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A ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE P&D EM CUBA A PARTIR DOS ANOS 90: ENTRE O AVANÇO CIETÍFICO E OS PROBLEMAS DA INOVAÇÃO LAZARO CAMILO RECOMPENZA (1) ; ROSENDO DIAZ (2) . 1.UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO, CUIABÁ, MT, BRASIL; 2.UNIVERSIDAD DE LA HABANA, CIUDAD HABANA, CARIBE. [email protected] APRESENTAÇÃO ORAL CIÊNCIA, INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E PESQUISA. TITULO: A ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE P&D EM CUBA A PARTIR DOS ANOS 90: ENTRE O AVANÇO CIETÍFICO E OS PROBLEMAS DA INOVAÇÃO. Resumo: Este trabalho enquadra-se no espaço temporal que abrange o período de 1990 até 2003. Seu foco são as mudanças ocorridas na passagem institucional do sistema de ciência e tecnologia em Cuba, vigente até 1995, para o chamado “Sistema de Ciência e Inovação Tecnológica” (SCIT), implantado a partir de 1996. O objetivo do trabalho é descrever essa mudança institucional específica do sistema de ciência e tecnologia para o sistema de ciência e inovação tecnológica, no bojo das mudanças acontecidas no sistema econômico de Cuba a partir dos anos 90. Usando indicadores quantitativos de ciência e tecnologia no período de referência (1990 – 2003), descrevem-se os resultados obtidos e discutem-se algumas conclusões derivadas dessa comparação. O trabalho está estruturado em três partes. Na primeira destacam-se as principais mudanças ocorridas na economia cubana depois do desaparecimento do bloco socialista europeu; a segunda caracteriza e descreve os principais resultados obtidos nas atividades de P&D, tanto antes quanto depois da introdução do “Sistema Nacional de Ciência, e Inovação Tecnológica” de Cuba e, a terceira e última apresenta as considerações finais. Palavras chaves: Estratégia de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, e Pesquisa e Desenvolvimento. 1

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A ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE P&D EM CUBA A PARTI R DOS ANOS 90:ENTRE O AVANÇO CIETÍFICO E OS PROBLEMAS DA INOVAÇÃO

LAZARO CAMILO RECOMPENZA (1) ; ROSENDO DIAZ (2) .

1.UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO, CUIABÁ, MT, BRASIL;2.UNIVERSIDAD DE LA HABANA, CIUDAD HABANA, CARIBE.

[email protected]

APRESENTAÇÃO ORAL

CIÊNCIA, INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E PESQUISA.

TITULO: A ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE P&D EM CUBA A PARTIR DOSANOS 90: ENTRE O AVANÇO CIETÍFICO E OS PROBLEMAS DA INOVAÇÃO.

Resumo: Este trabalho enquadra-se no espaço temporal que abrange o período de 1990 até2003. Seu foco são as mudanças ocorridas na passagem institucional do sistema de ciência e tecnologiaem Cuba, vigente até 1995, para o chamado “Sistema de Ciência e Inovação Tecnológica” (SCIT),implantado a partir de 1996. O objetivo do trabalho é descrever essa mudança institucional específica dosistema de ciência e tecnologia para o sistema de ciência e inovação tecnológica, no bojo das mudançasacontecidas no sistema econômico de Cuba a partir dos anos 90. Usando indicadores quantitativos deciência e tecnologia no período de referência (1990 – 2003), descrevem-se os resultados obtidos ediscutem-se algumas conclusões derivadas dessa comparação. O trabalho está estruturado em três partes.Na primeira destacam-se as principais mudanças ocorridas na economia cubana depois dodesaparecimento do bloco socialista europeu; a segunda caracteriza e descreve os principais resultadosobtidos nas atividades de P&D, tanto antes quanto depois da introdução do “Sistema Nacional deCiência, e Inovação Tecnológica” de Cuba e, a terceira e última apresenta as considerações finais.

Palavras chaves: Estratégia de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, e Pesquisa eDesenvolvimento.

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Introdução

A sociedade cubana dos anos 90 foi caracterizada por uma série de mudanças na economia e nasformas organizativas das atividades de P&D. Essas mudanças ocorrem em função do desaparecimentodo bloco socialista da Europa Oriental, que teve forte impacto negativo na economia de Cuba. O fim dobloco das economias socialistas atuou como catalisador de um processo de reestruturação.

A interrupção do financiamento externo de aproximadamente 700 milhões de dólares anuais e aqueda das receitas em divisas desarticulou o funcionamento da economia cubana. (CEPAL, 1997).

O impacto negativo que teve para a economia cubana a mudança ocorrida na URSS viu-seincrementado pelos efeitos do crescente processo de globalização e a permanência do bloqueioeconômico estabelecido pelos EUA e reforçado através da implementação da Lei Torricellii (1992) e,mais recentemente, pela Lei Helms Burtonii (1996).

Assim, a falta de capital, a drástica redução dos níveis de oferta de bens e a carência de imputsprodutivos necessários incrementaram a depressão econômica que já se desenhava no início do período.

Esta situação transcorre num ambiente mundial caracterizado por um alto grau de globalizaçãodas atividades de P&D, processo facilitado pelo desenvolvimento das tecnologias de informação ecomunicação, as quais têm propiciado o desenvolvimento de novas formas de geração, tratamento edistribuição de informações, através de ferramentas de base eletrônica que diminuíram enormemente otempo necessário para comunicação, as quais transformam, as formas tradicionais de pesquisas edesenvolvimento, produção e consumo da economia, facilitado e intensificado pela rapidez dacomunicação, processamento, armazenamento e transmissão de informações, em nível mundial, a custosdecrescentes. (Lemos, 1999)

Estas tecnologias têm alterado radicalmente os padrões até então estabelecidos e vêm exercendouma influência decisiva em inúmeros aspectos das esferas sócio-econômica-política-culturais. Assim,dentro desta “nova ordem mundial” fraturada pela miséria e pobreza que devastam zonas enormes dahumanidade, há a presença de uma outra possibilidade, de um uso sistêmico intensivo de conhecimentoscientíficos no que se vinculam desde a educação, a pesquisa, a produção, marketing, a distribuição e oconsumo. Ou seja, tem se conformado um sistema transnacionalizado de P&D, inovação tecnológica epropriedade intelectual que estabelecem as regras que dominam, no essencial, o processo de geração e

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difusão de tecnologia. Processo do qual Cuba não está alheia e, neste sentido, a organização dasatividades de pesquisa tem que se ajustar às novas realidades externas e internas.

1. Mudanças necessárias no sistema econômico de Cuba a partir dos anos 90

Sob a influência das mudanças externas e das condições que caraterizavam o contexto interno, ogoverno iniciou um processo de transformações orientadas a diminuir os impactos sociais do declínio daeconomia bem como preparar o país para um crescimento sobre novas bases. Em 1991, foi implantadoum programa de emergência econômica denominado “Plano de Período Especial”, que apostava napromoção de setores em que previamente tinham se desenvolvido capacidades que permitiriam enfrentaros novos desafios. O plano articulou-se a partir do estímulo a setores não tradicionais ou emergentescomo turismo e biotecnologia, com capacidades para gerar divisas para o país, o aumento dasexportações em setores tradicionais (açúcar e níquel) e o desenvolvimento de um programaencaminhado a alcançar a suficiência alimentar.

A partir de 1993, o governo implementou novas providências que complementaram o plano deemergência nacional estabelecido. Tais providências estavam vinculadas à esfera produtiva, ao ambientemonetário/financeiro e à reforma do aparelho estatal.

No primeiro grupo de medidas, destacaram-se a regulação do trabalho fora de entidades estataisque, mesmo com determinadas restrições, reconheceu o exercício de atividades privadas; criação de ummercado agropecuário, que funciona sob condições da oferta e da demanda, dirigido a incentivar aprodução agrícolaiii e a criação de Unidades Básicas de Produção Cooperativaiv, com as quais semodificou a estrutura da produção agrícola do país.

Sob o aspecto monetário financeiro, em 1994, a Asamblea Nacional (Parlamento cubano)aprovou várias disposições orientadas a eliminar o excesso de moeda, corrigir o déficit orçamentário erecuperar o papel do salário como forma de incentivo ao trabalho. Em conseqüência, o aumento dospreços de vários produtos e tarifas, a criação de um sistema tributário que estabeleceu 11 tipos deimpostos, uma contribuição e três taxas e a progressiva redução das subvenções às empresas estatais,foram as principais providências de ajuste macroeconômico adotadas neste grupo.

Segundo a CEPAL, o ajuste macroeconômico cubano atravessou duas etapas totalmentediferentes. Na primeira etapa, de 1989 a 1993, foi utilizada a poupança forçada das famílias comoprincipal instrumento estabilizador. Assim, contrair o consumo permitiu enfrentar a interrupção dastransferências do CAMEv sem contrair o gasto social, evitando uma ampla superinflação. O controle dospreços contribuiu para preservar a renda real da população. No entanto, o déficit público atingiumagnitudes significativas, dado o efeito direto da política do gasto social. Frente à magnitude do choqueexterno e devido à política de garantir empregos e as rendas da população, o custo da política deestabilização foi relativamente pequeno e sua distribuição mais eqüitativa, se comparada a outraseconomias latino-americanas (CEPAL, 1997, p:66).

O terceiro grupo de providências governamentais foi voltado à simplificação e reorganização doaparelho estatal. A necessidade de estabelecer uma organização mais eficiente e racional do aparelhoestatal que melhore o funcionamento da economia, dentro das novas relações de comércio internacional,levou em 1994, pelo Decreto Lei 147, à reorganização dos organismos da administração central doEstado. A partir desse ano, o processo de rearranjo do aparelho estatal provocou uma importantediminuição na quantidade de organismos centrais, que passou de 50 a 32. Também houve uma reduçãoimportante de pessoal que trabalhava nesses organismos, passando de 20 mil a 8 mil. Estas mudançasvisam preparar as entidades estatais para uma melhor articulação e descentralização das decisões. Aomesmo tempo a empresa estatal ganhou maior autonomia na tomada de decisões e na administração dosseus recursos.

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Para completar as transformações de caráter interno foram adotadas medidas orientadas àreinserção de Cuba no novo sistema de relações comerciais com o exterior. A modificação dos direitosde propriedade constituiu uma das medidas mais significativas na reconstrução do setor exportador. Oprimeiro instrumento legal que regulou o investimento estrangeiro foi o Decreto-Lei 50 de 1982, queprevia a formação de joint-venturesvi com capital minoritário de empresas estrangeiras. Em setembro de1995, o Parlamento aprovou uma nova Lei de Investimentos estrangeiros que redefiniu o papel doEstado na atividade econômica e flexibilizou os procedimentos reguladores na matéria. A nova Lei nãoexclui a participação do investimento estrangeiro em nenhum setor, exceto nos serviços de saúde,educação e nas Forças Armadas e é garantido o livre envio de remessas ao exterior em moedalivremente conversível.

Esta abertura foi um fator decisivo para o estabelecimento e manutenção de um novo equilíbrioentre Cuba e o ambiente externo e procura-se utilizar o investimento estrangeiro como um instrumentode acesso aos recursos financeiros, tecnologia e novos mercados para fortalecer a capacidade produtiva etecnológica no desenvolvimento do país.

A abertura cubana ao capital estrangeiro tem-se caracterizado pela sua dinâmica gradativa,ordenada e irreversível, ganhando sucessivamente em amplitude em relação ao nível de acirramento dacrise econômica no plano interno em que se encontra a economia cubana. O investimento de capitalestrangeiro constitui o momento central da abertura, que é realizada sob o predomínio da propriedadesocial na economia.

Em 1988, foi criada a primeira associação econômica internacionalvii ou joint-ventures no setorde turismo, em 1994 tais associações foram estendidas a todas as áreas da economia, incluída aagroindústria canavieira e em 1999 funcionavam mais de 300 associações econômicas internacionais.(Ver Everleny, 2000, p:14-15).

No ano de 2002 funcionavam no país 403 dessas associações, 56% das mesmas eram comcapitais da União Européia, 15% com Canadá e o resto com países da América Latina e Àsia. O capitalestrangeiro comprometido desde o início do processo de abertura ao capital estrangeiro e acumulado atéesse ano era de U$ 5,930 milhões. (Batista, 2005).

2. “A caminho de um Sistema Nacional de Ciência e Inovação Tecnológica” Característicasorganizacionais das atividades de P&D na atualidade.

Em 1994, como parte do processo da reforma ministerial cubana, foi criado o Ministério deCiência, Tecnologia e Meio Ambiente (CITMA) com várias funções, destacando-se: a) elaborar e propor a estratégia e a política científica e tecnológica, assim como o Plano Nacional deCiência e Tecnologia com a participação da comunidade científica e de outros agentes da mudançatecnológica, estabelecendo os objetivos, as prioridades, as linhas e os programas e, uma vez aprovadosdirigir e controlar a sua execução; b) estabelecer as normas técnicas, os princípios e as basesmetodológicas para avaliar e selecionar as tecnologias a serem transferidas e seu impacto econômico,social e ambiental; c) propiciar a ampla introdução dos resultados da pesquisa científica-técnica e a suautilização; d) dirigir e controlar a execução da política voltada para garantir a proteção do meioambiente e o uso racional dos recursos naturais em correspondência com o desenvolvimento sustentáveldo país (República de Cuba, 1994:1-6).

Em 1995 foi redesenhada a Política Científica e Tecnológica, cujo documento base foi ochamado “Sistema de Ciência e Inovação Tecnológica em Cuba” (SCIT), que começa a ser implantado apartir de 1996. Nesse contexto conformaram-se 14 Programas de Pesquisas Nacionaisviii para diferentesesferas econômicas e sociais que se apresentam conforme o seguinte quadro:

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Quadro 1. Cuba- Programas e projetos de P&D.

Programas de Pesquisa Projetos em execução em dez. 1997

1- Agroindústria açucareira

2- Produção de alimentos

3- Biotecnologia Agrícola

4- Produtos Biotecnológicos

5- Vacinas Humanas e Veterinárias

6- Desenvolvimento energético

7- Montanha

8- Alimento Animal

9- Desenvolvimento do Turismo

10- Sociedade Cubana

11- Economia cubana

12- Economia Internacional

13- Mudanças Globais

14- Peças de reposição

15- Programa Nacional de Novos Materiais eMateriais de Avançada*

16- Nacional de Historia de Cuba*

17- Pesquisas Básicas em Matemática, Física,Química e Ciências da Computação*.

58

54

57

52

24

42

41

30

14

28

17

16

33

38

nd

nd

nd

TOTAL 504

Fonte: CITMA,1998, p:26. e Jornal Granma, 17/09/2003

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* São os novos programas de pesquisas incorporados a partir do ano de 2003 com uma previsãode duração de 5 anos.

No bojo desse processo e forçada pelas circunstâncias, a economia cubana engajou-se numprocesso de recuperação e transformação que incluiu novas formas de organização da produção e dasatividades de P&D.

Nesse sentido, o V Congresso do Partido Comunista de Cuba, na sua Resolução Econômica(1997), definiu que:

...”a Ciência, a inovação e a assimilação de tecnologia são elementos essenciais na elevaçãoda eficiência econômica e condição primordial para o desenvolvimento pelo que continuarão sendoobjeto de máxima prioridade. Será indispensável avançar na otimização das capacidades existentes eos recursos dedicados à P&D e no impulso à aplicação ágil e eficiente de seus resultados na produçãode bens e serviços, potencializando a integração e cooperação das entidades de pesquisa e as empresasprodutivas”...

Nota-se a relevância política outorgada ao papel da organização das atividades de P&D nareestruturação da esfera produtiva. Assim, houve esforços por diferenciar as empresas cubanas seguindocritérios de “comportamento inovador”.

Foi feita uma tentativa de classificar a empresa estatal cubana em três grandes grupos: Grupo 1:Aquelas empresas que com inovações tecnológicas incrementais alcançariam em pouco tempo níveis deeficiência comparados aos da mídia internacional; Grupo 2: Aquelas empresas que, além de recursossignificativos, requerem esforços de P&D ou de inovação tecnológica para, em curto prazo recuperaremos investimentos e garantirem a acumulação; Grupo 3: Empresas em que não vale a pena investiratendendo ao critério do retorno dos investimentos; o recomendado, nesse caso, é desativá-las (Trueba,1995).

Portanto, evidenciou-se a importância conferida à contribuição das atividades de P&D, paraaliviar a situação econômica do país através da introdução acelerada dos resultados das atividades daP&D na produção e nos serviços.

No plano organizacional das atividades de P&D em Cuba, a partir de 1992 institucionalizaram-se novas formas orientadas para esses fins. A partir desse momento, em paralelo às já existentes etradicionais formas organizacionais da C&T em Cuba, criaram-se os denominados “Pólos CientíficosProdutivos”, que constituíram-se numa rede formada por um conjunto coordenado de atoresheterogêneos: laboratórios públicos, centros de pesquisa, empresas comercializadoras, organismosfinanceiros, órgãos centrais do estado e da administração pública, etc; que participam coletivamente nageração, elaboração, produção e difusão de tecnologia nos processos de produção de bens e serviços,alguns dos quais têm tido impacto no mercado internacional.

Existem no país 15 pólos científicos: 12 territoriais e três temáticos -do Oeste da Havana(Biotecnologia), Industrial e de Humanidades. O pólo científico do Oeste constitui a praça maisimportante da biotecnologia cubana que tem como áreas estratégicas de pesquisas: Vacinas terapêuticas,Proteomica, Genética Populacional, Bioinformática, Produção de trangênicos, Neurociências cognitivas,Novas formulações e Desenvolvimento de medicamentos de origem natural. O pólo do Oeste acolhe 52instituições científicas que empregam a mais de 4 mil científicos e engenheiros.

Conforme indica Capote (1994a, 1999), nos pólos participam, executando os programas, osagentes envolvidos na mudança tecnológica, indo desde os produtores de conhecimentos até asorganizações produtivas que utilizam os resultados obtidos. Junto com essa forma organizacional, oForo Nacional de Ciência Técnica, movimento dirigido a mobilizar a participação de um espectro amplodos agentes da mudança tecnológica, reforçou seu papel na solução dos problemas, caracterizado pelaprocura de soluções, que vão desde problemas locais até nacionais. Esse Foro serviria também como viarápida de introdução de resultados da atividade de P&D no setor produtivo (Capote, 1994a:5, 1999:394).

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Como derivação do desenho do SCIT surge com força o instrumento da gestão tecnológicaix

dentro da reorganização das atividades de P&D para a geração e difusão de tecnologias em Cuba. No novo contexto, as empresas não só requerem a utilização das tecnologias mais adequadas

como única via de alcançar vantagens competitivas, mas também é necessário adquirir capacidades quelhes permitam dar resposta aos desafios e problemas das atividades de pesquisa, produção ecomercialização, prevendo o impacto da mudança tecnológica presente e futura.

Como resultado das transformações ocorridas neste período e da abertura da economia cubanaao capital estrangeiro e de outras decisões tomadas pelo governo, o ambiente econômico cubanoampliou os tipos de agentes que poderiam utilizar os diferentes resultados, com diferentes estratégiastecnológicas, determinadas em grande medida pelo volume das suas atividades, pelo status com relaçãoà propriedade dos meios de produção, pelo setor da economia em questão e pelo destino das produções,ou seja, segundo as suas estratégias de negócios. Entre os diferentes agentes apresentam-se:*0 a empresa estatal;*1 a empresa nacional juridicamente privada;*2 a empresa mista nos setores autorizados pela lei;*3 os investimentos estrangeiros diretos nos setores autorizados pela lei;*4 a cooperativa agrícola de créditos e serviços;*5 a cooperativa de produção agrícola;*6 a unidade básica de produção agropecuária;*7 a pequena propriedade privada agrícola;*8 os trabalhadores por conta própria nos setores autorizados pela lei.

Portanto, o Estado cubano passou a operar num ambiente econômico com presença crescente deelementos do mercado e de atividades com características de ações privadas, no qual as empresasestatais começaram a ter um maior nível de decisão em relação com as etapas anteriores (1960-1990).No novo ambiente econômico caberá ao Estado o papel de regular e controlar o processo de mudançatecnológica, sendo que nesse contexto o centro de gravidade da mudança tecnológica gira visivelmentede um planejamento centralizado para um incremento da descentralização e da gestão tecnológica daempresa no referido processo. (Capote, 1996).

O Sistema de Ciência e Inovação Tecnológica (SCIT), que começou a ser aplicado em 1996como forma novedosa de organização do processo inovativo, (CITMA, 1995:3) procura colocar asentidades produtivas e de serviços “sobre bases competitivas, que conduzam a uma economia modernacom posição favorável no mercado internacional”. Segundo o próprio documento, seu objetivo resume-se no seguinte:

“...contribuir de forma determinante para que a economia cubana consiga um espaço nomercado internacional, para o qual deverá desenvolver a ciência e a tecnologia, e transformar osavanços científicos e os tecnológicos em bons produtos e êxitos comerciais através de umconjunto de ações que aproximem os resultados de P&D ao mercado, convertidos em novos oumelhorados produtos, processos e serviços. A consecução deste objetivo deverá ser atingidamediante uma vinculação efetiva e adequada entre a ciência, a produção, o mercado, asnecessidades sociais e a preservação do meio ambiente” (CITMA, 1995:7).

Aparece finalmente o reconhecimento da inovação tecnológica como um amplo fenômenosocial de múltiplos atores, entre os quais surgem agora uma organização sindical de novo tipo, grandequantidade de fontes e múltiplas interconexões e feedback.

Os alicerces teóricos - conceituais do novo sistema proposto em Cuba (SCIT), foram captadosnas fontes da literatura internacional sobre Sistemas Nacionais de Inovação que, segundo Lundvall(1992) “um sistema de inovação está formado por elementos e relações que interagem no âmbito da

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produção, da difusão e utilização de novos conhecimentos economicamente úteis... um sistema nacionalcompreende elementos e relações circunscritas às fronteiras de um Estado”.

Outros autores como Carlota Perez (1996) definem, no seu sentido mais amplo, um SistemaNacional de Inovação (SNI), aquele que abarca tudo o que afeta a inovação e a inovatividade em umespaço nacional. Inclui, portanto, todo o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia junto com os outroselementos legais, institucionais etc; que influem sobre as facilidades ou dificuldades para introduzir amudança tecnológica nas unidades produtivas. O ponto focal de um SNI é a empresa ou “firma” e suasinterações, entendendo por inovações tanto as grandes como as pequenas, as de produtos e processos ousistemas, as radicais ou as incrementais; as técnicas ou as organizativas.

Ou seja, o SNI de um país deve ser analisado em termos de duas estruturas analíticas: oambiente tecnológico geral e o ambiente institucional. O primeiro pressupõe que as indústrias e asempresas evoluam ao longo de uma trajetória tecnológica.

O ambiente institucional congrega os diversos atores econômicos e os demais elementos queinfluenciam o aprendizado tecnológico no SNI (Kim, 1997 e Lundvall, 1992). Entre esses atores eelementos, incluem-se o governo e suas políticas, a dinâmica da estrutura industrial, a disponibilidade equalidade do sistema educacional, a infra-estrutura de P&D e sua função, a natureza variável dos fatoressócio culturais, os compradores e fornecedores nos mercados internacional e local, o investimentonacional em P&D, a administração empresarial e as interações entre todos os atores e elementos. Aanálise do SNI deve investigar a efetividade desses atores e elementos, e suas interações durante aevolução da trajetória tecnológica. (Kim, 2005: 449-450).

No que diz respeito a Cuba, como foi dito, em meados da década de 90 decidiu-se implantar um“Sistema de Ciência e Inovação Tecnológica”, tentando emular experiências tanto tecnológicas quantoinstitucionais semelhantes às descritas acima pela teoria dos Sistemas Nacionais de Inovação.

Contudo, o caráter sistêmico da inovação em escala nacional em Cuba, não necessariamenteverificar-se-ia pela vontade explicitada no SCIT em atingir trajetórias virtuosas comprovadas em outrospaíses. Isto poder-se-ia explicar pelo fato de que as empresas e as instituições de P&D cubanas, durantevárias décadas atuaram sob um modelo linear de C&T, segundo o qual as empresas não demandavamtecnologias nacionais –apenas incorporavam tecnologias importadas- e as instituições de P&D tentavamofertar sem sucesso os resultados científicos e tecnológicos por elas obtidos. Isto coloca em discussãose esse comportamento e essas trajetórias históricas viriam a mudar pela implantação de um novo“Sistema de Ciência e Inovação Tecnológica” que focaliza a inovação dentro das empresas.

Passada uma década desse processo de reformulação/implantação, há de se recorrer aindicadores de ciência, tecnologia e inovação internacionalmente consensuados, para tentar comprovar oquanto tem mudado em termos de insumos e resultados, o comportamento da atividade científica etecnológica em Cuba nesse período.

2.a Descrição de indicadores do Sistema de Ciência e Inovação Tecnológica em Cuba noperíodo de 1990 – 2003

O SCIT cubano tem 221 centros de pesquisas distribuídos nos principais setores econômicos

conforme mostram os Quadro No.2 e 3:

8

Unidades e centros de pesquisas em Cuba no ano de 1997

Quadro no. 2 Unidades depesquisas científicas por tipos no ano de

1997Centros de P&D 126Centros de Pesquisa -produção

6

Áreas de Pesquisa eDesenvolvimento

76

Centros de serviços cientificotécnico

13

Total de Centros dePesquisa Cientifica

221

Quadro No. 3 Centros de P&D nosprincipais setores econômicos.

Principais setoreseconômicos

Centros deP&D

Ciências naturais, técnicas emédio ambiente

44

Educação Superior 39Saúde Publica 27Agricultura 19Metal mecânico 18Geólogo mineiro energético 10Manufatureiro 8Cultura 9Produção de açúcar 6Biotecnologia 6Economia 4Construção 4

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Fonte: CITMA, 1998a.

Há antigos e novos instrumentos que conformam o SCIT, dentre eles destacam-se a organizaçãodos temas relevantes nacionais por Programas e o uso de contratos entre o Ministério de Ciência,Tecnologia e Meio Ambiente (CITMA) e as entidades de P&D executoras dos projetos; ambos osinstrumentos vinham sendo utilizados desde etapas anteriores. Surgiram novos instrumentos como: a)organização e direção das atividades de P&D não apenas por Programas Nacionais, mas também porProgramas Setoriais e Programas Territoriais, tendo como célula básica os PROJETOS DE P&D; b)estabelecimento das relações contratuais entre as partes solicitante(s) e executora(s) envolvidas nosprojetos; c) os financiamentos passam a ser por projetos aprovados dentro dos Programas; d) utilizaçãode fontes financeiras complementares ao orçamento estatal, à quais podem-se incluir (ou não) eventuaisrecursos empresariais, créditos bancários, financiamento externo, etc.; e) descentralização da gestãofinanceira das instituições e atividades de P&D; f) aumento do número de agentes participantes nasatividades de P&D, reforçando o papel do setor produtivo e serviços e fomentando as atividades deinterfacex entre o(s) entorno(s) científico, tecnológico, produtivo e financeiro.

Os agentes que participam do SCIT cubano são:

a- Como geradores/usuários dos resultados das atividades de P&D :

• Instituições de P&D;

• Universidades;

• Entidades produtivas de bens e serviços, estatais, mistas e privadas, pequenas; médias ou grandes,nacionais, provinciais ou locais;

• Entidades de engenharia, consultoria gerencial, gestão tecnológica, financeira etc;

• Empresas estatais especializadas;

• Outras instituições sociais como associações técnicas e profissionais.

b- Como reguladoras/controladoras dos resultados das atividades de P&D :

• A Assembléia Nacional do Poder Popular e as Assembléias Provinciais (Parlamentos);

• Ministérios e entidades da Administração Central do Estado;

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• Governos territoriais e municipais.

2b) Produto Interno Bruto e Taxa de Investimento em P&D (1990-2003)

No Gráfico No. 1 observamos a tendência à queda apresentada pelo PIB de Cuba nos primeirosanos da década de noventa e as flutuações no período analisado. Assim, entre 1990 – 1993 mostra-se aqueda produzida (–2,95% e –34,77% respectivamente, com relação ao ano de 1989) como derivação dadesaparição do bloco socialista onde Cuba estava inserida. O fim do bloco das economias socialistassignificou a queda das receitas em divisas e a interrupção do financiamento “favorável” deaproximadamente 700 milhões de dólares anuais, o que desarticulou o funcionamento da economiacubana e atuou como catalisador de um processo de reestruturação. A extinção do CAMExi obrigou abuscar outros mercados para as exportações cubanas: e em 1989, 80% do intercâmbio total realizava-secom os países socialistas, em 1994 esta cifra reduziu-se a 12%. Esta reordenação do comércio significouuma deterioração de 33% nos termos de troca entre 1990 e 1993. Fatos que explicam a queda acentuadado PIB nesse período. (Ver CEPAL, 1997)

Como vemos no próprio Gráfico No. 1, a taxa de investimentos em P&D tem acompanhadotodas as oscilações do PIB no período, com uma queda acentuada do ano de 1990 a 1996 de 0,75%(1,13% – 0,38%). Já no final do período analisado verifica-se uma ligeira queda de 0,05% (0,70%(1990) -0,65%(2003)). Contudo, nota-se como apesar das dificuldades econômicas pelas quais atravessava o país,sob o aspecto financeiro, o governo não tem deixado de investir nas atividades de P&D. Já a partir doano de 1996 a taxa de investimento em P&D apresenta franca recuperação.

Gráfico No. 1. Produto Interno Bruto e Taxa de Investimento em P&D no período de1990-2003.

Fontes: Elaboração própria baseada nos dados do Anuário Estatístico de Cuba, 1989, 2002 e 2004.

Um outro indicador de relevância pode-se obter ao comparar Cuba no seu contexto regional apartir dos gastos totais em P&D realizados na A. Latina (no seu conjunto) no período analisado. Aparticipação de Cuba comparada com o total da região teve uma ligeira queda, de aproximadamente

10

Cuba: Produto Inte rno Bruto e Taxa de inves tim ento em P&D no periodo de 1990 - 2003

1,13

0,780,550,470,380,43

0,540,500,70

0,680,52

0,610,650,62

10,00

20,00

30,00

40,00

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

ANO

MIL

ES

DE

MIL

ES

D

E D

ÓLA

RE

S

CO

RR

EN

TE

S

0,000,200,400,600,801,001,20

PIB INV P&D

% do

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0,5%. Embora em outros países como Chile a taxa de investimento em P&D aumentou (2%), o Brasil,maior investidor em P&D na região, apresentou uma queda de 12%. De modo que Cuba, apesar de tersofrido uma severa crise sem precedentes, não foi um destaque singular na região, pois manteve relativaestabilidade na taxa de investimentos em P&D dentro do contexto regional nesse período. (Ver Quadro.No.4).

Quadro no.4 Gastos em P&D em países selecionados de A. Latina no período de 1990-2003(%)

PAÍSES SELECIONADOS 1990 2003Cuba 2,54 2,26Brasil 64,94 52,15Argentina 0,00 5,64Chile 2,87 4,74Restos dos países da AL 29,65 35,24

Fontes: Elaboração própria baseada nos dados da Rede Ibero-americana de Indicadores de Ciênciae Tecnologia.(RICyT), 2006. http://www.ricyt.edu.ar acessado 27-08-2006.

Comparando-se o período analisado com os investimentos feitos em P&D pelo conjunto de paísesque formam Ibero-américa (incluídos os gastos em P&D de Espanha e Portugal) vis –à - vis a Américado Norte (formada pelos gastos em P&D dos EUA e Canadá), percebe-se que a participação de Cuba noperíodo nesse conjunto é uma fração bem menor 0,08% e 0,06% respectivamente, como reflete-se noQuadro No. 5.

Quadro no. 5. Gastos em P&D de países selecionados, em relação ao total de gastos em P&D daIbero-américa e da América do Norte, no período 1990 – 2003 (%)

Paises selecionados 1990 2003Cuba 0,08 0,07Brasil 2,05 1,51Argentina 0,00 0,16Chile 0,09 0,14Canadá 5,15 5,19EUA 89,03 88,68España 2,45 2,90Portugal 0,21 0,29A.Latina 3,16 2,89

Fontes: Elaboração própria baseada nos dados da Rede Ibero-americana de Indicadores deCiência e Tecnologia.(RICyT), 2006. http://www.ricyt.edu.ar acessado 27-08-2006.

Comparando-se a dinâmica participativa observada nos países de A. Latina & Caribe com oresto do mundo no que se refere ao investimento em P&D de 1994 a 2003, percebe-se a mesma situaçãoda Oceania, que apresenta uma queda de (-0,1%) Ásia (-4%) e a Europaxii (-2,4% no seu conjunto), oque fez diminuir a sua participação no total mundial. A exceção é representada pela América do Norte,com um aumento de 6,9% ver Quadro no. 6.

Quadro no 6: Investimento mundial em Atividades de P&D no período de 1994 –2003 em dólares correntes.

11

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CONTINENTES 1994 2003A LATINA 1,6 1,3A NORTE 35,1 41,9AFRICA 0,2 0,2ASIA 31,3 27,3EUROPA 30,6 28,2OCEANIA 1,2 1,1

Fonte: Relatório “El Estado de la Ciencia”, 2005.

2c) Recursos humanos no período de 1990 – 2003

Um índice proporcional mais representativo para avaliar os esforços de Cuba é o dos gastosdomésticos em C&T por habitantes, onde apresentou uma dinâmica de crescimento de 32,81 dólares a51,22 dólares de 1990 a 2003, representando um aumento de 18,41 dólares por habitantes, ao compararo início com o final do período. O conjunto de toda América Latina, por sua vez, gastou nesse períodoem média, aproximadamente 38,71 e 48,81 dólares por habitantes em C&T, isto é, um aumento de 10.1dólares.

No Quadro No.7. destaca-se o Brasil como o país da América Latina e Caribe que mais investiunesse indicador (C&T por habitantes) no ano de 2003, com 65,91 dólares por habitantes. Isto significa

que o Brasil gastou, aproximadamente, 35% ( )( )%135=100*81.4891.65 a mais por habitantes que a

média do conjunto da A Latina.

Quadro no. 7. Gastos em C&T por habitantes em países selecionados de América Latina eCaribe no período de 1990-2003. (em dólares)

Países selecionados 1990 2003Brasil 73,6665,91Cuba 32,8151,22Argentina 14,2330,02Chile 11,7627,82México 8,9125,32A Latina 38,7148,81

Fontes: Elaboração própria baseada nos dados da Rede Ibero-americana de Indicadores de Ciênciae Tecnologia.(RICyT), 2006. http://www.ricyt.edu.ar acessado 27-08-2006.

O número de pesquisadores em relação à PEA cubana (em 1000) oscilou de 1,23 em 1990 a1,27 em 2003, dando uma medida do alto potencial de recursos humanos para a atividade de P&D quepossui o país em relação às dimensões da sua força de trabalho. Por sua vez, o total da América Latinaapresentou, nesse mesmo período, em média 1,09 e 1,02 pesquisadores por cada 1000 habitantes da PEA

12

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regional. Países como Argentina, Brasil e México apresentaram 1,63, 0,9 e 0,67 respectivamente, nofinal do ano de 2003. Ver Quadro No.8.

Países como Japão, EUA, França, Austrália, Canadá, Alemanha e Coréia apresentam, nesseindicador, valores superiores a 6,0. Isto destaca o diferencial desses países na formação e capacitação depessoal de alto nível científico perante os novos desafios que impõe a sociedade do conhecimento e olugar que ocupa a formação de pessoal na agenda de políticas desses países.

Enquanto ao índice pessoal ocupado em atividades de P&D em relação à populaçãoeconomicamente ativa, Cuba apresenta valores aproximados a 15,5 (cada 1000), superiores a paísescomo Japão, Alemanha, Coréia, México, Brasil e Argentina obviamente influenciado pelo tamanho bemreduzido da PEA cubana em comparação com os restantes países.

Quadro No. 8. Pesquisadores e pessoal em atividades de P&D em equivalência de tempointegral, relacionados à população economicamente ativa (PEA), de países selecionados, no ano de2003.

Países Anos Pesquisadores

Pesquisadores emrelação a população

economicamenteativa (PEA) em 1000

Pessoal em pesquisa edesenvolvimento

(P&D)

Pessoal em pesquisa edesenvolvimento

(P&D), em relação apopulação

economicamenteativa (PEA) em 1000

Alemanha 2003 268.943 6,9 472.533 12,2

Argentina 2002 21.221 1,63 37,413 2,3

Austrália 2002 73.344 7,8 106.838 11,4

Brasil 2004 86.753 0,9 72.872 1,8

Canadá 2002 112.624 7,2 177.120 11,3

China 2004 926.252 1,2 1.152.617 1,5

Coréia 2003 151.254 6,8 186.214 8,4

CUBA 2003 6.027 1,27 71,787 15,5

Espanha 2003 92.523 5,2 151.487 8,5

Estados Unidos daAmérica

2002 1.334.628 9,6 2.041.808 ...

França 2003 192.790 7,7 346.078 13,9

Japão 2003 675.330 10,4 882.414 13,6

México 2002 27.626 0,67 49.093 1,19

Portugal 2003 20.242 4,0 25.529 5,1

Rússia 2004 477.647 7,1 951.569 14,1

Fonte(s): Elaboração própria baseado nos dados da: Organisation for Economic Co-operationand Development, Main Science and Technology Indicators, 2005/1; Ministério da Ciência e Tecnologiado Brasil, 2006; e Rede Iberoamericana de Indicadores de Ciência e Tecnologia. RICYT, 2006.

Em quanto à formação de recursos humanos de alto nível para atividades de P&D, em 2003, asuniversidades cubanas formaram 323 doutores número 40% maior do que os 230 formados em 1990,como apresenta o Gráfico No. 2.

13

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Gráfico No. 2. Cuba: Número de Doutores formados por ano no período de 1990-2003.

Fontes: Elaboração própria baseada nos dados da Rede Ibero-americana de Indicadores de Ciênciae Tecnologia.(RICyT), 2006. http://www.ricyt.edu.ar acessado 27-08-2006.

Embora Cuba tenha aumentado em termos absolutos o número de doutores formados por ano noperíodo analisado, sua participação em relação à América Latina neste quesito se reduziu em 7%aproximadamente (10% - 3%). Algo semelhante tem se sucedido com o resto dos países da A. Latina eCaribe, com uma queda em média de 14,28%. As exceções são Brasil e México; o primeiro é o país daA Latina que mais forma doutores por ano, aumentado consideravelmente sua participação, com 75% noano de 2003, sendo que o México vem depois com 15,53%. Ver Quadro no. 9.

Quadro No. 9. Cuba: Formação de Doutores e sua participação na A Latina no período(%).

PAÍSES SELECIONADOS 1990 2003CUBA 9,87 2,98BRASIL 60,52 74,7MEXICO 8,63 15,53CHILE 1,24 1,33RESTO PAISES AL 19,74 5,46A LATINA 100 100

Fonte: Elaboração própria baseada nos dados da Rede Ibero-americana de Indicadoresde Ciência e Tecnologia.(RICyT), 2006. http://www.ricyt.edu.ar acessado 27-08-2006.

14

Cuba: Numero de Doutores formados por ano no periodo de 1990 - 2003

230

136

291323

050

100150200250300350

1985 1990 1995 2000 2005

ANO

UN

IDA

DE

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No período de referência, nota-se que o índice de participação dos países da A Latina e doCaribe em relação à quantidade mundial de pesquisadores e tecnólogos existentes no mundo ésumamente baixo, com aproximadamente 3% do valor total, registrando um aumento de 1% com relaçãoao ano de 1994. Por ordem decrescente, as principais regiões são: Ásia (43,2%), América do Norte(26,2%), Europa (25,2%), A. Latina (3%), Oceania (1,9%) e por último a África, com 1,1% no ano de2003. Ver gráfico No. 3.

Fonte: Elaboração própria baseada no Relatório “El Estado de la Ciência”, 2006, e Carlos H.de Brito, 2005.

No relatório “El Estado de la Ciencia” (2006) assinalam-se as principais diferenças relativas dopessoal ocupado nas atividades de P&D (e a C&T em geral) da A. Latina e Caribe em relação ao restodo mundo, no que se refere à sua distribuição por setores de ocupação. Na Europa e América do Norteuma porcentagem elevada dos pesquisadores e tecnólogos estão alocados no setor privado, com 45% e80% respectivamente; na A. Latina é o setor público quem emprega a maior parte deste pessoal, seja eminstituições de pesquisas ou de ensino superior, com aproximadamente 80%, ou seja, somente 20%desse pessoal está empregado no setor privado. No caso específico de Cuba, todo o pessoal ocupado nasatividades de P&D está empregado no setor público (incluindo as universidades e os centros de P&D,porém sem que existam indicadores e dados sobre o pessoal ocupado em atividades de P&D nasempresas).

2e) Resultados alcançados nas atividades de P&D de 1990-2003

Qualquer tentativa por falar em resultados de P&D em Cuba no período de referência(1990-2003), exige uma reflexão contextual visando aclarar entraves metodológicos. Isto porque o

15

Gráfico No. 3. Participação da A. Latina na quantidade mundial do pessoal ocupadonas atividades de C&T no ano de 2003.

Participação da A Latina na quantidade mundial de p essoal ocupado nas atividades de C&T no ano de 2003 (%)

ASIA42,99%

A NORTE26,07%

EUROPA25,07%

AFRICA1,09%

A LATINA2,89%

OCEANIA1,89%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

CUBA

JAP

CHILE

CAN

COREIA

Grafico No. Distribuição institucional da atividade de P&D em 2003

Universidades eCentros de P&D

Empresas

Governo

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período começa quando em Cuba ainda estava vigente o tradicional modelo de organização da ciência ea tecnologia, em quer o eixo do sistema radicava nos centros de pesquisa e desenvolvimento.

Como já foi colocado, em 1996 Cuba começa a implantar o SCIT, o qual muda o eixo dasatividades de P&D para as empresas com a pretensão de gerar inovações tecnológicas a partir deinterações entre os atores sociais envolvidos. Contudo, a vontade explicitada no desenho do novosistema não veio acompanhada de instrumentos de avaliação de resultados desse sistema.

Os instrumentos que ainda hoje são usados para mostrar resultados não têm transcendidoaqueles que foram criados para avaliar as atividades de P&D dentro do velho modelo de C&T e,portanto, insuficientes para tentar medir criteriosamente os resultados do emergente sistema de inovaçãotecnológica.

Isto não é uma carência apenas do SCIT cubano, mas uma carência de países emdesenvolvimento que recentemente têm tentando se engajar, emulando as trajetórias de inovaçãotecnológica verificadas em países centrais, buscando aqueles países avaliar os seus próprios resultados.

Os chamados “Sistemas Nacionais de Inovação” que têm servido de referência para acadêmicose tomadores de decisões em contextos periféricos têm um arranjo institucional específico e diferenciadodos tradicionais sistemas de C&T.

Na atualidade, não se têm construído nos países em desenvolvimento indicadores consensuadosque reflitam a complexidade e amplitude da atuação de uma instituição de P&D e muito menos de umpretenso sistema de inovação. A pesar de esforços por construir indicadores em alguns países, como porexemplo Brasil, Colômbia e outros países, eles referem-se fundamentalmente às atividades do setor deC&T entre esses índices encontram-se: publicações e patentes.

Há de se destacar que os indicadores anteriormente mencionados podem servir de indicadoresde entrada para potenciais processos de inovação, porém são limitados no momento de realizar umaanálise mais abrangente dos esforços de inovação realizados.

Contudo os indicadores sobre patentes (solicitação e concessão) encontram-se freqüentementeem muitas bases de dados referentes à inovação como indicadores de saídaxiii . Isto, na realidade, não éexato. Primeiro, porque nem todas as invenções são patenteadas e segundo, porque nem todas asinvenções patenteadas culminam em inovações.

Por sua vez, acontece que em países menos desenvolvidos uma proporção substancial daspatentes registradas pertence a entidades estrangeiras, fundamentalmente empresas transnacionais. Osprocessos de inovação que servem de base a essas patentes não são gerados nos países hospedeirosdessas solicitações de registro de patentes e, por demais, nem sempre sequer vêm a ser utilizadas nessesmercados. A sua missão em muitos casos é bloquear as empresas concorrentes dos próprios países emdesenvolvimento, de eventuais processos de inovação.

Reconhecendo essa limitação metodológica, neste trabalho utilizaremos a produçãobibliométrica e a solicitação e/ou registro de patentes como indicadores “indiretos” de quanto oconhecimento gerado pelo(s) governo(s) e empresa(s) poder-se-ia estar transformando em inovaçõestecnológicas, ou seja, em novos produtos ou processos produtivos.

O primeiro permite avaliar a contribuição dos pesquisadores domésticos ou nacionais à“corrente principal” da ciência. O segundo oferece uma medida da “inventividade” e uma idéia daspossibilidades de inovação de um sistema, assim como reflete mesmo que “indiretamente” a dinâmicada atividade tecnológica nos diferentes países e a contribuição que realizam seus próprios centros einstituições de P&D. Este é um indicador problemático dado sua vulnerabilidade perante os aspectosregulatórios, políticos e organizativos.

2 e.1) Resultados de produtividade científica de Cuba: publicações

16

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Para o período de referência (1990-2003), o número de publicações cubanas indexadas na baseCOMPENDEX (Engineering Index), especializada em engenharia, cresceu em aproximadamente 550%.Praticamente quintuplicou-se, representada em valores absolutos num acréscimo de 99 publicações(121(2003) – 22(1990)). Por ordem decrescente, o comportamento foi semelhante nas publicações da baseSCI (Science Citation Index) triplicaram-se (325%), seguido pela base INSPEC (Physics Abstracts),onde houve aumento em 321% e na base MEDLINE (MEDlars onLINE) especializada em medicinaduplicaram-se em 276%.

Tendência parecida apresenta a base PASCAL (Bibliographie Internationale), com aumento de190%, enquanto a base CAB (Commonwealth Agricultural Bureau), que registra a maior participação depublicações do país, apresentou uma queda (–4,8%) que, em termos absolutos, representou deixar depublicar 24 novos trabalhos (500(1990) – 476(2003)).

Por último, a BIOSIS (Biological Science), especializada em ciências biológicas apresenta umaqueda (–3,59%), deixando-se de publicar aproximadamente 15 novos trabalhos (RICyT, 2006).

Tomando como referência várias dessas bases de publicações indexadas com o intuito decomparar quantitativamente esse indicador de produtividade científica de Cuba no contexto regional,nesse período, observamos que:

• Na base PASCAL, em 2003, a participação das publicações cubanas representaram 2,58%.Outros países com destaque foram: Brasil, 45,05%, México 20,77%, Argentina 14,87%, Chile7,72%, sendo que o resto da A Latina foi de 9% (Ver Gráfico No. 4).

• Na base SCI, a participação das publicações cubanas representaram em 2003,aproximadamente, 2% do total da A Latina. Países como Brasil, Argentina, Chile, e Méxicoesses valores foram, respectivamente, 46,24%, 15,98%, 8,42%, e 8,7% (Idem);

• Na MEDLINE a situação foi bem parecida, sendo o Brasil o país que apresenta a maiorparticipação nas publicações dessa base, com aproximadamente 52% do total da A. Latina,seguida por México, Argentina, Chile e finalmente Cuba com valores respectivos de 16,3%,14,23%, 6,08% e 2,08% no final de 2003 (Idem).

• Nas publicações cubanas na base indexada CAB representaram, em 2003, 3,72% do total daspublicações da A. Latina. O Brasil detem 58,54% dessas publicações, seguido do México,Argentina e Chile com 12,4%, 11,4% e 4,02% respectivamente. (Idem).

17

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18

Gráfico No. 4. Participação de Cuba nas publicações indexadas nas bases PASCAL, SCI, CAB eMEDLINE, em relação ao total dessas publicações na A Latina no período de 1990-2003. (%)

3,192,58

21,95

14,87

17,8220,77

34,22

45,05

8,147,72

14,7

9

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

(%)

CUBA ARG MEX BRA CHILE RESTOA L

Países

Publicações na base PASCAL em relação ao total de

publicações de A Latina no período de 1990-2003

1990 2003

2,022,06

21,21

15,9815,44

18,7

35,17

46,24

11,028,42

15,12

8,6

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

(%)

CUBA ARG MEX BRA CHILE RESTOA L

Países

Publicações na base SCI em relação ao total de A

Latina no período de 1990-2003 (%)

1990 2003

2,132,08

17,8514,23

18,7916,3

35,43

51,93

11,27

6,08

14,5310,83

0

10

20

30

40

50

60

(%)

CUBA ARG MEX BRA CHILE RESTOA L

Países

Publicações na base MEDLINE, em relação ao total de

publicações de A Latina nessa base no periodo de 19 90-2003 (%)

1990 2003

9,24

3,72

12,7

11,44

13,29

12,4

38,07

58,54

5,64,02

21,11

9,88

0

10

20

30

40

50

60

(%)

CUBA MEX CHILE

Países

Publicaçoes na base CAB em relação ao total de

A Latina no periodo de 1990-2003 (%)

1990 2003

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Com respeito à participação de Cuba no total mundial de publicações nas diferentes basesindexadas, a mesma é bem menor na base CAB, em que participa com 0,31% e 0,26%.

Tomando como referência seis bases de publicações indexadas com o intuito de compararquantitativamente esse indicador de produtividade científica de Cuba no contexto mundial, no próprioperíodo 1990-2003, observamos que:

Na base PASCAL e SCI, ambas de caráter multidisciplinar, Cuba apresentou um aumento de0,04%. Nas bases COMPENDEX, MEDLINE e INSPEC há aumento em 0,02%.

Em média, a participação de Cuba no fluxo de publicações indexadas em nível mundialmanteve-se estável no período, com um moderado crescimento (Ver Gráfico No. 5).

Gráfico No. 5. Cuba: Participação em bases de dados internacionais no período de1990-2003.

Fonte: Elaboração própria. Com dados obtidos da RICyT, 2006.

Perante os indicadores de produtividade científica de Cuba, uma questão que pode ser levantadaé o quanto desse conhecimento poderia virar inovação? Qualquer tentativa de resposta a essa questãodeve passar por uma discussão aprofundada, não apenas sobre indicadores de C&T vis – à - visindicadores de inovação tecnológica em países em desenvolvimento, esboçada sucintamente acima.Tratar-se-ia, principalmente, de uma discussão que contextualize o termo inovação nas realidadesverificadas nesses países e, consequentemente, produzir indicadores que reflitam essa realidade, o que,dada a extensão e profundidade requerida, não é objeto deste trabalho.

Mesmo reconhecendo que, enquanto não se avançar na criação de indicadores específicos paraessa realidade, as análises sobre inovação tecnológica em países em desenvolvimento estarão ouestariam carentes de insumos empíricos necessários/suficientes para validar essas eventuais análises; há

19

Cuba: Participação em bases de dados inte rnacionais no periodo de 1990-2003

0,00%0,05%

0,10%

0,15%0,20%

0,25%

0,30%

0,35%BIOSIS

MEDLINE

SCI

PASCALINSPEC

COMPENDEX

CAB

1990 2003

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de se tentar usar os indicadores disponíveis para, ao menos, descrever impactos potenciais dessesindicadores na relação input-output C&T – inovação tecnológica.

Passando do geral às particularidades dessa análise para com Cuba, há de se convir comFérézou (2004) que não é apenas a ciência (a geração de conhecimentos), como muitos pensam,mas sim o domínio de processos tecnológicos industriais (habilidades no uso de conhecimentostácitos para gerar inovações) o que potencializa as condições necessárias para a geração deinovação tecnológica. Isto não se mede por artigos publicados, mas é internacionalmentemedido (por enquanto) pelas patentes concedidas no mercado, basicamente no maior mercadodo mundo, isto é, o norte-americanoxiv.

2 e.2) Resultados de produtividade científica de Cuba: solicitação de patentes

No que diz respeito às solicitações de patentes entre 1990 e 2003, apreciam-se dois elementosque merecem destaque: i) o aumento de 20% (somando residentes e não residentes), que em termosabsolutos foram 52 solicitações de registro de patentes feitas no escritório de Cuba (312(2003) – 260(1990)),e ii) o aumento em 23% do número de patentes solicitadas pelos não residentes no final do período(2003) em comparação com os pedidos feitos pelos residentes (ver Quadro 10).

A queda proporcional das solicitações de registros de patentes feitas por residentes em relaçãoaos não residentes pode estar associada ao processo de abertura de Cuba ao capital estrangeiro nos anosnoventa, que facilitou a instalação de joint ventures no país. Em 2002 funcionavam 403 dessasassociações, 56% delas eram com investidores da União Européia, 15% com Canadá e o restante compaíses da América Latina e Ásia.

Derivado desse processo de abertura de Cuba ao fluxo de investimento estrangeiro direto (IED),o capital estrangeiro comprometido, acumulado até 2002, foi de USD $ 5,930 bilhões (Batista, 2005).Mas esse valor tem incorporado as tecnologias acompanhantes desse processo de IED em Cuba, cujosconteúdos tecnológicos os investidores, obviamente, tentaram proteger no escritório nacional de registrode patentes do país, receptor desses investimentos e das tecnologias acompanhantes.

Quadro No. 10. Número de Patentes Solicitadas em Cuba no período de 1990- 2003(%)

AnoResidentes Não ResidentesTotal (%) Total (%)

1990 187 71,92 73 28,081995 104 75,91 33 51,782000 149 48,22 160 24,092003 153 49,04 159 50,96

Fonte: Anuário Estatístico de Cuba, 2002 e 2004.

Por sua vez, no que diz respeito às solicitações de registros de patentes feitas por Cuba noexterior passaram de 4, no início do período (1990), para 18 no ano de 2004, representando umincremento de 450% entre os dois momentos.

Em termos de concessão efetiva de patentes, entre 2000 e 2004 o país obteve 15, uma média desete concessões de patentes no USTOP no período (Ver Quadro No.11). Esses valores são semelhantesaos de Chile, que obteve em média 5 patentes concedidas nesse mesmo período. Em relação aos trêsgrandes de A. Latina, os resultados de Cuba são bem menores. Argentina apresenta uma média de 37

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concessões, México 23 e Brasil 18 concessões de patentes no USTOP no mesmo período (Ver WIPO,2006).

Quadro no.11. CUBA: Patentes concedidas no USPTO, cujo primeiro autor vive em Cuba. (Patent origin is determined by the residence of the first-named inventor)

The following table displays first-named assignees and counts of their associated patents, asdistributed by the year of patent grant

First-Named Assignee 2000 2001 2002 2003 2004 Total

CENTRO DE INGENIERIA GENETICA YBIOTECNOLOGIA

1 2 4 1 0 8

CENTRO DE INMUNOLOGIAMOLECULAR (CIM)

2 0 3 2 0 7

MÉDIA7,5

Fonte: United States Patent and Trademark Office (USPTO): Number of Utility PatentApplications Filed in The United States, by Country of Origin Calendar Year 1965 To Present. July,2005. http://www.uspto.gov/web/offices/ac/ido/oeip/taf/report acessado 27-08-2006.

Quando se compara a proporção entre a percentagem no total mundial de publicações fornecidaspelo SCIxv à percentagem total de solicitações de patentes no mercado mundial, a situação de Cuba ébem parecida, em termos relativos, ao resto dos países da A. Latina (Ver Gráfico No.6.), isto é, onúmero de publicações supera por grande margem o número de solicitações de patentes. Os casos dosEUA e do Japão são os únicos países em que essa relação (%publicações / %solicitações de patentes) éinversa, como reflete o gráfico No. 6.

Ou seja, isto nos permite realizar três grandes observações em termos de resultados dasatividades de P&D em Cuba:

• Nos últimos 14 anos, o desenvolvimento científico de Cuba medido pelos indicadores deprodutividade científica foi maior que o desenvolvimento tecnológico; se medido pelo indicadorclássico de “produtividade tecnológica”, diga-se solicitação e concessão de patentes;

• Os trabalhos publicados em bases indexadas como, por exemplo, na SCI contribuem pouco para asolicitação, obtenção e concessão de patentes;

• Contabilizar o número de artigos publicados não necessariamente significa uma relaçãodiretamente proporcional com o desenvolvimento tecnológico do país, embora sirva direta ouindiretamente para a capacitação de pessoal.

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Fontes: Elaboração própria baseado nos dados da RICyT, 2006; Japan Patent Office. AnualReport 2005. In: www.jpo.go.jp acessado 27-08-2006 e World Intellectual Property Organization’s(WIPO): Exceptional Growth from North East Asia in record year for International Patent Filings, 2006

Tentando comparar a proporção em que os gastos em P&D (como percentagem do PIBrealizados pelo governo de Cuba) viram solicitações de registro de patentes no mercado internacional,no gráfico No. 7 reflete-se uma proporção de 0,03% de solicitação de patente em relação à percentagem

de investimento em P&D de Cuba ( %03,0%65,0%02,0 = ), ou seja, um esforço em termos

monetários muito alto e muito pouco resultado em termos de desenvolvimento tecnológico. Situaçõessemelhantes apresentam Argentina, Portugal, México e Brasil com valores de 0,02%, 0,03%, 0,27% e0,20%, respectivamente.

Em países como EUA, Japão, Alemanha, Inglaterra, Coréia do Sul, Canadá e Itália, os valoresproporcionais dessa relação são superiores a 1%, o que significa resultados “positivos em termos desolicitação de patente” no mercado internacional, o que, em última instância, significaria maiorpotencial de desenvolvimento tecnológico.

22

Gráfico No. 6. Relação entre o % total mundial de publicações em SCI e % total desolicitudes de patentes em países selecionados no período de 1990-2003.

0,000

0,200

0,400

0,600

0,800

1,000

1,200

1,400

1,600

(%)

CUB ARG MEX BRA CHI

PAÍSES

Gráfico No. Relação entre o % total mundial

de publicações em SCI e % total de

solicitudes de patentes em países

selecionados no período de 1990-2003

1990 1995 2000 2003

0

10

20

30

40

50

60

(%)

EUA JAP

PAÍSES

Gráf ico No. Relação entre o % total mundial de

publicações em SCI e % total de solicitudes de pate ntes em EUA e Japão no periodo de 1990-2003

1990 1995 2000 2003

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Fontes: Elaboração própria, baseado no Relatório do World Intellectual PropertyOrganization’s (WIPO): Exceptional Growth from North East Asia in record year for InternationalPatent Filings, 2006

Considerações finais

A partir de 1994, Cuba iniciou um processo de reorganização das atividades de P&D com acriação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. Esse processo foi orientado e dirigidopelo Estado, e esteve vinculado às mudanças internas na política econômica, cujo objetivo foi aadequação às condições do novo cenário internacional no qual Cuba teria de se inserir. O processo demodificações incluiu uma nova concepção no modo de organizar as atividades de P&D em Cuba.Assim, começou a ser implantado em 1996 o SCIT, o que constitui a principal modificação daorganização científica e tecnológica em Cuba.

Esse sistema que vem se implantando distingue-se por procurar: i) dar maior ênfase à introduçãodos resultados da P&D no processo produtivo, ii) aumentar a capacidade produtiva das empresas, iii)aplicar o planejamento e financiamento da P&D por projetos, iv) promover a inovação tecnológica nasempresas, e v) estimular a gestão tecnológica e a criação de dispositivos interface.

23

Gráfico No. 7. Taxa de Investimento em P&D e % de solicitude de patentes empaíses selecionados no ano de 2003.

0,41% 0,01%

0,65% 0,02%

0,94% 0,03%

0,40% 0,11%

0,95% 0,19%

1,26% 0,51%

1,10% 0,68%

0,00% 0,50% 1,00% 1,50% 2,00%

Espanha

Rússia

Brasil

México

Portugal

CUBA

Argentina

Gráf ico No. Taxa de Inv em P&D e % mundial de

solicitude de patentes em países selecionados no an o de 2003

Taxa de Investimento em P&D em relação ao PIB (%) % Solicitude de patentes

1,16%1,88%

1,94%1,97%

2,64%2,56%

1,89% 4,52%

2,55%12,75%

3,15%15,10%

2,60% 35,61%

0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0%

Estados Unidos da América

Japão

Alemanha

Reino Unido

Coréia

Canadá

Itál ia

Gráf ico No. Taxa de Inv em P&D e % de solicitude de

patentes em países selecionados no ano de 2003

Taxa de Investimento em P&D em relação ao PIB (%) % Solicitude de patentes

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Com essas mudanças, Cuba se propôs a transcender o tradicional modelo de organização daciência e da tecnologia ancorado na linearidade da oferta de conhecimentos no binômio P&D. Aconstatação prática de que esse modelo não era eficaz, catalisou o desenho e implantação do citadoSistema de Ciência e Inovação Tecnológica em meados dos anos 90’s.

Contudo, a implantação desse novo sistema, nos termos em que ele foi desenhado, não pareceter sido condição suficiente para verificar mudanças de resultados quantitativos dos indicadoresanalisados neste trabalho no período de 1990 (cinco anos antes da implantação do novo sistema) até2003, isto é, quase uma década depois de começada a implantação.

Os possíveis ou prováveis argumentos que possam vir a sustentar uma relação de causalidadeentre esses resultados quantitativos e o desenho do sistema cubano de CIT aqui tratado não é objetodeste trabalho. Essa análise de causalidade, em qualquer caso, deve ser feita com uma maiorabrangência teórica, a qual transcende o foco descritivo deste artigo.

4- Bibliografías

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i Lei cujo objetivo está orientado a impedir o comércio cubano com filiais de empresas norte-americanas instaladas emoutros países.ii Lei orientada a frear os investimentos externos em Cuba e paralisar o fornecimento de produtos. A aplicação dessa leicriou diversos problemas para empresas ou para fornecedores que comerciavam com Cuba.iii Neste mercado, autoriza-se os produtores privados, cooperativos e estatais a exercer a venda direta de produtos àpopulação uma vez cumpridas as cotas de produção destinadas ao Estado.iv Nova forma de organização da produção agropecuária, implementada em 1993, para melhorar a utilização e conservaçãoda terra e incrementar a produção de alimentos. Estima-se que ao termino do processo de formação das cooperativas, 90%da mão de obra rural esteja formada por camponeses individuais e cooperativistas.v Trata-se do Conselho de Ajuda Mutua Econômica, que integravam os países socialistas da Europa Oriental em cujo órgãoincluíam-se Cuba e Vietnam. vi Joint- Ventures: São definidas nos países em desenvolvimento como empresas que permitem que dois ou mais parceiros,representando um ou mais países desenvolvidos e um ou vários países em desenvolvimento, dividam o capital, os riscos e oprocesso de tomada de decisões relativos a um novo empreendimento. Através desta associação num empreendimentoconjunto as empresas participantes que continuam mantendo suas individualidades conseguem agrupar suas forças para aexecução de atividades produtivas, comerciais, financeiras e de pesquisa. (Zoninsein & Teixeira, 1983).

vii Associação Econômica Internacional: é definida como união de um ou mais investidor(es) nacionais (domésticos) e umou mais investidor(es) estrangeiros dentro do território nacional cubano com o objetivo de produzir bens e serviços, comfinalidade lucrativa. Incluem-se empresas mistas, joint-ventures e contratos de associação econômica internacional. Verantigo 2 da Lei 77 de setembro de 1995, “Lei do Investimento Estrangeiro”.

viii Aos quais foram acrescentados três novos Programas de Pesquisas no ano de 2003.ix Gestão tecnológica: Disciplina gerencial que vincula a pesquisa, a ciência, a tecnologia, a engenharia e administração aodesenvolvimento e implementação de capacidades com a finalidade de conformar e levar a cabo os objetivos estratégicos eoperacionais de uma organização, firma ou empresa. x Segundo o CITMA (1998b) no processo de mudança tecnológica, adquirem maior importância as interações entre osagentes, os mecanismos de intercâmbio e da retroalimentação da informação que são criadas no próprio processo deinteração. Estas atividades são nomeadas atividades de interface. xi A interrupção das relações comerciais com os países do CAME em 1990 ocasionou uma perda de mercados mais severaque as ocasionadas pela Grande Depressão. Entre 1929 e 1939 as exportações diminuíram 70% e de 1990- 1993 caíram80%. (CEPAL, 1997)xii Deve assinalar-se que alguns dos países individuais que a integram lideram os aumentos em investimentos em P&D.xiii Ver ANPEI, 2000. xiv De fato esse é um dos principais entraves ou desafios para o novo SCIT de Cuba, derivado da tradicional políticaagressiva do governo norte-americano que, quando não impede, dificulta qualquer ação que vise a melhorar o desempenhoda economia cubana no caminho da re-inserção no contexto econômico mundial.

xv O cálculo poderia ter sido realizado utilizando qualquer outra base indexada de publicações e daria os mesmos resultados