a predominÂncia do filtro ambiental local …...na montagem de uma floresta tropical de ambiente...

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS - PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA MESTRADO EM ECOLOGIA A PREDOMINÂNCIA DO FILTRO AMBIENTAL LOCAL NA MONTAGEM DE UMA FLORESTA TROPICAL DE AMBIENTE ESTRESSANTE JOSÉ LUIZ ALVES SILVA NATAL RN FEVEREIRO DE 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS - PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

MESTRADO EM ECOLOGIA

A PREDOMINÂNCIA DO FILTRO AMBIENTAL LOCAL

NA MONTAGEM DE UMA FLORESTA TROPICAL

DE AMBIENTE ESTRESSANTE

JOSÉ LUIZ ALVES SILVA

NATAL – RN

FEVEREIRO DE 2014

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José Luiz Alves Silva

A PREDOMINÂNCIA DO FILTRO AMBIENTAL LOCAL

NA MONTAGEM DE UMA FLORESTA TROPICAL

DE AMBIENTE ESTRESSANTE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ecologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte

(PPGE/UFRN) como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre.

Orientador: Profo Dr. Alexandre Fadigas de Souza

NATAL – RN

FEVEREIRO DE 2014

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UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Catalogação da Publicação na Fonte

Silva, José Luiz Alves.

.....A predominância do filtro ambiental local na montagem de uma

floresta tropical de ambiente estressante / José Luiz Alves Silva. – Natal,

RN, 2014.

..... 43 f. : il.

Orientador: Profº. Dr. Alexandre Fadigas de Souza.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em Ecologia.

1. Ecologia costeira – Dissertação. 2. Mata atlântica – Dissertação.

3. Restingas – Dissertação. 4. Dunas – Dissertação. 5. Comunidades –

Estrutura – Dissertação. 6. Variação composicional – Dissertação.

7. Nicho (Ecologia) – Dissertação. 8. Limitação da dispersão –

Dissertação. I. Souza, Alexandre Fadigas de. II. Universidade Federal do

Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 574(26)

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José Luiz Alves Silva

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (PPGE/UFRN) como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Mestre em Ecologia.

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________

Prof. Dr. Alexandre Fadigas de Souza

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGE/UFRN)

____________________________________________

Prof. Dr. Gabriel Correa Costa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGE/UFRN)

____________________________________________

Prof. Dra. Gislene Maria da Silva Ganade

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGE/UFRN)

____________________________________________

Prof. Dr. Luiz Antônio Cestaro

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CCHLA/UFRN)

NATAL – RN

FEVEREIRO DE 2014

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Dedico este trabalho à memória do meu avô,

Silvino Silva.

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SUMÁRIO

Agradecimentos ............................................................................................................................. 7

Resumo .......................................................................................................................................... 8

Introdução ..................................................................................................................................... 9

Material e Métodos ..................................................................................................................... 12

Área de estudo ......................................................................................................................... 12

Coleta de dados ....................................................................................................................... 13

Análise dos Dados ................................................................................................................... 15

Resultados ................................................................................................................................... 18

Discussão..................................................................................................................................... 24

Conclusão .................................................................................................................................... 27

Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 28

Material Suplementar .................................................................................................................. 33

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Agradecimentos

Agradeço a UFRN, a Pós Graduação em Ecologia e a CAPES pela concessão da

bolsa de estudos de mestrado e pelas várias oportunidades de aprendizagem. Também

ao financiamento concedido pela fundação de apoio à pesquisa do estado do Rio Grande

do Norte (FAPERN) no âmbito do projeto PPP IV “Organização espacial da

comunidade vegetal de uma restinga em relação ao gradiente edáfico” ao Profo Dr

Alexandre Fadigas de Souza. Ao Centro de Lançamentos da Barreira do Inferno (CLBI)

pela autorização das coletas e apoio logístico. Ao instituto nacional de meteorologia

(INMET) pela concessão de dados climáticos. À colaboração do Profo Dr Jomar Gomes

Jardim no consentimento do uso do herbário da UFRN e apoio na identificação das

espécies. Ao Profo Dr Bruno Tomio Goto e a equipe do laboratório de biologia de

micorrizas pela coleta e análises físico-químicas do solo, em especial Kássia e Aretha.

À banca examinadora pelos comentários em favor do crescimento deste trabalho.

Agradeço também a Fadigas por todas as oportunidades dadas de aprendizado.

Sua dedicação incansável e sua maneira de enxergar as coisas, não só questões

ecológicas, muito me influenciaram nesses anos de orientação. Agradeço inclusive a

oportunidade de continuar aprendendo com ele nessa nova jornada de quatro anos. Aos

amigos e companheiros de coleta Morvan, Augusto, Angélica e Átila. À minha turma

trade-off por compartilhar experiências importantes nessa fase da vida. Uma imensa

gratidão a minha família pela presença e apoio constante durante toda esta experiência

vivida. Existe um nicho especial separado para minha irmã, mãe e avó, bem como para

a memória do meu avô, a quem dedico este trabalho. Agradeço também a família que

escolhi que são meus amigos mais próximos.

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Resumo

A importância relativa dos mecanismos que estruturam as comunidades ainda

permanece incerta na ecologia. Além disso, as poucas investigações têm sido realizadas

em florestas de ambientes produtivos com alta diversidade. Neste trabalho objetivamos

distinguir a importância dos mecanismos baseados no ambiente daqueles baseados no

espaço (limitação da dispersão) em florestas tropicais com baixa diversidade. O estudo

foi conduzido em uma área costeira no nordeste do Brasil. Testamos as seguintes

predições: (1) alto estresse e heterogeneidade deve criar um forte viés com a variação

composicional resultando em uma comunidade estruturada pelo sinal ambiental mais do

que pela limitação da dispersão; (2) a presença de muitas espécies com pequenas

populações locais deve formar padrões espaciais estocásticos; e (3) o viés ambiental

deve ser mediado principalmente pelo filtro edáfico. Aplicamos uma partição da

variância baseada em RDA e modelos de efeito misto para indicar a proporção do filtro

ambiental e efeito espacial estocástico. Nossos resultados suportam a primeira hipótese,

de que as espécies respondem a alternância do estresse ao longo da costa fazendo com

que o filtro ambiental seja o principal responsável por estruturar esta floresta tropical.

Todavia, algumas espécies se distribuem de forma independente dos gradientes

abióticos, criando uma considerável contribuição do sinal espacial estocástico.

Finalmente, nossos resultados não suportam nossa terceira hipótese já que a distribuição

das espécies ocorreu principalmente devido a disponibilidade de luz. A influência da

fertilidade do solo possuiu menor influência do que nutrientes potencialmente tóxicos, e

a topografia possuiu similar influência ao controle edáfico.

Palavras-chave: Ecologia costeira, Mata atlântica, Restingas, Dunas, Comunidades,

Estrutura, Variação composicional, Nicho (Ecologia), Limitação da dispersão

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Introdução

A compreensão dos mecanismos que estruturam e mantém a diversidade nas

comunidades ainda permanece incerta na ecologia. Os padrões de diversidade e

distribuição das espécies têm sido associados às condições ambientais através das

diferenças de nicho (Leibold et al. 2004). Esses mesmos padrões também tem sido

propostos para resultar de mecanismos espaciais estocásticos como limitação da

dispersão, sem requerimento de diferenças de nicho entre espécies (Hubbell, 2001). A

influência exercida pelo ambiente (ou filtro ambiental) deve ser forte o bastante quando

as espécies ocorrem em agregado mesmo sendo suficientemente capazes de alterar suas

distribuições por meio de uma boa dispersão (Leibold et al. 2004; Cottenie, 2005;

Brunbjerg et al. 2012). Por outro lado, mecanismos espaciais estocásticos devem ser

fortes o bastante quando as espécies ocorrem em agregado devido a uma dispersão

fraca, apesar de possuírem um potencial ecológico para ocorrer em outras comunidades

(Hubbell, 2001; Leibold et al. 2004).

Na escala local das comunidades, as contribuições do filtro ambiental e da

limitação da dispersão variam substancialmente (Cottenie, 2005). Em algumas delas

ambos os mecanismos possuem similares participações na promoção da variação

composicional (Legendre et al. 2009; Baldeck et al. 2012). Outras apontam para uma

maior importância do filtro ambiental (John et al. 2008; Brunbjerg et al. 2012) ou de

mecanismos espaciais estocásticos (Cottenie, 2005; Wang et al. 2008). Uma recente

investigação tem sugerido a predominância da explicação estocástica em florestas

tropicais, enquanto que do filtro ambiental em florestas temperadas (Myers et al. 2013).

Demais investigações devem aumentar a abrangência de futuras generalizações,

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principalmente ao considerar diferenças nas características entre espécies, comunidades

e ecossistemas (Farjalla et al. 2012; Lin et al. 2013).

Em florestas de baixa latitude estão concentradas a maioria das investigações já

realizadas. Os motivos giram em torno da elevada diversidade e heterogeneidade

ambiental, que permitem coocorrência através de uma menor sobreposição de nicho

entre espécies (Brown et al. 2013; De Cáceres et al. 2013; Myers et al. 2013). Por outro

lado, um número menor de estudos investigam florestas temperadas, seguido de

florestas tropicais de baixa diversidade. Um exemplo destas florestas encontra-se sobre

planícies arenosas da costa Atlântica da America do Sul, conhecidas como restingas

(Oliveira-Filho, 2009). Além da baixa diversidade, as florestas de restingas exibem

baixo endemismo, muitas espécies com pequenas populações locais, bem como

similaridades composicionais com domínios florísticos vizinhos (Amazônia, Caatinga e

Cerrado) (Scarano, 2002; Scarano, 2009; Oliveira et al. 2014).

Assim como outras planícies arenosas costeiras ao redor do mundo, as restingas

possuem fortes gradientes de acidez, salinidade, umidade, nutrientes essenciais,

exposição a ventos e mobilidade do sedimento (Lortie & Cushman, 2007; Lane et al.

2008; Brunbjerg et al. 2012). Os recursos são escassos e devem ser descritos como não

lineares em resposta a distribuição em manchas. Em interação, eventos de seca e

elevada temperatura e radiação complementam a atuação do filtro ambiental na escala

local (Scarano et al. 2001; Scarano, 2009). O efeito combinado destes fatores mantém

elevado o estresse abiótico e heterogeneidade topográfica e edáfica das restingas em

relação a outras florestas tropicais. Desta forma é esperado que as espécies possuam

adaptações ecofisiológicas as mudanças ambientais e que suas distribuições ocorram em

função delas, também de forma desigual e em manchas (Fenu et al. 2012; Oliveira et al.

2014).

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Uma útil maneira de investigar as contribuições do filtro ambiental e

mecanismos espaciais estocásticos tem sido pela decomposição da variação

composicional em frações explicadas por conjuntos de descritores ambientais e

espaciais separadamente. A abordagem ainda mais utilizada é a da partição da variância

baseada em análise de redundância canônica (RDA, Legendre et al. 2009; Borcard et al.

2011), porém recentemente foi proposta outra promissora forma de avaliar estas

contribuições baseando-se em modelos de efeito misto (Nakagawa & Schielzeth, 2013).

Em ambas, o componente de explicação puramente ambiental é interpretado como um

viés entre a distribuição das espécies e os descritores ambientais medidos, enquanto a

explicação puramente espacial à limitação da dispersão. Em resposta a possíveis efeitos

de variáveis ambientais não medidas na fração puramente espacial Diniz-Filho et al.

(2012) têm proposto uma ferramenta que possibilita testar esta influência baseando-se

em predições da dinâmica neutra.

Neste trabalho objetivamos distinguir a importância dos mecanismos baseados

no ambiente daqueles baseados no espaço (limitação da dispersão) em florestas tropicais

com baixa diversidade. Testamos as seguintes predições: (1) alto estresse e

heterogeneidade deve criar um forte viés com a variação composicional resultando em

uma comunidade estruturada pelo sinal ambiental mais do que pela limitação da

dispersão (Scarano, 2009; Oliveira et al. 2014); (2) a presença de muitas espécies com

pequenas populações locais deve desempenhar um papel significativo na formação de

padrões espaciais estocásticos; e (3) o viés ambiental deve ser mediado principalmente

pelo filtro edáfico (Fenu et al. 2012; Baldeck et al. 2012).

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Material e Métodos

Área de estudo

Os dados foram coletados no estado do Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil

(5° 54' 38.98" S, 35°10' 17.59" O, Fig. 1). A área é de uso exclusivo militar e livre de

atividades humanas regulares desde 1965 (CLBI, 2014). Sua vegetação é formada por

variações fisionômicas predominantemente herbáceas, arbustivas ou arbóreas (sensu

Oliveira-Filho, 2009). A topografia abrange variações de dunas móveis

predominantemente à leste e paleodunas ou planícies arenosas predominantemente à

oeste (Muehe, 2006). O solo é classificado como Areia Quartzosa Marinha Distrófica

com a presença de manchas de Latosolos Vermelho Amarelo Distróficos

(SUDENE/DNPEA, 1971). O clima é do tipo Aw, tropical com estação chuvosa e seca

bem definidas (Peel et al. 2007). As médias anuais de temperatura e precipitação são de

26ºC e 1746mm e a região é caracterizada como área de estresse hídrico (<100mm)

durante 6.2 meses em média por ano, sendo este período consideravelmente variável (3–

9 meses) (INMET, 2014).

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Figura 1. Localização geográfica da área e transecções de estudo na região nordeste do

Brasil. Extenções das transecções estão fora de escala para melhor visualização.

Coleta de dados

Os dados foram coletados em 85 parcelas de 5x5 m (25m²), distribuidas

aleatoriamente em dezessete transecções de 100m cada (5 parcelas/transecção). As

transecções foram distribuídas ao longo de trilhas pré-existentes na área de estudo a fim

de capturar a ampla heterogeneidade edáfica e topográfica (Fig. 1).

Em cada parcela numeramos e amostramos todos os indivíduos com diâmetro à

altura do solo ≥ 3 cm, exceto lianas, para identificação em nível de espécie. O herbário

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte foi usado para conferência do material

botânico. Para a representação dos aspectos topográficos identificamos o ponto de maior

declividade, elevação e convexidade do terreno em cada parcela. A elevação foi medida

nos vértices e no ponto central de áreas de 20x20 m (400m²) ao redor de cada parcela,

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delimitadas em imagem de satélite (Google Earth, 2013). A elevação central das áreas

de 400m² subtraida da elevação média de seus vértices indicou a convexidade do

terreno, que retratam áreas planas (convexidade nula), convexas (convexidade positiva)

ou côncavas (convexidade negativa) (Legendre et al. 2009).

Para a representação dos aspectos físico-químicos do solo coletamos três

amostras superficiais (0-10cm) em pontos aleatórios. Também medimos a profundidade

da serrapilheira e a compactação do solo nos vértices das parcelas. Uma haste de

alumínio de 0,5 m, graduada e pesando 0,5 kg foi solta a 1,2 m do solo e, em seguida,

foi tomada a profundidade de penetração da barra, sendo a compactação o inverso dos

valores de penetração (modificado de Morrisey et al. 2003). As amostras de solo foram

secas ao ar, destorroadas e passadas por peneira de 2,00 mm de malha. Foram

analisados o pH, acidez potencial (H+Al), capacidade de troca catiônica (CTC) e a soma

de bases (SB) e os conteúdos dos macronutrientes Ca, Mg, Na, K e P (Melich 3

(EMBRAPA/CNPS, 1997).

Além destas, mensuramos o aspecto abiótico de disponibilidade de luz através

da abertura do dossel da vegetação. A disponibilidade de luz interfere na fase de

recutamento das plantas e potencialmente teve uma influência passada nos indivíduos

adultos amostrados, neste caso participando do filtro ambiental e da promoção da

variação florística. Três fotografias não sobrepostas foram obtidas por parcela em

horários de baixa incidência de luz direta. Uma câmera digital com lente de 16mm

sempre esteve nivelada a 0,5m do solo na função automática e com resolução de 2448 x

1624 pixels. Correções foram feitas nas imagens usando o programa Adobe Photoshop

7.0. Primeiro mudamos a imagem para escala de cinza e regulamos o contraste para

‘+100’ e o brilho para ‘-100’ (Engelbrecht & Herz, 2001; Suganuma, 2008). Por último,

corrigimos reflexos em galhos, troncos e folhas. O histograma da imagem informou a

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proporção de pixels brancos e a média por parcela foi adotada como a abertura do

dossel.

Análise dos Dados

Aplicamos uma abordagem de partição da variância baseada em análise de

redundância ou RDA (Borcard et al. 2011) e outra baseada em modelos de efeito misto

(Nakagawa & Schielzeth, 2013). Ambas indicam a proporção da variação

composicional que é explicada pelo efeito abiótico unicamente (interpretada como

mecanismo de filtro ambiental) e a explicação puramente espacial (interpretada como

eventos estocásticos não relacionados ao filtro ambiental). Além disto ambas indicam os

fatores de filtro ambiental responsáveis pela organização da comunidade. A fração mista

(interpretada como filtro ambiental espacialmente estruturado) possui limitada

interpretação em razão dos efeitos de correlação (Legendre et al. 2009).

Na análise RDA utilizamos como variável resposta uma matriz de abundância de

espécies previamente submetida por transformação de Hellinger (Legendre &

Gallagher, 2001). Nem espécies singletons nem parcelas sem vegetação foram

consideradas (n=6) a fim de evitar o alongamento dos gradientes florísticos (McCune &

Grace, 2002). Na RDA a matriz preditora ambiental foi representada por variáveis

abióticas ajustadas conforme o tipo de cada variável (Hair et al. 1998). Além disto,

expandimos seu número original adicionando valores quadráticos e cúbicos (total= 45)

(Borcard & Legendre, 2002). A matriz preditora espacial foi representada por

autovetores positivos gerados pela análise de coordenadas principais da matriz de

vizinhança ou PCNM (Borcard et al. 2011). Em função do nosso desenho amostral ser

irregular, adicionamos quinze pontos suplementares aos dados de coordenadas

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geográficas antes de executar a PCNM (Borcard & Legendre, 2002). Os pontos

suplementares foram removidos para compor a matriz preditora espacial.

A RDA foi então executada e com base no R² ajustado uma seleção forward foi

feita para ambas as matrizes preditoras separadamente. A RDA com apenas as variáveis

selecionadas serviu de modelo para a análise de partição da variância (Bocard et al.

1992). Interpretamos nossos resultados apenas nas importâncias relativas dos diferentes

componentes que contribuem para a variância total explicada (Okland, 1999). A análise

PCNM foi executada com os pacotes ‘PCNM’ e ‘boot’ enquanto a RDA e a partição da

variância com os pacotes ‘packfor’ e ‘vegan’, todas no programa estatístico R 2.13.0 (R

Core Development Team, 2012).

Para entender se o resultado sugerido pela partição da variância seria um efeito

do tamanho das áreas amostrais (parcelas) (Legendre et al. 2009; De Cáceres et al.

2013), repetimos a análise de partição da variância usando áreas amostrais de 5x10m

(50m²) e 5x25m (125m²) seguindo os mesmos procedimentos descritos acima. As

escalas representaram as parcelas individuais (25m², n=79), seu agrupamento duas a

duas (50m², n=34) e de todas dentro de uma mesma transecção (125m², n=17). Além

destas, executamos outra partição para entender separadamente as contribuições da

topografia, das propriedades edáficas, da abertura do dossel, do espaço e a contribuições

espacialmente estruturadas destes fatores abióticos.

Como a falta de alguma variável ambiental espacialmente estruturada pode

contribuir para superestimar a fração puramente espacial na partição da variância

testamos se esta fração corresponde realmente apenas a processos espaciais (Diniz-filho

et al. 2012). Um teste de Mantel (9999 permutações) verificou a significância da

correlação entre uma matriz de correlações de abundâncias (R) e uma matriz de

correlogramas com distância de Manhattan (M), ambas baseadas em padrões de

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espécies preditas pela fração puramente espacial. É esperado que a ausência de

correlação entre M e R isente qualquer explicação por fatores ambientais espacialmente

estruturados na fração espacial pura, como predito pela teoria neutra.

Nos modelos mistos utilizamos como variável resposta três eixos florísticos

obtidos por escalonamento multidimensional não métrico (NMDS). A interpretação

florística de cada eixo se baseou nas suas correlações com a abundância das espécies

(P<0.05). O efeito fixo (aspectos abióticos) incluiu as variáveis declividade, elevação,

convexidade, pH, Na, P, acidez potencial, serrapilheira, compactação, soma de bases e

abertura do dossel. A entrada das variáveis nos modelos foi justificada somente quando

houve baixos fatores de inflação da variância (Zuur et al. 2009). O efeito aleatório

(aspectos espaciais) incluiu duas escalas: transecções e grupos fisiográficos. O primeiro

grupo incluiu três transecções ao norte da área, o segundo incluiu quatro transecções ao

sul, o terceiro incluiu seis transecções a oeste e o último incluiu quatro transecções a

leste (Fig. 1). Os grupos fisiográficos foram utilizados para incluir uma escala de

variação mais ampla.

Os modelos mistos foram executados para cada um dos eixos NMDS. O efeito

aleatório foi incluído somente quando houve uma melhora significativa do modelo final,

considerado aquele com menor critério de informação de Akaike corrigido para

tamanhos amostrais reduzidos (AICc) em nível de P<0.05. Regressões GLS foram

executadas para modelos com apenas preditores abióticos. Em caso de efeito aleatório

não significativo, usamos modelos lineares generalizados (GLM) para testar a

significância de cada variável abiótica (P<0.05) e extrair o R² ajustado da contribuição

ambiental. Em caso de efeito aleatório significativo, separamos o R² ambiental

(interpretado como filtro ambiental) e R² espacial (interpretado como eventos

estocásticos) baseando-se na função “rsquared.glmm” (Nakagawa & Schielzeth, 2013).

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O NMDS foi executado com os pacotes ‘vegdist’ e ‘ecodist’ e os modelos mistos com

os pacotes ‘nlme’, ‘lme4’ e ‘vegan’.

Resultados

Um total de 56 espécies de 40 gêneros e 28 famílias foram encontradas (Tab. 1,

Material Suplementar). Apenas quatro espécies possuiram abundâncias relativas igual

ou superior a 5%, compondo um a comunidade predominantemente de espécies raras

(Fig. 2a). Este resultado não foi influenciado pelo esforço amostral (Fig. 2b). Além

disto, a maioria das espécies possui ocorrência em pelo menos mais um domínio

florístico além da restinga: Amazônia (57%), Caatinga (77%) e Cerrado (74%) (Fig.

2c). Espécies de ocorrência exclusiva a floresta de Mata Atlântica (domínio florístico da

restinga) ou a restinga somam apenas 13% do total.

As espécies mais abundantes foram Myrcia rumuliflora (14%), Maytenus

erythroxylon (10%), Byrsonima gardneira (7%) e Coccoloba ramosissima (43, 5%).

Quando ordenadas pela análise NMDS, dezesseis delas mostraram correlações com o

primeiro eixo da ordenação, sendo as correlações mais fortes com Ouratea salicifolia

(r= -0,57), Hancornia especiosa (r= -0,49), Maytenus disticophyla (r=0,36) e Eugenia

luschnathiana (r=0,34; Tab.1, Material Suplementar). O segundo eixo possuiu

correlações mais fortes com Anacardium ocidentallis (r= -0,56), Byrsonima gardneira

(r=0,39), Guapira pernambusensis (r=0,39), Maytenus erythroxylon (r= -0,33) e mais

outras 4 espécies. O terceiro e último eixo possuiu correlações com as abundâncias de

14 espécies, sendo as mais fortes com Guapira pernambusensis (r= -0,39), Genophalla

flexuosa (r= -0,39), Melocactus catingicola (r= -0,33) e Strychnos parvifolia (r=0,33).

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0

20

40

60

80

100

de e

spécie

s (

%)

Mata Atlântica

ou RestingaAmazônia Caatinga Cerrado

57%22%

74%

13%

77%

(c)

Figura 2. (a) curva de abundância relativa. (b) curva de acumulação de espécies. (c)

proporção de espécies de ocorrência em outros domínios florísticos (Amazônia ou

Caatinga ou Cerrado) ou de ocorrência exclusiva ao domínio Mata Atlântica ou

restinga.

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A partição baseada em RDA atribuiu entre 23% a 28% da variância total

explicada aos efeitos dos aspectos ambientais e espaciais. Na escala de 25m² a maior

contribuição relativa resultou da correlação entre a variação composicional e o ambiente

espacialmente estruturado (50%), seguida da fração puramente ambiental (36%) e

puramente espacial (14%) (Fig. 3). Mesmo com o aumento da escala espacial das áreas

amostrais a maior contribuição puramente ambiental foi mantida.

Figura 3. Contribuições relativas do total de variância explicada que são atribuídas ao

efeito puramente ambiental, puramente espacial e a fração mista do ambiente

espacialmente estruturado ao longo das escalas de 25 m², 50m² e 125 m². O total de

variação explicada é mostrado em cima de cada barra.

Decompondo a contribuição puramente ambiental de acordo com os três

subconjuntos de variáveis abióticas utilizadas, encontramos uma maior importância

relativa da abertura do dossel (13%), seguida do solo (10%), topografia (8%) e solo

topograficamente estruturado (4%; Fig. 4). Já considerando a fração mista, o solo

correlacionado com a topografia e ao mesmo tempo espacialmente estruturado reteve a

maior contribuição relativa (28%).

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21

0

5

10

15

20

25

30

Doss

el

Solo

Espaci

al

Solo+Topogra

fia

Espaci

al

Topografia

Espaci

al

Solo

Espaci

al

Solo

Topografia

Outro

s

13%

10%8%

14%

28%

12%

8%

4%2%

topogra

fia

vari

ação e

xplic

ada (

%)

Figura 4. Contribuições relativas do total de variância explicada atribuídas ao efeito da

abertura do dossel, solo, topografia, solo topograficamente estruturado, espaço, ao efeito

do solo correlacionado com a topografia e ao mesmo tempo espacialmente estruturado,

topografia espacialmente estruturada, solo espacialmente estruturado e de outras

frações.

A análise RDA revelou várias relações lineares e curvas entre a variação

composicional e os descritores do ambiente abiótico, como: elevação, declividade,

convexidade, pH, H+Al, CTC, Na, K, profundidade de serrapilheira, compactação e

abertura do dossel (Tab. 2, Material Suplementar). A elevação do terreno variou do

nível do mar até dunas de quase 80 metros, formando áreas de alta a baixa declividade e

convexidade (Tab. 3, Material Suplementar). Os solos foram pouco compactos, salinos,

ácidos ou muito ácidos e de baixa fertilidade. A disponibilidade de luz no interior dos

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sub-bosques variou consideravelmente em função da elevada heterogeneidade da

fisionômica da vegetação.

A representação de processos espaciais (indicadores de eventos estocasticos)

considerou inicialmente 36, 24 e 18 autovetores positivos para parcelas de 25m², 50m² e

125m², respectivamente. Um menor número de autovetores da escala ampla ou

intermediária foi retido pela seleção forward. A possível influência de variáveis

ambientais estruturadas sobre a fração puramente espacial foi descartada pela ausência

de correlação entre as matrizes M e R no teste de Mantel (r=0,006; P=0,437). A

distância de Manhattan média entre os correlogramas foi de 2,845 (±0,926) e a média de

correlação entre as abundâncias foi de 0,001 (±0,374).

Os modelos de efeito mistos sugeriram apenas a importância do ambiental

abiótico (efeito fixo) na explicação da variação composicional (Tab. 1). A retirada do

efeito aleatório (espacial) não implicou na queda de qualidade de ajuste dos modelos.

Os modelos finais consideraram as variáveis topográficas (elevação, declividade e

convexidade), compactação do solo, conteúdo de Na e abertura do dossel (P<0,05). A

explicação ambiental variou entre 0,23 a 0,58%. Todas as variáveis consideradas

inicialmente tiveram baixos fatores de inflação da variância (VIFs ≤ 4,15).

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Tabela 1. Resultado dos modelos mistos para os três eixos da ordenação NMDS. O

critério de informação de Akaike corrigido para tamanhos amostrais reduzidos (AICc) é

mostrado para o modelo completo, com apenas a variável aleatória de agrupamentos,

com apenas as transecções e sem o efeito aleatório. Os valores entre parênteses que

acompanha o AICc é a razão L e o valor de P, respectivamente. Valores em negrito

representam comparações significativas com o modelo que inclui ambas as variáveis

aleatórias. O coeficiente de regressão ajustado (R²) e as variáveis abióticas selecionadas

também são mostrados.

Modelos finais NMDS-1 NMDS-2 NMDS-3

AICc

Fixo+Grupos/Transecções 70,85 77,05 42,64

Fixo + Grupos 71,10 (2,25; 0,13) 75,05 (1,70; 0,99) 40,64 (6,14; 0,99)

Fixo + Transecções 70,20 (81,35; 0,24) 75,05 (1,24; 0,99) 40,64 (1,92; 0,99)

Fixo somente (GLS) 69,34 (2,49; 0,28) 73,05 (1,24; 0,99) 38,64 (7,89; 0,99)

R² ajustado 0,58 0,23 0,47

Variáveis selecionadas

Declividade***,

Dossel***,

Convexidade*

Convexidade***

Elevação***,

Convexidade***,

Compactação***,

Na***, Dossel*

Nota: ***<<0.01, **<0.01, *<0.05.

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Discussão

Enquanto evidências apontam para florestas tropicais de alta diversidade serem

explicadas predominantemente por mecanismos espaciais estocásticos (Myers et al.

2013), esta floresta tropical de baixa diversidade respondeu ao filtro ambiental local

mais do que a limitação da dispersão dando suporte a nossa primeira predição. Após

controlar o efeito espacial, 36% da variação composicional foi explicada por diferenças

abióticas da planície arenosa costeira pela partição da variância baseada em RDA. Este

percentual variou entre 23% e 58% nos modelos de efeito misto. Embora fosse esperado

uma redução da explicação puramente ambiental com o aumento da escala das áreas

amostrais (Legendre et al. 2009; De Cáceres et al. 2013) não encontramos esta relação,

o que assegura o posicionamente em favor do filtro ambiental. Outras investigações em

sistemas costeiros também concordam para a existência de um viés entre a distribuição

das espécies e fatores abíoticos (Lortie & Cushman, 2007; Lane et al. 2008; Brunbjerg

et al. 2012; Fenu et al. 2012; Oliveira et al. 2014).

Nossos resultados também suportam nossa segunda predição, de que a estrutura

da comunidade recebe importante contribuição de eventos espaciais estocásticos não

relacionados ao ambiente (total de 14%). Registramos que a maioria das espécies nesta

floresta possuem populações locais reduzidas e isto aumenta as chances delas flutuarem

de forma estocástica (Hubbell, 2001). Estas populações devem formar drenos mantidos

pela dispersão de indivíduos de domínios florísticos vizinhos, como apontado pela

nossa investigação (bem como em outros, Scarano, 2009; Oliveira et al. 2014). Entre

57% e 77% das espécies ocorreram em pelo menos um domínio florístico diferente além

da restinga (Amazônica, Caatinga e Cerrado), caracterizando estas áreas como regiões

de ecótono entre florestas de elevada biodiversidade.

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Diferenças no tamanho do corpo e forma de vida são características que

interferem na resposta das espécies a limitação da dispersão (Farjalla et al. 2012; Lin et

al. 2013). Como as espécies desta floresta possuem dispersão predominantemente

zoocórica, suas distribuições devem ser limitadas quando o processo de dispersão for

ineficiência ou até mesmo ausente. Casos de ineficiência de dispersão e polinização têm

sido registrados e discutidos em restingas no sudeste do Brasil em função do não ajuste

ecofisiológico as condições estressantes por parte de insetos ou outros animais

dispersores de sementes (Faria et al. 2006; Scarano, 2009).

Nossos resultados não suportam a hipótese de que a distribuição das espécies

ocorre principalmente devido ao filtro edáfico, já que a disponibilidade de luz foi a

característica ambiental que mais contribuiu. A composição florística de áreas com

maior densidade de dossel e produção de serrapilheira (ambos indicadores de maior

produtividade da vegetação) revelou diferenças com aquelas de dossel menos denso. A

disponibilidade de luz no interior da vegetação pode interferir na fase de recutamento

das plantas. Assim, a luz deve ter influenciado no passado os indivíduos adultos que

amostramos agora explicando a sua participação no filtro ambiental. Uma maior

incidência luminosa sobre o material vegetal exige determinados mecanismos de

resistência à radiação ou de dissipação de energia, os quais podem não ter sido

alcançados em virtude da ocupação evolutivamente recente das restingas (Scarano et al.

2001; Scarano, 2009).

Prévias investigações tem revelado uma maior contribuição por parte dos solos

em florestas tropicais (Baldeck et al. 2012; Lin et al. 2013). Independente da sua

contribuição, sua adição à partição da variância aumentou sensivelmente a contribuição

do filtro ambiental se comparado ao uso da topografia tão somente, assim como foi

sugerido por Jones et al. (2008) e Baldeck et al. (2012). A topografia é muitas vezes

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considerada como uma proxy de qualidade do habitat (Legendre et al. 2009; Baldeck et

al. 2012), por controlar as condições do solo e ampliar a oferta de habitats para as

espécies (John et al. 2007). Ás vezes, variações microtopográficas (<5m) já são

suficientes para promover diferenças florísticas entre áreas (Moeslund et al. 2013). A

existência de dunas elevadas e faces de dunas protegidas de ventos e radiação direta ou

a existência de vales ou outras regiões côncavas (regiões de convergência de água e

nutrientes), por exemplo, ampliam as oportunidades para plantas ocuparem os solos

estressantes se comparado a planícies arenosas planas tão somente.

Em florestas de ambientes produtivos, a variação composicional tem revelado

importantes relações com vários nutrientes essenciais simultaneamente (John et al.

2007; Condit et al. 2013). Em ambientes costeiros, por outro lado, as espécies tem

mostrado menor associação com a fertilidade do solo e maior com gradientes de estresse

físico (Brunbjerg et al. 2012; Fenu et al. 2012). Nossos resultados atribuem à variação

composicional ao efeito combinado de três importantes íons envolvidos nos processos

de salinização e acidificação dos solos (Na+, H

+ e K

+). Acidez por Al

3+ foi

substancialmente baixa. O excesso dos íons Na+ e H

+ restringe a disponibilidade de K

+ e

outros importantes nutrientes no solo (Ca, Mg, P e N) bem como água, além de

interferir na afinidade do K+ durante a regulação osmótica celular e inibir o crescimento

e produtividade das plantas (Marschner, 1991; Majahan & Tuteja, 2005; Brady & Weil,

2013). Assim, espécies com menor capacidade de regulação destes íons devem limitar-

se espacialmente a áreas de atenuação do estresse físico-químico do solo.

A compactação também mostrou ser um importante indicador de variação

composicional, provavelmente por interferir na quantidade e qualidade de raízes finas

no solo e, consequentemente, no sucesso de obtenção de água pelas plantas (Lin et al.

2013). Compactação depende da porcentagem de areia, silte, argila, matéria orgânica e

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teor de sais (Brady & Weil, 2013) e salinidade pode alterar a textura básica do solo por

reduzir a porosidade, aeração e condução de água (Majahan & Tuteja, 2005). Nós

sugerimos uma relação entre compactação e salinidade do solo na promoção de variação

composicional tendo em vista que ambas interferem no conteúdo de água do solo e

como a floresta avaliada encontra-se em uma região de elevado estresse hídrico (entre 3

a 9 meses/ano) o sucesso na captura de água pode determinar a sobrevivência de

algumas plantas em anos de seca severa.

Conclusão

Este estudo providencia conhecimentos sobre a organização de comunidades de

plantas tropicais com baixa diversidade. Nós evidenciamos que a variação

composicional entre áreas do sistema costeiro avaliado responde aos gradientes de

estresse e heterogeneidade mais do que a mecanismos espaciais estocásticos como

limitação da dispersão. Todavia, a presença de muitas espécies com pequenas

populações locais desempenha um considerável papel na formação de estruturas não

relacionadas ao filtro ambiental. O principal responsável por criar os padrões de

distribuição das espécies está relacionado à variação local na disponibilidade de luz.

Diferente de florestas em ambientes produtivos, a influência da fertilidade do solo

sugere menor importância se comparada à influência de nutrientes potencialmente

tóxicos. Há também um significativo controle topográfico e de similar importância ao

controle edáfico. Para agregar no entendimento da estrutura da comunidade nós

estimulamos uma investigação do filtro ambiental e limitação da dispersão entre grupos

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florísticos ou subcomunidades, tendo em vista que a elucidação destes mecanismos

depende da avaliação da variação composicional em diferentes escalas.

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old-growth temperate forest in Northeastern China. Acta Oecologica 33, 345–354.

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Material Suplementar 1 2

Tabela 1. Lista de famílias, espécies e suas abundâncias. Também são mostradas todas as correlações significativas (P <0.05) entre as

abundâncias de cada espécie e os três eixos da ordenação NMDS, com exceção das espécies com apenas uma ocorrência (as últimas oito

espécies).

1º eixo do NMDS

2º eixo do

NMDS

3º eixo do NMDS

Família

Espécie

Abundância

r P valor

r

P

valor

r P valor

Myrtaceae Myrcia rumuliflora 133 -0.27 0.016

Celastraceae Maytenus erythroxyla 95 0.23 0.044

-0.33 0.003

Malpighiaceae Byrsonima gardnerana 67 0.23 0.042

0.39 0.000

Polygonaceae Coccoloba ramosissima 43 0.23 0.04

-0.33 0.003 0.22 0.047

Rubiaceae Guettarda platypoda 39 0.23 0.042

Myrtaceae Eugenia azeda 37

Sapotaceae Padrosia restingae 35 0.24 0.03

Nyctaginaceae Guapira sp 29

0.26 0.022 0.23 0.038

Chrysobalanaceae Hirtella ciliata 29 -0.23 0.041

Fabaceae Chamaecrista eusifoanis 28 0.3 0.008

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Ochnaceae Ouratea salicifolia 25 -0.57 0

Myrtaceae Eugenia ligustrina 23

Apocynaceae Hancornia speciosa 23 -0.49 0.044

Cactaceae Melocactus catingicola 21

-0.33 0.003

Sapotaceae Manilkara salzmannii 20

-0.27 0.018

Celastraceae Maytenus distichophylla 20 0.36 0.001

Nyctaginaceae Guapira pernambucensis 18

0.39 0.000 -0.39 0.000

Schoepfiaceae Schoepfia brasiliensis 18

0.24 0.034

Myrtaceae Eugenia umbelliflora 17

-0.28 0.013

Bignoniaceae Tabebuia roseoalba 17

Myrtaceae Myrcia guianensis 14

Fabaceae Calliandra parvifolia 12 0.27 0.014

Erythroxylaceae Erythroxylum passerinum 12

0.31 0.005

Polygonaceae Coccoloba laevis 10

Myrtaceae Eugenia luschnathiana 10 0.34 0.002

Myrtaceae Eugenia punicifolia 9

Chrysobalanaceae Licania parvifolia 9

Anacardeaceae Anacardium occidentale 8

-0.56 0.001 -0.31 0.006

Polygonaceae Coccoloba rosea 8

0.26 0.018

Myrtaceae Psidium oligospermum 8 0.25 0.028

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Myrtaceae Myrciaria tenella 7

Myrtaceae Myrciaria floribunda 7 0.26 0.020

Rhamnaceae Ziziphus joazeiro 7

-0.24 0.031

Nyctaginaceae Guapira tomentosa 6

Lecythidaceae Lecythis pisonis 6

Myrtaceae Eugenia sp 5

Logoniaceae Strychnos parvifolia 5

0.33 0.003

Lamiaceae Vitex rufescens 4

Myrtaceae Campomanesia sp 3

-0.23 0.043

Chrysobalanaceae Chrysobalanus icaco 3

Myrtaceae Eugenia candolleana 3

Capparaceae Genophalla flexuosa 3

0.24 0.033 -0.39 0.000

Ochinaceae Ouratea hexasperma 3

Peraceae Pera ferruginea 3

Sapindaceae Allophylus puberulus 2

Malpighiaceae Byrsonima verbascifolia 2 -0.24 0.036

Rubiaceae Cordiera myrciifolia 2

Malvaceae Luehea divaricata 2

Rubiaceae Alseis pickelli 1

Cynophallea Flexuosa capparaceae 1

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Fabaceae Hymenaea courbaril 1

Acanthaceae Thyrsacanthus ramosissimus 1

Rubiaceae Tocoyena formosa 1

Rubiaceae Tocoyena sellowiana 1

Olacaceae Ximenia americana 1

Fabaceae Zollernia ilicifolia 1

3

4

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Tabela 2. Variáveis selecionadas pela técnica forward (P <0.05) nas análises de RDA, 5

usando uma única matriz ambiental preditora ou três matrizes (solos, topografia e 6

abertura do dossel) e diferentes escalas. [2] variáveis quadráticas. [3] variáveis cúbicas. 7

Apenas as variáveis com relação significativas são mostradas do total geral (45 8

variáveis). Mesmo possuindo símbolos similares, os valores dos eixos PCNM são 9

únicos em cada matriz espacial usada. 10

Única matriz ambiental

Três matrizes

ambientais

Variável 25m² 50m² 125m² 25m²

Elevação * *

*

Elevação [2]

*

Elevação [3]

*

Declividade * * *

*

Declividade [2] *

*

Convexidade *

*

Convexidade [2] *

*

pH *

*

Na *

Na [2]

*

K *

*

H+Al

*

H+Al [2]

*

H+Al [3] *

*

CTC *

Serrapilheira *

*

Serrapilheira [2] *

*

Compactação *

*

Compactação [2] *

Abertura dossel *

*

Abertura dossel [2] *

*

Abertura dossel [3] *

*

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PCNM 1 * *

*

PCNM 2 * * *

PCNM 3 * * *

PCNM 8 * *

PCNM 10 * *

PCNM 17 * *

PCNM 19 * *

11

12

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Tabela 3. Correlações significativas entre descritores físico-químicos do solo, topográficos e de abertura do dossel (P<0.05). 13

Média (Desvio) pH Ca Mg Al Na K P H+Al

Soma

Bases CTC

Serrapi

lheira

Compacta

ção

Declivi

dade

Elevação

pH 5.64 (±0.49)

Ca

0.38cmolc/dm³

(±0.21)

Mg

0.33cmolc/dm³

(±0.24) 0.32

Al

0.006cmolc/dm³

(±0.01) -0.63 -0.29

Na

0.13cmolc/dm³

(±0.08)

0.27

K

0.09cmolc/dm³

(±0.06) 0.22

0.30

P

16.59cmolc/dm³

(±14.36) 0.30 0.36 0.27

0.27

H+Al

3.53cmolc/dm³

(±2.04) -0.28

0.28 0.29

0.24

Soma Bases

0.93cmolc/dm³

(±0.39) 0.51 0.69 0.78 -0.25 0.42 0.30 0.40 0.34

CTC

4.48cmolc/dm³

(±2.21)

0.25 0.40 0.22

0.29 0.99 0.50

Serrapilheira 3.3cm (±2.51)

0.48

0.35 -0.24

0.38 0.36 0.41

Compactação 0.14cm-1

(±0.05)

0.30

-0.35

Declividade 9.38º (±8.97)

0.31 0.28 0.58 -0.21 0.28 0.51 0.25 0.52 0.51 -0.40

Elevação 43.2m (±16.11)

0.34

0.26

0.60 0.37 0.62 0.30

0.41

Convexidade 0.41m (±1.82)

-0.26

Dossel

0.37% de pixels

(±0.83)

-0.37 -0.14

-0.28 -0.50 -0.33

-0.62

-0.51

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