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A Produção hidroeléctrica em Portugal: O futuro do sistema hidroelétrico português 2016/2017 1ºsemestre Supervisor: Prof. Francisco Piqueiro Monitora: Ana Machado Trabalho realizados pelos alunos de MIEC Carolina Cardoso [email protected] Eduardo Silva [email protected] Francisco Valente up201604116 @fe.up.pt Ivo Castro up201606815 @fe.up.pt João Bastos [email protected] Miguel Neves [email protected]

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A Produção hidroeléctrica em Portugal:

O futuro do sistema hidroelétrico português

2016/2017 1ºsemestre

Supervisor: Prof. Francisco Piqueiro Monitora: Ana Machado

Trabalho realizados pelos alunos de MIEC

Carolina Cardoso [email protected]

Eduardo Silva [email protected] Francisco Valente [email protected] Ivo Castro [email protected] João Bastos [email protected] Miguel Neves [email protected]

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Resumo No âmbito da unidade curricular, Projeto FEUP, foi nos proposto que

abordá-se-mos o sistema hidroelétrico em Portugal, o seu estado atual e as várias

possibilidades de como se desenvolverá no futuro. Inicialmente, irá ser apresentado o

funcionamento de um aproveitamento hidroelétrico, os atuais aproveitamentos e as

vantagens e desvantagens da produção hidroelétrica.

De seguida, com o objetivo de apresentar uma previsão mais correta da

produção hidroeléctrica em Portugal no futuro, será feito o enquadramento da

produção hidroelétrica no sistema produtor elétrico nacional, atualmente, bem como

a exposição das principais linhas de desenvolvimento a projetar num futuro próximo,

com especial foco no Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial

Hidroelétrico. Para concluir, abordar-se-á a política adotada por Portugal, até aos dias

de hoje, no desenvolvimento da produção hidroelétrica, bem como os planos e

previsões futuras capazes de dar ao nosso país a independência e autonomia

energética que tanto precisa para o desenvolvimento económico.

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Índice

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Lista de Figuras

Figura 1 - Esquema ilustrativo das transformações de energia que ocorrem num

aproveitamento hidroelétrico;

Figura 2 – Aproveitamento hidroelétrico de Castelo do Bode (exemplo de um

aproveitamento com albufeira);

Figura 3 -Aproveitamento hidroelétrico do Carrapatelo (exemplo de um

aproveitamento a fio d'água);

Figura 4 – Aproveitamento hidroelétrico de Miranda do Douro;

Figura 5 - Mapa da localização do aproveitamento de Miranda do Douro;

Figura 6- Aproveitamento hidroelétrico do Alto Lindoso;

Figura 7- Perspectiva do aproveitamento hidroeléctrico do Alto Lindoso;

Figura 8- Aproveitamento hidroelétrico do Caldeirão;

Figura 9- Mapa da localização dos 10 aproveitamentos estabelecidos pelo

PNBEHP;

Figura 10- Grelha com as localizações dos 10 aproveitamentos estabelecidos

pelo PNBEHP;

Figura 11- Aproveitamento hidroelétrico de Gaviões;

Figura 12- Aproveitamento hidroelétrico do Baixo Sabor;

Figura 13- Aproveitamento hidroelétrico de Foz Tua;

Figura 14- Aproveitamento hidroelétrico de Venda Nova III (fase de construção

para implementação do reforço de potência);

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Introdução

A água é um recurso renovável e essencial para a vida humana e animal, que

pode ser utilizada para diversos fins, nomeadamente no consumo doméstico,

industrial e paralelamente para produção de energia. Este último surge não só pela

necessidade do Homem de corresponder ao desenvolvimento industrial e económico

da sociedade, mas também pela ambição do mesmo em progredir tecnologicamente e

ser capaz de apresentar, para o nosso planeta, alternativas energéticas

ecologicamente sustentáveis.

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1. Energia Hídrica

A energia hídrica é uma energia renovável e limpa utilizada há já milhares

de anos pelas civilizações antigas, que tiravam partido do relevo dos solos para

levar a água até aos seus campos agrícolas. Nos dias de hoje, a energia hídrica tem

como principal finalidade a produção de energia eléctrica através dos chamados

aproveitamentos hidroeléctricos.

1.1 Aproveitamento Hidroelétrico

Um aproveitamento hidroelétrico trabalha com base em

princípios simples. Por meio de uma barragem, a água de um rio é retida

num reservatório e depois conduzida por um circuito hidráulico até à

central. Este circuito tira partido da diferença de nível entre o

reservatório e a central para transformar a energia potencial gravítica,

contida na água armazenada na albufeira, em energia cinética.

Na central hidroelétrica, a água em movimento é aproveitada

para mover as pás das turbinas hidráulicas, o que transforma a energia

cinética do fluxo de água em energia mecânica. A energia mecânica das

turbinas, por meio de um alternador, é convertida em energia elétrica.

Figura 1

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O potencial hidroelétrico de uma central está assim diretamente

relacionado com a diferença de nível entre a albufeira e o rio na

restituição e com o caudal de água que passa pela turbina. Desta forma,

conclui-se que para diferentes cursos de água existam diferentes

aproveitamentos.

Em Portugal existem três tipos de aproveitamentos

hidroelétricos: os aproveitamentos com albufeira, os aproveitamentos a

fio d’água, e os aproveitamentos com albufeira e bombagem.

Os primeiros são caracterizados por possuírem uma grande

capacidade de armazenamento de água, criada pela barragem junto à

central. Desta forma, grandes quantidades de água são contidas nos

meses mais húmidos do ano para posteriormente serem utilizadas na

produção de energia hidroelétrica nos meses mais secos do ano.

Os aproveitamentos a fio d'água localizam-se em cursos de água

com declive pouco acentuado e com caudais inconstantes. As

instalações hidroelétricas para este tipo de aproveitamento, ao

contrário dos aproveitamentos com albufeira, não possuem um grande

reservatório, sendo a água turbinada à medida que o nível de afluência

da mesma o justifica.

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Relativamente aos aproveitamentos com albufeira, as centrais

com bombagem são semelhantes às centrais convencionais; diferindo

apenas no facto de que nas centrais com bombagem é também possível

efetuar o bombeamento de água de um reservatório a uma cota inferior

para um reservatório de cota superior. Nos períodos de maior consumo

a água contida na albufeira a montante é utilizada para produção de

energia elétrica. Nos períodos de menor consumo a água volta a ser

bombeada de jusante para montante.

Este tipo de aproveitamentos hidroelétricos apresentam

vantagens e desvantagens. De entre os aspetos positivos destaca-se a

grande flexibilidade de operação. As centrais com bombagem tem a

capacidade de entrarem em serviço em poucos minutos quando se

verifica períodos de aumento de consumo. Isto porque, ao estarem

equipadas com mecanismos de bombagem não dependem dos caudais

disponíveis. No entanto, estes aproveitamentos apresentam também

algumas limitações. Desde logo, são necessários dois reservatórios com

uma diferença de cotas elevada o que limita a escolha da localização de

implementação. Além disso, a construção de um aproveitamento deste

tipo requer custos iniciais elevados assim como um longo tempo para a

conclusão da obra.

1.2 Vantagens e desvantagens da produção hidroelétrica

Dentro do grupo das energias renováveis e sustentáveis, a

produção de hidroeletricidade é considerada, atualmente, um dos

processos mais eficientes e menos poluidores de produção de energia.

No entanto, não deixa de ter os seus aspetos positivos e negativos.

Relativamente às vantagens, destaca-se a elevada fiabilidade na

resposta às variações da procura (armazenamento de energia permite

um uso de acordo com a necessidade do consumidor) bem como o

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baixo custo de produção. Além disso, a construção de uma central

hidroelétrica proporciona o desenvolvimento local por meio do

estabelecimento de vias fluviais, da construção de vias de comunicação

e de abastecimento local público.

Por outro lado, das desvantagens destacam-se os efeitos no

ecossistemas fluviais, adjacentes aos aproveitamentos hidroelétricos, e

nas populações ribeirinhas. A construção de um aproveitamento

hidroelétrico exige a formação de um grande reservatório de água que

acaba por resultar não só na erosão dos solos a jusante da barragem

mas também na deslocação das populações a montante da barragem.

Além disso, os custos de instalação são bastante elevados.

De facto, os efeitos no ecossistema, associados à construção de

um aproveitamento hidroelétrico, não podem ser eliminados mas

podem ser reduzidos. Isto poderá ser alcançado através de uma análise

prévia e rigorosa do local de forma a proteger, principalmente, o curso

natural dos rios. Desta forma, poderá-se-á reduzir o impacto ambiental

dos aproveitamentos hidroelétricos apenas à fase de construção e de

desenvolvimento das obras.

2. Atuais aproveitamentos hidroelétricos portugueses

Em Portugal Continental existem cerca de 250 grandes barragens , sendo que

as destinadas principalmente à produção hidroeléctrica estão localizadas , sobretudo,

a Norte do país, nomeadamente, na zona do Douro. Isto deve-se ao facto de se

registarem maiores valores de precipitação nesta zona do país do que na zona Sul,

onde as barragens destinam-se , maioritariamente para abastecimento público.

2.1 Sistema Douro

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Este sistema engloba diversos aproveitamentos na bacia hidrográfica do

Douro nacional e do Douro internacional ou fronteiriço.

O conjunto tem uma potência instalada de 1926 MW com uma

produtividade média anual de 5816,7 milhões de kWh, o que representa cerca

de 14% do consumo médio anual do país.

Estes empreendimentos estão equipados com eclusas de navegação

tendo assim contribuído para a navegação no Douro. Contribuíram também

para a melhoria da circulação rodoviária e para o desenvolvimento regional,

nomeadamente através do desenvolvimento de actividades de turismo e lazer.

Aproveitamento hidroelétrico de Miranda

O aproveitamento hidroelétrico de Miranda é o primeiro e mais

setentrional dos três centros electroprodutores nacionais localizados no

troço internacional do rio Douro (sendo os outros dois Picote e

Bemposta). É um aproveitamento hidroelétrico a fio d'água, com 369

MW de potência instalada, cuja exploração se iniciou em 1960. O

aproveitamento situa-se no Parque Natural do Douro Internacional,

localizando-se a barragem (principal infra-estrutura hidráulica do centro

electroprodutor) na freguesia de Miranda do Douro, distrito de

Bragança. A produtibilidade média anual do aproveitamento de Miranda

é de 879 GWh.

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Figura 5

2.2 Sistema Cávado-Lima

Este sistema engloba os aproveitamentos hidroeléctricos das bacias

hidrográficas do rio Cávado (rios Cávado, Rabagão e Homem) e do rio Lima.

O conjunto tem uma potência instalada de 1093 MW com uma

produtividade anual média de 2557 milhões de kWh, o que representa cerca de

6% do consumo médio anual do país.

Estes aproveitamentos contribuíram para a regularização dos

caudais,para a melhoria das ligações rodoviárias e para o desenvolvimento do

turismo na região.

Aproveitamento hidroelétrico do Alto Lindoso

O aproveitamento hidroelétrico do Alto Lindoso é o de maior

potência instalada existente em território nacional, e caracteriza-se pela

capacidade de rápida entrada em serviço (cerca de 90 seg.), tendo em

conta a sua elevada potência. É um aproveitamento hidroelétrico com

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albufeira, com 630 MW de potência instalada, e que entrou em serviço

em 1992. É constituído por uma barragem, um circuito hidráulico, uma

central e a albufeira, no rio Lima, junto à fronteira com Espanha. O

aproveitamento situa-se no Parque Nacional da Peneda-Gerês,

localizando-se a barragem na freguesia do Lindoso, distrito de Viana do

Castelo. O aproveitamento tem uma produtibilidade média anual de

909,6 GWh.

2.3 Sistema Tejo – Mondego

Este sistema engloba os aproveitamentos das bacias hidrográficas do

Tejo e do Mondego. O conjunto tem uma potência instalada de 884 MW com

uma produtividade média anual de 1579,7 milhões de kWh, o que representa

cerca de 4% do consumo médio anual do país.

Estes aproveitamentos, pela regularização dos caudais, pela melhoria

das ligações rodoviárias e pela criação de grandes lagos artificiais, permitiram o

desenvolvimento regional e o incremento do turismo.

Aproveitamento hidroelétrico do Caldeirão

O aproveitamento hidroelétrico do Caldeirão, que entrou em

serviço em 1994, é um aproveitamento com albufeira, que se localiza na

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ribeira do Caldeirão, um afluente da margem direita do rio Mondego. A

barragem, que constitui a principal infraestrutura hidráulica deste

aproveitamento, está localizada na freguesia de Pêro Soares, concelho e

distrito da Guarda.

A central, o edifício de comando e a subestação localizam-se na

margem direita do rio Mondego, a cerca de 650 m a jusante da foz da

ribeira do Caldeirão, um pouco a jusante da ponte da Mizarela, na

freguesia de Vila Soeiro, concelho da Guarda. A central tem um único

grupo gerador, com a potência de 40 MW, equipado com uma turbina

Francis de eixo vertical.

A produtibilidade média anual do aproveitamento do Caldeirão

é de 47 GWh.

3. Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico

O Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroelétrico

(PNBEPH) foi lançado pelo governo e aprovado em dezembro de 2007. O governo teve

como objetivo para este plano, a redução da dependência energética nacional e a

redução das emissões de CO2, definindo metas de aumento da potência hidroelétrica

instalada. Com o objetivo de beneficiar do potencial hidroeléctrico nacional ainda por

explorar, o PNBEPH estabeleceu rigorosos critérios de seleção dos locais para

implantação de novos grandes aproveitamentos hidroeléctricos. A meta estabelecida

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pelo governo para 2020 era superar os 7000 MW de potência hidroelétrica instalada.

Com esse objetivo, foi analisado um conjunto de 25 aproveitamentos hidroelétricos,

previamente inventariados pela REN, dos quais foram selecionados 10 para serem

executados no período 2007 – 2020.

Figura 9

Aproveitamentos Bacia Hidrográfica Rio

Foz Tua Douro Tua

Fridão Douro Tâmega

Padroselos Douro Beça/Tâmega

Gouvães Douro Torno/Tâmeg

a

Daivões Douro Tâmega

Alto Tâmega Douro Tâmega

Almourol Tejo Tejo

Pinhosão Vouga Vouga

Girabolhos Mondego Mondego

Alvito Tejo Ocreza

Figura 10

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A selecção dos aproveitamentos hidroeléctricos considerados prioritários,

baseou-se numa análise multicritério, considerando e ponderando de uma forma

integrada componentes ambientais, sociais e económicas. Os critérios utilizados foram

nomeadamente o potencial hidroeléctrico do aproveitamento, a optimização do

potencial hídrico da bacia hidrográfica em que o aproveitamento se localiza, os

conflitos e condicionantes e por fim a ponderação energética, sócio-econômicos e

ambientais. É de destacar que para os aproveitamentos seleccionados para integrar o

PNBEPH não foi estabelecido um ordenamento ou calendarização específicos para a

sua realização, dado que todos serem igualmente importantes para o cumprimento

das metas de potência total instalada estabelecidas, que só pode ser atingida pela

realização da totalidade desses aproveitamentos.

Relativamente ao estado atual do PNBEPH, nem todos os empreendimentos

continuam programados. Desde logo a barragem de Padroselos não avançou devido à

reprovação na Avaliação de Impactes Ambientais. Além disso, não houve candidaturas

para Almourol e Pinhosão e a barragem do Alvito foi suspensa pela EDP. De seguida, o

aproveitamento de Girabolhos, concessionado pela Endesa, ainda iniciou a primeira

fase de construção, sendo feita a abertura de caminhos e instalação de estaleiros, mas

o projeto foi cancelado pela empresa. Por sua vez, o aproveitamento do Fridão,

entregue à EDP, foi adiado por 3 anos até futura avaliação. Dos dez projetos iniciais,

restam somente quatro. Até ao momento, só a barragem de Foz Tua (EDP) avançou e

deverá estar operacional ainda este ano. As restantes três barragens, de Gouvães, Alto

Tâmega, e Daivões, situadas no Tâmega e concedidas à Iberdrola, tinham uma previsão

de arranque no início de 2015 mas tal não aconteceu. Todas estas têm autorização

para avançar mas só o aproveitamento de Daivões é que tem um projeto concreto. A

Iberdrola adjudicou a construção da barragem de Daivões à Ferrovial por 91 milhões

de euros. O prazo de execução é de quatro anos e meio.

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Figura 11

4. Linhas de desenvolvimento do sistema hidroelétrico a projetar e implementar num futuro próximo

4.1 Barragem do Baixo Sabor

A concessão da barragem do Baixo Sabor teve início em 2011 e

encontra-se em construção, devendo entrar em serviço ainda no ano de

2016. Este projeto contabilizava, até ao ano de 2013, um investimento

de 625,3 milhões de euros. A central terá um potência de 189 MW e

permitirá evitar por ano emissões de CO2 na ordem dos 1037 kt.

O aproveitamento hidroeléctrico do Baixo Sabor será constituído

por dois escalões. A albufeira criada pelo escalão de Montante irá

estender-se ao longo de 60 km, desde a zona da barragem até cerca de

5,6 km a jusante da confluência do rio Maçãs com o rio Sabor, ocupando

áreas dos concelhos de Torre de Moncorvo, Alfândega da Fé,

Mogadouro e Macedo de Cavaleiros. A albufeira criada pelo escalão de

Jusante, com uma extensão de cerca de 9,6 km, irá ficar compreendida

entre as duas barragens, localizando-se no concelho de Torre de

Moncorvo.

Esta albufeira, situada na chamada “ Cascata do Tâmara”, mais do que

duplica a capacidade de armazenamento português de água no Douro.

O aproveitamento será equipado com grupos reversíveis, possibilitando

uma melhor gestão da produção apoiada pela sua localização

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estratégica, que permite optimizar a produção de toda a cascata do

Douro a jusante.

4.2 Barragem de Foz Tua

O aproveitamento de Foz Tua situa-se no rio Tua, afluente da

margem direita do rio Douro, a cerca de 1,1 km da confluência destes

dois rios. A barragem está situada no concelho de Alijó - distrito de Vila

Real (encontro da margem direita) e no concelho de Carrazeda de

Ansiães - Distrito de Bragança (encontro da margem esquerda). A sua

albufeira abrangerá ainda os concelhos de Murça, Vila Flor e Mirandela.

Este aproveitamento será constituído por um só escalão com

uma cota de exploração de 170 metros. Na central hidroeléctrica está

previsto instalar dois grupos reversíveis com uma potência total de 270

MW, sendo a produção anual de 667 GWh. Estima-se que o valor do

investimento estimado para a construção da central e das respectivas

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infra-estruturas hidráulicas seja de cerca de 370 milhões de euros. Este

projeto irá contribuir para a criação de 4 mil postos de trabalho. Ainda

em 2016, a barragem estará operacional.

4.3 Venda Nova III

A nova central hidroeléctrica de Venda Nova III corresponde a

um investimento de cerca de 320 milhões de euros. A nova central

aumentará a potência da central existente para 781 MW, contabilizando

uma produção média anual de 1441 GWh. Este aproveitamento, já com

o aumento de potência, deverá começar a produzir para a rede em 2016

e evitará por ano a emissão de 1000 kt de CO2.

Esta unidade será constituída por uma central subterrânea, um

circuito hidráulico em túnel e diversos poços e túneis auxiliares e de

acesso. A central será equipada com dois grupos de geradores

reversíveis que serão alimentados pelo novo circuito hidráulico com

capacidade para um caudal de 200 m³/s.

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5. Enquadramento da produção hidroelétrica no sistema produtor elétrico nacional atualmente e a previsão para o futuro

Atualmente, uma considerável parte da energia utilizada em Portugal tem

origem nos recursos hídricos. Em 2016, dos meses de janeiro a março, a energia

hídrica representou mais de 40% da eletricidade consumida em Portugal Continental

(APREN - Associação Portuguesa de Energia Renováveis). A grande importância do

sector hídrico no panorama nacional de consumo de energia é evidenciada pelo

exponencial crescimento da potência hídrica no território nacional. Em 1950, a

potência instalada era de 195 MW, em 2016, atingiu valores superiores a 6000 MW e

prevê-se que a mesma seja superior a 7000 MW em 2020, correspondente a um

aproveitamento de cerca de 70% do potencial hidroelétrico nacional que se encontra

distribuído por todo o território nacional, com maior incidência no norte e centro do

país. Nesta região destaca-se a bacia hidrográfica do Douro como a maior fonte de

recursos hídricos do país. No ano de 2015, a bacia foi responsável por mais de 50% da

produção hídrica do país (DGEG, 2015). Deste modo, é evidenciada a sua viabilidade e

importância para o futuro da produção de energia hidroeléctrica em Portugal.

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A construção de novas barragens, bem como o reforço de potência instalada

são o reflexo da política energética seguida em Portugal no âmbito de desenvolver a

produção hidroelétrica e as diversas energias renováveis, com o objetivo de continuar

a reduzir a dependência energética portuguesa. Em 2005, a dependência energética

rondava os 88% (seria de 91% sem as energias renováveis) e neste ano, atingiu os 71%

(seria de 84% sem as energias renováveis). Prevê-se que em 2030, a dependência

energética de Portugal seja de 65% (84% sem as energias renováveis).

Para finalizar, perspetiva-se que no ano de 2040 as fontes de energia

renováveis constituem a totalidade das fontes produtoras de eletricidade em Portugal

Continental.

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Conclusão Portugal é um dos países da União Europeia com maior potencial hídrico por

explorar e com maior dependência energética do exterior.

Com a realização deste trabalho, concluiu-se que uma aposta contínua na

implementação de novas linhas de desenvolvimento do sistema hidroelétrico é um

passo fundamental para diminuir a dependência energética de Portugal, isto é, reduzir

a importação de energia, de forma a equilibrar a balança comercial e garantir a

autonomia energética do nosso país.

Além disso, concluiu-se que a energia hídrica, no nosso país, é um setor que

contribui para o desenvolvimento económico e regional e, consequentemente, para a

formação de um futuro sustentável.

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