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A placenta na criança com mais de 36 semanas de gestação com encefalopatia neonatal: um estudo de caso controle The placenta in infants >36 weeks gestation with neonatal encephalopathy: a case control study Breda C Hayes, Sharon Cooley, Jennifer Donnelly et al (Dublin, Ireland) Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 2013 (May);98:F233–F240. Apresentação: Dario Nogueira, Leônidas Gripp, Nicole Campos Coordenação: Paulo R. Margotto O que já se sabe sobre este assunto ▸ A presença de uma placenta avaliada como anormal está associado com uma duplicação em ri de encefalopatia neonatal (NE). ▸ Há poucos estudos relatados da placenta

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Page 1: A placenta na criança com mais de 36 semanas de gestação com encefalopatia neonatal: um estudo de caso controle The placenta in infants >36 weeks gestation

A placenta na criança com mais de 36 semanas de gestação com encefalopatia neonatal: um estudo de caso controle

The placenta in infants >36 weeks gestation with

neonatal encephalopathy: a case control studyBreda C Hayes, Sharon Cooley, Jennifer Donnelly et al (Dublin,

Ireland)

Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 2013 (May);98:F233–F240.Apresentação: Dario Nogueira, Leônidas Gripp, Nicole Campos

Coordenação: Paulo R. Margotto

O que já se sabe sobre este assunto A presença de uma placenta avaliada como▸

anormal está associado com uma duplicação em riscode encefalopatia neonatal (NE).

Há poucos estudos relatados da placenta▸

Page 2: A placenta na criança com mais de 36 semanas de gestação com encefalopatia neonatal: um estudo de caso controle The placenta in infants >36 weeks gestation

“A descrição de uma doença fetal, a menos que venha acompanhada pela

observação da placenta, está incompleta.”

Ballantyne,1982

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Introdução

A placenta é uma importante, mas muitas vezes ignorada, fonte de informações.

Estudos falam que a presença de uma placenta classificada como anormalestava associada com uma duplicação no risco de encefalopatia neonatal (EN).

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Introdução No entanto, poucos estudos controlados

da placenta em EN são relatados. O objetivo deste estudo foi determinar

características placentárias associadas com a encefalopatia neonatal e correlacionar estes achados com o grau de encefalopatia e com o com-prometimento do neurodesenvolvimento

da criança

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Metodologia

Local:Estudo realizado na Unidade de Terapia

Intensiva Neonatal (UTIN), Hospital de Rotunda, em Dublin, na Irlanda.

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Metodologia Seleção de casos:- 245 RN foram internados com EN hipóxico-isquêmica nas

primeiras 48 h após o nascimento de jan/2001 a dez/2008.- Jan/2001 a jul/2005: 98 (retrospectivamente).- Jul/2005 a dez/2008: 147 (prospectivamente).

- Perdas: 8 (não localizaram relatório materno).- Amostragem final: 237 - Critérios de exclusão:

- Crianças admitidas de fora;- Gestação <36 semanas concluídas; - Anomalia congênita maior; - Qualquer causa primária de NE diferente da hipóxico-

isquêmica;

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Metodologia Seleção de casos:- EN foi classificada em graus 1, 2 ou 3(classificação de Sarnat and

Sarnat, 1976).- Exame placentário foi realizado em 141 crianças

- 76 grau 1, 46 grau 2, 19 grau 3.

- Achados comuns nas crianças avaliadas:- Apgar ≤ 5 nos primeiros 10`;- Necessidade de ressuscitação contínua (incluindo ventilação

endotraqueal ou máscara) pelo 10 min após o nascimento;- Acidose na primeira hora de nascimento (pH arterial ou capilar ≤ 7,10).

- A frequência desses achados era diretamente proporcional ao grau da EN.- 93/155 (60%) dos RN com grau1; - 47/61(77%) dos RN com grau 2;- 21/21(100%) dos RN com grau 3.

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Nota

De acordo com Sarnat e Sarnat virtualmente 100% dos RN do estágio 1 terão follow-up neurológico normal; 80% dos pertencentes ao estágio2 serão neurologicamente normais; os anormais serão os que ficaram neste estágio por mais de 5-7 dias. Daqueles com encefalopatia grave (estágio 3) morrerão 50% enquanto a outra metade desenvolverá seqüelas neurológicas graves ( paralisia cerebral, retardo mental, epilepsia, microcefalia, etc) Esta avaliação pode ser realizada ao nascer, mas deve ser repetida com 72 horas, com o RN mais estável. Deve também se atentar para o fato de que a sedação e o uso de anticonvulsivantes podem mascarar os resultados desta avaliação.

Retirado do livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, Editado

por Paulo R. Margotto (2013):Asfixia Neonatal por Carlos A. M. Zaconeta, Fabiano Cunha Gonçalves, Paulo R.

Margotto, 2013

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Metodologia Seleção de controles:- Amostra obtida de um subgrupo de outro projeto de pesquisa

intitulado “O impacto da Trombofilia Adquirida no bem-estar materno e fetal em uma população de primigestas de baixo risco”.- O subgrupo foi escolhido aleatoriamente a partir de RN com uma gestação

>36 semanas sem hospitalização e um pH ≥ 7.0.

- Amostragem final: 309- Todas as placentas dos controles foram avaliadas pela patologia.

- Justificativa:- Foi realizado o estudo histológico de todas as placentas dessas gestantes.

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Metodologia Seleção de controle:- Critérios de inclusão:

- Primigesta caucasiana, com idade entre 18-40 anos e com gestação única.

- Critérios de exclusão: - Anomalia fetal;- Abortamento anterior;- Presença de condição médica crônica em curso; - Uso de medicações ou drogas;- História pessoal ou familiar de trombose;- Testes positivos para HIV, hepatites B e C ou outras doenças venéreas; - Má compreensão de Inglês.

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Metodologia

Aquisição dos dados:Realizado revisão dos prontuários médicos

para obtenção das histórias maternas e neonatais.

Calculado a razão peso placentário / peso ao nascer (PW/BW).

Os percentis da razão foram determinados com base no sexo e na Idade Gestacional (IG) do recém-nascidos (RN), usando curvas de percentil.

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Metodologia

Exame da placenta:Todas examinadas no período neonatal por

um único patologista, que desconhecia a condição clínica das crianças.

Todos os dados foram obtidos a partir de relatório da patologia da placenta conforme escrito no momento do exame.

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Metodologia Avaliação do neurodesenvolvimento:

Todas os RN CASOS foram submetidos avaliação neuropsicomotor Crianças com Paralisia Cerebral:

○ Escala de Classificação Funcional Motora Grosseira○ Sistema de Classificação de Habilidade Manual.

Crianças sem Paralisia Cerebral:Idade > 42 meses○ Avaliação Neuropsicológica do Desenvolvimento (NEPSY 2)○ Bateria de Avaliações do Movimento para Criança (MABC 2)○ Classificação do Comportamento da Função Executiva

(BRIEF)○ Check-List do Comportamento Infantil (CBCL)Idade < 42 meses○ Escala de Desenvolvimento Infantil de Bayley (BSITD 3)

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Metodologia Exames de imagem:

Alguns RN foram submetidos a ressonância magnética (RMN) para avaliação das lesões cerebrais.

As imagens foram avaliadas por consultores (neurologista e radiologista pediátricos) “cegos”.

As imagens foram “rankiadas” como descrito por Barkovich et al.

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Metodologia Métodos estatísticos:

Análise de variância ○ peso ao nascer- grupo de variância desiguais

Teste t ○ gestação + PW/BW – variáveis contínuas ○ dois ou múltiplos grupos de igual variância

Mann-Whitney + teste U ○ peso placentário○ dados não paramétricos

RRR ○ graus de encefalopatia

Regressão logística multinomial○ Utilizado para determinar a relação entre o número de

alterações presentes na placenta e os desfechos no RN.

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Resultados Análise patológica da placenta:

Caso: 141 (76 grau 1, 46 grau 2, 19 grau 3) Controle: 309

Peso placentário: Caso: 138 (75 grau 1, 45 grau 2, 18 grau 3) Controle: 307 Peso médio dos casos > peso médio dos controles (p <0,05)

IG média: Casos: 39,41 ± 1,66 sem

○ Prematuridade: 8,5% / Pós-datismo: 27,7%

Controles: 39,74 ± 1,48 sem ○ Prematuridade: 2,3% / Pós-datismo: 35,0%

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Resultados Sexo:

Casos: masculino (89/57,4%) Controle: masculino (147/49,0%)

Em 31 (22%) dos casos foi encontrado algum Evento Sentinela: 16 grau 1, 9 grau 2, 6 grau 3

○ Ruptura uterina, descolamento de placenta, distocia de ombro.

PW/BW (ìndice placentário) Foi um fator significativo para os graus 1 e 2 de encefalopatia,

mas não para o grau 3.

A presença de imaturidade dos vilos, maturação acelerada das vilosidades, deposição de fibrina ou trombose perivilar não foi significativa na análise univariada.

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Análise de Regressão Multinomial (TABELAS 1, 2 E 3): Evidência de hemorragia placentária foi significante para

o desenvolvimento de todos os graus de encefalopatia. Quanto maior a razão PW/BW maior o risco para

desenvolver EN, sendo esse risco maior nos graus 1 e 2. Idade materna ≥ 30 anos não foi um fator significativo

quando a análise foi ajustada pela paridade. Apesar da história materna de diabetes, hipertensão e

pré-eclampsia serem significantes, os intervalos de confiança foram grandes.

A presença de infecção e/ou inflamação placentária foi significativa em lactentes com uma história de grau 1 EN. Corioamnionite, vasculite e funisite significativas no grau 1 Vilosites no grau 2. Funisite no grau 3.

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Análise de Regressão Multinomial: Aumento de glóbulos vermelhos nucleados (NRBC) teve

RR=10,18; p <0,001 (IC 3,95-26,15 95%). Hemorragia intervilositária foi o local mais fortemente

associada com o desenvolvimento posterior de EN. Frequência de hemorragia (p = 0,03) e de NRBC (p = 0,037)

na placenta diferiu significativamente entre os RN com ou sem um evento sentinela.

A freqüência de vilosite (p = 0,118), funisite (p = 0,625), fagocitose meconial (p = 0,286), maturação acelerada das vilosidades(P = 0,105) e imaturidade das vilosidades (p = 0,807) não diferiram significativamente entre esses grupos.

A probabilidade de EN aumenta proporcionalmente ao número de lesões na placenta (significativo).

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Resultados

Patologia Placentária + RM Cerebral

(TABELA 4) 56 casos foram submetidos a ambos exames.Resultados:

○ Não houve correlação entre histologia da placenta e do padrão de lesão visto na RM

cerebral.Justificativa:

○ Pequeno tamanho da amostra em cada categoria de lesão.

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Resultados e Achados Placentários 15/141 (10.6%) dos RN morreram no período

neonatal. Dos 126 restantes, 95 (75.4%) continuaram

realizando avaliações de “follow-up”.As crianças perdidas no “follow-up” tinham mais padrão de

grau 1 EN, sendo mais facilmente dispensadas do atendimento clínico.

13/95 (13.7%) foram diagnosticadas com paralisia cerebral.Todas tinham mais de 2 anos de idade ao diagnóstico.

As 82 crianças restantes: < 2 anos: 30> 2 anos: 52

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Resultados e Achados Placentários (TABELA 5) Avaliadas com BSITD3: idade 15 a 41 meses

(média de 28,4 meses, mediana 28 meses). Avaliadas com NEPSY2, MABC2, CBCL e

BRIEF: idade 3a+6m a 8a+9m. Das 82 crianças sem paralisia cerebral, 45

(54.9%) apresentaram resultados acima ou dentro da faixa de normalidade para a avaliação do neurodesenvolvimento.

As 37 (45,1%) restantes ficaram abaixo da normalidade em pelo menos uma avaliação.

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Resultados e Achados Placentários A presença de números aumentados de

lesões na placenta se associou signicativa-mente a um pior resultado nas avaliações do neurodesenvolvimento, independente do grau de encefalopatia.

Presença de 4 ou mais lesões placentárias resultaram em morte ou em paralisia cerebral em

11 (36,7%) de 30 crianças.

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DiscussãoEste estudo Identificou fatores e números de lesões placentárias

e as relacionou, independentemente, com um aumento no risco de EN e com comprometimento do

neurodesenvolvimento a longo prazo. Estudos anteriores apontam mecônio e a hemorragia

intervilositária como fatores fortemente relacionados ao risco de EN. Mecônio:

Causa vasoconstrição venosa umbilical -> necrose e sofrimento fetal; Relacionado: baixo Apgar, sofrimento fetal e acidose (pH arterial <7,19)

Hemorragia intervilositária Diminuição do fluxo placentário > insuficiência placentária > restrição

do crescimento fetal (CIUR) Neste estudo, a relação entre hemorragia intervilositária e

presença de trombos, quando combinadas, se mostra significativa para a EN.

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Discussão PW/BW (ÌNDICE PLACENTÁRIO

RELATIVO) é um bom preditor de risco a curto prazo para EN nos RN.

Combinação baixo peso + placenta pesada> elevado risco de EN.

○ Mecanismo desconhecido.

*Má perfusão placentária, levando a edema de vilosidades?Presente em apenas 5 casos.

*Imaturidade das vilosidades, levando a insuficiência placentária? Não apresentou significância.

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Discussão Por que o PW/BW não apresentou signi-

ficância no grau 3 de EN?Pequeno tamanho da amostra (18 crianças)?Hipertrofia placentária é uma resposta à

adversidade e atua como fator protetor no grau 3 ? Literatura apresenta PW/BW > 0,1 como risco

significativo de Apgar < 6 Valores de PW/BW variam de 0,1425 a 0,17.O estudo se encontra dentro dessa variação.PW/BW pode ser usado como marcador para CIUR.

○ CIUR é um fator de risco bem conhecido de asfixia perinatal.

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Discussão

PW/BW elevada pode refletir alterações enzimáticas. Edwards et al

Baixa atividade da 11β-hydroxysteroid dehydrogenase (11β-OHSD)○ Converte glicocorticóides a produtos inativos.○ Diminuição da atividade enzimática implica

maior exposição aos glicocorticóides, baixo peso e placenta pesada.

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Discussão

Inflamação/infecção:Existe maior associação entre

inflamação/infecção com graus inferiores de EN

Apesar disso, quando as causas de infecções são analisadas individualmente, observa-se a associação de infecções de longa data com graus mais elevados de NE.

Logo, a exposição prolongada a fatores infecciosos aumenta o risco de NE mais grave.

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Discussão

Glóbulos vermelhos nucleados (NRBC):Marcador intrauterino de estresse.

○ Há elevação no nº de eritroblatos 6-12h após o início da hipoxia.

○ Sua presença na circulação fetoplacentária indica estresse perinatal por um tempo presumível.

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Discussão

Achados placentário x Ressonância magnética cerebral:

Este trabalho não encontrou relação entre características placentárias e padrão de lesão cerebral.

Todavia um recente estudo encontrou significativa relação entre corioamnionite aguda + vasculite fetal + mecônio com lesões cerebrais na RM (Wintermark P et al, 2011).○ Mas não observou-se um padrão específico de lesào

cerebral. Estudos com amostras maiores são necessários

para tentar estabelecer esta relação.

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Discussão Vieses:

Não houve pareamento quanto a idade gestacional e gênero entre casos e controles.

A frequência de diabetes materno foi semelhante entre os dois grupos.

História de tabagismo não estava disponível.Amostra de controles foi formada somente por

mulheres caucasianas. ○ Porém estudos demonstraram que tabagismo e

etnia mantêm inalterada a relação PW/BW, mudando igualmente peso do RN e da placenta.

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Discussão Vieses:

Fatores relacionados ao pré-natal antes das 20 semanas não foram analisados, assim como fatores socioeconômicos.

Possibilidade de viés negativo de apuração no grupo de controle.○ Lesões placentárias (por exemplo,

hemorragia intervilositária) podem não ter sido mencionadas no relatório da patologia por terem sido consideradas normais (patologistas diferentes).

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Conclusão1. As características da placenta estão

relacionadas de forma independente ao risco de EN.

2. As lesões placentárias apresentam sinergismo, levando a efeitos a curto e longo prazo. Isso demonstra a importância da solicitação da análise da placenta em portadores de EN.

3. A análise placentária pode ajudar a identificar a novas teoria para patogênese da EN. Logo, deve-se incentivar pesquisas nessa área a fim de identificar novas terapias para a doença.

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NE: encefalopatia neonatal

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O que este estudo acrescenta ▸ Alta relação peso placentário/peso nascimento é um marcador

para crianças em situação de risco deficiente tolerância doprocesso de trabalho de parto. ▸ A presença de hemorragia, mecônio fagocitose, marcadores

de infecção / inflamação e aumento de glóbulos vermelhos nucleados na patologia placentária associa-se com um risco aumentado de encefalopatia neonatal A relação sinérgica entre lesões placentárias existe para de encefalopatia e neurodesenvolvimento a longo prazo.

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Nota do editor do site www.paulomargotto.com.brDr. Paulo R. Margotto

CONSULTEM TAMBÉM!Estudando Juntos

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A placenta humana desempenha um papel central na regulação do crescimento fetal, estabelecendo um máximo tamanho fetal que pode estar ligado a um dado tamanho placentário O exame cuidadoso da placenta pode provê conhecimentos a respeito do ambiente intrauterino antes do nascimento.

Em um estudo envolvendo 38.351 placentas, Naye (1987) relatou associação entre o excesso de peso placentário com baixo Apgar, desconforto respiratório, anormalidades neurológicas que persistiam na idade de 7 anos e óbito neonatal.

O peso da placenta abaixo do percentil 10 ou acima de percentil 90 deveria alertar ao patologista para distúrbios materno-fetais.Desvio dos extremos do peso da placenta é uma indicação para o exame da placenta na busca de uma explicação.

Significado perinatal do peso da placenta

Paulo R. Margotto

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O edema viloso é a causa mais freqüente de aumento de peso da placenta, sendo uma freqüente causa de morbimortalidade perinatal antes da 35ª semana de gestação .

O edema viloso é raro antes de 22 semanas, sendo mais freqüente entre 25 e 32 semanas de gestação, diminuindo progressivamente na freqüência e severidade a seguir.

O edema vilositário é máximo logo após o sofrimento fetal e lentamente diminui, mesmo que o sofrimento continue possibilitando assim ao patologista determinar se a hipóxia intraútero ocorreu durante o trabalho de parto e nascimento ou alguns dias antes

. Estudo morfométrico tem evidenciado redução do espaço interviloso com redução do fluxo sangüíneo materno interviloso, comprometendo a oxigenação fetal.

Como o edema é intracelular, o feto torna-se hipóxico pela compressão dos vasos sangüíneos dentro dos vilos.

A extensão e a severidade do edema viloso correlacionam-se inversamente com o pH e a PaO2 arterial umbilicais .

Edema viloso, severo e difuso apresenta grande correlação com baixo Apgar, necessidade de reanimação ao nascer e necessidade de ventilação após o nascimento, desenvolvimento precoce de dificuldade respiratória (doença da membrana hialina e apnéia) e morte, podendo também causar lesões hipóxicas cerebrais tipo hemorragia intraventricular e leucomalácia periventricular.

Algumas destas anormalidades neurológicas persistiram de tal forma que na idade de 7 anos, elas foram 33% mais freqüentes quando as placentas eram mais pesadas do que quando elas eram de peso normal .

Entre outras causas do edema viloso se destacam diabetes mellitus, incompatibilidade pelo Rh e infecções placentárias como a sífilis, toxoplasmose e citomegalovirus e corioamnionite (o edema viloso esteve presente em 86% dos casos).

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O maior interesse em avaliar o peso da placenta consiste em detectar discrepâncias entre o peso placentário e o fetal, em particular nos RN com restrição do crescimento intrauterino.

Assim, é necessário que o médico que assiste o RN, em especial na sala de parto, tenha o conhecimento das associações de alterações do crescimento fetal e placentário para uma adequada assistência a estes RN e a correlação direta destas associações com patologias perinatais.

O exame da placenta pode provê esclarecimento a respeito do ambiente intrauterino .

O interesse no peso da placenta tem resurgido com a hipótese da “origem fetal” de Barker que propõe que um deficiente ambiente intrauterino é um fator de risco para o desenvolvimento de hipertensão arterial e diabetes na vida adulta.

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[Intrauterine growth curves: study of 4413 single live births of normal pregnancies].Margotto PR.

J Pediatr (Rio J). 1995 Jan-Feb;71(1):11-21

Artigo Integral

TESE DE DOUTORADO (Centro Latinoamericano de Perinatologia e Desenvolvimento Humano-CLAP/ OPS / OMS, Montevideo, Uruguai) CRESCIMENTO INTRA-UTERINO: Percentis de peso, estatura e perímetro cefálico ao nascer de recém-nascidos únicos de gestações

normais eAutor(es): Paulo R. Margotto

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A associação entre baixo peso ao nascer e doença coronária reflete combinações do tamanho do corpo materno e do tamanho da placenta que restringe a nutrição fetal e crescimento a a Programação do Feto

PLACENTA E DOENÇA CORONARIANA: Tamanho materno e tamanho da placenta prevêem doença coronariana em homens

Eriksson JG ET AL. Apresentação: Eslei Judson Lisboa Leitão, Luciana M. M. Santiago, Tairone Pires Castro, Paulo R. Margotto

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OBRIGADO!

Ddo Dario Nogueira Yuri, Ddo Leônidas Gripp, Dr. Paulo R. Margotto e Dda Nicole Campos