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A PRÁTICA DA LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS NO MUNICÍPIO DE COLATINA-ES Área temática: Gestão Ambiental & Sustentabilidade Uara SARMENGHI CABRAL [email protected] Felipe Tessarollo Ramos [email protected] Igor Faroni Lucas [email protected] Igor Peterle De Melo [email protected] Resumo: A destinação final das embalagens de agrotóxicos é regulamentada por legislação em vigor no Brasil desde o ano 2000 e parte dos usuários desses produtos estão adaptados a essa rotina. Entretanto, desde 2010, com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos houve ainda mais destaque a respeito desse assunto, mesmo estando incluídos no contexto da logística reversa outros itens como pilhas, baterias e resíduos eletroeletrônicos. Para verificar se disseminação desse conceito, o trabalho buscou entender o comportamento de agricultores e vendedores do comércio da área especializada nesses produtos especificamente para embalagens de agrotóxicos, no município de Colatina, região noroeste do Espírito Santo. O estudo se baseou em visitas a propriedades rurais e pontos comerciais, além de utilizar questionário para realizar análise qualitativa e quantitativa acerca do tema. Os resultados das pesquisas mostraram que não retorno de todas as embalagens vendidas na região ao comércio local. A principal causa observada para esse resultado foi a falta de subsídio, que os envolvidos esperam por parte do governo ou de órgão ambientais, mesmo sendo essa uma ação prevista em lei. Portanto, fica claro que é importante uma intensificação em atividades ligadas a educação ambiental, para os envolvidos em todas as etapas desse processo. Palavras-chaves: embalagens de agrotóxicos, logística reversa, educação ambiental. ISSN 1984-9354

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A PRÁTICA DA LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS

DE AGROTÓXICOS NO MUNICÍPIO DE COLATINA-ES

Área temática: Gestão Ambiental & Sustentabilidade

Uara SARMENGHI CABRAL

[email protected]

Felipe Tessarollo Ramos

[email protected]

Igor Faroni Lucas

[email protected]

Igor Peterle De Melo

[email protected]

Resumo: A destinação final das embalagens de agrotóxicos é regulamentada por legislação

em vigor no Brasil desde o ano 2000 e parte dos usuários desses produtos já

estão adaptados a essa rotina. Entretanto, desde 2010, com a Política Nacional

dos Resíduos Sólidos houve ainda mais destaque a respeito desse assunto, mesmo estando

incluídos no contexto da logística reversa outros itens como pilhas, baterias e

resíduos eletroeletrônicos. Para verificar se há disseminação desse conceito, o

trabalho buscou entender o comportamento de agricultores e vendedores do

comércio da área especializada nesses produtos especificamente para embalagens

de agrotóxicos, no município de Colatina, região noroeste do Espírito Santo. O

estudo se baseou em visitas a propriedades rurais e pontos comerciais, além de

utilizar questionário para realizar análise qualitativa e quantitativa acerca

do tema. Os resultados das pesquisas mostraram que não há retorno de todas as

embalagens vendidas na região ao comércio local. A principal causa observada

para esse resultado foi a falta de subsídio, que os envolvidos esperam por

parte do governo ou de órgão ambientais, mesmo sendo essa uma ação prevista em

lei. Portanto, fica claro que é importante uma intensificação em atividades

ligadas a educação ambiental, para os envolvidos em todas as etapas desse

processo.

Palavras-chaves: embalagens de agrotóxicos, logística reversa, educação ambiental.

ISSN 1984-9354

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

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1. INTRODUÇÃO

O meio ambiente vêm sendo tema de constantes discussões em conferências de âmbito ambiental. Isso

se dá ao fato de o meio em que vivemos estar se tornando depósito de resíduos. Originados em todas as

fases de atividades humanas, os rejeitos sólidos e líquidos, variam de acordo com as atividades

realizadas. "Os resíduos industriais estão tendo foco maior, em virtude de suas maiores periculosidades

e possíveis problemáticas que podem proporcionar à saúde humana e à natureza" (HERMANN, 2013).

Essa preocupação não se resume apenas na criação de novas tecnologias de produção que sejam menos

poluidoras, como vem sendo tema de inúmeras notícias. Os resíduos provenientes de diversos

processos de beneficiamento de matérias prima, quando incorretamente gerenciados, tornam-se uma

grave ameaça ao meio ambiente, mostrando a necessidade de adoção de gestão ambiental e a aplicação

de políticas sustentáveis. Esses dois âmbitos possibilitarão o estudo do resíduo em si de cada atividade

industrial, o que proporcionará o surgimento de soluções de reaproveitamento ou destinação final

adequada para ele, assim como a verificação de sua logística reversa (LEITE, 2003).

O uso de agrotóxicos, por sua vez, quando gerenciadode forma rudimentar ou inadequada na indústria

agrícola proporciona contaminação ambiental com amplitudes significativas para todos os seres vivos,

desde o solo (subsolo e lençóis freáticos), até a influência na saúde dos animais e dos seres humanos,

através de contato direto com essas substâncias de controle biológico (HERMANN, 2013).

Dessa forma, tem-se que, agrotóxicos são moléculas sintetizadas, utilizadas para afetar determinadas

reações bioquímicas de insetos, micro-organismos, animais e plantas que se quer controlar ou eliminar

numa cultura agrícola (SPADOTTO et al., 2004). O Brasil, no modo geral, se habituou à utilização de

agrotóxicos como condição indispensável à produtividade agrícola, recomendados para o controle de

pragas e doenças, como forma de ampliar o potencial produtivo das lavouras (RÜEGG et al., 1991).

Apesar de possuir um potencial de ampliação de produtividade agrícola, se faz necessário à

visualização dos efeitos que o uso indiscriminado e irresponsável pode acarretar ao meio ambiente e à

sociedade, seja através de sua aplicação e toxidade, mas também pela geração de resíduos sólidos,

correspondentes aos recipientes que são armazenados (SPADOTTO et al., 2004).

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Nesse contexto de gerenciamento dos resíduos provenientes de atividades humanas, os recipientes de

agrotóxicos se enquadram como resíduos perigosos, em detrimento de sua toxidade e capacidade de

contaminação, como define a NBR 10004/2004:

“Aqueles que apresentam substancial periculosidade real ou potencial à saúde

humana ou aos organismos vivos e que se caracterizam pela letalidade, não

degradabilidade e pelos efeitos cumulativos diversos, ou ainda, por uma das

características seguintes: inflamabilidade; reatividade; corrosividade;

patogenicidade; e/ou toxicidade” (ABNT, 2004).

Essa característica de periculosidade é atribuída após o uso dos agrotóxicos, quando origina um

resíduo perigoso ao meio ambiente, devido, principalmente a possibilidade de contaminação do solo e,

consequentemente, dos lençóis freáticos, por percolação. Por sua vez, percolação refere-se a

contaminação decorrente da lixiviação fluvial através do solo, fazendo com que a toxidade das

enzimas presentes nas substâncias restantes nas embalagens de agrotóxicos se espalhem e contaminem,

com componentes orgânicos e inorgânicos, o solo e os seres vivos residentes, por acúmulo químico

nos organismos vivos.

Barreira e Philippi (2002) relatam que, no ano de 1999, o Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (Mapa) divulgou dados de uma pesquisa sobre o destino das embalagens vazias de

agrotóxicos no país, realizada pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andev). A pesquisa

identificava que 50% de todas as embalagens vazias de agrotóxicos no Brasil eram doadas ou vendidas

sem nenhum controle; 25% eram queimadas a céu aberto; 10% eram armazenadas ao relento; e 15%

eram, simplesmente, abandonadas no campo.

O Brasil elaborou, portanto, uma legislação específica para o tema no dia 6 de junho de 2000,

promulgando a Lei nº 9.974, que alterou a Lei de Agrotóxicos, proporcionando um controle maior

sobre as embalagens. O caráter inovador da lei foi o fato dela estabelecer competências e

responsabilidades compartilhadas a todos os atores envolvidos no ciclo de vida das embalagens.

Este retorno final ao fabricante após o consumo, hoje, é regido pela logística reversa, que de acordo

com a Lei 12.305/10, institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos

fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos

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resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos e embalagens pré-consumo e pós-

consumo.

Nesse sentido, temos uma exigência de gestão ambiental ampliadoras dos conceitos sustentáveis,

fazendo com que haja aperfeiçoamento de conceitos fiscais, para que a degradação ambiental seja

eliminada ao longo dos tempos. Nesse âmbito de atualização legislativa, referente às práticas

antrópicas de trabalho, a NORMA ISO 14000/2004 atualiza e atribui novas responsabilidades aos

fabricantes, vendedores e consumidores finais de agrotóxicos, quanto à obrigação de uma destinação

após o uso dos produtos(HERMANN, 2013).

Ainda em complemento ao estudo de Barreira e Philippi (2002), percebeu-se que as embalagens vazias

são destinadas para a reciclagem ou incineração. São passíveis de reciclagem 95% das embalagens

vazias de defensivos agrícolas (plásticas, metálicas e de papelão) colocadas no mercado. Os 5%

restantes são embalagens que tecnicamente não podem ser lavadas (como embalagens flexíveis e

embalagem que acondicionam produtos não miscíveis em água). As embalagens que não foram

corretamente lavadas pelos agricultores também são encaminhadas para a incineração. As embalagens

são encaminhadas pelo inpEV para 14 empresas parceiras, sendo 9 recicladoras e 5 incineradoras.

OBJETIVOS

O estudo realizado no município de Colatina-ES tem como objetivo mostraro comportamento de

agricultores e vendedores de agrotóxicos quanto à aplicação da logística reversa de embalagens de

agrotóxicos. Foi verificada a importância da gestão ambiental aplicada ao setor agrícola, quanto frente

a destinação final das embalagens de agrotóxico através de visitas a propriedades rurais, comércio

local e setores da administração municipal responsável pela armazenagem e destinação de embalagens

de agrotóxicos. O estudo buscou varrer parte do ciclo produtivo dessas embalagens no município de

Colatina-ES.

METODOLOGIA

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O trabalho começou com a elaboração dos questionários para levantamento de dados referentes a

cafeicultores e comerciantes agrícolas em Colatina, região noroeste do Espírito Santo.

A caracterização quantitativa e qualitativa do trabalho baseou-se em entrevistas pré-estruturadas, por

meio da aplicação de questionários, conversa informal e visitas in locono Centro de Tratamento de

Resíduos sólidos do município de Colatina (ES), em dez propriedades agrícolas e cinco comércios de

agrotóxicos. Objetivava-se a verificação das condições estruturais de centros de armazenamento, a

existência de educação ambiental no ato da venda e percentual de devolução de embalagens vazias de

agrotóxicos, comparado ao número de embalagens vendidas.

A aplicação dos questionários nos comércios de produtos agrícolas ocorreu integramente, devido a

possibilidade de abranger todos os empreendimentos, totalizando cinco empresas de vendas

consideráveis no município, de acordo com a Prefeitura Municipal de Colatina (2014).

Outra etapa foi a de visitas, começando pelo Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos,para

verificaçãodas condições estruturais do local de armazenamento das embalagens de agrotóxicos,

prosseguindo com algumas propriedades rurais e por fim aos estabelecimentos comerciais.

RESULTADOS

A caracterização da logística sustentável no município de Colatina foi possível a partir da organização

dos dados amostrais, uma vez que pôde ser obtido uma visão geral referente ao gerenciamento das

embalagens de agrotóxicos desde a venda, uso e seu pós uso, dentro do município.

Em relação ao comércio foi verificado que todos os empreendimentos têm conhecimento e seguem as

normatizações ambientais, quanto a venda e armazenamento das embalagens devolvidas, uma vez que

apresentam locais específicos e adequados para depósito das embalagens.

Para melhor avaliação, dados quantitativos de vendas e retorno de embalagens foram coletados, como

pode ser visualizado na tabela 1. Esses dados disponibilizados correspondem a 2014, entre os meses de

janeiro e novembro, por meio do controle administrativo que os empreendimentos possuem

internamente. Observa-se que esses dados transmitem apenas a quantidade das embalagens, não

levando em consideração seu volume, que pode variar de 1 a 20 litros.

Tabela 1 - Quantidade de embalagens de agrotóxicos vendidas e retornadas às empresas.

Empreendimento Embalagens Vendidas Embalagens retornadas

1 1356 542

2 1604 653

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6

3 952 762

4 631 271

5 1260 604

Fonte: Arquivo Pessoal.

Realizando uma média das embalagens vendidas e daquelas retornadas aos cinco empreendimentos

verifica-se que a logística reversa no município de Colatina (ES) ainda é de eficiência pequena,

estando abaixo de 40% (Gráfico 1), o que representa, inicialmente, pouca preocupação ambiental dos

agricultores que fazem uso dos produtos de controle biológico.

Gráfico 1 - Representação média de embalagens vendidas e retornadas aos empreendimentos no

município de Colatina (ES).

Fonte: Arquivo Pessoal.

Realizando uma interpretação simultânea de dados coletados nos questionários aos comerciantes e nos

questionários aos agricultores, percebe-se que essa disparidade entre o número de embalagens

vendidas e o número de embalagens gerenciadas pós venda é causada pela falta de incentivos, sejam

financeiros ou educacionais, pelas diferentes áreas de interesse. Isso é evidenciado quando os

agricultores afirmam que não visualizam nenhuma forma ou presenciam sucintamente algum aspecto

de educação ambiental no ato da compra e, ao mesmo tempo, existem as informações dos

comerciantes, quedizem existir uma política informativa (através de folhetos e conversas informais),

quanto à importância dos cuidados com as embalagens de agrotóxico após o uso.

Sendo assim, é de suma importância que as campanhas de educação ambiental sejam efetivas e que se

invistam nessas ações, uma vez que os agricultores são os principais contribuintes para a efetivação da

logística reversa das embalagens de agrotóxicos. De forma análoga, acredita-se que políticas

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governamentais não se fazem presentes da maneira que poderiam ser, pois, de modo geral, atribui-se a

responsabilidade ao produtor, em relação ao retorno à zona urbana das embalagens, e aos

comerciantes, pela estocagem no empreendimento e destinação ao posto de coleta (CETREU) do

município, sem nenhum subsídio.

As pesquisas realizadas nas propriedades permitiram verificar a visão geral dosagricultores em relação

aos riscos ambientais que as embalagens de agrotóxicos podem causar ao meio ambiente e,

consequentemente, a eles mesmos. Inicialmente, buscou-se verificar a existência de um local adequado

para armazenagem das embalagens vazias, até que as levem ao local no qual as compraram.

A entrevista ainda mostrou que seis propriedades possuem local de estocagem, das quais duas não

permitiram fotografar a estrutura, e as outras quatro realizavam o armazenamento em sacos plásticos,

em áreas diversas da propriedade. A figura 1 mostra os locais em algumas propriedades agrícolas para

o armazenamento de embalagens de agrotóxicos vazias.

Figura 1 - Galpões de armazenamento de embalagens de agrotóxicos vazias da propriedade 1, 2, 5 e 6.

Fonte: Arquivo Pessoal.

Percebe-se que, mesmo nas propriedades que apresentam local para estocagem, a preocupação com as

embalagens de agrotóxicos é mínima, uma vez que as condições físicas das instalações e

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organizaçõessão antigas e, na maioria, foram locais reaproveitados. Entretanto, existem situações que

podem causar maiores danos ambientais como aqueles que não possuem local para armazenamento.

Buscando entender a falta de consciência ambiental nestas propriedades verificou-se que não há

nenhuma ação ligada a educação ambientalde acordo com os agricultores, no ato da compra, de forma

que esclareça e proporcione uma maior preocupação ambiental deles. Os agricultores também

afirmaram que não são incentivados ou subsidiados para efetuarem a logística reversa, causando

apenas custos para transporte e gerenciamento na propriedade.

Interessante avaliar que as propriedades que não apresentavam locais adequados para armazenamento

possuem seus respectivos donos conscientes dos riscos ambientais, uma vez que ao perguntarem

"Quais os impactos ambientais negativos proporcionados pelas embalagens vazias quando não

gerenciadas corretamente?" responderam de forma cabível "Contaminação do solo e águas

subterrâneas", resposta que exemplifica um dos maiores problemas causados por essa ação ambiental.

Para ponderar o processo final de gerenciamento do objeto de estudo, dentro do município de Colatina,

analisou-se a contribuição e efetivação do serviço público do meio ambiente, responsável pela

separação e destinação final das embalagens e agrotóxicos, após a coleta nos empreendimentos.Foi

verificado que o Governo Municipal de Colatina possuium Consórcio de Coleta Seletiva com

municípios vizinhos, os quais não possuem aterro sanitário, para o recebimento de seus resíduos

sólidos urbanos, assim como as embalagens de agrotóxicos. Isso expressa uma movimento ativo de

coleta das embalagens de agrotóxicos do município de Colatina e associados ao consórcio.

O espaço destinado a esta atividade se encontra dentro dos padrões de recebimento e armazenagem,

uma vez que é uma área isolada, coberta, ventilada e destinada apenas ao depósito das embalagens,

como pode ser observado na figura 2.

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Figura 2 - Posto de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos localizado no Centro de

Tratamento de Resíduos Sólidos (CETREU) de Colatina, ES.

Fonte: Arquivo Pessoal

O trabalho realizado no Posto de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos é a

armazenagem após a classificação em laváveis, não laváveis e aquelas que passaram pelo processo de

tríplice lavagem, como pode ser visto na figura 3, que chegam duas vezes ao mês no local. Segundo o

responsável pelo setor, em torno de três mil quilos de embalagens plásticas e artefatos de

armazenamento dos agrotóxicos em chegam ao CETREU.

Figura 3 - Área de depósito as embalagens após a classificação em laváveis, não laváveis e

embalagens que passaram por tríplice lavagem nas propriedades rurais.

Fonte: Arquivo Pessoal

Ainda, segundo também o responsável pelo aterro sanitário, o destino final das embalagens não

acontece no estado do Espírito Santo, seja para reciclagem ou incineração. Após o recolhimento de

depósito no Centro de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos (CETREU) de Colatina, as

embalagens seguem para os postos de gerenciamento final da inpEV (Instituto Nacional de

Processamento de Embalagens Vazias), primeiramente em Linhares (ES) e, em seguida, encaminhadas

paraoutros estados, principalmente para o estado de São Paulo.

Diferentemente do que é mencionado pela Lei 12.305/10 "o fabricante é responsável pela destinação

final de suas embalagens", a inpEV dá destinação final às embalagens oriundas de fabricantes que não

possuem um sistema de reciclagem e incineração inserido na linha produtiva, contribuindo para

aplicação da logística dessas embalagens.

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CONCLUSÃO

Apesar do conceito de logística reversaser prescrito em lei e precisar ser uma prática seguida por

diversas partes, percebeu-se deficiências e dificuldades nesse processo, uma vez que o número de

embalagens retornadas dos agricultores para os comerciantes ainda é pequeno em relação ao volume

de vendas anuais de produtos agrotóxicos. Percebe-se que o governo municipal realiza e cumpre com

sua função de gestão ambiental quanto às embalagens de agrotóxicos destinadas ao CETREU,

atravésda separação e armazenamento correto desses produtos. Para que o processo de logística seja

eficiente e ambientalmente correto ele deve contar com a participação e empenho dos comerciantes e

principalmente dos agricultores.

Os agricultores desempenham papel fundamental no processo de logística reversa, sendo eles os

responsáveis pelo retorno das embalagens vazias aos pontos de comércio, ou seja, para que o processo

ocorra com 100% de eficiência eles iniciam o processo e contribuem para esse ciclo, porém em alguns

casos fica evidente que nem todas as embalagens compradas são encaminhadas para seu local de

origem. Por fim, também é possível constatar que os comerciantes não possuem incentivos para um

armazenamento adequado das embalagens, fato que pode ser muito preocupante, sendo que qualquer

etapa não cumprida causa grande prejuízo ambiental.

Por fim, percebeu-se a importância da prática da educação ambiental, para que ocorra uma

conscientização dos comerciantes e agricultores. Além desse aspecto, um maior incentivo

governamental ou de outros órgãos ambientais atuantes na região de Colatina, quetornem efetivos os

benefícios financeiros e sociais à pessoas físicas e jurídicas que contribuírem para uma melhor

aplicação da logística reversa, pode promover uma melhoria na adesão ao processo de logística

reversa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, NBR 10004/2004. Classificação de Resíduos

Sólidos. Disponível em: < http://www.abnt.org.br/normalizacao/lista-de-publicacoes/abnt>. Acesso

em: 11/04/2015.

BRASIL. Lei 9.974, Destino Final dos Resíduos e Embalagens de Agrotóxicos, de 06 de junho de

2000. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9974.htmAcesso em: 16/03/2015.

BRASIL. Lei 12.305, Política Nacional dos Resíduos Sólidos, de 02 de agosto de 2010. Disponível

em:< http://jus.com.br/artigos/22527/politica-nacional-de-residuos-solidos-lei-n-12-305-10-e-decreto-

n-7-404-10> Acesso em: 16/11/2014.

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HERMANN, F. Qualidade do Solo. (2013). Disponível em:

<http://www.cetesb.sp.gov.br/solo/Informa%C3%A7%C3%B5esB%C3%A1sics/Vegeta%C3%A7%C

3%A3o/9-Efeitos-da-Polui%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 07/11/2014.

SPADOTTO, C. A.; GOMES, M. A. F.; LUCHINI, L. C.; ANDRÉA, M. de. Monitoramento do risco

ambiental de agrotóxicos: princípios e recomendações. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente.

(2004). Acesso em: 16/11/2014

RÜEGG, E. F. et al. Impacto dos agrotóxicos sobre o ambiente, a saúde e a sociedade. 2ª. ed. São

Paulo: Cone (1991). (Col. Brasil Agrícola). Acesso em: 15/11/2014

BARREIRA, L.P.; PHILIPPI, A.J. A Problemática dos resíduos de embalagens de agrotóxicos no

Brasil. (2002), São Paulo: USP. Acesso em: 16/11/2014

LEITE, P. R. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. 1ª ed. ISBN online: São Paulo,

2003. Acesso em: 16/11/2014

ANEXOS

1- Questionário aplicado aos agricultores

1) O senhor (a) tem conhecimento do destino final das embalagens dos agrotóxicos utilizados?

( ) sim

( ) não

2) Após o término do uso, você deposita as embalagens em locais apropriados para

armazenamento, enquanto não ocorra uma destinação fora de sua propriedade?

( ) sim

( ) não

3) Qual o método de armazenamento realizado?

( ) sacos plásticos

( ) local isolado de pessoas e animais, coberto e sem contato ambiental direto

( ) outra maneira

4) Ao comprar os defensivos agrícolas, verificou algum incentivo, subsídio ou orientação, por

parte dos comerciantes, para que as embalagens retornem à loja, quando vazias?

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( ) sim

( ) não

5) De que forma ocorre o retorno dessas embalagens aos locais de venda?

( ) o senhor (a), por conta própria, as encaminha de volta ao local de compra

( ) ocorre o recolhimento na propriedade por parte dos comerciantes

6) Por fim, para o senhor (a), quais os impactos ambientais negativos proporcionados pelas

embalagens vazias quando não gerenciadas corretamente?

( ) nenhum

( ) poluição visual

( ) contaminação do solo e águas subterrâneas

( ) morte da vegetação superficialmente

2- Questionário aplicado aos comerciantes

1. Quantas embalagens em média são vendidas e quantas retornam à empresa, anualmente?

2. Vocês, comerciantes, incentivam e passam informações para os agricultores sobre a logística

reversa existente para as embalagens de agrotóxico?

( ) sim

( ) não

3. Vocês utilizam que local para armazenamento das embalagens vazias?

( ) sacos plásticos

( ) local isolado de pessoas e animais, coberto e sem contato ambiental direto

( ) outra maneira

4. A destinação final das embalagens é realizada de que forma?

( ) encaminham ao CETREU (centro de tratamento de resíduos sólidos urbanos) de Colatina

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( ) ocorre a coleta pelo serviço público responsável pelos resíduos sólidos perigosos, par posterior

encaminhamento ao CETREU

( ) o fabricante recolhe as embalagens no próprio empreendimento

( ) encaminham aos fabricantes

5. essa gestão sustentável gera custos internos?

( ) sim

( ) não

6. Recebem algum incentivo governamental para realizarem constantemente a devolução e/ou

campanhas em busca de uma melhor eficiência da logística reversa dessas embalagens?

( ) sim

( ) não