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A PERCEPÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DE PROPOSTAS EDUCATIVAS E DE POLÍTICAS AMBIENTAIS Kleber Andolfato de Oliveira 1 Hieda Maria Pagliosa Corona 2 RESUMO: No momento atual, a sociedade se depara com a constatação da “sociedade de risco”, na qual os indivíduos se confrontam com os danos causados pela sociedade industrial. Essa constatação pode conduzir a reflexão sobre os valores e as ações que os sujeitos possuem frente ao meio ambiente. O estudo da percepção ambiental, nesse contexto, pode se tornar uma ferramenta importante da educação ambiental e dos órgãos responsáveis pela elaboração das políticas ambientais, pois, permite compreender como os sujeitos dessa sociedade adquirem conhecimento e são sensibilizados sobre as questões ambientais. Palavras-chave: Percepção Ambiental. Sociedade de Risco. Educação Ambiental. 1 INTRODUÇÃO O presente artigo tem como objetivo refletir sobre percepção ambiental como ferramenta para a educação ambiental e para as políticas públicas relacionadas ao meio ambiente. A relação do homem com o ambiente natural é uma preocupação pertinente ao quadro ambiental e social na atualidade, entretanto existem interesses e também conceitos distintos para o estabelecimento de parâmetros mediadores de tais relações. 1 Acadêmico do Curso de Agronomia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Membro do grupo de pesquisa CEPAD/UTFPR. [email protected]. 2 Socióloga, Doutora em Meio Ambiente e Sociedade, professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, líder do grupo de pesquisa CEPAD/UTFPR. [email protected]. 53

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  • A PERCEPO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DE PROPOSTAS EDUCATIVAS E DE POLTICAS AMBIENTAIS

    Kleber Andolfato de Oliveira 1

    Hieda Maria Pagliosa Corona 2

    RESUMO: No momento atual, a sociedade se depara com a constatao da sociedade de risco, na qual os indivduos se confrontam com os danos causados pela sociedade industrial. Essa constatao pode

    conduzir a reflexo sobre os valores e as aes que os sujeitos possuem frente ao meio ambiente. O estudo

    da percepo ambiental, nesse contexto, pode se tornar uma ferramenta importante da educao ambiental

    e dos rgos responsveis pela elaborao das polticas ambientais, pois, permite compreender como os

    sujeitos dessa sociedade adquirem conhecimento e so sensibilizados sobre as questes ambientais.

    Palavras-chave: Percepo Ambiental. Sociedade de Risco. Educao Ambiental.

    1 INTRODUO

    O presente artigo tem como objetivo refletir sobre percepo ambiental como

    ferramenta para a educao ambiental e para as polticas pblicas relacionadas ao meio

    ambiente. A relao do homem com o ambiente natural uma preocupao pertinente ao

    quadro ambiental e social na atualidade, entretanto existem interesses e tambm

    conceitos distintos para o estabelecimento de parmetros mediadores de tais relaes. 1 Acadmico do Curso de Agronomia, Universidade Tecnolgica Federal do Paran. Membro do grupo de pesquisa CEPAD/UTFPR. [email protected] Sociloga, Doutora em Meio Ambiente e Sociedade, professora da Universidade Tecnolgica Federal do Paran, lder do grupo de pesquisa CEPAD/UTFPR. [email protected].

    53

  • Os termos sustentabilidade e desenvolvimento sustentvel, por exemplo, esto

    associados s dimenses econmicas, ambientais e sociais, sendo a nfase e o

    tratamento conceitual dependente da rea de formao dos profissionais envolvidos na

    discusso. ALIROL (2001, p.25) refora esta idia ao dizer que diferentes atores no

    vem os problemas ambientais e de desenvolvimento da mesma maneira [...]. O

    sentimento de responsabilidade, ou a idia que dele se faz, varia enormemente, conforme

    a categoria social ou profissional qual se pertence.

    Nesse contexto, o estudo da percepo ambiental de fundamental importncia.

    Por meio dele possvel conhecer a cada um dos grupos envolvidos, facilitando a

    realizao de um trabalho com bases locais, partindo da realidade do pblico alvo, para

    conhecer como os indivduos percebem o ambiente em que convivem, suas fontes de

    satisfao e insatisfao (FAGGIONATO, 2007).

    Atravs destes estudos possvel identificar as formas precisas em que a

    educao ambiental poder sensibilizar, conscientizar e trabalhar conjuntamente as

    dificuldades ou dvidas que os sujeitos-atores possam vir a ter quando discutidas e

    apresentadas s questes ambientais. STRANZ (2002, p.230) enfatiza que a educao

    ambiental um processo permanente nos quais os indivduos e as comunidades tomam

    conscincia do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades,

    experincias e determinao que os tornem aptos a agir e resolver problemas ambientais

    presentes e futuro.

    Assim, o presente artigo est organizado para no primeiro item elucidar o conceito

    de meio ambiente, posteriormente a relao da sociedade com o meio ambiente

    debatida, seguindo a idia da existncia da sociedade de risco e do sujeito-ator,

    finalizando assim com a construo da percepo ambiental no sujeito-ator.

    2 MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

    O meio ambiente tem sido a grande preocupao atual de grande maioria da

    populao mundial, seja pelas mudanas provocadas pela ao do homem na natureza,

    seja pela resposta que a natureza d a essas aes.54

  • Vrios so os meios que os especialistas lanam mo para sensibilizar a

    populao dos problemas ambientais. Atravs de seminrios, congressos e conferncias

    sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentvel, procura-se comprovar que os

    recursos naturais so finitos e que a explorao excessiva desses recursos coloca em

    risco o futuro das novas geraes.

    Uma grande parcela da sociedade mundial, j possui a noo de que uma

    quantidade enorme de recursos naturais necessria para manter o estilo de vida de uma

    parcela que vive com alto nvel de conforto, o que s pode ser oferecido com o

    comprometimento da qualidade ambiental do planeta (MEC, 2000). Seguindo esse

    pensamento, conciliar a produo de bens com a preservao ambiental uma atitude

    fundamental a ser tomada em benefcio das geraes futuras, que tero que pagar um

    alto preo para saldar a dvida ambiental e conseguir uma qualidade de vida aceitvel

    (MEC, 2000).

    Nesse contexto, fundamental a formao de profissionais que atendam com

    eficincia resoluo dos problemas ambientais e que evidenciem esforos no sentido de

    promover o desenvolvimento sustentvel. Todos os fatos relacionados com a crise

    ambiental atual foram produzindo uma mudana gradativa na sociedade e nas suas

    instituies. Mas dependendo de como essas informaes penetram nas percepes dos

    indivduos e de como se refletem em suas aes, as mudanas acabam sendo lentas e

    incompletas. Assim, em uma mesma organizao social podemos encontrar, convivendo

    lado a lado, posturas conservadoras, indiferentes, ou renovadoras.

    Essas posturas podem ser resumidas da seguinte maneira (Quadro 01):

    55

  • Postura Pensamento Descrio

    Ausncia da conscincia em relao s responsabilidades

    pela poluio

    "Nosso negcio produzir e dar emprego. A poluio no nos diz respeito."

    A poluio um mal necessrio, smbolo do progresso tecnolgico e

    elemento obrigatrio de suas atividades

    Conscincia sem comprometimento

    A poluio existe, mas outros devem cuidar dela.

    Trata-se de uma atitude reativa: fazer apenas o necessrio, para evitar multas e punies; no destinar

    esforos e recursos para atacar as fontes de poluio.

    Comprometimento "A poluio um problema que deve ser resolvido por todos ns"

    Responsabilidade coletiva gerando ataque diretamente nas fontes geradoras (postura proativa)

    Sustentabilidade

    "Nosso compromisso tambm se estende s futuras geraes. Os recursos naturais no

    foram herdados por ns, de nossos antepassados, mas tomados emprestados

    aos nossos descendentes."

    Responsabilidade social, ambiental gerando atitudes que promovam

    suporte e equilbrio no uso e manuteno dos recursos

    Fonte: MEC. Educao Profissional:Refernciais Curriculares da Educao Profissional. 2000. Com adaptaes

    QUADRO 01 - POSTURAS E PENSAMENTOS DOS GRUPOS SOCIAIS FRENTE CRISE AMBIENTAL

    As diferentes vises e posturas frente problemtica ambiental decorrem das

    diferentes maneiras de se compreender a questo ambiental. Diferenas nas posturas

    que so reveladoras de diferentes noes e interpretaes cientficas sobre o meio

    ambiente. Nesse sentido, diz Raynaut (2004, citado por CORONA, 2006), preciso

    reconhecer que o conceito meio ambiente diz respeito, em primeiro lugar, relao

    homem e o meio fsico e bitico e, em segundo, que uma noo multicntrica. Isso

    porque, ela se aplica aos diferentes olhares dos especialistas, com diferentes escalas de

    espao e tempo, com vrios nveis de organizao, entre outros aspectos.

    Redclift (1995, citado por HOEFFEL et al., 2008) enfatiza ao analisar a maneira

    como a cincia, como uma produo cultural, origina concepes sobre o meio ambiente.

    Para o autor, avaliaes ambientais so orientadas por uma srie de compromissos

    sociais e estas avaliaes so utilizadas para se alcanar metas sociais especficas.

    Desta forma, por exemplo, ao discutirmos os problemas ambientais, no estamos nos

    referindo apenas a eles, mas sobre seus papis dentro de um contexto social, muitas

    56

  • vezes influenciado por uma concepo econmica, poltica ou ambiental dominante

    (HOEFFEL et al., 2008).

    O entendimento destas distintas concepes sobre o meio ambiente torna-se,

    assim, importantes na resoluo de conflitos que envolvem o planejamento ambiental e a

    utilizao de recursos naturais (HOEFFEL et al., 2008). Sendo assim, de grande

    importncia a pesquisa e a caracterizao de concepes sobre o meio ambiente

    existentes dentro de um mesmo modelo cultural, de forma a auxiliar a elaborao de

    propostas educativas e de polticas ambientais que auxiliem na construo de sociedades

    sustentveis (HOEFFEL et al., 2008). Para Luciana Jacob que discute sobre a estrutura

    curricular do Curso de Agronomia da ESALQ/USP, a necessidade de um processo de

    transio para a sustentabilidade, devido complexidade e ao agravamento dos

    problemas scio-ambientais, gerados pelo triunfo da racionalidade econmica e da razo

    tecnolgica, leva ao debate sobre a reorientao dos processos de produo e aplicao

    de conhecimentos que contribuam para a resoluo de problemas socioambientais.

    (PADOVEZI, 2004).

    Carvalho (2004, pg 37) fala sobre o termo socioambiental dizendo:

    A viso socioambiental orienta-se por uma racionalidade complexa e interdisciplinar e pensa o meio ambiente no como um campo de interaes entre a cultura, a sociedade e a base fsica e biolgica dos processos vitais, no qual todos os termos dessa relao se modificam dinmica e mutuamente. Tal perspectiva considera o meio ambiente como espao relacional, em que a presena humana, longe de ser percebida como extempornea, intrusa ou desagregadora ("cncer do planeta"), aparece como um agente que pertence teia de relaes da vida social, natural e cultural e interage com ela. Assim, para o olhar socioambiental, as modificaes resultantes da interao entre os seres humanos e a natureza nem sempre so nefastas; podem muitas vezes ser sustentveis, propiciando, no raro, um aumento da biodiversidade pelo tipo de ao humana ali exercida. (CARVALHO, 2004 P. 37)

    Leff (2001, p. 21) diz que na histria humana, todo saber, todo conhecimento

    sobre o mundo e sobre as coisas tem estado condicionado pelo contexto geogrfico,

    ecolgico e cultural em que produz e se reproduz determinada formao social. Leff

    (2001) ainda afirma que a transio para uma sociedade sustentvel ser atravs do

    investimento dado educao na interface ambiente/sociedade como forma estratgica

    para esse processo.

    57

  • A partir dessas as reflexes, possvel questionar as formas de construo do

    saber ambiental e das formas como os sujeitos interagem com ela, tornando-se

    necessrio entender algumas relaes existentes entre a sociedade e o meio ambiente.

    3 SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE

    O desenvolvimento da civilizao humana sempre esteve ligado ao ambiente. As

    sociedades utilizavam os recursos disponveis na natureza, como a cheia dos rios, os

    minrios, a fertilidade do solo, o acesso ao mar, o manejo aprendido da floresta, dentre

    outros, at mesmo as vestimentas, as crenas, os medicamentos tambm dependiam da

    oferta encontrada no ambiente (RIBEIRO, 2003).

    Segundo Carvalho (1991, citado por RIBEIRO, 2003), a relao que o ser

    humano estabelecia com a natureza, era de modo to interligado que no se pensava em

    um ambiente como algo alm do humano, de modo que as diferenas entre as pessoas

    existiam apenas no momento em que dependiam de atributos fsicos para a diviso dos

    trabalhos comunitrios.

    Aps este perodo a natureza passa a ser vista como algo parte, em que eram

    necessrios intermedirios para que fosse possvel a comunicao com ela, como pajs e

    sacerdotes. Em meio estas mudanas na organizao social ao longo do tempo a

    natureza assumiu diversos papis na sociedade sendo um deles o de fornecedora de

    matria-prima, objeto de estudo etc. (RIBEIRO, 2003).

    Ribeiro (2003), afirma que as concepes de natureza estabelecidas pela

    sociedade foram produtos da cultura humana interagindo com o ambiente em que

    coexistiram, e isso varia conforme os valores que se estabelecem em determinado local e

    poca.

    mile Durkhein, discutido no trabalho de Turene (2006), afirma a importncia das

    representaes da sociedade e como elas influem nas decises que cada indivduo toma,

    pode-se dizer que mesmo vivendo em grupo, os indivduos percebem e atuam no meio

    conforme sua formao cultural, social, intelectual e econmica.

    58

  • Frente ao rumo que a sociedade tem tomado Devall (2001) e Novo (2002),

    citados por Hoeffel et. al. (2008), afirmam que estes novos rumos tem conduzido ao que

    se conhecido como crise ambiental, e segundo os autores isso tem estimulado o

    questionamento dos valores da sociedade contempornea, e alm disso, uma

    reorientao dos modos da sociedade se relacionar com a natureza.

    Segundo Costanza (1997, citado por HOEFFEL et.al., 2008), os problemas

    ambientais passaram a ter significncia na Expanso Industrial aps a Segunda Guerra

    Mundial, com o aumento da tecnologia sem o cuidado e manuteno dos recursos

    naturais, tornando necessrio uma aceitao desse descompasso existente entre a

    tecnologia e a manuteno adequada dos recursos naturais.

    Com base em discusses essencialmente biolgicas, a discusso sobre a crise

    ambiental da atualidade foi se difundindo em diversos setores da sociedade e nas

    diversas reas do conhecimento, permitindo a elaborao de propostas que resultem em

    aes ambientalmente adequadas e sustentveis para os recursos naturais (HOEFFEL,

    et al., 2008 ).

    McLaughlin (1993), citado por Hoeffel et. al. (2008), afirma que os seres humanos

    durante toda a sua histria interferiram no ambiente natural em que habitaram e

    provavelmente sempre ser assim, a questo que preocupa vrios pesquisadores o

    grau e a intensidade dessa interferncia.

    Hughes (2001), citado por Hoeffel et. al. (2008), confirma que estudos histricos

    sobre as relaes da sociedade humana com a natureza possibilita uma maior

    compreenso da interdependncia existente entre a sociedade e o ambiente natural.

    Segundo Hughes :

    A idia de ambiente como algo separado dos seres humanos e que serve apenas como pano de fundo para a histria humana uma viso enganosa. Qualquer coisa que os seres humanos faam para a comunidade ecossistmica os afeta inevitavelmente. A humanidade nunca existiu isolada do resto da vida, e no poderia existir sozinha, pois ela depende das associaes complexas e ntimas que tornam a vida possvel (HOEFFEL et al, 2008).

    Os problemas ambientais no so recentes e de acordo com uma perspectiva

    histrica percebe-se que a compreenso da crise ambiental possui diversas vises e isso

    proporciona medidas de solues tambm diversas (HOEFFEL et al.,2008 ). Novo (2002),

    59

  • citado por Hoeffel et. al. (2008),complementa esta idia dizendo que no existe uma nica

    frmula para ser aplicada e resolver os problemas ambientais. Milton (1996), tambm

    citado por Hoeffel et. al. (2008), diz que diferentes culturas iro desenvolver diferentes

    concepes sobre o meio ambiente, e o mesmo ainda observado em estruturas

    culturais aparentemente homogneas. Segundo esses autores, a crise ambiental atual

    tem causado impactos que so capazes de colocar em risco tanto a diversidade cultural

    como a biolgica, ocasionando a extino de etnias e espcies que podem causar uma

    perda irreparvel todos.

    Boef (2007), relatando sobre as perdas de biodiversidade na agricultura, ressalta

    que alm da eroso gentica ocorrida com a perda das espcies crioulas, tambm o

    conhecimento tradicional de cultivos e variedades ameaado em um processo de

    eroso (BOEF, 2007).

    Segundo Corona (2006) a utilizao dos recursos baseada nos valores e

    significados que as comunidades em seu entorno do aos mesmos, alm de tambm ser

    baseada no entendimento dos conhecimentos cientficos e tcnicos da modernidade.

    A partir destes pensamentos podemos ento discutir sobre a modernizao

    reflexiva e a construo do sujeito-ator.

    4 SOCIEDADE DE RISCO E A CONSTRUO DO SUJEITO-ATOR

    A politizao do debate que envolve a interao do homem com a natureza, ou

    mais precisamente, a transformao da natureza pela ao humana, constitui um dos

    pilares para a formao e consolidao de espaos democrticos, de ampliao da

    cidadania, e por conseqncia, do rumo a uma sociedade sustentvel.

    O processo educacional no sentido de aprofundar adequadamente as razes

    desta problemtica e apontar caminhos para a sua superao deve ser a chave mestra

    para o debate sobre as polticas pblicas que influenciam a percepo e conscientizao

    dos problemas que preocupam a humanidade, no caso aqui que so diretamente ligados

    ao meio ambiente (STRANZ, 2002).

    60

  • As reflexes propostas por Anthony Giddens e por Ulrich Beck, parceiros na

    publicao de Modernizao Reflexiva: Poltica, Tradio e Esttica na Ordem Social

    Moderna, apresentam um questionamento do atual momento histrico e propostas para a

    caracterizao de nosso tempo.

    Conforme Giddens (1997), o momento atual de desenvolvimento das sociedades,

    aponta para uma grande mudana, pois estamos diante de uma modernidade que

    tensionada por seus prprios resultados, e que agora precisa se preocupar com suas

    realizaes e seus avanos. O conceito de Modernidade Reflexiva, desenvolvida sob os

    pontos de vista de Giddens e Beck, oferece uma abordagem que apreende a um dos

    pontos da dinmica explicativa das cincias sociais: a interao do homem com a

    natureza, ou mais precisamente a transformao da natureza pela ao humana.

    Apesar das preocupaes diferenciadas, no que tange aos aspectos sobre a qual

    a reflexividade age com mais intensidade, a de Giddens ou a de Beck, o que difere a

    reflexo desses dois autores, que Beck enfatiza o plano da autoreflexividade societria

    (BECK, 1997).

    Para Giddens (1997), a reflexividade provoca mudanas bruscas em prticas

    sociais, que so constantemente examinadas luz de estudos e reflexes sobre as

    prprias prticas. Porm, os riscos gerados pelo prprio desenvolvimento lanam

    problemas antes desconsiderados. Questes, como por exemplo a degradao do meio

    ambiente, so capazes de colocar em risco toda a sociedade e afetam a todos

    indistintamente. Neste ambiente incerto, cada indivduo do grupo social se v diante da

    socializao dos riscos, independente da ao individual. Beck (1997) caracteriza esta

    sociedade como sendo uma sociedade de risco, atribuindo-lhe tambm a condio de

    autocrtica visto que os riscos geram multiplicidade de opinies sobre os mais variados

    assuntos.

    Os autores querem dizer que as sociedades modernas chegaram a um ponto em

    que so obrigadas a refletir sobre si mesma e, ao mesmo tempo, desenvolvem a

    capacidade de refletir retrospectivamente sobre si mesma. O aparecimento da sociedade

    de risco estimula uma nova percepo da sociedade moderna, que se sente obrigada a

    refletir sua situao e seu desenvolvimento, tendo agora uma misso de formular

    questes do presente e do futuro. Com efeito, a sociedade de risco envolve

    61

  • decisivamente tambm os riscos provenientes da crise ecolgica, que so claramente

    danosos nas suas origens e conseqncias.

    Embora visto de diferentes formas Beck e Giddens constroem em suas anlises,

    reflexes e propem elementos para a apreenso da crise atual, que tem a marca da

    desordem ecolgica apontando para um tensionamento entre o agravamento desse

    cenrio perturbador e o desenvolvimento de uma conscincia coletiva e individual, que

    poder influir em novos caminhos para a sociedade.

    Porm, qual a conseqncia do reconhecimento da sociedade de risco para uma

    ao no plano da educao, para a reflexo da questo ambiental no plano da estrutura

    social e dos indivduos? A resposta que quanto maior modernizao, maior capacidade

    reflexiva dos indivduos para entenderem sua realidade e responderem de forma mais

    conseqente. O processo educativo torna-se ento um instrumento valioso para

    elaborao de estratgias e iniciativas, tendo em vista uma compreenso adequada dos

    problemas e formas de solucion-los.

    A idia aqui de uma educao voltada a gesto ambiental, cujos conceitos

    podem ajudar na construo de uma slida cidadania, ancorada numa viso crtica e

    transformadora, no sentido do desenvolvimento da ao coletiva necessria para o

    enfrentamento dos conflitos socioambientais (MELAZO, 2005).

    A conscincia dos riscos scio-ambientais derivados da alta modernidade abrem

    possibilidades para processos pedaggicos, baseados no entendimento de que os

    homens podem optar por comportamentos, atitudes e aes polticas do plano local ao

    global, em direo a um projeto de sociedade baseado na eficincia econmica,

    prudncia ecolgica e justia social. A sociedade do futuro, sob a perspectiva da

    sustentabilidade, ser, portando, uma sociedade cada vez mais reflexiva, mais

    dependente do conhecimento gerado e socializado. O investimento na educao na

    interface natureza/sociedade ser estratgico na construo desse projeto, ou de outra

    forma, a educao ambiental adquire um sentido estratgico na conduo do processo

    de transio para uma sociedade sustentvel (LEFF, 2001).

    O processo de modernizao reflexiva marca, portanto, um novo modo de

    apreender o perigo, doravante conceituado como risco, ou seja, uma combinatria de

    probabilidades de ocorrncia de situaes potencialmente perigosas. Esta concepo

    somente adquire sentido na medida em que tem como pressuposto um sujeito autnomo 62

  • e responsvel, capaz de identificar riscos e, a partir da, orientar suas escolhas e estilos

    de vida a fim evit-los. Isto porque, embora os riscos sejam cada vez mais

    compreendidos, segundo uma perspectiva globalizada, no localizada, a responsabilidade

    pelo saber enfrentar riscos cada vez mais colocada no nvel da conscincia

    individual.

    A construo do sujeito social passa por um processo que TOURAINE (1999)

    denomina subjetivao que entendida como a transformao do indivduo em sujeito.

    Ser um sujeito social sentir-se responsvel pelos assuntos do mundo coletivo, impondo

    limites ao do poder poltico e reconhecendo que sua emancipao importante para

    o governo de sua sociedade. O papel de no conformismo com a dominao social da

    racionalidade tcnica cientfica e desejo de participar da construo daquilo que se

    concebe como sociedade so marcas das sociedades modernas, onde no existe

    modernidade sem racionalizao; mas tambm no sem formao de um sujeito-no-

    mundo que se sente responsvel perante si mesmo e perante a sociedade (TOURAINE,

    1999, p 214).A modernizao reflexiva implica, assim, em um investimento no processo de individualizao, em que o sujeito pode ser visto como [...] ator, planejador, prestidigitador e diretor de cena de sua prpria biografia, identidade, redes sociais, compromissos e convices (BECK, 1997, p. 207).

    Entendida como um programa forte de individualizao, a Sociedade do Risco

    mantm o investimento na possibilidade de um sujeito autnomo e livre para estar em

    oposio heterodoxa s conseqncias distpicas da modernizao (LASH, 1997). Para

    Giddens, a atividade reflexiva implica interao e confiana cada vez maiores em

    sistemas abstratos, sendo tal interao decisiva para a domesticao do risco. J Beck

    aposta na possibilidade de o sujeito se libertar dos sistemas tecnolgicos e, assim,

    habilitar-se a enfrentar os riscos. Ambos, no entanto, mantm a crena na conscincia

    reflexiva como atributo decisivo para minimizar a insegurana, que se fundamenta no

    pressuposto cognitivo representacional: um modelo de mapeamento e regulao a partir

    de clculos probabilsticos, gerando modos de vida centralizados no ego (BECK, 1997,

    p. 13).

    O ego construdo pela cultura e mata as possibilidades do sujeito, a afirmao

    como experincia de massa, refora a inao das diferenas, fica preso ao sistema. Ele

    63

  • conserva a modernidade, mas no a transforma. Pensando assim, Touraine tenta explicar

    que a forma de se recuperar a ligao entre a razo e o sujeito est na idia de que o

    sujeito paira sobre tudo, est suspenso entre o cu e a terra, em constante construo,

    recria as suas razes ou ele deixa de ser sujeito, deixa de ser ator da histria e volta a ser

    o indivduo, isso porque a idia de sujeito no pode ser separada da idia de ator social.

    (TOURAINE, 1999).

    nesse debate que o presente projeto de pesquisa se insere. preciso

    reconhecer nos sujeitos-atores seus valores, aes e conceitos sobre o meio ambiente,

    buscando identificar nas suas relaes com o ambiente cotidiano, como se manifesta a

    auto-reflexividade (constatao da sociedade de risco), bem como, quais so as aes e

    relaes que estabelece no sentido de ultrapassar tais riscos e ameaas. observar em

    que medida a modernizao provoca e permite com que o sujeito-ator construa conceitos

    e tenha domnio sobre os efeitos das suas aes sobre o ambiente. Assim, fica evidente a

    necessidade de se conhecer os valores que os sujeitos possuem e constroem dentro dos

    locais de produo, capacitao e desenvolvimento de conceitos que interferem nado

    meio atravs da percepo ambiental.

    5 PERCEPO AMBIENTAL

    A percepo ocorre no momento em que a atividades dos rgos dos sentidos

    esto associados com atividades cerebrais. (MELAZO, 2005). Ela pode, portanto, ser

    desenvolvida atravs da funcionalidade dos sentidos, tornando assim diferente em cada

    indivduo, pois, o significado que os estmulos sensoriais despertam o que distingue a

    forma como cada indivduo compreende a realidade em que est imerso (RIBEIRO,

    2003).

    Estes significados estimulados nos indivduos representam valores que so

    atribudos de acordo com a cultura, histria, idade, sexo, educao, erudio, classe

    social, economia, poltica, religio, individualidade, preferncias, atitudes e atribuies do

    meio ambiente (MELAZO, 2005; TURENE, 2006; ADDISON, 2003; RIBEIRO, 2003).

    64

  • Como dito por Castello (2001), citado por Turene (2006), sabendo que a vivncia

    humana no ambiente em que est inserido orientada por sua percepo e pela

    atribuio de valores, do sentido ao termo Percepo Ambiental. Segundo o mesmo

    autor, percepo ambiental fundamentada pelo entendimento de que a vivncia humana

    e seu entorno prximo so orientados por essa percepo.

    Addison (2003) cita que na viso de Piaget, o conhecimento adquirido ocorre

    atravs do contato direto, ou seja, os indivduos estabelecem um relacionamento com o

    meio, e tambm cita que imediata a percepo dos objetos que esto mais prximos

    aos seres, tudo se processando no mesmo campo sensorial (ADDISON, 2003, p.63).

    Os indivduos percebem, reagem e respondem de maneira diferente frente s

    aes sobre o meio. Logo as respostas ou manifestaes resultam das percepes, dos

    processos cognitivos, julgamentos e expectativas de cada indivduo, no contexto de suas

    relaes com o ambiente e com a sociedade. Embora nem todas as manifestaes

    psicolgicas sejam evidentes, elas so constantes e afetam nossa conduta, na maioria

    das vezes, inconscientemente (FAGGIONATO, 2007). No entanto, o que importa aqui so

    os significados atribudos questo ambiental, porque so relevantes e altamente

    expressivos, na medida em que as percepes se tornam a linguagem que o homem

    desenvolve para atuar na natureza e construir o seu espao (TURENE, 2006).

    Tuan (1982) chega a abordar a questo do indivduo nativo do ambiente e do

    indivduo visitante. Segundo Tuan (1982, p. 67), O nativo tem uma complexa e derivada

    percepo do meio por estar inserido nele, baseado em mitos e valores locais enquanto

    que o indivduo visitante levaria em considerao os critrios estticos, regulados por um

    juzo de valor inerente ao visitante.

    As sensaes que determinam a qualidade, as impresses, os significados e os

    valores atribudos ao meio por cada indivduo e por isso o estudo de percepo se torna

    difcil, pois cada indivduo atribui valores distintos ao meio, sejam eles ecolgicos

    econmicos ou simplesmente estticos (MELAZO, 2005).

    Em sua pesquisa sobre percepo ambiental Melazo (2005) descreve que as

    sensaes so estimuladas atravs dos cinco sentidos humanos: viso, olfato, paladar,

    audio e tato. Com estes estmulos ocorre a formao das idias e da compreenso do

    mundo que nos rodeia, norteados pela inteligncia que possui cada indivduo bem como

    65

  • de seus valores ticos, morais, culturais etc., que tornam assim o indivduo capaz de

    pensar e agir sobre sua realidade (Figura 01).

    REALIDADEREALIDADE

    Sensaes

    Motivao

    Cognio

    Avaliao

    Conduta

    InteressesNecessidades

    MemriaImagens

    JulgamentoSeleo

    ComportamentoAo

    FIGURA 01 - ESQUEMA TERICO DO PROCESSO PERCEPTIVO CITADO POR MELAZO

    (2005), COM ADAPTAES.

    Tuan (1972, p5), em seu livro que estuda e discute a percepo ambiental utiliza

    o termo Topofilia para descrever o elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou ambiente

    fsico. Recentemente o termo Biofilia descrito por Wilson (1984, citado por STRUMINSKI,

    2003) expressa a idia da necessidade intrnseca humana do contato com a natureza.

    Stephen Kellert (1993, citado por STRUMINSKI, 2003) agrupou em nove tipologias

    bioflicas o que demonstra os valores individuais ou coletivos, pois determinadas opinies

    e aes podem ser de interesse de apenas um indivduo ou de um grupo.

    Estes valores bsicos orientam a relao dos seres humanos com o mundo

    natural e que poderiam servir como elementos na compreenso de diferentes concepes

    e propostas de interveno sobre o ambiente natural (Quadro 02).

    66

  • Termo Definio FunoUtilitarismo Explorao prtica e material da natureza Sustentao fsica e seguranaMoralista Afinidade, espiritualidade, tica autrusmo, proteoNegativista Medo, averso, alienao segurana, proteo, fobiasSimblica Uso da natureza para expresses metafricas desenvolvimento mental, comunicao

    Esttica Beleza fsica (ideal) da natureza inspirao, harmnia, paz, segurana, modeloDominionstica Domnio da natureza, conquista, controle fsico coragem, habilidades para subjulgar

    Naturalismo satisfao com contatos diretos com a natureza desenvolvimento fsico e mental, curiosidade, atividades na natureza

    Humanista sentimentos emocionais profundos a elementos individuais da natureza (rvore, animais)

    cooperao, solidariedade, fortalecimento de relaes entre grupos, pessoas e animais

    Ecolgico- cientifica estudos sistemticos da natureza busca do conhecimento e compreenso

    Fonte: Kellert (1993), citado por Struminski (2003), com adaptaes

    QUADRO 02 - TIPOLOGIA DE VALORES BIOFLICOS

    Segundo Rapoport (1978), citado por Turene (2006), para analisar as interaes

    existentes entre os seres humanos e o meio necessrio que trs reas sejam

    conhecidas e so elas: a cognio (processos de perceber, conhecer e pensar);

    afetividade (que esta relacionada aos sentimentos, sensaes e emoes) e a conexo

    entre a ao humana sobre o meio, como resposta a cognio e afetividade. Para Turene

    (2006), existem vrias formas de se apreender o ambiente, e isso cada indivduo o faz de

    forma particular e depois ocorre um consenso coletivo sobre a qualidade desse ambiente

    relacionado com o meio natural e o espao construdo.

    No quadro seguir (Quadro 03) ilustra-se as formas citadas por Ribeiro (2003) de

    como ocorre percepo:

    67

  • Forma de construo da percepo Descrio

    Pelo acesso lento Normalmente pertence culturas que valorizam a meditao, contemplao, desvaneio etc.

    Pela Modalidade "D" (ou raciocnio lgico)

    Predomina na Cincia, forma mecanizada de pensar, acredita que as coisas so como tal acontecem sem possibilidade de erros e diferentes concepes

    Por meio Ultra-rpido (raciocnio rpido tpico das situaes de

    risco e perigo)

    Ocorre em situaes de intensa presso, quando os pensamentos e atitudes esto sob influncia da adrenalina

    Fonte: Ribeiro (2003), com adaptaes

    QUADRO 03 - FORMAS DE CONSTRUO DA PERCEPO SEGUNDO RIBEIRO (2003)

    O entendimento das formas de construo da percepo de grande importncia

    para que medidas como a de projetos para Educao Ambiental tenham eficcia uma vez

    que a percepo ocorre de formas variadas. As pessoas que constroem a percepo

    atravs do acesso lento, por exemplo, valorizam a contemplao e a meditao o que

    pode ser antagnico modalidade D, ou seja, possuem formas distintas de entender o

    ambiente que os cercam. A China, por exemplo, desenvolveu sua cultura com base na

    venerao da natureza buscando entender a vida atravs da observao atenta e

    cuidadosa de sua ao (RIBEIRO, 2003).

    STRUMINSKI (2003, p. 121), em seu trabalho A tica no montanhismo,

    exemplifica sobre a forma de construo da percepo pelo meio Ultra-rpido. O autor

    cita que a prtica apaixonante do alpinismo e a ameaa constante do perigo que nos

    revolve as entranhas so a origem de fortes emoes morais e religiosas e talvez de

    elevada espiritualidade, isso mostra que estes valores e sensaes vividos em situaes

    de exposio ao perigo e de aventuras deixa marcas profundas e permanentes.

    Tuan (1974), afirma que a tendncia humana a de responder emocionalmente a

    objetos da natureza como o mar, montanhas, vales, desertos, etc., tratando-os como

    sublimes, feios, desagradveis, divinos. Para ele a viso moralista nos tempos modernos

    perdeu seu valor, porm, o elemento esttico continua sendo um forte elemento que

    influncia as concepes.

    68

  • As montanhas, por exemplo, eram vistas no incio da histria humana como

    remotas perigosas e inassimilveis, ou seja, o oposto ao que era percebido em relao

    aos vales. At hoje muitas montanhas possuem em seus picos cruzes que simbolizam

    uma religiosidade extrema, pois se acreditava que as montanhas eram ponto de encontro

    entre o cu e a terra. Hoje as montanhas ficaram acessveis, e cada vez mais pessoas

    baseadas em uma viso utilitarista, de que ar leve e gua pura de montanha fazem bem

    sade, construindo hotis, sanatrios e outros perto de ambientes como esse

    (STRUMINSKI, 2003).

    Puig (1998), citado por RIBEIRO (2003), prope que os valores e condutas

    seriam formados no confronto com as condies socioculturais do meio que,

    frequentemente, oferecem dilemas de valor. Para ele os seres humanos mudam sua

    forma de pensar e comportar-se na medida em que modificam os laos que os ligam a

    seu meio (RIBEIRO, 2003).

    A construo dos valores estaria sujeita s relaes entre os meios que o

    indivduo capaz de receber. Os meios aqui podem ser exemplificados pela famlia, o

    trabalho, os meios de comunicao, a escola ou Universidade (RIBEIRO, 2003). Dessa

    forma estas informaes acabam justificando a necessidade de uma explorao e anlise

    dos valores, que a sociedade passa a construir dentro das instituies de ensino e outras

    entidades que atuam e discutem as questes ambientais.

    6 CONCLUSO

    A relao do homem com o ambiente natural passou por diversas mudanas com

    o decorrer do tempo. Com o surgimento da sociedade industrial, o consumo de recursos

    naturais aumenta devido ao nvel de conforto e alto consumo que uma parcela da

    sociedade mundial passa a ter. Esse aumento de consumo dos recursos se agrava ainda

    mais aps a Segunda Guerra Mundial, com a difuso acelerada do modelo de

    desenvolvimento industrial.

    69

  • Neste contexto, alguns pesquisadores passam a defender a idia de que a

    sociedade industrial conduziu a humanidade a uma sociedade de risco, porque ela se

    auto-confronta com os danos e riscos que gerou. Esse processo acaba levando a um

    questionamento dos valores e conceitos sobre o modelo de desenvolvimento e suas

    conseqncias para a sociedade e a natureza. Tal questionamento reflete-se na

    possibilidade da construo de sujeitos-atores capazes de atuar e repensar seus valores,

    conceitos e aes que visem mudanas.

    O estudo sobre a percepo ambiental, neste sentido, um meio de

    compreender como os sujeitos dessa sociedade adquirem seus conceitos e valores, bem

    como, como compreendem suas aes e se sensibilizam com a crise socioambiental. A

    Educao ambiental tendo conhecimento dos valores e aes que os sujeitos possuem

    frente ao meio ambiente ser capaz de elaborar propostas que venham a atingir grande

    parte da sociedade, visando provocar mudanas mais efetiva que contribuam para a

    sustentabilidade socioambiental.

    REFERNCIAS

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    1 INTRODUO 3 SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE4 SOCIEDADE DE RISCO E A CONSTRUO DO SUJEITO-ATOR

    Referncias