a privacao da liberdade em contextos politicos

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A Privacao Da Liberdade Em Contextos Politicos

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  • 1

    CENTRO UNIVERSITRIO CURITIBA FACULDADE DE DIREITO DE CURITIBA

    BRUNA CAROLINA VIEIRA XAVIER

    CAROLINA MENDES MELLO ISABELLE EDITH AGUILAR DA ROSA

    KHARIN THYEMMI YAMANAKA LARISSA SUGANUMA STANGLER MARQUES

    PAULO HENRIQUE PICCIONE

    A PRIVAO DA LIBERDADE EM CONTEXTOS POLTICOS: OS SUPLCIOS DE FOUCAULT COMPARADOS AOS IDEAIS JUSNATURALISTAS

    CURITIBA 2015

  • 2

    BRUNA CAROLINA VIEIRA XAVIER CAROLINA MENDES MELLO

    ISABELLE EDITH AGUILAR DA ROSA KHARIN THYEMMI YAMANAKA

    LARISSA SUGANUMA STANGLER MARQUES PAULO HENRIQUE PICCIONE

    A PRIVAO DA LIBERDADE EM CONTEXTOS POLTICOS: OS SUPLCIOS DE FOUCAULT COMPARADOS AOS IDEAIS JUSNATURALISTAS

    Artigo Cientfico apresentado como requisito parcial obteno de nota na disciplina de Cincia Poltica, do Centro Universitrio Curitiba. Orientador: Professora Karla Pinhel Ribeiro

    CURITIBA 2015

  • 3

    S existe s uma maneira de se evitar as

    crticas: no fazer nada, no dizer nada e

    no ser nada.

    (ARISTTELES)

  • 4

    RESUMO

    O presente artigo objetiva apresentar uma anlise geral da obra Vigiar e Punir Histria da Violncia nas Prises de Michel Foucault. Pretende-se destacar em contextos polticos, principalmente, os suplcios e a privao da liberdade como penalidade, contextualizando e contrapondo com ideais de grandes pensadores jusnaturalistas acerca do tema. No decorrer da obra, Foucault realiza um estudo cientfico acerca da evoluo histrica da legislao penal e respectivos mtodos e meios coercitivos punitivos adotados pelo poder pblico na represso da delinquncia1. Palavras-chave: Foucault, Direito, Relaes Sociais, Violncia, Suplcio.

    1 Disponvel em: . Acesso em: 28 mar. 2015.

  • 5

    ABSTRACT

    This article presents an overview of the work "Discipline and Punish - History of Violence in Prisons" by Michel Foucault. It is intended to highlight in political contexts, especially the torture and deprivation of liberty as a penalty, contextualizing and contrasting with ideals of great natural law thinkers on the subject. During the work, Foucault makes a scientific study on the "historical evolution of criminal law and its methods and punitive coercive ways adopted by the government in the repression of crime".2 Keywords: Foucault, Law, Social Relations, Violence, Torment.

    2 Available in: . Access: 28 March 2015.

  • 6

    SUMRIO

    1 INTRODUO ......................................................................................................... 7

    2 VISO GERAL ......................................................................................................... 8

    3 PRIMEIRA PARTE ................................................................................................... 9

    4 OS SUPLCIOS E PENALIDADES COMO PRIVAO DA LIBERDADE ............ 11

    5 SEGUNDA PARTE ................................................................................................ 14

    6 TERCEIRA PARTE ................................................................................................ 16

    7 QUARTA PARTE ................................................................................................... 19

    8 CONCLUSO ........................................................................................................ 22

    9 REFERCIAS ........................................................................................................ 24

  • 7

    1 INTRODUO

    O presente artigo fruto de uma investigao delineada da obra Vigiar e

    Punir, escrita em 1975 pelo francs Michel Foucault. Esta, retrato de uma pesquisa

    cientfica acerca do desenvolvimento diacrnico da legislao penal e dos mtodos

    punitivos utilizados em represso delinquncia -bem como dos sistemas sociais e

    tericos coadjuvantes s mudanas que se produziram nos mecanismos penais do

    ocidente na modernidade- contribui, de maneira expressiva e significativa para o

    entendimento de que as relaes sociais so, afinco, pautadas por relaes de poder.

    Segundo Roberto Machado, para Foucault no existe algo unitrio ou global

    que chamamos de poder, mas sim, formas dspares, heterogneas em constante

    transformao. O poder visto como uma prtica social e, como tal, constituda

    historicamente, logo, as prticas ou manifestaes de poder variam em cada poca

    ou sociedade. 3

    Observar-se- que a criminalidade, existente e presente na sociedade desde

    seus primrdios, foi, de certa forma, o estopim para a criao e -mais tarde-

    modificao de um sistema judicirio que visa garantir os direitos individuais, coletivos

    e sociais, alm de resolver conflitos entre cidados, entidades e Estado.

    A obra divide-se em 4 grandes partes constitudas por captulos. So elas:

    Primeira Parte (Suplcio); Segunda Parte (Punio); Terceira Parte (Disciplina) e;

    Quarta Parte (Priso) que, por ns, sero externamente desenvolvidas e explicadas.

    Direcionamos o norte deste estudo Primeira Parte da obra, que como

    supracitado, trata dos suplcios: castigos corporais punitivos consecutivos de pena

    de morte que acometem fsica e moralmente o indivduo qual foi submetido4; e a

    privao da liberdade como penalidade. Nesse sentido, procuraremos entender,

    contextualizar e explicar politicamente um pouco mais respeito dos Suplcios

    segundo a viso de Foucault, e tambm de grandes pensadores jusnaturalistas acerca

    do tema.

    Para o resumo das demais partes (ou captulos) da obra, compilamos ao corpo

    do artigo trechos do livro e expresses utilizadas pelo prprio autor.

    3 MACHADO, Roberto. Foucault, a Cincia e o Saber. 03. Ed. Rio de Janeiro, RJ : Jorge Zahar, 2006. 4 BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA, Aurlio. Mini Aurlio, Sculo XXII. 04. Ed. Rio de Janeiro, RJ : Nova Fronteira, 2001.

  • 8

    2 VISO GERAL

    O livro Vigiar e Punir de Michel Foucault, trata de um tema existente h muitas

    dcadas, com o objetivo de uma histria correlativa da alma moderna e de um novo

    poder de julgar; uma genealogia do atual complexo cientifico-judicirio onde o poder

    de punir se apoia, recebe suas justificaes e suas regras, estende seus efeitos e

    mascara sua exorbitante singularidade. Foucault aborda as formas de leis e punies,

    desde o princpio, como os suplcios.

  • 9

    3 PRIMEIRA PARTE

    Os suplcios eram formas de punies contra os condenados: punies que

    eram almejadas e observadas por todos; como uma maneira de mostrar o sofrimento

    fsico, a dor do corpo de formas longas (e, consequentemente, cruis) e o status do

    condenado, faziam variar ainda mais. Era um fenmeno inexplicvel a extenso da

    imaginao dos homens para a barbrie e a crueldade." 5

    O suplcio uma tcnica, e no deve ser equiparado aos extremos de uma raiva sem lei. [...] O suplcio faz correlacionar o tipo de ferimento fsico, a qualidade, a intensidade, o tempo dos sofrimentos com a gravidade do crime, a pessoa do criminoso, o nvel social de suas vtimas. [...] Alm disso, o suplicio faz parte de um ritual. um elemento na liturgia punitiva.6

    Porm, com os anos se passando, as coisas foram relativamente mudando.

    Alguns pases foram retirando essa forma punitiva, como por exemplo na Frana e na

    maior parte dos pases europeus, com a exceo da Inglaterra, todo o processo

    criminal (at a sentena) permanecia secreto: ou seja, opaco no s para o pblico,

    mas para o prprio acusado. Foram surgindo ento, os interrogatrios, novas leis,

    novas justificativas, novas formas de fazer com que o condenado pague pelos seus

    crimes.

    Entretanto, com os interrogatrios se estendendo, foram surgindo novas

    crticas h culpados que tem firmeza suficiente para esconder um crime verdadeiro

    [] e outros inocentes, a quem a fora dos tormentos fez confessar crimes de que

    no eram culpados.7

    Pode-se, a partir da, encontrar o funcionamento do interrogatrio como

    suplicio da verdade.8 grandiosamente diferente as formas de punies de

    antigamente com as de hoje em dia, que podemos perceber pelo simples componente

    de cuidado que temos hoje, cuidados definidos como por exemplo, quando o

    5 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da priso; traduo de Raquel Ramalhete. 25. ed. Petrpolis, RJ : Vozes, 2002. p. 12. 6 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da priso; traduo de Raquel Ramalhete. 41. ed. Petrpolis, RJ : Vozes, 2013. p. 35. 7 FERRIRE, Cl, Dictionnaire de patique. 1740, t II, p. 612. 8 FOUCAULT, op. cit., p. 41.

  • 10

    condenado vai para o corredor da morte, ele tem todo o apoio de um mdico para no

    sentir dor na sua morte, cuidado para que ele morra de uma forma rpida e indolor.

    Desde ento, o escndalo e a luz sero partilhados de outra forma; a prpria

    condenao que marcar o delinquente com sinal negativo e unvoco. A execuo de

    pena vai se tornando autnomo. Os juzes comeam ento com as suas negaes

    tericas, de que o essencial procurar corrigir, reeducar, curar.

    Entretanto, com toda essa mudana, surgem tambm as revoltas em muitas

    prises do mundo.

    Eram revoltas contra toda misria fsica, que duram pouco mais de um sculo: contra o frio, contra a sufocao e o excesso de populao, contra as paredes velhas, contra a fome, contra os golpes. Mas eram tambm revoltas contra as prises-modelos, contra os tranquilizantes, contra o isolamento, contra o servio mdico ou educativo.9

    O suplicio se tornou rapidamente intolervel, tentando eliminar essa

    confrontao fsica entre soberano e condenado, essa vingana do prncipe e a clera

    contida do povo.

    9 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da priso; traduo de Raquel Ramalhete. 41. ed. Petrpolis, RJ : Vozes, 2013. p. 32.

  • 11

    4 OS SUPLCIOS E PENALIDADES COMO PRIVAO DA LIBERDADE

    A obra inicia-se com uma impactante narrativa da execuo de Robert-

    Franois Damiens, um campons francs acusado de tentar assassinar o rei Lus XV

    em 1757 com uma faca.

    [Damiens fora condenado, a 2 de maro de 1757], a pedir perdo publicamente diante da porta principal da Igreja de Paris [aonde devia ser] levado e acompanhado numa carroa, nu, de camisola, carregando uma tocha de cera acesa de duas libras; [em seguida], na dita carroa, na praa de Greve, e sobre um patbulo que a ser erguido, atenazado nos mamilos, braos, coxas e barrigas das pernas, sua mo direita segurando a faca com que cometeu o dito parricdio, queimada com fogo de enxofre, e s partes em que ser atenazado se aplicaro chumbo derretido, leo fervente, piche em fogo, cera e enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo ser puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas cinzas lanadas ao vento. Finalmente foi esquartejado [relata a Gazette d'Amsterdam]. Essa ltima operao foi muito longa, porque os cavalos utilizados no estavam afeitos trao; de modo que, em vez de quatro, foi preciso colocar seis; e como isso no bastasse, foi necessrio, para desmembraras coxas do infeliz, cortar-lhe os nervos e retalhar-lhe as juntas... Afirma-se que, embora ele sempre tivesse sido um grande praguejador, nenhuma blasfmia lhe escapou dos lbios; apenas as dores excessivas faziam-no dar gritos horrveis, e muitas vezes repetia: "Meu Deus, tende piedade de mim; Jesus, socorrei-me". Os espectadores ficaram todos edificados com a solicitude do cura de Saint-Paul que, a despeito de sua idade avanada, no perdia nenhum momento para consolar o paciente. [O comissrio de polcia Bouton relata]: Acendeu-se o enxofre, mas o fogo era to fraco que a pele das costas da mo mal e mal sofreu. Depois, um executor, de mangas arregaadas acima dos cotovelos, tomou umas tenazes de ao preparadas ad hoc, medindo cerca de um p e meio de comprimento, atenazou-lhe primeiro a barriga da perna direita, depois a coxa, da passando s duas partes da barriga do brao direito; em seguida os mamilos. Este executor, ainda que forte e robusto, teve grande dificuldade em arrancar os pedaos de carne que tirava em suas tenazes duas ou trs vezes do mesmo lado ao torcer, e o que ele arrancava formava em cada parte uma chaga do tamanho de um escudo de seis libras. Depois desses suplcios, Damiens, que gritava muito sem contudo blasfemar, levantava a cabea e se olhava; o mesmo carrasco tirou com uma colher de ferro do caldeiro daquela droga fervente e derramou-a fartamente sobre cada ferida. Em seguida, com cordas menores se ataram as cordas destinadas a atrelar os cavalos, sendo estes atrelados a seguir a cada membro ao longo das coxas, das pernas e dos braos. O senhor L Breton, escrivo, aproximou-se diversas vezes do paciente para lhe perguntar se tinha algo a dizer. Disse que no; nem preciso dizer que ele gritava, com cada tortura, da forma como costumamos ver representados os condenados: "Perdo, meu Deus! Perdo, Senhor". Apesar de todos esses sofrimentos referidos acima, ele levantava de vez em quando a cabea e se olhava com destemor. As cordas to apertadas plos homens que puxavam as extremidades faziam-no sofrer dores inexprimveis. O senhor L Breton aproximou-se outra vez dele e perguntou-lhe se no queria dizer nada; disse que no. Achegaram-se vrios confessores e lhe falaram demoradamente;

  • 12

    beijava conformado o crucifixo que lhe apresentavam; estendia os lbios e dizia sempre: "Perdo, Senhor". Os cavalos deram uma arrancada, puxando cada qual um membro em linha reta, cada cavalo segurado por um carrasco. Um quarto de hora mais tarde, a mesma cerimnia, e enfim, aps vrias tentativas, foi necessrio fazer os cavalos puxar da seguinte forma: os do brao direito cabea, os das coxas voltando para o lado dos braos, fazendo-lhe romper os braos nas juntas. Esses arrancos foram repetidos vrias vezes, sem resultado. Ele levantava a cabea e se olhava. Foi necessrio colocar dois cavalos, diante dos atrelados s coxas, totalizando seis cavalos. Mas sem resultado algum.10

    Damiens foi a ltima pessoa a ser executada na Frana com a utilizao dos

    mtodos supracitados.

    Percebe-se atravs da narrativa, rica em detalhes, que os suplcios assumiam

    um importante papel em meio sociedade. A inteno deste mtodo no seria nica

    e exclusivamente punir o condenando (delinquente), mas humilh-lo e execut-lo em

    pblico afim de que aos espectadores fosse causado medo para que nunca viessem

    a repetir as aes do condenado.

    Fortemente criticado durante a obra, os suplcios mais serviam como cena de

    um pavoroso espetculo de teatro para exposio ao pblico do que uma punio de

    fato era necessrio procurar corrigir e reeducar o infrator. Afirmou Foucault que a

    certeza de ser punido que deve desviar o homem do crime e mo mais o abominvel

    teatro11.

    Os suplcios, como rituais polticos, no traziam de volta a justia, apenas

    reafirmavam o poder soberano de dominao do governante sobre um determinado

    territrio e os corpos de seus respectivos habitantes.

    Com o passar do tempo, o poder de soberania cedeu espao ao poder

    disciplinar. O mtodo principal da pena deixou de ser o suplcio e, a punio acontecia

    atravs da perda de um bem ou de um direito (at mesmo o da liberdade).

    Surge, ento, a disciplina ou a docilizao do corpo, que consistia em apropriar-

    se do corpo do infrator, com a finalidade de tirar dele o mximo possvel e torna-lo

    produtivo e proveitoso, enquanto os suplcios apenas o torturavam e destruam.

    Durante a obra, Foucault discorre sobre a liberdade do indivduo e, de certa

    forma, da maneira que esta lhe retirada.

    10 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da priso; traduo de Raquel Ramalhete. 41. ed. Petrpolis, RJ : Vozes, 2013. p. 9. 11 Ibid., p. 14.

  • 13

    [...] O corpo se encontra a em posio de instrumento ou de

    intermedirio12

    Comparemos a citao acima com os ideais exprimidos por alguns dos maiores

    filsofos e pensadores polticos da histria:

    Invertendo as premissas de Thomas Hobbes (guerra de todos os homens

    contra todos os homens13), Jean-Jacques Rousseau afirmava que o homem nasce

    bom e livre e a sociedade o corrompe, defendia assim, um estado de no inimizade

    entre os homens, busca constante pela justia e equidade. Este, mostrava-se

    totalmente contra a escravido e abuso de poder: [...]uma vez que todo homem

    nasceu livre e senhor de si mesmo, no h quem possa, sob qualquer pretexto,

    sujeit-lo, sem sua permisso.14

    Desta forma, mesmo que o delinquente tenha ferido as regras do convvio

    (contrato) social, este no pode de maneira alguma ser punido, nem por meio de

    suplcios, nem por meio da docilizao dos corpos, pois ambas so ferramentas que

    retiram do homem sua liberdade e livre arbtrio; e para o autor, tudo o que retira a

    liberdade do homem um ato ilegal e ilegtimo.

    J John Locke, parte da lgica que cada homem possui o poder de preservar

    sua propriedade e sua integridade e de julgar e castigar aquele que desrespeita as

    Leis da Natureza. Assim, contrapondo os ideais de Foucault, Locke considera justo e

    coerente que aquele que desrespeita o direito do outro seja punido, inclusive morto.

    [...] qualquer um tem o direito de castigar os transgressores dessa lei

    numa medida tal que possa impedir a sua violao. 15

    O homem, [...] tem, por natureza, o poder [...] de julgar e castigar as infraes desta lei [Lei de Natureza] por outros conforme estiver persuadido da gravidade da ofensa e at mesmo com morte nos crimes em que o horror do fato o exija, conforme a sua opinio. 16

    12 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da priso; traduo de Raquel Ramalhete. 41. ed. Petrpolis, RJ : Vozes, 2013. P. 16., grifo nosso. 13 WEFFORT, Francisco; organizador. Os clssicos da poltica. 14.ed. So Paulo : tica, 2006. p. 79. 14 ROUSSEAU, Jean Jacques. Do contrato social. VirtualBooks. Formato: e-book/rb, Cdigo: RCM, ed. eletrnica: Ridendo Castigat Mores, 2002, Trad. Rolando Roque da Silva. p. 147. 15 WEFFORT, op. cit., p. 91., grifo nosso. 16 Ibid., 96., grifo nosso.

  • 14

    5 SEGUNDA PARTE

    Contrapondo a Primeira Parte, a Segunda aborda o tema de punies

    generalizadas, citando que as penas sejam moderadas e proporcionais aos delitos,

    que a de morte s seja imputada contra os culpados assassinos, e sejam abolidos os

    suplcios que revoltem a humanidade.

    Na obra visto que preciso punir de outro modo: eliminar essa confrontao

    fsica entre soberano e condenado, esse conflito frontal entre a vingana do prncipe

    e a clera contida do povo, por intermdio do supliciado e do carrasco.

    Observa-se uma ideia de intolerncia do suplicio. Revoltante, visto de

    perspectiva do povo, onde ele revela a tirania, o excesso, a sede de vingana, e o

    cruel prazer de punir.

    Tem-se a impresso de que o sculo XVIII tentou impor a lei fundamental de

    que o castigo deve ter a humanidade como medida, sem poder dar um sentido

    definitivo considerado, entretanto, incontornvel.

    Desde o sculo XVII nota-se a diminuio dos crimes a sangue frio, crimes

    violentos, barbries, e com isso, diminui tambm as punies severas contra os

    criminosos, a suavizao dos crimes antes da suavizao das leis.

    Grande parte dessa punio se exerce pelo superpoder monrquico que

    identifica o direito de punir com o poder pessoal do soberano.

    A Segunda Parte aborda, tambm, a economia poltica como tema, dizendo

    que a nova teoria jurdica da penalidade engloba na realidade uma nova economia

    poltica do poder de punir. Nasce ento, os propsitos das reformas, na qual no teve

    um ponto de origem nico. A reforma no foi preparada fora do aparato judicirio e

    contra todos os seus representantes; foi preparada e no essencial, de dentro, por um

    grande nmero de magistrados e a partir de objetivos que lhes eram comuns e dos

    conflitos de poder que os opunham uns aos outros.

    No sculo XVIII, vemos formar uma nova estratgia para o exerccio do poder

    de castigar, fazer da punio e da represso das ilegalidades uma funo regular,

    coextensiva a sociedade, no punir menos, mas punir melhor; punir talvez com uma

    severidade atenuada, mas para punir com mais universalidade e necessidade; inserir

    mais profundamente no corpo social o poder de punir.

  • 15

    Entre essa ilegalidade, no havia exatamente convergncia, nem oposio

    fundamental. As diversas ilegalidades prprias a cada grupo tinham umas com as

    outras relaes que eram ao mesmo tempo de rivalidade, de concorrncia, de conflitos

    de interesse, e de apoio reciproco, de cumplicidade.

    Aps alguns anos, o alvo principal da ilegalidade popular tende a ser no mais

    em primeira linha, os direitos, mas sim os bens. Alm do mais, se uma boa parte da

    burguesia aceitou, sem muitos problemas, a ilegalidade dos direitos, ela suportava

    mal quando se tratava do que considerava seus direitos de propriedade.

    portanto necessrio controlar e codificar todas essas prticas ilcitas.

    preciso que as infraes sejam bem-definidas e punidas com segurana, que nessa

    massa de irregularidade toleradas e sancionadas de maneira descontinua com

    ostentao sem igual seja determinado o que infrao intolervel, e que lhe seja

    infringido um castigo de que ela no poder escapar.

    A mitigao das penas, retrata o a penalidade comparada ao crime que ele

    comete. A punio ideal ser transparente ao crime que sanciona, assim, para quem

    a contempla, ela ser infalivelmente o sinal do crime que castiga.

    Ao incio do segundo captulo, Foucault cita os reformadores que apresentaram

    sries inteiras de penas naturais por instituio e utiliza as [F.M] Vermeil como

    exemplo:

    Os que abusam da liberdade publica sero privados de sua; sero retirados os direitos civis dos que abusarem das vantagens da lei e dos privilgios das funes pblicas; a multa punir o peculato e a usura; a confiscao punira o roubo; a humilhao, os delitos de vanglria; a morte, o assassinato; a fogueira, o incndio.17

    preciso que o castigo seja achado no s natural, mas interessante; preciso

    que cada um possa ler nele sua prpria vantagem. Que no haja mais essas penas

    ostensivas, mas inteis. No fim de tudo, podemos dizer que encontramos no fim do

    sculo XVIII trs maneiras de organizar o poder de punir. A primeira, que ainda

    estava sendo apoiado no famoso poder monrquico. As outras se referem ambas a

    uma concepo preventiva, utilitria, corretiva de um direito de punir que pertenceria

    sociedade inteira.

    17 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da priso; traduo de Raquel Ramalhete. 41. ed. Petrpolis, RJ : Vozes, 2013. p. 101.

  • 16

    6 TERCEIRA PARTE

    O ideal de um soldado a sua aparncia em manter o seu corpo gil, rpido,

    com a eficcia de movimento, disciplinada, hbitos de postura, marchar com passos

    firmes, ter honra a sua posio, coragem, sendo assim reconhecido por todos.

    Foucault relata, ento, sobre uma poltica de coero, do corpo, como uma

    manipulao de gestos e comportamentos, que o corpo um local de investimento de

    tcnicas, tornando o ser mais til e obediente.

    Primeiramente, procede, a disciplina de cada indivduo no seu espao, uma

    especificao para um local de monitoria conforme a necessidade; depois as regras

    de cada espao tendo uma diviso de setor de acordo com as classificaes exigidas

    para cada cargo. Para controle de atividade, os horrios era uma base para cada

    ordem ser realizada em determinado tempo, eram utilizadas tambm regras de

    articulao dos modos como os indivduos manuseavam os objetos, a fim de tornarem

    as pessoas uteis e obedientes.

    Esse mtodo de disciplina, hierarquia e obrigaes de servios acabam

    gerando docilidade, que para uma organizao militar isso muito utilizado, pois

    primeiro devem se passar por treinamentos de estudos como a marcha, manejo de

    arma e tiro; segundo na habilidade e forca; por terceiro uma avaliao para indicar

    que tal indivduo atingiu o nvel de aprendizagem; finalmente, viria a definio do dever

    de cada indivduo com a obrigao de cumprir sua tarefa.

    Assim, a disciplina constri quatro tipos de individualidade: a celular, que define

    o espao do corpo; orgnica, possibilitar uma srie de atividades e tarefas; gentica,

    controle do tempo das atividades realizadas; e combinatria, pela juno dessas

    tticas.

    Para que ocorra um bom adestramento, necessrio que haja uma boa

    disciplina aplicada de forma correta e que o aplicador possua um poder adequado

    sobre o indivduo. Pode-se dizer que fundamental a existncia de uma certa

    hierarquia, tornando o indivduo um objeto para seu exerccio.

    O olhar hierrquico um dos fundamentos para uma boa vigilncia, pois a

    tcnica de poder, uma forma de observao, assim como o modelo de acampamento

  • 17

    militar: em que um observatrio central garantia uma vigilncia diversificada com efeito

    de poder sobre aqueles que so vistos.

    Para cada atuao de poder existe uma alterao de local e de controle,

    tomemos como exemplo, uma vigilncia silenciosa que traz consequentemente uma

    idealizao de algo comum, passando por despercebida e correta. A existncia dessa

    fiscalizao, conduz como resultado um sistema de auto sustentao que fortalece

    a compreenso de poder.

    As sanes normalizadoras so castigos como uma forma de privilegiar os que

    se comportam inapropriadamente ou desobedecem as disciplinas, contudo cria

    tambm, certo benefcio queles que se fazem de obedientes, honestos e decentes,

    mas que ao decorrer tambm se naturaliza na sociedade, como por exemplo, em uma

    sala de aula, em que um aluno no faz as tarefas e os demais faze-os so

    privilegiados, referente ao que no fez e de modo conseguinte um castigo perante aos

    demais. A punio no possui a inteno de prejudicar ou vingar algum, mas sim, de

    corrigir ou reduzir os desvios, sendo uma forma de aprimorar o desempenho e a

    qualificao dos valores que foram impostos como bem ou mal.

    O exame a combinao entre o vigiar e o punir... Um controle que geralmente,

    por meios de mtodos, perguntas e respostas, sistemas de notas, acaba adquirindo

    uma tcnica de poder que consegue qualificar, classificar e punir tal indivduo. O

    exame no impor poder sobre o outro, mas captar seus objetivos e fazer um pr-

    requisito para seus interesses. Tais exames utilizam o mtodo escrito como uma base

    padro, ou ento, estatstico para obter uma concluso do ser.

    O terceiro captulo da terceira parte, denominado pelo autor por Panoptismo,

    inicia-se narrando o exemplo de uma cidade em que os moradores eram proibidos,

    sob pena de morte de deixar seu territrio, pois este estava contaminado por uma

    peste. Cada rua possua um vigilante que supervisionava os demais, fazendo

    relatrios e, em seguida, transmitindo-os aos magistrados para que se obtivesse

    controle de tudo.

    O panptico relatado como sendo uma periferia da estrutura de um anel, com

    uma torre no centro, tal anel divido por celas e possui janelas que do viso torre

    onde fica um vigia central. Este possui vista de todas as celas e observa tudo o que

    acontece, porm, nunca so vistos. O detento sabe que existe uma torre, mas no

    sabe se tem algum nela pra vigia-los; desta forma, o indivduo tende a se comportar

  • 18

    e fazer as tarefas ordenadas corretamente por achar que tem algum o vigiando,

    eliminando as prises com grades, correntes e cadeados pesados. Possui tambm,

    o objetivo de ser algo natural, devido o panptico ser um local escuro e discreto,

    possibilita pesquisas cientificas para o desenvolvimento humano, pesquisas

    medicinais ou militares. A qualidade dessa disciplina se encontra em interromper as

    relaes que iriam praticar o mal ou a perda de tempo, mas considerando o avano

    na produo, efetividade e sutileza no poder exercido.

    A disciplina a origem de uma sociedade moderna. A burguesia pautava-se

    em princpios disciplinares e igualitrios para que no houvesse questionamentos.

    Desta forma, a sociedade se organizava e alcanava-se fortalecimento do poder

    autoritrio, e uma cedncia ao prprio cidado.

  • 19

    7 QUARTA PARTE

    O existir da priso se originou por um corpo social, na consolidao da fora,

    do comportamento e das observaes e anotaes sobre o indivduo. Para torna-los

    dceis e uteis tem a instituio-priso, que antes era concedida a pena por excelncia.

    A priso vista castigo, existente para a modificao do comportamento do

    indivduo, sendo uma forma de corretivo a partir de regras e princpios morais que se

    d a partir de deteno (pena privativa da liberdade) para que este, quando livre nunca

    mais se envolvera com a corrupo.

    Foucault defende trs princpios a serem conservados na priso: o primeiro

    deles o isolamento de tudo -do mundo exterior e o que causou a infrao- pois ao

    ficar sozinho o infrator tende a refletir sobre o seu crime que cometeu. Tal reflexo,

    consequentemente, causar um remorso e profundo arrependimento at que esteja

    totalmente submisso; o segundo princpio o trabalho: o indivduo violento deve se

    entreter com as engrenagens e ocupando-se com isso, se tornar um colaborador

    mais dcil; j o terceiro princpio o castigo, sendo que inicialmente ocorre o

    julgamento pelo delito cometido e, depois, um julgamento dentro da priso, levando

    em considerao suas atitudes e comportamentos.

    Na priso necessrio que o indivduo esteja sob constante observao, este

    deve, tambm, passar por acompanhamento psicolgico, onde os psicolgicos -por

    intermdio de consultas- iro definir se o infrator possui condies e capacidade para

    viver em sociedade novamente, ou este se tornou um delinquente [incapaz de viver

    em sociedade], pois vir a cometer os mesmos erros novamente. J o delinquente

    no tem apenas os atos violados, mas toda a sua biografia que o faz levar uma vida

    de criminoso atravs dos temperamentos, instintos e pulses.

    Para cada condenado existe uma forma de punio, os primeiros so aqueles

    que os condenados intelectuais devido a moral inqua, so maldosos e, por isso, so

    punidos atravs do isolamento diurno e noturno, passeio solitrio e caso for preciso,

    de ter contato com outros e de utilizar uma mscara leve em tela metlica; os

    segundos so os viciosos pela falta de resistncia s ms incitaes permanecem

    isolados de noite, trabalham de dia, conversas em voz alta so permitidas e leituras

    comuns; por fim, os criminosos que so levados aos crimes pela incapacidade, estes

  • 20

    no tem conscincia de compreenso de deveres, portanto vivem sob vigilncia rgida,

    mas estimulados a ocupaes coletivas. Esses criminosos so considerados loucos,

    seria injusto conden-los como seres racionais.

    Foucault afirma que na Frana, a cadeia adotava uma prtica de tortura. O

    autor ressalta, ainda sobre asprises, que estas surgiram cercadas por desconfianas,

    pelo fato de aumentarem a taxa de criminalidade e formarem delinquentes, alm de

    no trat-los como seres humanos e abusar do poder, assim, tornando-os agressivos.

    Estas crticas causaram uma readmisso dos princpios invariveis das

    tcnicas penitencirias, portanto se cria uma convico de correo com objetivo

    recuperao do indivduo para que ele seja reintroduzido na sociedade; da

    classificao em que os indivduos devem ser presos conforme a gravidade penal; da

    modulao de penas que adaptar o tratamento do prisioneiro conforme suas

    atitudes; do trabalho como obrigao e como direito em que o detento nunca deve

    permanecer desocupado, por conseguinte sempre realizar trabalhos como forma de

    aprendizado; da educao penitenciria o detendo deve melhorar sua educao para

    convivncia com os demais; o controle tcnico da deteno em que os vigilantes

    sejam pessoas capacitadas; das instituies anexas que so assistncias aos

    detentos para quando sair ter possibilidade de ser controlado at a sua readaptao

    na sociedade.

    O castigo, para Foucault, auxiliaria como um complemento disciplina na

    priso; uma objetividade de tcnica para uma racionalidade penitenciaria, uma

    dominao, um tratamento especifico ao detento.

    O sistema carcerrio deriva de princpios do internamento. Em 22 de janeiro de

    1840 se origina o Mettray: uma a forma disciplinar rgida que concentrava as prticas

    opressoras do comportamento -uma instituio para deteno de jovens infratores.

    O melhor meio de agir sobre a moral das crianas era as punies de

    isolamento em cela; nos muros, a frase deus o v estava constantemente presente

    devido religio, causando um conflito emocional propcio instruo da educao

    s crianas; sendo tambm, o princpio do panoptimo: se sentir se vigiado.

    Em Mettray, os chefes so vistos como uma espcie de engenheiros de

    condutas que dominam uma tcnica disciplinar. Esta tcnica adquirida pois so

    submetidos a um treinamento que consiste em faz-los sofrer coisa semelhante aos

  • 21

    infratores. Este mtodo origina aos chefes qualificao tal, para que consigam com

    facilidade proliferar poder sobre o outro, como uma forma de correo paterna.

    Por fim, os chamados efeitos do carcerrio o entendimento de poderes

    disciplinares no corpo social, criao da legitimidade de punir e disciplinar, a inveno

    de uma relao entre natureza e lei, a criao de um saber sobre o comportamento

    humano, atravs da observao contnua via panptico. Foucault, aponta que esses

    mtodos so apenas estratgias necessrias para uma correo, mas que no so

    mtodos garantidos.

  • 22

    8 CONCLUSO

    Na Primeira Parte, o autor relata dois tipos de suplicio. O primeiro, de uma

    forma explcita, pblica, servindo de atrao para o pblico, violento, a sangue frio:

    [...] E sobre um patbulo que ai ser erguido, atenazado nos mamilos, braos, coxas e barriga das pernas, sua mo direita segurando a faca com que cometeu o dito parricdio, queimada com fogo de enxofre, e as partes em que ser atenazado se aplicaro chumbo derretido, leo fervente, piche em fogo, cera e enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo ser puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas cinzas lanadas ao vento.18

    Relata propriamente o corpo e a alma do condenado, tendo incio as primeiras

    abordagens sobre leis do livro.

    J a Segunda Parte, aborda o adestramento do condenado, do seu corpo e sua

    alma. Reivindica novos conceitos, novas regras de punio, abordando desde a

    hierarquia. Comea a aparecer a parte humanista, pensando em formas de punies

    menos severas- com um poder disciplinar, um castigo como exerccio. Formas de

    punies aplicadas conforme a proporcionalidade dos crimes, com castigos

    especficos (as prises, por exemplo).

    Aborda o assunto de ilegalidade, se referindo aceitao da ilegalidade da

    parte da burguesia.

    Michel Foucault exprime que no fim do sculo XVIII, existem trs maneiras do

    poder de punir. A primeira, baseia-se claramente na monarquia, a segunda, no poder

    de punir que pertencia sociedade, logo a terceira, a correo disciplinar, corporal,

    mental.19

    A Terceira Parte, o autor alega que a disciplina o mecanismo do corpo em

    que se organiza: o corpo precisa de cuidados (conforme a necessidade), regras de

    comportamento, hbitos de posturas; este idealizado como um instrumento

    proveitoso para controle e dominao, essas obrigaes de servios resultam em

    18 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da priso; traduo de Raquel Ramalhete. 41. ed. Petrpolis, RJ : Vozes, 2013. p. 9. 19 ALFERES, Eduardo Henrique. A Mitigao das Penas em "Vigiar e Punir" de Michel Foucault. Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 22 jan. 2011. Disponivel em: . Acesso em: 06 abr. 2015.

  • 23

    docilidade. A disciplina aplicada corretamente conduz ao adestramento, seno o corpo,

    novamente, um objeto para sua atividade. Os que no possuem disciplina -os

    desobedientes- so levados uma punio denominada por sanes normalizadoras.

    Foucault afirma que o indivduo tende a permanecer em disciplina quando

    vigiado, levando em conta o sistema panptico (panoptismo) que uma estrutura de

    priso que possibilita a vigia dos detentos e os leva a realizar suas tarefas por

    acreditarem que so vigiados.

    Por fim, na Quarta Parte, o existir da priso vem de um fortalecimento de justia,

    uma correo aos corruptos para uma transformao no comportamento. Foucault

    define trs princpios a serem conservados na priso: o isolamento absoluto; o

    trabalho e; o castigo.

    Levando em considerao esses aspectos, a priso uma cobrana da

    infrao, e possui plena funo de reeducar, disciplinar e tornar o indivduo til,

    portanto uma ferramenta que objetiva a reduo da criminalidade.

  • 24

    9 REFERNCIAS

    ALFERES, Eduardo Henrique. A Mitigao das Penas em "Vigiar e Punir" de

    Michel Foucault. Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 22 jan. 2011. Disponivel em:

    . Acesso em: 06

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    FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da priso; traduo de Raquel

    Ramalhete. 25. ed. Petrpolis, RJ : Vozes, 2002.

    FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da priso; traduo de Raquel

    Ramalhete. 41. ed. Petrpolis, RJ : Vozes, 2013.

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  • 25

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