a preservaÇÃo do patrimÔnio e a produÇÃo do espaÇo urbano ... · 15/06/2016 · reflexões...

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4O COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016 A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO EXPRESSA NA PAISAGEM CULTURAL DE OURO PRETO RAIMUNDO, KARINA FAGUNDES. (1); CRUZ, RAMON COELHO DA (2) 1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais IFMG campus Ouro Preto. Graduanda do curso de Licenciatura em Geografia CODAGEO. Rua Santa Luzia, nº 83, Santo Antônio do Leite, Ouro Preto - MG [email protected] 2. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais IFMG campus Ouro Preto. Professor Mestre em Geografia do curso de Licenciatura em Geografia CODAGEO. Rua Embaixador José Aparecido, nº 138, Parque São Pedro, Belo Horizonte - MG [email protected] RESUMO Este trabalho descreve a configuração do espaço urbano da cidade de Ouro Preto/MG e sua dinâmica recente. Ao longo de três séculos a área urbana, que tem suas origens no processo de agregação de pequenos arraiais de garimpo posteriormente transformados em vilas, se constitui em um sítio paisagístico e urbanístico pouco alterado em relação à sua essência, graças a preservação de sua paisagem cultural por políticas protetivas ali estabelecidas. A área central da cidade, formada pela fusão da economia mineradora aos poderes religioso e governamental, além das expressões artísticas que ali se destacaram, onde hoje encontra-se sobretudo o centro histórico reconhecido mundialmente, passou por significativas transformações que afetaram toda sua dinâmica, tornando-se o centro o núcleo principal e monopolizador por concentrar as principais atividades de comércios e serviços, atividades religiosas e as atividades administrativas (relacionadas ao aparelho do Estado) de todo o município. No bojo desse processo de produção urbana verifica-se uma redefinição desse núcleo central, o qual apesar de continuar a monopolizar a localização das principais atividades de comércio, serviços e órgãos e aparelhamentos do Estado apresenta em sua extensão, no bairro Bauxita, um novo núcleo de atividades de comércios e serviços mantido pela demanda dos grandes polos educacionais (como a Universidade Federal de Ouro Preto UFOP, Instituto Federal de Minas Gerais IFMG campus Ouro Preto e outros), configurando o surgimento de um subcentro. A pesquisa ainda em andamento está pautada em métodos da geografia urbana e da geografia cultural, cuja metodologia se consiste em levantamento de referências bibliográficas e documentos cartográficos e históricos que tratam da produção do espaço urbano desde quando Ouro Preto era a capital das Minas Gerais e a extensão da sua área central até os dias de hoje. Uma cidade que ao mesmo tempo é uma paisagem histórico-cultural, um patrimônio do seu povo e para toda humanidade, sem deixar de revelar um urbano não estático e as raízes, a identidade do povo mineiro. Ouro Preto carrega consigo uma paisagem cultural como patrimônio. E contemporaneamente o conceito de patrimônio envolve vários sentidos e significados que podem abranger diversas dimensões como a dimensão jurídica, política pública e até mesmo sendo encarado como um instrumento de comunicação social formador de identidades. Palavras-chave: Produção do espaço urbano; paisagem cultural; Ouro Preto; patrimônio; área central.

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4O COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016

A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO E A PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO EXPRESSA NA PAISAGEM CULTURAL DE OURO PRETO

RAIMUNDO, KARINA FAGUNDES. (1); CRUZ, RAMON COELHO DA (2)

1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais – IFMG campus Ouro Preto. Graduanda do curso de Licenciatura em Geografia – CODAGEO.

Rua Santa Luzia, nº 83, Santo Antônio do Leite, Ouro Preto - MG

[email protected]

2. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais – IFMG campus Ouro Preto. Professor Mestre em Geografia do curso de Licenciatura em Geografia – CODAGEO.

Rua Embaixador José Aparecido, nº 138, Parque São Pedro, Belo Horizonte - MG

[email protected]

RESUMO

Este trabalho descreve a configuração do espaço urbano da cidade de Ouro Preto/MG e sua dinâmica recente. Ao longo de três séculos a área urbana, que tem suas origens no processo de agregação de pequenos arraiais de garimpo posteriormente transformados em vilas, se constitui em um sítio paisagístico e urbanístico pouco alterado em relação à sua essência, graças a preservação de sua paisagem cultural por políticas protetivas ali estabelecidas. A área central da cidade, formada pela fusão da economia mineradora aos poderes religioso e governamental, além das expressões artísticas que ali se destacaram, onde hoje encontra-se sobretudo o centro histórico reconhecido mundialmente, passou por significativas transformações que afetaram toda sua dinâmica, tornando-se o centro o núcleo principal e monopolizador por concentrar as principais atividades de comércios e serviços, atividades religiosas e as atividades administrativas (relacionadas ao aparelho do Estado) de todo o município. No bojo desse processo de produção urbana verifica-se uma redefinição desse núcleo central, o qual apesar de continuar a monopolizar a localização das principais atividades de comércio, serviços e órgãos e aparelhamentos do Estado apresenta em sua extensão, no bairro Bauxita, um novo núcleo de atividades de comércios e serviços mantido pela demanda dos grandes polos educacionais (como a Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP, Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG campus Ouro Preto e outros), configurando o surgimento de um subcentro. A pesquisa ainda em andamento está pautada em métodos da geografia urbana e da geografia cultural, cuja metodologia se consiste em levantamento de referências bibliográficas e documentos cartográficos e históricos que tratam da produção do espaço urbano desde quando Ouro Preto era a capital das Minas Gerais e a extensão da sua área central até os dias de hoje. Uma cidade que ao mesmo tempo é uma paisagem histórico-cultural, um patrimônio do seu povo e para toda humanidade, sem deixar de revelar um urbano não estático e as raízes, a identidade do povo mineiro. Ouro Preto carrega consigo uma paisagem cultural como patrimônio. E contemporaneamente o conceito de patrimônio envolve vários sentidos e significados que podem abranger diversas dimensões como a dimensão jurídica, política pública e até mesmo sendo encarado como um instrumento de comunicação social formador de identidades. Palavras-chave: Produção do espaço urbano; paisagem cultural; Ouro Preto; patrimônio; área central.

4O COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016

Introdução

O presente trabalho buscou analisar a produção do espaço urbano em Ouro Preto (MG),

cidade situada na Serra do Espinhaço, zona metalúrgica do estado de Minas Gerais

conhecida também como quadrilátero ferrífero, reconhecida mundialmente como um dos

grandes ícones da história do Brasil colonial, possuindo um dos mais importantes acervos

arquitetônicos e artísticos, sobretudo barroco, em todo o mundo.

O texto contém parte das discussões realizadas na pesquisa intitulada “A preservação do

patrimônio e a produção do espaço urbano na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais – Brasil ”

(RAIMUNDO, 2016), desenvolvida como trabalho de conclusão de curso, parte integrante da

graduação em Licenciatura em Geografia do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia de Minas Gerais – IFMG campus Ouro Preto.

A primeira parte do artigo discute a paisagem cultural como uma alternativa para a promoção

e preservação do patrimônio, abordando conceitos dentro de uma perspectiva geográfica, o

que forneceu subsídios teóricos para este estudo. A segunda parte aborda a evolução do

espaço urbano de Ouro Preto desde quando era a capital das Minas Gerais e a extensão da

sua área central até os dias de hoje, abordando a dinâmica espacial recente, destacando o

centro histórico como o núcleo principal e monopolizador por concentrar as principais

atividades de comércios e serviços, atividades religiosas e as atividades administrativas

(relacionadas ao aparelho do Estado) de todo o município. A terceira parte apresenta o bairro

Bauxita como um novo núcleo de atividades de comércios e serviços que dão suporte e se

inter-relacionam com as atividades da principal área central da cidade, configurando-se como

um subcentro. Por fim, são apresentadas as considerações finais, como uma síntese das

reflexões obtidas sobre produção do espaço urbano e sua dinâmica atual na cidade de Ouro

Preto à luz do referencial teórico analisado.

A paisagem cultural como uma alternativa para a preservação do

patrimônio

A paisagem na Geografia percorreu um longo caminho desde seus primeiros estudos,

sobretudo com Humboldt (1769-1859), quando era apresentada como uma porção da

superfície da terra em seus aspectos visíveis que poderiam ser descritos e representados.

Dessa forma a paisagem passou por processos de maior e menor significação ao longo da

história do pensamento geográfico.

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Na Geografia Tradicional (1870-1950) o conceito de paisagem é privilegiado juntamente com

o de região. Nesse momento e os debates incluíam os conceitos de paisagem, região natural

e região paisagem. Os geógrafos da corrente tradicional também abordavam o gênero de vida

e diferenciação de áreas. Já durante a Geografia Teorética-Quantitativa (década de 1950) a

geografia sofreu profundas modificações, se vendo obrigada a adotar a visão da unidade

epistemológica da ciência, unidade embasada nas ciências da natureza, principalmente na

Física. Nesse período ocorreu uma valorização do raciocínio hipotético-dedutivo e dos

modelos matemáticos. Nessa nova fase, o conceito de paisagem sofreu uma diminuição da

importância nas abordagens dos estudos geográficos enquanto o conceito de espaço

geográfico se destacava (BRITTO; FERREIRA, 2011).

A Geografia Crítica (década de 1970) fundada no materialismo histórico, manteve o espaço

como foco das investigações da ciência geográfica, embora almejasse romper com a

Geografia Tradicional e com a Geografia Teorética-Quantitativa. Simultaneamente à

Geografia Crítica vieram o surgimento da Geografia Humanista e Cultural (décadas de 1970 e

1980) resgatando o interesse pela paisagem como fruto da associação com as correntes

críticas do positivismo da Geografia Teorética-Quantitativa. A partir de então o conceito passa

a ser não apenas considerado como uma parte da superfície da terra, mas também algo

subjetivo e elaborado pela mente (BRITTO; FERREIRA, 2011).

A partir do momento em que o subjetivo é considerado de importância na observação e estudo

da paisagem, a entrada de novas agregações ao conceito se abrem originando novos termos.

Segundo Oliveira (2014), nas últimas décadas uma nova perspectiva sobre a paisagem a

partir da agregação do conceito de patrimônio pode ser observada, fato que então deu início

ao estudo e uso do termo paisagem cultural. Oliveira ainda esclarece que:

Algumas novas ideias têm desempenhado um papel decisivo e inovador. Uma delas vai ser a de ‘paisagem cultural’, que combina de forma inextricável os aspectos materiais e imateriais do conceito, muitas vezes pensados separadamente, indicando as interações significativas entre o homem e o

meio-ambiente natural. (OLIVEIRA, 2014, p. 3)1

Há um consenso de que a característica fundamental da paisagem cultural seja a ocorrência

do convívio entre a natureza e os modos de produção e as atividades sociais num

determinado lugar. Assim, a paisagem cultural pode ser considerada como fruto da ação do

homem sobre seu meio, resultando em impressões de grupos humanos em determinado

espaço estabelecendo uma identidade local, conforme explica Morelato:

1 OLIVEIRA, Yara Regina. A noção de paisagem e de cultura: um ensaio de leitura da paisagem cultural urbana através das

quatro escalas urbanas do Plano Piloto de Brasília. - 3° Colóquio Ibero-Americano Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto –

desafios e perspectivas. Belo Horizonte, 2014.

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A paisagem pode ser lida como um documento que expressa a relação do homem com o seu meio natural, manifestando as transformações que ocorreram ao longo do tempo. Ela também pode ser lida como um testemunho de história dos grupos humanos que ocuparam um determinado espaço. Pode ser lida ainda, como um produto da sociedade que a produziu ou como a base material para a produção de diferentes simbologias, local de integração entre a materialidade e as representações simbólicas

(MORELATO, 2014, p.14) 2

A partir daí, entende-se que a paisagem, sobretudo a paisagem do espaço urbano,

apresentada no conjunto de edificações e estruturas remanescentes, que por muitas vezes

expressam a passagem do tempo nessas áreas, constituem as paisagens culturais. Sob a

ótica de Laraia (2001) o patrimônio arquitetônico de um determinado local é considerado uma

ação da capacidade humana de imprimir sua identidade cultural em uma determinada área,

constituindo assim um espaço edificado.

A paisagem cultural tem se destacado na atualidade como uma alternativa para a preservação

do patrimônio cultural de centros históricos, principalmente a partir das sugestões propostas

na Convenção Europeia da Paisagem, realizada em Florença em outubro de 2000. Tais

sugestões propuseram que a paisagem desempenha importantes funções de interesse

público em diversos setores, como o cultural, ecológico, ambiental e social, constituindo assim

um recurso favorável à atividade econômica, podendo contribuir para a criação de empregos,

como também para a formação de culturas locais (NASCIMENTO; SCIFONI, 2010)

A convenção ainda ressaltou que diversos tipos de atividades econômicas, técnicas do

ordenamento do território que incluem o urbanismo, os transportes e as mais variadas

técnicas de infraestrutura constroem paisagens e, de modo mais geral, são agentes da

transformação delas. Dessa forma, a paisagem cultural não é estática e está em constante

modificação, pois, como afirma Ribeiro (2007), as transformações econômicas, sociais e

políticas que ocorrem ao longo dos anos resultam em modificações, apropriações e novos

usos dessa paisagem cultural. No entanto, não é de interesse público que ela se transforme

desordenadamente, visto a importância do seu papel como referência da história e de

identidade para a população que a habita, além do seu papel como um importante fator

econômico, sobretudo, para o turismo.

2 MORELATO, Andressa da S. A dinâmica urbana e sua influência na paisagem histórica: sítio histórico de santa

Leopoldina/ES. – 3º Colóquio Ibero-Americano Paisagem, Patrimônio e Projeto – Desafios e perspectivas. Belo Horizonte,

2014.

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A preservação da paisagem cultural designa as ações de conservação ou manutenção de

suas características. Tais ações são justificadas pelo valor patrimonial, social e econômico,

tornando necessário o seu reconhecimento jurídico pelo tombamento, estabelecendo políticas

de proteção e gestão através da adoção de medidas específicas. Para isso, a participação do

público e das autoridades locais deve ser estabelecida, pois a paisagem cultural se constitui

como um elemento importante para o bem-estar social e sua proteção implica direitos e

responsabilidades para o Estado e para o cidadão. Assim sendo, as estruturas do passado

que permanecem em alguns lugares formando paisagens culturais podem oferecer alguma

resistência às influências contemporâneas, sobretudo nos sítios ou conjuntos paisagísticos e

urbanísticos tombados, pois estão a mercê de uma legislação restritiva do uso, da ocupação e

da mudança. Entretanto, apesar da importância como bem patrimonial e seu valor social e

econômico, as forças do presente juntamente com novos usos do espaço se impõem nessas

áreas de paisagem cultural, modificando, por muitas vezes, não só aspectos aparentes, mas

toda sua dinâmica e organização espacial (PAES-LUCHIARI, 2013).

A evolução do espaço urbano da cidade de Ouro Preto

O descobrimento de Ouro Preto remonta ao fim do século XVII, entre 1693 e 1698, quando em

uma das expedições de bandeirantes, o ouro encoberto por uma camada de óxido de ferro foi

encontrado. A partir daí a notícia da descoberta do ouro preto se espalhou por toda colônia

portuguesa, levando aventureiros em busca da exploração do metal. Logo os primeiros

arraiais foram erguidos (TEIXEIRA; MORAIS, 2013).

O mapa a seguir, que data do final do século XVIII, ilustra os primeiros assentamentos na

região:

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O crescimento da região aconteceu de forma repentina e não planejada gerando problemas

como a escassez de comida. Apesar dos problemas, o lugar continuou a crescer ganhando as

primeiras edificações como casebres simples e capelas católicas. Segundo o relatório

histórico da cidade produzido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

(IPHAN), a necessidade de controlar a produção do território rico em ouro levou à criação da

Capitania de São Paulo e Minas do Ouro. Com tal criação, alguns dos arraiais de mineração

foram transformados em vilas, sendo o primitivo aglomerado urbano onde se encontra hoje a

sede do município de Ouro Preto, oficialmente confirmado como Villa Rica, por decreto real de

15 de dezembro de 1712. Devido à importância econômica, a capitania de São Paulo e Minas

do Ouro foi declarada capitania independente em 1720 e Vila Rica tornou-se sua capital. A

partir de meados do século XVIII, surgiram imponentes construções de pedra e cal que

FIGURA 1: Comarca de Vila Rica e ampliação da região com destaque para a sede. Fonte: José Joaquim da Rocha, 1779. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.

Edição Gráfica: Luciana Cotta Mancini, 2014. VILLASCHI, 2014 p. 53.

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expressavam a riqueza proporcionada pela exploração do ouro e do trabalho escravo.

Segundo o IPHAN, também data dessa época toda a riqueza do barroco mineiro.

O adensamento da população e a exploração de mais atividades não estritamente ligadas a

exploração do ouro provocaram um movimento concentrador em direção ao Morro de Santa

Quitéria. O eixo longitudinal continuo em torno do qual se articulou esse processo de

ocupação ficou conhecido como Caminho Tronco de Ouro Preto, onde ocorreu a aglomeração

de assentamentos dando origem aos primeiros traçados urbanos do local. Mais tarde, o Morro

de Santa Quitéria se consolidou como a atual Praça Tiradentes, formada pela associação de

um conjunto de grandes prédios: o Palácio dos Governadores, que mais tarde se tornaria a

Escola de Minas, de um lado, e o outro, a Casa de Câmara e Cadeia, atualmente Museu da

Inconfidência, acrescentados à Casa dos Contos, local onde acontecia a pesagem e a

fundição do ouro, além da administração e contabilidade da capitania, configurando um

grande núcleo urbano (IPHAN, 2014)

Com a decadência da mineração e a mudança das atividades econômicas para a criação de

gado e o cultivo de café em São Paulo, Vila Rica deixa ser referência econômica para o país.

No entanto, ainda devido a sua importância política, em 1823 é elevada a capital da Província

de Minas Gerais. O declínio de sua economia e a diminuição expressiva da sua população

foram amenizados em 1876 com a criação da Escola de Minas. Apesar disso, volta a se

acentuar em 1897, quando a capital de Minas Gerais foi transferida para a recém-inaugurada

cidade de Belo Horizonte. Em meados do século XX, com o florescimento da siderurgia e da

extração de minério, essa situação começou a ser revertida novamente. (IPHAN, 2014)

Com o passar dos anos ocorreram transformações ali, e como resultado o centro histórico se

constituiu como o núcleo principal e monopolizador da cidade, por concentrar as principais

atividades de comércios e serviços, além das atividades religiosas e as atividades

administrativas (relacionadas ao aparelho do Estado) de todo o município, comportando um

imponente traçado urbano rico em edificações características do século XVIII.

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FIGURA 2: Praça Tiradentes, centro histórico da cidade de Ouro Preto, Minas Gerais – Brasil. Fonte: IPHAN, 2014.

De acordo com o IPHAN, as medidas de preservação adotadas pelo governo federal

acrescidas ao apoio da administração local têm mantido a integridade e o valor artístico e

histórico da cidade, principalmente no centro histórico, sendo o tombamento o maior

responsável pela preservação das características da paisagem e do seu traçado urbano.

As grandes construções da arquitetura civil e, principalmente, religiosa, ainda se encontram

bem preservadas, apesar da expansão da cidade e das novas edificações, sobretudo em sua

extensão, o bairro Bauxita, onde se encontram dois grandes centros educacionais: a

Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP e o Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG

campus Ouro Preto, além de abrigar diversos serviços urbanos que atendem principalmente a

demanda de estudantes e funcionários destes centros educacionais.

O bairro Bauxita como subcentro

A área central de Ouro Preto, ou seja, o centro histórico, constitui-se o centro principal da

cidade, pois concentra as principais atividades comerciais, de serviço, da gestão pública e do

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setor privado não apenas dessa área da cidade, mas, de todo o município com seus doze

distritos.

Há algumas décadas atrás, uma área em especial, o bairro Bauxita, tem se destacado como

um novo núcleo urbano, apresentando ao longo dos anos crescentes características de áreas

centrais, ou mais precisamente, configurando o que podemos classificar como subcentro.

Villaça (2001) denomina subcentro uma ou mais aglomerações diversificadas e equilibradas

de comércio e serviços, que não seja o centro principal. De acordo com o autor, subcentros

podem ser ainda replicas, em tamanho menor, do centro principal, e coexiste sem a ele se

igualar.

O bairro Bauxita tem a origem de seu nome ligada a rocha avermelhada rica em óxido de

alumínio que por volta de 1922 era encontrada em abundancia na região, atualmente esta

área da cidade de Ouro Preto destaca-se como um novo núcleo de atividades de comércios e

serviços.

A ocupação dessa área tem sua origem nas atividades de extração da bauxita, devido ao

interesse de duas grandes empresas de alumínio: a Eletroquímica Brasileira S.A (ELQUISA)

que se instalou na região em 1934 e atuou até 1945. Em 1950 a Aluminium Limited do Canadá

(ALCAN) após adquirir as ações da Elquisa, iniciou ali um processo de produção de alumínio

em escala industrial. A instalação da Alcan demandou uma grande mão de obra e, por

consequência, atraiu um crescente número de trabalhadores que buscavam se instalar

próximos ao local de trabalho. Assim a fábrica ocupou a área chamada de Serra do Itacolomi,

promovendo em suas proximidades o crescimento programado e, de certa forma planejado,

do bairro.

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FIGURA 3: Bairro Bauxita, Ouro Preto/MG. Fonte: Google maps, 2016.

Atualmente o destaque do bairro como um dos mais expressivos em população e

infraestrutura da cidade, após o centro principal, é mantido pela demanda dos grandes polos

educacionais, a UFOP, o IFMG– Campus Ouro Preto e outros menores, que entre outros

fatores, contribuíram para o desenvolvimento local, pois ao longo dos anos os dois principais

centros educacionais cresceram ampliando seu espaço físico, o que contribuiu para o

desenvolvimento do local, tanto em aspectos imobiliários quanto em comercio e serviços.

Considerações finais

Compreender geograficamente a organização espacial dos núcleos urbanos, cuja origem está

vinculada ao processo histórico de produção do espaço, onde a preservação do patrimônio

arquitetônico e da paisagem cultural assumem funções e usos através de diversas atividades

econômicas, requer uma abordagem teórico-metodológica que auxilie na compreensão de

todo o processo histórico da construção do espaço urbano ali constituído. Por isso, foram

utilizados conceitos e termos estudados pela Geografia Urbana e Geografia Cultural junto as

interfaces destas subáreas da Geografia com a Arquitetura e a História.

Para alcançar o objetivo teórico-metodológico deste trabalho foi preciso o levantamento de

referências bibliográficas, documentos cartográficos e históricos que tratavam da produção do

espaço urbano da cidade de Ouro Preto/MG, desde as primeiras ocupações e assentamentos

deste sítio urbano até a expansão urbana da sua área central nos dias atuais. Somente

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através desta metodologia conseguimos descrever analiticamente a evolução do processo

histórico da produção do espaço urbano dessa cidade e sua atual configuração, destacando

sua dinâmica urbana recente.

As forças que atuam em conjunto ao longo do tempo, permitem localizações, relocações e

permanências de atividades e populações sobre o espaço urbano. O que se observou na

dinâmica espacial da cidade de Ouro Preto foi, num primeiro momento, uma ocupação em

grandes proporções causada pelo interesse na exploração das atividades mineradoras

ligadas a extração do ouro. Decorrente disso, a corrida pela apropriação das terras gerou um

crescimento repentino e não planejado, apesar dos problemas o lugar continuou a crescer,

formando os primeiros traçados urbanos e ganhando os primeiros desenhos espaciais e

edificações imponentes, como igrejas, casarões e prédios dos órgãos governamentais que

constituem o patrimônio da paisagem cultural, principalmente no centro histórico.

Nesse processo de produção do espaço urbano da cidade de Ouro Preto, verificou-se a

expressividade do centro histórico, com sua paisagem cultural preservada pelas medidas

protetivas estabelecidas pelo reconhecimento como Monumento Nacional em 1933, e

posteriormente, o tombamento pelo IPHAN em 1938 além de interesses públicos e privados.

Esse núcleo central, que também enfrenta limitações de expansão e agregação de novas

infraestruturas e serviços, tanto pelas limitações provocadas pelo tombamento gerando

restrições, quanto a expansão de serviços e modernização, como pelas características

topográficas desta área. Apesar de continuar a monopolizar a localização das principais

atividades de comércio e serviços, a área central divide com sua expansão, o atual bairro

Bauxita, as atividades de comércios e serviços, atualmente mantidos pela demanda dos dois

principais polos educacionais (a Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP e o Instituto

Federal de Minas Gerais – IFMG campus Ouro Preto) além de outros na área em torno,

configurando, neste bairro, o surgimento de um subcentro.

A abordagem desta pesquisa esteve vinculada a análise de um longo processo histórico de

produção do espaço urbano, no qual a relação entre a produção desse espaço cristaliza

diferentes momentos históricos e diferentes fases produtivas da cidade de Ouro Preto. A

relação que se dá entre o patrimônio, a paisagem cultural e estas áreas centrais produziu um

espaço urbano articulado do ponto de vista das ações e dos usos da principal área central da

cidade com seu subcentro, ambos coexistindo entre si e mantendo relações, ainda que sejam

de natureza e intensidade variáveis, representadas pela convivência das antigas formas

espaciais e do conjunto paisagístico e urbanístico tombado com os conteúdos e usos atuais.

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Embora os novos usos e a modificações estabelecidas pelas necessidades contemporâneas

se imponham sobre a dinâmica urbana atual, a paisagem cultural sobrevive as novas

remodelagens do espaço urbano, visto a valorização estratégica do patrimônio como um

importante fator para o desenvolvimento local em aspectos econômicos e sociais.

A pesquisa ainda se encontra em andamento buscando novas descobertas e possibilidades

que possam contribuir para os debates acerca da preservação da paisagem e sua relação

com a dinâmica urbana.

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