a pré-história passo a passo

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Colette Swinnen Ilustrações de Loïc Méhée Tradução Hildegard Feist

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Page 1: A pré-história passo a passo

Colette Swinnen

Ilustrações deLoïc Méhée

Tradução Hildegard Feist

Page 2: A pré-história passo a passo

Copyright © 2008 by Actes Sud

Graf ia atualizada segundo o Acordo Ortográf ico da Língua Portuguesa de 1990,  que entrou em vigor no Brasil em 2009.

Título originalLa préhistoire à petits pas

RevisãoVeridiana MaenakaCarmen S. da Costa

2010

Todos os direitos desta edição reservados àeditora schwarcz ltda.

Rua Bandeira Paulista, 702, cj. 3204532-002 – São Paulo – sp – Brasil

Telefone: (11) 3707 3500Fax: (11) 3707 3501

www.companhiadasletrinhas.com.br

Para minhas filhas, Cécile e Marianne

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)

Swinnen, Colette A pré-história passo a passo / Colette Swinnen ; ilustrações de Loïc Méhée ; tradução de Hildegard Feist. — São Paulo : Companhia das Letras, 2010.

Título original: La préhistoire à petits pas.

isbn 978-85-359-1688-1

1. Literatura infantojuvenil 2. Pré-história —Literatura infantojuvenil I. Méhée, Loïc. II. Título.

10-04886 cdd-028.5 Índices para catálogo sistemático:1. Pré-história : Literatura infantojuvenil 028.52. Pré-história : Literatura juvenil 028.5

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Sumário

O que é pré-história? p. 6Pré-história: uma disciplina recente p. 8A geologia a serviço da arqueologia p. 10As glaciações p. 12Como identificamos os animais? p. 14O homem pré-histórico conheceu o dinossauro? p. 16O homem descende do macaco? p. 18Por que se diz que a África é o berço da humanidade? p. 20A grande aventura do homem p. 22O domínio do fogo p. 24O homem de Neanderthal, europeu legítimo p. 26O Homo sapiens: último sobrevivente p. 30O mistério do homem de Flores p. 32Utensílios de pedra: principais testemunhas de culturas desaparecidas p. 36A evolução dos utensílios de pedra p. 38Eles sabiam falar? p. 40O homem e seu território p. 42O homem pré-histórico vivia em caverna? p. 44Carniçagem, caça, pesca e coleta p. 46Eles comiam mamute? p. 50Alimentação p. 52A cozinha pré-histórica p. 54O homem pré-histórico se vestia? p. 56A descoberta das cavernas pintadas p. 58Artistas consumados do Paleolítico superior p. 62A figura da mulher na arte p. 64A morte na pré-história p. 66O que os últimos caçadores-coletores nos ensinam p. 68Rumo ao Neolítico! p. 70Pesquisa arqueológica: um trabalho de equipe p. 72Trabalhos de escavação num sítio pré-histórico p. 74

Teste p. 76

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O que é pré-história?O período chamado pré-história é tão longo que chega a nos deixar zonzos com sua espantosa duração. A história da Terra teve início há 4,6 bilhões de anos. Portanto, o aparecimento do homem é um episódio breve e relativamente recente, ainda que nos pareça muito antigo.

O estudo dos primeiros utensílios de pedra, únicas testemunhas de culturas desaparecidas, deu origem a uma nova disciplina: os estudos pré-históricos. O período chamado Paleolítico — palavra que signif ica “idade da pedra antiga” (do grego palaios, antigo, e lithos, pedra) — começou há uns 2,7 milhões de anos e terminou por volta de 10 000 a. C. Os pré-historiadores dividem esse período em três fases de diferente duração. Essa divisão se deve a mudanças importantes, como o surgimento de uma nova espécie de homem ou de novos utensílios.

O Paleolítico inferior ou antigo se caracteriza pela invenção de um célebre utensílio, o biface. O Paleolítico médio começou em cerca de 300 000 a. C.; é a época do homem de Neanderthal, que desenvolveu uma nova técnica de talhar a pedra. Mais tarde, por volta de 40 000 a. C., teve início o Paleolítico superior ou recente, época do homem moderno, que enfeitou com pinturas as paredes das cavernas. Depois do Paleolítico, vem o Neolítico. É a época da agricultura, da criação de animais e das primeiras povoações.

1-̊ de janeiro: surgem o Homo habilis e os primeiros utensílios; começa o Paleolítico inferior (2,7 milhões de anos)

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1-̊ de julho: surgem o Homo erectus (1,6 milhão de anos) e os primeiros bifaces (1,2 milhão de anos)

14 de novembro: surge o homem de Neanderthal; começa o Paleolítico médio (300 000 a. C.)

29 de dezembro: surgem a agricultura e a criação de animais na França (6000 a. C.); começa o Neolítico

24 de dezembro:o Homo sapiens chega à França; começa o Paleolítico superior (40 000 a. C.)

Onde? Quando? Como?

Tradicionalmente, a invenção da escrita, que ocorreu na Mesopotâmia (atual Iraque) por volta de 3500 a. C., assinala o f im da pré-história e, portanto, o começo da história. Na Europa, a pré-história termina quando se inicia a idade dos metais, em cerca de 2300 a. C.

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Pré-história: uma disciplina recenteHá muito tempo o homem anda intrigado com certos fósseis, esqueletos de animais — alguns bem estranhos — presentes no solo.

Durante muito tempo os estudiosos explicaram que a existência desses fósseis se devia ao célebre episódio bíblico do Dilúvio. A Bíblia conta que a Terra foi completamente coberta de água e um homem chamado Noé construiu uma arca e com ela salvou sua família e vários animais. Os fósseis seriam, pois, a prova de que essa história era verdadeira.

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Mas, nos séculos xviii e xix, alguns estudiosos se puseram a questionar essas convicções religiosas. Surgiu então a arqueologia pré-histórica, disciplina criada por Jacques Boucher de Perthes*. Ele encontrou utensílios fabricados pelo homem e associados a ossos de espécies extintas, como o mamute. Diante disso, concluiu que a evolução do homem remonta a uma época muito anterior à da Bíblia. Perthes também distinguiu dois tipos de utensílios: as pedras

polidas, que, encontradas nas camadas superf iciais do solo, são mais recentes; e as pedras lascadas, que, encontradas em camadas mais profundas, datam de um período mais antigo, que ele chama de “época antediluviana” (anterior ao Dilúvio). Essas categorias ainda são empregadas atualmente com os nomes de Neolítico e Paleolítico, criados pelo pré-historiador e naturalista inglês John Lubbock para designar as divisões da idade da pedra.

A partir da década de 1870, o interesse despertado pela arqueologia cresceu, e numerosos amadores passaram a vasculhar sítios pré-históricos. As descobertas se multiplicaram, surgiram vários museus e algumas universidades começaram a dar cursos de arqueologia. Durante muito tempo, a pré-história francesa seria uma referência para os pré-historiadores europeus.

Quem é?* Jacques Boucher de Crèvecoeur de Perthes (1788-1868) era diretor da alfândega em Abbeville (Somme, França). Ficou famoso a partir de 1847, quando demonstrou a existência de sílex lascados em camadas geológicas anteriores ao Dilúvio, descrito na Bíblia. Esse fato assinalou o surgimento da pré-história como disciplina científ ica.

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A geologia a serviço da arqueologiaO estudo da pré-história se situa entre as ciências humanas e as ciências naturais. A geologia, ciência que estuda o subsolo, criou condições para que os estudos pré-históricos fossem reconhecidos como disciplina.

Estudiosos que f izeram a origem do homem recuar no tempoOs primeiros geólogos esbarraram na mesma dif iculdade dos historiadores da pré-história: demonstrar a grande antiguidade da Terra e a complexidade de sua criação. Segundo a Bíblia, o mundo foi criado em apenas seis dias, e, de acordo com os teólogos, isso aconteceu há uns 6 mil anos. Nos séculos xviii e xix, essas convicções religiosas foram cada vez mais contestadas. Já no século xviii, James Hutton, o fundador da geologia moderna, acreditava que a história de nosso planeta começou num passado distante, calculado em dezenas ou centenas de milhões de anos.

Surgiram então duas teorias opostas: o catastrof ismo e o atualismo. O catastrof ismo se baseia no princípio de que a evolução das espécies terrestres e das paisagens resultou de uma série de catástrofes ou dilúvios. O atualismo defende a ideia de transformações lentas e progressivas, que ocorreram durante o desenvolvimento da Terra e ainda ocorrem atualmente. O geólogo inglês Charles Lyell é o porta-voz dessa teoria. Ele concorda com a antiguidade do homem, demonstrada por Jacques Boucher de Perthes.

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Um método para estudar nosso passado distanteOs geólogos frequentemente utilizam a estratigraf ia. Esse método se baseia numa lógica muito simples: sempre que camadas de solo se superpõem, a camada que se situa em cima de todas é necessariamente a mais recente. Jacques Boucher de Perthes foi o primeiro que aplicou

esse método à arqueologia para datar os objetos de acordo com a camada do solo em que foram encontrados. Pouco depois, os primeiros pré-historiadores tentaram estabelecer uma cronologia geral, associando estudos estratigráf icos e a presença de utensílios correspondentes a um estágio preciso de evolução tecnológica.

Ainda hoje, a estratigraf ia constitui uma ferramenta indispensável. Ela permite situar no tempo os vestígios encontrados e estabelecer comparações com outros sítios arqueológicos. A geoarqueologia permite decifrar os “arquivos do solo” e compreender as transformações da paisagem e o lugar do homem nesse quadro.