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Esta publicação conta a história de Pedro José Valente, um servente de pedreiro que perde a vida em um canteiro de obra em João Pessoa. Para narrar a história, utiliza-se a literatura de cordel. Dessa forma, fala-se sobre os riscos e as condições de trabalho, além de relatar a saga de muitos trabalhadores que se acidentam. O passo lento das mudanças também é apontado no texto, assim como as questões das áreas de vivência, a falta de proteção coletiva e individual.

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Autor

Graco MedeirosNasceu em Natal-RN, em 1951.

Poeta, músico e técnico de segurançado trabalho da Fundacentro-PE.

Gravuras

José Francisco Borges Nasceu em Bezerros-PE, em 1935. Foi trabalhador da

terra, ceramista, carpinteiro, artesão, pedreiro e pintor de paredes, antes de converter-se no mais importante

xilógrafo de cordel do Brasil.

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Presidenta da RepúblicaDilma Rousseff

Ministro do Trabalho e EmpregoManoel Dias

FUNDACENTRO

PresidenteEduardo de Azeredo Costa

Diretor Executivo SubstitutoRogério Galvão da Silva

Diretor Técnico Domingos Lino

Diretora de Administração e Finanças Substituta Solange Silva Nascimento

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2ª edição

São Paulo

2013

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Ficha técnica

Coordenação Editorial: Glaucia Fernandes

Revisão gramatical: Karina Penariol Sanches • Beatriz Taroni de Aguiar (estagiária)

Normalização: Erika Alves dos Santos

Design gráfico capa e miolo: Flávio Galvão

Gravura: J. Borges

Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. Disponível também em: www.fundacentro.gov.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Serviço de Documentação e Bibliotecas – CDB / Fundacentro

São Paulo – SPErika Alves dos Santos CRB-8/7110

CIS – Classificação do “Centre International d’Informations de Sécurité et d’Hygiene

du Travail”

CDU – Classificação Decimal Universal

1234567Medeiros, Graco.1234567890A peleja do servente de pedreiro que apareceu no canteiro em 1234567forma de assombração. [texto] / Graco Medeiros. – 2. ed. – São 1234567Paulo : Fundacentro, 2013.1234567890[10] p. ; 21 cm.

1234567890ISBN 978-85-98117-73-7

12345678901. Indústria da construção civil – Literatura de segurança. I. 1234567Título.

CISXib Veki

CDU69+398.51

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I

Eu me chamo Pedro José Valente,conhecido em vida por Pedrão,já domei burro brabo e barbatão,na viola já fiz muito repente,minha vida perdi como serventenum canteiro de obra em João Pessoa,nesse tempo a chefia era à toa,condição de trabalho era zero,segurança e saúde lero-lero,do além meu recado nesta loa.

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II

Quando vim do campo pra cidade,eu achei o canteiro uma loucura,fui dormir num beliche nas alturasem local com bastante umidade,dava medo fazer necessidade,a latrina era lugar fedorentoe fazer refeição era um tormentoou beber água quente na torneira,a NR-18 é justiceira,mesmo assim vai mudando tudo lento.

III

O meu mestre de obra me falou,construção é lugar de cabra-machomas do andaime, sem cinto, me esborracho,minha vida tão cedo Deus levou,a viúva sozinha não ficou,se casou com outro companheiro,não deu sorte também com carpinteiro,o dente da serra tava quebrado,é viúva de outro acidentadoe agora é a vez do betoneiro.

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IV

A betoneira não tem fio terra,qualquer dia o peão morre de choque,eu já vi um colega dançar roqueagarrado com essa besta-fera,acidente de choque não espera,traiçoeiro, ele vem sem avisar,o sopapo na certa é de lascar,o cristão não aguenta esse repuxo,fio terra não é coisa de luxoe o patrão acha caro colocar.

V

O guincheiro também, por sua vez,guincho bom tem que ter para operar,embreagem e freios no lugar,sem banguela nem carregar freguês,torre firme, por metro conte três,o posto de trabalho protegido,o cabo de aço comprometido,chame o mestre e avise pra trocar,no livro de inspeção anote látoda bronca que tenha percebido.

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VI

Pra cavar tem que tá bem escorado,a barreira é capaz de desabar,muita gente morreu, não foi azarnem castigo de Deus para o coitado,vergalhão de ferro, tando apontadoé espeto do diabo de plantãoesperando na certa algum cristãose lascar em cima da ponta fria,o seguro lhe paga mixaria,muito embora proíba demissão.

VII

No canteiro de obra a limpezaé sinal de boa organização,muito entulho jogado pelo chãoé chamar acidente com certezae a tal qualidade da empresanuma placa pintada bem bacana,o cliente que vê, não se engana,só aumenta com a gente o preconceito,que peão é sujo e não tem jeitoe canteiro é a casa de mãe Joana.

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VIII

Policorte e serra circular,betoneira girando e lixadeira,todas elas fazem muita zoeira,o colega não pode vacilar,se protetor de ouvido não usaré arriscado ficar sem audiçãoe depois que perder tem jeito não,pra entrar no seguro é nó cegoe ainda ganha fama de pregopor não ter exigido a proteção.

IX

A marreta batendo na ponteira,voa lasca pra tudo que é lugar,use óculos de segurança pra evitara lesão que pode gerar cegueira,carregando tijolo e madeira,levando saco de cal e cimento,muito peso no lombo é pra jumento,use carro de mão, elevador,muito esforço derrota seu vigor,acabando de vez o seu sustento.

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X

As bandejas em volta do edifício,meu amigo, importância elas têm,lá de cima despenca muito trem,ferramentas que fazem seu ofício,eu já vou acabar esse comício,o restante veja no treinamento,esse é o papel da Fundacentro,observe, não é nenhum favor,vou voltar para o reino do Senhor,quem quiser mais história faça um cento!

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Sobre o livro

Composto em Guadalupe 7/18 (título) e Calibri 14 (textos)

em papel couchê 150g/m² (miolo)e em papel couchê 150g/m² (capa)

no formato 12x18 cmImpressão: Gráfica da Fundacentro

Tiragem: 1.500

www.fundacentro.gov.br

M I N I S T É R I ODO TRABALHO E EMPREGO

FUNDACENTROFUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDODE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO