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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE” A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR ALFABETIZADOR JARLANY CRUZ DE SOUSA CAMPELO E SILVA ORIENTADOR: ANTONIO FERNANDO VIEIRA NEY VÁRZEA GRANDE – PI MARÇO/ 2009

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Page 1: A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR ALFABETIZADOR … · processo de ensino-aprendizagem da alfabetização, discutir o embasamento teórico que fundamenta a prática do professor

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE”

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR

ALFABETIZADOR

JARLANY CRUZ DE SOUSA CAMPELO E SILVA

ORIENTADOR: ANTONIO FERNANDO VIEIRA NEY

VÁRZEA GRANDE – PI

MARÇO/ 2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO “A VEZ DO MESTRE”

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR

ALFABETIZADOR

JARLANY CRUZ DE SOUSA CAMPELO E SILVA

Trabalho monográfico apresentado como requisito

parcial para a obtenção do Grau de Especialista em

Supervisão Escolar.

VÁRZEA GRANDE – PI

MARÇO/ 2009

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AGRADECIMENTOS

A Deus, única fortaleza capaz de nos impulsionar è

busca pela realização plena. Ao professor e orientador

Antonio Ney, pela disponibilidade e paciência que

sempre teve ao me orientar.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a meu esposo Luís Carlos,

companheiro inseparável e responsável por minha

força em buscar o melhor para nós. Em especial, à

minha filha Lunna, um presente de Deus.

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RESUMO

Tendo-se em vista a problemática da prática pedagógica do professor alfabetizador, o presente trabalho teve como principal objetivo a melhoria na qualificação do alfabetizador no processo de ensino-aprendizagem, bem como pretende discutir o referencial teórico que fundamenta a prática do educador, analisando a sua contribuição para o processo de aquisição da leitura e da escrita pelos alunos das séries iniciais do ensino fundamental. Trata-se de um estudo analítico através de pesquisa bibliografia e coleta de dados por meio de questionários e entrevistas com as professoras alfabetizadoras da rede estadual do município de Várzea Grande - Piauí, bem como a observação em sala de aula. Os resultados encontrados apontam que houve um avanço considerável na maneira dos professores conceberem o processo de aquisição da leitura e da escrita. No entanto, para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça com mais qualidade, faz-se necessário um maior aprofundamento teórico por parte das educadoras. Baseado na análise dos dados, este estudo sugere que os educadores priorizem a busca pelo aprimoramento, ou mesmo, a qualificação contínua visando um aprofundamento teórico na compreensão da proposta construtivista de aprendizagem adotada pela Secretaria Municipal de Educação. Sugere-se também que o trabalho com a leitura e a escrita possa ser conduzido adotando-se como proposta metodológica a pedagogia de projetos.

Palavras-chave: prática pedagógica, alfabetizador e qualificação.

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METODOLOGIA

O procedimento metodológico adotado durante a realização desta

pesquisa foi baseado em experiências vividas como profissional atuante da

área de supervisão da rede estadual, nesta cidade de Várzea Grande.

Este trabalho trata-se também de uma pesquisa bibliográfica, através

de dados colhidos envolvendo a problemática em questão, encontrada em

livros, artigos, periódicos, entre outros, onde foram realizadas análises de

leituras de vários teóricos que abordam o assunto contribuindo, dessa forma,

para o enriquecimento e conclusão da monografia.

A pesquisa que se segue delimita-se à busca pela melhoria e

fortalecimento do processo de ensino-aprendizagem, bem como visa a

qualificação do educador, ampliando a participação do aluno na sala de aula

e desenvolvendo, assim, o aprendizado de forma eficaz do mesmo.

O estudo teve início no período de março de 2005, se estendendo

até o mês de outubro do mesmo ano nas escolas da rede estadual do

município de Várzea Grande do Estado do Piauí, onde foi possível observar

a realidade do processo de ensino-aprendizagem dos alunos da

alfabetização, bem como a falta de interesse dos educadores em

desenvolver com eficiência a prática de leitura e escrita, tão importantes nas

séries iniciais.

Carvalho e Mendonça (2006) sintetizam tal problemática, que envolve

a falta de interesse dos educadores em desenvolver o processo de

alfabetização com mais eficiência, bem como as dificuldades inerentes da

deficiência de tal processo na vida do educando, visto que estas temáticas

têm a principal função de nortear nossos estudos.

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PROPOSTA DE SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................10

CAPÍTULO I

Reflexões teóricas sobre o processo de Alfabetização..........................12

1.1. Métodos e Prática Pedagógica da Alfabetização...............................12

1.2. Escrita: níveis de conceitualização e intervenção pedagógica...........16

1.3. O Erro.................................................................................................21

1.4. A Avaliação.........................................................................................22

CAPÍTULO II

Percurso Metodológico.............................................................................26

2.1. O problema.............................................................................................26

2.2. Tipos de pesquisa...................................................................................27

2.3. Os sujeitos da pesquisa..........................................................................27

2.4. A coleta de dados...................................................................................28

2.4.1. Instrumentos usados na coleta de dados.......................................28

2.4.2. Procedimentos da coleta de dados................................................29

2.4.3. Organização dos dados coletados.................................................30

CAPÍTULO III

Apresentação e análise dos resultados...................................................32

3.1. Caracterização das instituições educacionais........................................32

3.2. Perfil dos educadores.............................................................................35

3.3. Papel do educador e do educando.........................................................36

3.4. Atividades de leitura e de escrita............................................................38

3.5. Metodologia e dinâmicas de classe........................................................40

3.6. Avaliação................................................................................................44

3.7. Papel do supervisor no processo avaliativo...........................................47

CONCLUSÃO...............................................................................................49

BIBLIOGRAFIA.............................................................................................51

ANEXOS.......................................................................................................54

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INTRODUÇÃO

O processo de aquisição da leitura e da escrita como base de

sobrevivência em termos sócio-culturais, bem como em relação à melhoria

dos níveis de conhecimento e prazer têm sido uma das grandes

preocupações dos educadores, visto que há cada vez mais um aumento

considerável no índice de crianças que chegam ao final das séries iniciais

sem saber ler nem escrever, proporcionando uma verdadeira frustração no

educando e uma inquietação latente no educador.

Esta pesquisa traz como tema principal a prática pedagógica do

professor alfabetizador bem como a sua contribuição para o processo de

aquisição da leitura e da escrita dos educandos na rede estadual do

município de Várzea Grande, sendo que este é um problema que há muito

vem tomando proporções preocupantes na realidade em que vivemos.

No que se refere à problemática, ou seja, à questão central deste

trabalho, é notória a apatia do educador em se reciclar e se planejar

buscando novas técnicas e dinâmicas capazes de desenvolver com mais

qualidade o processo de alfabetização dos alunos nas séries iniciais.

Voltada para essa questão, a escola deve primar pela transmissão e

recriação do conhecimento, tornando-se um espaço agradável e acolhedor,

envolvendo a criança num procedimento mais completo e responsável. O

processo pedagógico, no entanto, deve proporcionar ao educando várias

oportunidades de aprender, em prol do desenvolvimento de um

conhecimento mais pluralizado, levando-o à formação de uma visão mais

crítica do mundo em que vive convidando-o também a refletir sobre o que

vem a ser melhor para a sua vida e para sua comunidade.

Os fatores determinantes para o desenvolvimento desta pesquisa

foram: uma motivação pessoal e a sede pelo conhecimento de novas

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técnicas que satisfizessem minhas necessidades como educadora; a

relevância do tema, uma preocupação generalizada que atinge os diversos

profissionais em âmbito educacional.

É, portanto, essencial que se analise os fatores intervenientes na

deficiência presente no processo de ensino-aprendizagem na alfabetização

nas séries iniciais, buscando soluções para essa questão através da

capacitação dos profissionais da área e qualificação do sistema educacional.

O objetivo geral deste trabalho é analisar a prática pedagógica dos

professores alfabetizadores da rede estadual do município de Várzea

Grande, no Piauí, abordando e discutindo a contribuição dos mesmos para o

desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem da escrita e da

leitura realizado nas turmas das séries iniciais do ensino fundamental.

Tal pesquisa visa também proporcionar uma melhora na qualidade do

processo de ensino-aprendizagem da alfabetização, discutir o embasamento

teórico que fundamenta a prática do professor alfabetizador, desenvolver

atividades para o ensino da leitura e da escrita, analisar o material didático

que circula na sala de aula bem como a sua contribuição para uma

aprendizagem eficaz, definir claramente o papel das séries iniciais para o

desenvolvimento cognitivo dos alunos.

No entanto, espera-se com esta pesquisa bibliográfica, conscientizar

os educadores a respeito da qualificação dos mesmos para a melhoria do

processo de ensino-aprendizagem nas turmas de alfabetização, bem como

colaborar para construir uma nova visão a respeito desta problemática

levando em consideração a sua relevância na vida, em âmbito geral, para o

educando. Incentivar o educador a refletir sobre a importância da constante

reconstrução do conhecimento e do respeito às necessidades do aluno.

Ao se analisar todos os fatores responsáveis por tal problema, este

trabalho propiciará ao educador uma maior reflexão sobre a importância da

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prática da leitura e da escrita na vida sócio-cultural do indivíduo, fazendo-o

crer que a sua intervenção se faz extremamente necessária e absoluta, visto

que o seu papel se não o mais importante, é com certeza essencial para a

formação de uma sociedade justa e inclusiva.

O trabalho monográfico foi dividido em capítulo que apresentam

subcapítulos e tópicos que tratam dos mais diversos assuntos voltados para

a proposta da pesquisa, onde o primeiro capítulo fala das reflexões teóricas

sobre o processo de alfabetização, levando em consideração os níveis da

escrita, a questão do erro e da avaliação.

O segundo capítulo traça o percurso metodológico, discutindo a

problemática, o tipo de pesquisa, os sujeitos da pesquisa e a coleta de

dados com suas particularidades, como os instrumentos, os procedimentos e

a organização dos dados coletados.

O terceiro capítulo, que encerra esta pesquisa, fala sobre a

apresentação e a análise dos resultados, caracterizando as instituições

educacionais, traçando o perfil dos educadores, bem como o seu papel e o

do educando, discutindo a questão das atividades de leitura e escrita,

abordando na metodologia as dinâmicas de classe. Este capítulo aborda

também a questão do supervisor e o seu papel no processo avaliativo,

sendo este o principal tema a ser discutido, bem como as dificuldades

encontradas na prática pedagógica, fazendo uma referência aos níveis de

escrita do educando.

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CAPÍTULO I

Reflexões teóricas sobre o processo de alfabetização

Antigamente acreditava-se que para ensinar o aluno a ler e escrever

era basicamente suficiente o ensino do sistema alfabético e de algumas

convenções ortográficas. Ao adotar essa postura o educador esquecia-se

que no processo de ensino-aprendizagem uma das práticas saía

prejudicada, ou seja, somente o ensino era realizado, a aprendizagem em si

praticamente não acontecia, visto que reproduzir um conhecimento em muito

difere da construção e produção do mesmo.

Assim, com os avanços do mundo e da sociedade em que vivemos, é

possível perceber que a educação também tomou rumos consideravelmente

avançados, onde tudo o que sabemos a respeito do processo de

alfabetização perde o sentido. Baseado nestas afirmações vimos que,

atualmente, as crianças têm cada vez mais o domínio do funcionamento do

sistema alfabético, levando-nos a compreender que decodificar um texto já

não é mais o suficiente e que compreendê-lo é primordial.

O analfabetismo é um problema de ordem superior que causa não só

a exclusão social, mas também a marginalização do homem, levando-o a

sentir-se na margem da sociedade, impossibilitando-o de realizar tarefas

simples do dia-a-dia.

Diante de tal realidade é necessário que se faça uma reflexão sobre a

importância do processo educativo na melhoria da qualidade de vida do

indivíduo, bem como no desenvolvimento global de um país, visto que um

país sem educação é um país sem identidade.

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1.1. Métodos e prática pedagógica da alfabetização

As práticas pedagógicas direcionadas à alfabetização têm registrado

avanços que buscam promover o desenvolvimento da criança no processo

de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita, considerando-a como um

ser social, ou seja, ao nascer ela é inserida no universo da linguagem pelas

imagens, pela cultura, pelo grupo familiar, pelos conhecimentos e pelas

relações sociais. Assim, embora dividida a tarefa de educar com outros

núcleos sociais, a escola ainda é o principal foco de organização,

sistematização e transmissão do conhecimento, sendo que o educador e o

educando são os principais agentes desse processo.

A relação entre educação, escola e sociedade é alvo de uma

transformação contínua. Graças aos avanços no conhecimento pedagógico,

decorrentes das recentes pesquisas sobre como se aprende a ler e

escrever, hoje já é possível compreender como se constroem os

conhecimentos que permitem o domínio progressivo da linguagem escrita.

No entanto, para chegarmos a esta compreensão um longo caminho foi

percorrido. Caminho este que se iniciou em 1789, na França, com o

nascimento do modelo escolar de alfabetização, sendo que até este período,

ler era uma aprendizagem distinta e anterior à escrita.

Tradicionalmente a alfabetização era centrada no método e conforme

Roazzi et ali (1996), “a variedade de métodos utilizados no ensino da leitura

e da escrita podem ser agrupados em três metodologias, cada uma delas

com um modelo cognitivo subjacente”. Segundo os mesmos autores, estes

métodos foram classificados em: sintéticos, analíticos e analítco-sintéticos.

Os métodos sintéticos prevêem que a alfabetização deve partir de

unidades menores como letras, passando em seguida para sílabas e só

depois partir para a análise de palavras, e a seguir frases e textos.

No entanto, afirma-se que:

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Os métodos analíticos partem do pressuposto de que a percepção é global e, por isso, partem da estrutura gramatical completa para chegar a partes menores (letras e sílabas). Esses métodos podem assumir três maneiras diferentes: método da palavração, método de frases e método global ou textual. (Tasca e Poersch, 1990)

Os métodos analítico-sintéticos ou mistos se caracterizam por um

compromisso com os métodos analíticos e sintéticos, isto é, partem de um

processo que começa no estágio global (palavra, frase ou texto) e segue em

direção aos procedimentos sintéticos (decomposição de palavras em

sílabas, letras, etc.).

Na primeira metade do século XX, buscava-se o melhor método para

se ensinar a ler, com base na suposição de que a ocorrência do fracasso se

relacionava com o uso de métodos inadequados. Neste período no Brasil

difundiu-se o método misto – nossa conhecida cartilha, baseada em análise

e síntese e estruturada a partir de um silabário. O processo de ensino é

caracterizado por um investimento na cópia, ditado, na utilização da

memória de curto prazo para reconhecimento das famílias silábicas.

Aprende-se primeiro a ler e escrever dentro do sistema alfabético, fazendo

uma leitura mecânica para só depois adquirir a leitura compreensiva.

Nos anos 60, pesquisadores tentavam compreender o que havia de

errado com as crianças que não aprendem. Buscava-se no aluno a razão do

seu próprio fracasso. Supunha-se que a aprendizagem dependia de pré-

requisitos. Foi a partir desta observação que exercícios de estimulação

foram criados para medir a maturidade que a ciência de então afirma ser

necessária à alfabetização bem sucedida. Data desta época os famosos

testes de prontidão (PROFA, p. 07).

Os métodos tradicionais de alfabetização eram muito criticados,

dentre outros motivos pelo artificialismo dos textos criados de acordo com as

exigências fonéticas da língua. As críticas não se referiam ao fato de os

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métodos serem ou não capazes de ensinar o aluno a ler, e sim pela forma

mecânica como isso acontecia que resultava em mera decodificação.

Os anos 70 foram marcados pela predominância do que

denominamos de “tecnicismo educacional”. Pautado pelas atividades

mecânicas e supervalorização da tecnologia, “O professor passa a ser um

mero especialista na aplicação de manuais e sua criatividade fica restrita aos

limites possíveis e estreitos da técnica utilizada”. (PCN, Língua Portuguesa,

1998).

O final dos anos 70 e início dos anos 80 começa com uma mudança

de paradigma. Em lugar de procurar correlações que explicassem o déficit

dos que não conseguiam aprender a ler e escrever tentou-se compreender

como aprendem os que conseguem ler e escrever sem dificuldades e,

principalmente o que pensa a respeito da escrita, os que ainda não se

alfabetizaram (PROFA).

Neste contexto, o trabalho de investigação coordenado por Emília

Ferreiro e Ana Teberosk publicado no Brasil em 1985 com o título A

psicogênese da língua escrita, desencadeou mudanças significativas na

maneira dos educadores compreenderem a educação e consequentemente

transformou radicalmente as práticas de ensino da leitura e da escrita na

alfabetização. Estes estudos comprovam que a estratégia necessária para

se alfabetizar é a reflexão sobre a escrita e não a memorização que se

supunha anteriormente e ainda, que esta reflexão só é possível a partir do

exercício contínuo, pois ler se aprende lendo e escrever escrevendo. Não é

um processo simples como pode parecer à primeira vista, mas é possível a

partir da organização de propostas didáticas do que se sabe hoje a respeito

de como se aprende. “O processo de ensino-aprendizagem deve ser

organizado de modo que a leitura e a escrita sejam desenvolvidas por

intermédio de uma linguagem real, natural, significativa e vivenciada”.

(Cócco e Hailer, 1996 p. 20)

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Para isso, é necessário ao professor considerar que quando o aluno

chega à escola pela primeira vez, traz consigo uma importante experiência e

uma visão de mundo que corresponde a seu nível de desenvolvimento,

experiências, crenças e a educação que recebeu. “Esse aprendiz é

compreendido como alguém que sabe algumas coisas e que, diante de

novas informações que para ele fazem algum sentido, realiza um esforço

para assimilá-las” (Weisz, 2002 p. 24). As informações que podemos obter

acerca do universo dos alunos é que vão em grande parte, dar o tom do

trabalho pedagógico e delinear seus rumos.

A alfabetização, anteriormente tomada como mera atividade

mecânica, individualista e desvinculada de outros conhecimentos que

priorizava apenas o aspecto gráfico da língua escrita, agora, assume um

sentido mais amplo, alfabetizar é interagir com o mundo por intermédio da

língua escrita.

Segundo as pesquisas de Emília Ferreiro e Ana Teberosk (1985) para

possibilitar os estímulos necessários ao desenvolvimento de cada aluno é

necessário avaliar os níveis em que se encontram. Caso o professor não

consiga identificar estes níveis por meio das escritas produzidas em

atividades cotidianas na sala de aula é importante que procure fazê-lo

através de uma entrevista individual onde irá propor que a criança escreva

algumas palavras (em média quatro). A primeira palavra deve ser

polissílaba, a segunda trissílaba, a terceira dissílaba e a quarta palavra

monossílaba. Nas sílabas contíguas as mesmas vogais não devem se

repetir e deve-se, de preferência, usar palavras do mesmo grupo semântico.

A leitura das palavras deve ser feita logo que o aluno conclua cada escrita,

pois desta forma o professor vai entender o que significa cada letra ou sílaba

para o aluno e isso vai ajudá-lo a fazer intervenções adequadas.

É fundamental que antes de iniciar a atividade, o professor explique à

criança que ela pode escrever como acha que é, mas deverá fazê-lo da

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melhor maneira possível e ainda, é importante que as crianças saibam qual

é o objetivo dessa proposta de trabalho.

1.2. Escrita: níveis de conceitualização e intervenção

pedagógica

No estudo citado anteriormente as pesquisadoras (Ferreiro e

Teberosk), analisando escritas espontâneas das crianças, descreveram um

processo evolutivo de construção da escrita marcados pelos seguintes

níveis: pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético.

O nível pré-silábico é o estágio em que a criança ainda não

estabelece uma relação necessária entre a fala e suas diferentes formas de

representação, acreditando que se escreve com desenhos. Letras

espelhadas são também bastante utilizadas nesta fase. Algumas crianças só

consideram a escrita completa ao atingirem o limite do papel, há ainda os

que utilizam apenas uma letra para qualquer palavra que seja solicitada a

escrever. Neste estágio é muito importante que o professor valorize a escrita

do nome da criança propondo atividades como crachás, jogos, dominó de

letras e sílabas, músicas etc. O uso da letra de fôrma maiúscula é o mais

recomendado para o desenvolvimento das atividades nesta fase, pois suas

características permitem que as crianças, analisem as letras

separadamente, distinguindo-as uma das outras com facilidade, além disso,

as letras de fôrma são mais fáceis de grafar.

O trabalho com textos diferentes, listas e outras atividades que levam

a criança a perceber e a discriminar a existência do número de letras nas

palavras, o diferente número de palavras no texto, a letra inicial, final etc., é

de suma importância para que ela avance para o estágio seguinte.

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No nível silábico a criança imagina que cada sílaba necessita ter uma

letra, sendo que as mais utilizadas são as vogais. Neste nível ela pode ou

não usar as letras da palavra a qual se propôs escrever e, ainda, a criança

tem a convicção de que não é possível escrever uma palavra utilizando uma

ou duas letras, assim como repetir uma letra em uma mesma palavra é

inaceitável para o aprendiz. Ao utilizar as mesmas letras para a escrita de

palavras diferentes a criança as coloca em diferentes posições, neste

momento a criança já internalizou que nomes diferentes se escrevem de

forma diferente. Na maioria das vezes ao concluir a escrita, a criança não

consegue ler o que escreveu.

Neste momento a intervenção do professor é fundamental para que a

criança comece a perceber a falta de letras na sua escrita. Atividades como

escrita de listas (das brincadeiras preferidas, de títulos de histórias

conhecidas, de convidados para uma festa que vai haver na sala de aula,

etc.), ditado relâmpago, cruzadinhas, leitura de músicas que sabem de cor

favorecem ao aluno avançar em sua hipótese de leitura e escrita.

No nível silábico alfabético a criança está a um passo da escrita

alfabética, apesar disso, é um momento de intenso conflito, pois a criança

precisa negar a lógica do nível silábico, quase não conseguimos ler o que

ela escreve. Isso acontece principalmente quando ela usa só as vogais, pois

a mesma combinação de letras servem para escrever uma porção de

palavras. Esta fase tem como característica a troca, a inversão, rotação ou

repetição de sílabas e esse momento de transição faz com que a criança

oscile e, muitas vezes, volte à etapa anterior. Porém, trata-se de mais um

momento do processo intermediário, pois a criança começa a perceber a

falta de letras na sua escrita. Em contraste com a sobra de letras na escrita

convencional, ela resolve o impasse logicamente: passa a escrever com um

grande número de letras. Esta solução resolve parte do problema, mas a

questão da decodificação persiste, onde a criança não consegue ler o que

está escrito e continua buscando respostas para o seu impasse. A solução

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aparecerá através da fonetização da sílaba, que é uma mudança qualitativa

da maior importância.

A intervenção do professor propondo atividades que levem a criança

a comparar a sua escrita com a escrita correta da palavra ou ainda a

questionar como ela chegou àquela escrita levam a criança a observar a

distância entre a sua escrita e a escrita convencional.

O nível alfabético é o estágio em que a criança começa a estabelecer

uma correspondência entre os signos gráficos e os signos orais, ela

descobre que cada som corresponde a uma letra, que cada sílaba não é

uma unidade sonora, mas pode ter mais de uma letra. Nesta fase, há uma

preocupação muito grande da criança com a adequação fonética do escrito

ao sonoro. Como nesse momento a criança faz relação entre o som e a letra

ela escreve foneticamente, daí o grande desafio para que as atividades

propostas a partir de agora as encaminhem rumo à escrita ortográfica.

Uma boa idéia é a análise dos nomes já conhecidos pelas crianças, e

que elas já dominam a forma correta da escrita, pois propiciará as primeiras

pistas para que elas comecem a compreender efetivamente a formação

alfabética da sílaba. A criança deverá ter oportunidade de experimentar

várias formas de escrever a mesma palavra.

Através de desafios ao processo cognitivo, devemos favorecer

ocasiões para que a criança possa aprender sem nos preocuparmos com o

excesso de correção ortográfica. “Quando compreende a escrita alfabética e

consegue ler seus primeiros textos, a criança já aprendeu o funcionamento

do sistema de escrita alfabética, mas ainda descobre a norma ortográfica”

(Morais, 2001 p. 15).

A trajetória percorrida pela criança do nível pré-silábico ao nível

alfabético é fruto de uma longa e trabalhosa reflexão a respeito do que a

escrita representa. Ao se dar contar de que a hipótese que utilizava não é

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suficiente para explicar como se escreve e lê, a criança parte em busca de

uma nova hipótese que responda seus questionamentos. Ao compreender a

natureza da relação entre fala e escrita, a criança começa a desvendar os

mistérios da alfabetização.

A ação do aluno dentro do processo pedagógico é reflexo da

criatividade, da competência e do desenvolvimento do professor. É ele quem

faz o aluno progredir à medida que consegue envolvê-lo em desafios cada

vez mais complexos. A variedade de estratégias, utilizando dinâmicas com

os grupos, criando situações lúdicas, variando as propostas, são caminhos

para estimular no aluno o gosto pela leitura e escrita.

Portanto, ao atingirem a escrita alfabética, devemos considerar que

quanto mais informações os alunos tiverem, maior será a probabilidade de

avançarem criando formas próprias para compreenderem a realidade e

expressá-la. A intervenção do professor, estimulando, orientando e

ampliando a prática de leitura que utiliza os mais diversos portadores

textuais e que vai, de fato, colaborar para a construção de bons leitores, haja

vista que é na tarefa de levantar suposições, fazendo seleção dos aspectos

mais significativos de avaliar esses procedimentos confirmando suas idéias

ou refutando-as que o leitor estará construindo efetivamente o caminho que

levará a compreensão de um texto. “A leitura está longe de ser um processo

passivo: todo texto, para ser interpretado, exige uma ativa participação do

leitor”. (Alliende e Condemarin, 1987 p. 15)

É importante ressaltar que as dúvidas e problemas suscitados pela

leitura de um texto devem ser debatidos coletivamente por alunos e

professor e, ainda, que não basta a escola proporcionar ao aluno

oportunidades para que ele escreva textos variados, antes de mais nada é

preciso que ele veja na escrita o instrumento de comunicação de uma

mensagem e entre em contato com todos os gêneros textuais presentes na

sociedade em que vive.

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As tarefas solicitadas às crianças devem, portanto, significar um

desafio intelectual que vá além do mero exercício de conhecimentos já

adquiridos, neste sentido, o grande desafio é propor atividades difíceis e ao

mesmo tempo possíveis de solução, pois nelas os alunos precisarão pôr em

jogo tudo o que sabem a respeito do conteúdo proposto pelo professor. Os

alunos têm problemas a resolver e decisões a tomar em função do que se

propõem a produzir, além disso, a organização da tarefa deve garantir a

máxima circulação de informações entre os alunos.

Para a criança que está se alfabetizando, escrever e tentar ler a

própria escrita representa um ótimo desafio, já que ao tentar ler seus

escritos ela terá que justificar as escolhas que foram feitas como quantas e

quais letras utilizar, por exemplo.

Nesse momento a correção coletiva de textos escritos pelos próprios

alunos os levará a comparar as diferenças entre as várias formas de

expressão e apropriar-se da língua padrão, além disso, esse momento deve

ser aproveitado para que as crianças possam comparar a sua escrita com a

escrita convencional, questionando porque determinada palavra é escrita

desta ou daquela maneira e quais as regras ortográficas que regem a escrita

dessas palavras.

Alguns autores afirmam que os estudos de Ferreiro e seus

colaboradores provocam uma revolução conceitual a respeito da

alfabetização.

Tradicionalmente os aspectos mais abordados no ensino da leitura e

da escrita foram a maturidade ou prontidão da criança e o método adotado

para alfabetizar. A partir dos estudos de orientação construtivista, a

alfabetização deixa de ser focalizada a partir da lógica do adulto e passou a

ser estudada a partir da lógica da criança. Essa mudança de ponto de vista é

responsável por muitas mudanças na prática com alfabetização. Questões

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como o papel do professor e do aluno, atividades didáticas, o erro, a

avaliação etc., são resignificadas nesse novo paradigma.

De mero receptor de informações o aluno passa a ser sujeito de sua

própria aprendizagem e o professor ao invés de transmissor, atua como

parceiro-mediador entre o aluno e o objeto de conhecimento.

O clima na sala de aula em muito se distancia do ensino tradicional,

pois esta passa a ser espaço de reflexão e troca de experiências. As

atividades didáticas deixam de ser mecânicas para serem desafiadoras

permitindo ao aluno construir seu próprio conhecimento.

Outra inovação nesta nova forma de conhecer a alfabetização que

não pode ser desconsiderada pelo professor é a defesa de turmas

heterogêneas. O que antes era visto como empecilho para a aprendizagem,

hoje é trabalhado na forma de agrupamentos produtivos. Os mesmos devem

ser formados levando-se em consideração os conhecimentos e

características pessoais de cada um. A interação entre alunos com

diferentes níveis de conhecimento é fundamental para gerar a troca de

informações e o confronto de idéias que favorecem a aprendizagem. Mudar

os parceiros periodicamente é outra estratégia para que todos troquem

experiências.

1.3. O Erro

No início da alfabetização, a criança pensa que a escrita é sempre e

exatamente a representação daquilo que fala. Considerando-se tal situação

como uma das hipóteses que a criança constrói acerca do que a escrita

representa, os erros neste processo devem permitir a percepção de como

cada um está construindo seus conceitos. Os erros são caminhos que a

criança percorre na busca da relação entre o que já domina e o que está

aprendendo.

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É pelas sucessivas tentativas que, aos poucos, as crianças vão

aprimorando seus conhecimentos; os erros cometidos no processo de

aquisição da leitura e da escrita, são erros necessários para que as crianças

se aproximem cada vez mais da escrita convencional, portanto, devem ser

encarados como uma etapa do processo de ensino-aprendizagem.

O erro é uma tentativa de acerto; com essa conotação a criança não

terá medo de buscar o “acerto” criando sua forma de escrita, reformulando

suas hipóteses até encontrar a forma convencional. Cabe ao professor

organizar situações didáticas que levem os alunos a superarem seus erros,

da melhor maneira possível, onde as intervenções devem ser feitas no

sentido de levar o aluno ao crescimento, desafiando-o com situações em

que precise pôr suas idéias em conflito com as do colega ou do professor. É

preciso desmistificar a idéia de que um trabalho escrito precisa sair pronto

na primeira vez que é feito. É importante dar ao aluno a permissão de

repensar sobre o que escreveu. Deve-se permitir o erro. “Os erros devem

ser corrigidos no momento certo. Que nem sempre é o momento em que

foram cometidos” (Weisz, 2002 p. 85).

1.4. A Avaliação

Por ser parte integrante de todo o trabalho educativo, a avaliação

além de implicar um julgamento de valor em relação ao processo

educacional, requer também que tomemos decisões a respeito desse

processo, no sentido de modificar as situações avaliadas ou aceitá-las como

foram detectadas.

Portanto, a avaliação que anteriormente era usada para classificar o

aluno e perpetuar o poder do professor sem considerar as suas diferenças

individuais, hoje já é encarada como instrumento que tem como objetivo

maior replanejar as ações didáticas considerando, em primeira instância, o

desenvolvimento do aluno em relação a si mesmo, haja vista que embora

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algumas vezes a criança não tenha atingido os objetivos propostos pelo

professor, não é justo desconsiderar o quanto ela avançou no processo,

sendo assim:

A avaliação implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar obstáculos. (Vasconcelos, 1994 p. 04)

Avaliar a aprendizagem é avaliar também o processo de ensino. Se o

aluno ainda não aprendeu é porque o ensino que lhe foi oferecido não

cumpriu seu objetivo, não foi adequado ou suficiente para que ele

aprendesse e o processo de ensino deve, portanto, ser revisto e modificado.

Mediante o exposto, podemos concluir que o conceito de

alfabetização passou por profundas mudanças nas últimas décadas. Hoje,

para estar alfabetizado não basta apenas saber ler e escrever, pois estar

alfabetizado implica fazer uso desta leitura e escrita para a melhoria das

condições de vida pessoal e comunitária, visto que:

O letramento pode ser considerado um processo complexo, que quase sempre é visto como associado à alfabetização. Contudo, existem letramentos de natureza variada, inclusive, sem a presença da alfabetização. Trata-se de um termo que é conceituado de modo diferente por autores que estudam o fenômeno; mas, em suma, pode-se dizer que o letramento é um processo histórico-social. (Carvalho & Mendonça, 2006 p. 10)

Junto à mudança do conceito de alfabetização, veio o entendimento

da forma como é concebida esta alfabetização, e então compreendemos que

as crianças diferem entre si no processo de aquisição da leitura e da escrita.

Ao convidar as crianças a escreverem, espontaneamente, da maneira que

sabem, o professor poderá acompanhar o desenvolvimento de cada um,

pois sabendo o nível em que se encontram fica mais fácil respeitar o ritmo

de cada aluno e possibilitar os estímulos necessários ao desenvolvimento

individual.

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O professor deve atuar como mediador utilizando estratégias que

expliquem, informem e corrijam, criando assim situações significativas que

favoreçam o aprendizado da criança.

Reconhecer o erro da criança como parte do processo de ensino-

aprendizagem é uma oportunidade para que o professor possa intervir

positivamente neste processo. Além disso, trabalhar a avaliação não

somente como forma de aferir o domínio do conteúdo, mas principalmente

para verificar o desenvolvimento das capacidades do aluno e replanejar caso

seja necessário, garantindo desta forma a efetivação da aprendizagem,

determina diferentes procedimentos didático-pedagógicos. Portanto,

transformar nossos métodos de ensinar implica, além da busca teórica,

redefinir um conjunto de valores que englobam não só a educação, mas

nossa forma de pensar o mundo em geral.

A avaliação, na sua essência, consiste no instrumento através do qual

o educador irá conhecer as necessidades do educando, bem como as falhas

correspondentes ao seu planejamento, dando margem para novas

modificações, tornando-o um profissional flexível e responsável por um

processo educativo eficiente e de qualidade.

Avaliação é um processo contínuo de pesquisas que visa interpretar os conhecimentos, habilidades e atitudes dos alunos, tendo em vista mudanças esperadas no comportamento, propostas nos objetivos, a fim de que haja condições de decidir sobre alternativas do planejamento do trabalho do professor e da escola como um todo. (Piletti, 1987 p. 190)

É papel do educador conscientizar o educando a respeito da

significação da avaliação, proporcionando uma melhora no comportamento

do mesmo mediante o processo avaliativo, visto que este produz na criança

uma verdadeira aversão, ou mesmo fobia exagerada provocando situações

extremamente delicadas.

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A avaliação deve ser considerada um ato mais de ajuda do que de

prejuízo, onde, através desta, educador e educando possam buscar juntos a

solução para seus problemas: o professor, tentando sanar as suas falhas,

melhorando a sua metodologia em busca de um ensino mais qualificado; o

aluno, tentando compreender da melhor forma possível o conteúdo,

buscando a satisfação das suas necessidades, visando uma aprendizagem

mais agradável e completa.

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CAPÍTULO II

Percurso Metodológico

2.1. O Problema

Vivemos hoje, no Brasil, uma situação crítica no sistema público de

ensino: temos as mais elevadas taxas de evasão e repetência. As

estatísticas comprovam que é no inicio da escolaridade que as crianças das

classes populares começam a se deparar com o fantasma do fracasso

escolar.

Essa situação, que tanto penaliza as crianças e angustia os

professores, tem motivado muitos estudos. Na procura de solução para os

problemas, muitas explicações têm sido oferecidas, quase sempre

responsabilizando o aluno pelo seu insucesso.

Entretanto, muitas teorias psicológicas têm afirmado que em

condições favoráveis todas as crianças são capazes de aprender desde que

estejam operando bem psicologicamente. Se essas teorias estão corretas

por que tantas crianças não aprendem? Podemos supor que a prática

pedagógica desempenha um papel importante no processo de

aprendizagem.

É nesse contexto que definimos o nosso problema de pesquisa:

Como está sendo desenvolvida a prática pedagógica do professor

alfabetizador e qual a sua contribuição para a aquisição da leitura e da

escrita dos alunos da alfabetização das escolas da rede estadual de Várzea

Grande.

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2.2. Tipos de Pesquisa

Este trabalho foi realizado em duas semanas de alfabetização em

uma escola da rede estadual de ensino, uma localizada na zona centra e

outra na zona sul da cidade de Várzea Grande. Os critérios utilizados para

escolha desta amostra foram: o interesse da pesquisadora pela temática e a

facilidade de acesso, uma vez que as escolas selecionadas localizam-se

próximas a residência e ao local de trabalho da pesquisadora. A opção pela

alfabetização, deve-se ao fato de ser nessa etapa de vida escolar que se

inicia o processo de leitura e escrita das crianças das classes populares.

Coerente com os objetivos, essas pesquisa define-se como uma

pesquisa descritiva, pois busca descrever o que ocorre na realidade. Adotou-

se como estratégia a pesquisa de campo, dando-se aos dados um

tratamento qualitativo o que nos permite qualificar o estudo como qualitativo

descritivo; “Os estudos qualitativos descritivos são pesquisas cujo principal

objetivo é delinear ou analisar as características de um determinado

fenômeno”. (Campos, 2001 p.54)

2.3. Os Sujeitos da Pesquisa

Os sujeitos investigados foram duas professoras que atuam

alfabetização nestas escolas pesquisadas.

Em uma primeira visita às escolas pesquisadas, conversei com as

professoras sobre o objetivo do trabalho proposto e suas etapas

(observação, entrevista e questionário). Nestas escolas onde foi realizado o

estudo, as professoras que atuam na alfabetização, mostraram-se

disponíveis em participar da pesquisa.

De modo geral o grupo é formado predominantemente, por

profissionais enquadrados na faixa etária entre 33 e 41 anos de idade e com

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atuação no magistério que varia entre 7 e 22 anos. Das quatro professoras

pesquisadas todas possuem graduação em Pedagogia. Duas delas

possuem especialização: uma em Educação Infantil e Desenvolvimento, a

outra na área de Supervisão Escolar.

Com relação ao tempo de serviço como alfabetizadoras, as

professoras já possuem uma vasta experiência, em média 10 anos.

Percebeu-se, de modo geral, que as professoras pesquisadas são

bastante receptivas a novas informações, gostam de participar de cursos,

seminários e palestras. Procuram se atualizar através de revistas e livros

que tratam da temática alfabetização e dizem sentir-se realizadas no campo

pessoal e profissional cada vez que uma criança consegue ler uma palavra

nova, um pequeno texto, o mundo.

2.4. A Coleta de Dados

A coleta de dados é um passo muito importante, onde é possível

obter informações necessárias para a fundamentação da pesquisa, através

tanto da observação como pela abordagem direta por meio de questionários

ou entrevistas.

Conhecendo bem a realidade do objeto estudado, é possível traçar

novos caminhos para a realização da proposta oferecida por este trabalho.

2.4.1. Instrumentos usados na Coleta de Dados

Para coletar todas as informações realizamos observações em sala

de aula e aplicamos um questionário com as professoras investigadas.

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Iniciamos a pesquisa realizando as observações em sala de aula para

obtermos informações sobre: qual a metodologia utilizada pelo professor,

que materiais de leitura circulam na sala de aula; como as professoras

trabalham com os alunos que se encontram em diferentes níveis de

aprendizagem; quais os tipos de leitura mais utilizadas em sala de aula;

como a escrita é trabalhada nestas salas e para que serve a avaliação.

Para cada professora foram feitas três observações de 4 horas,

perfazendo um total de 12 horas.

Concomitantes com as observações, aplicam dois questionários

correspondentes ao número de professoras pesquisadas, cada um deles

continha 21 questões sobre aspectos relacionados ao tema estudado. Além

disso, nos horários de intervalo, de maneira informal, as professoras foram

submetidas a uma entrevista (em anexo).

2.4.2. Procedimento da Coleta de Dados

A primeira etapa da pesquisa consiste na visita inicial às escolas onde

comunicamos às professoras a intenção de realizar o estudo.

Este contato deu-se de forma natural e ao verificar-se a aceitação da

pesquisa pelas professoras.

A segunda etapa da pesquisa consistiu na observação e entrevista e

desenvolveu-se no período de 03/05 a 10/05, perfazendo um total de 12

horas em cada sala de aula. Aproveitou-se também este primeiro momento

para entregar os questionários que deveriam ser desenvolvidos tão logo

findassem as observações.

Tanto a observação quanto a entrevista permitiu verificar o trabalho

planejado e executado pelas professoras como: a metodologia; recursos

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utilizados para trabalhar a leitura e escrita dos alunos; quais os tipos de

leitura mais utilizado em sala de aula; o trabalho com atividades

diversificadas para atender os alunos com maiores dificuldades de

aprendizagem; objetivos da avaliação e importância da pedagoga no

processo ensino-aprendizagem.

Todas as atividades realizadas em sala de aula foram registradas

detalhadamente pela pesquisadora, para posteriormente servirem de dados

para contribuir na elucidação das questões pesquisadas. Assim também se

deu com as conversas informais que aconteciam na hora do intervalo entre a

pesquisadora e as professoras pesquisadas.

O questionário entregue as professoras partiu de um roteiro (em

anexo) previamente estruturado e abordava questões que iam a formação

acadêmica da professora pesquisada até o diagnóstico inicial e final de sua

turma. O mesmo teve como objetivo coletar mais subsídios para nossa

pesquisa.

A terceira e última etapa da pesquisa constitui na organização e

análise dos dados.

2.4.3. Organização dos Dados Coletados

Após a coleta procedeu-se a etapa de organização dos dados.

Inicialmente os conteúdos dos questionários, entrevistas e das observações

foram analisados separadamente e, em seguida, agrupados para análise.

Deste modo, foram estabelecidas as seguintes categorias de análise:

• Perfil das professoras

• Papel do professor e do aluno

• Atividades de leitura e escrita

• Metodologia e dinâmica da sala de aula

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• Avaliação

• Papel do supervisor escolar no processo avaliativo.

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CAPITULO III

Apresentação e Análise dos Resultados

Neste capítulo apresentarmos a caracterização das escolas

pesquisadas bem como os resultados obtidos através dos questionários

aplicados, das entrevistas e das observações realizadas que foram

agrupados nas seguintes categorias: Perfil das professoras, papel do

professor e do aluno, atividades de leitura e de escrita, metodologia,

avaliação e o papel do supervisor escolar no processo avaliativo. A medida

em que os dados forem apresentados, faremos uma análise da realidade

encontrada.

3.1. Caracterização das Instituições Educacionais

As escolas que constituíram a amostra desta pesquisa estão

localizadas uma na zona sul e outra no centro da cidade de Várzea Grande,

respectivamente situadas na Rua da Areia e Centro.

A Unidade Escolar Maria Cândida localiza-se na zona sul de Várzea

Grande à Rua da areia, num conjunto habitacional.

A escola atende a 585 alunos nos turnos manhã e tarde distribuídos

em turmas de séries iniciais e do ensino fundamental de 1ª a 4ª séries e uma

classe de aceleração de estudos que tem como finalidade específica

acelerar o processo de aprendizagem de alunos repetentes que necessitam

de ensino especial de modo a alcançarem a compatibilização do tempo de

estudo com a idade cronológica.

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À noite a escola oferece além do ensino fundamental de 1ª a 4ª séries

também o EJA (Educação de Jovens e Adultos) de 5ª a 8ª séries.

A estrutura física da escola apresenta-se em bom estado de

conservação, tendo inclusive passado por uma reforma recentemente. A

referida escola possui nove salas de aula, uma sala de vídeo, também

aproveitada como sala de leitura e biblioteca, uma diretoria, secretaria, sala

de professores, pátio, cantina, depósitos e três banheiros, sendo dois para

alunos e um para professores demais funcionários.

Quanto à estrutura técnico-administrativa, a escola dispõe de uma

diretoria, um diretor adjunto, dois supervisores, uma secretária, seis

auxiliares administrativos, dois vigias e cinco auxiliares de serviço. O corpo

docente é composto por trinta e cinco professores, sendo vinte e seis da

rede e nove estagiários. Excluindo-se os estagiários, atualmente quatro

professores cursam o normal superior, o restante já possui graduação.

O corpo discente é formado por alunos oriundos de famílias de baixo

poder aquisitivo, e com pouca escolarização o que limita a atuação do

professor no tocante ao trabalho com atividades extra-classe, pois há a

impossibilidade de poder contar com o auxílio dos pais que na maioria das

vezes sequer considera o valor que a escola tem para o futuro de seus

filhos.

Os recursos didáticos disponibilizados pela escola, principalmente

para o trabalho com a leitura ainda são insuficientes, exigindo desta forma

que os professores ali lotados tragam muitas vezes estes materiais de suas

próprias casas. É importante ressaltar que este problema foi detectado

também na outra escola pesquisada. No entanto, este problema já foi de

certa forma, sanado, pois houve uma parceria junto à prefeitura visando a

melhoria da qualidade de ensino das escolas do município, através da

promoção de um encontro com a Gerência Regional de Valença do Piauí,

responsável por esta parte, e os suprimentos das escolas foram

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abastecidos, inclusive até com aparelhos de DVDs e DVDs educativos com

coleções de todas as áreas da educação.

Também houve o cadastramento para o programa de inclusão digital

do professor, para a aquisição de computadores financiados pelo governo,

onde a escola também ganhou um laboratório de informática que será logo,

logo implantado.

No entanto, as professoras queixam-se freqüentemente da falta de

apoio dos pais em auxiliarem seus filhos nas tarefas escolares o que,

segundo elas, contribui para o aumento do baixo rendimento que alguns

alunos apresentam. A indisciplina foi outro fator apontado pelo corpo

docente como empecilho para o aprendizado da leitura logo nos primeiros

anos de escolaridade, haja vista o tempo que as professoras gastam ao

tentar manter a disciplinas nas salas.

A evasão e a repetência apresentam-se em níveis considerados altos,

visto que a escola ainda é precária em relação à questão de

desenvolvimento de projetos voltados para a cultura como aulas de música e

dança, entre outros, que são desenvolvidos pela rede municipal de ensino, o

que fez com que muitos alunos migrassem para estas escolas.

O planejamento é realizado bimestralmente e é coordenado pelas

pedadogas. Os horários pedagógicos são utilizados pelas professoras para

preparar o material e a rotina de trabalho da semana seguinte.

A Unidade Escolar Antonio Francisco está situada na zona central,

em frente à Praça Juscelino Kubistchek.

A escola conta com uma estrutura física muito boa, funcionando

com14 salas assim distribuídas: uma sala para vídeo e leitura, uma para a

diretoria, uma para a cantina, um depósito e dez salas de aulas regulares

que atendem crianças das séries iniciais e de 1ª a 4ª séries do ensino

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fundamental. A escola conta ainda com um pátio interno, secretaria e sala

dos professores. Há também quatro banheiros: dois para alunos, um para

professores e um na diretoria.

• Apoio pedagógico: Direcionado às crianças que apresentam

dificuldades de aprendizagem e em conseqüência baixo rendimento.

Acontece no horário contrario ao que a criança estuda e é monitorado por

uma professora que recebe treinamento permanente e materiais que dão

suporte ao desenvolvimento das aulas.

A escola atende a 554 alunos, distribuídos nos turnos manhã e tarde,

onde a maioria reside no próprio bairro e nas proximidades. O

acompanhamento das crianças no que se refere às atividades escolares é

feito na maioria das vezes pela mãe, outros alunos recebem aulas de reforço

pagas pelos seus genitores com o intuito de melhorar o processo de ensino-

aprendizagem. As professoras reconhecem o esforço das famílias em ajudar

seus filhos nas tarefas escolares, mas a indisciplina ainda é um problema

grave na escola.

O planejamento é coordenado pelas pedagogas e acontece

bimestralmente. Além de organizar o trabalho pedagógico, este momento

também é aproveitado pela equipe para tomada de decisões em relação às

atividades festivas que vão acontecer na escola.

Ambas as escolas às vezes trocam favores com a rede municipal a

fim de harmonizar o trabalho educativo desenvolvido na cidade, em busca

do combate efetivo à alfabetização.

3.2. Perfil dos Educadores

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As primeiras informações obtidas permitiram traçar o perfil das

professoras, destacando os seguintes aspectos: idade, formação, tempo de

magistério, tempo que atua na alfabetização escola em que trabalha.

Partindo da observação das informações acima citadas, é possível

perceber que no grupo de professoras pesquisadas três têm mais de quinze

anos de exercício do magistério, e apenas uma trabalha a menos de dez

anos como professora. A média de atuação das professoras em salas de

alfabetização é de dez anos, a outra conta respectivamente com um ou dois

anos como alfabetizadora.

No que se refere à formação acadêmica todas as professoras já

concluíram suas graduações, sendo que uma delas é especialista em

Educação Infantil e Desenvolvimento, todas optaram pela Pedagogia ao

ingressarem numa universidade. Uma das professoras está cursando

especialização em supervisão escolar.

A importância que as professoras atribuem ao PROFA se expressa

nas seguintes falas:

“O PROFA nos dá orientações didático – pedagógicas que privilegiam

a metodologia do ensino da leitura e da escrita que é a necessidade mais

gritante de nossa clientela”. (professora Conceição)

“Procuro utilizar os conhecimentos adquiridos lá (NO PROFA) aqui na

minha sala”. (professora Carmem Siqueira)

“O melhor do PROFA é que agente vê a aula acontecendo, vê o

professor fazendo, como ela aborda os conteúdos e faz as interferências, ai

à gente aprende a melhorar a nossa pratica”. (professora Carmem)

Após elogiarem o PROFA, as professoras pesquisadas ressaltam a

importância e a necessidade de continuidade dos cursos de capacitação. As

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mesmas lamentam não poderem se fundamentar mais através da leitura de

bons livros, quer por falta de tempo, que por falta de condições financeiras,

pois é alto o custo das publicações que tratam da temática alfabetização. A

mesma regra se aplica na hora de procurarem curso de capacitação co seus

próprios recursos.

Outra queixa das professoras é quanto a falta de tempo para que

fossem avaliadas e discutidas as ações já desenvolvidas dentro da escola e

também a falta de oportunidade em socializarem com os colegas as

atividades realizadas com êxito em sala de aula, ou seja, falta uma ação

mais voltada para a interdisciplinaridade e isso deixa a desejar no

desenvolvimento do processo educativo.

3.3. Papel do educando e do educador

Quanto ao papel do aluno e do professor, podemos encontrar a

percepção das professoras sobre o assunto no processo de ensino-

aprendizagem.

Todas as professoras demonstram ter uma visão do papel do aluno

compatível com os modelos de ensino-aprendizagem de base construtiva e

sócio-interacionista, isto é, pelos dados obtidos, pode-se afirmar que elas

afastam-se de uma concepção tradicional em que o aluno é visto como um

ser passivo, mero receptor de informações e vêem este aluno como o sujeito

de uma aprendizagem, construtor do conhecimento e capaz de interagir com

seus pares.

Coerente com a visão que elas demonstram ter em relação ao papel

do aluno está a concepção do papel do professor. Observa-se que para a

maioria dos sujeitos pesquisados, o professor assume o papel de mediador

do conhecimento.

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Sabe-se que a construção do conhecimento, às vezes, exige mais de

alguns do que de outros. No entanto, todos são capazes, é necessário

apenas que se direcionem os meios, na busca das habilidades individuais.

Daí a grande importância da professora enquanto mediadora, valorizar o

conhecimento anterior da criança, reconhecer o estágio em que ela se

encontra, entender como acontece os processos de aprendizagem da leitura

e da escrita e também dar valor aos interesses e necessidades de

aprendizagem das crianças tornando desta forma o processo ensino-

aprendizagem mais significativo.

Cabe ainda ao professor organizar as seqüências didáticas, definir a

forma de trabalho: otimização do tempo, utilização do espaço e materiais

disponíveis na escola, formas de intervenções adequadas às necessidades

de cada aluno ou grupo e também definir o papel da avaliação. Os defeitos

da prática educativa para aquisição da leitura e da escrita dependem da

interação de todos estes fatores que se inter-relacionam nas situações de

ensino. Defini-lo, pois, visando uma aprendizagem mais significativa, ajuda o

aluno a buscar meios de construir seu próprio conhecimento, e desta forma

o ensino não se tornará algo mecânico e distante das necessidades e

interesses de nossa clientela.

3.4. Atividades de Leitura e de Escrita

Com o objetivo de sabermos quais as atividades de leitura e escrita

mais valorizadas pelas professoras, solicitamos a elas que indicassem as

atividades que costumam realizar com a respectiva seqüência com que

acontecem.

A leitura dos dados apresentados nos permite perceber que na maior

parte do tempo as professoras lêem para e com os alunos. Através dos

questionamentos orais, as educadoras procuram despertar nas crianças o

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ato de pensar, investigar, criar e recriar suas idéias, aplicando seus

conhecimentos e elevando sua alto-estima.

As professoras pesquisadas demonstram estar cientes que as

atividades de leitura devem implicar estratégias de seleção, inferência,

prazer e satisfação dentre outros, o que muito contribui para de leitores

competentes. Além disso, a professora deve gostar de ler e ler sempre na

presença das crianças, despertando assim o interesse delas por essa

prática. Foi constatado, durante as observações, que as professoras

pesquisadas proporcionam diariamente a seus alunos momentos de leitura

que incluem anedotas, advinhas, jornais, revistas, gibis, histórias infantis,

livro didático e outros.

Vale ressaltar, no entanto, que percebemos a falta de leitura

silenciosa em quase todas as salas pesquisadas, por isso sentimos a

necessidade de lembrar que é este tipo de leitura a mais utilizada pelos

indivíduos em seu cotidiano.

Oura atividade para a qual as professoras dão bastante ênfase em

suas salas de aula é o ditado de palavras e frases já estudadas. Nesta

atividade as professoras procuram identificar os erros mais freqüentes, para

reforçar o estudo destas palavras e/ ou silabas e é neste momento que fica

evidenciado o treino ortográfico, onde as professoras aproveitam para

também trabalhar a questão da acentuação gráfica.

Em se tratando da escrita, ao responder ao questionário, nenhuma

das professoras disse trabalhar com produção textual mais de duas vezes

por semana. Considerando a função social da escrita, o texto torna-se o

centro do trabalho no processo de aquisição da língua, pois com ele a

palavra terá sentido e, dependendo do contexto em que estiver inserida,

apresentará diferentes significados. Entendemos então, se necessário dar

ao aluno a oportunidade de realizar, além das produções individuais,

produções em dupla, em equipe e em textos coletivos.

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É importante que a criança seja incentivada constantemente a se

expressar na língua escrita, ainda que não domine totalmente o código

convencional, pois ao escrever irá adquirindo maiores conhecimentos sobre

a língua, com o auxilio do professor.

É fundamental que todas as atividades que a criança realize em salsa

de aula, principalmente as coletivas, sejam registradas e transformadas em

momento de produção escrita para que ela possa perceber que toda idéia

pode ser registrada por esta forma de representação.

Para isso é necessário que o aluno, quando for escrever, tenha algo

para dizer a alguém e saiba dizê-lo sendo, então, indispensável o trabalho

simultâneo com a oralidade que podem envolver relatos e experiências

pessoais, acontecimentos do bairro, programa de televisão, debates sobre

historias lidas, sobre assuntos diversos, que lhe dará subsídios para sua

produção escrita.

Situando a função social da leitura e escrita na vida do aluno, com

atividades significativas e contextualizadas, o professor estará oferecendo

ao aluno oportunidades para que faça uma melhor leitura da realidade em

que se encontra, incentivando, desde cedo, o desenvolvimento do

pensamento crítico, onde a criança, na sua fase de novas descobertas,

passa a questionar diversos assuntos do cotidiano que comumente ela não

entenderia.

O educador é um artista que deve se aproveitar desta fase da criança

para dar início à sua grande obra que é a formação do indivíduo.

3.5. Metodologia e Dinâmicas de Classe

Outro lado que buscamos investigar foi qual a metodologia utilizada

pelas professoras para alfabetizar seus alunos.

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De acordo com os dados expostos no questionário, verificamos que a

respeito da metodologia, as quatro professoras pesquisadas confessam que

ainda não utilizam exclusivamente a proposta adotada pelo governo

(construtivismo). Todas afirmam trabalhar mesclando tradicional e

construtivismo.

Em relação a este item veja abaixo alguns depoimentos:

“Procuro trabalhar de maneira diversificada, usando um pouco de

cada método, inclusive o tradicional”. (professora Conceição)

“Procuro utilizar o método que mais se adeqüe à realidade de minha

sala de aula”. (professora Carmem)

“Este é meu primeiro ano como alfabetizadora, ainda estou

aprendendo a caminhar”. (professora Carmem Siqueira)

Pelas observações contatou-se que o desenvolvimento das aulas

transcorre de forma variada, pois o mesmo depende da professora, de sua

concepção acerca do que é alfabetização e sobre a base teórica que orienta

sua prática. Todas as professoras têm um caderno com o planejamento

mensal e a rotina de trabalho organizada dia-a-dia e todas utilizam o livro

didático, mas não se prendem a ele. Segundo as professoras a utilização do

livro didático se dá principalmente porque a ausência de variedade de

portadores textuais é comum em todas as escolas. As professoras trabalham

com materiais variados como panfletos, revistas, jornais e gibis, mas são

obrigadas, às vezes, a trazerem estes materiais de suas casas. As mesmas

relatam que a maior dificuldade em trabalhar com variedade de portadores

textuais e exatamente sua ausência em sala de aula.

“O ideal seria é que cada sala tivesse seu material de leitura como:

livro de leitura, jornais, coquetéis, gibis etc., mas infelizmente quando a

escola dispõe deste material ele é de uso comum para todas as salas, aí a

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gente acaba não usando com receio de danificar. No caso dos gibis,

aproveito tirinhas que vem no jornal e trabalho, mas sei que não é

suficiente”. (professora Carmem Siqueira)

“Se a escola dispusesse de materiais variados para alfabetizar, com

certeza nossa prática seria melhor”. (professora Conceição)

Ainda a respeito da metodologia, algumas professoras reclamam a

ausência da pedagoga atuando junto a elas na sala de aula para a melhoria

do processo de ensino-aprendizagem. Nos depoimentos abaixo é possível

observar a falta que sentem dessa profissional.

“Em alguns momentos é importante o olhar mais experiente, não

como fiscal, mas como alguém disposto a melhorar a minha prática”.

(professora Kelliany)

“Às vezes me sinto insegura com relação a desenvolver uma atividade

com a qual não tenho costume de trabalhar; se alguém mais experiente

pudesse me ajudar, meu trabalho seria melhor”. (professora Carmem

Siqueira)

“Como a pedagoga dispõe de mais tempo para se fundamentar e

pesquisar atividades diferentes e interessantes seria bom que de vez

enquanto ela pudesse vir à minha sala para dar alguns toques, esta ajuda

enriqueceria as aulas e a mim enquanto profissional”. (professora

Conceição)

Mesmo sem utilizar uma metodologia especifica foi possível perceber

o empenho das professoras em trabalharem atividades que despertem nos

alunos noções de cidadania, responsabilidade, envolvimento e opinião

critica.

Descreveremos abaixo algumas destas atividades:

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• A caixa de sugestões é uma atividade permanente onde as

crianças opinam sobre o que gostariam de saber, histórias que

gostariam de ouvir, que tipo de atividade gostariam que se

repetisse mais vezes ou o que não gostam nas aulas, na

professora e nos colegas. Alem de desenvolver a escrita esta

atividade torna o aluno responsável pelo desenvolvimento das

aulas. A caixa fica em cima da mesa da professora e como em

cofre, a criança deposita seus escritos que posteriormente

serão lidos pela professora que junto com a turma decide se a

sugestão deve ser acatada.

• O diário de classe é uma atividade em que todos os dias uma

criança fica responsável para anotar tudo o que aconteceu no

decorrer da aula, inclusive sua percepção sobre o conteúdo

trabalhado, a metodologia e o comportamento dos colegas. No

dia seguinte ele lê para toda a turma e há uma discussão para

saber se a turma concorda ou não com a opinião do colega.

Após esta discussão ele pode melhorar ou não sua redação.

Uma ou duas vezes por semana estes contextos são escritos

no quadro e a professora realiza uma correção coletiva.

• A hora do conto acontece diariamente em todas as salas

pesquisadas, é um dos momentos em que se percebe a

atenção de todas as crianças. Geralmente a professora inicia

fazendo a leitura do titulo e pedindo que a crianças digam o

que ele sugere. Durante a leitura, a professora pára de vez em

quando e instiga os alunos a imaginarem os acontecimentos

que sucedem. Ao final da leitura a professora faz

questionamentos acerca do texto trabalhado, frisa desde a

tipologia textual até que lições podemos tirar acerca do texto

lido. Nesta atividade vimos a professora trabalhar entonação de

voz, a gesticulação, fantoches, máscaras e dramatização.

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• O varal literário também chamou a atenção. Durante um

determinado tempo pré-fixado pela professora, os alunos

produzem textos de diferentes tipologias, os mesmos ficam

pendurados em uma corda na sala de aula para que todos

possam ler e até fazer correções. Após a reescrita de alguns

textos selecionados, que dura em média quinze dias (a

professora corrige um texto a cada aula coletivamente) ocorre

a culminância do trabalho que pode ser na própria sala de aula

ou no pátio da escola. Neste momento as crianças, fazendo o

uso do microfone, lêem seus escritos para os demais colegas –

é impressionante ver a satisfação das crianças ao realizarem

estas atividades.

• O recorte e colagem foi outro recurso que vimos presente em

todas as salas trabalhadas. As professoras utilizam estas

atividades de forma variada, mas todas têm como objetivo

comum favorecer o aprendizado da leitura.

Ao adotar essa dinâmica e outras que podemos encontrar em livros

voltados para isto, vemos que a educação se torna prazerosa e o educando

passa de ser passivo para ativo, preparando a aula e participando

ativamente dela. Isto faz com que o aluno seja capaz de desenvolver sua

própria visão sobre um determinado assunto, caracterizando-se como um

ser socialmente ativo.

3.6. Avaliação

Interessava-nos também investigar as formas de avaliação utilizadas

pelas professoras. Subdividimos essa questão em duas partes: avaliação

diagnóstica e avaliação formativa.

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Os dados obtidos revelam que o processo de avaliação é parte

integrante do trabalho educativo de todas as escolas pesquisadas.

A avaliação implica um julgamento de valor em relação ao processo

educacional. Requer também que se tornem decisões a respeito desse

processo, no sentido de modificar as situações avaliadas ou aceitá-las da

forma como foram detectadas.

Segundo as professoras pesquisadas, a avaliação diagnóstica que

ocorre no início do período letivo, tem como objetivos principais saber em

que nível os alunos se encontram, direcionar o trabalho com mais segurança

e planejar de acordo com as dificuldades dos alunos. Esta avaliação

costuma ser feita a partir da escrita do nome da criança e de mais algumas

palavras que podem se escolhidas aleatoriamente ou segundo a indicação

de Emília Ferreiro e Ana Teberosk (1985) que seria ditar para a criança

quatro palavras do mesmo grupo semântico, seguindo a seguinte regra, uma

polissílaba, uma trissílaba, uma dissílaba e a última monossílaba. Esta

escolha depende da professora.

Ainda, segundo os relatos das professoras, a avaliação diagnóstica

será um norte para que as mesmas decidam que tipos de encaminhamentos

e intervenções devem providenciar em sua prática pedagógica para que o

aluno supere suas dificuldades iniciais, garantindo assim, por meio deste

diagnóstico, o avanço do aluno.

Quanto à avaliação formativa, segundo relato de quatro professoras,

ela acontece através de testes escritos e da leitura e produção individual

observando-se uma vez por mês e, para as outras duas professoras,

diariamente, observando-se o desempenho dos alunos em todas as

atividades realizadas em sala de aula. O processo de investigação e

acompanhamento de aprendizagem é o primeiro passo para uma tomada de

decisão transformadora daquilo que precisa ser modificado, assim, ao

avaliar uma situação, a professora não deverá apenas pontuar determinada

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dificuldade do aluno, mas deve também, decidir que tipos de

encaminhamentos e intervenções deve providenciar em sua prática

pedagógica para que o aluno supere a dificuldade inicial. Na fala das

professoras, percebemos com mais clareza suas opiniões a respeito tanto

da avaliação diagnóstica como da avaliação formativa.

“A avaliação diagnóstica, no meu pensamento, é um ponto de partida

para dar um direcionamento mais seguro do meu trabalho”. (professora

Carmem)

“Avaliação diagnóstica é importante para planejar de acordo com as

dificuldades dos alunos”. (professora Kelliany)

“Além da prova escrita, faço leitura e uma produção de texto individual

para detectar o avanço dos alunos”. (professora Carmem Siqueira)

Vale salientar que contrariando a fala das professoras que afirma ser

a avaliação diagnóstica e formativa um norte para o direcionamento e

planejamento de seus trabalhos de modo atender as necessidades

individuais dos alunos, somente em uma das salas visitadas observou-se a

professora trabalhando com atividades diversificadas para atender os alunos

com maiores dificuldades de aprendizagem. As outras três profissionais

procuram ajudar os alunos que tem maiores dificuldades, ficando do lado

deles, o que se torna complicado devido ao grande número de alunos que

tem em cada sala. Questionadas a respeito disso, obtivemos das

professoras as seguintes respostas:

“Trabalhar com atividades diversificadas para atender aos diversos

níveis em que os alunos se encontram é complicado, além de não termos

tempo para elaboração das mesmas, o grande número de alunos por sala

não nos permite dar o acompanhamento que esse tipo de trabalho requer.”

(professora Carmem)

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“Enquanto a gente trabalha a atividade diversificada com um aluno, o

restante da turma fica solta.” (professora Carmem Siqueira)

Mediante o exposto concluímos então que de modo geral a avaliação

além de medir o conhecimento dos alunos em relação aos conteúdos

trabalhados, se dá também no sentido de registrar os avanços e a qualidade

da aprendizagem já alcançada pela criança ao final de uma etapa de

trabalho.

Esses registros, pelo que pudemos observar, são de grande valia

para o professor na hora de tomar a decisão final. Além disso, informa ao

professor o que o aluno já aprendeu ou não, e assim o professor pode

retomar sua prática educativa para ajudar ao aluno a avançar no processo

ensino-aprendizagem.

3.7. Papel do supervisor no processo avaliativo

O Supervisor é um componente importante, pois é através da

avaliação deste que o processo de ensino-aprendizagem ganha forma e se

concretiza. É necessária esta intervenção do supervisor para que o

professor possa direcionar, da melhor forma possível, as suas atividades e

assim trabalhar com mais segurança.

Supervisão de ensino é uma especialidade do pedagogo, que pode ser obtida através de cursos de habilitação, incorporada ou não à licenciatura em pedagogia, ou através de especialização. O supervisor de ensino atua junto ao corpo docente das instituições de ensino, coordenando as práticas pedagógicas, bem como acompanhando o desenvolvimento do currículo. (Wikipédia, 2007)

A avaliação é uma prática educativa essencial não só para os

educandos, mas também para os educadores visando um maior

desempenho nos resultados esperados.

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Para que haja uma harmonia entre a escola e os educadores, é

necessário que o educador encare o supervisor como um colaborador e não

como um inimigo, pois o bom relacionamento entre ambos fará com que o

aluno saia ganhando. O supervisor é, sim, um elemento importante no meio

educacional e é de fundamental importância que isto seja compreendido por

toda a escola, visto que:

Como um profissional essencial no contexto educacional, o supervisor atua como articulador das ações educativas juntamente com os demais setores da Diretoria. Ele realiza estudos e pesquisas, favorece a troca de experiências profissionais, aprende e ensina com atitudes participativas, com trabalhos coletivos e compartilhados. Participa da construção do plano de ação da Diretoria de Ensino com o objetivo de promover o fortalecimento da autonomia escolar. Realiza processos de avaliação institucional interna e externa para verificar a qualidade do ensino oferecido e a partir daí estabelecer propostas de intervenções viáveis para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem. (Gomes, 29 de março de 2007)

No processo de alfabetização isto se torna fundamental, pois é

através das orientações do supervisor escolar que o educador traçará um

caminho seguro na aprendizagem da criança, sendo este um processo

delicado e essencial para a formação de futuros leitores e construtores do

conhecimento.

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CONCLUSÃO

O estudo evidenciou que o processo de alfabetização das crianças

das duas escolas da rede estadual de ensino da cidade de Várzea Grande,

investigadas neste estudo, ainda não segue uma metodologia especifica.

Apesar do esforço das professoras em seguirem a proposta construtivista,

percebe-se ainda nas atividades realizadas em salas de aula a presença

também do método tradicional.

Considerando que a principal meta de qualquer bom profissional é ser

cada vez mais competente em seu oficio, podemos afirmar que os objetivos

almejados nesta investigação foram alcançados. Ainda que tenha

proporcionado uma visão limitada da prática pedagógica das professoras

das duas escolas estaduais pesquisadas, pode-se constatar que,

conscientes de que a melhoria profissional é conseguida através do

conhecimento e das experiências, as professoras pesquisadas

demonstraram uma enorme vontade de evoluir enquanto profissionais. Há

uma vontade intrínseca destas educadoras de desvincular-se totalmente do

modelo de aprendizagem empirista que embaçou a sua formação e utilizar

em sala de aula somente o modelo construtivista. Admite-se, no entanto, que

este processo de transformação não acontece subitamente, é necessário,

antes de mais nada, compreender as questões que sustentam esta nova

prática. Para isso, as professoras buscam, seja através da leitura de livros

de autores consagrados, cursos de capacitação ou em revistas dirigidas aos

docentes, adquirir novos conhecimentos que as ajudem a dinamizar e

diversificar suas aulas, bem como a melhorar de forma geral o processo de

ensino-aprendizagem.

Ainda que não siga uma proposta única de trabalho, verificamos que a

escola planeja p processo de alfabetização, considerando os conhecimentos

gerais e as experiências anteriores dos alunos com a escrita, enquanto

sistema de representação. Desta forma, destacou-se os interesses da

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instituição em seguir os novos paradigmas da alfabetização que reconsidera

o trabalho cognitivo da criança na aquisição da língua escrita.

Diante do que foi possível observar, existe uma certa aversão, pouca,

mas existe, em relação ao trabalho do supervisor escolar, uma vez que essa

falta de harmonia faz com que o trabalho educativo seja prejudicado e,

principalmente o aluno, que nada tem a ver com este tipo de desavença.

É necessário que se faça uma nova conscientização em torno da

educação e de seus parâmetros a fim de elevar a qualidade do ensino a um

patamar mais alto, e isto só poderá acontecer quando a escola começar a

agir como um corpo uno e consciente.

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ANEXOS

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Este questionário tem como principal objetivo coletar dados para conclusão de um trabalho monográfico na área da supervisão escolar, cujo tema “A prática pedagógica do professor alfabetizador”.

Esperamos contar com sua colaboração.

Obrigada!

ANEXO 01 - QUESTIONÁRIO

1. Qual a formação acadêmica?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

2. Participa de algum curso de formação continuada? Qual?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

3. Há quanto tempo você é alfabetizadora?

_____________________________________________________________

4. Você gosta de alfabetizar?

( ) sim ( ) não

5. Que teóricos você tem lido e que ajudaram a fundamentar sua prática?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

6. Que livros sobre alfabetização você tem lido nos últimos meses?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

7. Na sua opinião, como o aluno adquire o conhecimento?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

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8. Qual o papel do professor e do aluno no processo ensino-aprendizagem?

Aluno:

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

Professor:

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

9. Você utiliza um método especifico para alfabetizar? Qual? ]

( ) sim ( ) não

Qual?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

10. Marque um X nas alternativas relacionadas a leitura e a escrita que você

costuma realizar em sala de aula e ao lado diga a freqüência com que ela

acontece?

Freqüência

( ) Leitura de história e outros textos para os alunos _______________

( ) Leitura silenciosa pelos alunos _______________

( ) Leitura em voz alta pelos alunos _______________

( ) Interpretação de texto pelos alunos _______________

( ) Reprodução oral de textos conhecidos _______________

( ) Dramatização de histórias lidas _______________

( ) Cópia da lousa, cartilha e/ ou livros _______________

( ) Cópia digitada _______________

( ) Escrita de palavras conhecidas e/ ou frases _______________

( )Reprodução escrita de texto _______________

( ) Ditados de palavras ou frases já estudadas _______________

( ) Ditados de palavras desconhecidas, para _______________

diagnosticar as hipóteses da escrita _______________

( ) Produção de textos coletivos _______________

( ) Produção de textos escritos _______________

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( ) Produção de textos à vista de gravuras _______________

( ) Produção de texto com base em seqüências de gravuras_______________

( ) Correção coletiva de textos escritos _______________

( ) Estudo de palavras retiradas de textos _______________

( ) Escritas e leitura de famílias silábicas _______________

( ) Separação de silabas _______________

( ) Coordenação motora _______________

( ) Treino ortográfico _______________

( ) Correspondências entre palavras e gravuras _______________

( ) Atividades de reconhecimento de letras, especialmente _______________

as iniciais

( ) Atividade de gramática _______________

( ) Atividades com os nomes dos alunos _______________

( ) Atividades com vogais e encontro vocálicos

( )Jogos para alfabetizar

11. Com quais materiais de leitura você trabalha?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

12. Você encontra algum tipo de dificuldade para trabalhar com estes

materiais?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

13. A maioria das atividades realizadas em sala de aula acontecem:

( ) Individualmente ( ) Em trio

( ) Em dupla ( ) Em grupos maiores

14. Que vantagens há neste tipo de trabalho?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

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15. Você utiliza cartilha?

_____________________________________________________________

16. Qual a maior dificuldade pedagógica ( dificuldade para ensinar) que você

tem para alfabetizar seus alunos?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

17. Você prefere turmas homogêneas ou heterogêneas para trabalhar?

Justifique?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

18. Você acha importante iniciar o período com uma avaliação diagnóstica?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

19. Como é feita esta avaliação? Para que serve seus resultados?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

20. E no decorrer do período, como os alunos são avaliados?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

21. Indique a situação da sua classe:

a- Quantidade de alunos que freqüentam.____________________________

b- Quantidade de alunos no inicio do período com escrita: Pré-silabica,

Silábica e Alfabética ____________________________________________

c- Quantidade de alunos no momento com escrita: Pré-silábica, Silábica e

Alfabética _____________________________________________________

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ANEXO 02 - ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO

• Observação da metodologia utilizada na abordagem dos assuntos

• Como ocorrem as intervenções

• Observação dos materiais de leitura utilizados na sala de aula

• Motivação dada ao ato de ler

• Atividades mais utilizadas para o trabalho com a leitura e a escrita

• Como são feitos os agrupamentos

• Qual o tratamento dispensado aos alunos que apresentam

dificuldades de aprendizagem