a produÇÃo em histÓria da educaÇÃo no brasil em … · o estudo ora apresentado se abre para...
TRANSCRIPT
A PRODUÇÃO EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL EM TRÊS PERIÓDICOS: PERSPECTIVAS COMPARADAS
Jaime Francisco Parreira Cordeiro Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
Palavras-chave: imprensa periódica, história da educação; historiografia
Objetivos
Desde 2001, a entidade que proclama congregar os historiadores da educação brasileiros, a
Sociedade Brasileira de História da Educação, vem editando a Revista Brasileira de História da
Educação, que alcançou o seu nº 15 em 2008. Além dela, outras importantes publicações não
especializadas na área, como a Revista Brasileira de Educação, da ANPEd, e a Revista Brasileira de
História, da ANPUH, têm divulgado artigos que expõem resultados das investigações realizadas no país
no âmbito da História da Educação. Esta comunicação tratará de apresentar os resultados preliminares
de uma investigação que vem sendo realizada com base nos artigos publicados na Revista, com o
objetivo de situar o papel da publicação e da sua entidade mantenedora na estruturação do campo
historiográfico brasileiro, tanto nos embates com os historiadores tout court, quanto nas tentativas da
Sociedade e da Revista de se firmarem como os principais atores do sub-campo estrito da História da
Educação.
Procura-se, aqui, entender essa Revista como espaço de veiculação de um discurso, em certa
medida, prescritivo, que se ocupa de definir as maneiras mais legítimas e adequadas de se produzir a
história da educação no Brasil, com a opção por um conjunto mais ou menos restrito de linhas de
pesquisa, temas prediletos, autores, países e teorias de referência, dentre outros aspectos. Esse caráter
prescritivo se expressa por meio desse conjunto de opções, que resulta em escolhas do que se diz e do
que não se diz, do que se publica e do que não se publica na Revista; escolhas essas que marcam
posições e demarcam territórios específicos no campo intelectual mais amplo e no setor mais específico
ocupado pelos pesquisadores da História e da História da Educação.
O estudo ora apresentado se abre para as perspectivas da história comparada, na medida em
que também pretende contemplar, na continuidade da investigação, a circulação na Revista de modelos
teóricos importados e os diversos modos como se evidenciam as suas formas de apropriação e
adaptação local (Schriewer e Keiner, 1992; Schriewer, 1998; Carvalho e Cordeiro, 2002). Também se
vale, em termos gerais, da noção de campo tal como ela é formulada por Bourdieu (1974, 1983a,
1983b).
2
O título da Revista e as outras Revistas Brasileiras
A Revista Brasileira de História da Educação1 é uma publicação mantida pela Sociedade
Brasileira de História da Educação2, entidade que tem o propósito de congregar os investigadores
brasileiros da área. Essa associação foi fundada em 1999, durante a 22ª Reunião Anual da ANPEd,
reunindo, no ato de sua fundação, o total de 153 sócios fundadores.3 Dois anos depois, em 2001, foi
lançado o primeiro número da Revista, que circulou com 8 artigos de autores estrangeiros, além de 2
resenhas e 2 notas de leitura, sendo essas as modalidades de textos até hoje publicadas. Nas palavras
que apresentam a publicação, dizem os organizadores do periódico:
A Revista Brasileira de História da Educação publica artigos, resenhas e notas de
leitura inéditos no Brasil, relacionados à história e historiografia da educação, de
autores brasileiros ou estrangeiros, escritos em português ou espanhol, reservando-se o
direito de encomendar trabalhos e compor dossiês. Os artigos devem apresentar
resultados de trabalhos de investigação e/ou de reflexão teórico-metodológica. As
resenhas devem discorrer sobre o conteúdo da obra e efetuar um estudo crítico,
podendo versar sobre textos recentes ou já reconhecidos academicamente. As notas de
leituras devem trazer uma notícia de publicação recente. (RBHE, n.1, p.225)
No caso brasileiro, a História da Educação surge como uma especialização do setor de estudos
sobre a educação, da Pedagogia, enfim, e não como uma especialidade da História e do trabalho dos
historiadores. No período aqui examinado, por exemplo (2000 a 2005), a mais importante publicação de
História do país, a Revista Brasileira de História, trouxe a público apenas 9 artigos com temáticas
ligadas à educação, dos quais 4 se relacionavam ao ensino de História, tema que vem recebendo atenção
da revista desde os números iniciais, já que se liga diretamente ao campo de trabalho dos formados em
História e dos docentes universitários da especialidade. Os objetos e as temáticas da educação não
parecem despertar interesse muito acentuado entre os historiadores de formação, não parecem ser
suficiente nobres ou capazes de oferecer distinção aos pesquisadores que a eles se dedicam.
Isso pode se dever, pelo menos em parte, à marca definidora da pedagogia como atividade
ligada necessariamente às dimensões práticas, de tal modo que as formulações discursivas em torno da
educação, até mesmo as de caráter histórico, costumam – ou costumavam – vir acompanhadas de juízos
de valor e recomendações sobre as boas e as más práticas. Expressando-se como um saber com
interesses pragmáticos muito evidentes, a pedagogia e as diversas modalidades do discurso pedagógico
quase sempre se puseram a tarefa de resolver problemas advindos da prática educativa e, nessa
perspectiva, oferecendo pouca autonomia para investigações de alcance mais amplo ou para reflexões
3
teóricas mais demoradas – o que implica num certo rebaixamento de status, num certo desprestígio
dessa modalidade de pesquisa ou de discurso no campo intelectual.
A constituição de uma associação científica nacional e de um periódico especializado parece
revelar a intenção de emancipar a área dos estudos históricos em educação dessa heteronomia do
discurso pedagógico, expressando sua institucionalização mais efetiva no país. É como se os
pesquisadores da área demarcassem um território específico, particular, recortado na intersecção entre
campos ou subcampos distintos, e que passa a se definir com pretensão de autonomia intelectual,
delineando-se, a partir daí, a possibilidade de determinar, entre os pares, objetos, fontes, problemas e
questões, opções teóricas e metodológicas e formas de avaliação da qualidade das investigações e de
publicação dos seus resultados.
Vidal e Faria Filho (2003), ao descreverem a arqueologia e a genealogia recente do campo da
história da educação no Brasil, caracterizam o surgimento da RBHE como parte de um movimento mais
amplo de vitalização das pesquisas na área e como resultado direto da criação da Sociedade Brasileira
de História da Educação, “fruto de um trabalho de cooperação e articulação dos diversos pesquisadores
e grupos de pesquisas atuantes na área” (p.59). Descrito dessa maneira, o aparecimento da Revista
parece expressar um consenso ou um mínimo equilíbrio de forças entre os diversos grupos em disputa
no campo nesse momento, o que parece não se confirmar pela análise mais detida do que vem sendo
publicado no periódico desde a sua criação.
De qualquer modo, o lançamento da Revista parece indicar uma busca de legitimidade por
parte dos praticantes da história da educação no Brasil, por meio de uma aproximação mais evidente
com o habitus e as práticas dos historiadores em geral.
Hoje pode-se afirmar o contrário, chamando-se a atenção para o alargamento da
interlocução com uma variada gama de disciplinas acadêmicas – sociologia, lingüística,
literatura, política, antropologia, geografia, arquivística – bem como para o fato de a
história da educação ser, ao mesmo tempo, uma subárea da educação e uma
especialização da história. Para os historiadores da educação isto tem significado uma
forma de marcar o seu pertencimento à comunidade dos historiadores, e uma maneira
de reafirmar a identificação de suas pesquisas com procedimentos próprios ao fazer
historiográfico, o que, sem dúvida, vem se afirmando como diferença à prática
enraizada nas Escolas Normais e às preocupações forjadas na aproximação com a
Filosofia (ainda que a separação destes dois campos de conhecimento não se tenha
operado completamente e seja objeto de disputa entre grupos no interior da comunidade
de historiadores da educação). (VIDAL; FARIA FILHO, 2003, p.60)
4
Os mesmos autores reconhecem a existência de pelo menos dois grupos bem definidos que
ocupam importante espaço nas pesquisas em História da Educação no país, desde os anos 1980, que
expressam com certa clareza tanto a ampliação da área de estudos nas últimas décadas no país, quanto o
aumento das tensões, lutas e oposições que se expressam na atuação dos agentes do campo. Um desses
grupos se articula em torno do GT História da Educação, da ANPEd, criado em 1984. Outro, criado em
1986, com o nome de Grupo de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação no Brasil, mais
conhecido pela sigla HISTEDBR, sob a influência de Dermeval Saviani e da Universidade Estadual de
Campinas (SP), põe-se desde a sua fundação, como uma espécie de contraponto à produção do GT da
ANPEd.
Segundo o coordenador geral do HISTEDBR, Dermeval Saviani, em conferência
pronunciada no IV Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e
Educação no Brasil, ocorrido em 1997, o grupo “surgiu, como sugere o seu nome, com
a preocupação de investigar a História da Educação pela mediação da Sociedade, o
que indica a busca de uma compreensão global da educação e seu desenvolvimento.
Contrapunha-se, pois, à tendência que começava a invadir o campo da historiografia
educacional”. Tal “tendência” acima referida é, nas produções do grupo,
constantemente associada ao “paradigma pós-moderno” e à história cultural, e sua
recusa afirma um viés marxista de análise histórica. (VIDAL; FARIA FILHO, 2003,
p.59)
Apesar dessas tensões que marcam internamente a área ou subcampo de pesquisas em História
da Educação no Brasil – ou talvez exatamente por causa delas –, a SBHE passa a editar o seu periódico,
em 2001, com o título de Revista Brasileira de História da Educação. Cabe destacar o termo
“brasileira” dessa denominação. A simples enunciação do nome denota a pretensão dos editores da
publicação de afirmá-la como nacional, como expressão ampla da produção brasileira de mais alta
qualidade. Ou pelo menos, como o lugar mais legítimo da veiculação dos resultados das pesquisas
especializadas na área no país.
As outras revistas aqui tomadas como contraponto também se valem desse termo no título.
Tanto a Revista Brasileira de História quanto Revista Brasileira de Educação são editadas por
entidades nacionais muito amplas e já mais antigas, que congregam um grande número de
pesquisadores das suas especialidades e que têm conseguido, já há algum tempo, se afirmar como
representativas tanto dos historiadores quanto dos pesquisadores da educação, em termos muito amplos.
Trata-se, no entanto, de entidades de caráter bastante distinto: enquanto a ANPEd congrega dentro de si
diversas especialidades, diversos setores de pesquisa e mesmo diversas associações científicas da área, a
ANPUH (já há algum tempo denominada Associação Nacional de História), desde suas origens, no
5
início dos anos 1960, tem procurado se firmar como uma entidade única, como expressão unitária de
todos os historiadores e de todos os pesquisadores e professores de História do país. Embora
recentemente a estrutura dos seus encontros nacionais se venha aproximando dos moldes desenvolvidos
na ANPEd ou em outras associações similares, com a estruturação de GTs ou simpósios especializados,
a ANPUH ainda se põe esse desafio de lidar com a especialização do campo científico sem que se
chegue à pulverização de múltiplas entidades representativas (ANPUH, 1994; Capelato, Glezer e
Ferlini, 1994).
Os autores, o campo e as filiações
Neste trabalho, foram examinados os 10 primeiros números da RBHE, publicados entre os anos
de 2001 e 2005. Tendo em vista a preocupação de compreender as articulações entre o periódico e a
organização do campo educacional brasileiro, decidiu-se não incluir na recolha de dados o n.1, em que
só foram publicados artigos de autores estrangeiros. Assim, foram coletadas informações de um total de
60 artigos, tendo sido também excluídas as resenhas e as notas de leitura, bem como alguns poucos
artigos que são republicações de textos mais antigos e que foram considerados pelos editores como
clássicos na historiografia brasileira da educação. Na análise dos dados obtidos, em algumas situações
particulares da análise a seguir, considerou-se importante separar os autores brasileiros dos estrangeiros,
registrando-se, no caso, 45 artigos escritos por autores brasileiros, 1 em parceria entre Brasil e Portugal
e outros 14 por autores estrangeiros.
No desenvolvimento da pesquisa, vem sendo constituído um banco de dados que reúne as mais
diversas informações presentes nos artigos estudados. Para o atual estudo, foram utilizados os dados
presentes nas referências bibliográficas dos artigos, registrando-se os livros, os artigos de revista, as
teses e dissertações, bem como outras diversas fontes impressas ali mencionas.
Quanto aos livros, notou-se que eles são as principais referências mobilizadas nos 60 artigos
estudados, registrando-se um total de 1002 menções, sendo 459 de autores brasileiros, seguidos por
autores franceses (215 menções), norte-americanos (76 menções), portugueses (46), do Reino Unido
(41), espanhóis (36), italianos (29), mexicanos (28), alemães (23) e argentinos (15) – além de outras
nacionalidades, com menos de 10 menções.
Quando se examinam apenas os artigos escritos por autores brasileiros (que mencionam um
total de 722 livros), esses números se alteram um pouco: Brasil – 60%; França – 17,9%; EUA – 7,9%;
Reino Unido – 2,9%; Itália – 2,2%; Espanha – 2,1%; Alemanha – 1,9%; Portugal – 1,5%. Há
nitidamente uma concentração maior dos autores brasileiros na bibliografia nacional, enquanto a
menção da bibliografia escrita por autores brasileiros é pouco presente nos autores estrangeiros que
6
publicam na Revista (apenas 9,3% de 280 menções a livros). Nesses últimos, predominam França
(30,8% das menções) e Portugal (12,5%).
Isso se deve, dentre outras razões, à preferência dos artigos por temas ligados à história do
Brasil. Além disso, nota-se pouca abertura a perspectivas comparadas e isso também ajuda a entender a
predominância da bibliografia produzida localmente. Embora seja preciso assinalar que, em vários
casos, os livros citados, embora publicados no Brasil, correspondem a traduções de obras estrangeiras:
entram nesse caso 144 menções a livros, em que predominam autores franceses (69 casos), norte-
americanos (25), do Reino Unido (13) e da Alemanha (12), além de outros com menos de 10 citações.
Embora predomine largamente a leitura e o consumo das obras de autores nacionais, também se lê, em
alguma medida, a produção internacional, em tradução brasileira. Para tanto também contribuem as
editoras portuguesas, de que se puderam localizar 18 menções a obras traduzidas, além de 39 de autores
portugueses.
Quanto às referências que mobilizam artigos de periódicos, contabilizaram-se, no total, 243
menções. No total dos 60 artigos, os periódicos brasileiros superam largamente os demais, com cerca de
68% das menções, sendo que os demais países, individualmente, contam com muito poucas referências.
Os periódicos franceses totalizam 8,6%, sendo que italianos, norte-americanos, espanhóis, belgas,
portugueses, mexicanos e argentinos são os únicos que contabilizam mais de 1 referência.
Nos 45 artigos da RBHE escritos exclusivamente por autores brasileiros, foram referidos 47
autores estrangeiros, sendo mais da metade deles autores franceses (53,2% das referências a
estrangeiros, 14,4% das referências totais). Em seguida, bem atrás, com apenas 9 menções, vêm autores
dos EUA. Já entre os artigos de autores estrangeiros, 37,1% das referências vão para autores franceses,
vindo os italianos (12,8%), espanhóis (10%), argentinos (8,6%) e norte-americanos (7,1%) a seguir.
Nos artigos examinados, foram mencionadas na bibliografia 99 teses, dissertações ou outros
materiais produzidos no âmbito de projetos de investigação tipicamente associados a programas de pós-
graduação. Destas, 91 se referem a trabalhos produzidos no Brasil e 8 a trabalhos estrangeiros. No caso
brasileiro, devido à tradição federativa e regional, é importante agrupar esses trabalhos não apenas pela
instituição de origem, mas também pelo Estado em que ela se localiza.
Nesse caso, pode-se constatar, pela quantidade muito expressiva, o peso nacional dos
programas de pós-graduação do Estado de São Paulo (61,6%) – em especial, os da USP e PUC-SP que
totalizam, somados, 51,5% das menções e, secundariamente, os do Rio de Janeiro, com 19,2%. Isso se
relaciona tanto à história quanto à estrutura atual da pós-graduação em educação no país, que confirma
em termos gerais as grandes desigualdades regionais do país. Quando se implantou a estrutura moderna
da pós-graduação, nos anos 1970, apenas as universidades mais bem aparelhadas e com pessoal docente
mais capacitado é que se habilitaram a implantar programas de Doutorado, que se encarregariam da
formação dos docentes e pesquisadores das demais universidades do país. No caso da área de educação,
7
esses programas de Doutorado se concentraram majoritariamente na região Sudeste e no Sul do país.
Pouco mais tarde, foram se estruturando outros programas, chegando ao Nordeste e ao Centro-Oeste do
país, que, no entanto, continuam se valendo de pessoal formado nos programas mais antigos e
consolidados.4
Tabela 1 – Teses e Dissertações por instituição
Instituição País Total %
USP Brasil 38 38,4
Unicamp Brasil 5 5,1
UNESP Brasil 2 2,0
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
Brasil 2 2,0
Universidade Federal de São Carlos Brasil 1 1,0
PUC-SP Brasil 13 13,1
Estado de São Paulo 61 61,6
UFRJ Brasil 4 4,0
UFF Brasil 6 6,1
UERJ Brasil 3 3,0
PUC-RJ Brasil 6 6,1
Estado do Rio de Janeiro 19 19,2
UFMG Brasil 6 6,1
Estado de Minas Gerais 6 6,1
UFRGS Brasil 1 1,0
Instituição País Total % PUC-RS Brasil 1 1,0
Estado do Rio Grande do Sul 2 2,0
UFBA Brasil 1 1,0
Universidade Federal de Sergipe Brasil 1 1,0
UFPE Brasil 1 1,0
Outros Estados 3 3,0
Columbia University EUA 2 2,0
Brown University EUA 1 1,0
Universidade do Texas EUA 1 1,0
Estados Unidos 4 4,0
Universidade da Extremadura Espanha 1 1,0
Université de Genève Suíça 1 1,0
Université Laval Canadá 1 1,0
Université Louis Pasteur França 1 1,0
Outros países 4 4,0
A menção a teses e dissertações nos artigos pode indicar uma circulação de trabalhos no
interior de determinados grupos de investigadores, que acabam entrando em contato com a produção
dos programas de pós-graduação a que estão vinculados. Essa hipótese encontra alguma sustentação,
como se pode ver na Tabela a seguir, mas a sua confirmação ainda depende de um trabalho mais
refinado de cruzamento de informações.
Tabela 2 – Teses e dissertações X Instituição de origem do autor e do trabalho citado
Instituição de Origem do Autor
Programa de pós citado Total
UFMG 5 UFMG
Unicamp 1 USP 8 Université de Genève 1 UFMG 1 PUC-SP 1
USP
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras 1 PUC-SP 7 USP 5 Columbia University 2 UNICAMP 1
PUC-SP
Brown University 1
8
USP 1 PUC-RJ
PUC-RJ 1 USP 3 UFF 3 UFRJ 2 UERJ 2
UERJ
Universidade do Texas 1
Para melhor entender a constituição do campo educacional brasileiro, tal como ela pode ser
percebida por meio da RBHE, é importante tentar aprofundar a resposta para algumas questões, tais
como: quem são os autores (brasileiros) que escrevem na Revista? Que espaço se abre efetivamente para
os autores estrangeiros, como são selecionados esses artigos, são convidados ou apresentam textos para
avaliação como os autores nacionais precisam fazer? Que vínculos se estabelecem entre os autores que
publicam no periódico, seus organizadores e a própria Diretoria da SBHE?
Diversas dessas questões ainda não puderam ser respondidas com o material até aqui
levantado, mas já se encontram alguns indícios que começam a ajudar no delineamento de algumas
linhas de força presentes no campo. Isso pode ser percebido, por exemplo, quando se examinam as
vinculações institucionais e com os programas de pós-graduação na área educacional que são mantidas
pelos autores publicados na Revista. Dos 46 autores brasileiros que publicaram artigos no período, 17
realizaram sua pós-graduação, seja no Mestrado seja no Doutorado, no Programa de Pós-Graduação em
Educação da FEUSP, orientados pelas seguintes docentes: Marta Carvalho (4); Denice Catani (5); Marli
André (2); Maria Cecília Sanches Teixeira (1); Diana Vidal (5) e Maria Lúcia Hilsdorf (1).
Já na PUC–SP se formaram 4 dos autores dos artigos selecionados, enquanto 5 deles
freqüentaram o programa de pós-graduação da UFMG. Desse modo, constata-se que mais da metade
(26) dos 46 autores brasileiros que tiveram artigos publicados no periódico da SBHE fizeram pós-
graduação em apenas 3 programas de Mestrado ou Doutorado, todos situados na região Sudeste do país.
Os quadros a seguir permitem visualizar a rede de filiações desse grupo de 26 autores, de acordo com os
Programas de Pós-Graduação que freqüentaram e com os seus respectivos orientadores.
9
Quadro 1 – Autores que cursaram o Programa de Pós-Graduação da FEUSP
(Em azul docentes do Programa; em laranja, autor que se tornou orientador no Programa da UFMG)
Quadro 2 – Autores que cursaram o Programa de Pós-Graduação da PUC-SP
(Em verde, docentes do Programa)
Quadro 3 – Autores que cursaram o Programa de Pós-Graduação da UFMG
(Em laranja, docentes do Programa)
10
É possível perceber, assim, que esse grupo majoritário dos autores que publicam na RBHE
estão ligados por meio de uma rede de relações e filiações pessoais e acadêmicas que talvez permita,
depois de uma análise mais acurada, com o uso de outro tipo de fontes (como, p.ex., o Currículo Lattes,
a participação como expositor de trabalhos no GT da ANPEd, a sua inserção e participação nos
Congressos Luso-Brasileiros e Brasileiro de História da Educação), melhor compreender a sua
constituição como grupo e a sua atuação nas várias instâncias do campo educacional e da área
específica da História da Educação.
Também o local de publicação dos livros mencionados nos artigos pode oferecer informações
importantes sobre a circulação desse tipo de impresso nos meios especializados na história da educação
no Brasil e os modos de apropriação e de mobilização dessas referências pelos investigadores dessa área
de estudos. No caso do mercado editorial local, ele se encontra concentrado em poucos lugares do país,
contando com um número mais ou menos restrito de editoras, sendo que mais da metade das referências
citadas nos artigos estudados provêm de publicações de editoras situadas nos Estados de São Paulo e do
Rio de Janeiro.
No caso da bibliografia editada fora do país, nota-se a influência das publicações espanholas e
portuguesas, que fazem circular não apenas o material produzido nesses países, mas também um grande
número de traduções de livros escritos originalmente em inglês, francês ou alemão. Para o caso
espanhol, já se havia assinalado essa importância editorial para o campo educacional brasileiro nos anos
1920-1930 (Carvalho e Cordeiro, 2002). Tal importância parece reiterar-se nos tempos atuais, tanto pela
similaridade lingüística, quanto pelas recentes aproximações, em termos institucionais, das
universidades brasileiras e dos seus investigadores com os centros de pesquisa espanhóis e portugueses
na última década.
Tabela 3 – Livros(com mais de 5 menções) por local de publicação
Local de Publicação Total Brasil
São Paulo 247
Campinas 36
Bragança Paulista 23
SP 306
Rio de Janeiro 148
Petrópolis 20
RJ 168
Porto Alegre 12
Passo Fundo 10
RS 22
Belo Horizonte 46
Brasília 16
Cuiabá 7
Local de Publicação Total Estrangeiro
Madri 37
Barcelona 21
Valência 7
Espanha 65
Lisboa 41
Porto 13
Portugal 54
Paris 98
México 41
Nova York 27
Buenos Aires 19
Londres 8
Cambridge 7
No caso específico do mercado editorial brasileiro, é notável a menção, nos artigos estudados,
de livros publicados por algumas editoras comerciais e universitárias que se vêm constituindo em
importantes veículos de divulgação da produção acadêmica da área educacional. Em certos casos, é
possível notar como determinadas editoras acabam criando vínculos com determinados centros de
pesquisa e veiculando a produção de determinados grupos de investigadores.
Tabela 4 – Livros por Editora – Artigos de autores brasileiros, com pelo menos10 menções
Editora Local de Publicação Menções Editoras Comerciais 260
Autêntica Belo Horizonte 34
Vozes Petrópolis 20
Autores Associados Campinas 18
Melhoramentos São Paulo 17
Companhia das Letras São Paulo 17
Paz e Terra Rio de Janeiro 14
Brasiliense São Paulo 11
Contexto São Paulo 11
Ed. Nacional São Paulo 11
Martins Fontes São Paulo 10
Cortez São Paulo 10
Difel São Paulo 5
Editoras universitárias 80
Edusf Bragança Paulista 20
Ed. da Unesp São Paulo 15
Edusp São Paulo 11
Ed. da FGV Rio de Janeiro 10
Editoras estrangeiras 14
Didier Paris 9
Difel Lisboa 5
Nesse caso, é importante destacar a EDITORA AUTÊNTICA, de Belo Horizonte, que acabou
totalizando 34 menções de livros nesta investigação. Alguns desses livros contaram com a autoria ou
organização de pesquisadores da UFMG, mas também da USP e de outros centros de pesquisa do país.
12
Tabela 5 – Livros da Editora Autêntica
Organizador ou Autor Título Total Lopes, Eliana Marta Teixeira; Faria Filho, Luciano Mendes de; Veiga, Cynthia Greive
500 anos de educação no Brasil 12
Vidal, Diana; Souza, Maria Cecília C. C. de A memória e a sombra: a escola brasileira entre o império e a república
5
Faria Filho, Luciano Mendes de Modos de ler, formas de escrever: estudos de história da leitura e da escrita no Brasil
4
Faria Filho, Luciano Mendes de Educação, modernidade e civilização: fontes e perspectivas de análise para a história da educação oitocentista
3
Faria Filho, Luciano Mendes de A infância e sua educação: materiais, práticas e representações (Portugal e Brasil)
2
Fonseca, Thaís; Veiga, Cynthia Greive História e historiografia da educação no Brasil 1
Evangelista, Aracy Alves Martins A escolarização da leitura literária: o jogo do livro infantil e juvenil
1
Kohan, Walter Infância: entre a educação e a filosofia 1
Silva, Tomaz Tadeu da Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo
1
Galvão, Ana Maria de Oliveira Cordel – leitores e ouvintes 1
Vidal, Diana; Carvalho, Marta Biblioteca e formação docente 1
Cunha, Maria Teresa Santos Armadilhas da sedução: os romances de M. Delly 1
Lopes, Eliane Marta Teixeira A psicanálise escuta a educação 1
34
O mesmo acontece com a EDITORA AUTORES ASSOCIADOS, de Campinas, no Estado de São
Paulo, que contabilizou 18 menções no total. É importante assinalar que essa casa publicadora é
responsável pela edição da própria RBHE, notando-se, assim, a criação de vínculos entre a produção
acadêmica e a indústria editorial, por meio de diversas estratégias empreendidas pelos vários atores
envolvidos – editores, pesquisadores, diretores da SBHE etc.
Tabela 6 – Livros da Editora Autores Associados
Organizador ou Autor Título Total SBHE Educação no Brasil: história e historiografia 5
Faria Filho, Luciano Mendes de Arquivos, fontes e novas tecnologias: questões para a história da educação
3
Saviani, Dermeval História e história da educação: o debate teórico metodológicos atual
2
Monarcha, Carlos Educação da infância brasileira - 1875-1983 1
Machado, Lucília Politecnia, escola unitária e trabalho 1
Rodrigues, José O moderno príncipe industrial: o pensamento pedagógico na Confederação Nacional da Indústria
1
Sá, Nicanor Palhares de; Siqueira, Elizabeth Madureira Leis e regulamentos da Instrução Pública do Império em Mato Grosso
1
Valdemarin, Vera T. Estudando as lições de coisas 1
Saviani, Dermeval Escola e democracia 1
Machado, Lucília Educação e divisão social do trabalho: contribuição para o estudo do ensino técnico industrial brasileiro
1
Reis Filho, Casemiro dos A educação e a ilusão liberal 1
18
13
Trata-se de uma dimensão da organização do campo intelectual que ainda não foi
suficientemente examinada nos estudos que se ocupam desse tema. Na continuidade da investigação,
imagina-se ser possível explorar mais detalhadamente essas relações entre pesquisa, divulgação e
mercado editorial, para poder pensar nas suas implicações sobre a orientação e os resultados da pesquisa
acadêmica brasileira na área.
Circulação de idéias, modelos e correntes teóricas
Outro aspecto da estruturação do campo educacional brasileiro que ainda não foi
suficientemente explorado, pelo menos para o caso da produção mais recente, é o da circulação de
idéias, modelos e correntes teóricas.
Durante a investigação que aqui se descreve , procedeu-se a um levantamento dos autores mais
referidos na bibliografia dos artigos estudados, assinalando-se a presença mais ou menos reiterada de
alguns autores estrangeiros, mas também de alguns nacionais – nesse caso, pesquisadores brasileiros
com atuação na diretoria da SBHE, na edição da RBHE e também nos programas de pós-graduação
responsáveis pela formação acadêmica de grande parte dos autores dos artigos selecionados. Por meio
da categoria do “estrangeiro indígena”, criada por Popkewitz (2002), imagina-se ser possível
aprofundar a análise dessa circulação de pessoas que é, ao mesmo tempo, expressão de uma circulação
de idéia e modelos teóricos, bem como de programas de ação e intervenção nas lutas do campo.
Dos autores estrangeiros situados nesse plano, podem-se citar: Roger Chartier, Michel
Foucault, António Nóvoa e Michel De Certeau. Nota-se aqui a presença de um conjunto de autores que
é, em parte, semelhante ao encontrado por Catani e Faria Filho (2002) na produção divulgada no GT
História da Educação da ANPEd entre 1985 e 2000. Naquele trabalho os autores identificaram uma lista
de 10 autores mais citados como referência teórica: Bourdieu, Chartier, Foucault, Le Goff, Certeau,
Chervel, Marx, Burke, Ariès, Scott. Da lista dos autores citados na RBHE apenas António Nóvoa não
consta da relação estabelecida por Catani e Faria Filho.
Chartier, influência muito presente nos trabalhos da história cultural, encontra significativa
repercussão entre os pesquisadores brasileiros que publicam na Revista da SBHE, tendo sido feitas 35
menções a livros de sua autoria ou por ele organizados, sejam eles nas versões originais, sejam nas
traduções em português. Deles, podem ser destacados A história cultural: entre práticas e
representações e Práticas da leitura, com respectivamente 8 e 5 menções.
Michel Foucault e António Nóvoa totalizam, cada um, 16 menções, enquanto Michel De
Certeau contabiliza 10 referências, destacando-se os livros A escrita da história, com 5 e A invenção do
cotidiano, v.1: Artes de fazer, com 4 menções.
14
Entre os autores brasileiros, Diana Vidal totaliza 13 menções a livros ou capítulos, Marta
Carvalho, 10 e Luciano Mendes de Faria Filho 9. Cabe destacar que esses 3 autores estiveram
envolvidos diretamente na criação da SBHE e da RBHE, seja participando da diretoria da Associação,
seja assumindo diretamente os trabalhos de direção editorial da publicação. Carvalho e Faria Filho
ocuparam, em diferentes momentos, a coordenação do Grupo de Trabalho “História da Educação”, da
ANPEd, a principal associação nacional de educadores e pesquisadores da área, da qual hoje a SBHE é
sócia. Além disso, como já se ressaltou neste trabalho, Vidal, Carvalho e Faria Filho foram orientadores
de trabalhos de Mestrado ou Doutorado de diversos dos autores de artigos publicados na Revista no
período examinado.5
Considerações finais
Os elementos aqui apontados ainda estão pouco articulados e correspondem a um esforço
inicial das informações até aqui coligidas na investigação. Julga-se, no entanto, que já é possível
delinear alguns aspectos significativos da constituição de um setor do campo educacional brasileiro
envolvido com as pesquisas na área da história da educação. Certamente, não se trata do único grupo
presente nesse nicho, mas ele vem encontrando modos eficientes de dar visibilidade a si próprio e à sua
produção científica, ganhando prestígio e ocupando posições importantes nas estruturas e instituições do
campo. A publicação da RBHE é um dos instrumentos utilizados nessas lutas no campo e pretende-se
continuar a investigação, tanto pelo aprofundamento do estudo da própria publicação, quanto pelo
exame das relações que esse grupo vem mantendo com outras instâncias envolvidas nessa disputa –
outras publicações, outros grupos de pesquisa, outras associações acadêmicas, no país e no exterior etc.
15
Referências bibliográficas
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA (ANPUH). Perfil dos programas de pós-graduação em História no país. Revista Brasileira de História, v.14, n.28, 1994, p.271-303.
BOURDIEU, P. Campo de poder, campo intelectual e habitus de classe. In: ____. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 1974.
BOURDIEU, P. Algumas propriedades dos campos. In: ____. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983a.
BOURDIEU, P. O campo científico. In: Pierre Bourdieu: Sociologia. São Paulo: Ática, 1983b.
CAPELATO, M. H. R.; GLEZER, R.; FERLINI, V. L. A. Escola uspiana de História. Estudos Avançados, v.8, n.22, 1994, p.349-58.
CARVALHO, L. M.; CORDEIRO, J. Brasil–Portugal nos circuitos do discurso pedagógico especializado (1920-1935): um estudo histórico-comparado de publicações de educação. Lisboa: Educa: 2002.
CATANI, A. M.; CATANI, D. B.; PEREIRA, G. R. M. As apropriações da obra de Pierre Bourdieu no campo educacional brasileira. RBDE. n.17, p. 63-85, maio/jun./jul./ago. 2001.
CATANI, D. B.; FARIA Filho, L. M. de. Um lugar de produção e a produção de um lugar: a história e a historiografia divulgadas no GT História da Educação na ANPEd (1985-2000), RBDE, n.19, jan./fev./mar./abr. 2002.
SAVIANI, D. A pós-graduação em educação no Brasil: pensando o problema da orientação. Disponível em: http://www.fae.unicamp.br/dermeval/texto2001-3.html. Acesso em 21 mar. 2008.
SCHRIEWER, J. Études pluridisciplinaires et reflexions philosophiques: la structuration du discours pédagogique en France et en Allemagne. Paedagogica Historica, Supplementary Series, v.III, p.57-84, 1998.
SCHRIEWER, J.; KEINER, E. Communication patterns and intellectual traditions in educational sciences: France and Germany. Comparative Education Review, v.36, n.1, p.25-51, fev.1992.
VIDAL, D. G.; FARIA Filho, L. M. de. História da Educação no Brasil: a constituição histórica do campo (1880-1970), Revista Brasileira de História, São Paulo, v.23, n.45, p.37-70, 2003.
ARTIGOS DA REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO – Nº 2 A 10 (2001 A 2005) ARAÚJO, Marta Maria de. Tempo de balanço: a organização do campo educacional e a produção histórico-educacional brasileira e da região nordeste, RBHE, n.5, p., jan./jun. 2003.
BARLETTA, Jacy Machado. Arquivos ou museus: qual o lugar dos acervos escolares?, RBHE, n.10, p., jul./dez. 2005.
BASTOS, Maria Helena Camara. Leituras da ilustração brasileira: Célestin Hippeau (1803-1883), RBHE, n.3, p.67-112, jan./jun. 2002.
BECCHI, Egle. Entre biografias e autobiografias pedagógicas: os diários de infância, RBHE, n.8, p.125-157, jul./dez. 2004.
BENCOSTTA, Marcus Levy Albino. Mulher virtuosa, quem a achará?: o discurso da Igreja acerca da educação feminina e o IV Congresso Interamericano de Educação Católica, RBHE, n.2, p.117-136, jul./dez. 2001.
BONATO, Nailda Marinho da Costa. Os arquivos escolares como fonte para a história da educação, RBHE, n.10, p.193-220, jul./dez. 2005.
BONTEMPI Jr., Bruno. “A educação brasileira e a sua periodização”, RBHE, n.5, p., jan./jun. 2003.
CAMARA, Sônia. A constituição dos saberes escolares e as representações de infância na Reforma Fernando de Azevedo de 1927 a 1930, RBHE, n.8, p.159-180, jul./dez. 2004.
CASTILLO Gómes, Antonio. Historia de la cultura escrita: ideas para el debate, RBHE, n.5, p.93-124, jan./jun. 2003.
16
CELESTE Filho, Macioniro. A reforma universitária e a criação das faculdades de educação, RBHE, n.7, p.160-188, jan./jun. 2004.
CHARTIER, Anne-Marie. Um dispositivo sem autor: cadernos e fichários na escola primária, RBHE, n.3, p., jan./jun. 2002.
CHAVES, Miriam Waindenfeld. A Revista Escola Argentina: reflexões sobre um periódico escolar nos anos 20 e 30, RBHE, n.6, p.59-85, jul./dez. 2003.
CORREIA, António Carlos da Luz; Silva, Vera Lúcia Gaspar da. A lei da escola: sentidos da construção da escolaridade popular através de textos legislativos em Portugal e Santa Catarina - Brasil (1880-1920), RBHE, n.8, p.43-83, jul./dez. 2004.
EDREIRA, Marco Antonio Branco. Monteiro Lobato e seus leitores: livros para ensinar, ler para aprender, RBHE, n.7, p.9-41, jan./jun. 2004.
FARIA Filho, Luciano Mendes de; Rodrigues, José Roberto Gomes. A história da educação programada: uma aproximação da história da educação ensinada nos cursos de Pedagogia em Belo Horizonte, RBHE, n.6, p.159-175, jul./dez. 2003.
FERREIRA, António Gomes. A difusão da escola e a afirmação da sociedade burguesa, RBHE, n.9, p.177-198, jan./jun. 2005.
FLORES Clai, Eduardo. Tiempo y sociedad, en el Real Seminario de Minería, 1792-1821, RBHE, n.8, p.225-242, jul./dez. 2004.
FONSECA, Marcus Vinícius. Educação e escravidão: um desafio para a análise historiográfica, RBHE, n.4, p.123-144, jul./dez. 2002.
GOMES, Maria Laura Magalhães. Diderot e o sentido político da educação matemática, RBHE, n.7, p.75-108, jan./jun. 2004.
GOUVEA, Maria Cristina Soares de. Tempos de aprender: a produção histórica da idade escolar, RBHE, n.8, p.265-288, jul./dez. 2004.
GOUVEA, Maria Cristina Soares de. Mestre: profissão professor(a) - processo de profissionalização docente na Província Mineira no Período Imperial, RBHE, n.2, p.39-57, jul./dez. 2001.
HÉBRARD, Jean. Os livros escolares da Bibliothèque Bleue, RBHE, n.4, p., jul./dez. 2002.
LOPES, Sonia de Castro. Arquivos do Instituto de Educação: suporte de memória da educação nova no Distrito Federal (anos de 1930), RBHE, n.9, p.43-72, jan./jun. 2005.
LÓPEZ, Lucía García. La inspección escolar em México, RBHE, n.3, p.47-65, jan./jun. 2002.
LUGLI, Rosario S. Genta. As representações dos professores primários: estratégia política e habitus professoral, RBHE, n.9, p.231-262, jan./jun. 2005.
MARQUES, Vera Regina Beltrão; Pandini, Sílvia. Feios, sujos e malvados: os aprendizes marinheiros no Paraná oitocentista, RBHE, n.8, p.85-104, jul./dez. 2004.
MARTÍNEZ Moctezuma, Lucía. El aula al exterior: el tiempo de las excursiones escolares en México, 1904-1908, RBHE, n.8, p.183-204, jul./dez. 2004.
MIGNOT, Ana Chrystina Venancio. O carteiro e o educador: práticas políticas na escrita epistolar, RBHE, n.10, p.45-69, jul./dez. 2005.
MOGARRO, Maria João. Arquivos e educação: a construção da memória educativa, RBHE, n.10, p.75-99, jul./dez. 2005.
NASCIMENTO, Adalson de Oliveira. Educação e civismo: movimento escoteiro em Minas Gerais (1926-1930), RBHE, n.7, p.43-73, jan./jun. 2004.
NUNES, Clarice. O ensino da História da Educação e a produção de sentidos na sala de aula, RBHE, n.6, p.115-158, jul./dez. 2003.
OLIVEIRA, Luiz Eduardo Macedo de. Entre a história cultural e a teoria literária: rumo a uma história dos cânones escolares no Brasil, RBHE, n.8, p.105-124, jul./dez. 2004.
PADILLA Arroyo, Antonio. De jóvenes a estudiantes: la forza del tiempo y el orden escolares, RBHE, n.8, p.243-263, jul./dez. 2004.
PAULILO, André Luiz. Saberes bandoleiros: indisciplina e irreverência na produção escolar, RBHE, n.3, p.27-45, jan./jun. 2002.
17
PERES, Eliane Teresinha. Sob(re) o siêncio das fontes.. A trajetória de um apesquisa em história da educação e o tratamento das questões étnico-raciais, RBHE, n.4, p.75-102, jul./dez. 2002.
POPKEWITZ, Thomas S. Reconstituindo o professor e a formação de professores: imaginários nacionais e diferença nas práticas da escolarização, RBHE, n.2, p.59-77, jul./dez. 2001.
REMÉDIOS, Maria José. O jornal católico Novidades: sentido(s) do educar, RBHE, n.6, p.9-27, jul./dez. 2003.
RESENDE, Fernanda Mendes; Faria Filho, Luciano Mendes de. História da política educacional em Minas Gerais no século XIX: os relatórios dos presidentes da Província, RBHE, n.2, p.79-115, jul./dez. 2001.
RIZZINI, Irma. A politicagem na instrução pública da Amazônia imperial: combates à política d’aldeia, RBHE, n.10, p.11-43, jul./dez. 2005.
ROCHA, José Lourenço da. Debates sobre o ensino da matemática na década de 1930, RBHE, n.9, p.199-230, jan./jun. 2005.
RODRIGUES, José dos Santos. Celso Suckow da Fonseca e a sua “História do ensino industrial no Brasil”, RBHE, n.4, p.47-74, jul./dez. 2002.
ROSA, Walkíria Miranda. Instrução pública e formação de professores em Minas Gerais (1825-1852), RBHE, n.6, p.87-113, jul./dez. 2003.
SCHARAGRODSKY, Pablo et al. La educación física argentina en los manuales y textos escolares (1880-1930): sobre los ejercicios físicos o acerca de cómo configurar cuerpos útiles, productivos, obedientes, dóciles, sanos y racionales, RBHE, n.5, p.69-91, jan./jun. 2003.
SCHUELER, Alessandra Frota Martinez de. Combates pelo ofício em uma escola moralizada e cívica: a experiência do professor Manoel José Pereira Frazão na Corte imperial (1870- 1880), RBHE, n.9, p.109-138, jan./jun. 2005.
SILVA, Adriana Maria Paulo da. A escola de Pretextato dos Passos e Silva: questões a respeito das práticas de escolarização no mundo escravista, RBHE, n.4, p.145-166, jul./dez. 2002.
SILVA, Elizabeth Figueiredo de Sá Poubel e. Leowigildo Martins de Mello e a organização da Escola Normal de Cuiabá, RBHE, n.7, p.189-214, jan./jun. 2004.
SILVA, José Cláudio Sooma. Vestígios das influências da cultura e pedagogia norte- americanas no pensamento educacional de Fernando de Azevedo, RBHE, n.9, p.139-175, jan./jun. 2005.
SILVA, Vivian Batista da. Uma história das leituras para professores: análise da produção e circulação de saberes especializados nos manuais pedagógicos (1930-1971), RBHE, n.6, p.29-57, jul./dez. 2003.
SIQUEIRA, Elizabeth Madureira. Reconstituindo arquivos escolares: a experiência do GEM/MT, RBHE, n.10, p.123-152, jul./dez. 2005.
SOUZA, Rosa Fátima de. Tecnologias de ordenação escolar no século XIX: currículo e método intuitivo nas escolas primárias norte-americanas (1860-1880), RBHE, n.9, p.9-42, jan./jun. 2005.
STAPLES, Anne. De cuándo a cuándo: la transformación del calendario escolar en las escuelas mexicanas del siglo XIX, RBHE, n.8, p.205-224, jul./dez. 2004.
TRINDADE, Iole Maria Faviero. A Cartilha Maternal e algumas marcas de sua aculturação, RBHE, n.7, p.109-134, jan./jun. 2004.
VALENTE, Wagner Rodrigues. Arquivos escolares virtuais: considerações sobre uma prática de pesquisa, RBHE, n.10, p.175-191, jul./dez. 2005.
VECHIA, Ariclê. O plano de estudos das escolas públicas elementares na Província do Paraná, RBHE, n.7, p.135-160, jan./jun. 2004.
VEIGA, Cynthia Greive. A produção da infância nas operações escriturísticas da administração da instrução elementar no século XIX, RBHE, n.9, p.73-107, jan./jun. 2005.
VICENTINI, Paula Perin. Celebração e visiblidade: o Dia do Professor e as diferentes imagens da Profissão docente no Brasil (1933-1963), RBHE, n.8, p.9-41, jul./dez. 2004.
VILAS-BÔAS, Ester Fraga. A influência da pedagogia norte-americana na educação em Sergipe e na Bahia: reflexões iniciais, RBHE, n.2, p.9-38, jul./dez. 2001.
WARDE, Mirian. O itinerário de formação de Lourenço Filho por descomparação, RBHE, n.5, p.125-167, jan./jun. 2003.
WISSENBACH, Maria Cristina Cortez. Cartas, procurações, escapulários e patuás: os múltiplos significados da escrita entre escravos e forros na sociedade oitocentista brasileira, RBHE, n.4, p.103-122, jul./dez. 2002.
18
ZAIA, Iomar Barbosa. O lugar do arquivo permanente dentro de um centro de memória escolar, RBHE, n.10, p.153-174, jul./dez. 2005.
ARTIGOS DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DA REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO (2000 A 2005) ARCE, Alessandra. Lina, uma criança exemplar! Friedrich Froebel e a pedagogia nos jardins- de-infância, RBDE, n.20, maio/jun./jul./ago. 2002.
BATISTA, Antônio Augusto Gomes; GALVÃO, Ana Maria de Oliveira; KLINKE, Karina. Livros escolares de leitura: uma morfologia (1866-1956), RBDE, n.20, maio/jun./jul./ago. 2002.
BOTO, Carlota. O Brasil que Portugal escreveu: pedagogia e política sem comemorações, RBDE, n.15, set./out./nov./dez. 2000.
CATANI, Denice Barbara; FARIA Filho, Luciano Mendes de. Um lugar de produção e a produção de um lugar: a história e a historiografia divulgadas no GT História da Educação na ANPEd (1985-2000), RBDE, n.19, jan./fev./mar./abr. 2002.
CUNHA, Luiz Antonio. O ensino industrial-manufatureiro no Brasil, RBDE, n.14, maio/jun./jul./ago. 2000.
CUNHA, Marcus Vinicius da. Ciência e educação na década de 1950: uma reflexão com a metáfora percurso, RBDE, n.25, jan./fev./mar./abr. 2004.
CUNHA, Marcus Vinicius da. John Dewey e o pensamento educacional brasileiro: a centralidade da noção de movimento, RBDE, n.17, maio/jun./jul./ago. 2001.
FARIA Filho, Luciano Mendes de; VIDAL, Diana Gonçalves. Os tempos e os espaços escolares no processo de institucionalização da escola primária no Brasil, RBDE, n.14, maio/jun./jul./ago. 2000.
FRANÇA, Jean Marcel Carvalho. Imagens do Brasil nas relações de viagem dos séculos XVII e XVIII, RBDE, n.15, set./out./nov./dez. 2000.
FREITAS, Marcos Cezar de. Pensamento social, ciência e imagens do Brasil: tradições revisitadas pelos educadores brasileiros, RBDE, n.15, set./out./nov./dez. 2000.
GALVÃO, Ana Maria de Oliveira. Processos de inserção de analfabetos e semi-alfabetizados no mundo da cultura escrita (1930-1950), RBDE, n.16, jan./fev./mar./abr. 2001.
GONÇALVES, Luiz Alberto Oliveira; Silva, Petronilha Beatriz Gonçalves e. Movimento negro e educação, RBDE, n.15, set./out./nov./dez. 2000.
GONDRA, José; GARCIA, Inára. A arte de endurecer “milos moles e cérebros brandos”: a racionalidade médico-higiênica e a construção social da infância, RBDE, n.26, maio/jun./jul./ago. 2004.
HADDAD, Sérgio; DI PIERRO, Maria Clara de. Escolarização de jovens e adultos, RBDE, n.14, maio/jun./jul./ago. 2000.
HOFF, Sandino. Fundamentos filosóficos dos livros didáticos elaborados por Ratke, no século XVII, RBDE, n.25, maio/jun./jul./ago. 2004.
KREUTZ, Lúcio. Escolas comunitárias de imigrantes no Brasil: instâncias de coordenação e estruturas de apoio, RBDE, n.15, set./out./nov./dez. 2000.
KUHLMANN Jr., Moysés. Histórias da educação brasileira, RBDE, n.14, maio/jun./jul./ago. 2000.
LELIS, Isabel. Profissão docente: uma rede de histórias, RBDE, n.17, maio/jun./jul./ago. 2001.
LOPES, Eliana Marta Teixeira. Relações coloniais como relações educativas, RBDE, n.15, set./out./nov./dez. 2000.
MENDONÇA, Ana Waleska P. C.. A universidade no Brasil, RBDE, n.14, maio/jun./jul./ago. 2000. Monte, Nietta Lindenberg. E agora, cara pálida? Educação e povos indígenas, 500 anos depois, RBDE, n.15, set./out./nov./dez. 2000.
MORAES, Carmen Sylvia Vidigal. A normatização da pobreza: crianças abandonadas e crianças infratoras, RBDE, n.15, set./out./nov./dez. 2000.
NUNES, Clarice. O “velho” e “bom” ensino secundário: momentos decisivos, RBDE, n.14, maio/jun./jul./ago. 2000.
NUNES, Clarice. Anísio Teixeira: a poesia da ação, RBDE, n.16, jan./fev./mar./abr. 2001.
PESSANHA, Eurize Caldas; Daniel, Maria Emília Borges; Menegazzo, Maria Adélia. Da história das disciplinas escolares à história da cultura escolar: uma trajetória de pesquisa, RBDE, n.27, set./out./nov./dez. 2004.
19
RATTO, Ana Lúcia Silva. Cenários criminosos e pecaminosos nos livros de ocorrência de uma escola pública, RBDE, n.20, maio/jun./jul./ago. 2002.
SELLES, Sandra Escovedo; ABREU; Martha. Darwin na Serra da Tiririca: caminhos entrecruzados entre a biologia e a história, RBDE, n.20, maio/jun./jul./ago. 2002. Soihet, Raquel. A pedagogia da conquista do espaço público pelas mulheres e a militância feminista de Bertha Lutz, RBDE, n.15, set./out./nov./dez. 2000.
TANURI, Leonor Maria. História da formação de professores, RBDE, n.14, maio/jun./jul./ago. 2000.
VALLE, Lílian do. Bases antropológicas da cidadania brasileira: sobre escola pública e cidadania na Primeira República, RBDE, n.19, jan./fev./mar./abr. 2002.
VEIGA, Cynthia Greive. A escolarização como projeto de civilização, RBDE, n.21, set./out./nov./dez. 2002.
ARTIGOS DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DA REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA (2000 A 2005) ABREU Jr, Laerthe de Moraes. O caderno de recortes sobre educação do "Diario Official do Estado de São Paulo": indícios de cultura material na Escola Primária "Dr. Jorge Tibiriçá" (1930-1947), RBH, São Paulo, v.24, n.48, p.171-188, 2004.
PAULILO, André Luiz. Aspectos políticos das reformas da instrução pública na cidade do Rio de Janeiro durante os anos 1920, RBH, São Paulo, v.23, n.46, p.93-122, 2003.
BOTO, Carlota. Crianças à prova de escola: impasses da hereditariedade e a nova pedagogia em Portugal da fronteira entre os séculos XIX e XX, RBH, São Paulo, v.21, n.40, p.237-264, 2001.
SANTOS, Claudefranklin Monteiro; OLIVA, Terezinha Alves de. As multifaces de "Através do Brasil", RBH, São Paulo, v.24, n.48, p.101-121, 2004.
VIDAL, Diana Gonçalves; FARIA FILHO, Luciano Mendes de. História da Educação no Brasil: a constituição histórica do campo (1880-1970), RBH, São Paulo, v.23, n.45, p.37-70, 2003.
1 Daqui em diante, mencionada como RBHE. 2 Doravante, mencionada como SBHE. 3 http://www.sbhe.org.br/novo/index.php?arq=arq_historico&titulo=Hist%F3rico 4 Em 1976, implantaram-se os primeiros programas de Doutorado em educação (PUC-RJ e UFRGS); em 1977, surgiu o programa da PUC-SP e, no ano seguinte, o da USP. Já em 1980, foram criados os programas da Unicamp e da UFRJ (Cf. Saviani, 2008). 5 Acrescente-se o fato de que Marta Carvalho foi orientadora dos outros dois autores, Diana Vidal e Luciano Mendes Faria Filho, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de São Paulo.