estando sujeitos agraves obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes com

respeito aos especificamente mencionados no Acordo O Acordo tambeacutem deve

ser aplicado aos trabalhadores de qualquer outra nacionalidade residentes no

territoacuterio de um dos Estados Partes sempre que prestem ou tenham prestado

serviccedilos nos paiacuteses do bloco Por fim destaca-se que o objetivo do presente

Acordo eacute harmonizar e natildeo unificar as legislaccedilotildees previdenciaacuterias dos

integrantes do bloco essa eacute a diretriz prescrita no artigo 4deg ao declarar que ldquoo

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

exerccedila atividade laboralrdquo

Os primeiros esforccedilos para coordenar regimes de seguridade social por via

de acordos internacionais satildeo anteriores agrave Segunda Guerra Mundial Natildeo obstante

os acordos da forma como os conhecemos atualmente emergiram depois desse

conflito incorporando os paiacuteses de Europa Ocidental Tais paiacuteses perceberam que

sem uma coordenaccedilatildeo desta natureza os indiviacuteduos que contribuiacuteram para regimes

previdenciaacuterios em mais de um paiacutes natildeo poderiam reunir as condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo

das aposentadorias a que teriam direito

110

MANSUETI H R Contenidos de la Seguridad Social en el MERCOSUL In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 85

111 Traduccedilatildeo livre Isto foi advertido antecipadamente com a aprovaccedilatildeo do Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL e o respectivo regulamento administrativo subscritos em Montevideo em 15 de dezembro de 2002 Atraveacutes destes Estados-Partes das cotaccedilotildees efetuadas pelos trabalhadores nacionais ou estrangeiros residentes de forma que os benefiacutecios possam ser concedidos pelo Estado onde o trabalhador ou beneficiaacuterio de encontre

56

Os Governos da Repuacuteblica Argentina da Repuacuteblica Federativa do Brasil da

Repuacuteblica do Paraguai e da Repuacuteblica Oriental do Uruguai considerando o Tratado

de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 e o Protocolo de Ouro Preto de 17 de

dezembro de 1994 com o objetivo de estabelecer normas que regulem as relaccedilotildees

de Seguridade Social entre os Estados Partes do MERCOSUL decidiram promulgar

o Acordo Multilateral de Seguridade Social publicado no Brasil pelo Decreto

Legislativo nordm 451 de 14 de novembro de 2001 e Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo

de 2006

O acordo do MERCOSUL eacute o primeiro acordo internacional brasileiro em

mateacuteria previdenciaacuteria que tambeacutem beneficia os funcionaacuterios puacuteblicos pertencentes

aos Regimes Proacuteprios de Previdecircncia Social112

Como o acordo seraacute aplicado substancialmente pela uniformidade de

entendimento entre os paiacuteses membros estabeleceu-se a Comissatildeo Permanente

integrada por trecircs membros de cada paiacutes composta por grupos de trabalho nas

aacutereas da sauacutede legislaccedilatildeo e informaacutetica com o objetivo de verificar a aplicaccedilatildeo do

acordo e resolver as divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo desse instrumento

O Acordo Multilateral de Seguridade Social destacam Nilde Bravo Maria

Alliney e Graciela Victoriacuten113

representa a satisfaccedilatildeo de uma diacutevida que os Estados

Partes tinham com seus trabalhadores considerando que no aspecto do Acordo o

social havia sido relegado a um segundo plano Deste modo olvidou-se que a

economia se constroacutei tambeacutem com o trabalho do homem e eacute deste ndash trabalhador

migrante ndash que se deve proteger seus bens mais valiosos como sua sauacutede e as

contingecircncias sociais de velhice invalidez e morte

241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral

O trabalhador que transitar pelos diferentes sistemas previdenciaacuterios dos

paiacuteses integrantes do MERCOSUL e desde que preenchidos os requisitos para a

concessatildeo do benefiacutecio teraacute direito ao mesmo poreacutem nem todas as prestaccedilotildees

112

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1Ed)

113 BRAVO N de Las M ALLINEY M C AVENDANtildeO G V Un avance en el proceso de

integracioacuten social en el MERCOSUR el Acuerdo Multilateral de Seguridad Social In PIMENTEL L O Op cit p 406

57

estaratildeo cobertas pelo Acordo Multilateral Como o diploma natildeo prevecirc uma unificaccedilatildeo

da legislaccedilatildeo previdenciaacuteria dentro do bloco e sim uma harmonizaccedilatildeo cada Estado

Parte deve continuar prestando sua assistecircncia da forma como a legislaccedilatildeo interna

prever

As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes

tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo

pagas de acordo com as normas previstas no artigo 7ordm do Acordo Multilateral

Destarte ficam excluiacutedos do Acordo Multilateral os previstos no Brasil no art

18 da Lei ndeg 8213 de 24 de julho de 1991 que dispotildee sobre os planos de

benefiacutecios da previdecircncia social

a) para o segurado aposentadoria por tempo de serviccedilo aposentadoria

especial salaacuterio-famiacutelia salaacuterio-maternidade auxiacutelio-acidente

b) para o dependente auxiacutelio-reclusatildeo

c) para o segurado e dependente serviccedilo social reabilitaccedilatildeo profissional

Somente seratildeo analisadas as principais caracteriacutesticas requisitos de

concessatildeo e forma da renda inicial mensal dos benefiacutecios com os quais os

trabalhadores do MERCOSUL poderatildeo contar

No Brasil a autoridade competente a processar os pedidos de

concessatildeo de benefiacutecios envolvendo estrangeiros dos Acordos Internacionais

eacute o Instituto Social do Seguro Social e a Assessoria de Assuntos Internacionais eacute

o oacutergatildeo responsaacutevel pela celebraccedilatildeo dos Acordos e pelo acompanhamento e

avaliaccedilatildeo de sua operacionalizaccedilatildeo O requerimento de benefiacutecio inclusive

benefiacutecio da legislaccedilatildeo do outro Paiacutes deveraacute ser protocolizado na Entidade Gestora

do paiacutes de residecircncia do interessado No Brasil os requerimentos satildeo formalizados

nas UnidadesAgecircncias da Previdecircncia Social conforme a residecircncia do requerente

e encaminhados ao Organismo de Ligaccedilatildeo correspondente

Em relaccedilatildeo ao benefiacutecio de aposentadoria por idade podemos apresentar

uma particularidade do Brasil que natildeo se aplica ao Acordo Multilateral de

Seguridade Social que eacute a possibilidade de o trabalhador rural que vive em regime

de economia familiar poder se aposentar por idade sem ter a necessidade de

contribuiccedilatildeo com idade de 60 anos para o homem e 55 anos para a mulher

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR

58

IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA

114

1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3 A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

115

Portanto embora o trabalhador rural seja efetivamente um trabalhador no

sistema brasileiro de previdecircncia social conforme dispotildee a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 se houver comprovaccedilatildeo de que o segurado era trabalhador rural chamado de

segurado especial116

ser-lhe-aacute devido o benefiacutecio da aposentadoria o que natildeo

acontece com os paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social

114

A sentenccedila na iacutentegra poderaacute ser observada no anexo fls 136 115

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA TRF - 4ordf Regiatildeo

116 Segurado Especial para o sistema brasileiro de previdecircncia social eacute aquele que vive em regime

de economia familiar e caracteriza-se como produtor parceiro meeiro e o arrendataacuterio rural o pescador artesanal e seus assemelhados que exerccedilam suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar com ou sem auxiacutelio eventual de terceiros em sistema de muacutetua colaboraccedilatildeo e sem utilizaccedilatildeo de matildeo de obra assalariada bem como seus respectivos cocircnjuges companheiros e filhos maiores de 16 anos de idade ou a eles equiparados desde que trabalhem comprovadamente com o grupo familiar respectivo

A contar de 22112000 o parceiro outorgante proprietaacuterio de imoacutevel rural com aacuterea total de no maacuteximo quatro moacutedulos fiscais que ceder em parceria ou meaccedilatildeo ateacute 50 da aacuterea de seu imoacutevel rural desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a atividade individualmente ou em regime de economia familiar (VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios Op cit p57)

59

Ateacute porque como se analisaraacute veraacute no Capiacutetulo 3 os trabalhadores

assegurados pelo Acordo satildeo aqueles que tecircm viacutenculo de emprego ou seja os

trabalhadores empregados

60

CAPIacuteTULO 3

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE

SOCIAL NO MERCOSUL

O ecircxito dos Acordos Internacionais eacute em grande parte em razatildeo da parceria

entre o Itamaraty e o Ministeacuterio da Previdecircncia Social (MPS) com vistas a estender

proteccedilatildeo previdenciaacuteria aos brasileiros que vivem no exterior o que pressupotildee a

existecircncia de acordos nessa mateacuteria com governos de outros paiacuteses

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL eacute o primeiro

Acordo multilateral brasileiro em mateacuteria previdenciaacuteria em vigor Nele por exemplo

satildeo garantidos benefiacutecios que dependem de contribuiccedilotildees e contagem de tempo

como aposentadoria por idade (voluntaacuteria ou obrigatoacuteria) aposentadoria por

invalidez auxiacutelio-doenccedila e a pensatildeo por morte o que totalizaria os periacuteodos para

quem atua em mais de um paiacutes no acircmbito do Acordo

Outra proteccedilatildeo prevista eacute a manutenccedilatildeo da contribuiccedilatildeo ao paiacutes de origem

quando o deslocamento temporaacuterio for inferior a 12 meses prorrogaacutevel por igual

periacuteodo sempre que seja autorizado pelo paiacutes de destino Em tal periacuteodo o

trabalhador manteacutem seu viacutenculo e direitos sempre no paiacutes de origem natildeo

precisando portanto requerer esse tempo trabalhado na forma do Acordo Ademais

o Acordo tambeacutem beneficia aos servidores puacuteblicos pertencentes aos Regimes

Proacuteprios de Previdecircncia Social

Quanto aos atendimentos de sauacutede o Acordo prevecirc assistecircncia meacutedica

gratuita na rede hospitalar do governo ao trabalhador deslocado temporariamente

nos termos do inciso I Artigo 6 do referido Acordo bem como a seus dependentes

Natildeo obstante os atendimentos de sauacutede somente seratildeo outorgados ao trabalhador

deslocado temporariamente para o territoacuterio de outros Estados Partes bem como

para seus familiares e dependentes se a Entidade Gestora do Estado de origem

autorizar esse outorgamento Os custos que se originem dessa possibilidade seratildeo

cobertos pela mesma Entidade Gestora que autorizou a prestaccedilatildeo117

117

Decreto Legislativo n ordm 4512001 art 6ordm

61

Assim no Brasil o interessado deveraacute antes do deslocamento dirigir-se ao

Departamento Nacional de Auditoria do SUS dependente do Ministeacuterio da Sauacutede do

Brasil e solicitar o Certificado de Direito a Assistecircncia Meacutedica no Estado para onde

se deslocaraacute temporalmente

Os acordos internacionais na aacuterea de seguridade social satildeo instrumentos

juriacutedicos que os trabalhadores se utilizam para obter a validade do tempo de

contribuiccedilatildeo de Estados diferentes para todos os paiacuteses que satildeo membros e assim

permitem reconhecer os benefiacutecios previdenciaacuterios sendo desta forma a maneira

de se garantir os direitos dos trabalhadores que estatildeo envolvidos nos movimentos

migratoacuterios

Neste sentido eacute imprescindiacutevel o destaque para a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que trata acerca da igualdade de

tratamento entre nacionais e estrangeiros no seu artigo 3ordm cuja redaccedilatildeo eacute a

seguinte

Artigo 3

o

sect 1ordm - Qualquer Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor concederaacute em seu territoacuterio aos nacionais qualquer outro Membro para o qual a referida Convenccedilatildeo estiver igualmente em vigor o mesmo tratamento que a seus proacuteprios nacionais de conformidade com sua legislaccedilatildeo tanto no atinente agrave sujeiccedilatildeo como ao direito agraves prestaccedilotildees em qualquer ramo da previdecircncia social para o qual tenha aceitado as obrigaccedilotildees da Convenccedilatildeo sect 2ordm - No concernente agraves pensotildees por morte esta igualdade de tratamento deveraacute ademais ser concedida aos sobreviventes dos nacionais de um Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor independentemente da nacionalidade desses sobreviventes sect 3ordm - Entretanto no que concerne agraves prestaccedilotildees de um ramo de previdecircncia social determinado um Membro poderaacute derrogar as disposiccedilotildees dos paraacutegrafos precedentes do presente artigo com respeito aos nacionais de qualquer outro Membro que embora possua legislaccedilatildeo relativa a este ramo natildeo concede no referido ramo igualdade de tratamento aos

nacionais do primeiro Membro118

O artigo 7ordm tambeacutem da Convenccedilatildeo 118 estipula que os paiacuteses signataacuterios

tecircm que se esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento

de direitos de seguridade social119

Dessa forma eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica

as iniciativas do poder puacuteblico para garantir esses direitos Eacute importante destacar

118

Convenccedilatildeo Internacional 118 ratificada pelo Brasil pelo do Decreto Legislativo nordm 31 de 20 de agosto de 1968

119 Ibid

62

que ficou previsto no Acordo em seu artigo 16 uma Comissatildeo Multilateral

Permanente conforme se descreve

ARTIGO 16 1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com as disposiccedilotildees do Regulamento Administrativo 2 As Autoridades Competentes instituiratildeo uma Comissatildeo Multilateral Permanente que deliberaraacute por consenso e onde cada representaccedilatildeo estaraacute integrada por ateacute 3 membros de cada Estado Parte A Comissatildeo teraacute as seguintes funccedilotildees a) verificar a aplicaccedilatildeo do Acordo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares b) assessorar as Autoridades Competentes c) planejar as eventuais modificaccedilotildees ampliaccedilotildees e normas complementares d) manter negociaccedilotildees diretas por um prazo de 6 meses a fim de resolver as eventuais divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo do Acordo Vencido o teacutermino anterior sem que tenham resolvido as diferenccedilas qualquer um dos Estados Partes poderaacute recorrer ao sistema de soluccedilatildeo de controveacutersia vigente entre os Estados Partes do Tratado de Assunccedilatildeo 3 A Comissatildeo Multilateral Permanente reunir-se-aacute uma vez por ano alternadamente em cada um dos Estados Partes ou quando o solicite um deles 4 As Autoridades Competentes poderatildeo delegar a elaboraccedilatildeo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares agrave Comissatildeo Multilateral Permanente

A criaccedilatildeo de uma Comissatildeo Multilateral Permanente foi uma inovaccedilatildeo

interessante trazida pelo Acordo que tem responsabilidade entre outras coisas de

monitorar a aplicaccedilatildeo do acordo assessorar as autoridades competentes e planejar

eventuais modificaccedilotildees e complementaccedilotildees no mesmo

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

No MERCOSUL existe distinccedilatildeo entre os ordenamentos juriacutedicos internos e

externos embora ambos sejam vaacutelidos eles satildeo distintos e independentes Haacute total

independecircncia entre as normas e natildeo eacute possiacutevel afirmar que a norma interna estaacute

63

condicionada agrave norma internacional pois se caracterizam dois ordenamentos

juriacutedicos distintos120

Como caracteriacutestica do MERCOSUL as decisotildees tomadas no acircmbito dos

Acordos Internacionais fica condicionada aos procedimentos internos de cada paiacutes

integrante do bloco

De acordo com o Decreto Regulamentador ldquoo ldquoAcordo designa o Acordo

Multilateral de Seguridade Social entre a Repuacuteblica Argentina a Repuacuteblica

Federativa do Brasil a Repuacuteblica do Paraguai e a Repuacuteblica Oriental do Uruguai ou

qualquer outro Estado que venha a aderirrdquo121

De acordo com o Decreto Legislativo o mesmo tem duraccedilatildeo indefinida e o

Estado Parte que desejar se desvincular do presente Acordo poderaacute se desligar a

qualquer tempo atraveacutes da via diplomaacutetica natildeo afetando obviamente os direitos

adquiridos em virtude do Acordo ateacute entatildeo firmado Da mesma forma mas em

sentido contraacuterio o Acordo estaraacute aberto agrave adesatildeo mediante negociaccedilatildeo a aqueles

Estados que no futuro aderirem ao Tratado de Assunccedilatildeo como eacute o caso da

Venezuela por exemplo

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL a partir da sua

ratificaccedilatildeo nos paiacuteses integrantes do bloco pelo de seus ordenamentos juriacutedicos

internos aleacutem de prever questotildees ligadas agrave Previdecircncia Social tambeacutem trouxe

informaccedilotildees referentes agraves prestaccedilotildees de sauacutede

Conforme dispotildee os artigos 3ordm e 6ordm do Acordo ratificado no Brasil pelo

Decreto Legislativo nordm 4512001

ARTIGO 3

1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social referente agraves prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede existentes nos Estados Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo aqui estabelecidas

2 Cada Estado Parte concederaacute as prestaccedilotildees pecuniaacuterias e de sauacutede de acordo com sua proacutepria legislaccedilatildeo

3 As normas sobre prescriccedilatildeo e caducidade vigentes em cada Estado Parte seratildeo aplicadas ao disposto neste Artigo

E ainda

120

KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees constitucionais Op cit p 94

121 Decreto Regulamentador nordm 57222006 artigo 1ordm

64

ARTIGO 6

1 As prestaccedilotildees de sauacutede seratildeo outorgadas ao trabalhador deslocado temporariamente para o territoacuterio de outro Estado Parte assim como para seus familiares e assemelhados desde que a Entidade Gestora do Estado de origem autorize a sua outorga

2 Os custos que se originem de acordo com o previsto no paraacutegrafo anterior correratildeo a cargo da Entidade Gestora que tenha autorizado a prestaccedilatildeo

Portanto o trabalhador deslocado seus familiares ou assemelhados para

que possam obter as prestaccedilotildees de sauacutede durante o periacuteodo de permanecircncia no

Estado Parte em que se encontrarem deveratildeo apresentar ao Organismo de Ligaccedilatildeo

o certificado de Deslocamento Temporaacuterio e quando necessitarem de assistecircncia

meacutedica de urgecircncia deveratildeo apresentar perante a Entidade Gestora do Estado em

que se encontram o certificado expedido pelo Estado de origem

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS

De acordo com o artigo 2ordm do Regulamento do Acordo Multilateral de

Seguridade Social satildeo Autoridades Competentes122

os titulares na Argentina o

Ministeacuterio de Trabalho e Seguridade Social e do Ministeacuterio da Sauacutede e Accedilatildeo Social

no Brasil o Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social e do Ministeacuterio da Sauacutede

no Paraguai o Ministeacuterio da Justiccedila e do Trabalho e do Ministeacuterio da Sauacutede Puacuteblica

e Bem-Estar Social e no Uruguai o Ministeacuterio do Trabalho e da Seguridade Social

Satildeo Entidades Gestoras123

na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) as Caixas ou Institutos Municipais e Provinciais de

Previdecircncia a Superintendecircncia de Administradores de Fundo de Aposentadorias e

Pensotildees e as Administradoras de Fundos de Aposentadorias e Pensotildees no que se

refere aos regimes que amparam as contingecircncias de velhice invalidez e morte

baseadas no sistema de reparto ou no sistema de capitalizaccedilatildeo individual e a

122

Eacute o titular do organismo governamental que conforme a legislaccedilatildeo interna de cada Estado Parte tem competecircncia sobre o regime de Seguridade Social art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

123 Entidades Gestoras satildeo as instituiccedilotildees competentes para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

65

Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede (ANSSAL) no que se refere agraves

prestaccedilotildees de sauacutede no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o

Ministeacuterio da Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no

Uruguai o Banco de Previdecircncia Social (BPS)

Satildeo Organismos de Ligaccedilatildeo124 na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) e a Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede

(ANSSAL) no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Ministeacuterio da

Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no Uruguai o Banco

de Previdecircncia Social (BPS) Os Organismos de Ligaccedilatildeo comunicar-se-atildeo

diretamente entre si assim como com as pessoas interessadas que se encontrem

no seu respectivo territoacuterio e certificaratildeo para os fins do Acordo os periacuteodos de

seguro ou contribuiccedilatildeo recolhidos no Estado Parte ao qual pertencem

compreendidos em qualquer dos regimes de Seguridade Social do Estado Parte

contemplados na sua legislaccedilatildeo conforme jaacute estaacute previsto no Artigo 3deg do Acordo

A correspondecircncia entre as Autoridades Competentes Organismos de

Ligaccedilatildeo e Entidades Gestoras dos Estados Partes seraacute redigida no respectivo

idioma oficial do Estado emissor125

Ateacute a publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo do MPSINSS nordm

1362010 os organismos de ligaccedilatildeo no Brasil eram agecircncias da Previdecircncia

especificamente nos Estados de Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia

Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre

Florianoacutepolis e Satildeo Paulo por intermeacutedio das Gerecircncias Executivas

Entretanto com a entrada em vigor da norma acima citada em 31 de

dezembro de 2010 a operacionalizaccedilatildeo de cada Acordo de Previdecircncia Social ficou

em um uacutenico Organsimo de Ligaccedilatildeo no Brasil conforme Quadro 1 a seguir

124

Organismo de Ligaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos designados a efetuarem a comunicaccedilatildeo com os paiacuteses acordantes garantindo o cumprimento das solicitaccedilotildees formuladas no acircmbito dos Acordos Internacionais (Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 1ordm) e tem o objetivo de facilitar a aplicaccedilatildeo do Acordo adotando as medidas necessaacuterias para lograr sua maacutexima agilizaccedilatildeo e simplificaccedilatildeo administrativa

125 Decreto Legislativo n

o 4512001 art14

66

Quadro 2 Organismos de Ligaccedilatildeo no Brasil para acordos com outros paiacuteses

Fonte Anexo I da Resoluccedilatildeo MPSINSS 1362010

Observe-se que no acircmbito do MERCOSUL no Brasil a gerecircncia de

Florianoacutepolis (SC) eacute responsaacutevel atualmente para

I solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social brasileira de

estrangeiros em regime de deslocamento temporaacuterio no Brasil bem

como para os casos previstos nas regras de exceccedilatildeo e opccedilatildeo

II solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social relativa aos

paiacuteses acordantes para brasileiro que temporariamente preste serviccedilo

naqueles paiacuteses bem como para os casos que se enquadrarem nas

regras de exceccedilatildeo

III emitir os formulaacuterios de Ligaccedilatildeo Certificados de Deslocamento

Temporaacuterio e respectivas prorrogaccedilotildees informar aos paiacuteses

acordantes sobre as decisotildees proferidas resultantes da anaacutelise das

solicitaccedilotildees referentes aos processos de benefiacutecios no acircmbito dos

Acordos Internacionais e

IV encaminhar aos paiacuteses acordantes as informaccedilotildees sobre a situaccedilatildeo do

segurado junto agrave Previdecircncia Social brasileira quando requeridas bem

como prestar atendimento agraves demais solicitaccedilotildees apresentadas pelos

paiacuteses signataacuterios dos Acordos Internacionais126

A Resoluccedilatildeo esclarece em seu artigo 4ordm que os antigos Organismos de

Ligaccedilatildeo (Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte

Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre Florianoacutepolis e Satildeo Paulo)

126

Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 3ordm

Acordo do Brasil com Organismo de Ligaccedilatildeo Telefone

Portugal amp Cabo Verde Gerecircncia Satildeo Paulo Sul APS Vila Mariana

(11) 3503- 36073608

Espanha Gerecircncia Rio de Janeiro Centro APS Almirante Barroso

(21) 2272-35153438

Itaacutelia Gerecircncia Belo Horizonte APS Santa Efigecircnia

(31) 3249-42274228

MERCOSUL Argentina Paraguai e Uruguai

Gerecircncia Florianoacutepolis APS Florianoacutepolis Centro

(48) 3298-8125

Chile Gerecircncia Recife APS Santo Antocircnio

(81) 3412-55765492

Greacutecia amp Luxemburgo

Gerecircncia Distrito Federal APS Brasiacutelia Sul

(61) 3319-25042588

67

deveratildeo transferir os processos em anaacutelise que natildeo puderem ser concluiacutedos no

prazo de 120 dias contados da publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo (31122010) para os

novos Organismos de Ligaccedilatildeo constantes do Quadro 1 (Anexo 1 da Resoluccedilatildeo

1362010) considerando-se a nova distribuiccedilatildeo das atividades dos Acordos

Internacionais Informa ainda que os processos natildeo concluiacutedos no prazo de 120

dias por falta de respostas do Organismo estrangeiro deveratildeo ser encaminhados

ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente com coacutepia dos ofiacutecios expedidos ao exterior

Um dos grandes desafios para os paiacuteses-membros estaacute na coordenaccedilatildeo de

procedimentos administrativos que possibilitem de forma aacutegil a operacionalizaccedilatildeo do

acordo multilateral Para atingir esse objetivo as instituiccedilotildees em conjunto com a

Organizaccedilatildeo Ibero-Americana de Seguridade Social (OISS) entenderam ser de

extrema importacircncia a realizaccedilatildeo de projeto visando agrave criaccedilatildeo da Base Uacutenica de

Seguridade Social do MERCOSUL (BUSS)127

Por intermeacutedio da OISS recursos financeiros foram disponibilizados pelo

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aos Estados Partes exceto ao

Brasil128

para desenvolvimento do projeto Em contrapartida o Brasil por meio da

Empresa de Tecnologia e Informaccedilotildees da Previdecircncia Social (Dataprev) assumiu o

compromisso de desenvolver o sistema de intercacircmbio de informaccedilatildeo e validaccedilatildeo de

dados em mateacuteria de seguridade social129

No 5ordm Encontro de Cortes Supremas do MERCOSUL realizado nos dias 8 e

9 de novembro de 2007 em Brasiacutelia (no qual debates foram realizados no Supremo

Tribunal Federal e aleacutem dos ministros do STF o evento contou com a presenccedila de

presidentes das Cortes Supremas dos paiacuteses do MERCOSUL e associados aleacutem

de secretaacuterios da aacuterea previdenciaacuteria dos governos brasileiro argentino paraguaio e

uruguaio) foi divulgado pelo entatildeo secretaacuterio de Poliacuteticas de Previdecircncia Social do

Brasil Helmut Schwarzer a criaccedilatildeo de uma rede eletrocircnica com dados de

contribuintes da previdecircncia dos quatro paiacuteses para facilitar a concessatildeo dos

benefiacutecios a estrangeiros

127

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 p 33 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1ed)

128 Em razatildeo da legislaccedilatildeo interna o Brasil apresenta dificuldades em internalizar recursos do BID

129 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Loc cit

68

Segundo Helmut130

essa iniciativa poderaacute evitar que os tribunais dos paiacuteses

do MERCOSUL recebam accedilotildees sobre o assunto

O iniacutecio da operacionalizaccedilatildeo do Sistema de Transferecircncia e Validaccedilatildeo de

Dados dos paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL tem o intuito de permitir aos paiacuteses um acompanhamento mais raacutepido e

eficaz das informaccedilotildees dos trabalhadores que circulam no bloco O sistema criado

pelo corpo teacutecnico da Dataprev131

permite gerar formulaacuterios para preenchimento dos

dados pessoais do beneficiaacuterio dependentes e representantes legais e dos periacuteodos

de viacutenculos empregatiacutecios e contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria132

As informaccedilotildees circularatildeo simultaneamente entre os paiacuteses nos quais o

cidadatildeo trabalhou formalmente A utilizaccedilatildeo do sistema poderaacute ser estendida a

todos os paiacuteses com os quais o Brasil manteacutem acordo internacional para concessatildeo

de aposentadoria pensatildeo e auxiacutelios133

Pelo novo sistema que foi desenvolvido

utilizando-se tecnologia de ponta software livre e certificaccedilatildeo digital que garante o

alto niacutevel de seguranccedila da informaccedilatildeo os recursos seratildeo repassados ao sistema

previdenciaacuterio do paiacutes onde o trabalhador estaacute e a partir disso ele receberaacute

pessoalmente o valor do seu benefiacutecio

Segundo Joatildeo Donadon134

todo o tracircmite seraacute eletrocircnico e os recursos

seratildeo repassados ao outro paiacutes em remessa uacutenica Se algum benefiacutecio natildeo for

sacado pelo segurado o dinheiro seraacute devolvido ao oacutergatildeo responsaacutevel pela poliacutetica

previdenciaacuteria do paiacutes de origem135

O Sistema de Acordos Internacionais (Siaci) encontra-se em operaccedilatildeo

desde julho de 2008136

A ferramenta tem permitido a raacutepida transmissatildeo via

internet de formulaacuterios destinados agrave troca de informaccedilotildees de tempo de serviccedilo e

concessatildeo de benefiacutecios para os trabalhadores migrantes dos paiacuteses signataacuterios do

MERCOSUL

130

Disponiacutevel em lthttpogloboglobocomeconomiamat20071109327102998aspgt Acesso em 20072009

131 Empresa de Tecnologia que presta serviccedilos de tecnologia da informaccedilatildeo ao INSS

132 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Op cit p 33 133

Ibid 134

Diretor do Regime Geral de Previdecircncia Social do Brasil 135

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwnotadezcombrgt Acesso em 07042011 136

Disponiacutevel em lthttpportaldataprevgovbr20090726siaci-sistemas-de-acordos-internacionaisgt Acesso em 15082009

69

A qualquer momento eacute possiacutevel consultar e conferir as transaccedilotildees

efetuadas reduzindo-se progressivamente a utilizaccedilatildeo de documentos em papel

Pelo documento trabalhadores do Brasil Argentina Uruguai e Paraguai podem

incluir no caacutelculo de suas aposentadorias o tempo que trabalharam em outro paiacutes

aleacutem da concessatildeo de outros benefiacutecios137

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

Cidadatildeos originaacuterios de um dos paiacuteses signataacuterios que trabalhem em outro

paiacutes tecircm a garantia de em funccedilatildeo do Acordo Multilateral natildeo perder os diretos

previdenciaacuterios e o direito agrave sauacutede Isso significa que esses trabalhadores podem

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo assim como o tempo de contribuiccedilatildeo Eacute o que diz o artigo 7ordm do

Acordo138

ARTIGO 7

[] os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no Regulamento Administrativo

Um cidadatildeo uruguaio que trabalhe no Brasil por exemplo teraacute direito aos

benefiacutecios de sauacutede e da previdecircncia social de acordo com legislaccedilatildeo brasileira e

consideradas as contribuiccedilotildees efetuadas no Uruguai Diante disso constata-se que

o Acordo utiliza como regra geral o princiacutepio da territorialidade o que significa que

no momento do requerimento da prestaccedilatildeo ou benefiacutecio vale a legislaccedilatildeo do paiacutes

em que o trabalhador estiver exercendo sua atividade laboral139

Haacute algumas exceccedilotildees previstas no proacuteprio texto do Acordo como por

exemplo os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados Partes

Nesse caso eles permanecem sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio a

empresa tenha sua sede Conforme dispotildee os artigos 4ordm e 5ordm do Acordo o

137

Idem 138

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 7ordm 139

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 58

70

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio exerccedila

a atividade laboral com as seguintes exceccedilotildees140

ARTIGO 5 O principio estabelecido no Artigo 4 tem as seguintes exceccedilotildees a) o trabalhador de uma empresa com sede em um dos Estados-Partes que desempenhe tarefas profissionais de pesquisa cientificas teacutecnicas ou de direccedilatildeo ou atividades similares e outras que poderatildeo ser definidas pela Comissatildeo Multilateral Permanente prevista no Artigo 16 Paraacutegrafo 2 e que seja deslocado para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado por um periacuteodo limitado continuaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte de origem ateacute um prazo de doze meses suscetiacutevel de ser prorrogado em caraacuteter excepcional mediante preacutevio e expresso consentimento da Autoridade Competente do outro Estado Parte b) o pessoal de vocirco das empresas de transporte aeacutereo e o pessoal de tracircnsito das empresas de transporte terrestre continuaratildeo exclusivamente sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio a respectiva empresa tenha sua sede c) os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados-Partes continuaratildeo sujeitos agrave legislaccedilatildeo do mesmo Estado Qualquer outro trabalhador empregado em tarefas de carga e descarga conserto e vigilacircncia de navio quando no porto estaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja jurisdiccedilatildeo se encontre o navio 2 Os membros das representaccedilotildees diplomaacuteticas e consulares organismos internacionais e demais funcionaacuterios ou empregados dessas representaccedilotildees seratildeo regidos pelas legislaccedilotildees tratados e convenccedilotildees que lhes sejam aplicaacuteveis

Diante destas situaccedilotildees a Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de

Seguridade Social do MERCOSUL aprovou e publicou a Resoluccedilatildeo 12005 em

reuniatildeo realizada em Buenos Aires no ano de 2005 com o objetivo de estabelecer

criteacuterios para aplicaccedilatildeo do Acordo e tentar dirimir questotildees controveacutersias trazendo

em seu artigo 3ordm a informaccedilatildeo que reafirma a legislaccedilatildeo aplicaacutevel ao trabalhador que

se encontra nos Estados Partes

1 No caso dos trabalhadores transferidos para territoacuterio de outro Estado Parte previsto no art 5deg nuacutemero la) do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado no qual estaacute domiciliado o empregador ou a instituiccedilatildeo que dito Oacutergatildeo determine para tal fim remeteraacute coacutepia do certificado a que se refere o art 3deg do Regulamento Administrativo ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte a que se destina o trabalhador

2 Dito certificado constituiraacute a prova de que natildeo satildeo de aplicaccedilatildeo ao mencionado trabalhador transferido as disposiccedilotildees de Seguridade Social do lugar de destino

141

140

Decreto nordm 4512001 art 5ordm 141

Resoluccedilatildeo CMP n12005

71

Ainda o artigo 7ordm do Regulamento Administrativo mais uma vez ressalta a

regra aplicaacutevel informando que as prestaccedilotildees a que os trabalhadores tecircm direito

devem ter amparo na legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes de prestaccedilatildeo de

serviccedilos142

ARTIGO 7 As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo pagas de acordo com as normas seguintes 1 Quando se reuacutenam as condiccedilotildees requeridas pela legislaccedilatildeo de um Estado Parte para se ter direito agraves prestaccedilotildees sem que seja necessaacuterio recorrer agrave totalizaccedilatildeo de periacuteodos prevista no Titulo VI do Acordo a Entidade Gestora calcularaacute a prestaccedilatildeo em virtude unicamente do previsto na legislaccedilatildeo nacional que se aplique sem prejuiacutezo da totalizaccedilatildeo que possa solicitar o beneficiaacuterio 2 Quando o direito a prestaccedilotildees natildeo se origine unicamente com base nos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no Estado Contratante de que se trate a liquidaccedilatildeo da prestaccedilatildeo deveraacute ser feita tomando-se em conta a totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos outros Estados Partes 3 Caso seja aplicado o paraacutegrafo precedente a Entidade Gestora determinaraacute em primeiro lugar o valor da prestaccedilatildeo a que o interessado ou seus familiares e assemelhados teriam direito como se os periacuteodos totalizados tivessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo e em seguida fixaraacute o valor da prestaccedilatildeo em proporccedilatildeo aos periacuteodos cumpridos exclusivamente sob tal legislaccedilatildeo

Note-se que a norma legal traz em seu texto o termo trabalhador mas

quem seria este trabalhador a quem a norma se refere Tendo em vista que

empregado eacute espeacutecie do gecircnero trabalhador isso permite concluir que todo

empregado eacute trabalhador mas nem todo trabalhador eacute empregado143

Em face do que se observa no Acordo estaacute assegurado pelo Acordo

Multilateral de Seguridade Social o trabalhador empregado ou seja aquele que tem

viacutenculo empregatiacutecio com o empregador Os trabalhadores autocircnomos por exemplo

estatildeo fora da cobertura previdenciaacuteria se estiverem trabalhando nos Estados

Partes Esta informaccedilatildeo foi ressaltada no livro de estudos organizado pelo Ministeacuterio

da Previdecircncia Social quando assim informa

142

Decreto nordm 57222006 art 7ordm 143

Disponiacutevel em lthttpbuenoecostanzeadvbrindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=4642ampItemid=96gt

Acesso em 20032011

72

Cabe ainda ressaltar que o Acordo protege somente aqueles trabalhadores que estiverem prestando serviccedilo regularmente em um dos Estados Partes o trabalhador informal que natildeo possui filiaccedilatildeo previdenciaacuteria natildeo estaacute portanto incluiacutedo nessa proteccedilatildeo

144

Portanto uma vez considerado trabalhador empregado este poderaacute pleitear

benefiacutecios previdenciaacuterios observando os criteacuterios trazidos nos termos do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL Eacute importante destacar neste

sentido que o custo dos benefiacutecios concedidos em virtude do Acordo eacute rateado

entre os paiacuteses em que o trabalhador contribuiu proporcionalmente ao seu tempo

de contribuiccedilatildeo em cada um deles Ou seja eacute utilizada a sistemaacutetica da totalizaccedilatildeo

e o custo eacute rateado de forma diretamente proporcional ao tempo de filiaccedilatildeo em cada

sistema previdenciaacuterio de modo que natildeo haja desequiliacutebrio financeiro para o Estado

Parte que estiver concedendo o benefiacutecio145

Em se tratando de acordo internacional previdenciaacuterio a forma mais comum

eacute a divisatildeo de encargos entre os paiacuteses contratantes Haacute o estabelecimento de uma

relaccedilatildeo proporcional de encargo Cada paiacutes assume uma parte do total fazendo o

segurado jus a um benefiacutecio que resulta da soma das responsabilidades de cada

Estado O benefiacutecio eacute pago geralmente pelo paiacutes concessor sendo que haacute um

ajuste de contas entre os paiacuteses celebrantes do tratado146

As Entidades Gestoras pagaratildeo diretamente aos beneficiaacuterios as prestaccedilotildees

compreendidas no Acordo na forma determinada por cada Estado Parte

Para obter a concessatildeo das prestaccedilotildees os trabalhadores ou seus familiares

e assemelhados deveratildeo apresentar solicitaccedilatildeo em formulaacuterio especial ao

Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado em que residirem ou se residentes no territoacuterio de

outro Estado deveratildeo dirigir-se ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja

legislaccedilatildeo o trabalhador se encontrava assegurado no uacuteltimo periacuteodo de seguro ou

contribuiccedilatildeo

As solicitaccedilotildees dirigidas a Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras

de qualquer Estado Parte onde o interessado tenha periacuteodos de seguro contribuiccedilatildeo

ou residecircncia produziratildeo os mesmos efeitos como se tivessem sido entregues ao

Organismo de Ligaccedilatildeo previsto nos paiacuteses de residecircncia

144

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

145 Ibid p 59

146 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio 3 ed Satildeo Paulo LTr 2005 p

244

73

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras seratildeo

obrigadas a enviaacute-las ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente informando as datas

em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas147

O interessado que deseje solicitar os benefiacutecios previdenciaacuterios no Brasil ou

seja aqueles previstos no Acordo Multilateral deveraacute se dirigir agrave Agecircncia de

Previdecircncia Social mais proacutexima com a documentaccedilatildeo necessaacuteria para obter um

benefiacutecio comum aleacutem da documentaccedilatildeo que comprove sua atividade no paiacutes que

assinou o Acordo Tal documentaccedilatildeo seraacute enviada pelo organismo de conexatildeo

brasileiro para o organismo de conexatildeo do paiacutes membro do Acordo que

reconheceraacute ou natildeo o periacuteodo de contribuiccedilatildeo alegado pelo interessado naquele

paiacutes

O trabalhador ficaraacute sujeito ao regime previdenciaacuterio do paiacutes onde esteja

prestando serviccedilo exceto nos casos em que o trabalhador esteja sob a tutela do

Certificado de Deslocamento Temporaacuterio e sempre que esteja dentro do prazo

autorizado ainda que seja prorrogado Assim nos termos do inciso 1ordm do artigo 3ordm o

Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social

referente aos regimes tributaacuteveis pecuniaacuterios e de sauacutede existentes nos Estados

Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo que estipula148

Eacute importante ressaltar que o Acordo Multilateral do MERCOSUL inova ao

conceber tambeacutem disposiccedilotildees aplicaacuteveis a regimes de aposentadoria e pensotildees de

capitalizaccedilatildeo individual O Acordo seraacute aplicaacutevel tambeacutem aos trabalhadores filiados

a um regime de aposentadoria e pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecido

por algum dos Estados Partes para a obtenccedilatildeo das aposentadorias por velhice

idade avanccedilada invalidez ou morte149

Ademais os Estados Partes e os eventuais futuros aderentes ao Acordo

poderatildeo estabelecer mecanismos de transferecircncias de fundos para os fins de

obtenccedilatildeo das referidas aposentadorias e demais benefiacutecios sendo necessaacuterio que

as administradoras de fundos ou empresas seguradoras deem cumprimento aos

mecanismos que o Acordo Multilateral prevecirc150

Tais transferecircncias se daratildeo quando

o interessado comprove direito agrave obtenccedilatildeo das aposentadorias quando a

147

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

148 Ibid

149 Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 9ordm

150 Nota Teacutecnica nordm 202005 DRPSPSPSMPS

74

informaccedilatildeo aos filiados seraacute proporcionada nos termos da legislaccedilatildeo de cada Estado

Parte caso em que no Brasil natildeo ocorre

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade

Social

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) eacute uma autarquia do

governo federal do Brasil que recebe as contribuiccedilotildees para a manutenccedilatildeo do

Regime Geral da Previdecircncia Social sendo responsaacutevel pela concessatildeo dos

benefiacutecios previdenciaacuterios previstos na Lei nordm 821391 O INSS trabalha junto com a

Dataprev empresa de tecnologia que faz o processamento de todos os dados da

previdecircncia e estaacute subordinado ao Ministeacuterio da Previdecircncia Social

De acordo com o Regulamento Administrativo (art 2ordm) no Brasil a

instituiccedilatildeo competente e reconhecida para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo no acircmbito do acordo como Entidade Gestora e Organismo de Ligaccedilatildeo eacute o

INSS (para as prestaccedilotildees previdenciaacuterias) e o Ministeacuterio da Sauacutede (para as

prestaccedilotildees de sauacutede) Ou seja no Brasil o Oacutergatildeo Gestor eacute o INSS que

operacionaliza os Acordos pelos Organismos de Ligaccedilatildeo instruindo os processos

pela gerecircncia executiva responsaacutevel que no caso do MERCOSUL eacute a agecircncia com

responsabilidade da Gerecircncia Executiva de Florianoacutepolis ndash Santa Catarina

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios

As empresas que apresentam o intuito de deslocar temporariamente seus

empregados ao exterior devem fazecirc-lo mediante Certificado de Deslocamento

Temporaacuterio em que o segurado eacute isento de contribuir no paiacutes contratante aonde for

trabalhar na forma prevista em cada Acordo permanecendo sujeito agrave legislaccedilatildeo

previdenciaacuteria brasileira mas garantindo seus direitos no outro paiacutes Este seraacute o

documento haacutebil necessaacuterio para que o INSS averigue a documentaccedilatildeo da empresa

Durante o prazo do deslocamento temporaacuterio o trabalhador teraacute direito agrave

assistecircncia meacutedica da rede oficial do governo do Paiacutes Acordante O artigo 3ordm do

regulamento administrativo assim informa sobre o deslocamento temporaacuterio151

151

Decreto nordm 57222006 art 3ordm

75

ARTIGO 3

1 Para os casos previstos na aliacutenea ldquo1 ardquo do Artigo 5ordm do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo expediraacute mediante solicitaccedilatildeo da empresa do Estado de origem do trabalhador que for deslocado temporariamente para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado um certificado no qual conste que o trabalhador permanece sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado de origem indicando os familiares e assemelhados que o acompanharatildeo nesse deslocamento Coacutepia de tal certificado deveraacute ser entregue ao trabalhador

2 A empresa que deslocou temporariamente o trabalhador comunicaraacute ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado que expediu o certificado neste caso a interrupccedilatildeo da atividade prevista na situaccedilatildeo anterior 3 - Para os efeitos estabelecidos na aliacutenea ldquo1ardquo do Artigo 5 do Acordo a empresa deveraacute apresentar a solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo perante a Entidade Gestora do Estado de origem A Entidade Gestora do Estado de origem expediraacute o certificado de prorrogaccedilatildeo correspondente mediante consulta preacutevia e expresso consentimento da Entidade Gestora do outro Estado

4 - A empresa apresentaraacute as solicitaccedilotildees a que se referem os Paraacutegrafos 1 e 3 com trinta dias de antecedecircncia miacutenima da ocorrecircncia do fato gerador Em caso contraacuterio o trabalhador ficaraacute automaticamente sujeito a partir do iniacutecio da atividade ou da data de expiraccedilatildeo do prazo autorizado agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio continuar desenvolvendo suas atividades

Apenas nos Acordos BrasilEspanha e BrasilGreacutecia estaacute previsto

deslocamento Temporaacuterio para trabalhadores autocircnomos

O segurado deve levar consigo uma via do Certificado de Deslocamento152

O periacuteodo de deslocamento poderaacute ser prorrogado observados os prazos e as

condiccedilotildees fixados em cada Acordo No caso de solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo de

transferecircncias temporaacuterias esta deveraacute ser apresentada junto ao Oacutergatildeo de Ligaccedilatildeo

que concedeu o certificado de transferecircncia com a devida antecedecircncia em relaccedilatildeo

ao vencimento do periacuteodo de transferecircncia temporaacuteria que se houver concedido

Caso contraacuterio o trabalhador transferido ficaraacute automaticamente sujeito a partir do

vencimento do prazo original agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

continua prestando serviccedilos

Assim dispotildee o artigo 5ordm do Anexo II da Resoluccedilatildeo CMP nordm 012005

[] a) O prazo dos deslocamentos temporaacuterios previstos pelo inciso 1 do art 5 do Acordo Multilateral poderaacute ser prorrogado por um prazo total maior de doze meses previamente autorizado pela Autoridade Competente ou instituiccedilatildeo delegada do Estado receptor (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

152

Informaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwprevidenciasocialgovbrconteudoDinamicophpid=111gt Acesso em 10042011

76

b) Tanto o prazo original quanto o de prorrogaccedilatildeo poderatildeo ser utilizados de forma fracionada (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) c) Em virtude do caraacuteter excepcional do regime de deslocamentos temporaacuterios uma vez utilizado o prazo maacuteximo de vinte e quatro meses natildeo poderaacute ser concedido ao mesmo trabalhador um novo periacuteodo de amparo a este regime (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) 2 Para os fins da aliacutenea ldquoardquo do Art 5 do Acordo seratildeo consideradas como tarefas profissionais de pesquisa cientiacuteficas teacutecnicas ou de direccedilatildeo aquelas relacionadas a situaccedilotildees de emergecircncia transferecircncia de tecnologia prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia teacutecnica funccedilotildees de direccedilatildeo geral de gerenciamento de supervisatildeo de assessoramento a funccedilotildees superiores da empresa de consultoria especializada e similares (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

3 Eacute facultado ao Estado Parte receptor dos trabalhadores deslocados temporariamente solicitar que aleacutem do certificado previsto no Art 3 do Ajuste Administrativo seja apresentada documentaccedilatildeo que certifique que o trabalhador possui qualificaccedilatildeo ou as qualidades exigidas pela aliacutenea ldquoardquo do inciso 1 do Art 5 do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL assim como declaraccedilatildeo da empresa receptora relativa agrave atividade que seraacute desempenhada pelo trabalhador no territoacuterio do Estado Parte receptor (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

153

Os segurados seus familiares e assemelhados que desejem fazer valer

direitos agraves prestaccedilotildees deveratildeo apresentar a respectiva solicitaccedilatildeo junto agrave Entidade

Gestora competente do Estado Parte onde residam ou tenham realizado sua uacuteltima

atividade Os formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo

do Deslocamento Temporaacuterio encontram-se no Anexo 4

333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo

Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados

Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade

avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no

Regulamento Administrativo Assim dispotildee o Regulamento Administrativo sobre a

totalizaccedilatildeo do tempo de contribuiccedilatildeo154

153

Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 12005 da Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL atualizada pela Resoluccedilatildeo nordm 72007 da mesma comissatildeo

154 Decreto nordm 57222006 art 6

77

ARTIGO 6 1 De acordo com o previsto no Artigo 7 do Acordo os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no territoacuterio dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte observando as seguintes regras a) Cada Estado Parte consideraraacute os periacuteodos cumpridos e certificados por outro Estado desde que natildeo se superponham como periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo conforme sua proacutepria legislaccedilatildeo b) Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos antes do iniacutecio da vigecircncia do Acordo seratildeo considerados somente quando o trabalhador tiver periacuteodos de trabalho a cumprir a partir dessa data c) O periacuteodo cumprido em um Estado Parte sob um regime de seguro voluntaacuterio somente seraacute considerado quando natildeo for simultacircneo a um periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo obrigatoacuterio cumprido em outro Estado 2 Nos casos em que a aplicaccedilatildeo do Paraacutegrafo 2 do Artigo 7 do Acordo venha exonerar de suas obrigaccedilotildees a todas as Entidades Gestoras competentes dos Estado -Partes envolvidos as prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados Partes aonde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador em todos os Estados Partes

Caso o trabalhador natildeo tenha reunido a comprovaccedilatildeo do tempo miacutenimo de

12 meses somente seraacute computaacutevel os serviccedilos prestados em outro Estado que

tenha celebrado acordos bilaterais ou multilaterais de Seguridade Social com

qualquer dos Estados Partes E se somente um dos Estados Partes tiver concluiacutedo

um acordo de seguridade com outro paiacutes seraacute necessaacuterio que tal Estado Parte

assuma como proacuteprio o periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo cumprido neste terceiro

paiacutes155

A aplicaccedilatildeo desta norma pode vir a exonerar de suas obrigaccedilotildees todas as

Entidades Gestoras competentes dos Estados Partes envolvidos uma vez que as

prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados

Partes onde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com

preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos em

todos os Estados Partes156

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras de

solicitaccedilotildees de obtenccedilatildeo de concessatildeo por parte dos trabalhadores familiares e

assemelhados obrigar-se-atildeo a enviaacute-las sem demora ao Organismo de Ligaccedilatildeo

155

Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 7ordm 156

ALVES Carlos Marne Dias 2006 A Previdecircncia no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Direito das Relaccedilotildees Internacionais) UniCEUB Brasiacutelia 2006 p 162

78

competente informando as datas em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas157

Neste sentido os artigos 9ordm e 10ordm do Regulamento Administrativo assim

estabelecem158

ARTIGO 9 1 Para o tracircmite das solicitaccedilotildees das prestaccedilotildees pecuniaacuterias os Organismos de Ligaccedilatildeo utilizaratildeo um formulaacuterio especial no qual seratildeo consignados entre outros os dados de filiaccedilatildeo do trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados conjuntamente com a relaccedilatildeo e o resumo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador nos Estados Partes 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo avaliaraacute se for o caso a incapacidade temporaacuteria ou permanente emitindo o certificado correspondente que acompanharaacute os exames meacutedico-periciais realizados no trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados 3 Os laudos meacutedico-periciais do trabalhador consignaratildeo entre outros dados se a incapacidade temporaacuteria ou invalidez eacute consequumlecircncia de acidente do trabalho ou doenccedila profissional e indicaratildeo a necessidade de reabilitaccedilatildeo profissional 4 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado pronunciar-se-aacute sobre a solicitaccedilatildeo em conformidade com sua respectiva legislaccedilatildeo considerando-se os antecedentes meacutedico-periciais praticados 5 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo remeteraacute os formulaacuterios estabelecidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado ARTIGO 10 1 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado preencheraacute os formulaacuterios recebidos com as seguintes indicaccedilotildees a) periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo b) o valor prestaccedilatildeo reconhecida de acordo com o previsto no Paraacutegrafo 3 do Artigo 7 do presente Regulamento Administrativo 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo indicado no paraacutegrafo anterior remeteraacute os formulaacuterios devidamente preenchidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde o trabalhador solicitou a prestaccedilatildeo

Observa-se portanto que os trabalhadores e seus familiares poderatildeo

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo sendo computados tambeacutem o tempo de contribuiccedilatildeo do paiacutes de

origem e em alguns casos ateacute mesmo o tempo de contribuiccedilatildeo em paiacuteses natildeo

157

Regulamento Administrativo art 8ordm 158

Decreto 57222006 artigos 9 e 10

79

signataacuterios do acordo desde que esses tenham acordo com qualquer um dos

Estados Partes

Destaca-se no entanto que se o acordo do paiacutes natildeo signataacuterio for com

apenas um dos Estados Partes esse deveraacute reconhecer como proacuteprios os serviccedilos

prestados naquele159

Este instituto natildeo eacute nenhuma novidade para o INSS De

acordo com a Lei ndeg 97961999 adota-se procedimento semelhante com os

regimes proacuteprios de previdecircncia dos servidores puacuteblicos quando faz a totalizaccedilatildeo do

tempo de contribuiccedilatildeo e a divisatildeo proacute-rata do valor pago ao segurado chamando

este instituto de Contagem Reciacuteproca do Tempo de Contribuiccedilatildeo

159

Nota teacutecnica elaborada pela Coordenaccedilatildeo-Geral de Estudos Previdenciaacuterios da Secretaria de Poliacuteticas de Previdecircncia Social ndash CGEPSPS (NOTA TEacuteCNICA nordm 202005 DRPSPSPSMPS)

80

CONCLUSAtildeO

O objeto problematizado na presente dissertaccedilatildeo foi o Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL na garantia do direito agrave previdecircncia social aos

trabalhadores que tenham se vinculado a sistemas previdenciaacuterios de diferentes

paiacuteses durante sua vida laboral

Questotildees sobre integraccedilatildeo previdenciaacuteria acabam sendo necessaacuterias no

atual cenaacuterio de globalizaccedilatildeo da economia de formaccedilatildeo de blocos regionais e do

aumento do fluxo migratoacuterio principalmente da ampliaccedilatildeo da liberdade de circulaccedilatildeo

de trabalhadores para lhes assegurar seguranccedila na sua proteccedilatildeo social

previdenciaacuteria

A Previdecircncia Social espeacutecie do gecircnero Seguridade Social eacute um direito de

proteccedilatildeo social conferido ao trabalhador segurado e um mecanismo necessaacuterio para

manter o regime de trabalho assalariado

Surgiu como uma ferramenta do Estado garantir (aqueles que contribuem)

condiccedilotildees financeiras para periacuteodos de incapacidade de trabalho como doenccedila

invalidez ou velhice e diminuir os riscos de arcar futuramente com situaccedilotildees de

miseacuteria e pobreza como distribuidor de renda por este motivo impocircs contribuiccedilotildees

compulsoacuterias aos trabalhadores que de alguma forma prestam serviccedilos a pessoas

fiacutesicas juriacutedicas e por conta proacutepria

Na atual conjuntura a intervenccedilatildeo do Estado na sociedade a fim de

estruturar e garantir proteccedilatildeo previdenciaacuteria eacute imprescindiacutevel e com a globalizaccedilatildeo

natildeo eacute diferente o cocircmputo de tempo de serviccedilo desenvolvido no exterior para fins

de obtenccedilatildeo de benefiacutecio previdenciaacuterio no Brasil exige regramento particular no

acircmbito do direito internacional

A possibilidade de reconhecimento no Brasil do labor desenvolvido em

qualquer um dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL e vice versa tem assento

atualmente no Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul

assinado em 15121997 pelos representantes dos componentes originaacuterios do

bloco (Brasil Argentina Uruguai e Paraguai)

Entretanto eacute importante destacar que antes da entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social existiam acordos bilaterais de previdecircncia social

do Brasil com vaacuterios paiacuteses inclusive com paiacuteses integrantes do MERCOSUL

81

diante disso destacamos o disposto no artigo 8ordm do Acordo Multilateral de

Seguridade Social que informa que ldquoos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

cumpridos antes da vigecircncia do presente Acordo seratildeo considerados desde que

estes natildeo tenham sido utilizados anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees

pecuniaacuterias em outro paiacutesrdquo160

Houve no decorrer da pesquisa grandes dificuldades de obtenccedilatildeo de dados

especiacuteficos junto agrave autarquia federal (INSS) embora jaacute esteja sendo utilizado o

sistema de informaccedilotildees de acordos internacionais (SIACI) criado pela DATAPREV

empresa de tecnologia da Previdecircncia Social brasileira desde de julho de 2008

Mesmo assim a pesquisa nos levou a entender que a possibilidade de

reconhecimento de trabalho para fins de benefiacutecio previdenciaacuterio realizado nos

paiacuteses do MERCOSUL regulada pelo Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL internalizado pelo Decreto nordm 57222006 trata de garantir aos

brasileiros que trabalham nos Paiacuteses signitaacuterios do Acordo a mesma proteccedilatildeo que eacute

assegurada aos cidadatildeos daquele Paiacutes ou seja o brasileiro que trabalha na

Argentina por exemplo vai ter direito por conta daquela norma de perceber os

benefiacutecios que a legislaccedilatildeo previdenciaacuteria Argentina assegura aos demais

trabalhadores que tecircm aquela nacionalidade Por outro lado se o trabalhador quer

pleitear o benefiacutecio aqui no Brasil o aproveitamento do serviccedilo prestado naquele

Paiacutes somente eacute possiacutevel na forma em que prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do

Regulamento ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo

reconheccedila em face da sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo161

A proteccedilatildeo prevista no Acordo como a contagem do tempo de contribuiccedilatildeo

e as demais prestaccedilotildees previdenciaacuterias e de sauacutede apenas estatildeo garantidas para

trabalhadores empregados ou seja aqueles que possuem viacutenculo empregatiacutecio com

algum empregador os demais trabalhadores como autocircnomos domeacutesticos os

rurais que no Brasil satildeo tambeacutem chamados de segurados especiais natildeo estatildeo

protegidos pelo Acordo e natildeo podem se beneficiar do tempo de serviccedilo prestado

fora de seu paiacutes de origem mesmo que comprovam contribuiccedilatildeo do periacuteodo

Os acoacuterdatildeos encontrados sobre os aspectos previdenciaacuterios levados ao

judiciaacuterio no acircmbito do Acordo demonstram que o fato de o mesmo existir natildeo

160

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 8ordm 161

Decreto nordm 57222006 art 10ordm

82

implica reconhecimento automaacutetico de atividades laborais prestadas nos Estados

Partes eacute necessaacuterio a observacircncia do procedimento burocraacutetico estabelecido no

Regulamento Administrativo aprovado pelo Decreto nordm 57222006

Haacute que se observar tambeacutem que para os trabalhadores que vierem a

trabalhar nos paiacuteses integrantes do MERCOSUL apoacutes a entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL teratildeo a contagem de tempo de

contribuiccedilatildeo contada conforme o acordo Podemos observar conforme dados

coletados nos Acoacuterdatildeos que de acordo com o judiciaacuterio os periacuteodos de seguro ou

contribuiccedilatildeo cumpridos antes da vigecircncia do Acordo de que o trabalhador tenha

direito somente seratildeo considerados se o trabalhador natildeo tenha utilizado

anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees pecuniaacuterias em outro paiacutes

Observamos que o Acordo garante prestaccedilotildees previdenciaacuterias como

benefiacutecios e contagens de tempo de contribuiccedilatildeo aos trabalhadores que natildeo apenas

se encontrem trabalhando formalmente mas que estejam de acordo com as

formalidades estabelecidas no mesmo O trabalhador que quer pleitear benefiacutecio

somente eacute possiacutevel na forma prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do Regulamento

ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo reconheccedila em face agrave

sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo o trabalhador tem direito

Fica aiacute uma demonstraccedilatildeo que a Proteccedilatildeo Previdenciaacuteria prevista no Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL apresentou avanccedilos no acircmbito da

proteccedilatildeo social dos trabalhadores empregados que circulam no Bloco

Anteriormente com os acordos bilaterais a garantia de proteccedilatildeo

previdenciaacuteria aos paiacuteses signataacuterios era restrita aos dois paiacuteses que assinavam o

acordo Agora haacute uma ampliaccedilatildeo da proteccedilatildeo previdenciaacuteria fortalecendo os paiacuteses

do MERCOSUL no que tange a circulaccedilatildeo de trabalhadores e consequentemente

conhecimento tecnologia cultura assim como outros benefiacutecios decorrentes de uma

regionalizaccedilatildeo mas natildeo garante automaticamente o tempo de contribuiccedilatildeo sem que

o Estado em que trabalhou documente esse tempo como reconhecido

necessitando portanto de muitos ajustes para garantia completa deste e tambeacutem

outros trabalhadores que prestam serviccedilos no Brasil na Argentina no Paraguai e no

Uruguai e futuramente na Venezuela que natildeo foram assegurados no Acordo como

os contribuintes individuais domeacutesticos e segurados especiais

83

REFEREcircNCIAS

ACORDO multilateral de seguridade social do mercado comum do sul REGULAMENTO administrativo para a aplicaccedilatildeo de seguridade social do mercado comum do sul (Brasil) Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdaim_5722_2006htmlgt ALVES Carlos Marne Dias 2006 A Previdecircncia no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo

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Residecircncia para Nacionais dos Estados-Partes do Mercado Comum do Sul MERCOSUL Boliacutevia e Chile BRAVO N de Las M ALLINEY M C AVENDANtildeO G V Un avance en el proceso de integracioacuten social en el MERCOSUR el Acuerdo Multilateral de Seguridad Social In PIMENTEL L O (Coord) Mercosul Alca e Integraccedilatildeo Euro-Latino-Americana Curitiba Juruaacute 2001 BULMER-THOMAS V A Uniatildeo Europeacuteia e o Mercosul perspectivas de um tratado de livre comeacutercio e suas implicaccedilotildees sobre os Estados Unidos In REIS C N (Org) Ameacuterica Latina crescimento no comeacutercio mundial e exclusatildeo social Porto Alegre Dacasa EditoraPalmarica 2001 275 p CARVALHO A PARENTE A Impactos comerciais da aacuterea de livre comeacutercio das Ameacutericas Rio de Janeiro IPEA mar 1999 (Texto para Discussatildeo n 635) CASELLA Paulo Borba Mercosul exigecircncias e perspectivas Satildeo Paulo LTr 1996 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27 CASTRO Maria Silvia Portella de Reflexos do Mercosul no mercado de trabalho Satildeo Paulo em Perspectiva Fundaccedilatildeo Seade Satildeo Paulo v 9 n1 janmar 1995 CAVALCANTI M A F H Integraccedilatildeo econocircmica e localizaccedilatildeo sob concorrecircncia imperfeita Rio de Janeiro BNDES 20ordm Precircmio BNDES de Economia 1997 CHIARELLI Matto Tota CHIARELLI Carlos Alberto Gomes (Coord) Temas de integraccedilatildeo com enfoque no Mercosul v 1 Satildeo Paulo LTR 1997 COORDINADORA DE LAS CENTRALES SINDICALES DEL MERCOSUR La Centralidad del empleo y del trabajo para la integracioacuten Del Mercosur Documento de Anaacutelisis Buenos Aires 2004 COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007

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MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio Tomo I Noccedilotildees de direito previdenciaacuterio 3ed Satildeo Paulo LTr 2005

______ Curso de direito previdenciaacuterio Tomo II Previdecircncia Social 2 ed Satildeo Paulo LTr 2007

MELO Adriane Claacuteudia Mercosul em movimento II In Supranacionalidade e intergovernabilidade no Mercosul Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 MELLO e SOUZA Andreacute de OLIVEIRA Ivan Tiago Machado GONCcedilALVES Samo Seacutergio IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Avanccediladas Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de Integraccedilatildeo no MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrsites0002publicacoestdstd_1477pdfgt Acesso em 18102010 MERCOSUL e paiacuteses integrantes Disponiacutevel em lthttpwwwbrasilescolacomgeografiamercosul-paises-integranteshtmgt Acesso em 18102010 MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwmercosurorguygt Acesso em 10032010 MINISTEacuteRIO da Previdecircncia Social Disponiacutevel em ltwwwmpsgovbrgt Acesso em 30032011 MERCOSUL Acordos e Protocolos na Aacuterea Juriacutedica Porto Alegre Livraria do Advogado 1996 (Seacuterie Integraccedilatildeo Latino-Americana) MINISTEacuteRIO do Trabalho e Emprego Coordenaccedilatildeo Geral de Imigraccedilatildeo Disponiacutevel em ltwwwmtegovbrgt Acesso em 20112010 MONTOYA M A Os custos e benefiacutecios da integraccedilatildeo econocircmica do grupo andino uma anaacutelise do comeacutercio intra-regional do setor agropecuaacuterio Anaacutelise Econocircmica ano 12 p74-92 marccedilo-setembro 1994 MORE Rodrigo Fernandes Integraccedilatildeo econocircmica Internacional Jus Navigandi Teresina ano 6 n 59 outubro 2002 Disponiacutevel em lthttpjusuolcombrrevistatexto3307integracao-economica-internacionalgt Acesso em 24102010

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93

ANEXOS

94

ANEXO 1

Estrutura Institucional do MERCOSUL

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ANEXO 2

Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses

acordantes - 20072009

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20072009

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS

INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por

Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2007 482 293 33 54 88 14 TOTAL 2008 858 431 62 58 292 15 2009 1616 1052 79 131 335 19 2007 17 9 ndash 8 ndash ndash Argentina 2008 27 15 ndash 8 4 ndash 2009 45 30 1 10 4 ndash 2007 19 16 ndash 1 2 ndash Chile 2008 6 4 2 ndash ndash ndash 2009 1 1 ndash ndash ndash ndash 2007 121 87 9 12 11 2 Espanha 2008 239 127 16 14 79 3 2009 549 363 25 52 102 7 2007 2 ndash 1 ndash 1 ndash Greacutecia 2008 5 4 ndash ndash 1 ndash 2009 14 11 ndash 1 2 ndash 2007 46 39 1 ndash 6 ndash Itaacutelia 2008 80 69 1 2 7 1 2009 163 139 3 2 18 1 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2008 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2009 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Mercosul 2008 4 4 ndash ndash ndash ndash 2009 28 21 ndash 5 2 ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Paraguai 2008 2 2 ndash ndash ndash ndash 2009 4 4 ndash ndash ndash ndash 2007 259 136 22 22 68 11 Portugal 2008 470 195 43 26 196 10 2009 778 453 49 60 205 11 2007 18 6 ndash 11 ndash 1 Uruguai 2008 25 11 ndash 8 5 1 2009 34 30 1 1 2 ndash

FONTE MPSSEAssessoria de Assuntos Internacionais

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Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo

paiacuteses acordantes - 20012003

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20012003

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2001 148 37 8 17 86 ndash TOTAL 2002 368 146 18 19 182 3 2003 444 232 25 25 162 ndash 2001 2 ndash 1 1 ndash ndash Argentina 2002 5 2 ndash 3 ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 2 2 ndash ndash ndash ndash Chile 2002 2 1 ndash ndash 1 ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash 2001 27 14 3 2 8 ndash Espanha 2002 106 71 5 4 26 ndash 2003 201 128 7 20 46 ndash 2001 1 ndash ndash ndash 1 ndash Greacutecia 2002 4 1 ndash 2 1 ndash 2003 7 5 1 ndash 1 ndash 2001 3 1 ndash ndash 2 ndash Itaacutelia 2002 17 16 1 ndash ndash ndash 2003 19 15 1 ndash 3 ndash 2001 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2002 3 3 ndash ndash ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 105 19 4 7 75 ndash Portugal 2002 224 52 12 3 154 3 2003 215 82 16 5 112 ndash 2001 8 1 ndash 7 ndash ndash Uruguai 2002 7 ndash ndash 7 ndash ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash

FONTE DATAPREV SUB

97

ANEXO 3

JURISPRUDEcircNCIA

ACOacuteRDAtildeO 1

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20067110006064-5RS

RELATOR Juiz Federal GUILHERME PINHO MACHADO

APELANTE JUAN MARIO LOPES BARBOZA

ADVOGADO Jose Ricardo Caetano Costa

APELADO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria Regional da PFE-INSS

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilOCONTRIBUICcedilAtildeO ACORDO PREVIDENCIAacuteRIO ENTRE BRASIL E URUGUAI COcircMPUTO DE TEMPO DE SERVICcedilO ANTERIOR AO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 57222006 INCIDEcircNCIA DOS ARTS V E VII DO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 8524880 AUSEcircNCIA DE IRREGULARIDADE NA CONDUTA DO INSS RETARDO NO ATENDIMENTO DO PEDIDO DECORREcircNCIA DA NECESSIDADE DE OBTENCcedilAtildeO DE PARECER DA INSTITUICcedilAtildeO PREVIDENCIAacuteRIA ALIENIacuteGENA

1 Em 27 de janeiro de 1977 foi assinado em Montevideacuteu o Acordo de Previdecircncia Social entre os Governos do Brasil e do Uruguai que teve seu texto aprovado pelo Decreto Legislativo nordm 6778 e promulgado pelo Decreto Presidencial nordm 852481980 publicado em 15101980 2 Posteriormente foi celebrado em 15121997 o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum e seu Regulamento Administrativo contendo o respectivo Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o qual entrou em vigor no plano internacional em 01062005 tendo sido promulgado no Brasil por intermeacutedio do Decreto Presidencial nordm 57222006 publicado em 13032006 3 Sendo os periacuteodos controvertidos anteriores agrave vigecircncia do Acordo de Seguridade Social do Mercosul natildeo tem aplicabilidade por decorrecircncia tal regramento na espeacutecie na forma dos arts 8ordm e 17 do Decreto Presidencial nordm 57222006 4 O direito invocado pelo autor assim deve ser examinado agrave luz dos artigos V e VII do Decreto Presidencial nordm 8524880 que promulga o Acordo de Previdecircncia Social celebrado entre Brasil e Uruguai devendo o cocircmputo dos periacuteodos trabalhados nos signataacuterios ser regido pela legislaccedilatildeo do paiacutes onde tenham sido realizados os respectivos serviccedilos sendo que caberaacute agrave entidade gestora do paiacutes em que natildeo foi apresentado o pedido de aposentadoria informar se o interessado comprova os periacuteodos de atividades cumpridos em seu territoacuterio informaccedilatildeo essa a ser prestada agrave entidade similar do paiacutes em que feito o pedido de concessatildeo de benefiacutecio

98

5 Nesse contexto natildeo haacute falar em desiacutedia ou ineficiecircncia do INSS no atendimento do requerimento do autor uma vez que o retardo para anaacutelise do pedido decorrente da necessidade de se obter a teor do acordo internacional que regula a mateacuteria parecer da respectiva instituiccedilatildeo de previdecircncia alieniacutegena

ACOacuteRDAtildeO 2

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 0000395-6720104049999SC

RELATOR Des Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO ARI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA PREVIDENCIAacuteRIO PROCESSUAL CIVIL AGRAVO RETIDO IMPROVIDO CONCESSAtildeO DE APOSENTADORIA POR IDADE RURAL SEGURADO ESPECIAL REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR EXERCIacuteCIO NO PARAGUAI CAREcircNCIA Segundo prevecirc o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o periacuteodo de labor rural exercido em outro paiacutes in casu no Paraguai natildeo eacute haacutebil para caracterizaccedilatildeo de lapso carencial quando ausente a certificaccedilatildeo do labor pelo outro Estado signataacuterio

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia 6ordf Turma do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por maioria negar provimento ao agravo retido extinguir o feito sem julgamento de meacuterito e julgar prejudicada a apelaccedilatildeo do INSS e a remessa oficial vencido o Juiz Federal Loraci Flores de Lima nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 10 de agosto de 2010

Desembargador Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA Relator

99

ACOacuteRDAtildeO 3

APELACcedilAtildeOREEXAME NECESSAacuteRIO Nordm 20047104009576-7RS

RELATOR Des Federal LUIacuteS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE

APELANTE ENRIQUE MANUEL EIRAS MAYO

ADVOGADO Igor Loss da Silva

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO (Os mesmos)

REMETENTE JUIacuteZO SUBSTITUTO DA 02A VF DE PASSO FUNDO

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilO CONCESSAtildeO RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL COMPROVACcedilAtildeO CONVERSAtildeO TEMPO DE SERVICcedilO NO EXTERIOR (REPUacuteBLICA ARGENTINA) ACORDO BILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL (DECRETO Ndeg 8791882) TEMPUS REGIT ACTUM ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL (DECRETO Ndeg 572206) APLICACcedilAtildeO A ATOS JURIacuteDICOS FUTUROS POSSIBILIDADE TOTALIZACcedilAtildeO DOS PERIacuteODOS DE CONTRIBUICcedilAtildeO POSSIBILIDADE CAacuteLCULO DE RMI PROPORCIONALIDADE BENEFIacuteCIO EVENTUALMENTE COMPOSTO DE DUAS PARCELAS SE SATISFEITOS OS REQUISITOS EM AMBOS OS PAIacuteSES DETERMINACcedilAtildeO DA CONCESSAtildeO DO BENEFIacuteCIO NA ARGENTINA IMPOSSIBILIDADE TRAcircMITE DE PEDIDO DE APOSENTADORIA PELOS ORGANISMOS DE LIGACcedilAtildeO 1 Uma vez exercida atividade enquadraacutevel como especial sob a eacutegide da legislaccedilatildeo que a ampara o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal e ao acreacutescimo decorrente da sua conversatildeo em tempo de serviccedilo comum no acircmbito do Regime Geral de Previdecircncia Social A Lei nordm 971198 e o Regulamento Geral da Previdecircncia Social aprovado pelo Decreto nordm 3048 de 06-05-1999 resguardam o direito adquirido de os segurados terem convertido o tempo de serviccedilo especial em comum ateacute 28-05-1998 observada para fins de enquadramento a legislaccedilatildeo vigente agrave eacutepoca da prestaccedilatildeo do serviccedilo 2 Ateacute 28-04-1995 eacute admissiacutevel o reconhecimento da especialidade por categoria profissional ou por sujeiccedilatildeo a agentes nocivos aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruiacutedo) a partir de 29-04-1995 natildeo mais eacute possiacutevel o enquadramento por categoria profissional devendo existir comprovaccedilatildeo da sujeiccedilatildeo a agentes nocivos por qualquer meio de prova ateacute 05-03-1997 e a partir de entatildeo e ateacute 28-05-1998 por meio de formulaacuterio embasado em laudo teacutecnico ou por meio de periacutecia teacutecnica 3 Nos termos do que preconiza a regra do tempus regit actum tendo o segurado laborado na Argentina entre a deacutecada de 60 e 70 bem como datando o requerimento administrativo de 2000 deve-se aplicar o Decreto ndeg 8791882 para

100

fins de verificaccedilatildeo do seu direito agrave contagem do tempo laborado no exterior bem como agrave concessatildeo de aposentadoria por tempo de serviccedilo no Brasil 4 Aplicaccedilatildeo do Decreto ndeg 572206 quanto a questotildees de procedimentos ainda pendentes ressaltando-se natildeo se tratar de aplicaccedilatildeo retroativa porque referente a atos ainda inocorridos estando desde jaacute ressalvados os direitos adquiridos 5 A verificaccedilatildeo do direito agrave aposentadoria em cada Estado Acordante se daraacute com a soma (totalizaccedilatildeo nos termos do Decreto ndeg 8791882) dos periacuteodos laborados em cada um dos paiacuteses como se os periacuteodos de seguro totalizados houvessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo (art VIII a do Decreto ndeg 8791882) Eacute possiacutevel que o segurado possua quando do requerimento de concessatildeo apenas direito agrave aposentadoria em um dos Estados Acordantes o que natildeo impede a concessatildeo proporcional 6 Os valores corresponde a cada entidade gestora (Brasil e Argentina) seratildeo resultantes da proporccedilatildeo estabelecida entre o periacuteodo totalizado e o tempo cumprido sob a legislaccedilatildeo de seu proacuteprio Estado vedada a concessatildeo de benefiacutecio com valor inferior a um salaacuterio miacutenimo (art XII a do Decreto ndeg 8791882 bem como do art 201 sect 2deg) 7 Natildeo eacute de competecircncia deste juiacutezo verificar o direito do autor agrave aposentadoria na Repuacuteblica Argentina pela impossiacutevel de sua condenaccedilatildeo ao pagamento em decorrecircncia das imunidades de jurisdiccedilatildeo e execuccedilatildeo insuperaacuteveis no caso O proacuteprio Acordo Bilateral de Seguridade Social do Brasil e da Argentina (Decreto ndeg 8791882) determina que o exame de meacuterito - do direito agrave aposentadoria - caberaacute independentemente a cada Estado Acordante natildeo se podendo questionar a decisatildeo de aposentadoria 8 O tracircmite do pedido de aposentadoria na Argentina deve ocorrer atraveacutes dos Organismos de Ligaccedilatildeo (Art 1 d do Decreto ndeg 572206 cc art 2 ndeg 3 da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) com o estabelecimento de regras para 9apresentaccedilatildeo por meio deles de solicitaccedilotildees ao outro paiacutes Acordante quanto agraves prestaccedilotildees pecuniaacuterias (Tiacutetulo VI da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade determinar a implantaccedilatildeo do benefiacutecio dar parcial provimento ao apelo do autor parcial provimento ao apelo do INSS e parcial provimento agrave remessa oficial nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 11 de fevereiro de 2010

Desembargador Federal Luiacutes Alberto dAzevedo Aurvalle Relator

101

ACOacuteRDAtildeO 4

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC

RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO NELSI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA 1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

Porto Alegre 12 de janeiro de 2010

LORACI FLORES DE LIMA

Relator

102

ANEXO 4

Formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo do

Deslocamento Temporaacuterio

103

104

105

106

107

108

109

110

111

112

Page 3: A PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA PREVISTA NO ACORDO …

RESUMO

A pesquisa aborda a proteccedilatildeo previdenciaacuteria dos trabalhadores dos paiacuteses signataacuterios do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL este que foi assinado em 15 de dezembro de 1997 e entrou em vigor em 1ordm de junho de 2005 No Brasil o referido Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo nordm 451 de 14 de novembro de 2001 e promulgado pelo Decreto nordm 5722 de 13 de marccedilo de 2006 O acordo Multilateral de Seguridade Social (AMSS) coordena as distintas legislaccedilotildees nacionais que tratam sobre Seguridade Social sem criar um direito ou regra comum aos Estados Partes apenas cria um procedimento para reconhecimento do tempo de contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria no trabalho realizado em qualquer dos Estados Partes A pesquisa objetivou discutir a garantia do direito a benefiacutecios previdenciaacuterios aos trabalhadores que circulam com suas famiacutelias nos paiacuteses integrantes do MERCOSUL tem como objetivo tambeacutem analisar os avanccedilos na aacuterea da seguridade social no contexto da integraccedilatildeo regional sob o ponto de vista da proteccedilatildeo previdenciaacuteria discutir os avanccedilos e limites da proteccedilatildeo previdenciaacuteria prevista no Acordo Multilateral de Seguridade Social e apresentar as normas vigentes para o acesso aos benefiacutecios atraveacutes do Acordo A pesquisa eacute qualitativa e os dados foram coletados em bases documentais e atraveacutes de pesquisa bibliograacutefica organizada em 3 capiacutetulos discorrendo sobre a integraccedilatildeo regional e a construccedilatildeo do MERCOSUL os acordos internacionais de Seguridade Social os organismos internacionais de Seguridade Social assim como as normas operacionais do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL

Palavras-chave Seguridade Social Previdecircncia Social MERCOSUL Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL

ABSTRACT

This research addresses the social security protection for workers from countries signatory to the MERCOSUL Multilateral Agreement on Social Security which was signed on 15th December 1997 and entered into force on 1st June 2005 In Brazil the agreement was approved by Legislative Decree No 451 of 14th November 2001 and promulgated by Decree No 5722 of 13th March 2006 The Multilateral Agreement on Social Security (AMSS) coordinates the various national laws that deal with Social Security without creating a common law or rule for the member states apart from creating a procedure for recognition of pension contributions on time worked in any of the member states This research discusses the guarantee of the right to social security benefits to workers who move with their families within the MERCOSUL countries and it also aims to examine the advances in the field of social security in the context of regional integration from the point of view of social security protection to discuss the strengths and weaknesses of social security protection under the Multilateral Agreement on Social Security and to present the standards for access to benefits through the agreement The research is qualitative and the data was collected in databases and through bibliographical research The research is organized into three chapters which discuss regional integration and the establishment of MERCOSUL the international agreements regarding international Social Security the international organizations relating to Social Security as well as the operational standards of MERCOSULrsquos Multilateral Agreement on Social Security Keywords Social Security Workersrsquo Rights MERCOSUL MERCOSUL Multilateral Agreement on Social Security

LISTA DE SIGLAS

ALADI ALALC ALCA AISS BENELUX BID CAJAI CISS CCSCS CE CECA CEE CEEA CEPAL CES CMC DAT DCB DDB DER DIB DIC DID DII DIP EFTA EUA EURES FCES FSE FOCEM GATT GMC INTAL IPEA MERCOSUL NAFTA OAB OEA OISS OIT ONU Pacto do ABC PESC PIB PICE POP RGPS RPPS

Associaccedilatildeo Latino-Americana de Integraccedilatildeo Associaccedilatildeo Latino-Americana de Livre Comeacutercio Aacuterea de Livre Comeacutercio das Ameacutericas Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social Uniatildeo Econocircmica formada pela Beacutelgica Paiacuteses Baixos e Luxemburgo BID ndash Banco Interamericano de Desenvolvimento Cooperaccedilatildeo no Acircmbito da Justiccedila e dos Assuntos Internos Conferecircncia Interamericana de Seguridade Social Coordenadoria das Centrais Sindicais do Cone Sul Comunidade Europeacuteia Comunidade Europeacuteia do Carvatildeo e do Accedilo Comunidade Econocircmica Europeacuteia Comunidade Econocircmica de Energia Atocircmica Comissatildeo Econocircmica das Naccedilotildees Unidas para a Ameacuterica Latina e Caribe Comitecirc Econocircmico e Social Conselho do Mercado Comum Data do Afastamento do Trabalho Data da cessaccedilatildeo do benefiacutecio Data do Despacho do Benefiacutecio Data da Entrada do Requerimento Data do iniacutecio do benefiacutecio Data do iniacutecio das contribuiccedilotildees Data do iniacutecio da doenccedila Data do iniacutecio da incapacidade Data do iniacutecio do pagamento Associaccedilatildeo Europeacuteia de Livre Comeacutercio Estados Unidos da Ameacuterica Rede Europeacuteia de Serviccedilos Foro Consultivo Econocircmico e Social Fundo Social Europeu Fundo para a Convergecircncia Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul Acordo Geral de Tarifas e Comeacutercio Grupo Mercado Comum Instituto para a Integraccedilatildeo da Ameacuterica Latina Instituto de Pesquisas Econocircmicas Avanccediladas Mercado Comum do Sul Acordo Norte-Americano de Livre Comeacutercio Ordem dos Advogados do Brasil Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Pacto do Brasil Argentina e Chile Poliacutetica de Exterior e Seguranccedila Comum Produto Interno Bruto Programa de Integraccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo Econocircmica entre Brasil e Argentina Protocolo de Ouro Preto Regime Geral de Previdecircncia Social Regime Proacuteprio de Previdecircncia Social

SIACI SUSS SGT TAUE TCE TCEE TEC TJCE TUE UE ZLC

Sistema de Acordos Internacionais Sistema Uacutenico de Seguridade Social Subgrupo de Trabalho Tratado do Ato Uacutenico Europeu Tratado da Comunidade Europeia Tratado da Comunidade Econocircmica Europeia Tarifa Externa Comum Tribunal de Justiccedila das Comunidades Europeias Tratado da Uniatildeo Europeia Uniatildeo Europeia Zona de Livre Comeacutercio

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1 Demonstrativo das autorizaccedilotildees de trabalhos concedidas a pessoas dos Estados Partes do MERCOSUL 28

Tabela 2 Resumo da anaacutelise dos sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL 43

Tabela 3 ndash Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social 52

Quadro 1 Demonstrativo de algumas assimetrias no bloco 25

Quadro 2 Organismos de Ligaccedilatildeo no Brasil para acordos com outros paiacuteses 66

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO 1 13 1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES 13 11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO 13 12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL 16

121 Fases da Integraccedilatildeo 16 122 Antecedentes Histoacutericos 18 123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais 21 13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL 24

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas 26 132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL 32 CAPIacuteTULO 2 44 2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 44

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL 48 23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE

SOCIAL 51 24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 53 241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral 56

CAPIacuteTULO 3 60

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL NO MERCOSUL 60

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 62

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS 64

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 69

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade Social 74

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios 74 333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo 76

CONCLUSAtildeO 80

REFEREcircNCIAS 83

ANEXOS 93

Ao Emerson pelo incentivo ao estudo Aos professores Marco Antocircnio Ceacutesar Villatore e Lenir Mainardes da Silva pela colaboraccedilatildeo tatildeo valiosa na conclusatildeo deste trabalho

Agrave minha orientadora Lucia Cortes da Costa pela disposiccedilatildeo atenccedilatildeo e rigor no acompanhamento e construccedilatildeo do trabalho

Ao meu pai matildee irmatilde e irmatildeo que satildeo fontes de estiacutemulos para continuar sempre lutando

10

INTRODUCcedilAtildeO

Com o desenvolvimento da sociedade internacional e a intensificaccedilatildeo das

relaccedilotildees entre os Estados os Tratados e os Acordos se converteram na fonte

principal do Direito Internacional e assumem atualmente a funccedilatildeo similar agrave que eacute

exercida pela legislaccedilatildeo interna dos Estados pois regula as relaccedilotildees legais mais

diversas entre paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais nos campos mais variados das

relaccedilotildees humanas

O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo econocircmica e o surgimento de sistemas

regionais de integraccedilatildeo fizeram crescer de forma acentuada o fluxo migratoacuterio de

matildeo de obra para os mais diversos paiacuteses em busca de boas oportunidades

profissionais e de melhores condiccedilotildees de vida

O Brasil conta com uma grande quantidade de cidadatildeos que natildeo habitam e

natildeo exercem suas atividades laborais em seu territoacuterio nacional da mesma forma

que recebe muitos trabalhadores provenientes de outros paiacuteses

Todo este movimento traz como consequecircncia o fato de que muitos

migrantes ao contribuir para sistemas previdenciaacuterios de diversos paiacuteses

eventualmente natildeo completem os requisitos para conseguir sua aposentadoria ou

para obter outros benefiacutecios contando somente o tempo de contribuiccedilatildeo de um dos

paiacuteses nos quais trabalhou

Na esfera da seguridade social temos que destacar a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) sobre igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros a qual foi aprovada pelo Brasil em 24 de agosto de 1968

No artigo 7ordm da Convenccedilatildeo se estabelece que os paiacuteses signataacuterios teratildeo de se

esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento de direitos de

seguridade social Este sistema deve principalmente prever a totalizaccedilatildeo dos

periacuteodos de trabalho para a contabilizaccedilatildeo previdenciaacuteria de trabalho ou residecircncia

os de aquisiccedilatildeo manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de direitos bem como para o caacutelculo

das aposentadorias Desta forma eacute indispensaacutevel por em praacutetica poliacuteticas puacuteblicas

para a consecuccedilatildeo de tais direitos

No presente trabalho apresenta-se um estudo sobre o Acordo Multilateral de

Seguridade Social no MERCOSUL em virtude da perspectiva da livre circulaccedilatildeo de

trabalhadores no bloco atraveacutes do desenvolvimento de sua dimensatildeo social e a

11

internacionalizaccedilatildeo dos sistemas de previdecircncia social que passam a ter um papel

importante para viabilizaccedilatildeo de todo esse processo

Na pesquisa o objeto problematizado foi a proteccedilatildeo previdenciaacuteria prevista

no Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL qual a garantia em

relaccedilatildeo agrave manutenccedilatildeo da renda para os trabalhadores que durante sua vida de

trabalho vinculem-se a mais de um sistema previdenciaacuterio dentro do bloco regional

Para desenvolver a pesquisa a metodologia utilizada foi qualitativa

pesquisa documental bibliograacutefica e baseada em decisotildees judiciais

O texto foi dividido em trecircs capiacutetulos o primeiro aborda as informaccedilotildees

referentes agrave integraccedilatildeo regional e seus impasses como a construccedilatildeo do

MERCOSUL e assimetrias no bloco regional Retrata as dificuldades do processo de

integraccedilatildeo ocorrido entre os paiacuteses que hoje compotildeem o MERCOSUL

Neste capiacutetulo a investigaccedilatildeo parte da anaacutelise do Tratado de Assunccedilatildeo

documento marco na constituiccedilatildeo do MERCOSUL abordando as fases de

integraccedilatildeo econocircmica para o Mercado Comum do Sul quais sejam a zona de livre

comeacutercio uniatildeo aduaneira e mercado comum

O segundo capiacutetulo apresenta o processo de celebraccedilatildeo de acordos

internacionais que tratam de mateacuteria previdenciaacuteria como um fruto do fenocircmeno da

globalizaccedilatildeo e do aumento do fluxo migratoacuterio Os acordos internacionais satildeo

instrumentos que expressam a vontade dos Estados em texto escrito com o

objetivo de originar efeitos juriacutedicos na aacuterea internacional onde constam os direitos

e as obrigaccedilotildees reciacuteprocas

Diante disso foi assinado o Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL no dia 15 de dezembro de 1997 e que entrou em vigor em 2005 cujas

legislaccedilotildees no Brasil satildeo o Decreto Legislativo nordm 451 de 15 de novembro de 2001

e o regulamento Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo de 2006

A importacircncia social deste Acordo desponta a partir do momento que o

trabalhador dificilmente tem a possibilidade de optar por um tipo de viacutenculo de

trabalho em regra tendo apenas a preocupaccedilatildeo de obter e manter um emprego O

problema de como manter a renda do trabalhador na inatividade apresenta-se na

hora de se aposentar momento em que natildeo sabe como proceder e nem a quem

recorrer principalmente se transitou por paiacuteses com diferentes sistemas

previdenciaacuterios

12

A partir daiacute apresentamos os Acordos bilaterais de Previdecircncia Social

realizados pelo Brasil e especialmente o Acordo Multilateral de Seguridade Social

no MERCOSUL

Jaacute a partir do terceiro capiacutetulo passamos a analisar a aacuterea previdenciaacuteria

dentro dos objetivos inicialmente aspirados por Brasil Argentina Paraguai Uruguai

a partir das normas operacionais para eficaacutecia do Acordo Multilateral de Previdecircncia

Social Analisamos o Regulamento administrativo abordamos os oacutergatildeos de ligaccedilatildeo

e os processamentos de informaccedilotildees sobre os trabalhadores cobertos pelo Acordo

assim como a forma de solicitaccedilatildeo de benefiacutecios totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de tempo

de contribuiccedilatildeo e as normas operacionais voltadas agraves empresas e aos trabalhadores

no deslocamento temporaacuterio de trabalhadores nos paiacuteses pertencentes ao bloco

13

CAPIacuteTULO 1

1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES

11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO

O Mercado Comum do Sul MERCOSUL desenvolveu-se por fases de

integraccedilatildeo e atualmente eacute uma Uniatildeo Aduaneira e seu objetivo eacute evoluir agrave condiccedilatildeo

de Mercado Comum Muito embora o Tratado de Assunccedilatildeo seja um acordo

internacional de cunho marcadamente econocircmico sua assinatura significou um

projeto estrateacutegico regional em que os alicerces que enquadram as relaccedilotildees entre

os Estados Partes representa acima de tudo um acordo poliacutetico

O MERCOSUL pode ser considerado um fator de estabilidade na regiatildeo

pois gera uma trama de interesses e relaccedilotildees que torna mais profundas as ligaccedilotildees

entre os paiacuteses tanto econocircmicas quanto poliacuteticas

Os responsaacuteveis poliacuteticos as burocracias estatais os trabalhadores e os

empresaacuterios tecircm no MERCOSUL um acircmbito de discussatildeo de muacuteltiplas e complexas

facetas em que podem ser abordados assuntos de interesse comum1

De acordo com More a regionalizaccedilatildeo pode ser compreendida como segue

Regionalizaccedilatildeo pode ser definida numa oacutetica econocircmica como o conjunto de medidas tomadas pelo Estado para aumentar ou diminuir os obstaacuteculos agraves trocas aos investimentos aos fluxos de capitais e aos movimentos de fatores entre os grupos de paiacuteses envolvidos Numa perspectiva juriacutedica eacute o fenocircmeno resultante da composiccedilatildeo dos interesses econocircmicos atraveacutes de acordos internacionais que visam delimitar e fixar positivamente os objetivos e os meios de realizaccedilatildeo destes interesses

2

Para Praxedes e Piletti3 regionalizaccedilatildeo e globalizaccedilatildeo satildeo dois processos

simultacircneos que estatildeo ocorrendo no mundo atual Enquanto a globalizaccedilatildeo consiste

no processo de dissoluccedilatildeo das fronteiras entre os paiacuteses para facilitar a atuaccedilatildeo

1 Sobre o MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwmercosurorguygt Acesso em 10032010

2 MORE Rodrigo Fernandes Fundamentos das Operaccedilotildees de Paz das Naccedilotildees Unidas e a

Questatildeo de Timor Leste Dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo de tiacutetulo de mestre em direito na Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo Biblioteca da Faculdade de Direito da USP 2002

3 PRAXEDES Walter PILETTI Nelson O Mercosul e a Sociedade Global 8 ed Satildeo Paulo

Aacutetica 1997 p 58

14

das empresas transnacionais a regionalizaccedilatildeo consiste na formaccedilatildeo de blocos

regionais para defender as empresas jaacute instaladas na regiatildeo contra a concorrecircncia

de empresas de outras regiotildees ou paiacuteses

Apesar de estes dois movimentos interagirem natildeo deixam de ser

contraditoacuterios jaacute que a globalizaccedilatildeo aposta na livre circulaccedilatildeo em niacutevel mundial

enquanto a regionalizaccedilatildeo une paiacuteses para fortalecer geralmente com praacuteticas

protecionistas quando se trata de comeacutercio exterior4

De acordo com Kol5 citado por More

6 observamos que existem pelo menos

trecircs modalidades de regionalismo em relaccedilatildeo ao desenvolvimento do comeacutercio

mundial formaccedilatildeo de blocos regionalismo e polarizaccedilatildeo

A formaccedilatildeo de blocos refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo do comeacutercio

internacional entre paiacuteses membros de um acordo formal de livre comeacutercio ou outro

acordo formal de integraccedilatildeo econocircmica O Regionalismo que expressa vontade

poliacutetica dos Estados refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo de comeacutercio

internacional entre paiacuteses que satildeo parte de um grupo de Estados com

predominacircncia do elemento de proximidade geograacutefica

Nesta perspectiva a regionalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno natural diretamente

ligado ao fator proximidade geograacutefica tal como ocorre entre zonas fronteiriccedilas E

finalmente a polarizaccedilatildeo apresenta-se como um caso especial de regionalismo

entre paiacuteses em diferentes estaacutegios de desenvolvimento Eacute uma relativa

concentraccedilatildeo de comeacutercio internacional de um grupo de estados em

desenvolvimento com um grupo de Estados industrializados em proximidade

geograacutefica

Percebe-se desta classificaccedilatildeo de Kol que o termo regionalizaccedilatildeo eacute distinto

do termo regionalismo Para a proposta de Kol o fenocircmeno de regionalizaccedilatildeo

explica movimentos naturais da economia que ao longo do tempo foram a proacutepria

razatildeo do aprofundamento e alargamento dos processos de integraccedilatildeo pelos de

4 PEREIRA Joseacute Adriano Mercosul em Movimento II In Liberalismo econocircmico e processo de

integraccedilatildeo na Ameacuterica Latina Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 p 100 5 Estudioso da Integraccedilatildeo Econocircmica Internacional na Universidade Erasmus de Rotterdan

6 KOL Jacob Regionalization Polarization and Blocformation in the World Economy Revista

Integraccedilatildeo e especializaccedilatildeo Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Coimbra 1996 p 17 apud MORE Rodrigo Fernandes Integraccedilatildeo econocircmica Internacional Jus Navigandi Teresina ano 6 n 59 outubro 2002 Disponiacutevel em lthttpjusuolcombrrevistatexto3307integracao-economica-internacionalgt Acesso em 24102010

15

acordos formais seja para formaccedilatildeo de aacutereas de livre comeacutercio bilaterais ou de

proacutepria formaccedilatildeo de blocos econocircmicos

No mesmo sentido Ana Maria Stuart entende regionalismo como construccedilatildeo

de uma nova dimensatildeo poliacutetica econocircmica e social na qual se processa a

transformaccedilatildeo do Estado-naccedilatildeo em especial de seus atributos de autonomia e

soberania e regionalizaccedilatildeo eacute a integraccedilatildeo com base crescente de interdependecircncia

econocircmica e na resoluccedilatildeo dos problemas colocados pelos mercados7

Soares aponta que a constituiccedilatildeo de um mercado comum afina as relaccedilotildees

comerciais poliacuteticas cientiacuteficas acadecircmicas culturais e tem como dentre outras

as seguintes vantagens

- maior variedade de bens finais agrave disposiccedilatildeo dos consumidores o que representa um incremento em seu bem estar maior concorrecircncia que implica entre outras coisas maior qualidade dos bens e serviccedilos oferecidos menores preccedilos e uma atribuiccedilatildeo de recursos mais eficiente uma importante economia de recursos que inicialmente se destinam agraves reparticcedilotildees aduaneiras - melhor atribuiccedilatildeo de recursos - reduccedilatildeo dos custos de transporte e comunicaccedilatildeo pela integraccedilatildeo fiacutesica dos Estados Partes que contempla o MERCOSUL

8

Ocorre que o processo de integraccedilatildeo natildeo pode se resumir a uma integraccedilatildeo

com conotaccedilatildeo apenas econocircmica pois para dar certo a economia haacute

envolvimento de trabalhadores e portanto o processo de integraccedilatildeo deve viabilizar

uma integraccedilatildeo em todos os seus aspectos econocircmico poliacutetico e tambeacutem e tatildeo

importante o aspecto social Neste sentido ainda comenta Soares9 que a

participaccedilatildeo dos Estados eacute decisiva para a integraccedilatildeo dos blocos econocircmicos

visando ao processo poliacutetico para a criaccedilatildeo do mercado dentro de paracircmetros

democraacuteticos

As relaccedilotildees poliacuteticas internacionais e a formaccedilatildeo dos blocos econocircmicos

vecircm a ser uma estrateacutegia organizada pelos Estados O MERCOSUL constitui-se

7 STUART Ana Maria A construccedilatildeo de um novo regionalismo In MENDES Jussara Maria Rosa

et al (Orgs) Mercosul em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 107

8 SOARES Maacuterio Luacutecio Quintatildeo MERCOSUL direitos humanos globalizaccedilatildeo e soberania Belo

Horizonte Del Rey 1997 p 86 9 Ibid

16

como um bloco intergovernamental que resulta de decisatildeo poliacutetica dos governos

dos Estados Partes na busca pela integraccedilatildeo regional10

Estudando a formaccedilatildeo e o desenvolvimento do MERCOSUL observamos

que para que uma integraccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria vontade poliacutetica nas questotildees de

desenvolvimento social promoccedilatildeo de intercacircmbio cultural e laboral preocupaccedilatildeo

quanto agraves questotildees de direitos humanos seguridade social entre outras

12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL

121 Fases da Integraccedilatildeo

No dia 30 de novembro de 1985 Argentina e Brasil inauguram um novo

esquema de integraccedilatildeo mediante a Declaraccedilatildeo de Iguaccedilu com a qual inicia uma

comissatildeo mista de alto niacutevel integrada por representantes dos governos e

instituiccedilotildees empresariais cujos trabalhos deram lugar agrave assinatura da Ata para

integraccedilatildeo argentino-brasileira de 29 de julho de 1986 A Ata estabeleceu um

programa de Integraccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo econocircmica entre as duas repuacuteblicas

Segundo Jaeger Junior11

ldquonascia nesse momento o embriatildeo do bloco regional do

Cone Sulrdquo

Em 1988 eacute assinado o Tratado de Integraccedilatildeo Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento entre Brasil e Argentina que se deve ao fato de buscar um espaccedilo

econocircmico comum a ser concretizado na eliminaccedilatildeo de todas as restriccedilotildees tarifaacuterias

e natildeo-tarifaacuterias ao comeacutercio de bens e serviccedilos A inflaccedilatildeo que accediloitou ambos os

paiacuteses em 1989 e 1990 e o fracasso de seus respectivos planos econocircmicos

austral e cruzado desembocaram para que uma vez mais as poliacuteticas comerciais

voltassem a ser restritivas estancando-se os avanccedilos da integraccedilatildeo regional12

10

COSTA Lucia Cortes da Poliacuteticas sociais no MERCOSUL desafios para uma integraccedilatildeo regional com reduccedilatildeo das desigualdades sociais In COSTA Lucia Cortes da (Org) Estado e democracia Pluralidade de questotildees Ponta Grossa Ed UEPG 2008 p 139

11 JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 1999 Disponiacutevel em ltwwwbuscalegisufscbrmercosul20e20a20livrelaccedilatildeogt Acesso em 20092010 p 30

12 KUME Honoacuterio PIANI Guida Mercosul o dilema entre uniatildeo aduaneira e aacuterea de livre-comeacutercio

Revista Economia Poliacutetica Satildeo Paulo v 25 n 4 OctDec 2005

17

Com as mudanccedilas de governo que se produziram e novos enfoques poliacutetico-

econocircmicos com objetivos similares entre os que cabiam a desregulaccedilatildeo e abertura

de suas economias o processo se revitalizou assinando-se a ata de Buenos Aires

em julho de 1990 que decide estabelecer um mercado comum entre os dois paiacuteses

Outro passo a mais foi a assinatura do Acordo de Complementaccedilatildeo

Econocircmica nuacutemero 14 que reuacutene num uacutenico corpo todos os acordos vigentes antes

celebrados entre os Brasil e Argentina adota o programa de rebaixas alfandegaacuterias

gerais lineares e automaacuteticas previsto e adota uma seacuterie de outras medidas

complementares recolhidas depois no Tratado de Assunccedilatildeo do qual o acordo

Argentina-Brasil eacute claro procedente imediato13

O Tratado de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 aproveita todos os

embasamentos estabelecidos no Acordo Argentina ndash Brasil somando-se aos

propoacutesitos de estabelecer um Mercado Comum do Sul Paraguai e Uruguai em

igualdade de direitos e de obrigaccedilotildees A integraccedilatildeo regional apresenta-se sob

diferentes fases como a zona de livre comeacutercio uniatildeo aduaneira mercado comum

uniatildeo econocircmica e monetaacuteria e integraccedilatildeo econocircmica total

Inicialmente no processo de integraccedilatildeo haacute a fase de Zona de Livre

Comeacutercio De acordo com Jaeger Junior14

a ldquozona de livre comeacutercio eacute a eliminaccedilatildeo

atraveacutes de um acordo dos obstaacuteculos tarifaacuterios e natildeo-tarifaacuterios agraves exportaccedilotildees e

importaccedilotildees comerciais dos produtos originaacuterios dos estados-membros integrantes

desta livre zonardquo Conforme o artigo 1ordm do Tratado de Assunccedilatildeo (1991) ldquoA livre

circulaccedilatildeo de bens serviccedilos e fatores produtivos entre os paiacuteses atraveacutes entre

outros da eliminaccedilatildeo dos direitos alfandegaacuterios e restriccedilotildees natildeo-tarifaacuterias agrave

circulaccedilatildeo de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalenterdquo

Em seguida haacute a fase da Uniatildeo Aduaneira em que os Estados Partes ao

reconhecerem as assimetrias entre as economias nacionais adotam uma tarifa

externa comum (TEC) em que ocorre a aboliccedilatildeo das tarifas alfandegaacuterias nas

relaccedilotildees comerciais no interior do bloco econocircmico que eacute aplicada aos paiacuteses fora

da uniatildeo15

13

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwreceitafazendagovbrlegislacaoacordosinternacionaisAcordosComplEconomicaDe

faulthtmgt Acesso em 10022011 14

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 38 15

Ibid

18

A fase posterior se daacute pela caracterizaccedilatildeo de Mercado Comum que aleacutem

da liberalizaccedilatildeo comercial estabelece a circulaccedilatildeo de pessoas serviccedilos e capitais

com liberdade fundamental sem barreiras para entrada ou saiacuteda dos cidadatildeos dos

Estados Partes Conforme Jaeger Junior16

eacute necessaacuteria nesta fase agrave adoccedilatildeo de

procedimentos quanto agrave

[] harmonizaccedilatildeo das questotildees trabalhistas e previdenciaacuterias incluindo a assistecircncia social Para os Estados Partes recebedores desse contingente de pessoas seratildeo necessaacuterias as garantias de manutenccedilatildeo da ordem da sauacutede e da seguranccedila puacuteblica

Essas liberdades eacute que permitiratildeo a consolidaccedilatildeo da integraccedilatildeo plena entre

os parceiros estatais envolvidos Neste mesmo contexto Costa17

afirma que eacute

preciso que se estabeleccedilam a harmonizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em diferentes aacutereas

entre as quais a legislaccedilatildeo trabalhista e a regulamentaccedilatildeo profissional e criar

mecanismos efetivos de aplicaccedilatildeo de direitos sociais os direitos trabalhistas e

previdenciaacuterios e tambeacutem a equivalecircncia nos diferentes niacuteveis de ensino como um

caraacuteter mais homogecircneo de serviccedilos educacionais

Ainda existe a fase da Uniatildeo Econocircmica e Monetaacuteria que ocorre quando o

mercado comum eacute combinado com a adoccedilatildeo de poliacutetica monetaacuteria e moeda uacutenica

Esta fase eacute caracterizada pela supressatildeo de restriccedilotildees sobre movimentos de

mercadorias combinada com a harmonizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas nacionais

tornando-as o mais semelhante possiacutevel18

Por fim a fase de Integraccedilatildeo Econocircmica

Total momento em que se passa a adotar uma poliacutetica monetaacuteria fiscal e social

para a unificaccedilatildeo de poliacuteticas de seguranccedila interior e exterior sendo a fase mais

profunda da integraccedilatildeo19

122 Antecedentes Histoacutericos

Apesar de jovem o MERCOSUL eacute o resultado de um processo lento de

16

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 357 17

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 33

18 JAEGER JUNIOR Op cit p 39

19 GOIN Marileacuteia O processo contraditoacuterio da educaccedilatildeo no contexto do MERCOSUL uma

anaacutelise a partir dos Planos Educacionais 2008 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Serviccedilo Social) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 45

19

amadurecimento histoacuterico que ao longo do tempo levou seus Estados Partes a

substituir o conceito de conflito pelo ideal de integraccedilatildeo20

Tal integraccedilatildeo

internacional de cunho significativamente econocircmico significou tambeacutem a coroaccedilatildeo

de um projeto estrateacutegico regional de natureza poliacutetica

Na deacutecada de 1980 o avanccedilo das ideias liberais a democratizaccedilatildeo dos

governos de vaacuterios paiacuteses por sendas constitucionais e o progressivo

desaparecimento dos governos militares geraram modificaccedilotildees importantes na

economia perderam terreno as poliacuteticas de auto-abastecimento e aumento do

comeacutercio sub-regional e introduziu-se em seu lugar a ideia de complementaccedilatildeo e

globalizaccedilatildeo das mesmas para otimizar a eficiecircncia no uso dos fatores e competir

melhor no comeacutercio mundial

Com a globalizaccedilatildeo e as expectativas no enfrentamento da nova realidade

econocircmica mundializada o Brasil a Argentina o Paraguai e o Uruguai

estabeleceram um pacto de se constituiacuterem em um bloco econocircmico regional

integrado por Estados da Ameacuterica do Sul formando o MERCOSUL

O MERCOSUL tem como fonte inspiradora algumas normas de instituiccedilatildeo

do Tratado de Montevideacuteu de 1960 criador da ALALC21

do Tratado de ROMA22

do

Tratado de Montevideacuteu de 1980 criador da ALADI23

e da Convenccedilatildeo do

BENELUX24

No Brasil a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 4ordm paraacutegrafo uacutenico

ao relacionar os princiacutepios que devem nortear as relaccedilotildees internacionais deixa clara

a intenccedilatildeo de buscar fortalecer a integraccedilatildeo dos povos na Ameacuterica Latina com o

intuito de formar uma comunidade latino-americana de naccedilotildees No entanto deixou

omisso qual o modelo de integraccedilatildeo a ser adotado ficando assim como uma mera

aspiraccedilatildeo poliacutetica do paiacutes em formar uma comunidade regional

20

Fonte extraiacuteda do site lthttpwwwclassificadosmercosulcombrmercosul_infomercosul01htmgt Acesso em 29022011

21 A Associaccedilatildeo Latino Americana de Livre Comeacutercio (ALALC) foi criada em fevereiro de 1960 e seu

Tratado encontra-se subscrito por Brasil Argentina Chile Uruguai Meacutexico Paraguai e Peru e posteriormente por Colocircmbia Equador e Venezuela tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

22 O Tratado de Roma assinado em 25 de marccedilo de 1957 influenciou na forma e nos propoacutesitos

estabelecidos na formaccedilatildeo do MERCOSUL 23

A Associaccedilatildeo Latino-Americana de Integraccedilatildeo (ALADI) foi constituiacuteda em substituiccedilatildeo agrave ALALC subscrita pelos paiacuteses membros dessa integraccedilatildeo em 12 de agosto de 1980 tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

24 A Convenccedilatildeo do BENELUX foi firmada em Londres em 5 de setembro de 1944 e ampliada pelo

Protocolo da Haia de 14 de marccedilo de 1947 entre os Estados da Beacutelgica Luxemburgo e os Paiacuteses Baixos os quais pretendiam atingir a etapa de uma integraccedilatildeo de uniatildeo econocircmica

20

A efetivaccedilatildeo do MERCOSUL se deu pela assinatura do Tratado de

Assunccedilatildeo em 26 de marccedilo de 1991 pelas Repuacuteblicas da Argentina do Brasil do

Paraguai e do Uruguai constituindo-se em uma estrateacutegia defensiva da Ameacuterica

Latina frente aos paiacuteses desenvolvidos objetivando o fortalecimento de sua

economia como mecanismo de defesa frente ao projeto da ALCA25

dando a estes

paiacuteses um melhor posicionamento no cenaacuterio mundial

Pelo consenso entre os Estados Partes o MERCOSUL busca adesatildeo de

novos membros com o objetivo de fortalecer o processo de integraccedilatildeo regional e

intensificar as relaccedilotildees com os paiacuteses membros da ALADI Associaccedilatildeo Latino-

Americana de Integraccedilatildeo Os Estados associados do MERCOSUL tecircm como

paiacuteses participantes a Boliacutevia o Chile o Peru a Colocircmbia e o Equador

Boliacutevia Equador Colocircmbia e Peru integram a Comunidade Andina (CAN)

bloco com que o MERCOSUL tambeacutem firmaraacute um acordo comercial26

O status de

membro associado se estabelece por acordos bilaterais denominados Acordos de

Complementacatildeo Econocircmica firmados entre o MERCOSUL e cada paiacutes associado

Em processo de inclusatildeo como membro efetivo do bloco estaacute a Venezuela mas

para que um paiacutes integre o bloco como membro efetivo eacute necessaacuterio que todos os

Estados Partes ratifiquem de maneira unacircnime a entrada deste no bloco

A Venezuela ratificou o protocolo de entrada em 4 de julho de 2006 Em

2005 na XXIX Conferecircncia do MERCOSUL em Montevideacuteu outorgou-se em status

de Estado membro em processo de adesatildeo que na praacutetica significa que tinha voz

mas natildeo voto27

Para a efetivaccedilatildeo da Venezuela no Bloco soacute falta a aprovaccedilatildeo do

Paraguai pois o Brasil a Argentina e o Uruguai jaacute aprovaram o protocolo de

adesatildeo28

25

ALCA ndash Aacuterea de Livre Comeacutercio das Ameacutericas As origens da ALCA remontam ao ano de 1990 quando o entatildeo presidente George Bush lanccedila a ldquoIniciativa para as Ameacutericasrdquo uma proposta de liberalizaccedilatildeo do comeacutercio hemisfeacuterico e de eliminaccedilatildeo das restriccedilotildees para os investimentos das mega-empresas norte-americanas que criaria um espaccedilo privilegiado de ampliaccedilatildeo das fronteiras econocircmicas dos Estados Unidos A ALCA eacute tambeacutem uma iniciativa que procura consolidar uma zona monetaacuteria para o doacutelar e contrabalanccedilar o impacto da formaccedilatildeo de outros grandes blocos regionais na Europa e na Aacutesia

26 Fonte extraiacuteda do site lthttpestudeonlinenetrevisao_detalheaspxcod=461gt Acesso em

29032011 27

Ibid 28

Conforme Folha Online (2009) o Paraguai natildeo aprovou a entrada da Venezuela por analisar que o Presidente Hugo Chaacutevez coloca em risco a democracia do bloco que se constitui como princiacutepio inerente para o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional conforme Protocolo de Ushuaia de julho de 1998 Disponiacutevel em lthttpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u666908shtmlgt Acesso em 20092010

21

Entretanto isto eacute uma questatildeo de tempo porque trecircs paiacuteses jaacute aceitaram

123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais

O MERCOSUL objetiva a integraccedilatildeo dos paiacuteses no sentido da expansatildeo do

mercado interno da ampliaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo da circulaccedilatildeo de riquezas

Com isso pretende o transbordamento das perspectivas de crescimento que deve

ocorrer em harmonia por meio das competiccedilotildees empresariais elevando o niacutevel de

emprego propiciando a melhoria das condiccedilotildees de vida e o desenvolvimento social

dos povos29

Em 1991 o Tratado de Assunccedilatildeo estabeleceu apenas uma estrutura

institucional provisoacuteria que natildeo conferia personalidade juriacutedica ao MERCOSUL uma

vez que seus oacutergatildeos eram totalmente dependentes dos Estados Partes Assim em

decorrecircncia das intensas negociaccedilotildees os Estado Partes decidiram a partir da

entrada em vigor do Protocolo de Ouro Preto assinado em dezembro de 1994

atribuir ao MERCOSUL personalidade juriacutedica de Direito Puacuteblico Internacional

conforme o previsto nos artigos 34 e 35 do referido protocolo30

Portanto o MERCOSUL dispotildee de personalidade juriacutedica de Direito

Internacional desde a assinatura do Protocolo de Ouro Preto (artigo 34) A

titularidade da personalidade juriacutedica do MERCOSUL eacute exercida pelo Conselho do

Mercado Comum (artigo 8ordm III) O Grupo Mercado Comum pode negociar por

delegaccedilatildeo expressa do Conselho do Mercado Comum acordos em nome do

MERCOSUL com paiacuteses terceiros grupos de paiacuteses e organismos internacionais

(artigo 14 VII)

Suas principais fontes juriacutedicas satildeo o Tratado de Assunccedilatildeo e instrumentos

adicionais ou complementares as Decisotildees do Conselho do Mercado Comum as

Resoluccedilotildees do Grupo Mercado Comum e as Diretrizes da Comissatildeo de Comeacutercio31

29

MAGALHAES Maria Luacutecia Cardoso de A harmonizaccedilatildeo dos Direitos Sociais e o MERCOSUL Belo Horizonte Editora Revista dos Tribunais 2000 p 59

30 Art 34 do Protocolo de Ouro Preto ldquoO Mercosul teraacute personalidade juriacutedica internacionalrdquo Art 35

ldquoO Mercosul poderaacute no uso de suas atribuiccedilotildees praticar todos os atos necessaacuterios agrave realizaccedilatildeo de seus objetivos em especial contratar adquirir ou alienar bens moacuteveis e imoacuteveis comparecer em juiacutezo conservar fundos e fazer transferecircnciasrdquo

31 Fonte extraiacuteda da Secretaria de Estado da Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do Mercosul ndash

SEIM Disponiacutevel em lthttpwwwseimprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=32gt Acesso em

10072010

22

O Protocolo de Ouro Preto definiu a estrutura do MERCOSUL da seguinte

forma

a) Conselho do Mercado Comum (CMC) eacute o oacutergatildeo maacuteximo do

MERCOSUL ao qual cabe a conduccedilatildeo poliacutetica do processo de

integraccedilatildeo e pela tomada de decisotildees para garantir o cumprimento dos

objetivos e prazos estabelecidos pelo ldquoTratado de Assunccedilatildeordquo O CMC eacute

formado pelos Ministros das Relaccedilotildees Exteriores e da Economia dos

paiacuteses membros

b) Grupo Mercado Comum (GMC) eacute o oacutergatildeo executivo do MERCOSUL

coordenado pelos Ministeacuterios de Relaccedilotildees Exteriores de cada paiacutes eacute o

principal oacutergatildeo de implementaccedilatildeo dos objetivos do MERCOSUL e de

supervisatildeo de seu funcionamento examinando as questotildees em niacutevel

mais profundo que o Conselho O Grupo Mercado Comum eacute

assessorado em suas atividades por Subgrupos de Trabalho Reuniotildees

Especializadas e Grupos ldquoAd Hocrdquo cada um desses foros auxiliares trata

de temas especiacuteficos

Subgrupos de Trabalho (SGT) SGT 01 - Comunicaccedilotildees SGT 02 -

Aspectos Institucionais SGT 03 - Regulamentos Teacutecnicos SGT 04 -

Assuntos Financeiros SGT 05 - Transportes SGT 06 - Meio Ambiente

SGT 07 - Induacutestria SGT 08 - Agricultura SGT 09 - Energia e Mineraccedilatildeo

SGT 10 - Assuntos Trabalhistas Emprego e Seguridade Social SGT 11

- Sauacutede SGT 12 - Investimentos SGT 13 - Comeacutercio Eletrocircnico SGT 14

- Acompanhamento da Conjuntura Econocircmica e Comercial

Reuniotildees Especializadas Ciecircncia e Tecnologia Cooperativas Turismo

Mulher promoccedilatildeo Comercial Municiacutepios e Prefeituras Infraestrutura da

Integraccedilatildeo e Drogas Prevenccedilatildeo e Reabilitaccedilatildeo de Dependentes

Grupos ldquoAd-Hocrdquo Accediluacutecar Relaccedilotildees Externas Compras Governamentais

e Concessotildees Integraccedilatildeo Fronteiriccedila Comitecirc de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica

Grupo de Serviccedilos Comissatildeo Soacutecio-laboral (Secretaria de Estado da

Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do MERCOSUL ndash SEIM)

c) Comissatildeo de Comeacutercio do MERCOSUL (CCM) eacute o oacutergatildeo encarregado

de assistir ao Grupo Mercado Comum na aplicaccedilatildeo dos instrumentos de

23

poliacutetica comercial comum para o funcionamento da uniatildeo alfandegaacuteria

(CEFIR 2010)32

d) Comissatildeo de Representantes Permanentes do MERCOSUL (CRPM)

que reuacutene as reapresentaccedilotildees diplomaacuteticas dos Estados membros

(CEFIR 2010)33

e) Parlamento do MERCOSUL eacute o que representa a legitimidade e

democracia em termos de representaccedilatildeo poliacutetica do processo o

Parlamento eacute o lugar ideal para o debate para a expressatildeo das

diferentes visotildees para a enunciaccedilatildeo da opiniatildeo da maioria mas tambeacutem

para a possibilidade de expressatildeo das minorias (CEFIR 2010)34

f) Foro Consultivo Econocircmico Social (FCES) eacute o oacutergatildeo de representaccedilatildeo

dos setores econocircmicos e sociais composto por representantes dos

setores empresariais sindicatos e entidades da sociedade civil Tem

funccedilatildeo consultiva elevando recomendaccedilotildees ao GMC

g) Secretaria Administrativa do MERCOSUL eacute o oacutergatildeo de assessoria e

apoio teacutecnico operativo aos outros oacutergatildeos do MERCOSUL Tem sua

sede permanente na cidade de Montevideacuteu

Os oacutergatildeos institucionais do MERCOSUL35

satildeo de natureza

intergovernamental cujas decisotildees tomadas estatildeo vinculadas a procedimentos

internos de cada Estado Parte do bloco portanto satildeo decisotildees tomadas por

governos nacionais que estatildeo sujeitos ao controle dos seus respectivos

parlamentos36

32

Fonte Curso ldquoTodos Somos MERCOSURrdquo ndash CEFIR ndash Plataforma de Integraccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpneccintwordpresscomdireito-internacionalarena-de-ideiasmercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulgt Acesso em 02012011

33 Ibid

34 Ibid

35 No Anexo 2 seraacute apresentado um organograma da estrutura Institucional do MERCOSUL

36 KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees

constitucionais 2000 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwbuscalegisufscbrarquivosMercosul20e20supranacionalidade20-202000pdfgt Acesso em 20092010 p 30

24

13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL

As assimetrias satildeo um dos principais

obstaacuteculos para o avanccedilo do processo de integraccedilatildeo

do MERCOSUL Os paiacuteses menos desenvolvidos

tendem a ter menor capacidade para se apropriar dos

benefiacutecios do processo de integraccedilatildeo Sobre as

assimetrias no bloco regional Costa37 aponta ldquoa

diversidade culturalrdquo entre os membros do

MERCOSUL de acordo com

[] o niacutevel de desenvolvimento da economia o tamanho da populaccedilatildeo a diversidade interna o grau de desigualdade entre os diferentes segmentos sociais o poder poliacutetico entre as classes sociais e entre os diferentes Estados que compotildeem o bloco

As assimetrias socioeconocircmicas em que se encontravam os paiacuteses apoacutes a

assinatura do Tratado de Assunccedilatildeo dificultaram a coordenaccedilatildeo das poliacuteticas

macroeconocircmicas que aliadas agrave vulnerabilidade externa das economias

oriundas das estrateacutegias neoliberais de financiamento privatizaccedilotildees e

abertura brusca de seus mercados ocasionaram aos Estados novamente um

endividamento externo devido agrave reprimarizaccedilatildeo das exportaccedilotildees38 Afirma

Vasconcelos39 que a falta de prioridade da integraccedilatildeo na formulaccedilatildeo das

poliacuteticas internacionais acabou gerando insatisfaccedilatildeo por parte dos soacutecios

menores a exemplo da ameaccedila do Uruguai em deixar o bloco eou realizar

um acordo bilateral com os EUA

37

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 30-31

38 VASCONCELOS Pedro Paulo Lima Indicadores soacutecio-econocircmicos do MERCOSUL um estudo

sob a Eacutegide da Economia Poliacutetica Internacional In SIMPOacuteSIO EM RELACcedilOtildeES INTERNACIONAIS DO PROGRAMA SAN TIAGO DANTAS I nov 2007 p 10 (UNESP UNICAMP e PUC-SP)

39 Ibid

25

Quadro 1 - Demonstrativo de algumas assimetrias no bloco

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwbrasilescolacomgt Dados referentes ao ano de 2010

40

Tambeacutem o IPEA41

vem estudando as assimetrias no bloco apresentando

dados estatiacutesticos e aspectos importantes relativos agraves desigualdades entre paiacuteses

integrantes do bloco De acordo com os dados do IPEA42

e reforccedilando a Figura 1

apresentada observa-se o desniacutevel existente entre o Brasil e os demais paiacuteses do

bloco em termos populacionais e econocircmicos

Com uma populaccedilatildeo que representa quase 80 daquela do MERCOSUL e um PIB superior a 75 do PIB do conjunto de paiacuteses do bloco o Brasil desponta agrave primeira vista como o gigante liacuteder do processo de integraccedilatildeo com indicadores que destoam de forma significativa do restante do bloco

Neste contexto e reconhecendo as assimetrias existentes foi criado em

2004 o Fundo de Convergecircncia Estrutural do MERCOSUL (FOCEM)43

pela decisatildeo

CMC nordm 4504 e nordm1805 e regulamentado pela decisatildeo nordm 2405 visando agrave reduccedilatildeo

das diferenccedilas entre os Estados Partes e com o seguinte objetivo

40

Fonte de pesquisa MERCOSUL e paiacuteses integrantes Disponiacutevel em lthttpwwwbrasilescolacomgeografiamercosul-paises-integranteshtmgt Acesso em 18102010

41 IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de

Integraccedilatildeo no MERCOSUL (Ver MELLO e SOUZA Andreacute de OLIVEIRA Ivan Tiago Machado GONCcedilALVES Samo Seacutergio IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de Integraccedilatildeo no MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrsites0002publicacoestdstd_1477pdfgt Acesso em 18102010)

42 Ibid

43 O FOCEM eacute um fundo para investimento conjunto dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL que

visa agrave diminuiccedilatildeo das assimetrias entre os Estados-Partes por meio de financiamento de projetos (MERCOSULCMCDEC nordm 2405)

BRASIL ARGENTINA PARAGUAI URUGUAI

EXTENSAtildeO TERRITORIAL

8514876 kmsup2 2766889 kmsup2 406752 kmsup2 177414 kmsup2

POPULACcedilAtildeO (habitantes)

193205783 40276376 6348917 3360854

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

16 trilhotildees de doacutelares

328 bilhotildees de doacutelares

16 bilhotildees de doacutelares

322 bilhotildees de doacutelares

PIB PER CAPTA 6060 doacutelares 6040 doacutelares 1710 doacutelares 6620 doacutelares

26

Financiar programas para promover a convergecircncia estrutural desenvolver a competitividade promover a coesatildeo social em particular das economias menores e regiotildees menos desenvolvidas e apoiar o funcionamento da estrutura institucional e o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo (MERCOSULCMCDEC Nordm 2405)

Nesse sentido entra em discussatildeo a possibilidade de estender a proteccedilatildeo

social para aleacutem dos limites do Estado nacional de acordo com o FOCEM

O Fundo derivou-se da premissa de que o Mercosul deve ser uma via para o desenvolvimento econocircmico e social de seus ldquoEstados-Partesrdquo Complementarmente tem-se por princiacutepio que a solidariedade internacional impulsiona a integraccedilatildeo regional favorecendo a formaccedilatildeo do mercado comum e que condiccedilotildees econocircmicas assimeacutetricas impedem o pleno aproveitamento das oportunidades geradas pela ampliaccedilatildeo dos mercados

44

Cria-se a partir de entatildeo o objetivo de promover a convergecircncia estrutural

dos Estados-Partes do MERCOSUL e principalmente o desenvolvimento da

competitividade econocircmica dos Estados-Partes com o favorecimento da coesatildeo

social no MERCOSUL aleacutem do fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional e

da estrutura institucional do bloco

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas

As experiecircncias de integraccedilatildeo por um imperativo da realidade tendem a

provocar muacuteltiplos efeitos entre os quais as consequecircncias sociais ocupam um

lugar preeminente Algumas dessas consequecircncias especialmente as mais

demoradas tendem a ser positivas expondo-se como resultados beneacuteficos das

transformaccedilotildees macroeconocircmicas o melhoramento das condiccedilotildees da economia de

cada um dos paiacuteses e maior defesa da produccedilatildeo integrada no mercado

internacional

Em funccedilatildeo disso uma vez consolidados os lucros econocircmicos o

desenvolvimento e o crescimento produtivo gerando um maior nuacutemero de empregos

a tendecircncia eacute a melhora dos salaacuterios e das condiccedilotildees de trabalho fortalecendo os

44

Manual para apresentaccedilatildeo de Estudos de Viabilidade Socioeconocircmica com vistas agrave apresentaccedilatildeo para a obtenccedilatildeo de recursos do Fundo de Convergecircncia Estrutural e Fortalecimento Institucional do MERCOSUL (FOCEM) Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos Disponiacutevel em lthttpwwwplanejamentogovbrsecretariasuploadArquivosspiprogramas_projetofocemFocem_Manual_02pdfgt Acesso em 20092010

27

atores sociais consolidando-se as relaccedilotildees trabalhistas como efeitos

transcendentes do processo de integraccedilatildeo

Acordos de livre circulaccedilatildeo beneficiam tanto os trabalhadores que buscam

novas oportunidades de emprego quanto as empresas que exploram novos

negoacutecios

Em 2009 foi promulgado o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos

Estados Partes do MERCOSUL45

assim como o Acordo sobre Residecircncia

MERCOSUL46

Boliacutevia e Chile Ambos permitem a solicitaccedilatildeo de residecircncia com

procedimentos simplificados e isenccedilatildeo de pagamento de multas e quaisquer outras

sanccedilotildees independentemente de estarem em situaccedilatildeo migratoacuteria regular ou

irregular47

Os estrangeiros no Brasil beneficiados com os Acordos ou os nacionais

nesses paiacuteses possuem igualdade de direitos civis no paiacutes de recepccedilatildeo Deveres e

responsabilidades trabalhistas e previdenciaacuterias satildeo tambeacutem resguardadas aleacutem do

direito de transferir recursos direito de nome registro e nacionalidade aos filhos de

imigrantes48

O visto MERCOSUL tem por objetivo facilitar a circulaccedilatildeo

temporaacuteria de pessoas fiacutesicas prestadoras de serviccedilos no territoacuterio do Bloco

viabilizando a ampliaccedilatildeo dos negoacutecios e do comeacutercio de serviccedilos A iniciativa

beneficia gerentes e diretores executivos administradores diretores ou

representantes legais cientistas pesquisadores professores artistas desportistas

jornalistas teacutecnicos qualificados ou especialistas e profissionais de niacutevel superior49

A aquisiccedilatildeo de residecircncia temporaacuteria assegura os direitos de entrar sair

circular e permanecer livremente no territoacuterio do paiacutes de recepccedilatildeo bem como o

direito de exercer qualquer atividade profissional nas mesmas condiccedilotildees

estabelecidas para os nacionais do paiacutes de recepccedilatildeo Os acordos de aquisiccedilatildeo de

residecircncia regulamentados pelos Decretos nordm 6964 e nordm 6975 ambos de 2009

estabelecem ainda a igualdade de direitos civis e de reuniatildeo familiar o tratamento

45

Decreto nordm 6964 de 29 de setembro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos Estados-Partes do MERCOSUL

46 Decreto nordm 6975 de 7 de outubro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais

dos Estados-Partes do Mercado Comum do Sul MERCOSUL Boliacutevia e Chile 47

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt Acesso em 02032010 48

Ibid 49

Informaccedilatildeo constante do livro BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Brasiacutelia MRE 2007

28

igualitaacuterio em mateacuteria trabalhista e os direitos de transferecircncia de remessas

pecuniaacuterias e de acesso agrave educaccedilatildeo puacuteblica

Neste sentido o Ministeacuterio do Trabalho e Emprego apresenta anualmente

desde 2006 no site oficial do oacutergatildeo as autorizaccedilotildees de trabalho concedidas para

pessoas signataacuterias dos Estados Partes do MERCOSUL conforme se a Tabela 1

Tabela 1 Demonstrativo das autorizaccedilotildees de trabalhos concedidas a pessoas dos Estados Partes do MERCOSUL

2006 2007 2008 2009 2010

ARGENTINA 661 653 671 571 482

URUGUAI 120 35 52 50 51

PARAGUAI 35 32 39 47 23

CHILE 202 243 327 347 241

BOLIVIA 74 103 170 118 67

VENEZUELA 259 299 360 374 433

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmtegovcomgt

50

Situaccedilatildeo em 30 de setembro de 2010

A Tabela 1 apresenta autorizaccedilotildees por parte do Ministeacuterio do Trabalho e

Emprego aos trabalhadores oriundos do MERCOSUL e paiacuteses associados

Observa-se que de maneira geral houve oscilaccedilatildeo das autorizaccedilotildees dos

paiacuteses integrantes do bloco de 2006 a 2010 Evidencia-se que a quebra de

barreiras aduaneiras demonstra avanccedilo econocircmico mas natildeo garante

proteccedilatildeo social de forma imediata Eacute preciso coordenar accedilotildees nas aacutereas

trabalhista e previdenciaacuteria para favorecer e dar seguranccedila aos trabalhadores

que circulam dentro do bloco

Diante disso observa-se que o progresso social natildeo constitui uma

consequecircncia automaacutetica da integraccedilatildeo econocircmica existem fatores como as

crises econocircmico-financeiras nos Estados Partes condicionadas por

problemas de distintas naturezas pagamento da diacutevida externa taxas altas

de inflaccedilatildeo elevaccedilatildeo de taxas de juros corrupccedilatildeo institucionalizada abalos nas

50

Site do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego Coordenaccedilatildeo Geral de Imigraccedilatildeo Disponiacutevel em ltwwwmtegovbrgt Acesso em 20112010

29

Bolsas valorizaccedilatildeo cambial baixo crescimento econocircmico os quais geraram

impactos poliacuteticos e sociais negativos que se manifestam mais imediatamente no

plano do emprego e da previdecircncia social51

Se os anos 1980 foram chamados de ldquodeacutecada perdidardquo os anos 1990

tambeacutem natildeo foram muito promissores e o iniacutecio do seacuteculo XXI manteacutem a sina

negativa52 Neste sentido inclusive segundo Simionato53 o avanccedilo natildeo foi

observado em termos de justiccedila social

[] com o Tratado de Ouro Preto assinado 1994 efetiva-se a regulamentaccedilatildeo juriacutedica da integraccedilatildeo regional proporcionando o avanccedilo das poliacuteticas comerciais aduaneiras e agriacutecolas natildeo se observando o mesmo em relaccedilatildeo agrave perspectiva de ldquojusticcedila socialrdquo e agrave dimensatildeo democraacutetica do processo

Sobre essa questatildeo Costa54 menciona que no MERCOSUL ldquoo que se

internacionaliza eacute a economia e natildeo a proteccedilatildeo socialrdquo diante disso a autora aponta

que ldquoproteccedilatildeo ao trabalho compotildee os custos da atividade econocircmica e que o tema

laboral natildeo pode ser ignoradordquo Apesar dessa afirmaccedilatildeo pode-se inferir que a

regionalizaccedilatildeo acarreta convergecircncia nos sistemas previdenciaacuterios Na organizaccedilatildeo

econocircmica um dos primeiros custos a serem atacados satildeo os trabalhistas por sua

incidecircncia no preccedilo final dos produtos ou serviccedilos Isso gera diferenccedilas das

condiccedilotildees de trabalho e dos salaacuterios em termos comparativos Vale frisar que os

custos previdenciaacuterios fazem parte dos custos trabalhistas em questatildeo

Trata-se de um ciacuterculo vicioso jaacute que ao diminuir a contribuiccedilatildeo por efeito

da reduccedilatildeo da populaccedilatildeo ocupada e do eventual descenso dos niacuteveis salariais (que

conformam a base da contribuiccedilatildeo) tende a crescer o desfinanciamento dos

sistemas de previdecircncia social

Eacute inevitaacutevel que toda integraccedilatildeo regional deva enfrentar a dimensatildeo social

tanto para administrar ordenar e redistribuir no longo prazo os benefiacutecios e

vantagens econocircmicas que se procura obter com tal processo como tambeacutem para

dar respostas imediatas e amortecer os efeitos negativos que se geram a partir da

51

WANDERLEY Luiz Eduardo W A construccedilatildeo de um MERCOSUL Social Revista Ponto-e-Viacutergula Satildeo Paulo PUC SP v 1 p90-104 2007 p94

52 Ibid

53 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis v0 n 5 2001 p1 54

COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais UEPG 18 e 19 de junho de 2009 p 2

30

transformaccedilatildeo das estruturas econocircmicas e da abertura ao comeacutercio internacional

dos paiacuteses que conformam um bloco

Diniz aponta a mundializaccedilatildeo da oferta de trabalho como um dos efeitos da

globalizaccedilatildeo O indiviacuteduo poderaacute ser facilmente transferido de um paiacutes para outro

orientado pela oferta de emprego Como fenocircmenos decorrentes dessa globalizaccedilatildeo

da matildeo de obra aparecem a constituiccedilatildeo de um exeacutercito de reserva com grandes

contingentes de trabalhadores transnacionais o aumento da rotatividade da matildeo de

obra nos empregos e nas regiotildees o alto nuacutemero de migraccedilotildees internas dentro

destes blocos a existecircncia de um proletariado altamente qualificado o crescimento

do desemprego e do subemprego em virtude da automaccedilatildeo acarretando aumento

da economia informal55

Natildeo se pode deixar de mencionar quando se fala em circulaccedilatildeo de pessoas

principalmente trabalhadores o fato de o MERCOSUL natildeo ter sufragado plenamente

ainda os estaacutegios anteriores de Zona de Livre Comeacutercio e Uniatildeo Aduaneira

pressupostos do estaacutegio de Mercado Comum quando entatildeo ao menos em tese

estaria consagrada a liberdade de circulaccedilatildeo de trabalhadores Eacute notoacuterio que a

questatildeo social natildeo eacute a prioritaacuteria quando se pensa em integraccedilatildeo econocircmica mas

ela surge agrave medida que haacute uma evoluccedilatildeo natural para os estaacutegios que pressupotildeem

maior grau de integraccedilatildeo56

Segundo Chiarelli a livre circulaccedilatildeo de trabalhadores eacute condiccedilatildeo para a

formaccedilatildeo de um Mercado Comum que soacute estaraacute perfeito ao garantir a livre

circulaccedilatildeo da forccedila de trabalho respaldada por normas juriacutedicas que balizem as

relaccedilotildees econocircmicas e sociais O trabalhador de cada um dos paiacuteses do

MERCOSUL deveraacute com o tempo assumir o papel de trabalhador comunitaacuterio com

a consolidaccedilatildeo da faculdade de deslocamento nos paiacuteses do bloco em busca de

ocupaccedilatildeo57

Eacute fato e haacute que se admitir que mesmo a passos lentos o MERCOSUL

desenvolveu ao longo dos anos mecanismos em prol da livre circulaccedilatildeo de

55

DINIZ Cleacutelio Campolina In SEMINAacuteRIO INTERNACIONAL GLOBALIZACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL CENAacuteRIOS PARA O SEacuteC XXI Painel Recife SUDENE 1997 p 64-65

56 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute PUC-PR Curitiba 2005 p206

57 CHIARELLI Matto Tota CHIARELLI Carlos Alberto Gomes (Coord) Temas de integraccedilatildeo com

enfoque no Mercosul v 1 Satildeo Paulo LTR 1997 p 149

31

trabalhadores Neste sentido Jaeger Junior58

anotou que ldquoo MERCOSUL jaacute esteve

diante de vaacuterias propostas com vistas ao incremento do processo de

estabelecimento de uma livre circulaccedilatildeo de trabalhadoresrdquo

No acircmbito do MERCOSUL para efetivar as poliacuteticas de mercado de trabalho

eacute necessaacuterio que se estabeleccedila um padratildeo para a qualificaccedilatildeo da forccedila de trabalho

sistemas de intermediaccedilatildeo de matildeo de obra aleacutem de apoio agraves pequenas empresas

que incentive medidas voltadas para a elevaccedilatildeo do niacutevel de investimento

econocircmico59

O Conselho do Mercado Comum CMC atraveacutes da DECCMCMERCOSUL

nordm 46 de 16 de dezembro de 2004 criou o Grupo de Alto Niacutevel para elaborar uma

Estrateacutegia MERCOSUL de Crescimento do Emprego O Grupo eacute integrado pelos

ministeacuterios responsaacuteveis pelas poliacuteticas econocircmicas industriais laborais e sociais

dos Estados Partes e tambeacutem com a participaccedilatildeo das organizaccedilotildees econocircmicas e

sociais que integram as seccedilotildees nacionais do Foro Consultivo Econocircmico e Social e

da Comissatildeo Sociolaboral do MERCOSUL

Tendo em vista a circulaccedilatildeo de pessoas especialmente trabalhadores no

interior do bloco a Previdecircncia Social vem recebendo atenccedilatildeo especial dos Estados

Partes O reconhecimento da importacircncia do tema tem sido acompanhado por accedilotildees

efetivas que garantem benefiacutecios sociais e melhores condiccedilotildees de vida aos

trabalhadores e trabalhadoras da regiatildeo O Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL em vigor desde 2005 jaacute permitiu que oito mil brasileiros60

que

mantiveram empregos em qualquer um dos quatro paiacuteses do Bloco ao longo da

vida se aposentassem e recebessem os benefiacutecios devidos

O Acordo permite que o tempo de contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria de quem tenha

trabalhado em mais de um paiacutes do MERCOSUL seja somado para fins de

aposentadoria Atualmente cerca de 700 mil brasileiros61

residem nos Estados-

Partes e poderatildeo se beneficiar do acordo

58

JAEGER JUNIOR A Temas de Direito da Integraccedilatildeo e ComunitaacuterioSatildeo Paulo LTr 2002 p 59

59 COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO

DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais Op cit p 28 60

BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Op cit p 104

61 Ibid

32

O ecircxito alcanccedilado com o Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL

estimulou a assinatura de Acordos Multilaterais Similares como por exemplo o

Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social62

firmado em 2007 quando ratificado

pelos parlamentos nacionais ele beneficiaraacute cerca de cinco milhotildees de

trabalhadores imigrantes da Argentina da Boliacutevia do Brasil do Chile da Colocircmbia

da Costa Rica de Cuba do Equador de El Salvador da Guatemala de Honduras

do Meacutexico da Nicaraacutegua do Panamaacute do Paraguai do Peru da Repuacuteblica

Dominicana do Uruguai da Venezuela de Portugal da Espanha e do Principado de

Andorra

O processo de globalizaccedilatildeo da economia fez crescer o movimento migratoacuterio

de trabalhadores e consequentemente trouxe reflexos na organizaccedilatildeo dos sistemas

previdenciaacuterios Indiviacuteduos que tecircm cobertura pelo sistema de previdecircncia social do

paiacutes de origem em que desenvolvem suas atividades e que faccedilam um movimento

migratoacuterio para outro paiacutes estaratildeo sujeitas agrave legislaccedilatildeo previdenciaacuteria do paiacutes de

destino onde estiverem exercendo nova atividade

132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL

O direito agrave seguridade social no Paraguai estaacute previsto no artigo 95 da

Constituiccedilatildeo com as informaccedilotildees

De la seguridad social El sistema obligatorio e integral de seguridad social para el trabajador dependiente y su familia seraacute establecido por la ley Se promoveraacute su extensioacuten a todos los sectores de la poblacioacuten ndash Los servicios del sistema de seguridad social podraacuten ser puacuteblicos privados o mixtos y en todos los casos es taraacuten supervisados por el Estado ndash Los recursos financieros de los seguros so ciales no seraacuten desviados de sus fines especiacuteficos estaraacuten disponibles para este objetivo sin perjuicio de las inversiones lucrativas que puedan acrecentar su patrimonio

63

No Paraguai natildeo existe um uacutenico sistema de seguridade social sendo

diversos sistemas administrados por intermeacutedio de ldquoCaixasrdquo de previdecircncia 62

Faremos um breve estudo sobre o acordo Ibero-Americano de Seguridade Social no item 22 do segundo capiacutetulo deste trabalho

63 Traduccedilatildeo livre A Seguridade Social O sistema obrigatoacuterio e integral de seguridade social dos

trabalhadores e de sua famiacutelia seraacute estabelecido por lei Iraacute promover a sua extensatildeo a todos os setores da populaccedilatildeo - Os serviccedilos do sistema de seguridade social pode ser puacuteblico privado ou misto em cada caso eacute supervisionado pelo Estado - Os recursos financeiros do seguro social natildeo seratildeo desviados de seus objetivos especiacuteficos e estaratildeo disponiacuteveis para esse efeito natildeo obstante os investimentos lucrativos que podem aumentar seu patrimocircnio

33

As instituiccedilotildees e normas de previdecircncia social estatildeo vinculadas aos

trabalhadores empregados ou seja aquelas que estatildeo vinculados ao

empregador Neste sentido Cristaldo64 declara que

Se entiende que la expresioacuten ldquoseguridad socialrdquo en El artiacuteculo 382 de coacutedigo Laboral estaacute utilizada en un sentido restringido limitada exclusivamente a la proteccioacuten del trabajador en relacioacuten de dependecircncia y sus derecho-habientes contra los riesgos de caraacuteter general y especialmente los derivados del trabajo mediante un sistema de seguros sociales De ahiacute lo adecuado en vez de ldquoseguridad socialrdquo hubiera sido utilizar en El Coacutedigo Laboral paraguaio la expressioacuten maacutes exacta y precisa de ldquoprevision socialrdquo para denominar El Libro IV de esse cuerpo legal

65

O Paraguai tem um sistema de previdecircncia social fragmentado com vaacuterias

instituiccedilotildees independentes que administram os fundos de pensatildeo O sistema eacute

organizado em oito instituiccedilotildees que natildeo tecircm viacutenculos entre si nem satildeo

supervisionadas por uma entidade superior do governo66

Natildeo foi encontrada na pesquisa realizada nenhuma informaccedilatildeo legislaccedilatildeo

ou referecircncia a reformas do sistema previdenciaacuterio paraguaio como os demais

Estados Partes entretanto eacute o uacutenico dos paiacuteses do MERCOSUL a organizar um

regime de previdecircncia privada complementar de aposentadorias parecido no seu

aspecto de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria ao Regime Geral de Previdecircncia Social

brasileiro de caraacuteter nacional obrigatoacuterio e legal67

O Instituto de Previdecircncia Social (IPS) principal oacutergatildeo previdenciaacuterio foi

criado em 1943 abrangendo atualmente duas aacutereas a) aposentadorias e pensotildees

b) sauacutede da populaccedilatildeo68

64

CRISTALDO M Jorge Dario La Seguridad Social y la Previsioacuten Social em el Paraguay In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 129

65 Traduccedilatildeo livre Entende-se que a expressatildeo seguridade social prevista no artigo 382 do coacutedigo

de trabalho eacute usado em sentido restrito limitado exclusivamente agrave proteccedilatildeo dos trabalhadores com relaccedilatildeo de emprego que tenham riscos ambientais de caraacuteter geral e especialmente do trabalho atraveacutes de um sistema de seguro social Desta forma o mais adequado em vez de seguridade social deveria ser utilizada no coacutedigo de trabalho paraguaio a expressatildeo mais exata e precisa de previdecircncia social no Livro IV do corpo legal

66 GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al

(Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 188

67 OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes

do MERCOSUL 2008 Tese (Doutorado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 145

68 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas n 3 p 128-137 juldez 2003

34

O sistema utilizado no Paraguai eacute um sistema de reparticcedilatildeo simples que eacute

regido pelo formato contributivo sendo pago pelo trabalhador e pelo empregador O

Paraguai eacute o paiacutes com menor cobertura previdenciaacuteria da Ameacuterica do Sul com uma

taxa que chega a apenas 25 de seus trabalhadores sendo inferior inclusive agrave

cobertura previdenciaacuteria da Boliacutevia A contribuiccedilatildeo para o sistema eacute muito baixa

apenas os que tecircm salaacuterios meacutedios ou altos eacute que contribuem e os trabalhadores

em atividades rurais natildeo estatildeo assegurados pela previdecircncia social tendo em vista

que natildeo haacute nenhuma forma de contribuiccedilatildeo69

Os benefiacutecios concedidos aos segurados satildeo auxiacutelio doenccedila benefiacutecio

pago ao trabalhador quando de sua incapacidade derivada de acidentes e doenccedilas

comuns e derivada de acidentes e doenccedilas do trabalho salaacuterio maternidade

aposentadoria por invalidez decorrente de acidente e doenccedilas do trabalho

aposentadoria por idade e pensatildeo por morte

No Uruguai o Banco da Previdecircncia Social foi criado em 1954 atendendo

grande parte da populaccedilatildeo exceto algumas caixas de aposentadorias e pensotildees

como a dos Estados dos militares dos professores universitaacuterios dos bancaacuterios e

dos policiais70

O sistema de Previdecircncia Social uruguaio apoacutes a reforma previdenciaacuteria

regido pela Lei nordm 16713 publicada em 3 de setembro de 1995 e conforme

estabelece o caput do artigo 4ordm da referida legislaccedilatildeo eacute misto compreendendo o

regime contributivo de reparticcedilatildeo administrado pelo Banco de Previdecircncia Social e

o regime de capitalizaccedilatildeo individual administrado por empresas privadas de forma

combinada71

A reforma em 1995 foi uma das mais importantes mudanccedilas da Seguridade

Social na histoacuteria do Uruguai e acontece em consonacircncia com o restante dos

paiacuteses da Ameacuterica Latina A reforma implicou num aumento das condiccedilotildees e das

exigecircncias ao acesso das prestaccedilotildees uma diminuiccedilatildeo discriminada nas mesmas e

69

GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 191

70 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

71 Ibid

35

criou um regime de arrecadaccedilatildeo individual administrado pelo setor privado e pelas

administradoras de fundos de arrecadaccedilatildeo previsional (AFAPs no Uruguai)72

Alejandro Castelo73

afirma

El sistema combina un componente puacuteblico basado en el reacutegimen de reparto denominado de solidariedad intergeneracional con un componente

privado organizado bajo el reacutegimen de capitalizacioacuten individual74

E ainda

El sistema combina varios pilares Um primer pilar que recoge las caracteriacutesticas del modelo puacuteblico de reparto y luego un segundo pilar de tipo privado basado em el ahorro individual cuyo objetivo es complementar las prestaciones provenientes del primer pilar La inclusioacuten en los distintos niveles de cobertura estaacute determinada por el niacutevel de ingresos del afiliado o maacutes precisamente por el monto de asignaciones computables que percibe el afiliado

75

No mesmo sentido para Murro76

tal sistema estaacute apoiado em trecircs pilares

quais sejam

1) Solidariedade intergeracional - Eacute administrado diretamente pelo Estado pelo BPS que continua sendo o organismo arrecadador Este niacutevel estabelece benefiacutecios definidos e os trabalhadores com suas contribuiccedilotildees financiam as aposentadorias dos inativos junto com as contribuiccedilotildees patronais com os tributos destinados ao sistema e a assistecircncia financeira estatal Ampara um amplo setor da populaccedilatildeo estimado entre 87 e 92 ateacute determinado niacutevel de renda 842 doacutelares Esse primeiro niacutevel eacute complementado por um modelo instrumental com objetivo redistributivo dirigido para os setores da sociedade de menor renda natildeo integrados a setores estruturados do mercado de trabalho Este complemento se consegue por meio de um modelo puacuteblico seletivo constituiacutedo pelos benefiacutecios assistenciais natildeo contributivos de idade avanccedilada e invalidez

72

MARCONDES Claudia Gamberine Sistemas Previdenciaacuterios Sulamericanos Brasil Uruguai

e Chile 2007 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Faculdade de Direito da Universidade Metodista de Piracicaba ndash UNIMEP Piracicaba 2007 p 83

73 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

74 Traduccedilatildeo livre O sistema combina um componente puacuteblico baseado em reparticcedilatildeo simples

denominado solidariedade intergeracional com um componente privado organizado sob um sistema de capitalizaccedilatildeo individual

75 Traduccedilatildeo livre O sistema combina vaacuterios pilares Um primeiro pilar o que daacute o desempenho do

modelo puacuteblico pago e depois um segundo pilar privado tipo de poupanccedila individual destina-se a complementar os benefiacutecios do primeiro pilar Em diferentes niacuteveis de inclusatildeo de cobertura eacute determinada pelo niacutevel de renda da filial ou mais precisamente o montante das verbas recebidas pelo membro computaacutevel

76 Ernesto Murro eacute atualmente presidente do Instituto de Seguridade Social do Uruguai

36

2) De poupanccedila individual obrigatoacuteria - Eacute administrado pelas Administradoras de Fundos de Aposentadoria (AFAP) que satildeo entidades privadas Haacute uma AFAP que eacute uma sociedade anocircnima de propriedade do Estado (BPS Banco Repuacuteblica e Banco de Seguros do Estado) as outras 5 satildeo de propriedade privada Inclui os que percebem rendas superiores aos equivalentes 842 doacutelares e ateacute 2563 doacutelares Tambeacutem se permite a pessoas com menos de 40 anos com rendas inferiores a 842 doacutelares a possibilidade de optarem pelo 2o niacutevel com 50 de sua renda obtendo-se assim um incentivo de 50 no caacutelculo de seu salaacuterio base no 1o niacutevel

3) De poupanccedila voluntaacuteria - Compreende aquelas pessoas que tenham rendas superiores a 2563 doacutelares na parte que exceda esse valor No que se refere agrave parcela superior a este niacutevel de renda se tem a liberdade de contribuir ou natildeo para o sistema [] Abrange obrigatoriamente todos os segurados que estejam com menos de 40 anos de idade agrave data de vigecircncia da lei (1496) e todas as pessoas que ingressaram no mercado de trabalho qualquer que seja a sua idade posteriormente a esta data Foram estabelecidas regras de transiccedilatildeo para os trabalhadores com mais de 40 anos de idade na data de entrada em vigor da lei que natildeo tinham direito agrave aposentadoria em 311296 Este regime vigora entre 1ordm de janeiro de 1997 e 1ordm de janeiro de 2003 e estabelece uma progressividade de idade no caso da mulher e nos tempo de serviccedilo []

77

O trabalhador alcanccedila sua carecircncia consoante uma tabela que levaraacute em

conta os anos de contribuiccedilatildeo e a idade do trabalhador78

A aposentadoria tornou-

se proporcional ao nuacutemero de anos trabalhados e agrave idade do trabalhador entretanto

todos os habitantes do Uruguai independentemente de sua renda ter-lhes-atildeo

assegurada essa aposentadoria

De acordo com a legislaccedilatildeo e o sistema de Previdecircncia Social ou

Seguridade Social como eacute denominado o sistema no Uruguai a avaliaccedilatildeo dos

efeitos econocircmicos da reforma da Previdecircncia Social no Uruguai parte do conceito

de equidade atuarial79

Calcula-se um iacutendice de rendimento no qual o valor dos

benefiacutecios seja equivalente e atualizado as contribuiccedilotildees efetivamente pagas um

iacutendice de atualizaccedilatildeo Os benefiacutecios concedidos satildeo aposentadoria por tempo de

serviccedilo aposentadoria por idade aposentadoria por invalidez auxiacutelio doenccedila e

pensatildeo por morte

77

MURRO Ernesto As Tendecircncias na Ameacuterica Latina e a Reforma Uruguaia da Previdecircncia Social 2001 Disponiacutevel em ltwwwredsegsocorguygt Acesso em 10112010 p 5

78 Ibid

79 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis Op cit p 40

37

Na Argentina a reforma previdenciaacuteria ocorreu na deacutecada de 90

alterando a concepccedilatildeo de Direito Constitucional para a mercantilizaccedilatildeo do

seguro social como estrateacutegia para fomentar o mercado de capitais80

A legislaccedilatildeo base sobre o Sistema Integrado de Aposentadoria e Pensotildees da Argentina eacute a Lei nordm 24241 de 13 de outubro de 1993 que cobre as aposentadorias por velhice invalidez e morte integrando-se ao Sistema

Uacutenico de Seguridade Social (SUSS) conforme seu artigo 1ordm ldquocaputrdquo81

O Sistema tambeacutem eacute considerado misto e possui um regime puacuteblico

fundamentado sobre a concessatildeo pelo Estado de benefiacutecios financiados por um

sistema de reparticcedilatildeo e um regime previdenciaacuterio baseado na capitalizaccedilatildeo

individual Este sistema natildeo beneficia apenas o governo mas e

principalmente os grupos econocircmicos e as corporaccedilotildees transnacionais pois

contribui para criar um importante mercado de capitais financiado pelos

trabalhadores82

Uma Comissatildeo especial para a reforma do Regime da Previdecircncia no acircmbito da Secretaria de Seguridade Social foi criada com o Decreto no 1934 de 30 de setembro de 2002 tendo por objetivos conforme seu artigo 1ordm a) elaborar linhas para uma reforma do Sistema Integrado de Aposentadorias e Pensotildees para que o mesmo cumpra com a finalidade de cobertura para velhice invalidez e tempo de serviccedilo b) a busca de consensos sobre as bases para se elaborar um anteprojeto de reforma da previdecircncia social c) preparar um ldquoAcordo para a Seguridade Socialrdquo orientado a elevar a prioridade poliacutetica e lograr a revalorizaccedilatildeo da Previdecircncia Social como instrumento necessaacuterio para a redistribuiccedilatildeo do ingresso e para a paz social

83

Como medida de proteccedilatildeo tambeacutem existe na Argentina como Seguridade

Social o seguro desemprego previsto na Lei nordm 2401393 que auxilia o trabalhador

em caso de desemprego involuntaacuterio financiado com contribuiccedilotildees a cargo dos

empregadores Entretanto em 2007 o novo sistema integrado de aposentadorias e

80

Ibid 81

VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

82 GAMBINA J Previdecircncia Social Fundos de Pensatildeo Empregos Puacuteblicos Reforma Administrativa

e Reforma da Educaccedilatildeo Jornal APUFSC Florianoacutepolis setout 2000 In SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social Revista Kataacutelysis v 0 n 5 2001 p39

83 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

38

pensotildees Lei nordm 2424193 foi alterado pela Lei nordm 262222007 estabelecendo a

livre opccedilatildeo do Regime de Aposentadoria O novo sistema misto de previdecircncia

social eacute integrado por dois componentes obrigatoacuterios e integrados e a partir da nova

legislaccedilatildeo promulgada Lei nordm 262222007 os afiliados (segurados) ao Sistema

Integrado de Aposentadorias e Pensotildees (SIJP) podem optar por mudar de regime ao

qual estatildeo afiliados (segurados) uma vez a cada cinco anos nas condiccedilotildees que tal

efeito estabeleccedila o Poder Executivo84

Em mateacuteria de sauacutede as previsotildees contam nas Leis nordm 2366093 e nordm

2366193 que regulamentam o Regime de obras Sociais e o Seguro Nacional de

Sauacutede administrados pelos sindicatos reconhecidos como tal que seraacute responsaacutevel

pela cobertura de sauacutede dos trabalhadores e de seus familiares

No Brasil a Seguridade Social de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 artigo 203 eacute um conjunto integrado de accedilotildees de iniciativa dos Poderes

Puacuteblicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos agrave sauacutede agrave

previdecircncia e agrave assistecircncia social

Seguridade Social eacute gecircnero da qual satildeo espeacutecies a Sauacutede a Previdecircncia

e a Assistecircncia Social e tem como meta proteger pessoas contra a doenccedila o

abandono e a impossibilidade de trabalho Ao Estado compete a organizaccedilatildeo e

administraccedilatildeo da Seguridade Social por meio de ministeacuterios entidades e

instituiccedilotildees que mantecircm seu funcionamento como o Ministeacuterio da Sauacutede o

Ministeacuterio da Previdecircncia Social e o Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (antigo Ministeacuterio da Assistecircncia Social) conforme Lei nordm

106832003 art 25

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 194 enumerou em sete

incisos os princiacutepios constitucionais que regem a Seguridade Social A seguir

analisam-se os referidos princiacutepios

I Universalidade da cobertura e do atendimento garante a disponibilizaccedilatildeo

da sauacutede assistecircncia e previdecircncia em todas as contingecircncias a que estejam

sujeitos os indiviacuteduos As accedilotildees e os benefiacutecios de que se constituem a sauacutede a

assistecircncia social e a previdecircncia social (este uacuteltimo de caraacuteter contributivo) se

84

OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes do MERCOSUL Op cit p 131

39

encontraratildeo disponiacuteveis e seratildeo oferecidos a todos os indiviacuteduos que deles

necessitarem

II - Uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees

urbanas e rurais a proteccedilatildeo social oferecida pela Seguridade Social deveraacute ser

disponibilizada de maneira uniforme e equivalente tanto aos indiviacuteduos da aacuterea

urbana quanto agravequeles da aacuterea rural Natildeo poderaacute haver distinccedilatildeo entre as

modalidades de benefiacutecios e serviccedilos oferecidos devendo ao contraacuterio existir

forma uacutenica ou semelhanccedila (uniformidade)

III Seletividade e distributividade na prestaccedilatildeo dos benefiacutecios e serviccedilos

os benefiacutecios e serviccedilos seratildeo oferecidos aos indiviacuteduos que deles necessitarem

atraveacutes de uma escolha fundamentada e criteriosa Natildeo existiraacute somente um uacutenico

benefiacutecio ou serviccedilo mas sim diversas modalidades aptas a atender exatamente a

necessidade do beneficiado A distributividade implica na distribuiccedilatildeo de renda e

proteccedilatildeo social Os serviccedilos e benefiacutecios seratildeo concedidos com equidade e justiccedila

o que natildeo significa que um contribuinte da Previdecircncia Social por exemplo

receberaacute integralmente tudo o que contribuiu aos cofres do sistema Todas as

contribuiccedilotildees satildeo convertidas em um caixa uacutenico (e natildeo individualizado) e o Estado

trabalha distribuindo com retidatildeo estes valores aos serviccedilos e benefiacutecios nas aacutereas

de sauacutede assistecircncia e previdecircncia social85

IV Irredutibilidade do valor dos benefiacutecios o princiacutepio da irredutibilidade

visa garantir ao indiviacuteduo que o benefiacutecio assistencial ou previdenciaacuterio que lhe for

concedido natildeo sofreraacute qualquer reduccedilatildeo de valor e natildeo poderaacute ser objeto de

desconto (salvo determinaccedilatildeo legal ou judicial) arresto sequestro ou penhora

V Equidade na forma de participaccedilatildeo no custeio este princiacutepio tem por

objetivo distribuir com justiccedila e retidatildeo o percentual de contribuiccedilatildeo cabiacutevel agrave

sociedade na manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade Social Toda a sociedade

contribui para a manutenccedilatildeo do sistema mas garante-se por este princiacutepio a

progressividade da contribuiccedilatildeo conforme a capacidade contributiva de cada um As

empresas por exemplo sofrem maior desconto em seu rendimento bruto para a

manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade em razatildeo de sua maior capacidade

85

VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios 2 ed Satildeo Paulo Editora LTr 2010 p 49

40

contributiva Os empregados contribuem conforme tabela progressiva sempre

condizente com o salaacuterio percebido86

VI Diversidade da base de financiamento determina o artigo 195 da

Constituiccedilatildeo Federal que a Seguridade Social seraacute financiada por toda a sociedade

de forma direta e indireta nos termos da lei mediante recursos provenientes dos

orccedilamentos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios e de

contribuiccedilotildees sociais obrigatoacuterias a empresas e trabalhadores

VII Caraacuteter democraacutetico e descentralizado da administraccedilatildeo mediante

gestatildeo quadripartite com a participaccedilatildeo dos trabalhadores dos empregadores dos

aposentados e do Governo nos oacutergatildeos colegiados os trabalhadores os

empresaacuterios os aposentados e o Governo participam da gestatildeo administrativa da

Seguridade Social que deveraacute possuir caraacuteter democraacutetico e descentralizado

Assim pode-se dizer que a gestatildeo dos serviccedilos e benefiacutecios de que se constitui a

Seguridade Social tem a participaccedilatildeo ativa da sociedade Esta participaccedilatildeo eacute

exercida atraveacutes dos oacutergatildeos colegiados de deliberaccedilatildeo quais sejam Conselho

Nacional de Sauacutede (Lei nordm 808090 e Lei 814290) Conselho Nacional de

Assistecircncia Social (Lei nordm 874293 art 17) e Conselho Nacional de Previdecircncia

Social (Lei nordm 821391 art 3ordm) que tecircm composiccedilatildeo paritaacuteria integrada por

representantes do Governo Federal representantes dos aposentados

representantes dos trabalhadores em atividade e representantes dos empregadores

Especificamente a Previdecircncia Social no Brasil eacute uma instituiccedilatildeo puacuteblica que

tem a finalidade de assegurar direitos aos seus segurados e dependentes jaacute que se

trata de um seguro social a aqueles que contribuem para ela Quando uma pessoa

natildeo tem mais capacidade para trabalhar a previdecircncia social substitui seu salaacuterio

pelo benefiacutecio previdenciaacuterio Essa incapacidade de trabalho pode ser classificada

como doenccedila invalidez idade avanccedilada maternidade e dois benefiacutecios de

concessatildeo para dependentes sendo pensatildeo por morte e auxiacutelio reclusatildeo

De acordo com Vianna87 a previdecircncia social no Brasil abrange somente

uma parcela da sociedade (face ao seu caraacuteter contributivo) deixando agrave margem de

seus benefiacutecios aqueles que natildeo exercem atividade remunerada (contribuintes

obrigatoacuterios) ou que manifestamente natildeo expressam seu desejo associativo

(contribuintes facultativos) A populaccedilatildeo mais carente e portanto natildeo contribuinte

86

Ibid p 51 87

Ibid p 62

41

usufrui somente das accedilotildees da sauacutede e das accedilotildees e benefiacutecios mantidos pela

Assistecircncia Social

Os empregados trabalhadores avulsos empregados domeacutesticos os

contribuintes individuais e os facultativos assim como seus dependentes tecircm por

benefiacutecios aposentadoria por invalidez especial idade e tempo de contribuiccedilatildeo

auxiacutelios doenccedilas acidente reclusatildeo pensatildeo por morte salaacuterios maternidade e

famiacutelia A previdecircncia eacute um sistema de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria no Brasil ou seja a

contribuiccedilatildeo eacute obrigatoacuteria Existem duas modalidades de contribuintes os

obrigatoacuterios que satildeo os trabalhadores de forma geral previstos no art 11 da Lei nordm

821291 e os facultativos que satildeo aqueles que podem contribuir de maneira

facultativa por natildeo trabalharem com fins lucrativos ou aqueles que natildeo tecircm renda

Apesar da existecircncia expressa na Constituiccedilatildeo Federal do princiacutepio da

uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees urbanas e

rurais (artigo 194 II) a previdecircncia social compreende trecircs regimes distintos O

artigo 6ordm do Decreto nordm 304899 (Regulamento da Previdecircncia Social) determina os

seguintes regimes

I Regime Geral de Previdecircncia Social Principal regime previdenciaacuterio

por abranger maior percentual da populaccedilatildeo brasileira trabalhadores

da iniciativa privada rural ou urbana empregados domeacutesticos

aprendizes empresaacuterios trabalhadores autocircnomos trabalhadores

avulsos produtores rurais etc Sua administraccedilatildeo eacute atribuiacuteda ao

Ministeacuterio da Previdecircncia Social sendo exercida pelo Instituto Nacional

de Seguridade Social ndash INSS autarquia federal responsaacutevel pela

concessatildeo dos benefiacutecios previdenciaacuterios (do Regime Geral)

II ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos servidores puacuteblicos os

servidores titulares de cargos efetivos da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios incluiacutedas suas autarquias e

fundaccedilotildees possuem tratamento diferenciado quanto ao sistema

previdenciaacuterio conferido pela proacutepria Constituiccedilatildeo Federal artigo 40

caput (redaccedilatildeo dada pela Emenda Constitucional nordm 412003) que

lhes assegura a existecircncia de regime proacuteprio

III ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos militares as Forccedilas Armadas

constituiacutedas pela Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica satildeo instituiccedilotildees

nacionais permanentes e regulares organizadas com base na

42

hierarquia e na disciplina sob a autoridade suprema do Presidente da

Repuacuteblica Os membros das Forccedilas Armadas satildeo denominados

militares e a Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 142 inciso X

combinado com o sect 20ordm do artigo 40 confere agrave lei ordinaacuteria a

competecircncia para a instituiccedilatildeo de sistema proacuteprio previdenciaacuterio

O regime geral de previdecircncia conhecido por RGPS se acha a cargo do

INSS o regime proacuteprio dos servidores puacuteblicos a cargo do respectivo ente da

federaccedilatildeo que pode para administraacute-lo instituir entidade autaacuterquica proacutepria

A previdecircncia social brasileira vem passando por inuacutemeras discussotildees sobre

uma reforma necessaacuteria pois atualmente a economia brasileira vai bem

considerando a capacidade de gerar empregos mas a previdecircncia social nem tanto

considerando os deacuteficits Enquanto registrou uma alta de 44688

de trabalhadores

com emprego formal no primeiro semestre de 2010 as contas da Previdecircncia Social

fecharam com um deacuteficit de 228 bilhotildees89

Contudo em notiacutecia divulgada no site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social o

deacuteficit do Regime Geral de Previdecircncia Social somou R$ 33 bilhotildees em fevereiro de

2011 o que representa uma queda de 176 em relaccedilatildeo ao rombo de R$ 402

bilhotildees registrado em fevereiro de 2010 Todos os nuacutemeros foram corrigidos pelo

INPC Em janeiro de 2011 o resultado negativo somou R$ 3 bilhotildees e no ano de

2010 o deacuteficit totalizou R$ 443 bilhotildees com queda de 45 frente ao ano

anterior90

No primeiro bimestre de 2011 ainda segundo dados do Ministeacuterio da

Previdecircncia o deacuteficit da Previdecircncia somou R$ 635 bilhotildees com queda de 205

em relaccedilatildeo ao mesmo periacuteodo do ano passado quando o resultado negativo (em

nuacutemeros jaacute corrigidos pelo INPC) somou R$ 799 bilhotildees91

A Comissatildeo Especial para Estudos do Sistema Previdenciaacuterio criada com o

objetivo de analisar e estudar o sistema brasileiro de previdecircncia reconheceu que

ldquosem reformas estruturais logo a previdecircncia sentiraacute os efeitos corrosivos de

benefiacutecios sem cobertura assegurada ou de fontes de financiamento esgotadasrdquo

(Anexo I da Mesa Diretora da Cacircmara de Deputados)

88

Fonte notiacutecia vinculada ao site JUSPREV ndash Previdecircncia dos promotores e da Justiccedila Brasileira Disponiacutevel em httpwwwjusprevcombr Acesso em 25072010

89 Ibid

90 Fonte notiacutecia vinculada ao site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social no dia 24032011 Disponiacutevel

em ltwwwmpsgovbrgt Acesso em 30032011 91

Ibid

43

As reformas previdenciaacuterias na Ameacuterica Latina satildeo base de grandes

discussotildees O Chile foi o primeiro paiacutes a implementar uma privatizaccedilatildeo do sistema

previdenciaacuterio de forma radical jaacute para os outros paiacuteses da mesma regiatildeo

determinados fatos ocorridos nos anos 1980 foram cruciais antes que as reformas

estruturais se tornassem politicamente viaacuteveis como 1) quebra dos sistemas de

seguridade social durante a crise econocircmica e financeira 2) o crescente interesse

por parte das instituiccedilotildees financeiras internacionais nos efeitos econocircmicos dos

sistemas de seguridade social e seu apoio agrave reforma de sistemas previdenciaacuterios no

acircmbito de programas de ajuste estrutural 3) a opccedilatildeo neoliberal na poliacutetica latino-

americana nos anos 1990 com forte orientaccedilatildeo para o modelo estatal regulatoacuterio-

subsidiaacuterio que introduz medidas como a privatizaccedilatildeo a liberalizaccedilatildeo e a

desregulaccedilatildeo e favorece reformas radicais que visam recuperar a credibilidade em

lugar de favorecer melhorias no acircmbito da loacutegica dos sistemas anteriores92

Analisando os sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do bloco

podemos chegar agrave Tabela 2 como forma simplificada de anaacutelise

Tabela 2 Resumo da anaacutelise dos sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL

Paiacutes Tipo de Sistema Benefiacutecios Reformas

Argentina Misto Aposentadoria por idade invalidez pensatildeo por morte e seguro desemprego

Lei nordm 2424193

Lei nordm2622207

Brasil Reparticcedilatildeo Simples

Aposentadoria por idade tempo de contribuiccedilatildeo invalidez especial auxiacutelio doenccedila pensatildeo por morte salaacuterio maternidade salaacuterio famiacutelia reclusatildeo auxiacutelio acidente reabilitaccedilatildeo profissional

EC 201998 e

EC 412003

Paraguai Reparticcedilatildeo Simples Aposentadoria por idade invalidez auxiacutelio doenccedila salaacuterio maternidade e pensatildeo por morte

--

Uruguai Misto Aposentadoria por tempo de serviccedilo por idade invalidez auxiacutelio doenccedila e pensatildeo por morte

Lei nordm 1671395 e Lei 1839508

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmpsgovcomgt

92

HUJO Katja Novos Paradigmas na Previdecircncia Social Liccedilotildees do Chile e da Argentina Revista Planejamento e Poliacuteticas Puacuteblicas n 19 Junho de 1999 p 158 e 159

44

CAPIacuteTULO 2

2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

21 ACORDOS INTERNACIONAIS CONCEITO E FINALIDADE

O Estatuto da Convenccedilatildeo de Viena definiu tratado em seu artigo 2ordm I

aliacutenea ldquoardquo como sendo um ldquoacordo internacional celebrado por escrito entre Estados

regido pelo direito internacional quer conste de um instrumento uacutenico quer de dois

ou mais instrumentos conexos qualquer que seja sua denominaccedilatildeo particularrdquo 93

Tratado eacute o ato juriacutedico pelo qual haacute a manifestaccedilatildeo de vontades de duas ou

mais pessoas internacionais visando estabelecer um acordo entendido como

expressatildeo de uso livre e de alta incidecircncia na praacutetica internacional94

Como

conceitua Wladimir Novaes Martinez ldquosatildeo fontes formais internacionais que regem a

previdecircncia social dos trabalhadores migrantes isto eacute tratados bilaterais sobre

previdecircncia social celebrados entre o Brasil e diversos paiacuteses da Ameacuterica Latina e

da Europardquo95

Eacute imprescindiacutevel um esforccedilo muacutetuo internacional no sentido de flexibilizar

regras de seguridade social para se tornarem viaacuteveis os acordos internacionais

Rocha destaca que no plano internacional fatores como a migraccedilatildeo de

trabalhadores a atuaccedilatildeo de empresas multinacionais e a criaccedilatildeo de mercados

comuns satildeo fatores que tecircm acentuado a tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo da

previdecircncia e seguridade social Deste contexto exsurge a necessidade de que as

legislaccedilotildees nacionais sejam integradas a fim de que os trabalhadores que transitem

entre os Estados e sujeitos a regimes previdenciaacuterios nacionais diferentes natildeo

93

Essa Convenccedilatildeo sistematiza conceitos juriacutedicos fundamentais sobre os tratados e foi adotada em 23051969 pela Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o direito dos tratados tendo entrado em vigor para os paiacuteses que a ratificaram natildeo incluindo o Brasil em 27011980 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdaidtrathtmgt Acesso em 12052008

94 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdai003htmlgt Acesso em 10052008

95 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio Tomo II previdecircncia social 2

ed Satildeo Paulo LTr 2007 p858

45

sejam prejudicados e privados da proteccedilatildeo previdenciaacuteria em razatildeo da falta de

articulaccedilatildeo estatal96

Natildeo obstante os acordos natildeo satildeo estabelecidos ocasionalmente Eacute

essencial que se analise a presenccedila de uma forte migraccedilatildeo internacional de

trabalhadores o incremento de importantes fluxos de investimentos externos e as

relaccedilotildees especiais de amizade existentes entre os paiacuteses com os quais se deseja

estabelecer um acordo internacional Os acordos podem ser bilaterais ou

multilaterais podendo ainda ser permanentes ou temporaacuterios As formalidades para

celebraccedilatildeo do acordo satildeo 1ordm negociaccedilatildeo 2ordm assinatura 3ordm troca de notas e 4ordm

ratificaccedilatildeo (promulgaccedilatildeo confirmaccedilatildeo) com intervenccedilatildeo das atividades diplomaacuteticas

inclusive

De acordo com o artigo 49 inciso I da Constituiccedilatildeo Federal os tratados

internacionais tecircm de ser ratificados pelo Poder Legislativo por meio de Decretos

Legislativos adquirindo forccedila de lei e regulamentados por Decretos do Poder

Executivo transformando-se em fontes formais do Direito Os tratados internacionais

satildeo atos complexos pois deve existir a vontade do presidente da Repuacuteblica que os

celebra e a do Congresso Nacional que os aprova logo consagra-se assim a

colaboraccedilatildeo do Executivo e do Legislativo na conclusatildeo de tratados internacionais97

Diante do atual cenaacuterio internacional caracterizado pelo intenso processo de

globalizaccedilatildeo o tracircnsito de pessoas em geral e especialmente de trabalhadores

tem aumentado constantemente e a expectativa98

eacute a de que com o aumento da

integraccedilatildeo econocircmica e a consolidaccedilatildeo de blocos poliacutetico-econocircmicos o tracircnsito de

trabalhadores aumente ainda mais

As migraccedilotildees internacionais constituem-se um fato com o qual os paiacuteses

por intermeacutedio de seus gestores de poliacuteticas de trabalho e previdecircncia social teratildeo

que lidar Eacute previsiacutevel que no contexto da integraccedilatildeo internacional crescente os

acordos e tratados de seguridade social sejam instrumentos importantes de

extensatildeo e garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios previstos na

96

ROCHA Daniel Machado da O direito fundamental agrave previdecircncia social na perspectiva dos princiacutepios constitucionais diretivos do sistema previdenciaacuterio brasileiro Porto Alegre Livraria do Advogado 2004 p 112

97 PIOVESAN Flaacutevia Direitos Humanos e Direito Constitucional e Internacional 5ed Satildeo

Paulo Max Limonad 2002 p 72 98

Cf os trabalhos publicados na coletacircnea BRASIL Migraccedilotildees Internacionais e a Previdecircncia Social Ministeacuterio da Previdecircncia Social Brasiacutelia MPAS 2006

46

legislaccedilatildeo de dois ou mais paiacuteses procurando prover fundamento legal comum

quanto aos direitos e obrigaccedilotildees

A integraccedilatildeo regional do MERCOSUL promove uma reestruturaccedilatildeo

competitiva das economias nacionais dos paiacuteses do bloco que impotildee novos

desafios econocircmicos e sociais aos paiacuteses

Em mateacuteria de previdecircncia os acordos internacionais que estatildeo inseridos

no contexto da poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores satildeo o resultado de esforccedilos do Ministeacuterio da Previdecircncia Social e de

entendimentos diplomaacuteticos entre governos e objetivam garantir aos respectivos

trabalhadores e dependentes legais residentes ou em tracircnsito no paiacutes os direitos de

seguridade social previstos nas legislaccedilotildees dos paiacuteses99

Os acordos internacionais de Previdecircncia Social estabelecem uma relaccedilatildeo

de prestaccedilatildeo de benefiacutecios previdenciaacuterios natildeo implicando na modificaccedilatildeo da

legislaccedilatildeo vigente no paiacutes cumprindo a cada Estado contratante analisar os pedidos

de benefiacutecios apresentados e decidir quanto ao direito e agraves condiccedilotildees conforme sua

proacutepria legislaccedilatildeo aplicaacutevel Esses acordos internacionais satildeo instrumentos juriacutedicos

que possibilitam aceitar a validade do trabalho prestado em outro paiacutes como tempo

de contribuiccedilatildeo para fins de aposentadoria permitindo assim que se reconheccedilam

os benefiacutecios de Seguridade Social nos paiacuteses participantes

Todavia natildeo se ignorem tambeacutem as imensas dificuldades legislativas entre

os quatro paiacuteses em mateacuteria previdenciaacuteria Este campo eacute de imprescindiacutevel

harmonizaccedilatildeo e principalmente estruturaccedilatildeo interna que visa num primeiro

momento agrave reduccedilatildeo do deacuteficit puacuteblico para em posterior momento criar as

condiccedilotildees agrave exportaccedilatildeo dos benefiacutecios ldquoTorna-se um imperativo pois caso contraacuterio

os trabalhadores natildeo arriscaratildeo novas oportunidades tampouco se beneficiaratildeo se

natildeo puderem contar com a assistecircncia dos sistemas previdenciaacuterios da contagem

do tempo de serviccedilo ou contribuiccedilatildeo e sobretudo da possibilidade de desfrutarem

de benefiacutecios em Estados estrangeirosrdquo100

A verdade eacute que no mundo contemporacircneo a preocupaccedilatildeo com a questatildeo

social na integraccedilatildeo regional natildeo pode ser tratada como faculdade e sim uma

necessidade derivada do proacuteprio instinto de preservaccedilatildeo de cada paiacutes Neste

99

Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_01aspgt Acesso em 25042009

100 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Op cit p 246

47

sentido Alicia Moreno ressalta a importacircncia de documentos como a Declaraccedilatildeo

Sociolaboral do MERCOSUL e do Acordo Multilateral de Seguridade Social para o

avanccedilo da questatildeo social no MERCOSUL ainda que caracterize o avanccedilo ainda

parcial101

Poreacutem faz criacutetica ao caraacuteter limitado do poder vinculante dos documentos

relativos a aacuterea social Eduardo Campos ao entender que a realidade social do

MERCOSUL traduz-se em debates e estudos que ateacute 2001 materializaram-se em

programas e praacuteticas de um pequeno nuacutemero de accedilotildees pontuais aqui e ali

[] o saldo ateacute o momento resume-se basicamente agrave vigecircncia comum de algumas normas da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho agrave celebraccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social sem grandes inovaccedilotildees em relaccedilatildeo ao quadro entatildeo existente e agrave assinatura da Declaraccedilatildeo Sociolaboral com importantes limitaccedilotildees em seu conteuacutedo e sem poder vinculante

102

Pode-se afirmar que os acordos internacionais satildeo mecanismos delicados

que precisam superar problemas complexos dentre os quais os sistemas de

seguridade social principalmente pelas variadas regras existentes em todo o

mundo sendo preciso superar as deficiecircncias internas para harmonizar as regras

bastante divergentes dos paiacuteses envolvidos nos acordos internacionais

Os acordos internacionais em mateacuteria previdenciaacuteria protegem os direitos

dos trabalhadores envolvidos em movimentos migratoacuterios com o objetivo de

garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios

Nesse sentido eacute necessaacuterio que os processos de integraccedilatildeo regional sejam

acompanhados de medidas tendentes agrave progressiva coordenaccedilatildeo natildeo somente das

poliacuteticas macroeconocircmicas senatildeo tambeacutem daquelas referentes agrave proteccedilatildeo social

Imerso neste desafio e com a ampliaccedilatildeo de demandas populares de poliacuteticas de

proteccedilatildeo social nos uacuteltimos anos foi habitual que o Brasil estabelecesse convecircnios

bilaterais de previdecircncia social com alguns paiacuteses da Ameacuterica Latina o que tornou

mais faacutecil a ratificaccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL

101

MORENO Alicia S La difusa Idea del espacio social em los procesos de integracioacuten In PIMENTEL L O (Coord) Mercosul Alca e Integraccedilatildeo Euro-Latino-Americana Curitiba Juruaacute 2001 p 74

102 CAMPOS E N O deacuteficit social da Comunidade Europeacuteia e do MERCOSUL In PIMENTEL L O

(Coord) Op cit p 210

48

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL

Os organismos internacionais de seguridade social tecircm o objetivo de garantir

a maior cobertura possiacutevel da proteccedilatildeo social aos trabalhadores e atuar na

facilitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse processo O Ministeacuterio da Previdecircncia Social

(MPS) manteacutem filiaccedilatildeo com trecircs organismos internacionais de seguridade social

Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social (AISS) Conferecircncia Interamericana

de Seguridade Social (CISS) e Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social

(OISS) O Brasil tambeacutem eacute parceiro em accedilotildees com a Organizaccedilatildeo Internacional do

Trabalho (OIT)103

A Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social eacute a principal organizaccedilatildeo

internacional do mundo a reunir as administraccedilotildees e os organismos nacionais de

seguridade social Fundada em 1927 a AISS eacute uma organizaccedilatildeo internacional sem

fins lucrativos composta por instituiccedilotildees oacutergatildeos governamentais entidades e outros

organismos gestores de ramos de seguridade social seu secretariado tem sede na

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra e atualmente conta com

340 organizaccedilotildees afiliadas em 150104

paiacuteses de todo o mundo

Os objetivos da AISS satildeo defender e promover a seguridade social

internacional no mundo inteiro colaborando com o aperfeiccediloamento teacutecnico-

administrativo e o intercacircmbio informativo gerencial assegurar o direito estabelecido

por lei aos acidentes de trabalho e doenccedilas profissionais desemprego maternidade

invalidez aposentadoria e reabilitaccedilatildeo a filhos e membros das famiacutelias fomentar

experiecircncias intercacircmbios e conhecimentos internacionais organizar reuniotildees sobre

seguridade social realizar intercacircmbio de informaccedilotildees e experiecircncias organizar

cursos de formaccedilatildeo e seminaacuterios de capacitaccedilatildeo efetuar investigaccedilotildees e pesquisas

em mateacuteria de seguridade social publicar e difundir trabalhos e documentos sobre

temas de seguridade social organizar reuniotildees internacionais perioacutedicas de seus

membros favorecer a troca de informaccedilotildees e a confrontaccedilatildeo de experiecircncias

orientando as atividades dos membros da Associaccedilatildeo e a ajuda teacutecnica muacutetua que

possam propor colaborar com a OIT e com outras organizaccedilotildees a fim de contribuir

103

Fonte Relatoacuterio Anual da AISS Disponiacutevel em ltwwwissaintannual-reviewgt Acesso em 20012011

104 Ibid

49

para a melhoria da situaccedilatildeo social e econocircmica dos povos com base na justiccedila

social para uma paz geral e duraacutevel

A Conferecircncia Interamericana de Seguridade Social eacute um Organismo

Internacional Especializado de caraacuteter permanente que foi iniciado pelos estados

membros da OIT os quais reunidos em uma conferecircncia de trabalho em 12 de

dezembro de 1940 na cidade de Lima Peru criou o Comitecirc Interamericano de

Iniciativas em Seguridade Social que serviu depois de base para criaccedilatildeo da

Conferecircncia Interamericana de Seguridade aprovada por unanimidade desde que

atue em conformidade com a OIT

Seus objetivos satildeo apoiar e contribuir para o desenvolvimento da

seguridade social nos paiacuteses americanos cooperando com as instituiccedilotildees e

administraccedilotildees nacionais adotar resoluccedilotildees e formular recomendaccedilotildees em

seguridade social e promover sua difusatildeo impulsionar a cooperaccedilatildeo e intercacircmbio

de experiecircncias entre as instituiccedilotildees de administraccedilotildees nacionais de seguridade

social e outras organizaccedilotildees internacionais orientar a capacitaccedilatildeo de recursos

humanos a serviccedilo da seguridade social e proporcionar meios para que se possa

fazecirc-lo de forma sistemaacutetica e permanente difundir os avanccedilos dos sistemas de

seguridade social em niacutevel nacional e internacional e editar as publicaccedilotildees de

estudos105

A Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social OISS tem como

finalidade promover o bem-estar econocircmico e social dos paiacuteses ibero-americanos

mediante a coordenaccedilatildeo intercacircmbio e troca de experiecircncias muacutetuas no acircmbito da

seguridade social Aleacutem de prestar assessoramento e ajuda teacutecnica a seus

membros colaborando para o desenvolvimento de seus sistemas tem-se

empenhado na promoccedilatildeo da universalizaccedilatildeo da Seguridade Social impulsionando a

modernizaccedilatildeo dos sistemas existentes mediante a coordenaccedilatildeo e o aproveitamento

de suas experiecircncias muacutetuas

A OISS eacute o primeiro registro na Ameacuterica para a Seguridade Social realizada

em Barcelona em 1950 no qual estabeleceu uma Secretaria para apoiar novas

reuniotildees a ser chamada Comissatildeo Americana de Seguranccedila Social mas foi no

Congresso Latino-Americano de Seguridade Social realizado em Lima Peru em

105

Ibid

50

1954 que com a presenccedila da maioria dos paiacuteses da regiatildeo juntamente com

representantes da OIT da OEA e ISSA foi aprovada a Carta da OISS

Seus principais objetivos satildeo promover accedilotildees para universalizar o direito agrave

seguridade social colaborar com o desenvolvimento de tratados de integraccedilatildeo

socioeconocircmica de caraacuteter sub-regional atuar como oacutergatildeo permanente de

informaccedilatildeo estudo investigaccedilatildeo e experiecircncia no desenvolvimento dos sistemas

internacionais promover meios para a realizaccedilatildeo de negociaccedilatildeo de acordos entre os

paiacuteses prestando assistecircncia teacutecnica e facilitando a execuccedilatildeo de programas na aacuterea

de proteccedilatildeo social desenvolver investigaccedilotildees estudos e pesquisas nos principais

ramos da seguridade social no mundo receber e divulgar publicaccedilotildees de diversos

trabalhos sobre temas de seguridade social e trocar experiecircncias entre as

instituiccedilotildees membro106

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho fundada em 1919 criada pela

Conferecircncia de Paz apoacutes a Primeira Guerra Mundial tem o objetivo de promover a

justiccedila social Eacute a uacutenica das Agecircncias do Sistema das Naccedilotildees Unidas que tem

estrutura tripartite na qual os representantes dos empregadores e dos trabalhadores

tecircm os mesmos direitos que os do governo

A OIT tem por princiacutepio que a paz universal e permanente soacute pode basear-

se na justiccedila A Organizaccedilatildeo Internacional Trabalho por ser uma agecircncia

especializada das Naccedilotildees Unidas eacute responsaacutevel por formular normas internacionais

do trabalho promover o desenvolvimento e a interaccedilatildeo das organizaccedilotildees de

empregadores e de trabalhadores prestar cooperaccedilatildeo teacutecnica principalmente nas

aacutereas de formaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo profissional poliacuteticas e programas de emprego e

de empreendedorismo administraccedilatildeo do trabalho direito e relaccedilotildees do trabalho

condiccedilotildees de trabalho desenvolvimento empresarial cooperativas previdecircncia

social estatiacutesticas e seguranccedila e sauacutede ocupacional

Ainda como objetivos estrateacutegicos promover os princiacutepios fundamentais e

direitos no trabalho por meio de um sistema de supervisatildeo e de aplicaccedilatildeo de

normas promover melhores oportunidades de empregorenda para mulheres e

homens em condiccedilotildees de livre escolha de natildeo discriminaccedilatildeo e de dignidade

aumentar a abrangecircncia e a eficaacutecia da proteccedilatildeo social e fortalecer o tripartismo e

o diaacutelogo social

106

Disponiacutevel em lthttpwww1previdenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_05aspgt Acesso em 20042011

51

Na seguridade social destaca-se a Convenccedilatildeo 118 da Organizaccedilatildeo

Internacional do Trabalho (OIT) que trata da igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros aprovada no Brasil em 24 de agosto de 1968 No artigo 7ordm

da Convenccedilatildeo estipula-se que os paiacuteses signataacuterios tecircm que participar de um

sistema de direitos de seguridade social e que este sistema teraacute que fornecer a

totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro trabalho ou residecircncia a manutenccedilatildeo ou a

recuperaccedilatildeo de direitos bem como o caacutelculo das contribuiccedilotildees dos trabalhadores

em circulaccedilatildeo Neste sentido eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica as iniciativas do

poder puacuteblico para alcanccedilar tais direitos

No Brasil o escritoacuterio da OIT atua na promoccedilatildeo dos objetivos estrateacutegicos

da Organizaccedilatildeo principalmente na implementaccedilatildeo de programas projetos e

atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica visando ao aperfeiccediloamento das normas e das

relaccedilotildees trabalhistas das poliacuteticas e programas de emprego formaccedilatildeo profissional e

de proteccedilatildeo social

23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE SOCIAL

Como jaacute visto os acordos internacionais de Previdecircncia Social inserem-se

no contexto de poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores mas no Brasil satildeo operacionalizados pelo Instituto Nacional do Seguro

Social de forma descentralizada mediante 14 Organismos de Ligaccedilatildeo vinculados agraves

Gerecircncias Executivas do INSS nas cidades de Manaus Salvador Fortaleza

Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto

Alegre Florianoacutepolis Satildeo Paulo aleacutem do Distrito Federal107

Esses Organismos satildeo

responsaacuteveis pela anaacutelise e concessatildeo dos benefiacutecios cabendo-lhes ainda

responder a solicitaccedilotildees dos segurados e dos Organismos de Ligaccedilatildeo estrangeiros

O Brasil reconhece a importacircncia significativa dos acordos internacionais

como um meio para assegurar os direitos de seguridade social dos cidadatildeos de

maneira que tem como objetivo ampliar cada vez mais as relaccedilotildees bilaterais e

multilaterais para a celebraccedilatildeo de novos acordos tendo como fator determinante

107

Fonte extraiacuteda do site ltwwwmpsgovbracordosinternacionaisgt Acesso em 03012011

52

relaccedilotildees especiais de amizade entre os paiacuteses e os fluxos importantes de comeacutercio

e investimentos

Atualmente o Brasil manteacutem acordo bilateral com Cabo Verde Espanha

Greacutecia Chile Itaacutelia Luxemburgo e Portugal Em fase de negociaccedilatildeo encontram-se

os acordos bilaterais com Japatildeo Alemanha Paiacuteses Baixos Coreacuteia e Estados

Unidos e o Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social108

Na maioria dos

Acordos haacute um Regulamento Administrativo para a sua aplicaccedilatildeo anexado junto ao

respectivo Acordo com exceccedilatildeo do Acordo Internacional entre Brasil e Cabo Verde

e Brasil e Luxemburgo

No acircmbito multilateral o Brasil tem acordo com os Estados Partes do

MERCOSUL (Argentina Paraguai e Uruguai) sendo o mais recente Acordo a entrar

em vigor

De acordo com o Ministeacuterio da Previdecircncia Social a uacuteltima tabela109 com a

quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais

publicada demonstra que no periacuteodo compreendido entre os anos de 2007 e 2009 a

quantidade de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo aos paiacuteses integrantes do

MERCOSUL aumentou em relaccedilatildeo a tabela do periacuteodo 2001 a 2003 tambeacutem

passam a aparecer benefiacutecios concedidos no acircmbito do Acordo Multilateral de

Seguridade Social e aparece na tabela paraguaios trabalhadores que natildeo estavam

na tabela 20012003

Tabela 3 ndash Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

Paiacuteses 20012003

Total de benefiacutecios

20072009

Total de benefiacutecios

Argentina 7 89

MERCOSUL - 32

Paraguai - 6

Uruguai 16 77

Fonte Organizado pela autora com base nas tabelas publicadas pelo Ministeacuterio da Previdecircncia Social

108

LAMERA Larissa Martins Acordos Internacionais de Previdecircncia Social Informe da Previdecircncia Social 1 2007 v 17 n 8 Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrdocspdfinforme202007-08pdfgt Acesso em 26042009

109 Tabelas em anexo

53

A tabela 20072009 trata-se de periacuteodo poacutes-entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social que apresenta uma movimentaccedilatildeo tiacutemida de

trabalhadores circulando dentro do bloco mas ao mesmo tempo jaacute demonstra um

aumento de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo a tabela anterior (20012003) e a

presenccedila do Paraguai Pode-se concluir que o Acordo Multilateral de Seguridade

Social do MERCOSUL jaacute esta atuando a favor do trabalhador no que tange agrave

previdecircncia social ao menos

24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e

seu Regulamento Administrativo foram efetivamente celebrados em Montevideacuteu em

15 de dezembro de 1997 pelos chanceleres da Argentina Brasil Paraguai e

Uruguai na ocasiatildeo da XIII Reuniatildeo do Conselho do Mercado Comum Os referidos

diplomas que encontram amparo no Tratado de Assunccedilatildeo e no Protocolo de Outro

Preto tecircm por objetivo o estabelecimento de normas que regulam as relaccedilotildees de

Seguridade Social entre os paiacuteses do MERCOSUL

Com vigecircncia fixada a partir do dia 1ordm de junho de 2005 o Acordo

Multilateral de Seguridade Social substituiu os acordos bilaterais existentes entre os

paiacuteses da regiatildeo estabelecendo um mecanismo estandardizado de coordenaccedilatildeo

dos sistemas previdenciaacuterios no acircmbito do MERCOSUL que era inexistente nos

instrumentos originaacuterios do bloco econocircmico Foi necessaacuteria portanto a celebraccedilatildeo

de um acordo que contemplasse as normas gerais para regular de maneira clara e

homogecircnea a seguridade social na regiatildeo

Seguindo o rito processual previsto para aprovaccedilatildeo de atos internacionais

no Brasil o Acordo e seu Regulamento foram encaminhados ao Congresso Nacional

e ratificados por meio do Decreto Legislativo nordm 451 publicado em 15 de novembro

de 2001 Este Decreto ressaltou que quaisquer ajustes complementares que

acarretassem encargos ou compromissos gravosos ao patrimocircnio nacional ficariam

sujeitos agrave aprovaccedilatildeo do Congresso Nacional

54

A mateacuteria objeto dos referidos diplomas internacionais envolve interesses

dos Ministeacuterios das Relaccedilotildees Exteriores da Previdecircncia Social Sauacutede e Trabalho e

Emprego uma vez que abrange a legislaccedilatildeo de seguridade social pertinente agraves

prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede aplicaacutevel aos trabalhadores e seus

familiares e assemelhados

O Acordo trata basicamente dos seguintes temas

I reconhecimento dos direitos agrave Seguridade Social aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer Estados

Partes sendo-lhes atribuiacutedos assim como a seus familiares e

assemelhados os mesmos direitos e estando sujeitos agraves mesmas

obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes

II submissatildeo do trabalhador agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo

territoacuterio exerccedila atividade laboral outorga das prestaccedilotildees de sauacutede ao

trabalhador deslocado temporariamente para territoacuterio de outro Estado

assim como para seus familiares e assemelhados desde que a

Entidade Gestora do Estado de origem assim autorize

III possibilidade de obtenccedilatildeo de prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada

invalidez ou morte pelos trabalhadores filiados a um regime de

aposentadoria e

IV pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecidas por algum dos

Estados Partes

A prioridade da diplomacia brasileira na Ameacuterica Latina em geral e no

MERCOSUL atribui especial relevacircncia ao Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL demandando a maior celeridade possiacutevel nos processos

necessaacuterios agrave sua efetiva aplicaccedilatildeo Entretanto a mesma dedicaccedilatildeo espera-se dos

paiacuteses signataacuterios do Acordo qual seja a necessidade de se estender proteccedilatildeo

social a todos os brasileiros que se encontram no exterior

Essa norma de coordenaccedilatildeo entre os paiacuteses natildeo implica a alteraccedilatildeo nos

respectivos sistemas previdenciaacuterios mas permite preservar os direitos adquiridos

ou em fase de aquisiccedilatildeo pelos trabalhadores ou seus dependentes quando se

encontrarem no territoacuterio dos paiacuteses signataacuterios aleacutem de natildeo prejudicar os direitos

adquiridos na vigecircncia dos acordos bilaterais

55

Hugo Roberto Mansueti110

lembra

Ello fue advertido en forma temprana con La aprobacioacuten Del Acordo Multilateral de Seguridad Social Del Mercosur y El respectivo regulamento administrativo suscritos em Montevideacuteo el 15 de diciembre de 1997 Ambos instrumentos ya se ecuentran en vigor de manera simultacircnea desde 01 de junio de 2002 Atraveacutes de estos Estados-Partes de latildes cotizaciones efectuadas por los trabajadores nacionales o extranjeros habitantes de manera tal que las prestaciones puedan ser otorgadas por El Estado donde El trabajador o beneficiaacuterio se encuentre

111

Nos termos do artigo 2ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL os direitos agrave seguridade social seratildeo reconhecidos aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer dos Estados Partes sendo-

lhes reconhecidos bem como a seus familiares e dependentes os mesmos direitos

estando sujeitos agraves obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes com

respeito aos especificamente mencionados no Acordo O Acordo tambeacutem deve

ser aplicado aos trabalhadores de qualquer outra nacionalidade residentes no

territoacuterio de um dos Estados Partes sempre que prestem ou tenham prestado

serviccedilos nos paiacuteses do bloco Por fim destaca-se que o objetivo do presente

Acordo eacute harmonizar e natildeo unificar as legislaccedilotildees previdenciaacuterias dos

integrantes do bloco essa eacute a diretriz prescrita no artigo 4deg ao declarar que ldquoo

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

exerccedila atividade laboralrdquo

Os primeiros esforccedilos para coordenar regimes de seguridade social por via

de acordos internacionais satildeo anteriores agrave Segunda Guerra Mundial Natildeo obstante

os acordos da forma como os conhecemos atualmente emergiram depois desse

conflito incorporando os paiacuteses de Europa Ocidental Tais paiacuteses perceberam que

sem uma coordenaccedilatildeo desta natureza os indiviacuteduos que contribuiacuteram para regimes

previdenciaacuterios em mais de um paiacutes natildeo poderiam reunir as condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo

das aposentadorias a que teriam direito

110

MANSUETI H R Contenidos de la Seguridad Social en el MERCOSUL In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 85

111 Traduccedilatildeo livre Isto foi advertido antecipadamente com a aprovaccedilatildeo do Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL e o respectivo regulamento administrativo subscritos em Montevideo em 15 de dezembro de 2002 Atraveacutes destes Estados-Partes das cotaccedilotildees efetuadas pelos trabalhadores nacionais ou estrangeiros residentes de forma que os benefiacutecios possam ser concedidos pelo Estado onde o trabalhador ou beneficiaacuterio de encontre

56

Os Governos da Repuacuteblica Argentina da Repuacuteblica Federativa do Brasil da

Repuacuteblica do Paraguai e da Repuacuteblica Oriental do Uruguai considerando o Tratado

de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 e o Protocolo de Ouro Preto de 17 de

dezembro de 1994 com o objetivo de estabelecer normas que regulem as relaccedilotildees

de Seguridade Social entre os Estados Partes do MERCOSUL decidiram promulgar

o Acordo Multilateral de Seguridade Social publicado no Brasil pelo Decreto

Legislativo nordm 451 de 14 de novembro de 2001 e Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo

de 2006

O acordo do MERCOSUL eacute o primeiro acordo internacional brasileiro em

mateacuteria previdenciaacuteria que tambeacutem beneficia os funcionaacuterios puacuteblicos pertencentes

aos Regimes Proacuteprios de Previdecircncia Social112

Como o acordo seraacute aplicado substancialmente pela uniformidade de

entendimento entre os paiacuteses membros estabeleceu-se a Comissatildeo Permanente

integrada por trecircs membros de cada paiacutes composta por grupos de trabalho nas

aacutereas da sauacutede legislaccedilatildeo e informaacutetica com o objetivo de verificar a aplicaccedilatildeo do

acordo e resolver as divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo desse instrumento

O Acordo Multilateral de Seguridade Social destacam Nilde Bravo Maria

Alliney e Graciela Victoriacuten113

representa a satisfaccedilatildeo de uma diacutevida que os Estados

Partes tinham com seus trabalhadores considerando que no aspecto do Acordo o

social havia sido relegado a um segundo plano Deste modo olvidou-se que a

economia se constroacutei tambeacutem com o trabalho do homem e eacute deste ndash trabalhador

migrante ndash que se deve proteger seus bens mais valiosos como sua sauacutede e as

contingecircncias sociais de velhice invalidez e morte

241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral

O trabalhador que transitar pelos diferentes sistemas previdenciaacuterios dos

paiacuteses integrantes do MERCOSUL e desde que preenchidos os requisitos para a

concessatildeo do benefiacutecio teraacute direito ao mesmo poreacutem nem todas as prestaccedilotildees

112

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1Ed)

113 BRAVO N de Las M ALLINEY M C AVENDANtildeO G V Un avance en el proceso de

integracioacuten social en el MERCOSUR el Acuerdo Multilateral de Seguridad Social In PIMENTEL L O Op cit p 406

57

estaratildeo cobertas pelo Acordo Multilateral Como o diploma natildeo prevecirc uma unificaccedilatildeo

da legislaccedilatildeo previdenciaacuteria dentro do bloco e sim uma harmonizaccedilatildeo cada Estado

Parte deve continuar prestando sua assistecircncia da forma como a legislaccedilatildeo interna

prever

As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes

tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo

pagas de acordo com as normas previstas no artigo 7ordm do Acordo Multilateral

Destarte ficam excluiacutedos do Acordo Multilateral os previstos no Brasil no art

18 da Lei ndeg 8213 de 24 de julho de 1991 que dispotildee sobre os planos de

benefiacutecios da previdecircncia social

a) para o segurado aposentadoria por tempo de serviccedilo aposentadoria

especial salaacuterio-famiacutelia salaacuterio-maternidade auxiacutelio-acidente

b) para o dependente auxiacutelio-reclusatildeo

c) para o segurado e dependente serviccedilo social reabilitaccedilatildeo profissional

Somente seratildeo analisadas as principais caracteriacutesticas requisitos de

concessatildeo e forma da renda inicial mensal dos benefiacutecios com os quais os

trabalhadores do MERCOSUL poderatildeo contar

No Brasil a autoridade competente a processar os pedidos de

concessatildeo de benefiacutecios envolvendo estrangeiros dos Acordos Internacionais

eacute o Instituto Social do Seguro Social e a Assessoria de Assuntos Internacionais eacute

o oacutergatildeo responsaacutevel pela celebraccedilatildeo dos Acordos e pelo acompanhamento e

avaliaccedilatildeo de sua operacionalizaccedilatildeo O requerimento de benefiacutecio inclusive

benefiacutecio da legislaccedilatildeo do outro Paiacutes deveraacute ser protocolizado na Entidade Gestora

do paiacutes de residecircncia do interessado No Brasil os requerimentos satildeo formalizados

nas UnidadesAgecircncias da Previdecircncia Social conforme a residecircncia do requerente

e encaminhados ao Organismo de Ligaccedilatildeo correspondente

Em relaccedilatildeo ao benefiacutecio de aposentadoria por idade podemos apresentar

uma particularidade do Brasil que natildeo se aplica ao Acordo Multilateral de

Seguridade Social que eacute a possibilidade de o trabalhador rural que vive em regime

de economia familiar poder se aposentar por idade sem ter a necessidade de

contribuiccedilatildeo com idade de 60 anos para o homem e 55 anos para a mulher

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR

58

IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA

114

1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3 A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

115

Portanto embora o trabalhador rural seja efetivamente um trabalhador no

sistema brasileiro de previdecircncia social conforme dispotildee a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 se houver comprovaccedilatildeo de que o segurado era trabalhador rural chamado de

segurado especial116

ser-lhe-aacute devido o benefiacutecio da aposentadoria o que natildeo

acontece com os paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social

114

A sentenccedila na iacutentegra poderaacute ser observada no anexo fls 136 115

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA TRF - 4ordf Regiatildeo

116 Segurado Especial para o sistema brasileiro de previdecircncia social eacute aquele que vive em regime

de economia familiar e caracteriza-se como produtor parceiro meeiro e o arrendataacuterio rural o pescador artesanal e seus assemelhados que exerccedilam suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar com ou sem auxiacutelio eventual de terceiros em sistema de muacutetua colaboraccedilatildeo e sem utilizaccedilatildeo de matildeo de obra assalariada bem como seus respectivos cocircnjuges companheiros e filhos maiores de 16 anos de idade ou a eles equiparados desde que trabalhem comprovadamente com o grupo familiar respectivo

A contar de 22112000 o parceiro outorgante proprietaacuterio de imoacutevel rural com aacuterea total de no maacuteximo quatro moacutedulos fiscais que ceder em parceria ou meaccedilatildeo ateacute 50 da aacuterea de seu imoacutevel rural desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a atividade individualmente ou em regime de economia familiar (VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios Op cit p57)

59

Ateacute porque como se analisaraacute veraacute no Capiacutetulo 3 os trabalhadores

assegurados pelo Acordo satildeo aqueles que tecircm viacutenculo de emprego ou seja os

trabalhadores empregados

60

CAPIacuteTULO 3

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE

SOCIAL NO MERCOSUL

O ecircxito dos Acordos Internacionais eacute em grande parte em razatildeo da parceria

entre o Itamaraty e o Ministeacuterio da Previdecircncia Social (MPS) com vistas a estender

proteccedilatildeo previdenciaacuteria aos brasileiros que vivem no exterior o que pressupotildee a

existecircncia de acordos nessa mateacuteria com governos de outros paiacuteses

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL eacute o primeiro

Acordo multilateral brasileiro em mateacuteria previdenciaacuteria em vigor Nele por exemplo

satildeo garantidos benefiacutecios que dependem de contribuiccedilotildees e contagem de tempo

como aposentadoria por idade (voluntaacuteria ou obrigatoacuteria) aposentadoria por

invalidez auxiacutelio-doenccedila e a pensatildeo por morte o que totalizaria os periacuteodos para

quem atua em mais de um paiacutes no acircmbito do Acordo

Outra proteccedilatildeo prevista eacute a manutenccedilatildeo da contribuiccedilatildeo ao paiacutes de origem

quando o deslocamento temporaacuterio for inferior a 12 meses prorrogaacutevel por igual

periacuteodo sempre que seja autorizado pelo paiacutes de destino Em tal periacuteodo o

trabalhador manteacutem seu viacutenculo e direitos sempre no paiacutes de origem natildeo

precisando portanto requerer esse tempo trabalhado na forma do Acordo Ademais

o Acordo tambeacutem beneficia aos servidores puacuteblicos pertencentes aos Regimes

Proacuteprios de Previdecircncia Social

Quanto aos atendimentos de sauacutede o Acordo prevecirc assistecircncia meacutedica

gratuita na rede hospitalar do governo ao trabalhador deslocado temporariamente

nos termos do inciso I Artigo 6 do referido Acordo bem como a seus dependentes

Natildeo obstante os atendimentos de sauacutede somente seratildeo outorgados ao trabalhador

deslocado temporariamente para o territoacuterio de outros Estados Partes bem como

para seus familiares e dependentes se a Entidade Gestora do Estado de origem

autorizar esse outorgamento Os custos que se originem dessa possibilidade seratildeo

cobertos pela mesma Entidade Gestora que autorizou a prestaccedilatildeo117

117

Decreto Legislativo n ordm 4512001 art 6ordm

61

Assim no Brasil o interessado deveraacute antes do deslocamento dirigir-se ao

Departamento Nacional de Auditoria do SUS dependente do Ministeacuterio da Sauacutede do

Brasil e solicitar o Certificado de Direito a Assistecircncia Meacutedica no Estado para onde

se deslocaraacute temporalmente

Os acordos internacionais na aacuterea de seguridade social satildeo instrumentos

juriacutedicos que os trabalhadores se utilizam para obter a validade do tempo de

contribuiccedilatildeo de Estados diferentes para todos os paiacuteses que satildeo membros e assim

permitem reconhecer os benefiacutecios previdenciaacuterios sendo desta forma a maneira

de se garantir os direitos dos trabalhadores que estatildeo envolvidos nos movimentos

migratoacuterios

Neste sentido eacute imprescindiacutevel o destaque para a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que trata acerca da igualdade de

tratamento entre nacionais e estrangeiros no seu artigo 3ordm cuja redaccedilatildeo eacute a

seguinte

Artigo 3

o

sect 1ordm - Qualquer Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor concederaacute em seu territoacuterio aos nacionais qualquer outro Membro para o qual a referida Convenccedilatildeo estiver igualmente em vigor o mesmo tratamento que a seus proacuteprios nacionais de conformidade com sua legislaccedilatildeo tanto no atinente agrave sujeiccedilatildeo como ao direito agraves prestaccedilotildees em qualquer ramo da previdecircncia social para o qual tenha aceitado as obrigaccedilotildees da Convenccedilatildeo sect 2ordm - No concernente agraves pensotildees por morte esta igualdade de tratamento deveraacute ademais ser concedida aos sobreviventes dos nacionais de um Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor independentemente da nacionalidade desses sobreviventes sect 3ordm - Entretanto no que concerne agraves prestaccedilotildees de um ramo de previdecircncia social determinado um Membro poderaacute derrogar as disposiccedilotildees dos paraacutegrafos precedentes do presente artigo com respeito aos nacionais de qualquer outro Membro que embora possua legislaccedilatildeo relativa a este ramo natildeo concede no referido ramo igualdade de tratamento aos

nacionais do primeiro Membro118

O artigo 7ordm tambeacutem da Convenccedilatildeo 118 estipula que os paiacuteses signataacuterios

tecircm que se esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento

de direitos de seguridade social119

Dessa forma eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica

as iniciativas do poder puacuteblico para garantir esses direitos Eacute importante destacar

118

Convenccedilatildeo Internacional 118 ratificada pelo Brasil pelo do Decreto Legislativo nordm 31 de 20 de agosto de 1968

119 Ibid

62

que ficou previsto no Acordo em seu artigo 16 uma Comissatildeo Multilateral

Permanente conforme se descreve

ARTIGO 16 1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com as disposiccedilotildees do Regulamento Administrativo 2 As Autoridades Competentes instituiratildeo uma Comissatildeo Multilateral Permanente que deliberaraacute por consenso e onde cada representaccedilatildeo estaraacute integrada por ateacute 3 membros de cada Estado Parte A Comissatildeo teraacute as seguintes funccedilotildees a) verificar a aplicaccedilatildeo do Acordo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares b) assessorar as Autoridades Competentes c) planejar as eventuais modificaccedilotildees ampliaccedilotildees e normas complementares d) manter negociaccedilotildees diretas por um prazo de 6 meses a fim de resolver as eventuais divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo do Acordo Vencido o teacutermino anterior sem que tenham resolvido as diferenccedilas qualquer um dos Estados Partes poderaacute recorrer ao sistema de soluccedilatildeo de controveacutersia vigente entre os Estados Partes do Tratado de Assunccedilatildeo 3 A Comissatildeo Multilateral Permanente reunir-se-aacute uma vez por ano alternadamente em cada um dos Estados Partes ou quando o solicite um deles 4 As Autoridades Competentes poderatildeo delegar a elaboraccedilatildeo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares agrave Comissatildeo Multilateral Permanente

A criaccedilatildeo de uma Comissatildeo Multilateral Permanente foi uma inovaccedilatildeo

interessante trazida pelo Acordo que tem responsabilidade entre outras coisas de

monitorar a aplicaccedilatildeo do acordo assessorar as autoridades competentes e planejar

eventuais modificaccedilotildees e complementaccedilotildees no mesmo

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

No MERCOSUL existe distinccedilatildeo entre os ordenamentos juriacutedicos internos e

externos embora ambos sejam vaacutelidos eles satildeo distintos e independentes Haacute total

independecircncia entre as normas e natildeo eacute possiacutevel afirmar que a norma interna estaacute

63

condicionada agrave norma internacional pois se caracterizam dois ordenamentos

juriacutedicos distintos120

Como caracteriacutestica do MERCOSUL as decisotildees tomadas no acircmbito dos

Acordos Internacionais fica condicionada aos procedimentos internos de cada paiacutes

integrante do bloco

De acordo com o Decreto Regulamentador ldquoo ldquoAcordo designa o Acordo

Multilateral de Seguridade Social entre a Repuacuteblica Argentina a Repuacuteblica

Federativa do Brasil a Repuacuteblica do Paraguai e a Repuacuteblica Oriental do Uruguai ou

qualquer outro Estado que venha a aderirrdquo121

De acordo com o Decreto Legislativo o mesmo tem duraccedilatildeo indefinida e o

Estado Parte que desejar se desvincular do presente Acordo poderaacute se desligar a

qualquer tempo atraveacutes da via diplomaacutetica natildeo afetando obviamente os direitos

adquiridos em virtude do Acordo ateacute entatildeo firmado Da mesma forma mas em

sentido contraacuterio o Acordo estaraacute aberto agrave adesatildeo mediante negociaccedilatildeo a aqueles

Estados que no futuro aderirem ao Tratado de Assunccedilatildeo como eacute o caso da

Venezuela por exemplo

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL a partir da sua

ratificaccedilatildeo nos paiacuteses integrantes do bloco pelo de seus ordenamentos juriacutedicos

internos aleacutem de prever questotildees ligadas agrave Previdecircncia Social tambeacutem trouxe

informaccedilotildees referentes agraves prestaccedilotildees de sauacutede

Conforme dispotildee os artigos 3ordm e 6ordm do Acordo ratificado no Brasil pelo

Decreto Legislativo nordm 4512001

ARTIGO 3

1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social referente agraves prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede existentes nos Estados Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo aqui estabelecidas

2 Cada Estado Parte concederaacute as prestaccedilotildees pecuniaacuterias e de sauacutede de acordo com sua proacutepria legislaccedilatildeo

3 As normas sobre prescriccedilatildeo e caducidade vigentes em cada Estado Parte seratildeo aplicadas ao disposto neste Artigo

E ainda

120

KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees constitucionais Op cit p 94

121 Decreto Regulamentador nordm 57222006 artigo 1ordm

64

ARTIGO 6

1 As prestaccedilotildees de sauacutede seratildeo outorgadas ao trabalhador deslocado temporariamente para o territoacuterio de outro Estado Parte assim como para seus familiares e assemelhados desde que a Entidade Gestora do Estado de origem autorize a sua outorga

2 Os custos que se originem de acordo com o previsto no paraacutegrafo anterior correratildeo a cargo da Entidade Gestora que tenha autorizado a prestaccedilatildeo

Portanto o trabalhador deslocado seus familiares ou assemelhados para

que possam obter as prestaccedilotildees de sauacutede durante o periacuteodo de permanecircncia no

Estado Parte em que se encontrarem deveratildeo apresentar ao Organismo de Ligaccedilatildeo

o certificado de Deslocamento Temporaacuterio e quando necessitarem de assistecircncia

meacutedica de urgecircncia deveratildeo apresentar perante a Entidade Gestora do Estado em

que se encontram o certificado expedido pelo Estado de origem

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS

De acordo com o artigo 2ordm do Regulamento do Acordo Multilateral de

Seguridade Social satildeo Autoridades Competentes122

os titulares na Argentina o

Ministeacuterio de Trabalho e Seguridade Social e do Ministeacuterio da Sauacutede e Accedilatildeo Social

no Brasil o Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social e do Ministeacuterio da Sauacutede

no Paraguai o Ministeacuterio da Justiccedila e do Trabalho e do Ministeacuterio da Sauacutede Puacuteblica

e Bem-Estar Social e no Uruguai o Ministeacuterio do Trabalho e da Seguridade Social

Satildeo Entidades Gestoras123

na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) as Caixas ou Institutos Municipais e Provinciais de

Previdecircncia a Superintendecircncia de Administradores de Fundo de Aposentadorias e

Pensotildees e as Administradoras de Fundos de Aposentadorias e Pensotildees no que se

refere aos regimes que amparam as contingecircncias de velhice invalidez e morte

baseadas no sistema de reparto ou no sistema de capitalizaccedilatildeo individual e a

122

Eacute o titular do organismo governamental que conforme a legislaccedilatildeo interna de cada Estado Parte tem competecircncia sobre o regime de Seguridade Social art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

123 Entidades Gestoras satildeo as instituiccedilotildees competentes para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

65

Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede (ANSSAL) no que se refere agraves

prestaccedilotildees de sauacutede no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o

Ministeacuterio da Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no

Uruguai o Banco de Previdecircncia Social (BPS)

Satildeo Organismos de Ligaccedilatildeo124 na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) e a Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede

(ANSSAL) no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Ministeacuterio da

Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no Uruguai o Banco

de Previdecircncia Social (BPS) Os Organismos de Ligaccedilatildeo comunicar-se-atildeo

diretamente entre si assim como com as pessoas interessadas que se encontrem

no seu respectivo territoacuterio e certificaratildeo para os fins do Acordo os periacuteodos de

seguro ou contribuiccedilatildeo recolhidos no Estado Parte ao qual pertencem

compreendidos em qualquer dos regimes de Seguridade Social do Estado Parte

contemplados na sua legislaccedilatildeo conforme jaacute estaacute previsto no Artigo 3deg do Acordo

A correspondecircncia entre as Autoridades Competentes Organismos de

Ligaccedilatildeo e Entidades Gestoras dos Estados Partes seraacute redigida no respectivo

idioma oficial do Estado emissor125

Ateacute a publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo do MPSINSS nordm

1362010 os organismos de ligaccedilatildeo no Brasil eram agecircncias da Previdecircncia

especificamente nos Estados de Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia

Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre

Florianoacutepolis e Satildeo Paulo por intermeacutedio das Gerecircncias Executivas

Entretanto com a entrada em vigor da norma acima citada em 31 de

dezembro de 2010 a operacionalizaccedilatildeo de cada Acordo de Previdecircncia Social ficou

em um uacutenico Organsimo de Ligaccedilatildeo no Brasil conforme Quadro 1 a seguir

124

Organismo de Ligaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos designados a efetuarem a comunicaccedilatildeo com os paiacuteses acordantes garantindo o cumprimento das solicitaccedilotildees formuladas no acircmbito dos Acordos Internacionais (Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 1ordm) e tem o objetivo de facilitar a aplicaccedilatildeo do Acordo adotando as medidas necessaacuterias para lograr sua maacutexima agilizaccedilatildeo e simplificaccedilatildeo administrativa

125 Decreto Legislativo n

o 4512001 art14

66

Quadro 2 Organismos de Ligaccedilatildeo no Brasil para acordos com outros paiacuteses

Fonte Anexo I da Resoluccedilatildeo MPSINSS 1362010

Observe-se que no acircmbito do MERCOSUL no Brasil a gerecircncia de

Florianoacutepolis (SC) eacute responsaacutevel atualmente para

I solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social brasileira de

estrangeiros em regime de deslocamento temporaacuterio no Brasil bem

como para os casos previstos nas regras de exceccedilatildeo e opccedilatildeo

II solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social relativa aos

paiacuteses acordantes para brasileiro que temporariamente preste serviccedilo

naqueles paiacuteses bem como para os casos que se enquadrarem nas

regras de exceccedilatildeo

III emitir os formulaacuterios de Ligaccedilatildeo Certificados de Deslocamento

Temporaacuterio e respectivas prorrogaccedilotildees informar aos paiacuteses

acordantes sobre as decisotildees proferidas resultantes da anaacutelise das

solicitaccedilotildees referentes aos processos de benefiacutecios no acircmbito dos

Acordos Internacionais e

IV encaminhar aos paiacuteses acordantes as informaccedilotildees sobre a situaccedilatildeo do

segurado junto agrave Previdecircncia Social brasileira quando requeridas bem

como prestar atendimento agraves demais solicitaccedilotildees apresentadas pelos

paiacuteses signataacuterios dos Acordos Internacionais126

A Resoluccedilatildeo esclarece em seu artigo 4ordm que os antigos Organismos de

Ligaccedilatildeo (Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte

Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre Florianoacutepolis e Satildeo Paulo)

126

Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 3ordm

Acordo do Brasil com Organismo de Ligaccedilatildeo Telefone

Portugal amp Cabo Verde Gerecircncia Satildeo Paulo Sul APS Vila Mariana

(11) 3503- 36073608

Espanha Gerecircncia Rio de Janeiro Centro APS Almirante Barroso

(21) 2272-35153438

Itaacutelia Gerecircncia Belo Horizonte APS Santa Efigecircnia

(31) 3249-42274228

MERCOSUL Argentina Paraguai e Uruguai

Gerecircncia Florianoacutepolis APS Florianoacutepolis Centro

(48) 3298-8125

Chile Gerecircncia Recife APS Santo Antocircnio

(81) 3412-55765492

Greacutecia amp Luxemburgo

Gerecircncia Distrito Federal APS Brasiacutelia Sul

(61) 3319-25042588

67

deveratildeo transferir os processos em anaacutelise que natildeo puderem ser concluiacutedos no

prazo de 120 dias contados da publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo (31122010) para os

novos Organismos de Ligaccedilatildeo constantes do Quadro 1 (Anexo 1 da Resoluccedilatildeo

1362010) considerando-se a nova distribuiccedilatildeo das atividades dos Acordos

Internacionais Informa ainda que os processos natildeo concluiacutedos no prazo de 120

dias por falta de respostas do Organismo estrangeiro deveratildeo ser encaminhados

ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente com coacutepia dos ofiacutecios expedidos ao exterior

Um dos grandes desafios para os paiacuteses-membros estaacute na coordenaccedilatildeo de

procedimentos administrativos que possibilitem de forma aacutegil a operacionalizaccedilatildeo do

acordo multilateral Para atingir esse objetivo as instituiccedilotildees em conjunto com a

Organizaccedilatildeo Ibero-Americana de Seguridade Social (OISS) entenderam ser de

extrema importacircncia a realizaccedilatildeo de projeto visando agrave criaccedilatildeo da Base Uacutenica de

Seguridade Social do MERCOSUL (BUSS)127

Por intermeacutedio da OISS recursos financeiros foram disponibilizados pelo

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aos Estados Partes exceto ao

Brasil128

para desenvolvimento do projeto Em contrapartida o Brasil por meio da

Empresa de Tecnologia e Informaccedilotildees da Previdecircncia Social (Dataprev) assumiu o

compromisso de desenvolver o sistema de intercacircmbio de informaccedilatildeo e validaccedilatildeo de

dados em mateacuteria de seguridade social129

No 5ordm Encontro de Cortes Supremas do MERCOSUL realizado nos dias 8 e

9 de novembro de 2007 em Brasiacutelia (no qual debates foram realizados no Supremo

Tribunal Federal e aleacutem dos ministros do STF o evento contou com a presenccedila de

presidentes das Cortes Supremas dos paiacuteses do MERCOSUL e associados aleacutem

de secretaacuterios da aacuterea previdenciaacuteria dos governos brasileiro argentino paraguaio e

uruguaio) foi divulgado pelo entatildeo secretaacuterio de Poliacuteticas de Previdecircncia Social do

Brasil Helmut Schwarzer a criaccedilatildeo de uma rede eletrocircnica com dados de

contribuintes da previdecircncia dos quatro paiacuteses para facilitar a concessatildeo dos

benefiacutecios a estrangeiros

127

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 p 33 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1ed)

128 Em razatildeo da legislaccedilatildeo interna o Brasil apresenta dificuldades em internalizar recursos do BID

129 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Loc cit

68

Segundo Helmut130

essa iniciativa poderaacute evitar que os tribunais dos paiacuteses

do MERCOSUL recebam accedilotildees sobre o assunto

O iniacutecio da operacionalizaccedilatildeo do Sistema de Transferecircncia e Validaccedilatildeo de

Dados dos paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL tem o intuito de permitir aos paiacuteses um acompanhamento mais raacutepido e

eficaz das informaccedilotildees dos trabalhadores que circulam no bloco O sistema criado

pelo corpo teacutecnico da Dataprev131

permite gerar formulaacuterios para preenchimento dos

dados pessoais do beneficiaacuterio dependentes e representantes legais e dos periacuteodos

de viacutenculos empregatiacutecios e contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria132

As informaccedilotildees circularatildeo simultaneamente entre os paiacuteses nos quais o

cidadatildeo trabalhou formalmente A utilizaccedilatildeo do sistema poderaacute ser estendida a

todos os paiacuteses com os quais o Brasil manteacutem acordo internacional para concessatildeo

de aposentadoria pensatildeo e auxiacutelios133

Pelo novo sistema que foi desenvolvido

utilizando-se tecnologia de ponta software livre e certificaccedilatildeo digital que garante o

alto niacutevel de seguranccedila da informaccedilatildeo os recursos seratildeo repassados ao sistema

previdenciaacuterio do paiacutes onde o trabalhador estaacute e a partir disso ele receberaacute

pessoalmente o valor do seu benefiacutecio

Segundo Joatildeo Donadon134

todo o tracircmite seraacute eletrocircnico e os recursos

seratildeo repassados ao outro paiacutes em remessa uacutenica Se algum benefiacutecio natildeo for

sacado pelo segurado o dinheiro seraacute devolvido ao oacutergatildeo responsaacutevel pela poliacutetica

previdenciaacuteria do paiacutes de origem135

O Sistema de Acordos Internacionais (Siaci) encontra-se em operaccedilatildeo

desde julho de 2008136

A ferramenta tem permitido a raacutepida transmissatildeo via

internet de formulaacuterios destinados agrave troca de informaccedilotildees de tempo de serviccedilo e

concessatildeo de benefiacutecios para os trabalhadores migrantes dos paiacuteses signataacuterios do

MERCOSUL

130

Disponiacutevel em lthttpogloboglobocomeconomiamat20071109327102998aspgt Acesso em 20072009

131 Empresa de Tecnologia que presta serviccedilos de tecnologia da informaccedilatildeo ao INSS

132 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Op cit p 33 133

Ibid 134

Diretor do Regime Geral de Previdecircncia Social do Brasil 135

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwnotadezcombrgt Acesso em 07042011 136

Disponiacutevel em lthttpportaldataprevgovbr20090726siaci-sistemas-de-acordos-internacionaisgt Acesso em 15082009

69

A qualquer momento eacute possiacutevel consultar e conferir as transaccedilotildees

efetuadas reduzindo-se progressivamente a utilizaccedilatildeo de documentos em papel

Pelo documento trabalhadores do Brasil Argentina Uruguai e Paraguai podem

incluir no caacutelculo de suas aposentadorias o tempo que trabalharam em outro paiacutes

aleacutem da concessatildeo de outros benefiacutecios137

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

Cidadatildeos originaacuterios de um dos paiacuteses signataacuterios que trabalhem em outro

paiacutes tecircm a garantia de em funccedilatildeo do Acordo Multilateral natildeo perder os diretos

previdenciaacuterios e o direito agrave sauacutede Isso significa que esses trabalhadores podem

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo assim como o tempo de contribuiccedilatildeo Eacute o que diz o artigo 7ordm do

Acordo138

ARTIGO 7

[] os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no Regulamento Administrativo

Um cidadatildeo uruguaio que trabalhe no Brasil por exemplo teraacute direito aos

benefiacutecios de sauacutede e da previdecircncia social de acordo com legislaccedilatildeo brasileira e

consideradas as contribuiccedilotildees efetuadas no Uruguai Diante disso constata-se que

o Acordo utiliza como regra geral o princiacutepio da territorialidade o que significa que

no momento do requerimento da prestaccedilatildeo ou benefiacutecio vale a legislaccedilatildeo do paiacutes

em que o trabalhador estiver exercendo sua atividade laboral139

Haacute algumas exceccedilotildees previstas no proacuteprio texto do Acordo como por

exemplo os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados Partes

Nesse caso eles permanecem sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio a

empresa tenha sua sede Conforme dispotildee os artigos 4ordm e 5ordm do Acordo o

137

Idem 138

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 7ordm 139

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 58

70

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio exerccedila

a atividade laboral com as seguintes exceccedilotildees140

ARTIGO 5 O principio estabelecido no Artigo 4 tem as seguintes exceccedilotildees a) o trabalhador de uma empresa com sede em um dos Estados-Partes que desempenhe tarefas profissionais de pesquisa cientificas teacutecnicas ou de direccedilatildeo ou atividades similares e outras que poderatildeo ser definidas pela Comissatildeo Multilateral Permanente prevista no Artigo 16 Paraacutegrafo 2 e que seja deslocado para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado por um periacuteodo limitado continuaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte de origem ateacute um prazo de doze meses suscetiacutevel de ser prorrogado em caraacuteter excepcional mediante preacutevio e expresso consentimento da Autoridade Competente do outro Estado Parte b) o pessoal de vocirco das empresas de transporte aeacutereo e o pessoal de tracircnsito das empresas de transporte terrestre continuaratildeo exclusivamente sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio a respectiva empresa tenha sua sede c) os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados-Partes continuaratildeo sujeitos agrave legislaccedilatildeo do mesmo Estado Qualquer outro trabalhador empregado em tarefas de carga e descarga conserto e vigilacircncia de navio quando no porto estaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja jurisdiccedilatildeo se encontre o navio 2 Os membros das representaccedilotildees diplomaacuteticas e consulares organismos internacionais e demais funcionaacuterios ou empregados dessas representaccedilotildees seratildeo regidos pelas legislaccedilotildees tratados e convenccedilotildees que lhes sejam aplicaacuteveis

Diante destas situaccedilotildees a Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de

Seguridade Social do MERCOSUL aprovou e publicou a Resoluccedilatildeo 12005 em

reuniatildeo realizada em Buenos Aires no ano de 2005 com o objetivo de estabelecer

criteacuterios para aplicaccedilatildeo do Acordo e tentar dirimir questotildees controveacutersias trazendo

em seu artigo 3ordm a informaccedilatildeo que reafirma a legislaccedilatildeo aplicaacutevel ao trabalhador que

se encontra nos Estados Partes

1 No caso dos trabalhadores transferidos para territoacuterio de outro Estado Parte previsto no art 5deg nuacutemero la) do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado no qual estaacute domiciliado o empregador ou a instituiccedilatildeo que dito Oacutergatildeo determine para tal fim remeteraacute coacutepia do certificado a que se refere o art 3deg do Regulamento Administrativo ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte a que se destina o trabalhador

2 Dito certificado constituiraacute a prova de que natildeo satildeo de aplicaccedilatildeo ao mencionado trabalhador transferido as disposiccedilotildees de Seguridade Social do lugar de destino

141

140

Decreto nordm 4512001 art 5ordm 141

Resoluccedilatildeo CMP n12005

71

Ainda o artigo 7ordm do Regulamento Administrativo mais uma vez ressalta a

regra aplicaacutevel informando que as prestaccedilotildees a que os trabalhadores tecircm direito

devem ter amparo na legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes de prestaccedilatildeo de

serviccedilos142

ARTIGO 7 As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo pagas de acordo com as normas seguintes 1 Quando se reuacutenam as condiccedilotildees requeridas pela legislaccedilatildeo de um Estado Parte para se ter direito agraves prestaccedilotildees sem que seja necessaacuterio recorrer agrave totalizaccedilatildeo de periacuteodos prevista no Titulo VI do Acordo a Entidade Gestora calcularaacute a prestaccedilatildeo em virtude unicamente do previsto na legislaccedilatildeo nacional que se aplique sem prejuiacutezo da totalizaccedilatildeo que possa solicitar o beneficiaacuterio 2 Quando o direito a prestaccedilotildees natildeo se origine unicamente com base nos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no Estado Contratante de que se trate a liquidaccedilatildeo da prestaccedilatildeo deveraacute ser feita tomando-se em conta a totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos outros Estados Partes 3 Caso seja aplicado o paraacutegrafo precedente a Entidade Gestora determinaraacute em primeiro lugar o valor da prestaccedilatildeo a que o interessado ou seus familiares e assemelhados teriam direito como se os periacuteodos totalizados tivessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo e em seguida fixaraacute o valor da prestaccedilatildeo em proporccedilatildeo aos periacuteodos cumpridos exclusivamente sob tal legislaccedilatildeo

Note-se que a norma legal traz em seu texto o termo trabalhador mas

quem seria este trabalhador a quem a norma se refere Tendo em vista que

empregado eacute espeacutecie do gecircnero trabalhador isso permite concluir que todo

empregado eacute trabalhador mas nem todo trabalhador eacute empregado143

Em face do que se observa no Acordo estaacute assegurado pelo Acordo

Multilateral de Seguridade Social o trabalhador empregado ou seja aquele que tem

viacutenculo empregatiacutecio com o empregador Os trabalhadores autocircnomos por exemplo

estatildeo fora da cobertura previdenciaacuteria se estiverem trabalhando nos Estados

Partes Esta informaccedilatildeo foi ressaltada no livro de estudos organizado pelo Ministeacuterio

da Previdecircncia Social quando assim informa

142

Decreto nordm 57222006 art 7ordm 143

Disponiacutevel em lthttpbuenoecostanzeadvbrindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=4642ampItemid=96gt

Acesso em 20032011

72

Cabe ainda ressaltar que o Acordo protege somente aqueles trabalhadores que estiverem prestando serviccedilo regularmente em um dos Estados Partes o trabalhador informal que natildeo possui filiaccedilatildeo previdenciaacuteria natildeo estaacute portanto incluiacutedo nessa proteccedilatildeo

144

Portanto uma vez considerado trabalhador empregado este poderaacute pleitear

benefiacutecios previdenciaacuterios observando os criteacuterios trazidos nos termos do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL Eacute importante destacar neste

sentido que o custo dos benefiacutecios concedidos em virtude do Acordo eacute rateado

entre os paiacuteses em que o trabalhador contribuiu proporcionalmente ao seu tempo

de contribuiccedilatildeo em cada um deles Ou seja eacute utilizada a sistemaacutetica da totalizaccedilatildeo

e o custo eacute rateado de forma diretamente proporcional ao tempo de filiaccedilatildeo em cada

sistema previdenciaacuterio de modo que natildeo haja desequiliacutebrio financeiro para o Estado

Parte que estiver concedendo o benefiacutecio145

Em se tratando de acordo internacional previdenciaacuterio a forma mais comum

eacute a divisatildeo de encargos entre os paiacuteses contratantes Haacute o estabelecimento de uma

relaccedilatildeo proporcional de encargo Cada paiacutes assume uma parte do total fazendo o

segurado jus a um benefiacutecio que resulta da soma das responsabilidades de cada

Estado O benefiacutecio eacute pago geralmente pelo paiacutes concessor sendo que haacute um

ajuste de contas entre os paiacuteses celebrantes do tratado146

As Entidades Gestoras pagaratildeo diretamente aos beneficiaacuterios as prestaccedilotildees

compreendidas no Acordo na forma determinada por cada Estado Parte

Para obter a concessatildeo das prestaccedilotildees os trabalhadores ou seus familiares

e assemelhados deveratildeo apresentar solicitaccedilatildeo em formulaacuterio especial ao

Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado em que residirem ou se residentes no territoacuterio de

outro Estado deveratildeo dirigir-se ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja

legislaccedilatildeo o trabalhador se encontrava assegurado no uacuteltimo periacuteodo de seguro ou

contribuiccedilatildeo

As solicitaccedilotildees dirigidas a Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras

de qualquer Estado Parte onde o interessado tenha periacuteodos de seguro contribuiccedilatildeo

ou residecircncia produziratildeo os mesmos efeitos como se tivessem sido entregues ao

Organismo de Ligaccedilatildeo previsto nos paiacuteses de residecircncia

144

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

145 Ibid p 59

146 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio 3 ed Satildeo Paulo LTr 2005 p

244

73

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras seratildeo

obrigadas a enviaacute-las ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente informando as datas

em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas147

O interessado que deseje solicitar os benefiacutecios previdenciaacuterios no Brasil ou

seja aqueles previstos no Acordo Multilateral deveraacute se dirigir agrave Agecircncia de

Previdecircncia Social mais proacutexima com a documentaccedilatildeo necessaacuteria para obter um

benefiacutecio comum aleacutem da documentaccedilatildeo que comprove sua atividade no paiacutes que

assinou o Acordo Tal documentaccedilatildeo seraacute enviada pelo organismo de conexatildeo

brasileiro para o organismo de conexatildeo do paiacutes membro do Acordo que

reconheceraacute ou natildeo o periacuteodo de contribuiccedilatildeo alegado pelo interessado naquele

paiacutes

O trabalhador ficaraacute sujeito ao regime previdenciaacuterio do paiacutes onde esteja

prestando serviccedilo exceto nos casos em que o trabalhador esteja sob a tutela do

Certificado de Deslocamento Temporaacuterio e sempre que esteja dentro do prazo

autorizado ainda que seja prorrogado Assim nos termos do inciso 1ordm do artigo 3ordm o

Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social

referente aos regimes tributaacuteveis pecuniaacuterios e de sauacutede existentes nos Estados

Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo que estipula148

Eacute importante ressaltar que o Acordo Multilateral do MERCOSUL inova ao

conceber tambeacutem disposiccedilotildees aplicaacuteveis a regimes de aposentadoria e pensotildees de

capitalizaccedilatildeo individual O Acordo seraacute aplicaacutevel tambeacutem aos trabalhadores filiados

a um regime de aposentadoria e pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecido

por algum dos Estados Partes para a obtenccedilatildeo das aposentadorias por velhice

idade avanccedilada invalidez ou morte149

Ademais os Estados Partes e os eventuais futuros aderentes ao Acordo

poderatildeo estabelecer mecanismos de transferecircncias de fundos para os fins de

obtenccedilatildeo das referidas aposentadorias e demais benefiacutecios sendo necessaacuterio que

as administradoras de fundos ou empresas seguradoras deem cumprimento aos

mecanismos que o Acordo Multilateral prevecirc150

Tais transferecircncias se daratildeo quando

o interessado comprove direito agrave obtenccedilatildeo das aposentadorias quando a

147

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

148 Ibid

149 Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 9ordm

150 Nota Teacutecnica nordm 202005 DRPSPSPSMPS

74

informaccedilatildeo aos filiados seraacute proporcionada nos termos da legislaccedilatildeo de cada Estado

Parte caso em que no Brasil natildeo ocorre

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade

Social

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) eacute uma autarquia do

governo federal do Brasil que recebe as contribuiccedilotildees para a manutenccedilatildeo do

Regime Geral da Previdecircncia Social sendo responsaacutevel pela concessatildeo dos

benefiacutecios previdenciaacuterios previstos na Lei nordm 821391 O INSS trabalha junto com a

Dataprev empresa de tecnologia que faz o processamento de todos os dados da

previdecircncia e estaacute subordinado ao Ministeacuterio da Previdecircncia Social

De acordo com o Regulamento Administrativo (art 2ordm) no Brasil a

instituiccedilatildeo competente e reconhecida para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo no acircmbito do acordo como Entidade Gestora e Organismo de Ligaccedilatildeo eacute o

INSS (para as prestaccedilotildees previdenciaacuterias) e o Ministeacuterio da Sauacutede (para as

prestaccedilotildees de sauacutede) Ou seja no Brasil o Oacutergatildeo Gestor eacute o INSS que

operacionaliza os Acordos pelos Organismos de Ligaccedilatildeo instruindo os processos

pela gerecircncia executiva responsaacutevel que no caso do MERCOSUL eacute a agecircncia com

responsabilidade da Gerecircncia Executiva de Florianoacutepolis ndash Santa Catarina

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios

As empresas que apresentam o intuito de deslocar temporariamente seus

empregados ao exterior devem fazecirc-lo mediante Certificado de Deslocamento

Temporaacuterio em que o segurado eacute isento de contribuir no paiacutes contratante aonde for

trabalhar na forma prevista em cada Acordo permanecendo sujeito agrave legislaccedilatildeo

previdenciaacuteria brasileira mas garantindo seus direitos no outro paiacutes Este seraacute o

documento haacutebil necessaacuterio para que o INSS averigue a documentaccedilatildeo da empresa

Durante o prazo do deslocamento temporaacuterio o trabalhador teraacute direito agrave

assistecircncia meacutedica da rede oficial do governo do Paiacutes Acordante O artigo 3ordm do

regulamento administrativo assim informa sobre o deslocamento temporaacuterio151

151

Decreto nordm 57222006 art 3ordm

75

ARTIGO 3

1 Para os casos previstos na aliacutenea ldquo1 ardquo do Artigo 5ordm do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo expediraacute mediante solicitaccedilatildeo da empresa do Estado de origem do trabalhador que for deslocado temporariamente para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado um certificado no qual conste que o trabalhador permanece sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado de origem indicando os familiares e assemelhados que o acompanharatildeo nesse deslocamento Coacutepia de tal certificado deveraacute ser entregue ao trabalhador

2 A empresa que deslocou temporariamente o trabalhador comunicaraacute ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado que expediu o certificado neste caso a interrupccedilatildeo da atividade prevista na situaccedilatildeo anterior 3 - Para os efeitos estabelecidos na aliacutenea ldquo1ardquo do Artigo 5 do Acordo a empresa deveraacute apresentar a solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo perante a Entidade Gestora do Estado de origem A Entidade Gestora do Estado de origem expediraacute o certificado de prorrogaccedilatildeo correspondente mediante consulta preacutevia e expresso consentimento da Entidade Gestora do outro Estado

4 - A empresa apresentaraacute as solicitaccedilotildees a que se referem os Paraacutegrafos 1 e 3 com trinta dias de antecedecircncia miacutenima da ocorrecircncia do fato gerador Em caso contraacuterio o trabalhador ficaraacute automaticamente sujeito a partir do iniacutecio da atividade ou da data de expiraccedilatildeo do prazo autorizado agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio continuar desenvolvendo suas atividades

Apenas nos Acordos BrasilEspanha e BrasilGreacutecia estaacute previsto

deslocamento Temporaacuterio para trabalhadores autocircnomos

O segurado deve levar consigo uma via do Certificado de Deslocamento152

O periacuteodo de deslocamento poderaacute ser prorrogado observados os prazos e as

condiccedilotildees fixados em cada Acordo No caso de solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo de

transferecircncias temporaacuterias esta deveraacute ser apresentada junto ao Oacutergatildeo de Ligaccedilatildeo

que concedeu o certificado de transferecircncia com a devida antecedecircncia em relaccedilatildeo

ao vencimento do periacuteodo de transferecircncia temporaacuteria que se houver concedido

Caso contraacuterio o trabalhador transferido ficaraacute automaticamente sujeito a partir do

vencimento do prazo original agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

continua prestando serviccedilos

Assim dispotildee o artigo 5ordm do Anexo II da Resoluccedilatildeo CMP nordm 012005

[] a) O prazo dos deslocamentos temporaacuterios previstos pelo inciso 1 do art 5 do Acordo Multilateral poderaacute ser prorrogado por um prazo total maior de doze meses previamente autorizado pela Autoridade Competente ou instituiccedilatildeo delegada do Estado receptor (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

152

Informaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwprevidenciasocialgovbrconteudoDinamicophpid=111gt Acesso em 10042011

76

b) Tanto o prazo original quanto o de prorrogaccedilatildeo poderatildeo ser utilizados de forma fracionada (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) c) Em virtude do caraacuteter excepcional do regime de deslocamentos temporaacuterios uma vez utilizado o prazo maacuteximo de vinte e quatro meses natildeo poderaacute ser concedido ao mesmo trabalhador um novo periacuteodo de amparo a este regime (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) 2 Para os fins da aliacutenea ldquoardquo do Art 5 do Acordo seratildeo consideradas como tarefas profissionais de pesquisa cientiacuteficas teacutecnicas ou de direccedilatildeo aquelas relacionadas a situaccedilotildees de emergecircncia transferecircncia de tecnologia prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia teacutecnica funccedilotildees de direccedilatildeo geral de gerenciamento de supervisatildeo de assessoramento a funccedilotildees superiores da empresa de consultoria especializada e similares (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

3 Eacute facultado ao Estado Parte receptor dos trabalhadores deslocados temporariamente solicitar que aleacutem do certificado previsto no Art 3 do Ajuste Administrativo seja apresentada documentaccedilatildeo que certifique que o trabalhador possui qualificaccedilatildeo ou as qualidades exigidas pela aliacutenea ldquoardquo do inciso 1 do Art 5 do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL assim como declaraccedilatildeo da empresa receptora relativa agrave atividade que seraacute desempenhada pelo trabalhador no territoacuterio do Estado Parte receptor (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

153

Os segurados seus familiares e assemelhados que desejem fazer valer

direitos agraves prestaccedilotildees deveratildeo apresentar a respectiva solicitaccedilatildeo junto agrave Entidade

Gestora competente do Estado Parte onde residam ou tenham realizado sua uacuteltima

atividade Os formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo

do Deslocamento Temporaacuterio encontram-se no Anexo 4

333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo

Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados

Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade

avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no

Regulamento Administrativo Assim dispotildee o Regulamento Administrativo sobre a

totalizaccedilatildeo do tempo de contribuiccedilatildeo154

153

Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 12005 da Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL atualizada pela Resoluccedilatildeo nordm 72007 da mesma comissatildeo

154 Decreto nordm 57222006 art 6

77

ARTIGO 6 1 De acordo com o previsto no Artigo 7 do Acordo os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no territoacuterio dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte observando as seguintes regras a) Cada Estado Parte consideraraacute os periacuteodos cumpridos e certificados por outro Estado desde que natildeo se superponham como periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo conforme sua proacutepria legislaccedilatildeo b) Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos antes do iniacutecio da vigecircncia do Acordo seratildeo considerados somente quando o trabalhador tiver periacuteodos de trabalho a cumprir a partir dessa data c) O periacuteodo cumprido em um Estado Parte sob um regime de seguro voluntaacuterio somente seraacute considerado quando natildeo for simultacircneo a um periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo obrigatoacuterio cumprido em outro Estado 2 Nos casos em que a aplicaccedilatildeo do Paraacutegrafo 2 do Artigo 7 do Acordo venha exonerar de suas obrigaccedilotildees a todas as Entidades Gestoras competentes dos Estado -Partes envolvidos as prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados Partes aonde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador em todos os Estados Partes

Caso o trabalhador natildeo tenha reunido a comprovaccedilatildeo do tempo miacutenimo de

12 meses somente seraacute computaacutevel os serviccedilos prestados em outro Estado que

tenha celebrado acordos bilaterais ou multilaterais de Seguridade Social com

qualquer dos Estados Partes E se somente um dos Estados Partes tiver concluiacutedo

um acordo de seguridade com outro paiacutes seraacute necessaacuterio que tal Estado Parte

assuma como proacuteprio o periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo cumprido neste terceiro

paiacutes155

A aplicaccedilatildeo desta norma pode vir a exonerar de suas obrigaccedilotildees todas as

Entidades Gestoras competentes dos Estados Partes envolvidos uma vez que as

prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados

Partes onde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com

preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos em

todos os Estados Partes156

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras de

solicitaccedilotildees de obtenccedilatildeo de concessatildeo por parte dos trabalhadores familiares e

assemelhados obrigar-se-atildeo a enviaacute-las sem demora ao Organismo de Ligaccedilatildeo

155

Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 7ordm 156

ALVES Carlos Marne Dias 2006 A Previdecircncia no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Direito das Relaccedilotildees Internacionais) UniCEUB Brasiacutelia 2006 p 162

78

competente informando as datas em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas157

Neste sentido os artigos 9ordm e 10ordm do Regulamento Administrativo assim

estabelecem158

ARTIGO 9 1 Para o tracircmite das solicitaccedilotildees das prestaccedilotildees pecuniaacuterias os Organismos de Ligaccedilatildeo utilizaratildeo um formulaacuterio especial no qual seratildeo consignados entre outros os dados de filiaccedilatildeo do trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados conjuntamente com a relaccedilatildeo e o resumo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador nos Estados Partes 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo avaliaraacute se for o caso a incapacidade temporaacuteria ou permanente emitindo o certificado correspondente que acompanharaacute os exames meacutedico-periciais realizados no trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados 3 Os laudos meacutedico-periciais do trabalhador consignaratildeo entre outros dados se a incapacidade temporaacuteria ou invalidez eacute consequumlecircncia de acidente do trabalho ou doenccedila profissional e indicaratildeo a necessidade de reabilitaccedilatildeo profissional 4 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado pronunciar-se-aacute sobre a solicitaccedilatildeo em conformidade com sua respectiva legislaccedilatildeo considerando-se os antecedentes meacutedico-periciais praticados 5 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo remeteraacute os formulaacuterios estabelecidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado ARTIGO 10 1 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado preencheraacute os formulaacuterios recebidos com as seguintes indicaccedilotildees a) periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo b) o valor prestaccedilatildeo reconhecida de acordo com o previsto no Paraacutegrafo 3 do Artigo 7 do presente Regulamento Administrativo 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo indicado no paraacutegrafo anterior remeteraacute os formulaacuterios devidamente preenchidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde o trabalhador solicitou a prestaccedilatildeo

Observa-se portanto que os trabalhadores e seus familiares poderatildeo

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo sendo computados tambeacutem o tempo de contribuiccedilatildeo do paiacutes de

origem e em alguns casos ateacute mesmo o tempo de contribuiccedilatildeo em paiacuteses natildeo

157

Regulamento Administrativo art 8ordm 158

Decreto 57222006 artigos 9 e 10

79

signataacuterios do acordo desde que esses tenham acordo com qualquer um dos

Estados Partes

Destaca-se no entanto que se o acordo do paiacutes natildeo signataacuterio for com

apenas um dos Estados Partes esse deveraacute reconhecer como proacuteprios os serviccedilos

prestados naquele159

Este instituto natildeo eacute nenhuma novidade para o INSS De

acordo com a Lei ndeg 97961999 adota-se procedimento semelhante com os

regimes proacuteprios de previdecircncia dos servidores puacuteblicos quando faz a totalizaccedilatildeo do

tempo de contribuiccedilatildeo e a divisatildeo proacute-rata do valor pago ao segurado chamando

este instituto de Contagem Reciacuteproca do Tempo de Contribuiccedilatildeo

159

Nota teacutecnica elaborada pela Coordenaccedilatildeo-Geral de Estudos Previdenciaacuterios da Secretaria de Poliacuteticas de Previdecircncia Social ndash CGEPSPS (NOTA TEacuteCNICA nordm 202005 DRPSPSPSMPS)

80

CONCLUSAtildeO

O objeto problematizado na presente dissertaccedilatildeo foi o Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL na garantia do direito agrave previdecircncia social aos

trabalhadores que tenham se vinculado a sistemas previdenciaacuterios de diferentes

paiacuteses durante sua vida laboral

Questotildees sobre integraccedilatildeo previdenciaacuteria acabam sendo necessaacuterias no

atual cenaacuterio de globalizaccedilatildeo da economia de formaccedilatildeo de blocos regionais e do

aumento do fluxo migratoacuterio principalmente da ampliaccedilatildeo da liberdade de circulaccedilatildeo

de trabalhadores para lhes assegurar seguranccedila na sua proteccedilatildeo social

previdenciaacuteria

A Previdecircncia Social espeacutecie do gecircnero Seguridade Social eacute um direito de

proteccedilatildeo social conferido ao trabalhador segurado e um mecanismo necessaacuterio para

manter o regime de trabalho assalariado

Surgiu como uma ferramenta do Estado garantir (aqueles que contribuem)

condiccedilotildees financeiras para periacuteodos de incapacidade de trabalho como doenccedila

invalidez ou velhice e diminuir os riscos de arcar futuramente com situaccedilotildees de

miseacuteria e pobreza como distribuidor de renda por este motivo impocircs contribuiccedilotildees

compulsoacuterias aos trabalhadores que de alguma forma prestam serviccedilos a pessoas

fiacutesicas juriacutedicas e por conta proacutepria

Na atual conjuntura a intervenccedilatildeo do Estado na sociedade a fim de

estruturar e garantir proteccedilatildeo previdenciaacuteria eacute imprescindiacutevel e com a globalizaccedilatildeo

natildeo eacute diferente o cocircmputo de tempo de serviccedilo desenvolvido no exterior para fins

de obtenccedilatildeo de benefiacutecio previdenciaacuterio no Brasil exige regramento particular no

acircmbito do direito internacional

A possibilidade de reconhecimento no Brasil do labor desenvolvido em

qualquer um dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL e vice versa tem assento

atualmente no Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul

assinado em 15121997 pelos representantes dos componentes originaacuterios do

bloco (Brasil Argentina Uruguai e Paraguai)

Entretanto eacute importante destacar que antes da entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social existiam acordos bilaterais de previdecircncia social

do Brasil com vaacuterios paiacuteses inclusive com paiacuteses integrantes do MERCOSUL

81

diante disso destacamos o disposto no artigo 8ordm do Acordo Multilateral de

Seguridade Social que informa que ldquoos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

cumpridos antes da vigecircncia do presente Acordo seratildeo considerados desde que

estes natildeo tenham sido utilizados anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees

pecuniaacuterias em outro paiacutesrdquo160

Houve no decorrer da pesquisa grandes dificuldades de obtenccedilatildeo de dados

especiacuteficos junto agrave autarquia federal (INSS) embora jaacute esteja sendo utilizado o

sistema de informaccedilotildees de acordos internacionais (SIACI) criado pela DATAPREV

empresa de tecnologia da Previdecircncia Social brasileira desde de julho de 2008

Mesmo assim a pesquisa nos levou a entender que a possibilidade de

reconhecimento de trabalho para fins de benefiacutecio previdenciaacuterio realizado nos

paiacuteses do MERCOSUL regulada pelo Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL internalizado pelo Decreto nordm 57222006 trata de garantir aos

brasileiros que trabalham nos Paiacuteses signitaacuterios do Acordo a mesma proteccedilatildeo que eacute

assegurada aos cidadatildeos daquele Paiacutes ou seja o brasileiro que trabalha na

Argentina por exemplo vai ter direito por conta daquela norma de perceber os

benefiacutecios que a legislaccedilatildeo previdenciaacuteria Argentina assegura aos demais

trabalhadores que tecircm aquela nacionalidade Por outro lado se o trabalhador quer

pleitear o benefiacutecio aqui no Brasil o aproveitamento do serviccedilo prestado naquele

Paiacutes somente eacute possiacutevel na forma em que prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do

Regulamento ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo

reconheccedila em face da sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo161

A proteccedilatildeo prevista no Acordo como a contagem do tempo de contribuiccedilatildeo

e as demais prestaccedilotildees previdenciaacuterias e de sauacutede apenas estatildeo garantidas para

trabalhadores empregados ou seja aqueles que possuem viacutenculo empregatiacutecio com

algum empregador os demais trabalhadores como autocircnomos domeacutesticos os

rurais que no Brasil satildeo tambeacutem chamados de segurados especiais natildeo estatildeo

protegidos pelo Acordo e natildeo podem se beneficiar do tempo de serviccedilo prestado

fora de seu paiacutes de origem mesmo que comprovam contribuiccedilatildeo do periacuteodo

Os acoacuterdatildeos encontrados sobre os aspectos previdenciaacuterios levados ao

judiciaacuterio no acircmbito do Acordo demonstram que o fato de o mesmo existir natildeo

160

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 8ordm 161

Decreto nordm 57222006 art 10ordm

82

implica reconhecimento automaacutetico de atividades laborais prestadas nos Estados

Partes eacute necessaacuterio a observacircncia do procedimento burocraacutetico estabelecido no

Regulamento Administrativo aprovado pelo Decreto nordm 57222006

Haacute que se observar tambeacutem que para os trabalhadores que vierem a

trabalhar nos paiacuteses integrantes do MERCOSUL apoacutes a entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL teratildeo a contagem de tempo de

contribuiccedilatildeo contada conforme o acordo Podemos observar conforme dados

coletados nos Acoacuterdatildeos que de acordo com o judiciaacuterio os periacuteodos de seguro ou

contribuiccedilatildeo cumpridos antes da vigecircncia do Acordo de que o trabalhador tenha

direito somente seratildeo considerados se o trabalhador natildeo tenha utilizado

anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees pecuniaacuterias em outro paiacutes

Observamos que o Acordo garante prestaccedilotildees previdenciaacuterias como

benefiacutecios e contagens de tempo de contribuiccedilatildeo aos trabalhadores que natildeo apenas

se encontrem trabalhando formalmente mas que estejam de acordo com as

formalidades estabelecidas no mesmo O trabalhador que quer pleitear benefiacutecio

somente eacute possiacutevel na forma prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do Regulamento

ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo reconheccedila em face agrave

sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo o trabalhador tem direito

Fica aiacute uma demonstraccedilatildeo que a Proteccedilatildeo Previdenciaacuteria prevista no Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL apresentou avanccedilos no acircmbito da

proteccedilatildeo social dos trabalhadores empregados que circulam no Bloco

Anteriormente com os acordos bilaterais a garantia de proteccedilatildeo

previdenciaacuteria aos paiacuteses signataacuterios era restrita aos dois paiacuteses que assinavam o

acordo Agora haacute uma ampliaccedilatildeo da proteccedilatildeo previdenciaacuteria fortalecendo os paiacuteses

do MERCOSUL no que tange a circulaccedilatildeo de trabalhadores e consequentemente

conhecimento tecnologia cultura assim como outros benefiacutecios decorrentes de uma

regionalizaccedilatildeo mas natildeo garante automaticamente o tempo de contribuiccedilatildeo sem que

o Estado em que trabalhou documente esse tempo como reconhecido

necessitando portanto de muitos ajustes para garantia completa deste e tambeacutem

outros trabalhadores que prestam serviccedilos no Brasil na Argentina no Paraguai e no

Uruguai e futuramente na Venezuela que natildeo foram assegurados no Acordo como

os contribuintes individuais domeacutesticos e segurados especiais

83

REFEREcircNCIAS

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93

ANEXOS

94

ANEXO 1

Estrutura Institucional do MERCOSUL

95

ANEXO 2

Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses

acordantes - 20072009

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20072009

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS

INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por

Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2007 482 293 33 54 88 14 TOTAL 2008 858 431 62 58 292 15 2009 1616 1052 79 131 335 19 2007 17 9 ndash 8 ndash ndash Argentina 2008 27 15 ndash 8 4 ndash 2009 45 30 1 10 4 ndash 2007 19 16 ndash 1 2 ndash Chile 2008 6 4 2 ndash ndash ndash 2009 1 1 ndash ndash ndash ndash 2007 121 87 9 12 11 2 Espanha 2008 239 127 16 14 79 3 2009 549 363 25 52 102 7 2007 2 ndash 1 ndash 1 ndash Greacutecia 2008 5 4 ndash ndash 1 ndash 2009 14 11 ndash 1 2 ndash 2007 46 39 1 ndash 6 ndash Itaacutelia 2008 80 69 1 2 7 1 2009 163 139 3 2 18 1 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2008 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2009 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Mercosul 2008 4 4 ndash ndash ndash ndash 2009 28 21 ndash 5 2 ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Paraguai 2008 2 2 ndash ndash ndash ndash 2009 4 4 ndash ndash ndash ndash 2007 259 136 22 22 68 11 Portugal 2008 470 195 43 26 196 10 2009 778 453 49 60 205 11 2007 18 6 ndash 11 ndash 1 Uruguai 2008 25 11 ndash 8 5 1 2009 34 30 1 1 2 ndash

FONTE MPSSEAssessoria de Assuntos Internacionais

96

Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo

paiacuteses acordantes - 20012003

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20012003

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2001 148 37 8 17 86 ndash TOTAL 2002 368 146 18 19 182 3 2003 444 232 25 25 162 ndash 2001 2 ndash 1 1 ndash ndash Argentina 2002 5 2 ndash 3 ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 2 2 ndash ndash ndash ndash Chile 2002 2 1 ndash ndash 1 ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash 2001 27 14 3 2 8 ndash Espanha 2002 106 71 5 4 26 ndash 2003 201 128 7 20 46 ndash 2001 1 ndash ndash ndash 1 ndash Greacutecia 2002 4 1 ndash 2 1 ndash 2003 7 5 1 ndash 1 ndash 2001 3 1 ndash ndash 2 ndash Itaacutelia 2002 17 16 1 ndash ndash ndash 2003 19 15 1 ndash 3 ndash 2001 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2002 3 3 ndash ndash ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 105 19 4 7 75 ndash Portugal 2002 224 52 12 3 154 3 2003 215 82 16 5 112 ndash 2001 8 1 ndash 7 ndash ndash Uruguai 2002 7 ndash ndash 7 ndash ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash

FONTE DATAPREV SUB

97

ANEXO 3

JURISPRUDEcircNCIA

ACOacuteRDAtildeO 1

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20067110006064-5RS

RELATOR Juiz Federal GUILHERME PINHO MACHADO

APELANTE JUAN MARIO LOPES BARBOZA

ADVOGADO Jose Ricardo Caetano Costa

APELADO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria Regional da PFE-INSS

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilOCONTRIBUICcedilAtildeO ACORDO PREVIDENCIAacuteRIO ENTRE BRASIL E URUGUAI COcircMPUTO DE TEMPO DE SERVICcedilO ANTERIOR AO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 57222006 INCIDEcircNCIA DOS ARTS V E VII DO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 8524880 AUSEcircNCIA DE IRREGULARIDADE NA CONDUTA DO INSS RETARDO NO ATENDIMENTO DO PEDIDO DECORREcircNCIA DA NECESSIDADE DE OBTENCcedilAtildeO DE PARECER DA INSTITUICcedilAtildeO PREVIDENCIAacuteRIA ALIENIacuteGENA

1 Em 27 de janeiro de 1977 foi assinado em Montevideacuteu o Acordo de Previdecircncia Social entre os Governos do Brasil e do Uruguai que teve seu texto aprovado pelo Decreto Legislativo nordm 6778 e promulgado pelo Decreto Presidencial nordm 852481980 publicado em 15101980 2 Posteriormente foi celebrado em 15121997 o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum e seu Regulamento Administrativo contendo o respectivo Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o qual entrou em vigor no plano internacional em 01062005 tendo sido promulgado no Brasil por intermeacutedio do Decreto Presidencial nordm 57222006 publicado em 13032006 3 Sendo os periacuteodos controvertidos anteriores agrave vigecircncia do Acordo de Seguridade Social do Mercosul natildeo tem aplicabilidade por decorrecircncia tal regramento na espeacutecie na forma dos arts 8ordm e 17 do Decreto Presidencial nordm 57222006 4 O direito invocado pelo autor assim deve ser examinado agrave luz dos artigos V e VII do Decreto Presidencial nordm 8524880 que promulga o Acordo de Previdecircncia Social celebrado entre Brasil e Uruguai devendo o cocircmputo dos periacuteodos trabalhados nos signataacuterios ser regido pela legislaccedilatildeo do paiacutes onde tenham sido realizados os respectivos serviccedilos sendo que caberaacute agrave entidade gestora do paiacutes em que natildeo foi apresentado o pedido de aposentadoria informar se o interessado comprova os periacuteodos de atividades cumpridos em seu territoacuterio informaccedilatildeo essa a ser prestada agrave entidade similar do paiacutes em que feito o pedido de concessatildeo de benefiacutecio

98

5 Nesse contexto natildeo haacute falar em desiacutedia ou ineficiecircncia do INSS no atendimento do requerimento do autor uma vez que o retardo para anaacutelise do pedido decorrente da necessidade de se obter a teor do acordo internacional que regula a mateacuteria parecer da respectiva instituiccedilatildeo de previdecircncia alieniacutegena

ACOacuteRDAtildeO 2

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 0000395-6720104049999SC

RELATOR Des Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO ARI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA PREVIDENCIAacuteRIO PROCESSUAL CIVIL AGRAVO RETIDO IMPROVIDO CONCESSAtildeO DE APOSENTADORIA POR IDADE RURAL SEGURADO ESPECIAL REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR EXERCIacuteCIO NO PARAGUAI CAREcircNCIA Segundo prevecirc o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o periacuteodo de labor rural exercido em outro paiacutes in casu no Paraguai natildeo eacute haacutebil para caracterizaccedilatildeo de lapso carencial quando ausente a certificaccedilatildeo do labor pelo outro Estado signataacuterio

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia 6ordf Turma do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por maioria negar provimento ao agravo retido extinguir o feito sem julgamento de meacuterito e julgar prejudicada a apelaccedilatildeo do INSS e a remessa oficial vencido o Juiz Federal Loraci Flores de Lima nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 10 de agosto de 2010

Desembargador Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA Relator

99

ACOacuteRDAtildeO 3

APELACcedilAtildeOREEXAME NECESSAacuteRIO Nordm 20047104009576-7RS

RELATOR Des Federal LUIacuteS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE

APELANTE ENRIQUE MANUEL EIRAS MAYO

ADVOGADO Igor Loss da Silva

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO (Os mesmos)

REMETENTE JUIacuteZO SUBSTITUTO DA 02A VF DE PASSO FUNDO

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilO CONCESSAtildeO RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL COMPROVACcedilAtildeO CONVERSAtildeO TEMPO DE SERVICcedilO NO EXTERIOR (REPUacuteBLICA ARGENTINA) ACORDO BILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL (DECRETO Ndeg 8791882) TEMPUS REGIT ACTUM ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL (DECRETO Ndeg 572206) APLICACcedilAtildeO A ATOS JURIacuteDICOS FUTUROS POSSIBILIDADE TOTALIZACcedilAtildeO DOS PERIacuteODOS DE CONTRIBUICcedilAtildeO POSSIBILIDADE CAacuteLCULO DE RMI PROPORCIONALIDADE BENEFIacuteCIO EVENTUALMENTE COMPOSTO DE DUAS PARCELAS SE SATISFEITOS OS REQUISITOS EM AMBOS OS PAIacuteSES DETERMINACcedilAtildeO DA CONCESSAtildeO DO BENEFIacuteCIO NA ARGENTINA IMPOSSIBILIDADE TRAcircMITE DE PEDIDO DE APOSENTADORIA PELOS ORGANISMOS DE LIGACcedilAtildeO 1 Uma vez exercida atividade enquadraacutevel como especial sob a eacutegide da legislaccedilatildeo que a ampara o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal e ao acreacutescimo decorrente da sua conversatildeo em tempo de serviccedilo comum no acircmbito do Regime Geral de Previdecircncia Social A Lei nordm 971198 e o Regulamento Geral da Previdecircncia Social aprovado pelo Decreto nordm 3048 de 06-05-1999 resguardam o direito adquirido de os segurados terem convertido o tempo de serviccedilo especial em comum ateacute 28-05-1998 observada para fins de enquadramento a legislaccedilatildeo vigente agrave eacutepoca da prestaccedilatildeo do serviccedilo 2 Ateacute 28-04-1995 eacute admissiacutevel o reconhecimento da especialidade por categoria profissional ou por sujeiccedilatildeo a agentes nocivos aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruiacutedo) a partir de 29-04-1995 natildeo mais eacute possiacutevel o enquadramento por categoria profissional devendo existir comprovaccedilatildeo da sujeiccedilatildeo a agentes nocivos por qualquer meio de prova ateacute 05-03-1997 e a partir de entatildeo e ateacute 28-05-1998 por meio de formulaacuterio embasado em laudo teacutecnico ou por meio de periacutecia teacutecnica 3 Nos termos do que preconiza a regra do tempus regit actum tendo o segurado laborado na Argentina entre a deacutecada de 60 e 70 bem como datando o requerimento administrativo de 2000 deve-se aplicar o Decreto ndeg 8791882 para

100

fins de verificaccedilatildeo do seu direito agrave contagem do tempo laborado no exterior bem como agrave concessatildeo de aposentadoria por tempo de serviccedilo no Brasil 4 Aplicaccedilatildeo do Decreto ndeg 572206 quanto a questotildees de procedimentos ainda pendentes ressaltando-se natildeo se tratar de aplicaccedilatildeo retroativa porque referente a atos ainda inocorridos estando desde jaacute ressalvados os direitos adquiridos 5 A verificaccedilatildeo do direito agrave aposentadoria em cada Estado Acordante se daraacute com a soma (totalizaccedilatildeo nos termos do Decreto ndeg 8791882) dos periacuteodos laborados em cada um dos paiacuteses como se os periacuteodos de seguro totalizados houvessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo (art VIII a do Decreto ndeg 8791882) Eacute possiacutevel que o segurado possua quando do requerimento de concessatildeo apenas direito agrave aposentadoria em um dos Estados Acordantes o que natildeo impede a concessatildeo proporcional 6 Os valores corresponde a cada entidade gestora (Brasil e Argentina) seratildeo resultantes da proporccedilatildeo estabelecida entre o periacuteodo totalizado e o tempo cumprido sob a legislaccedilatildeo de seu proacuteprio Estado vedada a concessatildeo de benefiacutecio com valor inferior a um salaacuterio miacutenimo (art XII a do Decreto ndeg 8791882 bem como do art 201 sect 2deg) 7 Natildeo eacute de competecircncia deste juiacutezo verificar o direito do autor agrave aposentadoria na Repuacuteblica Argentina pela impossiacutevel de sua condenaccedilatildeo ao pagamento em decorrecircncia das imunidades de jurisdiccedilatildeo e execuccedilatildeo insuperaacuteveis no caso O proacuteprio Acordo Bilateral de Seguridade Social do Brasil e da Argentina (Decreto ndeg 8791882) determina que o exame de meacuterito - do direito agrave aposentadoria - caberaacute independentemente a cada Estado Acordante natildeo se podendo questionar a decisatildeo de aposentadoria 8 O tracircmite do pedido de aposentadoria na Argentina deve ocorrer atraveacutes dos Organismos de Ligaccedilatildeo (Art 1 d do Decreto ndeg 572206 cc art 2 ndeg 3 da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) com o estabelecimento de regras para 9apresentaccedilatildeo por meio deles de solicitaccedilotildees ao outro paiacutes Acordante quanto agraves prestaccedilotildees pecuniaacuterias (Tiacutetulo VI da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade determinar a implantaccedilatildeo do benefiacutecio dar parcial provimento ao apelo do autor parcial provimento ao apelo do INSS e parcial provimento agrave remessa oficial nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 11 de fevereiro de 2010

Desembargador Federal Luiacutes Alberto dAzevedo Aurvalle Relator

101

ACOacuteRDAtildeO 4

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC

RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO NELSI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA 1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

Porto Alegre 12 de janeiro de 2010

LORACI FLORES DE LIMA

Relator

102

ANEXO 4

Formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo do

Deslocamento Temporaacuterio

103

104

105

106

107

108

109

110

111

112

Page 4: A PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA PREVISTA NO ACORDO …

ABSTRACT

This research addresses the social security protection for workers from countries signatory to the MERCOSUL Multilateral Agreement on Social Security which was signed on 15th December 1997 and entered into force on 1st June 2005 In Brazil the agreement was approved by Legislative Decree No 451 of 14th November 2001 and promulgated by Decree No 5722 of 13th March 2006 The Multilateral Agreement on Social Security (AMSS) coordinates the various national laws that deal with Social Security without creating a common law or rule for the member states apart from creating a procedure for recognition of pension contributions on time worked in any of the member states This research discusses the guarantee of the right to social security benefits to workers who move with their families within the MERCOSUL countries and it also aims to examine the advances in the field of social security in the context of regional integration from the point of view of social security protection to discuss the strengths and weaknesses of social security protection under the Multilateral Agreement on Social Security and to present the standards for access to benefits through the agreement The research is qualitative and the data was collected in databases and through bibliographical research The research is organized into three chapters which discuss regional integration and the establishment of MERCOSUL the international agreements regarding international Social Security the international organizations relating to Social Security as well as the operational standards of MERCOSULrsquos Multilateral Agreement on Social Security Keywords Social Security Workersrsquo Rights MERCOSUL MERCOSUL Multilateral Agreement on Social Security

LISTA DE SIGLAS

ALADI ALALC ALCA AISS BENELUX BID CAJAI CISS CCSCS CE CECA CEE CEEA CEPAL CES CMC DAT DCB DDB DER DIB DIC DID DII DIP EFTA EUA EURES FCES FSE FOCEM GATT GMC INTAL IPEA MERCOSUL NAFTA OAB OEA OISS OIT ONU Pacto do ABC PESC PIB PICE POP RGPS RPPS

Associaccedilatildeo Latino-Americana de Integraccedilatildeo Associaccedilatildeo Latino-Americana de Livre Comeacutercio Aacuterea de Livre Comeacutercio das Ameacutericas Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social Uniatildeo Econocircmica formada pela Beacutelgica Paiacuteses Baixos e Luxemburgo BID ndash Banco Interamericano de Desenvolvimento Cooperaccedilatildeo no Acircmbito da Justiccedila e dos Assuntos Internos Conferecircncia Interamericana de Seguridade Social Coordenadoria das Centrais Sindicais do Cone Sul Comunidade Europeacuteia Comunidade Europeacuteia do Carvatildeo e do Accedilo Comunidade Econocircmica Europeacuteia Comunidade Econocircmica de Energia Atocircmica Comissatildeo Econocircmica das Naccedilotildees Unidas para a Ameacuterica Latina e Caribe Comitecirc Econocircmico e Social Conselho do Mercado Comum Data do Afastamento do Trabalho Data da cessaccedilatildeo do benefiacutecio Data do Despacho do Benefiacutecio Data da Entrada do Requerimento Data do iniacutecio do benefiacutecio Data do iniacutecio das contribuiccedilotildees Data do iniacutecio da doenccedila Data do iniacutecio da incapacidade Data do iniacutecio do pagamento Associaccedilatildeo Europeacuteia de Livre Comeacutercio Estados Unidos da Ameacuterica Rede Europeacuteia de Serviccedilos Foro Consultivo Econocircmico e Social Fundo Social Europeu Fundo para a Convergecircncia Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul Acordo Geral de Tarifas e Comeacutercio Grupo Mercado Comum Instituto para a Integraccedilatildeo da Ameacuterica Latina Instituto de Pesquisas Econocircmicas Avanccediladas Mercado Comum do Sul Acordo Norte-Americano de Livre Comeacutercio Ordem dos Advogados do Brasil Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Pacto do Brasil Argentina e Chile Poliacutetica de Exterior e Seguranccedila Comum Produto Interno Bruto Programa de Integraccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo Econocircmica entre Brasil e Argentina Protocolo de Ouro Preto Regime Geral de Previdecircncia Social Regime Proacuteprio de Previdecircncia Social

SIACI SUSS SGT TAUE TCE TCEE TEC TJCE TUE UE ZLC

Sistema de Acordos Internacionais Sistema Uacutenico de Seguridade Social Subgrupo de Trabalho Tratado do Ato Uacutenico Europeu Tratado da Comunidade Europeia Tratado da Comunidade Econocircmica Europeia Tarifa Externa Comum Tribunal de Justiccedila das Comunidades Europeias Tratado da Uniatildeo Europeia Uniatildeo Europeia Zona de Livre Comeacutercio

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1 Demonstrativo das autorizaccedilotildees de trabalhos concedidas a pessoas dos Estados Partes do MERCOSUL 28

Tabela 2 Resumo da anaacutelise dos sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL 43

Tabela 3 ndash Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social 52

Quadro 1 Demonstrativo de algumas assimetrias no bloco 25

Quadro 2 Organismos de Ligaccedilatildeo no Brasil para acordos com outros paiacuteses 66

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO 1 13 1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES 13 11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO 13 12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL 16

121 Fases da Integraccedilatildeo 16 122 Antecedentes Histoacutericos 18 123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais 21 13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL 24

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas 26 132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL 32 CAPIacuteTULO 2 44 2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 44

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL 48 23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE

SOCIAL 51 24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 53 241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral 56

CAPIacuteTULO 3 60

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL NO MERCOSUL 60

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 62

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS 64

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 69

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade Social 74

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios 74 333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo 76

CONCLUSAtildeO 80

REFEREcircNCIAS 83

ANEXOS 93

Ao Emerson pelo incentivo ao estudo Aos professores Marco Antocircnio Ceacutesar Villatore e Lenir Mainardes da Silva pela colaboraccedilatildeo tatildeo valiosa na conclusatildeo deste trabalho

Agrave minha orientadora Lucia Cortes da Costa pela disposiccedilatildeo atenccedilatildeo e rigor no acompanhamento e construccedilatildeo do trabalho

Ao meu pai matildee irmatilde e irmatildeo que satildeo fontes de estiacutemulos para continuar sempre lutando

10

INTRODUCcedilAtildeO

Com o desenvolvimento da sociedade internacional e a intensificaccedilatildeo das

relaccedilotildees entre os Estados os Tratados e os Acordos se converteram na fonte

principal do Direito Internacional e assumem atualmente a funccedilatildeo similar agrave que eacute

exercida pela legislaccedilatildeo interna dos Estados pois regula as relaccedilotildees legais mais

diversas entre paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais nos campos mais variados das

relaccedilotildees humanas

O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo econocircmica e o surgimento de sistemas

regionais de integraccedilatildeo fizeram crescer de forma acentuada o fluxo migratoacuterio de

matildeo de obra para os mais diversos paiacuteses em busca de boas oportunidades

profissionais e de melhores condiccedilotildees de vida

O Brasil conta com uma grande quantidade de cidadatildeos que natildeo habitam e

natildeo exercem suas atividades laborais em seu territoacuterio nacional da mesma forma

que recebe muitos trabalhadores provenientes de outros paiacuteses

Todo este movimento traz como consequecircncia o fato de que muitos

migrantes ao contribuir para sistemas previdenciaacuterios de diversos paiacuteses

eventualmente natildeo completem os requisitos para conseguir sua aposentadoria ou

para obter outros benefiacutecios contando somente o tempo de contribuiccedilatildeo de um dos

paiacuteses nos quais trabalhou

Na esfera da seguridade social temos que destacar a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) sobre igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros a qual foi aprovada pelo Brasil em 24 de agosto de 1968

No artigo 7ordm da Convenccedilatildeo se estabelece que os paiacuteses signataacuterios teratildeo de se

esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento de direitos de

seguridade social Este sistema deve principalmente prever a totalizaccedilatildeo dos

periacuteodos de trabalho para a contabilizaccedilatildeo previdenciaacuteria de trabalho ou residecircncia

os de aquisiccedilatildeo manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de direitos bem como para o caacutelculo

das aposentadorias Desta forma eacute indispensaacutevel por em praacutetica poliacuteticas puacuteblicas

para a consecuccedilatildeo de tais direitos

No presente trabalho apresenta-se um estudo sobre o Acordo Multilateral de

Seguridade Social no MERCOSUL em virtude da perspectiva da livre circulaccedilatildeo de

trabalhadores no bloco atraveacutes do desenvolvimento de sua dimensatildeo social e a

11

internacionalizaccedilatildeo dos sistemas de previdecircncia social que passam a ter um papel

importante para viabilizaccedilatildeo de todo esse processo

Na pesquisa o objeto problematizado foi a proteccedilatildeo previdenciaacuteria prevista

no Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL qual a garantia em

relaccedilatildeo agrave manutenccedilatildeo da renda para os trabalhadores que durante sua vida de

trabalho vinculem-se a mais de um sistema previdenciaacuterio dentro do bloco regional

Para desenvolver a pesquisa a metodologia utilizada foi qualitativa

pesquisa documental bibliograacutefica e baseada em decisotildees judiciais

O texto foi dividido em trecircs capiacutetulos o primeiro aborda as informaccedilotildees

referentes agrave integraccedilatildeo regional e seus impasses como a construccedilatildeo do

MERCOSUL e assimetrias no bloco regional Retrata as dificuldades do processo de

integraccedilatildeo ocorrido entre os paiacuteses que hoje compotildeem o MERCOSUL

Neste capiacutetulo a investigaccedilatildeo parte da anaacutelise do Tratado de Assunccedilatildeo

documento marco na constituiccedilatildeo do MERCOSUL abordando as fases de

integraccedilatildeo econocircmica para o Mercado Comum do Sul quais sejam a zona de livre

comeacutercio uniatildeo aduaneira e mercado comum

O segundo capiacutetulo apresenta o processo de celebraccedilatildeo de acordos

internacionais que tratam de mateacuteria previdenciaacuteria como um fruto do fenocircmeno da

globalizaccedilatildeo e do aumento do fluxo migratoacuterio Os acordos internacionais satildeo

instrumentos que expressam a vontade dos Estados em texto escrito com o

objetivo de originar efeitos juriacutedicos na aacuterea internacional onde constam os direitos

e as obrigaccedilotildees reciacuteprocas

Diante disso foi assinado o Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL no dia 15 de dezembro de 1997 e que entrou em vigor em 2005 cujas

legislaccedilotildees no Brasil satildeo o Decreto Legislativo nordm 451 de 15 de novembro de 2001

e o regulamento Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo de 2006

A importacircncia social deste Acordo desponta a partir do momento que o

trabalhador dificilmente tem a possibilidade de optar por um tipo de viacutenculo de

trabalho em regra tendo apenas a preocupaccedilatildeo de obter e manter um emprego O

problema de como manter a renda do trabalhador na inatividade apresenta-se na

hora de se aposentar momento em que natildeo sabe como proceder e nem a quem

recorrer principalmente se transitou por paiacuteses com diferentes sistemas

previdenciaacuterios

12

A partir daiacute apresentamos os Acordos bilaterais de Previdecircncia Social

realizados pelo Brasil e especialmente o Acordo Multilateral de Seguridade Social

no MERCOSUL

Jaacute a partir do terceiro capiacutetulo passamos a analisar a aacuterea previdenciaacuteria

dentro dos objetivos inicialmente aspirados por Brasil Argentina Paraguai Uruguai

a partir das normas operacionais para eficaacutecia do Acordo Multilateral de Previdecircncia

Social Analisamos o Regulamento administrativo abordamos os oacutergatildeos de ligaccedilatildeo

e os processamentos de informaccedilotildees sobre os trabalhadores cobertos pelo Acordo

assim como a forma de solicitaccedilatildeo de benefiacutecios totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de tempo

de contribuiccedilatildeo e as normas operacionais voltadas agraves empresas e aos trabalhadores

no deslocamento temporaacuterio de trabalhadores nos paiacuteses pertencentes ao bloco

13

CAPIacuteTULO 1

1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES

11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO

O Mercado Comum do Sul MERCOSUL desenvolveu-se por fases de

integraccedilatildeo e atualmente eacute uma Uniatildeo Aduaneira e seu objetivo eacute evoluir agrave condiccedilatildeo

de Mercado Comum Muito embora o Tratado de Assunccedilatildeo seja um acordo

internacional de cunho marcadamente econocircmico sua assinatura significou um

projeto estrateacutegico regional em que os alicerces que enquadram as relaccedilotildees entre

os Estados Partes representa acima de tudo um acordo poliacutetico

O MERCOSUL pode ser considerado um fator de estabilidade na regiatildeo

pois gera uma trama de interesses e relaccedilotildees que torna mais profundas as ligaccedilotildees

entre os paiacuteses tanto econocircmicas quanto poliacuteticas

Os responsaacuteveis poliacuteticos as burocracias estatais os trabalhadores e os

empresaacuterios tecircm no MERCOSUL um acircmbito de discussatildeo de muacuteltiplas e complexas

facetas em que podem ser abordados assuntos de interesse comum1

De acordo com More a regionalizaccedilatildeo pode ser compreendida como segue

Regionalizaccedilatildeo pode ser definida numa oacutetica econocircmica como o conjunto de medidas tomadas pelo Estado para aumentar ou diminuir os obstaacuteculos agraves trocas aos investimentos aos fluxos de capitais e aos movimentos de fatores entre os grupos de paiacuteses envolvidos Numa perspectiva juriacutedica eacute o fenocircmeno resultante da composiccedilatildeo dos interesses econocircmicos atraveacutes de acordos internacionais que visam delimitar e fixar positivamente os objetivos e os meios de realizaccedilatildeo destes interesses

2

Para Praxedes e Piletti3 regionalizaccedilatildeo e globalizaccedilatildeo satildeo dois processos

simultacircneos que estatildeo ocorrendo no mundo atual Enquanto a globalizaccedilatildeo consiste

no processo de dissoluccedilatildeo das fronteiras entre os paiacuteses para facilitar a atuaccedilatildeo

1 Sobre o MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwmercosurorguygt Acesso em 10032010

2 MORE Rodrigo Fernandes Fundamentos das Operaccedilotildees de Paz das Naccedilotildees Unidas e a

Questatildeo de Timor Leste Dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo de tiacutetulo de mestre em direito na Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo Biblioteca da Faculdade de Direito da USP 2002

3 PRAXEDES Walter PILETTI Nelson O Mercosul e a Sociedade Global 8 ed Satildeo Paulo

Aacutetica 1997 p 58

14

das empresas transnacionais a regionalizaccedilatildeo consiste na formaccedilatildeo de blocos

regionais para defender as empresas jaacute instaladas na regiatildeo contra a concorrecircncia

de empresas de outras regiotildees ou paiacuteses

Apesar de estes dois movimentos interagirem natildeo deixam de ser

contraditoacuterios jaacute que a globalizaccedilatildeo aposta na livre circulaccedilatildeo em niacutevel mundial

enquanto a regionalizaccedilatildeo une paiacuteses para fortalecer geralmente com praacuteticas

protecionistas quando se trata de comeacutercio exterior4

De acordo com Kol5 citado por More

6 observamos que existem pelo menos

trecircs modalidades de regionalismo em relaccedilatildeo ao desenvolvimento do comeacutercio

mundial formaccedilatildeo de blocos regionalismo e polarizaccedilatildeo

A formaccedilatildeo de blocos refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo do comeacutercio

internacional entre paiacuteses membros de um acordo formal de livre comeacutercio ou outro

acordo formal de integraccedilatildeo econocircmica O Regionalismo que expressa vontade

poliacutetica dos Estados refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo de comeacutercio

internacional entre paiacuteses que satildeo parte de um grupo de Estados com

predominacircncia do elemento de proximidade geograacutefica

Nesta perspectiva a regionalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno natural diretamente

ligado ao fator proximidade geograacutefica tal como ocorre entre zonas fronteiriccedilas E

finalmente a polarizaccedilatildeo apresenta-se como um caso especial de regionalismo

entre paiacuteses em diferentes estaacutegios de desenvolvimento Eacute uma relativa

concentraccedilatildeo de comeacutercio internacional de um grupo de estados em

desenvolvimento com um grupo de Estados industrializados em proximidade

geograacutefica

Percebe-se desta classificaccedilatildeo de Kol que o termo regionalizaccedilatildeo eacute distinto

do termo regionalismo Para a proposta de Kol o fenocircmeno de regionalizaccedilatildeo

explica movimentos naturais da economia que ao longo do tempo foram a proacutepria

razatildeo do aprofundamento e alargamento dos processos de integraccedilatildeo pelos de

4 PEREIRA Joseacute Adriano Mercosul em Movimento II In Liberalismo econocircmico e processo de

integraccedilatildeo na Ameacuterica Latina Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 p 100 5 Estudioso da Integraccedilatildeo Econocircmica Internacional na Universidade Erasmus de Rotterdan

6 KOL Jacob Regionalization Polarization and Blocformation in the World Economy Revista

Integraccedilatildeo e especializaccedilatildeo Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Coimbra 1996 p 17 apud MORE Rodrigo Fernandes Integraccedilatildeo econocircmica Internacional Jus Navigandi Teresina ano 6 n 59 outubro 2002 Disponiacutevel em lthttpjusuolcombrrevistatexto3307integracao-economica-internacionalgt Acesso em 24102010

15

acordos formais seja para formaccedilatildeo de aacutereas de livre comeacutercio bilaterais ou de

proacutepria formaccedilatildeo de blocos econocircmicos

No mesmo sentido Ana Maria Stuart entende regionalismo como construccedilatildeo

de uma nova dimensatildeo poliacutetica econocircmica e social na qual se processa a

transformaccedilatildeo do Estado-naccedilatildeo em especial de seus atributos de autonomia e

soberania e regionalizaccedilatildeo eacute a integraccedilatildeo com base crescente de interdependecircncia

econocircmica e na resoluccedilatildeo dos problemas colocados pelos mercados7

Soares aponta que a constituiccedilatildeo de um mercado comum afina as relaccedilotildees

comerciais poliacuteticas cientiacuteficas acadecircmicas culturais e tem como dentre outras

as seguintes vantagens

- maior variedade de bens finais agrave disposiccedilatildeo dos consumidores o que representa um incremento em seu bem estar maior concorrecircncia que implica entre outras coisas maior qualidade dos bens e serviccedilos oferecidos menores preccedilos e uma atribuiccedilatildeo de recursos mais eficiente uma importante economia de recursos que inicialmente se destinam agraves reparticcedilotildees aduaneiras - melhor atribuiccedilatildeo de recursos - reduccedilatildeo dos custos de transporte e comunicaccedilatildeo pela integraccedilatildeo fiacutesica dos Estados Partes que contempla o MERCOSUL

8

Ocorre que o processo de integraccedilatildeo natildeo pode se resumir a uma integraccedilatildeo

com conotaccedilatildeo apenas econocircmica pois para dar certo a economia haacute

envolvimento de trabalhadores e portanto o processo de integraccedilatildeo deve viabilizar

uma integraccedilatildeo em todos os seus aspectos econocircmico poliacutetico e tambeacutem e tatildeo

importante o aspecto social Neste sentido ainda comenta Soares9 que a

participaccedilatildeo dos Estados eacute decisiva para a integraccedilatildeo dos blocos econocircmicos

visando ao processo poliacutetico para a criaccedilatildeo do mercado dentro de paracircmetros

democraacuteticos

As relaccedilotildees poliacuteticas internacionais e a formaccedilatildeo dos blocos econocircmicos

vecircm a ser uma estrateacutegia organizada pelos Estados O MERCOSUL constitui-se

7 STUART Ana Maria A construccedilatildeo de um novo regionalismo In MENDES Jussara Maria Rosa

et al (Orgs) Mercosul em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 107

8 SOARES Maacuterio Luacutecio Quintatildeo MERCOSUL direitos humanos globalizaccedilatildeo e soberania Belo

Horizonte Del Rey 1997 p 86 9 Ibid

16

como um bloco intergovernamental que resulta de decisatildeo poliacutetica dos governos

dos Estados Partes na busca pela integraccedilatildeo regional10

Estudando a formaccedilatildeo e o desenvolvimento do MERCOSUL observamos

que para que uma integraccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria vontade poliacutetica nas questotildees de

desenvolvimento social promoccedilatildeo de intercacircmbio cultural e laboral preocupaccedilatildeo

quanto agraves questotildees de direitos humanos seguridade social entre outras

12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL

121 Fases da Integraccedilatildeo

No dia 30 de novembro de 1985 Argentina e Brasil inauguram um novo

esquema de integraccedilatildeo mediante a Declaraccedilatildeo de Iguaccedilu com a qual inicia uma

comissatildeo mista de alto niacutevel integrada por representantes dos governos e

instituiccedilotildees empresariais cujos trabalhos deram lugar agrave assinatura da Ata para

integraccedilatildeo argentino-brasileira de 29 de julho de 1986 A Ata estabeleceu um

programa de Integraccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo econocircmica entre as duas repuacuteblicas

Segundo Jaeger Junior11

ldquonascia nesse momento o embriatildeo do bloco regional do

Cone Sulrdquo

Em 1988 eacute assinado o Tratado de Integraccedilatildeo Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento entre Brasil e Argentina que se deve ao fato de buscar um espaccedilo

econocircmico comum a ser concretizado na eliminaccedilatildeo de todas as restriccedilotildees tarifaacuterias

e natildeo-tarifaacuterias ao comeacutercio de bens e serviccedilos A inflaccedilatildeo que accediloitou ambos os

paiacuteses em 1989 e 1990 e o fracasso de seus respectivos planos econocircmicos

austral e cruzado desembocaram para que uma vez mais as poliacuteticas comerciais

voltassem a ser restritivas estancando-se os avanccedilos da integraccedilatildeo regional12

10

COSTA Lucia Cortes da Poliacuteticas sociais no MERCOSUL desafios para uma integraccedilatildeo regional com reduccedilatildeo das desigualdades sociais In COSTA Lucia Cortes da (Org) Estado e democracia Pluralidade de questotildees Ponta Grossa Ed UEPG 2008 p 139

11 JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 1999 Disponiacutevel em ltwwwbuscalegisufscbrmercosul20e20a20livrelaccedilatildeogt Acesso em 20092010 p 30

12 KUME Honoacuterio PIANI Guida Mercosul o dilema entre uniatildeo aduaneira e aacuterea de livre-comeacutercio

Revista Economia Poliacutetica Satildeo Paulo v 25 n 4 OctDec 2005

17

Com as mudanccedilas de governo que se produziram e novos enfoques poliacutetico-

econocircmicos com objetivos similares entre os que cabiam a desregulaccedilatildeo e abertura

de suas economias o processo se revitalizou assinando-se a ata de Buenos Aires

em julho de 1990 que decide estabelecer um mercado comum entre os dois paiacuteses

Outro passo a mais foi a assinatura do Acordo de Complementaccedilatildeo

Econocircmica nuacutemero 14 que reuacutene num uacutenico corpo todos os acordos vigentes antes

celebrados entre os Brasil e Argentina adota o programa de rebaixas alfandegaacuterias

gerais lineares e automaacuteticas previsto e adota uma seacuterie de outras medidas

complementares recolhidas depois no Tratado de Assunccedilatildeo do qual o acordo

Argentina-Brasil eacute claro procedente imediato13

O Tratado de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 aproveita todos os

embasamentos estabelecidos no Acordo Argentina ndash Brasil somando-se aos

propoacutesitos de estabelecer um Mercado Comum do Sul Paraguai e Uruguai em

igualdade de direitos e de obrigaccedilotildees A integraccedilatildeo regional apresenta-se sob

diferentes fases como a zona de livre comeacutercio uniatildeo aduaneira mercado comum

uniatildeo econocircmica e monetaacuteria e integraccedilatildeo econocircmica total

Inicialmente no processo de integraccedilatildeo haacute a fase de Zona de Livre

Comeacutercio De acordo com Jaeger Junior14

a ldquozona de livre comeacutercio eacute a eliminaccedilatildeo

atraveacutes de um acordo dos obstaacuteculos tarifaacuterios e natildeo-tarifaacuterios agraves exportaccedilotildees e

importaccedilotildees comerciais dos produtos originaacuterios dos estados-membros integrantes

desta livre zonardquo Conforme o artigo 1ordm do Tratado de Assunccedilatildeo (1991) ldquoA livre

circulaccedilatildeo de bens serviccedilos e fatores produtivos entre os paiacuteses atraveacutes entre

outros da eliminaccedilatildeo dos direitos alfandegaacuterios e restriccedilotildees natildeo-tarifaacuterias agrave

circulaccedilatildeo de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalenterdquo

Em seguida haacute a fase da Uniatildeo Aduaneira em que os Estados Partes ao

reconhecerem as assimetrias entre as economias nacionais adotam uma tarifa

externa comum (TEC) em que ocorre a aboliccedilatildeo das tarifas alfandegaacuterias nas

relaccedilotildees comerciais no interior do bloco econocircmico que eacute aplicada aos paiacuteses fora

da uniatildeo15

13

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwreceitafazendagovbrlegislacaoacordosinternacionaisAcordosComplEconomicaDe

faulthtmgt Acesso em 10022011 14

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 38 15

Ibid

18

A fase posterior se daacute pela caracterizaccedilatildeo de Mercado Comum que aleacutem

da liberalizaccedilatildeo comercial estabelece a circulaccedilatildeo de pessoas serviccedilos e capitais

com liberdade fundamental sem barreiras para entrada ou saiacuteda dos cidadatildeos dos

Estados Partes Conforme Jaeger Junior16

eacute necessaacuteria nesta fase agrave adoccedilatildeo de

procedimentos quanto agrave

[] harmonizaccedilatildeo das questotildees trabalhistas e previdenciaacuterias incluindo a assistecircncia social Para os Estados Partes recebedores desse contingente de pessoas seratildeo necessaacuterias as garantias de manutenccedilatildeo da ordem da sauacutede e da seguranccedila puacuteblica

Essas liberdades eacute que permitiratildeo a consolidaccedilatildeo da integraccedilatildeo plena entre

os parceiros estatais envolvidos Neste mesmo contexto Costa17

afirma que eacute

preciso que se estabeleccedilam a harmonizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em diferentes aacutereas

entre as quais a legislaccedilatildeo trabalhista e a regulamentaccedilatildeo profissional e criar

mecanismos efetivos de aplicaccedilatildeo de direitos sociais os direitos trabalhistas e

previdenciaacuterios e tambeacutem a equivalecircncia nos diferentes niacuteveis de ensino como um

caraacuteter mais homogecircneo de serviccedilos educacionais

Ainda existe a fase da Uniatildeo Econocircmica e Monetaacuteria que ocorre quando o

mercado comum eacute combinado com a adoccedilatildeo de poliacutetica monetaacuteria e moeda uacutenica

Esta fase eacute caracterizada pela supressatildeo de restriccedilotildees sobre movimentos de

mercadorias combinada com a harmonizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas nacionais

tornando-as o mais semelhante possiacutevel18

Por fim a fase de Integraccedilatildeo Econocircmica

Total momento em que se passa a adotar uma poliacutetica monetaacuteria fiscal e social

para a unificaccedilatildeo de poliacuteticas de seguranccedila interior e exterior sendo a fase mais

profunda da integraccedilatildeo19

122 Antecedentes Histoacutericos

Apesar de jovem o MERCOSUL eacute o resultado de um processo lento de

16

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 357 17

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 33

18 JAEGER JUNIOR Op cit p 39

19 GOIN Marileacuteia O processo contraditoacuterio da educaccedilatildeo no contexto do MERCOSUL uma

anaacutelise a partir dos Planos Educacionais 2008 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Serviccedilo Social) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 45

19

amadurecimento histoacuterico que ao longo do tempo levou seus Estados Partes a

substituir o conceito de conflito pelo ideal de integraccedilatildeo20

Tal integraccedilatildeo

internacional de cunho significativamente econocircmico significou tambeacutem a coroaccedilatildeo

de um projeto estrateacutegico regional de natureza poliacutetica

Na deacutecada de 1980 o avanccedilo das ideias liberais a democratizaccedilatildeo dos

governos de vaacuterios paiacuteses por sendas constitucionais e o progressivo

desaparecimento dos governos militares geraram modificaccedilotildees importantes na

economia perderam terreno as poliacuteticas de auto-abastecimento e aumento do

comeacutercio sub-regional e introduziu-se em seu lugar a ideia de complementaccedilatildeo e

globalizaccedilatildeo das mesmas para otimizar a eficiecircncia no uso dos fatores e competir

melhor no comeacutercio mundial

Com a globalizaccedilatildeo e as expectativas no enfrentamento da nova realidade

econocircmica mundializada o Brasil a Argentina o Paraguai e o Uruguai

estabeleceram um pacto de se constituiacuterem em um bloco econocircmico regional

integrado por Estados da Ameacuterica do Sul formando o MERCOSUL

O MERCOSUL tem como fonte inspiradora algumas normas de instituiccedilatildeo

do Tratado de Montevideacuteu de 1960 criador da ALALC21

do Tratado de ROMA22

do

Tratado de Montevideacuteu de 1980 criador da ALADI23

e da Convenccedilatildeo do

BENELUX24

No Brasil a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 4ordm paraacutegrafo uacutenico

ao relacionar os princiacutepios que devem nortear as relaccedilotildees internacionais deixa clara

a intenccedilatildeo de buscar fortalecer a integraccedilatildeo dos povos na Ameacuterica Latina com o

intuito de formar uma comunidade latino-americana de naccedilotildees No entanto deixou

omisso qual o modelo de integraccedilatildeo a ser adotado ficando assim como uma mera

aspiraccedilatildeo poliacutetica do paiacutes em formar uma comunidade regional

20

Fonte extraiacuteda do site lthttpwwwclassificadosmercosulcombrmercosul_infomercosul01htmgt Acesso em 29022011

21 A Associaccedilatildeo Latino Americana de Livre Comeacutercio (ALALC) foi criada em fevereiro de 1960 e seu

Tratado encontra-se subscrito por Brasil Argentina Chile Uruguai Meacutexico Paraguai e Peru e posteriormente por Colocircmbia Equador e Venezuela tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

22 O Tratado de Roma assinado em 25 de marccedilo de 1957 influenciou na forma e nos propoacutesitos

estabelecidos na formaccedilatildeo do MERCOSUL 23

A Associaccedilatildeo Latino-Americana de Integraccedilatildeo (ALADI) foi constituiacuteda em substituiccedilatildeo agrave ALALC subscrita pelos paiacuteses membros dessa integraccedilatildeo em 12 de agosto de 1980 tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

24 A Convenccedilatildeo do BENELUX foi firmada em Londres em 5 de setembro de 1944 e ampliada pelo

Protocolo da Haia de 14 de marccedilo de 1947 entre os Estados da Beacutelgica Luxemburgo e os Paiacuteses Baixos os quais pretendiam atingir a etapa de uma integraccedilatildeo de uniatildeo econocircmica

20

A efetivaccedilatildeo do MERCOSUL se deu pela assinatura do Tratado de

Assunccedilatildeo em 26 de marccedilo de 1991 pelas Repuacuteblicas da Argentina do Brasil do

Paraguai e do Uruguai constituindo-se em uma estrateacutegia defensiva da Ameacuterica

Latina frente aos paiacuteses desenvolvidos objetivando o fortalecimento de sua

economia como mecanismo de defesa frente ao projeto da ALCA25

dando a estes

paiacuteses um melhor posicionamento no cenaacuterio mundial

Pelo consenso entre os Estados Partes o MERCOSUL busca adesatildeo de

novos membros com o objetivo de fortalecer o processo de integraccedilatildeo regional e

intensificar as relaccedilotildees com os paiacuteses membros da ALADI Associaccedilatildeo Latino-

Americana de Integraccedilatildeo Os Estados associados do MERCOSUL tecircm como

paiacuteses participantes a Boliacutevia o Chile o Peru a Colocircmbia e o Equador

Boliacutevia Equador Colocircmbia e Peru integram a Comunidade Andina (CAN)

bloco com que o MERCOSUL tambeacutem firmaraacute um acordo comercial26

O status de

membro associado se estabelece por acordos bilaterais denominados Acordos de

Complementacatildeo Econocircmica firmados entre o MERCOSUL e cada paiacutes associado

Em processo de inclusatildeo como membro efetivo do bloco estaacute a Venezuela mas

para que um paiacutes integre o bloco como membro efetivo eacute necessaacuterio que todos os

Estados Partes ratifiquem de maneira unacircnime a entrada deste no bloco

A Venezuela ratificou o protocolo de entrada em 4 de julho de 2006 Em

2005 na XXIX Conferecircncia do MERCOSUL em Montevideacuteu outorgou-se em status

de Estado membro em processo de adesatildeo que na praacutetica significa que tinha voz

mas natildeo voto27

Para a efetivaccedilatildeo da Venezuela no Bloco soacute falta a aprovaccedilatildeo do

Paraguai pois o Brasil a Argentina e o Uruguai jaacute aprovaram o protocolo de

adesatildeo28

25

ALCA ndash Aacuterea de Livre Comeacutercio das Ameacutericas As origens da ALCA remontam ao ano de 1990 quando o entatildeo presidente George Bush lanccedila a ldquoIniciativa para as Ameacutericasrdquo uma proposta de liberalizaccedilatildeo do comeacutercio hemisfeacuterico e de eliminaccedilatildeo das restriccedilotildees para os investimentos das mega-empresas norte-americanas que criaria um espaccedilo privilegiado de ampliaccedilatildeo das fronteiras econocircmicas dos Estados Unidos A ALCA eacute tambeacutem uma iniciativa que procura consolidar uma zona monetaacuteria para o doacutelar e contrabalanccedilar o impacto da formaccedilatildeo de outros grandes blocos regionais na Europa e na Aacutesia

26 Fonte extraiacuteda do site lthttpestudeonlinenetrevisao_detalheaspxcod=461gt Acesso em

29032011 27

Ibid 28

Conforme Folha Online (2009) o Paraguai natildeo aprovou a entrada da Venezuela por analisar que o Presidente Hugo Chaacutevez coloca em risco a democracia do bloco que se constitui como princiacutepio inerente para o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional conforme Protocolo de Ushuaia de julho de 1998 Disponiacutevel em lthttpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u666908shtmlgt Acesso em 20092010

21

Entretanto isto eacute uma questatildeo de tempo porque trecircs paiacuteses jaacute aceitaram

123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais

O MERCOSUL objetiva a integraccedilatildeo dos paiacuteses no sentido da expansatildeo do

mercado interno da ampliaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo da circulaccedilatildeo de riquezas

Com isso pretende o transbordamento das perspectivas de crescimento que deve

ocorrer em harmonia por meio das competiccedilotildees empresariais elevando o niacutevel de

emprego propiciando a melhoria das condiccedilotildees de vida e o desenvolvimento social

dos povos29

Em 1991 o Tratado de Assunccedilatildeo estabeleceu apenas uma estrutura

institucional provisoacuteria que natildeo conferia personalidade juriacutedica ao MERCOSUL uma

vez que seus oacutergatildeos eram totalmente dependentes dos Estados Partes Assim em

decorrecircncia das intensas negociaccedilotildees os Estado Partes decidiram a partir da

entrada em vigor do Protocolo de Ouro Preto assinado em dezembro de 1994

atribuir ao MERCOSUL personalidade juriacutedica de Direito Puacuteblico Internacional

conforme o previsto nos artigos 34 e 35 do referido protocolo30

Portanto o MERCOSUL dispotildee de personalidade juriacutedica de Direito

Internacional desde a assinatura do Protocolo de Ouro Preto (artigo 34) A

titularidade da personalidade juriacutedica do MERCOSUL eacute exercida pelo Conselho do

Mercado Comum (artigo 8ordm III) O Grupo Mercado Comum pode negociar por

delegaccedilatildeo expressa do Conselho do Mercado Comum acordos em nome do

MERCOSUL com paiacuteses terceiros grupos de paiacuteses e organismos internacionais

(artigo 14 VII)

Suas principais fontes juriacutedicas satildeo o Tratado de Assunccedilatildeo e instrumentos

adicionais ou complementares as Decisotildees do Conselho do Mercado Comum as

Resoluccedilotildees do Grupo Mercado Comum e as Diretrizes da Comissatildeo de Comeacutercio31

29

MAGALHAES Maria Luacutecia Cardoso de A harmonizaccedilatildeo dos Direitos Sociais e o MERCOSUL Belo Horizonte Editora Revista dos Tribunais 2000 p 59

30 Art 34 do Protocolo de Ouro Preto ldquoO Mercosul teraacute personalidade juriacutedica internacionalrdquo Art 35

ldquoO Mercosul poderaacute no uso de suas atribuiccedilotildees praticar todos os atos necessaacuterios agrave realizaccedilatildeo de seus objetivos em especial contratar adquirir ou alienar bens moacuteveis e imoacuteveis comparecer em juiacutezo conservar fundos e fazer transferecircnciasrdquo

31 Fonte extraiacuteda da Secretaria de Estado da Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do Mercosul ndash

SEIM Disponiacutevel em lthttpwwwseimprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=32gt Acesso em

10072010

22

O Protocolo de Ouro Preto definiu a estrutura do MERCOSUL da seguinte

forma

a) Conselho do Mercado Comum (CMC) eacute o oacutergatildeo maacuteximo do

MERCOSUL ao qual cabe a conduccedilatildeo poliacutetica do processo de

integraccedilatildeo e pela tomada de decisotildees para garantir o cumprimento dos

objetivos e prazos estabelecidos pelo ldquoTratado de Assunccedilatildeordquo O CMC eacute

formado pelos Ministros das Relaccedilotildees Exteriores e da Economia dos

paiacuteses membros

b) Grupo Mercado Comum (GMC) eacute o oacutergatildeo executivo do MERCOSUL

coordenado pelos Ministeacuterios de Relaccedilotildees Exteriores de cada paiacutes eacute o

principal oacutergatildeo de implementaccedilatildeo dos objetivos do MERCOSUL e de

supervisatildeo de seu funcionamento examinando as questotildees em niacutevel

mais profundo que o Conselho O Grupo Mercado Comum eacute

assessorado em suas atividades por Subgrupos de Trabalho Reuniotildees

Especializadas e Grupos ldquoAd Hocrdquo cada um desses foros auxiliares trata

de temas especiacuteficos

Subgrupos de Trabalho (SGT) SGT 01 - Comunicaccedilotildees SGT 02 -

Aspectos Institucionais SGT 03 - Regulamentos Teacutecnicos SGT 04 -

Assuntos Financeiros SGT 05 - Transportes SGT 06 - Meio Ambiente

SGT 07 - Induacutestria SGT 08 - Agricultura SGT 09 - Energia e Mineraccedilatildeo

SGT 10 - Assuntos Trabalhistas Emprego e Seguridade Social SGT 11

- Sauacutede SGT 12 - Investimentos SGT 13 - Comeacutercio Eletrocircnico SGT 14

- Acompanhamento da Conjuntura Econocircmica e Comercial

Reuniotildees Especializadas Ciecircncia e Tecnologia Cooperativas Turismo

Mulher promoccedilatildeo Comercial Municiacutepios e Prefeituras Infraestrutura da

Integraccedilatildeo e Drogas Prevenccedilatildeo e Reabilitaccedilatildeo de Dependentes

Grupos ldquoAd-Hocrdquo Accediluacutecar Relaccedilotildees Externas Compras Governamentais

e Concessotildees Integraccedilatildeo Fronteiriccedila Comitecirc de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica

Grupo de Serviccedilos Comissatildeo Soacutecio-laboral (Secretaria de Estado da

Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do MERCOSUL ndash SEIM)

c) Comissatildeo de Comeacutercio do MERCOSUL (CCM) eacute o oacutergatildeo encarregado

de assistir ao Grupo Mercado Comum na aplicaccedilatildeo dos instrumentos de

23

poliacutetica comercial comum para o funcionamento da uniatildeo alfandegaacuteria

(CEFIR 2010)32

d) Comissatildeo de Representantes Permanentes do MERCOSUL (CRPM)

que reuacutene as reapresentaccedilotildees diplomaacuteticas dos Estados membros

(CEFIR 2010)33

e) Parlamento do MERCOSUL eacute o que representa a legitimidade e

democracia em termos de representaccedilatildeo poliacutetica do processo o

Parlamento eacute o lugar ideal para o debate para a expressatildeo das

diferentes visotildees para a enunciaccedilatildeo da opiniatildeo da maioria mas tambeacutem

para a possibilidade de expressatildeo das minorias (CEFIR 2010)34

f) Foro Consultivo Econocircmico Social (FCES) eacute o oacutergatildeo de representaccedilatildeo

dos setores econocircmicos e sociais composto por representantes dos

setores empresariais sindicatos e entidades da sociedade civil Tem

funccedilatildeo consultiva elevando recomendaccedilotildees ao GMC

g) Secretaria Administrativa do MERCOSUL eacute o oacutergatildeo de assessoria e

apoio teacutecnico operativo aos outros oacutergatildeos do MERCOSUL Tem sua

sede permanente na cidade de Montevideacuteu

Os oacutergatildeos institucionais do MERCOSUL35

satildeo de natureza

intergovernamental cujas decisotildees tomadas estatildeo vinculadas a procedimentos

internos de cada Estado Parte do bloco portanto satildeo decisotildees tomadas por

governos nacionais que estatildeo sujeitos ao controle dos seus respectivos

parlamentos36

32

Fonte Curso ldquoTodos Somos MERCOSURrdquo ndash CEFIR ndash Plataforma de Integraccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpneccintwordpresscomdireito-internacionalarena-de-ideiasmercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulgt Acesso em 02012011

33 Ibid

34 Ibid

35 No Anexo 2 seraacute apresentado um organograma da estrutura Institucional do MERCOSUL

36 KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees

constitucionais 2000 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwbuscalegisufscbrarquivosMercosul20e20supranacionalidade20-202000pdfgt Acesso em 20092010 p 30

24

13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL

As assimetrias satildeo um dos principais

obstaacuteculos para o avanccedilo do processo de integraccedilatildeo

do MERCOSUL Os paiacuteses menos desenvolvidos

tendem a ter menor capacidade para se apropriar dos

benefiacutecios do processo de integraccedilatildeo Sobre as

assimetrias no bloco regional Costa37 aponta ldquoa

diversidade culturalrdquo entre os membros do

MERCOSUL de acordo com

[] o niacutevel de desenvolvimento da economia o tamanho da populaccedilatildeo a diversidade interna o grau de desigualdade entre os diferentes segmentos sociais o poder poliacutetico entre as classes sociais e entre os diferentes Estados que compotildeem o bloco

As assimetrias socioeconocircmicas em que se encontravam os paiacuteses apoacutes a

assinatura do Tratado de Assunccedilatildeo dificultaram a coordenaccedilatildeo das poliacuteticas

macroeconocircmicas que aliadas agrave vulnerabilidade externa das economias

oriundas das estrateacutegias neoliberais de financiamento privatizaccedilotildees e

abertura brusca de seus mercados ocasionaram aos Estados novamente um

endividamento externo devido agrave reprimarizaccedilatildeo das exportaccedilotildees38 Afirma

Vasconcelos39 que a falta de prioridade da integraccedilatildeo na formulaccedilatildeo das

poliacuteticas internacionais acabou gerando insatisfaccedilatildeo por parte dos soacutecios

menores a exemplo da ameaccedila do Uruguai em deixar o bloco eou realizar

um acordo bilateral com os EUA

37

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 30-31

38 VASCONCELOS Pedro Paulo Lima Indicadores soacutecio-econocircmicos do MERCOSUL um estudo

sob a Eacutegide da Economia Poliacutetica Internacional In SIMPOacuteSIO EM RELACcedilOtildeES INTERNACIONAIS DO PROGRAMA SAN TIAGO DANTAS I nov 2007 p 10 (UNESP UNICAMP e PUC-SP)

39 Ibid

25

Quadro 1 - Demonstrativo de algumas assimetrias no bloco

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwbrasilescolacomgt Dados referentes ao ano de 2010

40

Tambeacutem o IPEA41

vem estudando as assimetrias no bloco apresentando

dados estatiacutesticos e aspectos importantes relativos agraves desigualdades entre paiacuteses

integrantes do bloco De acordo com os dados do IPEA42

e reforccedilando a Figura 1

apresentada observa-se o desniacutevel existente entre o Brasil e os demais paiacuteses do

bloco em termos populacionais e econocircmicos

Com uma populaccedilatildeo que representa quase 80 daquela do MERCOSUL e um PIB superior a 75 do PIB do conjunto de paiacuteses do bloco o Brasil desponta agrave primeira vista como o gigante liacuteder do processo de integraccedilatildeo com indicadores que destoam de forma significativa do restante do bloco

Neste contexto e reconhecendo as assimetrias existentes foi criado em

2004 o Fundo de Convergecircncia Estrutural do MERCOSUL (FOCEM)43

pela decisatildeo

CMC nordm 4504 e nordm1805 e regulamentado pela decisatildeo nordm 2405 visando agrave reduccedilatildeo

das diferenccedilas entre os Estados Partes e com o seguinte objetivo

40

Fonte de pesquisa MERCOSUL e paiacuteses integrantes Disponiacutevel em lthttpwwwbrasilescolacomgeografiamercosul-paises-integranteshtmgt Acesso em 18102010

41 IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de

Integraccedilatildeo no MERCOSUL (Ver MELLO e SOUZA Andreacute de OLIVEIRA Ivan Tiago Machado GONCcedilALVES Samo Seacutergio IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de Integraccedilatildeo no MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrsites0002publicacoestdstd_1477pdfgt Acesso em 18102010)

42 Ibid

43 O FOCEM eacute um fundo para investimento conjunto dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL que

visa agrave diminuiccedilatildeo das assimetrias entre os Estados-Partes por meio de financiamento de projetos (MERCOSULCMCDEC nordm 2405)

BRASIL ARGENTINA PARAGUAI URUGUAI

EXTENSAtildeO TERRITORIAL

8514876 kmsup2 2766889 kmsup2 406752 kmsup2 177414 kmsup2

POPULACcedilAtildeO (habitantes)

193205783 40276376 6348917 3360854

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

16 trilhotildees de doacutelares

328 bilhotildees de doacutelares

16 bilhotildees de doacutelares

322 bilhotildees de doacutelares

PIB PER CAPTA 6060 doacutelares 6040 doacutelares 1710 doacutelares 6620 doacutelares

26

Financiar programas para promover a convergecircncia estrutural desenvolver a competitividade promover a coesatildeo social em particular das economias menores e regiotildees menos desenvolvidas e apoiar o funcionamento da estrutura institucional e o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo (MERCOSULCMCDEC Nordm 2405)

Nesse sentido entra em discussatildeo a possibilidade de estender a proteccedilatildeo

social para aleacutem dos limites do Estado nacional de acordo com o FOCEM

O Fundo derivou-se da premissa de que o Mercosul deve ser uma via para o desenvolvimento econocircmico e social de seus ldquoEstados-Partesrdquo Complementarmente tem-se por princiacutepio que a solidariedade internacional impulsiona a integraccedilatildeo regional favorecendo a formaccedilatildeo do mercado comum e que condiccedilotildees econocircmicas assimeacutetricas impedem o pleno aproveitamento das oportunidades geradas pela ampliaccedilatildeo dos mercados

44

Cria-se a partir de entatildeo o objetivo de promover a convergecircncia estrutural

dos Estados-Partes do MERCOSUL e principalmente o desenvolvimento da

competitividade econocircmica dos Estados-Partes com o favorecimento da coesatildeo

social no MERCOSUL aleacutem do fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional e

da estrutura institucional do bloco

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas

As experiecircncias de integraccedilatildeo por um imperativo da realidade tendem a

provocar muacuteltiplos efeitos entre os quais as consequecircncias sociais ocupam um

lugar preeminente Algumas dessas consequecircncias especialmente as mais

demoradas tendem a ser positivas expondo-se como resultados beneacuteficos das

transformaccedilotildees macroeconocircmicas o melhoramento das condiccedilotildees da economia de

cada um dos paiacuteses e maior defesa da produccedilatildeo integrada no mercado

internacional

Em funccedilatildeo disso uma vez consolidados os lucros econocircmicos o

desenvolvimento e o crescimento produtivo gerando um maior nuacutemero de empregos

a tendecircncia eacute a melhora dos salaacuterios e das condiccedilotildees de trabalho fortalecendo os

44

Manual para apresentaccedilatildeo de Estudos de Viabilidade Socioeconocircmica com vistas agrave apresentaccedilatildeo para a obtenccedilatildeo de recursos do Fundo de Convergecircncia Estrutural e Fortalecimento Institucional do MERCOSUL (FOCEM) Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos Disponiacutevel em lthttpwwwplanejamentogovbrsecretariasuploadArquivosspiprogramas_projetofocemFocem_Manual_02pdfgt Acesso em 20092010

27

atores sociais consolidando-se as relaccedilotildees trabalhistas como efeitos

transcendentes do processo de integraccedilatildeo

Acordos de livre circulaccedilatildeo beneficiam tanto os trabalhadores que buscam

novas oportunidades de emprego quanto as empresas que exploram novos

negoacutecios

Em 2009 foi promulgado o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos

Estados Partes do MERCOSUL45

assim como o Acordo sobre Residecircncia

MERCOSUL46

Boliacutevia e Chile Ambos permitem a solicitaccedilatildeo de residecircncia com

procedimentos simplificados e isenccedilatildeo de pagamento de multas e quaisquer outras

sanccedilotildees independentemente de estarem em situaccedilatildeo migratoacuteria regular ou

irregular47

Os estrangeiros no Brasil beneficiados com os Acordos ou os nacionais

nesses paiacuteses possuem igualdade de direitos civis no paiacutes de recepccedilatildeo Deveres e

responsabilidades trabalhistas e previdenciaacuterias satildeo tambeacutem resguardadas aleacutem do

direito de transferir recursos direito de nome registro e nacionalidade aos filhos de

imigrantes48

O visto MERCOSUL tem por objetivo facilitar a circulaccedilatildeo

temporaacuteria de pessoas fiacutesicas prestadoras de serviccedilos no territoacuterio do Bloco

viabilizando a ampliaccedilatildeo dos negoacutecios e do comeacutercio de serviccedilos A iniciativa

beneficia gerentes e diretores executivos administradores diretores ou

representantes legais cientistas pesquisadores professores artistas desportistas

jornalistas teacutecnicos qualificados ou especialistas e profissionais de niacutevel superior49

A aquisiccedilatildeo de residecircncia temporaacuteria assegura os direitos de entrar sair

circular e permanecer livremente no territoacuterio do paiacutes de recepccedilatildeo bem como o

direito de exercer qualquer atividade profissional nas mesmas condiccedilotildees

estabelecidas para os nacionais do paiacutes de recepccedilatildeo Os acordos de aquisiccedilatildeo de

residecircncia regulamentados pelos Decretos nordm 6964 e nordm 6975 ambos de 2009

estabelecem ainda a igualdade de direitos civis e de reuniatildeo familiar o tratamento

45

Decreto nordm 6964 de 29 de setembro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos Estados-Partes do MERCOSUL

46 Decreto nordm 6975 de 7 de outubro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais

dos Estados-Partes do Mercado Comum do Sul MERCOSUL Boliacutevia e Chile 47

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt Acesso em 02032010 48

Ibid 49

Informaccedilatildeo constante do livro BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Brasiacutelia MRE 2007

28

igualitaacuterio em mateacuteria trabalhista e os direitos de transferecircncia de remessas

pecuniaacuterias e de acesso agrave educaccedilatildeo puacuteblica

Neste sentido o Ministeacuterio do Trabalho e Emprego apresenta anualmente

desde 2006 no site oficial do oacutergatildeo as autorizaccedilotildees de trabalho concedidas para

pessoas signataacuterias dos Estados Partes do MERCOSUL conforme se a Tabela 1

Tabela 1 Demonstrativo das autorizaccedilotildees de trabalhos concedidas a pessoas dos Estados Partes do MERCOSUL

2006 2007 2008 2009 2010

ARGENTINA 661 653 671 571 482

URUGUAI 120 35 52 50 51

PARAGUAI 35 32 39 47 23

CHILE 202 243 327 347 241

BOLIVIA 74 103 170 118 67

VENEZUELA 259 299 360 374 433

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmtegovcomgt

50

Situaccedilatildeo em 30 de setembro de 2010

A Tabela 1 apresenta autorizaccedilotildees por parte do Ministeacuterio do Trabalho e

Emprego aos trabalhadores oriundos do MERCOSUL e paiacuteses associados

Observa-se que de maneira geral houve oscilaccedilatildeo das autorizaccedilotildees dos

paiacuteses integrantes do bloco de 2006 a 2010 Evidencia-se que a quebra de

barreiras aduaneiras demonstra avanccedilo econocircmico mas natildeo garante

proteccedilatildeo social de forma imediata Eacute preciso coordenar accedilotildees nas aacutereas

trabalhista e previdenciaacuteria para favorecer e dar seguranccedila aos trabalhadores

que circulam dentro do bloco

Diante disso observa-se que o progresso social natildeo constitui uma

consequecircncia automaacutetica da integraccedilatildeo econocircmica existem fatores como as

crises econocircmico-financeiras nos Estados Partes condicionadas por

problemas de distintas naturezas pagamento da diacutevida externa taxas altas

de inflaccedilatildeo elevaccedilatildeo de taxas de juros corrupccedilatildeo institucionalizada abalos nas

50

Site do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego Coordenaccedilatildeo Geral de Imigraccedilatildeo Disponiacutevel em ltwwwmtegovbrgt Acesso em 20112010

29

Bolsas valorizaccedilatildeo cambial baixo crescimento econocircmico os quais geraram

impactos poliacuteticos e sociais negativos que se manifestam mais imediatamente no

plano do emprego e da previdecircncia social51

Se os anos 1980 foram chamados de ldquodeacutecada perdidardquo os anos 1990

tambeacutem natildeo foram muito promissores e o iniacutecio do seacuteculo XXI manteacutem a sina

negativa52 Neste sentido inclusive segundo Simionato53 o avanccedilo natildeo foi

observado em termos de justiccedila social

[] com o Tratado de Ouro Preto assinado 1994 efetiva-se a regulamentaccedilatildeo juriacutedica da integraccedilatildeo regional proporcionando o avanccedilo das poliacuteticas comerciais aduaneiras e agriacutecolas natildeo se observando o mesmo em relaccedilatildeo agrave perspectiva de ldquojusticcedila socialrdquo e agrave dimensatildeo democraacutetica do processo

Sobre essa questatildeo Costa54 menciona que no MERCOSUL ldquoo que se

internacionaliza eacute a economia e natildeo a proteccedilatildeo socialrdquo diante disso a autora aponta

que ldquoproteccedilatildeo ao trabalho compotildee os custos da atividade econocircmica e que o tema

laboral natildeo pode ser ignoradordquo Apesar dessa afirmaccedilatildeo pode-se inferir que a

regionalizaccedilatildeo acarreta convergecircncia nos sistemas previdenciaacuterios Na organizaccedilatildeo

econocircmica um dos primeiros custos a serem atacados satildeo os trabalhistas por sua

incidecircncia no preccedilo final dos produtos ou serviccedilos Isso gera diferenccedilas das

condiccedilotildees de trabalho e dos salaacuterios em termos comparativos Vale frisar que os

custos previdenciaacuterios fazem parte dos custos trabalhistas em questatildeo

Trata-se de um ciacuterculo vicioso jaacute que ao diminuir a contribuiccedilatildeo por efeito

da reduccedilatildeo da populaccedilatildeo ocupada e do eventual descenso dos niacuteveis salariais (que

conformam a base da contribuiccedilatildeo) tende a crescer o desfinanciamento dos

sistemas de previdecircncia social

Eacute inevitaacutevel que toda integraccedilatildeo regional deva enfrentar a dimensatildeo social

tanto para administrar ordenar e redistribuir no longo prazo os benefiacutecios e

vantagens econocircmicas que se procura obter com tal processo como tambeacutem para

dar respostas imediatas e amortecer os efeitos negativos que se geram a partir da

51

WANDERLEY Luiz Eduardo W A construccedilatildeo de um MERCOSUL Social Revista Ponto-e-Viacutergula Satildeo Paulo PUC SP v 1 p90-104 2007 p94

52 Ibid

53 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis v0 n 5 2001 p1 54

COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais UEPG 18 e 19 de junho de 2009 p 2

30

transformaccedilatildeo das estruturas econocircmicas e da abertura ao comeacutercio internacional

dos paiacuteses que conformam um bloco

Diniz aponta a mundializaccedilatildeo da oferta de trabalho como um dos efeitos da

globalizaccedilatildeo O indiviacuteduo poderaacute ser facilmente transferido de um paiacutes para outro

orientado pela oferta de emprego Como fenocircmenos decorrentes dessa globalizaccedilatildeo

da matildeo de obra aparecem a constituiccedilatildeo de um exeacutercito de reserva com grandes

contingentes de trabalhadores transnacionais o aumento da rotatividade da matildeo de

obra nos empregos e nas regiotildees o alto nuacutemero de migraccedilotildees internas dentro

destes blocos a existecircncia de um proletariado altamente qualificado o crescimento

do desemprego e do subemprego em virtude da automaccedilatildeo acarretando aumento

da economia informal55

Natildeo se pode deixar de mencionar quando se fala em circulaccedilatildeo de pessoas

principalmente trabalhadores o fato de o MERCOSUL natildeo ter sufragado plenamente

ainda os estaacutegios anteriores de Zona de Livre Comeacutercio e Uniatildeo Aduaneira

pressupostos do estaacutegio de Mercado Comum quando entatildeo ao menos em tese

estaria consagrada a liberdade de circulaccedilatildeo de trabalhadores Eacute notoacuterio que a

questatildeo social natildeo eacute a prioritaacuteria quando se pensa em integraccedilatildeo econocircmica mas

ela surge agrave medida que haacute uma evoluccedilatildeo natural para os estaacutegios que pressupotildeem

maior grau de integraccedilatildeo56

Segundo Chiarelli a livre circulaccedilatildeo de trabalhadores eacute condiccedilatildeo para a

formaccedilatildeo de um Mercado Comum que soacute estaraacute perfeito ao garantir a livre

circulaccedilatildeo da forccedila de trabalho respaldada por normas juriacutedicas que balizem as

relaccedilotildees econocircmicas e sociais O trabalhador de cada um dos paiacuteses do

MERCOSUL deveraacute com o tempo assumir o papel de trabalhador comunitaacuterio com

a consolidaccedilatildeo da faculdade de deslocamento nos paiacuteses do bloco em busca de

ocupaccedilatildeo57

Eacute fato e haacute que se admitir que mesmo a passos lentos o MERCOSUL

desenvolveu ao longo dos anos mecanismos em prol da livre circulaccedilatildeo de

55

DINIZ Cleacutelio Campolina In SEMINAacuteRIO INTERNACIONAL GLOBALIZACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL CENAacuteRIOS PARA O SEacuteC XXI Painel Recife SUDENE 1997 p 64-65

56 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute PUC-PR Curitiba 2005 p206

57 CHIARELLI Matto Tota CHIARELLI Carlos Alberto Gomes (Coord) Temas de integraccedilatildeo com

enfoque no Mercosul v 1 Satildeo Paulo LTR 1997 p 149

31

trabalhadores Neste sentido Jaeger Junior58

anotou que ldquoo MERCOSUL jaacute esteve

diante de vaacuterias propostas com vistas ao incremento do processo de

estabelecimento de uma livre circulaccedilatildeo de trabalhadoresrdquo

No acircmbito do MERCOSUL para efetivar as poliacuteticas de mercado de trabalho

eacute necessaacuterio que se estabeleccedila um padratildeo para a qualificaccedilatildeo da forccedila de trabalho

sistemas de intermediaccedilatildeo de matildeo de obra aleacutem de apoio agraves pequenas empresas

que incentive medidas voltadas para a elevaccedilatildeo do niacutevel de investimento

econocircmico59

O Conselho do Mercado Comum CMC atraveacutes da DECCMCMERCOSUL

nordm 46 de 16 de dezembro de 2004 criou o Grupo de Alto Niacutevel para elaborar uma

Estrateacutegia MERCOSUL de Crescimento do Emprego O Grupo eacute integrado pelos

ministeacuterios responsaacuteveis pelas poliacuteticas econocircmicas industriais laborais e sociais

dos Estados Partes e tambeacutem com a participaccedilatildeo das organizaccedilotildees econocircmicas e

sociais que integram as seccedilotildees nacionais do Foro Consultivo Econocircmico e Social e

da Comissatildeo Sociolaboral do MERCOSUL

Tendo em vista a circulaccedilatildeo de pessoas especialmente trabalhadores no

interior do bloco a Previdecircncia Social vem recebendo atenccedilatildeo especial dos Estados

Partes O reconhecimento da importacircncia do tema tem sido acompanhado por accedilotildees

efetivas que garantem benefiacutecios sociais e melhores condiccedilotildees de vida aos

trabalhadores e trabalhadoras da regiatildeo O Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL em vigor desde 2005 jaacute permitiu que oito mil brasileiros60

que

mantiveram empregos em qualquer um dos quatro paiacuteses do Bloco ao longo da

vida se aposentassem e recebessem os benefiacutecios devidos

O Acordo permite que o tempo de contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria de quem tenha

trabalhado em mais de um paiacutes do MERCOSUL seja somado para fins de

aposentadoria Atualmente cerca de 700 mil brasileiros61

residem nos Estados-

Partes e poderatildeo se beneficiar do acordo

58

JAEGER JUNIOR A Temas de Direito da Integraccedilatildeo e ComunitaacuterioSatildeo Paulo LTr 2002 p 59

59 COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO

DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais Op cit p 28 60

BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Op cit p 104

61 Ibid

32

O ecircxito alcanccedilado com o Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL

estimulou a assinatura de Acordos Multilaterais Similares como por exemplo o

Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social62

firmado em 2007 quando ratificado

pelos parlamentos nacionais ele beneficiaraacute cerca de cinco milhotildees de

trabalhadores imigrantes da Argentina da Boliacutevia do Brasil do Chile da Colocircmbia

da Costa Rica de Cuba do Equador de El Salvador da Guatemala de Honduras

do Meacutexico da Nicaraacutegua do Panamaacute do Paraguai do Peru da Repuacuteblica

Dominicana do Uruguai da Venezuela de Portugal da Espanha e do Principado de

Andorra

O processo de globalizaccedilatildeo da economia fez crescer o movimento migratoacuterio

de trabalhadores e consequentemente trouxe reflexos na organizaccedilatildeo dos sistemas

previdenciaacuterios Indiviacuteduos que tecircm cobertura pelo sistema de previdecircncia social do

paiacutes de origem em que desenvolvem suas atividades e que faccedilam um movimento

migratoacuterio para outro paiacutes estaratildeo sujeitas agrave legislaccedilatildeo previdenciaacuteria do paiacutes de

destino onde estiverem exercendo nova atividade

132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL

O direito agrave seguridade social no Paraguai estaacute previsto no artigo 95 da

Constituiccedilatildeo com as informaccedilotildees

De la seguridad social El sistema obligatorio e integral de seguridad social para el trabajador dependiente y su familia seraacute establecido por la ley Se promoveraacute su extensioacuten a todos los sectores de la poblacioacuten ndash Los servicios del sistema de seguridad social podraacuten ser puacuteblicos privados o mixtos y en todos los casos es taraacuten supervisados por el Estado ndash Los recursos financieros de los seguros so ciales no seraacuten desviados de sus fines especiacuteficos estaraacuten disponibles para este objetivo sin perjuicio de las inversiones lucrativas que puedan acrecentar su patrimonio

63

No Paraguai natildeo existe um uacutenico sistema de seguridade social sendo

diversos sistemas administrados por intermeacutedio de ldquoCaixasrdquo de previdecircncia 62

Faremos um breve estudo sobre o acordo Ibero-Americano de Seguridade Social no item 22 do segundo capiacutetulo deste trabalho

63 Traduccedilatildeo livre A Seguridade Social O sistema obrigatoacuterio e integral de seguridade social dos

trabalhadores e de sua famiacutelia seraacute estabelecido por lei Iraacute promover a sua extensatildeo a todos os setores da populaccedilatildeo - Os serviccedilos do sistema de seguridade social pode ser puacuteblico privado ou misto em cada caso eacute supervisionado pelo Estado - Os recursos financeiros do seguro social natildeo seratildeo desviados de seus objetivos especiacuteficos e estaratildeo disponiacuteveis para esse efeito natildeo obstante os investimentos lucrativos que podem aumentar seu patrimocircnio

33

As instituiccedilotildees e normas de previdecircncia social estatildeo vinculadas aos

trabalhadores empregados ou seja aquelas que estatildeo vinculados ao

empregador Neste sentido Cristaldo64 declara que

Se entiende que la expresioacuten ldquoseguridad socialrdquo en El artiacuteculo 382 de coacutedigo Laboral estaacute utilizada en un sentido restringido limitada exclusivamente a la proteccioacuten del trabajador en relacioacuten de dependecircncia y sus derecho-habientes contra los riesgos de caraacuteter general y especialmente los derivados del trabajo mediante un sistema de seguros sociales De ahiacute lo adecuado en vez de ldquoseguridad socialrdquo hubiera sido utilizar en El Coacutedigo Laboral paraguaio la expressioacuten maacutes exacta y precisa de ldquoprevision socialrdquo para denominar El Libro IV de esse cuerpo legal

65

O Paraguai tem um sistema de previdecircncia social fragmentado com vaacuterias

instituiccedilotildees independentes que administram os fundos de pensatildeo O sistema eacute

organizado em oito instituiccedilotildees que natildeo tecircm viacutenculos entre si nem satildeo

supervisionadas por uma entidade superior do governo66

Natildeo foi encontrada na pesquisa realizada nenhuma informaccedilatildeo legislaccedilatildeo

ou referecircncia a reformas do sistema previdenciaacuterio paraguaio como os demais

Estados Partes entretanto eacute o uacutenico dos paiacuteses do MERCOSUL a organizar um

regime de previdecircncia privada complementar de aposentadorias parecido no seu

aspecto de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria ao Regime Geral de Previdecircncia Social

brasileiro de caraacuteter nacional obrigatoacuterio e legal67

O Instituto de Previdecircncia Social (IPS) principal oacutergatildeo previdenciaacuterio foi

criado em 1943 abrangendo atualmente duas aacutereas a) aposentadorias e pensotildees

b) sauacutede da populaccedilatildeo68

64

CRISTALDO M Jorge Dario La Seguridad Social y la Previsioacuten Social em el Paraguay In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 129

65 Traduccedilatildeo livre Entende-se que a expressatildeo seguridade social prevista no artigo 382 do coacutedigo

de trabalho eacute usado em sentido restrito limitado exclusivamente agrave proteccedilatildeo dos trabalhadores com relaccedilatildeo de emprego que tenham riscos ambientais de caraacuteter geral e especialmente do trabalho atraveacutes de um sistema de seguro social Desta forma o mais adequado em vez de seguridade social deveria ser utilizada no coacutedigo de trabalho paraguaio a expressatildeo mais exata e precisa de previdecircncia social no Livro IV do corpo legal

66 GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al

(Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 188

67 OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes

do MERCOSUL 2008 Tese (Doutorado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 145

68 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas n 3 p 128-137 juldez 2003

34

O sistema utilizado no Paraguai eacute um sistema de reparticcedilatildeo simples que eacute

regido pelo formato contributivo sendo pago pelo trabalhador e pelo empregador O

Paraguai eacute o paiacutes com menor cobertura previdenciaacuteria da Ameacuterica do Sul com uma

taxa que chega a apenas 25 de seus trabalhadores sendo inferior inclusive agrave

cobertura previdenciaacuteria da Boliacutevia A contribuiccedilatildeo para o sistema eacute muito baixa

apenas os que tecircm salaacuterios meacutedios ou altos eacute que contribuem e os trabalhadores

em atividades rurais natildeo estatildeo assegurados pela previdecircncia social tendo em vista

que natildeo haacute nenhuma forma de contribuiccedilatildeo69

Os benefiacutecios concedidos aos segurados satildeo auxiacutelio doenccedila benefiacutecio

pago ao trabalhador quando de sua incapacidade derivada de acidentes e doenccedilas

comuns e derivada de acidentes e doenccedilas do trabalho salaacuterio maternidade

aposentadoria por invalidez decorrente de acidente e doenccedilas do trabalho

aposentadoria por idade e pensatildeo por morte

No Uruguai o Banco da Previdecircncia Social foi criado em 1954 atendendo

grande parte da populaccedilatildeo exceto algumas caixas de aposentadorias e pensotildees

como a dos Estados dos militares dos professores universitaacuterios dos bancaacuterios e

dos policiais70

O sistema de Previdecircncia Social uruguaio apoacutes a reforma previdenciaacuteria

regido pela Lei nordm 16713 publicada em 3 de setembro de 1995 e conforme

estabelece o caput do artigo 4ordm da referida legislaccedilatildeo eacute misto compreendendo o

regime contributivo de reparticcedilatildeo administrado pelo Banco de Previdecircncia Social e

o regime de capitalizaccedilatildeo individual administrado por empresas privadas de forma

combinada71

A reforma em 1995 foi uma das mais importantes mudanccedilas da Seguridade

Social na histoacuteria do Uruguai e acontece em consonacircncia com o restante dos

paiacuteses da Ameacuterica Latina A reforma implicou num aumento das condiccedilotildees e das

exigecircncias ao acesso das prestaccedilotildees uma diminuiccedilatildeo discriminada nas mesmas e

69

GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 191

70 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

71 Ibid

35

criou um regime de arrecadaccedilatildeo individual administrado pelo setor privado e pelas

administradoras de fundos de arrecadaccedilatildeo previsional (AFAPs no Uruguai)72

Alejandro Castelo73

afirma

El sistema combina un componente puacuteblico basado en el reacutegimen de reparto denominado de solidariedad intergeneracional con un componente

privado organizado bajo el reacutegimen de capitalizacioacuten individual74

E ainda

El sistema combina varios pilares Um primer pilar que recoge las caracteriacutesticas del modelo puacuteblico de reparto y luego un segundo pilar de tipo privado basado em el ahorro individual cuyo objetivo es complementar las prestaciones provenientes del primer pilar La inclusioacuten en los distintos niveles de cobertura estaacute determinada por el niacutevel de ingresos del afiliado o maacutes precisamente por el monto de asignaciones computables que percibe el afiliado

75

No mesmo sentido para Murro76

tal sistema estaacute apoiado em trecircs pilares

quais sejam

1) Solidariedade intergeracional - Eacute administrado diretamente pelo Estado pelo BPS que continua sendo o organismo arrecadador Este niacutevel estabelece benefiacutecios definidos e os trabalhadores com suas contribuiccedilotildees financiam as aposentadorias dos inativos junto com as contribuiccedilotildees patronais com os tributos destinados ao sistema e a assistecircncia financeira estatal Ampara um amplo setor da populaccedilatildeo estimado entre 87 e 92 ateacute determinado niacutevel de renda 842 doacutelares Esse primeiro niacutevel eacute complementado por um modelo instrumental com objetivo redistributivo dirigido para os setores da sociedade de menor renda natildeo integrados a setores estruturados do mercado de trabalho Este complemento se consegue por meio de um modelo puacuteblico seletivo constituiacutedo pelos benefiacutecios assistenciais natildeo contributivos de idade avanccedilada e invalidez

72

MARCONDES Claudia Gamberine Sistemas Previdenciaacuterios Sulamericanos Brasil Uruguai

e Chile 2007 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Faculdade de Direito da Universidade Metodista de Piracicaba ndash UNIMEP Piracicaba 2007 p 83

73 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

74 Traduccedilatildeo livre O sistema combina um componente puacuteblico baseado em reparticcedilatildeo simples

denominado solidariedade intergeracional com um componente privado organizado sob um sistema de capitalizaccedilatildeo individual

75 Traduccedilatildeo livre O sistema combina vaacuterios pilares Um primeiro pilar o que daacute o desempenho do

modelo puacuteblico pago e depois um segundo pilar privado tipo de poupanccedila individual destina-se a complementar os benefiacutecios do primeiro pilar Em diferentes niacuteveis de inclusatildeo de cobertura eacute determinada pelo niacutevel de renda da filial ou mais precisamente o montante das verbas recebidas pelo membro computaacutevel

76 Ernesto Murro eacute atualmente presidente do Instituto de Seguridade Social do Uruguai

36

2) De poupanccedila individual obrigatoacuteria - Eacute administrado pelas Administradoras de Fundos de Aposentadoria (AFAP) que satildeo entidades privadas Haacute uma AFAP que eacute uma sociedade anocircnima de propriedade do Estado (BPS Banco Repuacuteblica e Banco de Seguros do Estado) as outras 5 satildeo de propriedade privada Inclui os que percebem rendas superiores aos equivalentes 842 doacutelares e ateacute 2563 doacutelares Tambeacutem se permite a pessoas com menos de 40 anos com rendas inferiores a 842 doacutelares a possibilidade de optarem pelo 2o niacutevel com 50 de sua renda obtendo-se assim um incentivo de 50 no caacutelculo de seu salaacuterio base no 1o niacutevel

3) De poupanccedila voluntaacuteria - Compreende aquelas pessoas que tenham rendas superiores a 2563 doacutelares na parte que exceda esse valor No que se refere agrave parcela superior a este niacutevel de renda se tem a liberdade de contribuir ou natildeo para o sistema [] Abrange obrigatoriamente todos os segurados que estejam com menos de 40 anos de idade agrave data de vigecircncia da lei (1496) e todas as pessoas que ingressaram no mercado de trabalho qualquer que seja a sua idade posteriormente a esta data Foram estabelecidas regras de transiccedilatildeo para os trabalhadores com mais de 40 anos de idade na data de entrada em vigor da lei que natildeo tinham direito agrave aposentadoria em 311296 Este regime vigora entre 1ordm de janeiro de 1997 e 1ordm de janeiro de 2003 e estabelece uma progressividade de idade no caso da mulher e nos tempo de serviccedilo []

77

O trabalhador alcanccedila sua carecircncia consoante uma tabela que levaraacute em

conta os anos de contribuiccedilatildeo e a idade do trabalhador78

A aposentadoria tornou-

se proporcional ao nuacutemero de anos trabalhados e agrave idade do trabalhador entretanto

todos os habitantes do Uruguai independentemente de sua renda ter-lhes-atildeo

assegurada essa aposentadoria

De acordo com a legislaccedilatildeo e o sistema de Previdecircncia Social ou

Seguridade Social como eacute denominado o sistema no Uruguai a avaliaccedilatildeo dos

efeitos econocircmicos da reforma da Previdecircncia Social no Uruguai parte do conceito

de equidade atuarial79

Calcula-se um iacutendice de rendimento no qual o valor dos

benefiacutecios seja equivalente e atualizado as contribuiccedilotildees efetivamente pagas um

iacutendice de atualizaccedilatildeo Os benefiacutecios concedidos satildeo aposentadoria por tempo de

serviccedilo aposentadoria por idade aposentadoria por invalidez auxiacutelio doenccedila e

pensatildeo por morte

77

MURRO Ernesto As Tendecircncias na Ameacuterica Latina e a Reforma Uruguaia da Previdecircncia Social 2001 Disponiacutevel em ltwwwredsegsocorguygt Acesso em 10112010 p 5

78 Ibid

79 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis Op cit p 40

37

Na Argentina a reforma previdenciaacuteria ocorreu na deacutecada de 90

alterando a concepccedilatildeo de Direito Constitucional para a mercantilizaccedilatildeo do

seguro social como estrateacutegia para fomentar o mercado de capitais80

A legislaccedilatildeo base sobre o Sistema Integrado de Aposentadoria e Pensotildees da Argentina eacute a Lei nordm 24241 de 13 de outubro de 1993 que cobre as aposentadorias por velhice invalidez e morte integrando-se ao Sistema

Uacutenico de Seguridade Social (SUSS) conforme seu artigo 1ordm ldquocaputrdquo81

O Sistema tambeacutem eacute considerado misto e possui um regime puacuteblico

fundamentado sobre a concessatildeo pelo Estado de benefiacutecios financiados por um

sistema de reparticcedilatildeo e um regime previdenciaacuterio baseado na capitalizaccedilatildeo

individual Este sistema natildeo beneficia apenas o governo mas e

principalmente os grupos econocircmicos e as corporaccedilotildees transnacionais pois

contribui para criar um importante mercado de capitais financiado pelos

trabalhadores82

Uma Comissatildeo especial para a reforma do Regime da Previdecircncia no acircmbito da Secretaria de Seguridade Social foi criada com o Decreto no 1934 de 30 de setembro de 2002 tendo por objetivos conforme seu artigo 1ordm a) elaborar linhas para uma reforma do Sistema Integrado de Aposentadorias e Pensotildees para que o mesmo cumpra com a finalidade de cobertura para velhice invalidez e tempo de serviccedilo b) a busca de consensos sobre as bases para se elaborar um anteprojeto de reforma da previdecircncia social c) preparar um ldquoAcordo para a Seguridade Socialrdquo orientado a elevar a prioridade poliacutetica e lograr a revalorizaccedilatildeo da Previdecircncia Social como instrumento necessaacuterio para a redistribuiccedilatildeo do ingresso e para a paz social

83

Como medida de proteccedilatildeo tambeacutem existe na Argentina como Seguridade

Social o seguro desemprego previsto na Lei nordm 2401393 que auxilia o trabalhador

em caso de desemprego involuntaacuterio financiado com contribuiccedilotildees a cargo dos

empregadores Entretanto em 2007 o novo sistema integrado de aposentadorias e

80

Ibid 81

VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

82 GAMBINA J Previdecircncia Social Fundos de Pensatildeo Empregos Puacuteblicos Reforma Administrativa

e Reforma da Educaccedilatildeo Jornal APUFSC Florianoacutepolis setout 2000 In SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social Revista Kataacutelysis v 0 n 5 2001 p39

83 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

38

pensotildees Lei nordm 2424193 foi alterado pela Lei nordm 262222007 estabelecendo a

livre opccedilatildeo do Regime de Aposentadoria O novo sistema misto de previdecircncia

social eacute integrado por dois componentes obrigatoacuterios e integrados e a partir da nova

legislaccedilatildeo promulgada Lei nordm 262222007 os afiliados (segurados) ao Sistema

Integrado de Aposentadorias e Pensotildees (SIJP) podem optar por mudar de regime ao

qual estatildeo afiliados (segurados) uma vez a cada cinco anos nas condiccedilotildees que tal

efeito estabeleccedila o Poder Executivo84

Em mateacuteria de sauacutede as previsotildees contam nas Leis nordm 2366093 e nordm

2366193 que regulamentam o Regime de obras Sociais e o Seguro Nacional de

Sauacutede administrados pelos sindicatos reconhecidos como tal que seraacute responsaacutevel

pela cobertura de sauacutede dos trabalhadores e de seus familiares

No Brasil a Seguridade Social de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 artigo 203 eacute um conjunto integrado de accedilotildees de iniciativa dos Poderes

Puacuteblicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos agrave sauacutede agrave

previdecircncia e agrave assistecircncia social

Seguridade Social eacute gecircnero da qual satildeo espeacutecies a Sauacutede a Previdecircncia

e a Assistecircncia Social e tem como meta proteger pessoas contra a doenccedila o

abandono e a impossibilidade de trabalho Ao Estado compete a organizaccedilatildeo e

administraccedilatildeo da Seguridade Social por meio de ministeacuterios entidades e

instituiccedilotildees que mantecircm seu funcionamento como o Ministeacuterio da Sauacutede o

Ministeacuterio da Previdecircncia Social e o Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (antigo Ministeacuterio da Assistecircncia Social) conforme Lei nordm

106832003 art 25

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 194 enumerou em sete

incisos os princiacutepios constitucionais que regem a Seguridade Social A seguir

analisam-se os referidos princiacutepios

I Universalidade da cobertura e do atendimento garante a disponibilizaccedilatildeo

da sauacutede assistecircncia e previdecircncia em todas as contingecircncias a que estejam

sujeitos os indiviacuteduos As accedilotildees e os benefiacutecios de que se constituem a sauacutede a

assistecircncia social e a previdecircncia social (este uacuteltimo de caraacuteter contributivo) se

84

OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes do MERCOSUL Op cit p 131

39

encontraratildeo disponiacuteveis e seratildeo oferecidos a todos os indiviacuteduos que deles

necessitarem

II - Uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees

urbanas e rurais a proteccedilatildeo social oferecida pela Seguridade Social deveraacute ser

disponibilizada de maneira uniforme e equivalente tanto aos indiviacuteduos da aacuterea

urbana quanto agravequeles da aacuterea rural Natildeo poderaacute haver distinccedilatildeo entre as

modalidades de benefiacutecios e serviccedilos oferecidos devendo ao contraacuterio existir

forma uacutenica ou semelhanccedila (uniformidade)

III Seletividade e distributividade na prestaccedilatildeo dos benefiacutecios e serviccedilos

os benefiacutecios e serviccedilos seratildeo oferecidos aos indiviacuteduos que deles necessitarem

atraveacutes de uma escolha fundamentada e criteriosa Natildeo existiraacute somente um uacutenico

benefiacutecio ou serviccedilo mas sim diversas modalidades aptas a atender exatamente a

necessidade do beneficiado A distributividade implica na distribuiccedilatildeo de renda e

proteccedilatildeo social Os serviccedilos e benefiacutecios seratildeo concedidos com equidade e justiccedila

o que natildeo significa que um contribuinte da Previdecircncia Social por exemplo

receberaacute integralmente tudo o que contribuiu aos cofres do sistema Todas as

contribuiccedilotildees satildeo convertidas em um caixa uacutenico (e natildeo individualizado) e o Estado

trabalha distribuindo com retidatildeo estes valores aos serviccedilos e benefiacutecios nas aacutereas

de sauacutede assistecircncia e previdecircncia social85

IV Irredutibilidade do valor dos benefiacutecios o princiacutepio da irredutibilidade

visa garantir ao indiviacuteduo que o benefiacutecio assistencial ou previdenciaacuterio que lhe for

concedido natildeo sofreraacute qualquer reduccedilatildeo de valor e natildeo poderaacute ser objeto de

desconto (salvo determinaccedilatildeo legal ou judicial) arresto sequestro ou penhora

V Equidade na forma de participaccedilatildeo no custeio este princiacutepio tem por

objetivo distribuir com justiccedila e retidatildeo o percentual de contribuiccedilatildeo cabiacutevel agrave

sociedade na manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade Social Toda a sociedade

contribui para a manutenccedilatildeo do sistema mas garante-se por este princiacutepio a

progressividade da contribuiccedilatildeo conforme a capacidade contributiva de cada um As

empresas por exemplo sofrem maior desconto em seu rendimento bruto para a

manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade em razatildeo de sua maior capacidade

85

VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios 2 ed Satildeo Paulo Editora LTr 2010 p 49

40

contributiva Os empregados contribuem conforme tabela progressiva sempre

condizente com o salaacuterio percebido86

VI Diversidade da base de financiamento determina o artigo 195 da

Constituiccedilatildeo Federal que a Seguridade Social seraacute financiada por toda a sociedade

de forma direta e indireta nos termos da lei mediante recursos provenientes dos

orccedilamentos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios e de

contribuiccedilotildees sociais obrigatoacuterias a empresas e trabalhadores

VII Caraacuteter democraacutetico e descentralizado da administraccedilatildeo mediante

gestatildeo quadripartite com a participaccedilatildeo dos trabalhadores dos empregadores dos

aposentados e do Governo nos oacutergatildeos colegiados os trabalhadores os

empresaacuterios os aposentados e o Governo participam da gestatildeo administrativa da

Seguridade Social que deveraacute possuir caraacuteter democraacutetico e descentralizado

Assim pode-se dizer que a gestatildeo dos serviccedilos e benefiacutecios de que se constitui a

Seguridade Social tem a participaccedilatildeo ativa da sociedade Esta participaccedilatildeo eacute

exercida atraveacutes dos oacutergatildeos colegiados de deliberaccedilatildeo quais sejam Conselho

Nacional de Sauacutede (Lei nordm 808090 e Lei 814290) Conselho Nacional de

Assistecircncia Social (Lei nordm 874293 art 17) e Conselho Nacional de Previdecircncia

Social (Lei nordm 821391 art 3ordm) que tecircm composiccedilatildeo paritaacuteria integrada por

representantes do Governo Federal representantes dos aposentados

representantes dos trabalhadores em atividade e representantes dos empregadores

Especificamente a Previdecircncia Social no Brasil eacute uma instituiccedilatildeo puacuteblica que

tem a finalidade de assegurar direitos aos seus segurados e dependentes jaacute que se

trata de um seguro social a aqueles que contribuem para ela Quando uma pessoa

natildeo tem mais capacidade para trabalhar a previdecircncia social substitui seu salaacuterio

pelo benefiacutecio previdenciaacuterio Essa incapacidade de trabalho pode ser classificada

como doenccedila invalidez idade avanccedilada maternidade e dois benefiacutecios de

concessatildeo para dependentes sendo pensatildeo por morte e auxiacutelio reclusatildeo

De acordo com Vianna87 a previdecircncia social no Brasil abrange somente

uma parcela da sociedade (face ao seu caraacuteter contributivo) deixando agrave margem de

seus benefiacutecios aqueles que natildeo exercem atividade remunerada (contribuintes

obrigatoacuterios) ou que manifestamente natildeo expressam seu desejo associativo

(contribuintes facultativos) A populaccedilatildeo mais carente e portanto natildeo contribuinte

86

Ibid p 51 87

Ibid p 62

41

usufrui somente das accedilotildees da sauacutede e das accedilotildees e benefiacutecios mantidos pela

Assistecircncia Social

Os empregados trabalhadores avulsos empregados domeacutesticos os

contribuintes individuais e os facultativos assim como seus dependentes tecircm por

benefiacutecios aposentadoria por invalidez especial idade e tempo de contribuiccedilatildeo

auxiacutelios doenccedilas acidente reclusatildeo pensatildeo por morte salaacuterios maternidade e

famiacutelia A previdecircncia eacute um sistema de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria no Brasil ou seja a

contribuiccedilatildeo eacute obrigatoacuteria Existem duas modalidades de contribuintes os

obrigatoacuterios que satildeo os trabalhadores de forma geral previstos no art 11 da Lei nordm

821291 e os facultativos que satildeo aqueles que podem contribuir de maneira

facultativa por natildeo trabalharem com fins lucrativos ou aqueles que natildeo tecircm renda

Apesar da existecircncia expressa na Constituiccedilatildeo Federal do princiacutepio da

uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees urbanas e

rurais (artigo 194 II) a previdecircncia social compreende trecircs regimes distintos O

artigo 6ordm do Decreto nordm 304899 (Regulamento da Previdecircncia Social) determina os

seguintes regimes

I Regime Geral de Previdecircncia Social Principal regime previdenciaacuterio

por abranger maior percentual da populaccedilatildeo brasileira trabalhadores

da iniciativa privada rural ou urbana empregados domeacutesticos

aprendizes empresaacuterios trabalhadores autocircnomos trabalhadores

avulsos produtores rurais etc Sua administraccedilatildeo eacute atribuiacuteda ao

Ministeacuterio da Previdecircncia Social sendo exercida pelo Instituto Nacional

de Seguridade Social ndash INSS autarquia federal responsaacutevel pela

concessatildeo dos benefiacutecios previdenciaacuterios (do Regime Geral)

II ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos servidores puacuteblicos os

servidores titulares de cargos efetivos da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios incluiacutedas suas autarquias e

fundaccedilotildees possuem tratamento diferenciado quanto ao sistema

previdenciaacuterio conferido pela proacutepria Constituiccedilatildeo Federal artigo 40

caput (redaccedilatildeo dada pela Emenda Constitucional nordm 412003) que

lhes assegura a existecircncia de regime proacuteprio

III ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos militares as Forccedilas Armadas

constituiacutedas pela Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica satildeo instituiccedilotildees

nacionais permanentes e regulares organizadas com base na

42

hierarquia e na disciplina sob a autoridade suprema do Presidente da

Repuacuteblica Os membros das Forccedilas Armadas satildeo denominados

militares e a Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 142 inciso X

combinado com o sect 20ordm do artigo 40 confere agrave lei ordinaacuteria a

competecircncia para a instituiccedilatildeo de sistema proacuteprio previdenciaacuterio

O regime geral de previdecircncia conhecido por RGPS se acha a cargo do

INSS o regime proacuteprio dos servidores puacuteblicos a cargo do respectivo ente da

federaccedilatildeo que pode para administraacute-lo instituir entidade autaacuterquica proacutepria

A previdecircncia social brasileira vem passando por inuacutemeras discussotildees sobre

uma reforma necessaacuteria pois atualmente a economia brasileira vai bem

considerando a capacidade de gerar empregos mas a previdecircncia social nem tanto

considerando os deacuteficits Enquanto registrou uma alta de 44688

de trabalhadores

com emprego formal no primeiro semestre de 2010 as contas da Previdecircncia Social

fecharam com um deacuteficit de 228 bilhotildees89

Contudo em notiacutecia divulgada no site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social o

deacuteficit do Regime Geral de Previdecircncia Social somou R$ 33 bilhotildees em fevereiro de

2011 o que representa uma queda de 176 em relaccedilatildeo ao rombo de R$ 402

bilhotildees registrado em fevereiro de 2010 Todos os nuacutemeros foram corrigidos pelo

INPC Em janeiro de 2011 o resultado negativo somou R$ 3 bilhotildees e no ano de

2010 o deacuteficit totalizou R$ 443 bilhotildees com queda de 45 frente ao ano

anterior90

No primeiro bimestre de 2011 ainda segundo dados do Ministeacuterio da

Previdecircncia o deacuteficit da Previdecircncia somou R$ 635 bilhotildees com queda de 205

em relaccedilatildeo ao mesmo periacuteodo do ano passado quando o resultado negativo (em

nuacutemeros jaacute corrigidos pelo INPC) somou R$ 799 bilhotildees91

A Comissatildeo Especial para Estudos do Sistema Previdenciaacuterio criada com o

objetivo de analisar e estudar o sistema brasileiro de previdecircncia reconheceu que

ldquosem reformas estruturais logo a previdecircncia sentiraacute os efeitos corrosivos de

benefiacutecios sem cobertura assegurada ou de fontes de financiamento esgotadasrdquo

(Anexo I da Mesa Diretora da Cacircmara de Deputados)

88

Fonte notiacutecia vinculada ao site JUSPREV ndash Previdecircncia dos promotores e da Justiccedila Brasileira Disponiacutevel em httpwwwjusprevcombr Acesso em 25072010

89 Ibid

90 Fonte notiacutecia vinculada ao site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social no dia 24032011 Disponiacutevel

em ltwwwmpsgovbrgt Acesso em 30032011 91

Ibid

43

As reformas previdenciaacuterias na Ameacuterica Latina satildeo base de grandes

discussotildees O Chile foi o primeiro paiacutes a implementar uma privatizaccedilatildeo do sistema

previdenciaacuterio de forma radical jaacute para os outros paiacuteses da mesma regiatildeo

determinados fatos ocorridos nos anos 1980 foram cruciais antes que as reformas

estruturais se tornassem politicamente viaacuteveis como 1) quebra dos sistemas de

seguridade social durante a crise econocircmica e financeira 2) o crescente interesse

por parte das instituiccedilotildees financeiras internacionais nos efeitos econocircmicos dos

sistemas de seguridade social e seu apoio agrave reforma de sistemas previdenciaacuterios no

acircmbito de programas de ajuste estrutural 3) a opccedilatildeo neoliberal na poliacutetica latino-

americana nos anos 1990 com forte orientaccedilatildeo para o modelo estatal regulatoacuterio-

subsidiaacuterio que introduz medidas como a privatizaccedilatildeo a liberalizaccedilatildeo e a

desregulaccedilatildeo e favorece reformas radicais que visam recuperar a credibilidade em

lugar de favorecer melhorias no acircmbito da loacutegica dos sistemas anteriores92

Analisando os sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do bloco

podemos chegar agrave Tabela 2 como forma simplificada de anaacutelise

Tabela 2 Resumo da anaacutelise dos sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL

Paiacutes Tipo de Sistema Benefiacutecios Reformas

Argentina Misto Aposentadoria por idade invalidez pensatildeo por morte e seguro desemprego

Lei nordm 2424193

Lei nordm2622207

Brasil Reparticcedilatildeo Simples

Aposentadoria por idade tempo de contribuiccedilatildeo invalidez especial auxiacutelio doenccedila pensatildeo por morte salaacuterio maternidade salaacuterio famiacutelia reclusatildeo auxiacutelio acidente reabilitaccedilatildeo profissional

EC 201998 e

EC 412003

Paraguai Reparticcedilatildeo Simples Aposentadoria por idade invalidez auxiacutelio doenccedila salaacuterio maternidade e pensatildeo por morte

--

Uruguai Misto Aposentadoria por tempo de serviccedilo por idade invalidez auxiacutelio doenccedila e pensatildeo por morte

Lei nordm 1671395 e Lei 1839508

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmpsgovcomgt

92

HUJO Katja Novos Paradigmas na Previdecircncia Social Liccedilotildees do Chile e da Argentina Revista Planejamento e Poliacuteticas Puacuteblicas n 19 Junho de 1999 p 158 e 159

44

CAPIacuteTULO 2

2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

21 ACORDOS INTERNACIONAIS CONCEITO E FINALIDADE

O Estatuto da Convenccedilatildeo de Viena definiu tratado em seu artigo 2ordm I

aliacutenea ldquoardquo como sendo um ldquoacordo internacional celebrado por escrito entre Estados

regido pelo direito internacional quer conste de um instrumento uacutenico quer de dois

ou mais instrumentos conexos qualquer que seja sua denominaccedilatildeo particularrdquo 93

Tratado eacute o ato juriacutedico pelo qual haacute a manifestaccedilatildeo de vontades de duas ou

mais pessoas internacionais visando estabelecer um acordo entendido como

expressatildeo de uso livre e de alta incidecircncia na praacutetica internacional94

Como

conceitua Wladimir Novaes Martinez ldquosatildeo fontes formais internacionais que regem a

previdecircncia social dos trabalhadores migrantes isto eacute tratados bilaterais sobre

previdecircncia social celebrados entre o Brasil e diversos paiacuteses da Ameacuterica Latina e

da Europardquo95

Eacute imprescindiacutevel um esforccedilo muacutetuo internacional no sentido de flexibilizar

regras de seguridade social para se tornarem viaacuteveis os acordos internacionais

Rocha destaca que no plano internacional fatores como a migraccedilatildeo de

trabalhadores a atuaccedilatildeo de empresas multinacionais e a criaccedilatildeo de mercados

comuns satildeo fatores que tecircm acentuado a tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo da

previdecircncia e seguridade social Deste contexto exsurge a necessidade de que as

legislaccedilotildees nacionais sejam integradas a fim de que os trabalhadores que transitem

entre os Estados e sujeitos a regimes previdenciaacuterios nacionais diferentes natildeo

93

Essa Convenccedilatildeo sistematiza conceitos juriacutedicos fundamentais sobre os tratados e foi adotada em 23051969 pela Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o direito dos tratados tendo entrado em vigor para os paiacuteses que a ratificaram natildeo incluindo o Brasil em 27011980 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdaidtrathtmgt Acesso em 12052008

94 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdai003htmlgt Acesso em 10052008

95 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio Tomo II previdecircncia social 2

ed Satildeo Paulo LTr 2007 p858

45

sejam prejudicados e privados da proteccedilatildeo previdenciaacuteria em razatildeo da falta de

articulaccedilatildeo estatal96

Natildeo obstante os acordos natildeo satildeo estabelecidos ocasionalmente Eacute

essencial que se analise a presenccedila de uma forte migraccedilatildeo internacional de

trabalhadores o incremento de importantes fluxos de investimentos externos e as

relaccedilotildees especiais de amizade existentes entre os paiacuteses com os quais se deseja

estabelecer um acordo internacional Os acordos podem ser bilaterais ou

multilaterais podendo ainda ser permanentes ou temporaacuterios As formalidades para

celebraccedilatildeo do acordo satildeo 1ordm negociaccedilatildeo 2ordm assinatura 3ordm troca de notas e 4ordm

ratificaccedilatildeo (promulgaccedilatildeo confirmaccedilatildeo) com intervenccedilatildeo das atividades diplomaacuteticas

inclusive

De acordo com o artigo 49 inciso I da Constituiccedilatildeo Federal os tratados

internacionais tecircm de ser ratificados pelo Poder Legislativo por meio de Decretos

Legislativos adquirindo forccedila de lei e regulamentados por Decretos do Poder

Executivo transformando-se em fontes formais do Direito Os tratados internacionais

satildeo atos complexos pois deve existir a vontade do presidente da Repuacuteblica que os

celebra e a do Congresso Nacional que os aprova logo consagra-se assim a

colaboraccedilatildeo do Executivo e do Legislativo na conclusatildeo de tratados internacionais97

Diante do atual cenaacuterio internacional caracterizado pelo intenso processo de

globalizaccedilatildeo o tracircnsito de pessoas em geral e especialmente de trabalhadores

tem aumentado constantemente e a expectativa98

eacute a de que com o aumento da

integraccedilatildeo econocircmica e a consolidaccedilatildeo de blocos poliacutetico-econocircmicos o tracircnsito de

trabalhadores aumente ainda mais

As migraccedilotildees internacionais constituem-se um fato com o qual os paiacuteses

por intermeacutedio de seus gestores de poliacuteticas de trabalho e previdecircncia social teratildeo

que lidar Eacute previsiacutevel que no contexto da integraccedilatildeo internacional crescente os

acordos e tratados de seguridade social sejam instrumentos importantes de

extensatildeo e garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios previstos na

96

ROCHA Daniel Machado da O direito fundamental agrave previdecircncia social na perspectiva dos princiacutepios constitucionais diretivos do sistema previdenciaacuterio brasileiro Porto Alegre Livraria do Advogado 2004 p 112

97 PIOVESAN Flaacutevia Direitos Humanos e Direito Constitucional e Internacional 5ed Satildeo

Paulo Max Limonad 2002 p 72 98

Cf os trabalhos publicados na coletacircnea BRASIL Migraccedilotildees Internacionais e a Previdecircncia Social Ministeacuterio da Previdecircncia Social Brasiacutelia MPAS 2006

46

legislaccedilatildeo de dois ou mais paiacuteses procurando prover fundamento legal comum

quanto aos direitos e obrigaccedilotildees

A integraccedilatildeo regional do MERCOSUL promove uma reestruturaccedilatildeo

competitiva das economias nacionais dos paiacuteses do bloco que impotildee novos

desafios econocircmicos e sociais aos paiacuteses

Em mateacuteria de previdecircncia os acordos internacionais que estatildeo inseridos

no contexto da poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores satildeo o resultado de esforccedilos do Ministeacuterio da Previdecircncia Social e de

entendimentos diplomaacuteticos entre governos e objetivam garantir aos respectivos

trabalhadores e dependentes legais residentes ou em tracircnsito no paiacutes os direitos de

seguridade social previstos nas legislaccedilotildees dos paiacuteses99

Os acordos internacionais de Previdecircncia Social estabelecem uma relaccedilatildeo

de prestaccedilatildeo de benefiacutecios previdenciaacuterios natildeo implicando na modificaccedilatildeo da

legislaccedilatildeo vigente no paiacutes cumprindo a cada Estado contratante analisar os pedidos

de benefiacutecios apresentados e decidir quanto ao direito e agraves condiccedilotildees conforme sua

proacutepria legislaccedilatildeo aplicaacutevel Esses acordos internacionais satildeo instrumentos juriacutedicos

que possibilitam aceitar a validade do trabalho prestado em outro paiacutes como tempo

de contribuiccedilatildeo para fins de aposentadoria permitindo assim que se reconheccedilam

os benefiacutecios de Seguridade Social nos paiacuteses participantes

Todavia natildeo se ignorem tambeacutem as imensas dificuldades legislativas entre

os quatro paiacuteses em mateacuteria previdenciaacuteria Este campo eacute de imprescindiacutevel

harmonizaccedilatildeo e principalmente estruturaccedilatildeo interna que visa num primeiro

momento agrave reduccedilatildeo do deacuteficit puacuteblico para em posterior momento criar as

condiccedilotildees agrave exportaccedilatildeo dos benefiacutecios ldquoTorna-se um imperativo pois caso contraacuterio

os trabalhadores natildeo arriscaratildeo novas oportunidades tampouco se beneficiaratildeo se

natildeo puderem contar com a assistecircncia dos sistemas previdenciaacuterios da contagem

do tempo de serviccedilo ou contribuiccedilatildeo e sobretudo da possibilidade de desfrutarem

de benefiacutecios em Estados estrangeirosrdquo100

A verdade eacute que no mundo contemporacircneo a preocupaccedilatildeo com a questatildeo

social na integraccedilatildeo regional natildeo pode ser tratada como faculdade e sim uma

necessidade derivada do proacuteprio instinto de preservaccedilatildeo de cada paiacutes Neste

99

Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_01aspgt Acesso em 25042009

100 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Op cit p 246

47

sentido Alicia Moreno ressalta a importacircncia de documentos como a Declaraccedilatildeo

Sociolaboral do MERCOSUL e do Acordo Multilateral de Seguridade Social para o

avanccedilo da questatildeo social no MERCOSUL ainda que caracterize o avanccedilo ainda

parcial101

Poreacutem faz criacutetica ao caraacuteter limitado do poder vinculante dos documentos

relativos a aacuterea social Eduardo Campos ao entender que a realidade social do

MERCOSUL traduz-se em debates e estudos que ateacute 2001 materializaram-se em

programas e praacuteticas de um pequeno nuacutemero de accedilotildees pontuais aqui e ali

[] o saldo ateacute o momento resume-se basicamente agrave vigecircncia comum de algumas normas da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho agrave celebraccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social sem grandes inovaccedilotildees em relaccedilatildeo ao quadro entatildeo existente e agrave assinatura da Declaraccedilatildeo Sociolaboral com importantes limitaccedilotildees em seu conteuacutedo e sem poder vinculante

102

Pode-se afirmar que os acordos internacionais satildeo mecanismos delicados

que precisam superar problemas complexos dentre os quais os sistemas de

seguridade social principalmente pelas variadas regras existentes em todo o

mundo sendo preciso superar as deficiecircncias internas para harmonizar as regras

bastante divergentes dos paiacuteses envolvidos nos acordos internacionais

Os acordos internacionais em mateacuteria previdenciaacuteria protegem os direitos

dos trabalhadores envolvidos em movimentos migratoacuterios com o objetivo de

garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios

Nesse sentido eacute necessaacuterio que os processos de integraccedilatildeo regional sejam

acompanhados de medidas tendentes agrave progressiva coordenaccedilatildeo natildeo somente das

poliacuteticas macroeconocircmicas senatildeo tambeacutem daquelas referentes agrave proteccedilatildeo social

Imerso neste desafio e com a ampliaccedilatildeo de demandas populares de poliacuteticas de

proteccedilatildeo social nos uacuteltimos anos foi habitual que o Brasil estabelecesse convecircnios

bilaterais de previdecircncia social com alguns paiacuteses da Ameacuterica Latina o que tornou

mais faacutecil a ratificaccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL

101

MORENO Alicia S La difusa Idea del espacio social em los procesos de integracioacuten In PIMENTEL L O (Coord) Mercosul Alca e Integraccedilatildeo Euro-Latino-Americana Curitiba Juruaacute 2001 p 74

102 CAMPOS E N O deacuteficit social da Comunidade Europeacuteia e do MERCOSUL In PIMENTEL L O

(Coord) Op cit p 210

48

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL

Os organismos internacionais de seguridade social tecircm o objetivo de garantir

a maior cobertura possiacutevel da proteccedilatildeo social aos trabalhadores e atuar na

facilitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse processo O Ministeacuterio da Previdecircncia Social

(MPS) manteacutem filiaccedilatildeo com trecircs organismos internacionais de seguridade social

Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social (AISS) Conferecircncia Interamericana

de Seguridade Social (CISS) e Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social

(OISS) O Brasil tambeacutem eacute parceiro em accedilotildees com a Organizaccedilatildeo Internacional do

Trabalho (OIT)103

A Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social eacute a principal organizaccedilatildeo

internacional do mundo a reunir as administraccedilotildees e os organismos nacionais de

seguridade social Fundada em 1927 a AISS eacute uma organizaccedilatildeo internacional sem

fins lucrativos composta por instituiccedilotildees oacutergatildeos governamentais entidades e outros

organismos gestores de ramos de seguridade social seu secretariado tem sede na

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra e atualmente conta com

340 organizaccedilotildees afiliadas em 150104

paiacuteses de todo o mundo

Os objetivos da AISS satildeo defender e promover a seguridade social

internacional no mundo inteiro colaborando com o aperfeiccediloamento teacutecnico-

administrativo e o intercacircmbio informativo gerencial assegurar o direito estabelecido

por lei aos acidentes de trabalho e doenccedilas profissionais desemprego maternidade

invalidez aposentadoria e reabilitaccedilatildeo a filhos e membros das famiacutelias fomentar

experiecircncias intercacircmbios e conhecimentos internacionais organizar reuniotildees sobre

seguridade social realizar intercacircmbio de informaccedilotildees e experiecircncias organizar

cursos de formaccedilatildeo e seminaacuterios de capacitaccedilatildeo efetuar investigaccedilotildees e pesquisas

em mateacuteria de seguridade social publicar e difundir trabalhos e documentos sobre

temas de seguridade social organizar reuniotildees internacionais perioacutedicas de seus

membros favorecer a troca de informaccedilotildees e a confrontaccedilatildeo de experiecircncias

orientando as atividades dos membros da Associaccedilatildeo e a ajuda teacutecnica muacutetua que

possam propor colaborar com a OIT e com outras organizaccedilotildees a fim de contribuir

103

Fonte Relatoacuterio Anual da AISS Disponiacutevel em ltwwwissaintannual-reviewgt Acesso em 20012011

104 Ibid

49

para a melhoria da situaccedilatildeo social e econocircmica dos povos com base na justiccedila

social para uma paz geral e duraacutevel

A Conferecircncia Interamericana de Seguridade Social eacute um Organismo

Internacional Especializado de caraacuteter permanente que foi iniciado pelos estados

membros da OIT os quais reunidos em uma conferecircncia de trabalho em 12 de

dezembro de 1940 na cidade de Lima Peru criou o Comitecirc Interamericano de

Iniciativas em Seguridade Social que serviu depois de base para criaccedilatildeo da

Conferecircncia Interamericana de Seguridade aprovada por unanimidade desde que

atue em conformidade com a OIT

Seus objetivos satildeo apoiar e contribuir para o desenvolvimento da

seguridade social nos paiacuteses americanos cooperando com as instituiccedilotildees e

administraccedilotildees nacionais adotar resoluccedilotildees e formular recomendaccedilotildees em

seguridade social e promover sua difusatildeo impulsionar a cooperaccedilatildeo e intercacircmbio

de experiecircncias entre as instituiccedilotildees de administraccedilotildees nacionais de seguridade

social e outras organizaccedilotildees internacionais orientar a capacitaccedilatildeo de recursos

humanos a serviccedilo da seguridade social e proporcionar meios para que se possa

fazecirc-lo de forma sistemaacutetica e permanente difundir os avanccedilos dos sistemas de

seguridade social em niacutevel nacional e internacional e editar as publicaccedilotildees de

estudos105

A Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social OISS tem como

finalidade promover o bem-estar econocircmico e social dos paiacuteses ibero-americanos

mediante a coordenaccedilatildeo intercacircmbio e troca de experiecircncias muacutetuas no acircmbito da

seguridade social Aleacutem de prestar assessoramento e ajuda teacutecnica a seus

membros colaborando para o desenvolvimento de seus sistemas tem-se

empenhado na promoccedilatildeo da universalizaccedilatildeo da Seguridade Social impulsionando a

modernizaccedilatildeo dos sistemas existentes mediante a coordenaccedilatildeo e o aproveitamento

de suas experiecircncias muacutetuas

A OISS eacute o primeiro registro na Ameacuterica para a Seguridade Social realizada

em Barcelona em 1950 no qual estabeleceu uma Secretaria para apoiar novas

reuniotildees a ser chamada Comissatildeo Americana de Seguranccedila Social mas foi no

Congresso Latino-Americano de Seguridade Social realizado em Lima Peru em

105

Ibid

50

1954 que com a presenccedila da maioria dos paiacuteses da regiatildeo juntamente com

representantes da OIT da OEA e ISSA foi aprovada a Carta da OISS

Seus principais objetivos satildeo promover accedilotildees para universalizar o direito agrave

seguridade social colaborar com o desenvolvimento de tratados de integraccedilatildeo

socioeconocircmica de caraacuteter sub-regional atuar como oacutergatildeo permanente de

informaccedilatildeo estudo investigaccedilatildeo e experiecircncia no desenvolvimento dos sistemas

internacionais promover meios para a realizaccedilatildeo de negociaccedilatildeo de acordos entre os

paiacuteses prestando assistecircncia teacutecnica e facilitando a execuccedilatildeo de programas na aacuterea

de proteccedilatildeo social desenvolver investigaccedilotildees estudos e pesquisas nos principais

ramos da seguridade social no mundo receber e divulgar publicaccedilotildees de diversos

trabalhos sobre temas de seguridade social e trocar experiecircncias entre as

instituiccedilotildees membro106

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho fundada em 1919 criada pela

Conferecircncia de Paz apoacutes a Primeira Guerra Mundial tem o objetivo de promover a

justiccedila social Eacute a uacutenica das Agecircncias do Sistema das Naccedilotildees Unidas que tem

estrutura tripartite na qual os representantes dos empregadores e dos trabalhadores

tecircm os mesmos direitos que os do governo

A OIT tem por princiacutepio que a paz universal e permanente soacute pode basear-

se na justiccedila A Organizaccedilatildeo Internacional Trabalho por ser uma agecircncia

especializada das Naccedilotildees Unidas eacute responsaacutevel por formular normas internacionais

do trabalho promover o desenvolvimento e a interaccedilatildeo das organizaccedilotildees de

empregadores e de trabalhadores prestar cooperaccedilatildeo teacutecnica principalmente nas

aacutereas de formaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo profissional poliacuteticas e programas de emprego e

de empreendedorismo administraccedilatildeo do trabalho direito e relaccedilotildees do trabalho

condiccedilotildees de trabalho desenvolvimento empresarial cooperativas previdecircncia

social estatiacutesticas e seguranccedila e sauacutede ocupacional

Ainda como objetivos estrateacutegicos promover os princiacutepios fundamentais e

direitos no trabalho por meio de um sistema de supervisatildeo e de aplicaccedilatildeo de

normas promover melhores oportunidades de empregorenda para mulheres e

homens em condiccedilotildees de livre escolha de natildeo discriminaccedilatildeo e de dignidade

aumentar a abrangecircncia e a eficaacutecia da proteccedilatildeo social e fortalecer o tripartismo e

o diaacutelogo social

106

Disponiacutevel em lthttpwww1previdenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_05aspgt Acesso em 20042011

51

Na seguridade social destaca-se a Convenccedilatildeo 118 da Organizaccedilatildeo

Internacional do Trabalho (OIT) que trata da igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros aprovada no Brasil em 24 de agosto de 1968 No artigo 7ordm

da Convenccedilatildeo estipula-se que os paiacuteses signataacuterios tecircm que participar de um

sistema de direitos de seguridade social e que este sistema teraacute que fornecer a

totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro trabalho ou residecircncia a manutenccedilatildeo ou a

recuperaccedilatildeo de direitos bem como o caacutelculo das contribuiccedilotildees dos trabalhadores

em circulaccedilatildeo Neste sentido eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica as iniciativas do

poder puacuteblico para alcanccedilar tais direitos

No Brasil o escritoacuterio da OIT atua na promoccedilatildeo dos objetivos estrateacutegicos

da Organizaccedilatildeo principalmente na implementaccedilatildeo de programas projetos e

atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica visando ao aperfeiccediloamento das normas e das

relaccedilotildees trabalhistas das poliacuteticas e programas de emprego formaccedilatildeo profissional e

de proteccedilatildeo social

23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE SOCIAL

Como jaacute visto os acordos internacionais de Previdecircncia Social inserem-se

no contexto de poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores mas no Brasil satildeo operacionalizados pelo Instituto Nacional do Seguro

Social de forma descentralizada mediante 14 Organismos de Ligaccedilatildeo vinculados agraves

Gerecircncias Executivas do INSS nas cidades de Manaus Salvador Fortaleza

Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto

Alegre Florianoacutepolis Satildeo Paulo aleacutem do Distrito Federal107

Esses Organismos satildeo

responsaacuteveis pela anaacutelise e concessatildeo dos benefiacutecios cabendo-lhes ainda

responder a solicitaccedilotildees dos segurados e dos Organismos de Ligaccedilatildeo estrangeiros

O Brasil reconhece a importacircncia significativa dos acordos internacionais

como um meio para assegurar os direitos de seguridade social dos cidadatildeos de

maneira que tem como objetivo ampliar cada vez mais as relaccedilotildees bilaterais e

multilaterais para a celebraccedilatildeo de novos acordos tendo como fator determinante

107

Fonte extraiacuteda do site ltwwwmpsgovbracordosinternacionaisgt Acesso em 03012011

52

relaccedilotildees especiais de amizade entre os paiacuteses e os fluxos importantes de comeacutercio

e investimentos

Atualmente o Brasil manteacutem acordo bilateral com Cabo Verde Espanha

Greacutecia Chile Itaacutelia Luxemburgo e Portugal Em fase de negociaccedilatildeo encontram-se

os acordos bilaterais com Japatildeo Alemanha Paiacuteses Baixos Coreacuteia e Estados

Unidos e o Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social108

Na maioria dos

Acordos haacute um Regulamento Administrativo para a sua aplicaccedilatildeo anexado junto ao

respectivo Acordo com exceccedilatildeo do Acordo Internacional entre Brasil e Cabo Verde

e Brasil e Luxemburgo

No acircmbito multilateral o Brasil tem acordo com os Estados Partes do

MERCOSUL (Argentina Paraguai e Uruguai) sendo o mais recente Acordo a entrar

em vigor

De acordo com o Ministeacuterio da Previdecircncia Social a uacuteltima tabela109 com a

quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais

publicada demonstra que no periacuteodo compreendido entre os anos de 2007 e 2009 a

quantidade de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo aos paiacuteses integrantes do

MERCOSUL aumentou em relaccedilatildeo a tabela do periacuteodo 2001 a 2003 tambeacutem

passam a aparecer benefiacutecios concedidos no acircmbito do Acordo Multilateral de

Seguridade Social e aparece na tabela paraguaios trabalhadores que natildeo estavam

na tabela 20012003

Tabela 3 ndash Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

Paiacuteses 20012003

Total de benefiacutecios

20072009

Total de benefiacutecios

Argentina 7 89

MERCOSUL - 32

Paraguai - 6

Uruguai 16 77

Fonte Organizado pela autora com base nas tabelas publicadas pelo Ministeacuterio da Previdecircncia Social

108

LAMERA Larissa Martins Acordos Internacionais de Previdecircncia Social Informe da Previdecircncia Social 1 2007 v 17 n 8 Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrdocspdfinforme202007-08pdfgt Acesso em 26042009

109 Tabelas em anexo

53

A tabela 20072009 trata-se de periacuteodo poacutes-entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social que apresenta uma movimentaccedilatildeo tiacutemida de

trabalhadores circulando dentro do bloco mas ao mesmo tempo jaacute demonstra um

aumento de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo a tabela anterior (20012003) e a

presenccedila do Paraguai Pode-se concluir que o Acordo Multilateral de Seguridade

Social do MERCOSUL jaacute esta atuando a favor do trabalhador no que tange agrave

previdecircncia social ao menos

24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e

seu Regulamento Administrativo foram efetivamente celebrados em Montevideacuteu em

15 de dezembro de 1997 pelos chanceleres da Argentina Brasil Paraguai e

Uruguai na ocasiatildeo da XIII Reuniatildeo do Conselho do Mercado Comum Os referidos

diplomas que encontram amparo no Tratado de Assunccedilatildeo e no Protocolo de Outro

Preto tecircm por objetivo o estabelecimento de normas que regulam as relaccedilotildees de

Seguridade Social entre os paiacuteses do MERCOSUL

Com vigecircncia fixada a partir do dia 1ordm de junho de 2005 o Acordo

Multilateral de Seguridade Social substituiu os acordos bilaterais existentes entre os

paiacuteses da regiatildeo estabelecendo um mecanismo estandardizado de coordenaccedilatildeo

dos sistemas previdenciaacuterios no acircmbito do MERCOSUL que era inexistente nos

instrumentos originaacuterios do bloco econocircmico Foi necessaacuteria portanto a celebraccedilatildeo

de um acordo que contemplasse as normas gerais para regular de maneira clara e

homogecircnea a seguridade social na regiatildeo

Seguindo o rito processual previsto para aprovaccedilatildeo de atos internacionais

no Brasil o Acordo e seu Regulamento foram encaminhados ao Congresso Nacional

e ratificados por meio do Decreto Legislativo nordm 451 publicado em 15 de novembro

de 2001 Este Decreto ressaltou que quaisquer ajustes complementares que

acarretassem encargos ou compromissos gravosos ao patrimocircnio nacional ficariam

sujeitos agrave aprovaccedilatildeo do Congresso Nacional

54

A mateacuteria objeto dos referidos diplomas internacionais envolve interesses

dos Ministeacuterios das Relaccedilotildees Exteriores da Previdecircncia Social Sauacutede e Trabalho e

Emprego uma vez que abrange a legislaccedilatildeo de seguridade social pertinente agraves

prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede aplicaacutevel aos trabalhadores e seus

familiares e assemelhados

O Acordo trata basicamente dos seguintes temas

I reconhecimento dos direitos agrave Seguridade Social aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer Estados

Partes sendo-lhes atribuiacutedos assim como a seus familiares e

assemelhados os mesmos direitos e estando sujeitos agraves mesmas

obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes

II submissatildeo do trabalhador agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo

territoacuterio exerccedila atividade laboral outorga das prestaccedilotildees de sauacutede ao

trabalhador deslocado temporariamente para territoacuterio de outro Estado

assim como para seus familiares e assemelhados desde que a

Entidade Gestora do Estado de origem assim autorize

III possibilidade de obtenccedilatildeo de prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada

invalidez ou morte pelos trabalhadores filiados a um regime de

aposentadoria e

IV pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecidas por algum dos

Estados Partes

A prioridade da diplomacia brasileira na Ameacuterica Latina em geral e no

MERCOSUL atribui especial relevacircncia ao Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL demandando a maior celeridade possiacutevel nos processos

necessaacuterios agrave sua efetiva aplicaccedilatildeo Entretanto a mesma dedicaccedilatildeo espera-se dos

paiacuteses signataacuterios do Acordo qual seja a necessidade de se estender proteccedilatildeo

social a todos os brasileiros que se encontram no exterior

Essa norma de coordenaccedilatildeo entre os paiacuteses natildeo implica a alteraccedilatildeo nos

respectivos sistemas previdenciaacuterios mas permite preservar os direitos adquiridos

ou em fase de aquisiccedilatildeo pelos trabalhadores ou seus dependentes quando se

encontrarem no territoacuterio dos paiacuteses signataacuterios aleacutem de natildeo prejudicar os direitos

adquiridos na vigecircncia dos acordos bilaterais

55

Hugo Roberto Mansueti110

lembra

Ello fue advertido en forma temprana con La aprobacioacuten Del Acordo Multilateral de Seguridad Social Del Mercosur y El respectivo regulamento administrativo suscritos em Montevideacuteo el 15 de diciembre de 1997 Ambos instrumentos ya se ecuentran en vigor de manera simultacircnea desde 01 de junio de 2002 Atraveacutes de estos Estados-Partes de latildes cotizaciones efectuadas por los trabajadores nacionales o extranjeros habitantes de manera tal que las prestaciones puedan ser otorgadas por El Estado donde El trabajador o beneficiaacuterio se encuentre

111

Nos termos do artigo 2ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL os direitos agrave seguridade social seratildeo reconhecidos aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer dos Estados Partes sendo-

lhes reconhecidos bem como a seus familiares e dependentes os mesmos direitos

estando sujeitos agraves obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes com

respeito aos especificamente mencionados no Acordo O Acordo tambeacutem deve

ser aplicado aos trabalhadores de qualquer outra nacionalidade residentes no

territoacuterio de um dos Estados Partes sempre que prestem ou tenham prestado

serviccedilos nos paiacuteses do bloco Por fim destaca-se que o objetivo do presente

Acordo eacute harmonizar e natildeo unificar as legislaccedilotildees previdenciaacuterias dos

integrantes do bloco essa eacute a diretriz prescrita no artigo 4deg ao declarar que ldquoo

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

exerccedila atividade laboralrdquo

Os primeiros esforccedilos para coordenar regimes de seguridade social por via

de acordos internacionais satildeo anteriores agrave Segunda Guerra Mundial Natildeo obstante

os acordos da forma como os conhecemos atualmente emergiram depois desse

conflito incorporando os paiacuteses de Europa Ocidental Tais paiacuteses perceberam que

sem uma coordenaccedilatildeo desta natureza os indiviacuteduos que contribuiacuteram para regimes

previdenciaacuterios em mais de um paiacutes natildeo poderiam reunir as condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo

das aposentadorias a que teriam direito

110

MANSUETI H R Contenidos de la Seguridad Social en el MERCOSUL In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 85

111 Traduccedilatildeo livre Isto foi advertido antecipadamente com a aprovaccedilatildeo do Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL e o respectivo regulamento administrativo subscritos em Montevideo em 15 de dezembro de 2002 Atraveacutes destes Estados-Partes das cotaccedilotildees efetuadas pelos trabalhadores nacionais ou estrangeiros residentes de forma que os benefiacutecios possam ser concedidos pelo Estado onde o trabalhador ou beneficiaacuterio de encontre

56

Os Governos da Repuacuteblica Argentina da Repuacuteblica Federativa do Brasil da

Repuacuteblica do Paraguai e da Repuacuteblica Oriental do Uruguai considerando o Tratado

de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 e o Protocolo de Ouro Preto de 17 de

dezembro de 1994 com o objetivo de estabelecer normas que regulem as relaccedilotildees

de Seguridade Social entre os Estados Partes do MERCOSUL decidiram promulgar

o Acordo Multilateral de Seguridade Social publicado no Brasil pelo Decreto

Legislativo nordm 451 de 14 de novembro de 2001 e Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo

de 2006

O acordo do MERCOSUL eacute o primeiro acordo internacional brasileiro em

mateacuteria previdenciaacuteria que tambeacutem beneficia os funcionaacuterios puacuteblicos pertencentes

aos Regimes Proacuteprios de Previdecircncia Social112

Como o acordo seraacute aplicado substancialmente pela uniformidade de

entendimento entre os paiacuteses membros estabeleceu-se a Comissatildeo Permanente

integrada por trecircs membros de cada paiacutes composta por grupos de trabalho nas

aacutereas da sauacutede legislaccedilatildeo e informaacutetica com o objetivo de verificar a aplicaccedilatildeo do

acordo e resolver as divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo desse instrumento

O Acordo Multilateral de Seguridade Social destacam Nilde Bravo Maria

Alliney e Graciela Victoriacuten113

representa a satisfaccedilatildeo de uma diacutevida que os Estados

Partes tinham com seus trabalhadores considerando que no aspecto do Acordo o

social havia sido relegado a um segundo plano Deste modo olvidou-se que a

economia se constroacutei tambeacutem com o trabalho do homem e eacute deste ndash trabalhador

migrante ndash que se deve proteger seus bens mais valiosos como sua sauacutede e as

contingecircncias sociais de velhice invalidez e morte

241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral

O trabalhador que transitar pelos diferentes sistemas previdenciaacuterios dos

paiacuteses integrantes do MERCOSUL e desde que preenchidos os requisitos para a

concessatildeo do benefiacutecio teraacute direito ao mesmo poreacutem nem todas as prestaccedilotildees

112

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1Ed)

113 BRAVO N de Las M ALLINEY M C AVENDANtildeO G V Un avance en el proceso de

integracioacuten social en el MERCOSUR el Acuerdo Multilateral de Seguridad Social In PIMENTEL L O Op cit p 406

57

estaratildeo cobertas pelo Acordo Multilateral Como o diploma natildeo prevecirc uma unificaccedilatildeo

da legislaccedilatildeo previdenciaacuteria dentro do bloco e sim uma harmonizaccedilatildeo cada Estado

Parte deve continuar prestando sua assistecircncia da forma como a legislaccedilatildeo interna

prever

As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes

tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo

pagas de acordo com as normas previstas no artigo 7ordm do Acordo Multilateral

Destarte ficam excluiacutedos do Acordo Multilateral os previstos no Brasil no art

18 da Lei ndeg 8213 de 24 de julho de 1991 que dispotildee sobre os planos de

benefiacutecios da previdecircncia social

a) para o segurado aposentadoria por tempo de serviccedilo aposentadoria

especial salaacuterio-famiacutelia salaacuterio-maternidade auxiacutelio-acidente

b) para o dependente auxiacutelio-reclusatildeo

c) para o segurado e dependente serviccedilo social reabilitaccedilatildeo profissional

Somente seratildeo analisadas as principais caracteriacutesticas requisitos de

concessatildeo e forma da renda inicial mensal dos benefiacutecios com os quais os

trabalhadores do MERCOSUL poderatildeo contar

No Brasil a autoridade competente a processar os pedidos de

concessatildeo de benefiacutecios envolvendo estrangeiros dos Acordos Internacionais

eacute o Instituto Social do Seguro Social e a Assessoria de Assuntos Internacionais eacute

o oacutergatildeo responsaacutevel pela celebraccedilatildeo dos Acordos e pelo acompanhamento e

avaliaccedilatildeo de sua operacionalizaccedilatildeo O requerimento de benefiacutecio inclusive

benefiacutecio da legislaccedilatildeo do outro Paiacutes deveraacute ser protocolizado na Entidade Gestora

do paiacutes de residecircncia do interessado No Brasil os requerimentos satildeo formalizados

nas UnidadesAgecircncias da Previdecircncia Social conforme a residecircncia do requerente

e encaminhados ao Organismo de Ligaccedilatildeo correspondente

Em relaccedilatildeo ao benefiacutecio de aposentadoria por idade podemos apresentar

uma particularidade do Brasil que natildeo se aplica ao Acordo Multilateral de

Seguridade Social que eacute a possibilidade de o trabalhador rural que vive em regime

de economia familiar poder se aposentar por idade sem ter a necessidade de

contribuiccedilatildeo com idade de 60 anos para o homem e 55 anos para a mulher

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR

58

IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA

114

1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3 A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

115

Portanto embora o trabalhador rural seja efetivamente um trabalhador no

sistema brasileiro de previdecircncia social conforme dispotildee a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 se houver comprovaccedilatildeo de que o segurado era trabalhador rural chamado de

segurado especial116

ser-lhe-aacute devido o benefiacutecio da aposentadoria o que natildeo

acontece com os paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social

114

A sentenccedila na iacutentegra poderaacute ser observada no anexo fls 136 115

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA TRF - 4ordf Regiatildeo

116 Segurado Especial para o sistema brasileiro de previdecircncia social eacute aquele que vive em regime

de economia familiar e caracteriza-se como produtor parceiro meeiro e o arrendataacuterio rural o pescador artesanal e seus assemelhados que exerccedilam suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar com ou sem auxiacutelio eventual de terceiros em sistema de muacutetua colaboraccedilatildeo e sem utilizaccedilatildeo de matildeo de obra assalariada bem como seus respectivos cocircnjuges companheiros e filhos maiores de 16 anos de idade ou a eles equiparados desde que trabalhem comprovadamente com o grupo familiar respectivo

A contar de 22112000 o parceiro outorgante proprietaacuterio de imoacutevel rural com aacuterea total de no maacuteximo quatro moacutedulos fiscais que ceder em parceria ou meaccedilatildeo ateacute 50 da aacuterea de seu imoacutevel rural desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a atividade individualmente ou em regime de economia familiar (VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios Op cit p57)

59

Ateacute porque como se analisaraacute veraacute no Capiacutetulo 3 os trabalhadores

assegurados pelo Acordo satildeo aqueles que tecircm viacutenculo de emprego ou seja os

trabalhadores empregados

60

CAPIacuteTULO 3

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE

SOCIAL NO MERCOSUL

O ecircxito dos Acordos Internacionais eacute em grande parte em razatildeo da parceria

entre o Itamaraty e o Ministeacuterio da Previdecircncia Social (MPS) com vistas a estender

proteccedilatildeo previdenciaacuteria aos brasileiros que vivem no exterior o que pressupotildee a

existecircncia de acordos nessa mateacuteria com governos de outros paiacuteses

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL eacute o primeiro

Acordo multilateral brasileiro em mateacuteria previdenciaacuteria em vigor Nele por exemplo

satildeo garantidos benefiacutecios que dependem de contribuiccedilotildees e contagem de tempo

como aposentadoria por idade (voluntaacuteria ou obrigatoacuteria) aposentadoria por

invalidez auxiacutelio-doenccedila e a pensatildeo por morte o que totalizaria os periacuteodos para

quem atua em mais de um paiacutes no acircmbito do Acordo

Outra proteccedilatildeo prevista eacute a manutenccedilatildeo da contribuiccedilatildeo ao paiacutes de origem

quando o deslocamento temporaacuterio for inferior a 12 meses prorrogaacutevel por igual

periacuteodo sempre que seja autorizado pelo paiacutes de destino Em tal periacuteodo o

trabalhador manteacutem seu viacutenculo e direitos sempre no paiacutes de origem natildeo

precisando portanto requerer esse tempo trabalhado na forma do Acordo Ademais

o Acordo tambeacutem beneficia aos servidores puacuteblicos pertencentes aos Regimes

Proacuteprios de Previdecircncia Social

Quanto aos atendimentos de sauacutede o Acordo prevecirc assistecircncia meacutedica

gratuita na rede hospitalar do governo ao trabalhador deslocado temporariamente

nos termos do inciso I Artigo 6 do referido Acordo bem como a seus dependentes

Natildeo obstante os atendimentos de sauacutede somente seratildeo outorgados ao trabalhador

deslocado temporariamente para o territoacuterio de outros Estados Partes bem como

para seus familiares e dependentes se a Entidade Gestora do Estado de origem

autorizar esse outorgamento Os custos que se originem dessa possibilidade seratildeo

cobertos pela mesma Entidade Gestora que autorizou a prestaccedilatildeo117

117

Decreto Legislativo n ordm 4512001 art 6ordm

61

Assim no Brasil o interessado deveraacute antes do deslocamento dirigir-se ao

Departamento Nacional de Auditoria do SUS dependente do Ministeacuterio da Sauacutede do

Brasil e solicitar o Certificado de Direito a Assistecircncia Meacutedica no Estado para onde

se deslocaraacute temporalmente

Os acordos internacionais na aacuterea de seguridade social satildeo instrumentos

juriacutedicos que os trabalhadores se utilizam para obter a validade do tempo de

contribuiccedilatildeo de Estados diferentes para todos os paiacuteses que satildeo membros e assim

permitem reconhecer os benefiacutecios previdenciaacuterios sendo desta forma a maneira

de se garantir os direitos dos trabalhadores que estatildeo envolvidos nos movimentos

migratoacuterios

Neste sentido eacute imprescindiacutevel o destaque para a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que trata acerca da igualdade de

tratamento entre nacionais e estrangeiros no seu artigo 3ordm cuja redaccedilatildeo eacute a

seguinte

Artigo 3

o

sect 1ordm - Qualquer Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor concederaacute em seu territoacuterio aos nacionais qualquer outro Membro para o qual a referida Convenccedilatildeo estiver igualmente em vigor o mesmo tratamento que a seus proacuteprios nacionais de conformidade com sua legislaccedilatildeo tanto no atinente agrave sujeiccedilatildeo como ao direito agraves prestaccedilotildees em qualquer ramo da previdecircncia social para o qual tenha aceitado as obrigaccedilotildees da Convenccedilatildeo sect 2ordm - No concernente agraves pensotildees por morte esta igualdade de tratamento deveraacute ademais ser concedida aos sobreviventes dos nacionais de um Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor independentemente da nacionalidade desses sobreviventes sect 3ordm - Entretanto no que concerne agraves prestaccedilotildees de um ramo de previdecircncia social determinado um Membro poderaacute derrogar as disposiccedilotildees dos paraacutegrafos precedentes do presente artigo com respeito aos nacionais de qualquer outro Membro que embora possua legislaccedilatildeo relativa a este ramo natildeo concede no referido ramo igualdade de tratamento aos

nacionais do primeiro Membro118

O artigo 7ordm tambeacutem da Convenccedilatildeo 118 estipula que os paiacuteses signataacuterios

tecircm que se esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento

de direitos de seguridade social119

Dessa forma eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica

as iniciativas do poder puacuteblico para garantir esses direitos Eacute importante destacar

118

Convenccedilatildeo Internacional 118 ratificada pelo Brasil pelo do Decreto Legislativo nordm 31 de 20 de agosto de 1968

119 Ibid

62

que ficou previsto no Acordo em seu artigo 16 uma Comissatildeo Multilateral

Permanente conforme se descreve

ARTIGO 16 1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com as disposiccedilotildees do Regulamento Administrativo 2 As Autoridades Competentes instituiratildeo uma Comissatildeo Multilateral Permanente que deliberaraacute por consenso e onde cada representaccedilatildeo estaraacute integrada por ateacute 3 membros de cada Estado Parte A Comissatildeo teraacute as seguintes funccedilotildees a) verificar a aplicaccedilatildeo do Acordo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares b) assessorar as Autoridades Competentes c) planejar as eventuais modificaccedilotildees ampliaccedilotildees e normas complementares d) manter negociaccedilotildees diretas por um prazo de 6 meses a fim de resolver as eventuais divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo do Acordo Vencido o teacutermino anterior sem que tenham resolvido as diferenccedilas qualquer um dos Estados Partes poderaacute recorrer ao sistema de soluccedilatildeo de controveacutersia vigente entre os Estados Partes do Tratado de Assunccedilatildeo 3 A Comissatildeo Multilateral Permanente reunir-se-aacute uma vez por ano alternadamente em cada um dos Estados Partes ou quando o solicite um deles 4 As Autoridades Competentes poderatildeo delegar a elaboraccedilatildeo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares agrave Comissatildeo Multilateral Permanente

A criaccedilatildeo de uma Comissatildeo Multilateral Permanente foi uma inovaccedilatildeo

interessante trazida pelo Acordo que tem responsabilidade entre outras coisas de

monitorar a aplicaccedilatildeo do acordo assessorar as autoridades competentes e planejar

eventuais modificaccedilotildees e complementaccedilotildees no mesmo

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

No MERCOSUL existe distinccedilatildeo entre os ordenamentos juriacutedicos internos e

externos embora ambos sejam vaacutelidos eles satildeo distintos e independentes Haacute total

independecircncia entre as normas e natildeo eacute possiacutevel afirmar que a norma interna estaacute

63

condicionada agrave norma internacional pois se caracterizam dois ordenamentos

juriacutedicos distintos120

Como caracteriacutestica do MERCOSUL as decisotildees tomadas no acircmbito dos

Acordos Internacionais fica condicionada aos procedimentos internos de cada paiacutes

integrante do bloco

De acordo com o Decreto Regulamentador ldquoo ldquoAcordo designa o Acordo

Multilateral de Seguridade Social entre a Repuacuteblica Argentina a Repuacuteblica

Federativa do Brasil a Repuacuteblica do Paraguai e a Repuacuteblica Oriental do Uruguai ou

qualquer outro Estado que venha a aderirrdquo121

De acordo com o Decreto Legislativo o mesmo tem duraccedilatildeo indefinida e o

Estado Parte que desejar se desvincular do presente Acordo poderaacute se desligar a

qualquer tempo atraveacutes da via diplomaacutetica natildeo afetando obviamente os direitos

adquiridos em virtude do Acordo ateacute entatildeo firmado Da mesma forma mas em

sentido contraacuterio o Acordo estaraacute aberto agrave adesatildeo mediante negociaccedilatildeo a aqueles

Estados que no futuro aderirem ao Tratado de Assunccedilatildeo como eacute o caso da

Venezuela por exemplo

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL a partir da sua

ratificaccedilatildeo nos paiacuteses integrantes do bloco pelo de seus ordenamentos juriacutedicos

internos aleacutem de prever questotildees ligadas agrave Previdecircncia Social tambeacutem trouxe

informaccedilotildees referentes agraves prestaccedilotildees de sauacutede

Conforme dispotildee os artigos 3ordm e 6ordm do Acordo ratificado no Brasil pelo

Decreto Legislativo nordm 4512001

ARTIGO 3

1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social referente agraves prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede existentes nos Estados Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo aqui estabelecidas

2 Cada Estado Parte concederaacute as prestaccedilotildees pecuniaacuterias e de sauacutede de acordo com sua proacutepria legislaccedilatildeo

3 As normas sobre prescriccedilatildeo e caducidade vigentes em cada Estado Parte seratildeo aplicadas ao disposto neste Artigo

E ainda

120

KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees constitucionais Op cit p 94

121 Decreto Regulamentador nordm 57222006 artigo 1ordm

64

ARTIGO 6

1 As prestaccedilotildees de sauacutede seratildeo outorgadas ao trabalhador deslocado temporariamente para o territoacuterio de outro Estado Parte assim como para seus familiares e assemelhados desde que a Entidade Gestora do Estado de origem autorize a sua outorga

2 Os custos que se originem de acordo com o previsto no paraacutegrafo anterior correratildeo a cargo da Entidade Gestora que tenha autorizado a prestaccedilatildeo

Portanto o trabalhador deslocado seus familiares ou assemelhados para

que possam obter as prestaccedilotildees de sauacutede durante o periacuteodo de permanecircncia no

Estado Parte em que se encontrarem deveratildeo apresentar ao Organismo de Ligaccedilatildeo

o certificado de Deslocamento Temporaacuterio e quando necessitarem de assistecircncia

meacutedica de urgecircncia deveratildeo apresentar perante a Entidade Gestora do Estado em

que se encontram o certificado expedido pelo Estado de origem

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS

De acordo com o artigo 2ordm do Regulamento do Acordo Multilateral de

Seguridade Social satildeo Autoridades Competentes122

os titulares na Argentina o

Ministeacuterio de Trabalho e Seguridade Social e do Ministeacuterio da Sauacutede e Accedilatildeo Social

no Brasil o Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social e do Ministeacuterio da Sauacutede

no Paraguai o Ministeacuterio da Justiccedila e do Trabalho e do Ministeacuterio da Sauacutede Puacuteblica

e Bem-Estar Social e no Uruguai o Ministeacuterio do Trabalho e da Seguridade Social

Satildeo Entidades Gestoras123

na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) as Caixas ou Institutos Municipais e Provinciais de

Previdecircncia a Superintendecircncia de Administradores de Fundo de Aposentadorias e

Pensotildees e as Administradoras de Fundos de Aposentadorias e Pensotildees no que se

refere aos regimes que amparam as contingecircncias de velhice invalidez e morte

baseadas no sistema de reparto ou no sistema de capitalizaccedilatildeo individual e a

122

Eacute o titular do organismo governamental que conforme a legislaccedilatildeo interna de cada Estado Parte tem competecircncia sobre o regime de Seguridade Social art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

123 Entidades Gestoras satildeo as instituiccedilotildees competentes para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

65

Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede (ANSSAL) no que se refere agraves

prestaccedilotildees de sauacutede no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o

Ministeacuterio da Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no

Uruguai o Banco de Previdecircncia Social (BPS)

Satildeo Organismos de Ligaccedilatildeo124 na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) e a Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede

(ANSSAL) no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Ministeacuterio da

Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no Uruguai o Banco

de Previdecircncia Social (BPS) Os Organismos de Ligaccedilatildeo comunicar-se-atildeo

diretamente entre si assim como com as pessoas interessadas que se encontrem

no seu respectivo territoacuterio e certificaratildeo para os fins do Acordo os periacuteodos de

seguro ou contribuiccedilatildeo recolhidos no Estado Parte ao qual pertencem

compreendidos em qualquer dos regimes de Seguridade Social do Estado Parte

contemplados na sua legislaccedilatildeo conforme jaacute estaacute previsto no Artigo 3deg do Acordo

A correspondecircncia entre as Autoridades Competentes Organismos de

Ligaccedilatildeo e Entidades Gestoras dos Estados Partes seraacute redigida no respectivo

idioma oficial do Estado emissor125

Ateacute a publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo do MPSINSS nordm

1362010 os organismos de ligaccedilatildeo no Brasil eram agecircncias da Previdecircncia

especificamente nos Estados de Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia

Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre

Florianoacutepolis e Satildeo Paulo por intermeacutedio das Gerecircncias Executivas

Entretanto com a entrada em vigor da norma acima citada em 31 de

dezembro de 2010 a operacionalizaccedilatildeo de cada Acordo de Previdecircncia Social ficou

em um uacutenico Organsimo de Ligaccedilatildeo no Brasil conforme Quadro 1 a seguir

124

Organismo de Ligaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos designados a efetuarem a comunicaccedilatildeo com os paiacuteses acordantes garantindo o cumprimento das solicitaccedilotildees formuladas no acircmbito dos Acordos Internacionais (Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 1ordm) e tem o objetivo de facilitar a aplicaccedilatildeo do Acordo adotando as medidas necessaacuterias para lograr sua maacutexima agilizaccedilatildeo e simplificaccedilatildeo administrativa

125 Decreto Legislativo n

o 4512001 art14

66

Quadro 2 Organismos de Ligaccedilatildeo no Brasil para acordos com outros paiacuteses

Fonte Anexo I da Resoluccedilatildeo MPSINSS 1362010

Observe-se que no acircmbito do MERCOSUL no Brasil a gerecircncia de

Florianoacutepolis (SC) eacute responsaacutevel atualmente para

I solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social brasileira de

estrangeiros em regime de deslocamento temporaacuterio no Brasil bem

como para os casos previstos nas regras de exceccedilatildeo e opccedilatildeo

II solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social relativa aos

paiacuteses acordantes para brasileiro que temporariamente preste serviccedilo

naqueles paiacuteses bem como para os casos que se enquadrarem nas

regras de exceccedilatildeo

III emitir os formulaacuterios de Ligaccedilatildeo Certificados de Deslocamento

Temporaacuterio e respectivas prorrogaccedilotildees informar aos paiacuteses

acordantes sobre as decisotildees proferidas resultantes da anaacutelise das

solicitaccedilotildees referentes aos processos de benefiacutecios no acircmbito dos

Acordos Internacionais e

IV encaminhar aos paiacuteses acordantes as informaccedilotildees sobre a situaccedilatildeo do

segurado junto agrave Previdecircncia Social brasileira quando requeridas bem

como prestar atendimento agraves demais solicitaccedilotildees apresentadas pelos

paiacuteses signataacuterios dos Acordos Internacionais126

A Resoluccedilatildeo esclarece em seu artigo 4ordm que os antigos Organismos de

Ligaccedilatildeo (Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte

Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre Florianoacutepolis e Satildeo Paulo)

126

Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 3ordm

Acordo do Brasil com Organismo de Ligaccedilatildeo Telefone

Portugal amp Cabo Verde Gerecircncia Satildeo Paulo Sul APS Vila Mariana

(11) 3503- 36073608

Espanha Gerecircncia Rio de Janeiro Centro APS Almirante Barroso

(21) 2272-35153438

Itaacutelia Gerecircncia Belo Horizonte APS Santa Efigecircnia

(31) 3249-42274228

MERCOSUL Argentina Paraguai e Uruguai

Gerecircncia Florianoacutepolis APS Florianoacutepolis Centro

(48) 3298-8125

Chile Gerecircncia Recife APS Santo Antocircnio

(81) 3412-55765492

Greacutecia amp Luxemburgo

Gerecircncia Distrito Federal APS Brasiacutelia Sul

(61) 3319-25042588

67

deveratildeo transferir os processos em anaacutelise que natildeo puderem ser concluiacutedos no

prazo de 120 dias contados da publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo (31122010) para os

novos Organismos de Ligaccedilatildeo constantes do Quadro 1 (Anexo 1 da Resoluccedilatildeo

1362010) considerando-se a nova distribuiccedilatildeo das atividades dos Acordos

Internacionais Informa ainda que os processos natildeo concluiacutedos no prazo de 120

dias por falta de respostas do Organismo estrangeiro deveratildeo ser encaminhados

ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente com coacutepia dos ofiacutecios expedidos ao exterior

Um dos grandes desafios para os paiacuteses-membros estaacute na coordenaccedilatildeo de

procedimentos administrativos que possibilitem de forma aacutegil a operacionalizaccedilatildeo do

acordo multilateral Para atingir esse objetivo as instituiccedilotildees em conjunto com a

Organizaccedilatildeo Ibero-Americana de Seguridade Social (OISS) entenderam ser de

extrema importacircncia a realizaccedilatildeo de projeto visando agrave criaccedilatildeo da Base Uacutenica de

Seguridade Social do MERCOSUL (BUSS)127

Por intermeacutedio da OISS recursos financeiros foram disponibilizados pelo

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aos Estados Partes exceto ao

Brasil128

para desenvolvimento do projeto Em contrapartida o Brasil por meio da

Empresa de Tecnologia e Informaccedilotildees da Previdecircncia Social (Dataprev) assumiu o

compromisso de desenvolver o sistema de intercacircmbio de informaccedilatildeo e validaccedilatildeo de

dados em mateacuteria de seguridade social129

No 5ordm Encontro de Cortes Supremas do MERCOSUL realizado nos dias 8 e

9 de novembro de 2007 em Brasiacutelia (no qual debates foram realizados no Supremo

Tribunal Federal e aleacutem dos ministros do STF o evento contou com a presenccedila de

presidentes das Cortes Supremas dos paiacuteses do MERCOSUL e associados aleacutem

de secretaacuterios da aacuterea previdenciaacuteria dos governos brasileiro argentino paraguaio e

uruguaio) foi divulgado pelo entatildeo secretaacuterio de Poliacuteticas de Previdecircncia Social do

Brasil Helmut Schwarzer a criaccedilatildeo de uma rede eletrocircnica com dados de

contribuintes da previdecircncia dos quatro paiacuteses para facilitar a concessatildeo dos

benefiacutecios a estrangeiros

127

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 p 33 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1ed)

128 Em razatildeo da legislaccedilatildeo interna o Brasil apresenta dificuldades em internalizar recursos do BID

129 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Loc cit

68

Segundo Helmut130

essa iniciativa poderaacute evitar que os tribunais dos paiacuteses

do MERCOSUL recebam accedilotildees sobre o assunto

O iniacutecio da operacionalizaccedilatildeo do Sistema de Transferecircncia e Validaccedilatildeo de

Dados dos paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL tem o intuito de permitir aos paiacuteses um acompanhamento mais raacutepido e

eficaz das informaccedilotildees dos trabalhadores que circulam no bloco O sistema criado

pelo corpo teacutecnico da Dataprev131

permite gerar formulaacuterios para preenchimento dos

dados pessoais do beneficiaacuterio dependentes e representantes legais e dos periacuteodos

de viacutenculos empregatiacutecios e contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria132

As informaccedilotildees circularatildeo simultaneamente entre os paiacuteses nos quais o

cidadatildeo trabalhou formalmente A utilizaccedilatildeo do sistema poderaacute ser estendida a

todos os paiacuteses com os quais o Brasil manteacutem acordo internacional para concessatildeo

de aposentadoria pensatildeo e auxiacutelios133

Pelo novo sistema que foi desenvolvido

utilizando-se tecnologia de ponta software livre e certificaccedilatildeo digital que garante o

alto niacutevel de seguranccedila da informaccedilatildeo os recursos seratildeo repassados ao sistema

previdenciaacuterio do paiacutes onde o trabalhador estaacute e a partir disso ele receberaacute

pessoalmente o valor do seu benefiacutecio

Segundo Joatildeo Donadon134

todo o tracircmite seraacute eletrocircnico e os recursos

seratildeo repassados ao outro paiacutes em remessa uacutenica Se algum benefiacutecio natildeo for

sacado pelo segurado o dinheiro seraacute devolvido ao oacutergatildeo responsaacutevel pela poliacutetica

previdenciaacuteria do paiacutes de origem135

O Sistema de Acordos Internacionais (Siaci) encontra-se em operaccedilatildeo

desde julho de 2008136

A ferramenta tem permitido a raacutepida transmissatildeo via

internet de formulaacuterios destinados agrave troca de informaccedilotildees de tempo de serviccedilo e

concessatildeo de benefiacutecios para os trabalhadores migrantes dos paiacuteses signataacuterios do

MERCOSUL

130

Disponiacutevel em lthttpogloboglobocomeconomiamat20071109327102998aspgt Acesso em 20072009

131 Empresa de Tecnologia que presta serviccedilos de tecnologia da informaccedilatildeo ao INSS

132 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Op cit p 33 133

Ibid 134

Diretor do Regime Geral de Previdecircncia Social do Brasil 135

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwnotadezcombrgt Acesso em 07042011 136

Disponiacutevel em lthttpportaldataprevgovbr20090726siaci-sistemas-de-acordos-internacionaisgt Acesso em 15082009

69

A qualquer momento eacute possiacutevel consultar e conferir as transaccedilotildees

efetuadas reduzindo-se progressivamente a utilizaccedilatildeo de documentos em papel

Pelo documento trabalhadores do Brasil Argentina Uruguai e Paraguai podem

incluir no caacutelculo de suas aposentadorias o tempo que trabalharam em outro paiacutes

aleacutem da concessatildeo de outros benefiacutecios137

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

Cidadatildeos originaacuterios de um dos paiacuteses signataacuterios que trabalhem em outro

paiacutes tecircm a garantia de em funccedilatildeo do Acordo Multilateral natildeo perder os diretos

previdenciaacuterios e o direito agrave sauacutede Isso significa que esses trabalhadores podem

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo assim como o tempo de contribuiccedilatildeo Eacute o que diz o artigo 7ordm do

Acordo138

ARTIGO 7

[] os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no Regulamento Administrativo

Um cidadatildeo uruguaio que trabalhe no Brasil por exemplo teraacute direito aos

benefiacutecios de sauacutede e da previdecircncia social de acordo com legislaccedilatildeo brasileira e

consideradas as contribuiccedilotildees efetuadas no Uruguai Diante disso constata-se que

o Acordo utiliza como regra geral o princiacutepio da territorialidade o que significa que

no momento do requerimento da prestaccedilatildeo ou benefiacutecio vale a legislaccedilatildeo do paiacutes

em que o trabalhador estiver exercendo sua atividade laboral139

Haacute algumas exceccedilotildees previstas no proacuteprio texto do Acordo como por

exemplo os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados Partes

Nesse caso eles permanecem sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio a

empresa tenha sua sede Conforme dispotildee os artigos 4ordm e 5ordm do Acordo o

137

Idem 138

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 7ordm 139

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 58

70

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio exerccedila

a atividade laboral com as seguintes exceccedilotildees140

ARTIGO 5 O principio estabelecido no Artigo 4 tem as seguintes exceccedilotildees a) o trabalhador de uma empresa com sede em um dos Estados-Partes que desempenhe tarefas profissionais de pesquisa cientificas teacutecnicas ou de direccedilatildeo ou atividades similares e outras que poderatildeo ser definidas pela Comissatildeo Multilateral Permanente prevista no Artigo 16 Paraacutegrafo 2 e que seja deslocado para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado por um periacuteodo limitado continuaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte de origem ateacute um prazo de doze meses suscetiacutevel de ser prorrogado em caraacuteter excepcional mediante preacutevio e expresso consentimento da Autoridade Competente do outro Estado Parte b) o pessoal de vocirco das empresas de transporte aeacutereo e o pessoal de tracircnsito das empresas de transporte terrestre continuaratildeo exclusivamente sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio a respectiva empresa tenha sua sede c) os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados-Partes continuaratildeo sujeitos agrave legislaccedilatildeo do mesmo Estado Qualquer outro trabalhador empregado em tarefas de carga e descarga conserto e vigilacircncia de navio quando no porto estaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja jurisdiccedilatildeo se encontre o navio 2 Os membros das representaccedilotildees diplomaacuteticas e consulares organismos internacionais e demais funcionaacuterios ou empregados dessas representaccedilotildees seratildeo regidos pelas legislaccedilotildees tratados e convenccedilotildees que lhes sejam aplicaacuteveis

Diante destas situaccedilotildees a Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de

Seguridade Social do MERCOSUL aprovou e publicou a Resoluccedilatildeo 12005 em

reuniatildeo realizada em Buenos Aires no ano de 2005 com o objetivo de estabelecer

criteacuterios para aplicaccedilatildeo do Acordo e tentar dirimir questotildees controveacutersias trazendo

em seu artigo 3ordm a informaccedilatildeo que reafirma a legislaccedilatildeo aplicaacutevel ao trabalhador que

se encontra nos Estados Partes

1 No caso dos trabalhadores transferidos para territoacuterio de outro Estado Parte previsto no art 5deg nuacutemero la) do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado no qual estaacute domiciliado o empregador ou a instituiccedilatildeo que dito Oacutergatildeo determine para tal fim remeteraacute coacutepia do certificado a que se refere o art 3deg do Regulamento Administrativo ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte a que se destina o trabalhador

2 Dito certificado constituiraacute a prova de que natildeo satildeo de aplicaccedilatildeo ao mencionado trabalhador transferido as disposiccedilotildees de Seguridade Social do lugar de destino

141

140

Decreto nordm 4512001 art 5ordm 141

Resoluccedilatildeo CMP n12005

71

Ainda o artigo 7ordm do Regulamento Administrativo mais uma vez ressalta a

regra aplicaacutevel informando que as prestaccedilotildees a que os trabalhadores tecircm direito

devem ter amparo na legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes de prestaccedilatildeo de

serviccedilos142

ARTIGO 7 As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo pagas de acordo com as normas seguintes 1 Quando se reuacutenam as condiccedilotildees requeridas pela legislaccedilatildeo de um Estado Parte para se ter direito agraves prestaccedilotildees sem que seja necessaacuterio recorrer agrave totalizaccedilatildeo de periacuteodos prevista no Titulo VI do Acordo a Entidade Gestora calcularaacute a prestaccedilatildeo em virtude unicamente do previsto na legislaccedilatildeo nacional que se aplique sem prejuiacutezo da totalizaccedilatildeo que possa solicitar o beneficiaacuterio 2 Quando o direito a prestaccedilotildees natildeo se origine unicamente com base nos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no Estado Contratante de que se trate a liquidaccedilatildeo da prestaccedilatildeo deveraacute ser feita tomando-se em conta a totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos outros Estados Partes 3 Caso seja aplicado o paraacutegrafo precedente a Entidade Gestora determinaraacute em primeiro lugar o valor da prestaccedilatildeo a que o interessado ou seus familiares e assemelhados teriam direito como se os periacuteodos totalizados tivessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo e em seguida fixaraacute o valor da prestaccedilatildeo em proporccedilatildeo aos periacuteodos cumpridos exclusivamente sob tal legislaccedilatildeo

Note-se que a norma legal traz em seu texto o termo trabalhador mas

quem seria este trabalhador a quem a norma se refere Tendo em vista que

empregado eacute espeacutecie do gecircnero trabalhador isso permite concluir que todo

empregado eacute trabalhador mas nem todo trabalhador eacute empregado143

Em face do que se observa no Acordo estaacute assegurado pelo Acordo

Multilateral de Seguridade Social o trabalhador empregado ou seja aquele que tem

viacutenculo empregatiacutecio com o empregador Os trabalhadores autocircnomos por exemplo

estatildeo fora da cobertura previdenciaacuteria se estiverem trabalhando nos Estados

Partes Esta informaccedilatildeo foi ressaltada no livro de estudos organizado pelo Ministeacuterio

da Previdecircncia Social quando assim informa

142

Decreto nordm 57222006 art 7ordm 143

Disponiacutevel em lthttpbuenoecostanzeadvbrindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=4642ampItemid=96gt

Acesso em 20032011

72

Cabe ainda ressaltar que o Acordo protege somente aqueles trabalhadores que estiverem prestando serviccedilo regularmente em um dos Estados Partes o trabalhador informal que natildeo possui filiaccedilatildeo previdenciaacuteria natildeo estaacute portanto incluiacutedo nessa proteccedilatildeo

144

Portanto uma vez considerado trabalhador empregado este poderaacute pleitear

benefiacutecios previdenciaacuterios observando os criteacuterios trazidos nos termos do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL Eacute importante destacar neste

sentido que o custo dos benefiacutecios concedidos em virtude do Acordo eacute rateado

entre os paiacuteses em que o trabalhador contribuiu proporcionalmente ao seu tempo

de contribuiccedilatildeo em cada um deles Ou seja eacute utilizada a sistemaacutetica da totalizaccedilatildeo

e o custo eacute rateado de forma diretamente proporcional ao tempo de filiaccedilatildeo em cada

sistema previdenciaacuterio de modo que natildeo haja desequiliacutebrio financeiro para o Estado

Parte que estiver concedendo o benefiacutecio145

Em se tratando de acordo internacional previdenciaacuterio a forma mais comum

eacute a divisatildeo de encargos entre os paiacuteses contratantes Haacute o estabelecimento de uma

relaccedilatildeo proporcional de encargo Cada paiacutes assume uma parte do total fazendo o

segurado jus a um benefiacutecio que resulta da soma das responsabilidades de cada

Estado O benefiacutecio eacute pago geralmente pelo paiacutes concessor sendo que haacute um

ajuste de contas entre os paiacuteses celebrantes do tratado146

As Entidades Gestoras pagaratildeo diretamente aos beneficiaacuterios as prestaccedilotildees

compreendidas no Acordo na forma determinada por cada Estado Parte

Para obter a concessatildeo das prestaccedilotildees os trabalhadores ou seus familiares

e assemelhados deveratildeo apresentar solicitaccedilatildeo em formulaacuterio especial ao

Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado em que residirem ou se residentes no territoacuterio de

outro Estado deveratildeo dirigir-se ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja

legislaccedilatildeo o trabalhador se encontrava assegurado no uacuteltimo periacuteodo de seguro ou

contribuiccedilatildeo

As solicitaccedilotildees dirigidas a Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras

de qualquer Estado Parte onde o interessado tenha periacuteodos de seguro contribuiccedilatildeo

ou residecircncia produziratildeo os mesmos efeitos como se tivessem sido entregues ao

Organismo de Ligaccedilatildeo previsto nos paiacuteses de residecircncia

144

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

145 Ibid p 59

146 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio 3 ed Satildeo Paulo LTr 2005 p

244

73

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras seratildeo

obrigadas a enviaacute-las ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente informando as datas

em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas147

O interessado que deseje solicitar os benefiacutecios previdenciaacuterios no Brasil ou

seja aqueles previstos no Acordo Multilateral deveraacute se dirigir agrave Agecircncia de

Previdecircncia Social mais proacutexima com a documentaccedilatildeo necessaacuteria para obter um

benefiacutecio comum aleacutem da documentaccedilatildeo que comprove sua atividade no paiacutes que

assinou o Acordo Tal documentaccedilatildeo seraacute enviada pelo organismo de conexatildeo

brasileiro para o organismo de conexatildeo do paiacutes membro do Acordo que

reconheceraacute ou natildeo o periacuteodo de contribuiccedilatildeo alegado pelo interessado naquele

paiacutes

O trabalhador ficaraacute sujeito ao regime previdenciaacuterio do paiacutes onde esteja

prestando serviccedilo exceto nos casos em que o trabalhador esteja sob a tutela do

Certificado de Deslocamento Temporaacuterio e sempre que esteja dentro do prazo

autorizado ainda que seja prorrogado Assim nos termos do inciso 1ordm do artigo 3ordm o

Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social

referente aos regimes tributaacuteveis pecuniaacuterios e de sauacutede existentes nos Estados

Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo que estipula148

Eacute importante ressaltar que o Acordo Multilateral do MERCOSUL inova ao

conceber tambeacutem disposiccedilotildees aplicaacuteveis a regimes de aposentadoria e pensotildees de

capitalizaccedilatildeo individual O Acordo seraacute aplicaacutevel tambeacutem aos trabalhadores filiados

a um regime de aposentadoria e pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecido

por algum dos Estados Partes para a obtenccedilatildeo das aposentadorias por velhice

idade avanccedilada invalidez ou morte149

Ademais os Estados Partes e os eventuais futuros aderentes ao Acordo

poderatildeo estabelecer mecanismos de transferecircncias de fundos para os fins de

obtenccedilatildeo das referidas aposentadorias e demais benefiacutecios sendo necessaacuterio que

as administradoras de fundos ou empresas seguradoras deem cumprimento aos

mecanismos que o Acordo Multilateral prevecirc150

Tais transferecircncias se daratildeo quando

o interessado comprove direito agrave obtenccedilatildeo das aposentadorias quando a

147

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

148 Ibid

149 Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 9ordm

150 Nota Teacutecnica nordm 202005 DRPSPSPSMPS

74

informaccedilatildeo aos filiados seraacute proporcionada nos termos da legislaccedilatildeo de cada Estado

Parte caso em que no Brasil natildeo ocorre

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade

Social

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) eacute uma autarquia do

governo federal do Brasil que recebe as contribuiccedilotildees para a manutenccedilatildeo do

Regime Geral da Previdecircncia Social sendo responsaacutevel pela concessatildeo dos

benefiacutecios previdenciaacuterios previstos na Lei nordm 821391 O INSS trabalha junto com a

Dataprev empresa de tecnologia que faz o processamento de todos os dados da

previdecircncia e estaacute subordinado ao Ministeacuterio da Previdecircncia Social

De acordo com o Regulamento Administrativo (art 2ordm) no Brasil a

instituiccedilatildeo competente e reconhecida para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo no acircmbito do acordo como Entidade Gestora e Organismo de Ligaccedilatildeo eacute o

INSS (para as prestaccedilotildees previdenciaacuterias) e o Ministeacuterio da Sauacutede (para as

prestaccedilotildees de sauacutede) Ou seja no Brasil o Oacutergatildeo Gestor eacute o INSS que

operacionaliza os Acordos pelos Organismos de Ligaccedilatildeo instruindo os processos

pela gerecircncia executiva responsaacutevel que no caso do MERCOSUL eacute a agecircncia com

responsabilidade da Gerecircncia Executiva de Florianoacutepolis ndash Santa Catarina

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios

As empresas que apresentam o intuito de deslocar temporariamente seus

empregados ao exterior devem fazecirc-lo mediante Certificado de Deslocamento

Temporaacuterio em que o segurado eacute isento de contribuir no paiacutes contratante aonde for

trabalhar na forma prevista em cada Acordo permanecendo sujeito agrave legislaccedilatildeo

previdenciaacuteria brasileira mas garantindo seus direitos no outro paiacutes Este seraacute o

documento haacutebil necessaacuterio para que o INSS averigue a documentaccedilatildeo da empresa

Durante o prazo do deslocamento temporaacuterio o trabalhador teraacute direito agrave

assistecircncia meacutedica da rede oficial do governo do Paiacutes Acordante O artigo 3ordm do

regulamento administrativo assim informa sobre o deslocamento temporaacuterio151

151

Decreto nordm 57222006 art 3ordm

75

ARTIGO 3

1 Para os casos previstos na aliacutenea ldquo1 ardquo do Artigo 5ordm do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo expediraacute mediante solicitaccedilatildeo da empresa do Estado de origem do trabalhador que for deslocado temporariamente para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado um certificado no qual conste que o trabalhador permanece sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado de origem indicando os familiares e assemelhados que o acompanharatildeo nesse deslocamento Coacutepia de tal certificado deveraacute ser entregue ao trabalhador

2 A empresa que deslocou temporariamente o trabalhador comunicaraacute ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado que expediu o certificado neste caso a interrupccedilatildeo da atividade prevista na situaccedilatildeo anterior 3 - Para os efeitos estabelecidos na aliacutenea ldquo1ardquo do Artigo 5 do Acordo a empresa deveraacute apresentar a solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo perante a Entidade Gestora do Estado de origem A Entidade Gestora do Estado de origem expediraacute o certificado de prorrogaccedilatildeo correspondente mediante consulta preacutevia e expresso consentimento da Entidade Gestora do outro Estado

4 - A empresa apresentaraacute as solicitaccedilotildees a que se referem os Paraacutegrafos 1 e 3 com trinta dias de antecedecircncia miacutenima da ocorrecircncia do fato gerador Em caso contraacuterio o trabalhador ficaraacute automaticamente sujeito a partir do iniacutecio da atividade ou da data de expiraccedilatildeo do prazo autorizado agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio continuar desenvolvendo suas atividades

Apenas nos Acordos BrasilEspanha e BrasilGreacutecia estaacute previsto

deslocamento Temporaacuterio para trabalhadores autocircnomos

O segurado deve levar consigo uma via do Certificado de Deslocamento152

O periacuteodo de deslocamento poderaacute ser prorrogado observados os prazos e as

condiccedilotildees fixados em cada Acordo No caso de solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo de

transferecircncias temporaacuterias esta deveraacute ser apresentada junto ao Oacutergatildeo de Ligaccedilatildeo

que concedeu o certificado de transferecircncia com a devida antecedecircncia em relaccedilatildeo

ao vencimento do periacuteodo de transferecircncia temporaacuteria que se houver concedido

Caso contraacuterio o trabalhador transferido ficaraacute automaticamente sujeito a partir do

vencimento do prazo original agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

continua prestando serviccedilos

Assim dispotildee o artigo 5ordm do Anexo II da Resoluccedilatildeo CMP nordm 012005

[] a) O prazo dos deslocamentos temporaacuterios previstos pelo inciso 1 do art 5 do Acordo Multilateral poderaacute ser prorrogado por um prazo total maior de doze meses previamente autorizado pela Autoridade Competente ou instituiccedilatildeo delegada do Estado receptor (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

152

Informaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwprevidenciasocialgovbrconteudoDinamicophpid=111gt Acesso em 10042011

76

b) Tanto o prazo original quanto o de prorrogaccedilatildeo poderatildeo ser utilizados de forma fracionada (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) c) Em virtude do caraacuteter excepcional do regime de deslocamentos temporaacuterios uma vez utilizado o prazo maacuteximo de vinte e quatro meses natildeo poderaacute ser concedido ao mesmo trabalhador um novo periacuteodo de amparo a este regime (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) 2 Para os fins da aliacutenea ldquoardquo do Art 5 do Acordo seratildeo consideradas como tarefas profissionais de pesquisa cientiacuteficas teacutecnicas ou de direccedilatildeo aquelas relacionadas a situaccedilotildees de emergecircncia transferecircncia de tecnologia prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia teacutecnica funccedilotildees de direccedilatildeo geral de gerenciamento de supervisatildeo de assessoramento a funccedilotildees superiores da empresa de consultoria especializada e similares (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

3 Eacute facultado ao Estado Parte receptor dos trabalhadores deslocados temporariamente solicitar que aleacutem do certificado previsto no Art 3 do Ajuste Administrativo seja apresentada documentaccedilatildeo que certifique que o trabalhador possui qualificaccedilatildeo ou as qualidades exigidas pela aliacutenea ldquoardquo do inciso 1 do Art 5 do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL assim como declaraccedilatildeo da empresa receptora relativa agrave atividade que seraacute desempenhada pelo trabalhador no territoacuterio do Estado Parte receptor (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

153

Os segurados seus familiares e assemelhados que desejem fazer valer

direitos agraves prestaccedilotildees deveratildeo apresentar a respectiva solicitaccedilatildeo junto agrave Entidade

Gestora competente do Estado Parte onde residam ou tenham realizado sua uacuteltima

atividade Os formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo

do Deslocamento Temporaacuterio encontram-se no Anexo 4

333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo

Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados

Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade

avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no

Regulamento Administrativo Assim dispotildee o Regulamento Administrativo sobre a

totalizaccedilatildeo do tempo de contribuiccedilatildeo154

153

Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 12005 da Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL atualizada pela Resoluccedilatildeo nordm 72007 da mesma comissatildeo

154 Decreto nordm 57222006 art 6

77

ARTIGO 6 1 De acordo com o previsto no Artigo 7 do Acordo os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no territoacuterio dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte observando as seguintes regras a) Cada Estado Parte consideraraacute os periacuteodos cumpridos e certificados por outro Estado desde que natildeo se superponham como periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo conforme sua proacutepria legislaccedilatildeo b) Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos antes do iniacutecio da vigecircncia do Acordo seratildeo considerados somente quando o trabalhador tiver periacuteodos de trabalho a cumprir a partir dessa data c) O periacuteodo cumprido em um Estado Parte sob um regime de seguro voluntaacuterio somente seraacute considerado quando natildeo for simultacircneo a um periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo obrigatoacuterio cumprido em outro Estado 2 Nos casos em que a aplicaccedilatildeo do Paraacutegrafo 2 do Artigo 7 do Acordo venha exonerar de suas obrigaccedilotildees a todas as Entidades Gestoras competentes dos Estado -Partes envolvidos as prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados Partes aonde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador em todos os Estados Partes

Caso o trabalhador natildeo tenha reunido a comprovaccedilatildeo do tempo miacutenimo de

12 meses somente seraacute computaacutevel os serviccedilos prestados em outro Estado que

tenha celebrado acordos bilaterais ou multilaterais de Seguridade Social com

qualquer dos Estados Partes E se somente um dos Estados Partes tiver concluiacutedo

um acordo de seguridade com outro paiacutes seraacute necessaacuterio que tal Estado Parte

assuma como proacuteprio o periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo cumprido neste terceiro

paiacutes155

A aplicaccedilatildeo desta norma pode vir a exonerar de suas obrigaccedilotildees todas as

Entidades Gestoras competentes dos Estados Partes envolvidos uma vez que as

prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados

Partes onde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com

preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos em

todos os Estados Partes156

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras de

solicitaccedilotildees de obtenccedilatildeo de concessatildeo por parte dos trabalhadores familiares e

assemelhados obrigar-se-atildeo a enviaacute-las sem demora ao Organismo de Ligaccedilatildeo

155

Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 7ordm 156

ALVES Carlos Marne Dias 2006 A Previdecircncia no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Direito das Relaccedilotildees Internacionais) UniCEUB Brasiacutelia 2006 p 162

78

competente informando as datas em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas157

Neste sentido os artigos 9ordm e 10ordm do Regulamento Administrativo assim

estabelecem158

ARTIGO 9 1 Para o tracircmite das solicitaccedilotildees das prestaccedilotildees pecuniaacuterias os Organismos de Ligaccedilatildeo utilizaratildeo um formulaacuterio especial no qual seratildeo consignados entre outros os dados de filiaccedilatildeo do trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados conjuntamente com a relaccedilatildeo e o resumo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador nos Estados Partes 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo avaliaraacute se for o caso a incapacidade temporaacuteria ou permanente emitindo o certificado correspondente que acompanharaacute os exames meacutedico-periciais realizados no trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados 3 Os laudos meacutedico-periciais do trabalhador consignaratildeo entre outros dados se a incapacidade temporaacuteria ou invalidez eacute consequumlecircncia de acidente do trabalho ou doenccedila profissional e indicaratildeo a necessidade de reabilitaccedilatildeo profissional 4 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado pronunciar-se-aacute sobre a solicitaccedilatildeo em conformidade com sua respectiva legislaccedilatildeo considerando-se os antecedentes meacutedico-periciais praticados 5 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo remeteraacute os formulaacuterios estabelecidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado ARTIGO 10 1 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado preencheraacute os formulaacuterios recebidos com as seguintes indicaccedilotildees a) periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo b) o valor prestaccedilatildeo reconhecida de acordo com o previsto no Paraacutegrafo 3 do Artigo 7 do presente Regulamento Administrativo 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo indicado no paraacutegrafo anterior remeteraacute os formulaacuterios devidamente preenchidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde o trabalhador solicitou a prestaccedilatildeo

Observa-se portanto que os trabalhadores e seus familiares poderatildeo

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo sendo computados tambeacutem o tempo de contribuiccedilatildeo do paiacutes de

origem e em alguns casos ateacute mesmo o tempo de contribuiccedilatildeo em paiacuteses natildeo

157

Regulamento Administrativo art 8ordm 158

Decreto 57222006 artigos 9 e 10

79

signataacuterios do acordo desde que esses tenham acordo com qualquer um dos

Estados Partes

Destaca-se no entanto que se o acordo do paiacutes natildeo signataacuterio for com

apenas um dos Estados Partes esse deveraacute reconhecer como proacuteprios os serviccedilos

prestados naquele159

Este instituto natildeo eacute nenhuma novidade para o INSS De

acordo com a Lei ndeg 97961999 adota-se procedimento semelhante com os

regimes proacuteprios de previdecircncia dos servidores puacuteblicos quando faz a totalizaccedilatildeo do

tempo de contribuiccedilatildeo e a divisatildeo proacute-rata do valor pago ao segurado chamando

este instituto de Contagem Reciacuteproca do Tempo de Contribuiccedilatildeo

159

Nota teacutecnica elaborada pela Coordenaccedilatildeo-Geral de Estudos Previdenciaacuterios da Secretaria de Poliacuteticas de Previdecircncia Social ndash CGEPSPS (NOTA TEacuteCNICA nordm 202005 DRPSPSPSMPS)

80

CONCLUSAtildeO

O objeto problematizado na presente dissertaccedilatildeo foi o Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL na garantia do direito agrave previdecircncia social aos

trabalhadores que tenham se vinculado a sistemas previdenciaacuterios de diferentes

paiacuteses durante sua vida laboral

Questotildees sobre integraccedilatildeo previdenciaacuteria acabam sendo necessaacuterias no

atual cenaacuterio de globalizaccedilatildeo da economia de formaccedilatildeo de blocos regionais e do

aumento do fluxo migratoacuterio principalmente da ampliaccedilatildeo da liberdade de circulaccedilatildeo

de trabalhadores para lhes assegurar seguranccedila na sua proteccedilatildeo social

previdenciaacuteria

A Previdecircncia Social espeacutecie do gecircnero Seguridade Social eacute um direito de

proteccedilatildeo social conferido ao trabalhador segurado e um mecanismo necessaacuterio para

manter o regime de trabalho assalariado

Surgiu como uma ferramenta do Estado garantir (aqueles que contribuem)

condiccedilotildees financeiras para periacuteodos de incapacidade de trabalho como doenccedila

invalidez ou velhice e diminuir os riscos de arcar futuramente com situaccedilotildees de

miseacuteria e pobreza como distribuidor de renda por este motivo impocircs contribuiccedilotildees

compulsoacuterias aos trabalhadores que de alguma forma prestam serviccedilos a pessoas

fiacutesicas juriacutedicas e por conta proacutepria

Na atual conjuntura a intervenccedilatildeo do Estado na sociedade a fim de

estruturar e garantir proteccedilatildeo previdenciaacuteria eacute imprescindiacutevel e com a globalizaccedilatildeo

natildeo eacute diferente o cocircmputo de tempo de serviccedilo desenvolvido no exterior para fins

de obtenccedilatildeo de benefiacutecio previdenciaacuterio no Brasil exige regramento particular no

acircmbito do direito internacional

A possibilidade de reconhecimento no Brasil do labor desenvolvido em

qualquer um dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL e vice versa tem assento

atualmente no Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul

assinado em 15121997 pelos representantes dos componentes originaacuterios do

bloco (Brasil Argentina Uruguai e Paraguai)

Entretanto eacute importante destacar que antes da entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social existiam acordos bilaterais de previdecircncia social

do Brasil com vaacuterios paiacuteses inclusive com paiacuteses integrantes do MERCOSUL

81

diante disso destacamos o disposto no artigo 8ordm do Acordo Multilateral de

Seguridade Social que informa que ldquoos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

cumpridos antes da vigecircncia do presente Acordo seratildeo considerados desde que

estes natildeo tenham sido utilizados anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees

pecuniaacuterias em outro paiacutesrdquo160

Houve no decorrer da pesquisa grandes dificuldades de obtenccedilatildeo de dados

especiacuteficos junto agrave autarquia federal (INSS) embora jaacute esteja sendo utilizado o

sistema de informaccedilotildees de acordos internacionais (SIACI) criado pela DATAPREV

empresa de tecnologia da Previdecircncia Social brasileira desde de julho de 2008

Mesmo assim a pesquisa nos levou a entender que a possibilidade de

reconhecimento de trabalho para fins de benefiacutecio previdenciaacuterio realizado nos

paiacuteses do MERCOSUL regulada pelo Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL internalizado pelo Decreto nordm 57222006 trata de garantir aos

brasileiros que trabalham nos Paiacuteses signitaacuterios do Acordo a mesma proteccedilatildeo que eacute

assegurada aos cidadatildeos daquele Paiacutes ou seja o brasileiro que trabalha na

Argentina por exemplo vai ter direito por conta daquela norma de perceber os

benefiacutecios que a legislaccedilatildeo previdenciaacuteria Argentina assegura aos demais

trabalhadores que tecircm aquela nacionalidade Por outro lado se o trabalhador quer

pleitear o benefiacutecio aqui no Brasil o aproveitamento do serviccedilo prestado naquele

Paiacutes somente eacute possiacutevel na forma em que prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do

Regulamento ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo

reconheccedila em face da sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo161

A proteccedilatildeo prevista no Acordo como a contagem do tempo de contribuiccedilatildeo

e as demais prestaccedilotildees previdenciaacuterias e de sauacutede apenas estatildeo garantidas para

trabalhadores empregados ou seja aqueles que possuem viacutenculo empregatiacutecio com

algum empregador os demais trabalhadores como autocircnomos domeacutesticos os

rurais que no Brasil satildeo tambeacutem chamados de segurados especiais natildeo estatildeo

protegidos pelo Acordo e natildeo podem se beneficiar do tempo de serviccedilo prestado

fora de seu paiacutes de origem mesmo que comprovam contribuiccedilatildeo do periacuteodo

Os acoacuterdatildeos encontrados sobre os aspectos previdenciaacuterios levados ao

judiciaacuterio no acircmbito do Acordo demonstram que o fato de o mesmo existir natildeo

160

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 8ordm 161

Decreto nordm 57222006 art 10ordm

82

implica reconhecimento automaacutetico de atividades laborais prestadas nos Estados

Partes eacute necessaacuterio a observacircncia do procedimento burocraacutetico estabelecido no

Regulamento Administrativo aprovado pelo Decreto nordm 57222006

Haacute que se observar tambeacutem que para os trabalhadores que vierem a

trabalhar nos paiacuteses integrantes do MERCOSUL apoacutes a entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL teratildeo a contagem de tempo de

contribuiccedilatildeo contada conforme o acordo Podemos observar conforme dados

coletados nos Acoacuterdatildeos que de acordo com o judiciaacuterio os periacuteodos de seguro ou

contribuiccedilatildeo cumpridos antes da vigecircncia do Acordo de que o trabalhador tenha

direito somente seratildeo considerados se o trabalhador natildeo tenha utilizado

anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees pecuniaacuterias em outro paiacutes

Observamos que o Acordo garante prestaccedilotildees previdenciaacuterias como

benefiacutecios e contagens de tempo de contribuiccedilatildeo aos trabalhadores que natildeo apenas

se encontrem trabalhando formalmente mas que estejam de acordo com as

formalidades estabelecidas no mesmo O trabalhador que quer pleitear benefiacutecio

somente eacute possiacutevel na forma prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do Regulamento

ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo reconheccedila em face agrave

sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo o trabalhador tem direito

Fica aiacute uma demonstraccedilatildeo que a Proteccedilatildeo Previdenciaacuteria prevista no Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL apresentou avanccedilos no acircmbito da

proteccedilatildeo social dos trabalhadores empregados que circulam no Bloco

Anteriormente com os acordos bilaterais a garantia de proteccedilatildeo

previdenciaacuteria aos paiacuteses signataacuterios era restrita aos dois paiacuteses que assinavam o

acordo Agora haacute uma ampliaccedilatildeo da proteccedilatildeo previdenciaacuteria fortalecendo os paiacuteses

do MERCOSUL no que tange a circulaccedilatildeo de trabalhadores e consequentemente

conhecimento tecnologia cultura assim como outros benefiacutecios decorrentes de uma

regionalizaccedilatildeo mas natildeo garante automaticamente o tempo de contribuiccedilatildeo sem que

o Estado em que trabalhou documente esse tempo como reconhecido

necessitando portanto de muitos ajustes para garantia completa deste e tambeacutem

outros trabalhadores que prestam serviccedilos no Brasil na Argentina no Paraguai e no

Uruguai e futuramente na Venezuela que natildeo foram assegurados no Acordo como

os contribuintes individuais domeacutesticos e segurados especiais

83

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lthttpwwwmercosurintmswebpagina_anteriorsamespanolrem-mtsspconjuntospconjuntos1htmlgt Acesso em 15022011 SOARES Maacuterio Luacutecio Quintatildeo MERCOSUL direitos humanos globalizaccedilatildeo e soberania Belo Horizonte Del Rey 1997

91

STUART Ana Maria Negociando um novo Mercosul Panorama da Conjuntura Internacional Satildeo Paulo Gacint n 23 ano 6 outnov 2003 STUART Ana Maria A construccedilatildeo de um novo regionalismo In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Orgs) Mercosul em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 TODOS Somos MERCOSUL ndash CEFIR ndash Plataforma de Integraccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpneccintwordpresscomdireito-internacionalarena-de-ideiasmercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulgt Acesso em 02012011 THORSTENSEN V Desenvolvimento da cooperaccedilatildeo econocircmica e das relaccedilotildees comerciais entre a EU e o MERCOSUL interesses comuns e desafios Poliacutetica Externa v 5 n1 jun-jul-ago 1996 TRIBUNA DA IMPRENSA Entra em vigor a Previdecircncia do Mercosul 14 out 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwsindicatomercosulcombrnoticia02aspnoticia=27232gt Acesso em 02012011 VASCONCELOS Pedro Paulo Lima Indicadores soacutecio-econocircmicos do MERCOSUL um estudo sob a Eacutegide da Economia Poliacutetica Internacional In SIMPOacuteSIO EM RELACcedilOtildeES INTERNACIONAIS DO PROGRAMA SAN TIAGO DANTAS I nov 2007 p 10 (UNESP UNICAMP e PUC-SP) VEIGA Joatildeo Paulo Mercosul e os interesses poliacuteticos e sociais Satildeo Paulo em Perspectiva Fundaccedilatildeo Seade Satildeo Paulo v 5 n 3 1991 ______ Revista do Instituto de Ciecircncias Econocircmicas Administrativas e Contaacutebeis v 11 n 1 2007 VEIGA P M A infra-estrutura e o processo de negociaccedilatildeo da ALCA Rio de Janeiro IPEA mar 1999 (Texto para Discussatildeo n 507) VERA-FLUIXAacute R X Principios de integracioacuten regional en Ameacuterica Latina y suanaacutelisis compartivo con la Unioacuten Europea Bonn Center for European Integration Studies v73 2000 (Discussion Paper) VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios 2 ed Satildeo Paulo Editora LTr 2010 VIGEVANI Tullo Mercosul impactos para trabalhadores e sindicatos Satildeo Paulo LTr 1998 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar Previdecircncia Complementar no Direito Comparado Revista de Previdecircncia Social n 232 Satildeo Paulo LTr marccedilo de 2000

92

______ A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas n 3 p 128-137 juldez 2003 WANDERLEY Luiz Eduardo W A construccedilatildeo de um MERCOSUL Social Revista Ponto-e-Viacutergula Satildeo Paulo PUC SP v 1 p90-104 2007 p94 SITES CONSULTADOS lthttpestudeonlinenetrevisao_detalheaspxcod=461gt Acesso em 29032011 lthttpwwwclassificadosmercosulcombrmercosul_infomercosul01htmgt Acesso em 29022011 ltwwwmpsgovbracordosinternacionaisgt Acesso em 03012011 lthttpwwwprevidenciasocialgovbrconteudoDinamicophpid=111gt Acesso em 10042011 lthttpbuenoecostanzeadvbrindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=4642ampItemid=96gt Acesso em 20032011 lthttpogloboglobocomeconomiamat20071109327102998aspgt Acesso em 20072009 lthttpportaldataprevgovbr20090726siaci-sistemas-de-acordos-internacionaisgt Acesso em 15082009 lthttpwwwplanaltogovbrgt Acesso em 02032010 lthttpwwwprevidenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_01aspgt Acesso em 25042009 lthttpwww1previdenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_05aspgt Acesso em 20042011 lthttpwww2mregovbrdai003htmlgt Acesso em 10052008 lthttpwww2mregovbrdaidtrathtmgt Acesso em 12052008 lthttpwwwnotadezcombrgt Acesso em 07022008 lthttpwwwreceitafazendagovbrlegislacaoacordosinternacionaisAcordosComplEconomicaDefaulthtmgt Acesso em 10022011

93

ANEXOS

94

ANEXO 1

Estrutura Institucional do MERCOSUL

95

ANEXO 2

Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses

acordantes - 20072009

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20072009

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS

INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por

Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2007 482 293 33 54 88 14 TOTAL 2008 858 431 62 58 292 15 2009 1616 1052 79 131 335 19 2007 17 9 ndash 8 ndash ndash Argentina 2008 27 15 ndash 8 4 ndash 2009 45 30 1 10 4 ndash 2007 19 16 ndash 1 2 ndash Chile 2008 6 4 2 ndash ndash ndash 2009 1 1 ndash ndash ndash ndash 2007 121 87 9 12 11 2 Espanha 2008 239 127 16 14 79 3 2009 549 363 25 52 102 7 2007 2 ndash 1 ndash 1 ndash Greacutecia 2008 5 4 ndash ndash 1 ndash 2009 14 11 ndash 1 2 ndash 2007 46 39 1 ndash 6 ndash Itaacutelia 2008 80 69 1 2 7 1 2009 163 139 3 2 18 1 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2008 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2009 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Mercosul 2008 4 4 ndash ndash ndash ndash 2009 28 21 ndash 5 2 ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Paraguai 2008 2 2 ndash ndash ndash ndash 2009 4 4 ndash ndash ndash ndash 2007 259 136 22 22 68 11 Portugal 2008 470 195 43 26 196 10 2009 778 453 49 60 205 11 2007 18 6 ndash 11 ndash 1 Uruguai 2008 25 11 ndash 8 5 1 2009 34 30 1 1 2 ndash

FONTE MPSSEAssessoria de Assuntos Internacionais

96

Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo

paiacuteses acordantes - 20012003

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20012003

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2001 148 37 8 17 86 ndash TOTAL 2002 368 146 18 19 182 3 2003 444 232 25 25 162 ndash 2001 2 ndash 1 1 ndash ndash Argentina 2002 5 2 ndash 3 ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 2 2 ndash ndash ndash ndash Chile 2002 2 1 ndash ndash 1 ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash 2001 27 14 3 2 8 ndash Espanha 2002 106 71 5 4 26 ndash 2003 201 128 7 20 46 ndash 2001 1 ndash ndash ndash 1 ndash Greacutecia 2002 4 1 ndash 2 1 ndash 2003 7 5 1 ndash 1 ndash 2001 3 1 ndash ndash 2 ndash Itaacutelia 2002 17 16 1 ndash ndash ndash 2003 19 15 1 ndash 3 ndash 2001 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2002 3 3 ndash ndash ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 105 19 4 7 75 ndash Portugal 2002 224 52 12 3 154 3 2003 215 82 16 5 112 ndash 2001 8 1 ndash 7 ndash ndash Uruguai 2002 7 ndash ndash 7 ndash ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash

FONTE DATAPREV SUB

97

ANEXO 3

JURISPRUDEcircNCIA

ACOacuteRDAtildeO 1

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20067110006064-5RS

RELATOR Juiz Federal GUILHERME PINHO MACHADO

APELANTE JUAN MARIO LOPES BARBOZA

ADVOGADO Jose Ricardo Caetano Costa

APELADO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria Regional da PFE-INSS

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilOCONTRIBUICcedilAtildeO ACORDO PREVIDENCIAacuteRIO ENTRE BRASIL E URUGUAI COcircMPUTO DE TEMPO DE SERVICcedilO ANTERIOR AO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 57222006 INCIDEcircNCIA DOS ARTS V E VII DO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 8524880 AUSEcircNCIA DE IRREGULARIDADE NA CONDUTA DO INSS RETARDO NO ATENDIMENTO DO PEDIDO DECORREcircNCIA DA NECESSIDADE DE OBTENCcedilAtildeO DE PARECER DA INSTITUICcedilAtildeO PREVIDENCIAacuteRIA ALIENIacuteGENA

1 Em 27 de janeiro de 1977 foi assinado em Montevideacuteu o Acordo de Previdecircncia Social entre os Governos do Brasil e do Uruguai que teve seu texto aprovado pelo Decreto Legislativo nordm 6778 e promulgado pelo Decreto Presidencial nordm 852481980 publicado em 15101980 2 Posteriormente foi celebrado em 15121997 o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum e seu Regulamento Administrativo contendo o respectivo Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o qual entrou em vigor no plano internacional em 01062005 tendo sido promulgado no Brasil por intermeacutedio do Decreto Presidencial nordm 57222006 publicado em 13032006 3 Sendo os periacuteodos controvertidos anteriores agrave vigecircncia do Acordo de Seguridade Social do Mercosul natildeo tem aplicabilidade por decorrecircncia tal regramento na espeacutecie na forma dos arts 8ordm e 17 do Decreto Presidencial nordm 57222006 4 O direito invocado pelo autor assim deve ser examinado agrave luz dos artigos V e VII do Decreto Presidencial nordm 8524880 que promulga o Acordo de Previdecircncia Social celebrado entre Brasil e Uruguai devendo o cocircmputo dos periacuteodos trabalhados nos signataacuterios ser regido pela legislaccedilatildeo do paiacutes onde tenham sido realizados os respectivos serviccedilos sendo que caberaacute agrave entidade gestora do paiacutes em que natildeo foi apresentado o pedido de aposentadoria informar se o interessado comprova os periacuteodos de atividades cumpridos em seu territoacuterio informaccedilatildeo essa a ser prestada agrave entidade similar do paiacutes em que feito o pedido de concessatildeo de benefiacutecio

98

5 Nesse contexto natildeo haacute falar em desiacutedia ou ineficiecircncia do INSS no atendimento do requerimento do autor uma vez que o retardo para anaacutelise do pedido decorrente da necessidade de se obter a teor do acordo internacional que regula a mateacuteria parecer da respectiva instituiccedilatildeo de previdecircncia alieniacutegena

ACOacuteRDAtildeO 2

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 0000395-6720104049999SC

RELATOR Des Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO ARI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA PREVIDENCIAacuteRIO PROCESSUAL CIVIL AGRAVO RETIDO IMPROVIDO CONCESSAtildeO DE APOSENTADORIA POR IDADE RURAL SEGURADO ESPECIAL REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR EXERCIacuteCIO NO PARAGUAI CAREcircNCIA Segundo prevecirc o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o periacuteodo de labor rural exercido em outro paiacutes in casu no Paraguai natildeo eacute haacutebil para caracterizaccedilatildeo de lapso carencial quando ausente a certificaccedilatildeo do labor pelo outro Estado signataacuterio

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia 6ordf Turma do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por maioria negar provimento ao agravo retido extinguir o feito sem julgamento de meacuterito e julgar prejudicada a apelaccedilatildeo do INSS e a remessa oficial vencido o Juiz Federal Loraci Flores de Lima nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 10 de agosto de 2010

Desembargador Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA Relator

99

ACOacuteRDAtildeO 3

APELACcedilAtildeOREEXAME NECESSAacuteRIO Nordm 20047104009576-7RS

RELATOR Des Federal LUIacuteS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE

APELANTE ENRIQUE MANUEL EIRAS MAYO

ADVOGADO Igor Loss da Silva

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO (Os mesmos)

REMETENTE JUIacuteZO SUBSTITUTO DA 02A VF DE PASSO FUNDO

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilO CONCESSAtildeO RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL COMPROVACcedilAtildeO CONVERSAtildeO TEMPO DE SERVICcedilO NO EXTERIOR (REPUacuteBLICA ARGENTINA) ACORDO BILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL (DECRETO Ndeg 8791882) TEMPUS REGIT ACTUM ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL (DECRETO Ndeg 572206) APLICACcedilAtildeO A ATOS JURIacuteDICOS FUTUROS POSSIBILIDADE TOTALIZACcedilAtildeO DOS PERIacuteODOS DE CONTRIBUICcedilAtildeO POSSIBILIDADE CAacuteLCULO DE RMI PROPORCIONALIDADE BENEFIacuteCIO EVENTUALMENTE COMPOSTO DE DUAS PARCELAS SE SATISFEITOS OS REQUISITOS EM AMBOS OS PAIacuteSES DETERMINACcedilAtildeO DA CONCESSAtildeO DO BENEFIacuteCIO NA ARGENTINA IMPOSSIBILIDADE TRAcircMITE DE PEDIDO DE APOSENTADORIA PELOS ORGANISMOS DE LIGACcedilAtildeO 1 Uma vez exercida atividade enquadraacutevel como especial sob a eacutegide da legislaccedilatildeo que a ampara o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal e ao acreacutescimo decorrente da sua conversatildeo em tempo de serviccedilo comum no acircmbito do Regime Geral de Previdecircncia Social A Lei nordm 971198 e o Regulamento Geral da Previdecircncia Social aprovado pelo Decreto nordm 3048 de 06-05-1999 resguardam o direito adquirido de os segurados terem convertido o tempo de serviccedilo especial em comum ateacute 28-05-1998 observada para fins de enquadramento a legislaccedilatildeo vigente agrave eacutepoca da prestaccedilatildeo do serviccedilo 2 Ateacute 28-04-1995 eacute admissiacutevel o reconhecimento da especialidade por categoria profissional ou por sujeiccedilatildeo a agentes nocivos aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruiacutedo) a partir de 29-04-1995 natildeo mais eacute possiacutevel o enquadramento por categoria profissional devendo existir comprovaccedilatildeo da sujeiccedilatildeo a agentes nocivos por qualquer meio de prova ateacute 05-03-1997 e a partir de entatildeo e ateacute 28-05-1998 por meio de formulaacuterio embasado em laudo teacutecnico ou por meio de periacutecia teacutecnica 3 Nos termos do que preconiza a regra do tempus regit actum tendo o segurado laborado na Argentina entre a deacutecada de 60 e 70 bem como datando o requerimento administrativo de 2000 deve-se aplicar o Decreto ndeg 8791882 para

100

fins de verificaccedilatildeo do seu direito agrave contagem do tempo laborado no exterior bem como agrave concessatildeo de aposentadoria por tempo de serviccedilo no Brasil 4 Aplicaccedilatildeo do Decreto ndeg 572206 quanto a questotildees de procedimentos ainda pendentes ressaltando-se natildeo se tratar de aplicaccedilatildeo retroativa porque referente a atos ainda inocorridos estando desde jaacute ressalvados os direitos adquiridos 5 A verificaccedilatildeo do direito agrave aposentadoria em cada Estado Acordante se daraacute com a soma (totalizaccedilatildeo nos termos do Decreto ndeg 8791882) dos periacuteodos laborados em cada um dos paiacuteses como se os periacuteodos de seguro totalizados houvessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo (art VIII a do Decreto ndeg 8791882) Eacute possiacutevel que o segurado possua quando do requerimento de concessatildeo apenas direito agrave aposentadoria em um dos Estados Acordantes o que natildeo impede a concessatildeo proporcional 6 Os valores corresponde a cada entidade gestora (Brasil e Argentina) seratildeo resultantes da proporccedilatildeo estabelecida entre o periacuteodo totalizado e o tempo cumprido sob a legislaccedilatildeo de seu proacuteprio Estado vedada a concessatildeo de benefiacutecio com valor inferior a um salaacuterio miacutenimo (art XII a do Decreto ndeg 8791882 bem como do art 201 sect 2deg) 7 Natildeo eacute de competecircncia deste juiacutezo verificar o direito do autor agrave aposentadoria na Repuacuteblica Argentina pela impossiacutevel de sua condenaccedilatildeo ao pagamento em decorrecircncia das imunidades de jurisdiccedilatildeo e execuccedilatildeo insuperaacuteveis no caso O proacuteprio Acordo Bilateral de Seguridade Social do Brasil e da Argentina (Decreto ndeg 8791882) determina que o exame de meacuterito - do direito agrave aposentadoria - caberaacute independentemente a cada Estado Acordante natildeo se podendo questionar a decisatildeo de aposentadoria 8 O tracircmite do pedido de aposentadoria na Argentina deve ocorrer atraveacutes dos Organismos de Ligaccedilatildeo (Art 1 d do Decreto ndeg 572206 cc art 2 ndeg 3 da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) com o estabelecimento de regras para 9apresentaccedilatildeo por meio deles de solicitaccedilotildees ao outro paiacutes Acordante quanto agraves prestaccedilotildees pecuniaacuterias (Tiacutetulo VI da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade determinar a implantaccedilatildeo do benefiacutecio dar parcial provimento ao apelo do autor parcial provimento ao apelo do INSS e parcial provimento agrave remessa oficial nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 11 de fevereiro de 2010

Desembargador Federal Luiacutes Alberto dAzevedo Aurvalle Relator

101

ACOacuteRDAtildeO 4

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC

RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO NELSI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA 1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

Porto Alegre 12 de janeiro de 2010

LORACI FLORES DE LIMA

Relator

102

ANEXO 4

Formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo do

Deslocamento Temporaacuterio

103

104

105

106

107

108

109

110

111

112

Page 5: A PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA PREVISTA NO ACORDO …

LISTA DE SIGLAS

ALADI ALALC ALCA AISS BENELUX BID CAJAI CISS CCSCS CE CECA CEE CEEA CEPAL CES CMC DAT DCB DDB DER DIB DIC DID DII DIP EFTA EUA EURES FCES FSE FOCEM GATT GMC INTAL IPEA MERCOSUL NAFTA OAB OEA OISS OIT ONU Pacto do ABC PESC PIB PICE POP RGPS RPPS

Associaccedilatildeo Latino-Americana de Integraccedilatildeo Associaccedilatildeo Latino-Americana de Livre Comeacutercio Aacuterea de Livre Comeacutercio das Ameacutericas Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social Uniatildeo Econocircmica formada pela Beacutelgica Paiacuteses Baixos e Luxemburgo BID ndash Banco Interamericano de Desenvolvimento Cooperaccedilatildeo no Acircmbito da Justiccedila e dos Assuntos Internos Conferecircncia Interamericana de Seguridade Social Coordenadoria das Centrais Sindicais do Cone Sul Comunidade Europeacuteia Comunidade Europeacuteia do Carvatildeo e do Accedilo Comunidade Econocircmica Europeacuteia Comunidade Econocircmica de Energia Atocircmica Comissatildeo Econocircmica das Naccedilotildees Unidas para a Ameacuterica Latina e Caribe Comitecirc Econocircmico e Social Conselho do Mercado Comum Data do Afastamento do Trabalho Data da cessaccedilatildeo do benefiacutecio Data do Despacho do Benefiacutecio Data da Entrada do Requerimento Data do iniacutecio do benefiacutecio Data do iniacutecio das contribuiccedilotildees Data do iniacutecio da doenccedila Data do iniacutecio da incapacidade Data do iniacutecio do pagamento Associaccedilatildeo Europeacuteia de Livre Comeacutercio Estados Unidos da Ameacuterica Rede Europeacuteia de Serviccedilos Foro Consultivo Econocircmico e Social Fundo Social Europeu Fundo para a Convergecircncia Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul Acordo Geral de Tarifas e Comeacutercio Grupo Mercado Comum Instituto para a Integraccedilatildeo da Ameacuterica Latina Instituto de Pesquisas Econocircmicas Avanccediladas Mercado Comum do Sul Acordo Norte-Americano de Livre Comeacutercio Ordem dos Advogados do Brasil Organizaccedilatildeo dos Estados Americanos Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas Pacto do Brasil Argentina e Chile Poliacutetica de Exterior e Seguranccedila Comum Produto Interno Bruto Programa de Integraccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo Econocircmica entre Brasil e Argentina Protocolo de Ouro Preto Regime Geral de Previdecircncia Social Regime Proacuteprio de Previdecircncia Social

SIACI SUSS SGT TAUE TCE TCEE TEC TJCE TUE UE ZLC

Sistema de Acordos Internacionais Sistema Uacutenico de Seguridade Social Subgrupo de Trabalho Tratado do Ato Uacutenico Europeu Tratado da Comunidade Europeia Tratado da Comunidade Econocircmica Europeia Tarifa Externa Comum Tribunal de Justiccedila das Comunidades Europeias Tratado da Uniatildeo Europeia Uniatildeo Europeia Zona de Livre Comeacutercio

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1 Demonstrativo das autorizaccedilotildees de trabalhos concedidas a pessoas dos Estados Partes do MERCOSUL 28

Tabela 2 Resumo da anaacutelise dos sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL 43

Tabela 3 ndash Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social 52

Quadro 1 Demonstrativo de algumas assimetrias no bloco 25

Quadro 2 Organismos de Ligaccedilatildeo no Brasil para acordos com outros paiacuteses 66

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO 1 13 1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES 13 11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO 13 12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL 16

121 Fases da Integraccedilatildeo 16 122 Antecedentes Histoacutericos 18 123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais 21 13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL 24

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas 26 132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL 32 CAPIacuteTULO 2 44 2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 44

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL 48 23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE

SOCIAL 51 24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 53 241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral 56

CAPIacuteTULO 3 60

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL NO MERCOSUL 60

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 62

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS 64

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 69

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade Social 74

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios 74 333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo 76

CONCLUSAtildeO 80

REFEREcircNCIAS 83

ANEXOS 93

Ao Emerson pelo incentivo ao estudo Aos professores Marco Antocircnio Ceacutesar Villatore e Lenir Mainardes da Silva pela colaboraccedilatildeo tatildeo valiosa na conclusatildeo deste trabalho

Agrave minha orientadora Lucia Cortes da Costa pela disposiccedilatildeo atenccedilatildeo e rigor no acompanhamento e construccedilatildeo do trabalho

Ao meu pai matildee irmatilde e irmatildeo que satildeo fontes de estiacutemulos para continuar sempre lutando

10

INTRODUCcedilAtildeO

Com o desenvolvimento da sociedade internacional e a intensificaccedilatildeo das

relaccedilotildees entre os Estados os Tratados e os Acordos se converteram na fonte

principal do Direito Internacional e assumem atualmente a funccedilatildeo similar agrave que eacute

exercida pela legislaccedilatildeo interna dos Estados pois regula as relaccedilotildees legais mais

diversas entre paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais nos campos mais variados das

relaccedilotildees humanas

O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo econocircmica e o surgimento de sistemas

regionais de integraccedilatildeo fizeram crescer de forma acentuada o fluxo migratoacuterio de

matildeo de obra para os mais diversos paiacuteses em busca de boas oportunidades

profissionais e de melhores condiccedilotildees de vida

O Brasil conta com uma grande quantidade de cidadatildeos que natildeo habitam e

natildeo exercem suas atividades laborais em seu territoacuterio nacional da mesma forma

que recebe muitos trabalhadores provenientes de outros paiacuteses

Todo este movimento traz como consequecircncia o fato de que muitos

migrantes ao contribuir para sistemas previdenciaacuterios de diversos paiacuteses

eventualmente natildeo completem os requisitos para conseguir sua aposentadoria ou

para obter outros benefiacutecios contando somente o tempo de contribuiccedilatildeo de um dos

paiacuteses nos quais trabalhou

Na esfera da seguridade social temos que destacar a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) sobre igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros a qual foi aprovada pelo Brasil em 24 de agosto de 1968

No artigo 7ordm da Convenccedilatildeo se estabelece que os paiacuteses signataacuterios teratildeo de se

esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento de direitos de

seguridade social Este sistema deve principalmente prever a totalizaccedilatildeo dos

periacuteodos de trabalho para a contabilizaccedilatildeo previdenciaacuteria de trabalho ou residecircncia

os de aquisiccedilatildeo manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de direitos bem como para o caacutelculo

das aposentadorias Desta forma eacute indispensaacutevel por em praacutetica poliacuteticas puacuteblicas

para a consecuccedilatildeo de tais direitos

No presente trabalho apresenta-se um estudo sobre o Acordo Multilateral de

Seguridade Social no MERCOSUL em virtude da perspectiva da livre circulaccedilatildeo de

trabalhadores no bloco atraveacutes do desenvolvimento de sua dimensatildeo social e a

11

internacionalizaccedilatildeo dos sistemas de previdecircncia social que passam a ter um papel

importante para viabilizaccedilatildeo de todo esse processo

Na pesquisa o objeto problematizado foi a proteccedilatildeo previdenciaacuteria prevista

no Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL qual a garantia em

relaccedilatildeo agrave manutenccedilatildeo da renda para os trabalhadores que durante sua vida de

trabalho vinculem-se a mais de um sistema previdenciaacuterio dentro do bloco regional

Para desenvolver a pesquisa a metodologia utilizada foi qualitativa

pesquisa documental bibliograacutefica e baseada em decisotildees judiciais

O texto foi dividido em trecircs capiacutetulos o primeiro aborda as informaccedilotildees

referentes agrave integraccedilatildeo regional e seus impasses como a construccedilatildeo do

MERCOSUL e assimetrias no bloco regional Retrata as dificuldades do processo de

integraccedilatildeo ocorrido entre os paiacuteses que hoje compotildeem o MERCOSUL

Neste capiacutetulo a investigaccedilatildeo parte da anaacutelise do Tratado de Assunccedilatildeo

documento marco na constituiccedilatildeo do MERCOSUL abordando as fases de

integraccedilatildeo econocircmica para o Mercado Comum do Sul quais sejam a zona de livre

comeacutercio uniatildeo aduaneira e mercado comum

O segundo capiacutetulo apresenta o processo de celebraccedilatildeo de acordos

internacionais que tratam de mateacuteria previdenciaacuteria como um fruto do fenocircmeno da

globalizaccedilatildeo e do aumento do fluxo migratoacuterio Os acordos internacionais satildeo

instrumentos que expressam a vontade dos Estados em texto escrito com o

objetivo de originar efeitos juriacutedicos na aacuterea internacional onde constam os direitos

e as obrigaccedilotildees reciacuteprocas

Diante disso foi assinado o Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL no dia 15 de dezembro de 1997 e que entrou em vigor em 2005 cujas

legislaccedilotildees no Brasil satildeo o Decreto Legislativo nordm 451 de 15 de novembro de 2001

e o regulamento Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo de 2006

A importacircncia social deste Acordo desponta a partir do momento que o

trabalhador dificilmente tem a possibilidade de optar por um tipo de viacutenculo de

trabalho em regra tendo apenas a preocupaccedilatildeo de obter e manter um emprego O

problema de como manter a renda do trabalhador na inatividade apresenta-se na

hora de se aposentar momento em que natildeo sabe como proceder e nem a quem

recorrer principalmente se transitou por paiacuteses com diferentes sistemas

previdenciaacuterios

12

A partir daiacute apresentamos os Acordos bilaterais de Previdecircncia Social

realizados pelo Brasil e especialmente o Acordo Multilateral de Seguridade Social

no MERCOSUL

Jaacute a partir do terceiro capiacutetulo passamos a analisar a aacuterea previdenciaacuteria

dentro dos objetivos inicialmente aspirados por Brasil Argentina Paraguai Uruguai

a partir das normas operacionais para eficaacutecia do Acordo Multilateral de Previdecircncia

Social Analisamos o Regulamento administrativo abordamos os oacutergatildeos de ligaccedilatildeo

e os processamentos de informaccedilotildees sobre os trabalhadores cobertos pelo Acordo

assim como a forma de solicitaccedilatildeo de benefiacutecios totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de tempo

de contribuiccedilatildeo e as normas operacionais voltadas agraves empresas e aos trabalhadores

no deslocamento temporaacuterio de trabalhadores nos paiacuteses pertencentes ao bloco

13

CAPIacuteTULO 1

1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES

11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO

O Mercado Comum do Sul MERCOSUL desenvolveu-se por fases de

integraccedilatildeo e atualmente eacute uma Uniatildeo Aduaneira e seu objetivo eacute evoluir agrave condiccedilatildeo

de Mercado Comum Muito embora o Tratado de Assunccedilatildeo seja um acordo

internacional de cunho marcadamente econocircmico sua assinatura significou um

projeto estrateacutegico regional em que os alicerces que enquadram as relaccedilotildees entre

os Estados Partes representa acima de tudo um acordo poliacutetico

O MERCOSUL pode ser considerado um fator de estabilidade na regiatildeo

pois gera uma trama de interesses e relaccedilotildees que torna mais profundas as ligaccedilotildees

entre os paiacuteses tanto econocircmicas quanto poliacuteticas

Os responsaacuteveis poliacuteticos as burocracias estatais os trabalhadores e os

empresaacuterios tecircm no MERCOSUL um acircmbito de discussatildeo de muacuteltiplas e complexas

facetas em que podem ser abordados assuntos de interesse comum1

De acordo com More a regionalizaccedilatildeo pode ser compreendida como segue

Regionalizaccedilatildeo pode ser definida numa oacutetica econocircmica como o conjunto de medidas tomadas pelo Estado para aumentar ou diminuir os obstaacuteculos agraves trocas aos investimentos aos fluxos de capitais e aos movimentos de fatores entre os grupos de paiacuteses envolvidos Numa perspectiva juriacutedica eacute o fenocircmeno resultante da composiccedilatildeo dos interesses econocircmicos atraveacutes de acordos internacionais que visam delimitar e fixar positivamente os objetivos e os meios de realizaccedilatildeo destes interesses

2

Para Praxedes e Piletti3 regionalizaccedilatildeo e globalizaccedilatildeo satildeo dois processos

simultacircneos que estatildeo ocorrendo no mundo atual Enquanto a globalizaccedilatildeo consiste

no processo de dissoluccedilatildeo das fronteiras entre os paiacuteses para facilitar a atuaccedilatildeo

1 Sobre o MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwmercosurorguygt Acesso em 10032010

2 MORE Rodrigo Fernandes Fundamentos das Operaccedilotildees de Paz das Naccedilotildees Unidas e a

Questatildeo de Timor Leste Dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo de tiacutetulo de mestre em direito na Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo Biblioteca da Faculdade de Direito da USP 2002

3 PRAXEDES Walter PILETTI Nelson O Mercosul e a Sociedade Global 8 ed Satildeo Paulo

Aacutetica 1997 p 58

14

das empresas transnacionais a regionalizaccedilatildeo consiste na formaccedilatildeo de blocos

regionais para defender as empresas jaacute instaladas na regiatildeo contra a concorrecircncia

de empresas de outras regiotildees ou paiacuteses

Apesar de estes dois movimentos interagirem natildeo deixam de ser

contraditoacuterios jaacute que a globalizaccedilatildeo aposta na livre circulaccedilatildeo em niacutevel mundial

enquanto a regionalizaccedilatildeo une paiacuteses para fortalecer geralmente com praacuteticas

protecionistas quando se trata de comeacutercio exterior4

De acordo com Kol5 citado por More

6 observamos que existem pelo menos

trecircs modalidades de regionalismo em relaccedilatildeo ao desenvolvimento do comeacutercio

mundial formaccedilatildeo de blocos regionalismo e polarizaccedilatildeo

A formaccedilatildeo de blocos refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo do comeacutercio

internacional entre paiacuteses membros de um acordo formal de livre comeacutercio ou outro

acordo formal de integraccedilatildeo econocircmica O Regionalismo que expressa vontade

poliacutetica dos Estados refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo de comeacutercio

internacional entre paiacuteses que satildeo parte de um grupo de Estados com

predominacircncia do elemento de proximidade geograacutefica

Nesta perspectiva a regionalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno natural diretamente

ligado ao fator proximidade geograacutefica tal como ocorre entre zonas fronteiriccedilas E

finalmente a polarizaccedilatildeo apresenta-se como um caso especial de regionalismo

entre paiacuteses em diferentes estaacutegios de desenvolvimento Eacute uma relativa

concentraccedilatildeo de comeacutercio internacional de um grupo de estados em

desenvolvimento com um grupo de Estados industrializados em proximidade

geograacutefica

Percebe-se desta classificaccedilatildeo de Kol que o termo regionalizaccedilatildeo eacute distinto

do termo regionalismo Para a proposta de Kol o fenocircmeno de regionalizaccedilatildeo

explica movimentos naturais da economia que ao longo do tempo foram a proacutepria

razatildeo do aprofundamento e alargamento dos processos de integraccedilatildeo pelos de

4 PEREIRA Joseacute Adriano Mercosul em Movimento II In Liberalismo econocircmico e processo de

integraccedilatildeo na Ameacuterica Latina Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 p 100 5 Estudioso da Integraccedilatildeo Econocircmica Internacional na Universidade Erasmus de Rotterdan

6 KOL Jacob Regionalization Polarization and Blocformation in the World Economy Revista

Integraccedilatildeo e especializaccedilatildeo Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Coimbra 1996 p 17 apud MORE Rodrigo Fernandes Integraccedilatildeo econocircmica Internacional Jus Navigandi Teresina ano 6 n 59 outubro 2002 Disponiacutevel em lthttpjusuolcombrrevistatexto3307integracao-economica-internacionalgt Acesso em 24102010

15

acordos formais seja para formaccedilatildeo de aacutereas de livre comeacutercio bilaterais ou de

proacutepria formaccedilatildeo de blocos econocircmicos

No mesmo sentido Ana Maria Stuart entende regionalismo como construccedilatildeo

de uma nova dimensatildeo poliacutetica econocircmica e social na qual se processa a

transformaccedilatildeo do Estado-naccedilatildeo em especial de seus atributos de autonomia e

soberania e regionalizaccedilatildeo eacute a integraccedilatildeo com base crescente de interdependecircncia

econocircmica e na resoluccedilatildeo dos problemas colocados pelos mercados7

Soares aponta que a constituiccedilatildeo de um mercado comum afina as relaccedilotildees

comerciais poliacuteticas cientiacuteficas acadecircmicas culturais e tem como dentre outras

as seguintes vantagens

- maior variedade de bens finais agrave disposiccedilatildeo dos consumidores o que representa um incremento em seu bem estar maior concorrecircncia que implica entre outras coisas maior qualidade dos bens e serviccedilos oferecidos menores preccedilos e uma atribuiccedilatildeo de recursos mais eficiente uma importante economia de recursos que inicialmente se destinam agraves reparticcedilotildees aduaneiras - melhor atribuiccedilatildeo de recursos - reduccedilatildeo dos custos de transporte e comunicaccedilatildeo pela integraccedilatildeo fiacutesica dos Estados Partes que contempla o MERCOSUL

8

Ocorre que o processo de integraccedilatildeo natildeo pode se resumir a uma integraccedilatildeo

com conotaccedilatildeo apenas econocircmica pois para dar certo a economia haacute

envolvimento de trabalhadores e portanto o processo de integraccedilatildeo deve viabilizar

uma integraccedilatildeo em todos os seus aspectos econocircmico poliacutetico e tambeacutem e tatildeo

importante o aspecto social Neste sentido ainda comenta Soares9 que a

participaccedilatildeo dos Estados eacute decisiva para a integraccedilatildeo dos blocos econocircmicos

visando ao processo poliacutetico para a criaccedilatildeo do mercado dentro de paracircmetros

democraacuteticos

As relaccedilotildees poliacuteticas internacionais e a formaccedilatildeo dos blocos econocircmicos

vecircm a ser uma estrateacutegia organizada pelos Estados O MERCOSUL constitui-se

7 STUART Ana Maria A construccedilatildeo de um novo regionalismo In MENDES Jussara Maria Rosa

et al (Orgs) Mercosul em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 107

8 SOARES Maacuterio Luacutecio Quintatildeo MERCOSUL direitos humanos globalizaccedilatildeo e soberania Belo

Horizonte Del Rey 1997 p 86 9 Ibid

16

como um bloco intergovernamental que resulta de decisatildeo poliacutetica dos governos

dos Estados Partes na busca pela integraccedilatildeo regional10

Estudando a formaccedilatildeo e o desenvolvimento do MERCOSUL observamos

que para que uma integraccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria vontade poliacutetica nas questotildees de

desenvolvimento social promoccedilatildeo de intercacircmbio cultural e laboral preocupaccedilatildeo

quanto agraves questotildees de direitos humanos seguridade social entre outras

12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL

121 Fases da Integraccedilatildeo

No dia 30 de novembro de 1985 Argentina e Brasil inauguram um novo

esquema de integraccedilatildeo mediante a Declaraccedilatildeo de Iguaccedilu com a qual inicia uma

comissatildeo mista de alto niacutevel integrada por representantes dos governos e

instituiccedilotildees empresariais cujos trabalhos deram lugar agrave assinatura da Ata para

integraccedilatildeo argentino-brasileira de 29 de julho de 1986 A Ata estabeleceu um

programa de Integraccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo econocircmica entre as duas repuacuteblicas

Segundo Jaeger Junior11

ldquonascia nesse momento o embriatildeo do bloco regional do

Cone Sulrdquo

Em 1988 eacute assinado o Tratado de Integraccedilatildeo Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento entre Brasil e Argentina que se deve ao fato de buscar um espaccedilo

econocircmico comum a ser concretizado na eliminaccedilatildeo de todas as restriccedilotildees tarifaacuterias

e natildeo-tarifaacuterias ao comeacutercio de bens e serviccedilos A inflaccedilatildeo que accediloitou ambos os

paiacuteses em 1989 e 1990 e o fracasso de seus respectivos planos econocircmicos

austral e cruzado desembocaram para que uma vez mais as poliacuteticas comerciais

voltassem a ser restritivas estancando-se os avanccedilos da integraccedilatildeo regional12

10

COSTA Lucia Cortes da Poliacuteticas sociais no MERCOSUL desafios para uma integraccedilatildeo regional com reduccedilatildeo das desigualdades sociais In COSTA Lucia Cortes da (Org) Estado e democracia Pluralidade de questotildees Ponta Grossa Ed UEPG 2008 p 139

11 JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 1999 Disponiacutevel em ltwwwbuscalegisufscbrmercosul20e20a20livrelaccedilatildeogt Acesso em 20092010 p 30

12 KUME Honoacuterio PIANI Guida Mercosul o dilema entre uniatildeo aduaneira e aacuterea de livre-comeacutercio

Revista Economia Poliacutetica Satildeo Paulo v 25 n 4 OctDec 2005

17

Com as mudanccedilas de governo que se produziram e novos enfoques poliacutetico-

econocircmicos com objetivos similares entre os que cabiam a desregulaccedilatildeo e abertura

de suas economias o processo se revitalizou assinando-se a ata de Buenos Aires

em julho de 1990 que decide estabelecer um mercado comum entre os dois paiacuteses

Outro passo a mais foi a assinatura do Acordo de Complementaccedilatildeo

Econocircmica nuacutemero 14 que reuacutene num uacutenico corpo todos os acordos vigentes antes

celebrados entre os Brasil e Argentina adota o programa de rebaixas alfandegaacuterias

gerais lineares e automaacuteticas previsto e adota uma seacuterie de outras medidas

complementares recolhidas depois no Tratado de Assunccedilatildeo do qual o acordo

Argentina-Brasil eacute claro procedente imediato13

O Tratado de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 aproveita todos os

embasamentos estabelecidos no Acordo Argentina ndash Brasil somando-se aos

propoacutesitos de estabelecer um Mercado Comum do Sul Paraguai e Uruguai em

igualdade de direitos e de obrigaccedilotildees A integraccedilatildeo regional apresenta-se sob

diferentes fases como a zona de livre comeacutercio uniatildeo aduaneira mercado comum

uniatildeo econocircmica e monetaacuteria e integraccedilatildeo econocircmica total

Inicialmente no processo de integraccedilatildeo haacute a fase de Zona de Livre

Comeacutercio De acordo com Jaeger Junior14

a ldquozona de livre comeacutercio eacute a eliminaccedilatildeo

atraveacutes de um acordo dos obstaacuteculos tarifaacuterios e natildeo-tarifaacuterios agraves exportaccedilotildees e

importaccedilotildees comerciais dos produtos originaacuterios dos estados-membros integrantes

desta livre zonardquo Conforme o artigo 1ordm do Tratado de Assunccedilatildeo (1991) ldquoA livre

circulaccedilatildeo de bens serviccedilos e fatores produtivos entre os paiacuteses atraveacutes entre

outros da eliminaccedilatildeo dos direitos alfandegaacuterios e restriccedilotildees natildeo-tarifaacuterias agrave

circulaccedilatildeo de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalenterdquo

Em seguida haacute a fase da Uniatildeo Aduaneira em que os Estados Partes ao

reconhecerem as assimetrias entre as economias nacionais adotam uma tarifa

externa comum (TEC) em que ocorre a aboliccedilatildeo das tarifas alfandegaacuterias nas

relaccedilotildees comerciais no interior do bloco econocircmico que eacute aplicada aos paiacuteses fora

da uniatildeo15

13

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwreceitafazendagovbrlegislacaoacordosinternacionaisAcordosComplEconomicaDe

faulthtmgt Acesso em 10022011 14

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 38 15

Ibid

18

A fase posterior se daacute pela caracterizaccedilatildeo de Mercado Comum que aleacutem

da liberalizaccedilatildeo comercial estabelece a circulaccedilatildeo de pessoas serviccedilos e capitais

com liberdade fundamental sem barreiras para entrada ou saiacuteda dos cidadatildeos dos

Estados Partes Conforme Jaeger Junior16

eacute necessaacuteria nesta fase agrave adoccedilatildeo de

procedimentos quanto agrave

[] harmonizaccedilatildeo das questotildees trabalhistas e previdenciaacuterias incluindo a assistecircncia social Para os Estados Partes recebedores desse contingente de pessoas seratildeo necessaacuterias as garantias de manutenccedilatildeo da ordem da sauacutede e da seguranccedila puacuteblica

Essas liberdades eacute que permitiratildeo a consolidaccedilatildeo da integraccedilatildeo plena entre

os parceiros estatais envolvidos Neste mesmo contexto Costa17

afirma que eacute

preciso que se estabeleccedilam a harmonizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em diferentes aacutereas

entre as quais a legislaccedilatildeo trabalhista e a regulamentaccedilatildeo profissional e criar

mecanismos efetivos de aplicaccedilatildeo de direitos sociais os direitos trabalhistas e

previdenciaacuterios e tambeacutem a equivalecircncia nos diferentes niacuteveis de ensino como um

caraacuteter mais homogecircneo de serviccedilos educacionais

Ainda existe a fase da Uniatildeo Econocircmica e Monetaacuteria que ocorre quando o

mercado comum eacute combinado com a adoccedilatildeo de poliacutetica monetaacuteria e moeda uacutenica

Esta fase eacute caracterizada pela supressatildeo de restriccedilotildees sobre movimentos de

mercadorias combinada com a harmonizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas nacionais

tornando-as o mais semelhante possiacutevel18

Por fim a fase de Integraccedilatildeo Econocircmica

Total momento em que se passa a adotar uma poliacutetica monetaacuteria fiscal e social

para a unificaccedilatildeo de poliacuteticas de seguranccedila interior e exterior sendo a fase mais

profunda da integraccedilatildeo19

122 Antecedentes Histoacutericos

Apesar de jovem o MERCOSUL eacute o resultado de um processo lento de

16

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 357 17

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 33

18 JAEGER JUNIOR Op cit p 39

19 GOIN Marileacuteia O processo contraditoacuterio da educaccedilatildeo no contexto do MERCOSUL uma

anaacutelise a partir dos Planos Educacionais 2008 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Serviccedilo Social) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 45

19

amadurecimento histoacuterico que ao longo do tempo levou seus Estados Partes a

substituir o conceito de conflito pelo ideal de integraccedilatildeo20

Tal integraccedilatildeo

internacional de cunho significativamente econocircmico significou tambeacutem a coroaccedilatildeo

de um projeto estrateacutegico regional de natureza poliacutetica

Na deacutecada de 1980 o avanccedilo das ideias liberais a democratizaccedilatildeo dos

governos de vaacuterios paiacuteses por sendas constitucionais e o progressivo

desaparecimento dos governos militares geraram modificaccedilotildees importantes na

economia perderam terreno as poliacuteticas de auto-abastecimento e aumento do

comeacutercio sub-regional e introduziu-se em seu lugar a ideia de complementaccedilatildeo e

globalizaccedilatildeo das mesmas para otimizar a eficiecircncia no uso dos fatores e competir

melhor no comeacutercio mundial

Com a globalizaccedilatildeo e as expectativas no enfrentamento da nova realidade

econocircmica mundializada o Brasil a Argentina o Paraguai e o Uruguai

estabeleceram um pacto de se constituiacuterem em um bloco econocircmico regional

integrado por Estados da Ameacuterica do Sul formando o MERCOSUL

O MERCOSUL tem como fonte inspiradora algumas normas de instituiccedilatildeo

do Tratado de Montevideacuteu de 1960 criador da ALALC21

do Tratado de ROMA22

do

Tratado de Montevideacuteu de 1980 criador da ALADI23

e da Convenccedilatildeo do

BENELUX24

No Brasil a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 4ordm paraacutegrafo uacutenico

ao relacionar os princiacutepios que devem nortear as relaccedilotildees internacionais deixa clara

a intenccedilatildeo de buscar fortalecer a integraccedilatildeo dos povos na Ameacuterica Latina com o

intuito de formar uma comunidade latino-americana de naccedilotildees No entanto deixou

omisso qual o modelo de integraccedilatildeo a ser adotado ficando assim como uma mera

aspiraccedilatildeo poliacutetica do paiacutes em formar uma comunidade regional

20

Fonte extraiacuteda do site lthttpwwwclassificadosmercosulcombrmercosul_infomercosul01htmgt Acesso em 29022011

21 A Associaccedilatildeo Latino Americana de Livre Comeacutercio (ALALC) foi criada em fevereiro de 1960 e seu

Tratado encontra-se subscrito por Brasil Argentina Chile Uruguai Meacutexico Paraguai e Peru e posteriormente por Colocircmbia Equador e Venezuela tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

22 O Tratado de Roma assinado em 25 de marccedilo de 1957 influenciou na forma e nos propoacutesitos

estabelecidos na formaccedilatildeo do MERCOSUL 23

A Associaccedilatildeo Latino-Americana de Integraccedilatildeo (ALADI) foi constituiacuteda em substituiccedilatildeo agrave ALALC subscrita pelos paiacuteses membros dessa integraccedilatildeo em 12 de agosto de 1980 tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

24 A Convenccedilatildeo do BENELUX foi firmada em Londres em 5 de setembro de 1944 e ampliada pelo

Protocolo da Haia de 14 de marccedilo de 1947 entre os Estados da Beacutelgica Luxemburgo e os Paiacuteses Baixos os quais pretendiam atingir a etapa de uma integraccedilatildeo de uniatildeo econocircmica

20

A efetivaccedilatildeo do MERCOSUL se deu pela assinatura do Tratado de

Assunccedilatildeo em 26 de marccedilo de 1991 pelas Repuacuteblicas da Argentina do Brasil do

Paraguai e do Uruguai constituindo-se em uma estrateacutegia defensiva da Ameacuterica

Latina frente aos paiacuteses desenvolvidos objetivando o fortalecimento de sua

economia como mecanismo de defesa frente ao projeto da ALCA25

dando a estes

paiacuteses um melhor posicionamento no cenaacuterio mundial

Pelo consenso entre os Estados Partes o MERCOSUL busca adesatildeo de

novos membros com o objetivo de fortalecer o processo de integraccedilatildeo regional e

intensificar as relaccedilotildees com os paiacuteses membros da ALADI Associaccedilatildeo Latino-

Americana de Integraccedilatildeo Os Estados associados do MERCOSUL tecircm como

paiacuteses participantes a Boliacutevia o Chile o Peru a Colocircmbia e o Equador

Boliacutevia Equador Colocircmbia e Peru integram a Comunidade Andina (CAN)

bloco com que o MERCOSUL tambeacutem firmaraacute um acordo comercial26

O status de

membro associado se estabelece por acordos bilaterais denominados Acordos de

Complementacatildeo Econocircmica firmados entre o MERCOSUL e cada paiacutes associado

Em processo de inclusatildeo como membro efetivo do bloco estaacute a Venezuela mas

para que um paiacutes integre o bloco como membro efetivo eacute necessaacuterio que todos os

Estados Partes ratifiquem de maneira unacircnime a entrada deste no bloco

A Venezuela ratificou o protocolo de entrada em 4 de julho de 2006 Em

2005 na XXIX Conferecircncia do MERCOSUL em Montevideacuteu outorgou-se em status

de Estado membro em processo de adesatildeo que na praacutetica significa que tinha voz

mas natildeo voto27

Para a efetivaccedilatildeo da Venezuela no Bloco soacute falta a aprovaccedilatildeo do

Paraguai pois o Brasil a Argentina e o Uruguai jaacute aprovaram o protocolo de

adesatildeo28

25

ALCA ndash Aacuterea de Livre Comeacutercio das Ameacutericas As origens da ALCA remontam ao ano de 1990 quando o entatildeo presidente George Bush lanccedila a ldquoIniciativa para as Ameacutericasrdquo uma proposta de liberalizaccedilatildeo do comeacutercio hemisfeacuterico e de eliminaccedilatildeo das restriccedilotildees para os investimentos das mega-empresas norte-americanas que criaria um espaccedilo privilegiado de ampliaccedilatildeo das fronteiras econocircmicas dos Estados Unidos A ALCA eacute tambeacutem uma iniciativa que procura consolidar uma zona monetaacuteria para o doacutelar e contrabalanccedilar o impacto da formaccedilatildeo de outros grandes blocos regionais na Europa e na Aacutesia

26 Fonte extraiacuteda do site lthttpestudeonlinenetrevisao_detalheaspxcod=461gt Acesso em

29032011 27

Ibid 28

Conforme Folha Online (2009) o Paraguai natildeo aprovou a entrada da Venezuela por analisar que o Presidente Hugo Chaacutevez coloca em risco a democracia do bloco que se constitui como princiacutepio inerente para o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional conforme Protocolo de Ushuaia de julho de 1998 Disponiacutevel em lthttpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u666908shtmlgt Acesso em 20092010

21

Entretanto isto eacute uma questatildeo de tempo porque trecircs paiacuteses jaacute aceitaram

123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais

O MERCOSUL objetiva a integraccedilatildeo dos paiacuteses no sentido da expansatildeo do

mercado interno da ampliaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo da circulaccedilatildeo de riquezas

Com isso pretende o transbordamento das perspectivas de crescimento que deve

ocorrer em harmonia por meio das competiccedilotildees empresariais elevando o niacutevel de

emprego propiciando a melhoria das condiccedilotildees de vida e o desenvolvimento social

dos povos29

Em 1991 o Tratado de Assunccedilatildeo estabeleceu apenas uma estrutura

institucional provisoacuteria que natildeo conferia personalidade juriacutedica ao MERCOSUL uma

vez que seus oacutergatildeos eram totalmente dependentes dos Estados Partes Assim em

decorrecircncia das intensas negociaccedilotildees os Estado Partes decidiram a partir da

entrada em vigor do Protocolo de Ouro Preto assinado em dezembro de 1994

atribuir ao MERCOSUL personalidade juriacutedica de Direito Puacuteblico Internacional

conforme o previsto nos artigos 34 e 35 do referido protocolo30

Portanto o MERCOSUL dispotildee de personalidade juriacutedica de Direito

Internacional desde a assinatura do Protocolo de Ouro Preto (artigo 34) A

titularidade da personalidade juriacutedica do MERCOSUL eacute exercida pelo Conselho do

Mercado Comum (artigo 8ordm III) O Grupo Mercado Comum pode negociar por

delegaccedilatildeo expressa do Conselho do Mercado Comum acordos em nome do

MERCOSUL com paiacuteses terceiros grupos de paiacuteses e organismos internacionais

(artigo 14 VII)

Suas principais fontes juriacutedicas satildeo o Tratado de Assunccedilatildeo e instrumentos

adicionais ou complementares as Decisotildees do Conselho do Mercado Comum as

Resoluccedilotildees do Grupo Mercado Comum e as Diretrizes da Comissatildeo de Comeacutercio31

29

MAGALHAES Maria Luacutecia Cardoso de A harmonizaccedilatildeo dos Direitos Sociais e o MERCOSUL Belo Horizonte Editora Revista dos Tribunais 2000 p 59

30 Art 34 do Protocolo de Ouro Preto ldquoO Mercosul teraacute personalidade juriacutedica internacionalrdquo Art 35

ldquoO Mercosul poderaacute no uso de suas atribuiccedilotildees praticar todos os atos necessaacuterios agrave realizaccedilatildeo de seus objetivos em especial contratar adquirir ou alienar bens moacuteveis e imoacuteveis comparecer em juiacutezo conservar fundos e fazer transferecircnciasrdquo

31 Fonte extraiacuteda da Secretaria de Estado da Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do Mercosul ndash

SEIM Disponiacutevel em lthttpwwwseimprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=32gt Acesso em

10072010

22

O Protocolo de Ouro Preto definiu a estrutura do MERCOSUL da seguinte

forma

a) Conselho do Mercado Comum (CMC) eacute o oacutergatildeo maacuteximo do

MERCOSUL ao qual cabe a conduccedilatildeo poliacutetica do processo de

integraccedilatildeo e pela tomada de decisotildees para garantir o cumprimento dos

objetivos e prazos estabelecidos pelo ldquoTratado de Assunccedilatildeordquo O CMC eacute

formado pelos Ministros das Relaccedilotildees Exteriores e da Economia dos

paiacuteses membros

b) Grupo Mercado Comum (GMC) eacute o oacutergatildeo executivo do MERCOSUL

coordenado pelos Ministeacuterios de Relaccedilotildees Exteriores de cada paiacutes eacute o

principal oacutergatildeo de implementaccedilatildeo dos objetivos do MERCOSUL e de

supervisatildeo de seu funcionamento examinando as questotildees em niacutevel

mais profundo que o Conselho O Grupo Mercado Comum eacute

assessorado em suas atividades por Subgrupos de Trabalho Reuniotildees

Especializadas e Grupos ldquoAd Hocrdquo cada um desses foros auxiliares trata

de temas especiacuteficos

Subgrupos de Trabalho (SGT) SGT 01 - Comunicaccedilotildees SGT 02 -

Aspectos Institucionais SGT 03 - Regulamentos Teacutecnicos SGT 04 -

Assuntos Financeiros SGT 05 - Transportes SGT 06 - Meio Ambiente

SGT 07 - Induacutestria SGT 08 - Agricultura SGT 09 - Energia e Mineraccedilatildeo

SGT 10 - Assuntos Trabalhistas Emprego e Seguridade Social SGT 11

- Sauacutede SGT 12 - Investimentos SGT 13 - Comeacutercio Eletrocircnico SGT 14

- Acompanhamento da Conjuntura Econocircmica e Comercial

Reuniotildees Especializadas Ciecircncia e Tecnologia Cooperativas Turismo

Mulher promoccedilatildeo Comercial Municiacutepios e Prefeituras Infraestrutura da

Integraccedilatildeo e Drogas Prevenccedilatildeo e Reabilitaccedilatildeo de Dependentes

Grupos ldquoAd-Hocrdquo Accediluacutecar Relaccedilotildees Externas Compras Governamentais

e Concessotildees Integraccedilatildeo Fronteiriccedila Comitecirc de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica

Grupo de Serviccedilos Comissatildeo Soacutecio-laboral (Secretaria de Estado da

Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do MERCOSUL ndash SEIM)

c) Comissatildeo de Comeacutercio do MERCOSUL (CCM) eacute o oacutergatildeo encarregado

de assistir ao Grupo Mercado Comum na aplicaccedilatildeo dos instrumentos de

23

poliacutetica comercial comum para o funcionamento da uniatildeo alfandegaacuteria

(CEFIR 2010)32

d) Comissatildeo de Representantes Permanentes do MERCOSUL (CRPM)

que reuacutene as reapresentaccedilotildees diplomaacuteticas dos Estados membros

(CEFIR 2010)33

e) Parlamento do MERCOSUL eacute o que representa a legitimidade e

democracia em termos de representaccedilatildeo poliacutetica do processo o

Parlamento eacute o lugar ideal para o debate para a expressatildeo das

diferentes visotildees para a enunciaccedilatildeo da opiniatildeo da maioria mas tambeacutem

para a possibilidade de expressatildeo das minorias (CEFIR 2010)34

f) Foro Consultivo Econocircmico Social (FCES) eacute o oacutergatildeo de representaccedilatildeo

dos setores econocircmicos e sociais composto por representantes dos

setores empresariais sindicatos e entidades da sociedade civil Tem

funccedilatildeo consultiva elevando recomendaccedilotildees ao GMC

g) Secretaria Administrativa do MERCOSUL eacute o oacutergatildeo de assessoria e

apoio teacutecnico operativo aos outros oacutergatildeos do MERCOSUL Tem sua

sede permanente na cidade de Montevideacuteu

Os oacutergatildeos institucionais do MERCOSUL35

satildeo de natureza

intergovernamental cujas decisotildees tomadas estatildeo vinculadas a procedimentos

internos de cada Estado Parte do bloco portanto satildeo decisotildees tomadas por

governos nacionais que estatildeo sujeitos ao controle dos seus respectivos

parlamentos36

32

Fonte Curso ldquoTodos Somos MERCOSURrdquo ndash CEFIR ndash Plataforma de Integraccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpneccintwordpresscomdireito-internacionalarena-de-ideiasmercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulgt Acesso em 02012011

33 Ibid

34 Ibid

35 No Anexo 2 seraacute apresentado um organograma da estrutura Institucional do MERCOSUL

36 KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees

constitucionais 2000 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwbuscalegisufscbrarquivosMercosul20e20supranacionalidade20-202000pdfgt Acesso em 20092010 p 30

24

13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL

As assimetrias satildeo um dos principais

obstaacuteculos para o avanccedilo do processo de integraccedilatildeo

do MERCOSUL Os paiacuteses menos desenvolvidos

tendem a ter menor capacidade para se apropriar dos

benefiacutecios do processo de integraccedilatildeo Sobre as

assimetrias no bloco regional Costa37 aponta ldquoa

diversidade culturalrdquo entre os membros do

MERCOSUL de acordo com

[] o niacutevel de desenvolvimento da economia o tamanho da populaccedilatildeo a diversidade interna o grau de desigualdade entre os diferentes segmentos sociais o poder poliacutetico entre as classes sociais e entre os diferentes Estados que compotildeem o bloco

As assimetrias socioeconocircmicas em que se encontravam os paiacuteses apoacutes a

assinatura do Tratado de Assunccedilatildeo dificultaram a coordenaccedilatildeo das poliacuteticas

macroeconocircmicas que aliadas agrave vulnerabilidade externa das economias

oriundas das estrateacutegias neoliberais de financiamento privatizaccedilotildees e

abertura brusca de seus mercados ocasionaram aos Estados novamente um

endividamento externo devido agrave reprimarizaccedilatildeo das exportaccedilotildees38 Afirma

Vasconcelos39 que a falta de prioridade da integraccedilatildeo na formulaccedilatildeo das

poliacuteticas internacionais acabou gerando insatisfaccedilatildeo por parte dos soacutecios

menores a exemplo da ameaccedila do Uruguai em deixar o bloco eou realizar

um acordo bilateral com os EUA

37

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 30-31

38 VASCONCELOS Pedro Paulo Lima Indicadores soacutecio-econocircmicos do MERCOSUL um estudo

sob a Eacutegide da Economia Poliacutetica Internacional In SIMPOacuteSIO EM RELACcedilOtildeES INTERNACIONAIS DO PROGRAMA SAN TIAGO DANTAS I nov 2007 p 10 (UNESP UNICAMP e PUC-SP)

39 Ibid

25

Quadro 1 - Demonstrativo de algumas assimetrias no bloco

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwbrasilescolacomgt Dados referentes ao ano de 2010

40

Tambeacutem o IPEA41

vem estudando as assimetrias no bloco apresentando

dados estatiacutesticos e aspectos importantes relativos agraves desigualdades entre paiacuteses

integrantes do bloco De acordo com os dados do IPEA42

e reforccedilando a Figura 1

apresentada observa-se o desniacutevel existente entre o Brasil e os demais paiacuteses do

bloco em termos populacionais e econocircmicos

Com uma populaccedilatildeo que representa quase 80 daquela do MERCOSUL e um PIB superior a 75 do PIB do conjunto de paiacuteses do bloco o Brasil desponta agrave primeira vista como o gigante liacuteder do processo de integraccedilatildeo com indicadores que destoam de forma significativa do restante do bloco

Neste contexto e reconhecendo as assimetrias existentes foi criado em

2004 o Fundo de Convergecircncia Estrutural do MERCOSUL (FOCEM)43

pela decisatildeo

CMC nordm 4504 e nordm1805 e regulamentado pela decisatildeo nordm 2405 visando agrave reduccedilatildeo

das diferenccedilas entre os Estados Partes e com o seguinte objetivo

40

Fonte de pesquisa MERCOSUL e paiacuteses integrantes Disponiacutevel em lthttpwwwbrasilescolacomgeografiamercosul-paises-integranteshtmgt Acesso em 18102010

41 IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de

Integraccedilatildeo no MERCOSUL (Ver MELLO e SOUZA Andreacute de OLIVEIRA Ivan Tiago Machado GONCcedilALVES Samo Seacutergio IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de Integraccedilatildeo no MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrsites0002publicacoestdstd_1477pdfgt Acesso em 18102010)

42 Ibid

43 O FOCEM eacute um fundo para investimento conjunto dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL que

visa agrave diminuiccedilatildeo das assimetrias entre os Estados-Partes por meio de financiamento de projetos (MERCOSULCMCDEC nordm 2405)

BRASIL ARGENTINA PARAGUAI URUGUAI

EXTENSAtildeO TERRITORIAL

8514876 kmsup2 2766889 kmsup2 406752 kmsup2 177414 kmsup2

POPULACcedilAtildeO (habitantes)

193205783 40276376 6348917 3360854

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

16 trilhotildees de doacutelares

328 bilhotildees de doacutelares

16 bilhotildees de doacutelares

322 bilhotildees de doacutelares

PIB PER CAPTA 6060 doacutelares 6040 doacutelares 1710 doacutelares 6620 doacutelares

26

Financiar programas para promover a convergecircncia estrutural desenvolver a competitividade promover a coesatildeo social em particular das economias menores e regiotildees menos desenvolvidas e apoiar o funcionamento da estrutura institucional e o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo (MERCOSULCMCDEC Nordm 2405)

Nesse sentido entra em discussatildeo a possibilidade de estender a proteccedilatildeo

social para aleacutem dos limites do Estado nacional de acordo com o FOCEM

O Fundo derivou-se da premissa de que o Mercosul deve ser uma via para o desenvolvimento econocircmico e social de seus ldquoEstados-Partesrdquo Complementarmente tem-se por princiacutepio que a solidariedade internacional impulsiona a integraccedilatildeo regional favorecendo a formaccedilatildeo do mercado comum e que condiccedilotildees econocircmicas assimeacutetricas impedem o pleno aproveitamento das oportunidades geradas pela ampliaccedilatildeo dos mercados

44

Cria-se a partir de entatildeo o objetivo de promover a convergecircncia estrutural

dos Estados-Partes do MERCOSUL e principalmente o desenvolvimento da

competitividade econocircmica dos Estados-Partes com o favorecimento da coesatildeo

social no MERCOSUL aleacutem do fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional e

da estrutura institucional do bloco

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas

As experiecircncias de integraccedilatildeo por um imperativo da realidade tendem a

provocar muacuteltiplos efeitos entre os quais as consequecircncias sociais ocupam um

lugar preeminente Algumas dessas consequecircncias especialmente as mais

demoradas tendem a ser positivas expondo-se como resultados beneacuteficos das

transformaccedilotildees macroeconocircmicas o melhoramento das condiccedilotildees da economia de

cada um dos paiacuteses e maior defesa da produccedilatildeo integrada no mercado

internacional

Em funccedilatildeo disso uma vez consolidados os lucros econocircmicos o

desenvolvimento e o crescimento produtivo gerando um maior nuacutemero de empregos

a tendecircncia eacute a melhora dos salaacuterios e das condiccedilotildees de trabalho fortalecendo os

44

Manual para apresentaccedilatildeo de Estudos de Viabilidade Socioeconocircmica com vistas agrave apresentaccedilatildeo para a obtenccedilatildeo de recursos do Fundo de Convergecircncia Estrutural e Fortalecimento Institucional do MERCOSUL (FOCEM) Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos Disponiacutevel em lthttpwwwplanejamentogovbrsecretariasuploadArquivosspiprogramas_projetofocemFocem_Manual_02pdfgt Acesso em 20092010

27

atores sociais consolidando-se as relaccedilotildees trabalhistas como efeitos

transcendentes do processo de integraccedilatildeo

Acordos de livre circulaccedilatildeo beneficiam tanto os trabalhadores que buscam

novas oportunidades de emprego quanto as empresas que exploram novos

negoacutecios

Em 2009 foi promulgado o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos

Estados Partes do MERCOSUL45

assim como o Acordo sobre Residecircncia

MERCOSUL46

Boliacutevia e Chile Ambos permitem a solicitaccedilatildeo de residecircncia com

procedimentos simplificados e isenccedilatildeo de pagamento de multas e quaisquer outras

sanccedilotildees independentemente de estarem em situaccedilatildeo migratoacuteria regular ou

irregular47

Os estrangeiros no Brasil beneficiados com os Acordos ou os nacionais

nesses paiacuteses possuem igualdade de direitos civis no paiacutes de recepccedilatildeo Deveres e

responsabilidades trabalhistas e previdenciaacuterias satildeo tambeacutem resguardadas aleacutem do

direito de transferir recursos direito de nome registro e nacionalidade aos filhos de

imigrantes48

O visto MERCOSUL tem por objetivo facilitar a circulaccedilatildeo

temporaacuteria de pessoas fiacutesicas prestadoras de serviccedilos no territoacuterio do Bloco

viabilizando a ampliaccedilatildeo dos negoacutecios e do comeacutercio de serviccedilos A iniciativa

beneficia gerentes e diretores executivos administradores diretores ou

representantes legais cientistas pesquisadores professores artistas desportistas

jornalistas teacutecnicos qualificados ou especialistas e profissionais de niacutevel superior49

A aquisiccedilatildeo de residecircncia temporaacuteria assegura os direitos de entrar sair

circular e permanecer livremente no territoacuterio do paiacutes de recepccedilatildeo bem como o

direito de exercer qualquer atividade profissional nas mesmas condiccedilotildees

estabelecidas para os nacionais do paiacutes de recepccedilatildeo Os acordos de aquisiccedilatildeo de

residecircncia regulamentados pelos Decretos nordm 6964 e nordm 6975 ambos de 2009

estabelecem ainda a igualdade de direitos civis e de reuniatildeo familiar o tratamento

45

Decreto nordm 6964 de 29 de setembro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos Estados-Partes do MERCOSUL

46 Decreto nordm 6975 de 7 de outubro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais

dos Estados-Partes do Mercado Comum do Sul MERCOSUL Boliacutevia e Chile 47

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt Acesso em 02032010 48

Ibid 49

Informaccedilatildeo constante do livro BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Brasiacutelia MRE 2007

28

igualitaacuterio em mateacuteria trabalhista e os direitos de transferecircncia de remessas

pecuniaacuterias e de acesso agrave educaccedilatildeo puacuteblica

Neste sentido o Ministeacuterio do Trabalho e Emprego apresenta anualmente

desde 2006 no site oficial do oacutergatildeo as autorizaccedilotildees de trabalho concedidas para

pessoas signataacuterias dos Estados Partes do MERCOSUL conforme se a Tabela 1

Tabela 1 Demonstrativo das autorizaccedilotildees de trabalhos concedidas a pessoas dos Estados Partes do MERCOSUL

2006 2007 2008 2009 2010

ARGENTINA 661 653 671 571 482

URUGUAI 120 35 52 50 51

PARAGUAI 35 32 39 47 23

CHILE 202 243 327 347 241

BOLIVIA 74 103 170 118 67

VENEZUELA 259 299 360 374 433

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmtegovcomgt

50

Situaccedilatildeo em 30 de setembro de 2010

A Tabela 1 apresenta autorizaccedilotildees por parte do Ministeacuterio do Trabalho e

Emprego aos trabalhadores oriundos do MERCOSUL e paiacuteses associados

Observa-se que de maneira geral houve oscilaccedilatildeo das autorizaccedilotildees dos

paiacuteses integrantes do bloco de 2006 a 2010 Evidencia-se que a quebra de

barreiras aduaneiras demonstra avanccedilo econocircmico mas natildeo garante

proteccedilatildeo social de forma imediata Eacute preciso coordenar accedilotildees nas aacutereas

trabalhista e previdenciaacuteria para favorecer e dar seguranccedila aos trabalhadores

que circulam dentro do bloco

Diante disso observa-se que o progresso social natildeo constitui uma

consequecircncia automaacutetica da integraccedilatildeo econocircmica existem fatores como as

crises econocircmico-financeiras nos Estados Partes condicionadas por

problemas de distintas naturezas pagamento da diacutevida externa taxas altas

de inflaccedilatildeo elevaccedilatildeo de taxas de juros corrupccedilatildeo institucionalizada abalos nas

50

Site do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego Coordenaccedilatildeo Geral de Imigraccedilatildeo Disponiacutevel em ltwwwmtegovbrgt Acesso em 20112010

29

Bolsas valorizaccedilatildeo cambial baixo crescimento econocircmico os quais geraram

impactos poliacuteticos e sociais negativos que se manifestam mais imediatamente no

plano do emprego e da previdecircncia social51

Se os anos 1980 foram chamados de ldquodeacutecada perdidardquo os anos 1990

tambeacutem natildeo foram muito promissores e o iniacutecio do seacuteculo XXI manteacutem a sina

negativa52 Neste sentido inclusive segundo Simionato53 o avanccedilo natildeo foi

observado em termos de justiccedila social

[] com o Tratado de Ouro Preto assinado 1994 efetiva-se a regulamentaccedilatildeo juriacutedica da integraccedilatildeo regional proporcionando o avanccedilo das poliacuteticas comerciais aduaneiras e agriacutecolas natildeo se observando o mesmo em relaccedilatildeo agrave perspectiva de ldquojusticcedila socialrdquo e agrave dimensatildeo democraacutetica do processo

Sobre essa questatildeo Costa54 menciona que no MERCOSUL ldquoo que se

internacionaliza eacute a economia e natildeo a proteccedilatildeo socialrdquo diante disso a autora aponta

que ldquoproteccedilatildeo ao trabalho compotildee os custos da atividade econocircmica e que o tema

laboral natildeo pode ser ignoradordquo Apesar dessa afirmaccedilatildeo pode-se inferir que a

regionalizaccedilatildeo acarreta convergecircncia nos sistemas previdenciaacuterios Na organizaccedilatildeo

econocircmica um dos primeiros custos a serem atacados satildeo os trabalhistas por sua

incidecircncia no preccedilo final dos produtos ou serviccedilos Isso gera diferenccedilas das

condiccedilotildees de trabalho e dos salaacuterios em termos comparativos Vale frisar que os

custos previdenciaacuterios fazem parte dos custos trabalhistas em questatildeo

Trata-se de um ciacuterculo vicioso jaacute que ao diminuir a contribuiccedilatildeo por efeito

da reduccedilatildeo da populaccedilatildeo ocupada e do eventual descenso dos niacuteveis salariais (que

conformam a base da contribuiccedilatildeo) tende a crescer o desfinanciamento dos

sistemas de previdecircncia social

Eacute inevitaacutevel que toda integraccedilatildeo regional deva enfrentar a dimensatildeo social

tanto para administrar ordenar e redistribuir no longo prazo os benefiacutecios e

vantagens econocircmicas que se procura obter com tal processo como tambeacutem para

dar respostas imediatas e amortecer os efeitos negativos que se geram a partir da

51

WANDERLEY Luiz Eduardo W A construccedilatildeo de um MERCOSUL Social Revista Ponto-e-Viacutergula Satildeo Paulo PUC SP v 1 p90-104 2007 p94

52 Ibid

53 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis v0 n 5 2001 p1 54

COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais UEPG 18 e 19 de junho de 2009 p 2

30

transformaccedilatildeo das estruturas econocircmicas e da abertura ao comeacutercio internacional

dos paiacuteses que conformam um bloco

Diniz aponta a mundializaccedilatildeo da oferta de trabalho como um dos efeitos da

globalizaccedilatildeo O indiviacuteduo poderaacute ser facilmente transferido de um paiacutes para outro

orientado pela oferta de emprego Como fenocircmenos decorrentes dessa globalizaccedilatildeo

da matildeo de obra aparecem a constituiccedilatildeo de um exeacutercito de reserva com grandes

contingentes de trabalhadores transnacionais o aumento da rotatividade da matildeo de

obra nos empregos e nas regiotildees o alto nuacutemero de migraccedilotildees internas dentro

destes blocos a existecircncia de um proletariado altamente qualificado o crescimento

do desemprego e do subemprego em virtude da automaccedilatildeo acarretando aumento

da economia informal55

Natildeo se pode deixar de mencionar quando se fala em circulaccedilatildeo de pessoas

principalmente trabalhadores o fato de o MERCOSUL natildeo ter sufragado plenamente

ainda os estaacutegios anteriores de Zona de Livre Comeacutercio e Uniatildeo Aduaneira

pressupostos do estaacutegio de Mercado Comum quando entatildeo ao menos em tese

estaria consagrada a liberdade de circulaccedilatildeo de trabalhadores Eacute notoacuterio que a

questatildeo social natildeo eacute a prioritaacuteria quando se pensa em integraccedilatildeo econocircmica mas

ela surge agrave medida que haacute uma evoluccedilatildeo natural para os estaacutegios que pressupotildeem

maior grau de integraccedilatildeo56

Segundo Chiarelli a livre circulaccedilatildeo de trabalhadores eacute condiccedilatildeo para a

formaccedilatildeo de um Mercado Comum que soacute estaraacute perfeito ao garantir a livre

circulaccedilatildeo da forccedila de trabalho respaldada por normas juriacutedicas que balizem as

relaccedilotildees econocircmicas e sociais O trabalhador de cada um dos paiacuteses do

MERCOSUL deveraacute com o tempo assumir o papel de trabalhador comunitaacuterio com

a consolidaccedilatildeo da faculdade de deslocamento nos paiacuteses do bloco em busca de

ocupaccedilatildeo57

Eacute fato e haacute que se admitir que mesmo a passos lentos o MERCOSUL

desenvolveu ao longo dos anos mecanismos em prol da livre circulaccedilatildeo de

55

DINIZ Cleacutelio Campolina In SEMINAacuteRIO INTERNACIONAL GLOBALIZACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL CENAacuteRIOS PARA O SEacuteC XXI Painel Recife SUDENE 1997 p 64-65

56 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute PUC-PR Curitiba 2005 p206

57 CHIARELLI Matto Tota CHIARELLI Carlos Alberto Gomes (Coord) Temas de integraccedilatildeo com

enfoque no Mercosul v 1 Satildeo Paulo LTR 1997 p 149

31

trabalhadores Neste sentido Jaeger Junior58

anotou que ldquoo MERCOSUL jaacute esteve

diante de vaacuterias propostas com vistas ao incremento do processo de

estabelecimento de uma livre circulaccedilatildeo de trabalhadoresrdquo

No acircmbito do MERCOSUL para efetivar as poliacuteticas de mercado de trabalho

eacute necessaacuterio que se estabeleccedila um padratildeo para a qualificaccedilatildeo da forccedila de trabalho

sistemas de intermediaccedilatildeo de matildeo de obra aleacutem de apoio agraves pequenas empresas

que incentive medidas voltadas para a elevaccedilatildeo do niacutevel de investimento

econocircmico59

O Conselho do Mercado Comum CMC atraveacutes da DECCMCMERCOSUL

nordm 46 de 16 de dezembro de 2004 criou o Grupo de Alto Niacutevel para elaborar uma

Estrateacutegia MERCOSUL de Crescimento do Emprego O Grupo eacute integrado pelos

ministeacuterios responsaacuteveis pelas poliacuteticas econocircmicas industriais laborais e sociais

dos Estados Partes e tambeacutem com a participaccedilatildeo das organizaccedilotildees econocircmicas e

sociais que integram as seccedilotildees nacionais do Foro Consultivo Econocircmico e Social e

da Comissatildeo Sociolaboral do MERCOSUL

Tendo em vista a circulaccedilatildeo de pessoas especialmente trabalhadores no

interior do bloco a Previdecircncia Social vem recebendo atenccedilatildeo especial dos Estados

Partes O reconhecimento da importacircncia do tema tem sido acompanhado por accedilotildees

efetivas que garantem benefiacutecios sociais e melhores condiccedilotildees de vida aos

trabalhadores e trabalhadoras da regiatildeo O Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL em vigor desde 2005 jaacute permitiu que oito mil brasileiros60

que

mantiveram empregos em qualquer um dos quatro paiacuteses do Bloco ao longo da

vida se aposentassem e recebessem os benefiacutecios devidos

O Acordo permite que o tempo de contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria de quem tenha

trabalhado em mais de um paiacutes do MERCOSUL seja somado para fins de

aposentadoria Atualmente cerca de 700 mil brasileiros61

residem nos Estados-

Partes e poderatildeo se beneficiar do acordo

58

JAEGER JUNIOR A Temas de Direito da Integraccedilatildeo e ComunitaacuterioSatildeo Paulo LTr 2002 p 59

59 COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO

DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais Op cit p 28 60

BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Op cit p 104

61 Ibid

32

O ecircxito alcanccedilado com o Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL

estimulou a assinatura de Acordos Multilaterais Similares como por exemplo o

Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social62

firmado em 2007 quando ratificado

pelos parlamentos nacionais ele beneficiaraacute cerca de cinco milhotildees de

trabalhadores imigrantes da Argentina da Boliacutevia do Brasil do Chile da Colocircmbia

da Costa Rica de Cuba do Equador de El Salvador da Guatemala de Honduras

do Meacutexico da Nicaraacutegua do Panamaacute do Paraguai do Peru da Repuacuteblica

Dominicana do Uruguai da Venezuela de Portugal da Espanha e do Principado de

Andorra

O processo de globalizaccedilatildeo da economia fez crescer o movimento migratoacuterio

de trabalhadores e consequentemente trouxe reflexos na organizaccedilatildeo dos sistemas

previdenciaacuterios Indiviacuteduos que tecircm cobertura pelo sistema de previdecircncia social do

paiacutes de origem em que desenvolvem suas atividades e que faccedilam um movimento

migratoacuterio para outro paiacutes estaratildeo sujeitas agrave legislaccedilatildeo previdenciaacuteria do paiacutes de

destino onde estiverem exercendo nova atividade

132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL

O direito agrave seguridade social no Paraguai estaacute previsto no artigo 95 da

Constituiccedilatildeo com as informaccedilotildees

De la seguridad social El sistema obligatorio e integral de seguridad social para el trabajador dependiente y su familia seraacute establecido por la ley Se promoveraacute su extensioacuten a todos los sectores de la poblacioacuten ndash Los servicios del sistema de seguridad social podraacuten ser puacuteblicos privados o mixtos y en todos los casos es taraacuten supervisados por el Estado ndash Los recursos financieros de los seguros so ciales no seraacuten desviados de sus fines especiacuteficos estaraacuten disponibles para este objetivo sin perjuicio de las inversiones lucrativas que puedan acrecentar su patrimonio

63

No Paraguai natildeo existe um uacutenico sistema de seguridade social sendo

diversos sistemas administrados por intermeacutedio de ldquoCaixasrdquo de previdecircncia 62

Faremos um breve estudo sobre o acordo Ibero-Americano de Seguridade Social no item 22 do segundo capiacutetulo deste trabalho

63 Traduccedilatildeo livre A Seguridade Social O sistema obrigatoacuterio e integral de seguridade social dos

trabalhadores e de sua famiacutelia seraacute estabelecido por lei Iraacute promover a sua extensatildeo a todos os setores da populaccedilatildeo - Os serviccedilos do sistema de seguridade social pode ser puacuteblico privado ou misto em cada caso eacute supervisionado pelo Estado - Os recursos financeiros do seguro social natildeo seratildeo desviados de seus objetivos especiacuteficos e estaratildeo disponiacuteveis para esse efeito natildeo obstante os investimentos lucrativos que podem aumentar seu patrimocircnio

33

As instituiccedilotildees e normas de previdecircncia social estatildeo vinculadas aos

trabalhadores empregados ou seja aquelas que estatildeo vinculados ao

empregador Neste sentido Cristaldo64 declara que

Se entiende que la expresioacuten ldquoseguridad socialrdquo en El artiacuteculo 382 de coacutedigo Laboral estaacute utilizada en un sentido restringido limitada exclusivamente a la proteccioacuten del trabajador en relacioacuten de dependecircncia y sus derecho-habientes contra los riesgos de caraacuteter general y especialmente los derivados del trabajo mediante un sistema de seguros sociales De ahiacute lo adecuado en vez de ldquoseguridad socialrdquo hubiera sido utilizar en El Coacutedigo Laboral paraguaio la expressioacuten maacutes exacta y precisa de ldquoprevision socialrdquo para denominar El Libro IV de esse cuerpo legal

65

O Paraguai tem um sistema de previdecircncia social fragmentado com vaacuterias

instituiccedilotildees independentes que administram os fundos de pensatildeo O sistema eacute

organizado em oito instituiccedilotildees que natildeo tecircm viacutenculos entre si nem satildeo

supervisionadas por uma entidade superior do governo66

Natildeo foi encontrada na pesquisa realizada nenhuma informaccedilatildeo legislaccedilatildeo

ou referecircncia a reformas do sistema previdenciaacuterio paraguaio como os demais

Estados Partes entretanto eacute o uacutenico dos paiacuteses do MERCOSUL a organizar um

regime de previdecircncia privada complementar de aposentadorias parecido no seu

aspecto de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria ao Regime Geral de Previdecircncia Social

brasileiro de caraacuteter nacional obrigatoacuterio e legal67

O Instituto de Previdecircncia Social (IPS) principal oacutergatildeo previdenciaacuterio foi

criado em 1943 abrangendo atualmente duas aacutereas a) aposentadorias e pensotildees

b) sauacutede da populaccedilatildeo68

64

CRISTALDO M Jorge Dario La Seguridad Social y la Previsioacuten Social em el Paraguay In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 129

65 Traduccedilatildeo livre Entende-se que a expressatildeo seguridade social prevista no artigo 382 do coacutedigo

de trabalho eacute usado em sentido restrito limitado exclusivamente agrave proteccedilatildeo dos trabalhadores com relaccedilatildeo de emprego que tenham riscos ambientais de caraacuteter geral e especialmente do trabalho atraveacutes de um sistema de seguro social Desta forma o mais adequado em vez de seguridade social deveria ser utilizada no coacutedigo de trabalho paraguaio a expressatildeo mais exata e precisa de previdecircncia social no Livro IV do corpo legal

66 GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al

(Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 188

67 OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes

do MERCOSUL 2008 Tese (Doutorado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 145

68 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas n 3 p 128-137 juldez 2003

34

O sistema utilizado no Paraguai eacute um sistema de reparticcedilatildeo simples que eacute

regido pelo formato contributivo sendo pago pelo trabalhador e pelo empregador O

Paraguai eacute o paiacutes com menor cobertura previdenciaacuteria da Ameacuterica do Sul com uma

taxa que chega a apenas 25 de seus trabalhadores sendo inferior inclusive agrave

cobertura previdenciaacuteria da Boliacutevia A contribuiccedilatildeo para o sistema eacute muito baixa

apenas os que tecircm salaacuterios meacutedios ou altos eacute que contribuem e os trabalhadores

em atividades rurais natildeo estatildeo assegurados pela previdecircncia social tendo em vista

que natildeo haacute nenhuma forma de contribuiccedilatildeo69

Os benefiacutecios concedidos aos segurados satildeo auxiacutelio doenccedila benefiacutecio

pago ao trabalhador quando de sua incapacidade derivada de acidentes e doenccedilas

comuns e derivada de acidentes e doenccedilas do trabalho salaacuterio maternidade

aposentadoria por invalidez decorrente de acidente e doenccedilas do trabalho

aposentadoria por idade e pensatildeo por morte

No Uruguai o Banco da Previdecircncia Social foi criado em 1954 atendendo

grande parte da populaccedilatildeo exceto algumas caixas de aposentadorias e pensotildees

como a dos Estados dos militares dos professores universitaacuterios dos bancaacuterios e

dos policiais70

O sistema de Previdecircncia Social uruguaio apoacutes a reforma previdenciaacuteria

regido pela Lei nordm 16713 publicada em 3 de setembro de 1995 e conforme

estabelece o caput do artigo 4ordm da referida legislaccedilatildeo eacute misto compreendendo o

regime contributivo de reparticcedilatildeo administrado pelo Banco de Previdecircncia Social e

o regime de capitalizaccedilatildeo individual administrado por empresas privadas de forma

combinada71

A reforma em 1995 foi uma das mais importantes mudanccedilas da Seguridade

Social na histoacuteria do Uruguai e acontece em consonacircncia com o restante dos

paiacuteses da Ameacuterica Latina A reforma implicou num aumento das condiccedilotildees e das

exigecircncias ao acesso das prestaccedilotildees uma diminuiccedilatildeo discriminada nas mesmas e

69

GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 191

70 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

71 Ibid

35

criou um regime de arrecadaccedilatildeo individual administrado pelo setor privado e pelas

administradoras de fundos de arrecadaccedilatildeo previsional (AFAPs no Uruguai)72

Alejandro Castelo73

afirma

El sistema combina un componente puacuteblico basado en el reacutegimen de reparto denominado de solidariedad intergeneracional con un componente

privado organizado bajo el reacutegimen de capitalizacioacuten individual74

E ainda

El sistema combina varios pilares Um primer pilar que recoge las caracteriacutesticas del modelo puacuteblico de reparto y luego un segundo pilar de tipo privado basado em el ahorro individual cuyo objetivo es complementar las prestaciones provenientes del primer pilar La inclusioacuten en los distintos niveles de cobertura estaacute determinada por el niacutevel de ingresos del afiliado o maacutes precisamente por el monto de asignaciones computables que percibe el afiliado

75

No mesmo sentido para Murro76

tal sistema estaacute apoiado em trecircs pilares

quais sejam

1) Solidariedade intergeracional - Eacute administrado diretamente pelo Estado pelo BPS que continua sendo o organismo arrecadador Este niacutevel estabelece benefiacutecios definidos e os trabalhadores com suas contribuiccedilotildees financiam as aposentadorias dos inativos junto com as contribuiccedilotildees patronais com os tributos destinados ao sistema e a assistecircncia financeira estatal Ampara um amplo setor da populaccedilatildeo estimado entre 87 e 92 ateacute determinado niacutevel de renda 842 doacutelares Esse primeiro niacutevel eacute complementado por um modelo instrumental com objetivo redistributivo dirigido para os setores da sociedade de menor renda natildeo integrados a setores estruturados do mercado de trabalho Este complemento se consegue por meio de um modelo puacuteblico seletivo constituiacutedo pelos benefiacutecios assistenciais natildeo contributivos de idade avanccedilada e invalidez

72

MARCONDES Claudia Gamberine Sistemas Previdenciaacuterios Sulamericanos Brasil Uruguai

e Chile 2007 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Faculdade de Direito da Universidade Metodista de Piracicaba ndash UNIMEP Piracicaba 2007 p 83

73 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

74 Traduccedilatildeo livre O sistema combina um componente puacuteblico baseado em reparticcedilatildeo simples

denominado solidariedade intergeracional com um componente privado organizado sob um sistema de capitalizaccedilatildeo individual

75 Traduccedilatildeo livre O sistema combina vaacuterios pilares Um primeiro pilar o que daacute o desempenho do

modelo puacuteblico pago e depois um segundo pilar privado tipo de poupanccedila individual destina-se a complementar os benefiacutecios do primeiro pilar Em diferentes niacuteveis de inclusatildeo de cobertura eacute determinada pelo niacutevel de renda da filial ou mais precisamente o montante das verbas recebidas pelo membro computaacutevel

76 Ernesto Murro eacute atualmente presidente do Instituto de Seguridade Social do Uruguai

36

2) De poupanccedila individual obrigatoacuteria - Eacute administrado pelas Administradoras de Fundos de Aposentadoria (AFAP) que satildeo entidades privadas Haacute uma AFAP que eacute uma sociedade anocircnima de propriedade do Estado (BPS Banco Repuacuteblica e Banco de Seguros do Estado) as outras 5 satildeo de propriedade privada Inclui os que percebem rendas superiores aos equivalentes 842 doacutelares e ateacute 2563 doacutelares Tambeacutem se permite a pessoas com menos de 40 anos com rendas inferiores a 842 doacutelares a possibilidade de optarem pelo 2o niacutevel com 50 de sua renda obtendo-se assim um incentivo de 50 no caacutelculo de seu salaacuterio base no 1o niacutevel

3) De poupanccedila voluntaacuteria - Compreende aquelas pessoas que tenham rendas superiores a 2563 doacutelares na parte que exceda esse valor No que se refere agrave parcela superior a este niacutevel de renda se tem a liberdade de contribuir ou natildeo para o sistema [] Abrange obrigatoriamente todos os segurados que estejam com menos de 40 anos de idade agrave data de vigecircncia da lei (1496) e todas as pessoas que ingressaram no mercado de trabalho qualquer que seja a sua idade posteriormente a esta data Foram estabelecidas regras de transiccedilatildeo para os trabalhadores com mais de 40 anos de idade na data de entrada em vigor da lei que natildeo tinham direito agrave aposentadoria em 311296 Este regime vigora entre 1ordm de janeiro de 1997 e 1ordm de janeiro de 2003 e estabelece uma progressividade de idade no caso da mulher e nos tempo de serviccedilo []

77

O trabalhador alcanccedila sua carecircncia consoante uma tabela que levaraacute em

conta os anos de contribuiccedilatildeo e a idade do trabalhador78

A aposentadoria tornou-

se proporcional ao nuacutemero de anos trabalhados e agrave idade do trabalhador entretanto

todos os habitantes do Uruguai independentemente de sua renda ter-lhes-atildeo

assegurada essa aposentadoria

De acordo com a legislaccedilatildeo e o sistema de Previdecircncia Social ou

Seguridade Social como eacute denominado o sistema no Uruguai a avaliaccedilatildeo dos

efeitos econocircmicos da reforma da Previdecircncia Social no Uruguai parte do conceito

de equidade atuarial79

Calcula-se um iacutendice de rendimento no qual o valor dos

benefiacutecios seja equivalente e atualizado as contribuiccedilotildees efetivamente pagas um

iacutendice de atualizaccedilatildeo Os benefiacutecios concedidos satildeo aposentadoria por tempo de

serviccedilo aposentadoria por idade aposentadoria por invalidez auxiacutelio doenccedila e

pensatildeo por morte

77

MURRO Ernesto As Tendecircncias na Ameacuterica Latina e a Reforma Uruguaia da Previdecircncia Social 2001 Disponiacutevel em ltwwwredsegsocorguygt Acesso em 10112010 p 5

78 Ibid

79 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis Op cit p 40

37

Na Argentina a reforma previdenciaacuteria ocorreu na deacutecada de 90

alterando a concepccedilatildeo de Direito Constitucional para a mercantilizaccedilatildeo do

seguro social como estrateacutegia para fomentar o mercado de capitais80

A legislaccedilatildeo base sobre o Sistema Integrado de Aposentadoria e Pensotildees da Argentina eacute a Lei nordm 24241 de 13 de outubro de 1993 que cobre as aposentadorias por velhice invalidez e morte integrando-se ao Sistema

Uacutenico de Seguridade Social (SUSS) conforme seu artigo 1ordm ldquocaputrdquo81

O Sistema tambeacutem eacute considerado misto e possui um regime puacuteblico

fundamentado sobre a concessatildeo pelo Estado de benefiacutecios financiados por um

sistema de reparticcedilatildeo e um regime previdenciaacuterio baseado na capitalizaccedilatildeo

individual Este sistema natildeo beneficia apenas o governo mas e

principalmente os grupos econocircmicos e as corporaccedilotildees transnacionais pois

contribui para criar um importante mercado de capitais financiado pelos

trabalhadores82

Uma Comissatildeo especial para a reforma do Regime da Previdecircncia no acircmbito da Secretaria de Seguridade Social foi criada com o Decreto no 1934 de 30 de setembro de 2002 tendo por objetivos conforme seu artigo 1ordm a) elaborar linhas para uma reforma do Sistema Integrado de Aposentadorias e Pensotildees para que o mesmo cumpra com a finalidade de cobertura para velhice invalidez e tempo de serviccedilo b) a busca de consensos sobre as bases para se elaborar um anteprojeto de reforma da previdecircncia social c) preparar um ldquoAcordo para a Seguridade Socialrdquo orientado a elevar a prioridade poliacutetica e lograr a revalorizaccedilatildeo da Previdecircncia Social como instrumento necessaacuterio para a redistribuiccedilatildeo do ingresso e para a paz social

83

Como medida de proteccedilatildeo tambeacutem existe na Argentina como Seguridade

Social o seguro desemprego previsto na Lei nordm 2401393 que auxilia o trabalhador

em caso de desemprego involuntaacuterio financiado com contribuiccedilotildees a cargo dos

empregadores Entretanto em 2007 o novo sistema integrado de aposentadorias e

80

Ibid 81

VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

82 GAMBINA J Previdecircncia Social Fundos de Pensatildeo Empregos Puacuteblicos Reforma Administrativa

e Reforma da Educaccedilatildeo Jornal APUFSC Florianoacutepolis setout 2000 In SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social Revista Kataacutelysis v 0 n 5 2001 p39

83 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

38

pensotildees Lei nordm 2424193 foi alterado pela Lei nordm 262222007 estabelecendo a

livre opccedilatildeo do Regime de Aposentadoria O novo sistema misto de previdecircncia

social eacute integrado por dois componentes obrigatoacuterios e integrados e a partir da nova

legislaccedilatildeo promulgada Lei nordm 262222007 os afiliados (segurados) ao Sistema

Integrado de Aposentadorias e Pensotildees (SIJP) podem optar por mudar de regime ao

qual estatildeo afiliados (segurados) uma vez a cada cinco anos nas condiccedilotildees que tal

efeito estabeleccedila o Poder Executivo84

Em mateacuteria de sauacutede as previsotildees contam nas Leis nordm 2366093 e nordm

2366193 que regulamentam o Regime de obras Sociais e o Seguro Nacional de

Sauacutede administrados pelos sindicatos reconhecidos como tal que seraacute responsaacutevel

pela cobertura de sauacutede dos trabalhadores e de seus familiares

No Brasil a Seguridade Social de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 artigo 203 eacute um conjunto integrado de accedilotildees de iniciativa dos Poderes

Puacuteblicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos agrave sauacutede agrave

previdecircncia e agrave assistecircncia social

Seguridade Social eacute gecircnero da qual satildeo espeacutecies a Sauacutede a Previdecircncia

e a Assistecircncia Social e tem como meta proteger pessoas contra a doenccedila o

abandono e a impossibilidade de trabalho Ao Estado compete a organizaccedilatildeo e

administraccedilatildeo da Seguridade Social por meio de ministeacuterios entidades e

instituiccedilotildees que mantecircm seu funcionamento como o Ministeacuterio da Sauacutede o

Ministeacuterio da Previdecircncia Social e o Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (antigo Ministeacuterio da Assistecircncia Social) conforme Lei nordm

106832003 art 25

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 194 enumerou em sete

incisos os princiacutepios constitucionais que regem a Seguridade Social A seguir

analisam-se os referidos princiacutepios

I Universalidade da cobertura e do atendimento garante a disponibilizaccedilatildeo

da sauacutede assistecircncia e previdecircncia em todas as contingecircncias a que estejam

sujeitos os indiviacuteduos As accedilotildees e os benefiacutecios de que se constituem a sauacutede a

assistecircncia social e a previdecircncia social (este uacuteltimo de caraacuteter contributivo) se

84

OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes do MERCOSUL Op cit p 131

39

encontraratildeo disponiacuteveis e seratildeo oferecidos a todos os indiviacuteduos que deles

necessitarem

II - Uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees

urbanas e rurais a proteccedilatildeo social oferecida pela Seguridade Social deveraacute ser

disponibilizada de maneira uniforme e equivalente tanto aos indiviacuteduos da aacuterea

urbana quanto agravequeles da aacuterea rural Natildeo poderaacute haver distinccedilatildeo entre as

modalidades de benefiacutecios e serviccedilos oferecidos devendo ao contraacuterio existir

forma uacutenica ou semelhanccedila (uniformidade)

III Seletividade e distributividade na prestaccedilatildeo dos benefiacutecios e serviccedilos

os benefiacutecios e serviccedilos seratildeo oferecidos aos indiviacuteduos que deles necessitarem

atraveacutes de uma escolha fundamentada e criteriosa Natildeo existiraacute somente um uacutenico

benefiacutecio ou serviccedilo mas sim diversas modalidades aptas a atender exatamente a

necessidade do beneficiado A distributividade implica na distribuiccedilatildeo de renda e

proteccedilatildeo social Os serviccedilos e benefiacutecios seratildeo concedidos com equidade e justiccedila

o que natildeo significa que um contribuinte da Previdecircncia Social por exemplo

receberaacute integralmente tudo o que contribuiu aos cofres do sistema Todas as

contribuiccedilotildees satildeo convertidas em um caixa uacutenico (e natildeo individualizado) e o Estado

trabalha distribuindo com retidatildeo estes valores aos serviccedilos e benefiacutecios nas aacutereas

de sauacutede assistecircncia e previdecircncia social85

IV Irredutibilidade do valor dos benefiacutecios o princiacutepio da irredutibilidade

visa garantir ao indiviacuteduo que o benefiacutecio assistencial ou previdenciaacuterio que lhe for

concedido natildeo sofreraacute qualquer reduccedilatildeo de valor e natildeo poderaacute ser objeto de

desconto (salvo determinaccedilatildeo legal ou judicial) arresto sequestro ou penhora

V Equidade na forma de participaccedilatildeo no custeio este princiacutepio tem por

objetivo distribuir com justiccedila e retidatildeo o percentual de contribuiccedilatildeo cabiacutevel agrave

sociedade na manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade Social Toda a sociedade

contribui para a manutenccedilatildeo do sistema mas garante-se por este princiacutepio a

progressividade da contribuiccedilatildeo conforme a capacidade contributiva de cada um As

empresas por exemplo sofrem maior desconto em seu rendimento bruto para a

manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade em razatildeo de sua maior capacidade

85

VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios 2 ed Satildeo Paulo Editora LTr 2010 p 49

40

contributiva Os empregados contribuem conforme tabela progressiva sempre

condizente com o salaacuterio percebido86

VI Diversidade da base de financiamento determina o artigo 195 da

Constituiccedilatildeo Federal que a Seguridade Social seraacute financiada por toda a sociedade

de forma direta e indireta nos termos da lei mediante recursos provenientes dos

orccedilamentos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios e de

contribuiccedilotildees sociais obrigatoacuterias a empresas e trabalhadores

VII Caraacuteter democraacutetico e descentralizado da administraccedilatildeo mediante

gestatildeo quadripartite com a participaccedilatildeo dos trabalhadores dos empregadores dos

aposentados e do Governo nos oacutergatildeos colegiados os trabalhadores os

empresaacuterios os aposentados e o Governo participam da gestatildeo administrativa da

Seguridade Social que deveraacute possuir caraacuteter democraacutetico e descentralizado

Assim pode-se dizer que a gestatildeo dos serviccedilos e benefiacutecios de que se constitui a

Seguridade Social tem a participaccedilatildeo ativa da sociedade Esta participaccedilatildeo eacute

exercida atraveacutes dos oacutergatildeos colegiados de deliberaccedilatildeo quais sejam Conselho

Nacional de Sauacutede (Lei nordm 808090 e Lei 814290) Conselho Nacional de

Assistecircncia Social (Lei nordm 874293 art 17) e Conselho Nacional de Previdecircncia

Social (Lei nordm 821391 art 3ordm) que tecircm composiccedilatildeo paritaacuteria integrada por

representantes do Governo Federal representantes dos aposentados

representantes dos trabalhadores em atividade e representantes dos empregadores

Especificamente a Previdecircncia Social no Brasil eacute uma instituiccedilatildeo puacuteblica que

tem a finalidade de assegurar direitos aos seus segurados e dependentes jaacute que se

trata de um seguro social a aqueles que contribuem para ela Quando uma pessoa

natildeo tem mais capacidade para trabalhar a previdecircncia social substitui seu salaacuterio

pelo benefiacutecio previdenciaacuterio Essa incapacidade de trabalho pode ser classificada

como doenccedila invalidez idade avanccedilada maternidade e dois benefiacutecios de

concessatildeo para dependentes sendo pensatildeo por morte e auxiacutelio reclusatildeo

De acordo com Vianna87 a previdecircncia social no Brasil abrange somente

uma parcela da sociedade (face ao seu caraacuteter contributivo) deixando agrave margem de

seus benefiacutecios aqueles que natildeo exercem atividade remunerada (contribuintes

obrigatoacuterios) ou que manifestamente natildeo expressam seu desejo associativo

(contribuintes facultativos) A populaccedilatildeo mais carente e portanto natildeo contribuinte

86

Ibid p 51 87

Ibid p 62

41

usufrui somente das accedilotildees da sauacutede e das accedilotildees e benefiacutecios mantidos pela

Assistecircncia Social

Os empregados trabalhadores avulsos empregados domeacutesticos os

contribuintes individuais e os facultativos assim como seus dependentes tecircm por

benefiacutecios aposentadoria por invalidez especial idade e tempo de contribuiccedilatildeo

auxiacutelios doenccedilas acidente reclusatildeo pensatildeo por morte salaacuterios maternidade e

famiacutelia A previdecircncia eacute um sistema de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria no Brasil ou seja a

contribuiccedilatildeo eacute obrigatoacuteria Existem duas modalidades de contribuintes os

obrigatoacuterios que satildeo os trabalhadores de forma geral previstos no art 11 da Lei nordm

821291 e os facultativos que satildeo aqueles que podem contribuir de maneira

facultativa por natildeo trabalharem com fins lucrativos ou aqueles que natildeo tecircm renda

Apesar da existecircncia expressa na Constituiccedilatildeo Federal do princiacutepio da

uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees urbanas e

rurais (artigo 194 II) a previdecircncia social compreende trecircs regimes distintos O

artigo 6ordm do Decreto nordm 304899 (Regulamento da Previdecircncia Social) determina os

seguintes regimes

I Regime Geral de Previdecircncia Social Principal regime previdenciaacuterio

por abranger maior percentual da populaccedilatildeo brasileira trabalhadores

da iniciativa privada rural ou urbana empregados domeacutesticos

aprendizes empresaacuterios trabalhadores autocircnomos trabalhadores

avulsos produtores rurais etc Sua administraccedilatildeo eacute atribuiacuteda ao

Ministeacuterio da Previdecircncia Social sendo exercida pelo Instituto Nacional

de Seguridade Social ndash INSS autarquia federal responsaacutevel pela

concessatildeo dos benefiacutecios previdenciaacuterios (do Regime Geral)

II ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos servidores puacuteblicos os

servidores titulares de cargos efetivos da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios incluiacutedas suas autarquias e

fundaccedilotildees possuem tratamento diferenciado quanto ao sistema

previdenciaacuterio conferido pela proacutepria Constituiccedilatildeo Federal artigo 40

caput (redaccedilatildeo dada pela Emenda Constitucional nordm 412003) que

lhes assegura a existecircncia de regime proacuteprio

III ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos militares as Forccedilas Armadas

constituiacutedas pela Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica satildeo instituiccedilotildees

nacionais permanentes e regulares organizadas com base na

42

hierarquia e na disciplina sob a autoridade suprema do Presidente da

Repuacuteblica Os membros das Forccedilas Armadas satildeo denominados

militares e a Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 142 inciso X

combinado com o sect 20ordm do artigo 40 confere agrave lei ordinaacuteria a

competecircncia para a instituiccedilatildeo de sistema proacuteprio previdenciaacuterio

O regime geral de previdecircncia conhecido por RGPS se acha a cargo do

INSS o regime proacuteprio dos servidores puacuteblicos a cargo do respectivo ente da

federaccedilatildeo que pode para administraacute-lo instituir entidade autaacuterquica proacutepria

A previdecircncia social brasileira vem passando por inuacutemeras discussotildees sobre

uma reforma necessaacuteria pois atualmente a economia brasileira vai bem

considerando a capacidade de gerar empregos mas a previdecircncia social nem tanto

considerando os deacuteficits Enquanto registrou uma alta de 44688

de trabalhadores

com emprego formal no primeiro semestre de 2010 as contas da Previdecircncia Social

fecharam com um deacuteficit de 228 bilhotildees89

Contudo em notiacutecia divulgada no site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social o

deacuteficit do Regime Geral de Previdecircncia Social somou R$ 33 bilhotildees em fevereiro de

2011 o que representa uma queda de 176 em relaccedilatildeo ao rombo de R$ 402

bilhotildees registrado em fevereiro de 2010 Todos os nuacutemeros foram corrigidos pelo

INPC Em janeiro de 2011 o resultado negativo somou R$ 3 bilhotildees e no ano de

2010 o deacuteficit totalizou R$ 443 bilhotildees com queda de 45 frente ao ano

anterior90

No primeiro bimestre de 2011 ainda segundo dados do Ministeacuterio da

Previdecircncia o deacuteficit da Previdecircncia somou R$ 635 bilhotildees com queda de 205

em relaccedilatildeo ao mesmo periacuteodo do ano passado quando o resultado negativo (em

nuacutemeros jaacute corrigidos pelo INPC) somou R$ 799 bilhotildees91

A Comissatildeo Especial para Estudos do Sistema Previdenciaacuterio criada com o

objetivo de analisar e estudar o sistema brasileiro de previdecircncia reconheceu que

ldquosem reformas estruturais logo a previdecircncia sentiraacute os efeitos corrosivos de

benefiacutecios sem cobertura assegurada ou de fontes de financiamento esgotadasrdquo

(Anexo I da Mesa Diretora da Cacircmara de Deputados)

88

Fonte notiacutecia vinculada ao site JUSPREV ndash Previdecircncia dos promotores e da Justiccedila Brasileira Disponiacutevel em httpwwwjusprevcombr Acesso em 25072010

89 Ibid

90 Fonte notiacutecia vinculada ao site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social no dia 24032011 Disponiacutevel

em ltwwwmpsgovbrgt Acesso em 30032011 91

Ibid

43

As reformas previdenciaacuterias na Ameacuterica Latina satildeo base de grandes

discussotildees O Chile foi o primeiro paiacutes a implementar uma privatizaccedilatildeo do sistema

previdenciaacuterio de forma radical jaacute para os outros paiacuteses da mesma regiatildeo

determinados fatos ocorridos nos anos 1980 foram cruciais antes que as reformas

estruturais se tornassem politicamente viaacuteveis como 1) quebra dos sistemas de

seguridade social durante a crise econocircmica e financeira 2) o crescente interesse

por parte das instituiccedilotildees financeiras internacionais nos efeitos econocircmicos dos

sistemas de seguridade social e seu apoio agrave reforma de sistemas previdenciaacuterios no

acircmbito de programas de ajuste estrutural 3) a opccedilatildeo neoliberal na poliacutetica latino-

americana nos anos 1990 com forte orientaccedilatildeo para o modelo estatal regulatoacuterio-

subsidiaacuterio que introduz medidas como a privatizaccedilatildeo a liberalizaccedilatildeo e a

desregulaccedilatildeo e favorece reformas radicais que visam recuperar a credibilidade em

lugar de favorecer melhorias no acircmbito da loacutegica dos sistemas anteriores92

Analisando os sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do bloco

podemos chegar agrave Tabela 2 como forma simplificada de anaacutelise

Tabela 2 Resumo da anaacutelise dos sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL

Paiacutes Tipo de Sistema Benefiacutecios Reformas

Argentina Misto Aposentadoria por idade invalidez pensatildeo por morte e seguro desemprego

Lei nordm 2424193

Lei nordm2622207

Brasil Reparticcedilatildeo Simples

Aposentadoria por idade tempo de contribuiccedilatildeo invalidez especial auxiacutelio doenccedila pensatildeo por morte salaacuterio maternidade salaacuterio famiacutelia reclusatildeo auxiacutelio acidente reabilitaccedilatildeo profissional

EC 201998 e

EC 412003

Paraguai Reparticcedilatildeo Simples Aposentadoria por idade invalidez auxiacutelio doenccedila salaacuterio maternidade e pensatildeo por morte

--

Uruguai Misto Aposentadoria por tempo de serviccedilo por idade invalidez auxiacutelio doenccedila e pensatildeo por morte

Lei nordm 1671395 e Lei 1839508

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmpsgovcomgt

92

HUJO Katja Novos Paradigmas na Previdecircncia Social Liccedilotildees do Chile e da Argentina Revista Planejamento e Poliacuteticas Puacuteblicas n 19 Junho de 1999 p 158 e 159

44

CAPIacuteTULO 2

2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

21 ACORDOS INTERNACIONAIS CONCEITO E FINALIDADE

O Estatuto da Convenccedilatildeo de Viena definiu tratado em seu artigo 2ordm I

aliacutenea ldquoardquo como sendo um ldquoacordo internacional celebrado por escrito entre Estados

regido pelo direito internacional quer conste de um instrumento uacutenico quer de dois

ou mais instrumentos conexos qualquer que seja sua denominaccedilatildeo particularrdquo 93

Tratado eacute o ato juriacutedico pelo qual haacute a manifestaccedilatildeo de vontades de duas ou

mais pessoas internacionais visando estabelecer um acordo entendido como

expressatildeo de uso livre e de alta incidecircncia na praacutetica internacional94

Como

conceitua Wladimir Novaes Martinez ldquosatildeo fontes formais internacionais que regem a

previdecircncia social dos trabalhadores migrantes isto eacute tratados bilaterais sobre

previdecircncia social celebrados entre o Brasil e diversos paiacuteses da Ameacuterica Latina e

da Europardquo95

Eacute imprescindiacutevel um esforccedilo muacutetuo internacional no sentido de flexibilizar

regras de seguridade social para se tornarem viaacuteveis os acordos internacionais

Rocha destaca que no plano internacional fatores como a migraccedilatildeo de

trabalhadores a atuaccedilatildeo de empresas multinacionais e a criaccedilatildeo de mercados

comuns satildeo fatores que tecircm acentuado a tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo da

previdecircncia e seguridade social Deste contexto exsurge a necessidade de que as

legislaccedilotildees nacionais sejam integradas a fim de que os trabalhadores que transitem

entre os Estados e sujeitos a regimes previdenciaacuterios nacionais diferentes natildeo

93

Essa Convenccedilatildeo sistematiza conceitos juriacutedicos fundamentais sobre os tratados e foi adotada em 23051969 pela Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o direito dos tratados tendo entrado em vigor para os paiacuteses que a ratificaram natildeo incluindo o Brasil em 27011980 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdaidtrathtmgt Acesso em 12052008

94 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdai003htmlgt Acesso em 10052008

95 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio Tomo II previdecircncia social 2

ed Satildeo Paulo LTr 2007 p858

45

sejam prejudicados e privados da proteccedilatildeo previdenciaacuteria em razatildeo da falta de

articulaccedilatildeo estatal96

Natildeo obstante os acordos natildeo satildeo estabelecidos ocasionalmente Eacute

essencial que se analise a presenccedila de uma forte migraccedilatildeo internacional de

trabalhadores o incremento de importantes fluxos de investimentos externos e as

relaccedilotildees especiais de amizade existentes entre os paiacuteses com os quais se deseja

estabelecer um acordo internacional Os acordos podem ser bilaterais ou

multilaterais podendo ainda ser permanentes ou temporaacuterios As formalidades para

celebraccedilatildeo do acordo satildeo 1ordm negociaccedilatildeo 2ordm assinatura 3ordm troca de notas e 4ordm

ratificaccedilatildeo (promulgaccedilatildeo confirmaccedilatildeo) com intervenccedilatildeo das atividades diplomaacuteticas

inclusive

De acordo com o artigo 49 inciso I da Constituiccedilatildeo Federal os tratados

internacionais tecircm de ser ratificados pelo Poder Legislativo por meio de Decretos

Legislativos adquirindo forccedila de lei e regulamentados por Decretos do Poder

Executivo transformando-se em fontes formais do Direito Os tratados internacionais

satildeo atos complexos pois deve existir a vontade do presidente da Repuacuteblica que os

celebra e a do Congresso Nacional que os aprova logo consagra-se assim a

colaboraccedilatildeo do Executivo e do Legislativo na conclusatildeo de tratados internacionais97

Diante do atual cenaacuterio internacional caracterizado pelo intenso processo de

globalizaccedilatildeo o tracircnsito de pessoas em geral e especialmente de trabalhadores

tem aumentado constantemente e a expectativa98

eacute a de que com o aumento da

integraccedilatildeo econocircmica e a consolidaccedilatildeo de blocos poliacutetico-econocircmicos o tracircnsito de

trabalhadores aumente ainda mais

As migraccedilotildees internacionais constituem-se um fato com o qual os paiacuteses

por intermeacutedio de seus gestores de poliacuteticas de trabalho e previdecircncia social teratildeo

que lidar Eacute previsiacutevel que no contexto da integraccedilatildeo internacional crescente os

acordos e tratados de seguridade social sejam instrumentos importantes de

extensatildeo e garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios previstos na

96

ROCHA Daniel Machado da O direito fundamental agrave previdecircncia social na perspectiva dos princiacutepios constitucionais diretivos do sistema previdenciaacuterio brasileiro Porto Alegre Livraria do Advogado 2004 p 112

97 PIOVESAN Flaacutevia Direitos Humanos e Direito Constitucional e Internacional 5ed Satildeo

Paulo Max Limonad 2002 p 72 98

Cf os trabalhos publicados na coletacircnea BRASIL Migraccedilotildees Internacionais e a Previdecircncia Social Ministeacuterio da Previdecircncia Social Brasiacutelia MPAS 2006

46

legislaccedilatildeo de dois ou mais paiacuteses procurando prover fundamento legal comum

quanto aos direitos e obrigaccedilotildees

A integraccedilatildeo regional do MERCOSUL promove uma reestruturaccedilatildeo

competitiva das economias nacionais dos paiacuteses do bloco que impotildee novos

desafios econocircmicos e sociais aos paiacuteses

Em mateacuteria de previdecircncia os acordos internacionais que estatildeo inseridos

no contexto da poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores satildeo o resultado de esforccedilos do Ministeacuterio da Previdecircncia Social e de

entendimentos diplomaacuteticos entre governos e objetivam garantir aos respectivos

trabalhadores e dependentes legais residentes ou em tracircnsito no paiacutes os direitos de

seguridade social previstos nas legislaccedilotildees dos paiacuteses99

Os acordos internacionais de Previdecircncia Social estabelecem uma relaccedilatildeo

de prestaccedilatildeo de benefiacutecios previdenciaacuterios natildeo implicando na modificaccedilatildeo da

legislaccedilatildeo vigente no paiacutes cumprindo a cada Estado contratante analisar os pedidos

de benefiacutecios apresentados e decidir quanto ao direito e agraves condiccedilotildees conforme sua

proacutepria legislaccedilatildeo aplicaacutevel Esses acordos internacionais satildeo instrumentos juriacutedicos

que possibilitam aceitar a validade do trabalho prestado em outro paiacutes como tempo

de contribuiccedilatildeo para fins de aposentadoria permitindo assim que se reconheccedilam

os benefiacutecios de Seguridade Social nos paiacuteses participantes

Todavia natildeo se ignorem tambeacutem as imensas dificuldades legislativas entre

os quatro paiacuteses em mateacuteria previdenciaacuteria Este campo eacute de imprescindiacutevel

harmonizaccedilatildeo e principalmente estruturaccedilatildeo interna que visa num primeiro

momento agrave reduccedilatildeo do deacuteficit puacuteblico para em posterior momento criar as

condiccedilotildees agrave exportaccedilatildeo dos benefiacutecios ldquoTorna-se um imperativo pois caso contraacuterio

os trabalhadores natildeo arriscaratildeo novas oportunidades tampouco se beneficiaratildeo se

natildeo puderem contar com a assistecircncia dos sistemas previdenciaacuterios da contagem

do tempo de serviccedilo ou contribuiccedilatildeo e sobretudo da possibilidade de desfrutarem

de benefiacutecios em Estados estrangeirosrdquo100

A verdade eacute que no mundo contemporacircneo a preocupaccedilatildeo com a questatildeo

social na integraccedilatildeo regional natildeo pode ser tratada como faculdade e sim uma

necessidade derivada do proacuteprio instinto de preservaccedilatildeo de cada paiacutes Neste

99

Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_01aspgt Acesso em 25042009

100 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Op cit p 246

47

sentido Alicia Moreno ressalta a importacircncia de documentos como a Declaraccedilatildeo

Sociolaboral do MERCOSUL e do Acordo Multilateral de Seguridade Social para o

avanccedilo da questatildeo social no MERCOSUL ainda que caracterize o avanccedilo ainda

parcial101

Poreacutem faz criacutetica ao caraacuteter limitado do poder vinculante dos documentos

relativos a aacuterea social Eduardo Campos ao entender que a realidade social do

MERCOSUL traduz-se em debates e estudos que ateacute 2001 materializaram-se em

programas e praacuteticas de um pequeno nuacutemero de accedilotildees pontuais aqui e ali

[] o saldo ateacute o momento resume-se basicamente agrave vigecircncia comum de algumas normas da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho agrave celebraccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social sem grandes inovaccedilotildees em relaccedilatildeo ao quadro entatildeo existente e agrave assinatura da Declaraccedilatildeo Sociolaboral com importantes limitaccedilotildees em seu conteuacutedo e sem poder vinculante

102

Pode-se afirmar que os acordos internacionais satildeo mecanismos delicados

que precisam superar problemas complexos dentre os quais os sistemas de

seguridade social principalmente pelas variadas regras existentes em todo o

mundo sendo preciso superar as deficiecircncias internas para harmonizar as regras

bastante divergentes dos paiacuteses envolvidos nos acordos internacionais

Os acordos internacionais em mateacuteria previdenciaacuteria protegem os direitos

dos trabalhadores envolvidos em movimentos migratoacuterios com o objetivo de

garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios

Nesse sentido eacute necessaacuterio que os processos de integraccedilatildeo regional sejam

acompanhados de medidas tendentes agrave progressiva coordenaccedilatildeo natildeo somente das

poliacuteticas macroeconocircmicas senatildeo tambeacutem daquelas referentes agrave proteccedilatildeo social

Imerso neste desafio e com a ampliaccedilatildeo de demandas populares de poliacuteticas de

proteccedilatildeo social nos uacuteltimos anos foi habitual que o Brasil estabelecesse convecircnios

bilaterais de previdecircncia social com alguns paiacuteses da Ameacuterica Latina o que tornou

mais faacutecil a ratificaccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL

101

MORENO Alicia S La difusa Idea del espacio social em los procesos de integracioacuten In PIMENTEL L O (Coord) Mercosul Alca e Integraccedilatildeo Euro-Latino-Americana Curitiba Juruaacute 2001 p 74

102 CAMPOS E N O deacuteficit social da Comunidade Europeacuteia e do MERCOSUL In PIMENTEL L O

(Coord) Op cit p 210

48

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL

Os organismos internacionais de seguridade social tecircm o objetivo de garantir

a maior cobertura possiacutevel da proteccedilatildeo social aos trabalhadores e atuar na

facilitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse processo O Ministeacuterio da Previdecircncia Social

(MPS) manteacutem filiaccedilatildeo com trecircs organismos internacionais de seguridade social

Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social (AISS) Conferecircncia Interamericana

de Seguridade Social (CISS) e Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social

(OISS) O Brasil tambeacutem eacute parceiro em accedilotildees com a Organizaccedilatildeo Internacional do

Trabalho (OIT)103

A Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social eacute a principal organizaccedilatildeo

internacional do mundo a reunir as administraccedilotildees e os organismos nacionais de

seguridade social Fundada em 1927 a AISS eacute uma organizaccedilatildeo internacional sem

fins lucrativos composta por instituiccedilotildees oacutergatildeos governamentais entidades e outros

organismos gestores de ramos de seguridade social seu secretariado tem sede na

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra e atualmente conta com

340 organizaccedilotildees afiliadas em 150104

paiacuteses de todo o mundo

Os objetivos da AISS satildeo defender e promover a seguridade social

internacional no mundo inteiro colaborando com o aperfeiccediloamento teacutecnico-

administrativo e o intercacircmbio informativo gerencial assegurar o direito estabelecido

por lei aos acidentes de trabalho e doenccedilas profissionais desemprego maternidade

invalidez aposentadoria e reabilitaccedilatildeo a filhos e membros das famiacutelias fomentar

experiecircncias intercacircmbios e conhecimentos internacionais organizar reuniotildees sobre

seguridade social realizar intercacircmbio de informaccedilotildees e experiecircncias organizar

cursos de formaccedilatildeo e seminaacuterios de capacitaccedilatildeo efetuar investigaccedilotildees e pesquisas

em mateacuteria de seguridade social publicar e difundir trabalhos e documentos sobre

temas de seguridade social organizar reuniotildees internacionais perioacutedicas de seus

membros favorecer a troca de informaccedilotildees e a confrontaccedilatildeo de experiecircncias

orientando as atividades dos membros da Associaccedilatildeo e a ajuda teacutecnica muacutetua que

possam propor colaborar com a OIT e com outras organizaccedilotildees a fim de contribuir

103

Fonte Relatoacuterio Anual da AISS Disponiacutevel em ltwwwissaintannual-reviewgt Acesso em 20012011

104 Ibid

49

para a melhoria da situaccedilatildeo social e econocircmica dos povos com base na justiccedila

social para uma paz geral e duraacutevel

A Conferecircncia Interamericana de Seguridade Social eacute um Organismo

Internacional Especializado de caraacuteter permanente que foi iniciado pelos estados

membros da OIT os quais reunidos em uma conferecircncia de trabalho em 12 de

dezembro de 1940 na cidade de Lima Peru criou o Comitecirc Interamericano de

Iniciativas em Seguridade Social que serviu depois de base para criaccedilatildeo da

Conferecircncia Interamericana de Seguridade aprovada por unanimidade desde que

atue em conformidade com a OIT

Seus objetivos satildeo apoiar e contribuir para o desenvolvimento da

seguridade social nos paiacuteses americanos cooperando com as instituiccedilotildees e

administraccedilotildees nacionais adotar resoluccedilotildees e formular recomendaccedilotildees em

seguridade social e promover sua difusatildeo impulsionar a cooperaccedilatildeo e intercacircmbio

de experiecircncias entre as instituiccedilotildees de administraccedilotildees nacionais de seguridade

social e outras organizaccedilotildees internacionais orientar a capacitaccedilatildeo de recursos

humanos a serviccedilo da seguridade social e proporcionar meios para que se possa

fazecirc-lo de forma sistemaacutetica e permanente difundir os avanccedilos dos sistemas de

seguridade social em niacutevel nacional e internacional e editar as publicaccedilotildees de

estudos105

A Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social OISS tem como

finalidade promover o bem-estar econocircmico e social dos paiacuteses ibero-americanos

mediante a coordenaccedilatildeo intercacircmbio e troca de experiecircncias muacutetuas no acircmbito da

seguridade social Aleacutem de prestar assessoramento e ajuda teacutecnica a seus

membros colaborando para o desenvolvimento de seus sistemas tem-se

empenhado na promoccedilatildeo da universalizaccedilatildeo da Seguridade Social impulsionando a

modernizaccedilatildeo dos sistemas existentes mediante a coordenaccedilatildeo e o aproveitamento

de suas experiecircncias muacutetuas

A OISS eacute o primeiro registro na Ameacuterica para a Seguridade Social realizada

em Barcelona em 1950 no qual estabeleceu uma Secretaria para apoiar novas

reuniotildees a ser chamada Comissatildeo Americana de Seguranccedila Social mas foi no

Congresso Latino-Americano de Seguridade Social realizado em Lima Peru em

105

Ibid

50

1954 que com a presenccedila da maioria dos paiacuteses da regiatildeo juntamente com

representantes da OIT da OEA e ISSA foi aprovada a Carta da OISS

Seus principais objetivos satildeo promover accedilotildees para universalizar o direito agrave

seguridade social colaborar com o desenvolvimento de tratados de integraccedilatildeo

socioeconocircmica de caraacuteter sub-regional atuar como oacutergatildeo permanente de

informaccedilatildeo estudo investigaccedilatildeo e experiecircncia no desenvolvimento dos sistemas

internacionais promover meios para a realizaccedilatildeo de negociaccedilatildeo de acordos entre os

paiacuteses prestando assistecircncia teacutecnica e facilitando a execuccedilatildeo de programas na aacuterea

de proteccedilatildeo social desenvolver investigaccedilotildees estudos e pesquisas nos principais

ramos da seguridade social no mundo receber e divulgar publicaccedilotildees de diversos

trabalhos sobre temas de seguridade social e trocar experiecircncias entre as

instituiccedilotildees membro106

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho fundada em 1919 criada pela

Conferecircncia de Paz apoacutes a Primeira Guerra Mundial tem o objetivo de promover a

justiccedila social Eacute a uacutenica das Agecircncias do Sistema das Naccedilotildees Unidas que tem

estrutura tripartite na qual os representantes dos empregadores e dos trabalhadores

tecircm os mesmos direitos que os do governo

A OIT tem por princiacutepio que a paz universal e permanente soacute pode basear-

se na justiccedila A Organizaccedilatildeo Internacional Trabalho por ser uma agecircncia

especializada das Naccedilotildees Unidas eacute responsaacutevel por formular normas internacionais

do trabalho promover o desenvolvimento e a interaccedilatildeo das organizaccedilotildees de

empregadores e de trabalhadores prestar cooperaccedilatildeo teacutecnica principalmente nas

aacutereas de formaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo profissional poliacuteticas e programas de emprego e

de empreendedorismo administraccedilatildeo do trabalho direito e relaccedilotildees do trabalho

condiccedilotildees de trabalho desenvolvimento empresarial cooperativas previdecircncia

social estatiacutesticas e seguranccedila e sauacutede ocupacional

Ainda como objetivos estrateacutegicos promover os princiacutepios fundamentais e

direitos no trabalho por meio de um sistema de supervisatildeo e de aplicaccedilatildeo de

normas promover melhores oportunidades de empregorenda para mulheres e

homens em condiccedilotildees de livre escolha de natildeo discriminaccedilatildeo e de dignidade

aumentar a abrangecircncia e a eficaacutecia da proteccedilatildeo social e fortalecer o tripartismo e

o diaacutelogo social

106

Disponiacutevel em lthttpwww1previdenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_05aspgt Acesso em 20042011

51

Na seguridade social destaca-se a Convenccedilatildeo 118 da Organizaccedilatildeo

Internacional do Trabalho (OIT) que trata da igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros aprovada no Brasil em 24 de agosto de 1968 No artigo 7ordm

da Convenccedilatildeo estipula-se que os paiacuteses signataacuterios tecircm que participar de um

sistema de direitos de seguridade social e que este sistema teraacute que fornecer a

totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro trabalho ou residecircncia a manutenccedilatildeo ou a

recuperaccedilatildeo de direitos bem como o caacutelculo das contribuiccedilotildees dos trabalhadores

em circulaccedilatildeo Neste sentido eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica as iniciativas do

poder puacuteblico para alcanccedilar tais direitos

No Brasil o escritoacuterio da OIT atua na promoccedilatildeo dos objetivos estrateacutegicos

da Organizaccedilatildeo principalmente na implementaccedilatildeo de programas projetos e

atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica visando ao aperfeiccediloamento das normas e das

relaccedilotildees trabalhistas das poliacuteticas e programas de emprego formaccedilatildeo profissional e

de proteccedilatildeo social

23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE SOCIAL

Como jaacute visto os acordos internacionais de Previdecircncia Social inserem-se

no contexto de poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores mas no Brasil satildeo operacionalizados pelo Instituto Nacional do Seguro

Social de forma descentralizada mediante 14 Organismos de Ligaccedilatildeo vinculados agraves

Gerecircncias Executivas do INSS nas cidades de Manaus Salvador Fortaleza

Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto

Alegre Florianoacutepolis Satildeo Paulo aleacutem do Distrito Federal107

Esses Organismos satildeo

responsaacuteveis pela anaacutelise e concessatildeo dos benefiacutecios cabendo-lhes ainda

responder a solicitaccedilotildees dos segurados e dos Organismos de Ligaccedilatildeo estrangeiros

O Brasil reconhece a importacircncia significativa dos acordos internacionais

como um meio para assegurar os direitos de seguridade social dos cidadatildeos de

maneira que tem como objetivo ampliar cada vez mais as relaccedilotildees bilaterais e

multilaterais para a celebraccedilatildeo de novos acordos tendo como fator determinante

107

Fonte extraiacuteda do site ltwwwmpsgovbracordosinternacionaisgt Acesso em 03012011

52

relaccedilotildees especiais de amizade entre os paiacuteses e os fluxos importantes de comeacutercio

e investimentos

Atualmente o Brasil manteacutem acordo bilateral com Cabo Verde Espanha

Greacutecia Chile Itaacutelia Luxemburgo e Portugal Em fase de negociaccedilatildeo encontram-se

os acordos bilaterais com Japatildeo Alemanha Paiacuteses Baixos Coreacuteia e Estados

Unidos e o Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social108

Na maioria dos

Acordos haacute um Regulamento Administrativo para a sua aplicaccedilatildeo anexado junto ao

respectivo Acordo com exceccedilatildeo do Acordo Internacional entre Brasil e Cabo Verde

e Brasil e Luxemburgo

No acircmbito multilateral o Brasil tem acordo com os Estados Partes do

MERCOSUL (Argentina Paraguai e Uruguai) sendo o mais recente Acordo a entrar

em vigor

De acordo com o Ministeacuterio da Previdecircncia Social a uacuteltima tabela109 com a

quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais

publicada demonstra que no periacuteodo compreendido entre os anos de 2007 e 2009 a

quantidade de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo aos paiacuteses integrantes do

MERCOSUL aumentou em relaccedilatildeo a tabela do periacuteodo 2001 a 2003 tambeacutem

passam a aparecer benefiacutecios concedidos no acircmbito do Acordo Multilateral de

Seguridade Social e aparece na tabela paraguaios trabalhadores que natildeo estavam

na tabela 20012003

Tabela 3 ndash Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

Paiacuteses 20012003

Total de benefiacutecios

20072009

Total de benefiacutecios

Argentina 7 89

MERCOSUL - 32

Paraguai - 6

Uruguai 16 77

Fonte Organizado pela autora com base nas tabelas publicadas pelo Ministeacuterio da Previdecircncia Social

108

LAMERA Larissa Martins Acordos Internacionais de Previdecircncia Social Informe da Previdecircncia Social 1 2007 v 17 n 8 Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrdocspdfinforme202007-08pdfgt Acesso em 26042009

109 Tabelas em anexo

53

A tabela 20072009 trata-se de periacuteodo poacutes-entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social que apresenta uma movimentaccedilatildeo tiacutemida de

trabalhadores circulando dentro do bloco mas ao mesmo tempo jaacute demonstra um

aumento de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo a tabela anterior (20012003) e a

presenccedila do Paraguai Pode-se concluir que o Acordo Multilateral de Seguridade

Social do MERCOSUL jaacute esta atuando a favor do trabalhador no que tange agrave

previdecircncia social ao menos

24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e

seu Regulamento Administrativo foram efetivamente celebrados em Montevideacuteu em

15 de dezembro de 1997 pelos chanceleres da Argentina Brasil Paraguai e

Uruguai na ocasiatildeo da XIII Reuniatildeo do Conselho do Mercado Comum Os referidos

diplomas que encontram amparo no Tratado de Assunccedilatildeo e no Protocolo de Outro

Preto tecircm por objetivo o estabelecimento de normas que regulam as relaccedilotildees de

Seguridade Social entre os paiacuteses do MERCOSUL

Com vigecircncia fixada a partir do dia 1ordm de junho de 2005 o Acordo

Multilateral de Seguridade Social substituiu os acordos bilaterais existentes entre os

paiacuteses da regiatildeo estabelecendo um mecanismo estandardizado de coordenaccedilatildeo

dos sistemas previdenciaacuterios no acircmbito do MERCOSUL que era inexistente nos

instrumentos originaacuterios do bloco econocircmico Foi necessaacuteria portanto a celebraccedilatildeo

de um acordo que contemplasse as normas gerais para regular de maneira clara e

homogecircnea a seguridade social na regiatildeo

Seguindo o rito processual previsto para aprovaccedilatildeo de atos internacionais

no Brasil o Acordo e seu Regulamento foram encaminhados ao Congresso Nacional

e ratificados por meio do Decreto Legislativo nordm 451 publicado em 15 de novembro

de 2001 Este Decreto ressaltou que quaisquer ajustes complementares que

acarretassem encargos ou compromissos gravosos ao patrimocircnio nacional ficariam

sujeitos agrave aprovaccedilatildeo do Congresso Nacional

54

A mateacuteria objeto dos referidos diplomas internacionais envolve interesses

dos Ministeacuterios das Relaccedilotildees Exteriores da Previdecircncia Social Sauacutede e Trabalho e

Emprego uma vez que abrange a legislaccedilatildeo de seguridade social pertinente agraves

prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede aplicaacutevel aos trabalhadores e seus

familiares e assemelhados

O Acordo trata basicamente dos seguintes temas

I reconhecimento dos direitos agrave Seguridade Social aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer Estados

Partes sendo-lhes atribuiacutedos assim como a seus familiares e

assemelhados os mesmos direitos e estando sujeitos agraves mesmas

obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes

II submissatildeo do trabalhador agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo

territoacuterio exerccedila atividade laboral outorga das prestaccedilotildees de sauacutede ao

trabalhador deslocado temporariamente para territoacuterio de outro Estado

assim como para seus familiares e assemelhados desde que a

Entidade Gestora do Estado de origem assim autorize

III possibilidade de obtenccedilatildeo de prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada

invalidez ou morte pelos trabalhadores filiados a um regime de

aposentadoria e

IV pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecidas por algum dos

Estados Partes

A prioridade da diplomacia brasileira na Ameacuterica Latina em geral e no

MERCOSUL atribui especial relevacircncia ao Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL demandando a maior celeridade possiacutevel nos processos

necessaacuterios agrave sua efetiva aplicaccedilatildeo Entretanto a mesma dedicaccedilatildeo espera-se dos

paiacuteses signataacuterios do Acordo qual seja a necessidade de se estender proteccedilatildeo

social a todos os brasileiros que se encontram no exterior

Essa norma de coordenaccedilatildeo entre os paiacuteses natildeo implica a alteraccedilatildeo nos

respectivos sistemas previdenciaacuterios mas permite preservar os direitos adquiridos

ou em fase de aquisiccedilatildeo pelos trabalhadores ou seus dependentes quando se

encontrarem no territoacuterio dos paiacuteses signataacuterios aleacutem de natildeo prejudicar os direitos

adquiridos na vigecircncia dos acordos bilaterais

55

Hugo Roberto Mansueti110

lembra

Ello fue advertido en forma temprana con La aprobacioacuten Del Acordo Multilateral de Seguridad Social Del Mercosur y El respectivo regulamento administrativo suscritos em Montevideacuteo el 15 de diciembre de 1997 Ambos instrumentos ya se ecuentran en vigor de manera simultacircnea desde 01 de junio de 2002 Atraveacutes de estos Estados-Partes de latildes cotizaciones efectuadas por los trabajadores nacionales o extranjeros habitantes de manera tal que las prestaciones puedan ser otorgadas por El Estado donde El trabajador o beneficiaacuterio se encuentre

111

Nos termos do artigo 2ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL os direitos agrave seguridade social seratildeo reconhecidos aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer dos Estados Partes sendo-

lhes reconhecidos bem como a seus familiares e dependentes os mesmos direitos

estando sujeitos agraves obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes com

respeito aos especificamente mencionados no Acordo O Acordo tambeacutem deve

ser aplicado aos trabalhadores de qualquer outra nacionalidade residentes no

territoacuterio de um dos Estados Partes sempre que prestem ou tenham prestado

serviccedilos nos paiacuteses do bloco Por fim destaca-se que o objetivo do presente

Acordo eacute harmonizar e natildeo unificar as legislaccedilotildees previdenciaacuterias dos

integrantes do bloco essa eacute a diretriz prescrita no artigo 4deg ao declarar que ldquoo

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

exerccedila atividade laboralrdquo

Os primeiros esforccedilos para coordenar regimes de seguridade social por via

de acordos internacionais satildeo anteriores agrave Segunda Guerra Mundial Natildeo obstante

os acordos da forma como os conhecemos atualmente emergiram depois desse

conflito incorporando os paiacuteses de Europa Ocidental Tais paiacuteses perceberam que

sem uma coordenaccedilatildeo desta natureza os indiviacuteduos que contribuiacuteram para regimes

previdenciaacuterios em mais de um paiacutes natildeo poderiam reunir as condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo

das aposentadorias a que teriam direito

110

MANSUETI H R Contenidos de la Seguridad Social en el MERCOSUL In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 85

111 Traduccedilatildeo livre Isto foi advertido antecipadamente com a aprovaccedilatildeo do Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL e o respectivo regulamento administrativo subscritos em Montevideo em 15 de dezembro de 2002 Atraveacutes destes Estados-Partes das cotaccedilotildees efetuadas pelos trabalhadores nacionais ou estrangeiros residentes de forma que os benefiacutecios possam ser concedidos pelo Estado onde o trabalhador ou beneficiaacuterio de encontre

56

Os Governos da Repuacuteblica Argentina da Repuacuteblica Federativa do Brasil da

Repuacuteblica do Paraguai e da Repuacuteblica Oriental do Uruguai considerando o Tratado

de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 e o Protocolo de Ouro Preto de 17 de

dezembro de 1994 com o objetivo de estabelecer normas que regulem as relaccedilotildees

de Seguridade Social entre os Estados Partes do MERCOSUL decidiram promulgar

o Acordo Multilateral de Seguridade Social publicado no Brasil pelo Decreto

Legislativo nordm 451 de 14 de novembro de 2001 e Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo

de 2006

O acordo do MERCOSUL eacute o primeiro acordo internacional brasileiro em

mateacuteria previdenciaacuteria que tambeacutem beneficia os funcionaacuterios puacuteblicos pertencentes

aos Regimes Proacuteprios de Previdecircncia Social112

Como o acordo seraacute aplicado substancialmente pela uniformidade de

entendimento entre os paiacuteses membros estabeleceu-se a Comissatildeo Permanente

integrada por trecircs membros de cada paiacutes composta por grupos de trabalho nas

aacutereas da sauacutede legislaccedilatildeo e informaacutetica com o objetivo de verificar a aplicaccedilatildeo do

acordo e resolver as divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo desse instrumento

O Acordo Multilateral de Seguridade Social destacam Nilde Bravo Maria

Alliney e Graciela Victoriacuten113

representa a satisfaccedilatildeo de uma diacutevida que os Estados

Partes tinham com seus trabalhadores considerando que no aspecto do Acordo o

social havia sido relegado a um segundo plano Deste modo olvidou-se que a

economia se constroacutei tambeacutem com o trabalho do homem e eacute deste ndash trabalhador

migrante ndash que se deve proteger seus bens mais valiosos como sua sauacutede e as

contingecircncias sociais de velhice invalidez e morte

241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral

O trabalhador que transitar pelos diferentes sistemas previdenciaacuterios dos

paiacuteses integrantes do MERCOSUL e desde que preenchidos os requisitos para a

concessatildeo do benefiacutecio teraacute direito ao mesmo poreacutem nem todas as prestaccedilotildees

112

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1Ed)

113 BRAVO N de Las M ALLINEY M C AVENDANtildeO G V Un avance en el proceso de

integracioacuten social en el MERCOSUR el Acuerdo Multilateral de Seguridad Social In PIMENTEL L O Op cit p 406

57

estaratildeo cobertas pelo Acordo Multilateral Como o diploma natildeo prevecirc uma unificaccedilatildeo

da legislaccedilatildeo previdenciaacuteria dentro do bloco e sim uma harmonizaccedilatildeo cada Estado

Parte deve continuar prestando sua assistecircncia da forma como a legislaccedilatildeo interna

prever

As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes

tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo

pagas de acordo com as normas previstas no artigo 7ordm do Acordo Multilateral

Destarte ficam excluiacutedos do Acordo Multilateral os previstos no Brasil no art

18 da Lei ndeg 8213 de 24 de julho de 1991 que dispotildee sobre os planos de

benefiacutecios da previdecircncia social

a) para o segurado aposentadoria por tempo de serviccedilo aposentadoria

especial salaacuterio-famiacutelia salaacuterio-maternidade auxiacutelio-acidente

b) para o dependente auxiacutelio-reclusatildeo

c) para o segurado e dependente serviccedilo social reabilitaccedilatildeo profissional

Somente seratildeo analisadas as principais caracteriacutesticas requisitos de

concessatildeo e forma da renda inicial mensal dos benefiacutecios com os quais os

trabalhadores do MERCOSUL poderatildeo contar

No Brasil a autoridade competente a processar os pedidos de

concessatildeo de benefiacutecios envolvendo estrangeiros dos Acordos Internacionais

eacute o Instituto Social do Seguro Social e a Assessoria de Assuntos Internacionais eacute

o oacutergatildeo responsaacutevel pela celebraccedilatildeo dos Acordos e pelo acompanhamento e

avaliaccedilatildeo de sua operacionalizaccedilatildeo O requerimento de benefiacutecio inclusive

benefiacutecio da legislaccedilatildeo do outro Paiacutes deveraacute ser protocolizado na Entidade Gestora

do paiacutes de residecircncia do interessado No Brasil os requerimentos satildeo formalizados

nas UnidadesAgecircncias da Previdecircncia Social conforme a residecircncia do requerente

e encaminhados ao Organismo de Ligaccedilatildeo correspondente

Em relaccedilatildeo ao benefiacutecio de aposentadoria por idade podemos apresentar

uma particularidade do Brasil que natildeo se aplica ao Acordo Multilateral de

Seguridade Social que eacute a possibilidade de o trabalhador rural que vive em regime

de economia familiar poder se aposentar por idade sem ter a necessidade de

contribuiccedilatildeo com idade de 60 anos para o homem e 55 anos para a mulher

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR

58

IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA

114

1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3 A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

115

Portanto embora o trabalhador rural seja efetivamente um trabalhador no

sistema brasileiro de previdecircncia social conforme dispotildee a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 se houver comprovaccedilatildeo de que o segurado era trabalhador rural chamado de

segurado especial116

ser-lhe-aacute devido o benefiacutecio da aposentadoria o que natildeo

acontece com os paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social

114

A sentenccedila na iacutentegra poderaacute ser observada no anexo fls 136 115

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA TRF - 4ordf Regiatildeo

116 Segurado Especial para o sistema brasileiro de previdecircncia social eacute aquele que vive em regime

de economia familiar e caracteriza-se como produtor parceiro meeiro e o arrendataacuterio rural o pescador artesanal e seus assemelhados que exerccedilam suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar com ou sem auxiacutelio eventual de terceiros em sistema de muacutetua colaboraccedilatildeo e sem utilizaccedilatildeo de matildeo de obra assalariada bem como seus respectivos cocircnjuges companheiros e filhos maiores de 16 anos de idade ou a eles equiparados desde que trabalhem comprovadamente com o grupo familiar respectivo

A contar de 22112000 o parceiro outorgante proprietaacuterio de imoacutevel rural com aacuterea total de no maacuteximo quatro moacutedulos fiscais que ceder em parceria ou meaccedilatildeo ateacute 50 da aacuterea de seu imoacutevel rural desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a atividade individualmente ou em regime de economia familiar (VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios Op cit p57)

59

Ateacute porque como se analisaraacute veraacute no Capiacutetulo 3 os trabalhadores

assegurados pelo Acordo satildeo aqueles que tecircm viacutenculo de emprego ou seja os

trabalhadores empregados

60

CAPIacuteTULO 3

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE

SOCIAL NO MERCOSUL

O ecircxito dos Acordos Internacionais eacute em grande parte em razatildeo da parceria

entre o Itamaraty e o Ministeacuterio da Previdecircncia Social (MPS) com vistas a estender

proteccedilatildeo previdenciaacuteria aos brasileiros que vivem no exterior o que pressupotildee a

existecircncia de acordos nessa mateacuteria com governos de outros paiacuteses

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL eacute o primeiro

Acordo multilateral brasileiro em mateacuteria previdenciaacuteria em vigor Nele por exemplo

satildeo garantidos benefiacutecios que dependem de contribuiccedilotildees e contagem de tempo

como aposentadoria por idade (voluntaacuteria ou obrigatoacuteria) aposentadoria por

invalidez auxiacutelio-doenccedila e a pensatildeo por morte o que totalizaria os periacuteodos para

quem atua em mais de um paiacutes no acircmbito do Acordo

Outra proteccedilatildeo prevista eacute a manutenccedilatildeo da contribuiccedilatildeo ao paiacutes de origem

quando o deslocamento temporaacuterio for inferior a 12 meses prorrogaacutevel por igual

periacuteodo sempre que seja autorizado pelo paiacutes de destino Em tal periacuteodo o

trabalhador manteacutem seu viacutenculo e direitos sempre no paiacutes de origem natildeo

precisando portanto requerer esse tempo trabalhado na forma do Acordo Ademais

o Acordo tambeacutem beneficia aos servidores puacuteblicos pertencentes aos Regimes

Proacuteprios de Previdecircncia Social

Quanto aos atendimentos de sauacutede o Acordo prevecirc assistecircncia meacutedica

gratuita na rede hospitalar do governo ao trabalhador deslocado temporariamente

nos termos do inciso I Artigo 6 do referido Acordo bem como a seus dependentes

Natildeo obstante os atendimentos de sauacutede somente seratildeo outorgados ao trabalhador

deslocado temporariamente para o territoacuterio de outros Estados Partes bem como

para seus familiares e dependentes se a Entidade Gestora do Estado de origem

autorizar esse outorgamento Os custos que se originem dessa possibilidade seratildeo

cobertos pela mesma Entidade Gestora que autorizou a prestaccedilatildeo117

117

Decreto Legislativo n ordm 4512001 art 6ordm

61

Assim no Brasil o interessado deveraacute antes do deslocamento dirigir-se ao

Departamento Nacional de Auditoria do SUS dependente do Ministeacuterio da Sauacutede do

Brasil e solicitar o Certificado de Direito a Assistecircncia Meacutedica no Estado para onde

se deslocaraacute temporalmente

Os acordos internacionais na aacuterea de seguridade social satildeo instrumentos

juriacutedicos que os trabalhadores se utilizam para obter a validade do tempo de

contribuiccedilatildeo de Estados diferentes para todos os paiacuteses que satildeo membros e assim

permitem reconhecer os benefiacutecios previdenciaacuterios sendo desta forma a maneira

de se garantir os direitos dos trabalhadores que estatildeo envolvidos nos movimentos

migratoacuterios

Neste sentido eacute imprescindiacutevel o destaque para a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que trata acerca da igualdade de

tratamento entre nacionais e estrangeiros no seu artigo 3ordm cuja redaccedilatildeo eacute a

seguinte

Artigo 3

o

sect 1ordm - Qualquer Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor concederaacute em seu territoacuterio aos nacionais qualquer outro Membro para o qual a referida Convenccedilatildeo estiver igualmente em vigor o mesmo tratamento que a seus proacuteprios nacionais de conformidade com sua legislaccedilatildeo tanto no atinente agrave sujeiccedilatildeo como ao direito agraves prestaccedilotildees em qualquer ramo da previdecircncia social para o qual tenha aceitado as obrigaccedilotildees da Convenccedilatildeo sect 2ordm - No concernente agraves pensotildees por morte esta igualdade de tratamento deveraacute ademais ser concedida aos sobreviventes dos nacionais de um Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor independentemente da nacionalidade desses sobreviventes sect 3ordm - Entretanto no que concerne agraves prestaccedilotildees de um ramo de previdecircncia social determinado um Membro poderaacute derrogar as disposiccedilotildees dos paraacutegrafos precedentes do presente artigo com respeito aos nacionais de qualquer outro Membro que embora possua legislaccedilatildeo relativa a este ramo natildeo concede no referido ramo igualdade de tratamento aos

nacionais do primeiro Membro118

O artigo 7ordm tambeacutem da Convenccedilatildeo 118 estipula que os paiacuteses signataacuterios

tecircm que se esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento

de direitos de seguridade social119

Dessa forma eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica

as iniciativas do poder puacuteblico para garantir esses direitos Eacute importante destacar

118

Convenccedilatildeo Internacional 118 ratificada pelo Brasil pelo do Decreto Legislativo nordm 31 de 20 de agosto de 1968

119 Ibid

62

que ficou previsto no Acordo em seu artigo 16 uma Comissatildeo Multilateral

Permanente conforme se descreve

ARTIGO 16 1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com as disposiccedilotildees do Regulamento Administrativo 2 As Autoridades Competentes instituiratildeo uma Comissatildeo Multilateral Permanente que deliberaraacute por consenso e onde cada representaccedilatildeo estaraacute integrada por ateacute 3 membros de cada Estado Parte A Comissatildeo teraacute as seguintes funccedilotildees a) verificar a aplicaccedilatildeo do Acordo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares b) assessorar as Autoridades Competentes c) planejar as eventuais modificaccedilotildees ampliaccedilotildees e normas complementares d) manter negociaccedilotildees diretas por um prazo de 6 meses a fim de resolver as eventuais divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo do Acordo Vencido o teacutermino anterior sem que tenham resolvido as diferenccedilas qualquer um dos Estados Partes poderaacute recorrer ao sistema de soluccedilatildeo de controveacutersia vigente entre os Estados Partes do Tratado de Assunccedilatildeo 3 A Comissatildeo Multilateral Permanente reunir-se-aacute uma vez por ano alternadamente em cada um dos Estados Partes ou quando o solicite um deles 4 As Autoridades Competentes poderatildeo delegar a elaboraccedilatildeo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares agrave Comissatildeo Multilateral Permanente

A criaccedilatildeo de uma Comissatildeo Multilateral Permanente foi uma inovaccedilatildeo

interessante trazida pelo Acordo que tem responsabilidade entre outras coisas de

monitorar a aplicaccedilatildeo do acordo assessorar as autoridades competentes e planejar

eventuais modificaccedilotildees e complementaccedilotildees no mesmo

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

No MERCOSUL existe distinccedilatildeo entre os ordenamentos juriacutedicos internos e

externos embora ambos sejam vaacutelidos eles satildeo distintos e independentes Haacute total

independecircncia entre as normas e natildeo eacute possiacutevel afirmar que a norma interna estaacute

63

condicionada agrave norma internacional pois se caracterizam dois ordenamentos

juriacutedicos distintos120

Como caracteriacutestica do MERCOSUL as decisotildees tomadas no acircmbito dos

Acordos Internacionais fica condicionada aos procedimentos internos de cada paiacutes

integrante do bloco

De acordo com o Decreto Regulamentador ldquoo ldquoAcordo designa o Acordo

Multilateral de Seguridade Social entre a Repuacuteblica Argentina a Repuacuteblica

Federativa do Brasil a Repuacuteblica do Paraguai e a Repuacuteblica Oriental do Uruguai ou

qualquer outro Estado que venha a aderirrdquo121

De acordo com o Decreto Legislativo o mesmo tem duraccedilatildeo indefinida e o

Estado Parte que desejar se desvincular do presente Acordo poderaacute se desligar a

qualquer tempo atraveacutes da via diplomaacutetica natildeo afetando obviamente os direitos

adquiridos em virtude do Acordo ateacute entatildeo firmado Da mesma forma mas em

sentido contraacuterio o Acordo estaraacute aberto agrave adesatildeo mediante negociaccedilatildeo a aqueles

Estados que no futuro aderirem ao Tratado de Assunccedilatildeo como eacute o caso da

Venezuela por exemplo

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL a partir da sua

ratificaccedilatildeo nos paiacuteses integrantes do bloco pelo de seus ordenamentos juriacutedicos

internos aleacutem de prever questotildees ligadas agrave Previdecircncia Social tambeacutem trouxe

informaccedilotildees referentes agraves prestaccedilotildees de sauacutede

Conforme dispotildee os artigos 3ordm e 6ordm do Acordo ratificado no Brasil pelo

Decreto Legislativo nordm 4512001

ARTIGO 3

1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social referente agraves prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede existentes nos Estados Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo aqui estabelecidas

2 Cada Estado Parte concederaacute as prestaccedilotildees pecuniaacuterias e de sauacutede de acordo com sua proacutepria legislaccedilatildeo

3 As normas sobre prescriccedilatildeo e caducidade vigentes em cada Estado Parte seratildeo aplicadas ao disposto neste Artigo

E ainda

120

KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees constitucionais Op cit p 94

121 Decreto Regulamentador nordm 57222006 artigo 1ordm

64

ARTIGO 6

1 As prestaccedilotildees de sauacutede seratildeo outorgadas ao trabalhador deslocado temporariamente para o territoacuterio de outro Estado Parte assim como para seus familiares e assemelhados desde que a Entidade Gestora do Estado de origem autorize a sua outorga

2 Os custos que se originem de acordo com o previsto no paraacutegrafo anterior correratildeo a cargo da Entidade Gestora que tenha autorizado a prestaccedilatildeo

Portanto o trabalhador deslocado seus familiares ou assemelhados para

que possam obter as prestaccedilotildees de sauacutede durante o periacuteodo de permanecircncia no

Estado Parte em que se encontrarem deveratildeo apresentar ao Organismo de Ligaccedilatildeo

o certificado de Deslocamento Temporaacuterio e quando necessitarem de assistecircncia

meacutedica de urgecircncia deveratildeo apresentar perante a Entidade Gestora do Estado em

que se encontram o certificado expedido pelo Estado de origem

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS

De acordo com o artigo 2ordm do Regulamento do Acordo Multilateral de

Seguridade Social satildeo Autoridades Competentes122

os titulares na Argentina o

Ministeacuterio de Trabalho e Seguridade Social e do Ministeacuterio da Sauacutede e Accedilatildeo Social

no Brasil o Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social e do Ministeacuterio da Sauacutede

no Paraguai o Ministeacuterio da Justiccedila e do Trabalho e do Ministeacuterio da Sauacutede Puacuteblica

e Bem-Estar Social e no Uruguai o Ministeacuterio do Trabalho e da Seguridade Social

Satildeo Entidades Gestoras123

na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) as Caixas ou Institutos Municipais e Provinciais de

Previdecircncia a Superintendecircncia de Administradores de Fundo de Aposentadorias e

Pensotildees e as Administradoras de Fundos de Aposentadorias e Pensotildees no que se

refere aos regimes que amparam as contingecircncias de velhice invalidez e morte

baseadas no sistema de reparto ou no sistema de capitalizaccedilatildeo individual e a

122

Eacute o titular do organismo governamental que conforme a legislaccedilatildeo interna de cada Estado Parte tem competecircncia sobre o regime de Seguridade Social art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

123 Entidades Gestoras satildeo as instituiccedilotildees competentes para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

65

Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede (ANSSAL) no que se refere agraves

prestaccedilotildees de sauacutede no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o

Ministeacuterio da Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no

Uruguai o Banco de Previdecircncia Social (BPS)

Satildeo Organismos de Ligaccedilatildeo124 na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) e a Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede

(ANSSAL) no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Ministeacuterio da

Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no Uruguai o Banco

de Previdecircncia Social (BPS) Os Organismos de Ligaccedilatildeo comunicar-se-atildeo

diretamente entre si assim como com as pessoas interessadas que se encontrem

no seu respectivo territoacuterio e certificaratildeo para os fins do Acordo os periacuteodos de

seguro ou contribuiccedilatildeo recolhidos no Estado Parte ao qual pertencem

compreendidos em qualquer dos regimes de Seguridade Social do Estado Parte

contemplados na sua legislaccedilatildeo conforme jaacute estaacute previsto no Artigo 3deg do Acordo

A correspondecircncia entre as Autoridades Competentes Organismos de

Ligaccedilatildeo e Entidades Gestoras dos Estados Partes seraacute redigida no respectivo

idioma oficial do Estado emissor125

Ateacute a publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo do MPSINSS nordm

1362010 os organismos de ligaccedilatildeo no Brasil eram agecircncias da Previdecircncia

especificamente nos Estados de Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia

Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre

Florianoacutepolis e Satildeo Paulo por intermeacutedio das Gerecircncias Executivas

Entretanto com a entrada em vigor da norma acima citada em 31 de

dezembro de 2010 a operacionalizaccedilatildeo de cada Acordo de Previdecircncia Social ficou

em um uacutenico Organsimo de Ligaccedilatildeo no Brasil conforme Quadro 1 a seguir

124

Organismo de Ligaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos designados a efetuarem a comunicaccedilatildeo com os paiacuteses acordantes garantindo o cumprimento das solicitaccedilotildees formuladas no acircmbito dos Acordos Internacionais (Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 1ordm) e tem o objetivo de facilitar a aplicaccedilatildeo do Acordo adotando as medidas necessaacuterias para lograr sua maacutexima agilizaccedilatildeo e simplificaccedilatildeo administrativa

125 Decreto Legislativo n

o 4512001 art14

66

Quadro 2 Organismos de Ligaccedilatildeo no Brasil para acordos com outros paiacuteses

Fonte Anexo I da Resoluccedilatildeo MPSINSS 1362010

Observe-se que no acircmbito do MERCOSUL no Brasil a gerecircncia de

Florianoacutepolis (SC) eacute responsaacutevel atualmente para

I solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social brasileira de

estrangeiros em regime de deslocamento temporaacuterio no Brasil bem

como para os casos previstos nas regras de exceccedilatildeo e opccedilatildeo

II solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social relativa aos

paiacuteses acordantes para brasileiro que temporariamente preste serviccedilo

naqueles paiacuteses bem como para os casos que se enquadrarem nas

regras de exceccedilatildeo

III emitir os formulaacuterios de Ligaccedilatildeo Certificados de Deslocamento

Temporaacuterio e respectivas prorrogaccedilotildees informar aos paiacuteses

acordantes sobre as decisotildees proferidas resultantes da anaacutelise das

solicitaccedilotildees referentes aos processos de benefiacutecios no acircmbito dos

Acordos Internacionais e

IV encaminhar aos paiacuteses acordantes as informaccedilotildees sobre a situaccedilatildeo do

segurado junto agrave Previdecircncia Social brasileira quando requeridas bem

como prestar atendimento agraves demais solicitaccedilotildees apresentadas pelos

paiacuteses signataacuterios dos Acordos Internacionais126

A Resoluccedilatildeo esclarece em seu artigo 4ordm que os antigos Organismos de

Ligaccedilatildeo (Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte

Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre Florianoacutepolis e Satildeo Paulo)

126

Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 3ordm

Acordo do Brasil com Organismo de Ligaccedilatildeo Telefone

Portugal amp Cabo Verde Gerecircncia Satildeo Paulo Sul APS Vila Mariana

(11) 3503- 36073608

Espanha Gerecircncia Rio de Janeiro Centro APS Almirante Barroso

(21) 2272-35153438

Itaacutelia Gerecircncia Belo Horizonte APS Santa Efigecircnia

(31) 3249-42274228

MERCOSUL Argentina Paraguai e Uruguai

Gerecircncia Florianoacutepolis APS Florianoacutepolis Centro

(48) 3298-8125

Chile Gerecircncia Recife APS Santo Antocircnio

(81) 3412-55765492

Greacutecia amp Luxemburgo

Gerecircncia Distrito Federal APS Brasiacutelia Sul

(61) 3319-25042588

67

deveratildeo transferir os processos em anaacutelise que natildeo puderem ser concluiacutedos no

prazo de 120 dias contados da publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo (31122010) para os

novos Organismos de Ligaccedilatildeo constantes do Quadro 1 (Anexo 1 da Resoluccedilatildeo

1362010) considerando-se a nova distribuiccedilatildeo das atividades dos Acordos

Internacionais Informa ainda que os processos natildeo concluiacutedos no prazo de 120

dias por falta de respostas do Organismo estrangeiro deveratildeo ser encaminhados

ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente com coacutepia dos ofiacutecios expedidos ao exterior

Um dos grandes desafios para os paiacuteses-membros estaacute na coordenaccedilatildeo de

procedimentos administrativos que possibilitem de forma aacutegil a operacionalizaccedilatildeo do

acordo multilateral Para atingir esse objetivo as instituiccedilotildees em conjunto com a

Organizaccedilatildeo Ibero-Americana de Seguridade Social (OISS) entenderam ser de

extrema importacircncia a realizaccedilatildeo de projeto visando agrave criaccedilatildeo da Base Uacutenica de

Seguridade Social do MERCOSUL (BUSS)127

Por intermeacutedio da OISS recursos financeiros foram disponibilizados pelo

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aos Estados Partes exceto ao

Brasil128

para desenvolvimento do projeto Em contrapartida o Brasil por meio da

Empresa de Tecnologia e Informaccedilotildees da Previdecircncia Social (Dataprev) assumiu o

compromisso de desenvolver o sistema de intercacircmbio de informaccedilatildeo e validaccedilatildeo de

dados em mateacuteria de seguridade social129

No 5ordm Encontro de Cortes Supremas do MERCOSUL realizado nos dias 8 e

9 de novembro de 2007 em Brasiacutelia (no qual debates foram realizados no Supremo

Tribunal Federal e aleacutem dos ministros do STF o evento contou com a presenccedila de

presidentes das Cortes Supremas dos paiacuteses do MERCOSUL e associados aleacutem

de secretaacuterios da aacuterea previdenciaacuteria dos governos brasileiro argentino paraguaio e

uruguaio) foi divulgado pelo entatildeo secretaacuterio de Poliacuteticas de Previdecircncia Social do

Brasil Helmut Schwarzer a criaccedilatildeo de uma rede eletrocircnica com dados de

contribuintes da previdecircncia dos quatro paiacuteses para facilitar a concessatildeo dos

benefiacutecios a estrangeiros

127

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 p 33 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1ed)

128 Em razatildeo da legislaccedilatildeo interna o Brasil apresenta dificuldades em internalizar recursos do BID

129 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Loc cit

68

Segundo Helmut130

essa iniciativa poderaacute evitar que os tribunais dos paiacuteses

do MERCOSUL recebam accedilotildees sobre o assunto

O iniacutecio da operacionalizaccedilatildeo do Sistema de Transferecircncia e Validaccedilatildeo de

Dados dos paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL tem o intuito de permitir aos paiacuteses um acompanhamento mais raacutepido e

eficaz das informaccedilotildees dos trabalhadores que circulam no bloco O sistema criado

pelo corpo teacutecnico da Dataprev131

permite gerar formulaacuterios para preenchimento dos

dados pessoais do beneficiaacuterio dependentes e representantes legais e dos periacuteodos

de viacutenculos empregatiacutecios e contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria132

As informaccedilotildees circularatildeo simultaneamente entre os paiacuteses nos quais o

cidadatildeo trabalhou formalmente A utilizaccedilatildeo do sistema poderaacute ser estendida a

todos os paiacuteses com os quais o Brasil manteacutem acordo internacional para concessatildeo

de aposentadoria pensatildeo e auxiacutelios133

Pelo novo sistema que foi desenvolvido

utilizando-se tecnologia de ponta software livre e certificaccedilatildeo digital que garante o

alto niacutevel de seguranccedila da informaccedilatildeo os recursos seratildeo repassados ao sistema

previdenciaacuterio do paiacutes onde o trabalhador estaacute e a partir disso ele receberaacute

pessoalmente o valor do seu benefiacutecio

Segundo Joatildeo Donadon134

todo o tracircmite seraacute eletrocircnico e os recursos

seratildeo repassados ao outro paiacutes em remessa uacutenica Se algum benefiacutecio natildeo for

sacado pelo segurado o dinheiro seraacute devolvido ao oacutergatildeo responsaacutevel pela poliacutetica

previdenciaacuteria do paiacutes de origem135

O Sistema de Acordos Internacionais (Siaci) encontra-se em operaccedilatildeo

desde julho de 2008136

A ferramenta tem permitido a raacutepida transmissatildeo via

internet de formulaacuterios destinados agrave troca de informaccedilotildees de tempo de serviccedilo e

concessatildeo de benefiacutecios para os trabalhadores migrantes dos paiacuteses signataacuterios do

MERCOSUL

130

Disponiacutevel em lthttpogloboglobocomeconomiamat20071109327102998aspgt Acesso em 20072009

131 Empresa de Tecnologia que presta serviccedilos de tecnologia da informaccedilatildeo ao INSS

132 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Op cit p 33 133

Ibid 134

Diretor do Regime Geral de Previdecircncia Social do Brasil 135

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwnotadezcombrgt Acesso em 07042011 136

Disponiacutevel em lthttpportaldataprevgovbr20090726siaci-sistemas-de-acordos-internacionaisgt Acesso em 15082009

69

A qualquer momento eacute possiacutevel consultar e conferir as transaccedilotildees

efetuadas reduzindo-se progressivamente a utilizaccedilatildeo de documentos em papel

Pelo documento trabalhadores do Brasil Argentina Uruguai e Paraguai podem

incluir no caacutelculo de suas aposentadorias o tempo que trabalharam em outro paiacutes

aleacutem da concessatildeo de outros benefiacutecios137

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

Cidadatildeos originaacuterios de um dos paiacuteses signataacuterios que trabalhem em outro

paiacutes tecircm a garantia de em funccedilatildeo do Acordo Multilateral natildeo perder os diretos

previdenciaacuterios e o direito agrave sauacutede Isso significa que esses trabalhadores podem

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo assim como o tempo de contribuiccedilatildeo Eacute o que diz o artigo 7ordm do

Acordo138

ARTIGO 7

[] os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no Regulamento Administrativo

Um cidadatildeo uruguaio que trabalhe no Brasil por exemplo teraacute direito aos

benefiacutecios de sauacutede e da previdecircncia social de acordo com legislaccedilatildeo brasileira e

consideradas as contribuiccedilotildees efetuadas no Uruguai Diante disso constata-se que

o Acordo utiliza como regra geral o princiacutepio da territorialidade o que significa que

no momento do requerimento da prestaccedilatildeo ou benefiacutecio vale a legislaccedilatildeo do paiacutes

em que o trabalhador estiver exercendo sua atividade laboral139

Haacute algumas exceccedilotildees previstas no proacuteprio texto do Acordo como por

exemplo os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados Partes

Nesse caso eles permanecem sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio a

empresa tenha sua sede Conforme dispotildee os artigos 4ordm e 5ordm do Acordo o

137

Idem 138

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 7ordm 139

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 58

70

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio exerccedila

a atividade laboral com as seguintes exceccedilotildees140

ARTIGO 5 O principio estabelecido no Artigo 4 tem as seguintes exceccedilotildees a) o trabalhador de uma empresa com sede em um dos Estados-Partes que desempenhe tarefas profissionais de pesquisa cientificas teacutecnicas ou de direccedilatildeo ou atividades similares e outras que poderatildeo ser definidas pela Comissatildeo Multilateral Permanente prevista no Artigo 16 Paraacutegrafo 2 e que seja deslocado para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado por um periacuteodo limitado continuaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte de origem ateacute um prazo de doze meses suscetiacutevel de ser prorrogado em caraacuteter excepcional mediante preacutevio e expresso consentimento da Autoridade Competente do outro Estado Parte b) o pessoal de vocirco das empresas de transporte aeacutereo e o pessoal de tracircnsito das empresas de transporte terrestre continuaratildeo exclusivamente sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio a respectiva empresa tenha sua sede c) os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados-Partes continuaratildeo sujeitos agrave legislaccedilatildeo do mesmo Estado Qualquer outro trabalhador empregado em tarefas de carga e descarga conserto e vigilacircncia de navio quando no porto estaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja jurisdiccedilatildeo se encontre o navio 2 Os membros das representaccedilotildees diplomaacuteticas e consulares organismos internacionais e demais funcionaacuterios ou empregados dessas representaccedilotildees seratildeo regidos pelas legislaccedilotildees tratados e convenccedilotildees que lhes sejam aplicaacuteveis

Diante destas situaccedilotildees a Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de

Seguridade Social do MERCOSUL aprovou e publicou a Resoluccedilatildeo 12005 em

reuniatildeo realizada em Buenos Aires no ano de 2005 com o objetivo de estabelecer

criteacuterios para aplicaccedilatildeo do Acordo e tentar dirimir questotildees controveacutersias trazendo

em seu artigo 3ordm a informaccedilatildeo que reafirma a legislaccedilatildeo aplicaacutevel ao trabalhador que

se encontra nos Estados Partes

1 No caso dos trabalhadores transferidos para territoacuterio de outro Estado Parte previsto no art 5deg nuacutemero la) do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado no qual estaacute domiciliado o empregador ou a instituiccedilatildeo que dito Oacutergatildeo determine para tal fim remeteraacute coacutepia do certificado a que se refere o art 3deg do Regulamento Administrativo ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte a que se destina o trabalhador

2 Dito certificado constituiraacute a prova de que natildeo satildeo de aplicaccedilatildeo ao mencionado trabalhador transferido as disposiccedilotildees de Seguridade Social do lugar de destino

141

140

Decreto nordm 4512001 art 5ordm 141

Resoluccedilatildeo CMP n12005

71

Ainda o artigo 7ordm do Regulamento Administrativo mais uma vez ressalta a

regra aplicaacutevel informando que as prestaccedilotildees a que os trabalhadores tecircm direito

devem ter amparo na legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes de prestaccedilatildeo de

serviccedilos142

ARTIGO 7 As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo pagas de acordo com as normas seguintes 1 Quando se reuacutenam as condiccedilotildees requeridas pela legislaccedilatildeo de um Estado Parte para se ter direito agraves prestaccedilotildees sem que seja necessaacuterio recorrer agrave totalizaccedilatildeo de periacuteodos prevista no Titulo VI do Acordo a Entidade Gestora calcularaacute a prestaccedilatildeo em virtude unicamente do previsto na legislaccedilatildeo nacional que se aplique sem prejuiacutezo da totalizaccedilatildeo que possa solicitar o beneficiaacuterio 2 Quando o direito a prestaccedilotildees natildeo se origine unicamente com base nos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no Estado Contratante de que se trate a liquidaccedilatildeo da prestaccedilatildeo deveraacute ser feita tomando-se em conta a totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos outros Estados Partes 3 Caso seja aplicado o paraacutegrafo precedente a Entidade Gestora determinaraacute em primeiro lugar o valor da prestaccedilatildeo a que o interessado ou seus familiares e assemelhados teriam direito como se os periacuteodos totalizados tivessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo e em seguida fixaraacute o valor da prestaccedilatildeo em proporccedilatildeo aos periacuteodos cumpridos exclusivamente sob tal legislaccedilatildeo

Note-se que a norma legal traz em seu texto o termo trabalhador mas

quem seria este trabalhador a quem a norma se refere Tendo em vista que

empregado eacute espeacutecie do gecircnero trabalhador isso permite concluir que todo

empregado eacute trabalhador mas nem todo trabalhador eacute empregado143

Em face do que se observa no Acordo estaacute assegurado pelo Acordo

Multilateral de Seguridade Social o trabalhador empregado ou seja aquele que tem

viacutenculo empregatiacutecio com o empregador Os trabalhadores autocircnomos por exemplo

estatildeo fora da cobertura previdenciaacuteria se estiverem trabalhando nos Estados

Partes Esta informaccedilatildeo foi ressaltada no livro de estudos organizado pelo Ministeacuterio

da Previdecircncia Social quando assim informa

142

Decreto nordm 57222006 art 7ordm 143

Disponiacutevel em lthttpbuenoecostanzeadvbrindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=4642ampItemid=96gt

Acesso em 20032011

72

Cabe ainda ressaltar que o Acordo protege somente aqueles trabalhadores que estiverem prestando serviccedilo regularmente em um dos Estados Partes o trabalhador informal que natildeo possui filiaccedilatildeo previdenciaacuteria natildeo estaacute portanto incluiacutedo nessa proteccedilatildeo

144

Portanto uma vez considerado trabalhador empregado este poderaacute pleitear

benefiacutecios previdenciaacuterios observando os criteacuterios trazidos nos termos do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL Eacute importante destacar neste

sentido que o custo dos benefiacutecios concedidos em virtude do Acordo eacute rateado

entre os paiacuteses em que o trabalhador contribuiu proporcionalmente ao seu tempo

de contribuiccedilatildeo em cada um deles Ou seja eacute utilizada a sistemaacutetica da totalizaccedilatildeo

e o custo eacute rateado de forma diretamente proporcional ao tempo de filiaccedilatildeo em cada

sistema previdenciaacuterio de modo que natildeo haja desequiliacutebrio financeiro para o Estado

Parte que estiver concedendo o benefiacutecio145

Em se tratando de acordo internacional previdenciaacuterio a forma mais comum

eacute a divisatildeo de encargos entre os paiacuteses contratantes Haacute o estabelecimento de uma

relaccedilatildeo proporcional de encargo Cada paiacutes assume uma parte do total fazendo o

segurado jus a um benefiacutecio que resulta da soma das responsabilidades de cada

Estado O benefiacutecio eacute pago geralmente pelo paiacutes concessor sendo que haacute um

ajuste de contas entre os paiacuteses celebrantes do tratado146

As Entidades Gestoras pagaratildeo diretamente aos beneficiaacuterios as prestaccedilotildees

compreendidas no Acordo na forma determinada por cada Estado Parte

Para obter a concessatildeo das prestaccedilotildees os trabalhadores ou seus familiares

e assemelhados deveratildeo apresentar solicitaccedilatildeo em formulaacuterio especial ao

Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado em que residirem ou se residentes no territoacuterio de

outro Estado deveratildeo dirigir-se ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja

legislaccedilatildeo o trabalhador se encontrava assegurado no uacuteltimo periacuteodo de seguro ou

contribuiccedilatildeo

As solicitaccedilotildees dirigidas a Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras

de qualquer Estado Parte onde o interessado tenha periacuteodos de seguro contribuiccedilatildeo

ou residecircncia produziratildeo os mesmos efeitos como se tivessem sido entregues ao

Organismo de Ligaccedilatildeo previsto nos paiacuteses de residecircncia

144

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

145 Ibid p 59

146 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio 3 ed Satildeo Paulo LTr 2005 p

244

73

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras seratildeo

obrigadas a enviaacute-las ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente informando as datas

em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas147

O interessado que deseje solicitar os benefiacutecios previdenciaacuterios no Brasil ou

seja aqueles previstos no Acordo Multilateral deveraacute se dirigir agrave Agecircncia de

Previdecircncia Social mais proacutexima com a documentaccedilatildeo necessaacuteria para obter um

benefiacutecio comum aleacutem da documentaccedilatildeo que comprove sua atividade no paiacutes que

assinou o Acordo Tal documentaccedilatildeo seraacute enviada pelo organismo de conexatildeo

brasileiro para o organismo de conexatildeo do paiacutes membro do Acordo que

reconheceraacute ou natildeo o periacuteodo de contribuiccedilatildeo alegado pelo interessado naquele

paiacutes

O trabalhador ficaraacute sujeito ao regime previdenciaacuterio do paiacutes onde esteja

prestando serviccedilo exceto nos casos em que o trabalhador esteja sob a tutela do

Certificado de Deslocamento Temporaacuterio e sempre que esteja dentro do prazo

autorizado ainda que seja prorrogado Assim nos termos do inciso 1ordm do artigo 3ordm o

Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social

referente aos regimes tributaacuteveis pecuniaacuterios e de sauacutede existentes nos Estados

Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo que estipula148

Eacute importante ressaltar que o Acordo Multilateral do MERCOSUL inova ao

conceber tambeacutem disposiccedilotildees aplicaacuteveis a regimes de aposentadoria e pensotildees de

capitalizaccedilatildeo individual O Acordo seraacute aplicaacutevel tambeacutem aos trabalhadores filiados

a um regime de aposentadoria e pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecido

por algum dos Estados Partes para a obtenccedilatildeo das aposentadorias por velhice

idade avanccedilada invalidez ou morte149

Ademais os Estados Partes e os eventuais futuros aderentes ao Acordo

poderatildeo estabelecer mecanismos de transferecircncias de fundos para os fins de

obtenccedilatildeo das referidas aposentadorias e demais benefiacutecios sendo necessaacuterio que

as administradoras de fundos ou empresas seguradoras deem cumprimento aos

mecanismos que o Acordo Multilateral prevecirc150

Tais transferecircncias se daratildeo quando

o interessado comprove direito agrave obtenccedilatildeo das aposentadorias quando a

147

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

148 Ibid

149 Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 9ordm

150 Nota Teacutecnica nordm 202005 DRPSPSPSMPS

74

informaccedilatildeo aos filiados seraacute proporcionada nos termos da legislaccedilatildeo de cada Estado

Parte caso em que no Brasil natildeo ocorre

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade

Social

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) eacute uma autarquia do

governo federal do Brasil que recebe as contribuiccedilotildees para a manutenccedilatildeo do

Regime Geral da Previdecircncia Social sendo responsaacutevel pela concessatildeo dos

benefiacutecios previdenciaacuterios previstos na Lei nordm 821391 O INSS trabalha junto com a

Dataprev empresa de tecnologia que faz o processamento de todos os dados da

previdecircncia e estaacute subordinado ao Ministeacuterio da Previdecircncia Social

De acordo com o Regulamento Administrativo (art 2ordm) no Brasil a

instituiccedilatildeo competente e reconhecida para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo no acircmbito do acordo como Entidade Gestora e Organismo de Ligaccedilatildeo eacute o

INSS (para as prestaccedilotildees previdenciaacuterias) e o Ministeacuterio da Sauacutede (para as

prestaccedilotildees de sauacutede) Ou seja no Brasil o Oacutergatildeo Gestor eacute o INSS que

operacionaliza os Acordos pelos Organismos de Ligaccedilatildeo instruindo os processos

pela gerecircncia executiva responsaacutevel que no caso do MERCOSUL eacute a agecircncia com

responsabilidade da Gerecircncia Executiva de Florianoacutepolis ndash Santa Catarina

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios

As empresas que apresentam o intuito de deslocar temporariamente seus

empregados ao exterior devem fazecirc-lo mediante Certificado de Deslocamento

Temporaacuterio em que o segurado eacute isento de contribuir no paiacutes contratante aonde for

trabalhar na forma prevista em cada Acordo permanecendo sujeito agrave legislaccedilatildeo

previdenciaacuteria brasileira mas garantindo seus direitos no outro paiacutes Este seraacute o

documento haacutebil necessaacuterio para que o INSS averigue a documentaccedilatildeo da empresa

Durante o prazo do deslocamento temporaacuterio o trabalhador teraacute direito agrave

assistecircncia meacutedica da rede oficial do governo do Paiacutes Acordante O artigo 3ordm do

regulamento administrativo assim informa sobre o deslocamento temporaacuterio151

151

Decreto nordm 57222006 art 3ordm

75

ARTIGO 3

1 Para os casos previstos na aliacutenea ldquo1 ardquo do Artigo 5ordm do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo expediraacute mediante solicitaccedilatildeo da empresa do Estado de origem do trabalhador que for deslocado temporariamente para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado um certificado no qual conste que o trabalhador permanece sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado de origem indicando os familiares e assemelhados que o acompanharatildeo nesse deslocamento Coacutepia de tal certificado deveraacute ser entregue ao trabalhador

2 A empresa que deslocou temporariamente o trabalhador comunicaraacute ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado que expediu o certificado neste caso a interrupccedilatildeo da atividade prevista na situaccedilatildeo anterior 3 - Para os efeitos estabelecidos na aliacutenea ldquo1ardquo do Artigo 5 do Acordo a empresa deveraacute apresentar a solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo perante a Entidade Gestora do Estado de origem A Entidade Gestora do Estado de origem expediraacute o certificado de prorrogaccedilatildeo correspondente mediante consulta preacutevia e expresso consentimento da Entidade Gestora do outro Estado

4 - A empresa apresentaraacute as solicitaccedilotildees a que se referem os Paraacutegrafos 1 e 3 com trinta dias de antecedecircncia miacutenima da ocorrecircncia do fato gerador Em caso contraacuterio o trabalhador ficaraacute automaticamente sujeito a partir do iniacutecio da atividade ou da data de expiraccedilatildeo do prazo autorizado agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio continuar desenvolvendo suas atividades

Apenas nos Acordos BrasilEspanha e BrasilGreacutecia estaacute previsto

deslocamento Temporaacuterio para trabalhadores autocircnomos

O segurado deve levar consigo uma via do Certificado de Deslocamento152

O periacuteodo de deslocamento poderaacute ser prorrogado observados os prazos e as

condiccedilotildees fixados em cada Acordo No caso de solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo de

transferecircncias temporaacuterias esta deveraacute ser apresentada junto ao Oacutergatildeo de Ligaccedilatildeo

que concedeu o certificado de transferecircncia com a devida antecedecircncia em relaccedilatildeo

ao vencimento do periacuteodo de transferecircncia temporaacuteria que se houver concedido

Caso contraacuterio o trabalhador transferido ficaraacute automaticamente sujeito a partir do

vencimento do prazo original agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

continua prestando serviccedilos

Assim dispotildee o artigo 5ordm do Anexo II da Resoluccedilatildeo CMP nordm 012005

[] a) O prazo dos deslocamentos temporaacuterios previstos pelo inciso 1 do art 5 do Acordo Multilateral poderaacute ser prorrogado por um prazo total maior de doze meses previamente autorizado pela Autoridade Competente ou instituiccedilatildeo delegada do Estado receptor (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

152

Informaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwprevidenciasocialgovbrconteudoDinamicophpid=111gt Acesso em 10042011

76

b) Tanto o prazo original quanto o de prorrogaccedilatildeo poderatildeo ser utilizados de forma fracionada (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) c) Em virtude do caraacuteter excepcional do regime de deslocamentos temporaacuterios uma vez utilizado o prazo maacuteximo de vinte e quatro meses natildeo poderaacute ser concedido ao mesmo trabalhador um novo periacuteodo de amparo a este regime (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) 2 Para os fins da aliacutenea ldquoardquo do Art 5 do Acordo seratildeo consideradas como tarefas profissionais de pesquisa cientiacuteficas teacutecnicas ou de direccedilatildeo aquelas relacionadas a situaccedilotildees de emergecircncia transferecircncia de tecnologia prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia teacutecnica funccedilotildees de direccedilatildeo geral de gerenciamento de supervisatildeo de assessoramento a funccedilotildees superiores da empresa de consultoria especializada e similares (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

3 Eacute facultado ao Estado Parte receptor dos trabalhadores deslocados temporariamente solicitar que aleacutem do certificado previsto no Art 3 do Ajuste Administrativo seja apresentada documentaccedilatildeo que certifique que o trabalhador possui qualificaccedilatildeo ou as qualidades exigidas pela aliacutenea ldquoardquo do inciso 1 do Art 5 do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL assim como declaraccedilatildeo da empresa receptora relativa agrave atividade que seraacute desempenhada pelo trabalhador no territoacuterio do Estado Parte receptor (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

153

Os segurados seus familiares e assemelhados que desejem fazer valer

direitos agraves prestaccedilotildees deveratildeo apresentar a respectiva solicitaccedilatildeo junto agrave Entidade

Gestora competente do Estado Parte onde residam ou tenham realizado sua uacuteltima

atividade Os formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo

do Deslocamento Temporaacuterio encontram-se no Anexo 4

333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo

Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados

Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade

avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no

Regulamento Administrativo Assim dispotildee o Regulamento Administrativo sobre a

totalizaccedilatildeo do tempo de contribuiccedilatildeo154

153

Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 12005 da Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL atualizada pela Resoluccedilatildeo nordm 72007 da mesma comissatildeo

154 Decreto nordm 57222006 art 6

77

ARTIGO 6 1 De acordo com o previsto no Artigo 7 do Acordo os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no territoacuterio dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte observando as seguintes regras a) Cada Estado Parte consideraraacute os periacuteodos cumpridos e certificados por outro Estado desde que natildeo se superponham como periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo conforme sua proacutepria legislaccedilatildeo b) Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos antes do iniacutecio da vigecircncia do Acordo seratildeo considerados somente quando o trabalhador tiver periacuteodos de trabalho a cumprir a partir dessa data c) O periacuteodo cumprido em um Estado Parte sob um regime de seguro voluntaacuterio somente seraacute considerado quando natildeo for simultacircneo a um periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo obrigatoacuterio cumprido em outro Estado 2 Nos casos em que a aplicaccedilatildeo do Paraacutegrafo 2 do Artigo 7 do Acordo venha exonerar de suas obrigaccedilotildees a todas as Entidades Gestoras competentes dos Estado -Partes envolvidos as prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados Partes aonde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador em todos os Estados Partes

Caso o trabalhador natildeo tenha reunido a comprovaccedilatildeo do tempo miacutenimo de

12 meses somente seraacute computaacutevel os serviccedilos prestados em outro Estado que

tenha celebrado acordos bilaterais ou multilaterais de Seguridade Social com

qualquer dos Estados Partes E se somente um dos Estados Partes tiver concluiacutedo

um acordo de seguridade com outro paiacutes seraacute necessaacuterio que tal Estado Parte

assuma como proacuteprio o periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo cumprido neste terceiro

paiacutes155

A aplicaccedilatildeo desta norma pode vir a exonerar de suas obrigaccedilotildees todas as

Entidades Gestoras competentes dos Estados Partes envolvidos uma vez que as

prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados

Partes onde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com

preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos em

todos os Estados Partes156

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras de

solicitaccedilotildees de obtenccedilatildeo de concessatildeo por parte dos trabalhadores familiares e

assemelhados obrigar-se-atildeo a enviaacute-las sem demora ao Organismo de Ligaccedilatildeo

155

Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 7ordm 156

ALVES Carlos Marne Dias 2006 A Previdecircncia no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Direito das Relaccedilotildees Internacionais) UniCEUB Brasiacutelia 2006 p 162

78

competente informando as datas em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas157

Neste sentido os artigos 9ordm e 10ordm do Regulamento Administrativo assim

estabelecem158

ARTIGO 9 1 Para o tracircmite das solicitaccedilotildees das prestaccedilotildees pecuniaacuterias os Organismos de Ligaccedilatildeo utilizaratildeo um formulaacuterio especial no qual seratildeo consignados entre outros os dados de filiaccedilatildeo do trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados conjuntamente com a relaccedilatildeo e o resumo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador nos Estados Partes 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo avaliaraacute se for o caso a incapacidade temporaacuteria ou permanente emitindo o certificado correspondente que acompanharaacute os exames meacutedico-periciais realizados no trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados 3 Os laudos meacutedico-periciais do trabalhador consignaratildeo entre outros dados se a incapacidade temporaacuteria ou invalidez eacute consequumlecircncia de acidente do trabalho ou doenccedila profissional e indicaratildeo a necessidade de reabilitaccedilatildeo profissional 4 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado pronunciar-se-aacute sobre a solicitaccedilatildeo em conformidade com sua respectiva legislaccedilatildeo considerando-se os antecedentes meacutedico-periciais praticados 5 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo remeteraacute os formulaacuterios estabelecidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado ARTIGO 10 1 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado preencheraacute os formulaacuterios recebidos com as seguintes indicaccedilotildees a) periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo b) o valor prestaccedilatildeo reconhecida de acordo com o previsto no Paraacutegrafo 3 do Artigo 7 do presente Regulamento Administrativo 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo indicado no paraacutegrafo anterior remeteraacute os formulaacuterios devidamente preenchidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde o trabalhador solicitou a prestaccedilatildeo

Observa-se portanto que os trabalhadores e seus familiares poderatildeo

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo sendo computados tambeacutem o tempo de contribuiccedilatildeo do paiacutes de

origem e em alguns casos ateacute mesmo o tempo de contribuiccedilatildeo em paiacuteses natildeo

157

Regulamento Administrativo art 8ordm 158

Decreto 57222006 artigos 9 e 10

79

signataacuterios do acordo desde que esses tenham acordo com qualquer um dos

Estados Partes

Destaca-se no entanto que se o acordo do paiacutes natildeo signataacuterio for com

apenas um dos Estados Partes esse deveraacute reconhecer como proacuteprios os serviccedilos

prestados naquele159

Este instituto natildeo eacute nenhuma novidade para o INSS De

acordo com a Lei ndeg 97961999 adota-se procedimento semelhante com os

regimes proacuteprios de previdecircncia dos servidores puacuteblicos quando faz a totalizaccedilatildeo do

tempo de contribuiccedilatildeo e a divisatildeo proacute-rata do valor pago ao segurado chamando

este instituto de Contagem Reciacuteproca do Tempo de Contribuiccedilatildeo

159

Nota teacutecnica elaborada pela Coordenaccedilatildeo-Geral de Estudos Previdenciaacuterios da Secretaria de Poliacuteticas de Previdecircncia Social ndash CGEPSPS (NOTA TEacuteCNICA nordm 202005 DRPSPSPSMPS)

80

CONCLUSAtildeO

O objeto problematizado na presente dissertaccedilatildeo foi o Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL na garantia do direito agrave previdecircncia social aos

trabalhadores que tenham se vinculado a sistemas previdenciaacuterios de diferentes

paiacuteses durante sua vida laboral

Questotildees sobre integraccedilatildeo previdenciaacuteria acabam sendo necessaacuterias no

atual cenaacuterio de globalizaccedilatildeo da economia de formaccedilatildeo de blocos regionais e do

aumento do fluxo migratoacuterio principalmente da ampliaccedilatildeo da liberdade de circulaccedilatildeo

de trabalhadores para lhes assegurar seguranccedila na sua proteccedilatildeo social

previdenciaacuteria

A Previdecircncia Social espeacutecie do gecircnero Seguridade Social eacute um direito de

proteccedilatildeo social conferido ao trabalhador segurado e um mecanismo necessaacuterio para

manter o regime de trabalho assalariado

Surgiu como uma ferramenta do Estado garantir (aqueles que contribuem)

condiccedilotildees financeiras para periacuteodos de incapacidade de trabalho como doenccedila

invalidez ou velhice e diminuir os riscos de arcar futuramente com situaccedilotildees de

miseacuteria e pobreza como distribuidor de renda por este motivo impocircs contribuiccedilotildees

compulsoacuterias aos trabalhadores que de alguma forma prestam serviccedilos a pessoas

fiacutesicas juriacutedicas e por conta proacutepria

Na atual conjuntura a intervenccedilatildeo do Estado na sociedade a fim de

estruturar e garantir proteccedilatildeo previdenciaacuteria eacute imprescindiacutevel e com a globalizaccedilatildeo

natildeo eacute diferente o cocircmputo de tempo de serviccedilo desenvolvido no exterior para fins

de obtenccedilatildeo de benefiacutecio previdenciaacuterio no Brasil exige regramento particular no

acircmbito do direito internacional

A possibilidade de reconhecimento no Brasil do labor desenvolvido em

qualquer um dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL e vice versa tem assento

atualmente no Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul

assinado em 15121997 pelos representantes dos componentes originaacuterios do

bloco (Brasil Argentina Uruguai e Paraguai)

Entretanto eacute importante destacar que antes da entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social existiam acordos bilaterais de previdecircncia social

do Brasil com vaacuterios paiacuteses inclusive com paiacuteses integrantes do MERCOSUL

81

diante disso destacamos o disposto no artigo 8ordm do Acordo Multilateral de

Seguridade Social que informa que ldquoos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

cumpridos antes da vigecircncia do presente Acordo seratildeo considerados desde que

estes natildeo tenham sido utilizados anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees

pecuniaacuterias em outro paiacutesrdquo160

Houve no decorrer da pesquisa grandes dificuldades de obtenccedilatildeo de dados

especiacuteficos junto agrave autarquia federal (INSS) embora jaacute esteja sendo utilizado o

sistema de informaccedilotildees de acordos internacionais (SIACI) criado pela DATAPREV

empresa de tecnologia da Previdecircncia Social brasileira desde de julho de 2008

Mesmo assim a pesquisa nos levou a entender que a possibilidade de

reconhecimento de trabalho para fins de benefiacutecio previdenciaacuterio realizado nos

paiacuteses do MERCOSUL regulada pelo Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL internalizado pelo Decreto nordm 57222006 trata de garantir aos

brasileiros que trabalham nos Paiacuteses signitaacuterios do Acordo a mesma proteccedilatildeo que eacute

assegurada aos cidadatildeos daquele Paiacutes ou seja o brasileiro que trabalha na

Argentina por exemplo vai ter direito por conta daquela norma de perceber os

benefiacutecios que a legislaccedilatildeo previdenciaacuteria Argentina assegura aos demais

trabalhadores que tecircm aquela nacionalidade Por outro lado se o trabalhador quer

pleitear o benefiacutecio aqui no Brasil o aproveitamento do serviccedilo prestado naquele

Paiacutes somente eacute possiacutevel na forma em que prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do

Regulamento ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo

reconheccedila em face da sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo161

A proteccedilatildeo prevista no Acordo como a contagem do tempo de contribuiccedilatildeo

e as demais prestaccedilotildees previdenciaacuterias e de sauacutede apenas estatildeo garantidas para

trabalhadores empregados ou seja aqueles que possuem viacutenculo empregatiacutecio com

algum empregador os demais trabalhadores como autocircnomos domeacutesticos os

rurais que no Brasil satildeo tambeacutem chamados de segurados especiais natildeo estatildeo

protegidos pelo Acordo e natildeo podem se beneficiar do tempo de serviccedilo prestado

fora de seu paiacutes de origem mesmo que comprovam contribuiccedilatildeo do periacuteodo

Os acoacuterdatildeos encontrados sobre os aspectos previdenciaacuterios levados ao

judiciaacuterio no acircmbito do Acordo demonstram que o fato de o mesmo existir natildeo

160

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 8ordm 161

Decreto nordm 57222006 art 10ordm

82

implica reconhecimento automaacutetico de atividades laborais prestadas nos Estados

Partes eacute necessaacuterio a observacircncia do procedimento burocraacutetico estabelecido no

Regulamento Administrativo aprovado pelo Decreto nordm 57222006

Haacute que se observar tambeacutem que para os trabalhadores que vierem a

trabalhar nos paiacuteses integrantes do MERCOSUL apoacutes a entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL teratildeo a contagem de tempo de

contribuiccedilatildeo contada conforme o acordo Podemos observar conforme dados

coletados nos Acoacuterdatildeos que de acordo com o judiciaacuterio os periacuteodos de seguro ou

contribuiccedilatildeo cumpridos antes da vigecircncia do Acordo de que o trabalhador tenha

direito somente seratildeo considerados se o trabalhador natildeo tenha utilizado

anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees pecuniaacuterias em outro paiacutes

Observamos que o Acordo garante prestaccedilotildees previdenciaacuterias como

benefiacutecios e contagens de tempo de contribuiccedilatildeo aos trabalhadores que natildeo apenas

se encontrem trabalhando formalmente mas que estejam de acordo com as

formalidades estabelecidas no mesmo O trabalhador que quer pleitear benefiacutecio

somente eacute possiacutevel na forma prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do Regulamento

ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo reconheccedila em face agrave

sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo o trabalhador tem direito

Fica aiacute uma demonstraccedilatildeo que a Proteccedilatildeo Previdenciaacuteria prevista no Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL apresentou avanccedilos no acircmbito da

proteccedilatildeo social dos trabalhadores empregados que circulam no Bloco

Anteriormente com os acordos bilaterais a garantia de proteccedilatildeo

previdenciaacuteria aos paiacuteses signataacuterios era restrita aos dois paiacuteses que assinavam o

acordo Agora haacute uma ampliaccedilatildeo da proteccedilatildeo previdenciaacuteria fortalecendo os paiacuteses

do MERCOSUL no que tange a circulaccedilatildeo de trabalhadores e consequentemente

conhecimento tecnologia cultura assim como outros benefiacutecios decorrentes de uma

regionalizaccedilatildeo mas natildeo garante automaticamente o tempo de contribuiccedilatildeo sem que

o Estado em que trabalhou documente esse tempo como reconhecido

necessitando portanto de muitos ajustes para garantia completa deste e tambeacutem

outros trabalhadores que prestam serviccedilos no Brasil na Argentina no Paraguai e no

Uruguai e futuramente na Venezuela que natildeo foram assegurados no Acordo como

os contribuintes individuais domeacutesticos e segurados especiais

83

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Estados-Partes do MERCOSUL 2008 Tese (Doutorado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 145 PASSOS Alessandro Ferreira dos SCHWARZER Helmut Migraccedilotildees Internacionais e a Previdecircncia Social Informe de Previdecircncia Social Brasiacutelia v16 n12 dez 2004 PEREIRA Joseacute Adriano Mercosul em Movimento II In Liberalismo econocircmico e processo de integraccedilatildeo na Ameacuterica Latina Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 p 100 ______ Integraccedilatildeo Econocircmica e Mobilidade de Trabalhadores no Mercosul Revista de Economia e Relaccedilotildees Internacionais Satildeo Paulo v 3 n 6 p 76-87 jan 2005 PIOVESAN Flaacutevia Direitos Humanos e Direito Constitucional e Internacional 5ed Satildeo Paulo Max Limonad 2002 p 72 PRADO L C D Mercosul como opccedilatildeo estrateacutegica de integraccedilatildeo notas sobre a teoria da integraccedilatildeo e estrateacutegias de desenvolvimento Ensaios FEE v18 n1 p 276-299 1997 PRAXEDES Walter PILETTI Nelson O Mercosul e a Sociedade Global 8 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1997 p 58 PROGRAMA para a consolidaccedilatildeo da uniatildeo aduaneira e para o lanccedilamento do Mercado Comum ldquoObjetivo 2006rdquo (Uruguay) Recomendaccedilatildeo no 12003 do Foacuterum Consultivo Econocircmico Social XXV Reuniatildeo Montevideu 10 dez 2003 Disponiacutevel

90

em httpwwwccscsorghtml_particp_institucfcesfces_rec0103_brhtm Acesso em 20012011 RELATOacuteRIO Anual da AISS Disponiacutevel em ltwwwissaintannual-reviewgt Acesso em 20012011 REGULAMENTO interno de la comisioacuten sociolaboral del Mercosur (Argentina) Buenos Aires 10 mar 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwccscsorghtml_particp_institucccscs_pi_regl_comis_socio_laboralhtmgt Acesso em 20112010 ROCHA Daniel Machado da O direito fundamental aacute previdecircncia social na perspectiva dos princiacutepios constitucionais diretivos do sistema previdenciaacuterio brasileiro Porto Alegre Livraria do Advogado 2004 ROSENTHAL G (Coord) Regionalismo aberto na Ameacuterica Latina e no Caribe a integraccedilatildeo econocircmica a serviccedilo da transformaccedilatildeo produtiva com equidade In Cinquenta anos de Pensamento na CEPAL Santiago do Chile p 939-958 1994 SABBATINI R Multilateralismo regionalismo e o Mercosul Indicadores Econocircmicos FEE Porto Alegre v 29 n1 jun 2001 SALAMA P Novos paradoxos da liberaccedilatildeo na Ameacuterica Latina In REIS C N (Org) Ameacuterica Latina crescimento no comeacutercio mundial e exclusatildeo social Porto Alegre Dacasa EditoraPalmarica 2001 275 p SALVATORE D Economia internacional Rio de Janeiro LTC 2000 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia e sua perspectiva no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Direito) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute PUC-PR Curitiba 2005 p206 SECRETARIA de Estado da Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do Mercosul ndash SEIM Disponiacutevel em lthttpwwwseimprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=32gt Acesso em 10072010 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social Revista Kataacutelysis v0 n 5 2001 SISTEMA estadiacutestico de indicadores sociales Reunioacuten de grupo teacutecnico de desarrollo social del Mercosur (Argentina) Buenos Aires 22 de marccedilo de 2002 Disponiacutevel em

lthttpwwwmercosurintmswebpagina_anteriorsamespanolrem-mtsspconjuntospconjuntos1htmlgt Acesso em 15022011 SOARES Maacuterio Luacutecio Quintatildeo MERCOSUL direitos humanos globalizaccedilatildeo e soberania Belo Horizonte Del Rey 1997

91

STUART Ana Maria Negociando um novo Mercosul Panorama da Conjuntura Internacional Satildeo Paulo Gacint n 23 ano 6 outnov 2003 STUART Ana Maria A construccedilatildeo de um novo regionalismo In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Orgs) Mercosul em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 TODOS Somos MERCOSUL ndash CEFIR ndash Plataforma de Integraccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpneccintwordpresscomdireito-internacionalarena-de-ideiasmercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulgt Acesso em 02012011 THORSTENSEN V Desenvolvimento da cooperaccedilatildeo econocircmica e das relaccedilotildees comerciais entre a EU e o MERCOSUL interesses comuns e desafios Poliacutetica Externa v 5 n1 jun-jul-ago 1996 TRIBUNA DA IMPRENSA Entra em vigor a Previdecircncia do Mercosul 14 out 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwsindicatomercosulcombrnoticia02aspnoticia=27232gt Acesso em 02012011 VASCONCELOS Pedro Paulo Lima Indicadores soacutecio-econocircmicos do MERCOSUL um estudo sob a Eacutegide da Economia Poliacutetica Internacional In SIMPOacuteSIO EM RELACcedilOtildeES INTERNACIONAIS DO PROGRAMA SAN TIAGO DANTAS I nov 2007 p 10 (UNESP UNICAMP e PUC-SP) VEIGA Joatildeo Paulo Mercosul e os interesses poliacuteticos e sociais Satildeo Paulo em Perspectiva Fundaccedilatildeo Seade Satildeo Paulo v 5 n 3 1991 ______ Revista do Instituto de Ciecircncias Econocircmicas Administrativas e Contaacutebeis v 11 n 1 2007 VEIGA P M A infra-estrutura e o processo de negociaccedilatildeo da ALCA Rio de Janeiro IPEA mar 1999 (Texto para Discussatildeo n 507) VERA-FLUIXAacute R X Principios de integracioacuten regional en Ameacuterica Latina y suanaacutelisis compartivo con la Unioacuten Europea Bonn Center for European Integration Studies v73 2000 (Discussion Paper) VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios 2 ed Satildeo Paulo Editora LTr 2010 VIGEVANI Tullo Mercosul impactos para trabalhadores e sindicatos Satildeo Paulo LTr 1998 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar Previdecircncia Complementar no Direito Comparado Revista de Previdecircncia Social n 232 Satildeo Paulo LTr marccedilo de 2000

92

______ A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas n 3 p 128-137 juldez 2003 WANDERLEY Luiz Eduardo W A construccedilatildeo de um MERCOSUL Social Revista Ponto-e-Viacutergula Satildeo Paulo PUC SP v 1 p90-104 2007 p94 SITES CONSULTADOS lthttpestudeonlinenetrevisao_detalheaspxcod=461gt Acesso em 29032011 lthttpwwwclassificadosmercosulcombrmercosul_infomercosul01htmgt Acesso em 29022011 ltwwwmpsgovbracordosinternacionaisgt Acesso em 03012011 lthttpwwwprevidenciasocialgovbrconteudoDinamicophpid=111gt Acesso em 10042011 lthttpbuenoecostanzeadvbrindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=4642ampItemid=96gt Acesso em 20032011 lthttpogloboglobocomeconomiamat20071109327102998aspgt Acesso em 20072009 lthttpportaldataprevgovbr20090726siaci-sistemas-de-acordos-internacionaisgt Acesso em 15082009 lthttpwwwplanaltogovbrgt Acesso em 02032010 lthttpwwwprevidenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_01aspgt Acesso em 25042009 lthttpwww1previdenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_05aspgt Acesso em 20042011 lthttpwww2mregovbrdai003htmlgt Acesso em 10052008 lthttpwww2mregovbrdaidtrathtmgt Acesso em 12052008 lthttpwwwnotadezcombrgt Acesso em 07022008 lthttpwwwreceitafazendagovbrlegislacaoacordosinternacionaisAcordosComplEconomicaDefaulthtmgt Acesso em 10022011

93

ANEXOS

94

ANEXO 1

Estrutura Institucional do MERCOSUL

95

ANEXO 2

Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses

acordantes - 20072009

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20072009

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS

INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por

Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2007 482 293 33 54 88 14 TOTAL 2008 858 431 62 58 292 15 2009 1616 1052 79 131 335 19 2007 17 9 ndash 8 ndash ndash Argentina 2008 27 15 ndash 8 4 ndash 2009 45 30 1 10 4 ndash 2007 19 16 ndash 1 2 ndash Chile 2008 6 4 2 ndash ndash ndash 2009 1 1 ndash ndash ndash ndash 2007 121 87 9 12 11 2 Espanha 2008 239 127 16 14 79 3 2009 549 363 25 52 102 7 2007 2 ndash 1 ndash 1 ndash Greacutecia 2008 5 4 ndash ndash 1 ndash 2009 14 11 ndash 1 2 ndash 2007 46 39 1 ndash 6 ndash Itaacutelia 2008 80 69 1 2 7 1 2009 163 139 3 2 18 1 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2008 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2009 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Mercosul 2008 4 4 ndash ndash ndash ndash 2009 28 21 ndash 5 2 ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Paraguai 2008 2 2 ndash ndash ndash ndash 2009 4 4 ndash ndash ndash ndash 2007 259 136 22 22 68 11 Portugal 2008 470 195 43 26 196 10 2009 778 453 49 60 205 11 2007 18 6 ndash 11 ndash 1 Uruguai 2008 25 11 ndash 8 5 1 2009 34 30 1 1 2 ndash

FONTE MPSSEAssessoria de Assuntos Internacionais

96

Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo

paiacuteses acordantes - 20012003

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20012003

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2001 148 37 8 17 86 ndash TOTAL 2002 368 146 18 19 182 3 2003 444 232 25 25 162 ndash 2001 2 ndash 1 1 ndash ndash Argentina 2002 5 2 ndash 3 ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 2 2 ndash ndash ndash ndash Chile 2002 2 1 ndash ndash 1 ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash 2001 27 14 3 2 8 ndash Espanha 2002 106 71 5 4 26 ndash 2003 201 128 7 20 46 ndash 2001 1 ndash ndash ndash 1 ndash Greacutecia 2002 4 1 ndash 2 1 ndash 2003 7 5 1 ndash 1 ndash 2001 3 1 ndash ndash 2 ndash Itaacutelia 2002 17 16 1 ndash ndash ndash 2003 19 15 1 ndash 3 ndash 2001 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2002 3 3 ndash ndash ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 105 19 4 7 75 ndash Portugal 2002 224 52 12 3 154 3 2003 215 82 16 5 112 ndash 2001 8 1 ndash 7 ndash ndash Uruguai 2002 7 ndash ndash 7 ndash ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash

FONTE DATAPREV SUB

97

ANEXO 3

JURISPRUDEcircNCIA

ACOacuteRDAtildeO 1

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20067110006064-5RS

RELATOR Juiz Federal GUILHERME PINHO MACHADO

APELANTE JUAN MARIO LOPES BARBOZA

ADVOGADO Jose Ricardo Caetano Costa

APELADO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria Regional da PFE-INSS

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilOCONTRIBUICcedilAtildeO ACORDO PREVIDENCIAacuteRIO ENTRE BRASIL E URUGUAI COcircMPUTO DE TEMPO DE SERVICcedilO ANTERIOR AO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 57222006 INCIDEcircNCIA DOS ARTS V E VII DO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 8524880 AUSEcircNCIA DE IRREGULARIDADE NA CONDUTA DO INSS RETARDO NO ATENDIMENTO DO PEDIDO DECORREcircNCIA DA NECESSIDADE DE OBTENCcedilAtildeO DE PARECER DA INSTITUICcedilAtildeO PREVIDENCIAacuteRIA ALIENIacuteGENA

1 Em 27 de janeiro de 1977 foi assinado em Montevideacuteu o Acordo de Previdecircncia Social entre os Governos do Brasil e do Uruguai que teve seu texto aprovado pelo Decreto Legislativo nordm 6778 e promulgado pelo Decreto Presidencial nordm 852481980 publicado em 15101980 2 Posteriormente foi celebrado em 15121997 o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum e seu Regulamento Administrativo contendo o respectivo Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o qual entrou em vigor no plano internacional em 01062005 tendo sido promulgado no Brasil por intermeacutedio do Decreto Presidencial nordm 57222006 publicado em 13032006 3 Sendo os periacuteodos controvertidos anteriores agrave vigecircncia do Acordo de Seguridade Social do Mercosul natildeo tem aplicabilidade por decorrecircncia tal regramento na espeacutecie na forma dos arts 8ordm e 17 do Decreto Presidencial nordm 57222006 4 O direito invocado pelo autor assim deve ser examinado agrave luz dos artigos V e VII do Decreto Presidencial nordm 8524880 que promulga o Acordo de Previdecircncia Social celebrado entre Brasil e Uruguai devendo o cocircmputo dos periacuteodos trabalhados nos signataacuterios ser regido pela legislaccedilatildeo do paiacutes onde tenham sido realizados os respectivos serviccedilos sendo que caberaacute agrave entidade gestora do paiacutes em que natildeo foi apresentado o pedido de aposentadoria informar se o interessado comprova os periacuteodos de atividades cumpridos em seu territoacuterio informaccedilatildeo essa a ser prestada agrave entidade similar do paiacutes em que feito o pedido de concessatildeo de benefiacutecio

98

5 Nesse contexto natildeo haacute falar em desiacutedia ou ineficiecircncia do INSS no atendimento do requerimento do autor uma vez que o retardo para anaacutelise do pedido decorrente da necessidade de se obter a teor do acordo internacional que regula a mateacuteria parecer da respectiva instituiccedilatildeo de previdecircncia alieniacutegena

ACOacuteRDAtildeO 2

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 0000395-6720104049999SC

RELATOR Des Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO ARI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA PREVIDENCIAacuteRIO PROCESSUAL CIVIL AGRAVO RETIDO IMPROVIDO CONCESSAtildeO DE APOSENTADORIA POR IDADE RURAL SEGURADO ESPECIAL REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR EXERCIacuteCIO NO PARAGUAI CAREcircNCIA Segundo prevecirc o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o periacuteodo de labor rural exercido em outro paiacutes in casu no Paraguai natildeo eacute haacutebil para caracterizaccedilatildeo de lapso carencial quando ausente a certificaccedilatildeo do labor pelo outro Estado signataacuterio

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia 6ordf Turma do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por maioria negar provimento ao agravo retido extinguir o feito sem julgamento de meacuterito e julgar prejudicada a apelaccedilatildeo do INSS e a remessa oficial vencido o Juiz Federal Loraci Flores de Lima nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 10 de agosto de 2010

Desembargador Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA Relator

99

ACOacuteRDAtildeO 3

APELACcedilAtildeOREEXAME NECESSAacuteRIO Nordm 20047104009576-7RS

RELATOR Des Federal LUIacuteS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE

APELANTE ENRIQUE MANUEL EIRAS MAYO

ADVOGADO Igor Loss da Silva

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO (Os mesmos)

REMETENTE JUIacuteZO SUBSTITUTO DA 02A VF DE PASSO FUNDO

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilO CONCESSAtildeO RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL COMPROVACcedilAtildeO CONVERSAtildeO TEMPO DE SERVICcedilO NO EXTERIOR (REPUacuteBLICA ARGENTINA) ACORDO BILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL (DECRETO Ndeg 8791882) TEMPUS REGIT ACTUM ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL (DECRETO Ndeg 572206) APLICACcedilAtildeO A ATOS JURIacuteDICOS FUTUROS POSSIBILIDADE TOTALIZACcedilAtildeO DOS PERIacuteODOS DE CONTRIBUICcedilAtildeO POSSIBILIDADE CAacuteLCULO DE RMI PROPORCIONALIDADE BENEFIacuteCIO EVENTUALMENTE COMPOSTO DE DUAS PARCELAS SE SATISFEITOS OS REQUISITOS EM AMBOS OS PAIacuteSES DETERMINACcedilAtildeO DA CONCESSAtildeO DO BENEFIacuteCIO NA ARGENTINA IMPOSSIBILIDADE TRAcircMITE DE PEDIDO DE APOSENTADORIA PELOS ORGANISMOS DE LIGACcedilAtildeO 1 Uma vez exercida atividade enquadraacutevel como especial sob a eacutegide da legislaccedilatildeo que a ampara o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal e ao acreacutescimo decorrente da sua conversatildeo em tempo de serviccedilo comum no acircmbito do Regime Geral de Previdecircncia Social A Lei nordm 971198 e o Regulamento Geral da Previdecircncia Social aprovado pelo Decreto nordm 3048 de 06-05-1999 resguardam o direito adquirido de os segurados terem convertido o tempo de serviccedilo especial em comum ateacute 28-05-1998 observada para fins de enquadramento a legislaccedilatildeo vigente agrave eacutepoca da prestaccedilatildeo do serviccedilo 2 Ateacute 28-04-1995 eacute admissiacutevel o reconhecimento da especialidade por categoria profissional ou por sujeiccedilatildeo a agentes nocivos aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruiacutedo) a partir de 29-04-1995 natildeo mais eacute possiacutevel o enquadramento por categoria profissional devendo existir comprovaccedilatildeo da sujeiccedilatildeo a agentes nocivos por qualquer meio de prova ateacute 05-03-1997 e a partir de entatildeo e ateacute 28-05-1998 por meio de formulaacuterio embasado em laudo teacutecnico ou por meio de periacutecia teacutecnica 3 Nos termos do que preconiza a regra do tempus regit actum tendo o segurado laborado na Argentina entre a deacutecada de 60 e 70 bem como datando o requerimento administrativo de 2000 deve-se aplicar o Decreto ndeg 8791882 para

100

fins de verificaccedilatildeo do seu direito agrave contagem do tempo laborado no exterior bem como agrave concessatildeo de aposentadoria por tempo de serviccedilo no Brasil 4 Aplicaccedilatildeo do Decreto ndeg 572206 quanto a questotildees de procedimentos ainda pendentes ressaltando-se natildeo se tratar de aplicaccedilatildeo retroativa porque referente a atos ainda inocorridos estando desde jaacute ressalvados os direitos adquiridos 5 A verificaccedilatildeo do direito agrave aposentadoria em cada Estado Acordante se daraacute com a soma (totalizaccedilatildeo nos termos do Decreto ndeg 8791882) dos periacuteodos laborados em cada um dos paiacuteses como se os periacuteodos de seguro totalizados houvessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo (art VIII a do Decreto ndeg 8791882) Eacute possiacutevel que o segurado possua quando do requerimento de concessatildeo apenas direito agrave aposentadoria em um dos Estados Acordantes o que natildeo impede a concessatildeo proporcional 6 Os valores corresponde a cada entidade gestora (Brasil e Argentina) seratildeo resultantes da proporccedilatildeo estabelecida entre o periacuteodo totalizado e o tempo cumprido sob a legislaccedilatildeo de seu proacuteprio Estado vedada a concessatildeo de benefiacutecio com valor inferior a um salaacuterio miacutenimo (art XII a do Decreto ndeg 8791882 bem como do art 201 sect 2deg) 7 Natildeo eacute de competecircncia deste juiacutezo verificar o direito do autor agrave aposentadoria na Repuacuteblica Argentina pela impossiacutevel de sua condenaccedilatildeo ao pagamento em decorrecircncia das imunidades de jurisdiccedilatildeo e execuccedilatildeo insuperaacuteveis no caso O proacuteprio Acordo Bilateral de Seguridade Social do Brasil e da Argentina (Decreto ndeg 8791882) determina que o exame de meacuterito - do direito agrave aposentadoria - caberaacute independentemente a cada Estado Acordante natildeo se podendo questionar a decisatildeo de aposentadoria 8 O tracircmite do pedido de aposentadoria na Argentina deve ocorrer atraveacutes dos Organismos de Ligaccedilatildeo (Art 1 d do Decreto ndeg 572206 cc art 2 ndeg 3 da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) com o estabelecimento de regras para 9apresentaccedilatildeo por meio deles de solicitaccedilotildees ao outro paiacutes Acordante quanto agraves prestaccedilotildees pecuniaacuterias (Tiacutetulo VI da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade determinar a implantaccedilatildeo do benefiacutecio dar parcial provimento ao apelo do autor parcial provimento ao apelo do INSS e parcial provimento agrave remessa oficial nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 11 de fevereiro de 2010

Desembargador Federal Luiacutes Alberto dAzevedo Aurvalle Relator

101

ACOacuteRDAtildeO 4

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC

RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO NELSI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA 1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

Porto Alegre 12 de janeiro de 2010

LORACI FLORES DE LIMA

Relator

102

ANEXO 4

Formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo do

Deslocamento Temporaacuterio

103

104

105

106

107

108

109

110

111

112

Page 6: A PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA PREVISTA NO ACORDO …

SIACI SUSS SGT TAUE TCE TCEE TEC TJCE TUE UE ZLC

Sistema de Acordos Internacionais Sistema Uacutenico de Seguridade Social Subgrupo de Trabalho Tratado do Ato Uacutenico Europeu Tratado da Comunidade Europeia Tratado da Comunidade Econocircmica Europeia Tarifa Externa Comum Tribunal de Justiccedila das Comunidades Europeias Tratado da Uniatildeo Europeia Uniatildeo Europeia Zona de Livre Comeacutercio

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1 Demonstrativo das autorizaccedilotildees de trabalhos concedidas a pessoas dos Estados Partes do MERCOSUL 28

Tabela 2 Resumo da anaacutelise dos sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL 43

Tabela 3 ndash Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social 52

Quadro 1 Demonstrativo de algumas assimetrias no bloco 25

Quadro 2 Organismos de Ligaccedilatildeo no Brasil para acordos com outros paiacuteses 66

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO 1 13 1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES 13 11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO 13 12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL 16

121 Fases da Integraccedilatildeo 16 122 Antecedentes Histoacutericos 18 123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais 21 13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL 24

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas 26 132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL 32 CAPIacuteTULO 2 44 2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 44

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL 48 23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE

SOCIAL 51 24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 53 241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral 56

CAPIacuteTULO 3 60

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL NO MERCOSUL 60

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 62

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS 64

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 69

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade Social 74

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios 74 333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo 76

CONCLUSAtildeO 80

REFEREcircNCIAS 83

ANEXOS 93

Ao Emerson pelo incentivo ao estudo Aos professores Marco Antocircnio Ceacutesar Villatore e Lenir Mainardes da Silva pela colaboraccedilatildeo tatildeo valiosa na conclusatildeo deste trabalho

Agrave minha orientadora Lucia Cortes da Costa pela disposiccedilatildeo atenccedilatildeo e rigor no acompanhamento e construccedilatildeo do trabalho

Ao meu pai matildee irmatilde e irmatildeo que satildeo fontes de estiacutemulos para continuar sempre lutando

10

INTRODUCcedilAtildeO

Com o desenvolvimento da sociedade internacional e a intensificaccedilatildeo das

relaccedilotildees entre os Estados os Tratados e os Acordos se converteram na fonte

principal do Direito Internacional e assumem atualmente a funccedilatildeo similar agrave que eacute

exercida pela legislaccedilatildeo interna dos Estados pois regula as relaccedilotildees legais mais

diversas entre paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais nos campos mais variados das

relaccedilotildees humanas

O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo econocircmica e o surgimento de sistemas

regionais de integraccedilatildeo fizeram crescer de forma acentuada o fluxo migratoacuterio de

matildeo de obra para os mais diversos paiacuteses em busca de boas oportunidades

profissionais e de melhores condiccedilotildees de vida

O Brasil conta com uma grande quantidade de cidadatildeos que natildeo habitam e

natildeo exercem suas atividades laborais em seu territoacuterio nacional da mesma forma

que recebe muitos trabalhadores provenientes de outros paiacuteses

Todo este movimento traz como consequecircncia o fato de que muitos

migrantes ao contribuir para sistemas previdenciaacuterios de diversos paiacuteses

eventualmente natildeo completem os requisitos para conseguir sua aposentadoria ou

para obter outros benefiacutecios contando somente o tempo de contribuiccedilatildeo de um dos

paiacuteses nos quais trabalhou

Na esfera da seguridade social temos que destacar a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) sobre igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros a qual foi aprovada pelo Brasil em 24 de agosto de 1968

No artigo 7ordm da Convenccedilatildeo se estabelece que os paiacuteses signataacuterios teratildeo de se

esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento de direitos de

seguridade social Este sistema deve principalmente prever a totalizaccedilatildeo dos

periacuteodos de trabalho para a contabilizaccedilatildeo previdenciaacuteria de trabalho ou residecircncia

os de aquisiccedilatildeo manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de direitos bem como para o caacutelculo

das aposentadorias Desta forma eacute indispensaacutevel por em praacutetica poliacuteticas puacuteblicas

para a consecuccedilatildeo de tais direitos

No presente trabalho apresenta-se um estudo sobre o Acordo Multilateral de

Seguridade Social no MERCOSUL em virtude da perspectiva da livre circulaccedilatildeo de

trabalhadores no bloco atraveacutes do desenvolvimento de sua dimensatildeo social e a

11

internacionalizaccedilatildeo dos sistemas de previdecircncia social que passam a ter um papel

importante para viabilizaccedilatildeo de todo esse processo

Na pesquisa o objeto problematizado foi a proteccedilatildeo previdenciaacuteria prevista

no Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL qual a garantia em

relaccedilatildeo agrave manutenccedilatildeo da renda para os trabalhadores que durante sua vida de

trabalho vinculem-se a mais de um sistema previdenciaacuterio dentro do bloco regional

Para desenvolver a pesquisa a metodologia utilizada foi qualitativa

pesquisa documental bibliograacutefica e baseada em decisotildees judiciais

O texto foi dividido em trecircs capiacutetulos o primeiro aborda as informaccedilotildees

referentes agrave integraccedilatildeo regional e seus impasses como a construccedilatildeo do

MERCOSUL e assimetrias no bloco regional Retrata as dificuldades do processo de

integraccedilatildeo ocorrido entre os paiacuteses que hoje compotildeem o MERCOSUL

Neste capiacutetulo a investigaccedilatildeo parte da anaacutelise do Tratado de Assunccedilatildeo

documento marco na constituiccedilatildeo do MERCOSUL abordando as fases de

integraccedilatildeo econocircmica para o Mercado Comum do Sul quais sejam a zona de livre

comeacutercio uniatildeo aduaneira e mercado comum

O segundo capiacutetulo apresenta o processo de celebraccedilatildeo de acordos

internacionais que tratam de mateacuteria previdenciaacuteria como um fruto do fenocircmeno da

globalizaccedilatildeo e do aumento do fluxo migratoacuterio Os acordos internacionais satildeo

instrumentos que expressam a vontade dos Estados em texto escrito com o

objetivo de originar efeitos juriacutedicos na aacuterea internacional onde constam os direitos

e as obrigaccedilotildees reciacuteprocas

Diante disso foi assinado o Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL no dia 15 de dezembro de 1997 e que entrou em vigor em 2005 cujas

legislaccedilotildees no Brasil satildeo o Decreto Legislativo nordm 451 de 15 de novembro de 2001

e o regulamento Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo de 2006

A importacircncia social deste Acordo desponta a partir do momento que o

trabalhador dificilmente tem a possibilidade de optar por um tipo de viacutenculo de

trabalho em regra tendo apenas a preocupaccedilatildeo de obter e manter um emprego O

problema de como manter a renda do trabalhador na inatividade apresenta-se na

hora de se aposentar momento em que natildeo sabe como proceder e nem a quem

recorrer principalmente se transitou por paiacuteses com diferentes sistemas

previdenciaacuterios

12

A partir daiacute apresentamos os Acordos bilaterais de Previdecircncia Social

realizados pelo Brasil e especialmente o Acordo Multilateral de Seguridade Social

no MERCOSUL

Jaacute a partir do terceiro capiacutetulo passamos a analisar a aacuterea previdenciaacuteria

dentro dos objetivos inicialmente aspirados por Brasil Argentina Paraguai Uruguai

a partir das normas operacionais para eficaacutecia do Acordo Multilateral de Previdecircncia

Social Analisamos o Regulamento administrativo abordamos os oacutergatildeos de ligaccedilatildeo

e os processamentos de informaccedilotildees sobre os trabalhadores cobertos pelo Acordo

assim como a forma de solicitaccedilatildeo de benefiacutecios totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de tempo

de contribuiccedilatildeo e as normas operacionais voltadas agraves empresas e aos trabalhadores

no deslocamento temporaacuterio de trabalhadores nos paiacuteses pertencentes ao bloco

13

CAPIacuteTULO 1

1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES

11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO

O Mercado Comum do Sul MERCOSUL desenvolveu-se por fases de

integraccedilatildeo e atualmente eacute uma Uniatildeo Aduaneira e seu objetivo eacute evoluir agrave condiccedilatildeo

de Mercado Comum Muito embora o Tratado de Assunccedilatildeo seja um acordo

internacional de cunho marcadamente econocircmico sua assinatura significou um

projeto estrateacutegico regional em que os alicerces que enquadram as relaccedilotildees entre

os Estados Partes representa acima de tudo um acordo poliacutetico

O MERCOSUL pode ser considerado um fator de estabilidade na regiatildeo

pois gera uma trama de interesses e relaccedilotildees que torna mais profundas as ligaccedilotildees

entre os paiacuteses tanto econocircmicas quanto poliacuteticas

Os responsaacuteveis poliacuteticos as burocracias estatais os trabalhadores e os

empresaacuterios tecircm no MERCOSUL um acircmbito de discussatildeo de muacuteltiplas e complexas

facetas em que podem ser abordados assuntos de interesse comum1

De acordo com More a regionalizaccedilatildeo pode ser compreendida como segue

Regionalizaccedilatildeo pode ser definida numa oacutetica econocircmica como o conjunto de medidas tomadas pelo Estado para aumentar ou diminuir os obstaacuteculos agraves trocas aos investimentos aos fluxos de capitais e aos movimentos de fatores entre os grupos de paiacuteses envolvidos Numa perspectiva juriacutedica eacute o fenocircmeno resultante da composiccedilatildeo dos interesses econocircmicos atraveacutes de acordos internacionais que visam delimitar e fixar positivamente os objetivos e os meios de realizaccedilatildeo destes interesses

2

Para Praxedes e Piletti3 regionalizaccedilatildeo e globalizaccedilatildeo satildeo dois processos

simultacircneos que estatildeo ocorrendo no mundo atual Enquanto a globalizaccedilatildeo consiste

no processo de dissoluccedilatildeo das fronteiras entre os paiacuteses para facilitar a atuaccedilatildeo

1 Sobre o MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwmercosurorguygt Acesso em 10032010

2 MORE Rodrigo Fernandes Fundamentos das Operaccedilotildees de Paz das Naccedilotildees Unidas e a

Questatildeo de Timor Leste Dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo de tiacutetulo de mestre em direito na Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo Biblioteca da Faculdade de Direito da USP 2002

3 PRAXEDES Walter PILETTI Nelson O Mercosul e a Sociedade Global 8 ed Satildeo Paulo

Aacutetica 1997 p 58

14

das empresas transnacionais a regionalizaccedilatildeo consiste na formaccedilatildeo de blocos

regionais para defender as empresas jaacute instaladas na regiatildeo contra a concorrecircncia

de empresas de outras regiotildees ou paiacuteses

Apesar de estes dois movimentos interagirem natildeo deixam de ser

contraditoacuterios jaacute que a globalizaccedilatildeo aposta na livre circulaccedilatildeo em niacutevel mundial

enquanto a regionalizaccedilatildeo une paiacuteses para fortalecer geralmente com praacuteticas

protecionistas quando se trata de comeacutercio exterior4

De acordo com Kol5 citado por More

6 observamos que existem pelo menos

trecircs modalidades de regionalismo em relaccedilatildeo ao desenvolvimento do comeacutercio

mundial formaccedilatildeo de blocos regionalismo e polarizaccedilatildeo

A formaccedilatildeo de blocos refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo do comeacutercio

internacional entre paiacuteses membros de um acordo formal de livre comeacutercio ou outro

acordo formal de integraccedilatildeo econocircmica O Regionalismo que expressa vontade

poliacutetica dos Estados refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo de comeacutercio

internacional entre paiacuteses que satildeo parte de um grupo de Estados com

predominacircncia do elemento de proximidade geograacutefica

Nesta perspectiva a regionalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno natural diretamente

ligado ao fator proximidade geograacutefica tal como ocorre entre zonas fronteiriccedilas E

finalmente a polarizaccedilatildeo apresenta-se como um caso especial de regionalismo

entre paiacuteses em diferentes estaacutegios de desenvolvimento Eacute uma relativa

concentraccedilatildeo de comeacutercio internacional de um grupo de estados em

desenvolvimento com um grupo de Estados industrializados em proximidade

geograacutefica

Percebe-se desta classificaccedilatildeo de Kol que o termo regionalizaccedilatildeo eacute distinto

do termo regionalismo Para a proposta de Kol o fenocircmeno de regionalizaccedilatildeo

explica movimentos naturais da economia que ao longo do tempo foram a proacutepria

razatildeo do aprofundamento e alargamento dos processos de integraccedilatildeo pelos de

4 PEREIRA Joseacute Adriano Mercosul em Movimento II In Liberalismo econocircmico e processo de

integraccedilatildeo na Ameacuterica Latina Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 p 100 5 Estudioso da Integraccedilatildeo Econocircmica Internacional na Universidade Erasmus de Rotterdan

6 KOL Jacob Regionalization Polarization and Blocformation in the World Economy Revista

Integraccedilatildeo e especializaccedilatildeo Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Coimbra 1996 p 17 apud MORE Rodrigo Fernandes Integraccedilatildeo econocircmica Internacional Jus Navigandi Teresina ano 6 n 59 outubro 2002 Disponiacutevel em lthttpjusuolcombrrevistatexto3307integracao-economica-internacionalgt Acesso em 24102010

15

acordos formais seja para formaccedilatildeo de aacutereas de livre comeacutercio bilaterais ou de

proacutepria formaccedilatildeo de blocos econocircmicos

No mesmo sentido Ana Maria Stuart entende regionalismo como construccedilatildeo

de uma nova dimensatildeo poliacutetica econocircmica e social na qual se processa a

transformaccedilatildeo do Estado-naccedilatildeo em especial de seus atributos de autonomia e

soberania e regionalizaccedilatildeo eacute a integraccedilatildeo com base crescente de interdependecircncia

econocircmica e na resoluccedilatildeo dos problemas colocados pelos mercados7

Soares aponta que a constituiccedilatildeo de um mercado comum afina as relaccedilotildees

comerciais poliacuteticas cientiacuteficas acadecircmicas culturais e tem como dentre outras

as seguintes vantagens

- maior variedade de bens finais agrave disposiccedilatildeo dos consumidores o que representa um incremento em seu bem estar maior concorrecircncia que implica entre outras coisas maior qualidade dos bens e serviccedilos oferecidos menores preccedilos e uma atribuiccedilatildeo de recursos mais eficiente uma importante economia de recursos que inicialmente se destinam agraves reparticcedilotildees aduaneiras - melhor atribuiccedilatildeo de recursos - reduccedilatildeo dos custos de transporte e comunicaccedilatildeo pela integraccedilatildeo fiacutesica dos Estados Partes que contempla o MERCOSUL

8

Ocorre que o processo de integraccedilatildeo natildeo pode se resumir a uma integraccedilatildeo

com conotaccedilatildeo apenas econocircmica pois para dar certo a economia haacute

envolvimento de trabalhadores e portanto o processo de integraccedilatildeo deve viabilizar

uma integraccedilatildeo em todos os seus aspectos econocircmico poliacutetico e tambeacutem e tatildeo

importante o aspecto social Neste sentido ainda comenta Soares9 que a

participaccedilatildeo dos Estados eacute decisiva para a integraccedilatildeo dos blocos econocircmicos

visando ao processo poliacutetico para a criaccedilatildeo do mercado dentro de paracircmetros

democraacuteticos

As relaccedilotildees poliacuteticas internacionais e a formaccedilatildeo dos blocos econocircmicos

vecircm a ser uma estrateacutegia organizada pelos Estados O MERCOSUL constitui-se

7 STUART Ana Maria A construccedilatildeo de um novo regionalismo In MENDES Jussara Maria Rosa

et al (Orgs) Mercosul em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 107

8 SOARES Maacuterio Luacutecio Quintatildeo MERCOSUL direitos humanos globalizaccedilatildeo e soberania Belo

Horizonte Del Rey 1997 p 86 9 Ibid

16

como um bloco intergovernamental que resulta de decisatildeo poliacutetica dos governos

dos Estados Partes na busca pela integraccedilatildeo regional10

Estudando a formaccedilatildeo e o desenvolvimento do MERCOSUL observamos

que para que uma integraccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria vontade poliacutetica nas questotildees de

desenvolvimento social promoccedilatildeo de intercacircmbio cultural e laboral preocupaccedilatildeo

quanto agraves questotildees de direitos humanos seguridade social entre outras

12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL

121 Fases da Integraccedilatildeo

No dia 30 de novembro de 1985 Argentina e Brasil inauguram um novo

esquema de integraccedilatildeo mediante a Declaraccedilatildeo de Iguaccedilu com a qual inicia uma

comissatildeo mista de alto niacutevel integrada por representantes dos governos e

instituiccedilotildees empresariais cujos trabalhos deram lugar agrave assinatura da Ata para

integraccedilatildeo argentino-brasileira de 29 de julho de 1986 A Ata estabeleceu um

programa de Integraccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo econocircmica entre as duas repuacuteblicas

Segundo Jaeger Junior11

ldquonascia nesse momento o embriatildeo do bloco regional do

Cone Sulrdquo

Em 1988 eacute assinado o Tratado de Integraccedilatildeo Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento entre Brasil e Argentina que se deve ao fato de buscar um espaccedilo

econocircmico comum a ser concretizado na eliminaccedilatildeo de todas as restriccedilotildees tarifaacuterias

e natildeo-tarifaacuterias ao comeacutercio de bens e serviccedilos A inflaccedilatildeo que accediloitou ambos os

paiacuteses em 1989 e 1990 e o fracasso de seus respectivos planos econocircmicos

austral e cruzado desembocaram para que uma vez mais as poliacuteticas comerciais

voltassem a ser restritivas estancando-se os avanccedilos da integraccedilatildeo regional12

10

COSTA Lucia Cortes da Poliacuteticas sociais no MERCOSUL desafios para uma integraccedilatildeo regional com reduccedilatildeo das desigualdades sociais In COSTA Lucia Cortes da (Org) Estado e democracia Pluralidade de questotildees Ponta Grossa Ed UEPG 2008 p 139

11 JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 1999 Disponiacutevel em ltwwwbuscalegisufscbrmercosul20e20a20livrelaccedilatildeogt Acesso em 20092010 p 30

12 KUME Honoacuterio PIANI Guida Mercosul o dilema entre uniatildeo aduaneira e aacuterea de livre-comeacutercio

Revista Economia Poliacutetica Satildeo Paulo v 25 n 4 OctDec 2005

17

Com as mudanccedilas de governo que se produziram e novos enfoques poliacutetico-

econocircmicos com objetivos similares entre os que cabiam a desregulaccedilatildeo e abertura

de suas economias o processo se revitalizou assinando-se a ata de Buenos Aires

em julho de 1990 que decide estabelecer um mercado comum entre os dois paiacuteses

Outro passo a mais foi a assinatura do Acordo de Complementaccedilatildeo

Econocircmica nuacutemero 14 que reuacutene num uacutenico corpo todos os acordos vigentes antes

celebrados entre os Brasil e Argentina adota o programa de rebaixas alfandegaacuterias

gerais lineares e automaacuteticas previsto e adota uma seacuterie de outras medidas

complementares recolhidas depois no Tratado de Assunccedilatildeo do qual o acordo

Argentina-Brasil eacute claro procedente imediato13

O Tratado de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 aproveita todos os

embasamentos estabelecidos no Acordo Argentina ndash Brasil somando-se aos

propoacutesitos de estabelecer um Mercado Comum do Sul Paraguai e Uruguai em

igualdade de direitos e de obrigaccedilotildees A integraccedilatildeo regional apresenta-se sob

diferentes fases como a zona de livre comeacutercio uniatildeo aduaneira mercado comum

uniatildeo econocircmica e monetaacuteria e integraccedilatildeo econocircmica total

Inicialmente no processo de integraccedilatildeo haacute a fase de Zona de Livre

Comeacutercio De acordo com Jaeger Junior14

a ldquozona de livre comeacutercio eacute a eliminaccedilatildeo

atraveacutes de um acordo dos obstaacuteculos tarifaacuterios e natildeo-tarifaacuterios agraves exportaccedilotildees e

importaccedilotildees comerciais dos produtos originaacuterios dos estados-membros integrantes

desta livre zonardquo Conforme o artigo 1ordm do Tratado de Assunccedilatildeo (1991) ldquoA livre

circulaccedilatildeo de bens serviccedilos e fatores produtivos entre os paiacuteses atraveacutes entre

outros da eliminaccedilatildeo dos direitos alfandegaacuterios e restriccedilotildees natildeo-tarifaacuterias agrave

circulaccedilatildeo de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalenterdquo

Em seguida haacute a fase da Uniatildeo Aduaneira em que os Estados Partes ao

reconhecerem as assimetrias entre as economias nacionais adotam uma tarifa

externa comum (TEC) em que ocorre a aboliccedilatildeo das tarifas alfandegaacuterias nas

relaccedilotildees comerciais no interior do bloco econocircmico que eacute aplicada aos paiacuteses fora

da uniatildeo15

13

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwreceitafazendagovbrlegislacaoacordosinternacionaisAcordosComplEconomicaDe

faulthtmgt Acesso em 10022011 14

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 38 15

Ibid

18

A fase posterior se daacute pela caracterizaccedilatildeo de Mercado Comum que aleacutem

da liberalizaccedilatildeo comercial estabelece a circulaccedilatildeo de pessoas serviccedilos e capitais

com liberdade fundamental sem barreiras para entrada ou saiacuteda dos cidadatildeos dos

Estados Partes Conforme Jaeger Junior16

eacute necessaacuteria nesta fase agrave adoccedilatildeo de

procedimentos quanto agrave

[] harmonizaccedilatildeo das questotildees trabalhistas e previdenciaacuterias incluindo a assistecircncia social Para os Estados Partes recebedores desse contingente de pessoas seratildeo necessaacuterias as garantias de manutenccedilatildeo da ordem da sauacutede e da seguranccedila puacuteblica

Essas liberdades eacute que permitiratildeo a consolidaccedilatildeo da integraccedilatildeo plena entre

os parceiros estatais envolvidos Neste mesmo contexto Costa17

afirma que eacute

preciso que se estabeleccedilam a harmonizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em diferentes aacutereas

entre as quais a legislaccedilatildeo trabalhista e a regulamentaccedilatildeo profissional e criar

mecanismos efetivos de aplicaccedilatildeo de direitos sociais os direitos trabalhistas e

previdenciaacuterios e tambeacutem a equivalecircncia nos diferentes niacuteveis de ensino como um

caraacuteter mais homogecircneo de serviccedilos educacionais

Ainda existe a fase da Uniatildeo Econocircmica e Monetaacuteria que ocorre quando o

mercado comum eacute combinado com a adoccedilatildeo de poliacutetica monetaacuteria e moeda uacutenica

Esta fase eacute caracterizada pela supressatildeo de restriccedilotildees sobre movimentos de

mercadorias combinada com a harmonizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas nacionais

tornando-as o mais semelhante possiacutevel18

Por fim a fase de Integraccedilatildeo Econocircmica

Total momento em que se passa a adotar uma poliacutetica monetaacuteria fiscal e social

para a unificaccedilatildeo de poliacuteticas de seguranccedila interior e exterior sendo a fase mais

profunda da integraccedilatildeo19

122 Antecedentes Histoacutericos

Apesar de jovem o MERCOSUL eacute o resultado de um processo lento de

16

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 357 17

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 33

18 JAEGER JUNIOR Op cit p 39

19 GOIN Marileacuteia O processo contraditoacuterio da educaccedilatildeo no contexto do MERCOSUL uma

anaacutelise a partir dos Planos Educacionais 2008 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Serviccedilo Social) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 45

19

amadurecimento histoacuterico que ao longo do tempo levou seus Estados Partes a

substituir o conceito de conflito pelo ideal de integraccedilatildeo20

Tal integraccedilatildeo

internacional de cunho significativamente econocircmico significou tambeacutem a coroaccedilatildeo

de um projeto estrateacutegico regional de natureza poliacutetica

Na deacutecada de 1980 o avanccedilo das ideias liberais a democratizaccedilatildeo dos

governos de vaacuterios paiacuteses por sendas constitucionais e o progressivo

desaparecimento dos governos militares geraram modificaccedilotildees importantes na

economia perderam terreno as poliacuteticas de auto-abastecimento e aumento do

comeacutercio sub-regional e introduziu-se em seu lugar a ideia de complementaccedilatildeo e

globalizaccedilatildeo das mesmas para otimizar a eficiecircncia no uso dos fatores e competir

melhor no comeacutercio mundial

Com a globalizaccedilatildeo e as expectativas no enfrentamento da nova realidade

econocircmica mundializada o Brasil a Argentina o Paraguai e o Uruguai

estabeleceram um pacto de se constituiacuterem em um bloco econocircmico regional

integrado por Estados da Ameacuterica do Sul formando o MERCOSUL

O MERCOSUL tem como fonte inspiradora algumas normas de instituiccedilatildeo

do Tratado de Montevideacuteu de 1960 criador da ALALC21

do Tratado de ROMA22

do

Tratado de Montevideacuteu de 1980 criador da ALADI23

e da Convenccedilatildeo do

BENELUX24

No Brasil a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 4ordm paraacutegrafo uacutenico

ao relacionar os princiacutepios que devem nortear as relaccedilotildees internacionais deixa clara

a intenccedilatildeo de buscar fortalecer a integraccedilatildeo dos povos na Ameacuterica Latina com o

intuito de formar uma comunidade latino-americana de naccedilotildees No entanto deixou

omisso qual o modelo de integraccedilatildeo a ser adotado ficando assim como uma mera

aspiraccedilatildeo poliacutetica do paiacutes em formar uma comunidade regional

20

Fonte extraiacuteda do site lthttpwwwclassificadosmercosulcombrmercosul_infomercosul01htmgt Acesso em 29022011

21 A Associaccedilatildeo Latino Americana de Livre Comeacutercio (ALALC) foi criada em fevereiro de 1960 e seu

Tratado encontra-se subscrito por Brasil Argentina Chile Uruguai Meacutexico Paraguai e Peru e posteriormente por Colocircmbia Equador e Venezuela tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

22 O Tratado de Roma assinado em 25 de marccedilo de 1957 influenciou na forma e nos propoacutesitos

estabelecidos na formaccedilatildeo do MERCOSUL 23

A Associaccedilatildeo Latino-Americana de Integraccedilatildeo (ALADI) foi constituiacuteda em substituiccedilatildeo agrave ALALC subscrita pelos paiacuteses membros dessa integraccedilatildeo em 12 de agosto de 1980 tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

24 A Convenccedilatildeo do BENELUX foi firmada em Londres em 5 de setembro de 1944 e ampliada pelo

Protocolo da Haia de 14 de marccedilo de 1947 entre os Estados da Beacutelgica Luxemburgo e os Paiacuteses Baixos os quais pretendiam atingir a etapa de uma integraccedilatildeo de uniatildeo econocircmica

20

A efetivaccedilatildeo do MERCOSUL se deu pela assinatura do Tratado de

Assunccedilatildeo em 26 de marccedilo de 1991 pelas Repuacuteblicas da Argentina do Brasil do

Paraguai e do Uruguai constituindo-se em uma estrateacutegia defensiva da Ameacuterica

Latina frente aos paiacuteses desenvolvidos objetivando o fortalecimento de sua

economia como mecanismo de defesa frente ao projeto da ALCA25

dando a estes

paiacuteses um melhor posicionamento no cenaacuterio mundial

Pelo consenso entre os Estados Partes o MERCOSUL busca adesatildeo de

novos membros com o objetivo de fortalecer o processo de integraccedilatildeo regional e

intensificar as relaccedilotildees com os paiacuteses membros da ALADI Associaccedilatildeo Latino-

Americana de Integraccedilatildeo Os Estados associados do MERCOSUL tecircm como

paiacuteses participantes a Boliacutevia o Chile o Peru a Colocircmbia e o Equador

Boliacutevia Equador Colocircmbia e Peru integram a Comunidade Andina (CAN)

bloco com que o MERCOSUL tambeacutem firmaraacute um acordo comercial26

O status de

membro associado se estabelece por acordos bilaterais denominados Acordos de

Complementacatildeo Econocircmica firmados entre o MERCOSUL e cada paiacutes associado

Em processo de inclusatildeo como membro efetivo do bloco estaacute a Venezuela mas

para que um paiacutes integre o bloco como membro efetivo eacute necessaacuterio que todos os

Estados Partes ratifiquem de maneira unacircnime a entrada deste no bloco

A Venezuela ratificou o protocolo de entrada em 4 de julho de 2006 Em

2005 na XXIX Conferecircncia do MERCOSUL em Montevideacuteu outorgou-se em status

de Estado membro em processo de adesatildeo que na praacutetica significa que tinha voz

mas natildeo voto27

Para a efetivaccedilatildeo da Venezuela no Bloco soacute falta a aprovaccedilatildeo do

Paraguai pois o Brasil a Argentina e o Uruguai jaacute aprovaram o protocolo de

adesatildeo28

25

ALCA ndash Aacuterea de Livre Comeacutercio das Ameacutericas As origens da ALCA remontam ao ano de 1990 quando o entatildeo presidente George Bush lanccedila a ldquoIniciativa para as Ameacutericasrdquo uma proposta de liberalizaccedilatildeo do comeacutercio hemisfeacuterico e de eliminaccedilatildeo das restriccedilotildees para os investimentos das mega-empresas norte-americanas que criaria um espaccedilo privilegiado de ampliaccedilatildeo das fronteiras econocircmicas dos Estados Unidos A ALCA eacute tambeacutem uma iniciativa que procura consolidar uma zona monetaacuteria para o doacutelar e contrabalanccedilar o impacto da formaccedilatildeo de outros grandes blocos regionais na Europa e na Aacutesia

26 Fonte extraiacuteda do site lthttpestudeonlinenetrevisao_detalheaspxcod=461gt Acesso em

29032011 27

Ibid 28

Conforme Folha Online (2009) o Paraguai natildeo aprovou a entrada da Venezuela por analisar que o Presidente Hugo Chaacutevez coloca em risco a democracia do bloco que se constitui como princiacutepio inerente para o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional conforme Protocolo de Ushuaia de julho de 1998 Disponiacutevel em lthttpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u666908shtmlgt Acesso em 20092010

21

Entretanto isto eacute uma questatildeo de tempo porque trecircs paiacuteses jaacute aceitaram

123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais

O MERCOSUL objetiva a integraccedilatildeo dos paiacuteses no sentido da expansatildeo do

mercado interno da ampliaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo da circulaccedilatildeo de riquezas

Com isso pretende o transbordamento das perspectivas de crescimento que deve

ocorrer em harmonia por meio das competiccedilotildees empresariais elevando o niacutevel de

emprego propiciando a melhoria das condiccedilotildees de vida e o desenvolvimento social

dos povos29

Em 1991 o Tratado de Assunccedilatildeo estabeleceu apenas uma estrutura

institucional provisoacuteria que natildeo conferia personalidade juriacutedica ao MERCOSUL uma

vez que seus oacutergatildeos eram totalmente dependentes dos Estados Partes Assim em

decorrecircncia das intensas negociaccedilotildees os Estado Partes decidiram a partir da

entrada em vigor do Protocolo de Ouro Preto assinado em dezembro de 1994

atribuir ao MERCOSUL personalidade juriacutedica de Direito Puacuteblico Internacional

conforme o previsto nos artigos 34 e 35 do referido protocolo30

Portanto o MERCOSUL dispotildee de personalidade juriacutedica de Direito

Internacional desde a assinatura do Protocolo de Ouro Preto (artigo 34) A

titularidade da personalidade juriacutedica do MERCOSUL eacute exercida pelo Conselho do

Mercado Comum (artigo 8ordm III) O Grupo Mercado Comum pode negociar por

delegaccedilatildeo expressa do Conselho do Mercado Comum acordos em nome do

MERCOSUL com paiacuteses terceiros grupos de paiacuteses e organismos internacionais

(artigo 14 VII)

Suas principais fontes juriacutedicas satildeo o Tratado de Assunccedilatildeo e instrumentos

adicionais ou complementares as Decisotildees do Conselho do Mercado Comum as

Resoluccedilotildees do Grupo Mercado Comum e as Diretrizes da Comissatildeo de Comeacutercio31

29

MAGALHAES Maria Luacutecia Cardoso de A harmonizaccedilatildeo dos Direitos Sociais e o MERCOSUL Belo Horizonte Editora Revista dos Tribunais 2000 p 59

30 Art 34 do Protocolo de Ouro Preto ldquoO Mercosul teraacute personalidade juriacutedica internacionalrdquo Art 35

ldquoO Mercosul poderaacute no uso de suas atribuiccedilotildees praticar todos os atos necessaacuterios agrave realizaccedilatildeo de seus objetivos em especial contratar adquirir ou alienar bens moacuteveis e imoacuteveis comparecer em juiacutezo conservar fundos e fazer transferecircnciasrdquo

31 Fonte extraiacuteda da Secretaria de Estado da Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do Mercosul ndash

SEIM Disponiacutevel em lthttpwwwseimprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=32gt Acesso em

10072010

22

O Protocolo de Ouro Preto definiu a estrutura do MERCOSUL da seguinte

forma

a) Conselho do Mercado Comum (CMC) eacute o oacutergatildeo maacuteximo do

MERCOSUL ao qual cabe a conduccedilatildeo poliacutetica do processo de

integraccedilatildeo e pela tomada de decisotildees para garantir o cumprimento dos

objetivos e prazos estabelecidos pelo ldquoTratado de Assunccedilatildeordquo O CMC eacute

formado pelos Ministros das Relaccedilotildees Exteriores e da Economia dos

paiacuteses membros

b) Grupo Mercado Comum (GMC) eacute o oacutergatildeo executivo do MERCOSUL

coordenado pelos Ministeacuterios de Relaccedilotildees Exteriores de cada paiacutes eacute o

principal oacutergatildeo de implementaccedilatildeo dos objetivos do MERCOSUL e de

supervisatildeo de seu funcionamento examinando as questotildees em niacutevel

mais profundo que o Conselho O Grupo Mercado Comum eacute

assessorado em suas atividades por Subgrupos de Trabalho Reuniotildees

Especializadas e Grupos ldquoAd Hocrdquo cada um desses foros auxiliares trata

de temas especiacuteficos

Subgrupos de Trabalho (SGT) SGT 01 - Comunicaccedilotildees SGT 02 -

Aspectos Institucionais SGT 03 - Regulamentos Teacutecnicos SGT 04 -

Assuntos Financeiros SGT 05 - Transportes SGT 06 - Meio Ambiente

SGT 07 - Induacutestria SGT 08 - Agricultura SGT 09 - Energia e Mineraccedilatildeo

SGT 10 - Assuntos Trabalhistas Emprego e Seguridade Social SGT 11

- Sauacutede SGT 12 - Investimentos SGT 13 - Comeacutercio Eletrocircnico SGT 14

- Acompanhamento da Conjuntura Econocircmica e Comercial

Reuniotildees Especializadas Ciecircncia e Tecnologia Cooperativas Turismo

Mulher promoccedilatildeo Comercial Municiacutepios e Prefeituras Infraestrutura da

Integraccedilatildeo e Drogas Prevenccedilatildeo e Reabilitaccedilatildeo de Dependentes

Grupos ldquoAd-Hocrdquo Accediluacutecar Relaccedilotildees Externas Compras Governamentais

e Concessotildees Integraccedilatildeo Fronteiriccedila Comitecirc de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica

Grupo de Serviccedilos Comissatildeo Soacutecio-laboral (Secretaria de Estado da

Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do MERCOSUL ndash SEIM)

c) Comissatildeo de Comeacutercio do MERCOSUL (CCM) eacute o oacutergatildeo encarregado

de assistir ao Grupo Mercado Comum na aplicaccedilatildeo dos instrumentos de

23

poliacutetica comercial comum para o funcionamento da uniatildeo alfandegaacuteria

(CEFIR 2010)32

d) Comissatildeo de Representantes Permanentes do MERCOSUL (CRPM)

que reuacutene as reapresentaccedilotildees diplomaacuteticas dos Estados membros

(CEFIR 2010)33

e) Parlamento do MERCOSUL eacute o que representa a legitimidade e

democracia em termos de representaccedilatildeo poliacutetica do processo o

Parlamento eacute o lugar ideal para o debate para a expressatildeo das

diferentes visotildees para a enunciaccedilatildeo da opiniatildeo da maioria mas tambeacutem

para a possibilidade de expressatildeo das minorias (CEFIR 2010)34

f) Foro Consultivo Econocircmico Social (FCES) eacute o oacutergatildeo de representaccedilatildeo

dos setores econocircmicos e sociais composto por representantes dos

setores empresariais sindicatos e entidades da sociedade civil Tem

funccedilatildeo consultiva elevando recomendaccedilotildees ao GMC

g) Secretaria Administrativa do MERCOSUL eacute o oacutergatildeo de assessoria e

apoio teacutecnico operativo aos outros oacutergatildeos do MERCOSUL Tem sua

sede permanente na cidade de Montevideacuteu

Os oacutergatildeos institucionais do MERCOSUL35

satildeo de natureza

intergovernamental cujas decisotildees tomadas estatildeo vinculadas a procedimentos

internos de cada Estado Parte do bloco portanto satildeo decisotildees tomadas por

governos nacionais que estatildeo sujeitos ao controle dos seus respectivos

parlamentos36

32

Fonte Curso ldquoTodos Somos MERCOSURrdquo ndash CEFIR ndash Plataforma de Integraccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpneccintwordpresscomdireito-internacionalarena-de-ideiasmercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulgt Acesso em 02012011

33 Ibid

34 Ibid

35 No Anexo 2 seraacute apresentado um organograma da estrutura Institucional do MERCOSUL

36 KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees

constitucionais 2000 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwbuscalegisufscbrarquivosMercosul20e20supranacionalidade20-202000pdfgt Acesso em 20092010 p 30

24

13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL

As assimetrias satildeo um dos principais

obstaacuteculos para o avanccedilo do processo de integraccedilatildeo

do MERCOSUL Os paiacuteses menos desenvolvidos

tendem a ter menor capacidade para se apropriar dos

benefiacutecios do processo de integraccedilatildeo Sobre as

assimetrias no bloco regional Costa37 aponta ldquoa

diversidade culturalrdquo entre os membros do

MERCOSUL de acordo com

[] o niacutevel de desenvolvimento da economia o tamanho da populaccedilatildeo a diversidade interna o grau de desigualdade entre os diferentes segmentos sociais o poder poliacutetico entre as classes sociais e entre os diferentes Estados que compotildeem o bloco

As assimetrias socioeconocircmicas em que se encontravam os paiacuteses apoacutes a

assinatura do Tratado de Assunccedilatildeo dificultaram a coordenaccedilatildeo das poliacuteticas

macroeconocircmicas que aliadas agrave vulnerabilidade externa das economias

oriundas das estrateacutegias neoliberais de financiamento privatizaccedilotildees e

abertura brusca de seus mercados ocasionaram aos Estados novamente um

endividamento externo devido agrave reprimarizaccedilatildeo das exportaccedilotildees38 Afirma

Vasconcelos39 que a falta de prioridade da integraccedilatildeo na formulaccedilatildeo das

poliacuteticas internacionais acabou gerando insatisfaccedilatildeo por parte dos soacutecios

menores a exemplo da ameaccedila do Uruguai em deixar o bloco eou realizar

um acordo bilateral com os EUA

37

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 30-31

38 VASCONCELOS Pedro Paulo Lima Indicadores soacutecio-econocircmicos do MERCOSUL um estudo

sob a Eacutegide da Economia Poliacutetica Internacional In SIMPOacuteSIO EM RELACcedilOtildeES INTERNACIONAIS DO PROGRAMA SAN TIAGO DANTAS I nov 2007 p 10 (UNESP UNICAMP e PUC-SP)

39 Ibid

25

Quadro 1 - Demonstrativo de algumas assimetrias no bloco

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwbrasilescolacomgt Dados referentes ao ano de 2010

40

Tambeacutem o IPEA41

vem estudando as assimetrias no bloco apresentando

dados estatiacutesticos e aspectos importantes relativos agraves desigualdades entre paiacuteses

integrantes do bloco De acordo com os dados do IPEA42

e reforccedilando a Figura 1

apresentada observa-se o desniacutevel existente entre o Brasil e os demais paiacuteses do

bloco em termos populacionais e econocircmicos

Com uma populaccedilatildeo que representa quase 80 daquela do MERCOSUL e um PIB superior a 75 do PIB do conjunto de paiacuteses do bloco o Brasil desponta agrave primeira vista como o gigante liacuteder do processo de integraccedilatildeo com indicadores que destoam de forma significativa do restante do bloco

Neste contexto e reconhecendo as assimetrias existentes foi criado em

2004 o Fundo de Convergecircncia Estrutural do MERCOSUL (FOCEM)43

pela decisatildeo

CMC nordm 4504 e nordm1805 e regulamentado pela decisatildeo nordm 2405 visando agrave reduccedilatildeo

das diferenccedilas entre os Estados Partes e com o seguinte objetivo

40

Fonte de pesquisa MERCOSUL e paiacuteses integrantes Disponiacutevel em lthttpwwwbrasilescolacomgeografiamercosul-paises-integranteshtmgt Acesso em 18102010

41 IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de

Integraccedilatildeo no MERCOSUL (Ver MELLO e SOUZA Andreacute de OLIVEIRA Ivan Tiago Machado GONCcedilALVES Samo Seacutergio IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de Integraccedilatildeo no MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrsites0002publicacoestdstd_1477pdfgt Acesso em 18102010)

42 Ibid

43 O FOCEM eacute um fundo para investimento conjunto dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL que

visa agrave diminuiccedilatildeo das assimetrias entre os Estados-Partes por meio de financiamento de projetos (MERCOSULCMCDEC nordm 2405)

BRASIL ARGENTINA PARAGUAI URUGUAI

EXTENSAtildeO TERRITORIAL

8514876 kmsup2 2766889 kmsup2 406752 kmsup2 177414 kmsup2

POPULACcedilAtildeO (habitantes)

193205783 40276376 6348917 3360854

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

16 trilhotildees de doacutelares

328 bilhotildees de doacutelares

16 bilhotildees de doacutelares

322 bilhotildees de doacutelares

PIB PER CAPTA 6060 doacutelares 6040 doacutelares 1710 doacutelares 6620 doacutelares

26

Financiar programas para promover a convergecircncia estrutural desenvolver a competitividade promover a coesatildeo social em particular das economias menores e regiotildees menos desenvolvidas e apoiar o funcionamento da estrutura institucional e o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo (MERCOSULCMCDEC Nordm 2405)

Nesse sentido entra em discussatildeo a possibilidade de estender a proteccedilatildeo

social para aleacutem dos limites do Estado nacional de acordo com o FOCEM

O Fundo derivou-se da premissa de que o Mercosul deve ser uma via para o desenvolvimento econocircmico e social de seus ldquoEstados-Partesrdquo Complementarmente tem-se por princiacutepio que a solidariedade internacional impulsiona a integraccedilatildeo regional favorecendo a formaccedilatildeo do mercado comum e que condiccedilotildees econocircmicas assimeacutetricas impedem o pleno aproveitamento das oportunidades geradas pela ampliaccedilatildeo dos mercados

44

Cria-se a partir de entatildeo o objetivo de promover a convergecircncia estrutural

dos Estados-Partes do MERCOSUL e principalmente o desenvolvimento da

competitividade econocircmica dos Estados-Partes com o favorecimento da coesatildeo

social no MERCOSUL aleacutem do fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional e

da estrutura institucional do bloco

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas

As experiecircncias de integraccedilatildeo por um imperativo da realidade tendem a

provocar muacuteltiplos efeitos entre os quais as consequecircncias sociais ocupam um

lugar preeminente Algumas dessas consequecircncias especialmente as mais

demoradas tendem a ser positivas expondo-se como resultados beneacuteficos das

transformaccedilotildees macroeconocircmicas o melhoramento das condiccedilotildees da economia de

cada um dos paiacuteses e maior defesa da produccedilatildeo integrada no mercado

internacional

Em funccedilatildeo disso uma vez consolidados os lucros econocircmicos o

desenvolvimento e o crescimento produtivo gerando um maior nuacutemero de empregos

a tendecircncia eacute a melhora dos salaacuterios e das condiccedilotildees de trabalho fortalecendo os

44

Manual para apresentaccedilatildeo de Estudos de Viabilidade Socioeconocircmica com vistas agrave apresentaccedilatildeo para a obtenccedilatildeo de recursos do Fundo de Convergecircncia Estrutural e Fortalecimento Institucional do MERCOSUL (FOCEM) Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos Disponiacutevel em lthttpwwwplanejamentogovbrsecretariasuploadArquivosspiprogramas_projetofocemFocem_Manual_02pdfgt Acesso em 20092010

27

atores sociais consolidando-se as relaccedilotildees trabalhistas como efeitos

transcendentes do processo de integraccedilatildeo

Acordos de livre circulaccedilatildeo beneficiam tanto os trabalhadores que buscam

novas oportunidades de emprego quanto as empresas que exploram novos

negoacutecios

Em 2009 foi promulgado o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos

Estados Partes do MERCOSUL45

assim como o Acordo sobre Residecircncia

MERCOSUL46

Boliacutevia e Chile Ambos permitem a solicitaccedilatildeo de residecircncia com

procedimentos simplificados e isenccedilatildeo de pagamento de multas e quaisquer outras

sanccedilotildees independentemente de estarem em situaccedilatildeo migratoacuteria regular ou

irregular47

Os estrangeiros no Brasil beneficiados com os Acordos ou os nacionais

nesses paiacuteses possuem igualdade de direitos civis no paiacutes de recepccedilatildeo Deveres e

responsabilidades trabalhistas e previdenciaacuterias satildeo tambeacutem resguardadas aleacutem do

direito de transferir recursos direito de nome registro e nacionalidade aos filhos de

imigrantes48

O visto MERCOSUL tem por objetivo facilitar a circulaccedilatildeo

temporaacuteria de pessoas fiacutesicas prestadoras de serviccedilos no territoacuterio do Bloco

viabilizando a ampliaccedilatildeo dos negoacutecios e do comeacutercio de serviccedilos A iniciativa

beneficia gerentes e diretores executivos administradores diretores ou

representantes legais cientistas pesquisadores professores artistas desportistas

jornalistas teacutecnicos qualificados ou especialistas e profissionais de niacutevel superior49

A aquisiccedilatildeo de residecircncia temporaacuteria assegura os direitos de entrar sair

circular e permanecer livremente no territoacuterio do paiacutes de recepccedilatildeo bem como o

direito de exercer qualquer atividade profissional nas mesmas condiccedilotildees

estabelecidas para os nacionais do paiacutes de recepccedilatildeo Os acordos de aquisiccedilatildeo de

residecircncia regulamentados pelos Decretos nordm 6964 e nordm 6975 ambos de 2009

estabelecem ainda a igualdade de direitos civis e de reuniatildeo familiar o tratamento

45

Decreto nordm 6964 de 29 de setembro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos Estados-Partes do MERCOSUL

46 Decreto nordm 6975 de 7 de outubro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais

dos Estados-Partes do Mercado Comum do Sul MERCOSUL Boliacutevia e Chile 47

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt Acesso em 02032010 48

Ibid 49

Informaccedilatildeo constante do livro BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Brasiacutelia MRE 2007

28

igualitaacuterio em mateacuteria trabalhista e os direitos de transferecircncia de remessas

pecuniaacuterias e de acesso agrave educaccedilatildeo puacuteblica

Neste sentido o Ministeacuterio do Trabalho e Emprego apresenta anualmente

desde 2006 no site oficial do oacutergatildeo as autorizaccedilotildees de trabalho concedidas para

pessoas signataacuterias dos Estados Partes do MERCOSUL conforme se a Tabela 1

Tabela 1 Demonstrativo das autorizaccedilotildees de trabalhos concedidas a pessoas dos Estados Partes do MERCOSUL

2006 2007 2008 2009 2010

ARGENTINA 661 653 671 571 482

URUGUAI 120 35 52 50 51

PARAGUAI 35 32 39 47 23

CHILE 202 243 327 347 241

BOLIVIA 74 103 170 118 67

VENEZUELA 259 299 360 374 433

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmtegovcomgt

50

Situaccedilatildeo em 30 de setembro de 2010

A Tabela 1 apresenta autorizaccedilotildees por parte do Ministeacuterio do Trabalho e

Emprego aos trabalhadores oriundos do MERCOSUL e paiacuteses associados

Observa-se que de maneira geral houve oscilaccedilatildeo das autorizaccedilotildees dos

paiacuteses integrantes do bloco de 2006 a 2010 Evidencia-se que a quebra de

barreiras aduaneiras demonstra avanccedilo econocircmico mas natildeo garante

proteccedilatildeo social de forma imediata Eacute preciso coordenar accedilotildees nas aacutereas

trabalhista e previdenciaacuteria para favorecer e dar seguranccedila aos trabalhadores

que circulam dentro do bloco

Diante disso observa-se que o progresso social natildeo constitui uma

consequecircncia automaacutetica da integraccedilatildeo econocircmica existem fatores como as

crises econocircmico-financeiras nos Estados Partes condicionadas por

problemas de distintas naturezas pagamento da diacutevida externa taxas altas

de inflaccedilatildeo elevaccedilatildeo de taxas de juros corrupccedilatildeo institucionalizada abalos nas

50

Site do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego Coordenaccedilatildeo Geral de Imigraccedilatildeo Disponiacutevel em ltwwwmtegovbrgt Acesso em 20112010

29

Bolsas valorizaccedilatildeo cambial baixo crescimento econocircmico os quais geraram

impactos poliacuteticos e sociais negativos que se manifestam mais imediatamente no

plano do emprego e da previdecircncia social51

Se os anos 1980 foram chamados de ldquodeacutecada perdidardquo os anos 1990

tambeacutem natildeo foram muito promissores e o iniacutecio do seacuteculo XXI manteacutem a sina

negativa52 Neste sentido inclusive segundo Simionato53 o avanccedilo natildeo foi

observado em termos de justiccedila social

[] com o Tratado de Ouro Preto assinado 1994 efetiva-se a regulamentaccedilatildeo juriacutedica da integraccedilatildeo regional proporcionando o avanccedilo das poliacuteticas comerciais aduaneiras e agriacutecolas natildeo se observando o mesmo em relaccedilatildeo agrave perspectiva de ldquojusticcedila socialrdquo e agrave dimensatildeo democraacutetica do processo

Sobre essa questatildeo Costa54 menciona que no MERCOSUL ldquoo que se

internacionaliza eacute a economia e natildeo a proteccedilatildeo socialrdquo diante disso a autora aponta

que ldquoproteccedilatildeo ao trabalho compotildee os custos da atividade econocircmica e que o tema

laboral natildeo pode ser ignoradordquo Apesar dessa afirmaccedilatildeo pode-se inferir que a

regionalizaccedilatildeo acarreta convergecircncia nos sistemas previdenciaacuterios Na organizaccedilatildeo

econocircmica um dos primeiros custos a serem atacados satildeo os trabalhistas por sua

incidecircncia no preccedilo final dos produtos ou serviccedilos Isso gera diferenccedilas das

condiccedilotildees de trabalho e dos salaacuterios em termos comparativos Vale frisar que os

custos previdenciaacuterios fazem parte dos custos trabalhistas em questatildeo

Trata-se de um ciacuterculo vicioso jaacute que ao diminuir a contribuiccedilatildeo por efeito

da reduccedilatildeo da populaccedilatildeo ocupada e do eventual descenso dos niacuteveis salariais (que

conformam a base da contribuiccedilatildeo) tende a crescer o desfinanciamento dos

sistemas de previdecircncia social

Eacute inevitaacutevel que toda integraccedilatildeo regional deva enfrentar a dimensatildeo social

tanto para administrar ordenar e redistribuir no longo prazo os benefiacutecios e

vantagens econocircmicas que se procura obter com tal processo como tambeacutem para

dar respostas imediatas e amortecer os efeitos negativos que se geram a partir da

51

WANDERLEY Luiz Eduardo W A construccedilatildeo de um MERCOSUL Social Revista Ponto-e-Viacutergula Satildeo Paulo PUC SP v 1 p90-104 2007 p94

52 Ibid

53 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis v0 n 5 2001 p1 54

COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais UEPG 18 e 19 de junho de 2009 p 2

30

transformaccedilatildeo das estruturas econocircmicas e da abertura ao comeacutercio internacional

dos paiacuteses que conformam um bloco

Diniz aponta a mundializaccedilatildeo da oferta de trabalho como um dos efeitos da

globalizaccedilatildeo O indiviacuteduo poderaacute ser facilmente transferido de um paiacutes para outro

orientado pela oferta de emprego Como fenocircmenos decorrentes dessa globalizaccedilatildeo

da matildeo de obra aparecem a constituiccedilatildeo de um exeacutercito de reserva com grandes

contingentes de trabalhadores transnacionais o aumento da rotatividade da matildeo de

obra nos empregos e nas regiotildees o alto nuacutemero de migraccedilotildees internas dentro

destes blocos a existecircncia de um proletariado altamente qualificado o crescimento

do desemprego e do subemprego em virtude da automaccedilatildeo acarretando aumento

da economia informal55

Natildeo se pode deixar de mencionar quando se fala em circulaccedilatildeo de pessoas

principalmente trabalhadores o fato de o MERCOSUL natildeo ter sufragado plenamente

ainda os estaacutegios anteriores de Zona de Livre Comeacutercio e Uniatildeo Aduaneira

pressupostos do estaacutegio de Mercado Comum quando entatildeo ao menos em tese

estaria consagrada a liberdade de circulaccedilatildeo de trabalhadores Eacute notoacuterio que a

questatildeo social natildeo eacute a prioritaacuteria quando se pensa em integraccedilatildeo econocircmica mas

ela surge agrave medida que haacute uma evoluccedilatildeo natural para os estaacutegios que pressupotildeem

maior grau de integraccedilatildeo56

Segundo Chiarelli a livre circulaccedilatildeo de trabalhadores eacute condiccedilatildeo para a

formaccedilatildeo de um Mercado Comum que soacute estaraacute perfeito ao garantir a livre

circulaccedilatildeo da forccedila de trabalho respaldada por normas juriacutedicas que balizem as

relaccedilotildees econocircmicas e sociais O trabalhador de cada um dos paiacuteses do

MERCOSUL deveraacute com o tempo assumir o papel de trabalhador comunitaacuterio com

a consolidaccedilatildeo da faculdade de deslocamento nos paiacuteses do bloco em busca de

ocupaccedilatildeo57

Eacute fato e haacute que se admitir que mesmo a passos lentos o MERCOSUL

desenvolveu ao longo dos anos mecanismos em prol da livre circulaccedilatildeo de

55

DINIZ Cleacutelio Campolina In SEMINAacuteRIO INTERNACIONAL GLOBALIZACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL CENAacuteRIOS PARA O SEacuteC XXI Painel Recife SUDENE 1997 p 64-65

56 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute PUC-PR Curitiba 2005 p206

57 CHIARELLI Matto Tota CHIARELLI Carlos Alberto Gomes (Coord) Temas de integraccedilatildeo com

enfoque no Mercosul v 1 Satildeo Paulo LTR 1997 p 149

31

trabalhadores Neste sentido Jaeger Junior58

anotou que ldquoo MERCOSUL jaacute esteve

diante de vaacuterias propostas com vistas ao incremento do processo de

estabelecimento de uma livre circulaccedilatildeo de trabalhadoresrdquo

No acircmbito do MERCOSUL para efetivar as poliacuteticas de mercado de trabalho

eacute necessaacuterio que se estabeleccedila um padratildeo para a qualificaccedilatildeo da forccedila de trabalho

sistemas de intermediaccedilatildeo de matildeo de obra aleacutem de apoio agraves pequenas empresas

que incentive medidas voltadas para a elevaccedilatildeo do niacutevel de investimento

econocircmico59

O Conselho do Mercado Comum CMC atraveacutes da DECCMCMERCOSUL

nordm 46 de 16 de dezembro de 2004 criou o Grupo de Alto Niacutevel para elaborar uma

Estrateacutegia MERCOSUL de Crescimento do Emprego O Grupo eacute integrado pelos

ministeacuterios responsaacuteveis pelas poliacuteticas econocircmicas industriais laborais e sociais

dos Estados Partes e tambeacutem com a participaccedilatildeo das organizaccedilotildees econocircmicas e

sociais que integram as seccedilotildees nacionais do Foro Consultivo Econocircmico e Social e

da Comissatildeo Sociolaboral do MERCOSUL

Tendo em vista a circulaccedilatildeo de pessoas especialmente trabalhadores no

interior do bloco a Previdecircncia Social vem recebendo atenccedilatildeo especial dos Estados

Partes O reconhecimento da importacircncia do tema tem sido acompanhado por accedilotildees

efetivas que garantem benefiacutecios sociais e melhores condiccedilotildees de vida aos

trabalhadores e trabalhadoras da regiatildeo O Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL em vigor desde 2005 jaacute permitiu que oito mil brasileiros60

que

mantiveram empregos em qualquer um dos quatro paiacuteses do Bloco ao longo da

vida se aposentassem e recebessem os benefiacutecios devidos

O Acordo permite que o tempo de contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria de quem tenha

trabalhado em mais de um paiacutes do MERCOSUL seja somado para fins de

aposentadoria Atualmente cerca de 700 mil brasileiros61

residem nos Estados-

Partes e poderatildeo se beneficiar do acordo

58

JAEGER JUNIOR A Temas de Direito da Integraccedilatildeo e ComunitaacuterioSatildeo Paulo LTr 2002 p 59

59 COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO

DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais Op cit p 28 60

BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Op cit p 104

61 Ibid

32

O ecircxito alcanccedilado com o Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL

estimulou a assinatura de Acordos Multilaterais Similares como por exemplo o

Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social62

firmado em 2007 quando ratificado

pelos parlamentos nacionais ele beneficiaraacute cerca de cinco milhotildees de

trabalhadores imigrantes da Argentina da Boliacutevia do Brasil do Chile da Colocircmbia

da Costa Rica de Cuba do Equador de El Salvador da Guatemala de Honduras

do Meacutexico da Nicaraacutegua do Panamaacute do Paraguai do Peru da Repuacuteblica

Dominicana do Uruguai da Venezuela de Portugal da Espanha e do Principado de

Andorra

O processo de globalizaccedilatildeo da economia fez crescer o movimento migratoacuterio

de trabalhadores e consequentemente trouxe reflexos na organizaccedilatildeo dos sistemas

previdenciaacuterios Indiviacuteduos que tecircm cobertura pelo sistema de previdecircncia social do

paiacutes de origem em que desenvolvem suas atividades e que faccedilam um movimento

migratoacuterio para outro paiacutes estaratildeo sujeitas agrave legislaccedilatildeo previdenciaacuteria do paiacutes de

destino onde estiverem exercendo nova atividade

132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL

O direito agrave seguridade social no Paraguai estaacute previsto no artigo 95 da

Constituiccedilatildeo com as informaccedilotildees

De la seguridad social El sistema obligatorio e integral de seguridad social para el trabajador dependiente y su familia seraacute establecido por la ley Se promoveraacute su extensioacuten a todos los sectores de la poblacioacuten ndash Los servicios del sistema de seguridad social podraacuten ser puacuteblicos privados o mixtos y en todos los casos es taraacuten supervisados por el Estado ndash Los recursos financieros de los seguros so ciales no seraacuten desviados de sus fines especiacuteficos estaraacuten disponibles para este objetivo sin perjuicio de las inversiones lucrativas que puedan acrecentar su patrimonio

63

No Paraguai natildeo existe um uacutenico sistema de seguridade social sendo

diversos sistemas administrados por intermeacutedio de ldquoCaixasrdquo de previdecircncia 62

Faremos um breve estudo sobre o acordo Ibero-Americano de Seguridade Social no item 22 do segundo capiacutetulo deste trabalho

63 Traduccedilatildeo livre A Seguridade Social O sistema obrigatoacuterio e integral de seguridade social dos

trabalhadores e de sua famiacutelia seraacute estabelecido por lei Iraacute promover a sua extensatildeo a todos os setores da populaccedilatildeo - Os serviccedilos do sistema de seguridade social pode ser puacuteblico privado ou misto em cada caso eacute supervisionado pelo Estado - Os recursos financeiros do seguro social natildeo seratildeo desviados de seus objetivos especiacuteficos e estaratildeo disponiacuteveis para esse efeito natildeo obstante os investimentos lucrativos que podem aumentar seu patrimocircnio

33

As instituiccedilotildees e normas de previdecircncia social estatildeo vinculadas aos

trabalhadores empregados ou seja aquelas que estatildeo vinculados ao

empregador Neste sentido Cristaldo64 declara que

Se entiende que la expresioacuten ldquoseguridad socialrdquo en El artiacuteculo 382 de coacutedigo Laboral estaacute utilizada en un sentido restringido limitada exclusivamente a la proteccioacuten del trabajador en relacioacuten de dependecircncia y sus derecho-habientes contra los riesgos de caraacuteter general y especialmente los derivados del trabajo mediante un sistema de seguros sociales De ahiacute lo adecuado en vez de ldquoseguridad socialrdquo hubiera sido utilizar en El Coacutedigo Laboral paraguaio la expressioacuten maacutes exacta y precisa de ldquoprevision socialrdquo para denominar El Libro IV de esse cuerpo legal

65

O Paraguai tem um sistema de previdecircncia social fragmentado com vaacuterias

instituiccedilotildees independentes que administram os fundos de pensatildeo O sistema eacute

organizado em oito instituiccedilotildees que natildeo tecircm viacutenculos entre si nem satildeo

supervisionadas por uma entidade superior do governo66

Natildeo foi encontrada na pesquisa realizada nenhuma informaccedilatildeo legislaccedilatildeo

ou referecircncia a reformas do sistema previdenciaacuterio paraguaio como os demais

Estados Partes entretanto eacute o uacutenico dos paiacuteses do MERCOSUL a organizar um

regime de previdecircncia privada complementar de aposentadorias parecido no seu

aspecto de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria ao Regime Geral de Previdecircncia Social

brasileiro de caraacuteter nacional obrigatoacuterio e legal67

O Instituto de Previdecircncia Social (IPS) principal oacutergatildeo previdenciaacuterio foi

criado em 1943 abrangendo atualmente duas aacutereas a) aposentadorias e pensotildees

b) sauacutede da populaccedilatildeo68

64

CRISTALDO M Jorge Dario La Seguridad Social y la Previsioacuten Social em el Paraguay In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 129

65 Traduccedilatildeo livre Entende-se que a expressatildeo seguridade social prevista no artigo 382 do coacutedigo

de trabalho eacute usado em sentido restrito limitado exclusivamente agrave proteccedilatildeo dos trabalhadores com relaccedilatildeo de emprego que tenham riscos ambientais de caraacuteter geral e especialmente do trabalho atraveacutes de um sistema de seguro social Desta forma o mais adequado em vez de seguridade social deveria ser utilizada no coacutedigo de trabalho paraguaio a expressatildeo mais exata e precisa de previdecircncia social no Livro IV do corpo legal

66 GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al

(Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 188

67 OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes

do MERCOSUL 2008 Tese (Doutorado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 145

68 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas n 3 p 128-137 juldez 2003

34

O sistema utilizado no Paraguai eacute um sistema de reparticcedilatildeo simples que eacute

regido pelo formato contributivo sendo pago pelo trabalhador e pelo empregador O

Paraguai eacute o paiacutes com menor cobertura previdenciaacuteria da Ameacuterica do Sul com uma

taxa que chega a apenas 25 de seus trabalhadores sendo inferior inclusive agrave

cobertura previdenciaacuteria da Boliacutevia A contribuiccedilatildeo para o sistema eacute muito baixa

apenas os que tecircm salaacuterios meacutedios ou altos eacute que contribuem e os trabalhadores

em atividades rurais natildeo estatildeo assegurados pela previdecircncia social tendo em vista

que natildeo haacute nenhuma forma de contribuiccedilatildeo69

Os benefiacutecios concedidos aos segurados satildeo auxiacutelio doenccedila benefiacutecio

pago ao trabalhador quando de sua incapacidade derivada de acidentes e doenccedilas

comuns e derivada de acidentes e doenccedilas do trabalho salaacuterio maternidade

aposentadoria por invalidez decorrente de acidente e doenccedilas do trabalho

aposentadoria por idade e pensatildeo por morte

No Uruguai o Banco da Previdecircncia Social foi criado em 1954 atendendo

grande parte da populaccedilatildeo exceto algumas caixas de aposentadorias e pensotildees

como a dos Estados dos militares dos professores universitaacuterios dos bancaacuterios e

dos policiais70

O sistema de Previdecircncia Social uruguaio apoacutes a reforma previdenciaacuteria

regido pela Lei nordm 16713 publicada em 3 de setembro de 1995 e conforme

estabelece o caput do artigo 4ordm da referida legislaccedilatildeo eacute misto compreendendo o

regime contributivo de reparticcedilatildeo administrado pelo Banco de Previdecircncia Social e

o regime de capitalizaccedilatildeo individual administrado por empresas privadas de forma

combinada71

A reforma em 1995 foi uma das mais importantes mudanccedilas da Seguridade

Social na histoacuteria do Uruguai e acontece em consonacircncia com o restante dos

paiacuteses da Ameacuterica Latina A reforma implicou num aumento das condiccedilotildees e das

exigecircncias ao acesso das prestaccedilotildees uma diminuiccedilatildeo discriminada nas mesmas e

69

GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 191

70 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

71 Ibid

35

criou um regime de arrecadaccedilatildeo individual administrado pelo setor privado e pelas

administradoras de fundos de arrecadaccedilatildeo previsional (AFAPs no Uruguai)72

Alejandro Castelo73

afirma

El sistema combina un componente puacuteblico basado en el reacutegimen de reparto denominado de solidariedad intergeneracional con un componente

privado organizado bajo el reacutegimen de capitalizacioacuten individual74

E ainda

El sistema combina varios pilares Um primer pilar que recoge las caracteriacutesticas del modelo puacuteblico de reparto y luego un segundo pilar de tipo privado basado em el ahorro individual cuyo objetivo es complementar las prestaciones provenientes del primer pilar La inclusioacuten en los distintos niveles de cobertura estaacute determinada por el niacutevel de ingresos del afiliado o maacutes precisamente por el monto de asignaciones computables que percibe el afiliado

75

No mesmo sentido para Murro76

tal sistema estaacute apoiado em trecircs pilares

quais sejam

1) Solidariedade intergeracional - Eacute administrado diretamente pelo Estado pelo BPS que continua sendo o organismo arrecadador Este niacutevel estabelece benefiacutecios definidos e os trabalhadores com suas contribuiccedilotildees financiam as aposentadorias dos inativos junto com as contribuiccedilotildees patronais com os tributos destinados ao sistema e a assistecircncia financeira estatal Ampara um amplo setor da populaccedilatildeo estimado entre 87 e 92 ateacute determinado niacutevel de renda 842 doacutelares Esse primeiro niacutevel eacute complementado por um modelo instrumental com objetivo redistributivo dirigido para os setores da sociedade de menor renda natildeo integrados a setores estruturados do mercado de trabalho Este complemento se consegue por meio de um modelo puacuteblico seletivo constituiacutedo pelos benefiacutecios assistenciais natildeo contributivos de idade avanccedilada e invalidez

72

MARCONDES Claudia Gamberine Sistemas Previdenciaacuterios Sulamericanos Brasil Uruguai

e Chile 2007 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Faculdade de Direito da Universidade Metodista de Piracicaba ndash UNIMEP Piracicaba 2007 p 83

73 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

74 Traduccedilatildeo livre O sistema combina um componente puacuteblico baseado em reparticcedilatildeo simples

denominado solidariedade intergeracional com um componente privado organizado sob um sistema de capitalizaccedilatildeo individual

75 Traduccedilatildeo livre O sistema combina vaacuterios pilares Um primeiro pilar o que daacute o desempenho do

modelo puacuteblico pago e depois um segundo pilar privado tipo de poupanccedila individual destina-se a complementar os benefiacutecios do primeiro pilar Em diferentes niacuteveis de inclusatildeo de cobertura eacute determinada pelo niacutevel de renda da filial ou mais precisamente o montante das verbas recebidas pelo membro computaacutevel

76 Ernesto Murro eacute atualmente presidente do Instituto de Seguridade Social do Uruguai

36

2) De poupanccedila individual obrigatoacuteria - Eacute administrado pelas Administradoras de Fundos de Aposentadoria (AFAP) que satildeo entidades privadas Haacute uma AFAP que eacute uma sociedade anocircnima de propriedade do Estado (BPS Banco Repuacuteblica e Banco de Seguros do Estado) as outras 5 satildeo de propriedade privada Inclui os que percebem rendas superiores aos equivalentes 842 doacutelares e ateacute 2563 doacutelares Tambeacutem se permite a pessoas com menos de 40 anos com rendas inferiores a 842 doacutelares a possibilidade de optarem pelo 2o niacutevel com 50 de sua renda obtendo-se assim um incentivo de 50 no caacutelculo de seu salaacuterio base no 1o niacutevel

3) De poupanccedila voluntaacuteria - Compreende aquelas pessoas que tenham rendas superiores a 2563 doacutelares na parte que exceda esse valor No que se refere agrave parcela superior a este niacutevel de renda se tem a liberdade de contribuir ou natildeo para o sistema [] Abrange obrigatoriamente todos os segurados que estejam com menos de 40 anos de idade agrave data de vigecircncia da lei (1496) e todas as pessoas que ingressaram no mercado de trabalho qualquer que seja a sua idade posteriormente a esta data Foram estabelecidas regras de transiccedilatildeo para os trabalhadores com mais de 40 anos de idade na data de entrada em vigor da lei que natildeo tinham direito agrave aposentadoria em 311296 Este regime vigora entre 1ordm de janeiro de 1997 e 1ordm de janeiro de 2003 e estabelece uma progressividade de idade no caso da mulher e nos tempo de serviccedilo []

77

O trabalhador alcanccedila sua carecircncia consoante uma tabela que levaraacute em

conta os anos de contribuiccedilatildeo e a idade do trabalhador78

A aposentadoria tornou-

se proporcional ao nuacutemero de anos trabalhados e agrave idade do trabalhador entretanto

todos os habitantes do Uruguai independentemente de sua renda ter-lhes-atildeo

assegurada essa aposentadoria

De acordo com a legislaccedilatildeo e o sistema de Previdecircncia Social ou

Seguridade Social como eacute denominado o sistema no Uruguai a avaliaccedilatildeo dos

efeitos econocircmicos da reforma da Previdecircncia Social no Uruguai parte do conceito

de equidade atuarial79

Calcula-se um iacutendice de rendimento no qual o valor dos

benefiacutecios seja equivalente e atualizado as contribuiccedilotildees efetivamente pagas um

iacutendice de atualizaccedilatildeo Os benefiacutecios concedidos satildeo aposentadoria por tempo de

serviccedilo aposentadoria por idade aposentadoria por invalidez auxiacutelio doenccedila e

pensatildeo por morte

77

MURRO Ernesto As Tendecircncias na Ameacuterica Latina e a Reforma Uruguaia da Previdecircncia Social 2001 Disponiacutevel em ltwwwredsegsocorguygt Acesso em 10112010 p 5

78 Ibid

79 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis Op cit p 40

37

Na Argentina a reforma previdenciaacuteria ocorreu na deacutecada de 90

alterando a concepccedilatildeo de Direito Constitucional para a mercantilizaccedilatildeo do

seguro social como estrateacutegia para fomentar o mercado de capitais80

A legislaccedilatildeo base sobre o Sistema Integrado de Aposentadoria e Pensotildees da Argentina eacute a Lei nordm 24241 de 13 de outubro de 1993 que cobre as aposentadorias por velhice invalidez e morte integrando-se ao Sistema

Uacutenico de Seguridade Social (SUSS) conforme seu artigo 1ordm ldquocaputrdquo81

O Sistema tambeacutem eacute considerado misto e possui um regime puacuteblico

fundamentado sobre a concessatildeo pelo Estado de benefiacutecios financiados por um

sistema de reparticcedilatildeo e um regime previdenciaacuterio baseado na capitalizaccedilatildeo

individual Este sistema natildeo beneficia apenas o governo mas e

principalmente os grupos econocircmicos e as corporaccedilotildees transnacionais pois

contribui para criar um importante mercado de capitais financiado pelos

trabalhadores82

Uma Comissatildeo especial para a reforma do Regime da Previdecircncia no acircmbito da Secretaria de Seguridade Social foi criada com o Decreto no 1934 de 30 de setembro de 2002 tendo por objetivos conforme seu artigo 1ordm a) elaborar linhas para uma reforma do Sistema Integrado de Aposentadorias e Pensotildees para que o mesmo cumpra com a finalidade de cobertura para velhice invalidez e tempo de serviccedilo b) a busca de consensos sobre as bases para se elaborar um anteprojeto de reforma da previdecircncia social c) preparar um ldquoAcordo para a Seguridade Socialrdquo orientado a elevar a prioridade poliacutetica e lograr a revalorizaccedilatildeo da Previdecircncia Social como instrumento necessaacuterio para a redistribuiccedilatildeo do ingresso e para a paz social

83

Como medida de proteccedilatildeo tambeacutem existe na Argentina como Seguridade

Social o seguro desemprego previsto na Lei nordm 2401393 que auxilia o trabalhador

em caso de desemprego involuntaacuterio financiado com contribuiccedilotildees a cargo dos

empregadores Entretanto em 2007 o novo sistema integrado de aposentadorias e

80

Ibid 81

VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

82 GAMBINA J Previdecircncia Social Fundos de Pensatildeo Empregos Puacuteblicos Reforma Administrativa

e Reforma da Educaccedilatildeo Jornal APUFSC Florianoacutepolis setout 2000 In SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social Revista Kataacutelysis v 0 n 5 2001 p39

83 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

38

pensotildees Lei nordm 2424193 foi alterado pela Lei nordm 262222007 estabelecendo a

livre opccedilatildeo do Regime de Aposentadoria O novo sistema misto de previdecircncia

social eacute integrado por dois componentes obrigatoacuterios e integrados e a partir da nova

legislaccedilatildeo promulgada Lei nordm 262222007 os afiliados (segurados) ao Sistema

Integrado de Aposentadorias e Pensotildees (SIJP) podem optar por mudar de regime ao

qual estatildeo afiliados (segurados) uma vez a cada cinco anos nas condiccedilotildees que tal

efeito estabeleccedila o Poder Executivo84

Em mateacuteria de sauacutede as previsotildees contam nas Leis nordm 2366093 e nordm

2366193 que regulamentam o Regime de obras Sociais e o Seguro Nacional de

Sauacutede administrados pelos sindicatos reconhecidos como tal que seraacute responsaacutevel

pela cobertura de sauacutede dos trabalhadores e de seus familiares

No Brasil a Seguridade Social de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 artigo 203 eacute um conjunto integrado de accedilotildees de iniciativa dos Poderes

Puacuteblicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos agrave sauacutede agrave

previdecircncia e agrave assistecircncia social

Seguridade Social eacute gecircnero da qual satildeo espeacutecies a Sauacutede a Previdecircncia

e a Assistecircncia Social e tem como meta proteger pessoas contra a doenccedila o

abandono e a impossibilidade de trabalho Ao Estado compete a organizaccedilatildeo e

administraccedilatildeo da Seguridade Social por meio de ministeacuterios entidades e

instituiccedilotildees que mantecircm seu funcionamento como o Ministeacuterio da Sauacutede o

Ministeacuterio da Previdecircncia Social e o Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (antigo Ministeacuterio da Assistecircncia Social) conforme Lei nordm

106832003 art 25

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 194 enumerou em sete

incisos os princiacutepios constitucionais que regem a Seguridade Social A seguir

analisam-se os referidos princiacutepios

I Universalidade da cobertura e do atendimento garante a disponibilizaccedilatildeo

da sauacutede assistecircncia e previdecircncia em todas as contingecircncias a que estejam

sujeitos os indiviacuteduos As accedilotildees e os benefiacutecios de que se constituem a sauacutede a

assistecircncia social e a previdecircncia social (este uacuteltimo de caraacuteter contributivo) se

84

OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes do MERCOSUL Op cit p 131

39

encontraratildeo disponiacuteveis e seratildeo oferecidos a todos os indiviacuteduos que deles

necessitarem

II - Uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees

urbanas e rurais a proteccedilatildeo social oferecida pela Seguridade Social deveraacute ser

disponibilizada de maneira uniforme e equivalente tanto aos indiviacuteduos da aacuterea

urbana quanto agravequeles da aacuterea rural Natildeo poderaacute haver distinccedilatildeo entre as

modalidades de benefiacutecios e serviccedilos oferecidos devendo ao contraacuterio existir

forma uacutenica ou semelhanccedila (uniformidade)

III Seletividade e distributividade na prestaccedilatildeo dos benefiacutecios e serviccedilos

os benefiacutecios e serviccedilos seratildeo oferecidos aos indiviacuteduos que deles necessitarem

atraveacutes de uma escolha fundamentada e criteriosa Natildeo existiraacute somente um uacutenico

benefiacutecio ou serviccedilo mas sim diversas modalidades aptas a atender exatamente a

necessidade do beneficiado A distributividade implica na distribuiccedilatildeo de renda e

proteccedilatildeo social Os serviccedilos e benefiacutecios seratildeo concedidos com equidade e justiccedila

o que natildeo significa que um contribuinte da Previdecircncia Social por exemplo

receberaacute integralmente tudo o que contribuiu aos cofres do sistema Todas as

contribuiccedilotildees satildeo convertidas em um caixa uacutenico (e natildeo individualizado) e o Estado

trabalha distribuindo com retidatildeo estes valores aos serviccedilos e benefiacutecios nas aacutereas

de sauacutede assistecircncia e previdecircncia social85

IV Irredutibilidade do valor dos benefiacutecios o princiacutepio da irredutibilidade

visa garantir ao indiviacuteduo que o benefiacutecio assistencial ou previdenciaacuterio que lhe for

concedido natildeo sofreraacute qualquer reduccedilatildeo de valor e natildeo poderaacute ser objeto de

desconto (salvo determinaccedilatildeo legal ou judicial) arresto sequestro ou penhora

V Equidade na forma de participaccedilatildeo no custeio este princiacutepio tem por

objetivo distribuir com justiccedila e retidatildeo o percentual de contribuiccedilatildeo cabiacutevel agrave

sociedade na manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade Social Toda a sociedade

contribui para a manutenccedilatildeo do sistema mas garante-se por este princiacutepio a

progressividade da contribuiccedilatildeo conforme a capacidade contributiva de cada um As

empresas por exemplo sofrem maior desconto em seu rendimento bruto para a

manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade em razatildeo de sua maior capacidade

85

VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios 2 ed Satildeo Paulo Editora LTr 2010 p 49

40

contributiva Os empregados contribuem conforme tabela progressiva sempre

condizente com o salaacuterio percebido86

VI Diversidade da base de financiamento determina o artigo 195 da

Constituiccedilatildeo Federal que a Seguridade Social seraacute financiada por toda a sociedade

de forma direta e indireta nos termos da lei mediante recursos provenientes dos

orccedilamentos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios e de

contribuiccedilotildees sociais obrigatoacuterias a empresas e trabalhadores

VII Caraacuteter democraacutetico e descentralizado da administraccedilatildeo mediante

gestatildeo quadripartite com a participaccedilatildeo dos trabalhadores dos empregadores dos

aposentados e do Governo nos oacutergatildeos colegiados os trabalhadores os

empresaacuterios os aposentados e o Governo participam da gestatildeo administrativa da

Seguridade Social que deveraacute possuir caraacuteter democraacutetico e descentralizado

Assim pode-se dizer que a gestatildeo dos serviccedilos e benefiacutecios de que se constitui a

Seguridade Social tem a participaccedilatildeo ativa da sociedade Esta participaccedilatildeo eacute

exercida atraveacutes dos oacutergatildeos colegiados de deliberaccedilatildeo quais sejam Conselho

Nacional de Sauacutede (Lei nordm 808090 e Lei 814290) Conselho Nacional de

Assistecircncia Social (Lei nordm 874293 art 17) e Conselho Nacional de Previdecircncia

Social (Lei nordm 821391 art 3ordm) que tecircm composiccedilatildeo paritaacuteria integrada por

representantes do Governo Federal representantes dos aposentados

representantes dos trabalhadores em atividade e representantes dos empregadores

Especificamente a Previdecircncia Social no Brasil eacute uma instituiccedilatildeo puacuteblica que

tem a finalidade de assegurar direitos aos seus segurados e dependentes jaacute que se

trata de um seguro social a aqueles que contribuem para ela Quando uma pessoa

natildeo tem mais capacidade para trabalhar a previdecircncia social substitui seu salaacuterio

pelo benefiacutecio previdenciaacuterio Essa incapacidade de trabalho pode ser classificada

como doenccedila invalidez idade avanccedilada maternidade e dois benefiacutecios de

concessatildeo para dependentes sendo pensatildeo por morte e auxiacutelio reclusatildeo

De acordo com Vianna87 a previdecircncia social no Brasil abrange somente

uma parcela da sociedade (face ao seu caraacuteter contributivo) deixando agrave margem de

seus benefiacutecios aqueles que natildeo exercem atividade remunerada (contribuintes

obrigatoacuterios) ou que manifestamente natildeo expressam seu desejo associativo

(contribuintes facultativos) A populaccedilatildeo mais carente e portanto natildeo contribuinte

86

Ibid p 51 87

Ibid p 62

41

usufrui somente das accedilotildees da sauacutede e das accedilotildees e benefiacutecios mantidos pela

Assistecircncia Social

Os empregados trabalhadores avulsos empregados domeacutesticos os

contribuintes individuais e os facultativos assim como seus dependentes tecircm por

benefiacutecios aposentadoria por invalidez especial idade e tempo de contribuiccedilatildeo

auxiacutelios doenccedilas acidente reclusatildeo pensatildeo por morte salaacuterios maternidade e

famiacutelia A previdecircncia eacute um sistema de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria no Brasil ou seja a

contribuiccedilatildeo eacute obrigatoacuteria Existem duas modalidades de contribuintes os

obrigatoacuterios que satildeo os trabalhadores de forma geral previstos no art 11 da Lei nordm

821291 e os facultativos que satildeo aqueles que podem contribuir de maneira

facultativa por natildeo trabalharem com fins lucrativos ou aqueles que natildeo tecircm renda

Apesar da existecircncia expressa na Constituiccedilatildeo Federal do princiacutepio da

uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees urbanas e

rurais (artigo 194 II) a previdecircncia social compreende trecircs regimes distintos O

artigo 6ordm do Decreto nordm 304899 (Regulamento da Previdecircncia Social) determina os

seguintes regimes

I Regime Geral de Previdecircncia Social Principal regime previdenciaacuterio

por abranger maior percentual da populaccedilatildeo brasileira trabalhadores

da iniciativa privada rural ou urbana empregados domeacutesticos

aprendizes empresaacuterios trabalhadores autocircnomos trabalhadores

avulsos produtores rurais etc Sua administraccedilatildeo eacute atribuiacuteda ao

Ministeacuterio da Previdecircncia Social sendo exercida pelo Instituto Nacional

de Seguridade Social ndash INSS autarquia federal responsaacutevel pela

concessatildeo dos benefiacutecios previdenciaacuterios (do Regime Geral)

II ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos servidores puacuteblicos os

servidores titulares de cargos efetivos da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios incluiacutedas suas autarquias e

fundaccedilotildees possuem tratamento diferenciado quanto ao sistema

previdenciaacuterio conferido pela proacutepria Constituiccedilatildeo Federal artigo 40

caput (redaccedilatildeo dada pela Emenda Constitucional nordm 412003) que

lhes assegura a existecircncia de regime proacuteprio

III ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos militares as Forccedilas Armadas

constituiacutedas pela Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica satildeo instituiccedilotildees

nacionais permanentes e regulares organizadas com base na

42

hierarquia e na disciplina sob a autoridade suprema do Presidente da

Repuacuteblica Os membros das Forccedilas Armadas satildeo denominados

militares e a Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 142 inciso X

combinado com o sect 20ordm do artigo 40 confere agrave lei ordinaacuteria a

competecircncia para a instituiccedilatildeo de sistema proacuteprio previdenciaacuterio

O regime geral de previdecircncia conhecido por RGPS se acha a cargo do

INSS o regime proacuteprio dos servidores puacuteblicos a cargo do respectivo ente da

federaccedilatildeo que pode para administraacute-lo instituir entidade autaacuterquica proacutepria

A previdecircncia social brasileira vem passando por inuacutemeras discussotildees sobre

uma reforma necessaacuteria pois atualmente a economia brasileira vai bem

considerando a capacidade de gerar empregos mas a previdecircncia social nem tanto

considerando os deacuteficits Enquanto registrou uma alta de 44688

de trabalhadores

com emprego formal no primeiro semestre de 2010 as contas da Previdecircncia Social

fecharam com um deacuteficit de 228 bilhotildees89

Contudo em notiacutecia divulgada no site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social o

deacuteficit do Regime Geral de Previdecircncia Social somou R$ 33 bilhotildees em fevereiro de

2011 o que representa uma queda de 176 em relaccedilatildeo ao rombo de R$ 402

bilhotildees registrado em fevereiro de 2010 Todos os nuacutemeros foram corrigidos pelo

INPC Em janeiro de 2011 o resultado negativo somou R$ 3 bilhotildees e no ano de

2010 o deacuteficit totalizou R$ 443 bilhotildees com queda de 45 frente ao ano

anterior90

No primeiro bimestre de 2011 ainda segundo dados do Ministeacuterio da

Previdecircncia o deacuteficit da Previdecircncia somou R$ 635 bilhotildees com queda de 205

em relaccedilatildeo ao mesmo periacuteodo do ano passado quando o resultado negativo (em

nuacutemeros jaacute corrigidos pelo INPC) somou R$ 799 bilhotildees91

A Comissatildeo Especial para Estudos do Sistema Previdenciaacuterio criada com o

objetivo de analisar e estudar o sistema brasileiro de previdecircncia reconheceu que

ldquosem reformas estruturais logo a previdecircncia sentiraacute os efeitos corrosivos de

benefiacutecios sem cobertura assegurada ou de fontes de financiamento esgotadasrdquo

(Anexo I da Mesa Diretora da Cacircmara de Deputados)

88

Fonte notiacutecia vinculada ao site JUSPREV ndash Previdecircncia dos promotores e da Justiccedila Brasileira Disponiacutevel em httpwwwjusprevcombr Acesso em 25072010

89 Ibid

90 Fonte notiacutecia vinculada ao site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social no dia 24032011 Disponiacutevel

em ltwwwmpsgovbrgt Acesso em 30032011 91

Ibid

43

As reformas previdenciaacuterias na Ameacuterica Latina satildeo base de grandes

discussotildees O Chile foi o primeiro paiacutes a implementar uma privatizaccedilatildeo do sistema

previdenciaacuterio de forma radical jaacute para os outros paiacuteses da mesma regiatildeo

determinados fatos ocorridos nos anos 1980 foram cruciais antes que as reformas

estruturais se tornassem politicamente viaacuteveis como 1) quebra dos sistemas de

seguridade social durante a crise econocircmica e financeira 2) o crescente interesse

por parte das instituiccedilotildees financeiras internacionais nos efeitos econocircmicos dos

sistemas de seguridade social e seu apoio agrave reforma de sistemas previdenciaacuterios no

acircmbito de programas de ajuste estrutural 3) a opccedilatildeo neoliberal na poliacutetica latino-

americana nos anos 1990 com forte orientaccedilatildeo para o modelo estatal regulatoacuterio-

subsidiaacuterio que introduz medidas como a privatizaccedilatildeo a liberalizaccedilatildeo e a

desregulaccedilatildeo e favorece reformas radicais que visam recuperar a credibilidade em

lugar de favorecer melhorias no acircmbito da loacutegica dos sistemas anteriores92

Analisando os sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do bloco

podemos chegar agrave Tabela 2 como forma simplificada de anaacutelise

Tabela 2 Resumo da anaacutelise dos sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL

Paiacutes Tipo de Sistema Benefiacutecios Reformas

Argentina Misto Aposentadoria por idade invalidez pensatildeo por morte e seguro desemprego

Lei nordm 2424193

Lei nordm2622207

Brasil Reparticcedilatildeo Simples

Aposentadoria por idade tempo de contribuiccedilatildeo invalidez especial auxiacutelio doenccedila pensatildeo por morte salaacuterio maternidade salaacuterio famiacutelia reclusatildeo auxiacutelio acidente reabilitaccedilatildeo profissional

EC 201998 e

EC 412003

Paraguai Reparticcedilatildeo Simples Aposentadoria por idade invalidez auxiacutelio doenccedila salaacuterio maternidade e pensatildeo por morte

--

Uruguai Misto Aposentadoria por tempo de serviccedilo por idade invalidez auxiacutelio doenccedila e pensatildeo por morte

Lei nordm 1671395 e Lei 1839508

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmpsgovcomgt

92

HUJO Katja Novos Paradigmas na Previdecircncia Social Liccedilotildees do Chile e da Argentina Revista Planejamento e Poliacuteticas Puacuteblicas n 19 Junho de 1999 p 158 e 159

44

CAPIacuteTULO 2

2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

21 ACORDOS INTERNACIONAIS CONCEITO E FINALIDADE

O Estatuto da Convenccedilatildeo de Viena definiu tratado em seu artigo 2ordm I

aliacutenea ldquoardquo como sendo um ldquoacordo internacional celebrado por escrito entre Estados

regido pelo direito internacional quer conste de um instrumento uacutenico quer de dois

ou mais instrumentos conexos qualquer que seja sua denominaccedilatildeo particularrdquo 93

Tratado eacute o ato juriacutedico pelo qual haacute a manifestaccedilatildeo de vontades de duas ou

mais pessoas internacionais visando estabelecer um acordo entendido como

expressatildeo de uso livre e de alta incidecircncia na praacutetica internacional94

Como

conceitua Wladimir Novaes Martinez ldquosatildeo fontes formais internacionais que regem a

previdecircncia social dos trabalhadores migrantes isto eacute tratados bilaterais sobre

previdecircncia social celebrados entre o Brasil e diversos paiacuteses da Ameacuterica Latina e

da Europardquo95

Eacute imprescindiacutevel um esforccedilo muacutetuo internacional no sentido de flexibilizar

regras de seguridade social para se tornarem viaacuteveis os acordos internacionais

Rocha destaca que no plano internacional fatores como a migraccedilatildeo de

trabalhadores a atuaccedilatildeo de empresas multinacionais e a criaccedilatildeo de mercados

comuns satildeo fatores que tecircm acentuado a tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo da

previdecircncia e seguridade social Deste contexto exsurge a necessidade de que as

legislaccedilotildees nacionais sejam integradas a fim de que os trabalhadores que transitem

entre os Estados e sujeitos a regimes previdenciaacuterios nacionais diferentes natildeo

93

Essa Convenccedilatildeo sistematiza conceitos juriacutedicos fundamentais sobre os tratados e foi adotada em 23051969 pela Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o direito dos tratados tendo entrado em vigor para os paiacuteses que a ratificaram natildeo incluindo o Brasil em 27011980 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdaidtrathtmgt Acesso em 12052008

94 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdai003htmlgt Acesso em 10052008

95 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio Tomo II previdecircncia social 2

ed Satildeo Paulo LTr 2007 p858

45

sejam prejudicados e privados da proteccedilatildeo previdenciaacuteria em razatildeo da falta de

articulaccedilatildeo estatal96

Natildeo obstante os acordos natildeo satildeo estabelecidos ocasionalmente Eacute

essencial que se analise a presenccedila de uma forte migraccedilatildeo internacional de

trabalhadores o incremento de importantes fluxos de investimentos externos e as

relaccedilotildees especiais de amizade existentes entre os paiacuteses com os quais se deseja

estabelecer um acordo internacional Os acordos podem ser bilaterais ou

multilaterais podendo ainda ser permanentes ou temporaacuterios As formalidades para

celebraccedilatildeo do acordo satildeo 1ordm negociaccedilatildeo 2ordm assinatura 3ordm troca de notas e 4ordm

ratificaccedilatildeo (promulgaccedilatildeo confirmaccedilatildeo) com intervenccedilatildeo das atividades diplomaacuteticas

inclusive

De acordo com o artigo 49 inciso I da Constituiccedilatildeo Federal os tratados

internacionais tecircm de ser ratificados pelo Poder Legislativo por meio de Decretos

Legislativos adquirindo forccedila de lei e regulamentados por Decretos do Poder

Executivo transformando-se em fontes formais do Direito Os tratados internacionais

satildeo atos complexos pois deve existir a vontade do presidente da Repuacuteblica que os

celebra e a do Congresso Nacional que os aprova logo consagra-se assim a

colaboraccedilatildeo do Executivo e do Legislativo na conclusatildeo de tratados internacionais97

Diante do atual cenaacuterio internacional caracterizado pelo intenso processo de

globalizaccedilatildeo o tracircnsito de pessoas em geral e especialmente de trabalhadores

tem aumentado constantemente e a expectativa98

eacute a de que com o aumento da

integraccedilatildeo econocircmica e a consolidaccedilatildeo de blocos poliacutetico-econocircmicos o tracircnsito de

trabalhadores aumente ainda mais

As migraccedilotildees internacionais constituem-se um fato com o qual os paiacuteses

por intermeacutedio de seus gestores de poliacuteticas de trabalho e previdecircncia social teratildeo

que lidar Eacute previsiacutevel que no contexto da integraccedilatildeo internacional crescente os

acordos e tratados de seguridade social sejam instrumentos importantes de

extensatildeo e garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios previstos na

96

ROCHA Daniel Machado da O direito fundamental agrave previdecircncia social na perspectiva dos princiacutepios constitucionais diretivos do sistema previdenciaacuterio brasileiro Porto Alegre Livraria do Advogado 2004 p 112

97 PIOVESAN Flaacutevia Direitos Humanos e Direito Constitucional e Internacional 5ed Satildeo

Paulo Max Limonad 2002 p 72 98

Cf os trabalhos publicados na coletacircnea BRASIL Migraccedilotildees Internacionais e a Previdecircncia Social Ministeacuterio da Previdecircncia Social Brasiacutelia MPAS 2006

46

legislaccedilatildeo de dois ou mais paiacuteses procurando prover fundamento legal comum

quanto aos direitos e obrigaccedilotildees

A integraccedilatildeo regional do MERCOSUL promove uma reestruturaccedilatildeo

competitiva das economias nacionais dos paiacuteses do bloco que impotildee novos

desafios econocircmicos e sociais aos paiacuteses

Em mateacuteria de previdecircncia os acordos internacionais que estatildeo inseridos

no contexto da poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores satildeo o resultado de esforccedilos do Ministeacuterio da Previdecircncia Social e de

entendimentos diplomaacuteticos entre governos e objetivam garantir aos respectivos

trabalhadores e dependentes legais residentes ou em tracircnsito no paiacutes os direitos de

seguridade social previstos nas legislaccedilotildees dos paiacuteses99

Os acordos internacionais de Previdecircncia Social estabelecem uma relaccedilatildeo

de prestaccedilatildeo de benefiacutecios previdenciaacuterios natildeo implicando na modificaccedilatildeo da

legislaccedilatildeo vigente no paiacutes cumprindo a cada Estado contratante analisar os pedidos

de benefiacutecios apresentados e decidir quanto ao direito e agraves condiccedilotildees conforme sua

proacutepria legislaccedilatildeo aplicaacutevel Esses acordos internacionais satildeo instrumentos juriacutedicos

que possibilitam aceitar a validade do trabalho prestado em outro paiacutes como tempo

de contribuiccedilatildeo para fins de aposentadoria permitindo assim que se reconheccedilam

os benefiacutecios de Seguridade Social nos paiacuteses participantes

Todavia natildeo se ignorem tambeacutem as imensas dificuldades legislativas entre

os quatro paiacuteses em mateacuteria previdenciaacuteria Este campo eacute de imprescindiacutevel

harmonizaccedilatildeo e principalmente estruturaccedilatildeo interna que visa num primeiro

momento agrave reduccedilatildeo do deacuteficit puacuteblico para em posterior momento criar as

condiccedilotildees agrave exportaccedilatildeo dos benefiacutecios ldquoTorna-se um imperativo pois caso contraacuterio

os trabalhadores natildeo arriscaratildeo novas oportunidades tampouco se beneficiaratildeo se

natildeo puderem contar com a assistecircncia dos sistemas previdenciaacuterios da contagem

do tempo de serviccedilo ou contribuiccedilatildeo e sobretudo da possibilidade de desfrutarem

de benefiacutecios em Estados estrangeirosrdquo100

A verdade eacute que no mundo contemporacircneo a preocupaccedilatildeo com a questatildeo

social na integraccedilatildeo regional natildeo pode ser tratada como faculdade e sim uma

necessidade derivada do proacuteprio instinto de preservaccedilatildeo de cada paiacutes Neste

99

Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_01aspgt Acesso em 25042009

100 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Op cit p 246

47

sentido Alicia Moreno ressalta a importacircncia de documentos como a Declaraccedilatildeo

Sociolaboral do MERCOSUL e do Acordo Multilateral de Seguridade Social para o

avanccedilo da questatildeo social no MERCOSUL ainda que caracterize o avanccedilo ainda

parcial101

Poreacutem faz criacutetica ao caraacuteter limitado do poder vinculante dos documentos

relativos a aacuterea social Eduardo Campos ao entender que a realidade social do

MERCOSUL traduz-se em debates e estudos que ateacute 2001 materializaram-se em

programas e praacuteticas de um pequeno nuacutemero de accedilotildees pontuais aqui e ali

[] o saldo ateacute o momento resume-se basicamente agrave vigecircncia comum de algumas normas da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho agrave celebraccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social sem grandes inovaccedilotildees em relaccedilatildeo ao quadro entatildeo existente e agrave assinatura da Declaraccedilatildeo Sociolaboral com importantes limitaccedilotildees em seu conteuacutedo e sem poder vinculante

102

Pode-se afirmar que os acordos internacionais satildeo mecanismos delicados

que precisam superar problemas complexos dentre os quais os sistemas de

seguridade social principalmente pelas variadas regras existentes em todo o

mundo sendo preciso superar as deficiecircncias internas para harmonizar as regras

bastante divergentes dos paiacuteses envolvidos nos acordos internacionais

Os acordos internacionais em mateacuteria previdenciaacuteria protegem os direitos

dos trabalhadores envolvidos em movimentos migratoacuterios com o objetivo de

garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios

Nesse sentido eacute necessaacuterio que os processos de integraccedilatildeo regional sejam

acompanhados de medidas tendentes agrave progressiva coordenaccedilatildeo natildeo somente das

poliacuteticas macroeconocircmicas senatildeo tambeacutem daquelas referentes agrave proteccedilatildeo social

Imerso neste desafio e com a ampliaccedilatildeo de demandas populares de poliacuteticas de

proteccedilatildeo social nos uacuteltimos anos foi habitual que o Brasil estabelecesse convecircnios

bilaterais de previdecircncia social com alguns paiacuteses da Ameacuterica Latina o que tornou

mais faacutecil a ratificaccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL

101

MORENO Alicia S La difusa Idea del espacio social em los procesos de integracioacuten In PIMENTEL L O (Coord) Mercosul Alca e Integraccedilatildeo Euro-Latino-Americana Curitiba Juruaacute 2001 p 74

102 CAMPOS E N O deacuteficit social da Comunidade Europeacuteia e do MERCOSUL In PIMENTEL L O

(Coord) Op cit p 210

48

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL

Os organismos internacionais de seguridade social tecircm o objetivo de garantir

a maior cobertura possiacutevel da proteccedilatildeo social aos trabalhadores e atuar na

facilitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse processo O Ministeacuterio da Previdecircncia Social

(MPS) manteacutem filiaccedilatildeo com trecircs organismos internacionais de seguridade social

Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social (AISS) Conferecircncia Interamericana

de Seguridade Social (CISS) e Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social

(OISS) O Brasil tambeacutem eacute parceiro em accedilotildees com a Organizaccedilatildeo Internacional do

Trabalho (OIT)103

A Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social eacute a principal organizaccedilatildeo

internacional do mundo a reunir as administraccedilotildees e os organismos nacionais de

seguridade social Fundada em 1927 a AISS eacute uma organizaccedilatildeo internacional sem

fins lucrativos composta por instituiccedilotildees oacutergatildeos governamentais entidades e outros

organismos gestores de ramos de seguridade social seu secretariado tem sede na

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra e atualmente conta com

340 organizaccedilotildees afiliadas em 150104

paiacuteses de todo o mundo

Os objetivos da AISS satildeo defender e promover a seguridade social

internacional no mundo inteiro colaborando com o aperfeiccediloamento teacutecnico-

administrativo e o intercacircmbio informativo gerencial assegurar o direito estabelecido

por lei aos acidentes de trabalho e doenccedilas profissionais desemprego maternidade

invalidez aposentadoria e reabilitaccedilatildeo a filhos e membros das famiacutelias fomentar

experiecircncias intercacircmbios e conhecimentos internacionais organizar reuniotildees sobre

seguridade social realizar intercacircmbio de informaccedilotildees e experiecircncias organizar

cursos de formaccedilatildeo e seminaacuterios de capacitaccedilatildeo efetuar investigaccedilotildees e pesquisas

em mateacuteria de seguridade social publicar e difundir trabalhos e documentos sobre

temas de seguridade social organizar reuniotildees internacionais perioacutedicas de seus

membros favorecer a troca de informaccedilotildees e a confrontaccedilatildeo de experiecircncias

orientando as atividades dos membros da Associaccedilatildeo e a ajuda teacutecnica muacutetua que

possam propor colaborar com a OIT e com outras organizaccedilotildees a fim de contribuir

103

Fonte Relatoacuterio Anual da AISS Disponiacutevel em ltwwwissaintannual-reviewgt Acesso em 20012011

104 Ibid

49

para a melhoria da situaccedilatildeo social e econocircmica dos povos com base na justiccedila

social para uma paz geral e duraacutevel

A Conferecircncia Interamericana de Seguridade Social eacute um Organismo

Internacional Especializado de caraacuteter permanente que foi iniciado pelos estados

membros da OIT os quais reunidos em uma conferecircncia de trabalho em 12 de

dezembro de 1940 na cidade de Lima Peru criou o Comitecirc Interamericano de

Iniciativas em Seguridade Social que serviu depois de base para criaccedilatildeo da

Conferecircncia Interamericana de Seguridade aprovada por unanimidade desde que

atue em conformidade com a OIT

Seus objetivos satildeo apoiar e contribuir para o desenvolvimento da

seguridade social nos paiacuteses americanos cooperando com as instituiccedilotildees e

administraccedilotildees nacionais adotar resoluccedilotildees e formular recomendaccedilotildees em

seguridade social e promover sua difusatildeo impulsionar a cooperaccedilatildeo e intercacircmbio

de experiecircncias entre as instituiccedilotildees de administraccedilotildees nacionais de seguridade

social e outras organizaccedilotildees internacionais orientar a capacitaccedilatildeo de recursos

humanos a serviccedilo da seguridade social e proporcionar meios para que se possa

fazecirc-lo de forma sistemaacutetica e permanente difundir os avanccedilos dos sistemas de

seguridade social em niacutevel nacional e internacional e editar as publicaccedilotildees de

estudos105

A Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social OISS tem como

finalidade promover o bem-estar econocircmico e social dos paiacuteses ibero-americanos

mediante a coordenaccedilatildeo intercacircmbio e troca de experiecircncias muacutetuas no acircmbito da

seguridade social Aleacutem de prestar assessoramento e ajuda teacutecnica a seus

membros colaborando para o desenvolvimento de seus sistemas tem-se

empenhado na promoccedilatildeo da universalizaccedilatildeo da Seguridade Social impulsionando a

modernizaccedilatildeo dos sistemas existentes mediante a coordenaccedilatildeo e o aproveitamento

de suas experiecircncias muacutetuas

A OISS eacute o primeiro registro na Ameacuterica para a Seguridade Social realizada

em Barcelona em 1950 no qual estabeleceu uma Secretaria para apoiar novas

reuniotildees a ser chamada Comissatildeo Americana de Seguranccedila Social mas foi no

Congresso Latino-Americano de Seguridade Social realizado em Lima Peru em

105

Ibid

50

1954 que com a presenccedila da maioria dos paiacuteses da regiatildeo juntamente com

representantes da OIT da OEA e ISSA foi aprovada a Carta da OISS

Seus principais objetivos satildeo promover accedilotildees para universalizar o direito agrave

seguridade social colaborar com o desenvolvimento de tratados de integraccedilatildeo

socioeconocircmica de caraacuteter sub-regional atuar como oacutergatildeo permanente de

informaccedilatildeo estudo investigaccedilatildeo e experiecircncia no desenvolvimento dos sistemas

internacionais promover meios para a realizaccedilatildeo de negociaccedilatildeo de acordos entre os

paiacuteses prestando assistecircncia teacutecnica e facilitando a execuccedilatildeo de programas na aacuterea

de proteccedilatildeo social desenvolver investigaccedilotildees estudos e pesquisas nos principais

ramos da seguridade social no mundo receber e divulgar publicaccedilotildees de diversos

trabalhos sobre temas de seguridade social e trocar experiecircncias entre as

instituiccedilotildees membro106

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho fundada em 1919 criada pela

Conferecircncia de Paz apoacutes a Primeira Guerra Mundial tem o objetivo de promover a

justiccedila social Eacute a uacutenica das Agecircncias do Sistema das Naccedilotildees Unidas que tem

estrutura tripartite na qual os representantes dos empregadores e dos trabalhadores

tecircm os mesmos direitos que os do governo

A OIT tem por princiacutepio que a paz universal e permanente soacute pode basear-

se na justiccedila A Organizaccedilatildeo Internacional Trabalho por ser uma agecircncia

especializada das Naccedilotildees Unidas eacute responsaacutevel por formular normas internacionais

do trabalho promover o desenvolvimento e a interaccedilatildeo das organizaccedilotildees de

empregadores e de trabalhadores prestar cooperaccedilatildeo teacutecnica principalmente nas

aacutereas de formaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo profissional poliacuteticas e programas de emprego e

de empreendedorismo administraccedilatildeo do trabalho direito e relaccedilotildees do trabalho

condiccedilotildees de trabalho desenvolvimento empresarial cooperativas previdecircncia

social estatiacutesticas e seguranccedila e sauacutede ocupacional

Ainda como objetivos estrateacutegicos promover os princiacutepios fundamentais e

direitos no trabalho por meio de um sistema de supervisatildeo e de aplicaccedilatildeo de

normas promover melhores oportunidades de empregorenda para mulheres e

homens em condiccedilotildees de livre escolha de natildeo discriminaccedilatildeo e de dignidade

aumentar a abrangecircncia e a eficaacutecia da proteccedilatildeo social e fortalecer o tripartismo e

o diaacutelogo social

106

Disponiacutevel em lthttpwww1previdenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_05aspgt Acesso em 20042011

51

Na seguridade social destaca-se a Convenccedilatildeo 118 da Organizaccedilatildeo

Internacional do Trabalho (OIT) que trata da igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros aprovada no Brasil em 24 de agosto de 1968 No artigo 7ordm

da Convenccedilatildeo estipula-se que os paiacuteses signataacuterios tecircm que participar de um

sistema de direitos de seguridade social e que este sistema teraacute que fornecer a

totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro trabalho ou residecircncia a manutenccedilatildeo ou a

recuperaccedilatildeo de direitos bem como o caacutelculo das contribuiccedilotildees dos trabalhadores

em circulaccedilatildeo Neste sentido eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica as iniciativas do

poder puacuteblico para alcanccedilar tais direitos

No Brasil o escritoacuterio da OIT atua na promoccedilatildeo dos objetivos estrateacutegicos

da Organizaccedilatildeo principalmente na implementaccedilatildeo de programas projetos e

atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica visando ao aperfeiccediloamento das normas e das

relaccedilotildees trabalhistas das poliacuteticas e programas de emprego formaccedilatildeo profissional e

de proteccedilatildeo social

23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE SOCIAL

Como jaacute visto os acordos internacionais de Previdecircncia Social inserem-se

no contexto de poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores mas no Brasil satildeo operacionalizados pelo Instituto Nacional do Seguro

Social de forma descentralizada mediante 14 Organismos de Ligaccedilatildeo vinculados agraves

Gerecircncias Executivas do INSS nas cidades de Manaus Salvador Fortaleza

Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto

Alegre Florianoacutepolis Satildeo Paulo aleacutem do Distrito Federal107

Esses Organismos satildeo

responsaacuteveis pela anaacutelise e concessatildeo dos benefiacutecios cabendo-lhes ainda

responder a solicitaccedilotildees dos segurados e dos Organismos de Ligaccedilatildeo estrangeiros

O Brasil reconhece a importacircncia significativa dos acordos internacionais

como um meio para assegurar os direitos de seguridade social dos cidadatildeos de

maneira que tem como objetivo ampliar cada vez mais as relaccedilotildees bilaterais e

multilaterais para a celebraccedilatildeo de novos acordos tendo como fator determinante

107

Fonte extraiacuteda do site ltwwwmpsgovbracordosinternacionaisgt Acesso em 03012011

52

relaccedilotildees especiais de amizade entre os paiacuteses e os fluxos importantes de comeacutercio

e investimentos

Atualmente o Brasil manteacutem acordo bilateral com Cabo Verde Espanha

Greacutecia Chile Itaacutelia Luxemburgo e Portugal Em fase de negociaccedilatildeo encontram-se

os acordos bilaterais com Japatildeo Alemanha Paiacuteses Baixos Coreacuteia e Estados

Unidos e o Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social108

Na maioria dos

Acordos haacute um Regulamento Administrativo para a sua aplicaccedilatildeo anexado junto ao

respectivo Acordo com exceccedilatildeo do Acordo Internacional entre Brasil e Cabo Verde

e Brasil e Luxemburgo

No acircmbito multilateral o Brasil tem acordo com os Estados Partes do

MERCOSUL (Argentina Paraguai e Uruguai) sendo o mais recente Acordo a entrar

em vigor

De acordo com o Ministeacuterio da Previdecircncia Social a uacuteltima tabela109 com a

quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais

publicada demonstra que no periacuteodo compreendido entre os anos de 2007 e 2009 a

quantidade de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo aos paiacuteses integrantes do

MERCOSUL aumentou em relaccedilatildeo a tabela do periacuteodo 2001 a 2003 tambeacutem

passam a aparecer benefiacutecios concedidos no acircmbito do Acordo Multilateral de

Seguridade Social e aparece na tabela paraguaios trabalhadores que natildeo estavam

na tabela 20012003

Tabela 3 ndash Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

Paiacuteses 20012003

Total de benefiacutecios

20072009

Total de benefiacutecios

Argentina 7 89

MERCOSUL - 32

Paraguai - 6

Uruguai 16 77

Fonte Organizado pela autora com base nas tabelas publicadas pelo Ministeacuterio da Previdecircncia Social

108

LAMERA Larissa Martins Acordos Internacionais de Previdecircncia Social Informe da Previdecircncia Social 1 2007 v 17 n 8 Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrdocspdfinforme202007-08pdfgt Acesso em 26042009

109 Tabelas em anexo

53

A tabela 20072009 trata-se de periacuteodo poacutes-entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social que apresenta uma movimentaccedilatildeo tiacutemida de

trabalhadores circulando dentro do bloco mas ao mesmo tempo jaacute demonstra um

aumento de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo a tabela anterior (20012003) e a

presenccedila do Paraguai Pode-se concluir que o Acordo Multilateral de Seguridade

Social do MERCOSUL jaacute esta atuando a favor do trabalhador no que tange agrave

previdecircncia social ao menos

24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e

seu Regulamento Administrativo foram efetivamente celebrados em Montevideacuteu em

15 de dezembro de 1997 pelos chanceleres da Argentina Brasil Paraguai e

Uruguai na ocasiatildeo da XIII Reuniatildeo do Conselho do Mercado Comum Os referidos

diplomas que encontram amparo no Tratado de Assunccedilatildeo e no Protocolo de Outro

Preto tecircm por objetivo o estabelecimento de normas que regulam as relaccedilotildees de

Seguridade Social entre os paiacuteses do MERCOSUL

Com vigecircncia fixada a partir do dia 1ordm de junho de 2005 o Acordo

Multilateral de Seguridade Social substituiu os acordos bilaterais existentes entre os

paiacuteses da regiatildeo estabelecendo um mecanismo estandardizado de coordenaccedilatildeo

dos sistemas previdenciaacuterios no acircmbito do MERCOSUL que era inexistente nos

instrumentos originaacuterios do bloco econocircmico Foi necessaacuteria portanto a celebraccedilatildeo

de um acordo que contemplasse as normas gerais para regular de maneira clara e

homogecircnea a seguridade social na regiatildeo

Seguindo o rito processual previsto para aprovaccedilatildeo de atos internacionais

no Brasil o Acordo e seu Regulamento foram encaminhados ao Congresso Nacional

e ratificados por meio do Decreto Legislativo nordm 451 publicado em 15 de novembro

de 2001 Este Decreto ressaltou que quaisquer ajustes complementares que

acarretassem encargos ou compromissos gravosos ao patrimocircnio nacional ficariam

sujeitos agrave aprovaccedilatildeo do Congresso Nacional

54

A mateacuteria objeto dos referidos diplomas internacionais envolve interesses

dos Ministeacuterios das Relaccedilotildees Exteriores da Previdecircncia Social Sauacutede e Trabalho e

Emprego uma vez que abrange a legislaccedilatildeo de seguridade social pertinente agraves

prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede aplicaacutevel aos trabalhadores e seus

familiares e assemelhados

O Acordo trata basicamente dos seguintes temas

I reconhecimento dos direitos agrave Seguridade Social aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer Estados

Partes sendo-lhes atribuiacutedos assim como a seus familiares e

assemelhados os mesmos direitos e estando sujeitos agraves mesmas

obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes

II submissatildeo do trabalhador agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo

territoacuterio exerccedila atividade laboral outorga das prestaccedilotildees de sauacutede ao

trabalhador deslocado temporariamente para territoacuterio de outro Estado

assim como para seus familiares e assemelhados desde que a

Entidade Gestora do Estado de origem assim autorize

III possibilidade de obtenccedilatildeo de prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada

invalidez ou morte pelos trabalhadores filiados a um regime de

aposentadoria e

IV pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecidas por algum dos

Estados Partes

A prioridade da diplomacia brasileira na Ameacuterica Latina em geral e no

MERCOSUL atribui especial relevacircncia ao Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL demandando a maior celeridade possiacutevel nos processos

necessaacuterios agrave sua efetiva aplicaccedilatildeo Entretanto a mesma dedicaccedilatildeo espera-se dos

paiacuteses signataacuterios do Acordo qual seja a necessidade de se estender proteccedilatildeo

social a todos os brasileiros que se encontram no exterior

Essa norma de coordenaccedilatildeo entre os paiacuteses natildeo implica a alteraccedilatildeo nos

respectivos sistemas previdenciaacuterios mas permite preservar os direitos adquiridos

ou em fase de aquisiccedilatildeo pelos trabalhadores ou seus dependentes quando se

encontrarem no territoacuterio dos paiacuteses signataacuterios aleacutem de natildeo prejudicar os direitos

adquiridos na vigecircncia dos acordos bilaterais

55

Hugo Roberto Mansueti110

lembra

Ello fue advertido en forma temprana con La aprobacioacuten Del Acordo Multilateral de Seguridad Social Del Mercosur y El respectivo regulamento administrativo suscritos em Montevideacuteo el 15 de diciembre de 1997 Ambos instrumentos ya se ecuentran en vigor de manera simultacircnea desde 01 de junio de 2002 Atraveacutes de estos Estados-Partes de latildes cotizaciones efectuadas por los trabajadores nacionales o extranjeros habitantes de manera tal que las prestaciones puedan ser otorgadas por El Estado donde El trabajador o beneficiaacuterio se encuentre

111

Nos termos do artigo 2ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL os direitos agrave seguridade social seratildeo reconhecidos aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer dos Estados Partes sendo-

lhes reconhecidos bem como a seus familiares e dependentes os mesmos direitos

estando sujeitos agraves obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes com

respeito aos especificamente mencionados no Acordo O Acordo tambeacutem deve

ser aplicado aos trabalhadores de qualquer outra nacionalidade residentes no

territoacuterio de um dos Estados Partes sempre que prestem ou tenham prestado

serviccedilos nos paiacuteses do bloco Por fim destaca-se que o objetivo do presente

Acordo eacute harmonizar e natildeo unificar as legislaccedilotildees previdenciaacuterias dos

integrantes do bloco essa eacute a diretriz prescrita no artigo 4deg ao declarar que ldquoo

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

exerccedila atividade laboralrdquo

Os primeiros esforccedilos para coordenar regimes de seguridade social por via

de acordos internacionais satildeo anteriores agrave Segunda Guerra Mundial Natildeo obstante

os acordos da forma como os conhecemos atualmente emergiram depois desse

conflito incorporando os paiacuteses de Europa Ocidental Tais paiacuteses perceberam que

sem uma coordenaccedilatildeo desta natureza os indiviacuteduos que contribuiacuteram para regimes

previdenciaacuterios em mais de um paiacutes natildeo poderiam reunir as condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo

das aposentadorias a que teriam direito

110

MANSUETI H R Contenidos de la Seguridad Social en el MERCOSUL In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 85

111 Traduccedilatildeo livre Isto foi advertido antecipadamente com a aprovaccedilatildeo do Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL e o respectivo regulamento administrativo subscritos em Montevideo em 15 de dezembro de 2002 Atraveacutes destes Estados-Partes das cotaccedilotildees efetuadas pelos trabalhadores nacionais ou estrangeiros residentes de forma que os benefiacutecios possam ser concedidos pelo Estado onde o trabalhador ou beneficiaacuterio de encontre

56

Os Governos da Repuacuteblica Argentina da Repuacuteblica Federativa do Brasil da

Repuacuteblica do Paraguai e da Repuacuteblica Oriental do Uruguai considerando o Tratado

de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 e o Protocolo de Ouro Preto de 17 de

dezembro de 1994 com o objetivo de estabelecer normas que regulem as relaccedilotildees

de Seguridade Social entre os Estados Partes do MERCOSUL decidiram promulgar

o Acordo Multilateral de Seguridade Social publicado no Brasil pelo Decreto

Legislativo nordm 451 de 14 de novembro de 2001 e Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo

de 2006

O acordo do MERCOSUL eacute o primeiro acordo internacional brasileiro em

mateacuteria previdenciaacuteria que tambeacutem beneficia os funcionaacuterios puacuteblicos pertencentes

aos Regimes Proacuteprios de Previdecircncia Social112

Como o acordo seraacute aplicado substancialmente pela uniformidade de

entendimento entre os paiacuteses membros estabeleceu-se a Comissatildeo Permanente

integrada por trecircs membros de cada paiacutes composta por grupos de trabalho nas

aacutereas da sauacutede legislaccedilatildeo e informaacutetica com o objetivo de verificar a aplicaccedilatildeo do

acordo e resolver as divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo desse instrumento

O Acordo Multilateral de Seguridade Social destacam Nilde Bravo Maria

Alliney e Graciela Victoriacuten113

representa a satisfaccedilatildeo de uma diacutevida que os Estados

Partes tinham com seus trabalhadores considerando que no aspecto do Acordo o

social havia sido relegado a um segundo plano Deste modo olvidou-se que a

economia se constroacutei tambeacutem com o trabalho do homem e eacute deste ndash trabalhador

migrante ndash que se deve proteger seus bens mais valiosos como sua sauacutede e as

contingecircncias sociais de velhice invalidez e morte

241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral

O trabalhador que transitar pelos diferentes sistemas previdenciaacuterios dos

paiacuteses integrantes do MERCOSUL e desde que preenchidos os requisitos para a

concessatildeo do benefiacutecio teraacute direito ao mesmo poreacutem nem todas as prestaccedilotildees

112

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1Ed)

113 BRAVO N de Las M ALLINEY M C AVENDANtildeO G V Un avance en el proceso de

integracioacuten social en el MERCOSUR el Acuerdo Multilateral de Seguridad Social In PIMENTEL L O Op cit p 406

57

estaratildeo cobertas pelo Acordo Multilateral Como o diploma natildeo prevecirc uma unificaccedilatildeo

da legislaccedilatildeo previdenciaacuteria dentro do bloco e sim uma harmonizaccedilatildeo cada Estado

Parte deve continuar prestando sua assistecircncia da forma como a legislaccedilatildeo interna

prever

As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes

tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo

pagas de acordo com as normas previstas no artigo 7ordm do Acordo Multilateral

Destarte ficam excluiacutedos do Acordo Multilateral os previstos no Brasil no art

18 da Lei ndeg 8213 de 24 de julho de 1991 que dispotildee sobre os planos de

benefiacutecios da previdecircncia social

a) para o segurado aposentadoria por tempo de serviccedilo aposentadoria

especial salaacuterio-famiacutelia salaacuterio-maternidade auxiacutelio-acidente

b) para o dependente auxiacutelio-reclusatildeo

c) para o segurado e dependente serviccedilo social reabilitaccedilatildeo profissional

Somente seratildeo analisadas as principais caracteriacutesticas requisitos de

concessatildeo e forma da renda inicial mensal dos benefiacutecios com os quais os

trabalhadores do MERCOSUL poderatildeo contar

No Brasil a autoridade competente a processar os pedidos de

concessatildeo de benefiacutecios envolvendo estrangeiros dos Acordos Internacionais

eacute o Instituto Social do Seguro Social e a Assessoria de Assuntos Internacionais eacute

o oacutergatildeo responsaacutevel pela celebraccedilatildeo dos Acordos e pelo acompanhamento e

avaliaccedilatildeo de sua operacionalizaccedilatildeo O requerimento de benefiacutecio inclusive

benefiacutecio da legislaccedilatildeo do outro Paiacutes deveraacute ser protocolizado na Entidade Gestora

do paiacutes de residecircncia do interessado No Brasil os requerimentos satildeo formalizados

nas UnidadesAgecircncias da Previdecircncia Social conforme a residecircncia do requerente

e encaminhados ao Organismo de Ligaccedilatildeo correspondente

Em relaccedilatildeo ao benefiacutecio de aposentadoria por idade podemos apresentar

uma particularidade do Brasil que natildeo se aplica ao Acordo Multilateral de

Seguridade Social que eacute a possibilidade de o trabalhador rural que vive em regime

de economia familiar poder se aposentar por idade sem ter a necessidade de

contribuiccedilatildeo com idade de 60 anos para o homem e 55 anos para a mulher

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR

58

IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA

114

1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3 A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

115

Portanto embora o trabalhador rural seja efetivamente um trabalhador no

sistema brasileiro de previdecircncia social conforme dispotildee a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 se houver comprovaccedilatildeo de que o segurado era trabalhador rural chamado de

segurado especial116

ser-lhe-aacute devido o benefiacutecio da aposentadoria o que natildeo

acontece com os paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social

114

A sentenccedila na iacutentegra poderaacute ser observada no anexo fls 136 115

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA TRF - 4ordf Regiatildeo

116 Segurado Especial para o sistema brasileiro de previdecircncia social eacute aquele que vive em regime

de economia familiar e caracteriza-se como produtor parceiro meeiro e o arrendataacuterio rural o pescador artesanal e seus assemelhados que exerccedilam suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar com ou sem auxiacutelio eventual de terceiros em sistema de muacutetua colaboraccedilatildeo e sem utilizaccedilatildeo de matildeo de obra assalariada bem como seus respectivos cocircnjuges companheiros e filhos maiores de 16 anos de idade ou a eles equiparados desde que trabalhem comprovadamente com o grupo familiar respectivo

A contar de 22112000 o parceiro outorgante proprietaacuterio de imoacutevel rural com aacuterea total de no maacuteximo quatro moacutedulos fiscais que ceder em parceria ou meaccedilatildeo ateacute 50 da aacuterea de seu imoacutevel rural desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a atividade individualmente ou em regime de economia familiar (VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios Op cit p57)

59

Ateacute porque como se analisaraacute veraacute no Capiacutetulo 3 os trabalhadores

assegurados pelo Acordo satildeo aqueles que tecircm viacutenculo de emprego ou seja os

trabalhadores empregados

60

CAPIacuteTULO 3

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE

SOCIAL NO MERCOSUL

O ecircxito dos Acordos Internacionais eacute em grande parte em razatildeo da parceria

entre o Itamaraty e o Ministeacuterio da Previdecircncia Social (MPS) com vistas a estender

proteccedilatildeo previdenciaacuteria aos brasileiros que vivem no exterior o que pressupotildee a

existecircncia de acordos nessa mateacuteria com governos de outros paiacuteses

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL eacute o primeiro

Acordo multilateral brasileiro em mateacuteria previdenciaacuteria em vigor Nele por exemplo

satildeo garantidos benefiacutecios que dependem de contribuiccedilotildees e contagem de tempo

como aposentadoria por idade (voluntaacuteria ou obrigatoacuteria) aposentadoria por

invalidez auxiacutelio-doenccedila e a pensatildeo por morte o que totalizaria os periacuteodos para

quem atua em mais de um paiacutes no acircmbito do Acordo

Outra proteccedilatildeo prevista eacute a manutenccedilatildeo da contribuiccedilatildeo ao paiacutes de origem

quando o deslocamento temporaacuterio for inferior a 12 meses prorrogaacutevel por igual

periacuteodo sempre que seja autorizado pelo paiacutes de destino Em tal periacuteodo o

trabalhador manteacutem seu viacutenculo e direitos sempre no paiacutes de origem natildeo

precisando portanto requerer esse tempo trabalhado na forma do Acordo Ademais

o Acordo tambeacutem beneficia aos servidores puacuteblicos pertencentes aos Regimes

Proacuteprios de Previdecircncia Social

Quanto aos atendimentos de sauacutede o Acordo prevecirc assistecircncia meacutedica

gratuita na rede hospitalar do governo ao trabalhador deslocado temporariamente

nos termos do inciso I Artigo 6 do referido Acordo bem como a seus dependentes

Natildeo obstante os atendimentos de sauacutede somente seratildeo outorgados ao trabalhador

deslocado temporariamente para o territoacuterio de outros Estados Partes bem como

para seus familiares e dependentes se a Entidade Gestora do Estado de origem

autorizar esse outorgamento Os custos que se originem dessa possibilidade seratildeo

cobertos pela mesma Entidade Gestora que autorizou a prestaccedilatildeo117

117

Decreto Legislativo n ordm 4512001 art 6ordm

61

Assim no Brasil o interessado deveraacute antes do deslocamento dirigir-se ao

Departamento Nacional de Auditoria do SUS dependente do Ministeacuterio da Sauacutede do

Brasil e solicitar o Certificado de Direito a Assistecircncia Meacutedica no Estado para onde

se deslocaraacute temporalmente

Os acordos internacionais na aacuterea de seguridade social satildeo instrumentos

juriacutedicos que os trabalhadores se utilizam para obter a validade do tempo de

contribuiccedilatildeo de Estados diferentes para todos os paiacuteses que satildeo membros e assim

permitem reconhecer os benefiacutecios previdenciaacuterios sendo desta forma a maneira

de se garantir os direitos dos trabalhadores que estatildeo envolvidos nos movimentos

migratoacuterios

Neste sentido eacute imprescindiacutevel o destaque para a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que trata acerca da igualdade de

tratamento entre nacionais e estrangeiros no seu artigo 3ordm cuja redaccedilatildeo eacute a

seguinte

Artigo 3

o

sect 1ordm - Qualquer Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor concederaacute em seu territoacuterio aos nacionais qualquer outro Membro para o qual a referida Convenccedilatildeo estiver igualmente em vigor o mesmo tratamento que a seus proacuteprios nacionais de conformidade com sua legislaccedilatildeo tanto no atinente agrave sujeiccedilatildeo como ao direito agraves prestaccedilotildees em qualquer ramo da previdecircncia social para o qual tenha aceitado as obrigaccedilotildees da Convenccedilatildeo sect 2ordm - No concernente agraves pensotildees por morte esta igualdade de tratamento deveraacute ademais ser concedida aos sobreviventes dos nacionais de um Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor independentemente da nacionalidade desses sobreviventes sect 3ordm - Entretanto no que concerne agraves prestaccedilotildees de um ramo de previdecircncia social determinado um Membro poderaacute derrogar as disposiccedilotildees dos paraacutegrafos precedentes do presente artigo com respeito aos nacionais de qualquer outro Membro que embora possua legislaccedilatildeo relativa a este ramo natildeo concede no referido ramo igualdade de tratamento aos

nacionais do primeiro Membro118

O artigo 7ordm tambeacutem da Convenccedilatildeo 118 estipula que os paiacuteses signataacuterios

tecircm que se esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento

de direitos de seguridade social119

Dessa forma eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica

as iniciativas do poder puacuteblico para garantir esses direitos Eacute importante destacar

118

Convenccedilatildeo Internacional 118 ratificada pelo Brasil pelo do Decreto Legislativo nordm 31 de 20 de agosto de 1968

119 Ibid

62

que ficou previsto no Acordo em seu artigo 16 uma Comissatildeo Multilateral

Permanente conforme se descreve

ARTIGO 16 1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com as disposiccedilotildees do Regulamento Administrativo 2 As Autoridades Competentes instituiratildeo uma Comissatildeo Multilateral Permanente que deliberaraacute por consenso e onde cada representaccedilatildeo estaraacute integrada por ateacute 3 membros de cada Estado Parte A Comissatildeo teraacute as seguintes funccedilotildees a) verificar a aplicaccedilatildeo do Acordo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares b) assessorar as Autoridades Competentes c) planejar as eventuais modificaccedilotildees ampliaccedilotildees e normas complementares d) manter negociaccedilotildees diretas por um prazo de 6 meses a fim de resolver as eventuais divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo do Acordo Vencido o teacutermino anterior sem que tenham resolvido as diferenccedilas qualquer um dos Estados Partes poderaacute recorrer ao sistema de soluccedilatildeo de controveacutersia vigente entre os Estados Partes do Tratado de Assunccedilatildeo 3 A Comissatildeo Multilateral Permanente reunir-se-aacute uma vez por ano alternadamente em cada um dos Estados Partes ou quando o solicite um deles 4 As Autoridades Competentes poderatildeo delegar a elaboraccedilatildeo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares agrave Comissatildeo Multilateral Permanente

A criaccedilatildeo de uma Comissatildeo Multilateral Permanente foi uma inovaccedilatildeo

interessante trazida pelo Acordo que tem responsabilidade entre outras coisas de

monitorar a aplicaccedilatildeo do acordo assessorar as autoridades competentes e planejar

eventuais modificaccedilotildees e complementaccedilotildees no mesmo

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

No MERCOSUL existe distinccedilatildeo entre os ordenamentos juriacutedicos internos e

externos embora ambos sejam vaacutelidos eles satildeo distintos e independentes Haacute total

independecircncia entre as normas e natildeo eacute possiacutevel afirmar que a norma interna estaacute

63

condicionada agrave norma internacional pois se caracterizam dois ordenamentos

juriacutedicos distintos120

Como caracteriacutestica do MERCOSUL as decisotildees tomadas no acircmbito dos

Acordos Internacionais fica condicionada aos procedimentos internos de cada paiacutes

integrante do bloco

De acordo com o Decreto Regulamentador ldquoo ldquoAcordo designa o Acordo

Multilateral de Seguridade Social entre a Repuacuteblica Argentina a Repuacuteblica

Federativa do Brasil a Repuacuteblica do Paraguai e a Repuacuteblica Oriental do Uruguai ou

qualquer outro Estado que venha a aderirrdquo121

De acordo com o Decreto Legislativo o mesmo tem duraccedilatildeo indefinida e o

Estado Parte que desejar se desvincular do presente Acordo poderaacute se desligar a

qualquer tempo atraveacutes da via diplomaacutetica natildeo afetando obviamente os direitos

adquiridos em virtude do Acordo ateacute entatildeo firmado Da mesma forma mas em

sentido contraacuterio o Acordo estaraacute aberto agrave adesatildeo mediante negociaccedilatildeo a aqueles

Estados que no futuro aderirem ao Tratado de Assunccedilatildeo como eacute o caso da

Venezuela por exemplo

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL a partir da sua

ratificaccedilatildeo nos paiacuteses integrantes do bloco pelo de seus ordenamentos juriacutedicos

internos aleacutem de prever questotildees ligadas agrave Previdecircncia Social tambeacutem trouxe

informaccedilotildees referentes agraves prestaccedilotildees de sauacutede

Conforme dispotildee os artigos 3ordm e 6ordm do Acordo ratificado no Brasil pelo

Decreto Legislativo nordm 4512001

ARTIGO 3

1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social referente agraves prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede existentes nos Estados Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo aqui estabelecidas

2 Cada Estado Parte concederaacute as prestaccedilotildees pecuniaacuterias e de sauacutede de acordo com sua proacutepria legislaccedilatildeo

3 As normas sobre prescriccedilatildeo e caducidade vigentes em cada Estado Parte seratildeo aplicadas ao disposto neste Artigo

E ainda

120

KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees constitucionais Op cit p 94

121 Decreto Regulamentador nordm 57222006 artigo 1ordm

64

ARTIGO 6

1 As prestaccedilotildees de sauacutede seratildeo outorgadas ao trabalhador deslocado temporariamente para o territoacuterio de outro Estado Parte assim como para seus familiares e assemelhados desde que a Entidade Gestora do Estado de origem autorize a sua outorga

2 Os custos que se originem de acordo com o previsto no paraacutegrafo anterior correratildeo a cargo da Entidade Gestora que tenha autorizado a prestaccedilatildeo

Portanto o trabalhador deslocado seus familiares ou assemelhados para

que possam obter as prestaccedilotildees de sauacutede durante o periacuteodo de permanecircncia no

Estado Parte em que se encontrarem deveratildeo apresentar ao Organismo de Ligaccedilatildeo

o certificado de Deslocamento Temporaacuterio e quando necessitarem de assistecircncia

meacutedica de urgecircncia deveratildeo apresentar perante a Entidade Gestora do Estado em

que se encontram o certificado expedido pelo Estado de origem

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS

De acordo com o artigo 2ordm do Regulamento do Acordo Multilateral de

Seguridade Social satildeo Autoridades Competentes122

os titulares na Argentina o

Ministeacuterio de Trabalho e Seguridade Social e do Ministeacuterio da Sauacutede e Accedilatildeo Social

no Brasil o Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social e do Ministeacuterio da Sauacutede

no Paraguai o Ministeacuterio da Justiccedila e do Trabalho e do Ministeacuterio da Sauacutede Puacuteblica

e Bem-Estar Social e no Uruguai o Ministeacuterio do Trabalho e da Seguridade Social

Satildeo Entidades Gestoras123

na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) as Caixas ou Institutos Municipais e Provinciais de

Previdecircncia a Superintendecircncia de Administradores de Fundo de Aposentadorias e

Pensotildees e as Administradoras de Fundos de Aposentadorias e Pensotildees no que se

refere aos regimes que amparam as contingecircncias de velhice invalidez e morte

baseadas no sistema de reparto ou no sistema de capitalizaccedilatildeo individual e a

122

Eacute o titular do organismo governamental que conforme a legislaccedilatildeo interna de cada Estado Parte tem competecircncia sobre o regime de Seguridade Social art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

123 Entidades Gestoras satildeo as instituiccedilotildees competentes para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

65

Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede (ANSSAL) no que se refere agraves

prestaccedilotildees de sauacutede no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o

Ministeacuterio da Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no

Uruguai o Banco de Previdecircncia Social (BPS)

Satildeo Organismos de Ligaccedilatildeo124 na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) e a Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede

(ANSSAL) no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Ministeacuterio da

Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no Uruguai o Banco

de Previdecircncia Social (BPS) Os Organismos de Ligaccedilatildeo comunicar-se-atildeo

diretamente entre si assim como com as pessoas interessadas que se encontrem

no seu respectivo territoacuterio e certificaratildeo para os fins do Acordo os periacuteodos de

seguro ou contribuiccedilatildeo recolhidos no Estado Parte ao qual pertencem

compreendidos em qualquer dos regimes de Seguridade Social do Estado Parte

contemplados na sua legislaccedilatildeo conforme jaacute estaacute previsto no Artigo 3deg do Acordo

A correspondecircncia entre as Autoridades Competentes Organismos de

Ligaccedilatildeo e Entidades Gestoras dos Estados Partes seraacute redigida no respectivo

idioma oficial do Estado emissor125

Ateacute a publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo do MPSINSS nordm

1362010 os organismos de ligaccedilatildeo no Brasil eram agecircncias da Previdecircncia

especificamente nos Estados de Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia

Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre

Florianoacutepolis e Satildeo Paulo por intermeacutedio das Gerecircncias Executivas

Entretanto com a entrada em vigor da norma acima citada em 31 de

dezembro de 2010 a operacionalizaccedilatildeo de cada Acordo de Previdecircncia Social ficou

em um uacutenico Organsimo de Ligaccedilatildeo no Brasil conforme Quadro 1 a seguir

124

Organismo de Ligaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos designados a efetuarem a comunicaccedilatildeo com os paiacuteses acordantes garantindo o cumprimento das solicitaccedilotildees formuladas no acircmbito dos Acordos Internacionais (Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 1ordm) e tem o objetivo de facilitar a aplicaccedilatildeo do Acordo adotando as medidas necessaacuterias para lograr sua maacutexima agilizaccedilatildeo e simplificaccedilatildeo administrativa

125 Decreto Legislativo n

o 4512001 art14

66

Quadro 2 Organismos de Ligaccedilatildeo no Brasil para acordos com outros paiacuteses

Fonte Anexo I da Resoluccedilatildeo MPSINSS 1362010

Observe-se que no acircmbito do MERCOSUL no Brasil a gerecircncia de

Florianoacutepolis (SC) eacute responsaacutevel atualmente para

I solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social brasileira de

estrangeiros em regime de deslocamento temporaacuterio no Brasil bem

como para os casos previstos nas regras de exceccedilatildeo e opccedilatildeo

II solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social relativa aos

paiacuteses acordantes para brasileiro que temporariamente preste serviccedilo

naqueles paiacuteses bem como para os casos que se enquadrarem nas

regras de exceccedilatildeo

III emitir os formulaacuterios de Ligaccedilatildeo Certificados de Deslocamento

Temporaacuterio e respectivas prorrogaccedilotildees informar aos paiacuteses

acordantes sobre as decisotildees proferidas resultantes da anaacutelise das

solicitaccedilotildees referentes aos processos de benefiacutecios no acircmbito dos

Acordos Internacionais e

IV encaminhar aos paiacuteses acordantes as informaccedilotildees sobre a situaccedilatildeo do

segurado junto agrave Previdecircncia Social brasileira quando requeridas bem

como prestar atendimento agraves demais solicitaccedilotildees apresentadas pelos

paiacuteses signataacuterios dos Acordos Internacionais126

A Resoluccedilatildeo esclarece em seu artigo 4ordm que os antigos Organismos de

Ligaccedilatildeo (Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte

Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre Florianoacutepolis e Satildeo Paulo)

126

Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 3ordm

Acordo do Brasil com Organismo de Ligaccedilatildeo Telefone

Portugal amp Cabo Verde Gerecircncia Satildeo Paulo Sul APS Vila Mariana

(11) 3503- 36073608

Espanha Gerecircncia Rio de Janeiro Centro APS Almirante Barroso

(21) 2272-35153438

Itaacutelia Gerecircncia Belo Horizonte APS Santa Efigecircnia

(31) 3249-42274228

MERCOSUL Argentina Paraguai e Uruguai

Gerecircncia Florianoacutepolis APS Florianoacutepolis Centro

(48) 3298-8125

Chile Gerecircncia Recife APS Santo Antocircnio

(81) 3412-55765492

Greacutecia amp Luxemburgo

Gerecircncia Distrito Federal APS Brasiacutelia Sul

(61) 3319-25042588

67

deveratildeo transferir os processos em anaacutelise que natildeo puderem ser concluiacutedos no

prazo de 120 dias contados da publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo (31122010) para os

novos Organismos de Ligaccedilatildeo constantes do Quadro 1 (Anexo 1 da Resoluccedilatildeo

1362010) considerando-se a nova distribuiccedilatildeo das atividades dos Acordos

Internacionais Informa ainda que os processos natildeo concluiacutedos no prazo de 120

dias por falta de respostas do Organismo estrangeiro deveratildeo ser encaminhados

ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente com coacutepia dos ofiacutecios expedidos ao exterior

Um dos grandes desafios para os paiacuteses-membros estaacute na coordenaccedilatildeo de

procedimentos administrativos que possibilitem de forma aacutegil a operacionalizaccedilatildeo do

acordo multilateral Para atingir esse objetivo as instituiccedilotildees em conjunto com a

Organizaccedilatildeo Ibero-Americana de Seguridade Social (OISS) entenderam ser de

extrema importacircncia a realizaccedilatildeo de projeto visando agrave criaccedilatildeo da Base Uacutenica de

Seguridade Social do MERCOSUL (BUSS)127

Por intermeacutedio da OISS recursos financeiros foram disponibilizados pelo

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aos Estados Partes exceto ao

Brasil128

para desenvolvimento do projeto Em contrapartida o Brasil por meio da

Empresa de Tecnologia e Informaccedilotildees da Previdecircncia Social (Dataprev) assumiu o

compromisso de desenvolver o sistema de intercacircmbio de informaccedilatildeo e validaccedilatildeo de

dados em mateacuteria de seguridade social129

No 5ordm Encontro de Cortes Supremas do MERCOSUL realizado nos dias 8 e

9 de novembro de 2007 em Brasiacutelia (no qual debates foram realizados no Supremo

Tribunal Federal e aleacutem dos ministros do STF o evento contou com a presenccedila de

presidentes das Cortes Supremas dos paiacuteses do MERCOSUL e associados aleacutem

de secretaacuterios da aacuterea previdenciaacuteria dos governos brasileiro argentino paraguaio e

uruguaio) foi divulgado pelo entatildeo secretaacuterio de Poliacuteticas de Previdecircncia Social do

Brasil Helmut Schwarzer a criaccedilatildeo de uma rede eletrocircnica com dados de

contribuintes da previdecircncia dos quatro paiacuteses para facilitar a concessatildeo dos

benefiacutecios a estrangeiros

127

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 p 33 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1ed)

128 Em razatildeo da legislaccedilatildeo interna o Brasil apresenta dificuldades em internalizar recursos do BID

129 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Loc cit

68

Segundo Helmut130

essa iniciativa poderaacute evitar que os tribunais dos paiacuteses

do MERCOSUL recebam accedilotildees sobre o assunto

O iniacutecio da operacionalizaccedilatildeo do Sistema de Transferecircncia e Validaccedilatildeo de

Dados dos paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL tem o intuito de permitir aos paiacuteses um acompanhamento mais raacutepido e

eficaz das informaccedilotildees dos trabalhadores que circulam no bloco O sistema criado

pelo corpo teacutecnico da Dataprev131

permite gerar formulaacuterios para preenchimento dos

dados pessoais do beneficiaacuterio dependentes e representantes legais e dos periacuteodos

de viacutenculos empregatiacutecios e contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria132

As informaccedilotildees circularatildeo simultaneamente entre os paiacuteses nos quais o

cidadatildeo trabalhou formalmente A utilizaccedilatildeo do sistema poderaacute ser estendida a

todos os paiacuteses com os quais o Brasil manteacutem acordo internacional para concessatildeo

de aposentadoria pensatildeo e auxiacutelios133

Pelo novo sistema que foi desenvolvido

utilizando-se tecnologia de ponta software livre e certificaccedilatildeo digital que garante o

alto niacutevel de seguranccedila da informaccedilatildeo os recursos seratildeo repassados ao sistema

previdenciaacuterio do paiacutes onde o trabalhador estaacute e a partir disso ele receberaacute

pessoalmente o valor do seu benefiacutecio

Segundo Joatildeo Donadon134

todo o tracircmite seraacute eletrocircnico e os recursos

seratildeo repassados ao outro paiacutes em remessa uacutenica Se algum benefiacutecio natildeo for

sacado pelo segurado o dinheiro seraacute devolvido ao oacutergatildeo responsaacutevel pela poliacutetica

previdenciaacuteria do paiacutes de origem135

O Sistema de Acordos Internacionais (Siaci) encontra-se em operaccedilatildeo

desde julho de 2008136

A ferramenta tem permitido a raacutepida transmissatildeo via

internet de formulaacuterios destinados agrave troca de informaccedilotildees de tempo de serviccedilo e

concessatildeo de benefiacutecios para os trabalhadores migrantes dos paiacuteses signataacuterios do

MERCOSUL

130

Disponiacutevel em lthttpogloboglobocomeconomiamat20071109327102998aspgt Acesso em 20072009

131 Empresa de Tecnologia que presta serviccedilos de tecnologia da informaccedilatildeo ao INSS

132 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Op cit p 33 133

Ibid 134

Diretor do Regime Geral de Previdecircncia Social do Brasil 135

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwnotadezcombrgt Acesso em 07042011 136

Disponiacutevel em lthttpportaldataprevgovbr20090726siaci-sistemas-de-acordos-internacionaisgt Acesso em 15082009

69

A qualquer momento eacute possiacutevel consultar e conferir as transaccedilotildees

efetuadas reduzindo-se progressivamente a utilizaccedilatildeo de documentos em papel

Pelo documento trabalhadores do Brasil Argentina Uruguai e Paraguai podem

incluir no caacutelculo de suas aposentadorias o tempo que trabalharam em outro paiacutes

aleacutem da concessatildeo de outros benefiacutecios137

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

Cidadatildeos originaacuterios de um dos paiacuteses signataacuterios que trabalhem em outro

paiacutes tecircm a garantia de em funccedilatildeo do Acordo Multilateral natildeo perder os diretos

previdenciaacuterios e o direito agrave sauacutede Isso significa que esses trabalhadores podem

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo assim como o tempo de contribuiccedilatildeo Eacute o que diz o artigo 7ordm do

Acordo138

ARTIGO 7

[] os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no Regulamento Administrativo

Um cidadatildeo uruguaio que trabalhe no Brasil por exemplo teraacute direito aos

benefiacutecios de sauacutede e da previdecircncia social de acordo com legislaccedilatildeo brasileira e

consideradas as contribuiccedilotildees efetuadas no Uruguai Diante disso constata-se que

o Acordo utiliza como regra geral o princiacutepio da territorialidade o que significa que

no momento do requerimento da prestaccedilatildeo ou benefiacutecio vale a legislaccedilatildeo do paiacutes

em que o trabalhador estiver exercendo sua atividade laboral139

Haacute algumas exceccedilotildees previstas no proacuteprio texto do Acordo como por

exemplo os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados Partes

Nesse caso eles permanecem sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio a

empresa tenha sua sede Conforme dispotildee os artigos 4ordm e 5ordm do Acordo o

137

Idem 138

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 7ordm 139

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 58

70

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio exerccedila

a atividade laboral com as seguintes exceccedilotildees140

ARTIGO 5 O principio estabelecido no Artigo 4 tem as seguintes exceccedilotildees a) o trabalhador de uma empresa com sede em um dos Estados-Partes que desempenhe tarefas profissionais de pesquisa cientificas teacutecnicas ou de direccedilatildeo ou atividades similares e outras que poderatildeo ser definidas pela Comissatildeo Multilateral Permanente prevista no Artigo 16 Paraacutegrafo 2 e que seja deslocado para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado por um periacuteodo limitado continuaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte de origem ateacute um prazo de doze meses suscetiacutevel de ser prorrogado em caraacuteter excepcional mediante preacutevio e expresso consentimento da Autoridade Competente do outro Estado Parte b) o pessoal de vocirco das empresas de transporte aeacutereo e o pessoal de tracircnsito das empresas de transporte terrestre continuaratildeo exclusivamente sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio a respectiva empresa tenha sua sede c) os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados-Partes continuaratildeo sujeitos agrave legislaccedilatildeo do mesmo Estado Qualquer outro trabalhador empregado em tarefas de carga e descarga conserto e vigilacircncia de navio quando no porto estaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja jurisdiccedilatildeo se encontre o navio 2 Os membros das representaccedilotildees diplomaacuteticas e consulares organismos internacionais e demais funcionaacuterios ou empregados dessas representaccedilotildees seratildeo regidos pelas legislaccedilotildees tratados e convenccedilotildees que lhes sejam aplicaacuteveis

Diante destas situaccedilotildees a Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de

Seguridade Social do MERCOSUL aprovou e publicou a Resoluccedilatildeo 12005 em

reuniatildeo realizada em Buenos Aires no ano de 2005 com o objetivo de estabelecer

criteacuterios para aplicaccedilatildeo do Acordo e tentar dirimir questotildees controveacutersias trazendo

em seu artigo 3ordm a informaccedilatildeo que reafirma a legislaccedilatildeo aplicaacutevel ao trabalhador que

se encontra nos Estados Partes

1 No caso dos trabalhadores transferidos para territoacuterio de outro Estado Parte previsto no art 5deg nuacutemero la) do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado no qual estaacute domiciliado o empregador ou a instituiccedilatildeo que dito Oacutergatildeo determine para tal fim remeteraacute coacutepia do certificado a que se refere o art 3deg do Regulamento Administrativo ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte a que se destina o trabalhador

2 Dito certificado constituiraacute a prova de que natildeo satildeo de aplicaccedilatildeo ao mencionado trabalhador transferido as disposiccedilotildees de Seguridade Social do lugar de destino

141

140

Decreto nordm 4512001 art 5ordm 141

Resoluccedilatildeo CMP n12005

71

Ainda o artigo 7ordm do Regulamento Administrativo mais uma vez ressalta a

regra aplicaacutevel informando que as prestaccedilotildees a que os trabalhadores tecircm direito

devem ter amparo na legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes de prestaccedilatildeo de

serviccedilos142

ARTIGO 7 As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo pagas de acordo com as normas seguintes 1 Quando se reuacutenam as condiccedilotildees requeridas pela legislaccedilatildeo de um Estado Parte para se ter direito agraves prestaccedilotildees sem que seja necessaacuterio recorrer agrave totalizaccedilatildeo de periacuteodos prevista no Titulo VI do Acordo a Entidade Gestora calcularaacute a prestaccedilatildeo em virtude unicamente do previsto na legislaccedilatildeo nacional que se aplique sem prejuiacutezo da totalizaccedilatildeo que possa solicitar o beneficiaacuterio 2 Quando o direito a prestaccedilotildees natildeo se origine unicamente com base nos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no Estado Contratante de que se trate a liquidaccedilatildeo da prestaccedilatildeo deveraacute ser feita tomando-se em conta a totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos outros Estados Partes 3 Caso seja aplicado o paraacutegrafo precedente a Entidade Gestora determinaraacute em primeiro lugar o valor da prestaccedilatildeo a que o interessado ou seus familiares e assemelhados teriam direito como se os periacuteodos totalizados tivessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo e em seguida fixaraacute o valor da prestaccedilatildeo em proporccedilatildeo aos periacuteodos cumpridos exclusivamente sob tal legislaccedilatildeo

Note-se que a norma legal traz em seu texto o termo trabalhador mas

quem seria este trabalhador a quem a norma se refere Tendo em vista que

empregado eacute espeacutecie do gecircnero trabalhador isso permite concluir que todo

empregado eacute trabalhador mas nem todo trabalhador eacute empregado143

Em face do que se observa no Acordo estaacute assegurado pelo Acordo

Multilateral de Seguridade Social o trabalhador empregado ou seja aquele que tem

viacutenculo empregatiacutecio com o empregador Os trabalhadores autocircnomos por exemplo

estatildeo fora da cobertura previdenciaacuteria se estiverem trabalhando nos Estados

Partes Esta informaccedilatildeo foi ressaltada no livro de estudos organizado pelo Ministeacuterio

da Previdecircncia Social quando assim informa

142

Decreto nordm 57222006 art 7ordm 143

Disponiacutevel em lthttpbuenoecostanzeadvbrindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=4642ampItemid=96gt

Acesso em 20032011

72

Cabe ainda ressaltar que o Acordo protege somente aqueles trabalhadores que estiverem prestando serviccedilo regularmente em um dos Estados Partes o trabalhador informal que natildeo possui filiaccedilatildeo previdenciaacuteria natildeo estaacute portanto incluiacutedo nessa proteccedilatildeo

144

Portanto uma vez considerado trabalhador empregado este poderaacute pleitear

benefiacutecios previdenciaacuterios observando os criteacuterios trazidos nos termos do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL Eacute importante destacar neste

sentido que o custo dos benefiacutecios concedidos em virtude do Acordo eacute rateado

entre os paiacuteses em que o trabalhador contribuiu proporcionalmente ao seu tempo

de contribuiccedilatildeo em cada um deles Ou seja eacute utilizada a sistemaacutetica da totalizaccedilatildeo

e o custo eacute rateado de forma diretamente proporcional ao tempo de filiaccedilatildeo em cada

sistema previdenciaacuterio de modo que natildeo haja desequiliacutebrio financeiro para o Estado

Parte que estiver concedendo o benefiacutecio145

Em se tratando de acordo internacional previdenciaacuterio a forma mais comum

eacute a divisatildeo de encargos entre os paiacuteses contratantes Haacute o estabelecimento de uma

relaccedilatildeo proporcional de encargo Cada paiacutes assume uma parte do total fazendo o

segurado jus a um benefiacutecio que resulta da soma das responsabilidades de cada

Estado O benefiacutecio eacute pago geralmente pelo paiacutes concessor sendo que haacute um

ajuste de contas entre os paiacuteses celebrantes do tratado146

As Entidades Gestoras pagaratildeo diretamente aos beneficiaacuterios as prestaccedilotildees

compreendidas no Acordo na forma determinada por cada Estado Parte

Para obter a concessatildeo das prestaccedilotildees os trabalhadores ou seus familiares

e assemelhados deveratildeo apresentar solicitaccedilatildeo em formulaacuterio especial ao

Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado em que residirem ou se residentes no territoacuterio de

outro Estado deveratildeo dirigir-se ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja

legislaccedilatildeo o trabalhador se encontrava assegurado no uacuteltimo periacuteodo de seguro ou

contribuiccedilatildeo

As solicitaccedilotildees dirigidas a Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras

de qualquer Estado Parte onde o interessado tenha periacuteodos de seguro contribuiccedilatildeo

ou residecircncia produziratildeo os mesmos efeitos como se tivessem sido entregues ao

Organismo de Ligaccedilatildeo previsto nos paiacuteses de residecircncia

144

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

145 Ibid p 59

146 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio 3 ed Satildeo Paulo LTr 2005 p

244

73

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras seratildeo

obrigadas a enviaacute-las ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente informando as datas

em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas147

O interessado que deseje solicitar os benefiacutecios previdenciaacuterios no Brasil ou

seja aqueles previstos no Acordo Multilateral deveraacute se dirigir agrave Agecircncia de

Previdecircncia Social mais proacutexima com a documentaccedilatildeo necessaacuteria para obter um

benefiacutecio comum aleacutem da documentaccedilatildeo que comprove sua atividade no paiacutes que

assinou o Acordo Tal documentaccedilatildeo seraacute enviada pelo organismo de conexatildeo

brasileiro para o organismo de conexatildeo do paiacutes membro do Acordo que

reconheceraacute ou natildeo o periacuteodo de contribuiccedilatildeo alegado pelo interessado naquele

paiacutes

O trabalhador ficaraacute sujeito ao regime previdenciaacuterio do paiacutes onde esteja

prestando serviccedilo exceto nos casos em que o trabalhador esteja sob a tutela do

Certificado de Deslocamento Temporaacuterio e sempre que esteja dentro do prazo

autorizado ainda que seja prorrogado Assim nos termos do inciso 1ordm do artigo 3ordm o

Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social

referente aos regimes tributaacuteveis pecuniaacuterios e de sauacutede existentes nos Estados

Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo que estipula148

Eacute importante ressaltar que o Acordo Multilateral do MERCOSUL inova ao

conceber tambeacutem disposiccedilotildees aplicaacuteveis a regimes de aposentadoria e pensotildees de

capitalizaccedilatildeo individual O Acordo seraacute aplicaacutevel tambeacutem aos trabalhadores filiados

a um regime de aposentadoria e pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecido

por algum dos Estados Partes para a obtenccedilatildeo das aposentadorias por velhice

idade avanccedilada invalidez ou morte149

Ademais os Estados Partes e os eventuais futuros aderentes ao Acordo

poderatildeo estabelecer mecanismos de transferecircncias de fundos para os fins de

obtenccedilatildeo das referidas aposentadorias e demais benefiacutecios sendo necessaacuterio que

as administradoras de fundos ou empresas seguradoras deem cumprimento aos

mecanismos que o Acordo Multilateral prevecirc150

Tais transferecircncias se daratildeo quando

o interessado comprove direito agrave obtenccedilatildeo das aposentadorias quando a

147

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

148 Ibid

149 Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 9ordm

150 Nota Teacutecnica nordm 202005 DRPSPSPSMPS

74

informaccedilatildeo aos filiados seraacute proporcionada nos termos da legislaccedilatildeo de cada Estado

Parte caso em que no Brasil natildeo ocorre

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade

Social

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) eacute uma autarquia do

governo federal do Brasil que recebe as contribuiccedilotildees para a manutenccedilatildeo do

Regime Geral da Previdecircncia Social sendo responsaacutevel pela concessatildeo dos

benefiacutecios previdenciaacuterios previstos na Lei nordm 821391 O INSS trabalha junto com a

Dataprev empresa de tecnologia que faz o processamento de todos os dados da

previdecircncia e estaacute subordinado ao Ministeacuterio da Previdecircncia Social

De acordo com o Regulamento Administrativo (art 2ordm) no Brasil a

instituiccedilatildeo competente e reconhecida para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo no acircmbito do acordo como Entidade Gestora e Organismo de Ligaccedilatildeo eacute o

INSS (para as prestaccedilotildees previdenciaacuterias) e o Ministeacuterio da Sauacutede (para as

prestaccedilotildees de sauacutede) Ou seja no Brasil o Oacutergatildeo Gestor eacute o INSS que

operacionaliza os Acordos pelos Organismos de Ligaccedilatildeo instruindo os processos

pela gerecircncia executiva responsaacutevel que no caso do MERCOSUL eacute a agecircncia com

responsabilidade da Gerecircncia Executiva de Florianoacutepolis ndash Santa Catarina

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios

As empresas que apresentam o intuito de deslocar temporariamente seus

empregados ao exterior devem fazecirc-lo mediante Certificado de Deslocamento

Temporaacuterio em que o segurado eacute isento de contribuir no paiacutes contratante aonde for

trabalhar na forma prevista em cada Acordo permanecendo sujeito agrave legislaccedilatildeo

previdenciaacuteria brasileira mas garantindo seus direitos no outro paiacutes Este seraacute o

documento haacutebil necessaacuterio para que o INSS averigue a documentaccedilatildeo da empresa

Durante o prazo do deslocamento temporaacuterio o trabalhador teraacute direito agrave

assistecircncia meacutedica da rede oficial do governo do Paiacutes Acordante O artigo 3ordm do

regulamento administrativo assim informa sobre o deslocamento temporaacuterio151

151

Decreto nordm 57222006 art 3ordm

75

ARTIGO 3

1 Para os casos previstos na aliacutenea ldquo1 ardquo do Artigo 5ordm do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo expediraacute mediante solicitaccedilatildeo da empresa do Estado de origem do trabalhador que for deslocado temporariamente para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado um certificado no qual conste que o trabalhador permanece sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado de origem indicando os familiares e assemelhados que o acompanharatildeo nesse deslocamento Coacutepia de tal certificado deveraacute ser entregue ao trabalhador

2 A empresa que deslocou temporariamente o trabalhador comunicaraacute ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado que expediu o certificado neste caso a interrupccedilatildeo da atividade prevista na situaccedilatildeo anterior 3 - Para os efeitos estabelecidos na aliacutenea ldquo1ardquo do Artigo 5 do Acordo a empresa deveraacute apresentar a solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo perante a Entidade Gestora do Estado de origem A Entidade Gestora do Estado de origem expediraacute o certificado de prorrogaccedilatildeo correspondente mediante consulta preacutevia e expresso consentimento da Entidade Gestora do outro Estado

4 - A empresa apresentaraacute as solicitaccedilotildees a que se referem os Paraacutegrafos 1 e 3 com trinta dias de antecedecircncia miacutenima da ocorrecircncia do fato gerador Em caso contraacuterio o trabalhador ficaraacute automaticamente sujeito a partir do iniacutecio da atividade ou da data de expiraccedilatildeo do prazo autorizado agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio continuar desenvolvendo suas atividades

Apenas nos Acordos BrasilEspanha e BrasilGreacutecia estaacute previsto

deslocamento Temporaacuterio para trabalhadores autocircnomos

O segurado deve levar consigo uma via do Certificado de Deslocamento152

O periacuteodo de deslocamento poderaacute ser prorrogado observados os prazos e as

condiccedilotildees fixados em cada Acordo No caso de solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo de

transferecircncias temporaacuterias esta deveraacute ser apresentada junto ao Oacutergatildeo de Ligaccedilatildeo

que concedeu o certificado de transferecircncia com a devida antecedecircncia em relaccedilatildeo

ao vencimento do periacuteodo de transferecircncia temporaacuteria que se houver concedido

Caso contraacuterio o trabalhador transferido ficaraacute automaticamente sujeito a partir do

vencimento do prazo original agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

continua prestando serviccedilos

Assim dispotildee o artigo 5ordm do Anexo II da Resoluccedilatildeo CMP nordm 012005

[] a) O prazo dos deslocamentos temporaacuterios previstos pelo inciso 1 do art 5 do Acordo Multilateral poderaacute ser prorrogado por um prazo total maior de doze meses previamente autorizado pela Autoridade Competente ou instituiccedilatildeo delegada do Estado receptor (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

152

Informaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwprevidenciasocialgovbrconteudoDinamicophpid=111gt Acesso em 10042011

76

b) Tanto o prazo original quanto o de prorrogaccedilatildeo poderatildeo ser utilizados de forma fracionada (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) c) Em virtude do caraacuteter excepcional do regime de deslocamentos temporaacuterios uma vez utilizado o prazo maacuteximo de vinte e quatro meses natildeo poderaacute ser concedido ao mesmo trabalhador um novo periacuteodo de amparo a este regime (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) 2 Para os fins da aliacutenea ldquoardquo do Art 5 do Acordo seratildeo consideradas como tarefas profissionais de pesquisa cientiacuteficas teacutecnicas ou de direccedilatildeo aquelas relacionadas a situaccedilotildees de emergecircncia transferecircncia de tecnologia prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia teacutecnica funccedilotildees de direccedilatildeo geral de gerenciamento de supervisatildeo de assessoramento a funccedilotildees superiores da empresa de consultoria especializada e similares (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

3 Eacute facultado ao Estado Parte receptor dos trabalhadores deslocados temporariamente solicitar que aleacutem do certificado previsto no Art 3 do Ajuste Administrativo seja apresentada documentaccedilatildeo que certifique que o trabalhador possui qualificaccedilatildeo ou as qualidades exigidas pela aliacutenea ldquoardquo do inciso 1 do Art 5 do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL assim como declaraccedilatildeo da empresa receptora relativa agrave atividade que seraacute desempenhada pelo trabalhador no territoacuterio do Estado Parte receptor (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

153

Os segurados seus familiares e assemelhados que desejem fazer valer

direitos agraves prestaccedilotildees deveratildeo apresentar a respectiva solicitaccedilatildeo junto agrave Entidade

Gestora competente do Estado Parte onde residam ou tenham realizado sua uacuteltima

atividade Os formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo

do Deslocamento Temporaacuterio encontram-se no Anexo 4

333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo

Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados

Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade

avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no

Regulamento Administrativo Assim dispotildee o Regulamento Administrativo sobre a

totalizaccedilatildeo do tempo de contribuiccedilatildeo154

153

Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 12005 da Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL atualizada pela Resoluccedilatildeo nordm 72007 da mesma comissatildeo

154 Decreto nordm 57222006 art 6

77

ARTIGO 6 1 De acordo com o previsto no Artigo 7 do Acordo os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no territoacuterio dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte observando as seguintes regras a) Cada Estado Parte consideraraacute os periacuteodos cumpridos e certificados por outro Estado desde que natildeo se superponham como periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo conforme sua proacutepria legislaccedilatildeo b) Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos antes do iniacutecio da vigecircncia do Acordo seratildeo considerados somente quando o trabalhador tiver periacuteodos de trabalho a cumprir a partir dessa data c) O periacuteodo cumprido em um Estado Parte sob um regime de seguro voluntaacuterio somente seraacute considerado quando natildeo for simultacircneo a um periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo obrigatoacuterio cumprido em outro Estado 2 Nos casos em que a aplicaccedilatildeo do Paraacutegrafo 2 do Artigo 7 do Acordo venha exonerar de suas obrigaccedilotildees a todas as Entidades Gestoras competentes dos Estado -Partes envolvidos as prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados Partes aonde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador em todos os Estados Partes

Caso o trabalhador natildeo tenha reunido a comprovaccedilatildeo do tempo miacutenimo de

12 meses somente seraacute computaacutevel os serviccedilos prestados em outro Estado que

tenha celebrado acordos bilaterais ou multilaterais de Seguridade Social com

qualquer dos Estados Partes E se somente um dos Estados Partes tiver concluiacutedo

um acordo de seguridade com outro paiacutes seraacute necessaacuterio que tal Estado Parte

assuma como proacuteprio o periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo cumprido neste terceiro

paiacutes155

A aplicaccedilatildeo desta norma pode vir a exonerar de suas obrigaccedilotildees todas as

Entidades Gestoras competentes dos Estados Partes envolvidos uma vez que as

prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados

Partes onde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com

preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos em

todos os Estados Partes156

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras de

solicitaccedilotildees de obtenccedilatildeo de concessatildeo por parte dos trabalhadores familiares e

assemelhados obrigar-se-atildeo a enviaacute-las sem demora ao Organismo de Ligaccedilatildeo

155

Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 7ordm 156

ALVES Carlos Marne Dias 2006 A Previdecircncia no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Direito das Relaccedilotildees Internacionais) UniCEUB Brasiacutelia 2006 p 162

78

competente informando as datas em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas157

Neste sentido os artigos 9ordm e 10ordm do Regulamento Administrativo assim

estabelecem158

ARTIGO 9 1 Para o tracircmite das solicitaccedilotildees das prestaccedilotildees pecuniaacuterias os Organismos de Ligaccedilatildeo utilizaratildeo um formulaacuterio especial no qual seratildeo consignados entre outros os dados de filiaccedilatildeo do trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados conjuntamente com a relaccedilatildeo e o resumo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador nos Estados Partes 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo avaliaraacute se for o caso a incapacidade temporaacuteria ou permanente emitindo o certificado correspondente que acompanharaacute os exames meacutedico-periciais realizados no trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados 3 Os laudos meacutedico-periciais do trabalhador consignaratildeo entre outros dados se a incapacidade temporaacuteria ou invalidez eacute consequumlecircncia de acidente do trabalho ou doenccedila profissional e indicaratildeo a necessidade de reabilitaccedilatildeo profissional 4 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado pronunciar-se-aacute sobre a solicitaccedilatildeo em conformidade com sua respectiva legislaccedilatildeo considerando-se os antecedentes meacutedico-periciais praticados 5 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo remeteraacute os formulaacuterios estabelecidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado ARTIGO 10 1 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado preencheraacute os formulaacuterios recebidos com as seguintes indicaccedilotildees a) periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo b) o valor prestaccedilatildeo reconhecida de acordo com o previsto no Paraacutegrafo 3 do Artigo 7 do presente Regulamento Administrativo 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo indicado no paraacutegrafo anterior remeteraacute os formulaacuterios devidamente preenchidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde o trabalhador solicitou a prestaccedilatildeo

Observa-se portanto que os trabalhadores e seus familiares poderatildeo

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo sendo computados tambeacutem o tempo de contribuiccedilatildeo do paiacutes de

origem e em alguns casos ateacute mesmo o tempo de contribuiccedilatildeo em paiacuteses natildeo

157

Regulamento Administrativo art 8ordm 158

Decreto 57222006 artigos 9 e 10

79

signataacuterios do acordo desde que esses tenham acordo com qualquer um dos

Estados Partes

Destaca-se no entanto que se o acordo do paiacutes natildeo signataacuterio for com

apenas um dos Estados Partes esse deveraacute reconhecer como proacuteprios os serviccedilos

prestados naquele159

Este instituto natildeo eacute nenhuma novidade para o INSS De

acordo com a Lei ndeg 97961999 adota-se procedimento semelhante com os

regimes proacuteprios de previdecircncia dos servidores puacuteblicos quando faz a totalizaccedilatildeo do

tempo de contribuiccedilatildeo e a divisatildeo proacute-rata do valor pago ao segurado chamando

este instituto de Contagem Reciacuteproca do Tempo de Contribuiccedilatildeo

159

Nota teacutecnica elaborada pela Coordenaccedilatildeo-Geral de Estudos Previdenciaacuterios da Secretaria de Poliacuteticas de Previdecircncia Social ndash CGEPSPS (NOTA TEacuteCNICA nordm 202005 DRPSPSPSMPS)

80

CONCLUSAtildeO

O objeto problematizado na presente dissertaccedilatildeo foi o Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL na garantia do direito agrave previdecircncia social aos

trabalhadores que tenham se vinculado a sistemas previdenciaacuterios de diferentes

paiacuteses durante sua vida laboral

Questotildees sobre integraccedilatildeo previdenciaacuteria acabam sendo necessaacuterias no

atual cenaacuterio de globalizaccedilatildeo da economia de formaccedilatildeo de blocos regionais e do

aumento do fluxo migratoacuterio principalmente da ampliaccedilatildeo da liberdade de circulaccedilatildeo

de trabalhadores para lhes assegurar seguranccedila na sua proteccedilatildeo social

previdenciaacuteria

A Previdecircncia Social espeacutecie do gecircnero Seguridade Social eacute um direito de

proteccedilatildeo social conferido ao trabalhador segurado e um mecanismo necessaacuterio para

manter o regime de trabalho assalariado

Surgiu como uma ferramenta do Estado garantir (aqueles que contribuem)

condiccedilotildees financeiras para periacuteodos de incapacidade de trabalho como doenccedila

invalidez ou velhice e diminuir os riscos de arcar futuramente com situaccedilotildees de

miseacuteria e pobreza como distribuidor de renda por este motivo impocircs contribuiccedilotildees

compulsoacuterias aos trabalhadores que de alguma forma prestam serviccedilos a pessoas

fiacutesicas juriacutedicas e por conta proacutepria

Na atual conjuntura a intervenccedilatildeo do Estado na sociedade a fim de

estruturar e garantir proteccedilatildeo previdenciaacuteria eacute imprescindiacutevel e com a globalizaccedilatildeo

natildeo eacute diferente o cocircmputo de tempo de serviccedilo desenvolvido no exterior para fins

de obtenccedilatildeo de benefiacutecio previdenciaacuterio no Brasil exige regramento particular no

acircmbito do direito internacional

A possibilidade de reconhecimento no Brasil do labor desenvolvido em

qualquer um dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL e vice versa tem assento

atualmente no Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul

assinado em 15121997 pelos representantes dos componentes originaacuterios do

bloco (Brasil Argentina Uruguai e Paraguai)

Entretanto eacute importante destacar que antes da entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social existiam acordos bilaterais de previdecircncia social

do Brasil com vaacuterios paiacuteses inclusive com paiacuteses integrantes do MERCOSUL

81

diante disso destacamos o disposto no artigo 8ordm do Acordo Multilateral de

Seguridade Social que informa que ldquoos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

cumpridos antes da vigecircncia do presente Acordo seratildeo considerados desde que

estes natildeo tenham sido utilizados anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees

pecuniaacuterias em outro paiacutesrdquo160

Houve no decorrer da pesquisa grandes dificuldades de obtenccedilatildeo de dados

especiacuteficos junto agrave autarquia federal (INSS) embora jaacute esteja sendo utilizado o

sistema de informaccedilotildees de acordos internacionais (SIACI) criado pela DATAPREV

empresa de tecnologia da Previdecircncia Social brasileira desde de julho de 2008

Mesmo assim a pesquisa nos levou a entender que a possibilidade de

reconhecimento de trabalho para fins de benefiacutecio previdenciaacuterio realizado nos

paiacuteses do MERCOSUL regulada pelo Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL internalizado pelo Decreto nordm 57222006 trata de garantir aos

brasileiros que trabalham nos Paiacuteses signitaacuterios do Acordo a mesma proteccedilatildeo que eacute

assegurada aos cidadatildeos daquele Paiacutes ou seja o brasileiro que trabalha na

Argentina por exemplo vai ter direito por conta daquela norma de perceber os

benefiacutecios que a legislaccedilatildeo previdenciaacuteria Argentina assegura aos demais

trabalhadores que tecircm aquela nacionalidade Por outro lado se o trabalhador quer

pleitear o benefiacutecio aqui no Brasil o aproveitamento do serviccedilo prestado naquele

Paiacutes somente eacute possiacutevel na forma em que prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do

Regulamento ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo

reconheccedila em face da sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo161

A proteccedilatildeo prevista no Acordo como a contagem do tempo de contribuiccedilatildeo

e as demais prestaccedilotildees previdenciaacuterias e de sauacutede apenas estatildeo garantidas para

trabalhadores empregados ou seja aqueles que possuem viacutenculo empregatiacutecio com

algum empregador os demais trabalhadores como autocircnomos domeacutesticos os

rurais que no Brasil satildeo tambeacutem chamados de segurados especiais natildeo estatildeo

protegidos pelo Acordo e natildeo podem se beneficiar do tempo de serviccedilo prestado

fora de seu paiacutes de origem mesmo que comprovam contribuiccedilatildeo do periacuteodo

Os acoacuterdatildeos encontrados sobre os aspectos previdenciaacuterios levados ao

judiciaacuterio no acircmbito do Acordo demonstram que o fato de o mesmo existir natildeo

160

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 8ordm 161

Decreto nordm 57222006 art 10ordm

82

implica reconhecimento automaacutetico de atividades laborais prestadas nos Estados

Partes eacute necessaacuterio a observacircncia do procedimento burocraacutetico estabelecido no

Regulamento Administrativo aprovado pelo Decreto nordm 57222006

Haacute que se observar tambeacutem que para os trabalhadores que vierem a

trabalhar nos paiacuteses integrantes do MERCOSUL apoacutes a entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL teratildeo a contagem de tempo de

contribuiccedilatildeo contada conforme o acordo Podemos observar conforme dados

coletados nos Acoacuterdatildeos que de acordo com o judiciaacuterio os periacuteodos de seguro ou

contribuiccedilatildeo cumpridos antes da vigecircncia do Acordo de que o trabalhador tenha

direito somente seratildeo considerados se o trabalhador natildeo tenha utilizado

anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees pecuniaacuterias em outro paiacutes

Observamos que o Acordo garante prestaccedilotildees previdenciaacuterias como

benefiacutecios e contagens de tempo de contribuiccedilatildeo aos trabalhadores que natildeo apenas

se encontrem trabalhando formalmente mas que estejam de acordo com as

formalidades estabelecidas no mesmo O trabalhador que quer pleitear benefiacutecio

somente eacute possiacutevel na forma prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do Regulamento

ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo reconheccedila em face agrave

sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo o trabalhador tem direito

Fica aiacute uma demonstraccedilatildeo que a Proteccedilatildeo Previdenciaacuteria prevista no Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL apresentou avanccedilos no acircmbito da

proteccedilatildeo social dos trabalhadores empregados que circulam no Bloco

Anteriormente com os acordos bilaterais a garantia de proteccedilatildeo

previdenciaacuteria aos paiacuteses signataacuterios era restrita aos dois paiacuteses que assinavam o

acordo Agora haacute uma ampliaccedilatildeo da proteccedilatildeo previdenciaacuteria fortalecendo os paiacuteses

do MERCOSUL no que tange a circulaccedilatildeo de trabalhadores e consequentemente

conhecimento tecnologia cultura assim como outros benefiacutecios decorrentes de uma

regionalizaccedilatildeo mas natildeo garante automaticamente o tempo de contribuiccedilatildeo sem que

o Estado em que trabalhou documente esse tempo como reconhecido

necessitando portanto de muitos ajustes para garantia completa deste e tambeacutem

outros trabalhadores que prestam serviccedilos no Brasil na Argentina no Paraguai e no

Uruguai e futuramente na Venezuela que natildeo foram assegurados no Acordo como

os contribuintes individuais domeacutesticos e segurados especiais

83

REFEREcircNCIAS

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Residecircncia para Nacionais dos Estados-Partes do Mercado Comum do Sul MERCOSUL Boliacutevia e Chile BRAVO N de Las M ALLINEY M C AVENDANtildeO G V Un avance en el proceso de integracioacuten social en el MERCOSUR el Acuerdo Multilateral de Seguridad Social In PIMENTEL L O (Coord) Mercosul Alca e Integraccedilatildeo Euro-Latino-Americana Curitiba Juruaacute 2001 BULMER-THOMAS V A Uniatildeo Europeacuteia e o Mercosul perspectivas de um tratado de livre comeacutercio e suas implicaccedilotildees sobre os Estados Unidos In REIS C N (Org) Ameacuterica Latina crescimento no comeacutercio mundial e exclusatildeo social Porto Alegre Dacasa EditoraPalmarica 2001 275 p CARVALHO A PARENTE A Impactos comerciais da aacuterea de livre comeacutercio das Ameacutericas Rio de Janeiro IPEA mar 1999 (Texto para Discussatildeo n 635) CASELLA Paulo Borba Mercosul exigecircncias e perspectivas Satildeo Paulo LTr 1996 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27 CASTRO Maria Silvia Portella de Reflexos do Mercosul no mercado de trabalho Satildeo Paulo em Perspectiva Fundaccedilatildeo Seade Satildeo Paulo v 9 n1 janmar 1995 CAVALCANTI M A F H Integraccedilatildeo econocircmica e localizaccedilatildeo sob concorrecircncia imperfeita Rio de Janeiro BNDES 20ordm Precircmio BNDES de Economia 1997 CHIARELLI Matto Tota CHIARELLI Carlos Alberto Gomes (Coord) Temas de integraccedilatildeo com enfoque no Mercosul v 1 Satildeo Paulo LTR 1997 COORDINADORA DE LAS CENTRALES SINDICALES DEL MERCOSUR La Centralidad del empleo y del trabajo para la integracioacuten Del Mercosur Documento de Anaacutelisis Buenos Aires 2004 COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007

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89

MORENO Alicia S La difusa Idea del espacio social em los procesos de integracioacuten In PIMENTEL L O (Coord) Mercosul Alca e Integraccedilatildeo Euro-Latino-Americana Curitiba Juruaacute 2001 p 74 MURRO Ernesto As Tendecircncias na Ameacuterica Latina e a Reforma Uruguaia da Previdecircncia Social 2001 Disponiacutevel em ltwwwredsegsocorguygt Acesso em 10112010 p 5 NASSIF A L A articulaccedilatildeo das poliacuteticas industrial e comercial nas economias em desenvolvimento contemporacircneas uma discussatildeo analiacutetica Revista de Economia Poliacutetica v20 n2 abril-junho 2000 NONNEMBERG M H B MENDONCcedilA M J C Criaccedilatildeo e desvio de comeacutercio no Mercosul o caso dos produtos agriacutecolas Rio de Janeiro IPEA mar 1999 (Texto para Discussatildeo n 631) NORRIS Roberto Livre Circulaccedilatildeo de Trabalhadores em um contexto de Integraccedilatildeo Regionalizada Satildeo Paulo Ltr 1999 OLIVEIRA Julio Ramos Movibilidad de la mano de obra em El Mercosur Contribuciones CIEDLAKonrad-Adenauer Satildeo Paulo antildeo 10 n 2 1993 OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos

Estados-Partes do MERCOSUL 2008 Tese (Doutorado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 145 PASSOS Alessandro Ferreira dos SCHWARZER Helmut Migraccedilotildees Internacionais e a Previdecircncia Social Informe de Previdecircncia Social Brasiacutelia v16 n12 dez 2004 PEREIRA Joseacute Adriano Mercosul em Movimento II In Liberalismo econocircmico e processo de integraccedilatildeo na Ameacuterica Latina Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 p 100 ______ Integraccedilatildeo Econocircmica e Mobilidade de Trabalhadores no Mercosul Revista de Economia e Relaccedilotildees Internacionais Satildeo Paulo v 3 n 6 p 76-87 jan 2005 PIOVESAN Flaacutevia Direitos Humanos e Direito Constitucional e Internacional 5ed Satildeo Paulo Max Limonad 2002 p 72 PRADO L C D Mercosul como opccedilatildeo estrateacutegica de integraccedilatildeo notas sobre a teoria da integraccedilatildeo e estrateacutegias de desenvolvimento Ensaios FEE v18 n1 p 276-299 1997 PRAXEDES Walter PILETTI Nelson O Mercosul e a Sociedade Global 8 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1997 p 58 PROGRAMA para a consolidaccedilatildeo da uniatildeo aduaneira e para o lanccedilamento do Mercado Comum ldquoObjetivo 2006rdquo (Uruguay) Recomendaccedilatildeo no 12003 do Foacuterum Consultivo Econocircmico Social XXV Reuniatildeo Montevideu 10 dez 2003 Disponiacutevel

90

em httpwwwccscsorghtml_particp_institucfcesfces_rec0103_brhtm Acesso em 20012011 RELATOacuteRIO Anual da AISS Disponiacutevel em ltwwwissaintannual-reviewgt Acesso em 20012011 REGULAMENTO interno de la comisioacuten sociolaboral del Mercosur (Argentina) Buenos Aires 10 mar 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwccscsorghtml_particp_institucccscs_pi_regl_comis_socio_laboralhtmgt Acesso em 20112010 ROCHA Daniel Machado da O direito fundamental aacute previdecircncia social na perspectiva dos princiacutepios constitucionais diretivos do sistema previdenciaacuterio brasileiro Porto Alegre Livraria do Advogado 2004 ROSENTHAL G (Coord) Regionalismo aberto na Ameacuterica Latina e no Caribe a integraccedilatildeo econocircmica a serviccedilo da transformaccedilatildeo produtiva com equidade In Cinquenta anos de Pensamento na CEPAL Santiago do Chile p 939-958 1994 SABBATINI R Multilateralismo regionalismo e o Mercosul Indicadores Econocircmicos FEE Porto Alegre v 29 n1 jun 2001 SALAMA P Novos paradoxos da liberaccedilatildeo na Ameacuterica Latina In REIS C N (Org) Ameacuterica Latina crescimento no comeacutercio mundial e exclusatildeo social Porto Alegre Dacasa EditoraPalmarica 2001 275 p SALVATORE D Economia internacional Rio de Janeiro LTC 2000 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia e sua perspectiva no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Direito) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute PUC-PR Curitiba 2005 p206 SECRETARIA de Estado da Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do Mercosul ndash SEIM Disponiacutevel em lthttpwwwseimprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=32gt Acesso em 10072010 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social Revista Kataacutelysis v0 n 5 2001 SISTEMA estadiacutestico de indicadores sociales Reunioacuten de grupo teacutecnico de desarrollo social del Mercosur (Argentina) Buenos Aires 22 de marccedilo de 2002 Disponiacutevel em

lthttpwwwmercosurintmswebpagina_anteriorsamespanolrem-mtsspconjuntospconjuntos1htmlgt Acesso em 15022011 SOARES Maacuterio Luacutecio Quintatildeo MERCOSUL direitos humanos globalizaccedilatildeo e soberania Belo Horizonte Del Rey 1997

91

STUART Ana Maria Negociando um novo Mercosul Panorama da Conjuntura Internacional Satildeo Paulo Gacint n 23 ano 6 outnov 2003 STUART Ana Maria A construccedilatildeo de um novo regionalismo In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Orgs) Mercosul em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 TODOS Somos MERCOSUL ndash CEFIR ndash Plataforma de Integraccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpneccintwordpresscomdireito-internacionalarena-de-ideiasmercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulgt Acesso em 02012011 THORSTENSEN V Desenvolvimento da cooperaccedilatildeo econocircmica e das relaccedilotildees comerciais entre a EU e o MERCOSUL interesses comuns e desafios Poliacutetica Externa v 5 n1 jun-jul-ago 1996 TRIBUNA DA IMPRENSA Entra em vigor a Previdecircncia do Mercosul 14 out 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwsindicatomercosulcombrnoticia02aspnoticia=27232gt Acesso em 02012011 VASCONCELOS Pedro Paulo Lima Indicadores soacutecio-econocircmicos do MERCOSUL um estudo sob a Eacutegide da Economia Poliacutetica Internacional In SIMPOacuteSIO EM RELACcedilOtildeES INTERNACIONAIS DO PROGRAMA SAN TIAGO DANTAS I nov 2007 p 10 (UNESP UNICAMP e PUC-SP) VEIGA Joatildeo Paulo Mercosul e os interesses poliacuteticos e sociais Satildeo Paulo em Perspectiva Fundaccedilatildeo Seade Satildeo Paulo v 5 n 3 1991 ______ Revista do Instituto de Ciecircncias Econocircmicas Administrativas e Contaacutebeis v 11 n 1 2007 VEIGA P M A infra-estrutura e o processo de negociaccedilatildeo da ALCA Rio de Janeiro IPEA mar 1999 (Texto para Discussatildeo n 507) VERA-FLUIXAacute R X Principios de integracioacuten regional en Ameacuterica Latina y suanaacutelisis compartivo con la Unioacuten Europea Bonn Center for European Integration Studies v73 2000 (Discussion Paper) VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios 2 ed Satildeo Paulo Editora LTr 2010 VIGEVANI Tullo Mercosul impactos para trabalhadores e sindicatos Satildeo Paulo LTr 1998 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar Previdecircncia Complementar no Direito Comparado Revista de Previdecircncia Social n 232 Satildeo Paulo LTr marccedilo de 2000

92

______ A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas n 3 p 128-137 juldez 2003 WANDERLEY Luiz Eduardo W A construccedilatildeo de um MERCOSUL Social Revista Ponto-e-Viacutergula Satildeo Paulo PUC SP v 1 p90-104 2007 p94 SITES CONSULTADOS lthttpestudeonlinenetrevisao_detalheaspxcod=461gt Acesso em 29032011 lthttpwwwclassificadosmercosulcombrmercosul_infomercosul01htmgt Acesso em 29022011 ltwwwmpsgovbracordosinternacionaisgt Acesso em 03012011 lthttpwwwprevidenciasocialgovbrconteudoDinamicophpid=111gt Acesso em 10042011 lthttpbuenoecostanzeadvbrindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=4642ampItemid=96gt Acesso em 20032011 lthttpogloboglobocomeconomiamat20071109327102998aspgt Acesso em 20072009 lthttpportaldataprevgovbr20090726siaci-sistemas-de-acordos-internacionaisgt Acesso em 15082009 lthttpwwwplanaltogovbrgt Acesso em 02032010 lthttpwwwprevidenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_01aspgt Acesso em 25042009 lthttpwww1previdenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_05aspgt Acesso em 20042011 lthttpwww2mregovbrdai003htmlgt Acesso em 10052008 lthttpwww2mregovbrdaidtrathtmgt Acesso em 12052008 lthttpwwwnotadezcombrgt Acesso em 07022008 lthttpwwwreceitafazendagovbrlegislacaoacordosinternacionaisAcordosComplEconomicaDefaulthtmgt Acesso em 10022011

93

ANEXOS

94

ANEXO 1

Estrutura Institucional do MERCOSUL

95

ANEXO 2

Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses

acordantes - 20072009

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20072009

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS

INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por

Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2007 482 293 33 54 88 14 TOTAL 2008 858 431 62 58 292 15 2009 1616 1052 79 131 335 19 2007 17 9 ndash 8 ndash ndash Argentina 2008 27 15 ndash 8 4 ndash 2009 45 30 1 10 4 ndash 2007 19 16 ndash 1 2 ndash Chile 2008 6 4 2 ndash ndash ndash 2009 1 1 ndash ndash ndash ndash 2007 121 87 9 12 11 2 Espanha 2008 239 127 16 14 79 3 2009 549 363 25 52 102 7 2007 2 ndash 1 ndash 1 ndash Greacutecia 2008 5 4 ndash ndash 1 ndash 2009 14 11 ndash 1 2 ndash 2007 46 39 1 ndash 6 ndash Itaacutelia 2008 80 69 1 2 7 1 2009 163 139 3 2 18 1 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2008 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2009 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Mercosul 2008 4 4 ndash ndash ndash ndash 2009 28 21 ndash 5 2 ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Paraguai 2008 2 2 ndash ndash ndash ndash 2009 4 4 ndash ndash ndash ndash 2007 259 136 22 22 68 11 Portugal 2008 470 195 43 26 196 10 2009 778 453 49 60 205 11 2007 18 6 ndash 11 ndash 1 Uruguai 2008 25 11 ndash 8 5 1 2009 34 30 1 1 2 ndash

FONTE MPSSEAssessoria de Assuntos Internacionais

96

Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo

paiacuteses acordantes - 20012003

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20012003

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2001 148 37 8 17 86 ndash TOTAL 2002 368 146 18 19 182 3 2003 444 232 25 25 162 ndash 2001 2 ndash 1 1 ndash ndash Argentina 2002 5 2 ndash 3 ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 2 2 ndash ndash ndash ndash Chile 2002 2 1 ndash ndash 1 ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash 2001 27 14 3 2 8 ndash Espanha 2002 106 71 5 4 26 ndash 2003 201 128 7 20 46 ndash 2001 1 ndash ndash ndash 1 ndash Greacutecia 2002 4 1 ndash 2 1 ndash 2003 7 5 1 ndash 1 ndash 2001 3 1 ndash ndash 2 ndash Itaacutelia 2002 17 16 1 ndash ndash ndash 2003 19 15 1 ndash 3 ndash 2001 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2002 3 3 ndash ndash ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 105 19 4 7 75 ndash Portugal 2002 224 52 12 3 154 3 2003 215 82 16 5 112 ndash 2001 8 1 ndash 7 ndash ndash Uruguai 2002 7 ndash ndash 7 ndash ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash

FONTE DATAPREV SUB

97

ANEXO 3

JURISPRUDEcircNCIA

ACOacuteRDAtildeO 1

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20067110006064-5RS

RELATOR Juiz Federal GUILHERME PINHO MACHADO

APELANTE JUAN MARIO LOPES BARBOZA

ADVOGADO Jose Ricardo Caetano Costa

APELADO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria Regional da PFE-INSS

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilOCONTRIBUICcedilAtildeO ACORDO PREVIDENCIAacuteRIO ENTRE BRASIL E URUGUAI COcircMPUTO DE TEMPO DE SERVICcedilO ANTERIOR AO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 57222006 INCIDEcircNCIA DOS ARTS V E VII DO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 8524880 AUSEcircNCIA DE IRREGULARIDADE NA CONDUTA DO INSS RETARDO NO ATENDIMENTO DO PEDIDO DECORREcircNCIA DA NECESSIDADE DE OBTENCcedilAtildeO DE PARECER DA INSTITUICcedilAtildeO PREVIDENCIAacuteRIA ALIENIacuteGENA

1 Em 27 de janeiro de 1977 foi assinado em Montevideacuteu o Acordo de Previdecircncia Social entre os Governos do Brasil e do Uruguai que teve seu texto aprovado pelo Decreto Legislativo nordm 6778 e promulgado pelo Decreto Presidencial nordm 852481980 publicado em 15101980 2 Posteriormente foi celebrado em 15121997 o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum e seu Regulamento Administrativo contendo o respectivo Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o qual entrou em vigor no plano internacional em 01062005 tendo sido promulgado no Brasil por intermeacutedio do Decreto Presidencial nordm 57222006 publicado em 13032006 3 Sendo os periacuteodos controvertidos anteriores agrave vigecircncia do Acordo de Seguridade Social do Mercosul natildeo tem aplicabilidade por decorrecircncia tal regramento na espeacutecie na forma dos arts 8ordm e 17 do Decreto Presidencial nordm 57222006 4 O direito invocado pelo autor assim deve ser examinado agrave luz dos artigos V e VII do Decreto Presidencial nordm 8524880 que promulga o Acordo de Previdecircncia Social celebrado entre Brasil e Uruguai devendo o cocircmputo dos periacuteodos trabalhados nos signataacuterios ser regido pela legislaccedilatildeo do paiacutes onde tenham sido realizados os respectivos serviccedilos sendo que caberaacute agrave entidade gestora do paiacutes em que natildeo foi apresentado o pedido de aposentadoria informar se o interessado comprova os periacuteodos de atividades cumpridos em seu territoacuterio informaccedilatildeo essa a ser prestada agrave entidade similar do paiacutes em que feito o pedido de concessatildeo de benefiacutecio

98

5 Nesse contexto natildeo haacute falar em desiacutedia ou ineficiecircncia do INSS no atendimento do requerimento do autor uma vez que o retardo para anaacutelise do pedido decorrente da necessidade de se obter a teor do acordo internacional que regula a mateacuteria parecer da respectiva instituiccedilatildeo de previdecircncia alieniacutegena

ACOacuteRDAtildeO 2

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 0000395-6720104049999SC

RELATOR Des Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO ARI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA PREVIDENCIAacuteRIO PROCESSUAL CIVIL AGRAVO RETIDO IMPROVIDO CONCESSAtildeO DE APOSENTADORIA POR IDADE RURAL SEGURADO ESPECIAL REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR EXERCIacuteCIO NO PARAGUAI CAREcircNCIA Segundo prevecirc o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o periacuteodo de labor rural exercido em outro paiacutes in casu no Paraguai natildeo eacute haacutebil para caracterizaccedilatildeo de lapso carencial quando ausente a certificaccedilatildeo do labor pelo outro Estado signataacuterio

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia 6ordf Turma do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por maioria negar provimento ao agravo retido extinguir o feito sem julgamento de meacuterito e julgar prejudicada a apelaccedilatildeo do INSS e a remessa oficial vencido o Juiz Federal Loraci Flores de Lima nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 10 de agosto de 2010

Desembargador Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA Relator

99

ACOacuteRDAtildeO 3

APELACcedilAtildeOREEXAME NECESSAacuteRIO Nordm 20047104009576-7RS

RELATOR Des Federal LUIacuteS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE

APELANTE ENRIQUE MANUEL EIRAS MAYO

ADVOGADO Igor Loss da Silva

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO (Os mesmos)

REMETENTE JUIacuteZO SUBSTITUTO DA 02A VF DE PASSO FUNDO

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilO CONCESSAtildeO RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL COMPROVACcedilAtildeO CONVERSAtildeO TEMPO DE SERVICcedilO NO EXTERIOR (REPUacuteBLICA ARGENTINA) ACORDO BILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL (DECRETO Ndeg 8791882) TEMPUS REGIT ACTUM ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL (DECRETO Ndeg 572206) APLICACcedilAtildeO A ATOS JURIacuteDICOS FUTUROS POSSIBILIDADE TOTALIZACcedilAtildeO DOS PERIacuteODOS DE CONTRIBUICcedilAtildeO POSSIBILIDADE CAacuteLCULO DE RMI PROPORCIONALIDADE BENEFIacuteCIO EVENTUALMENTE COMPOSTO DE DUAS PARCELAS SE SATISFEITOS OS REQUISITOS EM AMBOS OS PAIacuteSES DETERMINACcedilAtildeO DA CONCESSAtildeO DO BENEFIacuteCIO NA ARGENTINA IMPOSSIBILIDADE TRAcircMITE DE PEDIDO DE APOSENTADORIA PELOS ORGANISMOS DE LIGACcedilAtildeO 1 Uma vez exercida atividade enquadraacutevel como especial sob a eacutegide da legislaccedilatildeo que a ampara o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal e ao acreacutescimo decorrente da sua conversatildeo em tempo de serviccedilo comum no acircmbito do Regime Geral de Previdecircncia Social A Lei nordm 971198 e o Regulamento Geral da Previdecircncia Social aprovado pelo Decreto nordm 3048 de 06-05-1999 resguardam o direito adquirido de os segurados terem convertido o tempo de serviccedilo especial em comum ateacute 28-05-1998 observada para fins de enquadramento a legislaccedilatildeo vigente agrave eacutepoca da prestaccedilatildeo do serviccedilo 2 Ateacute 28-04-1995 eacute admissiacutevel o reconhecimento da especialidade por categoria profissional ou por sujeiccedilatildeo a agentes nocivos aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruiacutedo) a partir de 29-04-1995 natildeo mais eacute possiacutevel o enquadramento por categoria profissional devendo existir comprovaccedilatildeo da sujeiccedilatildeo a agentes nocivos por qualquer meio de prova ateacute 05-03-1997 e a partir de entatildeo e ateacute 28-05-1998 por meio de formulaacuterio embasado em laudo teacutecnico ou por meio de periacutecia teacutecnica 3 Nos termos do que preconiza a regra do tempus regit actum tendo o segurado laborado na Argentina entre a deacutecada de 60 e 70 bem como datando o requerimento administrativo de 2000 deve-se aplicar o Decreto ndeg 8791882 para

100

fins de verificaccedilatildeo do seu direito agrave contagem do tempo laborado no exterior bem como agrave concessatildeo de aposentadoria por tempo de serviccedilo no Brasil 4 Aplicaccedilatildeo do Decreto ndeg 572206 quanto a questotildees de procedimentos ainda pendentes ressaltando-se natildeo se tratar de aplicaccedilatildeo retroativa porque referente a atos ainda inocorridos estando desde jaacute ressalvados os direitos adquiridos 5 A verificaccedilatildeo do direito agrave aposentadoria em cada Estado Acordante se daraacute com a soma (totalizaccedilatildeo nos termos do Decreto ndeg 8791882) dos periacuteodos laborados em cada um dos paiacuteses como se os periacuteodos de seguro totalizados houvessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo (art VIII a do Decreto ndeg 8791882) Eacute possiacutevel que o segurado possua quando do requerimento de concessatildeo apenas direito agrave aposentadoria em um dos Estados Acordantes o que natildeo impede a concessatildeo proporcional 6 Os valores corresponde a cada entidade gestora (Brasil e Argentina) seratildeo resultantes da proporccedilatildeo estabelecida entre o periacuteodo totalizado e o tempo cumprido sob a legislaccedilatildeo de seu proacuteprio Estado vedada a concessatildeo de benefiacutecio com valor inferior a um salaacuterio miacutenimo (art XII a do Decreto ndeg 8791882 bem como do art 201 sect 2deg) 7 Natildeo eacute de competecircncia deste juiacutezo verificar o direito do autor agrave aposentadoria na Repuacuteblica Argentina pela impossiacutevel de sua condenaccedilatildeo ao pagamento em decorrecircncia das imunidades de jurisdiccedilatildeo e execuccedilatildeo insuperaacuteveis no caso O proacuteprio Acordo Bilateral de Seguridade Social do Brasil e da Argentina (Decreto ndeg 8791882) determina que o exame de meacuterito - do direito agrave aposentadoria - caberaacute independentemente a cada Estado Acordante natildeo se podendo questionar a decisatildeo de aposentadoria 8 O tracircmite do pedido de aposentadoria na Argentina deve ocorrer atraveacutes dos Organismos de Ligaccedilatildeo (Art 1 d do Decreto ndeg 572206 cc art 2 ndeg 3 da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) com o estabelecimento de regras para 9apresentaccedilatildeo por meio deles de solicitaccedilotildees ao outro paiacutes Acordante quanto agraves prestaccedilotildees pecuniaacuterias (Tiacutetulo VI da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade determinar a implantaccedilatildeo do benefiacutecio dar parcial provimento ao apelo do autor parcial provimento ao apelo do INSS e parcial provimento agrave remessa oficial nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 11 de fevereiro de 2010

Desembargador Federal Luiacutes Alberto dAzevedo Aurvalle Relator

101

ACOacuteRDAtildeO 4

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC

RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO NELSI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA 1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

Porto Alegre 12 de janeiro de 2010

LORACI FLORES DE LIMA

Relator

102

ANEXO 4

Formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo do

Deslocamento Temporaacuterio

103

104

105

106

107

108

109

110

111

112

Page 7: A PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA PREVISTA NO ACORDO …

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1 Demonstrativo das autorizaccedilotildees de trabalhos concedidas a pessoas dos Estados Partes do MERCOSUL 28

Tabela 2 Resumo da anaacutelise dos sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL 43

Tabela 3 ndash Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social 52

Quadro 1 Demonstrativo de algumas assimetrias no bloco 25

Quadro 2 Organismos de Ligaccedilatildeo no Brasil para acordos com outros paiacuteses 66

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO 1 13 1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES 13 11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO 13 12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL 16

121 Fases da Integraccedilatildeo 16 122 Antecedentes Histoacutericos 18 123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais 21 13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL 24

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas 26 132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL 32 CAPIacuteTULO 2 44 2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 44

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL 48 23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE

SOCIAL 51 24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 53 241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral 56

CAPIacuteTULO 3 60

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL NO MERCOSUL 60

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 62

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS 64

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 69

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade Social 74

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios 74 333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo 76

CONCLUSAtildeO 80

REFEREcircNCIAS 83

ANEXOS 93

Ao Emerson pelo incentivo ao estudo Aos professores Marco Antocircnio Ceacutesar Villatore e Lenir Mainardes da Silva pela colaboraccedilatildeo tatildeo valiosa na conclusatildeo deste trabalho

Agrave minha orientadora Lucia Cortes da Costa pela disposiccedilatildeo atenccedilatildeo e rigor no acompanhamento e construccedilatildeo do trabalho

Ao meu pai matildee irmatilde e irmatildeo que satildeo fontes de estiacutemulos para continuar sempre lutando

10

INTRODUCcedilAtildeO

Com o desenvolvimento da sociedade internacional e a intensificaccedilatildeo das

relaccedilotildees entre os Estados os Tratados e os Acordos se converteram na fonte

principal do Direito Internacional e assumem atualmente a funccedilatildeo similar agrave que eacute

exercida pela legislaccedilatildeo interna dos Estados pois regula as relaccedilotildees legais mais

diversas entre paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais nos campos mais variados das

relaccedilotildees humanas

O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo econocircmica e o surgimento de sistemas

regionais de integraccedilatildeo fizeram crescer de forma acentuada o fluxo migratoacuterio de

matildeo de obra para os mais diversos paiacuteses em busca de boas oportunidades

profissionais e de melhores condiccedilotildees de vida

O Brasil conta com uma grande quantidade de cidadatildeos que natildeo habitam e

natildeo exercem suas atividades laborais em seu territoacuterio nacional da mesma forma

que recebe muitos trabalhadores provenientes de outros paiacuteses

Todo este movimento traz como consequecircncia o fato de que muitos

migrantes ao contribuir para sistemas previdenciaacuterios de diversos paiacuteses

eventualmente natildeo completem os requisitos para conseguir sua aposentadoria ou

para obter outros benefiacutecios contando somente o tempo de contribuiccedilatildeo de um dos

paiacuteses nos quais trabalhou

Na esfera da seguridade social temos que destacar a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) sobre igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros a qual foi aprovada pelo Brasil em 24 de agosto de 1968

No artigo 7ordm da Convenccedilatildeo se estabelece que os paiacuteses signataacuterios teratildeo de se

esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento de direitos de

seguridade social Este sistema deve principalmente prever a totalizaccedilatildeo dos

periacuteodos de trabalho para a contabilizaccedilatildeo previdenciaacuteria de trabalho ou residecircncia

os de aquisiccedilatildeo manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de direitos bem como para o caacutelculo

das aposentadorias Desta forma eacute indispensaacutevel por em praacutetica poliacuteticas puacuteblicas

para a consecuccedilatildeo de tais direitos

No presente trabalho apresenta-se um estudo sobre o Acordo Multilateral de

Seguridade Social no MERCOSUL em virtude da perspectiva da livre circulaccedilatildeo de

trabalhadores no bloco atraveacutes do desenvolvimento de sua dimensatildeo social e a

11

internacionalizaccedilatildeo dos sistemas de previdecircncia social que passam a ter um papel

importante para viabilizaccedilatildeo de todo esse processo

Na pesquisa o objeto problematizado foi a proteccedilatildeo previdenciaacuteria prevista

no Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL qual a garantia em

relaccedilatildeo agrave manutenccedilatildeo da renda para os trabalhadores que durante sua vida de

trabalho vinculem-se a mais de um sistema previdenciaacuterio dentro do bloco regional

Para desenvolver a pesquisa a metodologia utilizada foi qualitativa

pesquisa documental bibliograacutefica e baseada em decisotildees judiciais

O texto foi dividido em trecircs capiacutetulos o primeiro aborda as informaccedilotildees

referentes agrave integraccedilatildeo regional e seus impasses como a construccedilatildeo do

MERCOSUL e assimetrias no bloco regional Retrata as dificuldades do processo de

integraccedilatildeo ocorrido entre os paiacuteses que hoje compotildeem o MERCOSUL

Neste capiacutetulo a investigaccedilatildeo parte da anaacutelise do Tratado de Assunccedilatildeo

documento marco na constituiccedilatildeo do MERCOSUL abordando as fases de

integraccedilatildeo econocircmica para o Mercado Comum do Sul quais sejam a zona de livre

comeacutercio uniatildeo aduaneira e mercado comum

O segundo capiacutetulo apresenta o processo de celebraccedilatildeo de acordos

internacionais que tratam de mateacuteria previdenciaacuteria como um fruto do fenocircmeno da

globalizaccedilatildeo e do aumento do fluxo migratoacuterio Os acordos internacionais satildeo

instrumentos que expressam a vontade dos Estados em texto escrito com o

objetivo de originar efeitos juriacutedicos na aacuterea internacional onde constam os direitos

e as obrigaccedilotildees reciacuteprocas

Diante disso foi assinado o Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL no dia 15 de dezembro de 1997 e que entrou em vigor em 2005 cujas

legislaccedilotildees no Brasil satildeo o Decreto Legislativo nordm 451 de 15 de novembro de 2001

e o regulamento Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo de 2006

A importacircncia social deste Acordo desponta a partir do momento que o

trabalhador dificilmente tem a possibilidade de optar por um tipo de viacutenculo de

trabalho em regra tendo apenas a preocupaccedilatildeo de obter e manter um emprego O

problema de como manter a renda do trabalhador na inatividade apresenta-se na

hora de se aposentar momento em que natildeo sabe como proceder e nem a quem

recorrer principalmente se transitou por paiacuteses com diferentes sistemas

previdenciaacuterios

12

A partir daiacute apresentamos os Acordos bilaterais de Previdecircncia Social

realizados pelo Brasil e especialmente o Acordo Multilateral de Seguridade Social

no MERCOSUL

Jaacute a partir do terceiro capiacutetulo passamos a analisar a aacuterea previdenciaacuteria

dentro dos objetivos inicialmente aspirados por Brasil Argentina Paraguai Uruguai

a partir das normas operacionais para eficaacutecia do Acordo Multilateral de Previdecircncia

Social Analisamos o Regulamento administrativo abordamos os oacutergatildeos de ligaccedilatildeo

e os processamentos de informaccedilotildees sobre os trabalhadores cobertos pelo Acordo

assim como a forma de solicitaccedilatildeo de benefiacutecios totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de tempo

de contribuiccedilatildeo e as normas operacionais voltadas agraves empresas e aos trabalhadores

no deslocamento temporaacuterio de trabalhadores nos paiacuteses pertencentes ao bloco

13

CAPIacuteTULO 1

1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES

11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO

O Mercado Comum do Sul MERCOSUL desenvolveu-se por fases de

integraccedilatildeo e atualmente eacute uma Uniatildeo Aduaneira e seu objetivo eacute evoluir agrave condiccedilatildeo

de Mercado Comum Muito embora o Tratado de Assunccedilatildeo seja um acordo

internacional de cunho marcadamente econocircmico sua assinatura significou um

projeto estrateacutegico regional em que os alicerces que enquadram as relaccedilotildees entre

os Estados Partes representa acima de tudo um acordo poliacutetico

O MERCOSUL pode ser considerado um fator de estabilidade na regiatildeo

pois gera uma trama de interesses e relaccedilotildees que torna mais profundas as ligaccedilotildees

entre os paiacuteses tanto econocircmicas quanto poliacuteticas

Os responsaacuteveis poliacuteticos as burocracias estatais os trabalhadores e os

empresaacuterios tecircm no MERCOSUL um acircmbito de discussatildeo de muacuteltiplas e complexas

facetas em que podem ser abordados assuntos de interesse comum1

De acordo com More a regionalizaccedilatildeo pode ser compreendida como segue

Regionalizaccedilatildeo pode ser definida numa oacutetica econocircmica como o conjunto de medidas tomadas pelo Estado para aumentar ou diminuir os obstaacuteculos agraves trocas aos investimentos aos fluxos de capitais e aos movimentos de fatores entre os grupos de paiacuteses envolvidos Numa perspectiva juriacutedica eacute o fenocircmeno resultante da composiccedilatildeo dos interesses econocircmicos atraveacutes de acordos internacionais que visam delimitar e fixar positivamente os objetivos e os meios de realizaccedilatildeo destes interesses

2

Para Praxedes e Piletti3 regionalizaccedilatildeo e globalizaccedilatildeo satildeo dois processos

simultacircneos que estatildeo ocorrendo no mundo atual Enquanto a globalizaccedilatildeo consiste

no processo de dissoluccedilatildeo das fronteiras entre os paiacuteses para facilitar a atuaccedilatildeo

1 Sobre o MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwmercosurorguygt Acesso em 10032010

2 MORE Rodrigo Fernandes Fundamentos das Operaccedilotildees de Paz das Naccedilotildees Unidas e a

Questatildeo de Timor Leste Dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo de tiacutetulo de mestre em direito na Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo Biblioteca da Faculdade de Direito da USP 2002

3 PRAXEDES Walter PILETTI Nelson O Mercosul e a Sociedade Global 8 ed Satildeo Paulo

Aacutetica 1997 p 58

14

das empresas transnacionais a regionalizaccedilatildeo consiste na formaccedilatildeo de blocos

regionais para defender as empresas jaacute instaladas na regiatildeo contra a concorrecircncia

de empresas de outras regiotildees ou paiacuteses

Apesar de estes dois movimentos interagirem natildeo deixam de ser

contraditoacuterios jaacute que a globalizaccedilatildeo aposta na livre circulaccedilatildeo em niacutevel mundial

enquanto a regionalizaccedilatildeo une paiacuteses para fortalecer geralmente com praacuteticas

protecionistas quando se trata de comeacutercio exterior4

De acordo com Kol5 citado por More

6 observamos que existem pelo menos

trecircs modalidades de regionalismo em relaccedilatildeo ao desenvolvimento do comeacutercio

mundial formaccedilatildeo de blocos regionalismo e polarizaccedilatildeo

A formaccedilatildeo de blocos refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo do comeacutercio

internacional entre paiacuteses membros de um acordo formal de livre comeacutercio ou outro

acordo formal de integraccedilatildeo econocircmica O Regionalismo que expressa vontade

poliacutetica dos Estados refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo de comeacutercio

internacional entre paiacuteses que satildeo parte de um grupo de Estados com

predominacircncia do elemento de proximidade geograacutefica

Nesta perspectiva a regionalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno natural diretamente

ligado ao fator proximidade geograacutefica tal como ocorre entre zonas fronteiriccedilas E

finalmente a polarizaccedilatildeo apresenta-se como um caso especial de regionalismo

entre paiacuteses em diferentes estaacutegios de desenvolvimento Eacute uma relativa

concentraccedilatildeo de comeacutercio internacional de um grupo de estados em

desenvolvimento com um grupo de Estados industrializados em proximidade

geograacutefica

Percebe-se desta classificaccedilatildeo de Kol que o termo regionalizaccedilatildeo eacute distinto

do termo regionalismo Para a proposta de Kol o fenocircmeno de regionalizaccedilatildeo

explica movimentos naturais da economia que ao longo do tempo foram a proacutepria

razatildeo do aprofundamento e alargamento dos processos de integraccedilatildeo pelos de

4 PEREIRA Joseacute Adriano Mercosul em Movimento II In Liberalismo econocircmico e processo de

integraccedilatildeo na Ameacuterica Latina Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 p 100 5 Estudioso da Integraccedilatildeo Econocircmica Internacional na Universidade Erasmus de Rotterdan

6 KOL Jacob Regionalization Polarization and Blocformation in the World Economy Revista

Integraccedilatildeo e especializaccedilatildeo Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Coimbra 1996 p 17 apud MORE Rodrigo Fernandes Integraccedilatildeo econocircmica Internacional Jus Navigandi Teresina ano 6 n 59 outubro 2002 Disponiacutevel em lthttpjusuolcombrrevistatexto3307integracao-economica-internacionalgt Acesso em 24102010

15

acordos formais seja para formaccedilatildeo de aacutereas de livre comeacutercio bilaterais ou de

proacutepria formaccedilatildeo de blocos econocircmicos

No mesmo sentido Ana Maria Stuart entende regionalismo como construccedilatildeo

de uma nova dimensatildeo poliacutetica econocircmica e social na qual se processa a

transformaccedilatildeo do Estado-naccedilatildeo em especial de seus atributos de autonomia e

soberania e regionalizaccedilatildeo eacute a integraccedilatildeo com base crescente de interdependecircncia

econocircmica e na resoluccedilatildeo dos problemas colocados pelos mercados7

Soares aponta que a constituiccedilatildeo de um mercado comum afina as relaccedilotildees

comerciais poliacuteticas cientiacuteficas acadecircmicas culturais e tem como dentre outras

as seguintes vantagens

- maior variedade de bens finais agrave disposiccedilatildeo dos consumidores o que representa um incremento em seu bem estar maior concorrecircncia que implica entre outras coisas maior qualidade dos bens e serviccedilos oferecidos menores preccedilos e uma atribuiccedilatildeo de recursos mais eficiente uma importante economia de recursos que inicialmente se destinam agraves reparticcedilotildees aduaneiras - melhor atribuiccedilatildeo de recursos - reduccedilatildeo dos custos de transporte e comunicaccedilatildeo pela integraccedilatildeo fiacutesica dos Estados Partes que contempla o MERCOSUL

8

Ocorre que o processo de integraccedilatildeo natildeo pode se resumir a uma integraccedilatildeo

com conotaccedilatildeo apenas econocircmica pois para dar certo a economia haacute

envolvimento de trabalhadores e portanto o processo de integraccedilatildeo deve viabilizar

uma integraccedilatildeo em todos os seus aspectos econocircmico poliacutetico e tambeacutem e tatildeo

importante o aspecto social Neste sentido ainda comenta Soares9 que a

participaccedilatildeo dos Estados eacute decisiva para a integraccedilatildeo dos blocos econocircmicos

visando ao processo poliacutetico para a criaccedilatildeo do mercado dentro de paracircmetros

democraacuteticos

As relaccedilotildees poliacuteticas internacionais e a formaccedilatildeo dos blocos econocircmicos

vecircm a ser uma estrateacutegia organizada pelos Estados O MERCOSUL constitui-se

7 STUART Ana Maria A construccedilatildeo de um novo regionalismo In MENDES Jussara Maria Rosa

et al (Orgs) Mercosul em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 107

8 SOARES Maacuterio Luacutecio Quintatildeo MERCOSUL direitos humanos globalizaccedilatildeo e soberania Belo

Horizonte Del Rey 1997 p 86 9 Ibid

16

como um bloco intergovernamental que resulta de decisatildeo poliacutetica dos governos

dos Estados Partes na busca pela integraccedilatildeo regional10

Estudando a formaccedilatildeo e o desenvolvimento do MERCOSUL observamos

que para que uma integraccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria vontade poliacutetica nas questotildees de

desenvolvimento social promoccedilatildeo de intercacircmbio cultural e laboral preocupaccedilatildeo

quanto agraves questotildees de direitos humanos seguridade social entre outras

12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL

121 Fases da Integraccedilatildeo

No dia 30 de novembro de 1985 Argentina e Brasil inauguram um novo

esquema de integraccedilatildeo mediante a Declaraccedilatildeo de Iguaccedilu com a qual inicia uma

comissatildeo mista de alto niacutevel integrada por representantes dos governos e

instituiccedilotildees empresariais cujos trabalhos deram lugar agrave assinatura da Ata para

integraccedilatildeo argentino-brasileira de 29 de julho de 1986 A Ata estabeleceu um

programa de Integraccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo econocircmica entre as duas repuacuteblicas

Segundo Jaeger Junior11

ldquonascia nesse momento o embriatildeo do bloco regional do

Cone Sulrdquo

Em 1988 eacute assinado o Tratado de Integraccedilatildeo Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento entre Brasil e Argentina que se deve ao fato de buscar um espaccedilo

econocircmico comum a ser concretizado na eliminaccedilatildeo de todas as restriccedilotildees tarifaacuterias

e natildeo-tarifaacuterias ao comeacutercio de bens e serviccedilos A inflaccedilatildeo que accediloitou ambos os

paiacuteses em 1989 e 1990 e o fracasso de seus respectivos planos econocircmicos

austral e cruzado desembocaram para que uma vez mais as poliacuteticas comerciais

voltassem a ser restritivas estancando-se os avanccedilos da integraccedilatildeo regional12

10

COSTA Lucia Cortes da Poliacuteticas sociais no MERCOSUL desafios para uma integraccedilatildeo regional com reduccedilatildeo das desigualdades sociais In COSTA Lucia Cortes da (Org) Estado e democracia Pluralidade de questotildees Ponta Grossa Ed UEPG 2008 p 139

11 JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 1999 Disponiacutevel em ltwwwbuscalegisufscbrmercosul20e20a20livrelaccedilatildeogt Acesso em 20092010 p 30

12 KUME Honoacuterio PIANI Guida Mercosul o dilema entre uniatildeo aduaneira e aacuterea de livre-comeacutercio

Revista Economia Poliacutetica Satildeo Paulo v 25 n 4 OctDec 2005

17

Com as mudanccedilas de governo que se produziram e novos enfoques poliacutetico-

econocircmicos com objetivos similares entre os que cabiam a desregulaccedilatildeo e abertura

de suas economias o processo se revitalizou assinando-se a ata de Buenos Aires

em julho de 1990 que decide estabelecer um mercado comum entre os dois paiacuteses

Outro passo a mais foi a assinatura do Acordo de Complementaccedilatildeo

Econocircmica nuacutemero 14 que reuacutene num uacutenico corpo todos os acordos vigentes antes

celebrados entre os Brasil e Argentina adota o programa de rebaixas alfandegaacuterias

gerais lineares e automaacuteticas previsto e adota uma seacuterie de outras medidas

complementares recolhidas depois no Tratado de Assunccedilatildeo do qual o acordo

Argentina-Brasil eacute claro procedente imediato13

O Tratado de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 aproveita todos os

embasamentos estabelecidos no Acordo Argentina ndash Brasil somando-se aos

propoacutesitos de estabelecer um Mercado Comum do Sul Paraguai e Uruguai em

igualdade de direitos e de obrigaccedilotildees A integraccedilatildeo regional apresenta-se sob

diferentes fases como a zona de livre comeacutercio uniatildeo aduaneira mercado comum

uniatildeo econocircmica e monetaacuteria e integraccedilatildeo econocircmica total

Inicialmente no processo de integraccedilatildeo haacute a fase de Zona de Livre

Comeacutercio De acordo com Jaeger Junior14

a ldquozona de livre comeacutercio eacute a eliminaccedilatildeo

atraveacutes de um acordo dos obstaacuteculos tarifaacuterios e natildeo-tarifaacuterios agraves exportaccedilotildees e

importaccedilotildees comerciais dos produtos originaacuterios dos estados-membros integrantes

desta livre zonardquo Conforme o artigo 1ordm do Tratado de Assunccedilatildeo (1991) ldquoA livre

circulaccedilatildeo de bens serviccedilos e fatores produtivos entre os paiacuteses atraveacutes entre

outros da eliminaccedilatildeo dos direitos alfandegaacuterios e restriccedilotildees natildeo-tarifaacuterias agrave

circulaccedilatildeo de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalenterdquo

Em seguida haacute a fase da Uniatildeo Aduaneira em que os Estados Partes ao

reconhecerem as assimetrias entre as economias nacionais adotam uma tarifa

externa comum (TEC) em que ocorre a aboliccedilatildeo das tarifas alfandegaacuterias nas

relaccedilotildees comerciais no interior do bloco econocircmico que eacute aplicada aos paiacuteses fora

da uniatildeo15

13

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwreceitafazendagovbrlegislacaoacordosinternacionaisAcordosComplEconomicaDe

faulthtmgt Acesso em 10022011 14

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 38 15

Ibid

18

A fase posterior se daacute pela caracterizaccedilatildeo de Mercado Comum que aleacutem

da liberalizaccedilatildeo comercial estabelece a circulaccedilatildeo de pessoas serviccedilos e capitais

com liberdade fundamental sem barreiras para entrada ou saiacuteda dos cidadatildeos dos

Estados Partes Conforme Jaeger Junior16

eacute necessaacuteria nesta fase agrave adoccedilatildeo de

procedimentos quanto agrave

[] harmonizaccedilatildeo das questotildees trabalhistas e previdenciaacuterias incluindo a assistecircncia social Para os Estados Partes recebedores desse contingente de pessoas seratildeo necessaacuterias as garantias de manutenccedilatildeo da ordem da sauacutede e da seguranccedila puacuteblica

Essas liberdades eacute que permitiratildeo a consolidaccedilatildeo da integraccedilatildeo plena entre

os parceiros estatais envolvidos Neste mesmo contexto Costa17

afirma que eacute

preciso que se estabeleccedilam a harmonizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em diferentes aacutereas

entre as quais a legislaccedilatildeo trabalhista e a regulamentaccedilatildeo profissional e criar

mecanismos efetivos de aplicaccedilatildeo de direitos sociais os direitos trabalhistas e

previdenciaacuterios e tambeacutem a equivalecircncia nos diferentes niacuteveis de ensino como um

caraacuteter mais homogecircneo de serviccedilos educacionais

Ainda existe a fase da Uniatildeo Econocircmica e Monetaacuteria que ocorre quando o

mercado comum eacute combinado com a adoccedilatildeo de poliacutetica monetaacuteria e moeda uacutenica

Esta fase eacute caracterizada pela supressatildeo de restriccedilotildees sobre movimentos de

mercadorias combinada com a harmonizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas nacionais

tornando-as o mais semelhante possiacutevel18

Por fim a fase de Integraccedilatildeo Econocircmica

Total momento em que se passa a adotar uma poliacutetica monetaacuteria fiscal e social

para a unificaccedilatildeo de poliacuteticas de seguranccedila interior e exterior sendo a fase mais

profunda da integraccedilatildeo19

122 Antecedentes Histoacutericos

Apesar de jovem o MERCOSUL eacute o resultado de um processo lento de

16

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 357 17

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 33

18 JAEGER JUNIOR Op cit p 39

19 GOIN Marileacuteia O processo contraditoacuterio da educaccedilatildeo no contexto do MERCOSUL uma

anaacutelise a partir dos Planos Educacionais 2008 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Serviccedilo Social) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 45

19

amadurecimento histoacuterico que ao longo do tempo levou seus Estados Partes a

substituir o conceito de conflito pelo ideal de integraccedilatildeo20

Tal integraccedilatildeo

internacional de cunho significativamente econocircmico significou tambeacutem a coroaccedilatildeo

de um projeto estrateacutegico regional de natureza poliacutetica

Na deacutecada de 1980 o avanccedilo das ideias liberais a democratizaccedilatildeo dos

governos de vaacuterios paiacuteses por sendas constitucionais e o progressivo

desaparecimento dos governos militares geraram modificaccedilotildees importantes na

economia perderam terreno as poliacuteticas de auto-abastecimento e aumento do

comeacutercio sub-regional e introduziu-se em seu lugar a ideia de complementaccedilatildeo e

globalizaccedilatildeo das mesmas para otimizar a eficiecircncia no uso dos fatores e competir

melhor no comeacutercio mundial

Com a globalizaccedilatildeo e as expectativas no enfrentamento da nova realidade

econocircmica mundializada o Brasil a Argentina o Paraguai e o Uruguai

estabeleceram um pacto de se constituiacuterem em um bloco econocircmico regional

integrado por Estados da Ameacuterica do Sul formando o MERCOSUL

O MERCOSUL tem como fonte inspiradora algumas normas de instituiccedilatildeo

do Tratado de Montevideacuteu de 1960 criador da ALALC21

do Tratado de ROMA22

do

Tratado de Montevideacuteu de 1980 criador da ALADI23

e da Convenccedilatildeo do

BENELUX24

No Brasil a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 4ordm paraacutegrafo uacutenico

ao relacionar os princiacutepios que devem nortear as relaccedilotildees internacionais deixa clara

a intenccedilatildeo de buscar fortalecer a integraccedilatildeo dos povos na Ameacuterica Latina com o

intuito de formar uma comunidade latino-americana de naccedilotildees No entanto deixou

omisso qual o modelo de integraccedilatildeo a ser adotado ficando assim como uma mera

aspiraccedilatildeo poliacutetica do paiacutes em formar uma comunidade regional

20

Fonte extraiacuteda do site lthttpwwwclassificadosmercosulcombrmercosul_infomercosul01htmgt Acesso em 29022011

21 A Associaccedilatildeo Latino Americana de Livre Comeacutercio (ALALC) foi criada em fevereiro de 1960 e seu

Tratado encontra-se subscrito por Brasil Argentina Chile Uruguai Meacutexico Paraguai e Peru e posteriormente por Colocircmbia Equador e Venezuela tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

22 O Tratado de Roma assinado em 25 de marccedilo de 1957 influenciou na forma e nos propoacutesitos

estabelecidos na formaccedilatildeo do MERCOSUL 23

A Associaccedilatildeo Latino-Americana de Integraccedilatildeo (ALADI) foi constituiacuteda em substituiccedilatildeo agrave ALALC subscrita pelos paiacuteses membros dessa integraccedilatildeo em 12 de agosto de 1980 tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

24 A Convenccedilatildeo do BENELUX foi firmada em Londres em 5 de setembro de 1944 e ampliada pelo

Protocolo da Haia de 14 de marccedilo de 1947 entre os Estados da Beacutelgica Luxemburgo e os Paiacuteses Baixos os quais pretendiam atingir a etapa de uma integraccedilatildeo de uniatildeo econocircmica

20

A efetivaccedilatildeo do MERCOSUL se deu pela assinatura do Tratado de

Assunccedilatildeo em 26 de marccedilo de 1991 pelas Repuacuteblicas da Argentina do Brasil do

Paraguai e do Uruguai constituindo-se em uma estrateacutegia defensiva da Ameacuterica

Latina frente aos paiacuteses desenvolvidos objetivando o fortalecimento de sua

economia como mecanismo de defesa frente ao projeto da ALCA25

dando a estes

paiacuteses um melhor posicionamento no cenaacuterio mundial

Pelo consenso entre os Estados Partes o MERCOSUL busca adesatildeo de

novos membros com o objetivo de fortalecer o processo de integraccedilatildeo regional e

intensificar as relaccedilotildees com os paiacuteses membros da ALADI Associaccedilatildeo Latino-

Americana de Integraccedilatildeo Os Estados associados do MERCOSUL tecircm como

paiacuteses participantes a Boliacutevia o Chile o Peru a Colocircmbia e o Equador

Boliacutevia Equador Colocircmbia e Peru integram a Comunidade Andina (CAN)

bloco com que o MERCOSUL tambeacutem firmaraacute um acordo comercial26

O status de

membro associado se estabelece por acordos bilaterais denominados Acordos de

Complementacatildeo Econocircmica firmados entre o MERCOSUL e cada paiacutes associado

Em processo de inclusatildeo como membro efetivo do bloco estaacute a Venezuela mas

para que um paiacutes integre o bloco como membro efetivo eacute necessaacuterio que todos os

Estados Partes ratifiquem de maneira unacircnime a entrada deste no bloco

A Venezuela ratificou o protocolo de entrada em 4 de julho de 2006 Em

2005 na XXIX Conferecircncia do MERCOSUL em Montevideacuteu outorgou-se em status

de Estado membro em processo de adesatildeo que na praacutetica significa que tinha voz

mas natildeo voto27

Para a efetivaccedilatildeo da Venezuela no Bloco soacute falta a aprovaccedilatildeo do

Paraguai pois o Brasil a Argentina e o Uruguai jaacute aprovaram o protocolo de

adesatildeo28

25

ALCA ndash Aacuterea de Livre Comeacutercio das Ameacutericas As origens da ALCA remontam ao ano de 1990 quando o entatildeo presidente George Bush lanccedila a ldquoIniciativa para as Ameacutericasrdquo uma proposta de liberalizaccedilatildeo do comeacutercio hemisfeacuterico e de eliminaccedilatildeo das restriccedilotildees para os investimentos das mega-empresas norte-americanas que criaria um espaccedilo privilegiado de ampliaccedilatildeo das fronteiras econocircmicas dos Estados Unidos A ALCA eacute tambeacutem uma iniciativa que procura consolidar uma zona monetaacuteria para o doacutelar e contrabalanccedilar o impacto da formaccedilatildeo de outros grandes blocos regionais na Europa e na Aacutesia

26 Fonte extraiacuteda do site lthttpestudeonlinenetrevisao_detalheaspxcod=461gt Acesso em

29032011 27

Ibid 28

Conforme Folha Online (2009) o Paraguai natildeo aprovou a entrada da Venezuela por analisar que o Presidente Hugo Chaacutevez coloca em risco a democracia do bloco que se constitui como princiacutepio inerente para o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional conforme Protocolo de Ushuaia de julho de 1998 Disponiacutevel em lthttpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u666908shtmlgt Acesso em 20092010

21

Entretanto isto eacute uma questatildeo de tempo porque trecircs paiacuteses jaacute aceitaram

123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais

O MERCOSUL objetiva a integraccedilatildeo dos paiacuteses no sentido da expansatildeo do

mercado interno da ampliaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo da circulaccedilatildeo de riquezas

Com isso pretende o transbordamento das perspectivas de crescimento que deve

ocorrer em harmonia por meio das competiccedilotildees empresariais elevando o niacutevel de

emprego propiciando a melhoria das condiccedilotildees de vida e o desenvolvimento social

dos povos29

Em 1991 o Tratado de Assunccedilatildeo estabeleceu apenas uma estrutura

institucional provisoacuteria que natildeo conferia personalidade juriacutedica ao MERCOSUL uma

vez que seus oacutergatildeos eram totalmente dependentes dos Estados Partes Assim em

decorrecircncia das intensas negociaccedilotildees os Estado Partes decidiram a partir da

entrada em vigor do Protocolo de Ouro Preto assinado em dezembro de 1994

atribuir ao MERCOSUL personalidade juriacutedica de Direito Puacuteblico Internacional

conforme o previsto nos artigos 34 e 35 do referido protocolo30

Portanto o MERCOSUL dispotildee de personalidade juriacutedica de Direito

Internacional desde a assinatura do Protocolo de Ouro Preto (artigo 34) A

titularidade da personalidade juriacutedica do MERCOSUL eacute exercida pelo Conselho do

Mercado Comum (artigo 8ordm III) O Grupo Mercado Comum pode negociar por

delegaccedilatildeo expressa do Conselho do Mercado Comum acordos em nome do

MERCOSUL com paiacuteses terceiros grupos de paiacuteses e organismos internacionais

(artigo 14 VII)

Suas principais fontes juriacutedicas satildeo o Tratado de Assunccedilatildeo e instrumentos

adicionais ou complementares as Decisotildees do Conselho do Mercado Comum as

Resoluccedilotildees do Grupo Mercado Comum e as Diretrizes da Comissatildeo de Comeacutercio31

29

MAGALHAES Maria Luacutecia Cardoso de A harmonizaccedilatildeo dos Direitos Sociais e o MERCOSUL Belo Horizonte Editora Revista dos Tribunais 2000 p 59

30 Art 34 do Protocolo de Ouro Preto ldquoO Mercosul teraacute personalidade juriacutedica internacionalrdquo Art 35

ldquoO Mercosul poderaacute no uso de suas atribuiccedilotildees praticar todos os atos necessaacuterios agrave realizaccedilatildeo de seus objetivos em especial contratar adquirir ou alienar bens moacuteveis e imoacuteveis comparecer em juiacutezo conservar fundos e fazer transferecircnciasrdquo

31 Fonte extraiacuteda da Secretaria de Estado da Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do Mercosul ndash

SEIM Disponiacutevel em lthttpwwwseimprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=32gt Acesso em

10072010

22

O Protocolo de Ouro Preto definiu a estrutura do MERCOSUL da seguinte

forma

a) Conselho do Mercado Comum (CMC) eacute o oacutergatildeo maacuteximo do

MERCOSUL ao qual cabe a conduccedilatildeo poliacutetica do processo de

integraccedilatildeo e pela tomada de decisotildees para garantir o cumprimento dos

objetivos e prazos estabelecidos pelo ldquoTratado de Assunccedilatildeordquo O CMC eacute

formado pelos Ministros das Relaccedilotildees Exteriores e da Economia dos

paiacuteses membros

b) Grupo Mercado Comum (GMC) eacute o oacutergatildeo executivo do MERCOSUL

coordenado pelos Ministeacuterios de Relaccedilotildees Exteriores de cada paiacutes eacute o

principal oacutergatildeo de implementaccedilatildeo dos objetivos do MERCOSUL e de

supervisatildeo de seu funcionamento examinando as questotildees em niacutevel

mais profundo que o Conselho O Grupo Mercado Comum eacute

assessorado em suas atividades por Subgrupos de Trabalho Reuniotildees

Especializadas e Grupos ldquoAd Hocrdquo cada um desses foros auxiliares trata

de temas especiacuteficos

Subgrupos de Trabalho (SGT) SGT 01 - Comunicaccedilotildees SGT 02 -

Aspectos Institucionais SGT 03 - Regulamentos Teacutecnicos SGT 04 -

Assuntos Financeiros SGT 05 - Transportes SGT 06 - Meio Ambiente

SGT 07 - Induacutestria SGT 08 - Agricultura SGT 09 - Energia e Mineraccedilatildeo

SGT 10 - Assuntos Trabalhistas Emprego e Seguridade Social SGT 11

- Sauacutede SGT 12 - Investimentos SGT 13 - Comeacutercio Eletrocircnico SGT 14

- Acompanhamento da Conjuntura Econocircmica e Comercial

Reuniotildees Especializadas Ciecircncia e Tecnologia Cooperativas Turismo

Mulher promoccedilatildeo Comercial Municiacutepios e Prefeituras Infraestrutura da

Integraccedilatildeo e Drogas Prevenccedilatildeo e Reabilitaccedilatildeo de Dependentes

Grupos ldquoAd-Hocrdquo Accediluacutecar Relaccedilotildees Externas Compras Governamentais

e Concessotildees Integraccedilatildeo Fronteiriccedila Comitecirc de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica

Grupo de Serviccedilos Comissatildeo Soacutecio-laboral (Secretaria de Estado da

Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do MERCOSUL ndash SEIM)

c) Comissatildeo de Comeacutercio do MERCOSUL (CCM) eacute o oacutergatildeo encarregado

de assistir ao Grupo Mercado Comum na aplicaccedilatildeo dos instrumentos de

23

poliacutetica comercial comum para o funcionamento da uniatildeo alfandegaacuteria

(CEFIR 2010)32

d) Comissatildeo de Representantes Permanentes do MERCOSUL (CRPM)

que reuacutene as reapresentaccedilotildees diplomaacuteticas dos Estados membros

(CEFIR 2010)33

e) Parlamento do MERCOSUL eacute o que representa a legitimidade e

democracia em termos de representaccedilatildeo poliacutetica do processo o

Parlamento eacute o lugar ideal para o debate para a expressatildeo das

diferentes visotildees para a enunciaccedilatildeo da opiniatildeo da maioria mas tambeacutem

para a possibilidade de expressatildeo das minorias (CEFIR 2010)34

f) Foro Consultivo Econocircmico Social (FCES) eacute o oacutergatildeo de representaccedilatildeo

dos setores econocircmicos e sociais composto por representantes dos

setores empresariais sindicatos e entidades da sociedade civil Tem

funccedilatildeo consultiva elevando recomendaccedilotildees ao GMC

g) Secretaria Administrativa do MERCOSUL eacute o oacutergatildeo de assessoria e

apoio teacutecnico operativo aos outros oacutergatildeos do MERCOSUL Tem sua

sede permanente na cidade de Montevideacuteu

Os oacutergatildeos institucionais do MERCOSUL35

satildeo de natureza

intergovernamental cujas decisotildees tomadas estatildeo vinculadas a procedimentos

internos de cada Estado Parte do bloco portanto satildeo decisotildees tomadas por

governos nacionais que estatildeo sujeitos ao controle dos seus respectivos

parlamentos36

32

Fonte Curso ldquoTodos Somos MERCOSURrdquo ndash CEFIR ndash Plataforma de Integraccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpneccintwordpresscomdireito-internacionalarena-de-ideiasmercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulgt Acesso em 02012011

33 Ibid

34 Ibid

35 No Anexo 2 seraacute apresentado um organograma da estrutura Institucional do MERCOSUL

36 KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees

constitucionais 2000 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwbuscalegisufscbrarquivosMercosul20e20supranacionalidade20-202000pdfgt Acesso em 20092010 p 30

24

13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL

As assimetrias satildeo um dos principais

obstaacuteculos para o avanccedilo do processo de integraccedilatildeo

do MERCOSUL Os paiacuteses menos desenvolvidos

tendem a ter menor capacidade para se apropriar dos

benefiacutecios do processo de integraccedilatildeo Sobre as

assimetrias no bloco regional Costa37 aponta ldquoa

diversidade culturalrdquo entre os membros do

MERCOSUL de acordo com

[] o niacutevel de desenvolvimento da economia o tamanho da populaccedilatildeo a diversidade interna o grau de desigualdade entre os diferentes segmentos sociais o poder poliacutetico entre as classes sociais e entre os diferentes Estados que compotildeem o bloco

As assimetrias socioeconocircmicas em que se encontravam os paiacuteses apoacutes a

assinatura do Tratado de Assunccedilatildeo dificultaram a coordenaccedilatildeo das poliacuteticas

macroeconocircmicas que aliadas agrave vulnerabilidade externa das economias

oriundas das estrateacutegias neoliberais de financiamento privatizaccedilotildees e

abertura brusca de seus mercados ocasionaram aos Estados novamente um

endividamento externo devido agrave reprimarizaccedilatildeo das exportaccedilotildees38 Afirma

Vasconcelos39 que a falta de prioridade da integraccedilatildeo na formulaccedilatildeo das

poliacuteticas internacionais acabou gerando insatisfaccedilatildeo por parte dos soacutecios

menores a exemplo da ameaccedila do Uruguai em deixar o bloco eou realizar

um acordo bilateral com os EUA

37

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 30-31

38 VASCONCELOS Pedro Paulo Lima Indicadores soacutecio-econocircmicos do MERCOSUL um estudo

sob a Eacutegide da Economia Poliacutetica Internacional In SIMPOacuteSIO EM RELACcedilOtildeES INTERNACIONAIS DO PROGRAMA SAN TIAGO DANTAS I nov 2007 p 10 (UNESP UNICAMP e PUC-SP)

39 Ibid

25

Quadro 1 - Demonstrativo de algumas assimetrias no bloco

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwbrasilescolacomgt Dados referentes ao ano de 2010

40

Tambeacutem o IPEA41

vem estudando as assimetrias no bloco apresentando

dados estatiacutesticos e aspectos importantes relativos agraves desigualdades entre paiacuteses

integrantes do bloco De acordo com os dados do IPEA42

e reforccedilando a Figura 1

apresentada observa-se o desniacutevel existente entre o Brasil e os demais paiacuteses do

bloco em termos populacionais e econocircmicos

Com uma populaccedilatildeo que representa quase 80 daquela do MERCOSUL e um PIB superior a 75 do PIB do conjunto de paiacuteses do bloco o Brasil desponta agrave primeira vista como o gigante liacuteder do processo de integraccedilatildeo com indicadores que destoam de forma significativa do restante do bloco

Neste contexto e reconhecendo as assimetrias existentes foi criado em

2004 o Fundo de Convergecircncia Estrutural do MERCOSUL (FOCEM)43

pela decisatildeo

CMC nordm 4504 e nordm1805 e regulamentado pela decisatildeo nordm 2405 visando agrave reduccedilatildeo

das diferenccedilas entre os Estados Partes e com o seguinte objetivo

40

Fonte de pesquisa MERCOSUL e paiacuteses integrantes Disponiacutevel em lthttpwwwbrasilescolacomgeografiamercosul-paises-integranteshtmgt Acesso em 18102010

41 IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de

Integraccedilatildeo no MERCOSUL (Ver MELLO e SOUZA Andreacute de OLIVEIRA Ivan Tiago Machado GONCcedilALVES Samo Seacutergio IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de Integraccedilatildeo no MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrsites0002publicacoestdstd_1477pdfgt Acesso em 18102010)

42 Ibid

43 O FOCEM eacute um fundo para investimento conjunto dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL que

visa agrave diminuiccedilatildeo das assimetrias entre os Estados-Partes por meio de financiamento de projetos (MERCOSULCMCDEC nordm 2405)

BRASIL ARGENTINA PARAGUAI URUGUAI

EXTENSAtildeO TERRITORIAL

8514876 kmsup2 2766889 kmsup2 406752 kmsup2 177414 kmsup2

POPULACcedilAtildeO (habitantes)

193205783 40276376 6348917 3360854

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

16 trilhotildees de doacutelares

328 bilhotildees de doacutelares

16 bilhotildees de doacutelares

322 bilhotildees de doacutelares

PIB PER CAPTA 6060 doacutelares 6040 doacutelares 1710 doacutelares 6620 doacutelares

26

Financiar programas para promover a convergecircncia estrutural desenvolver a competitividade promover a coesatildeo social em particular das economias menores e regiotildees menos desenvolvidas e apoiar o funcionamento da estrutura institucional e o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo (MERCOSULCMCDEC Nordm 2405)

Nesse sentido entra em discussatildeo a possibilidade de estender a proteccedilatildeo

social para aleacutem dos limites do Estado nacional de acordo com o FOCEM

O Fundo derivou-se da premissa de que o Mercosul deve ser uma via para o desenvolvimento econocircmico e social de seus ldquoEstados-Partesrdquo Complementarmente tem-se por princiacutepio que a solidariedade internacional impulsiona a integraccedilatildeo regional favorecendo a formaccedilatildeo do mercado comum e que condiccedilotildees econocircmicas assimeacutetricas impedem o pleno aproveitamento das oportunidades geradas pela ampliaccedilatildeo dos mercados

44

Cria-se a partir de entatildeo o objetivo de promover a convergecircncia estrutural

dos Estados-Partes do MERCOSUL e principalmente o desenvolvimento da

competitividade econocircmica dos Estados-Partes com o favorecimento da coesatildeo

social no MERCOSUL aleacutem do fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional e

da estrutura institucional do bloco

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas

As experiecircncias de integraccedilatildeo por um imperativo da realidade tendem a

provocar muacuteltiplos efeitos entre os quais as consequecircncias sociais ocupam um

lugar preeminente Algumas dessas consequecircncias especialmente as mais

demoradas tendem a ser positivas expondo-se como resultados beneacuteficos das

transformaccedilotildees macroeconocircmicas o melhoramento das condiccedilotildees da economia de

cada um dos paiacuteses e maior defesa da produccedilatildeo integrada no mercado

internacional

Em funccedilatildeo disso uma vez consolidados os lucros econocircmicos o

desenvolvimento e o crescimento produtivo gerando um maior nuacutemero de empregos

a tendecircncia eacute a melhora dos salaacuterios e das condiccedilotildees de trabalho fortalecendo os

44

Manual para apresentaccedilatildeo de Estudos de Viabilidade Socioeconocircmica com vistas agrave apresentaccedilatildeo para a obtenccedilatildeo de recursos do Fundo de Convergecircncia Estrutural e Fortalecimento Institucional do MERCOSUL (FOCEM) Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos Disponiacutevel em lthttpwwwplanejamentogovbrsecretariasuploadArquivosspiprogramas_projetofocemFocem_Manual_02pdfgt Acesso em 20092010

27

atores sociais consolidando-se as relaccedilotildees trabalhistas como efeitos

transcendentes do processo de integraccedilatildeo

Acordos de livre circulaccedilatildeo beneficiam tanto os trabalhadores que buscam

novas oportunidades de emprego quanto as empresas que exploram novos

negoacutecios

Em 2009 foi promulgado o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos

Estados Partes do MERCOSUL45

assim como o Acordo sobre Residecircncia

MERCOSUL46

Boliacutevia e Chile Ambos permitem a solicitaccedilatildeo de residecircncia com

procedimentos simplificados e isenccedilatildeo de pagamento de multas e quaisquer outras

sanccedilotildees independentemente de estarem em situaccedilatildeo migratoacuteria regular ou

irregular47

Os estrangeiros no Brasil beneficiados com os Acordos ou os nacionais

nesses paiacuteses possuem igualdade de direitos civis no paiacutes de recepccedilatildeo Deveres e

responsabilidades trabalhistas e previdenciaacuterias satildeo tambeacutem resguardadas aleacutem do

direito de transferir recursos direito de nome registro e nacionalidade aos filhos de

imigrantes48

O visto MERCOSUL tem por objetivo facilitar a circulaccedilatildeo

temporaacuteria de pessoas fiacutesicas prestadoras de serviccedilos no territoacuterio do Bloco

viabilizando a ampliaccedilatildeo dos negoacutecios e do comeacutercio de serviccedilos A iniciativa

beneficia gerentes e diretores executivos administradores diretores ou

representantes legais cientistas pesquisadores professores artistas desportistas

jornalistas teacutecnicos qualificados ou especialistas e profissionais de niacutevel superior49

A aquisiccedilatildeo de residecircncia temporaacuteria assegura os direitos de entrar sair

circular e permanecer livremente no territoacuterio do paiacutes de recepccedilatildeo bem como o

direito de exercer qualquer atividade profissional nas mesmas condiccedilotildees

estabelecidas para os nacionais do paiacutes de recepccedilatildeo Os acordos de aquisiccedilatildeo de

residecircncia regulamentados pelos Decretos nordm 6964 e nordm 6975 ambos de 2009

estabelecem ainda a igualdade de direitos civis e de reuniatildeo familiar o tratamento

45

Decreto nordm 6964 de 29 de setembro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos Estados-Partes do MERCOSUL

46 Decreto nordm 6975 de 7 de outubro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais

dos Estados-Partes do Mercado Comum do Sul MERCOSUL Boliacutevia e Chile 47

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt Acesso em 02032010 48

Ibid 49

Informaccedilatildeo constante do livro BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Brasiacutelia MRE 2007

28

igualitaacuterio em mateacuteria trabalhista e os direitos de transferecircncia de remessas

pecuniaacuterias e de acesso agrave educaccedilatildeo puacuteblica

Neste sentido o Ministeacuterio do Trabalho e Emprego apresenta anualmente

desde 2006 no site oficial do oacutergatildeo as autorizaccedilotildees de trabalho concedidas para

pessoas signataacuterias dos Estados Partes do MERCOSUL conforme se a Tabela 1

Tabela 1 Demonstrativo das autorizaccedilotildees de trabalhos concedidas a pessoas dos Estados Partes do MERCOSUL

2006 2007 2008 2009 2010

ARGENTINA 661 653 671 571 482

URUGUAI 120 35 52 50 51

PARAGUAI 35 32 39 47 23

CHILE 202 243 327 347 241

BOLIVIA 74 103 170 118 67

VENEZUELA 259 299 360 374 433

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmtegovcomgt

50

Situaccedilatildeo em 30 de setembro de 2010

A Tabela 1 apresenta autorizaccedilotildees por parte do Ministeacuterio do Trabalho e

Emprego aos trabalhadores oriundos do MERCOSUL e paiacuteses associados

Observa-se que de maneira geral houve oscilaccedilatildeo das autorizaccedilotildees dos

paiacuteses integrantes do bloco de 2006 a 2010 Evidencia-se que a quebra de

barreiras aduaneiras demonstra avanccedilo econocircmico mas natildeo garante

proteccedilatildeo social de forma imediata Eacute preciso coordenar accedilotildees nas aacutereas

trabalhista e previdenciaacuteria para favorecer e dar seguranccedila aos trabalhadores

que circulam dentro do bloco

Diante disso observa-se que o progresso social natildeo constitui uma

consequecircncia automaacutetica da integraccedilatildeo econocircmica existem fatores como as

crises econocircmico-financeiras nos Estados Partes condicionadas por

problemas de distintas naturezas pagamento da diacutevida externa taxas altas

de inflaccedilatildeo elevaccedilatildeo de taxas de juros corrupccedilatildeo institucionalizada abalos nas

50

Site do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego Coordenaccedilatildeo Geral de Imigraccedilatildeo Disponiacutevel em ltwwwmtegovbrgt Acesso em 20112010

29

Bolsas valorizaccedilatildeo cambial baixo crescimento econocircmico os quais geraram

impactos poliacuteticos e sociais negativos que se manifestam mais imediatamente no

plano do emprego e da previdecircncia social51

Se os anos 1980 foram chamados de ldquodeacutecada perdidardquo os anos 1990

tambeacutem natildeo foram muito promissores e o iniacutecio do seacuteculo XXI manteacutem a sina

negativa52 Neste sentido inclusive segundo Simionato53 o avanccedilo natildeo foi

observado em termos de justiccedila social

[] com o Tratado de Ouro Preto assinado 1994 efetiva-se a regulamentaccedilatildeo juriacutedica da integraccedilatildeo regional proporcionando o avanccedilo das poliacuteticas comerciais aduaneiras e agriacutecolas natildeo se observando o mesmo em relaccedilatildeo agrave perspectiva de ldquojusticcedila socialrdquo e agrave dimensatildeo democraacutetica do processo

Sobre essa questatildeo Costa54 menciona que no MERCOSUL ldquoo que se

internacionaliza eacute a economia e natildeo a proteccedilatildeo socialrdquo diante disso a autora aponta

que ldquoproteccedilatildeo ao trabalho compotildee os custos da atividade econocircmica e que o tema

laboral natildeo pode ser ignoradordquo Apesar dessa afirmaccedilatildeo pode-se inferir que a

regionalizaccedilatildeo acarreta convergecircncia nos sistemas previdenciaacuterios Na organizaccedilatildeo

econocircmica um dos primeiros custos a serem atacados satildeo os trabalhistas por sua

incidecircncia no preccedilo final dos produtos ou serviccedilos Isso gera diferenccedilas das

condiccedilotildees de trabalho e dos salaacuterios em termos comparativos Vale frisar que os

custos previdenciaacuterios fazem parte dos custos trabalhistas em questatildeo

Trata-se de um ciacuterculo vicioso jaacute que ao diminuir a contribuiccedilatildeo por efeito

da reduccedilatildeo da populaccedilatildeo ocupada e do eventual descenso dos niacuteveis salariais (que

conformam a base da contribuiccedilatildeo) tende a crescer o desfinanciamento dos

sistemas de previdecircncia social

Eacute inevitaacutevel que toda integraccedilatildeo regional deva enfrentar a dimensatildeo social

tanto para administrar ordenar e redistribuir no longo prazo os benefiacutecios e

vantagens econocircmicas que se procura obter com tal processo como tambeacutem para

dar respostas imediatas e amortecer os efeitos negativos que se geram a partir da

51

WANDERLEY Luiz Eduardo W A construccedilatildeo de um MERCOSUL Social Revista Ponto-e-Viacutergula Satildeo Paulo PUC SP v 1 p90-104 2007 p94

52 Ibid

53 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis v0 n 5 2001 p1 54

COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais UEPG 18 e 19 de junho de 2009 p 2

30

transformaccedilatildeo das estruturas econocircmicas e da abertura ao comeacutercio internacional

dos paiacuteses que conformam um bloco

Diniz aponta a mundializaccedilatildeo da oferta de trabalho como um dos efeitos da

globalizaccedilatildeo O indiviacuteduo poderaacute ser facilmente transferido de um paiacutes para outro

orientado pela oferta de emprego Como fenocircmenos decorrentes dessa globalizaccedilatildeo

da matildeo de obra aparecem a constituiccedilatildeo de um exeacutercito de reserva com grandes

contingentes de trabalhadores transnacionais o aumento da rotatividade da matildeo de

obra nos empregos e nas regiotildees o alto nuacutemero de migraccedilotildees internas dentro

destes blocos a existecircncia de um proletariado altamente qualificado o crescimento

do desemprego e do subemprego em virtude da automaccedilatildeo acarretando aumento

da economia informal55

Natildeo se pode deixar de mencionar quando se fala em circulaccedilatildeo de pessoas

principalmente trabalhadores o fato de o MERCOSUL natildeo ter sufragado plenamente

ainda os estaacutegios anteriores de Zona de Livre Comeacutercio e Uniatildeo Aduaneira

pressupostos do estaacutegio de Mercado Comum quando entatildeo ao menos em tese

estaria consagrada a liberdade de circulaccedilatildeo de trabalhadores Eacute notoacuterio que a

questatildeo social natildeo eacute a prioritaacuteria quando se pensa em integraccedilatildeo econocircmica mas

ela surge agrave medida que haacute uma evoluccedilatildeo natural para os estaacutegios que pressupotildeem

maior grau de integraccedilatildeo56

Segundo Chiarelli a livre circulaccedilatildeo de trabalhadores eacute condiccedilatildeo para a

formaccedilatildeo de um Mercado Comum que soacute estaraacute perfeito ao garantir a livre

circulaccedilatildeo da forccedila de trabalho respaldada por normas juriacutedicas que balizem as

relaccedilotildees econocircmicas e sociais O trabalhador de cada um dos paiacuteses do

MERCOSUL deveraacute com o tempo assumir o papel de trabalhador comunitaacuterio com

a consolidaccedilatildeo da faculdade de deslocamento nos paiacuteses do bloco em busca de

ocupaccedilatildeo57

Eacute fato e haacute que se admitir que mesmo a passos lentos o MERCOSUL

desenvolveu ao longo dos anos mecanismos em prol da livre circulaccedilatildeo de

55

DINIZ Cleacutelio Campolina In SEMINAacuteRIO INTERNACIONAL GLOBALIZACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL CENAacuteRIOS PARA O SEacuteC XXI Painel Recife SUDENE 1997 p 64-65

56 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute PUC-PR Curitiba 2005 p206

57 CHIARELLI Matto Tota CHIARELLI Carlos Alberto Gomes (Coord) Temas de integraccedilatildeo com

enfoque no Mercosul v 1 Satildeo Paulo LTR 1997 p 149

31

trabalhadores Neste sentido Jaeger Junior58

anotou que ldquoo MERCOSUL jaacute esteve

diante de vaacuterias propostas com vistas ao incremento do processo de

estabelecimento de uma livre circulaccedilatildeo de trabalhadoresrdquo

No acircmbito do MERCOSUL para efetivar as poliacuteticas de mercado de trabalho

eacute necessaacuterio que se estabeleccedila um padratildeo para a qualificaccedilatildeo da forccedila de trabalho

sistemas de intermediaccedilatildeo de matildeo de obra aleacutem de apoio agraves pequenas empresas

que incentive medidas voltadas para a elevaccedilatildeo do niacutevel de investimento

econocircmico59

O Conselho do Mercado Comum CMC atraveacutes da DECCMCMERCOSUL

nordm 46 de 16 de dezembro de 2004 criou o Grupo de Alto Niacutevel para elaborar uma

Estrateacutegia MERCOSUL de Crescimento do Emprego O Grupo eacute integrado pelos

ministeacuterios responsaacuteveis pelas poliacuteticas econocircmicas industriais laborais e sociais

dos Estados Partes e tambeacutem com a participaccedilatildeo das organizaccedilotildees econocircmicas e

sociais que integram as seccedilotildees nacionais do Foro Consultivo Econocircmico e Social e

da Comissatildeo Sociolaboral do MERCOSUL

Tendo em vista a circulaccedilatildeo de pessoas especialmente trabalhadores no

interior do bloco a Previdecircncia Social vem recebendo atenccedilatildeo especial dos Estados

Partes O reconhecimento da importacircncia do tema tem sido acompanhado por accedilotildees

efetivas que garantem benefiacutecios sociais e melhores condiccedilotildees de vida aos

trabalhadores e trabalhadoras da regiatildeo O Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL em vigor desde 2005 jaacute permitiu que oito mil brasileiros60

que

mantiveram empregos em qualquer um dos quatro paiacuteses do Bloco ao longo da

vida se aposentassem e recebessem os benefiacutecios devidos

O Acordo permite que o tempo de contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria de quem tenha

trabalhado em mais de um paiacutes do MERCOSUL seja somado para fins de

aposentadoria Atualmente cerca de 700 mil brasileiros61

residem nos Estados-

Partes e poderatildeo se beneficiar do acordo

58

JAEGER JUNIOR A Temas de Direito da Integraccedilatildeo e ComunitaacuterioSatildeo Paulo LTr 2002 p 59

59 COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO

DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais Op cit p 28 60

BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Op cit p 104

61 Ibid

32

O ecircxito alcanccedilado com o Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL

estimulou a assinatura de Acordos Multilaterais Similares como por exemplo o

Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social62

firmado em 2007 quando ratificado

pelos parlamentos nacionais ele beneficiaraacute cerca de cinco milhotildees de

trabalhadores imigrantes da Argentina da Boliacutevia do Brasil do Chile da Colocircmbia

da Costa Rica de Cuba do Equador de El Salvador da Guatemala de Honduras

do Meacutexico da Nicaraacutegua do Panamaacute do Paraguai do Peru da Repuacuteblica

Dominicana do Uruguai da Venezuela de Portugal da Espanha e do Principado de

Andorra

O processo de globalizaccedilatildeo da economia fez crescer o movimento migratoacuterio

de trabalhadores e consequentemente trouxe reflexos na organizaccedilatildeo dos sistemas

previdenciaacuterios Indiviacuteduos que tecircm cobertura pelo sistema de previdecircncia social do

paiacutes de origem em que desenvolvem suas atividades e que faccedilam um movimento

migratoacuterio para outro paiacutes estaratildeo sujeitas agrave legislaccedilatildeo previdenciaacuteria do paiacutes de

destino onde estiverem exercendo nova atividade

132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL

O direito agrave seguridade social no Paraguai estaacute previsto no artigo 95 da

Constituiccedilatildeo com as informaccedilotildees

De la seguridad social El sistema obligatorio e integral de seguridad social para el trabajador dependiente y su familia seraacute establecido por la ley Se promoveraacute su extensioacuten a todos los sectores de la poblacioacuten ndash Los servicios del sistema de seguridad social podraacuten ser puacuteblicos privados o mixtos y en todos los casos es taraacuten supervisados por el Estado ndash Los recursos financieros de los seguros so ciales no seraacuten desviados de sus fines especiacuteficos estaraacuten disponibles para este objetivo sin perjuicio de las inversiones lucrativas que puedan acrecentar su patrimonio

63

No Paraguai natildeo existe um uacutenico sistema de seguridade social sendo

diversos sistemas administrados por intermeacutedio de ldquoCaixasrdquo de previdecircncia 62

Faremos um breve estudo sobre o acordo Ibero-Americano de Seguridade Social no item 22 do segundo capiacutetulo deste trabalho

63 Traduccedilatildeo livre A Seguridade Social O sistema obrigatoacuterio e integral de seguridade social dos

trabalhadores e de sua famiacutelia seraacute estabelecido por lei Iraacute promover a sua extensatildeo a todos os setores da populaccedilatildeo - Os serviccedilos do sistema de seguridade social pode ser puacuteblico privado ou misto em cada caso eacute supervisionado pelo Estado - Os recursos financeiros do seguro social natildeo seratildeo desviados de seus objetivos especiacuteficos e estaratildeo disponiacuteveis para esse efeito natildeo obstante os investimentos lucrativos que podem aumentar seu patrimocircnio

33

As instituiccedilotildees e normas de previdecircncia social estatildeo vinculadas aos

trabalhadores empregados ou seja aquelas que estatildeo vinculados ao

empregador Neste sentido Cristaldo64 declara que

Se entiende que la expresioacuten ldquoseguridad socialrdquo en El artiacuteculo 382 de coacutedigo Laboral estaacute utilizada en un sentido restringido limitada exclusivamente a la proteccioacuten del trabajador en relacioacuten de dependecircncia y sus derecho-habientes contra los riesgos de caraacuteter general y especialmente los derivados del trabajo mediante un sistema de seguros sociales De ahiacute lo adecuado en vez de ldquoseguridad socialrdquo hubiera sido utilizar en El Coacutedigo Laboral paraguaio la expressioacuten maacutes exacta y precisa de ldquoprevision socialrdquo para denominar El Libro IV de esse cuerpo legal

65

O Paraguai tem um sistema de previdecircncia social fragmentado com vaacuterias

instituiccedilotildees independentes que administram os fundos de pensatildeo O sistema eacute

organizado em oito instituiccedilotildees que natildeo tecircm viacutenculos entre si nem satildeo

supervisionadas por uma entidade superior do governo66

Natildeo foi encontrada na pesquisa realizada nenhuma informaccedilatildeo legislaccedilatildeo

ou referecircncia a reformas do sistema previdenciaacuterio paraguaio como os demais

Estados Partes entretanto eacute o uacutenico dos paiacuteses do MERCOSUL a organizar um

regime de previdecircncia privada complementar de aposentadorias parecido no seu

aspecto de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria ao Regime Geral de Previdecircncia Social

brasileiro de caraacuteter nacional obrigatoacuterio e legal67

O Instituto de Previdecircncia Social (IPS) principal oacutergatildeo previdenciaacuterio foi

criado em 1943 abrangendo atualmente duas aacutereas a) aposentadorias e pensotildees

b) sauacutede da populaccedilatildeo68

64

CRISTALDO M Jorge Dario La Seguridad Social y la Previsioacuten Social em el Paraguay In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 129

65 Traduccedilatildeo livre Entende-se que a expressatildeo seguridade social prevista no artigo 382 do coacutedigo

de trabalho eacute usado em sentido restrito limitado exclusivamente agrave proteccedilatildeo dos trabalhadores com relaccedilatildeo de emprego que tenham riscos ambientais de caraacuteter geral e especialmente do trabalho atraveacutes de um sistema de seguro social Desta forma o mais adequado em vez de seguridade social deveria ser utilizada no coacutedigo de trabalho paraguaio a expressatildeo mais exata e precisa de previdecircncia social no Livro IV do corpo legal

66 GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al

(Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 188

67 OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes

do MERCOSUL 2008 Tese (Doutorado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 145

68 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas n 3 p 128-137 juldez 2003

34

O sistema utilizado no Paraguai eacute um sistema de reparticcedilatildeo simples que eacute

regido pelo formato contributivo sendo pago pelo trabalhador e pelo empregador O

Paraguai eacute o paiacutes com menor cobertura previdenciaacuteria da Ameacuterica do Sul com uma

taxa que chega a apenas 25 de seus trabalhadores sendo inferior inclusive agrave

cobertura previdenciaacuteria da Boliacutevia A contribuiccedilatildeo para o sistema eacute muito baixa

apenas os que tecircm salaacuterios meacutedios ou altos eacute que contribuem e os trabalhadores

em atividades rurais natildeo estatildeo assegurados pela previdecircncia social tendo em vista

que natildeo haacute nenhuma forma de contribuiccedilatildeo69

Os benefiacutecios concedidos aos segurados satildeo auxiacutelio doenccedila benefiacutecio

pago ao trabalhador quando de sua incapacidade derivada de acidentes e doenccedilas

comuns e derivada de acidentes e doenccedilas do trabalho salaacuterio maternidade

aposentadoria por invalidez decorrente de acidente e doenccedilas do trabalho

aposentadoria por idade e pensatildeo por morte

No Uruguai o Banco da Previdecircncia Social foi criado em 1954 atendendo

grande parte da populaccedilatildeo exceto algumas caixas de aposentadorias e pensotildees

como a dos Estados dos militares dos professores universitaacuterios dos bancaacuterios e

dos policiais70

O sistema de Previdecircncia Social uruguaio apoacutes a reforma previdenciaacuteria

regido pela Lei nordm 16713 publicada em 3 de setembro de 1995 e conforme

estabelece o caput do artigo 4ordm da referida legislaccedilatildeo eacute misto compreendendo o

regime contributivo de reparticcedilatildeo administrado pelo Banco de Previdecircncia Social e

o regime de capitalizaccedilatildeo individual administrado por empresas privadas de forma

combinada71

A reforma em 1995 foi uma das mais importantes mudanccedilas da Seguridade

Social na histoacuteria do Uruguai e acontece em consonacircncia com o restante dos

paiacuteses da Ameacuterica Latina A reforma implicou num aumento das condiccedilotildees e das

exigecircncias ao acesso das prestaccedilotildees uma diminuiccedilatildeo discriminada nas mesmas e

69

GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 191

70 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

71 Ibid

35

criou um regime de arrecadaccedilatildeo individual administrado pelo setor privado e pelas

administradoras de fundos de arrecadaccedilatildeo previsional (AFAPs no Uruguai)72

Alejandro Castelo73

afirma

El sistema combina un componente puacuteblico basado en el reacutegimen de reparto denominado de solidariedad intergeneracional con un componente

privado organizado bajo el reacutegimen de capitalizacioacuten individual74

E ainda

El sistema combina varios pilares Um primer pilar que recoge las caracteriacutesticas del modelo puacuteblico de reparto y luego un segundo pilar de tipo privado basado em el ahorro individual cuyo objetivo es complementar las prestaciones provenientes del primer pilar La inclusioacuten en los distintos niveles de cobertura estaacute determinada por el niacutevel de ingresos del afiliado o maacutes precisamente por el monto de asignaciones computables que percibe el afiliado

75

No mesmo sentido para Murro76

tal sistema estaacute apoiado em trecircs pilares

quais sejam

1) Solidariedade intergeracional - Eacute administrado diretamente pelo Estado pelo BPS que continua sendo o organismo arrecadador Este niacutevel estabelece benefiacutecios definidos e os trabalhadores com suas contribuiccedilotildees financiam as aposentadorias dos inativos junto com as contribuiccedilotildees patronais com os tributos destinados ao sistema e a assistecircncia financeira estatal Ampara um amplo setor da populaccedilatildeo estimado entre 87 e 92 ateacute determinado niacutevel de renda 842 doacutelares Esse primeiro niacutevel eacute complementado por um modelo instrumental com objetivo redistributivo dirigido para os setores da sociedade de menor renda natildeo integrados a setores estruturados do mercado de trabalho Este complemento se consegue por meio de um modelo puacuteblico seletivo constituiacutedo pelos benefiacutecios assistenciais natildeo contributivos de idade avanccedilada e invalidez

72

MARCONDES Claudia Gamberine Sistemas Previdenciaacuterios Sulamericanos Brasil Uruguai

e Chile 2007 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Faculdade de Direito da Universidade Metodista de Piracicaba ndash UNIMEP Piracicaba 2007 p 83

73 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

74 Traduccedilatildeo livre O sistema combina um componente puacuteblico baseado em reparticcedilatildeo simples

denominado solidariedade intergeracional com um componente privado organizado sob um sistema de capitalizaccedilatildeo individual

75 Traduccedilatildeo livre O sistema combina vaacuterios pilares Um primeiro pilar o que daacute o desempenho do

modelo puacuteblico pago e depois um segundo pilar privado tipo de poupanccedila individual destina-se a complementar os benefiacutecios do primeiro pilar Em diferentes niacuteveis de inclusatildeo de cobertura eacute determinada pelo niacutevel de renda da filial ou mais precisamente o montante das verbas recebidas pelo membro computaacutevel

76 Ernesto Murro eacute atualmente presidente do Instituto de Seguridade Social do Uruguai

36

2) De poupanccedila individual obrigatoacuteria - Eacute administrado pelas Administradoras de Fundos de Aposentadoria (AFAP) que satildeo entidades privadas Haacute uma AFAP que eacute uma sociedade anocircnima de propriedade do Estado (BPS Banco Repuacuteblica e Banco de Seguros do Estado) as outras 5 satildeo de propriedade privada Inclui os que percebem rendas superiores aos equivalentes 842 doacutelares e ateacute 2563 doacutelares Tambeacutem se permite a pessoas com menos de 40 anos com rendas inferiores a 842 doacutelares a possibilidade de optarem pelo 2o niacutevel com 50 de sua renda obtendo-se assim um incentivo de 50 no caacutelculo de seu salaacuterio base no 1o niacutevel

3) De poupanccedila voluntaacuteria - Compreende aquelas pessoas que tenham rendas superiores a 2563 doacutelares na parte que exceda esse valor No que se refere agrave parcela superior a este niacutevel de renda se tem a liberdade de contribuir ou natildeo para o sistema [] Abrange obrigatoriamente todos os segurados que estejam com menos de 40 anos de idade agrave data de vigecircncia da lei (1496) e todas as pessoas que ingressaram no mercado de trabalho qualquer que seja a sua idade posteriormente a esta data Foram estabelecidas regras de transiccedilatildeo para os trabalhadores com mais de 40 anos de idade na data de entrada em vigor da lei que natildeo tinham direito agrave aposentadoria em 311296 Este regime vigora entre 1ordm de janeiro de 1997 e 1ordm de janeiro de 2003 e estabelece uma progressividade de idade no caso da mulher e nos tempo de serviccedilo []

77

O trabalhador alcanccedila sua carecircncia consoante uma tabela que levaraacute em

conta os anos de contribuiccedilatildeo e a idade do trabalhador78

A aposentadoria tornou-

se proporcional ao nuacutemero de anos trabalhados e agrave idade do trabalhador entretanto

todos os habitantes do Uruguai independentemente de sua renda ter-lhes-atildeo

assegurada essa aposentadoria

De acordo com a legislaccedilatildeo e o sistema de Previdecircncia Social ou

Seguridade Social como eacute denominado o sistema no Uruguai a avaliaccedilatildeo dos

efeitos econocircmicos da reforma da Previdecircncia Social no Uruguai parte do conceito

de equidade atuarial79

Calcula-se um iacutendice de rendimento no qual o valor dos

benefiacutecios seja equivalente e atualizado as contribuiccedilotildees efetivamente pagas um

iacutendice de atualizaccedilatildeo Os benefiacutecios concedidos satildeo aposentadoria por tempo de

serviccedilo aposentadoria por idade aposentadoria por invalidez auxiacutelio doenccedila e

pensatildeo por morte

77

MURRO Ernesto As Tendecircncias na Ameacuterica Latina e a Reforma Uruguaia da Previdecircncia Social 2001 Disponiacutevel em ltwwwredsegsocorguygt Acesso em 10112010 p 5

78 Ibid

79 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis Op cit p 40

37

Na Argentina a reforma previdenciaacuteria ocorreu na deacutecada de 90

alterando a concepccedilatildeo de Direito Constitucional para a mercantilizaccedilatildeo do

seguro social como estrateacutegia para fomentar o mercado de capitais80

A legislaccedilatildeo base sobre o Sistema Integrado de Aposentadoria e Pensotildees da Argentina eacute a Lei nordm 24241 de 13 de outubro de 1993 que cobre as aposentadorias por velhice invalidez e morte integrando-se ao Sistema

Uacutenico de Seguridade Social (SUSS) conforme seu artigo 1ordm ldquocaputrdquo81

O Sistema tambeacutem eacute considerado misto e possui um regime puacuteblico

fundamentado sobre a concessatildeo pelo Estado de benefiacutecios financiados por um

sistema de reparticcedilatildeo e um regime previdenciaacuterio baseado na capitalizaccedilatildeo

individual Este sistema natildeo beneficia apenas o governo mas e

principalmente os grupos econocircmicos e as corporaccedilotildees transnacionais pois

contribui para criar um importante mercado de capitais financiado pelos

trabalhadores82

Uma Comissatildeo especial para a reforma do Regime da Previdecircncia no acircmbito da Secretaria de Seguridade Social foi criada com o Decreto no 1934 de 30 de setembro de 2002 tendo por objetivos conforme seu artigo 1ordm a) elaborar linhas para uma reforma do Sistema Integrado de Aposentadorias e Pensotildees para que o mesmo cumpra com a finalidade de cobertura para velhice invalidez e tempo de serviccedilo b) a busca de consensos sobre as bases para se elaborar um anteprojeto de reforma da previdecircncia social c) preparar um ldquoAcordo para a Seguridade Socialrdquo orientado a elevar a prioridade poliacutetica e lograr a revalorizaccedilatildeo da Previdecircncia Social como instrumento necessaacuterio para a redistribuiccedilatildeo do ingresso e para a paz social

83

Como medida de proteccedilatildeo tambeacutem existe na Argentina como Seguridade

Social o seguro desemprego previsto na Lei nordm 2401393 que auxilia o trabalhador

em caso de desemprego involuntaacuterio financiado com contribuiccedilotildees a cargo dos

empregadores Entretanto em 2007 o novo sistema integrado de aposentadorias e

80

Ibid 81

VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

82 GAMBINA J Previdecircncia Social Fundos de Pensatildeo Empregos Puacuteblicos Reforma Administrativa

e Reforma da Educaccedilatildeo Jornal APUFSC Florianoacutepolis setout 2000 In SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social Revista Kataacutelysis v 0 n 5 2001 p39

83 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

38

pensotildees Lei nordm 2424193 foi alterado pela Lei nordm 262222007 estabelecendo a

livre opccedilatildeo do Regime de Aposentadoria O novo sistema misto de previdecircncia

social eacute integrado por dois componentes obrigatoacuterios e integrados e a partir da nova

legislaccedilatildeo promulgada Lei nordm 262222007 os afiliados (segurados) ao Sistema

Integrado de Aposentadorias e Pensotildees (SIJP) podem optar por mudar de regime ao

qual estatildeo afiliados (segurados) uma vez a cada cinco anos nas condiccedilotildees que tal

efeito estabeleccedila o Poder Executivo84

Em mateacuteria de sauacutede as previsotildees contam nas Leis nordm 2366093 e nordm

2366193 que regulamentam o Regime de obras Sociais e o Seguro Nacional de

Sauacutede administrados pelos sindicatos reconhecidos como tal que seraacute responsaacutevel

pela cobertura de sauacutede dos trabalhadores e de seus familiares

No Brasil a Seguridade Social de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 artigo 203 eacute um conjunto integrado de accedilotildees de iniciativa dos Poderes

Puacuteblicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos agrave sauacutede agrave

previdecircncia e agrave assistecircncia social

Seguridade Social eacute gecircnero da qual satildeo espeacutecies a Sauacutede a Previdecircncia

e a Assistecircncia Social e tem como meta proteger pessoas contra a doenccedila o

abandono e a impossibilidade de trabalho Ao Estado compete a organizaccedilatildeo e

administraccedilatildeo da Seguridade Social por meio de ministeacuterios entidades e

instituiccedilotildees que mantecircm seu funcionamento como o Ministeacuterio da Sauacutede o

Ministeacuterio da Previdecircncia Social e o Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (antigo Ministeacuterio da Assistecircncia Social) conforme Lei nordm

106832003 art 25

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 194 enumerou em sete

incisos os princiacutepios constitucionais que regem a Seguridade Social A seguir

analisam-se os referidos princiacutepios

I Universalidade da cobertura e do atendimento garante a disponibilizaccedilatildeo

da sauacutede assistecircncia e previdecircncia em todas as contingecircncias a que estejam

sujeitos os indiviacuteduos As accedilotildees e os benefiacutecios de que se constituem a sauacutede a

assistecircncia social e a previdecircncia social (este uacuteltimo de caraacuteter contributivo) se

84

OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes do MERCOSUL Op cit p 131

39

encontraratildeo disponiacuteveis e seratildeo oferecidos a todos os indiviacuteduos que deles

necessitarem

II - Uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees

urbanas e rurais a proteccedilatildeo social oferecida pela Seguridade Social deveraacute ser

disponibilizada de maneira uniforme e equivalente tanto aos indiviacuteduos da aacuterea

urbana quanto agravequeles da aacuterea rural Natildeo poderaacute haver distinccedilatildeo entre as

modalidades de benefiacutecios e serviccedilos oferecidos devendo ao contraacuterio existir

forma uacutenica ou semelhanccedila (uniformidade)

III Seletividade e distributividade na prestaccedilatildeo dos benefiacutecios e serviccedilos

os benefiacutecios e serviccedilos seratildeo oferecidos aos indiviacuteduos que deles necessitarem

atraveacutes de uma escolha fundamentada e criteriosa Natildeo existiraacute somente um uacutenico

benefiacutecio ou serviccedilo mas sim diversas modalidades aptas a atender exatamente a

necessidade do beneficiado A distributividade implica na distribuiccedilatildeo de renda e

proteccedilatildeo social Os serviccedilos e benefiacutecios seratildeo concedidos com equidade e justiccedila

o que natildeo significa que um contribuinte da Previdecircncia Social por exemplo

receberaacute integralmente tudo o que contribuiu aos cofres do sistema Todas as

contribuiccedilotildees satildeo convertidas em um caixa uacutenico (e natildeo individualizado) e o Estado

trabalha distribuindo com retidatildeo estes valores aos serviccedilos e benefiacutecios nas aacutereas

de sauacutede assistecircncia e previdecircncia social85

IV Irredutibilidade do valor dos benefiacutecios o princiacutepio da irredutibilidade

visa garantir ao indiviacuteduo que o benefiacutecio assistencial ou previdenciaacuterio que lhe for

concedido natildeo sofreraacute qualquer reduccedilatildeo de valor e natildeo poderaacute ser objeto de

desconto (salvo determinaccedilatildeo legal ou judicial) arresto sequestro ou penhora

V Equidade na forma de participaccedilatildeo no custeio este princiacutepio tem por

objetivo distribuir com justiccedila e retidatildeo o percentual de contribuiccedilatildeo cabiacutevel agrave

sociedade na manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade Social Toda a sociedade

contribui para a manutenccedilatildeo do sistema mas garante-se por este princiacutepio a

progressividade da contribuiccedilatildeo conforme a capacidade contributiva de cada um As

empresas por exemplo sofrem maior desconto em seu rendimento bruto para a

manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade em razatildeo de sua maior capacidade

85

VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios 2 ed Satildeo Paulo Editora LTr 2010 p 49

40

contributiva Os empregados contribuem conforme tabela progressiva sempre

condizente com o salaacuterio percebido86

VI Diversidade da base de financiamento determina o artigo 195 da

Constituiccedilatildeo Federal que a Seguridade Social seraacute financiada por toda a sociedade

de forma direta e indireta nos termos da lei mediante recursos provenientes dos

orccedilamentos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios e de

contribuiccedilotildees sociais obrigatoacuterias a empresas e trabalhadores

VII Caraacuteter democraacutetico e descentralizado da administraccedilatildeo mediante

gestatildeo quadripartite com a participaccedilatildeo dos trabalhadores dos empregadores dos

aposentados e do Governo nos oacutergatildeos colegiados os trabalhadores os

empresaacuterios os aposentados e o Governo participam da gestatildeo administrativa da

Seguridade Social que deveraacute possuir caraacuteter democraacutetico e descentralizado

Assim pode-se dizer que a gestatildeo dos serviccedilos e benefiacutecios de que se constitui a

Seguridade Social tem a participaccedilatildeo ativa da sociedade Esta participaccedilatildeo eacute

exercida atraveacutes dos oacutergatildeos colegiados de deliberaccedilatildeo quais sejam Conselho

Nacional de Sauacutede (Lei nordm 808090 e Lei 814290) Conselho Nacional de

Assistecircncia Social (Lei nordm 874293 art 17) e Conselho Nacional de Previdecircncia

Social (Lei nordm 821391 art 3ordm) que tecircm composiccedilatildeo paritaacuteria integrada por

representantes do Governo Federal representantes dos aposentados

representantes dos trabalhadores em atividade e representantes dos empregadores

Especificamente a Previdecircncia Social no Brasil eacute uma instituiccedilatildeo puacuteblica que

tem a finalidade de assegurar direitos aos seus segurados e dependentes jaacute que se

trata de um seguro social a aqueles que contribuem para ela Quando uma pessoa

natildeo tem mais capacidade para trabalhar a previdecircncia social substitui seu salaacuterio

pelo benefiacutecio previdenciaacuterio Essa incapacidade de trabalho pode ser classificada

como doenccedila invalidez idade avanccedilada maternidade e dois benefiacutecios de

concessatildeo para dependentes sendo pensatildeo por morte e auxiacutelio reclusatildeo

De acordo com Vianna87 a previdecircncia social no Brasil abrange somente

uma parcela da sociedade (face ao seu caraacuteter contributivo) deixando agrave margem de

seus benefiacutecios aqueles que natildeo exercem atividade remunerada (contribuintes

obrigatoacuterios) ou que manifestamente natildeo expressam seu desejo associativo

(contribuintes facultativos) A populaccedilatildeo mais carente e portanto natildeo contribuinte

86

Ibid p 51 87

Ibid p 62

41

usufrui somente das accedilotildees da sauacutede e das accedilotildees e benefiacutecios mantidos pela

Assistecircncia Social

Os empregados trabalhadores avulsos empregados domeacutesticos os

contribuintes individuais e os facultativos assim como seus dependentes tecircm por

benefiacutecios aposentadoria por invalidez especial idade e tempo de contribuiccedilatildeo

auxiacutelios doenccedilas acidente reclusatildeo pensatildeo por morte salaacuterios maternidade e

famiacutelia A previdecircncia eacute um sistema de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria no Brasil ou seja a

contribuiccedilatildeo eacute obrigatoacuteria Existem duas modalidades de contribuintes os

obrigatoacuterios que satildeo os trabalhadores de forma geral previstos no art 11 da Lei nordm

821291 e os facultativos que satildeo aqueles que podem contribuir de maneira

facultativa por natildeo trabalharem com fins lucrativos ou aqueles que natildeo tecircm renda

Apesar da existecircncia expressa na Constituiccedilatildeo Federal do princiacutepio da

uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees urbanas e

rurais (artigo 194 II) a previdecircncia social compreende trecircs regimes distintos O

artigo 6ordm do Decreto nordm 304899 (Regulamento da Previdecircncia Social) determina os

seguintes regimes

I Regime Geral de Previdecircncia Social Principal regime previdenciaacuterio

por abranger maior percentual da populaccedilatildeo brasileira trabalhadores

da iniciativa privada rural ou urbana empregados domeacutesticos

aprendizes empresaacuterios trabalhadores autocircnomos trabalhadores

avulsos produtores rurais etc Sua administraccedilatildeo eacute atribuiacuteda ao

Ministeacuterio da Previdecircncia Social sendo exercida pelo Instituto Nacional

de Seguridade Social ndash INSS autarquia federal responsaacutevel pela

concessatildeo dos benefiacutecios previdenciaacuterios (do Regime Geral)

II ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos servidores puacuteblicos os

servidores titulares de cargos efetivos da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios incluiacutedas suas autarquias e

fundaccedilotildees possuem tratamento diferenciado quanto ao sistema

previdenciaacuterio conferido pela proacutepria Constituiccedilatildeo Federal artigo 40

caput (redaccedilatildeo dada pela Emenda Constitucional nordm 412003) que

lhes assegura a existecircncia de regime proacuteprio

III ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos militares as Forccedilas Armadas

constituiacutedas pela Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica satildeo instituiccedilotildees

nacionais permanentes e regulares organizadas com base na

42

hierarquia e na disciplina sob a autoridade suprema do Presidente da

Repuacuteblica Os membros das Forccedilas Armadas satildeo denominados

militares e a Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 142 inciso X

combinado com o sect 20ordm do artigo 40 confere agrave lei ordinaacuteria a

competecircncia para a instituiccedilatildeo de sistema proacuteprio previdenciaacuterio

O regime geral de previdecircncia conhecido por RGPS se acha a cargo do

INSS o regime proacuteprio dos servidores puacuteblicos a cargo do respectivo ente da

federaccedilatildeo que pode para administraacute-lo instituir entidade autaacuterquica proacutepria

A previdecircncia social brasileira vem passando por inuacutemeras discussotildees sobre

uma reforma necessaacuteria pois atualmente a economia brasileira vai bem

considerando a capacidade de gerar empregos mas a previdecircncia social nem tanto

considerando os deacuteficits Enquanto registrou uma alta de 44688

de trabalhadores

com emprego formal no primeiro semestre de 2010 as contas da Previdecircncia Social

fecharam com um deacuteficit de 228 bilhotildees89

Contudo em notiacutecia divulgada no site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social o

deacuteficit do Regime Geral de Previdecircncia Social somou R$ 33 bilhotildees em fevereiro de

2011 o que representa uma queda de 176 em relaccedilatildeo ao rombo de R$ 402

bilhotildees registrado em fevereiro de 2010 Todos os nuacutemeros foram corrigidos pelo

INPC Em janeiro de 2011 o resultado negativo somou R$ 3 bilhotildees e no ano de

2010 o deacuteficit totalizou R$ 443 bilhotildees com queda de 45 frente ao ano

anterior90

No primeiro bimestre de 2011 ainda segundo dados do Ministeacuterio da

Previdecircncia o deacuteficit da Previdecircncia somou R$ 635 bilhotildees com queda de 205

em relaccedilatildeo ao mesmo periacuteodo do ano passado quando o resultado negativo (em

nuacutemeros jaacute corrigidos pelo INPC) somou R$ 799 bilhotildees91

A Comissatildeo Especial para Estudos do Sistema Previdenciaacuterio criada com o

objetivo de analisar e estudar o sistema brasileiro de previdecircncia reconheceu que

ldquosem reformas estruturais logo a previdecircncia sentiraacute os efeitos corrosivos de

benefiacutecios sem cobertura assegurada ou de fontes de financiamento esgotadasrdquo

(Anexo I da Mesa Diretora da Cacircmara de Deputados)

88

Fonte notiacutecia vinculada ao site JUSPREV ndash Previdecircncia dos promotores e da Justiccedila Brasileira Disponiacutevel em httpwwwjusprevcombr Acesso em 25072010

89 Ibid

90 Fonte notiacutecia vinculada ao site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social no dia 24032011 Disponiacutevel

em ltwwwmpsgovbrgt Acesso em 30032011 91

Ibid

43

As reformas previdenciaacuterias na Ameacuterica Latina satildeo base de grandes

discussotildees O Chile foi o primeiro paiacutes a implementar uma privatizaccedilatildeo do sistema

previdenciaacuterio de forma radical jaacute para os outros paiacuteses da mesma regiatildeo

determinados fatos ocorridos nos anos 1980 foram cruciais antes que as reformas

estruturais se tornassem politicamente viaacuteveis como 1) quebra dos sistemas de

seguridade social durante a crise econocircmica e financeira 2) o crescente interesse

por parte das instituiccedilotildees financeiras internacionais nos efeitos econocircmicos dos

sistemas de seguridade social e seu apoio agrave reforma de sistemas previdenciaacuterios no

acircmbito de programas de ajuste estrutural 3) a opccedilatildeo neoliberal na poliacutetica latino-

americana nos anos 1990 com forte orientaccedilatildeo para o modelo estatal regulatoacuterio-

subsidiaacuterio que introduz medidas como a privatizaccedilatildeo a liberalizaccedilatildeo e a

desregulaccedilatildeo e favorece reformas radicais que visam recuperar a credibilidade em

lugar de favorecer melhorias no acircmbito da loacutegica dos sistemas anteriores92

Analisando os sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do bloco

podemos chegar agrave Tabela 2 como forma simplificada de anaacutelise

Tabela 2 Resumo da anaacutelise dos sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL

Paiacutes Tipo de Sistema Benefiacutecios Reformas

Argentina Misto Aposentadoria por idade invalidez pensatildeo por morte e seguro desemprego

Lei nordm 2424193

Lei nordm2622207

Brasil Reparticcedilatildeo Simples

Aposentadoria por idade tempo de contribuiccedilatildeo invalidez especial auxiacutelio doenccedila pensatildeo por morte salaacuterio maternidade salaacuterio famiacutelia reclusatildeo auxiacutelio acidente reabilitaccedilatildeo profissional

EC 201998 e

EC 412003

Paraguai Reparticcedilatildeo Simples Aposentadoria por idade invalidez auxiacutelio doenccedila salaacuterio maternidade e pensatildeo por morte

--

Uruguai Misto Aposentadoria por tempo de serviccedilo por idade invalidez auxiacutelio doenccedila e pensatildeo por morte

Lei nordm 1671395 e Lei 1839508

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmpsgovcomgt

92

HUJO Katja Novos Paradigmas na Previdecircncia Social Liccedilotildees do Chile e da Argentina Revista Planejamento e Poliacuteticas Puacuteblicas n 19 Junho de 1999 p 158 e 159

44

CAPIacuteTULO 2

2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

21 ACORDOS INTERNACIONAIS CONCEITO E FINALIDADE

O Estatuto da Convenccedilatildeo de Viena definiu tratado em seu artigo 2ordm I

aliacutenea ldquoardquo como sendo um ldquoacordo internacional celebrado por escrito entre Estados

regido pelo direito internacional quer conste de um instrumento uacutenico quer de dois

ou mais instrumentos conexos qualquer que seja sua denominaccedilatildeo particularrdquo 93

Tratado eacute o ato juriacutedico pelo qual haacute a manifestaccedilatildeo de vontades de duas ou

mais pessoas internacionais visando estabelecer um acordo entendido como

expressatildeo de uso livre e de alta incidecircncia na praacutetica internacional94

Como

conceitua Wladimir Novaes Martinez ldquosatildeo fontes formais internacionais que regem a

previdecircncia social dos trabalhadores migrantes isto eacute tratados bilaterais sobre

previdecircncia social celebrados entre o Brasil e diversos paiacuteses da Ameacuterica Latina e

da Europardquo95

Eacute imprescindiacutevel um esforccedilo muacutetuo internacional no sentido de flexibilizar

regras de seguridade social para se tornarem viaacuteveis os acordos internacionais

Rocha destaca que no plano internacional fatores como a migraccedilatildeo de

trabalhadores a atuaccedilatildeo de empresas multinacionais e a criaccedilatildeo de mercados

comuns satildeo fatores que tecircm acentuado a tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo da

previdecircncia e seguridade social Deste contexto exsurge a necessidade de que as

legislaccedilotildees nacionais sejam integradas a fim de que os trabalhadores que transitem

entre os Estados e sujeitos a regimes previdenciaacuterios nacionais diferentes natildeo

93

Essa Convenccedilatildeo sistematiza conceitos juriacutedicos fundamentais sobre os tratados e foi adotada em 23051969 pela Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o direito dos tratados tendo entrado em vigor para os paiacuteses que a ratificaram natildeo incluindo o Brasil em 27011980 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdaidtrathtmgt Acesso em 12052008

94 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdai003htmlgt Acesso em 10052008

95 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio Tomo II previdecircncia social 2

ed Satildeo Paulo LTr 2007 p858

45

sejam prejudicados e privados da proteccedilatildeo previdenciaacuteria em razatildeo da falta de

articulaccedilatildeo estatal96

Natildeo obstante os acordos natildeo satildeo estabelecidos ocasionalmente Eacute

essencial que se analise a presenccedila de uma forte migraccedilatildeo internacional de

trabalhadores o incremento de importantes fluxos de investimentos externos e as

relaccedilotildees especiais de amizade existentes entre os paiacuteses com os quais se deseja

estabelecer um acordo internacional Os acordos podem ser bilaterais ou

multilaterais podendo ainda ser permanentes ou temporaacuterios As formalidades para

celebraccedilatildeo do acordo satildeo 1ordm negociaccedilatildeo 2ordm assinatura 3ordm troca de notas e 4ordm

ratificaccedilatildeo (promulgaccedilatildeo confirmaccedilatildeo) com intervenccedilatildeo das atividades diplomaacuteticas

inclusive

De acordo com o artigo 49 inciso I da Constituiccedilatildeo Federal os tratados

internacionais tecircm de ser ratificados pelo Poder Legislativo por meio de Decretos

Legislativos adquirindo forccedila de lei e regulamentados por Decretos do Poder

Executivo transformando-se em fontes formais do Direito Os tratados internacionais

satildeo atos complexos pois deve existir a vontade do presidente da Repuacuteblica que os

celebra e a do Congresso Nacional que os aprova logo consagra-se assim a

colaboraccedilatildeo do Executivo e do Legislativo na conclusatildeo de tratados internacionais97

Diante do atual cenaacuterio internacional caracterizado pelo intenso processo de

globalizaccedilatildeo o tracircnsito de pessoas em geral e especialmente de trabalhadores

tem aumentado constantemente e a expectativa98

eacute a de que com o aumento da

integraccedilatildeo econocircmica e a consolidaccedilatildeo de blocos poliacutetico-econocircmicos o tracircnsito de

trabalhadores aumente ainda mais

As migraccedilotildees internacionais constituem-se um fato com o qual os paiacuteses

por intermeacutedio de seus gestores de poliacuteticas de trabalho e previdecircncia social teratildeo

que lidar Eacute previsiacutevel que no contexto da integraccedilatildeo internacional crescente os

acordos e tratados de seguridade social sejam instrumentos importantes de

extensatildeo e garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios previstos na

96

ROCHA Daniel Machado da O direito fundamental agrave previdecircncia social na perspectiva dos princiacutepios constitucionais diretivos do sistema previdenciaacuterio brasileiro Porto Alegre Livraria do Advogado 2004 p 112

97 PIOVESAN Flaacutevia Direitos Humanos e Direito Constitucional e Internacional 5ed Satildeo

Paulo Max Limonad 2002 p 72 98

Cf os trabalhos publicados na coletacircnea BRASIL Migraccedilotildees Internacionais e a Previdecircncia Social Ministeacuterio da Previdecircncia Social Brasiacutelia MPAS 2006

46

legislaccedilatildeo de dois ou mais paiacuteses procurando prover fundamento legal comum

quanto aos direitos e obrigaccedilotildees

A integraccedilatildeo regional do MERCOSUL promove uma reestruturaccedilatildeo

competitiva das economias nacionais dos paiacuteses do bloco que impotildee novos

desafios econocircmicos e sociais aos paiacuteses

Em mateacuteria de previdecircncia os acordos internacionais que estatildeo inseridos

no contexto da poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores satildeo o resultado de esforccedilos do Ministeacuterio da Previdecircncia Social e de

entendimentos diplomaacuteticos entre governos e objetivam garantir aos respectivos

trabalhadores e dependentes legais residentes ou em tracircnsito no paiacutes os direitos de

seguridade social previstos nas legislaccedilotildees dos paiacuteses99

Os acordos internacionais de Previdecircncia Social estabelecem uma relaccedilatildeo

de prestaccedilatildeo de benefiacutecios previdenciaacuterios natildeo implicando na modificaccedilatildeo da

legislaccedilatildeo vigente no paiacutes cumprindo a cada Estado contratante analisar os pedidos

de benefiacutecios apresentados e decidir quanto ao direito e agraves condiccedilotildees conforme sua

proacutepria legislaccedilatildeo aplicaacutevel Esses acordos internacionais satildeo instrumentos juriacutedicos

que possibilitam aceitar a validade do trabalho prestado em outro paiacutes como tempo

de contribuiccedilatildeo para fins de aposentadoria permitindo assim que se reconheccedilam

os benefiacutecios de Seguridade Social nos paiacuteses participantes

Todavia natildeo se ignorem tambeacutem as imensas dificuldades legislativas entre

os quatro paiacuteses em mateacuteria previdenciaacuteria Este campo eacute de imprescindiacutevel

harmonizaccedilatildeo e principalmente estruturaccedilatildeo interna que visa num primeiro

momento agrave reduccedilatildeo do deacuteficit puacuteblico para em posterior momento criar as

condiccedilotildees agrave exportaccedilatildeo dos benefiacutecios ldquoTorna-se um imperativo pois caso contraacuterio

os trabalhadores natildeo arriscaratildeo novas oportunidades tampouco se beneficiaratildeo se

natildeo puderem contar com a assistecircncia dos sistemas previdenciaacuterios da contagem

do tempo de serviccedilo ou contribuiccedilatildeo e sobretudo da possibilidade de desfrutarem

de benefiacutecios em Estados estrangeirosrdquo100

A verdade eacute que no mundo contemporacircneo a preocupaccedilatildeo com a questatildeo

social na integraccedilatildeo regional natildeo pode ser tratada como faculdade e sim uma

necessidade derivada do proacuteprio instinto de preservaccedilatildeo de cada paiacutes Neste

99

Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_01aspgt Acesso em 25042009

100 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Op cit p 246

47

sentido Alicia Moreno ressalta a importacircncia de documentos como a Declaraccedilatildeo

Sociolaboral do MERCOSUL e do Acordo Multilateral de Seguridade Social para o

avanccedilo da questatildeo social no MERCOSUL ainda que caracterize o avanccedilo ainda

parcial101

Poreacutem faz criacutetica ao caraacuteter limitado do poder vinculante dos documentos

relativos a aacuterea social Eduardo Campos ao entender que a realidade social do

MERCOSUL traduz-se em debates e estudos que ateacute 2001 materializaram-se em

programas e praacuteticas de um pequeno nuacutemero de accedilotildees pontuais aqui e ali

[] o saldo ateacute o momento resume-se basicamente agrave vigecircncia comum de algumas normas da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho agrave celebraccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social sem grandes inovaccedilotildees em relaccedilatildeo ao quadro entatildeo existente e agrave assinatura da Declaraccedilatildeo Sociolaboral com importantes limitaccedilotildees em seu conteuacutedo e sem poder vinculante

102

Pode-se afirmar que os acordos internacionais satildeo mecanismos delicados

que precisam superar problemas complexos dentre os quais os sistemas de

seguridade social principalmente pelas variadas regras existentes em todo o

mundo sendo preciso superar as deficiecircncias internas para harmonizar as regras

bastante divergentes dos paiacuteses envolvidos nos acordos internacionais

Os acordos internacionais em mateacuteria previdenciaacuteria protegem os direitos

dos trabalhadores envolvidos em movimentos migratoacuterios com o objetivo de

garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios

Nesse sentido eacute necessaacuterio que os processos de integraccedilatildeo regional sejam

acompanhados de medidas tendentes agrave progressiva coordenaccedilatildeo natildeo somente das

poliacuteticas macroeconocircmicas senatildeo tambeacutem daquelas referentes agrave proteccedilatildeo social

Imerso neste desafio e com a ampliaccedilatildeo de demandas populares de poliacuteticas de

proteccedilatildeo social nos uacuteltimos anos foi habitual que o Brasil estabelecesse convecircnios

bilaterais de previdecircncia social com alguns paiacuteses da Ameacuterica Latina o que tornou

mais faacutecil a ratificaccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL

101

MORENO Alicia S La difusa Idea del espacio social em los procesos de integracioacuten In PIMENTEL L O (Coord) Mercosul Alca e Integraccedilatildeo Euro-Latino-Americana Curitiba Juruaacute 2001 p 74

102 CAMPOS E N O deacuteficit social da Comunidade Europeacuteia e do MERCOSUL In PIMENTEL L O

(Coord) Op cit p 210

48

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL

Os organismos internacionais de seguridade social tecircm o objetivo de garantir

a maior cobertura possiacutevel da proteccedilatildeo social aos trabalhadores e atuar na

facilitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse processo O Ministeacuterio da Previdecircncia Social

(MPS) manteacutem filiaccedilatildeo com trecircs organismos internacionais de seguridade social

Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social (AISS) Conferecircncia Interamericana

de Seguridade Social (CISS) e Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social

(OISS) O Brasil tambeacutem eacute parceiro em accedilotildees com a Organizaccedilatildeo Internacional do

Trabalho (OIT)103

A Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social eacute a principal organizaccedilatildeo

internacional do mundo a reunir as administraccedilotildees e os organismos nacionais de

seguridade social Fundada em 1927 a AISS eacute uma organizaccedilatildeo internacional sem

fins lucrativos composta por instituiccedilotildees oacutergatildeos governamentais entidades e outros

organismos gestores de ramos de seguridade social seu secretariado tem sede na

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra e atualmente conta com

340 organizaccedilotildees afiliadas em 150104

paiacuteses de todo o mundo

Os objetivos da AISS satildeo defender e promover a seguridade social

internacional no mundo inteiro colaborando com o aperfeiccediloamento teacutecnico-

administrativo e o intercacircmbio informativo gerencial assegurar o direito estabelecido

por lei aos acidentes de trabalho e doenccedilas profissionais desemprego maternidade

invalidez aposentadoria e reabilitaccedilatildeo a filhos e membros das famiacutelias fomentar

experiecircncias intercacircmbios e conhecimentos internacionais organizar reuniotildees sobre

seguridade social realizar intercacircmbio de informaccedilotildees e experiecircncias organizar

cursos de formaccedilatildeo e seminaacuterios de capacitaccedilatildeo efetuar investigaccedilotildees e pesquisas

em mateacuteria de seguridade social publicar e difundir trabalhos e documentos sobre

temas de seguridade social organizar reuniotildees internacionais perioacutedicas de seus

membros favorecer a troca de informaccedilotildees e a confrontaccedilatildeo de experiecircncias

orientando as atividades dos membros da Associaccedilatildeo e a ajuda teacutecnica muacutetua que

possam propor colaborar com a OIT e com outras organizaccedilotildees a fim de contribuir

103

Fonte Relatoacuterio Anual da AISS Disponiacutevel em ltwwwissaintannual-reviewgt Acesso em 20012011

104 Ibid

49

para a melhoria da situaccedilatildeo social e econocircmica dos povos com base na justiccedila

social para uma paz geral e duraacutevel

A Conferecircncia Interamericana de Seguridade Social eacute um Organismo

Internacional Especializado de caraacuteter permanente que foi iniciado pelos estados

membros da OIT os quais reunidos em uma conferecircncia de trabalho em 12 de

dezembro de 1940 na cidade de Lima Peru criou o Comitecirc Interamericano de

Iniciativas em Seguridade Social que serviu depois de base para criaccedilatildeo da

Conferecircncia Interamericana de Seguridade aprovada por unanimidade desde que

atue em conformidade com a OIT

Seus objetivos satildeo apoiar e contribuir para o desenvolvimento da

seguridade social nos paiacuteses americanos cooperando com as instituiccedilotildees e

administraccedilotildees nacionais adotar resoluccedilotildees e formular recomendaccedilotildees em

seguridade social e promover sua difusatildeo impulsionar a cooperaccedilatildeo e intercacircmbio

de experiecircncias entre as instituiccedilotildees de administraccedilotildees nacionais de seguridade

social e outras organizaccedilotildees internacionais orientar a capacitaccedilatildeo de recursos

humanos a serviccedilo da seguridade social e proporcionar meios para que se possa

fazecirc-lo de forma sistemaacutetica e permanente difundir os avanccedilos dos sistemas de

seguridade social em niacutevel nacional e internacional e editar as publicaccedilotildees de

estudos105

A Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social OISS tem como

finalidade promover o bem-estar econocircmico e social dos paiacuteses ibero-americanos

mediante a coordenaccedilatildeo intercacircmbio e troca de experiecircncias muacutetuas no acircmbito da

seguridade social Aleacutem de prestar assessoramento e ajuda teacutecnica a seus

membros colaborando para o desenvolvimento de seus sistemas tem-se

empenhado na promoccedilatildeo da universalizaccedilatildeo da Seguridade Social impulsionando a

modernizaccedilatildeo dos sistemas existentes mediante a coordenaccedilatildeo e o aproveitamento

de suas experiecircncias muacutetuas

A OISS eacute o primeiro registro na Ameacuterica para a Seguridade Social realizada

em Barcelona em 1950 no qual estabeleceu uma Secretaria para apoiar novas

reuniotildees a ser chamada Comissatildeo Americana de Seguranccedila Social mas foi no

Congresso Latino-Americano de Seguridade Social realizado em Lima Peru em

105

Ibid

50

1954 que com a presenccedila da maioria dos paiacuteses da regiatildeo juntamente com

representantes da OIT da OEA e ISSA foi aprovada a Carta da OISS

Seus principais objetivos satildeo promover accedilotildees para universalizar o direito agrave

seguridade social colaborar com o desenvolvimento de tratados de integraccedilatildeo

socioeconocircmica de caraacuteter sub-regional atuar como oacutergatildeo permanente de

informaccedilatildeo estudo investigaccedilatildeo e experiecircncia no desenvolvimento dos sistemas

internacionais promover meios para a realizaccedilatildeo de negociaccedilatildeo de acordos entre os

paiacuteses prestando assistecircncia teacutecnica e facilitando a execuccedilatildeo de programas na aacuterea

de proteccedilatildeo social desenvolver investigaccedilotildees estudos e pesquisas nos principais

ramos da seguridade social no mundo receber e divulgar publicaccedilotildees de diversos

trabalhos sobre temas de seguridade social e trocar experiecircncias entre as

instituiccedilotildees membro106

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho fundada em 1919 criada pela

Conferecircncia de Paz apoacutes a Primeira Guerra Mundial tem o objetivo de promover a

justiccedila social Eacute a uacutenica das Agecircncias do Sistema das Naccedilotildees Unidas que tem

estrutura tripartite na qual os representantes dos empregadores e dos trabalhadores

tecircm os mesmos direitos que os do governo

A OIT tem por princiacutepio que a paz universal e permanente soacute pode basear-

se na justiccedila A Organizaccedilatildeo Internacional Trabalho por ser uma agecircncia

especializada das Naccedilotildees Unidas eacute responsaacutevel por formular normas internacionais

do trabalho promover o desenvolvimento e a interaccedilatildeo das organizaccedilotildees de

empregadores e de trabalhadores prestar cooperaccedilatildeo teacutecnica principalmente nas

aacutereas de formaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo profissional poliacuteticas e programas de emprego e

de empreendedorismo administraccedilatildeo do trabalho direito e relaccedilotildees do trabalho

condiccedilotildees de trabalho desenvolvimento empresarial cooperativas previdecircncia

social estatiacutesticas e seguranccedila e sauacutede ocupacional

Ainda como objetivos estrateacutegicos promover os princiacutepios fundamentais e

direitos no trabalho por meio de um sistema de supervisatildeo e de aplicaccedilatildeo de

normas promover melhores oportunidades de empregorenda para mulheres e

homens em condiccedilotildees de livre escolha de natildeo discriminaccedilatildeo e de dignidade

aumentar a abrangecircncia e a eficaacutecia da proteccedilatildeo social e fortalecer o tripartismo e

o diaacutelogo social

106

Disponiacutevel em lthttpwww1previdenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_05aspgt Acesso em 20042011

51

Na seguridade social destaca-se a Convenccedilatildeo 118 da Organizaccedilatildeo

Internacional do Trabalho (OIT) que trata da igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros aprovada no Brasil em 24 de agosto de 1968 No artigo 7ordm

da Convenccedilatildeo estipula-se que os paiacuteses signataacuterios tecircm que participar de um

sistema de direitos de seguridade social e que este sistema teraacute que fornecer a

totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro trabalho ou residecircncia a manutenccedilatildeo ou a

recuperaccedilatildeo de direitos bem como o caacutelculo das contribuiccedilotildees dos trabalhadores

em circulaccedilatildeo Neste sentido eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica as iniciativas do

poder puacuteblico para alcanccedilar tais direitos

No Brasil o escritoacuterio da OIT atua na promoccedilatildeo dos objetivos estrateacutegicos

da Organizaccedilatildeo principalmente na implementaccedilatildeo de programas projetos e

atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica visando ao aperfeiccediloamento das normas e das

relaccedilotildees trabalhistas das poliacuteticas e programas de emprego formaccedilatildeo profissional e

de proteccedilatildeo social

23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE SOCIAL

Como jaacute visto os acordos internacionais de Previdecircncia Social inserem-se

no contexto de poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores mas no Brasil satildeo operacionalizados pelo Instituto Nacional do Seguro

Social de forma descentralizada mediante 14 Organismos de Ligaccedilatildeo vinculados agraves

Gerecircncias Executivas do INSS nas cidades de Manaus Salvador Fortaleza

Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto

Alegre Florianoacutepolis Satildeo Paulo aleacutem do Distrito Federal107

Esses Organismos satildeo

responsaacuteveis pela anaacutelise e concessatildeo dos benefiacutecios cabendo-lhes ainda

responder a solicitaccedilotildees dos segurados e dos Organismos de Ligaccedilatildeo estrangeiros

O Brasil reconhece a importacircncia significativa dos acordos internacionais

como um meio para assegurar os direitos de seguridade social dos cidadatildeos de

maneira que tem como objetivo ampliar cada vez mais as relaccedilotildees bilaterais e

multilaterais para a celebraccedilatildeo de novos acordos tendo como fator determinante

107

Fonte extraiacuteda do site ltwwwmpsgovbracordosinternacionaisgt Acesso em 03012011

52

relaccedilotildees especiais de amizade entre os paiacuteses e os fluxos importantes de comeacutercio

e investimentos

Atualmente o Brasil manteacutem acordo bilateral com Cabo Verde Espanha

Greacutecia Chile Itaacutelia Luxemburgo e Portugal Em fase de negociaccedilatildeo encontram-se

os acordos bilaterais com Japatildeo Alemanha Paiacuteses Baixos Coreacuteia e Estados

Unidos e o Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social108

Na maioria dos

Acordos haacute um Regulamento Administrativo para a sua aplicaccedilatildeo anexado junto ao

respectivo Acordo com exceccedilatildeo do Acordo Internacional entre Brasil e Cabo Verde

e Brasil e Luxemburgo

No acircmbito multilateral o Brasil tem acordo com os Estados Partes do

MERCOSUL (Argentina Paraguai e Uruguai) sendo o mais recente Acordo a entrar

em vigor

De acordo com o Ministeacuterio da Previdecircncia Social a uacuteltima tabela109 com a

quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais

publicada demonstra que no periacuteodo compreendido entre os anos de 2007 e 2009 a

quantidade de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo aos paiacuteses integrantes do

MERCOSUL aumentou em relaccedilatildeo a tabela do periacuteodo 2001 a 2003 tambeacutem

passam a aparecer benefiacutecios concedidos no acircmbito do Acordo Multilateral de

Seguridade Social e aparece na tabela paraguaios trabalhadores que natildeo estavam

na tabela 20012003

Tabela 3 ndash Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

Paiacuteses 20012003

Total de benefiacutecios

20072009

Total de benefiacutecios

Argentina 7 89

MERCOSUL - 32

Paraguai - 6

Uruguai 16 77

Fonte Organizado pela autora com base nas tabelas publicadas pelo Ministeacuterio da Previdecircncia Social

108

LAMERA Larissa Martins Acordos Internacionais de Previdecircncia Social Informe da Previdecircncia Social 1 2007 v 17 n 8 Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrdocspdfinforme202007-08pdfgt Acesso em 26042009

109 Tabelas em anexo

53

A tabela 20072009 trata-se de periacuteodo poacutes-entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social que apresenta uma movimentaccedilatildeo tiacutemida de

trabalhadores circulando dentro do bloco mas ao mesmo tempo jaacute demonstra um

aumento de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo a tabela anterior (20012003) e a

presenccedila do Paraguai Pode-se concluir que o Acordo Multilateral de Seguridade

Social do MERCOSUL jaacute esta atuando a favor do trabalhador no que tange agrave

previdecircncia social ao menos

24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e

seu Regulamento Administrativo foram efetivamente celebrados em Montevideacuteu em

15 de dezembro de 1997 pelos chanceleres da Argentina Brasil Paraguai e

Uruguai na ocasiatildeo da XIII Reuniatildeo do Conselho do Mercado Comum Os referidos

diplomas que encontram amparo no Tratado de Assunccedilatildeo e no Protocolo de Outro

Preto tecircm por objetivo o estabelecimento de normas que regulam as relaccedilotildees de

Seguridade Social entre os paiacuteses do MERCOSUL

Com vigecircncia fixada a partir do dia 1ordm de junho de 2005 o Acordo

Multilateral de Seguridade Social substituiu os acordos bilaterais existentes entre os

paiacuteses da regiatildeo estabelecendo um mecanismo estandardizado de coordenaccedilatildeo

dos sistemas previdenciaacuterios no acircmbito do MERCOSUL que era inexistente nos

instrumentos originaacuterios do bloco econocircmico Foi necessaacuteria portanto a celebraccedilatildeo

de um acordo que contemplasse as normas gerais para regular de maneira clara e

homogecircnea a seguridade social na regiatildeo

Seguindo o rito processual previsto para aprovaccedilatildeo de atos internacionais

no Brasil o Acordo e seu Regulamento foram encaminhados ao Congresso Nacional

e ratificados por meio do Decreto Legislativo nordm 451 publicado em 15 de novembro

de 2001 Este Decreto ressaltou que quaisquer ajustes complementares que

acarretassem encargos ou compromissos gravosos ao patrimocircnio nacional ficariam

sujeitos agrave aprovaccedilatildeo do Congresso Nacional

54

A mateacuteria objeto dos referidos diplomas internacionais envolve interesses

dos Ministeacuterios das Relaccedilotildees Exteriores da Previdecircncia Social Sauacutede e Trabalho e

Emprego uma vez que abrange a legislaccedilatildeo de seguridade social pertinente agraves

prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede aplicaacutevel aos trabalhadores e seus

familiares e assemelhados

O Acordo trata basicamente dos seguintes temas

I reconhecimento dos direitos agrave Seguridade Social aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer Estados

Partes sendo-lhes atribuiacutedos assim como a seus familiares e

assemelhados os mesmos direitos e estando sujeitos agraves mesmas

obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes

II submissatildeo do trabalhador agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo

territoacuterio exerccedila atividade laboral outorga das prestaccedilotildees de sauacutede ao

trabalhador deslocado temporariamente para territoacuterio de outro Estado

assim como para seus familiares e assemelhados desde que a

Entidade Gestora do Estado de origem assim autorize

III possibilidade de obtenccedilatildeo de prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada

invalidez ou morte pelos trabalhadores filiados a um regime de

aposentadoria e

IV pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecidas por algum dos

Estados Partes

A prioridade da diplomacia brasileira na Ameacuterica Latina em geral e no

MERCOSUL atribui especial relevacircncia ao Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL demandando a maior celeridade possiacutevel nos processos

necessaacuterios agrave sua efetiva aplicaccedilatildeo Entretanto a mesma dedicaccedilatildeo espera-se dos

paiacuteses signataacuterios do Acordo qual seja a necessidade de se estender proteccedilatildeo

social a todos os brasileiros que se encontram no exterior

Essa norma de coordenaccedilatildeo entre os paiacuteses natildeo implica a alteraccedilatildeo nos

respectivos sistemas previdenciaacuterios mas permite preservar os direitos adquiridos

ou em fase de aquisiccedilatildeo pelos trabalhadores ou seus dependentes quando se

encontrarem no territoacuterio dos paiacuteses signataacuterios aleacutem de natildeo prejudicar os direitos

adquiridos na vigecircncia dos acordos bilaterais

55

Hugo Roberto Mansueti110

lembra

Ello fue advertido en forma temprana con La aprobacioacuten Del Acordo Multilateral de Seguridad Social Del Mercosur y El respectivo regulamento administrativo suscritos em Montevideacuteo el 15 de diciembre de 1997 Ambos instrumentos ya se ecuentran en vigor de manera simultacircnea desde 01 de junio de 2002 Atraveacutes de estos Estados-Partes de latildes cotizaciones efectuadas por los trabajadores nacionales o extranjeros habitantes de manera tal que las prestaciones puedan ser otorgadas por El Estado donde El trabajador o beneficiaacuterio se encuentre

111

Nos termos do artigo 2ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL os direitos agrave seguridade social seratildeo reconhecidos aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer dos Estados Partes sendo-

lhes reconhecidos bem como a seus familiares e dependentes os mesmos direitos

estando sujeitos agraves obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes com

respeito aos especificamente mencionados no Acordo O Acordo tambeacutem deve

ser aplicado aos trabalhadores de qualquer outra nacionalidade residentes no

territoacuterio de um dos Estados Partes sempre que prestem ou tenham prestado

serviccedilos nos paiacuteses do bloco Por fim destaca-se que o objetivo do presente

Acordo eacute harmonizar e natildeo unificar as legislaccedilotildees previdenciaacuterias dos

integrantes do bloco essa eacute a diretriz prescrita no artigo 4deg ao declarar que ldquoo

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

exerccedila atividade laboralrdquo

Os primeiros esforccedilos para coordenar regimes de seguridade social por via

de acordos internacionais satildeo anteriores agrave Segunda Guerra Mundial Natildeo obstante

os acordos da forma como os conhecemos atualmente emergiram depois desse

conflito incorporando os paiacuteses de Europa Ocidental Tais paiacuteses perceberam que

sem uma coordenaccedilatildeo desta natureza os indiviacuteduos que contribuiacuteram para regimes

previdenciaacuterios em mais de um paiacutes natildeo poderiam reunir as condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo

das aposentadorias a que teriam direito

110

MANSUETI H R Contenidos de la Seguridad Social en el MERCOSUL In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 85

111 Traduccedilatildeo livre Isto foi advertido antecipadamente com a aprovaccedilatildeo do Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL e o respectivo regulamento administrativo subscritos em Montevideo em 15 de dezembro de 2002 Atraveacutes destes Estados-Partes das cotaccedilotildees efetuadas pelos trabalhadores nacionais ou estrangeiros residentes de forma que os benefiacutecios possam ser concedidos pelo Estado onde o trabalhador ou beneficiaacuterio de encontre

56

Os Governos da Repuacuteblica Argentina da Repuacuteblica Federativa do Brasil da

Repuacuteblica do Paraguai e da Repuacuteblica Oriental do Uruguai considerando o Tratado

de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 e o Protocolo de Ouro Preto de 17 de

dezembro de 1994 com o objetivo de estabelecer normas que regulem as relaccedilotildees

de Seguridade Social entre os Estados Partes do MERCOSUL decidiram promulgar

o Acordo Multilateral de Seguridade Social publicado no Brasil pelo Decreto

Legislativo nordm 451 de 14 de novembro de 2001 e Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo

de 2006

O acordo do MERCOSUL eacute o primeiro acordo internacional brasileiro em

mateacuteria previdenciaacuteria que tambeacutem beneficia os funcionaacuterios puacuteblicos pertencentes

aos Regimes Proacuteprios de Previdecircncia Social112

Como o acordo seraacute aplicado substancialmente pela uniformidade de

entendimento entre os paiacuteses membros estabeleceu-se a Comissatildeo Permanente

integrada por trecircs membros de cada paiacutes composta por grupos de trabalho nas

aacutereas da sauacutede legislaccedilatildeo e informaacutetica com o objetivo de verificar a aplicaccedilatildeo do

acordo e resolver as divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo desse instrumento

O Acordo Multilateral de Seguridade Social destacam Nilde Bravo Maria

Alliney e Graciela Victoriacuten113

representa a satisfaccedilatildeo de uma diacutevida que os Estados

Partes tinham com seus trabalhadores considerando que no aspecto do Acordo o

social havia sido relegado a um segundo plano Deste modo olvidou-se que a

economia se constroacutei tambeacutem com o trabalho do homem e eacute deste ndash trabalhador

migrante ndash que se deve proteger seus bens mais valiosos como sua sauacutede e as

contingecircncias sociais de velhice invalidez e morte

241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral

O trabalhador que transitar pelos diferentes sistemas previdenciaacuterios dos

paiacuteses integrantes do MERCOSUL e desde que preenchidos os requisitos para a

concessatildeo do benefiacutecio teraacute direito ao mesmo poreacutem nem todas as prestaccedilotildees

112

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1Ed)

113 BRAVO N de Las M ALLINEY M C AVENDANtildeO G V Un avance en el proceso de

integracioacuten social en el MERCOSUR el Acuerdo Multilateral de Seguridad Social In PIMENTEL L O Op cit p 406

57

estaratildeo cobertas pelo Acordo Multilateral Como o diploma natildeo prevecirc uma unificaccedilatildeo

da legislaccedilatildeo previdenciaacuteria dentro do bloco e sim uma harmonizaccedilatildeo cada Estado

Parte deve continuar prestando sua assistecircncia da forma como a legislaccedilatildeo interna

prever

As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes

tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo

pagas de acordo com as normas previstas no artigo 7ordm do Acordo Multilateral

Destarte ficam excluiacutedos do Acordo Multilateral os previstos no Brasil no art

18 da Lei ndeg 8213 de 24 de julho de 1991 que dispotildee sobre os planos de

benefiacutecios da previdecircncia social

a) para o segurado aposentadoria por tempo de serviccedilo aposentadoria

especial salaacuterio-famiacutelia salaacuterio-maternidade auxiacutelio-acidente

b) para o dependente auxiacutelio-reclusatildeo

c) para o segurado e dependente serviccedilo social reabilitaccedilatildeo profissional

Somente seratildeo analisadas as principais caracteriacutesticas requisitos de

concessatildeo e forma da renda inicial mensal dos benefiacutecios com os quais os

trabalhadores do MERCOSUL poderatildeo contar

No Brasil a autoridade competente a processar os pedidos de

concessatildeo de benefiacutecios envolvendo estrangeiros dos Acordos Internacionais

eacute o Instituto Social do Seguro Social e a Assessoria de Assuntos Internacionais eacute

o oacutergatildeo responsaacutevel pela celebraccedilatildeo dos Acordos e pelo acompanhamento e

avaliaccedilatildeo de sua operacionalizaccedilatildeo O requerimento de benefiacutecio inclusive

benefiacutecio da legislaccedilatildeo do outro Paiacutes deveraacute ser protocolizado na Entidade Gestora

do paiacutes de residecircncia do interessado No Brasil os requerimentos satildeo formalizados

nas UnidadesAgecircncias da Previdecircncia Social conforme a residecircncia do requerente

e encaminhados ao Organismo de Ligaccedilatildeo correspondente

Em relaccedilatildeo ao benefiacutecio de aposentadoria por idade podemos apresentar

uma particularidade do Brasil que natildeo se aplica ao Acordo Multilateral de

Seguridade Social que eacute a possibilidade de o trabalhador rural que vive em regime

de economia familiar poder se aposentar por idade sem ter a necessidade de

contribuiccedilatildeo com idade de 60 anos para o homem e 55 anos para a mulher

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR

58

IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA

114

1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3 A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

115

Portanto embora o trabalhador rural seja efetivamente um trabalhador no

sistema brasileiro de previdecircncia social conforme dispotildee a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 se houver comprovaccedilatildeo de que o segurado era trabalhador rural chamado de

segurado especial116

ser-lhe-aacute devido o benefiacutecio da aposentadoria o que natildeo

acontece com os paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social

114

A sentenccedila na iacutentegra poderaacute ser observada no anexo fls 136 115

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA TRF - 4ordf Regiatildeo

116 Segurado Especial para o sistema brasileiro de previdecircncia social eacute aquele que vive em regime

de economia familiar e caracteriza-se como produtor parceiro meeiro e o arrendataacuterio rural o pescador artesanal e seus assemelhados que exerccedilam suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar com ou sem auxiacutelio eventual de terceiros em sistema de muacutetua colaboraccedilatildeo e sem utilizaccedilatildeo de matildeo de obra assalariada bem como seus respectivos cocircnjuges companheiros e filhos maiores de 16 anos de idade ou a eles equiparados desde que trabalhem comprovadamente com o grupo familiar respectivo

A contar de 22112000 o parceiro outorgante proprietaacuterio de imoacutevel rural com aacuterea total de no maacuteximo quatro moacutedulos fiscais que ceder em parceria ou meaccedilatildeo ateacute 50 da aacuterea de seu imoacutevel rural desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a atividade individualmente ou em regime de economia familiar (VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios Op cit p57)

59

Ateacute porque como se analisaraacute veraacute no Capiacutetulo 3 os trabalhadores

assegurados pelo Acordo satildeo aqueles que tecircm viacutenculo de emprego ou seja os

trabalhadores empregados

60

CAPIacuteTULO 3

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE

SOCIAL NO MERCOSUL

O ecircxito dos Acordos Internacionais eacute em grande parte em razatildeo da parceria

entre o Itamaraty e o Ministeacuterio da Previdecircncia Social (MPS) com vistas a estender

proteccedilatildeo previdenciaacuteria aos brasileiros que vivem no exterior o que pressupotildee a

existecircncia de acordos nessa mateacuteria com governos de outros paiacuteses

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL eacute o primeiro

Acordo multilateral brasileiro em mateacuteria previdenciaacuteria em vigor Nele por exemplo

satildeo garantidos benefiacutecios que dependem de contribuiccedilotildees e contagem de tempo

como aposentadoria por idade (voluntaacuteria ou obrigatoacuteria) aposentadoria por

invalidez auxiacutelio-doenccedila e a pensatildeo por morte o que totalizaria os periacuteodos para

quem atua em mais de um paiacutes no acircmbito do Acordo

Outra proteccedilatildeo prevista eacute a manutenccedilatildeo da contribuiccedilatildeo ao paiacutes de origem

quando o deslocamento temporaacuterio for inferior a 12 meses prorrogaacutevel por igual

periacuteodo sempre que seja autorizado pelo paiacutes de destino Em tal periacuteodo o

trabalhador manteacutem seu viacutenculo e direitos sempre no paiacutes de origem natildeo

precisando portanto requerer esse tempo trabalhado na forma do Acordo Ademais

o Acordo tambeacutem beneficia aos servidores puacuteblicos pertencentes aos Regimes

Proacuteprios de Previdecircncia Social

Quanto aos atendimentos de sauacutede o Acordo prevecirc assistecircncia meacutedica

gratuita na rede hospitalar do governo ao trabalhador deslocado temporariamente

nos termos do inciso I Artigo 6 do referido Acordo bem como a seus dependentes

Natildeo obstante os atendimentos de sauacutede somente seratildeo outorgados ao trabalhador

deslocado temporariamente para o territoacuterio de outros Estados Partes bem como

para seus familiares e dependentes se a Entidade Gestora do Estado de origem

autorizar esse outorgamento Os custos que se originem dessa possibilidade seratildeo

cobertos pela mesma Entidade Gestora que autorizou a prestaccedilatildeo117

117

Decreto Legislativo n ordm 4512001 art 6ordm

61

Assim no Brasil o interessado deveraacute antes do deslocamento dirigir-se ao

Departamento Nacional de Auditoria do SUS dependente do Ministeacuterio da Sauacutede do

Brasil e solicitar o Certificado de Direito a Assistecircncia Meacutedica no Estado para onde

se deslocaraacute temporalmente

Os acordos internacionais na aacuterea de seguridade social satildeo instrumentos

juriacutedicos que os trabalhadores se utilizam para obter a validade do tempo de

contribuiccedilatildeo de Estados diferentes para todos os paiacuteses que satildeo membros e assim

permitem reconhecer os benefiacutecios previdenciaacuterios sendo desta forma a maneira

de se garantir os direitos dos trabalhadores que estatildeo envolvidos nos movimentos

migratoacuterios

Neste sentido eacute imprescindiacutevel o destaque para a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que trata acerca da igualdade de

tratamento entre nacionais e estrangeiros no seu artigo 3ordm cuja redaccedilatildeo eacute a

seguinte

Artigo 3

o

sect 1ordm - Qualquer Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor concederaacute em seu territoacuterio aos nacionais qualquer outro Membro para o qual a referida Convenccedilatildeo estiver igualmente em vigor o mesmo tratamento que a seus proacuteprios nacionais de conformidade com sua legislaccedilatildeo tanto no atinente agrave sujeiccedilatildeo como ao direito agraves prestaccedilotildees em qualquer ramo da previdecircncia social para o qual tenha aceitado as obrigaccedilotildees da Convenccedilatildeo sect 2ordm - No concernente agraves pensotildees por morte esta igualdade de tratamento deveraacute ademais ser concedida aos sobreviventes dos nacionais de um Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor independentemente da nacionalidade desses sobreviventes sect 3ordm - Entretanto no que concerne agraves prestaccedilotildees de um ramo de previdecircncia social determinado um Membro poderaacute derrogar as disposiccedilotildees dos paraacutegrafos precedentes do presente artigo com respeito aos nacionais de qualquer outro Membro que embora possua legislaccedilatildeo relativa a este ramo natildeo concede no referido ramo igualdade de tratamento aos

nacionais do primeiro Membro118

O artigo 7ordm tambeacutem da Convenccedilatildeo 118 estipula que os paiacuteses signataacuterios

tecircm que se esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento

de direitos de seguridade social119

Dessa forma eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica

as iniciativas do poder puacuteblico para garantir esses direitos Eacute importante destacar

118

Convenccedilatildeo Internacional 118 ratificada pelo Brasil pelo do Decreto Legislativo nordm 31 de 20 de agosto de 1968

119 Ibid

62

que ficou previsto no Acordo em seu artigo 16 uma Comissatildeo Multilateral

Permanente conforme se descreve

ARTIGO 16 1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com as disposiccedilotildees do Regulamento Administrativo 2 As Autoridades Competentes instituiratildeo uma Comissatildeo Multilateral Permanente que deliberaraacute por consenso e onde cada representaccedilatildeo estaraacute integrada por ateacute 3 membros de cada Estado Parte A Comissatildeo teraacute as seguintes funccedilotildees a) verificar a aplicaccedilatildeo do Acordo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares b) assessorar as Autoridades Competentes c) planejar as eventuais modificaccedilotildees ampliaccedilotildees e normas complementares d) manter negociaccedilotildees diretas por um prazo de 6 meses a fim de resolver as eventuais divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo do Acordo Vencido o teacutermino anterior sem que tenham resolvido as diferenccedilas qualquer um dos Estados Partes poderaacute recorrer ao sistema de soluccedilatildeo de controveacutersia vigente entre os Estados Partes do Tratado de Assunccedilatildeo 3 A Comissatildeo Multilateral Permanente reunir-se-aacute uma vez por ano alternadamente em cada um dos Estados Partes ou quando o solicite um deles 4 As Autoridades Competentes poderatildeo delegar a elaboraccedilatildeo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares agrave Comissatildeo Multilateral Permanente

A criaccedilatildeo de uma Comissatildeo Multilateral Permanente foi uma inovaccedilatildeo

interessante trazida pelo Acordo que tem responsabilidade entre outras coisas de

monitorar a aplicaccedilatildeo do acordo assessorar as autoridades competentes e planejar

eventuais modificaccedilotildees e complementaccedilotildees no mesmo

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

No MERCOSUL existe distinccedilatildeo entre os ordenamentos juriacutedicos internos e

externos embora ambos sejam vaacutelidos eles satildeo distintos e independentes Haacute total

independecircncia entre as normas e natildeo eacute possiacutevel afirmar que a norma interna estaacute

63

condicionada agrave norma internacional pois se caracterizam dois ordenamentos

juriacutedicos distintos120

Como caracteriacutestica do MERCOSUL as decisotildees tomadas no acircmbito dos

Acordos Internacionais fica condicionada aos procedimentos internos de cada paiacutes

integrante do bloco

De acordo com o Decreto Regulamentador ldquoo ldquoAcordo designa o Acordo

Multilateral de Seguridade Social entre a Repuacuteblica Argentina a Repuacuteblica

Federativa do Brasil a Repuacuteblica do Paraguai e a Repuacuteblica Oriental do Uruguai ou

qualquer outro Estado que venha a aderirrdquo121

De acordo com o Decreto Legislativo o mesmo tem duraccedilatildeo indefinida e o

Estado Parte que desejar se desvincular do presente Acordo poderaacute se desligar a

qualquer tempo atraveacutes da via diplomaacutetica natildeo afetando obviamente os direitos

adquiridos em virtude do Acordo ateacute entatildeo firmado Da mesma forma mas em

sentido contraacuterio o Acordo estaraacute aberto agrave adesatildeo mediante negociaccedilatildeo a aqueles

Estados que no futuro aderirem ao Tratado de Assunccedilatildeo como eacute o caso da

Venezuela por exemplo

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL a partir da sua

ratificaccedilatildeo nos paiacuteses integrantes do bloco pelo de seus ordenamentos juriacutedicos

internos aleacutem de prever questotildees ligadas agrave Previdecircncia Social tambeacutem trouxe

informaccedilotildees referentes agraves prestaccedilotildees de sauacutede

Conforme dispotildee os artigos 3ordm e 6ordm do Acordo ratificado no Brasil pelo

Decreto Legislativo nordm 4512001

ARTIGO 3

1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social referente agraves prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede existentes nos Estados Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo aqui estabelecidas

2 Cada Estado Parte concederaacute as prestaccedilotildees pecuniaacuterias e de sauacutede de acordo com sua proacutepria legislaccedilatildeo

3 As normas sobre prescriccedilatildeo e caducidade vigentes em cada Estado Parte seratildeo aplicadas ao disposto neste Artigo

E ainda

120

KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees constitucionais Op cit p 94

121 Decreto Regulamentador nordm 57222006 artigo 1ordm

64

ARTIGO 6

1 As prestaccedilotildees de sauacutede seratildeo outorgadas ao trabalhador deslocado temporariamente para o territoacuterio de outro Estado Parte assim como para seus familiares e assemelhados desde que a Entidade Gestora do Estado de origem autorize a sua outorga

2 Os custos que se originem de acordo com o previsto no paraacutegrafo anterior correratildeo a cargo da Entidade Gestora que tenha autorizado a prestaccedilatildeo

Portanto o trabalhador deslocado seus familiares ou assemelhados para

que possam obter as prestaccedilotildees de sauacutede durante o periacuteodo de permanecircncia no

Estado Parte em que se encontrarem deveratildeo apresentar ao Organismo de Ligaccedilatildeo

o certificado de Deslocamento Temporaacuterio e quando necessitarem de assistecircncia

meacutedica de urgecircncia deveratildeo apresentar perante a Entidade Gestora do Estado em

que se encontram o certificado expedido pelo Estado de origem

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS

De acordo com o artigo 2ordm do Regulamento do Acordo Multilateral de

Seguridade Social satildeo Autoridades Competentes122

os titulares na Argentina o

Ministeacuterio de Trabalho e Seguridade Social e do Ministeacuterio da Sauacutede e Accedilatildeo Social

no Brasil o Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social e do Ministeacuterio da Sauacutede

no Paraguai o Ministeacuterio da Justiccedila e do Trabalho e do Ministeacuterio da Sauacutede Puacuteblica

e Bem-Estar Social e no Uruguai o Ministeacuterio do Trabalho e da Seguridade Social

Satildeo Entidades Gestoras123

na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) as Caixas ou Institutos Municipais e Provinciais de

Previdecircncia a Superintendecircncia de Administradores de Fundo de Aposentadorias e

Pensotildees e as Administradoras de Fundos de Aposentadorias e Pensotildees no que se

refere aos regimes que amparam as contingecircncias de velhice invalidez e morte

baseadas no sistema de reparto ou no sistema de capitalizaccedilatildeo individual e a

122

Eacute o titular do organismo governamental que conforme a legislaccedilatildeo interna de cada Estado Parte tem competecircncia sobre o regime de Seguridade Social art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

123 Entidades Gestoras satildeo as instituiccedilotildees competentes para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

65

Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede (ANSSAL) no que se refere agraves

prestaccedilotildees de sauacutede no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o

Ministeacuterio da Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no

Uruguai o Banco de Previdecircncia Social (BPS)

Satildeo Organismos de Ligaccedilatildeo124 na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) e a Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede

(ANSSAL) no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Ministeacuterio da

Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no Uruguai o Banco

de Previdecircncia Social (BPS) Os Organismos de Ligaccedilatildeo comunicar-se-atildeo

diretamente entre si assim como com as pessoas interessadas que se encontrem

no seu respectivo territoacuterio e certificaratildeo para os fins do Acordo os periacuteodos de

seguro ou contribuiccedilatildeo recolhidos no Estado Parte ao qual pertencem

compreendidos em qualquer dos regimes de Seguridade Social do Estado Parte

contemplados na sua legislaccedilatildeo conforme jaacute estaacute previsto no Artigo 3deg do Acordo

A correspondecircncia entre as Autoridades Competentes Organismos de

Ligaccedilatildeo e Entidades Gestoras dos Estados Partes seraacute redigida no respectivo

idioma oficial do Estado emissor125

Ateacute a publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo do MPSINSS nordm

1362010 os organismos de ligaccedilatildeo no Brasil eram agecircncias da Previdecircncia

especificamente nos Estados de Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia

Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre

Florianoacutepolis e Satildeo Paulo por intermeacutedio das Gerecircncias Executivas

Entretanto com a entrada em vigor da norma acima citada em 31 de

dezembro de 2010 a operacionalizaccedilatildeo de cada Acordo de Previdecircncia Social ficou

em um uacutenico Organsimo de Ligaccedilatildeo no Brasil conforme Quadro 1 a seguir

124

Organismo de Ligaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos designados a efetuarem a comunicaccedilatildeo com os paiacuteses acordantes garantindo o cumprimento das solicitaccedilotildees formuladas no acircmbito dos Acordos Internacionais (Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 1ordm) e tem o objetivo de facilitar a aplicaccedilatildeo do Acordo adotando as medidas necessaacuterias para lograr sua maacutexima agilizaccedilatildeo e simplificaccedilatildeo administrativa

125 Decreto Legislativo n

o 4512001 art14

66

Quadro 2 Organismos de Ligaccedilatildeo no Brasil para acordos com outros paiacuteses

Fonte Anexo I da Resoluccedilatildeo MPSINSS 1362010

Observe-se que no acircmbito do MERCOSUL no Brasil a gerecircncia de

Florianoacutepolis (SC) eacute responsaacutevel atualmente para

I solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social brasileira de

estrangeiros em regime de deslocamento temporaacuterio no Brasil bem

como para os casos previstos nas regras de exceccedilatildeo e opccedilatildeo

II solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social relativa aos

paiacuteses acordantes para brasileiro que temporariamente preste serviccedilo

naqueles paiacuteses bem como para os casos que se enquadrarem nas

regras de exceccedilatildeo

III emitir os formulaacuterios de Ligaccedilatildeo Certificados de Deslocamento

Temporaacuterio e respectivas prorrogaccedilotildees informar aos paiacuteses

acordantes sobre as decisotildees proferidas resultantes da anaacutelise das

solicitaccedilotildees referentes aos processos de benefiacutecios no acircmbito dos

Acordos Internacionais e

IV encaminhar aos paiacuteses acordantes as informaccedilotildees sobre a situaccedilatildeo do

segurado junto agrave Previdecircncia Social brasileira quando requeridas bem

como prestar atendimento agraves demais solicitaccedilotildees apresentadas pelos

paiacuteses signataacuterios dos Acordos Internacionais126

A Resoluccedilatildeo esclarece em seu artigo 4ordm que os antigos Organismos de

Ligaccedilatildeo (Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte

Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre Florianoacutepolis e Satildeo Paulo)

126

Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 3ordm

Acordo do Brasil com Organismo de Ligaccedilatildeo Telefone

Portugal amp Cabo Verde Gerecircncia Satildeo Paulo Sul APS Vila Mariana

(11) 3503- 36073608

Espanha Gerecircncia Rio de Janeiro Centro APS Almirante Barroso

(21) 2272-35153438

Itaacutelia Gerecircncia Belo Horizonte APS Santa Efigecircnia

(31) 3249-42274228

MERCOSUL Argentina Paraguai e Uruguai

Gerecircncia Florianoacutepolis APS Florianoacutepolis Centro

(48) 3298-8125

Chile Gerecircncia Recife APS Santo Antocircnio

(81) 3412-55765492

Greacutecia amp Luxemburgo

Gerecircncia Distrito Federal APS Brasiacutelia Sul

(61) 3319-25042588

67

deveratildeo transferir os processos em anaacutelise que natildeo puderem ser concluiacutedos no

prazo de 120 dias contados da publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo (31122010) para os

novos Organismos de Ligaccedilatildeo constantes do Quadro 1 (Anexo 1 da Resoluccedilatildeo

1362010) considerando-se a nova distribuiccedilatildeo das atividades dos Acordos

Internacionais Informa ainda que os processos natildeo concluiacutedos no prazo de 120

dias por falta de respostas do Organismo estrangeiro deveratildeo ser encaminhados

ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente com coacutepia dos ofiacutecios expedidos ao exterior

Um dos grandes desafios para os paiacuteses-membros estaacute na coordenaccedilatildeo de

procedimentos administrativos que possibilitem de forma aacutegil a operacionalizaccedilatildeo do

acordo multilateral Para atingir esse objetivo as instituiccedilotildees em conjunto com a

Organizaccedilatildeo Ibero-Americana de Seguridade Social (OISS) entenderam ser de

extrema importacircncia a realizaccedilatildeo de projeto visando agrave criaccedilatildeo da Base Uacutenica de

Seguridade Social do MERCOSUL (BUSS)127

Por intermeacutedio da OISS recursos financeiros foram disponibilizados pelo

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aos Estados Partes exceto ao

Brasil128

para desenvolvimento do projeto Em contrapartida o Brasil por meio da

Empresa de Tecnologia e Informaccedilotildees da Previdecircncia Social (Dataprev) assumiu o

compromisso de desenvolver o sistema de intercacircmbio de informaccedilatildeo e validaccedilatildeo de

dados em mateacuteria de seguridade social129

No 5ordm Encontro de Cortes Supremas do MERCOSUL realizado nos dias 8 e

9 de novembro de 2007 em Brasiacutelia (no qual debates foram realizados no Supremo

Tribunal Federal e aleacutem dos ministros do STF o evento contou com a presenccedila de

presidentes das Cortes Supremas dos paiacuteses do MERCOSUL e associados aleacutem

de secretaacuterios da aacuterea previdenciaacuteria dos governos brasileiro argentino paraguaio e

uruguaio) foi divulgado pelo entatildeo secretaacuterio de Poliacuteticas de Previdecircncia Social do

Brasil Helmut Schwarzer a criaccedilatildeo de uma rede eletrocircnica com dados de

contribuintes da previdecircncia dos quatro paiacuteses para facilitar a concessatildeo dos

benefiacutecios a estrangeiros

127

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 p 33 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1ed)

128 Em razatildeo da legislaccedilatildeo interna o Brasil apresenta dificuldades em internalizar recursos do BID

129 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Loc cit

68

Segundo Helmut130

essa iniciativa poderaacute evitar que os tribunais dos paiacuteses

do MERCOSUL recebam accedilotildees sobre o assunto

O iniacutecio da operacionalizaccedilatildeo do Sistema de Transferecircncia e Validaccedilatildeo de

Dados dos paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL tem o intuito de permitir aos paiacuteses um acompanhamento mais raacutepido e

eficaz das informaccedilotildees dos trabalhadores que circulam no bloco O sistema criado

pelo corpo teacutecnico da Dataprev131

permite gerar formulaacuterios para preenchimento dos

dados pessoais do beneficiaacuterio dependentes e representantes legais e dos periacuteodos

de viacutenculos empregatiacutecios e contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria132

As informaccedilotildees circularatildeo simultaneamente entre os paiacuteses nos quais o

cidadatildeo trabalhou formalmente A utilizaccedilatildeo do sistema poderaacute ser estendida a

todos os paiacuteses com os quais o Brasil manteacutem acordo internacional para concessatildeo

de aposentadoria pensatildeo e auxiacutelios133

Pelo novo sistema que foi desenvolvido

utilizando-se tecnologia de ponta software livre e certificaccedilatildeo digital que garante o

alto niacutevel de seguranccedila da informaccedilatildeo os recursos seratildeo repassados ao sistema

previdenciaacuterio do paiacutes onde o trabalhador estaacute e a partir disso ele receberaacute

pessoalmente o valor do seu benefiacutecio

Segundo Joatildeo Donadon134

todo o tracircmite seraacute eletrocircnico e os recursos

seratildeo repassados ao outro paiacutes em remessa uacutenica Se algum benefiacutecio natildeo for

sacado pelo segurado o dinheiro seraacute devolvido ao oacutergatildeo responsaacutevel pela poliacutetica

previdenciaacuteria do paiacutes de origem135

O Sistema de Acordos Internacionais (Siaci) encontra-se em operaccedilatildeo

desde julho de 2008136

A ferramenta tem permitido a raacutepida transmissatildeo via

internet de formulaacuterios destinados agrave troca de informaccedilotildees de tempo de serviccedilo e

concessatildeo de benefiacutecios para os trabalhadores migrantes dos paiacuteses signataacuterios do

MERCOSUL

130

Disponiacutevel em lthttpogloboglobocomeconomiamat20071109327102998aspgt Acesso em 20072009

131 Empresa de Tecnologia que presta serviccedilos de tecnologia da informaccedilatildeo ao INSS

132 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Op cit p 33 133

Ibid 134

Diretor do Regime Geral de Previdecircncia Social do Brasil 135

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwnotadezcombrgt Acesso em 07042011 136

Disponiacutevel em lthttpportaldataprevgovbr20090726siaci-sistemas-de-acordos-internacionaisgt Acesso em 15082009

69

A qualquer momento eacute possiacutevel consultar e conferir as transaccedilotildees

efetuadas reduzindo-se progressivamente a utilizaccedilatildeo de documentos em papel

Pelo documento trabalhadores do Brasil Argentina Uruguai e Paraguai podem

incluir no caacutelculo de suas aposentadorias o tempo que trabalharam em outro paiacutes

aleacutem da concessatildeo de outros benefiacutecios137

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

Cidadatildeos originaacuterios de um dos paiacuteses signataacuterios que trabalhem em outro

paiacutes tecircm a garantia de em funccedilatildeo do Acordo Multilateral natildeo perder os diretos

previdenciaacuterios e o direito agrave sauacutede Isso significa que esses trabalhadores podem

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo assim como o tempo de contribuiccedilatildeo Eacute o que diz o artigo 7ordm do

Acordo138

ARTIGO 7

[] os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no Regulamento Administrativo

Um cidadatildeo uruguaio que trabalhe no Brasil por exemplo teraacute direito aos

benefiacutecios de sauacutede e da previdecircncia social de acordo com legislaccedilatildeo brasileira e

consideradas as contribuiccedilotildees efetuadas no Uruguai Diante disso constata-se que

o Acordo utiliza como regra geral o princiacutepio da territorialidade o que significa que

no momento do requerimento da prestaccedilatildeo ou benefiacutecio vale a legislaccedilatildeo do paiacutes

em que o trabalhador estiver exercendo sua atividade laboral139

Haacute algumas exceccedilotildees previstas no proacuteprio texto do Acordo como por

exemplo os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados Partes

Nesse caso eles permanecem sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio a

empresa tenha sua sede Conforme dispotildee os artigos 4ordm e 5ordm do Acordo o

137

Idem 138

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 7ordm 139

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 58

70

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio exerccedila

a atividade laboral com as seguintes exceccedilotildees140

ARTIGO 5 O principio estabelecido no Artigo 4 tem as seguintes exceccedilotildees a) o trabalhador de uma empresa com sede em um dos Estados-Partes que desempenhe tarefas profissionais de pesquisa cientificas teacutecnicas ou de direccedilatildeo ou atividades similares e outras que poderatildeo ser definidas pela Comissatildeo Multilateral Permanente prevista no Artigo 16 Paraacutegrafo 2 e que seja deslocado para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado por um periacuteodo limitado continuaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte de origem ateacute um prazo de doze meses suscetiacutevel de ser prorrogado em caraacuteter excepcional mediante preacutevio e expresso consentimento da Autoridade Competente do outro Estado Parte b) o pessoal de vocirco das empresas de transporte aeacutereo e o pessoal de tracircnsito das empresas de transporte terrestre continuaratildeo exclusivamente sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio a respectiva empresa tenha sua sede c) os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados-Partes continuaratildeo sujeitos agrave legislaccedilatildeo do mesmo Estado Qualquer outro trabalhador empregado em tarefas de carga e descarga conserto e vigilacircncia de navio quando no porto estaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja jurisdiccedilatildeo se encontre o navio 2 Os membros das representaccedilotildees diplomaacuteticas e consulares organismos internacionais e demais funcionaacuterios ou empregados dessas representaccedilotildees seratildeo regidos pelas legislaccedilotildees tratados e convenccedilotildees que lhes sejam aplicaacuteveis

Diante destas situaccedilotildees a Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de

Seguridade Social do MERCOSUL aprovou e publicou a Resoluccedilatildeo 12005 em

reuniatildeo realizada em Buenos Aires no ano de 2005 com o objetivo de estabelecer

criteacuterios para aplicaccedilatildeo do Acordo e tentar dirimir questotildees controveacutersias trazendo

em seu artigo 3ordm a informaccedilatildeo que reafirma a legislaccedilatildeo aplicaacutevel ao trabalhador que

se encontra nos Estados Partes

1 No caso dos trabalhadores transferidos para territoacuterio de outro Estado Parte previsto no art 5deg nuacutemero la) do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado no qual estaacute domiciliado o empregador ou a instituiccedilatildeo que dito Oacutergatildeo determine para tal fim remeteraacute coacutepia do certificado a que se refere o art 3deg do Regulamento Administrativo ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte a que se destina o trabalhador

2 Dito certificado constituiraacute a prova de que natildeo satildeo de aplicaccedilatildeo ao mencionado trabalhador transferido as disposiccedilotildees de Seguridade Social do lugar de destino

141

140

Decreto nordm 4512001 art 5ordm 141

Resoluccedilatildeo CMP n12005

71

Ainda o artigo 7ordm do Regulamento Administrativo mais uma vez ressalta a

regra aplicaacutevel informando que as prestaccedilotildees a que os trabalhadores tecircm direito

devem ter amparo na legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes de prestaccedilatildeo de

serviccedilos142

ARTIGO 7 As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo pagas de acordo com as normas seguintes 1 Quando se reuacutenam as condiccedilotildees requeridas pela legislaccedilatildeo de um Estado Parte para se ter direito agraves prestaccedilotildees sem que seja necessaacuterio recorrer agrave totalizaccedilatildeo de periacuteodos prevista no Titulo VI do Acordo a Entidade Gestora calcularaacute a prestaccedilatildeo em virtude unicamente do previsto na legislaccedilatildeo nacional que se aplique sem prejuiacutezo da totalizaccedilatildeo que possa solicitar o beneficiaacuterio 2 Quando o direito a prestaccedilotildees natildeo se origine unicamente com base nos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no Estado Contratante de que se trate a liquidaccedilatildeo da prestaccedilatildeo deveraacute ser feita tomando-se em conta a totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos outros Estados Partes 3 Caso seja aplicado o paraacutegrafo precedente a Entidade Gestora determinaraacute em primeiro lugar o valor da prestaccedilatildeo a que o interessado ou seus familiares e assemelhados teriam direito como se os periacuteodos totalizados tivessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo e em seguida fixaraacute o valor da prestaccedilatildeo em proporccedilatildeo aos periacuteodos cumpridos exclusivamente sob tal legislaccedilatildeo

Note-se que a norma legal traz em seu texto o termo trabalhador mas

quem seria este trabalhador a quem a norma se refere Tendo em vista que

empregado eacute espeacutecie do gecircnero trabalhador isso permite concluir que todo

empregado eacute trabalhador mas nem todo trabalhador eacute empregado143

Em face do que se observa no Acordo estaacute assegurado pelo Acordo

Multilateral de Seguridade Social o trabalhador empregado ou seja aquele que tem

viacutenculo empregatiacutecio com o empregador Os trabalhadores autocircnomos por exemplo

estatildeo fora da cobertura previdenciaacuteria se estiverem trabalhando nos Estados

Partes Esta informaccedilatildeo foi ressaltada no livro de estudos organizado pelo Ministeacuterio

da Previdecircncia Social quando assim informa

142

Decreto nordm 57222006 art 7ordm 143

Disponiacutevel em lthttpbuenoecostanzeadvbrindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=4642ampItemid=96gt

Acesso em 20032011

72

Cabe ainda ressaltar que o Acordo protege somente aqueles trabalhadores que estiverem prestando serviccedilo regularmente em um dos Estados Partes o trabalhador informal que natildeo possui filiaccedilatildeo previdenciaacuteria natildeo estaacute portanto incluiacutedo nessa proteccedilatildeo

144

Portanto uma vez considerado trabalhador empregado este poderaacute pleitear

benefiacutecios previdenciaacuterios observando os criteacuterios trazidos nos termos do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL Eacute importante destacar neste

sentido que o custo dos benefiacutecios concedidos em virtude do Acordo eacute rateado

entre os paiacuteses em que o trabalhador contribuiu proporcionalmente ao seu tempo

de contribuiccedilatildeo em cada um deles Ou seja eacute utilizada a sistemaacutetica da totalizaccedilatildeo

e o custo eacute rateado de forma diretamente proporcional ao tempo de filiaccedilatildeo em cada

sistema previdenciaacuterio de modo que natildeo haja desequiliacutebrio financeiro para o Estado

Parte que estiver concedendo o benefiacutecio145

Em se tratando de acordo internacional previdenciaacuterio a forma mais comum

eacute a divisatildeo de encargos entre os paiacuteses contratantes Haacute o estabelecimento de uma

relaccedilatildeo proporcional de encargo Cada paiacutes assume uma parte do total fazendo o

segurado jus a um benefiacutecio que resulta da soma das responsabilidades de cada

Estado O benefiacutecio eacute pago geralmente pelo paiacutes concessor sendo que haacute um

ajuste de contas entre os paiacuteses celebrantes do tratado146

As Entidades Gestoras pagaratildeo diretamente aos beneficiaacuterios as prestaccedilotildees

compreendidas no Acordo na forma determinada por cada Estado Parte

Para obter a concessatildeo das prestaccedilotildees os trabalhadores ou seus familiares

e assemelhados deveratildeo apresentar solicitaccedilatildeo em formulaacuterio especial ao

Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado em que residirem ou se residentes no territoacuterio de

outro Estado deveratildeo dirigir-se ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja

legislaccedilatildeo o trabalhador se encontrava assegurado no uacuteltimo periacuteodo de seguro ou

contribuiccedilatildeo

As solicitaccedilotildees dirigidas a Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras

de qualquer Estado Parte onde o interessado tenha periacuteodos de seguro contribuiccedilatildeo

ou residecircncia produziratildeo os mesmos efeitos como se tivessem sido entregues ao

Organismo de Ligaccedilatildeo previsto nos paiacuteses de residecircncia

144

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

145 Ibid p 59

146 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio 3 ed Satildeo Paulo LTr 2005 p

244

73

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras seratildeo

obrigadas a enviaacute-las ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente informando as datas

em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas147

O interessado que deseje solicitar os benefiacutecios previdenciaacuterios no Brasil ou

seja aqueles previstos no Acordo Multilateral deveraacute se dirigir agrave Agecircncia de

Previdecircncia Social mais proacutexima com a documentaccedilatildeo necessaacuteria para obter um

benefiacutecio comum aleacutem da documentaccedilatildeo que comprove sua atividade no paiacutes que

assinou o Acordo Tal documentaccedilatildeo seraacute enviada pelo organismo de conexatildeo

brasileiro para o organismo de conexatildeo do paiacutes membro do Acordo que

reconheceraacute ou natildeo o periacuteodo de contribuiccedilatildeo alegado pelo interessado naquele

paiacutes

O trabalhador ficaraacute sujeito ao regime previdenciaacuterio do paiacutes onde esteja

prestando serviccedilo exceto nos casos em que o trabalhador esteja sob a tutela do

Certificado de Deslocamento Temporaacuterio e sempre que esteja dentro do prazo

autorizado ainda que seja prorrogado Assim nos termos do inciso 1ordm do artigo 3ordm o

Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social

referente aos regimes tributaacuteveis pecuniaacuterios e de sauacutede existentes nos Estados

Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo que estipula148

Eacute importante ressaltar que o Acordo Multilateral do MERCOSUL inova ao

conceber tambeacutem disposiccedilotildees aplicaacuteveis a regimes de aposentadoria e pensotildees de

capitalizaccedilatildeo individual O Acordo seraacute aplicaacutevel tambeacutem aos trabalhadores filiados

a um regime de aposentadoria e pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecido

por algum dos Estados Partes para a obtenccedilatildeo das aposentadorias por velhice

idade avanccedilada invalidez ou morte149

Ademais os Estados Partes e os eventuais futuros aderentes ao Acordo

poderatildeo estabelecer mecanismos de transferecircncias de fundos para os fins de

obtenccedilatildeo das referidas aposentadorias e demais benefiacutecios sendo necessaacuterio que

as administradoras de fundos ou empresas seguradoras deem cumprimento aos

mecanismos que o Acordo Multilateral prevecirc150

Tais transferecircncias se daratildeo quando

o interessado comprove direito agrave obtenccedilatildeo das aposentadorias quando a

147

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

148 Ibid

149 Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 9ordm

150 Nota Teacutecnica nordm 202005 DRPSPSPSMPS

74

informaccedilatildeo aos filiados seraacute proporcionada nos termos da legislaccedilatildeo de cada Estado

Parte caso em que no Brasil natildeo ocorre

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade

Social

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) eacute uma autarquia do

governo federal do Brasil que recebe as contribuiccedilotildees para a manutenccedilatildeo do

Regime Geral da Previdecircncia Social sendo responsaacutevel pela concessatildeo dos

benefiacutecios previdenciaacuterios previstos na Lei nordm 821391 O INSS trabalha junto com a

Dataprev empresa de tecnologia que faz o processamento de todos os dados da

previdecircncia e estaacute subordinado ao Ministeacuterio da Previdecircncia Social

De acordo com o Regulamento Administrativo (art 2ordm) no Brasil a

instituiccedilatildeo competente e reconhecida para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo no acircmbito do acordo como Entidade Gestora e Organismo de Ligaccedilatildeo eacute o

INSS (para as prestaccedilotildees previdenciaacuterias) e o Ministeacuterio da Sauacutede (para as

prestaccedilotildees de sauacutede) Ou seja no Brasil o Oacutergatildeo Gestor eacute o INSS que

operacionaliza os Acordos pelos Organismos de Ligaccedilatildeo instruindo os processos

pela gerecircncia executiva responsaacutevel que no caso do MERCOSUL eacute a agecircncia com

responsabilidade da Gerecircncia Executiva de Florianoacutepolis ndash Santa Catarina

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios

As empresas que apresentam o intuito de deslocar temporariamente seus

empregados ao exterior devem fazecirc-lo mediante Certificado de Deslocamento

Temporaacuterio em que o segurado eacute isento de contribuir no paiacutes contratante aonde for

trabalhar na forma prevista em cada Acordo permanecendo sujeito agrave legislaccedilatildeo

previdenciaacuteria brasileira mas garantindo seus direitos no outro paiacutes Este seraacute o

documento haacutebil necessaacuterio para que o INSS averigue a documentaccedilatildeo da empresa

Durante o prazo do deslocamento temporaacuterio o trabalhador teraacute direito agrave

assistecircncia meacutedica da rede oficial do governo do Paiacutes Acordante O artigo 3ordm do

regulamento administrativo assim informa sobre o deslocamento temporaacuterio151

151

Decreto nordm 57222006 art 3ordm

75

ARTIGO 3

1 Para os casos previstos na aliacutenea ldquo1 ardquo do Artigo 5ordm do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo expediraacute mediante solicitaccedilatildeo da empresa do Estado de origem do trabalhador que for deslocado temporariamente para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado um certificado no qual conste que o trabalhador permanece sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado de origem indicando os familiares e assemelhados que o acompanharatildeo nesse deslocamento Coacutepia de tal certificado deveraacute ser entregue ao trabalhador

2 A empresa que deslocou temporariamente o trabalhador comunicaraacute ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado que expediu o certificado neste caso a interrupccedilatildeo da atividade prevista na situaccedilatildeo anterior 3 - Para os efeitos estabelecidos na aliacutenea ldquo1ardquo do Artigo 5 do Acordo a empresa deveraacute apresentar a solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo perante a Entidade Gestora do Estado de origem A Entidade Gestora do Estado de origem expediraacute o certificado de prorrogaccedilatildeo correspondente mediante consulta preacutevia e expresso consentimento da Entidade Gestora do outro Estado

4 - A empresa apresentaraacute as solicitaccedilotildees a que se referem os Paraacutegrafos 1 e 3 com trinta dias de antecedecircncia miacutenima da ocorrecircncia do fato gerador Em caso contraacuterio o trabalhador ficaraacute automaticamente sujeito a partir do iniacutecio da atividade ou da data de expiraccedilatildeo do prazo autorizado agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio continuar desenvolvendo suas atividades

Apenas nos Acordos BrasilEspanha e BrasilGreacutecia estaacute previsto

deslocamento Temporaacuterio para trabalhadores autocircnomos

O segurado deve levar consigo uma via do Certificado de Deslocamento152

O periacuteodo de deslocamento poderaacute ser prorrogado observados os prazos e as

condiccedilotildees fixados em cada Acordo No caso de solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo de

transferecircncias temporaacuterias esta deveraacute ser apresentada junto ao Oacutergatildeo de Ligaccedilatildeo

que concedeu o certificado de transferecircncia com a devida antecedecircncia em relaccedilatildeo

ao vencimento do periacuteodo de transferecircncia temporaacuteria que se houver concedido

Caso contraacuterio o trabalhador transferido ficaraacute automaticamente sujeito a partir do

vencimento do prazo original agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

continua prestando serviccedilos

Assim dispotildee o artigo 5ordm do Anexo II da Resoluccedilatildeo CMP nordm 012005

[] a) O prazo dos deslocamentos temporaacuterios previstos pelo inciso 1 do art 5 do Acordo Multilateral poderaacute ser prorrogado por um prazo total maior de doze meses previamente autorizado pela Autoridade Competente ou instituiccedilatildeo delegada do Estado receptor (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

152

Informaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwprevidenciasocialgovbrconteudoDinamicophpid=111gt Acesso em 10042011

76

b) Tanto o prazo original quanto o de prorrogaccedilatildeo poderatildeo ser utilizados de forma fracionada (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) c) Em virtude do caraacuteter excepcional do regime de deslocamentos temporaacuterios uma vez utilizado o prazo maacuteximo de vinte e quatro meses natildeo poderaacute ser concedido ao mesmo trabalhador um novo periacuteodo de amparo a este regime (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) 2 Para os fins da aliacutenea ldquoardquo do Art 5 do Acordo seratildeo consideradas como tarefas profissionais de pesquisa cientiacuteficas teacutecnicas ou de direccedilatildeo aquelas relacionadas a situaccedilotildees de emergecircncia transferecircncia de tecnologia prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia teacutecnica funccedilotildees de direccedilatildeo geral de gerenciamento de supervisatildeo de assessoramento a funccedilotildees superiores da empresa de consultoria especializada e similares (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

3 Eacute facultado ao Estado Parte receptor dos trabalhadores deslocados temporariamente solicitar que aleacutem do certificado previsto no Art 3 do Ajuste Administrativo seja apresentada documentaccedilatildeo que certifique que o trabalhador possui qualificaccedilatildeo ou as qualidades exigidas pela aliacutenea ldquoardquo do inciso 1 do Art 5 do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL assim como declaraccedilatildeo da empresa receptora relativa agrave atividade que seraacute desempenhada pelo trabalhador no territoacuterio do Estado Parte receptor (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

153

Os segurados seus familiares e assemelhados que desejem fazer valer

direitos agraves prestaccedilotildees deveratildeo apresentar a respectiva solicitaccedilatildeo junto agrave Entidade

Gestora competente do Estado Parte onde residam ou tenham realizado sua uacuteltima

atividade Os formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo

do Deslocamento Temporaacuterio encontram-se no Anexo 4

333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo

Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados

Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade

avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no

Regulamento Administrativo Assim dispotildee o Regulamento Administrativo sobre a

totalizaccedilatildeo do tempo de contribuiccedilatildeo154

153

Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 12005 da Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL atualizada pela Resoluccedilatildeo nordm 72007 da mesma comissatildeo

154 Decreto nordm 57222006 art 6

77

ARTIGO 6 1 De acordo com o previsto no Artigo 7 do Acordo os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no territoacuterio dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte observando as seguintes regras a) Cada Estado Parte consideraraacute os periacuteodos cumpridos e certificados por outro Estado desde que natildeo se superponham como periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo conforme sua proacutepria legislaccedilatildeo b) Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos antes do iniacutecio da vigecircncia do Acordo seratildeo considerados somente quando o trabalhador tiver periacuteodos de trabalho a cumprir a partir dessa data c) O periacuteodo cumprido em um Estado Parte sob um regime de seguro voluntaacuterio somente seraacute considerado quando natildeo for simultacircneo a um periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo obrigatoacuterio cumprido em outro Estado 2 Nos casos em que a aplicaccedilatildeo do Paraacutegrafo 2 do Artigo 7 do Acordo venha exonerar de suas obrigaccedilotildees a todas as Entidades Gestoras competentes dos Estado -Partes envolvidos as prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados Partes aonde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador em todos os Estados Partes

Caso o trabalhador natildeo tenha reunido a comprovaccedilatildeo do tempo miacutenimo de

12 meses somente seraacute computaacutevel os serviccedilos prestados em outro Estado que

tenha celebrado acordos bilaterais ou multilaterais de Seguridade Social com

qualquer dos Estados Partes E se somente um dos Estados Partes tiver concluiacutedo

um acordo de seguridade com outro paiacutes seraacute necessaacuterio que tal Estado Parte

assuma como proacuteprio o periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo cumprido neste terceiro

paiacutes155

A aplicaccedilatildeo desta norma pode vir a exonerar de suas obrigaccedilotildees todas as

Entidades Gestoras competentes dos Estados Partes envolvidos uma vez que as

prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados

Partes onde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com

preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos em

todos os Estados Partes156

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras de

solicitaccedilotildees de obtenccedilatildeo de concessatildeo por parte dos trabalhadores familiares e

assemelhados obrigar-se-atildeo a enviaacute-las sem demora ao Organismo de Ligaccedilatildeo

155

Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 7ordm 156

ALVES Carlos Marne Dias 2006 A Previdecircncia no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Direito das Relaccedilotildees Internacionais) UniCEUB Brasiacutelia 2006 p 162

78

competente informando as datas em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas157

Neste sentido os artigos 9ordm e 10ordm do Regulamento Administrativo assim

estabelecem158

ARTIGO 9 1 Para o tracircmite das solicitaccedilotildees das prestaccedilotildees pecuniaacuterias os Organismos de Ligaccedilatildeo utilizaratildeo um formulaacuterio especial no qual seratildeo consignados entre outros os dados de filiaccedilatildeo do trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados conjuntamente com a relaccedilatildeo e o resumo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador nos Estados Partes 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo avaliaraacute se for o caso a incapacidade temporaacuteria ou permanente emitindo o certificado correspondente que acompanharaacute os exames meacutedico-periciais realizados no trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados 3 Os laudos meacutedico-periciais do trabalhador consignaratildeo entre outros dados se a incapacidade temporaacuteria ou invalidez eacute consequumlecircncia de acidente do trabalho ou doenccedila profissional e indicaratildeo a necessidade de reabilitaccedilatildeo profissional 4 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado pronunciar-se-aacute sobre a solicitaccedilatildeo em conformidade com sua respectiva legislaccedilatildeo considerando-se os antecedentes meacutedico-periciais praticados 5 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo remeteraacute os formulaacuterios estabelecidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado ARTIGO 10 1 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado preencheraacute os formulaacuterios recebidos com as seguintes indicaccedilotildees a) periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo b) o valor prestaccedilatildeo reconhecida de acordo com o previsto no Paraacutegrafo 3 do Artigo 7 do presente Regulamento Administrativo 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo indicado no paraacutegrafo anterior remeteraacute os formulaacuterios devidamente preenchidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde o trabalhador solicitou a prestaccedilatildeo

Observa-se portanto que os trabalhadores e seus familiares poderatildeo

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo sendo computados tambeacutem o tempo de contribuiccedilatildeo do paiacutes de

origem e em alguns casos ateacute mesmo o tempo de contribuiccedilatildeo em paiacuteses natildeo

157

Regulamento Administrativo art 8ordm 158

Decreto 57222006 artigos 9 e 10

79

signataacuterios do acordo desde que esses tenham acordo com qualquer um dos

Estados Partes

Destaca-se no entanto que se o acordo do paiacutes natildeo signataacuterio for com

apenas um dos Estados Partes esse deveraacute reconhecer como proacuteprios os serviccedilos

prestados naquele159

Este instituto natildeo eacute nenhuma novidade para o INSS De

acordo com a Lei ndeg 97961999 adota-se procedimento semelhante com os

regimes proacuteprios de previdecircncia dos servidores puacuteblicos quando faz a totalizaccedilatildeo do

tempo de contribuiccedilatildeo e a divisatildeo proacute-rata do valor pago ao segurado chamando

este instituto de Contagem Reciacuteproca do Tempo de Contribuiccedilatildeo

159

Nota teacutecnica elaborada pela Coordenaccedilatildeo-Geral de Estudos Previdenciaacuterios da Secretaria de Poliacuteticas de Previdecircncia Social ndash CGEPSPS (NOTA TEacuteCNICA nordm 202005 DRPSPSPSMPS)

80

CONCLUSAtildeO

O objeto problematizado na presente dissertaccedilatildeo foi o Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL na garantia do direito agrave previdecircncia social aos

trabalhadores que tenham se vinculado a sistemas previdenciaacuterios de diferentes

paiacuteses durante sua vida laboral

Questotildees sobre integraccedilatildeo previdenciaacuteria acabam sendo necessaacuterias no

atual cenaacuterio de globalizaccedilatildeo da economia de formaccedilatildeo de blocos regionais e do

aumento do fluxo migratoacuterio principalmente da ampliaccedilatildeo da liberdade de circulaccedilatildeo

de trabalhadores para lhes assegurar seguranccedila na sua proteccedilatildeo social

previdenciaacuteria

A Previdecircncia Social espeacutecie do gecircnero Seguridade Social eacute um direito de

proteccedilatildeo social conferido ao trabalhador segurado e um mecanismo necessaacuterio para

manter o regime de trabalho assalariado

Surgiu como uma ferramenta do Estado garantir (aqueles que contribuem)

condiccedilotildees financeiras para periacuteodos de incapacidade de trabalho como doenccedila

invalidez ou velhice e diminuir os riscos de arcar futuramente com situaccedilotildees de

miseacuteria e pobreza como distribuidor de renda por este motivo impocircs contribuiccedilotildees

compulsoacuterias aos trabalhadores que de alguma forma prestam serviccedilos a pessoas

fiacutesicas juriacutedicas e por conta proacutepria

Na atual conjuntura a intervenccedilatildeo do Estado na sociedade a fim de

estruturar e garantir proteccedilatildeo previdenciaacuteria eacute imprescindiacutevel e com a globalizaccedilatildeo

natildeo eacute diferente o cocircmputo de tempo de serviccedilo desenvolvido no exterior para fins

de obtenccedilatildeo de benefiacutecio previdenciaacuterio no Brasil exige regramento particular no

acircmbito do direito internacional

A possibilidade de reconhecimento no Brasil do labor desenvolvido em

qualquer um dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL e vice versa tem assento

atualmente no Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul

assinado em 15121997 pelos representantes dos componentes originaacuterios do

bloco (Brasil Argentina Uruguai e Paraguai)

Entretanto eacute importante destacar que antes da entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social existiam acordos bilaterais de previdecircncia social

do Brasil com vaacuterios paiacuteses inclusive com paiacuteses integrantes do MERCOSUL

81

diante disso destacamos o disposto no artigo 8ordm do Acordo Multilateral de

Seguridade Social que informa que ldquoos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

cumpridos antes da vigecircncia do presente Acordo seratildeo considerados desde que

estes natildeo tenham sido utilizados anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees

pecuniaacuterias em outro paiacutesrdquo160

Houve no decorrer da pesquisa grandes dificuldades de obtenccedilatildeo de dados

especiacuteficos junto agrave autarquia federal (INSS) embora jaacute esteja sendo utilizado o

sistema de informaccedilotildees de acordos internacionais (SIACI) criado pela DATAPREV

empresa de tecnologia da Previdecircncia Social brasileira desde de julho de 2008

Mesmo assim a pesquisa nos levou a entender que a possibilidade de

reconhecimento de trabalho para fins de benefiacutecio previdenciaacuterio realizado nos

paiacuteses do MERCOSUL regulada pelo Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL internalizado pelo Decreto nordm 57222006 trata de garantir aos

brasileiros que trabalham nos Paiacuteses signitaacuterios do Acordo a mesma proteccedilatildeo que eacute

assegurada aos cidadatildeos daquele Paiacutes ou seja o brasileiro que trabalha na

Argentina por exemplo vai ter direito por conta daquela norma de perceber os

benefiacutecios que a legislaccedilatildeo previdenciaacuteria Argentina assegura aos demais

trabalhadores que tecircm aquela nacionalidade Por outro lado se o trabalhador quer

pleitear o benefiacutecio aqui no Brasil o aproveitamento do serviccedilo prestado naquele

Paiacutes somente eacute possiacutevel na forma em que prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do

Regulamento ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo

reconheccedila em face da sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo161

A proteccedilatildeo prevista no Acordo como a contagem do tempo de contribuiccedilatildeo

e as demais prestaccedilotildees previdenciaacuterias e de sauacutede apenas estatildeo garantidas para

trabalhadores empregados ou seja aqueles que possuem viacutenculo empregatiacutecio com

algum empregador os demais trabalhadores como autocircnomos domeacutesticos os

rurais que no Brasil satildeo tambeacutem chamados de segurados especiais natildeo estatildeo

protegidos pelo Acordo e natildeo podem se beneficiar do tempo de serviccedilo prestado

fora de seu paiacutes de origem mesmo que comprovam contribuiccedilatildeo do periacuteodo

Os acoacuterdatildeos encontrados sobre os aspectos previdenciaacuterios levados ao

judiciaacuterio no acircmbito do Acordo demonstram que o fato de o mesmo existir natildeo

160

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 8ordm 161

Decreto nordm 57222006 art 10ordm

82

implica reconhecimento automaacutetico de atividades laborais prestadas nos Estados

Partes eacute necessaacuterio a observacircncia do procedimento burocraacutetico estabelecido no

Regulamento Administrativo aprovado pelo Decreto nordm 57222006

Haacute que se observar tambeacutem que para os trabalhadores que vierem a

trabalhar nos paiacuteses integrantes do MERCOSUL apoacutes a entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL teratildeo a contagem de tempo de

contribuiccedilatildeo contada conforme o acordo Podemos observar conforme dados

coletados nos Acoacuterdatildeos que de acordo com o judiciaacuterio os periacuteodos de seguro ou

contribuiccedilatildeo cumpridos antes da vigecircncia do Acordo de que o trabalhador tenha

direito somente seratildeo considerados se o trabalhador natildeo tenha utilizado

anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees pecuniaacuterias em outro paiacutes

Observamos que o Acordo garante prestaccedilotildees previdenciaacuterias como

benefiacutecios e contagens de tempo de contribuiccedilatildeo aos trabalhadores que natildeo apenas

se encontrem trabalhando formalmente mas que estejam de acordo com as

formalidades estabelecidas no mesmo O trabalhador que quer pleitear benefiacutecio

somente eacute possiacutevel na forma prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do Regulamento

ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo reconheccedila em face agrave

sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo o trabalhador tem direito

Fica aiacute uma demonstraccedilatildeo que a Proteccedilatildeo Previdenciaacuteria prevista no Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL apresentou avanccedilos no acircmbito da

proteccedilatildeo social dos trabalhadores empregados que circulam no Bloco

Anteriormente com os acordos bilaterais a garantia de proteccedilatildeo

previdenciaacuteria aos paiacuteses signataacuterios era restrita aos dois paiacuteses que assinavam o

acordo Agora haacute uma ampliaccedilatildeo da proteccedilatildeo previdenciaacuteria fortalecendo os paiacuteses

do MERCOSUL no que tange a circulaccedilatildeo de trabalhadores e consequentemente

conhecimento tecnologia cultura assim como outros benefiacutecios decorrentes de uma

regionalizaccedilatildeo mas natildeo garante automaticamente o tempo de contribuiccedilatildeo sem que

o Estado em que trabalhou documente esse tempo como reconhecido

necessitando portanto de muitos ajustes para garantia completa deste e tambeacutem

outros trabalhadores que prestam serviccedilos no Brasil na Argentina no Paraguai e no

Uruguai e futuramente na Venezuela que natildeo foram assegurados no Acordo como

os contribuintes individuais domeacutesticos e segurados especiais

83

REFEREcircNCIAS

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89

MORENO Alicia S La difusa Idea del espacio social em los procesos de integracioacuten In PIMENTEL L O (Coord) Mercosul Alca e Integraccedilatildeo Euro-Latino-Americana Curitiba Juruaacute 2001 p 74 MURRO Ernesto As Tendecircncias na Ameacuterica Latina e a Reforma Uruguaia da Previdecircncia Social 2001 Disponiacutevel em ltwwwredsegsocorguygt Acesso em 10112010 p 5 NASSIF A L A articulaccedilatildeo das poliacuteticas industrial e comercial nas economias em desenvolvimento contemporacircneas uma discussatildeo analiacutetica Revista de Economia Poliacutetica v20 n2 abril-junho 2000 NONNEMBERG M H B MENDONCcedilA M J C Criaccedilatildeo e desvio de comeacutercio no Mercosul o caso dos produtos agriacutecolas Rio de Janeiro IPEA mar 1999 (Texto para Discussatildeo n 631) NORRIS Roberto Livre Circulaccedilatildeo de Trabalhadores em um contexto de Integraccedilatildeo Regionalizada Satildeo Paulo Ltr 1999 OLIVEIRA Julio Ramos Movibilidad de la mano de obra em El Mercosur Contribuciones CIEDLAKonrad-Adenauer Satildeo Paulo antildeo 10 n 2 1993 OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos

Estados-Partes do MERCOSUL 2008 Tese (Doutorado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 145 PASSOS Alessandro Ferreira dos SCHWARZER Helmut Migraccedilotildees Internacionais e a Previdecircncia Social Informe de Previdecircncia Social Brasiacutelia v16 n12 dez 2004 PEREIRA Joseacute Adriano Mercosul em Movimento II In Liberalismo econocircmico e processo de integraccedilatildeo na Ameacuterica Latina Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 p 100 ______ Integraccedilatildeo Econocircmica e Mobilidade de Trabalhadores no Mercosul Revista de Economia e Relaccedilotildees Internacionais Satildeo Paulo v 3 n 6 p 76-87 jan 2005 PIOVESAN Flaacutevia Direitos Humanos e Direito Constitucional e Internacional 5ed Satildeo Paulo Max Limonad 2002 p 72 PRADO L C D Mercosul como opccedilatildeo estrateacutegica de integraccedilatildeo notas sobre a teoria da integraccedilatildeo e estrateacutegias de desenvolvimento Ensaios FEE v18 n1 p 276-299 1997 PRAXEDES Walter PILETTI Nelson O Mercosul e a Sociedade Global 8 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1997 p 58 PROGRAMA para a consolidaccedilatildeo da uniatildeo aduaneira e para o lanccedilamento do Mercado Comum ldquoObjetivo 2006rdquo (Uruguay) Recomendaccedilatildeo no 12003 do Foacuterum Consultivo Econocircmico Social XXV Reuniatildeo Montevideu 10 dez 2003 Disponiacutevel

90

em httpwwwccscsorghtml_particp_institucfcesfces_rec0103_brhtm Acesso em 20012011 RELATOacuteRIO Anual da AISS Disponiacutevel em ltwwwissaintannual-reviewgt Acesso em 20012011 REGULAMENTO interno de la comisioacuten sociolaboral del Mercosur (Argentina) Buenos Aires 10 mar 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwccscsorghtml_particp_institucccscs_pi_regl_comis_socio_laboralhtmgt Acesso em 20112010 ROCHA Daniel Machado da O direito fundamental aacute previdecircncia social na perspectiva dos princiacutepios constitucionais diretivos do sistema previdenciaacuterio brasileiro Porto Alegre Livraria do Advogado 2004 ROSENTHAL G (Coord) Regionalismo aberto na Ameacuterica Latina e no Caribe a integraccedilatildeo econocircmica a serviccedilo da transformaccedilatildeo produtiva com equidade In Cinquenta anos de Pensamento na CEPAL Santiago do Chile p 939-958 1994 SABBATINI R Multilateralismo regionalismo e o Mercosul Indicadores Econocircmicos FEE Porto Alegre v 29 n1 jun 2001 SALAMA P Novos paradoxos da liberaccedilatildeo na Ameacuterica Latina In REIS C N (Org) Ameacuterica Latina crescimento no comeacutercio mundial e exclusatildeo social Porto Alegre Dacasa EditoraPalmarica 2001 275 p SALVATORE D Economia internacional Rio de Janeiro LTC 2000 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia e sua perspectiva no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Direito) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute PUC-PR Curitiba 2005 p206 SECRETARIA de Estado da Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do Mercosul ndash SEIM Disponiacutevel em lthttpwwwseimprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=32gt Acesso em 10072010 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social Revista Kataacutelysis v0 n 5 2001 SISTEMA estadiacutestico de indicadores sociales Reunioacuten de grupo teacutecnico de desarrollo social del Mercosur (Argentina) Buenos Aires 22 de marccedilo de 2002 Disponiacutevel em

lthttpwwwmercosurintmswebpagina_anteriorsamespanolrem-mtsspconjuntospconjuntos1htmlgt Acesso em 15022011 SOARES Maacuterio Luacutecio Quintatildeo MERCOSUL direitos humanos globalizaccedilatildeo e soberania Belo Horizonte Del Rey 1997

91

STUART Ana Maria Negociando um novo Mercosul Panorama da Conjuntura Internacional Satildeo Paulo Gacint n 23 ano 6 outnov 2003 STUART Ana Maria A construccedilatildeo de um novo regionalismo In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Orgs) Mercosul em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 TODOS Somos MERCOSUL ndash CEFIR ndash Plataforma de Integraccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpneccintwordpresscomdireito-internacionalarena-de-ideiasmercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulgt Acesso em 02012011 THORSTENSEN V Desenvolvimento da cooperaccedilatildeo econocircmica e das relaccedilotildees comerciais entre a EU e o MERCOSUL interesses comuns e desafios Poliacutetica Externa v 5 n1 jun-jul-ago 1996 TRIBUNA DA IMPRENSA Entra em vigor a Previdecircncia do Mercosul 14 out 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwsindicatomercosulcombrnoticia02aspnoticia=27232gt Acesso em 02012011 VASCONCELOS Pedro Paulo Lima Indicadores soacutecio-econocircmicos do MERCOSUL um estudo sob a Eacutegide da Economia Poliacutetica Internacional In SIMPOacuteSIO EM RELACcedilOtildeES INTERNACIONAIS DO PROGRAMA SAN TIAGO DANTAS I nov 2007 p 10 (UNESP UNICAMP e PUC-SP) VEIGA Joatildeo Paulo Mercosul e os interesses poliacuteticos e sociais Satildeo Paulo em Perspectiva Fundaccedilatildeo Seade Satildeo Paulo v 5 n 3 1991 ______ Revista do Instituto de Ciecircncias Econocircmicas Administrativas e Contaacutebeis v 11 n 1 2007 VEIGA P M A infra-estrutura e o processo de negociaccedilatildeo da ALCA Rio de Janeiro IPEA mar 1999 (Texto para Discussatildeo n 507) VERA-FLUIXAacute R X Principios de integracioacuten regional en Ameacuterica Latina y suanaacutelisis compartivo con la Unioacuten Europea Bonn Center for European Integration Studies v73 2000 (Discussion Paper) VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios 2 ed Satildeo Paulo Editora LTr 2010 VIGEVANI Tullo Mercosul impactos para trabalhadores e sindicatos Satildeo Paulo LTr 1998 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar Previdecircncia Complementar no Direito Comparado Revista de Previdecircncia Social n 232 Satildeo Paulo LTr marccedilo de 2000

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______ A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas n 3 p 128-137 juldez 2003 WANDERLEY Luiz Eduardo W A construccedilatildeo de um MERCOSUL Social Revista Ponto-e-Viacutergula Satildeo Paulo PUC SP v 1 p90-104 2007 p94 SITES CONSULTADOS lthttpestudeonlinenetrevisao_detalheaspxcod=461gt Acesso em 29032011 lthttpwwwclassificadosmercosulcombrmercosul_infomercosul01htmgt Acesso em 29022011 ltwwwmpsgovbracordosinternacionaisgt Acesso em 03012011 lthttpwwwprevidenciasocialgovbrconteudoDinamicophpid=111gt Acesso em 10042011 lthttpbuenoecostanzeadvbrindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=4642ampItemid=96gt Acesso em 20032011 lthttpogloboglobocomeconomiamat20071109327102998aspgt Acesso em 20072009 lthttpportaldataprevgovbr20090726siaci-sistemas-de-acordos-internacionaisgt Acesso em 15082009 lthttpwwwplanaltogovbrgt Acesso em 02032010 lthttpwwwprevidenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_01aspgt Acesso em 25042009 lthttpwww1previdenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_05aspgt Acesso em 20042011 lthttpwww2mregovbrdai003htmlgt Acesso em 10052008 lthttpwww2mregovbrdaidtrathtmgt Acesso em 12052008 lthttpwwwnotadezcombrgt Acesso em 07022008 lthttpwwwreceitafazendagovbrlegislacaoacordosinternacionaisAcordosComplEconomicaDefaulthtmgt Acesso em 10022011

93

ANEXOS

94

ANEXO 1

Estrutura Institucional do MERCOSUL

95

ANEXO 2

Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses

acordantes - 20072009

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20072009

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS

INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por

Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2007 482 293 33 54 88 14 TOTAL 2008 858 431 62 58 292 15 2009 1616 1052 79 131 335 19 2007 17 9 ndash 8 ndash ndash Argentina 2008 27 15 ndash 8 4 ndash 2009 45 30 1 10 4 ndash 2007 19 16 ndash 1 2 ndash Chile 2008 6 4 2 ndash ndash ndash 2009 1 1 ndash ndash ndash ndash 2007 121 87 9 12 11 2 Espanha 2008 239 127 16 14 79 3 2009 549 363 25 52 102 7 2007 2 ndash 1 ndash 1 ndash Greacutecia 2008 5 4 ndash ndash 1 ndash 2009 14 11 ndash 1 2 ndash 2007 46 39 1 ndash 6 ndash Itaacutelia 2008 80 69 1 2 7 1 2009 163 139 3 2 18 1 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2008 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2009 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Mercosul 2008 4 4 ndash ndash ndash ndash 2009 28 21 ndash 5 2 ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Paraguai 2008 2 2 ndash ndash ndash ndash 2009 4 4 ndash ndash ndash ndash 2007 259 136 22 22 68 11 Portugal 2008 470 195 43 26 196 10 2009 778 453 49 60 205 11 2007 18 6 ndash 11 ndash 1 Uruguai 2008 25 11 ndash 8 5 1 2009 34 30 1 1 2 ndash

FONTE MPSSEAssessoria de Assuntos Internacionais

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Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo

paiacuteses acordantes - 20012003

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20012003

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2001 148 37 8 17 86 ndash TOTAL 2002 368 146 18 19 182 3 2003 444 232 25 25 162 ndash 2001 2 ndash 1 1 ndash ndash Argentina 2002 5 2 ndash 3 ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 2 2 ndash ndash ndash ndash Chile 2002 2 1 ndash ndash 1 ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash 2001 27 14 3 2 8 ndash Espanha 2002 106 71 5 4 26 ndash 2003 201 128 7 20 46 ndash 2001 1 ndash ndash ndash 1 ndash Greacutecia 2002 4 1 ndash 2 1 ndash 2003 7 5 1 ndash 1 ndash 2001 3 1 ndash ndash 2 ndash Itaacutelia 2002 17 16 1 ndash ndash ndash 2003 19 15 1 ndash 3 ndash 2001 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2002 3 3 ndash ndash ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 105 19 4 7 75 ndash Portugal 2002 224 52 12 3 154 3 2003 215 82 16 5 112 ndash 2001 8 1 ndash 7 ndash ndash Uruguai 2002 7 ndash ndash 7 ndash ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash

FONTE DATAPREV SUB

97

ANEXO 3

JURISPRUDEcircNCIA

ACOacuteRDAtildeO 1

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20067110006064-5RS

RELATOR Juiz Federal GUILHERME PINHO MACHADO

APELANTE JUAN MARIO LOPES BARBOZA

ADVOGADO Jose Ricardo Caetano Costa

APELADO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria Regional da PFE-INSS

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilOCONTRIBUICcedilAtildeO ACORDO PREVIDENCIAacuteRIO ENTRE BRASIL E URUGUAI COcircMPUTO DE TEMPO DE SERVICcedilO ANTERIOR AO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 57222006 INCIDEcircNCIA DOS ARTS V E VII DO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 8524880 AUSEcircNCIA DE IRREGULARIDADE NA CONDUTA DO INSS RETARDO NO ATENDIMENTO DO PEDIDO DECORREcircNCIA DA NECESSIDADE DE OBTENCcedilAtildeO DE PARECER DA INSTITUICcedilAtildeO PREVIDENCIAacuteRIA ALIENIacuteGENA

1 Em 27 de janeiro de 1977 foi assinado em Montevideacuteu o Acordo de Previdecircncia Social entre os Governos do Brasil e do Uruguai que teve seu texto aprovado pelo Decreto Legislativo nordm 6778 e promulgado pelo Decreto Presidencial nordm 852481980 publicado em 15101980 2 Posteriormente foi celebrado em 15121997 o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum e seu Regulamento Administrativo contendo o respectivo Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o qual entrou em vigor no plano internacional em 01062005 tendo sido promulgado no Brasil por intermeacutedio do Decreto Presidencial nordm 57222006 publicado em 13032006 3 Sendo os periacuteodos controvertidos anteriores agrave vigecircncia do Acordo de Seguridade Social do Mercosul natildeo tem aplicabilidade por decorrecircncia tal regramento na espeacutecie na forma dos arts 8ordm e 17 do Decreto Presidencial nordm 57222006 4 O direito invocado pelo autor assim deve ser examinado agrave luz dos artigos V e VII do Decreto Presidencial nordm 8524880 que promulga o Acordo de Previdecircncia Social celebrado entre Brasil e Uruguai devendo o cocircmputo dos periacuteodos trabalhados nos signataacuterios ser regido pela legislaccedilatildeo do paiacutes onde tenham sido realizados os respectivos serviccedilos sendo que caberaacute agrave entidade gestora do paiacutes em que natildeo foi apresentado o pedido de aposentadoria informar se o interessado comprova os periacuteodos de atividades cumpridos em seu territoacuterio informaccedilatildeo essa a ser prestada agrave entidade similar do paiacutes em que feito o pedido de concessatildeo de benefiacutecio

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5 Nesse contexto natildeo haacute falar em desiacutedia ou ineficiecircncia do INSS no atendimento do requerimento do autor uma vez que o retardo para anaacutelise do pedido decorrente da necessidade de se obter a teor do acordo internacional que regula a mateacuteria parecer da respectiva instituiccedilatildeo de previdecircncia alieniacutegena

ACOacuteRDAtildeO 2

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 0000395-6720104049999SC

RELATOR Des Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO ARI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA PREVIDENCIAacuteRIO PROCESSUAL CIVIL AGRAVO RETIDO IMPROVIDO CONCESSAtildeO DE APOSENTADORIA POR IDADE RURAL SEGURADO ESPECIAL REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR EXERCIacuteCIO NO PARAGUAI CAREcircNCIA Segundo prevecirc o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o periacuteodo de labor rural exercido em outro paiacutes in casu no Paraguai natildeo eacute haacutebil para caracterizaccedilatildeo de lapso carencial quando ausente a certificaccedilatildeo do labor pelo outro Estado signataacuterio

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia 6ordf Turma do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por maioria negar provimento ao agravo retido extinguir o feito sem julgamento de meacuterito e julgar prejudicada a apelaccedilatildeo do INSS e a remessa oficial vencido o Juiz Federal Loraci Flores de Lima nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 10 de agosto de 2010

Desembargador Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA Relator

99

ACOacuteRDAtildeO 3

APELACcedilAtildeOREEXAME NECESSAacuteRIO Nordm 20047104009576-7RS

RELATOR Des Federal LUIacuteS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE

APELANTE ENRIQUE MANUEL EIRAS MAYO

ADVOGADO Igor Loss da Silva

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO (Os mesmos)

REMETENTE JUIacuteZO SUBSTITUTO DA 02A VF DE PASSO FUNDO

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilO CONCESSAtildeO RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL COMPROVACcedilAtildeO CONVERSAtildeO TEMPO DE SERVICcedilO NO EXTERIOR (REPUacuteBLICA ARGENTINA) ACORDO BILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL (DECRETO Ndeg 8791882) TEMPUS REGIT ACTUM ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL (DECRETO Ndeg 572206) APLICACcedilAtildeO A ATOS JURIacuteDICOS FUTUROS POSSIBILIDADE TOTALIZACcedilAtildeO DOS PERIacuteODOS DE CONTRIBUICcedilAtildeO POSSIBILIDADE CAacuteLCULO DE RMI PROPORCIONALIDADE BENEFIacuteCIO EVENTUALMENTE COMPOSTO DE DUAS PARCELAS SE SATISFEITOS OS REQUISITOS EM AMBOS OS PAIacuteSES DETERMINACcedilAtildeO DA CONCESSAtildeO DO BENEFIacuteCIO NA ARGENTINA IMPOSSIBILIDADE TRAcircMITE DE PEDIDO DE APOSENTADORIA PELOS ORGANISMOS DE LIGACcedilAtildeO 1 Uma vez exercida atividade enquadraacutevel como especial sob a eacutegide da legislaccedilatildeo que a ampara o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal e ao acreacutescimo decorrente da sua conversatildeo em tempo de serviccedilo comum no acircmbito do Regime Geral de Previdecircncia Social A Lei nordm 971198 e o Regulamento Geral da Previdecircncia Social aprovado pelo Decreto nordm 3048 de 06-05-1999 resguardam o direito adquirido de os segurados terem convertido o tempo de serviccedilo especial em comum ateacute 28-05-1998 observada para fins de enquadramento a legislaccedilatildeo vigente agrave eacutepoca da prestaccedilatildeo do serviccedilo 2 Ateacute 28-04-1995 eacute admissiacutevel o reconhecimento da especialidade por categoria profissional ou por sujeiccedilatildeo a agentes nocivos aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruiacutedo) a partir de 29-04-1995 natildeo mais eacute possiacutevel o enquadramento por categoria profissional devendo existir comprovaccedilatildeo da sujeiccedilatildeo a agentes nocivos por qualquer meio de prova ateacute 05-03-1997 e a partir de entatildeo e ateacute 28-05-1998 por meio de formulaacuterio embasado em laudo teacutecnico ou por meio de periacutecia teacutecnica 3 Nos termos do que preconiza a regra do tempus regit actum tendo o segurado laborado na Argentina entre a deacutecada de 60 e 70 bem como datando o requerimento administrativo de 2000 deve-se aplicar o Decreto ndeg 8791882 para

100

fins de verificaccedilatildeo do seu direito agrave contagem do tempo laborado no exterior bem como agrave concessatildeo de aposentadoria por tempo de serviccedilo no Brasil 4 Aplicaccedilatildeo do Decreto ndeg 572206 quanto a questotildees de procedimentos ainda pendentes ressaltando-se natildeo se tratar de aplicaccedilatildeo retroativa porque referente a atos ainda inocorridos estando desde jaacute ressalvados os direitos adquiridos 5 A verificaccedilatildeo do direito agrave aposentadoria em cada Estado Acordante se daraacute com a soma (totalizaccedilatildeo nos termos do Decreto ndeg 8791882) dos periacuteodos laborados em cada um dos paiacuteses como se os periacuteodos de seguro totalizados houvessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo (art VIII a do Decreto ndeg 8791882) Eacute possiacutevel que o segurado possua quando do requerimento de concessatildeo apenas direito agrave aposentadoria em um dos Estados Acordantes o que natildeo impede a concessatildeo proporcional 6 Os valores corresponde a cada entidade gestora (Brasil e Argentina) seratildeo resultantes da proporccedilatildeo estabelecida entre o periacuteodo totalizado e o tempo cumprido sob a legislaccedilatildeo de seu proacuteprio Estado vedada a concessatildeo de benefiacutecio com valor inferior a um salaacuterio miacutenimo (art XII a do Decreto ndeg 8791882 bem como do art 201 sect 2deg) 7 Natildeo eacute de competecircncia deste juiacutezo verificar o direito do autor agrave aposentadoria na Repuacuteblica Argentina pela impossiacutevel de sua condenaccedilatildeo ao pagamento em decorrecircncia das imunidades de jurisdiccedilatildeo e execuccedilatildeo insuperaacuteveis no caso O proacuteprio Acordo Bilateral de Seguridade Social do Brasil e da Argentina (Decreto ndeg 8791882) determina que o exame de meacuterito - do direito agrave aposentadoria - caberaacute independentemente a cada Estado Acordante natildeo se podendo questionar a decisatildeo de aposentadoria 8 O tracircmite do pedido de aposentadoria na Argentina deve ocorrer atraveacutes dos Organismos de Ligaccedilatildeo (Art 1 d do Decreto ndeg 572206 cc art 2 ndeg 3 da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) com o estabelecimento de regras para 9apresentaccedilatildeo por meio deles de solicitaccedilotildees ao outro paiacutes Acordante quanto agraves prestaccedilotildees pecuniaacuterias (Tiacutetulo VI da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade determinar a implantaccedilatildeo do benefiacutecio dar parcial provimento ao apelo do autor parcial provimento ao apelo do INSS e parcial provimento agrave remessa oficial nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 11 de fevereiro de 2010

Desembargador Federal Luiacutes Alberto dAzevedo Aurvalle Relator

101

ACOacuteRDAtildeO 4

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC

RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO NELSI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA 1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

Porto Alegre 12 de janeiro de 2010

LORACI FLORES DE LIMA

Relator

102

ANEXO 4

Formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo do

Deslocamento Temporaacuterio

103

104

105

106

107

108

109

110

111

112

Page 8: A PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA PREVISTA NO ACORDO …

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 10

CAPIacuteTULO 1 13 1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES 13 11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO 13 12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL 16

121 Fases da Integraccedilatildeo 16 122 Antecedentes Histoacutericos 18 123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais 21 13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL 24

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas 26 132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL 32 CAPIacuteTULO 2 44 2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 44

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL 48 23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE

SOCIAL 51 24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 53 241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral 56

CAPIacuteTULO 3 60

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL NO MERCOSUL 60

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 62

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS 64

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL 69

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade Social 74

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios 74 333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo 76

CONCLUSAtildeO 80

REFEREcircNCIAS 83

ANEXOS 93

Ao Emerson pelo incentivo ao estudo Aos professores Marco Antocircnio Ceacutesar Villatore e Lenir Mainardes da Silva pela colaboraccedilatildeo tatildeo valiosa na conclusatildeo deste trabalho

Agrave minha orientadora Lucia Cortes da Costa pela disposiccedilatildeo atenccedilatildeo e rigor no acompanhamento e construccedilatildeo do trabalho

Ao meu pai matildee irmatilde e irmatildeo que satildeo fontes de estiacutemulos para continuar sempre lutando

10

INTRODUCcedilAtildeO

Com o desenvolvimento da sociedade internacional e a intensificaccedilatildeo das

relaccedilotildees entre os Estados os Tratados e os Acordos se converteram na fonte

principal do Direito Internacional e assumem atualmente a funccedilatildeo similar agrave que eacute

exercida pela legislaccedilatildeo interna dos Estados pois regula as relaccedilotildees legais mais

diversas entre paiacuteses e organizaccedilotildees internacionais nos campos mais variados das

relaccedilotildees humanas

O fenocircmeno da globalizaccedilatildeo econocircmica e o surgimento de sistemas

regionais de integraccedilatildeo fizeram crescer de forma acentuada o fluxo migratoacuterio de

matildeo de obra para os mais diversos paiacuteses em busca de boas oportunidades

profissionais e de melhores condiccedilotildees de vida

O Brasil conta com uma grande quantidade de cidadatildeos que natildeo habitam e

natildeo exercem suas atividades laborais em seu territoacuterio nacional da mesma forma

que recebe muitos trabalhadores provenientes de outros paiacuteses

Todo este movimento traz como consequecircncia o fato de que muitos

migrantes ao contribuir para sistemas previdenciaacuterios de diversos paiacuteses

eventualmente natildeo completem os requisitos para conseguir sua aposentadoria ou

para obter outros benefiacutecios contando somente o tempo de contribuiccedilatildeo de um dos

paiacuteses nos quais trabalhou

Na esfera da seguridade social temos que destacar a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) sobre igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros a qual foi aprovada pelo Brasil em 24 de agosto de 1968

No artigo 7ordm da Convenccedilatildeo se estabelece que os paiacuteses signataacuterios teratildeo de se

esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento de direitos de

seguridade social Este sistema deve principalmente prever a totalizaccedilatildeo dos

periacuteodos de trabalho para a contabilizaccedilatildeo previdenciaacuteria de trabalho ou residecircncia

os de aquisiccedilatildeo manutenccedilatildeo ou recuperaccedilatildeo de direitos bem como para o caacutelculo

das aposentadorias Desta forma eacute indispensaacutevel por em praacutetica poliacuteticas puacuteblicas

para a consecuccedilatildeo de tais direitos

No presente trabalho apresenta-se um estudo sobre o Acordo Multilateral de

Seguridade Social no MERCOSUL em virtude da perspectiva da livre circulaccedilatildeo de

trabalhadores no bloco atraveacutes do desenvolvimento de sua dimensatildeo social e a

11

internacionalizaccedilatildeo dos sistemas de previdecircncia social que passam a ter um papel

importante para viabilizaccedilatildeo de todo esse processo

Na pesquisa o objeto problematizado foi a proteccedilatildeo previdenciaacuteria prevista

no Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL qual a garantia em

relaccedilatildeo agrave manutenccedilatildeo da renda para os trabalhadores que durante sua vida de

trabalho vinculem-se a mais de um sistema previdenciaacuterio dentro do bloco regional

Para desenvolver a pesquisa a metodologia utilizada foi qualitativa

pesquisa documental bibliograacutefica e baseada em decisotildees judiciais

O texto foi dividido em trecircs capiacutetulos o primeiro aborda as informaccedilotildees

referentes agrave integraccedilatildeo regional e seus impasses como a construccedilatildeo do

MERCOSUL e assimetrias no bloco regional Retrata as dificuldades do processo de

integraccedilatildeo ocorrido entre os paiacuteses que hoje compotildeem o MERCOSUL

Neste capiacutetulo a investigaccedilatildeo parte da anaacutelise do Tratado de Assunccedilatildeo

documento marco na constituiccedilatildeo do MERCOSUL abordando as fases de

integraccedilatildeo econocircmica para o Mercado Comum do Sul quais sejam a zona de livre

comeacutercio uniatildeo aduaneira e mercado comum

O segundo capiacutetulo apresenta o processo de celebraccedilatildeo de acordos

internacionais que tratam de mateacuteria previdenciaacuteria como um fruto do fenocircmeno da

globalizaccedilatildeo e do aumento do fluxo migratoacuterio Os acordos internacionais satildeo

instrumentos que expressam a vontade dos Estados em texto escrito com o

objetivo de originar efeitos juriacutedicos na aacuterea internacional onde constam os direitos

e as obrigaccedilotildees reciacuteprocas

Diante disso foi assinado o Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL no dia 15 de dezembro de 1997 e que entrou em vigor em 2005 cujas

legislaccedilotildees no Brasil satildeo o Decreto Legislativo nordm 451 de 15 de novembro de 2001

e o regulamento Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo de 2006

A importacircncia social deste Acordo desponta a partir do momento que o

trabalhador dificilmente tem a possibilidade de optar por um tipo de viacutenculo de

trabalho em regra tendo apenas a preocupaccedilatildeo de obter e manter um emprego O

problema de como manter a renda do trabalhador na inatividade apresenta-se na

hora de se aposentar momento em que natildeo sabe como proceder e nem a quem

recorrer principalmente se transitou por paiacuteses com diferentes sistemas

previdenciaacuterios

12

A partir daiacute apresentamos os Acordos bilaterais de Previdecircncia Social

realizados pelo Brasil e especialmente o Acordo Multilateral de Seguridade Social

no MERCOSUL

Jaacute a partir do terceiro capiacutetulo passamos a analisar a aacuterea previdenciaacuteria

dentro dos objetivos inicialmente aspirados por Brasil Argentina Paraguai Uruguai

a partir das normas operacionais para eficaacutecia do Acordo Multilateral de Previdecircncia

Social Analisamos o Regulamento administrativo abordamos os oacutergatildeos de ligaccedilatildeo

e os processamentos de informaccedilotildees sobre os trabalhadores cobertos pelo Acordo

assim como a forma de solicitaccedilatildeo de benefiacutecios totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de tempo

de contribuiccedilatildeo e as normas operacionais voltadas agraves empresas e aos trabalhadores

no deslocamento temporaacuterio de trabalhadores nos paiacuteses pertencentes ao bloco

13

CAPIacuteTULO 1

1 A REGIONALIZACcedilAtildeO E SEUS IMPASSES

11 A REGIONALIZACcedilAtildeO COMO UM PROCESSO POLIacuteTICO

O Mercado Comum do Sul MERCOSUL desenvolveu-se por fases de

integraccedilatildeo e atualmente eacute uma Uniatildeo Aduaneira e seu objetivo eacute evoluir agrave condiccedilatildeo

de Mercado Comum Muito embora o Tratado de Assunccedilatildeo seja um acordo

internacional de cunho marcadamente econocircmico sua assinatura significou um

projeto estrateacutegico regional em que os alicerces que enquadram as relaccedilotildees entre

os Estados Partes representa acima de tudo um acordo poliacutetico

O MERCOSUL pode ser considerado um fator de estabilidade na regiatildeo

pois gera uma trama de interesses e relaccedilotildees que torna mais profundas as ligaccedilotildees

entre os paiacuteses tanto econocircmicas quanto poliacuteticas

Os responsaacuteveis poliacuteticos as burocracias estatais os trabalhadores e os

empresaacuterios tecircm no MERCOSUL um acircmbito de discussatildeo de muacuteltiplas e complexas

facetas em que podem ser abordados assuntos de interesse comum1

De acordo com More a regionalizaccedilatildeo pode ser compreendida como segue

Regionalizaccedilatildeo pode ser definida numa oacutetica econocircmica como o conjunto de medidas tomadas pelo Estado para aumentar ou diminuir os obstaacuteculos agraves trocas aos investimentos aos fluxos de capitais e aos movimentos de fatores entre os grupos de paiacuteses envolvidos Numa perspectiva juriacutedica eacute o fenocircmeno resultante da composiccedilatildeo dos interesses econocircmicos atraveacutes de acordos internacionais que visam delimitar e fixar positivamente os objetivos e os meios de realizaccedilatildeo destes interesses

2

Para Praxedes e Piletti3 regionalizaccedilatildeo e globalizaccedilatildeo satildeo dois processos

simultacircneos que estatildeo ocorrendo no mundo atual Enquanto a globalizaccedilatildeo consiste

no processo de dissoluccedilatildeo das fronteiras entre os paiacuteses para facilitar a atuaccedilatildeo

1 Sobre o MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwmercosurorguygt Acesso em 10032010

2 MORE Rodrigo Fernandes Fundamentos das Operaccedilotildees de Paz das Naccedilotildees Unidas e a

Questatildeo de Timor Leste Dissertaccedilatildeo para obtenccedilatildeo de tiacutetulo de mestre em direito na Faculdade de Direito da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo Biblioteca da Faculdade de Direito da USP 2002

3 PRAXEDES Walter PILETTI Nelson O Mercosul e a Sociedade Global 8 ed Satildeo Paulo

Aacutetica 1997 p 58

14

das empresas transnacionais a regionalizaccedilatildeo consiste na formaccedilatildeo de blocos

regionais para defender as empresas jaacute instaladas na regiatildeo contra a concorrecircncia

de empresas de outras regiotildees ou paiacuteses

Apesar de estes dois movimentos interagirem natildeo deixam de ser

contraditoacuterios jaacute que a globalizaccedilatildeo aposta na livre circulaccedilatildeo em niacutevel mundial

enquanto a regionalizaccedilatildeo une paiacuteses para fortalecer geralmente com praacuteticas

protecionistas quando se trata de comeacutercio exterior4

De acordo com Kol5 citado por More

6 observamos que existem pelo menos

trecircs modalidades de regionalismo em relaccedilatildeo ao desenvolvimento do comeacutercio

mundial formaccedilatildeo de blocos regionalismo e polarizaccedilatildeo

A formaccedilatildeo de blocos refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo do comeacutercio

internacional entre paiacuteses membros de um acordo formal de livre comeacutercio ou outro

acordo formal de integraccedilatildeo econocircmica O Regionalismo que expressa vontade

poliacutetica dos Estados refere-se a uma relativa concentraccedilatildeo de comeacutercio

internacional entre paiacuteses que satildeo parte de um grupo de Estados com

predominacircncia do elemento de proximidade geograacutefica

Nesta perspectiva a regionalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno natural diretamente

ligado ao fator proximidade geograacutefica tal como ocorre entre zonas fronteiriccedilas E

finalmente a polarizaccedilatildeo apresenta-se como um caso especial de regionalismo

entre paiacuteses em diferentes estaacutegios de desenvolvimento Eacute uma relativa

concentraccedilatildeo de comeacutercio internacional de um grupo de estados em

desenvolvimento com um grupo de Estados industrializados em proximidade

geograacutefica

Percebe-se desta classificaccedilatildeo de Kol que o termo regionalizaccedilatildeo eacute distinto

do termo regionalismo Para a proposta de Kol o fenocircmeno de regionalizaccedilatildeo

explica movimentos naturais da economia que ao longo do tempo foram a proacutepria

razatildeo do aprofundamento e alargamento dos processos de integraccedilatildeo pelos de

4 PEREIRA Joseacute Adriano Mercosul em Movimento II In Liberalismo econocircmico e processo de

integraccedilatildeo na Ameacuterica Latina Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 p 100 5 Estudioso da Integraccedilatildeo Econocircmica Internacional na Universidade Erasmus de Rotterdan

6 KOL Jacob Regionalization Polarization and Blocformation in the World Economy Revista

Integraccedilatildeo e especializaccedilatildeo Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Coimbra 1996 p 17 apud MORE Rodrigo Fernandes Integraccedilatildeo econocircmica Internacional Jus Navigandi Teresina ano 6 n 59 outubro 2002 Disponiacutevel em lthttpjusuolcombrrevistatexto3307integracao-economica-internacionalgt Acesso em 24102010

15

acordos formais seja para formaccedilatildeo de aacutereas de livre comeacutercio bilaterais ou de

proacutepria formaccedilatildeo de blocos econocircmicos

No mesmo sentido Ana Maria Stuart entende regionalismo como construccedilatildeo

de uma nova dimensatildeo poliacutetica econocircmica e social na qual se processa a

transformaccedilatildeo do Estado-naccedilatildeo em especial de seus atributos de autonomia e

soberania e regionalizaccedilatildeo eacute a integraccedilatildeo com base crescente de interdependecircncia

econocircmica e na resoluccedilatildeo dos problemas colocados pelos mercados7

Soares aponta que a constituiccedilatildeo de um mercado comum afina as relaccedilotildees

comerciais poliacuteticas cientiacuteficas acadecircmicas culturais e tem como dentre outras

as seguintes vantagens

- maior variedade de bens finais agrave disposiccedilatildeo dos consumidores o que representa um incremento em seu bem estar maior concorrecircncia que implica entre outras coisas maior qualidade dos bens e serviccedilos oferecidos menores preccedilos e uma atribuiccedilatildeo de recursos mais eficiente uma importante economia de recursos que inicialmente se destinam agraves reparticcedilotildees aduaneiras - melhor atribuiccedilatildeo de recursos - reduccedilatildeo dos custos de transporte e comunicaccedilatildeo pela integraccedilatildeo fiacutesica dos Estados Partes que contempla o MERCOSUL

8

Ocorre que o processo de integraccedilatildeo natildeo pode se resumir a uma integraccedilatildeo

com conotaccedilatildeo apenas econocircmica pois para dar certo a economia haacute

envolvimento de trabalhadores e portanto o processo de integraccedilatildeo deve viabilizar

uma integraccedilatildeo em todos os seus aspectos econocircmico poliacutetico e tambeacutem e tatildeo

importante o aspecto social Neste sentido ainda comenta Soares9 que a

participaccedilatildeo dos Estados eacute decisiva para a integraccedilatildeo dos blocos econocircmicos

visando ao processo poliacutetico para a criaccedilatildeo do mercado dentro de paracircmetros

democraacuteticos

As relaccedilotildees poliacuteticas internacionais e a formaccedilatildeo dos blocos econocircmicos

vecircm a ser uma estrateacutegia organizada pelos Estados O MERCOSUL constitui-se

7 STUART Ana Maria A construccedilatildeo de um novo regionalismo In MENDES Jussara Maria Rosa

et al (Orgs) Mercosul em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 107

8 SOARES Maacuterio Luacutecio Quintatildeo MERCOSUL direitos humanos globalizaccedilatildeo e soberania Belo

Horizonte Del Rey 1997 p 86 9 Ibid

16

como um bloco intergovernamental que resulta de decisatildeo poliacutetica dos governos

dos Estados Partes na busca pela integraccedilatildeo regional10

Estudando a formaccedilatildeo e o desenvolvimento do MERCOSUL observamos

que para que uma integraccedilatildeo ocorra eacute necessaacuteria vontade poliacutetica nas questotildees de

desenvolvimento social promoccedilatildeo de intercacircmbio cultural e laboral preocupaccedilatildeo

quanto agraves questotildees de direitos humanos seguridade social entre outras

12 A CONSTRUCcedilAtildeO DO MERCOSUL

121 Fases da Integraccedilatildeo

No dia 30 de novembro de 1985 Argentina e Brasil inauguram um novo

esquema de integraccedilatildeo mediante a Declaraccedilatildeo de Iguaccedilu com a qual inicia uma

comissatildeo mista de alto niacutevel integrada por representantes dos governos e

instituiccedilotildees empresariais cujos trabalhos deram lugar agrave assinatura da Ata para

integraccedilatildeo argentino-brasileira de 29 de julho de 1986 A Ata estabeleceu um

programa de Integraccedilatildeo e Cooperaccedilatildeo econocircmica entre as duas repuacuteblicas

Segundo Jaeger Junior11

ldquonascia nesse momento o embriatildeo do bloco regional do

Cone Sulrdquo

Em 1988 eacute assinado o Tratado de Integraccedilatildeo Cooperaccedilatildeo e

Desenvolvimento entre Brasil e Argentina que se deve ao fato de buscar um espaccedilo

econocircmico comum a ser concretizado na eliminaccedilatildeo de todas as restriccedilotildees tarifaacuterias

e natildeo-tarifaacuterias ao comeacutercio de bens e serviccedilos A inflaccedilatildeo que accediloitou ambos os

paiacuteses em 1989 e 1990 e o fracasso de seus respectivos planos econocircmicos

austral e cruzado desembocaram para que uma vez mais as poliacuteticas comerciais

voltassem a ser restritivas estancando-se os avanccedilos da integraccedilatildeo regional12

10

COSTA Lucia Cortes da Poliacuteticas sociais no MERCOSUL desafios para uma integraccedilatildeo regional com reduccedilatildeo das desigualdades sociais In COSTA Lucia Cortes da (Org) Estado e democracia Pluralidade de questotildees Ponta Grossa Ed UEPG 2008 p 139

11 JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Dissertaccedilatildeo (Mestrado

em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 1999 Disponiacutevel em ltwwwbuscalegisufscbrmercosul20e20a20livrelaccedilatildeogt Acesso em 20092010 p 30

12 KUME Honoacuterio PIANI Guida Mercosul o dilema entre uniatildeo aduaneira e aacuterea de livre-comeacutercio

Revista Economia Poliacutetica Satildeo Paulo v 25 n 4 OctDec 2005

17

Com as mudanccedilas de governo que se produziram e novos enfoques poliacutetico-

econocircmicos com objetivos similares entre os que cabiam a desregulaccedilatildeo e abertura

de suas economias o processo se revitalizou assinando-se a ata de Buenos Aires

em julho de 1990 que decide estabelecer um mercado comum entre os dois paiacuteses

Outro passo a mais foi a assinatura do Acordo de Complementaccedilatildeo

Econocircmica nuacutemero 14 que reuacutene num uacutenico corpo todos os acordos vigentes antes

celebrados entre os Brasil e Argentina adota o programa de rebaixas alfandegaacuterias

gerais lineares e automaacuteticas previsto e adota uma seacuterie de outras medidas

complementares recolhidas depois no Tratado de Assunccedilatildeo do qual o acordo

Argentina-Brasil eacute claro procedente imediato13

O Tratado de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 aproveita todos os

embasamentos estabelecidos no Acordo Argentina ndash Brasil somando-se aos

propoacutesitos de estabelecer um Mercado Comum do Sul Paraguai e Uruguai em

igualdade de direitos e de obrigaccedilotildees A integraccedilatildeo regional apresenta-se sob

diferentes fases como a zona de livre comeacutercio uniatildeo aduaneira mercado comum

uniatildeo econocircmica e monetaacuteria e integraccedilatildeo econocircmica total

Inicialmente no processo de integraccedilatildeo haacute a fase de Zona de Livre

Comeacutercio De acordo com Jaeger Junior14

a ldquozona de livre comeacutercio eacute a eliminaccedilatildeo

atraveacutes de um acordo dos obstaacuteculos tarifaacuterios e natildeo-tarifaacuterios agraves exportaccedilotildees e

importaccedilotildees comerciais dos produtos originaacuterios dos estados-membros integrantes

desta livre zonardquo Conforme o artigo 1ordm do Tratado de Assunccedilatildeo (1991) ldquoA livre

circulaccedilatildeo de bens serviccedilos e fatores produtivos entre os paiacuteses atraveacutes entre

outros da eliminaccedilatildeo dos direitos alfandegaacuterios e restriccedilotildees natildeo-tarifaacuterias agrave

circulaccedilatildeo de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalenterdquo

Em seguida haacute a fase da Uniatildeo Aduaneira em que os Estados Partes ao

reconhecerem as assimetrias entre as economias nacionais adotam uma tarifa

externa comum (TEC) em que ocorre a aboliccedilatildeo das tarifas alfandegaacuterias nas

relaccedilotildees comerciais no interior do bloco econocircmico que eacute aplicada aos paiacuteses fora

da uniatildeo15

13

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwreceitafazendagovbrlegislacaoacordosinternacionaisAcordosComplEconomicaDe

faulthtmgt Acesso em 10022011 14

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 38 15

Ibid

18

A fase posterior se daacute pela caracterizaccedilatildeo de Mercado Comum que aleacutem

da liberalizaccedilatildeo comercial estabelece a circulaccedilatildeo de pessoas serviccedilos e capitais

com liberdade fundamental sem barreiras para entrada ou saiacuteda dos cidadatildeos dos

Estados Partes Conforme Jaeger Junior16

eacute necessaacuteria nesta fase agrave adoccedilatildeo de

procedimentos quanto agrave

[] harmonizaccedilatildeo das questotildees trabalhistas e previdenciaacuterias incluindo a assistecircncia social Para os Estados Partes recebedores desse contingente de pessoas seratildeo necessaacuterias as garantias de manutenccedilatildeo da ordem da sauacutede e da seguranccedila puacuteblica

Essas liberdades eacute que permitiratildeo a consolidaccedilatildeo da integraccedilatildeo plena entre

os parceiros estatais envolvidos Neste mesmo contexto Costa17

afirma que eacute

preciso que se estabeleccedilam a harmonizaccedilatildeo da legislaccedilatildeo em diferentes aacutereas

entre as quais a legislaccedilatildeo trabalhista e a regulamentaccedilatildeo profissional e criar

mecanismos efetivos de aplicaccedilatildeo de direitos sociais os direitos trabalhistas e

previdenciaacuterios e tambeacutem a equivalecircncia nos diferentes niacuteveis de ensino como um

caraacuteter mais homogecircneo de serviccedilos educacionais

Ainda existe a fase da Uniatildeo Econocircmica e Monetaacuteria que ocorre quando o

mercado comum eacute combinado com a adoccedilatildeo de poliacutetica monetaacuteria e moeda uacutenica

Esta fase eacute caracterizada pela supressatildeo de restriccedilotildees sobre movimentos de

mercadorias combinada com a harmonizaccedilatildeo das poliacuteticas econocircmicas nacionais

tornando-as o mais semelhante possiacutevel18

Por fim a fase de Integraccedilatildeo Econocircmica

Total momento em que se passa a adotar uma poliacutetica monetaacuteria fiscal e social

para a unificaccedilatildeo de poliacuteticas de seguranccedila interior e exterior sendo a fase mais

profunda da integraccedilatildeo19

122 Antecedentes Histoacutericos

Apesar de jovem o MERCOSUL eacute o resultado de um processo lento de

16

JAEGER JUNIOR Augusto Mercosul e a Livre Circulaccedilatildeo de Pessoas Op cit p 357 17

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 33

18 JAEGER JUNIOR Op cit p 39

19 GOIN Marileacuteia O processo contraditoacuterio da educaccedilatildeo no contexto do MERCOSUL uma

anaacutelise a partir dos Planos Educacionais 2008 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Serviccedilo Social) ndash Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 45

19

amadurecimento histoacuterico que ao longo do tempo levou seus Estados Partes a

substituir o conceito de conflito pelo ideal de integraccedilatildeo20

Tal integraccedilatildeo

internacional de cunho significativamente econocircmico significou tambeacutem a coroaccedilatildeo

de um projeto estrateacutegico regional de natureza poliacutetica

Na deacutecada de 1980 o avanccedilo das ideias liberais a democratizaccedilatildeo dos

governos de vaacuterios paiacuteses por sendas constitucionais e o progressivo

desaparecimento dos governos militares geraram modificaccedilotildees importantes na

economia perderam terreno as poliacuteticas de auto-abastecimento e aumento do

comeacutercio sub-regional e introduziu-se em seu lugar a ideia de complementaccedilatildeo e

globalizaccedilatildeo das mesmas para otimizar a eficiecircncia no uso dos fatores e competir

melhor no comeacutercio mundial

Com a globalizaccedilatildeo e as expectativas no enfrentamento da nova realidade

econocircmica mundializada o Brasil a Argentina o Paraguai e o Uruguai

estabeleceram um pacto de se constituiacuterem em um bloco econocircmico regional

integrado por Estados da Ameacuterica do Sul formando o MERCOSUL

O MERCOSUL tem como fonte inspiradora algumas normas de instituiccedilatildeo

do Tratado de Montevideacuteu de 1960 criador da ALALC21

do Tratado de ROMA22

do

Tratado de Montevideacuteu de 1980 criador da ALADI23

e da Convenccedilatildeo do

BENELUX24

No Brasil a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 4ordm paraacutegrafo uacutenico

ao relacionar os princiacutepios que devem nortear as relaccedilotildees internacionais deixa clara

a intenccedilatildeo de buscar fortalecer a integraccedilatildeo dos povos na Ameacuterica Latina com o

intuito de formar uma comunidade latino-americana de naccedilotildees No entanto deixou

omisso qual o modelo de integraccedilatildeo a ser adotado ficando assim como uma mera

aspiraccedilatildeo poliacutetica do paiacutes em formar uma comunidade regional

20

Fonte extraiacuteda do site lthttpwwwclassificadosmercosulcombrmercosul_infomercosul01htmgt Acesso em 29022011

21 A Associaccedilatildeo Latino Americana de Livre Comeacutercio (ALALC) foi criada em fevereiro de 1960 e seu

Tratado encontra-se subscrito por Brasil Argentina Chile Uruguai Meacutexico Paraguai e Peru e posteriormente por Colocircmbia Equador e Venezuela tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

22 O Tratado de Roma assinado em 25 de marccedilo de 1957 influenciou na forma e nos propoacutesitos

estabelecidos na formaccedilatildeo do MERCOSUL 23

A Associaccedilatildeo Latino-Americana de Integraccedilatildeo (ALADI) foi constituiacuteda em substituiccedilatildeo agrave ALALC subscrita pelos paiacuteses membros dessa integraccedilatildeo em 12 de agosto de 1980 tendo por sede a cidade de Montevideacuteu (Uruguai)

24 A Convenccedilatildeo do BENELUX foi firmada em Londres em 5 de setembro de 1944 e ampliada pelo

Protocolo da Haia de 14 de marccedilo de 1947 entre os Estados da Beacutelgica Luxemburgo e os Paiacuteses Baixos os quais pretendiam atingir a etapa de uma integraccedilatildeo de uniatildeo econocircmica

20

A efetivaccedilatildeo do MERCOSUL se deu pela assinatura do Tratado de

Assunccedilatildeo em 26 de marccedilo de 1991 pelas Repuacuteblicas da Argentina do Brasil do

Paraguai e do Uruguai constituindo-se em uma estrateacutegia defensiva da Ameacuterica

Latina frente aos paiacuteses desenvolvidos objetivando o fortalecimento de sua

economia como mecanismo de defesa frente ao projeto da ALCA25

dando a estes

paiacuteses um melhor posicionamento no cenaacuterio mundial

Pelo consenso entre os Estados Partes o MERCOSUL busca adesatildeo de

novos membros com o objetivo de fortalecer o processo de integraccedilatildeo regional e

intensificar as relaccedilotildees com os paiacuteses membros da ALADI Associaccedilatildeo Latino-

Americana de Integraccedilatildeo Os Estados associados do MERCOSUL tecircm como

paiacuteses participantes a Boliacutevia o Chile o Peru a Colocircmbia e o Equador

Boliacutevia Equador Colocircmbia e Peru integram a Comunidade Andina (CAN)

bloco com que o MERCOSUL tambeacutem firmaraacute um acordo comercial26

O status de

membro associado se estabelece por acordos bilaterais denominados Acordos de

Complementacatildeo Econocircmica firmados entre o MERCOSUL e cada paiacutes associado

Em processo de inclusatildeo como membro efetivo do bloco estaacute a Venezuela mas

para que um paiacutes integre o bloco como membro efetivo eacute necessaacuterio que todos os

Estados Partes ratifiquem de maneira unacircnime a entrada deste no bloco

A Venezuela ratificou o protocolo de entrada em 4 de julho de 2006 Em

2005 na XXIX Conferecircncia do MERCOSUL em Montevideacuteu outorgou-se em status

de Estado membro em processo de adesatildeo que na praacutetica significa que tinha voz

mas natildeo voto27

Para a efetivaccedilatildeo da Venezuela no Bloco soacute falta a aprovaccedilatildeo do

Paraguai pois o Brasil a Argentina e o Uruguai jaacute aprovaram o protocolo de

adesatildeo28

25

ALCA ndash Aacuterea de Livre Comeacutercio das Ameacutericas As origens da ALCA remontam ao ano de 1990 quando o entatildeo presidente George Bush lanccedila a ldquoIniciativa para as Ameacutericasrdquo uma proposta de liberalizaccedilatildeo do comeacutercio hemisfeacuterico e de eliminaccedilatildeo das restriccedilotildees para os investimentos das mega-empresas norte-americanas que criaria um espaccedilo privilegiado de ampliaccedilatildeo das fronteiras econocircmicas dos Estados Unidos A ALCA eacute tambeacutem uma iniciativa que procura consolidar uma zona monetaacuteria para o doacutelar e contrabalanccedilar o impacto da formaccedilatildeo de outros grandes blocos regionais na Europa e na Aacutesia

26 Fonte extraiacuteda do site lthttpestudeonlinenetrevisao_detalheaspxcod=461gt Acesso em

29032011 27

Ibid 28

Conforme Folha Online (2009) o Paraguai natildeo aprovou a entrada da Venezuela por analisar que o Presidente Hugo Chaacutevez coloca em risco a democracia do bloco que se constitui como princiacutepio inerente para o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional conforme Protocolo de Ushuaia de julho de 1998 Disponiacutevel em lthttpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u666908shtmlgt Acesso em 20092010

21

Entretanto isto eacute uma questatildeo de tempo porque trecircs paiacuteses jaacute aceitaram

123 Personalidade Juriacutedica e Arranjos Institucionais

O MERCOSUL objetiva a integraccedilatildeo dos paiacuteses no sentido da expansatildeo do

mercado interno da ampliaccedilatildeo dos meios de produccedilatildeo da circulaccedilatildeo de riquezas

Com isso pretende o transbordamento das perspectivas de crescimento que deve

ocorrer em harmonia por meio das competiccedilotildees empresariais elevando o niacutevel de

emprego propiciando a melhoria das condiccedilotildees de vida e o desenvolvimento social

dos povos29

Em 1991 o Tratado de Assunccedilatildeo estabeleceu apenas uma estrutura

institucional provisoacuteria que natildeo conferia personalidade juriacutedica ao MERCOSUL uma

vez que seus oacutergatildeos eram totalmente dependentes dos Estados Partes Assim em

decorrecircncia das intensas negociaccedilotildees os Estado Partes decidiram a partir da

entrada em vigor do Protocolo de Ouro Preto assinado em dezembro de 1994

atribuir ao MERCOSUL personalidade juriacutedica de Direito Puacuteblico Internacional

conforme o previsto nos artigos 34 e 35 do referido protocolo30

Portanto o MERCOSUL dispotildee de personalidade juriacutedica de Direito

Internacional desde a assinatura do Protocolo de Ouro Preto (artigo 34) A

titularidade da personalidade juriacutedica do MERCOSUL eacute exercida pelo Conselho do

Mercado Comum (artigo 8ordm III) O Grupo Mercado Comum pode negociar por

delegaccedilatildeo expressa do Conselho do Mercado Comum acordos em nome do

MERCOSUL com paiacuteses terceiros grupos de paiacuteses e organismos internacionais

(artigo 14 VII)

Suas principais fontes juriacutedicas satildeo o Tratado de Assunccedilatildeo e instrumentos

adicionais ou complementares as Decisotildees do Conselho do Mercado Comum as

Resoluccedilotildees do Grupo Mercado Comum e as Diretrizes da Comissatildeo de Comeacutercio31

29

MAGALHAES Maria Luacutecia Cardoso de A harmonizaccedilatildeo dos Direitos Sociais e o MERCOSUL Belo Horizonte Editora Revista dos Tribunais 2000 p 59

30 Art 34 do Protocolo de Ouro Preto ldquoO Mercosul teraacute personalidade juriacutedica internacionalrdquo Art 35

ldquoO Mercosul poderaacute no uso de suas atribuiccedilotildees praticar todos os atos necessaacuterios agrave realizaccedilatildeo de seus objetivos em especial contratar adquirir ou alienar bens moacuteveis e imoacuteveis comparecer em juiacutezo conservar fundos e fazer transferecircnciasrdquo

31 Fonte extraiacuteda da Secretaria de Estado da Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do Mercosul ndash

SEIM Disponiacutevel em lthttpwwwseimprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=32gt Acesso em

10072010

22

O Protocolo de Ouro Preto definiu a estrutura do MERCOSUL da seguinte

forma

a) Conselho do Mercado Comum (CMC) eacute o oacutergatildeo maacuteximo do

MERCOSUL ao qual cabe a conduccedilatildeo poliacutetica do processo de

integraccedilatildeo e pela tomada de decisotildees para garantir o cumprimento dos

objetivos e prazos estabelecidos pelo ldquoTratado de Assunccedilatildeordquo O CMC eacute

formado pelos Ministros das Relaccedilotildees Exteriores e da Economia dos

paiacuteses membros

b) Grupo Mercado Comum (GMC) eacute o oacutergatildeo executivo do MERCOSUL

coordenado pelos Ministeacuterios de Relaccedilotildees Exteriores de cada paiacutes eacute o

principal oacutergatildeo de implementaccedilatildeo dos objetivos do MERCOSUL e de

supervisatildeo de seu funcionamento examinando as questotildees em niacutevel

mais profundo que o Conselho O Grupo Mercado Comum eacute

assessorado em suas atividades por Subgrupos de Trabalho Reuniotildees

Especializadas e Grupos ldquoAd Hocrdquo cada um desses foros auxiliares trata

de temas especiacuteficos

Subgrupos de Trabalho (SGT) SGT 01 - Comunicaccedilotildees SGT 02 -

Aspectos Institucionais SGT 03 - Regulamentos Teacutecnicos SGT 04 -

Assuntos Financeiros SGT 05 - Transportes SGT 06 - Meio Ambiente

SGT 07 - Induacutestria SGT 08 - Agricultura SGT 09 - Energia e Mineraccedilatildeo

SGT 10 - Assuntos Trabalhistas Emprego e Seguridade Social SGT 11

- Sauacutede SGT 12 - Investimentos SGT 13 - Comeacutercio Eletrocircnico SGT 14

- Acompanhamento da Conjuntura Econocircmica e Comercial

Reuniotildees Especializadas Ciecircncia e Tecnologia Cooperativas Turismo

Mulher promoccedilatildeo Comercial Municiacutepios e Prefeituras Infraestrutura da

Integraccedilatildeo e Drogas Prevenccedilatildeo e Reabilitaccedilatildeo de Dependentes

Grupos ldquoAd-Hocrdquo Accediluacutecar Relaccedilotildees Externas Compras Governamentais

e Concessotildees Integraccedilatildeo Fronteiriccedila Comitecirc de Cooperaccedilatildeo Teacutecnica

Grupo de Serviccedilos Comissatildeo Soacutecio-laboral (Secretaria de Estado da

Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do MERCOSUL ndash SEIM)

c) Comissatildeo de Comeacutercio do MERCOSUL (CCM) eacute o oacutergatildeo encarregado

de assistir ao Grupo Mercado Comum na aplicaccedilatildeo dos instrumentos de

23

poliacutetica comercial comum para o funcionamento da uniatildeo alfandegaacuteria

(CEFIR 2010)32

d) Comissatildeo de Representantes Permanentes do MERCOSUL (CRPM)

que reuacutene as reapresentaccedilotildees diplomaacuteticas dos Estados membros

(CEFIR 2010)33

e) Parlamento do MERCOSUL eacute o que representa a legitimidade e

democracia em termos de representaccedilatildeo poliacutetica do processo o

Parlamento eacute o lugar ideal para o debate para a expressatildeo das

diferentes visotildees para a enunciaccedilatildeo da opiniatildeo da maioria mas tambeacutem

para a possibilidade de expressatildeo das minorias (CEFIR 2010)34

f) Foro Consultivo Econocircmico Social (FCES) eacute o oacutergatildeo de representaccedilatildeo

dos setores econocircmicos e sociais composto por representantes dos

setores empresariais sindicatos e entidades da sociedade civil Tem

funccedilatildeo consultiva elevando recomendaccedilotildees ao GMC

g) Secretaria Administrativa do MERCOSUL eacute o oacutergatildeo de assessoria e

apoio teacutecnico operativo aos outros oacutergatildeos do MERCOSUL Tem sua

sede permanente na cidade de Montevideacuteu

Os oacutergatildeos institucionais do MERCOSUL35

satildeo de natureza

intergovernamental cujas decisotildees tomadas estatildeo vinculadas a procedimentos

internos de cada Estado Parte do bloco portanto satildeo decisotildees tomadas por

governos nacionais que estatildeo sujeitos ao controle dos seus respectivos

parlamentos36

32

Fonte Curso ldquoTodos Somos MERCOSURrdquo ndash CEFIR ndash Plataforma de Integraccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpneccintwordpresscomdireito-internacionalarena-de-ideiasmercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulgt Acesso em 02012011

33 Ibid

34 Ibid

35 No Anexo 2 seraacute apresentado um organograma da estrutura Institucional do MERCOSUL

36 KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees

constitucionais 2000 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwbuscalegisufscbrarquivosMercosul20e20supranacionalidade20-202000pdfgt Acesso em 20092010 p 30

24

13 ASSIMETRIAS NO BLOCO REGIONAL

As assimetrias satildeo um dos principais

obstaacuteculos para o avanccedilo do processo de integraccedilatildeo

do MERCOSUL Os paiacuteses menos desenvolvidos

tendem a ter menor capacidade para se apropriar dos

benefiacutecios do processo de integraccedilatildeo Sobre as

assimetrias no bloco regional Costa37 aponta ldquoa

diversidade culturalrdquo entre os membros do

MERCOSUL de acordo com

[] o niacutevel de desenvolvimento da economia o tamanho da populaccedilatildeo a diversidade interna o grau de desigualdade entre os diferentes segmentos sociais o poder poliacutetico entre as classes sociais e entre os diferentes Estados que compotildeem o bloco

As assimetrias socioeconocircmicas em que se encontravam os paiacuteses apoacutes a

assinatura do Tratado de Assunccedilatildeo dificultaram a coordenaccedilatildeo das poliacuteticas

macroeconocircmicas que aliadas agrave vulnerabilidade externa das economias

oriundas das estrateacutegias neoliberais de financiamento privatizaccedilotildees e

abertura brusca de seus mercados ocasionaram aos Estados novamente um

endividamento externo devido agrave reprimarizaccedilatildeo das exportaccedilotildees38 Afirma

Vasconcelos39 que a falta de prioridade da integraccedilatildeo na formulaccedilatildeo das

poliacuteticas internacionais acabou gerando insatisfaccedilatildeo por parte dos soacutecios

menores a exemplo da ameaccedila do Uruguai em deixar o bloco eou realizar

um acordo bilateral com os EUA

37

COSTA Lucia Cortes da Integraccedilatildeo regional e proteccedilatildeo social no contexto do Mercosul In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 30-31

38 VASCONCELOS Pedro Paulo Lima Indicadores soacutecio-econocircmicos do MERCOSUL um estudo

sob a Eacutegide da Economia Poliacutetica Internacional In SIMPOacuteSIO EM RELACcedilOtildeES INTERNACIONAIS DO PROGRAMA SAN TIAGO DANTAS I nov 2007 p 10 (UNESP UNICAMP e PUC-SP)

39 Ibid

25

Quadro 1 - Demonstrativo de algumas assimetrias no bloco

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwbrasilescolacomgt Dados referentes ao ano de 2010

40

Tambeacutem o IPEA41

vem estudando as assimetrias no bloco apresentando

dados estatiacutesticos e aspectos importantes relativos agraves desigualdades entre paiacuteses

integrantes do bloco De acordo com os dados do IPEA42

e reforccedilando a Figura 1

apresentada observa-se o desniacutevel existente entre o Brasil e os demais paiacuteses do

bloco em termos populacionais e econocircmicos

Com uma populaccedilatildeo que representa quase 80 daquela do MERCOSUL e um PIB superior a 75 do PIB do conjunto de paiacuteses do bloco o Brasil desponta agrave primeira vista como o gigante liacuteder do processo de integraccedilatildeo com indicadores que destoam de forma significativa do restante do bloco

Neste contexto e reconhecendo as assimetrias existentes foi criado em

2004 o Fundo de Convergecircncia Estrutural do MERCOSUL (FOCEM)43

pela decisatildeo

CMC nordm 4504 e nordm1805 e regulamentado pela decisatildeo nordm 2405 visando agrave reduccedilatildeo

das diferenccedilas entre os Estados Partes e com o seguinte objetivo

40

Fonte de pesquisa MERCOSUL e paiacuteses integrantes Disponiacutevel em lthttpwwwbrasilescolacomgeografiamercosul-paises-integranteshtmgt Acesso em 18102010

41 IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de

Integraccedilatildeo no MERCOSUL (Ver MELLO e SOUZA Andreacute de OLIVEIRA Ivan Tiago Machado GONCcedilALVES Samo Seacutergio IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Aplicada Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de Integraccedilatildeo no MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrsites0002publicacoestdstd_1477pdfgt Acesso em 18102010)

42 Ibid

43 O FOCEM eacute um fundo para investimento conjunto dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL que

visa agrave diminuiccedilatildeo das assimetrias entre os Estados-Partes por meio de financiamento de projetos (MERCOSULCMCDEC nordm 2405)

BRASIL ARGENTINA PARAGUAI URUGUAI

EXTENSAtildeO TERRITORIAL

8514876 kmsup2 2766889 kmsup2 406752 kmsup2 177414 kmsup2

POPULACcedilAtildeO (habitantes)

193205783 40276376 6348917 3360854

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

16 trilhotildees de doacutelares

328 bilhotildees de doacutelares

16 bilhotildees de doacutelares

322 bilhotildees de doacutelares

PIB PER CAPTA 6060 doacutelares 6040 doacutelares 1710 doacutelares 6620 doacutelares

26

Financiar programas para promover a convergecircncia estrutural desenvolver a competitividade promover a coesatildeo social em particular das economias menores e regiotildees menos desenvolvidas e apoiar o funcionamento da estrutura institucional e o fortalecimento do processo de integraccedilatildeo (MERCOSULCMCDEC Nordm 2405)

Nesse sentido entra em discussatildeo a possibilidade de estender a proteccedilatildeo

social para aleacutem dos limites do Estado nacional de acordo com o FOCEM

O Fundo derivou-se da premissa de que o Mercosul deve ser uma via para o desenvolvimento econocircmico e social de seus ldquoEstados-Partesrdquo Complementarmente tem-se por princiacutepio que a solidariedade internacional impulsiona a integraccedilatildeo regional favorecendo a formaccedilatildeo do mercado comum e que condiccedilotildees econocircmicas assimeacutetricas impedem o pleno aproveitamento das oportunidades geradas pela ampliaccedilatildeo dos mercados

44

Cria-se a partir de entatildeo o objetivo de promover a convergecircncia estrutural

dos Estados-Partes do MERCOSUL e principalmente o desenvolvimento da

competitividade econocircmica dos Estados-Partes com o favorecimento da coesatildeo

social no MERCOSUL aleacutem do fortalecimento do processo de integraccedilatildeo regional e

da estrutura institucional do bloco

131 Movimentaccedilatildeo de Matildeo de Obra ndash Circulaccedilatildeo de pessoas

As experiecircncias de integraccedilatildeo por um imperativo da realidade tendem a

provocar muacuteltiplos efeitos entre os quais as consequecircncias sociais ocupam um

lugar preeminente Algumas dessas consequecircncias especialmente as mais

demoradas tendem a ser positivas expondo-se como resultados beneacuteficos das

transformaccedilotildees macroeconocircmicas o melhoramento das condiccedilotildees da economia de

cada um dos paiacuteses e maior defesa da produccedilatildeo integrada no mercado

internacional

Em funccedilatildeo disso uma vez consolidados os lucros econocircmicos o

desenvolvimento e o crescimento produtivo gerando um maior nuacutemero de empregos

a tendecircncia eacute a melhora dos salaacuterios e das condiccedilotildees de trabalho fortalecendo os

44

Manual para apresentaccedilatildeo de Estudos de Viabilidade Socioeconocircmica com vistas agrave apresentaccedilatildeo para a obtenccedilatildeo de recursos do Fundo de Convergecircncia Estrutural e Fortalecimento Institucional do MERCOSUL (FOCEM) Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Secretaria de Planejamento e Investimentos Estrateacutegicos Disponiacutevel em lthttpwwwplanejamentogovbrsecretariasuploadArquivosspiprogramas_projetofocemFocem_Manual_02pdfgt Acesso em 20092010

27

atores sociais consolidando-se as relaccedilotildees trabalhistas como efeitos

transcendentes do processo de integraccedilatildeo

Acordos de livre circulaccedilatildeo beneficiam tanto os trabalhadores que buscam

novas oportunidades de emprego quanto as empresas que exploram novos

negoacutecios

Em 2009 foi promulgado o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos

Estados Partes do MERCOSUL45

assim como o Acordo sobre Residecircncia

MERCOSUL46

Boliacutevia e Chile Ambos permitem a solicitaccedilatildeo de residecircncia com

procedimentos simplificados e isenccedilatildeo de pagamento de multas e quaisquer outras

sanccedilotildees independentemente de estarem em situaccedilatildeo migratoacuteria regular ou

irregular47

Os estrangeiros no Brasil beneficiados com os Acordos ou os nacionais

nesses paiacuteses possuem igualdade de direitos civis no paiacutes de recepccedilatildeo Deveres e

responsabilidades trabalhistas e previdenciaacuterias satildeo tambeacutem resguardadas aleacutem do

direito de transferir recursos direito de nome registro e nacionalidade aos filhos de

imigrantes48

O visto MERCOSUL tem por objetivo facilitar a circulaccedilatildeo

temporaacuteria de pessoas fiacutesicas prestadoras de serviccedilos no territoacuterio do Bloco

viabilizando a ampliaccedilatildeo dos negoacutecios e do comeacutercio de serviccedilos A iniciativa

beneficia gerentes e diretores executivos administradores diretores ou

representantes legais cientistas pesquisadores professores artistas desportistas

jornalistas teacutecnicos qualificados ou especialistas e profissionais de niacutevel superior49

A aquisiccedilatildeo de residecircncia temporaacuteria assegura os direitos de entrar sair

circular e permanecer livremente no territoacuterio do paiacutes de recepccedilatildeo bem como o

direito de exercer qualquer atividade profissional nas mesmas condiccedilotildees

estabelecidas para os nacionais do paiacutes de recepccedilatildeo Os acordos de aquisiccedilatildeo de

residecircncia regulamentados pelos Decretos nordm 6964 e nordm 6975 ambos de 2009

estabelecem ainda a igualdade de direitos civis e de reuniatildeo familiar o tratamento

45

Decreto nordm 6964 de 29 de setembro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais dos Estados-Partes do MERCOSUL

46 Decreto nordm 6975 de 7 de outubro de 2009 Promulga o Acordo sobre Residecircncia para Nacionais

dos Estados-Partes do Mercado Comum do Sul MERCOSUL Boliacutevia e Chile 47

Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrgt Acesso em 02032010 48

Ibid 49

Informaccedilatildeo constante do livro BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Brasiacutelia MRE 2007

28

igualitaacuterio em mateacuteria trabalhista e os direitos de transferecircncia de remessas

pecuniaacuterias e de acesso agrave educaccedilatildeo puacuteblica

Neste sentido o Ministeacuterio do Trabalho e Emprego apresenta anualmente

desde 2006 no site oficial do oacutergatildeo as autorizaccedilotildees de trabalho concedidas para

pessoas signataacuterias dos Estados Partes do MERCOSUL conforme se a Tabela 1

Tabela 1 Demonstrativo das autorizaccedilotildees de trabalhos concedidas a pessoas dos Estados Partes do MERCOSUL

2006 2007 2008 2009 2010

ARGENTINA 661 653 671 571 482

URUGUAI 120 35 52 50 51

PARAGUAI 35 32 39 47 23

CHILE 202 243 327 347 241

BOLIVIA 74 103 170 118 67

VENEZUELA 259 299 360 374 433

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmtegovcomgt

50

Situaccedilatildeo em 30 de setembro de 2010

A Tabela 1 apresenta autorizaccedilotildees por parte do Ministeacuterio do Trabalho e

Emprego aos trabalhadores oriundos do MERCOSUL e paiacuteses associados

Observa-se que de maneira geral houve oscilaccedilatildeo das autorizaccedilotildees dos

paiacuteses integrantes do bloco de 2006 a 2010 Evidencia-se que a quebra de

barreiras aduaneiras demonstra avanccedilo econocircmico mas natildeo garante

proteccedilatildeo social de forma imediata Eacute preciso coordenar accedilotildees nas aacutereas

trabalhista e previdenciaacuteria para favorecer e dar seguranccedila aos trabalhadores

que circulam dentro do bloco

Diante disso observa-se que o progresso social natildeo constitui uma

consequecircncia automaacutetica da integraccedilatildeo econocircmica existem fatores como as

crises econocircmico-financeiras nos Estados Partes condicionadas por

problemas de distintas naturezas pagamento da diacutevida externa taxas altas

de inflaccedilatildeo elevaccedilatildeo de taxas de juros corrupccedilatildeo institucionalizada abalos nas

50

Site do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego Coordenaccedilatildeo Geral de Imigraccedilatildeo Disponiacutevel em ltwwwmtegovbrgt Acesso em 20112010

29

Bolsas valorizaccedilatildeo cambial baixo crescimento econocircmico os quais geraram

impactos poliacuteticos e sociais negativos que se manifestam mais imediatamente no

plano do emprego e da previdecircncia social51

Se os anos 1980 foram chamados de ldquodeacutecada perdidardquo os anos 1990

tambeacutem natildeo foram muito promissores e o iniacutecio do seacuteculo XXI manteacutem a sina

negativa52 Neste sentido inclusive segundo Simionato53 o avanccedilo natildeo foi

observado em termos de justiccedila social

[] com o Tratado de Ouro Preto assinado 1994 efetiva-se a regulamentaccedilatildeo juriacutedica da integraccedilatildeo regional proporcionando o avanccedilo das poliacuteticas comerciais aduaneiras e agriacutecolas natildeo se observando o mesmo em relaccedilatildeo agrave perspectiva de ldquojusticcedila socialrdquo e agrave dimensatildeo democraacutetica do processo

Sobre essa questatildeo Costa54 menciona que no MERCOSUL ldquoo que se

internacionaliza eacute a economia e natildeo a proteccedilatildeo socialrdquo diante disso a autora aponta

que ldquoproteccedilatildeo ao trabalho compotildee os custos da atividade econocircmica e que o tema

laboral natildeo pode ser ignoradordquo Apesar dessa afirmaccedilatildeo pode-se inferir que a

regionalizaccedilatildeo acarreta convergecircncia nos sistemas previdenciaacuterios Na organizaccedilatildeo

econocircmica um dos primeiros custos a serem atacados satildeo os trabalhistas por sua

incidecircncia no preccedilo final dos produtos ou serviccedilos Isso gera diferenccedilas das

condiccedilotildees de trabalho e dos salaacuterios em termos comparativos Vale frisar que os

custos previdenciaacuterios fazem parte dos custos trabalhistas em questatildeo

Trata-se de um ciacuterculo vicioso jaacute que ao diminuir a contribuiccedilatildeo por efeito

da reduccedilatildeo da populaccedilatildeo ocupada e do eventual descenso dos niacuteveis salariais (que

conformam a base da contribuiccedilatildeo) tende a crescer o desfinanciamento dos

sistemas de previdecircncia social

Eacute inevitaacutevel que toda integraccedilatildeo regional deva enfrentar a dimensatildeo social

tanto para administrar ordenar e redistribuir no longo prazo os benefiacutecios e

vantagens econocircmicas que se procura obter com tal processo como tambeacutem para

dar respostas imediatas e amortecer os efeitos negativos que se geram a partir da

51

WANDERLEY Luiz Eduardo W A construccedilatildeo de um MERCOSUL Social Revista Ponto-e-Viacutergula Satildeo Paulo PUC SP v 1 p90-104 2007 p94

52 Ibid

53 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis v0 n 5 2001 p1 54

COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais UEPG 18 e 19 de junho de 2009 p 2

30

transformaccedilatildeo das estruturas econocircmicas e da abertura ao comeacutercio internacional

dos paiacuteses que conformam um bloco

Diniz aponta a mundializaccedilatildeo da oferta de trabalho como um dos efeitos da

globalizaccedilatildeo O indiviacuteduo poderaacute ser facilmente transferido de um paiacutes para outro

orientado pela oferta de emprego Como fenocircmenos decorrentes dessa globalizaccedilatildeo

da matildeo de obra aparecem a constituiccedilatildeo de um exeacutercito de reserva com grandes

contingentes de trabalhadores transnacionais o aumento da rotatividade da matildeo de

obra nos empregos e nas regiotildees o alto nuacutemero de migraccedilotildees internas dentro

destes blocos a existecircncia de um proletariado altamente qualificado o crescimento

do desemprego e do subemprego em virtude da automaccedilatildeo acarretando aumento

da economia informal55

Natildeo se pode deixar de mencionar quando se fala em circulaccedilatildeo de pessoas

principalmente trabalhadores o fato de o MERCOSUL natildeo ter sufragado plenamente

ainda os estaacutegios anteriores de Zona de Livre Comeacutercio e Uniatildeo Aduaneira

pressupostos do estaacutegio de Mercado Comum quando entatildeo ao menos em tese

estaria consagrada a liberdade de circulaccedilatildeo de trabalhadores Eacute notoacuterio que a

questatildeo social natildeo eacute a prioritaacuteria quando se pensa em integraccedilatildeo econocircmica mas

ela surge agrave medida que haacute uma evoluccedilatildeo natural para os estaacutegios que pressupotildeem

maior grau de integraccedilatildeo56

Segundo Chiarelli a livre circulaccedilatildeo de trabalhadores eacute condiccedilatildeo para a

formaccedilatildeo de um Mercado Comum que soacute estaraacute perfeito ao garantir a livre

circulaccedilatildeo da forccedila de trabalho respaldada por normas juriacutedicas que balizem as

relaccedilotildees econocircmicas e sociais O trabalhador de cada um dos paiacuteses do

MERCOSUL deveraacute com o tempo assumir o papel de trabalhador comunitaacuterio com

a consolidaccedilatildeo da faculdade de deslocamento nos paiacuteses do bloco em busca de

ocupaccedilatildeo57

Eacute fato e haacute que se admitir que mesmo a passos lentos o MERCOSUL

desenvolveu ao longo dos anos mecanismos em prol da livre circulaccedilatildeo de

55

DINIZ Cleacutelio Campolina In SEMINAacuteRIO INTERNACIONAL GLOBALIZACcedilAtildeO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL CENAacuteRIOS PARA O SEacuteC XXI Painel Recife SUDENE 1997 p 64-65

56 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute PUC-PR Curitiba 2005 p206

57 CHIARELLI Matto Tota CHIARELLI Carlos Alberto Gomes (Coord) Temas de integraccedilatildeo com

enfoque no Mercosul v 1 Satildeo Paulo LTR 1997 p 149

31

trabalhadores Neste sentido Jaeger Junior58

anotou que ldquoo MERCOSUL jaacute esteve

diante de vaacuterias propostas com vistas ao incremento do processo de

estabelecimento de uma livre circulaccedilatildeo de trabalhadoresrdquo

No acircmbito do MERCOSUL para efetivar as poliacuteticas de mercado de trabalho

eacute necessaacuterio que se estabeleccedila um padratildeo para a qualificaccedilatildeo da forccedila de trabalho

sistemas de intermediaccedilatildeo de matildeo de obra aleacutem de apoio agraves pequenas empresas

que incentive medidas voltadas para a elevaccedilatildeo do niacutevel de investimento

econocircmico59

O Conselho do Mercado Comum CMC atraveacutes da DECCMCMERCOSUL

nordm 46 de 16 de dezembro de 2004 criou o Grupo de Alto Niacutevel para elaborar uma

Estrateacutegia MERCOSUL de Crescimento do Emprego O Grupo eacute integrado pelos

ministeacuterios responsaacuteveis pelas poliacuteticas econocircmicas industriais laborais e sociais

dos Estados Partes e tambeacutem com a participaccedilatildeo das organizaccedilotildees econocircmicas e

sociais que integram as seccedilotildees nacionais do Foro Consultivo Econocircmico e Social e

da Comissatildeo Sociolaboral do MERCOSUL

Tendo em vista a circulaccedilatildeo de pessoas especialmente trabalhadores no

interior do bloco a Previdecircncia Social vem recebendo atenccedilatildeo especial dos Estados

Partes O reconhecimento da importacircncia do tema tem sido acompanhado por accedilotildees

efetivas que garantem benefiacutecios sociais e melhores condiccedilotildees de vida aos

trabalhadores e trabalhadoras da regiatildeo O Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL em vigor desde 2005 jaacute permitiu que oito mil brasileiros60

que

mantiveram empregos em qualquer um dos quatro paiacuteses do Bloco ao longo da

vida se aposentassem e recebessem os benefiacutecios devidos

O Acordo permite que o tempo de contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria de quem tenha

trabalhado em mais de um paiacutes do MERCOSUL seja somado para fins de

aposentadoria Atualmente cerca de 700 mil brasileiros61

residem nos Estados-

Partes e poderatildeo se beneficiar do acordo

58

JAEGER JUNIOR A Temas de Direito da Integraccedilatildeo e ComunitaacuterioSatildeo Paulo LTr 2002 p 59

59 COSTA Lucia Cortes da Trabalho e proteccedilatildeo social no MERCOSUL In SEMINAacuteRIO

DEMOCRACIA E PROTECcedilAtildeO SOCIAL NO MERCOSUL Anais Op cit p 28 60

BRASIL SECRETARIA GERAL DA PRESIDEcircNCIA DA REPUacuteBLICA MINISTEacuteRIO DAS RELACcedilOtildeES EXTERIORES Mercosul Social e Participativo construindo o Mercosul dos povos com democracia e cidadania Op cit p 104

61 Ibid

32

O ecircxito alcanccedilado com o Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL

estimulou a assinatura de Acordos Multilaterais Similares como por exemplo o

Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social62

firmado em 2007 quando ratificado

pelos parlamentos nacionais ele beneficiaraacute cerca de cinco milhotildees de

trabalhadores imigrantes da Argentina da Boliacutevia do Brasil do Chile da Colocircmbia

da Costa Rica de Cuba do Equador de El Salvador da Guatemala de Honduras

do Meacutexico da Nicaraacutegua do Panamaacute do Paraguai do Peru da Repuacuteblica

Dominicana do Uruguai da Venezuela de Portugal da Espanha e do Principado de

Andorra

O processo de globalizaccedilatildeo da economia fez crescer o movimento migratoacuterio

de trabalhadores e consequentemente trouxe reflexos na organizaccedilatildeo dos sistemas

previdenciaacuterios Indiviacuteduos que tecircm cobertura pelo sistema de previdecircncia social do

paiacutes de origem em que desenvolvem suas atividades e que faccedilam um movimento

migratoacuterio para outro paiacutes estaratildeo sujeitas agrave legislaccedilatildeo previdenciaacuteria do paiacutes de

destino onde estiverem exercendo nova atividade

132 Diferentes Regimes Previdenciaacuterios dos paiacuteses Integrantes MERCOSUL

O direito agrave seguridade social no Paraguai estaacute previsto no artigo 95 da

Constituiccedilatildeo com as informaccedilotildees

De la seguridad social El sistema obligatorio e integral de seguridad social para el trabajador dependiente y su familia seraacute establecido por la ley Se promoveraacute su extensioacuten a todos los sectores de la poblacioacuten ndash Los servicios del sistema de seguridad social podraacuten ser puacuteblicos privados o mixtos y en todos los casos es taraacuten supervisados por el Estado ndash Los recursos financieros de los seguros so ciales no seraacuten desviados de sus fines especiacuteficos estaraacuten disponibles para este objetivo sin perjuicio de las inversiones lucrativas que puedan acrecentar su patrimonio

63

No Paraguai natildeo existe um uacutenico sistema de seguridade social sendo

diversos sistemas administrados por intermeacutedio de ldquoCaixasrdquo de previdecircncia 62

Faremos um breve estudo sobre o acordo Ibero-Americano de Seguridade Social no item 22 do segundo capiacutetulo deste trabalho

63 Traduccedilatildeo livre A Seguridade Social O sistema obrigatoacuterio e integral de seguridade social dos

trabalhadores e de sua famiacutelia seraacute estabelecido por lei Iraacute promover a sua extensatildeo a todos os setores da populaccedilatildeo - Os serviccedilos do sistema de seguridade social pode ser puacuteblico privado ou misto em cada caso eacute supervisionado pelo Estado - Os recursos financeiros do seguro social natildeo seratildeo desviados de seus objetivos especiacuteficos e estaratildeo disponiacuteveis para esse efeito natildeo obstante os investimentos lucrativos que podem aumentar seu patrimocircnio

33

As instituiccedilotildees e normas de previdecircncia social estatildeo vinculadas aos

trabalhadores empregados ou seja aquelas que estatildeo vinculados ao

empregador Neste sentido Cristaldo64 declara que

Se entiende que la expresioacuten ldquoseguridad socialrdquo en El artiacuteculo 382 de coacutedigo Laboral estaacute utilizada en un sentido restringido limitada exclusivamente a la proteccioacuten del trabajador en relacioacuten de dependecircncia y sus derecho-habientes contra los riesgos de caraacuteter general y especialmente los derivados del trabajo mediante un sistema de seguros sociales De ahiacute lo adecuado en vez de ldquoseguridad socialrdquo hubiera sido utilizar en El Coacutedigo Laboral paraguaio la expressioacuten maacutes exacta y precisa de ldquoprevision socialrdquo para denominar El Libro IV de esse cuerpo legal

65

O Paraguai tem um sistema de previdecircncia social fragmentado com vaacuterias

instituiccedilotildees independentes que administram os fundos de pensatildeo O sistema eacute

organizado em oito instituiccedilotildees que natildeo tecircm viacutenculos entre si nem satildeo

supervisionadas por uma entidade superior do governo66

Natildeo foi encontrada na pesquisa realizada nenhuma informaccedilatildeo legislaccedilatildeo

ou referecircncia a reformas do sistema previdenciaacuterio paraguaio como os demais

Estados Partes entretanto eacute o uacutenico dos paiacuteses do MERCOSUL a organizar um

regime de previdecircncia privada complementar de aposentadorias parecido no seu

aspecto de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria ao Regime Geral de Previdecircncia Social

brasileiro de caraacuteter nacional obrigatoacuterio e legal67

O Instituto de Previdecircncia Social (IPS) principal oacutergatildeo previdenciaacuterio foi

criado em 1943 abrangendo atualmente duas aacutereas a) aposentadorias e pensotildees

b) sauacutede da populaccedilatildeo68

64

CRISTALDO M Jorge Dario La Seguridad Social y la Previsioacuten Social em el Paraguay In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 129

65 Traduccedilatildeo livre Entende-se que a expressatildeo seguridade social prevista no artigo 382 do coacutedigo

de trabalho eacute usado em sentido restrito limitado exclusivamente agrave proteccedilatildeo dos trabalhadores com relaccedilatildeo de emprego que tenham riscos ambientais de caraacuteter geral e especialmente do trabalho atraveacutes de um sistema de seguro social Desta forma o mais adequado em vez de seguridade social deveria ser utilizada no coacutedigo de trabalho paraguaio a expressatildeo mais exata e precisa de previdecircncia social no Livro IV do corpo legal

66 GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al

(Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 188

67 OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes

do MERCOSUL 2008 Tese (Doutorado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 145

68 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas n 3 p 128-137 juldez 2003

34

O sistema utilizado no Paraguai eacute um sistema de reparticcedilatildeo simples que eacute

regido pelo formato contributivo sendo pago pelo trabalhador e pelo empregador O

Paraguai eacute o paiacutes com menor cobertura previdenciaacuteria da Ameacuterica do Sul com uma

taxa que chega a apenas 25 de seus trabalhadores sendo inferior inclusive agrave

cobertura previdenciaacuteria da Boliacutevia A contribuiccedilatildeo para o sistema eacute muito baixa

apenas os que tecircm salaacuterios meacutedios ou altos eacute que contribuem e os trabalhadores

em atividades rurais natildeo estatildeo assegurados pela previdecircncia social tendo em vista

que natildeo haacute nenhuma forma de contribuiccedilatildeo69

Os benefiacutecios concedidos aos segurados satildeo auxiacutelio doenccedila benefiacutecio

pago ao trabalhador quando de sua incapacidade derivada de acidentes e doenccedilas

comuns e derivada de acidentes e doenccedilas do trabalho salaacuterio maternidade

aposentadoria por invalidez decorrente de acidente e doenccedilas do trabalho

aposentadoria por idade e pensatildeo por morte

No Uruguai o Banco da Previdecircncia Social foi criado em 1954 atendendo

grande parte da populaccedilatildeo exceto algumas caixas de aposentadorias e pensotildees

como a dos Estados dos militares dos professores universitaacuterios dos bancaacuterios e

dos policiais70

O sistema de Previdecircncia Social uruguaio apoacutes a reforma previdenciaacuteria

regido pela Lei nordm 16713 publicada em 3 de setembro de 1995 e conforme

estabelece o caput do artigo 4ordm da referida legislaccedilatildeo eacute misto compreendendo o

regime contributivo de reparticcedilatildeo administrado pelo Banco de Previdecircncia Social e

o regime de capitalizaccedilatildeo individual administrado por empresas privadas de forma

combinada71

A reforma em 1995 foi uma das mais importantes mudanccedilas da Seguridade

Social na histoacuteria do Uruguai e acontece em consonacircncia com o restante dos

paiacuteses da Ameacuterica Latina A reforma implicou num aumento das condiccedilotildees e das

exigecircncias ao acesso das prestaccedilotildees uma diminuiccedilatildeo discriminada nas mesmas e

69

GARCIA Stella Mary La proteccioacuten social em Paraguay In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Org) MERCOSUL em Muacuteltiplas Perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Op cit p 191

70 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

71 Ibid

35

criou um regime de arrecadaccedilatildeo individual administrado pelo setor privado e pelas

administradoras de fundos de arrecadaccedilatildeo previsional (AFAPs no Uruguai)72

Alejandro Castelo73

afirma

El sistema combina un componente puacuteblico basado en el reacutegimen de reparto denominado de solidariedad intergeneracional con un componente

privado organizado bajo el reacutegimen de capitalizacioacuten individual74

E ainda

El sistema combina varios pilares Um primer pilar que recoge las caracteriacutesticas del modelo puacuteblico de reparto y luego un segundo pilar de tipo privado basado em el ahorro individual cuyo objetivo es complementar las prestaciones provenientes del primer pilar La inclusioacuten en los distintos niveles de cobertura estaacute determinada por el niacutevel de ingresos del afiliado o maacutes precisamente por el monto de asignaciones computables que percibe el afiliado

75

No mesmo sentido para Murro76

tal sistema estaacute apoiado em trecircs pilares

quais sejam

1) Solidariedade intergeracional - Eacute administrado diretamente pelo Estado pelo BPS que continua sendo o organismo arrecadador Este niacutevel estabelece benefiacutecios definidos e os trabalhadores com suas contribuiccedilotildees financiam as aposentadorias dos inativos junto com as contribuiccedilotildees patronais com os tributos destinados ao sistema e a assistecircncia financeira estatal Ampara um amplo setor da populaccedilatildeo estimado entre 87 e 92 ateacute determinado niacutevel de renda 842 doacutelares Esse primeiro niacutevel eacute complementado por um modelo instrumental com objetivo redistributivo dirigido para os setores da sociedade de menor renda natildeo integrados a setores estruturados do mercado de trabalho Este complemento se consegue por meio de um modelo puacuteblico seletivo constituiacutedo pelos benefiacutecios assistenciais natildeo contributivos de idade avanccedilada e invalidez

72

MARCONDES Claudia Gamberine Sistemas Previdenciaacuterios Sulamericanos Brasil Uruguai

e Chile 2007 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Direito) Faculdade de Direito da Universidade Metodista de Piracicaba ndash UNIMEP Piracicaba 2007 p 83

73 CASTELLO Alejandro Evolucioacuten y Perspectivas del Reacutegimen Jubilatorio en Uruguay In

BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 27

74 Traduccedilatildeo livre O sistema combina um componente puacuteblico baseado em reparticcedilatildeo simples

denominado solidariedade intergeracional com um componente privado organizado sob um sistema de capitalizaccedilatildeo individual

75 Traduccedilatildeo livre O sistema combina vaacuterios pilares Um primeiro pilar o que daacute o desempenho do

modelo puacuteblico pago e depois um segundo pilar privado tipo de poupanccedila individual destina-se a complementar os benefiacutecios do primeiro pilar Em diferentes niacuteveis de inclusatildeo de cobertura eacute determinada pelo niacutevel de renda da filial ou mais precisamente o montante das verbas recebidas pelo membro computaacutevel

76 Ernesto Murro eacute atualmente presidente do Instituto de Seguridade Social do Uruguai

36

2) De poupanccedila individual obrigatoacuteria - Eacute administrado pelas Administradoras de Fundos de Aposentadoria (AFAP) que satildeo entidades privadas Haacute uma AFAP que eacute uma sociedade anocircnima de propriedade do Estado (BPS Banco Repuacuteblica e Banco de Seguros do Estado) as outras 5 satildeo de propriedade privada Inclui os que percebem rendas superiores aos equivalentes 842 doacutelares e ateacute 2563 doacutelares Tambeacutem se permite a pessoas com menos de 40 anos com rendas inferiores a 842 doacutelares a possibilidade de optarem pelo 2o niacutevel com 50 de sua renda obtendo-se assim um incentivo de 50 no caacutelculo de seu salaacuterio base no 1o niacutevel

3) De poupanccedila voluntaacuteria - Compreende aquelas pessoas que tenham rendas superiores a 2563 doacutelares na parte que exceda esse valor No que se refere agrave parcela superior a este niacutevel de renda se tem a liberdade de contribuir ou natildeo para o sistema [] Abrange obrigatoriamente todos os segurados que estejam com menos de 40 anos de idade agrave data de vigecircncia da lei (1496) e todas as pessoas que ingressaram no mercado de trabalho qualquer que seja a sua idade posteriormente a esta data Foram estabelecidas regras de transiccedilatildeo para os trabalhadores com mais de 40 anos de idade na data de entrada em vigor da lei que natildeo tinham direito agrave aposentadoria em 311296 Este regime vigora entre 1ordm de janeiro de 1997 e 1ordm de janeiro de 2003 e estabelece uma progressividade de idade no caso da mulher e nos tempo de serviccedilo []

77

O trabalhador alcanccedila sua carecircncia consoante uma tabela que levaraacute em

conta os anos de contribuiccedilatildeo e a idade do trabalhador78

A aposentadoria tornou-

se proporcional ao nuacutemero de anos trabalhados e agrave idade do trabalhador entretanto

todos os habitantes do Uruguai independentemente de sua renda ter-lhes-atildeo

assegurada essa aposentadoria

De acordo com a legislaccedilatildeo e o sistema de Previdecircncia Social ou

Seguridade Social como eacute denominado o sistema no Uruguai a avaliaccedilatildeo dos

efeitos econocircmicos da reforma da Previdecircncia Social no Uruguai parte do conceito

de equidade atuarial79

Calcula-se um iacutendice de rendimento no qual o valor dos

benefiacutecios seja equivalente e atualizado as contribuiccedilotildees efetivamente pagas um

iacutendice de atualizaccedilatildeo Os benefiacutecios concedidos satildeo aposentadoria por tempo de

serviccedilo aposentadoria por idade aposentadoria por invalidez auxiacutelio doenccedila e

pensatildeo por morte

77

MURRO Ernesto As Tendecircncias na Ameacuterica Latina e a Reforma Uruguaia da Previdecircncia Social 2001 Disponiacutevel em ltwwwredsegsocorguygt Acesso em 10112010 p 5

78 Ibid

79 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social

Revista Kataacutelysis Op cit p 40

37

Na Argentina a reforma previdenciaacuteria ocorreu na deacutecada de 90

alterando a concepccedilatildeo de Direito Constitucional para a mercantilizaccedilatildeo do

seguro social como estrateacutegia para fomentar o mercado de capitais80

A legislaccedilatildeo base sobre o Sistema Integrado de Aposentadoria e Pensotildees da Argentina eacute a Lei nordm 24241 de 13 de outubro de 1993 que cobre as aposentadorias por velhice invalidez e morte integrando-se ao Sistema

Uacutenico de Seguridade Social (SUSS) conforme seu artigo 1ordm ldquocaputrdquo81

O Sistema tambeacutem eacute considerado misto e possui um regime puacuteblico

fundamentado sobre a concessatildeo pelo Estado de benefiacutecios financiados por um

sistema de reparticcedilatildeo e um regime previdenciaacuterio baseado na capitalizaccedilatildeo

individual Este sistema natildeo beneficia apenas o governo mas e

principalmente os grupos econocircmicos e as corporaccedilotildees transnacionais pois

contribui para criar um importante mercado de capitais financiado pelos

trabalhadores82

Uma Comissatildeo especial para a reforma do Regime da Previdecircncia no acircmbito da Secretaria de Seguridade Social foi criada com o Decreto no 1934 de 30 de setembro de 2002 tendo por objetivos conforme seu artigo 1ordm a) elaborar linhas para uma reforma do Sistema Integrado de Aposentadorias e Pensotildees para que o mesmo cumpra com a finalidade de cobertura para velhice invalidez e tempo de serviccedilo b) a busca de consensos sobre as bases para se elaborar um anteprojeto de reforma da previdecircncia social c) preparar um ldquoAcordo para a Seguridade Socialrdquo orientado a elevar a prioridade poliacutetica e lograr a revalorizaccedilatildeo da Previdecircncia Social como instrumento necessaacuterio para a redistribuiccedilatildeo do ingresso e para a paz social

83

Como medida de proteccedilatildeo tambeacutem existe na Argentina como Seguridade

Social o seguro desemprego previsto na Lei nordm 2401393 que auxilia o trabalhador

em caso de desemprego involuntaacuterio financiado com contribuiccedilotildees a cargo dos

empregadores Entretanto em 2007 o novo sistema integrado de aposentadorias e

80

Ibid 81

VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

82 GAMBINA J Previdecircncia Social Fundos de Pensatildeo Empregos Puacuteblicos Reforma Administrativa

e Reforma da Educaccedilatildeo Jornal APUFSC Florianoacutepolis setout 2000 In SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social Revista Kataacutelysis v 0 n 5 2001 p39

83 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses

integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas Op cit p 134

38

pensotildees Lei nordm 2424193 foi alterado pela Lei nordm 262222007 estabelecendo a

livre opccedilatildeo do Regime de Aposentadoria O novo sistema misto de previdecircncia

social eacute integrado por dois componentes obrigatoacuterios e integrados e a partir da nova

legislaccedilatildeo promulgada Lei nordm 262222007 os afiliados (segurados) ao Sistema

Integrado de Aposentadorias e Pensotildees (SIJP) podem optar por mudar de regime ao

qual estatildeo afiliados (segurados) uma vez a cada cinco anos nas condiccedilotildees que tal

efeito estabeleccedila o Poder Executivo84

Em mateacuteria de sauacutede as previsotildees contam nas Leis nordm 2366093 e nordm

2366193 que regulamentam o Regime de obras Sociais e o Seguro Nacional de

Sauacutede administrados pelos sindicatos reconhecidos como tal que seraacute responsaacutevel

pela cobertura de sauacutede dos trabalhadores e de seus familiares

No Brasil a Seguridade Social de acordo com a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 artigo 203 eacute um conjunto integrado de accedilotildees de iniciativa dos Poderes

Puacuteblicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos agrave sauacutede agrave

previdecircncia e agrave assistecircncia social

Seguridade Social eacute gecircnero da qual satildeo espeacutecies a Sauacutede a Previdecircncia

e a Assistecircncia Social e tem como meta proteger pessoas contra a doenccedila o

abandono e a impossibilidade de trabalho Ao Estado compete a organizaccedilatildeo e

administraccedilatildeo da Seguridade Social por meio de ministeacuterios entidades e

instituiccedilotildees que mantecircm seu funcionamento como o Ministeacuterio da Sauacutede o

Ministeacuterio da Previdecircncia Social e o Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e

Combate agrave Fome (antigo Ministeacuterio da Assistecircncia Social) conforme Lei nordm

106832003 art 25

A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 194 enumerou em sete

incisos os princiacutepios constitucionais que regem a Seguridade Social A seguir

analisam-se os referidos princiacutepios

I Universalidade da cobertura e do atendimento garante a disponibilizaccedilatildeo

da sauacutede assistecircncia e previdecircncia em todas as contingecircncias a que estejam

sujeitos os indiviacuteduos As accedilotildees e os benefiacutecios de que se constituem a sauacutede a

assistecircncia social e a previdecircncia social (este uacuteltimo de caraacuteter contributivo) se

84

OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos Estados-Partes do MERCOSUL Op cit p 131

39

encontraratildeo disponiacuteveis e seratildeo oferecidos a todos os indiviacuteduos que deles

necessitarem

II - Uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees

urbanas e rurais a proteccedilatildeo social oferecida pela Seguridade Social deveraacute ser

disponibilizada de maneira uniforme e equivalente tanto aos indiviacuteduos da aacuterea

urbana quanto agravequeles da aacuterea rural Natildeo poderaacute haver distinccedilatildeo entre as

modalidades de benefiacutecios e serviccedilos oferecidos devendo ao contraacuterio existir

forma uacutenica ou semelhanccedila (uniformidade)

III Seletividade e distributividade na prestaccedilatildeo dos benefiacutecios e serviccedilos

os benefiacutecios e serviccedilos seratildeo oferecidos aos indiviacuteduos que deles necessitarem

atraveacutes de uma escolha fundamentada e criteriosa Natildeo existiraacute somente um uacutenico

benefiacutecio ou serviccedilo mas sim diversas modalidades aptas a atender exatamente a

necessidade do beneficiado A distributividade implica na distribuiccedilatildeo de renda e

proteccedilatildeo social Os serviccedilos e benefiacutecios seratildeo concedidos com equidade e justiccedila

o que natildeo significa que um contribuinte da Previdecircncia Social por exemplo

receberaacute integralmente tudo o que contribuiu aos cofres do sistema Todas as

contribuiccedilotildees satildeo convertidas em um caixa uacutenico (e natildeo individualizado) e o Estado

trabalha distribuindo com retidatildeo estes valores aos serviccedilos e benefiacutecios nas aacutereas

de sauacutede assistecircncia e previdecircncia social85

IV Irredutibilidade do valor dos benefiacutecios o princiacutepio da irredutibilidade

visa garantir ao indiviacuteduo que o benefiacutecio assistencial ou previdenciaacuterio que lhe for

concedido natildeo sofreraacute qualquer reduccedilatildeo de valor e natildeo poderaacute ser objeto de

desconto (salvo determinaccedilatildeo legal ou judicial) arresto sequestro ou penhora

V Equidade na forma de participaccedilatildeo no custeio este princiacutepio tem por

objetivo distribuir com justiccedila e retidatildeo o percentual de contribuiccedilatildeo cabiacutevel agrave

sociedade na manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade Social Toda a sociedade

contribui para a manutenccedilatildeo do sistema mas garante-se por este princiacutepio a

progressividade da contribuiccedilatildeo conforme a capacidade contributiva de cada um As

empresas por exemplo sofrem maior desconto em seu rendimento bruto para a

manutenccedilatildeo do sistema de Seguridade em razatildeo de sua maior capacidade

85

VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios 2 ed Satildeo Paulo Editora LTr 2010 p 49

40

contributiva Os empregados contribuem conforme tabela progressiva sempre

condizente com o salaacuterio percebido86

VI Diversidade da base de financiamento determina o artigo 195 da

Constituiccedilatildeo Federal que a Seguridade Social seraacute financiada por toda a sociedade

de forma direta e indireta nos termos da lei mediante recursos provenientes dos

orccedilamentos da Uniatildeo dos Estados do Distrito Federal e dos Municiacutepios e de

contribuiccedilotildees sociais obrigatoacuterias a empresas e trabalhadores

VII Caraacuteter democraacutetico e descentralizado da administraccedilatildeo mediante

gestatildeo quadripartite com a participaccedilatildeo dos trabalhadores dos empregadores dos

aposentados e do Governo nos oacutergatildeos colegiados os trabalhadores os

empresaacuterios os aposentados e o Governo participam da gestatildeo administrativa da

Seguridade Social que deveraacute possuir caraacuteter democraacutetico e descentralizado

Assim pode-se dizer que a gestatildeo dos serviccedilos e benefiacutecios de que se constitui a

Seguridade Social tem a participaccedilatildeo ativa da sociedade Esta participaccedilatildeo eacute

exercida atraveacutes dos oacutergatildeos colegiados de deliberaccedilatildeo quais sejam Conselho

Nacional de Sauacutede (Lei nordm 808090 e Lei 814290) Conselho Nacional de

Assistecircncia Social (Lei nordm 874293 art 17) e Conselho Nacional de Previdecircncia

Social (Lei nordm 821391 art 3ordm) que tecircm composiccedilatildeo paritaacuteria integrada por

representantes do Governo Federal representantes dos aposentados

representantes dos trabalhadores em atividade e representantes dos empregadores

Especificamente a Previdecircncia Social no Brasil eacute uma instituiccedilatildeo puacuteblica que

tem a finalidade de assegurar direitos aos seus segurados e dependentes jaacute que se

trata de um seguro social a aqueles que contribuem para ela Quando uma pessoa

natildeo tem mais capacidade para trabalhar a previdecircncia social substitui seu salaacuterio

pelo benefiacutecio previdenciaacuterio Essa incapacidade de trabalho pode ser classificada

como doenccedila invalidez idade avanccedilada maternidade e dois benefiacutecios de

concessatildeo para dependentes sendo pensatildeo por morte e auxiacutelio reclusatildeo

De acordo com Vianna87 a previdecircncia social no Brasil abrange somente

uma parcela da sociedade (face ao seu caraacuteter contributivo) deixando agrave margem de

seus benefiacutecios aqueles que natildeo exercem atividade remunerada (contribuintes

obrigatoacuterios) ou que manifestamente natildeo expressam seu desejo associativo

(contribuintes facultativos) A populaccedilatildeo mais carente e portanto natildeo contribuinte

86

Ibid p 51 87

Ibid p 62

41

usufrui somente das accedilotildees da sauacutede e das accedilotildees e benefiacutecios mantidos pela

Assistecircncia Social

Os empregados trabalhadores avulsos empregados domeacutesticos os

contribuintes individuais e os facultativos assim como seus dependentes tecircm por

benefiacutecios aposentadoria por invalidez especial idade e tempo de contribuiccedilatildeo

auxiacutelios doenccedilas acidente reclusatildeo pensatildeo por morte salaacuterios maternidade e

famiacutelia A previdecircncia eacute um sistema de contribuiccedilatildeo compulsoacuteria no Brasil ou seja a

contribuiccedilatildeo eacute obrigatoacuteria Existem duas modalidades de contribuintes os

obrigatoacuterios que satildeo os trabalhadores de forma geral previstos no art 11 da Lei nordm

821291 e os facultativos que satildeo aqueles que podem contribuir de maneira

facultativa por natildeo trabalharem com fins lucrativos ou aqueles que natildeo tecircm renda

Apesar da existecircncia expressa na Constituiccedilatildeo Federal do princiacutepio da

uniformidade e equivalecircncia dos benefiacutecios e serviccedilos agraves populaccedilotildees urbanas e

rurais (artigo 194 II) a previdecircncia social compreende trecircs regimes distintos O

artigo 6ordm do Decreto nordm 304899 (Regulamento da Previdecircncia Social) determina os

seguintes regimes

I Regime Geral de Previdecircncia Social Principal regime previdenciaacuterio

por abranger maior percentual da populaccedilatildeo brasileira trabalhadores

da iniciativa privada rural ou urbana empregados domeacutesticos

aprendizes empresaacuterios trabalhadores autocircnomos trabalhadores

avulsos produtores rurais etc Sua administraccedilatildeo eacute atribuiacuteda ao

Ministeacuterio da Previdecircncia Social sendo exercida pelo Instituto Nacional

de Seguridade Social ndash INSS autarquia federal responsaacutevel pela

concessatildeo dos benefiacutecios previdenciaacuterios (do Regime Geral)

II ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos servidores puacuteblicos os

servidores titulares de cargos efetivos da Uniatildeo dos Estados do

Distrito Federal e dos Municiacutepios incluiacutedas suas autarquias e

fundaccedilotildees possuem tratamento diferenciado quanto ao sistema

previdenciaacuterio conferido pela proacutepria Constituiccedilatildeo Federal artigo 40

caput (redaccedilatildeo dada pela Emenda Constitucional nordm 412003) que

lhes assegura a existecircncia de regime proacuteprio

III ndash Regime proacuteprio de previdecircncia social dos militares as Forccedilas Armadas

constituiacutedas pela Marinha Exeacutercito e Aeronaacuteutica satildeo instituiccedilotildees

nacionais permanentes e regulares organizadas com base na

42

hierarquia e na disciplina sob a autoridade suprema do Presidente da

Repuacuteblica Os membros das Forccedilas Armadas satildeo denominados

militares e a Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 142 inciso X

combinado com o sect 20ordm do artigo 40 confere agrave lei ordinaacuteria a

competecircncia para a instituiccedilatildeo de sistema proacuteprio previdenciaacuterio

O regime geral de previdecircncia conhecido por RGPS se acha a cargo do

INSS o regime proacuteprio dos servidores puacuteblicos a cargo do respectivo ente da

federaccedilatildeo que pode para administraacute-lo instituir entidade autaacuterquica proacutepria

A previdecircncia social brasileira vem passando por inuacutemeras discussotildees sobre

uma reforma necessaacuteria pois atualmente a economia brasileira vai bem

considerando a capacidade de gerar empregos mas a previdecircncia social nem tanto

considerando os deacuteficits Enquanto registrou uma alta de 44688

de trabalhadores

com emprego formal no primeiro semestre de 2010 as contas da Previdecircncia Social

fecharam com um deacuteficit de 228 bilhotildees89

Contudo em notiacutecia divulgada no site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social o

deacuteficit do Regime Geral de Previdecircncia Social somou R$ 33 bilhotildees em fevereiro de

2011 o que representa uma queda de 176 em relaccedilatildeo ao rombo de R$ 402

bilhotildees registrado em fevereiro de 2010 Todos os nuacutemeros foram corrigidos pelo

INPC Em janeiro de 2011 o resultado negativo somou R$ 3 bilhotildees e no ano de

2010 o deacuteficit totalizou R$ 443 bilhotildees com queda de 45 frente ao ano

anterior90

No primeiro bimestre de 2011 ainda segundo dados do Ministeacuterio da

Previdecircncia o deacuteficit da Previdecircncia somou R$ 635 bilhotildees com queda de 205

em relaccedilatildeo ao mesmo periacuteodo do ano passado quando o resultado negativo (em

nuacutemeros jaacute corrigidos pelo INPC) somou R$ 799 bilhotildees91

A Comissatildeo Especial para Estudos do Sistema Previdenciaacuterio criada com o

objetivo de analisar e estudar o sistema brasileiro de previdecircncia reconheceu que

ldquosem reformas estruturais logo a previdecircncia sentiraacute os efeitos corrosivos de

benefiacutecios sem cobertura assegurada ou de fontes de financiamento esgotadasrdquo

(Anexo I da Mesa Diretora da Cacircmara de Deputados)

88

Fonte notiacutecia vinculada ao site JUSPREV ndash Previdecircncia dos promotores e da Justiccedila Brasileira Disponiacutevel em httpwwwjusprevcombr Acesso em 25072010

89 Ibid

90 Fonte notiacutecia vinculada ao site do Ministeacuterio da Previdecircncia Social no dia 24032011 Disponiacutevel

em ltwwwmpsgovbrgt Acesso em 30032011 91

Ibid

43

As reformas previdenciaacuterias na Ameacuterica Latina satildeo base de grandes

discussotildees O Chile foi o primeiro paiacutes a implementar uma privatizaccedilatildeo do sistema

previdenciaacuterio de forma radical jaacute para os outros paiacuteses da mesma regiatildeo

determinados fatos ocorridos nos anos 1980 foram cruciais antes que as reformas

estruturais se tornassem politicamente viaacuteveis como 1) quebra dos sistemas de

seguridade social durante a crise econocircmica e financeira 2) o crescente interesse

por parte das instituiccedilotildees financeiras internacionais nos efeitos econocircmicos dos

sistemas de seguridade social e seu apoio agrave reforma de sistemas previdenciaacuterios no

acircmbito de programas de ajuste estrutural 3) a opccedilatildeo neoliberal na poliacutetica latino-

americana nos anos 1990 com forte orientaccedilatildeo para o modelo estatal regulatoacuterio-

subsidiaacuterio que introduz medidas como a privatizaccedilatildeo a liberalizaccedilatildeo e a

desregulaccedilatildeo e favorece reformas radicais que visam recuperar a credibilidade em

lugar de favorecer melhorias no acircmbito da loacutegica dos sistemas anteriores92

Analisando os sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do bloco

podemos chegar agrave Tabela 2 como forma simplificada de anaacutelise

Tabela 2 Resumo da anaacutelise dos sistemas previdenciaacuterios dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL

Paiacutes Tipo de Sistema Benefiacutecios Reformas

Argentina Misto Aposentadoria por idade invalidez pensatildeo por morte e seguro desemprego

Lei nordm 2424193

Lei nordm2622207

Brasil Reparticcedilatildeo Simples

Aposentadoria por idade tempo de contribuiccedilatildeo invalidez especial auxiacutelio doenccedila pensatildeo por morte salaacuterio maternidade salaacuterio famiacutelia reclusatildeo auxiacutelio acidente reabilitaccedilatildeo profissional

EC 201998 e

EC 412003

Paraguai Reparticcedilatildeo Simples Aposentadoria por idade invalidez auxiacutelio doenccedila salaacuterio maternidade e pensatildeo por morte

--

Uruguai Misto Aposentadoria por tempo de serviccedilo por idade invalidez auxiacutelio doenccedila e pensatildeo por morte

Lei nordm 1671395 e Lei 1839508

Fonte Organizado pela autora com base em informaccedilotildees do site ltwwwmpsgovcomgt

92

HUJO Katja Novos Paradigmas na Previdecircncia Social Liccedilotildees do Chile e da Argentina Revista Planejamento e Poliacuteticas Puacuteblicas n 19 Junho de 1999 p 158 e 159

44

CAPIacuteTULO 2

2 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

21 ACORDOS INTERNACIONAIS CONCEITO E FINALIDADE

O Estatuto da Convenccedilatildeo de Viena definiu tratado em seu artigo 2ordm I

aliacutenea ldquoardquo como sendo um ldquoacordo internacional celebrado por escrito entre Estados

regido pelo direito internacional quer conste de um instrumento uacutenico quer de dois

ou mais instrumentos conexos qualquer que seja sua denominaccedilatildeo particularrdquo 93

Tratado eacute o ato juriacutedico pelo qual haacute a manifestaccedilatildeo de vontades de duas ou

mais pessoas internacionais visando estabelecer um acordo entendido como

expressatildeo de uso livre e de alta incidecircncia na praacutetica internacional94

Como

conceitua Wladimir Novaes Martinez ldquosatildeo fontes formais internacionais que regem a

previdecircncia social dos trabalhadores migrantes isto eacute tratados bilaterais sobre

previdecircncia social celebrados entre o Brasil e diversos paiacuteses da Ameacuterica Latina e

da Europardquo95

Eacute imprescindiacutevel um esforccedilo muacutetuo internacional no sentido de flexibilizar

regras de seguridade social para se tornarem viaacuteveis os acordos internacionais

Rocha destaca que no plano internacional fatores como a migraccedilatildeo de

trabalhadores a atuaccedilatildeo de empresas multinacionais e a criaccedilatildeo de mercados

comuns satildeo fatores que tecircm acentuado a tendecircncia de internacionalizaccedilatildeo da

previdecircncia e seguridade social Deste contexto exsurge a necessidade de que as

legislaccedilotildees nacionais sejam integradas a fim de que os trabalhadores que transitem

entre os Estados e sujeitos a regimes previdenciaacuterios nacionais diferentes natildeo

93

Essa Convenccedilatildeo sistematiza conceitos juriacutedicos fundamentais sobre os tratados e foi adotada em 23051969 pela Conferecircncia das Naccedilotildees Unidas sobre o direito dos tratados tendo entrado em vigor para os paiacuteses que a ratificaram natildeo incluindo o Brasil em 27011980 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdaidtrathtmgt Acesso em 12052008

94 Disponiacutevel em lthttpwww2mregovbrdai003htmlgt Acesso em 10052008

95 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio Tomo II previdecircncia social 2

ed Satildeo Paulo LTr 2007 p858

45

sejam prejudicados e privados da proteccedilatildeo previdenciaacuteria em razatildeo da falta de

articulaccedilatildeo estatal96

Natildeo obstante os acordos natildeo satildeo estabelecidos ocasionalmente Eacute

essencial que se analise a presenccedila de uma forte migraccedilatildeo internacional de

trabalhadores o incremento de importantes fluxos de investimentos externos e as

relaccedilotildees especiais de amizade existentes entre os paiacuteses com os quais se deseja

estabelecer um acordo internacional Os acordos podem ser bilaterais ou

multilaterais podendo ainda ser permanentes ou temporaacuterios As formalidades para

celebraccedilatildeo do acordo satildeo 1ordm negociaccedilatildeo 2ordm assinatura 3ordm troca de notas e 4ordm

ratificaccedilatildeo (promulgaccedilatildeo confirmaccedilatildeo) com intervenccedilatildeo das atividades diplomaacuteticas

inclusive

De acordo com o artigo 49 inciso I da Constituiccedilatildeo Federal os tratados

internacionais tecircm de ser ratificados pelo Poder Legislativo por meio de Decretos

Legislativos adquirindo forccedila de lei e regulamentados por Decretos do Poder

Executivo transformando-se em fontes formais do Direito Os tratados internacionais

satildeo atos complexos pois deve existir a vontade do presidente da Repuacuteblica que os

celebra e a do Congresso Nacional que os aprova logo consagra-se assim a

colaboraccedilatildeo do Executivo e do Legislativo na conclusatildeo de tratados internacionais97

Diante do atual cenaacuterio internacional caracterizado pelo intenso processo de

globalizaccedilatildeo o tracircnsito de pessoas em geral e especialmente de trabalhadores

tem aumentado constantemente e a expectativa98

eacute a de que com o aumento da

integraccedilatildeo econocircmica e a consolidaccedilatildeo de blocos poliacutetico-econocircmicos o tracircnsito de

trabalhadores aumente ainda mais

As migraccedilotildees internacionais constituem-se um fato com o qual os paiacuteses

por intermeacutedio de seus gestores de poliacuteticas de trabalho e previdecircncia social teratildeo

que lidar Eacute previsiacutevel que no contexto da integraccedilatildeo internacional crescente os

acordos e tratados de seguridade social sejam instrumentos importantes de

extensatildeo e garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios previstos na

96

ROCHA Daniel Machado da O direito fundamental agrave previdecircncia social na perspectiva dos princiacutepios constitucionais diretivos do sistema previdenciaacuterio brasileiro Porto Alegre Livraria do Advogado 2004 p 112

97 PIOVESAN Flaacutevia Direitos Humanos e Direito Constitucional e Internacional 5ed Satildeo

Paulo Max Limonad 2002 p 72 98

Cf os trabalhos publicados na coletacircnea BRASIL Migraccedilotildees Internacionais e a Previdecircncia Social Ministeacuterio da Previdecircncia Social Brasiacutelia MPAS 2006

46

legislaccedilatildeo de dois ou mais paiacuteses procurando prover fundamento legal comum

quanto aos direitos e obrigaccedilotildees

A integraccedilatildeo regional do MERCOSUL promove uma reestruturaccedilatildeo

competitiva das economias nacionais dos paiacuteses do bloco que impotildee novos

desafios econocircmicos e sociais aos paiacuteses

Em mateacuteria de previdecircncia os acordos internacionais que estatildeo inseridos

no contexto da poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores satildeo o resultado de esforccedilos do Ministeacuterio da Previdecircncia Social e de

entendimentos diplomaacuteticos entre governos e objetivam garantir aos respectivos

trabalhadores e dependentes legais residentes ou em tracircnsito no paiacutes os direitos de

seguridade social previstos nas legislaccedilotildees dos paiacuteses99

Os acordos internacionais de Previdecircncia Social estabelecem uma relaccedilatildeo

de prestaccedilatildeo de benefiacutecios previdenciaacuterios natildeo implicando na modificaccedilatildeo da

legislaccedilatildeo vigente no paiacutes cumprindo a cada Estado contratante analisar os pedidos

de benefiacutecios apresentados e decidir quanto ao direito e agraves condiccedilotildees conforme sua

proacutepria legislaccedilatildeo aplicaacutevel Esses acordos internacionais satildeo instrumentos juriacutedicos

que possibilitam aceitar a validade do trabalho prestado em outro paiacutes como tempo

de contribuiccedilatildeo para fins de aposentadoria permitindo assim que se reconheccedilam

os benefiacutecios de Seguridade Social nos paiacuteses participantes

Todavia natildeo se ignorem tambeacutem as imensas dificuldades legislativas entre

os quatro paiacuteses em mateacuteria previdenciaacuteria Este campo eacute de imprescindiacutevel

harmonizaccedilatildeo e principalmente estruturaccedilatildeo interna que visa num primeiro

momento agrave reduccedilatildeo do deacuteficit puacuteblico para em posterior momento criar as

condiccedilotildees agrave exportaccedilatildeo dos benefiacutecios ldquoTorna-se um imperativo pois caso contraacuterio

os trabalhadores natildeo arriscaratildeo novas oportunidades tampouco se beneficiaratildeo se

natildeo puderem contar com a assistecircncia dos sistemas previdenciaacuterios da contagem

do tempo de serviccedilo ou contribuiccedilatildeo e sobretudo da possibilidade de desfrutarem

de benefiacutecios em Estados estrangeirosrdquo100

A verdade eacute que no mundo contemporacircneo a preocupaccedilatildeo com a questatildeo

social na integraccedilatildeo regional natildeo pode ser tratada como faculdade e sim uma

necessidade derivada do proacuteprio instinto de preservaccedilatildeo de cada paiacutes Neste

99

Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_01aspgt Acesso em 25042009

100 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia

e sua perspectiva no MERCOSUL Op cit p 246

47

sentido Alicia Moreno ressalta a importacircncia de documentos como a Declaraccedilatildeo

Sociolaboral do MERCOSUL e do Acordo Multilateral de Seguridade Social para o

avanccedilo da questatildeo social no MERCOSUL ainda que caracterize o avanccedilo ainda

parcial101

Poreacutem faz criacutetica ao caraacuteter limitado do poder vinculante dos documentos

relativos a aacuterea social Eduardo Campos ao entender que a realidade social do

MERCOSUL traduz-se em debates e estudos que ateacute 2001 materializaram-se em

programas e praacuteticas de um pequeno nuacutemero de accedilotildees pontuais aqui e ali

[] o saldo ateacute o momento resume-se basicamente agrave vigecircncia comum de algumas normas da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho agrave celebraccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social sem grandes inovaccedilotildees em relaccedilatildeo ao quadro entatildeo existente e agrave assinatura da Declaraccedilatildeo Sociolaboral com importantes limitaccedilotildees em seu conteuacutedo e sem poder vinculante

102

Pode-se afirmar que os acordos internacionais satildeo mecanismos delicados

que precisam superar problemas complexos dentre os quais os sistemas de

seguridade social principalmente pelas variadas regras existentes em todo o

mundo sendo preciso superar as deficiecircncias internas para harmonizar as regras

bastante divergentes dos paiacuteses envolvidos nos acordos internacionais

Os acordos internacionais em mateacuteria previdenciaacuteria protegem os direitos

dos trabalhadores envolvidos em movimentos migratoacuterios com o objetivo de

garantia de direitos sociais trabalhistas e previdenciaacuterios

Nesse sentido eacute necessaacuterio que os processos de integraccedilatildeo regional sejam

acompanhados de medidas tendentes agrave progressiva coordenaccedilatildeo natildeo somente das

poliacuteticas macroeconocircmicas senatildeo tambeacutem daquelas referentes agrave proteccedilatildeo social

Imerso neste desafio e com a ampliaccedilatildeo de demandas populares de poliacuteticas de

proteccedilatildeo social nos uacuteltimos anos foi habitual que o Brasil estabelecesse convecircnios

bilaterais de previdecircncia social com alguns paiacuteses da Ameacuterica Latina o que tornou

mais faacutecil a ratificaccedilatildeo do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL

101

MORENO Alicia S La difusa Idea del espacio social em los procesos de integracioacuten In PIMENTEL L O (Coord) Mercosul Alca e Integraccedilatildeo Euro-Latino-Americana Curitiba Juruaacute 2001 p 74

102 CAMPOS E N O deacuteficit social da Comunidade Europeacuteia e do MERCOSUL In PIMENTEL L O

(Coord) Op cit p 210

48

22 ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE SEGURIDADE SOCIAL

Os organismos internacionais de seguridade social tecircm o objetivo de garantir

a maior cobertura possiacutevel da proteccedilatildeo social aos trabalhadores e atuar na

facilitaccedilatildeo para a realizaccedilatildeo desse processo O Ministeacuterio da Previdecircncia Social

(MPS) manteacutem filiaccedilatildeo com trecircs organismos internacionais de seguridade social

Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social (AISS) Conferecircncia Interamericana

de Seguridade Social (CISS) e Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social

(OISS) O Brasil tambeacutem eacute parceiro em accedilotildees com a Organizaccedilatildeo Internacional do

Trabalho (OIT)103

A Associaccedilatildeo Internacional de Seguridade Social eacute a principal organizaccedilatildeo

internacional do mundo a reunir as administraccedilotildees e os organismos nacionais de

seguridade social Fundada em 1927 a AISS eacute uma organizaccedilatildeo internacional sem

fins lucrativos composta por instituiccedilotildees oacutergatildeos governamentais entidades e outros

organismos gestores de ramos de seguridade social seu secretariado tem sede na

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) em Genebra e atualmente conta com

340 organizaccedilotildees afiliadas em 150104

paiacuteses de todo o mundo

Os objetivos da AISS satildeo defender e promover a seguridade social

internacional no mundo inteiro colaborando com o aperfeiccediloamento teacutecnico-

administrativo e o intercacircmbio informativo gerencial assegurar o direito estabelecido

por lei aos acidentes de trabalho e doenccedilas profissionais desemprego maternidade

invalidez aposentadoria e reabilitaccedilatildeo a filhos e membros das famiacutelias fomentar

experiecircncias intercacircmbios e conhecimentos internacionais organizar reuniotildees sobre

seguridade social realizar intercacircmbio de informaccedilotildees e experiecircncias organizar

cursos de formaccedilatildeo e seminaacuterios de capacitaccedilatildeo efetuar investigaccedilotildees e pesquisas

em mateacuteria de seguridade social publicar e difundir trabalhos e documentos sobre

temas de seguridade social organizar reuniotildees internacionais perioacutedicas de seus

membros favorecer a troca de informaccedilotildees e a confrontaccedilatildeo de experiecircncias

orientando as atividades dos membros da Associaccedilatildeo e a ajuda teacutecnica muacutetua que

possam propor colaborar com a OIT e com outras organizaccedilotildees a fim de contribuir

103

Fonte Relatoacuterio Anual da AISS Disponiacutevel em ltwwwissaintannual-reviewgt Acesso em 20012011

104 Ibid

49

para a melhoria da situaccedilatildeo social e econocircmica dos povos com base na justiccedila

social para uma paz geral e duraacutevel

A Conferecircncia Interamericana de Seguridade Social eacute um Organismo

Internacional Especializado de caraacuteter permanente que foi iniciado pelos estados

membros da OIT os quais reunidos em uma conferecircncia de trabalho em 12 de

dezembro de 1940 na cidade de Lima Peru criou o Comitecirc Interamericano de

Iniciativas em Seguridade Social que serviu depois de base para criaccedilatildeo da

Conferecircncia Interamericana de Seguridade aprovada por unanimidade desde que

atue em conformidade com a OIT

Seus objetivos satildeo apoiar e contribuir para o desenvolvimento da

seguridade social nos paiacuteses americanos cooperando com as instituiccedilotildees e

administraccedilotildees nacionais adotar resoluccedilotildees e formular recomendaccedilotildees em

seguridade social e promover sua difusatildeo impulsionar a cooperaccedilatildeo e intercacircmbio

de experiecircncias entre as instituiccedilotildees de administraccedilotildees nacionais de seguridade

social e outras organizaccedilotildees internacionais orientar a capacitaccedilatildeo de recursos

humanos a serviccedilo da seguridade social e proporcionar meios para que se possa

fazecirc-lo de forma sistemaacutetica e permanente difundir os avanccedilos dos sistemas de

seguridade social em niacutevel nacional e internacional e editar as publicaccedilotildees de

estudos105

A Organizaccedilatildeo Ibero-americana de Seguridade Social OISS tem como

finalidade promover o bem-estar econocircmico e social dos paiacuteses ibero-americanos

mediante a coordenaccedilatildeo intercacircmbio e troca de experiecircncias muacutetuas no acircmbito da

seguridade social Aleacutem de prestar assessoramento e ajuda teacutecnica a seus

membros colaborando para o desenvolvimento de seus sistemas tem-se

empenhado na promoccedilatildeo da universalizaccedilatildeo da Seguridade Social impulsionando a

modernizaccedilatildeo dos sistemas existentes mediante a coordenaccedilatildeo e o aproveitamento

de suas experiecircncias muacutetuas

A OISS eacute o primeiro registro na Ameacuterica para a Seguridade Social realizada

em Barcelona em 1950 no qual estabeleceu uma Secretaria para apoiar novas

reuniotildees a ser chamada Comissatildeo Americana de Seguranccedila Social mas foi no

Congresso Latino-Americano de Seguridade Social realizado em Lima Peru em

105

Ibid

50

1954 que com a presenccedila da maioria dos paiacuteses da regiatildeo juntamente com

representantes da OIT da OEA e ISSA foi aprovada a Carta da OISS

Seus principais objetivos satildeo promover accedilotildees para universalizar o direito agrave

seguridade social colaborar com o desenvolvimento de tratados de integraccedilatildeo

socioeconocircmica de caraacuteter sub-regional atuar como oacutergatildeo permanente de

informaccedilatildeo estudo investigaccedilatildeo e experiecircncia no desenvolvimento dos sistemas

internacionais promover meios para a realizaccedilatildeo de negociaccedilatildeo de acordos entre os

paiacuteses prestando assistecircncia teacutecnica e facilitando a execuccedilatildeo de programas na aacuterea

de proteccedilatildeo social desenvolver investigaccedilotildees estudos e pesquisas nos principais

ramos da seguridade social no mundo receber e divulgar publicaccedilotildees de diversos

trabalhos sobre temas de seguridade social e trocar experiecircncias entre as

instituiccedilotildees membro106

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho fundada em 1919 criada pela

Conferecircncia de Paz apoacutes a Primeira Guerra Mundial tem o objetivo de promover a

justiccedila social Eacute a uacutenica das Agecircncias do Sistema das Naccedilotildees Unidas que tem

estrutura tripartite na qual os representantes dos empregadores e dos trabalhadores

tecircm os mesmos direitos que os do governo

A OIT tem por princiacutepio que a paz universal e permanente soacute pode basear-

se na justiccedila A Organizaccedilatildeo Internacional Trabalho por ser uma agecircncia

especializada das Naccedilotildees Unidas eacute responsaacutevel por formular normas internacionais

do trabalho promover o desenvolvimento e a interaccedilatildeo das organizaccedilotildees de

empregadores e de trabalhadores prestar cooperaccedilatildeo teacutecnica principalmente nas

aacutereas de formaccedilatildeo e reabilitaccedilatildeo profissional poliacuteticas e programas de emprego e

de empreendedorismo administraccedilatildeo do trabalho direito e relaccedilotildees do trabalho

condiccedilotildees de trabalho desenvolvimento empresarial cooperativas previdecircncia

social estatiacutesticas e seguranccedila e sauacutede ocupacional

Ainda como objetivos estrateacutegicos promover os princiacutepios fundamentais e

direitos no trabalho por meio de um sistema de supervisatildeo e de aplicaccedilatildeo de

normas promover melhores oportunidades de empregorenda para mulheres e

homens em condiccedilotildees de livre escolha de natildeo discriminaccedilatildeo e de dignidade

aumentar a abrangecircncia e a eficaacutecia da proteccedilatildeo social e fortalecer o tripartismo e

o diaacutelogo social

106

Disponiacutevel em lthttpwww1previdenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_05aspgt Acesso em 20042011

51

Na seguridade social destaca-se a Convenccedilatildeo 118 da Organizaccedilatildeo

Internacional do Trabalho (OIT) que trata da igualdade de tratamento entre

nacionais e estrangeiros aprovada no Brasil em 24 de agosto de 1968 No artigo 7ordm

da Convenccedilatildeo estipula-se que os paiacuteses signataacuterios tecircm que participar de um

sistema de direitos de seguridade social e que este sistema teraacute que fornecer a

totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro trabalho ou residecircncia a manutenccedilatildeo ou a

recuperaccedilatildeo de direitos bem como o caacutelculo das contribuiccedilotildees dos trabalhadores

em circulaccedilatildeo Neste sentido eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica as iniciativas do

poder puacuteblico para alcanccedilar tais direitos

No Brasil o escritoacuterio da OIT atua na promoccedilatildeo dos objetivos estrateacutegicos

da Organizaccedilatildeo principalmente na implementaccedilatildeo de programas projetos e

atividades de cooperaccedilatildeo teacutecnica visando ao aperfeiccediloamento das normas e das

relaccedilotildees trabalhistas das poliacuteticas e programas de emprego formaccedilatildeo profissional e

de proteccedilatildeo social

23 PAIacuteSES COM OS QUAIS O BRASIL MANTEacuteM ACORDO DE SEGURIDADE SOCIAL

Como jaacute visto os acordos internacionais de Previdecircncia Social inserem-se

no contexto de poliacutetica externa brasileira conduzida pelo Ministeacuterio das Relaccedilotildees

Exteriores mas no Brasil satildeo operacionalizados pelo Instituto Nacional do Seguro

Social de forma descentralizada mediante 14 Organismos de Ligaccedilatildeo vinculados agraves

Gerecircncias Executivas do INSS nas cidades de Manaus Salvador Fortaleza

Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto

Alegre Florianoacutepolis Satildeo Paulo aleacutem do Distrito Federal107

Esses Organismos satildeo

responsaacuteveis pela anaacutelise e concessatildeo dos benefiacutecios cabendo-lhes ainda

responder a solicitaccedilotildees dos segurados e dos Organismos de Ligaccedilatildeo estrangeiros

O Brasil reconhece a importacircncia significativa dos acordos internacionais

como um meio para assegurar os direitos de seguridade social dos cidadatildeos de

maneira que tem como objetivo ampliar cada vez mais as relaccedilotildees bilaterais e

multilaterais para a celebraccedilatildeo de novos acordos tendo como fator determinante

107

Fonte extraiacuteda do site ltwwwmpsgovbracordosinternacionaisgt Acesso em 03012011

52

relaccedilotildees especiais de amizade entre os paiacuteses e os fluxos importantes de comeacutercio

e investimentos

Atualmente o Brasil manteacutem acordo bilateral com Cabo Verde Espanha

Greacutecia Chile Itaacutelia Luxemburgo e Portugal Em fase de negociaccedilatildeo encontram-se

os acordos bilaterais com Japatildeo Alemanha Paiacuteses Baixos Coreacuteia e Estados

Unidos e o Acordo Ibero-Americano de Seguridade Social108

Na maioria dos

Acordos haacute um Regulamento Administrativo para a sua aplicaccedilatildeo anexado junto ao

respectivo Acordo com exceccedilatildeo do Acordo Internacional entre Brasil e Cabo Verde

e Brasil e Luxemburgo

No acircmbito multilateral o Brasil tem acordo com os Estados Partes do

MERCOSUL (Argentina Paraguai e Uruguai) sendo o mais recente Acordo a entrar

em vigor

De acordo com o Ministeacuterio da Previdecircncia Social a uacuteltima tabela109 com a

quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais

publicada demonstra que no periacuteodo compreendido entre os anos de 2007 e 2009 a

quantidade de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo aos paiacuteses integrantes do

MERCOSUL aumentou em relaccedilatildeo a tabela do periacuteodo 2001 a 2003 tambeacutem

passam a aparecer benefiacutecios concedidos no acircmbito do Acordo Multilateral de

Seguridade Social e aparece na tabela paraguaios trabalhadores que natildeo estavam

na tabela 20012003

Tabela 3 ndash Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

Paiacuteses 20012003

Total de benefiacutecios

20072009

Total de benefiacutecios

Argentina 7 89

MERCOSUL - 32

Paraguai - 6

Uruguai 16 77

Fonte Organizado pela autora com base nas tabelas publicadas pelo Ministeacuterio da Previdecircncia Social

108

LAMERA Larissa Martins Acordos Internacionais de Previdecircncia Social Informe da Previdecircncia Social 1 2007 v 17 n 8 Disponiacutevel em lthttpwwwprevidenciagovbrdocspdfinforme202007-08pdfgt Acesso em 26042009

109 Tabelas em anexo

53

A tabela 20072009 trata-se de periacuteodo poacutes-entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social que apresenta uma movimentaccedilatildeo tiacutemida de

trabalhadores circulando dentro do bloco mas ao mesmo tempo jaacute demonstra um

aumento de benefiacutecios concedidos em relaccedilatildeo a tabela anterior (20012003) e a

presenccedila do Paraguai Pode-se concluir que o Acordo Multilateral de Seguridade

Social do MERCOSUL jaacute esta atuando a favor do trabalhador no que tange agrave

previdecircncia social ao menos

24 O ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e

seu Regulamento Administrativo foram efetivamente celebrados em Montevideacuteu em

15 de dezembro de 1997 pelos chanceleres da Argentina Brasil Paraguai e

Uruguai na ocasiatildeo da XIII Reuniatildeo do Conselho do Mercado Comum Os referidos

diplomas que encontram amparo no Tratado de Assunccedilatildeo e no Protocolo de Outro

Preto tecircm por objetivo o estabelecimento de normas que regulam as relaccedilotildees de

Seguridade Social entre os paiacuteses do MERCOSUL

Com vigecircncia fixada a partir do dia 1ordm de junho de 2005 o Acordo

Multilateral de Seguridade Social substituiu os acordos bilaterais existentes entre os

paiacuteses da regiatildeo estabelecendo um mecanismo estandardizado de coordenaccedilatildeo

dos sistemas previdenciaacuterios no acircmbito do MERCOSUL que era inexistente nos

instrumentos originaacuterios do bloco econocircmico Foi necessaacuteria portanto a celebraccedilatildeo

de um acordo que contemplasse as normas gerais para regular de maneira clara e

homogecircnea a seguridade social na regiatildeo

Seguindo o rito processual previsto para aprovaccedilatildeo de atos internacionais

no Brasil o Acordo e seu Regulamento foram encaminhados ao Congresso Nacional

e ratificados por meio do Decreto Legislativo nordm 451 publicado em 15 de novembro

de 2001 Este Decreto ressaltou que quaisquer ajustes complementares que

acarretassem encargos ou compromissos gravosos ao patrimocircnio nacional ficariam

sujeitos agrave aprovaccedilatildeo do Congresso Nacional

54

A mateacuteria objeto dos referidos diplomas internacionais envolve interesses

dos Ministeacuterios das Relaccedilotildees Exteriores da Previdecircncia Social Sauacutede e Trabalho e

Emprego uma vez que abrange a legislaccedilatildeo de seguridade social pertinente agraves

prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede aplicaacutevel aos trabalhadores e seus

familiares e assemelhados

O Acordo trata basicamente dos seguintes temas

I reconhecimento dos direitos agrave Seguridade Social aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer Estados

Partes sendo-lhes atribuiacutedos assim como a seus familiares e

assemelhados os mesmos direitos e estando sujeitos agraves mesmas

obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes

II submissatildeo do trabalhador agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo

territoacuterio exerccedila atividade laboral outorga das prestaccedilotildees de sauacutede ao

trabalhador deslocado temporariamente para territoacuterio de outro Estado

assim como para seus familiares e assemelhados desde que a

Entidade Gestora do Estado de origem assim autorize

III possibilidade de obtenccedilatildeo de prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada

invalidez ou morte pelos trabalhadores filiados a um regime de

aposentadoria e

IV pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecidas por algum dos

Estados Partes

A prioridade da diplomacia brasileira na Ameacuterica Latina em geral e no

MERCOSUL atribui especial relevacircncia ao Acordo Multilateral de Seguridade Social

do MERCOSUL demandando a maior celeridade possiacutevel nos processos

necessaacuterios agrave sua efetiva aplicaccedilatildeo Entretanto a mesma dedicaccedilatildeo espera-se dos

paiacuteses signataacuterios do Acordo qual seja a necessidade de se estender proteccedilatildeo

social a todos os brasileiros que se encontram no exterior

Essa norma de coordenaccedilatildeo entre os paiacuteses natildeo implica a alteraccedilatildeo nos

respectivos sistemas previdenciaacuterios mas permite preservar os direitos adquiridos

ou em fase de aquisiccedilatildeo pelos trabalhadores ou seus dependentes quando se

encontrarem no territoacuterio dos paiacuteses signataacuterios aleacutem de natildeo prejudicar os direitos

adquiridos na vigecircncia dos acordos bilaterais

55

Hugo Roberto Mansueti110

lembra

Ello fue advertido en forma temprana con La aprobacioacuten Del Acordo Multilateral de Seguridad Social Del Mercosur y El respectivo regulamento administrativo suscritos em Montevideacuteo el 15 de diciembre de 1997 Ambos instrumentos ya se ecuentran en vigor de manera simultacircnea desde 01 de junio de 2002 Atraveacutes de estos Estados-Partes de latildes cotizaciones efectuadas por los trabajadores nacionales o extranjeros habitantes de manera tal que las prestaciones puedan ser otorgadas por El Estado donde El trabajador o beneficiaacuterio se encuentre

111

Nos termos do artigo 2ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL os direitos agrave seguridade social seratildeo reconhecidos aos trabalhadores

que prestem ou tenham prestado serviccedilos em quaisquer dos Estados Partes sendo-

lhes reconhecidos bem como a seus familiares e dependentes os mesmos direitos

estando sujeitos agraves obrigaccedilotildees que os nacionais de tais Estados Partes com

respeito aos especificamente mencionados no Acordo O Acordo tambeacutem deve

ser aplicado aos trabalhadores de qualquer outra nacionalidade residentes no

territoacuterio de um dos Estados Partes sempre que prestem ou tenham prestado

serviccedilos nos paiacuteses do bloco Por fim destaca-se que o objetivo do presente

Acordo eacute harmonizar e natildeo unificar as legislaccedilotildees previdenciaacuterias dos

integrantes do bloco essa eacute a diretriz prescrita no artigo 4deg ao declarar que ldquoo

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

exerccedila atividade laboralrdquo

Os primeiros esforccedilos para coordenar regimes de seguridade social por via

de acordos internacionais satildeo anteriores agrave Segunda Guerra Mundial Natildeo obstante

os acordos da forma como os conhecemos atualmente emergiram depois desse

conflito incorporando os paiacuteses de Europa Ocidental Tais paiacuteses perceberam que

sem uma coordenaccedilatildeo desta natureza os indiviacuteduos que contribuiacuteram para regimes

previdenciaacuterios em mais de um paiacutes natildeo poderiam reunir as condiccedilotildees de aquisiccedilatildeo

das aposentadorias a que teriam direito

110

MANSUETI H R Contenidos de la Seguridad Social en el MERCOSUL In BERWANGER Jane Luacutecia Wilhelm FERRARO Suzani Andrade (Coord) Previdecircncia Social no Brasil e no MERCOSUL Curitiba Juruaacute 2010 p 85

111 Traduccedilatildeo livre Isto foi advertido antecipadamente com a aprovaccedilatildeo do Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL e o respectivo regulamento administrativo subscritos em Montevideo em 15 de dezembro de 2002 Atraveacutes destes Estados-Partes das cotaccedilotildees efetuadas pelos trabalhadores nacionais ou estrangeiros residentes de forma que os benefiacutecios possam ser concedidos pelo Estado onde o trabalhador ou beneficiaacuterio de encontre

56

Os Governos da Repuacuteblica Argentina da Repuacuteblica Federativa do Brasil da

Repuacuteblica do Paraguai e da Repuacuteblica Oriental do Uruguai considerando o Tratado

de Assunccedilatildeo de 26 de marccedilo de 1991 e o Protocolo de Ouro Preto de 17 de

dezembro de 1994 com o objetivo de estabelecer normas que regulem as relaccedilotildees

de Seguridade Social entre os Estados Partes do MERCOSUL decidiram promulgar

o Acordo Multilateral de Seguridade Social publicado no Brasil pelo Decreto

Legislativo nordm 451 de 14 de novembro de 2001 e Decreto nordm 5722 de 13 de Marccedilo

de 2006

O acordo do MERCOSUL eacute o primeiro acordo internacional brasileiro em

mateacuteria previdenciaacuteria que tambeacutem beneficia os funcionaacuterios puacuteblicos pertencentes

aos Regimes Proacuteprios de Previdecircncia Social112

Como o acordo seraacute aplicado substancialmente pela uniformidade de

entendimento entre os paiacuteses membros estabeleceu-se a Comissatildeo Permanente

integrada por trecircs membros de cada paiacutes composta por grupos de trabalho nas

aacutereas da sauacutede legislaccedilatildeo e informaacutetica com o objetivo de verificar a aplicaccedilatildeo do

acordo e resolver as divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo desse instrumento

O Acordo Multilateral de Seguridade Social destacam Nilde Bravo Maria

Alliney e Graciela Victoriacuten113

representa a satisfaccedilatildeo de uma diacutevida que os Estados

Partes tinham com seus trabalhadores considerando que no aspecto do Acordo o

social havia sido relegado a um segundo plano Deste modo olvidou-se que a

economia se constroacutei tambeacutem com o trabalho do homem e eacute deste ndash trabalhador

migrante ndash que se deve proteger seus bens mais valiosos como sua sauacutede e as

contingecircncias sociais de velhice invalidez e morte

241 Benefiacutecios previdenciaacuterios cobertos pelo Acordo Multilateral

O trabalhador que transitar pelos diferentes sistemas previdenciaacuterios dos

paiacuteses integrantes do MERCOSUL e desde que preenchidos os requisitos para a

concessatildeo do benefiacutecio teraacute direito ao mesmo poreacutem nem todas as prestaccedilotildees

112

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1Ed)

113 BRAVO N de Las M ALLINEY M C AVENDANtildeO G V Un avance en el proceso de

integracioacuten social en el MERCOSUR el Acuerdo Multilateral de Seguridad Social In PIMENTEL L O Op cit p 406

57

estaratildeo cobertas pelo Acordo Multilateral Como o diploma natildeo prevecirc uma unificaccedilatildeo

da legislaccedilatildeo previdenciaacuteria dentro do bloco e sim uma harmonizaccedilatildeo cada Estado

Parte deve continuar prestando sua assistecircncia da forma como a legislaccedilatildeo interna

prever

As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes

tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo

pagas de acordo com as normas previstas no artigo 7ordm do Acordo Multilateral

Destarte ficam excluiacutedos do Acordo Multilateral os previstos no Brasil no art

18 da Lei ndeg 8213 de 24 de julho de 1991 que dispotildee sobre os planos de

benefiacutecios da previdecircncia social

a) para o segurado aposentadoria por tempo de serviccedilo aposentadoria

especial salaacuterio-famiacutelia salaacuterio-maternidade auxiacutelio-acidente

b) para o dependente auxiacutelio-reclusatildeo

c) para o segurado e dependente serviccedilo social reabilitaccedilatildeo profissional

Somente seratildeo analisadas as principais caracteriacutesticas requisitos de

concessatildeo e forma da renda inicial mensal dos benefiacutecios com os quais os

trabalhadores do MERCOSUL poderatildeo contar

No Brasil a autoridade competente a processar os pedidos de

concessatildeo de benefiacutecios envolvendo estrangeiros dos Acordos Internacionais

eacute o Instituto Social do Seguro Social e a Assessoria de Assuntos Internacionais eacute

o oacutergatildeo responsaacutevel pela celebraccedilatildeo dos Acordos e pelo acompanhamento e

avaliaccedilatildeo de sua operacionalizaccedilatildeo O requerimento de benefiacutecio inclusive

benefiacutecio da legislaccedilatildeo do outro Paiacutes deveraacute ser protocolizado na Entidade Gestora

do paiacutes de residecircncia do interessado No Brasil os requerimentos satildeo formalizados

nas UnidadesAgecircncias da Previdecircncia Social conforme a residecircncia do requerente

e encaminhados ao Organismo de Ligaccedilatildeo correspondente

Em relaccedilatildeo ao benefiacutecio de aposentadoria por idade podemos apresentar

uma particularidade do Brasil que natildeo se aplica ao Acordo Multilateral de

Seguridade Social que eacute a possibilidade de o trabalhador rural que vive em regime

de economia familiar poder se aposentar por idade sem ter a necessidade de

contribuiccedilatildeo com idade de 60 anos para o homem e 55 anos para a mulher

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR

58

IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA

114

1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3 A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

115

Portanto embora o trabalhador rural seja efetivamente um trabalhador no

sistema brasileiro de previdecircncia social conforme dispotildee a Constituiccedilatildeo Federal de

1988 se houver comprovaccedilatildeo de que o segurado era trabalhador rural chamado de

segurado especial116

ser-lhe-aacute devido o benefiacutecio da aposentadoria o que natildeo

acontece com os paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social

114

A sentenccedila na iacutentegra poderaacute ser observada no anexo fls 136 115

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA TRF - 4ordf Regiatildeo

116 Segurado Especial para o sistema brasileiro de previdecircncia social eacute aquele que vive em regime

de economia familiar e caracteriza-se como produtor parceiro meeiro e o arrendataacuterio rural o pescador artesanal e seus assemelhados que exerccedilam suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar com ou sem auxiacutelio eventual de terceiros em sistema de muacutetua colaboraccedilatildeo e sem utilizaccedilatildeo de matildeo de obra assalariada bem como seus respectivos cocircnjuges companheiros e filhos maiores de 16 anos de idade ou a eles equiparados desde que trabalhem comprovadamente com o grupo familiar respectivo

A contar de 22112000 o parceiro outorgante proprietaacuterio de imoacutevel rural com aacuterea total de no maacuteximo quatro moacutedulos fiscais que ceder em parceria ou meaccedilatildeo ateacute 50 da aacuterea de seu imoacutevel rural desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a atividade individualmente ou em regime de economia familiar (VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios Op cit p57)

59

Ateacute porque como se analisaraacute veraacute no Capiacutetulo 3 os trabalhadores

assegurados pelo Acordo satildeo aqueles que tecircm viacutenculo de emprego ou seja os

trabalhadores empregados

60

CAPIacuteTULO 3

3 NORMAS OPERACIONAIS DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE

SOCIAL NO MERCOSUL

O ecircxito dos Acordos Internacionais eacute em grande parte em razatildeo da parceria

entre o Itamaraty e o Ministeacuterio da Previdecircncia Social (MPS) com vistas a estender

proteccedilatildeo previdenciaacuteria aos brasileiros que vivem no exterior o que pressupotildee a

existecircncia de acordos nessa mateacuteria com governos de outros paiacuteses

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL eacute o primeiro

Acordo multilateral brasileiro em mateacuteria previdenciaacuteria em vigor Nele por exemplo

satildeo garantidos benefiacutecios que dependem de contribuiccedilotildees e contagem de tempo

como aposentadoria por idade (voluntaacuteria ou obrigatoacuteria) aposentadoria por

invalidez auxiacutelio-doenccedila e a pensatildeo por morte o que totalizaria os periacuteodos para

quem atua em mais de um paiacutes no acircmbito do Acordo

Outra proteccedilatildeo prevista eacute a manutenccedilatildeo da contribuiccedilatildeo ao paiacutes de origem

quando o deslocamento temporaacuterio for inferior a 12 meses prorrogaacutevel por igual

periacuteodo sempre que seja autorizado pelo paiacutes de destino Em tal periacuteodo o

trabalhador manteacutem seu viacutenculo e direitos sempre no paiacutes de origem natildeo

precisando portanto requerer esse tempo trabalhado na forma do Acordo Ademais

o Acordo tambeacutem beneficia aos servidores puacuteblicos pertencentes aos Regimes

Proacuteprios de Previdecircncia Social

Quanto aos atendimentos de sauacutede o Acordo prevecirc assistecircncia meacutedica

gratuita na rede hospitalar do governo ao trabalhador deslocado temporariamente

nos termos do inciso I Artigo 6 do referido Acordo bem como a seus dependentes

Natildeo obstante os atendimentos de sauacutede somente seratildeo outorgados ao trabalhador

deslocado temporariamente para o territoacuterio de outros Estados Partes bem como

para seus familiares e dependentes se a Entidade Gestora do Estado de origem

autorizar esse outorgamento Os custos que se originem dessa possibilidade seratildeo

cobertos pela mesma Entidade Gestora que autorizou a prestaccedilatildeo117

117

Decreto Legislativo n ordm 4512001 art 6ordm

61

Assim no Brasil o interessado deveraacute antes do deslocamento dirigir-se ao

Departamento Nacional de Auditoria do SUS dependente do Ministeacuterio da Sauacutede do

Brasil e solicitar o Certificado de Direito a Assistecircncia Meacutedica no Estado para onde

se deslocaraacute temporalmente

Os acordos internacionais na aacuterea de seguridade social satildeo instrumentos

juriacutedicos que os trabalhadores se utilizam para obter a validade do tempo de

contribuiccedilatildeo de Estados diferentes para todos os paiacuteses que satildeo membros e assim

permitem reconhecer os benefiacutecios previdenciaacuterios sendo desta forma a maneira

de se garantir os direitos dos trabalhadores que estatildeo envolvidos nos movimentos

migratoacuterios

Neste sentido eacute imprescindiacutevel o destaque para a Convenccedilatildeo 118 da

Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) que trata acerca da igualdade de

tratamento entre nacionais e estrangeiros no seu artigo 3ordm cuja redaccedilatildeo eacute a

seguinte

Artigo 3

o

sect 1ordm - Qualquer Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor concederaacute em seu territoacuterio aos nacionais qualquer outro Membro para o qual a referida Convenccedilatildeo estiver igualmente em vigor o mesmo tratamento que a seus proacuteprios nacionais de conformidade com sua legislaccedilatildeo tanto no atinente agrave sujeiccedilatildeo como ao direito agraves prestaccedilotildees em qualquer ramo da previdecircncia social para o qual tenha aceitado as obrigaccedilotildees da Convenccedilatildeo sect 2ordm - No concernente agraves pensotildees por morte esta igualdade de tratamento deveraacute ademais ser concedida aos sobreviventes dos nacionais de um Membro para o qual a presente Convenccedilatildeo estiver em vigor independentemente da nacionalidade desses sobreviventes sect 3ordm - Entretanto no que concerne agraves prestaccedilotildees de um ramo de previdecircncia social determinado um Membro poderaacute derrogar as disposiccedilotildees dos paraacutegrafos precedentes do presente artigo com respeito aos nacionais de qualquer outro Membro que embora possua legislaccedilatildeo relativa a este ramo natildeo concede no referido ramo igualdade de tratamento aos

nacionais do primeiro Membro118

O artigo 7ordm tambeacutem da Convenccedilatildeo 118 estipula que os paiacuteses signataacuterios

tecircm que se esforccedilar para participar de um sistema de aquisiccedilatildeo e reconhecimento

de direitos de seguridade social119

Dessa forma eacute indispensaacutevel colocar em praacutetica

as iniciativas do poder puacuteblico para garantir esses direitos Eacute importante destacar

118

Convenccedilatildeo Internacional 118 ratificada pelo Brasil pelo do Decreto Legislativo nordm 31 de 20 de agosto de 1968

119 Ibid

62

que ficou previsto no Acordo em seu artigo 16 uma Comissatildeo Multilateral

Permanente conforme se descreve

ARTIGO 16 1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com as disposiccedilotildees do Regulamento Administrativo 2 As Autoridades Competentes instituiratildeo uma Comissatildeo Multilateral Permanente que deliberaraacute por consenso e onde cada representaccedilatildeo estaraacute integrada por ateacute 3 membros de cada Estado Parte A Comissatildeo teraacute as seguintes funccedilotildees a) verificar a aplicaccedilatildeo do Acordo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares b) assessorar as Autoridades Competentes c) planejar as eventuais modificaccedilotildees ampliaccedilotildees e normas complementares d) manter negociaccedilotildees diretas por um prazo de 6 meses a fim de resolver as eventuais divergecircncias sobre a aplicaccedilatildeo do Acordo Vencido o teacutermino anterior sem que tenham resolvido as diferenccedilas qualquer um dos Estados Partes poderaacute recorrer ao sistema de soluccedilatildeo de controveacutersia vigente entre os Estados Partes do Tratado de Assunccedilatildeo 3 A Comissatildeo Multilateral Permanente reunir-se-aacute uma vez por ano alternadamente em cada um dos Estados Partes ou quando o solicite um deles 4 As Autoridades Competentes poderatildeo delegar a elaboraccedilatildeo do Regulamento Administrativo e demais instrumentos complementares agrave Comissatildeo Multilateral Permanente

A criaccedilatildeo de uma Comissatildeo Multilateral Permanente foi uma inovaccedilatildeo

interessante trazida pelo Acordo que tem responsabilidade entre outras coisas de

monitorar a aplicaccedilatildeo do acordo assessorar as autoridades competentes e planejar

eventuais modificaccedilotildees e complementaccedilotildees no mesmo

31 REGULAMENTO ADMINISTRATIVO DO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

No MERCOSUL existe distinccedilatildeo entre os ordenamentos juriacutedicos internos e

externos embora ambos sejam vaacutelidos eles satildeo distintos e independentes Haacute total

independecircncia entre as normas e natildeo eacute possiacutevel afirmar que a norma interna estaacute

63

condicionada agrave norma internacional pois se caracterizam dois ordenamentos

juriacutedicos distintos120

Como caracteriacutestica do MERCOSUL as decisotildees tomadas no acircmbito dos

Acordos Internacionais fica condicionada aos procedimentos internos de cada paiacutes

integrante do bloco

De acordo com o Decreto Regulamentador ldquoo ldquoAcordo designa o Acordo

Multilateral de Seguridade Social entre a Repuacuteblica Argentina a Repuacuteblica

Federativa do Brasil a Repuacuteblica do Paraguai e a Repuacuteblica Oriental do Uruguai ou

qualquer outro Estado que venha a aderirrdquo121

De acordo com o Decreto Legislativo o mesmo tem duraccedilatildeo indefinida e o

Estado Parte que desejar se desvincular do presente Acordo poderaacute se desligar a

qualquer tempo atraveacutes da via diplomaacutetica natildeo afetando obviamente os direitos

adquiridos em virtude do Acordo ateacute entatildeo firmado Da mesma forma mas em

sentido contraacuterio o Acordo estaraacute aberto agrave adesatildeo mediante negociaccedilatildeo a aqueles

Estados que no futuro aderirem ao Tratado de Assunccedilatildeo como eacute o caso da

Venezuela por exemplo

O Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL a partir da sua

ratificaccedilatildeo nos paiacuteses integrantes do bloco pelo de seus ordenamentos juriacutedicos

internos aleacutem de prever questotildees ligadas agrave Previdecircncia Social tambeacutem trouxe

informaccedilotildees referentes agraves prestaccedilotildees de sauacutede

Conforme dispotildee os artigos 3ordm e 6ordm do Acordo ratificado no Brasil pelo

Decreto Legislativo nordm 4512001

ARTIGO 3

1 O presente Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social referente agraves prestaccedilotildees contributivas pecuniaacuterias e de sauacutede existentes nos Estados Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo aqui estabelecidas

2 Cada Estado Parte concederaacute as prestaccedilotildees pecuniaacuterias e de sauacutede de acordo com sua proacutepria legislaccedilatildeo

3 As normas sobre prescriccedilatildeo e caducidade vigentes em cada Estado Parte seratildeo aplicadas ao disposto neste Artigo

E ainda

120

KERBER Gilberto Mercosul e Supranacionalidade um estudo agrave luz das legislaccedilotildees constitucionais Op cit p 94

121 Decreto Regulamentador nordm 57222006 artigo 1ordm

64

ARTIGO 6

1 As prestaccedilotildees de sauacutede seratildeo outorgadas ao trabalhador deslocado temporariamente para o territoacuterio de outro Estado Parte assim como para seus familiares e assemelhados desde que a Entidade Gestora do Estado de origem autorize a sua outorga

2 Os custos que se originem de acordo com o previsto no paraacutegrafo anterior correratildeo a cargo da Entidade Gestora que tenha autorizado a prestaccedilatildeo

Portanto o trabalhador deslocado seus familiares ou assemelhados para

que possam obter as prestaccedilotildees de sauacutede durante o periacuteodo de permanecircncia no

Estado Parte em que se encontrarem deveratildeo apresentar ao Organismo de Ligaccedilatildeo

o certificado de Deslocamento Temporaacuterio e quando necessitarem de assistecircncia

meacutedica de urgecircncia deveratildeo apresentar perante a Entidade Gestora do Estado em

que se encontram o certificado expedido pelo Estado de origem

32 MECANISMO DE LIGACcedilAtildeO E O PROCESSAMENTO DAS INFORMACcedilOtildeES SOBRE OS SEGURADOS

De acordo com o artigo 2ordm do Regulamento do Acordo Multilateral de

Seguridade Social satildeo Autoridades Competentes122

os titulares na Argentina o

Ministeacuterio de Trabalho e Seguridade Social e do Ministeacuterio da Sauacutede e Accedilatildeo Social

no Brasil o Ministeacuterio da Previdecircncia e Assistecircncia Social e do Ministeacuterio da Sauacutede

no Paraguai o Ministeacuterio da Justiccedila e do Trabalho e do Ministeacuterio da Sauacutede Puacuteblica

e Bem-Estar Social e no Uruguai o Ministeacuterio do Trabalho e da Seguridade Social

Satildeo Entidades Gestoras123

na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) as Caixas ou Institutos Municipais e Provinciais de

Previdecircncia a Superintendecircncia de Administradores de Fundo de Aposentadorias e

Pensotildees e as Administradoras de Fundos de Aposentadorias e Pensotildees no que se

refere aos regimes que amparam as contingecircncias de velhice invalidez e morte

baseadas no sistema de reparto ou no sistema de capitalizaccedilatildeo individual e a

122

Eacute o titular do organismo governamental que conforme a legislaccedilatildeo interna de cada Estado Parte tem competecircncia sobre o regime de Seguridade Social art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

123 Entidades Gestoras satildeo as instituiccedilotildees competentes para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo art 1ordm do Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul e do artigo 2deg do seu Regulamento

65

Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede (ANSSAL) no que se refere agraves

prestaccedilotildees de sauacutede no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o

Ministeacuterio da Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no

Uruguai o Banco de Previdecircncia Social (BPS)

Satildeo Organismos de Ligaccedilatildeo124 na Argentina a Administraccedilatildeo Nacional da

Seguridade Social (ANSES) e a Administraccedilatildeo Nacional do Seguro de Sauacutede

(ANSSAL) no Brasil o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Ministeacuterio da

Sauacutede no Paraguai o Instituto de Previdecircncia Social (IPS) e no Uruguai o Banco

de Previdecircncia Social (BPS) Os Organismos de Ligaccedilatildeo comunicar-se-atildeo

diretamente entre si assim como com as pessoas interessadas que se encontrem

no seu respectivo territoacuterio e certificaratildeo para os fins do Acordo os periacuteodos de

seguro ou contribuiccedilatildeo recolhidos no Estado Parte ao qual pertencem

compreendidos em qualquer dos regimes de Seguridade Social do Estado Parte

contemplados na sua legislaccedilatildeo conforme jaacute estaacute previsto no Artigo 3deg do Acordo

A correspondecircncia entre as Autoridades Competentes Organismos de

Ligaccedilatildeo e Entidades Gestoras dos Estados Partes seraacute redigida no respectivo

idioma oficial do Estado emissor125

Ateacute a publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo do MPSINSS nordm

1362010 os organismos de ligaccedilatildeo no Brasil eram agecircncias da Previdecircncia

especificamente nos Estados de Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia

Cuiabaacute Belo Horizonte Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre

Florianoacutepolis e Satildeo Paulo por intermeacutedio das Gerecircncias Executivas

Entretanto com a entrada em vigor da norma acima citada em 31 de

dezembro de 2010 a operacionalizaccedilatildeo de cada Acordo de Previdecircncia Social ficou

em um uacutenico Organsimo de Ligaccedilatildeo no Brasil conforme Quadro 1 a seguir

124

Organismo de Ligaccedilatildeo satildeo oacutergatildeos designados a efetuarem a comunicaccedilatildeo com os paiacuteses acordantes garantindo o cumprimento das solicitaccedilotildees formuladas no acircmbito dos Acordos Internacionais (Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 1ordm) e tem o objetivo de facilitar a aplicaccedilatildeo do Acordo adotando as medidas necessaacuterias para lograr sua maacutexima agilizaccedilatildeo e simplificaccedilatildeo administrativa

125 Decreto Legislativo n

o 4512001 art14

66

Quadro 2 Organismos de Ligaccedilatildeo no Brasil para acordos com outros paiacuteses

Fonte Anexo I da Resoluccedilatildeo MPSINSS 1362010

Observe-se que no acircmbito do MERCOSUL no Brasil a gerecircncia de

Florianoacutepolis (SC) eacute responsaacutevel atualmente para

I solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social brasileira de

estrangeiros em regime de deslocamento temporaacuterio no Brasil bem

como para os casos previstos nas regras de exceccedilatildeo e opccedilatildeo

II solicitar dispensa de contribuiccedilatildeo agrave Previdecircncia Social relativa aos

paiacuteses acordantes para brasileiro que temporariamente preste serviccedilo

naqueles paiacuteses bem como para os casos que se enquadrarem nas

regras de exceccedilatildeo

III emitir os formulaacuterios de Ligaccedilatildeo Certificados de Deslocamento

Temporaacuterio e respectivas prorrogaccedilotildees informar aos paiacuteses

acordantes sobre as decisotildees proferidas resultantes da anaacutelise das

solicitaccedilotildees referentes aos processos de benefiacutecios no acircmbito dos

Acordos Internacionais e

IV encaminhar aos paiacuteses acordantes as informaccedilotildees sobre a situaccedilatildeo do

segurado junto agrave Previdecircncia Social brasileira quando requeridas bem

como prestar atendimento agraves demais solicitaccedilotildees apresentadas pelos

paiacuteses signataacuterios dos Acordos Internacionais126

A Resoluccedilatildeo esclarece em seu artigo 4ordm que os antigos Organismos de

Ligaccedilatildeo (Manaus Salvador Fortaleza Brasiacutelia Goiacircnia Cuiabaacute Belo Horizonte

Beleacutem Curitiba Recife Rio de Janeiro Porto Alegre Florianoacutepolis e Satildeo Paulo)

126

Resoluccedilatildeo MPSINSS nordm 1362010 art 3ordm

Acordo do Brasil com Organismo de Ligaccedilatildeo Telefone

Portugal amp Cabo Verde Gerecircncia Satildeo Paulo Sul APS Vila Mariana

(11) 3503- 36073608

Espanha Gerecircncia Rio de Janeiro Centro APS Almirante Barroso

(21) 2272-35153438

Itaacutelia Gerecircncia Belo Horizonte APS Santa Efigecircnia

(31) 3249-42274228

MERCOSUL Argentina Paraguai e Uruguai

Gerecircncia Florianoacutepolis APS Florianoacutepolis Centro

(48) 3298-8125

Chile Gerecircncia Recife APS Santo Antocircnio

(81) 3412-55765492

Greacutecia amp Luxemburgo

Gerecircncia Distrito Federal APS Brasiacutelia Sul

(61) 3319-25042588

67

deveratildeo transferir os processos em anaacutelise que natildeo puderem ser concluiacutedos no

prazo de 120 dias contados da publicaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo (31122010) para os

novos Organismos de Ligaccedilatildeo constantes do Quadro 1 (Anexo 1 da Resoluccedilatildeo

1362010) considerando-se a nova distribuiccedilatildeo das atividades dos Acordos

Internacionais Informa ainda que os processos natildeo concluiacutedos no prazo de 120

dias por falta de respostas do Organismo estrangeiro deveratildeo ser encaminhados

ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente com coacutepia dos ofiacutecios expedidos ao exterior

Um dos grandes desafios para os paiacuteses-membros estaacute na coordenaccedilatildeo de

procedimentos administrativos que possibilitem de forma aacutegil a operacionalizaccedilatildeo do

acordo multilateral Para atingir esse objetivo as instituiccedilotildees em conjunto com a

Organizaccedilatildeo Ibero-Americana de Seguridade Social (OISS) entenderam ser de

extrema importacircncia a realizaccedilatildeo de projeto visando agrave criaccedilatildeo da Base Uacutenica de

Seguridade Social do MERCOSUL (BUSS)127

Por intermeacutedio da OISS recursos financeiros foram disponibilizados pelo

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aos Estados Partes exceto ao

Brasil128

para desenvolvimento do projeto Em contrapartida o Brasil por meio da

Empresa de Tecnologia e Informaccedilotildees da Previdecircncia Social (Dataprev) assumiu o

compromisso de desenvolver o sistema de intercacircmbio de informaccedilatildeo e validaccedilatildeo de

dados em mateacuteria de seguridade social129

No 5ordm Encontro de Cortes Supremas do MERCOSUL realizado nos dias 8 e

9 de novembro de 2007 em Brasiacutelia (no qual debates foram realizados no Supremo

Tribunal Federal e aleacutem dos ministros do STF o evento contou com a presenccedila de

presidentes das Cortes Supremas dos paiacuteses do MERCOSUL e associados aleacutem

de secretaacuterios da aacuterea previdenciaacuteria dos governos brasileiro argentino paraguaio e

uruguaio) foi divulgado pelo entatildeo secretaacuterio de Poliacuteticas de Previdecircncia Social do

Brasil Helmut Schwarzer a criaccedilatildeo de uma rede eletrocircnica com dados de

contribuintes da previdecircncia dos quatro paiacuteses para facilitar a concessatildeo dos

benefiacutecios a estrangeiros

127

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Brasiacutelia MPS 2009 p 33 (Coleccedilatildeo Previdecircncia Social Seacuterie Estudos v32 1ed)

128 Em razatildeo da legislaccedilatildeo interna o Brasil apresenta dificuldades em internalizar recursos do BID

129 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Loc cit

68

Segundo Helmut130

essa iniciativa poderaacute evitar que os tribunais dos paiacuteses

do MERCOSUL recebam accedilotildees sobre o assunto

O iniacutecio da operacionalizaccedilatildeo do Sistema de Transferecircncia e Validaccedilatildeo de

Dados dos paiacuteses integrantes do Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL tem o intuito de permitir aos paiacuteses um acompanhamento mais raacutepido e

eficaz das informaccedilotildees dos trabalhadores que circulam no bloco O sistema criado

pelo corpo teacutecnico da Dataprev131

permite gerar formulaacuterios para preenchimento dos

dados pessoais do beneficiaacuterio dependentes e representantes legais e dos periacuteodos

de viacutenculos empregatiacutecios e contribuiccedilatildeo previdenciaacuteria132

As informaccedilotildees circularatildeo simultaneamente entre os paiacuteses nos quais o

cidadatildeo trabalhou formalmente A utilizaccedilatildeo do sistema poderaacute ser estendida a

todos os paiacuteses com os quais o Brasil manteacutem acordo internacional para concessatildeo

de aposentadoria pensatildeo e auxiacutelios133

Pelo novo sistema que foi desenvolvido

utilizando-se tecnologia de ponta software livre e certificaccedilatildeo digital que garante o

alto niacutevel de seguranccedila da informaccedilatildeo os recursos seratildeo repassados ao sistema

previdenciaacuterio do paiacutes onde o trabalhador estaacute e a partir disso ele receberaacute

pessoalmente o valor do seu benefiacutecio

Segundo Joatildeo Donadon134

todo o tracircmite seraacute eletrocircnico e os recursos

seratildeo repassados ao outro paiacutes em remessa uacutenica Se algum benefiacutecio natildeo for

sacado pelo segurado o dinheiro seraacute devolvido ao oacutergatildeo responsaacutevel pela poliacutetica

previdenciaacuteria do paiacutes de origem135

O Sistema de Acordos Internacionais (Siaci) encontra-se em operaccedilatildeo

desde julho de 2008136

A ferramenta tem permitido a raacutepida transmissatildeo via

internet de formulaacuterios destinados agrave troca de informaccedilotildees de tempo de serviccedilo e

concessatildeo de benefiacutecios para os trabalhadores migrantes dos paiacuteses signataacuterios do

MERCOSUL

130

Disponiacutevel em lthttpogloboglobocomeconomiamat20071109327102998aspgt Acesso em 20072009

131 Empresa de Tecnologia que presta serviccedilos de tecnologia da informaccedilatildeo ao INSS

132 ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de

Previdecircncia Social Op cit p 33 133

Ibid 134

Diretor do Regime Geral de Previdecircncia Social do Brasil 135

Informaccedilatildeo extraiacuteda do site lthttpwwwnotadezcombrgt Acesso em 07042011 136

Disponiacutevel em lthttpportaldataprevgovbr20090726siaci-sistemas-de-acordos-internacionaisgt Acesso em 15082009

69

A qualquer momento eacute possiacutevel consultar e conferir as transaccedilotildees

efetuadas reduzindo-se progressivamente a utilizaccedilatildeo de documentos em papel

Pelo documento trabalhadores do Brasil Argentina Uruguai e Paraguai podem

incluir no caacutelculo de suas aposentadorias o tempo que trabalharam em outro paiacutes

aleacutem da concessatildeo de outros benefiacutecios137

33 NORMAS PARA SOLICITACcedilAtildeO DOS BENEFIacuteCIOS PELO ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL

Cidadatildeos originaacuterios de um dos paiacuteses signataacuterios que trabalhem em outro

paiacutes tecircm a garantia de em funccedilatildeo do Acordo Multilateral natildeo perder os diretos

previdenciaacuterios e o direito agrave sauacutede Isso significa que esses trabalhadores podem

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo assim como o tempo de contribuiccedilatildeo Eacute o que diz o artigo 7ordm do

Acordo138

ARTIGO 7

[] os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no Regulamento Administrativo

Um cidadatildeo uruguaio que trabalhe no Brasil por exemplo teraacute direito aos

benefiacutecios de sauacutede e da previdecircncia social de acordo com legislaccedilatildeo brasileira e

consideradas as contribuiccedilotildees efetuadas no Uruguai Diante disso constata-se que

o Acordo utiliza como regra geral o princiacutepio da territorialidade o que significa que

no momento do requerimento da prestaccedilatildeo ou benefiacutecio vale a legislaccedilatildeo do paiacutes

em que o trabalhador estiver exercendo sua atividade laboral139

Haacute algumas exceccedilotildees previstas no proacuteprio texto do Acordo como por

exemplo os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados Partes

Nesse caso eles permanecem sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio a

empresa tenha sua sede Conforme dispotildee os artigos 4ordm e 5ordm do Acordo o

137

Idem 138

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 7ordm 139

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 58

70

trabalhador estaraacute submetido agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio exerccedila

a atividade laboral com as seguintes exceccedilotildees140

ARTIGO 5 O principio estabelecido no Artigo 4 tem as seguintes exceccedilotildees a) o trabalhador de uma empresa com sede em um dos Estados-Partes que desempenhe tarefas profissionais de pesquisa cientificas teacutecnicas ou de direccedilatildeo ou atividades similares e outras que poderatildeo ser definidas pela Comissatildeo Multilateral Permanente prevista no Artigo 16 Paraacutegrafo 2 e que seja deslocado para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado por um periacuteodo limitado continuaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte de origem ateacute um prazo de doze meses suscetiacutevel de ser prorrogado em caraacuteter excepcional mediante preacutevio e expresso consentimento da Autoridade Competente do outro Estado Parte b) o pessoal de vocirco das empresas de transporte aeacutereo e o pessoal de tracircnsito das empresas de transporte terrestre continuaratildeo exclusivamente sujeitos agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio a respectiva empresa tenha sua sede c) os membros da tripulaccedilatildeo de navio de bandeira de um dos Estados-Partes continuaratildeo sujeitos agrave legislaccedilatildeo do mesmo Estado Qualquer outro trabalhador empregado em tarefas de carga e descarga conserto e vigilacircncia de navio quando no porto estaraacute sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja jurisdiccedilatildeo se encontre o navio 2 Os membros das representaccedilotildees diplomaacuteticas e consulares organismos internacionais e demais funcionaacuterios ou empregados dessas representaccedilotildees seratildeo regidos pelas legislaccedilotildees tratados e convenccedilotildees que lhes sejam aplicaacuteveis

Diante destas situaccedilotildees a Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de

Seguridade Social do MERCOSUL aprovou e publicou a Resoluccedilatildeo 12005 em

reuniatildeo realizada em Buenos Aires no ano de 2005 com o objetivo de estabelecer

criteacuterios para aplicaccedilatildeo do Acordo e tentar dirimir questotildees controveacutersias trazendo

em seu artigo 3ordm a informaccedilatildeo que reafirma a legislaccedilatildeo aplicaacutevel ao trabalhador que

se encontra nos Estados Partes

1 No caso dos trabalhadores transferidos para territoacuterio de outro Estado Parte previsto no art 5deg nuacutemero la) do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado no qual estaacute domiciliado o empregador ou a instituiccedilatildeo que dito Oacutergatildeo determine para tal fim remeteraacute coacutepia do certificado a que se refere o art 3deg do Regulamento Administrativo ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte a que se destina o trabalhador

2 Dito certificado constituiraacute a prova de que natildeo satildeo de aplicaccedilatildeo ao mencionado trabalhador transferido as disposiccedilotildees de Seguridade Social do lugar de destino

141

140

Decreto nordm 4512001 art 5ordm 141

Resoluccedilatildeo CMP n12005

71

Ainda o artigo 7ordm do Regulamento Administrativo mais uma vez ressalta a

regra aplicaacutevel informando que as prestaccedilotildees a que os trabalhadores tecircm direito

devem ter amparo na legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes de prestaccedilatildeo de

serviccedilos142

ARTIGO 7 As prestaccedilotildees a que os trabalhadores seus familiares e dependentes tenham direito ao amparo da legislaccedilatildeo de cada um dos Estados Partes seratildeo pagas de acordo com as normas seguintes 1 Quando se reuacutenam as condiccedilotildees requeridas pela legislaccedilatildeo de um Estado Parte para se ter direito agraves prestaccedilotildees sem que seja necessaacuterio recorrer agrave totalizaccedilatildeo de periacuteodos prevista no Titulo VI do Acordo a Entidade Gestora calcularaacute a prestaccedilatildeo em virtude unicamente do previsto na legislaccedilatildeo nacional que se aplique sem prejuiacutezo da totalizaccedilatildeo que possa solicitar o beneficiaacuterio 2 Quando o direito a prestaccedilotildees natildeo se origine unicamente com base nos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no Estado Contratante de que se trate a liquidaccedilatildeo da prestaccedilatildeo deveraacute ser feita tomando-se em conta a totalizaccedilatildeo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos outros Estados Partes 3 Caso seja aplicado o paraacutegrafo precedente a Entidade Gestora determinaraacute em primeiro lugar o valor da prestaccedilatildeo a que o interessado ou seus familiares e assemelhados teriam direito como se os periacuteodos totalizados tivessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo e em seguida fixaraacute o valor da prestaccedilatildeo em proporccedilatildeo aos periacuteodos cumpridos exclusivamente sob tal legislaccedilatildeo

Note-se que a norma legal traz em seu texto o termo trabalhador mas

quem seria este trabalhador a quem a norma se refere Tendo em vista que

empregado eacute espeacutecie do gecircnero trabalhador isso permite concluir que todo

empregado eacute trabalhador mas nem todo trabalhador eacute empregado143

Em face do que se observa no Acordo estaacute assegurado pelo Acordo

Multilateral de Seguridade Social o trabalhador empregado ou seja aquele que tem

viacutenculo empregatiacutecio com o empregador Os trabalhadores autocircnomos por exemplo

estatildeo fora da cobertura previdenciaacuteria se estiverem trabalhando nos Estados

Partes Esta informaccedilatildeo foi ressaltada no livro de estudos organizado pelo Ministeacuterio

da Previdecircncia Social quando assim informa

142

Decreto nordm 57222006 art 7ordm 143

Disponiacutevel em lthttpbuenoecostanzeadvbrindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=4642ampItemid=96gt

Acesso em 20032011

72

Cabe ainda ressaltar que o Acordo protege somente aqueles trabalhadores que estiverem prestando serviccedilo regularmente em um dos Estados Partes o trabalhador informal que natildeo possui filiaccedilatildeo previdenciaacuteria natildeo estaacute portanto incluiacutedo nessa proteccedilatildeo

144

Portanto uma vez considerado trabalhador empregado este poderaacute pleitear

benefiacutecios previdenciaacuterios observando os criteacuterios trazidos nos termos do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL Eacute importante destacar neste

sentido que o custo dos benefiacutecios concedidos em virtude do Acordo eacute rateado

entre os paiacuteses em que o trabalhador contribuiu proporcionalmente ao seu tempo

de contribuiccedilatildeo em cada um deles Ou seja eacute utilizada a sistemaacutetica da totalizaccedilatildeo

e o custo eacute rateado de forma diretamente proporcional ao tempo de filiaccedilatildeo em cada

sistema previdenciaacuterio de modo que natildeo haja desequiliacutebrio financeiro para o Estado

Parte que estiver concedendo o benefiacutecio145

Em se tratando de acordo internacional previdenciaacuterio a forma mais comum

eacute a divisatildeo de encargos entre os paiacuteses contratantes Haacute o estabelecimento de uma

relaccedilatildeo proporcional de encargo Cada paiacutes assume uma parte do total fazendo o

segurado jus a um benefiacutecio que resulta da soma das responsabilidades de cada

Estado O benefiacutecio eacute pago geralmente pelo paiacutes concessor sendo que haacute um

ajuste de contas entre os paiacuteses celebrantes do tratado146

As Entidades Gestoras pagaratildeo diretamente aos beneficiaacuterios as prestaccedilotildees

compreendidas no Acordo na forma determinada por cada Estado Parte

Para obter a concessatildeo das prestaccedilotildees os trabalhadores ou seus familiares

e assemelhados deveratildeo apresentar solicitaccedilatildeo em formulaacuterio especial ao

Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado em que residirem ou se residentes no territoacuterio de

outro Estado deveratildeo dirigir-se ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado Parte sob cuja

legislaccedilatildeo o trabalhador se encontrava assegurado no uacuteltimo periacuteodo de seguro ou

contribuiccedilatildeo

As solicitaccedilotildees dirigidas a Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras

de qualquer Estado Parte onde o interessado tenha periacuteodos de seguro contribuiccedilatildeo

ou residecircncia produziratildeo os mesmos efeitos como se tivessem sido entregues ao

Organismo de Ligaccedilatildeo previsto nos paiacuteses de residecircncia

144

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

145 Ibid p 59

146 MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio 3 ed Satildeo Paulo LTr 2005 p

244

73

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras seratildeo

obrigadas a enviaacute-las ao Organismo de Ligaccedilatildeo competente informando as datas

em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas147

O interessado que deseje solicitar os benefiacutecios previdenciaacuterios no Brasil ou

seja aqueles previstos no Acordo Multilateral deveraacute se dirigir agrave Agecircncia de

Previdecircncia Social mais proacutexima com a documentaccedilatildeo necessaacuteria para obter um

benefiacutecio comum aleacutem da documentaccedilatildeo que comprove sua atividade no paiacutes que

assinou o Acordo Tal documentaccedilatildeo seraacute enviada pelo organismo de conexatildeo

brasileiro para o organismo de conexatildeo do paiacutes membro do Acordo que

reconheceraacute ou natildeo o periacuteodo de contribuiccedilatildeo alegado pelo interessado naquele

paiacutes

O trabalhador ficaraacute sujeito ao regime previdenciaacuterio do paiacutes onde esteja

prestando serviccedilo exceto nos casos em que o trabalhador esteja sob a tutela do

Certificado de Deslocamento Temporaacuterio e sempre que esteja dentro do prazo

autorizado ainda que seja prorrogado Assim nos termos do inciso 1ordm do artigo 3ordm o

Acordo seraacute aplicado em conformidade com a legislaccedilatildeo de seguridade social

referente aos regimes tributaacuteveis pecuniaacuterios e de sauacutede existentes nos Estados

Partes na forma condiccedilotildees e extensatildeo que estipula148

Eacute importante ressaltar que o Acordo Multilateral do MERCOSUL inova ao

conceber tambeacutem disposiccedilotildees aplicaacuteveis a regimes de aposentadoria e pensotildees de

capitalizaccedilatildeo individual O Acordo seraacute aplicaacutevel tambeacutem aos trabalhadores filiados

a um regime de aposentadoria e pensotildees de capitalizaccedilatildeo individual estabelecido

por algum dos Estados Partes para a obtenccedilatildeo das aposentadorias por velhice

idade avanccedilada invalidez ou morte149

Ademais os Estados Partes e os eventuais futuros aderentes ao Acordo

poderatildeo estabelecer mecanismos de transferecircncias de fundos para os fins de

obtenccedilatildeo das referidas aposentadorias e demais benefiacutecios sendo necessaacuterio que

as administradoras de fundos ou empresas seguradoras deem cumprimento aos

mecanismos que o Acordo Multilateral prevecirc150

Tais transferecircncias se daratildeo quando

o interessado comprove direito agrave obtenccedilatildeo das aposentadorias quando a

147

Informaccedilatildeo constante do livro ELIAS Aparecida Rosangela (Org) Atuaccedilatildeo Governamental e Poliacuteticas Internacionais de Previdecircncia Social Op cit p 59

148 Ibid

149 Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 9ordm

150 Nota Teacutecnica nordm 202005 DRPSPSPSMPS

74

informaccedilatildeo aos filiados seraacute proporcionada nos termos da legislaccedilatildeo de cada Estado

Parte caso em que no Brasil natildeo ocorre

331 O perfil do INSS na operacionalizaccedilatildeo do Acordo multilateral de Seguridade

Social

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) eacute uma autarquia do

governo federal do Brasil que recebe as contribuiccedilotildees para a manutenccedilatildeo do

Regime Geral da Previdecircncia Social sendo responsaacutevel pela concessatildeo dos

benefiacutecios previdenciaacuterios previstos na Lei nordm 821391 O INSS trabalha junto com a

Dataprev empresa de tecnologia que faz o processamento de todos os dados da

previdecircncia e estaacute subordinado ao Ministeacuterio da Previdecircncia Social

De acordo com o Regulamento Administrativo (art 2ordm) no Brasil a

instituiccedilatildeo competente e reconhecida para outorgar as prestaccedilotildees amparadas pelo

Acordo no acircmbito do acordo como Entidade Gestora e Organismo de Ligaccedilatildeo eacute o

INSS (para as prestaccedilotildees previdenciaacuterias) e o Ministeacuterio da Sauacutede (para as

prestaccedilotildees de sauacutede) Ou seja no Brasil o Oacutergatildeo Gestor eacute o INSS que

operacionaliza os Acordos pelos Organismos de Ligaccedilatildeo instruindo os processos

pela gerecircncia executiva responsaacutevel que no caso do MERCOSUL eacute a agecircncia com

responsabilidade da Gerecircncia Executiva de Florianoacutepolis ndash Santa Catarina

332 Deslocamento temporaacuterio ndash Formulaacuterios

As empresas que apresentam o intuito de deslocar temporariamente seus

empregados ao exterior devem fazecirc-lo mediante Certificado de Deslocamento

Temporaacuterio em que o segurado eacute isento de contribuir no paiacutes contratante aonde for

trabalhar na forma prevista em cada Acordo permanecendo sujeito agrave legislaccedilatildeo

previdenciaacuteria brasileira mas garantindo seus direitos no outro paiacutes Este seraacute o

documento haacutebil necessaacuterio para que o INSS averigue a documentaccedilatildeo da empresa

Durante o prazo do deslocamento temporaacuterio o trabalhador teraacute direito agrave

assistecircncia meacutedica da rede oficial do governo do Paiacutes Acordante O artigo 3ordm do

regulamento administrativo assim informa sobre o deslocamento temporaacuterio151

151

Decreto nordm 57222006 art 3ordm

75

ARTIGO 3

1 Para os casos previstos na aliacutenea ldquo1 ardquo do Artigo 5ordm do Acordo o Organismo de Ligaccedilatildeo expediraacute mediante solicitaccedilatildeo da empresa do Estado de origem do trabalhador que for deslocado temporariamente para prestar serviccedilos no territoacuterio de outro Estado um certificado no qual conste que o trabalhador permanece sujeito agrave legislaccedilatildeo do Estado de origem indicando os familiares e assemelhados que o acompanharatildeo nesse deslocamento Coacutepia de tal certificado deveraacute ser entregue ao trabalhador

2 A empresa que deslocou temporariamente o trabalhador comunicaraacute ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado que expediu o certificado neste caso a interrupccedilatildeo da atividade prevista na situaccedilatildeo anterior 3 - Para os efeitos estabelecidos na aliacutenea ldquo1ardquo do Artigo 5 do Acordo a empresa deveraacute apresentar a solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo perante a Entidade Gestora do Estado de origem A Entidade Gestora do Estado de origem expediraacute o certificado de prorrogaccedilatildeo correspondente mediante consulta preacutevia e expresso consentimento da Entidade Gestora do outro Estado

4 - A empresa apresentaraacute as solicitaccedilotildees a que se referem os Paraacutegrafos 1 e 3 com trinta dias de antecedecircncia miacutenima da ocorrecircncia do fato gerador Em caso contraacuterio o trabalhador ficaraacute automaticamente sujeito a partir do iniacutecio da atividade ou da data de expiraccedilatildeo do prazo autorizado agrave legislaccedilatildeo do Estado em cujo territoacuterio continuar desenvolvendo suas atividades

Apenas nos Acordos BrasilEspanha e BrasilGreacutecia estaacute previsto

deslocamento Temporaacuterio para trabalhadores autocircnomos

O segurado deve levar consigo uma via do Certificado de Deslocamento152

O periacuteodo de deslocamento poderaacute ser prorrogado observados os prazos e as

condiccedilotildees fixados em cada Acordo No caso de solicitaccedilatildeo de prorrogaccedilatildeo de

transferecircncias temporaacuterias esta deveraacute ser apresentada junto ao Oacutergatildeo de Ligaccedilatildeo

que concedeu o certificado de transferecircncia com a devida antecedecircncia em relaccedilatildeo

ao vencimento do periacuteodo de transferecircncia temporaacuteria que se houver concedido

Caso contraacuterio o trabalhador transferido ficaraacute automaticamente sujeito a partir do

vencimento do prazo original agrave legislaccedilatildeo do Estado Parte em cujo territoacuterio

continua prestando serviccedilos

Assim dispotildee o artigo 5ordm do Anexo II da Resoluccedilatildeo CMP nordm 012005

[] a) O prazo dos deslocamentos temporaacuterios previstos pelo inciso 1 do art 5 do Acordo Multilateral poderaacute ser prorrogado por um prazo total maior de doze meses previamente autorizado pela Autoridade Competente ou instituiccedilatildeo delegada do Estado receptor (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

152

Informaccedilotildees disponiacuteveis em lthttpwwwprevidenciasocialgovbrconteudoDinamicophpid=111gt Acesso em 10042011

76

b) Tanto o prazo original quanto o de prorrogaccedilatildeo poderatildeo ser utilizados de forma fracionada (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) c) Em virtude do caraacuteter excepcional do regime de deslocamentos temporaacuterios uma vez utilizado o prazo maacuteximo de vinte e quatro meses natildeo poderaacute ser concedido ao mesmo trabalhador um novo periacuteodo de amparo a este regime (aliacutenea acrescentada pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007) 2 Para os fins da aliacutenea ldquoardquo do Art 5 do Acordo seratildeo consideradas como tarefas profissionais de pesquisa cientiacuteficas teacutecnicas ou de direccedilatildeo aquelas relacionadas a situaccedilotildees de emergecircncia transferecircncia de tecnologia prestaccedilatildeo de serviccedilos de assistecircncia teacutecnica funccedilotildees de direccedilatildeo geral de gerenciamento de supervisatildeo de assessoramento a funccedilotildees superiores da empresa de consultoria especializada e similares (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

3 Eacute facultado ao Estado Parte receptor dos trabalhadores deslocados temporariamente solicitar que aleacutem do certificado previsto no Art 3 do Ajuste Administrativo seja apresentada documentaccedilatildeo que certifique que o trabalhador possui qualificaccedilatildeo ou as qualidades exigidas pela aliacutenea ldquoardquo do inciso 1 do Art 5 do Acordo Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL assim como declaraccedilatildeo da empresa receptora relativa agrave atividade que seraacute desempenhada pelo trabalhador no territoacuterio do Estado Parte receptor (paraacutegrafo acrescentado pela Resoluccedilatildeo CMP nordm 5 de 31072007)

153

Os segurados seus familiares e assemelhados que desejem fazer valer

direitos agraves prestaccedilotildees deveratildeo apresentar a respectiva solicitaccedilatildeo junto agrave Entidade

Gestora competente do Estado Parte onde residam ou tenham realizado sua uacuteltima

atividade Os formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo

do Deslocamento Temporaacuterio encontram-se no Anexo 4

333 Totalizaccedilatildeo de periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo

Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos nos territoacuterios dos Estados

Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade

avanccedilada invalidez ou morte na forma e nas condiccedilotildees estabelecidas no

Regulamento Administrativo Assim dispotildee o Regulamento Administrativo sobre a

totalizaccedilatildeo do tempo de contribuiccedilatildeo154

153

Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 12005 da Comissatildeo Multilateral Permanente do Acordo de Seguridade Social do MERCOSUL atualizada pela Resoluccedilatildeo nordm 72007 da mesma comissatildeo

154 Decreto nordm 57222006 art 6

77

ARTIGO 6 1 De acordo com o previsto no Artigo 7 do Acordo os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos no territoacuterio dos Estados Partes seratildeo considerados para a concessatildeo das prestaccedilotildees por velhice idade avanccedilada invalidez ou morte observando as seguintes regras a) Cada Estado Parte consideraraacute os periacuteodos cumpridos e certificados por outro Estado desde que natildeo se superponham como periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo conforme sua proacutepria legislaccedilatildeo b) Os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos antes do iniacutecio da vigecircncia do Acordo seratildeo considerados somente quando o trabalhador tiver periacuteodos de trabalho a cumprir a partir dessa data c) O periacuteodo cumprido em um Estado Parte sob um regime de seguro voluntaacuterio somente seraacute considerado quando natildeo for simultacircneo a um periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo obrigatoacuterio cumprido em outro Estado 2 Nos casos em que a aplicaccedilatildeo do Paraacutegrafo 2 do Artigo 7 do Acordo venha exonerar de suas obrigaccedilotildees a todas as Entidades Gestoras competentes dos Estado -Partes envolvidos as prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados Partes aonde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador em todos os Estados Partes

Caso o trabalhador natildeo tenha reunido a comprovaccedilatildeo do tempo miacutenimo de

12 meses somente seraacute computaacutevel os serviccedilos prestados em outro Estado que

tenha celebrado acordos bilaterais ou multilaterais de Seguridade Social com

qualquer dos Estados Partes E se somente um dos Estados Partes tiver concluiacutedo

um acordo de seguridade com outro paiacutes seraacute necessaacuterio que tal Estado Parte

assuma como proacuteprio o periacuteodo de seguro ou contribuiccedilatildeo cumprido neste terceiro

paiacutes155

A aplicaccedilatildeo desta norma pode vir a exonerar de suas obrigaccedilotildees todas as

Entidades Gestoras competentes dos Estados Partes envolvidos uma vez que as

prestaccedilotildees seratildeo concedidas ao amparo exclusivamente do uacuteltimo dos Estados

Partes onde o trabalhador reuacutena as condiccedilotildees exigidas por sua legislaccedilatildeo com

preacutevia totalizaccedilatildeo de todos os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos em

todos os Estados Partes156

As Autoridades Competentes ou Entidades Gestoras receptoras de

solicitaccedilotildees de obtenccedilatildeo de concessatildeo por parte dos trabalhadores familiares e

assemelhados obrigar-se-atildeo a enviaacute-las sem demora ao Organismo de Ligaccedilatildeo

155

Decreto Legislativo 4512001 que aprova o Acordo Multilateral de Seguridade Social artigo 7ordm 156

ALVES Carlos Marne Dias 2006 A Previdecircncia no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Direito das Relaccedilotildees Internacionais) UniCEUB Brasiacutelia 2006 p 162

78

competente informando as datas em que as solicitaccedilotildees foram apresentadas157

Neste sentido os artigos 9ordm e 10ordm do Regulamento Administrativo assim

estabelecem158

ARTIGO 9 1 Para o tracircmite das solicitaccedilotildees das prestaccedilotildees pecuniaacuterias os Organismos de Ligaccedilatildeo utilizaratildeo um formulaacuterio especial no qual seratildeo consignados entre outros os dados de filiaccedilatildeo do trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados conjuntamente com a relaccedilatildeo e o resumo dos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo cumpridos pelo trabalhador nos Estados Partes 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo avaliaraacute se for o caso a incapacidade temporaacuteria ou permanente emitindo o certificado correspondente que acompanharaacute os exames meacutedico-periciais realizados no trabalhador ou conforme o caso de seus familiares e assemelhados 3 Os laudos meacutedico-periciais do trabalhador consignaratildeo entre outros dados se a incapacidade temporaacuteria ou invalidez eacute consequumlecircncia de acidente do trabalho ou doenccedila profissional e indicaratildeo a necessidade de reabilitaccedilatildeo profissional 4 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado pronunciar-se-aacute sobre a solicitaccedilatildeo em conformidade com sua respectiva legislaccedilatildeo considerando-se os antecedentes meacutedico-periciais praticados 5 O Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde se solicita a prestaccedilatildeo remeteraacute os formulaacuterios estabelecidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado ARTIGO 10 1 O Organismo de Ligaccedilatildeo do outro Estado preencheraacute os formulaacuterios recebidos com as seguintes indicaccedilotildees a) periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo b) o valor prestaccedilatildeo reconhecida de acordo com o previsto no Paraacutegrafo 3 do Artigo 7 do presente Regulamento Administrativo 2 O Organismo de Ligaccedilatildeo indicado no paraacutegrafo anterior remeteraacute os formulaacuterios devidamente preenchidos ao Organismo de Ligaccedilatildeo do Estado onde o trabalhador solicitou a prestaccedilatildeo

Observa-se portanto que os trabalhadores e seus familiares poderatildeo

requerer benefiacutecios previstos no regime geral de previdecircncia social do paiacutes onde

estiverem residindo sendo computados tambeacutem o tempo de contribuiccedilatildeo do paiacutes de

origem e em alguns casos ateacute mesmo o tempo de contribuiccedilatildeo em paiacuteses natildeo

157

Regulamento Administrativo art 8ordm 158

Decreto 57222006 artigos 9 e 10

79

signataacuterios do acordo desde que esses tenham acordo com qualquer um dos

Estados Partes

Destaca-se no entanto que se o acordo do paiacutes natildeo signataacuterio for com

apenas um dos Estados Partes esse deveraacute reconhecer como proacuteprios os serviccedilos

prestados naquele159

Este instituto natildeo eacute nenhuma novidade para o INSS De

acordo com a Lei ndeg 97961999 adota-se procedimento semelhante com os

regimes proacuteprios de previdecircncia dos servidores puacuteblicos quando faz a totalizaccedilatildeo do

tempo de contribuiccedilatildeo e a divisatildeo proacute-rata do valor pago ao segurado chamando

este instituto de Contagem Reciacuteproca do Tempo de Contribuiccedilatildeo

159

Nota teacutecnica elaborada pela Coordenaccedilatildeo-Geral de Estudos Previdenciaacuterios da Secretaria de Poliacuteticas de Previdecircncia Social ndash CGEPSPS (NOTA TEacuteCNICA nordm 202005 DRPSPSPSMPS)

80

CONCLUSAtildeO

O objeto problematizado na presente dissertaccedilatildeo foi o Acordo Multilateral de

Seguridade Social do MERCOSUL na garantia do direito agrave previdecircncia social aos

trabalhadores que tenham se vinculado a sistemas previdenciaacuterios de diferentes

paiacuteses durante sua vida laboral

Questotildees sobre integraccedilatildeo previdenciaacuteria acabam sendo necessaacuterias no

atual cenaacuterio de globalizaccedilatildeo da economia de formaccedilatildeo de blocos regionais e do

aumento do fluxo migratoacuterio principalmente da ampliaccedilatildeo da liberdade de circulaccedilatildeo

de trabalhadores para lhes assegurar seguranccedila na sua proteccedilatildeo social

previdenciaacuteria

A Previdecircncia Social espeacutecie do gecircnero Seguridade Social eacute um direito de

proteccedilatildeo social conferido ao trabalhador segurado e um mecanismo necessaacuterio para

manter o regime de trabalho assalariado

Surgiu como uma ferramenta do Estado garantir (aqueles que contribuem)

condiccedilotildees financeiras para periacuteodos de incapacidade de trabalho como doenccedila

invalidez ou velhice e diminuir os riscos de arcar futuramente com situaccedilotildees de

miseacuteria e pobreza como distribuidor de renda por este motivo impocircs contribuiccedilotildees

compulsoacuterias aos trabalhadores que de alguma forma prestam serviccedilos a pessoas

fiacutesicas juriacutedicas e por conta proacutepria

Na atual conjuntura a intervenccedilatildeo do Estado na sociedade a fim de

estruturar e garantir proteccedilatildeo previdenciaacuteria eacute imprescindiacutevel e com a globalizaccedilatildeo

natildeo eacute diferente o cocircmputo de tempo de serviccedilo desenvolvido no exterior para fins

de obtenccedilatildeo de benefiacutecio previdenciaacuterio no Brasil exige regramento particular no

acircmbito do direito internacional

A possibilidade de reconhecimento no Brasil do labor desenvolvido em

qualquer um dos paiacuteses integrantes do MERCOSUL e vice versa tem assento

atualmente no Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul

assinado em 15121997 pelos representantes dos componentes originaacuterios do

bloco (Brasil Argentina Uruguai e Paraguai)

Entretanto eacute importante destacar que antes da entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social existiam acordos bilaterais de previdecircncia social

do Brasil com vaacuterios paiacuteses inclusive com paiacuteses integrantes do MERCOSUL

81

diante disso destacamos o disposto no artigo 8ordm do Acordo Multilateral de

Seguridade Social que informa que ldquoos periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

cumpridos antes da vigecircncia do presente Acordo seratildeo considerados desde que

estes natildeo tenham sido utilizados anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees

pecuniaacuterias em outro paiacutesrdquo160

Houve no decorrer da pesquisa grandes dificuldades de obtenccedilatildeo de dados

especiacuteficos junto agrave autarquia federal (INSS) embora jaacute esteja sendo utilizado o

sistema de informaccedilotildees de acordos internacionais (SIACI) criado pela DATAPREV

empresa de tecnologia da Previdecircncia Social brasileira desde de julho de 2008

Mesmo assim a pesquisa nos levou a entender que a possibilidade de

reconhecimento de trabalho para fins de benefiacutecio previdenciaacuterio realizado nos

paiacuteses do MERCOSUL regulada pelo Acordo Multilateral de Seguridade Social do

MERCOSUL internalizado pelo Decreto nordm 57222006 trata de garantir aos

brasileiros que trabalham nos Paiacuteses signitaacuterios do Acordo a mesma proteccedilatildeo que eacute

assegurada aos cidadatildeos daquele Paiacutes ou seja o brasileiro que trabalha na

Argentina por exemplo vai ter direito por conta daquela norma de perceber os

benefiacutecios que a legislaccedilatildeo previdenciaacuteria Argentina assegura aos demais

trabalhadores que tecircm aquela nacionalidade Por outro lado se o trabalhador quer

pleitear o benefiacutecio aqui no Brasil o aproveitamento do serviccedilo prestado naquele

Paiacutes somente eacute possiacutevel na forma em que prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do

Regulamento ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo

reconheccedila em face da sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de seguro ou contribuiccedilatildeo

creditados ao trabalhador sob sua proacutepria legislaccedilatildeo161

A proteccedilatildeo prevista no Acordo como a contagem do tempo de contribuiccedilatildeo

e as demais prestaccedilotildees previdenciaacuterias e de sauacutede apenas estatildeo garantidas para

trabalhadores empregados ou seja aqueles que possuem viacutenculo empregatiacutecio com

algum empregador os demais trabalhadores como autocircnomos domeacutesticos os

rurais que no Brasil satildeo tambeacutem chamados de segurados especiais natildeo estatildeo

protegidos pelo Acordo e natildeo podem se beneficiar do tempo de serviccedilo prestado

fora de seu paiacutes de origem mesmo que comprovam contribuiccedilatildeo do periacuteodo

Os acoacuterdatildeos encontrados sobre os aspectos previdenciaacuterios levados ao

judiciaacuterio no acircmbito do Acordo demonstram que o fato de o mesmo existir natildeo

160

Decreto Legislativo nordm 4512001 art 8ordm 161

Decreto nordm 57222006 art 10ordm

82

implica reconhecimento automaacutetico de atividades laborais prestadas nos Estados

Partes eacute necessaacuterio a observacircncia do procedimento burocraacutetico estabelecido no

Regulamento Administrativo aprovado pelo Decreto nordm 57222006

Haacute que se observar tambeacutem que para os trabalhadores que vierem a

trabalhar nos paiacuteses integrantes do MERCOSUL apoacutes a entrada em vigor do Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL teratildeo a contagem de tempo de

contribuiccedilatildeo contada conforme o acordo Podemos observar conforme dados

coletados nos Acoacuterdatildeos que de acordo com o judiciaacuterio os periacuteodos de seguro ou

contribuiccedilatildeo cumpridos antes da vigecircncia do Acordo de que o trabalhador tenha

direito somente seratildeo considerados se o trabalhador natildeo tenha utilizado

anteriormente na concessatildeo de prestaccedilotildees pecuniaacuterias em outro paiacutes

Observamos que o Acordo garante prestaccedilotildees previdenciaacuterias como

benefiacutecios e contagens de tempo de contribuiccedilatildeo aos trabalhadores que natildeo apenas

se encontrem trabalhando formalmente mas que estejam de acordo com as

formalidades estabelecidas no mesmo O trabalhador que quer pleitear benefiacutecio

somente eacute possiacutevel na forma prevista no paraacutegrafo 3ordm do artigo 7ordm do Regulamento

ou seja eacute preciso que o Estado no qual foi prestado o serviccedilo reconheccedila em face agrave

sua legislaccedilatildeo quais os periacuteodos de tempo de contribuiccedilatildeo o trabalhador tem direito

Fica aiacute uma demonstraccedilatildeo que a Proteccedilatildeo Previdenciaacuteria prevista no Acordo

Multilateral de Seguridade Social do MERCOSUL apresentou avanccedilos no acircmbito da

proteccedilatildeo social dos trabalhadores empregados que circulam no Bloco

Anteriormente com os acordos bilaterais a garantia de proteccedilatildeo

previdenciaacuteria aos paiacuteses signataacuterios era restrita aos dois paiacuteses que assinavam o

acordo Agora haacute uma ampliaccedilatildeo da proteccedilatildeo previdenciaacuteria fortalecendo os paiacuteses

do MERCOSUL no que tange a circulaccedilatildeo de trabalhadores e consequentemente

conhecimento tecnologia cultura assim como outros benefiacutecios decorrentes de uma

regionalizaccedilatildeo mas natildeo garante automaticamente o tempo de contribuiccedilatildeo sem que

o Estado em que trabalhou documente esse tempo como reconhecido

necessitando portanto de muitos ajustes para garantia completa deste e tambeacutem

outros trabalhadores que prestam serviccedilos no Brasil na Argentina no Paraguai e no

Uruguai e futuramente na Venezuela que natildeo foram assegurados no Acordo como

os contribuintes individuais domeacutesticos e segurados especiais

83

REFEREcircNCIAS

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MARTINEZ Wladimir Novaes Curso de direito previdenciaacuterio Tomo I Noccedilotildees de direito previdenciaacuterio 3ed Satildeo Paulo LTr 2005

______ Curso de direito previdenciaacuterio Tomo II Previdecircncia Social 2 ed Satildeo Paulo LTr 2007

MELO Adriane Claacuteudia Mercosul em movimento II In Supranacionalidade e intergovernabilidade no Mercosul Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 MELLO e SOUZA Andreacute de OLIVEIRA Ivan Tiago Machado GONCcedilALVES Samo Seacutergio IPEA ndash Instituto de Pesquisas Econocircmicas Avanccediladas Assimetrias Estruturais e Poliacuteticas de Integraccedilatildeo no MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrsites0002publicacoestdstd_1477pdfgt Acesso em 18102010 MERCOSUL e paiacuteses integrantes Disponiacutevel em lthttpwwwbrasilescolacomgeografiamercosul-paises-integranteshtmgt Acesso em 18102010 MERCOSUL Disponiacutevel em lthttpwwwmercosurorguygt Acesso em 10032010 MINISTEacuteRIO da Previdecircncia Social Disponiacutevel em ltwwwmpsgovbrgt Acesso em 30032011 MERCOSUL Acordos e Protocolos na Aacuterea Juriacutedica Porto Alegre Livraria do Advogado 1996 (Seacuterie Integraccedilatildeo Latino-Americana) MINISTEacuteRIO do Trabalho e Emprego Coordenaccedilatildeo Geral de Imigraccedilatildeo Disponiacutevel em ltwwwmtegovbrgt Acesso em 20112010 MONTOYA M A Os custos e benefiacutecios da integraccedilatildeo econocircmica do grupo andino uma anaacutelise do comeacutercio intra-regional do setor agropecuaacuterio Anaacutelise Econocircmica ano 12 p74-92 marccedilo-setembro 1994 MORE Rodrigo Fernandes Integraccedilatildeo econocircmica Internacional Jus Navigandi Teresina ano 6 n 59 outubro 2002 Disponiacutevel em lthttpjusuolcombrrevistatexto3307integracao-economica-internacionalgt Acesso em 24102010

89

MORENO Alicia S La difusa Idea del espacio social em los procesos de integracioacuten In PIMENTEL L O (Coord) Mercosul Alca e Integraccedilatildeo Euro-Latino-Americana Curitiba Juruaacute 2001 p 74 MURRO Ernesto As Tendecircncias na Ameacuterica Latina e a Reforma Uruguaia da Previdecircncia Social 2001 Disponiacutevel em ltwwwredsegsocorguygt Acesso em 10112010 p 5 NASSIF A L A articulaccedilatildeo das poliacuteticas industrial e comercial nas economias em desenvolvimento contemporacircneas uma discussatildeo analiacutetica Revista de Economia Poliacutetica v20 n2 abril-junho 2000 NONNEMBERG M H B MENDONCcedilA M J C Criaccedilatildeo e desvio de comeacutercio no Mercosul o caso dos produtos agriacutecolas Rio de Janeiro IPEA mar 1999 (Texto para Discussatildeo n 631) NORRIS Roberto Livre Circulaccedilatildeo de Trabalhadores em um contexto de Integraccedilatildeo Regionalizada Satildeo Paulo Ltr 1999 OLIVEIRA Julio Ramos Movibilidad de la mano de obra em El Mercosur Contribuciones CIEDLAKonrad-Adenauer Satildeo Paulo antildeo 10 n 2 1993 OLIVEIRA Aldemir Aspectos da Aposentadoria por Tempo de Serviccedilo nos

Estados-Partes do MERCOSUL 2008 Tese (Doutorado em Direito) Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2008 p 145 PASSOS Alessandro Ferreira dos SCHWARZER Helmut Migraccedilotildees Internacionais e a Previdecircncia Social Informe de Previdecircncia Social Brasiacutelia v16 n12 dez 2004 PEREIRA Joseacute Adriano Mercosul em Movimento II In Liberalismo econocircmico e processo de integraccedilatildeo na Ameacuterica Latina Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 p 100 ______ Integraccedilatildeo Econocircmica e Mobilidade de Trabalhadores no Mercosul Revista de Economia e Relaccedilotildees Internacionais Satildeo Paulo v 3 n 6 p 76-87 jan 2005 PIOVESAN Flaacutevia Direitos Humanos e Direito Constitucional e Internacional 5ed Satildeo Paulo Max Limonad 2002 p 72 PRADO L C D Mercosul como opccedilatildeo estrateacutegica de integraccedilatildeo notas sobre a teoria da integraccedilatildeo e estrateacutegias de desenvolvimento Ensaios FEE v18 n1 p 276-299 1997 PRAXEDES Walter PILETTI Nelson O Mercosul e a Sociedade Global 8 ed Satildeo Paulo Aacutetica 1997 p 58 PROGRAMA para a consolidaccedilatildeo da uniatildeo aduaneira e para o lanccedilamento do Mercado Comum ldquoObjetivo 2006rdquo (Uruguay) Recomendaccedilatildeo no 12003 do Foacuterum Consultivo Econocircmico Social XXV Reuniatildeo Montevideu 10 dez 2003 Disponiacutevel

90

em httpwwwccscsorghtml_particp_institucfcesfces_rec0103_brhtm Acesso em 20012011 RELATOacuteRIO Anual da AISS Disponiacutevel em ltwwwissaintannual-reviewgt Acesso em 20012011 REGULAMENTO interno de la comisioacuten sociolaboral del Mercosur (Argentina) Buenos Aires 10 mar 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwccscsorghtml_particp_institucccscs_pi_regl_comis_socio_laboralhtmgt Acesso em 20112010 ROCHA Daniel Machado da O direito fundamental aacute previdecircncia social na perspectiva dos princiacutepios constitucionais diretivos do sistema previdenciaacuterio brasileiro Porto Alegre Livraria do Advogado 2004 ROSENTHAL G (Coord) Regionalismo aberto na Ameacuterica Latina e no Caribe a integraccedilatildeo econocircmica a serviccedilo da transformaccedilatildeo produtiva com equidade In Cinquenta anos de Pensamento na CEPAL Santiago do Chile p 939-958 1994 SABBATINI R Multilateralismo regionalismo e o Mercosul Indicadores Econocircmicos FEE Porto Alegre v 29 n1 jun 2001 SALAMA P Novos paradoxos da liberaccedilatildeo na Ameacuterica Latina In REIS C N (Org) Ameacuterica Latina crescimento no comeacutercio mundial e exclusatildeo social Porto Alegre Dacasa EditoraPalmarica 2001 275 p SALVATORE D Economia internacional Rio de Janeiro LTC 2000 SAMPAIO Rocircmulo Silveira da Rocha A livre circulaccedilatildeo de trabalhadores na Uniatildeo Europeacuteia e sua perspectiva no MERCOSUL Dissertaccedilatildeo (Mestrado em

Direito) Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Paranaacute PUC-PR Curitiba 2005 p206 SECRETARIA de Estado da Induacutestria do Comeacutercio e Assuntos do Mercosul ndash SEIM Disponiacutevel em lthttpwwwseimprgovbrmodulesconteudoconteudophpconteudo=32gt Acesso em 10072010 SIMIONATO Ivete MERCOSUL e Reforma do Estado o retrocesso da Seguridade Social Revista Kataacutelysis v0 n 5 2001 SISTEMA estadiacutestico de indicadores sociales Reunioacuten de grupo teacutecnico de desarrollo social del Mercosur (Argentina) Buenos Aires 22 de marccedilo de 2002 Disponiacutevel em

lthttpwwwmercosurintmswebpagina_anteriorsamespanolrem-mtsspconjuntospconjuntos1htmlgt Acesso em 15022011 SOARES Maacuterio Luacutecio Quintatildeo MERCOSUL direitos humanos globalizaccedilatildeo e soberania Belo Horizonte Del Rey 1997

91

STUART Ana Maria Negociando um novo Mercosul Panorama da Conjuntura Internacional Satildeo Paulo Gacint n 23 ano 6 outnov 2003 STUART Ana Maria A construccedilatildeo de um novo regionalismo In MENDES Jussara Maria Rosa et al (Orgs) Mercosul em muacuteltiplas perspectivas fronteiras direitos e proteccedilatildeo social Porto Alegre EDIPUCRS 2007 TODOS Somos MERCOSUL ndash CEFIR ndash Plataforma de Integraccedilatildeo 2009 Disponiacutevel em lthttpneccintwordpresscomdireito-internacionalarena-de-ideiasmercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulfocem-fundo-para-a-convergencia-estrutural-do-mercosulgt Acesso em 02012011 THORSTENSEN V Desenvolvimento da cooperaccedilatildeo econocircmica e das relaccedilotildees comerciais entre a EU e o MERCOSUL interesses comuns e desafios Poliacutetica Externa v 5 n1 jun-jul-ago 1996 TRIBUNA DA IMPRENSA Entra em vigor a Previdecircncia do Mercosul 14 out 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwsindicatomercosulcombrnoticia02aspnoticia=27232gt Acesso em 02012011 VASCONCELOS Pedro Paulo Lima Indicadores soacutecio-econocircmicos do MERCOSUL um estudo sob a Eacutegide da Economia Poliacutetica Internacional In SIMPOacuteSIO EM RELACcedilOtildeES INTERNACIONAIS DO PROGRAMA SAN TIAGO DANTAS I nov 2007 p 10 (UNESP UNICAMP e PUC-SP) VEIGA Joatildeo Paulo Mercosul e os interesses poliacuteticos e sociais Satildeo Paulo em Perspectiva Fundaccedilatildeo Seade Satildeo Paulo v 5 n 3 1991 ______ Revista do Instituto de Ciecircncias Econocircmicas Administrativas e Contaacutebeis v 11 n 1 2007 VEIGA P M A infra-estrutura e o processo de negociaccedilatildeo da ALCA Rio de Janeiro IPEA mar 1999 (Texto para Discussatildeo n 507) VERA-FLUIXAacute R X Principios de integracioacuten regional en Ameacuterica Latina y suanaacutelisis compartivo con la Unioacuten Europea Bonn Center for European Integration Studies v73 2000 (Discussion Paper) VIANNA Claudia Sales Vilela Previdecircncia Social Custeio e Benefiacutecios 2 ed Satildeo Paulo Editora LTr 2010 VIGEVANI Tullo Mercosul impactos para trabalhadores e sindicatos Satildeo Paulo LTr 1998 VILLATORE Marco Antocircnio Ceacutesar Previdecircncia Complementar no Direito Comparado Revista de Previdecircncia Social n 232 Satildeo Paulo LTr marccedilo de 2000

92

______ A reforma da previdecircncia social no MERCOSUL e nos paiacuteses integrantes Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ordf Regiatildeo Campinas n 3 p 128-137 juldez 2003 WANDERLEY Luiz Eduardo W A construccedilatildeo de um MERCOSUL Social Revista Ponto-e-Viacutergula Satildeo Paulo PUC SP v 1 p90-104 2007 p94 SITES CONSULTADOS lthttpestudeonlinenetrevisao_detalheaspxcod=461gt Acesso em 29032011 lthttpwwwclassificadosmercosulcombrmercosul_infomercosul01htmgt Acesso em 29022011 ltwwwmpsgovbracordosinternacionaisgt Acesso em 03012011 lthttpwwwprevidenciasocialgovbrconteudoDinamicophpid=111gt Acesso em 10042011 lthttpbuenoecostanzeadvbrindexphpoption=com_contentamptask=viewampid=4642ampItemid=96gt Acesso em 20032011 lthttpogloboglobocomeconomiamat20071109327102998aspgt Acesso em 20072009 lthttpportaldataprevgovbr20090726siaci-sistemas-de-acordos-internacionaisgt Acesso em 15082009 lthttpwwwplanaltogovbrgt Acesso em 02032010 lthttpwwwprevidenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_01aspgt Acesso em 25042009 lthttpwww1previdenciagovbrpg_secundariasprevidencia_social_04_05aspgt Acesso em 20042011 lthttpwww2mregovbrdai003htmlgt Acesso em 10052008 lthttpwww2mregovbrdaidtrathtmgt Acesso em 12052008 lthttpwwwnotadezcombrgt Acesso em 07022008 lthttpwwwreceitafazendagovbrlegislacaoacordosinternacionaisAcordosComplEconomicaDefaulthtmgt Acesso em 10022011

93

ANEXOS

94

ANEXO 1

Estrutura Institucional do MERCOSUL

95

ANEXO 2

Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses

acordantes - 20072009

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20072009

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS

INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por

Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2007 482 293 33 54 88 14 TOTAL 2008 858 431 62 58 292 15 2009 1616 1052 79 131 335 19 2007 17 9 ndash 8 ndash ndash Argentina 2008 27 15 ndash 8 4 ndash 2009 45 30 1 10 4 ndash 2007 19 16 ndash 1 2 ndash Chile 2008 6 4 2 ndash ndash ndash 2009 1 1 ndash ndash ndash ndash 2007 121 87 9 12 11 2 Espanha 2008 239 127 16 14 79 3 2009 549 363 25 52 102 7 2007 2 ndash 1 ndash 1 ndash Greacutecia 2008 5 4 ndash ndash 1 ndash 2009 14 11 ndash 1 2 ndash 2007 46 39 1 ndash 6 ndash Itaacutelia 2008 80 69 1 2 7 1 2009 163 139 3 2 18 1 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2008 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2009 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Mercosul 2008 4 4 ndash ndash ndash ndash 2009 28 21 ndash 5 2 ndash 2007 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Paraguai 2008 2 2 ndash ndash ndash ndash 2009 4 4 ndash ndash ndash ndash 2007 259 136 22 22 68 11 Portugal 2008 470 195 43 26 196 10 2009 778 453 49 60 205 11 2007 18 6 ndash 11 ndash 1 Uruguai 2008 25 11 ndash 8 5 1 2009 34 30 1 1 2 ndash

FONTE MPSSEAssessoria de Assuntos Internacionais

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Tabela - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social por grupos de espeacutecies segundo

paiacuteses acordantes - 20012003

CAPIacuteTULO 26 - ACORDOS INTERNACIONAIS

261 - Quantidade de benefiacutecios concedidos no acircmbito dos acordos internacionais de Previdecircncia Social

por grupos de espeacutecies segundo paiacuteses acordantes - 20012003

PAIacuteSES

Anos

QUANTIDADE DE BENEFIacuteCIOS CONCEDIDOS NO AcircMBITO DOS ACORDOS INTERNACIONAIS DE PREVIDEcircNCIA SOCIAL

Total

Grupos de Espeacutecies

Aposentadoria por Idade

Aposentadoria por Invalidez

Aposentadoria por Tempo de Contribuiccedilatildeo

Pensatildeo por Morte

Auxiacutelio-Doenccedila

2001 148 37 8 17 86 ndash TOTAL 2002 368 146 18 19 182 3 2003 444 232 25 25 162 ndash 2001 2 ndash 1 1 ndash ndash Argentina 2002 5 2 ndash 3 ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 2 2 ndash ndash ndash ndash Chile 2002 2 1 ndash ndash 1 ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash 2001 27 14 3 2 8 ndash Espanha 2002 106 71 5 4 26 ndash 2003 201 128 7 20 46 ndash 2001 1 ndash ndash ndash 1 ndash Greacutecia 2002 4 1 ndash 2 1 ndash 2003 7 5 1 ndash 1 ndash 2001 3 1 ndash ndash 2 ndash Itaacutelia 2002 17 16 1 ndash ndash ndash 2003 19 15 1 ndash 3 ndash 2001 ndash ndash ndash ndash ndash ndash Luxemburgo 2002 3 3 ndash ndash ndash ndash 2003 ndash ndash ndash ndash ndash ndash 2001 105 19 4 7 75 ndash Portugal 2002 224 52 12 3 154 3 2003 215 82 16 5 112 ndash 2001 8 1 ndash 7 ndash ndash Uruguai 2002 7 ndash ndash 7 ndash ndash 2003 1 1 ndash ndash ndash ndash

FONTE DATAPREV SUB

97

ANEXO 3

JURISPRUDEcircNCIA

ACOacuteRDAtildeO 1

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20067110006064-5RS

RELATOR Juiz Federal GUILHERME PINHO MACHADO

APELANTE JUAN MARIO LOPES BARBOZA

ADVOGADO Jose Ricardo Caetano Costa

APELADO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria Regional da PFE-INSS

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilOCONTRIBUICcedilAtildeO ACORDO PREVIDENCIAacuteRIO ENTRE BRASIL E URUGUAI COcircMPUTO DE TEMPO DE SERVICcedilO ANTERIOR AO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 57222006 INCIDEcircNCIA DOS ARTS V E VII DO DECRETO PRESIDENCIAL Nordm 8524880 AUSEcircNCIA DE IRREGULARIDADE NA CONDUTA DO INSS RETARDO NO ATENDIMENTO DO PEDIDO DECORREcircNCIA DA NECESSIDADE DE OBTENCcedilAtildeO DE PARECER DA INSTITUICcedilAtildeO PREVIDENCIAacuteRIA ALIENIacuteGENA

1 Em 27 de janeiro de 1977 foi assinado em Montevideacuteu o Acordo de Previdecircncia Social entre os Governos do Brasil e do Uruguai que teve seu texto aprovado pelo Decreto Legislativo nordm 6778 e promulgado pelo Decreto Presidencial nordm 852481980 publicado em 15101980 2 Posteriormente foi celebrado em 15121997 o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum e seu Regulamento Administrativo contendo o respectivo Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o qual entrou em vigor no plano internacional em 01062005 tendo sido promulgado no Brasil por intermeacutedio do Decreto Presidencial nordm 57222006 publicado em 13032006 3 Sendo os periacuteodos controvertidos anteriores agrave vigecircncia do Acordo de Seguridade Social do Mercosul natildeo tem aplicabilidade por decorrecircncia tal regramento na espeacutecie na forma dos arts 8ordm e 17 do Decreto Presidencial nordm 57222006 4 O direito invocado pelo autor assim deve ser examinado agrave luz dos artigos V e VII do Decreto Presidencial nordm 8524880 que promulga o Acordo de Previdecircncia Social celebrado entre Brasil e Uruguai devendo o cocircmputo dos periacuteodos trabalhados nos signataacuterios ser regido pela legislaccedilatildeo do paiacutes onde tenham sido realizados os respectivos serviccedilos sendo que caberaacute agrave entidade gestora do paiacutes em que natildeo foi apresentado o pedido de aposentadoria informar se o interessado comprova os periacuteodos de atividades cumpridos em seu territoacuterio informaccedilatildeo essa a ser prestada agrave entidade similar do paiacutes em que feito o pedido de concessatildeo de benefiacutecio

98

5 Nesse contexto natildeo haacute falar em desiacutedia ou ineficiecircncia do INSS no atendimento do requerimento do autor uma vez que o retardo para anaacutelise do pedido decorrente da necessidade de se obter a teor do acordo internacional que regula a mateacuteria parecer da respectiva instituiccedilatildeo de previdecircncia alieniacutegena

ACOacuteRDAtildeO 2

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 0000395-6720104049999SC

RELATOR Des Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO ARI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA PREVIDENCIAacuteRIO PROCESSUAL CIVIL AGRAVO RETIDO IMPROVIDO CONCESSAtildeO DE APOSENTADORIA POR IDADE RURAL SEGURADO ESPECIAL REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR EXERCIacuteCIO NO PARAGUAI CAREcircNCIA Segundo prevecirc o Acordo Multilateral de Seguridade Social do Mercado Comum do Sul o periacuteodo de labor rural exercido em outro paiacutes in casu no Paraguai natildeo eacute haacutebil para caracterizaccedilatildeo de lapso carencial quando ausente a certificaccedilatildeo do labor pelo outro Estado signataacuterio

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia 6ordf Turma do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por maioria negar provimento ao agravo retido extinguir o feito sem julgamento de meacuterito e julgar prejudicada a apelaccedilatildeo do INSS e a remessa oficial vencido o Juiz Federal Loraci Flores de Lima nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 10 de agosto de 2010

Desembargador Federal JOAtildeO BATISTA PINTO SILVEIRA Relator

99

ACOacuteRDAtildeO 3

APELACcedilAtildeOREEXAME NECESSAacuteRIO Nordm 20047104009576-7RS

RELATOR Des Federal LUIacuteS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE

APELANTE ENRIQUE MANUEL EIRAS MAYO

ADVOGADO Igor Loss da Silva

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO (Os mesmos)

REMETENTE JUIacuteZO SUBSTITUTO DA 02A VF DE PASSO FUNDO

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVICcedilO CONCESSAtildeO RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE ESPECIAL COMPROVACcedilAtildeO CONVERSAtildeO TEMPO DE SERVICcedilO NO EXTERIOR (REPUacuteBLICA ARGENTINA) ACORDO BILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL (DECRETO Ndeg 8791882) TEMPUS REGIT ACTUM ACORDO MULTILATERAL DE SEGURIDADE SOCIAL DO MERCOSUL (DECRETO Ndeg 572206) APLICACcedilAtildeO A ATOS JURIacuteDICOS FUTUROS POSSIBILIDADE TOTALIZACcedilAtildeO DOS PERIacuteODOS DE CONTRIBUICcedilAtildeO POSSIBILIDADE CAacuteLCULO DE RMI PROPORCIONALIDADE BENEFIacuteCIO EVENTUALMENTE COMPOSTO DE DUAS PARCELAS SE SATISFEITOS OS REQUISITOS EM AMBOS OS PAIacuteSES DETERMINACcedilAtildeO DA CONCESSAtildeO DO BENEFIacuteCIO NA ARGENTINA IMPOSSIBILIDADE TRAcircMITE DE PEDIDO DE APOSENTADORIA PELOS ORGANISMOS DE LIGACcedilAtildeO 1 Uma vez exercida atividade enquadraacutevel como especial sob a eacutegide da legislaccedilatildeo que a ampara o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal e ao acreacutescimo decorrente da sua conversatildeo em tempo de serviccedilo comum no acircmbito do Regime Geral de Previdecircncia Social A Lei nordm 971198 e o Regulamento Geral da Previdecircncia Social aprovado pelo Decreto nordm 3048 de 06-05-1999 resguardam o direito adquirido de os segurados terem convertido o tempo de serviccedilo especial em comum ateacute 28-05-1998 observada para fins de enquadramento a legislaccedilatildeo vigente agrave eacutepoca da prestaccedilatildeo do serviccedilo 2 Ateacute 28-04-1995 eacute admissiacutevel o reconhecimento da especialidade por categoria profissional ou por sujeiccedilatildeo a agentes nocivos aceitando-se qualquer meio de prova (exceto para ruiacutedo) a partir de 29-04-1995 natildeo mais eacute possiacutevel o enquadramento por categoria profissional devendo existir comprovaccedilatildeo da sujeiccedilatildeo a agentes nocivos por qualquer meio de prova ateacute 05-03-1997 e a partir de entatildeo e ateacute 28-05-1998 por meio de formulaacuterio embasado em laudo teacutecnico ou por meio de periacutecia teacutecnica 3 Nos termos do que preconiza a regra do tempus regit actum tendo o segurado laborado na Argentina entre a deacutecada de 60 e 70 bem como datando o requerimento administrativo de 2000 deve-se aplicar o Decreto ndeg 8791882 para

100

fins de verificaccedilatildeo do seu direito agrave contagem do tempo laborado no exterior bem como agrave concessatildeo de aposentadoria por tempo de serviccedilo no Brasil 4 Aplicaccedilatildeo do Decreto ndeg 572206 quanto a questotildees de procedimentos ainda pendentes ressaltando-se natildeo se tratar de aplicaccedilatildeo retroativa porque referente a atos ainda inocorridos estando desde jaacute ressalvados os direitos adquiridos 5 A verificaccedilatildeo do direito agrave aposentadoria em cada Estado Acordante se daraacute com a soma (totalizaccedilatildeo nos termos do Decreto ndeg 8791882) dos periacuteodos laborados em cada um dos paiacuteses como se os periacuteodos de seguro totalizados houvessem sido cumpridos sob sua proacutepria legislaccedilatildeo (art VIII a do Decreto ndeg 8791882) Eacute possiacutevel que o segurado possua quando do requerimento de concessatildeo apenas direito agrave aposentadoria em um dos Estados Acordantes o que natildeo impede a concessatildeo proporcional 6 Os valores corresponde a cada entidade gestora (Brasil e Argentina) seratildeo resultantes da proporccedilatildeo estabelecida entre o periacuteodo totalizado e o tempo cumprido sob a legislaccedilatildeo de seu proacuteprio Estado vedada a concessatildeo de benefiacutecio com valor inferior a um salaacuterio miacutenimo (art XII a do Decreto ndeg 8791882 bem como do art 201 sect 2deg) 7 Natildeo eacute de competecircncia deste juiacutezo verificar o direito do autor agrave aposentadoria na Repuacuteblica Argentina pela impossiacutevel de sua condenaccedilatildeo ao pagamento em decorrecircncia das imunidades de jurisdiccedilatildeo e execuccedilatildeo insuperaacuteveis no caso O proacuteprio Acordo Bilateral de Seguridade Social do Brasil e da Argentina (Decreto ndeg 8791882) determina que o exame de meacuterito - do direito agrave aposentadoria - caberaacute independentemente a cada Estado Acordante natildeo se podendo questionar a decisatildeo de aposentadoria 8 O tracircmite do pedido de aposentadoria na Argentina deve ocorrer atraveacutes dos Organismos de Ligaccedilatildeo (Art 1 d do Decreto ndeg 572206 cc art 2 ndeg 3 da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) com o estabelecimento de regras para 9apresentaccedilatildeo por meio deles de solicitaccedilotildees ao outro paiacutes Acordante quanto agraves prestaccedilotildees pecuniaacuterias (Tiacutetulo VI da regulamentaccedilatildeo administrativa do Acordo de Seguridade Social do Mercosul) ACOacuteRDAtildeO Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade determinar a implantaccedilatildeo do benefiacutecio dar parcial provimento ao apelo do autor parcial provimento ao apelo do INSS e parcial provimento agrave remessa oficial nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado Porto Alegre 11 de fevereiro de 2010

Desembargador Federal Luiacutes Alberto dAzevedo Aurvalle Relator

101

ACOacuteRDAtildeO 4

APELACcedilAtildeO CIacuteVEL Nordm 20097299002600-9SC

RELATOR JUIZ FEDERAL LORACI FLORES DE LIMA

APELANTE INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

ADVOGADO Procuradoria-Regional do INSS

APELADO NELSI KOCH

ADVOGADO Eloa Fatima Daneluz

EMENTA

PREVIDENCIAacuteRIO E PROCESSUAL CIVIL APOSENTADORIA POR IDADE RURAL ECONOMIA FAMILAR ATIVIDADE EXERCIDA NO PARAGUAI INVERSAtildeO DO OcircNUS DE SUCUMBEcircNCIA 1 Satildeo requisitos para a concessatildeo do benefiacutecio ruriacutecola por idade a comprovaccedilatildeo da qualidade de segurado especial a idade miacutenima de 60 anos para o sexo masculino ou 55 anos para o feminino bem como a carecircncia exigida na data em que implementado o requisito etaacuterio sem necessidade de recolhimento das contribuiccedilotildees (art 26 III e 55 sect2ordm da LBPS) 2 Admitem-se como iniacutecio de prova material do efetivo exerciacutecio de atividade rural em regime de economia familiar documentos de terceiros membros do grupo parental (Suacutemula 149 STJ) 3A parte autora natildeo faz jus ao benefiacutecio de aposentadoria por idade porque embora tenha implementado o requisito etaacuterio natildeo demonstrou o reconhecimento da atividade rural segundo a Lei vigente no Paraguai aonde o serviccedilo teria sido prestado O fato do Brasil natildeo exigir o recolhimento de contribuiccedilotildees para o segurado especial que exerce a atividade rural em regime de economia familiar natildeo impede o Paraguai de o fazecirc-lo 4Tendo em vista a inversatildeo do ocircnus da sucumbecircncia deveraacute a parte autora arcar com as custas processuais e honoraacuterios advocatiacutecios ao patrono da parte adversa fixados em R$ 46500 (quatrocentos e sessenta e cinco reais)

ACOacuteRDAtildeO

Vistos e relatados estes autos em que satildeo partes as acima indicadas decide a Egreacutegia Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ordf Regiatildeo por unanimidade dar provimento agrave apelaccedilatildeo e ao agravo retido nos termos do relatoacuterio votos e notas taquigraacuteficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado

Porto Alegre 12 de janeiro de 2010

LORACI FLORES DE LIMA

Relator

102

ANEXO 4

Formulaacuterios de Solicitaccedilatildeo Deslocamento Temporaacuterio e Prorrogaccedilatildeo do

Deslocamento Temporaacuterio

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