a prática pedagógica do professor

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A Prática Pedagógica do Professor Dilza Netto Eliane Cristina Joenck Giovana Barbosa de Oliveira Margarete Teresinha Madalosso Paulo Roberto Coelho Tádia Regina Pelissari Mc. Orientadora Evanice Gonçalves Coelho Solange Zarth Introdução A influência das novas tecnologias no mercado de trabalho se faz sentir, de forma marcante, no contexto educacional, alterando o modo de aprender e ensinar. No seu trabalho diário o professor encontra crianças e adolescentes que convivem de diferentes maneiras. O novo educador deve estar consciente de uma série de mudança, e dentre elas, as consequências de um mundo globalizado. As escolas exigem profissionais em constantes atualizações, renovando seus conceitos. Assim a aprendizagem poderá ser voltada para o trabalho em equipe com uma postura mais flexível e criativa. O que se deseja é preparar alunos para serem pessoas e profissionais conscientes, prontos a acompanhar as mudanças sociais e atuar de acordo com as exigências do novo milênio. A inteligência é desenvolvida durante o processo de produção de conhecimento. O conhecimento é entendido como produto e processo construtivo do homem, se transformam através do tempo, de seu próprio desenvolvimento, nas interações sociais, a partir das representações construídas em elaborações sucessivas e partilhadas na sua realidade. Desse modo, pode-se pensar a aprendizagem significativa com base nas relações que ocorrem interativamente entre os sujeitos, de maneira que os professores mais do que ensinar participam do desafio do aprender e da formação de competência. _____________________________ 1 Graduada e Pós graduada em Ciências Biológicas pela Faculdade de Ciências Econômicas de Palmas PR. Atua como professora de Ciências na Rede Municipal no Município de Tapurah MT.

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Page 1: A Prática Pedagógica do Professor

A Prática Pedagógica do Professor

Dilza Netto

Eliane Cristina Joenck

Giovana Barbosa de Oliveira

Margarete Teresinha Madalosso

Paulo Roberto Coelho

Tádia Regina Pelissari

Mc. Orientadora Evanice Gonçalves Coelho

Solange Zarth

Introdução

A influência das novas tecnologias no mercado de trabalho se faz sentir, de

forma marcante, no contexto educacional, alterando o modo de aprender e ensinar. No

seu trabalho diário o professor encontra crianças e adolescentes que convivem de

diferentes maneiras. O novo educador deve estar consciente de uma série de mudança, e

dentre elas, as consequências de um mundo globalizado.

As escolas exigem profissionais em constantes atualizações, renovando seus

conceitos. Assim a aprendizagem poderá ser voltada para o trabalho em equipe com

uma postura mais flexível e criativa. O que se deseja é preparar alunos para serem

pessoas e profissionais conscientes, prontos a acompanhar as mudanças sociais e atuar

de acordo com as exigências do novo milênio.

A inteligência é desenvolvida durante o processo de produção de conhecimento.

O conhecimento é entendido como produto e processo construtivo do homem, se

transformam através do tempo, de seu próprio desenvolvimento, nas interações sociais,

a partir das representações construídas em elaborações sucessivas e partilhadas na sua

realidade. Desse modo, pode-se pensar a aprendizagem significativa com base nas

relações que ocorrem interativamente entre os sujeitos, de maneira que os professores

mais do que ensinar participam do desafio do aprender e da formação de competência.

_____________________________

1 Graduada e Pós graduada em Ciências Biológicas pela Faculdade de Ciências Econômicas de Palmas –

PR. Atua como professora de Ciências na Rede Municipal no Município de Tapurah – MT.

Page 2: A Prática Pedagógica do Professor

2 Graduada em Pedagogia pela UFMT, Pós – graduada em Psicopedagogia, atua como professora das Series Inicias

na Rede Municipal no Município de Tapurah – MT.

Há um desenvolvimento das tendências psicológicas naturais da

criança, e os diferentes estilos da educação afetam tais tendências em variadas

proporções. O melhor estilo de educação é o que proporciona as crianças o

maior número possível de oportunidades para a descoberta e experiência

própria e organiza as oportunidades correspondentes. (PIAGET apud

KESSELLRING, 1993, PÁG.189).

Sendo assim, esta pesquisa que fizemos tem o objetivo analisar e contribuir com

a prática pedagógica dos professores, que ao lidarem com situações de ensino

aprendizagem envolvendo na utilização das novas tecnologias de informação e

comunicação.

O Ensino da Língua Portuguesa

Neste capítulo será apresentada a importância do domínio da língua para a

comunicação e as renovações que são necessárias aos professores decorrer dos anos

Renovações

Todas as mudanças que surgiram no ensino, a partir do desenvolvimento

tecnológico e da globalização, vêm produzindo uma alteração perceptível na forma de

educar. Primeiro, surgiram os Parâmetros Curriculares que, na área de Língua

Portuguesa, destacou uma grande preocupação com as dificuldades de leitura e escrita.

Dificuldades estas que teriam origem no trabalho inadequado de alfabetização,

linguagem, compreensão e produção de textos.

Segundo Leila Lauar Sarmento, o ensino da Língua Portuguesa esta baseado no

estudo gramatical, exigindo-se dos alunos o conhecimento teórico dos conceitos e não

uma prática reflexiva, com a abordagem em textos, o que tornou esta, um problema

entre os estudantes.

De acordo com a teoria construtivista, o aluno é um ser ativo durante a

aprendizagem. Nas palavras de Sanny S. da Rosa (1997, p.40), isso equivale a dizer que

ele atua de modo inteligente em busca da compreensão do mundo que o rodeia...(...).

Nessa visão a aprendizagem é entendida como um processo dinâmico, contínuo e

complexo.

__________________________

3 Graduada em Ciências Biológicas pela Faculdade de Educação de Uberaba e Pós graduada em Educação Ambiental e

Microbiologia – Pontifícia Universidade Católico – MG. Atua como professora de Ciências na Rede Municipal no Município de

Tapurah - MT

Page 3: A Prática Pedagógica do Professor

E deste processo resulta um produto que deve ser observado, analisado e

avaliado.

Nessa nova prática educativa, o papel do professor é ajudar o aluno em suas

conquistas, mediando à aprendizagem. Assim, o aluno é auxiliado para que consiga

executar as tarefas, sendo que dentro de um determinado prazo será capaz de realizá-las

sozinho. É essa interação professor-aluno que proporcionará uma aprendizagem efetiva.

A linguagem é o meio pelo qual o ser humano consegue

expressar-se, defender suas ideias, enfim, interagir com o outro. Por

esse motivo, cabe à escola proporcionar o maior número de

situações em que o aprendiz a utilize significativamente, garantindo-

lhe os conhecimentos necessários para que possa participar

plenamente da sociedade. É através do uso eficaz da linguagem que

o indivíduo poderá exercer sua cidadania. (SOUZA, 1991, Pág. 34)

Na década de 70 a única variação linguística aceita como correta no espaço

escolar era a norma culta. Dessa maneira a escola empenhava-se em corrigir a fala do

aluno. Ao desconsiderar a linguagem de cada um, a escola desvalorizava os aspectos

culturais de cada educando. O que se precisa ter clareza, é que hoje a linguagem deve

ser adequada ao seu objetivo, tendo em vista o contexto e os interlocutores a que se

destina. Só assim a linguagem será eficaz, permitindo uma igualdade de participação

social.

Investigar o conhecimento que o aluno já tem antes de ir para a escola deve ser o

ponto de partida para o planejamento da prática escolar. Porém, as diferenças de

contexto socioeconômico e familiar fazem com que as crianças tenham maiores ou

menores oportunidades de participar de atividades sociais pela escrita. No Brasil, as

disparidades sociais são enormes: casas que consomem tecnologia da era da internet são

vizinhas daquelas em que é difícil encontrar lápis e papel.

Além disso, não se pode esquecer que a aprendizagem se realiza através do

confronto entre o eu e a nova experiência que se vive.

Planejamentos Escolares

“Só ensina bem quem sabe onde quer levar os alunos e se prepara para chegar

lá.” (SILVA, 1992, pág. 57).

O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da

ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social.

Os elementos do planejamento escolar são recheados de implicações sociais que

tem um significado político. Assim, o planejamento é uma atividade de reflexão acerca

Page 4: A Prática Pedagógica do Professor

das opções e ações que rodeiam os educadores; se não pensarem sobre o rumo que

devem dar ao seu trabalho, ficarão entregues aos rumos estabelecidos pela sociedade.

A ação de planejar, não se reduz ao simples preenchimento de formulário para

controle administrativo. Para Libâneo (1994), planejamento é uma atividade consciente

de previsão das ações docentes, fundamentadas em opções político-pedagógicas, e tendo

como referência permanente às situações didáticas concretas.

Libâneo (1994) define como sendo sete as funções do planejamento. São elas:

Explicitar princípios, diretrizes e procedimentos do trabalho docente que

assegurem a articulação entre as tarefas da escola e as exigências do

contexto social.

Expressar os vínculos entre o posicionamento filosófico, político-

pedagógico e profissional e as ações efetivas que o professor irá realizar na

sala de aula, através de objetivos, conteúdos, métodos e formas do ensino.

Assegurar a racionalização, organização e coordenação da ação docente, de

modo que a previsão das atividades docentes possibilite ao professor a

realização de um trabalho de qualidade e evite a improvisação e a rotina.

Prever objetivos, conteúdos e métodos a partir da consideração das

exigências postas pela realidade social, do nível de preparo e das condições

socioculturais e individuais dos alunos.

Assegurar a unidade e a coerência do trabalho docente.

Atualizar o conteúdo do plano sempre que é revisto, aperfeiçoando-o em

relação aos progressos feitos no campo do conhecimento, adequando sempre

que necessário para que ocorra a real aprendizagem.

Facilitar a preparação das aulas: selecionar os materiais em tempo hábil,

saber que tarefas ambos devem executar replanejar o trabalho frente a novas

situações que aparecem no decorrer das aulas.

_______________________________________

4 Graduada em Estudos Sociais, Licenciatura Curta pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e

das Missões, Graduada em Letras, Licenciatura plena pela União do Ensino Superior de Nova Mutum, Pós –

graduada em Metodologia do Ensino de Linguagens pela Educon- Sociedade de Educação Continuada, Lapa PR.

Atua como professora de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental e Médio Na Rede Estadual de Mato Grosso.

Para que os planos sejam instrumentos para ação, devem ser um guia de

orientação e devem apresentar ordem sequencial, objetividade, coerência e flexibilidade.

Page 5: A Prática Pedagógica do Professor

Primeiramente o plano deve ser um guia de orientação, pois nele estão

estabelecidas as diretrizes e os meios de realização do trabalho docente. Não pode ser

um documento rígido e absoluto, pois uma das características do processo de ensino é

que está sempre em movimento, sofrendo modificações face às condições reais.

Em segundo lugar deve ter uma ordem sequencial, progressiva. Para alcançar os

objetivos, são necessários vários passos, de modo que a ação docente obedeça a uma

sequência lógica.

Deve-se considerar também, em terceiro lugar, a objetividade. Por objetividade

entende-se a correspondência do plano com a realidade à que se vai aplicar. Não adianta

fazer previsões fora das possibilidades humanas e da escola, fora da possibilidade dos

alunos. São somente tendo conhecimento da realidade que se podem tomar decisões

para superara as condições existentes.

Em quarto lugar, deve haver coerência entre os objetivos gerais, os objetivos

específicos, os conteúdos, métodos e avaliação. Se o educador diz que sua meta é

ensinar os alunos a pensar, a desenvolver suas capacidades intelectuais, a organização

dos conteúdos e métodos deve refletir esse propósito. Se se tem em mente que não há

ensino sem a consolidação de conhecimentos, a avaliação da aprendizagem não pode

reduzir-se apenas a uma prova bimestral, mas devem-se aplicar muitas formas de

avaliação ao longo do processo de ensino.

Por último tem-se a flexibilidade. No decorrer do ano letivo, o professor está

sempre organizando e reorganizando o seu trabalho. Como já foi dito, o plano é um guia

e não uma decisão inflexível. A relação pedagógica está sempre sujeita as condições

concretas, a realidade está sempre em movimento, de forma que o plano está sempre

sujeito a sofrer alterações.

_____________________________________

5 Formação em Pedagogia Licenciatura – Faculdade União Cultural do Estado de São Paulo – UCESP, Formação em

Filosofia Licenciatura – Complementação Pedagógica – Faculdades de Ciências Humanas de Vitória - FAVIX, Pós-

graduação em Educação Inclusiva – Faculdade União Cultural do Estado de São Paulo – UCESP. Atua como

professor na Escola municipal com Pedagogia e na Escola Estadual com Filosofia em Nova Mutum- MT.

6 Graduada em Letras , Licenciatura Plena pela União do Ensino Superior de Nova Mutum. Pós-graduada em Língua

Portuguesa, Literatura Mato-grossense pela FASIP. Atua como professora de Portuguesa no Ensino Fundamental e

Ensino Médio na Rede Estadual e na Particular do Estado de Mato Grosso.

Para Libâneo (1994), classifica os planos em três níveis:

Page 6: A Prática Pedagógica do Professor

Plano da escola: é um documento mais global, expressam orientações gerais que

sintetizam as ligações do projeto pedagógico da escola com os planos de ensino.

Plano de ensino: é a previsão dos objetivos e tarefas do trabalho docente para um

ano ou semestre; é um documento mais elaborado, dividido por unidades

sequenciais, no qual aparecem objetivos específicos, conteúdos e

desenvolvimento metodológico.

Plano de aula: é a previsão do desenvolvimento do conteúdo para uma aula ou

conjunto de aulas e tem caráter específico.

A escola e os professores, porém, devem ter em conta que os planos e

programas oficiais são diretrizes gerais, são documentos de referência, a

partir dos quais são elaborados os planos didáticos específicos. Cabe à escola

e aos professores elaborar seus próprios planos, selecionar conteúdo, métodos

e meios de organização do ensino, em face das peculiaridades de cada região,

da cada escola e das particularidades e condições de aproveitamento escolar

dos alunos. (LIBÂNEO, 1994. pág. 38)

Os professores frequentemente apresentam planos de ensino, mas na verdade

eles não elaboram planejamento, pois esta atividade – planejar- implica a

existência de uma atitude em relação ao trabalho a desenvolver, a qual envolve

reflexão sobre uma determinada realidade, ação, reflexão sobre os resultados e

volta à ação. O planejamento é nesse sentido uma atitude.

Objetivos estabelecidos em um currículo

“Nenhum vento ajuda quem não sabe a que porto deverá velejar.” MONTAIGNE.

Os objetivos que se estabelecem num currículo devem ser avaliados em termos

de processos cognitivos que se pretendem desenvolver. Assim como existem diversas

formas de classificar os conhecimentos e competências que adquirimos, existem

também diversas formas de especificar um objetivo.

Os objetivos são instrumentos ou códigos para captar os conteúdos que

queremos ensinar, o domínio dos conhecimentos, as estruturas e estratégias cognitivas

que queremos desenvolver nos alunos.

_____________________________________________

7 Graduada em Geografia; Pós Graduada em Psicopedagogia e Gestão Escolar; Mestrado em Ciências da

Educação da Univesidad Evangelica del Paraguay-UEP. Atua como Professora de Ensino Médio e Fundamental na

Rede Estadual e Municipal no Município de Tapurah – Mato Grosso.

Page 7: A Prática Pedagógica do Professor

Quanto mais bem especificado os objetivos, melhores condições o professor terá de

promover um ensino e uma avaliação adequados do processo e dos produtos de

aprendizagem.

Esses objetivos, enunciados de forma observável, referem-se às etapas concretas

que o aluno deve superar. Objetivos apresentados dessa forma mostram uma descrição

clara do que os alunos deverão ser capazes de fazer ao final de uma unidade de

aprendizagem, uma aula ou um curso.

Quando não existem objetivos, ou quando ele é muito geral, o professor fica

numa situação semelhante a um viajante sem rumo: qualquer coisa pode acontecer, o

aluno poderá dar qualquer resposta, e a avaliação se torna totalmente subjetiva e

imprevisível. A atividade profissional do professor implica ter uma grande

responsabilidade sobre o destino de seus educandos. Portanto cada aula precisa ser bem

elaborada, tendo seus objetivos bem específicos. Muito dificilmente, professor e aluno

chegarão a algum lugar se eles não souberem antecipadamente onde desejam chegar.

A principal vantagem de trabalhar com objetivos é que eles direcionam a

atividade da aprendizagem, estabelecem ordem, propósito e condições para a

aprendizagem, bem como fornecem critérios para avaliar se ela ocorreu.

O importante não é o material, método ou teoria para ensinar, e sim o fato de o

aluno aprender com propriedade. É responsabilidade de o educador mudar seu material,

método ou teoria sempre que eles não estiverem ajudando o aluno a atingir seus

objetivos.

Objetivos dão aos alunos informações sobre o que se espera deles, a fim de que

possam orientar seus esforços para o que é importante na aprendizagem, aumentando

suas chances de sucesso. Também servem para diagnosticar e prescrever, permitindo

avaliar onde o aluno está o progresso feito e o que ainda é necessário fazer.

O uso de objetivos deve levar em conta as diferenças individuais. Respeitar as

diferenças não significa abrir mão dos objetivos, mas oferecer possibilidades diversas e

alternativas para que p educando alcance o resultado proposto.

Dependendo de como o educador compreende o processo de ensino

aprendizagem e a função da escola, os objetivos podem ser definidos com uma grande

latitude, que pode ir do geral ao específico. Segundo Oliveira (2001; pág. 210) o

professor deve contemplar três níveis de amplitude ou alcance dos objetivos: longo,

médio e curto prazo. Esses níveis correspondem ao currículo, ao plano de curso e ao

plano de aula, respectivamente.

Page 8: A Prática Pedagógica do Professor

Ao organizar seu plano de curso, o professor está delineando objetivos de médio

e longo prazo. Ao elaborar seu plano de aula, o educador está preocupado com objetivos

de curto prazo. Os objetivos para uma aula concreta são de curto prazo, os de uma

unidade ou semestre são de médio prazo e os para um ano letivo são de longo prazo.

Quanto mais longo o prazo, mais geral e de alto nível devem ser os objetivos

especificados.

Desta mesma forma Veiga (1996; pág. 32) classifica os objetivos dizendo ainda

que ”o objetivo definido com clareza dá ao aluno os meios para auto avaliar seus

esforços em atividades relacionadas com o que está aprendendo”.

Conteúdos

Conteúdos de ensino são os conjuntos de conhecimentos, habilidades, hábitos,

modos valorativos e atitudinais de educação social, organizados pedagogicamente, tendo

em vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua vida. (Veiga, 1996, pág.: 45)

Geralmente os conteúdos são expressos nos livros didáticos, programas oficiais,

nos planos de ensino que são fornecidos pelas Secretarias de Educação e nas convicções

do próprio professor.

Os conteúdos englobam ideias, princípios, hábitos de estudo, habilidades de

pensar, conceitos, processos, regras e valores; retratam a experiência social da

humanidade no que se refere a conhecimentos e modos de ação, transformando-se em

instrumentos pelos quais os alunos, assimilam, compreendem, enfrentam as exigências

teóricas e práticas da vida social.

O futuro professor não deve se assustar com a complexidade da elaboração

do conteúdo de ensino, pois nenhum desses elementos é considerado isoladamente,

mas reunidos em torno dos conhecimentos sistematizados. O aspecto importante a

assinalar é um sólido conhecimento de matéria e dos métodos de ensino. Sem o

que será muito difícil responder às exigências de um ensino de qualidade.

(LIBÂNEO, 1994, pág.: 56)

Somente o professor deve escolher os conteúdos, pois é ele que conhece seus

alunos, suas características próprias, sua origem social, os quais vivem em um meio

social determinado, com certas disposições e preparo para enfrentar o estudo.

Cabe ao professor questionar-se sobre que conteúdos os alunos deverão adquirir

a fim de que se tornem preparados e aptos para enfrentar as exigências objetivas da vida

social, como profissão, cidadania, usufruto da cultura entre outros; além de refletir sobre

quais os métodos e procedimentos a serem adotados para viabilizar o processo de

Page 9: A Prática Pedagógica do Professor

transmissão-assimilação de conteúdos pelas quais são desenvolvidas as capacidades

mentais e práticas dos alunos de modo a adquirirem métodos próprios de pensamento e

ação.

Libâneo (1994) sugere alguns critérios para o professor selecionar os conteúdos

de ensino:

Buscar a correspondência entre os conteúdos e os objetivos maiores da

educação.

Selecionar conhecimentos atuais, que refletem os fatos, conceitos,

generalizações e métodos decorrentes da ciência moderna.

Conhecer bem a estrutura de a matéria relacioná-los ao modo de

representações que o aluno faz deles na sua cabeça, para que tenham o

poder de facilitar ao aluno encaixar temas secundários em tema central.

Selecionar conhecimentos sistematizados e não temas genéricos e

esparsos, sem ligação entre si.

Selecionar conteúdos que evidenciem relevância social, isto é, incorporar

no programa as experiências e vivências das crianças e jovens.

Selecionar conteúdos compatíveis com o nível de preparo e

desenvolvimento mental dos alunos.

Se os conteúdos são acessíveis e didaticamente organizados, sem perder o

caráter cientifico sistematizado, haverá mais garantia de uma assimilação

sólida e duradoura tendo em vista a sua utilização nos conhecimentos novos e

a sua transferência para situações práticas. (LIBÂNEO, 1994, pág. 63)

Segundo Libâneo (1994) ainda nos coloca que, ao selecionar os conteúdos o

educador deve analisar os textos, verificar o enfoque dos assuntos, para enriquecê-los

com sua contribuição. Aconselha os professores a fazerem um estudo crítico dos livros

didáticos para analisar como são tratados os temas. O livro deve ser adaptado ao

trabalho do professor com seus alunos e não o contrário, pois muitas vezes os livros

expressam o modo de ver de apenas alguns segmentos da sociedade. Assim o professor

deve usá-los para confrontar o conteúdo do livro com a realidade dos alunos.

Métodos

Os métodos de ensino são ações do professor pelas quais se organizam as

atividades de ensino e dos alunos para atingir objetivos do trabalho docente em relação

a um conteúdo específico. Eles regulam as formas de interação entre: ensino e

Page 10: A Prática Pedagógica do Professor

aprendizagem, professor e aluno. O resultado é a construção dos conhecimentos e o

desenvolvimento das capacidades dos alunos.

Não existe um método único de ensino, mas há uma variedade de métodos cuja

escolha depende dos conteúdos da disciplina, da situação didática e do desenvolvimento

mental dos alunos. A escolha do método mais apropriado depende somente do

educador, pois só ele conhece as características de cada aluno quanto a capacidade de

assimilação conforme idade e nível de desenvolvimento mental e físico e quanto às

características socioculturais e individuais.

Um uso adequado e eficaz dos métodos visa assegurar o processo de

transmissão-assimilação de conhecimentos e habilidades, a atualização das capacidades

potenciais dos alunos, de modo que adquiram e dominem métodos próprios de aprender.

Os métodos não têm vida própria, estão associados aos objetivos e ao conteúdo.

Objetivo Conteúdo Método

Método de exposição pelo professor

Neste método, os conhecimentos, habilidades e tarefas são apresentados,

explicadas ou demonstradas pelo professor. As atividades dos alunos são receptivas,

mas não passiva. A exposição lógica da matéria continua sendo um procedimento

necessário, desde que o educador consiga mobilizar a atividade interna do aluno de

concentrar-se e de pensar e a combine com outros procedimentos como o trabalho em

grupo.

Libâneo (1994; pág. 65) nos diz que:

A explicação da matéria deve levar em conta dois aspectos: proporcionar

conhecimentos e habilidades que facilitem a assimilação ativa e desenvolver capacidades

para que o aluno se beneficie da exposição de modo receptivo-ativo. A exposição ou relato

de conhecimentos adquiridos ou de experiências vividas é um exercício útil para

desenvolver a relação entre o pensamento a e linguagem, a coordenação de ideias e a

sistematização de conhecimentos.

Método de trabalho independente

Este método consiste de tarefas, dirigidas e orientadas pelo professor, para que

os alunos as resolvam de modo relativamente independente e criador. Este trabalho

pressupõe determinados conhecimentos, compreensão da tarefa e do seu objetivo, o

domínio do método de solução, de modo que os alunos possam aplicar conhecimentos e

habilidades sem a orientação direta do professor.

O aspecto mais importante neste tipo de trabalho é a atividade mental dos

alunos, qualquer que seja a modalidade de tarefa planejada pelo professor para o estudo

Page 11: A Prática Pedagógica do Professor

individual. Este trabalho pode ser adotado em qualquer momento da sequência da

unidade didática ou da aula, como tarefa preparatória ou tarefa da assimilação do

conteúdo.

Para que este tipo de trabalho funcione é preciso que o educador dê tarefas

claras, compreensíveis, á altura dos conhecimentos e da capacidade de raciocínio dos

alunos, assegurem condições de trabalho, aproveite o resultado das tarefas para toda a

classe e acompanhe de perto o trabalho.

Estudo Dirigido

O estudo dirigido é uma das formas mais comuns para pôr em prática o trabalho

independente e auxiliar no desenvolvimento mental dos alunos. Ele se cumpre

basicamente por meio de duas funções: a realização de exercícios e tarefas de

reprodução de conhecimentos e habilidade que se seguem à explicação do professor, e a

elaboração pessoal de novos conhecimentos.

Este estudo tem como objetivo desenvolver habilidades e hábitos de trabalho

independente e criativo, sistematizar conhecimentos, possibilitar cada aluno resolver

problemas, vencer dificuldades e desenvolver métodos próprios de aprendizagem,

possibilitar ao professor a observação de cada aluno em suas dificuldades e progressos,

bem como a verificação da eficácia do seu próprio trabalho na condução do ensino.

Existem outros métodos que podem facilitar o trabalho do educador e a

aprendizagem de seus alunos. Veiga (1996; pág. 55) no seu livro “Repensando a

didática” nos dá algumas dicas de métodos e esclarece o funcionamento de cada um,

entre eles pode-se destacar: método de resolução de problemas, música, dramatizações,

filmes, vídeos, slides, ensino por fichas, jogos, seminários e muitos outros.

Avaliação

Avaliar significa emitir um julgamento de valor ou méritos, examinar os

resultados educacionais para saber se preenche um conjunto particular de objetivos

educacionais. (AUSUBEL, NOVAK E HANESIAN IN SOUZA, 1991, pág. 42).

A avaliação não deve ser entendida como uma forma de julgar o sucesso ou o

fracasso do aluno. Na concepção construtivista, ela é tida como um meio pelo qual se

torna possível verificar se o processo de ensino aprendizagem está sendo satisfatório ou

se necessita sofrer alterações, a fim de alcançar os objetivos preestabelecidos.

José Carlos Libâneo (1994, p.196) define avaliação escolar como um

componente do processo de ensino que visa, através da verificação dos resultados

Page 12: A Prática Pedagógica do Professor

obtidos, determinar a correspondência destes com os objetivos propostos e, daí, orientar

a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes.

Se tratando de avaliação é preciso ter em mente que esta não recai somente sobre

o aluno. Ela fornece ao professor os elementos para que reflita sobre sua própria prática

pedagógica.

A avaliação é, então, compreendida como um procedimento cuja única função é

unificar aprendizagem e ensino. Considerando que o processo de aprendizagem é

dinâmico e que a avaliação incide sobre a aprendizagem, ela também deve ser dinâmica.

Deve ocorrer durante todo o processo de ensino e aprendizagem.

De acordo com os PCN (Introdução, 1997, pág. 85), o professor deve usar como

forma de avaliação:

Registrar o processo de aprendizagem geral e individual em diários de classe ou

tabelas,

Analisar as produções que os alunos realizam do dia-a-dia, considerando toda e

qualquer evolução ocorrida,

Analisar a desempenho nos trabalhos cooperativos,

Verificar a maneira como os alunos se portam em atividades que envolvem

discussões.

Nas atividades específicas para avaliação, é recomendável que o educador haja da

seguinte maneira:

♦ Forneça atividades similares às trabalhadas em sala de aula,

♦ Informe aos alunos sobre o que pretende avaliar,

♦Torne claro aos alunos que é preciso ter objetividade nas respostas,

♦Estabeleça um tempo compatível com o volume e complexidade das tarefas,

evitando assim que algum aluno não a acabe.

Embora a avaliação seja atribuição do professor, os alunos também podem ser

incumbidos desta tarefa através da auto avaliação. Esta prática consiste na auto

avaliação, uma situação de aprendizagem em que o aluno desenvolve estratégias de

análise e interpretação de suas produções e dos diferentes procedimentos para se avalia.

(PCN-Introdução, 1997, p. 86).

Quando o aluno avalia seu desempenho, está praticando a auto avaliação. Por

meio desta, ele amplia seu senso de crítica e autocrítica.

Page 13: A Prática Pedagógica do Professor

Em relação às avaliações formais, sabe-se que a atribuição de notas é uma

prática real no meio escolar e até necessária devido à obrigação de a escola prestar

contas à sociedade sobre o rendimento dos seus alunos. Notas, boletins, diplomas,

fazem parte da prática de todo professor. No entanto é preciso que o educador transmita

a seus alunos que mais importante do que notas é a aprendizagem de cada um.

Sabe-se que muitos alunos, por terem sido de certa forma levados a assim

proceder, têm como objetivo somente obter notas e, consequentemente, a aprovação.

Assim, a mensagem de que “O mais importante é aprender” deve ser passado aos alunos

todo o dia.

Muitos autores norte-americanos influenciaram o pensamento dos autores

brasileiros com suas teorias sobre a avaliação. Souza no seu livro “Avaliação do

Rendimento Escolar” cita grandes autores norte-americanos que escreveram e

continuam a escrever sobre o tema. Percebe-se que a linha de pensamento é a mesma

que de muitos conhecidos de todo educador.

Cook nos diz que a avaliação tem uma função energizante que se faz sentir no

momento em que o aluno visualiza os meios de atingir os objetivos propostos. O aluno

sente-se estimulado a trabalhar de forma produtiva quando:

Há uma finalidade no trabalho,

Seus resultados são estudados juntamente com o professor,

Seu desempenho é comparado com ele próprio e seus progressos e

dificuldades são vistos a partir de seu próprio padrão de desenvolvimento,

necessidades e possibilidades.

Para Reboul aprender não é um verbo passivo. É um ato que o sujeito exerce

sobre si próprio; não é simplesmente registrar para reproduzir.

Já W. Ragan nos coloca que os processos de avaliação devem ser estreitamente

relacionados aos objetivos. O programa deve ser amplo e contínuo e os resultados

devem ser usados para melhorar o currículo. Continuando, nos diz ainda que:

O termo avaliação refere-se à coleta de extensa evidência quanto às habilidades,

posições e problemas das crianças, mediante processos formais e informais. Inclui também

o processo de organizar e interpretar esses dados para dar uma descrição compreensiva da

criança, tendo em vista os antecedentes de sua experiência educacional.

O processo de avaliação deve permitir ao educando a análise crítica da realidade

educacional, seus avanços, a descoberta de novos problemas, de novas necessidades ou

de dimensões possíveis de serem atingidas. O ato de avaliar é uma fonte de

Page 14: A Prática Pedagógica do Professor

conhecimentos e de novos objetivos a serem alcançados no sentido permanente do

processo educativo. Como afirma Luckesi; “Avaliar não é julgar o aluno”.

Relações Professor-aluno

Muitas vezes, a tendência dos professores é pensar que para administrar

adequadamente a sala de aula, precisa de uma espécie de paz dos problemáticos, de

tranquilidade e de ordem. É razoável que pensem assim, mas o bem aluno não é aquele

que sempre se comporta bem, nem aquele que sempre estuda. Educar para ser autônomo

é educar para a rebeldia. Ter autoridade não significa impor sua fala, mas sim ter

capacidade afetiva e moral para ser escutado.

Segundo Antunes ET AL, a compreensão e a aprendizagem das normas

requerem tentativas, provas, tensões e mudanças.

Quando se fala em crianças e adolescentes indisciplinados, agressivos, violentos,

seja dentro ou fora de sala de aula, são prováveis que se esteja falando de novas

realidades. Estamos, segundo Antunes, diante de novos desafios educacionais, que essa

disciplina que parece impossível é apenas mais uma na encruzilhada educativa.

Existe algo de novo nos alunos que ingressam na escola hoje. Pode-se dizer que

são filhos das novas famílias, aquelas que já não giram em torno do puro centrismo,

aquelas submetidas à desunião e recomposição, que vivem em ambiente de tensão e

dificuldade. Já se referindo a adolescentes, têm-se esses entre a escola e a rua, que

transformam a sala em seu território.

Uma escola é um ponto de encontro de diferentes idades e procedências, com

diferentes papéis que se relacionam conseguindo assim o desenvolvimento integral de

todos. Nem todas as escolas são iguais, já que os valores de cada uma são diferentes.

Assim, é fundamental determinar a escola que se quer ou os princípios que

orientam essa escola. A escola tradicional anula o conflito e evita, ao máximo, seu

aparecimento. Os conflitos não são tratados e sim punidos. O único fim é a disciplina.

Felizmente muitas mudanças vieram a acontecer. Hoje, é impossível conceber

participação, discussão e diálogo sem ter o conflito no eixo dessa convivência.

“Conflito é aquela situação que surge quando há discordância entre as tendências

ou interesses de alguém e as imposições externas que são dadas.” Antúnez et al.

Se antigamente a escola evitava o conflito, hoje o conflito é um momento

singular e privilegiado da dinâmica interpessoal que deve ser aproveitado e do qual se

deve tirar o máximo proveito educacional.

Page 15: A Prática Pedagógica do Professor

A partir disso, as normas devem ser aceitas por todos, assim como os alunos

aceitam-nas quando estão participando de um jogo. A disciplina jamais deve ser

objetivo em si mesmo, e sim um bem para a convivência. O maior responsável por

controlar o conflito em sala de aula e torná-lo ajudante no processo de ensino e

aprendizagem é o professor.

Para que o processo de ensino e aprendizagem tenha resultados satisfatórios, é

preciso que seja instaurado um clima de cooperação e integração entre todos.

A crença de que a escola deve ser competitiva porque prepara o indivíduo para o

mundo precisa ser superada. Em vez de competição, o clima em sala deve ser de

colaboração e interação. Assim, alunos com habilidades diferentes poderão estar-se

ajudando mutuamente, confrontando suas hipóteses e trocando informações. Dessa

maneira aprenderão a trabalhar em equipe. É preciso que o mestre esteja sempre atento

para inferir no trabalho em grupo quando se fizer necessário. Os alunos possuem

potencial para trabalhar sozinho, porem é preciso que sejam orientados a fim de que

alcancem a capacidade real de proceder dessa maneira.

Outro aspecto muito importante em sala refere-se ao fato de o professor aceitar o

ponto de vista do educando. A voz do aluno deve ter um lugar especial.

Observações das aulas

Serão apresentados os resultados da pesquisa de estudo e observação dos PCNs

em duas escolas públicas do município de Tapurah, com alunos da 8ª série.

A primeira observação de aula aconteceu na Escola Estadual Cândido Portinari,

situada, no município Tapurah. A turma escolhida foi uma 8ª série com 30 alunos,

participativos e interessados.

A professora que trabalha com Língua Portuguesa é formada na área e pós-

graduada na área de linguística. Esta utiliza a apostila durante grande parte de suas

aulas, mas trabalha com textos e exercícios diversificados. O livro é utilizado nas

atividades de leitura e interpretação ou em atividade de casa.

Iniciando na nossa observação pudemos perceber o cuidado que a educadora

possui em preparar suas aulas, buscando sempre novos meios para ajudar os alunos na

compreensão dos conteúdos. Está sempre revendo seu planejamento, seus objetivos para

assim conseguir uma adequação dos conteúdos. No primeiro momento observamos

atividades referentes aos “Elementos de uma Narrativa”.

Page 16: A Prática Pedagógica do Professor

Neste dia a professora entrou na sala, cumprimentou os alunos que a saudaram e

explicou que estávamos observando para preparamos um artigo que pode trazer

diferença na prática pedagógica de cada professor. Devido ao fato de os alunos já nos

conhecerem, estes demonstraram grande espontaneidade nas aulas. Primeiramente a

professora fez a correção de uma atividade de casa.

Na sequência fez uma revisão sobre o conteúdo. Logo em seguida pediu para

que os alunos produzissem um texto cujo tema é: “Momentos que marcaram os anos

2000”. Após termino das produções, os alunos fizeram a leitura dos textos. Feito isso,

os textos foram trocados entre os alunos, para que os mesmo encontrassem nas

produções os elementos necessários a uma narrativa.

Observa-se que nesta atividade, a professora não pediu que os alunos

corrigissem os textos, evitando um clima de competição entre eles. Após o término

desta atividade realizaram em conjunto a correção dos textos.

A educadora iniciou na apostila a leitura do conto “Venha ver o pôr do sol”.

Durante este tempo pudemos perceber que todos estavam concentrados na leitura e que

conseguiram compreende-la, pois ao término da mesma realizaram discussões sobre o

sentido do texto, conseguindo extrair a síntese do mesmo. Após a leitura a professora,

os alunos fizeram à interpretação proposta na apostila.

Em pequenos grupos os educandos esforçavam-se para realizá-las. A

professora sempre os auxiliava, retomava conceitos e exemplos para que estes

conseguissem ter êxito em suas atividades. Pudemos notar que a timidez de alguns

alunos os impedia de chegar até a professora e pedir ajuda, muitas vezes consultavam o

colega. Finalizando, realizaram a correção da mesma, onde os alunos colocaram que

não tinham mais dúvidas sobre este conteúdo.

Em outro momento da nossa observação a professora trabalhou com leitura e

produção de texto. Nesta aula ela utilizou-se do livro didático adotado pela escola:

ANDREU, Sebastião. Aprendendo a ler e escrever textos 8ª série. 1ª ed. Curitiba:

Positivo, 2004. (coleção ALET).

O tema central de todo o trabalho era as Lendas e os Mitos. Há algumas aulas a

professora já vinha trabalhando com este tema. Primeiramente foi feito um

levantamento sobre o conhecimento dos alunos a respeito do tema. Leu-se então o conto

“O marido da mãe d’água” fazendo os comentários e relações entre os dois textos,

sempre retomando o conceito de mito lenda.

Page 17: A Prática Pedagógica do Professor

Após leitura a professora propôs um reescrito do conto ou uma produção de

texto sobre uma lenda ou um mito que conhecessem. Para a realização desta, os alunos

foram até a biblioteca e leram alguns livros infantis e infanto-juvenis para terem

subsídios para sua produção. Ao terminarem todos leram seus textos para a classe.

Após cada um era feito um breve comentário, destacando os aspectos que o

caracterizassem como mito ou lenda. A professora pediu para que os alunos lessem as

produções, e juntos, fizeram as correções oralmente, para verificar as concordâncias e

pontuações.

Em conversa com a professora esta nos relatou que os alunos não conseguiam

assimilar o conteúdo, então propusemos que os alunos realizassem um teatro dando

ênfase aos elementos principais da narrativa, proporcionando uma melhor fixação.

Depois ela sugeriu que fizesse desta uma peça teatral uma avaliação, sem o

conhecimento dos alunos, para que ficassem mais tranquilos durante a apresentação.

A professora ficou feliz e os alunos produziram o teatro, e após alguns dias ao

encontrar com a professora, ele nos relatou que estava satisfeita com o aprendizado dos

seus alunos.

A segunda aula observada aconteceu na Escola Municipal Vinícius de Moraes,

também situada em Tapurah. Era uma 8ª série com 25 alunos. A professora tinha

conhecimento da nossa presença durante as aulas, e então conversando sobre os alunos,

ela nos contou que alguns alunos estavam com muita dificuldade, e que estava

preocupada com a avaliação.

Neste momento relatemos a experiência na outra escola, e sugerimos que fizesse uma

dinâmica avaliativa. Por ser educadora preocupada com a qualidade e não com a

quantidade, ela aceitou a nossa ideia.

Ao entrar na sala foi saudada pelos alunos, nos apresentou e explicou nosso

objetivo neste dia. Logo em seguida realizou a brincadeira, para verificar se os alunos

tinham assimilado o conteúdo estudado: Orações Coordenadas. Dividiu a sala em dois

grupos e pediu que se sentassem nas laterais. No centro colocou sua mesa com um

tabuleiro de “Jogo da Velha”. Em suas mãos segurava uma caixa com várias questões

sobre o conteúdo.

Um aluno de cada equipe se dirigia até o centro e em pares disputavam quem

marcaria no tabuleiro. Cada um tirava uma pergunta, lia e respondia. Se acertasse podia

marcar para sua equipe, caso errasse não marcava e passava a vez para outra dupla.

Vencia a equipe que completasse uma linha do jogo da velha. Durante a atividade a

Page 18: A Prática Pedagógica do Professor

professora indagava os alunos, instigava-os a pensarem e refletirem sobre os conceitos

estudados. Alguns alunos se sobressaíram, outros não se empenharam na atividade.

Ao término da atividade a educadora comunicou que aquela brincadeira era uma

avaliação. Depois, explicou aos alunos que devemos estar sempre preparados para as

diferentes situações que a vida nos oferece e que realizou essa atividade mais dinâmica

devido ao fato de alguns alunos não terem conseguido ter um bom rendimento e por ter

percebido que alguns alunos temem a avaliação. Os alunos ficaram surpresos com a

atitude da professora.

Após a conversa, a professora sanou algumas dúvidas que vieram a surgir,

retomou exemplos das Orações Coordenadas e entregou alguns exercícios de fixação.

Durante a atividade, procurou ao máximo auxiliar os alunos que a procuravam.

Assim, percebe-se que cada vez mais os educadores buscando formas variadas

de ensino que facilitem a aprendizagem dos alunos e a tornem significativo.

Relações entre teoria e prática da ação pedagógica

Baseado nos diversos autores lidos, a sala de aula deve ser um lugar de trocas de

experiências e ajudas mútuas. Assim, nota-se que os educadores têm grande

conhecimento destas teorias e buscam, na medida do possível, colocá-las em prática.

Ambas as professoras observadas conseguem transmitir aos alunos segurança e

confiança. O clima instaurado em sala é de completa amizade e respeito. Sempre que

surge um clima desconfortável em sala, são as professoras que buscam resolvê-lo, pois

são elas que conhecem seus alunos, que estão a par de seus problemas e dificuldades.

O trabalho desenvolvido em sala busca sempre facilitar a aprendizagem dos

alunos. O ensino não é mais visto como algo mecânico, e sim como algo que se renova

a cada instante.

Os novos professores de ensino fundamental e médio, quando tem contato com

as inovações teóricas surgidas nos meios acadêmicos, muitas vezes sentem-se

impossibilitados de fazer mudanças na forma de ensinar a língua. Primeiro porque não

se trata de uma simples substituição de um modelo gramatical por outro.

Em segundo lugar, porque não sinta, talvez, no novo modelo adequação,

consistência ou amplitude suficiente para torná-lo centro de suas aulas.

Apesar disso, ambas as professoras observadas procuram ao máximo tornar suas

aulas atrativa. Mantêm, em certos casos, traços tradicionais, mas já tratam a gramática

dentro dos textos.

Page 19: A Prática Pedagógica do Professor

Ao observar trabalhos, pudemos notar que ambas trataram o assunto no contexto

geral, pois é assim que o aluno irá assimilar melhor. Procuram sempre partir daquilo

que o aluno já sabe para aquilo ainda desconhecido.

Até recentemente, o ensino de produção de texto era feito por meio de um

procedimento único e global, como se todos os textos fossem iguais. A fórmula

tradicional de ensino de redação que consiste em desenvolver a trilogia narração,

descrição e dissertação é voltada basicamente para a formação de escritores literários e

talvez cientistas.

Em contrapartida a essa visão, o ensino por gêneros, compreende que o resultado

é mais satisfatório quando o aluno, desde cedo, entra em contato com uma diversidade

cada vez maior de textos. É isso que as educadoras observadas buscam. Inserir os alunos

no mundo da leitura.

“Estimulamos e facilitamos o processo de transição para uma cidadania adulta.” ANTUNEZ.

Considerações Finais

Com o estabelecimento da reforma educacional fundamentada

psicopedagogicamente na teoria construtivista e baseada no processo de ensino e

aprendizagem, nós, educadores, não podemos esquecer que aqueles que recebem nossa

ação educativa são diferentes, mas cada qual tem direito de recebê-la o mais

adequadamente possível. Percebe-se que, no desempenho de sua função, ao longo dos

anos, o professor elabora determinados saberes que podem ser construídos a partir da

própria experiência profissional.

Um domínio maior e a busca de novas maneiras de ensinar tornam o professor

mais competente para lidar com os saberes curriculares, na perspectiva de promover a

aprendizagem dos alunos. Contudo, deve estar empenhado em buscar novas formas de

melhora e motivar a turma, inovar os seus procedimentos, propor questionamentos

relevantes, mesclar conhecimentos, instigar os alunos, enfim construir novos métodos

e/ou adaptar novas formas de trabalho pedagógico, a fim de possibilitar um processo de

ensino e aprendizagem mais eficaz.

O mercado de trabalho vem exigindo profissional cada vez mais qualificado e

neste contexto não se pode esquecer que o objetivo essencial e mais elevado de toda

educação, que é a conquista de uma maior maturidade e realização autentica. Para que

se atinja essa realização, é preciso que educador e educandos sejam seres que busquem

mudanças e melhorias, que se conheçam e se valorizam.

Page 20: A Prática Pedagógica do Professor

O professor deve ter como objetivo, preparar todos para a vida na nova

sociedade e não apenas trabalhar os conteúdos isolados em sua área, mas integrá-los às

outras disciplinas, desenvolvendo situações reais, próprias ao ensino. No ensino da

Língua Portuguesa, é importante que o aluno mantenha contato com textos polêmicos,

diferentes, que o façam refletir e buscar soluções por si próprias.

Por fim devemos ser estimulado a opinar, ouvir, defender seu ponto de vista e

respeitar a opinião alheia. Ao exercer estas atividades, o aluno irá desenvolver sua

linguagem própria, dominará a mesma e passará a usá-la de forma conveniente, como

cidadão de uma comunidade, de um país. A gramática tem tamanha importância nesse

crescimento. Ela torna-se mais interessante se ensinada a partir de textos, sejam eles dos

próprios alunos ou não, os alunos tornam-se mais motivados ao verem que o que eles

estudam está sendo aplicado no seu cotidiano. Percebe-se assim, que grande parte dos

educadores já está buscando estas novas formas de ensinar, propiciando ao aluno maior

reflexão sobre sua própria aprendizagem.

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