a produção de flores no quênia segundo o filme “um negócio florescente” em uma perspectiva...
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Ensaio-resenha.TRANSCRIPT
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Instituto Federal de Braslia IFB - Campus Planaltina
Curso: Tecnologia em Agroecologia
Disciplina: Vivncias em Agropecuria em Bases Ecolgicas
Professora: Vnia Pimentel
Aluno: Luciano Bernardo Pimentel
Matricula: 643/10
A produo de flores no Qunia segundo o filme Um negcio florescente em uma perspectiva agroecolgica
A explorao de recursos naturais por grandes empresas transnacionais no
de forma alguma algo desconhecido ou novo, a continuidade do que j vem
ocorrendo desde o incio da colonizao das Amricas, frica e sia pelos pases
europeus, e de certa forma algo tido at como aceitvel pela maioria da
populao. No entanto, quando esta explorao assume formas absurdas,
desconhecendo at mesmo os direitos mais bsicos das pessoas, como o direito
liberdade e dignidade, e sem respeitar no mnimo o meio ambiente, tais situaes
podem chocar pelo grau considerado exagerado da explorao.
O filme Um negcio florescente (A Blooming Business, 2009), exibido na II
Mostra Itinerante do Festival de Cinema e Vdeo Ambiental de Gois em Planaltina-
DF no dia 17/09/2010, retrata uma destas situaes, abordando assim assuntos
pertinentes ao estudo da agroecologia.
O documentrio mostra a situao extrema de trabalhadores e ex-
trabalhadores das fazendas de flores do Qunia, nos arredores do lago Naivasha,
que so expostos diariamente ao contato com substncias txicas, sem qualquer
proteo, alm dos abusos por parte dos superiores, demisses injustas e vivendo
em um contexto de servido. As empresas produtoras de flores para exportao
utilizam grande quantidade de pesticidas no cultivo em larga escala, despejando
resduos qumicos no lago, alm do consumo excessivo de gua, seja do mesmo
lago, seja dos poos perfurados para irrigao. Assim, a disponibilidade de gua na
regio comprometida, de uma forma ou de outra, seja pela contaminao das
guas superficiais, seja pela explorao desmedida das guas subterrneas,
afetando at mesmo trabalhadores de outros segmentos, como pescadores, que tm
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seu meio de vida prejudicado pela poluio das guas. preciso notar tambm que
muitos desses trabalhadores so ex-empregados das companhias de flores,
demitidos muitas vezes de forma injusta, como em casos citados no filme de
demisso por questionar os mtodos utilizados, ou por doenas, contradas tambm
pela exposio aos pesticidas.
Do ponto vista da agroecologia, percebe-se que no s o uso de grande
quantidade de produtos txicos que coloca o negcio de flores para exportao no
Qunia como algo contrrio a uma agricultura de bases ecolgicas.
A anlise deve ser em um nvel muito mais profundo, percebendo como so
retirados da populao local seus recursos naturais, para gerar uma riqueza
econmica em uma regio alheia, deixando exauridos e contaminados a terra e a
gua, assim como as pessoas, atacadas em sua energia vital pela explorao. A
sobrevivncia passa a girar em torno das grandes empresas, j que estas tm a
propriedade, mesmo que indevida, dos meios de vida no local. Assim, quem no
trabalha para elas diretamente, ou o faz indiretamente ou tem seu meio de vida
afetado pelo impacto da produo em larga escala no ambiente.
Desta forma, aqueles modos de se trabalhar a terra de forma integrada, o ser
humano com a natureza, podendo ento ser chamado de ecolgicos, pois assumem
a produo agropecuria, o ser humano e o meio natural como parte de um mesmo
ecossistema, so bastante prejudicados, ou mesmo inviabilizados. Se j existissem,
como parte da tradio ancestral do local, aos poucos as pessoas os deixam para
entrar no novo mercado de trabalho, que se torna a nica opo, por um lado, pela
grande vantagem que possuem tais empresas no modo capitalista de sociedade, e
por outro, pela degradao ambiental geradas por estas mesmas empresas, que
acabam por prejudicar qualquer atividade independente.
Para concluir, pode-se perceber que, se situaes como a documentada no
filme Um negcio florescente causam averso pela lgica da explorao levada a
um extremo, por outro lado esta a lgica econmica predominante ainda na maior
parte no mundo. Para evitar que tais absurdos ocorram, e no s que no apaream
s nossas vistas, necessria a transformao do modelo de produo baseado na
explorao de recursos para um modo de produo agropecuria que seja ao
mesmo tempo de bases ecolgicas e que tambm priorize o desenvolvimento rural
local.