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Abaeté do Cordel e a peleja de um produtor cultural – A performance autodidata de produzir MANOEL WILSON DE SOUZA Natal, 03 de novembro de 2016

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Page 1: Abaeté do Cordel e a peleja de um produtor cultural - A performance autodidata de produzir

Abaeté do Cordel e a peleja de um produtor cultural – A performance autodidata de produzir

MANOEL WILSON DE SOUZA

Natal, 03 de novembro de 2016

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Há bem pouco tempo, nos círculos artísticos da cidade de Natal, quase não se ouvia falar da figura do produtor cultural.

Eram personagens raros que figuravam a cena cultural do estado.

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O IFRN é pioneiro na introdução de um Curso Superior de Produção Cultural no estado.

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Chamamos a atenção para uma formação prática e autodidata de se produzir a cultura

Geralmente são criadores que se tornam produtores pela necessidade de colocarem seus produtos no mercado.

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O profissional dessa área precisa saber realizar as três fases do ofício que é a Pré-produção - momento de preparação pra realizar a produção; a Produção – fazer nascer; e a Pós-produção - conclusão do que foi produzido.

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O fazer autodidata é movido pela necessidade e pelas experiências. é a base de formação de muitos artistas e produtores da cidade de Natal.

Profissional que, com formação superior ou autodidata, faz a arte e cultura chegar ao público de destino.

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Abaeté do Cordel, um dos personagens principais na cena cordeliana potiguar.

Tece a trama da Associação Casa de Cordel, que é responsável pela produção, difusão e circulação da cultura popular potiguar.

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Abaeté peleja como produtor autodidata, pela manutenção, preservação e difusão da arte cordeliana nos territórios potiguares.

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Através de pesquisa documental e de pesquisa de campo, esta última realizada a partir de uma conversa, gravada, com o poeta e produtor cultural Abaeté do Cordel, entre outros registros como de eventos, internet, visitas e reuniões, foi possível perceber como se forma (informalmente) um produtor cultural. Ainda, como mencionado antes, adentra-se na vida do artista na tentativa de perfilar instantes que o formaram poeta/produtor.

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Nos idos de 1960, em Sertânia, sertão de Moxotó, Pernambuco, a 263 km da capital,

vem ao mundo o segundo filho varão de seu Manoel Romão de Lima e dona Nilda Leite de Lima.

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O cenário propício para essa prática era a feira onde os poetas populares Pinto do Monteiro e Gato Velho se encontravam para cantar e vender os seus folhetos de cordel.

A leitura era umas das buscas mais frequentes do menino Erivaldo.

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Assim o seu processo de letramento foi tomando forma e construindo um vocabulário diferente para um garoto de sua idade na sua cidade.

No caminho da cultura popular, ele encontrou outros poetas, músicos e cantadores como Luiz Gonzaga, Zé Marcolino, Casa de Reboco, Cintura Fina, Sargento Pedro, entre outros colegas de uma cachacinha e outra.

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Na época do serviço militar transforma-se no soldado Lima se torna cabo de tiro de guerra, aspecto que foi de grande importância para suas referências trabalhistas futuras.

Trabalhou em torno de seis anos com o oficio da pedra, que considerava um serviço muito pesado.

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Devido à poluição nas adjacências da fábrica, sofre de uma pneumonia que o fez desistir da promoção para encarregado de segurança.

Chega a São Paulo para dar início à jornada do emprego dos sonhos.

Por ter sido cabo de tiro de guerra, é contratado imediatamente como segurança da Companhia Siderúrgica Paulista – COSIPA.

Volta para o nordeste, Sertânia, para recomeçar onde tudo começou.

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Um ex-marido de uma tia o convidou para fazer um serviço em Natal. Trabalhou como pedreiro, pintor, carpinteiro; Quando foi a sua vez de conhecer a parceira, dona Criselda. Trabalhou como segurança em bancos e instituições. colocou o seu próprio mercadinho em sua residência. Lá, se vendia de tudo. Porém a labuta era grande.

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O ano de 2005 chega e a III Bienal do livro acontece no Shopping Midway Mall.

1º folheto de cordel a ser comercializado por Erivaldo Leite. Lançado na III Bienal do Livro de Natal

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para uma aventura no universo desconhecido do mundo da arte.

De vendedor de comidas e produtos para o lar, arrisca uma estabilidade financeira

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A sua participação na terceira III Bienal do Livro colocou o poeta em contato com pessoas e eventos ligados à produção do cordel na cidade.

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Outras produções, outras feiras, outros eventos aconteciam e conduziam o poeta a uma melhor caracterização do seu negócio cultural.

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Em parceria com o poeta Paulo Varela, arrisca a posse de um ponto comercial no centro da cidade no antigo prédio da TV universitária.

A UFRN que, a partir de 1997, autorizou que lá funcionasse a Associação República das Artes. Esta associação, formada por mais de 200 pessoas, organizados em 26 grupos artísticos (principalmente grupos de teatro, artistas de circo e artesãos), era responsável por cerca de 70% da produção cultural da cidade à época.

(PESSOA & COSTA, 2014).

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Abaeté também iniciou suas atividades de produtor e vendedor de cordel nesse espaço. Até então, era apenas um cordelista vendendo seus folhetos numa banca improvisada, porém, com o aluguel do ponto, se transforma no “Ponto do Cordel” em seguida Casa do Cordel.

Em pouco tempo a Casa do Cordel consegue reunir uma cambada de poetas perambulantes em busca de uma referência, de um grupo social.

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O diferencial da casa em relação à produção era o contraponto com as editoras existentes que apenas produziam material de escritores já renomados.

Enquanto a preocupação de Abaeté são os poetas iniciantes, os que têm a verve poética, mas não haviam publicado qualquer título.

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A partir desse princípio, do perceber o cordel como um universo a ser desenvolvido e democratizado, Abaeté vem conduzindo esse espaço de produção, promoção, distribuição e circulação da literatura de cordel.

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é o mesmo poeta que esteve presente no contexto de efervescência da cultura e da arte na cidade, no estado e no país, no qual muitos grupos artísticos atuantes discutiam uma nova forma de captar recursos para articular as montagens e circulação de seus produtos culturais.

Esse poeta que sai do campo para a cidade grande barulhenta, com seus gritos, a correria diária em busca da sobrevivência, do lucro e consegue trazer dentro de seus versos a calmaria e simplicidade do homem do campo e fazê-las criar voz na cidade agitada,

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Apesar de todo universo acadêmico está se constituindo para corresponder aos anseios mercadológicos da cena contemporânea da produção artística, Abaeté continua a sua lida autodidata de produção, quase artesanal, voltada à literatura de cordel e cultura popular.

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A produção autodidata de Abaeté é um referencial para novos e antigos produtores perceberem que é possível e necessário ver a arte e a cultura como negócios econômicos,

porém, a responsabilidade com aquilo que está se transmitindo e os cuidados para não passar um rolo compressor em outros formatos de produções, seja realmente praticado.

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Muitos dos profissionais que produzem a cena artística e cultural em Natal estão na condição autodidata, no que se refere à formação acadêmica e/ou cursos técnicos especializados para a atuação profissional de produtor cultural.

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Assim, como Abaeté, outros produtores autodidatas realizam os seus projetos nessa concepção de fidelidade ao seu segmento artístico, na sua área. Que levantam uma bandeira de preservação de uma arte, de uma cultura que fogem ao padrão de mercado e consumismo da atual politica de empreendimentos criativos.

Na qual os valores artísticos e culturais se sobressaem diante do valor econômico.

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Ainda se torna mais difícil, quando se quer fazer ecoar os seus valores, a simplicidade, e toda vivência resultante de expressões artísticas e culturais que perpassam épocas.

A resistência proposta pelos produtores autodidatas são discussões pertinentes diante dessa nova demanda de técnicos e produtores provenientes da academia.

As políticas públicas para esses profissionais a cada dia estão desaparecendo e são poucos os produtores que, artesanalmente, pelejam para pôr em evidência a sua arte.

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É conclusivo que há na produção cultural vários caminhos para levar a arte e a cultura para a posterioridade. A diversidade da cultura aponta para um desenvolvimento amplo e dialógico de toda forma de fazer.

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Referências

ABAETÉ. 12 estrofes de cordel. Natal: Casa do cordel, 2012.

AVELAR, Rômulo. O avesso da cena: notas sobre produção e gestão

cultural. 2. ed., Belo Horizonte: Duo Editora, 2010.

PESSOA, Nara da Cunha; COSTA, Andrea. Formação acadêmica na área

da cultura: análise do Curso Superior de Tecnologia em Produção

Cultural. Anais do ENECULT 2014. Salvador: UFBA, 2014.

RIBEIRO, Marcel Lúcio Matias. A Literatura de cordel em sala de aula.

Anais da EXPOTEC 2007. CEFET-RN – UNED Mossoró, 2007.